MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

IARA GLÓRIA AREIAS PRADO

Secretária de Educação Fundamental

MÔNICA MESSENBERG GUIMARÃES

Secretária Executiva do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação - FNDE

MARIA AMÁBILE MANSUTTI

Diretora de Política do Ensino Fundamental

OSVALDO JOAQUIM DE SOUZA

Diretor de Administração e Produção - FNDE

NABIHA GEBRIM
Coordenadora Geral de Avaliação de Materiais Didáticos
e Pedagógicos - COMDIPE/SEF

Equipe Técnico-Pedagógica
ANDREA KLUGE PEREIRA
CECÍLIA CORREIA L. S. DE SAMPAIO
CINARA DIAS CUSTÓDIO
INGRID LILIAN FUHR RAAD
JANE CRISTINA DA SILVA

REGINALDO GUSMÃO DE ALBUQUERQUE

Gerente do Programa Nacional do Livro - FNDE

ALEXANDRE SERWY
Gerente de Produção e Distribuição - FNDE

Comissão Técnica da Avaliação de Livros Didáticos

ROXANE HELENA RODRIGUES ROJO (Língua Portuguesa)
JOÃO BOSCO PITOMBEIRA F. DE CARVALHO (Matemática)
NELIO MARCO VICENZO BIZZO (Ciências)
HOLIEN GONÇALVES BEZERRA (História)
MARÍLIA LUIZA PELUSO (Geografia)
MARIA LÚCIA CASTANHEIRA (Dicionários)

Equipe de edição
ELVIRA NADAI (Coordenação); LUCI AYALA;
MÁRCIA BLASQUES; MARLI BELLONI;
SANDRA MIGUEL; SILVIA CARVALHO

Projeto Gráfico
COMPOGRÁFICA - Criação e Editoração Eletrônica Ltda.

Brasília, 2002
 Sumário

INTRODUÇÃO GERAL

Para que este Guia 9

A avaliação no PNLD 10

Como funciona o processo de avaliação 11

A avaliação: avanços e mudanças 12

Como o Guia está organizado 13

Para refletir antes da escolha 16

A escolha: agora é com você, professor 18

Orientações para o preenchimento 21

Princípios e critérios 23

Princípios gerais 24

Critérios comuns 25

ÁREAS E OBRAS APROVADAS

História

Coleção Horizontes – História com Reflexão 54

Coleção História 58

Coleção História no Dia-a-Dia 62

Coleção Pensar e Viver-História 66

Coleção Primeiras Noções de História 70

Coleção Vitória-Régia - História 74

Coleção História Tantas Histórias 78

Coleção Historiar – Fazendo, Contando e Narrando a História 82

Coleção História, Imagens e Textos 86

Coleção Interagindo e Percebendo o Mundo - História 90

Coleção Novo Tempo - História 94

Coleção Pensar e Construir - História 98

Coleção Trilhos e Trilhas - História 102

Coleção Vivência e Construção - História 106

Coleção Viver e Aprender História 110

Coleção Viver é Descobrir – História 114

Livros Regionais

Amazonas História 118

Ceará História – Para a Construção da Cidadania 121

Gente de São Paulo, São Paulo da Gente – História 124

História de Pernambuco – Edição Renovada 127

História de Porto Alegre 130

Interagindo e Percebendo Minas Gerais – História 133

Interagindo e Percebendo o Paraná – História 136

Interagindo e Percebendo Pernambuco – História 139

Interagindo e Percebendo São Paulo – História 142

Minha Porto Alegre História 145

Nosso Estado – O Espírito Santo 148

O Mato Grosso e sua História 151

O Paraná de Todas as Cores 154

Segredos da Bahia – História Edição Renovada 157

Geografia

Coleção Trança Criança – Geografia 185

Coleção Curumim – Geografia 189

Coleção Primeiras Trilhas – Geografia 193

Coleção Geografia 197

Coleção O Mundo em Movimento 201

Coleção Vitória-Régia – Geografia 205

Coleção Geografia em Construção 209

Coleção Geografia Tantos Lugares...Tantas Pessoas 213

Coleção Nosso Mundo – Geografia 217

Coleção Viva Vida Geografia 221

Coleção Pensar e Viver - Geografia 225

Coleção A Escola é Nossa – Geografia 229

Coleção Primeiras Noções de Geografia 233

Coleção Espaço e Representações 237

Coleção Geografia do Cotidiano 241

Coleção Geografia em Ação 245

Coleção Interagindo e Percebendo o Mundo – Geografia 249

Coleção Pensar e Construir – Geografia 253

Coleção Vivência e Construção – Geografia 257

Coleção Viver e Aprender Geografia 261

Livros Regionais

Amazonas Geografia 265

Distrito Federal em Construção – Geografia 268

Gente de São Paulo, São Paulo da Gente – Geografia 271

Geografia de Pernambuco – Edição Renovada 274

Geografia de Porto Alegre 277

Geografia do Estado de São Paulo 280

Geografia do Rio Grande do Sul 283

Minha Porto Alegre – Geografia 286

Segredos da Bahia – Geografia – Edição Renovada 289

 Introdução
Geral
ste Guia foi elaborado para você, professor. Com a sua experiência de sala de

E aula, você sabe bem que um material de apoio didático de qualidade faz grande
diferença no processo de ensino-aprendizagem. O Ministério da Educação
também tem consciência dessa importância — por isso o cuidado ao realizar a
avaliação dos livros didáticos e dicionários apresentados para análise. O resultado
traduz-se neste Guia que é a síntese de um criterioso processo de avaliação e
assegura a qualidade da escolha das obras que você e seus alunos irão usar.

Lembre-se de que você e sua escola têm autonomia plena para fazer suas opções.
Para auxiliá-lo numa escolha segura, consistente e consciente, este Guia apresenta
de maneira clara e sintética as resenhas das obras selecionadas. O Guia é, na
realidade, instrumento de participação de milhares de professores na definição
do material a ser adquirido pelo Ministério e utilizado por alunos e educadores
nas escolas públicas brasileiras. Você vai perceber que as informações e
orientações aqui contidas, sobre as principais características dos livros, coleções
e dicionários serão com certeza um material de consulta a ser usado sempre que
necessário. O Guia pode, ainda, atuar como aliado em outras ocasiões, mesmo
após a escolha das obras.

Este Guia de Livros Didáticos, em cada um de seus volumes, é composto de

duas partes: a primeira fornece os princípios, os critérios gerais e específicos
das áreas e as fichas detalhadas que orientaram o trabalho dos especialistas na
avaliação dos livros. A segunda oferece as resenhas das obras aprovadas pelo
Programa Nacional do Livro Didático para o ano de 2004 – PNLD 2004.

9
 A avaliação
no PNLD
odos os anos, você e seus alunos utilizam os livros encaminhados pelo Programa

T Nacional do Livro Didático (PNLD), que tem a função de adquirir obras didáticas
de qualidade e distribuí-las a todos os alunos das escolas públicas do Ensino
Fundamental no Brasil. Para que esta tarefa seja cumprida, é preciso que sejam
rigorosamente avaliadas. Nesse processo, a busca por maior qualidade é
fundamental. É ela que garante que professores e alunos possam trabalhar
conteúdos com mais segurança, sem a veiculação de informações
preconceituosas e discriminatórias em um instrumento de informação de tão
grande alcance. A avaliação criteriosa dos livros didáticos é dever do Governo
Federal, já que a escolha e a compra desses materiais envolvem a qualidade do
ensino público. Além disso, está relacionada ao direito que alunos e professores
têm de utilizar um material de boa qualidade.

O livro didático brasileiro, ainda hoje, é uma das principais formas de

documentação e consulta empregadas por professores e alunos. Nessa condição,
ele às vezes termina por influenciar o trabalho pedagógico e o cotidiano da sala
de aula. Considerando essa realidade, é fundamental dispor de um livro didático
diversificado e flexível, sensível à variação das formas de organização escolar
e dos projetos pedagógicos, assim como às diferentes expectativas e interesses
sociais e regionais.

É importante ressaltar que a ação ministerial sobre os livros didáticos não é

isolada. O MEC atua estabelecendo parâmetros curriculares básicos em nível
nacional e incentiva a melhoria da qualificação docente, tendo em vista a
elevação da qualidade da educação. Essas ações são integradas e
complementares.

10
 Como funciona o
processo de avaliação
rofessor, até chegar às suas mãos, este Guia passou por um longo e detalhado

P processo de elaboração, desde a inscrição das obras até a avaliação propriamente

dita. Este trabalho envolveu técnicos do Ministério e equipes da Secretaria de
Educação Fundamental – SEF, do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da
Educação – FNDE, e de Universidades.

Na execução deste PNLD 2004, uma equipe de avaliadores, coordenadores e

especialistas das diversas áreas do conhecimento trabalharam para fazer chegar
até você uma visão ampla do conteúdo e da abordagem dos livros didáticos
avaliados e escolhidos. Para a realização do processo de avaliação, foram
estabelecidos os procedimentos metodológicos, técnicos – princípios e critérios
–, os procedimentos operacionais, bem como o cronograma de execução.

11
 A avaliação:
avanços e mudanças
ntre o PNLD1997 e o PNLD 2004, a avaliação do livro didático teve muitos

E avanços decorrentes não só da experiência acumulada nos processos anteriores,

mas também de uma análise criteriosa desses processos. Um deles foi a decisão
de que os livros não seriam mais avaliados por série, mas por coleção, para o
conjunto das quatro séries. O objetivo dessa modificação foi oferecer ao
professor um material cujo conteúdo e metodologia fossem articulados entre si,
nas várias séries ou ciclos. A exceção nesse caso fica por conta dos livros de
Alfabetização e das obras de destinação regional, para as áreas de Geografia e
História.

Outra inovação refere-se aos livros excluídos no PNLD anterior, que, para serem
inscritos novamente, necessitaram apresentar uma revisão comprovada dos
problemas apontados. A mudança mais significativa, no entanto, diz respeito à
parceria estabelecida com Universidades públicas de diferentes estados, para a
realização do processo de avaliação. Por meio dessa parceria, o MEC buscou
impulsionar o interesse da pesquisa sobre o tema. Com isso, as Universidades
contribuem para o aperfeiçoamento, a socialização e a melhoria da eficácia do
processo da análise de livros didáticos.

No âmbito do Programa Nacional do Livro Didático como um todo, um dos

ganhos foi a chegada dos livros didáticos em tempo hábil para o início das
aulas, além da inclusão dos dicionários entre os livros a serem distribuídos para
os alunos. O maior dos avanços, entretanto, refere-se à definição de uma diretriz
política, expressa no documento Recomendações para uma política pública de
livros didáticos, na qual se apontam os principais problemas e perspectivas
para o livro didático. Como a própria execução do PNLD veio constituindo a
política vigente, era necessário explicitá-la e evidenciar os principais desafios e
alternativas de solução.

12
 Como o
Guia está
organizado
este PNLD 2004, o Guia apresenta uma novidade: seu formato. Para facilitar a

N escolha e torná-la mais ágil, as áreas de conhecimento e o material referente aos

dicionários distribuem-se em quatro volumes. A vantagem é permitir maior
número de consultas ao mesmo tempo e facilitar a escolha dos professores.
Dessa forma, optou-se pela seguinte organização:

1 volume 1 - Língua Portuguesa e Alfabetização;

1 volume 2 - Matemática e Ciências;

1 volume 3 - História e Geografia;

1 volume 4 - Dicionários.

Cada uma das áreas, coleções e livros regionais encontra-se identificada por cores
distintas. A mesma identificação é utilizada também para o volume dos dicionários.

1 Língua Portuguesa/Alfabetização – vermelho;

1 Matemática – azul;

1 Ciências – roxo;

1 Geografia – verde;

1 História – marrom;

1 Dicionários – amarelo.

Além da Introdução Geral, cada um dos volumes contém introduções específicas

-referentes às áreas de conhecimento focalizadas –, que explicitam os princípios
e critérios específicos, oferecem comentários sobre o conjunto das coleções e/
ou livros avaliados, fornecem o modelo de ficha utilizado para a análise e as
resenhas das obras classificadas. Neste volume, você encontrará todas as
informações pertinentes às áreas de História e Geografia.

13
 Para a classificação das obras recomendadas, são estabelecidas as seguintes
categorias:

1 RD Recomendadas com Distinção

1 REC Recomendadas

1 RR Recomendadas com Ressalvas

Desde a instituição do processo avaliativo, PNLD 1997, até o PNLD 2002, cada
uma dessas menções era identificada respectivamente por três, duas e uma estrela,
tendo o seu uso o objetivo de facilitar a identificação das obras mais qualificadas.
No entanto, o recurso a essa linguagem iconográfica acabou se transformando
num indicador para a escolha mais chamativo do que a própria leitura e análise
das resenhas. Por esse motivo, optou-se no presente PNLD 2004 por suprimir as
estrelas, enfatizando a importância da leitura atenta e crítica das resenhas dos
livros e reforçando o significado das menções:

1 Recomendadas com Distinção (RD): são obras com qualidades inequívocas

e bastante próximas do ideal representado pelos princípios e critérios definidos
no final desta Introdução Geral. Constituem propostas pedagógicas elogiáveis,
criativas e instigantes.

1 Recomendadas (REC): são aquelas que cumprem plenamente todos os

requisitos de qualidade exigidos neste processo de avaliação. Por isso mesmo,
asseguram a possibilidade de um trabalho didático correto e eficaz pelo
professor.

1 Recomendadas com Ressalvas (RR): nesta categoria estão reunidas as obras

isentas de erros conceituais ou preconceitos, que obedecem aos critérios
mínimos de qualidade, mas que contêm algumas limitações. Desse modo,
são obras que podem subsidiar um trabalho adequado, desde que o professor
esteja atento às observações, consulte bibliografias para revisão e
complemente a proposta.

14
A ESTRUTURA DAS RESENHAS

O texto de cada uma das resenhas das áreas contém as seguintes seções:

1 Por quê? – justifica a menção dada à obra pela avaliação.

1 A coleção/A obra – descreve a estrutura da coleção ou do livro, bem como o

conteúdo de cada volume.

1 A análise – apresenta informações mais detalhadas sobre as qualidades e a

pertinência do conteúdo didático e metodológico, assim como sobre as
ressalvas, quando ocorrem. Trata ainda das atividades, experimentos, dos
aspectos gráfico-visuais e do manual do professor.

1 Em sala de aula – aponta os cuidados que o professor deve ter se adotar a

obra, bem como os recursos necessários para sua boa utilização.

As resenhas dos dicionários não seguem a mesma estrutura.

É importante lembrar que tanto os aspectos positivos como as ressalvas se

constituem em uma síntese das qualidades e falhas encontradas. Não cobrem,
portanto, o levantamento da totalidade dos acertos, nem dos problemas
verificados nos livros.

15
 Para refletir
antes da escolha
ntes de iniciar a sua escolha, e para que você possa optar por obras que atendam

A a suas expectativas e necessidades, é importante conhecer algumas regras básicas

que organizam o PNLD:

1 Escolha válida por três anos – Os livro ou coleções escolhidos, em primeira

ou segunda opção, só poderão ser substituídos no próximo PNLD. Portanto,
é preciso que as equipes em cada escola discutam exaustivamente, decidam
em conjunto e não se esqueçam de que este processo é, antes de tudo, uma
escolha para toda a escola.

1 Negociação do FNDE com autores e editores – Uma vez escolhidos, os livros

e coleções são negociados com os detentores dos direitos autorais, em termos
de preço, tiragem mínima, prazo para entrega etc. Você deve escolher duas
obras para cada componente curricular. Ao preencher o formulário, uma
delas deverá ser indicada como primeira opção e a outra, como segunda.
Esta última escolha precisa ser tão cuidadosa quanto a primeira. Além disso,
é importante que as obras de cada opção pertençam a editoras diferentes,
para evitar que eventuais obstáculos nas negociações comprometam ambas
as escolhas.

1 A função da reserva técnica – A reserva técnica constitui uma espécie de

acervo de emergência, capaz de socorrer escolas às quais, por algum motivo,
o livro não chegou, ou chegou em quantidade insuficiente. Para evitar a
formação de reservas com títulos variados mas em quantidade insuficiente
para atender a um número significativo de escolas, esse acervo é composto
pelos dois títulos de cada disciplina que tiveram maior número de solicitações
no estado. Por isso, procure informar-se sobre os títulos mais escolhidos no
seu município e estado e esteja preparado para a necessidade de recorrer à
reserva técnica, no caso de uma eventual falta de livros.

Professor, este Guia pretende ajudá-lo a refletir sobre questões relativas à

qualidade das propostas veiculadas pelos livros e coleções. Dessa forma, e para
que a sua escolha reflita melhor a realidade da escola, e também para que seja
mais adequada ao tipo de trabalho que você e sua equipe desenvolvem, fique
atento para os seguinte pontos:

16
1 É recomendável que os professores se organizem em grupos e planejem a
leitura e a discussão do Guia. As reuniões podem ser por série ou por turno.
Não sendo possível, o trabalho pode ser realizado em dias e horários mais
adequados, recorrendo-se aos esquemas e cronogramas já previstos pela
escola para planejamento e discussão pedagógicos.

1 O livro didático é apenas um dos instrumentos de apoio ao trabalho. Assim,

o melhor dos livros pode ter exercícios e atividades substituídos, alterados
ou complementados por você. Além disso, escolher um bom livro didático
não diminui a necessidade de consultar uma bibliografia; ou seja, você sempre
precisará lançar mão de textos complementares, seja para estudar conteúdos,
seja para suprir lacunas, completar e ampliar informações.

1 Os alunos de 1ª série do Ensino Fundamental público de todo o País receberão

dicionários da língua portuguesa. Conhecendo melhor as características dos
dicionários que seus alunos receberão, você poderá utilizá-los como um
instrumento no processo de ensino da leitura em qualquer disciplina.

1 Também a biblioteca escolar e, especialmente, os acervos distribuídos pelo

Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE, como o acervo Literatura
em Minha Casa, poderão desempenhar, nesse momento, um papel inestimável
no estabelecimento da ponte necessária entre o livro didático e o mundo da
escrita.

1 Sendo possível conectar o computador da escola com a internet, as

possibilidades de acesso à informação se multiplicam. Páginas
governamentais como a do MEC e como as de Organizações Não-
Governamentais (ONGS), especialmente as voltadas para a Educação,
poderão proporcionar grandes contribuições ao trabalho que você desenvolve.
Há ainda os programas da TV Escola, sempre atentos às necessidades e ao
cotidiano da escola pública brasileira. Além disso, muitos projetos locais e
nacionais, desenvolvidos por ONGS junto às comunidades, podem ajudar a
expandir e aprofundar as conquistas propiciadas mas não plenamente
realizadas pelo livro didático.

17
 A escolha:
agora é com você,
professor
ara o sucesso da escolha, a participação de todos os professores é fundamental

P e imprescindível. Antes de preencher o formulário, é preciso que você e seus

colegas discutam os procedimentos de análise, ponderando a respeito do tipo
de aluno que possuem, do projeto de escola que desenvolvem e do planejamento
de cada um. Lembre-se de que os livros e coleções escolhidos por você poderão
ser utilizados por outros colegas nos três anos consecutivos a esta indicação.

Sem a sua participação e o seu empenho em escolher as melhores obras e as

mais adequadas à sua proposta pedagógica, o PNLD não atingirá o seu objetivo.
Por isso, vale a pena insistir: leia o Guia criticamente, analise, discuta e avalie
as opções disponíveis para cada disciplina.

Saiba que, para a elaboração dos princípios e critérios de análise comuns às

cinco áreas básicas de análise e dos critérios específicos a cada uma delas, as
equipes de avaliação procuram responder de forma coerente a questões como:

1 De que forma o livro didático vai auxiliar na formação do meu aluno?

1 Que contribuições ele deve propiciar para a construção de habilidades,

atitudes e conhecimentos necessários para o aprendizado e o exercício da
cidadania?

Da mesma forma, uma consulta proveitosa das opções contidas no Guia

pressupõe propósitos bem definidos. Portanto, ao trabalhá-lo, tenha também
em mente as perguntas que você quer ver respondidas em relação ao que cada
coleção ou livro pode oferecer. Reflita detidamente sobre cada uma delas:

1 Por que escolher determinada obra?

1 Para quê? Para quem?

1 Quais as conseqüências práticas dessa escolha?

Uma estratégia interessante para chegar a perguntas pertinentes é avaliar os

livros atualmente em uso, verificando em que e por que você e seus colegas
estão – ou não estão – satisfeitos com eles:

18
1 A seleção de conteúdos é adequada?

1 A seqüência com que são apresentados obedece à progressão da aprendizagem

planejada por sua escola?

1 O conjunto dos conteúdos, assim como o tratamento didático dado a eles são
adequados para os alunos e estão de acordo com o currículo?

1 A linguagem é clara e precisa?

1 As atividades se preocupam em ajudar o aluno a entender o texto das lições?

1 O manual do professor contribuiu o suficiente para melhor uso do material?

Depois dessa primeira reflexão, você terá uma visão mais clara de suas necessidades
e exigências, e poderá ler as resenhas do Guia com mais conhecimento de causa.
Em particular, não se contente com a pura e simples transmissão de conhecimentos;
verifique se as atividades e exercícios propostos desenvolver, de fato, competências
e habilidades do aprendiz; e dê preferência às coleções e livros mais completos e
equilibrados, no que diz respeito aos serviços prestados ao aluno.

Depois de todo esse processo, a escolha continua. Procure verificar se a coleção

ou o livro em análise é compatível com:

1 o projeto pedagógico e curricular da escola;

1 a flexibilidade para explorações diferenciadas que o uso coletivo demanda;

1 a infra-estrutura (equipamentos, recursos) e as condições de trabalho de que

você pode dispor;

1 as possibilidades de articulação e de trabalho conjunto propiciadas pela escola.

Para cumprir seus objetivos didático-pedagógicos, cada livro prioriza certos

conteúdos e dá menos importância a outros, organizando-os de acordo com
determinado plano e em certa seqüência. Diante disso – e ocupando o seu lugar
de professor –, reflita a respeito da coleção, ou do livro, tentando avaliar se:

19
 1 efetua uma boa seleção da matéria a ser dada?

1 estabelece para ela certo tipo de abordagem e um tratamento didático

particular?

1 propõe um trajeto próprio para sua exploração?

Verifique se esses pontos estão de acordo com o projeto e o currículo da escola

e com a disciplina para a qual a obra está sendo escolhida. Procure perceber,
ainda, se envolvem uma progressão adequada (de uma série para outra e no
interior de cada uma delas).

O manual do professor é uma peça-chave para o bom uso do livro didático. Um

manual adequado deve explicitar a proposta didático-pedagógica que apresenta,
descrever a organização interna da obra e orientar o docente em relação ao seu
manejo. É desejável, ainda, que explicite seus fundamentos teóricos e que indique
e discuta, no caso de exercícios e atividades, as respostas esperadas.

Agora, leia atentamente as orientações que dizem respeito ao preenchimento do

formulário, pois este será o momento de efetivar suas opções.

20
 Orientações para
o preenchimento
untamente com este Guia, você está recebendo dois formulários de escolha e

J um conjunto de etiquetas auto-adesivas, identificadas com códigos de barra e

coloridas de acordo com o componente curricular. Você deverá colar essas
etiquetas no formulário “Carta-Resposta”, obedecendo às indicações nele
contidas. Não há necessidade de transcrever o código das coleções nesse
formulário; basta colar as etiquetas correspondentes, certificando-se de que
realmente se referem às coleções, livros e dicionários escolhidos.

ATENÇÃO:

1 Ao colarem as etiquetas, certifiquem-se de que realmente se

referem aos dicionários e às coleções escolhidas.

1 Não sobreponham as etiquetas! Isso poderá impossibilitar a

leitura do código de barras, prejudicando a escolha de sua
escola.

1 Não utilizem formulários ou etiquetas de Programas

anteriores.

1 Escolham apenas títulos/códigos que constem do GUIA DE

LIVROS DIDÁTICOS – PNLD/2004.

1 Não rasurem, nem escrevam nas etiquetas.

O formulário da escola deverá ser preenchido manualmente: você e seus colegas

devem transcrever o código dos livros e das coleções escolhidos para conferi-
los no momento do recebimento. Portanto, mantenha-o bem guardado.

21
 Em caso de dúvida, vocês deverão:

1 ligar para a Central de Atendimento FNDE/Brasília – Tel.: 0800-610404

(ligação gratuita);

1 consultar a Secretaria de Educação do Estado/Coordenação do Livro Didático.

Depois de todos esses cuidados, você e seus colegas têm pela frente uma tarefa
de grande responsabilidade: escolher as obras que irão apoiar e acompanhar o
trabalho pedagógico da escola pelos próximos três anos!

22
 Princípios
e critérios
s critérios estabelecidos para a avaliação estão organizados em comuns e

O específicos. Tais critérios foram definidos inicialmente em 1995, em reuniões e

seminários que contaram com a presença de autores e editores e de suas entidades
representativas, do Conselho Nacional de Secretários de Educação –CONDED,
da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME e de
professores especialistas. No decorrer do processo, eles foram progressivamente
aprimorados, a partir de novas reuniões e seminários, e com base na experiência
acumulada nas avaliações anteriores.

23
 Princípios
gerais
educação escolar caracteriza-se pela mediação didático-pedagógica que se

A estabelece entre conhecimentos práticos e teóricos. Seus procedimentos e

conteúdos devem adequar-se à situação específica da instituição escolar e do
desenvolvimento dos alunos.

Para atingir seus objetivos, o livro didático precisa atender a uma dupla exigência:
de um lado, os procedimentos, informações e conceitos nele propostos devem
ser corretos do ponto de vista das áreas do conhecimento a que se vinculam. De
outro lado, além de corretos, tais procedimentos, informações e conceitos devem
ser apropriados à situação didático-pedagógica a que servem. Em decorrência,
necessitam atender ao consenso dos diferentes especialistas e agentes
educacionais quanto aos conteúdos mínimos a serem contemplados e às
estratégias adequadas à apropriação desses conteúdos. Na medida em que os
currículos são a expressão mais acabada desse consenso, é imprescindível que
os livros didáticos considerem as recomendações comuns às diferentes propostas
curriculares estaduais e municipais em vigor.

Por fim, como o objetivo último da educação escolar é “preparar o educando

para o exercício da cidadania” e “qualificá-lo para o trabalho” (Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional – LDB, Título II, art. 3o), o processo formativo
precisa realizar uma nova mediação, agora entre a esfera privada das experiências
familiares ou pessoais e a vida pública. Portanto, seja qual for a disciplina a que
sirva, o livro didático deve contribuir para a construção da ética necessária ao
convívio social democrático, o que o obriga ao “respeito à liberdade” e ao “apego
à tolerância” (LDB, Título II, art. 3o, IV).

24
 Critério
Comuns
ais critérios são divididos em eliminatórios e classificatórios

T CRITÉRIOS ELIMINATÓRIOS

Os princípios enunciados permitem estabelecer três critérios eliminatórios que

representam um padrão consensual mínimo de qualidade para o ensino escolar:

1 correção dos conceitos e informações básicas;

1 correção e pertinência metodológicas;

1 contribuição para a construção da cidadania.

A não-observância dos aspectos mais básicos de cada um desses critérios gerais

por um livro didático resultará em uma proposta contrária aos objetivos a que
ele deveria servir, o que justificará sua exclusão do PNLD.

Além desses três critérios comuns, acrescentaram-se outros cinco, também

comuns, decorrentes do aprimoramento do processo de avaliação:

1 inscrição de uma única versão ou variante de uma obra;

1 ausência de erros de impressão e de revisão;

1 adequada reformulação pedagógica de obras anteriormente excluídas;

1 articulação pedagógica dos volumes que integram uma coleção didática;

1 não serão incluídas no Guia de Livros Didáticos de 1a a 4a Séries, as coleções

que tiverem um ou mais volumes excluídos no processo de avaliação.

Apresentam-se, a seguir, esclarecimentos sobre os critérios eliminatórios, que

serão retomados na apresentação dos critérios específicos por áreas de
conhecimento.

25
 CORREÇÃO DOS CONCEITOS E INFORMAÇÕES BÁSICAS

Respeitando as conquistas científicas das áreas de conhecimento, uma obra

didática não poderá, sob pena de descumprir seus objetivos didático-
pedagógicos::

1 formular de modo errado conceitos e informações fundamentais das

disciplinas científicas em que se baseiam;

1 manipular de modo errado esses conceitos e informações em exercícios ou

atividades, induzindo o aluno a uma inapropriada apreensão de conceitos,
noções ou procedimentos.

CORREÇÃO E PERTINÊNCIA METODOLÓGICAS

Por mais diversificadas que sejam as concepções e práticas de ensino e

aprendizagem, propiciar ao aluno a apropriação do conhecimento implica
escolher uma opção de abordagem, ser coerente em relação a ela e, ao mesmo
tempo, contribuir satisfatoriamente para a consecução dos objetivos, quer da
educação geral, quer da disciplina e do nível de ensino em questão. Para isso,
considera-se fundamental que a obra didática apresente coerência entre a
fundamentação teórico-metodológica explicitada (em títulos, subtítulos ou em
material destinado ao professor) e aquela de fato concretizada pela proposta
pedagógica; e desenvolva estratégias que contribuam para:

1 desenvolvimento das capacidades cognitivas (como compreensão,

memorização, análise, síntese, formulação de hipóteses e planejamento),
respeitando tanto as dificuldades próprias de sua aquisição quanto os graus
de complexidade e a especificidade do conteúdo a ser aprendido;

1 a realização, por meio de proposições de uso do conhecimento, de níveis

mais amplos de abstração e generalização, assim como a percepção das
relações do conhecimento adquirido ou a ser adquirido com as funções que
possui no mundo social, sejam elas relativas ao campo científico, ao
aprendizado ou à vida prática;

26
1 a manifestação, pelo aluno, e a identificação, pelo professor, do conhecimento
que o aluno já detém sobre o que se vai ensinar;

1 a introdução do conhecimento novo por meio do estabelecimento de relações

com o conhecimento que o aluno já possui;

1 a inserção do novo conhecimento num conjunto mais amplo de saberes da área.

CONTRIBUIÇÃO PARA A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

Em respeito à Constituição do Brasil e para contribuir efetivamente para a

construção da ética necessária ao convívio social e à cidadania, a obra didática
não poderá:

1 veicular preconceitos de origem, cor, condição econômico-social, etnia,

gênero, linguagem e qualquer outra forma de discriminação;

1 fazer doutrinação religiosa, desrespeitando o caráter leigo do ensino público.

Qualquer desrespeito a esses critérios é discriminatório e, portanto, socialmente

nocivo.

CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS

Além dos critérios classificatórios comuns, os critérios específicos serão

explicitados nos itens dedicados a Língua Portuguesa, Ciências, Matemática,
História e Geografia.

ASPECTOS GRÁFICO-EDITORIAIS

Estrutura editorial

É fundamental que o livro esteja claramente identificado. A capa, a folha de

rosto e seu verso devem conter título, autoria, série, editora, local, data, edição,

27
 dados sobre os autores e ficha catalográfica. O sumário deve permitir a rápida
localização da informação.

Espera-se que o texto principal esteja impresso em preto e que títulos e subtítulos
apresentem-se numa estrutura hierarquizada, evidenciada por recursos gráficos.

A parte pós-textual deve conter glossário, referências bibliográficas e indicação

de leituras complementares.

Aspectos Visuais

O texto e as ilustrações devem estar dispostos de forma organizada, com ritmo

e continuidade, dentro de uma unidade visual.

O lay-out precisa ser motivador e integrado ao conteúdo, a fim de torná-lo mais

fácil de ser compreendido.

O desenho e o tamanho da letra, bem como o espaço entre letras, palavras e linhas,
devem atender a critérios de legibilidade e também ao nível de escolaridade a que o
livro se destina. A impressão não pode prejudicar a legibilidade no verso da página.

É desejável que textos mais longos sejam apresentados de forma a não

desencorajar a leitura, lançando-se mão de recursos de descanso visual.

As ilustrações são elementos da maior importância, auxiliando na compreensão

e enriquecendo a leitura do texto. Principalmente, devem reproduzir
adequadamente a diversidade étnica da população brasileira e não podem
expressar, induzir ou reforçar preconceitos e estereótipos. Devem ser adequadas
à finalidade para as quais foram elaboradas e, dependendo do objetivo, ser claras,
precisas, de fácil compreensão; mas podem também intrigar, problematizar,
convidar a pensar, despertar a curiosidade.

É importante que o livro recorra a diferentes linguagens visuais; que as ilustrações

de caráter científico indiquem a proporção dos objetos ou seres representados;
que os mapas contenham legenda, de acordo com as convenções cartográficas,
forneçam orientação e escala e apresentem limites definidos.

28
Todas as ilustrações devem ser acompanhadas dos respectivos créditos, assim
como gráficos e tabelas necessitam de títulos, fonte e data.

MANUAL DO PROFESSOR

Considera-se fundamental que o livro didático venha acompanhado de

orientações ao professor que explicitem os pressupostos teóricos, os quais, por
sua vez, deverão ser coerentes com a apresentação dos conteúdos e com as
atividades propostas no livro do aluno.

O manual do professor não deve ser uma cópia do livro do aluno com os
exercícios resolvidos. É necessário que ofereça orientação teórica, informações
adicionais ao livro do aluno, bibliografia, sugestões de leituras, filmes, vídeos e
outras fontes e/ou materiais que contribuam para a formação e atualização do
professor. É importante que oriente o professor para a articulação dos conteúdos
do livro entre si e com outras áreas do conhecimento, fornecendo, ainda, proposta
e discussão sobre a avaliação da aprendizagem. É desejável, também, que
apresente sugestões de atividades e de leituras para os alunos.

ATENÇÃO PROFESSOR:

No próximo volume (Volume 4) você encontrará todas as informações pertinentes

aos Dicionários.

BOA ESCOLHA!

29
 História

Comissão Técnica (Portaria Ministerial nº 513/2001):

Holien Gonçalves Bezerra

Coordenação Institucional:
Maria Encarnação Beltrão Sposito

Coordenação de Área:
Tania Regina de Luca

Coordenadora Adjunta:
Luiza Helena da Silva Christov

Pareceristas:
Ana Teresa Marques Gonçalves
Andréa Ferreira Delgado
Antonio Celso Ferreira
Christina da Silva Roquete Lopreato
Cláudia Regina Alves Prado Fortuna
Cláudio Borges da Silva
Gilvan Ventura da Silva
José Luis Bendicho Beired
Kátia Maria Abud
Luis Fernando Cerri
Márcia Regina Capelari Naxara
Marcos Justo Tramontini
Maria do Carmo Ferraz Tedesco
Marly Rodrigues
Nelson Shapochnik
Rafael de Bivar Marquese
Rosângela Morais da Rosa
Wenceslau Gonçalves Neto

32
 Introdução

C
aro Professor

Os alunos do Ensino Fundamental, a partir do PNLD 2004, não terão mais em

seu currículo a disciplina Estudos Sociais. A mudança havia sido iniciada já no
PNLD 2002, quando a disciplina figurava como opcional, mas já com a indica-
ção de que seria substituída por Geografia e História. Com esta medida, consa-
gra-se o desejo que vinha sendo expresso há vários anos pelos especialistas das
duas áreas, para que se resguardassem as especificidades de seus respectivos
corpos conceituais também no ensino e na elaboração dos livros didáticos.

Desta forma, nas resenhas que estão à sua disposição neste Guia de Livros
Didáticos, você encontrará o resultado das análises que foram feitas por especi-
alistas de História, a convite do MEC, sobre os livros inscritos para o presente
PNLD. O objetivo deste processo de avaliação é indicar quais livros proporci-
onam as condições mínimas necessárias a um trabalho proveitoso para o ensi-
no-aprendizagem de nossos alunos, auxiliando o professor em seus encaminha-
mentos pedagógicos.

A qualidade das coleções e livros aprovados é variada, o que implica o seu

trabalho em pesquisar qual deles melhor se adapta à sua escola e aos seus alu-
nos. Assim, a escolha do livro que vai auxiliar você em seu trabalho em sala de
aula é um momento importante e de muita responsabilidade. Embora seja ape-
nas um dentre diversos materiais didáticos possíveis, o livro didático continua
sendo um dos principais instrumentos de trabalho.

Nesta avaliação, os objetos de análise e suas correspondentes resenhas foram

as coleções de 1ª a 4ª séries e também os livros de destinação regional. Com a
finalidade de esclarecê-lo sobre o processo de avaliação realizado pela equipe
de História, destacam-se, nesta Introdução, as seguintes questões:

1 principais preocupações que orientaram o processo de avaliação;

1 apresentação dos resultados da avaliação;
1 cuidados que o professor deverá ter na escolha e uso do livro didático;
1 ficha de avaliação.

33
 PREOCUPAÇÕES QUE ORIENTARAM A AVALIAÇÃO DOS LIVROS
DIDÁTICOS DE HISTÓRIA

As questões que a equipe levou em conta no processo de avaliação também

podem ser um indicador precioso para os professores no momento da escolha
do livro didático.

a) O ponto de partida da análise foi considerar a finalidade do livro

didático: ser um auxiliar eficaz ao professor e aos alunos. Assim sendo,
foi necessário analisar se a coleção ou o livro regional foi concebido e orga-
nizado segundo uma metodologia adequada às finalidades do processo de
ensino-aprendizagem e às diferentes características dos alunos e do projeto
pedagógico da escola. Nesse sentido, alguns aspectos podem ser ressaltados:

1 a coerência entre a proposta da metodologia de ensino-aprendizagem e a

elaboração da obra;
1 o estabelecimento de relações entre o conhecimento novo e a experiência do
aluno, de modo a criar condições para que ele compreenda sua realidade
próxima;
1 a contribuição efetiva, tanto dos textos quanto das atividades, para o desen-
volvimento de habilidades cognitivas básicas, como observação, investiga-
ção, compreensão, argumentação, organização, memorização, análise, sínte-
se, criatividade, comparação, interpretação, avaliação, além da capacidade
de debater problemas e de incentivar a produção de textos;
1 a adequação dos textos e dos exercícios às condições dos alunos, quanto ao
grau de complexidade dos conteúdos e quanto à linguagem empregada de
acordo com suas possibilidades cognitivas;
1 a presença de textos complementares de diferentes autores, que garanta a
perspectiva de que o conhecimento histórico é um espaço de interpretações
possíveis, além de sugestões de leitura e de outros instrumentais didáticos
que possam ampliar e enriquecer as opções do professor.

b) Os conhecimentos históricos são construídos a partir de regras e princípios

próprios desta ciência. Na avaliação, tornou-se importante verificar, portan-
to, se a coleção ou o livro regional, na exposição dos conteúdos específicos,
mostrou-se em sintonia com as metodologias próprias da disciplina História.

34
 Nesse sentido, foi dirigida especial atenção aos seguintes aspectos que di-
zem respeito à produção/construção de conhecimentos históricos:

1 a adequada explicitação das propostas metodológicas relativas ao conheci-

mento histórico, considerando-se a variedade das tendências historiográficas
existentes na área. Ao mesmo tempo, foi analisada a coerência entre as pro-
postas e a exposição dos conteúdos, em forma de textos e de atividades;
1 se houve um trabalho adequado com a historicidade dos conceitos, evitan-
do-se anacronismos e nominalismos. Foi levada em consideração a forma
como os autores utilizaram as categorias centrais do conhecimento históri-
co: tempo, espaço, sujeito histórico, cultura, natureza, sociedade, relações
sociais, poder, trabalho, período, seqüência, transformação, passado, pre-
sente, futuro, simultaneidade, duração;
1 se as fontes históricas foram trabalhadas adequadamente, como referencial
constitutivo do conhecimento histórico, e se foram convenientemente ex-
ploradas e não apenas transcritas, tendo-se o cuidado em resgatar as
potencialidades interpretativas dos documentos reproduzidos;
1 se a obra apresentava ausência de estereótipos e de simplificações explicativas
que banalizam o conhecimento e prejudicam a formação de cidadãos críti-
cos e conscientes.

c) Já que o livro didático é um elemento importante na construção do saber e

no processo educacional, é de esperar que ele contribua para a reflexão so-
bre a ética, imprescindível ao convívio social, e para a construção da cidada-
nia. Nesse sentido, foi analisada, nos textos e nas atividades, a real preocu-
pação em despertar no aluno o respeito às diferenças, a prática participativa,
o convívio social, a consciência crítica, a tolerância e a liberdade.

d) O manual do professor é um recurso relevante para o esclarecimento das

propostas do livro didático. Foi examinado se ele continha orientações que
explicitam os pressupostos teóricos e metodológicos da História e do ensi-
no-aprendizagem e apresentava novas perspectivas para a formação conti-
nuada do docente.

35
 e) O cuidado com os aspectos editoriais também é fundamental, para que o
livro didático seja um instrumento adequado à prática pedagógica. Foram
verificadas a apresentação gráfica do livro, sua estrutura, correção da im-
pressão, presença de boas ilustrações, correção das referências bibliográfi-
cas e demais convenções editoriais.

Essas questões foram analisadas cuidadosamente pela equipe de avaliadores

envolvida neste processo, o que auxilia o professor na escolha das coleções. Se
houver a possibilidade de examinar o próprio livro, será excelente. Caso contrá-
rio, ao ler as resenhas, é importante ter em mente os aspectos assinalados, pelo
menos como ponto de partida para maiores discussões na equipe docente. A
escolha dos livros compartilhada com colegas, coordenadores e diretores facili-
tará a análise deste Guia e dos livros em questão.

RESULTADO DA AVALIAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS COLEÇÕES

E LIVROS DE DESTINAÇÃO REGIONAL

• As coleções avaliadas

Considerando o universo de referência descrito e o contexto da escola pública

do Ensino Fundamental, as obras foram classificadas em três categorias: Re-
comendada com Distinção, Recomendada e Recomendada com Ressalvas; além
daquelas avaliadas como não-recomendadas (excluídas).

No PNLD 2004 foram inscritas 24 coleções seriadas e uma coleção por ciclo;
foram apresentados 24 livros de destinação regional. O resultado da análise está
descrito na tabela a seguir:

36
Resultado das avaliações, por coleções e livros regionais

Classificação da obra Coleção Livro regional

Nº % Nº %

Recomendada com Distinção - - - -

Recomendada 4 16 - -

Recomendada com Ressalvas 12 48 14 58,3

Excluída 9 36 10 41,7

Total 25 100 24 100

O resultado da análise das coleções e livros regionais mostra que o grau de

aproximação aos critérios estabelecidos para a avaliação é muito variado. Den-
tre as coleções, nenhuma atingiu o patamar requerido para ser indicada como
Recomendada com Distinção, e apenas quatro foram Recomendadas. A situa-
ção dos livros regionais é ainda mais crítica, destacando-se apenas aqueles com
ressalvas, enquanto os recomendados estão ausentes. Esta constatação talvez
possa ser explicada pela mudança ainda demasiadamente recente nas quatro
primeiras séries do Ensino Fundamental, com a supressão de Estudos Sociais, e
manifesta a necessidade de um esforço redobrado, por parte de autores e edito-
res, para que haja melhoria dos livros didáticos de História. Dessa forma, espe-
ramos, professores e alunos deste nível poderão dispor de instrumentos mais
condizentes com suas necessidades e com a responsabilidade do ensino na cons-
trução de cidadãos conscientes e críticos.

As coleções avaliadas como Recomendadas com Ressalvas, porém, não são

homogêneas. Dentre elas, há problemas variados, embora não justifiquem sua
exclusão, de acordo com os critérios estabelecidos em edital; e outras com nú-
mero bem menor de ressalvas. Com a finalidade de obter uma percepção mais
clara da variedade qualitativa entre as coleções e entre os livros regionais, o
resultado da análise dos itens que compõem a ficha de avaliação foi submetido

37
 a uma ponderação, a partir da qual se torna possível detectar e visualizar mais
facilmente as diferenças e as semelhanças.

Nas resenhas estão explicitadas e fundamentadas as razões da classificação de

cada coleção e de cada livro regional. Para facilitar a comparação e percepção
das diferenças no conjunto das obras analisadas, foram elaborados com base
nas ponderações os gráficos apresentados nesta Introdução.

Obs. - O gráfico é resultante de média normalizada, ou seja, o livro que obteve

maior pontuação representa 100 no universo considerado, sendo feita a
proporção correspondente para os demais.
- O número registrado abaixo de cada coluna corresponde ao código atri-
buído às coleções, e são identificados nas resenhas.
- Estas observações são válidas para todos os gráficos.

Pelo gráfico percebe-se que as quatro coleções Recomendadas apresentam pa-

drão de qualidade quase equivalente. As diferenças em relação à qualidade são
muito pequenas, podendo-se concluir que a escolha de um desses livros levará
em consideração muito mais as preferências pessoais dos professores do que
qualidades e deficiências. O mesmo não pode ser afirmado em relação às cole-
ções Recomendadas com Ressalvas, pois a diferença da primeira coleção: Tri-
lhos e Trilhas – História (nº 3952, com 87 pontos) para a última coleção: Viver
e Aprender História (nº 3977, com 63,2 pontos) é visivelmente acentuada.

38
1 As coleções recomendadas

A coleção Recomendada com Distinção é aquela que se destaca entre as cole-

ções por apresentar, em relação às demais e ao contexto escolar, o patamar mais
alto de excelência e rigor, e um esforço de inovação. Nenhuma das coleções
inscritas para a avaliação enquadrou-se nesta categoria.

A coleção Recomendada é aquela que cumpre satisfatoriamente sua função e se

aproxima de um nível de excelência no cumprimento dos critérios estabeleci-
dos para a avaliação.

Ainda que possa ser objeto de uma ou outra restrição, e que possa suscitar
polêmicas e discussões, a coleção Recomendada propicia e subsidia um ensino
eficaz e adequado. Neste nível encontram-se as quatro coleções indicadas no
gráfico. Todas estas se caracterizam por apresentar claramente as propostas
metodológicas, e por guardar coerência com elas no desenvolvimento dos con-
teúdos no livro do aluno. Incentivam debates, apresentam atividades construti-
vas e variadas, trabalham as fontes como instrumento para a elaboração do co-
nhecimento histórico e dão a importância devida à construção da cidadania. Os
conceitos básicos do conhecimento histórico são bem construídos e a editoração,
bem-cuidada. As ilustrações são reportadas ao conteúdo transmitido e auxiliam

39
 na compreensão dos processos históricos. O manual do professor apresenta-se
como um instrumento valioso para auxiliar o docente em suas atividades didáti-
cas. As lacunas apontadas nas respectivas resenhas não representam riscos que
desmereçam ou dificultem o aproveitamento pedagógico das coleções.

A coleção Recomendada com Ressalvas é aquela que, apesar de conter alguns

problemas e deficiências, apresenta qualidades e acertos suficientes; portanto,
pode ser um suporte adequado ao ensino. O conjunto de características positi-
vas justifica sua recomendação ao professor. As ressalvas dizem respeito a cer-
tos aspectos dos critérios estabelecidos para a avaliação que, ou deixaram de ser
observados, ou foram insuficientemente desenvolvidos. As ressalvas, aponta-
das nas resenhas, merecem cuidado especial do professor, para que as falhas
sejam corrigidas.

São 12 as coleções Recomendadas com Ressalvas, e há diferenças entre elas. O

gráfico demonstra a distância existente entre a primeira desta categoria e a últi-
ma. A coleção Trilhos e Trilhas – História (nº 3952), que obteve o melhor de-
sempenho nesta categoria, aproxima-se, nos itens positivos, ao padrão das cole-
ções Recomendadas. Entretanto, acentuam-se, algumas ressalvas que a situam
como nessa classificação, como restrições ao manual do professor, atividades
que apresentam dificuldades em sua execução, falta de nitidez de algumas ilus-

40
trações, ausência de legendas. Já na coleção Viver e Aprender – História (nº
3977), que obteve a menor nota na ponderação entre as Recomendadas com
Ressalvas, os aspectos positivos são mais escassos e as lacunas, mais sentidas:
a proposta metodológica não é explicada de forma articulada, há simplificação
dos textos e dos conteúdos de História, os documentos textuais são pouco traba-
lhados, as ilustrações não são contextualizadas, encontram-se problemas na cons-
trução de conceitos próprios do conhecimento histórico, e pouco cuidado com a
construção da cidadania. Os pontos positivos e as ressalvas das demais cole-
ções encontram-se descritos nas resenhas contidas neste Guia.

1 Os livros regionais

Dos 24 livros regionais inscritos, 10 foram excluídos por não cumprirem de

modo satisfatório alguns ou vários critérios estabelecidos em edital. Dos 14
livros recomendados, nenhum recebeu distinção ou recomendação sem ressal-
vas, havendo à semelhança das coleções, diferenciações sensíveis entre eles.

41
 Tomemos como exemplos o primeiro e o último da categoria. O livro Gente de
São Paulo, São Paulo da Gente – História (nº 211728), com o melhor desempe-
nho na avaliação, caracteriza-se pela explicitação clara e pertinente da concep-
ção de metodologia da História em sua dimensão regional e pela coerência no
desenvolvimento dos conteúdos. Há problematizações sobre a relação presente-
passado. Os conceitos básicos da História são trabalhados de forma pertinente e
as fontes iconográficas são variadas e abundantes. As ressalvas constatadas de-
vem-se ao fato de o texto ser descritivo, fazendo pouca referência às experiênci-
as dos alunos; de a maioria das atividades, embora criativas, serem mobilizadas
basicamente para a fixação dos conteúdos; e de as experiências sociais serem
apresentadas de forma pouco crítica. Não há, ainda, discussão adequada das
questões relativas ao ensino-aprendizagem.

O livro Amazonas História (nº 211416), o último colocado entre os Recomen-

dados com Ressalvas, apresenta pontos positivos, como textos e atividades que
permitem desenvolvimento equilibrado de atividades cognitivas, apreensão crí-
tica da realidade pelo aluno, construção de alguns conceitos principais da disci-
plina. Os pontos críticos, no entanto, se sobressaem: uma concepção linear e
cronológica do processo histórico; os textos são expositivos, sem dialogar com
a experiência do aluno; muitas simplificações explicativas; o manual do profes-
sor colabora muito pouco para auxiliar no trabalho pedagógico, deixando de
explicitar a metodologia que embasa a construção da obra e da História regio-
nal.

Examinando o gráfico, percebe-se que os quatro primeiros se aproximam do

padrão (livro 211728) e os quatro últimos encontram-se mais próximos da
situação do livro 211416. Os seis intermediários guardam certa homogeneidade
entre si. As descrições dos pontos positivos e das ressalvas de cada um podem
ser verificadas nas respectivas resenhas.

Cuidados que o professor dever ter no processo de escolha

É fundamental que o professor examine se a coleção ou o livro regional a ser

escolhido é adequado para suprir as exigências de seu universo escolar e se
poderá ser adaptado à situação concreta dos alunos da escola. Alguns pontos
que o professor deve verificar são centrais:

42
1 se a coleção é adequada ao projeto pedagógico da escola – é importante
lembrar que a escolha valerá por três anos. Daí a necessidade de sintonizar a
escolha com o projeto pedagógico da escola que, em princípio, tende a ser
mais duradouro que a permanência individual dos professores;
1 se a linguagem e as referências são mais adequadas para alunos de cidade
grande, de porte médio, ou pequeno; de regiões urbanas ou rurais;
1 se há grande complexidade de textos ou de atividades, o que supõe mais
atenção do professor ao conduzir suas práticas docentes.

A ficha de avaliação

A ficha de avaliação foi construída com base nas considerações e nas determi-
nações que constam do edital de convocação para o PNLD 2004 e teve por
finalidade servir de instrumento norteador aos avaliadores na análise das cole-
ções e dos livros regionais. A ficha é reproduzida a seguir para que o professor,
se assim o desejar, possa ter um ponto de referência para as próprias análises.

43
44
 Ficha de
Avaliação
História
Código da Coleção:

Código do Livro:

Código do Parecerista:

Classificação:

Identificação da ficha:

Pequena descrição

Sumário (cada volume)

Articulação pedagógica dos volumes que
integram a coleção (5ª ficha)
Razões da menção (5ª ficha)

Correção e atualização dos conteúdos SIM NÃO

Ausência de informações erradas: (exclusão)

Ausência de informações desatualizadas: (exclusão)

Metodologia de ensino-aprendizagem O B S I

Explicita a proposta metodológica

Há coerência entre a proposta da metodologia de

ensino-aprendizagem e sua utilização na elaboração da
obra (verificar manual e livro): (exclusão)

O texto didático contribui satisfatoriamente para o

desenvolvimento das habilidades cognitivas (observação,
compreensão, argumentação, organização, memorização,
análise, síntese, formulação de hipóteses, planejamento)
(exclusão)

45
 O B S I

Respeita as dificuldades próprias do aluno quanto aos

graus de complexidade e especificidade do conteúdo a
ser apreendido (exclusão)

Possibilita alcançar níveis gradativamente mais amplos

de abstração e de generalização (exclusão)

Desenvolve estratégias que auxiliem o aluno a

compreender a realidade social (exclusão)

Relaciona o conhecimento novo com a experiência do

aluno (exclusão)

Evita subestimar a capacidade cognitiva do aluno

Problematiza passado e presente

Síntese do item – Metodologia de ensino-aprendizagem

As atividades e exercícios: O B S I

Possibilitam o desenvolvimento de habilidades,

estimulando: observação, investigação, análise, síntese,
criatividade, comparação, interpretação, avaliação, memória,
formulação de hipóteses, planejamento (Verificar se há a
presença da maioria dessas habilidades) (exclusão)

Auxiliam na realização dos objetivos propostos

Estão formulados clara e corretamente

Estão integrados aos conteúdos

Promovem a articulação entre os diferentes conteúdos

Estimulam a capacidade de debater problemas

Estimulam a capacidade de produzir textos

Fazem referência a textos complementares de autores

diferentes

46
Síntese – Atividades e exercícios

Metodologia da História O B S I

Explicita as propostas metodológicas (verificar manual e livro)

Há coerência entre propostas metodológicas e sua

efetivação no desenvolvimento dos conteúdos (verificar
manual e livro) - (exclusão)

Incorpora a renovação historiográfica aos livros didáticos

A abordagem parte de um problema ou conjunto de

problemas

Contempla a construção de noções e/ou conceitos e O B S I

trabalha com a historicidade dos conceitos:
(Verificar o conjunto) (exclusão)

Tempo

Espaço

História

Sujeito histórico

Cultura

Natureza

Sociedade

Relação social

Poder

Trabalho

Período – duração

47
 O B S I

Ordenação – seqüência – simultaneidade

Transformação – permanência

Presente – passado – futuro

Diversidade – unicidade

Síntese do item – Metodologia da História – proposta e coerência

Apresenta e discute fontes históricas: O B S I

• Textuais

• Iconográficas

Há glossário ou equivalente

Há indicação de leituras complementares

Ausência de estereótipos: O B S I

Identificação exclusiva da História a alguns heróis

Identificação exclusiva da História a datas e fatos

Simplificações explicativas

Caricatura de períodos, personagens, lugares, regiões

Identificação da história narrada a uma verdade absoluta

Síntese do item – Fontes, estereótipos, simplificações

48
 Sim Não

Há ausência de anacronismo (exclusão)

Evita nominalismo (exclusão)

Há ausência de voluntarismo (exclusão)

As ilustrações: Sim Não

Estão isentas de preconceitos (exclusão)

Estão isentas de estereótipos

Propiciam novas formas de conhecimento

Estão integradas ao texto

São exploradas para auxiliar na leitura e na compreensão dos textos

Estão adequadas às finalidades para as quais foram elaboradas

São de fácil compreensão

Levam o aluno a problematizar os conteúdos históricos

Vêm acompanhadas dos respectivos títulos, legendas e créditos

As legendas contextualizam adequadamente a imagem (autoria,

época de produção)

Há uso de diferentes linguagens visuais

As representações cartográficas respeitam as convenções (título,

fonte, limite, escala)

Os gráficos, tabelas e quadros apresentam título e fonte

Síntese do item – Ilustrações

49
 Construção da cidadania O B S I

Há ausência de preconceitos ou de discriminações

(de origem, cor, condição socioeconômica, etnia,
gênero, linguagem) (exclusão)

Há ausência de propaganda ou doutrinação religiosa

(exclusão)

Discute a historicidade das experiências sociais,

trabalhando conceitos, habilidades e atitudes, na
construção da cidadania (participação do indivíduo na
construção coletiva da sociedade – consciência política –
atitude crítica – autonomia – etc. )

A preocupação com a cidadania está contemplada no

conjunto do texto didático e não apenas nas atividades

Estimula o convívio social, a tolerância e a liberdade

Aborda a diversidade das experiências humanas com

respeito e interesse

Evita privilegiar membros de uma camada social ou os

habitantes de uma região do País

Síntese do item – Cidadania

Manual do professor: O B S I

Explicita a articulação das propostas

teórico-metodológicas com as estratégias utilizadas na
elaboração do livro (exclusão)

Oferece: O B S I

Orientações visando à articulação dos conteúdos:

• entre si

• com outras áreas do conhecimento

50
 O B S I

Explicitação dos objetivos das atividades

Informações adicionais ao livro do aluno

Sugestões de leitura que contribuem para a formação e

para a atualização do professor

Sugestões de outros recursos que contribuem para a

formação e para a atualização do professor

Bibliografia diversificada

Proposta e discussão sobre a avaliação da aprendizagem

Sugestões de atividades e de leituras para os alunos

Linguagem clara e adequada

Síntese do item – Manual do Professor

Editoração e aspectos visuais O B S I

A impressão está isenta de erros graves (exclusão)

A revisão está isenta de erros graves (exclusão)

Há estrutura hierarquizada (títulos, subtítulos etc.)

evidenciada por meio de recursos gráficos

O sumário permite a rápida localização da informação

As referências bibliográficas estão completas

Há unidade visual em relação a: O B S I

Forma de organização

Ritmo – continuidade

51
 A relação entre layout e conteúdo é compreensível, O B S I
visando a:

Estímulo ao manuseio e leitura do livro

Integração dos conteúdos

A formatação proporciona: O B S I

Adequada legibilidade – descanso visual

Adequada visualização das ilustrações

Adequação ao grau de escolaridade a que se

destina o livro

Os textos e ilustrações estão distribuídos na página de

forma adequada e equilibrada

Itens para a elaboração da resenha

a) Aspectos positivos

b) Limitações

c) Cuidados que o professor deve ter ao adotar coleção/livro

Itens para a construção da caracterização dos livros

didáticos em História

(Espaço para apontamentos referentes à coleção/livro,

que auxiliarão no mapeamento teórico-metodológico que
se pretende construir ao final da análise de todas as
coleções. Embora se deva manter a objetividade desejada,
solicita-se que os pareceristas dêem sua percepção da
coleção/livro, baseada em suas experiências no trabalho
de pesquisa histórica e de ensino-aprendizagem

Obs.
O = Ótimo B = Bom S = Suficiente I = Insuficiente

52
Para cada um dos itens, preencher a menção e justificar, abaixo, as razões e indica-
ções de localização nas obras.

Para cada conjunto de itens, elaborar pequena síntese (conforme indicado), que servi-
rá para auxiliar no momento da redação dos produtos: resenha – parecer de exclusão
– parecer para os recomendados – levantamento das características da coleção/livro.

No final do processo de avaliação, será feita ponderação dos itens, para se obter uma
possível classificação das coleções/livros.

53
 Recomendada
Por quê?
As propostas metodológicas da obra estão claramente
expostas, tanto a de ensino-aprendizagem quanto a do
ensino de História, e o desenvolvimento da coleção
mantém-se coerente em relação a elas. Há incentivo ao
debate de problemas e à reflexão crítica, buscando
problematizar a relação passado-presente. As atividades
são variadas e estimulam o desenvolvimento das
principais habilidades.
Coleção
As fontes, concebidas como instrumento para a
Horizontes - elaboração do conhecimento histórico, são trabalhadas
História com adequadamente. As ilustrações se reportam diretamente
Reflexão ao conteúdo transmitido e são incorporadas como fontes
Marilú Favarian Marin para a compreensão dos processos históricos. A
Marlene Ordoñez
construção da cidadania se dá de modo contínuo ao
Júlio Ricardo Q. dos Santos
longo da coleção. São estimulados adequadamente o
convívio social, a tolerância e a liberdade.
O manual do professor contém importantes indicações
a respeito das estratégias pedagógicas a serem
Editora IBEP seguidas. A editoração é bem-cuidada. As poucas
HISTÓRIA

ressalvas apontadas na resenha podem ser facilmente

resolvidas pelo professor.

A coleção O manual do professor, com 48 páginas,

Os volumes estão estruturados em
unidades definidas por eixos temáticos e se
constituem de capítulos, que são subeixos da
temática proposta na unidade. Cada unidade
é introduzida com Sugestão de leitura; os
capítulos iniciam-se com texto introdutório e
compreendem as seções Refletindo, Saiba que
e Meu pequeno dicionário, em que se
entrelaçam propostas de atividades e
informações. As atividades, a partir do 2º
volume, constam da seção Sempre no
caderno. Ao final, encontra-se a Bibliografia.
compreende as seções: 1. Considerações
gerais sobre o ensino da História;
2. Objetivos do Ensino Fundamental;
3. Objetivos do ensino de História no 1º e 2º
ciclos do Ensino Fundamental; 4. As
contribuições propostas na coleção;
5. Considerações gerais sobre avaliação;
6. Considerações gerais sobre metodologia;
7. Plano geral de objetivos e encaminhamen-
tos, para cada capítulo das unidades. No
manual do professor há os boxes que fornecem
informações e sugestões, em azul, destinadas
a auxiliá-lo no desempenho de suas atividades

54
didáticas. Há Bibliografia para o profes-
sor.
1ª série (192 p.): 1. Eu, criança. 2. O
mundo da criança e a criança no mundo. 3.
Pequeno cidadão no mundo.
2ª série (144 p.): 1. O mundo da criança.
2. O mundo do aprender. 3. O mundo do
trabalho.
3ª série (160 p.): 1. A pluralidade cultural.
2. Movimentos populacionais. 3. Organização
do espaço urbano.
4ª série (160 p.): 1. Tempo histórico. 2. O
Brasil português. 3. Sociedade e cultura.
4. O Brasil brasileiro.
A análise
De acordo com o manual do professor, a
coleção apóia-se numa concepção de
educação e ensino alicerçada no princípio de
que o conhecimento está em constante
transformação, entendendo que a reflexão é
a base para o desencadeamento de novas
ações. Envolve a ação conjunta de alunos e
professores no processo de ensino, auxiliando
o aluno a adquirir métodos de aprendizagem
que o levem ao desenvolvimento intelectual
e mental. Valoriza a compreensão do presente
e da realidade do aluno ao retomar o passado.
A consecução dos objetivos e a construção
da identidade, da ética e cidadania e do
conhecimento histórico são conduzidas com
competência. Essa coerência pode ser
observada, com precisão, no enunciado dos
objetivos de cada unidade, presente no manual
do professor, e na elaboração do livro do
aluno. A obra se estrutura em eixos temáticos,
e os temas são desenvolvidos a partir da
vivência do aluno, relacionando o presente
com o passado. Utilizam-se fontes e registros
históricos e sugerem-se atividades condi-
zentes com a faixa etária e escolaridade dos
alunos, exercitando a visão crítica e a
criatividade. As seções Refletindo, Saiba que,
Meu pequeno dicionário e Sempre no caderno
completam o conjunto didático.
A coleção está construída de modo a
incentivar a abstração e a generalização,
desenvolvendo-se em um crescente grau de
complexidade desde a 1ª série, que trata do
indivíduo participante da família, até a 4ª
série, quando são introduzidos conteúdos
históricos, iniciando uma discussão sobre a
noção de tempo e sua relação com as
sociedades humanas.
Atribui-se grande importância à
compreensão da realidade social brasileira e
à reflexão crítica do aluno. Nos três primeiros
volumes são introduzidos temas como a
desigualdade social, o abandono de crianças,
a exploração da mão-de-obra infantil, a falta
de condições adequadas de vida em muitos
bairros, a carência de moradia para a
população, a exploração da mão-de-obra
infantil, a concentração da propriedade da
terra, a luta dos povos indígenas pela
preservação de sua cultura, as razões pelas
quais ocorrem os movimentos migratórios, a
HISTÓRIA
situação em que se encontram os meninos de
rua e os inúmeros problemas urbanos. Já no
volume da 4ª série, não se constata o cuidado
com a compreensão dos problemas que
atingem a sociedade brasileira contempo-
rânea, aludindo-se a eles de modo indireto.
A problematização passado-presente é uma
constante no decorrer da coleção. Na
elaboração das atividades e exercícios, é
solicitada a comparação entre determinados
fenômenos históricos do passado e do
presente, dentro de uma lógica de mudanças
e permanências. Os temas explorados são
extraídos do cotidiano do aluno,
principalmente nas séries iniciais, o que
facilita a transmissão do conteúdo.
A obra se caracteriza pela presença de
atividades variadas, que estimulam o
desenvolvimento de diversas habilidades,
55
 especialmente observação, comparação,
avaliação, criatividade e interpretação. No
livro da 2ª série, no entanto, a formulação dos
exercícios baseia-se sobretudo no sistema
pergunta/resposta, que compõe as seções
Refletindo e Sempre no caderno, compro-
metendo a diversidade de atividades e a
criatividade dos alunos. Na 3ª série, embora
em menor quantidade, ainda há muitos
exercícios baseados no sistema pergunta/
resposta.
O estímulo à capacidade de debater
problemas é freqüente, especialmente pelas
discussões em grupo. O incentivo à produção
de textos está presente mais na 1ª série, sendo
mais restrito na 2ª e 3ª séries. No entanto, as
seções Refletindo e Sempre no caderno, ao
estimularem a interpretação de textos, exigem
do aluno o exercício contínuo da escrita. Já
no livro da 4ª série, observa-se o estímulo à
produção de textos, na forma de redação, de
súmula de debates ou de relatório de pesquisa.
A concepção de metodologia da História
manifesta a convicção de que o processo
histórico deve ser concebido como resultado
HISTÓRIA
da ação do homem, e que a História busca a
compreensão das transformações das
sociedades humanas, possibilitando a
construção do conhecimento reflexivo e
crítico do mundo. No estudo da História
devem ser valorizadas as rupturas, as
descontinuidades e permanências, conside-
rando-se os distintos ritmos temporais (curta,
média e longa duração).
Pela análise dos conteúdos no conjunto da
coleção, constata-se que a proposta da
metodologia da História adotada é executada
de modo pertinente, com ênfase na construção
da identidade individual e social, no estímulo
à construção das noções de presente/passado
e ruptura/continuidade, no incentivo à
compreensão ativa da realidade e no
desenvolvimento da cidadania.
A problematização está presente na
56
exposição didática dos temas, e a elaboração
da coleção leva em conta a construção das
noções e/ou conceitos fundamentais para o
conhecimento histórico. O conceito de poder,
contudo, não está bem trabalhado nas três
primeiras séries. No livro da 4ª série, constata-
se preocupação recorrente com a exposição
dos aspectos políticos da realidade social, em
conjugação com os aspectos econômicos,
sociais e culturais.
A fonte histórica é concebida como
instrumento importante para a elaboração da
História. Encontra-se, de forma progressiva,
o uso de depoimentos de história de vida,
problematizados por intermédio de exercícios.
Há o cuidado sistemático com a interpretação
de textos, utilizando-se lembranças de
infância extraídas de obras de autores
brasileiros conceituados e também o uso de
diversas outras fontes históricas. As fontes
iconográficas da 1ª série, porém, não recebem
o mesmo nível de tratamento das fontes
textuais. Embora haja a intenção de utilizá-
las como documentos para a percepção dos
fatos do passado, nem todas são
complementadas com exercícios de
interpretação. Nos volumes da 2ª, 3ª e 4ª
séries, nota-se cuidado maior no uso dessas
fontes.
Os textos e assuntos propostos para análise
estão adequadamente dimensionados para o
grau de escolaridade, encontrando-se, porém,
algumas simplificações explicativas nos
volumes da 2ª e 3ª séries.
Ao mesmo tempo em que reproduzem
cenas do passado, as ilustrações possibilitam
ao aluno travar conhecimento com realidades
que não viveu e, provavelmente, não conhece.
Ressalve-se que, embora tenham sido
concebidas para auxiliar na compreensão dos
textos, muitas ilustrações da 1ª e 2ª séries não
cumprem de modo satisfatório esta tarefa, por
não apresentarem data das fotos, legenda e/
ou informações sobre o assunto tratado. Nas
séries 3ª e 4ª, as legendas contextualizam
adequadamente as imagens.
A construção da cidadania se dá de modo
contínuo ao longo da coleção. Estimula-se a
consciência política pelo estudo dos direitos
e deveres da criança e pelo cuidado que se
deve ter com a preservação do ambiente. A
historicidade das experiências sociais é
discutida ao se demonstrar como, ao longo
da História do Brasil, diversas etnias se
conjugaram para viver e trabalhar, deste
processo resultando a sociedade brasileira
contemporânea. No quarto volume, é
enfatizada a participação do indivíduo na
construção coletiva da sociedade, ao
abordar o papel do homem como sujeito
histórico.
São estimulados de modo adequado o
convívio social, a tolerância e a liberdade. A
diversidade das experiências humanas é
abordada com respeito e interesse,
manifestando-se nos estudos sobre os
componentes étnicos da sociedade brasileira
(índios, portugueses, negros, imigrantes e
migrantes), de modo a fazer com que os
bem como as estratégias pedagógicas a serem
seguidas com o objetivo de tornar o ensino
da disciplina mais eficiente. Anexo ao manual,
há um Plano geral de objetivos e encami-
nhamentos, variável de acordo com a série,
no qual o professor pode encontrar valioso
auxílio para orientar sua prática pedagógica.
Na parte que reproduz o livro do aluno, à
margem dos textos, em letras azuis, há um
conjunto de informações visando à orientação
do professor em sala de aula, com sugestões
de atividades e definição dos resultados que
se espera alcançar com a transmissão de
determinado conteúdo.
Quanto à editoração e aspectos visuais, o
livro apresenta boa disposição gráfica e layout
atraente, estimulando os alunos a manuseá-
lo. As ilustrações produzidas pela editoria de
arte, bem como as fotografias reproduzidas,
são de boa qualidade. No entanto, há o
predomínio da cor azul, o que pode provocar
cansaço visual. A qualidade das ilustrações é
boa, constatando-se, no entanto, problemas de
resolução em algumas delas. No livro da 4ª
série, alguns mapas reproduzidos são

alunos percebam que a nossa sociedade é fruto
de uma autêntica miscigenação.
No manual do professor são fornecidas
importantes indicações sobre a concepção de
História que norteou a elaboração da obra,
HISTÓRIA
pequenos ou desbotados, o que prejudica sua
visualização. Nos volumes da 3ª e 4ª séries,
há representações cartográficas, mas nem
todos os mapas fornecem a fonte ou
apresentam referências completas.

Em sala de aula
Sugere-se que o professor faça uso das indicações apresentadas no manual,
especialmente na seção Plano geral de objetivos e encaminhamentos; prepare
roteiros que tornem mais produtiva a leitura das obras suplementares; elabore
propostas de trabalho interdisciplinar com os demais professores; busque outras
fontes de informação que enriqueçam sua prática pedagógica, sites na internet e
vídeos.

57
 Recomendada
Por quê?
As propostas de ensino-aprendizagem e de
metodologia da História são claramente apresentadas
e se concretizam no desenvolvimento da coleção. Parte-
se da vivência do aluno e valoriza-se sua experiência,
além de haver adequada gradação no desenvolvimento
dos conteúdos. O professor é apresentado como
mediador do saber a ser construído pelo aluno. As
Coleção
atividades, criativas e lúdicas, auxiliam no
História
desenvolvimento de habilidades. A linguagem, tanto
Cássia Maria Marconi Silva
Ricardo Queiroz Dreguer iconográfica quanto textual, é adequada e a exploração
das ilustrações propicia novas formas de conhecimento.
Os trabalhos com documentos históricos são valorizados
e estimula-se a aquisição de noções e conceitos básicos
da disciplina. O cuidado com a noção de tempo merece
especial destaque na obra e o manual do professor é
importante apoio para o desenvolvimento do trabalho
Editora Moderna pedagógico. Ele fornece elementos para a atualização
HISTÓRIA

do docente e explicita as articulações das propostas e

a maneira como se desenvolve a coleção.

A coleção Proposta desta coleção, Organização da

Todos os livros estruturam-se em quatro
unidades, contendo textos didáticos,
complementares e propostas de atividades,
articulados de forma harmônica. As unidades,
por sua vez, contêm as seguintes seções:
Registre no seu caderno; Converse com os
colegas; Você sabia?; Informe-se; Para saber
mais; Pesquisa; e Entrevista, que organizam
as atividades e os conteúdos.
O manual do professor, com 40 páginas,
apresenta os seguintes itens: Os conhecimen-
tos históricos, A concepção construtivista,
coleção, Metodologias de trabalho, Sugestões
de: avaliação – leitura e sites, Orientações
específicas para o volume, Bibliografia.
1ª série (103 p.): 1. Tempo de criança; 2.
Registrando o tempo; 3. Tempo em família;
4. Tempo de trabalhar.
2ª série (88 p.): 1. Crianças em outro
tempo; 2. Vivendo em família; 3. O Trabalho
no dia-a-dia; 4. Em diversas localidades.
3ª série – (104 p.): 1. História dos
deslocamentos populacionais; 2. Encontro
entre culturas; 3. Fazendo a América; 4. Gente
que vem, gente que vai.

58
 4ª série – (104 p.): 1. Garantindo direitos;
2. Quando Portugal dominava; 3. Nos tempos
da Monarquia; 4. Tempo de República.
A análise
A coleção apresenta uma metodologia do
ensino-aprendizagem baseada na concepção
construtivista. Busca-se despertar as
capacidades da criança e fazê-la elaborar uma
representação pessoal sobre um objeto da
realidade ou conteúdo a ser aprendido. O
professor é convidado a agir como guia e
mediador e nota-se grande ênfase na análise
interdisciplinar da realidade. Propõem-se
atividades individuais, em classe e em grupo,
nas quais se incentiva o desenvolvimento da
oralidade, da escrita, da feitura de desenhos e
da confecção de colagens e murais, auxiliando
no processo de alfabetização. A proposta da
coleção é oferecer grande variedade textual e
acesso a diferentes tipos de imagem, o que de
fato se configura ao longo dos volumes.
A obra possibilita o trabalho com as noções
e conceitos básicos essenciais ao ensino da
disciplina ao trabalhar os temas tempo,
criança, família, trabalho, comunidades
indígenas, nos livros da 1ª e 2ª séries; a
história das organizações populacionais,
destacando-se o subtema história dos
deslocamentos populacionais, na 3ª série; e o
estudo das organizações populacionais, na 4ª
série, com destaque neste volume para o
enfoque de dois subtemas tomados como fios
condutores: organizações políticas e
administrações urbanas e organizações e lutas
de grupos sociais e étnicos. Nas duas séries
iniciais, os mesmos temas adquirem um
sentido de circularidade: iniciados na 1ª, são
retomados na 2ª série. Nesse movimento, há
o retorno a um outro tempo – cem anos atrás
– que permite o levantamento de mudanças e
permanências dos brasileiros, procurando
comparar as vivências das crianças brasileiras
de cem anos atrás e as de hoje.
O texto didático contribui satisfato-
riamente para o desenvolvimento das
habilidades cognitivas. As unidades são
abertas com textos ou imagens que solicitam
a observação, a formulação de hipóteses e a
argumentação. A organização é desenvolvida
especialmente nas passagens em que se pede
a elaboração de listas, fichas, quadros,
gráficos, tabelas e linhas do tempo. A
habilidade de planejamento desenvolve-se nas
entrevistas e nas pesquisas propostas.
O encaminhamento dado permite que se
alcancem níveis gradativamente mais amplos
de abstração e generalização. Assim, enquanto
no volume da 1ª série a abordagem é
basicamente sincrônica, isto é, privilegia o
entendimento das noções de tempo, de família
e de trabalho no presente, a partir do volume
da 2ª série a análise é feita sob uma
perspectiva diacrônica, em que a dimensão
temporal se amplia. O trabalho com mapas e
com plantas de cidades, iniciado somente no
volume 3, também é ampliado, e analisam-se
HISTÓRIA
de forma mais complexa as instituições
políticas e administrativas brasileiras. Os
textos complementares apresentados no
volume 4 são mais extensos e complexos.
Merece destaque a ênfase constante em
relacionar o conhecimento novo com a
experiência do aluno, assim como a
preocupação com o desenvolvimento de
estratégias que permitam ao aluno
compreender a realidade social. A relação
passado-presente é problematizada a partir da
2ª série, uma vez que na 1ª trabalha-se apenas
com a noção de tempo presente. Esta relação
continua sendo trabalhada de forma pertinente
nos demais volumes que integram a coleção.
As atividades são criativas e
diversificadas; distribuem-se de forma equili-
brada ao longo da obra e possibilitam o
desenvolvimento de várias habilidades. A
59
 formulação das atividades visa à construção
do conhecimento com base na leitura e na
interpretação de textos, na observação e na
análise de imagens, na síntese dos
conhecimentos adquiridos, na organização das
informações e na formulação de hipóteses.
Além disso, propõe-se a realização de
pesquisas e de entrevistas, estratégias
fundamentais no desempenho ativo do aluno
no processo de aprendizagem, e estimula-se
a comparação pela montagem de quadros, que
sintetizam os tópicos analisados e ressaltam
de forma clara suas semelhanças e diferenças.
Os exercícios e atividades promovem a
articulação entre os conteúdos e propõem sua
realização individualmente, em classe e em
grupo. Algumas das atividades em grupo
devem ser realizadas de forma oral,
propiciando o debate. A coleção é muito rica
na referência a textos complementares de
autores e gêneros diferentes, como relatos de
memórias, letras de música, poemas, textos
jornalísticos, extratos de livros infantis e
textos acadêmicos adaptados para fins
didáticos.
HISTÓRIA
Na metodologia da História, explicitada no
manual do professor, ressalta-se que nas séries
iniciais deve-se possibilitar aos alunos a
construção de conceitos básicos para o
entendimento da vida em sociedade, das
relações dos homens entre si e com a natureza,
e da produção da cultura. Vincula-se a
formação de cidadãos críticos ao respeito às
diferenças culturais e à construção da noção
de identidade pelo aluno. Propõem-se o estudo
comparativo de diferentes grupos sociais no
tempo e no espaço e a introdução de novos
temas no estudo da História, como estruturas
familiares, educação, formas de moradia,
alimentação, vestimenta, visões de mundo,
religiosidade, sexualidade.
Observa-se que há coerência entre a
proposta metodológica e o desenvolvimento
dos conteúdos em todos os volumes. Os
60
conhecimentos históricos contribuem
efetivamente para a percepção e interpretação
da realidade; a problematização passado-
presente serve como eixo condutor a partir
do segundo volume; há um excelente trabalho
com documentos históricos, em especial com
fontes iconográficas, para a construção do
saber histórico.
Os autores incorporam a renovação
historiográfica, sobretudo no trabalho com as
fontes históricas, tanto visuais como escritas.
Neste sentido, é exemplar na demonstração
desta incorporação o trabalho com as imagens
publicitárias da virada do século XIX para o
XX; o trabalho renovado de temas anteriores
como alimentação, vestuário, religião; o
exame das relações entre espaço e poder; as
ações populares na Primeira República; e a
utilização da propaganda política para a
construção do saber histórico.
A historicidade dos conceitos é bem
trabalhada na coleção, merecendo destaque
como são elaboradas as noções de tempo,
história, sujeito histórico, cultura, sociedade,
relação social, poder, trabalho, transformação
e permanência e passado e presente,
diversidade/unicidade. Entretanto, as noções
de espaço, natureza, período e duração
ordenação-seqüência-simultaneidade não são
discutidas em sua historicidade ou têm um
tratamento impreciso.
A linguagem e o trabalho com fontes
históricas textuais estão adequadamente
desenvolvidos em toda a coleção. As fontes
são trabalhadas com propriedade, por meio
de questões escritas e debates orais mediados
pelo professor. As fontes iconográficas são
igualmente ricas e variadas e constituem-se
num dos pontos altos da coleção, visto que
este material é tratado como documento
histórico, com o predomínio de fotografias do
passado. As ilustrações propiciam novas
formas de conhecimento, estão integradas ao
texto e quase sempre são exploradas para
auxiliar em sua leitura e compreensão.
A preocupação com a construção da
cidadania manifesta-se no cuidado em auxiliar
o aluno a considerar-se como sujeito de sua
própria história e de seu País. São estimulados
o convívio social, a tolerância e a liberdade.
A diversidade das experiências humanas é
abordada com respeito e interesse, evitando-
se privilegiar membros de uma camada social
ou os habitantes de uma região do País. Além
disso, busca-se incentivar o aluno a conhecer
a realidade social que o cerca e a compreender
e lidar com as diferenças. Merece destaque
especial o volume 4, no qual se focaliza a
História do Brasil a partir de várias lutas e
conflitos ocorridos entre os diversos grupos
sociais.
O manual do professor auxilia
efetivamente o docente em sala de aula. Traz
de forma clara e precisa a proposta da coleção
e sua organização, a explicitação das
metodologias de trabalho abordadas, as
propostas para uma avaliação contínua,
inicial, formativa e somatória. São
apresentadas, e se repetem em todos os
bibliografia básica comum aos quatro
volumes, embora esta seja predominante-
mente voltada para o conhecimento histórico.
O manual oferece, também, orientações que
explicitam os objetivos gerais e específicos
de cada volume, com sugestões, quase página
a página, para a prática docente, além de
indicações, de como trabalhar com a
interdisciplinaridade. Contém, ainda, textos
complementares para o professor, orientações
de outras atividades a serem desenvolvidas,
bibliografia para alunos e professores. Além
disso, há indicações, na parte que reproduz o
livro do aluno, em vermelho, que esclarecem
alguns objetivos das atividades propostas.
A edição e os aspectos visuais estão
adequados aos objetivos da obra, que
apresenta uma estrutura hierarquizada,
evidenciada por meio de recursos gráficos.
Estes ajudam a organizar e distribuir os
conteúdos de forma a facilitar o manuseio, a
leitura e a integração dos tópicos abordados.
Percebe-se, também, que há equilíbrio entre
texto e imagens. O sumário, contudo, merece
ressalvas, pois não separa com clareza os

volumes da coleção, cinco indicações
bibliográficas adicionais para a formação e
atualização do professor, cada uma
acompanhada de pequeno resumo. Há
HISTÓRIA
capítulos dos itens, nem indica as pá-
ginas destes últimos, dificultando a sua
localização.

