Você está na página 1de 386

B 9 M W K a a a n ln n E i

SABBAD O , 10 D t ri( -> o u u

ÂNNO

K f íA M t E EJIEM IO V .4 EXVOSK lO M í /O Y Ii, />/ /«««

DR. CÂNDIDO RO DRIGUES, m inistro da Agricultura salvador da lavoura... inherme


BROMIL
O MELHOR XAROPE
^Ü KTKA

COQUELUCHE E BRONCHITE
C u ra q u alq u er tosse em

_ 24 H ORAS - --------
LABORATORIO EM PORTO ALEGRE

DAUDT & LAGUNILLA


Deposito Geral no Rio de Janeiro

DROGARIA PACHECO
599 Rima dos Âoudradãs, 59
Encontra-se em todas as Pliarmacias.
Vendas em grosso nas principaes drogarias.

QUEDA DOS CABEUOS. PELLADA, CASPA. ETC.


Movas cu r a s — Novos a tto sta d o s

Attestado do Sr. José Marques de M agalhães— 4° annista de


Medicina :
« Amigo Sn r. Pharmaceutico Francisco O iffoni.
Conimunico-lhe que tanto en como minha esposa fizemos
uso do seu preparado denominado P ilo gênio, o qual não só
deteve no fim de poucos dias de applicação a queda dos cabel-
los, como também eliminou por completo a caspa.
Tal foi a satisfação que tivemos com 1ão brilhante suc-
cesso que resolvemos lh’a patentear por escripto, afim de que
o amigo faça delia o uso que lhe convier.
P edro J osé M arques de M agalhães.

Rua Salgado Zenha n. 8.»

Attestado do Sr. Coronel Cornelio de Souza Lima — depu­


tado estadual fluminense :
Amigo Sr. Francisco G iffon i.
Com prazer e agradecimento venho declarar-lhe que
curei-me da moléstia vulgármente denominada pe/iada ou
queda do cabello com o uso do seu preparado P IL O G E N IO
que considero um excellente medicamento
C o r n e l io L im a .

O P i l o g e n i o vende-se no deposito geral:


D r o g a r i a F p a n c i s c o G i f f o n i & C o .,
Rua l.o de M arço, 17 (antigo 9) e nas boas
pliarmacias, drogarias e perfumarias e nos Estados encontra-se desde já nas seguintes cidades:
— = Pernam buco, Bahia, Victoria, Bello-Horizente, Curityba, Pelotas, Rio G rande, Porto Alegre, Corumbá e Goyaz =
BIBLIOTECA MUNICIPAL "ORÍGENES LESSA”
LENÇÓIS PAULISTA SP
SOCIEDADE DE StmOS
nUTU05 50Bf|E fl VIDfl

Uma evidente prova das vanta­


gens das apólices da classe de sor­
teios semestraes EM D IN H E IR O ,
emittidas pela “ A E Q U IT A T IV A ” .
Rio de Janeiro, 15 de Abril de 1909.
Illmos. Snrs. Directores d’A Equi-
tativa dos E. U . do Brasil.
RIO DE JA N E IR O
Amigos e Snrs :
Já em 15 de Outubro de 1908 tive
a satisfação de escrever a VV. SS.
agradecendo o pagamento de.............
5:000$000 com que fora nesse dia
contemplada pela S E G U N D A VEZ
a minha apólice n. 52.738.
Hoje tenho novamente o prazer
de voltar á presença de VV. SS. para
mais uma vez, patentear os meus
agradecimentos pele pagamento que
acaba de ser-me feito da quantia de
outros 5:000$00, importância esta
que representa a sorte que me coube
hoje e correspondente á minha apó­
lice n. 52.739.
Pelo que acima fica exposto, veri­
fica-se que, n’um periodo de anno e
meio, tive a felicidade de ser con­
templado em 3 sorteios semestraes
consecutivos, e assim receber a
quantia de 15:000$000 em moeda
corrente, sem absolutamente preju­
dicar as demais vantagens qne me
conferem as citadas apólices ns.........
52.738)9, as quaes ficam etn inteiro
vigor e, portanto, com direito a
concorrerem aos demais sorteios,
nos termos do contracto.
Reiterando os protestos de meus
agradecimentos, subscrevo-me com
alta estima e consideração.
De VV. SS.
Am.o Att.° Obr.°
Arthur Ivans G . da Silva.
Como testemunhas:
Idacó F. Cunha.
Luiz Portocarrero Velloso.
(Firmas reconhecidas).

S É D E SOCI AL:

125, AVENIDA CENTRAL 125


RIO DE JANEIRO
G R A Ç A S ÁS
Gottas Salvadoras das Parturientes
= A U S O m A=
D O BR . VAN D E R LAAN
Oesappareceram os perigos dos partos d lc e is e laboriosos I

A partunente que fizer uso do alludido medicamento


durante o ultimo mez da gravidez, terá um parto rápido e feliz.
Innumeros attestados provam exhuberantemente a sua
efficacia. A ’ venda em todas as drogarias e bôas pharmacias do
Brazil.
Deposito geral : P h arm acia Homceopathica do Dr. J. H.
UNICO RELOGIO DE PRECISÃO DE OURO
---------------------) DE 18 R I li A T E 8 ( ---------------------
V A N DER LAAN —Rua Marechal Floriano, 116—Porto Alegre.
Vendido a Prestações Sem anaes de Rs. 3S 0 00 em 60 Sem anas
DEPOSITO GERAL:
Ú N IC O S D E P O SIT Á R IO S N O B R AZIL:
A R A Ú JO F R E IT A S & C.
114, R u a dos O u rives, 114
D ’0 RS I & I R M Ã O
R IO I» E JANEIRO Rua do Ouvidor, 122 RIQ mm

The British Bank oí South America, Crianças pallidas, Lymphaticas, Escrophulosas,


LIM IT E D RACHITICAS OU ANÊMICAS
Lymphatismo—Rachitismo Escrophulose —Anemia
CAPIT AL S U B S C R IP T O 6 5 . 0 0 0 ACÇÕES O J u g l a n d i n o de
D E LB. 20 C A D A UIVIA Giffoni é um exceden­
te reconstituinte geral
dos organismos enfra­
Com p od eres de a n g m e n t:ir 1,1». 1.1100.000 quecidos das crianças
poderoso tonico depu
rativo e anti-escrophu
Capital realisado . . . . Lb. 650.000 loso, que nunca falha
no tratamento das mo­
Fundo de reserva. . . . Lb. 600.000 l ést i as consumptivas
acima apontadas.
E’ superior ao oleo
de figado de bacalhau
Casa M atriz, 2.° Moorgate Street, London E. C. e suas emulsões, por­
que contém em muito
Casa Filial no Rio de Janeiro, rua do Hospício n. I. maior p r o p o r ç ã o o
iodo vegetalizado, in­
Com filiaes na Bahia, S. Paulo, Buenos Aires, Montevi- timamente combinado
aotannino da nogueira
déo, Rosário de Santa Fé e correspondentes em todas as cida­ ( j u g l a n s regi a) e o
des principaes do Brasil. phosphoro physiologi-
co, medicamento emi­
nentemente vitaliza-
Saca sobre Caixa Matriz, Banqueiros, Filiaes e todas as dor, sob uma fdrma
cidades principaes da Europa, Brasd, Rio da Prata, Áustria, a g r a d a v e l e inteira­
Canadá, Nova Zelandia, Chile, Beyrout, África do Sul, etc. mente assimilável.
Emitte cartas de credito negociáveis em todo o mundo. E’ um xarope saboroso, que não perturba o estomago e os in­
testinos, como frequentemente succede ao oleo e ás emulsões;
Encarrega-se da compra e venda de titulos, cobrança de dahi a preferencia dada ao Juglandino pelos mais distinctos
dividendos, emissão de Cartas de Credito, desconto e cobran­ clinicos, que o receitam diariamente aos seus proprios filhos.
ças de lettras de cambio e da terra, coupons e titulos amorti­ Para os adultos preparamos o Vinho iodo-tannico glycero-
zados, pagamentos telegraphicos e todo e qualquer negocio phosphatado.
legitimo bancario. Encontram-se ambos nas boas drogarias e pharmacias desta
Recebe deposito com juros a prazo fixo e com aviso: Capital e dos Estados e no deposito geral :

S

in o v e s a .......................
» » ...........................
» 1/2 °/o a o a n u o
4 °/o * *
Pharmacia e Drogaria de FRANCISCO GIFFONI ^
12 » * ........................... 5 o/o » » 9, R u a l.° de M arço, ErdaU
Paga juros em conta corrente.
As condições devem ser combinadas na séde do Banco. RIO DE JANEIRO
D" n i r rp

A NAVALHA DE SEGURANÇA!
NÃO PRECISA SER AFIADA, HEM REPASSADA
------------ P R E Ç O S : “ _ —
Um a navalha com estojo e 12 laminas. 18$000
Pelo correio registrado................................... 19$000
1 Pacote com 10 la m in a s ........................... 4$000

C o m o e x i s t e m n u m e r o s a s i m i t a ç õ e s no
m ercado, é preciso ter a m a x im a cautela!

A' VENDA POR ATACADO E A VAREJO


~ N A .

CASA HERMANNY
íüi Gonçalves Diis 54i 55— AVENIDA CENTRAL 126
R IO D E J A N E IR O
1

“A PÉROLA” V— I NCOMPARÁVEL

V EN D E JO IA S E R E LO G IO S E CO M PR A -SE
O U R O E PEDRAS
PR ECIO SA S A P R EÇO S SEM CO M P ET ÊN C IA Venda a prestações
, « , 11111 CMIICl, « - iiÍh « ^ « « n e J 161, Rua do Ouvidor, 161

’ • /T J Cura radicalmente, qualquer tosse antiga


R
mnyííirA
A y IvUlIlUU
A m fl A M
Cl U
A A----
venda na V h a y l i roi /anx
=todas as pharmacias e drogarh
La r 105. K u a «la U r u g n a y a n a , 105— Itio i
R E D A C Ç Ã O E O FFD Q N A Ss R U A D A A S S E M B L E A, 70 — RllO D E JANED
ASSIONATURAS . NUMERO AVULSO
ANNO ó $ o o o I S E M E S T R E ............. S$ooo Ijl CA PITAL . . . . Soo Rs. | E S T A D O S 400 Rs.

EDI ÇÃO DE " KÓS MOS

H. 5 8 | R I O D E J ãU Í E I R O — S a b b a d o — ID — , u l h o — ! ? □ ? f l M M O II

lOLDSMO P O LÍTIC O

Reflexões de um queijo philosopho. — Dizem que eu é que estou de cima; que o senador Chico Salles demonstrou o meu
prestigio presidindo a Convenção: que o Pinheiro Machado é o maior amigo de Minas; mas no fundo o que eu verda­
deiramente penso é que o destino fatal dos queijos é a barriga.
Não ha duvida que a faca do João Francisco, syn.bolo da política pinheirista pesa sobre os meus destinos.
tb£J£\

A S. Ex. o General Pinheiro Machado EXDRDXULC


Em Careta, que é uma revista orgulhosamente in­ Ao Cometa—poeta
dependente, sempre teve V. Ex. (e terá em quanto Anda sempre o Moraes em luta atróz, titanica,
forem os mesmos os vossos processos políticos) um Servindo o vate-deus com perfeição hellenica
adversário declarado, intransigente e destemido. Os E a Ceres com o ardor da pratica britannica,
ataques ao seu editor não a reduzirão ao silencio nem Gosando nesta vida a promissão edenica.
frívolas ameaças espalharão o terror sob o seu tecto.
São, pois, inúteis, as brilhaturas dos serviçaes de V. Ex. De frágil arcabouço e natureza organica
De quem parece ter hypertrophia esplenica,
O sr. Altino Pires pede-nos uma retificação, que Possue para vencer a instigação germanica
fazemos com o maior prazer. Um pândego enviou-nos E para refulgir a phrase demosthenica !
um péssimo soneto, pondo-lhe, por baixo do ultimo Constitue só por si curiosidade clinica:
verso, a guiza de assignatura, o nome do sr. Altino Anemia profunda e inspiração plutonica,
Pires e, como não tivéssemos alludido a essa pro- Debilidade enorme e resistência punica!. . .
ducção no primeiro numero que publicamos depois de
a termos recebido, o pândego, ainda em nome do Tem a negociar persuasão fulminica,
sr. Altino Pires, mandou-nos a carta desaforada, a E para versejar fertilidade harmônica...
que respondemos n’um dos nossos números passados. Dous sêres ideaes numa pessoa unica!
~*7Assim sendo, deante das declarações do sr. A l­ Rio—28—6-909.
tino Pires authentico, transferimos para o pseudo A l­ F amb
tino Pires os agradecimentos que haviamos endere­
çado á aquelle. Consta que os viuvinhas de Minas vão mudar de
nome.
Devemos declarar que o carro reservado da E. Passarão a denominar-se d’ora avante — viuvas
de Ferro Central, de que se serve todas as semanas
o senador Chico Salles para ir a Minas, não é por alegres.
conta do governo Federal, nem do dito senador. Firme coronel Bressane, que a Patria vos con­
Quem)paga^éfque não sabemos. temple 1

I T A. M B É

Uma excursão em auto movei a 22 léguas do Recife, em 9 de M aio de 1909


entre Pernambuco e Parahyba.


A política n a cio n a l descripta xaelo deputado Irinem M a c h a d o
0 NOSSO PLEBISCITO cisco Salles, barão de Miraccma, commendador Julio
Cesar de Oliveira, major Gomes de Castro, dr. Sá
Freire, Pereira Braga, Carmen Dolores, desembarga­
Qual «leve s«‘r o futuro p re sid e n te ? dor Coimbra, senador Antonio Lemos, dr. Homero
R E S U LT A D O FIN A L
Baptista, José Carlos de Carvalho, Bernardo Montei­
ro, general Caetano de Faria, Germano Hasslocher,
A 20 do passado mez, conforme fôra annunciado, Fernando Mendes, Antonio José de Oliveira (?) Men­
encerramos o nosso plebiscito presidencial, que teve des Tavares, Eusebio de Queiroz, Santos Dumont,
o mais franco exito. Everardo Beckhauser, Rodolpho Paixão, e outros
Publicamos hoje o resultado fin al que demonstra muitos.
o gráo de sympathia que os nossos homens públi­ Seguem alguns votos;
cos encontram no seio do povo. —Voto no general Dantas Barreto, que é o nosso
Como a lista de nomes é por demais extensa, só Warwick.—Nlcornedes Penha (Rio).
publicamos os que obtiveram mais de 100 votos, com —Deante da degradação política que infelizmente
a competente votação. campeia em nossa Patria, á sombra de repugnantes
Aproveitamos a occasião para agradecer ao publi­ olygarchias, penso que a candidatura do bravo ma­
co o modo por que recebeu a nossa idéa, acolhen- rechal Hermes deve ser atacada com enthusiasmo.—
do-a e correndo a responder á nossa questão. Santos Silva (Santo Antonio do Machado.
Segue a votação: —Meu voto é do grande commodore José Carlos
de Carvalho o mais intrépido marinheiro d’agua doce
1° Barão do Rio Branco . 30.008 votos que eu conheço.—João S. Lara (Uruguayana).
2o Dr. Rodrigues Alves. . 30.006 (t -Voto em Assis Brasil—intelligencia e caracter.—
3° Dr. Assis Brasil . . . . 30.002 “ Sampaio Neves (Santos).
(( —Voto em Rio Branco; mil tarismo por militarismo,
4o Dr. Joaquim Murtinho. 9.995 prefiro o delle que é ao menos um nome de univer­
9.864 u sal reputação.—J Paranhos (S. Paulo).
5° Dr. Nilo Peçanha .
“ —Prefiro votar no velho Andrade Figueira que é
6o Dr. Carlos Peixoto . 9.543 um caracter de aço, a votar nos nossos estadistas re­
7o Dr. Ruy Barbosa . 9.468 “ publicanos.—Cai\os Goes (Pernambuco).
8° Dr. Fernando Lobo. . 9.384 “ —Voto no meu unico chefe, o talentaço dos pam­
“ pas, o general de mais serviços que possuímos, o emi­
9° Dr. Antonio Prado . 9.986 nente e estrondoso Pinheiro Machado.—Rego Medei­
10° Dr. David Campista . 9.783 “ ros (Rio).
“ —Voto e votarei emquanto formos vivos em Ro­
Dr. Albuquerque Lins . 7.632 drigues Alves.—Sirnão Fernandes (Xapury).
Dr. Barbosa Lima . . . . 6.963 “ —Voto no senador Alfredo Ellis, o defensor dos
Dr. José Marcellino . . . . 5.452 “ direitos do Povo.—Carlos Sinval (Taubaté).
Dr. Miguel Calmou . . . . 4.863 “ —Meu voto já está hypothecado ao benemerito
Dr. Carvalho Britto . . . . 4.602 “ Fernando Lobo, que sempre viveu longe dessa torpe
Almirante Alex. de Alencar. 2.186 u
u politicagem que nosassola.—Severino Ferreira (Bahia).
Dr. Pedro Moacyr . . . . 1.936 Quem deixará de votar em Mendes de Moraes, o
Dr. Tavares de Lvra. u
1.864 immaculo soldado que é uma gloria do Exercito ?
General Mendes de Moraes . 1.856 “ Viviano de Freitas (Rio).
Dr. Julio de Mesquita . 1.803 u
—Sou e serei sempre partidário da eleição de Nilo
Dr. Campos Salles . . . . 1.792 “ Peçanha, principalmente depois de ver que no gover­
Dr Rosa e Silva............................ 1.476 “ no elle desprezou a politicagem. Sertorio de Azevedo
Dr. Lauro Sodré............................ 1.732 “ (Macahé).
Dr. Irineu Machado . . . . 1.723 “ —Votarei nas próximas eleições no dr. Albuquer­
Marechal Hermes........................... 1.701 “ que L;ns que considero um grande administrador.—
Dr. Medeiros e Albuquerque . 1.698 “ Carlos Brotero (S. João d’El-Rey).
Dr. Demetrio Ribeiro . 1.284 “ —O dr. José Marcellino é o meu unico candidato.
Conselheiro Andrade Figueira. 988 “ Aprecio a rijeza de caracter desse chefe. — Adhemar
Dr. Lauro Muller........................... 826 (( Fontoura (Rio).
Dr. Borges de Medeiros . 758 a —Meus votos serão pela eleição de Carlos Peixoto
Dr. Cincinato Braga. 684 “ em quem se reunem as mais recommendaveis quali­
Senador Alfredo Ellis . 532 “ dades de espirito e de caracter.—Euschis Coutinho
Dr. Barata Ribeiro . . . . 408 “ (S. Paulo).
Dr. Dino Bueno............................ 396 u —Sou pelo grande financeiro Chico Salles; se elle
Dr. Mello Mattos........................... 384 u poupa o que é seu, com maioria de razões poupará
General Quintino Bocayuva . 383 “ os cobres da Nação.—Jo s é Olympio Neves (Amazonas).
Dr. Ignacio Tosta . . . . 383 u
Dr. Monteiro Lopes. 294 “
Coronel T. d’Annunciação. 286 u Informam-nos não ter mais razão de ser a noti­
Marechal Pires Ferreira. . . 128 “ cia propalada pelos jornaes de se pretender transfor­
Barão de Lucena........................... 118 “
Dr. João Luiz Alves. 115 “ mar o Republica em navio-mineiro.
Dr. Alfredo Backer . . . . 108 “
Coronel Raphael Cabeda . 102 “
Dr. Leopoldo de Bulhões . 102 “ O conselheiro Nuno de Andrede está aqui, está
Dr. Gumercindo Bessa . 100 “ outra vez na Directoria de Saude Publica.
Dr. Bias F o r te s ............................ 100 “
Dr. Wencesláu Braz. 100 “ E vera então o dr. Oswaldo Cruz o que é melhor:
se andar pesquizando microbios insignificantes, ou
Também obtiveram votos: Coelho Lisboa, general
Dantas Barreto, Lopes Trovão, commendador Accioly, fazer folhetins políticos.
Pinheiro Machado, Silverio Nery, Constantino Nery, A capacidade se comprova sempre pelo jornalis­
Sá Peixoto, Urbano Santos, Francisco Bressane, Fran­ mo, jamais pelo microscopio.
C A WK T A

Arte Fh otograp hica

M ADEM01SELLE ALICE DA PORCIUNCULA (noiva do sr. dr. Miguel Calmon)


CARETA

ÍA1HIDDA DE NAVIOS

O sr. Presidente da Republica, suas casas civil e militar, e o sr. M inistro da M arinha
atravessando o pateo do Arsenal de M arinha para embarcar no hiate que os conduziu a bordo
do “Benjamin Constant” e do “Barroso", no dia 3, em que esses navios partiram para a Europa.

O eminente republico'general Antonio Pinheiro, N O IV A D O


também conhecido por José Gomes, ou como dizem O meu amor de agora é como um sol de inverno,
outros Gomes Machado, ou ainda José Pinheiro, e vestindo nevoeiral e encantadora to g a ...
também Pinheiro Machado, lavrou mais um tento, de­ o polen fecundador do mec anceio eterno
monstrando aos que dizem-n’o incapaz de ter idéas, nas brumas de minha alma esterilmente afoga.
que o Senado da Republica (com excepções honrosas)
é ainda mais incapaz do que elle. O ideal consolador que nos meus sonhos voga,
Não é natural que os carneiros sejam mais capa­ a circundar de sombra este meu lucto interno,
zes do que o pastor. parece uma ficção espiritual de ecloga,
coroando um verso azul com as delicias do inferno...
O denodado meetingueiro Rego de Medeiros es­ A Niobé de meu ser, e unica redimida,
creve para Pernambuco umas chronicas impagáveis a minha alma de poeta, assiste dolorida
em que conta maravilhas.
o cortejo feral das manhãs do passado.
Por ellas se vê que se o Rego não anda no mun­
do da política, anda pelo menos no mundo da lua. E á frieza do amor, em penedias túmidas,
floresce a trepadeira outomnal do noivado
Andam os jornaes Pinheiristas a discutir se o dr. neste meu coração de madrugadas húmidas...
Cândido Rodrigues deve ou não acceitar o cargo de
ministro da Agricultura. L a uro de O liveira
Apoiado ! O logar devia ser do Alcindo ou do João
Penido. Só assim prosperariam os cogumellos. A Camara de Uberaba adheriu á reacção que em
Minas chefia o formoso espirito e o grande caracter
O Figueiredo Rocha apanha mesmo uma cadeiri- que é Carvalho Brito e pronunciou-se abertamente
nha de deputado pelo Rio Grande do Sul, ao que di­ contra as candidaturas da Convenção.
zem telegrammas. Que dirá a isso o ineffavel coronel Rodolpho
O dr. Carlos Barbosa, presidente do Estado é um Paixão ?
grande conhecedor dos homens. E o jovem turco Alaor Prata Soares?
C A R E T A

iÂHHBA B E NÂVflOS

O sr. Presidente da Republica atravessando a ponte de embarque, no Arsenal de M arinha.

TELEGRAPHO SEM FIO Esse dr. Irineu é um cidadão muito curioso. Anda
a querer saber umas tantas cousas que são absoluta­
mente do dominio dos mysterios.
( S e r v i ç o <le i i l l i i n s i h o r a ) Pois não é que o diabo do homem quer conhecer
Eurico Lopes de Araújo Alves—Espirito Santo do os termos de uma celebre carta que foi a causadora
Valle Formoso—Agora seria inopportuno. da crise politica das candidaturas ?
Agenor Vieira Gonçalves— Rio—Gratíssimos. Isso são coisas que se peçam, dr. Irineu?
Não vê que só os Levitas do Alcorão podem ter
Lourenço G il— Rio—Lindos os versos, mas não po­ tamanho regalo?
demos, como Regina, “as tolas convenções deixar de
parte.,,
Domingos Argerami — Santos—Não, pela razão
unica de terem perdido a opportunidade.
Expresso
Rubionti—O seu trabalho é muito fraco.
Rubens—Gratíssimos pelas palavras e pelas ima­
gens.
= Niemeyer
Um Ju iz de Forano—Archivamos as suas informa­ AVENIDA CENTRAL
ções.
-------- N. I 2 2 --------
Balthazar de Veneza— Dizem que phosphoro é bom.
Não sabemos. Que edade o sr. tem? Alugam-se automóveis de
Dr. Osorio de Souza—Piracicaba—Não foi á pala­ luxo, carros também de luxo
para casamentos, baptisados,
vra a que alludis que nos referimos. passeios e enterros.
Raymundo Fernandes e Silva—Piracicaba—Si pu­ Serviço de rápido. Atten-
blicássemos o seu pseudo soneto o sr. ficaria com uma de-se a chamados a toda hora
terrível fama de desintelligente. do dia ou da noiie.
A. M. B —Os seus versos estão muito fúnebres, T E L E P H O N ES 197, 2 2 4 0 , 2 3 9 4 E 3 0 6 6
não só fúnebres como bambos, não só bambos como
vasios. A. N ie m e y e r ct1 C .

Previne-se a quem interessar possa que o senador O Severino é que não quer saber de historias.
Fala no Senado mais do que o preto do leite a
Chico Salles se propõe a obter assignaturas e muchas contar coisas da historia antiga.
cositas m a s ... em Minas, para os jornaes amigos. Quando elle chegar ao ponto referente aos con­
E são os outros que com em ... tractos da City é que os senhores verão.
C A R E T A .

iÂEEDÂ DE NAVEGA

Officiaes do “ Barroso."

COISAS E MAIS COISAS Notou-se ao começar um certo acanhamento, na­


tural, aliás; ao depois reentrou em si mesma e nos
deliciou cantando as duas bellas composições do nosso
A signorina Judith Cardoso de Menezes no con­ caríssimo Cardoso de Menezes.
certo do sr. Elpidio Pereira, apezar de não estar bem Muitos parabéns, pois, a essa trindade artística que
de garganta, obteve palmas geraes do intelligente au­ ainda sonha com as melodias da musica, a sempre
ditório. sublime musica, neste ambiente de dissabores, ma-
Amore, amor, de Tirindelli; Non m’amaíe piu, de guas e enganos.
Tosti, deram a alegria na sala pela graça, pelo dizer, Paulina d’Ambrozio—Chegou de sua “tournée,,
pelo “fraseggiare,, da joven e tão distincta dilettante. por Pernambuco e Bahia a joven violinista cheia de
Vasti, o delicado, o sentimental compositor teve uma bellas recordações e de gentilezas daquellas duas ca­
interprete deliciosa. pitães.
Psychologia, Esquecer-me de ti têm para nós um Arthur Napoleão voltou mais vigoroso—Loiros e
duplo mérito. A musica indovinata de Cardoso de Me­ mais loiros.
neses era por nós conhecida e applaudida. A inter­ A Bahia admirou a eximia violinista tão enthusias-
pretação por sua gentilissima filha, sob os auspícios ticamente como Pernambuco. E ’ já um consolo.
valiosos de sua distinctissima mãe, insigne pianista, foi
excellente pelo acurado do canto e pela doçura da F ly
voz que vae tão bem nesse genero lyrico e no qual a
signorina Judith é a mais brilhante dentre as que aqui
conhecemos. Não queira ir além. Para a nova galeria de esculptura da Escola de
Bellas Artes vai ser transportado o bronze, que sob
A fascinação de sua expressiva phvsionomia, quando o nome de Teixeira de Freitas está depositado no
canta não deixará de impressionar agradavelmente, Largo de S. Domingos.
onde quer que se apresente. Figurará sob o distico “O homem com cólicas in-
Confessamos: temos para com a signorina Judith testinaes,,. Como expressão de gesto e de physiono-
C. de Menezes sincera admiração pelo seu talento es­ mia essa creação é sublime, e no genero de dor
pontâneo, dote oriundo de seus paes, artistas de co­ physica só póde ser comparada ao mármore da ga­
ração, porque negal-o! leria do Capitolio em Roma: “O gaulez moribundo,,.

Preparados de Capyvara
São os únicos medicamentos infalliveis na cura de enfraqueci­
mento geral, fraqueza pulmonar, e muito especialmente na 't u ­
b e r c u lo s e .— Únicos representantes: I ia u u a & F o u t cutTe.
92, R U A D O R O S A R I O , 9 2 (1° a n d a r )
E l i x i r —C a p su las —O leo e E m u l s ã o — de Freire d ’A g u ia r F ilh o = = = = = RIO DE J A N E I R O - =
C A K 1.0 T A .

Chico Salles como é um grande apreciador da O grande parlamentar bahiano e puríssimo repu­
Careta comprou um exemplar para lêr no bond. Para blicano Severino Vieira, vae em breve contar ao Se­
approveitar bem os tres tostões, lmt, leu, leu, inteiri- nado em sensacional discurso aquella velha historia
nha, do prmcipio ao fim, inclusive os annuncios; riu de compras de acções da companhia de navegação do
muito, fez todo o possível para tirar o máximo pro­ rio S. Francisco.
veito dos seus tres tostões. E’ um grande serviço que S. Ex.a presta á patria.
Mais adeante um visinho de banco chamou um Nós precisamos saber aquillo por miudo.
vendedor de jornaes para comprar uma Careta também.
Então mestre Chico propoz :
— Olhe, compre esta 1 Sabemos que brevemente no Senado serão discu­
- Mas esta o senhor já leu ! — protestou o homem. tidos os contractos do Gaz e da City Improvements,
- S im — explicou Chico Salles — mas não li toda! desandando formidável descompostura patriótica sobre
O senhor ainda acha o que lêr. Vamos, dê ao menos o ministro que os assignou o puríssimo parlamentar
200 réis!
bahiano Severino Vieira.
- Olha aquelle camarada pegando na chaleira do
Quintino 1 Que aguia 1 O dr. Alencar Guimarães vae em breve publicar
— Que idiota, a perder tempo. o seu tão anciosamente esperado livro “ Impressões
de viagem ao mundo da lua" destinado a causar o
Porque? mais legitimo successo nas rodas literárias e de car­
- Pois o Quintino é lá chaleira em que se pegue? ruagem.

O MOTEVG

Ella. — Já repararam? O visconde anda aprehensivo.


Um cavalheiro. — E ’ natural. A viscondessa engasgou tomando chá, e o primo interessou-se muito pelo
restabelecimento.
C A R E T A

GAVETA DE CARTAS E. Zeballos (B. Aires). Agradecidos ao amavel


cartão de cumprimentos por motivo de nosso anni-
versario.
Jo s é Nastucci (Guaratinguetá). O amigo pensa Zizinha Teive (Sergipe). Só um ingrato da estofa
que nós somos doidos? Então do tal Mario seria incapaz de resistir á mestiça do­
Houve outr’ora no Brazil um imperante çura de seus cantos tão meigos:
Que a cavallariças altas era dado Ingrato, não me desprezes
E mal surgia a lua no minguante Acode aos suspiros meus
Sahia num capote encapotado Vem cá pelo amor de Deus
E alta noite, na mansão da morte Deitar-te no meu regaço
Quem o visse dedilhando o violão Não vês que suspiro e choro
Só se tivesse mesmo muita sorte Pelos teus beijos de mel
Adivinharia quem era aquelle cidadão, etc., etc. Não faças esse papel
Ora, seu Nastucci, isso vae necessariamente des­ Vem cá com desembaraço...
pertar contra si os odios do Sr. Laet e outros illus- Quem sabe D. Zizinha se esse seu namorado é
tres corypheos do outro regimen. Preferimos jogar algum tabaréo que por timidez engeita deitar-se em
seu poemeto na cesta dos papéis inúteis. tão apetecível regaço ? Seu toleirão.
X . A li (Recife). O seu conto não é do genero dos Mlle. Manuelita de Castilho (Rio). Ha, nesta re­
que costumamos publicar. Mande outra cousa. dacção, uma carta para V. Ex.
Maria A. A. Pinho (Rio). Ahi vae a sua poesia Silva Jardim (Bahia). Está muito violento o seu
Exma. para o seu illustre mestre Victruvio Marcon­ Pro Patria.
des avaliar a que grão de adiantamento chegou sua J . T. de Britto (Rio). Impossível attender ao vos­
discípula: so pedido, pois não justificaes um voto, contestaes a
Foi em Dezembro que te vi ? adorei-te justificação de um voto.
Que a minha vida pela tua dei-te ! Glauco (Rio). A sua Offerta já foi publicada.
P erdão!... te p e ç o ... eu amei-te tanto
Tu não me amaste só me deste pranto Luiz Moura (Rio). Deixamos de publicar o seu
Tantas penas que so ffril... por ti! Rio de Ja n e ir o ... Dorme! pelo humanitário te­
Para dizer-te que te amava, sim! mor de vermos a sua adorada Hyggina Amélia, ca-
Tu soubeste, desprezaste a mim hir, ao ler o seu poema, no profundíssimo somno
Hoje minh’alma triste arrependida! em que a sua hypnotica Musa abysmou a nossa lin­
Vivo isolada, num penar sem fim ! da capital.
Lembra-te que as tuas punhaladas R. N. R. (Rio). O vosso Preito perdeu a opportu-
São agudissimas. Acabou-se ! Sim ! Tumulo ! nidade.
Depois disso Exma, que dizer ? Z é Miguel. O delicado estomago dos nossos lei­
Sim! Ponto final! Ponto de espantação!!! tores repelle os pratos que, como o que lhes offere-
ceis, têm muita pimenta.
Francisco Bastos (S. João da Boa Vista). Muito
fraquinhos os seus versos. Tonifique-os com a sadia João da Torrinha (Santos). Só hoje recebemos A
leitura de bons poetas. espada de Damocles, que aguardará opportunidade
para.. . rebentar o fio.
Alfredo da Silva Mendes Guimarães (?). Seus
versos carecem de moletas. A Maria tem toda a ra­ Bento Vieira (Rio). No vosso conto os sugeitos
zão de não lh’os pagar com o seu amor. E nós de estão em furiosa discordância com os verbos.
não lhes darmos publicidade. Guilherme Lara (Rio). Não.
Sócrates (S. João d’El-Rey). Applaudimos o seu M urillo Aranha (Rio). Porque não retoca alguns
patriotismo. Mas o amigo não vê logo que é melhor versos do Pezadello ?
brincar com esse pessoal do que vergastal-o como o Álvaro Pinho (Alcantara). Diga-nos si os versos
amigo fa z : que nos mandou não são do grande poeta portuguez
J. Penha.
Os inconfidentes se erguem
Terencio Chaves (Rio). Si publicássemos o vosso
P’ra protestar com horror soneto e recitasse-o a vossa dama jorrar-Ihe-ia o
Contra os infames cobardes sangue dos ouvidos: tão ásperos são os vossos ver­
Da Convenção do Terror! sos.
e por ahi além ? Somos de sua opinião quanto á K- Pa C. T. (Rio), e Calouro (Ilhas). Os senhores
politicagem que vae estragando Minas e por isso não mandaram-nos o mesmo soneto, que é infamerrimo, e
pouparemos os seus mãos representantes. Não tenha que já lêramos nas sovadas paginas de um almanach.
susto que elles não escapam. Si as vossas luzes estheticas assim se entrecruzam
atravez do espaço é o caso de fraternalmente per-
Kock (Alagoas). Póde enviar que somos da maior muttardes as ferraduras.
imparcialidade nos julgamentos.
Geremias d’Alcantara (Barbacena). Obedeçemos
Jo s é Gomes (Rio Grande.) O seu soneto é abo­ a vossa ordem.
minável. Porque o amigo não faz colheres de pão? Costa Sampaio. Abundamos nas vossas fúnebres
Adriano Ramos (Lisboa). Póde enviar os versos idéas, mas, zelando a alegria dos leitores e não de­
quando entender, que se forem bons serão publi­ sejando desfazel-a, guardaremos o vosso soneto para
cados. uso intimo.

Acha-se funccionando este importante estabe­


HOTEL AVENIDA 0 maior tioBrazil lecimento (o maior do Brazil) 2 2 0 quartos, ele­
152 a 164, A V E N I D A C E N T R A L , 152 a 164 vadores eléctricos — Diaria de 9$000 para cima.
.......... Ponto dos bondes da Jardim Botânico SOUZA, C A B R A L = RI O DE J A N E I R O
CARETA

VISITA DIPLOMÁTICA A questão da presidência


é simples questão, direi,
e esta repubrica torta
eu bem arto dizerei,
não foi ella, meus senhores,
que prá o Brasil eu son hei...
Seu Hermes não tem a curpa
de nos fazê tanto má,
seu Pinheiro é que é curpado
prú mode querê tirá
partido das asneiradas
que seu Hermes fazerá.
Seu Pinheiro, todos sabe
que é dos pampa do Rio Grande
e todo o typo dos pampa,
quem disse que de a pé ande?
anda só montado em burro
mas burro que não desande...
Por isso o pobre seu Hermes
que tá como prisioneiro
vae levá cangáia ás costa
prá carregá seu Pinheiro
faz de b u rro ... (Tenho pena
L do burro não sê coiceiro)
S. E x. o ministro italiano, acompanhado
do commandante e officiaes do cruzador Mas um dia hade chegá,
“ C alabria'’ sahindo do palacio meus collega deputado,
do Cattete onde foram visitar o sr. presi­ que a cangáia leva a b ré ca ...
dente da Republica. E nós veremo atirado
berrando como um bezerro,
Si, como se affirma, o sr. Cândido Rodrigues não seu Pinheiro e x .. .cangaiádo.. .
assumir 'o seu cargo ministerial será chamado para
substituil-o um eminente parlamentar a cujos discur­ (O Presidente annuncia que é terminada a hora)
sos é geralmente attribuida a superabundancia e con­
sequente desvalorisação da batata no mercado. E então o Brasil inteiro
Quem é elle? todo junto ha de bradá:
“Seu Pinheiro olhe sua obra
que fim lhe veio arranjá.
NA C A M A R A Também você nessa idade
ainda não sabe obrá?!
D is c u r s o d o D r. M o n te ir o L o p e s
Senhores! eu vô falá
No tempo do Presidente Campos Salles as portas
da debatida questão
de bronze do palacio do Cattete foram pintadas para
da futura presidência
imitar o bronze\ O estheta Rodrigues Alves e o austero
da mardita convenção!
Penna conservaram-n’as assim : bronze fingindo bron­
por isso peço aos collega
ze ! O sr. Nilo Peçanha, que parece disposto a pôr em
um momento de attenção.
harmonia a desordenada decoração da sua actual re­
O caso já tá ficando sidência bem podia, num gesto libertador, ordenar qúe
mais feio que minha tia, se raspassem da superfície d’aquelles bronzes as ridí­
parece mixiriquice culas tintas de que os revestiram para que pareçam
que fazem certas famia, bronze.
tá ficandu mais escuro
que a gréve da Companhia. .. -Segundo informações que não reputamos fidedi­
gnas [renasce, no nosso porto, uma industria que pa­
Porém, não fálo da gréve recia morta—a industria do contrabando.
que terminada já está
acabou-se a escuridão
da Capitá Federá, A moda das meias rendadas está causando sérios
e em matéria de negruras, prejuízos ao nosso commercio; pois attingio a tal gráo
sô suspeito prá falá. que chegou a supprimir completamente o tecido.
CARETA

roica missão que eu, convencido da hvpocrisia e da


D. CARLOTA vaidade dos inconsoláveis romeiros, já ia achando
muito mais ridícula do que sublime.
D. Carlota, com grande e justa magoa dos que Que console, vá! murmurava eu, moido e empo-
recebiam de sua caridade abundantes provas de “ que eirado, mas não a to d o s ... não a Elvira do Pinto
ha ainda apostolos da religião do Bem” como dizia Roxo 1 Eu ia ser-lhe franco. Ordenava a minha expe-
o necrologio, deixou este valle de lagrimas, ha oito riencia do mundo e dos homens que lhe abrisse os
annos e nem oito séculos, si tanto vivesse, me apa­ olhos que a bondade vendava, já uma apostrophe
gariam da memória a doce lembrança de sua vida indignada me queimava os lábios e brotavam-me as
bemfazeja. mais ardentes exclamações violentas contra a hypo-
Passasse por sua porta, aberta sempre á miséria, crisia, quando um gemido lancinante, um authentico
uma criança, cujos andrajos mal velassem as formas gemido, uma real exclamação de dôr, attraiu-nos a
tenras e ahi estava ella como um anjo bemfeitor, a attenção e os passos.
acaricial-a, a vestil-a, confortando-a ainda com pala­ Vimos um riquíssimo mausoléo, em que, numa
vras consoladoras e amigas. complicada esculptura, anjos rechonchudos ostentavam
Não havia, em toda a rua General Polydoro e azas ridículas de cupido de chafariz.
adjacências, quem vendo-a passar, mettida sempre no Ao lado, com a cabeça pendida, de joelhos, uma
seu vestido de gorgurão preto, não lhe proclamasse mulher parda, ricamente suffocada nas rendas e na
logo as conhecidas e exaltadas virtudes, num desafogo sêda de um pomposo vestido, revelava, pelas lagrimas
de justiça: abundantes que desfiava, como um rosário de aljofar,
— Santa mulher. Não merece os males que a teem a dôr mais sincera que, até então, presenciáramos.
acabrunhado 1 D. Carlota, que se havia instinctivamente adeantado,
•— E’ verdade 1 volvia outro: — Si aquella não for parou indecisa, pois nunca vira a desditosa senhora;
ao Ceu, duvido que lá entre o Arcebispo, (não tinha- mas, antes que eu pudesse attribuir a sua irresolução
mos naquelle tempo o Cardeal). á differença de raça, ella, aproximando-se, murmurou
Uma cousa, porem, D. Carlota, que era transi- commovida:
gente e comedida no julgamento das paixões huma­ — Pobre senhora 1 E’ por certo a perda de um
nas, nãe tolerava: era um descuido, por mais leve filho que tanto pranteia?!
que fosse, em pontos de honra, descuido que assu­ Resigne-se: antes tel-o ahi, do que no mundo a
mia as proporções de um crime insanavel, quando atormental-a, como o meu 1
partia de uma mulher. A um gesto negativo da lacrimosa dama, ella con­
— Não ! exclamava ella em assomos de severidade tinuou no mesmo tom compungido: — E’ certamente
intransigente, minha casa e meu pão são para todos, a recordação dos carinhos e da dedicação de um es­
mas não hão de abrigar e alimentar sinão gente poso amado. . .
honrada! E não era em vão que ella o affirmava: A pobre mulher oscillou negativamente a cabeça
que o dissesse o Lucas, seu unico filho, que ella por e, deante do bondoso aspecto de D. Carlota e do
uma aventura galante, expulsara de casa, com o firme meu ar circunspecto e sisudo de commovida gravi­
proposito de jamais o ver, embora lhe custasse isso dade, viu que ali estavam duas pessoas dignas de
o grande isolamento em que viveu. suas intimas confidencias. Não podendo deixar de ser
Não praticava somente a caridade material do sincera em tão angustioso momento, volveu para mi­
obulo, mas também, e principalmente, a espiritual do nha companheira, que a commoção immobilisara, os
affecto e do consolo. Que a vissem em dia de fina­ olhos illacrimaveis já e soluçou a sua desgraça:
dos no cemiterio de S. João Baptista! Era sublime: - Não, minha bôa senhora 1 Não é filho, nem
desde 6 horas da manhã lá estava ella, cobrindo de e sp o so ... Este que aqui está foi mais que esposo,
flores o tumulo do marido que, não a tendo com- mais que pae: — Era um rico, um bondoso senhor
prehendido e amado, dizia-se, tinha comtudo a home­ que me tratava...
nagem posthuma de sua prece. Mas ninguém pense Disse e mergulhou de novo, nas rendas de seu
que ella ficasse egoisticamente ao pé do tumulo do opulento vestido, o rosto banhado em pranto, em­
marido, emquanto dores alheias lhe reclamavam, por quanto D. Carlota, que eu espreitava aterrado, virou-
toda a parte, consolo e amparo. lhe as costas e, fremente de indignação, murmurava
Eu pude ver um dia, em que a acompanhei á ro­ rispidamente, com o olhar faiscante de cólera: —
maria fúnebre, a que requintes de affecto, a que ex­ Peste ! . . . Logo vi 1 Preta e naquelle lu x o .. .
tremos de philanthropia levava-a seu coração gene­
roso. Levou todo o dia, com grande magoa para mim, J. P i n t o .
que não lhe invejava tão penosa virtude, a consolar,
a torto e a direito, de bôa fé, mas furiosamente, E o senador Rapadura?
todos os conhecidos do bairro (e eram tan to s...). Anda tão caladinho, a cavar a demissão do Pre­
— Consola-te! dizia ella ingenuamente á viuva do
Pinto Roxo (bem consolada estava ella 1) lembra-te feito, hein 1
que teu filho te prende ainda ao mundo (e o Saboya, Vamos senador faça um esforço e diga alguma
pensei comigo) e emquanto falava, recebia, no puro cousa sobre o modo de pensar de Zé Povo quanto
e rigido gurgurão de seu clássico vestido, as abundan­ ás candidaturas da Contravenção de M aio!
tes lagrimas da viuvinha inconsolável.
Mais adeante, era uma familia que, em posições
tragi-comicas e gestos clássicos de desespero elegante, O Commodore José Carlos, affirmou em um grupo
chorava com methodo, como que seguindo um pro- de amigos que pretende occupar a hora do expedi­
gramma, o abastado chefe que uma apoplexia met-
tera debaixo de mausoléo custoso. ente da Camara com um discurso, quando lhe for
E assim, de tumulo em tumulo, ia D. Carlota, com dada a palavra, até o fim do anno.
grande desespero de meus calos, cumprindo sua he- Irribus!

A> BOTA “ FLUMINENSE” FABRICA


A m a is
E DEPOSITO
b a r a te ir a de
DE
to d o
CALÇADOS
o B r a z il
123, A V E N I D A P A S S O S , 123
: LADO DA RUA M A R E C H A L F L O R I A N Q —~ ■ -■— R IO D E JA N E IR O ■ -=
C A R E T A

O senador índio do Brazil, futuro ministro da Ma­ Consta com visos de muita certeza que o dr. Ro-
rinha, fará em breve uma conferência ao ar livre sobre dolpho Miranda vae em breve offerecer um banquete
a trajectoria dos foguetes congrève. ao general Pinheiro Machado, destinado a demonstrar
Depois da grève do gaz que tão lamentavelmente a solidariedade politica que os une.
falhou, o publico necessita bastante saber as causas O fraternal agape realizar-se-á no recinto da Expo­
sição, no Pavilhão das Industrias.
desses movimentos operários, coincidindo com os
festejos de S. João e S. Pedro.
Por isso não regatearemos applausos á fecunda Um vendedor de óvos passava na rua gritando:
iniciativa do joven parlamentar cuja trajectoria polí­ — ôbo ! ô b o!
tica tem sido tão brilhante. Um typo mettido a saber Portuguez fez a seguinte
observação :
- Este homem conseguiu uma coisa difficil: com-
Pede-nos o coronel Chico Bressane para desmentir
o que nos vieram affirmar os estudantes mineiros. metter em uma só palavra tres erros de portuguez 1
S. S. não nasceu na ilha da Madeira. E’ uma in­ Tira o s da palavra óvos, troca o v pelo b e pro­
verdade. S. S. é de Cabo Verde. nuncia como ou o ó do plural de óvos!

O primeiro O coisa, nao O primeiro. Daquelle idylio.


O segundo De q u e? O segundo. — N ã o ... E' minha mulher.
0 ACTOR BRAZAO

O grande actor^Brazãojentre os amigos que o foram receber no cáes Pharoux no dia da


sua chegada. A esquerda de Brazão o operoso empreza rio Victorino.

A CEIA DO FREGE da cabeça, a exportação diminúe dia a dia, e os cre­


dores, que têm sido pacientes, não se mostram muito
Toda a gente sabe, e se não sabe devia saber, dispostos a offerecer-lhe illimitadamente um credito,
qne Napoleão o Grande, quando era simples gene­ que pode, de um dia para outro perigar.
ral Bonaparte, escreveu um pamphleto, em fórma de M ilitar—Não ha perigo. Eu conheço bem o paiz
dialogo, Le souper de Baucaire, em defesa da repu­ e sei que elle vai entrar em nova era de prosperida-
blica, da liberdade, da constituição, da democracia e des. O general Martinez se offereceu para presidir o
dos direitos do homem. Segundo a norma invariável Estado e salvar a p atria...
dos seus antecessores e successores, desde Julio Cé­ Paizano—Alféres, desculpe. Eu sou muito amigo
sar até Cypriano de Castro, o general Bonaparte de soldados. E ’ uma nobre classe que véla pela se­
conservou-se toda a vida fiel áquelles princípios e foi gurança da nação. Mas a experiencia demonstra que
sempre o maior defensor da liberdade. Aliás nenhu­ o governo de militares é sempre desastrado.
ma gloria lhe cabe por isso, porque os generaes, Militar, inflammando-se -Então quer você dizer
sempre que sahem das fileiras para salvar a patria e que nós só servimos para defender o thesouro para
se sacrificam pelo bem do povo, fazem obra limpa. E ’ deixar vocês roubar?
inegável que o grande progresso das republicas hes- Paizano—Você não me entendeu. Demais, se quer
panholas da America se deve ao facto providencial que lhe diga uma verdade, eu penso que soldado é para
de sempre apparecer, no momento opportuno, um defender a patria, assim como padre é para defender as
general para salval-as. Mas estou divagando. Referia- almas, assim como medico é para defender a saúde,
me ao Souper de Baucaire para justificar o titulo do assim como sapateiro é para defender os pés dos cida­
dialogo que se vae ler, e que tive a fortuna de ou­ dãos, etc. E ’, como dizia o outro, unusquisque in loco
vir num frege-moscas, entre uma e tres horas da suo.
madrugada, com o estomago confortado por um pra­ M ilitar—Paizano não me irrite. Eu acho que os mi­
do de iscas com batatas e as respectivas canecas de litares são também filhos de Deus e têm os mesmos
vinho verde. direitos que os civis. Se foram elles que fundaram a re­
Na mesa próxima á minha, um caixeiro e um al- publica de Nicaragua, porque não a devem dirigir ? En­
íeres discutiam, calma e philosophicamente a situa­ tão a classe militar deve ser excluida do governo?
ção da republica de Nicaragua. O dialogo em que se Paizano—Deve 1Todas as classes devem ser excluí­
entretiveram, me attrahiu a attenção, e passo a re- das do governo! Só uma classe póde aspirar ao gover­
produzil-o, empregando os termos, paizano, para no do Estado—a classe dos Estadistas. Essa se compõe
designar o caixeiro, e militar, para designar o al- dos homens que, em cada paiz, fazem o tirocinio polí­
feres. tico, acompanham os negocios públicos, prestam servi­
Paizano—Pois é como lhe disse, alféres. Nicara­ ços assignalados e provam aptidões para o governo da
gua está em más condições. O paiz deve os cabellos sua patria. O estadista, seja soldado, padre, medico,
C A R E T A

advogado ou operário, pode aspirar ao governo. O mais


é confusão ou sophisma. O ACTOR BRAZÃO
M ilitar—Mas o general Martinez póde se revelar
estadista.
Paizano—Não póde. Estadista não se fórma da noi­
te para o dia. O general Martinez nunca sahiu das filei­
ras, nunca se dedicou a estudos sobre os negocios pú­
blicos, nem tem programma, isto é, nem sabe o que vai
fazer no governo de Nicaragua. Offereceu-se apenas
para salvar a patria, vagamente;mas declarou que ainda
vai estudar o meio de salval-a.
M ilitar—Mas póde ainda estudar, observar e;orga-
nisar um bello programma.
Paizano—Não estejamos com sophismas, alferes.
Se você precisa de umas botas, encommenda-as ao
sapateiro que já fabricou outras, e não a um padre
que lhe promette ir ainda aprender o officio e lhe
garante que depois lhe fará as botas superfinas. Se
Honduras atacar Nicaragua, é natural que se confie a
defesa ao general Martinez. Se lavrar uma epidemia,
confia-se a defesa da população aos médicos. Porque
então se ha de abrir uma excepção para o caso mais
importante e serio, e confiar a gestão dos negocios
públicos, não a um homem experiente e provado, mas
a um militar que só entende de cousas militares, ou
a um padre que só entende de coisas de religião ou
a um sapateiro que só entende de sapatos ?
M ilitar—Mas os políticos de Nicaragua convida­
ram o general Martinez para a prezidencia, esponta­
neamente, logo o julgam capaz.
Paizano—Não é como você pensa. Eu acompa­
nhei a questão. Os políticos atiraram o general sobre j
o presidente Gomes, para amedrontal-o, fazel-o ce-
cer, e escolherem um presidente á vontade. O gene­ O s adores Ferreira da Silva e Brazão
ral, homem rude, simples e de bôa fé, cahiu no laço
e tomou a serio o papel que lhe fizeram representar pousando para o Kodack da “ Careta
e convenceu-se de que é indispensável para salvar
Nicaragua. Isso é uma historia comprida mas que nervoso do grande capitão, estylo que Thiers julgou,
você deve ter lido nos telegrammas. talvez ingenuamente, perfeito, e a linguagem singela
M ilitar—Agora comprehendo. Você não julga des­ de um caixeiro e de um alferes, discutindo politica
astrada a escolha de Martinez por ser soldado, mas estrangeira, numa mesa de frege-moscas.
por não ser estadista. As suas razões me convencem.
E como está tarde, vamos tomar mais uma caneca de T r in ca -f ig o s
vinho verde.
Paizano—E beber á confraternisação de todos os Dá-se um prêmio riquíssimo a quem nos disser
cidadãos da mesma patria. A patria é uma, o povo é com certeza porque processo se aguenta um jornal
um e cada classe tem a sua missão para o engrande-
cimento e a prosperidade commum. O logar dos la­ que não se vende e envia assignaturas gratuitas, des­
vradores é no campo, dos operários na officina, dos tinadas a converter cabeçudos, para os sertões de
militares na fileira. Os lavradores, os operários, os Minas.
soldados porem, que se houverem imposto aos seus
concidadãos por serviços de natureza politica rele­
vante, por tirocinio mais ou menos longo, e por ex- O sr. Bias Fortes, honrado senador estadoal de
periencia dos negocios públicos, esses sim, podem Minas, por motivos de erudição grammatical e duplici­
ser elevados á primeira magistratura do seu paiz. dade politica passa a chamar-se Azes Fortes.
M ilitar—Dou-me por convencido, e bebamos á
paz, á concordia e á União dos nicaraguenses.
Aos falsificadores das novas moedas de dois mil
E dando o braço, sahiram os dois argumentadores.
réis os seus agentes dirigiram uma circular pedindo-
E ahi está como tive ensejo, uma vez na vida, e
permitta Deus que seja a ultima, de parodiar Napo- lhes que as façam mais brutaes e menos bellas afim de
leão Bonaparte, com a differença que vai do estylo se parecerem com as legitimas.

4 8 ANNOS DE SUCCESSIVOS TRIUMPHOS!


O tratamento radical de todas as affecções da pelle, rheumatismo e de todas
as moléstias que provêm da impureza do sangue consegue-se com a

SALSA, CAROBA E MANACA'


DE EUGENIO IMQUE5 DE HOLLflNDfl Approvada na Europa e no Rio da Prata
Depositários Geraes: A R A Ú J O F R E I T A S «V C . Rua dos Ourives 114
M A R C A R E G IS T R A D A Em S. Paulo: B A R U E L & C . — MUITO CUIDADO COM AS IMITAÇÕES
C A R E T A

— Queira acceitar as minhas felicitações!


COMMENDADOR LEONCIO GURGEL Cada qual o cumprimentou mais calorosamente.
Recebeu effusivos apertos de mão. Uma franceza, com
a qual Tapioca mantinha relações da mais respeitosa
cortezia, saltou-lhe ao pescoço:
— Quero ser a primeira a abraçar o nosso general
e, em nome da assistência e dar-lhe um beijo de fe­
licitações !
E estalou um beijo nas bochechas do sertanejo,
com applauso de todos e surpresa de Tapioca, o qual,
embora intimamente lisonjeado, extranhava aquella
liberdade com um militar da sua categoria. Passada a
explosão dos cumprimentos, elle disse de novo:
- Agora quero lhes pedir um favor. Não me cha­
mem general; tratem-me por “ brigadeiro” somente.
Faço questão. Peço-lhes que bebam commigo uma
taça de champagne.
O champagne jorrou espumoso e abundante, e
emquanto as garrafas espocavam, discutiu-se o uni­
forme de Tapioca e a urgência de mandar fazel-o.
E’ um industrial e um homem de lettras de S. Paulo. Um dos presentes, que era exactamente alferes do
E’ director da Economisadora Paulista, da Fabrica de corpo dos “ pedrestes federaes” e conhecia o farda­
Tecidos S. Bernardo Fabril, da Fabrica Paulista de mento daquella milicia, tirou todas as duvidas. O
Camas de Ferro, membro proeminente do Instituto grande uniforme que competia ao Tapioca era o se­
Historico e correspondente da Sociedade Geogra- guinte : casaca verde com canhões e botões dourados ;
phica de Lisboa e muitas outras associações scienti- peito todo bordado a ouro; calças amarellas com
ficas da Europa, tendo publicado diversas obras litte- vistas encarnadas; botas de verniz; camisa tufada de
rarias de valor. renda no peito e nas mangas; chapéo armado á Na-
E’ o director-secretario da Economisadora Pau­ poleão; espada de bainha dourada e pedraria nos
lista, a mais importante associação mutualista do copos.
Brasil, que conta 25.600 socios e cujo fim é pagar aos Tapioca, radiante, informou-se com interesse sobre
seus socios uma pensão de 100$ a 150$000 por mez, todas as minúcias, sobre o preço, sobre o alfaiate que
apoz 10 a 15 annos de Associação. A Economisadora lhe poderia preparar o uniforme, e ficou logo assen­
tem uma filial nesta Capital, á rua 7 Setembro, 113 tado que o alferes providenciaria para que ficasse
(moderno). prompto com urgência.
Tapioca julgava-se agora obrigado a ir visitar o
ministro quanto antes e agradecer-lhe a honra da sua
AVENTURAS Dl 10ÃO TAPIOCA nomeação; e não lhe ficava bem apresentar-se em
traje civil.
O alfaiate, iniciado no plano, preparou um uniforme
inverosimil, cheio de bordados, com enfeites de todas
O sertanejo leu a patente, releu-a, e num relance as cores do iris, e a inteiro contento do general-bri­
lhe passou pelo espirito toda a importância que lhe gadeiro.
vinha dar aquelie documento. General-brigadeiro ! No Assentado o dia e a hora da visita—uma hora em
Rio exigiría, por modéstia, que the chamassem apenas ponto, Tapioca mandou vir um coupé, fardou-se, e apre­
brigadeiro ; mas no interior faria questão do seu ti­ sentou-se com uma gravidade longamente estudada
tulo de general, da continência, do toque de corneta, ao espelho, na sala da pensão. Foi um successo. Al­
e não perdería occasião de envergar o grande uni­ moçou fardado, fez questão de que a estréa do seu
forme. Então lhe acudiu a curiosidade de saber quanto uniforme fosse festejada com effusão de champagne.
antes qual era o seu uniforme. Seria encarnado? bor­ Beberam todos amistosamente á sua saúde, menos o
dado a ouro? Teria bonet ou chapéo armado? Ru- alferes e outro companheiro que se retiraram antes
minando essas conjecturas, Tapioca vestiu-se, metteu do fim da refeição, por terem negocio urgente na ci­
a patente no bolso e desceu para almoçar.C dade.
Os hospedes, scientes da troça, viram com certo A’s 12.40 minutos, um cavalheiro chegou á portaria
desapontamento o sertanejo descer, cumprimentar e do ministério e apresentou o seu cartão, declarando
sentar-se á mesa, sem fazer a menor referencia á sua ao continuo que tinha necessidade de ser apresentado
nomeação. Teria elle desconfiado ? Ao almoço Tapioca logo ao ministro. Quando este leu o nom e; João No­
foi mais expansivo que nunca. Indagou qual era o gueira Timburibá de Alvarenga Tapioca, deu ordem
melhor alfaiate militar, em quantos dias se podia pre­ que o fizessem entrar immediatamente. O visitante,
parar uma Jarda, se os generaes podem andar de que era um dos compadres da troça, foi recebido
bonde ou são obrigados a carro e fez outras perguntas effusivamente, de braço abertos:
semelhantes, pelas quaes os assistentes verificaram — Oh meu caro coronel Tapioca, disse-lhe o mi­
logo que elle havia engolido a maranha. No fim, nistro depois do abraço, não calcula o prazer que
ao servir-se o café, Tapioca tomou um ar de gravi­ sinto em conhecel-o pessoalmente. Como vai afamilia?
dade, circumvagou o olhar pelos convivas e disse: Demora-se por cá ? Faço questão fechada da sua
— Meus senhores e senhoras, peço licença para presença aos meus chás das quintas-feiras.
lhes communicar que, de hoje em diante, este seu
criado é “ general-brigadeiro da milicia civica dos pe- O cavalheiro retribuiu os cumprimento com um
drestes federaes” com direito a continência, toque de perfeito ar de sertanejo.
corneta e grande uniforme ! — Oh Pelino, continuou o ministro, dirigindo-se a
Emquanto falava, Tapioca, com a physiognom.a um sujeito de occulos pretos, deixa apresentar-lhe o
iradiante importância, metteu a mão no bolso, saccou meu grande eleitor. E’ o coronel João Tapioca, o
a patente e abriu-a deante dos hospedes, que fingiam chefe político de mais influencia do meu districto.
surpresa. O falso Tapioca balbuciou uns agradecimentos e
— Bravos ao nosso general! sahiu condusido com apertos de mão até á porta do
— Parabéns! gabinete.
CARETA

Dahi a cinco^ minutos chegou outro sujeito e man­


dou o seu cartão. O ministro leu o nome do João UMA NECESSIDADE URGENTE
Tapioca e franziu o sobrolho. Teria o homem esque­
cido algum objecto no seu gabinete? Voltaria a pedir A b c c a e os «lentes. — O «lespeito «los b arbeiros
alguma cousa ? Emfim deu ordem que entrasse.
Desta vez era outro. Uma commissão de alumnos de Odontologia pro­
— Que deseja o senhor? perguntou-lhe o ministro. curou o Sr. Ministro da Justiça, em seu gabinete,
— Vim apenas visital-o. Eu sou o João Tapioca.. . para tratar de importante assumpto relativo á classe
— Com o? João Tapioca? Pois elle acaba de sahir odontologica. O ministro recebeu a commissão, sol-
daqui neste momento! licito e ao mesmo tempo cheio de curiosidade : isto
Deve ser engano de V. Ex. Tenho ainda aqui porque é a cousa mais rara do mundo os odontolo-
cartas de V. Ex, para mim e vim cá com o fim de gos irem em commissão procurar um ministro.
conhecel-o pessoalmente. Que será? perguntou o Sr. Esmeraldino aos seus
E puchou do bolso duas ou tres cartas, em cujo botões. Virão offerecer-me alguma dentadura?
envolucro, o ministro reconheceu a sua letra. A commissão ia para cousa mais séria, mais im­
A visita correu um pouco mais fria. O ministro, portante, para assumpto de alta relevância e do qual
desconfiado, ruminava que mystificação seria aquella’ depende todo o progresso da humanidade desdenta­
mas o visitante dava detalhes das suas antigas rela­ da : a commissão ia pedir licença para os dentistas
ções e parecia ser o verdadeiro Tapioca. terem o direito de vestir beca.
Demorou-se pouco e sahiu. Sim, vestir beca. E elles expuzeram as razões :
Dahi a cinco minutos, a uma hora em ponto, um I a porque os dentistas são doutores, 2a porque a
extranho personagem carnavalesco, de casaca verde, beca fica bem nos retratos de formatura e 3a porque
calças amarellas, botas, chapéo armado, chegava á queriam vestir beca.
portaria. Os empregados, julgando que fosse um doido, O ministro não podia por si só deferir a justa
quizeram impedir-lhe a entrada. Mas o homem insistiu pretenção; e mandou que a commissão requeresse a
que era amigo do ministro, que precisava vêl-o e outra autoridade, expondo as mesmas razões que a
apresentou o seu cartão. O continuo, depois de al­ elle foram expostas.
guma reluctancia, pediu que esperasse um pouco, que Elles esperam, portanto, que a licença seja concedi­
da : e ahi então é que vai ser bonito.
ia annuncial-o. Tapioca falando alto, batendo as botas, Imaginem que a gente seja atacada de repente
acompanhou-o. Quando o ministro leu o nome — João por uma dor de dente muito forte: corre-se ao Dr.
Nogueira etc Tapioca, deu um murro na mesa e le-
vantou-se indignado : dentista, implora-se-lhe um cauterio e o homem :
- Isto é um desaforo 1 Querem metter-me á — Espere, senhor, vou vestir a beca 1
bulha! Ponham esse sujeito na rúa! Canalhas — Mas não precisa, doutor!
— Precisa sim, meu senhor! E’ da lei. No exercí­
Tapioca, que penetrara no gabinete, extendeu-lhe cio das nossas funcções, nós os doutores, somos
a mão meio surprehendido : obrigados a vestir beca.
— Sr. ministro, eu sou o João T ap io ca... E veste a beca, apanha o boticão e zás! no dente
— Qual Tapioca, qual nada! Vá para o diabo! do desgraçado.
Ponham esse maluco fóra 1
— Mas eu sou o João T a p i... Não tem duvida que elles assumirão uma certa
autoridade desde que em vez de trabalharem de
— Ponham esse maluco na rúa 1 Ja disse 1 palitot-saco, empunhem o boticão cobertos de negra
E foi ás do cabo com o pobre homem. beca : e assim, inspirando por esta autoridade uma
Tapioca exaltado, furioso, foi arrastado escada fé maior aos seus clientes, não ha mais dor de den­
abaixo pelos contínuos. Com a espada traçando- te que resista á importância da beca :
se-lhes nas pernas e impellido a sôccos e empurrões, Agora, o que vai complicar tudo isto é que os bar­
o homem foi expulso até á porta, aos berros, com beiros não estão por esta injustiça : sabemos que si
grande escandalo do pessoal da Secretaria e dos tran­ fôr consentida a importante licença aos dentistas, os
seuntes que se aggruparam, sem saber de que se homens da navalha e da tesoura requererão por sua
tratava. vez permissão para usar beca no exercido das suas
O pobre homem indignado, com sangue a escor­ funcções.
rer-lhe das ventas e o corpo dolorido, entrou no coupé
e mandou tocar á toda para a pensão.
P uck

A ’ m in h a n a m o r a d a ...
QUEREIS SAUDE E VIGOR ? ? !
USAE O
Carros, theatros, automóveis,
jantares e recepções, VITAGENOL
queres que dê, como prova
do meu a m ô r.. . e ás p o r ç õ e s !... Deposito Geral: Assimbléa, 33 — Rio do Jonoiro.
Pois não 1 meu amor, pois n ão! EM S. PAULO: BARUEL & COMP.
dar-te-ei o mundo inteiro,
terás tudo o que sonhares...
(Desde que tragas din h eiro)... Podemos assegurar aos nossos leitores que está
definitivamente marcado para 15 de Novembro de 1945
M a u r o S y l v io a inauguração do novo edifício da Bibliotheca Na­
Rio, 1909. cional.

Esta secção recentemente inaugurada, acaba de receber


S e c ç ã o para crian ças grande numero de novidades próprias para a estação.
— — Des«le 2 si l<> sumos <ic i«l;i«le — — CASA. R A U N I E R
C A K E T A

CARTAS DE l)M MATUTO

Comadre, tudo vae indo «Si vosmuncê resorvesse «Tá dereito, siô vigário,
Sem baruio, sem banzé; O meu pedido attendê, O geito é cahi c'os cobre ;
Nós, da arta sociadade, Faliava c'os engenheiro Mas quando eu me vê nas urtima,
E o povinho da ralé, Que essa estrada vae fazê, Co' alguma coisa que sóbre,
Afiná, o povo todo, Elles dava uma vortinha Tenho que i p’ra SanfAnna
Tamo espiando a maré, De dez legoa, póde crê, E soffrê vida de póbre...,,
Tudo esperando que o Herme E ansim SanfAnna ficava O vigário me arresponde:
Sare do bicho de pé. Querendo bem vosmuncê,,. “Tiburcio, isto sim, que é nobre !,,

As foia dero noticia O Ministro poz o dêdo Tá ocê vendo, mia comadre,
Que elle já tá mais mió; Na testa para pensá, Que conseio mais bem dado ?
Estimei de sabê disto, Despois se riu e me disse: Quá, mia comadre Thereza,
Móde eu tive muita dó, "Tiburcio, vou trabaiá... Sou sertanejo atrazado,
Quando sube que siô Hermes, Não boto estrada em SanfAnna, E os patrício tão ficando
Só c’um bicho, um bicho só, Approveitando um ramá, Com seus modo bem mudado ;
Teve de cama, perrengue, Mas só para lhe servi, Já vi que é um perigo grande
Embruiado nos lençó. E ao seu bello arraiá, Matuto civilisado.

Arrecebi antes d’honte «Prometto estudá o caso O meu genro tá quétinho


Um grande abaixo assignado E ocê certo disto fique : Despois que lhe prometti
Dos patrício de SanfAnna O trem não póde, Tiburcio, Comprá uma casa boa
Que me poz enthusiasmado : Subi tanto morro a pique, Para elle mais Bibi ;
Era um pedido, comadre, Ocê perfere otomóves Elles faz questão de barro
Fáce de sê arcançado: Que é mais moderno, mais chic ? Não qué mais no Catumby,
P'ra arranjá que o trem de ferro E pro Governo é mais commodo Nem mêmo na Cascadura
Passe ahi no povoado. Porque custa poucos nicke.,, Nem mêmo no Andarahy.

Eu sou dos bão patriota Acceitei esta proposta Eu não entendo estas coisa
Quero bem ao meu sertão; Que é mais boa pra SanfAnna; Nem do genro, nem da fia :
Fui lendo o abaixo assignado De maneiras, mia comadre, Desde que se tenha casa,
Não perdi mais tempo não: Que dentro de tres semana, Pra se vivê co’ a famia,
Vesti a roupa mais boa Nossa terra tá na ponta Que tem que ella seje aqui,
E fui c’o papé na mão, E eu vendendo bem as cana, Na Oropa ou na Bahia,
A' percura do ministro, Ganhando cobre aos punhado Si o amô chega para a gente
P ’ratratá co'elle a questão. Do quá já tenho uma gana... Vivê sempre na alegria ?

O ministro foi sabendo Mêmo porque tou ficando Hoje anda tudo mudado
Que eu queria lhe fallá, Com meus borso esbandaiado; Os home, os padre e as muié,
Não teve com mais demora Cada dia é uma despeza Tudo tá interesseiro
Mandou logo me chamá. P ’ra me pô atrapaiado, Mêmo em Deus não se tem fé:
Sodei elle, me assentei-me, Bibi me pede uma chita, Os padre esquecero ar reza
Despois tornei levantá, Biella pede um riscado Os latinorios inté,
Abri o abaixo assignado E inté siô padre Romão E é cuidando de negoços
E disse o que vou contá: Tem me pedido emprestado. Que se faz lua de mé.

“Senhô Ministro, os patrício Eu damno da minha vida O mundo tá percisando


Que aqui no papé assigna, Que essas coisa me sahe cara, Mais é de sê arrazado :
Soubero que vosmuncê Mas quanto mais eu me damno Si Deus quizesse comadre,
Vae botá na Diamantina Elles peiora e não pára ; Botá elle reformado,
Um ramá do trem de ferro, Istordia eu disse elles Mandava um outro dilúvio,
Para dá impurso ás mina; Fechando zangado a cara: Mais sério, bem arranjado,
Entonces, senhô Ministro, «Gentes, ocês tão ladinos, De maneiras que só eu
Tivero uma idéa fina : Mas eu tou ficando arara !„ Me sarvasse com meu gado.

«SanfAnna do Rio Abaixo Padre Romão não gostou Não tem outras novidade,
A terra adonde nasci, De ouvi a reprehensão De saúde tudo bão,
Mais Biella, a minha véia, Mordeu os beiço e me disse: O vigário continúa
E minha fia Bibi, «Home, ocê não tem rezão, Decorando seu sermão,
Fica mêmo no caminho Deus manda que os peccadô Quando não tá passeando
Da Diamantina p'r'aqui, Dê dinheiro á obrigação, Nem tomando as injecção.
Mas porém, o trem de ferro, E aos padre tombem manda Do compadre que lhe estima
Não vae passá por ali. Que se dê por devoção!,, T iburcio d ’ A n n u n cia çã o
C A R E T A

A SOLUÇÃO DA CRISE Equador:


“General Gomes Machado—Saudações affectuosas
Por um extraordinário esforço de reportagem, pela solução da crise. Viva a Republica!
conseguimos obter os telegrammas que abaixo inse­ Garcia Moreno.,,
rimos, refentes á solução da crise de Maio.
Rom a: Peru ;
“ Imperator Pinheiro—Salus publica semper in gladio “General Pinheiro—Agora que o Brazil vai entrar
residet—Vale.
no concerto das nações livres e civilisadas, acceite ca­
Ju liu s Ccesar.,, lorosos parabéns. Viva a Republica.
França: Guttierrez.,,
“ Citoyen General—Acceptez mes salutations cha-
leureuses. L’épée sera toujours la garantie de la liberté. Bolivia:
Vive la Republique 1 “General Pinheiro—Cordiaes saudações. Viva a
Napoleon /.„ Republica !
Linares.,,
França :
“ Monsieur le General—Sa Magesté 1’Empereur Na­ Chili:
poleon III me charge de feliciter ce pays ami et la Ré- “General Pinheiro—Felicitações ao Brazil por en­
publique sauvée. trar finalmente no concerto sul-americano. Viva a Re­
Duc de Morny.,, publica !
Balmaceda.,,
México : - Pelo adiantado da hora e pela falta, no momento,
“ Senador Pinheiro - Felicitações calorosas. A lega­ de bons diccionarios, deixamos de traduzir os primeiros
lidade antes de tudo. Viva a Constituição Brazileira 1 telegrammas.
Porfirio Diaz „
*** “ Um jornalista mineiro,, é o pseudonymo que
Venezuela: esconde a anafada e ratona figura commendadoresca
“ Senador Machado—Como patriota da boa escola, do ex-deputado Rodolpho Abreu, o grande amigo do
saúdo esse paiz amigo pela solução da crise presiden­ conde Modesto Leal, seu ex-companheiro nos áureos
cial. Saudações. tempos do Encilhamento.
Gusman Blanco.,, O nosso ex-politico escondeu a sua pacifica figu­
ra em Barbacena, gozando o otium cum dignitate,
Antilhas ; de que falou o aquelle, lá naquella formosa cidade
“ General Pinheiro—Ausente de meu paiz em via­ serrana onde pontifica o velho caboclo mineiro, que
gem de recreio, felicito a V. Ex. e ao Brazil por entrar obediente ás machinações do Chico Salles, desfechou
no caminho da boa política que sempre apregoei. Vi­ o primeiro golpe na candidatura Campista.
va a Republica 1 Plantando ameixas e kakis, summarentas uvas e
Cypriano Castro.,, maçãs rosadas mergulhava o Rodolpho no esqueci­
mento.
Argentina : Se o seu nome era lembrado, de quando em quan­
“ General Machado—Felicitações calorosas ao Bra­ do era sempre por motivo de ter colhido nas terras
zil pela sua entrada no caminho da liberdade, da le­ ferteis da sua chacara algum formidável repolho pezan-
galidade e da Constituição. Toda a Argentina felicita do toneladas de chorum e...
sinceramente a V. Ex. e ao seu paiz. De politica... nada. O homem lia as Georgicas e
Rosas.,, desprezava os jornaes.
Passou pelo poder o grande espirito de João Pi­
Paraguay : nheiro, brilhantemente secundado por Carvalho de
General José Gomes—Felicito calorosamente ao Britto. Na politica federal, Carlos Peixoto conquistava
povo amigo por ter encontrado finalmente a vereda esporas de cavalleiro.
da legalidade. Saudações muito cordiaes. Viva a li­ E o nosso Rodolpho plantava batatas.
berdade 1 Soou porém a hora negra das traições políticas.
Solano Lopes.,, Guapo como Sancho, quando entre dous escudos se
preparava para defender a sua Barataria, eis que aco­
Guatemala : de á liça o jornalista mineiro a demonstrar sua cora­
“ General Gomes Pinheiro—Felicitações pela solu­ gem atacando aquelles que estão fóra do poder.
ção da crise presidencial. Viva a Republica! E’ que o Rodolpho quer uma cadeirinha de depu­
tado. ..
Rafael Cabrera.,,
Um dos nossos melhores pintores executou um
Honduras: retrato do Presidente Affonso Penna para ser inaugu­
“ General Pinheiro—Saudações cordiaesjpela^esco- rado n’uma iepartição publica. O retrato foi entregue
lha^do candidato. Viva a Republica 1 ao funccionario que o encommendára antes do fatal
dia 14 de Junho mas a sua inauguração retardou-se
Jo s é Maria Mediría.,, em virtude da morte do homenageado.
No dia da inauguração, ao descerrar das cortinas
que vellavam a obra do grande artista, este recuou,
S. Domingos : pallido: na moldura em que emquadrára o retrato do
“General Pinheiro Machado—Viva o Brazil 1 Viva Presidente Penna appareceu a photographia do Pre­
a Republica ! Viva a legalidade 1 sidente Nilo.
Nord Alexis.,,
Tendo um philosopho perguntado o que é a ora­
Colombia: tória a um orador que se celebrisára por ter, numa
"General José Pinheiro—Cumprimentos pela solu­ occasião solemne, perdido o fio do discurso, respon­
ção da crise. Viva a Republica ! deu-lhe este:
Mosquera.,, —A oratoria é a arte de engulir caroços!
DR. EDUARDO FRANÇA Escrevem-nos :
“lllustres redactores da Careta.—Rio, 5—7—09.—A
proposito de candidaturas presidenciaes, levadas á
publicidade na secção: O nosso plebiscito, desta muito
espirituosa e acatada revista, admirei-me em não ter
apparecido ao lado dos innumeros candidatos, aliás
muito dignos, para aquelle supremo cargo, um nome
de vós, demasiado conhecido, que na minha opinião
de gaúcho, seria 0 unico capaz de salvar a Republi­
ca. Como rio-grandense, que sou, teria muito prazer
e grande satisfação em ver na culminância da Repu­
blica o valoroso coronel João Francisco. Então como
presidente da Republica, elle podia exclamar como
Catilina, não em pleno senado romano, mas em ple­
no Cattete : “Quizera que as Olygarchias tivessem
uma só cabeça, para decepal-as duma só vez,,.—De
V. Cr° O b°.—Dartagnan.,,

C ONCILIÀCÀO
Intelligente, altiva e bonitota,
Normalista e mettida a litterata,
A menina, conselhos não acata
Da mamãe, e recusa um agiota,
Vendeiro de bons pés e cara chata,
Que vive a pretendel-a. O idiota
Não vê que ella tem primo e tão jan ota.. . .
- Oh, mamãe, não insista, que me mata !
O Dr. Eduardo França, cujo retrato publicamos
acima, é um dos industriaes mais arrojados que o —Mas quero que prefiras o vendeiro,
Brasil possue. Sósinho, contando apenas com as suas Tem prédios, tem negocio, tem dinheiro
próprias forças e sacrifícios de seus recursos parti­ E’ rico, como vês, o que mais queres ? !
culares, tem conseguido o que até hoje nenhum in­
dustrial o tem feito, isto é, introduzir, sempre com . . . E casou-se a menina “em boa hora,,,
grande successo, o seu maravilhoso producto medi­ Com o nedio fe liza rd o ; mas, agora,
cinal, a Lugolina, em quasi toda a parte do mundo. Tem ciúmes do primo com as mulheres.
Com excepção da França, onde é vedada, por lei, a
importação de qualquer especialidade pharmaceutica, D on B ia s
sendo porem permittida a venda uma vez fabricada
em território francez, — a Lugolina tem entrado tri-
umphante em todos os paizes da Europa, onde são SUPPLANTANDO TODAS AS NAVALHAS!
depositários, a casa Cario Erba, de Milão, e Ribeiro
da Costa & C., de Lisboa.
No fim do anno passado, o Dr. França foi em
pessoa, á Buenos-Aires, fazer a propaganda do seu
producto, conseguindo o mais franco acolhimento do
publico, e as mais honrosas referencias dos médicos;
e hoje a Lugolina está sendo ali popular, extenden-
do-se já a sua aceitação pelas republicas Oriental e
Chile.
O Dr. Eduardo França parte brevemente para a
Europa com o fim de lançar as bases da expansão
da sua Lugolina na França e na America do Norte,
sendo que n’este ultimo paiz a Lugolina já é insis­
tentemente procurada, por intermédio da casa Cario
Erba, de Milão.
Desejamos ao nosso illustre amigo boa viagem
e os mais brilhantes resultados nos seus negocios.

Sabemos que o dr. J. J. Seabra no seu proximo


meeting parlamentar vae ler á Camara todos os tele- Avisamos aos nossos amigos e freguezes que acabamos
grammas passados a presidentes de Estado recalci- de receber as superiores navalhas mecanicas e que continua­
trantes, convidando-os a adherir á Contravenção de mos a vender p o r .....................................................................................2$000 !
Maio. Pelo c o r r e io ..................................................................................... 2$500 !
Esses documentos são de muita importância para
a historia da c r is e .. . PARA DUZ1A G R A N D E R E D U C Ç Ã O DE PREÇO
Laminas avulsas u m a ......................................................................... 1$000 !
Coisas da época. Só na cana mais barateira da actualidade.
O jornalismo da Contravenção é patriótico. COELHO BASTOS & C.
O jornalismo contrario á Contravenção é vendido.
No fim veremos quem é que indigesta. 90, RUA D O S OURIVES, 92— r i o DE ja n e ir o
C A R E T A

M A N IF E S T A Ç Ã O D A S H O R T A L I Ç A S A O P R IM E IR O M IN IS T R O D A A G R I C U L T U R A .

O coronel Figueiredo Rocha vae todos os dias á A candidatura Hermes já encontrou tres defenso­
Camara para não perder o habito, aguardando a ca- res ostensivos: o Felix Peregrino, que interrompeu a
deirinha de deputado pelo Rio Grande do Sul que lhe sua propaganda para uma villegiatura no Hospicio ; o
prometteu o seu grande chefe Pinheiro Machado. alferes que quiz impôr o boulangismo ao povo de Pe­
A outra vaga que se der por motivo da rennuncia lotas, por meio do revólver e . . . ,o Sr. J. J. Seabra.
do dr. Homero Baptista será preenchida pelo dr. Com esses tres propagandistas, lhe está assegura­
Manoel Bomfim. da a victoria.
Mu

CARETA

CHRONIQUETA luz sobre as mariposas. Mas verifico, com pesar, que


mesmo aqui sou trahido pelos meus amigos ursos.
—Em que perturbam elles a influencia de Satanaz ?
O F IK IO E S I»E SATA N AZ —Repellindo os meus filhos, os frades. O anno
Satanaz esteve no Rio, esta semana, a negociar; passado mandei para cá, Guilherme Ferrero, que se
e partiu para o sul, num vapor inglez, mal satisfeito portou com desastrada inhabilidade. Agora tenho algu­
com o curso dos acontecimentos nesta província dos mas esperanças no meu novo emissário, Anatole Fran-
seus dominios. ce. Se os resultados não corresponderem á minha es-
Logo que vi, em um jornal catholico, a noticia de pectativa, eu abdico em Belzebuth e me retiro.
que o demo estava na terra, sahi-lhe no encalço. Em Satanaz pronunciou estas palavras com evidente
todos os sitios onde consta que elle se costuma hos­ tristeza. Perguntei-lhe:
pedar, procurei-o em vão. No Convento de S. Bento —Em que poderíam ser-lhe uteis os amigos?
não puderão dar indicação nenhuma. Idem no Con­ —Attrahindo os frades, protegendo-os, animando-
certo Avenida. Toquei para a maçonaria. Toda gente os. Elles é que mantem a crença em mim, nos tempos
sabe que elle frequenta e até preside as sessões ma- modernos, em que o materialismo tenta me negar.
çonicas na figura de um bode preto. Despertei o por­ Elles é que cultivam os mais caros dos meus peccados
teiro que modorrava e interroguei: —a indolência, a preguiça, a gula, a avareza, a l ux. . .
—Póde fazer-me obséquio de informar se elle está Emfim são os meus agentes directos no seu planeta.
ahi hoje ? Tenho creado jornaes catholicos na America do Sul
—Quem ? para attrahil-os, mas os meus amigos mais devotados,
—Elle\ respondí, carregando nas syllabas. ignorando o meu plano, tem-no perturbado em mais
—Elle, quem ? de um detalhe... Incommoda-o essa corrente de ar
—O su jo ... pelas costas ? Está um pouco fresco.
—O senhor está mofando de mi m! . . . Que sujo é Satanaz levantou-se e foi cerrar a janella. Estava,
que procura ? na verdade, um pouco tropego e magro.
Approximando-me, para não ser ouvido dos tran­ Aproveitei a interrupção, para mudar de assumpto.
seuntes, soprei-lhe a orelha: —Não podia o senhor me dar a sua opinião sobre
—O cap eta... Pois elle não se hospeda aqui? os acontecimentos actuaes deste paiz ?
O porteiro fusilou-me um olhar irritado e estendeu —Com muito gosto. Parece-me que deseja saber o
a mão para apanhar a bengala. que penso sobre as candidaturas.. .
Sahi, prudentemente, a matutar onde poderia en­ —Perfeitamente.
contrar Satanaz. —Pois saiba que fui eu que as resolvi.
Felizmente, no Hotel Avenida, me informaram que —Isto me surprehende, respondí vivamente. O Sr.
estava, no quarto andar, um hospede parecido com o sabe que somos muito ciosos da nossa soberania, que
Mephistopheles da Opera, dispersando dinheiro como temos uma Constituição muito susceptível, e se che­
um herdeiro rico, e que ainda naquella tarde esbofe­ gar ao conhecimento publico que o Sr., que é potência
teara o garçon e se levantara da mesa, porque encon­ extrangeira, interveiu nesta questão toda interna, po­
trou os talheres em cruz. dem considerar essa ingerência um casus belli.
E’ este ! pensei commigo. E não me enganei. Subi Sr. repórter, voltou Satanaz, grave, o publico co­
ao quarto indicado e fui recebido muito amavelmente. nhece perfeitamente isso. E’ cousa notoria que, ha
Satanaz, em mangas de camisa, acabava de apa­ muito tempo, sou eu que manobro, como fantoches, os
rar a barba em frente ao espelho. Fez-me sentar, pe­ políticos brasileiros. Os jornaes catholicos o explicam
dindo desculpa da semceremonia e desejou saber ao ao povo constantemente, diariamente. O sr. então não
que eu ia. lê as folhas clericaes ?
—Eu sou jornalista, observei, e dahi póde o Sr. —Não ! não leio. E que interesse podia ter o espi­
concluir que vim entrevistal-o... rito das trevas em nos impôr um presidente militar ?
Satanaz deu uma gargalhada: —Um interesse evidente.O Rio Branco, ultimamen­
—Mas então acha que poderão interessar aos seus te o julgo suspeito. O Ruy, esse eu considero quasi
leitores as minhas opiniões, hoje que já estou velho, opposicionista, desde o seu discurso no Collegio dos
desacreditado, desmoralisado ? Jesuítas. Contra os outros candidatos tenho mais ou
E, tornando-se de repente serio, continuou : menos razão de me manter em reserva; ao passo que
—Meu amigo, sinto que me abandonam as forças sobre um soldado eu posso alimentar as melhores es­
para a luta; estou alquebrado, com as idéas amorte­ peranças. Elle tem na mão uma espada, e atrás de si
cidas, e soffrendo já os primeiros ataques de rheuma- alguns milhares de carabinas. De um momento para
tismo. Nestes últimos dez annos não consegui desco­ outro, sopro-lhe ao ouvido uns conselhos insuflu-o, e
brir um peccado novo. Mais cedo talvez do que pen­ posso fazer uma obra limpa. Mas não me convem pro-
sava, terei de recolher-me a um convento para des­ seguir nesse terreno. Os meus inimigos estão alerta e
cançar. .. podem ainda burlar os meus projectos de futuro.
—Pois não parece. Vejo-o tão juvenil e forte! Eu concordei também que o assumpto era melin­
—São apenas apparencias. Frons, occuli, vultus droso para expansões, e não querendo mais fatigar um
perscepe mentiuntur. Não vê como estou perdendo velho respeitável, despedi-me.
terreno, como me estão batendo na Europa? Satanaz me apertou a mão effusivamente, depois
—Batendo, em que terreno ? de me ter feito dar uma esmola para as obras da ca-
—No que me é mais caro; nos meus frades. Tenho- pella de Santo Anastacio, da qual é provedor.
os, é verdade, exportado para aqui, ás grosas. Obtive O illustre ancião prometteu esforçar-se para que
mesmo para este paiz um cardeal, chamariz que exerce Anatole France se decida a vir fazer aqui uma serie de
sobre a roupeta o mesmo attractivo que um foco de conferências. T rinca - f ig o s

CREAÇÃO INTEIRAMENTE NOVA


O m ais e le fa n te e o m ais confortável
Manufacturado em Pariz ou em nosso “ atelier” sob medida
123, RUA 5ETE DE SE T EÍIB R O , 123 - (A N T IG A CA5A (A V E )
C A R E T A

ORACULO O Azeredo diz que não foi o autor da celebre


carta-intimação.
Domingo—Os operários da companhia do Gaz, O Lage, varre também a sua testada.
aproveitarão a folga para realizar uma imponente ma­ O que dirá de tudo isto o Chico Salles a quem
nifestação de bengala ás costellas dos empreiteiros de ella é também attribuida?
gréves injustificadas.
Segunda-feira— Uma commissão acadêmica irá á Generaes da inveja, já são chamados os illustres
Camara pedir ao nobre leader da maioria (?) que não militares que não formam no farrancho do senador
confunda os estudantes que aplaudem a attitude do Pinheiro Machado.
sr. Irineu Machado com os guardas civis que batem Cuidado com a lingua, generaes! Quem ousa dis­
palmas ao dr. Seabra. cordar do dono da casa ?
Terça-Feira—O dr. Avellar Brandão requererá ha-
beas-corpus em favor do illustre cidadão Felix Pere­
grino, que foi arbitranamente recolhido ao Hospicio
por ter enlouquecido de patriotismo.
Formicida
Quarta-feira—O egregio conselheiro Nuno de An­
drade continuará a demonstrar em folhetins os co­
nhecimentos clinicos que não teve tempo de demon­
Schom aker
strar na vida medica. Utiico infallivel
Quinta-feira—O dr. Oliveira Passos enviará ao ar- na destruição dos
chitecto Gilbert os loiros que lhe cabem pela parte formigueiros.
que teve no projecto do Theatro Municipal. E’ liquido. Não é explosivo e não necessita fogo. P ro­
duz gazes pesados, que descem ao fundo do formigueiro e
Sexta-feira—O coronel Raboeira abaterá as suas se conservam lá a o ilU m . E’ o mais barato que existe e o
eloquentes costelletas. de mais facil applicação.
Sabbado—O deputado Lobo Jurumenha mandará Dirigir pedidos a qualquer casa da praça ou directa-
tirar os oculos e pôr cavaignac e cabelleira crespa no mente á
retrato do dr. Alfredo Backer. MWm FORNECEDORA " F O R M A D A SC A O n flltER "
Mm e. de T h eb es
G S , Mina da A lf a n d e y a , G S liio
O digno patriota João Lage, ao que consta, vae Consta que o futuro senador por Sergipe, se não
ser nomeado thesoureiro da Caixa de Conversão. for o general Siqueira de Menezes, será com certeza
E ’ uma esplendida idéa, não acham os senhores? o dr. Moreira da Silva, dentista presidencial.

iAHDDA DE NAVE©!

O “ Barroso" salvando a insígnia presidencial


0 PROGRAMMA BOULANGISTA dos exames. Pódes colar á vontade. Cá o corrigire­
mos.,, Mas o marechal foi, desandou a matar as ca-
O abaixo asssignado dos boulangistas que cobriu piváras do Dr. Moura Crazil e . . . voltou sem pro­
a candidatura Herme», deixou o publico na mesma gramma.
ignorância que d’antes sobre o programma de gover­ A Careta vai satisfazer a curiosidade publica e
no do marechal. Aquelle documento só podia ter si­ fornecer-lhe o programma do marechal. Foi o Sr.
do produzido pela ignorância ou pela maldade. No Quintino Bocayuva que o revelou ao Senado no seu
Senado, a não ser talvez o Sr. Gervasio, só o Sr. discurso do dia 13. E’ authentico. E’ o que póde ha­
Chico Salles era capaz de produzir, de boa fé aquel- ver de mais authentico.
la chatice. O Sr. Chico Salles não foi o seu autor: — Querem saber qual é o programma do mare­
S. Ex. escreve convenção com s cedilhado, marechal chal ? declarou o Sr. Quintino, pois eu lhe digo, é
com z, e o seu estylo é inconfundível. Ora, desde este : O marechal “ha de governar de accordo com
que o manifesto, em sessenta linhas, apresenta ape­ as nossas doutrinas e as nossas responsabilidades.
nas umas dez ou doze batatas, é claro que sahiu de Nóoóós é que havemos de traçar as normas da sua
uma pessoa muito mais culta do que a do senador conducta política, porque só de accordo com ella é
mineiro. Isso basta para provar que a peça foi obra que S. Ex. póde ser o representante do nosso pensa­
da maldade, talvez do despeito, com o fim unico de mento. . .„
desmoralisar a candidatura boulangista. Está ahi. Duvidam? pois leiam o Jornal do Com-
Mas o programma ? mercio de 13 de Junho, 4a pagina, Ia columna.
O Sr. João Luiz interroga da tribuna •' O marechal, se fôr eleito, é para representar o
“Senhores, haverá ahi quem dê noticia do pro­ pensamento nosso (lá delles) e não do paiz. “Nós
gramma do marechal ?„ (isto é, Pinheiro, Azeredo e Chico Salles) é que ha­
Silencio. vemos de traçar as normas da sua conducta políti­
“ Por caridade! Deem-me ao menos um pedacinho ca !„ E a nação, a opinião publica, o povo, o eleito­
do programma para rem ed io !...,, rado, o contribuinte... que vão bugiar.
Nada. Isto, sim senhor, é que é clareza.
Ninguém sabe do programma. Dizem alguns jor-
naes que o marechal encommendou, novinho, sob
medida, que o artista ainda está fazendo. Outros as­ O Bernardo (Monteiro vae ser senador.
severam que o Sr. Pinheiro Machado deu ao mare­ Minas evidentemente progride.
chal um caderno dc papel, penna e tinta, encheu-lhe Delle ninguém poderá deixar de affirmar que é the
as malas de alguns livros em portuguez (et pour sight man in the sight place.
cause ! . . . ) e disse-lhe: “Vai Hermes, vai para a fa­ Se o Feliciano Penna renunciasse agora e para
zenda, encerra-te e rabisca o programma. Tens 15 seu logar fosse o Chico Bressane é que a represen­
dias; muito mais do que se dá para a prova escripta tação mineira ficaria completa! Que divina trindade!

DE NAVDOí

O “ Barroso ” em marcha sauda o hiate presidencial.


C A R E T A

DE N

O N avio-E scola “ Benjamim Constant ” <7<? receber o Presidente em seu bordo.

OS p r in c íp io s n o v o s tra a indole do regimen n’essa discreta attitude pre­


sidencial. Os seus jornaes metralharam, unanimes, o
A candidatura do iilustre João Pinheiro, levantada presidente surprezo. Da observação desses factos re­
por Minas, isto é pelo povo mineiro, que então re- sulta claramente um principio, que teve a sua victo-
flectia a vontade brasileira, triumphava na opinião, ria confirmada por uma declaração do Presidente
sem ser preciso convenções que a proclamassem. Penna ao Sr. Seabra, o Cassiano do Nascimento das
Suppoz-se que o presidente Penna acompanhava com phalanges hermistas. Eil-o: O presidente da Republi­
sympathia esse movimento victorioso. Os argutos ca é o unico brasileiro que não tem o direito de se
olhos do arguto Sr. Pinheiro Machado descobriram interessar pela escolha do seu successor!
nessa inactiva sympathia presidencial manchas pecca- Para o denodado caudilho senatorial, bem como
minosas de vicios contra a indole do regimem e para os seus amigos e fâmulos, os Srs. João Pi­
aproveitando a vinda a esta sua dominada cidade do nheiro e David Campista que, durante mezes, soffre-
ex-presidente Campos Salles para, numa fuga apres­ ram o fogo impiedoso das baterias pinheiristas, pos­
sada, corrrer a refrescar o -figado nas afortunadas suíam superiores qualidades de estadistas e seriam
thermas do milagre, insinuou, risonho e sonso, em idealissimos presidentes... se as suas candidaturas
Poços de Caldas — a candidaturasinha Campista, que não tivessem merecido a discreta sympathia do pre­
deveria, no secreto conceito de S. Ex., fragmentar sidente de então.
as forças eleitoraes de Minas. Os jornaes inspirados Assim sendo, podemos assignalar o radioso nasci­
pela sua intelligencia sinuosa de caudilho assestaram mento de outro principio:—E ’ viciosa, péssima e inac-
as baterias rethoricas da phrase contra os melhores ceitavel a candidatura que conquista a sympathia
amigos do iilustre João Pinheiro. presidencial!
Morre o iilustre cidadão. Os seus amigos, que Nessas condições, eu, decidido partidário da can­
eram, incluindo os falsos, todos os politicos minei­ didatura Hermes, desejando vel-a triumphar com lim­
ros, desejando manter na Federação a hegemonia peza, livre de peccamjnosas manchas de vicios contra
mineira, abraçaram a candidatura insinuada, em Po­ a indole do regimen, faço patrióticos votos para que
ços de Caldas, pelo general Pinheiro, convictos de o Sr. Nilo Peçanha, por todos os meios práticos, hos-
que assim, além de bem servirem a Minas, reuniríam tilise o intrépido candidato marcial.
em torno de um só nome todos os chefes politicos, V o l -T aire
principaimente os amigos e os servos do bravo se­
nador caudilho. Suppoz-se que o presidente Penna O senador Francisco Salles, vulgo Chico Munhe'-
aplaudia a clarividente orientação mineira. Os argu­ ca, está se enfeitando para a pasta da Fazenda do
tos olhos do arguto caudilho senatorial (que já não governo Hermes.
precisava de um mineiro para atirar sobre outro mi­ Isto não é pilhéria; é pura verdade.
neiro, fraccionando a maior força eleitoral do paiz) Já estamos d’aqui prevendo o accesso de riso que
logo descobriram maculas peccaminosas de vicios con­ esta noticia provocará em Minas.
CARETA

SONETO Anda a imprensa toda a discutir o caso do carro re­


servado em que viajou o Chico Salles de Bello Hori-
sonte para aqui.
Ha um velho costume aqui em Minas, Uns affirmam, negam outros.
Geralmente seguido por tropeiros : De pessoa que se diz muito bem informada pude­
Collocam velha besta entre os cargueiros, mos colher que se trata de um simples qui-proquo.
Enfeitada e com campas pequeninas, O que houve foi o seguinte: o senador Salles que é
um cidadão muito cauteloso chegou á estação de Bello
Para madrinha, dizem os mineiros. Horizonte em carro fechado muitas horas antes da
E as campas devem dar notas bem finas, partida do trem, naturalmente para evitar as manifes­
tações que lhe desejavam fazer os seus amigos políti­
Que retinam nas mattas, nas campinas cos.
E chamem bem os burros aos roteiros. Como o trem já estivesse na gare o illustre politico
entrou num carro commum de passageiros e ainda por
De facto elles a seguem pari-passu, modéstia recolheu-se a um compartimento reservado
Sem que nada lhes sirva de embaraço. que tem todos os carros, como toda a gente sabe.
Todos galopam quando ella galopa... E ahi se conservou emquanto o trem rodou em ter­
ras mineiras.
Tal qual na Convenção de 22; Ora ahi tem os senhores explicado cabalmente o
que houve.
Todos seguiram pari-passu, pois E depois digam que não somos bem informados!
O Chico Salles “ madrinhava” a tropa.

Barbacena, 31 de Maio de 1909. Em seu numero 9042 de 7 de Julho corrente, no edi­


torial sob o titulo “Arma prohibida,, dizia O Paiz de­
D o n B ia s fendendo a candidatura Hermes:—"em um futuro pro-
ximo — que permitta Deus não tarde—a farda será,
Ao Conego Walfrido Leal, senador pela Parahyba, potencialmente, a vestimenta commum dos cidadãos,,.
dizia, ha dias, o senador Pinheiro Machado:
—Que mais quer o Rosa? Eu já lhe dei o ministério —Amanhã sae, nos A pedidos, uma mofina contra o
do Interior. Carlos Peixoto.
—Quem te disse ?
"Então o Nilo Peçanha é mesmo um fantoche? per­ —Quem me disse? Olha. Alli está o Penido na por­
guntará, comnosco, o leitor. ta do Jorn a l do Commercio.

E UM A C R EA Ç Ã O
= = = = = 3 M ED ALH AS DE OURO =

Scffreis da pelle?
Caereis ser fcr mesa?
u sa e a

= LUGOLI NA—
do Dr, Eduardo França
O M E L H O R R E M E D I O P A R A M O L É S T I A S DA
P E L L E , F E R ID A S , C O M IC H Õ E S , B R O T O E JA S ,
SA RD A S, PANNOS, M ANCHAS, ETC .

C o n s a g r a d o n a E u r o p a e n as
Ite p u h lie a s A r g e n tin a . U rn g n a y o C h ile .

V E N D E - S E EM T O D A S AS D R O G A R IA S ,
P H A R M A C IA S E P E R F U M A R IA S

D ep o sitário s: A R A Ú JO F R E I T A S & C .
114, RUA DOS OURIVES, 114 — RIO DE JANEIRO
CARETA

PIERRE LOTI E s ta v a em casa d’ellas pela prim eira — E n tã o G a u d , responde ! exclam ou a


vez n a su a v id a ; sem fim n en h u m , pois o v elh a Y v o n n e qu e se leva n tára para se
que h a v ia de elle q u e r e r ? ... P a s sa n d o os abeirar d ’elles.
h u m b raes, Y a n n Ievára a m ão ao ch ap éo, O lh e , q u e isto e s p a n to u -a , senhor Y a n n .
0 PESCADOR DA ISLANDIA dep ois, com o os seus olhos en contrassem
logo o retrato de S y lv e s tre dentro da p e­
d ev e d escu lp al-a ; está a refllectir, e n ão
tard a em resp o n d er-lh e... S e n te -s e . se ­
q u en in a corôa m ortu aria de co ntas pre­ nhor Y a n n , e tom e um copo de cidra
ta s , a p ro x im o u -se d elia len ta m e n te, com o c o m n o sco ...
t e r c e ir a p a r t e d'um tu m u lo . G a u d ficou de pé, en co sta­ N ão ! G a u d não podia responder.
da á b a n ca . Y a n n p o z-se a o lh ar para t u ­ N o seu extasi não lhe acu d ia um a p a la­
do qu e o ce rca v a , e ella se gu ia aqu ella vra só qu e fo s s e ... P o is sem pre era v e r­
( C o n tin u a ç ã o ) especie de silen cio sa rev ista que Y a n n d ad e que elle tin h a u m gran d e co ração ,
p a ss a v a á m iséria d a s d u a s. B em m ise­ qu e elle era um a nobre creatu ra ? ...
XVI
rá v e l, realm en te, ap ezar do seu aspecto E ra o seu Y a n n , que ella en co n trav a
a rra n jad in h o e h o n e sto , era a casa das em fim , o seu verdadeiro Y a n n . que ella
F o i en tão qu e elle a olhou lo n g a m e n ­
du as d esam p a rad as que se tin h am j u n ­ n unca d eixára de ver, ap ezar da su a d u ­
te , m u ito m ais co m m o v id o ta lv e z , por
tad o . reza. apezar da sua recusa sei v ag em , ap e­
aq u e lla e x p lic a çã o tão sin g e la do qu e o
T a lv e z qu e ao m en os, Y a n n sen tisse zar de tu d o qu e se tin h a d ad o . D esd e-
seria por p h rases h áb eis fe itas de ce n su ­
um b o cad in h o de co m p a ix ã o , vend o-a n h á ra -a lon go tem p o , a cc e ita v a -a h oje.
ras e de la g rim a s.
descida até á q u ella m iséria, aq u elle c o l­ hoje q u e era pobre.
C o n tin u a ra m a ca m in h a r um ao lad o E ra algu m m otivo p a rticu lar q u e elle
m o, aq u elle to sco gran ito .
do o u tro , ap ro x im a n d o -se tod os d a ch o u-
D a p a ssad a a b u n d a n cia , só resta va o tin h a tid o para proceder assim , algum
p a n a dos iMoan.
leito b ran co , o lin d o leito de sen h o ra, e m otivo que m ais tard e sa b eria. N ’este
L á b o n ita sem p re ella o tin h a sido m om en to nem p e n sav a em to m ar-lh e
in v o lu n ta ria m e n te os olhos d e Y a n n fi­
com o n en h u m a o u tra , bem o sa b ia elle ; co n tas do p a ssad o , nem em lan çar-lh e
x a v a m -s e n elle.
m as pareceu lh e ago ra m ais lin d a ain d a em rosto as lagritnas que a tin h a feito
J á n ão d izia n a d a ... P o rq u e é que se
d ep o is qu e era pobre e qu e a n d a v a v e s ­ ch o rar h av ia do is a n n o s ...
não ia e m b o r a ? ... A v elh a que era ain d a
tid a de preto.
tão fina nos seus m om en tos lú cid os fin ­ T u d o isso de resto estava j á tão esq u e­
O seu ar tin h a -s e feito m ais sério , os cid o , tudo isso acab ára de ser levad o
g ia que n ão rep arava n’elle. E os do is fi­
seus olh os côr da flor do lin h o , tin h am para tão lo n g e , n ’um segu ndo in s ta n tâ ­
ca v a m de pé, um em frente do outro,
um a exp ressão m ais reserv a d a, e q u e por n eo , pela tu rb ilh ão delicioso que e sta va
m u d o s, an cio so s, aca b an d o em fim por se
isso m esm o pareciam penetrar até ao passan d o n a su a v id a !...
co n tem p la rem n’um a interro gação su p re­
fu n d o da alm a d u m a p e sso a. O seu ta lh e Sem p ro n u nciar ain d a u m a p a la v ra ,
tin h a aca b ad o de fo rm ar-se . d iz ia -lh e a su a im m en sa adoração só
Ia fazer 23 an n o s , e s ta v a em tod o o seu com os o lh o s, m uito v ela d o s, qu e o lh a ­
esp len d or de fo rm u su ra. vam para dentro d’elle até u m a p ro fu n ­
E depois a n d a v a a g o ra v e stid a com o deza ex tre m a , em qu an to qu e um a gro ssa
u m a filh a de pescad ores, com um vestid o ch u v a de lag rim a s co m eçav a a deslisar
preto sin g e lo , e u m a to u ca sem ren d as. pelas su as faces a b a ix o ...
J á n in gu ém sa b ia d ’o n d e lh e v in h a o a s ­ — V a m o s ! D eu s vos aben ço e, m eus
pecto fino e d istin c to q u e c o n tin u a v a a filhos ! disse por fim a av ó M o an . E eu
ter m esm o v e stid a a ssim . E ra a lgu m a tam b ém lhes devo m u itas g raças, porque
cou sa de escon dido e d e in v o lu n tá rio de m e sin to co n ten te de ter v iv id o até tão
q u e n in gu ém p o d ia ce n su ra l-a : ta lv e z v e lh a , para poder ver o q u e v e jo , an tes
q u e o corpete um pou co m ais ju s t o qu e o de m orrer.
d a s o u tras, por co stu m e de outro tem p o , F ica ra m -s e am b o s, um em fren te do
lh e d e sen h a sse m elho r o peito red o n d o e outro , de m ãos d ad a s, e sem ach arem p a ­
o s co n to rn os p e rfeitíssim o s dos b r a ç o s ... lav ra para dizer.
M a s n ã o , não era isso , o qu e a fa zia N ão conh eciam n en h u m a p a la vra q u e
parecer o u tra , era o q u e h a v ia na su a voz fosse sufficientem en ie m eiga, n en h u m a
m u ito p la c id a e no seu o lh a r m u ito h o ­ phrase qu e tiv esse o sen tid o preciso ; n e ­
n esto e d o ce. n h u m a que lhes parecesse dign a de rom ­
X V II m a . M a s os in sta n te s v o av am e a cad a per aq u elle silen cio d’elles, tão d elicio so .
se gu n d o q u e p a ss a v a , o silen cio en tre os — B e ije m -s e ao m en os, m eus filh o s ...
J á se v ê q u e Y a n n ia a c o m p a n h a l-a s á do is p a recia to rn a r-se m aior. E c o n tin u a ­ E n tã o vocês não dizem n ad a !...
casa. v am a o lh a r-s e m ais p ro fu n d am en te de A h ! m eu D e u s , qu e netos tão e x q u isi-
Iam tod os tres com o para o en terro do ca d a v e z, com o n a e x p e cta tiv a solem ne tos que vós m e daes !...
g a to , e a té se to rn a v a um p o u co ch in h o de a lg u m a co u sa de assom broso que tar­ A n d a . G a u d . dize-lh e a lgu m a co u sa,
co m ico v e l-o s assim fo rm an d o u m a espe- d a v a m u ito a c h e g a r ... m inha filh a ... N o m eu tem p o , ten ho idéa
cie de co rte jo . H a v ia ás so leiras d as p o r­ de que os n oivos se b e ija v a m .
ta s pesso as qu e se so rriam . — G a u d , pergu nto u Y a n n a m eia voz, Y a n n tirou o ch ap éo. com o m ovido de
A v e lh a Y v o n n e no m e io ,c o m o b ich a - se a in d a é d a su a v o n ta d e ... O u e ia elle repente por um sen tim en to de respeito
no na m ão , G a u d á d ire ita , p e rtu rb a d a e dizer ? ... A d iv in h a v a -s e u m a g ra n d e d e ­ desco n h ecid o , an tes de cu rv ar-se para
m u ito co rada ; o g ra n d e Y a n n á esquer­ cisã o , b ru sca com o to d as as su a s, tom ad a beijar G a u d —e p a receu -lh e então qu e era
d a , p e n sativ o e c a b is b a ix o . N o em tan to ali de rep en te, e m al o u san d o form u - aq u elle o prim eiro beijo verdadeiro que
a v e lh in h a tin h a -s e q u asi q u e p a cificad o lg r - s e ... tin h a d ad o em toda a su a v id a .
no ca m in h o ; co m eçára ella própria a r e ­ — S e a in d a é da su a v o n ta d e ... A p es­ T am b ém ella o beijou , co llan do de todo
p a rar a desordem da ca b e ça , e m u ito c a ­ ca v e n d e u -se bem este a n n o , e ten ho o coração aos láb io s frescos, in a p to s ao
la d a , co m eçára a o lh ar a ltern ad am en te algu m d in h eiro de p a r te ... S e a in d a era req u in te das ca ricia s, 11a face do seu
para um e p ara o u tro , de so slaio e com da v o n ta d e d e lia ? Q u e é qu e lh e tin h a n o iv o , qu e o m ar tin h a d o iia d o .
um o lh a r o b liq u o qu e se ia fazen d o m ais p e rg u n ta d o ? O u v ir ia ella bem ? S e n tia - N as pedras do m uro o grillo ca n ta v a -
e m ais lú cid o . se a n iq u ila d a an te a im m en sid ad e do lhes a su a can ção dc bom agoiro e d ’esta
G a u d j á ia calad a com receio de d ar a qu e ju lg a v a co m p re h e n d e r... vez p o d ia-se dizer qu e o grillo tin h a acer­
Y a n n en sejo para se d esp ed ir, q u eria E a v e lh a Y v o n n e , do seu ca n tin h o , tad o .
co n se rv a r a m em ória do o lh ar d o ce e a fa s ta d a , a rre b ita v a a o relh a, farejan do O pobre retratin h o de S y lv e s tre p are­
bom q u e elle lh e la n çá ra , e c a m in h a r de fe licid a d e p r ó x im a ... cia sorrir-se para am b o s, do m eio da su a
o lh o s fe ch a d o s, p ara não v er m ais n a d a , — A g e n te p o d ia m uito bem casar-se . corôa n egra.
sem p re ao lado d elle com o qu e so n h a n ­ m en in a G a u d , se ain d a fosse da su a v o n ­ E tu do se tin h a su b itam en te reju v e­
d o , em lu g ar d e ch e g a r m u ito rap id am en ­ ta d e ... n escido e v iv ificad o den tro d aq u ella c a ­
te á casa escura e v a s ia , on d e tod o aqu el- ... E po z-se á espera d a respo sta que b a n a ha pouca m orta.
le en can tam en to ia e s v a ir -s e ... n ão v in h a ... O qu e é que a im p ed ia, p o ­ O silen cio p o v o ára-se de m u sicas d e li­
H o u v e em fren te da p orta um d ’estes rém , de d izer o sim ? ... E s p a n ta v a -s e . t i­ cio s a s ; até o crep ú scu lo p allid o de in v e r­
m in u to s de in d ecisão d u ran te os q u aes n h a m ed o , e G a u d percebeu-o perfeita- no qu e en trav a pelo p o stig o , se tin h a
parece qu e até o co ração cessa de bater. m e n te . E n co sta d a s as duas m ãos á b a n ­ tran sform ad o n ’u m a bella clarid ad e en­
A av ó entrou sem o lh ar para traz ; depois c a , com os o lh o s n u b la d o s, estava sem ca n ta d a .
G a u d h e sita n te , e por fim Y a n n atraz v o z , parecia u m a m orib u n d a que fosse — E n tã o é na v o lta da Isla n d ia qu e v ão
d e lia , en trou ta m b é m . lin d is s im a ... fa zer isso. m eus bons filh os !
G au d abaixou a cab e ça. A Isla n d ia , a se é cousa que se fa ça , ficar íóra de por­ E lla fôra a su a preoccupação co n s ta n ­
« L eo p o ld in a»,— é verdade, elle esquece­ tas até tão tard e !... te !... C o n fe s s a v á -llfo agora in g e n u a ­
ra-se d ’aquelles pavores erguidos no seu Frio ! elles tin h am lá frio, porventura!? m en te !.., E en tão n’esse caso, o que é
cam in ho . E lles tin h am lá sequer a co n sciên cia cie q u e é que o levá ra, meu D eu s, a repellil-a
A volta da Islan d ia! algu m a cousa que não fosse a ventura tan ta s vezes, a fa zel-a padecer tan to e
C o ir o seria lon go ain da todo aquelle de estarem ju n to s ? tan to ? ...
verão de espera an ciosa. A gen te que p a ssava no cam in h o , o u ­ Se m p re o m esm o m ysterio que elle
E Y a n n batendo com o pé no so lo , a via um ten ue m urm urio de duas vozes, prom ettera esclarecer, m as cu ja e x p lic a ­
pequenas pancadas rap id as, m uito ap re s­ ca sa n d o -se ao m aru lh ar das vagas cá em ção a d ia v a , com um ar em b araçad o , e um
sado, su b ita m e n te ,co n ta v a m en talm en te, b a ix o , á beira dos altos rochedos da com eço de sorriso in co m p re h e n siv el...
á pressa, para. para ver se ha veria tem po praia. Era um a m usica tão harm oniosa
de se casarem antes da p a rtid a . T an to s aquella ! III
dias para ju n ta r os papéis ; tan to s dias A voz fresca de G a u d a lte rn a v a -se com
para os «banhos» na E gre ja ; sim , isso a de Y an n em que h avia son oridades d o ­ Foram n u m bello dia a P a im p o l, aco m ­
podia deitar até 20 ou 25 do m ez e p o ­ ces e cariciosas nas n otas grav es. panh ad os pela velha Y v o n n e para esco ­
diam fazer-se as bodas, ficando ain da T am bém se lhes d istin g u iam os dois lher o vestid o de casam en to.
um a lon ga sem ana para estarem ju n to s . v u lto s, recortados no fu n do gran itico do E n tre os lindos v estu ários se n h o risq u e
— V ou j á prevenir o nosso pae, disse m uro a que estavam e n co sta d o s: p rim ei­ lhe restavam d ’outro tem po, sem pre h a ­
elle por fim , com tan ta pressa, com o se ro v ia -s e a tou ca bran ca de G a u d , depois via de h av er algu n s q u e, arra n jad o s para
os m inutos da vida d ’elles estivessem toda a sua form a esbelta en volta em rou­ a circu m stan cia, evitassem que se c o m ­
agora m ed id o s,e fossem poucos e inapre- pas n egras, e ao lado d’ella os hom bros prasse vestido n ov o . M as Y a n n é que
c ia v e is ... qu adrados e fortes do seu n oiv o. lhe queria dar esse presente, e G a u d t i­
P o r cim a d’elles a ab ó b ad a corcovad a nha acceitad o sem resistência gran d e.
OUARTA PARTE do tecto de p a lh as, e atraz de tudo isto, T er um vestido dado por elle, pago com
I os infin itos crep u scu lares, o v asio inco ­ o din heiro do seu trab alh o e da sua p es­
lor das agu as e do c é o ... ca , era j á , parecia lhe a ella, ser quasi
E ’ uso, de que os n am orados gostam E n tra v a m por fim em ca s a , se n tav am - su a m ulher.
m uito, o sen tare m -se á noite no banco de se á ch a m in é , e a v elh a Y v o n n e , logo Escolh eram um a fazen d a preta, pois
pedra que ha fora da porta de tod as as ado rm ecia, com a cabeça q u asi no colío, que G a u d não tin h a a lliv iad o ain d a o
ch o up an as da B retan h a . não co n stran gia em nada aquelles dois lueto do pae.
Y an n e G a u d tam bém j á se vê, p ra ti­ seres m oços que se ad o rav am . M as a Y a n n todos os estofos que d e s­
cavam m uito esse costum e. do bravam d ian te d’elle, lhe p a ­
T o das as noites n oivavam reciam feios.
sentados no velho banco de g r a ­ T in h a pelos n ego cian tes e pe­
nito que ficava a porta dos los caixeiro s um certo desprezo
M o an . e elle q u e, por cousa nen hu m a
Teem outros a prim avera, a d ’este m undo teria en trado a n ­
som bra das arvores, as noites tig a m e n te n u m a loja de P a im ­
tép id as, os roseiraes floridos. pol, era quem 11’aquelle dia e s­
E lles não tin h am senão os cre ­ colhia tu d o , o ccu p an d o se até
púsculos de inverno cah in do do feitio que h a v ia de ter o v e s ­
m elancólicos sobre um paiz do tid o.
lito ral, todo de v erdu ra a en tre­ O u iz que o en feitassem com
laçar-se por cim a das su as c a ­ gran d es tira s de v ellu do para o
b e ça s, n ada que não fosse o tornarem m ais garrido e m ais
céo im m enso onde passavam rico.
len tas névoas errad ias. E por IY
únicas flores as alg as escuras
que os pescadores ao subirem U m a n oite que os dois e s ta ­
pela praia arrastav am pará os vam sentad os no seu b an co de
cam in hos nas redes que traziam gran ito , na solid ão dos seus
cah id as. rochedos escarp ad o s, sobre os
N ão são rigorosos os in v e r­ qu aes cab ia len tam en te a n oite,
nos ife s sa s regiões am o rnadas os olhos fix aram -se - lhes por
pelas correntes do m ar; adezar d ’isso, R eco m eçav am então a fa lla r b a ix in h o , acaso n ’um a sarça de espinh o s, a un ica
porém , as tardes eram frequentes vezes tendo de tirar a desforra de dois m ezes das cerca n ias, qu e crescia entre as ro ­
h ú m id as, gelad a s, e ch u visco s im p erce­ de silen cio , p recisan do n oivar m u ito d e ­ ch as á beira do cam in h o . N a m eia e scu ­
ptíveis m olhavam - lhes b ran d am en te as pressa, pois que de pouco tem po d isp u ­ ridão pareceu -lhes d istin g u ir n ’essa m oi­
espadu as. nham p a ia tu d o. C o m b in o u -se que m o­ ta. ligeiro s pen n ach in ch o s bran cos.
Não era por isso que elles d eix ava m o rassem em casa da v elh a Y v o n n e , a qual P are ce m esm o que está florido ! disse
banco de pedra onde tão felizes se sen- em testam en to lhes legav a a sua cliou- Yann.
iiam . p a n a . P o r e m q u an to , não faziam obras de E ap p ro xim aram se para ter a certeza.
especie a lg u m a , por falta de tem po. A d ia ­ E s ta v a toda em flor. C o m o era m uito
E esse banco que tin h a m ais de um s é ­
vam para a volta da Islan d ia o seu p ro ­ escuro j á , verificaram com as «m ãos» a
culo não se esp an tava com o am or d ’el
je c to com mu m de em bellezarem um p o u ­ ex istên cia das pequenas flores, tod as h ú ­
les, pois qu e vira no passado m uitos o u ­
co o pobre n in h o tão triste e tão deso­ m id as da n eb lin a.
tros assim ! Q u e de p alavras du lcissim as
la d o ... E v e iu -lh e s então um a prim eira im ­
elle ouvira sahir, sem pre as m esm as, de
geração em geração, tia bocca dos m oços, II pressão de p rim avera ; perceberam que
e estava h abituad o tam bém a ver os n a ­ os d ias eram j á m ais com pridos, que h a ­
... U m a tard e, d ive rtia se Y a n n em lhe via a lgu m a cousa de m ais tépido no ar,
m orados voltarem m ais tarde, m udados
citar m il pequienas co u sas que ella tin h a de m ais lu m in oso nas n oites.
em velhos e em velhos m uito corcovados
feito, ou que lhe tin h am su cced id o d e ­
e m uito trêm ulos e se n tare m -se no m es­ M as com o era precoce aq u ella sarça !
pois do seu prim eiro en co n tro , d iz ia -lh e
mo sitio de o utr’ora m as de d ia e não de N ão h av eria em todo o sitio outra igu al !
até os vestidos que tiv e ra , as festas onde
noite, para respirarem ain d a um pouco D e certo que se puzera a florir cie pio p o -
tin h a ido.
de ar, pai a se aquecerem ao calo r dos ú l­ sito para fe stejar o am or cfelles.
tim os so es... G a u d escu tava na m aio rsu rp reza. C o m o
sab ia elle tu do iss o ? Q u e m im a g in aria — Y am os então ap an hai as florin h as,
De bocado em bocado a avó Y v o n n e que elle lh e prestára atten ção a ponto de disse Y a n n . E qu asi ás a p alp ad e llas, com -
espreitava de dentro. N ão porque tivesse se lem brar tão bem de tu d o ? poz um ra m ilh e te co m as suas m ãos gro s­
m edo de que elles estivessem sósin h os, Y a n n então so rria-se, tod o m vsterio so, seiras ; com a g ran d e n av alh a de p e sca ­
m as pelo am or que lhes tin h a , pelo gosto e co n tav a m ais porm enores pequeninos, dor que trazia sem pre co m sigo , cortou-
que lhe fazia o v e l-o s, e tám bem para ver m ais cousas que ella própria tin h a esq u e ­ lhes um a um os espinh o s, e pregou-o
se co nsegu ia que elles se recolhessem a cido q u asi. A g o ra , sem o interro gar ella depois á cin tu ra de G a u d . — A ssim ! tal
casa. d e ix a v a -o fa llar com um em bevecim en to qual com o um a n o iv a , d isse recuaddo um
D izia-lh es e n tã o : O lh e m q u e ap an ham inesperado que a to m av a toda : é que p o u coch in h o para ver se lhe ficav a bem .
frio, m eus filh in h os, olhem que a h u m i­ tam bém elle a tin h a am ad o , de lon ge,
d ad e prega-lhes a lg u m a ... Meu D e u s ! du ran te todo aquelle tem po p a s s a d o !... ( C o n tin u a )
Loteria da Capital Federal AOS SN
«
RS; CHEFE S DE -FAMILIAa
'■ . .p
: ; _ ; . • *
H O JE — S A B B A D O — H O JE NÃO COMPREM ROUPA PARA VOSSOS
10 DE JULHO DE 1909 FILHOS, SEM VER PRIMEIRO O
COLLOSSAL SORTIMENTO E OS BA­
RATÍSSIMOS PREÇOS DA CASA
I00:000$000 O TOMBO DO RIO
P O R 6 *3 0 0
r u* a ; DA URUGUAYANA, 1 (Cinlo di Cario»)
Sabbado— 11 de Setem bro— Sabbado •V
RIO DE JANEIRO
200:000$000 POR l5$800

D R O G A R IA E P H A R M A C IA H O M CEOPATH A

C o e lh o B apbosa & C.
; PRÊM IO NA E X P O S IÇ Ã O N A C IO N A L DE 1908

QUITANDA, 7 4 - F — HOSPÍCIO, 30 — OURIVES, 86


RIO IDE JANEIRO

M D
U
R
r\
R
IA
H I I I M
I I U
A
I IN n
(O LE O DE F IO A D O
=
de B A CA LH A O EM H OM CEOPATH IA)
C H E IR O E SEM DIETA
sem g o s t o , sem

P e sa i-v o s a n te s e 3 0 d ia s depois
C urasthma—Cura as bron- Parturina — Medicamento
cliites asthniaticas eaasth- destinado a accelerar, sem
ma por mais antiga que inconvenientes,e portanto
seja. sem perigo o trabalho do
FLouresina — Remedio he- parto.
roico para flores brancas, Liga osso—Poderoso reme­
cura certa e radical. dio que liga immediata-
Variolino— P r e s e r v a t i v o mente os cortes e estanca
contra as bexigas. as hemorrhagias.
Homceobromium—(Toni-re- Palustrina—Contra impallu-
constituinte homceopatha) dismo, prisão de ventre,
para debilidade, f a s t i o, moléstias do figado e in-
falta de crescimento, etc. somnia.
Chenopodium Antelminti- Venusinium—Heroico medi­
cum—Para expellir os ver­ camento destinado a curar
mes das crianças, sem as manifestações syphili-
causar irritação intestinal. ticas.
Cura-febre—Substitue o sul- Essência Odontalgica— Re­
phato de quinino em qual­ medio instantâneo contra
quer febre. a dôr de dentes.

E S P E C IF IC O CONTRA A CO O I E IJJC H E
P O SSU E ESTE A N T IG O E ST A B E LE CIM E N T O O SO R T IM E N T O C O M P L E T O DE T O D O S O S M E D IC A M E N T O S H O -
M CEO PA TH ICO S, M E SM O O S M O D E R N A M E N T E E-M PREQADOS E Q U E LH E SÃ O F O R N E C ID O S PO R CA SA S AS M AIS
IM P O R T A N T E S, DA E U R O PA E DA AM ERICA D O N O R T E -D E P O S 1 T A R IO S EM S. P A U L O : B A RU EL & C.

SO’ TOSSE (HIEM DESCONHECE 0


P E IT O R A L L O B E L IA N O
DEPOSITO GERAL: ASSEMBLÉÁ, 33, RIO DE JANEIRO— EM S. PAULO: BARUEL & G.
■ ■ ■ ■ ■ ■ ■

0 Ç b S E t K lÇ ÜOJ P Ç T R O E S s
rF)TE' OS Q319DO.S G0290 ^Sf c ELKH^
BR )

cr o
« *
V -/) 0 (
0 3 2

si 3
z: Q ;
U4 G >
<-0 £ 3
!)

F ]
a (

cr
<x>

íiiK

&
G -^ & s S i w !5 r r .o
'»%

Filial em S. Paulo: PRAÇA ANTDW10 PRADO, 12— CASA STANDARD

a\ ■
B H U f l
AN N O
Careta
R E D A C Ç Ã O E © FFBQNASs RUA DA A SSE M B LÉ A , 7 0 — RBO D E JANEBRO
A S S I G N AT U R A S
id S ooo | S E M E S T R E S$ooo
,
Ijl C A P IT A L . . . .
NUMERO AVULSO
3 oo R s. | E S T A D O S 400 Rs

EDI ÇÃO DE "ICÓSMOS”

w. 60 I R I O D E J f l l T E I R O — S a b b a d o — 2T — J u l h o — 190? flH M O II

AN E X I N S Nem bens, nem males se deve


Maldizer, porque te importas?
N O A LB U M DE M EU F IL H O Tudo é justo. “ Deus escreve
( O r ig in a l p ara a “ C a re ta ” ) Direito por linhas tortas,,.
Não convém quebrar cabeça Quem o bem fez espere,
Quem vencer primeiro estuda, E o mal também se é devido,
Para chegar mais depressa Porque : “ Quem com o ferro fere
“Mais vale quem Deus ajuda,,. Com o ferro será ferido,,.
Queres com tanta ambição Não deves fingir de bôbo
Abarcar todo o horizonte, Que ao bôbo dá-se o que é delle,
Guarda só o teu quinhão Assim: “ Quem não quer ser lôbo
“Nem com tanta sêde á fonte,,. Não deve vestir-lhe a pelle,,.
Quem muito quer do futuro Estudando folha a folha
Vê tudo atravez do verde, Mais saber se verifica,
Mais vale o pouco seguro Pois : “Quem adiante não olha
“ Quem muito quer muito perde,,. Atraz de certo se fica,,.
A desgraça no mais forte Ninguém a muitos viole
Mais robustece a esperança, Direitos que lhes pareça
Nunca descreias da sorte “ Quem com muitas pedras bole
“ Quem espera sempre alcança,,. Uma lhe dá na cabeça,,.
Reparte os bens sem cubiça
Para que alguém se não queixe, Como amigo te insinuas
Ao tolo Deus faz justiça Entre amigos, entre irmãos,
“ Quanto mais besta mais peixe,,. Soffrerás ! Pois : “Entre duas
Pedras não se mette as mãos,,.
Nunca motejes do pobre
Nem dos defeitos que vês, Quem fala é mister que ouça
Por igual o céo nos cobre Primeiro a voz do seu ninho,
“ Cada qual como Deus fez,,. “Quem tem telhado de louça
Não joga pedra ao visinho,,.
Como a bocca a penna explica
Reservas do pensamento, Nem sempre vaidades dão-se
A letra da penna fica Por lares calmos e tredos,
“ Palavras, leva-as o vento,,. Mas, para o socego : “Vão-se
Os anneis fiquem-se os dedos,,.
Desprendimento e egoismo
Em demasia é de louco, Faze da palavra lei
Meio termo tem o abysmo Mesmo contra o que te apraz,
“Nem tanto assim nem tão pouco,,. Sustenta o dito : “ De Rei
Palavra não volta atraz,,.
Não desdenhes do contratempo
Que a sorte também desanda; Tagarella que detrata
Vae, si queres ganhar tempo Muita vez o mudo vence-o,
"Quem quer vae, quem não quer manda,,. P o is: "Si a palavra é de prata
Para chegar onde queres E’ de oiro fino o silencio,,.
Basta ter perseverança,
Si muita gana tiveres (Continua)
Ficarás. “ Quem corre cança,,. S oares B ulcão
CARETA

DOIS ARTISTAS BRASILEIROS

O maestro Menelau Campos e o pintor Presciliano Silva jovens e esperançosos artistas


vindos agora da Europa.

O Dr. J. J. Seabra affirmou que no caso da sua ante do passado, moderar os seus ímpetos brasilo-
depuração quando foi eleito senador houve um braço phobos.
e uma cabeça. Essas pirracinhas acabarão por nos fatigar e a i!
A cabeça foi o Dr. Ruy Barbosa, e o braço o ge­ da Argentina no dia em que a nossa justa cólera ex­
plodir : ficará com o lombo mais listrado do que a
neral Pinheiro.
sua bandeira.
E que membro representaria então o maestro Jú ­
lio Bueno Brandão que foi o relator do parecer?
Esta moça está pensando o que
Sob o titulo E l Gran fa llo , o Sarmiento, um dos deve fazer para ver-se livre do seu
orgãos do Presidente Alcorta, escreve: leiteiro, pois que não ha quem possa
“ El fallo es de la mas alta trascendencia para la tragar o tal leite, divido á grande
política sudamericana. quantidade de agua que contém; de
Por él se entrega al Peru, una gran extensión de repente lembra-se que a sua proge-
território que el Brasil pretendia para si, y la cuestión
dei Acre queda en el aire. El Brasil tendrá que en- nitora quando era viva, tinha uma
tenderse com el Perú y con este pais no podrá po- boa casa que lhe fornecia bom leite.
ner en práctica los vejámenes y extorsiones con qué Atas onde é esta casa? Ah! já
hizo victima á la pobre Bolivia. Al anticipo de la idea
general dei fallo, obedece el retiro momentâneo dei sei, é a Leiteria Palmira, á rua do
senor Da Gama. Ouvidor n. 149, lá é que tem o bom
Nos imaginamos el gesto de despecho dei Excmo. leite que é o mais puro, e que as
senor Barón de Rio Branco al ver desmoronarse su entregas são feitas a domicilio.
artera y solapada obra! ”
Fica assim mais uma vez demonstrado que a es­ E lá também tem a Manteiga Vir­
túpida sentença argentina visou, ao afastar-se do di­ gem, que é de superior qualidade, de
reito, ferir interesses do Brasil. côr natural, e esterilisada, não ha­
A gringalhada precisa estudar a sua historia e fa­
zer excursões prudentes a Monte-Caceros para, de- vendo outra que se lhe compare.

A’ GLORIA DO BRASIL
FABRICA DE ROUPAS BRANCAS
?, Rua da Carioca j ^ (Junto ao Largo da Carioca)
TODOS DEVEM PREFERIR COMPRAR, CAMISAS, COLLAR1NHOS, CEROULAS, PUNHOS,
GRAVATAS, MEIAS, COLCHAS, MORINS, ATOALHADOS, CRETONES E TODOS OS ARTI­
GOS DE ROUPAS BRANCAS, N ’ EST A CASA; PORQUE VENDE COM POUCO LUCRO.
3, RUA DA CARIOCA, 3 -NÃO TEM FILIAES - A. CUNHA & SILVA-RIO DE JANEIRO
C A R E T A

Os povos do Acre querem fazer do grande terri­ Voltaram á nossa redacção os acadêmicos mi­
tório um grande Estado, allegando renda, população neiros para affirmar que o coronel Chico Bressane
etc etc. não nasceu nem na ilha da Madeira, nem na de
Sim senhor, é tudo muito justo. Cabo Verde.
Mas os povos do Acre não estão vendo que um S. Ex.a deu a honra de nascer nella á formosa
Estado tem necessidade de um presidente, de Cama- ilha do Pico.
ras, tribunaes, e outras cousas perfeitamente innuteis ?
Então os povos do Acre não estão vendo o que Ante mim—sou feiticeiro—
acontece já nos Estados Federaes ? Negro mysterio apparece :
Povos e povas do Acre, tremei! Toda vez que Minas desce
A responsabilidade é tremenda! Sóbe o Bernardo Monteiro!
Se o Acre for Estado mesmo a gente não terá
remedio senão dar pezames aos seus habitantes 1 O coronel Rodolpho Paixão fará este anno uma
serie de 18 discursos sobre o Montepio do Func-
Quando, na Semana Santa, cionalismo Publico Civil que está estudando ha 10
annos.
Nas cidades e nos valles, S. Ex.a não se pode dizer que trabalhe para si,
Minas seus judas queimar, pois que já gosa das vantagens do montepio mi­
(Brada o povo em voz que espanta): litar.
Couvecultor Chico Salles Se os papéis do Montepio Civil estão ha 10
annos em suas mãos sem solução é que o nobre
Quem te poderá salvar 1? parlamentar quer estudar o assumpto com muito
cuidado.
Euclydes Cunha foi nomeado lente do Gymnasio. Entretanto é de prever que apresente o seu pa­
recer em 1920, fazendo jús por essa época a uma
Ora ahi está ahi um caso raro : a gente ter obri­ enthusiastica manifestação dos funccionarios que
gação de dar parabéns ao magistério 1 até lá forem vivos.

rn
Bsarao

IM P R E N S A — SR . B A R A O F A L E , D lO A A L G U M A C O U S A S O B R E A S C A N D ID A T U R A S .
Z É - P O V O . — F A L L E , B A R Ã O , O S O U T R O S JA F A L L A R A M .
B A R A O . — O ’ Z É E S T A R Á S ID I O T A ? P O IS SI E S T O U C O M T IG O É P O R Q U E E S T O U C O M T IG O .
CARETA

CARETA PARLAMENTAR O SR. FRANCISCO BRESSANE—Ora muito bem,


Sr. presidente, eu entro sem ambages, no assumpto.
O Sr. Manoel Fulgencio—Pois olhe que eu gos­
O SR. FRANCISCO BRESSANE—Eu sou, Sr. pre­ to muito desse prato.
sidente, V. Ex. não ignora, um legitimo representan­ O SR. FRANCISCO BRESSANE—Que prato?
te das alterosas montanhas azues que cercam o
grandioso Estado de Minas, resgurdando-o dos olhares O Sr. Manoel Fulgencio—As bages, de que V. Ex.
conscupiscentes de conquistadores estrangeiros que falou.
vêm aqui ao faro das suas extraordinárias riquezas.. . O SR. FRANCISCO BRESSANE—Perdão, eu falei,
O Sr. Astolpho Dutra—Apoiado. Tanto em me- não em bages, mas em ambages o que é cousa muito
taes como em minereos. differente. Mas deixando de lado essa interrupção
culinaria do meu venerando collega, eu quero dizer a
O SR. FRANCISCO BRESSANE—Ha duas legisla­ esta illustre Camara, que o Estado que represento,
turas que o povo daquelle grande Estado me envia promptifica-se a preencher sósinho todos os claros
á camara, grato pelos serviços que fazem bem 40 que houver no nosso Exercito, desde que este não
annos venho prestando a Minas. exceda de 200.000 homens.
O Sr. Rodolpho Paixão—Apoiado. Eu posso attes- O Sr. Jo s é Carlos de Carvalho—Mirabile dictu !
tar que desde que V. Ex. deixou a sua patria, a ilha (.Apoiados e apartes).
da Madeira e veio morar em Minas a ella deu o me­
lhor dos seus esforços. O SR. FRANCISCO BRESSANE—Isso eu digo as­
O SR. FRANCISCO BRESSANE—Muito obrigado sim núa e crúamente para demonstrar o apoio de
a V. Ex. Graças ao Altíssimo, ainda ha quem reco­ Minas á candidatura militar que ella acceitou enthu-
nheça os serviços da gente ! Mas como eu ia dizen­ siasticamente, e que ha de suffragar com os 250.000
do, ha duas legislaturas que os meus eleitores me votos dos seus eleitores. (Apoiados e apartes).
enviam a Camara, e eu ainda não achei brecha para O Sr. Irineu Machado—E esses eleitores é que
encaixar um discurso. se promptificam a pegar no páo furado ?
O Sr. Jo s é Bento—Também isso não é das cou- O SR. FRANCISCO BRESSANE—Elles e muitos
sas mais necessárias. outros que querem demonstrar ao Brazil que os 5
O SR. FRANCISCO BRESSANE—Eu também en­ milhões de habitantes de Minas deliram de regosijo
tendo assim, mas como sempre ha gente que tal não pelas candidaturas da Convenção que teve a honra
quer reconhecer, ás vezes quando eu viajo lá por de ser presidida pelo nosso mais conceituado esta­
nossas bandas, ha sempre um chefe de arraial que dista, o grande senador Francisco Salles, a quem
pergunta com a maior simplicidade : “então, seu co­ rendo todas as homenagens do meu maior respeito
ronel, quando é que o senhor se resolve a fazer al­ e consideração,
gum discurso?,, O Sr. Jo s é Carlos—E elle bem as merece, coita­
O Sr. Rogério de Miranda—No mundo ha gente do. Tem sido tão atacado pelas folhas!
muito indiscreta! O SR. FRANCISCO BRESSANE—Uns vendidos
O SR. FRANCISCO BRESSANE—Eu bem sei que seu Zé, uns vendidos! Elles falam da gente, porque
a uma pergunta destas a gente deve ou não respon­ recebem dinheiro para isso. Mas como eu hia dizen­
der, ou então evasivar, isto é, quero dizer, fugir á do, Minas para comprovar com um acto estupendo o
seringa, V. Ex. bem me comprehende, Sr. presidente.. . seu apego ao militarismo, manda-me offerecer á Pa­
tria, os serviços de 200.000 mancebos que estão lá
O Sr. Manoel Tavares—Perfeitamente. V. Ex. ex­ perdendo o seu tempo na lavoura, a plantar coisas
plica-se perfeitamente bem. que se dão algum dinheiro é com muito sacrifício e
O SR. FRANCISCO BRESSANE—Ora muito que por falta desses artigos na praça do Mercado !
bem. Agradeço a bondade de V. Ex. Pois é isso o O Sr. Jo s é Bento—Apoiado.
que eu faço sempre. M a s ... e ahi é que está a
amollação, todos os annos a tal pergunta se repete, O SR. FRANCISCO BRESSANE — Elles estão
e V. Ex. bem sabe, Sr. presidente, que por mais pres­ promptos para entrar em serviço. E ’ só se mandar
tigio que a gente tenha, sempre existem uns tantos uma escolta aos differentes Municípios para os apa­
descontentes por esse mundo fóra que aproveitam a nhar, porque V. Ex. não ignora, Sr. presidente, que
occasião para mexer com a gente. os pobres como matutos que são, não conhecem os
caminhos. Mas pegarão enthusiasmado no páo fura­
O Sr. Germano Hasslocher—Não se importe com do, como disse o meu nobre collega, ha pouco, isso
elles V. Ex. A opposição nunca vale nada. eu posso garantir, como conhecedor profundo que
O SR. FRANCISCO BRESSANE—Isso sei eu, e sou dos sentimentos daqueiles meus patrícios, patrio­
por isso mesmo nunca estive com ella, nem espero tas decididos e francos, ardentes partidários da candi­
estar em dias de minha vida. Mas ha especuladores, datura militar, na qual enxergam a salvação do paiz
Sr. presidente, e esses dizem á surdina, e a coisa se (apoiados e apartes).
repete, e se espalha e ganha foros de verdade, que O Sr. Irineu Machado—Quod restat probandum.
o coronel Bressane não sabe fazer discursos.
O SR. FRANCISCO BRESSANE. O que resta pr’a
O Sr. Astolpho Dutra—Isso é uma invenção. V. o bando ? Já sei que V. Ex. se refere aos que acom­
Ex. fala até muito bem. (Apoiados geraes). panham os nossos adversários. Pois bem, terminan­
O SR. FRANCISCO BRESSANE— Muito obrigado. do este meu discurso, eu direi a V. Ex. que p’ra
E’ bondade de V. Ex. Eu consigo dar o meu recado, esse bando restará a certeza de que a Minas de
sem o brilho da palavra de V. Ex., que está sagrado Francisco Salles, a Minas de Francisco Bressane, a
como o mais completo orador de Minas, mas de Aáinas do Vencesláo e do Julio Bueno, ha de vencer
modo sufficientemente claro para me fazer comprehen- nas futuras eleições e exultará com o exito da victo-
der. (Apoiados). Pois bem, para dar uma satisfação ria dos candidatos da Convenção de Maio. E mais a
aos amigos e um desmentido aos nossos inimigos é vergonha de ter querido que Minas não suffragasse
que eu aproveitando-me da discussão do projecto tão patrióticas candidaturas! Tenho dito.
que fixa as forças de terra, pedi a palavra para dizer (Muito bem, muito bem, o orador é muito com-
a V. Ex. Sr. presidente, e dizer á Camara algumas primentado e abraçado pelos Srs. Astolpho Dutra
palavras, em nome dos povos de Minas Geraes. e Nogueira Penido).
O Sr. Bernardo Monteiro—Muito bem. Ferrolho
C A R E T A

Alegre riso ou sombra de desgosto


Não te amollece a nobre catadura,
A magestade antiga da bravura,
Tens na expressão belligera do rosto.

Ao punho ousado o gladio ousado posto,


Preterindo sem dó nem amargura,
De marechal trepaste á egregia altura,
Galgando os postos todos, posto a posto.

Essa de postos rapida subida


Da nossa edade sendo o extremo ornato
Será pelas futuras applaudida.

Teus actos cante o verso, acto por acto,


— Napoleão das batalhas da Avenida !
Oyama das campanhas do Curato 1
V o l -T aire

PALESTRA O x de um provérbio está na interpretação que


lhe póde ser dada e no emtanto ha provérbios que
Vou narrar-vos um caso, leitores, fazendo o má­ se prestam a duas interpretações, como por exemplo
ximo esforço para ser o mais resumido possivel, por­ este “ quem quer vae quem não quer manda” Toda
que a minha theoria é que se deve ser o mais lacô­ vida pensei que isto significava: quem quer ir fazer
nico que se puder, sendo ao mesmo tempo muito alguma cousa vae, quem não quizer ir fazel-a manda
claro na exposição do pensamento. Creio que ha alguém que a faça. Só depois vim saber da interpre­
mesmo uma phrase em latim dando tal conselho, mas tação usual.
não posso repetil-a porque possuo o inestimável dom Mesmo porque isto de interpretação é uma bóta:
de não reter uma só destas solemnes tiradas latinas, cada um tem o direito de interpretar esta ou aquella
tão profundas quão complicadas na sua analyse; a cousa a seu modo, e então a respeito de leis é uma
isto se chama falta de memória, cousa aliás que lastima. Basta dizer que ha bacharéis em direito só
possui a granel no tempo ainda em que não me cha- para interpretar os codigos: e elles estudam nas mes­
furdára no vicio do fumo. Porque o fumo, si bem mas escolas, nos mesmos livros, com os mesmos
que não cause uma amnésia completa, causa um professores, mas interpretam sempre a mesma lei de
grande estrago, e isto está muitíssimo provado, nesta maneiras diversas e contracditorias. E muitas vezes
appreciavel faculdade humana que substitue magnifi- é o mesmo bacharel que a interpreta, conforme a
camente a intelligencia nas luctas pela vida. conveniência de momento, de um modo inteiramente
O leitor terá muitas vezes duvidado que a intelli­ opposto á maneira pela qual a interpretam antes.
gencia tenha um valor real na lucta pela vida e tem Decididamente isto é uma lastim a...
razão: temos visto neste mundo tanto obtuso galgar (Ia eu contar o caso promettido, quando notei
as melhores posições e tanto talento a morrer de que havia já enchido uma tira de papel, e como
fome, que se fica mesmo sem saber o que vale mais gosto de ser laconico, transfiro o caso para outra
para vencer, si ter intelligencia ou burrice. E até ha vez).
uma tendencia geral para se crêr que o talento é um D r. S a b ã o
estorvo para a subida nas escalas sociaes: tanto que
lá diz um proberbio “ quanto mais burro mais peixe” No dia 14 de Julho surgiram á luz em Minas mais
E todos sabem que os provérbios são sábios, dizem quatro jornaes para dar dombate ás candidaturas da
sempre a verdade, si bem que se contradigam muitas Contravenção, dizem noticias pela imprensa publi­
vezes, como por exemplo o “ não deixes para ama- cadas.
nhan o que pódes fazer hoje” e o “ mais vale quem Q u a l! decididamente o Chico Salles agora caval­
Deus ajuda do que quem cedo madruga” . gará a immortalidade!

A’ BOTA “ FLUMINENSE” fabrica e depo sito de calçados


A. m a is b a r a te ir a de to d o o B r a z il
123, A V E N I D A R A S S O S , 123
■ L A D O DA R U A M A R E C H A L F L O R I A N O ----- — REO D E JA N E E R O ....
Quando o Dr. Serzedello quiz ser deputado pelo
ODE MUSICAL Districto Federal, teve sempre a combatel-o as hos­
Julio Bueno Brandão, tes rapaduraes.
Agora, na Prefeitura, as mesmas hostes cercam-n’o,
Duvido que alguém desminta, acarinham-n’o, affirmando aos quatro ventos que elle
E’ damnado no trombone sempre foi o seu candidato ao cargo.
E perito na requinta. Nem jamais se cogitou de outro, essa é que é a
Quando ha baile no palacio, verdade.
Wencesláu, por teleplione,
Reclama logo a presença Corre em rodas bem informadas que o senador
Do Bueno e seu trombone Vasconcellos vae offerecer um logar no Directorio de
seu partido ao Dr. Serzedello Corrêa.
Mas se a festa é familiar E’ uma idéa tristíssima esta. O senador deve con-
E a assistência mais distincta, tmuar a fazer opposição ao Dr. Serzedello como até
Manda então este recado: agora.
“ Julio, venha co'a requinta’’ Isso é que esta direito!

O povo, em Bello Horizonte,


Pergunta, quando ha cyclone ; Quando se fez, a l.° de Junho, o pagamento de
“ Será vento ou será Julio subsidio aos deputados federaes, um houve que teve
Soprando no seu trom bone?’ na Camara um cadaver que era interessado no pleito
que aquelle relatava. Este cadaver foi levado para a
Se acaso o ruido parece chefia de policia...
Guincho de gata faminta,
Dizem logo, convencidos:
“ Isto é Julio, na requinta.” COELHO BASTOS & COMP.
Quando eu andei pelo Egypto, Unieos que vendem NAVALHAS DE SEGURANÇA sem rival!1!
Affirmou-me um cicerone:
“ No cume desta pyramide Os mais barateiros
O Julio tocou trombone.” em perfumarias, roupas
brancas e
Nas ruinas de Pompeia
Lê-se esta inscripção, a tinta; artigos para presentes.
H ic, Buenus abysmavit G ille t e le g itim a c o m

Turbam cum sua requinta. 12 l a m i n a s ...................... 15$000


P e l o C o r r e i o ..................... 16$000

No campo de Waterloo, L a m i n a s , p a c o t e _____ 3$500


Entre dois fogos, Cambronne Para duzia grande
Berrou: “ B ó ia s !... Só me rendo abatimento
Ante o Julio e seu trombone! ”
P’ra derrubar Jerichó,
Se não fosse, ha muito, extincta,
Bastava o Julio Bueno
C o ’o trombone ou co’a requinta.
A. D u t r a N.
A s n o ssas n a v a lh a s são as
Gillete, Safety
le g i t i m a s d a
Apparecerá na primeira quinta-feira de Agosto e U a -.<>>■ dotupani/, B o s t o n ,
M ass. U. S. A.
será vendido a 200 reis, O Discreto, semanario illus-
N ã o p r e c is a c u id a d o c o m a s
trado de arte alegre e humorismo tépido, publicação im ita ç õ e s , p o r q u a n to a n a v a ­
irreverente sem ser impudica. l h a Gillete é u m a s ó e u n ic a
em to d o o m u n d o , n ã o p o d e n ­
d o s e r c o n fu n d id a c o m a s de
o u t r o s fa b r ic a n t e s , m u ito e m ­

Queremser “bonitas ? b o r a h a ja s e m e lh a n ç a n a a p p a -
r e n c ia .

UsemEpidermol, 9 0 e 92, Rua dos Ourives, 90 e 92


D IS T O B B U E M -8 E C A T A L O G O S
Substitue o pó de arroz, tira marcas de
sardas, pannos e espinhas. Fez o seu segundo meeting parlamentar o Dr. J. J.
Seabra, distincto leader da Camara.
A MELHOR PASTA PARA S. Ex.a continua a ser muito apreciado nas suas
considerações philosophicas sobre o papel dos instru­
= = OS DENTES mentos de sopro na formação das tempestades.

f í ’ venda em todas as Os moradores de Matto-Grosso é que andam ra­


perfumarias d ’esta Capitai diantes.
Pela primeira vez vão ter um prefeito que more
e dos Estados.- - ------ - no bairro, que lhe conheça as necessidades.
Pois então, viva Matto-Grosso.
C A R E T A

Conversam, á porta da Colombo, um estudante — O ’ Tinoco você me leva ao Café-Cantante?


de direito e um medico. — Oh filha! Que idéa! Lá se dizem cousas que
Apparece um sujeito fino e comprido com um tu não podes ouvir!
vasto chapéo de abas balouçantes: uma especie de — Ora, Tinoco, que tem isso ? Eu já não tenho
poste de parada encimado por um velho chapéo de
ido tantas vezes á tribuna da Camara dos Depu­
sol burguez. O estranho homem dá trez pulinhos,
bate castanholas com os dedos e perpetra um troca­ tados?
dilho.
— V. Ex. é uma Revma. cavalgadura!
— Bom dia, mestre, murmura ante elle, desco-
brindo-se, o estudante de direito. — E o nobre collega é um patife de tal ordem
que se houvesse justiça neste paiz, já ha muito esta­
O medico, espantado, pergunta: ria trancafiado no estado maior das grades!
—Quem é esse jurisconsulto? Excusam de procurar. Isto não é na Praia do Pei­
— E ’ o caricaturista Raul. xe, não senhores. E’ na Camara dos Deputados.

O F A C T O D E V O C E T E R M A R I D O V I V O N A O P O D E I M P E D IR O N O S S O C A S A M E N T O
COM O ?
V O C E S C A S A R A M N A IG R E JA C A T H O L IC A . C A S A R E M O S N A IG R E JA F E T IC H IS T A .
CARETA

TMIEATIRO M U M E O P A L

Dr. N ilo Peçanha, Presidente da Republica, D r. Oliveira Passos, architecto do Theatro


M unicipal, Casa C ivil e M ilita r do Presidente, visitando o Theatro,
no dia da inauguração.

