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Afrânio Peixoto
IN. 6 6 Monteiro Lobato
EDITORES
SUM MARIO
(Continua no verso)
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DEBUSSY E
O IMPRESSIONISMO
POR M A R I O D E ANDRADE
(do Conservatorio de S. Paulo)
E ' uma situação que em nada nos interessa e que não influirá na forma-
ção de Debussy. O humorista de Children's Corner é uma personalidade
plasmada mais por prestígios pictóricos e literários que rialmente musicais.
Dentre os que o impressionaram, provieram da época do seu natal: Bau-
delaire, Manet, e companheiros, o scientificismo revolucionário que apontei
talvez Edgard Põe, de quem musicava o " Diabo no Campanario" e a
•' Destruição da Familia Usher", quando a Morte lhe prendeu as mãos.
Influência musical: nenhuma francesa ou de musica executada na França
até então.
E ' verdade que do clarim rumoroso de Berlióz despargiam-se no eter
uns últimos sons, que ninguém ouvia; e Tanháuser em 61, levado até a
Opera pela proteção da senhora de Metternich, caira entre patadas e uivos:
mas do autor dos " Troianos" Debussy, com o seu refinamento aristo-
crático, não receberia nada, ou quasi nada; e de Wagner apresenta-se mais
como um esforço de reacção. N ã o nego porém a influência dêste: Debus-
sy não existiria si não existisse Wagner. A politonalidade do autor dos
" Nocturnos" não é uma flor de raro perfume, nascida por geração expon-
tânea: jámais abrolharia sem o cromatismo fecundo do Tristão.
A reforma wagneriana é uma especie de revolução francesa musical.
186S, data do Tristão e Isolda é o 89 da historia da musica. O seu i n f l u x o
foi unânime, mundial; e talvez mesmo mais eficaz naqueles que contra
éle reagiram. A estes, não os prendeu como a Ernesto Reyer, uma sujeição,
uma escravização completa do lema wagneriano; mas tiraram dentre as
filhas-flores que o mago de Bayreuth procreara, a que mais amaram.
Por isso não divulgaram bastardias; tiveram filhos legítimos: Hansel und
Gretei, falstaff, Sansão, Hulda, Wallenstein, La Mer...
Veiu a vitoria do wagnerismo. Bayreuth, a nova Meca, era alvo de pere-
grinações anuais, onde idólatras de todas as idades e raças se reuniam
para a consagração do novo Gral artístico — que ensalmava, diziam, todas
as feridas de decadência. Depois da wagnerofobia, é a wagnerite de efeitos
cómicos e porventura perniciosos. Cada qual traz dentro de si um car-
rilhão que badala estrepitosamente a cada novena wagneriana. E ' todo o
ridículo da admiração incondicional. Saint-Saèns conta o facto de uma se-
nhora bastante culta que lhe pedia tocasse, se me não engano, as notas
iniciais do Reingold.
— Aquêle acorde, mestre, aquêle acorde 1
— Mas, minha senhora, é um simples acorde em mi bemol m a i o r ! . . .
— Maestro, aquêle acorde 1
O grande pianista executava então as notas da tríade, tantas vezes em-
pregada antes de Wagner, mas a distintíssima senhor? quasi desmaiava,
extasiada de puro prazer.
E ' a adoração ilimitada, irracional, anecdotica. O drama lírico é então
a iinici forma de arte. Só existe a música dramatica wagneriana. Então,
o que Brahms faz para a Alemanha, também faz o crente Cesar Franck
para a musica latina. N ã o é, como quiseram inculcar, o desprêso siste-
mático ao drama lírico, nem ódio a W a g n e r ; mas a jeune école pensa, e
pensa bem, que junto de um Monteverdi, de um Gluck, de um Wagner, ha
lugar paralelo, e quiçá maior, para Carissimi, Beethoven oti Schumann.
Wagner fôra tomado por um principio, quando não era senTo o grandioso,
o sublime resultado duma época, como Bach o fôra da polifonia e Dante
da poesia medieval. O proprio Debussy escreveu com muita razão uma
vez: Wagner foi um esplendido por-de-sol que se tomou por uma au-
roia."
Wagner esgotara todos os recursos que reunira, na erecção colossal da
sua o b r a . . . Levara talvez mesmo a um exagero de simbolismo o emprego
do leit-motif... Tirara do cromatismo o maior poder comotivo que é pos-
sível i m a g i n a r . . . O comentário orquestral não podia aproximar-se mais da
verdade literária a que estava l i g a d o . . . Como c o n t i n u a r ? . . . Proseguir
na mesma rota era sujeitar-se, condenar-se mesmo a uma inferioridade
inútil e sem prestígio: ninguém, com igual grandeza, seguiu Santo Tomás,
ninguém seguiu Palestrina, ninguém Shakeaspeare, ninguém Velasquez 1 . . .
Para temperamentos invulgares um rebaixamento proposifado das próprias
possibilidades, é não uma humildade, mas uma erronia e u m i m p u d o r . . .
Cesar Franck, impulsionado ainda pelo seu misticismo, voltou-se para a
musica pura. Os sons da sua alma simples perdiam-se na barulheira gran-
diosa dêsse Wallala, onde W o t a n praticava as suas asnidades divinas; mas
Franck ajuntou u m grupo admirável de alunos, que lhe exaltaram o ideal,
perpetuando-o em obras de grandíssimo valor. Foi uma das forças motoras,
na fundação da Sociedade Nacional de M ú s i c a : donde " sairam — diz Ro-
main Rolland — algumas das obras mais profundas e mais poéticas da
escola francesa". Pela sua memoria breve se erguerá para os ceus azúis o
columbário da Schola Cantorum... As novas falanges reclamam o direito
de ser também ouvidas. Poetas, pintores, músicos concertam suas armas
para uma nova e mais grandiosa vitoria, depois do facheux 7 1 . . . E é
saído dêsse meio fortificado por êle, alentado pelo simbolismo de Verlaine
e dos irmãos, que Debussy vai escrever.
Mas, se o autor dos Jcux não fez escola, não é pela mesma razão pela
qual o autor do Sigfricd não na fez. Wagner foi um gigante e ao mesmo
tempo um impulsivo e apresentou de cambulhada idéas fecundas e êrros
pesados. O que de bom — é a imensa maioria! — existe na sua obra, êle
o explorou até o limite extremo; ao mesmo tempo que os seus ridículos,
as suas faltas de bom-gôsto patentes e incompreensiveis para u m espirito
latino, diminuíram um pouco o extraordinário alcance das suas idéas. Quan-
to a Debussy, não fez também escola, mas foi pela diafaneidade e flexibi-
lidade das exemplos cjue apresentou. Ninguém tem nunca a certeza de o
compreender muito bem. E ' a esterilidade dum segredo mal ouvido.
Mas, se não fez escola, quem ousára negar a influência da sua obra sobre
toda a música contemporânea? E ' o ponto de partida da compreensão
harmônica dos nossos dias; e segundo o grande crítico musical austríaco
Adler, as suas obras são as primeiras onde se irá buscar a dissolução da
tonalidade e a supressão da têirania da tônica. Influiu, diríamos, sôbre toda
d música europea pela atracção e pelo encanto das suas composições e
pela estranheza da sua harmonia; e são encontrados filões dessa influên-
cia em Mahler, em Strauss e até mesmo em Puccini. Na moderna música
italiana, de tão lindo futuro, o seu influxo é inegável. Aparece, embora
mascarado, no revolucionário Casella e principalmente em Malipiero que,
embora continue radicalmente italiano, é, para mim, pelas obras que dêle
tenho observado, e não poucas são, o mais genuíno debussista que ha, com
mais intensidade vital porém.
Não creio que a influência do mestre se eternize, nem mesmo que per-
dure por mais dez annos; mas creio firmemente que a sua obra será um
elo insubstituível na Historia Musical e que as adoraveis jóias que pro-
duziu juvenilisaram a música francesa e enriqueceram enormemente a
música universal.
S. Paulo.
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] • . . • ; -.
TIRADENTES, HEROE
E SANTO
CONFERENCIA PROFERIDA NA ESCOLA NORMAL DE PIRACICABA,
COMMEMORAÇÃO GERAL
cm 7 unesp 10 11 12 13 14 15
gem, seduziu-me a l e m b r a n ç a de vir cooperar embora c o m o mínima
pars na obra eminentemente h u m a n i t a r i a , p r o f u n d a m e n t e p a t r i ó t i c a ,
precipuamente educativa, que é estia de comrraemorar os nossos gran-
des nomes e as nossas grantes datas.
S i m , meus senhores! U m dos maiores males do nosso c o n t u r b a d o
presente reside na tendenaia revolucionaria de t u d o a t a c a r , de t u d o
combater de tudo destruir. E n d e m i a insidiosa que n ã o respeita n e m
edade, n e m sexo, nem clas&e, nem condição, ella constitue u m a das
mais deploráveis manifestações daquillo que A u g u s t o C o m t e deno-
m i n o u — a moléstia occidental. " R a s u l t a d a da decadencia necessaria
das crenças próprias á edade medi'a, d i z elle, na " o i t a v a Circular
Annual", ella tem c o m o séd,e p r i m i t i v a a região intellectual do cere-
bro. M a s a sua principal gravidade p r o v e m de se ter extendlido espon-
t a n e a m e n t e á região affectiva, supreexcitiando o o r g u l h o e a vaidade
e c o m p r i m i n d o a veneração e, p o r t a n t o os outros dois sentimentos
altruistas ( o "ap'ego e b o n d a d e ) " Flagello social que caracterisa as
épocas de transição; habito deleterio que viceja como as plantas dam-
ninhais nos terrenos a b a n d o n a d o s , estas manifestações do instincto
destruidor provem da diescultura moral, e d e n u n c i a m a ausência de re-
ligião, que discipline as almas, que coordene os actos, que dirija, em
s u m m a , o h o m e m e a sociedade.