Em sala de aula
A coleção reserva um papel ativo ao professor, entendido como mediador no
processo de construção do saber pelo aluno. As indicações contidas no manual do
professor, assim como as anotações no decorrer da reprodução do livro do aluno,
devem ser levadas em conta na preparação do trabalho pedagógico.

61
 Recomendada
Por quê?
As propostas de ensino-aprendizagem e de

metodologia da História caracterizam-se pela coerência

interna e pela atualização com os debates da área. Os

textos, articulados às atividades, possibilitam o

desenvolvimento equilibrado das habilidades cognitivas.

Coleção A presença e a efetiva utilização de fontes escritas e

História no
Dia-a-Dia
Célio Augusto da Cunha Horta
Lorene dos Santos
Cláudia R. F. M. Sapag Ricci
iconográficas auxiliam na aquisição de noções e
conceitos básicos da disciplina, em consonância com a
visão crítica do passado e dos problemas atuais.
O manual do professor contribui para a efetivação da

proposta pedagógica e auxilia o professor em seu

trabalho na sala de aula. Fornece orientações sobre

avaliação – definida como contínua, dinâmica e

Editora Formato
investigativa – e destaca seu caráter processual, que
HISTÓRIA

articula indivíduo e grupo.

A coleção informa a concepção metodológica e a

Cada volume estrutura-se em torno de um
eixo temático. Os livros são divididos em
unidades e subunidades, que desenvolvem os
conteúdos em textos didáticos e nas seções
Pesquisadores em ação, Dicas e sugestões e
Para saber mais. Os volumes ainda contém
Referências bibliográficas e, na última
página, Créditos especiais, com as referências
das ilustrações e mapas.
O manual do professor (com 73 páginas,
em média) está dividido em duas partes. A
primeira, que se repete em todos os volumes,
organização da coleção, a opção pelos temas,
o processo de avaliação e fornece sugestões
de leitura e pesquisa. Na segunda parte, há
orientações específicas sobre os objetivos e
sugestões para explorar o conteúdo e as
atividades de cada unidade e uma lista de
Leituras complementares. No final são
apresentadas Sugestões bibliográficas.
1ª série (159 p.): 1. Nomes e mais nomes;
2. Você cresceu, você mudou; 3. Gosto não
se discute; 4. Vamos Brincar?; 5. Um dia
depois do outro.
2ª série (135 p.): 1. Comida na mesa;

62
2. De lá para cá, de cá para lá...; 3. Transfor-
mar e conservar: quanto trabalho dá!; 4.
Problemas de todos nós.
3ª série (159 p.): 1. Muitos jeitos de
morar; 2. Mudando em busca de trabalho; 3.
De longe... Bem mais longe...; 4. Idas e vindas.
4ª série (160 p.): 1. Ser brasileiro; 2. Esta
terra tinha dono; 3. Há mais de 500 anos...;
4. Da África para o Brasil; 5. Cidadania, uma
luta de todos.
A análise
A metodologia de ensino-aprendizagem,
explicitada no manual do professor, visa
ampliar o conhecimento e a vivência do aluno
por meio da problematização e contraposição
de suas experiências com outras formas de
ver e pensar os conceitos básicos para o estudo
do processo histórico, especialmente o tempo
e o espaço. A coleção está estruturada temati-
camente, e foi concebida como material
dinâmico, que deve ser utilizado pelo
professor na seqüência proposta ou ser
reprogramado em função do diagnóstico
prévio de cada turma e das competências e
habilidades que pretende incentivar nos
alunos. Reitera-se o papel central do professor
nesse processo, a partir da suposição de que
o docente conheça metodologias de pesquisa,
tratamento com fontes e tenha condições de
acompanhar os alunos na sistematização das
informações.
A abordagem busca contemplar de forma
equilibrada o acesso a conhecimentos
socialmente construídos e, ao mesmo tempo,
estimular o processo de construção do
conhecimento pelo próprio aluno. Também
objetiva favorecer a interdisciplinaridade e
ampliar o universo dos conteúdos
curriculares, com a incorporação de novos
significados aos conteúdos tratados nor-
malmente.
Há coerência entre a proposta detalhada
no manual e a elaboração da obra. As unidades
propiciam a aquisição de conhecimentos,
noções e conceitos básicos da disciplina.
Diferentes temporalidades, espaços e culturas
são trabalhados por meio de textos variados,
de rico material iconográfico e de atividades
diversificadas. As ilustrações e os mapas
introduzem novos conhecimentos e se
articulam aos textos e atividades, de maneira
a colaborar no desenvolvimento de várias
habilidades cognitivas. A ampliação dos
conhecimentos e das vivências do aluno e a
compreensão da realidade social são
facilitadas por meio da problematização e da
contraposição a outras experiências temporais
e espaciais, ainda que tal relação nem sempre
seja contemplada em todas as unidades das
diferentes séries.
No entanto, em algumas passagens,
encontram-se exercícios ou textos que podem
apresentar dificuldades acima das condições
cognitivas dos alunos do Ensino Fundamental.
Nos volumes da 1ª e 2ª série, a compreensão
da realidade social fica prejudicada ao não se
HISTÓRIA
abordar a existência de conflitos, e por
considerar, por vezes, como naturais os
problemas sociais, as relações injustas e
opressivas do passado e do presente. Não há
explicação sobre o caráter social do trabalho
infantil, sobre a questão da distribuição de
renda, do desemprego e da exclusão social.
Além disso, a resposta a algumas questões é
prejudicada pela falta de dados e subsídios
que permitam ao aluno ir além do senso
comum.
As atividades desempenham papel
preponderante no desenvolvimento das
habilidades. Elas são variadas e caracterizam-
se pela clareza dos enunciados, integração aos
conteúdos, criatividade, diversificação e
caráter lúdico, constituindo verdadeiro
incentivo à aprendizagem. A reflexão histórica
é estimulada, com a articulação do
63
 questionamento de vivências e situações que
se desdobram em problematizações sociais,
econômicas e culturais. O conteúdo histórico,
nos exercícios e atividades, é instrumento para
a reflexão social e para a manipulação de
noções básicas que desenvolvem o raciocínio
histórico. Em todos os volumes há muitos
exercícios que partem de textos de outros
autores, letras de música, artigos de jornais e
revistas, trechos de livros de História e de
histórias infantis, poemas, relatos e
depoimentos. A produção de textos é
incentivada por exercícios que possibilitam a
interpretação de textos, imagens, tabelas e
gráficos.
A proposta de metodologia da História
defende uma noção dinâmica da disciplina,
na qual o conhecimento é construído histórica
e socialmente. A análise histórica é condi-
cionada pelas posições e experiências de
historiadores, professores e alunos, que
interpelam o passado a partir de questões do
presente. Com base nesta concepção,
considera-se que os esforços devem se voltar
para o desenvolvimento do espírito
HISTÓRIA
investigativo e da capacidade de questiona-
mento e de articulação das diferentes
informações. Propõe-se o rompimento com a
linearidade histórica, por meio do trabalho
com fontes variadas e versões conflitantes. O
conteúdo, que não se confunde com
informação, é entendido como processo
permanente, elaborado por alunos e professor,
na interação do ambiente escolar com a
realidade e com os problemas sociais mais
gerais. Busca-se, assim, formar sujeitos
conscientes da realidade e, ao mesmo tempo,
capazes de nela intervir de modo crítico. É
dada ênfase ao desenvolvimento dos conceitos
necessários para o exercício do raciocínio
histórico e para a compreensão da realidade.
O desenvolvimento dos conteúdos é
coerente com a proposta enunciada. Os temas
e subtemas são efetivamente desenvolvidos
64
mediante estratégias que valorizam a
experiência do aluno, que se desdobra para
dimensões sociais e históricas mais amplas.
Ao mesmo tempo em que há veiculação de
conteúdos socialmente elaborados, o saber
histórico vai sendo construído no processo de
ensino-aprendizagem pelo próprio aluno. A
renovação historiográfica se dá não tanto pela
incorporação dos conteúdos, quanto pela
sintonia com os debates e avanços relacionados
ao ensino de História. A historicidade dos
conceitos e noções fundamentais ao
conhecimento histórico, com raras exceções,
está presente e é trabalhada de forma
adequada em toda a coleção.
A coleção também se caracteriza pela
diversidade e riqueza das fontes textuais
utilizadas: fragmentos de documentos oficiais,
artigos de revistas e de jornais, anúncios de
jornal e depoimentos. Busca-se demonstrar o
caráter não absoluto do conhecimento
histórico veiculado por tais fontes, uma vez
que elas estão articuladas a interesses
históricos e a sistemas culturais específicos.
As representações iconográficas são
igualmente variadas, bem escolhidas e
vinculadas aos textos e às atividades, ao longo
dos volumes. O contato e a manipulação
destas fontes certamente contribuem
positivamente para desenvolver a
sensibilidade do aluno em relação à
importância dos documentos para o estudo e
análise tanto do passado quanto do presente.
As atividades propõem roteiros organizados
para observação, coleta de informações e
análise, com a vantagem de não sacrificarem
os aspectos lúdicos.
O cuidado com a construção da cidadania
está entre os principais objetivos enunciados
no manual. Considera-se fundamental desen-
volver o respeito pela diversidade de opiniões,
a tolerância e a liberdade, a defesa dos direitos
humanos e a reflexão sobre as regras de
convivência social. O desenvolvimento de
atitudes é contemplado, principalmente, por
meio das atividades coletivas, que incentivam
a cooperação, a troca de idéias, o respeito
mútuo, o reconhecimento de direitos e
deveres. Procura-se superar o preconceito em
relação aos mais pobres e aos nordestinos,
mediante o estudo da realidade destes grupos
no Brasil atual.
Entretanto, a falta de referência a grupos
sociais, no volume da 1ª série, prejudica a
compreensão da cidadania, e caberá ao profes-
sor enfatizar o que está apenas sugerido.
Percebe-se, ainda, que no livro da 2ª série, os
grupos sociais não são tratados e a História
fica reduzida às ações individuais e da família.
Nos volumes seguintes, porém, estas ausên-
cias não são sentidas. No livro da 3ª série,
por exemplo, desafia-se o aluno a construir
uma postura política e crítica, a resguardar
sua autonomia e a valorizar a participação
individual na construção social coletiva. No
livro da 4ª série, destaca-se a historicidade
das experiências sociais que marcaram os
distin-tos segmentos populacio-nais, a fim de
des-pertar no aluno a consciência crítica e
O manual do professor é um importante
instrumento para a prática pedagógica, assim
como para a formação e atualização do
docente. É aprofundado, pertinente, claro e
acessível ao professor das primeiras séries do
Ensino Fundamental. O estudo interdis-
ciplinar é muito enfatizado nas orientações
gerais e nos comentários dos capítulos, e é
efetivamente realizado no livro do aluno. As
reflexões sobre a avaliação estão integradas
à metodologia proposta, com destaque para
seu caráter processual, que articula indivíduo
e grupo. Ao definir a avaliação como contínua,
dinâmica e investigativa, o manual sugere
alguns instrumentais, como caderno de campo
do professor, diário do aluno e arquivo de
atividades.
Quanto à edição e aspectos visuais, a
coleção é bem planejada: a estrutura, a
composição e a seleção das ilustrações e das
cores conferem ritmo e continuidade à obra.
O projeto gráfico demarca claramente as
partes constitutivas de cada livro. Além disso,
o texto e as ilustrações permitem adequada

HISTÓRIA
enfatizar a responsabilidade e o direito de todos legibilidade, descanso visual e estão
participarem ativamente no estabelecimento de distribuídos de forma planejada e cuidada, em
novos rumos para a sociedade brasileira. equilíbrio em relação ao conjunto.

Em sala de aula
Sugere-se que o professor considere, na preparação de seu trabalho pedagógico,
as indicações contidas no manual do professor, assim como as anotações a ele
dirigidas na reprodução do livro do aluno. Propõe-se que sejam aprofundadas a
metodologia e as técnicas necessárias para o trabalho com as fontes textuais e
iconográficas, pela importância dada a elas como fonte de conhecimento histórico.
O material didático apresentado poderá e deverá ser adaptado às condições dos
alunos e de suas vivências a partir de esforços do docente no sentido de incorporar
as práticas pedagógicas sugeridas. O uso crítico do material apresentado poderá
suprir as ressalvas apontadas, assim como outras que o professor detectar.

65
 Recomendada
Por quê?
A organização e o desenvolvimento dos conteúdos
estão plenamente coerentes com a estrutura
metodológica e os pressupostos de ensino-
aprendizagem explicitados no manual do professor.
Parte-se da experiência do aluno, com a preocupação
de valorizar a reflexão, a compreensão e a
problematização da realidade social, no presente e no
Coleção passado. Nos quatro volumes, o conjunto das atividades

Pensar e Viver - favorece o desenvolvimento das habilidades cognitivas

História
Francisco Maria Pires Teixeira
Rosaly Maria Braga Chianca
e a construção das noções históricas – o que torna efetiva
a proposta metodológica de estimular a participação ativa
dos alunos no processo de aprendizagem.
Aspectos importantes da renovação historiográfica
foram incorporados ao saber escolar, constata-se o
trabalho com diversas fontes históricas e os a
preocupação de analisar os processos históricos a partir
de vários pontos de vista. No entanto, há ressalvas

Editora Ática pontuais nos livros da 2ª e da 4ª séries. Este último traz

HISTÓRIA

alguns documentos cuja linguagem é de difícil

compreensão para a faixa etária dos alunos.

A coleção O manual do professor contempla as

A obra está estruturada a partir de eixos
temáticos: grupos de convívio dos alunos e o
seu entorno (bairro e cidade), no primeiro e
segundo volumes; processos históricos
relacionados à História do Brasil, no terceiro
e quarto volumes. Cada volume é composto
por capítulos que estão estruturados em
Apresentação do tema – Hora da leitura,
Hora do recreio. Ao final de cada volume há
as seções: Sugestões de leitura para cada uma
das unidades; Outras sugestões de leitura;
Bibliografia; e Glossário.
seguintes seções: Ficção e realidade; Os
temas trabalhados na coleção; A estrutura
metodológica; Sobre as atividades propostas;
Quanto à avaliação. Nos manuais dedicados
a cada série específica, são indicados e
trabalhados: Os temas centrais deste volume;
As unidades didáticas; Estrutura e descrição
de cada unidade didática; Textos comple-
mentares; Bibliografia para o professor.
1ª série (120 p.): 1. Eu e os outros; 2. Eu,
minha família e minha história; 3. Eu e a
escola; 4. Eu e os meus direitos.
2ª série (104 p.): 1. De um ano para o outro;

66
2. As mudanças à nossa volta; 3. A nossa
cidade.
3ª série (104 p.): 1. Conhecendo nossa
história através de documentos; 2. A vida e o
trabalho em diferentes períodos históricos;
3. Governo e democracia.
4ª série (120 p.): 1. A ocupação da América
e do Brasil; 2. A sociedade brasileira;
3. Construindo uma sociedade democrática.
A análise
A metodologia de ensino-aprendizagem é
bem fundamentada e objetiva. Suas propostas
são explicitadas de forma sucinta e clara no
manual do professor. O mesmo acontece com
os objetivos e conteúdos didáticos das
unidades que, de acordo com a “estrutura
metodológica” da obra, visam desenvolver no
aluno “conceitos, procedimentos e atitudes”.
Na Apresentação, indica-se que “o ponto
de partida da aprendizagem é a observação
do cotidiano individual e da realidade social
no tempo presente”, com o objetivo de
propiciar “o desenvolvimento intelectual, a
formação da consciência pessoal, da
identidade social e das bases da cidadania”.
O trabalho é desenvolvido com eixos
temáticos ao longo da coleção, sem a
exposição dos conteúdos a partir da
tradicional seqüência cronológica. A História
brasileira é estudada a partir de processos,
abordados num constante diálogo entre
presente e passado. São as questões do
presente que mobilizam o estudo do passado.
O desenvolvimento dos conteúdos
corresponde aos eixos temáticos indicados e
procura-se construir a abordagem partindo-
se do cotidiano do aluno e da realidade social
do tempo presente.
Nos quatro volumes da coleção, o texto
didático permite o desenvolvimento de
diversas competências e habilidades
compatíveis com a série a que se destina. A
complexidade dos conteúdos é ampliada
gradativamente, o que possibilita aos alunos
alcançar níveis mais amplos de abstração e
generalização. No terceiro e quarto volumes,
a construção das noções históricas articula-
se com conteúdos mais abstratos que abordam
o processo histórico brasileiro, estimulando
a generalização de conceitos e procedimentos.
As habilidades cognitivas demandadas vão se
tornando mais complexas no desenrolar de
cada livro e de uma série para outra.
Para a introdução dos conteúdos novos a
partir da experiência social do aluno,
observam-se duas estratégias didáticas:
utilizar histórias fictícias com os personagens
Carol e Caco e propor pesquisas que
relacionam o conteúdo estudado com a
realidade do aluno.
Nos volumes da 1ª, 3ª e 4ª séries, a
problematização do passado e do presente é
feita de forma adequada.
As atividades constituem um dos aspectos
mais positivos da coleção, pois são adequadas
à escolaridade dos alunos, diversificadas,
HISTÓRIA
criativas e estimulantes, integrando-se aos
conteúdos e favorecendo o desenvolvimento
de múltiplas habilidades cognitivas. Constata-
se, ainda, que estas atividades estão colocadas
como estratégias pedagógicas para articular
os diferentes conteúdos de uma mesma
unidade e os de unidades diferentes.
Dentre as ressalvas que incidem nos
encaminhamentos relativos ao ensino-
aprendizagem, destacam-se: no volume da
2ª série, unidade, a problematização do
presente e do passado é limitada; há
demasiada ênfase nas entrevistas. Na 3ª série,
pode haver prejuízo para a realização de
algumas atividades, dependendo da localidade
em que o aluno se encontra – cidade, campo.
No quarto volume, há documentos históricos
de difícil compreensão e propostas de
pesquisas complexas. Embora seja apontada
67
 a necessidade de se colocar o aluno em
contato com múltiplas experiências, textos e
atividades restringem-se à exploração das
vivências mais imediatas.
As propostas metodológicas da História
estão expostas de forma sucinta no manual
do professor, sem referência a autores ou
concepções teóricas. Afirma-se que a
organização dos eixos temáticos da coleção
baseia-se na “compreensão atual sobre a
natureza e a produção do conhecimento
histórico” e na distinção entre saber histórico
e saber histórico escolar. O “saber histórico
escolar” é definido como o resultado da
reelaboração do conhecimento acadêmico em
função das necessidades pedagógicas e
vivências de professores e alunos dentro e fora
do ambiente escolar.
Há inovação em relação às abordagens
convencionais dos livros didáticos. Exemplo
disso é o recurso ao uso de eixos temáticos
nos volumes e ao longo da coleção.
Nos quatro volumes, contempla-se a
construção de noções fundamentais para o
conhecimento histórico, de forma articulada
HISTÓRIA
com a proposta metodológica de se partir da
experiência social do aluno e da reflexão da
realidade social do tempo presente.
Ao longo da coleção, são propostas
atividades com fontes orais, materiais e,
principalmente, iconográficas, mantendo a
coerência com a proposta metodológica
apresentada no manual do professor, que
enfatiza a utilização de outras fontes históricas
além das escritas. Um dos pontos positivos
da coleção é justamente mostrar ao aluno que
o conceito de documento abrange uma
multiplicidade de fontes.
As atividades propostas a partir das fontes
iconográficas auxiliam o aluno a desenvolver
habilidades como observação, interpretação,
comparação, necessárias ao utilizar as
imagens como fontes históricas.
No final de cada livro, há um Glossário
68
com indicação da página em que se encontram
as palavras e expressões. Nos dois primeiros
volumes, o número de verbetes não é grande,
mas a sua qualidade é adequada, tanto pela
seleção quanto pela forma como são
explicados, com exemplos e linguagem
acessível ao aluno. Percebe-se, porém, falhas
de revisão na indicação das páginas, no livro
de 2ª série.
Nos quatro volumes verificam-se também
simplificações explicativas. Muitas delas
decorrem da necessidade de adequar a
abordagem dos conteúdos às primeiras séries
do Ensino Fundamental – pressupondo-se a
introdução do estudo de noções e processos
históricos que serão retomados nas séries
posteriores, visando à construção dos
conceitos. Em alguns casos, o uso do
Glossário pode minimizar o problema.
Ao longo da coleção, as ilustrações são
utilizadas na introdução dos conteúdos e
exploradas de modo a propiciar novas formas
de conhecimento. A articulação constante
entre texto e imagem pode auxiliar os alunos
na leitura e compreensão dos textos didáticos.
No conjunto da coleção, observa-se
diversidade de linguagens visuais: desenhos;
fotografias; reproduções de documentos
escritos, de obras de arte, de jornais e revistas.
A construção da cidadania também é
reforçada com a sugestão de que a
aprendizagem considere “dois processos
combinados”: “a construção das identidades
pessoais e a descoberta das dimensões do
público (cidadania) e do privado (moralidade)
que compõem a vida social”. Esta proposta
efetiva-se na coleção, pois a construção da
cidadania constitui um dos eixos na
organização dos conteúdos, tanto nos textos
didáticos quanto nas atividades. O estímulo
ao convívio social, à tolerância e à liberdade
é valorizado explicitamente no manual do
professor e está presente em todos os volumes
da coleção.
 As diferenças entre indivíduos, culturas e
grupos étnicos são abordadas e valorizadas,
constituindo-se num dos pontos positivos que
colaboram para a construção da cidadania.
Estão contempladas as diversidades sociais,
assim como as diversas regiões do País. No
entanto, constata-se a pouca exploração do
meio rural, assim como a ausência de
elementos suficientes para a percepção das
desigualdades sociais que caracterizam a
realidade brasileira, visto que há simplifica-
ções explicativas nos textos e as atividades
exploram apenas o meio social do aluno,
dificultando a comparação e a reflexão crítica
da diversidade.
No manual do professor, específico de
cada volume, há uma explicação sobre o
desenvolvimento das unidades, explicitando
a articulação entre elas. No livro do aluno
destinado ao professor, há orientações visando
à articulação entre os conteúdos e destes com
outras áreas do conhecimento. Aponta-se a
“preocupação constante com a abordagem dos
chamados temas transversais e a prática da
interdisciplinaridade”, destacando-se a
presença de atividades articuladas com outras
áreas curriculares: Artes, Geografia, Língua
Portuguesa.
Na seção Bibliografia para o professor,
constam sugestões para leitura, organizadas
nos itens Para o ensino de História, Apoio
para o trabalho pedagógico e Complemen-
tação aos temas propostos. No entanto, a
maior parte dos livros indicados como leitura
complementar repete-se de um volume para
o outro.
Quanto ao projeto gráfico, os volumes da
coleção apresentam adequada organização
visual e são atrativos. A articulação entre
layout e conteúdo auxilia os alunos no
processo de aprendizagem, pois promove a
integração entre ilustrações e textos didáticos,
estimulando o manuseio e a leitura. Observa-
se integração entre as ilustrações e os textos,
o que proporciona adequada legibilidade,
facilita a visualização das ilustrações e
proporciona descanso visual. As ilustrações
são diversificadas, bem impressas e coloridas.

HISTÓRIA
Em sala de aula
O manual do professor é um auxiliar efetivo no trabalho pedagógico. Mesmo
assim, o professor precisará complementar a bibliografia referente aos conteúdos
históricos. No quarto volume da obra, encontrará documentos históricos mais
complexos, o que exigirá maior cuidado e acompanhamento. A consulta ao
Glossário, no livro da 2ª série, deve ser feita com atenção especial, devido aos
equívocos de referências à paginação.

69
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
Nesta coleção, a metodologia da aprendizagem está
centrada na busca de autonomia do aluno e em um
trabalho com base nas experiências vividas. A História
é apresentada como um processo em construção e
valoriza-se a linguagem visual, como recurso para a
recuperação de vivências do passado e para a
construção do conhecimento. A obra utiliza de fontes
históricas diversificadas, as atividades são variadas e o
Coleção exercício da expressão oral e escrita é estimulado.
No entanto, no volume da 1ª série há um número
Primeiras
excessivo de ilustrações e as atividades estão mais
Noções de voltadas para desenhos e menos para a construção de
História textos. Nem todas as ilustrações estão identificadas
Martins corretamente e o trabalho com mapas é sucinto.
Márcia Berbel Registram-se, ainda, algumas definições imprecisas no
Geni Rosa Duarte
Vera Vieira
Glossário e simplificações explicativas pontuais no texto
Nancy L. Novo didático, o que pode comprometer a construção do
conhecimento histórico.
O manual do professor é um eficiente auxiliar para o
trabalho pedagógico, mas não promove claramente a
Editora FTD
integração do conteúdo histórico com outras áreas do
HISTÓRIA

conhecimento e é pouco esclarecedor no que diz

respeito à avaliação.

A coleção objetivos, o trabalho com a transversalidade

Todos os volumes são organizados em
unidades e capítulos. Trazem referências
bibliográficas e um Glossário, que está
incorporado ao texto didático.
O manual do professor apresenta a
Proposta da coleção, igual para todos os
volumes, com as seções: O ensino de História
no Brasil; O trabalho com fontes
diversificadas; O trabalho com documentos;
A avaliação. Um segundo item – Orientações
sobre o volume – detalha as orientações
didáticas para cada capítulo, descrevendo os
e sugestões para o trabalho com as atividades.
A Bibliografia comentada ao final do manual
é a mesma para os quatro livros.
1ª série (80 p.): 1. Semelhanças e
diferenças; 2. Vivendo em grupo; 3. Passado
e presente.
2ª série (80 p.): 1. O mundo da casa; 2. O
mundo da escola; 3. O mundo da rua.
3ª série (95 p.): 1. Origem, crescimento e
memória das cidades; 2. A cidade e suas
funções.
4ª série (95 p.): 1. Encontros; 2.
Construções; 3. Tensões.

70
A análise
A metodologia de ensino-aprendizagem,
explicitada no manual do professor, é centrada
no papel dinâmico desempenhado pelos
alunos na construção do conhecimento e na
atitude que o professor deve adotar neste
processo. O encaminhamento metodológico
da obra procura valorizar a experiência
pessoal dos alunos, possibilitando que
integrem o conteúdo à sua realidade. Nota-se
também a intenção de dar-lhes certa
autonomia na compreensão e interpretação
dos fatos, na construção do conhecimento,
sem considerá-los “pequenos historiadores”.
A valorização do papel do professor
fundamenta-se na orientação e coordenação
desta construção. Além disso, a metodologia
adotada permite que as análises não se
encerrem no texto didático, destacando a
importância de outras fontes históricas.
O trabalho de construção do conhecimento
histórico está ancorado em atividades de
pesquisa baseadas em fontes diversificadas
(documentos oficiais, escritos, orais e
imagens). O objetivo é fazer com que o aluno
perceba como esse conhecimento é produzido.
Tarefa que exigirá o auxílio do professor,
orientando o estudante a realizar o levanta-
mento de fontes, registrar as informações e
interpretá-las.
O livro do aluno é coerente com a proposta
metodológica: está recheado de imagens
relativas aos conteúdos trabalhados; as
discussões e atividades centram-se em
elementos do cotidiano do aluno; e é
principalmente nas atividades e exercícios que
se pode sentir o papel do professor, orientando
os alunos na busca de informações, no uso
das fontes, no despertar de sua curiosidade e
nas respostas aos questionamentos.
Os diferentes temas trabalhados na obra
distribuem-se de forma gradativa, permitindo
níveis mais elevados de abstração e de
generalização. Os textos e as atividades
centram-se em elementos do cotidiano do
aluno, podendo auxiliá-lo a compreender a
realidade social e a desenvolver uma postura
crítica ante as questões sociais. A problemati-
zação passado-presente é percebida nas
articulações que levam o aluno a compreender
as transformações sociais ao longo do tempo.
As atividades e exercícios, de modo geral,
estão formulados clara e corretamente,
integrados aos conteúdos e de acordo com a
proposta metodológica da obra. Abrangem um
grande número de habilidades cognitivas a
serem trabalhadas e que são fundamentais
para embasar o conhecimento, como atenção,
observação, comparação. Os diferentes
conteúdos estão articulados entre si e
estimulam a capacidade de debater pro-
blemas.
Observa-se, no entanto, que nas duas
primeiras séries o incentivo à produção de
textos é menor do que nas duas últimas. Além
disso, alguns exercícios no livro da 3ª série
não estão bem-formulados, o que pode
dificultar ou mesmo levar a uma compreensão
HISTÓRIA
equivocada do enunciado. Este problema, no
entanto, pode ser superado pela leitura atenta
das Orientações sobre as atividades,
presentes no manual do professor. O item
descreve o que se espera de cada atividade,
envolvendo a formação de opiniões, a
introdução dos temas transversais, a prática
da pesquisa, e reforça o aprendizado dos
diferentes conteúdos.
Na metodologia da História, explicitada no
manual do professor, percebe-se uma opção
pela História do cotidiano e uma tentativa de
incorporação das inovações historiográficas.
As formulações tradicionais da História são
criticadas e destaca-se a noção de História
como resultado da ação humana transfor-
madora. A incorporação desta metodologia ao
longo da obra é feita por meio do uso de
imagens relacionadas principalmente ao
71
 cotidiano das crianças, envolvendo a família,
a escola, a cidade, as relações políticas, os
problemas sociais, a formação da sociedade.
Trabalham-se questões relativas a
discordâncias e conflitos, permitindo à criança
interpretar essas ocorrências no cotidiano da
sociedade como fatos com os quais convive
ou conviverá, e não como eventos singulares
na história. Enfatiza-se a diferença cultural
entre povos distintos, discute-se a formação
do povo brasileiro, ressaltando sua
diversidade de origens. Importante discussão
é feita sobre os povos indígenas do Brasil,
permitindo o conhecimento de formas
diversas de organização social no interior de
uma mesma sociedade. Procura-se incutir no
aluno que ele é um ser social e necessita dos
outros para viver. Também se aborda a questão
da democracia e da luta pela igualdade.
Ao se discutir o trabalho com documentos,
analisa-se a importância das diferentes fontes
(escritas, orais, iconográficas) e há sugestões
para a compreensão do espaço que elas devem
ocupar no processo de aprendizagem da
História. Critica-se a concepção positivista do
HISTÓRIA
documento objetivo, como testemunho da
história – salientando-se a importância das
escolhas promovidas pelos historiadores, o
que possibilita as diversas interpretações
históricas, e o fato de que o documento é uma
construção humana. No manual destaca-se
também o trabalho com as imagens, dada a
importância atribuída a elas na apreensão do
conhecimento pelo aluno.
Em várias passagens, as fotografias
predominam em relação aos textos como
recurso para transmissão e problematização
do conteúdo histórico. Os recursos visuais são
variados, abrangendo, além das fotografias,
as ilustrações próprias, reproduções de obras
de arte e ilustrações de revistas. De uma forma
geral, são bem utilizadas no texto e compõem
recurso importante no conjunto da obra. No
entanto, algumas ilustrações não fornecem
72
informações importantes, como o acervo de
que fazem parte e a data em que foram
geradas, além de os créditos das fotografias
serem apresentados separadamente, na página
2 do livro do aluno, o que praticamente
inviabiliza o acesso a essa informação.
Ao longo da obra são trabalhadas as
principais noções relativas ao conhecimento
histórico. Algumas vezes, entretanto, essas
noções não são construídas adequadamente.
O conceito de história por exemplo, aparece
como sinônimo de estória; a noção de natureza
é pouco discutida no conjunto da obra; a
noção de relação social é confundida com
convívio social. Registra-se uma valorização
da cultura urbana em detrimento da rural.
O Glossário é utilizado de forma criativa,
colocando-se os termos e expressões que se
deseja clarificar em destaque colorido no
texto, e suas definições em chamadas laterais,
o que facilita a leitura e compreensão da
expressão. No entanto, algumas definições
estão incompletas ou simplificadas,
prejudicando o entendimento. Há
simplificações explicativas pontuais no texto
didático que prejudicam a apreensão de várias
formulações.
O exercício da cidadania é estimulado em
diversos momentos ao longo da obra. Como
boa parte dos textos está centrada nas
discussões sobre relações de poder, relação
inter-racial, discordâncias, tensões,
sociabilidade, a criança vai sendo integrada à
realidade de forma progressiva. Observa-se o
estímulo ao convívio social, em especial
quando se sugere que o aluno converse com
os colegas. Tolerância e convivência são
noções trabalhadas em todos os livros, assim
como os direitos das minorias.
O manual do professor contém muitos
elementos para auxiliar o trabalho em sala de
aula, mas a linguagem utilizada é muito
especializada, o que pode dificultar a sua
compreensão. Observa-se também que a
discussão sobre as possibilidades de
integração com outras áreas do conhecimento
é realizada de modo indireto e pouco
explícito. Quanto à avaliação da aprendiza-
gem, o manual se propõe a repensar a questão;
no entanto, essa análise não se concretiza em
propostas específicas.
O projeto gráfico da obra é bem-cuidado.
Nota-se que recursos variados estão
organizados de forma a proporcionar ritmo e
continuidade, obtidos pelo entrosamento entre
os textos didáticos e as ilustrações. No
entanto, nos três primeiros volumes nota-se,
em alguns momentos, certo desequilíbrio
entre textos e imagens, que pode privilegiar a
observação das ilustrações em detrimento da
leitura do texto.
As ilustrações foram produzidas especial-
mente para a obra, mas há um bom número
de reproduções de obras de arte (pinturas,
desenhos, gravuras, aquarelas) e de
ilustrações extraídas de revistas.
De maneira geral, as ilustrações são bem
utilizadas no texto, embora, às vezes, deixem
de fornecer algumas informações importantes,
como o acervo a que pertencem.

Em sala de aula
Para a utilização da coleção, além da atenção que devem merecer as limitações
indicadas, é importante que o professor possa aprimorar seus conhecimentos sobre
o uso da imagem no processo de ensino, dada a abundância de material
iconográfico.
O docente também precisará ter um cuidado especial com a atividade de pesquisa
dos alunos e com o tratamento adequado das fontes históricas. O manual do
professor traz orientações para o trabalho sugerido e para a execução das
atividades, em cada um dos capítulos. A seção de Orientações sobre as atividades,
por exemplo, inclui informações adicionais ao livro do aluno, que auxiliam o professor

HISTÓRIA
a enriquecer o trabalho didático recorrendo a novos autores, obras poéticas e
temas específicos. A Bibliografia comentada, voltada aos temas historiográficos,
sugere leituras que contribuem para a formação e atualização do docente.

73
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
Nota-se, nesta coleção, explicitação clara e
aprofundada das concepções de educação e de História
e das orientações e sugestões para o professor planejar
o trabalho. Apresenta bibliografia atualizada e uma
variedade de outros recursos para o professor. As
atividades e exercícios estão integrados ao texto

Coleção Vitória- didático. A linguagem clara e simples está articulada

Régia - História com as imagens, estimulando a leitura. Há textos com

Jean Carlos Moreno linguagens diferenciadas.

Antônio José Fontoura Jr. No entanto, verifica-se pouca articulação entre os
discursos de metodologia do ensino-aprendizagem e os
da História. O encadeamento entre diferentes realidades
espaço-temporais é superficial, encontrando-se
simplificações explicativas, e nota-se ausência de
explicitação da diversidade e do conflito. Os documentos
históricos são apresentados sem a devida
Editora IBEP
contextualização e as fontes não são problematizadas
HISTÓRIA

de forma pertinente.

A coleção ilustradores. Cada livro é acompanhado de

Os volumes estruturam-se em unidades,
que contêm vários subtítulos. As atividades
distribuem-se nas seguintes seções: Tem
história; Refletindo; Painel do tempo;
Recriando e revivendo; e Pesquisando.
Ao final de cada unidade há a seção
Saiba mais e, ao final de cada um dos
volumes, o Glossário, seguido de Sugestão
de leitura para o aluno, Referências
bibliográficas, Sites, CDs de música, CD-
ROMs, Vídeos.
Há, ainda, Índice geral de imagens e
um conjunto intitulado Material de apoio.
O manual do professor, com média de 86
páginas, apresenta a mesma estrutura nos
quatro volumes: Proposta educacional,
subdividida em nove itens, e Estruturação,
também com nove itens. Encerra o manual o
Material de apoio, diverso daquele fornecido
para o aluno e especialmente preparado para
cada série.
1ª série (160 p.): 1. Bem-vindo à escola!;
2. A família; 3. A moradia e a rua; 4. O tempo;
5. Alimentação e vestimenta; 6. O trabalho e
o lazer.

74
 2ª série (144 p.): 1. O bairro; 2. Espaço
urbano, espaço rural; 3. O município; 4. O
comércio; 5. Os transportes; 6. A comu-
nicação.
3ª série (160 p.): 1. Trabalhando com
documentos históricos; 2. Organizando o
território brasileiro; 3. Conquistando direitos;
4. Os grupos indígenas; 5. Tradições do povo
brasileiro.
4ª série (144 p.): 1. O Brasil e o mundo; 2.
O Brasil e a natureza; 3. Economia e
produção; 4. Trabalho e sociedade; 5. Brasil:
uma cultura formada por várias culturas; 6.
Construindo a cidadania.
A análise
A coleção propõe-se a articular, como
metodologia de ensino-aprendizagem, uma
compreensão própria das relações entre
educação, escola e sociedade. A concepção
assumida é o socioconstrutivismo e dela
decorre o princípio de que a consciência, a
inteligência e a criatividade são constituídas
a partir das relações sócio-históricas
concretas. O papel do professor ganha
destaque, uma vez que ele é concebido como
mediador fundamental entre os educandos e
a realidade que se quer conhecer. Enfatiza-se
que o conhecimento não é o objeto de ensino
e que, num mundo em que o processo de
produção e difusão do conhecimento
diversificou-se, cabe à escola ensinar a
“aprender a aprender”. A proposta de
construção do conhecimento se sustenta nas
noções de interação e mediação, sendo a
avaliação considerada um processo contínuo
e cumulativo, que fornece indícios
importantes para o diagnóstico da prática
educativa.
As propostas pedagógicas explicitadas
realizam-se parcialmente no livro do aluno.
A experiência do educando é uma referência
constante na coleção. O fato de as atividades
serem constitutivas do texto didático contribui
para o desenvolvimento de habilidades
intelectuais nos alunos. O raciocínio e a
criatividade são estimulados, assim como a
interação com colegas, professores, familiares
e vizinhos. O papel do professor como
mediador no processo de construção do
conhecimento evidencia-se nas orientações
contidas no manual do professor e naquelas
incluídas na reprodução do livro do aluno.
As experiências do aluno são tomadas
como referência constante no processo de
construção do conhecimento. A efetivação
deste princípio contribui para a apresentação
gradual dos conteúdos no que diz respeito à
complexidade e à ampliação, de forma dosada,
dos níveis de abstração e generalização
envolvidos nos processos de conhecimento.
Por outro lado, a análise de diferentes
produções culturais e o uso de outras
estratégias, baseadas na concepção de que os
alunos são os produtores do conhecimento,
propiciam a reflexão sobre questões sociais.
As atividades procuram explorar a
HISTÓRIA
criatividade e a dimensão lúdica da formação
dos educandos, propondo desenhos, passeios,
entrevistas, pesquisas, montagens teatrais,
colagem, confecção de objetos e roupas. O
íntimo relacionamento entre as atividades e o
texto didático auxilia a integração, uma vez
que as respostas das atividades conduzem aos
temas seguintes. Além disso, uma certa
padronização no formato das unidades
contribui para que as atividades possibilitem
a articulação entre os diferentes conteúdos.
Contudo, como não se consegue relacionar
de maneira efetiva a metodologia de ensino
com a metodologia da História, a construção
do conhecimento histórico pelo aluno fica
comprometida. Com efeito, os conteúdos
selecionados não constituem um elenco
tematizado da disciplina História,
aproximando-se mais dos conteúdos da
75
 disciplina anteriormente denominada de
Estudos Sociais. A perda da abordagem
histórica dos objetos de conhecimento
evidencia-se pela forte perspectiva
presentista, pelo diálogo superficial entre
diferentes realidades espaço-temporais, pela
inadequada articulação entre passado e
presente, e pela abordagem que se baseia no
pressuposto de uma visão harmônica da
sociedade.
Nota-se, também, que em algumas
passagens do terceiro volume, os textos
escolhidos e as atividades propostas tornam-
se difíceis, e no volume da 4ª série a realização
das atividades fica prejudicada pela ausência
de informações, que são relegadas a pesquisas
a serem realizadas pelo aluno. Embora a
produção de textos seja incentivada, a
abordagem superficial de alguns temas pode
empobrecer a produção textual, pois, nestes
casos, os alunos não contam com referências
que possibilitem a análise, a contextualização
e a sistematização dos temas de investigação.
A metodologia da História, enunciada no
manual do professor, busca inscrever a
HISTÓRIA
coleção em um movimento de inovação da
historiografia e do ensino de História, que
teria como algumas de suas características: a
concepção de história como construção social,
na qual presente e passado questionam-se
mutuamente, estando abertos a leituras
plurais; a valorização das diferentes culturas
humanas; a análise da história local e a busca
da historicidade de aspectos do cotidiano,
entendidos como possibilidade de com-
preensão de dimensões sociais mais amplas;
o abandono da perspectiva evolutiva, linear,
e a conseqüente abertura para a dinâmica
plural dos processos históricos; a busca da
reconstrução da ação de diversos agentes
sociais; e a atenção para com a inserção das
experiências dos educandos nos estudos,
abandonando a perspectiva que privilegia a
ação das elites, do Estado, dos governantes.
76
No entanto, constatam-se limites à
concretização da proposta, que se relacionam
à abordagem do conhecimento histórico: a
caracterização superficial dos processos e
contextos históricos; a perspectiva
desarticulada e superficial que marca as
propostas de diálogo entre passado e presente;
as simplificações no tratamento dos conflitos,
da diversidade e da complexidade das relações
sociais; a abordagem excessivamente calcada
no presente em detrimento de um diálogo
entre diferentes realidades espaço-temporais,
especialmente nos livros das duas séries
iniciais. Isso revela os limites da coleção na
incorporação da renovação historiográfica.
Essas lacunas comprometem a compreensão
dos processos históricos pelos alunos, a
historicidade do mundo no qual vivem e o
próprio caráter de construção do
conhecimento histórico.
Embora tenham sido selecionados
documentos históricos de natureza diversa,
em todos os livros há fontes apresentadas sem
qualquer referência espaço-temporal; outras
vezes, os vestígios do passado são explorados
de maneira superficial e/ou problematizados
a partir de questões pouco pertinentes,
especialmente tendo em vista os limitados
indícios fornecidos por alguns dos
documentos selecionados e a ausência de
informações que os contextualizem. Desta
forma, compromete-se a sua utilização como
documento histórico.
As ilustrações estão isentas de
preconceitos e estereótipos, apresentam
excelente qualidade gráfica, estão adequadas
às finalidades para as quais foram elaboradas
e integram-se, de forma harmoniosa, aos
conteúdos desenvolvidos. A fotografia
constitui-se no principal tipo de imagem que
compõe a coleção, que também faz uso de
mapas, representação de pinturas, de
esculturas, quadrinhos, charges e ilustrações
feitas especialmente para os livros. As
imagens, no entanto, nem sempre são
problematizadas como documentos históricos,
cumprindo, por vezes, o papel de ilustrações
ao texto didático.
O tema da cidadania reveste-se de
fundamental importância quando é discutido
o papel da escola na sociedade contempo-
rânea. Manifesta-se o enfoque dado à forma-
ção para o exercício da cidadania, tendo em
vista: a ausência de preconceitos, discrimina-
ções, propaganda e doutrinação religiosa; a
problematização de temas de cunho social e
o incentivo à busca de soluções para os
problemas; a tematização da diversidade
cultural acompanhada da promoção do
respeito à diferença como valor; o incentivo
à socialização mediante propostas de ativida-
des coletivas e atividades que envolvem
familiares e vizinhos. A capacidade de debater
problemas é promovida ao se proporem
debates sobre diferentes problemas sociais.
No entanto, a explicitação das relações de
poder no processo de conquista de direitos e
no exercício do poder político institucional
no Brasil é superficial, fazendo desaparecer
metodológicos que orientam as concepções
de educação e de História adotadas. Em suas
diversas seções evidenciam-se a concepção
dos autores sobre o papel da escola e os
princípios pedagógicos e epistemológicos a
partir dos quais a coleção foi elaborada, a
concepção de História, e são apontados os
desafios que o debate historiográfico recente
propõe para o trabalho com o ensino de
História. Apresentam-se os critérios que
nortearam a opção pelos temas que compõem
cada volume e a articulação das propostas
teórico-metodológicas com as estratégias
utilizadas na elaboração do livro.
Encontram-se muitas informações
adicionais ao livro do aluno que cumprem o
papel de subsidiar o professor no
desenvolvimento do trabalho e na sua
formação. Há, também, um pequeno manual
para orientar e familiarizar o professor a
trabalhar com a internet.
No que respeita aos aspectos visuais, o
projeto gráfico proporciona adequada
visibilidade, utiliza recursos de descanso
visual, articula de forma pertinente textos e

HISTÓRIA
o seu caráter conflituoso. imagens, proporcionando uma leitura
O manual do professor fornece, de forma agradável e estimulando o manuseio dos
clara e aprofundada, os princípios teórico- livros.

Em sala de aula
Em vista da real contribuição que pode oferecer, sugere-se que o manual do
professor se constitua em um guia prático e que sua utilização seja adaptada à
realidade de cada escola. Por outro lado, dada a lacuna relativa aos conteúdos
históricos, principalmente nas primeiras séries, é importante que o professor
complemente os textos com recursos historiográficos adicionais.

77
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
A coleção apresenta articulação entre os temas de
História e o desenvolvimento de habilidades cognitivas
e propõe a valorização dos saberes anteriores para a
elaboração do conhecimento. As atividades são
formuladas de maneira precisa e didática. A obra trabalha
com fontes diversificadas e supera a abordagem
puramente linear, cronológica e enciclopédica da
História. O manual do professor é bem-elaborado e traz
orientações para o desenvolvimento das atividades do
Coleção livro do aluno.
História Tantas Entretanto, em alguns momentos, percebe-se que a
Histórias concepção de História é trabalhada como “colcha de
Ana Luísa Lins
retalhos”, o que pode proporcionar equívocos
metodológicos. Nos volumes da 1ª e 2ª séries, por
exemplo, o indivíduo ocupa lugar central na abordagem
dos conteúdos, subtraindo-se a relação entre o individual
e o social. Além disso, vários conceitos fundamentais à
História não têm tratamento adequado, a historicidade
das experiências sociais é pouco explorada e não se
registra uma abordagem problematizadora da relação
Editora FTD presente-passado. As metodologias de ensino-
aprendizagem e da História não estão integralmente
HISTÓRIA

explicitadas no manual, que também oferece poucas

indicações de leitura complementar.

A coleção conteúdos de cada série.

Os quatro volumes, estruturados em
capítulos, não apresentam seções específicas
para o desenvolvimento das atividades, pois
estas estão integradas aos textos didáticos.
O manual do professor contém os itens:
Apresentação; Temas centrais; Organização
dos livros da coleção; Glossário; Objetivos;
Comentários gerais; Sugestões de atividades;
Sugestões para exploração dos textos e das
imagens do livro; Textos e informações
complementares para o professor;
Bibliografia. As orientações contemplam os
1ª série (104 p.): 1. Quem é você?; 2. Cada
um é como é; 3. Minha história...; 4. Tempo,
tempo, tempo; 5. Tempo de plantar, tempo de
colher...; 6. Retrato de família; 7. A vida pela
janela; 8. A escola de outras épocas; 9. Nossa
casa, nosso lar; 10. Isto é ser “chique”!; 11. O
homem, as invenções; 12. A casa do homem;
13. Todo dia sempre igual...; 14. Hora da
brincadeira; 15. Agora falando sério...; 16. De
boca em boca...; 17. Tanta história para contar.
2ª série (88 p.): 1. Tempo de mudança; 2.
A história de cada um; 3. Tempo, tempo,
tempo...; 4. Quanto tempo o tempo tem?; 5.

78
Escravos do relógio...; 6. Um mar de
histórias...; 7. Quem parte leva saudades; 8.
Convivendo e aprendendo; 9. Modos de viver;
10. A vida em outros tempos; 11. Vai, vai, vai
começar a brincadeira; 12. A escola em outras
épocas; 13. A escola em outros lugares; 14.
Aprendendo a conviver; 15. Todos têm muito
a ensinar... e a aprender; 16. Cada um tem a
sua parcela a dar; 17. Novos tempos, novas
mudanças.
3ª série (120 p.): 1. Além do mar...; 2.
Estranhos no ninho?; 3. Tecendo histórias; 4.
Medindo o tempo; 5. O homem, as viagens;
6. Sonhando com o paraíso...; 7. Terra à vista!;
8. Os donos da terra; 9. O paraíso de pernas
para o ar...; 10. O ouro humano; 11. Ser e viver
escravo; 12. Fazer a América!; 13. A
imigração em diferentes momentos; 14.
Retratos de vidas...; 15. Os novos imigrantes.
4ª série (128 p.): 1. Assim foi o primeiro
encontro; 2. Os homens vindos do mar; 3.
Povos que os espanhóis encontraram na
América; 4. As cidades dos deuses; 5. Uma
trilha de destruição e morte; 6. Povos que os
portugueses encontraram no Brasil; 7. O
mundo de cabeça para baixo; 8. As primeiras
cidades no Brasil; 9. Cidades em diferentes
tempos; 10. Terra de quem? 11. Outros povos,
outros problemas; 12. A conquista da
liberdade; 13. A conquista da dignidade.
A análise
A metodologia de ensino-aprendizagem é
apresentada de forma pontual, no manual do
professor, a partir dos temas e procedimentos
pedagógicos a serem trabalhados pelo
docente. Fica evidente a pretensão de integrar
os textos didáticos às atividades e estimular a
participação do aluno, por meio de questões
que partem de seu conhecimento prévio.
Especialmente nos dois primeiros volumes,
nota-se a preocupação com a construção de
noções, conceitos e capacidades necessários
à compreensão da História. Nesta perspectiva,
a proposta se articula de forma integrada e
coerente com a elaboração do livro do aluno,
pois os conteúdos dos capítulos e as atividades
sugeridas mantêm relação direta com os
procedimentos presentes no manual.
A coleção oferece um amplo e variado
leque de informações textuais e iconográficas
como recurso didático. Introduzidas de forma
gradativa e equilibrada, estas informações
permitem a realização de atividades de
identificação, organização, análise e síntese.
O professor é constantemente orientado a
prestar atenção ao nível de aprendizagem e
às capacidades do aluno, partindo das noções
básicas para as mais complexas.
Entretanto, a intenção de levar o aluno a
compreender a realidade social se efetiva de
maneira uniforme nos volumes da coleção.
No livro da 2ª série, por exemplo, a realidade
social é apresentada de forma pouco
problematizada, com omissão das diferenças,
injustiças, conflitos e suas causas, dando-se
a ilusão de que vivemos em um mundo
HISTÓRIA
harmônico e auto-regulado. Nos últimos
volumes, porém, as questões sociais são
enfocadas, em especial as das cidades
brasileiras, o que permite aos alunos uma
compreensão mais realista da sociedade.
Abordam-se, por exemplo, diversos
movimentos sociais como os dos Sem-Terra
e dos Sem-Teto, da Consciência Negra e dos
ambientalistas, entre outros.
As atividades e exercícios estão
articulados como um bloco único aos textos
didáticos e formulados de forma precisa,
proporcionando o desenvolvimento das
habilidades cognitivas sem predomínio de
umas sobre outras. O estímulo à produção de
textos é uma característica positiva desta
coleção. Na 4ª série, por exemplo, a proposta
da organização de todo o material escrito
culmina com o aluno elaborando o próprio
79
 livro. A obra oferece um significativo e
diversificado número de textos comple-
mentares, adequados à proposta. Com o
objetivo expresso de habituar os alunos a
consultar o dicionário, o livro do aluno não
traz glossário, encontrado apenas no manual
do professor.
A referência à metodologia da História
encontra-se na Apresentação e nos Temas
centrais do manual do professor. O enfoque
principal presente na coleção é o da História
como o entrelaçamento das histórias
individuais, começando com a da própria
criança, das pessoas com quem convive, para
gradativamente incluir experiências sociais
diversas e distantes no tempo e no espaço.
Este enfoque se efetiva no desenvolvi-
mento dos conteúdos, bem como na
incorporação da renovação historiográfica. A
problematização está presente no conjunto da
coleção, mas fica prejudicada nos dois
primeiros volumes, nos quais a concepção de
História como “colcha de retalhos” é
marcante, conduzindo a uma perspectiva de
mera justaposição de experiências
HISTÓRIA
individuais. Nos volumes seguintes o aluno é
levado a explorar um conjunto de fontes que
permite conhecer a história de diferentes
povos, ressaltando a diversidade das
experiências sociais, sem relegar os
problemas decorrentes do contato entre eles.
Dessa maneira, nota-se uma dicotomia entre
os volumes da 1ª e 2ª séries, em que há
predominância de abordagem individualista,
e os volumes da 3ª e 4ª, nos quais são
privilegiadas as experiências históricas
coletivas, marcadas pela historicidade e
diversidade.
O tratamento dado à maioria das noções e
conceitos históricos é adequado. No entanto,
a noção de natureza não recebeu tratamento
suficiente e os conceitos de História, sujeito
histórico, poder e relações sociais apresentam
problemas em função do enfoque norteador
80
da obra e do predomínio do indivíduo na
explicação do processo histórico.
As fontes textuais são variadas, incluindo
paradidáticos, literatura infantil, poesia, letras
de música, mitos e lendas, material da internet,
depoimentos orais e textos jornalísticos. A
maioria destas fontes, porém, cumpre a função
de suporte didático: são textos produzidos
para transmitir conhecimentos disciplinares
e comunicar o resultado de estudos
específicos sobre determinados assuntos.
Nota-se a carência de documentos históricos
em sentido estrito, ou seja, documentos que
registram ações de sujeitos históricos.
A coleção inicia-se com uma variedade
pequena de representações iconográficas,
restritas à fotografia, mas evolui para um
excelente trabalho de apresentação e análise
de fontes das mais diversas origens e
linguagens, como reprodução de pinturas,
fotografias, objetos. A apresentação e
discussão das imagens encontram-se no
próprio texto didático e são aprimoradas em
orientações no manual do professor.
Em relação à construção da cidadania,
nota-se estímulo ao convívio tolerante com
as diferenças, à conscientização sobre os
direitos da criança e do adolescente, à
construção de atitudes de diálogo, à
negociação e à democracia. Também
incentiva-se o bom senso no estabelecimento
de regras de convivência e disputa, assim
como o respeito às regras estabelecidas, sem
privilegiar camadas sociais. Não há, entre-
tanto, trabalho com a historicidade das
experiências sociais e, em geral, não se faz
menção a outras formas de organização social
que possam servir de parâmetro para se pensar
na nossa própria organização.
O manual do professor é bem-elaborado.
Embora não explicite claramente as propostas
teórico-metodológicas, explica quais são as
estratégias utilizadas para a sua elaboração.
O trabalho didático é corretamente orientado
a cada passo e a cada capítulo e as sugestões
para a articulação dos diversos conteúdos são
expostas tanto no manual quanto em indica-
ções específicas assinaladas em cor vermelha,
na reprodução do livro do aluno. As propostas
de integração dos conteúdos de História com
as áreas de Língua Portuguesa, Matemática,
Ciências e Artes também estão expostas no
manual do professor e no próprio texto
didático. Há comentários, textos comple-
mentares, sugestões de leitura, de pesquisas
em fontes diversas, de filmes, de sites. O
processo de avaliação, contudo, não é
discutido no manual.
A coleção apresenta um excelente projeto
gráfico, com estrutura hierarquizada de títulos
e subtítulos, sumário claro e preciso e unidade
visual quanto à forma de organização e ritmo/
continuidade. A edição cuidada da obra
estimula o manuseio e a leitura, propor-
cionando adequada legibilidade e visualização
das ilustrações.

Em sala de aula
Ao utilizar esta coleção, é conveniente que o professor esteja atento aos limites
apontados, principalmente os relacionados à concepção de História, assumida
como “colcha de retalhos”; à inserção do aluno na sociedade sem fixação demasiada
na sua individualidade; à problematização do presente e do passado; às lacunas
do manual do professor no que diz respeito à metodologia e às diferenças no
tratamento metodológico entre os dois primeiros volumes e os dois últimos.
Por outro lado, o docente terá a seu favor e poderá explorar bem as fontes
apresentadas, a boa relação estabelecida entre o conhecimento que o aluno já
detém e os novos, as atividades propostas e as sugestões de elaboração de textos
pelo aluno.

HISTÓRIA

81
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
Na coleção, os problemas sociais são analisados e os
conhecimentos do aluno são considerados, o que
contribui para a formação de seu pensamento crítico.
Trabalha-se com a historicidade dos elementos que
compõem o cotidiano da criança, com atividades
integradas aos conteúdos e que estimulam habilidades

Coleção cognitivas. Há incentivo à produção de textos, além de

Historiar - um forte estímulo à formação para a cidadania. É feita a

Fazendo, relação entre passado e presente e valoriza-se o trabalho

Contando e com fontes escritas, iconográficas e orais.

Narrando a No entanto, as propostas metodológicas não estão

História suficientemente explicitadas. Não há indicação de obras

Mª Auxiliadora M.S. Schmidt relativas ao ensino-aprendizagem e algumas atividades,

especialmente no livro da 1ª série, apresentam grau de
complexidade que podem impor dificuldade ao aluno.
Também são encontrados problemas variados em
Editora Scipione
relação a algumas ilustrações, figuras e representações
HISTÓRIA

cartográficas nos livros da 1ª e 2ª séries.

A coleção seções são encontradas apenas nos livros da

Cada volume está estruturado em unidades
com textos didáticos e as seções: Pensando...,
Resgatando a sua história; Escrevendo a
história; Ouvindo histórias de hoje em dia;
Ouvindo história de outras épocas;
Registrando outras histórias; Para saber
mais; Meu arquivo; Para cantar com a
professora; Curiosidades; Preservando a
memória.
Nos livros da 1ª e 2ª séries, há duas seções
exclusivas: Organizando o meu arquivo
particular e Outras opiniões. Outras cinco
3ª e 4ª séries: Registrando a história local,
Registrando a história do Brasil, Pesquisando
em documentos, Ouvindo opiniões de
historiadores e Ouvindo outras opiniões.
O manual do professor traz os itens: Idéias
que fundamentam o trabalho; Os
procedimentos metodológicos; Estrutura e
organização do livro; Comentários sobre o
trabalho desenvolvido em cada unidade;
Indicações bibliográficas complementares.
1ª série (143 p.): 1. Criança tem história:
O que é ser criança; Crianças de outros tempos
e lugares; Crianças de hoje; Lembranças de

82
crianças. 2. Vidas de criança: Crianças e suas
coisas; Crianças e suas casas; Crianças e seus
brinquedos; Crianças e seus cotidianos. 3.
Direitos e deveres das crianças: Criança
precisa aprender; Criança precisa ter saúde;
Criança precisa de lazer; Criança precisa de
amor.
2ª série (195 p.): 1. Convivendo com os
outros: A criança e os outros; Gente de todas
as idades; Vizinhos e amigos; Vivendo a
diferença. 2. Vivendo a escola: A sua escola;
O trabalho na escola; Vida de escola; Histórias
de escolas. 3. Convivendo com famílias:
Famílias; Irmãos e irmãs; Parentes; Criados.
4. Vidas de famílias: O trabalho; Os objetos;
As festas; Os espaços.
3ª série (176 p.): 1. Convivendo na cidade:
O lugar onde eu moro; Espaços urbanos; Os
lugares da cidade; A vida na cidade. 2.
Histórias de cidades: História da sua cidade;
Histórias de outras cidades; Cidades de
antigamente; Cidades de hoje em dia. 3.
Coisas da cidade: As cidades e suas
necessidades; As cidades e suas histórias; As
cidades e o trabalho; As cidades e o cotidiano.
4ª série (192 p.): 1. Minha gente: História
da minha gente; Histórias de outras gentes. 2.
História da gente brasileira: Povoadores;
Colonizadores; Escravos; Imigrantes;
Migrantes. 3. Vida da gente brasileira:
Cotidiano da gente brasileira; Personagens da
vida brasileira.
A análise
A proposta de ensino-aprendizagem é
explicitada, no manual do professor, apenas
de forma genérica, ao afirmar a necessidade
da compreensão e da reconstrução da vida
cotidiana do aluno, que traz consigo
construções pessoais sobre conteúdos
históricos. Estes, por sua vez, devem ser
enriquecidos pelo entendimento da natureza
social e individual do ser humano ao longo
do tempo.
A obra busca estimular habilidades
cognitivas e desenvolver atitudes críticas e de
tolerância. Essa preocupação transparece nos
textos, que abordam as questões sociais em
todas as suas dimensões. Espera-se que a
criança reconheça as diferenças culturais e
históricas entre povos e grupos. Como
procedimento pedagógico central, é proposto
o trabalho com as fontes e os procedimentos
de investigação e verificação históricas.
Prioriza-se a formação do conceito de tempo
e a estruturação dos capítulos a partir da
realidade do aluno, para depois ampliar a
temática para recortes temporais mais amplos.
Os problemas sociais são trazidos para
análise e se constituem na principal estratégia
para levar o aluno a compreender a realidade
social. Há um trabalho sistemático de
levantamento dos conhecimentos e opções da
criança para, a partir daí, aprofundar os
conceitos de tempo e espaço para graus mais
amplos de abstração.
A coleção apresenta linguagem adequada
HISTÓRIA
às séries a que se destina. Há dosagem correta
de complexidade nas atividades, sem
subestimar a capacidade do aluno. Percebe-
se a preocupação em resgatar aspectos do
cotidiano da criança, para em seguida ampliar
o conhecimento sobre essa realidade,
recorrendo ao passado.
Os exercícios e atividades estimulam a
maioria das habilidades cognitivas, como
investigação, criatividade, observação,
síntese, análise, comparação, argumentação,
extrapolação de conceitos e interpretação.
Estão integrados aos conteúdos por meio do
tema central da obra, o estudo da formação
da sociedade brasileira, em suas múltiplas
dimensões. Há incentivo específico ao debate
de problemas e à produção de textos, e a
coleção conta com farta e variada seleção de
textos complementares, inclusive diversos
83
 documentos históricos. Algumas atividades,
especialmente no livro da 1ª série, são muito
complexas, o que pode gerar dificuldades para
o aluno. Também nos volumes da 1ª e da 2ª
séries, são apresentadas diversas datas,
algumas delas bem recuadas no tempo, sem
que a criança esteja preparada para trabalhar
o tempo e sua contagem.
A metodologia da História adotada destaca
a necessidade de que o aluno entenda a
historicidade da experiência que vive.
Enfatiza-se a abordagem do cotidiano e da
experiência individual e social em sua
pluralidade, para superar a explicação
simplista dos fatos. São apontados quatro
procedimentos que fundamentam a explicação
dos conteúdos: o princípio globalizador, a
explicação causal, a intencionalidade, e a
mudança e continuidade. Apregoa-se,
também, o procedimento investigativo no
trabalho com as fontes escritas e orais.
Observa-se coerência com os objetivos
propostos, com o constante recurso à pesquisa
e ao levantamento do cotidiano do aluno.
Essas estratégias são submetidas a uma leitura
HISTÓRIA
ampliadora, que busca no passado diferenças
e semelhanças quanto ao vivido no presente.
As definições conhecidas são ampliadas por
meio de novas experiências, o que possibilita
processos indutivos e dedutivos na formação
de conceitos. A construção do conceito de
tempo se efetiva nos encontros entre passado
e presente, e no trabalho específico de trechos
e capítulos voltados para a construção de
conceitos temporais. Aprimora-se o trabalho
investigativo por meio das fontes escritas e
iconográficas, e pelo estímulo ao levanta-
mento de fontes orais. A construção da
cidadania e o incentivo ao desenvolvimento
de diversas habilidades cognitivas estão
presentes. Constata-se a incorporação da
renovação historiográfica. A história do
cotidiano e a ampliação da concepção de
fontes documentais são valorizadas e há
84
preocupação com a formulação de categorias
e conceitos históricos em detrimento da mera
descrição factual de acontecimentos. O
retorno ao passado, tendo como base as
temáticas do presente, permite a abordagem
da História a partir de problemas.
A construção dos conceitos fundamentais
para a prática do conhecimento histórico,
como espaço, sujeito histórico, relação social,
trabalho, período/duração, é adequada. No
entanto, encontram-se problemas de diversas
ordens quanto aos conceitos de tempo,
história, cultura, natureza e poder.
A coleção oferece grande quantidade e
variedade de fontes textuais e iconográficas,
que, em geral, são bem aproveitadas. Por meio
de diferentes temáticas e de várias linguagens
visuais, elas possibilitam novas formas de
conhecimento.
No entanto, algumas ilustrações e figuras
são muito pequenas, o que dificulta a
visualização. Além disso, no livro da 1ª série,
há figuras pequenas e pouco nítidas; no
volume da 2ª série, elas se mostram escuras
ou borradas. Por fim, algumas imagens ou
fotografias não estão adequadamente
contextualizadas por falta de legenda e de
outras especificações sobre os créditos. Estas
lacunas não se observam nos volumes da 3ª e
4ª séries. As representações cartográficas não
trazem indicações convencionais para a
correta localização dos mapas. Em toda a
obra, há mapas pouco nítidos, o que dificulta
sua leitura e utilização.
Não há glossário, mas essa falta é
compensada pela orientação à pesquisa de
palavras. São apontadas leituras comple-
mentares para o aluno, comentadas e
integradas ao trabalho didático. Nos textos
didáticos, são encontradas simplificações
pontuais que não afetam significativamente a
qualidade do conjunto da coleção.
No conjunto se constata a preocupação
com a construção da cidadania. Nesse sentido,
são feitas discussões sobre a participação das
crianças na sociedade brasileira, promovendo-
se o incentivo à cobrança de direitos em
relação à família, à sociedade e aos governos.
As experiências sociais são discutidas em sua
historicidade e estimula-se a postura criativa
e participativa. A consciência política é
buscada por meio de textos e atividades que
abordam os problemas sociais brasileiros,
especialmente a desigualdade entre ricos e
pobres, ou ao se tratar das condições de
higiene e saneamento básico no Brasil do
presente e do passado. São mostradas as
diferenças físicas entre as pessoas e a
importância de respeitá-las; incentivam-se o
respeito aos mais velhos, por meio da
comparação com as experiências sociais de
outras culturas, e o combate à discriminação
racial ou social.
A categoria “trabalho”, aliada à condenação
do trabalho infantil, também é discutida. As
manifestações de rua são apresentadas como
forma de reivindicação ou como espaços que
podem ser apropriados para a expressão de
idéias no campo da arte e da política. As leis e
ambiente e sugeridas ações políticas
necessárias para enfrentá-los. Há, ainda, a
preocupação de tratar questões sociais atuais,
como o abandono de crianças, a situação dos
migrantes e a existência do preconceito racial.
O manual do professor apresenta, de forma
clara e linguagem adequada, a inter-relação
entre as propostas teórico-metodológicas e as
estratégias utilizadas na elaboração do livro.
No entanto, as orientações não promovem a
articulação dos conteúdos entre si, apenas das
seções que compõem cada capítulo. Os
objetivos das atividades estão explicitados,
mas não há informações adicionais às do livro
do aluno, presentes apenas nas orientações
para o trabalho com o texto e com os
exercícios. Também não há discussão sobre a
avaliação da aprendizagem.
Há sugestões de bibliografia –
principalmente de metodologia do ensino de
História –, mas são pouco variadas e não
permitem muito aprofundamento. Faltam
indicações de leituras de metodologia da
História e de conteúdo histórico para os
professores, bem como sugestões de outros

HISTÓRIA
suas funções, assim como a necessidade de recursos para enriquecimento das aulas. O
obedecê-las, são problematizadas. São manual não traz sugestões de atividades e
abordados vários problemas relativos ao leituras para os alunos.

Em sala de aula
O professor deverá estar atento aos volumes da 1ª e 2ª séries, que contêm um
número maior de lacunas. Poderá encontrar algumas orientações para trabalho
com as seções no manual do professor, mas é importante desenvolver estratégias
e critérios de avaliação da aprendizagem, ausentes no manual.
Ao optar por esta coleção, é interessante que o docente aproveite a iconografia
para desenvolver trabalhos de análise. É necessário, no entanto, auxiliar o aluno
nas pesquisas demandadas para que ele possa compreender os temas tratados
em sua totalidade.

85
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
Na coleção, a organização dos conteúdos e das
atividades privilegia o debate, o aprofundamento de
questões, a sociabilidade e a pesquisa. A quantidade e
diversidade das atividades favorecem o trabalho do
professor e a aprendizagem do aluno. É dada ênfase à
História Cultural e à iconografia. Apresentam-se fontes
históricas (orais, iconográficas, textuais) e são
trabalhadas as principais categorias que embasam o
Coleção conhecimento histórico. No entanto, percebe-se que as
fontes iconográficas, especialmente, não são utilizadas
História,
para a construção do conhecimento. As ilustrações são
Imagens & diversificadas, embora não sejam utilizadas como fontes
Textos problematizadoras e geradoras de conhecimentos.
Carla Maria Junho Anastasia Algumas lacunas presentes na elaboração do manual
Eduardo França Paiva não permitem que ele seja um instrumento efetivo de
auxílio para o docente. Um exemplo é a explicitação da
metodologia de ensino-aprendizagem, feita de forma
incipiente. Além disso, constatam-se simplificações
explicativas e o glossário contém diversas imprecisões
Editora Dimensão nas definições. Há erros de revisão e descuido nas
citações bibliográficas, e as legendas das ilustrações
HISTÓRIA

estão incompletas ou imprecisas, dificultando seu uso

como fonte histórica.

A coleção concepção teórico-metodológica da História;

A obra é organizada por unidades e capítulos
com as seguintes seções: Falando de História;
Falando da sua história; Para ir além; Achei
na internet; Falando de homens, bichos e
plantas; Na roda;Qual é sua opinião; Hora de
estudar mais; Aprender fazendo. Ao final do
livro do aluno, há Bibliografia sugerida e
Glossário, específicos para cada volume.
Com 32 páginas, o manual do professor é
igual para as quatro séries. Contém os
seguintes itens: Apresentação; A História e a
historiografia no Brasil hoje; Nossa
Como trabalhar a iconografia nas aulas de
História: dois exemplos; A coleção;
Bibliografia diferenciada; Outros recursos
para o trabalho em sala de aula.
1ª série (120 p.): 1. Por dentro da história:
A importância da História; As fontes escritas.
2. Curumins, Ibejis e Miúdos: Crianças do
Brasil: A criança e sua história; História de
crianças do Brasil. 3. A casa - formas de
construir, modos de morar: As casas na
História; As casas e nossas maneiras de viver.
4. A escola em nossa vida: Ir à escola;
A escola e os outros.

86
 2ª série (109 p.): 1. Por dentro da história:
A medição do tempo; O tempo histórico; Os
calendários. 2. Vivendo em comunidade: Os
bairros e suas histórias; A rua no bairro; A
vida cotidiana. 3. Comida, diversão e arte:
Açougues, padarias e armazéns; Brincar,
festejar e passear por aí; Desenhar, modelar e
cantar.
3ª série (112 p.): 1. O patrimônio: O
patrimônio cultural. 2. Cidade, cidades: O que
é uma cidade; Cidades do passado; As cidades
brasileiras. 3. Viver na cidade: A vida na
cidade; Serviços básicos; Quem administra a
cidade?; Cidadãos.
4ª série (112 p.): 1. O Brasil e sua história
de muitos séculos: Como estudar a história
dos povos; Um país de muitas caras; Brasil,
um país mestiço. 2. A formação do povo
brasileiro: Nós brasileiros e nossas diferentes
origens e tradições; As manifestações e as
práticas sociais no Brasil; O Brasil hoje:
nossas forças e nossos problemas.
A análise
A metodologia de ensino-aprendizagem,
embora não seja explicitada, está subjacente
na explicação da organização e propostas de
trabalho da coleção. Nota-se o incentivo à
reflexão e ênfase mais formativa do que
informativa, com o objetivo de auxiliar no
desenvolvimento de indivíduos conscientes,
capazes de construir conhecimentos. Registra-
se, ainda, o estímulo ao processo de
socialização dos alunos por meio de
atividades para serem desenvolvidas em
equipe.
No conjunto da coleção, percebe-se a
articulação entre conteúdos e atividades, em
coerência com as propostas metodológicas.
O aluno é solicitado, constantemente, a
manifestar sua opinião perante os colegas e
procura-se introduzir o conhecimento novo a
partir da realidade vivenciada por ele. A
problematização passado-presente é feita
utilizando-se as noções de moderno/antigo e
ontem/hoje. Destaca-se o empenho em
desenvolver as habilidades cognitivas básicas
e também as operações mais complexas, como
o registro de conclusões de pesquisa. A obra
privilegia a perspectiva da História Cultural
e percebe-se a preocupação em apresentar ao
aluno a diversidade da realidade social, com
ênfase nas noções de semelhança e diferença
e no respeito às diferenças.
As atividades e exercícios são diver-
sificados, formulados de maneira criativa e
consideram o cotidiano do aluno. O processo
de socialização está contemplado nas
atividades sugeridas e o aluno é estimulado a
dar sua opinião e a testar suas habilidades
motoras. As atividades reforçam a construção
da cidadania e permitem a integração dos
conteúdos e destes com a realidade próxima
do aluno. Solicita-se que o conhecimento
produzido pelo aluno seja expresso por meio
de desenhos, debates e pequenos textos. Há
atividades que estimulam a criança a ir além
HISTÓRIA
do já conhecido, buscando informações
complementares na internet e em outras
fontes. No quarto volume, ressaltam-se as
atividades que trabalham as imagens
procurando articular imagem e texto. Algumas
dessas atividades, no entanto, são muito
complexas para a faixa etária dos alunos,
como no livro de 1ª série, que trabalha
conteúdos utilizando percentagens.
A metodologia da História está bem
explicitada na obra, centrando-se a exposição
dos conteúdos e as atividades na perspectiva
da História Cultural. Com a incorporação das
inovações historiográficas, busca-se formar
alunos com senso crítico e capazes de
entender e respeitar as diferenças. Nesse
sentido, são utilizadas principalmente
imagens e situações relacionadas ao cotidiano
das crianças, como o bairro e a cidade em que
87
 moram, as diferenças raciais e a mestiçagem,
as práticas culturais diferentes, organizações
não-governamentais. Inclui-se também a
dimensão artística como bem cultural e objeto
de estudo histórico, buscando aproximar o
universo cultural do aluno com o da sociedade
em que vive. São promovidas importantes
discussões, que enfocam problemas atuais da
sociedade brasileira, como a descrição dos
poderes da sociedade e dos princípios básicos
da democracia, na 3ª série, e de educação e
qualidade de vida, na 4ª série. Percebe-se que
categorias históricas importantes, como
espaço, cultura, sociedade, trabalho,
transformação/permanência, são bem
trabalhadas e apresentadas de forma
contextualizada e integrada ao conteúdo. No
entanto, o conceito de história é utilizado
também como sinônimo de estória. Diversas
simplificações explicativas são registradas ao
longo da obra, nos textos didáticos e em
algumas definições do Glossário.
As ilustrações, em sua maioria criadas
especialmente para a obra, utilizam
linguagens visuais variadas, são de fácil
HISTÓRIA
compreensão e estão integradas ao texto. No
entanto, elas têm um caráter nitidamente
ilustrativo, ou seja, não contribuem para
problematizar o conteúdo histórico ou para
gerar um novo olhar sobre a temática
estudada, conforme proposto no manual do
professor. Várias ilustrações carecem de
informações fundamentais, como autoria, data
e o acervo ao qual pertencem. Algumas
apresentam contradição entre texto da legenda
e o que é mostrado na imagem. Essas lacunas
dificultam seu uso como fontes históricas.
Além disso, como o manual do professor não
traz subsídios suficientes para o trabalho com
as imagens, seu uso e interpretação ficam sob
a responsabilidade do professor e dependem
de sua sensibilidade.
Na coleção são apresentadas fontes
históricas escritas, chamando-se a atenção
88
para os arquivos, as bibliotecas e os museus
(depositários da documentação histórica),
além de sites na internet voltados para o
conhecimento histórico. Há, também, outras
fontes, como as iconográficas, sítios
arqueológicos e fontes orais. No entanto, nem
sempre as fontes apresentadas são
adequadamente discutidas.
Ao lado das atividades propostas, o
tratamento conferido à construção da
cidadania é o aspecto mais bem-elaborado da
coleção. As discussões remetem à luta pelos
direitos, à responsabilidade social, ao respeito
ao outro e às diferenças em geral. A noção de
tolerância é constantemente lembrada, bem
como o estímulo à convivência social. A
realidade social é apresentada à criança de
forma progressiva, para que ela perceba as
diferenças sociais, raciais e culturais e
compreenda a importância de sua participação
na construção da sociedade
Diversos temas trabalhados na coleção
podem levar o aluno a se situar de forma
consciente na sociedade em que vive, como o
trabalho infantil, a escola, os meninos de rua,
o ambiente, as associações de bairro, as
diferenças culturais e o respeito a elas.
O manual do professor expõe de forma
mais detalhada alguns aspectos relacionados
à proposta teórico-metodológica, centrada na
opção pela História Cultural, embora não
esclareça de forma suficiente a importância
desta historiografia para a aprendizagem.
Descreve dois exemplos de trabalho com
imagens para se obter o conhecimento
histórico, por meio do processo de
desconstrução-construção dos fatos nelas
representados. Sugere que o professor, a partir
desses exemplos, trabalhe com as imagens e
ilustrações presentes no texto didático, sem
contudo desenvolver o método de
desconstrução das fontes iconográficas para
aplicá-lo ao ensino. Por outro lado, as
referências à metodologia do ensino-
aprendizagem, em sentido amplo, também são
apenas incipientes.
A discussão sobre avaliação é restrita, não
havendo sugestões práticas sobre como
avaliar e dar continuidade às atividades
desenvolvidas. Assim, de uma forma geral, o
manual do professor não constitui um
instrumento efetivo que auxilie o docente na
preparação das aulas, no acompanhamento
das atividades ou no processo de avaliação.
Quanto aos aspectos visuais, o livro do aluno
e o manual do professor têm boa impressão e
diagramação, embora registrem-se vários
descuidos na revisão e nas citações bibliográficas.

Em sala de aula
Ao escolher esta coleção, o professor deverá estar disposto a trabalhar com
materiais diversos: revistas, livros, internet, jornais, filmes, vídeos. Também deverá
buscar fundamentação complementar sobre metodologia de aprendizagem e
metodologia apropriada para a utilização de fontes iconográficas na construção
do conhecimento e no ensino de História. Será necessário prestar atenção e tentar
superar os erros de revisão, as simplificações explicativas e as definições pouco
claras no glossário.

HISTÓRIA

89
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
A proposta de ensino-aprendizagem busca o
desenvolvimento das capacidades cognitivas. A
aquisição de conhecimentos está relacionada à
experiência do aluno. As atividades estão adequadas
ao desenvolvimento dos conteúdos, são variadas,
estimulam a socialização e a exploração de noções de
diferença e tolerância. A obra não se atém a uma
Coleção concepção cronológica no desenvolvimento dos

Interagindo e conteúdos. O trabalho com as fontes históricas é

realizado de forma pertinente e o manual do professor
Percebendo o
incorpora as discussões recentes relativas ao ensino-
Mundo -
aprendizagem.
História
Contudo, as matrizes teóricas das propostas
Roseni R. C. Nascimento
Rosiane de Camargo metodológicas relativas ao conhecimento histórico não
Lilian Sourient são explicitadas. Há múltiplas simplificações explicativas,
indicando defasagem em relação à produção
historiográfica recente. Não são abordadas as
Editora Brasil experiências autoritárias da história brasileira, como os
HISTÓRIA

períodos do Estado Novo e da ditadura militar, e a

bibliografia sugerida é insuficiente e pouco atualizada.

A coleção O manual do professor, com 32 páginas,

Os volumes estruturam-se em unidades e
estas em capítulos. As atividades propostas
ao longo dos capítulos estão ordenadas nas
seguintes seções: Agora é com você; Mãos à
obra; Valorizando a memória; Interagindo
com jogos; Observando detalhes;
Trabalhando com texto; Para refletir;
Desenvolvendo atitudes; Cantinho da
curiosidade; Bancando o jornalista;
Representando; Fique por dentro. A
Bibliografia sugerida encerra cada um dos
volumes, que não contêm glossário.
apresenta a mesma estrutura nos quatro
volumes: Por que aprender História?;
Uma proposta para ensinar e aprender
História; Como avaliar?; Conhecendo a obra;
Textos de apoio para o trabalho pedagógico;
Textos que poderão ser trabalhados com os
alunos; Bibliografia consultada e
recomendada.
1ª série (111 p.): 1. Histórias de crianças.
2. Passa o tempo... O tempo passa. 3. Vivendo,
convivendo e aprendendo. 4. O trabalho.
2ª série (111 p.): 1. Vivendo na cidade. 2.
Tempo e trabalho. 3. Convivendo na cidade.

