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HISTÓRIA

Professor: André Botelho

Período Joanino

Leia com atenção:


A permanência da corte no Rio de Janeiro provocou profundas mudanças na organização
social e política do Brasil, que finalmente se condensaram na sua elevação a reino, tornando
desse modo, cada vez mais remota a perspectiva de um regresso da família real a Lisboa.
Contudo, as consequências dessas mudanças tiveram diferentes efeitos consoantes as regiões
e as categorias sociais. Mesmo a autonomia econômica perante a antiga metrópole, que as
primeiras leis aprovadas pelo príncipe regente depois da chegada ao Brasil haviam decretado
de maneira aparentemente igual para todos, tinha diferentes graus de realização, segundo a
força dos grupos mercantis locais, a frequência e a oportunidade das relações diretas com o
estrangeiro.
Em tão vasto território, que os meios de administração e comunicação da época
tornavam muito difícil de controlar, a permanência da corte tinha consequências muito
diferenciadas. Em algumas regiões foram profundas, em outras nem tanto, reduzindo-se, com
a distância física, mas, sobretudo política, da corte, uma vez que, nas palavras de Manuel de
Oliveira Lima, “o governo das províncias continuou a ser o das capitanias”.
Do ponto de vista regional, a principal distinção opunha, por um lado, uma vasta área
do Centro e do Sul, compreendendo Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, com
prolongamentos, por força da ambição sobre a margem norte do rio da Prata, até Santa
Catarina e Rio Grande de São Pedro, e, por outro, o resto do território brasileiro, ele próprio
muito diverso, com as concentrações da Amazônia e principalmente do Nordeste, onde a
Bahia assumia uma posição particular.
Desde a chegada de d. João, aprofundara-se um “processo de interiorização da
metrópole no Centro-Sul da colônia”, dando expressão ao “enraizamento dos interesses
portugueses”, para usar a sugestiva expressão de Maria Odila Silva Dias. Desenvolvendo-se
não tanto como porto de serviços do interior imediato, mas principalmente como polo de
circulação de ou como centro intermediário de uma região mais vasta, crescendo já à sombra
da função política da capital do Reino. Assim, o Rio de Janeiro e a sua área de influência mais
próxima estavam nas melhores condições para tirar proveito das vantagens que a instalação
da corte oferecia. Apesar da perturbação que essa instalação causou, em particular aos
proprietários urbanos, uma resolvida a questão do regime comercial e do fim do exclusivo
sobre o comércio das colônias, o processo de “interiorização da metrópole” e o “enraizamento
dos interesses portugueses” puderam facilmente prosseguir.
(PEDREIRA, Jorge. D. João VI. Um príncipe entre dois continentes.)

Questão 01:
IDENTIFIQUE duas medidas econômicas tomadas por D. João VI que tenha favorecido o
sentimento de liberdade usufruído pelas elites brasileiras.

Questão 02:
Apesar de permitir um alto grau de liberdade, especialmente no campo econômico, o autor
tece uma crítica aos primeiros anos de D. João VI no Brasil que é crucial para o entendimento
do Brasil no século XIX. IDENTIFIQUE essa crítica.

Questão 03:
De acordo com Jorge Pedreira, o centralismo presente na instalação da Família Real no Rio de
Janeiro se estende até o extremo sul do Brasil. EXPLIQUE a importância atribuída pelo autor a
essa região.

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