O remedio radiical parla semelhante eistado virá do pnedominio de
u m a fé universal, que restabeleça nos individuos a disciplina m o r a l ,
e na sociedade o equilíbrio p e r d i d o ; que cimente a fraternidade, que
ligue os homens, que apla.gue dissienções e contendas, que faça, em-
fim, da Terna, o Paraíso, s o n h a d o pelas grandes almas de todos os
tempos. A t t i n g i r á a l g u m a sociedade este ideal s u p r e m o ? Sem d u v i d a :
é pana esse alvo c u l m i n a n t e que c a m i n h a a evolução h u m a n a ; e atra-
vez d,e todas as quédas, de todos os dissidiois, de todas as guerras, de
todas as decepções, a H u m a n i d a d e vae delle se a p p r o x i m a n d o de
século para século.
M a s , senhores, essa abençoada era de paz, de repouso, de felicidla.de,
de que h ã o de gosar as g.erações p o r v i n d o u r a s , exige t r a b a l h o largo
e lento. Nosso esforço deve visar sempre apreisslar q u a n t o couber em
nós essa e v o l u ç ã o ; nossa actividade, ,em qualquer posição que este-
j a m o s , deve subordinar-tsie sempre, invariavelmente, a esse dever pre-
cípuo. M a s que poderemos no presente para lattenuar a a g i t a ç ã o re-
volucionaria, para m i n o r a r os effeitos da enfermidade oocrdental que
nos t o r t u r a , que afflige a t o d a a sociedade?
Attendei. O a l t r u í s m o que é i n n a t o no h o m e m , e a t é nos anima,es
supeniores, é apenas o f u n c c i o n a m e n t o de partes bem delimitadas, de
regiões b.em circumscriiptas do cerebro. P o r isso mesmo, elle está
sujeito á lei biologiaa segundo a qual o exercício desenvolve o orga-
nismo, assim como a i n a c ç ã o o a t r o p h i a . O r a , se a tendencia á re-
volta, á irreverência, á destruição, resulta d.e u m t r a n s b o r d a m e n t o
do o r g u l h o e da vaidade (que tlambem são funcções cerebraes); se
elle indica a compressão, a inactividade dos orgãos d o altruísmo, que
são o apego, a veneração e a bondade, actuemos sobre estes orgãos !
Exercitemos a região cerebral donde elles provêm! Façamos com o
s e n t i m e n t o o que faz com t a n t o a r d o r a m o c i d a d e de nossos dias
para revigorar os musculos e as vísceras: submettamol-o á m e s m a
gymnastica continua e intensa; tonifiquemol-o!
De que f o r m a , p o r é m , attingiremos á c a m a d a a l t r u í s t a do cerebro?
C o m o levar até a essa região privilegiada o exercício e a actividade
a que submetfcemos os musculos, os pulmões, as g l a n d u l a s ? S ó ha
para isso dois meios efficientes: a pratica die acções altruistas e o
culto t r i b u t a d o a aquelles a q u e m t u d o devemos; o culto dos nosisos
bemfeitores domésticos e o culto dos grandes homens. Restabeleça-
mos, pois, o predomínio do passado! Habituemos os nossos contem
poraneos, os moços principalmente, a conhecer a a m a r , a respeitar toda
a série dos grandes vultos a q u e m devemos os benefícios que frui-
mois! Falemos ao coração da mocidade. Despertemos nella a c h a m m a
i n n a t a dos sentimentos b o n s ; ensinemol-a a a m a r a nossa terra 110
que ella tem de grande, e a nossa gente nos seus expoentes máxi-
m o s ! Q u e as almas juvenis se exaltem e se infliammem na c o n t e m p l a ç ã o
dos vultos que f u l g u r a m nos factos dia nossa historia e enaltecem a
H u m a n i d a d e ! I n s t i t u a m o s a R e l i g i ã o do c i v i s m o !
E, senhores, a data de hoje é das que mais se a c c o m m o d a m a esse
objectivo c u l t u a l ; u m a dias mais emotivas, do calendario cívico ins-
t i t u í d o pela Republica. Tiradentes pertence ao n u m e r o dessas figuras
eminentemente representativas que t a n t o t ê m de real como de ideal-
Elie condensou as Legitimas aspirações d u m povo n u m m o m e n t o de-
cisivo de sua evolução. Foi p a t r i o t a , f o i c o r a j o s o ; e p o r q u e se sacri-
ficou pelo seu ideal, foi heróe, foi grande. E como, filho do povo,
m o r r e u pela aspiração c o m m u m , a a l m a populiar apoderou-se de sua
memoria, nimbou-lhe o n o m e de u m h a l o de gloria e fez delle obje-
cto de u m culto particular.
A p r ó p r i a situação em que surgiu favoreceu a canonisiação civica
dos pôsteres. D e sua individualidade varonil, 01 historia só consagra
em traços fortes o seu apaixoniado a m o r á P a t r i a , o seu heroismo
na desgraça, o estoicismo e a firmeza com que supportou até o f i m
o m a r t y r i o de u m a m o r t e affroritosa: faltam-nos dados completos e
minudentes sobre pontos capitaes de sua vida d o m e s t i c a ; delle n ã o
temos siquer umia p h o t o g r a p h i a , u m retrato authentico. P o r isso
m e s m o a idealisação p o p u l a r poude se exercer livremente, c o m p l e t a n d o ,
áquella figura real, mascula, inconfundível, com os toques que a ter-
nura, c carinho, a g r a t i d ã o lhe inspiraram.
E sua acção subjectiva, a influencia crescente desta vida p o s t h u m a
foi-se a l a r g a n d o com o decorrer do tempo e chegou até, m e s m o n o
t e m p o da m o n a r c h i a , a receber u m começo de c o n s a g r a ç ã o official.
E notae, senhores, a virtude desta influencia, porque é caracteristico.
E m 1867, q u a n d o presidente da e n t ã o provincia de M i n a s , m a n d o u
J o a q u i m S a l d a n h a M a r i n h o erigir em O u r o Preto, u m a c o l u m u a de
pedra á m e m o r i a de Tiradentes. E tres annos depois era S a l d a n h a Ma-
r i n h o a figuria proeminente, u m dos fundadores do nascente partido
republicano !
A esta figura épica é consagrado o dia de hoje. Evoquemol-a.
II
COMMEMORAÇÃO ESPECIAL
III
EFFUSAO
POR J U L I O C E S A R D A SILVA
S ê calada, sê discreta,
A avisados nem prudentes
Nunca os faças confidentes
Da tua vida secreta.
*
Não tenhas por mal ou bem
Ser desta fôrma ou daquella:
A mulher c feia ou bella
Conforme os olhos que a vêm.
*
L,asa-te pela razão;
Não queiras para marido
Aquellc cujo partido
E' o mesmo do coração.
S. Paulo.
A SOCIEDADE DAS N A Ç Õ E S
POR H É L I O LOBO
(da Academia Brasileira, secretario geral da Delegação
do Brasil á Conferencia da Paz)
Todos temos que aprender nestas paginas, baseadas numa informação exacta
e minuciosa, acerca dos antecedentes da projectada sociedade internacional,
especialmente da parte que a diplomacia brasileira tem tido em todos
os grandes movimentos em prol do regimen da paz e do direito.
ANTES DA GUERRA
Póde-se dizer que com o Tratado de Westphalia (1648) nova éra surge
para as relações internacionaes. Porque ficou reconhecida a entidade inter-
nacional dos Estados e a necessidade de sua cooperação. ( ! )
Esse tratado encerrou a guerra dos trinta annos, de desastrosas conse-
quências para a Europa. Para evitar a reproducção de taes calamidades,
cuidaram as potencias victoriosas formar uma liga encarregada de resolver
as rixas e intervir quando o equilíbrio, desde então inaugurado, se rom-
pesse. " A mais importante guerra do começo da edade moderna pelos
seus resultados de devastação, de prejuizos humanos, pelo tempo de dura-
ção, escreveu Estácio Coimbra ao assignar seu parecer sobre a Liga das
(1) " F r o m the thirty year s war emerged a system of national states, in which each
state was presumed to repersent a nation, add, regardless of its size or influence, to
be absolutely independent and sovereign, — to be, in theory if not in fact, quite equal
to every other satate": Carlton J . A. Hayes The League of Nations, The atlantic
monthly press, Boston, 1919, pag. 24.
The Historical Background, in Duggan.
Nações (Camara dos Deputados do Brasil, 21 de setembro de 1919), havia
despertado no espirito dos chefes de governo a necessidade de evitar, ou,
pelo menos, difficultar uma nova calamidade social. Era o primeiro passo
para a Liga das N a ç õ e s " .
(3) Confere: La Prochaine Sociétê des Nat MIS, na Pair des Peuples, L, n. 2,
pag. 277.
(4) Ver William Perm's Plan for a League of Nations, by W i l l ' a m L. H u l l , Phi-
ladelphia, 1919. — Essa memoria, deveras interessante como precursora das idéas
actuaes. foi publicada em Londres, pela prime'ra vez, anonimamente, em 1693, e, pela
segunda, com o nome do autor, em 1694. Advoga nella William Penn a causa da paz
rebatendo alguns dos argumentos que hoje commumente se lêm nestes assumptos, dentre
os quaes cumpre relevar a perda da soberania para os Estados confederados. " B u t this
is also a mistake, escreve elle, for they would remsin as sovereign at home as ever they
were; neither their power over their people, not the usual revenuethey receive would
diminished". Faz resaltar o annotador a actualidade dos argumentos então alinhados
por Penn em defesa da sua League of Nations, comparando-os aos resultados das Con-
ferencias de Haya e do Pacto de Versalhes. Penn diz, por exemplo, sobre a egualdade
da representação, que " t h e stronger and lichest sovereignity is not stronger and richer
than all the rest" e cada nação deve ter somente " a small force, such as it is capable
or accustomed to m a i n t a i n . "
que cada Estado concorreria " a proportion a la sûreté et aux dépenses
c o m m u n e s " da grande alliança; exprimia o terceiro que os grandes allia-
dos, para solução de todas suas questões renunciam " p o u r jamais, pour
eux et leurs successeurs, a la voie des armes et conviennent de prendre,
dorénavant la voie de conciliation par la médiation du reste des grandes a-
alliés, dans le lieu de l'assemblée g é n é r a l e " ; dispunha o quarto que se al-
gum membro da alliança recusasse executar o julgamento proferido nego-
ciasse tratados ou fizesse preparativos de guerra, " la grande alliance ar-
mera et agira contre lui, offensivement, jusque ce qu'il ait executé les dits
iugements ou règlements, ou donné sûreté de réparer les torts causés par
les hostilités et de rembourser les frais de guerre " ; finalmente, o quinto
artigo exarava que os alliados, por maioria de votos, " regleront, dans leur
assemblée perpétuelle, tous les articles qui seront jugés nécessaires et
importants pour procurer a la grande alliance plus de solidité, plus de sûreti,
et tous les autres avantages possibles mais l'on ne pourra jamais rien
changer si ces cinq articles fondamentaux que du consentement unanime
des alliés".