90
 3ª série (112 p.): 1. Gente de cá, gente de
lá. 2. Entre correntes e sonhos. 3. Gente de
todo lugar.
4ª série (80 p.): 1. Vivendo no Brasil
português. 2. Um país em construção. 3.
Construindo a cidadania.
A análise
A proposta de ensino-aprendizagem está
centrada no desenvolvimento das capacidades
cognitivas, com ênfase no “saber fazer”. O
aluno é visto como sujeito construtor, e o
desenvolvimento e a consolidação de
conhecimentos práticos e teóricos adquiridos
estão relacionados à sua experiência. A obra
valoriza a vivência dos alunos, solicitando a
mobilização de seus conhecimentos, bem
como seu posicionamento em relação aos
temas estudados.
É proposta uma forma de aprendizagem
que não se esgota na transmissão de
conteúdos, incentivando a criança a exercitá-
los para que perceba o seu significado, de
forma dinâmica, associados à realidade social.
As sugestões de trabalho com os temas
transversais estão presentes ao longo dos
conteúdos tratados, com ênfase nas questões
relativas a ética, pluralidade cultural, trabalho
e cidadania. As temáticas são desenvolvidas
em torno de noções e conceitos, com destaque
para espaço, tempo, transformação,
permanência, fato e sujeito histórico. Os
conteúdos exploram a posição da criança no
mundo, o trabalho e as atividades humanas,
em suas relações com a natureza. Os objetivos
das várias atividades estão explicitados no
manual do professor.
Há coerência entre a proposta apresentada
e a sua realização na coleção, na medida em
que o texto didático e as atividades propostas
oferecem a oportunidade de trabalhar com as
noções de passado e presente, em geral por
comparação, com utilização da memória e de
ilustrações, para explorar as mudanças e
variações no tempo. Problematizam-se as
relações com e entre lugares, sociedades,
situações, objetos e pessoas.
As atividades e exercícios propostos são
adequados aos conteúdos, noções e conceitos
trabalhados, e sua quantidade é bem dosada.
Utilizados de forma criativa e lúdica, por meio
de jogos e brincadeiras, auxiliam efetivamente
no trabalho docente. São variados, estimulam
a troca e socialização entre os colegas e
contribuem de maneira significativa para
explorar as noções de diferença e tolerância.
Também possibilitam o desenvolvimento das
habilidades cognitivas, práticas e sensoriais.
No que diz respeito à metodologia da
História, o manual do professor inicia-se com
considerações sobre a importância do
aprendizado da História, do seu valor para a
compreensão do presente, indicando os
conceitos de fato, tempo e sujeito históricos
como fundamentais para essa área do
conhecimento. Não há, porém, a explicitação
das matrizes teóricas da metodologia. A
HISTÓRIA
Bibliografia consultada e recomendada é
pequena: não permite identificar esta matriz
e contribui pouco para o aprimoramento dos
conhecimentos do professor e do trabalho com
os alunos.
Do ponto de vista da História, as
concepções adotadas, indicam a compreensão
do conhecimento do passado como sendo
importante para a compreensão e para a
vivência do presente. Os temas, em geral, são
introduzidos a partir do universo do aluno e
vão sendo ampliados por meio de escolhas
que privilegiam alguns dos temas transversais,
como ética, cidadania e diversidade étnico-
cultural. É nesse sentido que os conteúdos,
com freqüência, são relacionados e
articulados à vivência e experiência do aluno.
Tanto nos textos como nos exercícios e
atividades propostos, há cuidado com a
91
 construção gradativa de noções e conceitos e
com a sua historicidade, bem como com as
diferenças entre diversos tempos e lugares.
Constata-se que há coerência entre a
proposta metodológica inferida e a sua
concretização. Observa-se a preocupação com
a noção de processo, que possibilita atingir
graus maiores de abstração na aprendizagem,
assim como o inter-relacionamento e o
diálogo constantes entre presente e passado.
O tratamento das relações presente-passado
tem atenção especial tanto na construção e
apresentação dos textos, quanto nas propostas
de exercícios e atividades a serem
desenvolvidas com os alunos, entrelaçando as
habilidades que vão sendo trabalhadas com o
auxílio do livro didático e do professor.
A cronologia não determina a organização
dos conteúdos, mas ela se faz sentir na
coleção, possibilitando ao aluno localizar-se
constantemente na relação passado-presente.
A coleção, no entanto, permanece nos quadros
da construção tradicional em relação à forma
de apresentação dos conteúdos, aspecto
particularmente marcante no volume da 4ª
HISTÓRIA
série.
A coleção trabalha de forma pertinente
tanto as fontes textuais – documentos oficiais
e outros –, quanto as iconográficas. São
utilizadas ilustrações elaboradas especi-
almente para os volumes, fotografias e
pinturas de diferentes épocas, além de mapas
geográficos e históricos. Além disso, os
alunos são estimulados a produzir desenhos
ou outros materiais como forma de
aprendizado.
Apesar do cuidado no trabalho com a
memória, com a documentação e com
comparação passado/presente, as fontes
iconográficas não estão identificadas
adequadamente. Registram-se também
simplificações explicativas que, embora não
cheguem a comprometer o aprendizado,
indicam uma defasagem em relação à
92
produção historiográfica recente. O problema
se aprofunda no volume da 4ª série, no qual o
tratamento dado à História republicana
brasileira compromete o próprio tema
transversal proposto, centrado na cidadania.
Merecem ressalva, também, o tratamento
sumário e simplista dispensado à Era Vargas
e a ausência de qualquer menção à ditadura
militar – lacuna agravada tendo-se em vista
que o capítulo final do volume apresenta as
noções de democracia e de participação.
O fio que alinhava os diversos volumes é
conduzido pelo tema da cidadania, pela
abordagem e retomada de aspectos relativos
à posição do indivíduo no mundo que o cerca
e pelos diversos conteúdos da História do
Brasil, vistos em sua relação com a cultura
ocidental mais ampla. Enfatizam-se as regras
necessárias à vida em sociedade,
possibilitando um aprofundamento da noção
de cidadania e do respeito às minorias.
Entretanto, não há ênfase suficiente às
diferenças sociais e à idéia de que a
convivência não está isenta de conflito.
Predomina na coleção um tom positivo e
harmônico, embora não seja negado o caráter
desigual da sociedade brasileira ou a
existência da exploração de indivíduos. Isso
ocorre, por exemplo, ao tratar do trabalho
enfocando os direitos da criança e o trabalho
infantil.
O manual do professor fornece indicações
gerais ao docente sobre os pressupostos
pedagógicos relacionados ao ensino-
aprendizagem que norteiam a coleção, sem
fazer referência, contudo, a autores
específicos. Esclarece, porém, que os
conteúdos conceituais, procedimentais e
atitudinais são os facilitadores do
desenvolvimento das capacidades motoras e
afetivas das relações interpessoais e da
inserção social do aluno. Há comentários
gerais a respeito dos objetivos das diferentes
atividades e exercícios propostos, que se
estruturam em seções, constantes em todos
os volumes da coleção. Há orientações e
sugestões de respostas às atividades, grafadas
em azul, inseridas nos textos da reprodução
do livro do aluno. Entretanto, não há
considerações específicas a respeito dos
conteúdos abordados em cada volume. O
manual tampouco fornece indicações sobre a
articulação com outras áreas do
conhecimento.
Vale ressalvar que as sugestões de leitura
arroladas nas últimas páginas do manual e ao
final de cada livro do aluno, são insuficientes
para o aprimoramento da formação e
atualização do professor e para o trabalho com
os alunos. Isto se agrava mais nos volumes
da 3ª e 4ª séries, pois não são sugeridas obras
que contemplem os conteúdos específicos da
História do Brasil abordados nesses livros.
Além de o número de títulos ser diminuto,
não há diferenciação entre sugestões para os
professores e para os alunos. Acrescente-se,
ainda, que no manual não foram incluídas
sugestões de atividades extraclasse, sites e
filmes.
O projeto gráfico da coleção é adequado aos
objetivos propostos: conjuga-se texto e imagem
de forma harmoniosa e há uma dosagem
coerente entre os diversos tipos de linguagem
visual, o que estimula o seu manuseio pelo aluno.
Há deslizes de revisão que, no entanto, não
chegam a comprometer o conjunto da obra.

Em sala de aula
Recomenda-se que o professor esteja atento às lacunas apontadas, especialmente
à ausência dos períodos recentes da História do Brasil. O trabalho com esta coleção
também pode ser aprimorado com a complementação e o enriquecimento da
bibliografia sobre os temas estudados, que devem ser feitos pelo docente.

HISTÓRIA

93
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
O universo próximo do aluno é considerado como ponto
de partida para a aquisição de conhecimentos mais
amplos. O texto didático e as atividades estão
integrados, são adequados à proposta da obra e
organizados de forma a estimular o desenvolvimento
de habilidades. São introduzidas noções e conceitos e
estimuladas habilidades e atitudes importantes para a
construção da cidadania. No manual do professor há
Coleção Novo orientações e sugestões para cada capítulo.
No entanto, a proposta metodológica é apresentada
Tempo -
de forma sucinta e superficial, e sua adequação à
História realização da coleção é apenas parcial. Há um número
Ana Lúcia Lana Nemi Martins reduzido de temas historiográficos, tratados, em geral,
João Carlos Martins
de forma simplificada e desatualizada. Os dois primeiros
volumes, concentram o estudo no cotidiano do aluno,
sem conseguir ampliar adequadamente o universo de
estudo. Nesses volumes, os textos propõem discussões
com certa freqüência, porém não fornecem os subsídios
necessários para seu aprofundamento. Percebe-se
Editora Scipione maior ênfase nas questões vinculadas ao ensino-
aprendizagem do que no conhecimento histórico. A
HISTÓRIA

utilização de fontes textuais é restrita nos volumes da

1ª e 2ª séries.

A coleção Bibliografia pedagógica e Bibliografia

Cada volume da obra está dividido em
capítulos e contém, ao final, Glossário,
Indicações de leituras complementares para
os alunos e Referências bibliográficas.
O manual do professor, com o subtítulo
História: uma proposta de diálogo com o
mundo, desdobra-se nos itens: História em
perspectiva dialógica e interativa; Avaliando
em processo interativo; Orientações e
sugestões para melhor utilização deste livro
em sala de aula. Ao final, apresenta
Bibliografia para o professor, abrangendo
específica sobre os temas abordados na
coleção. À margem do livro do aluno, no
exemplar do professor, encontram-se
orientações a ele dirigidas, grafadas em azul.
Os capítulos contemplados nos livros são:
1ª série (111 p.): 1. Descobrindo amigos e
outras crianças. 2. A história que você traz
para a escola. 3. Você e a sua família. 4.
Moradias. 5. A sua escola. 6. Transportes
públicos.
2ª série (87 p.): 1. A criança e o seu mundo.
2. Conversando sobre férias e viagens. 3.
Viajando antigamente. 4. Orientando-se

94
antigamente. 5. Onde e como estão os índios
hoje? 6. Uma história dos índios do Brasil. 7.
Observando e contando o tempo. 8.
Aprendendo a registrar acontecimentos.
3ª série (111 p.): 1. Histórias de amigos,
jogos e brincadeiras. 2. Histórias de cidades.
3. Cotidianos de trabalho. 4. Histórias de
eleições.
4ª série (111 p.): 1. Histórias de brasileiros.
2. Povos indígenas do Brasil e colonizadores
no Brasil. 3. Negros no Brasil. 4. Imigrantes
no Brasil. 5. Deslocamentos de brasileiros
pelo Brasil. 6. Juntando tudo, tudo...
A análise
A proposta metodológica de ensino-
aprendizagem encontra-se explicitada no
manual do professor, na perspectiva de um
ensino dialógico e interativo com a construção
de conceitos científicos a partir de vivências
do aluno. Essa construção do conhecimento
necessita e incentiva a mediação do professor
no espaço dinâmico da sala de aula. Dessa
forma, enfatiza-se a aquisição de habilidades,
reservando pouco espaço para conteúdos
historiográficos propriamente ditos.
Estas propostas se encontram, em parte,
efetivadas. Considerar o universo próximo do
aluno como ponto de partida para a aquisição
de um conhecimento mais amplo é um dos
méritos da proposta da coleção. No geral, as
atividades são adequadas e organizadas de
forma a estimular habilidades básicas.
A integração entre conteúdos e atividades
é constante, e na sua maior parte colabora para
a realização dos objetivos propostos. Há
estímulo à produção de textos em toda a
coleção, seja por meio textual ou oral
expositivo. Utilizam-se textos de diferentes
autores, às vezes como mote para introduzir
as temáticas.
Indica-se, com freqüência, a realização de
atividades em duplas e em grupos, além das
propostas de diálogo dos alunos com o
professor e com pessoas de sua família e de
suas relações sociais. Estimula-se, também,
o aluno a opinar sobre as temáticas abordadas,
considerando a sua capacidade em aproveitar
o potencial do grupo no qual está inserido.
No entanto, verificam-se lacunas na
adequação às propostas apresentadas. Não se
encontra uma concepção clara de História e
de sua aprendizagem, havendo um número
bastante reduzido de temas historiográficos,
que são tratados, em geral, de forma
simplificada e nem sempre com a propriedade
necessária. Há excessiva referenciação ao
cotidiano do aluno nos dois primeiros
volumes. Nas séries seguintes progride-se
pouco, pois os referenciais para pesquisa
continuam a ser a família, amigos, vizinhos,
o que dificilmente conduz ao caminho para a
construção do conhecimento histórico. No
geral, o texto didático induz discussões sem
fornecer informações suficientes para
alimentá-las, tanto para o aluno como para o
professor, fazendo com que as discussões
HISTÓRIA
acabem por permanecer no nível opinativo.
A pouca ênfase aos aspectos
historiográficos, por sua vez, coloca
problemas de diversas ordens. O tratamento
dado às noções de temporalidade é
excessivamente ancorado em tempos
indeterminados, e mesmo quando alguns dos
acontecimentos citados são datados, eles não
são devidamente historicizados, em especial
nos primeiros volumes. Algumas atividades,
no segundo volume, apresentam problemas
em relação à sua viabilização, ao solicitarem
pesquisas sem oferecem indicações das
possibilidades efetivas de execução. A
quantidade de informações contidas no texto
é pequena e a bibliografia não tem elementos
que dêem resposta aos questionamentos, em
especial quando se trata de história local. No
terceiro e quarto volumes, como as atividades
95
 não propiciam o contato do aluno com
pesquisas historiográficas ou livros didáticos
e/ou paradidáticos que tratem dos temas
trabalhados, os conhecimentos conquistados
se esgotam no universo do conhecido.
Não há explicitação, nem no manual do
professor nem no livro do aluno, da
metodologia da História. É indicado, apenas,
o objetivo de que o aluno ultrapasse os
conceitos espontâneos, iniciando, nas
primeiras séries, a construção de noções que
o ajudem a desenvolver habilidades que o
capacitarão a adquirir o conhecimento
histórico, no decorrer do processo escolar.
Esse encaminhamento dá maior ênfase às
questões vinculadas ao ensino do que ao
conhecimento histórico.
Tal enfoque se realiza a contento nos
volumes 1, 2 e 4. No entanto, o terceiro
volume deixa a desejar, em especial em
relação às noções e conceitos trabalhados no
capítulo 3, em que não há clareza quanto ao
que seja “tempo de natureza”, “tempo do
relógio”, ritmo de trabalho. Ao longo dos
volumes, procura-se trabalhar as noções e os
HISTÓRIA
conceitos propostos no manual do professor
de forma satisfatória, mas notam-se problemas
nos relativos a tempo, espaço, história,
natureza, trabalho, período/duração,
transformação/permanência, presente/
passado/futuro. O texto está isento de
estereótipos, mas contém inúmeras
simplificações no tratamento de conteúdos
históricos.
A utilização de fontes textuais é restrita
nos volumes da 1ª e 2ª séries; são bem
escolhidas para os dois volumes, mas não são
bem trabalhadas no segundo. Nos volumes da
3ª e 4ª séries há um número razoável de textos,
procura-se destacar sua importância como
documento, são bem escolhidos, mas nem
sempre trabalhados de forma adequada.
A abordagem das fontes iconográficas
enquanto documento é melhor que a dos
96
textos, embora não sejam trabalhadas como
produção artística, e o material nem sempre
seja utilizado para exemplificar a construção
do conhecimento histórico. Elas são
adequadas, colaboram para a formação do
educando, além de ajudá-lo a compreender
os temas tratados. As ilustrações elaboradas
especialmente para a coleção são, em sua
maior parte, convencionais, sem criatividade,
não auxiliam na aquisição de novas formas
de conhecimento, contribuindo mais para a
compreensão e apreensão dos conceitos
trabalhados, do que para a problematização
dos temas históricos.
Introduzem-se noções, conceitos,
habilidades e atitudes importantes para a
construção da cidadania, a partir do cotidiano
do aluno, colocando-se em discussão questões
relativas ao ambiente próximo, ampliadas
para o espaço brasileiro e para sua população
e instituições políticas.
Constata-se a ênfase na historicidade de
algumas experiências sociais, como no quarto
volume, em que são enfocados os deslocamentos
de contingentes humanos, abordando-se a
população indígena e a imigração. A abordagem
do contato com a diferença contribui para a
formação da cidadania, bem como para a
formação de opinião, ao estimular a discussão
de questões relativas à convivência de diferentes
povos. No primeiro volume, no entanto, essa
historicidade das experiências sociais não é
enfocada, pois se atém mais às experiências
vivenciadas pelos alunos.
A questão do racismo, do preconceito e
das discriminações é colocada em evidência
no quarto volume, no capítulo referente aos
negros no Brasil. São transcritos versos de
“tradição oral” que, se não forem trabalhados
com cuidado pelo professor e no contexto em
que vêm situados no livro, poderão dar
margem a interpretações equivocadas. No
manual do professor, chama-se a atenção para
a delicadeza dessa matéria.
 O manual do professor dá indicativos de uma
proposta de ensino que considera o livro didático
instrumento para a construção do conhecimento
por alunos e professor, em processo interativo
com o mundo (próximo e distante) e com a
utilização do diálogo constante como forma de
estabelecer um processo dinâmico. Apresenta
os personagens Pedro e Mariana, que expõem a
colocação e o desenvolvimento dos temas, assim
como o Tuig idoso, personagem que acompanha
os alunos como a voz amiga no processo de
aprendizagem.
No item Orientações e sugestões para
melhor utilização deste livro em sala de aula,
aborda cada capítulo, comentando seu
conteúdo, os objetivos que buscam atingir e
os cuidados que o professor deve ter na sua
condução. Há comentários nas orientações e
sugestões para o encaminhamento das
atividades com os alunos, que não estão
isentos de problemas, além de serem
simplificados, colaborando pouco para o
sucesso das atividades. Não constam
sugestões de outros recursos que possam
contribuir para a formação e atualização do
professor.
Há uma relação de livros de conteúdo
histórico no final do manual, indicados como
sendo específicos para a coleção, cuja
incorporação no texto do aluno é pequena.
Nota-se que a abordagem historiográfica está
desatualizada em temas importantes como: a
escravidão e modificações e diferenças nas
moradias, no livro da 1ª série; expansão
bandeirante, referência à denominação
“Brasil” antes de 1500 e deslocamentos da
população, no livro da 4ª série.
Relativamente à edição e aos aspectos
gráficos da obra, não se verificam problemas.
O projeto gráfico é adequado e não impõe
dificuldade quanto ao manuseio e à leitura dos
volumes.

Em sala de aula

HISTÓRIA
Sugere-se que o professor esteja atento às lacunas apresentadas e tenha
condições de supri-las. Supõe-se o acompanhamento constante para que as
atividades sugeridas tenham possibilidade de se concretizar. Como os conteúdos
históricos são pouco enfatizados, o professor precisará buscar complementação
em outras fontes e em bibliografia mais atualizada.

97
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
A proposta de ensino-aprendizagem é inovadora, com
utilização de texto narrativo ficcional como recurso
didático. A interdisciplinaridade e a transversalidade são
valorizadas e diferentes linguagens (iconográfica,
cartográfica, escrita e oral) são trabalhadas. Os exercícios
e as atividades estão bem-formulados e há estímulo ao
debate e à escrita. O aluno é incentivado a compreender
a realidade social. Há incorporação da renovação
Coleção Pensar historiográfica, uma vez que a obra baseia-se na
perspectiva de que todos são sujeitos históricos e utiliza
e Construir -
fontes documentais na construção do conhecimento. A
História maior parte dos conceitos da História está bem construída;
Maria da Conceição C. Oliveira a maioria das habilidades cognitivas é contemplada e
Silas Martins Junqueira
privilegia-se a construção da cidadania.
No entanto, o relacionamento do conhecimento novo
com a experiência do aluno se dá mais nas atividades
do que nos textos. Nas duas primeiras séries, os textos
da seção Cadeira de balanço são muito longos. Alguns
exercícios não estão formulados adequadamente e não
Editora Scipione há orientações para a realização das atividades orais.
Há inadequações na construção de algumas noções e
HISTÓRIA

notam-se simplificações explicativas, presentes em

todos os volumes.

A coleção os personagens que a compõem, as seções e

Cada volume estrutura-se em três
unidades. Essas unidades são subdivididas em
capítulos, que contêm as seções: Cadeira de
balanço; Rota de viagem; Para saber mais;
Refletindo e produzindo com... Ao final de
cada volume, encontram-se os itens: Projetos
interdisciplinares; Glossário; Caminhos on-
line para saber mais; Outras sugestões de
leitura para saber mais; Referências
bibliográficas.
O manual do professor é explicitado em
sete itens comuns a todas as séries: a coleção,
recursos pedagógicos utilizados, notas sobre
a história e seu ensino, a avaliação e projetos
interdisciplinares. Para cada série há itens
específicos: orientações para o desen-
volvimento de cada unidade, o projeto
interdisciplinar, bibliografia específica e
indicação de sites. Nos manuais da 1ª e 2ª
séries também há textos complementares. A
Bibliografia geral é a mesma para todos os
volumes, com Obras de referência e
Sugestões de leitura para o professor.
1ª série (175 p.): 1. Conhecendo nosso
livro e discutindo algumas regras: Todo

98
mundo tem uma história e um lugar; Novos
amigos; Não custa nada... 2. Somos todos
semelhantes, somos todos diferentes: Quem
sou?; Feliz aniversário!; Famílias!; Famílias
no tempo; Registro, logo existo! 3. Conhecer,
cuidar, organizar-se, transformar: Brincadeiras
de rua; A escola nossa de cada dia; Organizar-
se para melhorar o nosso lugar.
2ª série (159 p.): 1. Conhecendo nosso
livro: Todo mundo tem uma história; Viva as
diferenças! Mas que diferenças?; Meu
caderno, minha história. 2. Milagres do povo:
Nossas raízes africanas – parte 1; Nossas
raízes africanas – parte 2; Nossas raízes
européias. 3. Sons, traços, cores e sabores do
Brasil: Nossas raízes indígenas; Saúde pra que
te quero!; Saberes do povo.
3ª série (168 p.): 1. Conhecendo nosso
livro e discutindo algumas regras: Todo
mundo tem uma história, todo mundo tem
saudades; Travessias: de onde eu vim, de onde
você veio?; Eu vou estudar!. 2. Mar de
lágrimas, mar de esperanças, mar de
mudanças: Os primeiros habitantes
descobrem os primeiros estrangeiros; O
comércio de gentes; Álbum de família; Os
povos de um mundo chamado São Paulo. 3.
Eu quero uma terra para viver: A região
amazônica também tem gente e história,
muitas histórias; Os sem-terrinha lutam,
brincam e estudam.
4ª série (167 p.): 1. Conhecendo nosso
livro e discutindo algumas regras: Todo
mundo tem uma história pra contar; As
pessoas fazem a história, as pessoas mudam
o rumo da história; Dialogar é preciso. 2. A
cara do Brasil não cabe num verbete:
Conservar o planeta para proteger a vida;
Abolição: uma história feita por negros e
brancos; A face do campo. 3. A cara do Brasil
não cabe num verbete: Uma história sobre
tempos e datas; Aprender a conviver, aprender
a transformar a dura realidade; Tempo de
solidariedade.
A análise
A metodologia de ensino-aprendizagem,
explicitada no manual do professor, manifesta
cuidado com a interdisciplinaridade e com a
transversalidade. São criados personagens
fictícios, presentes em toda a coleção, que
representam a grande diversidade social,
política, econômica e cultural da população
brasileira. Propõe-se formar um aluno capaz
de ler e analisar as diferentes formas de
escrita, inclusive a iconográfica, habilitando-
o a refletir e debater criticamente o seu
cotidiano.
Constata-se coerência entre a proposta da
metodologia de ensino-aprendizagem e sua
efetivação na obra. O trabalho com as
linguagens iconográfica, cartográfica, escrita
e oral é estimulado, com o objetivo de
desenvolver no aluno a capacidade de
compreender e de utilizar diferentes textos e
práticas de linguagem. Observa-se, nos
volumes da 3ª e 4ª séries, o respeito à
capacidade cognitiva dos alunos quanto à
complexidade e especificidade do conteúdo.
HISTÓRIA
Nas séries iniciais, no entanto, os textos muito
longos da seção Cadeira de balanço podem
dificultar a atenção do aluno e,
conseqüentemente, sua compreensão.
Em todos os volumes é possível identificar
o cuidado em atingir níveis mais amplos de
abstração e de generalização por meio de
linguagens variadas, de atividades e do
conteúdo explicativo, que incentivam a
imaginação da criança. Diferentes estratégias
são utilizadas para auxiliar o aluno a
compreender a realidade social. Observa-se,
ainda, que o conhecimento novo é relacionado
à experiência da criança, em especial nas
atividades. O Glossário auxilia no
entendimento de palavras desconhecidas,
destacadas no texto em vermelho. Além disso,
são colocados desafios para que o aluno
explore as próprias habilidades. A proble-
99
 matização do passado e do presente está bem
construída em todos os volumes.
Algumas passagens, no livro da 2ª série,
como a que aborda as diferenças culturais
entre os diversos povos africanos ou a que
trata das religiões praticadas no Brasil, são
bastante complexas. É pouco provável que o
aluno dessa série tenha capacidade cognitiva
para processar essas informações, que exigem
um amplo grau de abstração e generalização.
Além disso, em todos os volumes foram
identificadas simplificações.
De modo geral, as atividades e exercícios
auxiliam na realização dos objetivos
propostos: promovem a articulação entre os
diferentes conteúdos, possibilitam o
desenvolvimento das várias habilidades
cognitivas, estimulam a capacidade de debater
problemas e, em toda a coleção, incentivam a
produção de texto.
Registram-se, no entanto, alguns exercícios
formulados de maneira pouco clara, para os
quais nem sempre é possível obter respostas.
Dado o grau de dificuldade que apresentam,
não auxiliam na realização dos objetivos
HISTÓRIA
propostos. Além disso, não há orientações de
como realizar as atividades orais.
Na apresentação da metodologia da
História, presente no manual do professor,
chama-se a atenção para a necessidade de
problematizar contextos históricos nos quais
grupos sociais menos favorecidos foram
excluídos, e para a importância de considerar
o sujeito comum como agente construtor da
história. A partir de um tema, o aluno deve
ser capaz de selecionar informações
relevantes de uma fonte histórica. O objetivo
é a formação da identidade do aluno como
sujeito social competente, a preservação da
memória histórica como patrimônio de sua
trajetória e seu entendimento como cidadão
atuante e responsável.
Observa-se a incorporação da renovação
historiográfica na abordagem das imagens
100
como fontes documentais, na percepção da
história enquanto construção, na ampliação
da noção de sujeito histórico. Tal renovação
também se evidencia na inclusão de temas
relativos à história africana e à história dos
povos indígenas não como grupos sociais
marginalizados, mas como povos que têm
direito à memória e à história. A bibliografia
é recente e atualizada.
A maior parte dos conceitos que embasam
o conhecimento histórico estão bem
construídos. No entanto, há conceitos
trabalhados de forma inadequada, como
tempo, história, sujeito histórico, natureza,
poder e futuro.
Nos volumes da 1ª e da 2ª série, discutem-
se fontes textuais, tanto no manual do
professor quanto no livro do aluno. Esse tema,
no entanto, encontra-se disperso no manual
do professor e pouco explorado no livro do
aluno da 3ª série, e está completamente
ausente no quarto volume. Por outro lado, as
informações sobre o tratamento e utilização
de fontes iconográficas são precisas em todos
os volumes. Alerta-se para o fato de que as
imagens não têm função apenas ilustrativa,
mas devem estar contextualizadas e integradas
ao texto. Dessa maneira o aluno é auxiliado a
examiná-las e a mobilizá-las como fonte de
conhecimento. Em várias passagens,
problematiza-se a história a partir de imagens.
Contudo, na maior parte das vezes, as
imagens criadas para o livro não auxiliam na
leitura e na compreensão do texto e não levam
o aluno a problematizar os conteúdos
históricos. Além disso, várias imagens são
muito pequenas ou têm resolução pouco
nítida, o que compromete a pretendida
interlocução texto-imagem. Algumas
ilustrações não apresentam títulos, legendas,
créditos ou época de produção e autoria. No
Glossário, ao final dos volumes, algumas
palavras estão acompanhadas de ilustrações,
mas nem todas com referências completas.
 Na seção Para saber mais, são indicadas
obras da literatura infantil sobre as temáticas
abordadas, mas a maioria delas não traz a data
de publicação e o local de edição.
A construção da cidadania está contem-
plada em toda a coleção. O objetivo é levar o
aluno a refletir sobre o preconceito de gênero,
a valorizar as ações coletivas na conquista de
melhorias, a respeitar as diferenças, a fazer
valerem os direitos e os deveres consti-
tucionais, e a lutar contra o racismo, a
discriminação e o preconceito. O convívio
social é constantemente estimulado, assim
como a tolerância e a liberdade.
O manual do professor é bem-elaborado e
contém as informações necessárias para que
o docente desenvolva seu trabalho em sintonia
com as propostas metodológicas. Em cada
volume, são encontradas propostas para o
desenvolvimento de projetos interdisci-
plinares, acompanhadas de orientações e
sugestões quanto à articulação dos conteúdos
entre si e com outras áreas do conhecimento.
Há informações adicionais que auxiliam no
trabalho em sala de aula, sugestões de sites,
de CDs de histórias e canções, e uma lista de
vídeos, entre outros. A bibliografia é
diversificada e contempla obras historio-
gráficas sobre ensino-aprendizagem. São
apresentadas sugestões de atividades para os
alunos e também de algumas leituras
adicionais. No entanto, não há explicitação
dos objetivos das atividades orais.
No item Repensando a avaliação propõe-
se a avaliação diagnóstica e formativa.
Verifica-se, no entanto, que as sugestões são
gerais e sem a devida explicação sobre como
realizá-las.
O projeto editorial da obra deixa a desejar.
Há muitos erros de impressão e de revisão.
Há páginas que quebram o ritmo da leitura,
pois algumas trazem apenas imagens, outras
apresentam somente atividades e exercícios
ou apenas mapas, o que pode desestimular o
manuseio e a leitura dos livros. Encontram-
se várias referências bibliográficas
incompletas.

HISTÓRIA
Em sala de aula
O professor que optar por esta coleção deve utilizar as vantagens pedagógicas
do trabalho com fontes textuais e iconográficas. No entanto, é fundamental estar
atento aos erros de revisão no livro do aluno e corrigi-los oportunamente.
Para uma boa realização das atividades interdisciplinares, sugere-se ao docente
entrar em contato com os colegas de outras disciplinas. O trabalho será enriquecido
caso a instituição escolar tenha à disposição dos professores e alunos
equipamentos para projeção de vídeos e para a consulta de sites na internet.

101
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
A metodologia de ensino-aprendizagem adotada está
claramente explicitada na coleção. Observa-se coerência
entre o desenvolvimento dos conteúdos e a proposta
metodológica, que é expressa em atividades e exercícios
diversificados. As atividades e textos possibilitam a
construção da cidadania, levam o aluno a refletir sobre
a realidade brasileira e incentivam sua participação nas
experiências sociais. Recorre-se com constância à
relação presente-passado-futuro, ao estímulo à
Coleção Trilhos produção de textos, ao contato e à interpretação de
e Trilhas - fontes documentais, sejam elas textuais ou
História iconográficas. O manual do professor fornece indicações
Jane A. Gasparotto Fernandes
para o trabalho didático.
Maria Ângela B. Salvadori Percebe-se, contudo, poucos recursos que contribuam
para a formação e atualização do professor e escassas
sugestões de leitura complementar para os alunos.
Algumas atividades, mesmo sob a supervisão do
professor, são de difícil execução. Não há indicações
para o tratamento crítico da documentação coletada,
nem sobre a natureza das diferentes fontes
Editora Saraiva documentais. A falta de nitidez de algumas ilustrações
e a ausência de legendas e indicações que as
HISTÓRIA

contextualizem dificultam sua utilização como

documento histórico.

A coleção destinado ao professor, relativas aos

A obra estrutura-se em capítulos
destacados por cores tanto no sumário quanto
no corpo de cada volume. Para cada série, no
final, há uma seção denominada
Encerramento, que conclui o trabalho letivo
com uma canção e com propostas de
atividades lúdicas.
O manual do professor é o mesmo para
todos os volumes. Contém 16 páginas e está
dividido em Apresentação e onze itens. Além
das matérias contidas 11 itens, há orientações
escritas em cor vermelha, no exemplar
procedimentos didático-pedagógicos suge-
ridos para trabalhar os diversos tópicos e
atividades em cada capítulo.
1ª série (80 p.): 1. Você; 2. Você e as
pessoas; 3. Você e o tempo; 4. Sua casa e sua
escola; 5. Os seus direitos.
2ª série (80 p.): 1. Você, sua rua e seu
bairro; 2. Olhando ao seu redor; 3.
Trabalhadores que fazem o nosso dia-a-dia;
4. Transformando o mundo e as pessoas: o
trabalho; 5. O trabalho infantil.
3ª série (78 p.): 1. Conhecendo nossos
municípios e estados; 2. Problemas de grandes

102
e pequenos municípios; 3. O município e sua
história; 4. A política; 5. O meio ambiente e
nós.
4ª série (79 p.): 1. Aprendendo sobre os
índios; 2. Chegam os europeus; 3.
Trabalhadores escravos no Brasil; 4. Do fim
da escravidão aos nossos dias: o trabalho
assalariado; 5. Direitos de todos nós.
A análise
A proposta de metodologia do ensino-
aprendizagem pauta-se pelo desenvolvimento
integral do aluno e de seu pensamento, para
possibilitar a sua localização no mundo de
forma crítica e participativa, bem como pela
realização de exercícios e operações
considerados fundamentais para o trabalho
historiográfico, especialmente a leitura e a
interpretação. Parte-se do pressuposto de que
os alunos devem construir os conceitos
fundamentais para o saber histórico.
As orientações metodológicas, todavia,
não estão suficientemente embasadas nas
referências teóricas, nem alcançam o
aprofundamento desejado. Apesar disso, a
realização da proposta se dá de modo coerente
no conjunto da obra. Observa-se um cuidado
permanente com a construção das noções
fundamentais para o estudo da História.
A participação ativa do aluno na
construção do conhecimento é estimulada
pela ênfase dada à leitura, interpretação e
compreensão de textos, observação e análise
de fontes históricas textuais e iconográficas.
Busca-se constantemente o estabelecimento
das relações entre o presente e o passado,
como também a discussão em grupos dos
dados e conclusões obtidos. As atividades
estimulam o aluno a investigar aspectos
relacionados a sua vida, a pesquisar
informações adicionais ao texto, a confrontar
os conhecimentos adquiridos com aqueles
obtidos por seus colegas. São também
valorizadas a investigação pessoal e autônoma
do educando e a cooperação promovida pela
troca do resultado da investigação em
trabalhos de grupo.
O conteúdo apresentado é composto pela
interação entre texto didático, textos
complementares e documentos, imagens e
atividades. Esse conjunto favorece o
desenvolvimento das habilidades cognitivas,
especialmente de observação, compreensão,
argumentação e comparação basicamente por
meio das ilustrações.
Toda a coleção é marcada por um elevado
número de atividades. Estas são diversificadas
e criativas, levando o aluno a observar
imagens com a finalidade de identificar
transformações e permanências, semelhanças
e diferenças, a consultar documentos escritos
e a realizar entrevistas, a desenvolver a
criatividade e a sintetizar idéias. As atividades
auxiliam na construção das noções
fundamentais para o aprendizado da História,
assim como favorecem a articulação entre os
diferentes conteúdos tratados. A produção de
HISTÓRIA
textos é valorizada, sugerindo-se em alguns
casos que os textos sejam elaborados
coletivamente, como forma de integrar os
alunos.
No volume da 1ª série, as atividades são
em maior número do que os textos,
alcançando-se um equilíbrio entre ambos nos
volumes seguintes. Nestes, o elevado número
de exercícios e de atividades não prejudica o
ritmo da obra. Alguns deles, porém,
apresentam problemas em sua opera-
cionalização e por esse motivo são fornecidas
sugestões ao professor de como amenizá-los.
De maneira geral, a proposta de resolução das
atividades e exercícios incentiva a produção
de textos.
A coleção é elaborada de modo a permitir
que o aluno alcance níveis cada vez mais
amplos de abstração e generalização. Verifica-
103
 se a preocupação de que a criança possa
compreender a realidade social pela reflexão
sobre os problemas da sociedade brasileira
contemporânea. No volume da 1ª série,
entretanto, os problemas de natureza social
se limitam à “boa vontade” dos indivíduos em
colaborar com as pessoas, o que desvirtua a
visão estrutural ou sistêmica dos problemas
sociais.
Os conteúdos são introduzidos e ensinados
sempre em conexão com a experiência
concreta dos alunos. A relação passado-
presente é problematizada de maneira
pertinente por meio de exercícios que visam
à comparação de determinada realidade do
passado com outra do presente.
Na proposta relativa à metodologia da
História, são feitas considerações sobre
tempo, espaço, acontecimento e sujeito
históricos, inserindo essas reflexões nos
quadros das proposições mais recentes da
historiografia. A transformação surge como
uma categoria central, pois é ela que confere
à história o seu caráter processual e dinâmico,
permitindo o vislumbre das continuidades.
HISTÓRIA
A proposta metodológica é executada de
modo adequado ao longo da obra. Há ênfase
na construção progressiva dos conceitos de
tempo, espaço, acontecimento e sujeito
históricos. Observa-se o uso de uma ampla
variedade de fontes históricas, iconográficas,
textuais ou orais na transmissão dos
conteúdos. A transformação, tão valorizada
na proposta, é um aspecto permanente do
processo de ensino-aprendizagem. A
dimensão crítica da História se encontra
igualmente contemplada, favorecendo de
modo adequado a construção da cidadania.
Nesse processo de reconstrução da
história, estimulam-se a leitura, a análise e a
interpretação de fontes históricas (textuais e
iconográficas), propiciando o estabelecimento
das relações entre o presente e o passado, a
construção significativa dos conceitos de
104
cultura, diversidade cultural, escravidão,
trabalho, resistência, o que revela a
incorporação da renovação historiográfica.
No entanto, apesar do cuidado com a narrativa
histórica, encontram-se diversas simpli-
ficações explicativas.
Ao longo dos quatro volumes são
apresentadas diversas e variadas fontes
textuais e iconográficas. Entre as imagens, a
fotografia é a mais utilizada como documento
histórico, embora algumas vezes os créditos
e legendas não estejam completos, o que
restringe sua utilização como fonte. Esta
situação é mais expressiva nos livros da 2ª e
3ª séries. As ilustrações auxiliam na leitura e
compreensão dos textos, como também se
constituem em uma forma particular de
fixação do conteúdo, uma vez que os alunos
são solicitados a desenhar ou colar no caderno
imagens relacionadas ao assunto tratado, ou
a realizar exercícios de interpretação.
Os aspectos que envolvem a construção
da cidadania estão presentes na coleção, tanto
no texto básico quanto nos exercícios. Há o
cuidado de discutir as experiências sociais do
aluno, refletindo sobre sua existência e a das
pessoas de seu convívio próximo, procurando,
por meio do exercício contínuo de
historicização dessas relações, ampliar a
compreensão dos aspectos estudados. Além
disso, a diversidade de experiências humanas
é abordada com respeito e interesse, alertando
contra a discriminação e o preconceito.
No manual do professor, é explicitada a
articulação entre as propostas teórico-
metodológicas e as estratégias utilizadas na
elaboração de cada livro da coleção. Para cada
volume são traçados os objetivos gerais e, para
cada capítulo, os objetivos específicos, de
acordo com os conteúdos a serem trabalhados.
Ao lado dos objetivos específicos, encontram-
se os aspectos procedimentais, conceituais e
atitudinais envolvidos no processo de ensino-
aprendizagem da disciplina. Apesar disso, não
estão explicitadas as articulações entre os
diferentes conteúdos, uma vez que o quadro
é muito esquemático, exigindo que o professor
estabeleça as relações entre os conteúdos a
partir dos objetivos descritos.
O manual fornece indicações para o
trabalho didático, com bibliografia específica
para cada tópico trabalhado no livro do aluno,
além de títulos relacionados ao ensino da
História, à renovação historiográfica, à
educação e à avaliação. Nele se discute a
necessidade de adequar a avaliação à proposta
de trabalho presente na obra.
A versão do livro do aluno que acompanha
o manual do professor é toda comentada,
contendo informações adicionais que
enriquecem a prática pedagógica. Os docentes
encontram informações para auxiliar no
trabalho com o livro didático, contemplando
tanto aspectos teóricos quanto sugestões de
complementação do conteúdo e de outras
atividades. Não há propostas de trabalho
interdisciplinar, mas simples associações de
temas, uma vez que não existem indicações
precisas sobre como realizar a articulação entre
a História e outras áreas do conhecimento.
Quanto à edição e aos aspectos visuais,
constata-se uniformidade na organização
visual das unidades e capítulos, que seguem
o mesmo padrão em todas as séries. Os
capítulos estão claramente subdivididos e o
sumário possibilita a rápida localização da
informação.
Deve-se ressalvar, no entanto, que a
diagramação do livro não distribui de maneira
equilibrada textos e ilustrações, o que
compromete a legibilidade e o descanso
visual. Dessa forma, as páginas estão muito
carregadas, tornando o manuseio dos livros
cansativo para o aluno, em especial o da 4ª
série, que contém maior quantidade de textos.
A visualização de algumas ilustrações fica
prejudicada por seu tamanho reduzido e por
estarem um pouco esmaecidas.

HISTÓRIA
Em sala de aula
Sugere-se ao professor que, ao utilizar a coleção, procure situar melhor os temas
abordados no seu contexto histórico, fique atento às simplificações explicativas de
alguns textos didáticos e atividades, e auxilie os alunos em pesquisas de difícil
execução.
Na medida do possível, ele deve contextualizar as ilustrações, promover uma
crítica às fontes documentais utilizadas, sugerir atividades em conjunto com outras
disciplinas, esclarecer o significado de alguns termos mais difíceis, já que a coleção
não apresenta glossário, e sugerir leituras complementares para os alunos.

105
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
A coleção explicita de forma precisa os pressupostos
teórico-metodológicos que apresentam o professor como
mediador no processo de ensino-aprendizagem, criam
condições para a formação do aluno cidadão, enfatizam
a construção da identidade do aluno e estabelecem
constantemente a relação do aluno com sua realidade

Coleção social. As atividades, variadas e criativas, incentivam o

Vivência e desenvolvimento de várias habilidades.

Construção - Nos três primeiros volumes, os conteúdos são

História organizados por eixos temáticos, relaciona-se presente-

José Willian Vesentini passado, permanências e transformações, com
Dora Martins Dias e Silva
Marlene Pécora destaque para a presença de fontes/documentos
históricos. Observa-se acentuada atenção na construção
da cidadania e o manual do professor, muito bem-
elaborado, pode auxiliar bastante o docente. No volume
Editora Ática da 4ª série, em flagrante descompasso com o restante
HISTÓRIA

da coleção, a organização e exposição dos conteúdos

históricos seguem um relato linear e cronológico.

A coleção primeira, comum aos quatro volumes, faz-se

Os quatro volumes estão estruturados em
capítulos e seções. Temas específicos do
conteúdo são apresentados nas seções: Sobre
o assunto, Sobre o artista, Sobre o autor, Para
ler e conversar. No volume da 2ª série estão
as seções Para brincar e Aprender fazendo.
Todos os volumes trazem Glossário,
Sugestões de leitura e Referências
bibliográficas.
O manual do professor contém orientações
que procuram facilitar o trabalho em sala de
aula e está dividido em duas partes. Na
uma apresentação da coleção e definem-se os
pressupostos básicos e os objetivos do ensino
de História. Também são apresentadas as
seções que integram cada volume, os ícones
que demarcam as diversas atividades, a
avaliação, as referências bibliográficas para
o professor e as indicações de leitura
complementar para os alunos. Na segunda
parte, há uma seção específica para cada
volume, na qual cada capítulo é apresentado
e comentado quase página a página,
estimulando o professor a aproveitar ao
máximo o texto e as atividades. A versão do

106
livro do aluno para o professor traz nas
margens das páginas comentários e propostas
de trabalho para auxiliar na realização das
atividades e na melhor exploração dos
conteúdos. A proposta metodológica de
ensino-aprendizagem está indicada no
manual.
1ª série (135 p.): 1. Várias maneiras de
ser (Eu e os outros); 2. Qual é a sua história?;
3. Você e sua família; 4. Onde moramos?; 5.
A vida na escola; 6. Os direitos da criança e
do adolescente. Este livro contém ainda um
apêndice intitulado Minha agenda.
2ª série (136 p.): 1. Vivendo e aprendendo;
2. Falando de convivência; 3. Falando de
trabalho; 4. Tempo livre, tempo de lazer; 5.
Mudando ao longo do tempo; 6. Tempo de
cuidar do ambiente.
3ª série (120 p.): 1. O município hoje e
ontem; 2. Diferentes modos de vida; 3. A
formação do povo brasileiro; 4. Outros povos
do Brasil; 5. Os frutos da terra e do trabalho;
6. Direitos humanos, direito de todos.
4ª série (128 p.): 1. Novo Mundo; 2. A vida
nos trópicos; 3. O dia-a-dia nos engenhos; 4.
Pelo Brasil adentro; 5. A Corte portuguesa no
Brasil; 6. No apogeu do café, o fim da
escravidão; 7. Durante a República.
A análise
A coleção tem como proposta oferecer ao
aluno condições para produzir saber e
perceber-se como cidadão, conhecendo sua
realidade, seus direitos e deveres. O
encaminhamento de conceitos inicia-se com
noções simples para chegar à formulação de
noções mais complexas. Os volumes
dedicados à 1ª e 2ª séries têm como grande
eixo temático a História local e do cotidiano;
os volumes da 3ª e 4ª séries desenvolvem
outro grande eixo temático, a História das
organizações populacionais.
A abordagem conceitual parte da realidade
vivenciada pelo aluno e dá ênfase ao seu
conhecimento prévio e à necessidade de ir
construindo aos poucos os conceitos, com a
realização de várias atividades relacionadas
ao temas tratados. A coleção apresenta muitos
recursos didáticos que, na maioria das vezes,
são bem aproveitados na tarefa de construção
do saber histórico pelos alunos. Há o cuidado
constante para que, por meio dos textos e das
atividades, o aluno compreenda sua realidade
social. Em cada volume, buscou-se inserir os
temas transversais – ética, pluralidade cultural
e ambiente. Merece destaque o trabalho com
a interdisciplinaridade, pois, em todos os
volumes, tenta-se desenvolver a integração
com as disciplinas de Geografia, Língua
Portuguesa e Educação Artística. Verifica-se
a inclusão de temas e problemas da atualidade
ao longo de toda a obra.
Nos três primeiros volumes há o incentivo
constante à produção de textos de diferentes
tamanhos, complexidade e gêneros
discursivos. Estimula-se a realização de
debates sobre os temas apresentados,
HISTÓRIA
solicitando-se que o aluno formule hipóteses,
exponha seus pontos de vista e ouça as idéias
dos outros, incitando-o a conviver com as
diferenças de opinião. Há grande quantidade
de ilustrações, para serem observadas,
compreendidas e analisadas. As imagens são
bem exploradas como documentos
iconográficos e desperta-se na criança a
vontade de descobrir novas informações por
intermédio de entrevistas e pesquisas.
As atividades sugeridas são criativas, bem-
formuladas e adequadas à proposta da
coleção, especialmente nos três primeiros
volumes. Possibilitam, assim, o
desenvolvimento de competências e
habilidades diversas: observação,
investigação, análise, síntese, interpretação e
formulação de hipóteses, descrição,
associação e seriação. A atividade mais
107
 marcante nos três primeiros volumes é a da
comparação entre espaços diversos e entre
situações do passado e do presente. O aluno
também é estimulado a perceber as mudanças
e permanências que ocorrem nos diversos
espaços sociais, com o passar do tempo.
O volume da 4ª série, por sua vez,
apresenta diferenças significativas em relação
aos demais volumes da coleção. Entre elas
destacam-se: o tempo linear e cronológico é
o organizador da exposição dos conteúdos e
a concepção de ciclos econômicos permeia o
conteúdo de alguns capítulos, o que destoa
da concepção histórica adotada no restante da
coleção. O capítulo 5 traz uma História
política do Brasil sob a ótica tradicional, com
simplificações explicativas. No capítulo 7,
passa-se abruptamente da Primeira República
para o Brasil atual. Para preencher a lacuna,
é apresentada, no manual do professor, uma
atividade intitulada Cem anos de Brasil,
caracterizada por uma orientação factual da
História. A historiografia mais recente sobre
temas relevantes – como o escravismo – não
está atualizada.
HISTÓRIA
Também no volume da 4ª série, em
algumas atividades o papel de mediador
atribuído ao professor é diminuído; a maioria
das imagens serve como mera ilustração para
os textos e os documentos históricos não são
suficientemente trabalhados. Encontram-se
exercícios deslocados do assunto tratado ou
que apenas solicitam a reprodução de
informações contidas no texto. Embora
estejam presentes em alguns momentos nos
livros de 2ª e 3ª séries, neste volume as
simplificações explicativas são mais
freqüentes, o que pode prejudicar a construção
do saber histórico. A proposta de relacionar o
conhecimento novo com a experiência do
aluno está sensivelmente diminuída em
relação aos volumes anteriores.
Não está explícita qual é a concepção de
História ou a metodologia da História que
108
perpassa a coleção. Apesar disso, a partir da
leitura dos livros do aluno de 1ª a 3ª séries, é
possível depreender uma concepção
relativamente orgânica de História. Nesses
volumes, a cronologia e os eventos políticos
não são os elementos organizadores da
exposição. A cronologia está presente, mas
de uma forma mais complexa, ressaltando-se,
sobretudo, as noções de passado e presente.
A História é apresentada não como um saber
monolítico, estanque, mas como um saber em
permanente construção.
Propõe-se o trabalho com diversos
registros do passado (verbais, visuais,
materiais). Nos três primeiros volumes, as
fontes históricas são apresentadas em forma
de textos curtos e coerentes com a proposta
metodológica e sempre há estímulos para os
alunos interpretá-los.
As fontes iconográficas recebem dois
tratamentos que se mesclam. Em alguns
momentos, a iconografia é usada como mera
ilustração, especialmente no quarto volume.
Na maioria das vezes, porém, as fontes
iconográficas aparecem como instrumento
para a construção do saber histórico. Neste
caso, as imagens desempenham papel
fundamental na problematização dos
conteúdos apresentados e, muitas vezes,
estimulam o aluno a ir além do tema abordado.
Em diversas passagens, os autores colocam
lado a lado fotografias de outras épocas e
imagens do presente para discutir mudanças
e permanências.
Cada volume contém, no final, um
Glossário, que define o sentido das palavras
grifadas em vermelho nos textos. Os volumes
fornecem indicações de leitura complementar,
tanto no livro do aluno quanto no manual do
professor.
A obra pode contribuir para a construção
da cidadania. Há uma visível preocupação
com o desenvolvimento de princípios básicos
de convivência social pelos alunos. Incentiva-
se o estudante a pensar acerca das
desigualdades existentes na sociedade, dos
direitos da criança (em especial o problema
do trabalho infantil), dos direitos humanos em
geral, do respeito à diversidade cultural, da
questão ambiental e da importância da
consciência ecológica. As sugestões de
atividades auxiliam no desenvolvimento da
cooperação, do respeito mútuo e da aceitação
de pontos de vista divergentes. Neste mesmo
sentido, a coleção aborda a diversidade das
experiências humanas com respeito e
interesse, evitando privilegiar membros de
uma camada social ou os habitantes de uma
só região do País.
No manual do professor, enfatiza-se a
importância dos conteúdos a serem trabalhados,
dos temas transversais e da interdisciplinaridade,
além de propor-se uma análise a respeito do que
seria o conhecimento prévio do aluno e a
relevância do trabalho com hipóteses. Analisam-
se os recursos didáticos da coleção e fornece-se
explicação a respeito do uso do Glossário. É
feita referência à avaliação da aprendizagem,
em que se defende a avaliação contínua e a
Não há, entretanto, uma apresentação mais
detida a respeito da concepção de História
adotada na obra, tampouco uma apresentação
dos caminhos atualmente trilhados pela
disciplina, o que poderia contribuir para a
formação do professor. A segunda parte do
manual, voltada especificamente para o
conteúdo e para as atividades propostas em cada
volume, fornece orientações para que o
professor possa articular os conteúdos de cada
capítulo entre si e com procedimentos mais
amplos, que extrapolam o livro do aluno – o
que se constitui num importante instrumento
para o trabalho didático.
O projeto gráfico foi elaborado de forma
pedagógica e auxilia no trabalho do aluno na
construção do saber histórico. Os livros
apresentam divisão bastante equilibrada de
títulos e subtítulos e de imagens e textos,
especialmente nos três primeiros volumes da
coleção. No primeiro volume, os mapas estão
muito pequenos, considerando-se a faixa
etária dos alunos, o que prejudica e dificulta
a leitura. As referências bibliográficas das
indicações de leitura não estão completas ou

HISTÓRIA
observação sistemática das produções do aluno. fogem dos padrões convencionados.

Em sala de aula
Como mediador na construção do saber pelo aluno, o professor tem a possibilidade
de aproveitar as indicações contidas na parte específica do manual do professor e
nas anotações laterais em azul nos textos que reproduzem os livros dos alunos.
A utilização do volume de 4ª série requer cuidados adicionais, como, por exemplo,
trabalhar de forma crítica os conteúdos apresentados, complementando-os.

109
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
As atividades e os exercícios propiciam o
desenvolvimento de habilidades cognitivas e o aluno é
solicitado a escrever textos. São utilizadas variadas
fontes escritas e iconográficas e incentiva-se a
construção da cidadania. O manual do professor fornece
orientações para auxiliar o docente no desenvolvimento
dos conteúdos e os aspectos visuais demonstram bom
padrão de qualidade.
Coleção Viver e
Contudo, a proposta metodológica não é explicada de
Aprender forma articulada. Constata-se simplificação excessiva
História dos textos e dos conteúdos, os documentos textuais
Anselmo Lázaro Branco são pouco trabalhados e as ilustrações não são
Elian Alabi Lucci
contextualizadas. Além disso, os conceitos e categorias
próprias do conhecimento histórico não são construídos
de forma adequada. Assim, a preocupação com a
construção da cidadania não se realiza plenamente, em
conseqüência das simplificações presentes nos textos
e da falta de historicidade das experiências sociais. No
Editora Saraiva
manual do professor não são feitas referências a autores
HISTÓRIA

que dêem sustentação à metodologia do ensino-

aprendizagem.

A coleção metodológica da coleção, Objetivos gerais da

Os volumes estruturam-se em unidades
com as seguintes seções: Para começar, Texto
base, Conhecendo melhor as palavras,
Documentando, Para terminar e Para saber
mais, com sugestões de livros e/ou sites para
consulta dos alunos.
O manual do professor, com 16 páginas,
contém uma parte geral, comum aos quatro
volumes, e uma parte específica. A parte geral
é composta das seções: O ensino de História
nas séries iniciais do Ensino Fundamental,
Estrutura do manual do professor, Proposta
coleção, Apresentação dos volumes, Estrutura
das unidades, Sugestões de procedimentos
docentes, Atividades de enriquecimento do
dia-a-dia do professor, Formas de avaliação,
Sugestões de trabalhos nos níveis local e
regional, Sugestões de sites e revistas para
consulta e Bibliografia. A parte específica traz
orientações para cada uma das séries.
1ª série (80 p.): 1. Você; 2. Você e sua
família; 3. Você e sua casa; 4. Você e sua
escola; 5. O seu tempo e outros tempos.
2ª série (80 p.): 1. A minha história e a
história da família; 2. Os documentos e suas

110
histórias; 3. Do que precisamos para viver; 4.
Ruas e Bairros: Diferenças no tempo e no
espaço.
3ª série (80 p.): 1. História e município; 2.
História e poderes nos municípios; 3.
Convivendo em sociedade e construindo uma
história; 4. Vida e trabalho nos municípios.
4ª série (112 p.): 1. Os primeiros povos da
América e os índios do Brasil; 2. A conquista
portuguesa e os primeiros contatos com os
índios no Brasil; 3. Trabalho, sociedade e
produção no Brasil Colonial; 4. Economia e
sociedade no Brasil Imperial e Republicano.
A análise
A proposta de ensino-aprendizagem é
entendida como uma série de procedimentos
que valorizam o aluno como sujeito do
processo de ensino-aprendizagem, supondo-
o participante na elaboração e reelaboração
do conhecimento. A experiência do estudante
é colocada como ponto de partida e o
levantamento de problemas, apontado como
um dos passos a serem priorizados no
processo de aprendizagem. Destaca-se, ainda,
a importância do encadeamento lógico das
idéias, com o desenvolvimento do conteúdo
a partir de situações concretas, próximas das
experiências dos educandos, resgatadas por
meio de questionamentos e diálogo com os
colegas e com o professor. Há ainda o
compromisso de promover a interdisci-
plinaridade, bem como o de trabalhar com os
temas transversais.
Os conteúdos dos livros são apresentados
por meio de textos curtos, em linguagem
simples e de fácil compreensão, com
ilustrações e fotos, de maneira a possibilitar
que o aluno estabeleça relações entre as
informações e amplie, de forma gradativa,
seus referenciais de observação e
compreensão do mundo social. Os conteúdos
são retomados a cada nova unidade, a fim de
dar continuidade aos temas já trabalhados.
Entretanto, a coerência entre a proposta
metodológica e a elaboração da obra é apenas
parcial. Como alguns conteúdos históricos
estão muito resumidos e a relação entre
contextos e sujeitos históricos é deficiente,
encontra-se dificuldade para o entendimento
de processos mais complexos, o que impõe
complicações ao levantamento de hipóteses
e à possibilidade de uma posição crítica em
relação à realidade social. O propósito de
iniciar o conteúdo novo a partir da realidade
próxima do aluno dilui-se no livro da 4ª série,
e muitos dos objetivos apresentados no início
das unidades não são trabalhados de forma
sistemática. São observadas lacunas,
simplificações excessivas dos textos didáticos
e interrupção na seqüência da apresentação
dos fatos da História do Brasil, o que pode
comprometer a compreensão do processo
histórico.
As atividades e exercícios propiciam o
desenvolvimento de habilidades cognitivas.
As sugestões de pesquisa, de confecção de
HISTÓRIA
cartazes, de entrevistas, entre outras,
contribuem para que o aluno aprenda a
observar, a procurar a informação, a organizar
os dados e a apresentar os resultados com
criatividade. Pretende-se que as informações
sobre os fatos históricos sejam obtidas a partir
da realização das atividades. Porém, os
objetivos que dependem de inserções no
processo histórico e de maior rigor
metodológico e conceitual – como
compreender a diversidade cultural, as
mudanças e permanências, as semelhanças e
diferenças – não são conduzidos de forma
adequada nas atividades propostas.
A metodologia da História tem como
pressuposto uma nova visão do ensino da
disciplina que se vincula às questões sociais,
culturais e do cotidiano, à história local e à
preservação do patrimônio histórico, com o
111
 objetivo de desenvolver no aluno uma postura
crítica em relação ao meio em que vive. Mas,
embora aponte para questões historiográficas
relevantes, essa metodologia não é formulada
de maneira articulada. As referências sobre a
abordagem dos conteúdos e sobre os objetivos
da disciplina estão baseadas nas orientações
fornecidas por documentos oficiais, com
destaque para os conteúdos relativos à família,
ao bairro ou à cidade, centrados nas relações
temporais e sociais. A coleção propõe-se a
trabalhar com a relação presente-passado,
além de priorizar o uso de fontes documentais
que permitam a leitura, a análise e a
interpretação das realidades de diferentes
tempos e lugares.
A coerência entre a proposta e sua efetiva
realização é apenas parcial. As fontes textuais
contidas nos livros da coleção são constituídas
por textos literários, periódicos com caráter
informativo, alguns extraídos de livros
paradidáticos de cunho historiográfico, e por
letras de música popular. No entanto, esses
diferentes documentos textuais são pouco
trabalhados. As ilustrações não são contex-
HISTÓRIA
tualizadas e muitas não trazem legenda, o que
compromete seu uso como fonte. No livro da
3ª série, não há documentos de época nem
transcrição de outros documentos oficiais. As
atividades procuram explorar os textos, mas
várias delas solicitam apenas transcrição de
trechos, sem sua necessária interpretação ou
análise.
As fontes iconográficas são constituídas
por reproduções de pinturas e desenhos, de
cartazes de propaganda, de objetos
representativos da cultura e do patrimônio
histórico. A grande maioria está adequada aos
conteúdos trabalhados, o que auxilia na
compreensão dos temas e amplia perspectivas
interpretativas. Apesar disso, não há nenhum
roteiro para a observação e análise dessas
ilustrações, ou legendas que as
contextualizem no tempo e no espaço. As
112
gravuras que representam índios, homens pré-
históricos e o cotidiano da sala de aula são
bastante estereotipadas.
Os conceitos e categorias históricas que
caracterizam o trabalho com a disciplina
História – como tempo, espaço, sociedade,
poder, sujeito histórico, cultura, transformações
e permanências, relações entre passado e
presente – demonstram problemas de diversas
ordens. Além disso, foram registradas ao longo
da coleção várias simplificações explicativas.
Há uma abordagem voltada para a
construção da cidadania nas atividades, mas
de modo geral os textos são bastante genéricos
e as questões sociais são indicadas como
problemas que sempre existiram. Neste
contexto, não são trabalhadas as experiências
de luta, conquistas e transformações. No
conjunto do texto didático, a historicidade das
experiências sociais fica comprometida, pois
os fatos históricos são apresentados como
acabados. Os problemas sociais, quando
aparecem, não são acompanhados de dados
históricos que os contextualizem. Os temas
fundamentais para a discussão da cidadania
não constam nos textos didáticos, mas surgem
apenas em pequenas observações feitas ao
professor na reprodução do livro do aluno.
Cabe ao professor abordar os conflitos,
problematizá-los e criticá-los.
Por outro lado, percebe-se o respeito à
diversidade das experiências humanas. O
aluno é estimulado a trabalhar em duplas e
em grupos e a fazer entrevistas. Desta forma,
é incentivado a desenvolver a cooperação e a
aceitação de distintos pontos de vista. Os
diferentes grupos sociais ou étnicos são
enfocados pela diversidade cultural, mas está
ausente a luta por direitos e igualdades ao se
tratar dos índios e dos negros, das crianças
que trabalham, do êxodo rural, do trabalhador
industrial.
No manual do professor, constata-se a
ausência de referências a autores que dêem
sustentação à metodologia do ensino-
aprendizagem. Tampouco se discutem os
caminhos teórico-metodológicos seguidos
pela História. No que diz respeito à disciplina,
são transcritos, sem qualquer acréscimo ou
esclarecimento, trechos de documentos
oficiais.
O conteúdo e a estrutura dos volumes são
explicitados, há sugestões de estratégias e
procedimentos que facilitam o processo de
ensino-aprendizagem, mas não é apresentada
reflexão sobre o papel do professor na prática
pedagógica. De modo geral, as possibilidades
de aprendizagem dos alunos são pouco
discutidas e não chegam a orientar o professor
em sua prática.
Na parte específica que aborda as unidades
de cada série, o manual traz orientações para
o desenvolvimento dos conteúdos e ajuda o
professor a perceber a articulação temática.
Há, ainda, sugestões concretas dentro de uma
concepção de avaliação continuada e de auto-
avaliação. Ao final há sugestões de leitura de
alguns poucos livros com assuntos mais
específicos.
funções transferidas para o professor. Isto nem
sempre supre as lacunas históricas, uma vez
que, para o professor que não tem formação
específica, as indicações não são suficientes.
No manual, tampouco são discutidos os
conteúdos procedimentais, ou seja, as
atividades não estão vinculadas ao
aprendizado do como fazer. Desta maneira,
procedimentos fundamentais para formar o
pensar histórico transformam-se em meras
tarefas desvinculadas dos objetivos da
disciplina.
Tanto a edição quanto os aspectos visuais
da coleção apresentam bom padrão de
qualidade. O sumário permite a localização
dos temas e dos diferentes conteúdos e as
referências bibliográficas são apresentadas de
forma correta. Há unidade visual, ritmo e
continuidade. O layout e os conteúdos estão
integrados, o que estimula o manuseio e a
leitura dos livros. As ilustrações estão bem
distribuídas, de modo a formar um conjunto
equilibrado, com boa qualidade de impressão.
Vale destacar que há diferença de qualidade
de impressão e de papel entre os livros da

HISTÓRIA
A contextualização histórica dos temas e coleção: o da 1ª série é inferior aos das demais
a apresentação de argumentos analíticos são séries.

Em sala de aula
O professor que escolher esta coleção deverá recorrer a textos complementares,
para ampliar e enriquecer as informações contidas nos textos didáticos, que são
genéricos, lacunares e pouco críticos.
Merece cuidado especial a orientação das atividades, a partir das quais é feita de
elaboração dos conteúdos de História. O professor deve ainda destinar orientações
mais precisas sobre o uso das fontes textuais e iconográficas, para que elas possam
ser utilizadas na construção do conhecimento histórico

113
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
A proposta de ensino-aprendizagem apresenta-se de
forma clara na coleção. Todos os livros exploram fontes
iconográficas, enquanto as fontes textuais são
apresentadas nos volumes da 3ª e da 4ª séries. São
utilizadas diferentes linguagens visuais e as ilustrações
estão integradas ao texto didático. Incentiva-se o respeito
à ética e prática da cidadania, principalmente nos livros
de 3ª e 4ª séries.
Coleção Viver é
O manual do professor fornece comentários sobre os
Descobrir - conteúdos dos capítulos.
História Contudo, nota-se ausência de unidade pedagógica e
Magda M. P. Tuma
metodológica entre os livros da 1ª e 2ª séries, e os da 3ª
(Londrina) e da 4ª (Paraná). Nos volumes das duas
séries iniciais, o tratamento dos conteúdos tem pouca
densidade histórica. As atividades, consideradas o eixo
central da concepção pedagógica, apresentam alguns
problemas. A construção do conhecimento histórico não

Editora FTD é trabalhada a partir de problematizações e de fontes.

Além disso verificam-se simplificações explicativas na
HISTÓRIA

abordagem dos conteúdos e deficiências em relação

às ilustrações.

A coleção tratam, respectivamente, do município de

A obra é composta de quatro volumes com
estruturas e temáticas diferentes. Os volumes
referentes à 1ª e 2ª séries estão estruturados
não em capítulos, mas em itens. O primeiro
volume contém 31 itens constituídos
basicamente de atividades e da seção História
da vida, cujos exercícios irão compor o livro
da vida do aluno. O segundo volume contém
25 itens constituídos de textos aos quais se
seguem as Atividades a eles relacionadas. Nos
dois volumes há Glossário e Referências
bibliográficas. Os volumes da 3ª e 4ª séries
Londrina e do Estado do Paraná. Estão
estruturados em capítulos, que compreendem
uma apresentação dos assuntos, seguida de
Atividades.
Cada volume apresenta o manual do
professor, denominado Anotações para o(a)
Professor(a). Na Introdução há considerações
sobre a proposta metodológica; seguem-se
orientações e sugestões relativas a cada
agrupamento temático. Ao final encontra-se
uma Bibliografia.
1ª série (95 p.): Os 31 itens tratam de
assuntos que podem ser agrupados: Falando

114
sobre você; Brincadeiras; Sala de aula;
Tempo... tempo... tempo...; Com quem você
vive?; A sua história de vida; As famílias;
Aniversários; A linha do tempo; O trabalho
na sua vida; Símbolos; Glossário; Referências
bibliográficas.
2ª série (79 p.): Os 25 itens podem ser
agrupados assim: Minha história/Nossa
história; As mudanças na vida das crianças;
O tempo; Aniversários; A sua família;
Natureza e cultura; A sua escola; Campo e
cidade; O município onde vivemos; O
trabalho; Vida de criança pobre antigamente;
Os direitos das crianças; A união em nossa
sociedade; Glossário; Referências bibli-
ográficas.
3ª série (111 p.): O terceiro volume
trabalha: A criança cidadã; Conheça sua
história; O tempo na história da vida; A
história de sua vida Vivemos no município
de Londrina; Será que Londrina sempre foi
assim? Outros habitantes começam a chegar...;
Chegando ao Patrimônio Três Bocas; Os
pioneiros de Londrina; O trabalho no campo
antigamente; O tempo foi passando... a vida
muda no campo e na cidade; O trabalho e a
indústria; Comércio; Textos Complementares;
Glossário; Bibliografia.
4ª série (136 p.): Os temas trabalhados são:
Tempo e história; Conhecendo outras
sociedades através do tempo; Século XIX:
mudanças para o Brasil; Organização política
do Paraná; Gente paranaense; As
transformações da economia paranaense; A
economia paranaense na atualidade; Cultura
no Paraná; Glossário; Bibliografia;
Municípios do Paraná.
A análise
Os pressupostos metodológicos que
norteiam a elaboração desta coleção estão
explicitados no manual do professor. O livro
didático é considerado um dos meios do
processo de construção do conhecimento,
cujas limitações somente serão superadas por
ações desenvolvidas coletivamente e em
interação com o objeto de estudo. O ensino
de História deve partir da relação crítica com
o presente e com a realidade da criança. Só
assim ela pode começar a compreender o
processo histórico, do qual é sujeito e agente
da transformação social.
Verifica-se coerência entre as propostas e
a elaboração da obra, embora se constatem
limitações. Em todos os livros, as atividades
propiciam a participação dos alunos na
construção do conhecimento, vinculam a
introdução das noções fundamentais para o
ensino de História com a realidade social das
crianças e estimulam a dinâmica de grupo. No
entanto, nenhum dos volumes da coleção
apresenta uma proposta pedagógica que
articule os quatro livros, e nem se justifica a
seleção de conteúdos para cada série.
Nos volumes destinados à 3ª e 4ª séries, os
textos e as atividades auxiliam o aluno a refletir
a respeito do passado e do presente da cidade
HISTÓRIA
de Londrina e do Estado do Paraná, visando à
compreensão crítica da realidade social. Nos
volumes destinados à 1ª e 2ª séries, o estímulo
a essas reflexões é menos perceptível.
Ao longo dos volumes da 2ª, 3ª e 4ª séries,
as atividades estimulam a capacidade de
produzir diferentes tipos de texto: pequenos
textos argumentativos de análise dos temas
em estudo, histórias em quadrinhos, notícias
e manchetes, cartas, relatórios de pesquisa e
resumos. No segundo volume, no entanto,
muitas atividades relacionadas com a história
de vida dos alunos repetem aquelas sugeridas
no primeiro volume. Um número excessivo
de atividades solicita apenas que o aluno
constate “diferenças e semelhanças” ou
“mudanças e permanências”, explorando
parcialmente os textos e estimulando pouco
o questionamento crítico dos temas
115
 abordados. Além disso, algumas atividades
são difíceis de realizar, por não estarem
formuladas de maneira precisa. Isto acontece
especialmente nos volumes destinados à 2ª e
4ª séries. Na útlima, constata-se excesso de
atividades de pesquisa, notando-se repetição
e dificuldade de execução de algumas delas.
Nos dois primeiros volumes, as atividades
estimulam pouco a capacidade de debater
problemas. Além disso, são raras as atividades
coletivas que envolvem a discussão de
problemas.
Os pontos básicos da metodologia da
História que norteiam a elaboração da coleção
estão presentes no manual do professor. Nele
encontra-se uma definição bastante ampla e
genérica de História, entendida como ciência
cujo objeto é a explicação das transformações
da sociedade ao longo do tempo, levando em
consideração múltiplos sujeitos e tempo-
ralidades, num processo marcado por
contradições, conflitos, antagonismos e lutas.
No entanto, a relação entre a metodologia da
História e a organização da coleção não está
explicitada.
HISTÓRIA
Em todos os volumes, o desenvolvimento
dos conteúdos estimula a construção das
noções de transformação e permanência;
passado, presente e futuro; ordenação,
seqüência e simultaneidade; diversidade e
unicidade. Contudo, nos dois primeiros
volumes, constata-se pouca densidade
histórica no tratamento dos conteúdos. Estes,
em geral, estão muito simplificados, pois não
se observa suficiente contextualização ou
explicação histórica adequada dos temas
abordados nos textos didáticos. Nos manuais
dessas séries, os aspectos cognitivos da
aprendizagem são privilegiados e mais
trabalhados.
Já nos livros destinados à 3ª e 4ª séries, os
conteúdos históricos estão mais presentes,
articulando-se em torno do estudo do
município de Londrina e do Estado do Paraná,
116
respectivamente, contribuindo para a
construção das noções de história, sujeito
histórico, tempo, sociedade, relações sociais,
trabalho, entre outras. No entanto, ao final do
terceiro volume, no capítulo Textos
complementares, há textos produzidos
especialmente para o volume que sugerem a
exaltação de Londrina, ao tratar dos
equipamentos de lazer e dos serviços públicos,
contradizendo a proposta de oferecer uma
visão crítica do passado do município que
supere a interpretação apologética e oficial.
No quarto volume, por sua vez, nota-se a
mescla de assuntos muito diferentes em um
mesmo capítulo, com grande quantidade de
informações.
Não há fontes textuais nos volumes
destinados à 1ª e 2ª séries, mas elas
apresentam-se nos demais volumes, seguidas
de atividades que estimulam os alunos a
interpretá-las. Contudo, no conjunto não se
concretiza a proposta de trabalhar uma
construção do conhecimento histórico tendo
como ponto de referência os documentos e a
discussão historiográfica. Isto porque, na
construção da narrativa, não se utilizam as
fontes como ponto de partida, não se
contrapõem perspectivas diferentes, não há
formulação de hipóteses, nem se emprega
bibliografia que problematize as
interpretações. A problematização dos
conteúdos históricos ocorre basicamente nas
atividades, sem que, no entanto, as
interpretações apresentadas sejam postas em
questão.
As ilustrações estão integradas ao texto
didático e são adequadas às finalidades para
as quais foram elaboradas, proporcionando o
contato com aspectos variados do passado e
do presente. No entanto, não são
suficientemente exploradas vem para auxiliar
na leitura e na compreensão dos textos, nem
para propiciar novas formas de conhecimento,
cumprindo a função de apenas ilustrá-los. Sua
compreensão fica mais prejudicada devido às
deficiências de impressão nos volumes
destinados à 2ª, 3ª e 4ª séries. Nota-se, ainda,
a ausência de legendas e de referências no
texto didático que estimulem o uso das
ilustrações para a problematização dos
conteúdos históricos.
O incentivo ao respeito, à ética e à
construção da cidadania está presente ao
longo da obra de diversas maneiras e em
vários momentos. Os textos e as atividades
destinados à 3ª e 4ª séries colaboram
efetivamente para a construção da cidadania,
visto que os alunos são estimulados a analisar
criticamente as relações de trabalho, tanto no
passado quanto no presente, e a refletir e
debater problemas e relações sociais.
Nos dois primeiros volumes, embora
alguns conteúdos abordem aspectos da
realidade social, desenvolvem-se poucas
estratégias que auxiliem o aluno a
compreendê-la, pois as atividades estimulam
pouco a reflexão crítica e a discussão das
questões sociais mencionadas nos textos.
No manual do professor de cada volume,
há considerações sobre as atitudes e
habilidades envolvidas na aprendizagem e são
fornecidas informações e atividades
adicionais ao livro do aluno. O manual traz
ainda informações adicionais para auxiliar o
trabalho com o livro didático, contemplando
tanto aspectos teóricos quanto sugestões de
complementação do conteúdo e de outras
atividades.
Nos dois primeiros volumes, há um
número reduzido de sugestões de títulos
destinados à discussão do ensino de História
ou que abordem os conteúdos históricos. Já
nos manuais da 3ª e 4ª séries, a bibliografia é
diversificada e atualizada, com vários títulos
que abordam a história do Paraná e de
Londrina.
Quanto aos aspectos visuais, constatam-
se problemas de impressão que dificultam a
visualização das imagens nos volumes
destinados à 2ª, 3ª e 4ª séries. Além disso, a
coleção não tem uniformidade editorial, pois
os dois primeiros volumes apresentam layout,
organização e formatação diferentes daqueles
observados nos livros destinados à 3ª e 4ª

HISTÓRIA
os aspectos gerais dos temas são comentados, séries.

Em sala de aula
Sugere-se que o professor esteja atento para a ausência de unidade metodológica
entre os volumes desta coleção, pois os conteúdos dos dois primeiros volumes
abrangem questões de ordem geral, enquanto os dois últimos tratam de Londrina
e do Paraná. No terceiro volume, as atividades propostas pressupõem que o aluno
resida no município de Londrina.
O docente precisará suprir a pouca densidade histórica no tratamento dos
conteúdos dos dois primeiros volumes e será sua tarefa superar as conseqüentes
simplificações explicativas. Ao trabalhar as fontes históricas e iconográficas,
precisará demonstrar aos alunos que elas fazem parte da construção do
conhecimento histórico.

117
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
O texto didático, apesar de acentuar uma concepção

linear e cronológica do processo histórico, permite o

desenvolvimento equilibrado de habilidades cognitivas,

a apreensão crítica da realidade pelo aluno e a

construção de alguns conceitos fundamentais da

disciplina. A construção da cidadania e o respeito à

Livro regional
Amazonas diversidade cultural são estimulados.

História No entanto, os textos didáticos contêm muitas

Célia Siebert simplificações explicativas, além de apresentarem uma

Valéria Martins Lippi
narrativa expositiva, que estabelece poucos diálogos

com a experiência e a vivência do aluno.

O manual do professor, por sua vez, não explicita a

metodologia que embasa a construção da obra e da

Editora FTD história regional, e também não discute a questão da

avaliação. Não se constitui, portanto, em instrumento

HISTÓRIA

para atualização e formação do docente.

A obra gerais; Estrutura, na qual se explicitam

O livro, com 134 páginas, trata da história
do Estado do Amazonas e estrutura-se em
cinco unidades – 1. Introdução; 2. Brasil: uma
colônia de exploração; 3. Brasil: uma
Monarquia; 4. Brasil: uma República; 5.
Sociedade e cultura –, que se dividem em
capítulos. Aos textos didáticos seguem-se, na
maioria dos capítulos, as seções Aprenda
sobre e Atividades. Há uma Bibliografia com
títulos de livros e revistas.
O manual do professor, com 32 páginas,
contém os tópicos: Apresentação; Objetivos
conteúdo, objetivos e respostas às atividades;
Atividades didáticas complementares; e
Bibliografia, que é idêntica à do livro do
aluno.
A análise
A proposta metodológica de ensino-
aprendizagem que orientou a elaboração da
obra não é apresentada no manual do
professor. No entanto, a explicitação dos
conteúdos e objetivos de cada capítulo indica

118
que há ênfase na aquisição de informações.
O manual também ressalta a importância da
apresentação de visões contrastantes do
processo histórico, mas não inclui nenhuma
referência à metodologia específica para o
trabalho com a história regional.
O texto didático é basicamente
informativo: retoma a história brasileira e vai
articulando a especificidade da região
amazônica ao longo de diferentes períodos.
Desta forma, grandes momentos históricos
são explicados em pequenos parágrafos, o que
compromete a formulação de hipóteses e a
argumentação. O texto ganha dimensão mais
rica quando sugere retomadas, a observação
de mapas e ilustrações, e a leitura de textos
complementares. Com essa estratégia é
possível complementá-lo ou relativizá-lo. A
organização do volume, a forma de
apresentação dos temas, os textos
complementares e as atividades propostas
indicam preocupação com o desenvolvimento
cognitivo do aluno.
A experiência e a vivência são pouco
mobilizadas no decorrer dos textos didáticos,
que não têm no aluno um interlocutor. As
relações entre presente e passado aparecem
de modo fragmentado nos textos didáticos,
mas estão contempladas especialmente na
seção Aprenda sobre, em que são feitas as
necessárias mediações para que o aluno possa
ampliar a sua consciência da realidade social
e perceber a historicidade das situações e dos
processos abordados. Merece especial
destaque a abordagem da questão indígena e
dos problemas sociais da região, que permite
que os alunos ampliem seu horizonte de
compreensão para entender a especificidade
histórica da Amazônia.
As atividades sugeridas possibilitam o
desenvolvimento das habilidades cognitivas
e se caracterizam por proporem questões de
natureza diferenciada. Algumas ensejam a
retomada dos textos didáticos e
complementares, favorecendo a organização
das idéias principais e a fixação do conteúdo,
enquanto outras sugerem a realização de
pesquisas, debates, trabalhos em grupo, temas
para reflexão e problematizam situações. Há
ênfase em promover a troca de idéias entre
os alunos. As atividades estão formuladas
corretamente, integram-se aos conteúdos e
apresentam graus variados de dificuldade.
Solicita-se, em várias oportunidades, a
produção de pequenos textos.
Não há, no manual do professor,
apresentação da metodologia da História que
oriente a exposição dos conteúdos. Apresenta-
se uma lista de objetivos gerais para o ensino
da disciplina, na qual são citadas as noções
de temporalidade histórica, mudanças e
permanências, semelhanças e diferenças,
entre outras, mas falta referência teórica que
localize esses conceitos.
As considerações sobre os objetivos dos
capítulos e as orientações para as respostas
das atividades permitem inferir uma
concepção de História marcada pela ênfase
nos conteúdos, e pelo apego à cronologia e
HISTÓRIA
temporalidade linear. A opção por apresentar,
em um único volume, toda a história
brasileira, entremeada com discussões
específicas sobre a região amazônica,
favorece a ocorrência de simplificações
explicativas.
Embora no texto didático não haja
atualização historiográfica, os objetivos gerais
enunciados podem ser alcançados por meio
do trabalho integrado com os textos
complementares e atividades.
Destoa do conjunto da obra o capítulo 1
da unidade I, em que se apresenta, de forma
genérica, o homem como ser social,
compondo-se por uma colagem de diferentes
fatos, categorias, conceitos e temporalidades,
fora do contexto geral. A abordagem não parte
de um problema ou de um conjunto de
problemas. A narrativa está elaborada de
119
 forma absoluta e pouco crítica, e apenas nas
atividades ou na seção Aprenda sobre o
conteúdo apresentado pode ser relativizado e
problematizado.
As noções de espaço, sujeitos sociais
históricos e relações sociais recebem
tratamento adequado no livro. O mesmo não
acontece, em geral, com alguns conceitos
básicos da disciplina, como tempo, cultura,
trabalho e natureza. Ao longo da obra, não se
enfatiza o trabalho com fontes históricas, o
aluno não é orientado a fazer perguntas e os
documentos não são problematizados.
As ilustrações estão adequadas aos
conteúdos trabalhados, apresentam diferentes
linguagens visuais e ajudam na compreensão
dos temas abordados. Observe-se, porém, que
as fontes iconográficas não são trabalhadas
como documentos, deixando de contribuir,
portanto, para que o aluno possa
problematizar os conteúdos históricos a partir
delas. As legendas raramente esclarecem a
época, o lugar e quem as produziu.
A construção da cidadania é mais
HISTÓRIA
estimulada nas atividades do que nos textos,
embora não esteja entre os elementos
estruturadores da obra. O respeito à
diversidade cultural é incentivado e as lutas
travadas pelas sociedades indígenas são
enfatizadas, ainda que outras formas de
resistência, como a dos escravos negros,
recebam menor atenção. Algumas das
questões propostas no final dos capítulos
incentivam e instigam à reflexão crítica sobre
as sociedades do presente e do passado.
O manual do professor é muito sucinto.
Inclui, porém, considerações sobre o
conteúdo, sobre os objetivos e sobre as
respostas às atividades que podem auxiliar o
professor na realização do trabalho
pedagógico. As explicações fornecidas na
seção Atividades didáticas complementares
também podem apoiar o docente em classe.
No entanto o manual não promove a discussão
sobre avaliação, nem indica leituras, filmes,
sites ou outros recursos didáticos. Tampouco
há elementos que possam contribuir para a
formação e atualização do professor.

