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Capítulo01 - LIVRO
Capítulo01 - LIVRO
1.1. Petróleo
Petróleo (do latim petra = rocha e oleum = óleo) é o nome dado às misturas naturais de hi-
drocarbonetos que podem ser encontradas no estado sólido, líquido ou gasoso, a depender das
condições de pressão e temperatura a que estejam submetidas. O petróleo tanto pode aparecer em
uma única fase como pode se apresentar em mais de uma fase em equilíbrio.
Sob o nome hidrocarbonetos existe uma grande variedade de compostos de carbono e hi-
drogênio que quimicamente, de acordo com certas características, são agrupados em séries. Mais de
quinze séries de hidrocarbonetos já foram identificadas, sendo que umas são encontradas com maior
freqüência que outras. As mais comumente encontradas são as parafinas, as olefinas e os hidrocar-
bonetos aromáticos. Dentro de uma mesma série podem ser encontrados desde compostos muito
leves e quimicamente simples, como, por exemplo, o metano da série das parafinas, a compostos
bem mais pesados e quimicamente complexos.
Na série das parafinas encontram-se os hidrocarbonetos parafínicos normais ou alcanos,
que possuem a fórmula geral CnH2n+2. Os nomes dos alcanos são formados por um prefixo, que
especifica o número de átomos de carbono, e o sufixo ano. Assim, a série dos alcanos é constituída
do metano (CH4), etano (C2H6), propano (C3H8), butano (C4H10), etc.
Os hidrocarbonetos parafínicos podem apresentar ramificações em um ou mais átomos de
carbono, sendo nesses casos denominados isoparafinas ou isoalcanos, mas possuem a mesma
fórmula geral dos alcanos. Alguns hidrocarbonetos da série dos isoalcanos são o isobutano, o iso-
pentano e o 3-metil-pentano, por exemplo.
1-1
1-2 Propriedades dos Fluidos
Para distinguir os alcanos dos isoalcanos normalmente se usa o prefixo normal (ou sim-
plesmente n) no caso dos alcanos e o prefixo iso normal (ou simplesmente i) no caso dos isoalca-
nos. Por exemplo, usam-se as denominações n-butano para indicar que se trata de um alcano e i-
butano para indicar que se trata de um isoalcano.
Na série das olefinas os hidrocarbonetos mais comuns são os alcenos, que apresentam a
fórmula geral CnH2n. Dentre eles podem ser citados o eteno (C2H4) e o propeno (C3H6), por exem-
plo.
Dentre os hidrocarbonetos aromáticos podem ser mencionados o benzeno (C6H6), o tolueno
(C7H8) e o naftaleno (C10H8).
Agregada à mistura de hidrocarbonetos vem sempre uma certa quantidade de impurezas,
sendo as mais comuns o dióxido de carbono, o oxigênio, o nitrogênio, o gás sulfídrico, o hélio e
alguns outros compostos de carbono.
A infinita variedade de composições das misturas de hidrocarbonetos, aliada à variação de
tipos e teores de impureza, faz com que praticamente todas as misturas tenham características
diferentes. Cor, viscosidade, massa específica, etc., podem diferir bastante de uma jazida para outra.
As propriedades físico-químicas de um petróleo dependem de sua composição química,
que pode ser obtida através de análises químicas. A análise química completa de um petróleo envol-
ve técnicas caras e complexas, o que muitas vezes torna proibitiva a sua execução. A identificação
de cada composto e em que proporção, isto é, com que fração molar ele se acha presente na mistura
é o que se chama análise composicional. Como o petróleo é uma mistura bastante complexa, nor-
malmente com grande quantidade de hidrocarbonetos diferentes, costuma-se usar o artifício da
análise composicional resumida, que consiste em juntar em um mesmo grupo os compostos que
apresentam o mesmo número de átomos de carbono. Os compostos são representados pela letra C
maiúscula, acompanhada pelo algarismo correspondente ao número de átomos presentes nos com-
postos do grupo. Assim, o butano, que tem quatro átomos de carbono, e os demais compostos de
outras séries que também têm quatro átomos de carbono se agrupam sob o título C4. Embora hoje
existam equipamentos modernos que conseguem determinar um grande número de moléculas com
20 ou mais átomos de carbono, normalmente os procedimentos para se fazer essa análise separam
moléculas com até seis átomos de carbono, ficando todos os demais componentes, com sete ou mais
átomos, agrupados como pseudocomponente C + .
7
Outro aspecto interessante é que, como as condições de pressão variam com a posição den-
tro do reservatório, a rigor pode-se dizer que em uma mesma acumulação de petróleo as característi-
cas dos fluidos variam de ponto a ponto.
da superfície da terra. A essa profundidade tanto a pressão como a temperatura é bem maior que na
superfície. Quando levada para a superfície essa mistura procura um novo estado de equilíbrio
devido às novas condições de pressão e temperatura a que está sendo submetida. Nessa nova situa-
ção uma parte dos hidrocarbonetos, predominantemente os mais leves, se vaporizará, enquanto os
menos leves permanecerão no estado líquido. Assim, uma parte dos hidrocarbonetos vai continuar
líquida, enquanto a outra parte vai se transformar em gás. A parte da mistura que se encontrava no
estado líquido nas condições do reservatório e que permanece líquida nas condições de superfície
recebe o nome de óleo. A parte que se vaporiza recebe o nome de gás natural ou simplesmente gás.
Nas condições de reservatório tem-se, portanto, não exatamente óleo e sim uma mistura líquida de
hidrocarbonetos formada pelo óleo mais o gás natural que nele se encontra dissolvido. Caso a
mistura se apresente totalmente no estado gasoso já nas condições de reservatório recebe também o
nome de gás natural.
Óleo é a parte que permanece no estado líquido quando uma mistura líquida de hidrocarbonetos é
levada das condições de reservatório para as condições de superfície.