O projecto do abbade Saint Pierre institue, em consequência, um senado
da par., composto de 24 deputados, de mais de 40 annos, mantidos na ci-
dade da paz pelos alliados, durante todo o anno, com os vencimentos totaes
de 72.000 libras. Esse senado, esclarece o escriptor, " ne forme pas seu-
lement un tribunal judiciaire, mais un corp politique, placé au dessus de
tous les Etats et dispose de pouvoirs considérables et même de désigner
les successeurs des souverains mourants sans héritier. Le sénat déliberem
tantôt en assemblée générale, et tantôt en bureau." (5)
(5) Ver, para pormenores, Abbé de Saint Pierre, Paix Perpetlelle, 1713. Também
Carlton J . A . Hayes, The Historical Background, cit. pag. 25.
e o reconhecimento do direito á hospitalidade universal. O projecto de
K a n t offerece esta particularidade: ao contrario dos anteriores, elle não
institue ligas de governos ou príncipes, e, ao contrario, ensaia apoiar-se na
communhão social, fonte de todo poder official. São quatro as condições,
segundo o philosopho de Koenisberg, para uma paz universal durável:
representação popular no Governo, federação internacional de Estados li-
vres, cidadania universal, não intervenção de u m Estado na constituição e
administração interna de outro.
(6) Ver uni estudo completo sobre a essencia da doutrina e o papel de cada um
dos collaboradores na promulgação delia no meu livro Dc Monroe a Rio-Branco, capitulo
I a este.
(7) Ver Hélio Lobo, Cousas Diplomáticas, Leite Ribeiro e Murillo, R i o de Janeiro,
1918, capitulo: " A guerra maritima e as tradições internacionaes do Brasil".
(8) Carlton J . H . Hayes, The Historical Background cit., pag. 30.
convention, a la satisfaction des arties opposées. Ils n'eurent pas, il est
vrai, traites les difficultés de langage, de race et de religion ou de tradition
que rencontrent les conférences internationales plus importantes, mais on
parlait alors, et on parle actuellement encore, plus d'une langue sur le rivage
de l'Atlantique, et les colons, venus de bien des contrées étaient de race
bien différentes.
O compromisso, de que resultou a federação americana é bem a demons-
tração da possibilidade de formação de uma sociedade das nações. Previu-o
Franklin áquelle tempo, ao remetter para a Europa um exemplar da nova
constituição. " J e vous envoie ci-inclus la nouvelle constitution fédérale,
projectée par ces états, escrevia elle, a Grant, em 22 de Outubro de 1787.
J'ai été occupé quatre mois du dernier été a la convention qui la redigea.
Elle ets maintenaint envoyé et par le Congrès aux différents états pour qu'ils
l'approuvent. Si cela réussit, je ne vois pas pourquoi vous ne pourriez pas
en Europe réaliser le project du bon Henri I V , en formant une union fé-
dérale et une grande république de tous ces divers états et royaumes par
les moyens d'une semblable convention, car nous eûmes bien des intérêts
a concilier." (9)
Outro auctor, não menos recentemente, sublinha essa collaboração ame-
ricana na construcção effectiva da Sociedade das Nações. E ' Charles £>a-
rolea no seu Europe and the League of Nations ( 1 0 ) . As colonias esta-
vam divididas, affirma elle, por factores physicos, políticos e espirituaes, —
a distancia, o clima, os interesses economicos, as divergências da organi-
sação social, a escravidão, a desegualdade de territorios e de importancia
politica. E tudo isso não impediu que constituíssem o modelo das federa-
ções. " W h e n the American Commonwealth was esblished, escreve Saro-
lea, the three larger states-Virginis, Massachusetts and Pensylvania _—
demanded the same predominance which the Big Powers are demanding
to-diy. The smaller states refused to accept such predominance and they
•mposed their will. Under the American constitution the small states of
the Union have the same voting power as the large states in the Senate,
which, in internacional affairs, fulfils the same functions as the League
of Nations. The state of Nevada sends the same number of representatives
to the American Senate as the states of New Y o r k and Pensylvania, which
have a population a hundred times larger. "
Mas não era só na sabedoria politica do seu paiz mais septentrional que
a Amer ica indicava aos homens a via pratica da communhão internacional.
Era também por um continuado esforço em approximar e unir os paizes
que a formavam.
Nem por ser geralmente ignorada, a iniciativa de Panamá deve passar
sem relevo. A o orador sul-americano que, obscuramente entre os formi-
dáveis acontecimentos daquella hora, falou pela Republica do isthmo, na
sessão de 28 de abril de 1919, deviam ir todas as homenagens da Sociedade
(9) James Browm Scott, Notes de James Madison sur les debates de la Convention
Fédérait de 1787, et leur relation a une plus parfaite Société des Nations, Paris, Bos-
sard, 1919. — E ' curioso acompanhar o autor não somente no parallelo que faz entre a
convenção, as conferencias internacionacs e os projectos de uma sociedade de nações,
como t'mbem na exposição do que foi preciso vencer para se formar o que chama w a
unica.^ grande, feliz e durável união de estados que se pode encontrar nos annaes da
historia. "
(10) Charles Sarolea, Europe and the League of Nations, London, G. Bell and Sons,
1919, pags. 65 e 305.
das Nações, então recem-fundada. Porque Tacubaya tem a primazia inter-
nacional sobre Philadelphia.
Sabe-se, com effeito, que em 1826 planejou Simão Bolivar a reunião da
America em conferencia, sob as bases de uma federação. Esse plano teve
na cidade de Tacubaya, isthmo de Panamá, certo ensaio de realização,
fracassado por motivos hoje conhecidos. Era complemento do disposto
nos tratados que, em 1822, 1823 e 1825, uniram a Colombia ao Perú, México,
o Chile e America Central, e por força dos quaes, esses paizes, sem quebra
de suas respectivas soberanias, deviam reunir-se em congresso solemne,
composto dos representantes de todos elles com o encargo de " cimentar
de um modo estável suas relações, servir de conselheiro nos grandes con-
flictos, de ponto de contacto nos perigos communs, de fiel interprete de
seus tratados públicos e de juiz arbitral e conciliador em suas querellas e
pendencias ".
Reforçando esses designios, a circular convocadora (7 de dezembro de
1826) adduz argumentos para provar que só uma assembléa geral da
America, com esses intuitos, poderia manter " p o r sua influencia os prin-
cípios da politica exterior do continente e enfrear as agitações preju-
diciaes". " O dia da troca de poderes entre nossos plenipotenciários, con-
cluía Simão Bolivar, formará época memorável na historia diplomatica
americana. Quando, decorridos séculos, a posteridade indagar de nossas
instituições politicas e voltar as vistas para o pacto que houver consolidado
nosso destino, consultará com veneração os protocollos do isthmo. Nelles
descubrirá a base das primeiras allianças, que deverão regular nosso des-
envolvimento com o universo."
Fracassasse o congresso, pelo só comparecimento da Colombia, America
Central, México e Perú, não deixou elle de ser u m precursor, inspirando,
ao mesmo tempo, outras conferencias na America.
E ' certo que tiveram ellas, na sua primeira phase, feição mais defensiva
que politica. N ã o havia passado o perigo de reconquista pela metropole
e cumpria concertar a defesa em commum. Foram as tentativas mexicanas
de 1833, 1838 e 1840: o tratado de união dos estados americanos, assi-
gnado em Santiago do Chile em 1836; e as conferencias de Lima, de 1847
e 1864. Mas sem embargo dos seus fins mediatos, tomaram essas reuniões
algumas medidas de relevo, em beneficio da melhoria das relações inter-
nacionaes, á testa das quaes cumpre apontar a abolição do corso, e
garantia da propriedade marítima em tempo de guerra, a necessidade do
bloqueio effectivo, etc. ( n ) -
(11) Ver, para pormenores, meu3 livros: De Monroe a R'o-Branco cit., capitulos:
" A Primeira Conferencia de L i m a " , " A Assembleia do I s t h m o " e "Tentativas de uma
codificação". Brasil, Terra Chara, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1913, capitulo:
" A lição panamericana". E ' curioso comparar os intentos do Congresso do Panamá",
ahi analysados, com os ideais modernos de uma Sociedade das Nações. J á surgiam então
as objecçõ-s relativas á restricção da soberan : a e ao perigo das allianças externas. Nos
Estados Unidos, por exemplo, a custo conseguiu Adams, então presidente, obter a
adhesâo ao Congresso e o momento, no seu dizer, j á era diverso, quanto á realisação
dessas allianças, do tempo de Washington.
de boas praticas quanto á mitigação dos horrores da guerra. Alguns dos
seus aspectos, no concerto mundial, eram tão sui-gencris, que se cuidou
de crear, ou antes reconhecer, a existcncia de um direito internacional
americano, quando a denominação mais acertada seria a de problemas e
situações americanas no direito internacional. ( 12)
Para realização dos ideais pan-americanos (melhor seria a denominação
inter-americanos) varias conferencias se realizaram na America : em Was-
hington (1888), no Mexico (1902), no R i o de Janeiro (1907) e em Buenos
Aires (1910). A o rebentar da guerra, estava a quinta convocada para
Santiago d o Chile (1915).
Tiveram esses comícios êxito crescente e, alem de certas medidas de
caracter financeiro, commercial e economico, taes como a uniformisação
dos documentos consulares e de alfandega, a regularisação do exercício das
profissões liberaes, a codificação da legislação sobre patentes de invenção
e marcas de fabrica, e a construcção de um ferro carril panamericano, as
conferencias foram excellente meio de approximação continental e conhe-
cimento mutuo entre os paizes da America. Foi por decisão de uma delias
que se inaugurou no R i o de Janeiro o trabalho de codificação do direito
internacional na America, tarefa interrompida pelo advento da guerra ; e
também em virtude de suas decisões foi que se instituíram as conferencias
sanitarias e financeiras de todo o continente. A ultima destes acaba de
ter sua assentada em Washington.