Em sala de aula
O professor deve estar atento às ressalvas apresentadas, procurando superá-
las. Seria importante colocar em maior evidência a história do Estado do Amazonas
e, a partir dela, relacioná-la à história do Brasil, invertendo, assim, a ordem da
exposição presente no livro. Sugere-se também a seleção, dentre as atividades
propostas, das mais criativas, em vez das que acentuam a memorização.

120
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
Na obra, verifica-se constante problematização entre

passado e presente. As atividades são variadas, embora

grande parte se reporte à fixação de conteúdos. Parte-

se da abordagem dos aspectos políticos para incorporar

o social e o econômico, apontando-se para as

desigualdades sociais. São utilizadas fontes textuais e

Livro regional
iconográficas de época. Incentivam-se o convívio social
Ceará História -
Para a e a construção da cidadania.

Construção da No entanto, a organização dos conteúdos abarca uma

Cidadania gama muito extensa de assuntos, com quantidade

Marlene Corrêa
excessiva de textos. A abordagem dos conhecimentos

propostos não parte nem da experiência do aluno,

mantendo-se em uma perspectiva expositiva, nem

Editora FTD tampouco da colocação de problemas. Além disso, a

explicitação da metodologia, no manual do professor, é

HISTÓRIA
demasiadamente sucinta.

A obra compreende os tópicos: Nossa proposta;

O livro (com 119 páginas) aborda a história
do Estado do Ceará e está organizado em
cinco unidades, cada uma contendo texto
didático informativo entremeado por
propostas de atividades. Fornece sugestões de
leitura para o aluno. As unidades da obra
estruturam-se da seguinte forma: Introdução
– Vivendo e aprendendo; 1. O estudo da
História; 2. O Ceará colonial; 3. No tempo
dos imperadores; 4. O Ceará republicano; 5.
Nossa cultura, nossas tradições.
O manual do professor, com 16 páginas,
Sobre a avaliação; Conteúdos e objetivos;
Anexos, que compõem um conjunto de textos
de apoio; e Bibliografia.
A análise
A proposta metodológica, explicitada de
forma sucinta, propõe a aquisição do
conhecimento a partir da vivência, observação
e experiência do educando, bem como de sua
reelaboração no espaço escolar, na intenção
de formar cidadãos. São destacados aspectos

121
 relacionados a questões atitudinais,
especialmente os voltados para a ética e
cidadania.
Percebe-se que a coerência entre a
proposta metodológica e a elaboração da obra
é parcial. O livro está estruturado de forma
clássica, tendo por base o texto informativo,
seguido de atividades que procuram explorar
o assunto por meio de diversas estratégias. A
problematização entre passado e presente é
constante, tanto nos textos expositivos quanto
nas atividades.
No entanto, a forma de abordar os
conteúdos históricos segue o método
expositivo, permanecendo distante da
proposta de caminhar da experiência do aluno
para a aquisição de um conhecimento
socialmente construído. Busca-se, apenas,
relacionar os conhecimentos já assimilados,
ampliando-os com os novos conteúdos
aprendidos. Ao privilegiar uma história que se
desenvolve a partir do político para incorporar
o social e o econômico e ao demarcar as
desigualdades sociais, a obra abarca uma
gama muito extensa de conteúdos, em
HISTÓRIA
prejuízo do tema específico a que se propõe,
a história do Ceará. Por outro lado, a
quantidade de textos pode ser excessiva para
o grau de escolaridade dos alunos.
As várias atividades encontram-se
intercaladas nos textos didáticos de cada
unidade e são diversificadas. Há constantes
solicitações de retorno aos textos anteriores
para exercitar a compreensão ou fixação;
encaminham-se pesquisas sobre os assuntos
tratados; pede-se a produção de pequenos
textos; e sugerem-se debates com colegas e
professores. O encaminhamento para
entrevistas coloca o aluno diante de problemas
atuais e próximos a ele, ainda, a interpretação
de textos de outros autores ou de fontes
iconográficas.
As atividades visam esclarecer,
complementar ou criar novos conhecimentos,
122
relacionados aos temas tratados,
especialmente quando recorrem a pesquisas
e debates, promovendo maior envolvimento
do aluno. No entanto, em sua grande maioria,
permanecem distantes da realidade vivenciada
pelo aluno, e a tônica das questões colocadas
não propicia que ele construa o conhecimento
partindo de sua vivência e experiência.
A obra não explicita a proposta
metodológica para o conhecimento histórico
que embasa a exposição dos conteúdos.
Registram-se, apenas, referências genéricas
ao trabalho com textos, mapas, fotos e
ilustrações, e ao papel do aluno como sujeito
histórico, sem, contudo, aprofundar ou
problematizar essas questões.
Mesmo não explicitando a metodologia da
História na qual a obra se baseia, a narrativa
histórica não apresenta distorções do
conhecimento histórico, embora não esteja
vinculada a aspectos historiográficos
relevantes. Parte-se do geral para o particular,
de forma a inserir a história do Ceará no
contexto da história do Brasil, dentro de uma
cronologia clássica (Colônia, Império,
República), o que é feito de forma adequada.
O conhecimento histórico não parte da
colocação de problemas sociais.
Os conceitos e noções básicos da História,
no seu conjunto, recebem tratamento
adequado, merecendo reparos, porém, os
conceitos de história, cultura e trabalho.
Registram-se também algumas simplificações
explicativas resultantes da abordagem que
resume, num único volume, os aspectos
principais da história do Brasil.
A noção de documento histórico, por sua
vez, é apresentada de forma adequada. São
utilizados textos de época e textos literários,
chamando-se a atenção do aluno para o fato
de que essas fontes são construídas a partir
da visão dos respectivos autores. Há, também,
um número significativo de reproduções
iconográficas, de fácil compreensão,
utilizadas de forma pertinente, integradas ao
texto e às atividades. Alerta-se o professor
para a forma correta de trabalhar com tais
fontes. Verifica-se uma exceção na repre-
sentação de indígenas amarrados às cordas e
sorridentes, quando são aprisionados.
Ao introduzir para o aluno a idéia de
História e a importância do seu estudo,
indicam-se os elementos para a construção da
cidadania. Incentivam-se, especialmente nas
atividades, várias oportunidades de diálogo
com o texto, com as imagens, com o professor,
com os colegas e mesmo com seu grupo de
convívio mais amplo, a respeito de temas
importantes do ponto de vista social e do
respeito ao outro. A abordagem, em especial
nos capítulos que tratam da cultura e da
sociedade, procura incentivar o respeito pela
diversidade das experiências humanas.
O manual do professor é sucinto, voltando-
se principalmente para a introdução de
questões referentes ao ensino. Mesmo nesta
matéria, porém, não aprofunda as discussões,
deixando de estimular o professor a
fundamentar seu trabalho pedagógico a partir
da disciplina História. Não são oferecidos
subsídios sobre as concepções de História que
embasam a elaboração da obra. A explicitação
dos objetivos das atividades encontra-se nas
orientações escritas em vermelho, à margem
dos textos no livro do professor. Essas notas
incluem, também, outras informações e
sugestões úteis para o desenvolvimento das
atividades.
A bibliografia apresentada é relativamente
diversificada. São indicados 11 títulos de
história regional, sete de História do Brasil e
quatro referentes a temas gerais de História.
Sobre educação e cidadania, arrolam-se 22
títulos. Sobre História do Brasil, os títulos
indicados não são atualizados, caracterizando-
se mais como manuais.

Em sala de aula
Sugere-se que o professor procure dosar os conteúdos contidos na obra, tendo

HISTÓRIA
em vista as capacidades cognitivas e os conhecimentos anteriores dos alunos.
Também será interessante estimular o debate a partir do texto, agregando-lhe, se
possível, outros materiais, em especial no que diz respeito à história local.

123
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
Encontra-se, na obra, a explicitação clara e pertinente
da concepção de metodologia da História em sua
dimensão regional, constatando-se coerência no
desenvolvimento dos conteúdos. A linguagem é
envolvente e há problematizações sobre a relação
presente-passado. Os conceitos básicos da História são

Livro regional trabalhados de forma pertinente. As fontes iconográficas

Gente de São são variadas e abundantes e há preocupação em

Paulo, São despertar o aluno para a construção da cidadania.

Paulo da Gente No entanto, o texto é muito descritivo e pouco

- História problematizador, não colabora para a formação do senso
Eliana T. de A. F. Caboclo crítico do aluno e faz pouca referência às suas
Irene de Barcelos Alves
experiências. Não se discutem adequadamente as
questões relativas ao ensino-aprendizagem. Em sua
maioria, as atividades são criativas, mas mobilizadas para
Editora Brasil a fixação dos conteúdos, estabelecendo pouca relação
HISTÓRIA

com a realidade do aluno. Por fim, as experiências sociais

são apresentadas de forma pouco crítica.

A obra 4. São Paulo – Cenário da história; 5. Abram

O livro, com 192 páginas, aborda a
história da cidade de São Paulo e estrutura-
se em capítulos, que compreendem textos
didáticos e seções dedicadas ao desen-
volvimento das atividades. Os capítulos
distribuem-se da seguinte maneira:
Introdução – São Paulo da gente; 1. Outros
tempos, outras vidas; 2. Homens de longe...
chegaram aos campos de Piratininga; 3. O
tempo foi passando... e a vida foi mudando...;
alas, para... o café; 6. São Paulo: cheguei,
trabalhei, fiquei...; 7. Fumaça e apitos... As
fábricas estão chegando; 8. São Paulo entra
no século XX.
O manual do professor, com 48 páginas,
contém considerações de ordem teórico-
metodológica, a estruturação da obra, os
objetivos dos capítulos e das atividades,
discussão sobre avaliação, textos
complementares, sugestões de leitura,
referências bibliográficas e glossário.

124
A análise
A proposta metodológica objetiva levar o
aluno a descobrir e compreender a sua
realidade local, a cidade de São Paulo, e as
diversas formas de interação com outras
realidades regionais, nacionais e globais. Visa,
assim, colaborar para o desenvolvimento do
senso crítico em relação a questões atuais:
exclusão social, preconceito, desrespeito à
individualidade. A partir da vivência e das
experiências do aluno, propõe-se a construir
a noção de vida em sociedade. Além disso,
pretende-se auxiliar a criança a sistematizar
conceitos espontâneos, e também a construir
conceitos científicos, por meio de atividades
variadas. Não se nota, porém, discussão mais
aprofundada sobre as questões relativas ao
ensino-aprendizagem.
As propostas enunciadas estão
contempladas na obra, sem conseguirem, no
entanto, implementá-las em sua totalidade. O
texto didático, elaborado em linguagem
envolvente, pode despertar no aluno reflexões
e atitudes que aprimorem habilidades
cognitivas básicas. Cada capítulo aborda um
tema sobre a formação e o desenvolvimento
da cidade de São Paulo, iniciando com
imagens, perguntas e atividades que visam
instigar o interesse do aluno. Em várias
passagens do texto, há a problematização
passado-presente. No entanto, poucas vezes
se faz relação do conhecimento novo com a
experiência do aluno e a elaboração do
conhecimento não parte de sua vivência.
Predomina a tônica descritiva e informativa,
o que dificulta o desenvolvimento do senso
crítico pelo aluno e o contato mais consciente
com questões atuais, como a exclusão social.
Algumas atividades são criativas e
possibilitam o desenvolvimento de várias
habilidades. Elas estimulam o aluno a
construir o seu conhecimento e são
diversificadas. Além disso, incentiva-se a
realização de pesquisas e entrevistas, para que
o aluno possa construir o próprio saber. A
maioria das atividades, porém, tem a
finalidade de fixar e/ou ampliar os conteúdos
trabalhados no capítulo, sem oferecer
sugestões para que o aluno relacione o assunto
tratado com a própria realidade. Não têm uma
formulação crítica e não contemplam o debate
de problemas.
Segundo a metodologia da História,
exposta no manual do professor, considera-
se que a história regional deve ser trabalhada
no contexto da realidade nacional e
internacional. Não há, contudo, um
aprofundamento deste referencial teórico.
Menciona-se a iconografia como um
mecanismo metodológico para a construção
do conhecimento histórico. Destaca-se a
importância de os textos contemplarem
diferentes visões e formas de expressão do
conhecimento e a leitura crítica de textos e
imagens.
Há coerência entre esta proposta
metodológica e a realização da obra. São
abordados principalmente aspectos históricos
HISTÓRIA
do município de São Paulo, procurando-se
mostrar que esta cidade é fruto do processo
histórico de ocupação e transformação ao
longo do tempo. Apresenta-se um material
iconográfico variado, tratado como
documentação histórica, e incorpora-se
grande parte da renovação historiográfica ao
texto didático.
No entanto, o que caracteriza o texto
didático é a exposição dos assuntos, feita com
linguagem simples e direta para envolver o
aluno. Porém, sua estrutura não é construída
a partir da colocação de problemas. Os
conteúdos históricos são abordados de forma
abrangente, embora não haja apro-
fundamentos específicos dos assuntos. Com
isso, essa abordagem, muitas vezes, se
caracteriza pela simplificação dos processos
históricos.
125
 Os conceitos e noções básicos para o
conhecimento histórico, como tempo, espaço,
história, transformação, relações sociais e
muitos outros, estão devidamente trabalhados,
transparecendo sua historicidade e sua
adequação ao ensino de História.
Não se encontram no livro fontes textuais
a serem trabalhadas para a construção do
conhecimento histórico. As representações
iconográficas, por sua vez, são variadas e
abundantes. Guardam sempre relação com os
textos e efetivamente são trabalhadas com o
intuito de enriquecer a compreensão dos
assuntos tratados. No entanto, algumas
ilustrações são de difícil visualização, outras
muito abstratas ou complexas, o que dificulta
sua compreensão. Há muitas ilustrações que
não estão acompanhadas de legendas. As
representações cartográficas são por vezes
utilizadas e trabalhadas como fontes
históricas, ou como ilustrações. A maioria,
porém, não respeita as convenções (título,
escala ou fonte).
Tanto nas atividades quanto no conjunto
HISTÓRIA
do texto constata-se a preocupação em
despertar no aluno a construção da cidadania.
Em várias atividades o estudante é convidado
a trabalhar em grupo, estimulando-se o
convívio, a tolerância e a liberdade de
expressão. No entanto, poucas vezes ele é
solicitado a refletir sobre questões sociais da
atualidade. Além disso, as experiências
sociais são apresentadas de forma pouco
crítica, o que diminui as possibilidades de que
sejam canalizadas para a formação da atitude
crítica do aluno ao analisar situações sociais
nocivas.
No manual do professor encontram-se
subsídios para o trabalho pedagógico, sendo
apresentados, capítulo a capítulo, os objetivos,
explicitações sobre as seções e atividades,
assim como textos de autores diversos sobre
assuntos de interesse pedagógico e histórico.
No entanto, a fundamentação metodológica
do ensino-aprendizagem e da História não é
trabalhada de forma satisfatória, carecendo de
articulação interna na exposição e de
referencial teórico claro.

Em sala de aula
Para que o trabalho com este livro seja produtivo, sugere-se que o professor
problematize com os alunos os textos didáticos e as atividades. Também será
interessante que o docente esteja atento aos subsídios contidos no manual do
professor; que faça uso das imagens para o trabalho com os textos informativos.

126
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
A história de Pernambuco é relacionada com a história

do Brasil, com encadeamento cronológico dos

acontecimentos. A obra propõe-se a oferecer um

panorama amplo do processo de ocupação do território

pernambucano, mas isso é feito de forma descritiva e

Livro regional factual. Nota-se a integração entre conteúdos e

História de atividades e a abordagem de questões relacionadas à
Pernambuco -
cidadania.
Edição
A exposição de conteúdos político-econômicos é
Renovada
Célia Aparecida Siebert detalhada, sendo seguida de atividades de fixação.

Percebe-se também que há pouco incentivo à

criatividade, ao senso crítico e à compreensão da

Editora FTD realidade do aluno. Além disso, no manual do professor

não há referências ao processo de ensino-aprendizagem

HISTÓRIA
e a metodologia da aprendizagem é pouco explicitada.

A obra objetivos do livro; sugestões específicas para

O livro, com 160 páginas, está organizado
em duas partes: a primeira, com 20 capítulos,
aborda a história de Pernambuco desde a
época em que a região, habitada por indígenas
foi ocupada pelos portugueses, até a situação
do Estado no Período Republicano; a segunda,
Sociedade, governo e cidadania, referida no
manual do professor como apêndice, está
subdividida em quatro itens. Ao final
encontra-se bibliografia.
O manual do professor contém 16 páginas
e oferece uma breve apresentação dos
trabalhar o conteúdo teórico e as atividades
de cada capítulo; e respostas às atividades.
Fornece, ainda, bibliografia com 44 títulos,
sendo 32 relacionados ao Nordeste e/ou a
Pernambuco.
A análise
Na metodologia da aprendizagem que
embasa a obra, assinala-se a importância de
desenvolver o senso crítico do aluno e a
consciência dos seus direitos e deveres como

127
 cidadão. Destaca-se, também, a necessidade
da construção das noções de identidade
regional e nacional e são adotadas as
orientações didáticas indicadas por
documentos oficiais, relativas ao aprendizado.
A bibliografia não oferece referências sobre
o processo de ensino-aprendizagem.
A elaboração da obra, no entanto, pauta-
se por uma exposição detalhada dos conteúdos
históricos, seguida de atividades de
compreensão e fixação. As atividades de
pesquisa e os questionamentos voltam-se
primordialmente para o aprofundamento dos
temas estudados, o que nem sempre auxilia
no desenvolvimento do senso crítico no aluno.
Além disso, a quantidade de textos e de
informações sobre os diversos períodos da
história do Brasil é excessiva para a faixa de
escolaridade a que o livro se destina, dada a
amplitude da abordagem e do encadeamento
político-econômico adotado.
O texto privilegia algumas habilidades
cognitivas básicas, como compreensão de
texto, interpretação e memorização. Embora
em menor escala, também são estimuladas a
HISTÓRIA
observação e a síntese, em detrimento da
análise, da argumentação e da formulação de
hipóteses. As atividades são apresentadas na
forma de questionário, privilegiando-se a
compreensão do texto lido. Não há, no
entanto, o desenvolvimento de estratégias que
auxiliem o aluno a compreender a realidade
social.
O conhecimento novo não é relacionado à
experiência do aluno. Procura-se, apenas,
relacionar o conhecimento assimilado com o
aprendizado de novos conteúdos. Por
conseqüência, o texto não problematiza
passado e presente, apesar de trabalhar com a
idéia de que o presente resulta do passado.
A concepção de História adotada na obra
não é explicitada no manual do professor.
Entretanto, o texto está construído de forma
a estabelecer, sistematicamente, um vínculo
128
entre a história política e a realidade social
do Brasil. Com a finalidade de oferecer um
panorama do processo de ocupação do
território pernambucano, aborda os agentes
desse processo e os fatos econômicos e
políticos internos e externos, da chegada dos
conquistadores portugueses até a atual
configuração do Estado.
O texto histórico e a segunda parte da obra
mostram relativa coerência com a proposta.
É dado um tratamento descritivo e factual,
pouco explicativo da história do Brasil, com
foco privilegiado para a história de
Pernambuco. A segunda parte colocada ao
final do texto histórico não traz uma
elaboração de História, constituindo-se em
uma seleção de temas para despertar reflexões
sobre cidadania. No entanto, dada a
abordagem cronológica e política da História
do Brasil, não se realiza o objetivo de
comparar sociedades e comunidades diversas,
identificar diferenças e semelhanças, conflitos
e contradições.
Constata-se um descompasso na
apresentação dos períodos da História: o
Período Colonial é desenvolvido em 14
capítulos; o Período Imperial, em quatro; e o
Republicano, em um. Nestes dois últimos, a
exposição está resumida e voltada para os
acontecimentos político-econômicos. Não há
incorporação de renovação historiográfica no
tratamento dos temas abordados e as
simplificações explicativas permeiam os
capítulos, estando mais visíveis nos capítulos
sobre o Império e a República.
O livro contempla a construção de noções
básicas para a disciplina, mas nem sempre de
forma adequada, como ao tratar os conceitos
de cultura, natureza, diversidade e unicidade,
transformação e permanência, que aparecem
de forma acessória ou referencial.
As atividades, propostas ao final de cada
capítulo, caracterizam-se por incentivar o
aluno a compreender e a fixar o conteúdo
exposto. Esses exercícios podem auxiliar no
desenvolvimento da observação, síntese,
interpretação e memória, se bem que de forma
pouco criativa. Algumas atividades indicam
sugestões de pesquisa em livros e em outras
fontes. Outras estimulam as discussões em
classe, demandam relações explicativas entre
os temas e a produção de textos. Uma vez que
as atividades visam, primordialmente, à
compreensão do texto, nesse sentido há
integração entre conteúdos e atividades. No
entanto, as atividades contribuem pouco para
o aprimoramento do senso crítico e para a
aquisição do conhecimento histórico a partir
da vivência e experiência do aluno.
Na exposição dos conteúdos, as fontes
históricas não são apresentadas como ponto
de partida para a produção do conhecimento
histórico. As reproduções iconográficas, por
sua vez, são em número significativo e
ilustram o texto de forma pertinente, mas não
são trabalhadas como fontes históricas, nem
propiciam novas formas de conhecimento.
O texto fornece indicativos para a construção
da cidadania ao trabalhar alguns aspectos sociais
atuais e relacioná-los com situações do passado,
mas não fornece elementos para alimentar a
discussão. Esses elementos aparecem na
segunda parte do livro, mas não há orientação
de como trabalhá-los com os alunos, cabendo
esta tarefa ao professor. A história de
Pernambuco é tratada com freqüência como uma
história de defesa da liberdade.
O manual do professor é sucinto; não
indica proposta metodológica consistente em
relação ao ensino-aprendizagem, nem em
referência ao conhecimento histórico.
Também não há orientações visando à
articulação entre os conteúdos. Explicitam-
se os objetivos das atividades que integram
cada capítulo, mas de forma esquemática, sem
incluir subsídios suficientes para auxiliar o
professor a aprofundar e ampliar questões
além do político-econômico.

HISTÓRIA
Em sala de aula
Em vista da quantidade de textos oferecidos, sugere-se que o professor procure
trabalhar com aqueles que melhor se ajustem à capacidade de compreensão de
seus alunos. É possível explorar os textos e adaptar as atividades para torná-las
mais criativas e próximas à realidade social dos alunos. Sugere-se que o docente
trabalhe a segunda parte da obra juntamente com o texto didático, para explorar
melhor os temas relacionados com a cidadania.

129
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
O livro explicita a metodologia de ensino-aprendizagem

e revela coerência parcial em sua realização. Os

conteúdos são introduzidos levando-se em conta os

conhecimentos prévios do aluno. O texto didático e as

atividades permitem o desenvolvimento das habilidades

Livro regional cognitivas, o trabalho com mapas e boa parte do material

História de iconográfico colaboram para a construção de alguns
Porto Alegre conceitos básicos da disciplina.
Elva Verlang Krämer
A metodologia da História utilizada não é claramente

abordada. A opção por uma História temática revela-se

frágil, uma vez que não se encontram as conexões entre

o texto e as atividades. Trabalha-se com fontes históricas

textuais e iconográficas, embora elas não sejam muito

Editora FTD
exploradas pedagogicamente. O trabalho para a
HISTÓRIA

construção da cidadania é bastante tímido.

A obra Pressupostos teóricos, Os conhecimentos

O livro, com120 páginas, trata da história
da cidade de Porto Alegre, e está dividido em
cinco capítulos: 1. O tempo passa e tudo se
modifica; 2. Tua história e a história dos
outros; 3. O espaço que te rodeia – presente
e passado; 4. A natureza e o trabalho; 5. O
governo. Cada bloco de informações é
formado por um conjunto de atividades e pelas
seções: Vamos conversar?, Vamos fazer? e
Leitura complementar.
O manual do professor possui 16 páginas
e compõe-se de: Introdução, subdividida em
prévios e Aprendizagem significativa; A
estrutura do livro; Avaliação; Orientação
para o desenvolvimento das atividades,
subdividido nos cinco capítulos que compõem
o livro do aluno; e Bibliografia.
A análise
O manual do professor apresenta a
proposta metodológica de ensino-
aprendizagem. Faz referência aos estudos de
Piaget e de outros estudiosos sobre os estágios

130
e períodos de desenvolvimento que
caracterizam as diferentes formas de interação
dos indivíduos com a realidade, além das
indicações sobre os processos de
aprendizagem. Reafirma o caráter interpessoal
da aprendizagem, razão pela qual são
sugeridas muitas atividades em grupo.
Há coerência parcial entre a proposta
apresentada e a realização efetiva da obra. Os
capítulos, assim como alguns subitens, são
introduzidos com fotos e/ou textos
acompanhados de questões problematizadoras.
Há comentários e sugestões em vermelho que
orientam o professor na realização das
atividades. Observa-se um esforço no sentido
de se partir do concreto para o abstrato e o
texto didático respeita as dificuldades próprias
dos alunos. Existe preocupação em se
introduzir novos conhecimentos a partir da
vivência concreta e da experiência dos alunos.
A realidade social é considerada na
abordagem dos conteúdos e nas atividades,
de forma a promover a compreensão das
desigualdades que a caracterizam.
No entanto, tendo em vista a pouca
articulação entre os conteúdos dos capítulos,
o texto didático deixa de propiciar
efetivamente o desenvolvimento das
habilidades cognitivas. Nas relações entre
passado e presente, não se estabelece diálogo
efetivo entre diferentes temporalidades, com
predomínio da visão de momentos distintos e
estanques. O caráter descritivo do texto
didático enfraquece a percepção da dinâmica
entre ontem e hoje.
As atividades, permitem desenvolver as
habilidades cognitivas e muitas delas devem
ser realizadas coletivamente, o que estimula
a discussão e a reflexão. Elas são formuladas
clara e corretamente, estão integradas aos
conteúdos e auxiliam na concretização dos
objetivos propostos. Também incentivam o
debate de problemas e a capacidade de
produção de textos.
O manual do professor não explicita a
proposta metodológica da História que
subsidiou a obra, havendo apenas referências
superficiais sobre a metodologia do ensino.
Tampouco há menção a autores, correntes e a
debates específicos da área ou relativos ao
ensino da disciplina, além de não estarem
incorporados elementos da renovação
historiográfica recente.
A opção pela História temática realiza-se
apenas parcialmente, ao se considerar a frágil
articulação entre os conteúdos. No texto
didático não se explicitam nem se realizam
as mediações e passagens de um tema para
outro de modo articulado. Isso fragmenta a
contextualização histórica dos assuntos.
A abordagem de conceitos fundamentais
para o conhecimento histórico – como
história, sujeito histórico, sociedade, relação
social, trabalho e poder – não é
suficientemente trabalhada.
Merece destaque, porém, a presença de
documentação histórica textual variada. As
imagens estão integradas aos textos, apesar
de nem sempre serem mobilizadas para
HISTÓRIA
propiciar novas formas de conhecimento ou
levar à problematização dos conteúdos
históricos. Em vários momentos, nota-se um
bom trabalho com iconografia e mapas, o que
pode colaborar para a percepção do espaço e
para o desenvolvimento das noções de
transformação, permanência, seqüência e
ordenação. Os mapas apresentam excelente
qualidade e se integram de forma mais
orgânica com os textos e atividades.
A Revolução Farroupilha é apresentada de
forma acrítica, em versão heroicizante e
cívico-regionalista. Constatam-se inúmeras
simplificações explicativas, tanto de conteúdo
quanto processuais.
Não há uma preocupação clara com a
construção da cidadania, uma vez que as
experiências sociais são pouco trabalhadas ao
longo do livro, com algumas exceções. A
131
 consciência crítica em relação às questões
sociais e às lutas do passado é pouco
desenvolvida, assim como a prática da
cidadania na atualidade. No capítulo 5, por
exemplo, a reflexão sobre a cidadania reduz-
se aos aspectos informativos, nem sempre
precisos e esclarecedores.
Nota-se intenção de contemplar a
diversidade e de abordar as diferentes sociedades
humanas com respeito e interesse. No entanto,
as simplificações da narrativa histórica
introduzem distorções, como a forma pouco
adequada de tratar os indígenas em várias
passagens do livro. O tratamento dado à
Revolução Farroupilha e ao Movimento
Tradicionalista Gaúcho favorece a identificação
da representação regional com uma figura
mitificada do gauchismo. A discussão mais bem-
sucedida diz respeito aos recursos naturais e às
conseqüências da urbanização e da intervenção
humana no ambiente.
No manual do professor, os princípios
pedagógicos não estão articulados com os
conteúdos selecionados e com as atividades
propostas. Não há referência à metodologia
da História, nem indicações sobre a
articulação dos diferentes conteúdos entre si
ou com outras áreas de conhecimento. Cada
capítulo é apresentado com seus objetivos e
são oferecidas orientações sobre o seu
desenvolvimento e comentários sobre as
atividades. Há discussão circunstanciada
sobre avaliação. No entanto, o manual não
oferece outros recursos complementares que
auxiliem o aprofundamento dos conhe-
cimentos do professor.

Em sala de aula
O professor deverá estar atento às muitas lacunas da obra, decorrentes da
ausência de concepções metodológicas e da pouca articulação entre os conteúdos.
É necessário procurar supri-las especialmente quanto às atividades, às
simplificações explicativas, à utilização descontextualizada das fontes documentais
HISTÓRIA

e das ilustrações. Também merece especial cuidado o aprofundamento da

construção da cidadania.

132
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
A proposta metodológica é apresentada com clareza.

As atividades são diversificadas e o texto enfatiza

mudanças, transformações e permanências. A

construção da ética e da cidadania está presente de

forma pertinente. Tal construção verifica-se tanto nas

Livro regional
atividades quanto nos textos.
Interagindo e
Percebendo O manual do professor pode auxiliar no trabalho

Minas Gerais - docente. Contudo, os fundamentos da história regional

História
não são abordados e pouco se recorre às experiências
Roseni R. C. Nascimento
Rosiane de Camargo
do aluno. Além disso, há simplificações explicativas; as
Lilian Sourient

atividades, em geral, não são problematizadoras; o

Editora Brasil trabalho com fontes é empobrecido. Diversas fontes

iconográficas, por exemplo, servem apenas como

HISTÓRIA
ilustração para os assuntos tratados.

A obra História; Como avaliar?; Conhecendo a obra;

O livro, com 96 páginas, trata da história
do Estado de Minas Gerais. Seu conteúdo é
organizado em três unidades, divididas em
capítulos. Estes estão constituídos por texto
informativo e atividades, distribuídos por
seções. As unidades são: 1. Minas Gerais:
ontem e hoje; 2. As Minas Gerais: do ouro
das minas às igrejas de ouro; 3. Nosso estado,
nossa gente.
O manual do professor contém 32 páginas,
com os tópicos: Por que aprender História?;
Uma proposta para ensinar e aprender
Textos de apoio para o trabalho pedagógico;
Bibliografia consultada e recomendada.
A análise
A proposta metodológica de ensino-
aprendizagem está alicerçada em reflexões
sobre por que aprender História e sobre o
papel do professor como mediador e
orientador do trabalho com os alunos. São
ressaltados como pontos fundamentais a
relação com a realidade social, a elaboração

133
 de atividades práticas e problematizadoras, as
experiências do aluno, a elaboração do
conhecimento a partir dos subsídios
apresentados na obra. Embora a abordagem
seja generalizante, sem referências a uma
bibliografia atualizada, percebe-se que está
em sintonia com as discussões recentes em
torno das metodologias de ensino.
A coerência entre a proposta e a elaboração
da obra é apenas parcial. O tratamento dos
conteúdos e a maneira como são expostos
facilitam sua compreensão pelos alunos. As
propostas de atividades estão claramente
colocadas. A distribuição dos conteúdos nas
unidades propicia um aprofundamento dos
assuntos que pode auxiliar na aquisição
gradativa de níveis mais amplos de abstração.
No entanto, o conteúdo está estruturado
por pequenos textos de cunho informativo,
completados em seções específicas, sob a
forma de boxes. Este conjunto de informações
é entrecortado por atividades e exercícios de
compreensão e fixação. A apresentação dos
conteúdos tem caráter meramente expositivo
e informativo, registram-se inúmeras
HISTÓRIA
simplificações explicativas e há escassas
referências à experiência do aluno.
As atividades são simples, de fácil
realização e estão formuladas de forma clara
e correta. Algumas estimulam a capacidade
de produzir pequenos textos. Se bem que
numerosas, elas são tópicas e, em sua grande
maioria, não propiciam o debate de
problemas, notando-se a ausência de uma
atitude crítica em suas formulações. Dessa
forma, as atividades, as indicações de
pesquisa e o levantamento de dados
dificilmente auxiliam os alunos a construir
conhecimentos de cunho histórico.
Explicita-se uma metodologia da História
que leve o aluno a construir sua identidade
social, a refletir sobre sua vida cotidiana e a
conquistar o conhecimento da realidade, de
modo a torná-lo um cidadão reflexivo,
134
participativo e autônomo. É necessário
estabelecer relações entre o passado e o
presente, que possibilitem ao estudante
planejar o seu futuro. Define-se o homem e
sua ação ao longo do tempo como objeto do
estudo da História, entendida como um
constante processo de mudanças e
permanências, de experiências individuais e
coletivas.
No entanto, as bases metodológicas
apresentadas são genéricas e indefinidas. Não
se expõem os fundamentos teórico-
metodológicos da História regional, com suas
especificidades. Esta lacuna tende a se refletir
fortemente na concepção e organização da
obra. Nota-se, ainda, a ausência de
esclarecimentos sobre a organização dos
conteúdos históricos, que justifiquem as
escolhas dos assuntos apresentados.
A coerência entre a proposta metodológica
da História e a sua incorporação é apenas
parcial. Constata-se a presença de articulações
que apresentam mudanças, transformações e
permanências, experiências individuais e
coletivas, conforme anunciado na proposta.
No entanto, o aluno raramente é o ponto de
partida para a construção do conhecimento
histórico; a relação passado-presente é pouco
enfatizada e a apresentação dos acontecimentos
é mais informativa do que questionadora.
Dada a ausência de uma reflexão detida sobre
a especificidade da história regional, a relação
entre o geral e o particular, e entre a história
do Brasil e a história do Estado de Minas
Gerais não fica bem resolvida.
A historicidade dos conceitos e noções
básicos da disciplina História, por sua vez, é
bem trabalhada. No entanto, o tratamento
dado às noções de tempo, espaço e às relações
sociais, de trabalho e poder poderia ser um
pouco mais aprofundado.
Há várias atividades que sugerem o
trabalho com fontes. No entanto elas são
empobrecidas, pois limitam-se a pedir que o
aluno constate o que está escrito nos textos.
Há, igualmente, inúmeras imagens que
poderiam ser focalizadas como fonte
histórica. Contudo, poucas fontes
iconográficas são utilizadas neste sentido,
pois servem principalmente como ilustração
para o assunto tratado.
A construção da cidadania e da ética é
abordada de forma pertinente, pois considera-
se que as experiências sociais são importantes
para a compreensão das histórias do Brasil e
de Minas Gerais. Tal construção verifica-se
tanto nas atividades – principalmente quando
se trata de debates ou diálogos – quanto nos
textos. Está clara a participação do indivíduo
na construção coletiva da sociedade e aponta-
se para a consciência política do cidadão e do
aluno, além de se abordar a diversidade das
experiências humanas. A criança é incentivada
a desenvolver a tolerância, a respeitar a
opinião alheia e a conviver socialmente. No
entanto, a forma pouco crítica de apresentar
as experiências e os conflitos sociais de certa
forma tolhe a possibilidade de canalizá-los
para a formação da atitude crítica do aluno
ao enfrentar experiências sociais adversas.
No manual do professor, apresentam-se as
metodologias da História e de ensino-
aprendizagem que nortearam a produção do
livro. Contudo, não há orientação que vise à
articulação entre os conteúdos ou reflexões
atualizadas sobre a historiografia relativa aos
temas regionais. É feita a apresentação das
seções que trazem diferentes atividades e
explicita-se o objetivo de cada uma delas. A
versão do livro do aluno destinada ao
professor contém pequenas inserções em azul,
com sugestões para as atividades e
informações adicionais. A Bibliografia
consultada e recomendada, ao final do
manual, é restrita e pouco diversificada,
contendo dez títulos sobre ensino, dez sobre
História e apenas três indicações referentes
ao Estado de Minas Gerais.

Em sala de aula

HISTÓRIA
Recomenda-se que o professor seja o mediador na construção do saber pelo
aluno e procure aproveitar as indicações sugeridas no manual do professor. É
interessante que o docente acrescente às atividades o debate crítico sobre as
questões colocadas e busque relacionar as fontes textuais e as imagens com a
construção do conhecimento histórico pelo aluno.

135
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
A proposta metodológica é apresentada com clareza.

As atividades são diversificadas e o texto enfatiza

mudanças, transformações e permanências. A

construção da ética e da cidadania está presente de

forma pertinente e o manual do professor pode auxiliar

no trabalho docente, com informações complementares

Livro regional
Interagindo e e sugestões de atividades que podem enriquecer a ação

Percebendo o pedagógica.

Paraná - Contudo, os fundamentos da história regional não são

História abordados e pouco se recorre às experiências do aluno.
Roseni R. C. Nascimento
Rosiane de Camargo
Além disso, há simplificações explicativas; as atividades,
Lilian Sourient
em geral, não são problematizadoras; e o trabalho com

fontes é empobrecido.

Um dos fatores limitantes é a pouca ênfase na relação

Editora Brasil
passado-presente, além de pouco explorada a relação
HISTÓRIA

entre a história do Brasil e a história do Paraná.

A obra Conhecendo a obra; Textos de apoio para o

O livro, com 112 páginas, trata da história
do Estado do Paraná. Seu conteúdo é
organizado em três unidades – 1. Paraná,
ontem e hoje; 2. O Paraná vai sendo ocupado;
3. Nosso estado, nossa gente –, divididas em
capítulos. Estes estão constituídos por texto
informativo e atividades distribuídas por
seções.
O manual do professor, de 48 páginas,
contém os tópicos: Por que aprender
História?; Uma proposta para ensinar e
aprender História; Como avaliar?;
trabalho pedagógico; Bibliografia consultada
e recomendada.
A análise
A proposta metodológica de ensino-
aprendizagem está alicerçada em reflexões
sobre por que aprender História e sobre o
papel do professor como mediador e
orientador do trabalho com os alunos. São
ressaltados, como pontos fundamentais, a
relação com a realidade social, o

136
desenvolvimento de atividades práticas e
problematizadoras, as experiências do aluno
e a elaboração do conhecimento a partir dos
subsídios apresentados na obra. Embora a
abordagem seja generalizante, sem referências
a uma bibliografia atualizada, percebe-se que
está em sintonia com as discussões recentes
em torno das metodologias de ensino.
A coerência entre a proposta e a elaboração
da obra é apenas parcial. O tratamento dos
conteúdos e a maneira como são expostos
facilitam sua compreensão pelos alunos. As
propostas de atividades estão claramente
colocadas. A distribuição dos conteúdos nas
unidades propicia um aprofundamento dos
assuntos que pode auxiliar na aquisição
gradativa de níveis mais amplos de abstração.
No entanto, o conteúdo está estruturado
por pequenos textos de cunho informativo,
completados em seções específicas sob a
forma de boxes. Este conjunto de informações
é entrecortado por atividades e exercícios de
compreensão e fixação. A apresentação dos
conteúdos tem caráter meramente expositivo
e informativo, incorrendo em inúmeras
simplificações explicativas. As atividades são
limitadas e pouco criativas, com escassas
referências à experiência do aluno,
contrariando a proposta metodológica.
As atividades são simples, de fácil
realização e estão formuladas de forma clara
e correta. Algumas estimulam a capacidade
de produzir pequenos textos. Se bem que
numerosas, elas são tópicas e, em sua grande
maioria, não propiciam o debate de
problemas, notando-se a ausência de uma
atitude crítica em suas formulações. Dessa
forma, as atividades, as indicações de
pesquisa e o levantamento de dados
dificilmente auxiliam os alunos a construir
conhecimentos de cunho histórico.
Propõe-se uma metodologia da História
que leve o aluno a construir sua identidade
social, a refletir sobre sua vida cotidiana e a
conquistar o conhecimento da realidade, de
modo a torná-lo um cidadão reflexivo,
participativo e autônomo. É necessário
estabelecer relações entre o passado e o
presente, que possibilitem ao estudante
planejar o seu futuro. Define-se o homem e
sua ação ao longo do tempo como objeto do
estudo da História, entendida como um
constante processo de mudanças e
permanências, de experiências individuais e
coletivas.
No entanto, as bases metodológicas
apresentadas são genéricas e indefinidas. Não
se expõem os fundamentos teórico-
metodológicos da História regional, com suas
especificidades. Esta lacuna tende a se refletir
fortemente na concepção e organização da
obra, que versa sobre o Estado do Paraná.
Nota-se, ainda, a ausência de esclarecimentos
quanto à organização dos conteúdos
históricos, que justifiquem as escolhas dos
assuntos apresentados.
A coerência entre a proposta da
metodologia da História e a sua incorporação
é apenas parcial. Constata-se a presença de
HISTÓRIA
articulações que apresentam mudanças,
transformações e permanências, experiências
individuais e coletivas, conforme anunciado
na proposta. No entanto, o aluno raramente é
o ponto de partida para a construção do
conhecimento histórico. A relação passado-
presente é pouco enfatizada e a apresentação
dos acontecimentos é mais informativa do que
questionadora. Pela ausência de uma reflexão
detida sobre a especificidade da história
regional, a relação entre o geral e o particular
e entre a história do Brasil e a história do
Paraná não fica bem resolvida.
A historicidade dos conceitos e noções
básicos da disciplina História é bem
trabalhada. No entanto, o tratamento dado às
noções de tempo, espaço, história e às relações
sociais, de trabalho e poder poderia ser mais
aprofundado.
137
 Há várias atividades que sugerem o trabalho
com fontes. No entanto, o trabalho com fontes
textuais é empobrecido, pois limita-se a pedir
que o aluno constate o que está escrito nos
textos. Do mesmo modo, há inúmeras imagens
que poderiam ser focalizadas. Contudo, poucas
fontes iconográficas são utilizadas e servem
principalmente como ilustração para o assunto
tratado.
A construção da cidadania e da ética é
abordada de forma pertinente, pois considera-
se que as experiências sociais são importantes
para a compreensão das histórias do Brasil e
do Paraná. Tal construção verifica-se tanto nas
atividades – principalmente quando se trata
de debates ou diálogos – quanto nos textos.
Está clara a participação do indivíduo na
construção coletiva da sociedade e aponta-se
para a consciência política do cidadão e do
aluno, além de abordar a diversidade das
experiências humanas. A criança é incentivada
a desenvolver a tolerância, a respeitar a
opinião alheia e a conviver socialmente. No
entanto, a forma pouco crítica de apresentar
as experiências e os conflitos sociais de certa
forma tolhe a possibilidade de canalizá-los
para a formação da atitude crítica do aluno
ao enfrentar experiências sociais adversas.
O manual do professor apresenta as
metodologias da História e de ensino-
aprendizagem que nortearam a produção do
livro. Contudo, não há orientação sobre a
articulação entre os conteúdos ou reflexões
atualizadas sobre a historiografia relativa aos
temas regionais. É feita a apresentação das
seções que trazem diferentes atividades e
explicitado o objetivo de cada uma delas. Na
parte descritiva do livro do aluno, há pequenas
inserções em azul, com sugestões para as
atividades e informações adicionais. A
Bibliografia consultada e recomendada, ao
final do manual, é diversificada, com 11
títulos referentes ao ensino, 11 de História do
Brasil e 15 sobre o Paraná.

Em sala de aula
HISTÓRIA

Recomenda-se que o docente seja o mediador na construção do saber pelo aluno

e procure aproveitar as indicações sugeridas no manual do professor. É importante
que acrescente às atividades o debate crítico sobre as questões colocadas e busque
relacionar as fontes textuais e as imagens com a construção do conhecimento
histórico pelo aluno.

138
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
A proposta metodológica é apresentada com clareza.

As atividades são diversificadas e o texto enfatiza

mudanças, transformações e permanências. A

construção da ética e da cidadania está presente de

forma pertinente e o manual do professor pode auxiliar

Livro regional no trabalho docente.

Interagindo e Contudo, os fundamentos da história regional não são
Percebendo
abordados e isso fica claro ao se perceber que a
Pernambuco -
articulação entre a história do Brasil e a história de
História
Lilian Sourient Pernambuco não está bem resolvido. Pouco se recorre
Kátia Obszewski
Lielba B. Ramos às experiências do aluno, o que conflita com a proposta

metodológica explicitada. Além disso, há simplificações

Editora Brasil explicativas; as atividades, em geral, não são

problematizadoras; e o trabalho com fontes é

HISTÓRIA
empobrecido.

A obra obra; Textos de apoio para o trabalho

O livro, com 96 páginas, trata da história
do Estado de Pernambuco. Seu conteúdo é
organizado em três unidades, divididas em
capítulos. Estes estão constituídos por texto
informativo e atividades, distribuídos por
seções. As unidades são: 1. Pernambuco ontem
e hoje; 2. Antes, terras de engenho, hoje terras
de usinas; 3. Nosso estado, nossa gente.
O manual do professor contém 48 páginas
e os tópicos: Por que aprender História?;
Uma proposta para ensinar e aprender
História; Como avaliar?; Conhecendo a
pedagógico; Bibliografia consultada e
recomendada.
A análise
A proposta metodológica de ensino-
aprendizagem está alicerçada em reflexões
sobre por que aprender História e sobre o
papel do professor como mediador e
orientador do trabalho com os alunos. São
ressaltados como pontos fundamentais a
relação com a realidade social, o

139
 desenvolvimento de atividades práticas e
problematizadoras, as experiências do aluno
e a elaboração do conhecimento a partir dos
subsídios apresentados na obra. Embora a
abordagem seja generalizante, sem referências
a uma bibliografia atualizada, percebe-se que
está em sintonia com as discussões recentes
em torno das metodologias de ensino.
A coerência entre a proposta e a elaboração
da obra é apenas parcial. O tratamento dos
conteúdos e a maneira como são expostos
facilitam sua compreensão pelos alunos. As
propostas de atividades estão claramente
colocadas. A distribuição dos conteúdos nas
unidades propicia um aprofundamento dos
assuntos que pode auxiliar na aquisição
gradativa de níveis mais amplos de abstração.
No entanto, o conteúdo está estruturado
por pequenos textos de cunho informativo,
completados em seções específicas sob a
forma de boxes. Este conjunto de informações
é entrecortado por atividades e exercícios de
compreensão e fixação. A apresentação dos
conteúdos tem caráter meramente expositivo
e informativo, registram-se inúmeras
HISTÓRIA
simplificações explicativas e há escassas
referências à experiência do aluno.
As atividades são simples, de fácil
realização e estão formuladas de forma clara
e correta. Algumas estimulam a capacidade
de produzir pequenos textos. Embora
numerosas, elas são tópicas e, em sua grande
maioria, não propiciam o debate de
problemas, notando-se a ausência de uma
atitude crítica em suas formulações. Dessa
forma, as atividades, as indicações de
pesquisa e o levantamento de dados propostos
na obra dificilmente auxiliam os alunos a
construírem conhecimentos de cunho
histórico.
Na metodologia da História da coleção,
afirma-se que o aluno deve ser estimulado a
construir sua identidade social, refletir sobre
sua vida cotidiana e conquistar o
140
conhecimento da realidade, de modo a tornar-
se um cidadão reflexivo, participativo e
autônomo. É necessário estabelecer relações
entre o passado e o presente, que possibilitem
ao aluno planejar o seu futuro. Define-se o
homem e sua ação ao longo do tempo como
objeto do estudo da História, entendida como
um constante processo de mudanças e
permanências, de experiências individuais e
coletivas.
No entanto, as bases metodológicas
apresentadas são genéricas e indefinidas. Não
se expõem os fundamentos teórico-
metodológicos da História regional, com suas
especificidades. Esta lacuna tende a se refletir
fortemente na concepção e organização da
obra. Nota-se, ainda, a ausência de
esclarecimentos quanto à organização dos
conteúdos históricos que justifiquem as
escolhas dos assuntos apresentados.
A coerência entre a proposta da metodologia
da História e a sua incorporação é apenas parcial.
Constata-se a presença de articulações que
apresentam mudanças, transformações e
permanências, experiências individuais e
coletivas, conforme anunciado na proposta. No
entanto, o aluno raramente é o ponto de partida
para a construção do conhecimento histórico. A
relação passado-presente é pouco enfatizada e
a apresentação dos acontecimentos é mais
informativa do que questionadora. Dada a
ausência de uma reflexão detida sobre a
especificidade da história regional, a relação
entre o geral e o particular e entre a história do
Brasil e a história do Estado de Pernambuco não
fica bem resolvida.
A historicidade dos conceitos e noções
básicos da disciplina História é bem
trabalhada. No entanto, o tratamento dado às
noções de tempo, espaço, trabalho e às
relações sociais e de poder poderia ser um
pouco mais aprofundado.
Há várias atividades que sugerem o
trabalho com fontes. No entanto, o trabalho
com fontes textuais é empobrecido, pois se
resume à solicitação de que o aluno constate
o que está escrito nos textos. Da mesma forma,
há inúmeras imagens que poderiam ser
focalizadas como fonte histórica. Contudo,
poucas fontes iconográficas são utilizadas
neste sentido, pois servem principalmente
como ilustração para o assunto tratado.
A construção da cidadania e da ética é
abordada de forma pertinente, pois se
considera que as experiências sociais são
importantes para a compreensão das histórias
do Brasil e de Pernambuco. Tal construção
verifica-se tanto nas atividades –
principalmente quando se trata de debates ou
diálogos – quanto nos textos. Está clara a
participação do indivíduo na construção
coletiva da sociedade e aponta-se para a
consciência política do cidadão e do aluno,
além de abordar a diversidade das
experiências humanas. A criança é incentivada
a desenvolver a tolerância, a respeitar a
opinião alheia e a conviver socialmente. No
entanto, a forma pouco crítica de apresentar
as experiências e os conflitos sociais de certa
forma tolhe a possibilidade de canalizá-los
para a formação da atitude crítica do aluno
ao enfrentar experiências sociais adversas.
No manual do professor apresentam-se as
metodologias da História e de ensino-
aprendizagem que nortearam a produção do
livro. Contudo, não há orientação que vise à
articulação entre os conteúdos ou reflexões
atualizadas sobre a historiografia relativa aos
temas regionais. É feita a apresentação das
seções que trazem diferentes atividades e é
explicitado o objetivo de cada uma delas. A
versão do livro destinada ao professor contém,
ainda, pequenas inserções em azul, com
sugestões para as atividades e informações
adicionais. A Bibliografia consultada e
recomendada, ao final, é restrita e pouco
diversificada, principalmente no que se refere
ao Estado de Pernambuco. São encontrados dez
títulos referentes ao ensino, sete de História
do Brasil e apenas quatro referentes ao Estado.

HISTÓRIA
Em sala de aula
Recomenda-se que o docente seja o mediador na construção do saber pelo aluno
e procure aproveitar as indicações sugeridas no manual do professor. É interessante
acrescentar às atividades o debate crítico sobre as questões colocadas e buscar
relacionar as fontes textuais e as imagens com a construção do conhecimento
histórico pelo aluno.

141
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
A proposta metodológica é apresentada com clareza.

As atividades são diversificadas e o texto enfatiza

mudanças, transformações e permanências. A

construção da ética e da cidadania está presente de

forma pertinente e o manual do professor pode auxiliar

Livro regional
no trabalho docente, com orientações para as atividades
Interagindo e
Percebendo dos aluno.
São Paulo - Contudo, os fundamentos da história regional não são
História
abordados e não há uma boa articulação entre a história
Roseni R. C. Nascimento
Rosiane de Camargo
Lilian Sourient
do Brasil e a história de São Paulo. Pouco se recorre às

experiências do aluno, o que contraria a proposta

pedagógica explicitada. Além disso, há simplificações;

Editora Brasil
as atividades, em geral, não são problematizadoras; e
HISTÓRIA

o trabalho com fontes é empobrecido.

A obra Conhecendo a obra; Textos de apoio para o

O livro, com 96 páginas, trata da história
do Estado de São Paulo. Seu conteúdo é
organizado em três unidades – 1. São Paulo:
ontem e hoje; 2. São Paulo tem história para
contar; 3. Nosso estado, nossa gente –,
divididas em capítulos. Estes estão
constituídos por texto informativo e
atividades, distribuídas por seções.
O manual do professor contém 48 páginas
e os seguintes tópicos: Por que aprender
História?; Uma proposta para ensinar e
aprender História; Como avaliar?;
trabalho pedagógico; Bibliografia consultada
e recomendada.
A análise
A proposta metodológica de ensino-
aprendizagem está alicerçada em reflexões
sobre por que aprender História e sobre o
papel do professor como mediador e
orientador do trabalho com os alunos. São
ressaltados, como pontos fundamentais, a
relação com a realidade social, o

142
desenvolvimento de atividades práticas e
problematizadoras, as experiências dos
alunos, a elaboração do conhecimento a partir
dos subsídios apresentados na obra. Embora
a abordagem seja generalizante, sem
referências a uma bibliografia atualizada,
percebe-se que está em sintonia com as
discussões recentes em torno da metodologia
de ensino.
A coerência entre a proposta e a elaboração
da obra é apenas parcial. O tratamento dos
conteúdos e a maneira como são expostos
facilitam sua compreensão pelos alunos. As
propostas de atividades estão claramente
colocadas. A distribuição dos conteúdos nas
unidades propicia um aprofundamento dos
assuntos que pode auxiliar na aquisição
gradativa de níveis mais amplos de abstração.
No entanto, o conteúdo está estruturado
por pequenos textos de cunho informativo,
completados em seções específicas, sob a
forma de boxes. Este conjunto de informações
é entrecortado por atividades e exercícios de
compreensão e fixação. A apresentação dos
conteúdos tem caráter meramente expositivo
e informativo e incorre em inúmeras
simplificações explicativas. As atividades são
limitadas e pouco criativas, com escassas
referências à experiência do aluno.
As atividades são simples, de fácil
realização, ainda que numerosas. Elas são
tópicas e, em sua grande maioria, não
propiciam o debate de problemas, notando-
se a ausência de uma atitude crítica em suas
formulações. Algumas incentivam a
capacidade de produzir pequenos textos. A
maioria, porém, centra-se apenas nos assuntos
trabalhados em cada capítulo e, assim, não
propicia o debate de problemas, nem a
formação de atitudes críticas. Dessa forma,
as atividades, as indicações de pesquisa e o
levantamento de dados dificilmente auxiliam
os alunos a construir conhecimentos de cunho
histórico.
Apregoa-se uma metodologia da História
que leve o aluno a construir sua identidade
social, a refletir sobre sua vida cotidiana e a
conquistar o conhecimento da realidade, de
modo a torná-lo um cidadão reflexivo,
participativo e autônomo. É necessário
estabelecer relações entre o passado e o
presente, que possibilitem ao aluno planejar
o seu futuro. Define-se o homem e sua ação
ao longo do tempo como objeto do estudo da
História, entendida como um constante
processo de mudanças e permanências, de
experiências individuais e coletivas.
No entanto, as bases metodológicas
apresentadas são genéricas e indefinidas. Não
se expõem os fundamentos teórico-
metodológicos da História regional, com suas
especificidades. Esta lacuna tende a se refletir
fortemente na concepção e na organização da
obra. Nota-se, ainda, ausência de
esclarecimentos quanto à organização dos
conteúdos históricos que justifiquem as
escolhas dos assuntos apresentados.
A coerência entre a proposta da
metodologia da História e a sua incorporação
HISTÓRIA
é apenas parcial. Constata-se a presença de
articulações que apresentam mudanças,
transformações e permanências, experiências
individuais e coletivas, conforme anunciado
na proposta. No entanto, o aluno raramente é
o ponto de partida para a construção do
conhecimento histórico. A relação passado-
presente é pouco enfatizada e a apresentação
dos acontecimentos é mais informativa do que
questionadora. Pela ausência de uma reflexão
detida sobre a especificidade da história
regional, a relação entre o geral e o particular
e entre a história do Brasil e a história do
Estado de São Paulo não fica bem resolvida.
A historicidade dos conceitos e noções básicos
da disciplina História é bem trabalhada. No
entanto, o tratamento dado às noções de tempo e
espaço e às relações sociais, de trabalho e de poder
poderia ser um pouco mais aprofundado.
143
 Há várias atividades que implicam o uso
de fontes. No entanto, o trabalho com fontes
textuais é empobrecido pois se reduz a pedir
que o aluno constate o que está escrito nos
textos. Do mesmo modo, há inúmeras imagens
que poderiam ser focalizadas como fonte
histórica. Contudo, poucas fontes
iconográficas são utilizadas neste sentido,
pois servem principalmente como ilustração
para o assunto tratado.
A construção da cidadania e da ética é
abordada de forma pertinente, pois considera-
se que as experiências sociais são importantes
para a compreensão das histórias do Brasil e
de São Paulo. Tal construção verifica-se tanto
nas atividades – em especial quando se trata
de debates ou diálogos – quanto nos textos.
Está clara a participação do indivíduo na
construção coletiva da sociedade e aponta-se
para a consciência política do cidadão e do
aluno, além de abordar a diversidade das
experiências humanas. A criança é incentivada
a desenvolver a tolerância, a respeitar a
opinião alheia e a conviver socialmente. No
HISTÓRIA
entanto, a forma pouco crítica de apresentar
as experiências e os conflitos sociais de certa
forma tolhe a possibilidade de canalizá-las
para a formação da atitude crítica do aluno
ao enfrentar experiências sociais adversas.
No manual do professor apresentam-se as
metodologias da História e de ensino-
aprendizagem que nortearam a produção do
livro. Contudo, não há orientação que vise à
articulação entre os conteúdos ou reflexões
atualizadas sobre a historiografia relativa aos
temas regionais. É feita a apresentação das
seções que trazem diferentes atividades e
explicitado o que se pretende em cada uma
delas. Na seção que apresenta o livro do aluno
há pequenas inserções em azul, com sugestões
para as atividades e com informações
adicionais. A Bibliografia consultada e
recomendada, ao final do manual, é restrita e
pouco diversificada, principalmente no que
se refere Estado de São Paulo. Encontram-se
dez títulos referentes ao ensino, 15 de História
do Brasil e apenas três específicos sobre a
história de São Paulo.

Em sala de aula
Recomenda-se que o docente seja o mediador na construção do saber pelo aluno
e procure aproveitar as indicações sugeridas no manual do professor. Também é
interessante acrescentar às atividades o debate crítico sobre as questões colocadas
e procurar relacionar as fontes textuais e as imagens com a construção do
conhecimento histórico pelo aluno.

144
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
Ao tratar da história de Porto Alegre, em conexão com

a história do Brasil, a obra mantém uma relação orgânica

entre textos, ilustrações e atividades. Possui linguagem

clara e de fácil compreensão, traz glossário e algumas

atividades que podem auxiliar o aluno a adquirir novos

conhecimentos e a exercitar habilidades.

Livro regional No entanto, o manual do professor não explicita as
Minha Porto propostas metodológicas subjacentes à elaboração da
Alegre - História obra. A narrativa está centrada nos aspectos políticos
Lilian Zieger
dos processos históricos e o aluno não é o interlocutor

na construção do conhecimento. Além disso, não há

diálogo com outras visões da história da cidade nem

com fontes textuais e iconográficas. Grande parte das

atividades visa apenas reforçar as afirmações do texto

didático. A construção da cidadania não constitui ponto

Editora FTD
de referência em destaque, com pouco incentivo à

HISTÓRIA
análise crítica da sociedade.

A obra Alegre; Porto Alegre no final do século XIX

O livro, com 52 páginas, aborda a história
da cidade de Porto Alegre. É organizado em
capítulos, com texto didático informativo,
atividades e destaques como Passeio
educativo, Curiosidades e Desafio. Ao final,
traz Glossário e Bibliografia.
O conteúdo é desenvolvido em 17
capítulos que tratam dos seguintes temas:
indígenas; tropeiros; açorianos; imigrantes;
crescimento da capital; Porto Alegre frente à
Independência, à República e a Revolução
Farroupilha; água, esgoto e higiene em Porto
e no século XX; primeiro prefeito; aumento
da população, progresso e favelas; novos
tempos; símbolos de Porto Alegre.
O manual do professor contém 16 páginas
e expõe os objetivos, conteúdos e
procedimentos para cada capítulo, além de
textos complementares. A bibliografia é a
mesma do livro do aluno.
A análise
Não há explicitação da proposta de ensino-

145
 aprendizagem da obra, a não ser algumas
rápidas considerações nas quais se afirma que
o livro didático deve ser utilizado apenas
como instrumento auxiliar na construção do
conhecimento, e que cabe ao professor utilizá-
lo de maneira criativa. Contudo, não são
fornecidas indicações para o melhor
aproveitamento do material.
Percebe-se coerência na forma como o
livro está concebido, tendo em vista a
organicidade entre os textos expositivos e as
atividades. A abstração e a generalização são
incentivadas, pois a narrativa, apesar de linear
e factual, parte do enfoque de uma história
individual para uma história coletiva. Também
há o constante cuidado em realizar a conexão
entre a história do Brasil e a de Porto Alegre.
No entanto, a opção por uma exposição
fundamentada em muitas informações
factuais, datas e nomes dificulta a
generalização e pode comprometer a leitura,
pela aridez da exposição. A relação de
oposição entre o passado e o presente se dá
por meio de uma narrativa linear que parte da
Colônia e prossegue até os dias atuais, sem
HISTÓRIA
problematizar o conteúdo. A exposição sobre
a cidade não leva em consideração a
construção do conhecimento como resultado
dos esforços dos historiadores e,
conseqüentemente, não envolve o aluno na
aquisição deste conhecimento. A criança é
considerada apenas receptora de informações
transmitidas, sem valorização de sua
experiência prévia.
As atividades, formuladas clara e
corretamente, estão integradas aos conteúdos,
e auxiliam no desenvolvimento de diversas
habilidades cognitivas, tais como a
observação, a investigação, a síntese, a
organização e a criatividade.
Não são encontradas atividades de
interpretação das ilustrações do livro.
Constata-se, também, o predomínio de
exercícios de pergunta e resposta ou de
146
retomada dos conteúdos expostos no texto.
Na maioria das atividades, não há a
preocupação em estimular a capacidade de
debater problemas.
A concepção de História, subjacente à
exposição do livro didático, não é explicitada.
Percebe-se que a apresentação da história de
Porto Alegre tem como referência os
acontecimentos próprios da história do Brasil.
A narrativa linear prioriza os aspectos
políticos, embora também sejam abordados
alguns assuntos de natureza social e cultural.
Também não há qualquer demonstração de
incorporação das renovações historiográficas.
Prevalece uma descrição linear dos processos
históricos de Porto Alegre, mas as
informações são atualizadas. Embora não haja
uma identificação exclusiva da História a
alguns heróis ou a fatos e datas, o texto
didático se encontra sobrecarregado com
informações desta natureza. Encontram-se
algumas simplificações explicativas devidas,
principalmente, à forma resumida com que
se fazem chamadas para situar os
acontecimentos da história da região em
relação à história do Brasil. O texto é
excessivamente propositivo, sem resguardar
a multiplicidade de visões em torno da
História. Não há textos de diferentes autores,
nem indicação de leituras complementares
para os alunos.
Por outro lado, a historicidade dos
conceitos básicos para a construção do
conhecimento é trabalhada de modo
diferenciado. Alguns conceitos estão bem-
articulados, mas outros – como história,
sujeito histórico, sociedade, transformação e
permanência, diversidade e unicidade,
natureza e relação social – não são bem
construídos.
Registra-se a ausência de fontes históricas
textuais, mas há um número bastante
apreciável de fontes iconográficas variadas.
As ilustrações estão integradas ao texto e
propiciam ao aluno novas formas de
conhecimento. No entanto, as imagens são
apenas ilustrativas, e não objeto de
interpretação. Assim, não se constituem como
documento para a compreensão da História e
como incentivo para que os alunos
problematizem os conteúdos históricos. As
representações cartográficas respeitam as
convenções, mas faltam informações
adequadas para a contextualização de diversas
ilustrações.
O Glossário traz alguns termos
considerados mais difíceis, com definições
simples e diretas, constituindo-se em uma
fonte confiável de consulta para o aluno.
A preocupação com a construção da
cidadania está presente apenas espora-
dicamente, e a atitude crítica quase não é
incentivada. Em poucas ocasiões os alunos
são levados a refletir sobre os aspectos
contraditórios da realidade brasileira e da
região. Valores como tolerância e liberdade
não recebem tratamento específico. As
experiências do passado são valorizadas,
embora não haja preocupação em se
evidenciar a contribuição da cultura negra
para o Rio Grande do Sul, e se faça apenas
referência rápida aos indígenas. A principal
etnia presente no livro é a européia.
O manual do professor não explicita as
propostas metodológicas que dão suporte à
elaboração do livro. Após uma rápida
mensagem ao professor, são apresentados os
objetivos, conteúdos, procedimentos e textos
complementares para cada capítulo. Em
alguns casos são sugeridas leituras
complementares que se referem a aspectos da
história de Porto Alegre. Não há orientações
no que se refere à articulação dos conteúdos
entre si, nem discussão sobre avaliação da
aprendizagem. Ao término do manual, há uma
lista de 20 títulos que se referem
exclusivamente à história de Porto Alegre e
do Rio Grande do Sul.

HISTÓRIA
Em sala de aula
Em função das lacunas constatadas no livro, o professor deverá estar atento
para auxiliar os alunos na interpretação de textos e ilustrações. Também é
importante incluir a abordagem dos aspectos sociais e culturais dos processos
históricos e exercitar a crítica sobre os problemas que afligem a sociedade brasileira,
além de incentivar a construção da cidadania. Outro aspecto que merece
complementação do professor diz respeito à presença de negros e índios na região
e as contribuições econômicas e culturais deixadas por essas etnias.

147
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
Nesta obra, a história do Espírito Santo articula-se à
história do Brasil, seguindo eixos temáticos. Faz-se uso
de documentos históricos e as ilustrações estão
integradas ao texto. As atividades são criativas e
variadas, com solicitação de pesquisas e elaboração de
textos, ainda que muito voltadas para a fixação dos

Livro regional conteúdos.

Nosso Estado - Contudo, as propostas metodológicas não estão

O Espírito claramente explicitadas no manual do professor, que é

Santo pouco articulado. A exposição dos conteúdos é

Léa Brígida R. de A. Rosa descritiva, deixando de correlacionar os assuntos

Renato José Costa Pacheco
trabalhados e de estabelecer diálogo com o aluno. Os
Luiz Guilherme Santos Neves
conceitos históricos básicos não são adequadamente
construídos. Há o cuidado com a construção da
cidadania, mas há poucos exercícios que a evidenciem,

Editora Base e os textos tratam insuficientemente dos problemas

sociais do estado. Além disso, registram-se alguns
HISTÓRIA

apelos ufanistas.

A obra 3. A ocupação do litoral; 4. O Espírito Santo

O livro, com 96 páginas, aborda a história
do Espírito Santo e está estruturado em quatro
capítulos, divididos em múltiplos subitens,
contendo as seções Atividades, Leituras
especiais, Você sabia, Estante de História.
O manual do professor contém 15 páginas
e é composto por observações preliminares,
comentários aos quatro capítulos e outras
informações ao professor. Fornece
referências bibliográficas. Os capítulos estão
assim estruturados: 1. Nosso Estado – o
Espírito Santo; 2. Os avanços da colonização;
atual.
A análise
Na proposta metodológica da obra são
explicitados apenas alguns elementos
importantes, do ponto de vista pedagógico,
como o de que o ensino e o aprendizado em
História se fazem tendo como base o saber
que o aluno elabora, e o de que o livro didático
é um instrumento, dentre outros, para o aluno
se apropriar de novos conhecimentos e os

148
relacionar à prática social. Considera-se que
o processo de aprendizagem se dá em
situações concretas, em que interagem
professor e aluno.
Essas propostas são desenvolvidas com
relativa coerência, pois o livro fornece
informações ao aluno sobre o Espírito Santo;
a relação presente-passado é contemplada, por
vezes nas atividades e mais fortemente no
quarto capítulo; as atividades são criativas e
podem propiciar a interação aluno-professor-
livro didático; o estudante é estimulado a
desenvolver a observação, a constatar os
acontecimentos em seqüências históricas e a
compreender textos; valorizam-se as tradições
locais e a preservação do patrimônio artístico
e histórico do Estado do Espírito Santo.
Contudo, a exposição dos assuntos é
predominantemente descritiva, e não explora
as relações entre os assuntos apresentados,
deixando de instigar o aluno a realizar
análises, a formular hipóteses, a produzir
sínteses. E não se consegue estabelecer um
diálogo com o aluno no decorrer do qual sua
experiência de vida seja aproveitada para
mediar o processo de ensino-aprendizagem.
As atividades e os exercícios são
diversificados e criativos, estimulando
principalmente a observação, a investigação,
a comparação e a interpretação. Por diversas
vezes solicitam-se pesquisas e produção de
textos. Alguns exercícios, porém, remetem
diretamente à cópia do texto didático, e são
raros aqueles que, refletindo sobre uma
realidade local, buscam historicizá-la e
colocá-la em discussão.
Segundo o explicitado pela metodologia
da História adotada, o ensino da história do
Espírito Santo deve ser articulado a um
contexto mais amplo, seguindo eixos
temáticos por meio dos quais o presente se
relaciona com o passado numa dinâmica de
permanências e mudanças. Tais eixos
contemplam, na medida do possível, os
grandes temas que caracterizam a história
regional. Além disso, o estudo da História
pode contribuir para o desenvolvimento de
uma consciência histórica e para a formação
do sentimento de cidadania e de igualdade
social.
O desenvolvimento da obra é coerente com
tais propostas, uma vez que o texto didático
adota a exposição da história do Espírito
Santo a partir de grandes eixos temáticos,
fugindo à descrição de datas e fatos e evitando
caricaturas de períodos, de personagens, de
lugares ou regiões. A interpretação própria dos
alunos é exercitada por meio de atividades
com textos e imagens.
Contudo, embora sejam incorporados
aspectos da renovação historiográfica, como
a valorização dos aspectos sociais e culturais
da realidade histórica, a exposição didática
privilegia acentuadamente a descrição e a
narração, em detrimento do exercício
problematizador. A História como
conhecimento construído não é objeto de
reflexão nem no livro do aluno, nem nas
orientações constantes no manual do
HISTÓRIA
professor.
Por outro lado, os grandes temas da
história do Espírito Santo são desenvolvidos
dentro da mais tradicional proposta didática,
em que o relato da história do Brasil é
acrescido de informações da história local.
Cada tema é analisado de forma quase
estanque, sem estabelecer relações entre os
diferentes momentos, não concretizando a
proposta de desenvolver um eixo temático e
de relacionar passado-presente.
Os conceitos fundamentais para o
conhecimento histórico também não são
trabalhados de maneira satisfatória. Deixam
a desejar o tratamento dado a período/
duração, a ordenação/seqüência/simul-
taneidade, e à relação passado-presente-
futuro. Os outros conceitos estão
desenvolvidos de forma apenas suficiente.
149
 Há o cuidado em apresentar documentos
históricos e textos de autores capixabas, que
são objeto de interpretação nas seções
reservadas para as atividades. Há igual
preocupação com a interpretação das imagens,
que por vezes são associadas aos textos
suplementares nos exercícios. As ilustrações
estão integradas ao texto, sendo adequadas às
finalidades para as quais foram elaboradas. A
proposta de exercícios de interpretação de
imagens forçosamente leva os alunos a
problematizar os conteúdos históricos.
No entanto, muitas ilustrações apresentam
resolução gráfica deficiente, o que prejudica
a compreensão. As representações carto-
gráficas estão incompletas, assim como as
indicações das ilustrações.
Há o pressuposto de que o aluno faz parte
da História e tem condições de influenciar na
história do Estado do Espírito Santo, exercendo,
assim, sua função de auxiliar na construção da
cidadania. A atitude crítica é estimulada por
meio de exercícios que exigem do aluno a
reflexão. O estímulo ao convívio social, à
tolerância e à liberdade é indireto, podendo ser
HISTÓRIA
que compõem o Estado do Espírito Santo.
No entanto, são poucos os exercícios
voltados, de fato, para a construção da cidadania.
A consciência política não recebe tratamento
devido, e o texto didático silencia a respeito dos
problemas sociais do estado, salvo em raras
passagens. Por vezes, aspectos do presente são
acompanhados de forte apelo ufanista e de
referências ao progresso do estado.
No manual do professor não se encontram
sistematizadas as propostas metodológicas
que poderiam auxiliar o professor em seu
trabalho pedagógico. De forma pouco
organizada são indicados alguns elementos
considerados importantes para o
entendimento da concepção de História
subjacente à elaboração do livro. As
referências aos aspectos de ensino-
aprendizagem também são insuficientes. O
item Comentários aos capítulos restringe-se
a resumi-los. Ao final, é apresentado um texto
que sintetiza, de forma descritiva e acrítica, a
história do Espírito Santo. Assim, a
articulação das propostas teórico-
metodológicas com as estratégias utilizadas

apreendido ao se apresentarem as diversas etnias na elaboração do livro fica prejudicada.

Em sala de aula
É importante que o professor esteja atento para retirar do texto os aspectos
ufanistas, explorando mais as atividades que exercitam a reflexão e o espírito
crítico do aluno. Deve ainda procurar relacionar os documentos e ilustrações com
a forma de construir o conhecimento histórico, na história do Espírito Santo.

150
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
A obra traz uma clara exposição – embora pouco

sistematizada – das propostas metodológicas, que são

desenvolvidas de forma coerente. Com algumas

exceções, o tratamento das noções e dos conceitos

fundamentais para o conhecimento histórico é

adequado, e as atividades auxiliam no desenvolvimento

Livro regional O
das habilidades básicas. Textos e atividades colaboram
Mato Grosso e
sua História para a construção da cidadania. As fontes textuais são

Laura Antunes Maciel bem trabalhadas e o manual do professor pode colaborar

com o trabalho do docente.

Percebe-se, no entanto, que os textos são expositivos

e informativos e não consideram as experiências dos

alunos. Por outro lado, constatam-se algumas

simplificações explicativas. As ilustrações não são

Editora LDS
trabalhadas como fontes para a elaboração de

HISTÓRIA
conhecimentos novos.

A obra História oral, Fique por dentro, Analisando

O livro aborda a história do Estado do
Mato Grosso. Está organizado em quatro
unidades compostas de itens que
desenvolvem: a compreensão do Brasil e da
constituição do espaço hoje conhecido como
Mato Grosso; o processo de trabalho e suas
diferentes modalidades históricas; as
resistências e as formas de luta de grupos
sociais pelos seus direitos; além de abordar a
história regional do Mato Grosso, de modo a
compreender a diversidade cultural. Contém
as seções Ampliando o conhecimento,
documentos e Enquanto isso. Ao final,
acrescentam-se Referências de imagens.
O manual do professor inicia-se com uma
Introdução e em seguida apresenta, para cada
unidade, o objetivo, a temática, sugestões para
trabalhar com as atividades e bibliografia.
A análise
Algumas das propostas de ensino-
aprendizagem que embasam a obra são
enumeradas no manual do professor, tais

151
 como: a necessidade de se incorporar a
experiência histórica do aluno; auxiliar na
percepção das vivências dos agentes
históricos; fazer com que a observação
ultrapasse a realidade mais próxima do aluno;
introduzir noções básicas do conhecimento
histórico; estimular habilidades e
competências; capacitar os estudantes para o
uso da história oral; introduzir o registro em
linguagem textual e gráfica; estimular o
reconhecimento da diversidade cultural;
buscar diferentes leituras da realidade. No
entanto, as idéias acima elencadas não estão
sistematizadas ou aprofundadas.
Mesmo assim, verifica-se coerência entre
as idéias expostas e a elaboração do livro, ao
se constatar o cuidado com o desenvolvimento
de diversas habilidades cognitivas. A
linguagem é apropriada e a estrutura do texto,
ágil. Há tratamento adequado e tematizado das
realidades sociais e o constante relacio-
namento entre passado e presente. O livro está
organizado em torno de temas abrangentes,
que relacionam textos informativos, textos
complementares, análise de documentos e
HISTÓRIA
atividades variadas.
Apesar dessas qualidades, os textos
didáticos de cada capítulo caracterizam-se por
serem expositivos e informativos, sem partir
da experiência anterior do aluno. O
contraponto entre a experiência da criança e
os conhecimentos novos é feito princi-
palmente na seção História oral. Com isso, é
pesquisada apenas a realidade que lhe é
próxima, a fim de servir como ponto de partida
para a elaboração de novos conhecimentos.
As atividades e exercícios decorrem dos
conteúdos apresentados, e possibilitam o
desenvolvimento das habilidades básicas.
Cumprem as funções a que se destinam, como
debater problemas, auxiliar na fixação de
conteúdos e análise de documentos. Em
diversas ocasiões, promovem a articulação
entre os diferentes conteúdos. As atividades
152
também criam oportunidades para o debate
de temas importantes. Percebe-se, no entanto,
alguns problemas pontuais, mas que não são
generalizados.
São explicitadas, de forma pouco
sistematizada, algumas idéias sobre a
metodologia da História que orientaram a
elaboração do livro. De acordo com esta, a
História é construída pelas ações dos homens
comuns e não de grandes personalidades; o
aluno é incluído como sujeito histórico;
busca-se o rompimento com a linearidade
explicativa, evidenciando-se as contradições
e a abertura de novos caminhos. Além disso,
propõe-se o trabalho com documentos
iconográficos, escritos e orais, como forma
de compreensão da História enquanto
conhecimento em constante construção. Estes
princípios norteadores, no entanto, são
explicitados como “intenções”, constituindo-
se em uma abordagem sumária e superficial.
Nota-se que tais intenções estão presentes
de modo coerente na elaboração da obra.
Enfocam-se sujeitos históricos concretos em
suas ações cotidianas, os personagens da
História não são os figurantes/heróis, mas os
sujeitos coletivos, e os movimentos sociais. Há
o tratamento de temas significativos de cunho
social e adequada relação entre passado e
presente. São apresentadas as contradições
básicas entre os grupos sociais e há trabalho
com fontes escritas, iconográficas e orais. A
proposta incorpora ao livro didático elementos
gerais da renovação historiográfica.
Percebe-se, no entanto, a ausência do
enfoque das dimensões políticas. Assim, um
aspecto importante da proposta, enunciado na
Introdução, fica seriamente prejudicado.
Além disso, a problematização não é um
elemento estruturador da escolha e
organização dos conteúdos e constatam-se
algumas simplificações explicativas.
O tratamento das noções e conceitos
fundamentais para o conhecimento histórico
é diferenciado no conjunto do livro, e na
maioria das vezes é bem trabalhado. Deixa a
desejar, no entanto, o desenvolvimento dos
conceitos de história, sociedade, poder,
período/duração, ordenação, seqüência e
simultaneidade.
São apresentadas diversas fontes textuais
que, em geral, são discutidas no texto didático
ou trabalhadas em exercícios. As ilustrações
estão integradas aos textos, salvo raras
exceções, e auxiliam na compreensão dos
assuntos tratados. No entanto, as ilustrações
não levam o aluno a problematizar os
conteúdos históricos e não são trabalhadas
como fontes para a elaboração de
conhecimentos novos. Muitas delas estão
prejudicadas pela pouca nitidez e por
problemas em relação a legendas e ausência
de créditos.
Tanto os textos quanto as atividades
colaboram para a construção da cidadania,
uma vez que colocam em evidência a
problematização de diferentes questões
sociais e incentivam a participação na
Em sala de aula
O manual do professor traz indicações que podem ser proveitosas para o professor
organizar seu trabalho pedagógico. Na ausência de enfoques da história política,
é conveniente que o docente complemente o assunto com leituras de jornais e
revistas regionais.
construção coletiva da sociedade. A tolerância
é estimulada, ao trabalhar o conhecimento e
o respeito à diversidade das experiências
humanas e das manifestações culturais,
especialmente no último capítulo. Os
problemas sociais são tematizados e
discutidos em sua perspectiva histórica.
No manual do professor, a articulação
entre as propostas enunciadas e as estratégias
de ensino é desenvolvida nos comentários
específicos para cada unidade e nas
considerações referentes às atividades. Nestas
oportunidades, os objetivos de cada estratégia
e as alternativas de ação pedagógica são
esclarecidos ao professor, embora não se
encontrem referências claras aos pressupostos
teóricos e metodológicos.
São sugeridas poucas leituras para a
formação e atualização do professor. A
bibliografia indicada é restrita e pouco
diversificada. São sugeridos endereços de
sites, visitas e atividades de campo, CDs e
vídeos. Não há proposta e discussão sobre a
avaliação da aprendizagem.
HISTÓRIA
153
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
A obra manifesta sólida pesquisa sobre a história do

Paraná, calca-se em metodologia adequada e apresenta

subsídios para a compreensão da história atual. O aluno

é levado a problematizar o conhecimento e a se

posicionar criticamente. As atividades são criativas e

Livro regional O
sistematizam as operações cognitivas. Utiliza com
Paraná de
Todas as Cores precisão os documentos textuais e iconográficos.
Sérgio Aguilar Silva
Cuidado especial é dispensado à construção da
Ediméri Stadler Vasco
Aimoré Índio do Brasil Arantes
Cristina Carla Klüppel
cidadania.