NOTAS SCIENTIFICAS desaparece porque todo o corpo pésa sobre um lado


s ó : e, para seguirmos a lei das barrigas devemos
Deve-se dormir de barriga para o ar? dormir sobre as costas e de barriga para cima, porque
Este problema que tanto ha preoccupado aos pri­ neste caso, as barrigas das pernas ficam para baixo,
meiros sábios do mundo, até hoje permanece sem uma estabelecendo assim o indispensável equilíbrio.
solução satisfactoria. Em muitos congressos scienti- *
* *
ficos tem-se discutido calorosamente este thema, mas
tantas objecções são apresentadas pelos que não Muitos objectarão que neste caso ficam duas bar­
admittem a vantagem de se dormir de barriga para o rigas a se equilibrar com uma só, mas esta objecção
ar, que ha mesmo uma grande corrente contraria a é improcedente : o Creador arranjou as cousas de
esta posição no acto do somno. modo tal que as duas barrigas das pernas sommadas
O Dr. Barthwondkaspirritzisberg, grande sabio têm o mesmo peso e energia potencial dynamica que
allemão, opina pela posição de barriga para cima: e a barriga superpernal. A isto é que se chama a lei
sendo elle um grande physiologista, para aqui trans­ das barrigas.
crevemos um trecho da sua these sobre a melhor D r. Sabão
posição no somno:
*
* *
Neblinas vistam os montes,
Ao meu vêr, diz o grande sabio, a natureza exige Brilhe o sol nos horizontes;
um perfeito equilíbrio para que todos os orgãos do
O mar melodioso e calmo
corpo humano funccionem bem : para isto foi que nos
deu um corpo de feitio symetrico, com dous pés onde Tenha a doçura de um psalmo
nos apoiamos em attitude erecta e nos penduiou nos Ou tumultuoso espadane,
hombrps dous appendices armados de dedos e a que — Serás sempre feiticeira
se denomina vulgarmente de braços. Ora, se nós dor­ Formosa Ilha da Madeira,
mirmos sobre a direita ou a esquerda, tal equilíbrio Patria do Chico Bressane!
CARETA

TELEGRAPHO SEM FIO F. Carvalho. — (Rio) O senhor, em verdade, está


Allucinado ? ! Não procure sahir do labyrintho em que
se acha perdido, por que si a policia o encontra na rua
(S e rv iço <le u ltim a h o ra ) mette-o no Hospício.
Jutein. — (Rio) O encarregado d’esse trabalho não
Voluntário A. N. Leme. — (J unta de Revisão e Sor­ nos disse as condicções em que o deixou quando o in­
teio Militar, S. Paulo). Agradecemos, penhorados, as terrompeu provisoriamente e só depois de o ter inter­
suas palavras de adhesão a nossa attitude na questão rompido é que nos avisou que o havia feito. No pro-
das candidaturas, attitude que não se reflecte no nosso ximo numero responderemos á carta do amigo, que em
julgamento de trabalhos litterarios. caso nenhum será prejudicado.
Jic k . — (Rio) A profissão poderia ter exercido a sua
nociva influencia sobre as quadras, não sobre a prosa,
que publicaremos. Pelas declarações do Sr. Astolpho Acacio, depu­
J . Pinto. — ( Rio) Queira passar por esta redacção. tado por Minas e aguia de Cataguazes, sabe-se ago­
Petrus Stella. — (Rio) Não. amigo, nem todas as ra que o Dr. Wencesláo nunca teve outro candidato
boccas de donzellas são, como pensaes, sãs visto como á presidência da Republica no futuro quatriennio, só
alguns desses anginhos padessem horríveis dores de não foi o Dr. David Campista.
dentes e tem dentuças avariadas.
Disso aliás nós já tínhamos absoluta certeza.
Vigário Joaquim Martins. — ( Mattosinhos) Rece­
bemos o convite para o grande meeting convocado por
vossa Rva. em Mattosinhos contra a candidatura Her­ Ouvindo dizer que estavam em moda as casacas
mes. Gratos.
de cor, o nosso amigo Pecegueiro foi á sua arreca­
Lauro Virgílio de Carvalho. — (Rio) Releia os se­ dação, e do olvido arrancou a sua velha e amada
guintes versos: 1 o da l.a quadra e 4 ° da 2.a e 2.° do l.°
tercetto. rabona que é de um bello verde garrafa, escovou-a
João Soares. — (Rio) Com a maior magoa deixa­ e prepara-se para estreal-a numa das extraordinárias
mos de attender o vosso pedido. soirées blanches da Réjane.

THEATRO M U N ICIPA L

Entrada principal.
Y3rr!k

C A R E T A

de bonds, a linha teiegraphica e a linha de conducta.


NOÇÕES DE GEOMETRIA As linhas pódem ainda ser : convergentes, divergentes,
parallelas, obliquas etc.
Geometria é a sciencia que trata da medição da Linhas convergentes são as que vindo de logares
areia, quero dizer da Terra. differentes vão terminar no mesmo ponto, e x .: Os
Divide-se em geometria plana ou terrestre e geo- Carlos de Laet e Fernando Mendes ponto de conver­
ometria espiritual ou no espaço. gência : a monarchia.
Espaço ou habitação dos espíritos, é a massa Linhas divergentes são as que partindo do mes­
atmospherica que partindo da Terra vae ter ao seio mo ponto fogem para logares oppostos, e x .: A “ Tri­
de Abrahaão. O espaço póde ser temporal ou de buna” e o Sr. Medeiros e Albuquerque (ponto de di­
tempo, e x .: “ Por espaço de um século esperou-se a vergência: a candidatura Hermes).
inauguração da Bibliotheca Nacional ” (voz geral d’aqui Linhas parallelas são as que nunca se encontra­
a um século). O espaço póde tainbem ser musical. ram : os padres e os compadres.
Corpo é tudo aquillo que não oscilla com o rodar Linhas obliquas são as que ás vezes se encon­
continuo da Terra. Ha muitos corpos, sendo os prin- tram : indo uma sobre a outra mimoseando-se mu­
cipaes: o cadaver, também chamado credor, defunto, tuamente, e x .: o povo e a policia.
ou corpo inanimado, o corpo de coros, o corpo pre­ Carretei é um pequeno eixo com rodas nas extre­
sente, o corpo docente e o corpo diplomático. midades em torno do qual se envolve a linha.
Extenção é o espaço comprehendido entre os cal­ Poste é um eixo fino e comprido por cujo extremo
canhares e o cocuruto da cabeça: é o comprimento superior passam linhas.
de um corpo Dormentes são corpos de madeira, sobre que re­
Volume é tudo que não sendo gente paga passa­ pousam linhas.
gem nos vehiculos; os caixões de banha, os padres, Ponto é o fim do mundo, digo da linha, sendo os
os animaes, são volumes. Também: é volume tudo principaes: o ponto terminal, o ponto de parada, o
que se póde abarcar com as pernas: o Rio de Ja ­ ponto de bala, o ponto de exame, o ponto de embar­
neiro é um volume abarcado pelas pernas da Light. que e o ponto de reunião ou rendez-vous.
Envolucro é o panno ou papel que envolve o volume. De todos os pontos o mais notável é o que por
Superfície (pelle, plumagem, couro ou batina) é a hoje faço aqui.
parte exterior de um corpo. A superfície é amarel- O. C/iciie
lada, e x .: a superfície da Camara (eu me refiro ao
edificio); ou denegrida, e x .: a superfície do Dr. Mon­
teiro Lopes. Vae ser editada breve pelo Sr. Astolpho Dutra, a
Area é um quintal pequeno e cimentado
Linha é tudo que põe dois ou mais corpos em “ Historia de um co xixo ” dialogo entre os senhores
communicação. As mais importantes sã o : as linhas Heitor de Souza e vários políticos mineiros.

NÃO PRECISA SER AFIADA. NEM REPASSADA /


Com o existem num erosas
i m i t a ç õ e s no m e r c a d o , é p r e c i s o ter
a m a x im a cautela !

A' VENDA POR ATACADO E A VAREJO


NA

CASA HERMANNY
lua Gonçalves Dias 54 1 D D -A V E N ID A C E N T R A L 126
= = = = = R IO D E J A N E IR O =
C A R E T A

Tem guardado o leito atacado de traumatismo Em uma sociedade Beneficente:


nas algibeiras o illustre senador Chico Salles. — Seu biltre!
S. E x a ha 15 dias mais ou menos passeiando — Seu miserável !
pela Avenida Beira-Mar teve a caipora de perder — Seu cachorro !
um porte-monnaie que continha a considerável quantia — Seu indivíduo!
de 3S240. — Seu malandro !
Desde esse perda, S. Ex.a tem passado mal, — Seu caften 1
sendo obrigado a recolher-se ao leito por conselho O presidente intervindo :
medico. — Então senhores, olhem que isto é uma socieda-
de séria. Nós não estamos na Camara dos Depu­
Surgiu em Bello Horizonte o Correio do Dia, tados !
o esperado jornal que obedecendo ás inspirações
de Carvalho Britto, vem dar resolutamente combate
ás candidaturas da Contravenção Chico Salles. Consta nas rodas parlamentares que o nosso
Temos sobre a mesa os primeiros números que joven amigo joven turco Alaor, Jalaor Soares da
nos dão a certeza do exito do novo collega que Prata mandou fazer uma casaca côr de luar, tal
collocando-se resolutamente ao lado povo, terá es­ qualmente as rainhas das bailadas.
tamos certos auspicioso exito. Nossos parabéns ao ardoroso parlamentar ube-
Nossas saudações. rabense.

P O S O

— Nada ! M ulher é para cuidar da casa ? Hoje quer ir ao Concerto Avenida,


amanhã ha de querer ir á Camara.
T H E A T RO M U N IC I1

Aspecto do recinto na noite da inauguração.


CARTAS DE UM MATUTO

Comadre, já tá fazendo Nesta hora foi chegando Entonces calei a bocca


Um anno e dos mais cumprido, Nosso vigário Romão, Me assentei-me na cadeira,
Que eu cheguei aqui na Côrte Que inda ouviu um pedacinho E vendo que siô vigário
Indas c'o mundo illudido; Da nossa conversação; Tinha perdido a estribeira,
E se ocê fazê as conta Disse uma coisa em latim Disse pedindo descurpa:
Do que tem me acontecido, Que não pude entendê não, “ Não zangue desta maneira,
Ha de vê que foi um anno Mas porém inda ajuntou: Nós cá não temos malicia,
Completamentes perdido. - E’ Bibi quem tem rezão. Rimo assim por brincadeira».
Para acabá c'o baruio
O meu logá neste mundo Oiei zangado p’ra elle
Tratei logo de chamá
Não é nas rua enfeitada, E não pude me contê:
O creado da pensão
Que Deus, si me fez matuto, “Siô padre, não me arrefiro
E mandei elle buscá
Foi só p'ro cabo da enxada: A ’ vida de vosmuncê; Uma garrafa de vinho
Isso de luxos e festa, Felizmente sô inducado
Para nós todo tomá,
Muié de cara caiada, E não uso me mettê Porque sei que siô vigário,
E ’ bão de se vê de longe Nem nas conversa dos outro Gosta ás vez de pandegá.
Que de perto dá massada. Antes de chamado eu sê!»
Veio o vinho, nós tomemo,
Eu honte, considerando, Padre Romão ficou sério Rimo, correu tudo em paz,
O que tenho feito aqui, Vremeio, da côr de óca, Ferrei boquinha em Biella
Fiquei bem triste da vida Encoieu o corpo todo Chorei não sê mais rapaz,
Fui p'ro quarto e não sahi; Torcido que nem minhoca; Romão achou isto feio
Pitei uns trinta cigarro Eu fiquei quéto, calado, Virou a cara p’ra traz,
Fortes como nunca vi, Que nem onça em sua tóca, Dizendo escandalizado:
E chegando na jinella E Biella arrepiada -T ib u rcio , veja o que faz !
Disse a Biella e B ib i: Com o uma gallinha choca.
Lá p’ras tres horas e tanto
“Arrepare ocês se vale Despois o padre me disse Chega o arféres Tacalão,
A pena a gente vivê, Inda assim desapontado: E entrou p'ro quarto a dentro
Numa terra como esta "Home, ocê, siô coroné, Pisando duro no chão :
Não se tendo o que fazê! Deu p'ra sê desaforado! Tava bonito, viçoso,
O ia a rua, vejam tudo Tá numa nerasthenia Arrastando o espadagão,
Sem pará, a se mexê, Me traz de canto chorado, Deu boquinha na Bibi
O s bonde, os carro, as carroça Com o si eu tivesse curpa E espichou p’ra nós a mão.
Num vae-vem de endoidecê ; D'ocê não sê deputado !., Mandei abri mais garrafa
Tacalão bebeu uns trago;
"O ia estes home que passa Comadre, o home mexeu Mas no vinho foi o padre
Com seus embruio na mão, Em coisas que inté nem falo: Quem fez o mais grande estrago
E mais aquelles sordado Quando eu tenho algum despeito Quando as garrafa seccaro
Com pé firmado no chão; Finjo pouco caso e calo ; Elle disse, meio gago:
E estes menino que corre Dei um risinho amarello "Coroné, mande vê outras,
Para dá suas licção, Escondendo o meu abalo : Mande vê outras, que eu pago !»
Mais aquelles que tão rente “Vá tratá destas espinha
Vendendo no seu balcão; Siô padre cara de ralo!» Veio mais cinco garrafa
Fôro os copo logo enchido;
"O s otomóves que avôa, Antão foi um disparate Romão foi bebendo tudo
Os que vende loteria, Me veio um frouxo de ri, Sem cermonia, decidido;
O s vendedô de gallinha Que piorou quando co’esta Fez um discurso p’ra mim,
O s de garrafa vasia, Sahiu a nossa Bibi : Bem bão, mas porém comprido,
Tudo isto minha véia, —Mamãe, oia a cara delle ! Que quando acabou com elle
Tudo isto, minha fia, Biella fez qui, qui, qui, Eu já tava aborrecido.
E ’ o trabaio, que da vida Entonces, foi gargaiada,
E ’ a unica alegria! Comadre, que nunca vi. Biella abraçou commigo
E Bibi com Tacalão,
Isto de vivê atôa Só quem não riu foi o padre Só quem ficou sem sua dona
E’ coisa que já me móe, Que me chamou D . Quixóte; Foi o vigário Romão,-
Porque de coisas inúte Despois raiou com Biella Que afiná se levantou-se
Basta o Palacio Monróe, Que chamou corpo de póte, Foi, pr’á9onde não sei não...
Não trabaiá p’ra vivê Xingou Bibi de feiosa, Sei que não foi para missa
E’ como um rato que róe !» Se levantou de um pinote, Nem tão pouco pr’um sermão.
Antão a Bibi responde: Dizendo que nós não sabe Do seu compadre e amigo
—Papae, isto é bão que dóe ! Respeitá um sacerdote. T iburcio d ’ A n n u n cia ç ã o
r
C A R E T A

Coiniilraidfleçl© ©mnraet L oílm

A Pinto da Rocha A' Mme. Coelho Netto

Minh’alma disse ao meu orgulho: altivo Fredonnant un viel air de Lattre ou de Rameau,
Toma esta espada, veste esta couraça, Un de ces airs de danse à la mesure lente,
E a golpes rudes, firme, despedaça Dans sa chaise à porteurs, molle comme un berceau,
O amor que traz seu coração captivo. La marquise revient d’une messe élégante.

Eil-o de volta ! No seu labio esvoaça Elle rêve : do, mi, fa, sol, la, ré, si d o ...
O riso da victoria, ardente e vivo; Hier, au bal de la cour, ce souvenir la hante,
Traz do combate o capacete em crivo Quelqu’un lui roucoula—un prince jèune et beau—
E denegrido todo de fumaça. Q u’il languissait d’amour et qu’elle était charmante.

Apêa-se, febril, do atro ginete Sur la vitre à Pécu fleurdelisé d’argent,


E da minh’alma aos pés, alegre, roja Enguirlandés de fleurs, des cupidons, tout nus,
A fina espada e o bronzeo capacete. | Ouvrent leurs ailes d’or et leurs petits bras ro s e s ...

A mính’alma, porém, triste e maguada, ! II n e ig e ... et ces amours, malicieusement,


Sabendo o meu amor já morto, arroja Regardant la marquise, en des gestes menus,
Contra si mesma a vencedora espada ! Allument sur son front Pécarlate des roses.

J o r g e J obim P É T H IO N DE V lL L A R

 deslhorais Mafl de Amor


E’ noite, noite azul. Só com a minha saudade Dos males que hei soffrido o mais ardente e forte,
Scismo, e contemplo o luar, diluindo-se á maneira I Essa chanima brutal que devora e que leva
De um vinho que adormece a Natureza inteira... Todas as illusões, em soturna cohorte,
E o luar se me afigura a alma da soledade. Para os semfins da Dôr pela entranha da Treva,

Divaga pelo ambiente, e todo o ser me invade, Esse mal é o que mais me orgulha e mais me enleva.
O bafejo subtil da flor da laranjeira. Floriu no coração e cresce de tal sorte,
Soltam os mochos a gargalhada agoureira, Que veio a dominar minha crença longeva
E ha vozes de mysterio a encher a immensidade. E o meu odio que é bom como o sonho da Morte.

Um sonoro rumor, uma estranha harmonia E a sagrada mulher que me fez desgraçado,
Dos g rmes a sugar a seiva que avigora Com a nervosa expansão da sua febre louca
Vem-n á alma, avelludar sua melancolia. Deu-me a bôcca e na bôcca o licôr do Peccado.

Meu e pirito sente a grandeza desta hora Absyntho embriagadôr. Bebi. Desde esse dia,
Em qi ; a Mãe-Natureza os seres novos, cria, Nunca mais, nunca mais tive um riso na bôcca 1
Para {■ %o os mostrar, jucunda, á luz da A u ro ra... Nunca mais, nunca mais soube o que era alegria !

Pe' ropolis, 1907. Maio, 1909.

J oão de D eu s F ilh o O l e g a r io M a rian no

L _________________________________________________
C A R E T A

GAVETA DE CARTAS mandou. Não vê que um nosso companheiro o achou


tão bom, tão bom mesmo que delle se apoderou para a
sua collecção de raridades, não havendo forças huma­
Theodoro Moreira (Rio). Lemos os seus versos nas que o fizessem restituir. Assim aguardamos nova
dedicados a “Elisa,, e palavra de honra, ficamos com remessa, mesmo porque ainda restam mais cinco collec-
muita pena da pobre moça. Se todos os dias ella fôr cionadores nesta casa.
victima de outros iguaes aos que o amigo nos man­
dou, coitada, está aqui, está canonisada em vida. Pois Floralva Ribeiro (Joazeiro). O seu conto é divinal-
olhe que era o caso para uma reclamação á policia. mente insípido, senhorita, tão insípido que chegou a
Diz O amigo : perturbar a digestão de quem primeiro o leu e é sugeito
a essas prosaicas enfermidades. De sorte que ante o
Se me trahires mulher ingrata perigo de o mesmo succeder aos nossos leitores afer-
Eu saberei vingar-me de tal sorte rolhamos seu trabalho a sete chaves. A senhora bem
Que quando te chegar a hora da morte deve saber que a policia prohibe o uso de semelhantes
Tu chorarás como uma pata! armas.
Ora, seu Theodoro, onde viu o senhor pata cho­ Euzebio Ferraz (Maranhão). Que temos nós com
rar? E isso são lá nomes que a gente empregue isso? O seu Collares que se queixe ao bispo. Ahi não
com referedcia a uma donzella? ha bispo? Pois então? Isto aqui não é bahú de queixas.
Zoroastro de Freitas (S. Paulo). Não senhor, isso E ora viva !
aqui não é casa da mãe Joanna. Vá bater a outra Celso Rodrigues (Barbacena). Seus versos são de­
porta. testáveis, sabe ? Não os perpetre mais. Preferimos que
Carlos de Oliveira (Campinas). O seu conto é em vez de nos presentear com productos de sua musa,
fantástico! Vamos publicar um trecho para immorta- nos mande antes uma duzia de queijos. O proveito se­
lisal-o: “Quando Aurora chegou a beira do abysmo ria reciproco, porque o senhor enviaria assim coisa
periclitante, tremeu obumbrada. Um longo calafrio de aproveitável e nós faríamos uma ode dytirambica ao
terror anodyno correu-lhe pela espinha dorsal ’té torrão abençoado das alterosas onde o Rodolpho Abreu
perder-se no coccyx. Mas o inimigo temeroso perse­ planta abacates.
guia-a faminto. E a desgraçada partira vendo que es­ Caio Martins (Paranaguá). Não senhor, é impos­
tava prestes a cahir nas horripilantes mãos do ban­ sível. Os números a que se refere estão inteiramente
dido, deu um grito de suprema angustia, que devera exgotados.
chegar aos ouvidos misericordiosos de Deus, e de Casemiro R. (Maceió). Ora pipocas, seu poeta
um salto precipitou-se no vacuo absoluto,, 1 Ah ! seu d’agua doce ! Então a cachoeira de Paulo Affonso
Carlos, o mesmo calafrio que o senhor tão bem en­
caminha pelo assetinado dorso de D. Aurora, tam­ . . . é uma turbilhonante
bém nos percorreu a espinha ao ler a noticia d’esse Cataracta de escarcéos
attentado que já devia ter sido denunciado á policia. Onde na queda irisante
Mas não desespere o amigo. Aurora ha de ser vin­ Dagua a toalha brilhante
gada e o bandido perseguidor ainda ha de dar com Em pingos sobe p’ros céos.
os ossos na cadeia. Não chore mais que a justiça ás E nós a pensarmos que a agua cahia no rio! Olhem
vezes tarda, mas nunca falha. que o Sr. Casemiro fez uma descoberta que contraria
Eduardo B. (Bello Horizonte). Sua bailada foi todas as leis physicas. Quem sabe se isso não lhe dará
para a cesta dos papéis inúteis porque quando a le­ ainda a immortalidade?
mos provocou um tal somno a quantos a ouviram
que immediatamente nos desfizemos de tão perigoso
objecto. Não repita a dóse, hein? Formicida
Sizenando Araújo (Recife). Seu soneto é ideal­
mente idiota. Vamos publical-o para que o seu autor
vá parar na cadeia onde de certo expiará seus cri­
mes literários com 30 annos de reclusão:
Scliomaker
A tarde purpurina empallidece; a noite Unico infallivel
Desce cantando uma linda serenata na destruição dos
Passa um cometa, a cauda em longo açoite formigueiros.
Perturbando o luar da côr de prata! E’ liquido. Não é explosivo e não necessita fogo Pro­
duz gazes pesados, que descem ao fundo do formigueiro e
Estrellas mil palpitam. Quem se affoite se conservam lá 6 0 d i a s . E’ o mais ba ato que exis e e o
A penetrar na selva timorata de mais facil applicação.
Haverá ? Jam ais! Que outr’ora foi-te Dirigir pedidos a qualquer casa da praça ou cErecta-
Preciso parar junto á cataracta ! mente á
Assim a vida Eulalia; a infancia morre HQENCIH FORNECEDORA "F O R n iC ID A 5 C jl0 n A líE R ”
Vem a mocidade cheia de belleza
Emquando a idade como a lua corre tíS, lltia da A lfa n d e g a , O S — II
A serenada é o nosso am or: a sorte
Com a feral e tumida crueza Joaquim Vianna peM Noticia ataca as c; didatu-
Fal-a calar-se no arrebol da M orte! ras da Contravenção.
Se o senhor estivesse junto á nós quando acabamos Victor Vianna pel’H Imprensa defende as mesmas
a leitura, seu Sizenando, havia de engolir o soneto re­
duzido a pilulas, ouviu? E sem agua! candidaturas.
Sensitiva (Nictheroy). Pois não Ex. publicaremos Que bello match!
com todo o gosto o seu trabalho, mas não este que nos Vianna versus Vianna !
Cura Asthma, Bronchite Asthmatica, é o an t asthma co ideal
O PO' INDIANO Não produz perturbações cerebraes. Não abate, ie rn < eixa dôr
de cabeça depois do seu uso. Numerosos attestados tie médi­
Encontra-sc nas boas Pharmacias e D ro g a ria s .— Deposito Geral: Drogaria de cos e doentes provam a sua efficacia.—Vide a b illa que acom­
— Francisco Giffoni, — Rua 1° de Março, 17 (an tig o 9 ) — Rio de Janeiro— panha cada frasco.^ - ■ — ■ - —1
CARETA

CORONEL FERNANDO PRESTES ORACULO


Domingo—O Sr. Astolpho Dutra imaginará novas
perversidades contra o Dr. Carlos Peixoto Filho.
Segunda-feira—O Sr. Astolpho Dutra escreverá as
suas novas perversidades contra o Dr. Carlos Peixoto.
Terça-feira—O Sr. Astolpho Dutra incumbirá um
dos seus admiradores de polir as suas novas perversi­
dades contra o Dr. Carlos Peixoto.
Quarta-feira—Depois de convenientement polidas,
o Sr. Astolpho Dutra entregará a um jornalista as suas
novas perversidades contra o Dr. Carlos Peixoto.
Quinta-feira—O jornalista que tem agua no nome
suavisará as novas perversidades do Sr. Astolpho Dutra
contra o Dr. C. Peixoto.
Sexta-feira- O jornalista que tem agua no nome
publicará, numa folha nocturna, as novas perversidades
do Sr. Astolpho Dutra contra o Dr. Carlos Peixoto.
Sabbado—O Sr. Astolpho Dutra mais uma vez pal-
E ’ o actual vice-presidente do Estado de S. Paulo. pará a opinião e mais uma vez verificará a inutilidade
O Coronel Prestes é justamente acatado pelo seu alto das suas perversidades contra o Dr. Carlos Peixoto.
critério administrativo. Já foi presidente do Estado e
a sua administração foi modelar. Como deputado fe­ Mm e. de T h eb es
deral foi o leader do Governo na Camara, onde a sua
proverbial gentileza e reconhecida orientação, gran-
gearam-lhe invejável reputação. O Coronel Fernando Está para breves dias a apparição de um “ Diccio-
Prestes, ao lado do Conde de Prates, do Barão de nario de termos proprios para descomposturas,,.
Duprat e do deputado federal Dr. Rodolpho Miranda, A commissão de deputados encarregada de o for­
faz parte do Conselho Fiscal da Economisadora Pau­ mular já tem prompta a obra, que será publicada
lista, a mais importante associação de mutualismo do
Brazil, que pelo prestigio dos nomes dos seus admi­ pela Imprensa Nacional.
nistradores, conseguiu 25.000 socios em pouco mais
de um anno de existência, e cujo fim, é garantir uma A resposta que o Dr. Cândido Motta deu ao dis­
pensão mensal em dinheiro aos seus socios.
curso do Dr. Germano Hasslocher, foi um comple­
mento á biographia do general Zé Gomes, santifica­
O Sr. Carlos Maximiliano, joven Pacheco celebre
pelos seus aggressivos destampatorios contra Julio de do pelo deputado gaúcho e martyrisado agora pelo
Castilhos e Borges de Medeiros, acaba de declarar representante paulista.
que este é um spartano rio-grandense. O Sr. Carlos, Não ha duvida que o bravo Levita sahe do Alco­
como se vê, adherio ás idéas políticas que sempre rão e passa agora com armas e bagagens para o
julgou professadas por bandidos. Mas a sua conducta
é nobre, assenta em razões de ordem elevada. O Fios Sactorum ... do Padre Severiano de Rezende.
moço Carlos figurou, por um momento, entre os
candidatos federalistas á passada legislatura federal IN CO M PA R ÁVEL
para a qual não foi eleito em vista da attitude per­
turbadora do conselheiro Maciel. Não tendo sido ADLER VISÍVEL
eleito para aquella legislatura o moço Carlos, com
paciência disciplinada, esperou trez annos a renovação Sem martellos, duração
da Camara. Renovou-se a Camara e o moço Carlos inegualavel.
não foi eleito, não foi candidato, não foi lembrado
pelo seu partido. Então, n’um movimento de digni­ Y e m la a p restações
dade, o moço Carlos reconheceu no Sr. Borges de
Medeiros, ex-tyranno, as virtudes que agora proclama. 161, Rua do Ouvidor, 161
Ha poucos dias, em Santa Maria, o moço Carlos
acompanhava ao Hotel (contam os jornaes casti- Seguindo o exemplo do Dr. J. J. Seabra que é
Ihistas) o general Firmino de Paula, o João Fran­ hoje o maior amigo do general Pinheiro Machado o
cisco da Serra. Esperemos. Dentro de poucos dias velho tribuno José Marianno pensa em adherir ao
saberemos que o novo Borgista irá ao Caty visitar o Dr. Rosa e Silva.
coronel João Francisco — o Firmino de Paula da Mas este está ainda com a cara meio franzida
Fronteira. apezar dos agradinhos.

4 8 ANNOS DE SUCCESSIVOS TRIUMPHOS!


O tratamento radical de todas as affecções da pelle, rheumatismo e de todas
as moléstias que provêm da impureza do sangue consegue-se com a

SALSA, CAROBA E MANACA’


DE EUGENIO flflRQGE5 DE MOLLUMDfl Approvada na Europa e no Rio da Prata
Depositários Geraes: A R A Ú J O F R E I T A S A C . Rua dos Ourives 114
M ARCA RE GISTR AD A Em S. Paulo: H A R U E U A C . — MUITO CUIDADO COM AS IMITAÇÕES
7

C A R E T A

ASCENÇÃO E MORTE

/. Alfredo de Figueiredo, capitão do Club de Aeronautas falecido em virtude do desastre


do balão D . M anoel II nodia 18 do corrente. II. Balão D . M anoel II, do qual cahio
ou propositalmente atirou-se 0 capitão Alfredo de Figueredo.

— Da ossificação da Medicina. — Professor Silva


CONGRESSO LATINO-AMERICANO Santos.
— Da perobina, alcalóide extrahida da peroba,
A Republica do Haiti far-se-á representar pelo Dr. pelo professor Pecegueiro do Amaral.
Oscar Rodrigues Alves; a de S. Domingos, pelo Dr.
Luiz das Mercês Ramos; a da Libéria, pelo Dr. Ma- D r . T h e r m o -cau ter io
ximino Maciel; a da Basutolandia, pelo Dr. Mendes
Tavares; a do Tomboctú, pelo Coronel Pharmaceuti-
co Eduardo Raboeira; a de Sacamoelas, pelo Dr. SUPPLANTANDO TODAS AS NAVALHAS!
(dentista) Moreira da Silva; a da Alopecia, pelo Dn
Gottuzo. Só a Republica da Paranóia não se fará
representar por se achar ausente o Dr. Botelho.
—Dentre as theses a discutir destacamos as se­
guintes :
— Da alopecia areada na psychologia sexual.—Dr.
Gottuzo.
— Do junco, como meio de massagem vibratória.
—Dr. A. P.
— Da serotherapia anti-bothrophica na peçonha
dos folhetins.—Dr. Nuno de Andrade.
—O fórceps para 30 usos (extracção do feto, do
meconio respectivo, ablação do cordão, raspador de
unha, aparador de calos, de ponta de lapis, tenaz,
espeto de carne assada, chave de parafusos, verru-
ma, serra de vidro, bico de lrrigador, etc., etc).—Dr.
Fernando qe Magalhães.
—Da cirurgia entre os Kanakas e o seu empre­
go na 24A—Dr. Daniel de Almeida. Avisamos aos nossos amigos e freguezes que acabamos
— Da influencia dos graphophones em Propedêu­ de receber as superiores navalhas mecanicas e que continua­
tica.—Dr. Oswaldo de Oliveira. mos a vender por ............................................................................. 2$000 !
—Dos tiros em diagnostico, sua revelação no Pelo c o r r e io ..................................................................................... 2$500 !
seio das sociedades sábias e publicações nos roda­ PARA DUZ1A G R A N D E R E D U C Ç Ã O DE PREÇO
pés.—Dr. Floriano de Lemos. Laminas avulsas u m a ......................................................................... 1$000 !
— Das lacraias virginaes.—Dr. Campello. Só na casa m ais baratcira tia actualiüade
— Notas de aula do Dr. Valladares.
— Conferências de clinico-cirurgica, pelo mesmo COELHO BASTOS & C.
professor. 90, RUA D O S OURIVES, 92— R i o D E j a n e i r o

líliiillS Sem rival para hygiene da bocca e do corpo. Evita


todas as moléstias contagiosas. @ f f Ç) '%
A v e n d a e u t todas a s p h a rm a eia s, e
p e r fu m a r ia s . —
C A R E T A

ASCENCAO E MORTE

Corpo do capitão Alfredo de Figueiredo no Necrotério

Oj E D

SALUTARIS
da§ agimas de m esa
M ?>■ & * . *
XáÉÍ

C A R E T A

MÂTCIHI QNTER-ESTÂDGÂL
Disputado no Botafogo=Foot=Ball =Club

Q Time paulista: Pederneiras, Fernão, Tonny, G ullo, Tútú, Rubens, Joaquim Prado,
Pelayo, Bibi, Hermes e M iranda.

O Guima, o meigo Guima, o alegre Guimarães Pas­ — Nada ! Y que hizo usted hoy?
sos, que hoje, na ilha da Madeira, restaura as forças — Visitei a cadeia.
abatidas no serviço da Bohemia e da Poesia, foi revolu­ — Solo ? No hizo mas nada ?
cionário e quando as tropas de Gumercindo conquista­ — Soltei os presos ! bradou o poeta, ufano.
ram o Paraná, exerceu o cargo de chefe de policia da Gumercindo, que estava sentado, ergueu-se n’um
mais importante cidade paranaense. pulo.
Todas as tardes Gumercindo mandava chamal-o e — Largô los presos ? Pero hombre ! . . .
pedia-lhe conta das occurrencias do dia. Mas logo, risonho, murmurou :
• — Não houve nada, respondia o Guima. — Gracias sean dadas a los viejos dioses ! El Sr.
— Que hizo usted hoy ? insistia Saraiva. Jefe de Policia hizo alguna cosa !
— Nada, tornava o poeta. Estendeu a mão ao Guima e ordenou ao Coronel
—Caramba! Entonces el Jefe de Policia no hizo na­ Severo que fizesse reencarcerar os presos.
da ! Caramba! exclamava o general sacudindo a cabeça. - Impossível, general. Os homens fugiram.
O Guima sahia aborrecido. Sentia, as vezes, desejo — Pues que los persigam.
de abandonar o cargo, resignando-o. — Impossível, general, fugiram muito cedo.
—Não faça isso ! supplicavam-lhe os amigos alar­ —Pero en donde se podran meter que no les pe­
mados e supplicavam-lhe mais. guemos ?
— Seu Guima faça alguma cousa. — Nas tropas inimigas.
—Que hei de fazer ? Os gatunos desta terra são — No lo creo.
uns miseráveis que nem para roubar prestam. Que hei — Pois, sr. general, posso assegurar que todos elles
de fazer? perguntava o Guima. foram sentar praça nos regimentos do governo.
— Faça qualquer cousa, seja o que for. Ouvindo esse dialogo o bohemio pediu immediata
— Ah ! si houvesse um grande crime! Mas qual! Os demissão do cargo.
assassinos mudaram de profissão com a minha ascen- Gumercindo negou-a:
ção á chefia de policia ! Mas hei de fazer alguma cousa. — Tiene que continuar, dom Guimarães. Pero si
Foi visitar a cadeia, em que envelheciam, condem- usted vuelve a hacer poesia en la accion le mando de-
nados a dezenas de annos, os mais terríveis faccinoras gollar!
do Paraná. O poeta curvou a fronte, meditabundo.
A’ tarde chamou-o á tenda o bravo Gumercindo. O grande guerrilheiro, sorrindo, despachou-o :
— Que hubo, Sr. jefe de Policia? — Vaya hombre, vaya y no tenga miedo que yo no
— Nada ! soy asesino como los que usted puzo en libertad.
C A R E T A

MATQH DNTER-ESTÁDGÂL
D isputado no Botafogo=Foot=Ball =Club

Time Botafogo: Coggin, R aul, Octavio, Pullen, Lulú, Rolando, M iller, Flavio,
Dinnorah, G ilbert e Sodré.

— O meu nobre collega é uma pustula! O veterano brasileiro insiste:


— E V. Ex. é um cancro! — O Duque de C a x ia s ...
D ’ahi a momentos. Borriego corta-lhe a phrase:
— Declaro a esta nobre Assembléa que não tive ne­ — Y el General Urquiza? Lopes quando s u p o ...
nhuma intenção de offender o nobre collega, chaman­ O coronel Assumpção ergue-se, rápido, aperrea o
do-o de pustula. Retiro a pustula, Sr. presidente. bacamarte e com os olhos em brazas pergunta :
— E eu dou-me por satisfeito com a explicação. — O que diz você de Andrade Neves?
Também retiro o cancro. O presidente : Tout est bien, O coronel Borriego, cheio de enthusiasmo, brada:
qui fin it bien ! — Caramba! Ese hombre valia diez quadrados!
Excusam de procurar. Isso só na Camara dos senho­ E cahe desfalecido na cadeira.
res deputados.
Quando o Dr. Seabra, eleito senador por oito mil
* * * Em Montevidéo, no FIorida-Hotel, diante
de um numeroso auditorio conversam tres veteranos votos a descoberto, foi degollado por ordem do ge­
da guerra contra o Paraguay, neral Pinheiro, o seu executor foi o harmonioso es­
O coronel Galan, uruguayo, diz: tadista de Ouro Fino, coronel Julio Bueno Brandão,
— Nuestro valiente general F lo re s... que relatou as ditas eleições.
Dando um murro na mesa o coronel Borriego, ar­
gentino, interrompe-o: Tendo em consideração, esse grande serviço que
— Y nuestro grand Mitre ? Los paraguayos miran­ lhe permittiu voltar a Camara e a ser seu leader o
do su caballo a siete léguas lloraban como mujeres 1 ardego tribuno bahiano vae offerecer ao futuro pre­
O coronel Assumpção, brasileiro, começa: sidente de Minas como prova de amizade uma re­
— O Duque de C a x ia s ...
Mas é logo interrompido pelo ardego Borriego: quinta de prata, com 16 chaves e 8 furos.
— Y el valentazo Paunero ? En nel P a s s o ... Damos esta noticia com as devidas reservas.

Angico Composto
Cura radicalmente, qualquer tosse antiga ou recente.
A’ venda na P lin r n m c ia B r a y a n t i n a e em
= todas as pharmacias e drogarias ----- =
105. Iíu a da U r u g n a y a n a , 105— K io <lo Ja n e ir o
CREME
ORMOMDE
ALVISSIM D E DE PERFliiVIE DELICIOSO
O CRÊME ORM ONDE é sem igual para a cutis,
dando-lhe frescura, suavidade e belleza, ao mesmo
tempo que clareia e dá o avelludado á pelle.
Tira as sardas e queimaduras do sol. Não contêm
nenhuma matéria gordurosa que obstrua os poros.
Impede igualmente o crescimento dos pellos que
tanto enfeiam a cutis. Também não suja a roupa, é
pois, um artigo de asseio e hygiene.
O CREME ORM ONDE é scientificamente prepa­
rado pela C U S T E R C H E M IC A L C o., de New-York
e vende-se em todas as perfumarias, especialmente
nas bem conhecidas casas:
ORLANDD RAN GEI t C. j CASA CIRIO.
EOUIS HERMANNV í C. R IM O S SOBRINHO S C.
CO ELH O BASTO S C A SA NCNES

C a s a P o s t a l — C f l S f l Bfl2IM
AGENTES D EPO SITÁ RIO S : DE LA BAIZE & C.
RTJA 1
3EE S PEDRo, 80
• Itio <1e .Ja n e ir o - PREÇO: 4$000

É UM A C R EA Ç Ã O
= 3 M E D A LH A S DE OURO ^

S c í í r e i s da p e l l e ?
Q u e r e is s e r fo r m o s a ?
ULS SiG ã

= L UGOLINA =
do Dr. Eduardo França
O M E L H O R R E M E D I O P A R A M O L É S T I A S DA
P E L L E , F E R ID A S , C O M IC H Õ E S , B R O T O E JA S ,
S A R D A S , P A N N O S, M A N C H A S , E T C .
C o n sa g ra d o n a E u r o p a e nas
R e p u b lic a s A r g e n tin a , U r n g n a j e C h ile .

V E N D E - S E EM TO D A S AS D R O G A R IA S ,
P H A R M A C IA S E P E R F U M A R IA S
= = = = = DEPOSITÁRIOS: = = = = =

A R A Ú JO F R E IT A S & C .
114, Rua dos Ourives, 114
Bebam a s a u d e d o g r a n d e S u c c e s s o q u e t e m t id o a L u g o l i n a - RH© DR JA N E IR O ■ -=
I FM C IO

— Qual é a bebida predilecta do Pinheiro Ma­ reo entre a Urca e o Pão cTAssucar, destinado a
chado ? supportar um carrinho com passageiros que se des­
— Hom’essa 1 Pois não sabes? tinarem ao melloso pico.
E ’, e nem podia deixar de ser o cock-tail. Se por acaso ja estiver no alto o Dr. J. J. e o
O general que estava presente, não entendera, e Pinheiro embarcar na Urca, não será de admirar que
o Azeredo que também ouvia, sorriu, fingindo que
tinha entendido. o ardego bahiano murmure baixinho quando se puzer
a carangueijola em movimento.
Entre as futuras diversões da não menos futura — Para cá vens de carrinho !
Exposição internacional de Hygiene, ha um cabo ae- E o Sr. Dr. J. J. ao menos nisso será sincero.
BHH

C A R E T A

O illustre general Quintino veio falar ás massas, dos especialmente para o Sr. Fagundes, proprietário
explicando tópicos do seu discurso sobre a crise d’essas casas.
politica. Agradecemos, ao Sr. Fagundes, a lisongeira de­
E affirma que absolutamente não quiz dizer aquillo monstração de apreço com que distinguio esta revis­
que disse. ta, dando-lhe o nome a tão bons charutos e recom-
E’ isso mesmo. A’s vezes, a lingua não ajuda á mendando-os aos nossos leitores e aos fumantes em
gente. geral, esperamos, baseados em suas excellentes quali­
dades, que os charutos C a r e t a , como o Sr. Fagundes
Diz o sol cáustico e rubro: almeja, tenham da parte dos consumidores a mesma
— Por mais que raios emballe acceitação que teve esta revista.
E olhe o espaço indefinido, Eia, senhores, experimentem o charuto C a r e t a .
Promontorio não descubro
Nem ponta ou cabo que iguale Vamos ter na próxima Exposição um dirigivel que,
Um joanete do Penido. diz-se, fará excursões do Pão d’Assucar ao Corcovado.
Consta que o Dr. Seabra vae contractar o dito
balão para ver se consegue fazer subir umas certas
O amavel Sr. A. M. Fagundes Leal offereceu a candidaturas que estão afrouxando.
esta redacção uma caixa de charutos C a r e t a , marca E ’ uma idea digna de applausos.
que mandou confeccionar na acreditada fabrica de
charutos Costa Ferreira e Penna, da Bahia. Os cha­ O Astolpho Nicacio Dutra (o nome vae transpos­
to de proposito) quer que as referencias a Minas
rutos C a r e t a só se encontram á venda á rua Cario­ sejam bem claras.
ca 76 (Tabacaria Fagundes) e á rua Gonçalves Dias E ’ assim como quem diz : pão, pão; queijo, queijo.
44 (Tabacaria do Café Papagaio) visto serem fabrica­ E, tratando-se de Minas, tem muita côr local.

] )isputaclo no Botafogo=Foot=Ball=Club

Campo e archibancadas.
Esta secção recentemente inaugurada, acaba de receber
S e c ç á c para cria n ça s grande numero de novidades próprias para a estação.
— Itesde 2 á 1<
» amios <le i<ln<lc 1— .... — C A S A R A U N I E R
C A R K T À

AVENTURAS DE IOÃO TAPIOCA voltasse para a casa, andando apressadamente, quasi


a correr, para provocar a transpiração. Tapioca sahiu
com as pernas bambas, depois estugou o passo, depois
abalou a correr pela Avenida á Beira-mar á fóra.
V
Vendo um homem á desfilada, sem chapéo, dois
Quando João Tapioca viu entrar o creado que le­ guardas-civis sahiram-lhe no encalço, gritando: para !
vara o presente ao Dr. Brêtas, teve logo um pressen­ para ! pega ! Mas quando mais gritavam, mais Tapioca
timento de que acontecera alguma coisa de anormal. corria. Afinal, em frente ao parque do Palacio do
O homem vinha com a orelha pingando sangue, cara Cattete, deitaram-lhe as mãos. Tapioca resistiu: os
de poucos amigos, manquejando de uma perna, e de­ guardas o subjugaram, dispostos logo a leval-o á de­
positando a enorme seringa em cima da mesa, disse legacia. O sertanejo protestou que não era nenhum
ao Tapioca: criminoso, e que estava fazendo exercício para suar,
— Está ahi o seu presente 1 O doutor devolveu-o afim de vêr se melhorava uma nevralgia que o punha
e mandou dizer a vossoria que fosse á . . . (o leitor doido. Os guardas resolveram conduzil-o logo a um
subentenda o resto). dentista proximo e depois deliberariam.
Tapioca poz as mãos na cabeça, arrancando os O dentista não estava no escriptorio. Tinha ido
cabellos e exclamando anniquilado : em com missão ao ministro da Justiça, mas estava o
- Explique, homem! Explique como foi isso 1 ajudante que se dispoz logo ao trabalho. Depois de
Quanta desgraça meu D e u s !... uma explicação rapida, collocaram Tapioca na cadeira,
E tombou no sofá. seguro fortemente nos hombros, pelos dois guardas.
O criado então narrou os acontecimentos, por O pratico empunhou o botição, firmou o joelho na
miudo. cadeira e começou o destroço.
— Logo que vossoria me entregou o embrulho eu — U r r e !... berrava Tapioca.
sahi quando estava na porta vossoria mandou buscar
o volume e ficou com elle uns minutos, o que me — Não é nada 1 dizia o dentista. Um 1
fez perder o bonde... — Urre 1 ... Ai ! A i! . . .
Tapioca, atordoado, não prestou attenção a esse — Não é n a d a i... Dois!
detalhe.
O criado continuou : — A i ! Ui ! hue eu m orro!...
- Ao chegar á Camara, o deputado mandou-me — Não é nada ! . . . T re s!
entrar, recebeu a caixinha no meio de outros compa­ Depois de arrancados uns dez molares e outros
nheiros e abriu-a. Quando viu a xiringa, atirou-nTa dentes miúdos, os guardas intervieram. Aquillo parecia
na cara, me despejou pela escada abaixo, a ponta-pés, demais. Tiraram do bolço de Tapioca um cartão,
gritando, com perdão de vossoria, que vinha quebrar- para que o dentista apresentasse depois a sua conta,
lhe a fuça, e mandando nomes que eu nunca ouvi e conduziram o homem quasi exangue, á Delegacia,
nem na Praia do Peixe. Veja em que estado fiquei 1 para que o delegado resolvesse. O delegado não es­
Quando tiver um carreto desses, peço a vossoria que tava. Havia uma semana que elle batia os suburbios,
mande outra pessoa. de automovel, com vinte secretas no encalço de um
E limpando o sangue que lhe gotteja da orelha, o ladrão audaz que furtára uma duzia de ovos no galli-
homem retirou-se gravemente, deixando Tapioca mu­ nheiro de um deputado. O commissario recebeu-os
do, apatetado e já num accesso febril. carrancudo:
Dahi a duas horas o sertanejo recolhia-se ao quarto, — Crime de m o r te ? ... Vê-se lo g o ... Que é das
com um formidável tri doloroso da face. O medico testem unhas?... O ’ promptidão, abra o x a d r e s !...
receitou-lhe umas tisanas que não produziram o me­ Eu ensino a este m alv ad o !...
nor effeito. Despediu o doutor asperamente, e come­ — Com perdão de vossoria, disse um dos guardas,
çou a tratar-se por indicação dos hospedes. Ensina-
ram-lhe que envolvesse o rosto numa toalha embe­ este homem. . .
bida em agua fervendo. Tapioca executou o conselho. - Já sei ! Já se i! Este vagabundo é da Saúde.
Era perigoso mas no seu estado de desespero, que­ Conheço-o muito ! . . .
ria tentar tudo. Quando a agua estava em ebulição, — Vossoria está enganado, retrucou o civil.
mergulhou uma toalha felpuda e enrolou rapidamente — Cale-se! Cale-se! Senão o mando autuar por
o rosto, deixando só o nariz de fóra. A dor foi tão desrespeito á autortoridade ! . . . Mettam este assassino
forte que Tapioca começou a uivar como um touro. no xadres! Depois resolverei!...
Um calouro de medecina, condoido dos soffrimentos
do sertanejo, e querendo ao mesmo tempo tentar uma Os guardas encolheram-se, esfregando as palmas
experiencia, acudiu com um pedaço de gelo, tirou a enluvadas, emquanto o Tapioca, quasi desfallecido,
toalha e applicou-lhe a pedra nas bochechas. O homem soltando gemidos profundos, permanecia alheio á scena,
estava possesso. Foi preciso amarrar-lhe os braços e com o olhar desvairado e sangue jorrando-lhe da
segural-o, encostado á parede, emquanto duas pessoas bocca.
lhe comprimiam um kilo de gelo em cada face. Como Nesse momento entrou o gerente da pensão que,
a dor augmentasse Tapioca, com um safanão, espa­ depois de procurar Tapioca por toda a parte, dirigia-
lhou os seus algozes, e deitou a correr escada abaixo se á policia para auxilial-o a encontrar o seu hospede.
e pela rua, até que viu a primeira pharmacia e entrou. Em poucas palavras poz o commissario ao corrente
O boticário, a principio, julgou que tratava com do caso, obteve permissão de leval-o comsigo e metteu
um doido, verificou logo, porem, que era um pobre o sertanejo, já sem sentidos, num carro de praça.
homem, allucinado pela dor, desatou-lhe os braços,
deu-lhe uma dóse de aconito e aconselhou-o a que PUCK

CREAÇÃO INTEIRAMENTE NOVA


1
O m a is e le fa n te e o m ais confortável

J Manufacturado em Pariz ou em nosso “ atelier" sob medida


123, R Í 5 E T E DE SETEflBRO, 123 - (M \M Cfl5fl CAVE)
CARETA

ARTE - PHOTOGRAPHICA Mas deixemo-nos de considerações philosophicas e


encaremos a obra, entrando no seu amago como re-
commenda o insigne philatelista Sr. J. J. Seabra.
Do prefacio do erudito criticista Sr. Pedro do Cou­
to, trataremos em outro artigo pelo muito que nos me­
rece o seu autor e pelas idéas originaes que encerra, (o
prefacio).
Apezar do titulo trovas, como nos explica em nota
preliminar o autor, em nada se parecem as da Barbinha
com as do Bandarra o grande precursor do Sr. Carlos
de Laet no sebastianismo. Aliás a Barbinha, só vibra
por sentimentos ternos ao passo que o Bandarra, si
bem que sapateiro era um político com idéas seme­
lhantes ás do invicto chefe Sr. general Pinheiro Macha­
do, apezar deste não ter lá muitas propensões para as
letras, antes para os sports.
As primeiras trovas comportam exclusivamente as
que a Barbinha cantava no jardim. São as “trovas flori­
das,,, como lhes chama o seu autor. Damos aqui algu­
mas que nos pareceram mais saborosas :
Lulú, meu nêgo, de noite
Quando debaixo das rosas
Sussurram as amorosas
Cançonetas que me cantas
Esqueço o rabido açoite
Esqueço o páo da vassoura
As sopinhas de cenoura
As canseiras que são tantas!
Tudo esqueço nesta vida
Ouvindo a voz que que gemente
Murmura queixa plangente
Debaixo do meu balcão
Esqueço-me desta lida
E só penso em dar-te entrada
Sem perigo da dentada
Do nosso maldito cão.
As rosas tem mais olor
A lua é mais côr de prata
Therezinha, gentil filh a do D r. Eduardo Na hora da serenata
Que o Lulú vem me cantar
Chrockatt de Sá. Quando tremula de amor
Ouço da tua rabeca
Os sons, como a perereca
LIVROS NOVOS Caio em tristonho scismar.
H em eter io dos S a n t o s .— Ai Lulú, quindins da gente
Trovas da Barbinha—collecta- Porque a rabeca não deixas ?
nea de poesias em resposta aos Porque me cantas endechas
versos do Sr. Luiz de Camões á Na porta do meu quintal ?
preta Barbara—com um prefacio Toda a noite estou tremente
do Sr. Pedro do Couto.—Rio de Que acorde o patrão e o couro
Janeiro, in-8° de 87 3 1/2 pp.— Depois de tremendo estouro
Typ. d ’A Noite. Me mettaaquelle animal.
A nova publicação do eminente cultor das letras é Não venhas Lulú agora
incontestavelmente o maior triumpho literário deste Trovar á minha janella
primeiro decennio secular como dizia o Sr. Sá de Mi­ A tua Barbara bella
randa. Com effeito, a pobreza de nossas letras, não fôra Tem muito que trabalhar
de quando em quando a apparição destes lampejos lite­ Acorda da fóra de hora
rários como o que ao de presente tratamos, seria la­ Quando de dia o ensopado
mentável. Deixa queimar e o assado
Bem haja pois o erudito philologo que nas suas in­ Só por tanto coxillar !
vestigações scientifico-literarias na deserta aridez de
nossa literatura arranja de quando em quando um fres­ Não são lindas essas trovas? Que sentimento re-
co oásis em que se vão dessedentar os amantes das sumbra tão amoroso, dos ternos queixumes da infe­
boas obras. liz Barbinha! Terna rapariga _tão boa creada e tão
As Trovas da Barbinha. um magnífico trabalho de mal fadada! E o bruto do patrão que dava-lhe estou­
reconstituição histórica, formam um monumento impe- ros com o duro calabrote por pilhal-a a coxillar en­
recivel á humilde Musa que andou inspirando ao insigne costada ao fogão emquanto o assado sapecava! De­
trovador de outras eras, o Sr. Luiz de Camões, algumas cididamente as amantes dos poetas são sempre cai-
das suas melhores poesias como por exemplo aquella poras 1 Olhem a Laura do Sr. Petrarcha, a crear os
que começa assim : “Barbara b ella.. .,„ etc., etc. filhos do Sr. seu marido, em vez de escutar os ver­
Com essa homenagem prestada á insigne poetisa o sos do seu amoroso vate! Emfim a sorte é assim
Sr. Hemeterio cavará para situm eterno monumento de mesmo. Mas continuemos a examinar a obra do nos­
eterna gloria como dizia o aqraelle. so poeta : passemos ás “trovas alegres,, quando o
CARETA

amor satisfeito fazia expandir qual reconfortante ca- O Dr. Zerzedello Corrêa foi nomeado prefeito
lorifero o coração da terna Barbinha: municipal, em substituição ao general Aguiar.
Diz a amorosa creoula:
O Dr. Nuno de Andrade é que ficou com um na­
Ai Lulú, quando anoitece riz deste tamanho!
E tenho o prazer de ver-te E o Pinheiro que já lhe havia garantido aquelle
Tenho ganas de comer-te
Qual foras um tenro beef logarzinho, no qual S. E x.a como excellente hygie-
Mas em sonhos me apparece nista, de certo resolvería a contento geral a questão
(Ai Lulú que desconforto!) das carnes verdes! Que pena!
Tua imagem quando morto
Mettido em marmoreo esquife.
Passar sem ti, quem pudera? O Dr. Leoni Ramos, chefe de policia, começou a
Se só ao pé de ti vivo derrubada policial.
Que sejas de mim captivo
Captiva sou de um malvado Naturalmente ella vae continuar
Comtigo viver quizera O general Pinheiro ainda tem 25 candidatos para
Se fosse forra, meu bem, o cargo de delegado.
Mas se eu não tenho vintém
Se ninguém forra fiado ! O Leader Dr. Seabra tem outros tantos.
Esperem os senhores que ahi vem uma nova re­
Guardei as trovas bemditas
Que me mandaste querido forma da policia com augmento de logares.
E depois de havel-as lido
Chorei de puro prazer.
Achei-as muito bonitas
Cheias de idéas felizes
A métrica sem deslises
Emfim dignas de se ler.
A tua Barbara bella
Sente-se feliz agora v J® a m
Pode ver-te a qualquer hora
Tem licença do patrão
Se quando eu for á janella [ M O C ID A D E f |
Appareceres, quindim,
Faz logo um signal p’ra mim
Que eu desço logo ao porão.
E ahi os dois satisfeitos
Cheios de ardor amoroso
Aproveitando o ditoso
Momento tão suspirado
Uniremos nossos peitos
Estreitamente, e os anceios
Sahirão dos nossos seios
Qual do melão o calado. Z h - ; ± U J .'\ X V
Ternissimas trovas! Amorosos arrulhos de dous
pombinhos cujos sentimentos sopitados por muito DE < r-

tempo, mercê de circumstancias favoráveis se expan­


dem agora! Difficilmente encontraremos em lingua 60. cB ueno
viva e mesmo nas mortas e ainda nas que estão por
nascer versos que tanta emoção causem ás almas ■ AF
que guardam ainda nesses tempos de cruel scepticis- A rainha das tinturas para. tingir
mo, alguns sentimentos. O distincto publicista conse­
guiu com as suas “ trovas,, o que muitos outros col- os oabell.as
legas seus debalde buscam.
“ Barbinha,,, graças á sua obra viverá eternamente! D á aos cubellos brancos ou g n
Eternamente viverá este bello livro de “trovas,, galhos a m ais linda cor castanha
bem como eterno será o renome que o Sr. Hemete-
rio com elle acaba de conquistar. ou preta sem manchar a peite.
Nossos parabéns á litteratura patria.
O de
MARCA RK3ISTRADA
rsro R.IO K P A R 1 -
Não é exacto que o coronel Julio Bueno Brandão
tenha sido contractado para primeira requinta da
orchestra do Theatro Lyrico, como publicaram al­
guns jornaes.
Trata-se de um lamentável equivoco. -vvà;.:
S. S. foi, sim, escolhido para a presidência de Mi­
nas no futuro quatriennio, o que é muito differente.
CA IXA 103000, PELO C O R R E IO 12$000

Partio no Umbria para Buenos-Ayres o Dr.Eduardo VENDE-SE NA CASA A B E L & L . — O u r iv e s , 28


França. E EM T O D A S AS CASAS DE P E R F U M A R I A S
PIERRE LOTI lon , cá um a «m éca» dos m eus peccados Q u a n d o cad a um dos G a o s que tin h am
que era m o d is ta ... m orrido teve a su a oração especial, o ve­
N este ponto da h istoria su cced e um de­ lho v o lto u -se para a avó Y v o n n e M o a n .—
sastre. Um dos pequeninos irm ãos de P o r alm a de S v lv e stre M o an , disse elle.

0 PESCADOR DA ISLANDIA Y a n n , um futuro isla n d e z, de rostinho


côr de rosa, e olhos m uito v iv o s, p rin ci­
pia a se n tir-se a g o n ia d o por ter bebido
E recitou outra oração. E n tão Y a n n c o ­
m eçou a chorar.

cidra de m ais. . . . S e d libera nos a inalo. A m en.


Eis que é preciso le v a l-o , ao pequeno
OUARTA PARTE Lau m éc, o que interrom pe a in tere ssa n te F in d a s as rezas com eçaram as can ções,
narração das perfidias q u e a ta l m odista can ções ap ren did as no «Serviço » onde se
em pregou para ap an h a r as p lu m a s ... encontram com o é sabid o gran d es ca n ta ­
( C o n tin u a ç ã o ) O vento en tran do pelo can o da c h a m i­ dores. A s co p ias eram d itas por um dos
né u ivav a com o um co n d em n a d o ás p e­ padrinh o s de Y a n n , d u m a m aneira lan-
V II nas do inferno Id e boccado em b o cca d o ,o gu o rosa de ir direita ao coração ; en toa­
furacão qu e p a ssa v a , sa cu d ia com tem e­ vam depois o côro tod as aqu ellas bellas
— E ’ isso; é um a casa das senh oras chi- rosa força nos seus alicerces de pedra a vozes p ro fu n das. O s n oivos porém é que
n ezas, é is s o m esm o que eu quero d iz e r... casa secular dos pescad ores.— P are ce que não o u v iam cousa algu m a senão d’um a
P o is tín h am o s lá g asto b astan te todos o vento está zan ga d o de nos ver c o n te n ­ especie de região d ista n te ; os olhos d’el-
tres . . . oh ! D eu s ! Q u e m ulheres tão tes ! d isse o prim o piloto. les, co n tem p la n d o -se , b rilhavam com um
feias !... feias a v a le r... — N ã o , é o m ar que não está sa tisfe ito , esplen dor velado , com o lam pad as que
—: O h ! lá por fe ia s —não se passa respondeu Y a n n , so rrin d o-se para G a u d . estivessem cobertas por um a gaze, fa lla ­
d’ah i, disse n egligentem en te Y a n n , que Eu tin h a -lh e prom ettido casam en to ! No vam de cad a vez m ais b aix in h o , sem pre
tam b ém , n’um m om ento de desvario , en tretan to um a especie de estran h a lan - de m ãos en trelaçad a s, e G a u d a b a ix a v a
n u m a lon ga n av egação , as tin h a co n h e c i­ gu id ez ia -o s tom an d o a am bo s. de vez em qu an d o a cab e ça, pei tu rbada a
do, as taes d am as c h in e z a s... F a lla v a m b a ix in h o , de m ãos d a d a s, pouco e pouco, d ian te do seu senh or, por
D ep ois, para p a gar, quem é que tin h a isolados no m eio da alegria dos outros. um receio cada vez m aior, e cada vez
piastras ? ... P ro cu ra, procura nas a lg i­ Y a n n que co n h ecia o effeito que o vin h o m ais d e licio s o ...
beiras, nem eu , nem tu , nem elle, n in ­ exercia n’elle, não tin h a bebido qu asi n a ­ O prim o piloto an d av a agora em torno
guém tin h a j á v in tém ! — D am o s as n o s ­ da n aqu elle d ia . E co rav a p u d ica m en te, da m eza, servin do os co n v iv a s d um cer­
sas descu lp as, prom ettendo v oltar (aqui sem saber porque, q u an d o algu m dos c a ­ to vin h o que trou xera com infinitas pre­
o n arrador co nto rcia a rude cara b ro n ­ m arad as islan d eze s, so lta v a um gracejo cauções e cofiando a garra fa d e ita d a , que
zead a, e fazia as caretas d u m a segu n d o elle, não devia ser m e-
ch in eza m uito ad m irad a). M as a ch id a . C o n to u a historia d’aqu elle
v elh a , que não peccava pela co n ­ precioso v in h o , ao acabar de o
fian ça, com eçava a m iar, a fazer servir. N u m dia de pesca, a v is­
o d iabo, e por fim a esg atan h a r- tou no Thar largo um barril que
nos com as patas am arellas. ( A g o ­ flu ctu a v a . N ão h av ia m eio de o
ra arrem ed ava as vozes agu das em p o lgar. E ra gran d e de m ais.
d a C h in a , fazia as viza gen s da E n tão tin h am -n o rebentado em
v elh a en colerisada, rebolando os pleno m ar, enchendo os potes e
o lh o s, cu jas palpebras tin h a p ri­ o svaso s que se en co ntravam a
m eiro arregaçado com as pontas bordo. E ra im p ossível levar tu d o.
dos dedos). E eis que os dois Fizeram então sign al aos o u ­
ch in ezes, os d o is ... em fim bem tros pilotos, aos outros p e scad o ­
ine en te n d e m , os dois patrões res ; tod as as velas que se a v is ­
d ’aqu ella p a n d eg a, — fecham a ta v a m , se tin h am ju n ta d o em to ­
porta á ch a v e , e nós todos lá rno da pip a.
den tro ! A q u illo foi um prom pto — E conheço m ais de um que
em qu an to a gen te os agarrou v in h a a cah ir, qu an do á noite
pelo rab ich o , para os fazer d an - voltou a P o rs -E v e n .
sar de encontro á parede !... — O vento co n tin u a va a su a atroz
elles, crac !... C o m eçam a sahir orch estração. E m baixo as cre-
outros por todos os bu raco s, pelo m enos de m arinh eiro, a respeito da n oite que ia an ças d an ça vam rodas, algu m as é v er­
um a duzia d elles, que arregaçam as m an ­ p a ssar-se. d ad e q u e j á se tin h am deitad o , m as as
g as para sa ltar em n ós, sem pre com um ar D e repente a cu d ia -lh e tam bém u m a ou tras eram verdadeiros diabos á so lta,
de quem não está lá m uito á v on tad e ! im pressão de triste za , lem bran do-se de co n d u zid as pelo pequenito «F an te» e pelo
Eu não tin h a ali á m ão senão um feixe S v lv e s tre . D e resto, co m b in a ra -se que pequenito L a u m é c, e querendo á v iv a
de can n as de assu car que tin h a co m p ra ­ não h averia b aile, por cau sa do pai de força ir sa lta r para o m eio da ru a, a b r in ­
do para o cam in h o , e aqu illo é solido G a u d , e por cau sa d ’elle. do co n tin u a m e n te a porta ás lu fa d a s de
com o a fo rtu na ! qu an d o está verde, nem E n trav a-se já na sobrem eza ; ch egav a vento qu e ap agav am tod as as can d eias.
o diabo o faz q u e b ra r! vejam qu e achado a o ccasião de se can tarem as c a n tig a s O prim o piloto n'este m eio tem po ia
para dar um a trepa nos m ostren gos ! trad icio n a e s. A n tes porém d ev iam rezar- co nclu in do a historia do seu v in h o . S ó a
O vento lá fora b ra v e ja v a num ruido se as orações pelos d efu n cto s da fa m ilia ; su a parte tin h a m -lh e pertencido q u aren ­
insólito ; os vidros n aq u elle in stan te tre ­ n u nca se fa lta , nas festas de casam en to a ta g a rra fa s , m as pedia segredo, por cau sa
m iam sob um furacão terrível, e o n arra­ esses deveres religio so s, e q u an d o o pae do S r . C o m m issa rio da inscripção m arí­
do r, tendo co nclu ido á pressa a sua h is ­ de Y a n n se ergu eu , d esco brin d o a c a b e ­ tim a , que lhe podia fazer p agar bem caro
toria, leva n to u se para ir saber onde lhe ça b ran ca, fe z-se um profu n do silencio aqu elle destroço de n au frag io que não
p a rav a o barco. em to d a a n ieza. fôra legalm en te d eclarad o . M as era pre­
O u tro d izia :— Q u a n d o eu era q u artel- — P o r alm a de G u ilh e rm e G a o s , meu ciso, já se sabe, tratar com am or aquelle
m estre artilh eiro, servin do de cabo , a pae. E b en zen d o -se, G a o s prin cipiou a v in h o . S e o tivessem podido clarificar, de
bordo da «Z en ob ia» em A d e n , vejo um dia oração d o m in ical em la tim . certo que h av ia de ser um vin h o finissi
trepar para bordo os m ercadores de pen- m o ; só elle tin h a m ais sum o de u va que
nas de avestru z ( im itan d o as vozes . . . P a te r nos ter, q u i es in ccelis . . . tod as as ad e gas de P a im p o l.
d ’elles): «B on s d ia s , cabo de arm as, nós Q u e m sabe onde elle fora co lh id o , esse
não ser ladrões ! nós ser bons n e g o cia n ­ E s p a lh á ra -s e um silen cio de egreja até v in h o de n a u fr a g io ? Era forte, escuro,
tes ! A g arro num a v a ra , e atiro -o s para á co sin h a alegre, o nd e co m ia a gen te m uito m istu rado com agu a do m ar, e co n ­
fóra a q u atro e q u atro , num virote» : V o ­ m oça. se rv av a o gosto acre do sa l. C o m todos
cês, bons n ego cia n tes, d ig o -lh e s eu ; f a ­ T o d os os que estavam de portas a d e n ­ esses d efeito s, acharam no porém excel-
çam favor de m e trazer prim eiro um m o ­ tro, n aq u ella casa cheia de g e n te , repe­ len te, e m u itas garra fas se despejaram á
lho de plum as bo nitas para m e p resen ­ tiam em espirito as p a la vras da eterna sa u d e dos n o iv o s.
tearem com elle, e verem os depois se os o ra çã o ... A s cabeças estavam um poucochinho
deixo cà pôr pé, m ais á su a ca n d o n g a . E — P o r alm a de Y v e s e Jo ã o G a o s , t o n t a s ; as vozes en taram ellava m -se um
q u e d in heirão qu e eu tin h a feito com m eus irm ão s, perdidos no m ar da I s ­ tu d o -n a d a ; os rapazes fu rtavam beijos
ellas na v o lta , se não tiv esse sido tão lân d ia . ás rap arigas.
asno ! (D olorosam en te). M as bem s a ­ — P o r alm a de Ped ro G a o s , m eu filho, C o n tin u a v a m alegrem en te as canções ;
b em , era rapaz nesse te m p o ... E m T o u - n au frag ad o a bordo da « Z e lia » ... no em tan to n in gu ém , n’aquella çe ia , t i-
CARETA
n ha o espirito tra n q u illo , e os hom ens pousou os seus láb io s frescos e innocen- dades» que devia ser o leito n u p cial dos
tro cava m sign aes de in q u ietação por c a u ­ tes sobre a face de Y a n n . que o vento d o is ...
sa do tem po ral q u e não fazia se n ã o au g- enregelára de todo. Era bem pobre, bem E m torno d ’elles, festejan do a prim eira
tar. h u m ild e a ch o u p a n a sin h a d ’elles, e fazia n oite de com m u m fe licid ad e , a in v isível
L á fora, o clam or sin istro era cad a vez lá tan to frio ! orchestra co n tin u a v a a tocar p a vo ro sa­
m aior. 1in h a -se torn ad o um grito u nico, O h ! se G a u d fosse rica com o d’an tes, m e n te ...
co n fu so , co n tin u o , am eaçad o r, so ltad o á que alegria ella não teria sentido em ar­ O ven to ora so ltav a aqu elle uivo ca v e r­
plena g a rg a n ta e a pescoço estedid o por ran jar nm lindo q u arto , que não fosse noso que parece um a explosão de m edo­
um m ilh ão de an im a es d am n ad o s. com o aq u elle de terra n u a ... n ha cólera, ora rep etia, m ais b a ix a , m ais
J u lg a v a se tam bém o u v ir peças de ar- A in d a se não tin h a h ab itu a d o áquelles sotu rna a sua eterna am eaça, com req u in ­
tilh eria m arítim a de gro sso calib re dan do m uros de gran ito tosco , áquelle ar rude tes de m alícia, e d an d o uns gritos agu dos
ao lon ge as su a s sa lv a s fo rm id áv eis ; era das co u sas que a c e rc a v a m ... Al as o seu de g a iv o ta .
o m ar qu e v e rg a s ta v a e b atia por todas Y a n n estava agora com ella, e só a sua O enorm e tu m u lo dos m arinheiros ali
as ban d as o «paiz« de P lo u b a zla n e c. presença tin h a m u d ad o , tin h a tra n sfig u ­ e sta v a perto d ’elles, co n v u lsio n ad o , devo-
C o m effeito a verdade é que não e s ta ­ rado tu d o . G a u d não tin h a olh os senão rador, v ergasta n d o as rochas abru p tas
v a co n ten te ; e G a u d sen tia o co ração op- para o v e r ... com os seus im petos sin istros e surdos.
prim id o por aq u ella m u sica de pavo res, O s lábios dos dois h a v ia m -s e fin a l­ O h ! elles bem sab iam que q u alqu er n o i­
que n in gu ém en co m m en d ára para a noite m en te en co n trad o . E lla já não fu gia com te, horrível com o a q u ella, um d ’elles seria
do seu n o iv ad o . os se u s. E em pé, am bo s, os braços es­ su b v ertid o por aquelle ab ysm o ; teria de
C e rca da m eia n o ite, du ran te um in s ­ treita m e n te e n laçad o s, cin gid o s um ao su bm ergir-se affro n to sam en te no phrene-
tan te de tré g u a s, Y a n n , que se leva n tara outro , ficav am -se ali u n id o s, no extase si de tod as aq u ellas co u sas negras e g e la ­
d e v a g a rin h o , fez sig n a l á m u lh er para d ’um beijo sem fim . C o n fu n d ia m as res- d a s .., Q u e lhes im p o rtava porém ? N a-
lhe vir fa llar. piraçães o ffe g an te s, trem iam am bos com o qu elle in sta n te e sta vam em terra firm e,
— O u e ria ir com ella para c a s a ... G a u d no fim d u m a h orrível febre, pareciam ab rigad os contra esse inú til furor que a
corou ch eia de v e rg o n h a , co n fu sa por se não ter forças para se desen laçarem , e si proprio se d e v o ra v a ... E n tão na chou-
ter le v a n ta d o ... D ep o is d isse-lh e que não não conh ecer m ais n a d a . e não desejar pana h ú m ida e so m b ria, por on d e e n tra ­
era delicad o irem -se j á em bo ra, d e ix a ­ m ais n a d a , além d ’aq u elle beijo in fin ito ... va o v en to , G a u d e Y an n uniram esq u e­
rem assim os o u tro s.— N ã o , respondeu G a u d foi quem se d esp ren d e u , s u b ita ­ cidos de tu d o , esquecid os até da própria
Y a n n ; foi o pae que deu licen ça. m orte, inebriad os, illu dido s d e li­
P o d em o s ir em bora. ciosam en te pela eterna m agia do
E a rra sto u -a . F u g ira m fu rtiv a ­ a m o r...
m en te. VIII
E n co n tra ra m -s e lá fora, n ofrio ,
no tem poral sin istro , na noite Fo ram m ulher e m arido seis
p ro fu n da e tem p estu o sa . D e s a ta ­ d ias. N o m om ento da p a rtid a , as
ram a correr de m ãos d ad as. Do co u sas da Islan d ia occu p av am
alto d ’aq u elle cam in h o de rocha toda a g e n te .
ab ru p ta so bran ceira ao m ar, adi- A s m ulheres de trab alh o em ­
v in h a v a m -s e sem se verem , os p ilh ava m sal para a salm o ira nos
v a g a lh õ e s furiosos qu e se altea- paioes dos n av io s ; os hom ens d is­
v am esp ad a n a n d o e sp u m as, e do p u n h am os a p p a r e lh o s , e em
m eio dos qu aes su rd ia todo casa de Y a n n a m ãe e as irm ãs
aq u elle b aru lh o m edo n ho . C o r ­ trab alh av am de m an h ã até á n o i­
riam am b o s, v ergasta d o s em te para arranjarem todo o rude
pleno rosto pelo ven to e pela en xo v al da ca m p a n h a . O tem po
ch u v a , o corpo cu rv ad o ao e n ­ e sta v a som brio, e o m ar, que
co ntro do v e n d a v a l, obrigado s sen tia a ap p ro xim ação do equ i-
ás vezes a v ira rem -se em sentido n o x io , picad o e bravo.
in v erso, para tom arem o folego G a u d soffria á v ista d ’aquelles
qu e a v e n ta n ia lhes ro u b ava . preparativos in exo ráv eis com a n -
A o prin cipio Y a n n su stin h a-a gu stio so pavo r, co n tan d o as h o ­
pela cin ta , para o b star a que ella ras rap id as do d ia , esperando p e­
arra stasse o v estid o , e m olhasse las n o ites, em qu e, findo o tra ­
os seus lin d o s sa p a to s, n’aqu ella agu a m en te p e rtu rb a d a .— N ã o , Y a n n !... A avó b alh o , ella tin h a o seu Y a n n só para si.
em poças que in u n d a v a tudo ; depois Y v o n n e póde v e r -n o s ... E lle porém , com P o is elle h av ia de partir tam bém os o u ­
p e g o u -lh e ao collo com o quem pega um sorriso silen cio so , buscou de novo os tros an n os ? E s p e ra v a , é certo, poder
n um a cre a n ça , e co n tin u o u a c o r ie r ... láb io s da su a m u lh er, e p rend eu -o s nos prend el-o, m as não se atrev ia por em -
N ã o , não ju lg a v a que lhe qu eria ta n to ! se u s, com o um hom em m orto de sede a q u an to a fa lla r-lh e n ’is s o ... E co m tu do
E pensar qu e ella tin h a j á v in te e tres qu em tiv essem arra n ca d o a sua taça de tin h a a co n sciên cia de que elle m orria
an n o s, e elle v in te e o ito , e qu e ao m enos a g u a lim p id a e fresca. por ella.
ha d o is an n os a esta parte podiam estar O m o v im e n to que fizeram , quebrou o C o m as am an tes que tiv e ra , n unca
ca s a d o s, e felizes com o eram a g o r a ... en can to da h esitação d elicio sa. Y a n n que Y a n n tin h a co n h ecid o cou sa que se assi-
C h e g a ra m fin alm en te á ca s a , ao seu d u ran te os prim eiros in stan tes seria c a ­ n u lh asse ao que se n tia agora ; qu e diffe-
pobre c a n tin h o , h ú m id o e frio d eb a ix o do rente que isto e r a ! Era um a ternura tão
paz de se ajo elh a r d ian te da n o iv a, com o
seut ecto de palha e de m usgo ; e accen - aos pés da v irgem M a ria , se n tiu -s e de re­ co n fian te e tão p u ra, que os m esm os en ­
deram um a can d eia que o v en to d u as v e ­ pen te a v a s sa lla d o pelo seu tem p era m e n ­ trelaçam en to s com e lla , pareciam in te i­
zes a p ago u . to de se lv a g e m , olhou fu rtiva m e n te para ram en te «outra co u sa » , e cad a noite as
A v elh a a v ó i\loan, qu e tin h a s id o t r a ­ suas du as lou cu ras de am or iam crescen ­
o lado dos velh o s leitos de arm ario , a b o r­
zida para c a s a , an tes de co m eçad a s as recido por estar tão p e ito da v e lh in h a , do, iam au gm e n ta n d o ao co n tacto um a
ca n çõ e s, j á e sta va h a v ia du as h oras, d e i­ da o u tra, sem n u nca se haverem fartado
procuran do um m eio seguro de não p o ­
tad a no seu leito de arm ario s, cu jas p o r­ der ser v is to . D e p o is , sem n u n r d eix ar qu an d o a m an h ã os se p ara v a.
tas tin h a fe ch a d o . A p ro x im a ra m -se com E n c a n ta v a -a a ella com o um a surpreza
os lábios d elicio so s em que se e m b ria g a ­
m uito resp eito do can to em que ella d o r­ v a , estendeu o braço para traz de si, e en co ntrar tão câ n d id o , tão d ocem en te in ­
m ia e esp reitaram pela fisga da porta, fa n til aq u elle Y a n n que vira tan ta s vezes
com as co stas da m ão, ap ago u a ca n d e ia ,
para lhe darem as boas n o ites, se aca so em P a im p o l tra ta r com desdem quasi
tal qu al fizera o v en to .
a in d a n ão d o rm isse. M as viram a sua in solen te as n am orad as que o perse­
p h y sio n o m ia v en e ráv el co m p letam en te E n tã o com um im p u lso ard en te e bru s­ g u iam .
im m o vel e de o lh o s fe ch a d o s; ou e sta va co , e rg u e u -a nos b raços, com a su a m a ­ C o m a m u lh er pelo co n trario , era sem ­
a d o rm ir, ou fin g ia -se ad o rm ecid a para n eira de a se gu rar, a bocca sem pre co lla- pre a m esm a cortezia que parecia e m a ­
os não in co m m o d ar. da á bo cca d ’ella ; parecia um a féra com nar d ’elle com o u m a co u sa n a tu ra l,e a d o ­
Fo i en tão que pela prim eira vez se se n ­ os d en tes en terrado s na preza. rav a aqu elle bom sorriso que elle lhe
tiram bem só s, bem um de outro ! G a u d a b a n d o n a v a o seu corpo e a sua m a n d a v a , to d as as vezes que se en co n ­
T rem iam am b o s, en trelaçad a s as m ão s. alm a áq u ella v io lên cia im periosa e irre- trav am os olh os d ’a m b o s. E ’ que na alm a
Y a n n d o b ro u -se tod o so bre e lla , para lhe sis tiv e l, qu e era ap ezar cTisso tão doce dos sim ples ex iste o se n tim e n to ,o respei­
b eijar a bocca ; m as G a u d retirou a su a , com o um a caricia q u e a en vo lvesse toda : to inn ato pela m agestad e da «esposa».
por ign o rân cia d ’esses beijos, e tão c a s ta ­ e Y a n n le v o u -a aga rra d a , na escu rid ão,
m en te com o no dia em qu e elle a pedira, para o bello leito branco á «m oda das c i­ ( Continua)
__ â -v

5KQ K0S DE VIDfl


TERRESTRES E
AflRITinOS © «
A P Ó L IC E S DE V ID A
Com sorteio semestral em dinheiro

Sinistros pagos mais de

6 .0 0 0 :0 0 0 $ 0 0 0

465 apólices, até esta data sor­


teadas, resgatadas e pagas:

2 . 150:000$000
As apólices sorteadas, concor­
rem aos demais sorteios, nos
termos do contracto.

Fundos de garantiae reservas:

1*EDI1{ PROSPECTO S

(Edificio de sua propriedade)

S E D E SOCI AL :

AVENIDA CENTRAL
= 125 =
RIO DE JANEIRO
SOCIEDADE DE SECUftOS
[KITU05 50BEtE A VIDA
Uma evidente prova das vanta­
gens das apólices da classe de sor­
teios semestraes EM D IN H E IR O ,
emittidas pela “ A E Q U IT A T IV A ” .
Rio de Janeiro, 15 de Abril de 1909.
Illmos. Snrs. Directores d’A Equi-
tativa dos E. U. do Brasil.
RIO DE JA N E IR O
Amigos e Snrs :
Já em 15 de Outubro de 1908 tive
a satisfação de escrever a VV. SS.
agradecendo o pagamento de.............
5:000$000 com que fora nesse dia
contemplada pela S E G U N D A VEZ
a minha apólice n. 52 738.
Hoje tenho novamente o prazer
de voltar á presença de VV. SS. para
mais uma vez, patentear os meus
agradecimentos pelo pagamento que
acaba de ser-me feito da quantia de
outros 5:000$00, importância esta
que representa asorte que me coube
hoje e correspondente á minha apó­
lice n. 52 739.
Pelo que acima fica exposto, veri­
fica-se que, n’um periodo de anno e
meio, tive a felicidade de ser con­
templado em 3 sorteios semestraes
consecutivos, e assim receber a
quantia de 15:000$000 em moeda
corrente, sem absolutamente preju­
dicar as demais vantagens que me
conferem as citadas apólices ns.........
52.738[9, as quaes ficam em inteiro
vigor e, portanto, com direito a
concorrerem aos demais sorteios,
nos termos do contracto.
Reiterando os protestos de meus
agradecimentos, subscrevo-me com
alta estima e consideração.
De VV. SS.
Am.o Att.° Obr.°
Arthur Ivans O . da Silva.

Como testemunhas:
Idacó F . Cunha.
Luiz Portocarrero Velloso.
(Firmas reconhecidas).

S E D E SO C I AL :

125, AVENIDA CENTRAL, 125


RIO DE JANEIRO
------------ /* E <Y.4 J f C A T A E O G O I> E I* I I E Ç O S ------------

PREÇOS DOS CABELLOS DA CASA


X X X X

COMPLETO SORTIMENTO DE PERFUMARIAS FINAS DE TODOS


----------------OS FABRICANTES A PREÇOS REDUZIDOS-----------------

OnLTI «£- (_o


C"^

cro

I^OOCO
<✓>tf! tf) tf)
o
oO ow oo o
oooo

ao

ze cz oz oz
ps
13
ps
i: en « «

° s .C. O 4- -J
"~3 n
=r cr
JZ" o
O e
oo
CD

A ’ N O IV A
GO

>Z"
ps ■——tsJ —
U^UIOUI
axyíww
O
o oo
o Oo
o
-exs- o o oo

O Z Z Z
%o o o
■ 3 <« • ?> n to
O — Z 00
tu
CD
3 I
ra
> 73
w C
*-3 w
ffl >
CD
o 2
a O
oo & o
■ eo > tn

- 2
9 ^
frj
Kff! ^
U
>to fü m
ctr>
<n o H (f)
ARTIGOS PARA T01IETTE E PARA P R E SE N T E S; PENTES DE
- roa
u M — FANTASIA E TODOS OS ACCESSORIOS PARA CAEELLOS —
tf)'tf)
ctf,ctf)
a
^ UO
---------------- — r E Ç I M C A I A L O GO D E I* l i E Ç O S — --------------- © 00
- n u s o n i f l
BIOGENOL
MAGNÍFICO F0RT1FICANTE
Contra debilidade organica, neurasthenia, dys-
pepsia, etc., etc.

0 Biogenol de Freire dAguir Filho


Dá forças e vigor, regenera
o organ ism o em geral
com o reconstituinte
energico.
UNICÜ RELOGIO DE PRECISÃO DE OURO
---------------------) DE 18 K 11, A T E S ( --------------------- Únicos R epresentantes:
Vendido a Prestações Semanaes de Rs. 3$ 00 0 em 60 Semanas
Ú N IC O S D E P O SIT Á R IO S N O BR AZIL: V ia n n a & F o u rca d e

D ’0 R S I & IRMÃO R U A D O R O S A S I O , 9 2 ( Io andar)


Rua do Ouvidor, 122 Kl° m m DE JANEIRO— =

Queda dos Cahellos, Barba. Sobrancelhas. Pellada,


Calvicie precoce, Caspa. ele.
N O V AS CU RA S — N O V O S ATTESTA DOS
Illmo. Sr. Francisco G iffon i—Com o emprego de um vi­
dro do vosso «Pilogenio» obtive resultados que não esperava
e que agora considero admiráveis.
Não me incommoda mais a caspa, que costumava ter em
meus cabellos, nem receio mais a queda destes.
Residência, Rna D r. Garnier u. 1.
A g n e l l o M a l l io C a r n e ir o

O preparado do pharmaceutico Francisco Giffoni «P ilo­


genio» é efficaz para combater a caspa. Com o uso deste reme-
dio, consegui acabar por completo a caspa que me acompa­
nhava ha muitos annos e isto em menos de tres mezes.
Rua Hadock Lobo n. 18 A.
Luiz M a r t in s d o A m a r a l J u n io r

«Pilogenio» —Com este preparado do pharmaceutico Fran­


cisco Giffoni, fiquei curado por completo, da caspa que desde
a infancia me acompanhava.
Tenente, Luiz A n t o n i o d e C a r v a l h o C h a v e s
(Escriptorio do Congresso dos Proprietários)
Rua do Fiospicio n. 217, Sobrado.
Residência, Mendes —E. do Rio de Janeiro.
O PILOGEN IO vende-se no deposito geral: Drogaria
F R A N C IS C O G IF F O N I A C.

= lí, RUA PRIMEIRO DE MARÇO, lí (ANÍIGO 1 9) =


e nas boas pharmacias e drogarias e perfumarias e
nos Estados encontra-se desde já nas seguintes cidades:
l*eim n n b u e o , I t a h i a , Y ic t o r ia , lie ila -t ío -
vi&ontc. Ctirifi/ba, J*elota&, l l i o
G r a n d e , I*ort <» Alet/rc, < ormubti c Gotjnts
Queremser bonitas ? Loteria da Capital Federal
UsemEpidermol. P O JE — SABBADO— H O JE
Substitue o pó de arroz, tira mareas de 7 DE AGOSTO DE 1909
sardas, pannos e espinhas.
A MELHOR PASTA PARA
— OS DENTES 100:0001000
P O R 61300
f l ' venda em todas as
perfumarias d ’esta Capita! Sabbado— 11 de Setem bro— Sabbado
e dos Estados.-
200s000$000 POR l5SS0°

A BOTA FLUMINENSE
F a b r ic a e d e p o s i t o de c a l ç a d o
PARA H OM EN S PARA SE N H O R A S
Botinas fortes a ponto, 5 $ ......................................................... 6$000 Sapatos pretos e amarellos de abotoar . 5$500
pellica america, 8 $ ................................................... 1OÇOOO Sapatos de cordão ou pompon,4$500 e 15$000
» in te ir iç a s ......................................................... 9$00Ü Sapatos de pello ou pellica branca, 7$ a 10S000
» de bezerro c/ b o t ã o ............................................. 7S000 Sapatos, lona branca, 4$500 e . . . . 7$500
in te ir iç a s ............................................. 7$000 Botas, lona branca, 8$ e ................................ 12$000
amarellas, 7$ e . . . . • .......................... 10$000 Botas, pretas e amarellas, 10$ a . . . 22$000
Borzeguins de b e z e r r o .......................................................... 8$000 Borzeguins de pellica americana . . . 6$000
Sapatos de verniz, 12$ e .......................................................... 13$000 Borzeguins a Luiz X V , 15$ a . . . . 24$000
» de lona branca. . 4$000 Meias b o t a s .......................................................... 6$000
» de pellica a m e r ic a n a ............................................. 10$000
Botinas de cangurú, pretas e amarellas, 12$ e . . 14$000 CALÇADO S PARA CRIANÇ AS
Botinas de pellica, pretas, palmilhadas, 16$, 18$, 20$ e 22$000 desde 1$500 para cima.
Borzeguins de pellica, diversos gostos,palmilhados, Chinellas de liga 1$100
18$, 20, 22 e ....................................................................... 25$000 » cara de gato 1$500
Botinas de abotoar, pretas e amarellas, 16$, 18, pello e belbutma. 2$, 2S500 3S000
20 e .......................................................................................... 22SOOO » marroquins, 2$200, 4$, 5$ e . 7$000
Sapatos, botas, borzeguins, fantazia, 11$, 14, 18 e 22$000 cara de gato, forrados de I a . 3$500
Borzeguins de lona branca, 7$500, 12, e............................... 15$000 charlot legítimos, marca chave 7$000

E m uitas outras marcas de calçados como sejam: Paulista, Francezes e Americanos que
deixamos de annunciar por absoluta falta de espaço.
R E M M E T T E -S E E N C O M M E N D A S PELO C O R R E IO , M A I S 2 S 0 00 POR PAR
VER PARA C R E R ! ! ! □ □ □ VE R PARA C R E R ! ! !

Alberto Antoniode Araújo


123 — AVENIDA P A S S O S — 123
ENTRADA PELA RUA M A R E C H A L F L O R I ANO

A N G I C O COMPOSTO
C XAROPE MAIS ANTIGO DO BRAZIL
CURA RADI CALM EN TE, QUALQUER T O SSE A N T IG A OU RECENTE

A venda na P H A R M A C IA B R A G A N T IN A
RUA URUGUAYANA N. 105— E EM TODAS AS PHARMACIAS E DROGARIAS ~ —
ANNO
Careta
R E D A C Ç Ã O E OFFBCIINASs R U A D A A S S E M B L É A , 7 0 — RIO DE JA N E IR O
A S S I O N A T U R A S

1D$000 I S E M E S T R E S$ooo
.

Ijl CA PITAL
N U M E R O

. . . .
A V U L S O

Soo Rs. | E S T A D O S 400 Rs

EDIÇÃO DE ”K ÓS M OS"

M. <52 | RIO DE J A N E I R O — S a b b a d o — 1 — A c o s t o — 1 90? | A N N O II

Zé. — Quanto tarda a abrir esta porta! O que estará por traz delia?
Ora, seja lá o que for, sempre lia de ser preferível ao que está.
C A R E T A

Deixa o máu comsigo mesmo,


A N E X I X S E as chagas vis que lhe dóem :
N O A L B U M D E M E U F IL H O
Andam castigos a e sm o ...
“ Os máus por si se des':róem„.
( O rig in a l p ara a “ C a r e ta " )
Si tens dez não queiras cem,
Si a tua conta está certa ;
(Continuação) O muito atraza, pois : “Quem
Muito abarca, pouco aperta,,.
Vem um desastre e vêm dois
E a paciência te cança, Tudo o que o estranho te dér,
Mas espera : “Vem depois E o tempo máu que te atraza
Da tempestade a bonança,,. Não maldigas, pois : “Quem quer
Passar bem não sae de casa,,.
Que importa o que a bocca diz
Si o pensamento está longe? Si a fortuna se acha além
Veste de luto o feliz, Do chão que o teu berço encerra,
“ O habito não faz o monge,,. Vae buscal-a, pois : “Ninguém
E ’ propheta em sua terra,,.
Trabalha e poupa o esforçado
Pra proveito do audaz, Não descreias da fortuna
Pois é bem certo : “O bocado Se te foi a sorte escassa,
Não é para quem o faz„. Nem te espante o que anda á tuna:
“ Quem porfia mata caça,,.
Não é na esmola que está
O geito de fazer bem, Si queres viver tranquillo
Tem cautela... pois: “ Quem dá Entre as intrigas que passam :
O que tem a pedir vem,,. “Não faças a outro aquillo
Que não queres que te façam,,.
Si a tua lingua se move
Seja sempre em bem dizer, Quem renova antigas maguas,
Pois : “ Quem diz o que quer, ouve Encontra novos espinhos,
Muita vez o que não quer,,. O que foi, lá f o i ...: “Nem aguas
Passadas movem moinhos,,.
Procura sempre um emprego
Onde o teu saber é le i; S o a r e s B u l c ã o
Porque: “Em terra de cégo (Continua)
Quem tem um só olho é rei,,.
Caros leitores vêdes este «Man­
Nunca a amizade desleixes darim», empunhando a sua batuta?
Por andar a extranhos povos; Com certeza não conhecem? Vou
Si tens juizo: "Não deixes fazer-vos conhecido. Elle teve por
Velhos amores por novos,,. berço a C h in a -lá apóz o seu nas­
cimento deu-lhe terrivel epidemia
Respeita o habito alheio que quasi lhe deu cabo do canas­
Seja-te embora confuso, t r o !!! Vendo elle que a sua mo­
léstia era incurável,resolveu (a con­
E ’ feio mangar do feio: selhos de seus médicos) abandonar
“Cada terra tem seu uso,,. aquelle clima e dar um passeio ao
Brazil, chegando aqui lançou mão
Não deixes por ambição de todos os recursos da sciencia e
Um que tens querendo um bando: cada vez mais os seus soffrimentos
“Mais vale o que está na mão augmentavam. Sabem os nossos
Do que milhares voando,,. leitores como elle ficou assim gor­
do, bonito, e com a sua batuta em­
Não recuses a quem pede punhada? ! Depois que começou a
Do saber que Deus te dér, beber o bom leite puro da Leiteria
Palmyra, á rua do Ouvidor n. 149,
Mata a sêde a quem tem sêde: e a bôa Manteiga Virgem que é de
“Quem pergunta quer saber,,. superior qualidade, de côr natural,
esterilisada. Agora um conselho
Quem dos males se arreceia leitor, queres gosar bôa saude ? Faz o mesmo que fez o
Não pratica iniquidades, «Mandarim» não te arrependerás, procura usar só este leite!
Pois é certo : “Quem semeia
Ventos, colhe tempestades,,. No Paraná.
Escuta a voz da amizade Correia Defreitas—Eu trabalho, Sr. governador
Para andares sem má fé contra as candidaturas da Convenção de Maio, por
Nem sempre vence a maldade: julgal-as impatrioticas e impopulares.
“Quem te avisa, amigo é„. Xavier da Silva—Eu sou também da mesma opi-
nião.
Obra por ti, sempre em pró Correia Defreitas—Mas então porque não fica
Do bem, sem outro cuidado commigo?
Anda só: “E’ melhor só Xavier da Silva — Ora, mas mudar de attitude
Do que mal acompanhado,,. a g o r a !... Isso dá tanto trabalho!
Cura Asthma, Bronchite Asthmatica, é o anti-asthmatico ideal
O PO’ INDIANO Não produz perturbações cerebraes. Não abate, nem deixa dôr
de cabeça depois do seu uso. Numerosos attestados de médi­
Encontra-se nas boas Pharmacias e Drogarias. — Deposito Geral: Drogaria de cos e doentes provam a sua efficacia.—Vide a bulla que acom­
— Francisco Giffoni, — Rua 1° de Março, I I (an tigo 9 ) — Rio de Janeiro— panha cada frasco-----
C A R E T A

IN STAN TÂN EO S

Mme. Almeida, e filh a . Mme. Nabuco e filh a .

COLUMNA DAS ELEGAMPCIAS *


*
*

Reabriu-se a Exposição, hein ? Que felicidade! Ora, entre estes, nenhum melhor do que a estra­
Quantas noites de puro goso artístico não vamos ter da de ferro electrica. Porque a gente ao subir para
agora na ex-cidade-luz ! Faz um anno justamente, um daquelles carrinhos tem a sensação de que vae
que se abriu a outra, tão cedo encerrada para triste­ partir para uma longa viagem. Passando pelos ex-pa-
za nossa! vilhões da Bahia, Minas e S. Paulo, tem-se a impres­
* são de atravessar os boulevdrds de Paris e os nevo-
* *
entos square de Londres; quando se deixa á reta-
Mas ha de certo um poder occulto que protege guarna o ex-pavilhão das Industrias e pelo tunel ca­
os amantes das cousas d’arte, porque em nome da vado sob o terraço se chega ao areial da Praia, pa­
sciencia, para fins de hygiene ao que dizem, as en­ rece ao viajor encantado que está em Nice a formo­
cantadoras alamedas da Praia-Vermelha vão de novo sa pérola do Mediterrâneo!
receber todo o hig-life carioca, num dilúvio polychro- *
mico de fitas, rendas e fanfreluches, sedas e velludos, * *

emfim todas essas seductoras farandulagens das ga­ E isso sem abalos, deslisando os carris sobre mi­
lantes modas femininas. núsculos rails que antes parecem brinquedo de cri­
# anças do que uma das maravilhas da industria hu­
* *
mana, destinada a por em communicação os povos
De sorte que esta secção passará d’ora avante a mais distantes! a servir ás necessidades do trafego
funccionar naquelle encantador trecho do paraiso que commercial, transportando os productos agrícolas e
começa no Portão Monumental e vae acabar depois commerciaes para os mercados mundiaes!
do terraço naquella linquidissima praia de límpidas *
areias onde vem morrer as aguas do Atlântico, pre­ * *
guiçosamente se desfazendo em turbilhões de alvas Esse é que deve ser o divertimento preferido por
espumas. nossas formosas patrícias e por isso o encarregado
*
* * desta secção de elegampcias femininas, das duas ás
Ha uma grande diversidade de chamarizes no quatro horas, diariamente tomará nota das toilettes
que adornarem os lindos carros da estrada de ferro
abençoado recinto, desde a incubadora que symboli- electrica, o ciou, a maravilha da Exposição de 1909,
sa o inicio da existência humana, até os espectáculos sem fazer pouco nos outros divertimentos que os ha
pour vieux, que também symbolisam a decadência e para todos os gostos e preferencias.
o fim da mesma.
E como somos do parecer do grande Salomão *
* *
quande dizia—in medio virtus convém que nós os
moços nos abstenhamos de um e de outro diverti­ Ficam portanto avisadas as nossas leitoras, que o
mentos, procurando aquelles que nos proporcionam nosso oculo de alcance está de observação.
sensações fortes e agradaveis. F. de A.
W ÊU

C A R E T A

CARETA PARLAMENTAR O SR. ASTO LPH O DUTRA NICACIO.— Muito


obrigado a V. Ex., mas é modéstia sua. Os discolos,
O SR. A STO LPH O DUTRA NICACIO.—Sr. presi­ Sr. presidente, os dissidentes dessa congregação de
dente, no desempenho das elevadas funcções de elementos são os partidários da guarda civil (caloro­
leader substituto, de que fui investido pela honrosa sos applausos). Elles é que ousam, em nome de
confiança do meu illustre mestre Dr. J. J. Seabra suppostos princípios negar a validade das delibera­
(applausos delirantes) o insigne parlamentar que ções de tão illustre Capitulo !
tanto honra as tradições parlamentares desta casa O S r Soares dos Santos.—São uns despeitados,
(icalorosos apoiados), cabe-me o dever de em respos­ lá isso é que são.
ta ás accusações dos deputados civilistas (apoiados
e apartes, proferir um discurso ! O SR. A STO LPH O DUTRA N ICA C IO .—Muito
obrigado a V. Ex., mas é modéstia sua. E vêm, esses
O Sr. Manuel Fulgencio.—Muito bem. V. Ex. é pretensos defensores dos direitos da guarda civil
um eximio orador! (apoiado geraes). aqui para este recinto augusto, consagaado á tarefa
O SR. A STO LP H O DUTRA NICACIO. — Muito sacrosanta da elaboração das leis basicas da nossa
obrigado a V. Ex., mas é modéstia sua. Eu é verdade democracia republicana, dizer que a Convenção deli­
que sei ligar algumas idéas, e exprimil-as por meio de berou coacta! (apoiados e apartes). Mas é acaso um
palavras (apoiados geraes) e isso é Srs. deputados o crime isto, Sr. presidente ? (applausos). Isso só uma
que constitue um discurso. cousa revela, Sr. presidente, ignorância por parte dos
O Sr. Honorato Alves.—Apoiado. E quem disser civilistas dos processos a que se subordinam seme­
o contrario não sabe o que diz. lhantes reuniões, (apoiados geraes)
O SR. A STO LPH O DUTRA N ICA CIO .-M uito O Sr. Nogueira Penido.—V. Ex. está prestando
obrigado a V. Ex., mas é modéstia sua. Pois bem Sr. com essas suas palavras um relevante serviço á Pa-
presidente, feito esse exordio justificativo eu entro no tria !
amago, como aconselha o nosso illustre mestre Dr. O SR. A STO LPH O DUTRA NICACIO. — Muito
J. J. Seabra (applausos calorosos). Ora, amago, Sr. obrigado a V. Ex., mas é modéstia sua. A Convenção
presidente é o centro da peripheria, como todos sa­ coacta, Sr. presidente! Mas como queriam que ella
bem e ninguém ignora (apoiados). procedesse então, os Srs. civilistas? Coacta, significa
O Sr. Jo s é Bento.—O centro da circumferencia é em bom portuguez com acta, isto é que teve acta ;
o ponto equidistante dos outros centros como ensi­ por contracção do advérbio com e do verbo actar é
na a geographia. (apoiados) que se fórma a palavra coacta. Logo dizer que a
O SR. ASTO LPH O DUTRA NICACIO,—Agradeci­ convenção funccionou coacta é o seu maior elogio,
do a V. Ex. pela explicação; mas é modéstia sua. As­ (applausos prolongados), pois que isso quer dizer
sim eu preferi falar da tribuna que é o centro da peri­ que ella funccionou com a maior regularidade e dos
pheria da Camara, onde fico equidistante de todos os seus trabalhos patrióticos, (applausos) de suas deli­
meus collegas que assim poderão escutar-me á von­ berações em beneficio do paiz e da Patria (apoiados
tade (apoiados geraes). E assim collocado, Sr. presi­ geraes) se lavrou uma acta que passará á Historia
dente, bem poderei dizer que estou no amago da como um dos mais nobres documentos da nossa
Camara. (calorosos applausos). cultura jurídica e social! (applausos prolognados).
O Sr. Jo s é Carlos de Carvalho.—E também no Pois bem, Sr. presidente, ditas estas palavras que
amago de nossos corações, (vivos applausos) acredito terem refutado victoriosamente as objurga-
torias civilistas (apoiados) eu deixarei esta tribuna,
O SR. ASTO LPH O DUTRA NICACIO. — Muito este centro, este amago da Camara, exclamando como
obrigado a V. Ex., mas é modéstia sua. Assim pois, o grande Danton nas prolicuduazes de Leoben; Sex-
desta posição de destaque a que me elevaram as quipedalia verbis inanis! Arrive qui pourra!
justas homenagens de meus dignos collegas (caloro­
sos applausos) eu com a devida venia, peço licença O Sr. Gonçalo Souto.—Amen.
para responder aos adversários das candidaturas es­ (Palmas prolongadas da bancada mineira. O ora­
pontaneamente lembradas pela convenção de 22 de dor é muito cumprimentado e abraçado por vários
Maio (iwos applausos) em obediência á vontade in- collegas).
contrastavel do illustre marechal que presidia os des­ Ferrolho
tinos da guerra com a maior circumspecção, habilida­
de e synergia habitual (calorosos apoiados ; applau­
sos da bancada mineira).
O Sr. Francisco Bressane.—V. Ex. está proferin­
do’ uma verdade profundamente histórica, (apoiados). QUEREIS SAUDE E VIGOR ? ? !
_ Ô SR. A STO LPH O DUTRA N ICA CIO .— Muito USAE O
obrigado a V. Ex., mas é modéstia sua. Sim, Sr. pre­
sidente, a Convenção de Maio, digam o que disserem
os nossos detractores é a summula equipolencia da
nossa vida política! (applausos). Ali se juntaram para
VITAGENOL
resolver a magna questão das candidaturas os maio­
res chefes políticos do paiz! (calorosos applausos),
Dcpositi Geril: Assimbléa, 33 — Rio do Janeiro.
Foi daquella reunião, daquelle concilio, semelhante EM S. PAULO: BARUEL & COMP.
ao de Trento ou do Vaticano, Sr. presidente, que sa-
hiram os nossos evangelhos republicanos! (calorosos
apoiados das bancadas rio-grandense e mineira).
Porque será que o Urbano Santos não anda mais
O S r Alaor Prata Soares.—Foi a congregação
dos verdadeiros Levitas do Alcorão ! (applausos pro­ em companhia do senador Feliciano Penna, do qual
longados). jamais se desatarrachava outr’ora ?
Acha-se funccionando este importante estabe­
HOTEL AVENIDA 0 iiiaior tioBrazíl lecimento (o maior do Brazil) 2 2 0 quartos, ele­
152 a 164, A V E N I D A C E N T R A L , 1 5 2 a | 64 vadores eléctricos — Diaria de 9$000 para cima.
Ponto dos bondes da jardim Botânico — SOUZA, C A B R AL = RI O DE J A N E I R O
diversões xposSçffio

O Dr. J. J. Seabra teve uma grande manifestação As cousas do Maranhão, ou antes o caso do Ma­
na Bahia e nella ouviu, dizem os telegrammas, vivas ranhão, descomplicou-se.
ao seu nome, de mistura com outros ao do senador Nem o coronel Mariano, nem o Dr. Collares. Veiu
Espia-Maré. um terceiro marido como pedia a ingleza do Surcouf.
Como é digna de applausos e commove a gente O Dr. Luiz Domingues é que está já preparando
a sua mensagem inaugural, em estylo do Padre Ma­
a união tocante dos dous grandes políticos! nuel BernardeS, o padre e não o jornalista.
Se a patria não for salva desta vez, então é por­ Por isso é que os livreiros altearam tanto o pre-
que está perdida mesmo. çodos clássicos.
C A R E T A

— E o Sr. consente que eu vá lá exprimentar uns


AVENTURAS DE IOÃO TAPIOCA tiros, com alguns amigos? perguntou Tapioca.
O homem não fez a menor duvida, pelo contrario
VII tinha nisso muito prazer. Ficou assim combinada uma
caçada para o proximo domingo.
Pelas palavras do secretario do ministro, Tapioca Já ia o homem se retirando, quando uma idéa fu-
percebeu que aquellas visitas eram convidados para silou no espirito de Tapioca. Chamou-o de novo, le­
um jantar de anniversario, e cahiu das nuvens. Não vou-o ao corredor, onde estiveram confabulando uns
podia atinar com o autor daquella,. peça de máo dez minutos. Ao despedir-se o caçador, Tapioca dis­
gosto. Durante alguns instantes, o pobre sertanejo, se-lhe :
em apuros, não encontrava solução para o caso. Afi­ - Pois fica combinado. Conto com o senhor !
nal uma idéa genial e simples, como todas as idéas — Póde ficar tranquillo. Se eu não arranjar a paca
ge niaes, lhe atravessou o espirito, com a rapidez e o será o veado.
brilho do relampago. Chamou o gerente da pensão — E não ha perigo delle fugir?
e ordenou-lhe que organisasse um jantar para aquella - Q u a l! E’ manso e alem disso está seguro.
gente e que não poupasse bebidas. — E está gordo.
Assim se fez. O banquete improvisado correu do — Está que faz gosto ! Só o senhor vendo.
modo mais amistoso. Apenas um ou outro conviva no- — O lh e ! Carga pouca espalhada e no pescoço !
tuo que Tapioca estava mais taciturno que de costume, — Sim senhor! Estou sciente.
e só raramente abria a bocca desdentada para res­ — E se os cachorros não tirarem um outro ?
ponder a uma pergunta ou agradecer a uma saudação. — Lá tem veado como terra. E paca também.
No fim da collação, o secretario do ministro apro­ Deixe por minha conta!
veitou um ensejo e deu ao Tapioca as explicações — Pois póde contar com os cem mil réis!
mais completas sobre a sua brusca despedida do mi­ O caçador sahiu e Tapioca subiu a escada, sem
nistério e o grande pesar de sua Ex, quando desco­ ouvir o riso abafado do Mattoso que, collado á porta
briu que ambos haviam sido victimas de uma mystifi- do seu quarto, do lado de dentro, ouvira toda a
cação. O sertanejo acceitou a explicação, deu-se por combinação.
satisfeito e declarou que procuraria de novo o mi­ Apenas o estudante percebeu que Tapioca se re­
nistro. tirara, poz o chapéu e sahiu. alcançando pouco adi­
A’s 9 horas se tinham todos retirado, e ficou Ta­ ante o homem da paca. Apresentou-se-lhe como com­
pioca só com as suas maguas, abrandadas pelo con­ panheiro e enviado de Tapioca para tomar mais al­
solo de reatar relações com o ministro, principal fito gumas informações sobre o logar exacto do sitio,
de sua viagem ao Rio. Como a noite estava abafada o meio de chegar lá, etc.
e fazia um luar claro como o dia, tomou o bonde e
foi refrescar-se a Ipanema. Fez-lhe bem o passeio. Tapioca, esfregando as mãos de contente, pegou na
Apenas passado o tunel, a brisa fresca e oxygenada do penna e escreveu a seguinte carta:
mar lhe penetrou os pulmões e tonificou-lhe o espirito. “ Ex.o Sr. Ministro.
A Copacabana tem isto de singular, é trahidora e Como sei que V. Ex. é grande amador da caça e ati­
pérfida para os seus habitantes e deliciosa para os rador de fiança, tomo a liberdade de convidal-o e ao
extranhos que a percorrem a passeio, embalados pelo seu amavel secretario para uma caçada no domingo, no
marulho das ondas. E’ um chauvinismo ás avessas. sitio de um amigo meu, a uma hora a cavallo do alto
O calor escaldante com que ella suffoca os morado­ da Bôa Vista. Conheço o logar bem. Ainda hontem der­
res nos dias de verão e os cyclones que devastam a rubei lá uma paca e não matei dois veados somente por
praia, uivando como lobos famintos, destelhando ca­ falta de cachorros. Ha lá tanta caça como no Buraco
sas e derrubando cajueiros, todas essas pragas e até Fundo. Se V. Ex. me der a honra de acceitar o convite,
os mosquitos, se recolham discretamente, apenas a irei sabbado á sua casa combinar a hora da partida e
bocca do tunel vomita um bonde ou automovel car­ outras disposições.
regado de excursionistas.
Tapioca achou tão bello e agradavel o passeio, Sou, como sempre, de V. Ex.
que recobrou alento e quando se recolheu ao leito, á patrício, am.°, cr.°, att.o, ven.°, mt.°, gr.°
meia noite, as suas maguas lhe pareciam pertencer João N. T. de A. Tapioca".
a um passado longínquo.
Poucos dias depois, Tapioca parecia outro homem. Como bom caçador, Tapioca não podia deixar de
Tinha sido recebido com o melhor acolhimento pelo mentir, quando se referia á caça. O ministro era outro
ministro, um dentista habil lhe restaurara os dentes Nemrod apaixonado. Tapioca sabia-o por noticia e con­
e tudo lhe corria ás mil maravilhas. tava, como certo, que acceitaria o convite.
Uma tarde appareceu na pensão um caçador da A intimidade de um dia em plena matta, a matalo-
Tijuca offerecendo uma bella paca. Tapioca, que era tajem comida em commum, num rancho de capim, as
o Nemrod do Buraco Fundo, interrogou o homem emoções da corrida atrás do veado, todos os encantos
com interesse e ficou informado de que elle possuia da caça, compartilhados com tão alto personagem, en­
um sitio, a uma hora a cavallo do alto da Bôa Vista, chiam de orgulho o sertanejo.
que o sitio tinha bellas mattas, que as mattas tinham Tapioca fechou a carta e enviou-a.
muita caça, que a caça era muito variada etc. PUCK

4 8 ÂNNOS DE SUCCESSIVOS TRIUMPHOS!


O tratamento radical de todas as affecções da pelle, rheumatismo e de todas
as moléstias que provêm da impureza do sangue consegue-se com a

SALSA, CAROBA E MANACA’


DE EDDENIO IM0UE5 DE H0LLTOH Approvada na Europa e no Rio da Prata
Depositários Geraes: A R A Ú J O F R E I T A S A C . Rua dos Ourives 114
M A R C A R E G IS T R A D A Em S. Paulo: B A R U E L A € . — MUITO CUIDADO COM AS IMITAÇÕES
O VEEDEE
Para M a s s a g e m Vibraloria
As pessoas com saude podem
nsa,l-o:
M a ssa g e m isicil. Não ha remedio como
o V e e d e e para fortalecer os musculos e
nervos do rosto, suavisar as rugas, esti­
mular as secreções retardadadas, tirar
as manchas e dar uma côr de saude á
pelle
V ig o r do ca b e llo . O V e e d e e estimu­
lando a circulação e augmentando a nu­
trição local faz parar a queda do cabello
e promove um crescimento exuberante.
A th le ta s . A massagem manual não pode
egualar as vibrações do V e e d e e para
fortificar, desenvolver e dar flexibilidade
aos musculos, tanto durante o exercício
como na occasião das provas. Dá cora­
gem e força.
T on ico g e ra i. Homens de negocio ou
senhoras que, tendo estado todo o dia
fazendo compras, voltam para casa can-
çados, encontrarão no V e e d e e um bello
tonico, tão tranquillo como o somno,
tão estimulante como a champanha sem
a sua reacção.

Os doentes podem em pregal-o:


O Veedee f a z ce s sa r a dôr
insta n tan ea m ente.
E ’ o melhor tratamento do mundo, para o
R H E U M A T I S M O E GOTTA
Não ha uma panacea absoluta no mun­
do, nem mesmo o proprio V eedee, mas
estas vibrações empregadas com regula­
ridade, conforme as nossas instrucções,
não causarão tanta contrariedade e muitas
vezes effectuarão uma cura permanente,
(o que se não dá com drogas, ou outros
methodos), nas seguintes doenças :

Rheumatismo e gotta. Varizes. Paralysia.


Asthma e affecções da garganta. Erupções cutaneas. Contracção dos membros, articula
Doenças dos pulmões. Insomnia. h 3 ções ou musculos.
Nevralgias e dôr sciatica. Neurasthenia. Grippe e defluxos.
Fraqueza da vista. Dyspepsia. Surdez.
Tumores e glandulas enfartadas. Doenças dos rins. Debilidade geral e falta de forças.
Doenças do coração. Doenças do figado. Hemorrhoidas.
Doenças das senhoras. Cólicas e outras affecçõse intestinaes Prisão das articulações, etc., etc.

V id e e x p o s iç ã o v it r in e , C r ia n d o R a n g e l & C.

DEPOSITÁRIOS QERAE5 NO BRAZIL: AVENIDA CENTRAL, 140=RI0 DE JANEIRO


Peça-se Folheto Explicatorio n. 2
O chefe da casa chegou ao meio dia, tirou o pa- O Dr. Carlos de Laet com os seus artigos em
letot e começou a fiscalisar o movimento. defeza das candidaturas da Contravenção, ao que di­
O caixeirinho esperto andava, numa dobadoura, zem correligionários seus, está armando uma ponte-
de um lado para outro, todo atarefado no serviço, e sinha em que passe com armas e bagagens para os
na melhor disposição deste mundo. Chegando-se ao arraiaes republicanos.
guarda-livros, o chefe da firma chamou-lhe a atten- S. S. está ahi, está como em 1889, deputado por
ção para actividade do menino: dous ou tres estados que con heça... no mappa.
— Veja que esperteza! E’ um azougue. M a s ...
coitadinho 1
— Coitado, porque ? indagou o guarda livros.
— Porque daqui a uma hora elle começará a sen­ EM TRAJOS MENORES
tir dor de cabeça. A’ uma e meia, a exigencia aper­ Segundo proclamou a heróica imprensa
tará. A’s duas elle se deitará em cima de um sacco, Que, em pról do Hermes, votos alaparda,
gemendo. A’s duas e um quarto começará a gritar e Outro não ha de alma tão propensa
terá ancias de vomito. A’s duas e meia, sentindo-se Ao bem da Patria que o civil retarda.
muito mal, pedirá licença para sair e recolher-se á
cam a... Muita gente suppõe que Marte vença,
— E ás tres ? Sem que ao nariz do Z é suba a mostarda..
— A’s tres estará no caes de Botafogo, Não viu “Será eleito, dizem, porque pensa
nos jornaes que ha hoje regatas ? “Nos degráos do poder despir a farda !„
Povo ! recobra o animo abatido !
O Dr. Serzedello anda animado, cercado por am­ Não deixes que o Hermes seja o preferido
bos os tres partidos municipaes. Do Brazil, cujo credito agonisa 1
Cada qual o puxa para o seu lado. E’ questão de pudor, porque, si eleito,
Como é tocante essa unanimidade, senhores! Co­ Despir a farda, falta-te ao respeito:
mo isso regosija a gente! — Vae governar-te em fraldas de camisa!
O diabo é que isso acontece a todos os Prefei- 18—7—09.
tos. no principio J. P in to

A. CÂM O HBÂTU RÂS

Com ido contra a candidatura Hermes, realisado no Largo de S. Francisco, na quinta-feira.

A CASA “ R A U N IER ”
Recebeu um bellissimo sortimento de camisas para
dia e noite, saias, calças, combinações, guarnições
para cama e mesa e outros artigos de optima quali­
----------- R O U P A B R A N C A ------------ dade por preços rasoaveis. - —
C A K h: r A

A MODA DAS CASACAS Para figurar em festa


Que não seja de apparato
E de assistência modesta,
Senhores, a toilette Casaca pello de rato.
Do tom, do ultimo rigor
Minha casaca,
Dernier bateau, petrolette,
Russa ficou,
São as casacas de côr.
Sou petrolette,
Na moda estou.
Minha casaca
Sarapintou, Em casamentos de elite
Sou petrolette, O cavalheiro taful
Na moda estou, Deve ir de côr, mas evite
---- - Casaca roxa ou azul.

Â9 mamora aunnieirfaiiM Minha casaca


Arroxeou,
Sou petrolette,
Na moda estou.
Se a noiva é bonita e nova,
E o casamento, na igreja,
E ’ correcto a toda prova
Casaca côr de cereja.
Minha casaca
Encerejou,
Sou petrolette,
Na moda estou.
A baptisado ou enterro
O bom tom de hoje aconselha
(Talvez isto seja erro)
Ir de casaca vermelha.
Minha casaca
Avermelhou,
Sou petrolette,
Na moda estou.
Para visitar a amante
A’ porta, ou mesmo á janella,
Moço que fôr elegante,
Vá de casaca amarella.
Minha casaca
Amarellou,
Sou petrolette,
Na moda estou.
Verde ou azul, pezada ou leve,
Tudo permitte a etiqueta,
A moda de hoje proscreve
Somente a casaca preta.
Minha casaca
Preta ficou
Fui petrolette,
Já não o sou.
PUCK

- Então temos o Tosta nos


— Não me passes o braço na cintura. Correios, hein?
— O que tem isso? O lugar é discreto. E que não fosse ! pensam que somos — Pudera ! Pois aquillo não
americanos. é a Repartição postal?
Grandes Prêmios Derby-Club e Rio de Janeiro em l.° de Agosto

5. Ex. o Sr. Presidente da Republica D r. N ilo Peçanha em companhia do D r. Paulo de


Frontin Presidente do D erby-Club subindo as escadas do Pavilhão Central.

S. Ex. o Sr. Presidente da Republica D r. N ilo Peçanha no Pavilhão Central.


CARETA

D
Grandes Prêmios Deròy-Clul) e Rio de Janeiro em l.° de Agosto

Aspecto do Prado por occasião da chegada do Sr. Presidente da Republica.

O R L A N D O Está succedendo uma cousa pavorosa com o Dr


Gottuzo: o smarí cavalheiro, tendo ouvido falar que
Arthur, da Equitativa, num accesso certo remedio é bom para os cabellos, teve a idéa de
De modéstia, deseja a presidência,
Celebra-lhe das arcas a opulência, experimental-o na metade do cabello: e o que acon­
Canta-lhe a gloria, exalta-lhe o progresso. teceu foi que deste lado nasceu um abundante cabello
Mas repelle-o a Assembléa e Arthur possesso, negro e do outro continuou a dar sorte a bella piruca
Onde vira honrade ":ha indecência loira.
E corre a denuncia. com vehemencia,
Não no juizo legal, mas no Congresso.
Ao lel-o vejo ao luar, nas mãos, luzente,
NÃO COMPREM JOIAS SEM PRIMEIRO
Sob os balcões da Equitativa, a lyra, = = = = = VISITAR ....
O seu vulto manque de presidente
Erguer a fronte que o despeito inspira,
E pallido cantar com voz plangente :
“A P É R O LA ”
“Quizera amar-te mas não posso, EIvira!„ RUA DA C A R IO C A , 46
Os meetings politicos do novo leader estão mar­ G. C A P R I O
0 >■ ■
cados para as segundas-feiras. *
Verão os senhores as phosphoricas brilhaturas do
Dr. Acacio Dutra. — O Orlando f e z .. .
— Ora o Orlando. . .
— O Conde Affonso Celso com o A rth u r... — Leste o discurso do Orlando ?
— Orlando ? Ora o O rlan do.. . — Li. Coitado do Orlando.

Exposição das novas fôrmas de chapéos em


CfíSfí OUVIDOR palha para a próxima estação. © © © © #
- 171 —O U V I D O R —171 —-------
C A R E T A

CARTAS DE UM MATUTO

Comadre, na outra carta Mas despois oiei Biella Despois que quebrei cabeças
Que ocê leu no dia trez, E vendo ella espantada, De toda raça de gente
Te contei a estrepolia Já com sua fuça vermeia, Senti assim um allivio
Que o tal cavallo me fez; Não sei por quem arranhada, Que me veio de repente;
Eu podia tá sarado Eu disse brincando co’ella: O coração que me andava
Se não fosse as marvadez - Biella, isto n’é nada! Apertado e descontente,
Das brincadeira estovada Entonces senti no côco Só ficou mais sastisfeito
Que arranjaro arguns inglez. Uma forte bordoada. Dispois do tal tempo quente.

Como ocê sabe, comadre, Toda a minha paciência E’ que a gente neste mundo,
Já tem outra Exposição, Eu perdi neste momento, E’ bão, tem sua paciência ;
No mêmo logá da outra Segurei bem o porrete Soffre as coisa mais ingrata
Co'a mêma inluminação ; E gritei aos quatro vento: Se curva ás conveniência:
A gente p’ra í vê ella —“ Isto não presta pr’a nada Mas des’que vem páo no lombo,
Paga os mêmo dez tostão, Nem é advertimento! Adeus, se perde a decencia,
Anda nos mêmo caminho Eu quero só vê os bicho, E se vinga nos mais tolo
Vê os mêmo pavião. Não gosto de estovamento !« As dôr de toda a existência !

Só tem uma defferença Biella raiou commigo Eu, p’ra falá com franqueza,
Que eu cá achei mais mió: Não me deixou protestá, Qostei muito do brinquedo:
E’ que o cobre do buleto E Bibi toda assustada Estes ingrêz tem devéras
Se gasta com menos dó, Fallou para me explicá: Para a coisa muito dedo !
Porque tava annunciado “ Papae, não dê este escando, Mas noutra dança d’aquella
As festança mais maió, Deixa os ingrêz trabaiá, Não vou mais, que tenho medo,
Que a gente gozava deilas Isto é brinquedo moderno Eu tou véio caducando
Pagando sua entrada só. Vamo vê, mas sem falá«. Mas p'ra morrê inda é cedo.

Os jorná vivia cheio Entonce calemo a boca, Muita gente me agarante


De annuncio por todo lado; Fiquemo quéto, encoido ; Que fut-ból é pió,
Tinha annuncio nas parede A pedra nos vinha em riba Enr vez de se dá co'a mão
Tinha annuncio nos teiado; E nós nem dava um gemido : Com bengala ou guardasó,
Os bonde era só annuncio, Só despois que vi policia, A gente dá pontapé
E todos elle engraçado, Vi que nós tava illudido : Sem piedade e nem dó,
Com onças, tigre e macaco Entonce dei bordoada E’ que o brinquedo de soco
E aliphantes pintado. Que nem um doido varrido! Dos ingrêz é o chodó.

Eu tava cégo de raiva Comadre, tou sastifeito


Diziam mil maravia
Não oiava em quem batia: Tacalão já é tenente,
Que os ingrêz ia fazê :
Cada vez que o páo baixava Com seus dous galão no braço
Era qüédas de cem metro
Era um honre que gemia; O home tá imponente :
Mergúio, não sei mais quê,
Eu me vingava nos outro, Agora já tenho orgúio,
Assubida em dirigive
Sem pena, nem quinomia, Tou c’um genro bem decente,
Que nem poude se enchê,
De tudo o que os carioca Mas tombem já era tempo...
Os leão já ensinado, Bibi tá por brevemente.
Tudo isto ia se vê. De mal me fizero um dia.
A gente agora percisa
Por isto, mia comadre, Quebrei umas seis cabeça De vivê com ella alerta,
Nós já tava muito affrito, P’ra me vingá do hotelêro, Fazê ella dá passeio,
Para vê estes brinquedo Que rouba nas suas conta Se mexê, ficá esperta :
Que devia sê bonito ; E nos comê sem tempero; Si ella qué comê um doce
No domingo, fomos todos, Dei um pescoção num cabra Eu compro e lhe faço offerta,
Não tinha nada, só grito, Que rolou e fez berrêro, Só para evitá que nasça
Pedra avoando pr’o riba P ’ra vingá dos que caçôa Menino de bocca aberta.
Que parecia um confrito. Dos meus modo de minêro.
Só agora tou sabendo
Nós entremo e vendo o povo Vinguei todos perjuizo Que aquillo na Exposição,
A ’s pedrada e cachação, Que soffri dos carioca; Não se lia no programma
Fiquemo desconfiado Os seus riso de pagode Foi rolo, foi confusão.
Espiando co’attenção: As suas grande potoca; Sendo assim, volto domingo,
O berreiro tava brabo, Vinguei as cartas anônra, Com Biella e com Romão.
Nós não via nem leão, E de Bibi as beijoca, Do compadre véio e amigo
Nem muié montada em tigre Tudo, emfim, que me fizero
E nem tão pouco o balão. Teve no páo sua troca. T ib u r c io d ’A n n u n c ia ç ã o
C A K JG T A

O Dr. Cunha Vasconcellos, delegado de policia O Sr. Trabuco de Gouveia, digníssimo deputado
offerecerá amanhã um jantar ao seu grande amigo pelo Sr. Pinheiro Machado deve em breve dias es­
Pinto de Andrade por motivo deste ter escapado in­ tre a r... um terno srnart na Camara.
cólume aos perturbadores das sessões da Camara. S. E x . a é um cidadão de idéas muito adeantadas
Registramos com prazer essa fraternal festinha em questões de roupas.
promovida pela digna autoridade, que se caracteriza
por sua grande imparcialidade no exercício de suas
funcções. — O Dr. Domingos Guimarães, jornalista em dis­
Ainda não perdemos a esperança de vel-o na chefia ponibilidade, adheriu ao Dr. Severino Vieira. Não se
de policia. devem desprezar as velhas amizades, cimentadas por
annos de carinhos.
O Sr. Astolpho Accacio Dutra é o leader da Ca­
mara na ausência do Dr. J. J. Confirmou-se a noticia que ha tempos por um
Applaudimos com enthusiasmo essa substituição. excepcional furo de reportagem, publicou a Careta-.
A política sendo como é um joguinho muito peri­ O nosso querido amigo Felix Pacheco foi eleito
deputado pelo Piauhy, e em breves dias vel-o-emos
goso é necessário que o trunfo fique sempre em tomar assento na Camara.
mãos tão firmes como as do abnegado Luzeiro de Só assim perdoaremos a senatoria do coronel
Cataguazes. Gervasio de Britto e Nascimento da Silva Passos.

TRÂÍMG

V . E X . TEA4 U M A R G E N T I L D E D E S L U M B R A M E N T O .
O LA N A T U R A L E Z A !
DERBY-CLUÍB
Grandes Prêmios Derby-Club e Rio de Janeiro em l.° de Agosto

O s vencedores do grande prêmio Derby-Club —Indiana montada pelo jockey Joaquim Silva
Sterlina II montada pelo jockey A . Zalazar.

Partida do 2.° pareo.


C A R E T A

DERBY-CLUIB
Grandes Prêmios Derby-Club e Rio de Janeiro em l.° de Agosto

Arlequini, vencedor do 2.° pareo montado Clam art, vencedor do grande prêmio Rio
pelo jockey Domingos D ias. de Janeiro, montado pelo jockey A . Zalazar.

ASTOLPHO - Então, na Camara, o O rlan d o...


— Ora o O rlando.. .
Na rua cujo nome encerra a gloria
De Barroso e os fragores do Amazonas, Consta que um deputado mineiro vae processar o
Sonham meninas, dormem solteironas, Cinema S. Christovam por ter exhibido a fita—O
E de Minas medita a gente florea. Beijo de Judas.
Oraves, a austera fronte merencorea, GRANDE LIQUIDAÇÃO DA
Solons aos quaes, Mineiro, te abandonas,
Estão alli, vindos de longes zonas,
Para da Patria dar mais lustre á historia.
Alfaiataria Santos Dumont
S e n d o e s t a a p r i m e i r a li q u i d a ç ã o q u e f a z e s t a a l f a i a t a r i a e t e n ­
d o j á d e z a n n o s d e e x i s t ê n c i a , q u e r d iz e r c o m is t o q u e é u m a v e r ­
Supplicam, Dutra, que primeiro fales, d a d e i r a li q u i d a ç ã o q u e v a m o s f a z e r ; p a r a m a i s f a c i l i t a r , e p a r a q u e
O barbado Penido a orelha estende o s S r s . fr e g u e z e s a c r e d ite m q u e é u m a le g it im a liq u id a ç ã o , m e n ­
c i o n a m o s a l g u n s p r e ç o s , a f im d e q u e o f r e g u e z q u e c o n h e ç a e s t e s
E estende a panda orelha o Chico Salles. a r t ig o s s e s c ie n t ifiq u e d o q u e e s c r e v e m o s ; e o s S r s . fr e g u e z e s , q u e
n ã o c o n h e ç a m o a r t i g o , q u e i r a m s d m e n t e , q u a n d o d e s e ja r e m c o m ­
Muda, a assembléa de teus lábios pende, p r a r q u a l q u e r r o u p a , ir e s p e c u l a r n o u t r a c a s a , a f im d e q u e , q u a n d o
E a tua phrase, mais que um sol nos valles, c h e g a r e m e m n o s s a c a s a , c o m p r e m s e m r e c e io e c r e n t e s d e q u e
e s t a c a s a é a m a is b a r a t e ir a d a a c tu a lid a d e .
Polida bota envernizada, esplende!
V o l -T aire Um t e r n o d e s a r j a , p r e t a o u a z u l , l ã p u r a ......................... 36$000
Um c o s t u m e d e d i a g o n a l p r e t o .......................................................... 18$000
Um a c a l ç a d e b r im d e l i n h o ................................................................... 6$000
Um p a l e t o t d e a l p a c a p r e t a , f o r r a d o ........................................... 13$500
O Dr. J. J. Seabra está definitivamente disposto a Um t e r n o d e c a s e m i r a j a p o n e z a , n o r ig o r d a m o d a 28$000
Um d is t in c t o s o b r e t u d o d e m e lt o n , fo r r a d o á fr a n -
enfrentar de frente como disse em seu discurso ou c e z a ................................................................................................................................ 40$000
meeting ultimo os adversários da candidatura Her­ A s r o u p a s s o b m e d id a s o f f r e m g r a n d e a b a t i m e n t o .
E n v ia m e n c o m m e n d a s e a m o s tr a s p a r a o in te r io r .
mes.
S. S. é um homem decidido! Já no primeiro 192, R U A 7 DE S E T E M B R O (antigo 144)
meeting entrou no am ago; agora enfrenta de frente ; Cústmivo F ilh o «£• Alm eida
quando for o terceiro meeting o que fará o Dr. Sea­ — A Equitativa desta vez com o O rlan d o...
bra ? — Ora o Orlando. ..
J . Pindoba (Rio). Ora, seu Pindoba, isso é velho
DR. RODOLPHO MIRANDA como a Sé de Braga. Arranje cousa original.
C. A. Mello (Rio). O senhor com o seu soneto
justifica seu nome. Pobre de D. Maria Amélia ; que
lhe fez a moça para o senhor dedicar-lhe tantas as­
neiras ? Tenha juizo moço.
Stella (Rio). Seu trabalho não está nos moldes
da nossa revista. Sentimos, tanto mais quanto é de­
dicado a um nosso querido collaborador.
Olympio Salatier (Pernambuco). Seu “ Baile Satur-
nal„ foi lido por um de nós, os outros escutando
attentamente.Um de nós foi atacado de hepatite-agu-
d a ; o outro resolveu entrar para um convento de
freiras; um terceiro precipitou-se pela janella e foi
cahir dentro de um automovel que passava a toda
velocidade, de sorte que delle não sabemos ha quin­
ze dias. Só o que isto escreve resistiu por ser surdo
como uma porta. Seu Olympio você é um assassino
que no outro mundo ha de pagar tantos malefícios.
Leonardo Veiga (Rio). O seu “Eterno desejo,, foi
A sympathica figura do illustre deputado paulista, para a cesta apezar do seu amor longévo.
que é ao mesmo tempo um dos mais opulentos in- O. Gomes (Ribeirão Preto). Não é de nossos há­
dustriaes de S. Paulo, é mais que conhecida no meio bitos publicar musicas: Entretanto agradecemos pe-
carioca, que o acata pela alta distincção das suas nhorados sua lembrança. Segue o original pelo cor­
maneiras de gentJeman. O deputado federal Rodol- reio, junto com este numero.
pho Miranda é director e proprietário exclusivo da Antonio Manoel (Bello Horizonte). Não vale a
grande fabrica Arethusina, de Piracicaba, uma das pena occupar-se a gente com tão illustres desconhe­
maiores fabricas de tecidos do Brasil. E’ director cidos, apezar dos cargos que occupam.
ao mesmo tempo de innumeras companhias e é um Evandro Dioneu (Coritiba). Ahi ha excellentes
dos membros do Conselho Fiscal da Economisadora poetas como Dario Velloso. Euclydes Bandeira, Is­
Paulista, caixa de pensões vitalícias, que conta em mael Martins e outros muitos. Porque não se dirige
um anno 25.000 socios e cuja filial no Rio, a cargo do a um delles? Evitaria assim enviar-nos producções
conceituado commerciante sr. Arthur Guimarães está indignas de publicidade como o seu “Monge,, que
situada á rua 7 de Setembro, 113 (moderno). term na ;
Mergulha o olhar no sacro Breviario
GAVETA DE CARTAS Mas entre as santas letras do sacrario
Surge radiante um vulto de Mulher.
Duque de Cantabria (S. Paulo). Seu soneto além E o pobre velho, o santo monge, a custo
de aleijado é um rosário de asneiras. Deixe a ban- Tremula a mão avança p’ra colher
durra meu caro e pegue no cabo da enxada que ti- A flor aerea de tão regio busto !
rari mais proveito... e nossos leitores também. Isso seu Evandro é asneira.
Jo s é Antonio da Silva (Parahyba). Suas notas são Calliope (Nitheroy). Ex. mais amor e menas con­
mais ou menos a reedição das primeiras. Veja se ar­ fiança. Não vê que a gente cahe de cavallo magro.
ranja cousa nova e original. Pois um soneto celebre de Raymundo Correia, lá
Sebastião I. Pereira (Rio). Seu soneto “A Misé­ poderia ser seu? Que coragem, senhorita! Que co­
ria,, deixou-nos assombrados, caro amigo Pereira. O ragem 1
amigo com certeza é caixeiro de casa de pasto e
canta a lista aos freguezes com voz de barytono de Os operários vivem a assediar o Conselho para
zarzuela. Irra! Vá para as profundas I
que trate com urgência do projecto Garcez instituin­
Adhemar Neiva Dias (Rio). Louvamos muito o
seu patriotismo, tanto mais quanto a sua idade de­ do Escolas' Noctutmas.
veria antes inclina!-o para os brinquedos do que para Ora, os operários são muito ingênuos... Não vê
a política. M a s ... a poesia carece ser cultivada com que o Conselho Municipal quer lá tratar d is s o !...
carinho; deve-se escrever muito e não publicar senão Para que precisam os operários de saber ler ?
o que é bom. E o bom é muito difficil de conse­
guir. Não as publicamos, mas não o desanimamos Isso é bom para os intendentes.
também.
O Chêne (Rio). Appareça pela redacção. Nos proximos exames do Instituto Nacional de
Tiburcio Ju n ior (Cataguazes). Como deve ter ve­ Musica, o alumno que mais se distinguir na aula de
rificado não temos deixado de tratar bem o seu que­ instrumentos de sopro, terá como prêmio uma ri­
rido amigo. Mas a anedocta que nos envia é velha. quíssima requinta de prata.
Conhecemos as propensões daquelle deputado para E’ a primeira vez que se distribue esse prêmio,
o jogo e para as mulheres. Mas convem poupar a creado pelo Dr. Seabra quando ministro, e denomi­
representação nacional. Gratos pelos conceitos. na-se : prêmio Bueno Brandão.

CREAÇÃO INTE1RAMENTE NOVA


O m ais e le fa n te e o m ais confortável
: M A N U F A C T U R A D O EM PA R IZ
123. m 5ETE DE 5ETEÍ1BR0, 123 — {mm Cfl5fl CflVÉ)
C A N 1C T A

Recepção Díi pioraste nu© Ctüeíe

/
. S. F x s . o s S r s . E t . J u h o F e r n a n d e s , F a r ã o d e A n t h o n a r d e C o n d e d e S e h r , m in is tr o s d a A r g e n t i n a , d a F r a n ç a
e d e P o r t u g a l. — 11. O s r . P i e r r e M a x im o z v , e n c a r r e g a d o d o s N e g o c io s d a R ú s s i a . — ///. B a r ã o d ’A n t h o u a r d ,
m in is t r o d a F r a n ç a , s r . J o s é M a r i a C a n t illo , s e c r e ta r io d a L e g a ç ã o A r g e n t i n a , B a r ã o R i e l d de R i e d e n a u ,
m in is t r o d a Á u s t r i a - H u n g r i a .

I . O B a r ã o R i e l d d e R i e d e n a u , m in is t r o d a Á u s t r i a ; C o n d e d e S e h r , m in is tr o d e P o r t u g a l ; C o n s e lh e ir o B a r b o s a
d o s S a n t o s a d d i d o h o n o r á r io á L e g a ç ã o d e P o r t u g a l; J o s é L a m p r e ia a d d id o á L e g a ç ã o d e P o r t u g a l . —II. Com -
m e n d a d o r L u i g i B r u n o , m in is tr o d e I t a h a e C a v a lh e i r o R i c a r d o B o r g h e t t i, s e c r e ta r io d a L e g a ç ã o de
l í a lia . — 111. B a r ã o d e N o r d e n f l y c h t , e n c a r r e g a d o d e N e g o c io s d a A l le m a n li a e o te n e n te H a lls t r o m ,
a d d id o m i lit a r d a A l le m a n li a . — I V . S r . D . H e r n a n V e la r d , m in is tr o P e r u a n o e o s e c r e ta r io
d a L e g a çã o , D r . A n n ib a l M a ú rtu a .

1. S r . D . C l á u d i o P i n i l l a , m in is tr o d a B o l í v i a ; S r . D i a z R o m e r o , s e c r e ta r io d a L e g a ç ã o d a B o l i v i a ; S r . A n s e lm o
d e la C r u z , e n c a r r e g a d o d o s N e g o c io s d o C h i l e .— 11. M o n s e n h o r B a v o n a , n ú n c io a p o s to lic o , d e c a n o d o C o r p o
D ip l o m á t i c o .— / / / . S r . E lm a n o V ie ir a a d d id o á L e g a ç ã o d o U r u g u a y , e o s S r s . R . N o d a , s e c r e ta r io
, d o J a p ã o e U c h id a , m in is tr o do Ja p ã o .

Sabendo que o cargo de leader passou por dias O Ceará vae eleger senador a um desembargador
ás finas mãos do Dr. Acacio Dutra, uma commissão em disponibilidade como o senador eleito por Sergi­
de damas gommeuses vae em breve procurar S. Ex.a pe, que o senado queria considerar inelegível.
para lhe pedir que advogue com calor a elevação dos Vamos ver como votará nesse caso o desembar­
fretes... nas Emprezas de navegação e estradas de gador Urbano Santos, magistrado em disponibilidade
ferro. O Dr. Accacio é consumadissimo aliás em se­ também e um dos autores da doutrina da incompa­
melhante matéria. tibilidade.
C A R E T A

AOS FOGUINHOS. . . res por sua indemonstravel superioridade, e está já


consagrado nos grandes centros scientificos do Uni­
verso. Consiste no seguinte ; com uma torquez ou
alicate, (é preferível a torquez de que usam os ferra-
dores por ser mais resistente) agarra-se delicadamen­
te o dolorido dente, e vae-se-o fazendo girar vaga­
rosamente no alvéolo gengivo-maxillar.
Em geral desde que o dente tenha dado tres re­
voluções completas a carnação circumdante desape­
ga-se com facilidade de sorte que o dente por si
mesmo habeas-corpa-se da cavidade.
Depois de fóra do alvéolo, deposita-se o dente
sobre uma mesa, Agarra-se-o em seguida com uma
pinça nikelada e com um palito de prata limpa-se
cuidadosamente o alludido buraco dolorido.
Isto feito procede-se a um minucioso exame por
meio de uma lente de ourives, daquellas que parecem
um monoculo saliente, para averiguar se o caruncho
ainda está dentro.
Se se constata a sua estadia, com uma seringa
de Pravaz arruma-se-lhe uma injecção de formicida
Capanema, benjoato de sodio e agua de Carabana
(àà. satis ana. Misture e mande), procurando attingir-
lhe o uropygio o que é uma operação difficil e deli­
cada que exige uma longa pratica pharmacologica.
Se mesmo com essa injecção o bicho não se re­
solve a sahir usam-se então os grandes meios, isto
é, com um maçarico de bico bem fino, projecta-se uma
chamma azulea de um bico Auer sobre a cavidade,
até o corpusculu dentoide attingir o rubro. O sopro
não devendo ter solução de continuidade, será pru­
dente usar um folies de couro de cabra que são os
melhores. Com esse processo sempre o caruncho fo­
ge, ás vezes cavando um caminho até o bico das
raizes, mas deixando definitivamente o dente, cuja
cavidade se obtura então com um mastique feito
com cal, gesso, collatudo e betume da Judéa.
Em seguida faz-se volver tudo ao alvéolo gengi­
vo-maxillar e com umas tres pancadas dadas com um
martello pilão elle fixa-se novamente.
Podemos garantir que desse dente não mais sof-
frerá o paciente.
—D iz e m q u e o s f o g o s d a E x p o s iç ã o n ão sã o b o n s • D r . B o t icã o
—Fogos! Q u e im p o r ta m o s f o g o s ! E u q n e r o é q u e
n o s v e ja m .
O brilhante recinto da Exposição merece, cremos,
a benevola concorrência do publico. O esforço dos
emprezarios que procuraram emprestar a exposição
CONSELHOS E RECEITAS deste anno a alegria das diversões que faltaram á
P a r a cu ra r a dor do «lentes outra deve e será compensado pela generosidade da
nossa população, que dispondo dos mais bellos pas­
Como toda a gente sabe e ninguém ignora con­ seios do mundo não tinha um ponto de reunião ele­
sequentemente, as dores de dentes são das cousas gante.
mais incommodativas que no mundo existem. Em Censuraríamos o logro da noite inaugural si a
geral ellas só dão nos dentes; também isto é o que empreza não se houvesse, a nosso ver, plenamente
nos vale, pois se atacasse outras partes do corpo justificado, pois não só o nosso péssimo regimem
ninguém sabe o que de nós seria. Os dentes como alfandegario lhe creou embaraços para o desembar­
diz o eminente mestre Dr. Silvino Mattos são corpús­ que de seus materiaes como a turbulência de typos
culos marfineos que vêm dos Estados-Unidos em suspeitos damnificou apparelhos já armados e que
caixas e servem para mastigar os alimentos e tam­ foi preciso concertar.
bém para morder o que é uma das suas mais impor­ Ha, na Exposição, muita cousa digna de ser vista.
tantes funeções physiologicas. Vamos á Exposição, amigos, não se diga que uma
Pois bem esses insignificantes animalculos que o capital que pretende ser a primeira da America do
vulgo denomina carunchos, necessariamente quando Sul não póde sustentar um pequeno centro de ale­
aborrecidos de sua alimentação milhai, costumam gria.
atacar os dentes, nelles fazendo umas cavidades que
o vulgo denomina buracos, e os ditos buracos doem
muito com as variações temporaes da atmosphera A Faculdade de Medicina tem um laboratorio de
ambiente. Chimica. A’ primeira vista, todo o mundo de bom
Ha diversos modos de curar as dores de dentes, senso julga que tal laboratorio se presta para o estu­
entre ellas de botar um algodãozinho embebido em do pratico de Chimica e que os alumnos têm o di­
substancia medicamentosa que varia conforme os gos­ reito de nelle penetrar, fazer preparados, etc.
tos individuaes de cada um. Mas, é um doce engano! Solemne e ameaçador
Modernamente porém o Dr. Chaveta, um dos ha o seguinte aviso na porta do laboratorio:
mais eminentes propedeutas do Univerno descobriu “ E’ prohibida a entrada de estudantes neste labo­
um novo processo que desbancou todos os anterio­ ratorio,,.
3 Medalhas de Ouro
E ’ u m a C re a ç ã o
S c ffr e is da p e lle ? - Q u e r e is s e r f c r m c s a ? — V sae

J â D ^ C S o o r o lo
ü a i i r l e

O m elhop p e m ed io p a p a m o lé s t ia s d a pelle, fe p id a s , c o m ic h o e s ,
b p o to e ja s, sa p d a s p a n n o s , m a n c h a s , etc.

VENDE-SE EM TODAS AS DROGARIAS, PHARMACIAS E PERFUMARIAS

Depositários: ARAÚJO FREITA S & C.— 1 14 Rua dos Ourives— Rio de Janeiro
Exposição de 1909

O povo no recinto.