Entre outros traços relevantes de taes assembleias, cumpre lembrar a
declaração do Secretario de Estado Root, no Rio de Janeiro, perante a
terceira conferencia: " N ã o desejamos victorias senão as da paz; territorio
senão o nosso; soberania alguma a não ser a soberania scubre nós mesmos".
E como Secretario da Delegação do Brasil á I V , reunida na capital da Nação
Argentina, posso dar testemunho dos altos intuitos, que a dictaram.
(12) Consulte-se sobre essa questão: Alvarez, Le droit international américain, Paris,
1910. Sá Vianna, Non existence d'un droit international américain, Rio de lanei-
10, 1 9 1 . . .
nos termos da convenção de arbitramento vigente entre ambas; e accordam
em não declarar guerra uma á outra nem começar hostilidades emquanto
não fòr apresentado o resultado dessa investigação." E ' de um anno,
segundo o artigo 3.°, esse prazo.
O fim dos tratados Bryan é amortecer o primeiro impulso que, na
politica internacional, precipita sempre os acontecimentos, tornando a
guerra irreparavel. Interposto largo periodo de tempo desde as primeiras
desintelligencias até a declaração da guerra ou o inicio das hostilidades, —
o cooling cff pcriod dos tratadistas americanos, — muito ganham os inte-
resses da paz. E ' o que se chama a moratoria nos livros britannicos. Esta
circumstancia é relevante, pois teve êxito preponderante na promulgação do
Pacto da Sociedade das Nações. (13)
(14) Léon Bougeois, Por la Société des Nations, Paris, George Cuyes, 1914.
cias, acaso, existiam, tão communs nas democracias inexperimentadas. Mas
pensamento não vi, que se não pudesse publicar, papel não topei, que nos
fizesse corar, instrucção não surprehendi cujo conteúdo nos não enno-
brecesse."
Nosso intuito foi sempre tornar mais intima a cooperação internacional,
sob a base dos mais liberaes principios.
Assim, em assumptos de guerra maritima, não somente adherimos com
effusão ás declarações do Congresso de Paris, de 1854, como também pe-
dimos que se juntasse, corollario natural, a garantia da propriedade par-
ticular sobre agua, tão a peito defendida cincoenta e tres annos mais tarde,
na Haya, pelo embaixador do Brasil. Foi, então, de Paranhos a palavra
de que " t o d a propriedade particular inoffensiva, sem excepção dos navios
mercantes, deve ficar ao abrigo do direito marítimo contra os ataques dos
cruzadores de guerra." J á tínhamos de facto abolido o corso (1822), e
a exigencia da effectividade do bloqueio, para sua validez, era j á commum,
desde 1825, em nossa tradição. Quanto a permanencia de navios neutraes
beligerantes em aguas neutraes, deu-nos a guerra de successão americana
tal notoriedade, que nossa lição constituiu exemplo.
O assumpto do arbitramento, — esse demandaria larga explanação, tal
a pratica que delle temos. O Brasil não só procurou praticar o arbitra-
mento como o enxertou na sua constituição como recurso obrigatorio antes
da declaração da guerra. Apenas independente, entregava o Brasil ao jul-
gamento de commissões arbitraes a decisão de questões que o separavam
da metropole e de outros paizes, como a Grã-Bretanha e a França. E m
1856, com nossa alludida adhesão aos resultados do Congresso de Paris,
foi o voto de que " nas dissenções internacionaes, sempre que as circums-
tancias o permittissem, antes de lançar mão das armas, se recorresse aos
bons officios de uma nação a m i g a " . E m 1863 decidiu o arbitramento a
questão da fragata Forte, com a Grã-Bretanha; e em 1870 o caso de u m
brigue naufragado na costa brasileira, com os Estados Unidos: e, tanto
aqui como alli, pareceu periclitar, não por intenções nossas, a paz. E m
1889 acceitamos em Washington, reunida a Primeira Conferencia Interna-
cional Americana, o principio do arbitramento obrigatorio como em 1907
votamos pelo obrigatorio sem reserva de nenhuma especie. Tínhamos as-
signado, naquelle anno de 1889, com a Nação Argentina, o compromisso
que resolveu, sem nenhum abalo, a secular questão de limites entre ambas.
E m 1895 entrega o Brasil ao presidente dos Estados Unidos da America
a solução do caso dos protocollos italianos, como em 1874 lhe confiara a
questão chamada do Chaco paraguayo. E m 1897 o compromisso arbitral
franco-brasileiro liquida pacificamente a questão da Guyana, da mesma
forma que em 1901 o anglo-brasileiro põe termo á das terras ao norte do
Amazonas. Perdendo ou ganhando (e ora nos deu razão, ora nol-a tirou
a decisão judicial) foi nosso empenho invariavel acatar a sentença diri-
rnidora. Trinta e dois tratados de arbitramento tinha o Brasil assignado
ao estalar a grande guerra.
Londres.
O
D r . José M a r i a R o d r i g u e s , u m a das maiores a u t o r i d a d e s em pes-
quizas c a m o n i a n a s , opipoz a l g u n s reparos ao m a g i s t r a l commen-
t a r i o aos " L u s í a d a s " feitos pelo s a u d o s o E p i p h a n i o , a q u e m c h a m e i
" o m e u V e r g i l i o " , q u a n d o escrevi o m e u despretencioso c o m m e n t a -
rio p a r a uso das escolas brasileiras.
O t r a b a l h o do e r u d i t o l u s i t a n o " A l g u m a s observações a u m a edi-
ção c o m m e n t a d a dos L u s í a d a s " só h a pouco m e veio ás mãos, gra-
ças a u m a gentileza do seu a u t o r .
Este t r a b a l h o suggeriu-me certas observações, das quaes destaca-
rei d u a s ou tres p a r a estes " r a b i s c o s " .
Todo o mais
N o c o m m e n t a r i o í e l t o ao C a n t o I , a r t . 91, E p i p h a n i o estranhou
a expressão "todo o mais", suppondo que fosse erro typographico
Por " t u d o o m a i s " .
A m i m m e causou especie, como ao D r . J o s é M a r i a , essa m a n e i r a
de ver em um homem como Epiphanio, t ã o conhecedor de nosso
Idioma.
O D r . J o s é M a r i a corrige E p i p h a n i o , m o s t r a n d o q u e essa expres-
são era correcta e corrente nos dias d e Camões, e accrescenta, á pag.
3 6 : " S ó depois do século X V I é que " t o d o " passou a usar-se exclu-
s i v a m e n t e como adjectivo, deixando assim de fazer concorrência á
forma "tudo."
E m que pese a t ã o conspícua a u t o r i d a d e , quero observar que nes-
ses dizeres, se n ã o estou errado, a n d a apenas m e i a verdade, ou an-
tes a verdade pelo m e i o .
Deve ,dizer-se q u e p r i m i t i v a m e n t e só existia a f ô r m a "todo",
quer como adjectivo quer como p r o n o m e indefinido.
A f ô r m a " t u d o " é r e l a t i v a m e n t e m o d e r n a e nasceu de u m a apo-
p h o n i a d e t e r m i n a d a p e l a necessidade d e clareza, distinguindo-se as/-
sim a f ô r m a p r o n o m i n a l da f ô r m a adjectiva.
E s t u d e i este facto em " O m e u I d i o m a " , j u n t a m e n t e com outros
factos semelhantes.
A s s i m , as f ô r m a s " i s t o " , " i s s o " , " a q u i l l o " são t a m b é m m o d e r n a s
e d e t e r m i n a d a s pela m e s m í s s i m a razão.
As f ô r m a s p r i m i t i v a s e r a m " e s t o " , "esso", " a q u e l l o " , q u e facil-
mente se c o n f u n d i a m com " e s t e " , "esse", " a q u e l l e " . D ' a h i a apo-
phonia.
U m a obra em q u e f a c i l m e n t e se p a l p a o a p p a r e c i m e n t o v a c i l l a n t e
das f ô r m a s actuaes são as " O r d e n a ç õ e s do R e i n o " .
U m d o c u m e n t o recente que c o m p r o v a a i n d a esta asserção de m o d o
Incontrastavel é a " R e g r a de S. B e n t o " , p u b l i c a d a por J . N u n e s n a
" R e v i s t a L u s i t a n a " , n.° 21, 1918.
Lemos a l i : " . . . e estes taes, em " t o d o " e per " t o d o " , são peores,
e t c . " P. 98.
" . . . que tomes pera " e s t o " a r m a s m u y claras, o t c . " P. 94.
" . . . o u ç a m o s " a q u e l l o " q u e nos amoesta, e t c " . P . 95.
" E p o r " e s s o " pertence do m e s t r e . " P . 105.
E ' escusado p r o s e g u i r ; faça-o o leitor, se acaso d u v i d a r .
A syntaxe de "errar"
Camões escreveu:
J á lhe obedece t o d a a E s t r e m a d u r a ,
Óbidos, A l a n q u e r , por onde soa
O t o m das frescas aguas entre as pedras
Q u e m u r m u r a n d o lava, e Torres Vedras.
XII, 61.
As "peras pyramidaes"
E ainda isto:
Campanas.
A L I T E R A T U R A E M 1920
POR T R I S T Ã O D E A T H A Y D E (*)
Rio.
EM IA
SI LEI
LETOAS
POR A R T H U R MOTTA
MARTINS JÚNIOR
Successor de Francisco de Castro na cadeira n.° 13. Nasceu em Recife (Estado de
Pernambuco) a 24 dc Novembro de 1860 e falleceu na Capital Federal, a 22 de
Agosto de 1904. Os seus restos mortaes foram removidos para o cemiterio de Santo
Amaro, de Recife.
B I B L I O G R A P H I A
Deixou inédito um ensaio realista, " C e l i n a " , segundo constou a Sacramento Blake,
e pretendia enfeixar em volume — " B r a d o s e golpes" — os artigos de critica Kte-
raria esparsos nos jornaes em que collaborou.