Gás natural é o nome dado às misturas de hidrocarbonetos que, quando estão nas condições de
superfície, se apresentam na forma gasosa. No reservatório estas misturas podem se apresentar tanto
na forma gasosa como dissolvida no óleo.
1 2 3 4
vapor
vapor vapor
líquido
líquido líquido
se pode dizer a respeito da condensação. Na verdade, para uma substância pura o ponto de orvalho
coincide com o ponto de bolha.
Para cada valor de pressão diferente em que se fizer a vaporização vai-se obter um valor
diferente para a temperatura de ebulição (ou de bolha), embora o comportamento seja semelhante.
Esses pares, pressão e sua correspondente temperatura de ebulição, podem ser representados grafi-
camente no chamado diagrama de fases, conforme mostra a Figura 1.2. Ligando-se os pontos de
bolha obtidos para diversas pressões, resulta a curva de vaporização da substância.
Ponto crítico
pc C
líquido
Pressão
1 2 4
3
vapor
Temperatura
Tc
Tc
Líquido Vapor
Líquido + Vapor T4
T3
T2
F G
T
H 1
Vc Volume
Figura 1.3 – Diagrama pressão versus volume de uma substância pura.
A linha EFGH da Figura 1.3 representa a vaporização da substância a uma temperatura T1. Partin-
do-se do ponto H e seguindo a linha HGFE tem-se um processo de condensação. O ponto G é
chamado de ponto de orvalho porque aí aparece a primeira gota de líquido, enquanto que F é o
ponto de bolha. Observa-se que para uma substância pura a pressão de bolha e a pressão de orvalho
coincidem.
A linha formada pela ligação dos pontos de bolha obtidos a diferentes temperaturas recebe
o nome de curva dos pontos de bolha (linha FC). A linha que liga os pontos de orvalho recebe o
nome de curva dos pontos de orvalho (linha GC). Essas duas linhas se encontram no chamado ponto
crítico e delimitam uma área denominada região de duas fases, pois aí convivem líquido e vapor em
equilíbrio. Como pode ser visto, o ponto crítico corresponde ao maior valor de pressão em que as
duas fases coexistem. A linha que delimita a região dentro da qual coexistem líquido e vapor (FCG),
formada, portanto, pelas curvas de bolha e de orvalho, é normalmente chamada de envelope de fases
ou envoltória.
Deve-se frisar que o comportamento da curva de vaporização (ou de condensação), bem
como das linhas que formam o diagrama pressão versus volume, varia de uma substância para outra.
1 2 3 4
vapor vapor
vapor
líquido
líquido líquido
1 2 3 4
Temperatura
Figura 1.5 − Diagrama de fases de uma mistura.
ponto 3 aparecem os primeiros indícios de líquido. Esse ponto, que marca o início da condensação
da substância, é chamado de ponto de orvalho. Para que mais e mais fluido se condense deve haver
uma retirada contínua de calor com a correspondente redução da temperatura. Para que toda a
substância se condense é necessário que o sistema chegue à condição de temperatura do estágio 2,
ou seja, à temperatura de bolha. Diferentemente das substâncias puras, as misturas apresentam
valores distintos para os seus pontos de bolha e de orvalho. A partir do ponto de bolha a posterior
retirada de calor causará apenas mais redução na temperatura da mistura, que já se encontra total-
mente no estado líquido.
O ponto importante do processo é que a vaporização e a condensação da mistura só ocor-
rem com variação de temperatura. Como já foi dito, isso acontece devido ao fato de que a mistura é
formada por componentes de diferentes pressões de vapor. Inicialmente, predomina a vaporização
dos componentes mais leves. Para que haja um crescimento na proporção dos demais componentes é
necessário que a temperatura vá aumentando progressivamente até o ponto de orvalho. Para cada
pressão diferente em que for feita a vaporização serão obtidos pontos de bolha e de orvalho diferen-
tes. Unindo-se os pontos de bolha das diferentes pressões obtém-se a curva dos pontos de bolha. Da
mesma forma, ligando-se os pontos de orvalho obtém-se a curva dos pontos de orvalho. As duas
curvas se encontram no ponto crítico.
Tanto no diagrama de fases como no diagrama pressão versus volume, a linha formada pe-
las curvas de bolha e de orvalho delimita uma região, denominada envelope de fases ou envoltória,
em cujo interior coexistem a fase líquida e a fase vapor.
A Figura 1.6 mostra um exemplo de diagrama pressão versus volume de uma mistura.
Comparativamente ao caso de uma substância pura (Figura 1.3) observa-se uma diferença básica na
configuração das linhas dentro do envelope de fases: as isotermas não são isóbaras.
p c - Pressão crítica
Pressão
Tc - Temperatura crítica
Vc - Volume crítico
Ponto crítico
pc C
Líquido Tc Vapor
Líquido + Vapor T4
T3
T2
T1
Vc Volume
Figura 1.6 – Diagrama pressão versus volume de uma mistura.
0% Cricondenterma
T1 Temperatura
A curva dos pontos de bolha juntamente com a curva dos pontos de orvalho delimitam uma região
de coexistência das duas fases, ou seja, uma região cujos pontos representam a mistura com uma
parte no estado líquido em equilíbrio com a outra parte que se encontra no estado gasoso. À direita
da curva dos pontos de orvalho se localiza a região das misturas gasosas e à esquerda da curva dos
pontos de bolha se encontra a região das misturas líquidas. Por exemplo, no diagrama da Figura 1.7,
o ponto 1 de coordenadas p1 (pressão) e T1 (temperatura) é um líquido, uma vez que está localizado
na região das misturas líquidas. Se as condições da mistura forem dadas pelo ponto 2 a mistura
apresentará uma parte no estado líquido, em equilíbrio com uma parte gasosa.