Carteira do Trinca-Figos gumas vezes em baixo, no dia 30. Esse procedimento


podia ser attribuido á maldade, principalmente no ca­
so do pensionista desprevenido. Mas não era. Fazia
Houve um philosopho, stoico ou cynico, ou tal­ isso por simples fomalidade, por habito inveterado.
vez peripathetico. que affirmou que os homens são Nós, por esse motivo, perdoavamos, púnhamos a
mãos. E se não aff rmou, devia ter affirmado, apezar conta no bolso e esperavamos a repetição da scena
de ser um erro. Quando se quer avançar qualquer no f m do mez seguinte, sem que houvesse um só
asneira, póde-se com segurança attribuil a a algum desaguizado. Essa mulher era boa e os pensionistas
ph losopho, porque um proverb o ha que reza: não também. Os ensopados da pensão eram incormveis;
ha absurdo, por maior que seja, que não tenha sido causavam nauseas ao estomago de uma estatua e
dito por algum philosopho. Já se vê pois que esta nunca houve senão reclamações moderadas.
asserção: os homens são máos. por isso mesmo que Nessa occasião eu tinha um companheiro endi­
é absuurda, á foi pronunciada por algum delles. nheirado, com o qual costumava jogar uma partida
Philosopho, como o leitor sabe, é um homem ve­ de bilhar toda a tarde. Quando eu fazia uma boa ca-
lho, de barba crescida, que mora numa casa ou num rambola, os assistentes ficavam mudos. Si o meu
tonel, e passa a vida falando em : ser, causa, subs­ companheiro errava, exclamavam todos: muito bem !
tancia, absoluto, erro e outras coisas que elle mes­ quasi! passou perto I Qual o movei desse procedi­
mo não entende. Mas isso não vem ao caso. Eu es­ mento ? Pura bondade. Silenciando sobre as minhas
tava refutando este theorema: os homens são máos. carambolas, não me insuflavam o orgulho, que é um
Vou combatel-o com exemplos. sentimento inferior; elogiando as tacadas falhas do
Já morei em uma pensão, cuja d o n a ... A dona meu adversário, estimulavam-no, incutiam-lhe cora­
era mulher. Precisa de outra digressão pa^a mostrar gem, e faziam jus aos chopps, o que dava lucro ao
que a mulher é homem. No latim, homo, inis signifi­ dono do botequim.
ca todos os bipedes sem pena, salvo os pintos pella- Não sou capaz de escrever senão em estylo mas­
dos. E o meu professor de Direito romano dizia, tigado. Se minha penna não fosse tão gagaa, desen­
tratando das núpcias: o casamento só é permittido rolaria aqui uma série de provas, demonstrando que
entre dois homens de sexo differente. Esta regra foi os homens são bons.
infringida por N e r o ... Mas assim isto iria longe. Si
o leitor não acredita que a mulher é homem, salte T r in c a -f ig o s

esta pagina e vá lêr a Carta do Matuto ou apreciar


as gravuras. Fomos rever, na Exposição, o Theatro decorado
Voltando á vacca fria. A dona da pensão tinha o
costume de, todo o fim de mez, pôr em frente de pelo Raul, o jurisconsulto caricato. Maravilhosamente
cada hospede a sua conta. Quer o hospede tivesse ruim aquella decoração!
ou não dinheiro (e ella não o verificava préviamente) Não se sabe, examinando-a, se o Raul a executou
podia contar com a sua conta em cima do prato, al­ com as mãos d’elle ou com os pés dos outros.
C A R E T A

Exposição de 1909

* * * Anatole France, a maior mentalidade fran- E de mais a mais, suppunhamos que Anatole te­
ceza da epocha actual, para suavisar a monotonia de nha ido ao Concerto Avenida, sem nenhuma ideia,
uma noite passada num quarto de pensão, foi ao sem o fito de observar costumes, mas simplesmente
Concerto Avenida. por ir, por um habito : que tem isto ? Só porque é
E ao redor deste caso tão simples formaram-se litterato ?
acaloradas discussões. Para alguns, de espirito phan- Pois o Elisio de Carvalho não vae diariamente ao
tasioso e romântico, Anatole ficou despido daquella Concerto ?
indefinivel auréola que envolve um setni-deus, e se
tornou um homem de carne e osso, desde que foi
roçar a manga do seu casaco pelas casacas de um
qualquer rapazelho chlorotico que bate palmas ás
chatenuses, de olho bambo e côco cheio de futilida­
des ; para outros, Anatole indo ao Concerto, realisou
CASA AURA
A m a i s lo n r e it c ir a d e s t a C a p i t a l
um desses grandes sacrifícios comparável aos dos Fabrica de chapéos de palha para senhoras, senhoritas
exploradores do centro d’Africa, porque para estes e meninas
optimistas, o grande escriptor só foi ao Concerto C hapéos m odelos artisticam ente enfeitados de 158 a 308000
para observar costumes. G ra n d e sortím ento de fo rm a s de palha desde 3$000
O que é mais racional é que Anatole tenha ido Im p o r t a ç ã o d ir e c t a d e f a n t a s ia s
ao cabaret da Avenida unicamente para se divertir: e a r t ig o s p a r a c h a p é o s *— O f f ic in a s d e c o n f e c ç õ e s ,
porque, pensam accaso que um homem como elle, CO N CER T O S E REFORM AS
com as suas responsabilidades, tenha lá em Pariz ENVIAM -SE EN CO M M EN D A S PARA O IN TER IO R
muito tempo de sobra para ir a cafés cantantes, a ----------------- C O R R Ê A , C A R V A L H O & C. — —
cinematographos e outros divertimentos eguaes? 167 RUA S E T E DE S E T E M B R O - P ro x im o á travessa F lora
E ’ quasi certo que Anatole não vê uma dansarina
no palco ha trinta annos: talvez o cinematographo
do Concerto Avenida tenha sido o primeiro ou um Consta que um grupo de operários vae em breve
dos únicos que em sua vida tenha elle visto. E si promover uma grande manifestação ao intendente
assim foi, devemos nos regosijar pelo facto de ter Fonseca Telles pelos excellentes serviços prestados á
Anatole France gosado em nossa terra as delicias de instrucção publica, até hoje procrastinando o projecto
um cabaret das quaes se vê elle privado em Paris,
porque lá é outra a sua vida, uma vida de estudos e que cria escolas nocturnas para o operariado.
de trabalhos. Parabéns ao operoso edil!
C A R E T A

L A D I N O ! Bernardes e ligeiramente sacou do bolso uma carta


que deu á prima.
Nunca se viu um homem tão ladino como o Ber- — Não destape! não destape que eu quero adivi­
nardes. Era um coelho 1 Muito gordo, já grisalho, n h ar!— protestou Bernardes — Quero mostrar que
com uns movimentos trefegos, o Bernardes era um mesmo sem olhos sou ladino 1 E’ Manoel dos San­
homem em quem nunca pessoa alguma atirou areia tos 1
nos olhos. Ladido até ali. A mulher do Bernardes já tinha mettido a carta
Parecia ler no pensamento dos outros: e, com a pela gola da blusa : então Alberto destapou os olhos
sua maneira de piscar bregeiramente o olho, um sor­ do ladino :
riso bregeiro nos lábios, elle olhava para os outros — Sou eu, Bernardes!
como a dizer: — Você, Alberto? Que diabo, d’outra vez não me
— Bem te conheço, camarada 1 enganas 1
Comprehendia de súbito a mais leve insinuação, a O resto do dia, a noite inteira e até ás duas ho­
mais subtil indirecta; e se alguém, numa roda, dizia ras do dia seguinte, Alberto passou imaginando qual
para outra pessoa uma destas phrases obscuras, para seria o efffeito da sua carta.
serem entendidas só por duas pessoas, o Bernardes Era uma missiva muito apaixonada, contando uma
mettia-se no meio, victorioso, com finura: velha paixão: qual seria e effeito ?
— Apanhei-os ! Impaciente, logo no dia seguinte voltou á casa do
— Como, Bernardes? Bernardes : como na vespera elle estava lendo um
— E ’ que o homem intelligente apanha as idéas jornal, de costas para a entrada da sala. A fiel espo­
no ar 1 sa, a seu lado, tecia um sapatinho de lã. Alberto, pé
De maneira que o Bernardes, com a sua ladimce, ante pé, como na vespera, tapou-lhe os olhos: e vol­
era um perigo: ninguém o illuaia, ninguém o embru­ veu para a prima uns olhos ternos como a dizerem :
lhava. — Então ?
— Enxergo as cousas de longe!—asseverava. — Ella se ergueu ligeira e deu-lhe os lábios num
Para quem esta esperteza era um empecilho era beixo apaixonado.
para o Alberto; porque, sendo o Bernardes casado, Mas o Bernardes era ladino. Logo que sentiu os
e sendo a sua mulher muito bonita e sendo prima olhos tapados, não precisou de dez segundos para
do Alberto, este moço mesmo com toda a sua auda- mostrar a sua esperteza:
cia de janota, via-se de todo impedido de fazer a — Já não me enganas, maroto 1 E’ o Alberto.
côrte á prima, por quem vivia apaixonado. Alberto interrompeu o beijo e tirou as mãos dos
Porque, o Bernardes, ladino que era, não deixava olhos do ladino.
ninguém lhe atirar areia nos olhos. E o Alberto vivia Bernardes gargalhou, glorioso:
imaginando um meio de fazer chegar uma carta ás —A mim ninguém me engana! Mesmo com os
mãos da prima. olhos fechados enxergo ! Pois não acertei que era o
Mas de que maneira? Alberto ?
Bernardes descobriría de súbito a maroteira e o X ix i M alm equer
Alberto estava frito. E ser frito assim, na flor da
edade, era cousa que não convinha ao janota. Por
isto elle esperava por uma occasião qualquer, feita
pelo acaso ; não tinha coragem de ir á casa do Ber­
SUPPLANTANDO TODAS AS NAVALHAS!
nardes numa hora em que tivesse sahido, porque isto
dava na vista: e de dar na vista a ser frito é um
passo, e frito o Alberto não queria ser. Enviar uma
carta pelo correio ou portador era uma audacia sem
nome : o Bernardes poderia estar em casa ou desco­
brir a carta depois e ahi a fritadella era certa. Então
a melhor idéa que teve o apaixonado primo, foi es­
crever uma carta a mulher do Bernardes e esperar
que o acaso lhe désse occasião de entregal-a pes­
soalmente á prima. .
Ora, uma vez o Alberto indo visitar o Bernardes,
teve a boa idéa de entrar em bicos de pé para fazer
uma surpreza. Na sala o Bernardes lia, attento, um
jornal; a esposa, da janella olha para a rua: o Al­
berto surrateiro tapou os olhos de Bernardes com as
mãos.
O ladino do homem teve um pequeno susto, de­
pois sorriu, dizendo :
— Vou adivinhar quem é 1 E ’ o Pedro Ribas! Avisamos aos nossos amigos e freguezes que acabamos
— A mulher voltou-se e viu o seu primo a fazer- de receber as superiores navalhas mecanicas e que continua­
lhe signal com os olhos para ficar calada. mos a vender p o r .....................................................................................2$000 !
— Então é o Juca! Que diabo, não diga nada que Pelo c o r r e io ..................................................................................... 2$500 !
vou advinhar! Ah, é o Dr. Lourenço! PARA D U ZIA G R A N D E R E D U C Ç Ã O DE PREÇO
Alberto, sem destapar os olhos do Bernardes fez
Laminas avulsas u m a ......................................................................... 1$000
signal á prima para chegar mais para perto.
— Agora acertei! E’ o Apolinario !—dizia Bernar­ Só na casa mais ba ca feira tia actaalitlaile
des, intrigado. COELHO BASTOS & C.
A mulher do ladino já estava ao lado do Alberto ;
o moço tirou uma das mãos de sobre os olhos do 90, RUA D O S OURIVES, 92— R i o D E ja n e ir o

Sem rival para hygiene da bocca e do corpo. Evita


todas as moléstias contagiosas. f§) @ Ç> # ®
M O O T A v e a d a e m todas a s p h a r m a c i a s e
p e r f u m a r i a s. - —
B R ILH A N T IN A “ C O N C R E T A '
Ü T H 1 C T 0 “ MEU C 0 R A Ç Í0
Agradabilissim o e de intensidade. Pó de arroz
«M eu coração» mimo de luxo. Sabonete "M eu
c o r a ç ã o sem rival no inundo! o melhor pre­
sente.

A' venda em todas as perfumarias


— D e p o s i t o g e p a 1- ...~ ;

PERFUMARIA GASPAR
P raça Tira cientes n. IS

-- T E L E P H O X E 1112 ________________

= R I O DE J A N E I R O =

A MAIS PERFUMADA PEÇAM CATALOGOS DE PREÇOS DE ATACADO

CREME
O R T lO riD E
ALVISSIMO E DE PERFUME DELICIOSO
O CRÊME O RM ONDE é sem igual para a cutis,
dando-lhe frescura, suavidade e belleza, ao mesmo
tempo que clareia e dá o avelludado á pelle.
Tira as sardas e queimaduras do sol. Não contêm
nenhuma matéria gordurosa que obstrua os póros.
Impede igualmente o crescimento dos pellos que
tanto enfeiam a cutis. Também não suja a roupa, é
pois, um artigo de asseio e hygiene.
O CREME O RM ONDE é scientificamente prepa­
rado pela C U S T E R C H E M IC A L Co., de New-York
e vende-se em todas as perfumarias, especialmente
nas bem conhecidas casas:

ORLANDO RANGEL & C. CASA CIRIO.


LOUIS HERMANNY & C. RAMOS SOBRINHO & C.
COELHO BAST OS C A S A NUAES C irSTSK C UEKICAL
NE»' VOSK

C a s a P o s t a l — CfllSfl B A 2 I H

AGENTES DEPOSITÁRIOS: - DE LA BALZE & C.


RUA. OB S PEDRO. 80
PREÇO: 4 $ 0 0 0
- líio <le ,Taneii‘o z
______

C A R E rA

TH EATROS GANHAR DINHEIRO


A companhia de operetas Lahoz já partiu para
longes terras. E levará comsigo a cábula que o Pa- FACILMENTE—O conceituado jornal de Boston.
Lace Theatre traz para toda a gente que alli penetra? “The Nations Weekly,,, deu o seguinte parecer sobre
Queira Deus que não. A companhia Lahoz é magní­ O Ilypnotisino Aforínnante c Curador «Io I)r.
fica, não merece tal sorte: mas é bom que se acau­ Law rence : “E ’ uma exposição clara e eloquente das
tele e, de outra vez que voltar ao Brasil, não vá forças invisíveis que governam nossas vidas; e, por
mais trabalhar no barracão da rua do Passeio, si não praticarem os seus ensinos muitas pessoas têm sido
quizer trabalhar para um publico de máo gosto que beneficiadas financeiramente. Eis o que ensina este
é aquelle resumidissimo publico que vae ao Pcilace. livro. Como advinhar a sorte, minas de mineraes e
cousas occultas, dar recados ao longe pelo pensa­
mento, aprender linguas com facilidade, descobrir in­
E depois a cábula que injecta no proximo! Todas venções uteis, tornar pretos os cabellos brancos, afor-
as pessoas de bom senso, quando passam de bonde mosear o rosto ou o corpo, crear amor ou sympa-
ou a pé, pelas immediações do antigo café-cantante, thias, attrahir boa freguezia ou riquezas, alcançar
seguram prudentemente as chaves que trazem no emprego vantajoso, curar neurasthenia, hysteria, para-
bolso. Porque si não acontecer alguma desgraça, fica lysia, moléstia do coração e muitas outras enfermi­
pelo menos a impressão desagradavel que causa a dades nervosas ou não, evitar a geração no caso de
vista do antipathico barracão. defeito ou perigo, corrigir vicios e máos hábitos. Pro­
cessos infalliveis dos fakirs, primeira vez aqui reve­
lados.
Grande volume com muitas figuras e 64 desenvol­
Lamentável é esta prevenção do nosso publico vidos capítulos. E’ livro de resultados garantidos, nada
chic contra o pobre theatro: é de facto uma casa comparável aos methodos grátis. Preço de propa­
feia, apertada, a sua luz electrica falha quasi todas ganda lo.sooo Comprar ao mesmo tempo as P a sti­
as noites, as cadeiras têm velhas camadas de pó, etc., lhas Xervigor Poder Magnético, que fornecem o
mas em compensação ali dentro ha um bufet onde fluido necessário aos magnetisadores, restauram o po­
se toma cerveja quente a 1§500, capilé a 600 réis e der genital, impossibilitam o contagio de moléstias
outras cousas assim. Mas o publico chic tem lá as syphiliticas ou venereas, curam a fraqueza da vista
suas manias inexplicáveis: assim como não gosta de ou da memória e todas as moléstias nervosas, sobre­
fazer o Jooting na Praça Onze de Junho, assim como tudo insomnia, neurasthenia e hysteria. Estas pasti­
não gosta de beber genebra no Botequim do Sete na lhas são uma combinação de phosphato (alimento dos
Saude, o cliic não tolera o Palace. nervos por excellencia) e outras substancias que não
Tanto que ali nunca se vê uma pessoa de smcck- fazem o menor mal, mesmo nos casos de se estar
ing: porque na verdade, vestir smocking para assen­ seguindo outro tratamento. Preço do cada caixa,
tar numa das taes cadeiras do Palace seria uma dons mil réis. INSTITUTO ELÉCTRICO—rna da
idéa absurda. Porque lá não se encontra escova de Asseinfoléa n. 45. Itio do Jan eiro . Dá-se grátis a
roupa. qualquer pessoa o ACCUAAULADOR.

Exposição de 1909

Varias barracas de diversões americanas.


C A R E T A

Exposição de 1909

O povo nas imniediações do hangar do balão e do Carrousscl

NOTAS SCIENTIFICAS cipalmente dos allemães que a definem “ um liquido


incolor, insípido, e que alguns povos usam para ma­
Os segredos da natureza são incontestáveis, asse­ tar a sêde, em vez de cerveja,,. A propriedade mais
vera o theologo francez Therier. notável da agoa é o horror que ella tem ao vacuo.
Esta opinião original revolucionou extraordinaria­ Outra propriedade notável, quando transformada em
mente a sciencia nos últimos quatro quartéis do sé­ chuva, é a de encher os rios e molhar as ruas;
culo passado; com effeito, depo s da magnífica dou­ transformada em esguicho de bomba costuma apagar
trina de Therier, os sábios começaram a verificar que o fogo.
*
são innumeros os segredos da natureza. * X
* Até hoje não se descobriu outro modo mais con­
* *
veniente de fabricar agoa do que o seguinte : obtem-
Entre esses pódem-se contar diversos, por exem­ se um pedaço de gelo e aquece-se dentro de um ca­
plo; que é que faz o phosphoro riscar? Que faz su­ dinho de barro. Vêr-se-ha com surpreza que o gelo
bir a bolha de sabão ? Como podem viver os peixes se derrete, transformando-se em um liquido incolor
dentro d’agua ? Como pode haver certos homens que que, examinado chimicamente, tem as mesmas pro­
andam com um pé só? priedades da agoa.
Todos estes phcnomenos estão até hoje sem uma
explicação scientifica satisfactoria. O facto do phos­ D r . S a b ão
phoro se riscar apenas em papel pardo é um myste-
rio de tal fórma que já passa de mysterio, é um de­ Sabemos que o primeiro projecto do invicto coro­
saforo. Isto de riscar num papel, só porque é pardo,
é o que nós os homens da sciencia, chamamos acção nel Rodolpho Abreu quando for eleito deputado, será
catalytica. a creação de um musêo de raridades nacionaes, para
X
* * nelle serem recolhidos vários objectos históricos que
Sob este nome um grande numero de phenome- não convém espalhados por medo que se extraviem.
nos são explicados: para citar um exemplo muito Assim por exemplo- a durindana do mesmo coro­
transcendente, basta citar a acção da esponja de pla­ nel tão respeitável na paz como na guerra e em
tina numa mistura de H. e O : faz uma explosão e cujos copos gloriosos se entrelaçam folhas de couve
forma H'20 , vulgarmente chamada agoa.
X
e de louro, bolotas de carvalho e carás barbados,
* X pennas Mallat e de gallos conchinchina, na mais ori­
Este corpo denominado agoa é de côr incolor, e ginal e pittoresca confusão.
tende a tomar a forma dos vasos que a contem,
sendo portanto liquido. A agoa é geralmente conhe­ E ’ uma idéa digna de applausos de todos os bons
cida e tem merecido muita attenção dos sábios, prin­ patriotas.
CARETA

PIERRE LOTI N ão so p rava um a aragem por tenue que h a b itá ra ; m as elle m uito desdenhoso
que fo sse. O m ar fizera-se m an so de le i­ não en co ntrava interesse nessas n a rra ­
te, m uito tran q u illo na sua côr azu l ções.
esm aecid a. O sol b rilh a va com um a luz — T ão lon ge da co sta, dizia elle, e ta n ­

0 PESCADOR DA ISLANDIA m uito b ran ca, e o rude paiz bretão im - tas terras, tan ta s te rra s ... deve ser p é ssi­
p re gn a v a -se d e lia , com o algu m a cousa mo para a sau de. T a n ta s c a sa s, um a m u l­
de fino e de raro ; parecia alegra r-se e tidão ta m a n h a ...
v iv er ao sol claro , até aos seus horizo n ­ N as cidades ha por força doenças
tes m ais lo n gín q u o s. m uito m ás ! ... C á a m im é que me po­
QUARTA PARTE
N o ar d eliciosam en te tépido h av ia o diam dar qu an to quizessem , que m e não
vago cheiro que prenu n cia o estio ; dir- faziam viver assim !
( C o n tin u a ç ã o ) se -h ia que o tem po se im m o b ilisara a s ­ G a u d então sorria, espan tada da can-
sim lestivo , que não h av eria m ais nem d idez in gên u a do seu hom enzarrão de
VIII dias feios nem tem poraes bravios. m arido !
O s cabo s, as b a h ia s, sobre as qu aes as A ’s vezes desciam pelos valles esco n d i­
S e p a ra -a um abysin o da am a n te , in s ­ n u ven s não pro jectav am as som bras m o ­ dos n’algum recanto escuro de terra, o n ­
tru m ento de prazer, a q u em , n um sorrir vediças desen havam á luz as gran des li­ de nascem arvores, ab rigad as e esco n d i­
desden hoso, parece que se atira cru el­ nhas im m u tav eis, pareciam rep ou sartam - das contra o vento do m ar largo. A li a
m ente com todos os beijos noctu rn os. bem n um a tran q u illid ad e in fin ita ... v ista era restricta ; no solo as folhas
G a u d essa era a esp o sa, e du ran te o d ia , T u d o aq u illo v in h a de proposito para m urchas em m ontões sobre a hum idade
Y a n n esquecia se das carícias trocadas torn ar m ais doce e etern am en te lem bra­ fria ; a a zin h ag a debruada de tojo s v er­
que pareciam um a co u sa ab solu tam en te da a su a festa de am o r.— E as prim eiras des, e m uito escura de som bra das arv o ­
n atu ral, tan to elles eram a m esm a carn e, flores, prim averas d esab ro ch ad as ao lo n ­ res, e stre itav a-se entre os m uros d’algum
o m esm o ser u n ico para a vida e para a go dos v a lla d o s , v io letas m iú d as, s in g e ­ logarejo negro e solitário a cah ir de v e ­
m orte. las e sem perfu m e, v in h am trazer á festa lho, dorm indo no valle retirado e triste.
... L á assu sta d a , receiosa de perder a a su a n ota d u lcissim a. Se m p re um gran d e cru cifixo se erguia
su a felicid ad e, isso se n tia -se G a u d : tão G a u d olhou para o m arido e p ergu n ­ m uito a lto , defron te d ’elles, entre os ra ­
inesperada, tão in stáve l com o os sonhos tou -lhe : m os despidos com o gran d e C h risto de
ella se lhe afh g u ra va ao p e n s a m e n to ... — Q u a n to tem po go staras de m im , m ad eira, roido com o um cad aver, e con-
E seria realm ente duradouro o am or de Y a n n ? v u lsio n ad o pela sua dor sem fim .
Y a n n ? . . . Lem b rava -se ás vezes das E lle m uito esp an tad o respo nd eu -lh e S u b ia m depois ás altu ras d onde n o v a ­
a m antes que elle tiv e ra , dos seus arreba- co n tem p la n d o -a bem de frente com os m ente d o m in av am os im m ensos h orizo n ­
tam en to s lou cos, das su as av en tu ra s, e seus bellos olhos francos : te s, onde en co ntravam outra vez o ar vi-
tin h a m edo ! ... P o d eria elle p o rven tu ra — O u a n to tem po ? ... m as sem pre, mi v ifica n te dos píncaros erguidos ju n to ao
co n serv ar-lh e a m esm a ternura m ar.
infin ita de h oje, o m esm o res­ Y a n n , por sua vez, co n tav a en ­
peito tão doce ? tão a Isla n d ia , os verões palli-
S e is dias de casam en to , para dos e sem n oites, os sóes o b lí­
um am or com o o d ’elles, não v a ­ quos que não se põem ja m a is .
liam de n ad a, não passavam G a u d que não com prehendia
d um a pequenin a q u a n tia rece­ bem , fa zia -o ex p licar m elhor.
bida so ffregam en te á co nta da — O sol dá a v o lta , toda a v o l­
total da e x istê n c ia , q u e ain d a ta , dizia elle, desen hand o com o
podia ser tão lon ga ! M a l tin h am braço estendido o distan te das
tid o tem po de se verem , de se on d as ceru leas. F ic a sem pre m u i­
fa liarem , de com prehenderem que to b aix o , porque bem vês, não
m u tu am en te se p e rten ciam . — E tem força para su b ir; á m e ia noite
todos os planos da v id a com - arrasta um bo cadin ho da prôa
m u m , de alegria p lacid a , de a r ­ no m ar, m as le v a n ta -se logo e
ran jo d o m estico, tin h am sido for- co n tin u a a dar a su a v o lta em
ço sam en te adiad os para a v o lta ... redon do. A s vezes, tam bém a
O h ! o que era in d isp en sá vel lua ap parece no outro lado do
era co n segu ir que nos an n os s e ­ céo ; com eçam então am bos a
gu in tes elle não fosse. M as que trab alh ar cad a um a seu bordo,
processo e m p r e g a r ? ... E com o e a gen te não os d istin g u e lá
v iv e ría m , sendo am bos tão p o ­ m uito bem um do outro, porque,
dres ? !... E depois Y a n n g o sta v a neste paiz, parecem -se m uito. V er
tan to bo seu officio do m a r... o sol á m eia noite !... C o m o essa
A p ezar disso tu d o , co n segu iría m ais nha G a u d !... E aqu ella phrase m uito sim ­ ilha da Isla n d ia ficava então lon ge d'ah !
tarde p re n d e l-o ... Em p regaria para esse ples, p ron u nciad a pelos lábios d’elle, um E os «fiords» ? G a u d tin h a visto m u itas
fim toda a su a v o n tad e, tod a a su a intel- pouco se lv agen s, parecia ter o seu v e r d a ­ vezes essa palavra escripta ju n to ao nom e
lig e n c ia , todo o seu c o ra çã o ... S e r m ulher deiro sentido de etern id ad e. dos d efu ncto s na cap ella dos n au fragos ;
d’Islan d ez, ver ap pro xim arem -se todas E lla en co sta v a -se ao braço d ’elle. No fa z ia -lh e o effeito de d esign ar um a cousa
as prim averas num a triste za ,p a ssa r todos en can tam en to do sonho realisad o, cin - sin istra.
os verões n u m a dolorosa an cied ad e — g ia -se estreitam en te ao esposo, sem pre O s «fiords», respondeu Y a n n , são
não ! A g o ra q u e o ad o rava além de tudo in q u ie ta ,— se n tin d o -o fu gid io com o um a gran d es b ah ias, com o por exem plo a de
que tin h a im a gin ad o p o ssível, se n tia-se bella e gran d e ave dos m a re s ... A m a n h ã , P aim p o l ; com a differença que têm de
a v a s sa lla d a por um pavo r m uito gran d e, com o elle v o aria já lon ge ! roda m on tan h as tão altas, tão altas, que
q u an d o p ensava n ’esses an n os fu tu ro s ... E a prim eira vez, era j á im p o ssível nin guém sabe onde ellas acabam por c a u ­
T iveram am bos um dia de prim avera, obstar a que se fosse em bora de ju n to sa das n u ven s que pairam em cim a. O lh a
um só. d ’ella !... G a u d , afíirm o-te que é um paiz bem b ru ­
Era na vespera de lev a n tar fei ro, ti­ D o s cam in h o s de rocha ab ru p ta onde to. P e d ra s, pedras, tu do pedras, e a g e n ­
n h a m -se acab ad o os ú ltim os p re p ara ti­ p a ssa v a m , d o m in a v a -se to d a a região te de lá não sabe que cousa seja um a
vos de bordo, e Y a n n poude passar com m arítim a, que apparecia sem arvores, arvore.
a m ulher o dia inteiro. P assea ram de co lg ad a de tojos rasos, e de penhascos N o m eiado d ’ago sto , qu an do acaba a
braço dado pelos cam in h o s, com o dois duros. A s ca b a n a s dos pescadores pou­ pescaria, tem os de abalar lo g o , porque é
n am orados, m uito cin gid o s um ao outro savam aqui e ali por sobre as rochas com qu an d o com eçam as noites, e são logo
e dizen do-se mil co u sas. A gen te do sitio os velhos m uros de gran ito , os tectos de m uito co m pridas : o sol cabe d eb a ix o da
so rria-se só de os ver passar. colm o m uito altos e co rco vad os, verde- terra sem poder lev a n ta r-se , e faz então
— E ’ G a u d m ais o Y an n de P o r s -E v e n , ja n te s dos m u sgos n o v o s; e na extrem a noite todo o in v ern o . E depois c o n tin u a ­
noivos de poucos d ia s ... d ista n cia , o m ar, com o um a enorm e v i­ v a elle, ha tam bém um cem iterio sin h o na
V erd ad eiram en te prim averil aquelle são d iap h a n a , descrevia o seu innnenso co sta, n’um «fiord» tal qual com o a nossa
u ltim o dia ; era estranh o e sin g u la r ver circulo eterno, que parecia envolver e terra, para os de P a im p o l, que morrem
de repente aq u ella calm a que se e sp ra ia ­ abarcar tu d o. na estação das pescas, ou que desapp a-
v a , aquelle céo sem n uvens su cceden do G a u d d iv e rtia -s e em co n tar-lh e as co u ­ recem no m a r; é um ch ão sagrad o , assim
aos tristes dias som brios. sas assom brosas e sin gu lares d ’esse paiz com o em P o r s -E v e n , e os defu nctos têm
CARETA

cru zes de m ad eira, com o as n o ssas, com seu passado de «m enina rica», que su b ­ L o g o que o «Leop old in a» partiu , G a u d
os nom es escrin to s em cim a. O s dois sistia ap ezar de tu d o , co llo cav a a n’um en cam in h o u se a passos rápidos para a
G a o z d io u de P lo u b a zla n e c Ia està o , e lo ga r á parte. casa de G a o s . H ora e m eia de m archa ao
tam bém o G u ilh e rm e M o a n , o av ô de C o n sc rv á ra -s e bonito o tem po para o lon ge da co sta, pelos cam in h o s que lhe
S y lv e s tre . dia da separação ; sóm en te ao largo o eram fa m iliares, e eil-a que ch ega ao e x ­
E G a u d afig u ra v a-se p o sitivam en te e s­ m ar picad o e aço itad o pelo vento de trem o d as terras, á casa da sua fa m ilia
tar vend o o pequeno cem iterio ao pé dos oeste. n o v a.
cabo s d e so lad o s, sob a p a llid a luz rosea ... Em torno de G a u d h a v ia m u itas o u ­ O «L eop oldin a» devia fu n d e a re m fre n ­
dos dias que não têm fim ! E p u n h a-se tras q u e eram com o ella bem lin d as e bem te de P o rs-E v e n e só á noite é que le v a n ­
depois a pensar nos pobres m ortos, e n ­ d ig n as de la stim a , com os seus olhos ta v a ferro d efin itiv am en te ; foi pois em
terrados d eb a ix o do gelo sob a n egra cheios de la g rim a s, outras h av ia d istrah i- P o rs-E v e n que os noivos fixaram a sua
m ortalh a das n oites qu e duram um in ­ das e riso n h as, que não tin h am co ração , d erradeira e n trev ista . D e leito, Y a n n
verno in teiro . nem sentiam am or por n in gu ém . atracou á praia, na lan ch a do seu n a v io ;
— E pescam sem p re, sem p re, sem se V elh as que sentiam a am eaça im m i- tin h a ti es horas para se d esped ir d ’ella.
can sarem n u nca ? p ergu nto u e lla .— S e m ­ n en te da m orte, ch o ravam ao dizerem Em terra não se sentia a braveza do
pre. D ep ois h a tam bém qu e fazer a m a­ adeus aos filhos ; os am an tes b e ija i am - m ar, o tem po co n tin u a v a lin d o , o céo
n obra, porque o m ar, nem sem p re é lá de se lo n gam en te, e o u v ia m -se m arujos perm anecia tra n q u illo .
rosas. C o ’a breca ! C h e g a -s e a noite m ais ebrio s, a can tarem para se atu rd ir, em S a h ir a m -lh e um b o cad in h o pela e s tra ­
m oido qu e um a sa la d a ! e com u m a fom e q u an to que outros em b arca va m com ar da íô ra . Isto tra zia -lh e á lem bran ça o
qu e tu do é pouco para devo rar ! som brio, com o quem vae cam in h o de seu p asseio da vesp era, com um a differen ça
— E não se e n fa stia m n u nca ? cal vario. bem g ran d e : é que a noite j á os não po­
— N u n ca ! respondeu elle com um ar P a s s a v a m -s e co u sas atrozes ; d e s g ra ­ dia ju n ta r .
de co n v icçã o qu e a m ago o u . C á a m im çad os qu e se tin h am e n gajad o n u m a s u r -
pelo m en os o tem p o no m ar alto parece- C a m in h a v a m á to a , em direcção a P a ­
preza de ta v e rn a , e qu e eram em b a rca ­ im p o l, e não tardou que se achassem em
me sem pre qu e v o a !... dos á fo rça, que as próprias m ulheres e
G a u d baixou a cabeça se n tin d o -se a in ­ frente do seu n in h o, trazido s ali por um
soldados im p elliam para bordo. im p u lso in v o lu n tá rio , m as irresistív el.
da m ais tris te , m ais veu cid a pelo m ar.
O u tro s , cu ja resistência era m ais te m i­ E n tra ra m p o is, pela u ltim a vez, em c a ­
da por cau sa da sua robustez de g ig a n ­ sa , onde a avó Y v o n n e ficou toda e s p a n ­
Q U IN T A P A R T E tes, tin h am sido em b riagad o s por pre­ ta d a de os ver ap parecer ju n to s . Y a n n
cau çã o , e trazido s em m acas ; eram m et- fazia m il recom m end ações acerca das
I tid o s, com o cad a v e ie s, no lu n d o do porão co u sas qu e d e ix a v a no arm ario ; recom -
dos n av io s. m e n d av a-lh e p rin cipalm en te o seu fato
... A o cabo do d ia de p rim avera que G a u d aterrav a-se de v e l-o s p a s s a r ;— b o m , o do casam en to ; pedia que o d e s ­
tin h am tid o , o en tardecer tro u xe com si- A i ! Q u e casta de com p an h eiros qu e o dobrasse e o pu zesse de vez em qu an do
go a se n sação do in v ern o , e recolheram a seu Y a n n ia ter ! E dep ois, que h orrivel no ar. A bordo dos n av io s de g u erra,
ca s a , para ja n ta re m ao pé do os m aru jos ap rendem estes a r­
lu m e, alim en tad o pelos ram o s de ran jo s. E G a u d sorria se de o
len h a secca. A u ltim a vez que ver fazer-se m u ito en ten d id o em
co m iam ju n to s ! co u sa de m u lh e re s; oh ! podia
... T in h a m porém u m a noite ir bem certo de que tudo que lhe
in teira p a ra dorm irem nos b r a ­ pertencia h a v ia de ser tratad o
ços um do outro , e aq u ella idéa com m u ito cu id ad o e m uito
não os d e ix a v a por ora cah ir em am or !
triste za . D ep o is do ja n t a r , a c h a ­ D e resto , aq u ellas p re o ccu p a-
rem ain d a um a certa im pressão ções eram para am bos se c u n d a ­
su a v e de p rim a v e ra , q u an d o se rias, fa llav am nhsso por falla-
puzeram ju n to s a cam in h o de rem , para se illu direm a si p ró ­
P o r s -E v e n . p r io s ...
O ar e sta va tépido e tra n q u illo ,
Y a n n co nto u lhe que a bordo
e um resto de crep ú scu lo doi-
do «L eo p o ld in a» se tin h a tirado
ra v a do cem en te os cam p o s.
á sorte os postos de pesca e que
Fo ram ju n to s á casa dos paes
e sta v a co n ten te por ter gan h o
de Y a n n para qu e este se d esp e­
um dos m elhores. E lla ped ia-lh e
d isse d ’elles, e v o ltaram m uito
m ais ex p licaçõ es so bre este p o n ­
ced o p ara se deitarem lo go , e se
to, pois que pouco ou n ada sa b ia
ergu eram de m ad ru g ad a.
das co u sas da Isla n d ia .
II co u sa era esse officio de Islan d ez. para se ... F a lla v a m b a ix o , m uito b aix o , com o
a n n u n cia r por este m od o, e in sp irar taes que receiosos de afu gen tarem os m in u tos
E s ta v a no dia se g u in te , a tu lh a d o de pavo res a hom ens tão fo rte s... que ain d a tin h am de seu, com o que s e n ­
g en te o caes de P a im p o l. H a v ia tam b ém , é certo , m arinh eiros tin d o o v ago terror de ver passar o
A p artid a de Islan d ezes co m eçára na m uito sa tis fe ito s , qu e am av am com o tem po.
an te-vesp era e a cad a m aré que en ch ia , Y a n n a v id a do alto m ar e a g ran d e A co n versa d ’elles tin h a o caracter s in ­
um novo gru p o de n a v io s se p u n h a ao p esca. g u lar de tu d o qu e tem de acab ar in e xo ra ­
largo . Eram os m elh o res; tin h am a expressão v elm en te ; as m ais in sign ifican tes c o u ­
N ’aqueIIa m a n h ã d ev iam partir q u in ze nobre e bella ; se eram solteiros partiam sas que se d iziam , torn av am se por isso
n av io s, com a « L e o p o ld in a » , e as m ães desp reo ccu p ad o s, lan çán d o um ultim o m esm o m ysteriosas e su p re m a s...
dos m arin h eiro s ou as su as m ulheres e s ­ o lh ar ás form osas m oças que ficavam ; se N o derradeiro in stan te da partida Y a n n
ta v a m tod as presen tes para assistirem ao eram casad o s b eijav am as m ulheres e os levan to u a m u lh er nos b raços, e a p e rta ­
le v a n ta r ferro. filhos com um a tristeza su a v e e com a ra m -se um contra o outro, sem dizer n a ­
G a u d e s p a n ta v a -se q u asi de se ver no esperan ça de v oltarem m ais ricos. G a u d d a , nTim lon go am p lex o silen cioso. E m ­
m eio d ’e lla s, de se ver tam b ém m ulher de sen tia se m ais tra n q u illa ao ver que eram barcou fin alm en te ; as velas de linho cru
Isla n d e z, e trazid a alli pela m esm a cau sa cfesses, todos os q u e em b arcavam na d e sfra ld a ra m -se ao ven to ligeiro qu e v i­
fa ta l. O d estin o d V lla de tal m odo se «L eo p o ld in a» a qu al le v a v a realm en te nha d ’oeste. Em q u an to se poderam a v is ­
precip itára em poucos d ia s , que m al po­ um a trip u la ção esco lh id a. tar, elle agitou o bonet» pelo m odo que
dia rep resen tar a si própria a realid ad e O s n a v io s sab iam a do is e d o is ,a q u a ­ tin h am a ju sta d o .
das co u sa s, d eslisa n d o por um a vei ten te tro e q u a tro , arrastad o s fora da barra G a u d por m uito tem p o , m uito tempo^
irresistiv elm en te ra p id a , ch egan d o áq u el- pelos rebocadores. segu iu no m ar, o vu lto do seu Y a n n . Era
le d esen la ce in e x o ia v e l qu e era n e c e s s á ­ E ap en as se p u n h am a n a v e g a r, os m a ­ ain d a elle essa p eq u en a foi m a h u m a n a
rio su p p o rtar a g o ra , com o as o u tras, as rujos d e sb arretan d o -se, entoa va m a p le­ de pé, re ce ita d a em negro no azul escu io
qu e já se tin h am a co stu m a d o a e lle ... na voz o câ n tico da v irgem : « S a lv e Es- do céo, e já tão v a g a , tão v a g a ... p erdida
N u n ca assistira de pei to áq u e lla s sce- trella do M ar». nessa d ista n cia , onde os olhos que te i­
nas de d esp ed id a . T u d o ali lhe era d esco ­ N o caes m ãos fe m in in as a g ita v a m -s e m am em fix ar-se, se p e rtu rb a m , não vêm
n hecid o e n ovo. no ar dizen d o o u ltim o ad e u s, e as la g r i­ nada...
E n tre a q u ellas m ulheres não tin h a um a m as corriam em fio sobre a cam b raia das
ig u a l, e sen tia se iso la d a , differen te ; o tou cas b ra n c a s... ( C o n t in u a )
O MELHOR XAROPE

COQUELUCHE
E BRONCHITE
Cura qualquer tosse em

L A B O R A T O R IO EM P O R T O A L E G R E

Encontra-se em todas as Pharmacias.


Vendas em grosso nas principaes drogarias
P R E P A R A D O S DE “ C A P Y V A R A ”
E lixir S a o os ú n ic o s m e ­

d ic a m e n to s
C a p su la s
in fa lliv e is n a cura

de e n fra q u e ­
Oleo
cim e n to geral, fra­

queza

E rri ti ls ã o pulmonar, e

= DE = m u ito especialm ente


FREIRE DE AGUIAR FILHO na tuberculose
V E N D E -S E E M T O D A S A S D R O G A R IA S

Deposito geral V IA N N A ;& FOURCADE


= 92 — R U A D O R O S Á R I O N. 92 1" A N D A R --------

Queda dos Cabellos, Barba, Sobrancelhas, Pellada,


Calvicie precoce, Caspa, etc.
N O VAS CU RA S — N O VO S ATTESTA DOS
Illmo. Sr. Francisco G iffo n i—Com o emprego de um vi­
dro do vosso «Pi/ogenio» obtive resultados que não esperava
e que agora considero admiráveis.
Não me incommoda mais a caspa, que costumava ter em
meus cabellos, nem receio mais a queda destes.
Residência, Rua Dr. Garnier n. 1.
A g n e l l o M a l l io C a r n e i r o

O preparado do pharmaceutico Francisco Giffoni «P ilo-


gênio-» é efficaz para combater a caspa. Com o uso deste rerae-
dio, consegui acabar por completo a caspa que me acompa­
nhava ha muitos annos e isto em menos de tres mezes.
Rua Hadock Lobo n. 18 A.
Luiz M a r t in s do A m a r a l J u n io r

«Pi/ogenio» - Com este preparado do pharmaceutico Fran­


cisco Giffoni, fiquei curado por completo, da caspa que desde
a infancia me acompanhava.
Tenente, Luiz A n t o n io d e C a r v a l h o C h a v e s
(Escriptorio do Congresso dos Proprietários)
Rua do Hospicio n. 217, Sobrado.
Residência, Mendes —E. do Rio de Janeiro.
O PILOGEN IO vende-se no deposito geral: Drogaria
FRANCISCO GIFFONI A C.

— l i , RUA PRIMEIRO DE MARÇO. I I [ Í I I T I 6 0 S] =


e nas boas pharmacias e drogarias e perfumarias e
nos Estados encontra-se desde já nas seguintes cidades:
P e r u a m baeo. B a h i a , V ic t o r ia , B e l l o - H o -
r iz o n f e , C u r i t y b a , P e lo t a s . B i o
B r a n d e , P o r t o A l e y r e , C o r u m b á e Goyazt
SAUDE DA MULHER
Infallivel nas moléstias das senhoras
ANEMIA É A 1NSUFFICIENCIA DA QUANTIDADE DE SANGOE
S.Viiiptomas — A anemia caracterisa-se por uma pal-
lidez excessiva, descoloração do tecido conjunctivo, das
gengivas. dos lábios ou de todas as mucosas. O bservam -
-e ás vezes palpitações, vertigen s, atordoamento, prin-
•ipalmente quando a enferma mantem-se em pé, synco-
pes muito p rolongad as e diversas perturbações d igesti­
vas.
C a u sa s----- Muitas são as causas de que nasce a
anemia: desgostos, paixões, esforços intellectuaes exag-
gerados, ou então febres, escrophulas, etc. O utras v e­
ies é ella herdada de paes fracos e também anêmicos.
Ma grande maioria dos casos a sua origem são os trans­
tornos do utero.
Tratam ento e cura— A S A U D E D A M U L H E R é o
remedio da anemia. Este preparado pela sua acção c u r a ­
tiva exercida sobre o utero, fortifica-o, purificando os hu­
mores e dando log a r ao apparecim ento das cores roseas
e da a leg ria nos rostos tristes e desfigurados.
U sae— A S A U D E D A M U L H E R , tomando-se tres
colheres de sopa por dia, de accordo com a observação
appensa ao frasco deste remedio.
L a b o r a to r io e m P o rto A le g r e

DAUDT & L AGUNI L L A


Encontra-se em todas as Pharmacias.
Vendas em grosso nas principaes drogarias.

SALUTARIS
lAENDüA

aguas de mes;
R E D A C Ç Ã O E OFFHCUNAS s R U A D A A S S E M B L É A , 70 — RDO DE JANEilRO
A S S IO N A T U R A S NU M ER O AVULSO
S,’° .................... ' - ^ o 00 I S E M E S T R E .............. SSooo l|l CAPITAL . . . . Soo Rs. | E S T A D O S ............. 4oo

E D IÇ Ã O DE "KÓSMOS"

U. 63 I R I O D E J f l M E I R O — S a b b a d o — I* f— A c o s t o — 1 9 0 ? | flMITOII

A N E X IN S Não te faças perdulário,


Tão pouco sejas tacanho ;
No ALBUM DE MEU FILHO Tanto quanto necessário;
(O rig in a l para a “ C a r o la ” ) “ O real poupado é real ganho,,.
(Continuação) Empecilhos e escarcéos
Não te sirvam de espantalho ;
Quem de uma quéda se apruma, Trabalha sempre, que : “ Deus
Deve evitar o declive, Nada recusa ao trabalho,,.
Não prosigas, pois: “ Quem de uma
Escapa; cem annos vive,,. Ninguém julgue sem consolo
Aquillo que Deus te deu, Qualquer mal que lhe vier;
Não dês por medo ou receio : Desde o mais sabio ao mais tôlo:
“Mais vale o tolo no seu “A dor ensina a gemer,,.
Do que o avisado no alheio,,. Quem tiver necessidade
Si não queres sacrifício Nunca do acaso prefira,
Deixa ao mestre o seu trabalho: Nem de outro espere a vontade,
“ Cada um no seu officio,,, “ Quem precua é que se estira,,.
“Cada macaco em seu galho,,.
Tens em ti mesmo o inimigo
Deixa o bem que occulta abrolhos ; Si vives em malefício,
O amor céga e a vista mente: Foge ao erro, que: “ O castigo
Quem foge evita, e “ O que olhos Do vicio é o proprio vicio.,,
Não vêm, coração não sente,,.
Olha-se tanto as estrellas,
Um a um quebram-se os élos, Sem que se as possa entender ;
Mas juntos, quem ha que os torsa ? E’ bom ver as cousas bcllas:
Dá-te aos teus, faze por tel-os, “ Os olhos folgam de ver,,.
Pois que : “A união faz a força,,.
Não julguem que alguém é fraco, Ninguém é, por mais que estude,
Si a fome lhe tira a fé; Infallivel sobre a terra ;
O pão é a vida: “Nem sacco Erra o sabio sem virtude:
Vasio se põe cm pé„. “ O que mais sabe, mais erra,,.

Sê austero quando devas, Nada diz palavra louca,


Commedido em teu sorriso; Nem convence a lingua tôsca,
Nem por tanto rir te elevas: Guarda silencio, que: “ Em bocca
“Muito riso pouco sizo„. Callada não entra ntôsca,,.
Guarda o segredo de alguém, Quem não tem zelo comsigo
Si é tal que o torna infeliz; De certo se desprezou,
Nem tudo se conta e : “ Nem Faze do aceio um amigo
Toda verdade se diz,,. Q ue: “A limpeza Deus amou,,.
E’ pelos annos do velho Palavras soltas ao vento,
Que a experiencia se mede, Aggravam se repetidas,
Seja embora, mas : “ Conselho Desconta cento por cento
Só deve dar-se a quem pede,,. Q u e : “Ausências são atrevidas,,.
O silencio de quem ouve
Fal-o as vezes connivente; Soares Bulcão
Antes o mal se reprove
Porque : “ Quem cala consente,,. {Continua)
C A R E T A

nâ e : — Sim senhor.
— Po's bem, fazer negocio é preciso ter sempre
presente isso na memória. Se não tiver o genero pe­
dido impinja ao freguez um similar.
— Sim senhor.
Lá se foi o Caralampio para o balcão a ruminar
os conselhos do seu Domingos.
Nisso entra uma fregueza, senhora jovem e for­
mosa e dirige-se ao caixeiro:
— O senhor tem papel para moldes ?
O Caralampio abriu a bocca para dizer não. Mas
acudi-lhoe ao espirito a rccommendação do seu Do­
mingos e dirigindo-se ao interior trouxe um pacote
que collocou sobre o balcão.
A senhora corou extraordinariamente ao ver o
que trouxera o Caralampio.
— Eu pedi-lhe papel para moldes.
— Olhe minha senhora, leve este papel que é hy-
gienico e muito macio. E’ um perfeito similar do ou­
tro, como diz o patrão.

Do Exterior no aureo salão


Dizia em soberbo tom
O Lavrador ao Barão :
— Pardon, monsiú le baron !

A companhia que trabalha no Theatro Carlos G o ­


mes correspondendo á gentileza do nosso publico e
da nossa critica, acaba de dar uma demonstração do
carinhoso apreço e da alta consideração que lhe ins­
piram os nossos escriptores.
E lla —Olha o balão ! Que lindo ! Como sobe. Eis o caso. O brilhante poeta Oscar Lopes cedê-
E lle Estás espantada porque o homem sobe ra ao Sr. Victorino, para ser levado á scena pela
no balão? P o is olha eu estou espantado é de companhia dirigida por esse cavalheiro, um drama
ver que ainda não subiste com esse chapéo. sobre cujo valor o entprezario não tinha duvidas
quando o acceitou. Corriam serenos os preparativos
de montagem da peça, já os scenarios estavam pin­
O CARALAMPIO tados, os papéis distríbu dos quando, abruptamente,
os originaes foram devolvidos ao autor.
O Caralampio era caixeiro da grande firma social Devolvidos por que ? A peça era boa, não houve­
Domingos & Dias Santos, estabelecida á Avenida ra a minima questão entre autor e emprezario. Qual
Central 1254. a causa determinante desse acto oífensivo para o
Era muito querido de seu Domingos, o gerente poeta, cuja altivez nunca o deixou reduzir-se a um
do estabelecimento, ao qual viera recommendado pelo typo de importuno? Mysterio. Dizia-se, no entanto,
tio padre quando aqui aportára. Seu Domingos não que os Srs. Brazão e Ferreira da Silva não desejam
o perdia de vista; industriava-o no modo de adquirir interpretar creações de autores brasileiros e que em
as boas graças dos freguezes, impingir a fazenda por vez do drama de Oscar Lopes querem levar o de um
preço superior ao seu real valor, etc., etc., todos os conhecido e justamente apreciado escriptor portuguez
processos empregados por via de regra para fazer residente nesta capital, onde, entre os seus admi­
negocio. radores, conta os redactores da Careta.
Ora, um dia, seu Domingos chamou o Caralam­
pio e falou-lhe seriamente :
— Seu Caralampio, estou descontente comsigo, A generos:dade carioca está de pazes feitas com
— Mas porque, patrão ? os hábeis emprezarios americanos que, para alegria
— Hontem notei que um freguez entrou, dirigiu-se deste bom povo. transformaram o deserto recinto da
ao senhor, demorou-se cerca de meia hora e afinal Exposição na cidadella radiante da Ventura. De to­
retirou-se sem comprar nada. dos os bairros, todas as noites, descem vastas multi­
— Mas é que nós não tínhamos nada do que elle dões attrahidas pela fama d’aquelle terrível mergu­
procurava. lhador que cae do céo sobre as aguas captivas de
— Isso não impede. O seu dever era convencel-o um tanque, fascinadas ppla belleza de Sellica, a linda
de levar um similar. bailarina do circo dos leões, e avidas de admirar,
— Um similar. Mas não sei se temos esse ge- pairando alto, concretisado no dirigível Santos Du-
n ero... mont, o genio inventivo da nossa terra.
—Um similar, seá Caralampio, é um objecto que Assignalamos com vaidade a concorrência que tem
pôde substituir aquelle que o freguez procura. Assim, tido a Exposição, pois ella mais uma vez demonstra
se um freguez procura fustão e a gente não tem fus- que a nossa culta população generosamente recom­
tão, faz com que elle leve brim. Entendeu ? pensa o esforço dos que sabem servil-a.

FABRICA E DEPOSITO DE CALÇADOS


A’ BOTA “ FLUMINENSE A m a is barnteira de todo o B razil
123, A V E N I D A P A S S O S , 123
L A DO DA R U A M A R E C H A L F L O R I A NO ------------= RDO D E
C A R E T A

O Dr. J. J. quando d’aqui partiu affirmou aos ami­ Confissão espontânea.


gos que na volta traria a Bahia comsigo. O commendador Sacatrapos, proprietário de vários
Que o notável tribuno conseguiu o que queria está armazéns de vinhos e comestíveis gosta muito dos
se vendo. banhos de mar.
Elle volta e a Bahia já v o lto u ... com o Dr. José E costuma dizer, sempre que se deita á agua :
Marcellino. — Aqui é que estou no meu elemento !

 esíafaa de IPasqjyiimo
(Estatua transportada de Roma, onde, outr’ora, servia para affixar cartazes aggressivos para uma de nossas praças)

Chico Sailes. — Então o Peixoto não quer submetter-se á nova orientação mineira. Pois
vou ajudar o coronel Rodolpho pelos a pedidos. Pasquino é immortal.
C A R E T A

0 regresso do Dr. Passos

O D r. Passos, a bordo do Araguaya, recebendo os intendentes municipaes, as commissões,


amigos e admiradores que o foram saudar.

O Dr. Francisco Pereira Passos, com o prefeito desta capital, chegando á sua casa, nas
Laranjeiras, ás 8 horas da noite, acompanhado por uma vasta multidão.

AGUA OXYGENADA DE (M E D
Sem rival para hygiene da bocca e do corpo. Evita
todas as moléstias contagiosas Cada vidro leva ins-
trucções para os diversos usos.— \ n s jj/itirnm Has
e perf u m rias. —
C A R E T A

IN STAN TÂN EOS

Mm e Pertence e M lle Azevedo. Mme. Jessie M artins Rodrigues.

N O T A S R UR AE S Nossa illustre confreira, como diz o digno propa-


gandista do militarismo Sr. Carlos de Laet, Mme. de
— Quando as aves começam a pôr óvos de casca Thèbes entre as predíções que nos enviou para o mez
mole, o melhor meio dc corrigir esse defe to é dar- que estamos nelle fala em uma nova passagem dos
lhe saibro imsturado no m.lho ; os óvos sahirão assim deputados fiuminenses para o partido do Dr. Alfredo
com casca de pedra. Backer, accrescentando que em Setembro passarão
— Para se conhecer se um ovo está chôco ou ainda outra vez para o Dr. Nilo Peçanha.
fresco sem abril-o, o melhor processo é o seguinte: Isso agora é que é impossível.
Deixa-se o ovo cahir sobre uma pedra, da altura de Não publicamos absolutamente essa prophecia. Res­
dois metros, elle abre-se por si e torna facil a verifi­ peitamos muito os dignos deputados para ter com
cação. elles semelhante procedimento.
— Duas partes de cascas de ovo moidas e uma Mme. de Thèbes que se morda mas essa prophecia
parte de polvora, formam excellente dentifricio para ficará guardada em nosso tinteiro.
gallinhas. Mas é preciso que seja tudo reduzido a pó
fino, para evitar accidentes. Outro dia, um frango que At é que emfim, seu reverendo,
engulira alguns grãos de polvora mal triturados, ex­ encontrei o que ha m uito tempo
plodiu nas mãos de um ladrão nocturno. procurava.
— O que foi meu filho que tú en­
— A invenção dos oculos verdes do Bacharel. c o n tra ste ? com certeza algu m a m u ­
Penido tem dado bom resultados. Dos dez cavallos lher de fortun a ?
sujeitos á experiencia official, no fim de cinco aias só N ã o seu reverendo. D e p o is de
tinham morrido nove. soffrer lo n g o s mezes um a pertinaz
bronchite, v i - m e c o m p le ta m e n te
— A Sociedade Veterinária aconselha aos criado­ cu rado co m o u so do xarope do
res que não obturem a platina os dentes dos patos. bosque, e eis-m e forte. Este xarope
cura qualquer tosse em 24 horas. A s
Esse metal produz uma moléstia nas gengivas que bronchites, coqueluche, asthm a e
impede as aves de correr e lhes produz a morte. todas affecções do peito são ra d i­
— Está muito introduzido, em Campos, o processo calm ente curadas com o u so d a q u e l-
le xarope.
de regar os canaviaes com xarope, para que as canas E, onde é que se encontra este
fiquem doces e produzam bôa aguardente. san to rem edio íiiho ?
- E ’ hoje condcmnado o processo de trepar na E ’ no Freire G uim a rã e s & C. Rua
do H osp íc io n. 32 e na Ph arm acia
bananeira para colher bananas. M allet á rua Frei Caneca n. 52.

ISID O R O M A R X & C. Representantes da Onrivesaria ------ ---


------- C H K M S T O F T .R & C.
-------------------- ----------- J O A L H E I R O S ----------— — —
F i l i a l em F o r f o Alet/re
R U A D O O U V I D O R , 13S — Rio de Janeiro ESTADO DO R IO G 1\'AN DE DO S U E
CARETA

CARETA PARLAMENTAR O Sr. Astolpho Dutra Nicacio.—Sim, o que ve­


mos ?
O SR. GERMANO HASSLOCHER.—Vemos, Sr.
O SR. GERMANO HASSLOCHER —Sr. presiden­ presidente, os grandes talentos de nossa terra empe­
te, não é minha intenção interromper os patrióticos nhados em uma campanha inglória, qual a de fazer
discursos que sobre a questão das candidaturas tem uma tal reacção de cultura...
pronunciado e ha de pronunciar ainda o nosso illus- O Sr. Jo s é Bento Nogueira.—Ah 1 Isso também
tre leader, Sr. J. J. Seabra (apoiados geraes) que é já quizeram fazer lá em Minas, dizendo que a enxa­
o depositário de nosso pensamento (apoiados)... da não servia, que a cultura devia ser com umas >s-
O Sr. Astolpho Dutra Nicacio.—Sendo assim, co­ trumellas muito complicadas, cheias de rodas. Mas
mo eu sou o vice-leader, serei então o vice-deposi- isso foi no tempo do João Pinheiro. Hoje que elle
tario (apoiados). morreu a cultura é a enxada mesmo. Não pega não.
O SR. GERM ANO H ASSLOCH ER.—V. Ex. tem O SR. GERMANO HASSLOCHER.—Allegam esses
toda a razão, e isso mesmo eu ia affirmar. nossos adversários que os mais talentosos devem ser
O Sr. Astolpho Dutra Nicacio. — Então muito os dirigentes do paiz. Mas como diz Spencer, no
obrigado a V. Ex. Em todo o caso como podia se qual me estribo os grandes talentos são estereis, Sr,
esquecer... presidente. Se elles tomarem conta da politica, o que
O SR. GERM ANO HASSLOCH ER.—Não havia acontecerá, Sr. presidente?
perigo, eu tenho sempre presente o digno deputado O Sr. Astolpho Dutra Nicacio.—Sim, o que acon­
no coração e na memória, como a todos os minei­ tecerá, Sr. presidente?
ros que obedecem á chefia do eminente senador Pi­ O Sr. presidente.—Sei lá!
nheiro Machado (apoiados geraes). Mas como ia di­ O SR. GERM ANO H ASSLOCHER.—Pois sei eu.
zendo, Sr. presidente, tenho de tratar de um assum- O Sr. Astolpho Dutra Nicacio.—Eu também sei.
pto assáz importante para o paiz. O SR. GERM ANO H ASSLOCHER.—Pois então
O Sr. Francisco Bressane—Que é o unico jornal diga V. Ex.
que merece a pena a gente ler. O Sr. Astolpho Dutra Nicacio — Perdão, diga V.
O Sr. Nogueira Penido.—Apoiado. Ex. que é quem está com a palavra.
O Sr. Jo s é Bento Nogueira.—Eu não perco os
artigos do nosso patricio coroné Rodolpho Abreu. O SR, GERM ANO HASSLOCHER.-Cedel-a-ei de
bom grado a V. Ex.
O SR. GERM ANO H ASSLOCH ER.—Eu porém O Sr. Astolpho Dutra Nicacio.—Perdão, não se­
não me refiro aquelle o rg ã o ... nhor, está em muito boas mãos.
O Sr. Francisco Bressane.—Também nenhum de
nós fallou em orgão, apezar de sermos muito amigos O SR. GERM ANO H ASSLOCH ER.—Sendo assim
da musica. eu vou dizer. O que acontecerá, Sr. presidente, é que
O Sr. Manuel Fulgencio — Isso é muito apreciado se os homens de talento dirigirem a politica, o paiz
lá em nossa terra. O nosso futuro presidente coronel irá forçosamente á garra, porque Spencer diz e eu
Bueno Brandão toca requinta muito bem. concordo com esse conceito que os grandes talentos
O Sr. Honorato Alves.—Na perfeição, E diz que são estereis (apoiados geraes). Ora a esterilidade o
já foi regente da banda de musica de Ouro Fino. que é Sr. presidente ?
O Sr. presidente.—Attenção 1 Quem está com a O Sr. Astolpho Dutra Nicacio. -Sim, a esterilida­
palavra é o Sr. deputado Germano Hasslocher. de o que é ?
O SR. GERM ANO H A SSLOCH ER.—Muito obri­ O SR. GERM ANO H ASSLOCH ER.—A esterilida­
gado a V. Ex. Eu não pretendo demorar-me muito de é a falta de productividade.
na tribuna, mas se os meus collegas continuarem a O Sr. Astolpho Dutra Nicacio.—Isso é claríssimo.
apartear-me como até agora, de certo não poderei O SR. GERMANO HASSLOCHER.— Ora, se isso
concluir na hora do expediente. é verdadeiro, e é Spencer quem o affirma, notem
O Sr. Nogueira Penido.—Esses apartes são a bem os meus illustres collegas, a reciproca também
prova do muito que nos merece V. Ex., que é verda­ o é. E qual é a reciproca?
deiramente a lingua do nosso chefe, general Pinhei­ O Sr. Astolpho Dutra Nicacio.—Sim ! Respon­
ro (apoiados calorosos e repetidos). dam ! Qual é a reciproca ?
O SR. GERM ANO H ASSLOCHER,—Pois muito O SR. GERM ANO HASSLOCHER — Se os gran­
bem. Eu como V. Ex. bem sabe, Sr. presidente, sou des talentos são estereis e se a esterilidade é a falta
um amador da sociologia e outras sciencias applica- de productividade, segue-se que a productividade é
das, cujas leis ouso de quando em quando appllicar consequência lógica da direcção dos que não têm
ás nossas necessidades. talento. E ’ logico ou não é ? (sensação). Sim, Sr.
O Sr. Astolpho Dutra Nicacio.—Eu também sou presidente, é profundamente logico e irrespondível.
grande amador dessa sciencia e da sua irmã-germana A producção está na razão inversa do talento dos
a gymnastica cujas applicações são muito uteis. governantes, essa é a grande lei sociologica, que é
O SR: GERM ANO H ASSLOCH ER.—Eu já li Spen­ necessário applicar ao paiz (apoiados geraes).
cer Sr. presidente, e abundo em muitas de suas idéas. O Sr. Astolpho Dutra Nicacio.—Em nome da
Foi elle quem disse que assim como as grandes do­ bancada governista mineira, concordo plenamente
res são mudas, os grandes talentos são estereis tam­ com V. Ex. (applausos).
bém, Sr. presidente. O SR. GERM ANO HASSLOCHER. — Logo, Sr.
O Sr. Astolpho Dutra Nicacio.— Nesse ponto eu presidente, a reacção que se faz e que se chama re-
não posso concordar com V. Ex., nem com o Sr. accão da cultura, não consulta os interesses do paiz.
Spencer, por mais consideração que me mereçam am­ Deixemos á frente dos negocios públicos boas pes­
bos, porque eu não me considero esteril de modo soas que enxerguem só uns tres dedos adiante do
nenhum (apoiados geraes). nariz e em virtude da lei de Spencer, nós chegare­
O SR. GERM ANO H A SSLO C H ER —Perdão, eu mos a um tal gráo de progresso, que o Mundo as­
falo em these e V. Ex. sabe que as leis variam para sombrado não terá remedio senão curvar-se mais
cada caso occurrente; (apoiados) isso aliás é claro. uma vez ante o Brazil. Tenho dito.
Pois bem, Sr. presidente, adoptando a opinião do (Applausos calorosos e repetidos. O orador é
grande sociologo dinamarquez, como a que mais cer­ muito abraçado e cumprimentado por vários colle­
ta se me afigura e applicando-a ao nosso paiz o que gas.)
vemos ? F er r o lh o
O B A C H A R E L LD N OUBCA

I . p o ■lerr>
l'-' oO
«r•' W ge-i
»* 11 >oKo clo^
6 bochorpl Liiaguico í- mo >í, quv !r ar>z.i no - 0 ba- rido o ^ la n le A p o se u r ofbl«rcR
ro p q i ir o n iir jo chorpl i. m í j u i C a <?' mciiTo m a e co<no a d o r a o ‘S p o r f
gro

% Jf moim defeito 0 bacharel i^jngt


Ç a neto ocítaim
írmlte* a m e n o r illega.i
i l l e g a h d o d t «m
em « mu
cru
Ta r o m o r c i t ^ i r ) Q o f o ^ 5 e a p o l l C i a c(rriclc>^ c q m p e o é ',
l í r i q y d o r c d u c i ddo
p o I"
tqq rrrq^o^.fsoi-GjMe
rq o r qM e meTTeq o d ed <

: rv,, n d i n b « em « m q d o ^ r f n í o ; d o o d í f r j o r i o

Aos artistas que, desejando concorrer ao interes­ la tiveram em vista não só fazer propaganda do seu
sante Concurso de cartazes, aberto pelos fabricantes excellente preparado como, sobretudo, animar as ar­
do Bromil, pedem-nos explicações sobre as condi­ tes abrindo-lhes, entre nós, um campo que no estran­
ções d’elle, recommendamos a leitura das bases que geiro os melhores artistas exploram com proveito e
neste numero publicamos.
Em matéria de dimensões e côres é absoluta a sem deshonra. Visassem aquelles senhores apenas a
liberdade dos concorrentes. reclame do Bromil e poderiam obtel-a de maneira
Recordaremos aos nossos artistas, que abrindo mais pratica, mais commoda e menos dispendiosa
esse interessante concurso os Srs, Daudt e Lagunil- com uma simples encommenda.
C A R E r A

NSTITUTO OSWALDO CRUZ (Manguinhos)

Manifestação dos médicos nacionaes e extrangeiros ao Dr. Oswaldo Cruz.

Secção de criação dos animaes para laborathorio.


Na pagina seguinte: — I. D r. Oswaldo Cruz e cs médicos que o auxiliam no serviço da prophylaxia da
febre amarella. — II. O Dr. Oswaldo Cruz e os seus médicos que o auxiliam no Instituto do seu nome.
III. O Dr. Oswaldo Cruz e os médicos paulistas que o foram saudar e visitar o Instituto de seu nome.
CA R E T A

Guardo em minh’alma venturoso arcano


DR. ALVES LIMA O meu segredo que a ninguém abri
Só tu poderás descobrir alli
Quando não pode o desespero humano.
e manda-os para que sejam publicados.
Ora viva, meu caro senhor, ora viva e estude
para agrimensor que lucrarão mais as letras e o ami­
go também.
Ambrosio Tiburcio Martins (S. Paulo). Porque o
senhor não segue o conselho que dá aos outros no
terceto ultimo de seu soneto: „ _ a®»®!
Ao fiel cidadão prospera a sorte g '**
gâjgiEf Sejam eguaes aos seus feitos os nossos
H ; E.Imitae vossos paes até a morte.' 23S&Í
■ Se o senhor imitasse seu pae, seu Ambrosio,com
certeza não faria versos. E olhe que ganhava com
isso.
Oscar E i n . . . (Rio). Continue a preparar os xaro­
pes que terá mais proveito do que fazendo versos.
Comtudo para satisfazer seu desejo de publicidade e
E ’ uma das glorias da cirurgia paulista e são no­ demonstrar que tem razão ahi vae uma amostra do
táveis os seus trabalhos sobre a cirurgia do coração seu estro:
e do systema nervoso. E’ ao mesmo tempo um grande
proprietário e está a frente de diversas empresas, Vinte a n n o s... ou sejão vinte primaveras
entre as quaes: a Economisadora Paulista, Asso­ Tu já gastaste a percorrer os ermos
ciação de mutualismo, que conta 25.000 socios e cujo De terras sombrias colhendo tuas chimeras.
fim é dar uma pensão mensal de 100 a 150$000, em Foge da iilusão maldita deste mundo,
dinheiro aos seus socios. Contempla tua infancia de affeições sem termos
A Economisadora é dirigida pelo escol da Sociedade E a tranquillidade de um coração profundo!
paulista e tem filiaes em todos os Estados e na Ca­ Faça xaropes, seu Oscar, faça xaropes.
pital Federal, á rua 7 de Setembro, 113 (moderno).
Jick (Rio). Recebido. Será publicado.
Sargentão (Rio). Apezar dos bons desejos, não
GAVETA DE CARTAS podemos publicar seu soneto por necessitarem muitos
dos seus versos de moletas. Leia com attenção um
Jo á Nito (Rio). E ’ velho e não é seu. dos nossos números atrazados em que vinha a recei­
ta para fazer sonetos, usada pelos nossos melhores
Celestino Vieira (Taubaté). Cá recebemos os seus poetas.
tres sonetos que lemos, relemos, tornamos a ler e, Hyme (Rio). Um pouco ingênua a sua producção.
palavra de honra, não comprehendemos.
Mas pelo amor de Deus, não pense que isso Veja se assenta a mão e faz cousa mais digna de
queira dizer que elles são ruins, isso não; Mas estão leitura.
muito acima da nossa comprehensão, de sorte que, C. de Lemos (ParáJ. Mande os versos que se fo­
com o devido respeito á tão preciosa producção de rem bons serão publicados. Agora se forem ruins po­
seu estro poético deitamol-os á cesta. Não se zan­ de também ficar certo de que irão impiedosamente
gue, sim? para o Pantheon.
Xantippa de Moraes (Rio). Seu conto, fantasia ou Cleantho Costa (S. Paulo). Ahi vae o seu so­
cousa que o valha “ As papoulas,, produziu o effeito neto :
que era de esperar de tão virtuosas plantas. O nos­ Quando o sol se põe no rubro horizonte
so collega encarregado de o ler, sentiu-lhe os effei- Ao cahir da tarde solitaria
tos narcotisantes de tal sorte, que até hoje, 8 dias Desapparece a luz de traz do monte
passados ainda dorme. Quando elle acordar tomare­ E vem chegando a noite funeraria.
mos uma resolução sobre o seu estupendo trabalho.
Então baixinho a tua loira fronte
Carlos de Castro (Paraná). Seus versos são ex- Cheia a cabeça de uma idéa varia
plendidos meu caro senhor, tão bons, tão cheios de Que nem eu mesmo sei como o conte
qualidades que julgamos nossas paginas indignas de A cabelleira pende-lhe estellaria.
dar-lhes guarida. Não que tudo quanto até hoje te­
mos publicado empallideceria diante do seu soneto Eu vou de rojo, lépido ginete
“Virgem, esposa e martyr,,, “essa sublime trilogia,,, A mergulhar a rutila narina
como diz, “que reune os tres estádios da existência Naquelle seu cabello desnastrado.
humana,,. Quando a Careta estiver na altura dos E quando chego, rápido arremete
seus versos, serão elles publicados. O meu desejo, e tu gentil Marina
J . Salsabo (Rio). Então o amigo Salsabo escreve Consolas este enorme desgraçado 1
versos como estes: Pois seu Cleantho, nossos parabéns, porque se
Se tu soberes que penar insano fosse comnosco que o senhor arremettesse como um
Meu peito fere quando penso em ti ginete lépido, procurando mergulhar em nós a sua
Teus roseos lábios que feliz sorri narina, não sei o que lhe aconteceria. Com certeza
Chamar-me vinha do feliz engano. sahiria desconsolado.

Angico Composto
Cura radicalmente, qualquer tosse antiga ou recente.
A’ venda na P h a r m a c i a l i r a r / a n t i n a e em
- . = todas as pharmacias e drogarias =
105, R u a da Ura gn ay a na, 105—Rio de Janeiro
C A R E T A

Entre irmãs. O Dr. Wencesláo Braz Pereira Gomes dirigiu um


— Olha que te enganas Maria, se pensas que este affectuoso telegramma de saudações aos deputados
chapéo te fica bem. fluminenses que tendo trahido o Dr. Nilo Peçanha e
- Bem sei que não fica, mas uso-o por tua causa. passado para o Dr. Alfredo Backer, trahiram agora o
— Por minha causa, como? Dr. Alfredo Backer passando de novo para o Dr. Nilo
— Sim ; não quero ser mais attrahente do que tú Peçanha.
que és mais velha e mais feia, precisando por isso Oh ! como é jocunda essa irmanação de pensa­
casar primeiro. mentos 1

Em uma escola de direito. Os médicos.


— Como se chama o estado que permitte a um — Então como se deu com a minha receita
homem ter diversas mulheres? tra as insomnias? Contou até dormir?
— Chama se polygamia. — Com franqueza eu cheguei ate um milh
— E o que prohibe ao homem ter mais de uma novecentos e quarenta e cinco mil.
mulher ? — E dormiu ?
— Monotonia. - Não que já era hora de me levantar.

En tre c s d o is ... sa p cch e balan ça.


CARETA

UM FU RO DA “ CAR ETA”

0 Sr. Dr. Nilo Peçanha presi­


dente da Republica fazendo-se
photographar em. varias poses
pelo photographo Bastos Dias.
l.a boudoir.
2 a promenade.
3 a l'air vainqueur.
CARTAS DE CM MATCTO

Comadre, na nossa terra, "Ocê vai fazê figura Ao passá em frente á casa
Ha pessoas inciví, Coroné, tou com parpite; Onde era a recepição,
Que não tem indueação, Compre o boleto que é dado, Eu conheci pelo povo
Nem sabe omênos fingi. Não demore, se habilite...» E pela inluminação.
Tenho visto muito bruto - “ Pois vá lá, seu Xico Salles, Comadre, a gente era tanta,
Mas, por Deus, que eu nunca vi Disse eu, dá cá o convite !» Que tava uma confusão,
Gente tão sem cortezia Puxei os meus dez mirréis, Assim mêmo atrevessemo,
Como os graúdo daqui. Paguei e fiquemo quite. E entremo no saguão.
Untam sebo nos bigode Eu tirei informação Entonce veio uns sujeito
Promóde podê torcê; E sube que o soarê Fingindo de delicado
Carçam botiin de verniz Era no ltamaraty, E disséro : "Cavalleiro,
E luva, não sei pra quê : Casa que póde se vê, O senhô tá inganado !
Comprimentam, muito amáve, Onde janta os estrangeiro, Vossa incellencia descurpe
Fazem pr’agradá ocê, Que costuma apparecê, Se causamo desagrado,
Mas no fundo é uns grosseiro: E é lá que mora o Barão, Mas isto é particulá ;
Escuta só, pr'ocê vê. Segundo eu ouço dizê. E' só para os convidado».

Eu tava, uma destas tarde Pra nós nos mettê na moda Respondí : "Não sou filante
Sentado, mais a muié, E não causar arreparo, De festa nem de banquete ;
Lembrando da nossa vida, Comadre, desemborçamo Eu tenho uns cobre de meu,
Tomando nosso café, Um dinheirão. Ficou caro ! E sei pisá num tapete.
Quando vem o Xico Salles: Só o chapéo pra Biella, Pr’ocês não sê marcriádo
"Ora viva ! Coroné; O Vestido e um chalés claro Devia entrá no cacete ;
Dê cá uma narigada Custou seiscentos mirréis, Mas eu respeito o lugá.
Ahi do seu bão rapé !» Fóra os outros apreparo. Veja ! Tá aqui meu biête !»

Eu pensei co’os meus botão; Quando eu vi meu desempeno, Elles abriro o envelope
"Pro Xico me visita, Sapato de fivelão, Tiráro o convite, lêro,
Puxá um tostão ou dois, Clárque, casaca vermêia, E disse : "Este não é seu ;
Entrá no bonde e pagá !... Collete de gorgorão, E' de um senado minêro...»
Aqui tem dente de coêio; Eu disse : Tou pito deite ! Arrespondi : “ E’ veldade.
Ha quarqué coisa no á (Não é pra me gabá, não,) Mas comprei com meu dinheiro,
Arredei um tamborete Mas fiquei mênio inlegante... E por isso eu quero entrá,
E mandei elle assentá. Pregunta a padre Romão. Ou faço já um banzeiro !»

Elle fungou sua pitada, Biella, c’oaquelle corpo Ahi eu abri a bocca,
E despois de uns arrodeio Tar-qual colxão enrolado, Comecei a insurtá,
Disse : "Coroné Tiburcio, Pr’arrochá o espartio, A dá a torto e dereito,
Eu vou lhe dá um consêio: Deu um trabaião damnado. A batê e a apanhá.
Um home de posição Foi perciso eu de uma banda, Biella, na barafunda,
Como ocê, que tem seus meio, Padre Romão do outro lado, Safocou, por farta de á.
Deve entrá na sociadade, Nós dois esticando as corda Pr’abafá a gritaria,
Se não quizé fazê feio. Inté cahi de estafado. Mandaro a musga tocá.
Levei ponta-pés no assento,
"Vai tê, despois d'amanhã Botou fulôr no cabello, Murros no peito e no imbigo...
Um baile muito decente, Poz os seus brinco de argola, Ah ! se encontro o Xico Salles,
Pr’o qual fôro convidado, E um vestido sem cintura Elle tem de vê comigo !
Só pessoas competente. Que parece camisola. Não é pelo perjuizo ;
Vão deputado e ministros, Quando eu vi ella no espêio, Por dez mirréis eu não brigo,
Vai inté o presidente, Se oiando, toda pachóla, Mas quando soffro desfeita,
E ocê, coroné, não deve Coitada ! Tive dó delia ; Não conheço mais amigo.
Deixá de tá lá presente. Tava qui nem uma bóia.
Despois desses avexame
"Quem dá a festa é o Barão Quando chegou as dez hora, E dessa decepição,
Que pr’essas coisa tem dedo, Ahi tomemos corage, Eu nem tive mais cabeça
Por isso todos qué i ; Demo uma vista no espêio Pra vortá na Exposição.
Vai gente que n’é brinquedo. E entremo na carruage. Acceite muitas lembrança
Os convite já acabáro Assobiro na boléia Minha e de padre Romão.
Mas, aqui muito em segredo, O cocheiro mais o page, O véio amigo e compadre
Eu tenho um. Se ocê quizé, E os cavallo foi sahindo,
Por dez mirréis eu te cedo. Tirando fogo nas lage. T ib u r c io d ' A n n u n c ia ç ã o
CA R E T A

COISAS E MAIS COISAS grandeceram com amor e talento toda esca musica
ideal, de harmonias que se não extinguem e que re­
velam o estro feliz do maestro Menelau Campos.
MENELAU CAM POS. C o n c e r t o .— No salão da As quatro Romanze foram bem cantadas e produ­
Associação Commercial teve logar o concerto com ziram excellente impressão pelo acurado estylo.
que o maestro brasileiro Menelau Campos, se apre­ A musica de Menelau tem subido valor; é delle,
sentou ao publico desta capital. do seu provado talento, do seu esmerado gosto e
O programma constou de duas partes. f.na fatura.
Na primeira foi executado o Quartetto, em ré Cernicchiaro, com toda sua bravura; Ronchini,
maior, para arcos e composto de quatro tempos. Se­ com aquellas bellas cavate, que sabe tirar de sua es­
guiu-se a romanza Novella dei Mare, cantada pela plendida viola; Jeronymo Silva com a sobriedade de
Sra. Hortencia Cardinali, acompanhada por pequena seu seguro arco e Rubens Tavares, com os sons me­
orchestra e mais a romanza II canto delia Ternpesta, lodiosos de seu melodioso violoncello foram applau-
cantada pelo Sr. Commendador F. Cardinali. didos, victoriados por entre todas aquellas difficulda-
A segunda parte comprehendeu o Quartetto, em des que não admittem benevolencia do auditorio e
mi maor, para arcos, também em quatro tempos; a da crit.ca si não magistralmente vencidas, como o
romanza Cielo e Mare pela Sra. H. Cardinali e Pri­ foram.
mavera, pelo Sr. F. Cardinali, ambas acompanhadas Esse concerto deve ser repetido. O publico desta
por orchestra dirigida pelo maestro. capital, os proprios professores de musica, que lá es­
Em 1903, esses dois Quartettos foram executa­ tiveram em numero assas diminuto, necessitam ou­
dos brilhantemente e com francos elogios da im­ vir as composições do maestro Menelau Campos a
prensa de Milão, parca e sevéra em suas opiniões quem enviamos de coração um sincero parabém.
em se tratando de Arte. O notável professor, maes­
tro Ferroni, do Conservatorio daquella tão illustre e F ly

adiantada capital lombarda, elevou a musica de Me­


nelau Campos.
Assist mos a prova geral dos Quartettos, em audi­ EXPOSIÇÃO DE HYGIENE
ção muito intima; e confessamos nosso contenta­
mento em ouvir aquella musica deliciosa, grave de
difficil execução, de transposições rapidas, successi- E sta m adam e foi a ssistir no D o ­
m ingo o s grandes divertim entos na
vas que lhe dão um tom clássico, porém, com as E x p o siç ã o de Hygiene, e voltou de lá
largas melodias italianas. en cantadissim a! Im a gina leitor que
Não podemos nos alongar. Porém, deixarmos “en só aquelle balão dirigível, vale por
um passa-tem po lindíssim o, não co n ­
passant,, esses importantes Quartettos, sem lhes as- tando o s leões com o s seus bravos
signalar o valor intrínseco, seria um peccado. dom adore s etc. etc. ete. E volta ainda
E’ a primeira vez que se executa esse genero de m ais satisfeita, porque antes de ir
para lá foi bastante precavida, teve
musica completo e composto por um brasileiro. E a lem brança de tom ar um a assign a-
bastaria esse facto para dar grande valor ao maes­ tura do bom leite puro da Leiteria
tro Menelau Campos. P a lm yra á rua do O u v id o r n. 149—
pois é lá que se encontra a boa m an­
E’ diff cil destacar este ou aquelle tempo. Não teiga Virgem , que é de superior qua­
obstante, cumpre-nos notar a belleza dos dois Scher- lidade, de cor natural e esterilisada.
zi, tão diversos em gosto, em fatura, em caracter, E ao chegar em sua casa ella teve de
sab o re ia r este bom leite e esta boa
em rythmo, ambos com um largo primoroso de sur- manteiga.
preza d arte e de difíiculdades, especialmente no 2°
Qartetto, a Berlioz, valente, sem descambar da no­
breza lyrica. O canselheiro Nuno de Andrade ainda não perdeu
O fin al do 1° com aquella fuga, bella e traba­ as esperanças de ser Prefeito.
lhosa ; o mirnetto do 2° dão um cunho artístico ao Ao que somos informados em breves dias assu­
seu compositor que teria um echo extenso, si o am­ mirá elle a Prefeitura... de Jacarépaguá.
biente fosse mais vasto e si o publico, intelligente,
tivesse acudido em massa a saudar, a admirar, a im­
pulsionar Menelau Campos, modesto e tão estudioso. Quando o Dr. Wencesláo Braz for presidente da
A execução foi notável, correctissima, ampla, “cal- Repubbca, a Prefeitura porá em execução, rigorosa­
dissima,,. E como não ser assim ? mente, as posturas que prohibem aquelles conhecidos
Os maestros Cernicchiaro, Ronchini e Jeronymo bonecos que se costumam queimar no sabbado d’Al-
Silva e o joven vu loncellista, Rubens Tavares, en­ lelluia.

0 maior successo em Perfumaria!


Z Z « I l l u s i o n M u g u e t » d e D p a l l e ----
ESSEN C/E) D E F L O R E S , S E M ELC O O L
Uma gotta basta para perfumar deliciosa e
persistentemente qualquer objecto. Preço
do vidro, em estojo de madeira de feitio
de um pltarol, 5$000 rs. em todas as boas
casas de p e r f u m a r i a s . E x i g i r a marca
acima ! _________
( OWESSIOJI.VKIOS P A R A O BRAZIL:
-------- IIIms HEBMANNY S C M P . =
R IO OT
DJ A N E I R O
C A R E i A

DIPLOMACIA guardo, no regimen de leite ás chicaras. Juquinha,


que é estudioso, folheia um livro e esbarra numa pa­
Juquinha é um menino modelo, obediente e cor­ lavra que não conhece. Soletra alto:
dato. Apesar de ter apenas seis annos, tanta con­ — Di-plo-m ácia. . . Papai, que é dipLomácia? Que
fiança merece aos pais que já toma conta do Zico, quer dizer ? “
seu irmãozinho de quatro annos, dorme com elle na — E ’ diplomacia que se'diz, meu filho ! Diplomacia
mesma cama, do lado de fora, para que o Zico não é a arte de dizer ou de fazer a coisa conveniente e
caia. exactamente no momento proprio.
Juquinha está doente. Ou fossem umas balas que - Ah ! responde o pequeno, então eu fiz diplo­
ganhou, ou por ter repetido o bolo da sobremesa, o macia hontem de n o ite ...
seu estomago revoltou-se, e o pequeno está de res- — Como ? pergunta o pai.
—Assim : hontem de noite,
quando mamai foi com o chá
N n E x p o s iç ã o de bico, eu empurrei Zico para
o meu logar no momento pro­
prio e me deitei no canto.
Depois, quando foi hora do
leite, eu empurrei Zico para
o canto e voltei para o meu
logar.

Resolução Heróica
Ella estava desesperada­
mente inclinada para ambos
e não sabia qual dos dois es­
colher. Terrível perplexidade!
Ambos lhe agradavam tanto,
e tinha de optar por um del-
les !
Nessa disposição de espi­
rito, e com o desespero n’al-
ma, olhava um e outro, sem
saber o que fazer.
— Vamos, minha filha, res­
olva! diz-lhe o pai. Acho bom
tanto um como outro. Esco­
lha qualquer delles, que, pa-
rece-me, não se arrependerá.
Mas é preciso decidir !
A pobresinha ia decidir por
um, mas logo o outro se apre­
sentava aos seus olhos e vol­
tava-lhe a indecisão. Não se
aventurava a abrir a bocca.
Não sabia o que fazer. Afinal
o pai perdeu a paciência:
— Bom, minha filha, pelos
seus modos, vejo que não
quer nem um nem outro,
não é ?
Elvira baixou os olhos e
disse:
— Quero, papai! Escolho...
— . . . O verde !
O pai immediatamente, pa­
gou o chapéo verde, embora
achasse o branco mais bo­
nito, por causa das plumas,
e mais barato.
Mas é sempre assim. E’
sempre uma luta para uma
moça escolher um chapéo.
E ás vezes escolhe o peior.

Maldades conjugaes.
—La vae você comer mayo-
naise. Pois o medico não te
prohibiu esse prato, dizendo
que te fazia mal.
—Ora filha, se eu me fosse
Pareces a Sellica, a linda dotnadora de leões. privar de tudo quanto me faz
mal, não teria hoje o gosto
Infelizmente estás longe de ser um leão. de tua companhia.
CA K K I A

Paríy mo Campo a anu

Alum nas do Instituto Profissional Feminino.

COM PENSAÇÃO Na Exposição.


— O ’ dr. sinto immenso prazer em vel-o; soube
No doce silencio do crepúsculo, a recem casada que havia se casado reccntcmente. E’ tarde para lhe
convida o joven esposo para apreciarem o nascer das
estrellas, em um banco do jardim. dar os parabéns ?
— Meu querido, diz ella com as mãos trançadas — E ’ tarde é. Ja me casei ha tres sáínanas.
e entre dois beijos, agora que estamos casados, eu
tenho um segredo para te revelar.
— Diga, Latira, não tenha rece io ... NÃO COMPREM JOIAS SEM PRIMEIRO
— Mas pódes ficar zangado comigo.
- Não ! Prometto que não fico. = = = = = = = VISITAR = '
— E me perdoas por te ter enganado até hoje ? . . .
— Diga! diga! Latira. P erd o o ...
— E ’ que o meu olho esquerdo é de v id ro ... diz
Laura baixando o rosto, e com um suspiro imper­
“A PÉROLA”
ceptível. RUA DA CARIOCA, 46
Durante alguns instantes, que pareceram horas a
Laura, elle ficou indeciso e um pouco despeitado. G. C A P R I O
Afinal abraçou-lhe a cabeça: ts* . : -v -. ’ " A. ■
— Não te incommodes, meu anjo, os brilhantes
da pulseira que te dei como prenda de noivado são
também de vidro. Está tudo compensado.
A mulher:— Esses jornaes. quando tratam de for­
tificações, ora d zem forte, ora fortaleza.
O coronel Bueno Brandão virá ao Rio brevemente. Qual é diferença que ha entre um e outro?
Está convocada uma reunião de todos os músicos O marido:— Não entendo de assumptos militares,
da Capital para preparar uma faustosa recepção ao mas supponho que a differença é a seguinte: a fo r ­
eximio requintista que vae ditigir os destinos de taleza, sendo feminina, deve ser mais difficil de re­
Minas. duzir ao silencio.
C u ra A sth m a, B ro n ch n e A stlim atica. é o a n li-a s tl m atiro u ita l
O PO’ INDIANO N ão produz perturbações cerehraes. N ão abate, netu deixa dôr
de cabeça depois do seu uso. N u m ero so s attestados de m édi­
Encontra-se nas boas Pharm acias e D rogarias. — Deposita Geral: Drogaria de cos e doentes provam a sua efftcacia.— V id e a bulla que aco m ­
— Fran cisco G.ffúni, — Rua 1° de M arço, IT (an tig o 9 ) — Rio de laneiro— panha cada frasco .^ - ----- •
CARETA

Oairdemi =Pairíly nu© Camnip© de Sannf Airnirnã

/. Plantio das arvores pelas alumnas do Instituto Profissional Feminino. — II. O Prefeito
Serzedello Corrêa e Mm e. N ilo Peçanha.

Alum nas do Instituto Profissional Feminino fazendo o plantio das arvores.


CARETA

Tô siguro qui os collega


NA CAMARA não duvida um só momento
Novo d is c u r s o do D r . M o n t e ir o Lopes di mi dá o seu apoio
nesse processo arriliento,
Sinhoris isto cum raiva,
a offensa toca a nois tudu
tenhu a cara qui é um braseiro,
qui semu do Parlamento...
devo está c’as facia branca,
qui nem oleado de cueiro, E si argum di vois discorda
até nem sei o qui faço dá prova que si metteu
qui já não faço um sarceiro ! no meio da commissão
Carcúli: o Barão dá o baile que tão fundo mi offendeu;
i mi cunvida prá festa si achá qui devo calar-mi
i eu não sei qui idéa tive, é qui é mais negro do qui eu
—sou mesmo uma grande besta !—
Vô fazê tamanha zuada
não sei cumu fui cahí
vô fazê tar baruião,
numa esparrella cumu esta !
que só hei de calá a boca
No dia determinado si vierem pidi perdão,
bati na porta visinha : quero mostrá pr’essa gente
fui buscá no tintureiro qui não sô quarqué tição!
uma casaca “ na linha,,.
Quarqué casaca alugada Pur isso, nobris collega,
devi istá milhó que a m inha... qui mi ajudi eu lhis rogo,
qui a minha resolução
Puz-me devéras na istica é prá já, não é prá logo
co’a casaca qui alugára
quero qui vejam a furia
numa tal petrolitisse dum tiçã o .. . qui péga fogo ?
qui mi jurguei coisa rara,
porém o qui mais destoava
era a côr da minha c á r a ...
CO M PO SEÇÕ ES D E PEÂNO
Dispois, tomei o bondinho
(qui os tempo é di economia,
SEVERO DANTAS
e afiná, inda di bondi E S Q U E C E R -T E ? ... JAMAIS. Ultimo Schottisch
eu nenhum feio fazia). MAGUAS CALADAS..................Schottisch
As portas do ministéro, ONDAS DE B EIJO S . . . .
táva ansim, só de fa m ía ... SÉRENADE C O Q U ET T E . . Para violino e piano.

Mais, porém, vae sinão, quando


aos socos e aos solavanco Casa ARTHUR NAPOLEÃO
atravesso aquelle povo
mas logo na porta estanco: A V E N ID A C E N T R A L
os porteiro impertigado
grita:—“Aqui só entra branco !„ R.ODOLPHO
Pru muito qui eu procurassi ( deputado latente)
convencê os malandrais, Já conseguio provar a Biologia
qui eu era o Monteiru Lopis, Que, na massa encephalica, se occulta
não desistiro os rapais A matéria banal de que irradia
e eu não tive outro remedio O que alma chamava a gente inculta.
sinão vortá para atrais.
Hoje, nem mesmo o cléro negaria
Tô danado, tô furioso, Essa verdade de que o sabio exulta.
furibundo duma veis, Melhor causa, não dá a Theologia,
si eu não fiz már a ninguém ! De ser a gente talentosa ou estulta.
fui até muito cortez,
a vergonha qui eu passei “ Dos movimentos cerebraes depende
não imaginam voceis.. . Essa scentelha genial que explende
Em Laplace, Molière e Gallileu---- „
Purtanto um conceio quero
do vosso grandi conceito, Apezar dos mysterios que ella explica,
já tomei resolução Num caso, ao menos, essa lei claudica,
de processá os tar sugeito: Pois, na cabeça do Rodolpho, ha breu.
mi digam, qui curpa eu tenho J . P in t o
di tê nascido ansim preto? Rio, 1 1-8 —09.
CARETA

Os senhores médicos.
— Então que é isso ? Tem agora
uma outra doença ?
— E ’ verdade. Sempre me acon­
tece isso quando mudo de medico.
— Mas porque não consultas o
medico sobre a insomnia de que
te queixas ?
— Pois sim. Se uma das causas
delia foi a conta que elle me apre­
sentou, como queres que vá au-
gmental-a ainda com uma con­
sulta ?
Uma do Hemeterio quando era
menino. O Hemeterio foi sempre
um menino muito expertinho.
O professor explicava a forma­
ção dos femininos dos adjectivos
no francez.
— Beau por exemplo faz belle.
— De modo, acode prompta-
mente o Hemeterio que se Mira-
beau fosse casado, sua mulher se
chamaria Mirabelle, não é fessô ?

O Dr. Nilo Peçanha tem sido


muito instado para demittir todos
os funccionarios públicos suspeitos
de não seguir a orientação politica
do genial estadista Gomes Macha­
do Pinheiro General.
E’ que ha um bandão de patrio­
tas a cata de empregos.
Mas ate aqui o estupendo par­
lamentar nada conseguiu.
Entretanto não desanima. O tra-
balhinho continua.

Continuam em Minas os proces­


sos pinheiristas a ser applicados.
O Wencesláo Polycarpo Banana,
não é isto, o Wencesláo Pereira
Braz faz derrubadas no funccio-
nalismo que não bate palmas á
candidatura da traição.
Bembem estava muito precisado de lavar, ao me­ Que viva por muitos annos o Wencesláo Polycarpo
nos o rosto. Desde uma semana que o pequeno não Banana, não,não é isto,o Wencesláo Pereira Braz
via agua nem mudava a camisa. Parecia um carvoeiro.
No sabbado organisou-se uma conspiração para obri-
gal-o a um banho.
A mãi, a pacata mamã, não teve remedio senão
intervir com energia: QUEREIS SAUDE E VIGOR ? ? !
- Não, Bembem ! Hoje has de tomar um banho: USAE O
faço questão !
Bembem lobrigou logo um negocio.
— E o que é que você me dá? responde o pim-
VITAGENOL
polho, preparando-se já para escapolir. Dcpositi Geril: Assimbléa, 33 — Rio di Jimin.
— Não dou nada! diz a mãi. Mas se tu deixas
lavar ao menos o rosto, levo-te, á noite, á Exposição. EM S. PAULO: BARUEL & COMP.
Bembem considerou a proposta, meditou um pouco
e objectou :
'A — Está bom! mas supponha que eu lavo a cara O mavortico coronel Fernando parece que abis-
e depois chove e mamã não pôde me levar á Expo­ coita mesmo a senatoria pelo Maranhão.
sição. Que é que eu hei de fazer com a cara limpa? Arre que afinal a gente já terá para quem appellar 1

Teiephone 872 Chapéos in g le z e s Mellon france-


CflSfl OUVIDOR zes Sans 1’ areil calçado Americano H a n a n e
1'ackard -
=■ 171 —O U V I D O R — 171
C A R E T A

GAÚCHA M A C E D O N I O S
Dizem, soberbos, os atheni°nses,
De claros risos crivando o ar:
“Sois macedonios, rio-grandenses,
Os bravos potros sabeis domar!,,
* * *
Altivo bardo da Macedonia
Ouso tal phrase justificar,
E, nestas horas de tedio e insomnia,
Os athenienses venho louvar.
* * *
Um maccdonio dito Pinheiro,
Que em nossa terra não vale um xis,
Transforma Athenas em picadeiro,
Dos athenienses dobra a cerviz.
* * *

E, como as serpes no Brahma-puthra,


A’ voz gaúcha do rude piá,
Baila o risivel Astolpho Dutra,
O Chico Salles bailando está.
* * *
Um macedonio a quem chamam Hermes,
(Em nossa terra sem tradições)*
Os athenienses reduz a vermes
Para esmagal-os sob os tacões.
* * *

De suas armas ao forte aceno


O trem do estado dos trilhos sáe;
Geme a requinta de Júlio Bueno,
Chico Bressane de joelhos cáe.
* * *
Podem, ufanos, taes athenienses
Por céos e mares alto bradar
“Sois macedonios, rio-grandenses,
Os bravos potros sabeis domar!,,
V o l - T a ir e

CASA AURA
A . rr iR is b a r a t e ir a d e s ta C a p ita l
M lle. Alice Ferreira de Alm eida, em traje Fabrica de chapéos de palha para senhoras, senhoritas
e meninas
de gaúcho rio-grandense. Chapéos m odelos artisticam ente enfeitados de 15$ a 30$000
G ra n d e soriim cn to de Jo rm a s de palha desde 3$000
Linguinhas. Im p o r t a ç ã o d irec ta de fa n t a s ia s

— Olha quem ali vae. E A R T IG O S P A R A C H A P É O S . — O F F I C I N A S D E C O N F E C Ç Õ E S ,


— A Souzinha com o pae. Dizem que está para CONCERTOS E REFORM AS
se casar. E N V I A M SE E N C O M M E N D A S P A R A O I N T E R I O R
— E quem será o feliz mortal ? — --— C O R R Ê A , C A R V A L H O & C . ----- =
- Ora, o pae que por fim se verá livre delia. 167 RUA S E T E DE S E T E M B R O - P roxim o á travessa Flora

Communica-nos o coronel Rodolpho Abreu que


Os distrahidos. brevemente reunirá em volume as suas notas agrí­
— V. Ex.a foi hontem ao Theatro Municipal? colas que está publicando no Paiz sobre a cultura
— Não dr. estava muito cansada e metti-me na das cadeiras de deputado.
cama ainda não eram nove horas. Parabéns antecipados ao notável propagandista
— E tinha muita gente? dos processos agrícolas de Kerioth.

CREAÇÃO INTEIRAMENTE NOVA


O m ais e le fa n te e o m ais confortável
- M A N U F A C T U R A D O EM P A R l Z ~
123, m 5 Ê T Ê DE 5tmm, 123 - (nMTIQfl Cfl5fl C flV f)
CARETA

DR. ROQUE SAENS PENA


( Siici p a ssa g e m pelo l^io cie Ja n e ir o }

D r. Roque Saens Pena, Barão do Rio Branco, Senador Ruy Barbosa, Deputado Rivadavia
Corrêa, fa m ília s argentinas e brasileiras no Itamaraty, depois do almoço offerecido
nesse palacio ao diplomata argentino pelo ministro do Exterior.

I. Mm e. Saens Pena ao braço de um diplomata brasileiro. — II. D r. Roque Saens Pena e


o D r. Ju lio Fernandez, ministro argentino, sahindo, em automovel do Estado,
do caes Pharoux. — III. D r. Roque Saens Pena e fa m ília s argentinas no caes Pharoux.
CARETA

Chega do Sul o deputado Moa- Q N EM A TO G R Â PH G


cyr e é recebido com extraordi­
nárias ovações populares...
Chega do Norte o senador José
Marcellino e o povo corre em mas­
sa a acclamal-o no desembarque...
Mas senhores o que dirá a isso
tudo o Dr. J. J. Seabra !

O senador Pinheiro Machado


esta semana que vae entrar pro­
nunciará, sem caroço, o seu tão
anciosamente esperado discurso
sobre a questão das candidaturas,
terminando por entoar em pleno
Senado aquella celebre canção:
voila le sabrrrrre!
Já estão preparadas as galerias
para o côro. Fita . . . dos espectadores.

* * * Álvaro Moreira, um dos novos poetas do arrebanha com a pá, um murro que se atira ás ven­
Rio Grande do Sul, e cujo poemeto Degenerada aca­ tas do proximo e que não acerta, tudo isto é apro­
bamos de ler, merece, mais que os cumprimentos ani­ veitado, tudo isto vae utilizado na natureza.
madores com que se saúda ao talento promissor, as * * *
homenagens com que se consagram os artistas fei­
tos. A sua arte não é, de certo, perfeita, nem nunca Por exemplo, o murro dado no ar não se perde:
o será porque o Sr. Moreira nasceu, como todos os desloca uma certa parte do ar atmospherico, esta
poetas, irremediavelmente humano, mas, pela origi­ parte desloca outra, esta mais outra “em espheras
nalidade que a inspira e pela belleza em que se mol­ concêntricas,, e estas deslocações se transmittem pelo
da, conquista para o bardo gaúcho, entre os homens ether ao sol e aos outros astros.
de lettras, um logar de honra que, por ser dominan­ Por isto quem dá um sôco e não acerta faz tremer
te, attrairá os despeitados olhos da inveja, sempre o sol.
aggressiva e desleal. (t » u
Votando esse nobre amor á originalidade e á for­
ma e sendo um poeta de província sem padrinho nas E não é só isto. Para se dar o murro emprega-se
nossas coteries, o Sr. Álvaro Moreira não podia dei­ força e "a força produz calôr,,. Nada na terra se faz
xar de ser esborrachado, como foi, pela pesada cha­ sem calor: nem vapor para as machinas, nem pipoca,
tice do Sr. Osorio Duque Estrada. nem pão torrado se consegue sem calor. Ora, o mur­
ro produzindo calor, como nada se perde, este calor
vae servir na natureza já para aquecer as caldeiras,
já para estourar a pipoca os seus múltiplos fins.
NOTAS SCIENTIF1CAS Brevemente exporemos a nova le i: nada se crêa,
tudo se perde na natureza.
D r. S a b ã o
Nada se crêa, nada se perde na natureza, instituiu o
grande Lavoisier. Este notável rasgo de genio, esta
luminosa sentença, está sem duvida, feita com todas
GRANDE L I Q U I D A Ç Ã O DA
as regras de grammatrica. Não tem um só erro de
portuguez. Cousa notável esta, porque, sendo Lavoi­
sier francez, é de pasmar que elle conheça tão pro­
fundamente a lingoa e o estylo grandiloquo e elo­
Alíaiataria Santos Dumont
Sendo esta a primeira liquidação que faz esta alfaiataria e ten­
quente do conselheiro Acacio. do já dez annos de existência, quer dizer com isto que é uma ver­
dadeira liquidação que vam os fazer; para mais facilitar, e para que
* * * os Srs. freguezes acreditem que é uma legitim a liquidação, men­
cionam os alguns preços, afim de que o freguez que conheça estes
Porém os homens de sciencia não vêm na bella artigos se scientifique do que escrevem os; e os Srs. freguezes, que
phrase apenas um mimo litterario: vêm nella uma não conheçam o artigo, queiram somente, quando desejarem com ­
verdade, um axioma scientifico. Lavoisier quiz expri­ prar qualquer roupa, ir especular noutra casa, afim de que, quando
chegarem em nossa casa, comprem sem receio e crentes de que
mir nas oito palavras da sua sentença uma lei geral esta casa é a mais barateira da actualidade.
que rege o Universo, com todas as suas transforma­
ções, que sendo infinitas e complicadíssimas, são ape­ Um terno de sarja, preta ou azul, lã p u ra...................... 36$000
nas apparentes. Nada se crêa—uma arvore que nasce, Um costum e de diagonal preto.............................................. 18S000
um ôvo que dá pinto, um som que se produz, um Um a calça de brim de lin h o ..................................................... 6$000
corpo que fica inchado etc., tudo isto são os diffe- Um paletot de alpaca preta, fo rrad o .................................. 13$500
Um terno de casem ira japoneza, no rigor da moda 28$000
rentes aspectos que tomam os eternos corpos sim­ Um distincto sobretudo de m elton, forrado á fran-
ples que andam por ahi aos pontapés. ceza...................................................................................................... 40$000
* * * As roupas sob medida soffrem grande abatim ento.
Enviam encommendas e am ostras para o interior.
Nada se perde—um papel que se transforma em
cinza, um cigarro que se fuma, uma carteira que des- 192, R U A 7 DE S E T E M B R O (antigo 144)
apparece, umas fichas que o banqueiro do High-Life Casitniro Filho A Almeida

A ESMERALDA Joias, relogios e brilhantes, sempre os últimos


modelos da arte parisiense. Importação directa.
— T R A V E S S A S. FR A JV CISCO I»E P A U L A —8 —
Peçam c a t a lo g o --------------------- .. ~ RIO D E JA N E IR O 50 o/o mais barato que qualquer outra casa.
C A R E T A

— Nove 1 Saracura é bicho feio, tem cábello no


VE NAN C I O jo e io ! Nove é que é 1
A’quella hora certa—oito da noite,—lá estavam Venancio acordou e, com espanto, indagou:
todos quatro, á volta de uma pequena meza redonda, Uê ! Agora é no escuro que se jo g a ? !...
forrada com um cobertor, o Juiz, o escrivão, o medi­ — Que escuro, nem meio escuro ! Você está so­
co e o boticário, jogando o truc, no interior da bo- nhando. ..
tica. Para abafar os risos, o escrivão gritou :
A unica pessoa que participava com elles dos — Come doze, mano !
sandwiches e da cerveja distribuídos ali durante o —Que vá! Que v á!—bradaram os outros,
“passa-tempo,, a dez mil réis a queda, era Venancio, -E s to u cégo, meu Deus! Acudam por favor!
Não por deferencia á sua pesso a... Vias, como se Não vejo nada! Que desgraça! — gritou Venancio
ha de despachar um sapo, assim, sem razões fortes, apavorado !
com duas palavras? Venancio pertencia á roda, por­ Uma estrepitosa gargalhada acolheu as lamúrias
que não tinham ainda conseguido um meio de afas- do pobre s a p o . . .
tal-o. Detestavam-n’o. — Foi brinquedo, seu Venancio.. . —disse o autor
A’s nove, nove horas e pico, lá surgia o homem, da pilhéria.
pontual como um funccionario publico: Por entre sonoras risadas accendeu-se de novo o
— Boa-noite, senhores! Já estão no vicinho, hein? lampeão.
Com um sorriso nos lábios, muito contente com- Venancio chorava e ria de alegria, limpando as
sigo mesmo, abancava-se, bebia, comia e, pouco de­ lagrimas na manga do paletó ...
pois, a um canto da meza, dormia com profundos Nunca mais sapeou jogo.
ro n co s... Era s ó ... Nem aparteava, nem apontava... S. Paulo—18—VII—1909.
Dormia. . . F e l i x T e l l .e s
*
* *
Uma noite, eram já dez horas. Ninguém mais es­ SUPPLANTANDO TODAS AS NAVALHAS!
perava por elle. Um doce allivio communicava-se a
todos: — “o sapo déra um ponto!,,
Puro castello no ar! Não demorou, Venancio so-
lemne, saudou da porta, radiante e feliz;
— Ora viva, meus senhores! Boa noite! e aban-
cou-se____
Irritação geral. Os jogadores entreolharam-se in­
dignados,
O escrivão, com ironia, indagou da sua saude e
do tempo:
- Um_ breu, lá fóra! Eu, como sempre, firme no
posto! Não ha mal que me entre! — respondeu, sem
comprehender o pobre d iab o ...
— E s tim o ...—tornou o terrível escrivão.
O jogo proseguiu e Venancio, no melhor da festa,
quando se approximava o final de uma queda dispu­
tada, roncava, sonhando com pilhas de sandwichs e
garrafas de cerveja...
— Um imbecil 1—disse o boticário, apontando para
o homemzinho. . . Avisamos aos nossos amigos e freguezes que acabamos
- Um burro :—interveio o escrivão irritado. Não de receber as superiores navalhas mecanicas e que continua­
comprehende que o queremos a cem léguas! mos a vender p o r ............................................................................. 2$000 !
Depois de uma pausa: Pelo correio . . . . . . . 2$500 !
— Sabem que mais? O jogo está acabado! Va­ PARA D U ZIA G R A N D E R E D U C Ç Ã O DE PREÇO
mos pregar uma peça a este maroto! Laminas avulsas uma. . . ........................................1$000
—Como ?—indagaram os outros.
— Muito simplesmente. Sá uii c a s a m a i s b a r a t c i r a ila a c t n a l i t l a i l c
E de prompto, apagou o lampeão. C O E L H O B A S T O S & C.
—Para quê ?!—inquiriu o juiz. Para que elle dur­
ma um pouco mais á v o n ta d e ?... 90, RUA DOS OURIVES, 92— r i o oe janeiro

Sem responder ao parceiro, ordenou:


— Ao truc 1 O Sr. intendente Fonseca Telles nem á mão de
—E, com grande alarido o jogo recomeçou: Deus Padre quer soltar 0 projecto de escolas noctur­
— Tiuc, papudo 1 nas para operários.
—Treis é pouco ! Tome seis! E diga porque não O intendente Fonseca Telles é o João Francisco
da instrucção publica.

Ninguém soífre de Syphilis nem de Rheum atism o!


I sa II do a S I Tj S A , C A l i O lí I e M A NA C A’ "
cle E u g ê n io M a r q u e s de H ollanda
Experimentae um só vidro! ) —( Approvada 11 a Europa e 110 Rio da Prata
AGENTES GERAES: ARAÚJO FREITAS & C. R U A D O S O U R I V E S , I 14
MARCA A R E G IS T R A D A
EM S. P A U L O : BARUEL & C. — C U I D A D O C O M AS I M I T A Ç Õ E S
CARETA

A B C da Guarda n
Xão se zangue, coroné,
D ’eu não sê deste rejume;
A Fui amigo do monarcha
A tal guarda nacioná Que mataro pro ciume.
Quáze que não tem sordado ; o
Quarqué um que a gente encontra Orópa e por lá na estranja
Tá de braço 'goloado. Extranháro o que fizéro:
is Arrenegá nosso rei
iSataião todo formado, Inté i pro cemitéro.
Tudo de cabo pra riba;
Eu já não sou capitão, I*ro via da marvadeza,
Pro vivê na pindahyba. Muita gente tem pagado:
( Os que prendêro o monarcha
Cada dia que se passa Já têm muitos se acabado.
Mais se fáis nomeação ;
Quáze tudo é coroné, Duando que bem não se espera,
Um ou outro, capitão. Isfallece um generá;
I> Não tem patente que valha
Do modo que a coisa vai, Pra elle não se acabá.
Eu quero vê o fim delia ; K
Quero só vê nos quarté, Kufino da guarda véia
Quem vai fazê sentinella. Passou pra gualda d’agora ;
E Cazuza tá trabaiando
E ’ impossive forma Pra jogá elle pra fóra.
Em fieira sem sordado; *
Um coroné manda outro, fce tal coisa acontecê
E fica tudo embruiado. Hade havê festa na certa;
F O tal nêgo é tão ridíco
Francisco do Quebra-Pé Que os inimigo anda alerta.
Que véve vendendo lenha, T
Me disse tá esperando Tabaréo que vem da matta
Q u’a patente delle venha. MetFdo no fardamento
O Pronióde corrê as v illa ...
Gregorio da Canna-Braba Eu rio que não me aguento.
Vaquêro d’um coroné, u
Já tá de cabo pra riba. Ema coisa vou pedi
Vai subi a furrié. Pr’entonce me arretirá:
II Não me mettam bordoada
Ilonóro do Tabolêro, Na rua que eu vou passá.
Largado de pituim. V
Sustenta botão no peito, Vou cum medo dum tafúlo
Inté na roupa de brim. Que tava aqiu nos ouvindo ;
I Um capitão tão quebrado
Ixe! meu Deus! que vergonha! Que furta e véve pedindo.
Todo o mundo tem patente, X
lnté quem não tem um cobre Xispando sahiu commigo
Pra vi bebê d’agua-ardente. Pro via de eu tê cantado,
.1 Alembrando do nai delle
J á não vejo nesta terra Que vem p’ra villa fardado.
Ninguém de cabo pra baixo ; T
Cabuleté, vagabundo Y o !silone, co:tado,
Qué tê boné de penacho. E’ freguez de perna torta.
K Não fórma pro sê capenga.
Kapiáu e camarada Fica espiando da porta.
Já não qué sê nem arfére , %
E se um marjó qué lhe dá, Zombando cantei, sodôso,
Elle arrifuga, arrequére. O abecê do relacho.
I, Adeus, gente! Vou m’imbóra
Eotéro do Córgo Fundo Que eu tou de cabo pra baixo.
Tombem já conta brazão,
E jura que muito breve Tille não fórma na linha
Elle arrasta espadagão. E ’ rabo que vem no fim,
XI Quem tá de cabo pra riba
Xlaginando a guarda nova, Não tenha raiva de mim.
Me alembro da guarda véia,
Naquella, sim, não se via (*) Colhido nos sertões do S. Francisco (Afinas),
Tanta patente á boléa. por um intelligente leitor da Careta.
C A R E T A

P e sc a de Pérolas “ Dr. Frederico Texo, que fundou a chathedra de


Usologia e Cirurgia de Buenos-Aires, fará conjuncta-
M OLÉSTIAS N O VAS ? mente com Dr. Álvaro Ramos diversos trabalhos de
D'A Imprensa de Domingo, 25 de Julho de 1909, summa importância,,.
extrahimos o seguinte : Usologia—Sciencia do uso. Uso de que?
"Quinta-feira, “ Colletes e minervas,,, pelo Dr. Ál­ * * *
varo Guimarães. Ainda:
L Sexta-feira. Dr. Lmcoln Araújo, “ Puericultura,,.
Sabbado, “Ati-chim-lampigelogio„, pelo Dr. João “ O sabio Dr. C. Jakol, que ensina anatomia pa-
Marinho. thologica na academia de Buenos-Aires, foi contrata­
As prelecções se effectuam das 9 1|2 ás 10 1|2 no do pelo governo argentino.
Hosp tal de crianças,,. Ò Dr. Jakol enviou tres memoriaes de grande va­
Ati-chim-lampigelogio„ ? lor e um brilhante trabalho de m/>z/-photographia.
Que diabo de moléstia exquisita é essa ? São de incalculável valor, estes trabalhos do gran­
de sabio pathologista,,.
* * * Mini-photographia ?
D ’A Noticia de 30 de Julho, extrahimos também Deve ser algum processo novo.
o que se segue:
* * *

‘ •E x p o siçã o In te r n a c io n a l cie H jg ie n e Ainda :


O professor Sconia, que cultiva a sto-nino-lazin- “ P. Domingos Cabred, chefe da missão argentma,
gologia, desejando conhecer de perto, tudo quanto fará projecções e demonstrações sobre a educação
ha sobre este assumpto, vae fazer em companhia official (arriére) nas escolas platinas.,,
dos Drs. Rego Lopes, F. Dias, J. Marinho, Leonel Educação official arriére? Imagine-se então a
da Rocha, E. Moraes e Guedes de Mello, alguns particular.
diagnósticos em nossos hospitaes,,.
11 Sto-nino-lazingologio, isto deve ser a especialida­ “ Farei tudo para que o presidente Penna saia do
de da moléstia acima. Cattete coberto de flores,,.
O Instituto de Manguinhos, empenhado com o
fim patriótico de propaganda, em descobrir moléstias (Do Pretendente. Vide a Gazeta de 4 do corrente).
novas, de certo explicará o caso. Pois foi verdade, senhores,
* * * Cumpriu-se o voto funereo ;
Ainda do mesmo jornal, no mesmo dia e na mes­ Sahiu coberto de flores,
ma secção, vêm mais as seguintes novidades : Em busca do cemiterio.

É UM A C R EA Ç Ã O
= 3 M E D A L H A S DE O U R O = = = = =

S c í t r e i s da p e íle ?

Q u e r e is s e r fo r m o s a ?
utsae a

— L U G O L I N A—
do Dr. Eduardo França
O M E L H O R R E M E D I O P A R A M O L É S T I A S DA
P E L L E , F E R ID A S , C O M IC H Õ E S , B R O T O E J A S ,
S A R D A S , P A N N O S , M A N C H A S , ETC.

C o n sa g r a d o n a E u r o p a e n a s
R e p n b lie a s A r g e n tin a , U riig u a y e C h ile .

V E N D E - S E E M T O D A S AS D R O G A R IA S ,
P H A R M A C IA S E P E R F U M A R I A S

D e p o s itá r io s : A R A Ú JO F R E I T A S & C .
114— RLm DOS O U R IV E S — 114 — R IO D E JfíNEIRO
CARETA

C I N EM A - C A R I Ó C A CONVITE HONROSO
( Ia F IT A ) O burgo-mestre de Oberamergau, por canaes di­
Na rua do O u v id o r -Sabbado : — A bella artéria plomáticos, mandou offerecer 50.000 marcos, livres de
fluminense palpita. A polychromia das véstes femini­ despezas, ao Dr. Wenceslau Braz, para que S. Ex.
nas é estonteante. Ondas de povo fluem e refluem. faça, durante tres dias, o papel de Judas Iscariotes
Dandys trajados com elegancia, fitam impertinente­ na celebre representação da paixão de Christo, que
mente as damas, nos lábios o eterno sorriso preten- se celebra alli de dez em dez annos.
cioso e tôlo. Respeitáveis cartolas salientam-se aqui
e acolá, com a petulância de um letreiro—aqui vae O Dr. Wenceslau acceitou o convite e segue no
um grande homem. Cap-Arcona.
A Ouvidor, neste dia, não desmerece da sua qua­
lidade de mostrador chic desta boa Sebastianopolis. A empreza que contractou os serviços de S. Ex.
A ostentação do luxo e da riqueza é enorme. espera tirar grande resultado da exhibição de u m ...
A eterna femina campêia solemne e dominadora. de u m ... de um figurante authentico.
A sociedade smart passa e repassa, no cogitar pe-
renne da ostentação. As mulheres mostram, escon­
dendo, as bellezas realçadas de um corpo bem tor­
neado e a attracção de uma encarnadura rija e farta.
O bello domina, attrahindo e offuscando. Ha como
que uma atmosphera de desejos e sensualidade.
A n tiga C a s a
.MOREIRA
( 2a fita )
Na porta do Watsom um sujeito está recostado.
A roupa é velha e já desbotada; mas está bem
escovada e com uma certa pretensão á elegancia. O
todo do typo é original e extranho, de uma elegan­ Já saliiram da Alfandega 2 caixões com
cia velha e archaica. Os seus olhos, atravez do qua­
drilátero pedantesco do monoculo, é vigilante e aler­ o bello e variado sortimento de joias com bri­
ta. Ao ver um cavalheiro que se approxima, um lam­ lhantes, pérolas, e pedras preciosas.
pejo brilha-lhe nos olhos e o seu corpo desempena- Joias de ouro e platina com pedras diversas.
se na empertigação de um lacaio de casa rica. Relogios para algibeira, de ouro, prata, fo­
O seu todo tem um que de felino, ao ver desen-
tocar-se a presa tão pacientemente esperada. lheados, aço e nickel, dos melhores fabricantes
suissos e americanos.
( 3a fita ) Relogios para mesa, idéaes peças de Arte.
— Bons dias, doutor. Como ficaram os seus? To­ Bronzes, secção completa dos autores fran-
dos bons ? E’ o que estimo. Estimo. Estou acanha­ cezes com medalhas do «Salon,,.
díssimo, doutor, mas, emfim, vou pedir-lhe um pe­ Prataria desde a menor peça á mais rica
queno favor. Si não fosse a minha situação e a con­ baixei Ia.
fiança que tenho em seu coração sempre tão gene­
roso, com certeza não ousaria incommodal-o. M as... Objectos de Arte completo e variado sor­
que fazer, doutor? A minha situação é má, é diffici- timento.
lima, é horrorosa... Desejava que o doutor me ar­ Artigos de fantazia para presentes do mais
ranjasse vinte mil réis por alguns dias, apenas ; bre­ chic gosto. Para bem servir a sua enorme fre-
vemente recebo algum dinheiro e sou pontual. Espe­
ro que. . . guezia, este sortimento foi escolhido pessoal­
— Mas, infelizmente, não tenho dinheiro algum mente pelo seu proprietário que actualmente
commigo, esqueci-me da carteira quando sahi de casa, percorre as principaes fabricas da Europa.
ás pressas... Procure-m e... procure-me dep ois...
— Dez mil réis ao menos, doutor! A minha situa­
ção é afflictissima ! Tenha paciência, doutor! 101, Rua do Ouvidor n. 103
— Nem dez mil réis te n h o ...
— Cinco, doutor, ao menos cinco ! A minha situa­ = (Antigo -A — canto da travessa) =
ção. . .
—Já sei, é afflictissima, difficilima; mas não te­
nho dinheiro algum aqui commigo, já lhe disse! No frontão da Bibliotheca Nacional deveria appa-
— Então, doutor, ao menos duzentos réis para o recer uma figura da Republica cercada pelas vinte e
bonde... uma estrellas do pavilhão nacional, mas como as es-
J ic k treilas ficaram aquem da figura e do arco em que
deviam ter sido engastadas, a symbolica mulher ficou
O Conselho Municipal está pondo em pratica o transformada numa elegante bailarina que empunha
systema de caravanas introduzido na política pelo de­ um arco de barril com a disposição apparente de
putado José Carlos de Carvalho, com o fim de veri­ offuscar, num salto de serigaita, as elegantes pirue­
ficar o que não têm feito. tas da linda Sellica na jaula dos leões da Exposição.
Ficam muito bem os illustres edis nas caravanas. Parabéns ao fino estheta coronel Muniz Freire.

Grande venda com o desconto de 20% nos arti­

CASA RAUNIER gos de fim de estação 30,40 e 50% nos saldos.


172 - O U V ID O R - 176 ■
CARETA

RO N DÓ Mlle. Luizinha Penedo é o mais precioso orna­


Perdoa se te amei, que o teu olhar divino, mento da nossa sociedade: ninguém dança melhor
Esse porte de Juno e os sonhos que sonhei, do que ella; ninguém, melhor do ella, sabe organisar
Fizeram-me nascer o dulçuroso trino uma festa.
Dos idylios de amor, dos versos que cantei. Alem destas suas preciosas qualidades de elegante,
Perdão que o meu remorso é trágico! assassino! Mlle. Penedo ama o sport. E o sport de sua predi­
Se em frente de um solar, á noite, o meu destino lecção é o ciclysmo.
Triste me fez parar; se tremulo fitei, Por causa disto aconteceu um lamentável desastre:
Sem voz, sem ar, sem luz, teu rosto peregrino... Mlle. passando numa destas tardes em sua bicyclete,
Perdoa se te amei ! a grande velocidade, foi de encontro a um bonde elé­
trico da Ligth, repleto de passageiros: o bonde virou,
Pesada a escuridão. Fallei-te, mas sem tino
completamente avariado, ferindo a todos os passa­
A phrase me gemeu, plangente como o sino
geiros.
Que dobrou por meu pae, tão triste que c h o re i!...
Mlle. deu mais força aos pedaes da sua bicyclete,
Morreu-me a inspiração do verbo masculino
fugindo aos guardas civis e inspectores de vehiculos,
Mas soluçou-me a voz do coração franzino :
que seguiam o seu encalce atirando-lhe beijos.
Perdoa se te amei ! . . .
Mlle. Luizinha Penedo é o typo da americana da
Rio—1909. norte.
lO N A C IO R A D O S O

VDDÂ M U N D A N A AOS SNRS. CHEFES DE FAMÍLIA I


Recebemos amavel cartão do nosso amigo Ephy-
genio de Castro participando o prematuro nascimento N Ã O CO M PR EM R O U PA PARA V O SSO S
do seu primeiro filhinho.
F IL H O S , S E M V E R P R IM E IR O O
Fomos vêr o mostrengo, que está forte, rosado e
cheio de vivacidade. Já está assentado que a interes­ C O L L O S S A L S O R T IM E N T O E O S B A ­
sante creança vae estudar para praticante de Correios. R A T ÍS S IM O S P R E Ç O S D A C A S A
*
* *
Esteve magnífica a soirée familiar que em sua re­ © TOMBO DO RIO
sidência, á rua dos Voluntários, offereceu ás pessoas
de suas relações o abastado cavador de annuncios
Pedro Pelego Soares. RUA DÁ URUGUAYANA, 1 (Cantoda Carioca)
Correram animadíssimas as danças, sendo á meia
noite offerccido um lauto almoço aos convidados. RIO DE JANEIRO
Felizmente não houve nenhum accidcnte a lamentar.

CONCURSO DE CART AZ E S
DAUT & LAG U N ILLA , industriaes pharmaceuticos in­ Antes de expirar o praso para a entrega dos originaes
ventores e fabricantes dos conhecidos preparados A Saude da será escolhida e convidada a julgar os affiches uma commissão
Mulher, Bromii, Boro-boracica, lançam, no Brasil, um concurso composta de pessoas de reconhecida idoneidade em assumptos
de cartazes, desejando que nelle tomem parte todos os pinto­ de tal natureza, e cujos nomes serão opportunamente publi­
res e caricaturistas, profissionaes ou amadores brasileiros ou cados.
estrangeiros domiciliados no paiz. Serão objectos de critério para o julgamento :—A origina­
Todo cartaz apresentado a concurso deverá ser original e lidade da concepção; o provável successo de reclame: as quali­
inédito, a côres (a oleo, aguarella ou pastel) e constituir recla­ dades do trabalho sob o ponto de vista artístico, como com­
me ao famoso xarope Bromii, contra a tosse. posição, technica e colorido. Não ha limitações quanto a cores
Os prêmios serão os seguintes: e dimensões.
— De um conto de réis ao autor do cartaz classificado em O acto de abertura dos envolucros será publico e solenne,
primeiro logar ; de quinhentos mil réis, ao do que obtiver o pedindo-se, para elle, o comparecimento dos interessados ou
segundo logar ; de trezentos mil réis, ao autor do que for jul­ pessoas que os representem.
gado em terceiro logar. Além desses tres prêmios serão con­ Depois de abertos, todos os affiches ficarão expostos á
cedidos mais dois, de consolação, e de cem mil réis cada um, visitação publica, em um salão de arte.
aos autores dos trabalhos considerados em quarto e quinto Só serão revelados os nomes dos artistas premiados caso
logares. a isso não se opponham.
Os originaes deverão ser assignados com pseudonymo e Todos os cartazes que obtiverem prêmio ficarão sendo de
enviados á Careta, á rua da Assembléa n. 70, no Rio de Ja ­ exclusiva propriedade da firma Daudt & Lagunilla.
neiro, em envoltorio perfeitamente fechado e lacrado, com o
lettreiro—Concurso Bromii. —Deverá acompanhar cada origi­ O prazo para a apresentação dos cartazes expira a 31 de
nal um enveloppe igualmente endereçado e também lacrado agosto de 1909, sendo a 1 de setembro feita solennemente a
contendo um cartão com o pseudonymo e o verdadeiro nome abertura dos seus envoltorios, e dias após pronunciado o jul­
do autor. gamento. Só depois disso serão abertos os enveloppes con­
Todos os cartazes deverão ter titulos ou inscripções de tendo os nomes dos autores.
reclame relativos ao Bromii, chamando-se, nesse sentido, a Para mais esclarecimentos queiram os interessados diri'
attenção dos interessados para os annuncios do famoso xarope gir-se ao Hotel Avenida, onde está hospedado umdossoctos
diariamente publicados na imprensa brasileira. da firma.
CARETA

P I R R R E L O T I parados, que v oltando sósin ha para casa, caixa chineza, para lhe mostrar qu ando
tinha ao menos a co nsola ção e a delicio ­ elle chegasse.
sa esperança d ’esse regresso, d’essa re­ Du ran te os se iões do estio, ou á clari­
união que lhe traria o o u to n o... dade ultima dos dias, sentad a na soleira

0 PESCAD OR DA ISLANDIA da porta, com a avó Y v o n n e , cuja cabeça


estava muito menos estonte ada no tempo
O verão passou triste, piacido e q u e n ­ q u i n t e , G a u d fazia uma bella camisola
te. G a u d esta va á espreita das primeiras de meia de lã azul para Y an n ; a golla e
folhas am arellas, dos primeiros aju n ta- os canhões eram m aravilh as de pontos
Q U IN T A PARTE mén tos de andorin has em igrantes, do com plic ados e abertos ; a avó Y v o n n e ,
primeiro desabro ch ar das ch rysant hemas. que soubera em tem po fazer meia na per­
Pelos paquetes de R e i c k a w u k e pelos feição, tin ha-se lem bia do a pouco e p o u ­
( Cont inuaç ão ) outros navios escreveu lhe m in tas vezes, co d essas prendas da sua m ocid ade para
mas quem é que sabe ao certo se essas lh’as ensinar.
II cartas chegariam ao seu destino ! Nos E era um a obra que necessitava de
fins de ju lh o recebeu u m a carta d ’clle I n ­ muita là, porque u m a cam isola de ^ ann
... A ’ proporção que o «Leopoldina» se form ava a de que estavam bons á data tin ha de ser am pla e farta.
afastav a, G au tl co m o que attrahida por de 1 0 do corrente, que a estação da pesca C o m e ç a v a no entretan to a sentir-se a
um iimm, seguia a pé os cam inhos de ro ­ se an n u n ciav a excellente, e que só a sua co nsciên cia dos dias mais curtos. Certa s
cha j u n t o ao mar. parte j á tinha l.5oo baca lháos. plantas que em ju lh o tin ham verdejado
Foi-lh e preciso emfim parar, porque a Do principio ao fim, isto era dito no exuberantes, ap pare cia m j á am arelladas,
terra a ca b av a ali ; en tão se n to u -s e aos estylo primitivo e vazado no modelo em com um aspecto de m oribundas, e as
pés d u m a gran de cruz, a ultima que se form a das cartas dos Islandezes á fa ­ «saudades» roxas do cam p o rcfloriam de
erguia entre os j u n c o s e os penhascos. mília. novo á beira dos cam in hos, mais peque­
C o m o era n um ponto muito alto. dir-se- O s homens creados como Y a n n i g n o ­ nas nas suás hastes com pridas. C h e g a ­
liia que o «L eop oldin a», á medida que se ram absolu tam en te a m aneira de escre­ ram emfim os últimos dias de agosto, e o
d istan ciav a, se ia erguendo pouco a p o u ­ ver o que p e nsam , o que se ntem , ou o primeiro navio appareceu uma tarde, á
co, muito pequeno á vista, por sobre a que so n h am . vista de «Po rs E v en ».
curva redonda do enorme circulo l o n g ín ­ G a u d mais cu ltivada do qu e o marido C o m e ç a v a a festa da tornada.
quo. A s agu as m o v ia m -se em grandes soube dar a isto o desconto devido, e O povo correu em massa aos rochedos
ondulaçõ es lentas, com o os últimos so- poude ler entre as linhas a ternura pro ­ da costa para receber o v ia ja nte que che­
bresaltos de algum tem poral formidável funda que elle não sabia expressar. M u i ­ g a v a . O u a l seria ?
que se tivesse passado lá muito ao longe, tas vezes, no correr das quatro pagin as, Era o « S a m u e l- A z é n id e » ; - o que c o s ­
por detraz do horizonte visivel ; mas até lhe d a v a o nom e de esposa, com o que tu m a sempre vir mais cedo.
onde os olhos a lc a n ç a v a m , até ao ponto a ch an do prazer em repetiI-o. E além de — O «L eopoldina» não tarda ahi : d i­
distantissim o em que Y a n n ia ainda tudo tudo, bastava o sobrescripto : «M adam e» zia o velho pae de Y a n n ; eu j á sei d ’isto;
esta va pacifico e tran quillo. q u an do um abala de lá, os outros
G a u d co n tin u a va a olhar, pro ­ j á não pensam senão em partir
cu rando fixar bem na m em ória tam bém !...
a ph y sionom ia d’aquelle n avio , o
recoite da sua vela tura, o vulto
da sua querena, para o reconhe­
cer de longe, q u an d o , naquelle O s Islandezes v in h am c h e g a n ­
m esm o sitio, viesse esperai-o na do. Dois no segundo dia, quatro
vo lta... no terceiro, dozen a se m ana s e ­
V agalh ões en ormes, co m e ç a ­ guinte.
vam a vir d oeste, regularm ente, E á região bretã a alegria v o l­
um atraz de outro, sem paragem, t a v a com elles. Era festa para
sem tréguas, renovando o seu as esposas, para as mães ; era
esforço inútil, despedaçando-se festa tam bém para as tavernas,
contra os mesm os rochedos, e s ­ onde as bellas m oças de P a im -
praiando se nos m esm os sitios, pol servem a cidra e a a g u a r ­
para inundare m as mesm as pla­ dente ao s pescadores !
gas. E era real mente estranha a O «Leopoldina» pertencia ao
co ntin ua ção d ’esse espectáculo, grupo dos retardatarios ; fa lt a ­
aquella agitação surda das agu as, vam mais dez. Não podia porém
co ntrastan do com a serenidade tardar, e G a u d , com a idéa de
do ar e do céo; era co mo se o leito das M a rgarida G a o s , «casa de M o an em que no espaço de oito dias, ch mora
marés cheias em excesso, quizesse des- P lo uba zlan ec» para ser uma cousa que que ella queria im a gin ar para para não
bordar e invadir a terra. ella relia com j u b ilo sem fim ! T in h a tido ter decepções, teria ali, peito de si. o seu
No entretan to o «Leopoldina» e s fu m a ­ ainda tão pouco tempo de ser ch am ada Y a n n — G a u d esta va na deliciosa em bria­
va se no espaço, mais afastad o, mais pelo appellid o do seu Y a n n !.. gu ez da esperança, com a sua casinha
distante, mas perdido... D e certo, h av ia muito arranjada, tudo muito asseiado e
correntes m arinhas que o le v a v a m , pois IV muito claro para receber o seu marido !...
qu e apezar de ser tão tenue a aragem que C o m o tudo estivesse na m elhor ordem,
T raba lh o u muito durante aqu^lles ine- j á não tinha em que entreter os dias ; d e ­
soprava, o n avio ia rápido a deslisar nas
Ondas. zes de verão. A s paim polezas que ao m ais, não tinha cabeça para n ada, na im ­
principio tin h am desconfia do do seu t a ­ paciência febril qu e a a n d av a a d e v o ­
T o rn a d o agora um a pequenina m ancha lento de costureira leita á pressa, e que rar j á .
escura, quasi que um ponto imperceptí­ diziam qu e as mãos d ’ella eram finas d e ­
vel, ia breve c h egar á extrem a borda do Ch e g a ra m tres dos retardatários, d e ­
mais para o trabalho da a gu lh a, perce­ pois cinco. F a lt a v a m tão sóm ente dois a
circulo das cousas visiveis, e entrar n’es- biam finalm ente que ella tinha iminenso ch am ad a geial.
sa região d’além, infinita, indecifrável e geito e u m a tesoira magistral. Tornára-
obscu ra... — V a m o s , dizia-se por lá rindo, este
se pois um a modista de fama para aq u el­ anno foram o «L eop oldin a» ou o «M aria
A ’s sete horas da noite, ten do-se já s u ­ la gente. O que en tão g a n h a v a era logo Jo a n n a » os que «apanharam as v a s s o u ­
mido o barco que lhe levava Y a n n . G a u d applic ado a alindar a casa para a volta ras» da volta.
recolheu a casa, cheia de an im o ainda as­ d e lle .
sim, ap ezar das lagrimas qu e lhe cahiam E G a u d d es atav a tam bém a rir, mais
O arm ario , e os velhos leitos de prate­ an im a d a, mais bonita na alegria de o e s ­
dos olhos. leiras tin h am sido concertados, enverni- perar a elle...
O u e differença em todo o caso dos o u ­ zados, com ferragen s n ovas e luzid ia s ;
tros a n o ns, d u m a som bra muito maior, arra njou a fresta que dava para o mar,
d u m vazio muito mais atro z, e m q u e e l l e com um vidro e cortin as brancas ; c o m ­ VI
partia sem um adeus lhe dizer sequer ! prou um cobertor novo para o inverno,
E m q u an to que hoje tudo m udára, tudo um a banca e alg u m a s cad eiras. O s dias no em tanto iam passando.
se fizera muito melhor... Isto sem tocar no dinheiro que o seu G a u d contin uava a vestir se de festa, a
O seu Y a n n pertencia lhe, e tanto , e Y a n n lhe deixára ao partir, e que ella ter um aspecto muito alegre, a ir ao caes
tjio am a d a se sentia ain da ap ezar de s e ­ queria g u ard a r intacto , n u m a pe quenina conversar com as outras. A c h a v a natura-
CARETA

lissima a dem o ra. P o is n ão era isto um a rito ella não o u s a v a dizer n u m lugar da- E d ’ali a pouco não se o uvia senão o
cousa que todos os annos se via ? O h ! de qu elle s... sussurrro dos soluços co nv u lsivo s, e as la­
resto, dois navios tão bons, du as trip u la­ T in h a frio, e ap ezar d ’isso d e ix a v a -s e grim as irio m p én d o em jorros cah iam -lh e
ções es colhidas !... ficar no banco de gran ito, com a cabeça uma a um a sobre o chão da c ap ella ...
Dep ois, depois, q u a n d o á noite voltava en co stada á pedra. E rg u e ra m -s e dep ois, mais m ansas,
para casa, a rrip ia v a m -n a pequeninos c a ­ mais confiadas. F a n t segurou G a u d que
lafrios de an ciedad e, de an gu stia. . . . Perdido nas proximidades c a m b a le a v a , e t o m an d o -a nos braços
Pois era possível qu e ella tiv esse medo de Norden-Fiord. no temporal de 4 para 5 beijou -a m uito.
j á ? ... M edo de que, não fariam favor de de Agosto na edade de 23 annos E n x u g a ra m as la g rim a s, arranjaram os
lhe dizer ? ... Q uerepouzeempaz! cabellos, sacudiram a caliça e a poeira
E a terrav a-s e extraord in ariam en te de das sa ia s no sitio dos jo e lh o s, e abala ram
sentir medo. A Islan dia apparecia lhe com o seu p e ­ sem dizerem mais n ada, por dois c a m i ­
queno cemitei io d istan te— a Is la n d ia , re­ nhos differentes.
V II m ota, rem ota , allu m iada pelo sol da meia
noite livido e m ysterio so... E súbito — no V III
D e z do mez de setem bro ! m esm o lugar vasio do muro que parecia
C o m o os dias p a ss a v a m dep ressa! estar á espera— G a u d teve com um a n iti­ O fim de sete mbro parecia outro verão,
N u m a m an h ã em qu e h av ia j á um n e v o ­ dez horrível a visão d a q u e l l a placa nova apenas um pouco mais melancólico . O
eiro trio so bre a terra, n um a verdadeira em que estava pensando : um a placa em tem po esta va tão lindo n’aquelle an no,
m an h ã de o u t o n o ,o sol a romper achou a folha, uma c a v e i ia , ossos em cruz, e no que se não fossem as folhas seccas cah in -
j á se ntad a sobre o alpendre da capella m eio, n'um deslum bra m e nto de vertigem, do em ch u va triste pelos cam in ho s, dir-
dos n au frag o s , no sitio em qu e as v iu vas um nome, o nome adorad o. « Y a n n se hia que era aquelle o alegre mez de
co stu m a m a ir r e z a r ; —s e n ta d a , os olhos G a o s » !... E n tão levantou se de pé, h iita, j u n h o . O s m aridos, os noivos, os a m a n ­
fixos n u m ponto do espaço, as fontes ap a v o ra d a , so ltando da g arg an ta um g r i ­ tes tin h am v oltado , e era por toda a par­
cin jid a s por um circido de ferro. to rouco de a llu cin ada .. te a alegria d ’u m a se g u n d a primavera
H a v ia dois dias qu e os n évoas tristes Lá fora a n evo a escura da m an h ã e n ­ feita de am o r...
tia m ad ru g ad a t in h a m co m eçado , e n ’a- volvia as c o u s a s ; e as folhas m oitas c o n ­ U m dia veiu emfim em que um dos n a ­
qu elle dia Gautf aco rdára com um a in­ tin u a v a m a entrar redem oinh an do ao vios retardatarios da Islanda foi a v is t a ­
qu ietação mais p u n g itiv a , por cau sa d ’es- v e n to ... do ao la rgo... Q u a l dV lles ? ...
sa primeira im pressão de inv ern o ... P a s s o s no c a m i n h o ? Q u e m viria ali ? F o r m a r a m - s e logo gru pos de mulheres,
Q u e t in h a pois aqu elle dia, m u d as , an ciosas sobre os r o c h e ­
aquella hora, aquelle m inuto de dos da praia.
mais e de peior qu e os preceden­ G a u d m uito trem ula , muito
t e s ? Po is não é tão usual qu e os pallida, lá estava t a m b é m ao pé
nav io s se dem orem mais quinze do pae do seu Y a n n .
dias ou um mez além tio qu e se — Estou certo, dizia o velho
e s p e r a ? ... M a s é fôra de du v id a pescador, estou certo que são el-
q u e essa m anhã tin h a um não íes. R ep ara para o mastro de
sei que tfe sin gu lar, pois que ella m ezena, repara, G a u d . não te
viera, viera pela primeira vez parece que são elles ? M as não,
sentar se deba ix o do alpendre contin uou com uma gran de des-
da capella , e reler os nom es de a n im a ç ã o na voz; e n gan ám o -n o s,
tanto s marinheiros mortos ao a «cabrea» não se parece com a
lon ge... dV lles, e trazem vela no mastro
de m e z e n a . . . A i n d a d V s t a vez
a’ memória de não são elles, é o «M aria J o a n n a » .
M as nada de nos a p o q u e n t a r­
G A O S ( Y v o n )
mos, olha qu e não podem t a r ­
Perdido no mar nas proximidades d ar...
do Norden-Fiord E os dias passavam atraz dos
d"as, e cada noite ch e g a v a com
tranqu illid ade inexorável. G a u d
C o m o um sú bito estrem ecim en to das G a u d e rg u eu -se m u ito direita, arranjou co n tin u a v a a ataviar-se todos os dias,
co u sa s leva n to u -s e do m ar u m a lufada de rap id am en te a tou ca am arro tad a, com poz com um a especie de insensatez, sempre
ventan ia e ao m esm o tem p o , por sobre a a ph y sio n o m ia tran sto rnada de pavor. O s m ovida pelo receio de parecer mulher
ab ó b a d a da ca pella , se n tiu -s e a lg u m a passos a p ro x im a v a m -se m ais, algu ém ia de n au frag o, ex a sp e ra n d o -se q u an d o as
cousa que cabia com o um choveiro eram entrar ali. outras a co n tem p la vam com ar de c o m ­
as folhas m o i t a s !... Entrou u m a nu vem Ella tom o u logo o aspecto de quem paixão ou de mvsterio, v irando a cara
dVlIas pelo alpendre abei t o ; as velhas entrou por a ca so , para descansar, não para não cruzar o seu olh ar com o lh a ­
arvores esguedelhatla s do passai d es p i­ querendo por cousa n en h u m a deste m u n ­ res que a gelassem até á m edulla dos
a m - s e t o d a s , s a cu d id a s pelo vento tia do parecer-se com a mulher d u m n a u ­ ossos.
tem p es tad e. E ra o inverno qu e c h e g a ­ frago. A c o s tu m á r a -s e agora a ir de m an h ãsi-
va !... Era ju s t a m e n t e a F a n t e F lo u ry , a m u ­ nha até ao fim das terras, e a ga lg a r a
lher do im m ed ia to do «L eo p o ld in a». F s sa , alta «falaise» de Pors E v e n , passando
. . . Perdido no mar nas proximidades do j á se vê, a div in h ou logo o que ali fazia
pelas trazeiras da casa do seu Y a n n . para
N orden-Fiord, no temporal G a u d ; era inútil dissim u lar com ella. não ser vista pe la m ãe. nem pelo pae,
de 4 para 5 de agosto de 1880 A o principio ficaram -se c a lad as um a nem pelas irmãs pequenitas.
em frente da outra, mais ap avo rad as
Ia sozinha até á ex tre m ida de da região
ainda, o d ia n d o -s e quasi por se e n co n tra ­
G a u d lia m a ch in a lm e n te , e, pela o g iv a rem ali no m esm o sentim ento de terror de P lo u h a z la n e c . e se ntav a se ali todo
da porta, os olhos tPella procu ravam ao que nem uma nem o utra qu eria co n fe s­ o dia. aos pés (Fuma imm ensa cruz que
lon ge o mar ; iTaquella m an h ã era indefi­ sar a si m esm a. d o m in a a s lo n g ín q u a s exte nsões do
nid a a sua visão sob a n evoa es cura, e m ar...
— T o d o s os de T i é g u ie r e de S a in t -
parecia qu e um g ran d e co rtin ado luctuo- B r ie u c entraram j á , ha m ais de oito dias, P o r toda a parte se encontram cruzes
so ta p a v a o h orizonte. disse F a n t e por fim, im p lacáv el, com voz d a q u e l l a s . cruzes de granito que se le ­
N o v o pé tle vento, novo m on tão de fo ­ irritada e su rda. v an ta m sobre os abruptos píncaros pe-
lhas seccas que entra pelo alpendre d e n ­ T ra zia um cii io para um a pro messa. nhasco so s dVssn terra de m arinheiros,
tro. Era u m a rajad a mais forte, co m o se A h ! sim . sim ! um a prom essa... co m o que a su p p lirar misericórdia , como
o vento de oeste qu e t a n ta s m ortes tin ha G a u d não tin ha querido ainda pensar que ten ta n d o a p azigu ar o grande abys-
se m e ado por esses vastos mares, quizes- n ’esse recurso das desesperadas. M a s en - mo m y s te iio so que ch am a os h om ens, e
se ainda perseguir até as inscripções f u ­ tio u na cadella atraz de F a n t e . sem dizer que os devo ra, preferindo sempre os mais
nerárias qu e lem brav am aos viv os os uma só p a la vra, e a m b a s se ajo elha ram , valentes e os mais bellos.
nom es dos mortos ! j u n t a s u m a da outra, com o duas irmãs F m torno da cruz de P o r s - E v e n , d e s ­
G a u d co n t e m p la v a com invo lu n tária desgraça das. d o b ra v a m -se as ch arn ecas eternam ente
persistência um sitio vasio na parede, que R ez aram ao s pés da V irg e m , Estrella verdes, co lg a d a s de tojos curtos e duros.
seria talvez necessário pôr ali brevem en do M ar, com todo o ardor, com tod a a
te, com outro n o m e, qu e m esm o em es p i­ dev o ção das suas alm as. ( C o n t in u a )
SOCIEDADE DE SEGUROS
ÍHJTU05 SOBRE fl VIDA

Apoliees sorteaveis á dinheiro, por


sorteios sem estraes, em 15
de abril e 15 de outubro de eada
anno.
4 vantajosa classe de seguros de vida,
privilegio exclusivo da
A EQUIT ATIVA

A enorme acceitação que esta


classe de seguros tem merecido do
publico, explica-se pelos seguintes
motivos :
1 °, porque o segurado durante o
praso do seu contracto, pode ser
contem plado nos diversos sorteios,
recebendo de cada vez 5:ooo$ooo
em d i n h e i r o , sem prejuízo do seu
seguro que co ntinua em vigor, para
o caso de morte ou de sobrevi­
vência.
2 °, porque, mesm o depois de uma
apólice paga por fallecim ento do
segu rado, ella fica com o direito de
concorrer a 1 ou 2 sorteios, após
a data da morte do segu rado, caso
o ultimo prêmio pago tenha attin-
gido a esse periodo, podendo a s­
sim os beneficiários receber o d o ­
bro do seguro, á exemplo do que
já se deu com um a das apólices
do fallecido general C u n h a M attos
e do finado An to n io Ped ro de
Ara ú jo , os quaes dessa forma, le­
garam p o s t - m o r t k m mais 5 : 0 0 0 $ 0 0 0
aos seus herdeiros.
3°, porque o proprio segu rado,
tendo desfructado os proventos que
O seu seguro proporcionou-lhe e m
d i n h e i r o nos sorteios em que foi co n ­

tem plado, deixa ainda por morte,


ou recebe qu ando o seguro é na
classe D otal em caso de sobrevi­
vência ao contracto, mais a impor­
tância total do seguro, tam bém em
dinheiro.

(Edifício de sua propriedade)

S É D E SOCI AL :

AVENIDA CENTRAL
= 125 =
RIO DE JANEIRO
A N N O ....................
Careta
[ R E D A C Ç Ã O E ©EFHCONASs R U A D A A S S E M B L É A , 70 — RHO D E J A N E I R O
ASSIONATURAS
i d S ooo | S E M E S T R E .............. S$ooo
.
Ijl CA PITAL . . . .
NUMERO
3 oo
AVULSO
Rs. | E S T A D O S ............. 400 Rs

EDIÇÃO IDE " KÓS MO S ”

tt. 6*f | RIO DE J A N E IR O — Sabb do — 21 — A c o s t o — I ? Q ? | A N N O II

AN EX1N S Nem sempre a sorte se tem,


E o riso se acaba em pranto,
N O A L B U M DE MEU F IL H O Não abuses, porque : “Nem
Todo dia é dia santo,,.
( O rig in a l p ara a “ C a re ta ” )
( Conclusão ) Si te livras de um assomo
Do orgulhoso, espera os dois;
Quem mente só por fallar, Vinga o tempo : “Não ha como
Póde-se ver num arrocho, Um dia e outro depois,,.
Pois : “E’ mais facil pegar
O mentiroso que o coxo,,. Si a todos julgas de amigo
E soffres 0 maleficio,
Pedir de mais aborrece, Descança: “ E’ teu inimigo
Deus deu sempre o que lhe aprouve, O official do teu officio,,.
Mas : “Quem mais faz, mais merece,,,
“Quem não pede Deus não ouve,,. Nunca esperes por ninguém
Se estás mais perto do enredo ;
Gosa a fortuna presente, Foge a tempo, pois: “Quem tem
Não creias que ella perdure, Olhos fundos, chora cedo,,.
O que é bom vae de repente,
“Não ha bem que sempre dure„. Si : “ O pouco também consola,,,
Não peças em demasia,
Tudo tem fim na existência, Não queiras muito que : “A esmola
O dia é que não se sabe : Muito grande desconfia,,.
Soffre 0 mal com paciência:
“Não ha mal que não se acabe,,. Tristezas que vão e vêm,
Afogam-se na garganta;
Se o presente te prepara Canta a tristeza, pois: “Quem
Futuro de triste assédio, Canta, seus males espanta,,.
Não o emendes, corta-o !: “ Para
Grande mal, grande remedio,,. Ficas por uma á mercê
De quantas te dê 0 invento,
Hora a hora, desde a infancia Dirão: “O cesteiro que
Chega-se ás barbas de monge; Faz um cesto, faz um cento,,.
Não meças tempo e distancia:
“ De vagar se vae ao longe,,. Amor firme não reclama
Si a empreza sahiu-te má Belleza em quem o merece;
Lastimar-se é mais perder, Pois a “ Quem o feio ama,
Nem percas tempo : “ O que está Bem bonito lhe parece,,.
Feito, não está por fazer,,. Quem já se viu castigado
Pouco a pouco assenta as bases Desconfia sempre cedo;
De fortuna e moradia, E’ certo: “Gato escaldado
Não te apresses, nem te atrazes : Té d’agua fria tem medo,,.
"Roma não se fez n’um dia,,. Não deve causar espanto
A quem se julga a façanha, Fugir de medonho trilho,
De heróe o povo o proclama, Pois é bem certo, que: “ Emquanto
Faze pois por tel-a: “Ganha Eu corro meu pae tem filho,,.
Fama e deita-te na cama,,. S oares B ulcão
Quem tem do bom e do ruim
Só do bom gasta e celebra,
Não poupes o máu assim Quando 0 coronel Rodolpho Abreu for deputado...
Que : “Vaso ruim não se quebra,,. 0 Rego Medeiros com certeza será intendente.
üi íã ri

C A R E T A

CARETA PARLAMENTAR nem de longe se parecessem com os nossos formi­


dáveis rightmen como dizem os inglezes e com os
quaes faremos a volta ao mundo, numa cinta glorio­
O SR. JESUIN O UBALDO C A R D O SO —Momentos sa, egual aquella que outr’ora praticou o audaz Fer-
ha na vida do homem, Sr. presidente, em que qualquer não de M agalhães...
que seja a posição do corpo como diz o genial poeta dos
Chatiments o condoreiro Lamartine, a alma se ajoe­ O Sr. Pereira Braga—E ’ um medico muito dis-
lha contricta e absorta 1 (apoiados) Sim, Sr. presi­ tincto e que fala muito bem. Tal qual o sogro.
dente, ha momentos destes na vida que levamos O SR. JESUINO C A R D O S O ... o grande nauta
neste grande mundo sublunar, neste valle de lagry- portuguez.
mas, no dizer tão ephemero dos Evangelhos. O Sr. Pereira Braga—Perdão. V. Ex. está enga­
O Sr. Hosannah de Oliveira—Sacrosantos trata­ nado, elle é muito bom brazileiro. Portuguez era ou­
dos da sabedoria humana! (apoiados) tro Magalhães, o Figueiredo.
O Sr. Gonçalo Souto—Amen 1 O Sr. Francisco Bressane—E’ a mesma cousa. E’
O SR. JESUIN O C A R D O SO —E é num destes mo­ até falta de patriotismo entrar a gente em semelhan­
mentos que se acha o humilde orador que ora tes indagações.
occupa indevidamente a vossa preciosa attenção.(/zão O SR. JESUINO CA R D O SO —Os dreadnoughts,
apoiados geraes) os scouts, os destroyers e outras embarcações beili-
O Sr. Francisco Bressane—Muito pelo contrario, geras que varrem os mares coalhados d’inimigos, le­
nós é que ainda lhe ficamos devendo. varão a fama da nossa bandeira por mares nunca
d’antes navegados, Sr. presidente, até os confins li-
O SR. JESUIN O C A R D O SO —Muito obrigado a mitrophes dos grandes antipodas! (applausos) Sim, e
V. Ex. Pois como eu ia dizendo, Sr. presidente, a o triumpho espantoso das nossas armas temerosas
minha alma de moço e de patriota, aberta sempre correrá de bocca em bocca até as regiões geladas
os grandes ideaes de fraternidade e de progresso, que o polo limita com uma barreira de ursos bran­
as duas molas reaes, do avancamento das Nações in- cos 1 (palmas) Ah ! Sr. presidente ! Para momentos
ter-continentaes, a minha alma de moço repito, ajoe­ taes é que o poeta creou aquella gloriosa apostro-
lha-se cheia da commoção mais forte, mais intensa, phe que convém sempre repetir :
mais avassalladora ao saber que em breve prazo se
acharão em aguas brasileiras as possantes nãos de E direis qual será mais excellente
guerra que hão de levar a nossa bandeira estrellada Se ser-se deputado ou se intendente!
até os mares interminos que banham as immedia- Tenho concluído!
ções dos polos e do equador! (bravos) (Bravos, palmas no recinto e nas galerias. O
O Sr. Jo sé Carlos de Carvalho—Diz V. Ex. muito orador é muito abraçado e cumprimentado).
bem; o futuro do Brazil está no mar. F errolh o
O SR. JESUINO C A R D O SO —E’ que a certeza
me toma, Sr. presidente, de mim se apossa sobera­
namente dominadora, de que quando as formidáveis GRANDE CHARIVARI COM A POLICIA
helices agitando as pacificas aguas da Guanabara
Hontem em rua central desta ca­
formosa, (bravos) as quilhas mastodonticas abrindo pital deu-se grande chinfrin, em casa
um sulco espumeo e garboso ; velas desfraldadas á de distincta senhora de nos^a mais
viração fagueira do roseo entardecer; hercúleos nas alta sociedade.
bronzeas torres dos formidáveis canhões mortíferos, Trata-se leitores nem mais, nem
(apoiados) espantosos na catadura ameaçadora dos menos do seguinte: Esta senhora
seus possantes flancos fecundos os nossos dread­ tem um leiteiro que lhe fornece leite
noughts aqui chegarem, então sim, Sr. presidente, ha muito tempo, mas que leite Santo
nós teremos emfim a consciência da nossa força e Deus ? !! E’ só agua, é o que, ha de
do nosso valor. (applausos) peior — e esta senhora depois de
muitas reclamações inúteis, resol­
O Sr. Garcia Adjuto—Por isso mesmo é que veu liquidar contas com o leiteiro.
eu applaudi a creação da Escola de Pirapóra. Palavra puxa palavra, a senhora indi­
O Sr. Jo s é Carlos de Carvalho—Ora! Para ma­ gnada arruma com a garrafa na cara
do dicto, houve apito, gritos de soc-
rinheiros d’agua doce. corro, etc., etc., e depois de tudo se­
O Sr. Garcia Adjuto—Então V. Ex. pensa que no renado a senhora resolveu pariir
S. Francisco não pódem subir os dreadnoughts ? E ’ immediatamente para a Rua do O u­
que V. Ex. não conhece o S. Francisco. Aquillo é um vidor n. 149— e tomar uma assigna-
rio e tanto 1 (apoiados da bancada mineira) tura do bom leite puro da Leiteria
Palmira, e fez um solemne protesto
O SR. JESUIN O C A R D O SO —E quando penso, de fazer uso da boa manteiga Vir­
Sr. presidente que outras nações pódem fazer o gem que é esterilizada, de cor natu­
mesmo que o Brazil, isto é copiar o feitio dos nos­ ral e de superior qualidade.
sos couraçados, um sentimento indefinivel de mim se Agora resta-nos chamar a attenção
da policia e da prefeitura contra esta
apossa, parecido assas com o ciu m e... malta de leiteiros que envenenam as nossas patrícias.
O Sr. Dunshee d’Abranches — Os ciúmes do
Ubaldo. Entre republicanos radicaes:
O SR. JESU IN O C A R D O S O . . . por que eu sou muito — O nosso Pedro é professor particular.
patriota, Sr. presidente, e no patriotismo muito ex­ - Não senhor, é professor publico; eu sempre o
clusivista. Quereria que pudéssemos tirar patente de
privilegio dos nossos navios para que ninguém mais, encontro no Garnier professando disciplinas de má
nação alguma pudesse jamais construir outros que lingua.