Escreveu nos seguintes jornaes e revistas:
" O Progresso" (1875-77); " I d é a N o v a " (1880) com Clóvis Bevilaqua e João Alfre-
do de Freitas; na polyanthéa Pernambuco a Camões; " A Folha do N o r t e " (1883-84);
"Revista do N o r t e " (1887), com A r t h u r Orlando, Adelino Filho e Pardal Mallet; " A
Republica" (1888); revista litteraria " H o m e n s e Lettras", com Tob ; as Barreto, Ar-
thur Orlando e outros; " O N o r t e " (1889); " J o r n a l do R e c i f e " ; "Gazeta da T a r d e " ,
do Recife; "Revista C o n t e m p o r â n e a " ; " J o r n a l do Commercio", do R i o ; " A Cidade do
R e c i f e " ; " A Concentração"; "Revista Brasileira" (3." phase): " A Philogenia juridica
e suas leis"; " A n n a e s do Congresso Juridico Sul-Americano" (1900).
A reproducção do seu retrato existe em "Mart!ns Júnior", de Rangel Moreira;
"Littérature brésüienne", de V . O r b a n ; " B i o g r a p h i a " de Theotonio Freire, em avulso,
e no Almanach Garnier (1905).
F O N T E S P A R A O E S T U D O C R I T I C O
(4) Houve, entretanto, vários feridos por flechas, entre os quaes o proprio Rondon.
« a i s graves, mas que elle ficaria". E, no dia seguinte, elle percorria, a
j>i, mais de trinta kilometros.
N u m a outra circunstancia, quando quasi ao termo da viagem, o grupo
ila sua escolta ficara, pouco a pouco, reduzido aos mais energicos, todos
tremendo de febre, esbarraram com um riacho, de curso torrentoso. Os
komens, desesperados, deitaram-se por terra- Então Rondon, improvi-
sando com u m couro de boi uma frágil embarcação, obrigou um dos
menos doentes a nelle tomar lugar, atirou-se a liado, guiando o esquife
ousado, onde se acamara o companheiro. O exemplo estava d a d o ; outros
o imitaram.
Numerosos factos desse genero teceram em torno do homem uma le-
genda, creando-lhe a aureola de chefe. Elles explicam a popularidade de
Rondon entre alguns dos jovens brasileiros que sonham com aventuras
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«cientifica do professor da F a c u l d a d e de M e d i c i n a consagrado por um grande
A
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DR. HENRIQUE R O X O Tenho empregado constan-
temente em minha clinica o Attesto ter empregado com Tenho preseripto a doente»
Attesto que tenho pres- meus e sempre que lhe ai'"0
os maiores resultados na cli-
cripto a clientes meus o Biotonico Fontoura nica civil o preparado indicação tlierapeutira o
Biotonico Fontoura e tal tem sido o resultado
que não me posso mais furtar
Biotonico Fontoura Biotonico Fontoura
e que tenho (ido ensejo de ob- Je
servar que lia. em geral, re- á obrigação de o receitar. Kio de Janeiro 12 de Kio de Janeiro, 20
sultados vantajosos. 1'aiticn- Kio de Janeiro, 10 de Julho de 1921. Julho dc 1920.
larmeute, mais profícuo se me Agosto de 1920.
tem afigurado o seu uso quan- 1. Busfregesilo Dr. Juliano Floreira
do lia arcentuada denulrição Dr. Rocha l/az
e occorrem manifestações ner- Professor cathedratiro da
vosas, delia dependentes. Professor dc Clinica Medi- clínica neurologica da Facul-
ca da Faculdade de -Medicina dade de Medicina do Kio de
ltio <le Janeiro, 10 de Se- do ltio de Janeiro. Janeiro.
tembro dc 1920.
(A.) Dr. Henrique de Brito Belfort Roxo
Professor ile moléstias
Preparação especial do "INSTITUTO MEDICAMENTA"
nervosas ila Faculdade de
Medicina do Kio.
FONTOURA, SERPE & C.^ - S. Paulo
2 3 4 5 6 7 Unesp^) 10 11 12 13 14 15
Neila se relata o interessantíssimo caso animaes portadores dc tumores cancero-
de uma doente soffrendo de um cancro sos e aos quaes se fez a extirpação da
inoparavel do seio, mas na qual', depois thyroide, é com injecções, não de "gran-
dc sujeita a uma ovariotomia, se operou des", mas de "pequenas" dóses de succo
uma completa cicatrisação das ulceras can thyroideo que nelles se conseguirá retar-
cerosas, concomitante diminuição do tu dar o desenvolvimento desses tumores.
mor e tão consideráveis melhoras no seu Ora é isto prec'samente o que também
estado geral que os médicos j á a conside- se deduz da observação de Reynés, visto
ram em boa via de cura. como a doente, soffrendo de um cancro
Simples coincidência? ou estreita re- inoperavel do seio, só começou a melho-
lação de causa a effeito? rar depois de lhe terem feito a ablação
Deus me livre de formular, perante este de um dos ovários. Quer dizer — redu-
isolado facto, qualquer prematura e arro- ziu-se-Ihe a secreção ovarica ao seu " q u a n
jada conclusão, mas sabendo-se, como to- t u m " physiologico; e, se era a hypererinia
dos os medico9 «abem, quanto as secre- uma das condições da proliferação neo-
ções do ovário influem sobre o desen- plasica, ella desde logo cessou com a
volvimento dos seios, eu creio, como pre- suppressão de um dós ovários.
tendo o dr. Reynes, que se não deve con
siderar como inadmissiveí a hypothese de H a em toidos estes factos enns-namentos
que uma alteração qualitativa ou sim- que me não parecem desaproveitáveis.
plesmente quantitativa dessas mesmas se- J á ha uns dez annos, em 1911, que o
creções possa, em organismos predispostos, dr. Hodenpyl, de Nova York, relatando o
desviar para uma formação maligna o dc interessantíssimo caso de uma cancerosa
»envolvimento cellular sobre o qual exer- cotm múltiplas localisações (seio, pescoço c
cem uma bem manifesta acção. f'gado) e que elV pretende ter curado
com injecções de liquido ascitico prove-
J á n u m meu anterior artigo — "Vicis- niente da própria doente, acaba por con-
situdes therapeuticas" — eu dei noticia siderar possível que, no decurso das affec-
de experiencias ultimamente emprehendi ções neoplast ; cas, se i-ealisem, nas secre-
das no Inst tuto Pasteur, de Pariz, pelo ções organicas ou internas do doente,
dr. Korentchevky é que parecem demons- modificações de ordem physica ou physio-
trar que entre as formações cancerosas c logica que dêm como resultado a accumu-
a acção de determinadas gíandulas de se- lação ou formação de substancias que ee
creção interna, como a thyroide e as opponham ao desenvolvimento das cellulas
orchiticas, existe de facto um certa cor- cancerosas.
relação, que a therapeutica poderá ta!-
vez um dia aproveitar. E m duas palavras — autotherapia, ou
opotherapia.
E m a n m a e s portadores de neoplasmas Quanto á autotherapia anti-cancerosa já
notou o dr. Korentchevsky que a ablação em precedentes artigos eu largamente me
da thyroide ou das gíandulas orchiticas occupei, tendo em vista não só os traba-
provocava, na grande maioria dos casos, lhos de Hodenpyl sobre esse mesmo as'
um considerável augmento do tumor, e sumpto, como o relatorio do dr. Risley (de
que, ao contrario, injectando-se-lhes o Boston) em que se consigna o resultado
succo fresoo dessas mesmas glândulas, j á do inquérito a que procedeu, no "Massa-
esses tumores se não desenvolviam. chussetts General Hospital", a commissão
Como se vê, tanto das experiencias de nomeada pela Universidade de Harvard
Korentchevsky, como da recente observa- para se averiguar a efficacia ou inefficacia
ção de Reynés, um mesmo importante das injecções de sôrosidade ascitica de
facto se destaca, que é o de não ser de or : gem cancerosa, no tratamento dos tu-
todo estranha ao augmento ou decresci- mores malignos inoperaveis.
mento, isto é, 4 evolução ou involução do Embora menos optimista que o dr. Ho-
tumor maligno a acção de algumas gían- denpyl, mas reconhecendo que, n u m gran-
dulas de secreção interna, como sejam, de numero de casos, ellas podem melhorar,
nos casos de que nos occupamos, a thy- e muito, o doente, não hesitou a commis-
ro : de, a orchitica, ou a ovarica. são em declarar que essas injecções cons-
Mas como é (e é esta a objecção que tituem portanto uma therapeutica a que
a todos naturalmente acode), como é que se deve recorrer, no tratamento de cancros
em alguns doentes a suppressão da glan- inoperaveis.
dula favorece e em outros, ao contrario, Pelo que respeita á opotherapia anti-
impede o desenvolvimento do tumor? cancerosa, além das experiencias e ensaios
Poderá talvez responder-se dizendo que dc Huxtey, na Inglaterra, em Farnça, ha
a contradicção é mais apparente que real. agora, e bem mais recente, um art : go, que
E , de facto, desde que as gíandulas de é um interessante repositorio de factos e
secreção interna activamente influem so- commentarios, publicado pelo dr. Naainé,
bre o metaboPsmo celtnlar e de certo mo- de Tunis, na "Gazette des H o p i t a u x " e
do garantem o equilíbrio funccional do que o " M o n t e Medicai", de Pariz, em
organismo, comprehende-se que tanto o parte reproduz, no seu numero de 11 di
Março.
excesso como a falta de secreção glandu-
lar possam, destruindo esse equilibrio, Considerando o cancro co.mo a resul-
conduz : r aos mesmos resultados. E que tante de tima deficiente nutrição local e
assim deve ser demonstra-o o facto j á simultaneamente de um defeituoso func-
apontado por Korentchevsky, e é que, nos cionamento das gíandulas de secreção in-
terna, ou, por outra, que ás boas secreções
(boas qualitativa e quantitavamente) cor-
LITERATURA
respondem as cellulas normaes e ás vicia-
das secreções as cellulas cancerosas, chega
o dr. Naainé á conclusão de que a opo- INVENÇÃO E FOLCLORE
therapia está perfeitamente ind.cada n
tratamento do cancro, porque remedeia O sr. ALBERTO FARIA, no "Dia", as-
não só a uma d e f c ente nutrição cellular, signa este artigo de critica erudita a um
causa da localisação cancerosa, como a passo interessante do "Inferno verde".
