Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n2-563
RESUMO
O autismo é caracterizado pela presença de um desenvolvimento acentuadamente
incomum na interação social e na comunicação, e por atividades, interesses e
características que podem levar a um isolamento social contínuo da criança e também de
sua família. A inclusão é definida como inserção de uma criança com necessidades
educativas especiais, em termos físicos, sociais e acadêmicos nas escolas regulares. A
legislação brasileira determina que todas as crianças devem ter acesso à escola comum,
incluindo as com Transtornos do Espectro Autista (TEA). Nos últimos anos, houve
aumento expressivo de crianças com autismo nas escolas públicas e privadas, o que
possibilitou mais igualdade e oportunidades para estes alunos. Percebendo-se o aumento
da inclusão de crianças com autismo na educação infantil, o objetivo deste estudo foi
elaborar uma revisão bibliográfica a respeito do tema, visto a importância da inclusão na
educação brasileira e principalmente infantil. O aumento no número de matrículas de
crianças com autismo na Educação Infantil é um marco fundamental no processo de
inclusão e evidencia a necessidade de uma escola mais preparada. É necessário dar
oportunidades para que crianças com deficiência desenvolvam suas potencialidades,
respeitando suas condições sociais e cognitivas e, para isso, deve haver qualificação
profissional para a maioria dos atuais e futuros profissionais da educação.
ABSTRACT
Autism is characterized by the presence of a markedly unusual development in social
interaction and communication, and by activities, interests and characteristics that can
lead to continuous social isolation for the child and also for his family. Inclusion is
defined as the insertion of a child with special educational needs, in physical, social and
academic terms in regular schools. Brazilian law stipulates that all children must have
access to a common school, including those with Autism Spectrum Disorders (ASD). In
recent years, there has been a significant increase in children with autism in public and
private schools, which has enabled more equality and opportunities for these students.
Realizing the increased inclusion of children with autism in early childhood education,
the objective of this study was to prepare a bibliographic review on the subject, given the
importance of inclusion in Brazilian education and especially in childhood. The increase
in the number of enrollments of children with autism in early childhood education is a
fundamental milestone in the inclusion process and highlights the need for a better
prepared school. It is necessary to provide opportunities for children with disabilities to
develop their potential, respecting their social and cognitive conditions and, for this, there
must be professional qualification for most current and future education professionals.
1 INTRODUÇÃO
O termo autismo surgiu da palavra grega autos (si mesmo) e foi pela primeira vez
utilizado pelo psiquiatra suíço Eugene Bleuler, em 1911, para caracterizar um tipo de
sintoma que ele julgou ser secundário das esquizofrenias, concebendo que os autistas
viviam num mundo muito pessoal e que deixavam de ter qualquer contato com o mundo
exterior. Com o passar dos anos, estabeleceu-se uma relação entre psicanálise e autismo,
a partir da publicação do caso Dick, em 1930, no qual foi constatado que a criança em
estudo não cumpria todos os critérios para a classificação de demência precoce e
esquizofrenia, condições diagnósticas utilizadas na época para casos de crianças com a
mesma descrição comportamental de Dick (BETTELHEIM, 1987).
Com o avanço dos estudos, o conceito de autismo e os critérios utilizados para o
diagnóstico sofreram alterações; a definição atual mais utilizada é a da quarta versão
revisada do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Na mais recente
classificação deste manual, o DSM-V, o autismo é descrito como um distúrbio do neuro
desenvolvimento e denominado de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Prejuízos
sociocomunicativos e a manifestação de padrões restritos de comportamentos e interesses
são as principais características dessa condição, cuja incidência é maior em homens do
que em mulheres (APA, 2013).
Apesar de poucos dados atualizados de TEA no Brasil estudo realizado na região
Sudeste do Brasil, constatou que aproximadamente 0,3% das crianças em idade escolar
20% dos agentes educacionais possuíam formação na área de educação especial, não
sendo relatada qualquer capacitação específica dos profissionais para lidar com o autismo.
A importância de formar profissionais aptos para atuarem junto aos alunos com
TEA corresponde também a uma nova concepção de escola, em que há igualdade legal
de oportunidades e equidade educativa.
A Constituição de 1988 garante a matrícula de alunos com necessidades
educacionais especiais em escolas regulares no Brasil, estabelecendo “o direito à
escolarização de toda e qualquer pessoa, a igualdade de condições para o acesso e para a
permanência na escola e a garantia de “atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96) reafirmou a obrigatoriedade do
atendimento educacional especializado e gratuito aos estudantes com necessidades
especiais, preferencialmente na rede regular de ensino, reforçando, desde então, a adoção
de práticas educacionais inclusivas no país (BRASIL, 1988).
