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OS MARMAS

Luis Santos
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Índice
Introdução..........................................................................................................................................................3
O que são os Marmas?.......................................................................................................................................3
Várias definições................................................................................................................................................5
Classificações.....................................................................................................................................................6
Letais e terapêuticos...................................................................................................................................6
Externos e internos.....................................................................................................................................7
Composição................................................................................................................................................7
Sintomas de ferimento................................................................................................................................7
Tamanho.....................................................................................................................................................8
Estrutura.............................................................................................................................................................8
Relação com as estruturas ayurvedicas do organismo.....................................................................................11
Relação com Chakras e Nadis.........................................................................................................................13
O que é a Marmaterapia?.................................................................................................................................13
Métodos clínicos..............................................................................................................................................15
Massagem.................................................................................................................................................15
Aromaterapia............................................................................................................................................15
Mardana....................................................................................................................................................16
Prana Chikitsa...........................................................................................................................................17
Tratamentos com ervas.............................................................................................................................17
Tratamentos com óleos, ghee, ou outros líquidos....................................................................................17
Svedana.....................................................................................................................................................18
Outros.......................................................................................................................................................18
Auto-tratamento...............................................................................................................................................18
Métodos do Yoga..............................................................................................................................................18
Outros métodos................................................................................................................................................20
Procedimentos..................................................................................................................................................21
Os Marmas na Massagem Ayurvedica Tradicional.........................................................................................21
– ANEXOS –...................................................................................................................................................23
– REFERÊNCIAS –.........................................................................................................................................34
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Introdução

Este trabalho pretende reunir a informação espalhada pelas várias fontes encontradas sobre os
Marmas e a Marmaterapia, permitindo assim aceder ao conhecimento essencial mais básico
sobre esta estrutura anatómica. Não pretende excluir as outras fontes (onde podemos
encontrar não só informação mais profunda e detalhada sobre os Marmas, assim como a
descrição dos vários métodos para os tratar, um por um) e muito menos a experiência prática.

O que são os Marmas?

Os Marmas são pontos ou zonas específicas localizadas ao longo da superfície do corpo que,
apesar de se poderem definir anatomicamente de acordo com a sua localização, são descritos
como "centros energéticos" (isto é, zonas onde se acumulam e fluem as forças vitais), mais do
que fenómenos físicos. Eles são descritos nos textos clássicos da Ayurveda Charaka Samhita,
Sushruta Samhita, Ashtanga Hridaya e Ashtanga Sangraha, assim como em textos vedicos
mais antigos. No entanto, a maior parte da informação existente sobre eles está em fontes
mais recentes, muitas delas de autores ocidentais que estudaram na Índia ou com mestres
indianos. Grande parte do conhecimento acerca deste tema ainda se mantém sob a forma de
tradição oral e da própria experiência clínica dos praticantes da Ayurveda.
Marma significa em sânscrito vulnerável, sensível, escondido ou secreto. Estes significados já
nos podem dar uma primeira impressão das suas características e funcionamento.
São sensíveis, pois, por um lado, se os pressionarmos sentimos dor, por isso têm uma ligação
forte ao sistema nervoso. Mas, para além desta, outras acções são desencadeadas no
organismo quando eles são manipulados. Os Marmas são descritos como interruptores ou
controlos do Prana (a "energia vital"), podendo direccioná-lo para cima, para baixo, ligá-lo ou
desligá-lo, desta forma influenciando processos físicos e psicológicos específicos não só da
região onde se encontra o Marma, mas também de outras zonas do corpo aos quais eles estão
ligados, e ao mesmo tempo encontrar e recolher informação neles acerca destes processos,
assim como das emoções e consciência. São zonas de processamento de informação do
interior para o exterior e vice-versa. Diz-se través deles podemos também sentir o exterior, ver
a aura de outras pessoas, ou mesmo ver o futuro1, sendo o Sthapani (o "terceiro olho") o
exemplo mais óbvio deste poder dos Marmas.
São vulneráveis, pois são afectados por acontecimentos exteriores como ferimentos, quedas,
ou pancadas, e ao lado de outras consequências físicas, podem acontecer alterações a nível
dos Doshas, do Prana e da mente. Estes traumas originam sintomas específicos, muitas vezes
graves, como, por exemplo, dor intensa, desmaios, dificuldade em respirar, hemorragia, perda
de coordenação ou dos sentidos, fadiga intensa, incapacidades permanentes, ou mesmo morte.
Estes pontos são evitados em cirurgias pelos médicos que detêm conhecimentos.
Os antigos guerreiros do período védico e as subsequentes artes marciais indianas que

1
Schrott, p. 9.
4

derivam das suas práticas, enfatizam o conhecimento e controlo do Prana e dos seus pontos
vitais como as suas zonas-chave no corpo humano, tanto para ataque como para defesa (as
suas armaduras eram desenhadas especialmente para proteger estes pontos mais vulneráveis),
mas também pelo seu poder curativo. Os melhores guerreiros e praticantes podiam atingir os
adversários nestes pontos e assim tirar-lhes bastante energia de uma só vez, provocar dores,
debilidades ou morte. As debilidades e outras consequências causadas quando quando um
Marma é atingido podem ser curadas através do mesmo Marma. Por outras palavras, no
mesmo ponto do corpo se processa a doença e a sua cura
As palavras oculto e secreto podem relacionar-se com o facto de serem pontos específicos em
que é necessária alguma prática para os conseguir "descobrir", mas também porque as suas
características são pouco conhecidas, apenas por aqueles que receberem directamente o
conhecimento (que, como se pode ver, não está presente nas culturas ocidentais).
Os Marmas formam a ponte entre o consciente e o subconsciente. É no nosso subconsciente
que são ordenados os vários processos fisiológicos e hormonais e é lá também que se
localizam nossos hábitos, vícios e emoções negativas. Como não conseguimos tocar no
subconsciente de outra pessoa, podemos usar os Marmas para o influenciar, tocá-lo
indirectamente, coordenando as funções corporais e mentais. São os locais onde a inteligência
se transforma em matéria. Mas através deles podemos tratar não apenas o corpo físico e
mental, mas também o corpo energético (pranico).
Ao considerarmos os Marmas e os Nadis (canais por onde circula o Prana, e que ligam os
Marmas uns aos outros, equivalente aos Meridianos da Medicina Tradicional Chinesa) como
zonas e correntes de energia subtis, estamos a mapear e a criar uma geografia do corpo
comparável à do planeta, que compreende os seus lugares e correntes sagradas de energia. Ao
conhecermos a geografia do nosso corpo, podemos não só entender como alinhar-nos com a
da Terra e, por conseguinte, com a do Cosmos, através da nossa interacção e harmonização
com o nosso ambiente. Podemos comparar este fenómeno ao de um músico que afina o seu
instrumento ouvindo outro instrumento que esteja afinado. Esta visão do corpo-microcosmos
como réplica do Universo-macrocosmos provém do conhecimento Védico, que chama
Prakriti a toda a Natureza empírica observável e as suas leis. Os pontos Marma têm um papel
fundamental neste fenómeno, pois permitem-nos conhecer e ajustarmos o nosso corpo, a
nossa Prakriti, com a da Natureza, que no fundo não são duas, mas a mesma. São, portanto,
pontos de confluência entre Corpo e Mente, entre as estruturas psico-físicas e energéticas,
podendo ainda ser vistas como o local, no nosso corpo, de encontro entre Prakriti e Purusha
(o conceito Védico de Consciência ou Eu-universal)2.
Como são pontos mais energéticos do que físicos, a sua localização exacta no corpo é
diferente não só de pessoa para pessoa, mas depende da sua condição Pranica e Doshica e
ainda do Prana do próprio terapeuta. Por isso, podemos dizer que tratar os Marmas é tratar o
Prana e os Doshas, mais do que propriamente os órgãos e tecidos por onde estes circulam. Isto
faz com que o Prana do terapeuta seja muito importante para o tratamento dos Marmas: «um
bom curador, consegue dirigir o seu Prana para um Marma de qualquer ponto da sua região. O
Prana de um bom terapeuta pode facilmente encontrar os pontos de Prana bloqueados ou

2
É importante notar que estes dois conceitos podem diferir nas suas interpretações e definições, segundo
vários autores e tradutores, e mesmo entre diferentes tradições.
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enfraquecidos, mesmo sem uma examinação física. (...) Portanto, a identificação dos Marmas
é uma arte e uma questão de prática, não apenas uma definição fisiológica» 3. Através dos
Marmas, conseguimos controlar e direccionar o Prana que circula pelo corpo, que por vezes
se encontra bloqueado nestas zonas, e repor o fluxo de energia. Como os planos físico e
energético estão ligados, o Prana, por sua vez, vai afectar directamente os órgãos motores e
sensoriais e, eventualmente, todo o complexo corpo-mente.
Para além das práticas medicinais e marciais, os Marmas estão presentes em praticamente
todos os aspectos da tradição vedica (veremos alguns mais adiante). Há na Índia o hábito,
entre as mulheres, de furar o nariz e as orelhas e colocar anéis nos dedos dos pés, o que tem
um efeito concreto sobre os Marmas nesses locais. Mesmo fora da Índia, no nosso dia-a-dia
usamos e relacionamo-nos instintivamente com os Marmas. Quando, por exemplo, sentimos
dor de barriga, temos a tendência para levar a mão ao abdómen, apaziguando assim o Nabhi,
que regula os órgãos dessa região; quando temos dor de cabeça, massajamos as têmporas (o
Marma Shankha); ou quando uma criança chora, a mãe coloca a mão no topo da sua cabeça,
no Adhipati, que é o Marma com maior influência apaziguadora sobre o sistema nervoso.
Quando estamos preocupados, chateados, ou não conseguimos largar algo mentalmente,
temos tendência a comprimir as sobrancelhas, manifestando assim o bloqueio do Sthapani.
Quando apertamos a mão a outra pessoa, os Marmas das mãos tocam-se, especialmente o
Talahridaya (ligado ao coração): criamos assim uma ligação energética com o outro. O Marma
Kshipra está associado a movimentos e pensamento rápidos, talvez por isso tenhamos
tendência para estalar os dedos quando precisamos de nos lembrar rapidamente de algo.