uma defeituosa secreção glandular, causa
da anarclra cellular. Esta sua concpçj.o De pernoite accidenta!' no rancho de
pathogenica e therapeutica das neoplasias F l ô r de Santos, cujo nome contrasta iro-
malignas daria ao mesmo tempo a razão nicamente com sua lenda, que o faz te-
das frequentes rec'divas post-operator'as, mido nas redondezas de Itacoatiara, o sr.
visto que a operação cirúrgica de modo Alberto Rangel ouve rumor no japá da
algum remedeia o mau funcconamento porta e, á frouxa luz das estrellas, vê
glandular. assomar o vulto do "cabra, alto, corpulen-
As observações em que se firma o dr. to, bigode massço na face larga, sob
Naamé são muito resumidamente as se- ventas grossas de lippopotamo". Eil-o que,
:
gu ntes: de arma branca em punho, avança caute-
loso para a rede do hospede, presa de
D»;s casos de cancro do seio, curados pavor. . . Porém, deposta a lamina homi-
com a opotherap : a thyro-mamara; dois de cida num banco proximo, retrograda no
cancroides da face, tratados com êxito mesmo passo. De novo só e agora a ta-
pela opotherap'a thyro-ovariana; um outro ctear, aquelle acha, juntamente com a faca
caso. e este dos mais graves, em que uma deixada, um rolo de tabaco. Percebe então
opotherapia mais complexa (extractos br- que o "Troppmann sertanejo" apenas
liares, thyroidina e pancreat : na) permittiu viera obsequ al o, não querendo interrom-
ao doente v ver ainda dois annos. per-lhe o somno.
Falando da panoreatina ,que é uma mis-
tura ou associação de var : os fermentos, As linhas supra condensam a matéria,
entre os quaes a trvpsina que transforma propriamente, do conto Hospitalidade,
os albuminóides em peptonas, não deixarei mercê de apparato descr : ptivo e luxo ter-
de assgnalar o maravilhoso resultado ob- minolog : co estirado por vinte e uma lau-
t'do por um meu distincto collega, de das do " I n f e r n o verde" (Scenas e scé-
Lisboa, o dr. Ferreira Cardoso, com as narios do Amazonas). 1
injecções de trvpsina, num caso de cancro De accôrdo com o intcrparenthetico sub-
do estomago diagnosticado por todos os mé- titulo do livro, na refer'da pça ha scé-
dicos — e não foram poucos — que exa- nario da reg'ao marav : lhosa. mas não
m naram o doente. Era este um homem scena a elía peculiar, sendo o fecho ethno-
j á de avançada edade. com um tumor graph'camente insign'ficat'vo:
perfe r tamente perceptive!, numa vasta zona " O malfeitor, que a lei humana man-
da região estomacal, e com todos os sym- tinha refugiado, exercra no seu refugio
ptomas, fácies e aspecto de um verdadeiro uma lei divina. O réprobo era patriar-
canceroso. che.
Nem altera essa glosa a critica, algo
Só ao cabo de t r n t a injecções é que psycholotfia e nada erud'ta, de Euclydes
esse doente começou a experimentar al- da Cunha, o illustre preambulador da
gumas 1'geiras melhoras, mas isto o ani- obra: •
mou a proseguir no tratamento. Essas
melhoras foram-se desde então accentuan- " N a Hospital'dade, o homem decahido
do até que que ao fim de 140 injecções o volve, em ^segundos. por um mi'.agre de
tumor tinha completamente desapparec'do, atav'smo á tona da humanidade, ant^s
as funcções gastricas restabelecidas, e o de mergulhar na sombra, d'à a d'à mais
estado geral tão perfeito quanto o per- espessa, da decrepitude moral irremediá-
m i t i a a j á avançada edade do doente, vel. "
que a : nda conseguiu viver ma : s uma meia Semelhantes palavras podem applicar-se
dtsz-a de annos. a qualquer profiss : onal do cr'me. onde
Como interpretamos esta maravilhosa fôr, porquanto hospital'dade não é sen-
cura, v'sto" ter sido, na realidade, uma timento caracteristico de cangaceiro ama-
verdade'ra cura? zonense. ou de salteador calabrez, rte.
Erro de diagnostico? De que natureza Accresce que, para o effeito sensaco-
era esse tumor que resistiu a todas os nal do conto, resultante de um equ r voco
anterores tratamentos e que só veiu a relat'vo á ntenção do hospedeiro, não se
ceder á exclusiva acção da trvpsina, acção tornava necessário ser este assassino, bas-
demo-rada, pers'stente e method'ca? tando que tal o suppuzesse o viajor em
Não me arriscarei a aventar quaesquer pan ; co.
complicadas hypotheses, mas não deixarei F. com isto o sr. Alberto Rangel resti-
de rep?t : r, term nando, o que neste artigo tuir'a ao caso. que subjectivou por méra
comecei por d r e r — e é que em todos fantasia, um dos traços prim't'vos. con-
estes factos apontados ha. a despeito da correntes para sua fe'çâo tragicomica,
névoa que a ; nda os envolve, ensinamen- ainda conservada cm França.
tos que me não parecem desaproveitáveis. Assim dizemos, porque essencialmente
lhe não pertence o assumpto, nem tam- uma tentativa de evasão. Aliás, de modo
pouco ao primeiro aproveitador literário diverso não salvar'am o corpo.
do mesmo, o bom vigneron Paul-Louis Concordando o gordo, o magro abriu-a
Courier. e, observando a pouca altura do lado ex-
A engenhosa e bella enxertia deste es- terior, pulou abaixo, de seguida fazendo-se
criptor, celebre pela "tache d'encre", ao largo.
aqui frutificou de norte a sul, (2) graças Ta obrar igualmente o companheiro,
á selecta franceza de Roquette, adoptada mas, o enorme peso, transformou-lhe o
em nossas princ'pnes casas de ensino, salto em quéda, fracturando uma perna.
desde mu tos annos. Dorido e abandonado, circumvaga o
Era natural que no esp : rito dos ado- olhar, á procura de esconder jo seguro; á
lescentes, forçados a deletrearem-lhe os curta distanc : a, depara-se-lhe uma poc lga,
trechos, se gravassem de preferencia os cuja portinhola abre, por ella escapando
xna;s coloridos, como o da carta de 1 de dois cevados. Fecha-a sobre si, accom-
novembro de 1807 a mme. Pigalle, prima modando-se o melhor que pôde no logar
do signatario, pois representa um conte delles, para aguardar o ruido de algum
de pour, ou á brasileira, uma historia passante, a quem implorar soccorro.
de metter medo. Logo que amanheceu, o lenhador, to-
mando seus facões afiados, conv dou ;<
E ser ; am elles, quando adultos e a cor- mulher a segu'1-o, a f m de matarem o
rer terras da patria, seus dvulgadores porco gordo. E, quando rente á pocilga,
oraes, nas variantes sabidas, que ao pr: em que se occultára o frade, começa a
sente repontam eni floreios art'st : cos. bradar:
A transplantação do questionado conto, — Saide fóra, mestre Franciscano;
medieval e popular na o r g e m , deu-se as- saide fora, porque hoje necessitamos de
s in por via didactica, enrquecendo suc- vosso sangue e de vossas banhas.
cessvamente o folklore e a literatura do O pobre irmão, não podendo ter-se so-
Brasil. bre a perna ferida, saiu a quatro pés,
Interessa conhecer a fonte immediata gritando:
de Paul-Lou : s Courier, cuja imitação, fa- — Misericórdia! Misericórdia!
c'l de verif car-se, vem sendo reimitada. Se grande foi seu medo, acred ; tando
Eis a novella 38 do " Heptameron ", da chegado o momento fatal, não foi menor
rainha de Navarra. o dos rústicos, suppondo-o apparição do
l T in dia aconteceu chegarem tarde ; proprio Francisco, i rr tado por chama-
Grip, aldeia do senhorio de Fors, dois rem franciscanos aos cerdos.
irmãos da Ordem de S . Francisco de Era de ver o grupo: ajoelhados ante o
Assis. frade, na postura grotesca e sempre a
Alojaram-se em casa de um lenhador. berrar, o lenhador e a mulher pediam
E, como apenas um taboado. mal junto, perdão ao santo.
separava o quarto do hospedero do ce- Alfrm. convencido de que nenhum
dido a ambos, por desfastio puzeram-se a damno lhe queriam fazer, socegou o fra-
escutar o que o marido dizia á mulher, de, explicando porque se mettera na po-
j á no leito. cilga. E o lenhador, mal sustendo o riso,
Sem suspe ; tar a indiscreção dos hos- reconduziu-o á casa, para pensar-lhe a
pedes, e preoccupado coin a economia ferida.
domest'ea. assim falava:
Nesse entretanto surg ; ra um emissaro
— M n h a cara, amanhã devemos le- feudal, expedido mediante queixa do
vantar-nos cêdo, para vermos nossos monge fugitivo, para a apuração da ver-
franciscanos ; um está bem gordo, e é dad?, que o sc :gncur de Fors houve por
preciso niatal-o incontinente. Disso tira- bem racompirr A sa ma :stressc madame
remos bom proveito. te dnchessc dAngouslcme, mére du Roy
A ' espera do romper d'alva, entraram Françoys premier dtt vom.
em afflicção os monges, dos quaes um
era mu'to gordo e outro assás magro. Tres e quatro séculos depois é que
O pr : meiro, certo de que o lenhador, Paul-Louis Courier e o sr. Alberto Ran-
perd'da a graça divina, não t e r a escru- gel, respectivamente, visitaram a Calábria
pulo de escorchal-o, como a um boi, ou e o Amazonas.
qualquer animal, desejava confessar-se.
— Encerrados aqui, murmurava, será 1. — Seguda ed r ção, revista, pags. 83-103.
inevitável a morte affrontosa: cumpre-nos, 2. — Em estylo inferior ao do sr. Al-
pois. recommendar a alma a Deus, quanto berto Rangel, posto que isento de
antes. gontjorrmo formal, tem o ?r. O f ho-
Não vencido inteiramente do terror, n ; el Motta pedagogo paulista, idên-
obtfmperou o segundo que,^ trnncada a tico trabalho, lido pelo autor em
porta, ainda lhes restava a janella, para algumas sessões publicas.