As linhas traçadas na região de duas fases que indicam os percentuais de líquido na mistura
são chamadas de linhas de qualidade. O ponto 2, por exemplo, representa uma mistura na qual 75%
da massa do fluido encontram-se no estado líquido e 25% no estado vapor. Se o ponto estivesse em
cima da linha 50%, metade da massa estaria no estado líquido e metade no estado vapor.
Ainda no diagrama da Figura 1.7, pode ser observada uma linha reta tangente à curva dos
pontos de orvalho e perpendicular ao eixo das temperaturas. Essa linha se chama cricondenterma e
representa a maior temperatura em que ainda se tem a coexistência de duas fases. A linha reta
tangente à curva dos pontos de bolha e perpendicular ao eixo das pressões chama-se cricondenbári-
ca. Essa linha representa a maior pressão em que ainda coexistem duas fases. Como será visto
posteriormente, essas duas linhas são bastante importantes para a definição do comportamento
termodinâmico das misturas.
1-10 Propriedades dos Fluidos
Ponto
crítico
R1 R2
pR
100%
75%
Pressão
50%
25%
0%
submetido a essas condições, qualquer redução de pressão, por menor que seja, acarretará vaporiza-
ção de uma porção, mesmo infinitesimal, da mistura.
R 2
pR
1 C
100%
Pressão
75%
S 25%
pS
0%
TS Temperatura
TR
Se a mistura está nas condições representadas pelo ponto R, por exemplo, diz-se que o óleo
é subsaturado. Para se iniciar a vaporização da mistura mantendo a temperatura constante é necessá-
rio que a pressão seja reduzida até o valor correspondente ao ponto 2 do diagrama, ponto este que se
situa exatamente sobre a curva dos pontos de bolha. Para se identificar essa pressão em que começa
a vaporização da mistura à temperatura considerada emprega-se comumente a expressão pressão de
saturação. Assim, os termos ponto de bolha e ponto de saturação, pressão de bolha e pressão de
saturação, etc., normalmente são utilizados de maneira indistinta neste texto.
Em reservatórios reais, quando começa a produção, tanto o fluido que é produzido, como o
que permanece na formação, sofrem alterações devidas às mudanças das condições às quais eles
ficam submetidos. O fluido produzido passa das condições iniciais de pressão e temperatura do
reservatório para as condições de pressão e temperatura da superfície. Devido à retirada de massa a
pressão no interior da formação vai se reduzindo. Assim, apesar da temperatura do reservatório se
manter praticamente constante durante a sua vida produtiva, as condições a que fica submetido o
fluido que permanece vão se alterando.
A curva RS representa o comportamento do fluido produzido desde as condições iniciais
do reservatório, ponto R, até as condições da superfície, ponto S. No exemplo da figura, nas condi-
ções de superfície aproximadamente 60% dos hidrocarbonetos produzidos estarão na fase líquida e
os 40% restantes estarão na fase gasosa. De um modo geral o fluido produzido é submetido a um
processo de separação antes de ser colocado em tanques nas condições ambientes. A pressão e a
temperatura de separação são determinadas através de cálculos e recebem o nome de condições de
separação.
O comportamento do fluido que permanece no reservatório é representado por uma linha
vertical correspondente à temperatura do reservatório. A pressão vai caindo continuamente até as
condições de abandono, quando ocorre a suspensão da produção.
1-12 Propriedades dos Fluidos
R
pR
Ponto
crítico
100%
Pressão
40%
S 0%
pS
TS TR
Temperatura
R
pR
Ponto
crítico
Pressão
100%
0%
20%
pS
S
TS TR Temperatura
Deve ser lembrado que a forma do diagrama de fases, a localização do ponto crítico, a dis-
posição das linhas de qualidade e outras particularidades do diagrama de fases dependem da compo-
sição original da mistura. Assim, a maior proximidade das curvas de qualidade da curva dos pontos
de bolha ou da curva dos pontos de orvalho já é característica de um ou outro tipo de fluido. Portan-
to, uma inspeção rápida do diagrama de fases pode fornecer uma idéia aproximada do tipo de fluido
que se tem em mãos. A classificação de uma mistura como um ou outro tipo é, no entanto, apenas
uma apreciação qualitativa, não sendo suficiente para caracterizar o fluido em estudo. São necessá-
rios dados quantitativos, obtidos por meio de ensaios de laboratório, para realmente caracterizar o
fluido.
fluido quando sujeito a reduções de pressão dentro do próprio reservatório e também do tipo de
fluido resultante nos equipamentos de superfície.
Ao ser levada para a superfície a mistura gasosa pode ser submetida a processos de separa-
ção dos componentes mais leves dos mais pesados, resultando dessa separação duas fases distintas.
Os componentes mais leves permanecem no estado gasoso e os mais pesados vão dar origem aos
chamados líquidos de gás natural, normalmente designados simplesmente por LGN.
Ponto
crítico
pR R
Pressão
100% 0%
60%
pS S
TS Temperatura TR
pR R
Ponto 0%
crítico
Pressão
100% 80%
S
pS
Temperatura TS TR
Figura 1.13 – Gás seco.
Ponto crítico
R
pR
1
100%
Pressão
60%
Cricondenterma
2
0%
Temperatura TR
O fenômeno retrógrado se passa do seguinte modo: à medida que o fluido vai sendo produ-
zido, a pressão no interior do reservatório vai se reduzindo, enquanto a temperatura permanece
constante. A mistura permanece no estado gasoso até o instante em que a pressão atinge um deter-
minado valor em que começa a acontecer um processo de condensação. Essa situação corresponde
ao ponto 1 no diagrama. À medida que a pressão continua a cair, a quantidade de líquido aumenta
até atingir um valor máximo. A partir desse máximo a redução da pressão causa uma reversão do
processo, ou seja, o líquido começa a retornar para a fase vapor. Se a pressão continuar caindo
poder-se-á chegar ao ponto 2 do diagrama, quando tudo que tinha se liquefeito terá voltado para o
estado de vapor.