Várias definições

Existem várias definições dos Marmas, segundo os autores clássicos e através delas vemos
imediatamente a ligação que estes têm com as energias do corpo, mente, Prana e Doshas.
Sushruta, o autor clássico da Ayurveda, descreve os Marmas como partes constituintes e
identificáveis da anatomia humana, tal como a pele, os ossos, articulações, ligamentos,
músculos, tendões, veias, artérias e nervos, estando assim envolvidos nos vários processos
fisiológicos e psicológicos que nela ocorrem. Ele salientava a enorme importância do
conhecimento os Marmas na prática da cirurgia. Na sua definição, os Marmas são as uniões
ou ligações firmes de músculos, veias, ligamentos, ossos e articulações e formam
especificamente os lugares onde o Prana e a vida assentam, a sua base, assim como do Ojas,
Tejas e dos Gunas (Satva, Rajas e Tamas).
Charaka, outro destes autores clássicos, define os Marmas como os locais onde se cruzam as
diferentes estruturas anatómicas: os músculos, veias, ligamentos, ossos e articulações (isto
não implica que todos estas elas estejas presentes em cada Marma). Esta é, portanto, uma
definição com base na anatomia física.
A definição de Vagbhatta, autor do Ashtanga Hridaya, é semelhante: são locais onde os
nervos principais se encontram entre si e com outros elementos como os músculos e os

3
Frawley, pag. 30.
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tendões. Diz ainda que zonas doridas, macias e onde se identifique uma pulsação anormal
também devem ser consideradas Marmas, independentemente da sua estrutura anatómica.
Uma área que esteja ferida, por exemplo, torna-se um Marma até sarar. Assim vemos que não
só localização dos Marmas não é estritamente definida, mas também o que pode ou não ser
uma Marma. Na verdade, qualquer ponto de energia no corpo pode ser considerado um
Marma; toda a superfície da pele, pela sua sensibilidade, pode ser considerada um Marma; e
cada pessoa, dependendo da sua constituição, postura, dieta, idade e comportamento, terá
diferentes pontos mais sensíveis.
Apesar disto, os Marmas encontram-se classificados, pois existem aqueles que estão presentes
em todas as anatomias e são os mais importantes e é a partir destes que se pôde formar uma
ciência ou um sistematização dos Marmas na Ayurveda. Os principais textos clássicos referem
107 como o número de Marmas principais. Ainda assim, são comummente referidos Marmas
adicionais: as artes marciais vedicas da tradição Kalari, ainda hoje praticadas, reconhecem um
total de 365 pontos, número semelhante ao dos pontos de acupuntura da Medicina Tradicional
Chinesa. A maioria destes Marmas adicionais, ou secundários, são "coordenados" pelos 107
Marmas clássicos, ou seja, ao tratarmos um destes últimos estamos a afectar os outros "sub-
Marmas" mais subtis. E mesmo entre os 107 podemos encontrar uma hierarquia definida,
como veremos mais adiante. Os Marmas estão, de certa forma, todos ligados. «Cada ponto é
também uma imagem holográfica de todos os Marmas»4.
Vasant Lad acrescenta ainda que os Marmas são a consciência ou intuição celular, que
geralmente se manifesta fisicamente quando há algum problema no organismo.

Classificações

Existem várias classificações que nos permitem ver a totalidade dos Marmas sob várias
perspetivas, ajudando-nos assim a compreendê-los, nas suas relações entre si, com as restantes
estruturas do corpo e com o corpo como um todo e também a esclarecer como poderão ser
usados terapeuticamente.

Letais e terapêuticos
Os Marmas letais são aqueles que, se forem atingidos ou feridos, podem pôr em risco a
vida da pessoa. Diz-se que por estes Marmas, o Prana pode ser atingido e abandonar o
corpo. Por causa da sua aguda sensibilidade (Marmas da garganta, por exemplo), não são
muito usados terapeuticamente (embora possam ser trabalhados, de uma forma limitada,
em abordagens suaves ou através de "cura Pranica"), mas são uma importante ferramenta
de diagnóstico, pois são zonas onde muitas doenças geralmente se manifestam, em
forma de dor ou disfunções. Estes Marmas estão mais ligados às artes marciais do que à
medicina.
Os Marmas terapêuticos são os restantes Marmas. São possíveis de manipular sem

4
Schrott, p. 18.
7

causar dano e por isso são estes Marmas que são normalmente considerados nos
diferentes métodos de tratamento. Estes dois tipos de Marmas muitas vezes cruzam-se, o
que faz com que as áreas mais sensíveis e vulneráveis dos Marmas letais possam ser
tratadas através dos Marmas terapêuticos em redor.

Externos e internos
A maior parte dos Marmas que são manipulados terapeuticamente são externos, pois
são os únicos que são acessíveis sem tocar no interior do corpo. Contudo, os
Marmas internos podem ser tratados através de pontos reflexo noutras zonas
exteriores do corpo. Destes últimos são exemplo os Hridaya e o Shringataka.

Composição5
Os Marmas, segundo Sushruta, podem classificar-se segundo o seu constituinte
dominante.
Mamsa Marmas: relacionados principalmente com músculos, fáscias, membranas
serosas e bainhas. O seu papel é armazenar e distribuir energia.
Sira Marmas: vasos ou canais que transportam energia ou fluidos, como vasos
sanguíneos, vasos linfáticos, ou os canais dos Doshas (estes canais são energéticos e não
têm correlação anatómica).
Snayu Marmas: tendões, ligamentos, músculos dos esfincteres e aponeuroses. Estes
fornecem força explosiva e resiliência.
Astbi Marmas: ossos, cartilagens, dentes e unhas. Protegem os órgãos e as zonas mais
vulneráveis do corpo.
Sandhi Marmas: articulações. Controlam o movimento e asseguram a flexibilidade. São
os mais agravados pelos problemas de Vata.

Sintomas de ferimento
Os tipos de sintomas que ocorrem quando um Marma é atingido, irão variar conforme a
sua composição física. A reacção de um Marma a um ferimento é uma importante
informação para podermos prever qual será a sua resposta aos tratamentos e o seu nível
de sensibilidade. Sushruta divide-os em cinco categorias, que indicam o seu grau de
vulnerabilidade e a sua relação com os Mahabhutas (os cinco elementos do Hinduísmo:
Terra, Fogo, Água, Ar e Éter ou Espaço):
Sadya Pranahara (que causa a morte imediatamente). São zonas onde o Prana se pode
dissipar imediatamente, como um balão a rebentar, o que pode chegar a ser fatal no
espaço de vinte e quatro horas. Estes Marmas, como são exemplos os do coração,
umbigo e bexiga, estão ligados ao elemento Fogo: quando o seu poder de aquecer o
corpo e de manter a circulação é enfraquecido, corremos perigo de vida, podendo

5
Ver Anexo 1
8

ocorrer hemorragias internas, coma, arritmia, sangue na urina, entre outros sintomas.
Kalantara Pranahara (que causa a morte a longo prazo). Nestes Marmas, o Prana pode
sair, mas ao longo do tempo. O fenómeno é descrito como uma fuga num dos canais. O
Prana sai aos poucos, podendo tornar-se fatal ao fim de duas semanas. Marmas como os
pontos no crânio e no peito estão ligados ao Fogo, o que os torna vulneráveis, e à Água,
o que, por outro lado, os protege: quando são atingidos, a vitalidade é reduzida mas não
corremos perigo de vida imediato.
Vishalyaghna (fatal se perfurado). Se uma faca, por exemplo, ficar alojada neste local
diz-se que pode pôr em perigo a vida da pessoa se for retirada. São zonas, como o
espaço entre as sobrancelhas (Sthapani), que estão ligadas ao Ar. Elas contêm e
protegem o Prana e o Vata, por isso, se forem perfuradas, podem deixá-los sair
rapidamente do corpo, causando danos graves, acompanhados de dores intensas e
distúrbios mentais.
Vaikalyakara (que causa incapacidades). Quando magoados, estes Marmas, resultam em
incapacidades físicas nos nervos, ossos, tecidos e vasos, sem, no entanto, porem em
perigo a vida da pessoa. Estão ligados à Água, que os protege e preserva. São sobretudo
zonas nas pernas e nos braços, longe dos órgãos vitais, pelo que não causam lesões nas
zonas vitais.
Rujakara (que causa dor). São Marmas que causam dor e inflamação quando atingidos.
A dor pode ser crónica ou aguda, dependendo da intensidade do ferimento, e pode
agravar-se quando são tocados ou afectados de outra forma. Estão localizados sobretudo
nas articulações mais sensíveis, como os pulsos e os tornozelos. Estão ligados ao Ar e ao
Fogo, o que os torna sensíveis e instáveis, causando, respectivamente, a dor e a
inflamação.

Tamanho
Diferentemente dos pontos acupuntura da Medicina Tradicional Chinesa, os Marmas não
são pontos, mas zonas maiores e de tamanho variável. São como que "lagos" de energia,
e no seu centro, onde é mais fundo, está o ponto central do Marma e o mais eficiente,
chamado Bindu. São assim medidos em unidades chamadas anguli (dedo) e estas
unidades são calculadas pela espessura média dos dedos das mãos de cada pessoa.
Existem cinco tamanhos diferentes: ½ anguli, 1 anguli, 2 anguli, 3 anguli, e 4 anguli.