MACHADO DE ASSIS esplendida desafinação do ambiente. Mo-
ralmente, intellectualmente, sentimental-
A Academia Brasileira, por proposta mente, um insulado. Nunca "commun-
do sr. Mario de Alencar, vai e r g i r , no g o u " com o povo. Nunca part : cipou do6
Rio, um monumento a Machado de Assis, festins e das orgias da opinião. Admirá-
— um monumento simples e modesto, vel e commovente exemplo de uma indi-
•orno recatada foi a índole e como dis- vidualidade que quer ser jequit : bá no
creta foi a vida do eminente escriptor. meio de um cerrado tortuoso, de uma ca
Bella iniciativa. • tinga triste, — e que o consegue 1
Mas, representante máximo de si pró-
Entre os escriptores brasileiros, ne-
prio, excepção, aborto, desafinadeíla,
nhum de tão larga humanidade: Macha-
Machado também representa o Brasil.
do podia ser, com pequenas differenças
Não se deve deixar á mediocridade, á
de colorido local, um escriptor inglez,
parte de mediocridade que os homens no-
allemão, on pariziense, comprehendido,
táveis têm comsigo, o encargo de ex-
lido e amado em todo o mundo. A o mes-
poente da nacionalidade, da raça, do po-
mo tempo, nenhum escriptor que tão aca-
vo, ou lá do quer que é. Os homens ex-
badamente, tão funccionalmente repre-
cepcionaes, a certos respe : tos, são até
sentasse entre nós o humorismo superior,
melhores, são até mais altos, mais esti-
humorismo de pensadores que se fazem
máveis representantes da sua gente, -vis-
artistas, humorismo imparcial, subtil e
to que lhe representam as possibilidades
espiritualisado de Anatole ou de Sterne.
mais nobres. Porque a flôr que só appa-
E m terceiro lugar, nenhum escriptor foi
rece uma vez por anno, no alto de uma
tão correcto, tão classica e puramente
fronde, ha de ser menos representativa
correcto na composição e uso dos seus
do que as folhas de todos os dias?
meios expressivos.
Não se repita, pois, a sediça historia
Sob estes tres aspectos,—que bem po- de que Machado não é bem brasileiro, de
dem fundir-se n u m só, porque Machado que é menos brasileiro que este ou
é desses homens que conservam uma aquelle. Bras : leirissimo é que e!le é. Bra-
profunda unidade na diversidade,—o au- sileiro pelo sangue, pela familia, pela
tor de Braz Cubas inclue-se na primeira naturalidade, pela criação, pela educação,
fila dos que superiormente honram o pelo meio brasiIeiriss : mo em que viveu
Brasil. Não entra, é claro, na classe des- toda a sua vida.
ses chamados "homens representativos",
Alcemos o seu nome ás alturas. — Yo-
como esses homens são por cá entendi-
riclc.
dos — expoentes dos vicios e qualida-
des mais communs e apparentes do seu * * A proposito da iniciativa da Aca-
meio. O que elle representa t outra coi- dem : a, um dos membros da casa, o iMus-
sa. Antes de tudo, expoente de si mes- tre sr. Filinto de Almeida, escreveu no
mo. Grande figura, com lineamentos e jornal " A N o i t e " o seguinte artigo, sob
geitos de um bello aborto. Cheira a uma o titulo—"Como eu conheci o Mestre":
A s "Memorias Póstumas cie Braz N o dia seguinte, ao almoço, appareceu
Cubas", dedicadas como saudosa lem- no hotel outro poeta, Rozendo M u n i z ,
brança " A o verme que primeiro roeu as que, Chegado nesse dia, parou á minha
frias carnes" do cadaver do herói, ti- mesa, para me cumprimentar. Disse-lhe
íham aparecido em 1881, e eu ainda não que tínhamos ali o nosso Machado de
conhecia o livro maravilhoso, quando, em Assis e logo ele me fez um sinal discreto
janeiro do ano seguinte, levado por um para me eu calar:
»migo querido, fui, pela primeira vez, a — Não nos d a m o s . . .
Petropolis, a passeio, um passe o que du- Fiquei espantado de haver alguém zan-
rou oito dias, que me deslumbrou e de
gado com o Mestre ilustre, tão afável, tão
que me ficou uma lembrança imperecive*'.
doce, tão alegre no conversar. Mas logo
Naquele tempo a viagem de Petrópo- me refiz, por saber que Rozendo era o
lis consumia umas cinco horas, mas era que nós chamamos um estoirado.
admiravel. Primeiro a travessia da baia,
E m f i m , ali começaram as minhas re-
nas barcas, muito limpas e elegantes da
lações com o poeta das "Crisalidas", das
empreza; em seguida, os v'nte minutos
" F a l e n a s " e das "Americanas", com o
ile comboio até a Raiz da Serra; e, por
insigne prosador de " B r a z Cubas" e de
fim, as diligencias da U n i ã o e Industria,
"Quincas Borba". Sereno, sorrindo com
a tres parelhás, galgando o aclive da be-
indulgência á minha mocidade estouvada,
)a e ót : ma estrada macadaminada. ao la-
sempre a par da esposa, senhora de in-
do da qual se iam desdobrando em ma-
comparável encanto, inteligentíssima, que
ravilhas os variados panoramas da paisa-
Portugal parecia ter mandado ao Brasil
gem.
expressamente para ser a companheira e o
Do lto da serra, uma carruagem nos anjo bom do grande escriptor brasileiro,
oonduziu ao H o t e l do Oriente, que já irmã também de um poeta — Faustino
não existe, e onde tive a surpreza agra- Xavier de Novaes, — Machado não des-
davel de encontrar França J ú n i o r , en- denhava de conversar comigo, que era
ião em plena voga, por causa dos seus um principiante ignorado e de poucas le-
folhetins humor'st icos da "Gazeta de tras, de me contar anedotas, o que ele
Noticias". O folhetinista popular, o co- fazia com imensa " v e r v e " , tirando efeitos
uediógrafo do "Defeito de f a m í l i a " , do de graça da sua própria gaguez. E co-
" D i r e ; t o por linhas tortas", de " C o m o mecei a ama-lo e a venera-lo desde entlo,
se faria um deputado" e de outras co- sem poder imaginar que um dia me seria
medias de grande êxito, era um dandy dada a honra de me sentar ao seu lado,
notado pela elegancia e correcção do tra- n u m a Academia.
jar, que lhe atenuava a escassa esbeke-
za das linhas e era, além disso, u m óti- Foi um passeio feliz, aquele de Petro-
mo palestrador. Estava lá com a esposa, polis, no ano remoto de 18821 Dele me
uma senhora muito a!ta e esguia, d;stin- ficaram no coração a amisade de Macha-
tissima, de grande cultura e de nobres do, e na memória os dois nobres perfis
maneiras, como toda a família dos A m a de medalha antiga, que eram o da sua
•ais, a que pretencia, irmã do diplomata esposa e o da senhora França J ú n i o r .
e notável poeta José Maria do Amaral, Agora, volvidos quas>i treze anos sobre
hoje tão esquecido, e do visconde de a morte do Mestre, Mario de Alencar,
Cabo Frio. que foi o mais querido dos seus discípu-
los e dos seus amigos, propoz que a Aca-
— P o r aqui? Mas que bella surpreza 1 demia Brasileira de Letras promovesse a
— V o c ê vai ter outra mais agradavel: erecção de um monumento publico que
stá cá também o Machado de Assis, perpetuasse no belo parque do Passeio a
com a senhora; conhece-a? memória do seu primeiro presidente, um
— N ã o : mesmo o Machado só o conheço monumento* modesto, condizente com a
de vista. indole e com a vida discreta do Mestre.
Disse-lhe quanto lhe seria grato se me A ' Academia não seria difícil, nem
fizesse a fineza de me apresentar ao pouco agradavel, o exigir ela mesma, á
Mestre; e França J ú n i o r , amavel, apre- sua custa, o monumento. Mas não foi
sentou-me, á hora do jantar, quando Ma- esse o pensamento de Mario de Alencar;
chado, com a esposa, ia sentar-se á mesa. antes ao contrário, do que se cogitou foi
Fiquei sempre grato a França J ú n i o r por de provar que o público, o público de
essa apresentação e também porque ele, todos os recantos do Brasil, que sabe ler
pacientemente, me mostrou, em dias su- e que lê, presa a memória do maior dos
cessivos, todos os recantos belos ou inte- escriptores nacionais e que é capaz de
ressantes de Petropolis, que era naquele fazer o sacrifício de alguns mil réis, para
:«mpo uma vilazinha florida, toda florida, perpetuar essa memória na capital do
onde as flores desabrocharam em todas pais. H a quem diga que não, porque Ma-
as casas, ricas e pobres, subiam em has chado de Ass ; s não foi nem podia ser um
tes pelas paredes e iam rebentar em es- escritor popular, no sentido comum deste
maltes e matizes variegados sobre as te- adjectivo; mas também ha quem diga que
lhas das casas térreas. O doutor França sim.
conhecia todos os centímetros de terreno
de Petropolis e ninguém tão bem como Nas palavras " a o leitor", que precedem
ele me poderia pôr em contacto com os as " M e m o r i a s " , Braz Cubas delas escreve:
^•»s encantos. " E ' obra de finado. Escrevi-a com a pena
da galhofa e a tinta da melancolia; e não
é difícil antever o que poderá sair desse Essa desnecessidade resalta, principal-
conúbio. Acrerce que a gente achará no
livro umas aparências de puro romance, mente, quando o substantivo determinado
ao passo que a gente frívola não achará é precedido do qualificativo. A simples
nele o seu romance usual; e ei-lo ai fica suppressão do art'go, ou a suppressão
privado da estima dos graves e do amor
dos frívolos, que são as duas colunas com ligeira inversão dos termos, daria ás
máximas da opinião." proposições outra leveza e graça:
E eu estou certo de que A N O I T E ini- !"Dei'xal-a perecer seria imperdoável
ciará no nosso jornal smo a subscrição incur ; a, crime de que jamais nos redimi-
publica para o monumento, com uma
quantia bem modesta, que não espante ríamos.
os futuros subscritores, quando por ai " N ã o obstante a paralysação da indus-
não seja, ao menos pela curiosidade de tria de tecelagem... proporcionando des-
vermos como o povo ledor do Brasil res-
ponde á duplicidade do conceito de Braz canso a 60.000.000 de f u s o s . . . "
Cubas. "Recebemos desses factos péssima im-
E logo veremos como se expressam as pressão ".
duas colunas máximas da o p i n i ã o . . .