Contudo, o livro privilegia, em excesso, o tratamento

dos conteúdos, apresentando textos muito longos e

Editora Base voltando-se para a exposição de fatos, datas e locais.

Há poucas referências aos aspectos urbanos do Paraná.

HISTÓRIA

Algumas ilustrações e fotos de época são pouco nítidas.

A obra e Referências bibliográficas.

As unidades são assim constituídas: 1. Os
O livro, com 144 páginas, trata da história povos indígenas no Paraná – Ontem e hoje.
do Paraná, estruturando-se em cinco unidades, 2. Mineração e tropeirismo. 3. Latifúndios:
que constam de texto didático, atividades e fazendas de gado e de produções agrícolas –
boxes com textos e documentos variados.
Ontem e hoje. 4. Imigração européia e
Contém Glossário, Sugestão de leitura e
migrações internas. 5. As populações do
Referências bibliográficas.
Paraná e suas diferentes expressões culturais
O manual do professor contém 32 páginas
e organiza-se em 12 tópicos, nos quais aborda – Ontem e hoje.
questões relativas ao ensino da História, aos
pressupostos teóricos e metodológicos, e
outras orientações para o professor, além de A análise
comentários sobre cada unidade. É acrescido
de Sugestões de leitura, Sugestões de filmes A proposta teórico-metodológica adotada

154
concebe a educação como uma ação
humanista, voltada para a construção da
cidadania e do espírito crítico, como forma
de enfrentar e superar os problemas sociais
que afetam a sociedade brasileira. Para tanto,
requer um aluno-sujeito e não objeto do
conhecimento, pois pressupõe que a formação
do indivíduo resulta da interação com o meio,
e a aprendizagem é fruto da participação ativa
do aluno. O volume é parte integrante de uma
metodologia de ensino-aprendizagem baseada
em ciclos.
A coerência metodológica se expressa no
cuidado em proporcionar um conhecimento
que promova a reflexão de questões colocadas
no cotidiano dos alunos, problematizando o
conhecimento. Verifica-se a concretização do
diálogo entre aluno/professor/conhecimento
mediante exercícios e atividades. Desen-
volvem-se estratégias que auxiliam o
estudante a compreender a realidade social
paranaense. Em diversas ocasiões, os alunos
são solicitados a se posicionar de modo crítico
e reflexivo sobre determinados assuntos e a
problematizar a relação passado-presente.
No entanto, a proposta do trabalho em
ciclos não se efetiva no volume, posto que a
disposição dos conteúdos segue uma ordem
cronológica clássica, e se constata a presença
de grande quantidade de datas, reforçando o
apego à cronologia. A extensão do período
temporal estudado e, em alguns temas, as
referências a acontecimentos simultâneos
denotam um expressivo grau de comple-
xidade, inadequado ao nível de compreensão
dos alunos do Ensino Fundamental.
Os exercícios e as atividades possibilitam
o desenvolvimento de várias habilidades. Os
exercícios com mapas e documentos visuais
estimulam a observação, alguns outros
propõem a organização e a comparação, ou a
interpretação. A iconografia estimula a
observação e o estabelecimento de relações
entre imagens e texto didático, mas são os
exercícios e atividades que sistematizam as
operações cognitivas. No entanto, a maioria
dos exercícios solicita respostas pontuais, o
que representa limitação às potencialidades
criativas do aluno.
A metodologia da História explicitada
supõe uma educação voltada para o incentivo
à pesquisa histórica, de forma a tornar o aluno
sujeito do conhecimento. Propõe a articulação
entre conteúdos e atividades, para dinamizar
e manter diálogo constante com o aluno. Este
é considerado como sujeito capaz de entender
a História enquanto conhecimento, o que
contribui para adquirir experiência e prática
de cidadania, dentro de uma lógica de
mudanças e permanências, semelhanças e
diferenças, desigualdades, cooperações e
conflitos. É incentivado o trabalho com fontes
documentais e iconográficas.
A coerência com o enunciado verifica-se
ao relacionar os acontecimentos históricos ao
momento presente, propiciando ao aluno o
conhecimento crítico da realidade ao
incorporar as heranças individuais e coletivas.
Nesse processo de reconstrução da História,
HISTÓRIA
estimulam-se a leitura, a análise e a
interpretação de fontes históricas, ao mesmo
tempo em que exercícios e atividades
incentivam o desenvolvimento das habi-
lidades básicas.
A renovação historiográfica se expressa na
abordagem que abandona os marcos políticos
e destaca as experiências vividas pelos grupos
e classes sociais, e também na opção em não
se estudar a história regional circunscrita a si
mesma. Ressalve-se que o texto apresenta um
tom excessivamente impositivo, fornecendo,
por vezes, grande quantidade de fatos e datas
sem possibilitar que o aluno relativize a
informação transmitida.
A exposição dos conteúdos contempla
adequadamente a maioria dos conceitos
básicos da História, mas há pouca clareza em
relação aos conceitos de tempo, espaço e
155
 história; e merecem reparos os conceitos de
transformação/permanência, período/duração,
e ordenação/seqüência/simultaneidade.
Inúmeras fontes textuais são apresentadas
em todos os capítulos. Observa-se o cuidado
sistemático com a interpretação dos textos,
que são utilizados como apoio ao texto básico,
e como veículos para transmissão do
conteúdo. As fontes iconográficas são
igualmente abundantes e diversificadas. No
entanto, as ilustrações não são utilizadas em
atividades de interpretação, como ocorre com
os textos. Diversas ilustrações e fotografias
de época, devido à dimensão reduzida e pouca
nitidez, dificultam a compreensão. Muitas
legendas não contextualizam as imagens e a
maioria, especialmente nas fotografias, não
está acompanhada de indicação precisa da
época. As representações cartográficas não
respeitam as devidas convenções.
A construção da cidadania manifesta-se nas
considerações sobre diferentes experiências
sociais, e o aluno é freqüentemente instigado
HISTÓRIA
a adotar uma postura crítica perante os
acontecimentos analisados. A consciência
política e a atitude crítica são estimuladas por
meio de reflexões sobre a sociedade brasileira
contemporânea, marcada por desigualdades de
toda a ordem. O conjunto do texto didático é
construído no sentido de valorizar as diferentes
experiências sociais e culturais brasileiras,
cuidado que se repete nas atividades,
estimulando a tolerância e o respeito ao outro.
O manual do professor oferece orientações
sobre a proposta pedagógica, de modo a
facilitar o trabalho em sala de aula. Nota-se o
cuidado em esclarecer os aspectos centrais de
cada unidade, e ao longo desse esclarecimento
vão sendo feitas as articulações do conteúdo
na unidade, e entre unidades. São indicados
29 títulos de história do Paraná, não havendo
indicação para as questões relacionadas à
teoria da História ou, mais especificamente,
ao ensino de História. Há, também, uma
indicação de 11 filmes, especificados por
unidade, todos relativos à história do Paraná.

Em sala de aula
Sugere-se que o professor procure adequar a densidade dos textos às condições
concretas dos alunos, além de auxiliá-los na sistematização do tempo histórico e
introduzir reflexões sobre a realidade urbana. As orientações e sugestões contidas
no manual do professor devem ser valorizadas, pois são uma boa fonte de consulta
para o aprimoramento do trabalho docente.

156
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
A obra apresenta considerações claras sobre a

metodologia de ensino, coerentes com sua elaboração.

As atividades e exercícios são formulados com clareza

e as ilustrações oferecem grande variedade de

representações. Há incentivo à construção da ética e

da cidadania. O manual do professor pode auxiliar no

Livro regional trabalho docente.
Segredos da No entanto, constata-se que a abordagem do livro
Bahia: História
possui um tom excessivamente propositivo, além de
Edição
predominar a descrição factual dos processos históricos.
Renovada
Não há uma explicitação da metodologia da História. As
Albani Galo Diez
relações entre o passado e o presente limitam-se a

alguns temas e, em geral, predomina uma única versão

dos fatos. Há lacunas na construção de alguns conceitos

Editora FTD
básicos, não há trabalho sistemático com fontes

HISTÓRIA
históricas e muitos exercícios se baseiam no sistema

pergunta/resposta.

A obra engenho de açúcar, outras lavouras do período

O livro, com 144 páginas, trata da história
do Estado da Bahia. É estruturado em 31
capítulos compostos por textos e pelas seções
Leitura complementar e Atividades no
caderno. Ao final, há uma bibliografia.
O conteúdo aborda: os povos primitivos
na Bahia; as navegações marítimas, o início
do povoamento, os indígenas; os governos-
gerais e a influência do colonizador; os ne-
gros, sofrimento e resistência, legislação, per-
seguição e preconceito; influência da cultura
negra hoje; atividades econômicas na Bahia,
colonial, o cacau, criação de gado, mineração
na Bahia; a indústria no Brasil e na Bahia;
transportes, comunicação; festas populares,
cultura sertaneja; e a Bahia tem um jeito,
abordando costumes e cultura popular.
O manual do professor é composto de 32
páginas e contém: Apresentação; Introdução;
Considerações metodológicas e psicológicas;
Plano de trabalho; Atualização; Avaliação;
Estruturação do livro do aluno; Sugestões
para o uso do livro; Atividades – respostas e
comentários; Leituras complementares; e
Bibliografia sugerida para o professor.

157
 A análise
Na metodologia da aprendizagem,
explicitada no manual do professor, defende-
se a independência e a criatividade do docente
ao organizar seu trabalho, a participação ativa
do aluno, a educação para o exercício
consciente da cidadania e a aprendizagem
como resultado da ação recíproca entre o
aluno e o meio que o cerca. Nesse sentido,
deve-se valorizar a reflexão, tanto nos textos
quanto nas atividades, em detrimento da mera
descrição.
Ao longo da obra, percebe-se coerência
entre a proposta metodológica e o
desenvolvimento dos conteúdos e das
atividades. São estudados os grupos culturais
que compõem o povo baiano e são
responsáveis pelo desenvolvimento histórico
das principais atividades econômicas do
estado. O texto didático oferece inúmeros
elementos para a compreensão, análise e
argumentação dos diversos acontecimentos
narrados. Em diversas passagens, os alunos
são estimulados a compreender a realidade
HISTÓRIA
social, por intermédio das atividades. No
entanto, o tom excessivamente propositivo do
livro, aliado à descrição factual de processos
históricos, dificulta a reflexão crítica e a
problematização. A articulação entre a história
do Brasil e a história regional nem sempre se
dá de modo satisfatório. O livro aborda apenas
a discriminação contra os negros e índios, e
deixa de lado outras situações de conflitos
sociais ao descrever uma Bahia homogênea,
essencialmente festiva. As relações entre o
passado e o presente, incluindo
transformações e permanências, limitam-se a
alguns temas.
As atividades e exercícios são formulados
com clareza e estão integrados aos conteúdos.
São diversificados e criativos, e auxiliam no
desenvolvimento de habilidades básicas. Vale
a ressalva, no entanto, de que uma quantidade
158
significativa dos exercícios se baseia no
sistema pergunta/resposta. Com isso, além de
direcionar a resposta, a reflexão e a
criatividade do aluno, acabam se tornando
excessivamente repetitivos.
Não há explicitação da metodologia da
História que embasa a elaboração da obra,
com exceção de referências superficiais que
apenas apontam as falhas de um ensino de
História ultrapassado. Afirma-se que a
História não pode ser desvinculada do
contexto social ou se limitar à memorização;
e que a história regional não pode perder de
vista o contexto mais amplo. O livro propõe
a valorização dos sujeitos históricos coletivos,
da cultura, das experiências humanas e das
relações sociais em detrimento dos heróis, dos
processos políticos e da exaltação do poder.
O texto didático busca coerência com os
aspectos metodológicos enunciados.
Apresenta sujeitos históricos coletivos, como
indígenas, colonizadores, africanos, e analisa
as experiências sociais desses grupos. Há
esforço em conjugar o estudo da história da
Bahia com a história do Brasil, embora nem
sempre os resultados sejam satisfatórios. Não
há ufanismo, nem exaltação do poder. O
glossário é apresentado na margem das
páginas, junto ao texto didático, o que facilita
a consulta dos alunos.
Por outro lado, há grande quantidade de
nomes e fatos, especialmente nos 11 primeiros
capítulos. Predomina uma única versão dos
fatos, e estão ausentes as discussões sobre
documentos. Não há renovação historio-
gráfica no tratamento dos temas. Em algumas
passagens observa-se a identificação com
grandes personagens da História do Brasil.
A construção de noções e conceitos
fundamentais para o conhecimento histórico
– como tempo, espaço, história, natureza,
sociedade e outros – é trabalhada de forma
pouco adequada. Também foram observadas
algumas simplificações explicativas no texto.
 O texto didático faz uma rápida referência
às fontes que possibilitam a reconstrução da
história. No entanto, esta discussão não é
sistematizada e diversas fontes textuais não
dão margem a exercícios de interpretação. As
ilustrações são variadas, bem distribuídas e
auxiliam os alunos na fixação dos conteúdos
transmitidos. No entanto, cumprem apenas a
função de apoiar a compreensão do texto e
não são adequadamente contextualizadas
pelas legendas.
Há incentivo à construção da ética e da
cidadania, com estímulo da consciência
política e da atitude crítica, por meio de
reflexões e de propostas de discussão sobre
questões centrais da sociedade brasileira
contemporânea – entre elas a do indígena, a
do negro e a da discriminação racial. Busca-
se a tolerância e o convívio social, ao se
colocarem em evidência as manifestações
religiosas das comunidades afro-brasileiras.
No entanto, a partir do capítulo 20, as
referências aos problemas brasileiros e sua
vinculação às políticas adotadas nos últimos
tempos praticamente desaparecem.
O manual do professor relaciona o conteúdo
dos capítulos, atividades, leituras comple-
mentares e as sugestões para o uso do livro.
Também alerta para a importância da
interdisciplinaridade, embora não ofereça
orientações efetivas sobre como operacionalizá-
la. Há reflexões sobre o processo de avaliação e
são sugeridas atividades variadas.
Entretanto, o manual não esclarece ao
professor como conduzir a realização das
atividades. A bibliografia relacionada é
restrita e desatualizada, além de centrar-se na
área de ensino-aprendizagem.

Em sala de aula
O professor poderá explorar as potencialidades das fontes textuais e iconográficas.
Para isso, deve contextualizar diversos acontecimentos referentes à História da

HISTÓRIA
Bahia, de modo a situá-los em âmbito nacional. Um mecanismo interessante é a
produção de esquemas e linhas do tempo que facilitem a compreensão dos alunos.
Ao adotar este livro, o docente também deverá preocupar-se em introduzir a
discussão e a reflexão sobre aspectos conflituosos da sociedade atual, além de
informar-se sobre vídeos e materiais complementares que auxiliem em seu trabalho
docente.

159
 Geografia

Comissão Técnica (Portaria Ministerial nº 513/2001):

Marília Luiza Peluso

Coordenação Institucional:
Maria Encarnação Beltrão Sposito

Coordenação de Área:
Antonio Nivaldo Hespanhol

Coordenação Adjunta:
Eliseu Savério Sposito

Pareceristas:
Antonio Cesar Leal
Cleonice Alexandre Le Bourlegat
Edvânia Torres Aguiar Gomes
Ercilia Torres Steinke
Fátima Dias Gomes Marin
Hernani Loebler Campos
João Cleps Junior
Lana de Souza Cavalcante
Lindon Fonseca Matias
Margarete Cristiane Costa Trindade Amorim
Raimunda Abou Gebran
Raquel Maria Fontes Pereira
Rosangela Aparecida de Medeiros Hespanhol

162
 Introdução

aros professores

C No Guia do Livro Didático, encontram-se as resenhas das coleções e dos

livros de destinação regional, avaliados e recomendados. Elas o auxiliarão na
escolha criteriosa do material que apoiará o seu trabalho nos próximos três
anos.
Nesta edição, há diferenças significativas em relação ao PNLD anterior. Em
primeiro lugar, você terá à sua disposição coleções e não mais livros isolados
por série, com exceção dos livros regionais. Em segundo, agora se apresentam
coleções ou livros específicos de Geografia e não mais de Estudos Sociais.
O livro didático não deve constituir o único material de ensino em sala de
aula, mas pode ser uma referência no processo de ensino-aprendizagem, que
estimule a curiosidade e o interesse para o desenvolvimento dos conhecimentos
geográficos, da discussão, da análise e da crítica. Coleções e livros devem aten-
der às necessidades do professor e da escola com diversidade de teorias educa-
cionais e pedagógicas, além de levar em consideração as diretrizes dos órgãos
nacionais, estaduais e municipais de Educação.
Para desenvolver com dinamismo e correção o processo de ensino-aprendi-
zagem, coleções e livros de Geografia devem se pautar pelo princípio da com-
plexidade crescente, para que o aluno possa passar do nível do senso comum
para o do conhecimento científico.
Ao fazer sua escolha, deve estar atento para que a coleção ou o livro possa
auxiliar o aluno na apropriação do conhecimento geográfico que:
1 propicie o entendimento das relações natureza-sociedade, de suas dinâmi-
cas e processos;
1 possibilite o estabelecimento de relações entre o que acontece no seu cotidi-
ano com os fenômenos estudados, a partir dos conceitos básicos da Geogra-
fia e da linguagem que lhe é própria;
1 contribua para o desenvolvimento de hábitos e atitudes para a construção da
cidadania, ao estimular a compreensão e aceitação da diversidade cultural e
étnica.
Em sua escolha, você deve verificar também se, além de auxiliar no trabalho
com os alunos, a coleção ou o livro possibilita a sua formação continuada, insti-
gando-o ao uso de novas práticas de ensino e de novos materiais pedagógicos.
São apresentados, ao todo, vinte coleções e nove livros regionais. As carac-
terísticas principais das obras são expostas nas resenhas, evidenciando as suas
qualidades, limitações e possibilidades de uso.

163
 Para auxiliá-lo a compreender o conjunto das coleções e livros e permitir
que faça uma escolha criteriosa, a seguir você verá os princípios gerais da ava-
liação, os critérios eliminatórios e classificatórios que pautaram a avaliação, a
caracterização das coleções e dos livros regionais, a ficha utilizada na avaliação
e as resenhas.

164
 Princípios
gerais
Geografia é uma ciência que estuda os fenômenos da natureza e da sociedade e

A
sua distribuição espacial. O objetivo da Geografia é compreender a dinâmica
espacial, que se desenvolve diacronicamente (ao longo do tempo) e
sincronicamente, produzindo, reproduzindo, organizando e transformando o
espaço geográfico nas escalas local, regional, nacional e mundial. Esse objetivo
deve ser alcançado a partir de um corpo de conhecimentos baseados em conceitos,
como os de natureza, lugar, região, território, paisagem, tempo, espaço, cultura,
sociedade e poder.
A Cartografia é indispensável ao ensino da Geografia porque possibilita ao
aluno entender a distribuição, na superfície da Terra, dos fenômenos sociais e
naturais e de suas relações. Ao mesmo tempo, a Cartografia permite ao estudante
se apropriar de uma técnica indispensável para desenvolver habilidades de
representar e interpretar o espaço geográfico. Por tudo isso, é importante que o
livro didático incorpore essa linguagem.
A interdisciplinaridade deve, também, ser privilegiada, a fim de proporcionar
a compreensão integrada dos fenômenos naturais e sociais e a interlocução com
outras disciplinas.
O material didático precisa incorporar, coerentemente, as discussões e
inovações na área de Geografia e estar atualizado em relação aos avanços teórico-
metodológicos aceitos pela comunidade científica, e concernentes à corrente de
pensamento geográfico adotada, respeitando-se, no entanto, às opções do(s)
autor(es) pelas diferentes correntes.
O ensino de Geografia tem como objetivo atender às exigências do mundo
contemporâneo, que pressupõe a articulação entre as instâncias sociais,
econômicas, políticas e culturais. É necessário que o aluno compreenda seu
ambiente imediato, assim como as escalas espaciais mais amplas (regional,
nacional e internacional) e possa refletir sobre seu cotidiano articulado a essas
escalas.
Um livro didático de Geografia deve, primeiro, preparar o aluno para atuar
num mundo complexo, localizar-se nele, decodificá-lo, compreender seu sentido
e significado; e, segundo, desenvolver seu espírito crítico, que implica a
capacidade de problematizar a realidade, propor soluções e reconhecer sua
complexidade.
No nível fundamental, o estudo da Geografia deve voltar-se para a
identificação de variáveis como distância, localização, semelhanças e diferenças,
e para atividades que permitam apreender a totalidade, ao articularem formas,
conteúdos, processos e funções. Isso pressupõe ultrapassar a mera descrição

165
 dos elementos constituintes do espaço geográfico, buscando compreender a sua
dinâmica.
Como o espaço geográfico é construído historicamente, a relação espaço-
tempo também precisa ser trabalhada – não como uma enumeração ou descrição
de fatos, mas como um processo de construção social.
É necessário integrar o conhecimento do aluno na aquisição de novos
conhecimentos, respeitando as suas possibilidades de elaboração do pensamento
em cada faixa etária. Deve-se partir das experiências que os alunos já possuem
como senso comum para, no processo de ensino-aprendizagem, desenvolvê-las
como conhecimento sistematizado nas várias escalas espaciais.
Prioritariamente, e de acordo com a maturidade dos alunos, devem ser
estimulados os processos cognitivos, como compreensão, memorização, análise,
síntese, interpretação, observação, identificação, comparação, criatividade,
problematização e criticidade, para formar um indivíduo com capacidade de
resolver problemas, enfrentar situações complexas e expor as suas idéias.
O manual do professor tem grande importância no processo de ensino-
aprendizagem e deve conter orientações para o docente exercer suas funções
em sala da aula, ao dirigir sua ação pedagógica e ter, como parâmetros, entre
outros, a diversidade regional e a individualidade dos alunos.
Assim, o manual deve abordar e articular os conteúdos do livro entre si e
com outras áreas do conhecimento e, além disso, apresentar referencial teórico
coerente com a abordagem do livro do aluno; conter bibliografia diversificada e
indicações de leitura; sugerir as estratégias para o desenvolvimento das atividades
individuais e em grupo; e propor diferentes formas de avaliação.
Tendo por base esses princípios, estabeleceram-se os critérios para avaliação
dos livros didáticos.

166
 Critérios
eliminatórios
ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

O livro didático deve apresentar conteúdos e atividades geográficos que

permitam a interação professor-aluno, a compreensão dos significados e a
construção do conhecimento escolar vinculado à prática social.
É necessário que haja compatibilidade entre a opção teórico-metodológica
adotada, os conteúdos e a maneira como são desenvolvidos. É indispensável
que haja coerência entre objetivos, conteúdos, atividades e exercícios,
favorecendo o desenvolvimento dos processos cognitivos básicos por meio da
clara exposição dos conceitos, fenômenos e acontecimentos, devidamente
localizados.

CONCEITOS E INFORMAÇÕES BÁSICOS

As coleções e os livros regionais foram avaliados quanto à correção dos

conceitos e informações. São considerados erros conceituais:
1 relações espaço-temporais que não permitam compreender a construção
histórica do espaço geográfico;
1 idéias inadequadas, com lacunas ou errôneas que não permitam a compreensão
das dinâmicas e processos constituintes dos espaços físico e humano, as
suas formas e as relações estabelecidas entre os elementos que os compõem;
1 idéias inadequadas, com lacunas ou errôneas que não permitam a compreensão
das relações entre sociedade e natureza.
Indução ao erro, confusão conceitual e reducionismos também são critérios
eliminatórios. A indução ao erro ocorre quando conceitos ou informações são
apresentados de maneira inadequada, quer em exercícios, quer em comentários
e na associação entre conceitos.
Considera-se confusão conceitual quando a apresentação de diferentes
conceitos e informações ocorre de maneira errada ou confusa.
Reducionismos podem ser fonte de erros ou podem induzi-los, quando
conceitos e conteúdos são apresentados de forma incompleta, dificultando a
compreensão dos conhecimentos geográficos.
Finalmente, o livro didático não deve conter informações incorretas ou
desatualizadas, que demonstrem falta de conhecimento da realidade.

167
 CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

O livro didático não pode expressar preconceitos de origem, etnia, gênero,

religião, ideologia, idade ou quaisquer outras formas de discriminação. Não só
os textos, mas também as representações gráficas, como fotos, mapas, tabelas,
quadros ou outros tipos de ilustração necessários para compreender os conteúdos
geográficos, devem ser isentos de preconceitos e de propaganda.

168
 Critérios
classificatórios
s coleções e os livros que atendem aos critérios eliminatórios são recomendados.

A
Entretanto, as coleções e os livros não se apresentam com o mesmo grau de
excelência, pois há diferenças qualitativas nos aspectos teórico-metodológicos,
conteúdos, atividades, representações cartográficas ou ilustrações, manual do
professor e estrutura editorial. Dessa maneira, os critérios classificatórios
distinguem as diversas coleções:
1 a linguagem deve ser adequada ao estágio cognitivo do aluno e contribuir
para o desenvolvimento do vocabulário específico da Geografia e dos
conhecimentos lingüísticos da criança, evitando-se reducionismos e
estereótipos;
1 o trabalho com diferentes pontos de vista é importante para a formação de
conceitos, por permitir a correta compreensão dos conteúdos e estimular o
exercício da cidadania;
1 a problematização, nos textos e exercícios, tem papel relevante para
desenvolver o senso crítico e estimular a curiosidade e a criatividade do
aluno;
1 os conteúdos e conceitos devem ser aceitos pela comunidade científica e
trabalhados para atender a diferentes perfis socioeconômicos e regionais;
1 as fontes e autorias dos dados e das classificações utilizadas devem ser
indicadas corretamente;
1 as leituras complementares devem ser de fontes científicas reconhecidas e
atualizadas, para que se amplie o conhecimento de conceitos e conteúdos;
1 a inclusão de glossário, referências bibliográficas e de leituras
complementares valoriza a coleção ou o livro regional.
A Cartografia é importante instrumento para o ensino da Geografia, sendo
considerada a sua concepção, elaboração e adequação ao fim a que se destina.
As representações cartográficas (mapas, cartas e plantas), as ilustrações (fotos,
imagens, desenhos, bloco-diagramas e croquis) e gráficos, tabelas ou quadros
devem conter título, fonte de informação e data de elaboração, além de autoria,
legenda, orientação e escala onde se fizerem necessários.
A estrutura editorial deve conter o texto principal impresso em preto, os
títulos e subtítulos apresentados numa estrutura hierarquizada e os textos e
ilustrações dispostos de forma organizada, com ritmo e continuidade.
Os livros e as coleções, ao atenderem aos princípios e critérios eliminatórios
e classificatórios, estarão em condições de proporcionar um bom trabalho
pedagógico.

169
 CARACTERIZAÇÃO DAS COLEÇÕES

No PNLD 2004, foram recomendadas vinte coleções, classificadas em três

categorias: Recomendadas com Distinção, Recomendadas e Recomendadas com
Ressalvas.
As resenhas apresentam, de maneira clara e sucinta, as qualidades,
possibilidades de uso e limitações da obra, para que a escolha do professor seja
consciente e voltada para o interesse do processo de ensino-aprendizagem.
Entre as coleções avaliadas, cinco (20%) foram excluídas por não atenderem
aos critérios eliminatórios; duas (8%) receberam a categoria Recomendada com
Distinção; nove (36%), a categoria Recomendada; e nove (36%) receberam a
categoria Recomendada com Ressalvas, conforme se verifica no Gráfico 1.

Tomando-se por base a ficha de avaliação, os quesitos eliminatórios e

classificatórios receberam uma nota, além de lhes ser atribuídos pesos
diferenciados, que permitissem verificar as variações entre tais quesitos.
A partir do conjunto das notas das coleções, foi elaborada a média normalizada
das coleções, tomando-se como referência a que obteve a maior nota na avaliação,
conforme se verifica no Gráfico 2.

170
 Nota: A média normalizada é obtida pela equação:
mn = mc.100/mmax, em que: mn = média normalizada; mc = média obtida pela coleção; e
mmax = maior média do conjunto.

As duas coleções Recomendas com Distinção como pode ser visto no gráfico,
não apresentam o mesmo grau de excelência. A coleção Trança criança -
Geografia (nº 4051) apresentou melhor desempenho do que a coleção Curumim
- Geografia (nº 3807) na avaliação global.
As nove coleções Recomendadas apresentam grande diversidade entre si,
seja na avaliação global, havendo uma amplitude de mais de 14 pontos
percentuais em seus desempenhos. Numa ponta, situam-se as coleções Primeiras
Trilhas - Geografia (nº 1983), Geografia (nº 2869) e O mundo em Movimento
(nº 1092) e, na outra, as coleções Viva vida Geografia (nº 3391), Vitória-Régia
- Geografia (nº 2487) e Geografia Tantos Lugares... Tantas Pessoas (nº 3361).
As nove coleções Recomendadas com Ressalvas também apresentam grande
diversidade entre si, havendo uma amplitude de mais de 16 pontos percentuais
em seus desempenhos, estando numa ponta as coleções Primeiras Noções de
Geografia (nº 3288), Espaço e Representações (nº 2187) e Interagindo e
Percebendo o Mundo - Geografia (nº 2827) e as coleções Pensar e Construir -
Geografia (nº 1970), Vivência e Construção - Geografia (nº 1440) e A Escola é
Nossa - Geografia (nº 2284) na outra.

171
 CARACTERIZAÇÃO DOS LIVROS DE DESTINAÇÃO REGIONAL

No PNLD 2004, dezessete livros de destinação regional foram submetidos à

avaliação, dos quais nove recomendados e oito excluídos, conforme se verifica
no Gráfico 3.

Os nove livros recomendados obtiveram a categoria Recomendado com

Ressalvas, sem a ocorrência das demais menções. As características principais
dos livros regionais encontram-se nas resenhas e, da mesma forma que as
coleções, ali estão descritas suas possibilidades de uso e limitações, permitindo
que o professor faça uma escolha consciente e voltada para o interesse do processo
de ensino-aprendizagem.
Também como já havia sido feito para as coleções, tomando-se por base a
ficha de avaliação, os quesitos eliminatórios e classificatórios receberam uma
nota com pesos diferenciados, permitindo verificar as variações entre eles.
A partir do conjunto das notas, elaborou-se a média normalizada dos livros
tomando-se como referência o que obteve a maior nota na avaliação, conforme
se verifica no Gráfico 4.

172
 Nota: A média normalizada é obtida pela equação:
mn = mc.100/mmax, em que: mn = média normalizada; mc = média obtida pelo livro e
mmax = maior média do conjunto.

Os nove livros apresentam grande diversidade entre si, tanto na avaliação

global quando na avaliação por quesito, havendo uma amplitude de mais de 18
pontos percentuais em seus desempenhos, estando os livros Geografia de Porto
Alegre (nº 211456), Geografia do Rio Grande do Sul (nº 212200) e Amazonas
Geografia (nº 211415) numa das pontas e os livros Geografia de Pernambuco
(nº 212195), Minha Porto Alegre (nº 211507) e Geografia do Estado de São
Paulo (nº 211457) na outra.
A avaliação criteriosa realizada das coleções e livros no PNLD 2004, cujos
resultados podem ser visualizados nos gráficos, teve como objetivo auxiliar os
professores a escolher um material que proporcione aos alunos um bom processo
de aprendizagem.
Será importante, no entanto, que você leia com atenção as resenhas para
fazer sua escolha, considerando o seu perfil, a realidade em que atua e o projeto
pedagógico da escola.

173
 Ficha de
Avaliação
Geografia
Código da Coleção:

Código da LD (Livro do Aluno):

Código do LDR

Código do Avaliador

Abreviaturas: R = Regular, B = Bom, O = Ótimo, LDR = Livro de Destinação Regional,

LD = Livro Didático e NA = Não se Aplica

DESCRIÇÃO SUMÁRIA DA OBRA

ESTRUTURAÇÃO DA OBRA

CRITÉRIOS ELIMINATÓRIOS

Aspectos teórico-metodológicos. No LD, na coleção Não Sim

ou no LDR:
R B O

Há coerência entre as opções metodológicas

(metodologia de ensino, metodologia da Geografia)
expressas no manual do professor e o desenvolvimento
dos conteúdos?

Há estímulo aos vários processos cognitivos básicos tais

como: observação, investigação, análise, síntese,
criatividade, comparação, interpretação, generalização,
criticidade, problematização e memorização?

174
Síntese do item:

Noções/Conceitos e informações básicas. No LD, na Não Sim

coleção ou o LDR:
R B O

Apresentam-se relações espaço-temporais que

possibilitam aos alunos compreenderem a construção
histórica do espaço geográfico?

Permite-se compreender as dinâmicas e processos

constituintes do espaço físico?

Permite-se compreender as dinâmicas e os processos

socioespaciais?

Permite-se articular as relações entre Sociedade e Natureza?

As informações estão atualizadas?

As informações estão corretas?

Síntese do item:

O LD, a coleção ou o LDR estão isentos de erros Não Sim

conceituais ou indução a erros (confusão conceitual,
reducionismos, lacunas e/ou simplificações) na: R B O

Elaboração e tratamento de noções e conceitos

geográficos básicos?

Abordagem da espacialidade dos fenômenos?

Localização geográfica dos fenômenos?

Síntese do item:

175
 CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

O LD, a coleção ou o LDR (nos textos e ilustrações) Sim Não

estão isentos de preconceitos ou indução a
preconceitos de:

Origem?

Etnia?

Gênero?

Religião?

Idade?

Condição socioeconômica?

Outros?

A coleção ou o LDR estão isentos de propaganda mercadológica,

político-partidária e doutrinação religiosa e ideológica?

Síntese do item:

CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS

Aspectos teórico-metodológicos. No LD, na coleção Não Sim

ou no LDR:
R B O

Os conteúdos são desenvolvidos com base no princípio

da complexidade crescente?

Possibilita-se ao aluno a articulação entre os níveis de

conhecimento do senso comum e científico?

A abordagem dos conteúdos leva em consideração o saber

prévio do aluno para aprofundar novos conhecimentos?

176
 Não Sim
R B O

São propostas leituras complementares enriquecedoras

e adequadas aos conteúdos?

Noções/conceitos utilizados são aceitos pela

comunidade científica?

Propicia-se o desenvolvimento da linguagem do aluno,

ampliando suas possibilidades de expressão escrita,
gráfica e cartográfica?

Permite-se ao aluno distinguir e articular diferentes

escalas geográficas?

Síntese do item:

As atividades (problemas, exercícios, pesquisas Não Sim

complementares...) contidas no LD, na coleção ou
no LDR: R B O

São adequadas para atingir os objetivos propostos nas

unidades temáticas?

Promovem a articulação entre os diferentes conteúdos?

Levam o aluno a problematizar os conteúdos?

Estimulam a capacidade de produzir diferentes formas

de textos?

Propiciam o desenvolvimento de habilidades diversificadas?

Síntese do item:

177
 Os conteúdos e as atividades contidos no LD, na Não Sim
coleção ou no LDR:
R B O

Evitam estereótipos?

Estimulam hábitos, atitudes e comportamentos voltados

para a construção da cidadania?

Estimulam o convívio social, o respeito, a tolerância e a

liberdade?

Permitem a abordagem da diversidade das experiências

humanas com respeito e interesse?

Evitam privilegiar membros de uma camada social ou os

habitantes de uma região do país ou do mundo?

Síntese do item:

As ilustrações, representações cartográficas e os Não Sim

gráficos, tabelas e quadros R B O

As ilustrações (fotos, imagens, desenhos, blocos

diagramas, croquis):

• Estão adequadas às finalidades para as quais foram

elaboradas?

• São exploradas para auxiliar na leitura e compreensão

dos textos?

• São claras e precisas?

• Levam o aluno a problematizar os conteúdos?

As representações cartográficas (mapas, cartas,

cartogramas, plantas):

• Estão adequados às finalidades para as quais foram

elaboradas?

• São exploradas para auxiliar na leitura e compreensão

dos textos?

178
 Não Sim
R B O

• São claras e precisas?

• Levam o aluno a problematizar os conteúdos?

• Contêm legendas adequadas?

• Contêm escala?

• Contêm orientação?

• Respeitam as convenções cartográficas básicas?

Os gráficos, tabelas e quadros:

• Estão adequados às finalidades para as quais foram

elaborados?

• São explorados para auxiliar na leitura e compreensão

dos textos?

• São claros e precisos?

• Levam o aluno a problematizar conteúdos?

Síntese do item:

São indicados, corretamente, no LD, na coleção ou Não Sim

no LDR (com referência aos textos, imagens,
documentos, dados, representações cartográficas
R B O
etc.) as:

Fontes?

Datas?

Síntese do item:

179
 Estrutura editorial Não Sim

O papel utilizado permite boa legibilidade?

Há estrutura hierarquizada (títulos e subtítulos etc.)?

A impressão está isenta de erros graves?

O sumário permite a rápida localização do conteúdo?

Síntese do item:

A formatação: Não Sim

R B O

Os textos e as ilustrações estão distribuídos na página

de forma equilibrada e adequada?

Proporciona boa legibilidade do texto?

Proporciona boa visualização das ilustrações?

Oferece recursos de descanso visual quando os textos

são longos?

Síntese do item:

O manual do professor (orientação ao professor) Não Sim

R B O

Contém orientações que explicitem os pressupostos

teórico-metodológicos?

Explicita os objetivos das atividades?

Utiliza linguagem clara?

180
 Não Sim

R B O

Oferece:

• Orientações para o desenvolvimento dos conteúdos,

atividades e exercícios?

• Orientação visando à articulação dos conteúdos

do(s) livro(s) entre si?

• Orientação visando à articulação dos conteúdos

do(s) livro(s) com outras áreas de conhecimento?

• Bibliografia diversificada e sugestões de outros

recursos que contribuam para a formação e
atualização do professor?

• Proposta e discussão sobre avaliação da

aprendizagem?

• Sugestões de atividades e de leituras para os

alunos?

• O conteúdo integral do livro dos alunos?

Síntese do item:

JUSTIFICATIVA DA MENÇÃO

181
 CARACTERIZAÇÃO DO LIVRO DE DESTINAÇÃO REGIONAL

Ausente Ruim Bom Ótimo

Preocupações com:

Relações topológicas

Relações projetivas

Aspectos ambientais

Aspectos sociais

Aspectos econômicos

Aspectos políticos

Aspectos históricos

Aspectos culturais

Articulação Sociedade-Natureza

Espacialidade dos fenômenos

Temporalidade dos fenômenos

Representação cartográfica

Interdisciplinaridade

Muito Pouco Nada Inadequado

Inovador(a) Inovador(a) Inovador(a) (a)

Organização dos conteúdos

Metodologia ensino-aprendizagem

Desenvolvimento de atividades

Manual do professor

Projeto gráfico

182
 CARACTERIZAÇÃO DOS VOLUMES DA COLEÇÃO

Ausente Regular Bom Ótimo

1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª

Preocupações com:

Relações topológicas

Relações projetivas

Aspectos ambientais

Aspectos sociais

Aspectos econômicos

Aspectos políticos

Aspectos históricos

Aspectos culturais

Articulação Sociedade-Natureza

Espacialidade dos fenômenos

Temporalidade dos fenômenos

Representação cartográfica

Interdisciplinaridade

183
184
Muito Inovador(a) Pouco Inovador(a) Nada Inovador(a) Inadequado(a)

1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª

Organização dos conteúdos

Metodologia ensino-aprendizagem

Desenvolvimento de atividades

Manual do professor

Projeto gráfico
 Recomendada com Distinção
Por quê?
A coleção, de abordagem construtivista, destaca-se

pelo esforço de inovação, adequação e coerência nas

estratégias pedagógicas e nos conteúdos apresentados

para o conhecimento do espaço geográfico,

incorporando conquistas recentes na área de Geografia

Coleção Trança para o Ensino Fundamental de 1ª a 4ª séries.

Criança - A linguagem clara e de fácil compreensão está em
Geografia
conformidade com a opção metodológica, com os
Ana
Chico
objetivos e com as orientações propostos. Os conteúdos
Mira
Beto são desenvolvidos de forma articulada em cada livro e
Carola
entre os quatro volumes. A construção de conceitos

geográficos pelo aluno é incentivada de maneira gradual,

com referência no cotidiano a criança.

Editora FTD
O manual do professor, rico e inovador, constitui-se

em elemento importante para o trabalho em sala de aula.

A coleção ampliação e sistematização dos conteúdos

Cada volume organiza-se em unidades
divididas em seqüência de subunidades. Estas
são organizadas em seções de roteiros de
atividades e vivências, agrupadas em torno de
objetivos específicos, com quatro diferentes
situações de aprendizagem: 1) Bloco de
atividades, em que se promovem vivências e
estudos dos conteúdos propostos, com
estratégias para que o professor possa trabalhar
estes conteúdos, sem esquecer dos resultados
positivos que devem ser atingidos; 2) Um passo
a mais, com procedimentos para a retomada,
trabalhados, com incentivo à formação e
manifestação de opinião, a fim de detectar e
esclarecer dúvidas; 3) Avaliação do que fizemos, GEOGRAFIA
em que são sugeridas atividades avaliativas a
serem realizadas pelos alunos; 4) Você vai
gostar de ler, em que são indicadas leituras
complementares com citações bibliográficas,
várias ilustrações e uma grande variedade de
atividades de vivência, com procedimentos de
pesquisa, de alfabetização cartográfica e de
desenvolvimento de outras linguagens: poemas,
textos literários, notícias, imagens fotográficas.
Ao final, apresenta-se a Bibliografia citada.

185
 Cada volume é acompanhado de um
manual do professor estruturado em cinco
unidades nos três primeiros volumes e de
quatro unidades no último, além de conter
textos complementares e indicação de leituras
recomendadas ao professor. Constam os
objetivos gerais e quadro-síntese do conteúdo
(conceitos e categorias, habilidades e
procedimentos, atitudes e objetos de estudo)
para cada unidade. Cada bloco de atividades,
por sua vez, aparece com os objetivos
específicos e procedimentos didáticos, textos
de apoio teórico ao professor e dados com
sugestões e orientações relacionadas ao
desenvolvimento dos conteúdos e propostas
de atividade de relaxamento com os alunos.
1ª série (102 p.): Unidade 1. Eu; Unidade
2. Eu e os outros; Unidade 3. Eu e os lugares;
Unidade 4. Eu e as distâncias; Unidade 5. Eu,
os lugares e o tempo.
2ª série (71 p.): Unidade 1. Nós e a
natureza; Unidade 2. Grupo social e divisão
de tarefas; Unidade 3. Trabalho e sociedade;
Unidade 4. Os lugares de convívio e de
trabalho; Unidade 5. Os lugares e a qualidade
de vida.
3ª série (112 p.): Unidade 1. O homem e a
natureza; Unidade 2. Os ritmos da natureza e
a contagem do tempo; Unidade 3. A
representação dos lugares; Unidade 4. O
espaço e a sociedade; Unidade 5. O lugar onde
vivo.
4ª série (120 p.): Unidade 1. Trabalho e o
espaço; Unidade 2. Trabalho e o tempo;
GEOGRAFIA
Unidade 3. O trabalho no espaço e no tempo;
Unidade 4. As paisagens que o trabalho
constrói.
A análise
A opção teórico-metodológica é expli-
citada de maneira clara e objetiva no manual
do professor. Constata-se coerência no
186
desenvolvimento dos conteúdos, bem como
articulação deles entre si e entre os quatro
volumes. O encaminhamento didático se dá
pelo resgate das vivências dos alunos para a
construção de noções espaciais, tomando-se
como referência o próprio corpo para,
gradativamente, possibilitar o contato com
escalas espaciais mais amplas. Da mesma
forma gradual, trabalha-se a noção de tempo
para, depois, abordar as relações entre tempo
e espaço, favorecendo, assim, a compreensão
da construção histórica do espaço, as relações
sociais e dos grupos, além das regras e dos
conflitos no convívio social.
A proposta pedagógica prevê que o aluno
apreenda gradualmente a noção de espaço
geográfico. Para isso, indica-se na coleção que
o trabalho se dê por recortes da totalidade do
espaço (casa, escola, município) e que estes
sejam articulados entre si. Esse tratamento
permite que a criança assimile novos
esquemas cognitivos e habilidades
instrumentais, incluindo-se a linguagem
cartográfica.
Os conceitos básicos do saber geográfico
são desenvolvidos de maneira gradativa,
tendo como referência o resgate do cotidiano
do aluno e de seu universo mais próximo.
A construção do espaço natural é abordada,
na 1ª série, pela simples identificação do
espaço físico onde o aluno vive, observando,
por exemplo, as estações do ano ou elementos
da paisagem. Na 2ª série, os conceitos vistos
anteriormente servem como base para que o
aluno valorize o espaço já percebido como
“fonte de recursos” nas relações natureza-
sociedade, e o papel do trabalho humano na
transformação desse espaço. Somente no livro
da 3ª série o ambiente natural vai ser
concebido como espaço físico, pelo estudo das
grandes paisagens vegetais e climáticas.
Dessa maneira, os diferentes aspectos do
ambiente são observados em sua maior ou
menor potencialidade para a fixação dos seres
humanos e como fonte de recursos para o
trabalho e sua sobrevivência. O tratamento das
transformações da paisagem é centrado na
interferência da ação humana nos ambientes
naturais, resultando nos espaços sociais.
Nesse processo de elaboração espacial, são
desenvolvidas várias competências cognitivas
básicas, como a observação, a identificação e
a comparação de semelhanças e diferenças,
entre outras.
Incentiva-se o desenvolvimento de
linguagens diferenciadas, como expressões
corporal, oral, escrita, gráfica ou cartográfica,
e oferecem-se ainda leituras complementares
que são sugeridas no final de algumas lições,
nas seções Você vai gostar de ler, sempre
vinculadas ao conteúdo tratado.
As atividades propostas, adequadas à
metodologia adotada, são bem articuladas
entre si e permitem a problematização dos
conteúdos apresentados. Estimulam o
desenvolvimento de habilidades diversi-
ficadas, como observação, comparação,
descrição, interpretação, investigação,
localização, identificação e orientação.
Propõem-se várias formas de produção e
formatos de texto, como descrições, resumos,
comentários, listagens e questionários, que
vão se tornando, gradativamente, mais
aprofundados. Inicialmente, eles aparecem
como simples identificação e registro de
objetos observados, para depois expressarem
encadeamentos mais complexos do
raciocínio.
Os conteúdos e atividades incentivam
hábitos, atitudes e comportamentos voltados
para a construção da cidadania. O
encaminhamento dado a essa questão permite
identificar diferentes formas de participação
das pessoas nos processos sociais, além de
ressaltar a importância da liberdade, da
tolerância e do respeito à pluralidade cultural
para o convívio social. Incentivam-se o
convívio social e as regras de convivência em
casa, na escola e nos grupos da vizinhança,
assim como a comunicação e o
relacionamento na sala de aula, e se focaliza
o conhecimento sobre os direitos da criança
e da rotina familiar.
Os livros contêm grande variedade de
ilustrações que auxiliam os alunos na
compreensão dos textos. As ilustrações são
de grande valia na problematização dos
conteúdos, sendo usadas também como
registro, na análise e na comunicação da
informação geográfica.
O trabalho de familiarização com a
linguagem cartográfica é feito da 1ª à 3ª série.
É dada a oportunidade de cada criança mapear
e compreender os códigos sociais de seu
espaço de vivência, construindo cada etapa
desse processo. O princípio da complexidade
crescente é obedecido, porque os gráficos e
tabelas só aparecem na 2ª série e os mapas,
na 3ª série. Alguns créditos das fotos estão
incompletos, assim como falta a identificação
de fontes em alguns mapas. Esses aspectos,
entretanto, não comprometem a interação do
professor com seus alunos no processo de
ensino-aprendizagem.
A coleção tem edição cuidadosa. Na
estruturação de unidades e blocos de
atividades, a hierarquia de títulos é estabelecida
por aspectos gráficos e marcada por cores
diferentes que dividem as unidades ou que
aparecem como preenchimento de fundo para
os títulos de cada bloco. Os textos têm tamanho
adequado ao desenvolvimento cognitivo do GEOGRAFIA
aluno, tornando-se mais longos apenas no
volume da 4ª série.
No manual do professor, explicitam-se a
proposta teórico-metodológica e os objetivos
gerais de cada unidade e de cada bloco de
atividades, com orientações detalhadas e
esclarecimentos para o desenvolvimento dos
conteúdos. Apresentam-se várias sugestões
de atividades, leituras complementares e
formas de avaliação. Além disso, o manual
187
 contém uma bibliografia ampla e e sobre o ensino de Geografia, organizada
diversificada sobre o ensino-aprendizagem por assunto.

Em sala de aula
Esta coleção possibilita o desenvolvimento de um trabalho pedagógico de
qualidade. Proporciona ao aluno um bom entendimento do espaço geográfico,
estimula a construção da cidadania, a apreensão da linguagem cartográfica e das
habilidades instrumentais correlatas, propiciando a progressão na complexidade
de seu raciocínio. Ela poderá ser utilizada em várias situações de ensino das
diferentes localidades brasileiras, pela simplicidade do ambiente e dos materiais
exigidos.
O manual do professor é um instrumento imprescindível ao trabalho do docente
e à sua formação continuada, porque incorpora conquistas recentes na área de
Geografia.
GEOGRAFIA

188
 Recomendada com Distinção
Por quê?
A coleção segue uma metodologia de trabalho

inovadora e coerente com a proposta de ensino de

Geografia: contempla o desenvolvimento de atitudes que

valorizam a formação de noções espaciais pelo aluno a

partir de seu cotidiano e de seu universo próximo,

Coleção visando à construção do conhecimento. O

Curumim - encaminhamento adotado incentiva o desenvolvimento
Geografia de competências e habilidades. As noções e conceitos
Ernesta Zamboni
Sonia Maria V. Castellar geográficos são adequadamente trabalhados e

permitem que o educando compreenda a apropriação,

a organização e a produção do espaço pela ação

humana em suas múltiplas relações.

Outros aspectos enriquecedores são a valorização dos

Editora Saraiva
temas transversais na articulação com outras disciplinas

e os estímulos à construção da cidadania.

A coleção figuras, fotos e mapas relacionados aos

Os livros organizam-se em unidades e
estas em capítulos. Cada capítulo apresenta
textos temáticos alternados por atividades
diversas. Alguns deles são introduzidos
com ilustrações articuladas aos temas
propostos e outros, com pequenos textos
que suscitam atividades diversificadas. Em
cada capítulo, na seção Mais um passo,
sugerem-se outras atividades que, em geral,
complementam ou reforçam as noções
trabalhadas. No conjunto, as atividades e
textos encontram-se bem ilustrados, com
conteúdos trabalhados.
O manual do professor, com 32 páginas, é
dividido em duas partes. Na introdução GEOGRAFIA
apontam-se as linhas gerais, direcionamentos
e objetivos da obra. Apresenta-se ainda a
coleção como um todo, com indicação dos
conceitos e conteúdos a serem trabalhados e
da organização metodológica dos volumes.
Em seguida, há orientações sobre diferentes
procedimentos utilizados: leitura de imagens,
leitura de tabelas e gráficos, resolução de
problemas, estudo do meio, pesquisa e debate
e sugestões para a construção de maquetes e

189
 para a realização de entrevistas. Registra-se
também a preocupação com a avaliação. Na
segunda parte, descreve-se o conteúdo
programático de cada série, por unidade e
capítulo. No final, há sugestões de leitura para
o aluno e uma bibliografia para o professor,
com títulos referentes à Geografia e ao
processo de ensino-aprendizagem.
1ª série (96 p.): Unidade 1. Construindo a
nossa identidade; Unidade 2. Os lugares em
que vivemos.
2ª série (96 p.): Unidade 1. Descobrindo
os lugares; Unidade 2. As transformações nas
paisagens.
3ª série (112 p.): Unidade 1. Lendo
documentos em geografia; Unidade 2. A
transformação dos lugares e o trabalho.
4ª série (144 p.): Unidade 1. Usos da terra;
Unidade 2. Trabalho e urbanização; Unidade
3. Cartografia e utilização dos recursos
naturais.
A análise
A proposta teórico-metodológica é
apresentada de forma clara e coerente. A
opção pela abordagem temática permite a
melhor apreensão da totalidade social,
possibilitando explorar, em cada assunto, as
contradições, semelhanças e diferenças,
favorecendo a formação do pensamento
crítico e analítico.
A metodologia da Geografia adotada
GEOGRAFIA
propõe que se trabalhe a formação de noções
espaciais a partir do cotidiano do aluno. Nos
volumes das séries iniciais, é priorizada a
construção dos conceitos de espaço, tempo,
lugar, cultura, natureza, território e trabalho.
Esses conceitos são desenvolvidos seguindo
o princípio da complexidade crescente, ou
seja, as noções apresentadas nas séries iniciais
são retomadas de forma mais complexa e
elaborada nas séries finais.
190
São estimulados vários processos
cognitivos básicos, com destaque para a
compreensão, análise e reflexão. As crianças
são estimuladas a participar de atividades que
favorecem o desenvolvimento do raciocínio
e do senso crítico.
Em todos os volumes abordam-se as
relações espaço-temporais ao se analisar o
espaço de forma contextual, histórica e em
permanente processo de transformação.
Ressaltam-se a apropriação e a organização do
espaço ao longo do tempo e destacam-se as
permanências e as mudanças. Propicia-se que
o aluno parta de seu espaço circundante nas
primeiras séries e aprofunde seu conhecimento
nos volumes das duas séries finais.
As relações espaço-tempo são trabalhadas
numa perspectiva dinâmica, considerando-se
sua influência sobre o ambiente. Nos volumes
da 1ª e da 2ª séries, a Geografia física está
pouco presente, uma vez que o enfoque das
séries iniciais é centrado nas relações sociais,
sendo trabalhada com mais intensidade na 3ª
e 4ª séries.
Algumas temáticas proporcionam
articulação com disciplinas, como História,
Língua Portuguesa e Ciências, e outras
propiciam trabalhar com temas transversais
como Ética, Cidadania, Ambiente e Saúde.
A proposta de uma abordagem crítica e de
discussões sobre os problemas sociais e
ambientais incentiva a participação dos
alunos, permitindo que eles se sintam
membros ativos da sociedade e, ao mesmo
tempo, agentes das transformações sociais.
Nesse aspecto, as diferentes situações-
problema, como as formas de apropriação da
água, são tratadas como uma questão de
dimensão política e social, que diz respeito
não só às populações diretamente envolvidas,
ajudando, assim, a desenvolver o senso de
compromisso social com relação ao problema.
A preocupação com a construção da
cidadania é constante, na medida em que o
aluno é motivado a participar e a se posicionar
criticamente ante a realidade em que vive,
envolvendo-se em campanhas, elaborando
cartazes, slogans, e desenvolvendo atividades
coletivas para a resolução de problemas
sociais e ambientais.
A alfabetização em linguagem cartográfica
é estimulada, propiciando a aquisição de
noções de localização geográfica dos
fenômenos, de forma gradativa. Também se
possibilita o desenvolvimento de habilidades
que colaboram para a construção do
conhecimento geográfico, a partir da
elaboração de trajetos, plantas, mapas
mentais, croquis, gráficos e, principalmente,
da leitura e interpretação de mapas.
São trabalhadas as noções de espaço, lugar,
território, tempo, cultura, natureza, além
daquelas relacionadas à cartografia, tais como
escala, proporção, legenda, direção,
orientação, entre outras. Os conceitos
geográficos são explorados de forma lúdica e
simplificada nas primeiras séries, sendo
retomados e acrescidos de novos conceitos
na 3ª e 4ª séries, porém com um nível maior
de complexidade, o que permite a
compreensão e a interação do aluno com eles,
bem como sua aplicação. São estimuladas
habilidades como observação, descrição,
comparação, organização de dados e
informações, investigações e pesquisas.
Também são trabalhadas a análise e a
interpretação de poesias e letras de música,
além de propostas de resolução de situações-
problema que reforçam tais habilidades.
As atividades são articuladas ao espaço de
vivência e à experiência dos alunos.
Aprofundam e enriquecem as temáticas
propostas, possibilitando problematizações,
discussões e reflexões individuais e/ou
coletivas, que favorecem a construção de
novos conhecimentos pelo aluno ou pela
classe e propiciam o desenvolvimento de
habilidades cognitivas básicas para esse nível
de ensino. A produção de textos, da linguagem
gráfica e cartográfica e, em alguns momentos,
os debates e as discussões também são
enfatizados. Os exercícios buscam
desenvolver as operações mentais (mapas
mentais) de organização espacial, localização
e também da representação gráfica,
explorando o trabalho com maquetes.
As ilustrações, em sua maioria articuladas
aos temas, são criativas e adequadas,
contribuindo para a realização dos objetivos
propostos. As representações cartográficas
são bem elaboradas e exploradas, favorecendo
a compreensão e o entendimento dos
conteúdos.
A estrutura editorial é de boa qualidade, o
que facilita a leitura e o manuseio dos livros.
Os títulos e subtítulos dos capítulos são
apresentados em uma estrutura hierarquizada,
que proporciona a rápida localização dos
conteúdos e das atividades.
O manual do professor, em linguagem
clara, constitui-se em um suporte fundamental
de orientação e atualização do professor,
com comentários e sugestões complementares
bastante enriquecedores. Os objetivos
gerais da Geografia no Ensino Fundamental,
da alfabetização cartográfica, bem como
dos conteúdos de cada unidade, estão
claramente explicitados, demonstrando a
forma criteriosa e coerente como a coleção
está organizada.
Destacam-se, como um dos pontos
positivos do manual, as orientações gerais GEOGRAFIA
para o desenvolvimento dos conteúdos das
unidades, que são formuladas por capítulo,
explicitando-se o objetivo geral, as principais
noções e habilidades trabalhadas, comentários
a respeito do conteúdo, estratégias de trabalho
para o professor e sugestões de atividades para
os alunos. O manual também apresenta uma
reflexão sobre avaliação da aprendizagem,
com indicações dos caminhos para esse
processo.
191
 Em sala de aula
Propicia-se, na coleção, uma efetiva interação do aluno com o conhecimento
geográfico e valoriza-se sua experiência cotidiana em todos os momentos do
processo ensino-aprendizagem, o que possibilita ao professor o desenvolvimento
de um bom trabalho pedagógico.
A proposta de atividades bem orientadas, como leitura de imagens, tabelas e
gráficos, resolução de problemas, estudos do meio, execução de pesquisas,
debates, entrevistas e construção de maquetes, contribui para a construção do
conhecimento de maneira dinâmica e significativa, o que favorece o
desenvolvimento de um trabalho de boa qualidade em sala de aula.
Além do mais, indica-se ao professor uma bibliografia atualizada, rica e
diversificada, referente tanto à ciência geográfica como ao processo ensino-
aprendizagem, o que subsidia a ação do docente em sala de aula e contribui para
a sua formação continuada.
O professor contará, assim, com um material facilmente adaptável aos mais
diversos perfis e que não requer condições ou equipamentos especiais para a
execução das atividades propostas.
GEOGRAFIA

192
 Recomendada
Por quê?
O desenvolvimento dos conteúdos se dá de forma
progressiva, de acordo com o conhecimento prévio, com
a capacidade cognitiva e com a experiência cotidiana

dos alunos. Busca-se desenvolver o espírito crítico a

Coleção
Primeiras Trilhas
- Geografia
Cláudia Tenório Cavalcanti
José Eustáquio de Sene
João Carlos Moreira
partir da realidade próxima dos alunos, com ampliação
da análise para aspectos mais complexos. As propostas
teórico-metodológicas e as dimensões conceituais da
Geografia são articuladas e se cumprem ao longo da
obra. O texto e as atividades são apresentados com
graus crescentes de dificuldade e incentivam o
desenvolvimento de diversas habilidades, como
expressão oral, produção de diversos tipos de texto,

alfabetização cartográfica e respeito ao próximo.

Os conceitos de espaço geográfico, paisagem, lugar e
território são abordados de maneira original, criativa e
Editora Scipione
desafiadora, de forma a valorizar a problematização
constante dos conteúdos trabalhados.

A coleção Quebra-cuca, com exercícios desafiadores, e,

Os volumes são estruturados em unidades
e, em todos, distinguem-se dois grandes
blocos de atividades. O primeiro, constituído
por atividades individuais, aborda a percepção
de cada aluno e promove o levantamento de
seus conhecimentos prévios. O segundo
contempla atividades organizadas para duplas,
grupos ou toda a classe, nas quais os alunos
têm a oportunidade de ampliar as experiências
individuais adquiridas nas atividades
anteriores.
Ao longo dos capítulos encontra-se a seção
ao final de cada unidade, há seções com
orientações para auto-avaliação do
aprendizado e sugestões de leitura GEOGRAFIA
complementar.
O manual do professor está organizado em
duas partes. A primeira apresenta o conteúdo
integral do livro do aluno, e somente no
volume da 1ª série encontram-se as respostas
a algumas atividades. A segunda possui dois
segmentos: um geral, comum aos quatro
volumes, no qual se apresenta a proposta
teórico-metodológica da coleção, e um
específico a cada volume, no qual se

193
 encontram as propostas de trabalho e os
comentários e orientações sobre as atividades.
1ª série (128 p.): Unidade 1. Minha classe:
eu, os colegas e a professora; Unidade 2.
Minha escola: alunos, professores e
funcionários; Unidade 3. Minha casa: eu e a
família.
2ª série (103 p.): Unidade 1. O lugar onde
estudo; Unidade 2. O lugar onde moro;
Unidade 3. As relações entre as pessoas do
lugar.
3ª série (103 p.): Unidade 1. Lugares e
modos de vida na cidade e no campo; Unidade
2. Os lugares e a nossa relação com o meio
ambiente; Unidade 3. Noções de orientação e
vida de crianças.
4ª série (104 p.): Unidade 1. Os problemas
socioambientais; Unidade 2. A circulação de
pessoas, produtos e informações; Unidade 3.
A natureza e as agressões ambientais.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos
explicitados consideram que a aprendizagem
é fruto da construção pessoal e ativa do
conhecimento, na qual os alunos detêm o papel
de sujeitos. Tais pressupostos se efetivam em
uma linguagem acessível, na presença de
diálogos contínuos que propõem atividades e
solicitam relações, observações e comparações.
Nessa concepção de aprendizagem,
estimulam-se diferentes habilidades e
GEOGRAFIA
competências, como observação, comparação,
análise e crítica, juntamente com a elaboração
progressiva de conceitos básicos da
Geografia. O aluno é levado a registrar,
organizar e sistematizar o resultado das
observações e pesquisas, assim como a formar
opiniões e respeitar as idéias alheias. Com
esse procedimento, amplia-se a capacidade de
expressão em linguagem oral, escrita, gráfica
e cartográfica.
194
A interdisciplinaridade é proposta desde a
1ª série, com referências às áreas de
Matemática, História, Ciências e Arte.
A abordagem dos conteúdos permite que
o aluno perceba a produção temporal do
espaço geográfico, em suas dinâmicas e
processos constituintes. O espaço físico é
pouco enfocado nos dois primeiros volumes,
nos quais a maior preocupação volta-se para
as relações humanas e para as noções básicas
da linguagem cartográfica. Há, porém, a
possibilidade de se trabalhar a natureza a
partir das ilustrações, que mostram as
diferentes paisagens.
Nos livros de 3ª e 4ª série, os elementos
naturais são estudados com mais detalhes,
tanto em âmbito local, como em escalas mais
amplas. Os estudantes são levados a observar,
analisar, comparar e relacionar variáveis em
mapas de clima, vegetação, relevo e
hidrografia. No volume de 4ª série, nota-se
uma imprecisão na atividade em que se busca
relacionar clima e vegetação no Brasil, pois
confunde-se a vegetação de cerrado com a
forma de relevo conhecida como chapada,
muito freqüente na região Centro-Oeste. Os
conteúdos exploram as relações entre os
elementos do meio natural e entre a sociedade
e a natureza a partir dos problemas ambientais.
Dessa forma, há ênfase na ação humana que
resulta na transformação da paisagem. O
capítulo sobre a cidade de Cubatão, no livro
da 4ª série, por exemplo, é uma síntese
geográfica do processo de degradação
ambiental e dos esforços de superação pela
ação conjunta do governo, das indústrias e da
população.
A abordagem dos conteúdos e das
atividades também contempla os processos
socioespaciais, partindo-se do espaço de
vivência da criança para processos mais
amplos, numa perspectiva espaço-temporal.
Destacam-se as diferenças entre grupos
familiares e profissionais, entre elementos
histórico-sociais da paisagem e entre as
diferentes classes sociais. São discutidos
problemas sociais, como o trabalho infantil,
crianças de rua e orfanatos.
Entretanto, as desigualdades socio-
espaciais decorrentes da ação humana e de
suas dinâmicas não são destacadas. Ao tratar
de temas referentes ao ambiente, há
preocupação em explicitar o papel da
sociedade na preservação e recuperação da
natureza, mas não se enfatizam as relações
desiguais estabelecidas entre os homens, que
acabam agravando os problemas sociais e
ambientais. Nesse sentido, há uma certa
naturalização das relações sociais.
São apresentados conteúdos crescentemente
mais complexos e, em sua abordagem,
considera-se o aluno em suas diferentes relações
socioespaciais, articulando a escala local com
espaços mais amplos, como também mostrando
as diferenças entre elas por meio de observações,
comparações e problematizações.
Assim, por exemplo, as atividades voltadas
para o desenvolvimento de habilidades de
representação iniciam-se, no volume
destinado à 1ª série, com a representação do
próprio aluno e dos colegas; segue-se a
representação da sala de aula e de objetos nela
presentes, da escola e da moradia. No volume
da 2ª série, retorna-se ao corpo do aluno e à
sala de aula para iniciar o aprendizado de
escalas e plantas. No volume da 3ª série, a
representação é retomada no trabalho com
gráficos e, na 4ª série, o estudante é levado a
ler mapas, nos quais são espacializados os
temas tratados.
As atividades propostas são desafiadoras,
adequadas, criativas, instigam a
problematização e envolvem o aluno. Por
meio de diálogos, indagam sobre seus
conhecimentos prévios, suas observações,
sobre o que percebe como problema diante
do que observa, o que sente ao observar. Há
estímulo à participação dos alunos,
solicitando-lhes reflexão e troca de idéias com
os colegas, por meio de atividades em duplas
ou em grupo.
A construção da cidadania é vivenciada por
intermédio de situações na sala de aula, com
os familiares, com os funcionários da escola
e com o professor. O convívio social, a
tolerância, a liberdade, o conhecimento de
normas básicas de sociabilidade, a
preservação do ambiente, além de regras de
convivência e colaboração e atitudes de
respeito ao próximo, são trabalhados ao longo
dos quatro volumes. O Estatuto da Criança e
do Adolescente é ressaltado, com atividades
que permitem a reflexão e a comparação entre
diferentes situações vividas pelas crianças.
A maioria das ilustrações e representações
cartográficas é de boa qualidade, sendo
explorada de maneira a auxiliar na leitura e
na compreensão dos conteúdos. Algumas,
entretanto, são escuras, pouco nítidas ou
incompletas, não permitindo a observação dos
detalhes solicitados.
A estrutura editorial é de boa qualidade e
adequada ao trabalho didático. Os textos e as
ilustrações estão distribuídos na página de
forma equilibrada, embora se observe que, no
volume da 1ª série, os espaços reservados para
os desenhos e textos dos alunos sejam muito
pequenos para desenvolver a atividade. A
diagramação proporciona boa legibilidade do
texto e boa visualização das ilustrações.
Pequenos erros de impressão devem merecer
atenção, principalmente na 1ª série, quando GEOGRAFIA
os alunos estão sendo alfabetizados.
Discute-se a proposta de avaliação,
enfatizando-se a importância da auto-
avaliação dos educandos como instrumento
para envolvê-los com a própria aprendizagem
e como um momento de ouvir suas
preferências e dificuldades.
O manual do professor é um ótimo apoio
para o trabalho em sala de aula, com orientação
para o desenvolvimento dos conteúdos e
195
 atividades, além de proporcionar ao educador
oportunidades de ampliar seus conhecimento
teóricos nas áreas de Geografia e de ensino-
aprendizagem. Original e instigante, o manual
orienta sem atuar como condutor do processo
de ensino-aprendizagem, permitindo ao
professor exercer sua criatividade e adaptar a
coleção ao projeto pedagógico da escola.
Há sugestões para o desenvolvimento dos
temas, desde a preparação do material até o
desenvolvimento das atividades. Importante
nessas sugestões é que a etapa de motivação
consta da apresentação dos temas e da
discussão das formas de estudo desenvolvidas
com os alunos.
A bibliografia de apoio ao professor é
diversificada e comentada. Em alguns
momentos, reproduzem-se trechos das obras
recomendadas e são apresentadas leituras
complementares interessantes. Há orientação
visando à articulação dos conteúdos dos livros
entre si e com outras áreas de conhecimento.

Em sala de aula
A coleção se constitui num bom material para o trabalho na área de Geografia,
tanto pela coerência entre a proposta metodológica e o desenvolvimento dos
conteúdos, como pela originalidade no tratamento dos conceitos e noções básicos.
A utilização de uma linguagem clara e acessível, associada à valorização da
experiência cotidiana dos alunos, estimula a realização de análises críticas da
realidade. A articulação das temáticas ao longo dos quatro volumes e a preocupação
com o caráter dinâmico e progressivo do processo ensino-aprendizagem também
favorecem a utilização do material pelos professores e alunos.
Por fim, como os aspectos físicos são abordados de maneira superficial,
especialmente nos volumes das duas séries iniciais, requerem atenção do professor,
especialmente daquele que pretende aprofundar o desenvolvimento de tais
conteúdos com seus alunos.
GEOGRAFIA

196
 Recomendada
Por quê?
A coleção é inovadora na abordagem da localização

dos fenômenos e da alfabetização cartográfica, em

especial nos volumes da 1ª e 2ª séries. É incentivado o

uso das linguagens escrita, gráfica e cartográfica. A

construção e o exercício da cidadania são privilegiados

Coleção
a partir da investigação do espaço de vivência do aluno
Geografia
Neuza Sanchez Guelli e da participação nos assuntos da comunidade. Esses
Miriam Orensztejn
aspectos contribuem para um trabalho pedagógico de

qualidade, com construção de conhecimentos pelo

aluno, intermediada pela ação do docente.

Será preciso, no entanto, complementar as orientações

Editora Moderna para algumas atividades e compatibilizar as informações

entre os vários volumes, de acordo com o princípio da

complexidade crescente.

A coleção síntese do que foi estudado ao longo do ano.

Os conteúdos são apresentados por meio
de textos curtos, imagens e atividades. As
leituras complementares são baseadas em
trechos de artigos de jornais, revistas e
transcrições de outros livros didáticos. As
sugestões de leitura são indicadas ao longo
dos capítulos e ao final dos volumes, onde se
encontram, também, planisférios e mapas para
diversas atividades. Não há glossário.
Todos os volumes possuem uma
introdução, na qual se discute o estudo da
Geografia. No final de cada livro, faz-se a
O manual do professor, com média de 50
páginas, fornece as orientações básicas para
o trabalho pedagógico, permitindo a GEOGRAFIA
compreensão dos pressupostos que o
estruturam, bem como os princípios, objetivos
e metodologia de ensino-aprendizagem
adotados na coleção.
1ª série (112 p.): Unidade 1. Ser criança;
Unidade 2. Como eu sou; Unidade 3. A escola;
Unidade 4. A moradia.
2ª série (104 p.): Unidade 1. Espaço de
viver: a escola; Unidade 2. Espaço de viver:
o bairro e suas características; Unidade 3.

197
 Espaço de viver: o bairro e a qualidade de
vida; Unidade 4. Espaço de viver: as
diferentes paisagens.
3ª série (119 p.): Unidade 1. Descobrindo
caminhos; Unidade 2. A ocupação do espaço:
ontem e hoje; Unidade 3. O crescimento do
espaço urbano; Unidade 4. O espaço rural e o
espaço urbano: a produção, o trabalho e a
tecnologia.
4ª série (120 p.): Unidade 1. Que mundo é
esse?; Unidade 2. O Brasil e suas diferentes
paisagens; Unidade 3. Brasil, que país é esse?
Divisão regional e população; Unidade 4. As
grandes regiões brasileiras.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos
destacam os objetivos do estudo da Geografia,
que consistem em analisar a produção, a
organização e a apropriação do espaço pela
sociedade, ao mesmo tempo em que se mostra
como o espaço interfere nas relações sociais.
Dessa forma, os conteúdos devem permitir o
desenvolvimento da autonomia do aluno na
compreensão da realidade e da participação
humana na construção e transformação do
espaço geográfico, bem como na produção de
bens culturais e sociais. Para tanto, os
conteúdos são agrupados em três categorias:
conceituais, procedimentais e atitudinais.
O tratamento dos conteúdos e das
atividades, na 1ª e 2ª séries, parte da
GEOGRAFIA
comparação de crianças de vários países, dos
direitos e deveres infantis, e da apreensão do
próprio corpo. A realidade vivenciada em
casa, na escola, no bairro, no município
encontra-se sempre presente, mesmo quando
se avança para temas mais gerais nas últimas
séries, tais como as diferenças entre os
espaços urbanos e rurais, o crescimento
demográfico, os grupos étnicos e as diferentes
paisagens brasileiras.
198
O desenvolvimento dos processos
cognitivos básicos incentiva as habilidades de
observar, identificar, comparar e analisar os
espaços apresentados nos textos, mapas,
ilustrações e fotos. No livro da 1ª série, por
exemplo, sugere-se ao aluno que observe o
planisfério e algumas fotos, com o objetivo
de refletir sobre as diferentes paisagens e
maneiras de viver das crianças em todo o
mundo e de integrá-las ao próprio
conhecimento.
A coleção possibilita a construção de
noções e conceitos geográficos básicos. As
atividades são organizadas para que os
educandos expressem suas hipóteses e
conhecimentos anteriores sobre os temas
estudados. Procura-se a articulação dos
conceitos com as experiências e
conhecimentos dos alunos, a partir da
observação de imagens e do desenvolvimento
das atividades, de forma progressivamente
mais abstrata e adequada ao nível de
desenvolvimento cognitivo dos alunos.
Contudo, o professor deverá comple-
mentar alguns conceitos, como os de
latifúndio e minifúndio – definidos apenas
como “grande propriedade rural” e “pequena
propriedade rural” –, apresentando os
parâmetros sociais e econômicos que os
distinguem. Outros conceitos também
precisam ser compatibilizados nos diversos
volumes em que se apresentam.
A abordagem das relações espaço-
temporais permite ao aluno compreender a
construção histórica do espaço geográfico por
meio dos textos, das ilustrações e das
representações cartográficas. No livro da 1ª
série, por exemplo, texto e imagem são
alternados para que as crianças possam
interpretar as mudanças ocorridas na Avenida
Paulista a partir de suas hipóteses. No livro
da 2ª série, as habilidades de localização,
deslocamento e lateralidade são trabalhadas
a partir de diferentes imagens que permitem
a identificação e a localização das habitações
urbanas.
O estudo das dinâmicas e dos processos
constituintes do espaço físico é associado ao
estudo das paisagens e das relações sociedade-
natureza. Nos livros de 1ª a 3ª série, são
enfocados aspectos mais gerais referentes às
diferenças nas paisagens. Distinguem-se, por
exemplo, as construções humanas, os
fenômenos físicos e as paisagens rurais e
urbanas. Há preocupação com os recursos
naturais e com seu aproveitamento, em
especial com o consumo de água e de energia
elétrica, assim como com o processo de
reciclagem do lixo. No volume da 4ª série,
são estudados o relevo, as bacias
hidrográficas, o tempo atmosférico, o clima
e a vegetação, associados às formações e
transformações das paisagens.
O professor também deve estar atento para
completar informações, como a de que os
cartógrafos definiram as linhas imaginárias
dos paralelos e meridianos pela observação
dos movimentos de rotação e de translação
da Terra e pela associação com o movimento
aparente do Sol. No mesmo volume, informa-
se que a maior parte do nosso planeta é
formada por água, quando, na realidade, a
maior parte da Terra é recoberta por água.
As dinâmicas e os processos socio-
espaciais são tratados adequadamente. Nessa
perspectiva, procura-se enfatizar no livro da
1ª série, por exemplo, que crianças de diversos
países e do Brasil apreendem o espaço vivido
de maneira diferenciada. Para isso são
utilizadas brincadeiras, trajetos da casa à
escola, e é introduzida a diferenciação entre
os elementos naturais e construídos da
paisagem.
A construção da cidadania é estimulada e
valorizada. O convívio social, o respeito, a
tolerância e a liberdade são incentivados a
partir de trabalhos em grupos, de pesquisas e
conversas com adultos para conhecer suas
opiniões e necessidades. Alguns textos
retratam questões sociais e ambientais, como
o problema das crianças de rua, da devastação
da Mata Atlântica ou da falta de habitações
populares.
Hábitos, atitudes e comportamentos
também são estimulados, abordando-se os
direitos das crianças e orientações de trânsito
para os pedestres. Incentiva-se a mudança de
valores com vistas a evitar problemas
ambientais e o desperdício dos recursos
naturais. A reciclagem de resíduos sólidos é
estimulada e sugerem-se algumas maneiras
para reduzir o consumo excessivo de água.
As atividades propostas, como leituras,
elaboração de desenhos, entrevistas,
organização de murais e pesquisas, propiciam
o desenvolvimento de várias habilidades.
Contribuem, por exemplo, para a ampliação
de diferentes formas de linguagem, ao
estimularem a elaboração de textos.
Entretanto, algumas atividades não estão
acompanhadas de orientações completas que
permitam a professores e alunos realizá-las
adequadamente. É o caso da proposta de
construção de maquete com as principais
formas de relevo, uma vez que as orientações
estão baseadas apenas nas altitudes.
As representações cartográficas, gráficos,
tabelas e quadros são muito utilizados na
coleção, tanto na alfabetização cartográfica
como na codificação de dados e informações,
com incentivo para a interpretação do aluno.
Também estão bem integrados aos textos, GEOGRAFIA
favorecendo a compreensão dos conteúdos.
No entanto, títulos, legendas, escalas e datas,
muitas vezes, estão ausentes em
representações cartográficas, ilustrações e
gráficos.
A estrutura editorial permite boa
legibilidade da coleção, em razão da variação
de cores com que se destacam tópicos
importantes e da estrutura hierarquizada com
títulos e subtítulos. É interessante ressaltar as
199
 diferenças na organização e estrutura entre os
volumes. Nos dois primeiros, fartamente
ilustrados, os textos são mais curtos e a leitura
é agradável e fluente, especialmente no da 1ª
série. Nos dois últimos, em especial no
volume da 4ª série, há uma sensível ampliação
na densidade de informações, com diminuição
das ilustrações e aumento dos textos.
A avaliação da aprendizagem, segundo o
manual, deve ser realizada considerando-se que
o processo de ensino-aprendizagem é contínuo
e deve propiciar ao professor uma visão clara
e objetiva dos procedimentos em sala de aula.
Sugere-se a orientação do trabalho de avaliação
de acordo com os conteúdos conceituais, em
que se observa o uso dos conceitos nas diversas
situações de aprendizado; conteúdos
procedimentais, em que se observa o domínio
sobre o saber e o fazer; conteúdos atitudinais,
em que se observam as opiniões, as
manifestações e as responsabilidades discentes
dentro e fora da aula, no recreio e em visitas,
passeios e excursões. São apresentadas
sugestões de fichas para o registro de avaliação
e de auto-avaliação do aluno.
No manual do professor explicitam-se os
objetivos e orientações para o desenvolvimento
dos conteúdos e das atividades, bem como a
articulação com outras disciplinas. Há a
definição de conceitos geográficos, textos
complementares, bibliografia diversificada e
atualizada, sugestões de leituras, de atividades
adicionais e de sites de consulta para o
professor, além de orientações específicas para
cada capítulo e respostas às atividades
propostas aos alunos.