Sem rival para hygiene da bocca e do corpo. Evita


todas as moléstias contagiosas Cada vidro leva ins-
trucções para os diversos usos.—N a s p h a r m a d a s
e p e r fu m a r ia s .
C A R E T A

O Sizenando fôra um verdadeiro martyr da vida Entre duas senhoritas sm art:


conjugal. Nunca tivera voz activa no lar. Felizmente — O Alfredo é um rapaz de muito gosto, não
para elle pneumonia estava-o livrando da tarasca da achas ?
mulher.
Ja nas vascas da agonia elle dizia, intimamente — Nem póde haver duvida.
satisfeito, não ha que ver: — Pos quando lhe fui apresentada ha oito dias
— Ai Marocas, que vou deixar-te 1 elle disse-me que eu era a mulher mais formosa do
E a Marocas em pranto : mundo.
— Não esperarás muito por mim : eu não te po­ — E ’ que elle só me conheceu ante-hontem.
derei sobreviver.
E o Sezinando recuperando por fim a energia
marital: E não é que vão se acabar mesmo as accumu-
— Prohibo-te, ouviste, prohibo-te absolutamente lações!
de me acompanhares. Eu só quero ver agora quantas competências vão
surgir para os mais variados cargos.
Annuncios de jornaes. E também como vão se equilibrar certos orçamen­
“ Aos amantes da pinga. Receita infallivel para tirar tos já acostumados a diversas verbas na receita.
a vermelhidão do nariz causada pela ingestão de be­
bidas alcoólicas. Enviando-se 5S000 a X Y Z pela volta No tribunal
do correio ter-se-á a resposta,,.
Devotos de Baccho, aos cachos enviaram o rico — O accusado allegou sempre que á hora do cri­
dinheirinho ao annunciante. me estava deitado na sua cama. Como é que diz
E na volta do correio, cartão impresso dava hon- agora que a essa mesma hora passou pela rua um
radamente a resposta do doutor. “ Para o nariz per­ automovel ?
der a cor vermelha duplicai a dose da bebida; com Como poude verificar a qualidade do vehiculo ?
isso elle ficará roxo,,. — Mas pelo cheiro, Sr. Juiz, só pelo cheiro.

NO R RANT

E lla. - Eu sou muito capaz de praticar uma violência.. . O que mais me seduz é atai fritada de ostras...
Elle. - Não é prudente filhinha, mormente agora que foram prohibidas as accumulações.
Os Co oweflidom es do Rio Gramide do SunH

A m igos e admiradores dos convcncionaes gaúchos, aguardando o seu


desembarque no cacs Pharoux.

A s lanchas que conduzem para terra os representantes do R io G ra n de do S u l


á Convenção de 2 2 de Agosto chegando ao cáes.
CARETA

do RS© Oramde dl©

D r . e M m e. z l s s i s B ra sil, depois do desembarque, no cáes P haroux.

V E S JP E R V esp e r
Vem depressa a meu seio envolver-te em mysterio
(PARA LEAL DE SO U Z A , P O ET A ) Porque a Dôr é da Terra e o Sonho é meu império.
A tarde, qual uma bailada senti­
mental, vae desapparecendo na Aglo O P o e t a ( do seio de Vesper)
nia do Crepúsculo, deixando peo- Eis a suprema paz, suprema das venturas:
Espaço mancheias de lyrios bran­ — A Sombra é lá da Terra. A luz destas Alturas.
cos. A Lua, qual severo e pallido ros­
Angelus vem vis'tar o coração to de monja apparece no Céo, e An­
dos afflictos. gelus, cantarolando uma canção de
A ’ margem do Lago Azul do S o ­ amor, esconde-se no selo de um
nho, em cujas aguas re,flecte-se a luz lyrio.
de Vesper,espanejam-se as iriadas e D e o d a t o M aia
pequeninas aves da Canção. O Poeta
scisma. Do Rio Grande do Sul, em cujas plagas trinta mil
P o et a eleitores obedecem ao seu mando com uma disciplina
de exercito que conhece a capacidade do general que
Oh, Vesper peregrina cstrella dos pastores! o guia ás lides, chegou, para representar os municí­
Dá-me balsamo á vida c lenitivo ás d ô res... pios fronteiriços na Convenção de 22 de Agosto, o
V esp e r illustre Rafael Cabeda, o grande chefe pampeano.
Ao infatigável paladino do federalismo, em quem
Envolve-te no manto azul da Fantazia vemos encarnada a velha alma gaúcha, apresentamos,
Para longe este T é d io ... ao Reino d’A legria... nestas linhas affectuosas, os nossos cumprimentos.
P o et a
O Cinematographo Odeon, inaugurado a 16 do cor­
Trago tanta tristeza e tanto desconforto 1 rente na Avenida Central, é o que se pôde dizer, um
. . . Sou um corpo sem vida, um coração já morto. cinematographo chic.
Com uma luxuosa e confortável sala de espera,
A ngelus duas salas para a exhibição de fitas, o Odeon nada
O teu coração nunca am ou; deixa a desejar ao nosso publico que se torna cada
qual creança que persegue borbole­ vez mais apreciador das cousas boas.
tas elle sempre andou a cata de il- Comparecemos á inauguração do Odeon, tendo
lusões. Teu ideal nunca fo i attin- por isto gosado uma esplendida festa á qual compa­
gido. receram pessoas de fina sociedade.
________

C A RE 1A

OS LEVITAS DO ALCORÃO G erm ano


O senador é um monstro 1
( D r a m a lh â o do F r a c k e da E s p a d a ) P in h e ir o
ACTO I Um monstro ?
05 P f S i n t i p 5 LEVI Tf l 5 G erm ano
1903. De eloquência!
Rio de Janeiro. Rua Hadock Lobo. Palacio de Ca- P in h eir o
gliostro. Vasto salão sumptuosamente decorado pela
phantasia do espectador. Ao centro, entre duas fila s de Eu tenho a phrase chã de um commensal da sciencia !
doze cadeiras, uma meza quadrada coberta por um
panno verde orlado de pennas de gallo garnizé; á ca­ C a r t ie r
beceira da meza, sentado, Cassiano medita, sombrio, e General!
aos lados, também sentados, um em frente ao outro, G erm ano
Jam es affaga a barba em ponta e Escobarfabrica pali­
tos a canivete. A ’ direita, abertas para o pateo, duas Senador!
janellas deixam ver o gallinheiro; debruçado sobre o C a s s ia n o
peitoril da primeira Germano conversa com Cartier,
que está sentado. A ’ esquerda, igualménte abertas para Com o olhar cheio d’agua...
o pateo, outras duas janellas mostram o rinhedeiro; J a m es
grupados entre ellas os mais Levitas conversam em voz
baixa. Trez portas fechadas ao fundo. Vimos participar da vossa grande m agua...
SCENA 1 E sco bar
G erm ano Quando a Patria sepulta o maior dos seus filh o s...
O Pinheiro está triste ? S oares
C a r t ie r O luminoso Julio. . .
Onde tens a cabeça ?
M uller
Pois o nosso Pinheiro é homem que entristeça?
O esplendente Castilhos
G erm ano
P in h e ir o
O Castilhos fez mal em morrer sem ao menos
Prevenir que deixava os espaços terrenos. A vossa companhia a minh’alma conforta.
C a s s ia n o {grave) {Indicando as cadeiras)
Está muito embrulhada a teia da política Abancai-vos, Solons, e vamos ao que importa.
E a nossa posição, companheiros, é critica; (.Sentam-se os Levitas rodeando a meza de cuja ca­
Para dar successor a Julio de Castilhos beceira Pinheiro preside a assembléa Apparece na por­
Teremos de vencer tremendos empecilhos. ta ao fundo, um gallo).
J am es P in h e ir o {solemnissimo)
Quando Dante e B eatriz... Levitas do Alcorão : eu vos hei convocado
Para dar um cocheiro á carruagem do Estado,
E sco bar Que o nosso postilhão—aguia da serra erguida!
Não amolle com Dante. Depois que faleceu abandonou a vida!
J am es E eu quero conhecer nestas horas afflictas,
Todas as opiniões de todos os Levitas.
Saiba Vossa Excellencia...
C a s s ia n o {O gallo entra o salão)
E s c o b a r {erguendo-se)
O primeiro a falar deve ser o Germano.
O senhor é um pedante.
C a r t ie r {approxima-se o gallo)
G erm ano
O leader é o Cassiano.
James, não se amofine, o Escobar é um cavallo.
V ozes
J a m e s {erguendo-se)
O Cassiano.
Bucephalo pedestre, eu saberei domal-o ! P in h eir o
SCENA 11 O Cassiano.
{Abre-se de repente a porta central e apparece a C a s s ia n o {commovido e sincero)
grave figura de Pinheiro. Acalmam-se os contendores Rio Grande do Sul! meu berço heroico, m inha...
e todos os Levitas caminham ao encontro do Grão-
Levita). P in h e ir o {vendo o gallo)
Este gallo, Cassiano, é um prodígio na rinha!
P in h e ir o {solemne)
Aos beduinos da náo da fé republicana (Cáe o panno)
Jesus Christo conceda as festas do Nirvana 1 V o l -T aire

Cura Astiima, Uruuciuie AsUimatica, e o anti-asttiniatico ideal


O P O ' I N D I A N O Não produz perturbações cerebraes. Não abate, nem deixa dôr
de cabeça depois do seu uso. Numerosos attestados de médi­
Encontra-se nas boas Pharmacias e Drogarias. — Deposito Geral: Drogaria de cos e doentes provam a sua efficacia.—Vide a bulla que acom­
— Francisco Giffoni, — Rua Io de Março, 17 (an tigo 9 ) — Rio de Janeiro— panha cada frasco------------- - --------

‘i* r .,5
C A WR T A

Annuncia-se para breve a conferência - do joven A Caravana Municipal vae breves dias, visitar os
Pedro Couto, sobre a “ influencia da sobrecasaca na cemitérios da cidade. E’ um dever de gratidão.
gestação das idéas,,. Os intendentes vão visitar seus eleitores.
Vae ser um verdadeiro acontecimento literário.
Enfonces Ferri e Anatole.
Não posso mais, dizia Mme. Symphorosa da Nati­
vidade a uma das suas amigas intimas: Venho agora
E ’ amanhã que se reune a Convenção Nacional, do dentista. Imagina que tive de ficar duas horas de
ou de S. Thimoteo, como lá diz o Dr. Seabra. bocca aberta.
- Sim? respondeu a outra. Podia ser peor. Olha
Quanto coraçãozinho anda por ahi apertado! se elle te obrigasse a ficar duas horas com a bocca
O que vale é que pouco falta. fechada!

.xetursoes de mm femmmtez

O Prim o. - O commendador é um verdadeiro enthusiasta da natureza.


A Prim a. — Qual natureza... Elle procura distinguir uma casa que lhe pertence construída em um suburbio.
C A R E T A

LUTA ROMANA
Os cinco golpes prohibidos e um aspecto de lucta interrompida pela intervenção da guarda civil.

<3>

1. Torção dos dedos. — 2. Braço á americana. — 3. Um Match de cascudos entre os luctadores Cazeaux
e Schakman. — 4. Cruzamento das pernas estando os luctadores em pé. — 5. Collar de força. — Zancadilha.
C A R E T A

Apresentação dos campeões que empolgam a platéia do Concerto Avenida.

IkiQLb,

Um a derrota imminente.
COLUMNA DAS ELEGAMPCIAS na Exposição. Aquillo alli devia ser uma Exposição
permanente, para gáudio dos que gostam de se di­
vertir. Depois da de Hygiene poderia vir outra de
Porque com o tempo agradabilissimo que temos automóveis por exemplo e continuaria a concurren-
gosaeo não ha melhor divertimento para as pessoas cia ao recanto encantador em que o Pão d’Assucar
que sabem gozar a vida, que estão ao facto dos usos e a Urca como duas sentinellas gigantes parecem
elegantes, do pue ir todas as noites para o formoso dormir um somno petrificado.
enclausuramento polychromatico da Exposição de
Hygiene, * * *
E digo isto por dous motivos : um é por ser alli
o rendez-vous do monde ou bon se diverte; o outro Vimos no recinto esta semana: Mme. Castro,
é porque na verdade ha na Exposição muitos diver­ avec une ravissante toillete en drap bleu pavon, enru-
timentos ; o terceiro finalmente é para animar os bannée et gallonée à la Princesse Lointaine, chapeau
actos da Hygieue. trois coups avec un jo li pannache queue de tamanduá;
* * * Mlles. Silva, toutes les trois en blanc d’argent avec
applications de pois chiches et cequelicots vert sombre,
Porque não sei se sabem que nas pessoas ele­ chapeaux entonnoir avec guirlandes endiamanchées ;
gantes uma das cousas mais são os descuidos hygie- Mme. Ve. Souza, en jo li demi deuil foulard rouge avec
nicos. des ecrevisses en canape', chapeau avec un perroquet
Entre os povos da remota antiguidade eram elles facetieux, le bec grand ouvert e la queue en arrière ;
assas desprezados. Assim na côrte de Luiz XI, de Mme. Ramôs, en jupe ci-devant droit, manches en balai
santa memória, raras ass pessoas que usavam ba­ et hanches en epouvantail. pannache tricolore et un
nhos ; era corrente a supersticiosa crença de pue os jo lific h u aux couleurs bariolés, chapeau tomelier avec
banhos tiravam a substancia. un oiseau du paradis en couvant; Mlle. Serpá, en ve-
* * * lours avec des grapes de raisin muscat derrière, jo li
chapeau vert avec des retroussis de toutes les couleurs
Imaginem agora as minhas formosas leitoras que de l’arc en ciei.
tanto prazer acham nas ensaboadellas com o sabão
da Costa perfumado, que morrinha não haviam de E muitas outras que citaremos depois.
ter as suas antepassadas que viviam na côrte daquel- F. de A.
le piedoso rei ? Nem é bom a gente pensar em se­
melhantes cousas!
* * * Ora graças, até que emfim
encontrei o que ha muito tem­
Porque um elegante que se preza, se fosse hoje po procurava.
deixar de tomar banho, seria um porco-sujo como
dizem os nossos irmãos d’além-mãr quando por aca­ Andei soffrendo de uma bron-
so se referem ao defunto satanaz cuja pera o popu- chite que quasi levou-me ao tu-
larissimo actor Brandão nos mostrou no Apollo, an- mulo e a concelhos de amigos,
nos atraz. depois de uzar tudo quanto foi
E’ que a vida moderna tem exigências a que não drogas, comecei a uzar o Xa­
nos podemos furtar, e não temos felizmente medo rope do Bosque, e eis-me bom
de perder a substancia quando mergulhamos nas sal­ e forte. E faz-me ficar de mim
sas ondas marítimas, ou em casa mesmo, numa ex­ mesmo admirado com tanto
cedente bacia de legitima folha de Flandres, assim prodigio em pouco tempo.
chamada porque foi introduzida no Brazil pelos hol- E sabem amaveis leitores
landezes quando occuparam o Recife, ha muitos onde se encontra este salutar
annos. xarope ?
D* x * Na Drogaria Freire Guima­
'■“ IPor isso é que eu digo que ha~ vantagem para a rães & C ., á rua do Hospício
gente em observar com cuidado a Exposição de Hy­ n. 22 e na Pharmacia Mallet
giene. E mesmo porque os brinquedos americanos & C., a rua Frei Caneca n. 52.
são todos também muito hygienicos. Pois aquelle se­
nhor que se atira de uma altura phenomenal dentro — Terrível inimigo é o Murat. Embirrou, não sei
de uma tina, não nos está ensinaneo pelos mais
modernos processos pedagógicos de invenção do Sr. por que, com o finado Wshaington e jurou desmo-
Pestalozzi que a gente deve tomar banho ? ralisal-o.
* * * — E desmoralisa-o, amigo ! Desmoralisa-o !
Assim eu cada vez mais me convenço da incon­ —Não resta duvida, pois si adoptou como pseu-
veniência de installar-se o ministério da Agricnltura donymo o nome do grande americano !

A N G I C O COMPOSTO
O XAROPE MAIS ANTIGO DO BRAZIL
CURA R A D IC A L M E N T E , QUALQUER TO SSE A N T IG A OU RECENTE

A venda na P H A R M A C IA B R A G A N T IN A
RUA URUGUAYANA N. 405— E EM TODAS AS P2ARMACIAS E DROGARIAS ~ ,
CAl^E T A

CINEMA-CARIÓCA civis acodem pressurosos. R ô lo ... desordem... os


fuzileiros... O povo prudentemente salta as grades.
( Ia F IT A ) O tumulto é geral.
No Avenida—Onze horas da noite. O intervallo ( 3a fita )
está no fim. Ondas de sons desharmoniosos enchem o
vasto recinto, pauperrimamente illuminado e mal aba­ Pouco a pouco voltam o silencio e a calma. A
fando o tilintar dos copos e os risos zombeteiros cançonetista volta, mais desafinada e talvez mais de-
das divettes. A belleza offuscante das toillettes es­ cotada ainda. Commenta-os em voz baixa o caso e
candalosas subjuga; ha uma ostentação de encantos formam-se grupinhos:—m ulheres... um homem apu­
occultos, que seduz e estonteia. A banda musical si­ n halado... ciúm es... tres navalhadas... desespe­
lencia ; a orchestra executa em surdina um acompa­ r o ... um t ir o ... um guarda ferid o ... á lc o o l... pri­
nhamento, ora langoroso, ora saltitante, Suspende-se sões. ..
o panno, a estrella apparece, escandalosamente de- A verdade : um cidadão que, não conseguindo re-
cotada, a saia reduzida a uma simples tanga. Palmas haver a cadeira em que assistiu a primeira parte,
e gritos de applauso. A platéa arrebatada, escalda de acha que ao menos tem direito ao lenço com que a
enthusiasmo e admiração. Psius exigentes ouvem-se assignalára.
de todos os lados. O silencio paira novamente por JlCK
todo o recinto e a estrella canta desafinadamente
uma cançoneta em russo, com tregeitos de malicia. O Dr. Seabra, ao desembarcar foi saudado em
A platéa, deliciada, é toda risos. nome das 21 parochias da Capital Federal por um
( 2a fita ) soi-disant representante das mesmas.
Ninguém viu os poderes do parola, de sorte que
A um canto vozes exasperadas fazem-se ouvir em ao terminar elle o seu formidável bestia um popular
duetto. Os olhos curiosos da platéa voltam-se ancio- que a curiosidade attrahira, sahiu murmurando:
sos para lá. Os corpos levantam-se como que impel- E chama-se isto representar o Povo 1
lidos por uma só mola. Trilam apitos. Os guardas Fresco representante 1

NO CONSULTORDO

O Dr. — Mas o menino soffreu alguma pancada na cabeça ?


A Velha. — Não, doutor. Elle é pateta de nascimento.
O Dr. - Então minha senhora é incurável. Deve ser mal hereditário.
C A R E T A

CARTAS DE EM M ATUTO

Comadre, nós vamos indo Comadre, a mais grande coisa Tem uns cachorro ensinado
Na mesma, sem novidade, Que pr’a contá tenho gosto, Que dança, qne faz proeza,
Eu cá sempre furioso E' que afiná tá na porta E uma tal onça que anda
Co'esta vida de cidade. O tal Vinte e Dois de A gosto! Numa corda muito teza;
Só penso na minha roça E’ o dia, minha commadre, Tem macaco, tem hiena,
E tenho tanta sôdade, Que o Hermes vae sê deposto, Mas a mais maió belleza
Que só fico nesta terra Antes de i pra cadeira Que tem no meio das féra
Pro mode a necessidade. Onde um outro vae sê posto. E’ a domadora ingleza.

Quem parece, tá contente Não se sabe o candidato Que muié, minha commadre,
E’ o nosso padre Romão, Que elles vão apresentá: Que pancadão de mulata!
Que acha tudo nos eixo Na hora, todos escóie, Dança, pula, faz pagode,
E acha tudo bem bão; E todos póde votá. Notn óia pra gente a ingrata!
De dia lê breviario, Não se faz trama nenhuma, Os leão amansa co'ella
Reza, toma seu rolão, Vae sê um jogo leá, Nem mêmo que ella lhes bata,
De noite, some da gente, Chico Salles nem que queira Que inté a ira das féra
Vae p’ra adonde não sei não. Nada lá póde cheirá. Aquelle diabinho mata.

A ’s vez eu puxo conversa Elle anda se empenhando Das diversão da cidade


Pregunto que vida é a sua, E pedindo aos quatro vento, Tá fazendo um baruião,
Elle diz que é de virtude Para entrá na convenção Uma luta de romanos
O u seje em casa ou na rua; Indas que seja um momento; De tapas e pescoção:
Que quando não tá nas reza Elle então diz que é bão home E’ no Concerto Avenida,
E como a côrte lhe amúa, Que nunca foi aparento, Toda noite tem funcção,
Toma o bonde e vae no Leme E que inté no siminario Eu já fui vê duas vezes
Para vê 0 mar e a lua. Já passou por tê talento. Mas porém não volto não.

Arrespondem então a elle: Não poupo cobre, ocê sabe


Póde sê, eu não duvido Gosto de me adverti ;
Mas porém é de pasmá “Chico, ocê tá é scismado,
Quando tou triste da vida
Que mêmo com chuva e frio Não chamemo ocê seguro
Dou bem dez mil réis p'ra r i:
Romão goste do luá, E nem tão pouco tapado!
Mas gastá meu dinheirinho
E que fique a noite toda O contrario, todos acha,
Que custei adquiri,
lnté quasi madrugá, Ocê muito equilibrado:
Pra vê rôlo de uns marmanjo...
Porque é quasi manhanzinha Q ue conversa é esta agora ?
Nunca mais eu vorto ali.
Que elle em casa vem deitá. Que home desconfiado!»
Ocê me escreva, commadre,
E dispois p’ra se vê lua Mudando de assumpto a carta Dando novas do arraiá,
Não perciza croazê, Sem falá na convenção, Si a festa do dia quinze
Nem gravata côr de rosa Te conto que sotordia Andou bem ou si andou má:
E cheiro, não sei p’ra que: Nós vortemo a exposição: Quem foi mordomo do mastro?
Além disto tem cuidado O mió que achei de tudo Teve dôce, fôgo do á,
Da barba sempre fazê, O que achei muito bão, O u teve festa perrengue
Se esquecendo do bigode Foi o home corajoso Com o a que teve por cá ?
Que cresce a todo crescê. Que amonta num leão.
Pregunta a Juca Soares
A ’s vez póde sê que o home Chi, comadre, só se vendo Se arrecebeu a encommenda,
Teja mais é me enganando; Que se póde acreditá ! Dos carpins e das botina
Já tenho visto taes coisa, O bicho dá cada tapa E das seis peça de renda:
Tanta pêta, tanto escando, Mas todas perde no á: Eu sube que foi p’ra Rosa
Que mêmo vendo uma dona O home com um pirahy Fia do Néco da Venda,
Ajoeiada, confessando, Fazendo elle estralá, I de virge neste dia
Eu carculo que a beata Faz as féra ficá mansa Co'as fia do Joaquim Tenda.
Não reza, tá conversando. Quetinha, sómente a urrá.
Si ocês teve festa boa
Porque aqui é o diabo Eu fico gostando muito Mêmo sem padre Romão,
Não se tem religião: De oio aberto p’ra vê, E’ caso para nós todo
Moça que tem vinte anno, Arrepiadinho da Silva Tê grande sastisfação,
Namorados aos bandão, Preparado p’ra corrê: Porque prova que vigário
Não decora castecismo Pois si os bicho quebra as grade Nenhuma falta faz não.
Nunca vae nas procissão; Não se tem onde escondê, Sôdades do seu compadre
E só véia desdentada Avança mêmo no povo
Faz prenreira communhão, Mata tudo p'ra comê. T ib u r c io d ’ A n n u n c ia ç ã o
I

CARETA

OS E S T A D IS T A S M A IS CO TAD O S

D r . Jo a q u im M urtinho D r . J : F . de A ssis B ra sil


CARETA

>1 0. OA.

1 Q•p Pn arlmin
r f* -
CREAÇÃO INTEIRAMENTE NOVA
O m a is e le f a n t e e o m a is confoptavel

J .0 r U JlluUUI =
123,
M A N U F A C T U R A D O E M PARIZ =
m 5ETE DE 5ETEÍ1BR0, 123 — (ANTIQTI Cfl5fl CflVÉ)
CARETA

NA EXPÓSHÇÃO Lauro, o poeta Lauro é um rapaz que gosta


muito de impressionar os outros. Só fica satisfeito
quando consegue ver auditorio suspenso de seus lá­
bios, os cabellos a pouco e pouco se levantando e as
physionomias terrificadas por suas narrativas.
Ha dias chegou elle ao Jeremias onde estava uma
roda de rapazes: Vinha paliido, a poética cabeileira
revolta, os olhos espantados.
Os outros anciosos enterrogaram-n’o.
E elle :
— Vocês nem imaginam a scena horrivel que
acabo de assistir! Ainda me parece um sonho!
— Que foi? Que foi? Perguntaram de todos os
lados.
— Eu vinha dos suburbios. Vocês sabem como
affluem os passageiros aos trens não é ? Só havia um
logar vasio no carro em que eu vinha, mesmo ao
meu lado.
No Engenho Novo embarcou uma lindíssima moça,
maravilhosamente bella, e deliciosamente vestida.
Olhou para esse logar vasio e . . .
— E?...
- E deixou que nelle se sentasse um typo gordo
que cheirava a carne secca ás léguas !
Este Lauro, este Lauro !.
Estes poetas, estes poetas!

COMPOSEÇÕES DE PEANO
SEVERO DANTAS
E S Q U E C E R -T E ? ... JAMAIS. Ultimo Schottisch
MAGUAS CALADAS.................. Schottisch
ONDAS DE B EIJO S . . . .
SÉRENADE C O Q U ET T E . . Para violino e piano.

Casa A R TH U R N A P O LE Ã O
A V E N ID A C E N T R A L
Recebemos, reunidas em volume sob o titulo
Theatro, as composições dramaticas de Goulart de
Andrade e relendo-as mais uma vez constatamos as
raras qualidades de dramaturgo do primoroso poeta
dos cantos reaes.
Duas d’essas composições, A Renuncia e a Sona­
ta ao Luar já foram, na scena theatral, consagradas
pelo publico desta capital, apezar das condições des­
vantajosas em que furam montadas. A Sonata ao
Elle. — Que pose a minha; vê como as elegantes me olham. luar é uma peça leve e subtil, que exige, para ser
Ella. — E’ verdade, eu sempre attraio as attenções sobre o bem interpretada, artistas de apurada sensibilidade e
homem que me acompanha. para ser comprehendida na superioridade integral da
sua belleza um publico finamente culto. N’essas con­
No Circo dos Leões: dições os applausos com que a coroou a platéa do
extincto theatro nacional da Exposição consagraram,
- Veja o poder da belleza. Estes possantes leões a um só tempo, o dramaturgo e o publico.
curvam-se, humildes, a um gesto desta frágil mulher.
— E ’ porque essses leões são mansos. Se eu fos­ A composição capital do Theatro é o drama J e ­
se leão a Sellica estava comida. sus, em tres actos, dos quaes o primeiro foi escripto
por Aristheo de Andrade. Desse admiravel trabalho, em
que se revela irmanada a grandeza dos dois previle-
Consta em rodas de automóvel e também de car­ giados irmãos, destacaremos, no segundo acto, a
ruagem que o coronel Rodolpho Abreu fará breve­ scena da Samaritana e da Magdalena.
mente um meeting no zimboria da Candelaria em fa­ Quanto ao trabalho, á factura, á belleza dos ver­
vor das candidaturas da Convenção de Maio. sos, os elogios são dispensáveis: os versos são de
O coronel sempre gostou de andar pelas alturas. Goulart de Andrade.

Telephone 872 Chapéos i n g l e z e s M elton france-

CASA OUVIDOR zes S a n s


P ackard
I»areil calçado Americano H a n a n e
................-
------- 1 7 1 — O U V I D O R — 1 7 1
-----
“ 0 V E E D E E "

As Moléstias do Estomago e seu Novo Tratamento


A D y sp e p sia — Eis uma moléstia que se alastra que ingerir drogas, nem soffrer cousa alguma que
por milhares de victimas e da qual se ouve fallar por lhe possa causar contrariedades.
toda a parte. Comprehende-se como dyspepsia todos A massagem vibratória a que alludimos, produz
os transtornos da má digestão, quer residam no es­ resultados surprehendentes e inesperados, havendo
tomago ou no intestino, quer provenham de origem milhares de certificados de pessoas que se dirigiram
nervosa, mechanica ou chymica. ao inventor do Veedee pora manifestar o seu pro­
O excesso de alimentação e o abuso das bebidas, fundo reconhecimento, em virtude de terem chegado
occasionando uma sobrecarga continua no estomago; ao fim tão desejado: á conquista da saude.
o uso diário e excessivo das carnes, das feculas, dos Para o tratamento das moléstias do estomago e
graxos que provocam fer­ abdomem, procede-se do
mentações anormaes e modo que indicam as
digestões difficeis; o uso singelas instrucções que
continuado de condimen­ acompanham cada appa-
tos e bebidas alcoólicas; relho.
o vicio constante do fu­ Em poucos minutos
mo, o uso do chá, do café de applicação doVeedee
e do gelo; alimentos mui­ sente-se uma agradavel
to quentes, a irregulari­ sen sa çã o de calor por
dade de horas e pressa todo o ventre, desaDpa-
para comer, mastigando recendo immediatamente
mal; exercícios violentos; as dores.
trabalhos mentaes apóz O uso systematico
as refeições; a fadiga in- desse maravilhoso appa-
tellectual; a insomnia; o relho, não só fortalece
sedentarismo e a vida do o estomago, como tam­
escriptorio... são fontes bém cura radicalmente
fecundas de dyspepsia, muitos casos de molés­
alem das que provêm de tias gravíssimas.
estados pathologicos —• As pessoas que pa­
chronicos ou agudos — decerem de mol és t i as
taes como: clorosis, ane­ arraigadas no estomago
mia, febres, arthritismo, devem pedir catalogos
gota, tuberculose, etc. aos agentes geraes no
E ’ sabido que todas Brazil Srs. O r l f i n d o
as moléstias do estoma­ Iiauf/e/ tf* i\ — Ave­
go se combatem no Bra- nida Central, 140, Rio de
zil, com toneladas e to­ Janeiro, que terá o maior
neladas de específicos, prazer de envi ar toda
aguas mineraes, digesti­ classe de detalhes acer­
vos e preparados de toda ca do mimoso apparelho
ordem, com resultados chamado Yeedee, assim,
mais ou menos morosos, como a respeito dos fun­
raras vezes produzindo damentos scientificos em
o resultado que se de­ que se basea este pre­
seja. cioso apparelho, cujo uso
Comprehender-se-á, recommendam hoje en-
pois, qual o grau de sa­ thusiasticamente t odos
tisfação que terá o pu­ os médicos notáveis da
blico em geral quando souber dos extraordinários Europa. As applicações do Veetlee são numerosís­
triumphos que alcançou a massagem vibratória no simas ; não ha quasi moléstia que resista á sua
tratamento de todas estas affecções, si se considerar influencia, taes como sobre: — a neurasthenia, as
que cada qual póde por si mesmo alliviar os proprios moléstias do figado, o rheumatismo, a gota, os
males, conseguindo curar-se, sem necessidade de sub- resfriados, a i nf l uenza, as c o n s t i p a ç õ e s de ven­
metter-se a nenhum regimem de torturas, nem ter tre, etc., etc.

Bepostarnos Geraes m© BrazM %


Orlando Rangel & Comp.
140, A V E N ID A C E N TR A L, 140 — Rio de Janeiro
Peça-se Folheto Explicatorio N. 2
CARETA

CONSELHOS E RECEITAS E’ a estes dous processos que hoje recorrem os


modernos callipedistas, manicuras, pedicuras e^outros
scientistas que se dedicam ao tratamento de tão hor­
Para extirpar os callos. Callipedistas eminentes ríveis enfermidades.
tem sido grandes médicos por que o callo é uma das Está constatado infelizmente que o callo é mo­
moléstias mais perseguidoras da humanidade. Até bem léstia contagiosa, devida a um microbio — o bacillus
pouco tempo pensava-se que fosse o callo devido ao caLlL — isolado ultimamente pelo Dr. Rocha Alazão
attrito, mas essa theoria cahiu em virtude de consi­ no seu laboratorio de experiencias m anima vili.
derações feitas pelo eminente Dr. Zamenhoff que pro­ Ainda alguns profissionaes aconselham um trata­
vou á saciedade que se o attrito produzisse callos, mento mais radical: a amputação do membro affec-
não seriam só os pés as sédes de semelhantes enfer­ tado, mas a experiencia tem verificado que apezar
midades. disso a moléstia reproduz-se no mesmo ponto, pas­
A theoria que os attribue á compressão, é também sados alguns mezes de sorte que vae sendo desde­
uma theoria morta, porque se a compressão os pro­ nhado.
duzisse ninguém mais usaria colletes. O que se sabe Os callos apresentam uma faculdade curiosissima:
ao certo é que o callo é o producto do engrossamento é que muitas vezes doem nos outros.
da epiderme, pontos salientes de substancia córnea, de D r. Curatudo
aspecto esbranquiçado e pulverulento, dolorosos ao
tacto e dilataveis com o calor e com a humidade.
Therapeutica. O melhor processo para extrahir os N Ã O CO M PR EM JO IA S SEM PRIMEIRO
callos ainda se discute qual seja. Dividem-se as opi­
niões, propendendo uns para o systema inglez, por = = = = = VISITAR = = = = =
via secca, outros para o systema allemão por via
húmida. Consiste este ultimo em mergulhar o pé
durante 30 dias numa solução de balsamo de Fiora-
vante, hydrolato de ortelã, caparrosa verde e unguento
“A P É R O L A ”
napolitano. O callo se é de boa indole no fim dos RUA DA C A R IO C A , 46
30 dias amollece e cáe.
O processo inglez é mais rápido. Isola-se o callo Gr. C A P R I O
por meio de substancia colloide, introduz-se sob uma
campana e estabelece-se o vacuo com o auxilio de
uma machina pneumática. Dirigi-se sobre o olho do
dito uma corrente de ar super aquecido; a substancia Foi exonerado o Dr. Oswaldo Cruz do cargo de
córnea começando a estalar e a desprender o odor director da Saude Publica. Consta que volta a dirigir
característico de matéria azotada em combustão, reti­ a dita Saúde o conselheiro Nuno de Andrade, cujo
ra-se e por meio de um ralo fino, reduz-se-o a pó primeiro trabalho será restabelecer entre nós a febre
finíssimo que algumas pessoas aproveitam para tem­ amarella.
perar o talharim. Muito bem.

É UMA CREAÇÂO
= 3 M E D A L H A S DE O U R O =

S c t t r e i s da p e l l e ?
C a e r e is s e r f e r m c s a ?
1 1 S c::l & £L

= L U G O L I N A=
do Dr. Eduardo Franga
O M E L H O R R E M E D I O P A R A M O L É S T I A S DA
P E L L E , F E R ID A S , C O M IC H Õ E S , B R O T O E J A S ,
S A R D A S , P A N N O S , M A N C H A S , ETC.
Oonsagra»lo n a E u r o p a e n as
R e p u b lic a s A r g e n tin a , U in g u a j e < h ile .

V E N D E - S E E M T O D A S AS D R O G A R IA S ,
P H A R M A C IA S E P E R F U M A R IA S

D e p o s itá r io s : A R A C JC F R E IT A S & C .
114— R U D DOS O U R IV E S — 114 R IO DE JfíNEIRO
8 , V »,

A n tiga C a s a = í\u s o n ifl=


i MOREIRA*
Já sahiram da Alfandega 21 caixões com
o bello e variado sortimento de joias cotn bri­
lhantes, pérolas, e pedras preciosas.
Joias de ouro e platina com pedras diversas.
Relogios para algibeira, de ouro, prata, fo­
lheados, aço e nickel, dos melhores fabricantes
suissos e americanos.
Relogios para mesa, idéaes peças de Arte.
Bronzes, secção completa dos autores fran-
cezes com medalhas do «Salon».
Prataria desde a menor peça á mais rica
baixella.
Objectos de Arte completo e variado sor­
timento.
Artigos de fantazia para presentes do mais -) I>K I H K I L A T E S ( ---------------
chic gosto. Para bem servir a sua enorme fre-
guezia, este sortimento foi escolhido pessoal­ Vendido a Prestações Semanaes de Ps. 38000 em 60 Semanas
mente pelo seu proprietário que actualmente Ú NICOS DEPOSITÁRIOS NO BRAZIL:
percorre as principaes fabricas da Europa.

101, Rua do Ouvidor n. 103 D ’O R S I & I R M Ã O


■ (Antigo -A — canto da travessa): Rua do Ouvidor, I22 ^ «mo
BRILHANTINA “C O N C R E T A "
EXTRACTO “ MEU C O R A Ç Ã O ”
Agradabilissimo e de intensidade. Pó de arroz
« M e u coração» mimo de luxo. Sabonete “ M eu
coração,,, sem rival no mundo! o melhor pre­
sente.

I ’ venda em todas as perfumarias


D e p o s i t o g-epal

PERFUMARIA GASPAR
Praça. Tira cientes n. 18

TELEPHONE 1112

R I O DE J A N E I R O

A MAIS PERFUMADA PEÇAM CATALOGOS DE PREÇOS DE A1ACAD0


CARETA

EQUILIBRISTAS cabellos é uma arma de defesa delles que, transfor­


mando-se em espinhos, tornam-se inatacaveis.
Sendo independente do nosso organismo, deve
crescer e cahir á vontade.
* * *
Não ha pois um meio de evitar a morte dos ca­
bellos : elles já vivem demais. E’ certo que prestam
grandes serviços no sentido de encobrir a careca, e
mesmo como objecto decorativo não ha que se lhe
negar algum valor. Toda cabeça, de homem ou de
mulher, é uma careca disfarçada, e o que disfarça a
careca é apenas o cabello.
* * *
Urge pois evitar que a cabeça não fique sem ca­
bello : e estando provado que a quéda é inevitável
pela lei de Newton, o unico meio de não se ter a
cabeça á mostra é, logo que morrer toda a planta­
ção de cabellos, semear-se novas sementes da pre­
ciosa gramminea sobre a superfície abaulada do
craneo.
D r. Sabão

— Então general Pinheiro, que nie diz da Conven­


ção de amanhã.
— Não pode dar resulado meu amigo, uma reunião
platônica. Poisnão vê que os homens se reunem sem
ter ainda um candidato.
— Mas a Convenção não é mesmo para a escolha
de um ?
— Pois é. Mas meu caro, nas Convenções, pelo
menos nas que eu tenho feito, o candidato é esco­
Andam os idiotas a elogiar a americana qne ajuda o lhido antes. Os convencionaes só se reunem para di­
cyclista a guardar o equilíbrio no fio aereo! Idiotas! a mim zer amen.
que ponho em jogo a paciência do meu marido ninguém elogia
— Ah ! Eu pensei. . .
— Pois é assim. E os meus adversários querem
NOTAS SCIENTIFICAS fazer uma convenção de verdade ! Ora deixe-me rir! . . .

Qual o motivo da quéda dos cabellos? ' Zío P O V O ~ C ü VTO


Pergunta esta facil de ser respondida: o cabello
cahe seguindo a lei geral da quéda dos corpos. Cahe,
porque os corpos se attrahem na razão directa das
massas e na razão inversa dos quadrados das distan­
cias.
Ora, a terra atrahindo o cabello e o cabello atra-
hindo a terra, é forçoso que um delles procure se
agarrar ao outro : mas a terra não pode ter o traba­
lho de saltar ao cabello, e então é o cabello que sal­
ta á terra. Eis o motivo da sua quéda. -
Isto considerado segundo a grande lei de Newton.
Resta saber o motivo porque o cabello se desprende
do couro cabelludo.
* * *

Ha sobre este ponto diversas opiniões: alguns


acham que o cabello é uma gramminea, cuja vida é
como a do capim, limitada a um certo tempo. Cum­
prido este tempo, como as outras grammineas, o ca­
bello morre, a raiz apodrece e a planta cahe. Esta
opinião é uma das mais sensatas. rr-'- ■ ^ u
Para outros o cabello é um annexo da pelle, ou
melhor, o cabello é formado por cellulas animaes. E ’
porém uma parte independente do corpo a que se
prende apenas por uma pequena parte: o cabello tem
como que a vida de um parasita. A prova é que sen­
do cortado não dóe ; outra prova é que nós não po­
demos movel-o á vontade. O movimento dos cabellos
são independentes da nossa vontade : por exemplo •
eriçam-se, ficam em pé á vista de um perigo, mas E n tã o os oradores cham aram ao P enna conselheiro vesgo.
isto é independente da nossa vontade. Este eriçar dos E o povo deu o cavaco quando atiraram taes chapas sobre o tum ulo.
0 drama da Estrada Real

( P h o ío g ra p h ia G uim a rã es ) ( Photographia G uim arães )

Dr. Euclydes da Cunha, o glorioso autor dos Sertões, Dr. Euclydes da Cunha, o mais poderoso escriptor
morto por Dilermando e Dinorah Cândido de da lingua portugueza, em nosso tempo.
Ass:s, aos quaes feriu, n’uma casa da Estrada
Real de Santa Cruz, no dia 15 do corrente.

O cadaver de Euclydes da Cunha no Necrotério publico, cercado pelos representantes


de todos os jornaes do Rio.
0 drama da Estrada Real

O corpo do grande escriptor no caixão m ortuário, na Secretaria da Academ ia de Lettras.

O caixão que encerra o corpo de Euciydes da C unha no carro que o transportou


do Necrotério para a Academ ia de Lettras.
C A R E T A

TELEGRAPHO SEM FIO 0 CONVENTO DA AJUDA


(S e rv iço <le íillim a h o r a ) Do Nilo, o intuito esthetico bemdigo,
De pôr abaixo o secular convento
C . A. Mello. — (Rio) — Indeferido. Que é, na Avenida, o indomito mimigo
Doris. — (Minas) — Aos espíritos que como o seu Da architectura e do povoamento.
divagam pelas mysteriosas regiões da metaphysica
acontece frequentemente o que ao seu acaba de acon­ Eu, que a rijeza do trabalho antigo
tecer : invadem inconscientemente os domínios da lou­ Conheço e admitto, desde já lamento l
cura, onde são capturados pelos allienistas. Quem tiver, dos peccados por castigo,
De dirigir o desmoronamento...
Jo s é Teixeira da Silva. — (Ponte Nova) — Os seus
versos não estão máos porem são do genero heroico, Ha, no emtanto, um político mineiro,
injustamente condemnado pelos nossos leitores. Jornalista, adiposo e chacareiro
Alcides de Moraes. — (Anta) — Não conseguimos Que os engenheiros vae tirar de apuros,
ler o seu soneto, está escripto a lapis num papel Pois promette o satellite do Bias
pardo. Qratuitamente dar, todos os dias,
Tres cabeçadas nos sagrados muros.
No Theatro Variedades, da Exposição, ouvindo J. P i n t o
Renée de Renaud em seus cantos de opera, delibe­
ramos rasgar-lhe, com a nossa autoridade critica, os
mais altos elogios, e aqui lhe deixamos apenas os
médios. Os médios, não por que reformássemos o
julgamento em que a laureamos, mas por que, en­
tendendo menos de musica e canto do que de dança,
AOS SNRS. CHEFES DE FAMÍLIA
deliberamos glorificar a Lizzie Glenroy, cômica e
bailarina escosseza, pois apezar de não havermos N Ã O CO M PR EM R O U PA PARA V O SSO S
entendido patavina da sua cantata, ficamos risonha-
mente deslumbrados com os seus esplendidos baila­ F IL H O S , S E M V E R P R IM E IR O O
dos principalmente com o que, a falta de outra de­ C O L L O S S A L S O R T IM E N T O E O S B A ­
nominação, chamaremos bailado da espada, por ser
executado em torno da arma que os nossos políti­ R A T ÍS S IM O S P R E Ç O S D A C A S A
cos estão engolindo. No emtanto, apezar d’esse nos­
so deslumbramento, é para Mme. Lotty que reserva­
mos os nossos mais altos elogios; as suas poses C TOMBO DO RIO
plasticas não são propriamente poses, são maravi­
lhosas transfigurações da belleza operadas pela arte,
e dignas dos applausos de uma platéa de artistas.
As exhibições de Mme. Lotty deveriam, pensamos
RUA DA URUGUAYANA, d (CantodaCarioca)
nós, constituir, só ellas, o espectáculo de uma
sessão. RIO DE JANEIRO
“Agora que o trem de ferro
Accorda o tigre no serro, Corria-se uma subscripção em favor de uma pobre
Desperta os caboclos nús„ viuva carregada de filhos e que ficara reduzida á mais
Mestre Pinheiro conduz extrema pobreza.
Wencesláo Braz a sincerro
E Chico Salles a berro. A commissão que se encarregara de tão generosa
obra foi a casa do Serapião.
Depois de expor o caso, descrever com as mais
Apezar de constar que a companhia do Sr. Victo- negras cores o estado de miséria, perguntaram ao
rino embirra com os dramaturgos brazileiros, cremos Serapião.
— Que quantia devemos por na lista em seu nome.
■ HHBHHM K

que será por ella montado o rutilante dramalhão — Serve qualquer ?


cuja publicação iniciamos hoje e ao qual o seu au­ — Serve, como não ?
tor, o nosso companheiro Vol-Taire, denominou Os — Pois então ponham logo 200$000 que palavra de
Levitas do Alcorão. Parece-nos que essa resolução honra, se eu os tivesse, dal-os-ia com o maior prazer.
da companhia Victorino tem explicação na feliz coin­
cidência do actor Brazão achar absoluta semelhança O Dr. Seabra desembarcando nesta capital, de volta
entre a sua arte theatral e a política do eminente da Bahia, teve imponente recepção pelas columnas
senador Piinheiro. de dois jornaes.

4 8 âNNOS DE SUCCESSIVQS TRIUNIPHOS!


O tratamento radical de todas as affecções da pelle, rheumatismo e de todas
as moléstias que provêm da impureza do sangue consegue-se com a

SALSA, CAROBA E MANACA’


DE ÊtlGÊNIO HflRQUEj DE ÍIOLLflílDfl Approvada na Europa e no Rio da Prata
Depositários Geraes: A R A I J J O F R E I T A S A C. Rua dos Ourives 114
Em S. Paulo: R A R U E L & i . — MUITO CUIDADO COM AS IMITAÇÕES
_ — Então que dizes do decreto sobre as accumula- Pede-nos o coronel Francisco Bressane que con­
ções? Não achas que é um grande desaforo? tinuemos affirmando ser inteiramenie falsa a versão
— Eu não. O que é bom deve tocar a todos. E
logo agora que estou tão precisado de um emprego! que o dá como nascido na ilha da Madeira.
Que dilúvio de vagas!
O Dr. Octacilio Camara. julgando-se prejudicado
O dr. J . J. Seabra attingido pelo decreto sobre as pelo decreto sobre accumulações vae requerer man­
dado de manutenção para o exercício de suas fun­
accumulações vae aptar pelas funcções do Leader e cções medicas, pharmaceuticas, odôntologicas e jurí­
pela remuneração de deputado. dicas no curato de Santa Cruz.
CA R E T A

Arrancando das entranhas da algibeira o chro-


0 drama da Estrada Real nometro adquirido economicamente como socio de um
club de relogios, S. Ex. cravou os olhos no relogio
da balaustrada da Gloria.
— Onze horas e doze minutos, disse S. Ex. ao
i i seu companheiro, e acertou o seu possante chro-
nometro.
Fumando um esplendido mata-rato, conversando
com o companheiro sem immunidades, S. Ex. cami­
nhou até ao Largo do Machado.
Ahi, esbarrando, pêla segunda vez arrancou das en­
tranhas da algibeira o seu possante chronometro,
consultou-o e, franzindo a testa, S. E. perguntou:
— Aquelle relogio da Gloria estava certo ?
— Certíssimo, respondeu-lhe o companheiro sem
immunidades.
— Ora que espiga! Então o meu relogio não
presta.
— Porque ?
S. Ex. explica :
— Vi onze horas e doze minutos no relogio da
Gloria, acerto o meu por elle e agora aqui no Largo
do Machado vejo no meu onze horas e vinte e oito
minutos ! Que espiga, um relogio tão bonito !
S. Ex. gastara apenas 16 minutos para ir, a pé,
do Jardim da Gloria ao Largo do Machado!

CALÇADO DADO
G r a n d e E s ta b elecim en to
y-'A-C y ' 5 * de c a l ç a d o s de to d as
a s qu alid ad es
Solon da Cunha e seu irmão Euclydes conversando Para Homens, Senhoras e Crianças
com o nosso companheiro Leal de Souza, á frente Sa p atos pretos,
da casa em que residia o autor do Perú-versus- para se n h o ­
Bolivia. Solon nega que sua mãe tenha pedido ras, a ........ 4$000 e 4$500
Sa p a to s am a-
noticias do estado de Dilermando, por cuja vida rellos, para
diz, não pode fazer votos ; affirmando que a senhoras, a 5$000 e 6S000
familia Cunha só poderá procurar os irmãos Assis Sa p atos de lona
todas as co ­
para com elles terçar armas. res, para h o ­
m em e se-
n horas, a
2S500, 3S000,
3S500, 4S000, 4S500 e 5$000
B o tin a s de be­
zerro, p a r a
hom ens, a . . 4S500 e 5S000
C alçado p a r a
creanças, de 1S5500 para
cima
D ita s de pellica
italiana, para
h o m e n s ...... 7$500 e 8S000
B o rze gu in s de bezerro C o a ­
dor, para collegio— obra feita
á mão, impermeável, a 5$500.
E m u itos ou tro s que deixa­
m os de m e ncion ar por a b so ­
luta falta de espaço.
Envia-se p a r a o interior,
com o augm ento de 2$000 em
eada par.— Pedidos em valles
postaes a C a rlo s G r o c e fr
120-A, AVENIDA PASSOS, 120-A
CASA G U IO M A R
A que tem um m acaco á porta
R io d e J a n eir o

— O Theatro Nacional renasce!


— Como ! Si os cartazes de todos os theatros
annunciam peças estrangeiras.
— Digo-lhe que o Theatro Nacional renasce.
— Como! Si, não ha, actualmente, em nossos the­
atros, um unico actor nacional.
Casa n. 23 H da rua Nossa Senhora de Copacabana, — Mas homem de D eis veja o Theatro Munici­
onde residia o Dr. Euclydes da Cunha pal. Que portentoso edifício 1
C A R E T A

menda o Binoculo, frequenta os theatros, foi assig-


M o rs - A m o r nante da Réjane emfim, apezar de ser o homem de
mais occupações deste mundo, diverte-se a grande.
Ao D r. A n t o n io A u s t r e g e s il o Ora pois, vem agora o malfadado decreto que foi
desenterrar uma velha disposição constitucional de
Ferindo os pés e as mãos nessa híspida montanha, que ninguém já se lembrava e z á s ! . . . eis o nosso
Que do sonho vae ter ás soidões do infinito, Trancoso atrapalhado.
Subo, sangue a escorrrer, na sensação estranha Como irá elle viver agora coitado, se as múltiplas
De que me vou perder por causa do meu rito. funcções devem ser reduzidas a uma unica ?
Subo; sangue a escorrer, a luz do sol me banha: Em que dispenderá elle esse excesso de energias
Um ossuario além vejo a seu sopé maldicto; que empregava no desempenho de tão variadas func­
Seja—também como eu numa ascensão de aranha, ções?
Paladinos ali rolaram sem um grito! Resignar-se-á ? Não é provável.
Vamos ver o Trancoso chamar aos tribunaes o
Caio; torno a subir; commigo sobe a morte; presidente da Republica para lhe restituir as occupa­
E vão sangue a golfar os meus pulmões de forte, ções de que vem de o privar. Nada, que o Trancoso
A mo r ! . . . Salve Jeovah e o que os seus dedos toca! sem aquelle trabalho todo morrerá de tédio.
Mas ao cimo me invade uma saudade louca, Leitor, não tens também um primo chamado
Amor—diz a illusão cantando em minha bocca! Trancoso ?
Morte—falia a razão desfiando a sua roca! V.
G o n ça lv e s J acom e

Consta em rodas mineiras desta capital que o depu­


tado Aristóteles Dutra foi victima em Bello Horizon­
te de um inqualificável attentado. Quando estudava
um improviso que devia recitar na Camara Estadoal
no dia seguinte, para isso aproveitando a solidão do
Parque, foi de súbito agarrado por um bando de nor-
malistas que deram-lhe uma tremenda sóva com ve­
lho chinellão de couro cortido.
O joven parlamentar foi encontrado pelo cabo de
ronda quasi sem sentidos, deitado sobre a relva,
Felizmente devido á applicação em tempo de pan-
nos embebidos em vinagre no logar dolorido, o juve­
nil deputado acha-se completamente prompto para
outra.

D ESÂCUM ULÂÇGES
Ora este negocio de prohibir as accumulações,
veio atrapalhar a gente devéras:
Os senhores sabem perfeitamente que quando se
acostuma uma pessoa a qualquer cousa boa, custa
como o diabo a deixal-a.
Eu tenho um primo chamado Trancoso que é um
funccionario modelo; e além de modelo é múltiplo;
e mesmo o menor múltiplo que eu conheço é d’este
tamanhinho assim.
Pois o Trancoso tem um habito muito louvável,
gosta muito de se dar com gente graúda. E por isso
o Trancoso accumúla... Accumúla em primeiro lo­
gar as amizades, isto parece que não foi prohibido.
Em segundo logar acumula os empregos.
O Trancoso, patrícios, é capitão reformado com
o soldo por inteiro graças a um amigo que foi mi­
nistro da guerra; e 2o official da Directoria Geral
dos Correios graças ao sogro de um amigo de seu
cunhado que foi ministro da Viação ; é redactor de
debates no Senado, graças ao general Pinheiro, pois
que o Trancoso foi sempre levita do Alcorão; e dia­
rista na Repartição da Estatística, logar que alcançou
graças aos seus conhecimentos... políticos; e emfim
revisor do Diário O fficia l, graças aos federalistas do
Rio Grande, pois o Trancoso foi sempre ou pelo
menos sempre se disse muito inclinado á revisão...
constitucional.
São 5 logares de que o Trancoso \eice mais ou
menos 11:200$000 mensalmente, fora os bicos porque
o Trancoso arranja ainda uma porção de bicos, es-
criptas atrazadas de firmas commerciaes, furos políti­
cos para as gazetas, palpites sportivos, o diabo.
Também por isso o Trancoso mora numa casa de VENDE-SE NA CASA A B E L & C. —O u rives, 28
303$000, passa bem de barriga, veste-se como recom- E EM T O D A S AS CASAS DE P E R F U M A R I A S
CARETA

Sylvio de Lores (Botucatú). Póde enviar os dese­


DR. VICTOR GODINHO nhos que de conformidade com o nosso habito, se
valerem á pena, serão publicados.
Eduardo Castrioto (Bello Horizonte). Muito gra­
tos aos seus elogios e aos que por seu intermédio
enviam os intrépidos parlamentares Heitor de Souza,
Nelson de Senna e Paoliello. Os versos são violen­
tos em demasia. Procurar fazer rir sem offender é o
nosso escopo. Os seus versos offendem e não fazem
rir. Já v ê . ..
Sandoval Ribeiro (Fortaleza). Não senhor, isso é
que não podemos fazer; já é demasiado o trabalho
de abrir a correspondência que diariamente recebe­
mos. Peça aos seus amigos que examinem o seu livro,
mas não nol-o envie que é baldado trabalho.
Carlota Meira (Rio). Muito ingênuo o seu traba­
lho, e demais não é do nosso genero.
Leoncio Castro (Porto Alegre). Ahi vae o seu So­
neto metaphysico :
Medico illustrado e bom poeta e polemista o Dr. Mens sana, in corpore sano é o aphorismo
Godinho occupa na sociedade paulista um lugar de Divinal do Hypocrates, grão doutor
destaque. Foi o organisador do IV congresso de Me­ Que nos tempos antigos com ardor
dicina e Cirurgia e é actualmente vice-director do Hos­ Devotou-se ao estudo do eccletismo.
pital de Isolamento do Estado. Como director-pro- Mas a deusa inda impubere o amor
prietario da Revista Medica, muito lhe devem as let- Tendo na bocca um formidável trismo
tras medicas no Brasil. Arrebatando ás arcas do occultismo
O Dr. Godinho é um dos membros supplentes do O microbio descobrio por nossa dor 1
Conselho Fiscal da Economisadora Paulista, a mais
importante associação de mutualismo do Brasil, que E desde então a Humanidade geme
conta 25.000 socios em pouco mais de um anno de E desde então a Humanidade chora
existência e que a destina a dar uma pensão de 100 Como um mastro naval ao vento treme.
a 150$000 por mez, aos seus socios, entre os quaes A sciencia medicai embalde busca
figuram membros da familia do Presidente da Repu­ Curar a Humanidade e cada hora
blica, o governador do Rio Grande do Norte, altas Que se passa, augmenta a sarrafusca 1
autoridades das Lettras e sciencias do Brasil.
Enviamos uma copia, cuidadosamente feita ao Dr.
Juliano Moreira que nos prometteu dar-lhe uma pa­
GAVETA DE CARTAS gina de honra nos seus Archivos de Psychiatria. Que
honra para a familia, hein seu Leoncio 1 E não nos
Estevão Costa (S. Paulo). Seus versos são sump­ mande a preta dos pasteis.
tuosos meu caro Estevão 1 Que maravilhosas compa­ Serafim dos Santos (Paracatú). Lá para as pro­
rações 1 Que rimas! Então aquella quadra; que fundas, Serafim dos Diabos! Que diabo de droga
linda 1 queria o amigo que impingíssemos aos nossos leito­
Velludos, flores, sedas e rendas res? Aquillo nunca foi verso nem cousa parecida.
Cosidos juntos na gargantilha Ora o diabo do homem para o que havia de dar 1
Parecem antes querida filha Applique uns cáusticos na nuca ao deitar-se que a
Coisas horríveis, coisas tremendas. cura é certa.
E’ tal e qual, coisas do arco da velha, bem já Mario Cardoso (Nitheroy). Seu soneto é uma im­
nos estava parecendo. Pois é isso Estevão, a gente becilidade. E’ melhor que vá pescar carangueijos no
ás vezes pensa que está no goso da mais perfeita mangue que terá mais lucro,
saúde como se diz em estylo epistolar, e entretanto Sebastião Vasconcellos fMeyer). Não seja tolo
está com um pé no Hospício. meu caro, os versos que nos enviou são muito co­
Evelina Glaura (Coritiba). Suas bailadas são mais nhecidos e não são seus. Ora o idiota 1
do que publicaveis. Quem lhe disse o contrario ? Jovem Smart (Rio). A columna das elegampcias é
Pois quem escreve: uma secção muito séria e destinada a constatar o
E lá vae o cavalleiro progresso dos nossos hábitos mundanos. Quem a
A lança cm riste na mão escreve é um jovem smart como o amigo, que não
Montado no seu sendeiro cuida de outra coisa a não ser divertir-se e gastar o
No seu sendeiro trotão dinheiro que o pae suou para juntar vendendo ce-
Para o Rio de Janeiro bollas no Mercado Velho.
Em busca do coração. Antonio Chaves de Queiroga. Agradecemos o
julga que seus versos não são dignos de publicida­ “A B C da Guarda,,, colhido no valle do S. Francis­
de? Não vê a Exma. como admittimos a collabora- co e que publicamos como specimen característico
ção do coronel Tiburcio d’Annunciação de quem pa­ de uma folk-lore. As pequenas modificações com que
rece ser discípula? Não D. Evelina, continue a escre­ sae impresso, foram exigidas pelo Coronel Tiburcio
ver sem medo, que é uma grande poetisa. Ha de d’Annunciação, que é quem dirige na Careta a parte
chegar ao Parnaso. litteraria.

HOTEL AVENIDA 0 maior do Brazil Acha-se funccionando este importante estabe­


lecimento (o maior do B razil)- 2 2 0 quartos, ele­
152 a 164, A V E N I D A C E N T R A L , 152 a | 64 vadores eléctricos — Diaria de 9$>000 para cima.
■■ — Ponto dos bondes da Jardim Botânico ~~ S O UZ A . C A B R A L RI O DE J A N E I R O
REFLEXÕES DE UM BÊBADO — Eu sou fulano. Eu sou sicrano.
E o coroné :
— Ahn ! ja me alembra.
Quando acontecia que um delles não sabia que o
coronel era coroné e o chamava de: seudotô.
— Assuba, gritava o coron el...
— Seu m ajor?.. .
— Assuba1
— Seu tenente ?
— Assuba!
— Seu coroné?
— Ahn! acertou; antão você não sabia que eu era
coroné? Pois fique sabendo. Quem é você?
Porque para o coronel João das Neves, coronel
era mais alto que doutor, tenente, major; mais alto
que tudo porque agora:
— Eu sou o maiorá do arraiá, concluía elle.
E cansado da viagem deitou a cabeça na ponta da
mesa e estava já dorme não dorme quando entra na
sala o antigo professor do João das Neves, um velho
caduco, que pensando que o seu discípulo tinha ido
ao Rio para se formar, diz logo: — Seu d o u tô ...
— Assuba! grita o coronel, sem levantar a cabeça.
O pobre do professor pensando que é costume
no Rio de Janeiro de conversar atrepado, sobe n’uma
cadeira e começa de n o v o :— Seu d o u tô ...
— Assuba ! grita ainda o coronel.
E o professor assubiu n’uma mesa e recom eça...
Seu dou tô...
_— Assuba! grita com voz de trovão o coronel
João das Neves e levantando a cabeça vê o professor
procurando subir em cima de um piano velho que
estava no canto da sala !
— Assubir em fala ; burro, explica o coronel; as-
subir em fala, não é assubir em corpo !
Ko

Entre jornalistas:
— Os americanos vão exhibir na Exposição um
engolidor de espadas.
— Não é possível. O general Pinheiro não se su­
jeita a essa exhibição.

E ’ m u ito c u r io s o . . . Q u e m b e b e u f u i e u , e sã o a s
c a s a s q u e c a m b a le ia m . CASA AURA
CC m a i s b a r a t e ir a d e sta C a p it a l

0 Coronel João das Neves Fabrica de chapéos de palha para senhoras, senhoritas
e meninas
O Coronel João das Neves! dizia o povo espan­ C h a p é o s m o d e lo s a rtis tic a m e n te e n fe ita d o s de 15$ a 3 0 $000
tado não acreditando que o João das Neves que tinha G r a n d e so r tim e n to de f o r m a s de p a lh a d esd e 3$0 0 0
ido para o Rio de Janeiro ha seis annos, fos^e o Co­ Im p o r t a ç ã o d i r e c t a d e f a n t a s i a s
ronel João das Neves! Mas a prova estava ali mesmo, E A R T IG O S P A R A C H A P É O S .— O F F IC IN A S D E C O N F E C Ç Õ E S ,
no arraial de S. José, na casa mais bonita que havia! CONCERTOS E REFO RM AS
E Ia ia o povaréo comprimentar o coronel que, ENVIAM -SE EN CO M M EN D A S PAR A O IN T E R IO R
repimpado n’uma cadeira de braços, ia perguntando : ----- . = CO R RÊ A, CA R V A LH O & C. =
Quem é você ? 167 R U A S E T E DE S E T E M B R O - P r o x im o á tra vessa F lo r a
— Eu sou o Né Silveira, um criado ás orde de
seu Coroné, respondia o matuto com o chapéo na
mão e de cabeça baixa. A 21 de Abril proximo futuro será inaugurada em
— Ahn ! o compade Né Silveira, ja me alembra; Bello Horizonte a estatua do grande patriota Joaquim
Vamos, nada de cerimonhas; basta me arrespeitar Silverio dos Reis, erigida por iniciativa do digno pre­
pru via de eu ser coroné e nada de cerimonhas. Co­ sidente do Estado Dr. Wencesláo Braz Pereira Gomes.
mo vae a cumade?
E ia perguntando de um a um com ar de protector ; Preparam-se grandes festejos por essa occasião, e
—- Quem é Você ? será orador official o Dr. Heitor de Souza o Demos-
E os matutos respondendo ; thenes mineiro.

CASA RACNIER Grande venda com o desconto de 20° o nos arti­


gos de fim de estação 30,40 e 5 0 % nos saldos.
= = = = = / 72 - O U V ID O R - 1 7 6 ---------------
A franqueza é uma virtude
que por ser cada vez mais rara
torna-se cada vez mais pre­
ciosa.
Um homem franco tem, na
multidão hypocrrta dos ho­
mens de hoje, a doirada ruti-
lancia de uma libra esterlina
entre azinhavradas moedas de
cobre, avaramente guardadas,
pela usura dos avarentos no
fundo aromai do pé de meia.
E por que rutila assim, co­
mo a libra esterlina no chei­
roso pé de meia, o illustre
deputado Elpidio de Mesquita,
com a sua nobre franqueza,
attrae os olhares fascinados
dos povos.
O illustre bahiano, desde­
nhando superiormente os con­
templativos que procuram
theorias alcandoradas ou ra­
zões aladas para justificar actos
de conveniência pratica e ras­
gando brutalmente aquelle véo
de diaphana phantasia com
que Eça de Queiroz velava a
nudez forte da verdade, grita
com franqueza esmagadora ao
O Barão do Rio Branco, o Sr. Julio Fernandes, ministro da Republica Argen­ seu eleitorado :
tina, Deputados Rivadavia Corrêa, Domingos Mascarenhas e José Carlos — Sou pela candidatura de
Maio por que ella será deci­
de Carvalho, Dr. Alcibiades Peçanha, representante do Presidente da didamente victoriosa nos co­
Republica, ofíiciaes do exercito e diplomatas no palacete midos de 1° de Março futuro.
Westephalia, residência no ministro do Exterior. Esperemos. Depois dessa
data o illustre Elpidio sacudirá
— Oh Moreira! Que diabo! Pensei que a moda mellena e com igual franqueza bradará ás massas:
de cores no vestuário fosse sómente nas casacas. Nunca fui pela candidatura de Maio, que acaba
Mas tu usas até sobrecasacas verdes. de ser decididamente derrotada nos comícios.
— Verdes! Sim meu caro, mas não é por moda,
é por necessidade. A brigada policial, o general Geraldo, á frente adhe-
— Tu! Um dos leões da moda! riu ás candidaturas da contravenção de 22.
— Que queres? Isso foi n’outro tempo. Hoje o Agora é que ellas alem de militares serão tam­
governo prohibiu as accumulações! bém policiaes.

CONCURSO DE C A R T A Z E S
D A U T & L A G U N IL L A , industriaes pharmaceuticos in­ Antes de expirar o praso para a entrega dos originaes
ventores e fabricantes dos conhecidos preparados A Saude da será escolhida e convidada a julgar os affíches uma commissão
Mulher, Bromil, Boro-boracica, e outros,lançatn, no Brasil, um composta de pessoas de reconhecida idoneidade em assumptos
concurso de cartazes, desejando que nelle tomem parte todos de tal natureza, e cujos nomes serão opportunamente publi­
os pintores e caricaturistas, profissionaes ou amadores brasi­ cados.
leiros ou estrangeiros domiciliados no paiz. Serão objectos de critério para o julgamento :—A origina­
Todo cartaz apresentado a concurso deverá ser original e lidade da concepção; o provável successo de reclame-, as quali­
inédito, a côres (a oleo. aguarella ou pastel) e constituir recla­ dades do trabalho sob o ponto de vista artístico, como com­
me ao famoso xarope Brom il, contra a tosse. posição, technica e colorido. Não ha limitações quanto a cores
Os prêmios serão os seguintes: e dimensões.
— De um conto de réis ao autor do cartaz classificado em O acto de abertura dos envolucros será publico e solenne,
pedindo-se, para elle, o comparecimento dos interessados ou
primeiro logar ; de quinhentos mil réis, ao do que obtiver o
segundo logar ; de trezentos mil réis, ao autor do que for jul­ pessoas que os representem.
Depois de abertos, todos os affiches ficarão expostos á
gado em terceiro logar. Além desses tres prêmios serão con­
cedidos mais dois, de consolação, e de cem mil réis cada um, visitação publica, em um salão de arte.
Só serão revelados os nomes dos artistas premiados caso
aos autores dos trabalhos considerados em quarto e quinto
a isso não se opponham.
logares. Todos os cartazes que obtiverem prêmio ficarão sendo de
Os originaes deverão ser assignados com pseudonymo e exclusiva propriedade da firma Daudt & Lagunilla.
enviados á Careta, á rua da Assembléa n. 70, no Rio de Ja ­ O prazo para a apresentação dos cartazes expira a 31 de
neiro, em envoltorio perfeitamente fechado e lacrado, com o agosto de 1909, sendo a 1 de setembro feita solennemente a
lettreiro—Concurso Bromil.—Deverá acompanhar cada origi­ abertura dos seus envoltorios, e dias após pronunciado o jul­
nal um enveloppe igualmente endereçado e também lacrado gamento. Só depois disso serão abertos os enveloppes con­
contendo um cartão com o pseudonymo e o verdadeiro nome tendo os nomes dos autores.
do autor. Aos Srs. concurrentes é facultada a maxima liberdade
Todos os cartazes deverão ter titulos ou inscripções de quanto ás côres e ás dimensões do cartaz.
reclame relativos ao Bromil, chamando-se, nesse sentido, a Para mais esclarecimentos queiram os interessados diri­
attenção dos interessados para os annuncios do famoso xarope gir-se ao Hotel Avenida, onde está hospedado um dos soctos
diariamente publicados na imprensa brasileira. da firma.
Oueda dos Cabellos, Barba, Sobrancelhas, Pellada, Calvície precoce, Caspa, etc.
NOVAS CURAS — NOVOS ATTESTAOOS

Illmo. A m igo Sr. Pliarmaceutico Francisco Giffoni.


Tendo usado a loção tônica denominada P I L O G E N I O , de seu
invento e preparo, cabe-me inform ar-lhe do meu contentamento
pelos bons resultados colhidos logo nos primeiros dias de sua appli-
cação, quer com relação á diminuição da queda de meus cabellos,
como do desapparecimento por completo da damninha e rebelde
caspa o que tudo confirma-me o juizo publico e corrente sobre
as suas bellas e incontestáveis vantagens tônicas e regeneradora dos
cabellos, como de admiravel antiséptico contra a caspa e quaesquer
outras affecções parasitarias; juizo esse, que subscrevo com prazer.
Rio, 2 3 - 8 909.
A . M a t to s C o sta
(da «Tribuna» do Rio)

O “ P l k O G G N I O ” vende=se no deposito geral:


Drogaria de Francisco Giffoni & C.

Pilogenisando a cabeça de papai ! 17, RUA PRIMEIRO DE MARÇO, 17 (ANTIGO N. 9) =


e nas boas pharmacias e drogarias e perfumarias e nos Estados encontra-se desde já nas seguintes cidades:
Pernam buco, B a h ia , V ictoria , B e llo - H o r iz o n t e . C u r i t y b a , P e lo ta s ,
Itio B ra tu te , P orto A l e g r e , C oru m b á e Cagais

BEBAM

SALUTARIS
A [RADNH1A
d a s a s ia a s d e m e s a
G R A Ç A S ÁS Royal Mail Steam Packet Company
Gottas Salvadoras das Parturientes R n■ a f l r l e■ t f »p r C■ OiMn PG AL NE ZHAI A (Incorporada
MALA REAL
no anno de 1839)
D O DRo VÂN D E R LAAN Esta Companhia, a mais rapida e acreditada, com carreira
Oesappareceram os perigos dos partos difficeis e laboriosos! estabelecida entre os portos da
E u r o p a , B r a z i l e R i o da P r a t a .

A parturiente que fizer uso do alludido medicamento


durante o ultimo mez da gravidez, terá um parto rápido e feliz.
Innumeros attestados provam exhuberantemente a sua
efficacia. A ’ venda em todas as drogarias e bôas pharmacias do
Serviço rápido e pontual para os portos de
Brazil.
Deposito geral : Pharm acia Homceopathica do Dr. J. H. Inglaterra. Fran ça, H csp an h a, Portngal, B razil,
VAN DER LAAN —Rua Marechal Floriano, 116—Porto Alegre. Uruguay, Argentina e New- York.

D E P O S IT O G E R A L : Vapores na carreira da Europa para o Brazil e Rio da Prata :


cAsturias», «Amazon», «Aragon», «Anaguaya», «Avon»,
ARADJ© F R E IT A S & C. «Clyde», «Danube», «Nile» e «Thames»,
114, K u i a d o s O u r i v e s , 114
IU O I>E J A N E I R O 53, Avenida Central, 55 ft'0 de Janeiro

A “S a u d e da M u lh er” e o “B ro m il”
A T T E S T A D O S
Laranjeiras, Sergipe, 3 de Maio de 1909. Srs. Daudt & Freitas
Porto Alegre.
Tenho a grata satisfação de communicar a VV. SS. que fiz uso do excellente
preparado A SA U D E D A M U LH ER e com seis vidros fiquei completamente res­
tabelecida de uma antiga cólica uterina que me fazia soffrer desde muito tempo.
Satisfeita com o resultado colhido e para que tão ntil medicamento possa
aproveitar a quantas, como eu, sejam victimas de tão terrível moléstia, faço-lhes
esta espontânea communicação para que a dê á publicidade.
Com estima sou de VV. SS. _ , , . ,. .
Creada obrigadissima
M aria Jo sé de C ala za n s.
Laranjeiras, Sergipe, 3 de Maio de 1909.
Srs. Daudt & Freitas.
E’ com grata satisfação que vos communico que, atacado de uma forte bron-
chite com accessos de tosse, usando o preparado B R O M IL fiquei completamente
curado.
Uma outra cura de summa importância foi a de minha irmã Moreninha, a
quem, depois de ter usado vários medicamentos para uma tosse chronica, re-
metti um vidro e acabo de receber o seguinte expressivo bilhete:
«Recebi o remedio. Deus é que ha de te pagar, pois pelo allivio que
tive só parece que veio do céo este remedio. Hontem, dormi bem e
até agora, graças a Deus e ao B R O M IL, não sinto nada. Abraça-te a
irmã amiga — Moreninha.»
Reputo o B R O M IL o mais poderoso medicamento para a cura de tosses e
bronchites, e assigno-me
A d olph o F ran ça Pacheco
Negociante

Laboratorio: DAUDT & LAGUNILLA


Rua do Riaehuelo n, 430— Rio de Janeiro
DEPOSITÁRIOS : Drogaria Pacheco —Araújo Freitas Sc C. = Granado Sc C.
• Freire Guimarães Sc C. — Silva Gomes Sc C. —
Careta
R E D A C Ç Ã O E OFFHONASs RUA DA A S SE M B L É A , 70 — REO DE J A N E I R O
A S S IG N A T U R A S . NU M ER O AVULSO
A N N O .................... i 5 $ooo | S E M E S T R E .............. 8$ooo l|l CA PITAL . . . . 3 oo Rs. | E S T A D O S ............. 400 Rs

E D I Ç Ã O D E ” K Ó S NI O S ”

N. 65 | R I O D E J A N E I R O — S a b b a d o — 20 — A c o s t o — 190? | A N N O II

B B MD I T A E assim ella ia, sem intervallo,


Deixando sempre conforto ao pobre,
Noivas diziam : “ Que São Gonçalo
Te dê um noivo bonito e nobre,,.
Esmola e preces distribuindo
Nasceu, e logo, foi em Setembro, Pelos azylos, pelas igrejas,
Veio uma fada para benzel-a, Todos felizes, diziam rindo:
Disse, sorrindo : (si bem me lembro) “Já que és tão boa, bemdita sejas,,.
“Serás tão bella como uma estrella,,.
No mesmo dia vendo-a no berço, II
Dormindo calma, por sob o véo, Depois casou-se, sempre bemdita,
Disse a parteira, rezando um terço: Se achava ao lado do sotfrimento,
“Terás os olhos da côr do céo„. Casaes, diziam: “ Por Santa Rita
No baptisterio, com um mez de idade, Sê venturosa no casamento,,.
Levada á Pia, certa manhã, Que bella esposa! sempre a toda hora
Disse 0 Vigário : “ Pela Trindade O lar do pobre trazia farto,
Eu te baptiso, serás christã„. As mães pediam: “ Nossa Senhora
Depois de mezes, que mimo e graça Virgem das Dores te dê bom parto,,.
No seu sorriso, no seu olhar ! Coração nobre, ventre fecundo,
Disse a Madrinha: “Jesus te faça Jamais o pobre debalde esmole
Modesta e simples como o luar,,. Na tua porta: “ Que São Raymundo
Vendo-a brincando, certa cigana, Te faça a fonte de immensa prole,,.
Beijou-a e disse, serena e breve : Tão longa e santa foi-lhe a velhice,
“Serás mais rica que uma sultana, E tantos filhos e netos teve,
Terás um noivo da côr da neve,,. Que alguém ao vel-os cercando-a, disse:
Annos mais tarde, vindo da escola, “Assim a terra te seja leve,,.
Disse um mendigo com voz confusa: Até que um dia, depois que abraça
“Santa Thereza pague-te a esmola Filho por filho, neto por neto,
Dando-te 0 estro de sua musa,,. Disse : “Meus filhos, nunca á desgraça
Já quasi moça, quando sahia Negueis 0 amparo do vosso affecto,,.
De ouvir a missa, por entre folhos, Sorrindo aos filhos, contricta e calma,
Disse um ceguinho : “Santa Luzia Os abençoa e os olhos cerra,
Conserve limpos teus bellos olhos,,. Dizendo ainda: “Seja minh’a!ma
Cantando um dia n’uma novena, No céo bemdita qual foi na terra,,.
Que voz de archanjo que os céos evóca! E assim velhinha, cabeça branca,
Disse uma freira; “Que Santa Helena Finou-se calma como um sorriso:
Ponha a doçura na tua bocca,,. “Senhor São Pedro te acolha e franca
Entre a miséria, nunca ao lamento Seja-te a porta do Paraizo,,.
De quem soffria, negou carinho, S oares B ulcão
E assim diziam : “Senhor São Bento
Livre-a de cobras no seu caminho,,.
No banquete do leader.
Outros diziam nesta oração : Um orador:
“Anjo da guarda que aos pobres veste, Quintino é 0 Himalaya da Republica...
Que o Santo Martyr Sebastião O Sr. Hasslocher aparteia:
Guarde-te a casa de fome e peste,,. — E eu então o que sou ?
C A R E T A

E era a dicção da Réjane, que fazia as palavras


ACTRIZ E... ARTISTA mais sonoras, mais longas e forçosamente não exa-
ctas, era a Blanche Fontain com a sua elegancia fal­
Fortunato Godoy é critico de arte em um diário sa, produzida pelo aço do espartilho... e assim ca­
de grande tiragem. Como conseguio isso não sabe­ minhava Fortunato destruindo reputações, numa cri­
mos, o que sabemos e já é bastante, relaciona-se com tica rigorosa.
o talento de Fortunato — uns dizem-n’o erudito, De maneiras que (o severo é do Fortunato) For­
outros pshcologo, outros litterato, outros até poeta e tunato era e é o supremo pontífice da arte no Rio...
outros ainda cousa nenhuma, o mais certo que se diz, e quem sabe na America.
entretanto, é que Fortunato é critico e como tal di­ Ora eram criticas subjectivas sobre a arte objectiva
rigente da opinião publica atravez á arte. de Réjane e ora criticas objectivas sobre a arte sub­
Um livro, uma actriz formosa, um actor elegante jectiva de Lamberts Fils.
e que augmenta a sua reputação num rico diário de Fortunato parece está no periodo metaphysico.
gravatas diversas, tudo passa-lhe pelas mãos e traz a Diz as cousas rapidamente. Sarah é artista, Bartel é
marca de seu valor. divina, Réjane é actriz, Icecconi é pro-natural, Duse
Como critica litteraria Fortunato tem um modo super-divina...
especial de analyse, rápido e forte, que destróe ou Passou-se mais dias e surge no Lyrico a compa­
forma glorias. nhia japoneza de Sada-Yako.
Diz quando lhe perguntam ou mesmo quando tal Encontrei-me com Fortunado no dia da estréa.
cousa não lhe fazem bem ou mal dos escriptores, con­ Não vaes ver a Sada-Yako, a soberba actriz japoneza ?
forme a sua disposição de estomago, assim nelle varia —Não, Fortunato, não entendo signaes, riscos,
a critica com as variações do estomago. embora fallados.
Perguntou o autor disso, visto que outro nome Oh ! e é esta a razão que me apresentas; então
não se pode dar a isto, um dia a Fortunato sua im­ Sancho, tu não entendes o chinez, fala com sinceridade.
pressão sobre Bourget e Fortunato envolvendo a — Não.
palavra em grandes gestos, disse bruscamente — Bo- — Haverá alguém no Rio que não o compre-
ruget é mediocre, as suas analyses são metaphysi- henda ?
c a s .. . e o Chanaan, do Graça Aranha?—Ah ! soberbo, ?1
estupendo, todo o intellecto humano está condensado — Pois olhe, Sancho, eu fui e vou as francezas,
nas suas paginas, a philosophia, a pschologia, a socio- as inglezas, as italianas, as hespanholas, as allemãs,
gia e até mesmo Fortunato reconhecia a critica. as russas, hoje irei a japoneza e para o anno, como
Assim vivia Fortunato como director moral e espi­ já conste a vinda de uma russa, lá estarei ouvindo
ritual de todo o mundo. para depois contar como se passou o c a s o ...
Surgia um livro e prompto Fortunato do alto en­ — E não vaes ás portuguezas ?
viava os raios de sua cólera inflexível e infallivel... — Não.
Veiu a Borelli e Fortunato, de monoculo e casaca, — ! ! ! Adeus Fortunato.
no seu fauteill de orchestra, ouvia toda a peça, que — A d e u s... e Fortunato caminhava convicto para
se representava, solemne e grave. No dia seguinte, o o Lyrico e eu imbecil para o “Olho da Povidencia,,,
diário trazia a sua critica feita assim mesmo, com o com o Valle, no triste casarão da rua Espirito Santo.
tarde da hora, sabiamente. E Borelli era consagrada No dia seguinte olhei o diário. Trazia em grandes
artista em um Heverest de adjectivos e esse Heverest lettras o nome de Sada-Yako, e da peça de cos­
permanência no ar como uma cousa definida até a vida tumes japonezes—O homem. Li com admiração!
futura. Chegava Lamberts Fils e Lamberts Fils eracon- Fortunato dizia ponderadamente:
sagrada atravez o mesmo monte de adjectivos e a A peça com que estreou hontem a companhia ja­
porta da Gloria se abre uma unica vez na Vida e exa- poneza de Sada-Yako é uma dessas que merece uma
ctamente no Brasil abria-se para Lamberts. analyse detalhada, entretanto, pelo adiantado da ho­
Ninguém no diário fazia critica, era só o Fortu­ ra diremos só que ha episodios bem feitos, lances
nato num polvglostismo super-ideal. dramáticos bem architectados. As scenas finaes do
Dias depois surge no Rio a Companhia Allemã de 111 e IV acto são exactas. Sente-se, vendo-as, todo o
drama e comedia. E ’ claro que Fortunato antes mes­ martyrio que soffre Yoda (a heroina) com todos os
mo dos espectadores já se achava no fauteill an- seus sacrifícios e illusões.
cioso e sabio. No dia seguinte o diário trazia, com Parecem-nos, só, que o 2° acto é falso e precipi­
grande admiração dos espectadores, allemães residen­ tado. Musuyto age com precipitação e essa precipita­
tes no Brasil, a critica de Fortunato ção prejudica o inicio do 3o, o melhor a nosso ver.
Fortunato dizia mal da Companhia. Sentimos só a peça não ser perfeitamente moral,
Após um preâmbulo em que elle salientava o va­ porque senão transcreveriamos o seu enredo.
lor da critica e a sua importância como regeneradora E ’ de lamentar que no Japão haja também esse
de idéas, vinha a sua impressão sabia. vicio de trazer para a scena, scenas conjugaes, com
A sra. Deiff era sua actriz. Não dizia clara e fixa­ adultério e dinheiro. Que haja a complacência dos
mente as palavras, que nas situações intensas desca- maridos em França, vá, mas no Japão com a sua ci-
hiam para o trágico. vilisação tão moderna, é de entristecer.
O actor Kellepets não interpretava bem o papel, Quanto a Sada-Yako só temos uma phrase -
não se identificava ao typo, faltava-lhe isso, que se é actriz. Embora consagrada no estrangeiro como
chama — a perfeita adaptação da estructura moral do actriz sublime, não é senão isso, actriz sublime e . . .
personagem através a physica do actor. não artista; actriz é Réjane, é Brandés, e Tina e é
E Kelrefut soffria a critica resignada e paciente. Borelli, artista é Sarah, é Barlet e é Després.
Não era só elle, a peça também, que era não o re­ Aliás ha uma differença entre actriz e artista a
flexo da vida e seus caractéres e sim uma correcção não se desprezar: Umas representam perfeitamente
pela imaginação do artista, com lances preparados, bem, apresentando todos os aspectos dos sentimen­
com situações falsas e com uma oratoria despreoc- tos do personagem, sem omittir nem um ojhar, nem
cupada. Dias depois apparece no Municipal a Com­ a intensidade de um gesto, nem a modulação de voz,
panhia Franceza da Réjane. tudo uniforme, exacto e ou tras... isso exactamente,
E Fortunato mais firme ainda, com a sua sábia mas com uma nuance inconfundível... é que são
casaca e erudito monoculo, estava no Municipal, artistas.
prompto a não deixar escapar, nem uma palavra, nem S a n c h o -S u n -P a n ç a
um olhar, nem um g e s to ... 21 —8—09.
C A R E T A

A DEFESA DE UM VAGABUNDO COLUMNA DAS ELEGAMPCIAS


Depois de dias magníficos, mais lindos, mais
azues, mais chies do que em qualquer outra parte
do mundo, o céo appareceu ennublado, cheio de
grandes nimbos cinzentos.
* * *
E’ notável como aqui, quando os dias não são
azues, claros, límpidos, são geralmente ennublados,
nevoentos, esfumaçados.
Decididamente, é uma delicia viver nesta terra.
* * *
Hontem fomos passear á Tijuca. E’ uma delicia.
Em nenhuma parte do mundo ha um passeio tão
lindo, tão formoso, tão encantador. Imaginem que as
arvores quasi todas estão cobertas de folhas e têm
por baixo sombras benéficas.
Tivemos a opportunidade de notar que as som­
bras são, geralmente, mais frescas, mais suaves, mais
agradaveis do que o sol. E asim, também, pensava
um grande scientista.
* * *
Numa photographia, que nos mostrou o nosso
viajadissimo e bom amigo o conhecido gentleman
José Mimoso, vimos que, na Rússia, as mulheres
usam saias e os homens calças.
E ’ devéras notável como, num paiz tão longín­
quo, como é a Rússia, imitem os nossos costumes.
Decididamente, nós somos o primeiro povo do
mundo.
* * *

Está tendo grande acceitação na Europa um ob-


jecto concavo, feito geralmente de palha ou feltro, e
que se colloca na cabeça, quando a passeio ou ser­
viço. Alguns desses objectos têm a forma de um
carro fechado numa das extremidades. Quando se
entra em casa, ou encontra-se uma senhora, não se
conserva o objecto sobre o craneo. Em Paris cha-
mam-no chapeau e nós poderemos denominal-o, em
portuguez, chapéo. Esperamos que, em breve, o seu
uso seja corrente entre nós.
Eijíi/___________________________________________ ■ =f ^ ^ E ’ chic andar-se de chapéo nas ruas e tiral-o,
quando se encontram senhoras.
* * *
Seu guarda c iv il! . . . Juro-lhe por minha dignidade Hontem a rua do Ouvidor esteve pouco concorri­
e pelas cinzas de seu pai, que eu não estou bêbado. da, por isto a “Columna das Elegampcias,, não func-
cionou.
* * *
TELEGRAPHO SEM FIO Vimos apenas Mme. J. Q. comprando um maço
(Serviço de ultim a hora) de papéis numa das mais bem frequentadas casas da
rua Gonçalves Dias.
Dalicio Braga—Rio—Apezar de concedermos a Estava adoravel. Sabemos de um poeta que a es­
cada um dos nossos leitores o direito de livremente tava admirando, com o coração cheio da ardores.
interpretar o nosso trabalho, protestamos contra a E ella passou por elle, calma, altiva, silenciosa,
desdeuhosa, sem se dignar extender-lhe um olhar de
interpretação errônea que o Sr. quiz dar á nossa pa­ compaixão.
gina allusiva aos casamentos por conveniência e que F. de A.
representava uma moça ambiciosa oscillando entre
dois candidatos, mais ou menos ricos.
Podemos asseverar aos nossos leitores que a ca­
saca verde com que o Dr. Araújo Jorge assistiu ao
Recebemos a circular em que o Centro dos acto- ultimo espectáculo da Rejane não é a famosa rabo-
res e auxiliares de Theatro concita os povos a auxi­ na do coronel Pecegueiro do Amaral.
liar o nascimento do Theatro Nacional e solidários
com essa patriótica idéa preparamos os nossos fo r-
cepps para, sempre que houver occasião, prestar os O Dr. Wencesláo Braz foi representado no ban­
nossos serviços ao centro. quete offerecido ao leader pelo Dr. Joaquim Silverio.

Angico Composto
Cura radicalmente, qualquer tosse antiga ou recente.
A’ venda na I * / t a r m a e ia S r a y a n t i n a e èm
- todas as pharmacias e drogarias — = =
105, R u a <Ia U rngiiayana, 105—Rio <lc Jan eiro
C A R E T A

CONVENCAO NACIONAL

O s membros da Ju n ta Nacional inaugurando os trabalhos da Convenção. Em pé,proce­


dendo a chamada dos convencionaes, o D r. Cincinato Braga, sentados : D r. Álvaro
de Carvalho, Senador Jo s é Marcellino, deputado Galeão Carvalhal.

sares nas maravilhas de Deus, consola-te: o mundo


C EGA com as suas mentiras, pobre creatura, também não o
verás nunca?!.......................................................................................
Nunca primavéra mais doce, nem mais linda aurora,
annunciára mais puro dia ! . . .
A terra parecia unir-se ao céo, por um élo de flo­ Dizia assim a voz que se perdia nas aguas do peque­
res, de perfume e de harmonia ! . . . nino regato...
O pequenino regato estendia as aguas transparentes, Emquanto, ao ouvil-a, a pobre desgraçadinha chora­
gemendo por entre os cannaviaes. va em . ilencio, uma mulher, já com a cabeça coberta de
Ao longe, bem distante, por entre o verde da folha­ cabellòs brancos—cada fio daquella prata a symbolysar
gem eleva-se uma voz meiga e melancholica : um martyrio—lentamente se acercou da pobre cegui-
O ’ tú, innocente creança que ao nascer foste privada nha,—que era filha de suas entranhas, carne de sua car­
do brilho dos céos, queres que te conte as maravilhas ne, sangue do seu sangue, e esta atira-se-lhe nos bra­
que a aurora deixa cahir quando desperta ?! ços. . . Qual raio de luz, ou qual o orvalho com que a
Queres ? . . . Mas para que saberes das bellezas que noite dá vida á flor exhausta, a ventura, que fugia, pare­
Deus espalha na te r r a ? ... Como has de comprehen- ceu reanimar a pobre ceguinha privada do brilho dos
del-as, se não as podes ver ? c é o s ...
Na primavera, ao meio-dia, quando o ar é embalsa- — “Que me importam, disse ella, a luz, o céo, a ter­
mado, não te sentes reanimar pelo calor que te rodeia? ra, se a ti não preciso vêr, ó minha mãe querida, para
Pois é o Sol, que Deus suspende nos a re s.. . E’ o Sol, te conhecer e te amar,, 1...
que dá vida, que fecunda, e que illumina com a sua luz, O daléa
a terra, os céos e os m ares.. . Mas, como fazer-te com-
prehender o fogo que o Sol derrama? A luz, como a
podes imaginar, pobre innocente e desgraçadinha, se A criada, ao açougueiro :
não a vês ? — Dê-me ahi dois kilos de carne dura.
Eu te lamento ! . . . a terra tem tantas flores, o céo — O que ? dura ?
tem tanto brilho 1... Mas, quando, no silencio, tu pen­ — Sim, porque se fôr macia os patrões comem toda.
O s convencionaes no recinto.
C A R E T A

O illustre e inv'cto general Pinheiro Machado vae


O FILHOTE ser brevemente alvo de uma extraordinária manifes­
tação de apreço por parte de seus innumeros ami­
Sob esse titulo, confiado a direcção competente gos e admiradores.
do brilhante humorista, D. Xiquote, apparecerá, numa A victima acha-se em boas condições, acreditan-
das próximas quintas-feiras, o filhote da Careta. do-se que em oito dias mais ou menos consiga dei­
Impede-nos a modéstia de fazermos o elogio do xar os seus aposentos, no palacio Monroe.
nosso trefego rebento, mas podemos asseverar aos
nossos bons amigos e leitores que o Filhote demons­ O nosso amigo Wencesláo Polycarpo Banana hon-
trando que as nossas officinas graphicas merecem o tem ao deixar sua residência escorregou em uma
lisonjeiro conceito com que as consagra o publico casca de seu nome ecahiu partindo um parallelepipe-
ledor, conquistará, com infinitos leitores, novos lou­ do. Felizmente o caso não teve maior gravidade. O pa­
ros para o fino espirito de D. Xiquote. ciente tem recebido milhares de felicitações.

No Senado: Graças ás providencias tomadas pelo Sr. Agente


— E o demonio do Monteiro Lopes que não se da Prefeitura do Alto Juruá, vão ser attendidas as
reclamações diplomáticas dos moradores da rua da
affasta da linha recta 1 Amargura com relação ás extraordinárias innundações
— E’ verdade. Podemos dizer, deante d’esse preto de que é victima imbeile o infeliz bairro do Sacra­
— cara preta coração branco. mento da Extrema Uncção.

Sabemos e communicamos ao publico pagante com


O CREADO NOVO as devidas reservas de munição que em breves dias
O estudante Macedo, grande amigo dos parado­ e noites proceder-se-á a revisão constitucional da
xos e da originalidade, diz-se um admirador do Pi­
nheiro Machado a quem elle denomina “estadista de rede de malhas de exgotos da capital do paiz grátis.
pulso,,. Ess serviço geologico é devido e pago aos gracio­
Os seus collegas apreciam muito esta opinião e sos esforços do sabio da Grécia dr. Rodolpho Abreu
riem-se, assim como se riem dos diversos paradoxos em barricas.
que o Macedo vae perpetrando para fazer sensação.
De facto, para um indivíduo ser original, dizer que o
Pinheiro é um estadista, é o bastante; porque, com
a mesma opinião, o Macedo só podia encontrar no
mundo ou ninguém ou o proprio Pinheiro Machado.
H flC flN E R O L
Acontece que o Macedo teve que mudar de pen­
são : motivo, uma tremenda briga com o senhorio.
Mudou-se e foi para uma outra pensão, de onde re­
solveu escrever uma carta ao senhorio seu inimigo
enviando dinheiro para pagamento de sua conta e
pedindo que mandasse os trastes.
Para este serviço chamou pelo creado da nova
pensão : veio um mulato alto, de cabellos encaraco­
lados, uns olhinhos mortos e de cabeça chata.
Macedo entregou-lhe a carta, o dinheiro e deu-lhe
as ordens : tudo isto á vista de uns collegas, no
quarto dos quaes escrevera a carta, por não estar
ainda installado.
Logo que o creado sahiu com o dinheiro e a
carta um dos rapazes disse:
— Macedo, você é doido \
~ Você fica sem aquelle dinheiro!—disse outro.
— Porque ?—fez o Macedo espantado.
Um dos rapazes explicou :
— Este creado entrou para aqui hoje, não é co­
nhecido ainda. Elle some tom aquelle oinheiro.
O Macedo, no horror de ter que ir elle proprio á
pensão antiga onde teria que ver a cara do senhorio
inimigo, fez-se indifferente:
— Elle não será tolo ! Além de tudo sahiu sem
chapéo, eu vi. Tem que voltar por força, E’ uma nova combinação chimica, estável e defi­
—Qual chapéo nada! retrucou outro. Com aquel­ nida, na qual o Iodo e a Hamamelis completam, de
le dinheiro elle pode comprar dez chapéos! um modo energico e feliz, suas acções respectivas.
Macedo não se convencia. O creado fazia o ser­ Em nenhum caso falha a sua efficacia, quando se trata
viço perfeitamente. E já ia se deitando na cama do de Vari&es. H etn orriioida s, A s t / im a . A u -
collega, para ler A Noticia, quando um dos rapazes ifina de / V f to. A c e id e n t e s da idade c r i ­
observou : t ic a , I t h e a m a t i s m o etc.
— Viram a cara do creado ? E ’ o retrato do Pi­
nheiro M achado.. . lodo e Hamamelis! Duas columnas da therapeu-
Macedo sorriu e disse: tica reunidas em uma acertadissima formula ! Com­
— Então fico socegado. Elle não sabe contar e não prehende o leitor, porque os médicos receitam e por­
comprehende que em tão poucas notas leva quantia que os curados bemdizem a X I F / V /í I i O L
tão grande. A’ venda em todas as boas pharmacias.
C A R E T A

Communica-nos o eminente senador Francisco Sal- Ha dias na Avenida, o coronel Rodolpho conver­
les que se deixou de comparecer ao banquete offere- sando com um amigo deixou escapar estas palavras:
cido ao Dr. J. J. não foi por não ser solidariamente - Agora é que hão de ver. . . banco agrícola...
político com o iIlustre leader, mas sim porque os pro­ 50 c o n to s... veremos quem v en ce ...
motores da festa queriam que elle pagasse 50S000, Que diabo disto, seria aquillo ?
dizendo-lhe que o mesmo haviam feito os outros con­
vidados.
Ainda no banquete do leader.
O illustre estadista mineiro prefiriu portanto jantar
Quando o Dr. J. J. começou a falar a luz electrica
em casa no que faz muito bem, e não lhe regateamos
elogios. que fugira durante quasi uma hora, reappareceu.
O Dr. Eliezer Tavares commovido:
Ainda no banquete do Leader. E’ isto Mal o Seabra abre a bocca a luz se fa z !
- Sophocles cantando diante das phalanges de
Salamina. . . O coronel Rodolpho Abreu communica-nos que não
- Salamina não foi uma batalha naval? perguntou fez um discurso no banquete offerecido ao leader so­
o Dr. Bueno de Paiva ao commandante Belfort Vieira. mente porque não achou occasião.
— Foi? Mas promette ao publico para que este não se
- Homem, deviam custar a manobrar as phalanges impaciente, fazer não um mas uma duzia logo, na
em Salamina ! primeira opportunidade.

E N T Ã O . ..

Elle. — E teu marido sabe que nós nos am am os?


Ella. — Sabe. Mas elle é a favor das accumulações.
C A R E T A

orgânracsadãs pela rederaçao < Remo


( CAM PEONATO OO R IO D E JA N E IR O )

D r. N ilo Pcçanha, presidente da Republica , lendo á direita o Coronel Jo s é Ferreira de


Aguiar, Presidente da Federação e Coronel Bento Ribeiro, Chefe da Casa M ilita r
da Presidência e a esquerda o Almirante Alexandrino, ministro da Marinha
e o D r. Leoni Ramos, chefe de policia.

f3 e g e S t o r c k A politica penetrou até no seio do lar. Dentro de


sua casa, ou pelo menos dentro de sua consciência,
Tivemos o prazer de ouvir no Instituto Nacional todo o mundo é civilista. Ha excepções raras. O te­
de Musica, o pianista sueco, Sr. Pege Storck, um nente Cunha, por exemplo. O que é porém mais de
brilhantíssimo executante, que interpreta a primor os admirar é a existência de uma mulher hermista. Pois
grandes mestres. ella existe, mora no Encantado, é casada e usa cha-
Certamente nos concertos que elle pretende dar péo de cloches com duas espadas de tarlatana \erde
nesta cidade, o publico saberá applaudir como mere­ servindo de plumas.
ce o consumado artista que ora hospeda o Rio de As suas discussões políticas com o marido se
Janeiro. realisam em geral depois do jantar. E’ cruzarem os
talhéres e começarem logo. Ha poucos dias um vizi­
Publicamos, em nosso numero de hoje, a ultima nho, passando pela porta desse casal, ouviu a alter­
pagina do Pescador da Islandia, o admiravel romance cação do costume, e este fim de d alogo:
do fino Lotti, que a apurada cultura dos nossos lei­ E lla: Então você acredita que a penna póde mais
tores tão superiormente consagrou. que a espada ?
Iniciaremos, pois, no proximo numero, a publica­ E lle : Sem duvida nenhuma. Você já viu alguém
ção d’0 crime de Sylvestre Bonard, soberba obra de assignar um cheque ou uma letra com espada?
Anatole France, o maior estylista da França moderna,
e a quem, ainda ha pouco, o povo brasileiro deu tão — E’ verdade que tens uma caderneta na Caixa
altas demonstrações de admiração carinhosa, por oc- Economica de sociedade com tua mulher?
casião da sua rapida e feliz passagem por estas terras. E’. Eu deposito o dinheiro e ella o retira.
C A R E T A

Regatas orgamigadãs pefla Federação do Remo


( C A .M P E O X J L T O O O I I I O D E J A X E J l i O )

Aspecto do Pavilhão de Regatas.

Riachuelo, yole a 8 remos, do Club Internacional de Regatas, vencedora do


Campeonato do Rio de Janeiro.
C A R E T A

COISAS E MAIS COISAS ao certo, o titulo da “nouvelle création,, de Bernstein—


é Après m o i!
Que suggestivo titulo sem reticências e sem signaes
U m a d i v i d a . E u , não; nós, todos nós, baptisamos algébricos ! Bravo.
Menelau Campos, um rapazinho sem eira, nem beira, Après moi, cá respondemos : Le delúge. Um agua­
nem ramo de figueira—um pobre engeitado, coitadinho! ceiro medonho para arrastar na enxurrada as immun-
Isso quando o Sr. Roberto Gomes, caro amigo, não so­ dicies de um ambiente detestável. Que venha o—Di­
nhava em critica feroz contra artistas italianos ; quando lúvio.
em Paris a basta cabelleira lhe cahiu por excesso de F ly
idéas, de paixão concentrada que só explodiu com a
chegada e com as divinas, gostosas representações de
Mme. Réjane, a bellissima, a encantadora, a seductora, Consta que o ineffavel Dr. Heitor de Souza, lea-
a emocionante Marguerite Gautier, a dulcissima “Dame der n. 3 da Camarinha de Bello Horizonte virá em
aux Camélias,, de A. Dumas.
breves dias a esta Capital fazer uma conferência no
On aime à vingtans comme à cinquante ou même à
soixante ans ! L’amour est toujour jeune! Instituto, sobre a “acção social e política dos cata-
Que divagações, quando quero me referir ao maes­ ventos,,. Palmas antecipadas.
tro brasileiro Meneleu Campos, autor daquelles bellos
Quartettos que ouvimos com tanto prazer e tão bella- GRANDE CHARIVARI COM A POLICIA
mente executados que foram.
De uma vez para sempre, o maestro brasileiro cha- Hontem em rua central desta capi­
ma-se Meneleu Campos a quem pedimos perdão pela tal deu-se grande chintrin, em casa de
distincta senhora de nossa mais alta
involuntária “Antithese,,. sociedade.
T ra ta -se leitores nem mais, nem
* * * menos do seguinte: Esta senhora tem
um leiteiro que lhe fornece leite ha
E m m a G r a m m a t i c a . Ella é uma italiana de grande muito tempo, mas que leite Santo
talento, senhora do palco e da arte que cultiva com tan­ Deus ? 11 E ’ só agua, é o que, ha de
peior — e esta senhora depois de mui­
to amor,com tanta virtude, sentimento rarissimo no ar­ tas reclam ações inúteis, resolveu li­
tista. quidar contas com o leiteiro. Palavra
Ella é de pequena estatura; porém, sua alma, que puxa palavra, a senhora indignada
arrum a com a garrafa na cara do
nos suggestiona por entre aquelles olhos luzentes e dicto, houve apito, gritos de soccorro,
uma expressiva gesticulação, nervosa, apaixonada, se etc., etc., e depois de tudo serenado a
senhora resolveu partir immediata-
engrandece e aquella figurinha cresce, cresce de inten­ mente para a R u a do O u v id o r , 149
sidade, de interesse immediato. — e tom ar uma assignatura do bom
O vasto Lyrico tem estado cheio de cadeiras e de leite puro da L e iteria P a lm ir a , e fez
camarotes vazios ! E o pequenino publico applaude fre­ um solemne protesto de fazer uso da
boa m anteiga Virgem que é esterili­
neticamente a brava artista. zada de cor natural e de superior
A élite, digamos, a pretenciosa burguezia desta fôfa qualidade.
capital, exhibe-se no “Municipal,, ao lado das carnava­ Agora resta-nos cham ar a atten-
ção da Policia e da Prefeitura contra esta malta de leiteiros que
lescas casacas! envenenam as nossas patrícias.
Em uma noite, das galerias, atiraram grandes retra­
tos da signorina Emma Gramatica e nas margens do
cartão liam-se as seguintes palavras : “Emma Gramati­ Cega, é uma pagina emotiva que hoje fulgura em
ca. Exito collossal. O acolhimento enthusiastico que o nossas columnas. Lendo-a, sob a suggestão dos seus
culto publico carioca dispensa a esta assombrosa actriz periodos cheios de brilho e cheios de ternura, os
é prova do seu verdadeiro valor. Immenso successo,,. nossos leitores advinharão logo a fina mão aristo­
Aquelle “grito,, é assas significativo. craticamente feminina brandindo nervosa a penna
Venha o pessoal escovadissimo do Moulin Rouge creadora a correr esculpindo sobre a alvura do pa­
de Paris, para o “Municipal,, e garantimos enchentes, pel aromado idéas que ninguém suppuzera existissem
luxos, casacas côr de tabaco, etc., etc. nessa formosa cabeça de mulher, por que entre nós,
O eminenle critico da Folha do Dia escreveu ; mais que em qualquer outra parte, vigora o precon­
“Mais um excellente espectáculo deu a companhia ita­ ceito absurdo que faz da futilidade a companheira
liana no Lyrico com o Ladrão do atrevido theatro de inseparável da belleza.
Henri Bataille,,. Santa Barbara! atrevido Bataille? o Odaléa, autora da Cega, é uma distincta senhori-
suave Bataille ! E o Ladrão que é de Bernstein? ! ge­ ta carioca,
nuíno Ladrão e genuino Bernstein ! Quem ficou rou­ Dizemos distincta e só distincta. Não queremos
bado foi o atrevido, de verdade, Bernstein. dizer bella por que se o dissermos teremos desven­
dado o incognito que juramos manter: a alliança da
Quem sabe si por ahi não virá um processo ? belleza e do talento é tão rara no sexo divino, que
E’ o diabo quando se está longe ou ausente dos applicar essas palavras a alguém cujo nome se quer
acontecimentos ! Como analysal-os ? . . . occultar é dizel-o sem o escrever.
* * *

a
A C o m é d i e F r a n ç a i s e . Grande reboliço lá pelos Continuam a passar bem, muito obrigado as obras
arredores da “rue Molière ! Uma nova peça de H. da Bibliotheca Nacional.
Bernstein ! Que será ? Uma infinidade de titulos, de Este mez completaram 4 annos justos e 6 mil
noticias exageradas, phantasticas ! Pois bem, já se sabe, contos e pico.

CREAÇÃO INTE1RAMENTE NOVA


1
Ü' O m a is e le g a n t e e o m a is c o n fo r tá v e l

J M A N U F A C T U R A D O EM P A R IZ =
123, RUA 5ETE DE 5ETEÍ1BR0, 123 — (ANTIGA CA5A CAVE)
C A R E T A

DOR INTERNA se numa camara escura de photographia e collocar


esses “productos espontâneos da esposa do gallo,,
contra a tampada de Faraday. Se não se produz ne­
nhuma reacção é que os ovos são bons e nesse ca­
so o que ha a fazer é quebral-os na manteiga. Se
esta for sem sal, será conveniente deitar uma pitadi-
nha em cima de cada ovo de per si.
Não ha necessidade de tampar a fregideira. No
fim de alguns minutos o ovo estala ou estrélla, como
queiram. £ ’ esse o momento de retirar a fregideira
do fogo e leval-a para a mesa, porque o ovo deve
ser comido mesmo nella que é para aproveitar bem
a manteiga, e a regra da boa dona de casa deve ser
a economia.
N. B.—Para fazer esse prato é absolutamente ne­
cessário ter os ovos.
D r. Sabetudo

No banquete do leader:
Fala um orador:
— O verbo colen d o...
- Colendo, não, colhendo é que é, murmura um
representante do Ceará.

C O M P O SIÇ Õ E S DE PIANO
SEVERO DANTAS
E S Q U E C E R -T E ? ... JAMAIS. Ultimo Schottisch
M AGUAS CALADAS..................Schottisch
ONDAS DE B E IJO S . . . .
SÉRENADE C O Q U ET T E . . Para violino e piano.

E l l e . — O que se passa dentro de meu coração é h o r r ív e l!...


Casa ARTHUR NAPOLEAO
Indescriptivel! M as os soffrim entos desta qualidade não são ava­ A V E N ID A C E N T R A L
liados porque não se apresentam sobre a m ascara da face.
E lla . — Nem sempre. Ha excepções e você é uma d'ellas.
INDIGNADO
CONSELHOS E RECEITAS
Não ha coisa que tanto sirva para prender os
maridos em casa como a boa cosinha.
Esta sentença póde parecer ás senhoras humi­
lhante, mas franquezinha, é a pura verdade.
Póde uma mulher vestir-se de modo maravilhoso;
a sua tez ser uma maravilha de frescura; reservar
maravilhas de ternura para o marido quando chega
em casa. Se apezar de tudo isso apresentar-lhe um
máo jantar póde ficar certa de que elle acaba por
pretextar um negocio qualquer urgente, e por-se ao
fresco em procura de divertimento fóra.
E’ que não ha nada como a mesa ruim para des­
pertar o máo humor.
Ora a Careta que sempre se tem revelado uma
revista utilitária, não deseja que suas leitoras tenham
queixas dos maridos que são também nossos leito­
res. Assim resolvemos ensinar nesta secção a confec­
ção de uns tantos pratinhos capazes de atarrachar
uma duzia de maridos ao lar.
E seguindo os nossos conselhos, as nossas gentis
leitoras que com ellas bem se derem nada mais te­
rão a fazer de que, de quando em quando mandar-
nos um presentesinho de d o c e s ... comprados ali na
confeitaria.

Ovos f/itos, estallados ou estreitados .-—Põe-se


uma fregideira ao fogo. Dentro da mesma fregideira
põe-se uma colher de manteiga; a colher fica de fó­ E e l l e ? ... Não accum ula tam bém ?
ra, porém. Verifica-se com cuidado se os ovos a fri­ E ’ presidente da republica, é filho de Cam pos, é primeiro m a­
gistrado, é vice-presidente em funções de presidente, é dono do
tar não têm pinto, para isto bastando a gente fechar- J e q u i , é inimigo do Backer, é brasileiro, e até egypcio.
C A R E T A

C A R T A S D E UM M A T U T O

Seu Tiburcio, meu compade, Todos tá mal satisfeito, Desde o juiz aos tropeiro,
Pr’ocê não tê que queixá, Todos é pisicionista, Chama elle Xico Munhéccr,
Eu lhe escrevo as novidade Desde o juiz de dereito Diz qu’elle n'é mais mineiro,
Que tem havido por cá. Inté o Quinca dentista. Que precisa é de sapéca.
Ha mais de quatro semana Segundo eu oiço dizê, Ando muito acommodada
Aqui, com muita africção, O tá doutô Wencesláu Por vê ansim um amigo
Todo o povo de SanfAnna E’ ruim a mais não podê, Mettido nessa embruiada,
Espera padre Romão. E' devéra um home máu. Correndo tanto perigo.
Elle, ha muito não escreve, Mas pr'os amigo elle é franco: Diga Bibi que acôtéle,
Tá lá na côrte calado, Dizem (não sei) que já deu Quando vié co'o marido;
E o povo daqui já véve Cincoenta conto do banco Se tivé amor á pelle,
Um tanto desconfiado. A um Rodolpho de Abreu. Andem com muito sentido.
Já corrre inté uma voz Diz que d'agora por diente Se elle parecê de farda,
Que elle anda por lá pintando... Vai sê uma guerra crua; Como as coisa tão agora,
(Isto aqui muito entre nós Ou vota co’o presidente, O povo daqui não tarda
Que ninguém tá escutando). Ou tá no ôio da rua. A botá elle pra fóra.
Sodordia eu vi um home, O promotô da justicia, O povo não qué sabê
Que eu não falo elle quem é, O inspectô escolá, De Herme nem Wencesláu;
Dízê: Padre, quando some, Delegado de policia Hernrista que apparecê,
Tá percurando é muíél... E juiz municipá, Vai mais é corrido a páo.
Seu Tiburcio, ocê já viu O argente, o colletô, Ha quatro dia, compade,
A lingua desse marvado ? Tudo que é do seu partido, A menina do Alonço
Já diz que o padre fugiu, Inté mesmo o professo, Foi muito mal pr’a cidade,
E se vortá é casado. Já foi tudo ademittido. Mordida de carangonço.
Diz que agora os padre anda Ficou suspendido o ensino Vou fazê uma encommenda
Se casando no civi; Compade, e promode ocê, Pr’ocê mandá pro correio:
Si é moda lá dessas banda, Tão mais de trinta menino Catorze peça de renda,
Inda não chegou aqui. Sem escola pr'apprendê. Outras tantas de entremeio,
O Juvencio da botica Diz que pra se abri a escola Dois metro e quarto de cassa,
Me amostrou, pr'eu creditá, Abasta só declará Duas agúia de lã,
Uma foia, adonde exprica Que ocê já virou a bóia Cinco lenço de Arcobaça,
Um caso de arrepiá. E vota no marechá. Uma peneira meiã.
Foi um padre e uma menina, Vamo! Tome o compromicio Quatro bóte de rapé,
Uma mocinha donzella, Sem tê tenção de cumpri, Dois fino e dois meio grosso,
Q u ’elle largou a batina Que ocê faz um beneficio (Ocê sabe pra quem é)
E fugiu pra casá co’ella. A todo povo d'aqui. E uma bocêta de ôsso.
Coitada dessa, pagou! Despois da inleição passá, Se tivé bôas gamella,
SanfAnna lhe favoreça ! Vai ao Wencesláu e diz, Ocê óia bem, repara,
Mais hoje, mais amenhan Que ocê pediu pra votá E mande umas duas delia,
Vira mula sem cabeça. Mas os inleitô não quiz. Que as d’aqui tá muito cára.
Consêie a padre Romão Fugi ao que se tratou Por farta de portado
Que não caia nessa asneira; E’ coisa feia, eu não nego, Não tenho mandado nada;
Que fuja das tentação, Mas elle memo ensinou Pelo premeiro que fô,
E mais das moça sorteira. Que palavra não é prégo. Vai uns queijo e umas cocada.
Padre que esquece que é bento, O Xico Salle, ha dois mez, Eu e os nosso d’aqui
Que não arrespeita a crôa, Não passa aqui no arraiá; Mando lembrança a Biella,
E não guarda os mandamento, Se elle vi cá desta vez, Padre Romão e Bibi
Não é padre, é home atôa. São bem capaz de o lynchá. E mais o marido delia.
Na cidade e no arraiá Pra quê elle foi, coitado ! SanfAnna do Rio Abacho.
Compade, é inté maçada; Se mettê nesses embrúio ? Comade do coração,
A gente só vê falá O povo tá diguinado, T hereza G o m es B aracho
De política e mais nada. Qué mêmo fazê barúio. M a r ia d a C o n c e iç ã o .
0 F IL H O TE
da CARETA

v í --------- í v

Semanario ///ustrado

Sob a direccao

de D. XIQUOTE

BREVEMENTE

ás Quintas-Feiras
C A R 10 T A

CAPRICHOS DA NATUREZA Neste nosso cultissimo centro litte-


rario-politico, onde, com tão gloriosa
frequência, a severidade accaciana dos
grandes homens ostenta os pellos ru­
ços da burrice, é, mais do que nos
povoados patagonios, perigoso tratar
das futeis questões de litteratura e
arte nos graves recintos da política,
pois um paiz que edifica theatros ma­
gníficos não póde consintir que os seus
legislatores desçam a tratar da alma
desses faustosos organismos architec-
tonicos.
Coelho Netto, com a sua brilhante
audacia de poeta, ousou, affrontando
ironias parlamentares, tratar na Cama-
ra, diante dos nossos Pachecos embe-
zerrados na sua gloria legislativa, do
escandaloso caso do Theatro Munici­
pal, defendendo interesses nacionaes
injustamente e inutilmente prejudica­
dos por aventureiros errantes.
Foi, pois, um acto de louca bravura
o discurso de Coelho Netto, que, no
emtanto, a ninguém surprehendeu, co­
nhecido como é, em todos os círculos,
a dedicação do grande estylista á sua
arte e aos artistas.
O que a todos surprehendeu foi a
attitude verdadeiramente original de
alguns Srs. deputados quando os seus
augustos ouvidos recolheram as vibran­
tes palavras do escriptor!
Esses deputados, que são homens
de rara cultura, tiveram a suprema co­
ragem de entender, como Coelho Netto,
que o Theatro Municipal não foi cons­
truído unicamente para enriquecer o
emprezario que o explora e chegam
a pretender, como Coelho Netto, que
os poetas brasileiros merecem a pro­
tecção ou a sympathia dos governan­
tes de um povo que falia a calumniada
lingua que elles gloriosamente burilam
e perpetuam em soberbas obras.
Para que Coelho Netto e os depu­
tados que o applaudiram tivessem ra­
zão seria preciso que os escriptores
brasileiros não fossem considerados
hospedes importunos nos palcos do
Brazil.

Um orador do banquete Seabra des­


- Si apparecesse agora um desses velhos gamenhos, cobriu que o senador Quintino tem a
atirava-se sem duvida á menina. “ cabeça enluarada das neves superio­
res do estudo,,.
As estudiosas neves que enluararão
O Dr. J. J. gramou um banquete e dizem que ainda a cabeça do nobre leader, por emquanto estão ainda
vae gramar outro este offerecido peio nosso illustre liquidas.
magister Pelino
Naquelle faltou a luz na occasião dos brindes. O Emilio é um rapaz muito delicado, incapaz de
Cerca de meia hora passaram os convidados a chu­ dizer qualquer cousa desagradavel a um amigo.
par caroços de azeitonas para ver se restabeleciam Ainda ha dias, dizia elle para o Severino, o maior
a corrente vagabunda que tão incorrectamente dava mentiroso que o céo cobre:
mostras de civilismo quando se banquetiava o grande — Olha Severino eu não desejo absolutamente
leader. offender-te, mas se alguém me perguntasse qual era
No pelinal é de crer que os convidados levem cotos o maior mentiroso do Rio de Janeiro, não lhe diria
de vela nas algibeiras para que não se repita a gra­ nada de certo, mas vinha ter comtigo a dizer-te:
cinha. olha Severino que andam á tua procura...
Telephone «72 Chapéos i ng l e z e s .Mellon france-
CflSfl OUVIDOR zes Sans I*areil calçado Americano H a n a u e
Paekard ■ -------
C A R E T A

CARETA PARLAMENTAR O SR. CARLOS CAVALCANTI—Sim, Sr. presi­


dente, nesse particular o Brazil está abaixo das po­
tências secundarias que todas ellas já organisaram
O SR. CARLOS CAVALCANTI—Sr. presidente, sua defesa costeira. Por isso é, Sr. presidente, com
entre os assumptos importantes de que devemos tra­ abundancia de coração...
tar, o mais importante sem duvida é o que se pren­ O Sr. Gonçalo Souto—Ex-abundantia-cordis.
de á defesa das nossas artes. O SR. CARLOS C A V A L C A N T I... que eu venho
O Sr. Jo s é Carlos de Carvalho—Apoiado. lembrar aos responsáveis pela nossa defesa, o estado
O SR. CARLOS CAVALCANTI—Um outro, sem aberto e franco das costas que temos desde o cabo
duvida também de capital importância é a defesa flo­ do Norte ao arroyo Chuy, extremos norte e sul da
restal, ligado intimamente ao primeiro, porque sem nossa terra, e que infelizmente estão inteiramente
as madeiras das florestas, os páos das mattas virgens, desguarnecidas de mattas virgens, e mesmo semi-
as nossas costas ficariam indefesas. virgens.
O Sr. Rodolpho Miranda—Apoiado. Emquanto o O Sr. Dunshee de Abranches— De que falou em
páo vae e vem, folgam as costas. um bello compêndio o Sr. Marcei Prévost.
O SR. CARLOS CAVALCANTI—Mas para que o O SR. CARLOS CAVALCANTI—Não li ainda, mas
páo não vá, Sr. presidente é que existe a defesa flo­ desde que V. Ex. o fez, deve ser um excellente livro
restal. Que elle venha, v á ! para auxiliar as minhas ideas. A França, Sr. presi­
O Sr. Soares dos Santos—Mas para elle vir é dente, a grande patria latina, a mãe da Humanidade,
necessário que tenha ido. (apoiados geraes) fez plantar florestas de pinheiras
O SR. CARLOS CAVALCANTI—Ahi é que está o nas suas costas.
engano. A defesa florestal consiste justamente em O SR. GERMANO H ASSLOCH ER—Nôs só ternos
conservar os páos que nossos são e usar os outros, um mas este chega para defender as nossas costas.
importados do estrangeiro. O SR. CARLOS CAVALCANTI—E foi, graças a
O Sr. Luiz Murat—Mas então para que servem esses pinheiros que ella poude reconstituir a sua es­
os páos das nossas florestas ? quadra!
O SR. CARLOS CAVALCANTI—Mas para a defe- O Sr. Aurélio Amorim—Mas hoje ninguém faz
za das nossas costas, ora esta ! Por isso é que eu mais navios de pinho.
estou afirmando a intima ligação dos dous assump­ O SR. CARLOS CAVALCANTI—Também ninguém
tos de que pretendo tratar hoje se esta Camara o falou ahi em fazer navios.
consentir. O Sr. Aurélio Amorim—Mas V. Ev. não está tra­
O Sr. Astolpho Dutra— Nós ouvimos V. Ex. com tando da defesa das costas ?
o maior prazer. O SR. CARLOS CAVALCANTI -Certamente. Mas
O SR. CARLOS CAVALCANTI—Muito obrigado a para isso não ha necessidade de navios. O que é
V. Ex. Pois é assim, Sr. presidente, a defesa das nos­ preciso, sim, é plantar arvores para que o mar não
sas costas deve ser o maior escopo de uma adminis­ rôa as costas, as areias não se congreguem forman­
tração republicana! Porque deixar as costas indefe­ do as temiveis dunas, emfim que a vegetação luxu­
sas é expor o paiz a uma invasão certeira! (sensação). riante da zona tropical ponha embaraços á invasão
O Sr: Manuel Fulgencio—Felizmente Minas não das aguas e dos ventos, (apoiados geraes). Por isso,
tem costas, (apoiados da bancada mineira) Sr. Presidente eu pretendo em breves dias apresen­
O SR. CARLOS CAVALCANTI—Isto considerando, tar tação
um projecto sobre o assumpto, regulando a plan­
dos pinheiros nas costas que as temos hoje
Sr. presidente, é que os governos de todos os paizes desguarnecidas e expostas a todas as incursões de
têm uma insiituição especial para estudar os meios
de organizar essa defesa, instituição que conforme o tão perniciosos inimigos? (sensação)
paiz toma um nome differente. Assim em França é a O Sr. Jo s é Carlos de Carvalho—V. Ex. está
Défense Cotière; na Inglaterra é a Dejense o f the prestando um relevante serviço ao paiz. (apoiados
C o a st; na Rússia a C o sto ff D efen seieff; na Suécia geraes)
a Costerade Deffenserets; na Allemanha a Costische O SR. CARLOS CAVALCANTI—Aguardo essa op-
Defensetung; na Italia a D iffesi delle C o s t i; na portunidade, Sr. presidente, para mais longamente me
Hespanha a Defensa de nuestras cuestas ; no Japão extender sobre semelhante assumpto que como vêm
a Costammô D efesik iki; na China a Defesoku Cos- os meus nobres collegas é merecedor de toda a nos­
tok u ; e assim por diante em vários paizes civili- sa attenção. E ao terminar, Sr. presidente, lembrarei
sados. o verso do grande trágico Hamlet na scena do Pa­
O Sr. Honorato Alves—Esse Cavalcanti sabe coi­ raíso Perdido: E x funo dare lucem \ Tenho con­
sas ! cluído.
O SR. CARLOS CAVALCANTI—Não é para dar (Bravos, palmas no recinto e nas galerias. O
mostras de erudição, que eu citei esses nomes, Sr. orador é muito abraçado e cumprimentado).
presidente, que nenhum orgulho me move. Antes Ferrolho
para demonstrar ao Parlamento que nós estamos
muito atrazados ao par de outros paizes que antes de
nós perceberam o perigo de ter as costas desguar­ O Dr. Luiz Domingues já adquiriu os Sermões do
necidas. Padre Antonio Vieira e O Feliz independente do
O Sr. Francisco Bressane—Principalmente quando mundo e da fortuna, ou o cerco de Constantinopla
sopra o vento. For isso é que os doutores recom- pelos Cruzados, de D. Theodoro d’Almeida.
mendam que a gente não deve voltar as costas ao Logo se vê que a sua plataforma eleitoral vae em
vento. bom caminho.

FABRICA E DEPOSITO DE CALÇADOS


A’ BOTA “ FL U M IN E N S E ” A. m a is barateira de todo o B rezil
123, A V E N I D A P A S S O S , 123
--LADO DA R U A M A R E C H A L F L O R I A N O '
B e r n a r d o (a Penidó)
E não buscas pôr termo a essa tortura ?
P e n id o
Este mal, seu Bernardo, não tem cura ;
Ha de baixar commigo á cova fria.
Para ter de elegante a fama e a gloria
Bota menor que o pé calço, e, enraivado,
Mil pregos piso em breve trajectoria.
B ressan e
Discute-se o porvir do grande Estado,
E o Penido a amollar-nos com a historia
Do seu joanete!
P e n id o
Soffrerei calado.
C h ic o S a l l e s (manhoso)
O grande João Pinheiro é um homem liquidado.
Não ha duvida, morre ! Essa desgraça enorme
Vae dar um trambolhão nos negocios do Estado;
Um dos grandes industriaes paulistas, proprietário Vae, talvez, despertar, muita ambição que dorme.
de uma fabrica de ácidos mineraes, da fabrica de adu­ (Philosophico)
bos Polysin, da Drogaria Americana e de uma fabrica
de polvora. E’ um dos membros do Conselho Fiscal Todo o mal traz um bem, diz o provérbio antigo;
da Economisadora Paulista, pela qual tem especial Dois bens resultarão dessa morte, senhores:
estima e que se destina a dar uma pensão vitalícia O Carlos vae ficar um orphão sem abrigo,
de 100 a 150S000 mensaes aos seus socios, sendo que E da Infancia o Jardim murchará sem dar flores.
em pouco mais de um anno de existência já inscreveu Carlos Peixoto Filho, amigos meus, é um louco,
25.000 socios, o que a consagra como a mais impor­ E um louco perigoso !
tante associação de mutualismo do Brasil. A Econo­ P e n id o
misadora que tem um capital subscripto de doze mil Apenas louco ?
e tantos contos tem filiaes em todos os Estados e A sto lph o
tem um escriptorio no Rio, á Rua 7 Setembro, 113
(mod.). Infame!
C h ic o Salles
A nossa conveniência, Astolpho, tendo em pouco,
E’ surdo á toda a voz que ao bom caminho o chame
( D r a m a lh a o do F r a c k e da E s p a d a ) P e n id o
Quer um chefe de Estado a reinar sem tutella.
ACTO II
U ma voz
Os novos I,evitas
R io, 1908. No entanto a hegemonia á gloria nos transporta.
Rua Barão do Amazonas. Salão-alcova-refeitorio C h ic o S a l l e s (acaçapante)
de uma republica parlamentar. A ’ direita dois catres Que vantagens nos deu? Posso dizer-vos que ella
sem colxão, no primeiro Bressane e no segundo Astol­ Não poz um grão de bico a mais na minha horta.
pho, ambos em camisa e ceroula, estão deitados. A ’ es
querda trez colxões sem catre; sentados ou deitados B ressan e
n’elles estão alguns levitas, todos em trajes menores. Não ligais importância á nossa primazia ?
Ao fundo, junto de uma porta, sem interditar-lhe a en­ Bernardo
trada, um catre com colxão, sobre o qual, vestido de
Adão, Bernardo conversa com Penido, que veste sobre- Delia não faz questão, Vossa Excellencia?
casaca e chapéo alto. Ao centro, ápoiadas sobre barri­ C h ic o S a l l e s
cas, duas táboas fazendo de meza, ostentam, sem
toalha, restos de comidas em pratos de estanho. Sen­ Eu não faço questão da hegemonia
tado n’um caixote vasio e recostado sobre uma das Porém faço da vice-presidencia !
barricas em que se apoia a m e s a , Chico Salles divaga. SCENA II
SCENA 1 S a b in o ( entrando como um phantasma)
Meus senhores.. .
C h ic o S a l l e s
P e n id o
Hegemonia ! O que é hegemonia ? No rosto o espanto tens pintado.
P e n i d o (descalçando as botas) S a b in o
Este joanete é a minha desventura ! Morreu o João Pinheiro !
C h ic o S a l l e s A sto lph o
Então viva o Pinheiro!
E ’, podemos dizer, uma impostura.
Bernardo
P e n i d o (queixoso)
E dengosa floreando um tango requebrado
Se fosse no seu pé você veria ! A requinta do Bueno alegre o rinhedeiro !
C h ic o S a l l e s (Cáe o panno)
Não era ao seu joanete que alludia. V o l -T a ir e
CASAL FELIZ certo Antonio Calmon, que tinha, como principal ou
unico titulo de recommendação, a gloria de ser ir­
mão de um moço que além de illustre era ministro.
Contavam-se cousas interessantes desse irmão que
apparecia com a luz do irmão. Dizia-se, por exem­
plo, que para garantir a sua eleição com desnecessá­
rio excesso de votos, prejudicara amigos e compa­
nheiros mandando despejar exclusivamente no seu
nome votos que deveríam ser intelligentemente divi­
didos entre todos os candidatos.
O Antonio passou rapidamente pelo Rio.
Não fez, na Camara, discurso algum, não escre­
veu nos jornaes, mas conseguiu, em pouco tempo,
uma fama larguissima de boateiro.
Quando, na Camara e nos círculos da imprensa
apparecia uma noticia de sensação perguntava-se
Ella. — Felizmente ninguém pensa que és meu marido.
logo :
— E’ do Antonio ?
Elle. — E infelizmente se enganão. se respondiam :
— E’.
Dizia-se logo:
O SÉCULO — Então é mentira.
O brilhante vespertino que a intrepidez de Bricio E era !
Amigos solícitos defendiam-n’o :
Filho dirige com tanta superioridade e elevação com­ — Elle não mente por mal. E’ por vicio.
pletou, na semana passada, mais um anno de gloriosa Talvez fosse.
existência. Ora, ha tempos, quando o Antonio, tendo com-
E’, talvez, tarde para o saudar mas não querem promettido o irmão illustre com uma mentira sinis­
tra, regressou para a Bahia, espalharam os malévo­
deixar de recordar essa festiva data os redactores da los um boato malévolo : o Antonio, logo que visse
Careta, que tantas vezes tiveram a seu lado, na cru­ as cousas pretas, ou as suppozesse pretas applaudi-
zada santa, o heroico Bricio. ria o crime dos convencionaes de Maio. Eu, quando
tive conhecimento desse boato, disse precavidamente
aos meus botões;
Na Convenção Livre; — Si isto chega aos ouvidos do Antonio elle pen­
— O Monteiro Lopes está? Quero vel-o. E ’ mes­ sa que é verdade.
mo preto o famoso deputado carioca ? Assim foi.
— E’. Tem na face a côr que o Pinheiro tem no Hoje, lendo o Jornal do Commercio, vi sem es­
coração. panto a declaração official do Antonio.
— Então é pretissimo. A n t o n iq u in h o

Ora graças, até que emfim en­


C A N T O N IC contrei o que ha muito tempo pro­
curava.
Ha certos homens que amando desordenadamen­
te a mentira, tanto a praticam que terminam por não Andei soffrendo de uma bron-
saberem differencial-a da verdade. chite que quasi levou-me ao tumu-
Mentem, por fim, sem a consciência de que estão lo e a concelhos de antigos, depois
mentindo. de uzar tudo quanto foi drogas, co­
Um desses originaes indivíduos disse-me, um dia, mecei azar o Xarope do Bosque, e
pelo prazer de dizer alguma cousa : eis-me bom e fórte. E faz-me ficar
— Sabes ? Mudaram o obelisco da Avenida para
a rua do Ouvidor. de mim mesmo admirado com tan­
Era absurdo, mas por que vivemos num paiz to prodigio em pouco tempo.
absurdo, não duvidei e, consequentemente, não repli- E sabem amaveis leitores onde
quei. Pois na tarde desse aia vi, no Largo do Ma­ se encontra este salutar xarope?
chado, o mesmo homem bradar-me, á correr para
tomar um bond ; Na Drogaria Freire Guimarães
— Sabes ? Vou ver si é verdade ou mentira. & C ., á rua do Hospício n. 22 e na
— O que ? Pharmacia Mallet & C ., á rua Frei
— Vou ver se mudaram o obelisco da Avenida Caneca n. 52.
para a rua do Ouvidor.
— Disseste-me que mudaram.
— Disse, mas não sei se é verdade ou invenção Monteiro Lopes e o Meterio são da mesma raça
minha. Vou ver. mas tem attributos singulares que os distinguem, de­
Ha typos assim. monstrando que existem, dentro de todas as raças,
Nesses typos pensei hoje pela manhã, quando,
entre os lençóes, vi no Jornal do Commercio, que differenças de typo para typo.
eu nunca deixo de ler entre o banho e o café, uma Assim, o Monteiro Lopes tem a correcção dos
noticia do mais alto alcance humorístico para a polí­ seus actos e o Meterio o fumo do seu charuto, o
tica.
Ha algum tempo, quando se renovou a Camara, Monteiro resplandece e o Meterio fumega ; aquelle é
appareceu por aqui, eleito deputado pela Bahia, um um homem, este uma chaminé.
C A R E T A

HAUTE GOMME com um pontapé para o canto e a analyse está


feita.
Si a farinha vem sem rotulo e sem reclame, sim­
plesmente embrulhada ou em sacco, a analyse é
complicadíssima. Porque é necessário um longo e
complicado exame para se saber tres cousas: 1° que
qualidade de farinha é; 2° para que serve; 3° si é
venenosa.
* * *

Para se saber que qualidade de farinha é ha o se­


guinte processo: toma-se umas tres pitadas da dita
e colloca-se dentro de um pires. Derrama-se dentro
do pires agoa a ferver: si dér grude é farinha de
mandioca; si dér jningáo é farinha de trigo; si dér
uma cousa que não é bem grude nem bem mingáo,
é farinha de milho ; si dér uma substancia molle, nau­
seabunda e que mate um cachorro a que se dê umas
colherinhas a provar, é farinha paia alimentação de
creanças.
* * *

Sabe-se para que serve a farinha desde que fique


estabelecida a sua qualidade: a de mandioca, para
embranquecer o feijão; a de trigo para se fazer pão
de centeio ; a de milho para beijú e a de alimentar
creanças para fazel-as calar a bocca quando choram
querendo mammar.
* * *

Para saber si é venenosa o processo é simples:


basta ler nos jornaes noticias referentes a envenena­
mentos de famílias. Si estes envenenamentos se dão
motivados pelas farinhas, o Laboratorio fica sabendo
que ellas são venenosas. Então condemna-as. E as
condemnações do Laboratorio são inappellaveis.
D r. Sabão

R e sta u ra n te S . F ra n cisco
C O Z I N H A DE P R I M E I R A O R D E M

Os proprietários d’este antigo restaurante participam aos


seus numerosos freguezes e amigos que se mudaram para a
mesma rua n. 190, em frente a antiga casa, não poupando sa­
Ella. — Porque não dansa, íeu Carneiro? crifícios para bem montar um estabelecimento digno de ser
Elle. — Porque não tenho dama, minha senhora. frequentado pela bella roda.
Ella. — E sua esposa ? Casa ampla, illuminada a luz electrica e todo o conforto
Elle. — Prometteu ao primo todas as contradansas exigido para casas d’esta ordem. Os preços continuam a ser
os mesmos antigos: 30 cartões, 28$000; 60 cartões, 55$000,
almoço ou jantar, com vinho, 1$500; sem vinho 1$000.
Além dos preços fixos encontrarão os nossos amigos e
NOTAS SCIENTIFICAS freguezes as mais finas iguarias que possam desejar promptas
e para apromptar por preços razoaveis.

A n a l y s e d a s farinhas deve ser o nosso thema,


porque tal assumpto anda em voga, com a condem- Cardoso A m o rim
nação de algumas farinhas extrangeiras. R u a 7 «le Setembro, 190 (Proximo ao largo do Rocio)
Entre nós o processo de analysar farinha é tão
perfeito e adiantado que neste ponto damos lições Entre caçadores :
aos mais cultos centros europeus. Limitamos hoje as —Eu tenho um cão que vale por uma matilha.
nossas notas em descrever o processe de analyse de Nunca vi nem sei que tenha havido um faro seme­
farinhas no Laboratorio Nacional de Analyses. lhante.
* * * — Então é cousa assim extraordinária?
— Si é 1 Imagine você que eu ha tres dias sahira
Recebe-se a farinha em embrulho de papel, em de casa e vim para a cidade. Pois o ladrão do ca­
sacco ou numa lata com rotulo. No ultimo caso a chorro partiu a corrente e no fim de duas horas
analyse é de uma grande simplicidade: lê-se o rotu­ veiu me encontrar na Avenida 1 Então que diz a
lo. Desta maneira fica-se logo sabendo si a farinha é isso ?
para alimentação de crianças, pela reclame, fica-se — Digo que. . . precisas urgentemente de um ba­
sabendo si é nociva á saúde ou si não é. Atira-se nho.

CASA RAUNIER
Grande venda com o desconto de 2 0 % nos arti­
gos de fim de estação 30,40 e 5 0 % nos saldos.
= = 172 - O U V ID O R - 176 —
C A R E T A

Logo no dia da estréia o Sampaio conheceu as


BRASILEIROS NA EUROPA agruras da vida de quem não quer dobrar as pernas;
na hora de vestir as calças, ainda a cousa correu
bem porque se encostou á parede do quarto e com
um certo esforço e uma bem manobrada inclinação
do corpo, metteu bem as pernas para dentro das cal­
ças novas.
Mas na rua é que a cousa foi preta. Ao tomar o
bonde viu que lhe era impossível trepar no estribo
sem dobrar uma das pernas: mas o Sampaio é agil,
segurou dous balaústres com as duas mãos e de um
arranco se poz dentro do bonde, com as pernas te­
sas, firmes.
Assentou-se; e como não podia espichar as per­
nas para deante, por causa do banco da frente, o
Sampaio espichou-as para o lado. Logo adeante uma
familia toma o bonde e occupa justamente o banco
do rapaz, no qual havia tres logares vasios: de modo
que as pernas do Sampaio não podiam continuar es­
pichadas, e para não vir em pé no bonde, a chamar
a attenção, o moço deu um salto á rua, de pés jun­
tos, e cahiu teso, firme, numa pose esplendida
Felizmente passou um outro bonde cheio, e Sam­
paio ao ver que alguns passageiros iam em pé, na-
quelle logar em que o conductor viaja a fazer as suas
contas, mandou-o parar e pelo seu processo acrobá­
tico de subir sem dobrar os joelhos, trepou no carro
e lá se foi de pernas tesas, erectas, firmes e duras.
João da Silva Carvalho, proprietário d'A. Nova Na Avenida brilhou. Na rua do Ouvidor brilhou.
F i g u r a R i s o n h a , em viagem de compras na Andava num passinho medido, sem dobrar os joelhos,
Europa, actualmente em Paris. A Photographia repre­ o que o obrigava a fazer um balanço com corpo da
senta o mesmo em frente do grande Theatro da direita para a esquerda e vice-versa.
Opera em companhia do Tenente da Armada Brasi­ Teve que subir ao ultimo andar do Jornal do Com-
leira Carlos Soares. mercio, e ao ver aquella escadaria desanimou: “ Meu
Deus, quanto dobrar de perna,, Mas viu o elevador
e se sentiu salvo: subiu maravilhosamente, com as
AS C A L C A S D
NOVAS pernas tesas, erectas, firmes, duras, alinhadas e juntas.
Abençoou do fundo d’alma a grande vantagem do
Terríveis aventuras «le um smart elevador, que o levou áquella altura e o poz de novo
Para o Sampaio ha na vida uma cousa que o torna na rua, sem que fosse precisso dobrar as pernas.
infeliz: o difficil problema de evitar joelheiras nas Mas o Sampaio teve que subir as escadas de um
calças. prédio alto, á procura de um amigo: ahi elle se sen­
Porque o Sampaio faz questão que as calças tiu perdido. Não havia elevador, não havia nada; mas
caiam bem sobre os sapatos e que a linha do frizo de repente teve uma ideia: abriu os braços, agarrou
seja perfeitamente recta, sem quebras, e que nenhum os corrimões e firmando-se nelles, aos arrancos, su­
amarrotamento lhe desmanche a firmeza das pernas. biu a escadaria com as pernas tesas, absolutamente
O Sampaio acha mesmo que é uma deshonra, uma erectas, perfeitamente em linha recta! Que delicia!
vergonha social a marca que os joelhos deixam ao Tudo corria ás maravilhas! O Sampaio estava radi­
meio das calças. ante, porque depois de ter andado tanto e feito tanta
Para evitar tamanha desgraça o Sampaio fez tudo, cousa as calças estavam tão lindas como se estivessem
applicou todas as receitas, todos os apparelhos mas ainda no corpo do manequim !
qual 1 ao fim de um mez de uso, como por um cas­ Para descer a escada elle viu que a cousa era
tigo, as suas calças iam estufando a barriga, o frizo mail facil: segurou os corrimões e, com as pernas
tomando um tom sinuoso, e quanto mais quente fosse tesas, deixou-se escorregar por elles abaixo, rapida­
o ferro de engommar que as alisasse, mais barrigudas mente. . . Mas ia entrando um outro habitante da
iam ficando as calças na altura dos joelhos. casa: e na vertiginosa rapidez em que Sampaio es­
Sampaio era um desgraçado. Dobrava a sua roupa corregava pelos corrimões, cahiu furiosamente sobre
cuidadosamente, punha as calças debaixo do colxão o homem que se zangou e ergueu a bengala disposto
ou do travesseiro, punha livros pesados em cima e a vingar-se.
quando se assentava, no bonde ou em qualquer ca­ Como nas vistas de cinematographo toda a histo­
deira, tinha o cuidado de puxal-as muito para o alto, ria acabou com o Sampaio entrando numa bella surra
mostrando as canellas muito finas e as meias de seda de páo.
que eram seu orgulho. X ix i M alm equer
Mas que não havia geito.
Até que o nosso homem teve uma ideia muito
corrente em medicina: que o meio mais pratico é evi­ Em um trem de ferro :
tar o mal cortando-lhe as causas pela raiz. Ora, e o Embarcam um senhor de aspecto severo e uma
Sampaio sabia, como aliás toda a gente sabe, que a senhorita pallida e de aspecto soffredor.
origem da joelheira é o dobrar dos joelhos ou quando Um viajante entendeu logo de solicitar informa­
se assenta, ou quando se ajoelha na missa ou aos ções sobre ella e dirigindo-se ao pae :
pés da namorada. — A senhorita está doente ?
E tendo o Sampaio mandado fazer um bello terno — E’ verdade e bastante.. .
(por signal que de casemira ingleza e de um pardo — Do peito ?
claro) resolveu evitar as tres grandes causas do ter­ — Não. Do coração.
rível m al: não dobrar as pernas em nenhuma situação — Sim ? Alguma aneurisma?
da vida. — Não. Um official de marinha.
AGUA OXYGENADA DE C U S T E R
P E R O X Y D O DE H Y D R O G E N E O DE C U S T E R = 0 M A I S P O D E R O S O A N T I S É P T I C O
Infallivel contra erupções e outras moléstias da pelle, refresca e amacia a cutis e mantem a mais es-
tricta hygiene do corpo, usada nos banhos externos e lavagens internas e na toilette.
Para a hygiene da bocca e a conservação dos dentes não tem rival.
As moléstias da garganta são efficazmente combatidas com os gargarejos deste producto.
O uso deste preparado como loção torna louros os cabellos.
Cada vidro traz as indicações para os diversos usos e applicações. Vende-se nas pharmacias e perfu­
marias aos preços seguintes: 150 grs., 1§500; 250 grs., 2$500; 500 grs. 4$000.
A melhor agua oxygenada é a preparada nos laboratorios da
Cu ster CLiemical C o m p a n y , de N e w York
e a de maior uso em todos os hospitaes e casas de saude.
D e p o s i t á r i o s : 1 ) E E A B A E Z E & Co. 8 0 tt l i i» E S. C E O lí O -8 0
i l e p r e s e n f o t i t e : A . VA.It.ONA n i o /> / . j a n e i r o

C A L Ç A D O DADO
G r a n d e E s ta b e le c im e n t o
AOS SNRS. CHEFES DE FAMÍLIA
de c a lç a d o s de t o d a s
a s q u a lid a d e s
N Ã O CO M PR EM R O U PA PARA V O SSO S
Para Homans, Senhoras e Crianças
Sapatos pretos,
F IL H O S , S E M V E R P R IM E IR O O
para senho­ C O L L O S S A L S O R T IM E N T O E O S B A ­
ras, a ............... 4S000 e 45500
Sapatos am a- R A T ÍS S IM O S P R E Ç O S D A C A S A
rellos, para
senhoras, a 55000 e 65000
Sa p ato sd elo n a
todas as co­
res, para ho­
e TOMBO DO RIO
mem e se­
nhoras, a
25500, 3$000,
3$500, 4S000, 45500 e 55000 RUA DA URUGUAYANA, 1 (Cinto (i Ciriiu)
Botinas de be­
zerro, p a r a
hom ens, a . . 45500 e 55000
Calçado p a r a
RIO DE JANEIRO
creanças, de IS500 para
cim a
Ditas de pellica

CASA AURA
italiana, para
h o m e n s.......... 75500 e 85000
Borzeguins de bezerro C o a ­
d o r, para collegio— obra feita
á mão, imperm eável, a 5S500.
A . m a is bnrateira clesta C a p ita l
E m uitos outros que deixa­
mos de m encionar por abso­ Fabrica de chapéos de palha para senhoras, senhoritas
luta falta de espaço. e meninas
Envia-se p a r a o interior, C h a p e o s m o d e lo s a rtis tic a m e n te e n fe ita d o s de 15$ a 3 0$000
com o augm ento de 25000 em G r a n d e so r tim e n to de f o r m a s de p a lh a d esd e 3$0 0 0
eada par.—Pedidos em valles
postaes a C m l o s ( i r a r e f a Im p o r t a ç ã o d i r e c t a d e f a n t a s i a s
120-A, AVENIDA PASSOS, 120-A E A R T IG O S PARA C H A P É O S .— O F F IC IN A S DE C O N F E C Ç Õ E S ,
C O N C E R T O S E R EFO R M A S
CASA G U IO M A R
ENVIAM -SE EN C O M M EN D A S PA R A O IN T E R IO R
A que tem um m acaco á porta
------- C O R R Ê A , C A R V A L H O & C . -
Rio de J a n e ir o 167 R U A S E T E DE S E T E M B R O P r o x im o á tra vessa F lo r a

0 maior successo em Perfumaria!


3 ZI<(Il!(jsion I T u ^ u e t » d e D p a l I e Z ^ :
ESSEN C/F D E F L O R E S , S E M F L C O O L
Uma gotta basta para perfumar deliciosa e
persistentemente qualquer objecto. Preço
do vidro, em estojo de madeira de feitio
de um pliarol, 5$000 rs. em todas as boas
casas de p e r f u m a r i a s . E x i g i r a marca
acima !
<OXÍ E SSIO X A K IO S PAISA O R R A Z IL :

= LOUIS HERMANNY & C 0 M P . =


R IO OE J A N E I R O
C A R E i A

ELEGÂNCDÃ Este foi o mez dos acontecimentos sensacionaes.


Euclydes da Cunha, o glorioso prosador dos Ser­
tões, cahio na lama de uma estrada deserta, aos tiros
de um ingrato que lhe ultrajara o lar; reunio-se, no
Theatro Lyrico, a magna Convenção dos Livres, e Emi-
lio de Menezes publicou um livro de versos.
Entre as figuras litterarias que em nosso paiz, me­
recem o respeito carinhoso dos brasileiros, apparece,
com um destaque luminoso, o grande vulto desse
grande e orgulhoso Emilio, que com a força unica do
seu genio, com a magnitude da sua arte, esmagou a
intolerância das coteries e impoz-se, solitário, a ad­
miração dos espiritos cultos.
E’ um bohemio, o nosso querido Emilio mas, atra-
vcz das suas peregrinações por essa encantada e do­
lorosa terra da Bohemia, conservou resplandescentes
o seu espirito, que todos admiram e o seu nobre co­
ração, que tão poucos conhecem.
A sua grandeza não inveja a grandeza alheia e
quando surge, para o culto do verso, um poeta novo,
o grande poeta sae, cheio de alegria orgulhosa, a
proclamar os méritos do recemvindo, a preparar a
auréola do novo eleito, em quem a sua gloria não
vê um concurrente.
Ao Emilio os louvores são supérfluos, nem nós
pretendemos fazel-os, queremos, apenas, dizer aos
nossos leitores que o nosso grande poeta publicou
as suas Poesias.

Dizem que quando Santos Dumont era creancinha


ainda de tres annos, já tinha grande vocação para a
aerostação.
A sua mania, nesta edade tão verde, era acompa­
nhar com a vista o vôo dos passaros, ou fazer com
um canudo de papel, bolhas de sabão que soltava de
uma janella da fazenda em que nasceu.
Conta-nos um seu parente que nesta epocha o
Santos Dumont era um menino muito manhoso,
muito chorão. A’s vezes deitava-se de barriga para
o ar, no pateo da fazenda, e punha a bocca no
mundo :
— Então, divina, que dizes deste meu ar de nobre — Ahn ! Ahn ! ai. . .
elegancia ? — Que é que você tem, menino? — perguntavam
— A tua elegancia oscilla entre o rastacuerism o do as mucamas.
Seabra e a galanteria do coronel Tiburcio da Annun- E o Albertinho (como naquelle tempo se chamava
ciação . o Santos Dumont) berrava mais :
— Ahn ! Eu quero virá aribú ! . . .
A generosa terra dos Farrapos celebrou, a 23 de
Agosto, o anniversario da faustissima data em que o
patriotismo de um governo liberal entrando em accordo
com a altivez dos opprimidos que se haviam rebellado Na Avenida:
contra o despotismo, abrio as bênçãos da paz sobre - Eu noto que actualmente ha muita gente do in­
a cabeça dos guerrilheiros gaúchos. terior aqui no Rio. Deve ser por causa da Exposição.
Teve uma gloriosa commemoração a faustissima A gente os reconhece porque as roupas estão amar­
data : a reunião da grande Convenção do Liberalismo
e do Civismo, onde a palavra de Pedro Moacyr, alan- rotadas pelas malas. Olha ali um, por exemplo!
do-se em vigorosos impulsos de mascula eloquência, — Qual ?
evocou a figura veneranda do Pacificador e saudando — Aquelle ali mal vestido, desengonçado! Deve
o moderno apostolo da Paz attingio a culminancias ser o Tiburcio da Annunciação...
imprevistas, d’onde jorrava em sonoras catadupas, que
echoarão na memória brasileira, como a nota mais — Pois estás enganado! Aquelle é o senador Aze­
vibrante d’essa noite memorável. redo, das recepções 1

Ninguém soííre de Syphilis nem de Rheumatismo!