O ponto interessante do fenômeno de condensação retrógrada é o fato de uma redução de
pressão causar a condensação de um gás, quando o que se espera é que reduções de pressão causem
vaporizações de líquidos. A área hachurada mostrada na Figura 1.14 indica a região do diagrama de
fases em que ocorre o fenômeno da condensação retrógrada.
Deve ser observado que o fenômeno retrógrado acontece no interior da rocha-reservatório,
uma vez que é nele que ocorre o processo natural de redução de pressão enquanto a temperatura se
mantém constante. O reservatório de gás retrógrado também é conhecido como reservatório de gás
condensado retrógrado.
Quando a temperatura do reservatório está muito próxima da temperatura crítica da mistura
tem-se uma condição especial de gás retrógrado. Nessa situação, logo no início, com pequenas
reduções de pressão ocorre um rápido crescimento da quantidade de fluido condensado. Pela inspe-
ção do diagrama de fases verifica-se que quando a temperatura do gás se aproxima muito da tempe-
ratura crítica a linha vertical que representa o comportamento de pressão do reservatório corta uma
quantidade grande de linhas de qualidade logo no início. Esse tipo de reservatório pode ser chamado
de reservatório de gás condensado quase crítico.
sentada por m3 std/m3 std. É comum, no entanto, principalmente na literatura norte americana e,
portanto, em ábacos, gráficos e correlações apresentados na literatura, o uso de unidades diferentes
para as vazões de gás e de líquido. Por exemplo, a razão gás/líquido (RGL), a razão gás/óleo (RGO)
e a razão de solubilidade (Rs), a ser definida em seções posteriores, podem ser apresentadas em
scf/stb ou SCF/STB, onde SCF significa “Standard Cubic Feet”, ou seja, pés cúbicos standard (pés
cúbicos medidos nas condições-standard ou padrão de se medir volumes de gás), e STB significa
“Stock Tank Barrel”, isto é, barril no tanque de estocagem (volume em barril, medido nas condições
do tanque de estocagem, o que normalmente é entendido como condições-standard ou padrão de se
medir volumes de óleo).
A Figura 1.15 mostra em um único gráfico o comportamento típico de uma mistura de hi-
drocarbonetos encontrada em reservatórios de petróleo e os vários tipos de reservatórios.
va
% r
va
70 po
. va por
or
líq %
30%
0 va
de
. 8 0%
líq os
20% .
9
ont
líq
% sp Vapor
10 do
rv a
Cu
T
Figura 1.15 − Envoltória p versus T típica de uma mistura de hidrocarbonetos – (1) óleo
(2) gás condensado retrógrado e (3) gás não-retrógrado.
O ponto (ps, Ts) representa as condições de pressão e de temperatura de separação dos fluidos na
superfície. As condições iniciais (p1, T1) representam um exemplo de reservatório de óleo, enquanto
que o ponto (p2, T2) é um exemplo de reservatório de gás condensado retrógrado. As condições (p3,
T3) representam um reservatório de gás não-retrógrado, isto é, aquele que não apresenta condensa-
ção no reservatório. Neste caso, quando a produção de líquido (condensado) na superfície é prati-
camente nula (RGL ≥ 18.000 m3 std/m3 std) o reservatório é denominado gás seco, caso contrário o
reservatório é chamado de gás condensado ou úmido.
como reservatório de gás como reservatório de óleo, a depender de qual seja a fase preponderante.
Como o gás é muito menos denso que o líquido, existe naturalmente uma separação e arrumação
desses fluidos. O gás ocupa a parte superior da formação enquanto que o líquido fica na parte
inferior.
Mesmo existindo um grande volume de hidrocarbonetos na fase gasosa a jazida é classifi-
cada como reservatório de óleo com capa de gás se o interesse econômico for o óleo. Na verdade o
reservatório de óleo recebe esse complemento com capa de gás na sua denominação se o volume de
gás na capa tem realmente grandes proporções. Esse é um aspecto muito relevante para os processos
produtivos da jazida. Deve ser lembrado que esse reservatório, além do gás da capa que é chamado
de gás livre, tem também uma certa quantidade de gás dissolvido no óleo. A Figura 1.16 ilustra
esquematicamente um reservatório desse tipo.
gás
óleo
$ $ $
X
capa de gás
água
Quando a quantidade de gás for muito maior que a de líquido, de tal maneira que o interes-
se econômico principal seja o gás, esse reservatório não poderá mais ser classificado como reserva-
tório de óleo e deverá ser classificado como reservatório de gás. A Figura 1.17 apresenta o esquema
de um reservatório desse tipo. Da pequena quantidade de hidrocarbonetos líquidos existentes no
reservatório resultaria uma produção de óleo igualmente pequena, o que tornaria a sua exploração
antieconômica. Numa situação como essa o interesse econômico se volta para a exploração do gás.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-19
gás
$ $
$
X
gás
T r = T / Tc (1.2)
e
1-20 Propriedades dos Fluidos
V r = V / Vc , (1.3)
Substituindo as Eqs. (1.7) e (1.8) na Eq. (1.5) obtém-se uma expressão para a compressibilidade
isotérmica em função da massa específica e da derivada da massa específica em relação à pressão:
1 ∂ρ
c= (1.9)
ρ ∂p T
ou simplesmente:
1 ∂ρ
c= , (1.10)
ρ ∂p
nc
G = ∑ y i Gi + ∆G , (1.14)
i =1
onde ∆G é a diferença entre o valor da propriedade real da solução e a soma ponderada dos valores
das propriedades dos componentes puros que a constituem nas mesmas condições de pressão e de
temperatura da solução. Se a propriedade G for o volume, tem-se que:
nc
∆V = V − ∑ y iVi , (1.15)
i =1
onde ∆V é a variação de volume que se observa quando se forma 1 mol da solução a partir dos
componentes puros. Um exemplo clássico de mistura não ideal ocorre quando se deseja preparar 2 l
de uma solução 30% molar de metanol em água, a 25 oC e 1 atm. Nesse caso são necessários V1 =
1,017 l de metanol e V2 = 1,053 l de água. Os volumes molares são:
Metanol Água
nc
onde nc é o número de componentes na mistura e ∑mj representa a soma das massas de cada
j =1
componente, ou seja, a massa total da mistura.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-23
nc
onde Vi é o volume do componente Ci e ∑V j é o volume total do sistema.