Em sala de aula
A coleção proporciona um conjunto de conhecimentos geográficos e de
instrumentos didático-metodológicos para subsidiar a prática pedagógica em sala
de aula. O professor encontrará elementos para articular conteúdos e temas de 1ª
a 4ª série, para trabalhar a interdisciplinaridade e para construir conhecimentos
sobre as realidades locais com seus alunos, incluindo a alfabetização cartográfica
e a leitura das transformações nas paisagens.
As orientações oferecidas no manual do professor contribuem para a capacitação
docente, para a realização de um trabalho criativo e para uma avaliação bem
criteriosa. No entanto, será necessário que o professor supere algumas lacunas e
simplificações, complementando conteúdos e atividades.
GEOGRAFIA

200
 Recomendada
Por quê?
Com abordagem construtivista e concepção crítica da
ciência geográfica, a coleção destaca-se pela
complexidade crescente com que são desenvolvidos os
conteúdos e atividades. O objetivo é a formação do
cidadão crítico, capaz de compreender e intervir na sua
realidade.
Parte-se do espaço vivido e amplia-se
progressivamente o conhecimento para o espaço
Coleção O percebido e concebido, de acordo com o estágio
Mundo em cognitivo e com a experiência concreta dos alunos.
Movimento Conceitos e noções fundamentais da Geografia –
espaço, sociedade, natureza, trabalho – são
Valéria Edith G. Collodel
Roberto Filizola apresentados de forma gradativa e interligada em cada
Márcia da Cruz volume e entre os volumes da coleção. Isso torna o
aprendizado mais integral e menos segmentado.
O professor terá condições de desenvolver
competências cognitivas e habilidades instrumentais,
favorecendo aos alunos a compreensão e a construção
do conhecimento geográfico e o desenvolvimento de
Editora Nova Didática
capacidades, como expressão escrita e oral,
alfabetização cartográfica, observação, orientação e
análise.

A coleção da coleção e explicita a proposta de ensino

Os volumes estão organizados em
unidades, nas quais são trabalhados os
conteúdos relativos a determinado eixo
norteador. Cada unidade contempla capítulos
com texto de apresentação do conteúdo a ser
trabalhado, seguido de uma seção denominada
Conversando, na qual se propõem questões
para incentivar a reflexão dos alunos sobre o
assunto em foco. Os exercícios são propostos
nas seções Atividades (no primeiro volume)
e Faça no caderno (nos demais volumes).
O manual do professor descreve a estrutura
da Geografia para o 1º e 2º ciclos do Ensino
Fundamental. Também detalha o emba-
samento teórico-metodológico e fornece o GEOGRAFIA
encaminhamento metodológico das unidades,
com orientações específicas para cada parte
dos livros. Há, ainda, Glossário (somente no
primeiro volume) e Bibliografia (em todos os
volumes), para consulta do professor.
1ª série (128 p.): Unidade 1. Quem somos
e com quem convivemos; Unidade 2. Lugares
de vivência; Unidade 3. Representando e
localizando os lugares de vivência; Unidade
4. As paisagens dos lugares onde vivemos

201
estão sempre mudando.
2ª série (96 p.): Unidade 1. O ambiente;
Unidade 2. O solo e a água nas paisagens dos
lugares onde vivemos; Unidade 3. O ar nas
paisagens dos lugares onde vivemos; Unidade
4. A representação, a localização e a
orientação no espaço em que vivemos.
3ª série (128 p.): Unidade: 1. A paisagem
do município: a cidade; Unidade 2. A
paisagem do município: o campo; Unidade
3. A orientação e a localização; Unidade 4. A
representação do espaço.
4ª série (128 p.): Unidade 1. Localização
espacial; Unidade 2. A construção do mapa;
Unidade 3. A sociedade brasileira; Unidade
4. A paisagem e os ambientes brasileiros.
A análise
Existe coerência entre os pressupostos
teórico-metodológicos expostos no manual do
professor e as estratégias desenvolvidas nos
conteúdos e atividades dos livros, tanto do
ponto de vista pedagógico, como em relação
ao ensino da ciência geográfica.
As práticas de ensino-aprendizagem
capacitam o aluno a pensar geograficamente
o espaço construído pela sociedade e do qual
ele participa. Dessa maneira, a criança passa
por um processo de compreensão e construção
gradativa dos conceitos que permeiam as
relações socioculturais e a dinâmica da
natureza.
Categorias, conceitos e noções
fundamentais da Geografia são encaminhados
com pertinência metodológica e há
preocupação com a transdisciplinaridade e
com o desenvolvimento da linguagem
cartográfica.
O professor terá à sua disposição
conteúdos organizados de forma adequada,
segundo os princípios da complexidade
crescente e da inter-relação dos conteúdos das
202
diversas unidades, o que possibilita aos alunos
uma visão mais integradora e menos
segmentada. A coleção possibilita que os
processos cognitivos básicos sejam
incentivados de forma integrada e partilhada.
A abordagem dos conteúdos permite ao
educando identificar-se como sujeito ativo,
reconhecer sua identidade, situar-se no espaço
de vivência e, ao mesmo tempo, ampliar o
conhecimento do espaço vivido para o espaço
percebido e concebido.
As situações de aprendizagem estimulam
o aluno a compreender o processo de produção
do espaço geográfico, no que concerne tanto
às ações humanas que se sucedem no tempo e
resultam em transformações no ambiente,
quanto às permanências na cultura e às marcas
nas paisagens.
O professor também poderá incentivar a
observação e a percepção sistematizada das
ações e transformações dos elementos
naturais e culturais no ambiente vivido. Por
meio de uma abordagem integrada da
realidade, o aluno é levado a compreender a
dinâmica da natureza, a partir da
interdependência de seus elementos e a partir
de suas relações com a sociedade.
As relações espaço-temporais são
desenvolvidas paulatinamente, possibilitando
que as crianças compreendam a construção
histórica do espaço geográfico. Na medida em
que as noções de espaço e tempo são
apresentadas de forma não-dissociada, pode-
se perceber que existe uma forte interação
entre ambos.
A compreensão das dinâmicas e processos
constituintes do espaço físico é realizada por
meio da identificação dos elementos naturais
da paisagem e da investigação dos processos
naturais que ocasionam mudanças na mesma,
ao se ressaltar sua importância para a
organização do espaço.
A compreensão das dinâmicas e processos
socioespaciais é tratada de forma integrada
nos diferentes volumes, com a identificação
dos principais grupos e processos sociais,
econômicos, políticos e culturais na sua
interação com o espaço.
A articulação das relações sociedade-
natureza é uma marca da coleção. Leva-se o
estudante a identificar as modificações que a
sociedade provoca no meio natural, com
enfoque, principalmente, nos problemas
ambientais. Dessa maneira, proporciona-se ao
aluno a oportunidade de se ver como agente
transformador da natureza.
O professor, entretanto, deverá estar atento
para superar algumas simplificações e
inadequações, como a dos ícones que apontam
o Pantanal em outras regiões do Brasil. Além
disso, no livro afirma-se que a primeira cidade
brasileira surgiu na Baía de Todos os Santos
e não no litoral paulista.
Os conteúdos e atividades contribuem para
a construção da cidadania como um
instrumento básico da formação dos
indivíduos e da sua vida em sociedade. São
incentivados hábitos, atitudes e abrangente e integrada, sempre que possível,
comportamentos voltados para o convívio
social, para o respeito ao outro, para a
tolerância e para a liberdade.
O princípio da complexidade crescente é
base para o desenvolvimento dos conteúdos.
Os assuntos são sempre trabalhados de forma
gradual, a partir de abordagens mais simples
e concretas para as mais complexas e
abstratas.
A articulação entre os níveis de
conhecimento do senso comum e o
conhecimento sistematizado é revelada pela
presença de textos complementares e pelas
orientações que acompanham as diversas
atividades, auxiliando o aluno a realizar essa
passagem.
Na seção Conversando, revela-se a
estratégia para reconhecimento do saber
prévio do aluno e posterior aprofundamento
de novos conhecimentos, por meio das leituras
complementares e das sugestões de títulos
bibliográficos para enriquecimento do seu
conhecimento.
As noções e os conceitos utilizados
propiciam inserção no ensino, desde as séries
iniciais, dos recentes avanços da ciência
geográfica. Os exemplos mais importantes
referem-se ao uso da expressão “ser humano”
em lugar da denominação “homem” e de
“ambiente” em lugar de “meio ambiente”.
A construção dos conceitos geográficos
obedece a uma abordagem integrada do
espaço. Desta maneira pretende-se propiciar
a visão de uma realidade que não separe o ser
humano do espaço e que permita a construção
gradativa do conhecimento geográfico por
meio da troca de experiências com os colegas,
mediada pelo professor.
O professor pode, ainda, incentivar o
desenvolvimento da linguagem do aluno, com
a ampliação de suas possibilidades de
expressão escrita, gráfica e cartográfica. Esse
desenvolvimento é realizado de forma
às diferentes linguagens. Em cada unidade
percebe-se a proposição de exercícios
vinculados a essas diferentes formas de
expressão.
As atividades promovem a articulação dos
diversos conteúdos e levam o aluno a
problematizar o conhecimento. Para isso, são
utilizadas situações-problema, estimulando na
criança a capacidade de produzir diferentes
formas de texto e propiciando-lhe o
desenvolvimento de habilidades
diversificadas.
Há equilíbrio entre a quantidade e a
extensão dos textos e das atividades em cada
série. As várias atividades possibilitam que a
criança desenvolva a habilidade de
representar o espaço, construir legendas e
decodificar mapas.
O processo de avaliação é valorizado no
manual do professor por meio de argumentos
203
e orientações gerais sobre suas funções e
formas de aplicação, com sugestões sobre o
que avaliar em cada unidade.
A estrutura editorial é de boa qualidade e
adequada para um trabalho didático eficaz. A
formatação apresenta distribuição equilibrada
de textos e ilustrações nas páginas,
proporcionando uma boa visualização do
conjunto e oferecendo recursos de descanso
visual quando os textos são longos.
As ilustrações, representações
cartográficas, gráficos e quadros estão
adequados às finalidades para as quais foram
elaborados. Também apresentam, com
pequenas exceções, uma boa adaptação ao
estágio de desenvolvimento cognitivo das
crianças. Por isso, auxiliam na leitura, na
compreensão dos textos e na problematização
dos conteúdos, com clareza e precisão.
O manual do professor, escrito em
linguagem clara e com o conteúdo integral
do livro do aluno, apresenta orientações
teórico-metodológicas em relação tanto à
ciência geográfica, como à forma pedagógica
de construção sistematizada e gradativa dos
conceitos geográficos. Contém orientações de
encaminhamento metodológico para cada
unidade e subunidade e propõe diferentes
recursos que possibilitam ao aluno a
apreensão do conteúdo.
São oferecidas orientações para
articulação geral dos conteúdos desenvolvidos
em cada unidade, em cada volume, entre os
volumes, e com outras áreas do conhecimento.
Também se oferecem sugestões de leitura
complementar aos alunos e um glossário.

Em sala de aula
A coleção mantém coerência entre a proposta metodológica e o desenvolvimento
dos conteúdos e atividades. Os procedimentos didáticos sugeridos são transpostos
de forma adequada e correta para o ambiente de sala de aula.
O professor pode beneficiar-se, especialmente, do que favorece o
desenvolvimento do raciocínio do aluno, da conscientização do espaço geográfico,
da construção da cidadania, bem como do que estimula a apropriação da linguagem
cartográfica e das habilidades instrumentais correlatas. A coleção revela-se de
fácil compreensão e utilização pelo professor, em função da metodologia de ensino-
aprendizagem (processo de compreensão e construção gradativa dos conceitos),
do desenvolvimento das atividades (estímulo à produção de diferentes formas de
textos) e do manual do professor (orientação bibliográfica para a formação
continuada).
O docente, no entanto, deve estar preparado para suprir lacunas e a falta de
fontes de informação mais atualizadas, como atlas, vídeos e sites da internet.

204
 Recomendada
Por quê?
A proposta pedagógica, retratada em linguagem
simples e clara, tem como base o socioconstrutivismo,
que visa à construção do conhecimento a partir da
experiência do aluno no processo de interação com o
meio e propõe a elaboração de conceitos que preparem
as crianças para compreender a organização e a

Coleção Vitória- ocupação do espaço.

Régia - Ao longo da obra, os conteúdos tornam-se

Geografia gradualmente mais complexos. Para a construção e

Ieda M. C. Espírito Santo
Áurea Joana Schwarz Darin
representação do espaço, parte-se sempre das noções
mais simples para as mais elaboradas, de maneira
gradual, no desenvolvimento dos conteúdos.
O estímulo à construção da cidadania recebe
tratamento privilegiado, na medida em que as questões

Editora IBEP sociais e os problemas enfrentados pela população são

enfocados ressaltando-se o fato de que a sociedade
vive num espaço e este é partilhado por outras pessoas
que possuem interesses diferentes.

A coleção imagens. No volume da 1ª série, há também

Os volumes estruturam-se em unidades,
subdivididas em seções. As unidades iniciam-
se com fotografias, cujo objetivo é favorecer
a reflexão do tema tratado, seguidas de
desenhos e textos introdutórios. Na seqüência
há as seções Conversando, Registrando ou
Construindo, nas quais se permite investigar
o conhecimento do aluno sobre o assunto
abordado.
Além da Apresentação e do Sumário, os
quatro volumes incluem glossário, sugestões
de leitura e de vídeos e um índice geral de
informações e material pedagógico de apoio.
O manual do professor divide-se em uma
parte comum a todos os volumes, em que se
apresentam a proposta educacional e a
estruturação da obra, e em outra específica,
contendo orientações e sugestões de
atividades ao trabalho docente para cada uma
das quatro séries, bibliografia para a coleção
e textos complementares, além da
apresentação integral dos livros dos alunos.
Os manuais de 2ª, 3ª e 4ª séries oferecem
material de apoio, como um mapa do Brasil
para recortar, dividido em duas partes.

205
 1ª série (144 p.): Unidade 1. Quem é
você?; Unidade 2. A vida em família; Unidade
3. Moradia; Unidade 4. Escola; Unidade 5.
Rua, que lugar é esse?
2ª série (144 p.): Unidade 1. O lugar onde
você vive; Unidade 2. Paisagens; Unidade 3.
Localização; Unidade 4. O município;
Unidade 5. Governo e trabalho; Unidade 6.
Transporte e comunicação.
3ª série (128 p.): Unidade 1. Orientação;
Unidade 2. Representando os espaços; Unidade
3. Espaço: ocupação e transformação; Unidade
4. Espaço rural e espaço urbano; Unidade 5.
Economia e trabalho; Unidade 6. Relevo, rios e
vegetação.
4ª série (144 p.): Unidade 1. Representação
dos espaços; Unidade 2. Clima; Unidade 3.
Brasil e seu povo; Unidade 4. Regiões; Unidade
5. Trabalho e indústria; Unidade 6. Tecnologia
e comércio.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos
são claramente explicitados como sendo fruto
da experiência em sala de aula, que tem como
foco principal o aluno e sua formação para a
cidadania. Os processos cognitivos básicos
são explorados de maneira diferenciada,
considerando a fase de desenvolvimento da
criança. Na 1ª e na 2ª séries, por exemplo, as
tarefas motoras são estimuladas, mas sem
deixar de lado o desenvolvimento dos
GEOGRAFIA
processos cognitivos mais complexos. Estes
se concretizam integralmente na 4ª série, com
a problematização dos temas abordados, o que
prepara as crianças para a compreensão de
conteúdos mais abstratos.
A construção histórica do espaço
geográfico é trabalhada sistematicamente por
meio da noção de temporalidade, priorizando
a recuperação progressiva da vivência
concreta do aluno em diferentes etapas.
206
A compreensão do espaço vivido é
abordada nas séries iniciais até atingir graus
maiores de abstração, por meio das relações
entre o local, o regional e o global. No livro
da 1ª série, parte-se da análise da paisagem
local e se estabelecem relações com paisagens
de outras épocas para que os alunos percebam
as transformações no modo de vida e na
construção do espaço geográfico. No volume
da 2ª série, os alunos são estimulados a
pesquisar o que existia no espaço ocupado
pela escola antes de sua construção. No
volume da 3ª série, as relações espaço-
temporais são enfocadas pela apresentação
dos primeiros mapas criados e sugere-se a
pesquisa de outros tipos de representação
cartográfica em diferentes épocas. No volume
da 4ª série, apresenta-se a regionalização do
Brasil, a articulação das categorias de espaço
e tempo na definição das regiões, a divisão
regional criada pelo IBGE e a evolução da
divisão política do território nacional.
As dinâmicas e os processos constituintes
do espaço físico são trabalhados
sistematicamente, a partir da 2ª série, embora
de maneira mais simplificada em função do
nível de desenvolvimento cognitivo dos
alunos. Nesse estudo, considera-se o espaço
de vivência dos alunos, assim como a inter-
relação de elementos naturais e humanos. As
ações humanas sobre o espaço natural são
discutidas a partir de sua associação ao
trabalho sistemático das noções de
temporalidade. Estas, por sua vez, são
analisadas considerando-se as transformações
do espaço ao longo do tempo e,
conseqüentemente, a transformação da
natureza.
Os processos socioespaciais são tratados
adequadamente, enfatizando-se a forma como
a sociedade se organiza e, conseqüentemente,
transforma a paisagem. As relações
socioespaciais são discutidas a partir de
modificações e alterações ocorridas no bairro,
tendo por base as questões culturais e
históricas da comunidade.
A articulação sociedade-natureza oferece
subsídios para a compreensão da forma como
a sociedade produz e organiza o espaço, por
meio do trabalho. No volume da 1ª série, é
proposta a discussão acerca do lixo e de seus
efeitos sobre o ambiente. No livro da 2ª série,
sugere-se que durante um “passeio no
quarteirão” se evidenciem o relevo, a
vegetação, a presença de rios, pontes,
viadutos, além das construções. O objetivo é
valorizar a presença no quarteirão de
elementos de ordem natural e social,
assumindo como metodologia a observação
de campo e os depoimentos de antigos
moradores do bairro.
Em geral, as informações presentes na obra
estão atualizadas, com indicação de sites para
pesquisa e de mapas de publicação recente,
embora se registrem alguns dados
desatualizados, principalmente nos volumes
da 1ª e 2ª séries.
As noções geográficas básicas são
trabalhadas a partir dos conhecimentos
prévios dos alunos, adquiridos em suas
experiências cotidianas. No volume da 1ª
série, por exemplo, a construção das noções
espaciais básicas é feita gradativamente,
utilizando-se, inicialmente, o mapa corporal
do aluno. No da 3ª série, introduzem-se idéias
relacionadas às formas de representação do
espaço, partindo-se de desenho do trajeto da
casa à escola, passando-se ao globo terrestre,
ao mapa-múndi e às plantas de casa. Já no
volume da 2ª série, observam-se algumas
imprecisões, como na abordagem sobre o
tamanho da escola, da sala de aula e do estádio
de futebol, em que não se faz referência à
necessidade de “diminuí-los” para que possam
ser representados.
A construção de conceitos é estimulada por
meio de diversas linguagens (verbal, pictórica,
corporal). O estágio de desenvolvimento
cognitivo das crianças é considerado,
partindo-se de noções espaciais mais simples
nas séries iniciais para conceitos mais
complexos na 4ª série. A localização de
fenômenos inicia-se no volume da 1ª série,
de maneira ilustrativa, tomando-se como
ponto de partida o referencial do aluno sobre
si mesmo e seu espaço. Em seguida, passa-se
para o espaço da sala de aula, da escola, do
bairro, até que, na 4ª série, são estimuladas
abstrações, como a distribuição do clima no
globo terrestre, os fusos horários e a noção
de coordenadas geográficas.
Percebe-se a preocupação em contemplar
a diversidade sociocultural. Constata-se,
igualmente, o respeito às diferentes formações
familiares e às condições sociais, bem como
a valorização do índio, do negro e do branco
na formação da população brasileira,
discutindo-se suas condições de vida na
atualidade.
A questão da construção da cidadania
recebe tratamento privilegiado, na medida em
que as questões sociais e os problemas
enfrentados pela população são enfocados
ressaltando-se o fato de que a sociedade vive
num espaço e este é compartilhado por outras
pessoas que possuem interesses diferentes.
As atividades sugeridas são, em geral, ricas
e variadas, e se constituem em estímulo à
participação dos alunos e aos debates entre
os colegas. Há exercícios em que se propõe o
traçado de percursos por meio de desenhos,
bem como a elaboração de projetos e a GEOGRAFIA
realização de diferentes pesquisas.
As representações cartográficas, de boa
qualidade visual, apresentam-se bem
distribuídas ao longo dos volumes. São
acompanhadas de indicações de fontes,
escalas e da rosa-dos-ventos, e estimulam o
desenvolvimento das atividades propostas. De
modo geral, as indicações de fontes também
estão presentes nos textos, imagens,
documentos e dados trabalhados. A exceção
207
 fica por conta das fotos que, freqüentemente,
carecem dos registros das datas e do local
retratado.
Os gráficos, tabelas e quadros são em
número reduzido, mas os que são
apresentados procuram estimular a reflexão,
a discussão, a análise e a problematização dos
conteúdos. Em relação à estrutura editorial,
os textos e as ilustrações são bem distribuídos
ao longo da obra, intercalando-se fotos,
ilustrações e pequenos textos. Há, como
recurso para descanso visual, pequenos
quadros ou fundos coloridos. A visualização
das ilustrações em sua maioria é boa, embora
algumas se apresentem muito escuras ou têm
a sua visibilidade prejudicada, por estarem
sobrepostas ou muito próximas umas das
outras.
No manual do professor, encontram-se
informações destacadas quanto aos objetivos,
procedimentos e recursos didáticos mais
indicados para trabalhar as diferentes temáticas.
Também são explicitados os pressupostos
teórico-metodológicos da obra e a metodologia
do ensino da Geografia. A avaliação é tratada
como atividade contínua e sistemática que
acompanha o processo de ensino-aprendizagem,
incluindo reflexões sobre os objetivos, o
conteúdo e o método. Tal avaliação deve ser
diagnóstica e integral, a partir da análise não
apenas dos aspectos cognitivos, mas também
das habilidades e procedimentos desenvolvidos.

Em sala de aula
Ao escolher esta coleção, o professor terá à sua disposição um material que
oferece as condições necessárias para o desenvolvimento de um bom trabalho
pedagógico. Valoriza-se o papel do docente como mediador entre o aluno e o
conhecimento a ser construído, sendo apresentadas valiosas e variadas sugestões
e orientações ao seu trabalho.
A possibilidade de desenvolver trabalhos interdisciplinares e relacionados aos
temas transversais exigirá do professor preparação de material adequado e
planejamento integrado às outras áreas de ensino.
No manual do professor, orienta-se o desenvolvimento das atividades propostas,
com sugestões de leitura e de pesquisa para o aprofundamento dos conteúdos
trabalhados.
GEOGRAFIA

208
 Recomendada
Por quê?
Na coleção, a aprendizagem é entendida como

construção do conhecimento. Assim, o importante não

é a quantidade da informação que é apresentada ao

aluno, mas como são desenvolvidas as competências

que o preparam para fazer, pensar e compreender.

Pretende-se resgatar conceitos geográficos básicos,

Coleção
como espaço, lugar, paisagem e território, com o objetivo
Geografia em
Construção de alfabetizar o aluno na leitura do espaço geográfico e

Jefferson Luiz Moreira levá-lo a compreender a realidade desse ponto de vista.

Nelci Lopes da Silva
Laércio de Mello Alguns conceitos e noções básicas da Geografia são
Adilar Antônio Cigolini
bastante simplificados na coleção. Este tratamento
Júlio Cezar Winkler
facilita o processo de aprendizagem, mas pode

prejudicar a construção do conhecimento pelo aluno.

Por isso, a mediação do professor em todas as etapas

Editora Saraiva
de desenvolvimento dos conteúdos é de fundamental

importância.

A coleção as orientações metodológicas que

Os temas são desenvolvidos, fundamen-
talmente, a partir de atividades e exercícios
que devem ser realizados individualmente ou
em grupo. Em alguns capítulos dos diversos
volumes, propõe-se a realização de pesquisa
em quadros apropriados, os quais contêm
orientações básicas para a realização da
atividade.
O manual do professor, com 14 páginas,
apresenta no sumário os principais tópicos que
são desenvolvidos em cada livro. Na
Introdução são feitas considerações sobre as
correntes do pensamento geográfico e sobre
fundamentam a coleção. São listados também
os objetivos das atividades e uma breve
consideração sobre a avaliação e os objetivos
GEOGRAFIA
da coleção. Em Sugestões, apresentadas
individualmente por unidades e para cada
série da coleção, o docente encontra
informações sobre os objetivos específicos,
sugestões de atividades e a bibliografia
utilizada e recomendada. 1ª série (80 p.):
Unidade 1. Na sala de aula; Unidade 2. A
escola e seus espaços; Unidade 3.
Representando o lugar onde você vive;
Unidade 4. De casa para a escola: mapeando
caminhos.

209
 2ª série (80 p.): Unidade 1. Construindo e
interpretando mapas; Unidade 2. Estudando
o lugar onde você mora; Unidade 3. Os
lugares: espaços transformados.
3ª série (128 p.): Unidade 1. Os mapas:
aprendendo a nossa identidade; Unidade 2.
Observando e estudando paisagens; Unidade
3. Conhecendo os municípios brasileiros;
Unidade 4. A paisagem e as atividades
econômicas no espaço municipal.
4ª série (112 p.): Unidade 1. Construindo
e interpretando mapas; Unidade 2. A formação
territorial do Brasil; Unidade 3. O território
brasileiro: dinâmica e transformações.
A análise
Na proposta teórico-metodológica,
explicitada no manual do professor, busca-se
respeitar o estágio de desenvolvimento
cognitivo do aluno, partindo-se dos espaços
mais próximos e concretos para os mais
distantes e abstratos. Nas duas primeiras
séries, é dada prioridade para a iniciação
cartográfica, com ênfase nas noções de
localização e representação. Nos dois últimos
volumes, são aprofundadas noções, conceitos
e atividades espaciais mais complexos. No
tratamento dos conteúdos, a reflexão e o
processo de construção do conhecimento
geográfico são favorecidos, a partir das
experiências e vivências do aluno,
possibilitando a compreensão das relações
espaciais de forma analítica e interpretativa.
As relações espaço-temporais são
GEOGRAFIA
articuladas às relações do homem com a
natureza ao longo do tempo. Dessa maneira,
é possível entender o processo de
transformação do espaço e, ao mesmo tempo,
analisar permanências e mudanças,
semelhanças e diferenças.
Já as inter-relações sociedade-natureza
são contempladas ao serem abordadas as
diferentes paisagens e os elementos
constituintes dos espaços, estabelecendo-se
relações entre as atividades sociais e
210
econômicas e as resultantes ambientais.
Porém, quando é abordado o processo de
transformação de matérias-primas e a
circulação de produtos, essas inter-relações
não são exploradas convenientemente.
As dinâmicas e os processos do espaço
físico são compreendidos a partir das relações
mais elementares na 1ª e 2ª séries. O educando
pode conhecer e apreender seu entorno ao
iniciar o estudo pelo espaço físico da sala de
aula e da escola. Em escalas crescentes de
complexidade, amplia-se o raio da observação
e da análise aos espaços físicos do lugar, do
bairro, da cidade, do município, do estado e
do País. A partir dos ambientes próximos do
aluno, como a rua onde ele mora, busca-se
fazê-lo compreender as transformações
ocorridas no espaço físico. Na 3ª e 4ª séries,
estas dinâmicas e processos são apresentados
do ponto de vista das paisagens e seus
elementos constitutivos, como clima, relevo,
vegetação e hidrografia, estabelecendo-se
relações com as atividades humanas,
econômicas e ambientais. Esse trabalho
também envolve a representação do espaço.
Na coleção, as dinâmicas e os processos
socioespaciais são focalizados por meio das
relações que se estabelecem entre os homens
e destes com a natureza e as formas de
apropriação e organização dos diferentes
espaços, articuladas ao processo histórico e
às questões ambientais. Aborda-se a
organização espacial diferenciada por meio
da utilização de textos, mapas, fotos e
ilustrações, que suscitam a leitura e o
entendimento dos diferentes espaços.
Percebe-se, no entanto, o privilégio das
relações socioespaciais estabelecidas no meio
urbano, principalmente quando são
apresentados os temas de população e
industrialização. O espaço rural, além de
pouco explorado, não é bem contextualizado.
Alguns conceitos são pouco explorados, como
os significados de maquete, gráfico,
tecnologia, recurso natural, poluição da água,
policultura e monocultura.
Percebe-se a articulação entre os
conhecimentos do senso comum e os
conhecimentos sistematizados. Nesse sentido,
os conteúdos e conceitos formulados partem
do espaço e da situação de vivência do aluno
para aprofundar novos conteúdos. No entanto,
há pouca elaboração e associação dos
conceitos com os textos, cabendo ao professor
articulá-los melhor, principalmente nas
orientações para a realização das atividades.
Na obra, incentivam-se atitudes e
comportamentos voltados para a construção
da cidadania. No espaço mais próximo do
aluno, o foco repousa na organização e
conservação das instalações físicas da escola
e na escolha de representante da turma. Os
problemas mais amplos da sociedade também
são discutidos, tais como os serviços de saúde
e educação oferecidos à população, a
importância da representação e das eleições
nos diversos níveis de poder, a reflexão sobre
o bem-estar social, e a finalidade e o destino
da cobrança de impostos.
Os problemas ambientais, como o
desmatamento e preservação das matas, a
importância da separação e reciclagem do
lixo, o problema do desperdício de água e o
que se pode fazer para evitá-lo, são igualmente
debatidos. Além disso, o respeito ao outro e a
tolerância são constantes nas atividades
propostas, nas quais se discutem temas
sociais, políticos, econômicos e ambientais.
O convívio social adequado, a liberdade de
expressão e a diversidade das experiências
humanas são incentivados, principalmente
pelas proposições de pesquisas, entrevistas e
convites feitos a membros da comunidade
para expor e debater diferentes assuntos. A
abordagem de problemas sociais permite
discussões e reflexões críticas sobre diversos
temas relacionados à construção de uma
sociedade mais participativa. Por fim,
trabalham-se temas que dizem respeito às
diversidades socioeconômicas, culturais e
étnicas. As atividades favorecem a
construção do conhecimento com as
propostas de elaboração de mapas, gráficos,
quadros informativos, pesquisas e estudos do
meio. Os estudantes são levados a realizar
entrevistas, relatórios, histórias em
quadrinhos, montar painéis e roteiros,
registrar opiniões. As conclusões são
desenvolvidas individual ou coletivamente e
suscitam habilidades diversificadas, ao
possibilitarem a expressão do aluno de forma
ampla e diversificada, tanto oral, quanto
escrita, gráfica e cartográfica. A expressão
escrita, gráfica e cartográfica do aluno se
manifesta principalmente pelo grande número
de atividades para serem completadas no
próprio livro, na 1ª série, e no caderno, nas
séries seguintes. Solicitam-se elaborações
individuais e em equipes de frases, textos,
descrições, organização e anotações de
informações, elaboração e registro em
quadros, comparações, pesquisas e
entrevistas, e conclusões. A expressão gráfica,
por exemplo, é incentivada por meio de
sugestões de elaboração de plantas, maquetes
e roteiros de trajetos. Os conteúdos
trabalhados no próprio livro ou nos volumes
anteriores da coleção são articulados entre si,
principalmente no que diz respeito às noções
cartográficas básicas, tais como de maquete,
legenda, orientação, escala e título. Contudo,
em todos os volumes, muitas atividades que
envolvem questões a serem respondidas pelos
alunos, inclusive as orientações de pesquisa
apresentam-se com excessivo direcionamento
para os objetivos propostos, o que limita o
processo de construção do conhecimento pela
criança.
A coleção apresenta um grande número de
ilustrações e fotos adequadas e articuladas aos
GEOGRAFIA
conteúdos, que são extremamente
significativas para as diferentes séries. As
representações cartográficas, trabalhadas
sempre num processo de construção, análise
e interpretação, também são condizentes com
o nível de escolaridade e propiciam a inserção
do aluno no processo de alfabetização
cartográfica. As representações cartográficas
não só contribuem para a compreensão e para
o entendimento dos conteúdos, mas também
suscitam problematizações e encaminham
211
 para a construção de novos conhecimentos.
Os mapas e as demais representações
cartográficas são bem-feitos e auxiliam no
desenvolvimento e compreensão dos
conteúdos.
A estrutura editorial é bem-cuidada e
favorece a visualização dos textos e das
ilustrações. Os títulos dos capítulos e
subtítulos são bem destacados e obedecem a
uma hierarquização. Isso facilita a localização
dos conteúdos e das atividades. O sumário
também está adequadamente organizado e
distribuído, facilitando a localização dos
conteúdos apresentados.
O manual do professor explicita de maneira
clara e coerente os pressupostos teórico-
metodológicos da Geografia e de ensino que
norteiam as temáticas e atividades, os objetivos
das atividades e a proposta de avaliação. Além
disso, apresenta as unidades com os respectivos
capítulos, com objetivos específicos e sugestões
de outras atividades para subsidiar o trabalho
do professor. Os objetivos das atividades são
apresentados de uma forma genérica e sugerem
as possibilidades de adequação e modificações
de acordo com as características da classe. O
manual contém, ainda, breves recomendações
sobre a avaliação da aprendizagem, sem
aprofundamento ou direcionamento para as
atividades a serem implementadas pelos
docentes, e bibliografia para cada volume e
unidade, dirigida aos professores. Não há
sugestões de leitura para os alunos.

Em sala de aula
Ao adotar esta coleção, o professor poderá desenvolver um bom trabalho
pedagógico e levar o educando a ser sujeito ativo no processo de ensino-
aprendizagem. As propostas desenvolvidas possibilitam a construção de conceitos
e noções geográficos e reforçam os princípios cartográficos básicos. Permitem,
ainda, a construção gradativa do conhecimento de acordo com o nível de
desenvolvimento cognitivo do aluno.
A coleção pode ser utilizada nas mais diversas situações de ensino, já que não
requer infra-estrutura, materiais ou equipamentos especiais para que o processo
de ensino-aprendizagem se realize. Além do mais, a coleção pode ser facilmente
adaptada ao projeto pedagógico da escola, pois reúne condições necessárias para
o ensino nos vários estratos sociais e nas mais diversas regiões do País.
No entanto, alguns conceitos são pouco explorados na coleção. Sugere-se que
as crianças efetuem consultas em dicionários. Nestes casos, a mediação do
professor é necessária para as devidas complementações, visto que os significados
GEOGRAFIA

de palavras encontradas em dicionários nem sempre correspondem aos conceitos

geográficos. Para orientar os alunos com a complementação dos conceitos, o
professor terá à sua disposição a bibliografia sugerida no manual do professor.

212
 Recomendada
Por quê?
Os pressupostos teórico-metodológicos estão
centrados no construtivismo, com a valorização do
cotidiano do aluno e de seus conhecimentos prévios.
Os conteúdos são desenvolvidos a partir do estudo da
paisagem e dos lugares de vivência do aluno (casa,
escola, rua, bairro, cidade e campo). Para a
compreensão dos temas estudados, são apresentados
textos e fotos que provocam a reflexão sobre outros
lugares e possibilitam a compreensão da construção
Coleção histórica das paisagens, do espaço geográfico e noções
Geografia básicas sobre processos do meio físico.
Tantos Destaca-se a articulação entre os conteúdos no
desenvolvimento de cada livro e no tratamento
Lugares...
equilibrado do conjunto da coleção. Percebe-se a
Tantas Pessoas preocupação com o aumento progressivo do nível de
Ana Luísa Lins complexidade das definições e abordagens, bem como
estímulo à participação do aluno nesse processo.
O exercício da cidadania é incentivado, visando estimular
o aluno a se tornar agente de transformação social.
Entretanto, o espaço físico é trabalhado de maneira
Editora FTD
superficial, não sendo abordado em sua
processualidade. Não são evidenciados os processos e
as dinâmicas internas aos próprios elementos da
natureza.

A coleção livros da coleção; Glossário; Objetivos,

Rica em imagens, cada um de seus livros
se estrutura em um número variado de tópicos.
Os textos, as ilustrações e as atividades se
alternam em um bloco único. As atividades
são indicadas por meio de tarjas, no começo,
meio e fim de cada tópico. As leituras
complementares estão incluídas no texto
principal. Apresenta-se sugestão de
bibliografia e não há glossário no livro do
aluno.
O manual do professor está organizado em
cinco itens: Temas centrais; Organização dos
comentários gerais, sugestões para
exploração dos textos e imagens, sugestões
de atividades e textos complementares; GEOGRAFIA
Referências bibliográficas.
1ª série (112 p.): É organizado em 23
tópicos, nos quais se priorizam o estudo da
paisagem e do lugar de vivência do aluno
(casa, rua, escola e bairro) e as noções básicas
sobre orientação e representação cartográfica.
2ª série (120 p.): Organizado em 20
tópicos, nele retoma-se o estudo da paisagem
e do lugar de vivência do aluno e de suas
representações cartográficas, contextualizan-

213
 do-os em relação ao trabalho humano.
3ª série (152 p.): Organizado em 26
tópicos, nele aborda-se o estudo das
paisagens, destacando as inter-relações e as
transformações provocadas pela natureza e
pela sociedade.
4ª série (112 p.): Organiza-se em 17
tópicos, nos quais são retomados e
aprofundados o conceito de paisagem e as
relações sociedade-natureza.
A análise
As opções teórico-metodológicas de
ensino-aprendizagem e do ensino de
Geografia, expressas no manual do professor,
demonstram coerência com
desenvolvimento dos conteúdos e atividades
que privilegiam o local de vivência do aluno
e seus conhecimentos prévios. As atividades,
como trabalhos de campo, entrevistas,
organização de dados coletados e elaboração
de conclusões, desempenham papel central na
estruturação da obra. Além disso, estimulam
várias competências e habilidades, como
observação e comparação de imagens, análise,
síntese, interpretação, generalização,
criticidade, problematização, memorização e
criatividade.
Os conceitos básicos, especialmente de
lugar e de paisagem, são introduzidos de forma
gradual e vão se tornando mais complexos ao
longo da obra. Na leitura da paisagem, por
GEOGRAFIA
exemplo, incentivam-se a observação e a
constatação das transformações que, por sua
vez, são compreendidas pelas noções e
conceitos que vão sendo sistematizados.
Os processos históricos que contribuem
para as transformações das paisagens são
estudados a partir de informações sobre a
vinda dos portugueses ao Brasil, sobre o
crescimento das cidades em razão do surto
industrial no País e sobre os transportes de
214
outras épocas. As permanências na paisagem
são enfatizadas e, em relação às transformações,
a coleção inova ao considerar as variações no
tempo atmosférico e entre o dia e a noite,
ampliando a abordagem mais comum que
prioriza apenas a análise das transformações
no tempo histórico.
O espaço físico é tratado sem grande
detalhamento de seus processos e dinâmicas.
Esse encaminhamento dificulta a aquisição de
noções básicas para a compreensão da visão
processual do meio físico.
As transformações da natureza são
consideradas em função dos fenômenos
naturais, como o clima, o dia e a noite. Os
alunos são solicitados a obter dados sobre as
mudanças do tempo em diferentes períodos
o do dia, bem como sobre as diferentes estações
do ano e, por conseqüência, sobre as
mudanças nos diferentes locais. Fotografias
de um mesmo lugar na época das chuvas e
antes delas levam os alunos a perceber e
avaliar as mudanças na paisagem. As grandes
mudanças no clima e na paisagem são
abordadas a partir de um único exemplo. São
apresentadas fotos para a identificação das
formas do relevo e dos tipos de vegetação. A
partir da observação de uma seqüência de
imagens, os alunos são levados a perceber e a
explicar as mudanças provocadas no
ambiente, no caso pelo desgaste das rochas
das montanhas pela ação do Sol, da água, do
clima e da vegetação.
As dinâmicas e os processos
socioespaciais têm como referência as opções
das pessoas em se fixar em determinadas áreas
ou em deixar os lugares onde moram. Essas
ações são justificadas pelo que esses locais
oferecem ou apresentam, como serviços
educacionais, de saúde, lazer, a
disponibilidade de emprego, a ocorrência de
seca. São trabalhados os modos de viver na
cidade e no campo, evidenciando-se as
semelhanças e diferenças a partir do estudo
de povos diversos, como os Pataxó, Masai,
Kuikuru, as mulheres da aldeia de Kwa-
Ndebele (África), os Krahô, os Inuit; os povos
Waimiri-Atroari e os caiçaras.
É relevante para o conhecimento da
metodologia da ciência o trabalho com
conteúdos procedimentais realizado no
terceiro volume, ao retratar a interpretação dos
vestígios de grupos humanos que viveram em
tempos remotos.
As relações sociedade-natureza são bem
exploradas e denotam nítida preocupação em
relação aos aspectos ambientais. São
identificadas situações de apropriação e de
transformação da natureza pela ação humana
e atitudes de cuidado com relação ao
ambiente. A distinção dos elementos naturais
e culturais é bem trabalhada e se faz a
identificação dos recursos naturais usados
como matéria-prima e das tecnologias
empregadas na transformação de tais recursos.
Hábitos, atitudes e comportamentos
voltados para a construção da cidadania são
estimulados. Os alunos são solicitados a
apreciar uma ilustração com exemplos
negativos de procedimentos em relação ao
patrimônio público (pixações, depredação de
orelhão, lançamento de lixo nas calçadas) para
que avaliem, troquem idéias com os colegas
e identifiquem a maneira correta de agir diante
das situações apresentadas. Além disso,
pesquisas e entrevistas culminam com
informações que subsidiam a elaboração de
cartas endereçadas a autoridades, com o
objetivo de solucionar os problemas
identificados pelos alunos com relação ao
ambiente e à deficiência de transportes e de
outros serviços públicos na rua em que
moram.
Várias atividades levam à problematização
dos conteúdos, especialmente acerca da
questão ambiental e das desigualdades sociais,
que determinam diferentes condições de vida.
Questionam-se, por exemplo, o que é feito
com o lixo da casa do aluno e o porquê do
acesso diferenciado das pessoas às novas
descobertas científicas e da permanência de
meios de transporte rudimentares. Destaca-
se o trabalho de avaliação da essência dos
lugares ao se indagar do aluno como os ganhos
das pessoas podem ser percebidos na
paisagem da cidade. Problematizam-se as
diferentes intencionalidades, concepções e
contradições veiculadas na mídia, com o
questionamento sobre se devemos acreditar
em tudo o que dizem os meios de
comunicação.
Esses questionamentos são comple-
mentados pela análise de atitudes que
privilegiam o respeito e a compreensão das
diferenças quanto a crenças, origens,
preferências, histórias de vida, assim como
pela explicitação de regras de convívio social
e da noção de que as pessoas têm direitos e
deveres. A cooperação é incentivada no
âmbito escolar e em casa. O estudo de temas
como preservação da natureza, poluição do
ar e da água, lixo, depredação do patrimônio
público, trabalho infantil, direito à moradia,
desemprego, a vida difícil dos carvoeiros e
dos ribeirinhos estimula os alunos a refletir
sobre a realidade.
Em relação à alfabetização cartográfica,
são exploradas as noções de orientação,
localização e representação do espaço.
Destacam-se as diferentes finalidades dos
mapas apresentados para a leitura
cartográfica, possibilitando a distinção dos GEOGRAFIA
símbolos e seus significados.
As ilustrações têm qualidade e estão
adequadas aos conteúdos, principalmente em
relação ao estudo da degradação ambiental, das
desigualdades sociais e das transformações e
permanências expressas na paisagem. Auxiliam
na leitura e compreensão dos textos e são usadas
como base para observações e interpretações.
As tabelas e quadros são empregados em estudos
comparativos e se incentiva o aluno a elaborá-
215
 los, complementando atividades com textos que
estimulam as expressões escrita, gráfica,
cartográfica e oral. Nesse sentido, vale ressaltar
as propostas de trabalhos de campo, entrevistas,
pesquisas, análise e organização de dados
coletados e elaboração de conclusões, em que
os alunos são levados a observar, descrever,
explicar, comparar e a representar as paisagens
urbanas e rurais.
A estrutura editorial é de boa qualidade e
permite fácil visualização e legibilidade dos
livros. São utilizados amplamente, no corpo
do texto principal, trechos de livros, jornais,
enciclopédias, artigos de revistas, além de
letras de músicas e informações da internet.
No manual do professor são explicitados
os pressupostos teóricos que fundamentam os
conteúdos e os objetivos das atividades. Há
sugestões de atividades e exploração dos
textos e das imagens do livro. O manual
também contém textos e informações
complementares ao professor, além de um
glossário.
O manual também incentiva atitudes de
cidadania, com ênfase no papel do aluno para
transformar a realidade de sua cidade. As
atitudes que privilegiam a boa convivência são
igualmente estimuladas. Nota-se, porém, a
ausência de orientações sobre avaliação do
processo ensino-aprendizagem.

Em sala de aula
Os méritos da coleção estão fundamentados na estruturação adequada e no
desenvolvimento do conteúdo de maneira coerente com a metodologia de ensino
proposta, bem como com a perspectiva de Geografia adotada. O zelo na escolha
de ilustrações torna a leitura prazerosa e convida a reflexões. As atividades
propostas enriquecem a coleção e indicam alternativas didáticas ao professor.
Oferecem-se condições para a realização de um trabalho pedagógico de qualidade,
com estímulo à participação do aluno nesse processo.
A indicação de material complementar e a inserção, no manual do professor, de
trechos de obras importantes sobre os principais temas trabalhados propicia a
atualização dos docentes, favorecendo, inclusive, a sua formação continuada.
O meio físico, entretanto, é abordado de maneira superficial, não se evidenciando
as dinâmicas e processos internos dos próprios elementos da natureza. Se julgar
procedente, o professor poderá complementar tais conteúdos, valendo-se de
consultas e da utilização de material complementar. Tal material é facilmente
encontrado em outros livros didáticos de Geografia, bem como em obras específicas
GEOGRAFIA

sobre o espaço físico.

Caberá ao professor a definição sobre a avaliação dos alunos, já que não são
fornecidas quaisquer orientações ou sugestões sobre o processo de avaliação da
aprendizagem.

216
 Recomendada
Por quê?
A coleção destaca-se pela articulação entre os

conteúdos, que permite a constante retomada de

conceitos e sua reelaboração pelo aluno em níveis cada

vez mais complexos de definições e abordagens.

Os conteúdos são desenvolvidos a partir de escalas

Coleção Nosso espaciais mais próximas das crianças para as mais

Mundo - amplas, de modo a valorizar seu cotidiano e seus
Geografia conhecimentos prévios. De maneira progressiva,
Elizabeth A. de Carvalho
Taís Carolina de Castro incentiva-se o questionamento das funções de cada

lugar, de suas características e dos motivos das

diferenças na paisagem.

No entanto, o espaço físico é trabalhado a partir das

Editora Ática relações sociais, sem que sejam considerados os

processos e as dinâmicas inerentes aos elementos que

o constituem.

A coleção volumes, encontram-se o glossário e a

Os volumes iniciam-se com um guia de
uso que contém as principais seções e as
formas de trabalho de cada uma. Por exemplo:
Espaço aberto, Trabalhando em dupla,
Trabalhando em grupo, Para saber mais.
No começo de cada unidade, há uma
apresentação dirigida ao aluno, com texto e
imagem, na qual se incentivam a leitura e o
aprendizado em Geografia.
As unidades encerram-se com as seções
Dicas de leitura, para a 1ª e 2ª séries, e Leia
mais, para a 3ª e 4ª, com obras de literatura
infantil para as diferentes idades. Ao final dos
bibliografia da coleção. No livro da 4ª série
também são listados sites de interesse
geográfico.
GEOGRAFIA
A coleção inova ao apresentar, nos
volumes da 3ª e 4ª séries, uma galeria com
biografias e fotos de escritores, poetas,
músicos, pintores e artistas, cujas obras são
mencionadas.
O manual do professor divide-se em duas
partes. A parte geral, comum a todos os
volumes, é composta dos seguintes itens:
Apresentação; Alvos de aprendizagem de
Geografia para o 1º e 2º ciclos; Eixos
norteadores da coleção; Avaliação e

217
 aprendizagem; Bibliografia; e Internet:
sugestões de sites. A parte específica tem os
seguintes itens: Ao professor; A criança (1º
ciclo ou 2º ciclo): algumas características;
Desenvolvimento, aprendizagem e ensino de
Geografia (1ª e 2ª séries). Os quatro volumes
apresentam: Fundamentação; Organização;
e Sugestões e comentários para cada unidade.
Contêm, ainda, notas para o professor e as
respostas às questões propostas aos alunos.
1ª série (168 p.): Unidade 1. Geografia, o
que é?; Unidade 2. Ser criança; Unidade 3.
Em família; Unidade 4. Em casa; Unidade 5.
Na escola; Unidade 6. Nas ruas; Unidade 7.
Trabalho e natureza.
2ª série (143 p.): Unidade 1. Somos
diferentes; Unidade 2. Famílias e modos de
vida; Unidade 3. Conhecendo o bairro;
Unidade 4. Antigamente era assim; Unidade
5. A leitura das paisagens; Unidade 6. As
paisagens e o trabalho.
3ª série (152 p.): Unidade 1. Cidade e
campo: as paisagens; Unidade 2. Cidade e
campo: trabalho e produção; Unidade 3.
Cidade e campo: as relações; Unidade 4.
Cidade e campo: o município; Unidade 5. Os
componentes das paisagens.
4ª série (168 p.): Unidade 1. Brasil: uma
nação no mundo; Unidade 2. Brasil: a
construção do território; Unidade 3. Brasil:
povo e trabalho; Unidade 4. Brasil: paisagens
regionais.
A análise
GEOGRAFIA
Nos pressupostos teórico-metodológicos
são privilegiados os conceitos de paisagem,
lugar, território, espaço geográfico e as teorias
socioconstrutivistas de ensino-aprendizagem.
A natureza é compreendida tanto como
primeira natureza – os elementos biofísicos
de uma paisagem –, quanto como segunda
natureza – a natureza transformada pelo
trabalho humano.
Pretende-se que o aluno compreenda as
relações históricas entre a sociedade e a
218
natureza por meio da leitura da paisagem e
do espaço geográfico concebido como
construção humana e objeto central dos
estudos.
São valorizados o cotidiano dos alunos e
seus conhecimentos prévios. Trabalha-se o
espaço vivido por meio do estudo das relações
estabelecidas entre a realidade local – a casa,
a escola, a rua – e outros contextos – o bairro,
a cidade, o campo.
Possibilita-se o avanço do estudante em
termos de complexidade do saber e se propicia
a passagem dos conhecimentos do senso
comum para o nível dos conhecimentos
sistematizados. Trabalha-se com conteúdos
procedimentais ao orientar os alunos, a partir
de um roteiro, para que realizem observações
sobre a rua onde moram, identifiquem
problemas e coletem dados. A participação
ativa na comunidade é incentivada pela
solicitação de soluções para os problemas
encontrados.
Os processos cognitivos básicos são
explorados de maneira diferenciada e levam
em consideração a fase de desenvolvimento
da criança. O raciocínio espacial é realizado
a partir do espaço cotidiano, com estímulo ao
desenvolvimento de atividades motoras,
sobretudo na 1ª e 2ª séries. O
desenvolvimento dos processos cognitivos
mais complexos é incentivado com a
problematização dos temas abordados e com
a compreensão de conteúdos mais abstratos.
Propostas desafiadoras de investigação do
espaço cotidiano subsidiam observações,
reflexões, análises, sínteses e generalizações.
Merecem destaque a comparação, a percepção
das semelhanças e diferenças e o estabe-
lecimento de relações entre paisagens e modos
de vida.
Na elaboração das noções e conceitos
básicos, a criança é incentivada a lidar com
questões do seu cotidiano, a relacioná-las a
contextos espaço-temporais mais amplos e a
expor seus pontos de vista. A construção
histórica do espaço geográfico é trabalhada
sistematicamente por meio da abordagem da
noção de tempo, em diferentes etapas da
vivência do aluno. Promove-se a reflexão
sobre os antepassados, os lugares de origem,
as transformações dos modos de viver e das
paisagens.
As relações espaço-temporais visam à
compreensão histórica do espaço geográfico.
Para a compreensão da noção de tempo são
exploradas as atividades dos alunos em
diferentes períodos do dia e as mudanças
físicas e de comportamento das pessoas com
o passar do tempo. Desenvolve-se a idéia de
que, assim como o aluno mudou, também
mudaram os objetos, as casas, as roupas e os
lugares.
Inicialmente, são construídas noções sobre
o tempo cronológico. É enaltecido o papel das
fontes de informação para investigar os
vestígios do passado, por meio da observação
de fotos de construções e de objetos, de relatos
orais, bem como de pinturas e desenhos.
Explicitam-se as transformações e permanências
na paisagem no decorrer do tempo, com o
objetivo de contextualizar os processos
históricos.
No entanto, os elementos do espaço físico
são apresentados sem a explicitação das
dinâmicas e processos. Propõe-se o estudo das
formas do relevo, da vegetação e hidrografia;
apresentam-se fatores sociais e econômicos
da desertificação, mas não são feitas
referências aos desertos originados pelas
dinâmicas próprias da natureza.
Nas dinâmicas e processos socioespaciais,
são apresentados diferentes tipos de moradia,
que revelam o modo de vida das pessoas, suas
relações sociais e com os ambientes, por meio
do levantamento de hipóteses a respeito dos
lugares. A realidade dos moradores de rua é
problematizada, com ênfase nas desigualdades
sociais que se materializam nas diferentes
paisagens.
São identificadas as diferenças
socioespaciais entre o modo de vida de
comunidades indígenas e o da localidade dos
alunos. Abordam-se aspectos relacionados ao
lugar que condicionam permanências e
mudanças de pessoas, como emprego,
disponibilidade de alimentos, terras férteis,
secas, invasões e perda de fertilidade da terra.
Ao se tratar dos espaços de vivência do
aluno, consideram-se os laços com os lugares
onde estão as referências pessoais, os
processos de ruptura e de reintegração.
A articulação sociedade-natureza oferece
subsídios à compreensão da forma como o
espaço é produzido e organizado por meio do
trabalho humano. Os espaços se relacionam
e refletem o modo de viver das pessoas e suas
relações com a natureza. Este tema é
explorado a partir da distinção dos elementos
naturais e culturais; da identificação dos
recursos naturais que são utilizados como
matéria-prima para a fabricação dos produtos;
da identificação de problemas decorrentes da
apropriação indevida da natureza pela
sociedade, com destaque para a degradação
ambiental e para a busca de soluções para
minimizá-la.
As atividades são diversificadas e
adequadas aos propósitos dos textos, com
roteiro para orientar as observações dos
alunos, a anotação de dados e informações e
a redação de conclusões. Propicia-se o
desenvolvimento de habilidades diversificadas,
levando-se os estudantes à problematização
dos conteúdos.
As situações-problema fazem referência a
questões sociais, como as desigualdades de
condições de vida, a divisão de tarefas entre
as mulheres e os homens, bem como ao
descumprimento da legislação do trabalho, ao
desemprego, ao trabalho infantil e à questão
GEOGRAFIA
ambiental. As crianças são estimuladas a
produzir diferentes formas de texto, tanto
individual quanto coletivamente, e a
expressar-se oralmente.
A construção da cidadania é privilegiada,
ressaltando-se o respeito à diversidade
cultural e às diferenças entre povos e membros
da comunidade. São destacados hábitos,
atitudes e comportamentos voltados à
formação de cidadãos. Procura-se, por
exemplo, desmitificar a idéia de família
219
 padrão, assim como discutir preconceitos e
discriminação. As atividades em grupos
reforçam a cooperação, a boa convivência e
o respeito mútuo.
Entretanto, o professor deverá estar atento
para superar certas limitações, como deixar
claro, no volume da 1ª série, por exemplo,
que todos os materiais utilizados pela
sociedade são de origem natural, apesar de
alguns serem industrializados e outros não.
Também é preciso esclarecer, no volume da
2ª série, que as oficinas são classificadas
como atividades terciárias e não secundárias.
Algumas ilustrações são exploradas na
resolução de exercícios por oferecerem elementos
para as comparações, para a distinção de
semelhanças e diferenças, para a percepção das
transformações e permanências na paisagem.
Outras possibilitam a problematização dos
conteúdos por retratarem a degradação ambiental
e as desigualdades sociais.
As representações cartográficas auxiliam
no desenvolvimento das atividades propostas.
Nos volumes das séries iniciais, as
representações estão voltadas para a
elaboração de roteiros, trajetos conhecidos,
croquis e exercícios de representação de
objetos definidos a partir de diferentes
perspectivas. Nas séries mais avançadas, as
ilustrações têm a função de localizar
fenômenos estudados. Gráficos, tabelas e
quadros complementam os textos.
A estrutura editorial permite boa
legibilidade. Há hierarquização de títulos e
subtítulos e o sumário possibilita a rápida
localização dos conteúdos. Textos e
ilustrações são bem distribuídos ao longo dos
livros.
O manual do professor contém orientações
que explicitam os pressupostos teórico-
metodológicos. Considera-se que não existem
fórmulas prontas de ensino-aprendizagem,
mas que o professor deve instrumentalizar os
alunos para que desenvolvam suas
capacidades. Um dos princípios adotados é o
de que a aprendizagem acontece quando os
conteúdos se aproximam da realidade do
aluno, por meio da superação da descrição e
da memorização descontextualizadas dos
fenômenos.
No manual, enfatiza-se a importância da
definição de metas, dos critérios de avaliação
e da participação dos professores da escola
no processo de ensino-aprendizagem.
A avaliação é compreendida como
acompanhamento dos processos educativos,
considerando-se os objetivos a serem
alcançados e os problemas de aprendizagem
que forem detectados. Destaca-se a indicação
de bibliografia específica sobre este tema.

Em sala de aula
Os méritos da coleção estão fundamentados na estruturação adequada dos
conteúdos, o que possibilita a articulação de temas, conceitos e procedimentos
GEOGRAFIA

pertinentes ao ensino de Geografia com a realidade dos alunos, sempre a partir

de seus conhecimentos prévios.
A compreensão do lugar onde o aluno vive e das paisagens em diferentes escalas
poderá ser mais bem realizada com a utilização de ilustrações, fotografias, poemas,
mapas e outras linguagens. Além disso, atividades como aulas de campo e
pesquisas em outras fontes escritas ajudarão os alunos a superar as lacunas
observadas na coleção em relação às dinâmicas do espaço físico.

220
 Recomendada
Por quê?
Na coleção, valoriza-se a vivência dos alunos como

meio de favorecer a elaboração de conhecimentos mais

abstratos. Nas várias unidades temáticas, noções,

informações e atividades desafiadoras apresentam-se

de maneira equilibrada.
Coleção Viva
Os conteúdos partem do próprio estudante e dos
Vida Geografia
Marta Ramos de Azevedo espaços mais próximos para os mais distantes. Explora-

se a percepção do lugar de vivência, com o qual se

estabelece relação de identidade.

Os processos cognitivos básicos são propiciados com

atividades variadas, que se iniciam pela exploração e

investigação do próprio corpo, levando a criança,

Editora FTD
gradativamente, à descentração por meio de situações-

problema que estimulam diferentes processos cognitivos.

A coleção indicações de leitura complementar. Ao final

As atividades são agrupadas sob diversos
títulos: Trabalhando com documento,
Trabalhando com imagem, Trabalhando com
localização, Trabalhando com fotografia,
Trabalhando com poema e/ou Trabalhando
com representação.
Complementam o tratamento de cada tema
as seções Isso é assunto para...!, Fazendo
arte, Jogos e Minhas leituras. A seção
intitulada Outras leituras, que nos volumes
de 3ª e 4ª séries recebe a denominação de
Outras leituras/outras informações, contém
dos volumes, há glossário.
O manual do professor, com 32 páginas, é
constituído do livro do aluno acrescido de GEOGRAFIA
orientações ao trabalho docente. Divide-se em
duas partes: na primeira, discutem-se aspectos
teórico-metodológicos referentes ao ensino da
Geografia, seguidos de bibliografia; na
segunda parte, encontram-se a análise do
conteúdo e sugestões de atividades, com
ênfase nas unidades temáticas que integram
os livros.
1ª série (176 p.): Unidade 1. Eu, uma
criança no mundo; Unidade 2. Os lugares;

221
 Unidade 3. A rua, o quarteirão, o bairro;
Unidade 4. O lugar onde estudamos; Unidade
5. A paisagem dos lugares; Unidade 6. O
trabalho das pessoas.
2ª série – (176 p.): Unidade 1. O lugar onde
moramos; Unidade 2. Como está organizado
o lugar onde moramos; Unidade 3. Jeitos de
representar a paisagem dos lugares; Unidade
4. Como se formam as paisagens e como elas
se transformam; Unidade 5. A história das
paisagens.
3ª série (232 p.): Unidade 1. Uma
paisagem, uma história; Unidade 2. Diferentes
paisagens, diferentes modos de viver;
Unidade 3. A cidade e sua paisagem; Unidade
4. O campo e sua paisagem; Unidade 5. O
município, o estado e o país.
4ª série (232 p.): Unidade 1. O Brasil: do
desenho ao mapa; Unidade 2. O Brasil, nosso
país; Unidade 3. O Brasil: a paisagem que a
natureza construiu e as pessoas modificaram;
Unidade 4. Retratos do povo brasileiro;
Unidade 5. As novas paisagens construídas
com o trabalho humano.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos
norteadores da coleção enfatizam aspectos
relativos aos fundamentos da Geografia,
destacando-se os conceitos essenciais a serem
trabalhados: lugar, paisagem, território,
espaço geográfico, região e nação.
GEOGRAFIA
Adota-se a abordagem humanística, pela
qual se valoriza a experiência dos alunos em
seus espaços de vivência, e trabalha-se o
conceito de lugar em graus crescentes de
complexidade.
Enfatizam-se três eixos geográficos
fundamentais: o lugar e a paisagem, a
linguagem cartográfica e as representações,
e as relações do ser humano com a natureza.
Exploram-se as percepções pessoais e as
222
relações afetivas. Nas séries mais adiantadas,
consideram-se a dimensão temporal e as
variações da paisagem, como conseqüência
das formas de ocupação do espaço e suas
transformações pelo trabalho.
Apresentam-se pressupostos baseados nas
obras de vários geógrafos, as quais
contemplam diferentes correntes teóricas da
Geografia. Destacam-se seus principais
conceitos, identificando-se pontos em comum
entre a metodologia de trabalho adotada e a
abordagem da Geografia Humanística. No
entanto, não há referência explícita às teorias
da aprendizagem, apesar de a fundamentação
pedagógica apoiar-se nas experiências dos
alunos em sua interação com o meio em que
vivem.
Os processos cognitivos básicos são
explorados de maneira diferenciada,
considerando-se a fase de desenvolvimento
da criança. O raciocínio espacial tem como
referência inicial o próprio corpo do aluno e
seu espaço cotidiano. Propõe-se permanente
contato com a realidade vivenciada por ele,
com estímulo ao desenvolvimento de
atividades motoras. Já os processos cognitivos
mais complexos culminam com a
problematização de vários temas abordados
e propiciam a compreensão de conteúdos mais
abstratos, em escalas ampliadas.
Para o trabalho das noções e conceitos
básicos, parte-se dos conhecimentos dos
alunos para, nas quatro séries, atingir graus
maiores de dificuldade. As várias formas de
representação do espaço, por exemplo, são
focalizadas a partir do próprio corpo da
criança e de desenhos relativos aos trajetos
que realiza em seus deslocamentos diários,
para em seguida trabalhar diferentes plantas
e mapas e a localização de vários lugares do
País. Enfatizam-se também a ocupação dos
lugares e a construção das paisagens ao longo
do tempo.
Consideram-se igualmente as noções
prévias dos alunos como ponto de partida para
se ampliar e aprofundar o entendimento do
espaço geográfico e promover a articulação
entre o senso comum e o conhecimento
sistematizado.
Na coleção, porém, há generalizações e
simplificações, como as noções de planícies,
planaltos e depressões, ou a definição
inadequada de tempo bom e tempo ruim,
comum nos meios de comunicação. No
volume da 4ª série, afirma-se que as elevadas
temperaturas são responsáveis pelo
congelamento das rochas, quando na realidade
as baixas temperaturas é que são responsáveis
pelo fenômeno.
As atividades propostas permitem alcançar
os objetivos das unidades temáticas e
contribuem para o desenvolvimento de
habilidades cognitivas diversificadas;
aprofundam noções básicas e problematizam
os temas abordados, além de favorecerem a
percepção dos elementos integrantes da
paisagem. São criativas e estimulam a
participação dos alunos, levando-os a refletir
constantemente sobre questões que exigem
observação, coleta e registro de informações
sobre o espaço cotidiano e sobre realidades
mais distantes. Contribuem também para o
desenvolvimento de habilidades como
investigação, reflexão, comparação, análise
e síntese.
As dinâmicas e processos constituintes do
espaço físico são abordados de forma mais
sistemática nos volumes de 3ª e 4ª séries.
Apresentam-se elementos para a compreensão
de noções mais complexas, tais como a
composição da Terra e as forças responsáveis
pela constituição das diferentes formas do
relevo e de distintos aspectos da paisagem.
A articulação sociedade-natureza oferece
subsídios para a compreensão do modo como
a sociedade organiza o espaço. As formas
apresentadas pela superfície terrestre são
analisadas como fruto de dinâmicas e
processos naturais e de modificações
resultantes da expansão das atividades
humanas.
As dinâmicas e os processos
socioespaciais são enfocados por meio da
interpretação de diferentes paisagens e de suas
transformações no presente e no passado.
Evidenciam-se as causas que orientaram as
ações humanas a partir da comparação de
lugares em tempos diferentes, do registro da
história de vida, da história do lugar onde os
alunos vivem e se relacionam, dos diferentes
tipos de construção de moradia, e das
mudanças de hábitos e costumes.
O enfoque de questões sociais contribui
para a construção da cidadania. Procura-se
despertar a consciência de que o espaço é
compartilhado por pessoas com interesses e
condições sociais diferenciados. Desenvolve-
se uma visão crítica da realidade ao se
apresentarem os vários grupos sociais nos
quais os alunos se inserem, e ao se demonstrar
a diversidade regional do País. Constata-se
também preocupação com a diversidade
cultural, com o respeito às diferentes
formações familiares, com as condições
sociais e com atividades profissionais.
Valorizam-se o índio, o negro e o branco na
formação da população brasileira e discutem-
se suas condições de vida na atualidade.
As ilustrações, gráficos, tabelas e quadros
propiciam novas formas de conhecimento.
Contribuem para a problematização dos
conteúdos e auxiliam na leitura e GEOGRAFIA
compreensão dos textos. As noções
cartográficas básicas são introduzidas
partindo-se da concepção de espaço da criança
e de como ela se apropria dele. Incentivam-
se a construção de imagens e a elaboração de
representações que permitem descrever e
interpretar o espaço.
As noções de escala, legenda, orientação
e coordenadas geográficas são trabalhadas
gradativamente. Permite-se aos alunos o
223
 acesso à linguagem cartográfica, sendo
trabalhada, nas séries iniciais, a elaboração
de plantas de lugares próximos. Nas séries
mais avançadas, enfocam-se realidades
distantes e mapas de diferentes pontos do
território brasileiro. Estimula-se, ainda, a
leitura de tabelas e gráficos.
A estrutura editorial permite boa
legibilidade. No entanto, indica-se no sumário
a página que contém o primeiro item a ser
desenvolvido e não as páginas em que se
iniciam os capítulos. Algumas unidades mais
longas são excessivamente hierarquizadas.
Discute-se a avaliação da aprendizagem,
que deve ter caráter contínuo e constante, com
a abordagem de questões sobre o que avaliar,
como fazê-lo, por que, para que e quem avalia
quem.
No manual do professor, além da
explicitação dos pressupostos teórico-
metodológicos, há subsídios para o
desenvolvimento de um bom trabalho
docente. Indicam-se os objetivos norteadores
da coleção, os conteúdos dos livros, separados
em dois ciclos, e as categorias fundamentais
da Geografia. Destaca-se o papel dos sujeitos
sociais na organização do espaço e nas
múltiplas relações existentes nessa
construção.
Apresentam-se, também, noções carto-
gráficas, enfatizando-se os pontos básicos a
serem trabalhados. Propõem-se atividades
complementares para enriquecer o trabalho
docente e instigar a participação dos alunos.
A bibliografia é diversificada e de boa
qualidade.

Em sala de aula
O professor encontrará material básico para encaminhar o trabalho didático-
pedagógico, com a utilização de conhecimentos prévios dos alunos e de atividades
que propiciam sua participação ativa no processo de ensino-aprendizagem.
Para que os alunos compreendam melhor a relação de espaço, o professor poderá
utilizar, articuladamente, vídeos, filmes e trabalhos de campo, além dos recursos
sugeridos no manual do professor, para que haja permanente contato entre a
realidade vivenciada por eles com outras mais distantes. Algumas generalizações
e simplificações no tratamento de noções geográficas básicas deverão ser mais
bem trabalhadas pelo professor, que assim poderá superá-las.
GEOGRAFIA

224
 Recomendada
Por quê?
A coleção é inovadora na organização dos conteúdos.

Há ênfase na dimensão processual e na abordagem

das dinâmicas constituintes do espaço geográfico. Além

disso, as situações do cotidiano vivenciado pelo aluno

são valorizadas na articulação entre as informações do

senso comum e o conhecimento sistematizado. O

Coleção Pensar incentivo constante à participação dos estudantes em
e Viver - atividades que levam à construção do saber geográfico
Geografia
é outro aspecto positivo da coleção.
Francisco M. P. Teixeira
Rosaly Mª B. Chianca Estimula-se a construção da cidadania e os

comportamentos voltados ao convívio social. Também

são incentivados a reflexão e o desenvolvimento de

atitudes e procedimentos que valorizam a diversidade

as experiências humanas.

Editora Ática Constatam-se, porém, pequenas lacunas e

imprecisões, principalmente no volume da 4ª série, que

precisam ser superadas pelo professor.

A coleção resolvidos e orientações de atividades a serem

O desenvolvimento dos conteúdos e
atividades da coleção não apresenta um
padrão comum. Algumas unidades iniciam-
se com textos poéticos, descritivos, instrutivos
ou informativos. Outras apresentam textos
ilustrativos, acrescidos de plantas, gráficos e
quadros que visam à compreensão do
conteúdo. Ao final de cada volume encontram-
se glossário, sugestões de leitura e bibliografia.
O manual do professor, com 40 páginas,
que acompanha todos os volumes da coleção,
reproduz o livro do aluno, com exercícios
desenvolvidas pelo docente. Oferece uma
parte específica, na qual são explicitados os
objetivos da coleção, a proposta para o ensino- GEOGRAFIA
aprendizagem em Geografia, apresentados os
temas e a estrutura da coleção e de cada um
dos volumes, além de considerações sobre as
atividades propostas e a avaliação da
aprendizagem.
1ª série (112 p.): Unidade 1. Eu e as
crianças do meu espaço. Unidade 2. Eu e a
minha escola. Unidade 3. Eu, minha casa e
minha rua.
2ª série (128 p.): Unidade 1. Um novo ano

225
 na escola. Unidade 2. Observando lugares,
conhecendo caminhos e paisagens. Unidade
3. O bairro, suas paisagens e as maneiras de
representação. Unidade 4. A cidade e o
município.
3ª série (120 p.): Unidade 1. Localização:
Onde estou? Unidade 2. O trabalho
construindo diferentes paisagens. Unidade 3.
A natureza e a necessidade de conservação.
4ª série (120 p.): Unidade 1. Mapas:
representando a realidade no papel. Unidade
2. Os brasileiros e as diferentes paisagens:
diversidade natural, social e cultural.
A análise
O desenvolvimento dos conteúdos busca
transformar as aulas de Geografia em
momentos de reflexão e de observação da
realidade, de acordo com os pressupostos
teórico-metodológicos que a orientam.
A construção do conhecimento deve partir
da realidade imediata do aluno e ampliar-se
gradativamente para outras realidades.
Também se incentiva a formação de
indivíduos éticos, ativos e preocupados com
o mundo em que vivem.
Os personagens Carol, Caco, seus amigos,
e a avó Fabíola, criados como recurso didático
para o trabalho a ser desenvolvido,
apresentam os temas das unidades, além de
serem interlocutores constantes dos alunos
nas mais diversas situações. Não se interpõem
GEOGRAFIA
entre as crianças e o objeto de conhecimento,
mas têm o papel de estimulá-las a estabelecer
semelhanças e diferenças, além de perceber
as relações com o passado, o presente, o
bairro, a escola e com o ambiente ampliado
do mundo físico e social. Dessa maneira, o
eixo gerador das unidades temáticas é
formado a partir da contex-tualização do meio
em que a criança vive e da ampliação de seus
conhecimentos. Também há preocupação com
226
os temas transversais e com a integração da
Geografia com outras áreas do conhecimento,
como História, Artes, Matemática e Língua
Portuguesa. Os fatos e fenômenos apresentados
permitem a compreensão das relações
socioespaciais e físico-naturais a partir da
perspectiva da construção histórica do espaço
geográfico.
Em coerência com a concepção de
aprendizagem para o ensino da Geografia,
percebe-se o incentivo a diferentes processos
cognitivos. Por meio da observação, da
comparação e da análise, o aluno é levado a
refletir sobre os conteúdos apresentados e a
cotejá-los com os conhecimentos do senso
comum. As expressões escrita, gráfica e
cartográfica são estimuladas, assim como o
desenvolvimento de habilidades orais e de
representação cartográfica.
As noções e conceitos são acompanhados
de atividades que colaboram para maior
compreensão dos conteúdos. No entanto, o
professor deve estar atento para superar
lacunas identificadas no volume da 4ª série,
como a afirmativa simplificada de que a Terra
é redonda, quando seu formato é ovóide; a
afirmação de que o clima da região Sul do
Brasil é frio, quando é subtropical. Além
disso, a hidrografia é caracterizada como
restrita aos rios e lagos de uma região, quando
se refere também ao estudo dos mares e
oceanos e das águas subterrâneas. Os mapas
físicos são reduzidos à representação da
hidrografia e das altitudes do relevo, deixando
de lado, por exemplo, o clima e a vegetação.
A migração é reduzida ao deslocamento de
pessoas dentro do próprio país, esquecendo-
se dos deslocamentos definitivos ou
temporários entre países.
Nas relações espaço-temporais, as
dinâmicas e os processos constituintes do
espaço físico e as relações sociedade-
natureza são abordados com pertinência.
Destacam-se os elementos naturais –
vegetação, rios, mares, relevo –, e enfatizam-
se a ação humana e seus elementos culturais
na formação do espaço geográfico.
O uso de uma linguagem acessível e a
utilização de recursos adequados à faixa etária
possibilita aos alunos perceber a articulação
dos fenômenos e processos no espaço
geográfico.
Os temas são retomados em níveis
crescentes de dificuldade nos textos e nas
atividades. Um exemplo é a questão da água:
no volume da 2ª série, o aluno é conduzido a
compreender a importância dos rios no
abastecimento de água e energia e nas
atividades econômicas e de lazer; no volume
da 3ª série, é levado a compreender a
importância da água para a sobrevivência de
todos os seres vivos, ao mesmo tempo em que
se retoma a importância econômica e de lazer
dos recursos hídricos; já no volume da 4ª
série, relaciona-se clima e vegetação no
estudo das conseqüências do desmatamento
da Amazônia.
Na abordagem do espaço físico, permite-
se à criança compreender suas dinâmicas e
processos, ao mesmo tempo em que o
educando é chamado a observar e a se
posicionar ante os problemas ambientais.
No entanto, será preciso superar algumas
simplificações, verificadas no volume da 4ª
série, para que se possa compreender a
regionalização dos fenômenos naturais no
Brasil. Um exemplo disso é a ausência de
referência à primavera e ao outono no estudo
das estações do ano e a imprecisão quanto à
indicação do inverno como período chuvoso
na região Norte, ao invés dos meses de verão-
outono.
A localização dos fenômenos geográficos
é trabalhada em todos os volumes. No entanto,
são necessárias complementações para
melhor aproveitamento dos textos ilustrativos.
Assim, por exemplo, ao ser apresentada uma
fotografia de Brasília, não constam mais
explicações sobre a localização e a
importância da capital do País. Ou, ainda,
imagens das ruas de São Paulo e do Rio de
Janeiro sem mais informações sobre as
cidades e as suas localizações geográficas. As
atividades valorizam as questões conceituais,
atitudinais e procedimentais e levam ao
desenvolvimento dos processos cognitivos
básicos. Também promovem a articulação
entre os diferentes conteúdos e estimulam a
capacidade de produção de diferentes formas
de textos, tanto lingüísticos quanto
ilustrativos.
O desenvolvimento de habilidades, como
a representação e a oralidade, é valorizado.
Atividades e textos oferecem diferentes
informações e dados que conduzem a
problematizações e reflexões sobre questões
críticas do cotidiano, tais como transporte e
trânsito; a escassez da água em algumas
regiões do País; a poluição dos cursos-d’água;
a poluição das praias; e o turismo. Enfatiza-
se a necessidade de conservação e
preservação ambiental e são propostas
leituras complementares enriquecedoras e
adequadas aos conteúdos.
Estimula-se a construção da cidadania e
os comportamentos voltados ao convívio
social. Na coleção, incentiva-se a reflexão e
o desenvolvimento de atitudes e
procedimentos que valorizam a diversidade
das experiências humanas. São abordados
temas relativos aos direitos e deveres das
crianças, e a questão da diversidade é GEOGRAFIA
especialmente focalizada a partir da realidade
indígena do Brasil, do trabalho dos
seringueiros na Amazônia, das atividades do
sertanejo e da presença dos imigrantes da
região Sul.
As ilustrações, representações carto-
gráficas, gráficos, tabelas e quadros
encontram-se integrados aos exercícios de
compreensão de texto e de resolução de
problemas, e são adequados às finalidades
227
 para as quais foram elaborados. Atendem, em
grande parte, às convenções cartográficas
básicas, são claros e têm distribuição
equilibrada em relação aos conteúdos.
Além disso, o trabalho com gráficos, tabelas
e quadros é realizado de forma adequada, de
acordo com o nível de desenvolvimento
cognitivo do aluno. Esse trabalho não só auxilia
na leitura e compreensão dos textos, como
motiva a problematização dos conteúdos.
A estrutura editorial é de boa qualidade.
Os conteúdos são apresentados de maneira
hierarquizada e o sumário permite a rápida
localização dos conteúdos. A diagramação
estimula a leitura e possibilita ao aluno o
desenvolvimento de habilidades que facilitam
a compreensão teórico-conceitual da
Geografia como ciência.
No processo de avaliação, sugere-se o
acompanhamento continuado do processo de
aprendizagem, por intermédio da observação
sistemática das conquistas e dificuldades dos
alunos (motrizes, cognitivas, emocionais), e
das capacidades de relacionamento
interpessoal de atuação e de inserção social.
O manual do professor explicita a
orientação teórica para o estudo das categorias
de lugar, paisagem e território. Também
apresenta informações gerais sobre a obra,
textos de apoio para o trabalho pedagógico e
bibliografia consultada e recomendada. De
forma complementar, apresenta sugestões de
leituras e atividades extras para os alunos ao
longo da seção Estrutura e descrição de cada
unidade didática.
O manual oferece, ainda, uma bibliografia
diversificada sobre temas geográficos e
pedagógicos, sugestões de periódicos e de
sites que contêm informações diversificadas
e orientações teórico-metodológicas para a
formação continuada do docente.

Em sala de aula
De perspectiva socioconstrutivista, a coleção proporciona o desenvolvimento de
um ensino de Geografia de qualidade, podendo ser adotada nas mais diversas
situações de ensino, já que não requer equipamentos, materiais ou condições
especiais para a sua utilização.
A condução dos procedimentos teórico-metodológicos é devidamente orientada
para que o professor possa adequá-la ao seu projeto pedagógico e ao projeto da
escola.
GEOGRAFIA

Dentre os aspectos positivos da coleção, merece destaque o caráter processual

sugerido para a avaliação. No entanto, caberá ao professor a realização de um
acompanhamento permanente do aluno no processo de ensino-aprendizagem,
visando proceder a uma avaliação contínua e criteriosa como é sugerida na coleção.
O docente deverá também encaminhar as atividades de forma criativa, a partir
dos conteúdos, para suprir algumas lacunas detectadas especialmente no volume
da 4ª série, no qual pouco se trabalha com dados, não sendo apresentados, por
exemplo, tabelas, gráficos e quadros ao longo do referido volume.

228
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
O processo de ensino-aprendizagem, explicitado no
manual do professor, baseia-se em um trabalho
interativo, com questionamentos e atividades que
objetivam incitar a oralidade e a participação efetiva dos
alunos, conferindo importância aos processos de relação
interpessoal. Observa-se articulação entre os conteúdos
e os temas transversais, notadamente ambiente,
pluralidade cultural, ética e saúde.
Coleção A
Apesar da proposta interativa, a coleção é pouco
Escola é Nossa inovadora na organização dos conteúdos, no
- Geografia desenvolvimento das atividades e na valorização dos
Wanessa Pires Garcia Vidal conhecimentos prévios dos alunos.
Registram-se inadequações e lacunas que deverão ser
superadas pelo professor, com ações que permitam que
os alunos interajam entre si e compreendam a dinâmica
socioespacial. No volume da 1ª série, por exemplo, são
tratados temas complexos, como o estudo das
paisagens naturais, supondo-se o conhecimento prévio
Editora Scipione do aluno sobre os grandes ecossistemas brasileiros,
enquanto o universo da escola é apresentado somente
na última unidade.