Usundo <i S A L / S A , C A J{ O li A e M A NA CA ’
de E u gên io M a r q u e s de Hollanda
Experimentae um só vidro! ) —( Approvada na Europa e no Rio da Prata
AGENTES GERAES: ARAÚJO FREITAS & C. - RUA D O S O U R I V E S , I 14
MARCA REGISTRADA
EM S. P A U L O : BARUEL & C. — C U I D A D O C O M AS I M I T A Ç Õ E S
A C C U M U L A Ç C E S P ER M IT ID A S

Ainda no banquete do leader. Ainda no banquete do leader.


- A sua voz era como a vox magnarum aguaram — O cerebro do Quintino é u santuario divino
que pairava sobre a grandeza do dilúvio como a som­ onde officia a collegiada dos Llamas divinisados...
bra sonora do Espirito de Deus. O Sr. Afranio de Mello Franco, irreverentemente,
O Sr. Francisco Bressane, interrompendo o orador: começou a cantarolar ao ouvido do Sr. José Mariano :
- Sonora? Que diria elle então se ouvisse a re­ Seu padre, nesta capella
quinta do Bueno Brandão ! Quero ser seu sacristão!
O drama da Estrada Real COM A SAUDE PUBLICA
Parecerá extranho a muita gente a reclamação que
nestas linhas endereçamos ao illustre encarregado de
zelar pela saude do publico. Extranha sim, porque a
nossa queixa apezar da sua indiscutível procedência,
devia, por se tratar de jornalismo, ser antes dirigida
aos Tribunaes Civis.
Mas, como se trata de um caso de saude alterada,
por causa de um artigo, é á Saúde Publica que com­
pete tomar as devidas pfòvidencias.
Eis o caso narrado com toda simplicidade : um dos
nossos companheiros de redacção, encarregado da
leitura dos jornaes, no cumprimento de seu arduo
dever pegou em um “ Diário de Minas,, e poz-se a
lel-o. Na 2.a pagina vinha um enorme artigo enviado
do Rio e assignado Heitor Lima. O nosso companheiro
encetou a leitura do artigo, cujo titulo é “ Repercussões,,
De repente, rôxo, em ancias, cahiu para tráz: acudi­
mos, abanamos chapéos, sopramos-lhe o rosto, por­
que o nosso companheiro pedia:
— Ar 1 Ar !
Abrimos as janellas, os ventiladores entraram a
funccionar. O doente ficou bom; mas ainda muito
agitado mostrou a causa do seu ataque, que era o
seguinte trecho que iniciava o artigo “ Repercussões,,;
“ Um dos organs da imprensa carioca que fomentam
a cognominada reacção cultural, de que é centro o
heroe da ruidosa viajata do Commandatuba, contra o
brazileiro illustre cuja escolha para director dos des­
tinos da patria o pronunciamento das urnas, a l.° de
Março proximo vindouro, sanccionará por uma maio­
ria esmagadora, assignalando a demora na escolha de
um nome que a aggregação de 22 do corrente ins­
creva na bandeira a ser desfraldada dos olhos humi­
damente commovidos da nação pelos intemeratos e
desinteressados reivindicadores de nossa liberdade ci­
vil, fundamentalmente ameaçada pelo motim militar,
de surpreza estalado no edifício do Senado Federal
em Maio ultimo, acha a naturalissima, explicando-a
pelo escrupulo que deve presidir á indicação de um
candidato ao alto posto de Presidente da Republica.. .„
O nosso companheiro tinha perdido á respiração.
E’ para que evite artigos desta ordem que chama­
mos a attenção do Director da Saude Publica: não
custa nada ordenar que o Laboratorio Municipal de
Analyses faça um exame prévio nos artigos dados ao
publico 1E com isto podia se evitar tanta catastrophe !
Aspirante Dilermando de A ssis, o assassino Ao Sr. Heitor Lima pedimos que tenha mais cui­
do grande escriptor Euclydes da Cunha. dado com a vida do proximo, principalmente com os
que são dados, á dispnéa.
Não custa nada pôr um ponto de vez em quando
Dizem telegrammas do Pará que os orgãos spor- num artigo 1
tivos do senador Lemos chamam o Dr. José Marcel-
lino de tabaréo.
Lá terá para isso razões o illustre senador que, NÃO COMPREM JOIAS SEM PRIMEIRO
ainda ha tempos por aqui esteve a passear a sua = = = = = = VISITAR = = = = =
florida elegancia rasta pelas nossas ruas e Avenidas,
embasbacando até o Binoculo com o seu fino smar-
tismo. E mais ainda : trouxe comsigo dous cavalhei­
ros que jamais o abandonaram e que esses então,
oh 1 Deuses immortaes 1 como dizia o aquelle, eram
“A P É R O L A ”
podres de chic. RUA DA CA RIO CA , 46
Portanto o senador fala de cadeira sobre seme­
lhantes assumptos.
Gr. C A P R I O

Em uma mesa da Brahma:


— Li hoje num jornal que o camello passa oito dias — Vejam só, voltei á minha terra depois de quatro
sem beber agua. annos de ausência e ninguém se lembrava mais de
— Grande novidade! Eu não bebo agua ha oito mim.
annos. — Sim ? E’ porque você não havia tomado di­
E pediu outro chopp. nheiro emprestado a ninguém.
0 DRAMA DA ESTRADA REAL

/. Local em que caio o D r. Euclydes da Cunha. — II. Delegado D r. Oliveira Alcaníara,


Anua de Alm eida, creada de Dilermando e o escrivão Anor.

Casa da Estrada Real em que residiam os irmãos Dinorah e Dilermando de A ssis


e se desenrolou o drama sanguinolento.
C A R E T A

ESCRAVA Minúsculos trens movidos a vapor e por vezes a


braço humano, conduzem, atravez da cidadella es­
plendida, por entre ruas magníficas, beirando as quie­
tas aguas da Guanabara e as agitadas do oceano,
passageiros que vão da Ventura para a Alegria; ba­
lanços gyrando no ar, illuminados, dão-nos a gozar
essa famosa vertigem das alturas, que mais de uma
vez tem dado com o Sr. Seabra por terra; feras acur-
vanr-se, domadas, ao gesto fascinante da belleza;
theatros...
Sim, a Exposição tem maravilhas, mas dellas as
mais notáveis não são nem os bailados de Salomé
nem os caprichos da borboleta humana, não são, de
certo, as diversões inventadas, para o nosso deslumbra­
mento, pelo genio americano. São estas lindas flores
da belieza humana creadas na luxuosa estufa da terra
carioca.
Lindas, soberbamente lindas, arrastando a gloriosa
pompa das suas toilettes elegantes, as cariocas em­
prestam ao recinto illuminado da Exposição, a apa­
rência de uma terra encantada onde as deusas da
Grécia augusta reaparecem para experimentar, enton-
tecendo os mortaes, as modas parisienses.
— A h ! não im a gina s ! O meu m arido é um tyranno. Sou
um a verdadeira escrava.
— Coitada ! No Garnier :
— M a s também trago-o de redea curta: não o deixo por o — Sabes que o Couto escreveu um grande roman­
pé na rua ! ce historico ?
Si m? Quem é o heroe?
Já não é preciso que a imprensa, numa justa — O editor que o publicar.
consagração, proclame as maravilhas da Expo­
sição para que o bom povo carioca encha, curiosa­
mente alegre, o recinto illuminado da praia da Sau­ O lindo soneto Mors-Amor, publicado em nosso
dade, que adquirio o movimento alacre e bulhento numero anterior é de Gonçalo Jacome, e não Uon-
de uma cidadella em festas. çalves, como a revisão deixou passar.

É UM A C R EA Ç Ã O
= 3 M ED A LH A S DE OURO = = = = =

S o ttre is da p elle?
Caereis s e r form osa ?
v it s a e í \

= L UG O L I N A=
do Dr. Eduardo França
O M E L H O R R E M E D I O P A R A M O L É S T I A S DA
P E L L E , F ER ID A S , COM ICHÕES, B R O TO EJAS.
S A R D A S , P A N NOS , M A N C H A S , E T C .
Cousiigr;i<lo na Europa e nas
■ tcpublicas A r g e n t in a , I rugtiaj e < liiie.

V E N D E - S E EM T O D A S AS D R O G A R IA S ,
PH AR MACIAS E P E R F U M A R IA S
= = D E P O S IT A K Iu S : ~=

ARAÚJO F R E IT A S & C.
114, Rua dos Ourives, 114
= R E G DE JÂNEERO= Bebam a saude do grande successo que tem tido a Lugolina
C A K E T A

DEVE SER Raphael Navarro (Barbacena). O seu trabalho não


condiz com o genero de nossa revista. Demais o fi­
nal gryphado está top fo rt, pelo que lh’o devolvemos
para que delle se sirva como bem entender.
Jic k (Rio). Como verá o seu trabalho foi publica­
do. Mudamos-lhe sómente o titulo porquanto já tí­
nhamos uma secção destinada ao mesmo fim que a
sua. A assignatura da nossa é a combinação dos no­
mes dos dous pontífices do smartismo carioca no
jornalismo. Foram sómente essas as alterações.
F. Braga (Bello Horizonte), Não acha que a nos­
sa Careta Parlamentar é bastante ? Convém não
cançar o publico com o martellar constante em uma
mesma técla.
Medeiros (ParahybaJ. Seu soneto “Ella„ é tremen­
damente bello ! Tão bello que não queremos furtar
aos nossos leitores o prazer de sua leitura. Ahi vae
elle, pois:
Perseverante foste, ó bella querida
Na luta assás cruel e atroz
E se assim não fosse a vida
Seria um supplicio para nós.
O oceano em ondas se desfaz e mentida
Sorte sempre me abandona a sós.
Embora no céo eu veja nuvens denegridas
Nosso amor emfim termina após.
Temos gozado muito e satisfeito
Com a sã e doce alegria no peito
E do prazer o emblema revelado
No rosto ! Adeus Helena, este bardo
Que canta os males não é tardo
E’ um teu amante tresloucado !
Historias amigo Medeiros. Qual tresloucado nada!
O amigo está no seu perfeito j u í z o . A Helena sim é
que não possue nem um tiquinho delle, escutando
os seus cantares. Mas póde proseguir Medeiros, ami­
go que de dous ou de quatro lá chegará ao Parnaso.
— Que te parecem estas cornetas marciaes usadas
agora pelos automóveis? Cicero Grave (Porto Alegre). Seu soneto é um
primor no genero bestia. Por isso é que o publica­
— Parece-me influencia da candidatura Hermes. mos aqui mesmo:
Cumulus, scirrus, nimbus, stratus
GAVETA DE CARTAS E suas muitas combinações
Da tarde rosea nas amplidões
Propicias fazem-se aos nossos kratus.
X . A li (Recife). Envie de preferencia cousas que
estejam de accordo com o nosso programma. Porque Lentas se elevam as orações
não tenta o genero humorístico? Fluidas, ethereas cheias de tratos
Lentas sortindo dos nossos gratos.
Soriedem (Minas). Não serve o seu soneto. E’ Musculos rijos dos corações.
muito de principiante. Continue a cultivar a poesia,
mas não tenha andas de publicidade por emquanto. Tarde sombria, sombria noite
E ’ um conselho de amigos. Quem a passeio sahir se affoite
Se gazeo lume não ha na rua?
Normalistas (Rio). O pedido de VV. EEx. não
póde ser satisfeito pela Careta, porquanto as pagi­ Na rude esteira do mar infindo
nas que teriamos que accrescer ás que já damos, tor­ Quadro sublime que quadro lindo!
nariam dada a nossa grande tiragem, impossível a A lua emerge paira e fluctua.
celeridade nas encadernações. Em outra revista ex­ Seu Cicero é o caso da gente perguntar agora :
clusivamente literaria que esta empreza pretende apre­ Cujus est hic sonetus ? Ciceronis. Reuna as suas
sentar ao publico em breve, acolheremos como me­ producções em volume e dedique-o ao general Pi­
rece a idéa de VV. EEx. cujas mãosinhas beijamos nheiro Gomes que é grande apreciador.
agradecidos pelos elogiosos conceitos. Isso lhe dará sorte.
Carlos Samico (S. Paulo). Seus contos e seus X . P. T. O. (Ceará). Não seja tolo. Seus versos
versos equivalem-se. Ora como os versos não valem não eram de pés quebrados simplesmente porque
nada, tire o senhor mesmo a conclusão sobre os não tinham pés nem cabeça, e si como diz, são ahi
contos. muito apreciados, é porque com certeza os lê n’al-
D r. Verruma (Rio). O coronel Tiburcio fica-lhe guma estribaria aos seus habitadores. E fique-se com
muito agradecido. essa.
Cura Asthma, Bronchite Asthmatica, é o anti-asthmatico ideal.
O PO’ INDIANO Não produz perturbações cerebraes. Não abate, nem deixa dôr
de cabeça depois do seu uso. Numerosos attestados de médi­
Encontra-se nas boas Pharmacias e Drogarias. — Deposito Geral: Drogaria de cos e doentes provam a sua efficaria.—Vide a bulla que acom­
— Francisco Gffoni, — Rua 1“ de Março, I I (an tigo 9 ) — Rio de Janeiro— panha cada f r a s c o . - - . ----- - -
PIERRE LOTI to d ali e dizia-lhes p a la vras qu en tes de C a h ia logo sentad a outra vez. A i d’el-
am or. la ! onde estaria n’este m om ento o « L e o ­
S u c c e d ia -lh e tam bém pensar n’outras poldina» ! L o n ge, longe de certo, n ’essa
co u sas, em pequenin as co u sas in s ig n ifi­ pavorosa d istan cia da Isla n d ia , a b a n d o ­

0 PESCADOR DA ISLANDIA can tes, estranh as a elle ; d ive rtia-se por


exem plo em segu ir com os olhos a so m ­
bra da N o ssa S e n h o ra de fa ia n ça , e da
n ado, perdido, desfeito em pedaços !...
E todos os sonhos rem atavam na m e­
do n ha vizão sem pre egual : um destroço
p iasin h a de agu a b en ta, que se a lo n g a ­ v asio , em ballado pelo m ar silencioso e
Q U IN T A PARTE vam len ta m e n te, á proporção que a luz d um a côr levem ente rosea, em ballado
b a ix a v a , pela alta m adeira do seu leito . len ta m e n te, sem ru ido, com um a extrem a
E dep ois, os im petos de an gu stia v o l­ doçura irô n ica, no m eio da g ran d e p la c i­
( C o n tin u a ç ã o ) tav am m ais terriveis a in d a, e eil-a que dez das agu as m o rtas...
recom eçava a gem er sin istram en te b aten ­
V III do com o um a lo u ca , com a cabeça contra X
a parede.
N ’aqu ella altu ra era pu ríssim o o ar, o ar E tod as as horas do dia passavam um as D u as horas da m ad ru gad a. Era prin ci­
do m ar, im p regn ad o in ten sam en te pelos palm ente durante a noite que ella se co n ­
após o u tras, e tod as as horas da n oite, e
deliciosos arom as de setem bro, onde m al se rvav a atte n ta ao som de todos os p a s­
tod as as horas da m a n h ã ...
se sentia o leve cheiro salin o da lim ugem sos que se a p ro x im a vam , ao m inim o ru ­
Q u a n d o G a u d se punha a co n tar desde m or, ao m inim o som desu sad o ; v ib ra­
m arin h a.
q u an to tem po elle d evia ter v in d o , to ­ vam -lh e as fon tes, a tensão extrem a em
A o lon ge d esen h a va m -se, sobrepostos,
m av a-a toda um pavo r a in d a m aior ; não que se m an tin h a sem pre á espreita de t u ­
uns recortes accid en tad o s da co s ta ; a te r­
qu eria por isso conhecer j á nem as datas, do que se p assava lá fora p ro du zia-lh e
ra da B retan h a rem atav a em pontas den-
nem os nom es dos d ias. vio len tas com m oções cerebraes.
ticu lad as que se allo n gav am sobre o
abysm o h iante do m ar. H a o rdinariam en te ind icações seguras D u a s horas da m ad ru gad a. N ’aquella
N o prim eiro p lan o os rochedos e n tra ­ para os n a u fia g io s da Isla n d ia ; ou os n oite, assim com o nas ou tras, de m ãos
vam em desordem pelas ond as dentro ; que voltam viram de longe o dram a, ou postas e olhos abertos na escu rid ão, G au d
m ais além n ad a alterav a o tran q u illo es­ encontram um destroço, um cad a ver, um escu tava o vento a can tar pela charn eca
pelho das agu as : do fundo das calm as ind icio q u alq u er pelo qu al podem a d iv i­ asperrim a o seu h ym n o co ntin uado e
en se ad as, e rg u ia -se ap enas um sussurro n har tu do. triste.
carin h oso, ligeiro e co m tu do im m enso, M a s lá a respeijo do «Leop old in a» n in ­ P asso s de hom em , passos apressados
im m en so ... gu ém vira, n in gu ém sab ia n ad a. O s do no cam in ho ! Q u e m é que poderia passar
E era um a lo n g ín q u a exten são tão «M aria Jo a n n a » , os ú ltim os que a tin h am áqu ella hora ?
calm a ! um a pro fu n d eza tão doce e tão av istad o a 2 de a g o sto , diziam que o n a ­ L e v a n to u -s e , so b resaltad a até ao mais
v a g a !... v io fora pescar m ais para o norte, e d e ­ fundo do seu ser, com o coração inim o-
A g ran d e voragem azu l, o tu m u lo dos pois d ’esta in d ica ção o m ysterio era im ­ bilisado n ’aqu ella com m oção suprem a.
G a o s , g u a rd a v a o seu im p en etrável m ys- p enetrável. Pararam em frente da porta ; subiram
terio, em qu an to que as brisas ligeiras E sp era r, esperar sem pre, sem saber os pequenos degráos de p e d ra ... E lle !...
com o h álito s in fa n tis , diffu n d iam pelo n ad a ! Q u a n d o é que ch egaria o m o m en ­ oh ! alegrias celestiaes, elle !... B ateram á
espaço o cheiro das g iestas am arellas que to d a u ltim a esperan ça se e sv a ir, d ’entro porta, não era possível que fosse outra
tin h am reflorido aos derradeiros sóes do d ’ella ? pessoa : L e v an to u -se descalça ella tão,
outon o. fraca h av ia tan to s d ias ; saltára
A certas horas regulares o m ar lig eira m e n te com o um a g a tin h a ,
b a ix a v a , e alarga vam se gran d es e v in h a j á de braços abertos e s­
nodoas som brias por toda a parte, ten d id o s, para cin g ir o bem
com o se len tam en te a M an ch a se a m ad o . O «L eop oldin a» ch egára
fose d es p e ja n d o ; depois outra d e c e rto á noite, e tin h a fundeado
vez com a m esm a len tid ão , s u ­ em frente de P o rs E v e n ,— o seu
biam de novo as a g u a s c o n ti­ Y a n n correra logo para e lla ...
n u an do etern am en te o seu e s ­ A rra n ja v a tudo isto na m en te,
tran h o v a e -v e m , sem se im p o r­ com a rapidez do relam p a go . E
tarem para n ad a, com os d e sg ra ­ eil-a a d esp ed açar as m ãos c o n ­
çad os a qu e tin h a dado a m orte. tra os pregos da porta, d esesp e­
G a u d se n tad a nos degráos da rada de não poder correr logo o
cruz lá se ficava, no m eio da im - duro ferrolho.
m ensa placidez das cousas in d i-
fferentes, o lh an d o ao lo n g e ,o lh a n ­ A h ! ... um grito su rd o, e re-
do perpetu am en te, até que a cu ára len tam en te, en co lh id a to ­
noite descesse e ella j á não po- d a, com a cabeça pendida sobre
desse olh ar nem v e r ... o peito.
O seu sonho de doida ap a-
IX gára-se tão rap id am en te com o
Se te m b ro aca b ára. G a u d j á nem co m ia, N ão sa b ia , m as ch egára ao ponto em v iera . E ra ap en as o v isin h o F a n t e c ...
nem do rm ia. A g o ra e sta v a sem pre em que d e se ja v a q u asi que esse in stan te v i­ A in d a bem ella não percebera que era
ca sa , a g a ch ad a a um can to , as m ãos nos esse em fim ! sim plesm ente o v isin h o , que nem um so ­
jo e lh o s, a cabeça en co stad a de encontro O h ! se elle m orrera, que tivessem ao pro do seu Y a n n p assára no ar que ella
ao m uro de pedra. m en os a carid ad e de lh ’o dizerem !... b eb ia, e logo se sentia su b v ertid a de n o ­
P ara qu e se h a v ia ella de se d eitar ou O h ! vel-o , tal com o fosse n’aquelle vo no seu ab y sm o enorm e, afu n d a d a in ­
de se lev a n tar ? in s ta n te ,— elle ou o que restasse d’elle ! teiram en te no seu desespero atroz.
A tira v a -s e para cim a da cam a sem se S e ao m enos a V irg e m , a quem tan to t i­ O pobre F a n te c , no e m tan to , d a v a as
despir q u an d o o can saço extrem o a e x te ­ nha rezado, ou outra potên cia com o ella, su as desculpas : a m u lh er, com o era s a ­
n u av a . q u izesse fa ze r-lh e a graça d um a especie b id o , e sta v a m u ito m al, agora então era
Em qu an to po dia, d e ix a v a -s e ali ficar, de dupla v is ta , e m ostrar-lh ’o, o seu o pequenino que e sta v a com suffocaçoes
se n ta d a , tra n sid a , h irta ; os dentes tre ­ Y a n n —viv o e m an obrand o na v o lta ,— ou de m orrer, com um principio de garro ti-
m ia m -lh e de frio, n’aqu ella im m o bilidade então o corpo m orto rolado pelas b ravas llio ; tin h a vin d o pedir a u x ilio , em quanto
etern a, e sen tia sem pre a m esm a im p re s­ on d as do m ar, e fixad o pelos seus olhos elle ia a correr b u scar o m edico a P a im -
são d u m circu lo de ferro a ç in g ir-lh e as ain d a um a vez ! M as que ella podesse p o l...
fo n tes. A s faces iam -se escav an d o , a saber ao certo ! ... que ella podesse co n h e­ Q u e é que tudo aqu illo tin h a com ella ?
bocca m uito secca tin h a o go sto p a rti­ cer a v erd ad e !... Q u e lhe im p o rtavam os m ales da outra
cu lar que d á a febre, e em certas occa- A lg u m a s vezes, a cu d ia -lh e de repente gen te ? S e lv a g e m á força de ago n ia , n ada
siões so ltav a gem id o s roucos, c o n v u ls i­ a lem bran ça d u m a vela su rgin d o do fu n ­ tin h a que dar ás a lh eias penas !... A tirá -
vos com o so lu ços, que se repetiam m uitas do do h orizo n te ; o «Leop old in a» a p ro x i­ ra co m sigo , quasi sem accordo, para cim a
vezes, m u itas v ezes, em qu an to a cabeça m an do-se d ’e lla, ch egan d o as costas da d’um b an co , e ficara-se em frente d ’elle,
delia b atia contra o g ra n ito do m uro. B retan h a ! E n tã o fazia um gesto irrefle- de olhos fixos com o um cad ave r, sem lhe
O u tra s vezes ch a m a v a -o pelo seu n o ­ ctid o para se lev a n tar, g ara correr á responder, sem o o u v ir, sem ao m enos
m e, b a ix in h o , com o se elle estivesse per­ p ra ia , para v er se era v e rd a d e ... o lh ar para elle ! Q u e tin h a ella com as
CARETA

c o u s a s q u e e s s e h o m e m v i n h a c o n ta r - p u n h a e f a zia o s a r r a n j o s d e c a s a , o l h a n ­ Do fa to o q u e d e p r e f e r e n c i a e sc o lh e r a
lh e ! do de vez em q u a n d o p a ra o r e tra to do p a r a t e r s e m p r e a o p é d e si e r a u m a c a ­
O infeliz v i s i n h o c o m p r e h e n d e u e n t ã o Seu S i l v e s t r e p e n d u r a d o n o g r a n i t o do m is o la d e lã azul, q u e g u a r d a v a e m si a
t u d o , a d i v i n h o u p o r q u e a p o r t a lh e fora m uro, ju n to ás ancoras de m arinheiro e f ó r m a d o c o r p o d ’elle, q u e d e s e n h a v a os
a s s i m v i o l e n t a m e n t e a b e r t a , e t e v e im - á c o r o a f u n e r e a d e c o n t a s p r e ta s . co n to rn o s d a s e sp a d u as e do dorso de
m e n s o d ó d o m a l q u e v i e r a ali fazer. B a l ­ A h ! d e s d e q u e o officio do m a r lh e t i ­ Y a n n n . A c a b á r a f i n a l m e n t e p o r tel a
b u c io u u m p e d i d o d e p e r d ã o . E ’ be m n h a r o u b a d o o n e to , j á n i n g u é m l h e p o ­ m u i t o b e m g u a r d a d a n ’u m a p r a t e l e i r a do
certo q u e a n ã o dev ia ter in co m m o d ad o , dia m e tte r n a cabeça q u e os m a rin h e i­ a r m a r i o , o n d e n ã o c o n s e n t i a q u e s e pu-
no seu caso ! ros v o l ta s s e m ; n e m r e z a v a a N o s s a S e ­ z e s s e m a i s n a d a , p a r a q u e n i n q u e m lhe
— No m e u caso, e p o r q u e n o m e u c a ­ nhora com devoção, se n ã o por m edo, e t o c a s s e , e o q u e r i d o feitio s e n ã o p e r ­
so, F a n t e c ? s ó m e n t e c o m o s lá b io s , p o r q u e n ã o lhe desse.
T in h a re assu m id o b ru sc a m e n te o c o s­ p e r d o a r a t o d o o m a l q u e E lla lh e fizera. A s n é v o a s frias e v o l a v a m - s e á v i s t a d a
t u m a d o a n i m o , p o is q u e n ã o q u e r i a q u e i\las G a u d e s c u t a v a a v i d a m e n t e as t e r r a e ella p u n h a - s e a c o n t e m p l a r d a j a -
os outro s a ju lg a ssem in te iram en te d e s ­ p a lav ras co n soladoras ; os seus g ra n d es n e lla a c h a r n e c a m e l a n c ó lic a , o n d e p e ­
e s p e r a d a . E a lé m d e t u d o , t i n h a j á a lg u m o lh o s p i s a d o s o l h a v a m c om p r o f u n d a q u e n in o s p e n n ac h o s de fum o sab id o d as
d ó d ’elle. t e r n u r a e s s e v e lh o q u e t a n t o se p a r e c ia c h o u p a n a s a lh e i a s c o m e ç a v a m a a g i t a r -
V estiu-se p a ra o a co m p an h a r, e teve a com o s e u a m o r ; s ó d e o t e r ali j u n t o de se e a s u b i r n o e sp a ç o . O s h o m e n s t i n h a m
suffic ie nte fo rç a p a r a lh e ir t r a t a r d o fi- si, s e n t i a u m a e s p e c i e d e p r o t e c ç ã o , e v o l t a d o a t o d o s e s s e s lares, a v e s v i a j a n ­
l h in h o . m a i s t r a n q u i l l i d a d e , c o m o s e o u v i l- o a t e s q u e o frio t r a z d e n o v o á p a t r i a . E, á
Q u a n d o á s q u a t r o h o r a s v o l to u p a r a se a p p ro x im asse um pouco do seu Y ann, l a r e ir a d e t o d a s e s s a s c a s i n h a s , e r a m d o ­
d eitar sobre a cam a, adorm eceu um in s ­ A s l a g r i m a s d e lia c a h i a m sile n c io sa s, c es o s sei ões invei n a e s , p o r q u e a festa
tante. porque e stav a e x te n u ad a , m as d u l c if ic a d a s p e la v a g a e s p e r a n ç a q u e o do a m o r com eça em cad a inverno n a r e ­
a q u e l l e m i n u t o d e a le g r ia e n o r m e t i n h a - v e lh o m a r i n h e i r o lh e t r o u x e r a , e os s e u s g i ã o i n t e i r a q u e p o v o a m I s l a n d e z e s .. .
lh e feito u m a i m p r e s s ã o in o lv id a v el. lá b io s m u r m u r a v a m a r d e n t e m e n t e u m a A g a rra d a ten a zm e n te , ferozm ente, a
A c o r d o u c om u m s o b r e s a l t o g r a n d e , l e ­ oração á S e n h o ra E strella do M ar ! id é a d e s s a s i lh a s l o n g í n q u a s o n d e e ra
v a n t a n d o - s e 11a c a m a , a o l e m b r a r - s e d o T eria h av id o a bordo a v arias q u e o p o s s ív e l t e r a r r i b a d o , G a u d p u z e r a - s e de
q u e q u e r q u e fosse... o b r i g a s s e m a a r r i b a r á s t a e s ilh a s ? n o v o á e s p e r a d o s e u Y a n n .. .
A lgum a co u sa h o u v e ra d e novo a re s­ R e a l m e n t e , h a v i a n e s t a s u p p o s iç ã o lai­
p e ito d o se u Y a n n . vo s d e p o s s i b i l i d a d e . L e v a n t o u - s e pois,
No m e io d a c o n f u s ã o d e id é a s q u e v o l­ a liso u o s c a b e llo s , v e s t i u - s e c o m o s e o XI
tav a m , poz-se av id a m en te a ver
o qu e seria,— ah ! na d a, desgra- M a s elle é q u e n ã o v o lto u m a is.
ç a d a m e n te n a d a , — era ap en a s U m a n o i t e d e a g o s t o lá m u it o
F an tec , q u e tin h a vindo cha- lo n g e, n o l a r g o m a r d a s o m b r i a
m a l - a , e s e g u n d a vez c a h i u m ais I s l a n d i a , n o m eio d e u m m e d o ­
d e s a m p a r a d a n o f u n d o d o se u n h o f r a g o r d e p r o c e lla , t i n h a m
e t e r n o a b v s m o . N ão, n a r e a l i d a ­ si d o c e l e b r a d a s a s s u a s n ú p c ia s
d e n e n h u m a m u d a n ç a t i n h a t id o com as o n d a s do m ar.
logar na su a espectação som bria C o m a s o n d a s d ’e s s e m a r q u e
e d e s e s p e r a d a . M a s tel-o i m a g i ­ o t i n h a a c a l e n t a d o a o s s e io s t u -
n a d o ali t ã o p e r t o e r a c o m o se m id o s , q u e lh e t i n h a d a d o o
alg u m a cousa q u e h o u v esse e m a ­ a l i m e n t o v i v if i c a n t e , a q u e elle
n a d o cTelle t iv e s s e v in d o visita l-a , d e v i a a s u a a d o le s c ê n c i a t ã o r o ­
e ra o q u e 11a t e r r a b r e t ã se c h a ­ b u s t a e t ã o bella, e q u e m a i s
m a um p r e s a g i o ; e escu tav a tard e, ao c o n te m p la r-lh e a viri­
m a i s a t t e n t a m e n t e o s p a s s o s , os l id a d e r o b u s t a , o c u b i ç á r a só
s o n s e x te r io r e s , p r e s e n t i n d o q u e p a r a si, e o s u b m e r g i r a n a s s u a s
a l g u é m c h e g a r i a t a l v e z q u e lhe v o r a g e n s . M y s te r i o p r o f u n d o e n ­
v ie s se f a lla r d ’elle... v o lv era as m o n stru o sa s n ú p c ia s !
C o m efleito, q u a n d o o dia a c l a ­ P o r s o b r e elles t i n h a m - s e d e s ­
rou o p a e d e Y a n n a p p a r e c e u . d o b r a d o e n o r m e s vé o s e s c u ro s ,
T ir o u o b a r r e t e , a f a g o u os bellos c o r tin a d o s m ovediços e agitados,
c a b e llo s b r a n c o s , t ã o a n n e l l a d o s q u e s e h a v i a m e n c a r r e g a d o si­
c o m o o s d o filho, e s e n t o u - s e á c a b e c e i r a estiv esse e s p e ra n d o . N ão dev ia d e se sp e ­ n is tra m e n te de occultar n a s su a s d o b ra s
d o leito d e G a u d . rar, visto q u e o p roprio p a e d e Y an n ti­ a fu nerea festa. E a noiva, q u e era o
T inha o coração ta m b é m m uito a n g u s ­ n h a a i n d a e s p e r a n ç a !... E d u r a n t e a l g u n s m a r , s o l t á r a a v o z p a v o r o s a , l a n ç á r a ao
t ia d o , p o r q u e o s e u Y a n n , o s e u f o r m o s o dias durou a in d a a su a espectação an- v e n to o seu c a n to de horrivel triu m -
Y a n n e r a o s e u p r i m o g ê n i t o , o s e u v a li ­ c iosa. p h o p a r a a f o g a r n ’elle a voz d o h o m e m
do, a s u a g l o r ia . M a s n ã o p e r d e r a a e s p e ­ C h e g av a o m e a d o do ou to n o , d esciam q u e s u b m e r g i a n o seio.
rança, em v e rd ad e não p e rd era ain d a a j á m u i t o a s n o i te s l u g u b r e s , e a e s c u r i d ã o O h ! elle, p e n s a n d o e m G a u d , a m u l h e r
e s p e r a n ç a d e t o d o . P o z se a t r a n q u i l l i s a r e n v o lv i a p e s a d a m e n t e a v e lh a c a b a n a d a su a carne, d e fe n d e ra -s e em lutas de
G a u d c om u m m o d o m u i t o d o c e ; e m p r i ­ s o m b r i a , e o v e lh o e s o m b r i o p a iz g i g a n t e s , c o n t r a s m o n s t r o q u e o q u e r ia
m e i r o lo g a r , os ú l ti m o s q u e c h e g a r a m d a b r e tã o .. . e cu b iça v a desde tanto.
I s l a n d i a f a ll a v a m t o d o s d e n é v o a s m u i t o O s m esm os dias tin h a m o aspecto
d u m lo n g o c r e p ú s c u l o ; a c a s t e l l a m e n t o s A t é a o i n s t a n t e e m q u e , v e n c i d o em
d e n sa s, q u e p o d iam m u ito ter re ta rd a d o
d e n u v e n s qu e p a ssa v am Ie n ta m e n te no fim, s e a b a n d o n o u e x a n g u e , d e b r a ç o s
o n a v i o ; e d e p o is t i n h a - l h e t a m b é m
céo d a v a m ao p l e n o d ia e s c u r i d õ e s , s o m ­ a b erto s, com um grito rouco e profu n d o
a c u d i d o u m a i d é a ; q u e m s a b e se t e r i a m
b r a s n o c t u r n a s . . . o v e n t o s i b i l a v a se m com o o e ste rto r tau rin o , a bocca cheia de
a r r i b a d o ás ilha F e r o ê , q u e s ã o ilh a s
cessar, fazendo um so m re m o to d e g r a n ­ a g u a , o c o r p o h i r to , r e t e s o , g e la d o p a r a
m u i t o a f a s t a d a s q u e ficam n o c a m i n h o , e
d e o r g ã o d e e g r e ja , t o c a n d o s y m p h o n i a s sem pre.
d ’o n d e a s c a r t a s l e v a m m u i t o t e m p o a
chegar. s i n i s t r a s ou d o l o r i d a s : o u t r a s v e ze s, c o ­ E n a f e s t a d ’a q u e l l e c a s a m e n t o lá e s t a ­
O m e s m o l h e h a v i a s u c c e d i d o , ia j á m o que apro x im an d o -se, de súbito, u iv a ­ v a m t o d o s os q u e Y a n n c o n v i d á r a u m
para q u a re n ta a n nos, e a sua pobre m ãe, v a I u g u b r e m e n t e c o m o u i v a m as f e ra s dia.
q u e D e u s h a ja , a t é m a n d o u d i z e r m is s a s bravas. T o d o s—á excepção de S ylvestre : que
p o r a l m a d ’elle... U m b a r c o t ã o b o m c o ­ G a u d ia e m p a l l i d e c e n d o , e d o b r a n d o o e s s e ficára a d o r m i r e m m á g i c o s j a r d i n s
mo o «L eopoldina»,quasi novo, com um a c o r p o m a g r o , c o m o s e a v e lh ic e r o ç a s s e q u e ficam lo n g e , m u i t o lo n g e, d o o u t r o l a ­
t r i p u l a ç ã o d ’a q u e l l a s . .. j á p o r ella a s u a a z a d e m o r c e g o . d o d a T e r r a ...
A ve l h a M o a n a n d a v a á r o d a d ’elles A ’s v e z e s v i a m - n a p e g a r e m t o d o o
a b a n a n d o a cabeça. fa cto d o s e u Y a n n , a t é n o s e u rico fato
de noivado, e d o b ra l-o e d e sdobral-o co­ F IM
A a g o n i a d a n e t a t i n h a - l h e p o r a ssim
dizer re stitu id o o ju iz o e a s foiças ; c o m ­ m o um a m aniaca.
P r e ç’ o s d o s c a b e llo s da c a s a ___________________
A NOIVA (Entre 28>Assemblea
l,ua 1»se 7 05 ives- 28
de S etem bro)

chichis 3 bouclé tte s. 8$000 No. 5 chichis 7 b o u c l é t t e s . .. . 15S000 Nos. 15, 16 e 17, f r e n t e s . .. .. 20$ e 25SOOO
10S000 No. 6 14 ............... . 20$000 No. 18, t r a n s f o r m a ç ã o . .. .. 30$ a 50$ 000
„ 5 108000 No. 7 10 ............... . 15S000 Nos. 1 e 2, t r a n ç a s ............ 20$000
» 6 » ■ 12S000 Nos. 50-51 „ 0 ............... . 15$000 C r e p o n s ................................ 5$, 10$ e 15$000

AGUA FIGARO, a melhor agua para tingir os cabellos. — Caixa 10$000

B R OMI L I ! BROMI LM
^\ais seis notáveis médicos attestam o seu grande poder curativo
Dr. Augusto Lins e Silva, medico da Santa Casa de Dr. Francisco Clementino Carneiro da Cunha, medico
Misericórdia e junto á Commissão Fiscal e Admi­ do Hospital Pedro II, etc.
nistrativa das Obras do Porto de Pernambuco. Attesto em fé de meu gráo que tenho empregado
Attesto que o preparado denominado l i r o m i l é em minha clinica o preparado H r o m i l com resul­
um medicamento capaz de se poder aconselhar, como tados satisfactorios em casos de bronchite e coque­
o tenho feito, nos casos de bronchites, por mais re­ luche.
beldes que estas sejam.
Recife, 17 de Junho de 1909. — D r. Francisco Cle­
Recife, 17 de Julho de 1909.— Dr. Lins e Silva. mentino Carneiro da Cunha.

Bahia, 21 de Julho de 1909.


Attesto ter empregado o l i r o m i l dos Srs. Daudt Dr. Alfredo de Medeiros, medico da Liga Contra a
& Freitas e ter obtido os melhores resultados nas Tuberculose e chefe da Polyclinica do Hospital
affecções do apparelho broncho-pulmonar.—D r. Med. Pedro II.
Raul Schimidt. Attesto ter empregado em differentes casos de bron­
chite e asthma o preparado l i r o m i l obtendo em
Dr. Francisco da Costa Ribeiro, pela Faculdade de todos elles bom resultado.
Medicina e Pharmacia do Rio de Janeiro, chefe Recife, 17 de Julho de 1909. — Dr. Alfredo de
do serviço de Desinfecção do Estado de Per­ M edeiros.
nambuco.
Attesto ter feito uso e aconselhar o emprego do Attesto que tenho empregado na minha clinica o
H r o m i l na coqueluche e asthma, obtendo sempre preparado denominado T l r o m i l nas bronchites agu­
bons resultados. das chronicas, obtendo resultados satisfactorios.
Recife, 17 de Julho de 1909.— D r. Costa Ribeiro. Recife, 17 de Julho de 1909. — Dr. Vicente Gomes.

Laboratorio: DAUDT & LAGUNILLA — Rua do Riachuelo n. 4 3 0


= R I O D E J A N E I R O —
Depositários. D R O G A R I A P A C H E C O . - ARAÚJO F R E I T A S & C. - G R A N A D O & C.
FREIRE GUIMARÃES & C.-SILVA G O M E S & C.
O F IL H O T E
CARETA

----------------

Semanario Illustrado

Sob a direccão y

de D
. X I Q U O T E

* ---------------- ^

BREVEMENTE

ás Quintas-Feiras
MODELO LUIZ XV
Casa especial de colletes para senhoras
Premiada em diversas Exposições e dirigida por Mme. Ciaire
especialista das mais habilitadas.
Grande sortimento de colletes de ~-
1----- todos os modelos e qualidades.

S O B M E D I D A

3 ULTIM AS C R E A Ç G E S D E PARIS
Verdadeiro triumpho na arte, reunindo victoriosamente as
mais admiráveis condições de hygiene, commodidade, esthetica.
Asseguram e mantem sem compressão alguma o mais per­
feito equilíbrio do busto imprimindo ao corpo uma graciosa
harmonia de linhas e suprema elegancia de form as.
Elogiosamente appreciados e recommendados pelas notabi­
lidades em medicina e Críticos da moda.
Impoem-se de modo inexcedivel a todas as senhoras cui­
dadosas de sua elegancia e de sua saude.
Preços sem competência em igual qualidade e feitio

177, RUA DO OUVIDOR mEP' S x

Queda dos Cabellos, Barba, Sobrancelhas, Pellada, Calvície precoce, Caspa, etc.
N O V A S C U R A S — N O V O S A TTESTAD O S

Illmo. A m igo Sr. Pharmaceutico Francisco G iffoni.


Tendo usado a loção tônica denominada P I L O G E N I O , de seu
invento e preparo, cabe-me inform ar-lhe do meu contentamento
pelos bons resultados colhidos logo nos primeiros dias de sua appli-
cação, quer com relação á dim inuição da queda de meus cabellos,
como do desapparecimento por completo da damninha e rebelde
caspa — o que tudo confirma-me o juizo publico e corrente sobre
as suas bellas e incontestáveis vantagens tônicas e regeneradora dos
cabellos, como de adiniravel antiséptico contra a caspa e quaesquer
outras affecções parasitarias; juizo esse, que subscrevo com prazer.
Rio, 2 3 - 8 - 9 0 9 .
A. M a t t o s C o s t a
(da «Tribuna» do Rio)

O “ P I U O G G N I O ” vende=se no deposito geral:

Drogaria de Francisco Giffoni & C.


47, RUA PRIMEIRO DE MARÇO, 17 (ANTIGO N. 0) Pilogenisando a c abeça de papai !

e nas boas pharmacias e drogarias e perfumarias e nos Estados encontra-se desde já nas seguintes cidades :
Pernam buco, Ita/iia, V ic t o r ia , B e l l o - H o r i z o n t e , C u r i t y b a , P e l o t a s ,
II io G r a n d e , P o r to A l c y r e , C o r u m b á e G o y a z
AGUA OXYGENADA DE C U S T E R
P E R O X Y D O DE H Y D R O G E N E O DE C U S T E R 0 MAIS PODEROSO ANTISÉPTICO
Infallivel contra erupções e outras moléstias da pelle, refresca e amacia a cutis e mantem a mais es-
tricta hygiene do corpo, usada nos banhos externos e lavagens internas e na toilette.
Para a hygiene da bocca e a conservação dos dentes não tem rival.
As moléstias da garganta são efficazmente combatidas com os gargarejos deste producto.
O uso deste preparado como loção torna louros os cabellos.
Cada vidro traz as indicações para os diversos usos e applicações. Vende-se nas pharmacias e perfu­
marias aos preços seguintes; 150 grs., 1$500; 250 grs., 2$500; 500 grs. 4$000.
A melhor agua oxygenada é a preparada nos laboratorios da
C u ster C h e m ica l C o m p a n y , de N e w York
e a de maior uso em todos os hospitaes e casas de saude.
D e p o s i t á r i o s : D E L A l i A L Z E & Co. 8 0 — R VA. D E S. DE D D O — 8 O
R e p r e s e n t a n t e •• -4. I I l i O .V .I

C A L Ç A D O DADO NÃO COMPREM JOIAS SEM PRIMEIRO


CALÇADO CO N D O R = VISITAR .
P a u l i s t a e d a s P ricip a e s
F a b r ic a s desta C a p ita l

S a p a to s preto s, p a r a
“A P É R O L A ”
se n h o ras , a 45000 e 4$500
Ditos am arellos, pa ra
RUA DA C A R IO C A , 46
se n h o ra s , a 5S000 e 6$000
Ditos de lona, todas as G. C A P R I O
cores, p a r a h om em e
se n h o ra s , a 3$, 3S500,
4$, 45500 e .................. 5$000
B otinasde b e ze rro ,fo r­
tes, pa ra hom ens, a
4S50U e .......................... 5S000 GRANDE LIQ U ID A Ç Ã O DA
Ditas de peliica italia
na, p a ra hom em , a
75500 e ........................ 85000
Ditas de peliica am a -
Alfaiataria Santos Dumont
rella, p a r a hom em , a Sendo esta a prim eira liquidação que faz esta alfaia taria e ten­
7$, 8S e........................ 9S000 do já dez an n o s de existência, quer dizer com isto que é um a ver­
dadeira liquidação que va m o s fazer; p a ra mais facilitar, e pa ra que
Borzeguins de bezerro, pa ra os Srs. freguezes acreditem que é um a legitima liquidação, m e n ­
collegio—artigo a m e ric a n o — c io n a m o s alguns preços, afim de que o freguez que c o n h eç a estes
de impermeabilidade a bsoluta artigos se scientifique do que e sc re v e m o s ; e os Srs. freguezes, que
e d u r a ç ã o infinita, a 5S500 e não c o n h eç am o artigo, queiram sóm ente , quando de sejarem c o m ­
6S000. p ra r qualquer r o u p a , ir especular n o u tr a casa, afim de que, quando
Calçado p a r a c rea n ça s, de c h egarem em n o s s a casa, com prem sem receio e crentes de que
1S500, p a ra cima. esta c asa é a mais b a rateira da actualidade.

Envia-se p a r a o interior,
com o a u g m e n to de 25000 em Um terno de sarja, preta ou azul, lã p u r a ................ 36S000
par. Um c o stu m e de diagonal p r e t o ..................................... 18S000
Uma calça de brim de l in h o ........................................... 6SOOO
Pedidos em valles posta es a Um p a le tot de alpaca preta, f o r r a d o ............................ 13S500
Um terno de c asem ira japoneza, no rigor da m oda 28$000
Carlos Graéff Um distincto sobre tudo de melton, forrado á fran-
c ez a ................................................................................... 40$000
120-A, AVENIDA PASSOS, 120-A As roupas sob medida soffrem grande a b atim e n to .
Enviam e n co m m en d a s e a m o s tr a s pa ra o interior.
CASA G U IO M A R
A que tem um m ac ac o á p orta 192, RUA 7 DE S E T E M B R O (antigo 144)
Rio de J a n e ir o C a sin iiro F ilh o <£• A lm eid a

0 maior successo em Perfumaria!


^n«Ill(j5Íon M u g u e t» de D p a l l e n ^
ESSENC/E1 D E F L O R E S , S E M flLC O O L
Um a gotta basta para perfumar deliciosa e
persistentemente qualquer objecto. Preço
do vidro, em estojo de madeira de feitio
de um pliarol, 5$000 rs. em todas as boas
casas de p e r f u m a r i a s . E x i g i r a marca
acima !
( O W E S S IO X A IIIO S P A R A O K R A Z IL :

- - - - - - - LOUIS HERMANNY S CDM P.- - - - - - - -


R E D A C Ç Ã O E O F F I O N A S s RUA DA A S SE M B L É A , 70 — RIO DE J A N E I R O
ASSIONATURAS . NUMERO AVULSO
ANNO ..................... i 5 $ooo I S E M E S T R E ............... 8$ooo Ijl C A PITA L . . . . 3 oo Rs. | E S T A D O S ............... 400 Rs

E D IÇ Ã O DE "KÓSMOS"

N . 66 ] RIO D E JAÍM EIR O — S a b b a d o — — S e t e m b r o — 190? | A M U O II

realidadli

1 ==i

B jk J

T .- r ^ ^ iTtinT', mmili

C U P ID O . - IM P R U D E N T E ! . . . M A IS B A I X I N H O . . . S E N Ã O
OS VELH O S ACORDAM .
CARETA

CARETA PARLAMENTAR Umbratil, se desenha no horisonte rubescente o


urdume toroso que se desfaz em textilhas supposi-
tivas ! (sensação prolongada)
O SR. JESUINO C A R D O SO —Quem me dera a O sodalicio hermetico semiusto escuta o rauciso-
mim, Sr. presidente, possuir agora a demosthenica no trombetear das hostes rausoras que vem á refer-
eloquência de Cicero ou de Mirabeau, ou não sahin- ta e não propugnam á protervia mazorra da logogor-
do de entre nós ser possuidor do rumoroso orgão reia insueta de induridos galrões!
vocal do nosso preclaro mestre e guia Dr. J. J. Sea- O Sr. Pedro Lago—E elle é conego! Imaginem
bra, cujas palavras catadupeam vigorosas, entrecho- se não fosse!
cando as penhas tenebrosas que dominam os vórti­ O SR. JESUIN O CARD OSO Ouve-se a garabu-
ces sombrios das famelicas e lutulentas catimploras Ihada fideista e fiduciosa, o epinicio que esbarronda
da política nacional! (vivos signaes de approvação). as torres de Jerichó defluindo do contubernio de par­
O Sr, Luiz Murat—Diz V. Ex. muito bem, é a tidos vários, cabildas ambulantes mas bellipotentes
verdade pura. (apoiados) que vem ao bôdo presidencial! (sensação extraordi­
O SR. JESUIN O C A R D O S O —Que não possua eu nária)
as faculdades cerebrinas desses meus citados prede- Avençados cavam o exicio inchoativo dos chefes,
cessores tribunicios, para deltas mão lançar na hora iterando leticiosos as maroiças minazes contra a
presente em que a tremuhna harmônica dos consor- própria Republica ! (assombro)
cios periclitantes se esboça na fimbria rosicruceana E as fileiras nossas paracmasticam ! Se não nos
do horisonte político ! inspira o divino Paraclito ; se nos não empresta a
Ah ! senhor presidente ! Meus collegas da repre­ sua perspicuidade; eu então direi ao terminar, Sr.
sentação nacional 1 E ’ dolorosa para a nossa alma presidente, que a pravidade é completa, a procacida-
cândida de patriotas a certeza nemorosa de que no de remaesce! Ai de nós, ai dos troglodytas da Re­
pa /. inteiro, rubefactas e ultrizes alçam o collo as publica !
serpes obductas e nefarias da politicagem nocente ! No vórtice clivoso das deuteróses, engaravitados,
(ufoiadcs da bancada mineira) engeridos, engrunhidos, entanguidos, engelhados pelo
frio da morte, cahiremos bradando estuantes como
O Sr. Astolpho Dutra—Felizmente aqui estamos Napoleão dansando nú em pello diante das phalan-
nós para as esmagar. ges de Solferino : Ave Cesar morituri te salutant!
O SR. JESUIN O C A R D O S O —Eu confesso, Sr,
presidente, que vejo onusto e prenhe de malefícios F errolho
o céo resipiscente e lufas moinantes cahiram mur-
mulhosas sobre as mesnadas republicanas!(sensação) O Rev°. Carlos de Laet iniciará na próxima quin­
O Sr. Chico Bressane— Porem as manadas não zena a sua série annual de pregações no deserto
têm medo, felízmente. (apoiados da bancada mineira) sobre "os desastres da Republica do Paraguay,,.
O SR. JESUIN O C A R D O S O —A falacia exegetica Para o acto fúnebre recebemos delicado convite.
dos laracheiros da nossa infrangivel carta constitu­
cional itera ataques infestos sobre a nossa gente ; a
maunça opposicionista investe em molição onusta SUPPLANTANDO TODAS AS NAVALHAS!
cheia de obrepções nefarias !
O Sr. Bernardo Monteiro—Apoiado.
O SR. JESUIN O C A R D O SO —E triste é dizel-o,
Sr. presidente o que obtemperamos nós á obduração
opposicionista, á nequicia nimia e recidiva? Em vez
de rabiga acção synergica, a farfalhice supervacanea!
Quebra-se a sustinencia e torpidos soffremos a ustão
vulpina, trepido o nosso vexillo! Ai de nós se temos
de entoar os threnos remorosos e lugentes, retrotra-
hindo das rechans conquistadas com tanto opificio,
mestos, maninos, rotos os liames ísonomicos que de
nós fazem os indigetes do Brasil! (applausos prolon­
gados) E ’ a inopia intellectual a causa, Sr. presiden­
te ? (sensação)
O Sr: Astolpho Dutra—Não apoiado. Muito antes
pelo contrario.
O SR. JESU IN O CA R D O SO —Bem quizera crel-o!
Invidos vêm os nossos contrários que o nosso edi­ Avisamos aos nossos amigos e treguezes que acabamos
fício é levadio ! (sensação) de receber as superiores navalhas mecanicas e que continua­
Ladinhos representantes da L ex maxima, lanci- mos a vender por ............................................................................. 2$000 !
namos ante a nequicia pervicaz, o pesadumbre na Pelo c o r r e io ............................................................................. 2$500 !
fronte, pesado o podice, requerendo o recubito solifu-
go e inturbido ! PARA D U ZIA G R A N D E R E D U C Ç Ã O DE PREÇO
Laminas avulsas uma.........................................................................1$000
Ah ! Sr. presidente e senhores da representação
nacional 1 O repiquete da opposição navifrago e rep- Só n a c a s a m a i s ba r a ie ir a tia a c t a a l idade,
tante ameaça a Náo do Estado 1 E nos remissivos a C O E L H O B A S T O S & C.
relinquimos? Renhimos, sugillamos ou soporosos
transíugimos ? (sensação prolongada) 90, RUA DOS OURIVES, 92— RIO DE J A N E IR O
O Sr. J . J . Seabra—E’ o que eu vivo a dizer.
Na Avenida:
O SR. JESUINO C A R D O SO —Mas ás pregalhas
do leader fecham as ouças na temulencia de um — Que cortejo fúnebre é aquelle ? Tão poucos
supposto triumpho, toscanejando acaso, os amigos carros; tanta tristeza! Será algum enterro pobre ?
da unisonancia governamental! (sensação) — Não ! Aquillb é a manifestação ao Xico Salles.
CA R E T A

OS CRIMES DA SEMANA

1. Christiano Vellozo, assassino de seu primo Antonio. — 2 Antonio Vellozo Faria,


assassinado por seu primo Christiano.

Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, quatro photo-


66K 0 § M O S " graphias, as primeiras dessa estrada, que se publicam;
Uns amigos que chegam, conto de Thomaz Lopes e
Brilhando sob o violento esplendor de uma capa
rubra, appareceu o novo numero de Kósmos. Machado de A ssis, estudo de A. Bello.
Eis o resumo do numero que temos á vista:
Chronica, de G . D .;
A obra de John Ruskin, estudo de Pedro de
Belmonte ;
GANHAR DINHEIRO
Ilha do Vianna, gravura;
Hha de Santa Cruz, aspecto da praia, um recan­ FACILM ENTE—O conceituado jornal de Boston.
to, caminhos e passeios, redes de pescadores, mag­ “The Nations Weekly,,, deu o seguinte parecer sobre
níficas gravuras. A ilha de Santa Cruz apezar de ser O H y p n o tism o A io rtn n a u te e C u r a d o r do I>r.
uma das mais pittorescas da nossa bahia é quasi L a w r e n c e : “E’
uma exposição clara e eloquente das
desconhecida até mesmo pelos geographos. Cremos forças invisíveis que governam nossas vidas; e, por
que Kósmos é a primeira publicação que a revelia praticarem os seus ensinos muitas pessoas têm sido
photographicamente; beneficiadas financeiramente. Eis o que ensina este
Sobre Maeterlinck, J. B. R .; livro. Como advinhar a sorte, minas de mineraes e
Amor, sonetos de Soares Bulcão ; cousas occultas, dar recados ao longe pelo pensa­
Praia de Botafogo, gravura; mento, aprender linguas com facilidade, descobrir in­
A dança em Pariz, pelo primoroso prosador An­ venções uteis, tornar pretos os cabellos brancos, afor-
dré de Rezende, estudo ornado dos retratos de Mlle, mosear o rosto ou o corpo, crear amor ou sympa-
Tamara Karsavina em Cleopatra, LAoiseau de Feu e thias, attrahir boa freguezia ou riquezas, alcançar
Les Sylphides; emprego vantajoso, curar neurasthenia, hysteria, para-
Aos pés da cruz, soberba pagina extrahida da lysia, moléstia do coração e muitas outras enfermi­
novella inédita “Os damnados,, do vigoroso sertanis- dades nervosas ou não, evitar a geração no caso de
ta Viriato Corrêa ; defeito ou perigo, corrigir vicios e mãos hábitos. Pro­
Edgard Poe, brilhante estudo do illustre prosador cessos infalliveis dos fakirs, primeira vez aqui reve­
Mario Brant; tem as seguintes gravuras : Edgard lados.
Poe e Virgínia Clenm, Miss Sarah Osgood Whitman, Grande volume com muitas figuras e 64 desenvol­
casa de Edgard em Fordham ; vidos capítulos. E ’ livro de resultados garantidos, nada
Eduardo Brazão e Ferreira da Silva, gravuras; comparável aos methodos grátis. l*reço de p r o p a ­
Diplomatas extrangeiros—Legações, chronica de g a n d a 108000. Comprar ao mesmo tempo as P a s t i­
Elysio de Carvalho, acompanhada das seguintes illus- lh a s X ervigor P o d e r M agn ético , que fornecem O
trações: Barão Riedí von Riednau, Miss Louise Magel fluido necessário aos magnetisadores, restauram o po­
de Pittsburgo, residência do ministro da Áustria, Con­ der genital, impossibilitam o contagio de moléstias
dessa Ludmilla Bobrinsky, ministro do Japão, esposa syphiliticas ou venereas, curam a fraqueza da vista
do ministro do Japão, o ministro argentino e sua fa­ ou da memória e todas as moléstias nervosas, sobre­
mília, legação argentina, general e Mme. Rufino Do- tudo insomnia, neurasthenia e hysteria. Estas pasti­
minguez; lhas são uma combinação de phosphato (alimento dos
O velho thesoureiro, conto de Fernão Fontes; nervos por excellencia) e outras substancias que não
Cantiga do Faisqueiro e Cantiga, duas interes­ fazem o menor mal, mesmo nos casos de se estar
santes producções do illustre Sr. Augusto de Lima, seguindo outro tratamento. P reço de c a d a c a ix a ,
da Academia Brasileira, que esqueceu, por um mo­ d o n s m il réis. INSTITUTO ELÉCTRICO —r n a d a
mento as cogitações de poeta-philosopho, para ten­ A sse in h lé a n. 45. Iiio de Ja n e ir o . Dá-se grátis a
tar o genero popular ; qualquer pessoa o ACCUM ULADOR.
R T E P T O T Ü G K

N in a S a n z i, a n o tá v e l a r t is t a b r a s il e ir a .
C A R R T A

A pedido do cônsul da Porta aberta, vão ser prohi- No proximo despacho sera exonerado a pedido o
bidas as accumulações remuneradas de detrictos na Dr. Carvalhoça da Silva, que ha tempos avançou com
rua de sua residência effectiva.
jamais visto denodo e arrojo nos cofres da Repar­
Nem se comprehende como se consentia ainda em tição e Multiplicação.
semelhantes abusos!
Muito bem! A policia que se costume a agir desse
modo imperativo e terá sempre os nossos applausos Amigos do senador Pinheiro Machado vão breve­
prolongados. mente realizar uma Convenção de Maio para offerecer
aquelle illustre chefe d’obra um objecto de arte an­
As barcas d’agua que a Cantareira mandou vir dos tiga.
estaleiros turcos para o trafego mutuo de nossa bahia Acreditamos não estar longe da verdade histórica
assegurando tratar-se de um bronze artístico repre­
de Todos os Santos não deram bom resultado nas sentando com perfeição um guerreiro gallo, de bnga.
experiencias in anima vili. A entrega será feita no recinto da Exposição de
Parece que o defeito capital está nos embolos, que Paris e o orador escolhido deve ser o Dr. J. J. Sea-
fazem revoluções intestinas demais. bra e feche outra vez.

Ella. — Si eu te pedir um aereoplano? . . .


Elle. — N ão pega. . . filhinha. . . E' um plano aereo.
C A R E T A

E X P O SIÇ Ã O DE IS)» que de tão gordo que estava não havia faca que
chegasse as suas entranha ládelle,mas ao despois limpei
ella bem alimpada e ella ficou virge outra vez, no
que eu tenho muita honra de dizê. Tombem espero
fazê com ella só continência não ás lei que essas
não passa por aqui, mais ao Divino quando hové
porcissão no arraiá que estemos nelle.
Quanto a segunda parte eu também acho que V.
S. tem toda a razão, porque também eu tenho muito
medo dos preparado.
Indas me hei de alembrá de umas pirolas que um
maricano andou vendendo por aqui e quasi faiz este
seu criado batê com o rabo na cerca, correndo pr’o
mato mais de 100 veiz ao dia. Ao despois disso foi
que tomei uma birra com os preparado que nem
quero ouvi falá delles.
Outro ponto ainda que eu concordei, apezá do
compadre vigário dizê que isso era asneira, o que se
fez desconfiá que elle apezá de padre andava nas
roda dos tá civilista que ao que me contô o compadre
Lotéro é os partidário do casamento civi, é aquelle
que V. S. disse que a gente não percisa tê preparo
para sê presidente da Repubrica. Eu também sou
dessa opinião. Não é que eu não tenha argum, por­
que eu sei lê, iscrevê e fazê as quatro operação e
com isso tenho juntado uns par de conto de réis e
uns arqueire de terra de que véve toda a minha
obrigação. Mas eu não quero é que só os doutô te­
nha direito de sê presidente ; não foi pra isso que
O illustre jornalista Medeiros e Albuquerque nois fizemo a repubrica.
e seus filhos. Eu quando não sei arguma coisa, pregunto ao
compadre vigário, ao seu Juca da botica, ou antão
ao doutô promotô que é um home de muitas luz.
BIET ES-PCST Á Apois, sendo ansim, o presidente não terá um
compadre a quem possa sem avexame preguntá
aquillo que não soubé ? Tá claro que ha de tê, ora
essa!
lnlustrissimo e incellentissimo senhô cidadão, ge- Por isso, é que eu me arresorvi a lhe escrevê
nerá Quintino Bocayuva. estas regra para lhe dizê que tou de accoroo com a
Istimarei muito que estas má traçada regras lhe sua opinião e hei de sustentá ellas nas eleição que
encontre V. S. na mió saúde e ansim toda a sua tá a porta, esperando que quando houvé arguma va­
obrigação. ga ahi no Senado eu seja aporveitado, porque diz
Cá por essas banda onde eu tenho o meu rancho que a gente ganha um dinheiro surdo sem fazê nada.
que está ás suas ordes de V. S. do quá pôde dispô Contando com a sua protecçãof ico aqui seperan-
com franqueza, veiu um jorná com o seu urtimo dis­ do as suas apreciadas ordes.
curso feito pr’o meu compadre Chico Sale, que é um
home muito de bem, apezá dos seus inimigo delle Do admirado e patriço obrigado.
tê appellidado o pobre co’a arcunha de Chico Mu­ C o r o n é T ib u r c io A n t o n h o P a s s o c a
nheca ou antão Chico Repoio, p’ro mode elle
vendê essas verdura em Bello horizonte adonde tem Arraiá do Sapecado
um sitio que vale bem umas par de pataca. Minas Qerá.
Apois eu peguei no dito arreferido jorná e aper-
ceei o seu discurso, e inté notei com o compadre
vigário que V. S. apezá de fazê a saúde do Chico
Sale, falou de tudo menos da pessoa delle, o que
levou o compadre vigário a dizê que V. S. fazia
mais conta dos pertence do que da feijoada, ao que
eu lhe retruquei que isso havia de sê por viada tal política
que aconseia, e que um home tão véio como V. S.
bem sabe o que fais não percisando dos arreparo
de ninguém.
Mas afiná isso não vem ao causo.
O que me levou a traçá essas linha foi concordá
plenamente com as suas openião sobre os candidato
a prisidencia da Repubrica. Não adheriram ao Congresso de Qeographia os
Porque V. S. deve sabê que eu apezá de sê co- Srs. Manoel da Motta Monteiro Lopes, senador Pi­
roné, a minha espada também istá virge, porque eu res Ferreira, Eustachio Caralampio de Souza, coro­
com ella nunca matei ninguém a não sê um capado nel Tiburcio d’Annunciação e sua Exma. Familia.

Cura Asthma, Bronchite Asthmatica, é o anti-asthmatico ideal.


O PO' INDIANO Não produz perturbações cerebraes. Não abate, nem deixa dõr
de cabeça depois do seu uso. Numerosos attestados de médi­
Encontra-se nas boas Pharmacias e Drogarias. — Deposito Geral: Drogaria de cos e doentes provam a sua efficaria.—Vide a bulla que acom­
— Francisco Giffoni, — R u a !° de Março, IT (an tigo 9 ) — Rio de Janeiro— panha cada frasco.= -
CARETA

THEATRO M U N ICIPA L

N ina Sa nzi entre os artistas que interpretaram a “ Ceia de Zom baria".

TELEGRAMMAS Eleito, reconhecido e proclamado deputado pelo


Piauhy, tomou assento na Camara dos Deputados o
(S e rv iç o e sp e cia l da “ C areta ” ) brilhante poeta e erudito jornalista Felix Pacheco.
Buenos-Ayres—Setembro—Está solemnemente de­ Renovamos, pois, as saudações apresentadas, por
clarada a guerra á Bolivia. 400 bolivianos avançam a nós, aos piauhyenses quando foi levantada a candi­
marchas morosas sobre esta cidade. Reina grande datura desse moço illustre, que tem subido em linha
enthusiasmo em toda a Republica : já fugiram cem recta, conquistando com altivez e merecendo pelo ta­
mil voluntários para o Estado Oriental. lento e pelo caracter as posições que occuppa.
Santiago do Chile—Setembro—Dizem telegram-
mas de Buenos-Ayres que o defunto Zeballos res­
suscitou. O laudo do Presidente Alcorta na questão
de limites entre o Peru e a Bolivia parece confirmar AOS SNRS. CHEFES DE FAMÍLIA
essa fatal noticia.
Lima—Setembro—Um vendedor de jornaes torceu
um pé. (Transmittimos esta sensacional noticia por NÃO COMPREM ROUPA PARA VOSSOS
ser das do genero com que a Havas faz a sua for­ FILHOS, SEM VER PRIMEIRO O
tuna).
La Paz—Setembro—Em vista do animo bellicoso COLLOSSAL SORTIMENTO E OS BA­
desta população o nome desta capital vae ser muda­ RATÍSSIMOS PREÇOS DA CASA
do para La Guerra.
Assumpcion—Setembro—Tem sido muito com-
mentado o facto de não ter sido, hontem, fuzilado C TOMBO DO RIO
nenhum prisioneiro politico.
Montevidéo—Setembro—O caixa da Casa Cucuhy,
que lograra captivar a confiança dos patrões, fugiu, RUA DA URUGUAYANA, d (Canto da Carioca)
levando trezentos mil pesos. Tem sido muito censu­
rado esse acto de lealdade argentina. RIO DE JA N E IR O
O facto da policia consintir que pesadas carroças
rodem sobre a rapadura que reveste a Avenida parece
explicar sufficientemente a causa do Senador Rapa­ Sabemos que para explicar a sua conducta política
dura possuir um sulco profundo nos lombos. o Sr. Nestor Ascoli vae supprimir a ultima syllaba do
Não se trata, pois, de uma surra de páo. seu nome.
H

C A R E T A

A SITUAÇÃO As opiniões de S. Ex. — Assentado esse ponto, continuei, desejo conhe­


cer a opinião de V. Ex.a sobre a questão das candi­
S e n s a c io n a l in t e r v ie w com o D r . N il o P eçanha
daturas.
— O T R A T A M E N T O D E S. Ex.a — As C A N D ID A T U R A S
S. Ex.a franzio a testa :
P R E S ID E N C IA E S — P R O G R A M M A A S S O M B R O S O .
— Eu tenho maguas! Grandes maguas. O Pinheiro
é um ingrato 1 Poz-me de banda, quiz tratar com o
Affastando uma cortina verde onde fulgiam, bor- Backer, nem fui cheirado nem ouvido na Convenção
dadas, as armas da Republica, o continuo bradou: de Maio. Agora, depois que ascendi á curul, sou um
— Entre ! Santo — Antoninho onde te porei:
Entrei. Ao ver-me, S. Ex.a o Dr. Nilo Peçanha, que — Então V. Ex.3 é civilista ?
não tinha a honra de me conhecer, perguntou : — Porventura a Convenção Civilista adoptou a
— E’ da Careta ? minha candidatura? Nunca!
— Sim, Ex.a — Mas o que pensa V. Ex.a dessa questão de
— Mas o Dr. ainda não tinha vindo aqui? candidaturas?
— E ’ verdade Ex.a. Ainda não tinha vindo a esta — Penso, affirmou o Dr. Nilo, que os militaristas
casa depois de 14 de Junho. são uns ineptos! Sim! O Quintino, o patriarcha, brada
— Trouxe o photographo? que o eixo da política foi deslocado, o Alcindo Gua­
— Não Ex.a nabara sustenta que os convencionaes de Maio fize­
O Sr. Dr. Nilo Peçanha deu um murro na coxa ram um appello ao exercito, o Germano Hasslocher
i.ES:

presidencial: diz que o marechal não tem popularidade e todos


— Ora e esta! O que deseja? entendendo que só os medíocres e os ignorantes
— Uma interview. podem fazer bom governo, berram que o homem é um
— Fez bem em procurar-me. Imprensa é commigo; ignorante e um medíocre. Magoa-me, prejudica-me isso.
eu gosto de auxiliar essa pioneira do futuro e tenho — Como ?
particular alegria em fornecer noticias que possam - Bem. Estou fazendo um bom governo e se co­
P t: contribuir para a minha gloria pessoal, por que sendo meçam a dizer que é preciso ser medíocre para fazer
eu presidente da Republica a minha gloria é a pró­ bom governo o povo pode pensar que eu sou uma
pria gloria da patria 1 bêsta.
— Assim o creio. - Lá isso é. V. Ex.a pretende guardar neutralidade
— Folgo em ver que o nobre jornalista, cujo ta­ nessa questão ?
lento tanto adm iro... — Absoluta! Jurou o Dr. Nilo, amarrando a cara.
— Obrigado, interrompí, com modéstia, e o Dr. — Mas, observei, os seus ministros estão inter­
Nilo continuou: vindo no caso. Já começaram a perseguir os civilistas.
— Apoia as minhas palavras, por que apoiar as São demissões, transferencias, remoções diarias.
minhas palavras é apoiar o meu governo visto a equi- — Ah 1 meu amigo, explicou S. Ex.a com toda a
polencia... meiguice, os meus ministros são independentes, admi­
— Perdão Ex.a a interview... nistram como querem, fazem o que entendem com a
— Sim. Vou tomar attitude. maior independencia. O amigo comprehende, eu sou
ca S. Ex.a tomou aquella nobre attitude que o nosso incapaz da menor pressão sobre elles,
photographo, quando ha semanas a surprehendeu e — Então a creação da industria do fe rro ...
fez reproduzir nesta revista, denominou Cair ven- S. Ex.a interrompeu :
queur. O irmão Alcibiadesfez um leve signal a um creado — Idéa minha. Fiz questão !
e este, refulgindo na sua auiea libré, ajoelhou-se aos — E a electrificação da Central ?
pés do chefe da nação, puxou-lhe as calças sobre as — Idéa minha 1 Fiz questão 1
botinas, desfez-lhes as rugas da sobrecasaca, endirei­ — E o decreto sobre as accummulações remune­
tou-lhe as mãos e pegando-lhe respeitosamente o ca- radas ?
vaignac ergueu-lhe um pouco a cabeça. — Idéa minha ! Impuz 1
— Estou bem? perguntou S. Ex.a. Comprehendi a imparcialidade de S. Ex.a. Mudei
— Soberbo 1 Magestatico 1 Upitudetissimo 1 brada­ de assumpto :
mos, a um tempo, o creado, Alcibiades e eu. — E o programma de governo que V. Ex.a vae
— Que penna não ter trazido o photographo ! sus­ pôr em pratica ?
pirou S. Ex.a. — Não o comprehendeu ? Não o conhece? Hom’-
Eu, fingindo que não ouvira, iniciei a interview: essa 1 Pois toda gente o applaude.
— Antes de tudo, Ex.a, 0s meus leitores desejam — Comtudo, Ex.3. . .
saber qual o vosso titulo legal: presidente ou vice-pre­ — Ouça. Pretendo crear a embaixada do ferro, dar
sidente em exercício ? recepções no Cattete, electrificar a Central, passear
S. Ex.a, nUm pulo, estragou aquella pose toda e, no Cavallo Paraná, executar o decreto sobre as accum­
de pé, vociferou : mulações remuneradas, proteger as artes coreogra-
— Os seus leitores não sabem ? Que estúpidos ! phicas organisando reuniões valsantes sob a direcção
Ergui-me, peguei o meu chapéo e caminhei para do mano Alcibiades, pintar...
a porta: — Obrigado, Ex.a, interrompi-o.
- Transmittirei aos meus leitores o juiso com Agradecí a amavel recepção, prometti transmittir
que V. Ex.a os favorece! fielmente ao publico as ideas de S. Ex.a, e exprimi,
— Não faça isso 1 gritou S. Ex.a e pegando-me nestas palavras, os meos votos pela sua prosperidade
pela aba do frack : governamental:
— Vem cá, meu bemzinho. Como vocês são humo­ — Estimo que V. Ex.a não fique sem orçamentos.
ristas eu quiz fazer espirito. Que diabo 1 Não sejas Sahi.
desconfiado. Senta-te F’ora na rua, quando ia escandalisar a sentinella
Sentei-me, S. Ex.a continuou. com uma sonora risada, ouvi, no alto um “ psiu,, !
— O meu tratamento legal é Presidente da Repu­ Será alguma das estatuas que dominam o Palacio ?
blica. E pode haver duvida sobre elle ? pensei.
— Talvez, Ex.a. o marechal Floriano dizia-se vice- Ergui os olhos. A nobre face do Presidente Nilo
presidente em exercido. apparecia, reluzente, entre duas folhas de janella.
— O Floriano era um rude soldado, um tarimbeiro. — Olhe, gritou S. Ex a, outra vez traga o photo­
Elle podia ser, eu não, eu sou mais catita, disse o grapho 1
Presidente Nilo. C a r e t in h a
CARETA

O Sr, ministro da Sante Sé de Braga determinou Participa-nos o seu casamento o Rev°. Joaquim
que o Dr. Julio da Silva prove com fundamentos po­ Mitrado de Mattos, vigário de SanfAnna do Arreben­
sitivos que não recebeu no corrente anno de N. S. ta Rabichos, com a gentil e donairosa Mlle Zelia
J. C. por exercícios findos, as ajudas de custo real Bermudes do Vae e Volta.
que reclama com calor. O acto que revestir-se-á da maior simplicidade rea-
lisar-se-á em casa dos filhos dos nubentes.
Nossas felicitações.
E ’ corrente em rodas de automovel que no pro-
ximo mez de Março embarca para cá o ultimo pe­
daço do novo edificio social da Bibliotheca Nacional, Foi indeferida a petição de graça de D. Maria Sa-
que será assentado ou de pé quando houver tempo lomé dos Anjos Perpetua, para que seu filho natural
quente. o menor múltiplo commum Mario das Ruinas de Car-
O coronel Muniz Freire far-se-á representar na thago fosse admittido a titulo precário como alumno
ceremonia religiosa. do Gymnasio de dansa.

Na E x p o s D ç I©

O velho. — O ’, O lália. Tu era capaz de de um pulo assim ?


A velha. — Tu tá doido Lorenço, pois antão eu liavera de me sujeitáa ficá c’as pernas de fóra?
CARETA

E x p o siçã o de 10O0 — Kesta Sportivã

/. Entrada do circo das féras. —2. O povo apreciando os exercidos gymnasticos.


3. Colibri e Pinho, vencedores da Corrida Sur-Route.
CARETA

Exposição de 1909 — Festa Sportiva

1. Exercícios gymnasticos. — 2. Alfredo Franklin de M attos e Jaym e M artins Ferreira


vencedores do pareo de cem yardas, corridas a pé. — 3. Grupo de gymnastas.
u
O VEEDEE"
R A K A M A S S A G E VI V I B R A T O R I A

As constipações, a tosse e os catharros nasaes


Tratamento caseiro cfestas moléstias por meio da massagem vibratória. Seu aUivio
e rapida cura peio uso do notavei appareiho mechanico denominado “O V E E D E E ”

Noites atraz nos encontramos no theatro, em dado medicamento, não podem exercer influencia cura-
companhia de um cavalheiro inglez, ha pouco chega­ riva sobre moléstias que obedecem a causas diffe-
do de Londres, e effectivamente era de fazer rir a um rentes ou que estejam localisadas em orgãos que
defunto o ouvir a cada momento aquelle côro im­ escapam á acção therapeutica do agente empregado.
pertinente que formava a grande maioria dos cente- E’ porem, preciso observar que com o V eedee não
nares de espectadores alli reunidos, que aproveitavam se trata de effeitos chimicos, senão de causas me-
simultaneamente qualquer op portunidade propicia, chanicas que tendem a restabelecer a própria fonte
para tossir ou para espirrar, ou para dar escapa a de energia vital, por meio dos phenomenos phi-
certas manifestações bronquiaes ou de caracter asth- sicos e phisico-chimicos que provocam.
matico. Foi com motivo Já explicamos em ou­
de um gracejo genial que tras occasiões o funda­
mereceu repetidos ap- mento theorico do enor­
plausos, que toda a sala me campo de acção que
mais uma vez aproveitou abarca a massagem vi­
i ;;:ií-
Ui i a occasião para emittir a bratória e a influencja
sua possante carga de immediata que exerce
tosses e espirros. Nosso como regularisadora da
amigo não poude então saude. Sabemos, porém,
deixar de rir-se e dizer- que toda a moléstia obe­
nos. “Se vê que aqui no dece a alguma congestão
Rio de Janeiro ainda não local, e que toda a con­
está vulgarisado o uso do gestão tende a desappa-
V e e d e e .,, Porque? lhe recer quando se restabe­
perguntamos. “ Porque no lecem as vibrações vita-
dia em que todas as famí­ lis a d o r a s no orgam
lias tiverem esta utilma- affectado, ou na veia ob­
china, hão de ver que sen­ struída, ou no nervo en­
tD do tão facil curar-se uma
constiDação ou tosse por b
J.
colhido, ou no muscuio
atrofiado. E por esse mo­
meio da massagem vibra­ tivo que os effeitos da
tória, ninguém terá motivo
para soffrer desnecessa­
riamente,nem para moles­
X massagem vibratória pro­
duzem effeitos immedia-
tos eapparentemente ma­
tar as demais pessoas em ,rt. ravilhosos : porque se faz
qualquer reunião. Não fa­ vibrar tudo quanto está
zem maisdo que uns pou­ adormecido e, ao annu-
cos annos que em Lon­ lar a causa morbosa, se
dres e nas outras cidades regularisam as funcções
de Inglaterra succedia temporariamente in te r ­
exactamenteomesmo que rompidas.
aqui, mas hoje em dia se Nos casos de consti­
generalisou de tal maneira pações, catharros e bron-
lá, o uso desta maravilho­ chites, por exemplo, é
sa machina, que quasi não bastante applicar-se du­
se veem pessoas consti- rante alguns minutos o
padas em parte alguma. 1a IV V eed ee nas fossas na­
A’ primeira vista parece sa e s, na garganta ou
inverosimil que um appareiho mechanico tão sim­ sobre o peito para notar um allivio immediato, como
ples como o V e e d e e , possa servir para combater consequência directa das trepidações produzidas pela
victoriosamente toda uma larga serie de moléstias machina vibratória.
e, até não faltarão os que se riem ao ver que se E’ deveras curioso notar-se em si mesmo a sa­
atfribuem propriedades tão efficazes, para comba­ tisfação que se sente ao acabar bruscamente com uma
ter moléstias tão diversas. A verdade é que sem­ constipação impertinente, por meio da corrente que
pre se tem desconfiado de todo aquelle remedio que produz o V eedee, e que nos convence immediata-
se tem recommendado como um “cura tudo,,; por­ mente de que estamos sob a influencia de um poderoso
que é claro que as propriedades chimicas de um restaurador da saude.

D e p o s i t á r i o s g e r a e s no B r a z i l ; — O r l a n d o Ra ng el & C .
140, AVENIDA CENTRAL, 140 — RIO DE JANEIRO
PEÇA-SE FOLHETO EXPLICATIVO N 0

)
UM M E D R O SO Patria. Nem da Patria, nem da Republica. Porque se
elles fossem uns benemeritos da Patria e se fossem
também uns benemeritos da Republica, não comba­
teríam os chefes incontestados da política mineira.
Isso é claríssimo. Por isso é que eu estou de accor-
do com os chefes incontestados da política mineira
que são uns benemeritos da Patria. Da Patria e da
Republica. Eu já fui deputado. E resignei a minha
cadeira em obediência aos chefes incontestados da
política mineira que são uns benemeritos da Patria e
da Republica. Mas apezar de resignado, continuei a
obedecer á chefia dos benemeritos. Nas horas vagas
plantava também batatas em honra aos benemeritos
chefes da politica mineira que são uns incontestados.
Incontestados e incontestáveis. Da Patria e da Repu­
blica.
Por isso é que agora que póde haver muitas va­
gas na Camara eu digo que estou de corpo e alma
com os chefes incontestados da Patria e da Repu­
blica que são uns benemeritos de Minas. De Minas e
da União. Incontestados e benemeritos, Se não hou­
vesse a possibilidade das vagas eu continuaria a
plantar batatas em honra aos chefes incontestados
da politica mineira que são uns benemeritos.
Viva o Dr. Wencesláo Braz!
Viva o coronel Joaquim Silverio dos Reis;
Viva a sacrosanta memória do grande Calabar !
Viva Minas e a requinta do coronel Julio Bueno
Brandão !
Vivam os incontestados!
Vivam os benemeritos !
Viva o credito agrícola !
Viva !„

O nosso prezado amigo e distincto commerciante


fallido de nossa praça de guerra, commendador Anas­
- Bruto ! P . . . Bruto será o senhor. tácio Ignacio Pancracio, acaba de obter uma graça
— Pertão, cavalheiro.. . Eu disse que o senhor é extraordinária do governo despotico do Estado Inte­
um bruto de força. ressante — uma medalha de salvação cunhada isto é
casada com um irmão, do mesmo commendador.
Nossas pezames.
Escreve-nos o Sr. coronel Rodolpho Abreu :
“ Os granaes chefes da política mineira são incon-
testavelmente uns benemeritos da Patria. Bem mere­ Foi nomeado para exercer o cargo de inspector
cem delia. Porque se não fossem os grandes chefes fiscal do quarteirão interino o Dr. Julio Bueno, em-
da política mineira com certeza ella estaria ainda nas quanto durar o impedimento dirimente do effectivo
mãos de outros que não são os grandes chefes da bacharel Carolino Alziro de Seixas.
política mineira que bem merecem da Patria. Da Pa­
tria e da Republica. Por isso é que eu sou devotado
de corpo e alma aos grandes chefes da política mi­
neira que são uns benemeritos da Patria. Porque se
TECOBEINA
não fossem elles a política mineira estaria em outras N o v o r e m e d i o v e g e t a l (sem álcool) que
mãos que não a dos grandes chefes da política mi­ tantas e tão extraordinárias e maravilhosas curas tem
neira, 'uns verdadeiros benemeritos da Patria e da produzido nas T u b e r c u l o s e s em todos os gráos.
Republica. A política mineira deve continuar nas Formula do Dr. Rogério de Miranda, preparada pela
mãos desses grandes chefes, porque se não conti­
nuar póde cahir em mãos outras que não as dos Pharmaceutica Zima C. Magalhaes. Cattete 115 — La-
chefes incontestados da política mineira, que são uns boratorio e Deposito do proprietário Phileto Bezerra
benemeritos da Patria. Da Patria e da Republica. E — Cattete 112— 1.0 andar.
se cahir nas mãos de outros que não os benemeri­
tos chefes da política mineira o que acontecerá ? Sim
o que poderá acontecer? Incontestavelmente os che­ A’ vista e fiado das condemnações capitaes de al­
fes passarão a ser outros que não os chefes incon­ guns generos humanos pelos laboratorios nacionaes,
testados da política mineira, que são uns benemeri­ vão ser reexportados para os paizes de origem das
tos da Patria. Da Patria e da Republica. E esses ou­ especies, todos os negociantes que os venderem.
tros incontestavelmente não são uns benemeritos da Muito bem.

CREAÇÃO INTEIRAMENTE NOVA


O m a i s e le fa n t e e o m a i s c o n fo r tá v e l
= M A N U F A C T U R A D O EM P A R 1 Z = — -
123, RUA 5 E T E DE 5ETEÍ1BR0, 123 - (ANTIGA (A5A CAVE)
CARETA

GAVETA DE CARTAS J . Cabral (Therezopolis). Com vagar, aproveita­


remos.
Alberto (Ouro Preto). Seu soneto Tu mentes é K ■ P- Ta (Rio). Só publicaremos seu trabalho de
primoroso, sabe ? A sua Judithe se não ficou de accordo com o nosso modo de proceder sempre, se
bocca aberta e queixo cahido ao recital-o é por ter vier assignado. Com pseudonymos, não.
o coração de pão, com certeza. Em todo o caso Durval (Bahia). Seu conto é pavoroso simples­
continue a escrever-lhe sonetos; póde mesmo mos- mente. Então, aquelle trecho que diz: “ O Sabino
tral-os á namorada. Mas não nol-os envie mais, sim ? mal a noite cahiu roxa e obscura embuçou-se no
Mauro Sylvio (?) Porque canto ? é a sua versa- macferlane
porteira um
e ganhou a estrada. Logo adiante da
vulto branco fel-o parar quérulo e brus­
lhada. Para que canta ? indago eu. Não cante, seu
Mauro, não cante que o seu pensamento não se alli- co—Arreda! disse rispido. E o vulto immovel.—Arre­
da 1 repetiu com impetos de allucinado. O vulto não
viará com isso. E se no todo não quizer seguir o nos­ se moveu. Ao terceiro arreda! Sabino sacou da faca
so conselho vá cantar para as profundas do inferno, e investiu
mas não nos aborreça com essas cantorias. rabiosamente, dando então uma cabeçada
nos chifres de uma vacca que pacificamente vinha
Orlando Ferreira (Uberaba). Muito gratos pela para casa dar de mamar ao tenro bezerrinho que
remessa das photographias que mamãe Kósmos re­ por ella berrava nostalgicamente... Com uma pra­
solveu aproveitar para ella, illustrando um artigo so­ ga lutulenta o moço afastou-se.. é um monu­
bre a zona que ellas representam. Quando quizer fa­ mento. Diga-me uma cousa, o Sabino era maluco ?
zer novas remessas, recebelas-emos, agradecidos.
Esperidião Mattos (Porto Alegre). Póde ser que
Mario Eduardo (Santos). Recebido o soneto, que sim, póde ser que não. Em todo caso, mande.
será publicado. Zenon Costa (B. Horizonte). Acreditamos no que
Simeão Gonçalves (Rio). diz. Lembranças ao Wencesláo.
Valença terra de encantos Mlle. Noemia (Nictheroy). Muito ingênuos os seus
De belleza tão amena: versos.
A chorar ando pelos cantos Alaor de Ouro (Uberaba). Não podemos publicar
Ai por ti e por Helena. a sua mofina.
Desafogo na Careta Acacio Ribeiro (Coritiba). Vá se catar.
A dor do meu coração: Zulamacareguy (Rio). Foi para a cesta o seu tra­
A minha sorte é mais preta :
Do que a tal Contravenção ! balho.
Satyro Oliveira (Bahia). Sua ode aos bahianos
E por ahi a lé m ... Seu Simeão isso são modos não vale o papel e a tinta que gastou para nol-a en­
de um moço sério ? Então a sua Helena quando ler viar.
a Careta com versos tão ordinários e seu nome por
baixo não terá razão de sobra para mandal-o á fa­ Cassio Terencio (Campinas). Não conhecemos o
va ? Contenha-se mancebo, contenha-se. poeta de que nos falia, mas deve ser alguma celebri­
dade ignota como dizia o outro. Emfim mande os
Lessa (S. Paulo). Nada meu caro senhor, a Care­ versos que publical-os-emos se valerem pena.
ta não serve para suas vinganças de namorado sem
ventura. Vá ter com o ex-noivo da Maria e parta-lhe Evandro, Clovis Silva, Dora Linda, Esteves de
a cara, se quizer, mas não escreva sonetos para a Souza, H. Pito, Euzebio Souto, Evencio, Calixto
Careta. Cruz, M. Ethereo. Recebidos os seus trabalhos. Va­
mos examinar.
G. Séllos (?), Quebrados os seus versos, e sem
sentido. E aquelle então:
“Pedi á morte fosse meu esteio,,, Brevemente publicaremos um curioso estudo so­
com franqueza contém uma impropriedade; no seu bre Operações cirúrgicas praticadas no mercado de
logar escreveriamos: Bagé por um illustre medico que depois de ter ser­
“ Pedi ao Tosta fosse meu esteio,,, vido na divisão federalista de Raphael Cabeda, veio
e com certeza o Sr. Sellos seria mais feliz. representar, como deputado, o castilhismo no Con­
Gam sil (?). Vá pentear macacos com a sua literatu­ gresso Federal.
ra. Ora para o que havia de dar o Sr. Gamsil !
Jic k (Rio). Não recebemos a photographia de que
trata sua carta. O Sr. conde de S. Germano, ultimamente titulado
O seu Cinema desta vez sahio um pouco api­ pelo Pontífice, vae adquirir uma propriedade literaria
mentado. Corra um véo que senão vamos offender a em Copacabana, onde receberá mercê todos os sab-
pudicicia angelical dos commendadores.
bados de Alleluia a nossa alta sociedade Recreativa
R. V. V. Galvão (Recife). Attendendo ao seu pe­
dido não submetteremos seu trabalho á critica publi­ Familiar.
ca que de certo seria impiedosa. Lá estaremos.

4 8 ANNOS DE S U C C E S S IV O S T R I U MP H Q S !
O tratamento radical de todas as affecções da pelle, rheumatismo e de todas
as moléstias que provêm da impureza do sangue consegue-se com a

SALSA, CAROBA E MANACA’


DE EUGENIO [MQUE5 DE HOLLflNDfl Approvada na Europa e no Rio da Prata
Depositários Geraes: A R A Ú J O F R E I T A S *V Rua dos Ourives 114
M A R C A R E G IS T R A D A Em S. Paulo: R A R U E E *V C . — MUITO CUIDADO COM AS IMITAÇÕES
C A K E T A

UM MORDEDOR COMMODISTA TELEGRAPHO SEM FIO


(S m i< ;o de ultim a liora)
Hermeto (Santos). O nosso illustre confrade en­
cara com excessivo calor o caso magno da nossa
actualidade politica. Justificamos, é claro, esse arden­
te excesso de enthusiasmo, mas lamentamos que tão
correcto escriptor fique, ao brandir a pena, hallu-
cinado ou cégo a ponto de escrever phrases assaz
energicas pela deplorável ausência de delicadeza
como, por exemplo, quando diz : “ é uma indigmdade
acceitar o candidato de Maio,,. Essa affirmativa, per­
doe-nos o illustre confrade, é ousada e até mesmo
injusta, pois esse candidato póde ser acceito por in­
genuidade, coação, covardia ou estupidez, além de
outras razões igualmente ponderosas.
Mario Eduardo (Zé Menino). A justiça manda
elogiar os seus lindos versos mas a difficuldade de
espaço manda adiar, para quando houver opportuni-
dade, a sua publicação.
Antonio dos Santos M urillo (Rio). O nosso ami-
guinho fixou o numero em que desejava publicásse­
mos os seus versos á amada Lucia e não nos foi
possível attendel-o. Dizemos amiguinho por que, pela
ingenuidade do seu canto e pelo talhe indeciso de
sua letra, somos levados a crer que a pennugem do
buço ainda não lhe sombreia o labio. Si não nos en­
ganamos e o amiguinho não preferir um profissão
mais rendosa lhe auguramos, para mais tarde, trium-
phos litterarios.

A data festiva que hoje passa e não volta, deve


ser grata aos corações bem formados dos filhos da
Patria Mineira.
Nella faz annos o conceituado maestro Julio Bue-
no Brandão de cera, o celebre autor de muitas so­
natas e algumas somnecas em lá menor e maior.
Nossas prolongadas saudações.

C O M P O S IÇ Õ E S D E P IA N O
SEVERO DANTAS
E S Q U E C E R -T E ? ... JAMAIS. Ultimo Schottisch
Elle. — Afinal de contas, vocês são importunos...
Obrigam-me a metter a mão no bolso só M AGUAS CALADAS..................Schottisch
por um n ik e l... Eu quando mordo péço ONDAS DE B E IJO S . . . .
logo de dez para cima. SÉRENADE CO Q U E T T E . . Para violino e piano.

THEATROS k DIVERSÕES Casa ARTHUR NAPOLEÃO


Funccionaram durante a semana: Senado, Cama-
ra dos Deputados, Assembléa Fluminense (em Nithe- A V E N ID A C E N T R A L
roy) e Conselho Municipal,
As peças representadas são todas velhas e conhe­ Não adheriram ao Congresso de Geographia mais
cidas. os seguintes senhores : Oswaldo Silva, Carlos de
Os emprezarios não se querem convencer de que Mattos Faro, Zenobio de Magalhães, Samuel do Nas­
para attrahir a attenção do publico, necessitam mon­ cimento e Theodoro Langaard.
tar peças novas, de sorte que todas essas casas de
espectáculo têm ficado ás moscas.
Com franqueza, nem vale á pena noticiar a gente Se até o fim do corrente do outro mez não tive­
semelhantes cousas. rem chegado ao rio Amazonas as bobinas eléctricas
Melhor seria desde logo fechar as portas. de papel almasso destinadas a impressão visual do
nosso illustrado collega e amigo Diário das Novida­
des, este ver-se-á obrigado, não ha de que, a sus­
Communica-nos o ardoroso republicano ex-sena­ pender pagamentos temporariamente a sua publica­
dor Coelho Lisboa que S. Ex. não adheriu absoluta­ ção periódica.
mente ao Congresso de Geographia. Nossos alentados pezames.

CASA RAUNIER
Grande venda com o desconto de 2 0 % nos arti­
gos de fim de estação 30,40 e 5 0 % nos saldos.
=^=------ - 112 - O U V ID O R - 176 —
OS CRIMES DA SEMANA

/. Quincas Bombeiro, assassino de Joã o Firmino Borges. — II. Joã o Firmino Borges,
o Bonzão, assassinado por Quincas Bombeiro.

CONCURSO DE CARTAZES possível aos concurrentes dos Estados enviarem os


seus cartazes até a data fixada, os Snrs. — Daudt e
Attendendo a innumeros pedidos de interessados, Lagunilla tomaram a acertada deliberação de t r a n s ­
considerando que um grande numero de artistas não f e r i r p a r a I O d e S e t e m b r o d e 1 0 0 9 o li­
poderia, dentro do primeiro prazo, concorrer a este mite do prazo para a apresentação dos cartazes para
concurso, visto o seu encerramentocoincidircom a aber­ o C o n c u r s o d o f f r o m i l , sendo a 2 0 d e S e ­
tura da exposição annual de bellas artes, para á qual t e m b r o feita solemnemente a abertura dos seus
esses artistas preparavam trabalhos, e não tendo sido envoltorios e dias após pronunciado o julgamento.

BRILHANTINA “C O N C R E T A ”
EX T IA C T O "M EU C O R A Ç Ã O "
Agradabilissimo e de intensidade. Pó de arroz
«M eu coração» mimo de luxo. Sabonete “Meu
c o r a ç ã o sem rival no mundo! o melhor pre­
sente.

A’ venda em todas as perfumarias


D e p o s i t o E^epal

PERFUMARIA GASPAR
Praça T iradentes n. 18
---------- ----- T E I .E F I I O X E 111*» -------- =

A MAIS PERFUMADA PEÇAM CATALOGOS DE PREÇOS DE ATACADO


O Odol é o primei=
ro e o único den =
tifrieio que exer­
ce u m a acção an=
tiseptica e refres­
cante, não só d u ­
rante os poucos
rn o no e n t o s e m
que se o applica,
como ta m 1)e m
c o n tin u a d a m e n =
te por horas in ­
teiras depois do
seu emprego.
A venda em todas as pharma-
cias, drogarias, perfumarias, etc.
C A R E T A

OS LEVITAS DO ALCORAO A quem accusa ?


O 5°

( D r a m a lh ã o do F ra ck e d a E sp a d a ) O 4 ° ( com energia, attrahindo


ACTO III as attenções)
Ao paiz, á nação, ao povo brasileiro,
A victo rla «los L e v ila » Que, humilde, ao peito as mãos covardemente cruza,
1909, Junho. E espera o ferreo captiveiro.
Rio. Rua do Cattete, em frente ao palacio presiden­ O 5° (vehemente)
cial, de cujas sacadas pendem crepes e velludos pretos,
mostrando entrelaçadas, entre symbolos funereos, as Que devia fazer esse povo, afinal ?
iniciaes A. P. Uma vasta multidão, comprimindo-se, O 1° ( approximam-se outros
commenta e deplora a morte do Presidente. Guardas populares )
civis e inspectores de vehiculos abrem caminho, atra- Do extremo norte ao sul erguer-se, de repente,
vez da massa popular, para a passagem de automóveis E vencer ou morrer com a ordem legal,
e outras carruagens que conduzem pessoas a que é de Como morreu o Presidente!
uso denominar gradas.
O 5° (sorrindo ironico)
SCENA I De um abalo moral ?
Um popular O 2o (com energia)
Não é só com punhal que se faz morticínio. Sim ! Abalo do brio,
O utro Que sacode á consciência e, privado de acção,
Esta morte é uma espiga ! Silencioso, a reagir num desespero frio,
Immobilisa o coração !
O utro
U m a v o z (energica)
Um crime !
iO De accordo !
O utro
O u t r a s (irritadas)
Um assassínio ! Muito bem !
” f,A, O utro
Um g u a r d a c iv il
Traumatismo moral! Isto parece léria ! Calma, senhores, calma!
O lo Uma voz
Escute, sua besta, e veja como é séria Esse homem quiz fazer um simples trocadilho.
A cousa. Escute. Diz, na Camara, o Barbosa
Lima, numa explosão de raiva generosa: O u t r a (rudemente)
C3 Eu quasi lhe metti um ponta-pé na alma!
( lendo )
O utra
Enleiado na trama funeraria
De política infanda, o Presidente Penna Respeitem esse morto.
Tombou, exhanime, na arena O g u a r d a c iv il
Aos golpes da perfídia partidaria! E não armem sarilho !
O 2o ( Tropel de cavalleiros. Grande movimento na massa
E disse Ruy Barbosa, o genio, no Senado, popular)\
Que aquelle coração tinha alento vital U m e s t u d a n t e (zombando)
Para lustros viver, e parou fulminado
Pela sideração de um abalo moral. O Nilo ! Vou pegar no bico da chaleira !
O 5o Um in s p e c t o r d e v e h i c u l o s
Dae lugar, cidadãos, á carruagem que passa.
Mas então era um fraco !
V o z e s (a multidão recua, com­
O 3o primindo-se)
Um bom ! Não empurre ! Que horror ! Isto não é maneira !
O 4° O g u a r d a c iv il
Um nobre ! Abram alas!
O 1° U ma voz
Um justo ! Quem passa ?
O 2o O u t r a (zombeteira)
O rei que vem á caça !
Alma fechada aos vis!
O 3o SCENA II
Mão aberta aos mendigos ! (Sahindo do interior do Palacio um grupo de Levi-
tas, entre os quaes Pinheiro, dirige-se ao encontro da
O 4o carruagem vice-presidencial, que chega).
A espada não lhe poz na face a côr do susto P in h e ir o (solemne)
Mas venceu-o a trahição dos que suppoz amigos!
Pezame e parabém ao Chefe da Nação !
O 5° (vehe mente) N i l o (de pé, na carruagem)
A quem você accusa ? Concordia, amor e paz, Levitas do Alcorão !
O 4o (Cáe o panno)
A ccu so .. . V o l - T a ir e
50,000
d q lln

Entre les cinquante, leurs cceurs balancent. . .

O nosso particular e publico amigo commendador Na brilhante soirée blanche que offereceu á nossa
Covarruvias comprou para seu uso capião um auto sociedade carnavalesca o nosso apreciado amigo certo
avenida Central do afamado fabricante de chapéos de e distincto gentleman o f war coronel Francisco Petit-
chuva Mata Carochas, devendo a estréa da companhia pois à la beurre noir, appareceram pela primeira vez
fazer-se num nos dias da próxima semana santa pelas em nossos salões de theatro as elegantes casacas de
tres horas certas da tarde nublada mais ou menos. côr do vão.
Agradecemos o convite. Esperamos que a moda pegue de enxerto.
C A R E T A

mm
* * *

e x p o s iç ã o de
Também para isso contribuiram bastante as admi­
nistrações municipaes que todas parece que fize­
ram do querido bairro a menina dos seus olhos. E
entretanto ha outros bairros tão bonitos como Bo­
tafogo. Se Catumby por exemplo tivesse a dita de
lhe constituírem uma Avenida Beira-Mar de certo le­
varia as lampas a Botafogo.

Porque Catumby tem encantos Basta dizer que


fica nas abas, nos contrafortes da serra de Santa
Thereza, a Tijuca dos Pobres, como lhe chamava
um grande escriptor, e com razão. Catumby está
destinado a ser o futuro centro, e esse bem mais
central do Rio de Janeiro.

Fez annos hontem o nósso amigo e distincto ca­


valheiro Hemeterio dos Santos Innocentes. Um gru­
po de admiradores do seu extraordinário talento
offertou-lhe um jantar na casa de petisqueiras “A’
pipinha do bom verdasco,,. O agape correu fraternal
e alegre, o convívio toi ameno e não houve a me­
nor sombra que viesse toldar a camaradagem de tan­
tos e tão distinctos literatos. O homenageado falou
duas vezes e b em ...
* * *
Sr. LouLs Hermanny, Sr. e Sra. Louis Vimos hontem: Mme. Sandalo, en robe princesse,
Hermanny Filho. corsage en dentelles de Lyon, chapeau chou fleu r avec
des hirondelles couvant; Mlle. Chanteclair de Souzá,
eu blanc d’argent, ravissant chapeau aux meringues et
COLUMNA DAS ELEGAMPCIAS faises framboisés ; Mme. Ramos de Cascadurá, robe
empire napoléoni que en velours, brode souliers em bec
de canard a là broche, chapeau sauterelle en dentelles
O Rio é incontestavelmente uma grande cidade. do C eará; Mme. Raposão, grand deuil, chapeau vert
E ’ certo que ainda não adquiriu as proporções de serin avec une autruche d’ailes deployéss, botines de
Londres, Paris, New-York, Pekin, mas incontestavel­ duraque tout a fa it pschuts; Mlle. Zizinha, ravissante
mente também já ultrapassou outras como Manga- toillette rose the', toute enrubané des lacets couleur
ratiba, Villa Real da Meia Pataca e S. Francisco do d’orange de Bahia, chapeau coquelicot avec des navets
Sergipe do Conde. et beterraves,à la Chico Salles, souliers simples, etc.,
* * * etc.
Ora as cidades quando crescem, não o fazem pro­
porcionalmente, como por exemplo o corpo humano,
que graças ás sabias leis da natureza cresce para
todos os lados ao mesmo tempo, de modo que a Onde irá esta moça com tanta
proporção, o rythmo é sempre o mesmo embora não pressa ? Ninguém advinhará ? A
pareça. esta hora da noite uma senhora
Com as cidades a cousa é differente.
só na rua é de espantar!!! Para
* * *
salvar da morte a sua filha que
Ha inclinações por parte dos cidadãos (o termo
vae aqui no sentido de habitantes das cidades) para está atacada de uma bronchite
este ou aquelle trecho, para este ou aquelle bairro. asthmatica sahio áquella hora
Este trecho, este bairro graças a essa inclinação a procura do Xarope do Bos­
crescem desmesuradamente de sorte que se não
houver uma compensação por outro lado, poderá se que unico remedio que cura
dar um phenomeno osmotico, isto é a absorpção do asthma, coqueluche em 24 ho­
todo pela parte, com a deslocação do centro po­ ras.
voado.
* * *
Vende-se este poderoso xaro­
Foi isso que se deu com o bairro de Botafogo, a pe na Drogaria Freire Guima­
principio uma parte, hoje o verdadeiro centro urba­ rães & C . á rua do Hospício 22
no. Centro que não fica bem no meio, é verdade,
mas que nem por isso deixa de ser centro, deixem e na Pharmacia Mallet & C. á
passar o paradoxo. Inflou, cresceu, desenvolveu-se rua Frei Caneca n. 52.
com evidente prejuízo dos outros bairros co-irmãos.

Acha-se funccionando este importante estabe­


HOTEL AVENIDA 0maior doBrazil lecimento (o maior do Brazil) - 2 2 0 quartos, ele­
152 a 164, A V E N I D A C E N T R A L , 1 5 2 a | 64 vadores eléctricos — Diaria de 9$000 para cima.
-------- Ponto dos bondes da Jardim Botânico - S O UZ A , C A B R A L = RI O DE J A N E I R O
Charutos Dannemann
b a r ca s EXCED EN TES: SEM RIVAL, MARGUITTA, BELLA CUBANA,
SEM PAR, POUR LA NOBLESSE, TORPEDOS,
PERLITOS, VICTORIA, BOUQUETS
N O V ID A D ES, Yolanda e Thea

A BOTA FLUMINENSE
= -----F a b r i c a e d e p o s i t o d e ' c a l ç a d o
PARA HOMENS PARA SE N H O RA S
Botinas fortes a ponto, 5 $ .......................................................... 6$000 Sapatos C h a l e i r a . . . 17$000
» pellica america, 8 $ ................................................... 10$000 Sapatos V i u v a A l e g r e , 16$ e ...................................... 18$000
» in te ir iç a s ......................................................... 9$000 Sapatos pretos e amarellos de a b o t o a r ......................... 5$500
» de bezerro c/ b o t ã o ............................................. 7S000 Sapatos de cordão ou pompon,4$500 e ......................... 15$000
in te iriç a s ............................................. 7$000 Sapatos de pello ou pellica branca, 7$ a . . . 10S000
Sapatos, lona branca, 4$500 e ............................................ 7$500
» amarellas, 7$ e ......................................................... 10$000 Botas, lona branca, 8$ e ......................................................... 12S000
Borzeguins de b e z e r r o .......................................................... 8S000 Botas, pretas e amai ellas, 10$ a ...................................... 22$000
Sapatos de verniz, 12$ e .......................................................... 13$000 Borzeguins de pellica a m e r ic a n a ............................................. 6$000
» de lona branca.......................... 4$000 Borzeguins a Luiz XV , 15$ a ............................................. 24$000
» de pellica a m e r ic a n a ............................................. 10$000 Meias botas................................................................................................ 6$000
Botinas de canguru, pretas e amarellas, 12$ e . . 14$000
Botinas de nellica, pretas, palmilhadas, 16$000, CALÇADO S PARA CRIANÇ AS
18$, 20$ e ............................................................................. 22$000 desde 1$500 para cima.
Borzegnins de pellica, diversos gostos, palmilhados, Chinellas de l i g a ...................................................................... 1$100
18$, 20, 22 e ....................................................................... 25$000 cara de g a t o .......................................................... 1$500
Botinas de abotoar, pretas e amarellas, 16$, 18, pello e belbutina. 2$, 2S500 e . . . . 3$000
20 e .......................................................................................... 22$000 marroqnins, 2$200, 4$, 5$ e ........................ 7$000
Sapatos, botas, borzeguins, fantazia, 11$, 14, 18 e 22$000 cara de gato, forrados de I a ......................... 3$500
Borzeguins de lona branca, 7$500, 12, e............................... 15$000 charlot legítimos, marca chave . . . . 7$000

E m uitas outras marcas de calçados como sejam: Paulista, Francezes e Americanos que
deixamos de annunciar por absoluta falta de espaço.

R E M M E TT E -S E E N C O M M E N D A S PELO CORREIO. M A IS 2SOOO FOR PAR


VER PARA CRER ! ! ! □ O □ - VER PARA CRER ! ! !

Alberto Antoniode Araújo


1 2 3 — AVENIDA P A S S O S — 123
ENTRADA PELA RUA M A R E C H A L F L O R I ANO

A N G I C O COMPOSTO
O X A R O P E M AIS ANTIGO DO BR AZIL
CURA RADl CALM ENTE, QUALQUER TOSSE ANTIGA OU RECENTE
A venda na PHARMACIA BRA CANTINA
RUA URUGUAYANA N. 405—E EM TODAS AS P2ARMACIAS E DROGARIAS— "
CARETA

NA EX1POSEÇÃO ORACULO

Domingo — Justificando a amavel imagem do


erudito orador que o comparou a Sophocles dan­
çando nú diante das phalanges de Salamina, o
Sr. J. J. Seabra dançará de robe-de-chambre diante
da banda de musica do batalhão que sahir á rua.
Segunda-feira — Será recolhido ao Museo Na­
cional, como uma preciosa relíquia histórica, o
atrevido caroço que interceptou a guella do G e­
neral Pinheiro Machado por occasião do seu ulti­
mo discurso.
Terça-feira— O professor Rodolpho Bernardelli
exporá a “ mascara do senador Azeredo no mo­
mento em que teve conhecimento da deliberação
final da Convenção dos Livres,,.
Quarta-feira—O sabido Chico Salles apresen­
tará aos disciplinados militares que lhe promove­
ram uma manifestação a conta das despezas que
foi obrigádo a fazer para recebel-os.
Quinta-feira—A pedido de vários correligioná­
rios políticos, o Sr. Coelho Lisboa botará abaixo
a basta cabelleira que o encaiporou.
Sexta-feira— O Dr. Epitacio Pessoa designará
o dia 7 de Setembro para a publicação da sua pla-
tibanda do Marechal Hermes. ^
Sabbado—O deputado José Carlos de Carvalho
continuará silencioso por não se haver curado do
rheumatismo que lhe atacou a lingua.
Mm e. de T hebes

Os intendentes mumcipaes andam a percorrer


o Districto Federal, comendo aqui, bebendo ali, e
dormindo acolá, como escreve o Sr. Medeiros e
Albuquerque.
Mas essa gente não terá mesmo o que fazer?

FURO DE Mme. DE THEBES


A nossa graciosa collaboradora Mme. de The­
bes, que devido a interrupção do telegrapho com
que se communica com os astros deixou, por al­
gum tempo, de illuminar as nossas columnas com
as suas prophecias, reapparece hoje para espantar
os nossos leitores com as maravilhas da sua cla­
— Casamento Phantastico !... Phantastico foi o meu: rividência.
Esposei uma viuva que tem um primo que morre de Além das advinhações constantes do Oráculo
amores por ella; só assim eu goso a liberdade que communica-nos a vidente senhora a próxima occor-
desejava. rencia de um facto que poderá enluetar as lettras
jurídicas e políticas. Trata-se de um duello entre os
BANDEIRA DE MISERICÓRDIA Srs. Seabra e Epitacio Pessoa que disputarão, com
as armas, a pasta da Justiça, na ex-futura presidên­
O publico desta capital teve conhecimento, pela cia do candidato dos convencionaes de Maio.
leitura dos jornaes, das fúnebres festas com que o Apezar do particular interesse que temos na rea-
cauddhismo, abrindo uma bandeira de misericórdia lisação das prophecias de Mme. de Thebes, os nos-
sobre a cabeça do sr. Francisco Salles, entristeceu a nos votos não pôdem, desta vez, ser pela confirma­
vida carioca. ção do encontro annunciado.
Que essas luctuosas manifestações não passaram
de actos de piedade funeraria asseguraram, em seus
discursos, os Srs. Bocayuva e Rafael. Também não adheriram ao Congresso de Geogra-
Assim sendo, á Careta deve o Salles esses forro­ phia os Srs. Antonio José da Purificação, Manoel
bodós. Si não fossem as justas homenagens com que Fagundes de Castro, José Mattos da Silva e Souza,
o temos consagrado nunca o Chico se lamberia com
essas festinhas. Vamos, agora, tratar de arranjar um Anselmo de Azevedo e Castro, Dr. Coutinho e sena­
almocínho para o Rodolpho de Abreu. dor Gervasio de Castro.

Teiephone 872 Chapéos i n g l e z e s M èlton france-

CflSR! OUVIDOR zes S a n s 1’ a re il calçado Americano H a n a n e


P a c k a r tl ----- --------
17 1 O U V I D O R 17 1
A natcle FRANCE modo advertir-me, de que era coisa in­ apresentasse algum d’elles de porta em
conveniente o declamar de tal modo. Ha- porta, veria que se arriscava a trazel-o
milcar reflectiu : toda a vida enrolado na sua sarja verde,
sem achar ao menos, uma costureira
O CRDME — Este velhote dos alfarrabios, fala,
fala, e afinal não diz coisa que geito te­ inexperiente que lh’o comprasse 1»
DE nha, ao passo que a nossa governanta só — « Na verdade, senhor!— respondeu
diz palavras cheias de sentido, repletas de o homunculo, por mera acquiescencia».
coisas, contendo em si já o annunciar E muito soiridente, offereceu-me os
STLVE5TKE BOMNflRD d’uma refeição, já a promessa de uma
sóva.
«Amores de Heloisa e Abeilard».
Dei a perceber ao nosso homem, que á
minha edade não podiam, de forma al­
De modo, que a governanta, sabe se
muito bem o que ella diz, emquanto que guma, convir historias de amor.
A ACHA o velhote não faz senão amontoar sons Sempre sorridente, Coccoz indicou-me
que nada significam. o «Manual dos Jogos da Sociedade» : o
24 de dezembro de 1849 jogo dos contos, o sol, os tres setes, o
Assim reflectia Hamilcar. «vhist», os dados, as damas, o xadrez.
Acabara eu de calçar as minhas chinel- Deixando-o mergulhado em seus pen­ Pobre de mim !—disse eu então a C oc­
las e deitar pelos hombros o meu «robe samentos, abri um livro, que comecei a coz—para recordar-me o jogo dos tres
de chambre». ler com interesse, pois que era elle um setes, veja o Sr. Coccoz se é capaz de
Enxuguei uma lagrima com que a brisa catalogo de manuscriptos. Eu não conhe­ trazer aqui, á minha presença, o meu ve­
que soprav? do caes toldara a minha vis­ ço leitura mais facil, mais attrahente, mais lho amigo Bignan, com quem todas as
ta. No fogão do meu gabinete de traba­ lúcida, que a de um catalogo. Aquelleque noites eu jogava as cartas, antes das cin­
lho flammejava um lume de cliamma lím­ eu lia, foi redigido em 1824, por M. co academias o terem solemnemente acom­
pida. Alguns crystaes de gelo, em forma Thompson, bibliothecario de «sir» Tho- panhado ao cem iieriolOu então, diga á
de folhas de féto, vinham florir nos v i­ mas Raleigh, e pécca, na verdade, em ser frivolidade dos jogos humanos que se
dros das minhas janellas, occultando-me á excessivamente resumido, não apresen­ curve ante a intellegencia grave de H a­
vista o Sena com suas pontes, e o Louvre tando, portanto, esse genero de exactidão milcar, esse gato que o senhor está ven­
dos Valois. que os archivistas da geração a que per­ do, alli, a dormir sobre aquella almofada,
Arrastei, para junto do fogão, a minha tenço foram os primeiros a introduzir e que é, presentemente, o unico compa­
poltrona e a minha mesa volante, e tomei nas obras da diplomacia e da paleogra- nheiro das minhas noitadas.
ao lume o logar que Hamilcar dignara-se pliia. Esse catalogo, deixa muito a dese­ O sorriso do homunculo mudou para
deixar-me disponível. jar e a adivinhar. E’ talvez por esta ra­ impregnado de gravidade. Coccoz mos­
Hamilcar achava-se á frente dos espe- zão, que de cada vez que o leio, experi­ trou-se como que assustado.
vitadores, enroscado em cima de uma al­ mento um sentimento especial, a que uma — Ora aqui está—disse elle—um novo
mofada de pennas, com o focinho entre natureza mais imaginativa do que a mi­ volume recreiativo para uso da sociedade;
as patas. nha daria, talvez o nome de devaneio ou compõe-se de anedoctas e bons dictos :
abstracção. ensina a maneira de transformar em rosa
Abandonava-me silenciosa­ branca uma rosa vermelha.
mente ao indefinido de meus Respondi a Coccoz, que de ha muito
pensamentos, quando a mi­ eu andava desavindo com as rosas, e que,
nha governanta, em gesto de quanto a facecias, bastavam me aquellas
fastio, me annunciou que o que a mim proprio me permittia, e até
Sr. Coccoz desejava falar-me. sem dar por isso, no decorrer de meus
Com effeito, por detraz trabalhos scientificos.
d’ella, vi alguém que desli- Coccoz offereceu-me ainda um ultimo
sava ao longo das estantes livro, de em volta com um ultimo dos
A sua pelle, a um tempo espessa e leve, da bibliotheca seus sorrisinhos, dizendo me :
elevava-se ao impulso de uma respiração Era um homensito, um pobre homun-
igual. culo de carinha chupada, trajando um — « E’ o manual da decifração dos so­
Ao aproximar-me, fez deslisar mansa­ «frak» acanhadíssimo. nhos. Traz a explicação de tudo quanto a
mente as suas pupillas d’ágatha por entre Acercou-se de mim, fazendo uma allu- gente possa sonhar : o sonho com oiro,
as palpebras senu-cerradas, que fechou vião de saudações miudinhas e de miudi­ que é signal de que nos querem roubar, o
no mesmo instante, reflectindo : nhos sorrisos. Era muito pallido, e com sonho com a queda do alto de uma torre,
«Não ha novidade ! E’ o meu amigo». quanto ainda novo e de uma extraordi­ que significa morte de qualquer pessoa,
— Hamilcar !—lhe digo eu, estiraçando nária vivacidade, pareceu-me doente. etc., etc , tem todos os sonhos».
as pernas,—Hamilcar, príncipe somnolen- A sua pessoa fez acudir á minha imagi­ Eu pegára nas tenazes e, agitando-as
to da cidade dos livros, sentinella da noi­ nação o retrato de um esquilo ferido. D e­ com vivacidade, disse ao meu interlo­
te ! Tu defendes dos vis roedores os im­ baixo do braço, trazia, embrulhada n’uma cutor :
pressos e manuscriptos que o velho sabio toalhinha verde, qualquer coisa que col- — « Pois sim, meu amigo, mas todos
adquire á custa de um infatigável zelo e collocou sobre uma cadeira. esses sonhos e mil outros que taes, trági­
de um pecúlio escasso. A seguir, desamarrou a trouxa e então cos ou alegres, todos se resumem num
Nesta bibliotheca silente que, com tuas pude ver que ella continha uma porção unico sonho—o da vida. E este livrinho
virtudes militares proteges, tu Hamilcar, de pequenos livros de folhas amarelle- que me apresenta, seria capaz de dar-me
dormes preguiçosamente, como uma sul­ cidas. a decifração, d’esse a que podemos cha­
tana — Senhor, disse elle, não tenho a honra mar o sonho dos sonhos ?
Tu, resumes em ti, o aspecto altivo de de o conhecer. Sou livreiro ambulante. — Sim, senhor,—respondeu o homun­
um guerreiro tártaro e a graça indolente Forneço livros ás principaes casas da ca­ culo. O livro é completo e não é caro :
de uma mulher oriental. pital, e, na esperança de que V. Ex. quei­ apenas custa um franco e vinte e cinco
Dorme, pois, heroico e voluptuoso H a ­ ra honrar-me com a sua confiança, tomo
milcar, dorme, esperando a hora a que os cêntimos.
a liberdade de offerecer-lhe algumas no­ Não quiz alongar mais a conversação
ratos venham fazer as suas danças ao vidades. com o meu visitador commercal. Que o
luar, diante dos «Acta Santorum» (1) dos Oh deuses de bondade e de justiça ! dialogo que acabo de dar á estampa seja
doutos Bollandistas. (2) Que novidades me poderia offerecer o tal qual como se passou, não o affirmo.
O começo d'esta fala agradou a Hamil­ homensinho Coccoz 1
car, que a acolheu com um chio de gar­ E’ provável que e" o haja ampliado um
O primeiro volume que elle depoz em tanto, ao escrevel-o. Mesmo ainda n’um
ganta, muito similhante ao que sabe de minhas mãos foi a «Historia da Torre de diário, a verdade litteral do que se ouviu,
uma cafeteira, quando a agua está para Nesle», com os amores de Margarida de é sempre coisa difficilima de observar.
começar a ferver. Borgonha e do capitão Ruridan. Mas, se não foi tal o meu discurso, por
Porém, mal elevei o tom á minha voz, — « Isto é histórico, disse-me Coccoz,
elle abaixou as orelhas e enrugou a pelle certo o foi o meu pensamento.
sorrindo. E’ um livro de verdadeira his­
zebrina da testa, como se quizesse d’esse toria». Bradei pela minha governanta, por que
— « N ’esse caso, respondi, deve ser em minha casa não lia campainha.
uma coisa muitíssimo maçadora, porque — Thereza 1—disse eu,—o senhor Coc­
(1) Livro das vidas dos santos. coz, que farás o favor de conduzir, pos-
os livros históricos que não mentem, são
(2) Padres que, depois da m o r te da Bol- umas tremendissimas estopadas. Cá estou sue um livro que deve interessar- te. «E’ a
land, Je suíta d’Anvers, re co lh era m e colligi- decifração dos sonhos». Tenho muito pra­
ram, na qualidade de seus continuadores, a eu, que tenho escripto alguns livros ver­
vida dos santos. (N. do T). dadeiros, e, se por desgraça sua, o senhor zer em offerecer-t’o.
CARETA
— « Meu senhor. Quando se não tem Lamentemol-os, mas não os censure­ ca tendencia. A senhora Coccoz seguiu-a,
tempo para sonhar acordada, também se mos ! Quanto aos vestidos de seda, não ha e canta. Mas dize-me, Thereza, já puzes-
o não tem para sonhar dormindo. rapariga que d’elles não goste. As filhas te a panellaao lume ?
Agradeço ao senhor a sua lembrança, de Eva adoram a compostura.
mas os meus dias preenchem bem a mi­ — Puz, sim, senhor, e não tarda que a
Tu própria,Thereza, que es séria e ajui­ vá escumar.
nha tarefa, como a minha tarefa preenche zada, como tu te zangas, se alguma vez
bem os meus dias e, louvores a Deus, to­ te falta um avental branco para servires á — Muito bem 1 Não te esqueças então
das as noites posso d izer: «Senhor ! mesa ! Mas, dize-me, elles terão o neces­ de tirar uma boa porção de caldo, e de o
abençoae o repouso a que vou entre­ sário á vida, na agua furtada ? levar á senhora Coccoz, nossa altíssima
gar-me !» — Como o poderão elles ter, meu se­ visinha.
Eu, meu senhor, não sonho nem a pé, nhor ? O marido que o senhor acaba de A minha governanta ia a retirar-se,
nem deitada. Felizmente, não confundo o ver, segundo me informou a porteira, era quando eu accrescentei, muito a propo-
meu «edredon» com o diabo, como succe- corretor de joalheria, e não sei a razão sito :
de a minha prima. E, se o senhor permitte porque não vende anneis ou relogios. — Thereza, antes de mais nada, has de
que lhe dê a minha opinião, direi que já Actualmente, vende almanachs. Não é fazer favor de chamar o nosso moço de
temos livros de sobra. O senhor tem mi­ uma profissão decente. Não creio que recados, e dizer a esse nosso amigo, que
lhares e milhares delles, que lhe fazem Deus possa ajudar um vendedor de A l­ vá á casa da lenha e que carregue com
perder a cabeça, e para mim bastam-me manachs. A mulher, aqui para nós, que uma boa porção de madeira para a agua
os dois que tenho : o meu «Livro de M is­ ninguém nos ouve : tem assim o ar de furtada dos Coccoz. E sobretudo, recom-
sa» e a «Arte da Cosinha». uma creatura desprezível, de um Maria menda-lhe que não se esqueça de levar
Entretanto, assim falava, a minha g o ­ vae com as outras. uma boa acha, uma verdadeira acha do
vernanta, ajudava o homunculo a entrou- Eu acho-a tão capaz de educar uma Natal.
xar a sua mercadoria na toalhita verde. creança como eu sou capaz de tocar gui­
O homunculo Coccoz, porém deixára tarra. Não se sabe de onde esta gente Quanto a esse homensinho, peço-te,
de sorrir. As suas feições descahidas, ti­ veio, mas, quanto a mim, tenho a certeza que se elle ahi tornar, o detenhas delica­
nham tomado uma tal expressão de sof- damente á porta, a elle e aos seus livros
de que vieram no cóche da Miséria, do amarellos.
frimento, que eu senti-me arrependido, paiz do Não te Kales.
por haver gracejado com uma creatura — Viessem de onde viessem, Thereza, Tomadas estas pequenas precauções,
tão infeliz. são infelizes e na sua agua-furtada ha com um egoismo superfinisado de velho
Chamei-o, e disse-lhe que me parecia frio. celibatário, tornei á leitura do meu cata­
ter visto a «Historia de Estella e de Ne- — Caspité ! O telhado está rôto em di­ logo. Com que surpreza, com que emo­
morin», entre os exemplos que elle tra­ versos pontos e a chuva entra alli em re- ção, com que alvoroço eu li isto, que não
zia, que gostava muito de historias de gueiros. Elles não teem nem roupas nem posso escrever sem um tremor de mão :
pastores e pastoras, e que, de boa mente mobilia. O entalhador e o tecelão, suppo- « A lenda dourada de Jacques de G ê-
lhe compraria, se me fizesse um preço ra­ nho eu, não trabalham para christãos de nes (Jacques de Voragine), tradução fran-
zoável á historia d’esses dois tão puros uma tal confraria ! ceza, in-4°, pequeno».
amantes.
— Posso vender esse livro por um fran­ « Este manuscripto, do século X IV ,con ­
co e vinte e cinco, senhor, me respondeu tém a traducção completa da celebre obra
Coccoz radiante de alegria. E’ historico. de Jacques de Voragine ; I o as lendas dos
O senhor verá : ha de ficar contente com santos Ferréol, Ferrution, Germain Vin-
elle. Agora já eu sei do genero que o se­ cent e Droctrovée ; 2° um poema á cerca
nhor gosta. O senhor, bem se vê que da «Miraculosa Sepultura do Sr. San G er­
mano d’Auxerre». Esta traducção, das
percebe da poda. Amanhã trar-lhe-hei os lendas e do poema, devem-se ao clérigo
«Crimes dos Papas».
E ’ uma grande obra. Trar-lha-hei em Jean Toutmouillé.
encadernação amador, illustrada com es­ « O manuscripto é em velino, contendo
tampas coloridas. grande numero de lettras de phantasia e
Convidei Coccoz a que não fizesse tal, duas miniaturas finamente executadas,
e despedi-o com satisfação. porém, em mau estado de conservação ;
Quando a sua trouxa verde se esfumi- uma d’ellas representa a Purificação da
nhou na sombra do corredor, perguntei á Virgem e a outra a coroação de Proser-
minha governanta : De onde nos cahiu pina».
este homensinho ? Que achado ! Senti o suor na fronte, e
— Cahiu. E’ esse mesmo o termo, meu que os olhos se me velavam. Tremi, corei
senhor. — E ’ bem triste o que acabas de ob­ e, sem poder falar, senti a necessidade de
Cahiu-nos do telhado. Cahiu-nos de on­ servar, Thereza, e eu vejo que estou ante
soltar um enorme grito.
de habita com sua mulher, da agua fur­ uma christã muito menos bem intencio­
nada que o pagão Hamilcar. E que diz a Que thesouro ! Ha quarenta annos que
tada. eu estudo a Gallia christã e especialmen­
— Elle tem mulher, dizes, Thereza ? E’ mulher ?
te a gloriosa abbadia de Saint Germain-
maravilhoso ! As mulheres sempre são — Olhe, meu senhor, eu nunca mais des-Prés, de onde sahiram esses reis-fra-
creaturas muito extraordinárias ! Essa, fallarei a tal gente. Não sei o que ella diz des que fundaram a dynastia nacional em
deve ser uma pobre mulhersinha. nem o que ella tem que canta todo o dia.
França.
— Lá o que ella é não sei eu, o que sei Ouço-a da escada, quando entro e quan­
é que a vejo todas as manhãs ir varrendo do saio. Ora, apezar da culposa insufficiencia da
os degráos da escada com os seus vesti­ descripção, era evidente para mim, que
— Está bem. O herdeiro de Coccoz po­ este manuscripto provinha da grande
dos de seda cheios de nodoas de gordura derá dizer como o ovo da feiticeira da
e relanceando uns olhares altivos. Com abbadia. Tudo m’o provava : as lendas
aldeia : colligidas pelo traductor referiam-se to­
franqueza, não sei se uns taes vestidos e
uns taes olhares podiam admittir-se numa « Minha mãe poz-me cantando». das á piedosa instituição do rei Childe-
creatura que recebemos por caridade. berto. A lenda de santo Droctovée era
Porque, como o senhor sabe, nós recolhe- O mesmo succedeu a Henrique IV. particularmente insignificativa, por ser a
mol-os na agua furtada, emquanto não se Quando Joanna d’Albret se sentia accom- do primeiro abbade d’aquella abbadia. O
repara o telhado, em attenção ao marido mettida das dores de parto, principiou a poema, em versos francezes, relativo á
ser doente e a mulher estar no seu estado cantar a velha canção bearneza : sepultura de Saint-Germain, conduzia-me
interessante. A parteira disse-me que a á própria nave da venerável basilica que
mulher fnj, hoje mesmo, de manhã, ac- O ’ senhora do bom trilho, foi o cordão umbilical da Gaiia christã.
commettida das dores de parto, e que fi­ Ajudae-me n’esta hora ! «A Lenda Dourada» é, em si mesma,
cou de cama. E rogae a vosso Filho, uma vasta e graciosa obra. Jacques de
Vê-se bem que estavam precisados de Que eu tenha, sem empecilho, Voragine definidor da ordem Dominicana
ter um filho ! Um filho, sem mais demora ! e arcebispo de Gênova, ajuntou no século
— Thereza,—disse eu,—cerdamente não XIII, as tradicções relativas aos santos do
estavam precisados dhsso. Porém a natu­ E’ evidente que é desrazoavel dar vida catholicismo, e formou uma collecção de
reza queria que elles o tivessem e fel-os aos desgraçados. Porém, minha pobre tal riqueza, que nos castellos e nos mos­
cahir nas malhas da sua rêde. E’ preciso Thereza, é isso o que se faz a toda a ho­ teiros exclamavam:« E ’ a Lenda Doura­
que se tenha uma prudência exemplar ra, e nem todos os philosophos do mundo da» !
para se frustrar as artimanhas á natureza. reunidos, poderíam reformar essa asnati- (Continua)
SOCIEDADE DE SEGUROS
nCJTCJ05 50BftE A VIDA
Uma evidente prova das vanta­
gens das apólices da classe de sor­
teios semestraes EM D IN H E IR O ,
emittidas pela “ A E Q U IT A T IV A ” .
Rio de Janeiro, 15 de Abril de 1909.
Illmos. Snrs. Directores d’A Equi-
tativa dos E. U . do'Brasil.
RIO DE JA N E IR O
Amigos e Snrs :
Já em 15 de Outubro de 1908 tive
a satisfação de escrever a VV. SS.
agradecendo o pagamento de......... .
5:000$000 com que fora nesse dia
contemplada pela S E G U N D A VEZ
a minha apólice n. 52.738.
Hoje tenho novamente o prazer
de voltar á presença de VV. SS. para
mais uma vez, patentear os meus
agradecimentos pele pagamento que
acaba de ser-me feito da quantia de
outros 5:000$00, importância esta
que representa a sorte que me coube
hoje e correspondente á minha apó­
lice n. 52.739.
Pelo que acima fica exposto, veri­
fica-se que, n’um periodo de anno e
meio, tive a felicidade de ser con­
templado em 3 sorteios semestraes
consecutivos, e assim receber a
quantia de 15:000$000 em moeda
corrente, sem absolutamente preju­
dicar as demais vantagens qne me
conferem as citadas apólices ns.........
52.738(9, as quaes ficam em inteiro
vigor e, portanto, com direito a
concorrerem aos demais sorteios,
nos termos do contracto.
Reiterando os protestos de meus
agradecimentos, subscrevo-me com
alta estima e consideração.
De VV. SS.
Am.o Att.° Obr.°
Arthur lvans G . da Silva.

Como testemunhas:
Idacó F . Cunha.
Luiz Portocarrero Velloso.
(Firmas reconhecidas).

S E D E SO CI AL :

125, AVENIDA CENTRAL, 125


RIO DE JANEIRO
A S T O I L E T T E S DA M A IS O N B L A N C H E

Ultim o modelo da Estação em Paris, usado por bellissima titular na recepção solemne do palacio
do Cattete, a 7 de Setembro. O vestido mais rico e mais artistico que alli compareceu. Era o mais
bem feito e caprichosamente acabado de todos.
O Collete Mme. Garnier continua mantendo a nota do chic a valer, adaptando-se a todas as toi-
lettes e satisfazendo os gostos os mais exigentes.

M A ISO N B L A N C H E — €ru§uayana, 8o
Queda dos Cabellos, Barba, Sobrancelhas, Pellada, Calvície precoce, Caspa, etc.
N O VA S C U R A S — N O V O S ATTESTADO Pilogenisando acabeca de papai!

Illm o. Sr. Pharm aceutico Francisco G iffo n i.


E ’ com muito prazer que junto este aos muitos e valiosos
attesfados que possuis, patenteando as curas realizadas pelo vosso
preparado P I L O G E N I O . Soffria de caspa e queda dos cabellos. Usei
debalde muitas loções. Estava já desanim ado de experim entar to-
nicos; mas diante dos successos do P I L O G E N I O nesta cidade, onde
tem feito curas adm iráveis, resolvi usal-o. O resultado não se fez
esperar; lo g o no fim do primeiro vidro a caspa desappareceu-m e,
cessando de uma maneira considerável a queda dos cabellos, de
sorte que hoje considero-m e livre de um a calvicie certa, e continuo
a usar o P I L O G E N I O por ser um a loção util e agradavel.
N ova Friburgo, 2 de Setem bro de 1909.
Sebastião Herculano de Mattos
(Firma reconhecida pelo tabellião Américo Vespucio Pereira do Lago)

O “ P l k O G G N I O ” vende=se no deposito geral:


Drogaria de Francisco Giffoni & C.
= 17, RUA PRIMEIRO DE MARÇO, 17 (ANTIGO N. 9) =
e nas boas pharmacias e drogarias e perfumarias e nos Estados encontra-se desde já nas seguintes cidades:
Pernam buco, B a h ia , V icto ria , B e llo - H orizon te, C u rity b a , P elo ta s,
Ilio G rande, Porto A le y r e , Corum bá, G oya z e Cuyabá

A SAUDE DA MULHER — MA U S C U R A S —
L E IA M OS A T T E S T A D O S

| Dr. V it a l Cardoso do R e g o — Form ado p ela F a c u l ­


Illm o. Sr. José Lyra.
dade de M edicina da Bahia, ex-medico adjunto
Declaro que o preparado d e n o m in a d o — da Santa C a sa de M isericórdia do P ará , m edico
A S A U D E D A A á U L H E R , é um m edicam ento da Municipalidade de R em a n so, etc., etc.
m uito bem confeccionado e efficaz contra as A tte sto em fé de meu g rà o de doutor em m edi­
moléstias uterinas. cina, que a « S A U D E D A M U L H E R » é um excellente
preparad o que tenho em prega d o sem p re com p r o ­
C id a d e do Joazeiro. Bahia, 30-1-09. veito em m inha clinica.
D r. E duard o Britto. Rem anso. Bahia, 3 de F ev e reiro de 1909.

N o t a — Medico de grande clinica e popularidade em Joazeiro. D r. V ital Cardoso do Rego.

[aboratorio: DAODT RAGONIIsUA


RUA DO R IACH UELO , 430 — Rio de Janeiro
DEPOSITÁRIOS : Drogaria Pacheco = Araújo Freitas 8c C. = Granado 8c C.
= - ~ Freire Guimarães cV C. — Silva Gomes 8c C . :
Careta
R E D A C Ç Ã O E O FFECUNAS s R U A D A A S S E M B L É A , 7 0 — Rfl© D E JA N E B R O
A S S IG N A T U R A S . NU M ER O AVULSO
A N N O .................... i 5 $ooo | S E M E S T R E .............. 8$ooo Ijl CAPITAL . . . . 3 oo Rs. | E S T A D O S ............. 4uo Rs

E D IÇ Ã O DE "KÓSMOS"

n . 67 | R I O D E J f l M E I R O — S a b b a d o — I I — S e t e m b r o — I 7Ü7 | A f l M O II

Os discursos de Qooiminui©

Pinheiro. Irra, que assim o Herm es não só b e! E ’ todo m undo a dar-lhe para b a ix o !
A té você, patriarcha, quebrou-lhe a louça na cabeça.
C A R E T A

CARETA PARLAMENTAR ternidade, e todas as espadas serão virgens! (applau­


sos) Pois se essa virgindade é um signal de progres­
so, como não considerar suuerior o que empunha
O SR. QUINTINO B O CA Y U V A — Eu já estou uma espada nesse estado, aquelle que possue outra
muito velho, Sr. presidente, para fazer improvisos. V. prostitmda no sangue de homens como nós, Sr. pre­
Ex. bem sabe que quando vem chegando uma certa sidente ? Creio ter justificado plenamente este ponto,
idade, custa a gente como o diabo a improvisar. Al­ (signaes de approvação). Passemos a outro, portanto.
gumas pessoas para auxiliar esse trabalho, tornar Tenho também um modo differente de pensar da
possíveis os improvisos, recorrem aos preparados. Eu generalidade, Sr. presidente, sobre as tão apregoadas
porém, não gosto dos preparados. vantagens da instrucção. Tenho visto tanta cousa
O Sr: Pires Ferreira—Apoiado. São muito peri­ neste mundo que, palavra de honra, eu se podesse
gosos. prohibia expressamente que se ensinasse d’ora avan­
O SR. QUINTINO B O C A Y U V A -S im , Sr. presi­ te alguém a ler. Sim, ler o que, Sr. presidente ? A
dente eu desconfio muito dos preparados. instrucção é um mal. Até a sabedoria popular dos
Nesse ponto eu creio que me acompanha a maio­ provérbios o affirma : quanto mais burro, mais pei­
ria do nobre Senado, (vivos signaes de approvação) xe I (applausos)
Eu entendo que os preparados só podem ser noci­ O Sr. Francisco Salles—V. Ex. está proferindo
vos. (apoiados) Aliás eu tenho certas opiniões que grandes verdades, (apoiados)
podem não estar de accordo com as de outros, mas O SR. QUINTINO BO CAYUTA—Nem sempre eu
nem por isso as abandono. Assim por exemplo quan­ tive estas idéas, Sr. presidente, é mister que o con­
to aos militares: abomino aquelles que vão á guerra fesse e aproveito a occasião para penitenciar-me de
e tingem as espadas no sangue humano, (apoiados) semelhante erro. Mas hoje que já tenho bastante ex-
Para mim as espadas foram feitas unicamente para periencia da vida, estou convencido de que só males
ficarem penduradas á cintura. (apoiados geraes) pódem advir para o povo de enxergar um palmo
O Sr. Pires Ferreira—E é uma coisa bem bonita adiante do nariz. (Apoiados geraes). As vantagens de
uma espada pendurada á cinta de um militar garbo­ não saber ler são muitas: em primeiro logar não ha­
so. (apoiados) vería jornaes, esses malditos instrumentos de idéas
revolucionarias, (apoiados e applausos) Em segundo
O SR. QUINTINO B O C A YU V A -A ssim , Sr. pre­ logar não haveria eleições porque não haveria eleito­
sidente, para mim vale mil vezes mais o militar que res, o que seria a vantagem maxima para a demo­
haja embora guerras sobre guerras, conserva a sua cracia. Em terceiro logar gastava-se muito menos,
durindana virgem, do que aquelle que vae barbara­ reservando-se o dinheiro do thesouro para outras
mente banhal-a no sangue alheio. Porque isso é uma coisas bem mais uteis do que ensinar a ler ás cre-
selvageria. As espadas não foram feitas para isso e anças. (signaes de approvação). Emfim, Sr. presiden­
sim para fazer continências á lei. te, se todos fossem iguaes em instrucção, não se dis­
O Sr. Pinheiro Machado—E á bandeira também, cutiríam campetencias, e creio que só isso bastava
não se esqueça V. Ex. para me fazer partidário do analphabetismo obriga-
O SR. QUINTINO BOCAIUVA—Sim, á lei e a torio.
bandeira. Já vejo que não sou sósinho a pensar as­ O Sr. Francisco Salles—V. Ex. diz muito bem.
sim, o que muito me alegra. Concordo plenamente.
Diversos Srs. Senadores—Nós pensamos exacta- O SR. QUINTINO B O CA YU VA —Explanado este
mente como V. Ex. (rumor de approvações) ponto, Sr. presidente, passemos a outro. Enten­
O SR. QUINTINO BOCAYUVA—Pois é isso, Sr. do, meus nobres collegas, que os programmas dos
presidente, um militar nessas condições é muito mais candidatos são coisas perfeitamente inúteis, (apoia
respeitável do que os sanguinários que vão ás dos geraes) Pois quem não sabe que ao organisar
guerras ! (apoiados geraes) Porque a guerra é um um programma, o organisador sempre se reserva o
flagello social, Sr. presidente, que já devia ter sido direito de o modificar ? (apoiados geraes) Isso não
supprimido. (apoiados) acontece nos theatros ? Nos cafés-concertos ? Nos
O Sr. Pires Ferreira—Mas supprimida a guerra, cinematographos até? Como querer pois promessas
seriam supprimidos também os militares. que ás vezes circumstancias independentes da vonta­
de tornam irrealizaveis? (apoiados e applausos) Por­
O SR. QUINTINO B O CA Y U V A —Não apoiado. E tanto o melhor mesmo é não fazer programmas. O
então quem é que faria as paradas ? Quem habitaria que se puder fazer, far-se-á. E acabou-se. (applau­
os quartéis que já estão promptos ? Quem iria fazer sos prolongados) Pois bem, Sr. presidente, ditas
manobras em Santa Cruz? Sim, quem ? Já vê V. Ex. essas poucas palavras que trouxe escriptas dada a
a necessidade dos exercitos. (vivos signaes de appro­ minha impossibilidade de improvisar, terminarei re­
vação) E não está longe esse dia, Sr. presidente, eu cordando ao nobre Senado aquellas formosas pala­
prevejo que a Humanidade caminha com passos de vras do grande Carlos Magno ao saber da derrota
gigante na senda gloriosa do Progresso e ha de che­ de Roldão no valle de Roncesvaux: Tout est perdu,
gar um dia em que o bronze dos canhões se ha de jusques Uhonneur !
converter em relha para os arados. (applausos pro­ Tenho concluído.
longados). (Bravos e palmas. Calorosas manifestações das
O Sr. Francisco Salles—E as carabinas virarão galerias em delírio. O orador é abraçado por todos
espingardas pica-páo. os senadores presentes. O discurso é telegrammado
O SR. QUINTINO BO CAYU VA—Nesse dia glo­ para todo o paiz).
rioso, Sr. presidente, o Mundo será uma vasta Fra­ F errolh o

a
CREAÇÃO INTEIRAMENTE NOVA
1
Q
J O m ais e le fa n te e o m ais confortável

J =
123, m
M A N U F A C T U R A D O E M P A R IZ =
5ET1! DE 5ETEÍ1BR0, 123 — (flNTIGll (flüfí CflVE)
CARETA
Esteve exposta na casa Luiz de Rezende a bai- Consta-nos com bons fundamentos que o Dr. Igna-
xella de prata offerecida ao nosso primeiro dread- cio Tosta preferirá a pasta á Posta.
nought pelo Estado de Minas.
A vista disto, o coronel Rodolpho de Abreu vae S. S. tem mais inclinações para a Lavoura de cujo
offerecer á bibliotheca do mesmo couraçado uma col- progresso tem sido uma das mais fortes alavancas, do
lecção dos seus artigos políticos. que para a Repartição que dirige apezar de Postal.

Cupido. — Vamos, Lili. . . um beijinho no Alfredo. .


Lili —.................................................................................................
Alfredo. — Então. . . Lili. . . Faz, ao menos, a vontade á creança.
CO LA DE BELLAC ART
£ . t 7\ / Ç U ' >

N ovo palacio da Escola N acio na l de B ellas Artes ( projecto de M o ra lcs de los R io s ) .

O s Srs. Presidente da Republica e M inistro da Instrucção Publica chegando á Escola de Bellas Artes.
CARETA

* * * Espantam-se os orgãos isca-


rioticos de Minas de não ter a Con­
venção de Agosto escolhido um
mineiro como candidato, nem ter
figurado um delegado de Minas na
mesa da mesma solemnissima as-
sembléa.
Bem mostram os legítimos or­
gãos do viuvismo que não compre-
hendem o desprendimento; como o
Wencesláo na tal deslocação do
eixo tratou de agarrar-se ao polo
sul com unhas e dentes, entendem
que os mineiros que não concordam
com a política de traições deviam
também puxar para si uma fatia do
bolo.
Mas é isso justamente que dis­
tingue o civilismo mineiro do isca-
riotismo official, Braz amigo ! Ambi­
ções mesquinhas só ha do outro
lado Wencesláo. Cá ninguém vende
a honra por 30 dinheiros, não, por
uma vice-presidencia.

O brazileiro—Venha ao theatro,
que eu quero mostrar-lhe a mulher
mais alta da America. Miss Abo-
Os Srs. dr. Nilo Peçanha, Presidente da Republica, mah. ..
Esmeraldino Bandeira, Ministro da Instrucção, visitando o Salão O argentino—Ah ! E que altura
dos expositores d ’este anno. tem ella ?
O brasileiro—Dois metros e
B A R R A D O meio! E’ mais alta que esta porta.
— Vim pedir-lhe a sua filha em casamento. Bal­ O argentino — Ora! isso não é nada Em Buenos
buciou o rapaz, em voz meio tremula. Aires temos um sargento de policia tão alto, que
— Com muito prazer ! exclamou o pae amoroso. precisa ajoelhar, quando quer coçar a cabeça.
Eu já calculava que o Sr. tivesse essa tenção. Mas,
antes de responder-lhe, desculpe-me fazer algumas
perguntas. O Sr. bebe ? O Sr. Pamfuncio foi dar um
— Não, senhor! Odeio o álcool. passeio á Penha no anno pas­
— Ah ! Sim ? . . . Fuma ?
sado, n’aquella grande e popular
— Nunca usei fumo de modo nenhum!
— Nem estou lhe perguntando se usa do fumo festa ann ual!!! E lá leitores o
ensopado ou em calda. Indaguei apenas se fumava. nosso Pamfuncio entrou n’a-
Frequenta theatros ? quella grande pagodeira, dançou,
— Nunca tive curiosidade de entrar em um thea­ bebeu, pintou o Simão de Cara­
tro. Nem mesmo no Municipal. puças, e por fim apanhou uma
— Ah ! Sim ! O Sr. joga a dinheiro? Um bridge... grande constipação, que quasi
um pokerzinho ? . . . lhe deu cabo da vida! E’, elle
- Não pego em baralho, nem por brinquedo ! hoje está contente de ter se sal­
- Então, moço, não sei como o Sr. se quer ca­
sar com a minha filha. Ella é uma menina de socie­ vado, graças ao X a r o p e tf o
dade e eu só a entregarei a um marido que tenha J t o s q u e que cura tosses em
hábitos de sociedade. Não quero enterrar viva minha 24 horas, Bronquite, Asthma e
filha. Procure outra. Rouquidão, e vende-se na Dro­
garia de Freire Guimarães & C.
— Que idea é essa de levares tua sogra á Italia? a rua do Hospicio n.° 22 — e
- Não conheces o proloquio : Vedere Napoli e na Pharmacia Mallet & C. a rua
poi morire ? . . . Nós vamos a Nápoles. Frei - Caneca n.° 52.

ISID O R O M A R X & C. Representantes da O urivesaria ------- — --------


- C H R T S T O F L R & C.
----------------------------- J O A L H E I R O S -----------------------------
F ilia l em l* o r t o A le g r e
R U A D O O U V I D O R , 138 — Rio de Janeiro ESTA D O DO R IO G R A N D E DO S U L
C A R E T A

BANQUETE POLÍTICO ! de Judas avec sucre à la Wencesláu ; Mendubi


torre à la Seabra: Parati, Vins, Café, Liqueur de
G ra n d e m a n ife s ta ç ã o ao C h ico S a lle s . — Os van Swieten, etc.
grelos <le b am b u . C o n ta «lo P o rto . — P ila - —Emquanto degustava os espargos, disse o Dr.
tos no ore«lo. -A p o lo g ia <la ig n o r â n cia . Xico Salles visivelmente satisfeito ao seu visinho da
— E lo q u ê n cia lavren se. — X o ta s. esquerda:—Eu tenho na minha chacara muito bam­
bu, mais inguinorava que o grêlo deile fosse tão bom
assim. Agora vou aporveitá elles todos, assim como
Foi portentoso, magnificente, opiparo o banquete esses chapéos de sol de cobra que eu gostei muito !
offerecido no dia 29 do passado a s ... aos estôma­ (Referia-se aos cogumêlos).
gos hermistas. O palacio Monroe, convertido em sa­ — Muita gente, depois de ouvir o discurso do Sr.
la de jantar dos políticos, depois de ter sido sala de Quintino, extranhou que falasse no Xico Salles. O
visitas dos estrangeiros, quasi desabou ao entrecho- senador mineiro entrou na festa como Pilatus no
car de duzentos maxillares. O salão esteve claro co­ credo. A explicação porém é simples. Se o Salles
mo o dia e mais florido que um jardim. fosse convidado para contribuir com a sua quota,não
Depois de ingerido o tutú de feijão com linguiça, acceitaria evidentemente. Despeza não é com elle.
o patriarcha pediu a palavra e leu um discurso mais Como fosse conveniente a sua presença, usaram do
substancial do que uma croüte au pot, que tentare­ artificio de annunciar o jantar como offerecido a
mos resumir. elle.
Disse o Sr. Quintino : — Foi muito notada a incoherencia do Sr. ^Quin­
“ Meus senhores. Nós nos reunimos aqui para for­ tino, depois de fazer o elogio da ignorância, não in­
mar um partido. (Espanto do Xico Salles). O fim cluir no programma do futuro governo a suppressão
desta collação é nos ligarmos por um compromisso da verba da instrucção publica.
solido, firmado pelos nossos queixos... (Surpreza do
Xico Salles) e tendo por bandeira o marechal Her­
mes. O coronel Francisco Bressane pede-nos em deli­
O marechal tem pelo menos duas vantagens inesti­ cada missiva que insistamos em contestar as noticias
máveis como candidato á presidência da Republica: é
ignorante e não tem programma. (Muito bem ! muito acerca do logar de seu nascimento.
bem ! palmas). A falta de preparo que lhe reconhe­ O glorioso político não nasceu absolutamente na
cemos é uma garantia de que elle governará por ilha da Madeira, apezar de ser um tanto páo de na­
nós. Eu tenho medo é dos homens preparados.(Bra­ tureza.
vos !) E a falta de programma é uma circumstancia
feliz que nos offerece ensejo de lhe traçarmos as O coronel Bressane é filho da ilha de S. Thomé;
normas do seu governo. (Muito bem !) por isso mesmo é que elle gosta de ver para crer.
Como sou o mais corajoso daqui vou traçar o
seu programma. (Movimento de attenção!) Ha de ser
o seguinte: governar com paz e amor, sem reben-
que ; absoluta moralidade administrativa; levar tudo
pelo direito, abolindo o tacão da bota ; deixar que o
AOS SNRS. CHEFES DE FAMÍLIA
sol gire em paz, etc. Tenho concluído ! (Delirio. Bra­
vos. Palmas),,.
Passadas as acclamações, o Sr. Quintino levan­ N Ã O CO M PR EM R O U PA PARA V O SSO S
tou-se de novo: F IL H O S , S E M V E R P R IM E IR O O
"Meus senhores ! Peço desculpa de uma omissão,
que deve ser levada em conta da minha idade. Eu ia C O L L O S S A L S O R T IM E N T O E O S B A ­
me esquecendo de beber á saúde aqui do Xico Sal­ R A T ÍS S IM O S P R E Ç O S D A C A S A
les. Seu Xico, á sua!,, E tocou-lhe no copo.
Os convivas se levantaram :
— Seu Xico, á sua ! O TOMBO DO RIO
— Seu senador, á razão da mesma!
— Compadre, toque aqui !
O senador Xico Salles levantou-se :
“Meus senhores, como não sei falá, peço lecença
RUA DA URUGUAYANA, 1 (Cantoda Carioca)
pra lê :
Qui é isto ? Qui manifestação é essa ? Eu não
RIO DE JANEIRO
pissúo merecimento, mais Minas ha de agardecê a
todos, e Nossa Sinhora da Piedade ha de pagá ocês.
Nós lá tômo firme ! Aquella com o Affonso Pen- Cook, para chegar ao Polo Norte, atravessou com
na e o Campista foi um estropicio. Agora ocês póde felecidade o estreito de Bhering. Allude a esse acon­
contá com nós. Me descurpe se eu não çei istendê tecimento o seguinte despacho telegraphico recebido
mais o meu descursso,,. Muito bem ! Muito bem ! pelo nosso companheiro Mario Bhering.
"Graças á feliz passagem pelo vosso estreito meu
NOTAS esposo descobrio vosso visinho, o Polo Norte.
—O menu foi o seguinte : Soupe de batates à la Parabéns. Mme. Cook.
situacion; Main de bouf, ailleurs munhe'ca de boi à la O nosso companheiro respondeu nestes amaveis
Xico Salles; Asperges Banque Agricole à La Rodolpho termos:
de Abreu ; Champignons politiques à la Astolpho Du­ “ Muito lisonjeado pela passagem do seu marido
tra ; Linguice à la Lauro Muller. D e sse rt: Baisers pelo meu estreito. Bhering.