j =1
nc ni nc n 1 nc
M a = ∑ n M i = ∑ i M i = ∑ (ni M i ) . (1.21)
i =1 i =1 nt nt
c
∑nj
i =1
j =1
e
nc
T pc = ∑ y i Tci , (1.23)
i =1
onde ppc e Tpc são, respectivamente, a pressão e a temperatura pseudocríticas, yi é a fração molar do
componente i na mistura, nc é o número de componentes e pci e Tci são, respectivamente, a pressão e
a temperatura críticas de cada componente. Assim, ao invés de propriedades reduzidas calculam-se
as chamadas propriedades pseudoreduzidas:
p pr = p / p pc (1.24)
e
T pr = T / T pc . (1.25)
Normalmente os gases podem ser considerados como ideais quando submetidos a baixas
pressões e altas temperaturas.
a) Lei de Boyle-Mariotte
O volume ocupado por uma determinada massa de um gás ideal será inversamente propor-
cional à pressão, se a temperatura for mantida constante:
1
V ~ ou pV = constante. (1.26)
p
b) Lei de Charles
O volume ocupado por uma determinada massa de um gás ideal será diretamente propor-
cional à temperatura, se a pressão for mantida constante:
V
V ~ T ou = constante . (1.27)
T
d) Equação de estado
Equação de estado é uma expressão que relaciona a pressão, a temperatura e o volume de
um gás ou líquido. As leis de Boyle-Mariotte, Charles e Avogadro podem ser combinadas para a
obtenção de uma equação de estado para um gás ideal. Inicialmente aplicam-se conjuntamente as
leis de Boyle-Mariotte e de Charles para descrever a passagem de um gás ideal do estado 1 para o
estado 2, conforme ilustrado na Figura 1.18.
Estado 1 Estado 2
Exemplo 1.1 − Qual o volume ocupado por um mol-lb de um gás ideal quando submetido a uma
pressão de 100 psia e a uma temperatura de 90 oF?
Solução:
No sistema de unidades usado neste exemplo o valor da constante universal dos gases é
10,73 psi ⋅ ft 3 /(mol − lb⋅o R) . Assim, empregando a Eq. (1.32):
e) Massa específica
Por definição, a massa de um número n de mols de gás é dada por:
m = nM , (1.33)
onde M é a massa molecular do gás. Assim, a massa específica de um gás ideal é expressa por:
m pM
ρ= = . (1.34)
V RT
f) Densidade
A densidade de um gás é definida pela relação:
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-27
ρg
dg = , (1.35)
ρ ar
onde ρg e ρar são, respectivamente, as massas específicas do gás e do ar, ambas medidas nas mesmas
condições de temperatura e pressão. Para um gás ideal tem-se:
pM g
ρg = (1.36)
RT
e
p M ar
ρ ar = . (1.37)
RT
Substituindo-se as Eqs. (1.36) e (1.37) na Eq. (1.35) obtém-se:
Mg
dg = . (1.38)
M ar
então:
nc
n A RT n B RT nC RT RT nRT
p=
V
+
V
+
V
+ ... =
V
∑ ni = V
, (1.43)
i =1
1-28 Propriedades dos Fluidos
Então, a relação entre a pressão parcial de um determinado componente e a pressão total do sistema
é dada por:
pi ni RT / V ni
= = = yi , (1.45)
p nRT / V n
o que produz:
nc
RT RT RT RT nRT
V = nA
p
+ nB
p
+ nC
p
+ ... =
p
∑ ni = p
. (1.49)
i =1
Então, a relação entre o volume parcial de um determinado componente e o volume total do sistema
é dada por:
Vi ni RT / p ni
= = = yi . (1.51)
V nRT / p n
Assim, a fração molar de um componente i é igual ao quociente entre os volumes parcial do compo-
nente e total do sistema. Ou seja, de acordo com a lei de Amagat, para um gás ideal a fração molar é
igual à fração volumétrica.
___________________________
Exemplo 1.2 – Uma mistura de gases ideais que está sujeita a uma pressão de 750 psia e a uma
temperatura de 100 oF tem a composição da Tabela 1.1:
___________________________
c) Densidade
A densidade de uma mistura de gases é definida de maneira semelhante à densidade de um
componente único, sendo dada então por:
Ma M
dg = ≅ a , (1.52)
M ar 29
d) Compressibilidade isotérmica
A compressibilidade isotérmica de um gás ou de uma mistura gasosa que se comporta co-
mo gás ideal é obtida substituindo-se a definição de massa específica oriunda da equação de estado
dos gases ideais,
pM
ρ= , (1.53)
RT
na definição de compressibilidade dada pela Eq. (1.10):
RT ∂ ( pM / RT ) 1
cg = = . (1.54)
pM ∂p p
a) Equação de estado
Para gases reais a equação de estado toma a seguinte forma:
pV = ZnRT , (1.55)
O fator de compressibilidade não é constante, varia com a composição do gás, com a tem-
peratura e com a pressão. Valores de Z podem ser estimados utilizando-se gráficos obtidos experi-
mentalmente. A Figura 1.19 mostra, como exemplo, um gráfico do fator de compressibilidade do
metano.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-31
___________________________
Exemplo 1.3 − Calcular a massa de metano contida em um recipiente de 5 ft3 a uma pressão de 700
psia e a uma temperatura de 68 oF.