Estrutura

Segundo Schrott et al., os Marmas apresentam uma estrutura hierárquica, comparável a um


sistema governamental, com um governador, ministérios, divisões, representantes e formas de
governo local. O governador é o Atma (geralmente traduzido como o Eu, ou a Alma) que,
embora não seja um Marma, pode neste contexto ser considerado o Marma principal. De entre
os 107 Marmas clássicos existem 7 que são considerados os Marmas centrais, que se
9

localizam no eixo central do corpo. Destes sete, três são chamados de Mahamarmas (grandes
Marmas, em sânscrito): Shiromarma6, Hridaya e Basti (respectivamente cabeça, coração e
bexiga). É destes Marmas que todos os Nadis emergem e se conectam com os outros Marmas.
No Shiromarma residem os sentidos e a mente, sendo este o lugar da inteligência analítica; no
Hridaya reside a "alma", o nosso Eu, lugar da inteligência emocional; no Basti, temos os
instintos e o desejo, fonte da inteligência arcaica.
Os Mahamarmas, por sua vez, são suportados pelos outros quatro: Adhipati, Nila/Manya
(estes dois são considerados em conjunto), Nabhi e Guda (topo da cabeça, pescoço, umbigo e
ânus, respectivamente). Estes sete Marmas principais estão conectados com os sete Chakras
principais e controlam-nos, e também com os sete Dhatus, as sete camadas da aura e os sete
principais planetas da astrologia vedica. Eles controlam as funções básicas.

Os 7 Marmas principais.
O Guda (ânus) relaciona-se com a terra, controla o Chakra Muladhara e tem um consciência
existencial e orientada para a reprodução. Controla o intestino grosso e a função excretória. É
a fonte da energia criadora Shakti.
O Basti (bexiga) controla o Svadisthana, para além dos órgãos da pélvis, energia sexual,
excreção e menstruação.
O Nabhi controla o Manipura. Nele encontramos a energia transformadora da digestão física e
mental. É considerado o ponto central do corpo, a fonte da ordem e da saúde. Quando este
Marmas está harmonizado, sentimo-nos centrados e confortáveis no nosso corpo. Foi através
do cordão umbilical que fomos sendo alimentados antes da nascença, e esta função mantém-
se a nível energético. Os textos vedicos dizem que por este Marma passam todos os 72.000
Nadis.
O Hridaya o lugar onde reside o Atma e é por isso considerado o Marma mais importante de

6
Schrott et al. (p. 15) consideram a cabeça como um só Marma (shiro=cabeça), sendo Sthapani o seu ponto
central.
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todos. Ele controla todos Nadis e Marmas do corpo, para além do Chakra do coração,
Anahata, e é este o lugar principal da sensibilidade, das emoções. É a fonte do Ojas e o centro
de controlo de distribuição das substâncias vitais.
O Nila controla o Vishuddha, chakra da garganta, a tiroide, a circulação de sangue para o
cérebro, para além do discurso e expressão; enquanto que o Manya controla a língua e as
glândulas salivares, estando por isso ligado ao paladar e ao elemento Água e a Kapha.
O Sthapani, mais conhecido como "terceiro olho", está ligado ao conhecimento, visão interior
e é o centro dos sentidos e da mente. Ele controla o sexto chakra, Ajna, e os Nadis da cabeça.
Está também ligado à glândula pituitária, por isso influencia as funções hormonais, corporais
e o estado mental da pessoa.
O Adhipati, está ligado à intuição e à visão do "todo". Ele controla o Sahasrara, a glândula
pineal e o sistema nervoso como um todo, para além dos elementos principais da vida: Ojas,
Agni e Prana.
Estes sete podem ainda relacionar-se com cinco regiões fisiológicas do corpo, por sua vez
relacionados com os cinco tipos de Prana7, a saber:
– Pélvis – Guda e Basti – Apana Vayu
– Abdómen – Nabhi – Samana Vayu
– Peito – Hridaya – Vyana Vayu
– Pescoço – Nila e Manya – Udana Vayu
– Cabeça – Adhipati e Sthapani – Prana Vayu
Todos os outros Marmas se agrupam à volta destes sete. Nas mãos e nos pés, por exemplo,
existem os chamado pontos reflexológicos, que neste caso poderíamos dizer que são os
"representantes" dos Marmas principais do centro do corpo. Pelo próprio nome dos Marmas
Hridaya (coração) e Talahridaya (coração da mão ou pé) podemos intuir este fenómeno. O
Talahridaya das mãos serve como um posto avançado do Hridaya, trocando energia vital e
emoções com o nosso exterior e a informação por ele recolhida é conduzida directamente ao
coração; ao mesmo tempo, o Prana que vem do centro do corpo é daí reconduzido para os
cinco dedos. Todos os canais de energia da mão passam pelo Talahridaya, por isso acaba por
estar ligado a todas as funções corporais da parte superior do corpo e ao sistema digestivo. No
Talahridaya dos pés, o Prana é igualmente recebido e distribuído pelos cinco dedos e este é
também o ponto de ligação com o chão e com a terra, por onde o excesso de Vata e as toxinas
podem ser descarregadas. Por estas razões, entre outras, é considerado muito saudável andar
descalço.
A comunicação entre os vários Marmas ocorre através dos Nadis, os canais de energia. Os
Marmas das mãos e pés têm uma maior capacidade de sentir, alcançar e compreender o meio
exterior e ao mesmo tempo para lá transmitir energia. Eles são a abertura dos Nadis ao
exterior e permitem a entrada de energia que é depois distribuída pelos Marmas do resto do
corpo. Quando tratamos um dos Marmas principais, estamos também a tratar os outros à sua
volta e os que este "governa", e vice-versa. Neste sentido, podemos dizer que ao tratar um
Marma, estamos a tratar todos os outros, o que está de acordo com os princípios holísticos da
Ayurveda: tudo no nosso corpo está ligado ao resto, numa contínua interacção.

7
Consultar Anexo 3.
11

Outra forma de organizar os Marmas consiste em dividir o corpo em dois, segundo o seu
carácter: os Marmas das partes de trás e exterior têm um papel mais protector, são menos
sensíveis e mais masculinos, enquanto que os da frente e que estão mais no interior do corpo
são mais femininos, receptivos, delicados e sensíveis, e por isso possuem maior poder de
percepção; por outro lado, temos os Marmas do lado direito e esquerdo do corpo: os do lado
direito são mais solares, aumentam a temperatura, estimulam a circulação, o metabolismo e o
Agni e aumentam Pitta. Já os do lado esquerdo, são mais lunares, refrescantes, reduzem a
inflamação, promovem o desenvolvimento dos Dhatus e aumentam Kapha.

Relação com as estruturas ayurvedicas do organismo

Em cada um dos Marmas estão presentes todos os princípios da Ayurveda: os três Doshas, os
Mahabhutas (os Cinco Elementos), o Agni, o Ojas, os sete Dhatus e os três Gunas. Todos eles
indicam o campo individual de acção de cada Marmas e o seu possível significado.
Charaka menciona seis regiões principais onde se localizam os Marmas: cabeça, pescoço,
coração, bexiga, Ojas (sistema endócrino) e Shukra (sistema reprodutivo). Estas regiões são
muitas vezes reduzidas aos três Mahamarmas e cada uma delas está especialmente conectada
com um Dosha específico. A bexiga (baixo abdómen) relaciona-se mais com o Vata; o
coração e o plexo solar com o Pitta; e a cabeça com o Kapha. Para além destes, cada um dos
Marmas tem uma predominância de um dos Doshas, e isto vai caracterizar a sua função: os
Marmas onde predomina o Vata são responsáveis por controlar e coordenar o movimento e
orientação no espaço; os de Pitta regulam o metabolismo e geram de calor e energia no local;
os Kapha providenciam estabilidade e resistência, mantendo a coesão da estrutura física.
Apesar disto, em cada Marma estão sempre presentes os três Doshas, em níveis ou
quantidades diferentes. Estes níveis não são constantes, mas alteram-se através de factores
externos (ferimentos, clima, poluição, por exemplo) ou internos (dieta, estado psicológico ou
físico dos vários sistemas). E assim formam, em conjunto, o que poderíamos chamar uma
tríade, um acorde, criando uma harmonia ou, por outro lado, causar desequilíbrios quando se
encontram "desafinados". Quando algum dos Doshas está em excesso causa sintomas
específicos nos Marmas:
– Sintomas de excesso de Vata: dor (não só na zona do Marma mas em todo o corpo),
acompanhado dos sintomas gerais associados a Vata (ansiedade, nervosismo, obstipação,
insónia, tremores, etc.) Estes sintomas podem ser reduzidos através de massagens com óleos
quentes, aplicação de calor ou de plantas que reduzem o Vata (gengibre, cálamo,
ashwagandha).
– Sintomas de excesso de Pitta: calor, irritabilidade, febre (por vezes estendendo-se também
para o resto do corpo), inflamação e hemorragia, muitas vezes acompanhados dos sintomas
típicos de Pitta (sensação de queimadura ou acidez, fezes soltas, olhos vermelhos ou
intolerância à luz). Estes sintomas podem ser reduzidos através de aplicação de gelo, ou óleos
e ervas refrescantes (óleo de coco, sândalo, rosa).
– Sintomas de excesso de Kapha: inchaço, edemas e congestão, acompanhados de sensação
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de peso, letargia, tosse, fadiga. Estes sintomas podem ser reduzidos através de aplicação de
calor, jejum, especiarias picantes como gengibre e pimenta, ou através de óleos aromáticos
quentes como eucalipto ou gengibre.
O Prana tem uma forte correlação com o Vata (composto por Ar e Éter), o que faz deste Dosha
o mais importante no tratamento de doenças. Os Marmas estão especialmente ligados a este
Dosha e aos seus problemas específicos, sobretudo ao Subdosha Vyana Vayu, por ser o que
governa a pele, a circulação e o movimento do Prana, sendo este o mais presente no toque
terapêutico e na distribuição das ervas e óleos absorvidos nos Marmas. Através destes,
pessoas do tipo Vata poderão reduzir este Dosha nos seus sítios típicos de acumulação
(intestino grosso, ossos, articulações e sistema nervoso) e assim diminuir as dores, rigidez,
tremores, obstipação, ansiedade, stress e aumentar a qualidade do sono.
As terapias que incluem os Marmas podem aumentar ou diminuir o calor corporal,
influenciando dessa forma o Pitta Dosha, especialmente o Bhrajaka Pitta, que governa a pele e
as articulações, onde estão localizados a maior parte dos Marmas. Poderão assim reduzir a
acumulação de Pitta no intestino delgado, fígado e sangue, através da diminuição da acidez,
limpeza do sangue, desintoxicação do fígado, combatendo infecções, reduzindo inflamações e
raiva.
Ao fazer o Prana circular, a manipulação dos Marmas pode desfazer a acumulação de Kapha,
especialmente nos pulmões, estômago, sistema linfático e tecido adiposo, através da redução
do muco, da congestão, edemas, peso, e aumentando a actividade física e mental. Sendo que
grande parte dos Marmas se localizam nas articulações, têm especial ligação com o Sleshaka
Kapha.8
Convém relembrar que os Marmas não afectam apenas as zonas do corpo onde estão
localizados. Consequentemente, os factores relacionados com os Doshas traduzem-se em
efeitos noutras regiões.
À semelhança dos Doshas, embora os Cinco Elementos estejam todos presentes em cada
Marma, existe um ou dois que são predominantes. Os Marmas de Fogo aquecem: quando os
tratamos sentimos calor na sua região e também ao longo dos canais que por ele passam; os
Marmas de Água têm o efeito oposto e acalmam ou arrefecem; os de Ar e Éter (os Vata) são
particularmente sensíveis e alerta e controlam os movimentos; os de Terra oferecem
estabilidade.
A mesma coisa se passa com os Gunas. Os Marmas onde predomina o Satva têm um potencial
espiritual mais elevado, reflectem e suportam a mente e o coração puros (Adhipati e Hridaya,
por exemplo). Os Marmas de Rajas, acendem e energizam a paixão (Lohitaksha e Vitapa, na
zona púbica). Os Marmas de Tamas são mais "conservadores": eles preservam e ao mesmo
tempo restringem, actuam como escudos e por isso são menos sensíveis e mais materialisticos
(os Marmas do ombro, por exemplo: Amsaphalaka).
O Ama (a substância designada pela Ayurveda como matéria não digerida que se transforma
em toxinas) pode acumular-se nos Nadis, bloqueando o trânsito de energia, e nos Marmas,
tornando-os dormentes, gerando irritações e mau funcionamento.