FABRICA E DEPOSITO DE CALÇADOS


&’ BOTA “ FLUMINENSE ”
—) E s p e c ia lid a d e s em c a l ç a d o s C h a l e i r a e V iu v a A le g r e ( — A. m a i s b a ra te ira d e to d o o B ra z il

123, AVENIDA PASSOS. 123 (lado da Rua Marechal Floriano) = R O O D E J A N E H R O ------------ -


A travessia da m ancha em plano aereo.
N ova m acliina de voar e caliir.
Jcclfey-C lu b — G ran d e Prêm io Jccl^ey-Club

Lu

O povo, á chegada do Sr. Presidente da Republica.

Aspecto do prado por occasião de ser disputado o grande prêmio.


Jcclje y -C lu b — G ran d e Prêm io Jocl^ey-Club

A s archibancadas.

P a rtida do pareo m ajor Suckow.


CARETA

GAVETA DE CARTAS Calixto Severo (Florianopolis). Nem sua prosa,


nem seus versos, nem seus desenhos. Tudo foi para
Nanas (Rio). O assumpto podia ser tratado me­ a cesta.
nos ingenuamente. O amigo ainda não fere bem a Mauro Salles (Porto-Alegre). Não senhor, guarde
tecla do humorismo. Continue e veja se consegue preciosamente as suas producções que não devem ab­
ser mais conciso. solutamente ser publicadas. O publico não as com-
Pinto Ribeiro (Recife). Fraquinhos os seus sone­ prehenderia.
tos, ambos com graves defeitos. Severino de Faria (Campinas). Idem, idem.
R. R. Navarro (Barbacena). Bem vê que com a Caetano Salazar (Rio Grande). Leia a resposta
correspondência enorme que diariamente recebemos, que demos a Eleutherio Barros.
impossível seria deixar de cahir no logro. Procure Carlos Souza (Barbacena). Ahi vão os seus ver­
entre os seus amigos mais intimos o autor da brin­ sos.
cadeira e agradeça-lh’a. O Doutor Bias Fortes é um gigante
E . Bittencourt (Rio,). O s seus versos são supina- Bem maior do que o Itacolumy
mente idiotas, tão idiotas que os deixaremos “ immer- Francisco Salles é um estudante
sos no oceano immenso das sinceridades,, até que Que ha de sentar-se no Itamaraty.
se afoguem. G doutor Bias Fortes é mineiro
Cesar de Saboia (Fortaleza). Seu Hymno d Secca é Que verga mas não quebra, toda a gente
uma verdadeira séca. Não nos foi possível ir além Espera ainda vel-o presidente
daquelles versos : Da Republica um quatriennio inteiro.
O sol dardeja a prumo. Esqualida, a faminta Francisco Salles, Bernardo Monteiro
Levanta os olhos á amplidão immensa Astolpho, Bressane e J. Penido
E desatando a cinta São typos representativos do mineiro
Escuta e pensa, Que parece burro, mas é sabido.
Emquanto do horizonte ensanguentado Bias Fortes grande cidadão
Vem um rumor intermino, infinito A Barbacena é o teu berço
Parecendo o bemdicto Francisco Salles e Bueno Brandão
Seja louvado. Comtigo hão de rezar o terço.
Nuvens escuras de urubus revoam Wencesláo Braz Pereira Gomes
Por sobre os esqueletos retirantes E’ um presidente ideal
Grasnando crocitantes Passou-se o tempo das fomes
Os seus crocitos soam Já tem arroz no arrozal.
Como preces ao Céo alevantadas Minas terra de Bias
Implorando a Divina piedade E outros concomittantes heróes
Em favor das manadas Has de dar lições ao Brasil todos os dias
Que cahem fulminadas Os teus estadistas são grandes sóes.
Pela Saudade!,, Confesse agora, seu Carlos Souza, que nós so­
Imaginamos o resto e paramos. Sr. Saboya, além mos de uma generosidade infinita, com os seus can­
da secca os seus versos! Pobre Ceará! Tenha pena tados estadistas. Lamba as unhas com a boa dispo­
da desgraça dos outros. Não seja malvado! sição em que nos encontrou.
Eleuterio Barros (Ouro Preto). Tenha paciência, Cesario Amarello (Bahia). Seus versos ao Dr.
mas os seus versos são simplesmente hediondos. E Seabra são muito apimentados.
que portuguez ! Outro officio. Eusebio Mattos (Belém). Muito agradecidos. Quan­
Dr. Oscar Lacerda fSete-Lagoas). Seu soneto, Sol to á sua collaboração sentimos não poder acceital-a,
ex-poente, com franqueza, não o comprehendemos. mas a amostra que veio, foi desoladora.
Mas como, pelo papel marcado com o carimbo da
E. F. Central do Brasil, (6a Divisão) o amigo pare­
ceu-nos ser engenheiro, póde ser que queira fundar
uma nova escola literaria e um novo genero de poe­
sia—a mathematica.
Assim, para demonstrar a nossa imparcialidade
damos a lume aqui mesmo á sua obra, que quem
sabe ? está destinada talvez a immortalisal-o:
O sol se põe. Como o sol eu me ponho
A contemplar a equação infinita do Mundo,
Immerso num problema quiçá bem mais profundo
Do que aquelle que faz um fructo ao outro inconho.
Mysterioso pensar é este ao que supponho
Dos theoremas levando o meu pensar ao fundo
Emquanto o sol se põe, vasto globo rotundo
Parto immenso de luz nas caçoulas do sonho.
Sorri-se a natureza em vascas de agonia
A lua do outro lado merencoriamente
Apparece e sua luz substitue a luz do dia. Adheriram ao Congresso de Geographia os snrs:
As épuras da luz se somem de repente Cândido Lago, Rio Branco, Coronel Ilha Moreira,
A noite desce suave e calma e bella e fria Felicio Terra, Península Fernandes, Francisco Bhe-
O sol emfim se some o magno ex-poente! ring, Luiz Bahia, e outros.
Dr., é muito scientifica a sua poesia de mais para Quanto ao Sr. Bastos Tigre diz preferir recolher-
os nossos leitores. Não diremos absolutamente que
seja asnatica, Deus nos livre disso ! Mas não nos se ao circo das feras, na Exposição, a adherir a tal
mande mais sonetos, sim ? Tenha piedade da gente ! Congresso.
CARETA
O discurso Quintino. O nosso particular amigo e amavel sportman Ary
“ Senhores eu já estou muito velho para fazer im­ Fontenelle veio pessoaimente trazer-nos um convite
provisos. . . para a grande corrida fluminense que se prepara, com
a denominação “ Circuito do Ingá„.
Mas senhores, eu não gosto de preparados...,, Pesa-nos dizer ao nosso distincto amigo que ne­
A i! a i! a i! Adeus minhas encommendas. Isso lá nhum dos automóveis conseguirá fazer todo o per­
são cousas que se digam? E de mais a mais em um curso.
A corrida vae ser um desastre...
banquete político ?
Ao saber que ia reunir-se o Congresso de Geo-
Zé Povo, com estupor, graphia no Rio de Janeiro, o Polo Norte ficou frio e
Vê, já perdendo a alegria, berrando:
Que isso de Paz e Amor — Estou gelado !
Pedio ao cosinheiro, (1) que o descobrisse.
Acaba em pancadaria. (1) Cook.

A feDôcidadle é coravemeioraD

O burguez. — N ã o lia nada mais confortável que a con vicção de que a nossa m ulher
legitim a nos am a sobre todos os hom ens.
?

CARETA

Jockey-Club Grande Prêmio Jockey-Club Um dos nossos companheiros, do estofo do Sher-


lock Holmes, encontrou sabbado passado uma insig­
nificante bolinha de papél no minusculo Jardim do
Ministério da Viação. Abriu-a curiosamente e leu en­
tre alegre e surprezo:
“Sá—Preciso embarcar como bagagem, hoje, ás 7
horas da noite, pelo rápido mineiro, dois caixotes
com encommendas do Dr. Wencesláo Braz que de­
vem chegar amanhã, 4, á Bello Horizonte. Não ha­
verá necessidade de alguma providencia do ministé­
rio afim de que não seja embaraçado o embarque
dos referidos caixotes ?—Francisco Bressane,,.
Uhn! O negocio cheirava a marosca.
Pois então o Bressane quer com o Chico Salles
aproveitar os trens do Estado para os seus negoci-
nhos ?
E quaes seriam as encommendas do Wencesláo ?
Cordas ? Pennachos ? Pellegas da Recebedoria para
dar ás Camaras rebeldes ?
Insondavel mysterio !

Jockey-Club Grande Prêmio Jockey-Club

Almirante Tamandaré, montado pelo jockey Lou-


renço Junior, vencedor do clássico Estado
do Rio de Janeiro.

— Eu vi o senhor beijando minha filha, atraz da-


quella palmeira. E agora, que tem o Sr, a me dizer?
- Desta vez não digo nada, mas peço-lhe que
não me torne a espiar.

Jockey-Club — Grande Prêmio Jockey-Club

Soberano, montado pelo jockey Domingos Ferreira,


vencedor do grande prêmio Jockey-Club.

Ella—Pois está tudo acabado! Estou resolvida a


não ser mais tua agora e por isso está aqui o annel
que me déste. Espero que me devolvas todos os
objectos pertencentes a mim, que estão em teu po­
der.
Elle—Teus, eu só tenho um retrato e um annel
de cabello. Quanto ao retraro, a photographia é tão
ordinaria, que acho não ligarás muita importância ;
mas o annel de cabello eu trago amanhã, porque,
com certeza, queres guardal-o como lembrança.
Clarnart, montado pelo jockey Domingos Dias, Ella—Lembrança de que ?
vencedor do pareo Prado Fluminense. Elle—Do tempo em que eras loura.

Telephone 872 Chapéos in g le z e s M e llo n france-

CUSU OUVIDOR zes S a n s


P ackard
P a r e il calçado Americano I I a n a u e
C A R E T A

Jockey-Club — Grande Prêmio Jockey-Club

Representantes do C lu b H yppico ao G ra n d e Prêmio Jockey-C lu b .

C IN E M A ODEON SUPPLANTANDO TODAS AS NAVALHAS!


Continua esta magnífica casa de espectáculos de­
cididamente a melhor que existe no Rio de Janeiro
a funccionar com extraordinária trequencia de espec­
tadores que assim dão prova de seu bom gosto, re
compensando os seus proprietários pela maneira lu­
xuosa com que a montaram, e pelos esplendidos pro-
grammas de todos os dias.
O Cinema Odeon veio causar uma verdadeira re­
volução nos cinematographos.

O pai—Então o Sr. quer se casar com a minha


filha ? Duvido que o Sr. possa sustental-a. Eu aguen­
to as despezas delia com muita difficuldade.
O pretendente (livido) —Não poderemos fazer isso
de sociedade ?

Avisamos aos nossos amigos e freguezes que acabamos


Depois de fazer ao pequeno uma prelecção sobre de receber as superiores navalhas mecanicas e que continua­
as vantagens da verdade e os inconvenientes da men­ mos a vender p o r......................................................................... 2$000
tira, o pai, ao retirar-se para o seu aposento, recom- Pelo c o r r e io ......................................................................... 2$500 !
mendou-lhe ; PARA DUZIA GRANDE REDUCÇÃO DE PREÇO
— Se vier me procurar o açougueiro, com a con­
ta, diga-lhe que não estou. Laminas avulsas uma..................................................................... 1$000
Só im can a m a i s b a r a t c i r a d a a c t a a l i d a d c
— Mas isto não é verdade, papai.
- E’, meu filho, é pura verdade: "não estou,,... C O E L H O B A S T O S & C.
em condições de pagar. 90, RU A D O S O U R IV E S, 92—r i o d e j a n e i r o

Angico Composto
Cura radicalmente, qualquer tosse antiga ou recente.
A’ venda na P ha vuia cin ltra g a n tin ti e em
— todas as pharmacias e drogarias ■■■■ ■-------:
105. R u a <la U riig u a y a iia . 105— R io de Ja u e ir o
CARETA
(
C A R T A S D E Í)M M A T U T O i.

Comadre, tamo em setembro Inda honte falei muito P'ra vivê nas roda chic
O anno já tá no fim, Foi a respeito d'ocê, O mais maió entpecio,
E as trapaiada da vida Pró nióde que uma das moça E' sê marido correcto
Não desamonta de mim ! Quiz de sua vida sabê ; E ter os seus par de fio ;
Tudo vae indo na mesma Eu extranhei este gosto O mais, basta que se saiba,
Desde que da roça eu vim, Fiquei sem sabê porquê, Fazê uns tal trocadio,
Posso dizê que na Côrte Quando ella disse que tinha Falar um pouco em francez,
Tou só perdendo o latim. Ciume d’eu te escrevê. Que se véve bem no Rio.

De premeiro inda eu gostava, Fiquei bastante espantado Os rapaz mais importante


Era tudo novidade, Mas tratei de me expricá, O s que anda mais na ponta,
E nem pensava na vida, Com raiva d’aquelles modo : Todo mez faz uns tres terno
Tava espiando a cidade; —"Madame, non parle en ça, Mas porém, não paga a conta;
Porém agora eu te falo Qui ma commadre Thereze O s arfaiate, coitado,
E creia ocê que é verdade. Non a de quá se parlá, Véve de cabeça tonta,
Hoje pr’eu passá meus dia E’ une femme já véie E os moço pouco se importa
Perciso das variedade. Bonne, qui meiér non a !» Nem ô menos desaponta.

Isto de passá o tempo Tou ficando inteiramentes Hoje até é uma vergonha
Atôa, sem que fazê, Um home civilisado, Vivê co'as contas em dia,
Não me dá prazê de nada Já sei prosá sobre tudo Não é da vida dos chic
Comadre, ocê póde crê; E o que digo é respeitado ; E’ bão p’ros pae de famia:
Um home que tem costume Sobre política entonces, Os moço, não pensa em nada,
De trabaiá p’ra vivê, Ahi, quarqué deputado, E’ só pandega, arrelia,
Desde que cruzou seus braço Escuta tudo que eu digo Oiando se encontra um rico
E' capaz de adoecê. Murcho, de bico calado. Que lhes queira dar a fia.

Já sei entrá numa sala Isto, commadre Thereza,


Por isso, chega de noite
E mêmo inté num salão ; E’ que é dizê com verdade,
Tou damnado de mia vida,
De coroné tou subindo O que vem a sê na côrte
Vou p’ra rua, dou tres vorta
Arguns me chama barão. A vida da sociadade;
Tou no Concerto Avenida;
Eu tou muito defferente Ocê acha muita gente
Ajunto arguns dos amigo
Do que era no sertão, Correcta, de honestidade,
Offerto quarqué bebida,
Do tempo em que ás vez andava Mas percisa caçá muito
E fiquemo assim na prosa
Em casa, de pé no chão. Que isto é uma raridade.
Duas, tres hora comprida.
Padre Rornão tá de trouxa
A ’s vez argum companheiro Já apercio bem piano
Perparada p’ra segui ;
Convida pra nossa mesa Mais inté do que trombone,
Tá esperando o descanço
Uma cantora d’aquelias E escutando as cançoneta
Da nossa fia Bibi,
Sem modos, mas com lindeza; Já digo mêmo : “Trés bonne !„
Pr'o móde vae sê o padrinho
As moça é lá das estranja Apercio muito a Tosca
Do menino que sahi,
Todas ellas é franceza ; Que já ouvi no graphophone
O u seje muié ou home
Isto que tou te contando E atè conheço de nome O u o mais que ella pari.
Fique entre nós, siá Thereza. O escriptô francez Cambrone.
Biella já tá fazendo
Ellas chega sem vergonha Para eu vivê nesta Côrte Uns doce p’ro baptisado ;
Mesmo sem eu conhecê E p'ra ter as regalia O enxová tá quasi prompto
Vão pedindo licôr fino Da mais mió sociadade Tudo lavado e engommado.
Trata logo de bebê : Já tenho sabedoria ; Agora só tá fartando
Os moço me apresent’ ella Mas porém como percisa Que esse menino encroado
A moça diz : munsiê ! Um escando nafamia, Resorva sartá p’ra fóra.
Lu minha mão estendendo : Eu tenho, graças aos anjo, E não se faça esperado.
- "Madame, avec prazê !,, O casorio da mia fia.
Termino aqui esta linha
E desandemo na prosa Tou agora agradecido Dando um abrnço em Bastião,
C o s rapaz todos a ri, Ao meu genro Tacalão, E mais em todos amigo,
Eu na lingua que ellas fala Que fugindo com mia fia Que tenho ahi no sertão,
Que já sei de tanto ouvi : Deu-me entrada nos salão ;. Biella manda lembrança
'‘Madame, dizê son grace,, Só uma coisa me tira E Bibi pede a benção.
Ella diz, e se entendi, Maió consideração, Do compadre véio e amigo
Conto ella a minha historia E’ que por mal dos peccado
Mais de Biella e Bibi. Sou um home sério e bão. T ib u r c io d ’A n n u n c i a ç ã o
CARETA

Dizem que alto personagem das finanças muito li­ O nosso querido amigo Dr. Astolpho Dutra— a
gado aos chefes do partido que o general Quintino aguia cataguazense vae ter um almoçosinho no Pa-
affirmou existir no banquete Chico Munheca, propõe- lacio Monrõe por causa dos elogios que d’aqui lhe
se a arrendar o Porto do Rio de Janeiro. temos feito.
H u m !... E' necessário resarcir as despezas com A justiça falha, mas não tarda!
a campanha bloquista.
Pois aqui estamos nós para apreciar a cousa.
Dizem de Bello Horizonte que o meigo e terno
Wencesláo paga um conto de reis a cada banda de
O Sr. Alaor Prata, jovem turco de Uberaba, es­ musica que convidada para as manifestações civilistas,
treou quasi ao mesmo tempo que a Nina Sanzi, de deixa de comparecer.
Tres Corações do Rio Verde. Vão ver que esse amor ás bandas já é influencia
E depois digam que Minas não está na ponta! do Júlio Bueno Brandão...

UM DDSTRAODUO

— Queira desculpar, minha senhora


mano S. Ex. o Presidente. Porque o mano S. Ex
0 HHNO fiLCIBIADES o Presidente é mais capoeira do que os Srs. pen­
sam.
R e c e p ç ã o e x t r a v a g a n t e —O P r e s id e n t e N il o e o — Ignorava que S. Ex.—o seu mano cultivasse a
M a r ech a l H erm es— O nom e d o m a n o , arte capadoçal que o Dr. Sampaio Ferraz procurou
extinguir nos tempos do tio do Hermes.
AS SU A S ID É A S — PRO G RESSO S DAS ARTES
C H O R E O G R A P H IC A S
— Pois cultiva, e com brilho.
— E ’ uma arte nacional.
Ao divisar o meu vulto esguio no parque palacia­ — Olhe, seu da Careta, o mano S. Ex. o Pre­
no, onde fazia evoluções bucephalicas, o Dr. Alcibia- sidente não é hermista.
des Peçanha, rebenqueou o airoso cavallo Paraná, — Oh ! é civilista ! Muito bem ! bradei, enthusias-
e, descrevendo uma curva rapida, á toda brida, fel-o mado.
esbarrar, agil, ha quatro metros de minha pessoa,
brandio o rebenque á maneira de uma espada e á — Também não !
guiza de saudação pronunciou um verso de Dante, — Com o!
traduzido para uma lingua que supponho ser a de - No seu penoso ostracismo o mano S. Ex.
Babel, no momento da confusão das linguas: aprendeu a não comprometter a sua gloria com ex­
Bur me zi bá nilla xitá dulinta! temporâneas manifestações. Espera o momento op-
portuno. Comprehende ?
— Salve, respondí, magnanima Alteza Presiden­
cial ! Sacudi negativamente a cabeça.
— Gosto dessa nobre linguagem, digna, por certo, - Você acha que o Nilo é homem para ficar
de resoar no salão das Tulherias, no tempo de Mor- com o vencido ?
ny, ou no Cattete nos upitodeticos tempos actuaes ! — Então?
Trouxe o photographo? — Elle comprehende que é mais facil lidar com
— Eil-o ! e apontei o photographo. um paizano do que com um soldado.
— Pois é principiar, bradou o mano.
— Saiba Vossa Alteza que photographamos todas -— E d’ahi ?
as vossas brilhaturas equestres. — Continuem vocês, firmes, a desancar o Her­
— Gracias! fez elle. Isso, todavia, não impede mes.
que me tirem algumas photographias de pose. Olhe, — Nós ? E S. Ex. ?
quero uma como aquella do mano S. Ex. o Presi­ — Aqui é que está o grande rabo de arraia.
dente, ia ir vainquer, mas a cavallo. Quando o Hermes estiver cáe não cáe, afunda não
Tiramol-a. afunda o mano Exmo. mette-lhe os pés no peito,
que o afunda de vez e fica sendo le vainqueur.
Exhultei!
— E’ uma idéa genial ! E’ de vossa Alteza?
— Não, é do mano S. Ex. Eu não sou político,
sou estheta.
— O vosso nome, sendo o de um grego que
a liás...
— Ah ! o meu nome, suspirou o príncipe ! E’ lin­
do, é soberbo, mas precisa ser mais demorada a sua
pronuncia, para tornal-o mais magestatico. Vou pes-
pegar-lhe um accento em cima do segundo A e dei­
xarei de ser Alcibiádes para ser Alcibiádes.
— Vossa Alteza é digno irmão do Presidente
Nilo.
— Lisonjeia-me a sua phrase.
— Tenho, continuou Alcibiádes, idéas estheticas
que applicadas com as idéas políticas do mano
Exm o., pódem dar grande relevo a este paiz.
Acho, por exemplo, que o Presidente da Republica
deve usar uma sobrecasaca vermelha agaloadade ouro,
para ser visto ao longe. Assim triumpharia a minha
esthetica e triumphariam as idéas industriaes do mano
Exmo., pois creariamos a industria da purpura e a
dos galões dourados.
— Esta ultima, pelo menos, é dispensável, pois,
para a farda presidencial podemos adoptar os galões
tão efficazmente usados pelos officiaes do nosso glo­
rioso exercito.
Alcibiádes ficou livido, empunhou uma chavinha
e depois de, disfarçadamente, ter feito uma fig a , re­
Dr. Alcibiádes Peçanha, l’air cheval vainqueur. tomou a palavra.
— Agora, dizia, desmontando, o mano de S. Ex., — Pretendo auxiliar poderosamente o progresso
emquanto o photographo corre a revellar essas cha­ das artes coreographicas. Depois do fulgurante figu­
pas, traz, immediatamente as provas para que eu as rão que fiz no baile de 7 de Setembro, concebi duas
veja e a Careta as publique no sabbado, eu lhe con­ idéas arrojadas que postas em execução abrirão no­
cedo um interviewsinha, afim de desfazer o medíocre vo rumo á gloriosa arte da dança.
effeito causado por algumas phrases obscuras do — Examinemol-as.
- A primeira consiste num baile á phantasia no
Palacio do Cattete. COISAS E MAIS COISAS
— O que? Que historia é essa? O sen h o r... E si p e g a ? . . . Nada mais, nada menos do que
um processo! Os autores dramáticos, P. L. Flères e
— Por que deixa de chamar-me Alteza? Não lhe Eugênio Heros, citaram perante o tribunal de Paris,
parece boa essa idéa? O Nilo appareceria, no baile o critico do Temps, Adolphe Brisson e seu director,
vestido de Nero e eu ae Petronio. O que me diz ? A. Hebrard, como responsáveis em juizo critico con­
— A outra idéa é superior a essa ? tra uma “revista,, na grande capital representada.
— Muito! Trata-se de um baile equeste no Cam­ Brisson abusou de seus direitos de critico julgan­
po de SanfAnna. do severamente a revista daquelles senhores, e por
— Santo Deus! Um baile equestre. Com o? tal ousadia pedem 50.000 francos de indemnisação
pelos damnos causados. Bella somma!
— Os pares montarão soberbos corcéis e dança­ Oh ! Si a coisa péga, adeus critica, adeus morali­
rão montados. Para tal fim estou educando o Para­ dade, adeus independencia, e viva a liberdade e viva
ná, que já dá soberbos passos de quadrilha e até a patifaria...
mesmo de mazurka. Vae ver. Também, cá entre nós, um Guanabarino tem a
audacia de dizer algumas verdades! E não diz tudo,
porque... tais-toi.
Dizem que houve já um emprezario que se diri­
giu a um jornal e pediu, exigiu providencias no sen­
tido de ser destacado outro repórter ou critico para
seu theatro ! E por que? o digno moço escreveu
umas coisas contra, e isso desagradou! Ora, eis ahi
um bom exemplo para a chronica theatral.
Então, é necessário elogiar com os bofes na mão,
fazer reclame à tout prix, etc., etc.
Que pessoal adiantado !
* * *
R o b e r t o B r a c c o . O grande dramaturgo napolita­
no acaba de publicar dois volumes intitulados—Smor-
fiegaie e Sm orfietristi, contos de um sabor agrada-
bilissimo. Em alguns notam-se scenas de tal drama-
ticidade pela commoção, pelo pathetico, que fôra
para desejar fizesse o distincto escriptor outras tan­
tas comédias, outros tantos dramas, como elle os
sabe idealisar, compor e executar.
E note-se : a alegria e a tristeza se embatem em
um mesmo conto, de modo a resaltar o valor comi-
co ou dramatico do episodio phantastico ou real.
Elle, em cada pagina, deixa-se trahir pelo movi­
mento theatral, rápido, de linhas tão luminosas quão
tristes em suas passagens por entre os incidentes da
vida de seus personagens.
Que belleza, quanta ironia, quanta dor e quanta
argúcia!
O Paraná, no p a sso do C ake-W alk. * * #

Alcibiádes ascendeu ao dorso do bucephalo, re- G ia c o m o P u c c in i . O maestro soffreu grandes


benqueou-o e, correndo airosamente pelo parque, desgostos em seu lar domestico; e, por isso, deixou
fel-o trotar em passo de quadrilha, depois em passo de lado a sua Fanciulla dei West.
de Cake-Walk mas no momento em que devia galo­ Por ultimo, e em Montecatini (Toscana), elle dis­
par em passo de mazurka, o infame Paraná deu uns se a um seu amigo: Tenho já completamente promp-
rinchos ameaçadores. Eu, pegando as redeas, obriguei-o to o 1° acto, e poderia publical-o pois está todo
a parar, apresentei ao amavel Alcibiádes os meus orchestrado ; o 2° acto está quasi, quasi terminado.
cumprimentos pela exhuberancia original das suas A opera será cantada em Nova-York e por Caruso.
idéas e pela maestria dançante do Paraná, e sahi, O maestro deseja que a Fanciulla dei West seja
alegre, com estas notas. representada em Nova-Yor, visto como a sua origem
C a r e t in h a é de lá : é um drama puramente americano.
* * *
C a t u l e M e n d e s . A viuva do grande poeta deu
Depois de passarem por tres ou quatro cidades, permissão ao maestro italiano Ezio Carmussi, auctor
os dous pombinhos foram seguros e entregues á po­ da opera La Dubarry, premiada no ultimo conourso
licia. internacional promovido pelo editor Astruc, para mu­
- Onde foi que elle lhe deu o primeiro beijo ? sicar o drama de seu marido Albert Glatigny, cuja
— Na bocca,- Sr. delegado. cuja traducção em italiano está sendo feita pelo co­
nhecido poeta Arthuro Cofanti.
— Não é isso que pergunto! diz a autoridade. Como foi esse maestro italiano se lembrar de tal
Quero saber em que logar estava a senhora, quando commettimento ? Um italiano! e os francezes, por­
elle a seduziu ? que disso se não lembraram?
- Estava sentada nos joelhos d e lle ... F ly

Cura Asthma, Bronchite Asthmatica, é o anti-asthmatico ideal.


O PO 1 INDIANO Não produz perturbações cerebraes. Não abate, nem deixa dôr
de cabeça depois do seu uso. Numerosos attestados de médi­
Encontra-se nas boas Pharmacias e Drogarias. — Deposito Geral: Drogaria de cos e doentes provam a sua efficacia.—Vide a bulla que acom­
— Francisco Biffoni, — Rua 1° de Março, 1T (an tigo 9 ) — Rio de Janeiro— panha Cada frasco — —
“ 0 veedee”
As Moléstias do Estomago e seu Novo Tratamento
A D y s p e p s ia — Eis uma moléstia que se alastra que ingerir drogas, nem soffrer cousa alguma que
por milhares de victimas e da qual se ouve fallar por lhe possa causar contrariedades.
toda a parte. Comprehende-se como dyspepsia todos A massagem vibratória a que alludimos, produz
os transtornos de má digestão, quer residam no es­ resultados surprehendentes e inesperados, havendo
tomago ou no intestino, quer provenham de origem milhares de certificados de pessoas que se dirigiram
nervosa, mechanica ou chymica. ao inventor do Veedee para manifestar o seu pro­
O excesso de alimentação e o abuso das bebidas, fundo reconhecimento, em virtude de terem chegado
occasionando uma sobrecarga continua no estomago; ao fim tão desejado : á conquista da saude.
o uso diário e excessivo das carnes, das feculas, dos Para o tratamento das moléstias do estomago e
graxos que provocam fer­ abdomem, procede-se do
mentações anormaes e modo que indicam as
digestões difficeis ; o uso singelas instrucções que
continuado de condimen­ acompanham cada appa-
tos e bebidas alcoólicas; relho.
o vicio constante do fu­ Em poucos minutosde
mo, o uso do chá, do café applicação do Veedee
e do gelo; alimentos mui­ sente-se uma agradavel
to quentes, a irregulari­ sensação de ca lo r por
dade de horas e pressa todo o ventre, desappa-
para comer, mastigando recendo immediatamente
mal; exercidos violentos; as dores.
trabalhos mentaes apóz O uso systematico
as refeições; a fadiga in- desse maravilhoso appa-
tellectual; a insomnia ; o relho, não só fortalece
sedentarismo e a vida do o estomago, como tam­
escriptorio.. . são fontes bém cura radicalmente
fecundas de dyspepsia, muitos casos de molés­
alem das que provêm de tias gravíssimas.
estados pathologicos — As pessoas que pa­
chronicos ou agudos — decerem de moléstias
taes como: clorosis, ane­ arraigadas no estomago
mia, febres, arthritismo, devem pedir catalogos
gota, tuberculose, etc. aos agentes geraes no
E ’ sabido que todas Brazil srs. O r ! ando
as moléstias do estoma­ Itangef A- í\ — Ave­
go se combatem no Bra- nida Central, 140, Rio de
zil, com toneladas e to­ Janeiro, que teré o maior
neladas de específicos, prazer de enviar toda
aguas mineraes, digesti­ classe de detalhes acer­
vos e preparados de toda ca do mimoso apparelho
ordem, com resultados chamado Veedee,assim
mais ou menos morosos, como a respeito dos fun­
raras vezes produzindo damentos scientificos em
o resultado que se de­ que se basea este pre­
seja. cioso apparelho, cujo uso
Comprehender - se- á, recommendam hoje en-
pois, qual o grau de sa­ thusiasticamente to d o s
tisfação que terá o pu­ os médicos notáveis da
blico em geral quando souber dos extraordinários Europa. As applicações do Veedee são numerosís­
triumphos que alcançou a massagem vibratória no simas ; não ha quasi moléstia que resista a sua
tratamento de todas estas affecções, si se considerar influencia, taes como sobre: — a neurasthenia, as
que cada qual póde por si mesmo alliviar os proprios moléstias do figado, o rheumatismo,^ a gota, os
males, conseguindo curar-se, sem necessidade de sub- resfriados, a influenza, as co n s tip a ç õ e s de ven­
metter-se a nenhum regimen de torturas, nem ter tre, etc., etc.

DeposMarflos Oeraes mio BraziD %


Orlando Range! & Comp.
140, A V E N ID A C E N T R A L, 1 4 0 — Rio de Janeiro
Peça-se Folheto Explicatorio N. 2
O F IL H O T E
da CARETA

Sem anario illustrado

S o b a direcção

de D. XIQUOTE

NA PRÓXIMA

Quinta-Feira, 16 de Setembro
SETE DE SETEMBRO

S . E x . o Sr. Presidente da Republica chegando ao Q uartel G eneral do Exercito.

S . E x . o Sr. Presidente da Republica e o Sr. M in istro da Guerra passando revista ás tropas.

f j ij i i igi

Corpo de M arinheiros N acionaes desfilando em frente do Q uartel G eneral do Exercito.


SETE DE SETEMBRO

■ ■
Corpo de C yclista s do Collegio M ilita r

Infantaria do Exercito desfilando pelo Cam po da Acclam ação

D e sfile da cavaliaria do Exercito.


D. C h u m in g u in h a (a parte)
OS LEVITAS DO ALCORAO Que talento 1
( D r a m a lh ã o do F rack e do E sp a d a ) (Sôa, sonora, no jardim, a campainha)
ACTO IV P in h e ir o
A alegria dos I.t‘íila > São elles. Vieram cedo.
D. C h u m in g u in h a
1909, Agosto.
Rua Guanabara. Palacio da Espada Engolida, on­ A patria vos reclama
de os Levitas, cheios de sincera alegria, vão beber o P in h eir o (solemne)
vinho ferruginoso da victoria. Vasto salão sumptuosa- E eu a escuto. Por ella a minha imagem bordo.
mente decorado pela imaginação do espectador. Duas
portas ao fundo e uma á esquerda, abrindo, esta, para (tristíssimo)
o jardim. Duas janellas d esquerda. Cadeiras. Mezas. Como eu sou infeliz ! Como dóe, nobre dama,
Pinheiro, sentado junto de uma mezinha, onde se vê Engolir uma espada !
um gallo empalhado, conversa com D. Chuminguinha,
que a phantasia do espectador collocará onde julgar D. C h u m in g u in h a (ingenuamente)
mais acertado. Eu, senador, discordo !
SCENA I
SCENA 11
D. C h u m in g u in h a
(D. Chuminguinha sáe por uma das portas do fu n ­
Porém o senador não a metteu na rinha? do e pela da esquerda entram, além de outros Levitas,
P in h e ir o Chico Salles, Astolpho, Bernardo, Penido, Germano,
Cartier, o commandante Muller, Gracho, Azeredo e
Não. Jamais arrisquei essa vida preciosa. Lage, que apertam a mão de Pinheiro e, formando gru-
D. C h u m in g u in h a pinhos, conversam á meia voz. Ouvem-se, vindos do in­
terior do palacio, sons de musica e rumores de dança).
Vejo que o senador a estima.
P in h e ir o C h ic o S a l l e s
Essa gallinha Em que estava pensando o nosso chefe egregio ?
Iguala, em meu conceito, a Mater Dolorosa. P in h eir o
D. C h u m in g u in h a
Estava a conversar com D. Chuminguinha.
O que diz ? G erm ano
P in h e ir o E’ uma dama gentil e tem um porte régio.
Deu á luz o melhor dos meus gallos. O com m andante
D . C h u m in g u in h a Um talento vivaz.
P in h e ir o
Impossível 1
Porém odeia a rinha.
P in h e ir o
A zer ed o
Garanto !
Tem uma côrte enorme.
D . C h u m in g u in h a Lage
Impossível! E uns olhos perigosos.
P in h e ir o Assestam-lhe, no theatro, innumeros binoculos
E perseguem-n’a em vão os dandys mais famosos.
Eu juro !
G e r m a n o (em voz baixa a C ar­
D . C h u m in g u in h a tier, referindo-se ao
Taes ditos em tal bocca ! E’ penoso escutal-os ! Chico)
P in h e ir o Não posso tolerar esse jumento de oculos!
Si a verdade vos fere, eu, senhora, perjuro ! P in h e ir o (solemne)
D. C h u m in g u in h a Não é proprio de nós, Levitas do Alcorão,
Escutae, senador : não a esse gallo—a um ovo, Que já demos da Patria um capitulo á Historia,
Não deu á luz mas poz a gallinha. Direito Numa simples mulher demorar a attenção
Qual sois, reconhecei, pois que o engano removo, Quando a fama nos abre a avenida da gloria !
Ser ao ovo, afinal, que cabe o vosso preito. Reviremol-a, pois, com toda a gravidade,
Para o pincaro azul da montanha solemne
P in h e ir o (admirado) Onde as Taboas da Lei de Moysés da Igualdade
E ’ certo! São a pedra angular de um direito perenne !
D . C h u m in g u in h a G erm ano
Uma mulher dar lições a um Levita ! Soberbo!
P in h e ir o (triste) P in h e ir o (solemne)
E nunca me occorrer tal cousa ao pensamento! A liberdade é como a flor de malva;
Perfuma os corações, e eu já não me confranjo,
D. C h u m in g u in h a Pois vejo renascer a Republica, salva
A magua, senador, tendes na face escripta. Pela espada immortal de um São Miguel Archanjo !
P in h e ir o (tristíssimo) O com m andante M u ller
Soffro por ter comido esse ovo 1 E vós o que dizeis do augusto Pretendente?
CA R E T A

C h ic o S a l l e s
E ’ um vulto de caudilho autoritário e honesto, ANTCNICC
O COMMANDANTE Antonico de Lemos, homem de maneiras timidas
e longa cabelleira, é um poeta sem grande originalidade
Um typo de honradez, austero! por ceder, com lamentável facilidade, á deplorável
P in h e ir o (grave) suggestão dos oradores.
O Presidente Burila o verso mas ama a oratoria.
Passa, não diremos dias, porque seria mentir ao
Deve ser a mulher de Cesar 1 leitor, mas horas, compridas horas abancado nas ga­
lerias da Camara dos Deputados, a ouvir, deliciado,
O COMMANDANTE
a eloquência, por vezes bestialogica, dos desprenoidos
Eu protesto ! salvadores do regimen. Quando, no vehiculo da frente,
G racho comboiando uma extensa fila de bonds especiaes, uma
xaranga soa proclamando a gloria de um cidadão a
O nobre senador desta vez foi ousado. quem o povo agradecido vae consagrar, beberrican-
O COMMANDANTE MlILLER do-lhe a champagne, Antonico atira-se ao comboio, met-
te-se num carro, intromette-se entre os manifestantes
O augusto Pretendente é um homem, e bem homem. e la vae com elles ouvir o bombardeio rethorico dos
Azeredo discursadores patriotas.
Em qualquer lugar em que um orador vocifere po­
O Pinheiro fallou em estylo elevado de-se ter a certeza de encontrar o Antonico de Le­
P in h e ir o ( livido ) mos. Grava na memória as imagens que mais lhe
agradaram, imita-as nos seus versos e, muitas vezes,
E’ crivei que o meu dito em máo sentido tomem 1 mette-se a pratical-as na vida.
Um conceito elogioso essa imagem encerra Ora, em Maio, numa festa bizarra, procurando sal­
Na franca traducção de idéas linsonjeiras. var a patria, a oratoria politica falou pela “ voz oceâ­
C a r t ie r (em voz baixa) nica do exercito.,, O Antonico de Lemos, que reco­
lhera essa feliz imagem, achou-a bella, tão bella que
A imagem inda põe o general por terra. jurou pratical-a na realidade de sua vida poética.
G e r m a n o ( idem ) Jurou e cumprio o seu juramento. Posso attes-
tal-o, como testemunha.
Nada diverte mais do que escutar asneiras ! Ha dias, á hora celebrada em que o sol, cançado
L age de fulgir desaparece ensanguentando o espaço, pas­
Houve um mal-entendu. seava eu pela praia de Ipanema quando, com surpreza
e alegria, encontrei, sentado numa pedra, a face apo­
O COMMANDANTE MULLER iada na mão, a fitar meditativamente as aguas, o An­
A explicação acceito. tonico.
— Tu! Que fazes? bradei.
P in h e ir o (radiante) O Antonico levantou para os meus os seus me-
Luminoso e abençoando os heróes da cruzada lancholicos olhos e suspirou, poético :
O anjo branco da Paz erga o braço direito 1 — Escuto a voz do exercito 1
Abalei, furioso.
C h ic o S a l l e s (em voz baixa) F rei A n t o n io
E ’ difficil, Bernardo, engulir uma espada !
(Cáe o panno)
N Ã O CO M PR EM JO IA S SEM PRIMEIRO
V o l -T aire
'■ = VISITAR ■=
Que diabo 1 O senador Azeredo ainda não se es­
queceu do Dr. Campista. De quando em vez o seu
jornal o ataca, como se o homem fosse candidato
“A PÉRO LA”
ainda. RUA DA CARIOCA, 46
Parece que o Dr. Campista é um grande bocado G. C A P R I O
atravessado á guela do illustre se n a d o r !... Que
coisa ! . . .

O Sr. Ferreira Penna, deputado pelo Amazonas Está para breves dias a estréa parlamentar do co­
passou a assignar-se Ferreira Peçanha. ronel Honorato Alves, de Minas.

Ninguém solfre de Syphilis nem de Rtieum atism o!


Usando a S A I. S I , C A R O B A e M A N A C A ’ .....
-----=-■ de E u gên io M a rq u e s de PTollanda
E x p e r im e n ta e u m só v id ro ! ) — ( A p p r o v a d a na E u r o p a e n o R io d a Prata
AGENTES GERAES: ARAÚJO FREITAS & C .- R U A D O S O U R I V E S , I 14
M A R C A R E G IS T R A D A
EM S. P A U L O : BARUEL & C. ■- C U I D A D O C O M AS I M I T A Ç Õ E S
VALORISAÇAO DA MUSICA não deve se prestar a dar brilho a manifestaçõos
feitas para os que não commungam as idéias do re-
Toda gente sabe que o Dr. Carvalho de Brito é o quinteiro mór, o Bueno.
chefe do movimento anti-militarista em Minas; toda O governo de Minas está comprehendo bem que
gente sabe que o Dr. Wencesláo Braz, presidente do uma banda de musica actualmente lá por aquellas al­
mesmo estado, é o chefe do movimento militarista turas tem um significação politica muito elevada:
em Minas. Pois bem, até ahi, muito direito: agora, o hoje, em Minas, um chefe de banda de arraial, vale
que toda gente não sabe explicar é o motivo porque por um chefe político.
o Dr. Wencesláo desceu a fazer a politica de impedir Actualmente não se cogita mais de consultar o
que ao menos um banda de musica fosse tocar na Coronel Fulano ou o Coronel Beltrano, que dispõem
estação na hora da chegada do Dr. Carvalho de Britto do eleitorado deste ou d’aquelle município, sobre a
em Bello Horizonte. nomeação de um delegado para o arraial do Picapáo,
Até então os políticos se têm guerreado por di­ ou de um mestre escola para a villa do Viramexe: o
versos modos: tirando os empiegos dos protegidos governo consulta o chefe da banda de Picapáo ou de
do inimigo, passando descomposturas pelos jornaes, Viramexe. As adhesões á candidatura Hermes não são
fazendo correr sangue na occasião das eleições, ridi- pedidas aos presidentes das camaras : mas aos chefes
cularisando as festas em honra do seu anti-partidario das bandas.
etc, mas, assalariar os músicos para que elles não Os cavadores de emprego não contam mais com
toquem os seus dobrados para o antagonista, é cousa os políticos: hoje, em Minas, uma cartinha de qual­
que pela primeira vez se vê no mundo ! quer tocador de trombone vale mais do que um pis-
O governo mineiro tem sido tolerante para toda tolão de qualquer deputado. Opiniões? Idéias?
sorte de manifestações e festas em honra dos anti- Uma valsinha bem repinicada pela Euterpe Curve-
militaristas: não impede que se ponham bandeirolas lana vale mais do que um discurso: e um sopro
nas ruas; não assalariou jamais os íogueteiros; nunca forte no boccal de um trombone é capaz de abalar
chegou a invadir a cosinha de um restaurant para as instituições mineiras.
forçar o cosinheiro a não temperar o banquete que
se dá a um inimigo. Mas, admittir que um trobone, Minas tornou-se o reino ideal da arte.
um piston, um bombo e uma requinta vão festejar D om F errão
alguém que não é do seu partido, oh, isto nunca!
Uma requinta a saudar o Dr. Carvalho de Brito! Se­
ria um descalabro polilico : seria falta de homogenei­ — Esse teu chapéo em forma de cesto, Elvira,
dade de acção. faz teu rosto parecer curto.
A requinta ! O instrumento abençoado em que so­
prava o Bueno Brandão, indicado para presidente de — E ’ singular! Pois elle faz meu marido ficar de
Minas, quando regia a banda de Ouro Fino, não pode, cara comprida.

E UMA CREAÇAO
3 M E D A L H A S DE OURO

Scítreis da pelle?
Quereis ser formosa ?

O M E L H O R R E M E D I O P A R A M O L É S T I A S DA
P E L L E , F E R ID A S , C O M IC H Õ E S , B R O T O E J A S
S A R D A S , P A N N O S , M A N C H A S , ETC.
C<)usagr;i(l» na E u r o p a o nas

R e p u b lic a s A r g e n tin a , Urugua.y c < liilc

V E N D E - S E E M T O D A S AS D R O G A R IAS ,
P H A R M A C IA S E P E R F U M A R IA S

Depositários: ARAUJÜ F R E IT A S & C.


114— R U fí D O S O U R IV E S — 114 — R/O D E JfíNEIRO
Ç lllS d S a preços sem exemplo Casa especial e única
AOUIA DE OURO = 169 RUA DO OUVIDOR 169

i-ivrr
íüüiJiiil

N. 1 — L in d a blusa em ca ssa branca, frente, N. 2— B lu sa em fino pugeenette N. 3 — B lu sa finissim a, gu arne cida com en
golla e p un h o s gu arne cid os com bordado Inglez brilhante, branca guarnecida com trem eios valenciennes eb ord ad os Su isso s, ta
e entrem eios de crivo, talhos 38 a 50, preço es- lindo bordado Inglez e entrem eio Ihos 42 a 50, preço................. 13&50C
pecial de grande re cla m e.................... 3$300 torchon, pre ço 5$500
.

EL
vW V

N. 6 — B lu sa e n rfin o pugeenette branco,


pregas e rendas torchon, talh os 40 a 50,
vo e linda applicação de guipure, p r e ç o .............................................. 12$500 p re ç o ........................................ 5$400
hos 40 a 50, p re ç o ........ 5 Ç 2 00
A n o s s a c o l l e c ç ã o d e B l u s a s é c o m p o s t a d e 130 typos, e m nansouch, pongee, f i l ó
de côr, c u j a m odicidade em preços, garantim os não haver exemplo.
— AtTHJUA DE O U R O — m RUA DO OUVIDOR, M®
C A R E T A

0 PIFAO SENTIMENTAL chopps, varrent-se-lhe do espirito as preoccupações


mathematicas, o Catolé é outro marido, meigo, ter­
no, carinhoso, babão até. Um dia destes elle fazia
— Também não é tanto assim. A’s vezes até traz annos. Estavamos em casa dclle, vários amigos ; al­
vantagens. gumas senhoras também. Só o Catolé não estava. O
— Que vantagens, homem de Deus? Um sugeito commendador Carrapatoso que chegara ás 5 horas
na chuva não é bom para coisa alguma. Nada. A em­ disse á dona da casa tel-o visto na Avenida em uma
briaguez é o vicio mais nojento que eu conheço. Eu terrasse junto com alguns amigos. O relogio avança­
se fosse mulher e meu marido se embriagasse, não v a ; cinco e meia, seis horas, seis e m e ia ... Nada do
teria o menor escrupulo em abandonal-o. Catolé. Estavamos um tanto constrangidos, bem de­
— Pois farias mal. Ora escuta lá. Conheces o Ca­ ves imaginar.
tolé ? Afinal a senhora fez servir o jantar.
— O astronomo ? Fomos para a mesa, mas a ausência do dono da
— Sim Eile mesmo. casa lançara uma certa frieza na reunião.
— Conheço. A’s 7 horas (estavamos no peixe então) violento
— Sabes que elle é casado ? Pois é e com uma toque de campainha fez-se ouvir e no fundo da esca­
mulherzinha chibante. Pois essa não abandonaria o da a voz do Catolé fez-se ouvir. Mme. Catolé foi
marido. . . esperal-o na ante-sala, de certo para reprehendel-o
— Mas o Catolé é um homem sério, não é pro­ pela demora. Ouvimos risos depois cortar o silencio
fissional do pifão. o rumor de um deijo estalado. E, corada, os olhos
— A apostar em que ella até estimaria que o cheios de humidade, Mme. Catolé appareceu excla­
fosse. mando ingenuamente :
— Que horror! Nem digas tal. — Que felicidade ! O Catolé vem na chuva!
— E’ como te digo. O Catolé é muito distrahido.
Coisas de viver a espiar os astros. Parece que toda
a sua ternura se gasta nos telescópios, lunetas e ou­ — Qual foi o melhor trabalho que já fizeste?
tros complicados apparelhos do Observatório, não perguntou o barbeiro ao collega.
reservando quasi nada para a mulherzinha que Deus — Uma vez, eu barbeei um sujeito ...
lhe deu, meiga, antoravel e séria. O Catolé vae para — E d’ahi ? . . .
casa, almoça e janta fazendo cálculos, sahe, volta á - Depois persuadi-o a cortar o cabello, indu-
noite calculando ainda, deita-se entregue a raizes, lo- zi-o a lavar a cabeça, fazer uma fricção de quina,
garithmos e outras coisas barbaras e se não estou massagem electrica, convenci-o de que devia passar
em erro até dormindo o Catolé calcula^ o ferro no cabello, frizar o bigode...
— Pobre moça ! — E depois ?
- Pois é como te digo. Mas se por acaso o Ca­ — Quando acabei, o sujeito estava com a barba
tolé para acompanhar algum amigo toma alguns crescida e foi preciso barbeal-o de novo.

OS N O S S O S D E N T E S
Quem não teve ainda occasião de notar que, não obstante partes, nos dentes cariados, assim como entre as juncturas
o trat mento diário dos dentes por meio de pastas dentifricias, e a parte posterior dos molares, etc.
os dentes, sobretudo os molares, ficam arruinados e cariados ? Alem do Odol existem, é verdade, outras preparações
Esse facto surpreliendente não constitue então a melhor prova liquidas antisépticas, por exemplo as soluções de chlorato
de que Ioda a limpeza dos dentes com pasta é d’uma insuf- ou de permanganato de potassa, que são destinadas igual­
ficiencia total? Os dentes não se deterioram só nos pontos mente ao tratamento da bocca.
onde podemos alcançal-os; não, esse favor elles não nos Mais foi provado que eslas soluções attacam os den­
fazem; pelo contrario, é precisamente lá onde o accesso tes e destroem o seu esmalte.
é difficil, por exemplo soore a parte posterior dos O Odol, pelo contrario é inteiramente inoffe.n-
molares, nas juncturas dos dentes cariados ou sivo aos dentes, e protege-os contra a carie,
arruinados, etc, que o mal exerce frequente­ potque destroe as parasitas d'uma maneira
mente os maiores extragos, os quaes se torna efficaz. Isto foi provado scientificamente.
muito difficil de evitar. Aconselhamos portanto á todos aquel-
Portanto, querendo-se preservar les que desejarem conservar os seus
os dentes contra todo o ataque da dentes em bom estado, de habi­
carie, é evidente que não se conse­ tuarem - se ao cuidadoso trata­
guirá obter este resultado tão mento da bocca por meio do
desejado, se não se fizer um Odol.
uso diário d’uma substan­ O O d o l é vendido em
cia realmente efficai, tal dous tamanhos de fras­
como o dentifricio an­ cos : originaes e pe­
tiséptico Odol. La­ quenos, e se acha
vando-se a bocca á venda em todas
por meio d’este as boas phar-
d e n t if ricio, macias, per­
este pene­ fumarias
tra em e dro­
todas gari­
as as.
AGUA OXYGENADA DE C U S T E R
P E R O X Y D O DE H Y D R O G E N E O DE C U S T E R = 0 MAIS PODEROSO ANTISÉPTICO
Infallivel contra erupções e outras moléstias da pelle, refresca e amacia a cutis e mantem a mais es-
tricta hygiene do corpo, usada nos banhos externos e lavagens internas e na toilette.
Para a hygiene da bocca e a conservação dos dentes não tem rival.
As moléstias da garganta são efficazmente combatidas com os gargarejos deste producto.
O uso deste preparado como loção torna louros os cabellos.
Cada vidro traz as indicações para os diversos usos e applicações. Vende-se nas pharmacias e perfu­
marias aos preços seguintes: 150 grs., 1§500; 250 grs., 2§500; 500 grs. 4$000.
A melhor agua oxygenada é a preparada nos laboratorios da
Clister C h em ical Com p an y, de N ew York
e a de maior uso em todos os hospitaes e casas de saude.
D e p o sitá rio s: D E L A R A J L Z E & Co. 80 RU A D E S. R E D R O —80
R ep resen ta n te : A . I 1 t i itA. 1 u / o i> /•; j a x e i r o

Crianças pallidas, Lymphaticas, Escrophulosas, NICINE ROL


RACHITICAS OU ANÊMICAS
Lymphatismo—Rachitismo Escrophulose - Anemia
O J u g l a n d i n o de
GiF fo ni é um exceden­
te reconstituinte geral
dos organism os enfra­
quecidos das crianças
poderoso tonico depu
rativo e anti-escrophu
loso, que nunca falha
no tratam ento das mo­
l é s t i a s consum ptivas
acim a apontadas.
E ’ superior ao oleo
de figado de bacalhau
e suas em ulsões, por­
que contém em muito
maior p r o p o r ç ã o o
iodo vegetalizado, in­
timamente combinado
aotannino da nogueira
(juglans regia) e o
phosphoro physiologi-
co, m edicamento em i­
nentemente vitaliza-
dor, sob uma fôrma
a g r a d a v e l e inteira­
mente assimilável. E’ uma nova com binação chim ica, estável e definida, na qual
E ’ um xarope saboroso, que não perturba o estom ago e os in­ o lodo e a Ham am elis, com pletam , de um modo energico e feliz,
testinos, com o frequentemente succede ao oleo e ás em ulsões, suas acções respectivas. Em nenhum caso falha a sua efficacia,
dahi a preferencia dada ao J u g l a n d i n o pelos mais distinctos quando se trata de V a r i z e s , H e m o r r h o i d a s , A s t l n n a ,
clinicos, que o receitam diariam ente aos seus proprios filhos. A iif/in n d e P e i t o ) A c c i d e n t e s d a i d a d e c r i t i c a , R h e a -
Para os adultos preparamos o V in h o i o d o -ta n n ico glycero- niatiMino, etc.
phosphatado. lodo e Ham am elis! Duas colum nas de therapeutica reunidas
Encontram -se am bos nas boas drogarias e pharm acias desta em uma acertadissim a form ula! Com prehende o leitor, porque os
Capital e dos Estados e no deposito geral : m édicos receitam e porque os curados bemdizem a X i c u i e R o l 'f
De enorme aceitação na França e na Allem anha.
Pharmacia e Drogaria de FRANCISCO GIFFONI 5 C. A ’ venda em todas as boas pharm acias.

9, K iaêi l . ° de M arço, 9 Representante: HUGO HEYDTMANN


-------------------- RIO DE JA N E IR O -------------------- I1 T , R u a d o s O u r i v e s — R io de Janeiro

0 maior successo em Perfumaria!


^ T «IlIasio n Ilu gu e t» de D r a lle ^ ^
ESSEN C/E) D E F L O R E S , S E M E L C O O L
U m a g o tta basta para p e rfu m a r d eliciosa e
persistentem ente q u alq u er o b je cto . P reço
d o v id r o , e m e s to jo d e m a d e ir a d e feitio
d e u m p h a r o l , 5 $ 0 0 0 rs. e m t o d a s a s b o a s
casas de p e r f u m a r i a s . E x i g i r a m arca
acim a !
C O N C E S S IO N Á R IO S P A R A O B B A Z I L :

- - - - - - - 111 lll£ H E R M A N N Y & C01V1P.- - - - - - - -


R IO U B J A N E I R O
CARETA

A natole Fh a n ce trapeira de qualquer ignorante, que lhe o vestido de alguém que não vejo, mas
não conheça o valor. que adivindo descendo.
Então estremecí, a idéa de que, em- Páro, sumindo-me o mais que posso de
O CRDME quanto eu assim conjecturava, podiam as encontro ao corremão. A mulher de que
folhas do precioso manuscripto, arranca­ se trata, vem em cabello ; é nova e come­
DE das, estar a servir de tapadeira aos potes ça cantando ; seus dentes e seus olhos
de conserva de pepinos de qualquer dona brilham na sombra.
de casa. N ’essa mulher não ri só a bocca, mas
STLVE5TKE BONNflRD 30 de agosto de 1850
também o olhar. E com certeza uma visi-
nha e das mais familiares. Traz no braço
um pequerrucho completamente nú,como
Um pesado calor tornava lasso o meu o filho de uma deusa, e que traz ao pes­
andar. coço uma medalha, segura por uma ca-
A ACHA Eu vinha rente ás paredes do caes do
norte. deiasinha de prata.
24 de d ezem bro de 1849
Na sombra morna, as lojas de adello, Noto que o pequerrucho chucha nos
seus polegares e me fita com seus gran­
— A Lenda Dourada é, sobretudo, opu­ de gravuras, e de alfarrabista, falavam ao des olhos, muito abertos, n’este logar
lenta em hagiographia italiana. As Gal- meu espirito, alegrando-me a vista. Va- que, para elle é um novo universo. A mãe
lias, as Allemanhas, a Inglaterra, occupam diando e alfarrabeando, saboreava de olha-me com um ar a um tempo myste-
alli um logar insignificante. Voragine, só passagem os versos vibrantes de um rioso e ladino ; pára, córa, me parece, e
vê através de uma fria bruma os maiores poeta da pleiade, catrapiscava uma ele­ estende para mim nos braços o pequenino
santos do Occidente. Os traductores aqtii- gante mascarada de Wateau, e o meu ser.
tanos, germanos e saxões, d’este bom le­ olhar acariciava uma espada antiga, um O pequenino tem uma bonita ruga en­
gendário, tiveram tambein o cuidado de gorjal de aço e um morrião. (1) tre o punho e o braço, uma ruga no pes­
ajuntar á sua narração, as vidas dos seus Que grosso capacete e que pesada cou­ coço ; e da cabeça aos pés tudo n’elle são
santos nacionaes. raça, Deus meu 1Trajo de gigante?Não; lindas rosquinhas de caine, que riem, na
Tenho lido e colleccionado manuscrip- concha de insecto. Os homens de então, sua côr de rosa
tos da «Lenda Dourada». couraçavam-se á maneira de escarave­ A mamã apresenta-m’o com orgulho.
Conheço os que descreve o meu sabio lhos ; dentro da sua casca estava a sua — Senhor, me diz ella em voz melo­
collega, senhor Paulin Paris, no seu bello fraqueza, quando afinal a nossa força é diosa, é ou não muito bonito o meu que­
catalogo dos manuscriptos da bibliotheca interior e a rido filho ?
do rei. Ha dois alli, que, principalmente nossa alma E a mãe pega na mão da criança, leva-
me prenderam a attenção. Um, é do sé­ armada ha­ lhe á bocca, depois conduz em direcção a
culo XIV, e contém uma traducção do bita n'um mim os dedinhos roseos do pequeno, di­
Jean Belet, o outro, recente de mais um c o r po de- f . -a —1 zendo :
século, contém a versão de Jacques Vig- bii. — Bébé, atira um beijinho a este se­
nay. Provém ambos do fundo Colbert e nhor, que não quer que os pequenitos
foram collocados nas prateleiras d’essa passem frio. Atira-lhe um beijinho, vá 1
gloriosa Colbertina, pelos cuidados do bi- E, apertando a tenra creatura nos bra­
bliothecario Baluze, cujo nome eu não ços, escapou-se com a agilidade de uma
posso pronunciar sem tirar o chapéo, por­ gata, mettenpó por um corredor que, a
que, no século dos gigantes da erudição, avaliar pelo cheiro que me chegava, devia
Baluze assombra, pela sua conduzir a uma cosmha.
grandeza. Conheço um co- Entrei em casa.
digo muito curioso do fundo — Thereza, sabes-me dizer quem é
Bigot ; conheço setenta e uma mulher nova, que encontrei, agora
quatro edições impressas, a mesmo, na escada, em cabello, e que é
começar pela veneranda avó mãe de um pequenito que levava nos bra­
de todas ellas, a gothica de ços ?
Strasburgo. que foi princi­ Thereza responde-me que é a senhora
piada em 1471 e terminada Coccoz.
em 1475. Mas nenhum d as­ Olho para o tecto, a ver se me lembro.
tes manuscriptos, nenhuma E Thereza então recorda-me o magro bu-
d’estas edições contém as len­ farinheiro que, ha um anno.me veiu fazer
das dos santos Ferréol, Fer- uma venda dos Almanaks;na occasião em
rution, Oerinain, Vincent e que sua mulher estava de parto.
Doctrovée, nenhuma tem a — E que é feito de Coccoz ? pergun­
a assignatura de Jean Tout tei.
mouillé, nenhuma,emfim, sa- Foi-me respondendo que não o veria
hiu da abbadia de Saint-Ger- mais. O pobre homemzinho fallecera,sem
main-des-Prés. que eu e muitas outras pessoas o soubés­
Entre todos esses manus­ semos, pouco tempo depois de sua mu­
criptos e odescripto pelo se­ lher ter dado a luz o filho. Soube que a
nhor Thompson, ha a dífferença que vai Vejo também um pastel, representando viuva se havia consolado d’esse lance e,
da palha ao oiro. Via com os proprios uma dama de outros tempos ; o rosto es- por minha parte, fiz outro tanto.
olhos, topava com um testemunho irre­ fumado como uma sombra, sorri. — Mas, Thereza, — perguntei — sabes
futável da existência d’esse documento. Com uma das mãos calçadas em mite­ se não talta nada á senhora Coccoz na sua
Porém, onde existia elle ? nes de renda, segura sobre os joelhos agua-furtada ?
Sir Thomaz Reileigh acabara os seus de setim, um cãosito todo enfeitado com — O senhor seria muito ingênuo, res­
dias nas margens do lago de Côme, para fitas. Aquelle retrato enche-me de delicio­ pondeu-me a minha governanta, se esti­
onde se tinha feito acompanhar de uma sa tristeza. vesse em cuidados por essa creatura. Des­
parte de suas riquezas principescas Onde pediram-a já da agua-furtada, porque o
Como devem rir-se de mim, aquelles tecto já está reparado. Mas ella, teima em
teria ido parar o manuscripto, depois da
morte d’esse elegante curioso 1 Onde es­ em cuja alma não existia um semi-apaga- ficar, apezar de a pôrem fóra, o porteiro,
taria o manuscripto de Jean Toutmouillé ? do retrato ! o proprietário, o gerente, o meirinho.
— Para que vim eu saber da existência A’ semelhança dos cavallos a quem chei­ Julgo que os enfeitiçou a todos.
d’este precioso livro, se nunca o poderei ra a estrebaria, assim eu apresso os pas­ A meu ver ella ha de sahir quando mui­
possuir, se nunca o poderei ver ? sos, ao approximar-me de minha casa. to bem quizer, mas só sahirá quando a
Iria, de boa vontade, buscal-o ao cora­ Está alli, o cortiço humano onde tenho a seje do enterro a vier buscar. Sou eu
ção de África ou aos gelos do polo, se minha cellula, para distillar este mel um quem o diz ao senhor.
soubesse onde desencantal-o- Porém, não tanto acre da erudição. Subo a passos pe­ Thereza reflectiu um instante ; depois
sei. Não sei se, a esta hora, elle se achará sados os degráos da minha escada. Mais disse sentenciosamente :
guardado n’ um armario, fechado a sete alguns degráos ainda, e acho-me á minha «Um rosto bonito é uma maldição do
chaves, por qualquer zelozissimo biblio- porta. Um roçagar de seda denuncia-me céo !»
mano. Póde até ser, muito bem, que n’es- Muito embora eu soubesse perfeita-
te momento, elle se ache a abolorecer na (1) Capacete antigo. mente, que Thereza fôra muito feia e des­
CARETA
provida completamente de attractivos na Eram essas, brincadeiras bem masculas, seguida, mettia na sallada de chicória
sua estação mais florida, baixei a cabeça se me não engano ! e no emtanto, eu de­ coisa que eu achava explendida.
e disse-lhe com abominável malicia : sejei uma boneca ! Os Hercules têm suas Meu tio Victor, inspirava-me também
— Vamos, lá, Thereza ! Olha que eu fraquezas. immensa consideração, pela sua farda
bem sei que, nos teus tempos, também E era, ao menos, bonita aquella que de­ agaloada, e sobretudo, por certo modo
foste uma cara bem bonita ! sejei ? Não. Pareço ainda estar a vel-a. que tinha, de pôr a casa em reboliço, logo
E olha que n’este mundo, creatura al­ Tinha uma nodoa de vermelhão em cada que entrava.
guma existe, por mais santa, que não face, braços debeis e curtos, mãos de pau, Ainda hoje me não é dado saber lá
haja sido tentada. talhadas horrivelmente, e umas intermi­ muito bem, o que elle poderia fazer para
Thereza baixou os olhos e respondeu : náveis pernas, distanciando-se uma para tal conseguir, mas o que posso affirmar,
— Embora não fosse o que se pode cha­ cada lado. O seu vestido florido, era cin- é que, quando meu tio Victor se achava
mar bonita, eu não era má de todo. E se gido ao corpo por dois alfinetes. Pareço n’uma reunião de, supponhamos, vinte
quizesse, teria feito o mesmo que as ou­ ainda estar a ver as cabeças pretas d es­ pessoas, não se notava nem se ouvia pes­
tras. ses dois alfinetes. soa alguma, a não ser elle.
— Não resta a menor duvida, Thereza, Era uma boneca de baixa sociedade, Meu excellente pae é que não partilha­
mas toma lá a minha bengala e o meu tresandando a bairro miserável. Lembra- va, ao que me parece, da admiração que
chapéo. Vou ler, para me entreter, algu­ me bem que, muito embora fosse então eu tinha pelo tio Victor, que o envenena­
mas paginas de Moréri. (1) A dar credito muito pequeno, pois não havia ainda va com o fumo do seu cachimbo e lhe da­
ao meu faro de raposa velha, temos hoje muito que usava calção eu sentia, a meu va, por uma questão de amizade, enor­
para o jantar um frango de carne delica­ modo, mas muito intensamente, que mes murros nas costas, accusando-o de
da, d’essas que ao lume costumam perfu­ aquella boneca era falta de graça e de falta de energia. Minha mãe, observando
mar o ambiente. Dispensa todos os teus vestuário, que era grosseira e brutal Po­ completamente para com o capitão, a
cuidados, minha filha, a essa deliciosa rém, apezar d’isso, gostava d’el!a. De­ indulgência de uma irmã, por vezes,
ave e poupa mais o teu proximo, afim de mais nada gostava e só a ella queria. Já aconselhava-o a não requestar tão a miú­
que elle te poupe também. Elle e o teu nem soldados nem tambores que possuía, do as garrafas de aguardente. Porém, eu
velho patrão. para mim representavam cousa alguma. é que não participava nas censuras nem
Depois de assim falar, dispuz-me a se­ Já não mettia na bocca do meu cavallo de nas reprehensões, pois que o tio Victor
guir os copados ramos de uma genealo­ pasta os ramos de heliotropio e de verô­ me inspirava o mais puro dos enthusias-
gia principesca. nica. Aquella boneca era tudo para mim, mos. Foi pois, com certo orgulho, que
e eu imaginava os mais selvagens estra­ n’aquelle dia, penetrei na casa em que
7 de março de 1851 tagemas, para obrigar Virgínia, minha elle habitava, na rua Guénégaud.
Passei o inverno á maneira dos sábios creada de infancia, a passar commigo por O almoço, todo elle posto n’um vela-
in angello cum libello» e as ándorinhas diante da lojita da rua de Seine. dor, ao canto do lume, consistia em sal-
do caes Malaquias, já de volta, encon­ Uma vez alli, fincava o nariz na vidra­ chicharia e dôces.
tram-me pouco mais ou menos como me ça, e era preciso que a creada me puxas­ O capitão atafulhou-me o estomago de
deixaram. Quem vive pouco, muda pou­ bôlos e de vinho sem mistura.
co, e não se póde chamar viver, a isto de Falou-me das numerosas injustiças de
empregar os dias debraçundo-se para an­ que fôra victima. Queixava-se mais do
tigos textos. que tudo, dos Bourbons, e eu, sem saber
De modo, que hoje, mais do que nun­ porque, afigurava-se-me que os Bour­
ca, sinto-me impregnado d’essa vã triste­ bons deviam ser negociantes de cavallos,
za que se distilla da vida. A economia da estabelecidos em Waterloo.
minha intelligencia, (como isto me custa Para cumulo, o capitão, que só inter­
a pensar! foi perturbada, desde essa hora rompia a conversação para nos vasar vi­
para mim sem egual, em que me foi re­ nho nos copos, começou a conspirar-se
velada a existência do manuscripto de contra uma quantidade de fedelhos, e
Jean Toutmoillé. João-Ninguem, que eu não conhecia, e
Chega a ser extraordinário que, por que detestava com todas as veras do meu
causa de umas folhas de pergaminho ve­ coração. A ’ sobremesa pareceu-me ouvir
lho, eu haja perdido o repouso; e comtu- dizer ao capitão, que meu pae era um
do, não ha verdade mais real. homem de quem se fazia tudo quanto
O pobre que não tein desejo», possue se queria ; pareceu-me não entender bem ;
o maior dos thesouros ; possue-se a si sentia zumbidos nos ouvidos e parecia-
mesmo. O rico ambicioso não é mais do me que o velador andava á roda.
que um escravo miserável. Meu tio, vestiu a sua sobrecasaca de
E eu, sou esse escravo. Os prazeres galões, pegou no seu chapéo, e descemos
mais amenos, como o de conversar com se pelo braço. Senhor Silvestre, olhe a rua que me pareceu estar extraordina­
um homem perspicaz e moderado, ou o que é tarde e a mamã ralha». Mas o se­ riamente mudada. Dir-se-ia que havia
jantar em companhia de um amigo, não nhor Silvestre de então, ria-se, e bem dos muito tempo que eu não passava por alli:
me fazem esquecer esse manuscripto, que ralhos e dos açoites- Apezar de tudo, ao chegarmos á rua
me falta depois que sei da sua exis­ Porém, a sua creada levava-o como Seine, veio-me ao espirito a idéa da bo­
tência. quem leva uma penna, e o senhor Silves­ neca, causando-me uma exaltação extra­
Sinto a sua falta sempre, de dia e de tre cectia á força. Depois, com a edade, ordinária. Sentia a cabeça escandescida.
noite ; sinto-a na alegria e na tristeza ; gastou-se, e cedeu ao temor. N ’aquelles Resolvi tentar um ataque em forma. Pas­
sinto-a quer durante o trabalho, quer tempos nada o atemorisava. savamos junto da loja ; ella lá estava, de-
durante o repouso. Eu era infeliz. Uma irreflectida mais traz do vidro, com as suas faces rosadas,
Recordo os meus desejos de creança. irresistível vergonha impedia-me de con­ com o seu vestido de flores e as suas
Ah, como eu hoje comprehendo bem os fessar a minha mãe o objectivo do meu grandes pernas.
irresistíveis desejos da minha infancia ! amor. D ’ahi os meus pezares. Durante — Meu tio, disse eu com voz mal se­
Com que singular precisão accode ao meu alguns dias, a boneca, incessantemente gura, se me comprasse aquella boneca...
olhar uma boneca, que se exhibia n’uma presente ao meu espirito, bailava-me an­ Disse e esperei.
loja de má morte, quando eu tinha os te os olhos, olhava-me fixamente, abria- — Comprar uma boneca para um ra­
meus oito annos ! Por que artes me me os braços, tomando em a minha ima­ paz, safa ! exclamou meu tio com voz de
agradou aquella boneca é o que eu não ginação uma especie de vida, que a tor­ trovão. Tu não estás em ti !
sei. Eu orgulhava-nie muito do meu sexo; nava para mim mysteriosa e terrível, e E é, para mais ajuda, aquella entrou-
sentia desprezo pelas rapariguitas, e tanto mais cara, quanto mais me era de­ chada que desejas possuir. Pois não te
aguardava impacientemente o momento sejável. desfaças, meu rapaz ! Gabo-te o gosto !
Emfim, um dia, dia que não esque­ E olha que se aos vinte annos, tiveres o
em que, (ai de mim ! quão depressa elle cerei nunca, a minha creada levou-me a
chegou !) uma barba que picasse, viesse paladar tão apurado para escolher bone­
eriçar-me os queixos. casa de meu tio, o capitão Victor, que me cas, como aos oito, não te faltarão attra-
tinha convidado para jantar comsigo. Eu ctivos pela vida fóra, e os teus camaradas
Ainda então eu brincava aos soldados era um sincero admirador de meu tio, o
e, para sustentar o meu cavallo artificial, dir-te-ão que és um bom papalvo. Pedis-
fazia razzias nas plantas que minha pobre capitão, não só porque tinha sido elle ses-me tu um sabre ou uma espingarda, e
quem queimara o ultimo cartucho em eu t’os compraria, mesmo que tivesse de
mãe cultivava na sua janella. Waterloo, mas também porque arranjava recorrer ao meu ultimo escudo reformado.
por suas próprias mãos, á mesa de minha
(1) Grande biographo e sabio francez. mãe, as ccdêas de pão com alho que, em ( C o n t in u a )
SOCIEDADE DE SEGUROS
nUTU05 50BRE fl VIDA
Apoliees sorteaveis á dinheiro, por
sorteios semestraes, em 15
de abril e 15 de outubro de eada
anno.
& vantajosa classe de seguros de vida,
privilegio exclusivo da
A E Q U I T A T I VA

A enorm e acceitação que esta


classe de seguros tem m erecido do
publico, explica-se pelos seguintes
m otivos :
i°, p o rq u e o se g u r a d o d u r a n te o
praso do seu contracto, p o d e ser
c o n te m p la d o n o s d iv e rso s so rteio s,
r e c e b e n d o d e c a d a v e z 5:ooo$ooo
em d i n h e i r o , s e m p reju ízo d o seu
s e g u ro q u e c o n tin u a e m v igor, p a ra
o caso de m o rte ou d e sobrevi­
vência.
2°, porque, m esm o depois de uma
apólice paga por fallecim ento do
segu rado, ella fica com o direito de
concorrer a 1 ou 2 sorteios, após
a d ata da m orte do segu rado, caso
o ultim o prêm io pago tenha attin -
gido a esse periodo, podendo as­
sim os beneficiários receber o d o ­
bro do seguro, á exem plo do que
já se deu com um a das apólices
do fallecido general C u n h a M attos
e do finado A n to n io Ped ro de
A ra ú jo , os quaes dessa form a, le­
garam p o s t - m o r t e m m ais 5 :o o o $ o o o
aos seus herdeiros.
3°, porque o proprio segu rado,
tendo desfructado os proventos que
O seu seguro p ro po rcio no u -lh e e m
d i n h e i r o nos sorteios em que foi con­

tem plado, deixa ain d a por m orte,


ou recebe qu an do o seguro é na
classe D o tal em caso de so brevi­
vência ao co ntracto , m ais a im por­
tância total do seguro, tam bém em
din heiro.

(Edificio de sua propriedade)

S É D E SO CI AL :

AVENIDA CENTRAL
= 125 =
RIO DE JANEIRO
ia dos Cabellos, Barba, Sobrancelhas, Pellada, Calvicie precoce, Caspa, etc.
N O V A S C U R A S — N O V O S ATTESTAO O S Pilopisado a cabeça de papai!

A m ig o Sr. Pharm aceutico Francisco G iffo n i.


C o m m u n ico -lh e com o maior prazer que tanto eu, com o pes­
soas de m inha fam ilia e relações, têm tirado o m elhor resultado
com o seu preparado - ' PILOGENIO” - que reputo o S U P R A
SUM M UM .
P óde o am igo dispor desta declaração expontânea e me subs­
crevo
Seu am igo adm irador
D r. Á lvaro de Barros M a c h a d o da S ilva .
T herezopolis, 10 de Setem bro de 1900.

O “ P I U 0 G 6 N I 0 ” vende=se no deposito geral:


Drogaria de Francisco Giffoni & C.
17, RUA PRIMEIRO DE MARÇO, 17 (ANTIGO N. 9) =
e nas boas pharmacias e drogarias e perfumarias e nos Estados encontra-se
desde já nas seguintes cidades:
P e r n a m b u c o , B a h i a , V ic to r ia , B e llo - H o r iz o n te , C u r it y b a , P e lo ta s ,
J l i o G r a n d e , P o r to A le y r e , C o ru m b á , G o y a z e Cui/abá

Não precisamos fa la r!
6Iles falam por nos !

Francisco de Barros Pim entel Franco, doutor em


m edicina pela Faculdade da Bahia, delegado
de hygiene em A racaju, m edico do Hospital
Santa Isabel, etc.
Attesto que tenho em pregado na m inha cli­
nica civil e hospitalar o preparado B rom it, dos
Srs. D audt & Freitas, com optim os resultados
em casos de moléstias das vias respiratórias.

A racaju, 23 de A bril de 1909.

D r. Francisco de Barros Pimentel Franco.

O Dr. José Jo aq u im Pinto, form ado pela F a ­


culdade de M ed icin a da B ah ia:
Attesto que tenho em pregado 11a m inha cli­
nica o m aravilhoso preparado — F S a u d e da
M u lh er, obtendo os m elhores resultados.

Barra, 23 de Fevereiro de 1909.

D r. J o s é Joaquim Pinto.
AGUA O XY G EN ADA DE C U S T E I
P E R O X Y D O DE H Y D R O G E N E O DE C U S T E R = 0 M A I S P O D E R O S O A N T I S E P T
Infallivel contra erupções e outras moléstias da pelle, refresca e amacia a cutis e mantem a mais v
tncta hygiene do corpo, usada nos banhos externos e lavagens internas e na toilette.
Para a hygiene da bocca e a conservação dos dentes não tem rival.
As moléstias da garganta são efficazmente combatidas com os gargarejos deste producto
O uso deste preparado como loção torna louros os cabellos.
Cada vidro traz as indicações para os diversos usos e applicações. Vende-se nas pharmacias e perfu­
marias aos preços seguintes: 150 grs., 1$500; 250 grs., 28500; 500 grs. 48000.
A melhor agua oxygenada é a preparada nos laboratorios da
Cu ster C h e m ica l C o m p a n y , de N e w York
e a de maior uso em todos os hospitaes e casas de saude.
D e p o s it á r io s : D E E A R A E Z E & Co. 8 0 R E A D E S. R E D R O 8 0
R e p re se n ta n te : A . Y A R O N A n IO i> E j a x E I ii o

SALDTARIS
agoiiais de mes;

0 maior successo em Perfumaria!


= z « IIIu s io n N u g u e t » de D p a l l e ^ i
E S S E N C ÍF D E F L O R E S , S E M ftL C O O L
U m a gotta basta para perfumar deliciosa e
persistentemente qualquer o b jecto . Preço
do vidro, em estojo de madeira de feitio
de um pharol, 5$000 rs. em todas as boas
casas de p e r f u m a r i a s . E x i g i r a marca
acim a !
C O N C E S S IO N Á R IO S P A R A O B R A Z I L :

L O I I I S H E R M A H H V S CO «IP.:
AN N O
Careta
R E D A C Ç Ã O E O F E f l C I M A S s R U A D A A S S E M B L É A , 70 — R I O D E J A N E E R ©
ASSIONATURAS
i3$ooo | S E M E S T R E S$ooo
,
Ijl C A P IT A L . . . .
NUMERO AVULSO
Soo R s. | E S T A D O S 400 R s.

EDIÇÃO 1
3E "KÓSMOS"

M. 68 I R I O D E J f l M E I R O — S a b b a d o — 18 — S e t e m b r o — 190? I flMHOII

- Me deixe, patrão 1 Não me beije ! Deixe disso


AS ARTES DA LOTA que a patroa já vem 1 ...
Os Louredos são muito boas pessoas, mas têm Fez-se na sala uma atmosphera carregada. Os as­
um mimo exaggerado com a Lota, um diabrete de sistentes se moviam nas cadeiras, como se ellas fos­
quatro annos, filha única, que é o encanto da casa. sem chapas de ferro em brasa. Muitos se levantaram,
outros tossiam, como se irrompesse na sala uma epi­
Para elles, não ha menina mais engraçadinha, mais demia de coqueluche. Eu que receio os cataclysmos,
viva, mais intelligente, mais endiabrada. São paes ; e quer sejam terremotos ou incêndios, peguei do cha­
todos os paes são como a coruja. péo e sahi sem despedir-me.
Todos os frequentadores da casa são obrigados a Apenas na rua, ouvi os primeiros compassos de
apreciar as artes da Lota, que canta, dança e faz dis­ uma marcha tão violentos, como se as teclas do
cursos patrióticos com uma viveza que todos acham piano fossem tocadas por uma pata de elephante.
precoce e genial.
No ultimo domingo madame Louredo festejava o PU C K
sétimo anniversario do seu casamento e reuniu em
casa as familias amigas : Depois do jantar, fez-se mu­
sica, mas o melhor numero da soirée era certamente
uma exhibição da Lota, que fôra cuidadosamente en­ EXÓTICA
saiada para encantar os convidados.
Em dado momento, e como de improviso, a mãi Ao Leal de Souza
chamou-a :
— Lota, minha filha, arremeda aqui o Quintino O seu nom e? Não s e i ... nem de o saber cogito:
Bocayuva, para estas pessoas verem como és viva... — Laura, Zulma, Leonor, Evangelina, S te lla ? ... —
Immediatamente collocaram na cabeça da menina Não ha nome que seja altamente bonito,
um chapéo de abas largas, e nas mãos um par de Para denominar uma mulher tão bella!
luvas, e ella sahiu grave, pelo meio da sala, a pas­
sos cadenciados, com grande satisfacção dos assis­ Por conhecel-a todo o meu ser vibra afflicto.
tentes.
Serenados os applausos, disse o pai : Se a vejo, o coração possuil-a vago anhela.
— Agora, minha filha, arremeda o Pinheiro Ma­ — Fital-a ? Muita vez, tão longamente a fito,
chado fazendo discurso. Silencioso a pensar — que mulher será aquella?
A menina collocou debaixo do braço um gallo de
biscuit e começou : Nós, os levitas do Alcorão, para Os olhos são da côr preta da cabelleira! . . .
salvar a republica, não trepidamos em pisar corações Brilham tanto que, a mais resplandecente estrella,
de amigos ! . . .
Foi um successo. Perdería o esplendor em lhes ser companheira!
A mãi fel-a ainda imitar a copeira. A pequena, de
avental e com uma travessa na mão, percorreu a sala — Sim 1 E’ morena! E’ alta! E’ pallida ! E’ faceira!
offerecendo : mais uma aza de gallinha, madame ! E ’ —- Corpo erecto e junca! relembra — basta vel-a, —
servida de um pastelinho ? . . . A linha senhorial de uma esguia palmeira 1
Os Louredos radiavam de orgulho.
Então o major Lemos, engrossador de raça, e que B ueno M o n t e ir o
apreciara ruidosamente a exibição da Lota, querendo Rio, 909.
offerecer-lhe mais um ensejo de brilhar, chamou-a :
— Tome meu anjo este lenço, faça de conta que
é o espanador, e imite a criada para verm os... Causou grande estranheza o facto do Sr. Marquez
O coração dos Louredos quasi saltou fora de an- de Pirapora haver combatido a memória apresentada
ciedade A menina não ensaiara arremedar a criada. ao Congresso de Geographia pelo deputado José
O caso não fôra previsto. Mas a pequena, desemba­ Carlos de Carvalho e na qual são estudadas as con­
raçada, dirigiu-se logo ao pai, passando-lhe o lenço dições de navegabilidade dos Lagos do Campo de
no rosto e dizendo com um muchocho : Sant’Anna.
C A R E X A

CARETA PARLAMENTAR O Sr. Carlos Cavalcanti. — Mas é a . .. a maturi­


dade.
O SR. MANOEL FULGEN CIO. — E o que é ma­
O SR. MANOEL F U L G E N C IO .— Eu venho ainda turidade ?
uma vez. Sr. presidente, occupar a attenção desta O Sr. Carlos Cavalcanti. — E’ a madureza, ora
Camara com um projectosinho de minha lavra. Bem esta 1
sei que outros assumptos importantes aguardam oc-
casião para serem discutidos, e assim sendo eu não O SR. MANOEL FULGEN CIO. — Ora ahi está
devia tomar a palavra (não apoiados geraes) tanto V. Ex. a percorrer o circulo vicioso de que nos falou
mais quanto a minha obscura voz debil e desautori- o Sr. Dr. Machado de Assis naquelle celebre roman­
sada (não apoiados) não pode competir, Sr. presiden­ ce O Vagalume. Sim, madureza é a maturidade e
te, com as oratorias vibrantes dos meus presados maturidade é madureza. Mas o que vem a ser afinal
collegas. essas duas cousas ? Ahi é que está o busilis. Ma­
dureza é Sr. presidente aquelle estado a que chegam
O Sr. Honorato Alves. — Não apoiado. Ha outras aquelles que, como eu, já estão maduros. Madureza é
muito mais obscuras do que a de V. Ex. o estado dos fructos na sazão da colheita; se por
O SR. M ANOEL FU LGEN CIO . - E' bondade do acaso são colhidos antes o que lhes acontece, Sr.
meu nobre collega. Mas, Sr. presidente, se eu não presidente ? Estão verdes.
falasse agora, teria o coração cheio de magoa, o es­ O Sr. Alaor Prata. — Como as uvas da raposa.
pirito combalido, a alma em farrapos dolorosos 1 O SR. MANOEL FULGEN CIO. — Perfeitamente,
(sensação).
como as uvas da raposa. E a raposa no caso espe­
O Sr. João Baptista —• Pois fale V. Ex. que nós cial de que nos occupamos quem é Sr. presidente ?
estamos a escutal-o. Quem é ? Não sabe V. Ex. e os meus collegas igno­
O SR. MANOEL FU LGEN CIO — E’ isso mesmo ram. .. Com razão, pois não se tem dedicado ao as-
que eu faço, Sr. presidente, para não ter o coração sumpto, como eu.
cheio de magoa, o espirito combalido e a alma em Pois a raposa no caso é o Estado, sr. presidente,
farrapos dolorosos ; porque vou tratar mais uma vez que quer por força que meninos ainda verdes, vede
Sr. presidente, de reparar as seculares injustiças que bem, Sr. presidente, ainda verdes, façam exames de
se praticam contra as timidas e innocentes creanças madureza ! (sensação extranha).
que, convem não o esqueçamos, Sr. presidente, serão O Sr. Honorato Alves. — E um grande erro.
os homens de amanhã, quem sabe os nossos substi­ O SR. MANOEL FU LG EN CIO . — Um grande
tutos aqui nesta Camara ! (sensação profunda). erro ! ? Mas é o maior erro que se poderia praticar
O Sr. Alaor P ra ta .— Muito que bem. em uma nacionalidade jovem como a nossa, Sr. pre­
O SR. MANOEL FU LGEN CIO . — E ’ em defesa sidente. Erro ! ? Mas não é só um erro isso, Sr. pre-
dessas pobres victimas de leis ferozes e deshumanas sidedte, é uma deshumanidade, é um acto de tyran-
que ouso occupar a attenção desta illustre casa do nia 1 Forçar assim a natureza infantil Sr. presidente,
parlamento, onde a justiça reina e a harmonia e fra­ é um delicto contra a própria natureza 1 (sensação
ternidade são symbolos inatacaveis. (apoiados geraes) profunda).
Eu sou um homem já maduro, Sr. presidente que ha O Sr. Alaor Prata. — Muito que bem.
muito dobrei o cabo Tormentorio dos 50 Janeiros... O SR. MANOEL FULGEN CIO. — Ternos infantes,
O Sr. Jo s é C a rlo s— V. Ex. adheriu ao Congresso creanças loiras, rebentos juvenis da minha Patria
de Geographia? amada, até quando vos farão semelhantes injustiças ?
Quando é que os vossos harmoniosos e fracos cla­
O SR. M ANOEL F U L G E N C IO .— Não senhor. Eu mores chegarão a penetrar os duros ouvidos do Par­
só adheri duas vezes em minha vida. Uma á Repu­ lamento Nacional ? Loiros rebentos infantis, esperan­
blica e a outra ao Congresso Nacional. Não vejo ne­ ças da Patria e homens d’amanhã, succedaneos das
cessidade de adherir a mais nenhum Congresso (apoia­ maturidades hodiernas porque não sois attendidos ?
dos). Que petrificada dureza inertisa os corações dos re­
O sr. Jo s é Carlos. — Perdão, mas como V. Ex. presentes da Nação ? Porventura os vossos clamores
falava em cabo Torm entorio... não encontram aqui o echo sympathico dos nossos
O SR. M ANOEL FU LGFN CIO . — Simples figura corações unisonos ? (emoção profunda) Então cre­
de syntaxe. V. Ex. sabe que na oratoria são muito anças da minha Patria. o orgão vocal do Manoel
empregadas semelhantes figuras, sem que o seu em­ Fulgencio estará tão enrouquecido assim que não con­
prego signifique adhesões desnecessárias. siga mover os corações dos deputados ? (vários Srs.
deputados começam a chorar devagarinho). Não,
O Sr. Alaor Prata.— Muito que bem. mocidade de minha terra, não ternissimos corações
O SR. M ANOEL FU LGEN CIO . — Mas voltando infantis, não loiros rebentos da juventude, podeis ficar
ao fio do discurso, Sr. presidente, dizia eu que já es­ descansados, aqui ha também corações bondosos
tava maduro e por isso mesmo experiente da vida. promptos para alliviar vossas magoas 1 (o pranto e
Pois bem, Sr. presidente, apezar de maduro assim, geral na Camara) Ainda este anno escapareis da
máo grado essa experiencia conquistada na dura luta foice terrível da madureza 1 A Camara demonstrará a
pela vida, eu confesso á puridade, aos meus collegas sua generosidade para com os futuros homens, e
que com franqueza se tivesse de me sujeitar a um dispensará mais uma vez a passagem pelas forcas
exame de madureza para ser deputado, palavra de Caudinas de semelhante acto despotico e anti-natu­
honra que eu preferia voltar lá para os meus sertões ral ! E agora, ao terminar podereis dizer commigo,
a soffrer tal prova (sensação). como os persas de Vespasiano ao avistar as praias
O Sr. Carlos Cavalcanti. — Pois olhe que a ma­ do Polo Norte : Thalassa ! Thalassa !
dureza é uma coisa bem boa; se não fosse, o grande ( Bravos e palmas. O orador é muito cumpri­
Benjamin não se teria lembrado de fazer delia um mentado).
exame.
O SR. MANOEL FU LGEN CIO . — Não contesto O Sr. Severino Vieira disse no Senado que onde
as palavras do nobre collega, mas peço-lhe acompa­ vae o pão vae o machado.
nhar o meu raciocínio. O que é madureza em pri­ O Pinheiro Machado ouvindo isso sorriu amarel-
meiro logar ? lo, mas não teve animo de contestar.
Dous elegantes jovens da nossa melhor socieda­ — Eu largo, tu largas, elle larga, nós largamos,
de entram no Colombo. Abancam-se. Junto á sua vós largais, elles largam.
mesa estava um sugeito, com typo de estrangeiro. Os Nisso vários freguezes se interpõem entre os lu-
rapazes emquanto esperam o cock-tail conversam. ctadores, invectivando o estrangeiro.
Diz um : Este por fim, no mesmo péssimo portuguez
— Onde iremos esta tarde ? disse :
O extrangeiro começa em voz alta a dizer num — Mas meus senhores eu estou aprendendo a
portuguez detestável: vossa lingua e o meu professor recommendou-me
- Eu vou, tu vaes, elle vae, nós vamos, vós ides, que conjugasse todos os verbos que ouvisse e em
elles vão. voz alta. Já vêm que não tive intenção de offender
Os rapazes entreolham-se espantados. ninguém.
Depois um delles continua :
— Se a tarde refrescar... O director de uma agencia matrimonial observa
E o extrangeiro : que as moças, que vão á procura de noivo, pergun­
— Eu refresco, tu refrescas, elle refresca, nós re­ tam sempre : Quem é elle ?
frescamos, vós refrescais, elles refrescam. As viuvas novas : Qual é a posição delle ?
O sangue subiu ao rosto do mais novo que le­ As solteironas : Onde está elle ?
vantando-se, dirigiu-se ao sugeito:
— O senhor está caçoando comnosco ?
- Eu caçôo, tu caçoas, elle caçôa, nós caçoa­ Quasi que rebenta a guerra entre as republicas
mos, vós caçoais, elles caçoam. do Paraná e Santa Catharina.
Se não estivessemos em um governo de paz e
Fulo de raiva, o moço levantou a mão dizendo : amor, de certo correria muito sangue.
- Pois tome esta.
E o extrangeiro segurando o braço do rapaz :
— Eu tomo, tu tomas, elle toma, nós tomamos, Consta com bons fundamentos que o Estado de
vós tomais, elles tomam. Minas vae contrahir um empréstimo de 6 milhões
Vendo o seu amigo preso o outro rapaz veio em para propaganda musical dos seus estadistas.
seu soccorro, levantando a bengala e gritando : Vão ver que isso já é influencia do eximio re-
— Largue j á ! quintista Bueno Brandão.

Depoos de O “escanradalo”

E lla —Não gostaste?...


EUe - Não... Aquella viuva Carmo é inverosimil, para salvara reputação da filha apresenta-se como amante do Caval­
cante... Eu, no caso d’ella, não me apresentaria. E l l a —E tinha graça... Você amante do Cavalcanti.
C A R E T A

MACHADO Que elle seja invulnerável á dissecção do agudo


bisturi dos invejosos.
IV
Perdoa-me, querida, a indiscreção de publicar aqui
o nosso amor.
Tu o sabes bem : occultar o amor é pretenção tão
ousada como a tentativa de se pretender conter num
vaso frágil a extraordinária força das expansibilidades
gazozas.
O vaso far-se-ia em estilhaços ferindo o inexpe­
riente operador.
E’ o que também se dá com quem tenta occultar
o amor
Elle se revela sempre com a enorme força das ex­
pansibilidades gazozas.
Elle irrompe mesmo até nas notas de um calouro...
H e r m in io S il v a

Fulgencio atravessava o corredor, de toalha ao


hombro, caminho do banheiro, quando vio, como um
phantasma, apparecer, vindo da rua, a figura cadave-
rica do Anselmo, o mais habil e o mais feroz dos
alfaiates. Feroz, sim, mas de uma ferocidade branda:
dilacerava humildemente, supplicando.
Avistando a figura cadaverica do alfaiate, Fulgen­
cio correu apressado, para traz, mergulhou no quar­
to, cuja porta fechou, previdente.
Mas fôra bispado.
Anselmo bateu-lhe humildemente á porta c com
Mine. Ribeiro Leuzinger. a vozita supplice chamou :
— Seu dotor!
Fulgencio, do interior, altivamente respondeu:
NOTAS DE UM CALOURO DE MEDICINA — Não está.
E mais humilde, quasi chorando, com o olho no
buraco da fechadura, o cadaver supplicou:
Alguns animaes fogem astuciosamente á persegui­ — Ora, seu dotor, esteje!
ções de outros mais fortes.
Assim, uns affectam a dura apparencia das pedras,
outros, a húmida viscosidade da lama, em que se ar­
rastam illudindo os seus perseguidores.
Eis uma forma do eterno strugle fo r life de Dar-
AOS SNRS. CHEFES DE FAMÍLIA
win, eis o rnimetismo.
. . . Tu és mais forte do que eu pelo poder extra­
ordinário da tua belleza que me vence e prende. N Ã O CO M PR EM R O U PA PARA V O SSO S
No emtanto, eu não emprego o rnimetismo para F IL H O S , S E M V E R P R IM E IR O O
esquivar-me á força irresistível da tua g ra ça ...
E’ que eu desejo tanto realizar comtigo a deliciosa C O L L O S S A L S O R T IM E N T O E O S B A ­
symbiose do matrimônio... R A T ÍS S IM O S P R E Ç O S D A C A S A

A affinidade do chloro para o hydrogenio mani­ O TOMBO DO RIO


festa-se fortemente sob a acção da luz.
. . . Eu sinto por ti uma attracção forte como a
affinidade do chloro para o hydrogenio.
Ha comtudo, uma pequena differença.
RUA DA URUGUAYANA, 1 (CantodaCarioca)
Os amores do chloro só têm a foiça tempestuosa
da paixão, quando estão submetidos á acção da luz... RIO DE JANEIRO ^
ao passo que o meu amor só attinge áquelle grão
extremo quando... quando não estamos sob a acção
de luz nenhuma.
Para assignalar o Polo Norte será collocado na
ponta do eixo da terra um chapéo de sol igual ao
Tu és pequena, corada e flexível como um mus-
culo. que existe no nosso Corcovado.
Tu és os musculos c eu sou os ossos do esque­ A primazia desta idéa cabe ao ex-poeta Luiz
leto do nosso amor. Murat.
Cura Asthma, Broncliite Asthniatica, é o anti-asthniatico ideal.
O P O ' I N D I A N O Não produz perturbações cerebraes. Não abate, nemdeixa dôr
de cabeça depois do seu uso. Numerosos attestados de médi­
E n co ntr a-s e nas boas Pharm aci as e Dro garia s. — Deposito Geral: Drogaria de cos e doentes provama sua efficana.— Vide a bulla que acom­
— Francisco G f f c n i , — Rua 1° de Março, 17 ( a n t i g o 9 ) — Rio de Janeiro— panha cada frasco.= ----
C A R E T A

M/VTTMZ DÂ GLORHÂ

Aspecto exterior, depois da missa das 11 horas.

Zenhorr cherrend to G aret a na Endom u bolicie bedi bra ells nong faicê vaia te zo­
Rie to Chanerra. bie mais us rabais nong simbordei i fiz zobie maisfórde.
Tisbois a imbrezarie abarreci na balca bra faicê ung sa-
Eu dá zindinde muides zautades bra zenhorr chund tisfaçong mais u rabaiciada nong guiz zabê ti isdorie,
gom dudes rabais ta sua chornal borriste eu fais odre endong elle dampem ganhei ung borçong ti zobie gui
gart bra tize ungs nodicies qui dem gondecida agui na nem bodie falei.
Bordlegro. Quand si cabei a sbedaglo, os rabais zahi bra fóra i
Brimerre ti dude eu vai gondei tirreidinha ung lam- fui sberrá us allemongs i fiz ung manifestaçong ti vaia
pance tanada qui os rabais to Bordlegro fizerem na dea- bra ells, endong o bolicie to Bricada quiz medê a facon
dra S. Bedra : no parriga telles (rabais) endong u rabaiciada puchei us
bisdólas i fiz ung borçong ti dirres, endonh us bolicies
Odre tie cheguei ung veis bra gá ung gombanie ti figuei metroso i guardei us facons.
allemongs ti oberredes. endong ells fui faicê sbidaglo A zenhorr nong magina, us rabais ta qui, song
gom muzik na deadra. Os rabais si chundei dudes e fui muides goretes i valendes, elles non ganhe mêde to bri­
na deadra faicê parrulhe nom u zobie te apidá no bôca, cada.
brogue ells davem tanadas gom a embreçarie gui no Aqui no bricada tos bolicies tem ungs alvéres mui­
odre feis, fiz uma penificie bro gaza to Garidade i nong des va len d es... dong valendes qui inté achend dem
dei dude dinherre borriste us rabais nong gueriem dei­ mede ti olhá bra e l l s . . . no odre gart eu manda gondei
xei elle faicê sbedaglo. bra zenhorr us valendies ti esdes alveres...
Guand si lefandei u bano, us rabais gui davem na Bom. eu vai gabáti sgréve, a zenhorr zeita muides
callinherra, podei us zobie na bôca i fiz force i padiem lemprances to meu mulhé i da sua amiga i gombader.
gom os potines na chom gom dudes force, gui ninguém
podie iscudei o oberrede. A n d o n ie K r o is b ilic h

Acha-se funccionando este importante estabe­


HOTEL AVENIDA 0 maior tioBrazil lecimento (o maior do Brazil) —2 2 0 quartos, ele­
152 a 164, A V E N I D A C E N T R A L , 152 a 164 vadores eléctricos — Diaria de 9$000 para cima.
------Ponto dos bondes da Jardim Botânico — S O U Z A , C A B R A L ===== RI O DE J A N E I R O
CARETA

OS LEVITAS DO ALCORÃO O Preten dente


Ouvindo tal rumor neste palacio eu pasmo !
( D ra m a lh â o do FVack e da E s p a d a ) G erm ano

ACTO V Os Levitas estão urrando de enthusiasmo !


O Preten d en te
A glorificação «los Levita» E o que vieram fazer esses Levitas? Posso
1909, qualquer dia. Ouvil-os.
Rio. Rua da Guanabara. Palacio do Não-Me-To- G erm ano

ques. Sala das Pretenções Descabidas. (Não por medo, E’ questão muito séria. Ouça o nosso
mas por amor á pelle o autor ousa não descrever a Pinheiro.
decoração). Todos os Levitas, mais ou menos pallidos O P r e t e n d e n t e (a Pinheiro)
e mais ou menos trêmulos, estão presentes. Ao centro, Venha cá, general de bobagem!
sentado (é a unica pessoa sentada) o Pretendente con­ C a r t i e r (em voz baixa, a Pinheiro)
cede a esmola de uma audiência aos seus vassallos. Acho bom, senador, não empregar imagem.
SCENA UNICA (verdadeiramente unica) O Preten d en te
O que hai ?
P i n h e i r o (pallido, mas solemne)
P i n h e i r o (moderado)
Jubiloso receba a nossa reverencia E ’ necessário, o povo em massa grita,
Quem traz arregalado o Olho da Providencia, Que a sua plataforma este mez seja escripta.
Na testa em que refulge a Estrella da Esperança ! O Preten dente
O Preten d en te Escripte-se, eu assigno !
Olho do Diabo ! Mais amor, menas confiança ! P in h eir o
Escripto o seu programma
P i n h e i r o (livido, mas solemne)
Publicamol-o aqui e logo, em telegramma,
Vós, qual Paulo de Tarso, aqui vol-o declaro, Fazemol-o girar por todos os Estados.
A epystola deveis, pensam os... O Preten d en te
O Preten den te Telegramme-se, eu pago.
Falle claro ! P in h eir o
G (branco)
l y c e r io
Estão, pois, assentados
Os pontos capitaes. Resta, agora, somente,
O honrado general Pinheiro... Escrever qualquer cousa em estylo decente.
O Preten d en te G erm ano
Outra linguagem ! Não se deve fazer a plataforma extensa.
Eu não posso acatar generaes de bobagem ! O Preten dente
C h i c o S a l l e s (côr de azeitona)
E o que é que eu dizerei ?
O nobre Senador Pinheiro... G erm ano

O Pr e t en d e n t e Diga o que você pensa.


Eu lhe relembro O Pr e t en d e n t e
Que a nobreza acabou a 15 de Novembro! Mas eu não penso nada 1
G erm ano
S e a b r a (lampeiro)
Então o que pretende
Alli o seu Pinheiro... Fazer.
O Preten d en te P in h eir o
Eu não sou um cocheiro E’ perigoso.
A quem se ouse falar em linguagem de arrieiro ! G erm ano
(O arco-ir is do pavor ostenta as sete côres do O povo não comprehende
medo nas faces mudas dos Levitas). O Preten den te
G e r m a n o (heroicamente) Digo o que fazerei em palavras de effeito.
Chefe das armas! P in h eir o
(O Pretendente sorri) Seu Hermes veja bem, faça a cousa com geito !
Leão dos valles e campinas! O P r e t e n d e n t e (com emphase)
(Idem) Seguindo de meu tio o salutar exemplo
Futuro vencedor das tropas argentinas ! Eu pretendo enxotar os vendilhões do templo !
O Preten den te Os L e v i t a s (ríuma algazarra)
Homem, dá cá um abraço ! Como 1 Veja o que diz! O Pretendente abusa !
G e r m a n o (abraçando-o) C h i c o S a l l e s (fulo, a Pinheiro)
Assim a Patria o abrace! Em patuá que se entenda essa piada traduza !
G e r v a sio P i n h e i r o (desmaiando)
Mais antes o compadre Anizio me mandasse O seu programma é, sem formulas bonitas,
Pras perfundas do Inferno... Desfolhar e rasgar o Alcorão dos Levitas !
P in h eir o O P r e t e n d e n t e (resoluto)
O ’ Gervasio, piedade! Tendo à dextra de heróe o gladio virginal
V ozes
Prometto governar dentro da lei marcial.
Viva a Patria ! o Paiz i a Gloria ! a Liberdade ! (Cde o panno)
V o l - T a ir e
(Assim, gritando, em tropel, os Levitas arrastam
o Senador Gervasio para o canto mais escuro da N o t a —Terminou a comedia do autor. Vae princi­
sala). piar a tragédia das personagens.
CARETA

- Porque não te quizeste casar ? perguntou o jo- Vejam a reacção em Minas.


ven amigo ao celibatário inveterado Quando o sr. Rodolpho de Abreu esteve a ultima
- Pelo seguinte. Quando eu era ainda bem mo­ vez em Bello Horizonte, foi visitar o sr. Wenceslau
ço, assentei na mente que não me casaria se não Braz. Emquanto o coronel sahiu do palacio, para
encontrasse uma mulher ideal. Era uma cousa diffi- comprar uma estampilha, o sr. Wenceslau redigiu e
cil ; mas depois de muita procura, sempre achei uma enviou ao orgam official a seguinte noticia :
que me encheu as medidas e me apaixonei por ella... “Está entre nós, a passeio, o Sr. coronel Rodol­
— Felizardo ! E então ? pho de Abreu, illustre collaborador d o .... (o nome
de um jornal.),,
- Ella também estava procurando um homem No dia seguinte, em vez de collaborador, sahiu a
ideal. Respondeu o celibatário, tristemente. noticia com a palavra : cobrador !
O Wenceslau entrou em furor, ficou de máu hu­
mor, disposto a punir com rigor o trahidor. Mandou
Num exame de medicina. chamar o director, este se desculpou com o redactor,
- De que causa morreram as pessoas que per­ o qual perdeu a côr, e demittiu o revisor e o com­
deram a vida soterradas nas ruinas de Messina ? positor.
— Morreram do terremoto, respondeu o exami­ Que horror!
nando.
A Convenção Mineira sob a presidência do ve­
O Dr. J. J. Seabra anda devéras impaciente que lho caçador de veados Dr. Bias Fortes escolheu o
a opposição rompa com o governo para elle dar ao Bueno Brandão, eximio tocador de trombone e de
Dr. Nilo Peçanha provas de que é muito seu amigo, requinta para o cargo de presidente no futuro qua-
devendo esquecer-se daquella reportagemsinha dada triennnio.
para o Correio da Manhã de um pedido para influir O velho pagé de Barbacena não quiz quebrar a
junto ao Dr. Cardoso de C a stro ... il y a longtemps! harmonia do conjuncto e entrou para a banda dos
Aquillo foi outr’ora e aguas passadas não movem viúvos alegres. Mas senhores, que instrumento toca­
moinhos, nem mesmo políticos. rá o Bias ?

VflNGANCA ©REGDNAL

Primeiro —Não conhecem?... E’ a Ribeiro... Foi minha namorada durante muito tempo... Mas brigamos.
Segundo —Ciúmes ?...
Primeiro —Não... Apanhei simplesmente uma sova... e jurei vingar-me... desprezando-a.
C A R E T A

parabéns ! MATRIZ DA GLORDA


A alegria, embandeirada em arco,
dá pinchos no circo festivo de mi-
nh’alma.
Sou um homem alegre, natural­
mente alegre, ruidosamente alegre,
que andava, nos últimos tempos,
mettido n’uma tristeza por que pa­
ra mim a suprema alegria não me
vem da felicidade no amor, como
a tantos outros frágeis mortaes, mas
da intensidade das opposições,
Tínhamos, é certo, duas phalan-
ges em lucta ; uma que em nome
do eloquente exemplo de grandeza
y- j L55A"

resultante dos governos militares


no Prata, impunha a candidatura
marcial e outra que em nome das
liberdades civis ameaçadas levan­
tava a candidatura do genial apos-
tolo da Paz. Tínhamos duas pha-
langes em lucta, mas nenhuma d’el-
las hostilisara francamente o go­
verno.
Agora n ão!
O corajoso hermismo, encarna­
do no lépido Dr. Seabra, rugindo
pelas ferreas guelas do Sr. Seabra,
lançou as suas primeiras e já cer­
teiras settas contra o Sr. Nilo, a
quem, alegremente, apresento os
meus ruidosos parabéns; por que
se o seu governo não tivesse oppo-
sição o povo não teria diversões
baratas e eu, de tristeza, esticava o
pernil.
Parabéns 1 Dr. e M/ne. Silva Costa, sahindo do templo, depois
M athias da missa das 11.

A estatua que en­


ARMADA NACIONAL volta em pannos, está
o c c u lta num dos ni­
chos do edifício do Paiz
é do honrado e patri-
archal Quintino B o-
cayuva.
Por que conservam
escondida a nobre cara
patriarchal! ?

E a carta do Wences-
láo, hein ?
Gentes, esta vida tem
coisas!
E o que dirá a tudo
isso o venerando, o ani­
mado, o grande, o puro,
o insubstituível Sr. Bias
Fortes ?

O Sr. Quintino na
reunião que houve dos
representantes do Es­
tado do Rio, represen­
tou os eleitores do Sr.
O M inas Geraes passando sob as pontes do rio Tyne. Hermogeneo.
CARETA

de cingir-te nos meus braços vigorosos, que serão,—-


CONSOLO AMARGO! prometto-te eu perante Deus e o nossa amor,—o teu
amparo, e consagrados a defender-te por toda vida!,,
Aos Meus *

Amavam-se loucamente. A principio, como elle era Succedeu, porém, que, antes de chegar essa carta
ainda muito novo, e porque, com o modesto emprego a seu destino, rebentou a revolta de Setembro neste
que tinha, não offerecia segurança para a manutenção Rio de Janeiro, e o pobre capitão teve de submet-
do seu casal, os pais da moça—que, depois, foi, em ter-se ao seu primeiro baptismo de fogo ; pois entre
fim, sua esposa,—se bem que por elle sentissem pro­ as primeiras forças que seguiram para defender a au-
funda sympathia, oppuzeram tenaz resistência a que ctoridade do Marechal de Ferro, lá foi o bravo offi-
elle constituísse esse mesmo casal. c ia l...
Para que elles pudessem realisar o vehemente de­ *
sejo de sua união, preciso foi que o noivo se submet- Quando elle poude voltar para junto da sua ido­
tesse a um grande sacrifício... Elle s ó ? não: ella tam­ latrada noiva, afim de a ella unir-se pelos laços do
bém soffreu com essa dura privação, pois que o sa­ hymineu, já nos punhos da sua honrada farda bri­
crifício consistia na sep aração!... lhava mais um galão. Seus actos de bravura haviam-
Era preciso que elle mudasse de carreira, buscando lhe conquistado esse novo accesso na gloriosa car­
emprego que lhe garantisse melhores proventos e mais reira a que se dedicara por amor, mas—ó fatalidade 1
facil accesso na escala das posições sociaes... —o bravo official não mais podia pertencer ás fileiras
Nenhum dos dois pestanejou, entretanto, ao enca­ activas do exercito.—De um dos punhos da sua far­
rar com a perspectiva das amarguras que o destino da, em que, ao lado dos outros, brilhava esse novo
lhes reservara. Que importava o soffrimento, durante distinctivo, já não mais emergia a mão nervosa e fir­
algum tempo, si desse soffrimento é que dependia a me que empunhara a espada nas horas do comman-
suprema felicidade de a m b o s ? !... do e do combate :—elle a perdera batendo-se leal e
Eram ainda muito moços e podiam, perfeitamente, nobremente em defeza da auctoridade constituída 1
resistir ás lagrimas e ás saudades que a dura au­
sência lhes ia impor como tributo, mas, depois, quando O pobre noivo regressava mutilado á presença da
chegasse o delicioso momento do seu consorcio, que sua esposa promettida 1 ... Ah! Mas quem lhe dice-
ineffavel compensação 1 ... que suave consolo 1 ... para essa mão fora o rutilo alfange da Gloria.
Separaram-se, pois, e elle partiu, deixando o seu . . . E realisou-se emfim, o tão almejado enlace!
modesto logar no estabelecimento em que era empre­ Realisou-se finalmente "o dourado sonho daquelles
gado, para jurar bandeira e incorporar-se ao exercito dois corações ardentemente apaixonados, que, soffre-
nacional. gos, aguardavam aquelle momento de compensação e
* de consolo para os longos dias de tantas amarguras
Em pouco tempo, graças á cuidada educação que soffridas...
recebera e graças também ao grande esforço que fi­ Mas, ainda assim, que compensação amarga e que
zera, applicando-se a estudos proprios da nova car­ amargo consolo 1 ...
reira abraçada, conseguiu distinguir-se, captar as sym- O daléa

pathias de seus suporiores, e galgar invejável posição.


Ao passo que se ia adeantando, escrevia elle aos Um illustre titular dizia, furioso, ao poeta seu
paes da sua querida noiva ausente, e a ella, dando genro :
noticias de si e das suas conquistas na lucta travada
pela realisação do seu ideal. — Você tirou-me vinte annos de vida!
E ella, a chorosa amada, ia contando os dias idos - E ’ certo. Deve-me esse favor, respondeu o
e os que ainda faltavam para que chegasse o da fe­ genro poeta.
licidade de am bos.. . — O que está a dizer, seu malcreado?
*
O genro serenamente explicou :
Brilhavam-lhe já nos punhos da farda os galões — Tirei-lhe vinte annos de vida, diz o senhor. Se­
de capitão, e escreveu á sua querida noiva uma amo­
rosa carta em que lhe dava a noticia desse novo tri- ja. Deve^me um serviço, porque os vinte annos que
umpho, carta essa em que dizia : “Vou, emfim, meu eu lhe tirei com os 90 que o senhor festejou hatrez
doce amor,—ó vida da minha alma e alma da minha dias formariam um total de 110 annos. Graças, pois,
vida 1—sentir a tua mão unida á minha, para todo o a mim, o meu caro sogro está mais moço e olhe
sempre e receber a benção com que a Egreja sagrará,
nessa união symbolica, a de nossas almas e de nos­ ue podia ter morrido n’algum dos annos que eu
sas vidas 1 Vou, finalmente, gosar a suprema ventura qlhe tirei.

Charutos Dannemann
M A R C A S E X C E L .L .E N T E 8 :

SEM RIVAL, MAR6UITTA, BELLA CUBANA,


. •

SEM PAR, POUR LA NOBLESSE. TORPEDOS,


PERLITOS, VICTORIA, BOUQUETS
NOVIDADES, Yolavda e Thea
CÀ K E T A

GAVETA DE CARTAS Clarisse Silva (Ouro Preto). Pois não, senhorita


quando queira. Os seus versos são sempre bem re­
cebidos e preciosamente guardados.
Dr. Fuas de Bivar (Rio). Seus versos são excel- Antonio Bastos (S. Luiz). Que temos nós com
lentes, valha a verdade, m a s ... não são seus. En- isso, não nos dirá? Faça os seus engrossamentos nos
viamol-os portanto ao legitimo dono que muito ad­ a pedidos e pague-os. A Careta não é agencia de
mirado ha de ter ficado da sem ceremonia com que empregos.
d. Fuas, fidalgo da velha rocha, lhe quiz passar os Astolpho Motta (S. Paulo). O sr. Carlos de Laet
gatazios á propriedade. Suma-se! é monarchista, sim senhor e alem disso militarista e
Simão Nestor (Bello Horizonte/ Atraducção de seu mais outras cousas acabadas em ista. E’ ou antes foi
nome equivale a macaco velho ; entretanto o amigo poeta erotico em outros tempos. Hoje está um cida­
mette a mão na combuca do Wencesláu e quer nos dão bem comportado, vae á missa todos os domingos,
fazer seus cúmplices nas bestidades poéticas que lhe confessa-se 6 vezes ao anno e só xinga os outros
endereça? Outro rumo. em prosa. Não ha de que.
Sinira Castro (Rio). E’ a primeira Sinira com 5 Tristão Lima (Parahyba). Os seus versos ao co-
quo encontramos na vida. Por isso e por se tratar nego Walfredo são idiotas.
naturalmente de uma senhorita com pronunciados Mude de profissão, faça-se caldereiro ambulante,
pendores para o manicomio aqui deixamos alguns que é um bom officio.
“modestos arpejos de sua lira,, : Sallustiano Quitanilha (Rio). Sua ode ao Presi­
Quiçá não queiras me amar dente não pode ser publicada porque os versos coi­
Por ser ainda creança tados ou são myriapodes ou então carecem de mo-
Mas não perdi a esperança letas. Alem do mais aquella comparação com o Ama­
De que venhas-me a adorar. zonas pororócante é muito irreverente.
Pois d. Sinira em geral as creanças mesmo é que Sebastião Telles (Curityba). Seu desenho é per­
mamam. O contrario é que seria admiravel. Más diz feito quanto á technica; agora aqui para nos que
ainda: ninguém nos ouve aquillo é o senador Alencar Gui­
Um dia talvez estêjemos marães ou um automovel ?
Juntinhos no laranjal Ficamos um tanto duvidosos, por isso é que o
E do cupidico mal não publicamos.
A um tempo os dos presos sêjemos
Pois olhe que se nós fossemos guarda civil, de
certo não commetteriamos semelhante barbaridade!
SUPPLANTANDO TODAS AS NAVALHAS!
A d. Sinira foi aos espectáculos da Emma Gramma-
tica?
Carlos Costa (Maxambomba). “ Havia um instante
apenas que se retirara o Olympio quando d. Sinha-
zinha sentiu uma dor aguda no coração e desandou
em gritos : estou envenenada ! A esta voz extranha
a multidão de criados precipitou-se no quarto, en­
contrando a pobre patroa com suores algidos, branca
como um lençol de cambraia de linho, os braços ca-
hidos como longas hastes com dous lyrios nas pon­
tas, brancos, brancos de causar dó !„
Coitada de d. Sinhazinha! Vá ver seu Costa que
a pobre tinha comido salada de pepinos e estava com
cólicas. Agua de Rubinat, seu Costa agua de Ru-
binat!
Jo s é Olympio de Azevedo (Bahia). Ahl vae uma
amostra :
Avisamos aos nossos amigos e freguezes que acabamos
Ai! Tardes da minha terra de receber as superiores navalhas mecanicas e que continua­
Roxas, verdes e purpureas mos a vender por.........................................................................2$000!
Quando fumega na serra Pelo correio.........................................................................2$500!
Como um bom charuto Murias
A neblina do arrebol ! PARA DUZ1A GRANDE REDUCÇÃO DE PREÇO
Laminas avulsas uma.....................................................................1$000
Quem tardes taes nunca teve ? Só na casa m a is ba r a tc ir a da a ctn a ! idade
Õutro paiz que as tivesse
Tão lindas brancas de neve C O E L H O B A S T O S & C.
Quando o sol desapparece 90, R I J A D O S O U R I V E S , 92— r i o d e j a n e i r o
Quando ha postura do sol !
Ah ! Seu Azevedo, se o senhor arranjasse uns ovos E o Bernardo Monteiro que vae ser senador,
dessa postura, palavra de honra que teria um 1° prê­ hein ?
mio na Exposição pecuaria de Bello Horizonte! Veja
se consegue isso seu Azevedo que a Posteridade é A gente vê cada c o is a !... E falam do pobre se­
sua. nador Gervasio ! . . .

CREAÇÃO INTEIRAMENTE NOVA


m ais e le fa n te e o m ais confortável
= M A N U F A C T U R A D O E M PARIZ =
3, RUA 5ETE DE 5ETEM5R0, 123 - (ANTIGA (A5fl (AVE)
C A R E T A.

TELEGRAPHO SEM FIO GRAÇA ENGRAÇADA


— Marciano, diga ahi uma graça para eu aprovei-
(Serviço <Ie ultim a liora) tal-a e contar mais logo aos meus amigos.
Dyonisio (Sette Lagoas). Recebemos a sua ama- O Marciano, inspirado :
vel communicação. Chegou num momento opportu- — As graças não são tão abundantes assim, não
nissimo. Quanto á capacidade intellectual do dr. Oscar apparecem a cham ado... Em todo c a s o ... ora, que
Lacerda, o amigo a encontrará documentada na secção diabo 1 Eu hoje estou sem graça, assim quebrado !
Gaveta de Cartas do nosso numero passado. — Lourenço, venha em auxilio do Marciano 1
O Lourenço pelejando :
— E ’ . . . é . . . O Marciano vae fazer uma.
Caseaux e Smikal são os dous lutadores romanos O Marciano, cada vez mais inspirado :
mais ferozes : dado o signal de lucta pelo juiz, avan­ — Espere, eu digo !
çam um sobre outro, a taponas, a pontapés e a soc- Pensa, faz caretas, esforça-se. E no fim de uma
cos. hora, pondo a lingoa de fóra :
Puxam-se mutuamente os cabellos; apertam a gar­ — Você tem a cara feia assim !
ganta um ao outro. Si algum vae ao chão o outro O engraçado foi que a roda de rapazes riu-se a
esmurra-lhe a cabeça, socca-lhe o pescoço, arranha-lhe bandeiras despregadas.
a barriga. O povo se convence de que os dous lu-
ctadores são inimigos irreconciliaveis.
D ’ahi a^pouco, terminada a lucta, os dous sahem A Camara de Ponte Nova contrahiu com o go­
juntos e vão para um canto da cervejaria, fazer as verno de Minas um empréstimo de 200 contos para
mais amistosas confidencias. Só em publico se mal­ melhoramentos locaes.
tratam. E’ aproveitar, oh lllustrissimas Camaras, emquanto
Exactamente o contrario de muitos casados que o cobre não se esgota e não correm as eleições de
só em publico vivem bem. Março 1 ...

UM DYAONOSTDCO

i0<\

O medico —Com que então... A menina não come e não dorme?


A velha—O que será, doutor?...
O medico —E’ simples... minha senhora... Deve ser fastio e... insomnia
w
f)

C A R E T A

Derby-Club Grande prêmio Dezesete de Setembro

Tamatidaré, Paltnyra e Império, que disputaram o grande prêmio 17 de Setembro.

Chegada do pareo D ous de Agosto.


CARETA

Derby-Club — Grande premi# Dezesete de Setembro

Sahida do pareo America do Sul.

T ELEG R A M M A S Derby-Club — Grande prêmio 17 de Setembro


(S e rv iç o e sp e cia l da “ Careta „)
Santiago do Chile—Setembro—Foi encontrado na
base dos Andes, quasi morto de frio, um inglez que \
recolhido á cabana mais próxima, e rearvimado á for­
ça de fricções, exclamou : oh, mim vae fique conten­
te, mim tem rnuite aventurres para conta in Oropia.
Buenos-Aires—Setembro—O Dr. Zeballos tem si­
do muito comprimentado pelo magnífico isolamento
em que a sua política intercontinental poz a Repu­
blica Argentina.

O Sr. Pamfuncio foi dar um


passeio á Penha no anno pas­
sado, n’aquella grande e popular
festa annual!! ! E lá leitores o
nosso Pamfuncio entrou n’a-
quella grande pagodeira, dançou,
bebeu, pintou o Simão de Cara­
puças, e por fim apanhou uma
grande constipação, que quasi
lhe deu cabo da vida! E ’, elle
hoje está contente de ter se sal­
vado, graças ao X a r o p e d o
B o s q u e que cura tosses em
24 horas, Bronquite, Asthma e
Rouquidão, e vende-se na Dro­
garia de Freire Guimarães & C.
a rua do Hospício n.° 22 — e
na Pharmacia Mallet & C. a rua
,
Tamandaré vencedor do grande prêmio
Frei - Caneca n.° 52. Dezesete de Setembro.

Chapéos Modelos Bellissim a variedade de chapéos m odelos para


senhoras e m en in as: acaba de receber das prin-
cipaes m o distas d e P a ris A C A S A R A U N IE R
C A R E T A

CARTAS D E ÜM M A T D T O

Minha comade Thereza, Veja só, minha comade, O moço foi entimado
O seu compade sodoso, Uma famia dereita, Pra suspendê seu jorná,
Pra lhe falá com franqueza, Quando inventa novidade, O u entonce ficá calado,
Anda muito desgostoso. A quê que fica sujeita. Se não quizesse apanhá:
Não sei se foi coisa posta Uma creatura humana, Quem havéra de suppô
O u se foi praga rogada Tê fio de cinco mez ; Que o rebenque e a carabina
Que nie fez eu dá co’as costa Se isso acontece em SanfAnna. Um dia havia de impô
Nesta côrte desbragada. Bibi perdia a honradez. Lá na província de Mina,
Pr’as carta que tenho escripto Aqui ninguém arrepára Nas aiáda destes tempo
Ocê deve se alembrá De um menino ansim vivê ; Muito tolo é quem se mette ;
Como nós andemo affricto Diz que é coisa muito rara, Mió é segui o iuzempo
Inté Bibi se casá. Mas que póde acontecê. De seu Cario de Laéte.
Ante que eu tomasse tento, Na Insposição, tem guardado, Elle escreve nos jorná
Ella mais minha muié Segundo eu oiço falá, Coisas jocosa e de igreja,
Andava ahi, sem assento, Um menino adientado E tão máo que onde elle dá,
Pelas rua, em pé em pé. Que a gente paga pr'oiá. Póde tá certo que aléija.
Os noivo que apparecêro, P raqu’elles não tome vento, Ha vinte anno, nas gazeta,
Eu tive de despedi: Inziste umas chocadeira ; Elle véve furibundo,
Uns vinha atrás do dinhêro, Põe-se os pequeno lá dento Desancando, co’a caneta,
Outros só pra adeverti. E cria com mamadeira. Deus, o diabo e todo o mundo.
Fiz tanto gasto sem conta, Eu fiquei encalistrado. Pois comade, derrepente,
Botei fóra meus guardádo, Enfim, seja como fô, Com grande estupô gerá,
PPaquella cabeça tonta O que passou tá passado ; Elle virou renitente
Cabá muié de sordado ! Hoje Tiburcio é avô. Padrinho do marechá !
O arféres Tacalão O meu neto é home macho, Tá sojeito ao barbicaixo
A principio me inludiu, Ben-zô-Deus ! E’ um rapagão ! Por gosto, é proprio de zóte.
Despois mudou de feição... Comade, foi o diacho Isso de vivê por baixo
Quem te vê e quem te viu ! Que nascesse temporão. Cança depressa o cangote.
Começou com exigencia, Bibi tá muito contente, Nestes tempo atrapaiado
Dei casa, mobía e cobre, Tar-qual uma pata choca, Eu não accuso ninguém.
Depois perdi a paciência Só contando a toda gente O Herme é do seu agrado ?
E disse que eu era pobre. Que teve um fio carioca. Defenda-o ; faz muito bem.
Ahi o genro damnou, Pra padrinhos da creança, Isso eu lhe falo em segredo,
Começou me tratá má, Ella, que é muito geitosa, Deante de extranhoeu não zombo.
E um dia me ameaçou Convidou, por segurança, Nada ! Tenho muito medo !
Q u ’elle ia divorciá. O Herme mais Ruy Barbosa. Tenho muito amor ao lombo !
Com medo de havê escando Meu neto vai baptisado Comade, padre Romão,
E vê meu nome falado, Com o nome por inteiro Todos dia da semana,
Eu fui dando, dando, dando, Q ue é, segundo o combinado: O u vai vê a Insposição
Inté ficá rebentado. Nilo Ruy Herme Pinheiro. O u vai as luta romana.
Mas cada dia, comade, Aconteça o que aconteça, Elle vai mio do figo
Bibi mais o Tacalão Não ha perigo de errá : Mas tá perdendo o recato,
Vinha com novas vontade Tanto faz dá na cabeça, E anda escrevendo uns artigo
E co’outras imposição. Com o na cabeça dá. Xingando o tal celibato.
Elle assubiu a tenente, Comade, tão me avexando Diz elle que os padre é home,
Bibi arranjou barriga, As noticia derradeira E não podendo casá,
Fiquemos todos contente, Do que se anda passando Faz como o gado com fome :
E puzemo fim ás briga. Na nossa terra mineira. Romba a cerca e vai pastá.
Elles casáro em Abrí, Um collega, jornalista, Acceite muita sodade
Se ocê tem bôa lembrança ; Dahi de São João d’el Rey, De nós e padre Romão.
Pois n’é que anfhonte Bibi Só porqu’elle é civilista, O amigo véio e compade
Deu á luz uma creança !... Foi posto fóra da lei. T i b u r c i o d ’A n n u n c i a ç X o .
C A R E T A

Uma mulher avalentoada contava ás vizinhas que O Dr. Nilo Peçanha afinal adheriu ao Dr. Alfredo
durante a noite, na ausência do marido, fôra desper­ B acker.. .
tada por um ruido suspeito. Verificando que era um E o Dr. Alfredo Backer adheriu ao Dr. Nilo Pe­
gatuno que penetrara pela janella, agarrou de uma ça n h a ...
vassoura e desancou-o a valer, pondo-o em fuga. Sc isso não é o regimem de paz e amor façam-
— Um homem! talvez corp u len to!... E não ti­ me o favor de dizer : o que é então ?
veste medo de bater-lhe ? perguntou uma das ou­
vintes.
— Não. Fechei os olhos e imaginei que o gatuno — Embirro com esse teu chapéo, Xandoca.
era meu marido. — Você tem cada uma.
— Sim, embirro. Esse chapéo parece uma cesta,
e desde que o usas todos os artigos que mando para
- Meu amigo, dizia o Pinheiro ao Quintino, o os jornaes vão implacavelmente para a cesta.
Hermes precisa fazer uma brilhatura que offusque o
Ruy. ,i e,
— O que hade ser ? ÍD Dr. Jogo do Bicho em cartão gentilissimo que
— Vamos mandal-o ao Polo Norte. nos dirigiu affirma-nos continuar no goso da mais
- Nunca 1 Si o Hermes chega ao Polo desloca o perfeita saúde.
eixo do mundo ! Parabéns !

UM ACCUM UJLADOR

Uma —E’ solteiro?


O u tr a —Foi... Casou-se...
Hoje é separado da mulher, namora uma prima, é noivo da Portella, frequenta assídua
mente a casa da Oliveira e passeia de automovel com a Moraes.
C A R E T A

O MÂTCH DE F G G T -B A L L Conhecendo, porém, a verdadeira causa d’aquelle


B R A Z IL E IR O S versus M A R I N H E I R O S I N O L E Z E S espantado movimento, Pedro Primavera quiz seguir
immediatamente para a rua Guanabara, afim de ex­
plicar o caso ao marechal, mas abandonou essa idéa
diante da hypothese, levantada pelo nosso compa­
nheiro, de ser recebido hostilmente, pois não logra­
ria chegar antes da noite á casa do marechal, onde
a sua apparição com a treva, poderia, dada a suspei­
ta que o envolve, provocar actos de violenta e absur­
da defesa.
Leal de Souza, cujas opiniões os leitores de VoL-
Taire conhecem, não quiz acceitar o encargo de ir
desfazer perante o marechal esse deplorável engano,
e aconselhou Pedro Primavera a procurar o general
Dantas Barreto, com o qual tem relações, e que po­
deria, si o quizesse, esclarecer a sua posição aos
olhos desconfiados do Sr. Hermes.
Foi o que Primavera resolveu fazer, não sabemos
com que resultado.

Procuro uma rima em acker


Para aos povos de além-mar
E d’aquem-mar annunciar
Que o Nilo adherio ao Backer.

Team inglez. Figueiredo Pimentel foi victima de uma troça de


Mme. Esphynge, que mandou imprimir, em Paris, um
cento de cartões com o nome de Figueiroso Pimen-
* * * Terça-feira, ao cahir da tarde, encontrando- tudo e os fez distribuir nas rodas chies de Todos os
Santos.
se com o nosso companheiro Leal de Souza, um
official do exercito, seu antigo companheiro de esco­
la, contou-lhe, muito alarmado, que se acabava de G MATC1H1 DE F G G T -B A L L
passar um facto gravíssimo : o Sr. marechal Hermes B R A Z IL E IR O S versus M A R I N H E I R O S IN O L E Z E S

da Fonseca ao passar pela Avenida Central acompa­


nhado de numerosos officiaes fôra seguido por Pedro
Primavera Filho, que pretendia assassinal-o. O mare­
chal e seus companheiros haviam encarado o cava­
lheiro em questão, que, naturalmente, está sob as
vistas da policia.
O nosso companheiro, que, como Primavera, é
do Rio Grande do Sul, procurou immediatamenté o
seu comprovinciano, a quem, ainda na Avenida Cen­
tral, participou o que lhe constara.
Pedro Primavera cahio das nuvens. De facto, disse
elle, ao atravessar o alpendre da Estação de Bonds
da Jardim Botânico, passara pelo marechal Hermes,
que estava acompanhado de vários officiaes, entre os
quaes o tenente Octaviano Jansen Pereira, a quem
comprimentou. No entanto, Primavera ao comprimen-
tar o referido official, notou que todo o grupo, inclu­
sive o marechal, fazendo um movimento brusco, vol­
tou-se para elle. “Naturalmente, pensou então Pri­
mavera, o Jansen disse ao marechal que eu sou
cunhado do Pinto Guimarães, secretario da Legação
Brasileira em Berlim, onde lhe offereceu um jantar,
por occasião da sua visita ao Kaiser,,. Team brazileiro.

Telephone 872 Chapéos in g le z e s Mellon france-


CflSfl OUVIDOR zes Sans 1’ areil calçado Americano I I a n a u e
Packard
■ — 17 1 — O U V I D O R — 17 1 ------- =
-----------=
BRILHANTINA “C O N C R E T A
E X T R A C T O “ M EU C O R A Ç Ã O ”
A gradabilissim o e de intensidade. Pó de arroz
« M e u coração» m im o de luxo. Sabonete " M e u
coração,,, sem rival no m undo! o m elhor pre­
sente.

Â’ venda em todas as perfumarias


-- - ■ D eposito g e p a l-

PERFUMARIA GASPAR
Pi ■ aça T iradentes ri. 18
= TELEPHOSíE 1112 -------

==RIO DE J A N E I R O =

A MAIS PERFUMADA P EÇ A M CATALOGOS DE PREÇOS DE ATACADO

É UM A C R EA Ç Â O
= = = = = 3 M E D A L H A S DE O U R O =

Soítreis da pelle?
Quereis ser formosa ?
UlS£l© <s\

=LUGOLlNA =
do Dr. Eduardo França
O M E L H O R R E M E D I O P A R A M O L É S T I A S DA
P E L L E , F E R ID A S , C O M I C H Õ E S , B R O T O E J A S ,
S A R D A S , P AN NOS, M A N C H A S , ETC.
Cousagratlo na E u rop a e nas
Republicas A rgen lin a, Erugiiaj' e ( hile.

V E N D E - S E E M T O D A S AS D R O G A R IA S ,
P H AR M A C IAS E P E R F U M A R I A S

D e p o sitá rio s- ARAÚJO F R E IT A S & C.

114— RUfí DOS O U R IV E S — U4 — RIO DE JfíNEIRO


CARETA

Oh, adoravel homem ! Só chegamos a reconhecer


EXPOSIÇÃO PECUARIA EM BELLO HORIZONTE que ainda eras um dos melhores homens do mundo
e uma das melhores cousas da exposição de gado
A Careta não se fez representar na Exposição vaccum e cavallar, quando, ao tomarmos um carro-
Pecuaria que se abriu em Bello Horizonte a 7 do defronte do teu hotel inaccessivel, ouvimos os bellos
corrente : não se fez representar porque, não tendo impropérios de um cocheiro maltrapilho 1 E tu, co­
em Minas nenhuma creação de gado vaccum ou ca- cheiro maltrapilho, chegaste a ser um magnífico ho­
vallar, não podia enviar nenhum exemplar ao certa- mem na nossa opinião, logo que tomando um outro
men do Xico Salles, e desta maneira, si lá fosse, só carro, vimo-nos abandonados em meio do caminho
poderia fazer o papel de intrujona. E a Careta, ben- por outro cocheiro que foi se embriagar a uma tra­
za-a Deus, não é intrujona. vessa próxima, desapparecendo de tal fórma que nem
Mas lá esteve em Bello Horizonte um dos nossos poude ser pago da sua corrida!
companheiros, que em caracter particular e não de E tu, cocheiro que preferes o paraty ao dinheiro
jornalista, poude vêr de perto o que mais notável a que fizeste jús, passaste por um homem superior
houve em Bello Horizonte durante a Exposição : isto desde que vimos os teus collegas pedindo 5o$ooo
é, o bode que dá leite, o garrote de cinco pés, a po­ por um trajecto de kilometro e meio de carro, da
licia que o Dr. Senna Valle dirige, o gerente do rua da Bahia á Exposição Pecuaria.
Grande Hotel, os cocheiros e o pó. Mas tua policia, interessante Senna Valle, que for­
Da Exposição de gado vaccum e cavallar foi o mou um circulo cerrado e impenetrável ao redór de
gerente do Grande Hotel o que deixou recordações uma mesa de lunch, obrigando-nos a um verdadeiro
mais vivas : nunca mais poderemos esquecer aquella rompimento da força armada para nos retirarmos do
figurinha de carranca fechada, abancado a uma mesa lunch depois que nos vimos fartos do biscouto de
de pinho replecta de papéis em desordem, o lapis gomma e cocadinha de que se serviram os inaugura-
atraz da orelha enorme e movediça, a berrar em ca­ dores da Ia estação do Ramal da Oeste, tua policia
lão para os cavalheiros que chegando do Rio pergun­ com quem luctavas em frementes discussões, esta
tavam delicadamente si havia algum quarto no hotel: sim, é uma grata recordação imorredoura da exposi­
— Não ha nenhum! Desde hontem que estou ção de gado vaccum e cavallar.
sendo importunado por gente que quer quarto ! Já Quanto ao pó terrível que existia no caminho da
disse mil vezes que não ha quarto nenhum 1 Nenhum, Exposição, não temos que dizer mais nada senão que
nenhum : o culpado disto foi o Xico Saljes: pois este cidadão
— Mas o cavalheiro, indaga humildemente o via­ não é o manda chuva de Minas ?
jante—não póde me informar onde nesta cidade eu Não custava nada ter mandado chover um pouco,
encontre algum hotel ou pensão onde me hospede e assim o pó desapparecia por completo.
por dous dias ? Xico, tu foste um ingrato ! Só de ti trazemos al­
— Sei lá ! — berra o gerente do Grande Hotel — guma queixa, pois não fizeste chover... Máosinho!
O meu dever é saber si aqui no hotel tem ou não
quarto vasio. O mais não sei 1 X ix i M alm equer

O dentifricio ideal
A hygiene da bocca é o conjuncto
dos meios proprios para conservar e dar
a saude aos dentes e ás gengivas e isto
só se conseguirá com o uso diário deste
maravilhoso dentifricio, que não contem
ácidos nem desinfectantes corrosivos.
Vidro pequeno..............2$500
Vidro grande..............3$500
A' VENDA EM TODAS AS BOAS CASAS DE
PERFUMARIAS. PHARMACIAS E DROGARIAS
C A R E T A

— Mas diga-me, papai; que aconteceu ? Eu tenho


TRAGÉDIA AMOROSA coragem para ouvir...
—Minha filha! disse o commendador em tom an- — O Alfredinho empregou-se... Disse o commen­
cioso, ao entrar em casa, e fazendo a filha sentar-se dador levantando-se.
ao pé delle. Minha filha, diga-me: o Alfredinho não
esteve aqui hontem á noite ? Foi o Dr. Esmeraldino Bandeira entrar para o Mi­
— Esteve, papai. Porque pergunta?
— Vocês trocaram palavras? nistério e publicarem os jornaes a noticia de que
— Sim, papai. Tivemos uma discussãozinha sem graças aos bons esforços do cardeal Arcoverde, S.
importância. Mas, porque essa pergunta? Aconteceu Santidade consentira afinal que nas igrejas pudessem
alguma coisa?
— Ao que parece, minha filha, elle falou em ca­ entrar as bandeiras.
samento?. .. Olhem que esse cardeal sempre nos sahiu um
O rosto da menina tomou uma expressão de grande mitrado.
alarma :
—E’ verdade. Elle me pediu. Mas aconteceu alguma
coisa? Tenha paciência, papai; não me deixe nesta O jovem e smartissimo deputado Manuel Fulgencio
duvida ! . . . enviou-nos delicado cartão de agradecimentos pela
—Que resposta você deu ao pedido? Acccitou? publicação do seu ultimo discurso parlamentar
A menina corou:
—Não, papai, não acceitei. Mas porque esta tor­ Não ha de que Dr. As nossas modestas columnas
t u r a ? . . . Encontraram o corpo? sempre se honram publicando tão selecta collabo-
O semblante do pai carregou-se, e elle continuou: ração.
— Diga-me: você lhe deu alguma esperança?
— Oh 1 não sei! não sei 1 exclamou a menina la­
mentando-se. Elle se afogou? — Quem é este cidadão ? perguntou um sugeito
— Então você barrou-o positivamente ? a outro, designando o senador Quintino, que contem­
A pequena teve um faniquito ; plava a estatua de José Bonifácio.
— Meu Deus! meu Deus! é horrivel! Elle amea­ — E ’ o patriarcha.
çou de dar fim á sua vida, mas não acredilei. Eis o —• E o que diabo está vendo?
resultado! Meu De us ! . . . — A sua estatua.
— Eu bem suspetei, disse o pai, que você o tinha
definitivamente despedido, quando teve noticia hoje
de manhã. .. Consta que vários amigos do Dr. Joaquim Murti-
— Papai, murmurou a infeliz menina; e tenho eu nho vão influir junto a elle para que o celebre ho-
culpa disso ? . . .
— Acho que não. Você não era obrigada a casar- meopatha engula o seu homeopathico telegramma
se com elle, só qorque elle pediu. sobre as candidaturas da Convenção de Maio.

TESTEM UNHA

O criado — Por este a c lie g o ... nao e sp era va ...


Sou capaz de apostar com o tenho uns dez mil reis g a ra n tid o s...
CA R E T A

O CONSPIRADOR “ O FILHOTE”
As instituições perigavam. Para salval-as, a previ­ Graças ao carinhoso amôr do publico, amôr apai-
dente policia engendrou uma conspiração de menti­ xonadamente correspondido, a C a r e t a é m ã e . . .
ra, conspiração que, para ser suffocada com honra d’0 F ilh o te ... da Careta.
para a patria e proveito para o governo, exigiría a Não quer a joven mãe, por um nobre sentimento
prisão, por séculos indeterminados, dos odiosos
membros da opposição, vultos abomináveis que, em de modéstia, gabar as lindezas do seu Filhote nem
todas as terras, mesmo quando os ampara o direito, contar as suas gracinhas, por que, quanto a estas,
são os inimigos da Patria e da Liberdade. melhor do que ella, elle as contará, e quanto á aquel-
Era preciso—exigia-o o Estado em perigo, tranca- las já, a esta hora, os cariocas sabem que o pimpo-
fiar a opposição nas escuras profundidas do cárcere, lho é digno das entranhas que o conceberam.
mas para encarcerar a opposição era necessário um
pretexto: engendrava-se, pois, a conspiração! Bastos Tigre, perdão ! Dom Xiquote levou-o á pia
Chamando os seus mais intelligentes sequazes o baptismal e condul-o vida em fóra.
chefe supremo das milícias liberaes expoz-lhes os pe­ O Filhote nasceu emancipado, a mãe não é, pois,
rigos que ameaçavam as instituições e aos seus arre­ responsável pelas diabruras ü’elle, mesmo porque,
galados olhos desdobrou o plano da grande conspi­ para amargurar-lhe os dias, bastam as errôneas in­
ração.
terpretações, por vezes emprestadas ás suas inofen­
Ao bizarro agente Eugênio de Alencar foi dada a
missão honrosa de encarnar a figura de um eminen­ sivas caretas.
te chefe opposicionista: deveria, envolto na capa dos
conspiradores, tendo á cabeça o tradiccional chapéo
dos conspiradores, fingir, pelas mortas horas da noi­
te, que sahia da casa do chefe opposicionista ; os
creados da visinhança, generosamente pagos, teste­
munhariam a sahida do conspirador e . . . estava o
chefe da opposição na cadeia.
* * *
OOo OO(Ó)^\ DA / Xsü*/o O Oo.
A noite da conspiração chegara... As testemu­
nhas, habilmente collocadas na visinhança da casa do
tal chefe opposicionista, esperavam o momento he-
f MO C ID A D E f
roico de cumprirem o seu dever.
Mysteriosa, apontou a figura terrível do conspira­
dor, atravessou a rua e quando ia pôr a mão no
gradil de ferro do jardim, eis que saltou-lhe a frente
um vulto horrendo, que bradando:
— Miserável ! apontou-lhe um bacamarte ao
nariz.
Sacudido pela estupenda commoção, o conspira­
dor deixou cahir a capa, o chapéo, a barba postiça
e a postiça cabelleira. $7 l Í M l i .
Fugiram, aterradas, as testemunhas.
E’ elle ! Está disfarçado! — DE

O conspirador, esquecendo os seus deveres para


com o Estado, deitou a fugir, mas de todos os lados & l. S u a n o
surgiram solidos pulsos que vibrando solidos cajados,
desancaram-n’o.
Desancado e por terra, o conspirador ouvio, tra­ A rain
hadas tinturas p
aratfn
gt»
t*
duzidas nestas palavras, as despedidas do chefe dos
aggressores: as oafeeltas
— Agora, canalha, torna a cortezar as mulheres D á aos cahellos brancos ou g ri­
honestas.
* * * salhos a mais linda cor castanha

ou preta sem manchar a pcllr.


Nervoso, andando por saber do resultado da
conspiração, o chefe das milícias governamentaes fu­
mava cigarros sobre cigarros.
Entra-lhe de repente, no gabinete, um garoto ri­ m a r c a k k o i s t k a h a

^ro R io K P A R IS
sonho e entrega-lhe um bilhete, que S. Ex. lê per­
plexo: Peço exoneração. Vá para o diabo!—Eugênio
de Alencar !
S. Ex., com a clarividência de um homem de gê­
nio, adivinhou o que se passára: o Eugênio descobri­
ra uma conspiração de verdade, a que adherira, e se
o Eugênio tinha adherido é que a cousa triumphava.
O que fazer ? Estava decidido : adheria também ! CAIXA 10S000, PELO CORREIO 12$000
Metteu-se no automovel e mandou tocar para a
residência do chefe da opposição. VENDE-SE NA CASA A B E L & C . — O u r iv e s , 28
F rei A n t o n io E EM T O D AS AS CASAS DE P E R F U M A R I A S
CARETA

ATROZ DA (QLORDA 0 Anniversario


Quando, no Alto da Boa Vista,
Alipio foi tomar o bonde que devia
conduzil-o á cidade, ao passar pela
casa de Bernardo notou que um
movimento singular e febril a tor­
nava rumorosa, de pacata e tran-
quilla que era; demorou o passo,
atirou um demorado olhar ao inte­
rior da casa do visinho e desven­
dou o mysterio: a família Bernardo
preparava a casa para uma festa.
Desceu á cidade, atravessou ruas
e beccos, a largos passos marchan­
do para a sua repartição, nas visi-
nhanças do Ministério da Industria.
Ao dobrar uma esquina deu de
cara com o Bernardo. O Bernardo,
cabisbaixo e triste, parado á porta
do Monte de Soccorro, parecia em­
bebido em altas cogitações philoso-
phicas.
— O ’ Bernardo, estás triste ? —-
bradou-lhe o Alipio.
E o Bernardo, estremecendo :
- Triste eu! Ora essa, que idéa!
Estou até muito alegre e dou um
baile, hoje é o anniversario da mi­
nha filha.

Mais um conto de Odaléa, a


formosa escriptora carioca, orna as
paginas da Careta.
Em Consolo amargo os nossos
leitores advinharão as delicadezas
subtis de uma alma de mulher fina­
Dr. M iguel Calmou e S. Exm a. esposa sahlndo da missa. mente artista.

O R Á C U L O O céo da patria é tranquillo,


Não ha nuvem que o altere,
O Backer adhere ao Nilo,
Domingo—O s illustres deputados estadoaes que Ao Backer o Nilo adhere !
sendo nilistas adheriram ao Dr. Backer e voltaram
ao Sr. Nilo receberão as altas homenagens dos illus­
tres deputados estadoaes que sendo backeristas, adhe­ IGREJA DE S. CHRISTOVAM
riram ao Dr. Nilo e voltaram ao Sr. Backer.
Segunda-feira — O Sr. Lobo Jurumenha terá a
ventura de encontrar a dentadura que perdeu no
momento em que abrio a bocca para dar o seu me­
morável grito : viva o Dr. Nilo Backer !
Terça-feira—O coronel Joaquim Silverio dos Reis
actual presidente de Minas, mandará erigir um mo­
numento á memória do Dr. Wencesláo Braz Gomes,
que, nos tempos coloniaes, desinteressadamente de­
latou o conspirador Tiradentes, de cuja causa se fi­
zera campeão.
Quarta-feira—As pessoas (e são todas as que
habitam o Rio de Janeiro) que tiverem lido O Filho
te da Careta passarão a noite acordadas para, de
madrugada disputarem o segundo numero do digno
filho de sua mãe.
Quinta-feira—Exgotar-se-á a edição d’0 Filhote.
Sexta-feira—Os extrangeiros de passagem pelo
Rio de Janeiro notarão que um sorriso feliz innunda
a physionomia dos cariocas; attribuirão essa risonha
alegria ás doçuras do clima, não sabendo que a de­
vem os cariocas á leitura d’0 Filhote.
Sabbado—Por solidariedade com o pé do mare­
chal Hermes o Sr. Astolpho Dutra acclimatará um
bicho de pé na alma.
Mme. de T hebes rtn rl n io m n ln rlp n n iç ri n
CARETA

LA R G O
J t 5 5 A

M lles. Rocha e Elvu'a Bastos

A Ilha dos Promptos na manhã de domingo


CARETA
* * *
O ORCUDTO
Mas na cidade não ha lavoura, a lavoura é pró­
pria do campo. Não somos inimigos delia. Nem delia,
nem do campo. Até somos um tanto inclinados ao
bucolismo. Como dizia aquelle doce poeta, noracio
ou Justiniano, não estamos bem certos:
Oh Rus ! Çuant ego te aspiciam !...
O campo tem seus prazeres que não são para
desprezar !
* * *

Mas o campo é o campo, e a cidade é a cidade


— a alma mater da Civilisação ! E a cidade entriste­
ce — quando chove, assim como a Lavoura do cam­
po abençoa a chuva. De modo que se houvesse mais
harmonia no Universo a chuva só devia cahir no
campo, poupando a cidade.
* * *

Verdade é que nos séculos de descrença que cor­


rem, o homem quando vê alguma cousa mal feita no
Universo trata logo de concertal-a. E muito breve
nos veremos as grandes cidades cobertas inteiramen­
te de crystallinos vidros de sorte a evitar que se
molhem em tempo de chuva as pessoas que sahirem
á rua. E isso será o ideal.
* * *

Casam-se amanhã a interessante Zuleika filha do


nosso distincto amigo e conceituado negociante desta
Praça Barão dos Tres Carrapatos com o smart Ca-
iixto Eloy de Silos e Benevides da Barbuda, descen­
dente de uma das principaes famílias desta cidade.
Gratos ao convite que nos foi dirigido, compa­
recemos á festa para tomar nota das toilletes.
* * *
Parte amanhã para a Europa, afim de se aperfei­
çoar no trato mundano o nosso particular amigo e
distincto gentleman Antbrosio da Silva, um dos mais
distinctos ornamentos da nossa haute gomme.
O seus amiges comparecerão ao Bota-Fora que
se realisará na Praça da Harmonia.
Feliz viagem.
# * *

Ella —E qual é o grande prazer que pôde causar um a Vimos hontem na Exposição : Mme. Pereirinha en
c ii rida de automóveis?
vert choux, draperies en foulard, soutaches refleuris,
chapeau trois coups avec des garintures en brioches;
E lle —E’ uma sensação completamente nova... A deslo- Mlles. Bastinhos toutes les deux en blanc d’Espagne,
cação do ar arrebata fragmentos da alma. lacets bariolés, chapeaux en pailles de mais avec des
navets et congombres; Me. Ve. Tapirussú en jaune
d’ceuf corset garni avec des beteraves et melons can-
COLUMNA DAS E l EGAMPCIAS taloup sans dessous ni dessus ; Me. Rasta e sa filie
Mlle. Piti toutes les deux en bleu ciei avec des petits
lacets couleur d’orange de Bahia, corset devant —
Depois de alguns dias de chuva aborrecida e hú­ gaúche et souliers em or noir ; Mlle. Bibi d’Annon-
mida, o sol rompeu o pesado núcleo das nuvens e ciation Tacalão en vermeil, jusque le chapeau avec
de novo espalhou os seus raios alegres sobre a terra, une ombrelle de soil avec des roses peintes; Me. An-
alegrando a Humanidade inteira. Porque é uma coisa nonciation en bleu outre-mer ceinture dorée, jupes
singular. Quando o sol illumina a terra toda agente eu soíe verte.
em geral anda alegre. E outras muitas que não pudemos canhenhear.
* * *
F. de A.
Com a chuva acontece justamente o contrario.
Quando as suas gottas enchem de agua o asphalto O illustre purista Dr. Luiz Domingue teve a sua
das avenidas, só se observam physionomias trombu- ovadellazinha antes de ir para o Maranhão fazer a
das, rostos cheios de desprazer. E ’ verdade que di­ felicidade daquelles povos.
zem que a chuva é necessária á Lavoura, que por
isso se prova não precisar só de braços mas de chu­ A Tijuca tremeu com o enthusiasmo das adhe-
va também. sões.