De acordo com o Instituo Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixiera (INEP, 2019), o número de alunos com transtorno do espectro autista (TEA) que
estão matriculados em classes comuns no Brasil aumentou 37,27% em um ano. Em 2017,
77.102 crianças e adolescentes com autismo estudavam nas mesmas salas que pessoas
sem deficiência. Esse índice subiu para 105.842 alunos em 2018. Os dados consideram
tanto os estudantes de escolas públicas, quanto de particulares.
O aumento no número de matrículas acompanha uma exigência legal, incluindo
as escolas do setor privado. Percebendo-se o aumento da inclusão de crianças com
autismo na educação infantil, é necessário reunir informações sobre o tema, visto a
importância da inclusão na educação brasileira, principalmente na educação infantil.
2 A ESCOLA INCLUSIVA
Ocorreu, a partir dos anos 90, uma grande mobilização no sentido de tornar as
escolas mais inclusivas. Sob o amparo da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) decorrem inúmeras conferências e
compromissos internacionais, em que os diversos países envolvidos se empenham na
construção de modelos, através dos quais a educação deve ser considerada. Dos vários
encontros realizados, destaca-se a Declaração de Salamanca (1994); a Carta de
Luxemburgo (1996) e a Declaração de Madrid (2002).
repercussão positiva, no entanto, uma das fragilidades do PDE é o fato de que suas metas
se limitam a um conjunto de ações sem a organicidade necessária para se constituir um
plano político de governo. Muitas destas ações não interagem entre si e, tampouco, com
as propostas do Plano Nacional de Educação de 2001.
Em 2003, foi lançado o programa do Governo Federal chamado “Educação
Inclusiva: Direito à Diversidade”, contemplando várias ações que passam a ser
desenvolvidas com a intenção de transformar os sistemas de ensino do país em sistemas
de ensino inclusivos. O objetivo era promover a formação continuada de gestores e
educadores das redes estaduais e municipais de ensino, para que fossem capazes de
oferecer educação especial na perspectiva da educação inclusiva.
A educação inclusiva tem como princípios uma educação pela não discriminação
e pela aceitação da diferença. É um processo que objetiva a inclusão no sentido amplo. A
educação especial é uma das modalidades que compõem a educação inclusiva e promove
o desenvolvimento das potencialidades, objetivando inclusão, aceitação, qualidade do
ensino para pessoas com dificuldades de aprendizagem, deficiências, TEA e altas
habilidades, além de abranger diferentes níveis e graus do sistema de ensino. O ensino
deve ser igual para todos e, justamente para alcançar a equidade legal, a educação especial
inclusiva é um método pedagógico que mescla características do ensino regular com o do
ensino especial, promovendo a integração entre crianças com diferentes necessidades
(VALERIANI, 2020).
No conjunto dessas ações, em 2008, foi publicado o documento orientador da
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
(PNEEPEI) e também instituído o Decreto n 6.571/2008, este último como forma de
operacionalizar o financiamento dos serviços de atendimentos propostos aos alunos com
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação
priorizando, sobretudo o atendimento educacional especializado a ser prestado em salas
de recursos multifuncionais (REBELO, 2016).
Antes de 2008, a Educação Especial era vista como um tipo de educação que,
eventualmente, poderia substituir a educação no ensino regular (por exemplo, na
Resolução CNE/CEB n° 2/2001 e no Parecer CNE/CEB n° 17/2001). Houve mudanças a
esse respeito ao longo dos anos, que podem ser observadas nos indicadores educacionais
de matrículas de alunos com deficiência, disponibilizados pelo Censo Escolar da
Educação Básica (MEC/INEP) (REBELO, 2016).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento educacional e social da criança com autismo acontece a partir
das interações com o meio em que está inserida. A inclusão da criança com Transtorno
Espectro Autista (TEA) na educação infantil promove seu desenvolvimento pessoal e
social, para isso, a família é determinante e representa um importante papel junto à escola.
O aumento no número de matrículas de crianças com TEA na educação infantil é
um marco fundamental no processo de inclusão e evidencia a necessidade de uma escola
mais preparada, assim como os professores e toda a equipe que compõe a escola. Apesar
dos grandes avanços na legislação brasileira, do aprimoramento dos Parâmetros
Curriculares Nacionais e da formação de escolas preparadas, com oportunidades para
sólido desenvolvimento, é preciso formar profissionais para atender a demanda de alunos
com TEA. Podemos perceber que não basta ter o espaço físico inclusivo, é necessário dar
REFERÊNCIAS
WHALON, K.; DELANO, M.; HANLINE, M. F. A rationale and strategy for adapting
dialogic reading for children with autism spectrum disorder. RECALL, Preventing
School Failure. Alternative Education for Children and Youth, v. 57, n. 2, p. 93-101,
2013.