8
Embora estes sejam os mais presentes, os restantes Subdoshas também têm afinidades com diferentes zonas
do corpo e os seus Marmas. Ver Anexo 3
13

Através dos Marmas podemos ainda aumentar ou diminuir a circulação nos Dhatus (tecidos).
Têm especial influência nos Rasa (plasma), Rakta (sangue), Ashti (ossos) e Majja (nervos).
Ao desbloquear o Prana nestes Dhatus, podem tratar-se também problemas psicológicos e
vícios que estejam neles alojados. Certos Marmas também podem ser usados para promover a
eliminação dos Malas (resíduos), a circulação nos vários Srotas e ainda para aumentar as
várias formas de Agni (fogo ou poder digestivo), especialmente o Pranagni.

Relação com Chakras e Nadis

Facilmente se poderiam confundir os Marmas com os Chakras, pois ambos são descritos
como "centros energéticos". Não são, de facto, a mesma coisa, mas têm uma relação muito
forte e, por sua vez, também com os Nadis. Para entendermos a diferença entre os dois
podemos pensar os Marmas como «desenvolvimento, a nível físico, das energias que emanam
dos Chakras e Nadis».9 Os Chakras são, portanto, centros mais subtis, pois não têm
necessariamente uma manifestação no corpo físico, ao passo que os Marmas, pela sua própria
definição, são exactamente uma componente física e por isso governam a interface
informativa e energética entre o corpo físico e o corpo subtil (pranico), com a capacidade para
produzir mudanças e curar os dois. Por outro lado, poderíamos também dizer que os Chakras
«são os principais Marmas do corpo subtil»10. Já os Nadis, são os canais, ou fluxos, que
distribuem a energia dos Chakras ao longo do corpo subtil e físico, ao longo dos quais se
localizam os Marmas. Os mais antigos Upanishads (texto vedicos) descrevem-nos em número
de 72.000. Em cada um dos Marmas existem sempre vários Nadis que se fundem e este actua
como um reservatório de energia.
Para cada Chakra existe um ou vários Marmas e Nadis correspondentes e cada Nadi tem uma
abertura ou orifício, que o liga à superfície do corpo físico (ver Anexo 4). E por estarem desta
forma ligados, ao tratamos um Marma, tratamos também os Chakras, os Nadis, os elementos e
os órgãos a eles associados, formando assim uma cadeia de influências físico-energéticas que
podem ser de bastante proveito terapêutico.
Como já foi referido, cada um dos sete Marmas principais tem uma relação com um dos sete
Chakras principais.

O que é a Marmaterapia?

Os Marmas funcionam a partir de estímulos, tanto exteriores como exteriores, e as várias


formas de Marmaterapia são definidas sobretudo a partir do estímulo que usam. A pressão é
um estímulo sobre o corpo. Começa por ser um estímulo físico, mas torna-se bioquímico:
segundo Vasant Lad, a pressão superficial estimula o sistema hormonal, a pressão intermédia
estimula aminoácidos e a pressão mais forte estimula as endorfinas. A ideia é que os Marmas

9
Frawley, p. 42
10
Id.
14

enviam uma mensagem ao sistema nervoso e este, por sua vez, faz com que se libertem os
químicos que aliviam a dor e outros sintomas. Desta forma podemos estimular processos
fisiológicos inconscientes, respostas mentais e emocionais, influenciar e estimular o
funcionamento dos órgãos internos, harmonizar o corpo e a mente, desintoxicar, fortalecer,
rejuvenescer e relaxar todo o corpo. Nos Marmas podem acumular-se toxinas, stress e
emoções negativas e as doenças manifestam-se nestas regiões através de dores, bloqueios, ou
inchaços, ainda antes de surgirem os sintomas associados, e estes são reduzidos através da sua
manipulação.
A Marmaterapia é qualquer prática que tenha como base a manipulação dos Marmas. Estas
práticas derivam da Ayurveda (para além de outras práticas da Índia, já referidas:
kalarippayat, a arte marcial de Kerala e medicina Siddha). Nesta medicina o indivíduo não é
considerado como um organismo isolado, mas num estado dinâmico de contínua interação,
consciente ou inconsciente, com o seu exterior, e conhecer este exterior, o seu meio,
poderíamos dizer, é extremamente importante para manter a saúde e tratar as doenças: o lugar
onde a pessoa vive, o ambiente social, o clima, a época do ano e mesmo as fases da lua e dos
outros planetas e elementos cósmicos. Tudo isto tem influência na pessoa e no seu estado, e
portanto vai-se reflectir nos Marmas, pois eles são centrais nestas interacções. Podemos
mesmo dizer que eles são as "dobras entre o cosmos e o indivíduo"11.
Os Marmas são desta forma usados isoladamente ou integrados noutros procedimentos, desde
o diagnóstico até aos mais complexos, como o Panchakarma. Estes procedimentos dividem-se
entre métodos de manutenção da saúde e métodos para tratar doenças. Os Marmas são usados
em ambos, quer em contexto clínico, quer em práticas diárias de manutenção da saúde, que
cada um pode aplicar a si próprio ou a outras pessoas, mesmo sem conhecimento ou formação
terapêutica. A partir destas práticas foram surgindo várias formas do que poderemos chamar
Marmaterapia (muitas delas desenvolvidas em anos mais recentes e inclusive no Ocidente).
O toque é a forma mais usada e a mais natural de tratar os Marmas, pois os Marmas estão
localizados à superfície do corpo humano. No entanto, a consciência por si só pode ter um
efeito sobre os Marmas, bastando direccionar a nossa atenção para um deles, ou mesmo se
focarmos a nossa atenção num Marma de outra pessoa, esse Marma começa a vibrar. Na
filosofia do Yoga, o toque é a acção corporal relacionada com o elemento Ar e este, por sua,
vez relaciona-se com o Prana: neste sentido, o toque é um veículo do Prana, que é descrito
como o "principal poder curador da vida"12. Os médicos da Ayurveda podem desenvolver um
forte poder de usar o Prana, quer pela sua experiência médica, quer pela prática do Yoga. "Um
médico de Ayurveda bastante desenvolvido pode curar pontos Marma apenas pelo seu poder
pranico"13. É por isso que a massagem parece ser o método mais comum de Marmaterapia,
mas existem vários outros procedimentos que podem ou não ser combinados com esta.
Embora o toque seja mais comum, os Marmas são influenciados por todos os sentidos, e
existem outros métodos que fazem uso deste facto. Os óleos para o sistema nervoso e pele; as
cores, através de luzes ou gemas, para a visão; sabores de chás e alimentos para o paladar;
fragrâncias dos óleos aromáticos e ervas para o olfacto; frequências especificas, melodias ou
sons da natureza para o ouvido.