Solução:
Do gráfico da Figura 1.19 obtém-se Z = 0,92. Aplicando-se a lei dos gases reais:
m
pV = ZnRT = Z RT ,
M
1-32 Propriedades dos Fluidos
Figura 1.20 – Fator de compressibilidade Z para gases de hidrocarbonetos puros. Figura da página 32 de
Brown, G. G; Katz, D. L; Oberfell, G. G. & Alden, R. C.: Natural Gasoline and the Volatile Hydrocarbons.
Tulsa, Oklahoma, USA, Natural Gas Association of America, Copyright 1948. Extraída de Burcik, E. J.,
Properties of Petroleum Reservoir Fluids, Copyright 1979 (Figura 9). Reproduzida com permissão de Gas
Processors Suppliers Association e de International Human Resources Development Corporation –
IHRDC.
b) Massa específica
Usando a equação de estado dos gases reais a massa específica é expressa por:
m pM
ρ= = . (1.57)
V ZRT
1-34 Propriedades dos Fluidos
___________________________
Exemplo 1.4 – Calcular a massa específica do metano a 900 psia e 140 oF.
Solução:
Do gráfico da Figura 1.19 tem-se que Z = 0,94. Logo:
pM 900 × 16
ρ= = = 2,38 lb / ft 3 .
ZRT 0,94 × 10,73 × (140 + 460)
___________________________
c) Densidade
Semelhantemente ao caso dos gases ideais, a densidade de um gás real é definida pela rela-
ção:
ρg
dg = , (1.58)
ρ ar
onde ρg e ρar são, respectivamente, as massas específicas do gás e do ar, ambas medidas nas mesmas
condições de temperatura e pressão.
Para um gás real tem-se:
pM g
ρg = (1.59)
Z g RT
e
p M ar
ρar = . (1.60)
Z ar RT
b) Densidade
A densidade de uma mistura de gases reais é definida de maneira semelhante à usada para
componentes únicos ou para misturas gasosas de gases ideais:
Ma M
dg = ≅ a . (1.64)
M ar 29
___________________________
Exemplo 1.5 – Qual a densidade de uma mistura gasosa composta por 30% de metano, 60% de
etano e 10% de propano (fração molar)?
Solução:
3
M a = ∑ y i M i = 0,30 × 16 + 0,60 × 30 + 0,10 × 44 = 27,20
i =1
M a 27,20
dg = = = 0,94 .
29 29
___________________________
c) Propriedades pseudocríticas
Para a determinação das coordenadas reduzidas do gás natural (pr, Tr e Vr), ao invés das
coordenadas críticas reais, que são de difícil obtenção no caso de misturas, geralmente são usadas as
coordenadas pseudocríticas. Estas podem ser calculadas através da média ponderada das coordena-
das críticas de cada componente com sua fração molar na mistura, usando-se, por exemplo, as Eqs.
(1.22) e (1.23), válidas para misturas ideais.
As Eqs. (1.22) e (1.23) fornecem valores aceitáveis para as coordenadas pseudocríticas (er-
ro da ordem de 2 a 3%) quando as misturas são formadas por gases com estruturas químicas simila-
res e baixos pesos moleculares. No entanto, quando os componentes diferem muito em termos de
pesos moleculares e naturezas químicas, os valores das coordenadas pseudocríticas obtidos dessas
equações podem conter erros significativos. Vários métodos empíricos foram desenvolvidos na
tentativa de obter valores mais representativos para as coordenadas pseudocríticas. Satter & Camp-
bell (1963) publicaram um artigo onde apresentaram muitos desses métodos. Dentre eles, o método
SBV desenvolvido por Stewart, Burkhardt & Voo (1959), apesar de ser mais simples que muitos
outros métodos, foi o que apresentou melhores resultados. Detalhes do método SBV estão apresen-
tados no Apêndice B.
1-36 Propriedades dos Fluidos
Infelizmente, nem sempre a composição do gás está disponível para a determinação das
coordenadas pseudocríticas. Neste caso podem ser correlacionadas a pressão e a temperatura pseu-
docríticas da mistura gasosa com a sua densidade, dg, medida em relação ao ar. Brown et alii (1948)
apresentaram uma carta, mostrada na Figura 1.21, que fornece as coordenadas pseudocríticas para
gás natural em função da densidade. Nessa figura, as curvas superiores referem-se a reservatórios
que produzem basicamente gases pobres, enquanto que as curvas inferiores são aplicáveis aos casos
em que alguma quantidade de condensado é produzida na superfície.
Figura 1.21 − Correlações para as coordenadas pseudocríticas do gás natural (Brown et alii, 1948). Repro-
duzida de Dake, L. P., Fundamentals of Reservoir Engineering, 1978, page 18, Copyright 1978, com
permissão de Elsevier Scientific Publishing Company e de Gas Processors Suppliers Association.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-37
As curvas da Figura 1.21 podem também ser expressas pelas equações apresentadas por
Standing (1951):
p pc ( psia) = 677 + 15,0d g − 37,5d g2 (1.65)
e
T pc ( o R) = 168 + 325d g − 12,5d g2 , (1.66)
e
T pc ( o R ) = 187 + 330d g − 71,5d g2 , (1.68)
para gás natural úmido, isto é, gás de reservatório de óleo ou condensado, onde dg é a densidade da
mistura gasosa de hidrocarbonetos.
Figura 1.22 − Propriedades pseudocríticas do gás natural (Brown et alii, 1948 − Correções propostas por
Carr et alii, 1954). Extraída de Theory and Practice of the Testing of Gas Wells, 1978, com autorização de
Energy Resources Conservation Board (Canadá).
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-39
e) Propriedades pseudoreduzidas
As propriedades pseudoreduzidas das misturas gasosas são definidas em termos das propri-
edades pseudocríticas:
p
p pr = (1.69)
p pc
e
T
T pr = , (1.70)
T pc
onde p′pc e T pc
′ são as propriedades pseudocríticas considerando as correções devidas à presença
de não-hidrocarbonetos.