"Acabo de fazer interessantíssima via-
gem".
Acolhendo sympaticamente a sugges-
" N u n c a experimentara tão grande con-
tão com que o artigo term na, " A Noi-
tentamento".
t e " abriu uma subscripçao publica, desti-
nada a recolher modestos donativos em Este vicio não tem a desculpa da dif-
grande numero. ficuldade em desenraizal-o, ou de prejuízo
Esse exemplo foi imitado pelo "Esta- para a intelligencia das phrases. E ' bro-
do de S. P a u l o " , que tem uma subscri- toeja que resulta simplesmente da falta
pção aberta. de cuidado. E ' como certas doencinhas de
pelle, que se curam com sabão, quando
muito com pinceladas de i o d o . . . — Sil-
"ENFERMIDADES DA LÍNGUA"
vestre Silvério.
Escrevendo sobre a situação actual dos operários, diz elle que, apesar de todos os
esforços dos bolchevistas, apesar da polit-ca de Lenine, baseada primeiro sobre os cam-
ponezes mais pobres ( " C o n r t é s " de pobres nas aldeias), depois sobre o grupo medio
dos camponezes; apesar de todas as "semanas de propaganda", organisadas pelos so-
viets — a classe dos camponezes russos não acceita o bo!chev : smo. Para o camponez
russo, a Revolução ternrnou no momento em que elle entrou na posse de todas as
terras. Toda a sua politica, todos os seus esforços são dirigidos para a protecção da
sua terra, tanto contra os ataques dos antigos proprietaros, como contra os do go-
verno bolchevista, com as suas "nacionalisações, soc:a!isações e requisições". Pouco
importa ao camponez russo que a terra seja propr : edade commum ou sua propriedade
individual. Conservará elle a terra sem a pagar, ou terá de a pagar segundo uma "es-
timação justa"? O camponez não pensa nisso: o que lhe importa é que a terra fique
sendo sua. Quanto aos detalhes, ver-se-á depois.
A politica dos bolchev:stas nos campos não dá aos camponezes um momento de des-
canso. Uma luta incessante, quotidiana, para proteger o seu trigo, que lhe tomam &
força em troca de papel moeda que lhe é absolutamente inut : l, levou o camponez a le-
vantar-se em vários pontos contra a tyrannia bolchev'sta. Esses levantes se produzem
cada vez com mais frequencia, e são reprimidos com uma crueldade cada vez maior.
Com o tempo, o camponez cessou de semear toda a sua terra, e só produz a quantida-
de de t r g o estrictamcnte necessar a para se alimentar e á familia, quantidade que
é a norma deixada a seu proveito pelos bolchevistas. Nenhuma medida coercitiva dos
poderes sovietistas pôde melhorar essa s tuação, de sorte que 55 o|0 de toda a terra
continua inculta. E se considerarmos que a colheita deu em 1920, 60 o|° da colheita
normal, é de se imaginar a fome que reina por lá. Além d'sso, o camponez é obrigado
a muitos serviços e fornecimentos, os quaes são exigidos rigorosamente, de sorte que
a sua situação é de perfe'ta escravidão. Dahi a emigração para melhores terras, onde
os russos encontram mais tranquilidade e liberdade. Na primavera de 1920, o jornal
soviético " A vida economica" menc'onava muitas centenas de milhares de casos de
emigração voluntaria para o sul e para a Siberia.
cm 1 7 unesp 10 11 12 13 14 15
O GRANDE PINTOR JAPONEZ HOKSAI
Por volta de 1807, Hoksai fez amizade estreita com o grande eser ptor Bakinu il-
lustrando-lhe muitos livros. De 1810 a 1825 consagrou-se quasi exclusivamente á illus-
tração de livros. Tendo feito uma viagem, durante a qual m u to produziu, em 1836
voltou a Eddo, que encontrou a braços com a fome, e onde os livreiros lhe não po-
diam dar trabalho. Poucos depois, em 1839, outra catastrophe: o i n c e n d o de alguns
bairros de Eddo, obr!gando-o a fugir ás pressas com a filha Ohi, da sua casa em
chammas, Hoksai tinha então 79 annos. E m 1849 cahiu doente, mas sem perder o en-
thusiasmo do trabalho e a esperança no futuro, dizia: " S e o ceu me concedesse ainda
cinco annos eu me tornaria um verdadeiro pintor." A 10 de M a o de 1849 expirou
Hoksai com 89 annos.
E ' interessante este trecho do seu prefacio das " C e m vistas de Fuj : -Yama (1834-
1835): "Desde os seis annos, eu tinha a mania de desenhar. Por volta dos 50 annos,
publiquei uma infinidade de desenhos, mas tudo quanto produzi antes dos 70 annos
não vale a pena de ser levado em conta. Foi aos 73 annos que comprehendi mais ou
menos a estructura da verdadeira natureza, dos animaes, das hervas, das arvores, das
aves, dos peixes e dos insectos. Por conseguinte, aos 80 annos terei feito mais pro-
gressos; aos 90, penetrarei o mysterio dai coisas; aos 100 annos terei chegado decidi-
damente a um grau de maravilha. E quando eu t'ver 110 annos, um ponto ou uma
linha, tudo em mim será vivo. E u peço aos que viverem tanto quanto eu, que vejam
«e cumpro a minha palavra ou não. Escripto na edade de 75 annos por mim, outr'ora
Hoksai, hoje Gwakio R o j i n , o velho louco por desenho." E pouco mais tarde escre-
via aos seus editores: "Tenho esperanças de que aos 100 annos poderei ser contado
entre os verdadeiros pintores."
O sr. Gaston Migeon cita vários trabalhos notáveis de Hoksai, um dos quaes é o seu
auto-retrato, reproduzido acima, e que se acha no Museu do Louvre, em Pariz.
OS MONGES SILENCIOSOS
ALLEMANHA SAQUEADA
A LÍNGUA NACIONAL
VULTOS E LIVROS
A NOVELLA
u m a série de p e q u e n o s
NACIONAL é
livros,
A NOVELLA SEMANAL
O MAIS A R R O J A D O EMPRE-
n o s q u a e s se m i r a a o s e g u i n t e
e s c o p o : o f f e r e c e r a m e l h o r lite- HENDIMENTO EDITO UAL DA
r a t u r a , sob a a p r e s e n t a ç ã o m a i s ACTUALIDADE
artística, ao preso mais barato R e v i s t a de c o n t o s e n o v e l l a s
possível. Os objectivos desta dos melhores escrlptores nacio-
p u b l i c a ç ã o , de que é director o naes, a n t i g o s s m o d e r n o s . C a d a
sr. A m a d e u A m a r a l ( d a A c a d e - numero conterá meteria equi-
mia Brasileira) podem, assim, v a l e n t e á q u a r t e p a r t e de u m
condensar-se no lemma — l i v r o d e 260 p a g i n a s e m for-
L I V R O B O M E B O N I T O A O AL- m a t o francez, c o m m u m , e será
CANCE D E TODOS. a c o m p a n h a d o de u m interessan-
Apparece approxlmadamente te s u p p l e m e n t o n o q u a l serão
u m v o l u m e p o r m e z , c o m Cerca publicadas curiosidades litera-
de 80 paginas, no formato rlas, vida anecdotica e pitoresca
16 % X 12 % c e n t í m e t r o s , I m - dos g r a n d e s e s c r i p t o r e s e p o e t a s
p r e s s o e m m a g n i f i c o p a p e l e 11- brasileiro«, m o v i m e n t o biblio-
l u s t r a d o com n u m e r o s a s e artís- graphico, paginas esquecidas
ticas gravuras, contendo uma dos g r a n d e s v u l t o s da l i t e r a t u r a
o b r a c o m p l e t a de a u c t o r conhe- n a c i o n a l , o b r a s p r i m a s d a poe-
cido. sia brasileira, noticia critica
dos l i v r o s novos.
J á e s t ã o á v e n d a os p r i m e i r o s A NOVELLA SEMANAL se
volumes: propõe a v u l g a r i s a r a m e l h o r
A P U L S E I R A D E F E R R O por literatura, divulgando a obra
A M A D E U A M A R A L , o successor d o s g r a n d e s e s c r l p t o r e s e poe-
de Olavo Bilac, na Academia tas nacionaes, encorajando os
Brasileira. novos e d e s p e r t a n d o o g o s t o do
" E 1 no genero u m a verdadeira obra publico pela leitura. Offerecerá
p r i m a " — disse desta novella 0 gran- excepcional interesse aos ho-
de poeta Alberto de Oliveira. m e n s d e l e t r a s e á s p e s s o a s cul-
tas, t a n t o q u a n t o á s d e m e r i -
OS N E G R O S por MONTEIRO diana cultura. Pela escrupulosa
L O B A T O , o celebre c r e a d o r de escolha da m a t é r i a se destina a
Jéca Tato. leitura predilecta da familia
brasileira.
Estão n o p r é l o imais dois vo-
lumes: A NOVELLA SEMANAL vem
RITINRA por L E O VAZ, o resolver no Brasil o p r o b l e m a
festejado auctor do "Professor do l i v r o p o p u l a r , d o l i v r o b a r a -
J e r e m i a s " , r o m a n c e que obteve tíssimo. C a d a n u m e r o será ven-
o m a i o r Buccesso l i t e r á r i o da dido ao preço excepcional de
a c t u a l i d a d e a l c a n ç a n d o t r e s edi- <00 r é I n , c o n s t i t u i n d o u m v e r d a -
ções em pouco mezes. d e i r o l i v r o , p e l a e x t e n s ã o , va-
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ciadas. tidos como correspondência
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