11
Schrott, p. 10
12
Frawley, p. 65
13
Id.
15

Métodos clínicos

Massagem
As mãos contêm vários Marmas, por isso é natural que seja nas mãos que possuímos a
nossa maior sensibilidade de comunicação com o exterior, tanto para o sentir como para
actuar. E é através das mãos que se manifesta o nosso maior potencial curador.
São usados maioritariamente os dedos e as palmas das mãos 14. A massagem pode ser feita
num Marma isoladamente, o que é mais rápido e simples, especialmente para auto-
tratamento, ou combinada com massagem geral à região que está a ser tratada, ou mesmo
ao corpo inteiro, o que permite um maior efeito, pois "abre" a energia dos Marmas,
tornando-os mais acessíveis aos tratamentos. Podem ainda combinar-se Marmas numa
sequência, consoante o problema a tratar e o efeito pretendido.
Os óleos pesado, como óleo de sésamo ou de amêndoas doces, são muitas vezes usados
nestas massagens, aos quais podem ser adicionados óleos essenciais e ervas, ou em forma
de Tailas, na qual as ervas são cozinhadas no próprio óleo. Desta forma combinam-se as
propriedades medicinais de ambos. Os óleos pesados nutrem e suavizam a pele e
reduzem a fricção da massagem e, por si só, reduzem as tensões e dores existentes nos
Marmas. São usados diferentes óleos consoante os Doshas, mas em alguns casos não
devem ser usados, como quando o paciente tem febre, gripe, constipação ou Ama
(acumulação de toxinas no sistema digestivo). Também podem ser usados pós, em vez do
óleo. Em geral, são usados óleos pesados e quentes para Vata (como sésamo ou
amêndoa), leves e picantes para Kapha (mostarda, cártamo) e refrescantes para Pitta
(coco, ghee).
Este tipo de massagem envolve os movimentos de rotação e pressão ligeira. A rotação no
sentido dos ponteiros do relógio é usada para tonificar ou fortalecer os Marmas e os seus
órgãos e tecidos associados e o sentido inverso para reduzir os Doshas, tecidos em
excesso ou desintoxicar.
As diferentes formas de massagem são geralmente prescritas segundo a época do ano,
clima, problemas de saúde e constituição individual, incluindo constituição doshica. A
Massagem pode ser firme e rápida. As pessoas do tipo Kapha ao inicio geralmente
responder melhor a massagens firmes e rápidas, enquanto que as Vata são mais sensíveis
e em geral respondem melhor a um toque mais suave.

Aromaterapia
Os óleos aromáticos podem ter um efeito muito forte nos Marmas, órgãos e sistemas do
corpo e da mente. Através deles é possível ajustar o nível e a frequência de energia dos

14
Frawley et al. (p. 66), no entanto, recomenda o uso apenas do polegar e, para as regiões maiores, os punhos,
pulsos, palmas das mãos e calcanhares.
16

Marmas, reduzindo os Doshas e fazendo circular Prana, Tejas e Ojas.


Os óleos são absorvidos pela pele, chegando às camadas mais profundas, onde estão
localizados os terminais nervosos, que são assim estimulados e enviam mensagens aos
restantes órgãos, através dos Nadis.
Esta terapia pode ser usada sozinha ou em conjunto com massagem, o que torna o seu
efeito mais forte. Pode aplicar-se óleo no Marma antes da massagem ("abrindo" o
Marma) ou depois ("fechando"o efeito do tratamento). O terapeuta pode também aplicar
o óleo nos seus dedos para fazer a massagem.
Óleos refrescantes e sedativos, como sândalo, são usados para tratar inflamação ou
irritação, em quanto que os quentes e estimulantes, como canela ou eucalipto, reduzem o
frio e a rigidez e aumentam a circulação.
É muito comum na Ayurveda usar-se uma combinação de várias ervas ou óleos, para
exacerbar conjuntamente as suas propriedades, criando assim um efeito cinegético.

Mardana
Mardana significa "aplicação de pressão" e pode ser relacionada com a Acupressão. Esta
forma de massagem é usada especialmente nos Marmas mais pequenos (1 ou ½ anguli) e
mais apropriada para os Marmas nas extremidades e na cabeça, pois são de mais fácil
acesso.
Tal como na Aromaterapia, o efeito desta pressão é maior quando combinado com uma
massagem geral ao corpo, com uso de óleos de massagem e óleos aromáticos.
Esta pressão é feita nos locais mais doridos e sensíveis até que a dor e a tensão
desapareçam. Sendo os Marmas zonas sensíveis, a massagem destes deve ser feita com
algum cuidado. Recomenda-se regra geral usar a mão dominante e a outra para suportar.
Os vários níveis de pressão obtêm resultados diferentes. A massagem mais rápida e com
maior pressão tem mais efeito a nível de dissolver inchaços, rigidez muscular e desfazer
bloqueios, ou seja, actua ao nível do corpo; um toque mais suave actua ao nível da
consciência, mais benéfico para alcançar paz mental. Começa-se por aplicar uma pressão
firme, mas moderada, e suavemente ir aumentando aos poucos a pressão, podendo fazer
também uma rotação, durante 3 a 5 minutos, ou até que o paciente sinta algum alívio. No
final, faz-se uma ligeira massagem na área para dispersar a tensão, podendo aplicar-se
também um pouco de óleo para repor a circulação.
A pressão é geralmente feita com o polegar, indicador ou médio, pois têm mais força,
(nos Marmas das costas ou ancas pode também ser usado o cotovelo), mas é de notar que
cada dedo contém umas das diferentes formas subtis do Prana, e um terapeuta com uma
boa capacidade de usar o Prana pode usar cada uma destas para obter um efeito diferente
na massagem, pois direccionam a energia de forma diferente. Também os Mahabuthas e
os Doshas estão presentes em diferentes dedos e podem assim ser escolhidos para
equilibrar perturbações de Dosha. O polegar relaciona-se com o Éter e o Prana Vayu e
energiza os Marmas; o indicador com Ar e Vata e também com Udana Vayu, que pode ser
usado para os estimular; o médio com Fogo, Pitta e Vyana Vayu, para expandir e soltar a
17

energia,; o anelar com Água, Kapha e Samana Vayu, para os contrair e reter a energia; e o
mindinho com Terra e Apana Vayu, para os fixar. Estas diferentes formas de energia
também podem ser trabalhadas no paciente, ao massajar-lhe os dedos das mãos e dos pés.

Prana Chikitsa
Esta forma de terapia consiste no uso do Prana para tratar os Marmas: o terapeuta
transfere a energia ao paciente através das mãos. É feita através dos procedimentos acima
descritos, mas também se pode pousar a palma da mão, ou mantê-la uns centímetros
acima dos Marmas maiores, como o Hridaya (coração), usando a respiração para criar um
ciclo: transmitindo energia com a inspiração e removendo energia com a expiração. Pode
ser feita juntamente com a massagem, ou isoladamente, com ou sem óleo, e também se
podem usar ímanes.

Tratamentos com ervas


A Marmaterapia, para ser completa, deve sempre incluir o uso de ervas 15. Esta aplicação
pode ser externa (directamente no Marma) ou interna, influenciando o Marma através dos
outros órgãos, e existem várias de tratamento com ervas da Ayurveda que se podem
aplicar aos Marmas.
Lepa Chikitsa e Upanahasvedha são tratamentos com pastas de ervas, parecidas com
cataplasmas, excepto que se adiciona um óleo ao pó das ervas, para fazer a pasta. Estas
pastas podem ser espessas, médias ou mais diluidas. Elas reduzem o inchaço e a dor nos
Marmas, dão força e estabilidade aos seus ossos e articulações, e dependendo da sua
composição podem ainda ter efeitos anti-sépticos, calmantes, e de facilitar a circulação
em canais congestionados e vasos sanguíneos. A sua aplicação deve ser feita no sentido
oposto ao dos pêlos, para não irritar a pele.
Udvarthana é uma aplicação de pós pelo corpo, com massagem, muito usada para
problemas Kapha, como acumulação de gordura.
No Kizhi, um tipo especial de arroz medicinal é cozinhado com leite e decocção de
plantas (existem outras formas com feijão ou apenas com ervas). Esta mistura é depois
distribuída num tecido e embrulhada, formando umas bolsas que depois são aplicadas
pelo corpo, sempre quentes, até que a pele absorva todo o seu conteúdo.
No caso do uso interno, as ervas podem ser ingeridas sob a forma de chá, comprimidos,
ou pó. A Ayurveda compreende um vasto catálogo farmacêutico de fórmulas que
combinam diversas ervas para tratar problemas específicos, como dores, hemorragias,
inchaços, edemas, problemas nervosos, feridas ou para restabelecer a energia vital. Entre
estes, existem os rasayanas, que se diz terem um efeito especifico nos Marmas. O fruto
amla, por exemplo, limpa o Sthapani e aumenta o Ojas no Hridaya e Nabhi; já a
pimenta-longa fortalece o Nabhi, o Avarta e o Apanga.

15
Frawley, p. 75.
18

Tratamentos com óleos, ghee, ou outros líquidos


No Basti é feito um reservatório com uma pasta de feijão em volta do Marma e depois é
derramado óleo lá dentro. O óleo permanece algum tempo, cerca de 20 minutos, e é
depois lentamente removido. Existem várias formas, consoante o local do corpo a tratar:
Katibasti (lombar), Shirobasti (cabeça), Netrabasti (olhos), Urovasti (peito), etc..
No Marmadhara, o óleo quente é continuamente derramado sobre um Marma, e é
particularmente eficaz para problemas Vata. O exemplo mais conhecido é o Shirodhara,
sobre a testa. Outros métodos incluem o uso de outros líquidos (Ksheeradhara, com leite
e ervas, Snehadhara, com ghee e Takradhara com leitelho) e podem ser feitos sobre o
corpo inteiro, incluindo ou não a cabeça, acompanhados de massagem (Sarvangadhara e
Pizhichil).

