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LABORATÓRIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA Engenharia Mecânica


IPUC – PUC Minas

2a AULA PRÁTICA DE LABORATÓRIO


ENSAIOS MECÂNICOS - Ensaio de Dureza pelo Método Vickers
DEM - IPUC - Prof. Luciano Andrade
 NBR 6672 - Jul/1981 - Materiais Metálicos - Determinação da Dureza Vickers
 NBR 6672 - Tabelas de Valores da Dureza Vickers (HV) Para Materiais Metálicos

2.1. Método Vickers

Este método de ensaio de dureza foi desenvolvido em 1925 pelos pesquisadores Smith
e Sandland e leva este nome devido a Vickers Arstrong Company Ltda, que adquiriu os
direitos dos autores e fabricou as primeiras máquinas de ensaio. O método consiste na
aplicação de uma carga estática no material através de um penetrador de diamante na forma
de uma pirâmide de base quadrada que possui um ângulo de ataque de 136 (formado pelas
alturas de duas faces opostas). Este ângulo produz valores de impressões semelhantes à
dureza Brinell, porque para d/D = 0,375 (relação ideal no método Brinell), as tangentes à
esfera partindo dos cantos da impressão fazem entre si exatamente um ângulo de 136, como
mostrado na figura 1 (veja anotações em sala). Quando são utilizadas pequenas cargas o
processo recebe o nome de microdureza Vickers e é muito indicado, de uma forma geral,
quando se deseja a determinação da dureza de constituintes individuais de uma certa estrutura,
ou ainda de materiais frágeis e peças pequenas ou de pequena espessura.

 = 

MATERIAL

Figura 1. Ângulo das tangentes à esfera, para a relação d/D = 0,375 na dureza Brinell.
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Como o penetrador de diamante é praticamente indeformável, as impressões tornam-se


bastante uniformes independentemente de seu tamanho. A aplicação da carga é feita através
de uma alavanca, sendo mantida sobre a peça durante um tempo mínimo de 30 segundos, após
o que esta é retirada. O aparelho para ensaio de dureza é dotado de um dispositivo óptico de
medição (vernier), com uma precisão suficiente (cerca de 1 micron) para possibilitar a
medição das diagonais da impressão. A medida é feita em duas posições ortogonais entre si,
sendo a diagonal tomada como a média das medidas das diagonais, conforme mostrado na
figura 3.

_
l l
l1
l  1 2

l2

Figura 2 - Procedimento para a determinação da diagonal em uma impressão obtida por penetrador
de diamante.

O número de dureza Vickers é calculado a partir da relação:

P
HV = 1,8544  2 (1)
L
Onde: HV: Número de dureza Vickers em Kgf/mm2
P: Carga nominal do ensaio em Kgf
L: Diagonal média em mm
O método apresenta algumas vantagens em relação a outros métodos de ensaio de dureza
quanto ao seu emprego em trabalhos científicos, a saber:

- Escala contínua.
- Impressões pequenas que não inutilizam a peça .
- Grande precisão de medida.
- Deformação nula do penetrador .
- Existência de apenas uma escala de dureza.
- Aplicação para toda a gama de materiais, os quais apresentam os mais diversos
níveis de dureza.
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- Aplicação em qualquer espessura de material, podendo portanto, medir também


durezas superficiais.
Entretanto, este método de ensaio de dureza exige muito cuidado na preparação da
superfície da amostra de forma a tornar as impressões bastante nítidas. Desta forma, a
preparação do corpo de prova deve ser feita empregando técnicas metalográficas. O polimento
eletrolítico pode ser utilizado para evitar o encruamento do metal na superfície, o que afetaria
o resultado. Este tipo de polimento torna a impressão mais nítida para a medida das diagonais.
É necessário também um polimento mecânico prévio, de forma a remover alguns mícron da
camada superficial encruada devida ao corte. A amostra, usualmente, é embutida em uma
resina de baquelite, a fim de tornar o seu manuseio mais fácil. Na prática são empregadas
tabelas previamente calculadas para a determinação do número de dureza a partir da
diagonal média e da carga empregada.

Durante o processo de medição de dureza por penetração, desenvolve-se na região do


material próximo à impressão, um estado complexo de tensões de compressão,
particularmente favorável a obtenção de deformação plástica. Por isto, este processo é
empregado a uma grande gama de materiais, desde os mais dúcteis até os mais frágeis.