8. CÂNDIDO DE Alt
operador e parteiro, especialista em moléstias das se-
horas — Residência, Voluntários 221, onde também dá
consultas, de 1 ás 3, ás 2as, 4as e 6as— C on sultorio —
Assembléa 34 (novo) de 2 ás 4, ás 3as, 5as e sabbados.
NA IGREJA DE S. CHRISTÜVAM Não só os srs. Epitacio Pessoa e J. J. Seabra
disputam a pasta do Interior do ex-futuro governo
imaginado pelos contravencionaes de Maio : dispu-
tam-n’a também os srs. Rivadavia Corrêa e Germano
Hassloker.

O sr. Ubaldino de Assis, mais conhecido por depu­


tado foguete, investiu denodadamente contra o go­
verno bahiano que anda a bolir-lhe no eleitorado
sertanejo.
O sr. Pedro Lago, severinista singular da Camara,
quiz dar-lhe auxilio no ataque, mas o esfogueteado
Sr. A s s is ... tencia não quiz e disse cobras e lagar­
tos do chefe do plácido Lago que as brisas da polí­
tica encresparam logo. Gentes como é doce a união
dos hermistas bahianos !
'
J t5 5 A

NA IGREJA DE S. CHRISTOVAM

Na Camara grande turumbamba entre severinistas


e seabristas.
O Dr. J. J. deu o cavaco com uma local d’0
Paiz e vae d’ahi passou uma tremenda descalçadeira
no velho chefe bahiano que áquellas horas estava
tranquillamente no palacete do conde dos Arcos a
espiar se a maré era de vasante ou de enchente.
E emquanto isto os governistas da Bahia riam-se
a perder...

NA IGREJA DE S. CHRISTOVAM
|*%**è?

A sahida das meninas.

O decreto sobre accumulações soffreu rude ata­


que por parte do leader do governo dr. J. J. Seabra.
S. Ex. disse alto e bom som que mesmo, só a
intenção se salvara.
Hom’essa agora!
E logo um decreto assignado por todo o minis­
tério !

O Sr. Astolpho Dutra, em gentil cartão pede-nos


darmos a sua careta em um dos proximos números.
Sentimos não poder satisfazer actualmente os dese­
jos do ardego deputado cataguazense mas ainda esta­
mos nas de I a ordem.

Está de novo entre nós cégos o Rvdo. Vigário de


Christo, Joaquim Anacleto dos Anjos cahidos de có­
coras.
U n ia esm ola. S. Ex. terá curta demora. Nossos sinceros parabéns.
C O fiT

r o v q i t )

Ir-

l ® l p
*JjÉáíMtoÍÊ

INGE5TA
CARETA

Saudade é a quintessência das ancias, a pomada


LIVROS NOVOS das penas, a caçoula das magoas: é uma alma ra­
cional amassada em pastilhas, derretida nas brazas do
Desejo e esbatida no fumo dos Suspiros; e isto acha-
PEDRO DO C O U T T O . E m se ahi a cada canto? Tem a Saudade por coração o
DE c r i t i c a , períodos arre­
s a ia s
Suspiro : por que o Suspiro é todo o alento da Sau­
dondados ao Sol da Loura Fan­ dade, por olhos os pensamentos, por bocca a paixão,
tasia. por alma a ancia, e por vida a memória.
Rio de Janeiro. Typ. subur­ E’ o Suspiro a respiração da Saudade : e quem
bana, 1909, in-8° de 34 5 1 2 p. p. sabe dar hoje um suspiro? O Suspiro hoje nas smart
com gravura. é momo, nas damas é mimo, nas faceiras é arreme­
A nova obra do provecto pedagogo e excavador do, nas velhas ronco, nas simplórias soluço, nas ta-
de coisas antigas na lingua e na litteratura, não pode barôas bocejo e nas mal educadas arroto.
ser chamada uina obra prima simplesmente. E’ mais. O Suspiro fez-se para gente de entendimento e
Crentos não errar affirmando que deve ser antes con­ de proposito: o suspiro para ser legitimo ha-de con-
siderada uma obra cunhada; não queremos dizer cebel-o o pensamento, animal o o cuidado, crescel-o
obra-irmã para que não nos taxem de exagerados ou o desasocego, despedil-o a alma, e proferil-o a an­
amantes de elogios, mas cunhada é, com certeza. E cia : o suspiro ha de dar-se como quem se desafoga:
aqui offerece-se-nos occasião para dizer o muito bem ha de acabar de dar-se como quem desmaia : ha de
que queremos ao excellente moço que tanto tem tra­ chegar humedecendo os olhos e da de sahir abra-
balhado para difíundir a instrucção em Jacarepaguá, zando os beiços.
no Engenho Novo, no Encantado e na Escola Nor­ O Suspiro é o pulso da Saudade, a sangria do
mal, já por meio da penna epaminondica, ou então coração, a lingua da alma, e a voz da ancia. E’ o
' nos meeíings oratorios em que revela claras disposi­ suspiro uma faisca desatada da labareda do desejo :
ções para o exercício intendencial, que ha de ter em é um espirro solto da braza dos cuidados: um re­
não remoto futuro estamos certos. lâmpago que rompe a nuvem da tristeza: uma cons-
A sua obra é uma collectanea de escriptos desti­ tellação que corre na noite da esperança.
nados de certo á leitura dos estabelecimentos de A Saudade é pois a Salamandra do cuidado, vi­
instrucção. vendo na fogueira do sentimento ; é a ratazana do
Estylo castigado com rigor, phraseologia correcta socego gerada nos entreforros dos sentidos, é o gol­
á feição seissentista o livro do sr. Pedro do Coutto, finho das ancias que pula na tempestade das lagri­
vae causar um leg timo assombro nas rodas literárias, mas ; é o morcego da vista que vôa na noite da au­
não acostumadas a tão finos acepipes. sência : é a mariposa dos desejos que vae morrer no
Mas para que perder phrases dizendo dos escri­ lume dos olhos: é o carrapato da tristeza que morre
ptos do sr. Pedro do Coutto quando melhor é apre­ talvez no couro da esperança : é finalmente a coruja
sentar aos nossos leitores um excerpto da bella obra da mentoria e o urubu da alma: eis ahi o que são
do illustre e talentoso publicsta: Saudades.
A esmo pois não ha escolher, tudo sendo papa- As Saudades são a tormenta do coração : nos olhos
fina, publicamos o capitulo intitulado. agua, no peito fogo, na bocca vento: o primeiro é
pranto, o segundo, desejo, o terceiro suspiro.
O Q UE SÃO SAUDADES ? São as saudades milhares de cousas que estão es­
“Saudade é o Gato Ruivo do Sentimento, porque palhadas por este mundo : a enxovia do gosto, o cemi­
não ha nenhum mais conhecido; é mais velha que a tério do allivio, a furna da alegria, a bocca de lobo
Serpe e a Serpe muito mais branda que o nome, se da lembrança, o exgoto das ancias, o charco das la­
lhe desconhecem o achaque ? Saudade é a Phenix das grimas, o visgo das penas, o escabeche das desgra­
Penas : todos sabem o que se chama Phenix, eu não ças e a salmoura das queixas; eis ahi o que são
sei que o visse ainda. Ponhamos isso á viola. Saudades.
A Saudade é Viola de 5 cordas; ou porque nas E para morada e retiro do verdadeiro saudoso o
cordas do coração soão os genrdos da Saudade, ou que se requer ?
porque nos 5 sentidos se percebe o seu toque; a Um bosque solitário, um arvoredo sombrio, um
Viola de 5 cordas não ha quem a não toque e raro cypreste que cresce, uma fonte que corre, um arroio
é o que sabe, que se queixa, um silencio que pasma, um rochedo
Toca a viola o barbeiro no suburbio ; o estudante que escuta, um zefiro que discorre, um mocho que
na republica; o soldado no quartel; o marinheiro no geme, um écho que responde, uma noite calada, uma
navio; o negro na senzala; o carregador no kiosque; madrugada quieta, e uma tarde trombuda;e nomeio
o vagabundo na rua; e pergunto eu: saberá algum de tudo isto um coração esqueleto, embalsamado de
destes que cousa é Viola ? Pois bem embainhemos o melancolias, no ataúde da ausência, rodeado de es­
exemplo nas Saudades. peranças vivas e memórias carpideiras,,.
Saudades por ahi as achareis tantas como pragas, Depois disso que dizer!
mas isso são saudades das dúzias e sentimentos de Não é um regio mimo (se regio é palavra que não
fartos velhacos. O joven smart de roupas dernier cri, offenda o rubro republicanismo do genial criticista)
cabeça vazia sob o chapêo de Panamá, diz que tem este ás letras patrias ?
Saudades mas eu creio antes que sejam bexigas dou- Preferimos calar que elogios não valem perante
das que sem calor nem frio lhe sahem ali de repente. tal valor.
A donzellinha, criança que é perita nas cartas O sr. Pedro do Coutto, acaba de conquistar espo­
mas engatinha ainda grammatica, porque mesmo não ras de ouro na cavallaria litteraria.
lhe nasceu o dente do sizo diz que tem Saudades. Nossos parabéns.
Mas isso é lá Saudade? O de

FABRICA E DEPOSITO DE CALÇADOS


A’ BOTA “ FL U M IN E N S E ”
) E specialidades em ca lça d o s C h ale ira e Viuva A legre (— A m a is barateira de todo o Brsizil
123, AVENIDA PASSOS, 123 (lado da Rua Marechal Floriano) —= ROO DE JANEERO -
C A R E T A

NOVAS IMPOSIÇÕES DA PREFEITURA outras e alem da que prohibe a leitura dos jornaes
jornaes virão mais estas :
Como se sabe, os bondes são as preferidas victi- — “ E’ prohibido bolinar no ultimo banco de traz,,.
mas para taboletas em que a Prefeitura prohibe isto “E ’ prohibido coçar as orelhas, excepto quando o
ou aquillo, ferindo, no seu amago, as mais respeitá­ passageiro estiver nas extremidades do banco,,.
veis liberdades individuaes Esta ultima ordem vae ser dada tendo em vista
Já tinhamos a tradiccional imposição dos cochei­ que o cotovello do braço erguido para coçar a ore­
ros, aquellas ordens berradas como para uma caterva lha incommoda o visinho.
de escravos : E ’ um ser inteiramente privado da sua liberdade
—“ Olha a direita!! Olha a esquerda!!,, Já tinha- o passageiro de bonde: imaginem que alem de todos
mos aquelle aviso terrível, qual uma ameaça de mor­ estes avisos, ordens etc., elle está sujeito a parar
te, prohibindo a descida ou a subida pelo lado da todas as vezes que o mais reles pé rapado entende
entre-linha : de subir ou descer do mais immundo carro de 2a que
—“E ’ perigoso subir ou descer pelo lado da entre­ vae de reboque !
linha,,. Meus queridos, fujam do bonde ! Avancem nos
E como se não bastasse, a Prefeitura lança mais automóveis, nos carros, nos tilburys, mas lembrem-se
uma prohibição : que isto de pagar pela tabella é falta de educação,
- “E ’ prohibido cuspir sobre qualquer parte do como dizem os chauffeurs e os cocheiros.
bonde,,. X. M.
Com a vinda dos pontos de parada lá veio outra
imposição mais grave :
— “O passageiro que quizer descer deve dar o
signal logo que o carro esteja em movimento para
que pare no ponto de parada immediato,,.
O Prof. Dr. /Vlctuch
E a esta ordem tão abundante em p p se junta
outra para o passageiro que quizer subir:
— “O passageiro que quizer subir deve fazer signal
no ponto de parada da linha respectiva e a distancia
razoavel,,.
O passageiro de bonde perde todos os seus di­
reitos de cidadão, é um escravo da Companhia, é um
escravo da Prefeitura.
E é ainda um escravo dos outros passageiros : ás
vezes lá vae elle se aboletando num banco e logo um
protesto dos outros :
- Está completa a lotação deste banco ! O ho­
mem murcha, vae para um banco da frente. Para se
esquecer da sua triste situação de escravisado, tenta
fumar um cigarro ; mas lá está outra ordem fatal :
— “Por ordem da Prefeitura é expressamente pro­ í prepara 15 reniedios homeopathicos para 15
; enfermidades diversas. Quasi todas ao preço
A s p ir a n te
hibido fumar nos tres primeiros bancos,,. v de 2$000 por vidro.
O desgraçado não póde fumar. Felizmente enxer­
ga um logar vasio num banco do centro ; como está GARANTE que não existemmedicamentos mais efficazes
doudo por gozar o seu excellente misturado, faz que os seus Reniedios para Dyspepsia , para a Bexiga e para
suas acrobacias pelos balaústres e chega ao logar Hemorrhoidas, nem m edicinas mais seguras emseus effeitos
vasio. Vae fumar, mas os seus olhos deparam, mesmo que os seus ESPECÍFICOS para o Rheumatismo, para a Fe­
á frente com este escripto :
bre, para os Nervos, para os R in s, para o Figado, para o
— “ Fumem só marca Veado,,.
Sangue, para D ô r de Cabeça, nem rem edios com acção tão
Desgraça das desgraças ! O homem não tem Mar­
ca Veado ! Resigna-se a não fumar : abre o seu jor­ rapida como os seus para Resfriados, Tosse, Catarrho e P ri­
nal, e com a leitura das descomposturas no proximo, são de Ventre. O seu V1GORISADOR é a salvação dos ho­
diverte-se até o fim da viagem. mens debilitados.
Mas, oh passageiro que te consolas com o jor­
nal ! Lamenta-te que os dias em que se póde lêr jor-
naes no bonde estão contados ! A Prefeitura, tendo JPeea-se o seu l i V I A D E S A U D E ; g r á tis
em vista que isto de abrir e fechar jornaes no bonde Ai’ venda em todas as boas pharmacias
incommóda os demais passageiros vae pôr mais este
aviso :
- “E’ prohibido lêr jornaes nos tres bancos do Em succulento relatorio dirigido ao Ministro da
centro,,. Marinha o Sr. Commandante Thiers Flemenino pro­
E ’ já notorio que o Prefeito vae acabar de vez põe que seja construído em Mar de Hespanha, o di­
com os pingentes : e quando sahir esta ordem, entre que para o Minas Geraes.

4 8 ANNOS DE SUCCESSIVOS TRIUMPHOS!


O tratamento radical de todas as affecções da pelle, rheumatismo e de todas
as moléstias que provêm da impureza do sangue consegue-se com a
SALSA, CAROBA E MANACA'
DE EUGÊNIO flflRQUE5 DE HOLLflNDfl Approvada na Europa e no Rio da Prata
Depositários Geraes: A R A Ú J O FR K 1 T A S *fc O. Rua dos Ourives 114
M ARCA R E G I S T R A D A Em S. Paulo: R A ItU E I. A V. — MUITO CUIDADO COM AS IMITAÇÕES
C A R E T A

A natole F iía n ce Porém, Thereza não está aqui. Ecomo —Os dentes, deve-os ter já, meu se­
o poderia ella estar, se me encontro em nhor, mas eu não os vi.
plenos Campos-Elysios ? Além, ao fundo No primeiro dia de bomsol d’esta pri­
O CRDME da Avenida, o Arco de Triumpho, que
tem sob as suas abóbadas o nome dos
mavera, a mãe desappareceucomacrean-
ça, deixando os pobres moveis e roupas.
DE companheiros de armas do tio Victor, Na agua furtada, foram encontrados
recorta no azul do céo a sua porta gi­ trinta e oito boiões de pomada, vasios
gantesca. Ao sol da primavera, as ar­ Chega a parecer phantastico. Nos últi­
STLVE5TKE BOMNftKD vores da Avenida ostentam as suas pri­
meiras folhas ainda palidas e friorentas.
mos tempos, ella recebia visitas, e o se­
nhor deve concluir perfeitamente, que a
A meu lado passamcarruagens, rodando esta hora, não deve estar em nenhum
A ACHA para o Bois de Boulogne. Conduzi os convento de freiras. A sobrinha da por­
meus passos para esta avenida mundana, teira, diz tel-a encontrado de carruagem
7de março de 1851 e de repente, sem razão, dou por mim nos «boulevards». Não dizia eu ao se­
Mas comprar-te uma boneca... com parado ante uma loja ao ar livre, onde se nhor que ella acabaria mal ?
mil raios ! cobrir-te assimde opprobrio ! achamá venda pãesinhos de mel e gar­ —Thereza, respondí, essa rapariga não
Nunca na vida ! E olhe, que se algumdia rafas de licôr de alcaçuz, enrolhadas por acabou mal nem bem. Espera o fim de
o vejo brincar com algum «embrulho» limões. sua vida, se a quizeres julgar. E toma
como aquelle, fique sabendo, senhor filho Um pequenito, miserável, coberto de cuidado no que fallares coma porteira. A
de minha irmã, que nunca mais o reco­ farrapos, através dos quaes se lhe vê a senhora Coccoz, que vi uma vez na esca­
nhecerei por meusobrinqo. pelle gretada, abre uns grandes olhos da, mostrava bem que era amiga de seu
Ao ouvir aquellas palavras, senti o co­cubiçosos, ante manjares para elle tão filho. E esse amor deve ser-lhe levado em
ração tão apertado, quesó a umorgulho nKgnificentes, e que não são destinados conta.
verdadeiramente diabolico eu devo o não á sua pessoa. O pequeno, denuncia o seu —Lá d’isso, póde o senhor estar certo.
ter chorado., desejo com o intpudor da innocencia. Ao petiz não faltava nada. Comcerteza
Meu tio, acalmado de súbito, tornou á Seus olhos redondos efixos, contemplam que emtodo o bairro não se teria encon­
sua conversação a respeito de Bourbons ; um boneco de pão doce de avantajada trado outro que estivesse mais gordo,
mas eu. sob o dominio da descarga da estatura. E’ umgeneral, e parece-me um mais embonecado e mimado Todosquan­
sua iqdignação, sentia uma vergonha in­ tanto ou quanto comõ tio Victor. Agarro tos dias Nosso Senhor mandava ao mun­
confessável. Não tardei a tomar a minha nelle, pago-o, e dou-o ao pobresito, que do, lhe era mudado babete branco, e a
resolução. Prometti que não me encheria nemousa elevar até elle a mão, porque, mãe, de manhã á noite, não fazia senão
Je opprobrio; renunciei para sempre a na sua experiencia precoce, elle não cantar-lhe canções, para odivertir.
boneca das faces pintadas. Foi o primeiro acredita na felicidade;o pequeno olha-me —Thereza, já um poeta disse que : A
dia em que conheci a austera doçura do assimcom o ar que temos cães enxota creança a quemnão sorriu sua mãe, não
sacrifício. dos, cujos olhos parecem dizer : «Como é digna da mesa dos deuses, nemdo leito
Capitão, se é certo que emtoda a tua sois cruel emvos mofar da minha sorte!» das deusas».
tvida praguejaste como umpagão, fumas-
s e como um Suisso e bebeste como um 8 de julho de 1852
rineiro, que ao menos a tua memória seja Sabendo eu que andavam restaurando
tespeitada não só por teres sido umbra­ o lagedo da capelia da Virgem emSaint-
vo, mas tambémpor teres revelado a teu Germain-des-Prés, dirigi-me á egreja, na
sobrinho, na edade em que elle usava esperança de encontrar alguma inscrip­
ainda calção, o sentimento do heroísmo ! ção, posta a descoberto pelos operários.
O orgulho e a preguiça, tinham-te torna­ Uma vez ali, o architecto mostrou-me
do quasi insupportavel, ó meu tio Victor! uma pedra, que tinha mandado arrumar
porém, como era grande o coração que conti a a parede, comainscripção voltada
pulsava debaixo da tua farda agaloada ! para fóra. Ajoelhei, junto á lapide, e dis-
Trazias, lembro-me ainda, uma rosa na puz-me a decifrar a inscripção gravada
botoeira. Essa flor, que de tão boa mente naquella pedra, e foi a meia voz que eu
offerecias ás caixeiras, essa flor que dir- li, na sombra da antiga abside, estas pa­
se-ia um grande coração desabrochado e lavras, que me alvoroçaramo coração :
a esfolhar-se a todos os ventos, era o «Aqui jaz Jean Toutmouillé, frade des­
symbolo de tua gloriosa juventude. Tu ta igreja, que, mandou cobrir de pra­
não desprezavas o vinho nemo tabaco, é ta, o queixo de San Vicente e de Santo
certo, tuas sabias desprezar a vida. Com- Amandio. Que sempre em sua vida foi
tigo, capitão, não poderia aprender-se a homemvirtuoso e valente.
polidez nemobomsenso, porém, tu sou­ Rezae-lhe por alma».
beste dar-me, na edade emque a minha Limpei de mansinho, com o meu len­
creada tinha ainda de me assoar, uma ço, a poeira que sujava aquella lapide fu­
lição de pundonor e de abnegação que nerária, sentindo vontade de a beijar.
não mais esquecerei. —Vamos, meu basbaque, disse eu ao —E’ elle, é João Toutmoillé I excla­
Ha muito tempo que tu repousas no pequeno, com este modo rabujento que mei. E do alto das abóbadas, este nome
cemiterio sob uma lapide humilde, que me é peculiar, toma, toma e come, elem­ soou, cahindo como que despedaçado,
temeste epitaphio : bra-te de que és mais feliz do que eu fui retuinbando sobre aminha cabeça. Oros­
na tua idade, pois que, pódes satisfazer to grave e mudo do guarda suisso, que
AQUI JAZ as tuas aspirações, sem te encheres de vi approximar-se de mim, envergonhou-
ARIST1DES VICTOR MALDENT opprobrio. E tu, meu tio Victor, tu, cuja ine do meu enthusiasmo, e escapei-me a
CAPITÃO DE INFANTARIA mascula figura me foi recordada por este furto, por entre os hyssopes que dois
pão doce, vematé mim, sombra gloriosa, «ratos d’egreja», á porfia, cruzavam so­
E CAVALLEIRO DA LEGIÃO DE vem fazer-me esquecer a nova boneca bre o meu peito.
HONRA que eu cobiço, nas novas aspirações que Não havia pois sombra de duvida. Es­
possuo, pois que nós, os homens, não tavam ali os restos de Jean Toutmoillé.
Porém, capitão, não éali, que se achaa somos mais que eternas creanças, que O traductor da Lenda Dourada, o auctor
inscripção que tu reservaste aos teus ve­ corremos semcessar ao encontro de no­ das vidas dos santos Germano, Vicente,
lhos ossos, que tantas vezes arrastaste vos brinquedos. Ferreol, Ferrucion e Droctoveo, fôra, co­
pelos campos de batalha e pelos logares mo eu pensara, um frade de Saint-Ger-
do prazer. Nos teus papéis foi encontrado main-des-Prés.
este amargurado e altivo epitaphio que, No mesmo dia
E que bomfrade, piedoso eliberal elle
apezar da tua ultima vontade, não ousa­ E’ da maneira mais admiravel que a fa­ não fôra I Mandara fazer umqueixo de
ramgravar-te no tumulo : mília Coccoz se acha associada no meu prata, uma cabeça de prata e umpé de
AQUI JAZ espirito como clérigo Jean Toutmouillé. prata, para que aquelles preciosos restos
—Thereza, digo atirando-me para a fossemcobertoscomuminvolucro incor­
UM SALTEADOR DO LOIRE minha poltrona, vae-me saber se o meni­ ruptível I Mas, poderia eu acaso, algum
—Thereza, amanhã, iremos depôr uma no Coccoz eslá bom, se já lhe nasceram dia, conhecer a sua obra, ou não viria
orôa de immortaes, no tumulo do sal- os primeiros dentes e dá-me as minhas apenas augmentar-me as minhasmagnas,
eador do Loire. chinellas. a descoberta que acabava de fazer ?
c
CARETA

20 de agosto de 1859 num olhar reprehensivo, parecendo per­ Por baixo da minha assignatura, ins­
guntar-me se o repouso é deste mundo, creví todos os meus titulos honoríficos.
«Eu, que agrado a alguns dos homens, uma vez que não o póde gosar junto a —Meu, senhor ! meu senhor ! onde
e a todos elles experimento, a alegriados mimque, como elle, sou velho. vae o senhor assim? bradou-me There-
bons e o terror dos máos ; eu, que faço za assustada, descendo quatro a quatro
e destruo o erro, sobre mim tomo o en­ Na alegria da minha descoberta, sinto
os degráos da escada, atraz de mim, e
cargo de desdobrar as minhas azas. Não a necessidade de umconfidente, e é ao como ineu chapéo na mão.
me accuseis de crime se, emmeu rápido tranquillo Hamilcar que me dirijo, coma Vou deitar uma carta no correio, The-
vôo, eu passar por cima dos annos. (1) effusão de umhomemfeliz. raza.
Quem fala n’estes termos ? E’ umvelho- —Não, Hamilcar, não, o repouso nãoé —Valha-me Deus ! Vejam lá se isto
te que eu conheço muito bem. cá d’este mundo e a quietude a que aspi­ são maneiras, ir assimpara arua, desca-
E’ o Tempo. ras é incompatível com os trabalhos da rapuçado, ea correr como umdoido!
Shakspeare, depois de haver terminado vida. E quemte disse que ambos somos —Sou doido sim, Thereza Mas, quem
o terceiro acto do «Conto de Hinverno», velhos ? Ouve o que eu leio n’este cata­ não o é neste mundo ? Dá cá o meu cha-
detem-se, esperando, na sua phantasia, logo, e dize-me depois, se é tempo de peo, depressa.
que passe o tempo de a pequena Perdita descançar. —O’ meu senhor ! Eas suas luvas, e o
crescer emjuizo ebelleza, e quando rea­ «A lenda dourada de Jacques de Vora- seu guarda-sol ?!
bre a scena, começa por evocar aquelle gine ; traducção franceza do século XV, Eu achava-me já ao fundo da escada e
velho Ceifador, para justificar aos espe­ pelo clérigoJean Toutmouillé. ouvia ainda Thereza, exclamar e murmu­
ctadores os infinitos dias que pezaram «Soberbo manuscridto, ornado com rar.
sobre a cabeça dociumento Leontes. duas miniaturas, maravilhosamente exe­ 10 de outubro de 1859
Também eu, como Shakspeare na sua cutadas e em perfeito estado de conser­
comedia, deixei n’este jornal, um com­ vação, representando, uma, a Purificação Esperava a resposta do senhor Michel-
prido intervallo de olvido, e faço, á ex­ da Virgem Nossa Senhora, e a oetra, a Angelo-Polizzi, commal contida impaci­
emplo do poeta, intervir o Tempo, para coroação de Proserpina. ência.
explicar uma omissão de dez annos. «Em seguida á «Lenda Dourada», Não podia estar parada , fazia movi­
Ha dez annos, comeffeito, que não es­ acham-se as Lendas dos santos Ferréol, mentos bruscos ; abria e fechava ruidosa-
crevo uma única linha neste caderno e Eerrution, Germain e Doctrovée, XXVI11 mente oslivros.
não tenho, ai de mim! apezar d’isso, a paginas, e a miraculosa Sepultura do se- Succedeu até, uni dia, ter atirado' de
descrever nenhuma Perdita «cres­ cangalhas, com o cqtoveKo, umto­
cida na graça». A juventude e a mo de «Moreri».
belleza são as fieis companheiras Hamilcar, que aotempo se lambia,
dos poetas. deteve-se de repente e, com a pata
Esses phantasmas encantadores, por cima da orelha, olhou-me com
a nós outros, sábios, visitam-nos enfado.
apenas por espaço de uma estação. Era então aquella vida agitada a
Nós não o sabemos fixar. Se a som­ que elle devia esperar sob o meu
bra de alguma Perdita se aventu­ tecto ?
rasse por um capricho furtuito, a Não estavamos nós convencidos,
atravessar um de nossos cerebros, por ventura, tacitainente, de que le­
arriscar-se-ia a esfolar-se horrivel­ varíamos uma existência pacifica ?
mente, empilhas de pergaminho en- n E eutinha rompido opacto !
correado. Ditosos os poetas ! os seus —Meu pobre companheiro, disse
cabellos brancos não assustam as eu a Hamilcar, sinto-me empolgado
sombras fluctuantes das Helenas, por uma paixão violenta, que me
das Francescas, das Juliettas, das agita e me domina. As paixões são
Julias e das Dorothéas. (2) Mas inimigas do repouso, concordo; ntas
bastaria sóo narizde Silvestre Bon- w sem ellas, nemartes nem industrias
nard, que vos fala, para fazer fugir haverian’estemundo. Cadaqual dor-
toda a legião das grandes amoro­ miriá tiú, sobre ummonte depalha,
sas. Como qualquer outro mortal, e tu, Hamilcar, não passarias os teus
eu senti a belleza ; experimentei o dias a dormir sobre umcoximde se­
mysterioso encanto, de que a natu­ da, na cidade dos livros.
reza incomprehensivel dotou as for­ Não tive tempo de continuar a
mas animadas ; a argila viva deu- expôr a Hamilcar a minha theoria á
me o estremeção que faz os aman­ cerca das paixões, porque a minha
tes e os poetas. Porém, eu, nunca governanta, trouxe-me nessa occa-
soube amar nemcantar sião, uma carta. Trazia o timbre de
Na minha alma, hoje atravancada Nápoles e dizia :
por um montão de textos antigos «Possuo, com effeito, o incom­
e antigas formulas : encontro ape­ parável manuscripto a «Lenda Dou­
nas, como uma miniatura, n’uma rada», que não escapou á perspicácia
trapeira, umrosto claro com olhos de V. Ex. Razõescapitaes oppõem-se
côr de pervinca... mperiosa etyrannicamente a queeu
Amigo Bonnard, tu és umvelho doido. nhor Saint Germain d’Auxerre, XII pa­ me separe d’elle, ainda que por um so
Ora vê se lês esse catalogo que uma li­ ginas. dia ou por umsó minuto.
vraria de Florença teenviou, e que foi «Este precioso manuscripto, que fazia Será paramimumaverdadeiraalegria e
recebido aqui esta manhã. E’ umcatalogo parte da collecção de sir Thomas Raleigh uma gloria, pôr á disposição de V. Ex, o
de manuscriptos, que te proniette na ca­ acha-se actualmente adquirido na biblio- referido manuscripto, na minha humilde
pa, descrever algumas peças notáveis, theca do senhor Michel-Ângelo Polizi, de casa de Girgenti, a qual considerarei em-
conservadas por alguns curiosos de Italia Giergenti, Italia». bellezada e illuminada pela suapresença.
e da Sicilia. E’ isso o que te interessa e —Ouviste, Hamilcar ? O manuscripto E’ pois comimpaciência que espero asua
se adapta bemao teu rosto ! deJean Toutmoillé, acha-se na Sicilia, em vinda. Ouso confessar-me, senhor acadê­
Leio e solto umgrito. Hamilcar, que casa de Michel-Angelo Polizzi. Oxalá mico, umseu
temganho, com a edade, uma seriedade que este homem sympathise comos sá­
que me chega a intimidar, envolve-me bios ! Vou escrever-lhe. Creado, humilde e devotado
Assim o fiz. Na minha carta pedia ao Michel Ângelo Polizzi
Este trecho de A natole France, é a traduc­ senhor Polizzi que m e transmitrsse o
ção de um a pequena parte da grande falia (negociante de vinho)
do Tem po, que Sh a k sp e a re metteu com o seu m anuscripto do clérigo Toutmouillé,
p erso na gem na sua peça “O con to de H in ­ dizendo-lhe os m otivos por que ousava e archeologo emGirgenti Sicilia)».
verno,,. E s s a fala é um d os grandes p rim o ­ crer-m e digno de umtal favor. Ao mes­ Pois bem! Irei á Sicilia.
res de o rigina lid ad e do grande trágico in- m o tempo, punha á sua disposição alguns
glez. (N. do Trad). textos inéditos que possuía, quejulgava Extremumhunc, Arethusa, mihi conce­
(2) A llu sã o ás m ulheres que, a paixon ada - não destituídos de interesse, e supplica- de laborem.
mente, foram descriptas ou cantadas pelos lhe que m e favorecesse comasua promp-
gran d es poetas. ta resposta. ( C o n tin u a )
5KUK0S DE VIDA
TEKKESTRE5 t
nm?iTmo5 © ®
APÓLICES DE VIDA
Com sorteio semestral em dinheiro

Sinistros pagos mais de

6 . 000 :000$000
465 apólices, até esta data sor­
teadas, resgatadas e pagas:

2.150:000$000
As apólices sorteadas, concor­
rem aos demais sorteios, nos
termos do contracto.

Fundos de garantia e reservas:

10. 000:000 $000

1'EO IK PRO SPECTO S

(Edifício de sua propriedade)

S E D E SO CI AL :

AVENIDA CENTRAL
= 125 =
RIO DE JANEIRO
Queda dos Cabellos, Barba, Sobrancelhas, Pellada, Calvície precoce, Caspa, etc.
NOVAS CURAS — N O V O S ATTESTABOS Pilogenisando a cabeça de papai

A m igo Snr. Pharinaceutico Francisco Giffoni.

MHlHBI
Lendo constantememte attestado e cartas qne lhe são expon-
taneamente dirigidos por pessoas gratas, que têm encontrado no
seu “P I L O G E N I O ” uma poderosa loção contra a queda dos cabellos
a caspa e outras affecções dos cabellos e do couro cabelludo, e,
como eu e todos de minha familia ha muito fazemos uso deste
seu excellente producto, venho por minha vez cumprir o dever de
lhe declarar que estamos satisfeitíssimos com o “P I L O G E N I O ’, o
qual é hoje o tonico preferido em nossa familia.
Póde o am igo fazer desta o uso que entender.
Rio, 20 de Setembro de 1909
C a r l o s T r ib o u il l e t .
36, Rua de S. Carlos (Estacio de Sá).

O “ P l k O G G N I O ” vende=se no deposito geral:


Drogaria de Francisco Giffoni & C.
= 17, RUA PRIMEIRO DE MARÇO. 17 (ANTIGO N. 9) =
e nas boas pharmacias e drogarias e perfumarias e nos Estados encontra-se
desde já nas seguintes cidades:
P e r n a m b u c o , I t a h i a , V ic t o r in , P e l l o - H o r i z o n t e , C u r i t y b a , P e lo t a s ,
l t i o O ra tule, P o r t o A l e y r c , C o r u m b á , O o y a z e C u y a b á

TEMOS 0 APOIO INCONDICIONAL DA


SClENCIA MEDICA!
M aceió, 15 de Junho de 1909.
Tenho empregado em minha clinica, co­
lhendo sempre os melhores resultados nas
affecções dos orgãos genitaes da mulher, o
m agnífico preparado denominado A S A U D E
DA M U L H E R - Dr. Francisco Pontes de M i­
randa, secretario dos negocios da Fazenda de
Alagoas.
Attesto que tenho empregado o B RO M I L
nas moléstias do apparelho respiratório com
o mais benefico resultado nas affecções da
causa nervosa, o seu effeito prompto manifes­
tando-se em 24 horas. Em outras, porém, mais
graves, a sua acção é mais demorada e a sua
cura se produz no fim de alguns dias, notan-
do-se, entretanto, qne o doente começa a sentir
allivio logo ás primeiras colheres.
M aceió, 18 de Junho de 1909 —Dr. A . de
Gouvêa.
Attesto que tenho empregado com muito
proveito o BROIYIIL, excellente preparado dos
srs. Daudt & Freitas. O referido é verdade.
M aceió, 16 de Junho de 1909.
Dr. Domingos Cardoso.
AGUA OXYGENADA DE C U S T E R
P E R O X Y D O DE H Y D R O G E N E O DE C U S T E R O MAIS PODEROSO ANTISÉPTICO
Infallivel contra erupções e outras moléstias da pelle, refresca e amacia a cutis e mantem a mais es-
tricta hygiene do corpo, usada nos banhos externos e lavagens internas e na toilette.
Para a hygiene da bocca e a conservação dos dentes não tem rival.
As moléstias da garganta são efficazmente combatidas com os gargarejos deste producto.
O uso deste preparado como loção torna louros os cabellos.
Cada vidro traz as indicações para os diversos usos e applicações. Vende-se nas pharmacias e perfu­
marias aos preços seguintes: 150 grs., 1$500; 250 grs., 2$500; 500 grs. 4$000.
A melhor agua oxygenada é a preparada nos laboratórios da
Custer C h em ical Com p an y, de N ew York
e a de maior uso em todos os hospitaes e casas de saude.
D e p o s i t á r i o s : D E D A B A E Z E * £ • Co. 8 0 — IS U A D E S. V E D IS O
R e p re se n ta n te : A . \A ISO M A R I O „ / j a n e i r o

COELHO BASTOS & COMP. NICINE ROL


Unieos que vendemNAVALHAS DE SEGURANÇA sem rival!!!
Os mais barateiros
em perfumarias, roupas
brancas e
artigos para presentes.
Gillete legitima com
12 laminas............... 15&000
Pelo Correio.............. 16$000
Laminas, pacote___ 3$500
Para duzia grande
abatimento

Gillette S
NO STROPPING. NO HONING. J t i a Z O F

As nossas navalhas são as


legitimas da G iU e t e S o f e t y
R t is o r C o in p o iiy , Boston, E’ uma nova combinação chimica, estável e definida, na qual
Mass. U. S. A. o lodo e a Hamamelis, completam, de um modo energico e feliz,
Não precisa cuidado com as suas acções respectivas. Em nenhum caso falha a sua efficacia,
imitações, porquanto a nava­ quando se trata de I'avistes, Ile n io r r h o iilo .s , A s t ln n a ,
lha G i l l e t e é uma só e unica A n y i n a d e P e i t o , A c c ld c n t e n >lti iflo d e c r i t ic o , R h c o -
em todo o mundo, não poden­ t n o t is m o , etc.
do ser confundida com as de lodo e Hamamelis! Duas columnas de therapeutica reunidas
outros fabricantes, muito em­ em uma acertadissima formula! Comprehende o leitor, porque os
bora haja semelhança na appa- médicos receitam e porque os curados bemdizem a N ic iiie R o l f
rencia. De enorme aceitação na França e na Allemanha.
A’ venda em todas as boas pharmacias.
90 e 92, Rua dos Ourives, 90 e 92 Representante: HUGO HEYDTMANN
DE§TR1B(UEM~§E C A T Á L O G O S II4\ R u a d o s O u r i v e s — Rio de Janeiro

0 maior successo em Perfumaria!


---- « I llu s io r v M u g u e t » d e D p a l l e -----
ESSEN C/F D E F L O R E S , S E M F L C O O L
U m a gotta basta para perfumar deliciosa e
persistentemente qualquer objecto. Preço
do vidro, em estojo de madeira de feitio
de um pharol, 5$000 rs. em todas as boas
casas de p e r f u m a r i a s . E x i g i r a marca
acima !
( O S C E S S IO X A K IO S P A R A O B K A Z I I .:

= = LO UIS HERM AN NY & C O M P .- - - - - - -


R I O O E J A N E I R O
ANNO
Careta
R E D A C Ç Ã O E © F F I O N A S s R U A D A A S S E M B L É A , 70 — R í© D E JJA N E B R ©
ASSIONATURAS
i 5 $ooo | S E M E S T R E 8$ooo
.
!|l CA PITAL . . . .
NUMERO
3 oo
AVULSO
Rs. | E S T A D O S 400 Rs.

E D I Ç Ã O D E ”K Ó S M O S '

M. 6 ? | R I O D E J f í M E I R O — S a b b a d o — 25 — S e t e m b p o — I^O? I f l M M O I I

MÂB§ UMA VEZ


(Santos Dum ont, em monoplano, bateu o record da velocidade)

...E m u r m u r o u — p a r a b é n s — e m m e i§ o to m .
CARETA

A PLATIBANDA DO PRETENDENTE C0L™ NA DAS e l e g a m p c ia s


O mez de Setembro era pelo antigos consagrado
No aureo carro a Daumont, tirado a seis cavallos, ao Sétimo Severo e d’ahi o seu nome.
Rumoroso a rodar nas ruas regiamente, Nelle alem de outras cerimônias, celebrava-se o
Vae ler a plataforma aos futuros vassallos septenato de N. S. pelo começo do inverno. Com a
Sua Alteza Marcial o Senhor Pretendente. passagem das eras a temperatura variou tanto que
este mez é hoje o começo do verão, quando os
No Palacio Monróe pressurosos arautos calores estivaes principiam a fazer sentir os seus
Nunciam-lhe a chegada a musica e foguete, terríveis ardores.
E, entre guarda civis, abrindo os olhos cautos, * **
O Heroesinho penetra a sala do banquete.
Septembrum era o sétimo mez do anno, quando
Num clamor que não se ouve o povo que está ausente este tinha somente dez mezes de 36 dias cada um.
Não ousa perturbar a placidez dos ares, Depois é que se reparando que a lua apresenta
E os convivas, fingindo aspecto sorridente, quatro faces diversas dentro de quatro semanas
Vorazes avançando occupam os lugares. baixou-se o numero de dias para 30 ou 31, sendo
os dias de excesso para descontar aquelles em que
Innundada de luz a ampla sala fulgura. as chuvas não deixam ver as ditas faces.
A symbolica mesa ornada de folhagens,
A curva forma tem de immensa ferradura, * * *
E são cravos, em torno, as nobres personagens. Este mez tem muitas festas gloriosas. Foi em
Setembro que Roma cahiu em poder dos Italianos,
Marechaes, generaes e coronéis laureados, que se achavam fora de sua posse desde a queda do
Tenentes-coroneis, majores, capitães, império do Occidente. Foi em Setembro que se pro­
Tenentes varonis, alferes aprumados, clamou a independencia do Brasil, junto ao Monu­
Os aspirantes de hoje e os velhos capellães; mento Ypiranga, e finalmente foi em Setembro que
“Levitas do Alcorão,, de todos os matizes, se fez o circuito de S. Gonçalo. Tres datas celebres
Olygarchas rivaes que o pavor reunio, e tres grandes acontecimentos. Setembro é pois um
— Avidamente enchendo a pança—honram, felizes, mez glorioso.
O calvo marechal sobrinho do seu tio. * * *

Aqui o pátrio amor os emulos enlaça, Não menos gloriosos são os dias que vão passando
Um interesse enfrenta um interesse opposto ensolados e cheios de encantos sobrenaturaes; a
E muitos commensaes erguendo a espumea taça brisa é mais perfumada por isso que as arvores estão
Têm lagrimas no peito e sorrisos no rosto. cheias de rebentos novos, a frescura das tardes é
precusora do frio agradavel das noites primaveris, as
Mestre Seabra, encarando o Severino Vieira, manhãs são radiosas e perturbadoras, emfim tudo
Aos visinhos segreda : “aqui há pés de cabra !„ concorre para nos dar gosto pela vida.
Severino, feroz, come de tal maneira * * *

Que parece morder o coração do Seabra.


Vida boa levam os deputados e senadores que
Junto de Rosa e Silva o Pinheiro Machado, entram pelos cinematographos e theatros e nelles
Diz, de miolo de pão fazendo uma bolinha, permanecem horas e horas sem cuidar da represen­
“Esse gallo que vês de trufas adornado tação nacional de que são portadores e dos orça­
Talvez pudesse dar um bom campeão na rinha !„ mentos que estão á espera delles olvidando os de­
veres que deveríam zelar por isso que ganham para
O terrrivel Germano expande-se com odio : isso setenta e cinco mil réis por dia.
“ Um caiporismo atroz cumula-me de males !
Além de ser forçado a assistir a este brodio * #*
Ver, na mesa, ao meu lado, o grande Chico Salles !„
Dia excellente foi o de hontem. A Avenida estava
Lauro Muller reveste a farda que despira ; cheia de gentis donzellas, bem conservadas matro­
Alencar Guimarães tem risos contrafeitos, nas, rapazes irreprehensivelmente trajados além do
E a Jesuino Cardoso, em voz que a gloria inspira, commum dos mortaes. E’ notável como o sabbado
^onta Pinto de Andrade os seus heroicos feitos. attráe gente bonita ás Avenidas, com especialidade á
Central. Parece que este é o dia consagrado as ex-
\ugusto Rapadura o seu riso discreto hibições do chic.
Contempla de um leitão no tostado focinho, * * *
E o Chico Pé de Vento escovado e correcto,
Suja os beiços no bife e molha a lingua em vinho. Chic, incontestavelmente chic o dejeuner que offe-
receu em despedida da sua vida de solteiro, o nosso
O Rodolpho de Abreu sacia a sua tome, presado amigo Hilarião da Silva Cabral Fagundes.
Solfieri d’Albuquerque agita-se lampeiro, Notou-se a presença de varias sumidades do smar-
Emquanto, a alma no sonho e o olhar no prato, come tismo carioca e todos deploraram o fim trágico de
Demosthenicamente o Raphael Pinheiro. tão estimavel moço.
* * *
E eil-o, cravo central da grande ferradura,
O herdeirinho feliz do heroe de oitenta e nove, Moço correcto na extensão da palavra offereceu-
A careca luzente e suada a catadura nos um chapéo de palha o conceituado negociante
Disciplinadamente as mandibulas m o v e !... dos ditos Onagro Zebroide da Silva estabelecido no
Becco do Escorrega n. 362, onde aguarda as ordens
V o l -T aire de todos os seus amigos e freguezes.
* * *
Nota—Ao desferir esta nota estalaram, rotas, as
cordas da lyra e a Musa cambaleou atordoada com Freguezes certos dos divertimentos que tanto
a noticia da adhesãc dos civilistas.. . conta hoje em dia o Rio de Janeiro e que iremos
’5

enumerando nesta secção quanao nos forem envia­ médio desta revista, os activos industriaes Srs. Daudt
das entradas para os apreciarmos, pois para nós to­ e Lagumilla, abriram com o duplo intuito de fazer
do o divertimento é apreciável.
uma bella propaganda do famoso Bromil e de abrir
* * * aos artistas do lapis um campo de acção inteiramen­
Apreciável é também o cavalheiro Celestino que te inexplorado entre nós.
empreza uma porção de cousas boas entre as quaes O concurso do Bromil é o primeiro d’esse gene-
o Theatro Municipal que elle apanhou por uma tutta ro que se abre no Brazil.
e meia. Nossos parabéns ao avisado homem de
lettras e de artes. Concorreram os nossos mais afamados artistas
quer da capital, como dos Estados e acreditamos
* * *
que o jury levará alguns dias a examinar os cartazes
Vimos durante a semana tantas e tantas toilettes afim de pronunciar o julgamento pois além de serem
que não foi possivel tomar nota de todos. E para numerosos os trabalhos enviados são, quasi todos,
que não haja algum imperdoável esquecimento que
nos valha as queixas de mimosos lábios eternamente muito bons, havendo muitos verdadeiramente magní­
rosados, com grande pezar supprimimos a relação ficos.
dos elegantes vestuários que perambularam ás nos­ Intermediários, que fomos, entre os concurrentes
sas vistas engalanando os corpos mais correctos do
Planeta. e os organisadores do brilhante concurso, não que­
remos emittir opinião sobre as obras d’aquelles antes
F . DE A. de conhecermos o juizo do jury.
Aos nossos amigos Daudt e Lagumilla, apresen­
Assistimos, com alegria e desvanecimento, á inau­ tamos os nossos parabéns pelo exito dessa feliz ten­
guração do* Concurso de Cartazes [que, por inter­ tativa.

Os noivos Exmo. Sr. Carivaldo Pires Salgado, socio da firma Pires Salgado & Comp. e a Exma. Sra. D.
SyIvia de Moura, entre as testemunhas, padrinhos e convidados, sahindo da Igreja de São
Francisco Xavier, onde, com grande solemnidade, foi celebrado o acto nupcial a 15 do corrente.
operador e parteiro, especialista em moléstias das se­
nhoras— Residência, Voluntários 221, onde também dá
consultas, de 1 ás 3, ás 2as, 4as e 6as— C o n s u l t o r io —
Assembléa 34 (novo) de 2 ás 4, ás 3as, 5as e sabbados.
CARETA

CARETA PARLAMENTAR O Sr. Germano Hasslocher—V. Fx. está prestan­


do um grande serviço ao paiz explicando esse ponto
da política mineira, (apoiados geraes)
O SR. NOGUEIRA PENIDO (movimento geral de
attenção)—Documentos da Historia são, Sr. presiden­ O SR. NOGUEIRA PENIDO—Ah ! Eu apezar de
te, aquelles documentos que se referem a aconteci­ não ser positivista gosto de viver ás claras, tanto que
mentos históricos, ou que pelo menos alguma rela­ fui um dos primeiros a adoptar a luz electrica lá em
ção com elles tenham, (apiados) Assim, documentos casa. Essas coisas perdem por não ficar bem aclara­
de caracter particular por vezes passam a ter o ca­ das ; por isso é que estou contando o caso como o
racter de documentos públicos, dado o seu valor para caso foi e a carta o prova. Um dia foi o nosso che­
o estudo de uma época (signaes de approvação) per­ fe Wencesláo chamado ao Cattete. Lá chegando o
dendo toda a particularidade para ganhar absoluta presidente disse-lhe: “Olha cá, oh Wencesiáo, eu
generalidade, não sei se me comprehendem. preciso de você.—A’s ordens de V. Ex.-—Você em­
barca hoje mesmo para S. Paulo.—E’ p’ra já.—Não,
Vozes—Perfeitamente. logo mais ; lá chegando procura o Lins, sabe quem
O SR. NOGUEIRA PENIDO—Pois então vamos é ? —Saiba V. Ex. que sei.— Pois bem, e dir-lhe-á
adiante. Esses documentos históricos, perdendo as que Minas quer o Campista no Cattete, ouviu? —
particularidades inherentes ao seu proprio contexto Saiba V. Ex. que ouvi. — E comprehendeu ? — Saiba
mais ou menos familiar, entram para o vasto espolio V. Ex. que comprehendi.— Então repita o recado.—
da política nacional e servem para que futuros histo­ O nosso amado presidente que tem, entre parenthe-
riadores nelle rebusquem mais tarde, quando se sere­ sis. uma memória de anjo, repetiu o recado com sa­
naram as lutas políticas de agora, o fio guiador da tisfação do presidente e despediu-se. (sensação extra­
verdade histórica. (apoiados) ordinária)
O Sr. Agrippino de Azevedo—Por isso é que exis­ O Sr. J . J . Seabra—Isso é que é preciso que o
tem archivos onde elles são guardados. paiz saiba, para cortar de vez todas as explorações.
O SR. NOGUEIRA PENIDO—Perfeitamente. Os O SR. NOGUEIRA PENIDO—Foi a S. Paulo o
archivos no dizer de um grande poeta são as vastas nosso amado chefe Dr. Wencesláo e o resultado da
necropoles do saber humano ! (sensação) Os archi­ incumbência está nessa carta que a imprensa publi­
vos e as Bibliothecas. cou e tem commentado de modo tão antipathico,
O Sr. Luiz Murai—Perdão, as Bibliothecas serão Mas senhores deputados a verdade é çomo o azeite
então os Necrotérios. que jogado n’agua por mais que o queiram empurrar
O SR. NOGUEIRA PENIDO—Pois que sejam 1 tadista para o fundo para usar de uma figura do grande es­
Mas voltemos ao assumpto dos documentos que é João Lage, elle sempre fica por cima! (apoia­
o que me traz á tribuna. Todos leram, Sr. presidente, dos geraes) Então onde está a falta de lealdade do
e hoje todo o paiz conhece aquelle já celebre do­ nosso chefe Dr. Wencesláo Braz Pereira Gomes ?
cumento que a imprensa publicou, emanado das in- Elle não deu o recado ? Deu. Logo... Mas, é eviden­
nuptas e alabastrinas mãos do meu venerando amigo te que a exploração não colhe, Sr. presidente, e
e chefe do meu Estado Dr. Wencesláo Braz Pereira quando a patriótica Convenção de Maio se lembrou
Gomes, um dos maiores estadistas que a terra de do nome do nosso presidente parr o alto posto que
Tiradentes produziu até hoje (vivos applausos das mos vae
elle occupar com gáudio de todos nós que so­
bancadas mineiras e rio-grandense) destinado a le­ sitou.seus devotados amigos, elle nem sequer hesi-
var o nome de Minas ao apogêo da gloria, (apoia­ com a grandezaaquelle
Acceitou
d’alma
posto de grandes sacrifícios
que todos lhe reconhecem
dos calorosos) ao Himalaia da Fama (redobram os
applausos) ao Cotopaxi do conceito (vivas e palmas) não por si, não pelo nosso Estado que carece ter
ao Popocatepetl da celebridade, ao Chimborazo da um homem no governo. (apoiados e applausos)
admiração ! (estrondosos applausos) O Sr. J . J . Seabra—Perfeitamente. E ha de con­
O Sr. Astolpho Dutra—E isso quer queiram quer tinuar a ter, póde ficar seguro V. Ex.
não queiram, ouviram ? O SR. NOGUEIRA PENIDO—Ah ! E’ essa toda a
nossa esperança. Não é por causa da figuração, não
O SR. NOGUEIRA PENIDO—Esse documento
revelador das altas qualidades do nosso precioso senhores, é porque assim é que se reconhecem os
amigo e chefe tem sido explorado, adulterado, falsi­ esta pequenaverdadeiros
méritos dos estadistas, (apoiados) Dada
explicação á Camara, em nome do par­
ficado c o m o ... c o m o ...
tido a que me honro de pertencer e demonstrada a
O Sr. Jo s é Carlos—Como as farinhas falsificadas. correcção e lealdade do nosso amado presidente eu
O SR. NOGUEIRA PENIDO—E ’ isso, é isso. Mas dou por findas as minhas palavras e jubiloso me
no laboratorio de nossas consciências nos achamos afasto desta tribuna, confortado o coração pelos ap­
logo os traços violetas do acido salycilico do civilis- plausos dos meus collegas e certo de que o Dr.
mo, ahi collocado para perverter suas preciosas qua­ Wencesláo Braz Pereira Gomes ha de ser sempre
lidades intrínsecas! (calorosos apoiados) considerado o typo que evidentemente representa a
O Sr. Soares dos Santos—O que vale é haver política mineira em companhia do nosso venerando
entre nós grandes chimicos que não deixam passar chefe Dr. Francisco Salles.
coelho por lebre. Tenho concluído!
O Sr. Jo s é Carlos—Gato é que é. (Bravos e palmas. O orador é abraçado e cum­
O Sr. Soares dos Santos—E’ isso, gato, é gato. primentado por todos os deputados da maioria).
Muito obrigado a V. Ex. F err o lh o
O SR. NOGUEIRA PENIDO—E assim, Sr. presi-
sidente depois de convenientemente depurado de se­
melhantes substancias prejudiciaes, o que vemos nós — Papai que significa a phrase “cada um deve
naquelle famoso documento? A prova ^..bal, clara, ser julgado por seus pares?,,
positiva, completa, indestructivel, convincente, esma­ — Significa que cada um deve ser julgado pelos
gadora (apoiados geraes) de que o Dr. Wencesláo que a elle são iguaes de modo que não possa ser
nunca foi partidário de outra candidatura a não ser prejudicado pelos preconceitos dos outros.
da sua para a vice-presidencia da Republica! (applau­ — De sorte que se o meu papae tivesse de ser
sos) julgado algum dia, o jury seria de carecas?
C A R B T A

Na sexta-feira, pela manhã, o BinocuLo publicou Ainda havemos de ver o smartissimo Pimentel es­
urrs Cantares do interessante Sr. Carlos Magalhães e tampar poemas do Eduardo das Neves naquellas co-
ao meio dia a reputação litteraria do ex-futuro depu­ lumnas que já publicaram versos de Olavo Bilac e
tado estava em pandarecos. prosas de Eça de Queiroz.

O CDRCUDTO DE GONCALO

lp Pato — E e n tã o ?... A civilisação estende-se até nós.


Ja não são mais só os patos europeus que passam por estes sustos.
CARETA

O R CU D TO DE §0 O O N Ç A L O

O Presidente Backer e S. Exma. fam ilia na Archibancada.

Aspecto das Archibancadas.

FABRICA E DEPOSITO DE CALÇADOS


A’ BOTA “ FLUM INENSE”
—) E specialidades em c a lç a d o s C h ale ira e Viuva A legre (— A m a is b a r a te ir a de to d o o B r a z il
123, AVENIDA PASSOS, 123— (lado da Rua Marechal Floriano] D E JANEHRO ■
CARETA

/. Um automovel quebrado por ter esbarrado numa ponte entre S . Gonçalo e Alcantara — II. O au­
tomóvel do dr. João Borges Ju n ior chegando ás Neves — III. Automovel quebrado em virtude
de uma “ dérapage" pouco além de S. Gonçalo.
PRECALÇOS DO AÇOUGUEIRO
- Maria, diz a patroa, que palestra é essa de
ARGOS
todos os dias com o açougueiro ? Illusão—náu singrando em ancia, em sobresalto,
Maria baixou os olhos e não sabendo que respon­ Para o Colchos do Amor, o mar da Vida, aos Céos. ..
der, começou a enrolar a ponta do avental.
- Será algum namoro ? continuou a patroa curiosa. Ondas batem-lhe á pôpa e ondas tecem, no assalto,
Maria enrubesceu ao segundo gráo e balbuciou : Niveas teias de espuma, alvas rendas de v é o s ...
— Elle gosta de m im ... Hymnos de luz á Fé vagam no Ether cobalto,
- Ah ! então estou com conquistas no meu cor­
redor ! . . . E que é que elle lhe diz ? Os pharóes da Esperança olham nos mastaréos,
- Que tem intenção de casar commigo. E os mastros subindo alto, ainda mais alto, alto,
— E já tem pecúlio ? Como para accender as estrellas nos c é o s ...
Não senhora ; está ajuntando.
- E se elle fizer como os outros : fugir? Vento Sul da Incerteza... Ondas bravas... A escuna
- Não faz não senhora. Elle disse que não pode Oscillando.. . oscillando. . . E a vela que se enfuna
passar um dia sem me ver, e que se não puder me Branco lenço, no Espaço, aos longes a acen ar...
ver se suicida.
- Ah ! disse? Pois declare-lhe que se, de amanhã Illusão—náu que frue a volúpia das vagas,
em diante, elle não trouxera carne com um bom con- Que destino, Illusão, te irá quebrar nas fragas
trapezo, eu mudo de açougue. Occultas na amplidão desse trevoso mar ?
Donas de casa aproveitai o exemplo !
D a C o s t a e S ilv a

O Dr. J. J. para dar uma prova de que ainda é


leader demittiu-se do dito cargo. As bancadas porém O coronel Francisco Bressane vae ser contempla­
ieelegeram-n’0 com grande magua do Sr. Astolpho do com o titulo de Funchal, na primeira fornada no-
Dutra que estava mesmo na dependura para o cargo. biliarchica da Santa Sé.

Pic-nic no Corcovado aos officiaes inglezes


WÊÊÊÊÊÊU

O C O M M A N D A N T E D O A M E T H IS T E U M A D A M A IN G L E Z A ,
S U B IN D O P A R A O B IC O D O P A P A G A IO .
Pic-nic no Corcovado — I. I.° Tenente e Mme. Jo su é Plmentel e Mme. Polycarpo de Barros.
//. O Commandante do Amethist e o Almirante Alves Camar a.
O O N Ç Â LO
í.trvfCj.óí >

Aspecto das Neves, ponto de chegada.

“ 10$000 por dia


0 VENDEDOR sem trabalho
De privação em privação, o Esquefino chegara a Precisa-se debons agentes vendedores para faze­
condições precarias. Quando o viam passar, de botas rem propaganda e venderem uma invenção nova, de
cambadas e roupa no fio, diziam os amigos : muita extracção, podendo com pouco trabalho, ga­
— Coitado do Esquefino ! Está em más condi­ nhar 10$000 ou mais por dia. Dirigir-se á rua tal,
ções. etc,,.
Isto era um euphemismo, porque na realidade o Esquefino, que estava almoçando, atirou para um
Esquefino estava em condições peiores ; estava mes­ canto um resto de peru imaginário, empurrou o copo
mo em condições péssimas. Havia um mez que elle ainda cheio de Tokai, enfiou as botas destroçadas,
não sabia o que era sentar-se a uma mesa e ingerir sem collocar entre a sola e os callos o mediador
uma substancia quente. Conseguia filar um ou outro plástico que o vulgo chama—meias e partiu á con­
sandwich e confortar o estomago com um caldo de quista do emprego.
canna. Esse regimen cança, e produz, em breve pra­ O inventor recebeu-o com muita amabilidade e
zo, a nostalgia do bife e da feijoada solida. Para il- expoz em poucas palavras o negocio. Consistia em
ludir o estomago, o pobre rapaz atirou-se aos rega- fazer a propaganda e venda de um isqueiro aperfei­
bofes imaginários. Collocava sobre a sua meza uma çoado, para accender cigarros e até charutos no
côdea de pão secco e um copo d’agua, vendava os bonde e em pleno vento. Preço de cada: 1$000;
olhos, e suppunha-se em pleno banquete, desses que porcentagem do agente : um tostão. Com facilidade,
se realisam constantemente no restaurant Monroe. qualquer agente activo vendería cem isqueiros por
Mastigava um bocado de pão, e exclamava alto, parn dia, ganhando com pouco ou nenhum trabalho, dez
se illudir melhor : mil réis.
—- Irra ! que esta mayonnaise está divina ! Como Esquefino era um rapaz de caracter de
Outro bocado e outra exclamação : pomba (se é que as pombas têm caracter) e incapaz
— Sim senhor! Isto é que é bife á milaneza ! de dizer—não 1 a quem quer que fosse, acceitou o
Depois sorvia um gole d’agua de pote, e estalava negocio, obteve por adiantamento dois mil réis e sa-
á lingua: hiu com cem isqueiros numa caixa de papelão. Nos
— Este chambertin é uma delicia ! primeiros momentos elle igou mais importância aos
Com este engenhoso processo, o Esquefino re­ dois mil réis do que ao emprego. Premeditou uma
passou por hypothese todas as iguarias contemporâ­ feijoada para a tarde, depois se seguiría um bife san­
neas e muitas anachronicas. grento. Na primeira esquina parou. O seu cerebro se
Na semana em que elle estava saboreando as lín­ debatia numa indecisão terrível:—seria o jantar rega­
guas de pavão e os faisões, cahiu-lhe diante dos do com uma caneca de vinho verde ou com um
olhos este annuncio : chopp ? Ecco il problema! Sem resolver positiva­
CARETA

mente a questão, elle voltou á realidade, e começou — Mas minha senhora ! . . . balbuciou o Esquefino.
a propaganda. A primeira coisa que fez foi esconder — Está bom, por ser para o senhor deixo por
a caixa dos isqueiros dentro das abas do paletot pa­ 2$000 ! Isto é para não perder a freguezia.
ra que a não visse algum amigo. Quanto á propa­ — M a s .. . m a s.. .
ganda. pareceu-lhe melhor fazel-a no seio das famí­ — Não ! não ha desculpa ! E’ uma pechincha!
lias. Entrava numa casa, offerecia o isqueiro aperfei­ Esquefino recebeu a touca, entregou os 2$000 e
çoado, e sahia sem vender, para renovar a tentativa. sahiu com os isqueiros.
A’s 5 horas da tarde já estava desanimado e fa­ O propagandista estava acabrunhado. Lá se fôra
minto. Não vendera nem um isqueiro. As sogras re- o jantar, o bife, o chopp 1
pelliam-no com uma decompostura, as donas de casa O inventor despediu o Esquefino, lançou-lhe em
fechavam-lhe violentamente a porta na cara, as mo­ rosto a sua falta de iniciativa e, palavra vai, palavra
ças despediam-no com um sorriso, os ho m en s... a vem, acabou exigindo a restituição do empréstimo.
esses não offerecia o apparelhozinho, por acanha- Por unica resposta, Esquifino atirou-lhe no rosto
mento. um embrulhinho de papel de seda e sahiu com passo
Ia já de volta entregar o invento aperfeiçoado para digno.
jantar e recomeçar no dia seguinte, quando percebeu
uma senhora á janella. Até hoje o inventor dos isqueiros aperfeiçoados
— Deixe-me tentar mais uma vez 1 disse elle com- conta o caso de um agente maluco o qual, ao ser
sigo. despedido por inepto, lhe atirou na cara uma touca
E subiu a escada. de menino novo.
A senhora recebeu-o complacentemente, examinou PUCK
os isqueiros, achou-os muito interessantes mas dei­
xou de comprar, com muito pesar, porque não fuma­
va. E apanhando um objecto, de cima da mesa, disse - Já foram abertos os envoltorios dos cartazes
ao Esquefino : do concurso do Bromil, pergunta, inopinadamente
- Para o senhor não perder a caminhada, vou surgindo nesta redação, um dos concurrentes.
lhe mostrar um trabalho bem acabado. Veja esta — Não.
touca de tricot! E ’ uma pechincha ! 3$000 ! O senhor
não tem algum sobrinho recemnascido ? Ha de ter — E onde é que se paga? interroga o homem.
com certeza. Leve isto, que é dado 1 Certeza de victoria ou quebradeira ?

QtmallqMer operário pode ser proprietário

Socios e convidados que assistiram ao ultimo sorteio do Lar, enmreza organisada pelos Srs.
Nascimento & C., para transformar o operário em pequeno proprietário, mediante a quantia de 4$000
semanaes com direito a um sorteio mensal e podendo, depois de sorteado, apossar-se do
prédio pagando 44$000 até completar 4:000$000 de réis. O prédio sorteado coube
ao Juiz de Direito Dr. Luiz Antonio de Souza Neves.
CARETA

C A R T A S D E CM M ATUTO

Minha comade Thereza, Tacalão é mêmo um cabra Passa o tempo, o suó escorre,
Segundo já lhe escrevi, De recurso e de topéte : Tão brigando... tão brigando...
Baptisemo com grandeza Foi mais fino que o Seabra Quando ocê pensa que um morre,
O menino de Bibi. E mais sagaz que o Laéte. Ahi que elle tá trepando.
Em attenção aos padrinho, Comade, a semana inteira, Tem uns dois ou treis maroto
Fiz uma festa de luxo. Tivemos um bão escando: Com quem o povo impricou,
Dei doce, prozunto, vinho, O Severino Vieira E não cahiro no goto,
Pra comê e enchê o buxo. E o Seabra, os dois brigando. Um delles chama - Casou.
Duzentos annos eu viva, Um descompõe do Senado, Eu não sei se elle é casado,
Hei de guardá na memória, 0 outro, da Cambra, xinga, Sei só que quando elle briga
O lustro da comitiva E os amigos de cada lado O povo fica exartado,
Chegando á igreja da Gloria. Vão açulando a resinga. Xinga, insurta, fazem figa,
Eu ia na dianteira, Cad'um qué sê mais hermista Atiram-lhe óvos nas costa,
Biella mais na bagage, E mais fié que o rivá, E se não fosse a policia,
Contando bem a fieira, Tudo pra vê se conquista 0 povo o fazia em posta.
Tinha umas trinta carruage. As graça do marechá. Não posso co’essa injusticia.
O Nilo, muito espertinho, Compade Herme vai se vê Diz que elle briga á treição,
Cheio de fita e bordado, Num embaraço profundo: Tróce os dedo do inimigo,
Ia junto co’os padrinho Não pode satisfazê 1 )á rasteira, b< fetão,
Num carro todo enfeitado. Deus, o diabo e todo o mundo. E garra o outro no umbigo.
Ansim que entremo na egreja, Pro falá em desacato... Eu tombem, numa refrega
Já avistemo o cardeá Nestas úrtima semana, C o u n i sujeito de cem kilo,
Com roupa côr de cereja Fu tenho ido no theáto Perferia dá sem réga,
E prompto pra baptisá. Pra vê as luta romana. A pau há no bão estylo.
Fntonce elle preguntou Comade, é cada freguez, Comade, agaranto ocê,
Se era macho ou femea, e o nome; ('.ada corpo, cada pi.rso, Mais hoje mai- amenhã,
Biella foi e falou : Que eu perferia mil vez Aqui, adonde me vê.
"Meu neto é menino home, Cahi nas garra dum urso. Tou virando sportman.
"E se chama, com lecença, As perna parece de aço, Sportmnn é um rapazola
"Nilo Ruy Herme Pinheiro. Nús da cintura pra riba, Que veve sempre brincando
"Eu peço a vossa emenença Cada largato de braço, Em corridas,/«te bola,
"Que ponha esse nome inteiro,,. Que adonde elle cáe, derriba. Briga de gallo ou remando.
O cardeá, todo mitrado, F.lles entesta as cabeça Brinquedo bruto... pra lá !
Poz o sal, rezou o o remo, Tal e quá dois marruá, Não ha quem não desapprove ;
E achou muito hem lembrado 1 nté que ambos enfureça, Más uma coUa é brigá,
O nome qne nós botemo. Para d'ahi se atracá. Outra é corrê de otomóve.
Compade Ruy me sodou, Fntonce tem um creoulo A ’s vez, argum mais caipora,
Conipade Herme tombem, Retinto, da côr de graxa, Que corre nos tal cercuíto
E os convidado juntou Que quando elle entra bfr rôlo Fica co’as tripa de fóra,
Pra me dá os parabém. Sia Thereza, ou vai ou racha. Rebenta ; mas é bonito.
Comade, é hão se chegá Aquillo sim, é que é briga Treis ant’honte uns tal pastel
Pra o pé de gente graúda, Que vale a pena se oiá; Fez-me uma zanga de çstambo,
Proque se Deus não judá (.ada murro na barriga Que, se não fosse os crystel
Omêno os padrinho ajuda. Que ocê pensa de furá. Eu tava inté hoje bambo.
Agora que os candidato Quando elles cáe ao comprido, Felizmente miorei.
São todos dois meus compade, Rolando os dois no tapête, O douiô que foi chamado
Já disse a seu C+ncinato, O po''o toma partido, Me disse que éu escapei,
Vou mantê notralidade. A ’s vez inté sáe porrête. Que eu tava era tossicado.
Meu genro, que é muito esperto, Não abasta dá o tombo Acceite muitas sodade,
Já conta com a premoção, Pra vencê o outro não, De Bibi, padre Romão,
E diz, como muito certo, Percisa deitá de lombo, De Biella e seu conipade
Que tá aqui, tá capitão. Pô a cacundá no chão. T ib u r c io d ’A n n u n c ia ç ã o .
CA K K T A

O senador Severino é amigo do Marechal. O Dr. Esperando a volta do Lacerda, que fôra saber
J. J. amigo do Marechal é. Mas o senador Severino noticias da sogra de ambos, o Oscar passeiava, afflicto
é amigo do general Pinheiro ; ora como dizem por pelo vasto salão de sua casa. O'seu amigo Asterio
ahi que a intenção do Dr. J. J. é dar o tombo no fumava, pensativo, a um canto.
general, o senador Severino quiz dar o tombo no Soam passos graves, no corredor. Estremece^Oscar,
Dr. J. J. e disse que elle não era leader nem nada. Lacerda entra.
Vae d’ahi o Dr. J. J. deixa o cargo. — Então? pergunta aquelle.
E quem propõe a sua reeleição? O Dr. Rivadavia — Morreu! solemnemente respondeu o outro.
que representa o espirito do general Pinheiro. Lóóógo, Oscar tomba no divan sacudido de soluços.
o senador Severino é que foi no embrulho.
— Consola-te! A morte é o fim natural da vida,
murmura Asterio.
— A megera não morreu! A vibora melhora, está
Briga o Dr. J. J. com o Dr. Severino Vieira por bóa, brada atropeladamente Oscar.
causa das nomeações federaes na Bahia. E emquan- — Como?
to o governo hesita entre os seus dous grandes ami­ - É que (jura Oscar) Lacerda diz sempre o con­
gos o Dr, José Marcellino fica em paz. trario da verdade.

Corrida de automóveis em S. Gonçalo

— V ir g e m S a n t í s s i m a ! ... M in h a s g a l l i n h a s ! ...
CARETA

CONSELHOS E RECEITAS No caso da senhora não ser casada tal pergunta


não teria muito cabimento, pelo que é de bom aviso
não ser feita.
(tomo se «leve tratar uma visita Como se vê ha muitos casos differentes : por isto
é que a arte de agradar é uma das mais difficeis
Saber agradar é saber uma das cousas mais diffi- cousas das difficilimas complicações da vida social.
ceis das difficilimas complicações da vida social ; mui­
tas pessoas se lamentam muito justamente da sua * * *
falta de habilidade para tratar bem uma pessoa que
as procura em suas casas. “ Eu não sei agradar !„ é Sr. Lucidio de Andrade Mello (Itajahy). A receita
uma queixa geral, que todos mais ou menos têm pen­ para fazer sonetos foi escripta com a maxima cla­
dente dos lábios. Cumprindo a nossa missão de dar reza, porque já previamos mesmo que no mundo dos
cpnselhos uteis aos nos leitores, prestando-lhes com candidatos a poetas, não haveria muita gente capaz
isso magníficos serviços, occupamos hoje o nosso de comprehender qualquer palavra ou phrase menos
tempo ensinando o arte de tratar bem uma visita. popular que empregássemos.
* * *
Explicar melhor, para ficar ao alcance do senhor
por exemplo, que diz ignorar o que se chama a chave
Logo que a visita é introduzida na sala o dono da de um soneto, está acima das minhas forças : deixa
casa, emquanto tira o pyjama para vestir outra rou­ de pertencer á minha alçada de receiteiro mór e passa
pa, deve ordenar ao creado que diga ao visitante que á competência de qualquer mestre-escola de aldeia.
espere um pouco e si quer beber agua. Si o amigo faz questão de aprender fazer sonetos,
Geralmente o creado vem dizer que a visita não pegue-se com um mestre-escola. E ’ o mais que posso
quer agua : então, o dono da casa emquanto põe a aconselhar—por hoje.
gravata, manda o mesmo creado perguntar si quer Xixi M a lm e q u e r
alguma outra cousa, café, por exemplo. O creado
volta com a resposta negativa.
O dono da casa não deve se demorar vestindo :
vae para a sala e de longe vae exclamando : C. de L.
— Oh, meu caro amigo ! Bons olhos o vejam. Desde que foi extincta a Monarchia,
Desculpe a demora, porque eu andava lá pelos fun­ A choral-a, entre nós, ainda se afana
dos da casa. Fuma um charuto ?
E dá o charuto. Mingoado grupo vendo, cada dia,
Tóca a campainha. O creado vem receber a ordem. Gente sua ficar republicana.
— Traga-nos cerveja, José ! Este caso, porém, não se previa:
Vem a cerveja. A visita bebe. Emquanto isto o — Uma vez, pontualmente, na semana,
dono da casa deve falar muito, perguntar á visita Quem, dos teimosos, o record batia,
como vae a familia e si quer que abra as janellas. De ser hermista, n’“0 Paiz,„ se ufana.
De vez em quando é bom dizer : “Não faça cerimô­
nia, a casa é sua, esteja a gosto !„ A’ parte o estylo e a correcção da phrase,
Na hora da despedida o dono da casa deve repe­ O ventrudo Rodolpho eguala quasi,
tir o maior numero de vezes possível : No argumento soez e na má f é ...
— Ainda é cedo, espere o café !
E ’ necessário acompanhar até a porta a visita que
se retira ; e na hora em que se der o ultimo adeus, Só, entre as ruinas do chorado throno,
o dono da casa si quer ser agradavel deve dizer in- Scisma o velho Ouro Preto: “ Outro abandono ? !
clinando-se : “ O Carlos é de cá, ou de lá é
— Passar bem ! Espere o café.
* * *
Setembro, 1909.
J. P into
Isto que vem escripto acima é apenas um esboço.
Ha variantes, como, por exemplo quando o dono de
casa é mulher e a visita é homem ou quando o dono A mensagem positivista lida, em Montevidéo, pelo
de casa é homem e a visita é mulher. Nestes casos representante do Centro Acadêmico, affirmou que a
desapparecem a offerta do charuto e outras cousas dadiva da Lagôa Myrim ao Uruguay é a reparação de
privativas do sexo forte. um erro commetido pelos nossos antepassados.
Quando a visita é uma senhora o dono da casa Como essa mensagem diz traduzir o pensar una­
não deve fazer a pergunta obrigatória pela familia nime do povo brasileiro, nós, como filhos desse povo,
nestes termos: declaramos discordar da opinião dos illustres acadê­
— Como vão a senhora e os filhos? micos e, cheios de orguiho, admiramos a grandeza
Mas deve inverter, não digo bem, deve trocar, e dos estadistas que fizeram a Patria, com o mesmo
dizer : ardor com que os condemnam os jovens congraçado-
— Como vão o marido e as filhas ? res do continente americano.

Ninguém soífre de Syphilis nem de Rheum atism o!


Usando a SA U S A , V A R O U A e M AN A C A ’ " =

----— <de Eugênio M arq u e s de Ldollanda


Experimentae um só vidro! ) —( Approvada na Europa e no Rio da Prata
AGENTES GERAES: ARAÚJO FREITAS & C . - R U A D O S O U R I V E S , I 14
MARCA R E G ISTR AD A
E M S. P A U L O : BARUEL & C. — — C U I D A D O C O M AS I M I T A Ç Õ E S
CARETA

m c ae§ n m i^ le z e ^

N o alto do Corcovado, do Chapéo de Sol, contemplando a cidade.

Grupo de convidados.
Cura Asthma, Bronchite Asthmatica, é o antí-asthmatico ideal.
O PO’ INDIANO Não produz perturbações cerebraes. Não abate, nem deixa dôr
de cabeça depois do seu uso. Numerosos attestadosde médi­
E n co ntr a-s e r a s boas Ph a rm a ci as e Dro gar ias . — Deposito Geral: Drogaria de cos e doentes provam a sua efficaria.—Vide a bulla que acom­
— Franci sco Giffoni, — R u a ! " de Março, IT ( a n t i g o 9 ) — Rio de Jan eir o— panha cada frasco. = . .
G A R E T A

GAVETA DE CARTAS Mais se voltando alem o olhar funesto


Desdenhas de me olhar, volves a vista
Eu choro porque vejo que a conquista
Adhemar Reis e outros (Friburgo). A Careta ra­ E’ impossível de resto!
ramente presta semelhantes homenagens, como de­
vem ter reparado Não estranharão portanto a nossa Porque não dizes logo o que desejas
recusa ao pedido, e o lucro da venda de mais alguns Porque se não me isto finges
exemplares não nos poderia fazer mudar de procedi­ Do Egypto me pareces quando adejas
mento. As pallidas Esphynges!
Delaurmy (Rio) Não vale a pena fazer as altera­ etc., etc... um verdadeiro dilúvio de asneiras. Mas
ções que pede no seu soneto, porquanto mesmo com então ahi em Piracicaba o senhor não achou quem
ellas, elle teria o destino que já teve : a cesta. lhe abrisse os olhos sobre o seu pendor poético?
G. Lellos (Rio). Seus dous sonetos Dorme e Siga o conselho que o dr. Murtinho deu para
Amor são documentos dignos dos Archivos de Psy- valorisar o café, vá queimando quantos versos pro­
chiatria que dirige o eminente Dr. Juliano Moreira. duzir que os outros terão menos valor.
Tenha paciência e não nos mande m a is... tantas Celso Cuimarães (Manáos). Nem para o Kosmos
sandices, sim ? nem para a Careta. Servem para cesta.
Alcides de Moraes (Anta). Contiuúe a rasgar os Euclyna Seixas (Pará). Suas balladilhas são fructos
versos que fizer. E’ o melhor processo de acertar curiosos de uma imaginação extravagante, dignos de
daqui a 50 annos. um musêo de raridades. Zanga-se com essa nossa
Andonie Krossbilich. Cá o esperamos breve. Gra­ opinião? Pois ahi vae a prova:
tos. Os dias são tão singelos
E. Bethencourt (Mendes). O amigo é incorrigível. Bellos
natural que deseje soffrer um pouco ; mas o que Tem tanto encanto, tal cor
não é natural é o seu desejo de que compartilhemos Amor
o seu soffrimento. Que temos nós com isso, não Que eu já sinto o coração
nos dirá ? Mande a sua Helena á fava e não faça Não
mais versos. Bater mais em teu favor.
R. Azevedo (Rio) Publicamos hoje que sabemos
o seu nome, o seu soneto aqui mesmo: As tardes são tão amenas
Scenas
FERA Tão juvenis, tão garbosas
Rosas
Eu sou dos homens o peior de todo o mundo Eu contemplo de tardinha
A vergonha perdi, perdi o sentimento Minha
Um desgraçado que sou, porque sou muito immundo Formosa entre as formosas.
Dos vicios eu sou rei ! Porém não me contento !
Isso ajudado com violão e cavaquinho deve ser
Procuro ser malvado. Da cobardia ? A fundo muito bonito, Mas o diabo é que a senhorita esqueceu-
Procuro conhecer o seu trilhar nojento se de nos mandar a musica.
Caminhando veloz, sorrindo então me adjundo Salathiel Castrioto (Ouro Preto), Não senhor, de
Aos humbraes da traição e exhausto me sustento. versos como os seus estamos fartos, e de mais a mais
engrossativos. Quem é esse tal dr. Velloso que o
Uma esmola não dou: nem faço caridades senhor classifica de celebre e é para nós perfeita-
Alegre vivo e só!... Ninguém me traz saudades mente desconhecido ?
E a Deus jamais direi: Senhor me perdoai! H. Pinto (Ponte Nova). Seu soneto ao senador
Nunca! Nunca estarei um dia arrependido Antonio Martins parece antes um deboche. Que
De viver nesta vida alegre de bandido diabo, dessas manifestações é que fazem os amigos
Sem ver a minha mãe, sem conhecer meu pae. ursos, Não a publicaremos por amor ao manifestado.
Salazar Fróes (Rio Grande). Foi para a cesta dos
Pois seu Azevedo isso também succede a muita papéis velhos.
gente boa. As vezes é uma felicidade, porque filhos Enrico Góes (Maranhão). Não servem.
ha que herdam os defeitos paternos. Um conhecemos Francisco Pinto (Alagoas). Idem.
nós que a teimosia só igualava o pae: este sempre Caralampio (Bahia). Vá plantar formigas que tira
teimou que não se casaria e cumpriu a teima. Quem melhor resultado.
sabe se elle não seria seu irmão? Não teime o senhor Jeronymo Simões Coimbra (Sete Lagoas). Ahi vae
em fazer versos. o seu soneto ao coronel Francisco Bressane :
J . Bastos (Rio) Pergunta o senhor o que tem as Tu coronel invicto és um valente
meninas de mais lindo e formoso, se os “ lábios que Capaz de levar Minas ao fastigio
Deus beijou” “ os olhos sob o véo” etc. etc. Nada Da Fama, da grandeza e do prestigio
disso seu Bastos, o que ellas tem de mais lindo são Quando o Hermes for nosso Presidente.
os modos. Ellas são incapazes de escrever asneiras
e mandar para a Careta como o senhor fez. Ah! Seu Eu te adoro Bressane, oh eminente
Bastos porque o senhor não nasceu menina? Filho da Patria de Quimquim Silverio
Yvo do Prado (Petropolis): Os seus “ perfis da Serra Que Minas adoptastes e muito serio
são ignóbeis. Que diabo eu era incapaz de subir até De mineiro o papel perfeitamente
Petropolis se tivesse a certeza que o senhor me Vais fazendo. Ha de um dia inda chegar
perfilava. Em que na cadeirinha irás sentar
Santinha Reis (Maceió). Muito tolinhos os seus De presidente aqui do nosso Estado
versinhos. A menina ainda frequenta a escola elementar? Então terás a fama trombeiteira
Everardo Salles (Piracicaba) “ Esphynges” é uma Levando o nome teu predestinado
poesia linda, tão linda que aqui mesmo a publicamos: Por toda a vastidão da terra mineira!
Quando me olhas com o olhar velado Sim senhor, seu Coimbra, louváveis sentimentos
Por longos cilios de cabello preto os seus. Quando o coronel Bressane for presidente
Sinto o ignoto destino ignorado o senhor ha de ser forçosamente o seu secretario.
A palpitar secreto. E bem o merece.
C A K K r A

— Obrigado, mas, como dizia, eu amo.


Tristemente, com voz maguada o apaixonado
Baltahzar, emquanto, em grita, os Allemães bebiam,
iniciava o poeta estupefacto nos mysterios do seu
amôr.
11 horas cantaram. Marcello satisfez a despeza
commum e ia despedir-se.
— Meu caro sr. Balthazar de Bem a sua palavra
é muito agradavel e a sua historia verdadeiramente
engraçada, mas o calôr está insuportável...
— Vae sair?
— Pretendo.
— E’ esperado por alguém ?
—Não, vou sem rumo. Caminharei ao acaso. Quero
arejar-me, disse o poeta.
— Pois seu Marcello, eu o acompanho.
Sahiram. Caminhavam de braço dado. Balthazar
contava a sua historia. Marcello ouvia a historia de
ZULIN O , esgarçando veus tenues,espira- Balthazar. Caminharam. Parmilharam calçadas. Dobra­
lava o fumo dos cigarros. A velha bras- ram esquinas. Surgiram, ao fim de extensa meia hora
serie da “ Praça Quinze de Novembro” , de jornada, na rua da Igreja.
em Porto Alegre, rumorejava, cheia. — Vamos ao Alto da Bronze ?
Toda a Allemanha, reunida em torno — Vamos, concordou o poeta.
d’aquellas mesitas, bebia e rugia. Mas Desceram conversando. A noite estava soberba.
ao fundo da sala, cada um em sua mesa, cada um O luar branqueava o céo.
com seu chopp, dois vultos meditavam silenciosos. De repente Balthazar esbarrou e, tremulo, apon­
Entreolhavam-se, por vezes, com uma vaga sympa- tando uma casa illuminada, sussurrou ao novo amigo.
thia nos olhos. Era natural que se sentissem mutua­ — E ’ alli!
mente attraidos um para o outro: eram as únicas O que ?
pessoas desacompanhadas e silenciosas naquelle fes­ - A casa do commendador pae da minha amada
tivo logar de algazarra e alegria. O primeiro typo era Festeja hoje o anniversario da minha cunhadinha com
remotamente loiro, parecia um bohemio, o segundo esse baile cuja magnificência eu advinho pela abun-
suavemente moreno, parecia um dotor. dancia da luz. Teria dado dez annos de vida por um
De prompto, fixando o bohemio, disse o dotor: convite para essa festa.
— Está fresquinho! Marcello deu uma sonora risada.
— Acho, ao contrario, que o calor abrasa. — Mas então é pela filha do commendador que
Houve, depois destas rapidas palavras, um silencio você está apaixonado ? 1 Porque não me disse ? ! Já
ceremonioso. podia estar lá dentro valsando.
— Como ?
No ventre do relogio, suspenso á parede gemeram - O commendador é o maior dos meus admira­
dez horas. dores. Sou intimo, sou como filho nessa casa. Vou
— São dez horas! murmurou o dotor. apresental-o ao commendador. Vamos.
O bohemio, fazendo-se accessivel, convidou-o: Balthazar sacudio as abas do frack, impertigou-se
- Porque não vem para esta mesa? Conversare­ todo e consultou o companheiro,
mos um pouco. — Acha que posso ir assim ? Estou decente ?
O dotor, pegando o seu chopp, transportou-se com — Decentissimo !
elle para a mesa do bohemio. Foram.
Estendeu a mão ao amavel desconhecido e mur­ Subiram vagarosamente as escadas, e no ultimo
murou, apresentando-se: degráo d’ellas, com absoluta segurança, Marcello or­
- Bathazar de Bem, do 6° anno de medicina. denou ao creado.
- Grande honra em o receber a minha mesa. — Vá chamar o commendador.
- Com quem tenho a honra de discretear? Desapareceu o creado e reapareceu com o com­
O que tinha o ar de um bohemio declinou o nome. mendador.
— Marcello Gama! Risonho, baboso de tão amavel, apossando-se da
— E’ estudante? mão commendadoresca, o poeta apresentou o estu­
— Não senhor, sou poeta. dante :
- Ah! é poeta! Não imagina como sou feliz em — Sr. commendador ! O meu amigo desejava ar­
tratar com um poeta nesta occasião solemne. dentemente, violentamente assistir ou tomar parte
— Solemne?! nesta festa. Tomei a liberdade de o trazer e tenho a
— Sim, solemne para mim. Os poetas são almas honra de vol-o apresentar : é o Sr. Balthazar de Bem,
sensíveis que comprehendem as dores alheias. do 6o anno de medicina.
— Soffreis, mancebo? Interrogou Marcello, de um O commendador, com a sua gentileza de homem
modo interessante, quasi sem ironia. viajado, estendeu ambas as mãos ao sextanista.
!M — Soffro. Eu amo! affirmou solemnissimamente — Grande honra em recebel-o. Não se constranja
Balthazar, dando um beijo no chopp, e, como o outro e dispense qualquer falta por que tenho a casa cheia.
sorrisse, elle esclareceu: Balthazar sorrio, encantado. Sempre risonho o com­
|- — Vim aqui, casualmente. Pode crer que trata mendador amabilissimamente perguntou ao bardo :
com um rapaz serio. Eu sou até positivista. — Mas ao senhor quem apresenta ?
- O senhor tem o grave aspecto de um homem — Ah ! eu me retiro !
austero. F r e i A n t o n io

Chapéos Modelos
Bellissima variedade de chapéos modelos para
senhoras e meninas : acaba de receber das prin-
cipaes m odistas de Paris A C A S A R Â U N IE R
í .t / N / c T: c ' í >
5

/. Tendo o Congresso de Estudantes reunido em Montevidéo deliberado que annualmcníe, os estudantes


da America relebrassem a 21 de Setembro, a festa da Primavera, os desta capital reabriam esta inoffensiva
passeata de que resultaram os selvagens attentados de quarta-feira.
II. Os estudantes na Avenida. — U I. O monomio dos estudantes.
CARETA

Aproveitando a incomparável occasião, prevenimos


ás namoradas dos nossos amigos, como Bastos Ti­
De Marselha, com uma carta muito amavel e gre, ou confrades, como D. Xiquote, que a redacção
da Careta, não sendo a posta do Sr. Tosta, não sen­
muito perfumada, enviaram-n’os, para ser entregue a te grande alegria em ser intermediaria de suspiros.
Bastos Tigre, o seguinte soneto:
REGARDE A’ M O I! Communica-nos o Dr. Mello Moraes que por
A. M. B a s t o s T ig r e . estes 15 dias mais chegados exporá á venda a sua
nova obra — "Um leader da Camara,, — continua­
(Souvenir) ção do seu bello romance — Um estadista da Repu­
Psyché de mon amour, étoile de 1’Orient, blica — que tão legitimo successo causou no passa­
chagrin de ma jeunesse, éternel fiancée ! do quatriennio.
Rose blanche de Tâme oü éclore la rosée
de le désir humain magnifique et sanglant; O campeonato politico, cujo primeira prêmio é a
taça Hermes, promette ainda rounds sensacionaes. Já
je te donne mon coeur, je te donne mon sang, se bateu com valentia o primeiro grupo : Seabra ver­
ma vi et les soupirs de mon âme blessée, sus Severino, e ha ainda mais outros muitos ins-
pleine de ton dedain des hommes et oubliée, criptos.
par un douce regard de tes yeux rayonnants ! . . .
Temos noticia dos seguintes :
Tes y e u x ... lis son le ciei de le ciei ventable ; Laet versus F. Mendes
le ciei de la beauté ironique et implacable, Bias versus X . Salles (X. é Xico)
oü le jour de la Mort c’est Taurore de rê v e ... Assis Brasil versus Pinheiro
Paiz versus Tribuna
Regarde á moi 1 Baiser d’Amour le plus hautain! Glycerio versus Villaboim
mon âme est la douleur delicieuse, en trê v e ...
Vision! Regarde á moi dans cette n u it... de lo in ... O torneio mais sensacional será o que está an-
nunciado para 1911. Para esse estão apenas inscri-
L a u r in n ic e D e l o u r n y ptos dois lutadores : Hermes versus Wenceslau.
Marseille 30, Juillet, 1909.
Pessoas que foram assistir a exposição pecuaria de
O publico é testemunha de que aqui o deixamos Bello Horizonte, vieram encantadas com o Sr. Fran­
á inteira disposição do Sr. Bastos Tigre. cisco Salles.

É UM A C R EA Ç Ã O
=- ' = 3 M E D A LH A S DE OURO

S c i f r e i s da p e l l e ?
Q u e r e is s e r f c r m e s a ?
u sae a

— LUGOLINA —
do Dr. Eduardo França
O M E L H O R R E M E D I O P A R A M O L É S T I A S DA
P E L L E , F E R ID A S , C O M IC H Õ E S , B R O T O E JA S ,
SA R D A S, PANNOS, M ANCHAS, ETC .
Consagrado na E u rop a e nas
Republicas Argentina, Urnguay e Ch ile.

V E N D E - S E EM T O D A S AS D R O G A R IA S ,
P H A R M A C IA S E P E R F U M A R IA S
= D E P O S IT Á R IO S : =

A R A Ú JO F R E IT A S & C .
114, Rua dos Ourives, 114
Bebam a saudedo gran de successo que tem tido a Lugolina - - - - - - :R H Q D E JÂ N E D R © = ^ =
CARETA

Versos para Theatro—Num Con­ T I C - T A C


gresso das bellas artes, a Arte
faz, apresentando-as, a apo­ M A V E L , d’ essa amabilidade affagadora
logia da Architectura. comparável aos vellutineos pellos que
ocultam as afiadas garras de certos ani-
A ARTE maes ferozes, o doce Henrique Chaves,
o cruel Tic-Tac entendeu de comprovar
a exhuberancia do genio brasileiro pro­
Eu sou a própria Arte Suprema, clamando a incapacidade da nossa gente.
Sou a Padroeira da Emoção.
Enfecho em duplo e aureo diadema O theatro foi o campo de explora-
A Intelligencia e o Coração. çãoescolhido pela meiguice agressiva de Tic-Tac, o
qual, sem a ajuda de Deus nem a protecção do Diabo,
Dispenso aos gênios da Pintura si não demonstrou a nossa imbecilidade, como pre­
As côres fortes e os leves tons. tendia, soberbamente demonstrou a infinita largueza
Quanto aos da Musica assegura da nossa paciente tolerância.
A Natureza os vários sons. Segundo Tic-Tac não possuímos um theatro apezar
de estar alli, na Avenida Central, o sumptuoso Mu­
O movimento coube á Dança nicipal; não teremos artistas, apezar de havermos
No leve giro e o pé veloz,
E a alta Eloquência tem a herança possuído João Caetano e possuirmos Nina Sanzi,
Do que é capaz a humana voz. Lucilia Simões e mesmo Lucilia Peres; não temos
autores apezar de serem brasileiros, além de outros,
Teve a Esculptura o camartello Coelho Netto e Goulart de Andrade.
Que arranca á pedra Apollo ou Zeus, Si o amavel Tic-Tac, com um pouco de bôa vontade
E a Poesia, fonte do Bello, e sem grande esforço, quizesse chegar ao Theatro Re­
Torna o poeta egual a Deus. creio, poderia vêr, em ensaios, uma esplendida peça
de autor brasileiro — o Albatroz, de Oscar Lopes.
Mas esta excede a todas ellas
Não ha publico, entende T ic -T a c ... apezar das
Dá-lhes abrigo em paços reaes,
E se as defende em cidadellas, companhias estrangeiras, principalmente as luzitanas,
As santifica em Cathedraes. não perderem grandes capitaes quando, annualmente,
disinteressadamente, sem idéas de lucro, movidas por
sentimentos de altruísmo civilisador, visitam estas
A Architectura incultas terras.
Af nal é comprehensivel a attitude de Tic-Tac:
Henrique Chaves defende interesses de família.
Já tinha tido a ventura
De ouvir o meu elogio
Desde Homero até Renan,
Por tantos outros, que á altura
Dos céos meu nome subiu
Como o sol pela manhã.
MELOPÉA
Estando longe de ti
Mas ouvil-o assim da bocca, No meu retiro mviolado,
Da própria bocca materna, Gracosa e leve, senti
Da Arte, mãe de todas nós, Tua imagem ao meu lado.
De prazer me sinto louca,
Na minha mudez eterna Fui procurar-te... Senti,
Só do orgulho se ouve a voz. Junto ao teu corpo inviolado,
Que estando eu perto de ti
Eu, que num giro infinito, Não estavas ao meu lado.
Das artes o mando exerço,
A todas dictando leis, V o l -T air e
Nasci nas plagas do Egypto
A pyramide é o meu berço,
Sendo o turnulo de reis.
VELHO PROLOQUIO
E m ílio de M e n e ze s A noite, juntos, da janella a um canto,
Sentindo no meu rosto os teus cabellos,
Passamos mudos, e falíamos ta n to ...
P o rq u e... falíamos pelos cotovelos.
Minas Geraes, 1909
B e l m ir o B r a g a
^■ 1

CARETA

O bonde da Tijuca partiu já completamente abarro­


tado de passageiros, como aliás sempre lhe acontece.
Ali pelas alturas da rua Haddock Lobo duas se­
nhoras o fazem parar e começam como de costume
O Desinteresse a^correr de banco em banco para ver se algum cida­
dão mais ingênuo se levanta para ceder o logar con­
quistado sabe Deus com que sacrifício.
A scena se passa na formosa princeza da Mas os passageiros do bond da Tijuca são fero­
serra, a Petropolis dos diplomatas, e dos apa- zes. Mergulham a cabeça nas paginas da Careta ou
d’0 Filhote e nada. . .
tacados e tam bem dos moços bonitos. Afinal, depois de irem até o ultimo banco, uma
Um destes, depois de um sem numero de dellas desesperada, bradou:
planos, conseguiu conquistar o coraçãozinho — Ah 1 Também é de mais! Não ha um que seja
palpitante de uma das moças mais ricas que civil entre tantos!
existem no Brazil, onde aliás se fazem cada vez Um capitão que ia no terceiro banco levantando-
mais raras. O moço bonito era um dos mais intel- se então respondeu:
ligentes da vasta confraria e tanto assim que sem — Eu ia ceder o logar. Mas já que V. Ex. pro­
officio nem beneficio é considerado um dos árbitros cura os adversários... toque o bond.
das elegâncias cariocas.
E o bond da Tijuca, completamente abarrotado lá
Ora, como os senhores sabem, quando a gente seguiu deixando as duas senhores á espera de outro.
tem uma sortezinha, o mundo dos invejosos se agi­ Absolutamente authentica.
ta e tece todos os planos para ver se nos surripiam
as nossas boas fortunas. Foi isso o que aconteceu
ao Waldemiro. Toda a gente vivia a dizer á noi­
va que elle só a requestára não por seus bonitos O CHOQUE TRAUMÁTICO
olhos, o que aliás era uma grande verdade, pois que
a menina além de ser myope soffrera de ophtalmia A R C H A V A , veloz, o comboio. A gritaria
que lhe avermelhara as palpebras, mas sim por causa alegre dos estudantes transbordava pelas
dos seus bonitos contos de réis. E’ bem de ver que
a pequena não acreditava, porque é mais facil con­ janellas dos carros e repercutia, vibrante,
vencer uma moça de que o Pão d’Assucar cahiu e na noite. O nome de Santos Dumont, que
tapou a barra do que capacitar-se incapaz de endoi- os rapazes iam festejar em S. Paulo, can­
decer de amor uma duzia de rapazes. Mas tantas ca- tado e rugido por milhares de boccas,
raminholas introduziram na cabeça da moça, tantas
vezes lhe repetiram que o noivo era um interesseiro, soava ao rythmo tremendo dos wagons solavancados.
que ella resolveu experimental-o. E quando á tarde, A’ margem da estrada, beirando-lhe o leito, tudo
foi vel-a, levando-lhe como todas as tardes um for­ ermo, fechado, aferrolhado. Povoações, villas, cidades
moso bouquet de violetas de Parma que o chacarei- inteiras aferrolhadas com medo dos estudantes que
ro lhe fornecia a praso de casamento, ella tomou-lhe
a mão e conduzindo-o para um caramanchão ao passavam rindo e cantando, arrastados atravez da
fundo do lindo jardim do palacete perguntou-lhe á noite e dos campos.
queima-roupa: Quando atravessava uma região semi barbara o
- Promettes falar-me com absoluta franqueza? comboio foi apedrejado. Um estudante que, á janella,
- Prometto, volveu o moço bonito, admirado.
- Juras ? poeticamente respirava a brisa nocturna mirando as
- juro ! estrellas, recebeu uma pedra no frontespício. Deu um
- Pois bem, disseram-me que queres casar com- grito e cambaleou ensanguentado. Correram, solíci­
migo unicamente por causa da minha riqueza. tos, os companheiros de wagon em seu auxilio. O
- Que infamia! Eu casar-me-ia comtigo mesmo
que fosses a mais pobre de quantas moças vivem em que foi ? O que é ? bradavam. “ Foi um choque trau­
Petropolis. mático !„ explicou scientificamente o Camará. “Um
—- Prova-me que isto é verdade e serei a mais choque traumático !„ repetio apavorado um estudante
feliz das viventes ! de direito e, não duvidando de que se tratava de um
— Pois bem, se assim o queres, faz-me doação
de tudo quanto possues, de sorte que fiques absolu­ desastre na linha ferrea, quebrou o vidro da caixa de
tamente sem nada e á face do mundo e para fazer soccorros e fez parar o trem.
calar esses que nos invejam casar-me-ei comtigo! Esse estudante representa, na Camara, um pros­
Não foi necessário continuar. A jovem millionaria pero Estado do Sul.
precipitou-se-lhe nos braços convencida.
Seguiram para a Europa no Araguaya em classe
distincta.
Entre feministas.
A estima unidos os têm, A mais velha—Creio que você é como eu de
Mas, ó caso original, opinião que cada uma de nós deva ter direito a um
G o u la rt.. . de Andrade diz mal, voto, não é assim ?
L e a l... de Souza não diz bem. A mais nova—Isso é muito para mim. Ainda lá
não cheguei. Por emquanto sou da opinião que cada
Em uma festa. uma tenha direito a um votante.
O Carlinhos ao ver um convidado a encher
os bolsos com os charutos do pae.
Este diabo deve ser musico por força, O Dr. Monteiro Lopes proporá na revisão das ta­
porque senão não conseguiría com tanta faci­ rifas a elevação da taxa para os vinhos brancos e o
lidade fazer uma oitava. abaixamento da dita para os tintos.
/. Acadêmico de medicina Ribeiro Junqueira, natural de Minas Geraes, 19 annos, ferido no Largo de
S. Francisco fallecido na Santa Casa.— II. Acadêmico de Medicina Jo s é de Araújo Guimarães,
17 annos carioca assassinado no Largo de S. Francisco.

Promotores do Gomflkto)

1. Augusto Barbosa dos Santos.—2. Belisario Henrique da Costa.—3. Joaquim Mathias dos Santos,
cabo da cavallaria policial, indigitado assassino dos acadêmicos Junqueira e Guimarães.
4. Terencio Antonio dos Santos. — 5. Jo s é Lima Levei, soldados de cavallaria da policia, que á
paisana promoveram as desordens no Largo de S. Francisco.
AS O C C U R R E DE QUARTA-FEER

/. Piquete de cavcillaria que acutilou o povo no Largo de S. Francisco, depois do assassinato


dos estudantes. — II. Acadêmicos no Largo de S . Francisco no momento do conflicto. — III. Estudantes
e populares no Palacio do Cattete onde foram pedir justiçarão Presidente da Republica.
CARETA

E, na noite densa, á caricia do vento, sob as ar­


i o y i s b i o vores copadas, sonhando as delicias do ceu, os meus
lábios beijaram os olhos de Virginia.
1IDA, quasi tremula, a doce inspira- P aulo
dora dos meus sonhos parecia recuar,
fechando os braços aos braços que Risonho, com um ar de triumpho, radiante a face,
eu lhe estendia. apparece-nos um concurrente ao concurso de carta­
— Tenho medo! zes aberto pelo Bromil.
- Vieram muitos cartazes? pergunta.
— Medo ! De quem ? julgas por­ — Muitos.
ventura, senhora minha, que o teu escravo repelle — Uns 5 ou 6 ?
as cadeias que lhe estendes e jura vingança contra — Não senhor, cerca de 50.
o suave jugo de tão linda tyranna ? - 50 ! Que espiga ! berra o homem e sae porta
a fora, com um ar medonho de general vencido.
- Tenho medo da noite !
— Formosa amada minha, a noite é a mortalha Aos embates de um, certeiro,
dos covardes, o sudario do crime, a alma do mal en- Do outro no caule encravado,
negrecendo o espaço, mas também é o asvlo dos me­ Baqueia o rijo Pinheiro,
ditativos, o abrigo vasto dos perseguidos, o agasalho Quebra-se o ferreo Machado.
dos amores que, como os nossos, não tem liberdade
para cantar á luz do dia a gloria que irradiam. Pede-nos o Sr. José Carlos de Carvalho para de­
- Nãõ, não é a noite, é o vento que eu temo. clararmos em seu nome que não foi S. S. o autor
da brincadeira de misturar cognac na agua com as-
- Mas o vento, formosa, é o vassalo aereo da sucar que o Sr. Pedro Lago bebia quando pronun­
tua formosura. Aperta-te voluptuosamente nos seus ciou o seu ultimo discurso. Isso foi com certeza
braços invisíveis, affaga as roupas que te cingem a obra de algum civilista disfarçado.
estatua, espalha-te a cabelleira a feição de vencedo­
res pendões, e leva o perfume da tua carne para dar A proposito da já hoje celebre conspiração...
perfume ás flores inodoras. O que ha de verdade é que emquanto a policia
— Temo as arvores: procura conspirações e conspiradores, por toda a ci­
dade campêa a jogatina e os gatunos gozam a mais
— E porque temes as ar­ bella de todas as vidinhas.
vores, si as arvores te amam ? E é só.
Olha. Vê como as arvores arre­
dondam as frondes sobre a tua U M A I L L U S Ã O
cabeça arqueando-as em dóceis
mais faustosos que os dos thro- O Sr. Xico e a Senhora D. Quiteria discutem :
- Sr. Xico — Diz filha, o que tens ? o que queres ?
nos reaes. o que desejas? Pois te vejo tão contente, estou
— Não, meu amigo, não te­ admirado !!!
mo as arvores, temo o céo, o - D. Quiteria — Não meu
amôr, quero apenas que me
céo tão alto, tão estrellado, e tragas uma couza quando vol­
para o qual levantas saudosa­ tares.
mente os olhos. - Sr. Xico — Queres tal­
— Não temas o céo, for­ vez um bom vestido para ir
ao Theatro Municipal??
mosa dona de minh’ alma. O — D. Quiteria — Não meu
céo já não attráe os olhos do teu escravo, por­ coração, ainda não advinhaste.
que o céo, para o teu escravo, é a felicidade — O Sr. Xico — Ah ! Ja
na terra. sei! Queres um bom chapéo,
ou um bom calçado dos últi­
- Sim, mas o céo é bello ! Eu desejaria pos- mos modelos.
suil-o! — D. Quiteria — Nada dis­
Eu t’o posso dar. to me serve, quero apenas que
me compres o X a r o p e <fo
- E o céo é teu ? R o s q u e , afim de me ver
— E ’. livre d’esta malvada tosse e
bronchite asthmatica, que ha muito tempo me perse­
— Quem t’o deu ? gue; pois que estou convencida ser uma grande illu-
— Tu, porque o céo é teu. são usar-se outro xarope.
- Meu ? Deliras, meu amigo, ou entreteces phan- — O Sr. Xico — Ora graças a Deus, e precisavas
tanto tempo para pedires esta pequena cousa? E
tasias para encantar o meu espirito deslumbrado ! onde é que se vende este xarope filha?
— Olha, querida, eu vou beijar o céo Verás que — D. Quiteria — Na Drogaria de Freire Guimarães
o céo é nosso. & C., a rua Frei-Caneca n.° 52.

Telephone 872 Chapéos i ngl ezes iHelton france-


CfíSfí OUVIDOR zes Saus P areil calçado Americano H a n a n e
Packard
■ - 171 — O U V I D O R — 1 7 1 —---- -
CARETA

Noticiaram os confrades diários: Em um baile.—A dona da casa a um convidado.


“ O vasto palacio de Itamaraty illuminou-se para — Ora Dr. Arnaldo, o senhor que é tão jovial
receber as gentis senhoritas Saenz Pena, sobrinhas está hoje tão triste.
do Dr. Saenz Pena, illustre diplomata argentino que - Mas que deseja V. Ex. que eu faça ?
ha pouco nos deu a honra de sua visita. O Sr. Mi­ — Pense numa tolice qualquer e diga-a para nós
nistro das Relações Exteriores, offereceu-lhes um rirmos.
banquete intimo, convidando para nelle tomarem
parte algumas familias chilenas, argentinas e perua­
nas,,. No collegio Bernardo de Vasconcellos, ex-Gymna-
A absoluta exclusão das damas brasileiras d’esta sio Nacional, ex-lnstituto Nacional de Instrucção Se­
festa é naturalmente explicada pelo desagrado com cundaria, ex-collegio D. Pedro Segundo.
que seriam vistas pelas convivas do Sr. Ministro. O professor de Histor.a explana longamente o
reinado de Catharina da Rússia. Conta os grandes
Convêm recordar que nem no Chile, nem no Pe­ acontecimentos de que foi theatro a Europa quando
ru, nemtna Argentina as familias brasileiras recebem “essa da Rússia, imperatriz famosa,, governava. A
festas ou quaesquer demonstrações de carinho, gra­ um certo ponto interrompe-se e encarando um dos
ças á sabia politica do Sr. Ministro das Relações Ex­ alumnos que enlevado em algum sonho amoroso,
teriores. distrahia-se a olhar pela janella, perguntou-lhe de
sopetão :
— A proposito, Sr. Magalhães, que idade tinha
— Que grande patife aquelle teu amigo, Sera­ Catharina ?
fim ? — Quinze annos incompletos, suspira o pobre
— Patife não, é até um rapaz muito sério. Que rapaz com o olhar húmido.
te fez elle ?
— Apostou cem mil réis commigo como eu era
incapaz de acertar um tiro de revolver numa porta a
5 metros de distancia. Acceitei, depositamos o di­ Consta que o Dr. Estevão Pinto, secretario do
nheiro em mãos de terceiro e sabes o que elle fez ? interior do governo de Minas, attendendo ás mani­
— ? ! festações de profundo arrependimento, e grande des­
- Mediu os cinco metros, entregou-me o revól­ animo de que tem dado mostras o Dr. Wencesláo
ver e dep ois... Braz nestes últimos dias, depois que o Correio de
— Depois? Minas tem publicado a correspondência do conse­
— Abriu a porta de sorte que só vi diante de lheiro Affonso Penna, mandou cortar todas as figuei­
mim uma fita de uma pollegada de grossura, na qual ras existentes em Bello Horizonte.
eu creio, não acertaria nem a queima roupa. Isso é que se chama um homem precavido.

UMA SURPRESA

A r e p u b lic a C é u s ! ... M a is u m r e b e n t o ! ...


Aarão, espetamos o dedo para o tecto e em tom cavo
e solemne respondemos ;
— Ao interesse publico !
O engenheiro, ficou perplexo. Depois sorriu, com
um sorriso ironico.
— Interesse publico !
— Sim, caro doutor. E ’ necessário transmittir ao
povo algumas explicações de V. S. a respeito...
— Da Estrada de Ferro? — interrompe S. S.
— A respeito... a respeito do motivo que o pren­
deu para sempre aqui na Central, como director.
O Dr. Aarão sorriu de novo e retrucou :
— Ora esta ! O que me prende aqui neste posto
de sacrifícios é o patriotismo !
Para nós foi uma grande surpreza esta explicação
tão clara ; ficamos enleiados, murchos, a tornear o
chapéo na mão, de olhos baixos. Arriscamos uma des­
culpa :
—E’ que nós pensavamos que houvesse outro mo­
tivo que não o patriotismo... Pensamos que o cargo
de director da Central tivesse alguma vantagem ... a
remuneração por exemplo.
— Lá isso tem! — redarguiu S. S. — Sou remu­
nerado pelo meu patriotismo! E estou admirado que
todo mundo não perceba quão grande sacrifício é
para mim a permanência na direcção da Central!
— Sacrifício como?
— Escute. Como é notorio eu fui escolhido pira
director da Central pelo meu grande amigo, o presi­
dente fallecido: para servil-o acceitei o cargo ! Pro­
curei desde logo melhorar as condicções da principal
via-ferrea deste paiz essencialmente agrícola: fundei
o cinematographo. A imprensa me desanca numa
opposição terrível: não recuo e eccommendo fitas
novas. O Dr. Miguel Calmon não occulta a ninguém,
nem mesmo a mim proprio, o quanto lhe era desa­
gradável a minha administração; não recuo, permaneço
Gastão Ferreira de Almeida, vencedor do record de director da Central. Fallece o presidente que fez a mi­
nha nomeação,o presidente que era o meu maior amigo,
velocidade. Fez o percurso de 72 kilometros, o homem que me ergueu na vida: todos os ministros
numa Berliet 60 H P, em 1 hora e 5 segundos. todos os administradores se demittem com a vinda do
novo governo, hostil ao governo passado. Não recuo,
permaneço director. Sei que não goso da confiança
ESTRADA DE FERRO CENTRAL do governo actual.. . e apezar destes sacrifícios todos,
ainda ha quem duvide do meu patriotismo?
Nós ficamos esmagados. O Dr. Aarão percebeu
Interview com o Dr. A arão Reis que o seu patriotismo estava nos commovendo até
as lagrymas. Exultou.
A E. F. C. B. anda agora dando muito que falar Demos por finda a missão. As explicações sobre a
de si : não ha dia em que as suas locomotivas não sua permanência como director satisfizeram-nos ple­
façam alguma proeza sensacional. Ora é um homem namente. E á despedida, dissemos:
que apanham de surpreza no caminho reduzindo-o a —A patria lhe será grata por tamanhos sacrifícios!
postas, ora é um outro comboio que estralhaçam en­ Mas ella não pode exigir mais de V. S. O Governo
trando erradamente num desvio, ora é um atrazo na vae agora dispensal-o deste longo soffrimento!
chegada etc., etc. O Dr. Aarão empallideceu, dizendo:
E como os jornaes reclamam contra estas cousas — Vira esta bocca p’ra lá, Careta!
todas, a figura do director da Central vae se tornando Não o comprehendemos, O Dr. Aarão Reis é um
muito interessante. Resolvemos interviewal-o. patriota mysterioso
O Dr. Aarão Reis recebeu-nos em seu gabinete Nilo, embaixada de ferro no homem e quanto
com um sorriso amavel : antes!
— Oh, formosa Careta \ Como vae a familia ?
—- Perfeitamente bem, illustre Aaaaarão ! Tanto a O sr. Jesuino Cardoso é um moço muito viajado,
velha mamãe Kosmos como meu fedelhinho O F i­ superiormente viajado por isso que varias são as
lhote ! suas viagens de S. Paulo para aqui e de S. Paulo
— E a que devo o prazer da visita ? para Santos.
Nós, por natureza, não temos geito para as cousas S. Ex.a em breve vae publicar um livro de viagens
graves; mas, para respondermos a tal pergunta do Dr. que o mundo político espera com grande anciedade.

CREAÇÃO INTEIRAMENTE NOVA


O m a is e le fa n te e o m ais confortável
— M A N U F A C T U R A D O E M P A R IZ =
123, RUA 5ETE DE 5ETEnBK0, 123 mm cfl5fl cflvt)
AGUA OXYGENADA DE C U S T E R
P E R O X Y D O DE H Y D R O G E N E O DE C U S T E R = 0 M A I S P O D E R O S O A N T I S É P T I C O
Infallivel contra erupções e outras moléstias da pelle, refresca e amacia a cutis e mantem a mais es-
tricta hygiene do corpo, usada nos banhos externos e lavagens internas e na toilette.
Para a hygiene da bocca e a conservação dos dentes não tem rival.
As moléstias da garganta são efficazmente combatidas com os gargarejos deste producto.
O uso deste preparado como loção torna louros os cabellos.
Cada vidro traz as indicações para os diversos usos e applicações. Vende-se nas pharmacias e perfu­
marias aos preços seguintes: 150 grs., 1$500; 250 grs., 2$500; 500 grs. 4$000.
A melhor agua oxygenada é a preparada nos laboratórios da

Custer C h em ical Com p an y, de N ew York:


e a de maior uso em todos os hospitaes e casas de saude.
D e p o s i t á r i o s : D E L A R A L Z E <£• Co. 8 0 — R L A D E S. P E D R O — 80
R ep resen tan te: A . V A R O N A n i o /> /; .1 A X E I It O

BEBAM

SALUTARIS
A [RACNlrflA

d a s a g u a s de m e sa fi lwS R p

MAIS N O V ID A D E S!
______ E s s ê n c i a s sem á l c o o l -------
ILlusion Rose Dralle
Illusion Yio le tte Dralle
lllusion L ilá s Dralle
Illusion H e lio t r o p e Dralle
Illusion Na rei se Dralle
Illusion ULufftiet Dralle
Um a gotla basta para perfum ar deliciosa e persistente­
m ente qualquer objecto. Preço do vidro, em estojo de m adeira
de fe itio de um pharol, .5$000 em todas as boas casas de
perfum a ria s. E j c i y i r ti tm ir c ii tic in o i :

< O X C E S M O X A K IO S l»A lí A O I t lt A Z IL :

- - - - - - IIIII1S HERMAHHY S C 0 M P . =
R IO D E J A N E I R O
REDACÇé

A N N O ....................
Careta
E © F F E C E N A S s R U A D A A S S E M B L É A , 70 — RE© D E JA N E 1 R ©
ASSIONATURAS
ó S o o o | S E M E S T R H .............. 8$ooo
.
jl CA PITAL . . . .
NUMERO
3 oo
AVULSO
Rs. | E S T A D O S ............. 400 Rs.

E D I Ç Ã O D E " K Ó S M O S '

n . 70 | R IO D E J f l H E I R O — S a b b a d o — 2 — O utubpo — I?G? | f l H H O II

 Ihomira á e oamni deshoirnradlo

EUa — Deixal-os seguir. Si tu reages ainda é peior. Elles te conhecem perfeitamente


e são capazes de dizer alguma verdade que o publico ainda ignora.
CARETA

TELEGRAPHO SEM FIO O SR. HONORATO A LVES—Essa é toda a mi­


nha esperança. Mas voltando ao assumpto principal
da oração de que me desviei para attender aos apar­
(S e rv iço de u ltim a h o ra ) tes com que me honraram os nobres collegas e que
aproveito a occasião para agradecer...
Estanisláo Zeballos—Profundas do Inferno (onde
o Diabo o conserve). O jumento do seu nome vege­ O Sr. Manuel Fulgencio—Não ha de que.
ta em Minas numa apagada obscuridade pois apezar O SR: HONORATO A L V E S ... eu repetirei que
de dar tantos coices e zurros quanto os tem dado abomino as lutas, tanto as que se travam no seio
ultimamente o seu padroeiro não conseguio, menos dos parlamentos e de que a arma é a lingua, como
feliz do que este—igualar em nomeada, gloria e fa­ as que resultam dos choques de elementos armados
ma ao egregio estadista a quem iguala no nome e e que produzem as tremendas hecatombes humanas
nos méritos. que atrazam de séculos o evoluir da humanidade !
Presidente Monte—Santiago do Chile— O povo (apoiados)
brasileiro antes de censurar o seu governo por ha­ O Sr. Rogério de Miranda — Então diga logo
ver tratado com o do Peru sem ouvir o Chile deseja que V. Ex. é pacifista.
saber quantas vezes o governo do Chile deu conta
ao do Brasil da marcha das negociações relativas á O SR. HONORATO A LVES—Perdão, eu sou mas
questão de Tacna e Arica. é mineiro, e dos bons. E por ser mineiro mesmo é
que estou nesta tribuna. Porque todo o mundo pen­
Valete y Hermanos—Buenos-Ayres—Em todas as sa agora que a bancada de Minas é onde se assenta
escolas regidas pelo methodo amansa burros pode a Mãe Joanna. Cada um chega e dá a sua pancada.
ser empregado o systema argentino de coroar com Não, meus caros collegas, não, Sr. presidente, isto
orelhas de asnos os estudantes relapsos. As orelhas também não pode continuar assim. Então é só a
mais apreciadas, por serem as maiores, são as mo­ gente apanhar sem um protesto ? Os senhores não
deladas sobre as do Presidente Alcorta. me dirão porque ?
Larrástago—Buenos-Ayres — Os sapatos do Sr. O Sr. Delfim Moreira—E ’ despeito, meu caro
Montes de Occa são moldados sobre as ferraduras collega, contra a sabia política do nosso grande che­
do Sr. Victorino de La Plaza. fe senador Chico Salles.
O SR. HONORATO A LV ES—Não sei se será por
isso, ou então por inveja das grandes e luminosas
CARETA PARLAMENTAR intelligencias de que se compõe a bancada. Essa é
que é talvez a principal razão, talvez a unica. Pois
bem Sr. presidente, eu que sou avesso ás lutas como
O SR. H O N O RA TO A LV ES—Eu sou Sr. presi­ disse, quando se trata de defender a bancada, sou
dente, um cidadão pacato, um homem avesso ás lu­ peior do que uma fera, e precipito-me na refrega
tas, tanto parlamentares como ás ou tras... como Roldão contra os turcos no Campo de Agra-
O Sr. Jo s é Carlos—Já sei que V. Ex. se refere mante, quando os infiéis sob o commando do rei
ás lutas romanas. Eu sou também inimigo daquelles Nabucodonosor se preparavam para invadir as pro­
estropicios. víncias da Gallia. (Applausos prolongados da banca­
O SR. H O NORATO A LV ES—Dessas nem eu que­ da mineira)
ro falar, Sr. presidente, por indignas de homens civi- O Sr. Astolpho Dutra—E nós aqui estamos
lisados. Quem é que vae no século em que estamos promptos a rebater com V. Ex. os golpes que nos
nelle ficar nú até á cintura para mostrar o muque, atirarem.
brigando ? Barbaridades, Sr. presidente, barbaridades O SR. HONORATO A LV ES—Ah ! Eu bem sei, e
da velha Europa.
é isso que me anima, que me conforta, que me re­
O Sr. Jesuino Cardoso—Não apoiado. E ’ até um tempera, que os meus nobres collegas de bancada,
exercício physico muito apreciável. dignos descendentes dos guerreiros de outr’ora estão
O SR. H O NORATO A LV ES—Já que V. Ex. o promptos a terçar as suas catanas ainda virgens é
diz, acredito, mas como sempre fui muito inimigo da verdade mas dignas dos mais gloriosos destinos, em
physica, que me deu que fazer quando estudante, defesa da sacrosanta fama de que temos gosado
prefiro outros exercícios que façam a gente suar desde que para felicidade nossa e do povo se pro­
menos e principalmente, porque eu sou muito pudi- clamou a Republica dos nossos sonhos. (apoiados
co, Sr. presidente, não obrigam a gente a ficar semi- gera es)
nú no meio de uma vasta multidão ululante, como O Sr. Jo s é Carlos—V. Ex. ao menos confessa
outro dia presenciei com espanto bem facil de conceber. que foi essa a Republica dos seus sonhos.
O Sr. Manoel Fulgencio—Também quem manda O SR. HONORATO A LVES—Mas naturalmente.
V. Ex. abandonar os nossos velhos hábitos de deitar Que outra republica poderia a gente sonhar? A
cedo e ir se perder nesses espectáculos? Olhe eu é republica da Suissa? Mas nós não somos suissos !
que lá não ia ; nem a páo. (apoiados) A republica franceza? Mas nós não somos
O SR. HONORATO A LV E S—Mas é que eu como francezes também, (apoiados geraes) A republica
parlamentar novel preciso estudar todos os aspectos americana do Norte ? Mas se nós somos americanos
da vida contemporânea. Demais nós legisladores de­ do Sul! (calorosos applausos) A republica Argentina?
vemos entender um pouco de tudo. Se amanhã al­ A republica do Chile; a da Colombia? Mas se não
gum enthusiasta propuzesse a creação de um curso somos argentinos, nem chilenos, nem colombianos!
de luta romana em nossos estabelecimentos de ins- (applausos frenéticos) Por força que só poderiamos
trucção, como iria eu votar desconhecendo o assump- sonhar a republica brazileira : os outros povos que
to ? Não Sr. presidente, gosto de conhecer tudo. Por sonhem as suas republicas, que nós sonharemos as
isso emprego meus dias e noites no estudo desses nossas. Isso não é uma affirmação egoistica, muito
aspectos da vida hodierna, para bem desempenhar- pelo contrario internacionalmente falando eu sou até
me da funcção parlamentar. bastante altruísta, mas a verdade manda Deus que
O Sr. Germano Hasslocher—V. Ex. faz muito se diga.
bem. Continue que ainda ha de chegar a ser um O Sr. Delphim Moreira—E a verdade é essa. Nós
consummado legislador. somos tão bons como os que melhores o são.
CARETA

O SR. H O N O RA TO A LV E S—Até hoje, Sr. presi­ vae narrar o facto ao boticário, muito indignado com
dente, temos deixado passar sem protesto essa pan­ o freguez malandro.
cadaria porque como disse a principio, somos inimigos — Não faz mal—responde o pharmaceutico fleug-
de lutas. Mas também até a paciência acaba por se maticamente—ainda temos um lucro de 300 réis.
esgotar, por mais Job, que se seja, Sr. presidente.
(apoiados da bancada mineira) E por isso é que
hoje eu venho declarar alto e bom som que estamos
agora inteiramente dispostos a responder a tudo
quanto nos atirarem em face.
GANHAR DINHEIRO
Se até de traidores nos tem chamado !
O Sr. Francisco Bressane—Isso é despeito, FACILMENTE—O conceituado jornal de Boston.
“The Nations Weekly,,, deu o seguinte parecer sobre
O SR. H O N O RA TO A LV E S—E é mesmo. Que é que O H y p n o tism o A fb rtu n a n te e C u ra d o r do D r.
queriam que o nosso digno chefe Dr. Wencesláo L a w r e n c e : “E ’
uma exposição clara e eloquente das
fizesse? Offereceram-lhe um logar no governo se lar­ forças invisíveis que governam nossas vidas; e, por
gasse a candidatura do nosso ex-collega Dr. Campista. praticarem os seus ensinos muitas pessoas têm sido
Queriam que elle a engeitasse ? Isso era ser tolo e beneficiadas financeiramente. Eis o que ensina este
quem é tolo, diz a sabedoria das nações, pede a livro. Como advinhar a sorte, minas de mineraes e
Deus que o mate e ao diabo que o carregue. Fez cousas occultas, dar recados ao longe pelo pensa­
muito bem. Isso é lá ser traidor? Quem foi que viu mento, aprender linguas com facilidade, descobrir in­
elle dar um beijo no Dr. Campista? Ninguém! Ora venções uteis, tornar pretos os cabellos brancos, afor-
ahi está. (apoiados e applausos) O que ha é que o mosear o rosto ou o corpo, crear amor ou sympa-
logar que elle vae occupar era ambicionado por thias, attrahir boa freguezia ou riquezas, alcançar
outros. Isso tudo é inveja da influencia politica do emprego vantajoso, curar neurasthenia, hysteria, para-
nosso Estado, que verdadeíramente agora é que está lysia, moléstia do coração e muitas outras enfermi­
na ponta, (calorosos applausos) Ditas essas palavras dades nervosas ou não, evitar a geração no caso de
Sr. presidente vou concluir, pedindo desculpas aos defeito ou perigo, corrigir vicios e máos hábitos. Pro­
collegas de lhes ter por tanto tempo occupado a cessos infailiveis dos fakirs, primeira vez aqui reve­
attenção. Mas é que se tratava do meu Estado, Sr. lados.
presidente ! E por elle estou disposto a tudo até ao
sacrifício da minha própria vida, como aquelle mancebo Grande volume com muitas figuras e 64 desenvol­
grego que armado de ponto em branco atirou-se a vidos capítulos. E ’ livro de resultados garantidos, nada
um abysmo horroroso que só de vêl-o metia medo, comparável aos methodos grátis. P re ço de p ro p a ­
para acalmar os deuses irritados. g a n d a IOSOOO. Comprar ao mesmo tempo as P a s t i­
Como esse mancebo heroico, Sr. presidente, eu lh a s Nervigor P o d e r M agn ético , que fornecem O
era capaz de me atirar do alto do Corcovado, só fluido necessário aos magnetisadores, restauram o po­
para vêr o meu Estado triumphante na Santa Cruzada der genital, impossibilitam o contag:o de moléstias
da Regeneração Republicana. syphiliticas ou venereas, curam a fraqueza da vista
Tenho dito. ou da memória e todas as moléstias nervosas, sobre­
tudo insomnia, neurasthenia e hysteria. Estas pasti­
(Bravos, palmas. O orador é muito cumprimentado lhas são uma combinação de phosphato (alimento dos
e abraçado por todos os deputados presentes). nervos por excellencia) e outras substancias que não
Ferrolho fazem o menor mal, mesmo nos casos de se estar
seguindo outro tratamento. P reço de c a d a c a ix a ,
Numa pharmacia. d on s m il r^is. INSTITUTO ELECTRICO —n .a d a
O caixeiro recebe 2$500, preço de uma receita. A s s e m b lé a n. 45. R io de Ja n e ir o . Dá-se grátis a
Mais tarde verifica que a prata de 2$000 é falsa e qualquer pessoa o ACCUM ULADOR.

Seria motivo de surpreza se alguém ainda igno­ va de dentes,como atraz dos dentes molares, nos inter­
rasse que não obstante a limpeza diaria dos dentes stícios dos dentes e nos dentes furados. Para se
com pastas c sabões dentrificios, os dentes, especi­ conservar uma dentadura perfeita c sã, isto é, livre
almente os mo­ de carie, é mister que se faça uso do dentrificio
lares, são ataca­ Odol. Este dentrificio penetra em todas as partes
dos de carie. Este da bocca, onde uma pasta ou um pó dentrificios
exemplo não é não attingem.
e n tã o bastante O Odol des-
para demonstrar tróe os ger­
que a limpeza mes c o r r u ­
dos dentes feita p to res dos
por meio de pas­ dentes, pro­
tas ou sa b õ e s te g e n d o -o s
dentrificios é to­ assim contra
talmente insuffi- a carie. Aconselhamos com insistência e boa con­
ciente ? Os dentes não se corrompem só nos pon­ sciência á toda pessoa, que deseja conservar os
tos onde podemos alcançar commodamente com uma seu s dentes sãos, de habituar-se a lavar cons­
pasta ou sabão dentrificios,não,este favor elles não nos tantemente a bocca e os dentes com o Odol. A’
fazem. A carie dos dentes manifesta-se exactamente venda em todas as pharmacias, drogarias e perfu­
naquelles pontos onde não se pode attingir com a esco- marias.
C A R E T A

GAVETA DE CARTAS Casilda Campos (S. José do Norte). Sentimos


muito, senhorita, mas os seus lindos e delicados ver­
sos com a longa viagem quebraram os pés pelo ca­
Xisto Garcia (Capital). Sua catilinaria contra o minho de sorte que chegaram aqui em deplorável
Dr. Jesuino Cardoso não encontrou logar em nossos estado. Coitadinhos, foi necessário sacrifical-os. Não
paginas. Porque não a publica nos a pedidos dos escapou um só para remedio.
jornaes, pagando? Isto aqui não é vasadouro de des- Zacheu (Rio), Não podemos publicar sua Ladai­
peitos. nha consagrada e dedicada ao Padre Sève. Mande-a
Crescendo Nogueira (S. Paulo). Ahi vão alguns para o Bi-Hebdomadario que cultiva esse genero.
dos “modestos productos do seu acanhado enge­ Samuel Pontes (Sete Lagoas). Nada disso meu
nho caro senhor O doutor já esteve aqui e provou-nos
Quando de branco, toda eu te vejo que nunca, jamais, em tempo algum perpetrára ver­
Vir de mansinho pela calçada sos. Portanto o soneto que nos enviou como delle,
Julgo estar vando sultana fada só representa sua perversidade. Demais se nós o pu­
Numa liteira d’aureo azulejo. blicássemos elle iria outra vez protestar pel’0 Paiz
pedindo fizesse constar ao publico que elle era inca­
As tranças soltas, roupão de rendas paz de semelhantes bestias.
Meia setinea na rosea perna Luiz Nazareno (Rio de Janeiro). Muito tolos e
Despertas n’alma sensação terna pretenciosos os seus versos. Ainda se estivessem
N’alma suscitas crises tremendas. c e rto s !... Mas qual cada um tem uma medida. Por­
Quizera ver-te loura creança que não compra uma regua quadrada, seu Nazareno?
Toda de branco sempre á calçada Por esta vez fique-se com esta, mas se voltar será
Como um pombinHo subindo a escada crucificado, ouviu ? E entre dous outros correspon­
De um palacete por entre a fra n ça... dentes como o senhor.
e etc., etc. Pela amostra bem se vê que o Sr. Cres­ Sinhd Monteiro (Leopoldina). Ahi vae o seu so­
cendo pertence á escola de poesia cavallar que tan­ neto :
tos cultores tem. Continue, não desanime amigo, que Morreu 1 Como foi triste o seu enterro.
muito breve a julgar pelo que nos enviou será esco­ Tinha no rosto a côr das uvas roxas
lhido para chefe da dita. Quando passou até o trem de ferro
Adelino Esposei (Maxambómba). Ora vá se catar, Chorou ! Choraram duas cabras mochas
homemsinho de Deus ou do Diabo. Que quer que Que ella tinha criado. Em grande berro
façamos com o mixtiforio que nos enviou. O senhor Jogando ao chão duas enormes trouxas
é doido ou bebe de mais. O seu burrico disparou do serro
Mlle. Zizinha (Nitheroy). Já é a 4° vez que nos Graças ás cordas que já estavam frouxas,
envia suas producções embora com differentes letras Foi a enterrar. Chorava todo o mundo
e nomes diversos. Mas as asneiras são de tal quilate E ao vel-a assim passar o padre-cura
que quem leu o seu primeiro escripto logo adivinha Uma pitada de rapé no fundo
de onde partem as taes Novelas (!)
Nariz sorveu e disse : a desventura
Mas D. Zizinha porque não aprende a senhora a Não poupa a quem aqui vive jocundo,
escrever primeiro ? Olhe que a gente aqui na redac­ Não poupa nem a própria formosura !
ção toma barrigadas de riso com a sua literatura. E
isso é tão triste para a senhora ! Não mande mais Bello ! Bravíssimo! D. Sinhá, toque estes ossos e
nada, sim ? Por favor 1 E’ mesmo para seu bem. continue a mandar os seus versos. Olhe que até as
cadeiras se riram aqui na redacção 1
Sebastião Azeredo (Cuyabá). Porque foi o senhor
de tão longe, lembrar-se de nós, hein, seu Azeredo?
O seu “conto sertanejo,, é admiravel ! Então aquelle O THAUMATURGO
pedacinho de ouro:
“O Luiz Pocomé não esteve pelas duvidas. Sacou O encanto abandonou do seu grato degredo
da aguçada faca de ponta, de dous palmos de lami­ E o commando assumio dos rábidos policias
na e atirou-se contra o cigano. Este desembestou O senhor General Thaumaturgo Azevedo.
pela praia até o logar do rebojo, perseguido de per­
to pelo caboclo. Quando chegaram á beira do rio o O povo, a sussurrar, murmurando malicias,
cigano abaixou-se de repente e apanhando um pu­ Commenta com espanto o caso original,
nhado de areia desfechou-o nos olhos de Luiz Po- Pois vêr um thaumaturgo a commandar milícias
coné que com a dor poz-se a uivar como um mara-
cajá ferido. O cigano aproveitou-se da momentânea E da Paz assistir á derrota final!
cegueira do inimigo para precipitar-se n’agua afim de Vol-Taire
atravessar o rio. Mas, coitado ! Um bando voraz de
piranhas triturou-o em poucos minutos. Maria esta­
va vingada 1 Luiz na praia, vendo a hecatombe poz- Diz-se que brevemente teremos a grata honra de
se a dansar o miudinho limpando as palpebras amiu- receber a visita sanitaria do eminente diplomata rus­
dadas vezes para melhor contemplar o espectáculo. so Dr. Zeballos que fez furor em Bello Horizonte
A tarde vinha cahindo merencoria e fre sca ...,, na ultima Exposição de Hygiene Infantil.
O senhor Sebastião Azevedo ainda ha de vir a Preparam-se esplendidos festejos para a sua re­
ser a gloria de Matto Grosso. cepção.

Telephone 872 Chapéos in g le z e s M ellon france-


C A S A O U V ID O R zes S a n s 1’ a re il calçado Americano H a u a n e
P acU artl
= 171 —O U V I DOR 17 1=
CARETA

Eram duas irmãs já velhas que moravam sosi- Perigos do smartismo.


nhas. Uma era surda como uma porta. Uma vez ti­ Um violento incêndio declara-se no palacete do
veram de chamar um pintor para restaurar umas ja- barão de Tres Carrapatos.
nellas cuja tinta o sol destacara de todo. Veio um A baroneza corre ao quarto da filha Mlle. Sinha-
rapaz que ouvira já falar na surdez da pobre senho­ zinha, a flor do bairro, a moça mais chic, mais pe-
ra. Recebeu-o a outra, a que não era surda e come­ trolette de Botafogo.
çou a vigiar o trabalho. O malandro em rapidas pin- — Depressa Sinhazinha, veste-te e fujamos, senão
celladas queria ver-se livre e ganhar o cobre, mas a o fogo não nos deixa sahir.
velha, attenta reclamava e elle tinha de recomeçar o — Que collete devo vestir, mamãe. O branco ou
serviço. Impaciente, por fim, exclamou : o côr de rosa ?
— Arre! Que jararaca tão exigente!
E a velha impassível: O sargento Busca Vida e o cabo Maraça.
— O senhor está enganado. A surda é minha — Diga-me uma cousa, sargento, que diabo de
irmã. cousa é um eclypse ?
— O ’ seu camello, pois não sabe ?
— Não. Que é ?
Consta e com a devida reserva aqui damos a no­ — E’ . . . s im ... Ora imagina que tu vaes ali pela
ticia, que o eminente critico de arte Pedro do Couto rua meio no pifão e encontras o commandante. Met-
vae analysar a actual administração municipal relati­ tes-te por detraz de uma arvore para que elle não
vamente ao ramo da instrucção em uma série de re­ te veja, não é ?
tumbantes artigos de fundo. — E’.
Antecipados applausos. — Pois é isso que o sol faz com a lua.

Na exposição da eseoia

O artista — Neste caso, V. Ex póde adquirir alguns estudos manchados.


O commendador — E... as manchas saliem com benzina?
C A R E T A

CARTAS D E CM M A T U T O

Comadre, nós vamos indo Achei o moço correcto O moço tomou um susto
Com saúde, felizmente, E não pude me contê : Que inté mudou de cô ;
Bibi não tem mais resguardo "Nhô Gottuzo, lhe agardeço Mas quando me viu calado
Tá mêmo um pouco imprudente; De coração, póde crê ; Do seu susto serenou,
Foi fazendo os quinze dia Fia tanto tempo eu não tinha Apenas deixou seu riso
Ficou muito impaciente, O gosto de topá c’ocê, A cara pTo chão baixou,
Já inté vae para a rua Que esta sua visita Mas porém, despois de tudo
Da vida muito contente. Me dá um grande prazê». Aqui em casa já vortou.
O menino tá bem duro O moço me ferra um abraço Mudando agora de assumpto,
Mas porém, muito chorão; E despois poz-se a falá : Meu neto tem parecença
Acho que é dô de barriga "Meu caro Tiburcio amigo Muito grande com Gottuzo
Que elle tem nos canovão ; Ocê dêve descurpá ; Sem nenhuma differença :
O imbigo que cahiu delle Eu tenho tantos negócio, Bibi, quando falo nisto,
Eu vou mandá p'ro Bastião Tanto que mexê, que andá, Acha que é inté uma offensa,
P ’ro mode seje enterrado Que aos meus mais mió amigo Dizê que o seu pobre fio
Ahi no nosso sertão. Não posso nem visitá... Já é feio de nascença.
Quem faz questã do contrario "Ocê sabe que sou medico As coisas aqui comadre
E' o tenente mais Bibi Do hospicio dos alienado, Não vão boas nada não,
Que qué c enterro do imbigo Inda além disto o Taurpho Pelas ruas da cidade
Sem mais nem menos, aqui; Me toma um tempo damnado; Tem havido um baruião ;
Mas porem eu não concordo E despois só as peleja Os estudante fizero
Embora seja incivi, Que tenho com meus penteado, Na primavera um festão
Eu perfiro que meu neto Mais co'as botinas e as roupa Que acabou numa sangueira
Tenha seu imbigo ahi. Me traz de canto chorado. Um horrô, que confusão!
Meus avô é de SanfAnna, “ De noite me era impossive Dous menino, coitadinho,
De SanfAnna tombem sou, Eu vim percurá ocês ; Um até era mineiro,
Bielia e os parente delia Andei fazendo tenção Morrer no meio da rua
Em SanfAnna se creou ; Desta visita, seis mez ! Sangrados como carneiro,
Por isto quero que o neto Mas pTa dá o fóra em Taurpho E o pió, minha comadre,
Seje, como seus avô, Não vae de um arranco ou trez, O s matado carniceiro
Santanneiro dos costado Que aquelle agarrando um ca Era policia a paizana
P'ra servi Nosso Sinhô. Fica agarrado uma vez !,, Disfarçado em desordeiro.
Commadre, quem tá vortando, Nhô Gottuzo se assentou-se O povo ficou damnado
A sê muito apparecido Dei elle café mais queijo ; Ffouve uma revolução,
E’ aquelle nhô Qottuzo E despois de pouco tempo O s assassino tão preso
Já seu muito conhecido; O moço mostrou desejo Na casa da Detenção ;
Desde que Bibi casou De vê o meu netozinho, O generá commandante
O moço andou tão sumido, Em quem deu logo dous beijo, Teve dexoneração,
Que inté andemos cuidando Fazendo coisa que nunca Que parece é um castigo
Tê viajado ou morrido. Nem mesmo o tenente vejo. Que o governo tem na mão.
Mas foi sabendo a noticia, Despois pegou no menino Emfim comadre estas coisa
Na carta que pubriquei, O iou si tinha sapinho, Da gente se admirá
Do neto fóra de tempo Perguntou por suas cólica São coisas que só se vê-se
Nascido, como não sei ; Fez mais arguns agradinho, Nesta grande capitá:
Nhô Qottuzo nos percura E deitou elle no berço Sordado em vez de servi
Tão affrito, que assustei, (Que tem só lançó de linho) Pr’a os assassino pegá
Custando conhecê elle E antão vortemo p'ra sala Vem para o meio da rua
De tão zonzo que fiquei. Onde offertei elle vinho. E até ajuda a matá.
Nhô Qottuzo foi chegando Eu fiquei logo calado Hoje não posso i mais longe
E me estendeu logo a mão: Não sei porque, matutando, PTo mode a constispação
"Com o vae, meu véio amigo Na rezão porque Qottuzo Que tou soffrendo ha dous dia,
Tiburcio d’Annunciação ? Tava ansim me visitando ? Eu, mais o padre Romão.
Eu vim lhe dá meus abraço E fiquei então, a cara, Adeus, commadre Thereza,
E ao seu netinho bençãò, Do mocinho arreparando ; Alembranças ao Bastião
Porque sube que sua fia De repente dou um pulo Do seu compadre e amigo
Deu á luz um rapagão». Qúasi fazendo um escando. T ib u r c io d 'A n n u n c ia ç ã o .
Commissão promotora do levantamento de uma estatua do Sr. D. Pedro II, em Petropolis

1. J oão G uilherm e Pinto de Souza, T h e z o u re iro .— 2. C onde de A ffo n so Celso, Presidente.— 3. Capitão G u sta vo Cahim , 2° Secretario.

Projecto da estatua de D. Pedro II.

4. C apitão J. N. Olive, ajudante do Thezoureiro.— 5. C apitão H e n riq u e Viard, lo S e c re ta rio — 6. Dr. Alcebiades Peçanha, Vice-Presidente.
EXTRACTO “ MEU CORAÇÃO" BRILHANTINA “ C O N C R E T A "

Agradabilissimo e de intensidade. P ó d e
a p p o z « M e u c o p a ç ã o » mimo de luxo.
S a b o n e t e « M e u c o p a ç ã o » , sem rival no
mundo! o melhor presente.

Â’ venda em todas as perfumarias


—■ DEPOSITO GERAL -- -

PERFUMARIA GASPAR
Praça Tira d entes n. 18
----- T E L E P H O S E 1112 -

—— RI O DE J A N E I R O -----

PEÇAM CATMOGOS DE PREÇOS DE ATACADO A MAIS PERFUMADA:-----

É UMA CREAÇÃO
=— ■
- - 3 M E D A LH A S D E OURO =

Scííreis da pelle?
Quereis ser formosa ?
usae a

= LUGOLINA =
do Dr. Eduardo França
O M ELH O R R E M E D I O P A R A M O L É S T I A S DA
PELLE, F E R ID A S , C O M IC H Õ ES , B R O T O E JA S ,
SA R D A S, PANNOS, M ANCHAS, ETC.
C o n sa g r a d o n a E u r o p a e n a s
R e p u b lic a s A r g e n tin a , U rn g u a y e C h ile .

V E N D E - S E EM TO D A S AS D R O G A R IA S ,
P H A R M A C IA S E P E R F U M A R IA S

D e p o s i t á r i o s : ARADJO F R E I T A S & C.
114— R U fí D O S O U R IV E S — 114 — R IO D E JfíNEIRO
C A R E T A

Os deputados mineiros resolveram na ultima re­ Não será para admirar que o Sr. Astolpho Dutra
união da bancada e por unanimidade de votos não estomagado, desafie para duello os seus collegas Ca-
mais usar de penna para a escripta. logeras e Delfim Moreira que lhe procuraram passar
Os dignos representantes das alterosas monta­ a perna, tomando a si a defesa do Dr. Joaquim Sil-
nhas escreverão agora, usando de styletes. verio.
E’ uma pena que esses incidentes se deem em
uma bancada tão cohesa como a de Minas Geraes!
Consta que será nomeado Ministro Plenipotencia-
rio do Brasil na Mesopotamia o digno coronel Ro- Gloria ao chefe previdente,
dolpho de Abreu. O Leoni 1 brado e, prudente,
Que grande perda para as letras patrias! . . . Não saio á rua, pois sinto
Saudades do Alfredo Pinto !
Dizem que a vista do insuccesso oratorio do Dr.
Delfim Moreira, o novel deputado mineiro passará a Até o momento em que escrevemos as presentes
chamar-se Cascudo Moreira. linhas o governo ainda não pagou nenhuma nova in-
O cascudo é um peixe que vive nas pedras. demnisação ao Cardeal Arcoverde.

UM COUQUDSTÂDOR

- E' o marido da Lúlú... Monarchista até a raiz dos cabeMos.


— Então, deve ser por isso que elle nos faz a corte.
CARETA

INSTITUTO POLY CLINICO DO PARÁ


Sob a direcção dos Drs. A. M ac-D onell, Jaym e Abeu-Athar, Dionisio Bentes, Cyriaco Qurjão e Souza Castro

Ü L L __
Sala das Sessões Scientificas.

Sala de “ Clinica Medica."


CARETA

Sa la de cirurgia.

Sa la de “ E sta tic a ” e applicações de ozona.


CARETA

Ora vejam só os fructos da época. Em palestra depois do jantar.


O almirante Alvares Bittencourt, governador do Bembem, que ouvira falar da herma do Passeio
Amazonas sentindo-se doente quiz descansar alguns Publico, pergunta ao pai :
mezes. Passou o cargo ao vice-governador Dr. Sá — Que differença ha entre herma e Hermes, pa-
Peixoto. Este, como de praxe, communicou o facto
ás altas autoridades do paiz. E logo o senador Pi­ pai ?
nheiro Gomes passou-lhe um longo e caloroso tele- — E ’ que o Hermes não é preparado e a herma
gramma em que lhe confessava a sua profunda alegria é sempre preparada pelo esculptor.
ao saber que o presado correligionário estava no go­
verno.
Isso publicado lá em Manáos fez com que o almi­ Recebemos do Dr. Leoni Ramos, muito digno
rante Bittencourt assustado, reassumisse logo o pos­ chefe de policia, o seguinte communicado :
to, murmurando entre dentes:
“ PALPITES PARA H O JE :
— Raio de vida 1 Que a gente não pode descan­
sar nem oito dias ! Antigo............................ ......... Leão
Moderno....................... ......... Burro
Rio................................... ......... Coelho
O senador Azeredo fará em breves dias santos Salteado....................... ........... Cavallo
uma oração principal a respeito da necessidade ina­ 2° prêmio.................... ......... Avestruz
diável da dissolução das Camaras escuras. Buraca........................... .......... Cobra,,.
E ’ anciosamente esperada a palavra de prata do Agradecemos profundamente penhorados a genti­
eminente senador Gervasio. leza da alta autoridade.

O campeão dos ébrSo

— Não conhecem?... E’ o Oliveira; o maior borracho da epocha. Já perdeu o habito


de comer. Bebe até... o almoço.
Veedee
Vibrador para Massagens. A cura radical doRheumatismo
UM V E R D A D E I R O A S S O M B R O !
— Um attestado valiosissimo : ------------_ -
IUm o. Senh or.
Certifico q uem inha filh aZ oraida, d e1 4a n n o sd ee d ade
, ficou co m n letam e n te re stab e lecidad eu md oloro
so
rh
eu m atism oq ueh avia 3a nn o s a aca brunhav a, co mo u so d o ap parelh oV E E D EE , a p en a se m7d ias, fazen d od uas
applicaçõ esd iarias. Nenh umm e d ica m en to tinha, a té en tão , co nsegu id
oalivial-a d o se uin te n soso ffrer.
Paraq u eo utros ap rov eite mtãoefficaz rem ed io,a q u id eixam os on o ssotestim u n h o , q u ea ssig nam os co mp essoas
quep rese nciara mtã om iraculosacu ra.
Cidad ed oR osário d e San ta F é, 3
1d eA go sto d e1 908. J o s é F ig u e ir o a —J e s u s G . F ig u e ir o a ,
Z o r a id a F ig u e ir o a , Calle S anL uiz n .1 97 0
.
T EST EM U NH A S: — B e n ja m in C . M a to s o — C a ta lin a P . d e M a to s o , C alleC orrien tes 3 11 .
B eu ja n iiu C r e s p o , Calle M oren o1 9 9 8 .— B ern a rd in o D u a r t e , C alleS. L u iz3 11.