Svedana
Svedana são um conjunto de tratamentos em que o paciente é posto a suar. No
Avagahasveda o paciente fica numa banheira cheia de líquido medicinal quente. No
Bashpasveda o paciente deita-se numa "caixa de vapor", uma cama de rede com líquido a
ferver em potes por baixo, distribuindo assim o vapor igualmente por todo o corpo.

Outros
Sira Vedha ou Rakthamoksha (tratamentos de purificação do sangue, por vezes com
sanguessugas, que sugam o sangue impuro.), Suchikarma (aplicação de agulhas,
semelhante à acupuntura), Agnikarma (aplicação de calor com diferentes materiais ou
substâncias aquecidas) e Ksharakarma (aplicação de substâncias cáusticas e alcalinas
obtidas das cinzas de plantas medicinais).

Auto-tratamento
A Marmaterapia pode ser, até certo ponto ser feita pelo paciente a si próprio. Muitos dos
Marmas, especialmente nas extremidades, são de fácil acesso e não necessitam de especial
conhecimento ou qualificação. Realça-se, no entanto, que esta não substitui o tratamento com
outra pessoa qualificada (que é, também, uma fonte de Prana potencialmente transformadora).
Pode-se usar a massagem, pressão, óleos de massagem e aromáticos, se possível em conjunto.
Os óleos de massagem são especialmente benéficos para problemas de Vata, mas em caso de
Kapha elevado deve evitar-se o seu uso.
19

Métodos do Yoga

Os Marmas são um elemento importante em todas as práticas do Yoga pois, em certa medida,
todas elas acabam por estimular ou até controlá-los. A consciência corporal que é
desenvolvida pela prática do Yoga, ao trazemos a nossa atenção para o corpo, tem o efeito de
acalmar e equilibrar os Marmas. O caminho do Yoga leva ao Atma, a base de todos os
Marmas,.
Através dos Asanas (posturas corporais) são estimuladas as várias partes do corpo onde
existem Marmas, podendo assim desbloquear e melhorar a circulação do Prana. Desta forma,
«os Marmas podem "respirar" e reconectar-se com o seu estado de unidade, o Eu interior, o
Atma»16; «Os Marmas são como baterias – eles são carregados pelas posturas e movimentos
do Yoga, quando executados correctamente»17. As posturas sentadas (padmasana, por
exemplo), fecham e protegem os Marmas, internalizando a energia para várias outras práticas
interiores como o Dhyana (meditação). Asanas de rotação, desbloqueiam a energia nos
Marmas em geral, especialmente nas costas, coxas e ombros. Asanas de pé ou de extensão
(trikonasana, virabhadrasana) abrem e expandem os Marmas, conectando-os com as fontes
externas do Prana. As retroflexões (ushtrasana, bhujangsana) abrem os Marmas do peito da
parte frontal do corpo, estimulando fortemente a sua energia. Anteflexões (janushirshasana,
paschimottanasana) acalmam a energia dos Marmas, sobretudo os das costas. Poses
invertidas estimulam os Marmas da cabeça e região superior do corpo.
O Yoganidra (técnicas de relaxamento), ou simplesmente a posição deitada (shavasana) no
final dos Asanas, permite que os vários Marmas e Nadis se balancem uns aos outros,
renovando a energia até criar equilíbrio no corpo inteiro.
As práticas de Bandha e Kriyá (particularmente o Nauli Kriyá) permitem regular os Doshas
nas suas respectivas zonas principais.
Através de Pranayama (técnicas de controlo respiratório) podemos dirigir o Prana para os
Marmas pretendidos. A respiração alternada (alternando a narinas a cada expiração) permite
energizar alternadamente os Marmas de cada lado do corpo. Com o Bhastrika Pranayama
abrem-se os Marmas na região da cabeça.
O Pratyahara é talvez a pratica do Yoga que mais activamente faz uso dos Marmas. Através
dela conseguimos recolher internamente a nossa energia, com efeitos espirituais e curativos.
Algumas formas desta prática envolvem exercícios de alternar tensão e relaxamento de
energia em músculos ou articulações, o que afecta os respectivos Marmas. É neste sentido que
podemos ver os Marmas como «centros de controlo Pranico». Há inclusive um texto medieval
de Yoga, chamado Vasishta Samhita, com uma secção dedicada ao uso de Marmas específicos
na prática de Pratyahara, contendo a descrição de 18 zonas de Marmas (ver Anexo 6).
Os Mantras são outra forma bastante comum de usar os Marmas e são usados não apenas no
Yoga mas também de forma terapêutica pela própria Ayurveda. Eles facilitam o fluxo do
Prana pelos Marmas e protegem-nos criando um kavacha (escudo, em sânscrito). Os Bija
Mantras (sons de uma sílaba só; bija significa semente) têm efeitos específicos sobre os

16
Schrott, p. 30
17
Schrott, p. 121
20

Marmas. A sílaba HUM, por exemplo, tem um efeito protector (protege o Marma contra
ferimentos ou perda de energia) e aumenta o Agni na região do Marma, enquanto que a sílaba
OM tem um efeito expansivo, desobstruindo e libertando o Marma. Outros podem ser usados
para fortalecer um dos Cinco Elementos especifico nos Marmas que lhe está associado: o
Mantra LAM fortalece o elemento Terra e por isso pode ser usado para o Marma Talahridaya
no Pé, enquanto que o Mantra HAM, que fortalece o Éter, será mais indicado para o Adhipati,
na cabeça. Ou então podem usar-se as sílabas para fortalecer um elemento de outros Marmas,
usando, por exemplo, o Mantra VAM para aumentar a Água no Marma do umbigo, por forma
a reduzir o excesso de Fogo.
Também o Nyasa faz uso dos Marmas, onde várias partes do corpo, como o coração e a
cabeça, são tocados com as mãos enquanto se recitam os Mantras, dedicando essa área do
corpo a uma deidade.
Os Mudras estão fortemente ligados à consciência. Mudra significa selo, ou marca, de tal
forma que são capazes de configurar a nossa mente, criando um estado específico de
consciência. Sendo que os Marmas estão também fortemente ligados à consciência, os
Mudras conseguem assim comunicar com os Marmas e influenciá-los, para os fortalecer,
acalmar ou proteger. Como está descrito mais acima, cada um dos dedos da mão tem relação
com um dos Doshas, com uma das formas do Prana e com os Mahabhutas. Sendo assim, as
diferentes configurações dos dedos determina uma confluência diferente destes elementos no
resto do corpo. Aqui vemos como funciona este efeito reflexológico: a capacidade de
influenciar o organismo através de pontos correspondentes nas mãos. Para além dos
elementos, encontram-se correspondência com os órgãos físicos e também com Marmas
específicos noutras zonas do corpo. A junção dos dedos indicador e polegar (Jnana Mudra),
por exemplo, cria uma confluência dos elementos Éter e Ar, presentes nesses dedos,
aumentando dessa forma a consciência e a leveza do pensamento (jnana significa
'conhecimento'), fortalecendo também o Adhipati, que também está especialmente ligado à
função da consciência, para além dos Marmas existentes nas mãos. Existem ainda outros
Mudras que não são feitos com as mãos, como é o caso do Shambhavi Mudra, em que se
elevam os olhos, tentando focar o espaço entre as sobrancelhas, e se estimula o Sthapani, o
que acalma a mente e expande a consciência.

Outros métodos

Schrott et al. propoem uma forma de Marmaterapia mais ligeira, a que dão o nome de
Sukshma (sukshma significa ligeiro), na qual, em vez de pressão, se usa um toque ligeiro. A
manipulação com maior pressão, tem mais efeito a nível de dissolver inchaços, rigidez
muscular e desfazer bloqueios, ou seja, actua ao nível do corpo; por outro lado, o toque mais
suave actua ao nível da consciência, mais benéfico para alcançar paz mental. Para além dos
movimentos de massagem já descritos, propoem ainda outros: deslizamentos longitudinais
(suportando o fluxo de energia nos Nadis correspondentes), massagem distributiva
(deslizamentos do Marma para o exterior para o aliviar), drenagem (massagem de cima para
baixo), geração de energia (de baixo para cima), fricção vigorosa (descongestiona a energia
21

no local) e batimentos ligeiros (com o dedo médio ou com a palma da mão).


Outras formas incluem o uso de sons através de taças sonoras, como as taças tibetanas, que
podem ser colocadas sobre o Marmas, ou mesmo sem o tocar, e feitas ressoar. Os Marmas,
enquanto centros de processamento de informações entre o exterior e o exterior da pessoa, são
especialmente sensíveis às vibrações.
As Gemas (pedras preciosas) e os Cristais também são muito usados como terapia. Os cristais
são apensos a um Marma, com uma fita, por exemplo, sendo as partes mais pontiagudas
usadas para estimular o Marma e as partes lisas para o acalmar. As Gemas podem ser
aplicadas pelo terapeuta, ou podem ser usadas em anéis, fios, pulseiras, etc., ficando desta
forma em contacto permanente com os Marmas. O uso das Gemas é definido segundo os
principio da Jyotish (astrologia vedica). Existem ainda outras pedras especiais, das montanhas
e rios da Índia, que podem ser usadas, ou mesmo qualquer pedra que se considere sagrada
pode ter um poder curativo. Diz-se que as pedras contêm a energia curativa da Terra, o que
acalma e estabiliza a energia pranica dos Marmas, contrabalançando o Vata Dosha.
Os Yantras (placas de metal que contêm formas geométricas, principalmente triângulos, e com
inscrições de Mantras) também podem ser usadas sobre os Marmas, em fios, por exemplo.
As cores são comuns no seu uso terapêutico, seja por aplicação da luz de lâmpadas coloridas
ou máquinas que transmitem luz a partir das Gemas sobre o Marma, ou por mentalização da
cor impregnando o Marma. As várias cores têm diferentes efeitos sobre os Doshas e as suas
formas subtis e, por sua vez, sobre os processos físicos do corpo. O verde, por exemplo,
aumenta Vata e o Prana, acalma os nervos e as dores e equilibra a mente.
Rituais Hindus, como o Yajna (que envolvem Mantras), também podem influenciar de forma
curativa os Marmas.