A coleção temas relevantes. A pesquisa encontra-se

Nos volumes, os conteúdos apresentam-
se organizados em unidades temáticas e
podem, também, ser agrupados no 1º e 2º
ciclos do Ensino Fundamental.
São oferecidos aos alunos diversos tipos
de texto: informativos, descritivos e poéticos,
acrescidos de imagens, além de gráficos,
quadros e sugestões de leitura. Entre os
quadros que complementam o conteúdo,
destacam-se: É bom saber, que acrescenta
conhecimentos aos textos principais; Para
refletir, no qual se propõe a reflexão sobre
presente nos quadros Pesquisa, Em casa, Eu
e meus colegas. São desenvolvidas atividades
de compreensão de texto e de resolução de GEOGRAFIA
problemas. Há, ainda, glossário, mapas
complementares, bibliografia diversificada e
créditos das imagens.
O manual do professor em todos os
volumes é constituído pela reprodução do
livro do aluno, com exercícios resolvidos e
orientações de atividades a serem
desenvolvidas pelo docente, e por um caderno
com as principais características dos livros,
sugestões para o processo de ensino-

229
 aprendizagem e referências bibliográficas.
Antes de cada unidade, há páginas de
abertura com textos poéticos, narrativos,
informativos e ilustrativos.
1ª série (143 p.): Unidade 1. A natureza e
o índio; Unidade 2. Transformações na
paisagem; Unidade 3. A moradia; Unidade 4.
A rua; Unidade 5. A nossa escola.
2ª série (118 p.): Unidade 1. A escola e
seus arredores; Unidade 2. A cidade tem
muitos bairros; Unidade 3. Explorando o
bairro; Unidade 4. Trabalho e trabalhadores.
3ª série (144 p.): Unidade 1. As paisagens
de um município; Unidade 2. O município e
suas atividades; Unidade 3. As relações entre
o campo e a cidade; Unidade 4. A população
do município.
4ª série (184 p.): Unidade 1. O mundo em
que vivemos; Unidade 2. O Brasil no mundo;
Unidade 3. As paisagens brasileiras; Unidade
4. As regiões brasileiras; Unidade 5. A
população brasileira; Unidade 6. O Brasil
atual.
A análise
A proposta teórico-metodológica da
coleção é sociointeracionista. Constata-se
coerência entre a proposta e o
desenvolvimento dos conteúdos e das
atividades, de caráter interativo, que
proporcionam a participação ativa dos alunos.
Incentivam-se a análise e a reflexão, com o
GEOGRAFIA
objetivo de formar cidadãos capazes de uma
atuação consciente de transformação da
realidade. Percebe-se também a utilização de
recursos pedagógicos voltados para o
desenvolvimento das potencialidades
individuais.
No entanto, principalmente no primeiro
volume, o professor deve estar atento à
dificuldade e complexidade dos temas
abordados. Nele, as atividades pressupõem
230
conhecimentos prévios que um aluno de 1ª
série dificilmente tem. É o caso, por exemplo,
da erosão do solo, das unidades métricas, da
distinção entre áreas urbanas e rurais. Nas
outras séries, imagens sobrecarregadas de
informações dificultam a execução das
atividades propostas.
O encaminhamento dado à coleção
estimula a observação, a investigação e a
interpretação dos fatos e fenômenos
apresentados. Os textos e as atividades são
formulados de maneira a propiciar o
desenvolvimento das capacidades de síntese
e memorização, assim como da criatividade,
por meio da problematização da realidade e
de comparações. Não se constata, entretanto,
um posicionamento claro sobre as causas
econômicas e sociais que levam às situações
problematizadas, o que restringe as
possibilidades de reflexões mais aprofun-
dadas.
Os conceitos e informações básicos
trabalhados na obra permitem que o professor
realize adequada passagem do nível do senso
comum para o nível científico, pois se procura
partir da vivência do aluno para integrá-lo ao
conhecimento geográfico. Esse procedimento,
porém, é mais acentuado nos volumes de 2ª
3ª e 4ª séries, nos quais os temas são
desenvolvidos em níveis de complexidade
sempre crescentes. No volume da 2ª série, por
exemplo, parte-se do lugar mais próximo da
criança para introduzir aos poucos temas
geográficos, como o do surgimento e
transformação dos bairros por meio do
trabalho. O mesmo não acontece com o
volume da 1ª série, no qual são tratados temas
complexos, como o estudo das paisagens
naturais, supondo-se o conhecimento prévio
do aluno sobre os grandes ecossistemas
brasileiros, enquanto o universo da escola é
apresentado somente na última unidade.
As relações espaço-temporais, com as
quais os alunos compreenderão as dinâmicas
e processos constituintes dos espaços físico e
humano, são exploradas e levam à
compreensão do conceito de natureza. No
estudo do bairro do aluno, por exemplo,
consideram-se várias características, como a
diferenciação entre espaço urbano e espaço
rural, a diferenciação entre os bairros de uma
cidade, os serviços e o trânsito, parques e
praças. Ao se estudar o espaço rural,
menciona-se a importância do solo para a
atividade agrícola.
O trabalho com a diferenciação e
articulação das diferentes escalas espaciais
merece destaque. A existência de algumas
lacunas, no entanto, prejudica o entendimento
e dificulta a ampliação do conhecimento. No
volume destinado à 2ª série, por exemplo, ao
se abordar o movimento de rotação da Terra,
não se explica o movimento aparente do Sol,
a inclinação da Terra, nem o giro do planeta
em torno de seu eixo imaginário. No volume
da 4ª série, não se trabalha a extração de
minérios na região Norte, nem seu papel na
ocupação da Amazônia.
Embora a coleção se pretenda interativa,
o conhecimento prévio do aluno é pouco
solicitado no estudo das temáticas do livro.
As Páginas de abertura fornecem textos
poéticos, narrativos, informativos e
ilustrativos buscando-se questionamentos e
opiniões, com os quais se procura a
participação da criança. Esse encami-
nhamento, no entanto, pouco considera sua
experiência pessoal. Em determinados
momentos da obra ocorrem simplificações
explicativas e os textos apresentados exigem
um nível de abstração incompatível com a
faixa etária dos alunos ou tratam de assuntos
que são difíceis de inserir no seu cotidiano.
Uma característica da obra é propiciar o
desenvolvimento da linguagem do educando,
notadamente a oralidade, ao estimular a
expressão de opiniões por intermédio de
questionamentos propostos após textos
lingüísticos e ilustrativos.
Em relação à construção da cidadania, há
em toda a coleção o estímulo às habilidades
psicossociais: o respeito ao outro, o convívio
social, a tolerância e a liberdade. Dessa forma,
tornam-se claras as contribuições para que se
desenvolva a cultura da paz no âmbito da
escola e fora dela.
De maneira geral, as atividades e
exercícios propostos são adequados para
atingir os objetivos estabelecidos nas
unidades temáticas e articular os diferentes
conteúdos. No volume da 4ª série, por
exemplo, no tratamento dos climas brasileiros,
o aluno é motivado a relacionar os grandes
conjuntos de vegetação com a distribuição dos
tipos de clima no País, abordados em outra
unidade. No entanto, há atividades de difícil
resolução ou que estão pouco conectadas aos
conteúdos. No volume da 1ª série, por
exemplo, ao se introduzir a noção de
representação e referência espacial de objetos
em relação ao observador (vistas frontais,
visão oblíqua, lateralidade e perspectiva), são
introduzidos objetos que não estão
relacionados com os tópicos estudados. Dessa
maneira, parte dos conteúdos mostra-se pouco
articulada, sugerindo a idéia de descon-
tinuidade e revelando desequilíbrios nas
abordagens adotadas para cada série e no
conjunto da coleção.
As representações cartográficas
encontram-se em consonância com o
conteúdo, são claras e precisas, contêm GEOGRAFIA
legenda, escala e orientação. O respeito às
convenções cartográficas é um ponto de
destaque na coleção, embora não sejam
explorados alguns mapas complementares e
o mapa-múndi. O trabalho com gráficos,
tabelas e quadros é realizado de forma
adequada, respeitando-se o nível cognitivo do
aluno. Tais instrumentos auxiliam na leitura
e compreensão dos textos e também motivam
a problematização dos conteúdos. As fontes
231
 são indicadas corretamente, embora alguns
mapas, imagens de satélite e dados não
estejam identificados.
A grande maioria das fotografias
reproduzidas não registra as datas de
ocorrência, o que dificulta o acompanhamento
das diferenças temporais.
A estrutura editorial é de boa qualidade,
os títulos e subtítulos apresentam-se
hierarquizados, embora algumas fotografias
se mostrem pouco legíveis. O sumário permite
a rápida localização do conteúdo. Textos e
ilustrações estão distribuídos de forma
equilibrada e adequada nas páginas dos livros,
com recursos de descanso visual para os textos
lingüísticos longos, havendo, no entanto,
páginas em todos os volumes com o
predomínio de texto ilustrativo.
No manual do professor, há orientações
que explicitam os pressupostos teórico-
metodológicos em uma linguagem clara e
diversificada. Não se percebe a articulação
entre os conteúdos dos volumes da coleção,
mas há clara orientação para o trabalho
interdisciplinar. Nesse sentido, destaca-se a
abrangência da ciência geográfica, permitindo
o trabalho com outras áreas do conhecimento,
como História, Matemática, Ciências, Língua
Portuguesa e Arte.
Há poucas sugestões de bibliografia e de
outros recursos que contribuam para a
formação do professor. Registra-se apenas
uma referência bibliográfica com vinte
títulos, centrada no ensino de Geografia. A
avaliação da aprendizagem também é tratada
de forma sucinta, sugerindo-se uma avaliação
continuada que inclua a expressão textual,
oral, pictórica e corporal dos alunos.

Em sala de aula
Ao escolher esta coleção, o docente encontrará, no manual do professor,
sugestões de recursos como filmes e atividades complementares, dirigidas aos
alunos e à comunidade escolar, com os seguintes objetivos: propiciar uma
ampliação do trabalho didático e despertar maior interesse e participação efetiva
dos alunos no processo de ensino-aprendizagem.
Algumas dessas atividades complementares oferecem condições para a realização
de um trabalho interdisciplinar integrado ao desenvolvimento de conteúdos e
habilidades relacionados à História, Arte, Educação Física, entre outras.
O professor, entretanto, deverá estar atento para superar as lacunas e a densidade
dos textos, principalmente na 1ª série, para que a proposta interacionista da coleção
seja levada a bom termo. Para realizar esse trabalho, o professor poderá optar
pela interdisciplinaridade com História e Língua Portuguesa e pela dinâmica do
GEOGRAFIA

trabalho em grupo.

232
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
Na coleção, propõe-se a valorização da dimensão
temporal e a problematização da realidade dos alunos,
comparando-a com outras realidades. A linha
metodológica adotada para o ensino de Geografia
permite ampliar a compreensão dos conceitos, desde a
escala do lugar até a escala internacional. Esse
encaminhamento estimula a reflexão crítica sobre
questões socioeconômicas e ajuda a identificar e a
Coleção apreender a dinâmica espacial e as relações sociedade-
Primeiras natureza.
Noções de Embora se demonstre a preocupação em fazer um
encaminhamento metodológico que considere os
Geografia
conhecimentos anteriores dos alunos para, a partir daí,
Silvia Szterling
introduzir os conhecimentos científicos, isso nem sempre
ocorre, já que alguns conteúdos partem do nível
científico, sem considerar os conhecimentos prévios dos
alunos.
Além disso, o tratamento separado dos temas espaço

Editora FTD e tempo, as lacunas nos conceitos de paisagem e de

migração, e, finalmente, a proposta metodológica
apresentada sucintamente no manual do professor
comprometem a sua qualidade.

A coleção lúdicas ou educativas relacionadas aos temas

Estrutura-se em unidades que, por sua vez,
são divididas em seções. O trabalho com os
conteúdos geográficos é realizado por
intermédio de atividades diversificadas em
cada unidade, direcionadas ao trabalho
individual, em duplas ou em grupos. As
diferentes seções tornam o ensino mais
dinâmico: em O que vamos fazer, o objetivo
é introduzir conceitos a serem trabalhados nas
unidades temáticas; na seção Enriquecendo
o trabalho, aprofundam-se os conceitos; em
Divertindo-se, encontram-se atividades
apresentados; em Concluindo, ocorrem a
síntese e a fixação do aprendizado. Os
capítulos terminam com a seção Para fazer GEOGRAFIA
em casa.
O manual do professor está organizado em
duas partes. A primeira apresenta o conteúdo
integral do livro do aluno sem as respostas
das atividades. A segunda divide-se em dois
segmentos: um geral, comum aos quatro
volumes, no qual se tecem comentários sobre
o perfil da coleção e sobre a metodologia
adotada, e um específico a cada volume, em
que se apresentam as propostas de trabalho e

233
 seus objetivos, bem como os comentários e
orientações sobre as atividades.
1ª série (135 p.): Unidade 1. Eu e o outro;
Unidade 2. O tempo passa; Unidade 3. Meu
lugar no mundo; Unidade 4. O trabalho de
cada um junto a nós; Unidade 5. Recordando.
2ª série (104 p.): Unidade 1.
Reconhecimento e organização; Unidade 2.
A paisagem; Unidade 3. Minha cidade;
Unidade 4. O trabalho; Unidade 5.
Recordando.
3ª série (111 p.): Unidade 1. Recomeço;
Unidade 2. Viajando no tempo e no espaço;
Unidade 3. Movimentos populacionais;
Unidade 4. Zona rural e urbana; Unidade 5.
Recordando.
4ª série (120 p.): Unidade 1. Nós e o espaço
onde vivemos; Unidade 2. Nossa terra, nossa
gente; Unidade 3. O Brasil e o mundo;
Unidade 4. Recordando.
A análise
Nos pressupostos teórico-metodológicos
da coleção, sintetizados no manual do
professor, destaca-se uma proposta
construtivista de ensino. O aluno é estimulado
a construir o conhecimento geográfico,
considerando-se a vivência individual como
ponto de partida para o tratamento e a
problematização dos conteúdos. Atividades
bem conduzidas permitem que as respostas
aos exercícios ocorram em níveis crescentes
GEOGRAFIA
de dificuldade e abstração, voltando-se
sempre à experiência do educando.
Propicia-se à criança o trabalho com o
método científico no desenvolvimento da
observação, do levantamento de hipóteses e
da análise dos resultados de experiências e
de questões contemporâneas, que envolvem
processos sociais e físicos.
Há um contínuo estímulo aos vários
processos cognitivos, destacando-se a
234
compreensão, a análise e a reflexão. Os alunos
são levados a participar de atividades que
favorecem o desenvolvimento do raciocínio
e do senso crítico, tais como entrevistas,
ordenamento dos resultados das pesquisas e
observações em gráficos e tabelas, discussões
e propostas de soluções para os problemas
encontrados. Desde a 1ª série, há
oportunidade de trabalho com a linguagem
simbólica, na forma de legendas, o que facilita
a apreensão da linguagem cartográfica
desenvolvida em graus crescentes de
dificuldade nas três séries seguintes.
Os conteúdos e as atividades propiciam a
compreensão da construção histórica do
espaço geográfico a partir das noções de
tempo, espaço, cultura, trabalho, paisagem e
natureza, levando o aluno a perceber a
influência dos grupos sociais, e dele próprio,
nas transformações da paisagem. Conteúdos
e atividades também possibilitam distinguir
e articular as diferentes escalas geográficas,
levando a comparar o lugar de vivência do
aluno com outros lugares, e mostrando as
diferentes relações entre o local, o regional,
o nacional e o internacional.
Destaca-se positivamente a articulação
entre atividades e conteúdos novos e aqueles
anteriormente trabalhados, no mesmo volume
ou em volumes anteriores. Essa interação
permite a construção do conhecimento como
processo integrado e interdependente.
O aprendizado da linguagem cartográfica
e da representação gráfica inicia-se na 1ª série,
com a elaboração de legendas e quadros, em
que a experiência vivida do aluno é
transformada em símbolos, representações e
classificações, até chegar a um trabalho mais
elaborado com mapas e gráficos nas séries
seguintes. Os exercícios são iniciados desde
a 1ª série, tornando-se progressivamente mais
complexos. Não se pretende fazer do aluno
um mapeador, mas permitir-lhe a leitura de
mapas e gráficos como ferramenta para a
compreensão dos fenômenos no espaço e no
tempo.
A transversalidade dos conteúdos é um dos
pontos positivos da coleção, apresentando-se
a Geografia como uma ciência que permite a
compreensão das diferentes interfaces da
realidade. Os temas são continuamente
retomados em níveis maiores de abstração e
dificuldade, o que pode auxiliar os alunos a
fixar os conteúdos e também a perceber
novos aspectos do que já foi apreendido
anteriormente. Poesias, pequenos textos e
projetos de profissionais renomados retomam
conteúdos já apresentados e despertam a
curiosidade para os novos. Esse procedimento
leva à articulação entre Arte e Ciência,
promovendo o alargamento dos horizontes
culturais dos alunos.
Evitando a mera descrição de fenômenos
naturais, busca-se enfocar as dinâmicas e
processos formadores do espaço físico, com
ênfase nas relações existentes entre os
elementos de formação e de transformação da
paisagem. Entretanto, o professor deve estar
atento para destacar a diferença entre tempo
meteorológico e clima, bem como entre tempo
meteorológico e tempo cronológico, já que
tais diferenciações não estão claras no manual
do professor e no livro do aluno.
Há na obra condições para que se
desenvolvam os conceitos básicos de
Geografia que permitem a compreensão das
dinâmicas e processos sociais do Brasil e do
mundo, pela problematização da realidade
vivida pelo aluno e pela comparação desta
com outras realidades. Contudo, o professor
deve estabelecer, por exemplo, as
semelhanças entre imigrantes e migrantes,
pois ambos fazem parte do mesmo processo
de deslocamento espacial da população.
Quanto às relações natureza-sociedade,
são trabalhadas questões referentes às
transformações ocorridas na paisagem pela
ação do homem, assim como a influência da
natureza nas atividades humanas. Verifica-se,
pois, empenho na análise geográfica dos
temas tratados, com a dimensão temporal
sendo continuamente retomada. No entanto,
para que a abordagem espaço-temporal se
concretize plenamente, o professor deverá
enfatizar as articulações existentes entre o
tempo e o espaço, principalmente nos dois
primeiros volumes, nos quais o tratamento
dispensado ao tempo, apesar de bem
realizado, mostra-se desarticulado com o de
espaço.
A atualização dos temas é uma constante,
notadamente no volume da 3ª série. Por
exemplo: aborda-se a questão da guerra entre
Israel e os palestinos, para tratar das
modificações nas paisagens; as viagens de
Amyr Klink são enfocadas, quando se
abordam os deslocamentos mundiais; da
mesma forma, as fotografias de Sebastião
Salgado são focalizadas ao se enfatizarem os
fatores que levam ao êxodo rural.
Os conteúdos e atividades abordam
questões políticas e sociais sem preconceitos,
estereótipos ou intolerância em relação às
diversas culturas. Além disso, a construção
da cidadania é estimulada em todos os
volumes, com destaque para as práticas e
valores. Nos textos e nas seções, possibilita-
se que o aluno perceba a importância de sua
participação nas atividades do grupo e na
sociedade mais ampla a que pertence, assim
como sua responsabilidade na busca de
soluções para os problemas encontrados. São GEOGRAFIA
incentivadas as normas básicas de convívio
social, a preservação dos bens públicos, o
cultivo de hábitos e atitudes de respeito ao
outro e de tolerância para com as diferenças.
As ilustrações, tais como fotos,
representações cartográficas, gráficos, tabelas
e quadros, são bem apresentadas e adequadas
às finalidades para as quais foram elaboradas.
Estão relacionadas aos conteúdos e são
exploradas para auxiliar na leitura e na
235
 compreensão dos textos. A integração das
ilustrações com as atividades propicia o
desenvolvimento das habilidades de registrar,
discriminar, organizar e problematizar a partir
de dados estatísticos.
O glossário, intercalado ao texto, leva o
aluno a complementar o conhecimento de
palavras ou conceitos, sem interrupções no
desenvolvimento dos conteúdos. Ao final dos
volumes, a sugestão de livros, diferente para
cada série, colabora para despertar o interesse
dos educandos pela leitura.
No manual do professor, a proposta
metodológica é apresentada de forma
resumida, sem aprofundar os pressupostos que
norteiam a organização dos conteúdos. Tem-
se, como finalidade, destacar os objetivos e
orientar o professor na condução das
atividades, na articulação dos conteúdos dos
volumes entre si e com outras áreas de
conhecimento. Os procedimentos para cada
unidade são apresentados de forma detalhada,
sem, no entanto, dificultar a criatividade do
professor na condução do ensino em sala de
aula. Constam, ainda, sugestões para a
avaliação da aprendizagem e bibliografia, não
sendo oferecidas informações sobre outros
recursos que contribuam para a formação e
atualização do professor.
O professor deverá estar atento para
superar o reducionismo de certos temas que,
se não comprometem o processo de ensino-
aprendizagem, mereceriam um tratamento
mais adequado. Assim, paisagem é associada
ao meio natural e à beleza do cenário, noção
mais próxima do senso comum do que de um
conceito científico da Geografia. Deve-se
ressaltar que paisagens expressam relações
sociais ou naturais e modos de vida, mas elas
próprias não os contêm.
A noção de migração também não foi
trabalhada adequadamente. Não fica claro que
“migrantes” são todos aqueles que se
deslocam no espaço, seja dentro do próprio
país ou entre países. Além disso, as
representações cartográficas, apesar de
apresentadas corretamente, deveriam
perpassar os diversos conteúdos e não se
concentrar em alguns momentos, para que os
alunos tivessem continuamente a
oportunidade de acesso a esse tipo de
linguagem.

Em sala de aula
A coleção, em seu conjunto, proporciona boas condições para o desenvolvimento
do trabalho em sala de aula. Os materiais complementares requeridos, como atlas
histórico, atlas geográfico e dicionário, devem ser providenciados pela unidade
escolar, pois são recursos dos quais o professor poderá valer-se para tornar mais
GEOGRAFIA

atraente o ensino da Geografia e despertar a curiosidade dos alunos. A densidade

dos conteúdos exigirá especial atenção do professor no trabalho em sala de aula.
Para que a proposta da coleção se concretize integralmente, é necessário levar
em conta os conhecimentos prévios dos alunos, principalmente nas últimas séries,
quando os conteúdos apresentam maior nível de abstração e nem sempre fica
clara a relação com a vivência imediata da criança. Cabe ao professor, por meio
de atividades e do diálogo, estabelecer essa relação.

236
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
O desenvolvimento dos conteúdos e a orientação

didático-pedagógica da coleção são voltados para o

ensino em dois ciclos. Com essa opção, pretende-se

adaptar o processo de conhecimento ao tempo

cronológico dos alunos, possibilitando-lhes ao aluno

compreender, por meio da análise e da reflexão, que o

Coleção espaço geográfico é uma totalidade social e um produto
Espaço e histórico das atividades humanas.
Representações
Paralelamente, considera-se que o professor deve ter
Ana Helena C. F. Gil
Maria Cecília T.S. Romanel um papel mais reflexivo no processo de ensino-

aprendizagem, para redirecionar sua prática pedagógica

em função das alterações que significam a estruturação

dos conteúdos geográficos em ciclos.

No entanto, registram-se algumas lacunas e

Editora Base inadequações que devem ser superadas pelo professor,

para que a análise e a reflexão sobre a totalidade

espacial seja possível.

A coleção apresenta o conteúdo integral do livro do

Os conteúdos são desenvolvidos em quatro
blocos temáticos nos dois volumes da coleção.
Diferentes seções, como Pesquise, Para
brincar, Observe e escreva e Vamos cantar?
propõem atividades que dinamizam os
procedimentos em sala de aula, como
pesquisas, jogos, brincadeiras, músicas. Ao
final de cada volume encontram-se Glos-
sário, Sugestões de leitura, Referências
bibliográficas e Índice de imagens. O volume
destinado ao 1º ciclo é descartável.
O manual do professor, com 48 páginas,
aluno, os referenciais teóricos da obra e
orientações gerais para o professor. São
explicitadas as concepções de Geografia, há GEOGRAFIA
discussões sobre o ensino da disciplina e sobre
o ensino em ciclos. Também inclui reflexões
sobre Desenvolvimento humano e apren-
dizagem,Situações de aprendizagem e
Mediação discursiva e pedagógica, além de
explicitar os objetivos para cada ciclo, as
propostas de avaliação da aprendizagem e as
justificativas da organização do livro em
blocos temáticos. O manual ainda oferece
sugestões de projetos em grupo e textos de

237
 apoio ao professor, com conceitos e temas
geográficos diversos. Por último, estão
relacionadas as referências bibliográficas.
1º ciclo (208 p.): Unidade 1. Localização
e organização dos espaços; Unidade 2.
Representações dos espaços; Unidade 3.
Diferentes espaços, diferentes paisagens;
Unidade 4. Comparações entre espaços.
2º ciclo (207 p.): Unidade 1. A construção
das paisagens urbanas e rurais; Unidade 2.
Elementos que constituem os espaços;
Unidade 3. População e espaço natural;
Unidade 4. Produção e organização do
espaço.
A análise
Na proposta teórico-metodológica,
expressa no manual do professor, a Geografia
é definida como a ciência que estuda as
relações entre o processo histórico que regula
a formação das sociedades humanas e o
funcionamento da natureza, por meio da
leitura do espaço geográfico e da paisagem.
Aponta-se como objeto de estudo da
Geografia o espaço historicamente cons-
truído pelo ser humano, em permanente
transformação e movimento.
A partir desse referencial, há duas
propostas de trabalho. No 1º ciclo, abordam-
se a natureza e as ações dos grupos sociais na
construção do espaço. No 2º ciclo, o estudo
centra-se na análise das diferentes relações
GEOGRAFIA
entre a cidade e o campo em suas dimensões
sociais, culturais e ambientais.
As duas propostas devem dar condições
ao professor de auxiliar os alunos na aquisição
de novos conhecimentos e no desenvolvimento
da habilidade de refletir sobre a realidade,
com o objetivo de atuar de forma mais
consciente sobre ela. Na coleção enfatiza-se
a idéia de que todo o processo de ensino-
aprendizagem deve partir de situações
238
significativas para o estudante, que envolvam
seu espaço e suas experiências.
As unidades temáticas possibilitam a
passagem do senso comum para o
conhecimento sistematizado a partir da
inserção do aluno na paisagem local. Ao
valorizar-se a experiência do educando no
espaço vivido, explora-se sua percepção
espacial e criam-se situações que o
encaminham para a construção do
conhecimento científico. Nesse sentido, na
proposta metodológica são sugeridas
atividades que envolvem observação,
descrição, comparação, pesquisa, coleta e
sistematização dos dados, capacidade de
crítica e de problematização, de modo a
propiciar o desenvolvimento dos processos
cognitivos básicos e complexos.
Os alunos são solicitados a elaborar
pequenos textos e frases; discutir; pesquisar
em jornais, em revistas, na internet, em fotos
e em documentos antigos; fazer entrevistas;
elaborar cartazes, painéis, maquetes, mapas,
gráficos e desenhos; e utilizar mapas. O
professor participa como mediador desse
processo, que tem como atividade privilegiada
as aulas de campo ou excursões. Além disso,
incentiva-se a expressão gráfica e
cartográfica, com orientações para a
construção de diferentes representações
(gráficos, quadros, tabelas, mapas). Também
percebe-se a valorização de outras linguagens,
como a teatral.
As noções e conceitos geográficos básicos
– espaço, paisagem, lugar, natureza, cultura,
trabalho, noções de localização, orientação e
representação – são explorados num processo
de complexidade crescente. No entanto, o
professor deverá ampliar o significado
espacial e social de alguns conceitos ou
personagens históricos. A definição de
tropeiros, no glossário do 2º ciclo, por
exemplo, é muito reduzida, visto que o
tropeiro não era apenas um comerciante que
levava mercadorias em lombo de animais, mas
realizava a articulação espacial entre as
regiões brasileiras com seu comércio.
As relações espaço-temporais são
contempladas por meio de ilustrações, fotos
e pinturas artísticas, com as quais se
estabelecem comparações do mesmo espaço
em épocas diferentes. Verifica-se preocupação
em analisar o espaço de forma contextualizada
e histórica, com suas permanências e
mudanças.
As dinâmicas e os processos do espaço
físico apresentam-se articulados à intervenção
humana na natureza, o que facilita a
compreensão das relações sociedade-
natureza. Ao se trabalhar a idéia de que o
espaço é uma produção humana, procura-se
fazer o aluno compreender como os homens
se apropriam do espaço natural e o
transformam de acordo com as relações que
aí estabelecem. Nesse contexto são enfocados
os problemas ambientais decorrentes do
acúmulo de lixo urbano, do uso
indiscriminado de agrotóxicos e da poluição
dos rios.
Explora-se de forma sistemática as
dinâmicas e os processos socioespaciais, com
destaque para as interdependências existentes
entre as atividades econômicas e os elementos
do espaço físico. Alguns temas das
subunidades partem do cotidiano e de
situações próximas dos alunos e buscam
centrar a atenção em atitudes que valorizam
a formação de noções de tempo e de espaço.
Tais noções ampliam-se, posteriormente,
destacando-se as múltiplas relações e
interações entre elas, e entre a natureza, e com
os problemas daí decorrentes. No entanto, o
dinamismo das relações sociedade-natureza
não é atingido no volume do 2º ciclo, por
exemplo quando são explorados os aspectos
demográficos, sociais e culturais articulados
aos elementos físicos. Os fenômenos
geográficos são trabalhados num processo de
ir e vir – do local para o global e vice-versa.
O espaço geográfico é sempre apresentado
como diferenciado, concreto e vivenciado, em
permanente processo de construção e
transformação, no qual se destacam a
interação histórico-cultural e as relações do
homem com a natureza e dos homens entre
si, mediadas pelas relações de trabalho.
As atividades e exercícios propostos,
principalmente no volume do 1º ciclo,
exploram a localização geográfica a partir dos
conteúdos temáticos e de situações vividas
pelos próprios alunos na sala de aula, no
bairro, na cidade. Para tanto são utilizados
mapas, globo terrestre e outras representações,
como, trajetos, plantas e maquetes,
procurando-se evidenciar as articulações
existentes entre as diferentes escalas
geográficas.
Na coleção, são focalizadas as diversi-
dades sociais e culturais, buscando-se desen-
volver o respeito ao outro e a aceitação das
diferentes manifestações culturais dos povos.
Os conteúdos voltados para o estudo dos
diferentes tipos de trabalho também exploram
a diversidade.Verifica-se preocupação em
ampliar a discussão de problemas sociais,
como o trabalho infantil e os conflitos pela
posse da terra, e de problemas ambientais,
tomando-se sempre como referência a
realidade do aluno. A construção da cidadania
também é estimulada, destacando-se a atuação
das organizações sociais e sugerindo-se
atividades de pesquisa e campanhas de GEOGRAFIA
conscientização que motivam e promovem o
interesse para a necessidade de conservação
e valorização da natureza.
As ilustrações são bastante criativas e, em
sua maioria, mostram-se adequadas às
finalidades para as quais foram elaboradas. A
inclusão de histórias em quadrinhos para
abordar as diferenças e inter-relações dos
espaços urbano e rural, por exemplo, é
oportuna e enriquecedora.
239
 As representações cartográficas são
igualmente adequadas e propiciam obser-
vações, descrições, análises e interpretações,
comparações, problemati-zação de mapas,
plantas e gráficos.
A estrutura editorial é bem-cuidada, o que
facilita a leitura e o manuseio tanto pelo aluno
como pelo professor. Contudo, o docente
deverá estar atento para superar erros de
revisão, principalmente nesse período em que
os alunos estão sendo alfabetizados. Assim, por
exemplo, a criação do bicho da seda encontra-
se grafada como “sericultura”, quando a grafia
correta é “sericicultura”; os trabalhadores de
Chicago foram homenageados em 1º de maio
de 1886 e não em de 1986, como consta no
volume do 2º ciclo.
A avaliação é abordada separadamente para
o 1º e 2º ciclos, no manual do professor, por
meio de uma reflexão geral sobre procedimentos
e critérios desse processo que, para ambos os
ciclos deve ser contínua e permitir a reflexão
sobre o erro como forma de obter progressos no
processo de ensino-aprendizagem. Também há
indicações de como avaliar o trabalho com
projetos, sugerido para o 2º ciclo.
O manual do professor explicita, com
clareza e coerência, os pressupostos teórico-
metodológicos da coleção e, em especial, de
cada um dos volumes. São feitas consi-
derações sobre as concepções geográficas e
pedagógicas para o ensino em ciclos, além de
reflexões sobre o ensino e a aprendizagem da
Geografia. O docente encontra, ainda,
sugestões de temas para o desenvolvimento
de projetos interdisci-plinares com as áreas
de Ciências, Matemática, História, Língua
Portuguesa e Artes.

Em sala de aula
Ao adotar esta coleção, o professor poderá realizar um bom trabalho pedagógico
e possibilitar uma efetiva interação do aluno com o conhecimento geográfico. A
proposta da coleção permite que o professor aprofunde as temáticas apresentadas
não só no que se refere ao espaço de experiência e vivência das crianças, mas,
principalmente, levando-as a analisar e a compreender outros espaços. Instiga-
se, dessa maneira, a construção de novos conhecimentos e o desenvolvimento do
pensamento crítico e criativo.
É importante ressaltar que o professor deverá estar atento para superar os
problemas com textos e ilustrações, tornar mais significativas as proposições que
se apresentem muitos complexas e abstratas para alunos do 1º e 2º ciclos, articular
as diversas temáticas e explorar de forma mais significativa ilustrações, textos
GEOGRAFIA

complementares e sugestões de leitura.

O trabalho com coordenadas geográficas e fusos horários, por exemplo, ao mesmo
tempo que pode favorecer a localização dos fenômenos, é muito complexo e
abstrato para os alunos das séries iniciais. Assim, são requeridos cuidados especiais
para que alguns conteúdos sejam trabalhados de maneira adequada e significativa
ao aluno. A articulação das temáticas e a exploração mais significativa das
ilustrações e textos complementares exigirão, além de cuidado, perspicácia e
preparo do professor.

240
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
Destaca-se por valorizar o espaço de vivência e os

conhecimentos prévios do aluno e sua inserção cidadã

no cotidiano da sociedade. Dessa maneira, os conteúdos

e atividades da coleção incentivam a investigação da

realidade e a construção de conhecimentos em escalas

Coleção
variadas.
Geografia do
Cotidiano No entanto, a ênfase dada ao estudo da cidade do Rio

Aracy do Rego Antunes de Janeiro, principalmente nos volumes da 3ª e 4ª séries,

Maria de Lourdes A. Trindade
Tomoko Iyda Paganelli
reduz as possibilidades de uso da coleção em outros

lugares do País.

Além disso, os conceitos e noções básicos de

Geografia são pouco aprofundados na obra, provocando

Editora Access
lacunas de informação que devem ser supridas pelo

professor.

A coleção O manual do professor fornece explicações

Organiza-se em capítulos e seções, ambos
iniciados com uma pergunta-chave. Em
seguida, são apresentados textos explicativos,
atividades e ilustrações, muitas das quais
elaboradas por alunos das séries iniciais do
Ensino Fundamental. Também são
apresentados quadros com textos e frases de
crianças. As atividades propostas estão
organizadas em seções: Trabalhando no
caderno, Trabalhando em grupo e Refletindo.
Ao final dos volumes, constam a bibliografia
para o aluno e o glossário.
sobre a estrutura interna da coleção nos
tópicos: Atividades, Trabalhando no caderno,
Trabalhando em grupo, Refletindo, Avaliação GEOGRAFIA
e Bibliografia. No tópico Atividades,
destacam-se os tipos de conhecimento
(conceituais, procedimentais e atitudinais); a
necessidade de a metodologia de ensino
contemplar a construção do conhecimento a
partir das noções do vivido, concebido e
percebido; a utilização de diferentes
linguagens; e o desenvolvimento da
criatividade e da capacidade de crítica. O
manual oferece, também, orientações

241
 específicas para cada capítulo dos livros e
indicação de bibliografia comum para os
quatro volumes. Não é fornecido o conteúdo
dos livros dos alunos, constando apenas a
parte específica destinada ao professor.
1ª série (87 p.): Capítulo 1. A criança e os
lugares; Capítulo 2. Um lugar para morar: a
casa; Capítulo 3. Um lugar para estudar: a
escola; Capítulo 4. Um lugar público: a rua.
2ª série (96 p.): Capítulo 1. Lugares
conhecidos; Capítulo 2. Um lugar chamado
bairro; um lugar chamado setor; Capítulo 3.
A natureza do bairro; Capítulo 4. Os
problemas do bairro; Capítulo 5. O bairro nas
plantas e mapas; Capítulo 6. Os moradores
do bairro; Capítulo 7. O trabalho entre os
índios, da mulher e da criança; Capítulo 8.
Os diferentes trabalhos: as atividades.
3ª série (109 p.): Capítulo 1. Descobrindo
o Rio de Janeiro; Capítulo 2. Localizando o
Rio de Janeiro; Capítulo 3. Conhecendo o
Rio de Janeiro; Capítulo 4. A natureza
transformada no Rio de Janeiro; Capítulo 5.
O Rio de Janeiro: hoje.
4ª série (116 p.): Capítulo 1. O aluno no
mundo; Capítulo 2. Localizando o Brasil;
Capítulo 3. As paisagens brasileiras; Capítulo
4. Os brasileiros hoje; Capítulo 5. A
administração do território.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos
GEOGRAFIA
têm como objetivo a construção de
conhecimentos, habilidades e valores a partir
do cotidiano dos alunos, além do incentivo
ao exercício da cidadania. As atividades se
destacam pela qualidade, estimulam os
processos cognitivos e auxiliam na construção
do conhecimento a partir das noções do
vivido, concebido e percebido. Assim, os
conceitos não são dados prontos, mas devem
resultar da interação dos textos, ilustrações e
242
atividades e da participação ativa dos alunos
na sua construção.
Os conteúdos, noções e conceitos básicos
são norteados pelo estudo do lugar em que o
aluno vive e de lugares distantes,
considerando-se as relações afetivas para com
eles, as condições de vida das pessoas, a ação
humana sobre o mundo. A categoria lugar e a
investigação da realidade do aluno são os
eixos direcionadores da coleção.
O desenvolvimento dos conteúdos e
atividades se dá de maneira articulada e
seqüencial, a partir do princípio da
complexidade crescente, com o resgate dos
saberes prévios do aluno na investigação de
realidades em diferentes escalas espaciais, da
casa do estudante ao País. No entanto, como
se privilegia o estudo da cidade do Rio de
Janeiro, especialmente no livro da 3ª série,
isso pode dificultar a utilização desta coleção
em outros locais do Brasil.
As atividades são fundamentais para a
realização dos objetivos propostos, uma vez que
propiciam oportunidades de reflexão e
aprendizado e estimulam vários processos
cognitivos básicos. São propostos exercícios que
exploram as noções de orientação, localização
e representação do espaço, a partir dos
referenciais que os alunos utilizam no cotidiano.
A problematização das desigualdades sociais,
por exemplo, leva ao questionamento das
diferenças nas condições de vida das pessoas, o
que pode despertar o espírito crítico.
Certas atividades, entretanto, mostram-se
inadequadas, especialmente as de
interpretação de representações cartográficas,
pois exigem o domínio de técnicas de
decodificação cartográfica que as crianças
ainda não têm; os mapas são pequenos,
apresentados sem as devidas fontes e datas e
há imprecisões na identificação das legendas.
No glossário, definições muito genéricas não
atingem o objetivo de facilitar a compreensão
dos termos introduzidos ao longo dos textos.
 As dinâmicas e os processos
socioespaciais são estudados a partir da
consideração dos aspectos que influenciam as
fixações e as mudanças no espaço geográfico,
como as condições econômicas e as relações
afetivas, sempre em diferentes níveis de
abordagem, dos mais próximos aos mais
distantes. Procura-se também trabalhar a
construção histórica do espaço geográfico, por
meio das transformações e permanências.
Assim, a obra oferece textos, ilustrações e
atividades que propiciam a compreensão das
relações espaço-temporais. No entanto, não
se verifica abordagem específica do tempo
histórico.
Já a abordagem do meio físico centra-se
em análises simplificadas e descritivas,
estando ausente um tratamento mais
específico e fundamentado dos processos
naturais e de suas dinâmicas, especialmente
em relação à formação e evolução do relevo.
Contudo, as orientações para observação da
paisagem possibilitam que o aluno identifique
a presença da natureza, base para posterior
trabalho com suas dinâmicas e processos.
As relações sociedade-natureza são
abordadas, notadamente no volume da 4ª
série. Identificam-se problemas da
interferência humana na natureza, como a
destruição da floresta da Tijuca (RJ) no
passado, pelo cultivo do café, que acabou
prejudicando fontes e mananciais; a ocupação
desordenada das encostas e o depósito
indiscriminado de detritos industriais,
substâncias químicas que afetam a flora, a
fauna e a qualidade da água do rio Paraíba do
Sul. Também são estimuladas atitudes de
cuidado com o ambiente, como o
envolvimento das comunidades, o
reaproveitamento de materiais encontrados no
lixo, a defesa das florestas, dos mananciais,
das encostas e dos morros. Destaca-se a
importância da filiação a movimentos
ecológicos, a denúncia das causas das
agressões ao ambiente e a organização de
caminhadas em prol da preservação da
natureza.
Os conteúdos e atividades, em especial os
trabalhos em grupos, contribuem para o
convívio social e para a construção da
cidadania, com respeito à pluralidade cultural,
à liberdade e ao fortalecimento da democracia.
As questões de cidadania são articuladas com
propriedade, chamando-se a atenção para
problemas relevantes. São previstas situações
em que o tratamento dos conteúdos conta com
a colaboração de pessoas da comunidade, que
são consultadas e/ou mobilizadas a juntarem
esforços que viabilizem ações para a melhoria
da qualidade de vida. A cidadania pressupõe
compreender o entorno social e atuar sobre
ele. Nesse sentido, são interessantes as
propostas de pesquisa, de organização de
campanhas e de manifestações dos alunos
com o objetivo de transformar a realidade.
O estímulo ao envolvimento escola-
comunidade visa ampliar a convivência com
pessoas de origens diversas e destaca o papel
individual e coletivo na resolução dos
problemas cotidianos.
Diversas formas de linguagem são
valorizadas e incentivadas. Os textos com os
conteúdos básicos tornam-se mais complexos
à medida que as séries avançam, sendo
complementados por textos de crianças,
poemas e artigos diversos. A linguagem visual
é valorizada com ilustrações e representações
cartográficas usadas como fontes de GEOGRAFIA
informação. Nesse sentido, destacam-se obras
de artistas consagrados, assim como desenhos
e textos de produção infantil.
Constata-se, como aspecto relevante, o uso
de diferentes imagens, como fotografias,
pinturas, gravuras, desenhos, que facilitam a
leitura e contribuem para a aprendizagem,
constituindo-se em fontes complementares e
indiretas de estímulo, obtenção de
informações, constatações, comparações e
243
 problematizações, de acordo com os objetivos
almejados. Os gráficos, tabelas e quadros são
bastante explorados nas atividades, estando,
no geral, adequados às finalidades para as
quais foram elaborados.
No conjunto, a coleção apresenta boa
estrutura editorial, que é auxiliada pela
organização hierarquizada dos textos. Na
entanto, a ausência de alguns subtítulos, que
são trabalhados nas páginas dos livros, mas
não estão indicados no sumário, dificulta a
localização dos conteúdos. As letras pequenas
e a falta de nitidez de mapas e plantas também
são problemas que tornam a leitura pouco
atrativa.
A avaliação é concebida como um
processo constante, sistemático, contínuo e
progressivo, baseado no eixo ação-reflexão,
com ênfase no crescimento do educando.
Destaca-se a possibilidade de diagnosticar as
dificuldades de aprendizagem e de rever as
ações de ensino-aprendizagem com o intuito
de alcançar os objetivos propostos.
O manual do professor oferece, nas
orientações específicas para cada volume, os
objetivos de cada capítulo, há menção ao
conteúdo a ser tratado e comentários sobre as
atividades propostas, assim como orientações
e sugestões de enriquecimento das atividades
pelo professor.
Por outro lado, não há muita preocupação
com a formação continuada do professor,
como atesta a reduzida bibliografia,
semelhante em todos os volumes. O manual
possui pequeno número de páginas e não
contempla os conteúdos presentes nos livros
dos alunos, o que dificultará o trabalho do
professor em sala de aula.

Em sala de aula
A grande variedade de ilustrações e textos presentes na coleção torna sua leitura
agradável e estimulante, permitindo um bom trabalho pedagógico. O professor
deve observar que as imagens constituem a principal fonte de informação e
interpretação desta coleção. Nesse sentido, cabe a ele desempenhar papel de
destaque na construção do conhecimento do aluno: como os conceitos raramente
são definidos a priori, a atividade docente deve encaminhar-se para explorar as
possibilidades de construí-los a partir dos textos, ilustrações e atividades. Além
disso, como ocorrem problemas com representações cartográficas e informações,
caberá ao professor superá-los para não comprometer a construção de conceitos
e a compreensão da realidade pelos alunos.
GEOGRAFIA

O professor deve estar atento, também, para esclarecer trechos com linguagem
de difícil compreensão e complementar os conteúdos, como nos volumes da 2ª e
3ª séries, nos quais as atividades não consideram o movimento de translação da
Terra.

244
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
Na coleção, a construção do conhecimento pelo alunos

é valorizada. Procura-se tornar o ensino significativo para

os estudantes e recomendando-se que o professor

trabalhe os temas a partir das vivências e da realidade

mais próxima dos educandos.

Coleção
Os conteúdos e atividades possibilitam a construção
Geografia
em Ação de competências e habilidades para reconhecimento,

Priscila Ramos de Azevedo análise e compreensão dos elementos e processos

Luciana Fava Dias
Renata Celeste Andrade
constituintes do espaço geográfico e, a partir daí, para

a constituição da cidadania.

Todavia, o encaminhamento dado ao trabalho

pedagógico fica prejudicado pelas propostas de

Editora Ática
situações de aprendizagem que partem de conceitos já

elaborados ou distantes da realidade da criança.

A coleção variadas; Leitura, em que se apresentam

Cada um dos volumes organiza-se em
unidades, divididas em subunidades:
Converse, que consiste num conjunto de
questões visando resgatar conhecimentos
prévios, motivar e envolver os alunos com o
tema proposto; Em ação, em que se encontram
atividades práticas, com recursos
cartográficos e de ensino (textos,
depoimentos, imagens), sobre o conteúdo
tratado, objetivando a transferência da
expressão verbal para a escrita e/ou artística,
com possibilidades de execução e soluções
textos complementares para aprofundar
informações, relacioná-las e compará-las com
a realidade do aluno e outras realidades; GEOGRAFIA
Projeto, em que se propõe um tema central a
ser trabalhado pelos alunos, de modo a
estabelecer pontos de vista diferenciados,
relações e comparações de resultados. Esta
situação de aprendizagem contempla
procedimentos como análise, síntese,
analogia, reflexão, interpretação, dedução,
representação e dramatização. Ao final de
cada volume encontram-se Glossário
ilustrado, com a indicação das páginas de

245
 ocorrência dos termos, Sugestões de leitura e
Referências bibliográficas.
O manual do professor reproduz o livro
do aluno, acrescido pelas orientações de uso
da obra e pela proposta teórico-metodológica
adotada. Também há comentários e sugestões
para o desenvolvimento das atividades
propostas e das complementares, em cada
volume. O manual contém, ainda, indicações
de leituras suplementares, bibliografia
adicional e sites para pesquisa.
1ª série (136 p.): Unidade 1. Eu sou
criança; Unidade 2. Jeitos de morar; Unidade
3. Eu moro nesta rua; Unidade 4. Jeitos de
estudar.
2ª série (152 p.): Unidade 1. Eu e as
pessoas; Unidade 2. As pessoas e os lugares;
Unidade 3. Representando os lugares;
Unidade 4. A paisagem dos lugares.
3ª série (184 p.): Unidade 1. Estudando o
município; Unidade 2. A cidade e o campo;
Unidade 3. Vivendo na cidade e no campo;
Unidade 4. O município que queremos.
4ª série (184 p.): Unidade 1. Do município
ao mundo; Unidade 2. Paisagens do Brasil;
Unidade 3. Os brasileiros; Unidade 4. O Brasil
em regiões.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos,
explicitados no manual do professor, são
baseados na concepção socioconstrutivista. A
GEOGRAFIA
metodologia do ensino de Geografia está
centrada na interpretação crítica dos
fenômenos geográficos, na medida em que se
enfatiza a problematização dos temas
abordados nos textos, nas imagens e nas
atividades. Em coerência com a opção
metodológica adotada, pretende-se levar o
aluno a perceber-se como participante de seu
espaço de vivência e a compreender os
fenômenos como resultantes do trabalho dos
246
seres humanos. O encaminhamento dado à
obra destaca categorias geográficas de lugar,
paisagem, natureza, território e região, o que
consiste em um ponto alto da coleção.
O processo de conhecimento geográfico
inicia-se a partir dos lugares próximos da
criança e de seu corpo, como a escola, a
moradia, a rua. Contempla-se também a
diversidade de lugares e de experiências,
quando se coloca o aluno em contato com
outras realidades sociais, num constante ir e
vir, do mais próximo ao mais distante. Assim,
os conteúdos vão sendo ampliados para
espaços nacionais e internacionais nos três
primeiros volumes. No da 4ª série, propõe-se
a elaboração de noções mais abstratas,
compatíveis com o desenvolvimento lógico-
formal das crianças.
Apesar disso, a realização das propostas
metodológicas se dá apenas de maneira
parcial. No contínuo ir e vir do mais próximo
ao mais distante, e mesmo na variedade de
conteúdos e temas, nota-se quebra na
continuidade do processo de ensino-
aprendizagem.
No volume da 1ª série, por exemplo, são
empregados instrumentos pedagógicos para
a identificação da criança com sua aparência,
nome, data de nascimento, relacionamento
com os colegas em sala de aula. Entretanto,
quando se inicia a construção da noção de
espaço, parte-se de relações projetivas (mais
distantes do aluno) e não das relações
topológicas mais básicas (mais próximas do
aluno).
O volume da 3ª série requer a condução
mais pronunciada do docente para que os
alunos compreendam alguns conteúdos, uma
vez que temas diferentes, embora
relacionados, são trabalhados de maneira
simultânea, sem que sejam demonstradas, de
maneira clara, as relações existentes entre
eles, o que pode dificultar o entendimento do
espaço geográfico pelo aluno.
 A proposta de formação do espírito crítico
não se realiza integralmente, apesar de serem
abordados problemas sociais, como evasão
escolar, mendicância de menores, conflitos
em terras indígenas. É preciso ressaltar que a
criticidade é construída a partir da
compreensão dos processos sociais e não de
opiniões dos alunos ou da simples
apresentação de realidades sociais adversas,
conforme a abordagem presente em
momentos da coleção. Também o conceito de
cultura precisa ser mais bem-elaborado, pois
se corre o risco de a criança ficar com a noção
de que cultura se restringe à enumeração de
músicas, pratos típicos, danças e mitos de
lugares distintos.
Por outro lado, os textos, atividades e
imagens utilizados contribuem para o
desenvolvimento dos processos cognitivos de
maneira adequada e integrada e favorecem a
observação, a comparação e a descrição.
A investigação é estimulada em constantes
propostas de pesquisa. Encorajam-se a
expressão oral em debates e conversas em sala
de aula e a expressão escrita, em textos, como
questionários, resumos, descrições e respostas
às questões apresentadas. A problematização
do objeto de conhecimento está presente
desde a 2ª série e se desenvolve
gradativamente em níveis cada vez mais
complexos.
O professor, entretanto, deverá
desenvolver estratégias apropriadas para que
a criança consiga estabelecer relações entre
variáveis e, a partir daí, deduzir, interpretar e
explicar. Ou seja: ao mesmo tempo em que
adquire noções mais elaboradas, ela toma
consciência dos instrumentos e procedimentos
apreendidos, utilizando-se deles em outros
contextos.
As relações espaço-temporais, indicadoras
das transformações sociais, são abordadas em
várias escalas, das mais próximas às mais
distantes, desde o volume da 1ª série, com o
intuito de promover a compreensão dos
processos que levam às alterações
socioespaciais. Utilizam-se entrevistas, fotos
antigas e recentes, textos, mapas e poesias
como recursos didático-pedagógicos na
elaboração do saber geográfico. Nas primeiras
séries, por exemplo, solicita-se que a criança
pesquise o histórico de sua rua, as alterações
no cotidiano do bairro e as transformações
urbanas, que são vistas por intermédio do
testemunho de familiares. Nas duas últimas
séries, enfatiza-se a participação dos grupos
sociais como agentes transformadores do
espaço e das paisagens. Observa-se,
entretanto, que as escalas temporais adotadas
são muito amplas nas séries iniciais.
As dinâmicas e processos do espaço físico
são abordados a partir da 2ª série, embora de
forma incipiente, com a enumeração de
noções elementares ou problemas ambientais.
O tratamento mais complexo do meio natural
inicia-se na 3ª série, quando o espaço físico é
enfocado do ponto de vista ambiental. Na 4ª
série, são instituídas as primeiras noções das
paisagens brasileiras, bem como identificadas
e localizadas as formações do relevo, a
hidrografia, as condições climáticas e a
vegetação. Promove-se o conhecimento dos
processos naturais mais elementares e também
dos processos da ação humana (antrópicos),
que conjuntamente explicam as configurações
geográficas.
Os conteúdos e atividades apresentados
estimulam hábitos, atitudes e comportamentos GEOGRAFIA
voltados para a construção da cidadania.
Permite-se que os alunos vivenciem e tomem
conhecimento dos diferentes processos
sociais e formas de participação dos
indivíduos na construção da sociedade.
Ressalta-se a importância do respeito ao outro,
da tolerância, da liberdade e da pluralidade
cultural para o convívio social e, diante disso,
evita-se privilegiar segmentos ou classes
sociais, lugares ou nacionalidades. Destaca-
247
 se também o trabalho adequado com os temas
transversais e com a interdisciplinaridade,
presente nos quatro volumes.
A estrutura editorial é adequada à proposta
da obra, facilitando a leitura e o manuseio dos
livros. Textos e imagens distribuem-se nas
páginas de forma equilibrada.
A avaliação é apresentada como
acompanhamento do processo de ensino-
aprendizagem, no qual se verifica o que os
alunos incorporaram em termos de
conhecimento e procedimentos dotados de
significado e sentido.
No manual do professor constam
orientações sobre a proposta educacional e
teórica da coleção. São oferecidas noções para
trabalhar projetos cartográficos e diferentes
linguagens, assim como instruções para o
desenvolvimento de atividades. Detalham-se
para cada volume os objetivos, conteúdos,
procedimentos e atitudes esperados.
As orientações para as atividades e
exercícios se encontram tanto ao final do
manual, quanto ao longo dos textos oferecidos
aos alunos, nos quais objetivos e propostas
aparecem destacados. Além disso, contém
orientações para atividades complementares
correspondentes a cada volume. A formação
continuada do professor é estimulada com
leituras complementares, sugestão de
bibliografia adicional e sites para consultas.
As referências bibliográficas são de boa
qualidade e representativas do atual
desenvolvimento por que passa o
conhecimento geográfico, tanto no aspecto
científico como no educacional.

Em sala de aula
A coleção mostra-se de fácil compreensão e aplicabilidade nas mais diversas
situações de ensino da Geografia e em diferentes ambientes escolares e não são
necessários recursos materiais ou instrumentais complexos para sua utilização.
Os conteúdos e atividades, diversificados e abrangentes, permitem realizar um
bom trabalho em sala de aula. As limitações de ordem teórico-metodológicas
poderão ser superadas mediante atuação consciente e reflexiva do professor, que
pode contar com o material bibliográfico, com as fontes documentais e com os
recursos didático-pedagógicos disponíveis para consulta em seu manual.
Para tornar mais significativas as relações espaço-temporais e seus processos,
o professor deverá adotar estratégias compatíveis com a história de vida das
crianças, como os períodos diários, ou mesmo semanais, de vivência, o que é
realizado esporádica e timidamente.
GEOGRAFIA

248
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
A coleção propõe um ensino de Geografia que
contribua para a autonomia intelectual da criança,
capacitando-a a buscar informações e conhecimentos
e saber como aplicá-los no dia-a-dia. Nesse sentido, o
professor tem o papel de mediador da aprendizagem,
incentivando e criando oportunidades para que os alunos
construam seus conhecimentos, num processo
Coleção permanente de aprender a aprender.

Interagindo e O desenvolvimento dos conteúdos deve ocorrer de

forma progressiva e são oferecidas diferentes atividades
Percebendo o
interativas, nas quais a participação discente é uma
Mundo -
constante. O objetivo é possibilitar que a criança se sinta
Geografia
co-responsável pela construção e transformação do
Roseni R. C. Nascimento
espaço.
Rosiane de Camargo
Lilian Sourient No entanto, essa proposta bastante inovadora não
encontra correspondência na organização dos
conteúdos e na abordagem metodológica. O professor
Editora Brasil precisará, assim, superar procedimentos de ensino-
aprendizagem tradicionais, além de lacunas e
imprecisões nos conteúdos.

A coleção constituída pelo livro do aluno com exercícios

Os conteúdos são desenvolvidos por
intermédio de textos, reforçados por
atividades distribuídas em seções, tais como
Agora é com você, que leva o aluno a
interpretar e refletir sobre o assunto abordado;
Observando detalhes, que desenvolve a
habilidade de observação; e Trabalhando com
textos, que utiliza textos jornalísticos,
poéticos e imagens que visam à interpretação
e ao posicionamento crítico do aluno.
O manual do professor, com 32 páginas,
divide-se em duas partes. A primeira é
resolvidos e orientações de atividades a serem
desenvolvidas. Na segunda parte, discute-se
o ensino de Geografia e o processo de GEOGRAFIA
avaliação. Também há orientações gerais
sobre a obra, textos de apoio para o trabalho
pedagógico, sugestões de textos que poderão
ser trabalhados pelos alunos e bibliografia
consultada e recomendada.
1ª série (112 p.): Unidade 1. Como eu sou?;
Unidade 2. O meu lugar; Unidade 3. A rua;
Unidade 4. Na rua; Unidade 5. Orientação.
2ª série (112 p.): Unidade 1. O espaço da
cidade; Unidade 2. O espaço do campo;

249
 Unidade 3. Repensando o espaço do
município.
3ª série (128 p.): Unidade 1. Localizando
e representando espaços; Unidade 2. Brasil:
esta é a tua cara; Unidade 3. Conhecendo o
Brasil.
4ª série (112 p.): Unidade 1. O homem e a
natureza; Unidade 2. Plantando e criando
animais; Unidade 3. Transformando produtos.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos
que norteiam a coleção fundamentam-se numa
proposta pedagógica de natureza sócio-
histórica, na qual se procuram a autonomia e
a participação do aluno na compreensão da
realidade. A escolha dos conteúdos deve
possibilitar o desenvolvimento de capacidades
de inserção social e da construção de relações
interpessoais.
Nesse sentido, os conteúdos são
entendidos numa perspectiva mais ampla que
a meramente temática e engloba: a) conteúdos
conceituais, que possibilitam ampliar e
aprofundar o conhecimento adquirido, de
forma contextualizada; b) conteúdos
procedimentais que visam, por meio de
exercícios de observação, experimentação e
classificação, propiciar o trabalho com regras,
técnicas, métodos, habilidades e estratégias
no desenvolvimento pedagógico; c) conteúdos
atitudinais, que se referem ao trabalho com
GEOGRAFIA
valores, atitudes e normas.
Na obra, as informações e os dados têm o
objetivo de problematizar o processo de
ensino-aprendizagem. No entanto, o professor
deve estar atento para dar mais ênfase às
categorias de território, paisagem e lugar que,
apesar de percorrerem os temas, pouco se
destacam da categoria espaço. Além disso, o
caráter descritivo e pouco crítico da coleção,
exigirá do docente uma atuação mais
250
interativa. Embora haja a intenção de
relacionar o cotidiano vivido e os conteúdos,
a coleção apenas ensaia essa possibilidade, o
que, de certa forma, prejudica a busca de
autonomia da criança.
Por outro lado, as noções e conceitos
básicos levam os alunos a compreender as
relações espaço-temporais, das mais simples
às mais abstratas. Estas relações estão
presentes nas seções Valorizando a memória
e Observando detalhes, nas quais se estimula
a investigação de aspectos históricos da
organização do espaço.
O professor, entretanto, precisa estar
atento para adequar algumas informações ao
nível cognitivo dos alunos, tornando os
conteúdos mais significativos, já que muitos
são bastante abstratos, como os que tratam
da mudança da organização espacial
brasileira.
Nas relações sociedade-natureza, parte-se
de situações simples para as mais complexas.
Distinguem-se os elementos da natureza dos
elementos construídos pelo ser humano.
Aborda-se a ação destrutiva da sociedade
sobre a natureza, ao provocar deslizamentos
de terras e poluição. A relação sociedade-
natureza também é analisada a partir do
trabalho, quando a natureza é focalizada como
matéria-prima e fonte de alimentação.
Percebe-se, no entanto, a simplificação de
algumas discussões, como a questão do
saneamento básico, que leva em consideração
apenas a coleta de lixo e a rede de esgotos e
negligencia o sistema de abastecimento de
água tratada.
As noções, os conceitos e as informações
referentes ao espaço físico são apresentados
de maneira superficial, uma vez que, na
coleção, privilegia-se o estudo das relações
socioespaciais. Mesmo assim, são oferecidas
condições para que os alunos das séries mais
adiantadas compreendam as dinâmicas e os
processos constituintes do espaço físico-
natural. Os estudantes são levados a perceber
a permanência e a mudança de elementos
naturais em diversas paisagens, a identificar
os elementos naturais e culturais no trajeto
casa–escola e a estudar as zonas climáticas.
No entanto, também neste caso o professor
precisará estar atento às generalizações e
preparado para complementar informações,
como a de que o inverno, num país tropical, é
marcado por chuvas; o uso dos conceitos de
chuva e umidade como sinônimos; a alusão à
magnitude das estrelas associada ao tamanho
e não ao brilho que ostentam.
Percebe-se na obra que os processos
socioespaciais são abordados com profun-
didade, o que propicia o entendimento pelo
aluno da dinâmica da construção do espaço
geográfico num nível de complexidade
compatível com o seu desenvolvimento
cognitivo.
O incentivo a distintos processos
cognitivos reflete a concepção de
aprendizagem segundo a qual o aluno é levado
a refletir sobre os conteúdos apresentados e a
adquirir autonomia intelectual, por meio da
observação, da comparação e da análise. Na
passagem dos conhecimentos do senso
comum para o conhecimento sistematizado,
o saber prévio dos alunos é valorizado.
Estimulam-se também o desenvolvimento da
expressão escrita, gráfica e cartográfica e a
capacidade de produção de diferentes formas
de textos, bem como o desenvolvimento de
habilidades como representação e oralidade.
As atividades promovem a articulação
entre os diferentes conteúdos e conduzem a
problematizações e reflexões sobre questões
do cotidiano, tais como desemprego e reforma
agrária. Esses pontos, no entanto, precisam
ser bem explorados pelo professor para que
não se resumam a uma sucessão de fatos sem
significado para a criança, mas, ao contrário,
colaborem para o desenvolvimento do
desejado espírito crítico. Além disso, os textos
das atividades nem sempre contribuem
efetivamente para que o aluno responda
satisfatoriamente às questões propostas.
Portanto, caberá ao professor fornecer os
subsídios e as orientações necessários para a
sua exploração.
Os comportamentos voltados para a
construção da cidadania e para o convívio
social no âmbito da escola e fora dela são
preocupações que permeiam a coleção. A
variedade das experiências humanas é
valorizada e procura-se desenvolver nos
alunos atitudes e procedimentos que
valorizem tal diversidade.
As ilustrações são de boa qualidade e
auxiliam no entendimento dos conteúdos
abordados. As representações cartográficas,
em geral, estão em consonância com o
conteúdo, são claras, precisas e a maioria
contém legendas, escala e orientação. No
entanto, algumas delas são muito
simplificadas e apresentam lacunas de
informação.
O professor deverá complementar os
trabalhos com quadros, tabelas e gráficos,
pouco valorizados na coleção, criando
condições para que os alunos aprendam as
várias técnicas e recursos de representação.
Por outro lado, o estudo dos temas
transversais, como Ética, Ambiente, Plura-
lidade Cultural, Orientação Sexual e Saúde
são bastante estimulados. Assim como as
leituras complementares sugeridas, que são
enriquecedoras e adequadas aos conteúdos. GEOGRAFIA
Além disso, é freqüente o uso de poesias com
as quais se procura despertar o interesse das
crianças pelos diversos temas.
A estrutura editorial é bem-cuidada, os
conteúdos são apresentados de maneira
hierarquizada e o sumário permite sua rápida
localização. A maioria dos textos e das
ilustrações está distribuída na página de forma
equilibrada e adequada. No livro da 2ª série,
no entanto, o excesso de informação e a
251
 ausência de recursos de descanso podem
provocar fadiga visual nos leitores iniciantes.
A avaliação da aprendizagem, de acordo
com o manual do professor deve ser contínua,
diagnóstica, transparente, formativa e integral.
Entende-se que a avaliação deve ser integrada
à aprendizagem, num processo de interação
entre professor e aluno. Assim, torna-se
essencial partilhar a análise das produções
discentes, transformar eventuais erros em
novas oportunidades de aprendizado e
orientar as crianças para reconhecer avanços
e dificuldades.
O manual do professor é constituído de
duas partes. Na primeira constam orientações
sobre a proposta educacional e teórica da
coleção. São destacadas questões sobre a
formação do aluno e sobre os papéis da escola
e do professor na proposta pedagógica. O
manual também oferece textos de apoio ao
professor e textos que poderão ser trabalhados
com os alunos. Esses textos são diferentes em
cada volume e articulados aos temas que serão
desenvolvidos. Os textos suplementares
contribuem para o aprofundamento de alguns
conteúdos tratados superficialmente nos
volumes da coleção.
A segunda parte do manual do professor é
formada pelo conteúdo do livro do aluno com
as respostas aos exercícios, além de
orientações pontuais sobre como dinamizar
cada conteúdo. A bibliografia consultada e
recomendada, da qual constam livros e
periódicos, permite a atualização do professor,
mas privilegia as discussões sobre a prática
pedagógica e sobre o ensino da cartografia,
pontos que não têm destaque na obra.
Os conteúdos sobre outros temas geográficos
são pontuais, como a referência sobre
cidades.

Em sala de aula
Ao escolher a coleção, o professor terá acesso a orientações numa linguagem
clara e diversificada que visam facilitar seu trabalho. São oferecidos suportes para
o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, a despeito de algumas
lacunas e imprecisões que podem ser transformadas em novas oportunidades de
aprendizado para o docente e seus alunos.
Busca-se promover a articulação dos conteúdos no interior de cada livro, porém
não há articulação entre os conteúdos dos volumes da coleção. O professor
precisará superar essa lacuna, procurando articular os temas seqüencialmente,
de maneira a propiciar o alcance de níveis de complexidade crescentes ao longo
das séries e compatíveis com o domínio cognitivo dos alunos.
GEOGRAFIA

A coleção possibilita o desenvolvimento de um bom trabalho pedagógico ao

valorizar a participação do aluno na construção do saber geográfico. O professor
também tem papel fundamental na condução das atividades. Ele deverá superar
as lacunas apontadas e propiciar uma abordagem mais crítica dos fenômenos
geográficos, devendo para tanto recorrer a materiais suplementares como jornais
e revistas, além de outros livros didáticos e paradidáticos.

252
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
A diversidade de atividades, ilustrações e estudos do

meio proposta na coleção contribui para desenvolver

vários processos cognitivos e noções de representação

cartográfica.

A metodologia de ensino-aprendizagem explicitada

Coleção Pensar segue a linha construtivista e a abordagem humanística

e Construir - da Geografia. No entanto, observa-se um relativo
Geografia descompasso entre os pressupostos teórico-
Maria da Conceição C. Oliveira
Silas Martins Junqueira metodológicos e a formulação dos textos-narrativas, na

medida em que estes contextualizam experiências

vividas por personagens fictícios. Essas situações

podem ajudar no estímulo à imaginação do aluno, mas

pouco contribuem para o desenvolvimento do raciocínio

Editora Scipione
e para a construção mais eficiente dos conceitos básicos

da Geografia.

A coleção de leitura complementar, referências

Os livros são estruturados em unidades e
estas, em capítulos, com um ou mais textos e
atividades. Quase sempre os capítulos
terminam com uma seção Para saber mais,
com indicação de leituras complementares.
Há grande variedade de atividades tanto para
trabalhos interdisciplinares, quanto para
estudo do meio e pesquisa de campo. São
utilizados recursos como letras de música,
poemas, dramatização e entrevistas. Os livros
são ilustrados com desenhos, fotos, quadros,
tabelas, gráficos e mapas e contêm sugestões
bibliográficas e indicação de sites para os
alunos.
O manual do professor, com média de 40 GEOGRAFIA
páginas, contém: Apresentação; Pressupostos
metodológicos; Textos de orientação para o
professor; Orientações específicas para o
volume da série; Orientações para as
atividades cartográficas; Bibliografia.
1ª série (135 p.): Unidade 1. Nós, os outros
e os nossos lugares; Unidade 2. Nosso bairro
e nossos amigos: vamos viver bem; Unidade
3. Escola: um lugar privilegiado.
2ª série (120 p.): Unidade 1. Nossa

253
 geografia, nossa história e nossos amigos;
Unidade 2. Nossa escola e nossos sonhos;
Unidade 3. Depende de nós.
3ª série (166 p.): Unidade 1. Nosso livro e
os nossos amigos; Unidade 2. Viajando por
esse país; Unidade 3. A terra, o homem e o
trabalho.
4ª série (160 p.): Unidade 1. Estudar,
aprender e fazer amigos; Unidade 2.
Diferentes formas de construir o espaço;
Unidade 3. Vivendo e aprendendo.
A análise
A obra demonstra preocupação com temas
transversais e com a localização dos
fenômenos e aspectos geográficos. Abordam-
se aspectos políticos, históricos e culturais,
mas o tratamento dos fenômenos sociais,
ambientais, econômicos e das relações
sociedade-natureza é realizado parcialmente.
Além disso, não há contribuição para o
desenvolvimento sistematizado de relações
referentes aos estágios de desenvolvimento
cognitivo da criança, ou seja, ela como ponto
de referência, ela em relação ao outro e sua
capacidade de compreender as formas de
representação do espaço.
Os pressupostos teórico-metodológicos de
ensino-aprendizagem seguem a linha
construtivista e a abordagem humanística da
Geografia. Verifica-se, entretanto, relativo
descompasso entre esses pressupostos e a
GEOGRAFIA
formulação dos textos-narrativas, na medida
em que estes contextualizam experiências
vividas por personagens fictícios. Essas
situações podem estimular a imaginação do
aluno, mas pouco contribuem para o
desenvolvimento de seu raciocínio.
Constatam-se sugestões de atividades de
natureza variada que propiciam o
desenvolvimento de processos cognitivos
básicos nos alunos, como as capacidades de
254
observar, comparar e interpretar. Há
estratégias para sondagem do saber prévio do
aluno, ainda que no início dos livros de 2ª a
4ª série se perceba apenas a recapitulação de
conhecimentos tratados nos livros anteriores,
sem nenhum aprofundamento. Nesse caso,
resta ao professor criar situações para auxiliar
o aluno a reconstruir tais conhecimentos em
outro nível do desenvolvimento cognitivo.
O professor terá à sua disposição vários
recursos para o desenvolvimento da
linguagem do aluno, de maneira a ampliar
suas possibilidades de expressão escrita,
gráfica e cartográfica. Alguns textos das lições
das séries iniciais são muito longos, e será
necessário encontrar uma forma adequada
para trabalhá-los sem dificultar a passagem
gradativa da linguagem oral para a escrita.
Não há muitas sugestões de leitura
complementar nos volumes das primeiras
séries. No glossário, os significados de vários
termos apresentam inadequações e
simplificações.
Quanto às noções e conceitos básicos
desenvolvidos, dada a abordagem humanís-
tica, privilegia-se o trabalho com a noção de
lugar como espaço do cotidiano vivido. São
propiciadas várias situações que possibilitam
a integração do afetivo ao cognitivo da
criança, numa linguagem acessível. Além das
histórias dos personagens, incluem-se, por
exemplo, diversas poesias.
As relações espaço-temporais são mais
desenvolvidas por meio da história de vida
dos diversos personagens fictícios, inclusive
dos próprios autores, ressaltando-se os
diferentes lugares de vivência e as mudanças
ocorridas nesses espaços no transcorrer da
história. Pelo relato, procura-se estabelecer a
interatividade entre os personagens, os autores
do livro e o aluno. Entretanto, essa
interatividade é pouco desenvolvida a partir
do espaço vivido pela criança, especialmente
nas duas primeiras séries, quando esse
procedimento deve ser mais exigido, segundo
a abordagem construtivista.
As dinâmicas e os processos físicos são
explorados de modo que a criança possa
identificá-los no seu espaço vivido, descobrir
o significado que têm para sua vida e observar
como estes se apresentam à sua percepção.
Assim, o espaço físico é explorado nos dois
primeiros volumes, principalmente pela
identificação dos chamados “elementos
naturais” pelos personagens da coleção, pela
caracterização do estado em que se encontram
esses elementos ante os impactos causados
pela sociedade e pelo alerta sobre sua
importância para a vida como recurso natural.
O professor deverá estar atento a essa proposta
de trabalho de construção dos conceitos
relativos à natureza e de relação entre os
elementos para superar suas lacunas.
As dinâmicas e os processos socio-
espaciais são analisados, basicamente, por
meio das situações relatadas pelos autores e
pelos personagens imaginários em distintos
lugares do País. No início, a criança é
incentivada a identificar (nome, história e
localização) e a representar sua escola
(desenho), assim como os novos amigos. Não
existem, entretanto, estratégias suficientes que
a levem a se identificar e a se posicionar em
relação ao novo grupo e ao novo espaço, ou
seja, com a turma da classe e a sala de aula.
Os lugares são apresentados antes de a criança
entender o mundo concretamente percebido
e vivido por ela. Além disso, não se apresenta
uma linha de articulação entre os conteúdos
dos capítulos.
As relações sociedade-natureza são
trabalhadas a partir da observação das
questões ambientais, a exemplo de enchentes,
rios poluídos ou contaminados. Entretanto, o
professor deverá estar alerta, porque as
insuficiências no tratamento dessas relações
podem dificultar, também, o entendimento do
processo de interação natureza e sociedade.
As atividades propiciam o desenvol-
vimento de competências e habilidades
diversificadas, como leitura e interpretação
de textos, representação gráfica, expressão
escrita, observação e comparação, leitura de
mapas. A diversidade das atividades sugeridas
nos vários capítulos de cada livro contribui
para que a criança produza diferentes formas
de texto e amplie o domínio das linguagens
oral, escrita, gráfica e cartográfica. Além de
questionários, são sugeridas outras formas de
redação, como histórias e cartas. Os temas
transversais e o estudo do meio são duas
marcas fortes da coleção.
Há ênfase nos trabalhos com cartografia,
que estão, de modo geral, adequados aos
objetivos a que se destinam. A criança é
estimulada a aprender, por exemplo, como
passar da representação horizontal para a
vertical utilizando somente a imaginação.
Além de esse trabalho permear várias lições,
há uma unidade específica no final dos livros
para o trabalho com cartografia.
Os textos e atividades estimulam a
construção da cidadania e contribuem para a
eliminação de preconceitos de todo o tipo.
Neles são incentivados o convívio social, o
respeito ao outro, a tolerância e a liberdade.
No entanto, o trabalho com a abordagem
multiculturalista pode levar à construção de
prenoções sobre o outro e provocar efeitos
contrários ao que se pretende, uma vez que a
utilização de personagens com identidades
previamente definidas pode reforçar GEOGRAFIA
estereótipos já existentes.
São propostas orientações para a prática
da avaliação da aprendizagem, vista como
processual e contínua, ligada ao
desenvolvimento do grupo e da criança em
particular. Opta-se por uma avaliação
diagnóstica, voltada à verificação do estágio
do conhecimento do aluno e de seus avanços,
assim como dos possíveis problemas de
aprendizado na construção de noções,
255
 conceitos e do conhecimento.
Várias estratégias auxiliam as crianças na
representação cartográfica e na interpretação
dos gráficos, tabelas e quadros. As ilustrações,
em geral, são claras e precisas e ajudam o
aluno na problematização dos conteúdos. No
entanto, algumas delas não se relacionam
diretamente com os textos, sendo apenas
decorativas.
A estrutura editorial é de boa qualidade,
com distribuição equilibrada de textos e
ilustrações nas páginas. Permite boa
legibilidade e visualização das ilustrações. Há
também recursos de descanso visual.
No manual do professor apresentam-se
propostas de avaliação, textos de orientação
ao professor e orientações específicas aos
volumes de cada série, com roteiros para sua
utilização. São oferecidas sugestões de
projetos interdisciplinares e obras de autores
reconhecidos pela comunidade geográfica.
Consta, ainda, uma bibliografia com títulos
diversificados e atualizados sobre temas
pertinentes ao ensino de Geografia.

Em sala de aula
Em suas propostas de conteúdos e atividades, os livros apresentam, com apoio
do manual do professor, estratégias que podem resultar em trabalho eficaz no
ensino da Geografia em sala de aula. Para tanto, o docente precisará superar as
deficiências relativas ao descompasso entre as proposições teórico-metodológicas
e as estratégias pedagógicas apresentadas.
Também é necessário superar as dificuldades no tratamento de noções e conceitos
geográficos básicos, principalmente no que diz respeito às dinâmicas e processos
de construção do espaço. Nesse caso, devem ser apresentadas estratégias que
permitam ao aluno estabelecer raciocínios a partir de um relacionamento direto
com o seu mundo concreto. Para tanto, é necessário trabalhar situações definidas
a partir do espaço vivenciado no cotidiano da casa da criança, da sala de aula e da
escola, para ampliar gradativamente as noções de relações espaciais em escalas
mais abrangentes.
GEOGRAFIA

256
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
A coleção valoriza a vivência dos alunos e as relações

entre o particular e o geral para se chegar às formas

mais abstratas de raciocínio. Destaca-se a importância

pedagógica dos temas transversais e da

interdisciplinaridade para despertar o espírito crítico das

Coleção
crianças e promover a integração com outras disciplinas.
Vivência e
Construção - No entanto, a obra apresenta muitos conceitos e

Geografia definições prontos, ou seja, já elaborados, e privilegia

José William Vesentini
Dora Martins Dias e Silva as informações sem contextualizá-las. Dessa forma, a
Marlene Pécora
reflexão dos alunos sobre os temas propostos fica

prejudicada. Além disso, alguns conteúdos são

trabalhados com elevado nível de abstração, pouco

Editora Ática
compatível com a faixa etária dos alunos das primeiras

séries do Ensino Fundamental.