« Caro senhor : Contra factos


Recebi sua attenciosa carta,
•não ha argumentos
em que me pede novas de
A verdade é como o Sol
minha saude. Tenho a res­
ponder-lhe que nada mais o seu brilho impõe-se
soffro, encontrando-me per-
feitamente bem.
Afo
rmo
saZORAIDAco
m p
leta
m e
n te
Com respeito a sua per­ re
sta
b e
lecid
ape
lo“VEEDEE.”

gunta se continuo a fazer


uso da macliina Veedee, te­
Para mais c o m p r o v a r a
nho ainda a responder-lhe
efficacia do Veedee resolve­
que não mais a usei, por
mos publicar a carta que
desnecessário, pois as suas
recebemos de Mlle. Zorai­
primitivas applicações cura­
da em que se comprova que
ram-me radicalmente.
a cura do Rheumatismo pela
De V. S. applicação das m assagen s
respeitosamente Veedee é rapida e tertni-
Z oraida F igueiroa .» nante.

D.:eposflíarnos Ooraes m© Brazill %


Orlando Rangel & Comp.
140, A V E N ID A C E N T R A L — Rio de Janeiro
Pecasse folheto explicatorio n. 2
UM EMPASTELAMENTO O nosso digno director não seria capaz de escre­
ver as infamias asnaticas hontem publicadas no Ita-
coatiara Elias foram obras do desbriadissimo typo
Graças á mania que tem um dos nossos compa­ Anacleto Freire que em má hora paginava o Itacoa-
nheiros de ler todos os jornaes que, vindos do inte­ tiara, o qual para comprometter o nosso digno dire­
rior, chegam a esta redacção, tivemos o grande pra­ ctor embrulhou as noticias só por que havíamos de­
zer de conhecer os apuros de um confrade sertanejo, morado mais um dia que de costume o pagamento
saboreando, como bons collegas, as suas amarguras habitual.
oriundas de um pastel, que foi um verdadeiro em- Dando uma satisfação aos nossos illustres leito­
pastelamento. res e a toda esta importante cidade, já expulsamos
O nosso erudito confrade que dirige o Itacoatiara, esse deslavado patife que conspurcava esta casa ho­
da cidade de seu nome, escreveu tres circumstancia- nesta,,.
dos editoriaes, descrevendo, respectivamente, uma O paginador não esteve pelos autos e, oor sua
plantação de capim, um baile e uma corrida de ca- vez, dirigio aos povos este
vallos. Por um acaso, talvez procurado, as tres noti­
cias sahiram misturadas, formando tres artigos pito- “ BOLETIM
rescamente disparatados. Transcrevemos o que nos O Dr. da mula ruça Elpidio Canabrava não teve co-
parece mais interessante : rage para manutener os seus actos e veio me ca-
“ UMA BELLA FESTA lumniar como se os mais importantes homens deste
illustrissimo municipio não sobecem que eu sou um
Foi de feericas galas deslumbradoras para a culta operário honrado que só do seu trabalho vive. O que
população desta importante cidade a immorredoura é verdade sim é que elle é um refinado caloteiro e
noite de sexta em que o illustre Dr. Tinoco Rodri­ que eu e os meus dignos companheiros estavamos
gues, um dos mais intransigentes campeões do pro­ bastante aborrecido por que não recebia vintém do
gresso itacoatiarense e mui digno vereador, comme- dinheiro ganhado com o suor do meu rosto compon­
morou com um festivo baile o feliz anniversario de do as asneiras daquella chapada cavalgadura mais
sua gentilissima filha a Exma. Sra. D. Natalina Tino­ burra que o burro do vigário ruço pombo. Mascras
co, um dos mais distinctos ornamentos da nossa so­ de baixo ! A Exa. Sra. D. Natalina Tinoco sahio como
ciedade. egua e o Sr. Dr. Ildefonso Soares veio quadrupe por
Sendo a industria da agricultura a que mais im­ ordem do Dr. Elpidio que queria affrontar este mu­
portantes progressos promette, no futuro da nossa nicipio.
grande patria, não podemos deixar de considerar Mascra de baixo, pedaço d’asno patife,,.
uma data immorredoura nos annaes deste municipio Procurando tirar partido das afílições do colle-
a desse importante acontecimento. De vagar se vae ga o director d’A Pluma escreveu uma eloquente ca-
ao longe dizia o nosso saudoso vigário a cujas acri- tilinaria, pedindo vingança contra o offensor, em no­
soladas virtudes christãs devemos a nossa igreja pa- me de Itacoatiara ultrajada.
rochial e assim como ella foi levantada pouco a pou­ Correspondendo a esse altivo brado, os ítacoatia-
co com o auxilio dos carinhosos filhos deste muni­ renses, representados por quatro benemeritos desco­
cipio, dia virá em que veremos o modesto capinzal nhecidos, moeram a páos os ossos do infeliz Dr. El­
do coronel Amaro cercado de plantações de vegetaes pidio Canabrava que, fechando o Itacoatiara, transferio
de outra categoria. No entretanto já são mui impor­ residência para Ponte Nova.
tantes as vantagens dessa plantação.
Deram começo ás danças o Sr. Dr. Ildefonso
Soares airosamente valsando com a distincta anniver- O Dr. conde Deocleciano Martyr do Christianismo
sariante a Exma. Sra. D. Natalina, egua nascida
neste municipio e que fez mui bem todo o percurso foi contractado para advogar a causa perdida dos
de trezentos metros, apezar de ser mui nova. soldados da policia de costumes que provocaram o
O primeiro brinde foi feito pelo talentoso advo­ conflicto internacional do Largo de S. Francisco na
gado Dr. Tolentino, por que qualquer quadrúpede tarde de quarta-feira franca.
pode engordar nas cercanias da cidade, de forma
que os seus serviços possam ser aproveitados sem S. Ex. vae fazer um papelão de embrulho.
demora sempre que for mistér.
Parabéns ao digno pae !„
Esse trágico empastelamento produzio uma com- Lá se foi um pedaço do velho edifício do Lyceu
moção de tal ordem que no dia immediato ao do de Artes e Officios.
seu apparecimento o afflicto director do Itacoatiara
dirigio aos seus conterrâneos o seguinte Quando irá o resto, Santo Deus !

“ BOLETIM
O nosso digno director, que como sabe o cultissimo O Dr. coronel Rodolpho Paixão ainda este anno
povo desta importante cidade, respeita e preza os não dará conta dos projectos sobre a reforma do
seus illustrissimos e digníssimos conterrraneos, como Montepio.
quem mais os respeite e preze, foi miseravelmente lu­
dibriado por um cão que, como a serpente da fabula, O nobre deputado já tem o seu seguro; os ou­
mordeo o seio que o acalentou. tros que esperem e não morram.

CREAÇÃO INTEIRAMENTE NOVA


"I
D O y^

Jd
m a
O m a is e le fa n t e e o m a is c o n fo rtá v e l

J = M A N U F A C T U R A D O EM PARIZ =
123, RUfl 5ETE DE 5ETEHBR0, 123 - ( M \ M CflVÉ)
i C A R E T A
9
m

* * *

0 MOTIVO Por isso toda a Natureza se engalanou para


receber a Primavera! As arvores se revestiram de
tenros rebentos, as flores abotoaram, os fructos mos­
traram mais rica coloração e até a Humanidade se
embellezou quando ella veio, fresca e louçã como
uma rainha das bailadas...
-# * *
Depois a Primavera é a estação das flores. Das flores
e dos amores como dizia o poeta. Porque se as
flores são o producto vegetal dos amores das plantas,
os amores são o producto da estação dei fio r i como
dizia o Vate Florentino no seu Paraiso Perdido!
Flores e amores! palavras santas, do Evangelho da
Vida! Que embalsamam a floresta e embalsamam a
Existencial Salve, pois, tres vezes! Sagrada Primavera!
Sêde bemvinda!
* * *

Bemvinda também é a temporada lyrica que chegou


com a Primavera. Flores, amores e cantores! Que
sublime trilogia! Porque a flor está nara o amor
assim como o canto está para a flor. Esta encanta,
aquella canta e o amor descanta. Ainda uma vantagem
da Primavera — a vinda da estação lyrica. Nas noites
enluaradas que estamos gozando, quando mais fra-
grante é a emanação das flores como é doce ouvir
uma suave garganta de mulher entoar a sublime
canção da Aida :
Tengo, Tengo, Tengo oh maninha!
E ainda ha almas que abominam a Primavera !
Tristes almas de scepticos !
* * *

nontem a Avenida esteve cheia de flores e de lindas


moças. Nem sabe a gente qual mais gracil se a flor
ou a mulher. Porque se a mulher é a flor da creação,
a flor é a mulher do vegetal. Equivalem-se, ao certo.
Mas entre todas, lindas que eram todas, excedía-se
Mlle. X P T O . Toda de branco, feição primaveril, linda
como um anjo abrigado ao seio do Creador Univer­
sal dos Mundos, ella passou pela calçada deixando
um rasto de luz deslumbrante como uma explosão
de magnésio para tirar photographias...
* * *
E ao vel-a passar impassível, sem dar a esmola
de um sorriso aos olhares que a acompanhavam em­
Ella — Mas porque gostas tanto de luta romana ? bevecidos, ao meu lado, o poeta José da Silva Purifi­
Elle — E ’ simples, filhinha. Eu grito : “ Não póde, cação, deixou cahir dos lábios os seus sonoros versos:
olha a perna, olha a bocca” e o outros pensam Ai quem me dera tel-a contra o seio
que eu entendo muito. A palpitar como uma rola afflicta
Que desde a aurora, corre, geme, grita
Como de lympha um murmuroso v e io ...
COLUMNA DAS ELEGAMPCIAS Mas ella passa indifferente e fria
Marmoreo o seio a trescalar aromas
Os dias tem corrido bastante bonitos depois que Emquanto a gente ao vel-a tem symptomas
entrou a primavera. E’ admiravel como na primavera Da mais negra e cruel m elancolia...
os dias são bonitos. Evidentemente a Natureza é uma * * *
bella cousa. Basta que uma estação mude, chegodo
um certo dia do anno para que se transformem as Vimos hontem no Cinema Odeon — a primeira
condições diarias. Assim se o Verão bm os dias quen­ casa de espectáculos do Rio de Janeiro, incontesta-
tes e o Inverno os tem frios, na Primavera os dias velmente, lindas e faiscantes toilettes. Tantas jovens
não são bem quentes nem bem frios. Apresentam e tão bellas todas que nenhuma nota poude tomar
justamente o meio termo. E como no meio é que o nosso carnet elegante, pois esquecer uma que fosse
está a virtude segundo o poeta, na primavera está seria o mais imperdoável dos crimes.
a virtude também. F . DE A.

Acha-se funccionando este importante estabe­


HOTEL AVENIDA 0 maior do Brazil lecimento (o maior do Brazil) —2 2 0 quartos, ele­
152 a 164, A V E N I D A C E N T R A L , 152 a | 64 vadores eléctricos — Diaria de 9$000 para cima.
- Ponto dos bondes da Jardim Botânico SOUZA, CAB RA L = RI O DE J A N E I R O
SA N T O S DUMONT
Santos Dumont, o eminente aviador brasileiro, vem de bater o record da velocidade e da partida,
com o seu elegante monoplano Demoiselle.
Este lindo apparelho eleva-se immediatamente do sólo ao primeiro movimento ao passo que os
de outros systemas necessitam correr dezenas e até centenas de metros sobre o sólo para erguerem o vôo.
Temos a satisfação de offerecer aos leitores de Careta quatro photographias do Demoiselle em
Issy-les-Moulineaus, onde se realisaram as experiencias do illustre aviador.

Santos D u m on t conduz o “ D em oiselle" a Issy-les-M oulineaux.

O Demoiselle.
CARETA

SANTOS DUMCNT

O D em oiselle em Issy-les-M oulineaux.

Um vôo de Santos D u m o n t em Issy-les-M ou lin eau x.

No consultorio. Impaciente, o joven tiradentes, afastou a cortina


O jovem e afamado dentista cujo escriptorio tem e correndo o olhar pela sala repleta, perguntou :
um grande concurso de freguezes elegantes, não tem — Qual dos senhores está a espera ha mais
mãos a medir. tempo ?
A sala de espera regorgita. Levantou-se logo um cavalheiro, e puxando um
De quando em quando abre-se a cortina luxuosa
dq gabinete, sái um freguez que é logo substituído. papel do bolsa que offereceu ao dentista, respondeu
Quando sahiu porém a elegantíssima Mme. Jalbe- em voz alta :
palo, houve uma interrupção. Ninguém se levantou, — Eu senhor doutor, que ha tres annos espero que
olhando todos uns para os outros, como se não ti­ o senhor me pague aquelle terno de sobrecasaca
vessem certeza de quem seria o primeiro. que mandou fazer em minha casa.
C A R E T A

DESPACHO PRESIDENCIAL transferindo do 5° batalhão de caçadores para o 2°


de lanceiros o tenente Hilarião Patativa Canindé;
concedendo medalha de ouro a todos os officiaes
Realizar-se-á na próxima quinta-feira o despacho que tiverem mais de 30 annos de serviço.
presidencial. No dia seguinte as gazetas publicarão Agricultura. Nomeando inspector zoothechnico na
o seu resultado, por isso que a Secretaria do Palacio Ia zona o Sr. Francisco Antonio de Salles;
a cargo do jovem Alcibiabes faz nrsso extraordinário creando o prêmio de 5:000$000 para animar a
enpenho. Com alguma finura de nossa parte e muito cultura dos baccillus;
boa vontade por parte dos respectivos secretários abrindo o credito de 2$500 para a aquisição de
conseguimos por esta vez pregar um grande furo nos livros para a bibliotheca da secretaria.
collegas publicando antecipadamente a summula dos
trabalhor exhaustivos, fatigantes, matadores a que se Marinha. Transferindo do cruzador Tiradentes
vão dedicar os nossos abnegados administradores. para o navio mineiro Tamandaré o cabo guardião
Que nos relevem os diários essa maldade que pro- Antonio Péespalhado da Assumpção;
mettemos não repetir só quando não pudermos. concedendo medalhas de prata a todos os officiaes
O despacho será o seguinte: que tiverem mais de 20 annos de serviço ;
Fazenda. Concedendo isenção de direitos para o nomeando para commandar o couraçado Rio de
material sanitario destinado ao edifício da Camara Janeiro o marechal Pires Ferreira.
Municipal de Sant’Anna do Rebenta Cangalhas ; Interior e Justiça. Creando 50 brigadas da Guarda
abrindo o credito extraordinário de 550:000$000 Nacional no Estado de S. Paulo e 62 no Estado da
para pagamento ao Commendador Carrapatinho, em Bahia ;
virtude de sentença; abrindo o credito extraordinário de 326:000$000
abrindo o credito necessário para substituir o papel para pagamento de subsídios que deixaram de receber
do quarto do porteiro da caixa da Amortização ; vários deputados e senadores;
nomeando o Dr. Zebroide Suiso Leitão para o concedendo o acréscimo de 100 % aos venci­
cargo de fiscal junto á companhia de seguros contra mentos do professor do Atheneu Pedagógico Liborio
o fogo The Kerozene Ld.; José da Costa por contar mais de 100 annos de
transferindo da Alfandega de Paraty para a de serviço;
Cantagallo o 4° escripturario Flavio do Nascimento concedendo a exoneração solicitada pelo Juiz
Brederodes. Seccional de Acarahú Beldoegas Nativo de Fecundi-
Guerra. Abrindo o credito de 300:000$000 para dade;
occorrer ás despezas com a aquisição de botões de nomear Juiz Seccional do Acarahú o capitão
osso para calças de uniforme: Zenobio da Peroxidação;

úá — Festa

A procissão percorrendo as lindas ruas da Ilha.


CARETA

abrindo o credito de 4:000$000 em ouro para P A G A N IN I


occorrer ás despezas com o prêmio de viagem que
obteve o alumno José Polycarpo Zebroide da Escola «£assim e xp iro u aqu eiie cu ja vida
Publica do 36° Districto; tin ha sida um a m elod ia » .
Exterior. Transferindo Legação do Montenegro Eras a própria arte, e (mysterioso arcano !)
para a de Andorra o bacharel Jumento Onagro Tua alma melodia! E no violino é ella
Zebroide, e desta para aquella Dr. 1'aspalhão Drome­ Quem canta as variações do thema de Petrella,
dário de Souza; Quem commanda da Streghe o bambolear insano.
Abrir o credito de 1:000:000$000 ouro para occorrer
as despezas com a representação do Brazil no Con­ Que profuddo pezar de um ser super-humano
gresso Internacional de Fumantes de Caximbo, a No que deixaste escripto em sombras se rev e lia !...
realizar-se em Scutari no proximo mez de Dezembro; Desde o ethereo chorar da meiga Philomela
Viação. Approvar os estudos de 3 1/2 metros do A’ magestosa dôr do indomito O ce a n o ...
prolongamento da Estrada de Ferro Central do
Brasil; Mas guardaste segredo! Oh, não por egoismo !
conceder autorisação á The R o de Janeiro Colo- (Poderia legar o Vencedor de Impérios
nisation C° Ltd. para funccionar na Republica ; Ao soldado vulgar seu épico heroismo ?)
transferindo o engenheiro fiscal junto á E. F. de Mudo repousa emfim teu mágico Guarnerius
Santa Cru? a Jacarepaguá Francolino Cambaxilra Curió Ha-de porém vibrar no antigo mecanismo
para idêntico cargo junto á Companhia de Navegação Quando alguém desvendar teus geniaes mysterios!
Fluvial no Rio da Joanna;
abrindo concurrencia publica para exploração do J. C o r r ê a Rabello
Porto das Caixas.
E será só.
Authentica.
Na aula de physica.
Um deputado paulista folheava na Camara um ri­ O professor :—Queira me citar um exemplo com-
co exemplar da novella de Voltaire: Cândido ou o mum de siphão.
Optimismo. O Sr. Rodolpho Miranda, vendo o livro, O alumno :—O exemplo mais commum é um be-
pensou com os seus botões : •— Eis alli os motivos berrão, um bebedo.
porque não rompe a opposição! E sahiu ainda mais — Onde viu o Sr. isso ?
damnado. — Aqui na Physica: biberon, beberrão.

Paqmietá Festa de São Roqmie

/. G en tis senhoritas numa das barracas da kermesse — It. A barraca do café.


0 Grande, o Ruidoso Successo da Semana
A “ V I U V A A L E G R E ” NO C I N E M A RI O B R A N C O
O Cinema Rio Branco, com aquella nota positivamente “ yankee,, que o dirige, está attingindo o zenith nas suas diversões.
Foi o primeiro a introduzir as fitas cantadas, que illudem absolutam ente o espectador, que pensa estar realmente assis­
tindo a um espectáculo theatral; e, não contente com o súbito exito que conseguiu, resolveu exhibir a V iu v a A le g r e , a ope-
reta felizarda que apaixonou o carioca que a deseja por todas as form as, em todos os idiom as, por todas as bandas e que
agora todas as noites pleneia os amplos salões do Cinem a Rio Branco, no m aior enthusiasmo e na mais espontânea evocação.

Danillo (Armando Vasconcellos) fazendo a sua entrada para a quadrilha no 1° acto.

Levedam foi o acadêm ico que ensaiou adaptar peças ao Cinem atographo, fazendo exhibir o seu — D u q u e de G u is e — que
obteve um exito mundial.

Can-can do 3» acto. Ao lado vê-se Diegos (Grijõ), assistindo ás dansas.

A V iu v a A le g r e — film artístico que ora o cinem a Rio Branco exhibe é uma verdadeira obra prima, não só com o arranjo
m usical, feitura delicada do maestro Costa Ju n ior, com o ainda e principalmente com o obra de cinem atographia, trabalho de Julio
Ferrer. — Os nossos mais sinceros parabéns a William & C. pelas soberbas diversões que está proporcionando ao publico Carioca.
C A R E T A

BELEM —PARÁ

Séde da Sociedade do Tiro Brazileiro.

Aquelle Raphael.. . EM CAMINHO DA FELICIDADE


Encontrei-o logo pela manhãzinha.
— Que feliz encontro ! Estava a espera de um
amigo que me emprestasse dez mil réis.
— A má porta vens bater. Estou inteiramente na
disga.
— Nem cinco ?
— Nem cinco.
— Ora, amanhã eu t’os daria de novo.
— Mas se eu os não tenho.
— Dous ao menos. E ’ impossível que não tenhas
dois mil réis.
— Olha aqui Raphael. Toda a minha fortuna é — A ndaM an uel, sen ão ,nãoch egam o sate m p odeen co n­
esta prata de dez tostões, mas é sagrada. Não vês trarafelicid ad e!!
como tenho os cabellos crescidos. Esses dez tostões — Eusóq u erovêr, H enriquêta,o n detuv ae sm elevar,q uero
são para o barbeiro. sóvêrque felicid ad e éesta, q uem e fizeste a té esq uecero
— Deixa vel-os. m euch ap éo,d evid oa stu asp re ssas!!
— Para ver somente, hein ! \qui tens a moeda. — Poisb emm euM anoelsinho ,v oulh ed izerago ra(q uejá
e stam osn aru a)q ua l éafelicid ad eq uev am osp rocurar, afe­
O Raphael mirou a moeda, bateu com ella sobre licidad eéo«X arop ed oB osq u
e »q u ecu rato ssese m 24h oras,
o passeio para verificar se não era falsa; depois em­ B ro nchiteA sm athica, etu d oqu an to é m oléstia d oap parelho
bolsando-a, travou-me do braço. resp iratório.
- Anda dahi até o meu quarto. Eu mesmo te — Oq u e? H enriq u eta!Eo n d eéq uesee nco ntraesteX aro­
p e?N aP harm aciaeD rogaria d eF reireG uim arães &C. á
cortarei os cabellos. R u ad oH osp icion .2 2en aP harm acia M allet &C. áR uaF rei
C anecan .5 2 .

Consta que se for creada de verdade a Guarda O Bethencourt filho á vista do decreto desacumu-
Republicana, vae ser convidado para dirigil-a o ar­ lativo deixou a vice-direcção do Lyceo de Artes,
dente propagandista, ex-senador Coelho Lisboa. Officios e Concerto Avenida.

Bellissima variedade de chapéos modelos para


Chapéos Modelos senhoras e meninas : acaba de receber das prin-
cipaes modistas de Paris A CASA BAÜIIIEI1
a///i
C A R E T A

ESTATÍSTICA Depois da leitura que fiz desta relação das economias


do Calcachouriço, diz-me elle : Veja você: se apenas
O meu amigo Calcachouriço da Pureza é um no Rio de Janeiro, entre os seus habitantes, houves­
grande amador de estatísticas, e eu não conheço se apenas 300.000 que tivessem o habito de eco­
quem tenha, como elle, uma tão grande mania de nomia igual ao meu, essa gente teria hoje uma som­
colleccionar todas as estatísticas que apparecem, e ma reservada de 44.314.000:000$000 (44 milhões e 314
uma tão grande predilecção para as fazer, sobre mil contos)! O sufficiente para que o Brasil nada de­
qualquer assumpio que se preste para tal fim. vesse a ninguém e poder comprar o resto da Ame­
Uma das ultimas que eu fui, ha dias, encontrar rica do Sul.
na sua collecção foi a publicada num artigo de um - E eu sabendo que o Pureza não tem de louça
importante diário carioca por um distincto profissio­ nem um caco, não tem mesmo onde cahir morto, a
nal sobre os effeitos das seccas do norte. O Pureza não ser a magra aposentadoria, perguntei-lhe : “Mas
estava triste quando acabou de me ler a publicação : onde é que está o producto desta tua fabulosa eco­
Tantas pessoas mortas, que deviam produzir tanto nomia, esses 147 contos ?„
por anno : tantos milhares de contos !
Uma cifra assombrosa. O meu amigo coçou a cabeça e . . . embatucou.
Elle queria accrescentar os juros dessa somma, Não tinha mesmo uma resposta para justificar onde
capitalisados semestralmente, porém eu fil-o desistir, diabo havia elle mettido tanto dinheiro. E eis ahi o
convencendo-o de que a sua tristeza seria ainda resultado das estatísticas imaginarias, de cousas que
maior á vista de tanto dinheiro perdido. podiam ter succedido se não fôra isto e mais
Do que elle não desistiu foi de me mostrar uma aquillo.
estatística das economias que tem feito, nestes seus C l o v is A móra
últimos 30 annos de existência, desde a sua estréa
na vida, aos 16, até hoje, quando já conta 46 annos.
O Pureza abstem-se de muitos pequenos vicios e O R Á C U L O
prazeres, e tem-se privado, por economia, de pas­
seios, distracções, etc. Assim é que, nesse praso,
deixou de despender as seguintes verbas : Domingo—S. M. o Czar Nicoláo II dissolverá a
Fumo, cigarros e phosphoros a 500 réis Duma Russa.
por dia.................................................................... 5:4758 Segunda-feira—S. M. o Imperador Guilherme II
Chopps, sorvetes, balas, caldo de canna e
goloseimas............................................................. 10:9508 dissolverá o Reichstage allemão.
Engraxar sapatos (o que elle proprio faz), Terça-feira—O exercito francez restaurará o im­
jornaes (visto que elle lê os dos colle- pério napoleonico.
gas) e revistas, á excepção da Careta, Quarta-feira—S. M. o Rei Eduardo VII dissolverá
cuja leitura ella nunca dispensou............ 4:3808
Theatros (do que elle não gosta) conferên­ a Camara dos Communs.
cias, concertos.................................................... 3:800,8 Quinta-feira—S. M. o Rei Affonso XIII dissolverá
Ceias em gabinetes reservados e prazeres as Cortes Hespanholas.
correlatos................................................................ 9:5008 Sexta-feira—S. M. El-Rey D. Manuel suprimirá a
Clubs de dansa, carnavalescos e o u tro s.... 3:600$
Sociedades beneficentes, caixas mutuas e fala do throno.
semelhantes contos do vigário................. 3:600$ Sabbado—S. Ex. o Marechal Hermes resolverá
Cartões postaes e cumprimento de Anno não apresentar plataforma como Pretendente nem
Bom........................................................................... 9008 mensagem como Soberano.
Subscripções para homenagens a chefes
políticos e aos de sua repartição (no M m e . de T hebes

que elle não các)............................................. 2:5000,8


Cinturões eléctricos e demais apparelhos
para electrisar o corpo, de massagens,
livros sobre magnetismo, occultismo e
espiritismo............................................................... 900$
AOS SNRS. CHEFES DE FAMÍLIA
Pomadas para fazer nascer cabello nas ca­
recas .......................................................................... 550$
Respostas a annuncios, que pedem de 2 a N Ã O C O M P R EM R O U P A PARA V O SSO S
5000 em troco de cousas maravilhosas 600$ F IL H O S , S E M V E R P R IM E IR O O
Jogo de bicho e clubs de sorteios sema-
naes........................................................................... 5:200$ C O L L O S S A L S O R T IM E N T O E O S B A ­
Loteria, rifas e cadeiras de benefícios.......... 15:000$ R A T ÍS S IM O S P R E Ç O S D A C A S A
Gastos com a mulher e filhos se tivesse
feito a asneira de se casar.......................... 18:600$
Viagens e passeios (sempre adiados por O.1 TOMBO
. V
DO RIO
economia)............................................................... 7:200$ ___________
Café a filantes, sangramentos a facadas de
indivíduos que todo o dia tem um pa­
rente doente ou para enterrar................. 2:400$ RUA DA URUGUAYANA, 1 (Canto da Carioca)
Vinho ás refeições, palitos (elle escova os
dentes em vez de palital-os, o que me RIO DE JANEIRO
pareceu mais decente) artigos de lã e
seda para uso do seu corpo, em vez
de algodão---- ■ ................................................... 4:800$
Juros accumulados destas im portâncias.... 49:860$ O Barracão da Avenida];continua a passar bem,
147:715$ muito obrigado
NOTAS SCIENT1FICAS diversa : quando Barthenztk a introduzio no templo,
o fundo da garrafa estourou e forte cheiro de gaz
sulphydrico encheu o templo obrigando o povo a ta­
Pode-se demonstrar scientificamente a existência par o nariz e fazendo alguns mais pudicos terem as
da alma ? faces tingidas pelas rosas do pudor. A alma do pec­
_ A esta pergunta responde-se immediatamente que cador tinha ido sem duvida para o inferno.
não. Mas responde-se deste modo, unicamente por­ * * *
que a descrença religiosa ou indifferença dos sábios
pela religião nos leva a isto. Mas o grande theologo, depois da sua descober­
Entretanto, mais de uma vez, a existência da al­ ta, em vez de continuar a ser um fiel servidor da
ma tem sido provada por experiencias scientificas religião, dedicou-se a industria de engarrafar espíri­
que não admittem a menor contestação. tos para abastecer os mercados de álcool, com o
* * *
que se tornou um millionario, esquecendo-se com­
pletamente da religião.
No século XVI o celebre theologo Barthewztk, A elle devemos hoje este utilissimo producto que
que era ao mesmo tempo um grande physico, pre- se chama espirito engarrafado.
occupou-se muito com este assumpto, obtendo pela
sciencia uma prova quasi evidente da existência da D r . S ab ão
alma. Citemos a mais celebre das suas experiencias :
Em um hospital do qual Barthewzth era capellão,
estavam em agonia dous homens: um extremamente
virtuoso, que se confessou e recebeu os últimos sa­
cramentos, e o o outro um bandido e assassino fe­
TAYUCAROBA
roz, cheio dos peccados mais odientos (inclusive os - (3 V E G E T A ES) = =
que bradam aos céos) e que se recusou a se con­ Unico especifico das moléstias da pelle
fessar e receber os sacramentos religiosos. e das úlceras chronicas.
* * * Vide os attestados que acompanham
cada vidro
Que fez Barthenzth ? Preparou duas garrafas de
vidro muito transparente, seccou-as completamente e ARAÚJO FREITAS & COMP-
applicou uma no moribundo virtuoso e outra no pec-
cador. A applicação das garrafas foi a introducção
dos gargalos nas gargantas dos moribundos.
Os dois indivíduos falleceram. Ora, sabendo-se que TELEGRAMMAS
a alma sahe pelo tubo gástrico e escapole pelo ori­
fício buccal (Roderbendenhre, Theologia Comparada,
vol. 8°) é evidente que as almas penetraram nas gar­ ( S e r v iç o e s p e c ia l d a “ C a r e ta „ )
rafas e não encontrando sahida, ficaram prezas.
Barthenzth retirou as garrafas, arrolhou-as e ro­ Cinematographo Paraíso do Rio—Sexta-feira—
tulou-as respectivamente: Alma virtuosa, Alma pec- Um ligeiro desarranjo nos apparelhos eléctricos de­
cadora. terminou um momento de absoluta treva no recinto
* X* deste cinematographo. Exhibia-se uma Festa Arabe.
Alguns espectadores adormeceram. O Sr. Henrique
Depois sugeitou uma e outra a alguns exames: Hasslocher teve um pesadelo e deu um beliscão nu­
mesmo pelos poros da rolha de uma e outra garra­ ma senhora.
fa exalavam-se os odores característicos das almas Montevidéo—Setembro—O Dr. Gonzalo Ramiro
celestes e infernaes : da garrafa rotulada com Alma telegrepha de Buenos-Ayres dizendo que o governo
virtuosa exalava-se um bom cheiro de incenso e da argentino usará da maxima boa fé nas negociações
outra um horrendo perfume de gaz sulphydrico. com o governo uruguayo. O annuncio official dessa
* #* perfídia causou indignação geral.
Buenos-Ayres — Agosto — O governo argentino
Bastava este facto para provar que uma e outra mandou violar a mala postal que o Cordillère con­
garrafa possuiam almas. Mas a grande Barthenzth duzia do Rio para o Chile, e roubou um exemplar
foi mais longe. Para provar a efficacia das missas do Codigo Telegraphico enviado do Itamaraty para
para almas, mandou rezar uma missa pelo virtuoso a Legação Brasileira de Santiago. (Este despacho
e levou a sua alma engarrafada para o altar em que não tinha sido publicado por que a sua divulgação
tal missa era celebrada. poderia levar o governo do Brasil a exigir satisfações
Ia em meio o santo sacrifício quando a rolha da da Argentina e obtel-as tão satisfactorias como no
garrafa da Alma virtuosa saltou, não resistindo á
torça expansiva de alma tão pura, e por um assobio caso do telegramma n. 9).
longo que se ouviu partindo do gargalo e por um
cheiro activo de incenso, percebeu-se claramente a
ida para o céo da alma do virtuoso. A Prefeitura desacumulou também os seus func-
* * * cionarios.
Restava saber se a alma do peccador teria a O Dr. Beckhauser optou pela Secretaria abando­
mesma sorte depois de uma missa. Teve sorte muito nando o Esperanto-Club.
CuraA sthm a, BronchiteAsthm atica, éoan ti-asthm aticoideal.
O PO’ INDIANO N
d
ãop
ecab
ro
e
du
çad
zp
ep
ertu
o
rb
isd
açõ
ose
esce
uuso
reb
.N
rae
um
s. N
ero
ãoab
so
ate, ne
s attestad
md
osd
eixad
em
ô
éd
r

E i c o n t r a - s e nas bo as Ph a rm a cia s e Dro gar ias . — Deposito Geral: Drogaria de co
s ed oentesp ro
vamasu aeffícaria.— Videab ullaq ueaco m ­
— Franci sco Giffoni, — Rua 1° de Março, 17 ( a n t i g o 9 ) — Rio de Janeiro— panhaca d
afrasco ___ -■ -
S. S. Eu te abençoo — oh MANAH
milagroso! — bem eomo a quan­
tos consumidores tiveres, in secula
seoulorum.

FALLA A SCIENCIA ! . . .
Rio de Janeiro, 21 de Janeiro de 1909.

Eu abaixo assignado, Doctor em Medicina pela Faculdade do Rio, Director Fun­


dador do Instituto de Assistência á Infartcia do Rio de Janeiro, etc., etc.

Com prazer certifico que tendo conscienciosamente empregado não só no «Despensario


Moncorvo» como em minha clinica civil, a farinha alimentícia M A N A H de fabrico nacional,
pude assegurar-me tratar-se de um producto da maior utilidade na alimentação das creanças
maiores de 6 a 8 mezes ; acrescendo a circumstancia de que a farinha M A N A H ao lado
da perfeita tolerância por parte do apparelho digestivo, é ingerida com satisfação pelas cre-
ancinhas, graças ao seu sabôr agradavel.
Passo o presente certificado para os seus devidos effeitos.
M oncorvo F ilho
SABBADO 9 DE O UTUBRO DE 1909

f . / M Y / > / ; # '/ / / > / / O V 4 E X P O S IÇ Ã O N A C IO N A L D E 1908

GALLERIA DOS IMMORTAES

ERISSIMO — autor de Chanaan


Loteria da Capital Federal CASA AURA
===== A MAIS BARATEIRA DESTA C A P 1 T A L ^ =
HOJ E — SABBADO— HOJ E Fabrica de chapéos de palha para senhoras, senhoritas
e meninas. — Chapéos modelos artisticamente
9 DE OUTUBRO DE 1909 enfeitados de íõS a sosooo. — Grante sortimento de
formas de palha desde 3S000.

100 : 000$000 IM P O R T A Ç Ã O
E A R T IG O S
D IR E C T A DE F A N T A S IA S
P A R A C H A P É O S . — O F F IC IN A S D E C O N F E C Ç Õ E S ,
CONCERTOS E REFORM AS

Rnviam-.se eiicoiiimeiidas para o interior


P O R 6$300
===== CORRÊA., CARVALHO &C. =====

Bilhetes á venda em todas as bilheterias 161, RUA SETE OE SETEM BRO. Proxitno á travessa Flora

CREM E
ORM OHDE
ALVISSIM D E DE PERFUM E DELICIOSO
O CRÊME ORM ONDE é sem igual para a cutis,
dando-lhe frescura, suavidade e belleza, ao mesmo
tempo que clareia e dá o avelludado á pelle.
Tira as sardas e queimaduras do sol. Não contêm
nenhuma matéria gordurosa que obstrua os poros.
Impede igualmente o crescimento dos pellos que
tanto enfeiam a cutis. Também não suja a roupa, é
pois, um artigo de asseio e hygiene.
O CREME ORM ONDE é scientificamente prepa­
rado pela C U S T E R C H E M IC A L Co., de New-York
e vende-se em todas as perfumarias, especialmente CsmOrmontl
nas bem conhecidas casas:
gístvttKiRA o « s a w

ORLANDO RANGEL & C. CASA CIRIO.


RW-.V) *»n’Vhr\2M‘
LOUIS HERMANNY & C. RAMOS SOBRINHO & C
(' OKI.IIO B A S T O S PERFUMARIA NUNES „ Ar. '
A NOIV A stexsw as C f S T B R CHEMICAL Cft
te w íS NEW WHW
J vntct «*í£*“«* ' J
C a s a P o sta l— C flS fl
DEPOSITÁRIOS : — DE LA BALZE & C.
Representante: A. VARONA
RUA OE S PEDRO, 80
PREÇO: 4 $ 0 0 0
R io de .Janeiro

“F O R M O Z A O O L O N G ”
— Chá preto especial, o mais fino e delicioso que vem ao mercado, o legitimo =
VENDE-SE NO ARMAZÉM DE CHÁ, CERA, E SEMENTES
-- A n t i g a Casa Duarte
1—R U A DA C A N D E L A R I A —1

= = Sa B k u ZA & COMP. = = = = =
Queda dos Cabellos, Barba, Sobrancelhas, Pellada, Calvície precoce, Caspa, etc.
Pilogenisando a cabeça de papai N O V A S C U R A S — N O V O S ÂTTESTAD OS

Carta d oSr. C oro n el G alian od asN eves Ju n ior, co nhecid op ro p rietário


ev ereadore mN ova F ribu rgo .
Illm os. Srs. F ran ciscoO iffon i &C .
Com m u nico-vosq uete n doem pregad od iverso sm edica m e ntose mm e u filh oJosé,
qu eseach avaacco m m ettidod e p e lla d a , enãop ro duzind oeffeito , reso lvi em p regar o
seup reparad oPILO G EN IO.C o msu rp reza m inh a , apen a s co m3vid ros, fico uco m ­
pletam en tecu rad o
,n ãosód ap ellad a co m ota
m bé md aca sp a.
Dan d o-vos conh ecim entod esteca soap proveitoa o cca sião p a ra cu m p rim en tar-v o
s
pelav ossafeliz d escob erta.
N ova F riburgo ,5 — 9-9 09. G a lia n o E . d a s N e v e s J u n io r .

C arta d o Sr. Jo sé d eM en d on ça, d istin ctoagricu ltor, re sidente e mCa­


ch o eira, E stadod oR io.
Illm o . Sr. P harm aceu ticoF ran ciscoG iffoni.
Usei oPILO G EN IO,q uetev eab on d ad ed e in d icar-m ep a ra co m b ater aca sp ae
quedad ocab ello, e fiq u ei surpreh en did o an te a efficacia d om esm o, p ois h am u ito
pro
cu ravau m alo çã
ocap az d ed eb ellar e sta s affecçõ es.
Encontrei-a, em fim ,n ose uPILO G EN IO ,q ue, alémd om a is, deixa aca be çafre sca
ese mam en o r se nsaçãod ep rurid o.
Agradecen doasu afeliz lem b ran ça, cu m p re-m e felicital-o e d eclarar-lh eq u ed e
agora emd ian te sóu sare i oseum agn ifico PILO G EN IO .
PodeV . fazer d estaou soq u een ten d er.
Cachoeira, 2 9—9 — 0
9 . J o s é F . F . de M e n d o n ç a .

O “ P I I s O G G N I O ” vende=se no deposito geral:


Drogaria de Francisco Giffoni & C.
= 47, RUA PRIMEIRO DE MARÇO, 17 (ANTIGO N. 9);
e nas boas pharmacias e drogarias e perfumarias e nos Estados encontra-se desde já nas seguintes cidades:
P ern a m b u co, B a h ia , V ic to r ia , B e llo - H o r iz o n te , C u r it y b a , P e lo ta s ,
I t io G r a n d e , P o r to A le g r e , C o ru m b á , G o y a z e C u y a b á

NEGRITA N D ESC0£?£^>^
M s i a .e Mitidadi Perpetra

Tintura vegeta! para os T « m i ’ V ã it in m A

tbsoiutan-.enle Inoffensiua
3

Cabellos e a barba N ÉG R I T A
DO Boi.-ix/ro
B ELLEZA E M O C ID A D E PERPETUA L a m b e r t
—,--- jl----- —mr
Esta tintura inoffensiva, de facil emprego, sern A Xéiçnía, essencial mente
cheiro, de um effeito de coloração nullo sobre a pelle, vegetal e aliso!utame.nte inof-
é além d’isso um A n tis é p tic o e um F o rtitica n te fen.síva,vdá instantaneamente
aos cabellos brancos, gr.isallios
«Io sy s te m a c a p illa r .
ou descolorados, assim como á
Seus resultados são surprehendentes e maravi­ barba, a cor naturai, desde o
lhosos; por um modo de emprego judicioso e gra­ castanho ao mais bello preto,
sem tíng-ir a pelle.
duado, obtem-se as mais bellas côres, as mais brilhan­ Os resultados são maravi­
tes e as mais naturaes, variando do castanho claro lhosos e acima de qualquer re­
ao preto azeviche. clame.
f c . V H - R I M L M VI
Preço da caixa completa................ 10$000 E FICAREIS CONVENCIDO
Pelo correio, registrada.................. 12$000 (Tn>a o m o d o d e u sa r,'
veja o prospçctb no in ­
terior).

À venda em todas as boas perfum arias, pharm acias e drogarias


Deposito-. C . i Z / * ,’ I 17A ti- C. y>-

98, Rua Cam erino, 98 Rio de Janeiro


AGUA OXYGENADA DE C U S T E R
P E R O X Y D O DE H Y D R O G E F J E O D E C U S T E R O MAIS PODEROSO ANTISÉPTICO
Infallivel contra erupções e outras moléstias da pelle, refresca e amacia a cutis e mantem a mais es-
tricta hygiene do corpo, usada nos banhos externos c lavagens internas e na toilette.
Para a hygiene da bocca c a conservação dos dentes não tem rival.
As moléstias da garganta são efficazmente combatidas com os gargarejos deste producto.
O uso deste preparado como loção torua louros os cabellos.
Cada vidro traz as indicações para os diversos usos e applicações. Vende-se nas pharmacias e perfu­
marias aos preços seguintes: 150 grs., 1$500; 250 grs., 2S500; 500 grs. 4$000.
A melhor agua oxygenada é a preparada nos laboratórios da
Custei' C h e m ic a l Compaiov, de N e w York
e a de maior uso em todos os hospitaes e casas de saude.
D e p o s itá r io s : />/; R A U A i/ A R .V t o . S O — It V A D K S . P E D R O — 8 0
R e p r e s e n ta n te : A . I A R O N A n i o i> r: .j a x e i r o

P E R U S SIR F O R M O S A S? P B CONSERVAR VOSSi [ E L U M ?


- OS PRODUCTOS HYGIENICOS DE F. LOPEZ ----- -
USAE USAE
LO ÇÃ OD EV E N U Sd eF . L o p ez,
p a rab ra n q ue areav ellud ara p elle, tira D E P ILA T OR IOLO PEZ-Parafazer
esp in has, p an n os, sa rdase to d aaim ­ d e sa pp are cerin sta ntan ea m en teoe a b e l-
p u rezad acu tis,d an d oáp elleu m afres­ loo up en u gemd o ro sto, co llo,m ã o s,
cu raagrad av el eb ellezaid eal, su p e rior b ra ço so uq ualq u er p arte d o co rp o;
ato d o
so scre m es. u n tcoq u esep ó d eap plicarn oro sto ,se m
O ND U LIN Ap a rao nd u lareafo rm o- receio ; re su lta
d o s garan tid o s, (e v ita r
se a ro scab ello s,dáu m afin aa pp are ncia im itições: exigirolegitim od eF .L o -
eb rilhoen can tad o r, m an te n doaca b eça p e z).
liv red eca sp a. AO N DU LIN A fo rtifica PILO CA R PIN O Ld eF .L o p ez,p o d e­
o s cab ello s ed á-lh es a cô rp rim itiva ro so restau rad o rd ocab ello ; b ase ad o
q u a ndoe stã od esco ra dos. n a s re ce nte s in v estigaçõ es scien tifícas
R OSE O LD EF . LO P E Z- P ro d u cto d a sa ffeeçõ esd oco uro cab ellu do,a ctú a
h ygien ico b ra nco p ara afo rno sear a so bre a raiz d o cab ello , cu jo b olb o
cu tis, ap plicad on a s faces, láb ioso uo u­ a lim e nta e d esen volv e rap id am en te,
traq ua lqu e rp a rted oco rp oexp o staa o afo rm o sean d oo s cab ello s, d an do -lh es
a rso bain flu en ciad aatm o sp herap assa afo rça vital, su ab elleza, b rilh oevi­
p o u coap o ucoau m acô rd ero san atu­ gor; u nico re co m me n dad o, p o r ab a­
ra l ed u ra d ou ra lizad osm é dico s.
A O U ACO LO N IAA N T I-SC E P T IC A
d eF .L op ez. So beran op erfu meh ygie- LOÇÃ OO RIE N TA Ld á á facee a
n icoed elicad o,u sa d od iariam en te n a to
d oo co rpou m ad elicada FO R M O ­
b a ciaen ob an h o , co nserv aap ellefres­ SUR A se megu al ; torn aap elle lisa
caelim p a ev itan d ooco ntagiod em o­ eA SSETIN ADA .tiraasR U GA S, sarda s,
léstias. P erfu m esu b lime. m a
n ch
as, pann
os, n odo as.

A’ VEN I D A NAS PERFUMARIAS E DROGARIAS

Depcsito, Drogaria Eeriini, Rua do Hospício 18 — Em S. Paulo, BARUEL S C. — Rua direila H. I e 3


[ABORATORÍO F. LOPEZ RUA DO REZENDE 160

MAIS N O V ID A D E S!
—_ — E s s ê n c i a s s e m á l c o o l ----- —
lllusion R o s e Dralle
IlLusion I io le tte Dralle
lllusion R i f a s Dralle
lllusion H e lio tr o p e Dralle
lllusion N a reise Dralle
lllusion ltu{/aef Dralle
U m a g o tta ba sta p a ra p e r fu m a r d e lic io sa e p e r siste n te ­
m en te q u a lq u er objecto. P reço do v id ro , em esto jo de m a deira
de fe it io de u m p h a r o l, 5$000 em to d a s a s b oas c a sa s de
p e r fu m a r ia s . E .iiy ii- <i mai-rti a cim a :

< O X C E S S I O A A K I O S 1*AItA 0 B R A Z I L

L O U I S H E R M A N N Y & C OMP .
A N N O ...............
Careta
R E D A C Ç Ã O E O F F l C l M A S s R U A D A A S S E M B L É A, 7 0 — RBO D E J A N E I R O
A S S IO N A T U R A S
õSooo | S E M E S T R E .......... S$ooo
...
Ijl CAPITAL
N U M ER O
....
AVULSO
3oo Rs. | ESTADOS.......... 400 Rs.

EDI ÇÃO DE ”K Ó S M O S"

n . 71 | R I O D E J f l n E I R O — S a b b a d o — ? — O u t u b p o — 170? | A f l M O II

V
T O N A D IL H A S Coração que se reparte
I A muitos torna infeliz,
Amores por toda parte
Casinha branca e modesta,
Sempre deixam cicatriz.
Entre um florido vergei,
Ninho de um noivado em festa, Como os passaros nos ramos
Sonho de lua de m el; Amam-se aos pares, serenos,
Sêde também. “ Quanto menos
Hoje só ruinas ! e a hera Somos nós, melhor passamos,,.
Casinha e vergei esconde !
Ninhos de aves, n in h o s... “ Onde VI
Foi casa sempre é tapéra,,. A amores fáceis te entregas,
II Sem saber donde proveem ;
Irás no pó das refregas,
Noivado eterno, descança, Com elles se vão também.
Também se cança de amar;
Quando se é moço a esperança Quem há que te a sério tome
Anda na bocca a ca n ta r... Um dia a triste figura?
L e v ia n o !... “ Quem se mistura
Passa o tempo ; o olhar opaco, Com porcos, farellos come,,.
Já nem mesmo o amor o alegra !
Não te vença o instincto : “A regra VII
Põe-se 11a bocca do sacco,,. Coração impervio, a tantos
O amor espalhaste, á flux
III
Trinos de aves, flores, cantos,
Arvore tenra lhes dera Um mundo de sonho e luz.
Abrigo ao nascente amor,
Idylios na primavera, Mas em ti, nem um soláu,
Talvez prenuncios de dôr. Nem mesmo um frêmito de aza,
Coração e s té r il!... “ Em casa
Varrida pela borrasca Da ferreiro, arma de páo„.
E ’ tronco informe e calháo ;
Namorados, ide. “ O páo VIII
Se conhece pela casca,,. Para os noivos a alvorada
Não tem manchas de arrebol,
IV
Os olhos da namorada
O ’ cavalleiro que andaste Têm luz mais viva que o sol.
Desperdiçando illusão,
Tantos amores mudaste, Mas chega o dia iracundo
Sem sabel-o o coração. Da dôr; illusão perdida!
Só então entras nâ v id a ...
Tens agora a alma tão ouca “ Dois sóes não cabem no mundo,,.
Desse a m o r !... onde buscal-o ?
Coração v á r io !... “ A cavallo Ceará. S oares B ulcão
Que é dado, não se abre a bocca,,. (Continua)
CARETA

GAVETA DE CARTAS Cazuza Flores (Macahé). Mas que temos nós com
isso, não nos dirá o senhor ? O seu soneto é abo­
minável e como tal foi para a cesta.
0 . Ju n ior (Jaguaribe). Não atinamos na classifi­ Liborio Cortes (S. Paulo). Não acceitamos colla-
cação a dar ao seu soneto : charada, enigma ou lo- boração genero-livre. Guarde-a o senhor preciosa-
gogrypho ? E depois o amigo não mandou as sylla- mdnte para regalar seus amigos, que naturalmente
bas de modo que é muito difficil a decifração. Agora terão gostos idênticos.
o conceito e unanime : O Sr. O. Junior é profunda­
mente idiota. Cesar Franco (Bahia). Ahi vão uns “echantillon
da sua musa morigerada,, :
Chico Talú (Mendes). Os seus versos além de
serem de todos os tamanhos, não têm espirito ne­ Severina é o seu nome
nhum. Que diabo de birra lhe merece o Dr. Aarão ? Tem umas ancas redondas
Thasso Maltez (Rio). Seu soneto Ultimo golpe Uns olhos em que ha ondas
foi effectivamente o ultimo golpe vibrado em sua Traiçoeiras como as do mar
reputação poética. Agora acabou-se, ella morreu de Os seios são dous pombinhos
todo. Qualquer outra producção que nos envie não Dormindo quedos nos ninhos
será recebida. E os cabellos, que bellos
Parecem uma meada
Ulysses Brandão (Caratinga). Não publicamos o Alvejada !
seu desenho por não distinguirmos bem se era uma
casa ou um coqueiro ; em todo o caso, persevere Pelo retrato, está muito parecida a D. Severina
que talvez um dia venha a ser pintor de caras, com seu Cesar com o Senador Severino Vieira. Nossos
proveito seu e dos freguezes. profundos e categóricos parabéns.
Celeste Bueno (Campinasj. A senhorita deve estu­ Corinna Valle (Pelotas). O que a senhorita fará
dar ainda. Não tenha pressa de publicar seus versos, de melhor, se os outros versos são como os que
que peccam ainda por excessiva ingenuidade, care­ nos enviou, é rasgal-os todos. Se os publicar, terá
cendo alguns além disso de moletas. de amargar criticas que serão merecidas. E’ um con­
selho de cavalheiros que não a desejam exposta á
Cyriaco da Costa (Recife). Ahi vae uma pequena irrisão.
amostra dos “acanhados partos dos seu nenhum en­
genho,,. Valentim Castro (Belem). Seu soneto é explendi-
do 1 O senhor é como o novo mundo do Castro Alves,
Se a noite escura soubesse Sr. Valentim, está talhado para as grandezas! Tem
Como o dia é claro e lindo nos musculos a seiva do porvir, se é que musculos
Com certeza tornaria ■ tem seiva. Pena será que as suas producções poéti­
Das suas trevas sahindo cas não sejam reunidas em volume. Para animal-o á
E então talvez tivesse publicidade aqui damos o seu soneto :
Tanto brilho como o dia. VCE VICTIS 1
Fiat L u x !
Mas não sabe a noite escura (Gen. 4)
O brilho que o dia tem
Assim tu também ignoras Ai dos da vida vencidos na batalha
O que meu peito contem Incruenta, feroz e diuturna
Tamanha affeição, tão pura Se do traidor a rabida navalha
Como dez Nossas Senhoras! Como um corisco na amplidão soturna,
Pois seu Cyriaco, se o senhor soubesse também Enlea as multidões e a embaralha
como os seus versos são pândegos passaria a vida Na vesga concepção da hora nocturna
a rir-se deiles. Sem que a oração, a prece, o rogo valha
Estafeta do Norte (Parahyba). Seu soneto ao co- Nos vastos campos ou na negra furna
n_ego Walfredo é um primor no genero disparate En­ Em que se aninha o par omnipotente
tão o amigo suppõe que gala é mulher de gallo ? Cá A quem conferiu Deus o Paraiso
no Rio chama-se galinha. Gala é a filha do galão, Como um casal de guardas solitários
nada mais nada menos. Em todo caso não o desa­
nimaremos. Quando a Careta festejar o seu centési­ Destinados a dar atra semente
mo anniversario daremos em pagina de honra uma Germinada entre a Lagryma e e Riso
producção sua que tanto faz seja offerecida ao co- Entre o Mar e os Vulcões tumultuarios !
nego Walfredo como ao cardeal Arcoverde. E mais nada? Pois seu Valentim, muito prazerem
Zacheu (Rio). Ficamos admiradissimos com a sua conhecel-o. Vamos classifical-o brevemente entre os
carta. Quer que declaremos que Zacheu que nos grandes vates da terra de João de Deus do Rego.
mandou uma ladainha não é Zacheu collaborador de Uma idéa; porque não se agarra com o smartissimo
diversas folhas que cita. Mas como nós não conhe­ senador Arthur Lemos ? Olhe que elle está talhado
cemos nenhum dos dous ficamos impossibilitados de para seu Mecenas.
transmittir aos nossos leitores essa convicção, neces­ Senhorita (Rio). Não senhora.
sária aliás porque sem ella, de certo, o eixo da terra
poderá deslocar-se de modo a terem os polos de Zaluar (Taubaté). Foi para a cesta.
ser descobertos outra vez, o que é um trabalho onça, Oscar (Therezina), Mont'Alverne (Paquetá), Edel-
nem imagina o amigo Zacheu. berto (Ouro Preto). Idem, idem.

CREAÇÃO INTEIRAMENTE NOVA


n
O m a is e le fa n t e e o ma i s co n fo rtá v e l
M A N U F A C T U R A D O EM PARIZ =
0 8
123, KUfl 5ETE DE SETEHBRO, 123 — (ANTIGA (A5fl (AVE!
CARETA

PREVIDÊNCIA fazia uso para uma velha bronchite, o caso é que


o desgraçado ingeriu o creosoto.
O Calimerio era o typo da economia. Delle se Sentindo-se envenenado, gritou. Veio o medico ás
contavam coisas incríveis; possuindo umas centenas pressas e mandou logo buscar um duzia de ovos.
de apólices de cujos rendimentos vivia, a sordidez de O Calimerio quasi a morrer, tinha uma lagrima no
suas roupas escandalisava a todos que o sabiam rico canto do olho esquerdo, a pensar nas despezas com
e mesquinho. Comia em restaurantes de preço infimo, o tratamento.
morava em uma casinhola miserável e accumulava... Vieram os ovos pedidos. A velha creada á ordem
dinheiro. Essa accumulação não é prohibida. do medico começou a quebral-os separando as claras.
-Ora, apezar de miserável o Calimerio tem dentes E os olhos do Calimerio, agoniados, muito brancos
porque uma coisa não impede a outra, muito antes seguiam-lhe todos os movimentos.
pelo contrario. E um desses começou a cariar. E doia Quando viu que só as claras deviam servir fez
muito o ladrão, de sorte que o Calimerio com funda um esforço sobre-humano: tentou falar. A lingua
dor d’alma não querendo ir ao dentista comprou um dolorosameute queimada negava-se ao esforço; fez
frasquinho de creosoto, que embebido em algodão um signal. Medico e criada aproximaram-se do pobre.
aproveitado de uma gravata velha elle mesmo appli- E Calimerio a morrer, proferiu em voz que mal
cava, se ouvia a recommendação suprema:
Não sei que fatal engano levou o Calimerio a — Guarde as gemmas que podem servir para
trocar esse medicamento com outro de que também mingáo.

Força moral perdida

Lúdú. — Si as jaboticabas não tivessem acabado. . . Nós podiarnos tomar um fartão. . .


A maninha hoje não se queixa de nós á mamãi.
CARETA

CARETA PARLAMENTAR O LO BO JURUMENHA — Pois até produziu sen­


sação o artigo, e essa edição d’0 Futuro exgotou-se
por completo. V. Ex. não lê O Futuro ?
O SR. LO BO JURUM ENHA ( movimento geral O Sr. Jo s é Carlos — Eu não que não sou cigano.
de attenção)— Ando arredio desta tribuna augusta, O SR. LO B O JURUMENHA — Protesto energica e
Sr. presidente, desde o anno proximo passado... vehementemente contra o conceito injurioso de V. Ex.
O Sr. Soares dos Santos — Com grande magoa a respeito dos povos de S. Gonçalo e adjacências,
nossa, pode ficar certo. ass duos leitores d’0 Futuro e tão merecedores de
respeito como os demais cidadãos desta vasta Patria
O SR. LO BO JURUMENHA — Obrigado a V. Ex. Brazileira. Então só podem lêr O Futuro os ciganos?
é muita bondade dos illustres collegas. Se não tenho Não, Sr. presidente e meus caros collegas O Futuro
frequentado a tribuna, Sr. presidente, não é que lhe é até um jornal muito lido.
tenha perdido o amor, ou por não escrever mais
artigos de fundo n '0 Futuro, o jornal' em que prego O Sr. Manuel Fulgencio — Basta ser redigido por
as minhas idéas aos povos de S. Qonçalo, pois que V. Ex. Isso é uma garantia de sua circulação.
emquanto eu tiver confiança n’0 F u tu r o ... O SR. LO BO JURUMENHA — E’ bondade de
O Sr. Gonçalo Souto — O bom christão sempre V. Ex. Verdade é que se todos os meus eleitores
tem confiança no futuro. fossem assignantes isso me bastaria para manter o
jornal. Muitos porem não sabem lêr, de sorte que
O Sr. Passos de Miranda — E esperança em Deus por isso não o assignam. Mas voltemos ao assumpto
Nosso Senhor. que á tribuna me trouxe e de que me afastaram os
O Sr. Gonçalo Souto — Amen. apartes de VV. EEx. Eu ia dizendo que gosto muito
O SR. LO B O JURUM ENHA — Et cum spiritutuo! da tribuna da Camara, mas arredio me tenho feito
Eu também sei fazer citações latinas, e asseguro a delia por causa das questões de candidaturas que
VV. EEx. que sou tão bom crhistão como os que entendo devem ser arredadas daqui ( apoiados e
melhores o são. apartes).
O Sr. Passos de M iranda— Isso muito honra os Um Sr. Deputado — Foi o nobre leader que as
sentimentos de V. Ex. trouxe á discussão no parlamento.
O SR. LO BO JU R U M EN H A — Muito obrigado. O Sr. J . J . Seabra — Trouxe porque quiz e não
Mas conforme eu ia dizendo, se O Futuro continua tenho que dar satisfações a ninguém.
a dizer aos póvos e póvas de S. Gonçalo o que pensa O SR. LO B O JURUMENHA — Olhe que eu é que
o Jurumenha dos grandes problemas que a todos os não ih’as peço. Mas, Sr. presidente, agora um pro­
patriotas preoccupam, comtudo como tenho visto a blema capital me arranca á obscuridade obrigando-me
tribuna tão brilhantemente occupada por tantos illus­ a tomar alguns instantes da preciosa attenção dos
tres collegas, não queria ir desornal-a com a minha nobres collegas, liberdade da qual antecipadamente
humilde presnça (não apoiados). peço encarecidamente me excusem.
O Sr. Jo s é Carlos — V. Ex. é de uma modéstia O Sr. Francisco Bressane — Muito bem. Apoiado.
assas louvável. O SR. LO BO JURUMENHA — Trata-se Sr. presi­
O SR. LO B O JURUM ENHA — Não senhor, isso dente, nada mais, nada menos do que da momentosa
não é modéstia. Eu me explico: em primeiro logar o questão das accumulações. O governo, Sr. presidente,
que é que se tem discutido até hoje ? A questão das entendeu que não devia consentir na existência dos
candidaturas. Ora, Sr. presidente eu sou daquelles accumuladores por ser isso contra o estatuido na
que entendem que tanto faz a gente aqui se pro­ Constituição. (apoiados e apartes) Eu não entro,
nunciar a respeito dellas como não, quem tiver de nem quero entrar na indagação de que lado está a
ser presidente, será mesmo (apoiados e apartes). razão, se dos que applaudem ou dos que censuram
O Sr. Delphim Moreira — Mas ao menos a gente o acto do governo. Se uns argumentam que sem os
explica porque está com esta candidatura de prefe- accumuludores é impossível quasi a diffusão entre
rencia áquella outra. nós da industria electrica porque daquelles depende
o seu armazenamento, os outros menor razão não
O SR. LO B O JURUMENHA — Mas nisso justa­ tem assegurando que a Constituição super omnia,
mente é que eu não acho vantagem nenhuma. Porque isto é que deante de uma força maior deve cessar a
imaginemos uma hypothese, Sr. presidente: um depu­ menor, ou cousa que o valha.
tado declara-se na Camara contrario á eleição do O Sr. Astolpho Dutra — Essa é que é a verdadeira
candidato A. Este vence a eleição, porem. Fica lei economica que regula a offerta e a procura.
privado por isso dos favores que nós deputados
sempre conseguimos obter, dos ministros do dito O SR. LO B O JURUMENHA — Acredito piamente
candidato A o deputado em questão? Evidentemente. nisso que V. Ex, diz, advertindo comtudo que nessa
Logo, digo eu, ha toda a inconveniência nessas ma­ historia de accumulações a procura é grande e a
nifestações. Cada um de nós no intimo, como politico offerta por via de regra é nenhuma.
deve ter seu candidato. O meu, até creio que todos O Sr. Astolpho Dutra — Pois então ? Dahi a va-
conhecem. . . lorisação dos vencimentos.
O Sr. Jo s é Carlos — Perdão, isso é que não O SR. LO B O JURUM ENHA — Pois bem seja
sabemos e tinhamos curiosidade de conhecer. assim como quer V. Ex., mas o caso é que o nobre
O SR. LO B O JURUMENHA — Pois toda a gente leader manifestou-se aqui na Camara contra o decreto
sabe. do governo; isto fez com que todos considerássemos
essa questão como aberta.
O Sr. Jo s é Carlos — Pois então diga V. Ex. qual é.
O Sr. Honorato A lv e s— Muito bem. V. Ex. está
O SR. LO B O JURUiMENHA — Perdão, se eu o aagumentando com grande felicidade.
fizesse iria de encontro ás idéas que acabo agorinha O SR. LO BO JURUM ENHA—Agradecido a V. Ex.
mesmo de expender. Demais já fiz publica essa minha Mas Sr. presidente, por sua vez o governo declara
opinião em uma tribuna não menos respeitável que pelos jornaes que considera a questão fechada. Quem
esta da Camara, isto é a tribuna da imprensa. ê que tem razão ? O governo ou o leader? A ques­
O Sr. Jo s é C a rlo s—-Pois eu apezar de sempre tão é aberta ou fechada ? Isso é que é preciso a
lêr aquelles jornaes, não vi semelhante publicação. gente saber, (applausos calorosos) Sim, porque se
um fecha e o outro abre, ou se um abre e o outro
fecha, signal evidente é este de que não combinam, O R Á C U L O
porque se combinassem não teriam opiniões contra­
rias. (apoiados geraes) Ora, Sr. presidente, eu sou Domingo—Grande festival diabolico, em honra á
muito amigo do nobre leader; mas sou também Venus, na alma translúcida do reverendo Sevres.
muito amigo do governo, e aqui para nós com fran­ Segunda-Jeira— Manifestação de apreço ao Dr.
queza, se o leader discorda do governo eu prefiro Wencesláo Braz Pereira Gomes, promovida pelo es­
ficar com este embora o coração me prenda áquelle. pirito condemnado de Joaquim Silverio dos Reis.
(apoiados e apartes). Terça-feira—O superabundante critico Osorio Du­
O Sr. Francisco Bressane— Eu também. que Estrada visitará livrarias procurando as boas
obras dos bons autores que a sua penna de pato
O SR. LO B O JURUM ENHA - Pois foi isso ainda não desancou.
o que me trouxe á tribuna hoje, Sr. presidente. Não Quarta-feira—O general Francisco Glycerio bota­
quero ser taxado de indisciplinado quando na occasião rá á baixo o cavaignac e mandará abrir uma careca
votar com o governo do qual raramente me hei á navalha afim de ficar parecido com o marechal
affastado, com grande pezar é bem verdade, mas Hermes.
coagido por circumstancias supervenientes. Quinta-feira—A’ Camara estupefacta de enthusias-
O Sr. Delphim Moreira — Apoiado. mo o Dr. Graccho Cardoso proporá que se mande
erguer um monumento fúnebre ao prestigio do ge­
O SR. L O B O JURUM ENHA — Eu não sou pro neral Pinheiro Machado.
nem contra os accumuladores que me são perfeita- S e x ta -fe ir a -O senador Augusto de Vasconcellos
mente indifierentes, mas desde que o governo quer offerecerá duas barras do seu appellido para adoçar
acabar com elles é porque estudou o assumpto e a bocca avinagrada do senador Espia Maré.
chegou animado pelo seu grande patriotismo á con­ Sabbado—Inauguração, na Avenida Central, das
clusão de que elles são perniciosos á marcha dos novas pinturas do Dr. Pelino.
negocios públicos. Nessas condições, Sr. presidente,
e para concluir eu direi que fechada está para mim M m e. de T hebes
também a questão, porque confio no critério, na
honestidade, no patriotrismo, na sabedoria, na clari­ O Zé Povo, não tranquillo,
vidência, nos talentos, no estudo, no exame, emfim Pergunta a si mesmo, enfiado :
resumindo tudo em uma só palavra, confio plena­ — Quem me governa já é o Nilo
mente em tudo quanto o governo fizer. Tenho con­ Ou inda é o Pinheiro Machado ?
cluído ! (applausos calorosos e repetidos. O orador
é muito cumprimentado e abraçado por todos os Consta-nos que a secção de Credito Agrícola do
deputados presentes). Banco de Credito Real de Minas Geraes, passará a
Ferrolho appellidar-se secção do Credito Político.

Mausoléo do Dr. Bene-


dicto Leite que o Estadodo
Maranhão, por intermédio
do Sr. senador José Euze-
bio encomm endou ás offi-
cinas de Marmoraria de
C A M P O S S I L V A & C.,
á rua general Polydoro
n. 272, que perfeitamente
si desempenharam de tão
difficil encargo. O pro­
je c t o é do engenheiro
Morales de los Rios. O
m o n u m e n to já s e g u iu
p ara o
Mara­
nhão a
bordo
do v a ­
por
Pará.
C A K 1Q r a

0 MELHOR BAROMETRO Bom tempo; mas nesse momento soprou um tufão


tão violento que me arrebatou barometro, guarda-
Eu sempre ouvi dizer que para medir as altitudes chuva, chapéo, esparramou os animaes e atirou ao
e conhecer o estado atmospherico, ha uns instru­ chão o camarada. Foi uma difficuldade para reorga-
mentos que se chamam barômetros. Na minha qua­ nisar a viagem, por causa da chuva que logo desabou.
lidade de agente propagandista dos pregos sem ponta A excursão me correu desastrosa. Meus pregos
para calçado, tenho de fazer frequentes viagens pelo se enferrujaram. Estive quasi a ser despedido da
interior, e lembrei-me de utilisar um desses instru­ casa que represento.
mentos, para conhecer ao certo a altura dos logares Um destes dias entrei numa casa de petisqueiras
onde esteja assim como o estado do tempo. para jantar. Apenas me accommodára á mesa, vi com
E’ de importância capital para um viajante saber prazer entrar o meu velho amigo senador Xico Salles.
a que alturas anda; ninguém pode ficar tranquillo, Conversamos sobre a nossa terra e, não sei a que
ignorando se está a 200 ou 800 metros acima do respeito, a palestra versando sobre a previsão do
ni\el do mar. Mas para mim é muito mais importante tempo, narrei-lhe as minhas desventuras.
saber se o tempo se mantem firme e secco ou se — Ora, disse o senador, o seu instrumento não
vai chover. Em tempo secco, posso exhibir com tran­ podia deixar de pregar-lhe uma peça. Basta o nome
quilidade as minhas amostras de pregos sem ponta, de asneiroide para se ver que não podia deixar de
ao passo que, com a atmosphera húmida, elles se fazer asneiras.
enferrujam, e, perdendo o aspecto luzente desmerecem :— Não tinha pensado nisso! disse eu. O Xico
muito no valor. continuou :
A penúltima vez que estive no Rio, comprei um — Pois eu vou lhe indicar um barometro simples,
barometro e a respectiva bulla, ensinando como se devia seguro e barato, porque não custa dinheiro; é de
usar deile. Como estava muito pesado e incommodo graça. Nã uso de outro e nunca tive razão de queixa.
de transportar, abri um parafuso, escorri fóra o — Que instrumento é esse ?
chumbo derretido que vinha dentro, e puz na mala. — Callos ! . . . Callos, meu amigo. Mande acertar
Em Itajubá senti necessidade urgente de saber ao os seus callos pelo Observatório do Castello. Quando
certo a que alturas andava. Tirei da mala o instru­ ameaça chuva, elles doem ; quando o tempo é
mento, derreti um pouco de chumbo e quando fui variavel, latejam; se o tempo está firme, não se
enchel-o de novo, estorou, partiu-se em fanicos e lá sente nada.
se foi o meu dinheiro. O Xico Salles tirou a botina e me apresentou o
Paciência. Conformei-me com o prejuizo. dedo mindinho com um bello callo, do tamanho de
Quando estive aqui a ultima vez, voltei á mesma uma azeitona e graduado por tres círculos de tinta
casa e pedi outro barometro; mas um que fosse leve. preta :
portátil e sobretudo que não fosse cheio de chumbo — Estas tres linhas me dão a humidade exacta
derretido ou de outro ingrediente perigoso. da atmosphera. Quando a dor chega á primeira risca,
— Então vou lhe mostrar um asneiroide, disse o é de receiar mudança de tempo ; na segunda é ne­
caixeiro. blina ; quando eu sinto uma alfinetada no tópe, é
O instrumento me agradou, era um relogio com chuva certa.
um machinismo simples, e com o quadrante todo Estava eu debruçado sobre o pé do senador,
marcado: Tempo secco, Tempo firm e, Bom tempo, examinando o seu curioso barometro, quando senti
Variavel, Chuva ou Vento, Aguaceiro, Tempestade. uma palmada no hombro, com este commentario:
- E ’ exactamente o que me serve! disse, e com­ — Está saboreando o camembert ás escondidas,
prei o asneiroide. hein seu freguez ?
Segui para o norte de Minas. Olhei, era o dono do frége que verificando o engano,
Ao sair do Curvello, examinei o asneiroide; o pediu desculpa e retirou-se. Os freguezes mais pró­
ponteiro estava no meio entre Bom tempo e Tempo ximos levavam o lenço ao nariz e o senador, enfiado,
fix o . Segui tranquillo, mas dahi a duas horas desabou calçou de novo as botinas.
um aguaceiro tal, que a estrada se transformou num Ao sahirmos, ainda repetiu o conselho, que eu
rio e a besta não poude andar. Emquanto esperava segui á risca. Fui ao observatorio, conferi e regulei
que passasse a chuva, abriguei-me num rancho de um callo por instrumentos de precisão, e agora tenho
tropeiros e tirei da mala o instrumento todo molhado. um barometro que não nega. Basta rectifical-o uma
O ponteiro agora marcava: Tempo secco! vez por mez, para andar sempre em ordem. Quando
— Ora esta! pensei commigo, Mas desculpei-o. elle dóe já sei que é preciso resguardar os prégos,
E tive então a confirmação de que toda gente, até porque chove. Quando lateja, saio de guarda-chuva,
mesmo os asneiroides estão sujeitos a engano. por segurança.
No dia seguinte o céo amanheceu limpo e o sol Posso garantir, por experiencia própria, que não
brilhando gloriosamente no azul sem mancha. Exa­ ha barometro de Fortin ou asneroide que valha um
minei o asneiroide e estava o ponteiro marcando: callo de segurança, bem rectificado.
Tempestade. Por precaução enfiei a capa de borracha, T r i n c a - F ig o s
tirei o guarda-chuva e montei a cavallo. Quando o
calor suffocava, eu examinava o instrumento. O pon­
teiro estava firme na Tempestade e eu seguia. Du­ A uma viuva de pouco que acabava de confessar-
rante tres dias viajei de capa de borracha e guarda- se, perguntou uma conhecida :
chuva debaixo do braço, escaldado por um sol de
fogo e sob um céo sem nuvens. Ahi comecei a des­ — Que te disse o padre para saires tão conso­
confiar do barometro. Ao atravessar a serra do lada ?
Riacho, parei debaixo de uma arvore e examinei o — Affirmou-me que meu marido agora deve estar
asneiroide. Com surpreza vi que o ponteiro marcava melhor do que nunca esteve na terra.

Bellissima variedade de chapéos modelos para


Chapéos Modelos senhoras e m eninas: acaba de receber das prin-
cipaes m odistas de Paris A CASA RAUNIER
CARETA

A D ESCO B ER TA DO P O L O DO NGRT
Uma questão geographica. Cook ou Peary ? 0 deslocamento do eixo. America for ever?
Ha dias chegou, trazida pelos cabos telegraphicos,ao mos nelle, como gravemente affirma o general Gomes
nosso conhecimento, uma espantosa noticia. O Polo Machado, ainda ha pessoas tão malucas que deixem o
do Norte havia sido descoberto! Pasmamos. E nem ou­ conforto das terras civilisadas para andar a cata dos
tra coisa era de esperar de gentes que se bem que extremos do eixo do mundo? Mas, senhores, não era
absorvam como nós absorvemos extraordidaria quanti- bem passado ainda o espanto da extraordinária noticia
de haver Cook, um americano levado dos diabos, des­
coberto o Polo, e gemem outra vez os supracitados ca­
bos telegraphicos affirmando nova descoberta do Polo
por um outro americano também levado da breca, o
Dr. Peary.
E começou logo uma discussão tremenda entre os
dous descobridores cada qual querendo as glorias da
estupenda descoberta. Cookistas e Pearyistas pelo
mundo a fora louvavam as altas qualidades dos seus
respectivos patronos, reivindicando para cada um delles
os méritos daquella África. África é um modo de dizer,
porque na África é que não ha Polos.

Peary, descobridor do Polo do Norte, gloria que Cães utilisados por Cook na tracção dos trenós,
lhe é disputada por Cook, a bordo do Roosevelt.
Um venerando membro do Congresso de Geogra-
dade de gelados, e andem como nós andamos por via phia que nós pressurosamente corremos a consultar,
affirmou-nos grave e profundamente convencido que
de regra com as algibeiras extremamente frias, o barô­
isso era uma historia, pois o Polo já de ha muito esta­
metro, só subindo alguma cousa no ultimo dia do mez,
jamais iriam ao Polo. Pois neste século que esta- va descoberto pelo Sr. Julio Verne, um viajante muito
celebre e um consumadissimo geographo.
Apezar do conceito que nos merece sempre
essa autorisadissima opinião e abalisadisima
voz, não demos lá grande credito á historia.
Se o Polo estivesse de facto descoberto, nin­
guém se daria ao trabalho de procurar desco-
bril-o, como diria Mr. de La Palisse ou o sena­
dor Azeredo por elle. Mas, afinal quem seria
o descobridor ? Cook ou Peary ? Cook diziam
os Cookistas, Peary diziam os Pearystas, com
o mesmo enthusiasmo com que nossos civilis-
tas e militaristas se atiram á discussão das can­
didaturas presidenciaes. M a s ... de repente,
acudiu-nos uma idéa. Isso é cousa que não
acontece a toda a gente. Nós ás vezes temos
idéas. E essa foi genial, conforme verificarão
da exposição que passamos a fazer.
Evidentemente Cook e Peary estão de boa
fé. Cada um delles descobriu um Polo do
Norte. Mas havia dous Polos do Norte, per-
O Roosevelt, navio que conduziu a expedição Peary guntorão os senhores? Ahi é que está o gran­
ao Polo do Norte. dioso da nossa idéa. Como os senhores todos
CARETA

se devem recordar, houve ha tempos, ahi um desloca­ guem pode negar seja'um homem preparado, apezar do
mento de eixo, conforme asseverou com toda a gravi­ horror gue tem aos ditos. Pois foi isso. Peary desco-
dade o Summo Pontífice da nossa Republica, que nin- brig o Polo antigo do Norte, o que estava no logaronde
terminava outr’ora o eixo. Cook por sua vez guiado
certeiramente por sua bússola, foi ter ao novo ponto
em que se fixou o extremo do eixo depois de desloca­
do, descobrindo o nosso Polo do Norte.
Assim temos Polo pelo antigo e Polo pelo moderno,
conforme a também muito autorisada opinião do Dr.
Leoni Ramos.

Explorador Peary em trages que provocariam a


Desembarque do explorador americano Cook reprovação indignada do Binoculo, com a sua
em Copenhague. matilha de cães.

E’ essa a nossa idéa. Não é genial, hein ?


Olhem que não acodiria a muita gente, mes­
mo atirada a estudos geographicos como ver-
bi gratia o ex-senador e hoje Jeremias do
Republicanismo, Dr. Coelho Lisboa.
Mas afinal, o que nos deve consolar é
que o Polo, fosse descoberto por um Cook
ou por um Peary,o caso é que foi descober­
to por um americano. E’ a révanche que a
jovem America toma da velha Europa.
Esta nos descobriu um dia.
Pois bem, hoje nós descobrimos o Polo, o
que é uma aventura muito mais gloriosa, por­
que afinal de contas a acreditar no que dizem
autorisados e sábios compêndios, o Polo é a
extremidade do eixo, e o e ix o ... o eixo é
uma coisa que só a política pode deslocar.
Tripulantes do Roosevelt. America fo r ever!

No Restaurant Su l America. Authentica: — Que ! 49$000 por tres pratos! A qual das notas
— Garçon, a conta. devo pagar ?
— Prompto, patrão 1 O garçon, muito serio :
— A que Vossoria quizér.
— Que! 19S500 por tres pratos? Ha engano, queira
verificar.
O garçon volta ao gerente e pede uma nota expli­ Communica-nos o coronel Rodolpho de Abreu
cativa com o nome dos pratos e os preços. Traz a nova que as suas plantações de batatas estão muito viço­
conta ao freguez, que sonha um preço menor. sas, promettendo abundante colheita. E:.
— Eis aqui, patrão 1 Parabéns ao operoso agricultor.

Grande venda de anniversario com A B A T I ­


A TORRE EIFFEL
r = 8 7 -R U A DO OUVI DOR —99 --
M E N T O R E A L nos preços de todos os
artigos. —
SAU D AÇAO A ADIVINHAÇÃO
(P a r a C o t in h a ) — Imagina meu caro que éramos tres, e todos
Salve, Gloria da Forma! Salve ousado tres apaixonados pela mesma menina. E a verdade é
Corpo de Deusa, erguido em neve pura, que éramos todos tres tão apreciáveis, tão bons
Templo augusto onde vive desterrado partidos que ella hesitava na escolha, o papá hesitava
O espirito pagão da formosura. também e por fim até aquella que devia ser a que­
rida sogra de um dos tres não ousava escolher. Isso,
Graças ao esplendor, ás harmonias como bem deves comprehender instigava-nos; cada
Das tuas formas vigorosas, chega, qual se esmerava em apparecer melhor, offerecendo
Robusta e victoriosa aos nossos dias mais solidas qualidades aos olhos das tres pessoas
A intensa vida da belleza grega. das quaes julgavamos depender a nossa felicidade;
Argivo, o teu aspecto, o véo divino mas é o que parece, o diabo a todos inspirava
Do olvido estende sobre os nossos males, igualmente, porque no fim de tres mezes estavamos
E o teu sorriso é como um sol a pino todos como no primeiro dia e a hesitação da familia
— Veste de luz os pincaros e os vales. a qual nos queríamos ligar mantinha-se.
— E afinal ?
Desse corpo nas linhas opulentas, — Ora, o que não occorre a mulher! Um dia a
Forte, á seiva de nova juventude, pequena nos reuniu em sua sala de recepções e
O ’ primavera da belleza ostentas,
propoz-nos, tal qual a esphynge, um problema cuja
A flor, hoje tão rara, da saúde.
solução exacta teria por prêmio a sua mão.
Poupem-n’o os annos, e o buril do artista, — G5dipo, perfeito, hein ?
Copiando-o fiel em mármore sagrado, — Qual CEdipo! Olha que a mãe delia não era
Exponha-o d’outras gerações a vista viuva, e nenhum de nós a queria mais do que para
Immortalmente secularisado! sogra.
V o l - T a ir e — Mas qual foi o problema afinal ?
- A descoberta de sua edade exacta. Aquelle que
acertasse seria o felizardo. Desde que ella acabou
de falar julguei-me vencedor. Dias antes em conversa
com a futura sogra essa me dissera ter-se casado em
1890, e a filha nasceu um anno depois; de sorte que
feita a pergunta, fingi certa perturbação, como quem
se entrega a cálculos extraordinários depois disse
com firmeza : 18 annos.
— E d’ahi ?
A J. M. G oulart de A ndrade — O Pygmalião falou em segundo e disse: 17 e
No amplo e verde docel da matta solitaria, meio.
Onde blasphema o vento e o ribeiro responde, — E então ?
A parasita galga os ramos da araucaria — O Carlos porem parece que era mais conhe­
E entre festões de prata, abre o pallio da fronde. cedor do coração feminino porque quando chegou a
sua vez, murmurou com toda a convicção: 15 annos
Como um tapête irial que aos astros corresponde, incompletos.
Cheio de ouro, a luzir como uma luminaria, — E o Carlos ? . . .
Ella a se baloiçar, entre as folhas se esconde — E o Carlos casou-se hontem com ella, meu
Na imaginaria paz da sombra imaginaria. amigo, e nós fomos os padrinhos.

Sobe e vae a florir com meneios de cobra, O Dr. Wencesláo Silverio acaba de romper ruido­
samente com o seu grande amigo Rodolpho de
E no alto escancarando o calix viridente, Abreu, porque este pensando ser-lhe agradavel (les
Fica a fallar ao céo que se estende e desdobra, petits cadeaux entretiennent 1’a m itié) enviou-lhe
uma cestinha com figos de sua chacara em Barba-
Esperando que o Luar pela escura alamêda, cena.
Ao ver os esplendidos fructos da figueira, tenros,
Desça para dormir como um gato indolente fragrantes, de uma bella cor roxa, o Dr. Wencesláo
Na alva trama sensual de seus braços de sêda. Sylverio, levando as mãos ao pescoço, começou a
gritar como um desesperado :
Pó. — Tirem isso daqui ! Ingrato ! Nem com os 50
O l e g a r io M a r ia n n o
contos do Credito Agrícola ! Deixa estar que dor de
barriga não dá uma vez só !

Chegou da Europa o Dr. Murtinho. O senador


Azeredo subiu para Petropolis.
manifestação ao Senador Ruy Barbosa — A platea do Theatro Lyrico quando orava o Senador Ruy Barbosa.
C A R E T A

CARTAS D E CM M A T C T O

Comade, os rôlo acabou Donde sahe esse dinheiro Que a fumaça e a muié,
E tudo vortou á carma, E ’ que eu não sei, siá Thereza, Tal e qual o catavento,
A policia socegou, Que este Rio de Janeiro Vai pr’adonde não se qué,
Quetou e depoz as arma. E’ a terra das surpreza. E muda a cada momento.
Se eu me arrefiro a policia, Tal individio que ganha As dama toda emburrou
E’ um modo de dizê, Trezentos ntirréis por mez E ficou de rosto sério,
Proquê, quem fez a injusticia, Perde, e ninguent não extranha, Quando o Medeiro citou
Quem fez os môço morrê Contos de rèis de uma vez. O que disse um tal Qualterio :
Foi uns dois officiá Ansim comade, decerto» "As muié véve girando;
E uns cinco ou seis sordado, Que ha de havê desfarque e roubo, Só para quando enferruja».
Quem bem cedo hão de pagá, Para lucro dos esperto Bielia ficou bufando,
Para não sê tão marvado. E perjuizo dos bôbo. C u m a cara de coruja,
Nos dia do baruião E, pro falá em bobage, E gritou : "Vem cá birbante !
Esta côrte pegou fogo, Dois sujeito : Pére e Cuque, Vem seu cara de bocô !
Esqueceu a obrigação, Só promodo uma viage, Que eu lhe amostro neste instante
Esqueceu inté do jogo. Tão quasi brigando a muque. Que enferrujada é sua vó...»
Comade, este chefe novo Cada um desses dois honte Fu disse . "Meu Deus ! Bielia!
Não persegue os jogado, Pro causa do pólo norte, Que escando ! Nossa Senhora !...
Deixou carta branca ao povo Xinga ao outro cada nnnte, Que é isso ?!...» Ahi garrei ella,
Que só se vendo ! E’ um horrô !... Que eu temo índa acabe em morte. Sahimo pra porta afóra.
Joga o rico, jrga o pobre, Acho que isso é rixa antiga, E vortando incontinenti,
Joga o preto, joga o branco, Ciúme de caçado, Inda co’a cara no chão,
Quem tem e quem não tem cobre, Que a terra pro qu'elles brigá Percurei o conferente
Que o jogo tá mento franco. Parece não tem valô. Pra lhe dá sastifação.
Uns faz sua fé na roleta, Pr’ocê comprendê o fundo - "Tranquilisa, home ; asserena !
No pôke, no bacará, Dessa briga sem rezão, Me arrespondeu o Medeiro,
Que são jôgos de intiqueta Percisa sabê que o mundo Despois il'aquella co'o Penna,
Dos doutô e generá. Parece uma fructa-pão. Perdoo tudo aos mineiro...»
Dado. monte e sete-e-meio Tem um eixo, bem no meio, Engoli o desaforo
E’ pro povo democrata Que fura de sólo a sólo ; E enfiei, subi a serra.
Que não tem os borço cheio Adonde atrevéssa o esteio, Veja só ! Achá desdouro
E exége coisa barata. Ahi é que fica o pólo. Sê nascido em nossa terra !
O bicho entonce, é que arraza, Se ocê prantá lá semente, Eu não quiz lhe dá o troco
A ’s vez, famías inteira, Não chega a dá nem o g rê lo ; Que este mundo é isso mêmo :
Quando lavra numa casa, Não tem caça, não tem gente A mardade foi de uns pouco,
Vai da dona á cozinheira. Nem nada : é somentes gelo. Mas nós todo é que paguemo.
O povinho, esse não tem Se eu fosse mais abastado; Minha comade, um festão,
Nem pro feijão com angú, Para acabá co'essa guerra, Coisa devéra estrondosa,
Mas sobra sempre uns vintém Eu dava elles argum gado Foi a manifestação
Prarriscá no jaburú. E arguns arqueire de terra. Que fizero a Ruy Barbosa.
N'é invencionice minha, Das pessoa em evidencia Comade, tá-se falando
Eu sei proquê que eu accuso, Não ha na côrte quem perque Agora, num trem de móla
Já vi jogá vermelhinha, De assisti as conferência Que assunga e vai voando
Já vi jogá inté buso. Do Medeiro de Arbuquerque. Tal qual uma passaróla.
Se ocê quizé arriscá Isso de leteratura Quem já viu luz sem pavio,
Uns cobre, ansim pr'um capricho, Não entendo, é uma balbúrdia ; Balão suspenso no á
Abasta abri um jorná Mas delle (sem impostura) E telegramma sem fio,
Pra vê annuncio de bicho. Entendi. Que coisa estúrdia ! De quê que hade duvidá ?
A coisa chegou a ponto Inté Bielia entendeu. Acceite muitas sodade
De ocê vê certos pimpôio Entendeu, mas não gostou, Da famia do Romão
Perdê treis e quatro conto Proquê ella pensa como eu, E deste amigo e compade
Emquanto se esfrega um ôio. Meu pai, meu defunto avô, T ib u r c io d ’A n n u n c ia ç 5 o .
C A R E T A

A primeira viagem .. . . Perguntaram uma vez ao Delfim Moreira:


O creado :—Foi aqui que chamaram? — O ’ Delfim porque é que o Chico Salles escre­
Uma voz moribunda:—Foi. ve Salles com dous l quando S. Francisco de Sales
assim é chamado por ser de Sales com um l só ?
O creado :—Quer que lhe traga alguma cousa? - Pois então ! S. Francisco era um simples san­
A voz Sim. Traga-me um continente, uma ilha to, ao passo que o meu illustre chefe é um grande
ao menos, mas pelo amor de Deus alguma cousa senador. Já vê que tem direito a dobrar as vogaes.
de firme. E se não puder ser afunde-me este navio...
O ’ Marianninha a vacca é a mãe do bezerro ?
Pede-nos o Sr. Tertulliano Coelho que declaremos E\
ao publico não ser elle absolutamente inventor de E quem é o pae ?
uma nova arithmetica, como se propalou.
E’ o touro.
S. Ex. Municipal não faz absolutamente concur-
rencia á escola Polytechnica, e sim applica os pro­ E o boi o que vem a ser, então ?
cessos do seu ‘chefe senador Rapadura. O boi ? . . . O boi é o tio.

solopM; um neurasílhenico

A existência é uma eterna su rp re z a !... Durante a adolescência, o homem persegue uma mulher e depois de sacri-
ficios inauditos, consegue-a. A vida conjugal passa a ser detestável. . O palhaço da natureza atira-se a
pescaria e, depois de renovar por muitas vezes a isca do anzol, ferra um carapicú.
Não vos descuideis de vossa pelle
nem de vosso cabello

— l ' SAE SEMPRE O =

Sabão ArisíoSino
de OLIVEIRA JUNIOR, poderoso a n t i s é p t i c o
c ic a t r iz a t it e , a n t i-e c z e m a t o x o e
a n t i - p a r a s i t a r i o USAE DE A CCORD O
COM O FO LH ETO Q UE ACOMPANHA CA­
DA VIDRO que os resultados serão certos.

r n iU I M T F e e v i t a ° s u o r f é t id o dos pés das m ãos e dos


u U IV ID n lL s o v a c o s , lintpa e amacia <t peite

no banho é de grande vantagem como anti-sceptico. COMO DEN-


TRIFICIO os seus effeitos antiparasitarios são evi-
dentes. Limpa alveja e conserva os dentes.
C A R ED T A.

AUTHENTICO Quando o Dr. Bernardo Monteiro for senador...


A proposito, porque é que quando a gente diz
Tendo, no dia do seu anniversario natalicio, o uma tolice costuma-se affirmar que isso é uma ber-
Presidente da Republica recebido diversos telegram- nardice ?
mas de felicitações de pessoas residentes na Ilha do
Governador, encarregou seu secretario e irmão o O senador Sylverio Nery vae mudar o seu nome
Dr. Alcibiádes de agradecer, em telegramma, a cada para Wencesláo Nery.
uma dessas pessoas as congratulações enviadas. Muito bem ! E ’ uma homenagem merecida ao
O Dr. Alcibiádes mandou para o telegrapho uma grande estadista mineiro. E depois, os nomes são
lista de telegrammas, encabeçada pelo seguinte : tão parecidos!
“ Dr. Arthur Maggioli—Ilha do Governador—Agra­
deço penhorado vossos cumprimentos. Nilo Peçanha.” O Dr. Wencesláo Braz, affirma-se, vae resignar o
Poupando-se ao trabalho de reproduzir nos se­ cargo de presidente de Minas, renunciar a sua can­
guintes os mesmos dizeres o Dr. Alcibiádes escreveu: didatura á vice-presidencia da Republica e abandonar
“Sr. Fulano — Idêntico — Nilo Peçanha.” inteiramente a politica.
Ora, por um phenomeno de facil explicação, a Ora que esperança! Quem é que acredita nisso?
gentil senhora que na Ilha do Governador exerce as Pois então agora é que o homem sentiría escrúpulos
funcções de telegraphista não percebeu a subtileza e de consciência ?
transmittio aos amigos e admiradores do Chefe da
Nação este despacho, que os escandalisou e até O commodore José Carlos promette ainda este
offendeu : anno dois discursos contra a escola de aprendizes
“Sr. Amancio Torres—Ilha do Governador—IDÊN­ de Pirapora. Contestal-o-á porém o Sr. Delfim Mo­
T IC O —Nilo Peçanha.” reira, cuja oratoria está profundamente apurada.

A Careta declara alto e bom som que absoluta­


E o Dr. Murtinho ? mente não concorre ao arrendamento do Porto do
Até agora nada? Rio de Janeiro.

D íTo Joaquim MuirtDiralho

D r. Joaquim M urtinho, dando o braço ao D r. Bernardino de Cam pos, cercado de polí­


ticos e clientes que o admiram, atravessa a rua da Assembléa, á caminho de sua
residência, no dia do seu regresso á Patria.

FABRICA E DEPOSITO DE CALÇADOS


A’ BOTA “ F L U M IN E N S E ”
—) Especialidades em calçados Chaleira e Viuva Alegre (— A m a is b a r a te ir a de to d o o B r a z il

123, AVENIDA PASSOS, 123 ( lado da Rua Marechal Floriano) - R O O D E JA N E H R © -=


O C O N D E D’ EU estrellinas com alluminio eu já terei prevelegio delia é
outra coisa que ninguém se lembrou.
Paraguay. Campanha das Cordilheiras. Acampa­ Eu tenho muitas outras idéas sobre a crize do
mento do Exercito Imperial. Uma fome negra abate café, estradas de ferro, emigração e outros proble­
as legiões victoriosas. mas nassionais que eu irei escrevendo e mandando
Um cabo, ordenança do Conde d’Eu, afastando-se para éssa revista, para que ninguém tome as minhas
do acampamento, encontrou uns restos de carne, que idéas e náo execute ellas antes de eu ser governo.
logo (suppondo não ser de cavallo, como provavel­ Sr. Redactor, pensando nos emportantes proble­
mente era), assou num brazeiro que acceudeu e mas que ainda faltam resolver no nosso paiz, em-
soffregamente devorou-a. quanto os políticos vévem isplorando as candedatu-
Regressando ao acampamento narrou o indigesto ras prezidençiaes que apachonam a openião publica
caso aos companheiros, e, affagando a pança, exclamou: em vez de trabalharem pelo bem do paiz, que neçe-
- Comi como um príncipe 1 çita de estadistas como os antigos que tudo sacrefi-
O Conde d’Eu, que o ouvia, murmurou ao seu cavam pelo bem da patria destinada em futuro pros­
ajudante : simo a çer uma das nassões mais floreçentes do
- Infelismente não sou esse príncipe. mundo.
Com estima e conçideração, çou etc,,.
^Publicando essa importante carta, pomos á dispo­
sição do illustre senador mineiro as columnas da Ca­
Q estão financeira reta:, que se considera muito honrada com tão bri­
Escreve-nos o illustrado senador Francisco Salles: lhante collaboração.
«Sr. Redactor.
A pesar de dar meo appoio ao guverno, tomo a
liberdade de faser algumas conciderasões sob a sua
orientassão phinanceira,
O ellustre Sr. Bolhões tem remetido para Londres,
segundo leio nos jornais, para treis ou quatro me-
lhões de libras estrellmas. Me parece isto um erro.
Todos sabem que estamos percisados de dinhei­
ro, e que a nossa penúria data da incensata queima
de notas, nas fornalhas da Alfandega. Para sanar
THEATRO NACIONAL
essa loucura do Sr. Joaquim Mortinho, o governo O ALBATROZ
encommendou na Orópa machinas aperfeiçoadas de
fabricar notas do tisouro. E quando esperava-mos Os louvores com que a critica recebeu o Alba­
que o governo, para remediar a falta de dinheiro, troz de Oscar Lopes não foram excessivos. O bri­
mandaçe imprimir uns cem ou dozentos mil contos lhante poeta das Medalhas e Legendas, o fino novel-
e pôr elles em cerculação, em vez disso, tira do lista do Livro Truncado triumphou no theatro pela
pouco qué nós temos e manda para Londres 1 força exclusiva do seu mérito.
Os amigos que conhecem a minha orientação
phinanceira, desejam que eu seje Menistro da Fazen­ Introduzindo, pela primeira vez, a aeronave no
da no prossimo governo. Se eu for convidado para theatro, estudando, num mesmo typo, o sonho am­
este posto de sacrefissios que não haspiro, asseitarei bicioso e egoistico da gloria e o egoismo do amor,
só para pôr em pratica o meu plano. Oscar Lopes, no desdobramento da sua peça, domi­
Visto os inconvenientes da moeda de papel, que na a platéa, fazendo-a experimentar duas sortes de
se rasga dipressa e é facil de falceficar, eu tratarei emoções, que sacodem, umas, a alma, e prendem, ou­
de sobestituir as notas por moedas de ouro do se­ tras, o espirito.
guinte modo. Mandarei emprimir sinquenta melhões A acção corre empolgante da primeira a ultima
de notas de dezasseis mirréis cada uma. Com essas scena. Violentamente interessado pelo drama, viven-
notas comprarei libras em Londres (cada libra vale do-o, o espectador não se distráe um minuto duran­
16$000). Quando as libras xegarem, eu troco ellas te a representação e nos intervallos procura, si ainda
pelas notas que cerculam no Brazil, e guardo as no­ não os conhece, adivinhar desenlaces.
tas e prohibo que não se use senão ouro. Depois eu O final do segundo acto é de uma belleza que se
arranjo no Congreço um imposto de isportação póde chamar excepcional: cégo, tateando dentro da
de 10$000 sobre cada libra que çair do Brasil, mas sua treva, com os braços desesperadamente e inutil­
ellas podendo entrar sem pagar imposto. Não ha mente estendidos, ouvindo as acclamações que cele­
plano mais claro e mais simples. Ficamos açím com bram a victoria do seu genio e o nome de um discí­
800 mil contos de ouro no paiz e pagar as nossas pulo, o inventor sente passar no azul, dominando
dividas ao extrangeiro, pagamos em notas de papel horizontes, o seu glorioso Albatroz.
feitas na Casa da Moeda ou mesmo nos Estados- No terceiro acto, entre as que nos pareceram
Onidos. mais bellas, destacaremos a scena soberba, tragica­
Não póço compriender como até hoje ninguém mente grandiosa, em que Julio Frederico arrancando
teve essa idéa, tão simples e tão clara, esse meio tão a venda dos olhos para ver a mulher que o trahia
facil de remediar ao mesmo tempo os dois enconve- recua horrorisado ao sentir que está irremediavel­
nientes de que o povo vem se queichando a tantos mente cego.
annos : falta de nomerario e cerculação de papel em
vez de ouro. Oscar Lopes realisa a 11, no Theatro Municipal,
Se os inglezes não quizessem vender tantos me­ com o Albatroz, a sua festa artística. O culto povo
lhões de libras de uma vez, ainda assim eu resolve­ carioca irá, de certo, levar ao jovem triumphador o
ría o problema. Como o ouro é muito caro, eu man­ prêmio dos seus applausos.
dava fazer as libras na Casa da Moeda com allumi-
nio dourado, que ficavam muito bonitas e leves e o
problema da cerculação metallica ficava rezolvido de
modo talvez milhor. Essa idéa de fabricar libras
UMA INCUMBÊNCIA DAMNADA jo ardente de sorver uma pitada. Procura a boceta e
não a encontra.
O nosso visinho D . Xiquote pede-nos que publi­ - Foi o velhaco do hortaleiro que m’a roubou !
quemos com uma rabecada no autor para que não disse elle comsigo.
lhe appareça mais, a seguinte supposta Doesia: O pobre do italiano estava esperando, num canto
da sala, a verificação das contas. Antes de provar a
A MINHA ESTRELLA somma, o Dr. Francisco Salles tomou um cartão e
Oh ! linda estrella, fulgurante brilhas, escreveu :
Como luzeiro radiante e bello! “Amigo Dr. Chefe de Policia—Peço-lhe mandar-
Teos olhos lânguidos trescalando amores, me um soldado para prender o Pietro e dar-lhe uma
Nessa corrente me ligaste ao elo ! busca nos trastes, porque elle me furtou uma boceta
de ouro. Peço urgência.—Do amigo Xico Salles,,.
Quizéra ó bella demonstrar-te tanto, — Leve este pape! com urgência ao Chefe de
Quanto meu peito te votou amor! Policia e espere a resposta ! ordenou o Salles.
E os teus olhares como setta ardente,
Com vehemencia me causaram a dor! O pobre Pietro ia sahir para entregar o bilhete,
quando, á porta, viu um objecto luzente que parecia
Tu és o iman que me impelle a vi da! . . . de ouro. Apanhou-o e reconhecendo a boceta do
Teu rosto é bello deslumbrante e lindo ! patrão, entregou-lh’a.
Esse teu talhe semelhante aos anjos, Immediatamente o Xico Salles pediu-lhe o bilhete
Inebriou-me alma, te amei infindo ! e accrescentou ;
Amo-te ó virgem com delirio infrene ! “ Post-scriptum. Achei a boceta; não é pois ne­
Que jamais no mundo haverá igual ! cessário incommodar-se nem mandar o soldado. O
Contemplo as formas do teu rosto esbelto, mesmo,,.
Nesse conjunto de mulher ideal ! E voltando-se para o Pietro :
Se fito a estrella tua, imagem é nella! - Tome. Leve já ao Chefe de Policia, que é ur­
Na flor maes pura retratada estáes! gente.
Nas maravilhas do universo inteiro, O Pietro sahiu, e o Xico Salles continuou a som-
Esses teos olhos são os meos phanaes ! mar as suas contas.
Tentei fugir-te, foi baldado o esforso !
Não se foge a s i n a ! . . . Que fazer e nt ão?. . . Partiu hontem para a ilha da Madeira o illustre
Render-me escravo a teus pés prostrado, coronel Francisco Bressane, que vae somente em vi­
Implorar clemencia, te pedir perdão.
sita a sua patria, devendo estar de volta até De­
Rio de Janeiro 27 de Setembro. zembro.
H o r a c io M a r q u e s de A ndrade

Informam-nos que ao melodioso choto dessas Dialogo conjugal entro mulher e marido
quadras deve o bacharel Horacio a tremenda surra
M ulher— Sabes Arlindo, precisamos dar hoje um
de páo com que a indignação burgueza consagrou a passeio á cidade, hoje sem falta !
sua gloria, arrancando-lhes os gritos que espalharam Marido — Fazer o que na cidade, Jozephina ? Sa­
a sua fama da Ilha dos Promptos ao Cosme Velho. bes que a cidade actualmente não tem nada que possa
distrahir. Olha não tem mais a Exposição de Hygiene,
os cinematographos já bastante aborrecidos, os thea-
tros. Esses estão em uma decadência deplorável.
Mulher — Ora marido já vejo que não sabes cousa
nenhuma ? Pois vamos ver a linda Exposição da casa
Au Palais Royal. Não sabes que os Srs. Deodor Fi­
lho & C. Ferreira firmaram contracto com a respeitável
D I S T R f l C C f l O casa Aux Corset Mervelleux da rua “Chaussée d’Autin„
9
n. 66 de Paris, para a venda exclusiva dos seus repu­
O senador Francisco Salles desde tempos imme- tados espartilhos ? !
moriaes fazia uso do rolão, nome que se dá em Mi­ Marido — O que está me dizendo Jozephina?
nas ao pó feito do fumo torrado ao fogo. Será verdade o que me dizes ?
O rolão traz-se numa cornixa, que é nem mais M ulher— E ’ a pura verdade, e já retiraram da
nem menos que uma ponta de chifre, artisticamente Alfandega uma grande remessa das seguintes marcas
polida e tampada por meio de uma rodella de cuia registradas : “ Elegant, Le Coquet, Le Mondaim Le
Quando S. Ex. foi eleito senador, resolveu subir Riche e Le Marquis.
do rolão ao rapé, que occupa um gráo mais elevado M a rid o— E, é muito longe esta casa filha?
na escala dos productos do tabaco, e para comme-
morar esse acontecimento, os amigos offereceram- M ulher— Qual longe nada, é na rua do Ouvidor
Ihe uma boceta de ouro. numero 128.
Estava um dia S. Ex. verificando umas contas de Marido — Então prepara-te depressa e vamos
verduras quando sente, no nariz, cócegas e um dese­ visitar esta casa.
Cura Asthma, Bronchite Asthmatica, é o anti-asthmatico ideal.
O P O ’ I N D I A N O Não produz perturbações cerebraes. Não abate, nem deixa dôr
de cabeça depois do seu uso. Numerosos attestados de médi­
Encontra-se nas boas Pharmacias e Drogarias. — Deposito Geral: Drogaria de cos e doentes provam a sua effícaria.—Vide a bulla que acom­
— Francisco Giffoni, — Rua 1” de Março, 17 (an tigo 9 ) — Rio de Janeiro— panha cada frasco. - -- r

K£i
É UM A C R EA Ç Ã O
= 3 M EDALH AS DE OURO

Seitreis da pelle?
Quereis ser formosa ?
u sa e a

— LUGOLI NA—
do Dr. Eduardo França
O M E L H O R R E M E D I O P A R A M O L É S T I A S DA
P E L L E , F E R ID A S , C O M IC H Õ E S , B R O T O E JA S ,
SA R D A S, PANNOS, M ANCHAS, ETC .
Consagrado na Europa e nas
Republicas Argentina, Urngna.v e Chile.

V E N D E - S E EM T O D A S A S D R O G A R IA S ,
P H A R M A C IA S E P E R F U M A R I A S

D e p o s i t á r i o s : AR AÜIO F R E I T A S & C.

114, RUA DOS OURIVES, 114—RIO DE JANEIRO


SiSU 1IQUID0 PR0PHIUC1IC0
ROSAVENUS”

ULTIMA CREAÇÃO
E' sem rival para conservara cutis dando-lhe
a frescura e maciez natural da Juventude, sendo
a base principal d ’este delicado produeto o
leite, e bastante conhecidas suas propriedades
refresca a epiderme, reanima as cores vivas do
rosto de um modo extraordinário, seu uso
diário se torna indispensável para fazer des-
apparecer as irritações e todas as impurezas
da pelle,'estando delicadamente perfumado com
essencia de rosas jsubstitue com vantagem os
sabonetes de toucados por estar livre de toda
causticidade. A ’ venda em todas as boas per­
fumarias e no Deposito Geral
PERFUMARIA CAMPOS

9 — Rua do Theatro — 9
MACHADO DE ASSIS TELEGRAPHO SEM FIO
(Serviço <le ultima liora)
Mlle. Zalina - Botafogo — Recebendo a graciosa
carta em que V. Ex., baseada em argumentos indes­
trutíveis, discorrendo sobre as beneticas influencias
das modas sobre a alegria humana, deseja inaugure­
mos, nesta revista, uma secção de modas — pesamos,
uma a uma, as razões de V. Ex. e depois de pro­
funda meditação chegamos a conclusões absoluta­
mente contrarias aos desejos de V. Ex. Careta é o
orgão político do bello sexo e, consequentemente,
é lida pelas mais elegantes senhoritas das rodas
chies ; assim sendo, e porque não se ensina o padre
nosso ao vigário, não tentaremos dar licções de
modas a quem não as precisa e nol-as poderia dar.
X . P. I. O .—Livres—Republica Argentina—O amigo
foi victima de um formidável carapetão. O deputado
José Carlos de Carvalho não é autor do Beridegó;
foi, cremos, o seu descobridor. A autoria do Ben-
degó cabe, se não nos enganamos, a sua Ex. o
Padre Eterno. Parece-nos que o Sr. não está bem
informado sobre o que seja o Bendegó. Esse nome
designa um meteorite que tendo caido sobre a cabeça
do seu eminente descobridor (que por isso o desco-
brio) arrancou-lhe os tre? quartos de aduela que
tanta falta lhe fazem.
B. fí. — Santa Thereza — Para attender ao vosso
pedido de informações sobre o Sr. (callentos o nome)
teriamos que tazer uma verdadeira devassa sobre
Olavo Bilac lendo o discurso com que inaugurou a placa a vida desse cavalheiro e desdobral-a, depois, aos
commeinorativa mandada collocar, pela Academia Bra- vossos olhos e aos do publico, o que não seria
zileira, na casa em que residio Machado de Assis
o seu primeiro Presidente. digno e nem é do nosso programma.

IÂCHADO DE Al

Senador Ruy Barbosa, Presidente, e membros da Academia Brasileira, e admiradores de


Machado de Ass/s, em frente á casa em que residio e faleceu o grande prosador.
CARETA

GENEROS FALSIFICADOS COLUMNA DAS ELEGAMPCIAS


Pacifico Tormentorio da Purificação é um funccio-
nario modelo da Administração Publica. Cumpridor Encerrou-se o periodo infantil da Hygiene, isto é o
periodo da Exposição Infantil de Hygiene, voltando a
dos seus deveres como um desses burocratas que Praia Vermelha, A feerica Cidade Luz á categoria de
Anatole France vive a descobrir nas bibliothecas do Cidade Treva ! assim são as cousas neste mundo :
seu paiz, sua vida pauta-se pela regularidade mais depois de brilhos extranhos e immarcessiveis a placi­
methodica desta vida. dez etherea das cousas tumulares. Isso convida a
gente a philosophar como Santa Thereza.
Não gasta um tostão além do estabelecido no seu
* * *
orçamento cuja superioridade sobre o do Estado de
que elle é servidor é evidente. Basta dizer que não Tudo neste mundo tem um principio e um fim.
ha nunca necessidade nelle de créditos supplementa- Mesmo as cousas redondas como as bolas por força
hão de ter tido o seu principio : ao menos um pon­
res, tão regrada é a vida do nosso heróe. to ; por consequência a bola é um ponto no aug-
Ora o Pacifico um dia destes notou que o assu- mentativo, um ponto inflado, um ponto hydropico.
car que elle comprara viera addicionado de farinha. A questão é que uns fins são immensamente ale­
— Desaforo ! Falsarios de generos! E eu que pa­ gres e outros profundamente tristes. E essa differen-
ciação é que os distingue. O fim da Exposição é de
go com legitimo dinheiro, sahido novo em folha do uma tristeza enorme. Se até a própria Natureza cho­
T hesouro... Este paiz está perdido ! rou !
* * *
Quiz fazer a principio um escandalo. Mas legiti­
mo funccionario tinha horror aos barulhos. Depois Mas deixemos de philosophias melancólicas e cui­
demos da v'da porque a sabedoria popular que é a
de muito reflectir resolveu pôr uma reclamação na sabedoria das Nações afirma que tristezas não pagam
imprensa, dividas. E a missão do chronista é esta : exgotado
E com effeito, no dia seguinte, nos a pedidos do um assumpto, descobrir outros, logo, que substituam
Diário do Povo, vinha o seguinte artigo : aquelle. Acabou-se a E x p o siçã o ?... Pois viva então
o quer que seja onde possam as bellas senhoras e
AOS R E F IN A D O R E S DE ASSU CAR DO B A IR R O DE scnhoritas ir ostentar as suas garridas toillettes, e o
IT A P IR Ú chronista encher o seu carnet.
O abaixo assignado, morador á * * *

rua X n. tantos, tendo comprado Porque logares onde se divirta a gente não faltam
em uma casa de commercio deste no Rio de Janeiro, que decididamente é uma cidade
bairro uma arroba de assucar de não dolente como dizia o poeta, mas perfeitamente
civilisada. E’ só procurar, que quem procura sempre
primeira, verificou estar o genero alcança, conforme diz ainda aquella citada sabedoria
adulterado pela addição de mate- das Nações.
riasextranhas * * *
Se até amanhã ás 4 horas da A Quinta da Boa Vista, onde está installado o
tarde o negociante que assim frau­ Musêo Nacional vae ser reformada de fond en comble.
Ora isto é que é uma grande noticia, ahi tem Vamos
dou um freguez honesto não hou­ finalmente ter o nosso Bois. Porque se a Avenida
ver enviado a minha casa uma arro­ Beira-Mar era a Promenade des Anglais. a Quinta
ba de assucar puro, publicarei aqui mesmo o seu virá a ser o nosso Bois. E ahi tem os leitores como
nome para conhecimento do publico, que saberá re­ uma administração criteriosa pode reunir no Rio de
Janeiro a um tempo Nice e Paris.
compensar quem de modo tão vergonhoso compro-
* * *
mette a distlncta classe commercial.
Rio de Janeiro, 30 de Setembro de 1909. O Bois ! . . . Nós vamos ter o Bois ! . . . Aquelle
extraordinário amontoado de arvores que dão som­
Francisco Tormentorio da Purificação bra, de aléas onde passam os carros cobertos ou
— Não achas que fiz bem, perguntava-me o digno descobertos, conforme faz máo ou bom tempo, numa
burocrata contando-me o facto. exhib ção de luxo e de elegancia. nós vamos também
possuil-o no Rio de Janeiro! E depois digam que
— Mas foi maravilhosa a tua idéa, Pacifico. E que não progredimos. Com a nossa vegetação profunda­
resultados te trouxe ? mente tropical o nosso Bois ha de superar a todos
— Até hontem pela manhã tinha já recebido 37 os Bois do mundo inteiro, como a nossa Avenida
arrobas de assucar refinado de primeira. Parece que Beira-Mar não tem rival em Paris, Londres, Berlim e
outras grandes cidades do Universo civilisado.
todos os negociantes do bairro tinham peso na con­
* * *
sciência. E assim com o meu engenho arranjei uma
verba extraordinária ao meu orçamento da receita Por isso é que eu dizia que tudo tem um princi­
pio e um fim, nesta vida. Acabou-se
Vou levar hoje a mulher e os filhos a um cinemato- Hygiene. Começa a construir-se o nosso a Exposição de
Bois. E este
grapho. .. será permanente, o que quer dizer que não terá fim,
como a Exposição teve.
E portanto é o caso de dizermos, como os régios
arautos: A Exposição é morta? Pois viva o B o is !
F. de A.
CARETA
N o ta s de aviaçao sageiros, alarmados, tomaram os paraquedas e atira­
ram-se ao espaço ; mas os paraquedas da Companhia,
De um jornal de 1909 extrahimos as seguintes que são velhos e imprestáveis recusaram-se a cair, e
noticias. os infelizes excursionistas ficaram suspensos no ar
* * * até que fosse soccorro da Policia Aerea, sendo então
conduzidos para terra.
Tres rapazes de boa sociedade largaram hontem, * * *
ao meio dia, da Praia de Botafogo para o Alto da
Boa Vista, onde iam realisar um pic-nic. Por imperi- Para evitar ou ao menos tornar mais raros os
cia do piloto, o aeroplano collidiu com o p'co do Cor­ desastres de aeroplanos, que se tem reproduzido ul­
covado e espatifou-se. A machina ia com tal força timamente com assustadora frequência, o Sr. Sena­
ascencional, que os rapazes continuaram a viagem dor Gervasio da Conceição apresentou e justificou
pelo céo afóra. O nosso repórter esteve no Obser­ hontem, longamente, um projecto revogando as leis
vatório do Castello, onde lhe foi informado que ás da queda dos corpos. O projecto é concebido nestes
tres horas da tarde os pobres moços tinham sido termos : “ O Congresso Nacional decreta : Art. I o—A
vistos seguindo em direcção a Marte. velocidade adquirida por um corpo que cahe no es­
* * *
paço será inversamente proporcional ao tempo de­
corrido desde o começo da quéda. Art. 2°—Revo-
Hontem á tarde o passageiro de um aeroplano gam-se as disposições em contrario,,.
que voava por cima da Avenida Central deixou cair
o relogio da algibeira. O projectil alcançou, em fren­
te ao Castellões, o advogado Dr. Expedito, atraves­
sou-lhe a cartola, penetrou no craneo, desceu pelo
esophago, furou o estomago, rompeu os intestinos e
se alojou no S illiaco. A morte foi instantanea. Apro­
veitamos este ensejo para reclamar contra a morosi­
dade com que vai sendo feito o serviço de cobertura
das ruas por telas de arame, para defesa dos tran­ A DESCULPA
seuntes.
* * * Calixto Temporal de Seixas era um rapaz elegan­
te, lá isso era.
O Sr. coronel Henrique Silva trouxe-nos uma M a s . . . nem tudo se adquire num dia como a
justa queixa dos criadores de Goyaz. Na semana fin­ roupa bem talhada.
da passaram sobre os campos daquelle Estado uns
aviadores desoccupados, que se divertiam a pescar Se o Calixto se vestia bem, entretanto commettia
bois. Atiraram ao chão uma corda de canhamo, ten­ na sociedade uma porção de gaffes que eram o de­
do na extremidade uma ancora envolvida em capim, sespero dos amigos.
para servir de isca. Fisgado o boi, suspendiam-no, O Calixto viera havia pouco de uma villarejo pro­
levando uns e deixando cahir outros. Perseguidos vinciano, coitado e por isso ainda não adquirira esses
pela policia, tomaram a direcção do norte. hábitos chies que só a continua frequência dos sa­
* * *
lões dá aos rapazes.
Ainda ha di as. . . O Calixto fôra á casa do com-
Ha apenas tres dias que ficou terminada a cober­ mendador Serapião Orelhudo e fizera asneiras de
tura do Largo da Carioca, por tela de arame, e já toda a sorte. Pisara a cauda do vestido da filha do
hontem provou a sua utilidade. Cerca de duas horas commendador, a gentilissima MUe. Servilheta Orelhu­
da tarde, desprendeu-se do espaço um passageiro e do, uma das moças mais elegantes do Rio ; deixara
cahiu em pleno largo. Com a violência do choque, a cahir uma chavena de chocolate sobre o piano, quei­
rede de arame se distendeu, descendo a quasi dois mando os mimosos dedos de MUe. Jandaya, compa­
metros acima do nivel do asphalto e contrahiu-se lo­ nheira inseparável de Mlle. Servilheta ; pisára o callo
go, projectando no ar o aviador, que não foi mais do joanete do commendador fazendo-o dansar invo­
visto. Presume-se que elie tenha alcançado de novo luntariamente o cake-walke durante cinco minutos ;
o seu aeroplano e continuado a viagem. emfim dera com o cotovello numa riquíssima jarra
* * *
de porcellana reduzindo-a a mil cacos, de sorte que
naquella noite nefasta quando o Calixto se retirou
Ao passar hontem por cima do edifício do Jornal foi acompanhado até a porta com olhares amaveis e
do Commercio o aeroplano do Sr. Barão do Rio tremendas descomposturas. O Calixto ficára desespe­
Branco, desprendeu-se deile o coronel Pece- rado ; soluçara recostado ao peito do Quin-
gueiro do Amaral, o qual se teria esborra- cas, seu amigo inseparável, jurando nunca
chado contra a calçada, se não tivesse a mais por os pés na casa que testemunhara
felicidade de ficar preso pela aba da rabona, tantos desastres.
que foi fisgada pela haste da bandeira do O Quincas quiz consolal-o, mas qual...
Consulado Americano. O Sr. Pecegueiro ficou Afinal jurou que havia de dissipar a má im­
suspenso sobre a rua cerca de 20 minutos, pressão causada em tão brilhante sociedade
até que chegasse o Corpo de Bombeiros, pelo amigo.
que o livrou daquella critica situação. O Sr. E no dia seguinte foi vel-o muito alegre.
coronel Pecegueiro deve a vida á feliz cir- — Victoria, Calixto, acabo de reparar in­
cumstancia de vestir na occasião do desastre
a sua classica rabona, á prova do tempo. teiramente tuas faltas.
— Como, bradou o desastrado rapaz, ainda
* * * temeroso; como foi que arranjaste?
Hontem o aeroplano da Companhia Can­ — Ora, muito bem. Fui fazer uma visita
tareira, que faz o serviço entre o Rio e Nicte- ao commendador e disse que tu hontem es­
roy aesarranjou-se no meio da Bahia. Os pas­ tavas na chuva.
COPACABANA cou-se que não tinha carvão na fornalha, e que se
movia impellido pelo calor do sol reflectido na areia.
— As pessoas que desejarem conhecer a tempe­
( Do C o rrespo n d en te E s p e c ia l ) ratura exacta de Copacabana no veião devem munir-
Este pitoresco bairro vai em tão rápido progresso, se de um pyrometro Martins Costa ou outro instru­
que dentro em pouco será o ponto mais elegante mento semelhante, visto como os thermometros
da capital. Calcula-se que cada mez ficam terminadas ordinários só marcam até 100 grãos, e começam a
duas casas novas, e como o vento só derruba uma arrebentar, em geral, pelos meiados de Novembro.
por mez, o bairro fica enriquecido de doze casas — O italiano Giovanni tentou hontem suicidar-se,
por anno. atirando-se ao mar. Motivou esse acto de dezespero
— Em attenção aos moradores do bairro, a Com­ o facto do pobre homem levar um cesto de óvos ao
panhia Jardim Botânico mandou estabelecer postes Hotel Ipanema, do qual é fornecedor, e verificar, ao
de parada de meia em meia legua, em vez de legua chegar ao destino, que estavam todos cosidos.
em legua, como eram até agora.
— Um activo criador, verificando que em qualquer Quando o Pedro Coutto for intendente da guer­
casa de Copacabana se podem colher por dia tres ra, consta que apresentará vários projectos architec-
kilos de mosquitos no inverno e quatro no verão, tonicos para o melhoramento das condições pecuniá­
resolveu aproveitar esses insectos para a creaçâo de rias da Capital circulante, principalmente em relação
gallinhas, pagando-o a razão de dois tostões o kilo. adverbial ao systema planetário da viação subur­
— O preço da terra para plantação de flores se bana.
manteve firme, durante a semana, variando entre Muito bem 1
2S000 e 28200 o litro.
— Na noite de dois para tres do corrente circulou — Onde vae Dr. Leoni?
o boato de que o vento havia transportado a forta­ — A’ Penha meu amigo ; dizem que lá se ven­
leza da Igrejinha para a bocca do tunel velho, dem umas imagens com palpites de bicho.
obstruindo-o. Felizmente o boato não era verdadeiro. — Palpites?
— Ante-hontem um pesado roller a vapor que — Sim, palpites na cobra e no jacaré. Ora como
jazia abandonado na praia, começou a rolar furiosa­ eu prohibi expressamente o jogo no arraial, e só no
mente sem machinista e derrubando tudo que encon­ arraial, vou verificar porque as minhas ordens deixa­
trava na passagem. Capturado com difficuldade verifi­ ram de ser cumpridas.

PRESERVATIVO
PRKEfW/ÇlWQ Com a P R IM E IR A D O S E
'■ 50
desse maravilhoso medicamen­
D F ^ ^ io ó e if^ ’
to, faz abortar o ataque mais

violento.
Cllrál

*1 'r
r INFALLIVEL!
Ò B
Vá, sem demora, á

Drogaria
V e 5 t i d iO
cs
Granado
N A
0L V.

RUA r DE MARÇO
-C r?to o ? O e. ? t~ < xo o ^ to -c la ■
~ Cs CjuX- jRlUxi CcpcU-phoiJ Çjip d X a_ , d o u Ccrf .
~ 5 ò •"Q-o ? '(Jzrri p-reo-^o ■rz.cditáur- M[a»7cico
o P^ES£F^\T í Vo bo LíV siquéií ^
CARETA

ENSTAMTÂHEO UM PERIGO IMPREVISTO


Está actualmente trabalhando nesta cidade o
agente de uma marca de vinho nacional. Como ho­
mem de recursos e de expediente, convidou para
jantar, um político em evidencia.
A certa altura, o agente, pediu uma garrafa de
vinho da sua marca, e offereceu ao político ;
— Prove esta ambrosia, e dê-me depois a sua
opinião.
O político provou o zurrapa, fez uma careta e
respondeu cortez :
- Excellente 1 Magnífico 1 Não ha duvida 1
— Pois é um vinho que estou introduzindo no
mercado. E, a proposito, quero merecer-lhe um
favor.
— Estou inteiramente á suas ordens!
— Como o Sr. é um homem em evidencia, tor­
nou o agente, podia prestar-me um grande serviço.
Eu desejava que em cada hotel ou restaurant em
que o Sr. jantasse, pedisse essa marca de vinho. Os
hoteleiros procurariam logo indagar, comprariam algu­
mas garrafas, e estaria assim feita a melhor propa­
ganda. Posso contar que me faça esse favor ?
— Oh 1 sem duvida 1 respondeu o político. E con­
tinuou distrahido : — Mas supponha que eu peça o
vinho e que m’o tragam 1...

Emquanto o presidente Nilo veta pensões e todo


augmento de despeza allegando as más condições fi­
nanceiras do paiz, o Conselho Municipal augmenta
logares para os afilhados do Rapadura. Quer isto di­
zer que as finanças municipaes estão optimas.
Antes assim. E’ justamente do que a Prefeitura
precisa, gastar o resto dos cobres. Depois virá outro
empréstimo, e assim por diante. Mas esse senador
Rapadura é um grande benemerito.

O Malta, photographo da Prefeitura viu o seu lo-


gar suprimido pelo Conselho Municipal.
Também quem o mandou fazer-se suspeito, an­
dando sempre com preparados... para os seus cli­
chês 1 O Conselho não gosta, e não gosta mesmo
de preparados, tal qual o senador Quintino.

Esta madama está aborrecidis-


M lle. Alba M ello sima. Imaginai, leitores, que o seu
filho Ismael no Domingo passado
foi assistir a Luta Romana, esteve
Os palpites para hoje conforme agentil communica-
lá até a uma hora da noite, razão
ção que recebemos do gabinete do Dr. Chefe de Po­
licia, são os seguintes : porque apanhou um grande resfria­
mento — que lhe levou ao leito^
Antigo........................................ Veado
Moderno................................... Touro com uma bronchite terrível 1
Rio................................................ Boi E, ella, coitada aflicta depois de
Salteado.................................... Macaco empregar tudo quanto foi drogas sem
2° prêmio................................ Avestruz resultado, resolveu ir comprar o
Buraca....................................... Gato,,. xarope do Bosque, que cura tosses,
Continuamos muito gratos a S. Ex. bronchites, asthma, coqueluche e
rouquidão, e que se vende na Dro­
O Dr. Luiz Vianna voltou á política a chamado garia do Srs. Guimarães & C. —
do Dr. Seabra. Rua do Hospício n. 22 e na Phar­
Coitado do Sr. Severino 1 Se o Papa-Mel o pega, macia Mallet & C. — á rua Frei Ca­
está sem figados 1 neca n. 55.

Representantes da Ourivesaria —
I S I D O R O M A R X &> C.
. C H Kl S T O P L R & C.
--------------------------- JOALHEIROS ---------------------------
F ilia l cm P o rto A le g r e
R U A D O O U V I D O R , 138 - Rio de Janeiro ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
CA K E 1A

A aviação no Brasil - Gastào de Almeida e o seu aeroplano


O intrépido jovem que ain­
da ha poucos dias bateu o re-
cord de velocidade automobi­
lística nocircuitode S.Gonça-
lo,Gastãode Almeida,typo de
sportman nato, prepara-se
paraaconquista de novos lou­
ros,mas desta vez noar. Publi­
camos ao lado gravuras que
representam Gastão e o seu
bi-plano typo Voisin,por elle
trazido da Europa e com o qual
Mas o que aqui juramos e
rejuramos é que nem amar­
rados lhe faremos companhia.
Nada, que cá em baixo é
sempre mais seguro 1

pretende navegar pelos nunca d’antes navegados ares


do Brasil. A aviação na velha Europa está na ordem do
dia, e entre os seus propugnadores o nosso Santos
Dumont. Nas fitas cinematographicas já temos assis­
tido aos bellos vôos de Curtiss, Lefevre, Blériot, Far-
man, Wright, Paulhan e outros. Mas isso é no cine-
matographo. Pois bem, essas emoções que as fitas
nos despertam quer Gastão de Almeida que as te­
nhamos de verdade, vendo-o pairar por sobre as
aguas da soberba Guanabara, viajando entre o Pão
d’Assucar e o Corcovado, com escalas pelo Bico do
Papagaio e o Dedo de Deus passando por sobre a
Avenida Beira Mar, rasando os altos edifícios da
Avenida Central até as Obras do Porto, assombrando
as apavoradas gentes do Catumbye Morro do Pinto,
grimpado no seu fantástico passaro m ecânico...
Pois vamos lá ! Que diabo, se isso aqui é uma
terra civilisada, não é demais que Gastão de Almeida
com o seu aeroplano faça o que nunca fez o celebre
balão Santos Dumont da Exposição de Hygiene, isto
é, subir.
DEPOIS DA LUTA DESPACHOS DA “ CARETA"
Coronel Rodolpho Abreu,, pedindo um cantinho
de nossas columnas para continuar a fazer dormir'
os povos com os seus artigos—Não ha verba.
Deputado Delfim Moreira, solicitando ser incluí­
do entre os oradores da “ Careta Parlamentar,,—
Aguarde vaga.
Hemeterlo dos S S ., allegando serviços anteriores
e requerendo seu aproveitamento, com as respectivas
vantagens—Estão prohibidas as accumulações ; con­
tente-se com a sua sorte.
Everardo Beckhauser, pedindo a creação de uma
secção em esperanto e propondo-se a redigil-a—Que
esperança !
ALcibiades Peçanha. propondo-se ao logar de se­
cretario da Careta—Attendido ; lavre-se o titulo de
Secretario-Honorario e Perpetuo, com funcções no
Palacio.
Deputado Alaor Prata, requerendo sua inclusão
entre os nossos assumptos— Vamos examinar.
Deputado Astolpho Dutra, allegando serviços an­
tigos e pedindo o logar de leader da bancada minei­
ra—Recolha-se á sua insignificância.
Jo s é Marianno, pedindo uma pasta no futuro go­
verno—Dirija-se ao Dr. Rosa e Silva.
Epitacio Pessoa, Pandiá Calogeras, Nogueira
Penido, Arthur Lemos, Rogério de Miranda, Coe­
lho Lisboa, Germano Hasslocher, Francisco Salles,
Leopoldo de Bulhões, Alencar Guimarães, Carlos
Cavalcanti, Manoel Bomfim, Fulano Malta, J . J .
Seabra, Severino Vieira, e outros, pedindo que lhes
seja reservada uma pasta—Resolvam esse negocio lá
entre si que as postas são só sete.
Conde Modesto Leal, propondo-se a arrendar o
Porto das Caixas—Vae se abrir concurrencia.
Manoel Bomfim, pedindo uma cadeira no Con­
gresso—Seja aproveitado no futuro Congresso de
Geographia.

Quando o deputado Leite de Castro, muito co­


nhecido por ser o mais calado do grupo dos silen­
ciosos mineiros, presidia a Camara Estadoal uma vez
que se votava o orçamento, atrapalhou-se dizem uns
E lla . — O Libório, porque não desafias o e outros que não foi atrapalhação nenhuma e annun-
Schakm ann? . . . Tens medo de ciou :
— Agora vae-se votar a emenda numero duas
uma derrota? que manda accrescentar a palavra dôlo.
Elle. — De rata é que tenho medo.
Continuam os Hermistas e Ruystas a disputar o
- O ’ Juca, olha o que diz este jornal, que os Dr. Murtinho.
gatos são attrahidos pela boa musica; não creio nis­ Mas este prefere continuar... Murtinhista.
so absolutamente.
—• Porque, mulherzinha ?
— Porque quando eu toco piano não apparece NÃO COMPREM JOIAS SEM PRIMEIRO
nenhum gato por aqui.
— Isto não é razão. Pois apezar do que me dizes === VISITAR -------=
acredito piamente no jornal.
“A PÉROLA”
Em um restaurant.
—- Oh garçon, porque é que você diz a todos os
RUA DA CARIOCA, 46
freguezes que peçam boeuf à La mode ? Está tão O. C A P R I O
bom assim ?
- Nada. E’ que se não se exgotar teremos nós de
comel-o amanhã.
operador e parteiro, especialista em moléstias das se­

DR DO DE AI nhoras— Residência, Voluntários 221, onde também dá


consultas, de 1 ás 3, ás 2as, 4as e 6as — C o n s u l t o r io —-
Assembléa 34 (novo) de 2 ás 4, ás 3as, 5as e sabbados.
C A R E T A .

CARECAS
Verificou-se recentemente que não existe nem
GANHAR DINHEIRO
uma caréca no Hospicio de Alienados. Essa impor­ FACILMENTE—O conceituado jornal de Boston.
tante descoberta é devida ao Dr. Humberto Got- “The Nations Weekly,,, deu o seguinte parecer sobre
tuzo. Ha também sobre a calvície outros factos que O Hypuotism o Alortunantc c Curador do Dr.
é interessante lembrar: Law rence : “E’ uma exposição clara e eloquente das
Nunca se deu o caso de um negro caréca apre­ forças invisíveis que governam nossas vidas; e, por
sentar a cabeça branca. praticarem os seus ensinos muitas pessoas têm sido
Se todo o mundo fosse caréca de nascença, a in­ beneficiadas financeiramente. Eis o que ensina este
dustria dos cabelleireiros ficaria paralisada. livro. Como advinhar a sorte, minas de mineraes e
Os carécas, em geral, não usam pastinha. cousas occultas, dar recados ao longe pelo pensa­
Não ha remedio para a calvície, e nunca se deu mento, aprender linguas com facilidade, descobrir in­
o caso de um caréca curar-se, a não ser o Sr. Er­ venções uteis, tornar pretos os cabellos brancos, afor-
nesto Senna. mosear o rosto ou o corpo, crear amor ou sympa-
Os carécas, quando tiram o chapéo ficam sempre thias, attrahir boa freguezia ou riquezas, alcançar
com a calva á mostra. emprego vantajoso, curar neurasthenia, hysteria, para-
A calvície não se cura extrahindo os cabellos co­ lysia, moléstia do coração e muitas outras enfermi­
mo a dôr de dente extrahindo o dente. dades nervosas ou não, evitar a geração no caso de
E’ erro vulgar suppor-se que a Physica se occupa defeito ou perigo, corrigir vicios e máos hábitos. Pro­
dos carécas no capitulo que trata dos phenomenos cessos infalliveis dos fakirs, primeira vez aqui reve­
de capillaridade. lados.
Os carécas, mesmo em transe de terror nunca fi­ Grande volume com muitas figuras e 64 desenvol­
cam com o cabello eriçado. vidos capítulos. E ’ livro de resultados garantidos, nada
Não ha mulher caréca nos logares em que exis­ comparável aos methodos grátis. Preço de propa­
tem cabelleireiros. ganda ÍOSOOO. Comprar ao mesmo tempo as P a sti­
O commerciante caréca, quando québra, em geral lhas Xervigor Poder Magnético, que fornecem O
não perde os cabellos da cabeça. fluido necessário aos magnetisadores, restauram o po­
der genital, impossibilitam o contagio de moléstias
Pouco depois da introducção dos cães policiaes syphiliticas ou venereas, curam a fraqueza da vista
no Rio, o chefe de policia, interessando-se pela pri- ou da memória e todas as moléstias nervosas, sobre­
zão de um gatuno, chamou meia duzia de agentes tudo insomnia, neurasthenia e hysteria. Estas pasti­
de segurança, transmittiu-lhes as suas ordens e pro- lhas são uma combinação de phosphato (alimento dos
metteu 200 mil réis ao que realizasse a diligencia. nervos por excellencia) e outras substancias que não
Cada agente sahiu para seu lado, e foi um dos fazem o menor mal, mesmo nos casos de se estar
cães que teve a felicidade de prender o gatuno. seguindo outro tratamento. Preço de cad a caixa,
Feita a prisão, era necessário cumprir a promes­ dons m il réis. INSTITUTO ELÉCTRICO—ru a da
sa e dar a recompensa. Surgiram reclamações. O Assem bléa n. 45. Kio de Ja n eiro . Dá-se grátis a
chefe se viu em embaraços, afinal, reunido um con- qualquer pessoa o ACCUM ULADOR.
ciliabulo de delegados, ficou resolvido que se désse
ao cão duzentos ossos.

O nosso ineffavel amigo general Pinheiro Gomes


vae mandar gravar em nikel as formosas palavras
com que o saudou o Borges de Medeiros, lá no Rio
Grande.
O buril será o facão do João Francisco e o ni­
kel, offerta do Modesto Leal.

“ IDEAL CINEMA”
E ’ o Cinematogra-
pho mais arejado do
Rio de Janeiro. Sa­
lões amplos e luxuo­
sos, com abundante
ventilação e constante
renovação de ar.Sem-
pre fitas em première,
americanas e de ou­ Se, ha 20 annos passados, já tivesse conhecido o
tros fabricantes. Regulador, medicamento do dr. Siqueira Cavalcanti,
com certeza as irregularidades, cólicas uterinas e a
Actualmente está leucorrhéa (flores brancas) não me tinham posto
levando, com grande neste misero estado.
successo, a tradiccio-
nal festa de N. S. da E’ admiravel para todos os incommodos, que tão
Penha, apanhada no a miudo affligem as senhoras e senhoritas. Activa o
dia 3 do corrente pelo parto, evitando seus accidentes. E ’ inoffensivo.
di s t i n c t o operador Drogaria Granado, rua 1° de Março, 14. Nos Es­
Braga. Nos palacetes ns. 60 e 22 da rua da Carioca. tados. Nas principaes drogarias e pharmacias.

Estes cartões gosam da honrosa preferencia e


CARTÕES de VISITA a 2S0Q0 o CENTO especipl acceitação das pessoas mais distinctas desta
Capital e dos Estados, o que prova que ao barato
Nitidamente im pressos na Typ. e Papelaria HILDEBRANDT á rua dos Ourives. 8 pôde perfeitamente ligaar-se o bom.
'lif-íjíe.

CARETA

A natcle Fr a n c e Nápoles, 10 de Novembro de 1859 mas baloiçado, e persuadia-me de que, á


força de ser embalado d’aqtti para alli e
— Co tra calle vive magne e lave a d’alli para acolá, acabaria por adormecer
faccia.
em pé. Emquanto pisava as lages de lava
O C R IM E — Entendo, meu amigo ; por tres cên­
da «Strada», contemplava aquelles carre­
timos posso comer, beber e lavar a cara, gadores e pescadores, que marcham, fu­
DE e tudo isso por meio de uma d’essas ta­ mam, gesticulam, questionam e se abra­
lhadas de melancia, que tens ahi sobre çam com rapidez incrivel.
STLVE5TKE BOMHARD essa mêsita.
Porém, os meus preconceitos de homem
do occidente, impedem-me de saborear,
Estes homens, vivem ao mesmo tempo
com todos os sentidos, e são sabtos sem o
com toda a candura, essa tão simples vo- saberem, pois medem os seus desejos em
luptuosidade. De resto, como poderia relação com a brevidade da vida.
A AC HA dispor-me a comer melancias, en, a quem Aproximei-me de uma taberna muito
não faltava o que fazer ? Como poderia afreguezada e li na cimeira da porta a se­
25 de outubro de 1859 estacionar em pé, ante aquelle ajunta­ guinte quadra em dialecto popular napo­
Tomada a minha resolução, e feitos os mento ? litano :
meus preparativos de viagem, só me res­ Oh que noite luminosa e divertida em
tava avisar a minha governanta. Confes­ «Santa Lueia !» Oh os fructos que se ele­ Amice alliegre magnamo e bevimmo
so qne hesitei, por muito tempo, em cont- vam em montanhas, nas lojas illuminadas Nfin chenc’e stace noglio a la lucerna :
municar lhe a minha partida. Temia as por lanternas muliicôres 1 Chi sa s’a 1’autro ntunno n’ce vedintno ?
suas advertências, as suas censuras, as Nas fornalhas, accesas ao ar livre, fu­ Chi sa s’a 1’autro munno n’ce taverna ?
suas reprimendas, as suas lagrimas. mega a agua nos caldeirões e as frburas
«E’ uma boa rapariga, pensava eu ; cantam nos fogareiros. O cheiro a peixe Amigos, vamos ! E’ comer, beber,
é-me dedicada : ha de desejar deter-me, frito e á comida quente, põe-me em for­ Emquanto azeite houver n’estas lanternas!
e o certo é, que quando quer levar a migueiros o nariz e faz-me espirrar Nes­ Sabemos lá, se nos podemos ver
effeito qualquer designio, não se ensaia ta altura, noto que o lenço me desappa- No outro mundo, e se lá ha tabernas 1
nada para oradaa, gritar, gesticular. N ’es- receu da algibeira da sobrecasaca. Sinto-
me empurrado, levantado e virado em Eram assim os conselhos que Horacio
tas circumstancias, ha de chamar em seu dava aos seus amigos. Vós os recebestes,
auxi|io a porteira, o encerador de sobra­ Postumus ; vós os ouvistes, Leuconoé,
dos, o colchoeiro e os sete filhos do iru- bella revoltada, que querieis desvendar os
cteiro, que se ajoelharão todos a meus segredos do futuro. Esse futuro é actual-
pés, ao redor, que chorai ão, e que por tal mente o passado, e nós conhecemol-o.
facto se tornarão tão feios, que eu acaba­ Na verdade pouca razão tinheis em ator­
rei por ceder, só para não continuar a mentar-vos por tão pouca coisa, e o vos­
ver-lhes as caras». so amigo mostrava ser homem de bom
Taes eram as imagens assustadoras, os senso, aconselhando-vos a ser prudente e
sonhos doentios qhe o medo associava a filtrar os vinhos gregos. «Sapias, vina
na minha imaginaçãção. O medo, sim, o liques». E assim, nota-se que uma bella
medo fecundo, conto diz o poeta, engen­ terra e um céo puro, dispõem para cal­
drava estes ntons no meu cerebto, infan­ mas voluptuosidades. Porém, ahi mesmo
tilmente. Porque, deixem-nt’o confessar ha almas atormentadas por um sublime
n’estas paginas intimas, eu tenho medo á descontentamento ; e são as mais nobres,
minha governanta. Sei que elIa conhece A esse genero pertenceste vós Leuconoé ;
que sou fraco, e isso tira-me toda a cora­ e, vindo ao declinar da minha vida á ci­
gem de luctar com ella. Nas nossas luctas dade onde brilha a vossa belleza, não po­
que são frequentes, eu succumbo, inva­ dia deixar de saudar respeitosamente a
riavelmente. E comtudo, era preciso an- vossa melancólica sombra. As almas se­
nunciar a Thereza a minha partida. melhantes á vossa, que appareceram na
Ella chegava á bibliotheca.com um bra- christandade, foram almas santas, e dos
çado de lenha para accender um pouco de seus milagres está cheia a «Lenda Dou­
lume «um fogachosito», como ella diz, rada».
porque as manhãs corriam frescas. O vosso amigo Horacio, deixou uma
Eu observava-a com olhar de esguelha, todos os sentidos, pelo povo mais alfgre, posteridade menos generosa; e agora
mesmo eu vejo um de seus Ínfimos des­
mais falador, mais vivo e ma s lesto que cendentes,
emquanto que ella, agachada, se ficava de na pessoa do taberneiro-poeta
cabeça baixa sob o taboleiro do fogão. se possa imaginar, e eis senão quando,
que, presentemente, despeja o vinho nos
Não sei de onde me veio então a cora­ uma mulheraça, emquanto lhe lhe admiro
gem, mas não hesitei um momento. Le- os magníficos cabellos negros, envia-me, copos, sob a sua insignia epicuriana.
Comtudo, a vida dá razão ao amigo
vantei-me, e passeando a passos largos e com um simples encontrão de seu liom-
Flaccus, e a sua philosophia é a unica
firmes pelo quarto : bro elástico e potente, a tres passos de que quadra bem á successão dos factos.
— A proposito, disse em ar leviano, distancia, para traz, muito direitinho, sem Ora vejam-me aquelle casquilho que, en­
com essa arrogancia particular aos cobar- me amarrotar fazendo me cahir m s bra­ costado a uma grade engrinaldada de
des, a proposito, Thereza, sabes que par­ ços de um comedor de macarroni, que me
recebe sorridente. pampanos, está a tomar um gelado, ent-
to para a Sicilia. quanto vae contemplando as estrellas.
Estou em Nápoles.
Depois de falar, esperei, com inquieta­ Aquelle, de certo, não se dana ao traba­
Como aqui cheguei, com alguns restos lho de abaixar-se para apanhar o velho
ção. Thereza não me respondeu. informes e mutilados da minha bagagem, manuscripto que eu venho procurar, de­
A sua cabeça e a sua grande touca é o que eu não lhes posso dizer, por esta
achavam-se mergulhadas na chaminé, e simples razão : por que não o saberia di­ pois de ter passado, por causa d’elle, tan­
na sua pessoa, que eu observava, nada zer a mim proprio. Viajei sempre com o tas fadigas.
«E na verdade, o homem nasceu mais
trahia a iiiinima commoção. Ella dispunha credo na bocca e creio firmemente que, para comer gelados que para compulsar
as aparas e as achas por cima d’ellas. Era nesta cidade tão illuminada devo ter o as­
tudo quanto eu podia ver: pecto de um môcho que, de repente, se antigos textos».
surprehende em pleno sol. Aquella noite Continuava eu a errar em torno dos
Quando, afinal, pude fitar o seu rosto, «boulevards» e dos cantadores, Passavam
vi que estava calmo, tão calmo que me foi-me ainda peor 1 Querendo observar
namorados, enteirando os dentes nos sa­
irritei. os cosutmes populares, caminhava pela
«Strada di Porto», onde me encontro pre­ borosos fructos, enlaçados pela cintura.
— Na verdade, pensei, esta creattira sentemente. Ao meu redor, grupos ani­ E’ preciso que o homem seja mau por
não tem nem raça de coração. Pois deixa- mados comprimiam-se ante os estabele­ condição, pois que toda aquella extraor-
me partir, sem ao menos soltar um »ah!» cimentos de victualhas, e eu era levado dmaiia alegria me atristava profunda­
Tão pouco para ella significa a ausência como um destroço de naufragio, a bel mente !
do seu velho patrão ? prazer d’aquellas ondas vivas, que sub­ Aquella multidão, ostentava tão ingê­
— Sim, meu senhor, respondeu ella mergindo-nos, acariciam-nos. Porque o nuo gosto pela vida, que todos os meus
emfim, vá mas não se esqueça de voltar povo napolitano tem, na sua vivacidade, pudores de velho escriba se me escanda­
ás seis horas. Temos hoje para o jantar um não sei que de doce e lisonjeiro. Por­ lizavam.
um prato que não póde esperar. que, afinal, eu não me sentia empurrado, (Continua)
SOCIEDADE DE S E G ^ O S
nCITCI05 50BftE A VIDA
Apoliees sorteaveis á dinheiro, por
sorteios sem estraes, em 15
de abrii e 15 de outubro de eada
anno.
& vantajosa classe de seguros de vida,
privilegio exclusivo da
A EQUIT ATIVA

A e n o r m e a c c e ita ç ã o q u e e s ta
c la s s e d e s e g u r o s te m m e r e c id o d o
p u b lic o , e x p lic a - s e p e lo s s e g u in t e s
m o tiv o s :
" 1° , p o r q u e o s e g u r a d o d u r a n t e o
p ra so d o seu c o n tr a c to , p o d e ser
c o n t e m p la d o n o s d iv e r s o s s o r te io s ,
r e c e b e n d o d e c a d a v e z 5 :o o o $ o o o
em d in h e ir o , s e m p r e ju íz o d o se u
s e g u r o q u e c o n tin u a e m v ig o r , p a ra
o caso de m o r te o u d e s o b r e v i­
v ê n c ia .
2 °, p o r q u e , m e s m o d e p o is d e u m a
a p ó lic e p a g a p o r fa lle c im e n to d o
s e g u r a d o , e lla íic a c o m o d ir e ito de
c o n c o r r e r a 1 o u 2 s o r te io s , a p ó s
a d a ta d a m o rte d o s e g u r a d o , ca so
o u lt im o p r ê m io p a g o t e n h a a t t in -
g id o a e s s e p e r io d o , p o d e n d o a s ­
s im o s b e n e fic iá r io s r e c e b e r o d o ­
b ro d o s e g u r o , á e x e m p lo d o q u e
já s e d e u c o m u m a d a s a p ó lic e s
d o ía lle c id o g e n e r a l C u n h a M a t t o s
e do fin a d o A n to n io P edro de
A r a ú jo , o s q u a e s d e s s a fo r m a , le ­
g a r a m p o s t - m o r t e m m a i s 5 :o o o $ o o o
a o s s e u s h e r d e ir o s .
3 °, p o r q u e o p r o p r io s e g u r a d o ,
te n d o d e s fr u c ta d o o s p r o v e n to s q u e
o s e u s e g u r o p r o p o r c i o n o u - l h e em
d i n h e i r o n o s s o r t e i o s e m q u e fo i c o n ­
te m p la d o , d e ix a a in d a p o r m o r te ,
ou receb e q u a n d o o seg u ro é na
c la s s e D o ta l e m c a s o d e s o b r e v i­
v ê n c ia a o c o n t r a c t o , m a is a im p o r ­
tâ n c ia to ta l d o s e g u r o , ta m b é m em
d in h e ir o .

(Edifício de sua propriedade)

S E D E SOCI AL :

AVENIDA CENTRAL
125
RIO DE JANEIRO
GRAÇAS ÁS Crianças pallidas, Lymphaticas, Escrophulosas,
Gottas Salvadoras das Parturientes RACHITICAS OU ANÊMICAS
DO DR. VAN DER LAAN Lymphatismo—Rachitismo Escrophulose - Anemia

Oesappareceram os perigos dos partos difiiceis e laboriosos! O J u g l a n d i n o de


Giffoni é um excellen-
te reconstituinte geral
dos organismos enfra­
quecidos das crianças
poderoso tonico depu
rativo e anti-escrophu
loso, que nunca falha
no tratamento das mo­
lé s tia s consumptivas
acima apontadas.
E’ superior ao oleo
de figado de bacalhau
e suas emulsões, por
que contém em muito
maior p r o p o r ç ã o o
iodo vegetalizado, in­
timamente combinado
aotannino da nogueira
( j u g l a n s regi a) e o
phosphoro physiologi-
co, medicamento emi­
A parturiente que fizer uso do alludido medicamento nentemente vitaliza-
durante o ultimo mez da gravidez, terá um parto rápido e feliz. dor, sob uma fdrma
a g r a da ve l e inteira­
Innumeros attestados provam exhuberantemente a sua mente assimilável.
efficacia. A ’ venda em todas as drogarias e bôas pharmacias do E’ um xarope saboroso, que não perturba o estomago e os in­
testinos, como frequentemente succede ao oleo e ás emulsões;
Brazil. dahi a preferencia dada ao Ju glan d in o pelos mais distinctos
Deposito geral : P h arm acia Homaropathica do Dr. J. H. clinicos, que o receitam diariamente aos seus proprios filhos.
Para os adultos preparamos o Vin ho iodo-tannico glycero-
VAN DER LA A N —Rua Marechal Floriano, 116—Porto Alegre. phosphatado.
Encontram-se ambos nas boas drogarias e pharmacias desta
DEPOSITO GERAL: Capital e dos Estados e no deposito geral :

ARAÚJO F R E I T A S & C. Pharmacia e Drogaria de FRANCISCO GIFFONI S C.


114, Rua dos Ourives, 114 9, R u a l.° de Março, 9
ki o d i: .1 v\ k i it o ------------------- RIO DE JANEIRO -------------------

TAYUCAROBA
........... (3 VEG ET A ES 1- - ■=
Unico especifico das moléstias da pelle
e das úlceras chronicas.
Vide os attestados que acompanham
cada vidro
ARAÚJO FREITAS & COMP.

Cura todas as moléstias do couro cahelludo


EVI T A A C A S P A E A Q U E D A DO C A B E L L O AOS SNRS. CHEFES DE FAMÍLIA
RJ fin a m en te perfumado
e ind isp ensável no NÃO COMPREM ROUPA PARA VOSSOS
toucador ; \ FILHOS, SEM VER PRIMEIRO O
SUBSTITUE TODOS OS OLEOS. SENDO UM COLLOSSAL SORTIMENTO E O S BA­
------- EXCELLENTE TONICO - RATÍSSIMOS PREÇOS DA CASA
UN ICOS DEPOSITAKIuS :
O TOMBO DO RIO
Araújo Freitas & • C. R U A DA U R U G U A Y A N A , 1 (Canto dl Carioci)

114, RUA DOS OURIVES,114 R IO DE JA N E IR O


RE© D E JA N E E R © =
Filial em S. Paulo: PRAÇA ANTONIO PRADO, 1 2 — CASA STANDARD

Você também pode gostar