Procedimentos

Não só a forma como o terapeuta actua perante os Marmas é importante (as várias técnicas, a
escolha dos óleos, a escolha das sequências, etc.), mas também a sua postura. Tendo em conta
que trabalhar com Marmas é um trabalho de pessoa para pessoa e é um trabalho sobretudo
energético, pelo que não só o que se acontece no interior do paciente é importante, mas o que
acontece no interior do terapeuta vai também determinar de certa forma o resultado da
intervenção. É recomendada uma postura de naturalidade, uma vontade sincera de curar,
gestos e movimentos calmos, e devida atenção aos Marmas e ao paciente. Os próprios
pensamentos do terapeuta irão alterar a estrutura energética do tratamento.

Os Marmas na Massagem Ayurvedica Tradicional

Na massagem Ayurvedica, tal como ensinada pelo prof. Valter Cardim, também são
trabalhados os pontos Marma. Na verdade, se formos a ver, qualquer massagem ou prática
22

manual sobre a superfície do corpo, que envolva pressão ou deslizamentos acaba por trabalhar
os Marmas, mesmo que inadvertidamente. Esta massagem, sendo ayurvedica (e apesar de não
pertencer aos métodos da medicina indiana propriamente dita), trabalha os Marmas de forma
consciente, ou pelo menos de forma directa, pois está ligada tradicionalmente a este
conhecimento intuitivo
Quase todos os 107 Marmas são trabalhados nesta massagem, com a excepção de alguns
pontos nas zonas que não são tocadas, como ânus, virilhas e axilas. Alguns dos pontos são
directamente manipulados através de pressão, geralmente com o polegar, enquanto que os
restantes estão presentes nos vários deslizamentos, afloramentos, etc., que por eles passam.
Fazem parte da sequência, por ordem, os seguintes Marmas (os sublinhados são aqueles que
são trabalhados directamente):
Costas: Parshvasandhi, Kukundara, Nitamba, Brihati,
Pescoço: Amsaphalaka, Amsa, Krikatika
Braços: Urvi, Ani, Kurpara, Indrabasti, Manibandha, Kurchashira, Kurcha, Kshipra,
Talahridaya
Pernas: Indrabasti, Janu, Ani, Urvi, Gulpha, Kurchashira, Kurcha, Kshipra, Talahridaya
Abdómen: Nabhi, Basti
Peito: Apastambha, Kakshadhara, Hridaya,
Pescoço: Amsa, Siramatrika (muito levemente, por estarem já próximos da traqueia)
Cabeça: Shringataka (apenas os 2 exteriores), Phana, Vidhura, Shankha, Utkshepa,
Simanta, Adhipati, Sthapani, Avarta, Apanga,
Marmas que não são tocados:
Guda (ânus), Katikataruna (meio das nádegas), Lohitaksha e Vitapa, (virilhas), Stanmula
e Stanrohita (junto aos mamilos), Apalapa e Lohitaksha (axilas), Manya e Nila (pescoço),
Shringataka (os 2 no interior da boca).
Existem ainda alguns Marmas que são trabalhados mas que não fazem parte dos 107 Marmas
clássicos, como por exemplo o Netri (centro da testa), Pitari (junção do pescoço com o crânio,
ao centro) e Urumi (plexo solar). Estes Marmas são descritos pela medicina Siddha, do sul da
Índia.
Para além da sua localização e nível de sensibilidade, penso que poderá ser relevante conhecer
os principais efeitos da sua manipulação, consultando os vários livros e adquirindo algum
conhecimento sobre os Marmas. Assim podemos tomar maior consciência dos efeitos que
estamos a provocar quando massajamos um cliente e mesmo pôr em prática e aplicar na
massagem uma maior incidência em pontos específicos, segundo as suas necessidades e
condições, para poder tratar ou amenizar problemas e queixas específicas que estes
apresentem sem comprometer a sequência e os efeitos da massagem.
23

– ANEXOS –
24

Anexo 1 – Localização dos Marmas, organizados por composição

(a localização dos pontos não é exacta, apenas referencial)


25

Anexo 2 – Tabela de Marmas

Marma Localização Significado Tamanho Número

Adhipati Topo da cabeça Soberano ½ anguli 1


Amsaphalaka Omoplatas Omoplata ½ anguli 2
Amsa No trapézio, ao lado do topo dos Ombro ½ anguli 2
ombros
Ani Parte de baixo dos braços e das Cabeça de agulha ½ anguli 4
coxas
Apalapa Axilas, abaixo do Lohitaksha Desprotegido ½ anguli 2
Apanga Cantos externos do olho Canto do olho/ Olhar de lado ½ anguli 2
Apastambha Parte superior do abdómen O que fica de lado ½ anguli 2 (1 de cada
lado)
Avarta No centro das sobrancelhas Calamidade (devido à sua ½ anguli 2
sensibilidade)
Bahvi / Urvi Interior dos braços O que se relaciona com o 1 anguli 2
braço
Basti Baixo abdómen (bexiga) Bexiga 4 anguli 1

Brihati Dorsal, entre as omoplatas e a Largo ½ anguli 2


coluna
Guda Ânus Ânus 4 anguli 1

Gulpha Tornozelos Tornozelo 2 anguli 2

Hridaya Coração Coração 4 anguli 1

Indrabasti Centro dos antebraços e das Seta de Indra (divindade ½ anguli 4


pernas Hindu)

Janu Joelhos Joelho 3 anguli 2

Kakshadhara Ao lado dos ombros O que suporta os flancos 1 anguli 2

Katikataruna Ancas O que se eleva das ancas ½ anguli 2

Krikatika Na junção do pescoço com o Articulação do pescoço ½ anguli 2 (1 de cada


crânio, ao lado da coluna lado)

Kshipra Entre os dedos grandes e o Rápido a apresentar ½ anguli 4


segundos dedos, nas mãos e pés resultados

Kukundara Nas articulações sacro-ilíacas, O que marca os quadris ½ anguli 2


acima das nádegas
26

Kurcha Base dos polegares e dedos Nó, feixe 4 anguli 4


grandes dos pés
Kurchashira Base da articulação dos Cabeça de kurcha 1 anguli 4
polegares e dedos grandes do pés
Kurpara Cotovelos Cotovelo 3 anguli 2

Lohitaksha Centro da fossa das axilas Articulação avermelhada ½ anguli 2

Manibandha Pulsos Pulseira 2 anguli 2

Manya Parte superior do pescoço, de Honra 4 anguli 2


lado.
Nabhi Umbigo Umbigo 4 anguli 1

Nila Base da garganta, dos lados da Azul-escuro 4 anguli 2


traqueia
Nitamba Região superior das nádegas, Nádegas ½ anguli 2
acima do Kukundara
Parshvasandhi Acima das ancas, região lombar Lado da cintura ½ anguli 2

Phana Dos lados das narinas Pescoço de cobra ½ anguli 2

Shankha Têmporas Concha ½ anguli 2

Shringataka Palato mole e do lado interior do Encruzilhada de quatro 4 anguli 4 (2 dentro e


osso zigomático caminhos 2 fora da
boca)
Simanta Fissuras no topo do crânio Topo 4 anguli 5

Siramatrika Laterais do pescoço Mãe dos sira (um dos sete 4 anguli 8 (4 de cada
Dhatus) lado)
Stanmula Abaixo dos mamilos Raiz do seio 2 anguli 2

Stanrohita Dos lados do esterno, acima da Região superior do seio ½ anguli 2


linha dos mamilos
Sthapani Ponto entre as sobrancelhas O que suporta ou fixa ½ anguli 1

Talahridaya Centro da palma da mãos e da Centro da superfície ½ anguli 4


sola dos pés
Utkshepa Atrás da hélice da orelha, um O que está para cima ½ anguli 2
pouco acima da linha do Shankha
Urvi Centro das coxas O que é largo 1 anguli 2

Vidhura Atrás e abaixo das orelhas Desassossego ½ anguli 2

Vitapa Dos lados da púbis O O que é quente ou doloroso 1 anguli 2


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Anexo 3 – Doshas e Subdoshas

Zonas Marma e Marmas


Dosha Subdosha Função e correspondência fisiológica
associados

Prana Vayu Absorção e transporte de nutrientes (comida, - Cabeça: Adhipati, Sthapani.


água, ar e impressões). Sistema nervoso.

Udana Vayu Movimento ascendente de energia – expiração, - Pescoço: Nila, Manya, Krikatika;
fala, vontade, esforço. Músculos.
- Amsa.

Vyana Vayu Movimento de energia para o exterior – extensão - Peito: Hridaya, Brihati;
dos membros, fluxo arterial. Ligamentos.
- Amsaphalaka, Talahridaya,
VATA Kshipra.

Samana Vayu Movimento de energia para o interior – contração - Abdómen: Nabhi;


dos membros, fluxo venoso. Tecido adiposo.
- Apastambha, Kurchashira.

Apana Vayu Movimento descendente de energia – fezes, urina, - Baixo abdómen: Basti, Guda,
fluido menstrual. Ossos. Vitapa;
- Talahridaya, Lohitaksha,
Utkshepa.

Sadhaka Pitta “Digestão” dos impulsos nervosos no cérebro. - Crânio: Simanta, Adhipati;
- Hridaya.