Existem certos cuidados em relação aos diversos processos de medição de dureza, os quais
devem ser levados em consideração nos procedimentos de análise.

Abaixo são citados alguns:

 A camada superficial deve ser, na medida do possível, representativa das


condições em que se encontra o resto do material.
 Deverão ser eliminados todos os defeitos superficiais como trincas, rasgos, poros e
também materiais depositados na camada superficial, tais como óxidos e carepas.
 A distância das impressões em relação às bordas da peça deve ser tal de forma a
que a ausência de material nesta região não interfira nos resultados.
 As impressões devem manter uma distância entre si, de forma a evitar o efeito do
encruamento devido à deformação plástica próxima às bordas destas.

2.2. Irregularidades Encontradas nas Impressões Vickers

As irregularidades que podem ocorrer nas impressões Vickers estão apresentadas na


figura 4. Estas anomalias estão relacionadas com possíveis irregularidades de fluxo que
surgem durante a deformação plástica devido ao ensaio, e estão associadas às características
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do material. O primeiro caso (figura.4.b.) ocorre em metais recozidos e tem origem no


afundamento do metal em torno das faces do penetrador, resultando um valor de L maior que
o real. No segundo caso (figura 3.c.) ocorre uma aderência do material às faces do penetrador,
e frequentemente é encontrado em materiais encruados. A diagonal da impressão medida é
menor do que o valor real. Em metais de grande anisotropia, obtêm-se impressões de tal
forma irregular que torna-se necessário tomar a média das diagonais medidas ortogonalmente
entre si.

MATERIAL
MATERIAL

L L1
L2
L1 >L L2 < L

(a) (b) (c)

Figura 3 - (a) Impressão Vickers perfeita; (b) Impressão defeituosa; afundamento; (c) Impressão
defeituosa; aderência.

2.2. Procedimento Experimental

2.2.1. Objetivos

 Avaliar a dureza de diversos materiais metálicos pelo método Vickers.

 Comparar os valores de dureza Vickers para um mesmo material obtidos a partir de cargas
variadas.

2.2.2. Materiais

 Aço; cobre ou liga de cobre; alumínio ou liga de alumínio.

2.2.3. Equipamento

Durômetro Universal de Dureza - Marca:_________________Modelo:__________________

2.3. Procedimento

Conforme procedimentos descritos na Norma ABNT - NBR 6672.


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2.4. Resultados
Tabela I- Valores de dureza Vickers obtidos para diversos materiais no ensaio.

Condições Resultados
Carga Diagonal impressão Média
Material (Kgf) Dureza (Kgf/mm2)

P1 P2 HV1 HV2 V1 HV2

Aço comum

Aço VC 131

Latão

Bronze

Alumínio

2.4. Bibliografia
1) Norma Brasileira - ABNT NBR 6672 - Jul/1981 - Materiais Metálicos - Determinação da
Dureza Vickers.
2) Norma Brasileira - ABNT NBR 6672 - Tabelas de Valores da Dureza Vickers (HV)
para Materiais Metálicos.
3) SOUZA, S. A. Ensaios Mecânicos de Materiais Metálicos - Fundamentos Teóricos e
Práticos
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Ed. Edgard Blucher Ltda - SP - 1982;


4) Princípios de Ciência dos Materiais
Lawrence H. Van Vlack - Ed. Edgard Blucher Ltda - SP - 1970;
5) Princípios de Metalurgia Física
Robert E. Reed - Hill - Ed. Guanabara Dois S.A. - Rio de Janeiro - RJ - 1982;

2.5. Exercícios Propostos

1) O que garante a condição de independência do valor de dureza Vickers com relação a carga
de ensaio? Explique.
2) Porque cargas muito pequenas podem levar a erros na avaliação da dureza de um metal?
3) Como se explica a utilização do método Vickers na avaliação da dureza de diversos
materiais?
4) Ao se avaliar a dureza de uma amostra metálica pelo método Vickers empregando-se uma
carga P obteve-se uma diagonal l.
a) Se a carga for triplicada qual será o valor da nova diagonal?
b) Se a carga for duas vezes menor que a inicial, qual será o valor da diagonal?
5) Determine a área superficial de uma impressão Vickers cuja diagonal é L, como função do
ângulo .
6) Cite as irregularidades que podem ocorrer nas impressões Vickers. Comente sobre cada
uma delas.

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