Figura 1.23 – Fator de compressibilidade Z para gases naturais (Standing & Katz, 1942).
Extraída de Theory and Practice of the Testing of Gas Wells, 1978, com autorização de Energy
Resources Conservation Board (Canadá).
O Apêndice B apresenta maiores detalhes sobre o fator de compressibilidade Z dos gases
naturais, incluindo outras correlações para a sua estimativa. No Apêndice C podem ser encontradas
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-41
onde yHC, ya, yb, ... são as frações molares dos hidrocarbonetos e dos outros gases a, b, .... O fator de
compressibilidade da fração hidrocarboneto (ZHC) é obtido em função da sua pressão pseudoreduzi-
da, dada por:
p y HC (∑ y p )
i ci HC
p pr = com ( p pc ) HC = , (1.75)
( p pc ) HC y HC
onde (ppc)HC é a pressão pseudocrítica dos hidrocarbonetos, enquanto por simplicidade normalmente
admite-se que os fatores de compressibilidade dos outros gases sejam iguais a 1, isto é,
Z a = Z b = Z c = ... = 1 . (1.76)
___________________________
Solução:
O resumo de cálculo das propriedades pseudocríticas encontra-se na Tabela 1.3.
Exemplo 1.7 (Santos, J. A.) − Considere uma mistura de gases, cuja composição é dada na Tabela
1.4, submetida a uma pressão de 30 atm e a uma temperatura de 400 K. Calcule o fator de compres-
sibilidade dessa mistura.
Solução:
A Tabela 1.5 contém as informações necessárias para o cálculo das propriedades pseudo-
críticas.
Componente (Ci) Fração molar (yi) pci (atm) Tci (K) yi pci (atm) yi Tci (K)
Metano 0,332 45,8 191 14,75 61,50
Etano 0,412 48,2 306 19,86 126,07
Propano 0,175 42,0 370 7,35 64,75
Nitrogênio 0,091 33,5 126 3,05 11,47
Total 1,000 45,01 263,79
Hidrocarbonetos 0,909 41,96 252,32
Assim:
p y HC 30 0,909
( p pr ) HC = = = 0,62
( p pc ) HC 46
1
Figura .23
→ Z HC = 0,925 .
T 400
(T pr ) HC = = = 1,44
(T pc ) HC 278
O fator de compressibilidade é calculado por:
Z = y HC Z HC + y N 2 Z N 2 .
Admitindo Z N 2 = 1 obtém-se:
Z = y HC Z HC + y N 2 = 0,909 × 0,925 + 0,091 = 0,932 .
___________________________
g) Compressibilidade isotérmica
Conforme definição apresentada anteriormente, a compressibilidade isotérmica é expressa
pela equação:
1 ∂V
c=− . (1.77)
V ∂p
Utilizando-se a equação de estado dos gases reais obtém-se:
ZnRT
V = , (1.78)
p
1 1
Para gás ideal: c metano = = = 8 × 10 − 4 psi −1 .
p 1.250
Parte (b):
Para gás real a compressibilidade é dada pela Eq. (1.81). Da Figura 1.19 obtém-se os valo-
res de Zmetano = 0,90 e ∂Z / ∂p ≅ − 0,65 × 10 −4 psi −1 . Então:
1 1
c metano = − × (−0,65 × 10 −4 ) = 8,72 × 10 − 4 psi −1 .
1.250 0,90
___________________________
h) Compressibilidade pseudoreduzida
A compressibilidade também pode ser expressa na forma reduzida. Para tanto a equação
deve ser transformada utilizando o conceito de pressão pseudoreduzida, que é definida por:
p
p pr = , (1.82)
p pc
Figura 1.25. A partir do valor de cgpr obtido de uma dessas figuras pode ser calculada a
compressibilidade do gás:
c gpr
cg = . (1.90)
p pc
1-46 Propriedades dos Fluidos
Supondo a passagem de uma certa massa de gás real de uma condição 1 para uma condição
2 qualquer, pode-se escrever, da lei dos gases, a igualdade:
p1V1 p 2V2
= . (1.92)
T1 Z1 T2 Z 2
Conforme indica a Eq. (1.94), o fator volume-formação do gás é uma função hiperbólica da pressão.
Deve ser observado que muitas vezes o fator volume-formação do gás é apresentado como
o quociente entre o volume ocupado pelo gás nas condições-padrão e o volume em uma condição
qualquer de pressão e temperatura, ou seja:
V0
Bg = . (1.95)
V
___________________________
Exemplo 1.9 – Calcular o fator volume-formação de um gás natural de densidade 0,68 (ar = 1,0) a
uma temperatura de 532 oR para os seguintes valores de pressão: 2.000, 1.500, 1.000 e 500 psia.
Solução:
p = 668 psia
.21 pc T 532
1
d g = 0,68 Figura → o
⇒ T pr = = = 1,38 .
T pc = 385 R T pc 385
p p p 0 ZT 14,7 Z × 532 Z
p(psia) p pr = = Z Bg = = × = 15,04
p pc 668 (Figura 1.23) T0 p 520 p p
3
(ft /SCF)
2.000 2,99 0,700 0,005264
1.500 2,45 0,715 0,007169
1.000 1,50 0,810 0,012182
500 0,75 0,900 0,027072
___________________________
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-49
Os gases com comportamento de gás ideal (baixas pressões) apresentam uma variação crescente da
viscosidade com a temperatura. Para pressões elevadas (comportamento não-ideal, ou seja, de gás
real), os gases têm comportamento idêntico ao dos líquidos, isto é, a sua viscosidade cresce com a
pressão e decresce com a temperatura.
A viscosidade de uma mistura ideal de gases pode ser obtida como uma função aditiva das
viscosidades de seus componentes:
nc
µ g = ∑ yi µ i , (1.97)
i =1
onde µi, yi e Mi são, respectivamente, a viscosidade, a fração molar e a massa molecular do compo-
nente i.