Alochaka Pitta “Digestão” da luz nos olhos, e respectivos - Rosto: Sthapani, Apanga;
objectos nos restantes sentidos.
- Kucha, Kurchashira.

Bhrajaka Pitta “Digestão” da luz solar e calor na pele. - Extremidades: Talahridaya, Amsa,
Katikataruna;
PITTA
- Nila, Manya.

Pachaka Pitta “Digestão” da comida no sistema digestivo - Abdómen: Nabhi;


(especialmente no intestino delgado)
- Apastambha, Kurchashira,
Indrabasti.

Ranjaka Pitta Coloração do sangue, bílis, urina e fezes. Figado. - Figado e Baço: Nabhi;
- Kurpara, Janu, Kukundara.
28

Tarpaka Kapha Lubrificação do cérebro e sistema nervoso - Cabeça: Adhipati, Simanta,


Shringataka, Shankha;
- Hridaya, Krikatika.

Bodhaka Kapha Lubrificação da língua e órgãos dos sentidos. - Rosto: Shringataka, Phana;
- Manya.

Sleshaka Kapha Lubrificação das articulações. - Articulações: Janu, Kurpara,


KAPHA Manibandha, Gulpha;
- Katikataruna.

Kledaka Kapha Lubrificação do sistema digestivo. - Abdómen: Nabhi;


- Apastambha, Kurchashira.

Avalambaka Lubrificação do coração e pulmões. - Peito: Hridaya, Stanmula;


Kapha
- Talahridaya.
29

Anexo 4 – Chakras e Nadis

Chakra Nadi Função Abertura/o Marma


rifício

Apana Vayu. Ânus. Guda


Muladhara Alambusha
Função excretora.

Apana Vayu. Pénis ou Basti, Kukundara,


Svadhisthana Kuhu
Órgãos genitais e urinários. vagina. Vitapa

Samana Vayu, Pachaka Pitta, Ranjaka Pitta e Umbigo. Nabhi


Manipura Vishvodhara Kledaka Kapha.
Sistema digestivo e Agni.

Vyana Vayu, Bhrajaka Pitta e Avalambaka Pele. Hridaya


Kapha.
Anahata Varuna Sistemas respiratório e circulatório, pele.
Poder de sentir e conhecer profundamente
através do coração.

Udana Vayu e Bodhaka Kapha. Boca e Ponta da língua (não é


Garganta, boca, língua e cordas vocais. garganta. um dos 107 Marmas),
Vishuddha Saraswati
Poder da voz, do discurso, de cantar, Nila, Manya, Amsa.
saborear, entoar mantras e da sabedoria.

Prana Vayu, Sadhaka Pitta,Tarpaka Kapha, Olhos; Sthapani, Apanga.


Prana, Tejas e Ojas. "terceiro
Ajña Shushumna
Coluna, cérebro, nervos e ossos. olho".
Reúne e distribui o Prana em todos os Nadis.

Regula o Prana da narina direita, das várias Narina Phana (lado dir.)
formas de Pitta ("digestões") e Fogo e do direita
Pingala lado direito do corpo.
Olfacto.

Regula o Prana da narina esquerda, das Narina Phana (lado esq.)


várias formas de Kapha e do lado esquerdo esquerda
do corpo.
Ajna Ida
Olfacto.
Inspiração e discurso visionário.

Alochaka Pitta (visão). Olho direito Apanga (lado dir.)


Regula o Prana do olho direito.
Pusha
O Atma está presente no olho direito durante
a vigília.
30

Alochaka Pitta (visão). Olho Apanga (lado esq.)


esquerdo
Regula o Prana do olho direito.
Gandhari
Promove o sonhos, imaginação e
criatividade.

Regula o Prana do ouvido direito e a Tuba Ouvido Vidhura (lado dir.)


auditiva do lado direito (audição). direito
(Ajna) Payasvini Pelo ouvido direito ouvimos os sons
interiores do nada, a vibração primordial (do
Nada Yoga).

Regula o Prana do ouvido esquerdo e a Tuba Ouvido Vidhura (lado esq.)


auditiva do lado esquerdo (audição). Esquerdo
Shankhini
Aumenta o poder da fé e da receptividade
devocional.

Prana Vayu. Ventrículos Adhipati, Simanta.


cerebrais
Sahasrara Shushumna Canal por onde circula a Kundalini, desde o
(Brahma-
Muladhara.
randhra)
31

Anexo 5 – Problemas comuns e combinação de Marmas associados

Problema Marmas

Distúrbios nervosos do coração Hridaya, Sthapani, Adhipati, Nila, Manya,


Talahridaya, Manibandha, Kurpara, Janu, Basti

Adhipati, Sthapani, Talahridaya (pés), Gulpha,


Problemas de sono
Manibandha, Nabhi

Sthapani, Adhipati, Shankha e Utkshepa, Avarta e


Dores de cabeça e enxaquecas Apanga, Nila, Manya e Siramatrika Krikatika,
Manibandha e Gulpha

Amsaphalaka, Amsa, Krikatika, Indrabasti


Dores nos braços ou ombros
(braços), Kurcha e Kurchashira (mãos)

Dores de pescoço Krikatika, Amsa, Nila, Manya, Siramatrika, Brihati

Janu, Ani (pernas) Talahridaya (pés), Katikataruna,


Dores nos joelhos
Nitamba, Kukundara

Síndrome das pernas inquietas Indrabasti (pernas), Talahridaya (pés), Gulpha

Nabhi, Talahridaya (pés e mãos), Kukundara,


Dores abdominais
Parshvasandhi

Problemas menstruais Basti, Lohitaksha (pernas) Parshvasandhi,


Kukundara, Urvi, Ani (pernas), Gulpha,
Talahridaya (pés e mãos)

Doenças dos olhos Talahridaya (pés e mãos), Kurcha, Kurchashira


(mãos), Kshipra (entre o anelar e o mindinho)

Ansiedade Sthapani, Adhipati, Simanta, Nila, Manya,


Krikatika, Janu, Gulpha, Parshvasandhi, Kurpara

Rouquidão Nila, Manya, Kshipra (mãos), Amsa

Tosse, gripe ou bronquite Hridaya, Brihati, Phana, Kshipra (mãos)

Doenças de pele Hridaya, Stanrohita, Nabhi, Basti, Talahridaya (pés


e mãos), Kshipra (pés)

Acufeno (tinnitus) Sthapani, Nila, Manya, Vidhura, Gulpha,


32

Manibandha,Shringataka

Menopausa Adhipati, Simanta, Nila, Manya, Talahridaya (pés e


mãos), Shringataka, Phana, Kukundara,
Parshvasandhi

Doenças hepatobiliares Hridaya, Nabhi, Basti, Kshipra, Talahridaya (pés),


Janu, Amsa, Brihati

Problemas nos rins Kukundara, Parshvasandhi, Gulpha, Indrabasti,


Basti, Hridaya

Obstipação Parshvasandhi, Kukundara, Nabhi, Talahridaya


(mãos e pés), Sthapani

Enurese em crianças Sthapani, Basti, Kukundara, Parshvasandhi,


Indrabasti (pernas), Talahridaya (pés)

Dores menstruais Basti, Lohitaksha (pernas), Vitapa, Gulpha,


Talahridaya (pés), Kukundara, Parshvasandhi,
Sthapani, Nabhi

Auto-confiança Sthapani, Adhipati, Amsa, Hridaya, Brihati, Nabhi,


Janu, Gulpha, Hridaya
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Anexo 6 – 18 regiões de Marmas do Vasishsta Samhita

Regiões Marma Marmas clássicos correspondentes

Dedos dos pés Kshipra

Tornozelos Gulpha

Meio dos gémeos Indrabasti

Base do joelho (sem correspondência nos 107)

Centro do joelho Janu

Meio da coxa Urvi

Ânus Guda

Meio da anca Kukundara e Nitamba

Raiz da uretra Vitapa

Umbigo Nabhi

Centro do coração Hridaya

Base da garganta Nila

Raiz da língua Shringataka

Raiz do nariz (sem correspondência nos 107, relaciona-se com Phana)

Centro dos olhos Apanga

Espaço entre as sobrancelhas Sthapani

Centro da testa (sem correspondência nos 107)

Topo da cabeça Adhipati


34

– REFERÊNCIAS –
35

LIVROS

Frawley, David; Ranade, Subhash.; Lele, Avinash, Ayurveda and Marma Therapy

Johari, Harish, Ayurvedic Massage – Traditional Indian Techniques for Balancing Body and
Mind

Schrott, Ernst; Raju, J. Ramanuja; Schrott, Stefan, Marma Therapy – The Healing Power of
Ayurvedic Vital Point Massage

Joshi, Sunil Kumar, Marma Science and Principles of Marma Therapy

ARTIGOS

Bhattacharya, Anupama, Marma Shastra, disponível em https://vdocuments.mx/marma-


shastra.html

VÍDEOS

Kerala Ayurveda Treatments, Marma Treatments, https://www.youtube.com/watch?


v=ISdyRm_ZJl8

Marma Session Part 01 of 03 with Dr. Lad, https://www.youtube.com/watch?


v=LmbUEGFtI0k

Marma Chikitsa: The Inner Pharmacy: Part 1, https://www.youtube.com/watch?


v=r0I52eFOhM4&list=WL&index=2&t=0s

Marma Chikitsa: The Inner Pharmacy: Part 2, https://www.youtube.com/watch?


v=Zqb51js_v54

Marma Therapy: The Pathway Of The Inner Pharmacy: Part 1,


https://www.youtube.com/watch?v=BWHKnW4cMng

Marma Therapy: The Pathway Of The Inner Pharmacy: Part 2,


https://www.youtube.com/watch?v=j3htChMI6og

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