A coleção Sugestões de leituras para os alunos e

Organizada em capítulos, esta obra não se
estrutura de maneira uniforme. Os dois
primeiros volumes iniciam-se com a
explicitação do tema a ser trabalhado, seguida
de estímulos à expressão oral e da exposição
do que será tratado nos volumes de 3ª e 4ª
séries.
Diferentes seções, como Só pra conversar,
Pense no assunto, Fique sabendo, Desafio e
Você sabia, dinamizam o ensino, acrescentam
informação e levam o aluno a refletir. Em
todos os volumes encontram-se Glossário,
Bibliografia.
O manual do professor, além do conteúdo
integral do livro do aluno, fornece orientações GEOGRAFIA
para o trabalho docente, e está subdividido
em três partes: 1) Parte geral, comum aos
quatro volumes, na qual constam:
apresentação da coleção, indicação dos
pressupostos teóricos e dos objetivos para o
ensino no 1º e 2º ciclos e orientações
referentes à estrutura do livro do aluno; 2)
Parte específica, na qual constam observações
e sugestões de atividades para cada capítulo
dos livros; e 3) Indicação de atualização e

257
 informações, constando endereços úteis da
internet, referências bibliográficas e sugestões
de leituras complementares para o professor
e para o aluno, sendo esta parte comum aos
quatro volumes.
1ª série (136 p.): Capítulo 1. Quem é
você?; Capítulo 2. Como você é?; Capítulo
3. Você e sua casa; Capítulo 4. Você e sua
escola; Capítulo 5. A rua onde você mora;
Capítulo 6. Você e as paisagens.
2ª série (136 p.): Capítulo 1. Nossas
famílias; Capítulo 2. Moradias e modos de
vida; Capítulo 3. Escola com arte; Capítulo
4. Um lugar no mundo; Capítulo 5. O trabalho
na vida das pessoas; Capítulo 6. Um ambiente
para todos.
3ª série (176 p.): Capítulo 1. Conhecendo
o município; Capítulo 2. Explorando
caminhos; Capítulo 3. Descobrindo a cidade;
Capítulo 4. Investigando o campo; Capítulo
5. Atividades econômicas; Capítulo 6. O
município conectado.
4ª série (160 p.): Capítulo 1. O Brasil no
mundo; Capítulo 2. O tamanho do Brasil;
Capítulo 3. A América, sua gente e o Brasil;
Capítulo 4. Brasil tropical; Capítulo 5. Gente
brasileira; Capítulo 6. As terras do Brasil.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos
partem do universo próximo do aluno e de
seu cotidiano para a construção do
GEOGRAFIA
conhecimento do espaço geográfico. Assim,
a criança é levada a reelaborar os
conhecimentos prévios e a inter-relacionar o
local onde ela vive com as escalas mais
amplas – regional, nacional e mundial.
A importância do conhecimento da
organização do espaço geográfico, do
funcionamento da natureza e do impacto da
ação dos grupos humanos sobre o ambiente
também é explicitada no manual do professor.
258
Essa perspectiva, que visa dar à criança
condições para que se perceba como agente
de transformação positiva e de preservação
ambiental, também é explicitada no manual
do professor.
Os conteúdos são desenvolvidos de acordo
com o princípio da complexidade crescente,
alternando-se em textos, imagens e atividades.
O antigo e o novo, assim como as diferenças
culturais, econômicas, sociais e tecnológicas,
são abordados com propriedade. O
desenvolvimento da obra, entretanto,
privilegia o enfoque informativo na
introdução de novas noções e conceitos, o que
restringe a construção do conhecimento. O
enfoque informativo no tratamento dos
conteúdos dificulta a elaboração de uma visão
mais crítica da sociedade e do seu papel na
transformação do meio natural. Assim,
simplificam-se as ações humanas
responsáveis pelas alterações no espaço e não
são destacadas as relações sociais que
condicionam a organização espacial.
As noções e conceitos básicos são
encaminhados de forma a ampliar a
capacidade de compreensão dos alunos,
fazendo-os ver que somos parte integrante do
ambiente natural, cultural, econômico e
político e que a sociedade transforma a
natureza por intermédio do trabalho. No
entanto, na construção das noções, nem
sempre se parte das mais simples para as mais
complexas. As relações topológicas, por
exemplo, básicas para a construção e
representação do espaço, não são trabalhadas
de maneira adequada, sobretudo nos dois
primeiros volumes.
Por outro lado, as noções de espaço e
paisagem são abordadas processualmente,
tendo sempre em vista a noção de
temporalidade. Para tanto, recorre-se
constantemente ao passado, com o uso de
biografias e diferentes relatos, como o de
viajantes, e com a apresentação de fatos
ocorridos em diferentes épocas da história da
humanidade.
Para entender as relações espaço-temporais,
os alunos são levados a observar paisagens em
tempos diferentes, assim como a analisar
cotidianos de outras épocas e a constatar como
o progresso tecnológico e as transformações
sociais alteraram as relações sociais e hábitos
familiares. No entanto, a compreensão da
construção do espaço geográfico fica
comprometida, porque a noção de sucessão do
tempo não é trabalhada sistematicamente no
encadeamento dos conteúdos. Noções de
espaço e tempo, permanência e mudança,
natureza e sociedade, fundamentais para o
estudo da Geografia, são pouco exploradas,
apesar de considerar o cotidiano das crianças
e seus espaços de convívio social (a casa, a
escola, a rua, o bairro).
As dinâmicas e processos do espaço físico
estão praticamente ausentes no primeiro
volume e só recebem tratamento sistemático
no livro de 4ª série. Ressente-se da falta de
uma abordagem mais ampla dos aspectos
naturais, restritos à hidrografia.
As relações sociedade-natureza são vistas
por um enfoque ambiental, em que se apontam
as denúncias de degradação e poluição do
ambiente, sem, entretanto, avançar na
discussão sobre as causas e processos que
geram tantos problemas.
Percebe-se o cuidado com a construção da
cidadania, assim como a preocupação em evitar
a manifestação de preconceitos e estereótipos.
Os direitos das crianças são temas bem
trabalhados, em especial nos dois primeiros
volumes. No entanto, há um poema no livro
de 2ª série que expõe comportamentos
inadequados, como brigar, bater, xingar, faltar
à aula, sem sua problematização ou
contextualização de uma perspectiva ética e de
exercício da cidadania. Tal postura pode
comprometer o discernimento do aluno sobre
seus direitos e deveres.
Nas unidades temáticas, verifica-se grande
variedade de propostas de atividades que
possibilitam o desenvolvimento de processos
cognitivos básicos e outros mais complexos,
tais como a observação, a análise, a
comparação, a crítica e a síntese. A
memorização é estimulada com atividades
lúdicas, perdendo seu caráter tradicional e
mecânico. Propicia-se a expressão oral e
escrita, principalmente nas seções Só pra
conversar e Trabalhar com textos e com a
expressão oral.
A problematização por meio de atividades
de pesquisa permite aos alunos o contato com
a realidade e com o método científico de
registro e análise de dados. Também merece
elogio o trabalho com obras de arte, como
pinturas e poemas, com os quais se estimulam
a comparação, a análise e a crítica.
Os exercícios contemplam atividades
individuais e/ou em grupo e favorecem a
produção de textos. Os alunos são
constantemente estimulados a trocar idéias
com os colegas, em grupo ou individualmente,
e a realizar trabalhos manuais, como moldar
bonecos de argila, montar mosaicos e
colagens.
O desenvolvimento da linguagem
cartográfica é prejudicado, pois não se
observam as etapas necessárias à fixação de
noções fundamentais, enquanto as noções
introdutórias são apresentadas de forma
complexa para as primeiras séries. Além disso,
constata-se que, de maneira geral, os mapas GEOGRAFIA
são pouco explorados.
A estrutura editorial é adequada, embora
haja uma excessiva hierarquização dos
conteúdos. Além disso, os pequenos textos,
as propostas de atividades e os exercícios
misturam-se às informações adicionais sem
um efetivo destaque às novas noções que vão
sendo gradativamente introduzidas.
O manual do professor contém
pressupostos que fundamentam o ensino da
259
 Geografia, embora não explicite a concepção ampliar e diversificar o trabalho docente. A
teórica em que se baseou o projeto pedagógico avaliação é discutida e entendida como um
da coleção. Nos diferentes volumes, ao longo conjunto de ações que orientam a prática do
dos capítulos, encontram-se indicações para professor e o aprendizado dos alunos.

Em sala de aula
O educador encontrará nos textos, atividades e ilustrações material básico para
encaminhar conteúdos que valorizam conhecimentos prévios e promovem a
participação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem.
Encontram-se possibilidades para a exploração da espacialidade e da historicidade
das diferentes realidades e para o trabalho com o ambiente. Estimulam-se a
responsabilidade individual e a cidadania, desde que o professor discuta com os
alunos as diversas situações abordadas na coleção.
Ressalta-se ainda que há pouca ênfase na reflexão e na análise crítica. Assim, o
professor deverá estar atento para estimular a comparação e a problematização
das variadas realidades trabalhadas e para superar o tratamento simplificado de
alguns conteúdos.
GEOGRAFIA

260
 Recomendada com Ressalvas
Por quê?
Nos pressupostos teóricos da coleção, explicitados no

manual do professor, o aprendizado é entendido como

um processo de construção do conhecimento. As

experiências dos alunos devem ser valorizadas e os

conceitos geográficos básicos, abordados a partir de

Coleção Viver e seu espaço de vivência.

Aprender As crianças são estimuladas a se reconhecerem como
Geografia pertencentes ao conjunto integrado pelas relações
Anselmo Lázaro Branco
Elian Alabi Lucci sociedade-natureza e, assim, incentivadas a desenvolver

atitudes voltadas para a construção da cidadania.

No entanto, a interação com o objeto do conhecimento

e a construção de noções e conceitos geográficos são

dificultados pela existência de conteúdos, atividades e

Editora Saraiva
exercícios que apresentam conceitos já prontos e

situações desvinculadas da realidade do aluno.

A coleção Para saber mais, indica outras referências

A obra está organizada em unidades
temáticas, divididas em várias seções: Para
começar, que introduz o tema proposto; Texto-
base, composta de ilustrações e fotos,
constitui-se na parte central da unidade;
Conhecendo melhor a palavra, na qual se
explora o significado de algumas palavras
relacionadas ao texto; Representando, que
desenvolve uma atividade de alfabetização
cartográfica; e Para terminar, com a
finalidade de encerrar a unidade e propor a
fixação da aprendizagem. Por último, a seção
para a ampliação dos conteúdos abordados na
unidade.
As atividades do volume da 1ª série são GEOGRAFIA
respondidas no próprio livro. Nos demais
volumes, as atividades são feitas no caderno
do aluno.
O manual do professor, com 16 páginas,
contempla o conteúdo integral do livro do
aluno. Divide-se em duas partes, que fornecem
informações gerais sobre os volumes da
coleção e comentários específicos para cada
série. Na Apresentação, são feitas conside-
rações sobre o ensino de Geografia nas séries

261
 iniciais. Em seguida, explicitam-se a estrutura
da coleção, a proposta metodológica e os seus
objetivos gerais. Há considerações sobre os
temas transversais e sobre a estrutura das
unidades. São apresentadas sugestões de
procedimentos de ensino-aprendizagem,
propostas de atividades de enriquecimento do
dia-a-dia do professor, formas de avaliação,
de trabalhos nos níveis local e regional, além
da indicação de sites, revistas, periódicos
especializados e da bibliografia utilizada.
A segunda parte do manual contém um
quadro com os principais conteúdos e
objetivos das unidades, orientações para seu
desenvolvimento e para o encaminhamento
das atividades. Também inclui sugestões de
atividades complementares, de avaliação e de
leituras.
1ª série (96 p.): Unidade 1. Você e os
outros; Unidade 2. As famílias; Unidade 3. As
casas; Unidade 4. A escola; Unidade 5. As
ruas.
2ª série (80 p.): Unidade 1. Você e os
grupos; Unidade 2. A escola; Unidade 3. As
ruas, os bairros e o lugar onde você vive;
Unidade 4. As paisagens e o meio ambiente.
3ª série (110 p.): Unidade 1. Conhecendo
o município: lugares e sociedade; Unidade 2.
Os limites e o governo do município; Unidade
3. O município e a natureza; Unidade 4. O
espaço geográfico e as atividades econômicas
do município.
4ª série (111 p.): Unidade 1. Brasil, nosso
país; Unidade 2. O trabalho no Brasil; Unidade
GEOGRAFIA
3. Espaço geográfico e atividades econômicas
no Brasil; Unidade 4. A população brasileira
e a urbanização.
A análise
A proposta teórico-metodológica da
coleção sugere o envolvimento do aluno no
processo de construção do conhecimento a
262
partir da expressão de suas experiências e
vivências. Em seguida, deve-se ampliar o olhar
do educando para a compreensão e análise de
outros grupos e lugares, num contínuo ir e vir.
Além disso, a participação ativa das crianças
no processo de ensino-aprendizagem deve ser
estimulada a todo o momento. Nesse sentido,
as atividades incentivam a observação, a
comparação, a pesquisa, a elaboração de
hipóteses e a formulação de conclusões. A sala
de aula é o lugar em que o aluno se questiona,
raciocina e busca soluções com base na sua
vivência e no seu saber intuitivo.
No livro da 1ª série, os temas e atividades
trabalhados possibilitam a realização dos
objetivos, pois o processo de ensino-
aprendizagem se desenvolve com a
participação do aluno e propicia-se a interação
com o conhecimento, a partir de experiências
e vivências. No entanto, o professor deve estar
preparado para que a proposta da coleção se
efetive nas demais séries, nas quais questões,
roteiros de entrevistas e atividades são
apresentados a partir de realidades hipotéticas
ou reais, mas muito complexas e distantes do
espaço concreto dos alunos. Observa-se,
também, a exposição de conceitos já prontos,
o que dificulta à criança construir o próprio
conhecimento.
Por outro lado, o desenvolvimento dos
processos cognitivos básicos é assegurado
na obra. Estimulam-se observações,
comparações, criatividade, problematizações,
investigações e organização de dados,
posicionamentos críticos, discussões com
sínteses e conclusões.
As noções e os conceitos geográficos
básicos são trabalhados de maneira articulada
ao espaço do aluno, sendo depois
encaminhados para a compreensão das
relações que se estabelecem nesse espaço.
Os conteúdos são desenvolvidos de acordo
com o princípio da complexidade crescente.
Parte-se da identidade e do local de vivência
do aluno, como os lugares próximos da
família, da casa, da escola, da rua, do bairro.
Depois, esses conceitos são ampliados para
espaços distantes e relações mais complexas,
no município e no País.
São criadas situações em que as múltiplas
relações e interdependências apresentadas nos
conteúdos e nas atividades se articulam direta
ou indiretamente às experiências e vivências
do aluno, com o objetivo de permitir a
passagem do conhecimento do senso comum
para o conhecimento sistematizado.
Contudo, o professor deve envolver os
alunos no processo de apreensão das novas
formas de conhecimento e superar os
conceitos já prontos que permeiam a coleção.
As atividades devem ser redirecionadas para
que o conhecimento científico não seja
sugerido nas questões a serem respondidas,
para que resulte de conclusões dos próprios
estudantes.
As relações espaço-temporais são pouco
exploradas, o que dificulta o entendimento das
mudanças e permanências nos diferentes
espaços. As ilustrações que retratam as
transformações da paisagem ao longo do
tempo possibilitam a compreensão e a
construção histórica do espaço; apresentam,
porém, exemplos fictícios, em vez de
explorarem situações concretas.
Nas séries iniciais, as dinâmicas e os
processos constituintes do espaço físico são
trabalhados a partir do próprio corpo do aluno,
sendo depois ampliados para os espaços da
família, da casa, da escola e da rua. A partir
de observações do entorno próximo, busca-se
a compreensão do espaço físico do município
articulado às relações homem-natureza.
Também são destacados os problemas
ambientais e as atividades econômicas.
As dinâmicas socioespaciais estão
articuladas à apropriação e organização do
espaço físico e às relações com a natureza, ao
analisar as relações sociais e as relações de
trabalho, em função das atividades
econômicas, em especial a industrial. Nesse
processo, estão destacados os movimentos de
população, o processo de urbanização e as
questões ambientais.
As relações sociedade-natureza são
exploradas e propiciam a reflexão sobre o
papel dos elementos da natureza no processo
de construção do espaço. As noções de
elementos culturais e naturais são introduzidas
quando se analisa a transformação da
paisagem pela ação humana. Leva-se a criança
a observar diferentes paisagens, com o
objetivo de favorecer a compreensão inicial
do espaço urbano e rural e as maneiras como
o ser humano se apropria e transforma a
natureza.
A construção da cidadania é incentivada
por meio da abordagem de temas sociais,
políticos e ambientais. É ressaltada a
importância do trabalho coletivo, da
participação e da organização da sociedade
para a conquista de seus direitos fundamentais
– educação, saúde e trabalho. As temáticas
relacionadas ao ambiente favorecem o
desenvolvimento de atitudes e de consciência
preservacionistas.
Com o mesmo objetivo, diferentes
experiências humanas são retratadas e
valorizadas, com destaque para os diversos
modos de ser e de viver e para o respeito às
suas singularidades. As atividades sugeridas
aos alunos envolvem discussões e organização
de trabalhos, diálogos e contatos com adultos. GEOGRAFIA
Favorecem o convívio social, o respeito ao
outro e a liberdade de expressão.
São propostas atividades que exploram,
fundamentalmente, a expressão escrita, e
envolvem comparações; registro de
informações coletadas; textos individuais ou
coletivos; descrições; registros de entrevistas
e estudos de campo; cartas e bilhetes;
pesquisas em livros, em jornais, em revistas,
em enciclopédias, na internet e em dicionários;
263
 problematizações, sínteses e conclusões.
As atividades gráficas, trabalhadas em
escala menor, propiciam a elaboração de
desenhos, cartazes, roteiros de viagem e de
histórias em quadrinhos. A expressão
cartográfica, pouco explorada na coleção, é
focalizada na seção Representando, com
situações que envolvem construção de plantas,
maquetes, croquis e gráficos, bem como
análise e interpretação de plantas e mapas.
Apesar de articuladas aos temas estudados,
essas situações em geral são complexas e
pouco adequadas para as séries iniciais. A
expressão oral é favorecida por debates,
discussões e diálogos com os colegas e com o
professor.
As ilustrações estão adequadas e articu-
ladas às finalidades para as quais foram
propostas. São exploradas para leitura e
entendimento dos textos, em especial na
realização das atividades. Muitas fotos, no
entanto, poderiam ser mais bem aproveitadas.
A estrutura editorial é bem-cuidada. Os
quatro volumes apresentam estrutura
hierarquizada das unidades e dos temas. O
sumário é claro e bem definido, o que facilita
a localização dos conteúdos. A coleção
apresenta uma formatação adequada e
condizente com a faixa etária a que se destina,
com boa legibilidade e equilíbrio na
distribuição de textos e ilustrações.
A discussão sobre avaliação é feita de
forma bastante objetiva no manual. Também
são apresentadas sugestões nas orientações
específicas para cada unidade.
O manual do professor, com linguagem
clara, constitui-se num suporte fundamental
para o trabalho docente.
Contém orientações específicas para o
desenvolvimento dos conteúdos, para as
atividades propostas nos livros dos alunos e
para as atividades complementares, bem como
sugestões de leitura. Ao longo do manual,
são retomados os conteúdos das diferentes
séries e sugeridas propostas de trabalho
interdisciplinar, com as áreas de História,
Língua Portuguesa, Ciências, Matemática e
Educação Artística, e atividades relacionadas
aos temas transversais, principalmente de
Ambiente, Cidadania e Saúde.

Em sala de aula
Ao adotar esta coleção, o professor terá oportunidade de trabalhar propostas de
ensino-aprendizagem significativas, que envolvem atividades enriquecedoras e
diversificadas, e possibilitam o desenvolvimento de processos cognitivos do aluno.
Contudo, deverá aprofundar e articular os conteúdos com o espaço concreto do
aluno de maneira efetiva. É importante que sejam superados conceitos já prontos
GEOGRAFIA

e promovido o direcionamento das atividades que possam comprometer a

construção do conhecimento geográfico pelo aluno.
Também sugere-se explorar de forma mais efetiva a iniciação cartográfica, assim
como textos e leituras complementares, fotos e ilustrações, já que na coleção não
se propõe o desenvolvimento de atividades a partir da utilização do material
fornecido, o que pode ser feito pelo próprio docente.

264
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
No livro é trabalhado um conjunto significativo de

informações referentes ao espaço geográfico.

Enfatizam-se os aspectos físicos, humanos e

econômicos do Estado do Amazonas no contexto da

Grande Região Norte e do espaço brasileiro.

Livro Regional
No entanto, os temas são apresentados de forma
Amazonas
Geografia descritiva e estanque e as atividades propostas

Célia Siebert propiciam apenas a memorização de informações com

Valéria Martins Lippi
pouco estímulo à análise e à problematização dos

conteúdos. Isso prejudica a construção de conceitos pelo

aluno e, pela simplificação de algumas questões, pouco

desenvolve uma postura crítica. O manual do provessor

Editora FTD
baseia-se na descrição do conteúdo programático

do livro.

A obra estudado. O livro contém, ainda, sugestões

Com 136 páginas e destinada à 4ª série,
organiza-se em Introdução e sete unidades.
Estas, por sua vez, dividem-se em capítulos
que oferecem atividades de interpretação de
textos, pesquisa, entrevista e elaboração de
cartazes.
Nos capítulos encontram-se ilustrações –
mapas, plantas, fotos e desenhos – que
complementam ou apenas ilustram os
conteúdos. Em alguns deles há a seção
Aprenda sobre..., em que são propostas
leituras complementares sobre o assunto
bibliográficas, mas não apresenta glossário.
O manual do professor contém uma breve
introdução, seguida dos objetivos gerais e da GEOGRAFIA
estrutura da obra, dos conteúdos e objetivos
de cada unidade temática. Fornece, ainda,
textos complementares de auxílio ao
professor, respostas às atividades e
bibliografia.
O livro assim se estrutura: Introdução. O
homem e a natureza; Unidade 1. Orientação;
Unidade 2. As representações do espaço
geográfico; Unidade 3. A organização política
e regional do Brasil e do Amazonas; Unidade

265
 4. O meio ecológico brasileiro e amazonense;
Unidade 5. Sociedade, governo e cidadania;
Unidade 6. Economia; Unidade 7. Transportes
e comunicação.
A análise
A proposta metodológica do livro
privilegia um trabalho estanque dos
conteúdos, que são factuais e já vêm prontos,
o que requer do aluno a simples reprodução
das informações, dados e conceitos. A
articulação entre os conteúdos é igualmente
prejudicada por uma abordagem descritiva e
compartimentada. As atividades sugeridas
possibilitam o desenvolvimento de alguns
processos cognitivos básicos, como
comparação, investigação, problematização,
análise e síntese, mas privilegiam a
memorização de informações.
A compreensão das dinâmicas e processos
constituintes do espaço físico e social é
abordada, respectivamente, nas unidades 4 e
5, de forma mais descritiva do que analítica.
No entanto, em alguns momentos, procura-se
destacar a dinâmica de formação dos
elementos da natureza, além das relações entre
eles. Da mesma forma, observa-se uma
tentativa de levar o aluno a identificar fatores
desencadeadores de diferentes problemas
sociais. Porém, o fato de os conteúdos serem
dados dificulta a compreensão das dinâmicas
dos espaços físicos e humanos e de suas
GEOGRAFIA
relações, resultantes da construção histórica
do espaço geográfico.
Observa-se, ao longo do livro, uma
preocupação com as questões sociais, embora
sua abordagem seja simplificadora e pouco
crítica, privilegiando discussões sobre a forma
de viver em sociedade em detrimento dos
conflitos sociais.
Os conteúdos são desenvolvidos a partir
da realidade mais próxima do aluno,
266
buscando-se a elaboração de conceitos em
níveis mais abstratos e formas mais complexas
de representação. No entanto, uma vez que
as noções e conceitos são apresentados
prontos, a construção de conhecimentos pelos
alunos não se realiza, verificando-se apenas
a reprodução do saber já sistematizado pela
ciência.
Os conteúdos propiciam o
desenvolvimento da linguagem do aluno,
ampliando suas possibilidades de expressão
escrita, gráfica e cartográfica. Também
registra-se a preocupação em se trabalhar a
representação do espaço geográfico, mas a
linguagem cartográfica é pouco explorada e
restrita à unidade 2.
Os valores regionais e o desenvolvimento
econômico do Estado do Amazonas são
ressaltados na obra, ao mesmo tempo em que
são tratados temas gerais da realidade
brasileira. Contudo, é irrelevante a inclusão
do estudo dos símbolos do País e do Estado
do Amazonas, principalmente pela falta de
contextualização, o que dificulta sua
interpretação e análise.
As principais operações mentais
requeridas nas atividades têm caráter
predominantemente mecânico e estão
relacionadas à reprodução dos conteúdos
apresentados, como: localizar, identificar,
apontar, nomear, coletar dados e informações,
comparar, observar, caracterizar. Há pouco
estímulo às operações mais complexas e
construtivas, como analisar, discutir, debater,
opinar, refletir, generalizar, questionar e
sintetizar.
As ilustrações são de boa qualidade e
adequadas às suas finalidades. Integradas aos
conteúdos em estudo, auxiliam na leitura e
na compreensão dos textos.
A estrutura editorial apresenta-se como
auxiliar eficiente do trabalho didático,
propiciando a rápida localização dos
conteúdos. Os textos e as ilustrações estão
distribuídos nas páginas de forma equilibrada
e, em geral, oferecem boa legibilidade. Os
textos mais longos são acompanhados de
recursos de descanso visual.
O manual do professor não oferece
orientação nem sobre o trabalho pedagógico,
nem sobre os pressupostos teórico-
metodológicos da Geografia e do ensino. Por
outro lado, fornece a descrição do conteúdo
programático a ser trabalhado em
cada unidade e seus objetivos gerais,
embora deixe de explicitar os objetivos das
atividades.
Também não há no manual orientação
sobre como encaminhar essas atividades em
sala de aula ou sugestões de exercícios
complementares, limitando-se apenas a
apresentar as respostas às atividades. A
avaliação da aprendizagem não é tratada e não
são oferecidas sugestões de outros recursos
que contribuam para a formação e atualização
do professor.

Em sala de aula
Ao escolher este livro, o professor terá acesso a um conjunto de informações
relevantes e atualizadas sobre o Estado do Amazonas, as quais se encontram
devidamente articuladas ao contexto nacional. Na obra, porém, não se propicia a
análise processual dos fenômenos geográficos. O professor poderá estimular o
desenvolvimento de outros processos cognitivos, mediante a exploração de outras
atividades, além daquelas sugeridas no livro, tais como pesquisas em jornais e
revistas e realização de debates, por exemplo.

GEOGRAFIA

267
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
Destacando informações ricas e detalhadas sobre o

Distrito Federal, a obra propõe uma visão abrangente

das paisagens locais, com grande quantidade de

ilustrações adequadas para o trabalho em sala de aula.

A metodologia adotada, porém, não parte da

Livro Regional
experiência dos alunos, o que lhes dificulta a
Distrito Federal
em Construção compreensão das dinâmicas e processos da cidade

- Geografia como ocorrências de seus espaços de vivência. Os

Caroline Soudant
textos são densos e descritivos, muito além da

capacidade de compreensão do aluno de 3ª série, o que

pode prejudicar o desenvolvimento de sua postura

crítica. O manual do professor apresenta sucintamente

Editora FTD
a proposta metodológica mas não aprofunda discussões

sobre a prática docente.

A obra O manual do professor está organizado em

duas partes. Na primeira, encontra-se o
Com 160 páginas, organiza-se em conteúdo integral do livro do aluno, com
unidades que desenvolvem três conjuntos de orientações para a elaboração de atividades.
GEOGRAFIA

temas. O primeiro compõe-se de um texto em Na segunda, encontram-se os objetivos gerais,

que o aluno é solicitado a observar, comparar,
analisar, além de desenvolver atividades
diversificadas, como entrevistas, pesquisas,
elaboração de cartazes e redações. No
segundo e terceiro conjuntos de temas, há
sugestões de textos e estudos
complementares, além da inclusão de novas
informações aos conteúdos ou solicitação de
outras atividades.
a proposta teórico-metodológica e as
conclusões de cada unidade, um quadro-
síntese do conteúdo e as referências
bibliográficas.
O livro organiza-se da seguinte forma:
Unidade 1. O lugar onde vivemos; Unidade
2. Um novo Distrito Federal; Unidade
3. As paisagens do Distrito Federal
construídas pela natureza; Unidade 4. As

268
paisagens do Distrito Federal construídas pelo
homem.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos
orientadores da obra deixam claro que se
pretende partir da realidade imediata do aluno,
do que lhe é significativo, mesmo que não
esteja espacial ou temporalmente próximo. O
objetivo é promover a ampliação da escala
de espaço e de tempo, permitir o domínio da
linguagem científica, enfatizar a construção
de conceitos, as técnicas de pesquisa e o
processo de alfabetização cartográfica.
Em coerência com esta proposta, trabalha-
se a partir tanto do mais distante para o mais
próximo, espacial e temporalmente, no estudo
das paisagens industriais, quanto do mais
próximo para o mais distante, na abordagem
de relevo, clima, hidrografia e vegetação do
Distrito Federal.
Observa-se a problematização de diversos
aspectos socioespaciais do Distrito Federal,
como o crescimento dos bairros periféricos e
das cidades-satélite e o estado de exclusão da
população mais pobre, além da preservação
do patrimônio natural, representado pela
biodiversidade, e do patrimônio cultural,
representado pelo Plano Piloto de Brasília.
Esses propósitos metodológicos, entretanto,
dificilmente se concretizam, pois são
privilegiados os aspectos descritivos e
informativos do conhecimento geográfico.
Os textos são longos, densos, minuciosos,
principalmente os de conteúdo histórico. Em
conseqüência, o deslocamento para espaços
e tempos distantes, em princípio uma boa
opção metodológica, dificilmente tornam os
conhecimentos significativos para o aluno,
mesmo ao tratarem do Distrito Federal hoje
ou em seus primórdios. Além disso, não há
orientação, no manual do professor, sobre
como trabalhar os textos de cunho histórico,
de forma a aproximá-los da realidade do
aluno.
Estimulam-se na obra os processos
cognitivos básicos, como investigação,
análise e síntese. No entanto, ao se trabalhar
a grande variedade de informações e
ilustrações, priorizam-se atividades que levam
à observação e à memorização, em detrimento
das que podem estimular a interpretação
dessas mesmas informações.
As dinâmicas e os processos dos espaços
físicos e humanos são pouco explorados, pois
dá-se preferência a definições prontas, que
dificultam a elaboração de conceitos. Dessa
forma, o educando apenas toma contato com
os aspectos conceituais, sem internalizá-los,
o que pode levar a simples memorização.
Assim, por exemplo, nas dinâmicas do espaço
físico, apresentam-se apenas definições de
relevo para serem identificadas nas
ilustrações. Relativamente ao espaço humano,
o processo de migração para o Distrito Federal
e a construção das cidades-satélite são
apresentados num texto didático e correto,
porém as informações já estão prontas, o que
dificulta ao aluno elaborar a historicidade do
processo de ocupação espacial.
Merecem destaque a atualização e a
espacialização das informações. A inclusão
dos documentos cartográficos publicados pela
Unesco, em 2000, permite a visualização da
questão ambiental do Distrito Federal. Outros
dados, como a área tombada como patrimônio GEOGRAFIA
mundial, a distribuição de renda por regiões
administrativas e as principais rodovias, são
mostrados corretamente nos mapas, o que
permitirá um bom trabalho geográfico em sala
de aula.
O encaminhamento dado aos problemas
sociais e ambientais da Capital Federal
favorece o posicionamento crítico do aluno
ante a realidade, o que contribui para a
construção da cidadania. A adaptação de
269
 reportagens de jornais coloca o estudante a
par de questões atuais, que o professor poderá
trabalhar, permitindo a elaboração de
hipóteses e a vivência de seu espaço
imediato. Para isso contribuem bastante as
atividades e exercícios, que incluem a
elaboração de pequenas redações, cartazes,
roteiros de entrevistas e debates. Propiciam,
assim, a problematização dos conteúdos
por meio de discussões promovidas em sala
de aula.
As ilustrações e representações carto-
gráficas destacam aspectos importantes para
a compreensão da realidade física e humana
do Distrito Federal, apesar de serem muito
complexas e exigirem a habilidade de
correlações de variáveis, mais adequadas,
talvez, para séries mais adiantadas.
Igualmente complexo é o processo de
alfabetização cartográfica proposto. O texto
é denso, com definições que se sucedem e
deixam pouca margem para atividades de
compreensão, que deveriam levar o aluno a
elaborar uma representação cartográfica,
como se solicita ao final da unidade.
A estrutura editorial mostra-se de boa
qualidade e adequada a um bom trabalho
didático, e o sumário permite a fácil
localização dos conteúdos.
O manual do professor contém breves
explicações sobre a proposta metodológica
adotada e limita-se a apresentar um quadro-
síntese do conteúdo de cada unidade e
capítulo, seguido dos objetivos das atividades.
A bibliografia apresentada não é diversificada,
mas são apresentados sites da internet e
endereços de bibliotecas públicas locais para
pesquisa. O manual não apresenta proposta
para a discussão da avaliação da
aprendizagem.

Em sala de aula
Para que o processo de ensino-aprendizagem se concretize plenamente com
esta obra, é necessário que o professor dinamize os conteúdos informativos e
descritivos com as atividades em grupo e as discussões em classe propostas no
livro.
Registram-se algumas imprecisões ao longo do texto que devem ser corrigidas.
Por exemplo, o professor deve estar atento para informar aos alunos, quando
abordar o espaço físico, que o clima tropical do Distrito Federal apresenta verões
úmidos e invernos secos, ao contrário do que se encontra no livro.
O professor deverá, também, assinalar com mais detalhes a diferenciação entre
os conceitos de tempo e de clima, que é realizada de maneira muito simplificada.
GEOGRAFIA

270
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
Na coleção propõe-se a recuperação da identidade

paulistana, ao mesmo tempo enfraquecida e enriquecida

pelas mudanças trazidas pela globalização. Procura-se

levar o aluno a descobrir e compreender a realidade

local e os diversos tipos de interação com outras

Livro Regional realidades regionais, nacionais e globais.

Gente de São O manual do professor é um bom auxiliar ao trabalho
Paulo, São
docente. Com linguagem clara, oferece os objetivos, as
Paulo da Gente
- Geografia orientações para o desenvolvimento dos conteúdos e

Eliana T. de A. F. Caboclo das atividades e sua articulação com outras disciplinas.

Irene de Barcelos Alves
Antônio Carlos Pinheiro No entanto, para desenvolver a proposta do livro e
Sílvia Regina Mascarin
auxiliar o aluno a resgatar seu cotidiano na metrópole,

o professor deve superar tanto a falta de inovação na

Editora Brasil
apresentação dos conteúdos, como lacunas e

imprecisões.

A obra aprofunda o conhecimento histórico. Não há

O livro, com 190 páginas, destina-se à 3ª
série do Ensino Fundamental, e é formado por
diversas seções identificadas por ícones, que
aprofundam os conteúdos ou propõem
trabalhos e atividades. Destacam-se Ao
trabalho, que sugere atividades de pesquisa,
confecção de cartazes, entrevistas e
dramatização; Toma lá, dá cá, na qual os
alunos trocam os cadernos para verificar como
os colegas desenvolveram as atividades;
Memória da cidade, que resgata a história
local; e Descobrindo a História, que
glossário, mas as notas de rodapé esclarecem
os termos de difícil compreensão.
Com 48 páginas, o manual do professor GEOGRAFIA
contém os tópicos: apresentação, fundamen-
tação teórico-metodológica, estruturação dos
capítulos, objetivos e orientações para cada
capítulo, textos complementares, orientações
sobre avaliação, sugestões de leitura para o
professor com comentários, referências
bibliográficas e glossário. O manual oferece,
ainda, as respostas para as atividades propos-
tas no livro do aluno. Os capítulos trabalham
os seguintes conteúdos:

271
 Introdução. Ser paulistano é...; Capítulo 1.
Um município chamado São Paulo; Capítulo
2. Diferentes modos de vida; Capítulo 3.
Trabalho nosso de cada dia; Capítulo 4. A
cidade avança... A paisagem se transforma;
Capítulo 7. Cidade de um? De alguns? Ou de
todos?; Capítulo 8. São Paulo cresce, junta e
aumenta.
A análise
Em coerência com os pressupostos teórico-
metodológicos, esta obra objetiva levar o
aluno a descobrir e compreender a realidade
de São Paulo e as interações dessa realidade
com outras realidades regionais, nacionais e
globais. Para tanto, no desenvolvimento dos
conteúdos, incentiva o estudo da realidade
local. Informações e atividades subsidiam a
construção progressiva de conhecimentos
básicos sobre o município, sua história, sua
economia, sua função de metrópole e sua
condição de megalópole. Percebe-se a
preocupação em trabalhar temas transversais
como Ética, Saúde, Ambiente e Pluralidade
Cultural.
Os conhecimentos prévios dos alunos são
igualmente valorizados. A criatividade e o
senso crítico da criança são incentivados ao
colocá-la em contato com outras realidades e
com a história espacial da cidade de São
Paulo.
Os conteúdos e atividades propiciam o
GEOGRAFIA
desenvolvimento de vários processos
cognitivos básicos e estão articulados
com base no princípio da complexidade
crescente. Trabalham-se noções e conceitos
geográficos básicos, como espaço,
lugar, paisagem, em conjunto com os
conhecimentos que o aluno possui, permitindo
à criança sistematizá-los, compará-los e
reformulá-los.
O trabalho com as dinâmicas e os
272
processos socioespaciais leva a criança a
observar as marcas do passado na paisagem
atual como testemunhos de outras épocas, mas
com funções diferentes. Compara-se o
transporte coletivo em distintos momentos
históricos; os avanços científicos e
tecnológicos e suas influências no dia-a-dia
da população; a expansão da cidade e as
transformações nas paisagens.
Dessa maneira, as relações espaço-
temporais são contempladas e adequadamente
trabalhadas, de maneira a permitir ao aluno a
compreensão da construção histórica do
espaço geográfico do município de São Paulo.
As relações sociedade-natureza são
estudadas de forma integrada, o que contribui
para que o aluno construa conhecimentos que
lhe permitam compreender as influências da
natureza nas ações humanas e as
conseqüências destas no ambiente.
Já o estudo do meio físico é realizado de
forma muito simplificada e associado às ações
humanas. Relevo, hidrografia, áreas verdes e
clima da cidade são enfocados a partir da
observação das paisagens transformadas pelo
homem.
A localização dos fenômenos geográficos
é efetuada por meio de representações
cartográficas, como a da divisão do município
em distritos e a das linhas de metrô e trem. O
professor, porém, deverá destacar com mais
ênfase a localização da cidade de São Paulo
no Estado e no Brasil, para permitir melhor
compreensão da influência da metrópole no
País, especialmente nas redes de circulação e
de produção de mercadorias.
As atividades contribuem para que os
objetivos propostos nas unidades temáticas
sejam alcançados. Solicita-se ao aluno o
estabelecimento de comparações e relações,
a elaboração de textos, a leitura de mapas, a
observação e a interpretação de ilustrações e
a integração com outras disciplinas. As
atividades propiciam a problematização dos
conteúdos, o desenvolvimento de habilidades
variadas e o trabalho em grupo.
O convívio social, o respeito e a
valorização da diversidade étnico-cultural da
megalópole são incentivados, assim como a
mudança de hábitos e de atitudes para
construir uma cidade melhor, com
participação social, exercício da cidadania e
criação de uma nova cultura ambiental.
As ilustrações são importante fonte de
informação para os alunos, além de
estimularem o estudo e a compreensão dos
conteúdos e a realização de análises.
As representações cartográficas são
utilizadas como apoio aos conteúdos e às
atividades. No entanto, a ausência de títulos,
fontes e datas, e a existência de mapas
incompletos, com cores ilegíveis e legendas
inadequadas, limitam o alcance pedagógico
dessas representações.
A avaliação também é destacada como um
instrumento que possibilita ao professor
conhecer o grau de compreensão dos alunos
sobre os conteúdos abordados. O manual
sugere uma avaliação integral do processo
ensino-aprendizagem, com respeito às
singularidades de cada aluno.
O manual do professor oferece, em
linguagem clara, os objetivos, as orientações
para o desenvolvimento dos conteúdos e das
atividades e sua articulação com outras
disciplinas. Contém, ainda, textos
complementares, sugestões de leitura com
comentários, referências bibliográficas e
glossário, além das respostas às atividades
propostas no livro do aluno.

Em sala de aula
O livro permite um trabalho eficiente em sala de aula, na medida em que incentiva
a produção de conhecimentos sobre a construção histórica do espaço geográfico
e sobre as transformações nas paisagens do município de São Paulo.
Entretanto, o professor deverá estar atento para superar as lacunas assinaladas
em relação às ilustrações, representações cartográficas e definições de conceitos.
A obra oferece diversas possibilidades de trabalho, mas para melhor desenvolvê-
las o docente deverá superar as deficiências apontadas e aprofundar a alfabetização
cartográfica. Para tanto ele e seus alunos deverão consultar fontes diversas (jornais,
revistas, guias, sites), buscando informações sobre a cidade de São Paulo e a sua
região Metropolitana. No que diz respeito as deficiências em relação à alfabetização
cartográfica, o professor poderá superá-las por meio da criação das condições
para que os alunos trabalhem com atlas. GEOGRAFIA

273
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
As diferentes paisagens do espaço geográfico de

Pernambuco são trabalhadas de forma descritiva,

destacando-se as relações que os homens estabelecem

com a natureza ao longo do tempo.

No entanto, a metodologia de ensino-aprendizagem

Livro Regional
adotada é pouco inovadora. Os conteúdos são
Geografia de
Pernambuco - abordados de maneira descritiva e superficial,

Edição requerendo aprofundamento e atualização de alguns

Renovada
conceitos e noções pelo professor.
Célia Siebert
A estrutura editorial do livro é bem-cuidada e o manual

do professor inclui orientações gerais sobre os capítulos

da obra. O manual apresenta ainda os pressupostos

Editora FTD
teórico-metodológicos que devem nortear o trabalho

docente.

A obra As direções que nos orientam; 3. A

representação do espaço geográfico
Com 158 páginas, destina-se à 4ª série do pernambucano; 4. A localização do espaço
Ensino Fundamental. Está estruturada em 22 geográfico pernambucano; 5. A localização
GEOGRAFIA

capítulos e o desenvolvimento dos conteúdos do espaço geográfico brasileiro; 6. A

segue a seguinte sistemática: é apresentado
um texto informativo, complementado com
textos poéticos e descritivos, imagens e
quadros. Em seguida, são desenvolvidos
exercícios de compreensão textual e de
resolução de problemas. No fim do livro, há
bibliografia diversificada. Os capítulos são os
seguintes:
1. O espaço geográfico pernambucano; 2.
superfície terrestre: o maior dos espaços
geográficos; 7. Pernambuco, o nosso estado;
8. Os municípios de Pernambuco; 9. O homem
e a natureza; 10. O relevo em Pernambuco;
11. O litoral pernambucano; 12. Os rios em
Pernambuco; 13. O clima em Pernambuco;
14. A vegetação em Pernambuco; 15. Regiões
naturais de Pernambuco; 16. Nascido
em Pernambuco, pernambucano é; 17.

274
A cultura pernambucana; 18. O trabalho
da população pernambucana; 19. As mesor-
regiões geográficas pernambucanas;
20. Turismo; 21. Transportes em Pernambuco;
22. Comunicações em Pernambuco;
Bibliografia.
O manual do professor é constituído pela
reprodução do livro do aluno e por uma parte
específica, com 16 páginas, que contém
apresentação, orientações gerais sobre os
capítulos da obra, respostas aos exercícios
propostos e bibliografia.
A análise
Os pressupostos teóricos-metodológicos,
explicitados no manual do professor, propõem
a caracterização da paisagem regional a partir
dos diversos conteúdos apresentados, que
devem ser articulados com a observação do
espaço vivido pelos alunos. A obra, no
entanto, apresenta algumas imprecisões e
lacunas que dificultam a compreensão e
exigem especial atenção dos professores.
A opção por uma abordagem descritiva das
atividades econômicas em suas relações com
o meio natural dificulta o entendimento dos
processos físicos e humanos que presidem tais
relações. Isso exige atenção docente para o
tratamento de diversos conteúdos, em especial
daqueles relativos aos tipos humanos e à
realização de determinadas atividades.
Além disso, registram-se algumas lacunas
e imprecisões no tratamento de dados e
informações, como: a ausência de menção às
cidades médias, o dado equivocado sobre a
temperatura mínima já registrada no Estado
de Pernambuco, ou a falta de informação de
que Recife é o município que abriga a maior
extensão do rio Beberibe.
Os processos cognitivos básicos são
incentivados no livro, principalmente por
meio das atividades e dos exercícios, que
propiciam a análise, a comparação e a síntese.
Os conceitos e informações básicos
possibilitarão ao professor realizar um
trabalho que favoreça a passagem do
conhecimento do senso comum trazido pelo
aluno para o conhecimento sistematizado. No
entanto, o docente deve estar atento ao
emprego de expressões incomuns à realidade
regional, como a utilização de “corumbas”
para designar os bóias-frias.
Os conteúdos são desenvolvidos com base
no princípio da complexidade crescente, e há
a preocupação em incentivar-se o uso de
distintas linguagens, em especial a escrita e a
cartográfica.
As relações espaço-temporais são
adequadamente trabalhadas. Possibilitam que
os alunos compreendam a construção
histórica do espaço geográfico, por meio da
apresentação das mudanças nele ocorridas ao
longo do tempo.
As relações sociedade-natureza, bastante
exploradas e corretamente articuladas no
livro, permitem a abordagem tanto dos
processos constituintes do espaço físico
quanto dos processos socioespaciais.
No livro são trabalhadas diferentes escalas
geográficas, permitindo-se aos alunos
distingui-las. Caberá ao professor aprofundar
a diferenciação entre elas.
As ilustrações e as representações
cartográficas são utilizadas de maneira
adequada às finalidades para as quais foram
elaboradas e são claras e precisas, levando o GEOGRAFIA
aluno a problematizar os conteúdos. Porém,
há problemas de omissão ou localização
incorreta de alguns lugares, como é o caso do
distrito de Fernando de Noronha. Todos os
mapas utilizados na obra contêm escalas, mas
seu emprego com números não arredondados
dificulta a realização de alguns exercícios e
exige que o professor atue para superar tais
dificuldades.
As informações sobre os migrantes e sua
275
 influência cultural no estado são igualmente
superficiais. Será preciso esclarecer, por
exemplo, que os espanhóis não foram
colonizadores em Pernambuco, assim como
explicar as diferenças existentes entre
colonizador e invasor, ao tratar dos
holandeses.
A estrutura editorial do livro é bem-
cuidada. Os títulos e subtítulos são
apresentados de acordo com uma estrutura
hierarquizada e o sumário possibilita a rápida
localização dos conteúdos.
O manual do professor é constituído pela
reprodução do livro do aluno, acrescido de
orientações gerais sobre os capítulos da obra
e respostas aos exercícios propostos.
Apresenta, de forma sucinta e breve, os
pressupostos teórico-metodológicos que
devem nortear o trabalho do professor e
oferece uma lista bibliográfica suplementar
de obras didático-pedagógicas, estudo e
ensino de Geografia e estudos regionais.

Em sala de aula
A escolha do livro propiciará o acesso do docente a conteúdos específicos sobre
o espaço geográfico do Estado de Pernambuco. No entanto, esses conteúdos são
apresentados de forma descritiva e acrítica, o que dificulta a implementação de
uma abordagem processual e crítica.
Não são oferecidas orientações sobre a avaliação da aprendizagem adequada
ao conteúdo do livro e ao nível cognitivo dos alunos.
Alguns conteúdos que não são trabalhados no texto principal são requeridos
para a resolução de exercícios sugeridos ao aluno. Assim, o livro não oferece os
subsídos para que o aluno resolva todos os problemas sugeridos, cabendo ao
professor indicar outras fontes de informação e de pesquisa para que os alunos
consigam resolver plenamente os exercícios.
GEOGRAFIA

276
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
O livro trata do município de Porto Alegre (RS) e

privilegia o estudo do espaço geográfico e as

transformações na paisagem, baseado em textos e

atividades, como sugestões de pesquisa aplicada,

trabalhos de campo e imagens significativas para a

construção do saber geográfico. O encaminhamento

Livro Regional
Geografia de dado à obra integra os aspectos sociais, econômicos e

Porto Alegre físicos da capital gaúcha e também valoriza e estimula

Elva Verlang Kramer a preservação do ambiente.

Destacam-se o tratamento dos conhecimentos prévios

dos alunos e a sugestão para a elaboração de um livro

sobre Porto Alegre, a partir dos conteúdos e atividades

desenvolvidos.

Observam-se, no entanto, inadequações no tratamento

Editora FTD
de alguns conteúdos e, no manual professor, a

bibliografia indicada é bastante reduzida.

A obra desenvolvimento das atividades e bibliografia.

Com 134 páginas e destinada à 3ª série do
Ensino Fundamental, é estruturada em sete
capítulos. Os conteúdos são apresentados por
meio de imagens e de questões direciona-
doras. Os textos são curtos, dando-se
prioridade às atividades, nas quais também
se definem conceitos e se inserem textos
explicativos. As leituras complementares são
baseadas em trechos de jornais e poesias.
Do manual do professor, com 16 páginas,
constam introdução, conteúdos, estrutura do
livro, avaliação, orientação para o
Os capítulos assim se estruturam: 1. A
paisagem de Porto Alegre; 2. A paisagem
urbana e a paisagem rural; 3. O trabalho; 4. GEOGRAFIA
Os meios de transporte e comunicação; 5. As
diferentes formas da paisagem; 6. O clima e
a hidrografia de Porto Alegre; 7. As pessoas e
a administração de Porto Alegre.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos
estão intimamente ligados ao diagnóstico dos

277
 conhecimentos prévios e da aprendizagem
significativa. A coerência metodológica
explicita-se no recorte territorial centrado em
Porto Alegre, com o propósito de que o aluno
conheça o município onde vive, por meio da
construção de noções e conceitos básicos,
especialmente os de paisagem e lugar. Para
tal, recorre-se a diferentes conteúdos e
atividades que encaminham a produção do
saber de forma ativa. Assim, espera-se que a
criança, ao explorar as atividades, textos,
ilustrações e representações cartográficas,
venha a compreender a construção histórica
do espaço geográfico e a adquirir noções
básicas e integradas sobre processos do meio
físico e da sociedade. No entanto, verificam-
se algumas inadequações no tratamento de
conteúdos, o que demanda uma atenção maior
do professor.
As relações espaço-temporais se dão a
partir da compreensão da construção histórica
dos lugares, sendo explicitadas, por exemplo,
ao se tratar da história dos limites gaúchos e
ao se solicitar que os alunos elaborem texto
sobre a história de seu bairro e apreciem
imagens e textos de diferentes épocas para
constatar as transformações e permanências
na paisagem de Porto Alegre. O entendimento
da dinâmica e dos processos socioespaciais
se dá a partir de movimentos populacionais,
na identificação da procedência e da razão
pela qual as pessoas moram em Porto Alegre,
bem como na discussão de problemas da zona
rural que provocam a saída de habitantes do
GEOGRAFIA
campo em direção às cidades.
As relações sociedade-natureza são
abordadas por meio do estudo do trabalho
humano, destacando-se a dependência da
sociedade em relação aos recursos naturais, e
pela análise das transformações na paisagem
de Porto Alegre e de suas conseqüências para
o meio físico e para a população. São identifi-
cados problemas de degradação ambiental
decorrentes da apropriação indevida da
278
natureza, especialmente em relação à poluição
das águas dos arroios e do lago Guaíba.
Os aspectos físicos são explorados a partir
de uma visão que permite identificar as inter-
relações estabelecidas entre o relevo, a
vegetação, a hidrografia e o clima de Porto
Alegre. O estudo do relevo, por exemplo, é
desenvolvido pela observação da paisagem da
cidade, considerando os morros, rios, lago
Guaíba e várzea. Embora se considere apenas
a paisagem atual, excetuando-se o relato de
construção de aterros no lago Guaíba para a
expansão urbana, esse tratamento é coerente
com o estágio cognitivo dos alunos.
As atividades estimulam o desenvol-
vimento de processos cognitivos básicos e
constituem a espinha dorsal do livro. Os
alunos são solicitados a observar, a descrever
e a analisar a realidade e a expressar seus
conhecimentos por meio de desenhos, da
escrita, de representações cartográficas e
atividades orais. Dá-se importância à
realização de entrevistas com a comunidade
local para obtenção de informações e de dados
que subsidiem a elaboração de textos
individuais e coletivos. Induz-se a realização
de discussões em grupo, exposições,
pesquisas e respostas coletivas aos exercícios,
o que favorece a socialização e contribui para
que os alunos compartilhem significados. As
atividades promovem a reflexão sobre a
importância das regras de conduta para o
convívio social, problematizando a criação, a
legitimidade e a alteração das normas
estabelecidas.
O encaminhamento pedagógico enfatiza a
atuação e a participação dos alunos, em
especial no que diz respeito às atitudes de
preservação e conservação do ambiente.
As questões voltadas para a construção e
para o exercício da cidadania são articuladas
com propriedade, desenvolvidas a partir de
problemas de relevância social e de
investigações remetidas intencionalmente
para ações que contribuam para a resolução
dos problemas identificados.
As representações cartográficas auxiliam
na compreensão dos textos pelos alunos
quanto aos quesitos de representação e
localização dos fenômenos geográficos.
Apesar de o livro voltar-se para o município
de Porto Alegre, são estudadas outras escalas
geográficas. Verifica-se a articulação de
diferentes escalas internas ao município –
bairros, centro, o urbano e o rural. Os gráficos,
tabelas e quadros estão integrados aos textos
e contribuem para maior detalhamento das
informações tratadas nos textos principais.
As ilustrações, que permeiam todo o livro,
estão adequadas à proposta pedagógica e
auxiliam na leitura e compreensão dos textos.
Algumas fotos propiciam a problematização
da realidade, como as que retratam o lixo
urbano e a poluição das águas na capital
gaúcha, assim como a que mostra a barreira
formada por edifícios que dificulta a
propagação dos ventos. Destacam-se as
ilustrações que demonstram transformações
na paisagem em tempos históricos diferentes
e as utilizadas na representação do meio
físico. Algumas ilustrações estão escuras, não
apresentando a nitidez necessária.
A estrutura editorial é de boa qualidade,
com os títulos e subtítulos apresentados de
maneira hierarquizada. Ressalta-se que, no
sumário, não há indicação da página inicial
dos capítulos.
No manual do professor são apresentados
os pressupostos teórico-metodológicos, os
conteúdos, a estrutura do livro, formas de
avaliação, orientação para o desenvolvimento
das atividades e bibliografia. São sugeridas
novas atividades para os alunos, envolvendo
observação, passeios, pesquisa, dramatização,
telejornal etc. São mencionadas
possibilidades de integração com outras
disciplinas – História, Língua Portuguesa,
Matemática, Ciências, Ensino Religioso e
Arte. A avaliação é considerada como um
processo contínuo e relevante para os alunos
e o professor. A bibliografia indicada, no
entanto, restringe-se a cinco obras, pouco
contribuindo para a formação continuada do
professor.

Em sala de aula
O livro possui potencial para contribuir com o trabalho pedagógico do professor e
com a aprendizagem significativa do aluno. O docente, porém, deve estar atento
para garantir a viabilidade do desenvolvimento de várias atividades propostas,
como os trabalhos de campo, pois eles devem ser adequadamente planejados e
requerem algumas condições operacionais para que sejam realizados sem
transtornos e de maneira significativa aos alunos. GEOGRAFIA
O livro propicia a ampliação do conhecimento dos alunos sobre o município de
Porto Alegre. No entanto, para que o conteúdo seja trabalhado de maneira mais
aprofundada, faz-se necessária a ampliação dos conhecimentos do professor sobre
o município, por meio da realização de pesquisas noutras fontes, já que no manual
não constam informações adicionais, além daquelas existentes no livro do aluno.

279
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
A obra propicia a construção de conhecimentos nas

escalas local, municipal e estadual, além de possibilitar

o entendimento da construção histórica do espaço

geográfico e das relações sociedade-natureza no Estado

de São Paulo.
Livro Regional
Os conteúdos, entretanto, são abordados de forma
Geografia do
Estado de São complexa e com alto grau de dificuldade e exigem

Paulo conhecimentos prévios que dificilmente as crianças já

Fernando Carraro
adquiriram. Além disso, os textos têm caráter

predominantemente informativo e são excessivamente

detalhados. Outra atenção especial que o professor

deverá ter é com relação à integração entre textos e

Editora FTD
imagens, para que a articulação dos conteúdos possa

ser bem assimilada pelos alunos.

A obra os temas em estudo; Sugestão de leitura para

aprofundamento do tema e sites, que oferecem
Destinada à 3ª série do Ensino oportunidades de dinamizar o ensino. Ao
Fundamental, contém 192 páginas e organiza- final, indica-se a bibliografia utilizada.
GEOGRAFIA

se em quatro unidades. Cada uma delas inicia-
se com a apresentação sintética dos tópicos a
serem estudados no quadro O que vamos
estudar, seguido das seguintes seções: Um
pouco mais sobre o assunto, em que se
encontram leituras complementares; Mão na
massa, para trabalhos individuais ou em grupo
que envolvam habilidade manual;
Brincadeiras ou Cantando juntos, com jogos
de palavras, ditos populares e músicas sobre
O manual do professor, com 88 páginas, é
composto de uma apresentação e dos itens:
Importância da Geografia; Estrutura do
livro; Importância dos mapas; Conteúdos e
objetivos; Metodologia; Lembretes
pedagógicos; Técnicas para tornar as aulas
mais dinâmicas; Sugestões de atividades;
Suplemento e respostas das atividades, que
constam do livro do aluno. Estes itens
desdobram-se em vários subitens. O manual

280
apresenta, ainda, atividades extras referentes
aos conteúdos dos capítulos de cada unidade.
As unidades assim se distribuem: 1. O
território paulista; 2. A natureza paulista e a
ação humana; 3. A sociedade paulista; 4. Os
caminhos da economia paulista em busca da
modernidade.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos
são estabelecidos valorizando-se a
transversalidade com as demais disciplinas.
Propõe-se a construção de conhecimentos, o
desenvolvimento de habilidades cognitivas e
de princípios éticos a partir do cotidiano do
aluno, bem como o destaque à linguagem
cartográfica.
Enfatiza-se a importância da ciência
geográfica para – com a intermediação do
educador – fornecer conhecimentos
abrangentes que levem os estudantes a
compreender a realidade com o objetivo de
transformá-la por meio de intervenções
conscientes.
As atividades e os textos estimulam a
observação e a interpretação do local onde as
crianças vivem, e também favorecem o
desenvolvimento dos processos cognitivos,
como criatividade, criticidade, análise,
síntese, essenciais para a construção do saber
geográfico. Os conteúdos, por sua vez, são
problematizados e levam à aquisição de novos
conhecimentos e ao desenvolvimento de
habilidades, como a interpretação de
representações cartográficas e a articulação
de diferentes escalas espaciais nos níveis
municipal e estadual. As atividades
complementam o texto principal e propiciam
ao aluno oportunidades de pesquisa,
interpretação de textos e de mapas, com
proposta de realização individual ou coletiva.
No entanto, deve-se estar atento ao grau de
complexidade que algumas delas apresentam
ou à ausência de orientação específica para o
seu desenvolvimento.
As relações espaço-temporais são
consideradas a partir do estudo do papel
histórico dos lugares. As dinâmicas e os
processos socioespaciais são explorados a
partir de questões econômicas e políticas
específicas do lugar, como trânsito, violência,
legislação ambiental, mudanças de residência.
Para o estudo do espaço físico, são
apresentadas noções básicas de relevo,
vegetação, clima, recursos hídricos e bacias
hidrográficas do Estado de São Paulo.
Saliente-se, porém, que no estudo do relevo
não se aborda nem a complexidade de sua
formação, nem as transformações a que é
submetido ao longo do tempo. O predomínio
de textos informativos e descritivos torna o
processo de ensino-aprendizagem um pouco
enfadonho.
A articulação entre sociedade e natureza é
evidenciada por meio da identificação de
situações de apropriação e de transformação
do meio natural pela ação humana e de
atitudes formativas de preservação do
ambiente.
O encaminhamento da obra enfatiza e
favorece a construção da cidadania, pautada
na ética, no respeito às diversidades culturais
e na preservação do ambiente. Nesse sentido,
também merece destaque a constante proposta
de trabalho em grupo, que fortalece as noções
de convívio social, tolerância, liberdade e GEOGRAFIA
valorização da democracia.
Embora existam bons exemplos de como
integrar os conteúdos com as ilustrações, por
vezes é necessário que o docente promova a
articulação entre imagem e texto para melhor
exemplificar conteúdos. As representações
cartográficas desempenham papel central na
estruturação da obra, na medida em que
elucidam tópicos estudados e problematizam
conteúdos. Apesar disso, algumas legendas
281
 apresentam imprecisões ou não estão
completas. Os gráficos, tabelas e quadros
são bem-feitos, complementam os temas
abordados e contribuem para a problema-
tização dos conteúdos.
A estrutura editorial é adequada: os títulos
e subtítulos estão hierarquizados, o sumário
possibilita uma rápida localização dos
conteúdos e os textos e as ilustrações estão
distribuídos nas páginas de forma equilibrada.
Ícones marcadores das atividades, presentes
nas laterais das páginas, destacam leituras
complementares, pesquisas na internet e
indicação de CD-ROMs, além de indicarem
a integração com outras disciplinas.
O manual do professor contém orientações
metodológicas para o ensino de Geografia.
Nele também se enfatiza a importância da
ciência geográfica e do papel do docente para
a formação do aluno como agente de
transformação da realidade. Propõem-se
avaliações diagnósticas por meio do registro
sistemático e da comparação entre os conhe-
cimentos prévios e os adquiridos pelos alunos.

Em sala de aula
O livro se constitui em bom referencial para o estudo do Estado de São Paulo e
possibilita a implementação de estratégias de ensino variadas, que dinamizam a
atividade em sala de aula. No entanto, o professor deverá exercer papel de destaque
no processo de ensino-aprendizagem, como mediador do conhecimento científico,
não só porque a metodologia do livro assim o solicita, mas também devido à
complexidade dos textos e das atividades.
Também caberá ao docente filtrar o excesso de informações encontrado nos
textos, simplificar a linguagem para que o conhecimento adquira significado, além
de evitar generalidades na apresentação dos temas e no desenvolvimento das
atividades.
GEOGRAFIA

282
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
No livro, apresenta-se uma diversidade de informações
sobre o Estado do Rio Grande do Sul e há orientação
para o desenvolvimento de atividades que viabilizam o
processo de ensino-aprendizagem em base
construtivista, centrada no aluno. Este deve ser e sujeito
ativo na construção de um saber geográfico que aborda
o processo de formação das sociedades humanas
através do tempo e a dinâmica da natureza.
Os temas são abordados com detalhes, permitindo ao
Livro Regional professor trabalhar as informações de fenômenos
Geografia do físicos, sem se descuidar dos aspectos socioespaciais
Rio Grande e culturais, bem como dos movimentos e processos a
eles articulados. A obra favorece, também, a
do Sul interdisciplinaridade e o desenvolvimento de temas
Regina Portella Schneider transversais.
Os aspectos negativos são as lacunas, as imprecisões
em representações cartográficas que estão distribuídas
por todo o livro e o excesso de informações visuais que
dificultam a seleção do conteúdo para sua
problematização. Além disso, no manual do professor,
os conceitos e conteúdos são apresentados
Editora FTD
superficialmente e, nas atividades propostas não se
demonstra, claramente, o nível de compreensão exigido
do aluno.

A obra com 32 páginas, que contém as orientações

Com 160 páginas e destinada à 3ª série,
estrutura-se em unidades temáticas, as quais
se iniciam com textos narrativos ou
informativos, acrescidos de imagens, mapas,
gráficos e quadros, além de exercícios de
compreensão textual e de resolução de
problemas. Um glossário apresenta-se ao
longo das unidades.
O manual do professor oferece o conteúdo
do livro do aluno, com exercícios resolvidos,
sugestões de trabalho por unidade e
bibliografia. Completa-se com um caderno
didático-pedagógicas para o ensino da
Geografia e os temas dos capítulos do livro
do aluno com as respostas às atividades. Além GEOGRAFIA
disso, há uma relação de atividades iniciais
que deverá servir de incentivo para os alunos,
como sessões de slides, apresentações de
filmes, visitas a museus e aulas de campo. A
essas atividades seguem-se outras,
denominadas de planejamento cooperativo,
por meio das quais professor e alunos
discutem oralmente e, depois, definem, por
escrito, os conteúdos conceituais a serem
trabalhados.

283
 O conteúdo encontra-se distribuído em
cinco unidades: 1. Apresentando o Rio Grande
do Sul; 2. A paisagem natural; 3. A população
rio-grandense; 4. A produção de riqueza; 5. A
organização do estado.
A análise
O processo de aprendizagem é entendido
como construtivista, centrado no aluno,
sujeito ativo e participativo, que constrói a
própria aprendizagem. Por essa opção
metodológica, privilegia-se a construção de
um saber geográfico que aborda o processo
de formação das sociedades humanas ao longo
do tempo, com ênfase no processo de
formação socioespacial do Rio Grande do Sul.
A participação do aluno é estimulada por
meio de diferentes processos cognitivos
envolvendo atividades que exigem o
desenvolvimento da capacidade de
observação, análise, investigação, síntese,
crítica, problematização, interpretação e
criatividade.
As relações espaço-temporais são bem
apresentadas, facilitando o processo de
compreensão da construção histórica do Rio
Grande do Sul, com ênfase nas peculiaridades
regionais. Essas relações são trabalhadas de
maneira acessível e lúdica, com recursos
iconográficos e textuais, acompanhados de
atividades de pesquisa e análise dos conteúdos
tratados.
GEOGRAFIA
Percebe-se que os processos constituintes
do espaço físico são desenvolvidos em
diferentes níveis de complexidade,
respeitando o estágio cognitivo dos alunos.
Há ênfase nos aspectos relacionados a relevo,
vegetação, hidrografia, clima e solo, que
propiciam uma abordagem global e integrada
da relação sociedade-natureza.
Os conceitos e informações básicos são
apresentados com clareza, possibilitando ao
284
professor o desenvolvimento de um trabalho
que favoreça a passagem do nível do senso
comum para o do conhecimento geográfico.
A maneira como os conteúdos são
trabalhados permite que o docente promova
discussões e debates em sala de aula com os
alunos, contextualizando os fatos e os
fenômenos geográficos de forma significativa,
valorizando a experiência prévia dos alunos.
No entanto, o professor deve estar atento ao
equilíbrio e ao nível de detalhamento com que
irá trabalhar os conteúdos. Do contrário,
poderá ter dificuldades para explorar todos
com igual empenho, no tempo destinado à
utilização do livro.
Os conteúdos são desenvolvidos com base
no princípio da complexidade crescente,
sendo estimulado o trabalho com as distintas
linguagens do aluno: escrita, gráfica,
cartográfica e principalmente oral. Estimula-
se, também, o desenvolvimento de
determinadas habilidades, como a elaboração
de cartazes e a realização de pesquisas.
As atividades e os exercícios propostos são
adequados aos objetivos a serem atingidos nas
unidades temáticas e promovem a articulação
entre os diferentes conteúdos. Por meio das
atividades, possibilita-se que os alunos
participem ativamente da construção de seu
conhecimento geográfico. Alguns exercícios
sugeridos incentivam a produção de diferentes
formas de textos, principalmente os escritos,
a partir de pesquisas e de interpretação de
textos do próprio livro, e de outros elaborados
por autores consagrados do Rio Grande do
Sul. Estimula-se também a capacidade de
produção de textos ilustrativos.
São incentivados hábitos, atitudes e
comportamentos voltados para a construção
da cidadania. No desenvolvimento dos
conteúdos, valorizam-se o convívio social, o
respeito ao outro, a tolerância e a liberdade.
Embora sejam enfatizados os aspectos
geográficos do Rio Grande do Sul, valorizam-
se a diversidade das experiências humanas e
a heterogeneidade, sem privilegiar
determinada camada social ou uma região do
País ou do mundo.
No que se refere às escalas geográficas,
permite-se ao aluno distinguir, embora de
forma incipiente, diferentes escalas, cabendo
ao professor aprofundar a distinção entre elas.
As representações cartográficas, as ilustrações
e os dados apresentados respeitam as
convenções básicas, sendo indicadas fontes e
datas. A exceção fica por conta das fotografias
que não são acompanhadas de registro de
datas.
A estrutura editorial do livro é bem-
cuidada. Verifica-se que o sumário apresenta
estrutura hierarquizada de títulos e subtítulos,
ainda que o tipo de letra utilizado seja muito
pequeno. Além disso, a semelhança entre os
tipos de letra e as cores utilizadas nos títulos
e subtítulos ao longo do livro não facilita a
distinção dos capítulos e de suas partes, na
estrutura hierarquizada em que foram
concebidos.
No manual do professor são apresentados
os pressupostos teórico-metodológicos que
devem nortear o trabalho do professor com o
livro, com ênfase na interdisciplinaridade. O
manual também oferece um conjunto de
referências bibliográficas documentais
históricas e literárias, especialmente
regionais, com destaque para o tema Ensino
da Geografia.
A avaliação da aprendizagem é tratada
como um processo contínuo, presente em
todas as etapas do trabalho.

Em sala de aula
A escolha deste livro propiciará ao docente o acesso a um material com inúmeras
informações sobre o Rio Grande do Sul, que poderá enriquecer o conhecimento
geográfico do aluno. Caberá ao professor optar pelo nível de aprofundamento dos
temas contemplados no volume, a fim de explorá-los de forma compatível com o
domínio cognitivo dos alunos.
O enriquecimento do trabalho docente deverá pautar-se pelo planejamento
cooperativo entre professor e alunos, pela adoção da dinâmica do trabalho em
grupos e pela organização de trabalhos de campo, que poderão ser as estratégias
mais favoráveis para que o processo de ensino-aprendizagem ultrapasse os limites
da sala de aula, como é proposto no manual do professor.
Como as atividades de planejamento cooperativo são expostas de maneira
genérica, o professor deve estabelecer, para cada uma delas, o que será estudado,
GEOGRAFIA
para que será feito o estudo e como este será realizado, principalmente no que
concerne a filmes e vídeos.

285
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
Ao enfocar o município de Porto Alegre, o livro

proporciona situações de ensino-aprendizagem que

favorecem o desenvolvimento do espírito crítico dos

alunos na compreensão do espaço geográfico e no

exercício da cidadania. Os conteúdos e atividades

Livro Regional
permitem a construção de algumas competências
Minha Porto
Alegre - cognitivas e habilidades instrumentais para

Geografia reconhecimento, análise e compreensão dos diversos

Lilian Zieger elementos e processos constituintes do espaço

geográfico no município.

No entanto, observam-se deficiências quando se deixa

de explicitar, com clareza, os pressupostos teórico-

Editora FTD
metodológicos e se demonstram algumas inadequações

e redundâncias com relação aos conteúdos trabalhados.

A obra procedimentos para cada capítulo. Também

são sugeridas leituras e se oferecem textos
O livro, com 40 páginas, destina-se à complementares ao professor, por capítulo, e
terceira 3ª série do Ensino Fundamental e bibliografia.
GEOGRAFIA

estrutura-se em 14 capítulos. Estes contêm Os capítulos assim se distribuem: 1.

textos com os conteúdos temáticos e as
respectivas atividades a serem desenvolvidas
e são ilustrados com desenhos, fotos e mapas.
Cada capítulo inicia-se com uma breve
descrição do assunto tratado, seguida por
alguns exercícios com atividades diversas
para consolidar o conhecimento.
O manual do professor, com 16 páginas,
explicita os objetivos, os conteúdos e os
Orientando-se em Porto Alegre; 2.
Representando o município de Porto Alegre;
3. O que é e como é o município de Porto
Alegre; 4. Aspectos naturais do nosso
município (rios e arroios – morros e coxilhas
– vegetação – clima); 5. O Guaíba e suas ilhas;
6. Parques de Porto Alegre; 7. Espaços
culturais da nossa cidade; 8. Festas da nossa
cidade; 9. O comércio de Porto Alegre; 10.

286
As indústrias do nosso município; 11.
Administração do município; 12. Taxas e
impostos; 13. Porto Alegre não está só; 14. A
união faz a força; A bandeira e o hino da nossa
cidade; Glossário e Bibliografia.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos
não estão explicitados no manual do
professor. Cabe ao docente deduzi-los a partir
da leitura dos textos complementares e de
orientações do manual. Verifica-se a ênfase
no encaminhamento de algumas estratégias
de ensino-aprendizagem que colaborem para
o entendimento do espaço geográfico como
espaço social, resultado da progressiva
humanização da natureza. Um aspecto
contraditório da obra é a valorização tanto das
classificações e nomenclaturas técnicas que
levam a simples memorização, quanto da
construção do conhecimento, sem qualquer
esclarecimento sobre estes aspectos.
Os processos cognitivos são explorados
nas atividades contidas no livro e no manual
do professor. São apresentadas várias
estratégias que podem auxiliar o aluno a
desenvolver habilidades, como observação,
orientação, representação cartográfica,
localização de lugares e realização de
pesquisa. A oralidade também é incentivada
com algumas atividades: debates,
comentários, relatos e apresentação de
trabalhos.
Na elaboração de noções e conceitos
básicos, denota-se a preocupação com a idéia
de um ensino de Geografia que supere o
“conteudismo”. Insiste-se nos processos que
dão origem aos fenômenos geográficos e que
permitem ao aluno construir conceitos e, a
partir disso, participar de forma consciente
na vida da sua comunidade. Trabalham-se
noções e conceitos sobre a representação
cartográfica, sobre a identificação dos
elementos naturais e construídos e sobre as
características socioeconômicas, tanto
passadas como atuais, que definem o espaço
geográfico no município de Porto Alegre.
As atividades, desenvolvidas por meio da
realização de entrevistas, de passeios
educativos, de consultas a dicionários, a
jornais ou à comunidade, de registro de dados,
de elaboração e interpretação de mapas e de
construção de poemas sobre o espaço vivido,
propiciam a problematização dos textos
apresentados no livro.
As dinâmicas e os processos constituintes
do espaço físico são apreendidos com base
em referências do espaço construído. O aluno
é incentivado a observar os elementos da
natureza no cotidiano da cidade, para
compreender os processos que levaram às
transformações nas paisagens locais.
O aprendizado das dinâmicas e dos
processos socioespaciais é estimulado pela
interpretação da realidade decorrente das
relações sociais ocorridas no transcorrer da
história, que resultaram na configuração dos
diferentes espaços no município de Porto
Alegre.
Os conteúdos e atividades incentivam a
construção da cidadania e despertam o
interesse pelo conhecimento e pela
participação na vida da cidade. Também se
verificam situações de estímulo ao convívio
social e ao respeito e interesse pelas diversas
experiências humanas. GEOGRAFIA
A discussão da avaliação da aprendizagem
não é realizada claramente no livro. Alguns
de seus princípios, porém, podem ser
inferidos a partir das orientações e textos
complementares existentes no manual do
professor.
As ilustrações servem de subsídio para o
conhecimento apresentado e contribuem para
a problematização dos conteúdos. Vários
mapas do município são trabalhados, em
287
 diferentes escalas, o que possibilita a
elaboração de noções espaciais. Alguns
lugares da cidade são apresentados em fotos,
mas não são utilizados gráficos e tabelas.
Com relação à estrutura editorial, observa-
se que a qualidade do papel deixa transparecer
a impressão no verso da folha. No sumário,
constam apenas os títulos dos capítulos, o que
dificulta a rápida localização dos conteúdos.
A forma e a disposição dos textos não
favorecem a leitura, ainda que as ilustrações
tenham boa resolução e clareza.
A linguagem é utilizada predomi-
nantemente na segunda pessoa do singular,
de acordo com a forma de comunicação mais
utilizada no cotidiano dos habitantes de Porto
Alegre. Há, no entanto, algumas redundâncias
e lacunas em frases mal construídas.
No manual do professor, as orientações
teórico-metodológicas de ensino-
aprendizagem não estão estruturadas com
clareza. Porém, as orientações das atividades
são claras e sucintas para cada capítulo do
livro, com a definição dos objetivos, dos
conteúdos e dos procedimentos. O manual
coloca à disposição textos de suporte ao
professor ou indicados para os alunos,
sugestões de atividades e bibliografia
complementar.

Em sala de aula
O livro apresenta conteúdos e atividades com abrangência suficiente para a
realização de um trabalho didático satisfatório em sala de aula, principalmente se
o professor estiver atento para superar as limitações de ordem teórico-
metodológicas mencionadas. Propõe-se que o docente tenha uma atuação
consciente e reflexiva, apoiada em recursos bibliográficos e em outras fontes
documentais adicionais para aprofundar o conhecimento dos assuntos tratados.
Com esses recursos o professor também poderá levar o aluno a compreender as
dinâmicas socioambientais em seu espaço de vida, no âmbito da escola e da
cidade.
Destacam-se como pontos positivos a serem explorados pelo professor e seus
alunos as informações disponíveis sobre a realidade local e o incentivo à realização
de atividades que levam ao aprofundamento do conhecimento dessa realidade
por meio do contato direto com as pessoas, instituições e situações estudadas.
GEOGRAFIA

288
 Recomendado com Ressalvas
Por quê?
O livro propicia o desenvolvimento do espírito crítico

do aluno por meio da caracterização e da análise do

espaço geográfico do Estado da Bahia. Torna possível

a aquisição de competências cognitivas e de habilidades

instrumentais para reconhecer, compreender e

Segredos da problematizar a realidade socioespacial. Nessa

Bahia - perspectiva, atribui-se ao aluno o papel central na
Geografia -
elaboração do saber, a partir da intermediação do
Edição
professor. As atividades propostas podem contribuir para
Renovada
Albani Galo Diez a reflexão sobre os conceitos a serem elaborados com

base nas experiências cotidianas.

No entanto, embora se procure integrar os conteúdos,

Editora FTD estes são apresentados de maneira desarticulada e

monótona, sem favorecer o emprego de estratégias

diversificadas de ensino-aprendizagem.

A obra bibliografia, com 29 títulos. Não há glossário,

Com 128 páginas, a obra destina-se aos
alunos da 3ª série e é constituída de 26
capítulos. Os capítulos estão divididos em
duas seções: uma contendo textos teóricos e
outra com exercícios e atividades que
estimulam a formação de atitudes, o
desenvolvimento de estruturas mentais, além
de habilidades sociais e de estudo para a
compreensão dos fenômenos geográficos. Ao
final do livro consta uma relação das
mesorregiões e microrregiões geográficas do
Estado da Bahia e seus municípios e uma
mas as palavras e expressões mais complexas
são explicadas ao longo do texto.
O manual do professor, com 32 páginas, GEOGRAFIA
reproduz o livro do aluno, acrescido de
orientações para o trabalho pedagógico.
Divide-se em 11 tópicos: Apresentação;
Introdução; Considerações metodológicas e
psicológicas; Plano de trabalho; Atualização;
Avaliação; Estruturação do livro do aluno;
Sugestões para o uso do livro; Atividades –
respostas e comentários; Leituras comple-
mentares; Bibliografia sugerida ao professor.
Os capítulos assim se estruturam: 1. A

289
 natureza, o homem e suas relações; 2. A
geografia e a participação; 3. A geografia
utiliza mapas; 4. A Bahia, nosso Estado; 5.
Na Bahia há muitas diferenças; 6. Relevo; 7.
Moro num país tropical; 8. A influência do
clima; 9. Vegetação: o que o homem não
plantou; 10. Rio: importante recurso natural;
11. Os rios na Bahia; 12. Rio São Francisco,
o Chicão; 13. A vida no campo; 14. A vida na
cidade; 15. A pecuária; 16. A agricultura; 17.
O cacau; 18. A soja; 19. A vida de quem se
dedica à agricultura; 20. O extrativismo
mineral; 21. A pesca; 22. A indústria; 23. A
indústria na Bahia; 24. O comércio e o
transporte; 25. O turismo; 26. Os homens se
organizam para governar.
A análise
Os pressupostos teórico-metodológicos da
obra fundamentam-se no socioconstrutivismo,
com base na teoria psicogenética de Piaget.
Considera-se que o aluno aprende
basicamente por meio de suas ações sobre o
ambiente que o cerca, construindo as próprias
categorias de pensamento. Nessa perspectiva,
possibilita-se que a criança conheça as
diversidades de paisagens e de atividades
econômicas do Estado da Bahia. A
incorporação da proposta metodológica à
obra, no entanto, fica prejudicada, pois os
conteúdos são apresentados de maneira
desarticulada e monótona, com um uso restrito
GEOGRAFIA
de estratégias diversificadas para a construção
do saber geográfico.
Os processos cognitivos básicos são
estimulados nas atividades encontradas ao
final de cada capítulo, levando-se o aluno a
desenvolver a expressão oral e escrita, bem
como a observar, analisar e problematizar as
questões trabalhadas no texto principal. As
atividades propostas contribuem para a
reflexão sobre os conceitos a serem
290
elaborados com base nas experiências
cotidianas, com o que se pode estabelecer
relações necessárias entre elementos da
realidade.
As noções e conceitos básicos propiciam
a compreensão das relações espaço-temporais,
dos processos socioespaciais, das relações
sociedade-natureza e das dinâmicas e
processos constituintes do espaço físico, pois
apresentam grau de dificuldade coerente com
o nível cognitivo dos alunos.
As relações espaço-temporais são
trabalhadas a partir da identificação,
comparação e análise de diferentes situações
em que ocorreram mudanças na paisagem da
cidade ou do campo, com ênfase na
participação dos grupos humanos nas
transformações. As ilustrações, mapas,
fotografias antigas e recentes e textos
auxiliam na compreensão das mudanças
ocorridas no espaço do Estado da Bahia.
Na abordagem das dinâmicas e dos
processos socioespaciais, destacam-se
relações sociais no nível local e regional, no
campo e na cidade. Dessa forma, permite-se
que o aluno identifique e construa noções
sobre diferentes processos sociais, entre eles
a violência urbana, a exclusão social e a
migração.
As dinâmicas e processos constituintes do
espaço físico favorecem a caracterização das
paisagens do Brasil e do Estado da Bahia. São
identificadas e localizadas as formações do
relevo, as condições climáticas, a vegetação
e a hidrografia. As relações sociedade-
natureza também são trabalhadas ao se
promover o conhecimento dos processos
naturais fundamentais e de suas relações e
interligações com a ação humana, que
explicam as configurações geográficas.
Os conteúdos e atividades apresentados
estimulam hábitos, atitudes e comportamentos
voltados para a construção da cidadania, pois
possibilitam que o aluno vivencie e/ou tome
conhecimento dos diferentes processos
sociais e das diferentes formas de participação
dos indivíduos na sua construção. Textos e
atividades ressaltam a importância do respeito
ao outro, da tolerância, da liberdade e da
pluralidade cultural para o convívio social.
Diante disso, evita-se privilegiar qualquer
segmento ou classe social de qualquer lugar
ou nacionalidade. Por causa dessa
preocupação, verifica-se a presença de alguns
textos complementares que reforçam a
linguagem do senso comum.
Utiliza-se uma variedade de linguagens
com base em fontes diversas, como: textos
jornalísticos e literários; reportagens de
revistas; letras de músicas que enriquecem
a compreensão dos fenômenos e tornam o
livro atraente para as crianças dessa faixa
etária.
As ilustrações são diversificadas,
adequadas, pertinentes e empregadas de
maneira equilibrada ao longo dos textos,
contribuindo para a compreensão e
problematização dos conteúdos. Contudo,
ressente-se da falta de gráficos e tabelas ao
longo do livro, já que não são trabalhados
dados estatísticos na obra.
A estrutura editorial é hierarquizada e
lança mão de diferentes tamanhos e cores de
fontes. A localização dos conteúdos é
realizada de forma rápida e eficiente a partir
do sumário.
A avaliação é discutida e se sugere que seja
contínua, para evitar desvios e poder
investigá-los, bem como para desenvolver
estratégias que melhorem a dinâmica do
ensino-aprendizagem.
O manual do professor reproduz o livro
do aluno, acrescido de orientações para o
trabalho pedagógico. Sugere-se que os
conteúdos sejam constantemente atualizados
pelo docente, por meio de notícias de jornais,
de reportagens de revistas, do rádio e da
televisão, dada a dinâmica da disciplina.

Em sala de aula
O livro é de fácil compreensão e aplicabilidade, mas requer complementação
com outros recursos e instrumentos didático-pedagógicos.
Destacam-se, assim, o conjunto de informações disponíveis e o estímulo ao
aprofundamento do conhecimento da realidade local e regional, embora não se
trabalhe com dados estatísticos.
Os conteúdos e as atividades propiciam a realização de um trabalho satisfatório
em sala de aula, mediante a atuação consciente e reflexiva do professor, que
poderá se utilizar, constantemente, das orientações e sugestões de atividades
que estão bem detalhadas no manual do professor. Além disso, o docente poderá GEOGRAFIA
buscar outros recursos bibliográficos e fontes documentais disponíveis em sua
cidade para ampliar seu conhecimento em relação aos assuntos tratados.

291
 Bibliografia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS – O LIVRO DIDÁTICO

ARAÚJO, E. A construção do livro: princípios da técnica de editoração. Rio

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