___________________________
Exemplo 1.10 (Santos, J. A.) − Calcular a viscosidade de uma mistura gasosa submetida `as condi-
ções de 200 oF e 14,7 psia, conhecendo-se as informações da Tabela 1.6.
Ci yi µi (cp)
Metano 0,85 0,0132
Etano 0,09 0,0113
Propano 0,04 0,0100
N-Butano 0,02 0,0092
Total 1,00
Solução:
A Tabela 1.7 mostra o resumo dos cálculos necessários para a obtenção da viscosidade pe-
las Eqs. (1.97) e (1.98).
1-50 Propriedades dos Fluidos
Ci yi Mi µi (cp) Mi yi M i yi µ i M i
___________________________
A viscosidade do gás natural pode também ser obtida com o auxílio de correlações, gráfi-
cos e tabelas, aplicando-se a lei dos estados correspondentes, ou seja:
µ g = f ( p pr , T pr ) . (1.99)
Um dos métodos disponíveis é o de Carr, Kobayashi & Burrows (1954). A viscosidade de um gás
natural submetido à pressão de 1 atm pode ser estimada através da correlação da Figura 1.26, em
função da massa molecular (ou da densidade) e da temperatura. No caso da presença de não-
hidrocarbonetos, como nitrogênio, gás sulfídrico e dióxido de carbono, devem ser feitas correções
para que sejam levados em conta os efeitos desses gases, conforme indicado na Figura 1.26.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-51
Figura 1.26 − Viscosidade do gás natural à pressão de 1 atm, µ1 (Carr, Kobayashi & Burrows,
1954). Extraída de Theory and Practice of the Testing of Gas Wells, 1978, com autorização de
Energy Resources Conservation Board (Canadá).
1-52 Propriedades dos Fluidos
De acordo com Standing (1951), para valores de densidade menores que 1,5 (região de in-
teresse na engenharia de reservatórios), o valor de µ1 pode também ser calculado através da seguinte
equação matemática:
µ1 = µ1* + (∆µ1 ) N 2 + (∆µ1 ) CO2 + (∆µ1 ) H 2 S , (1.100)
onde µ1* é o valor de µ1 não corrigido, e (∆µ1 ) N2 , (∆µ1 ) CO2 e (∆µ1 ) H 2S são as correções devidas às
eventuais presenças de nitrogênio, gás carbônico e gás sulfídrico, respectivamente. Os valores
dessas parcelas que compõem o cálculo de µ1 são dados pelas expressões:
( )
µ1* = 1,709 × 10 −5 − 2,062 × 10 −6 d g T + 8,188 ×10 −3 − 6,15 × 10 −3 log d g , (1.101)
(
(∆µ1 ) N 2 = y N 2 8,48 × 10 −3 log d g + 9,59 × 10 −3 , ) (1.102)
(
(∆µ1 ) CO2 = yCO2 9,08 × 10 −3 log d g + 6,24 × 10 −3 ) (1.103)
e
(
(∆µ1 ) H 2S = y H 2S 8,49 ×10 −3 log d g + 3,73 × 10 −3 ,) (1.104)
Figura 1.27 − Razão de viscosidades do gás natural, µ/µ1 (Carr, Kobayashi & Burrows, 1954). Extraída de
Theory and Practice of the Testing of Gas Wells, 1978, com autorização de Energy Resources Conservation
Board (Canadá).
1-54 Propriedades dos Fluidos
Figura 1.28 − Razão de viscosidades do gás natural, µ/µ1 (Carr, Kobayashi & Burrows, 1954). Extraída de
Theory and Practice of the Testing of Gas Wells, 1978, com autorização de Energy Resources Conservation
Board (Canadá).
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-55
Dempsey (1965) desenvolveu um programa de computador para calcular a razão µ/µ1, ten-
do apresentado a seguinte expressão matemática para representar analiticamente as curvas da Figura
1.27 e da Figura 1.28:
µ
ln T pr = a0 + a1 p pr + a2 p 2pr + a3 p 3pr + T pr (a 4 + a5 p pr + a6 p 2pr + a7 p 3pr ) +
µ1 (1.105)
2
+ T pr (a8 + a9 p pr + a10 p 2pr + a11 p 3pr ) + T pr
3
(a12 + a13 p pr + a14 p 2pr + a15 p 3pr ),
onde:
a0 = − 2,46211820E−00 a8 = − 7,93385684E−01
a1 = 2,97054714E−00 a9 = 1,39643306E−00
a2 = − 2,86264054E−01 a10 = − 1,49144925E−01
a3 = 8,05420522E−03 a11 = 4,41015512E−03
a4 = 2,80860949E−00 a12 = 8,39387178E−02
a5 = − 3,49803305E−00 a13 = − 1,86408848E−01
a6 = 3,60373020E−01 a14 = 2,03367881E−02
a7 = − 1,04432413E−02 a15 = − 6,09579263E−04
___________________________
Exemplo 1.11 – Calcular a viscosidade da mistura gasosa de hidrocarbonetos cuja composição está
mostrada na Tabela 1.8, sujeita à pressão de 2.000 psia e à temperatura de 200 °F.
Solução:
A Tabela 1.9 apresenta os cálculos da massa molecular aparente e das propriedades pseu-
docríticas da mistura.
Tabela 1.9 – Cálculo da massa molecular aparente e das propriedades pseudocríticas − Exemplo 1.11
Exemplo 1.12 (Santos, J. A.) – Considere 1 mol-lb de uma mistura gasosa, cuja composição está
indicada na Tabela 1.10.
Total 1,00
Um resumo dos cálculos efetuados neste e em outros itens deste exemplo é apresentado na
Tabela 1.11.
Parte (b):
A densidade da mistura gasosa (dg) é calculada por:
Ma M 44
dg = ≅ a = = 1,52 .
M ar 29 29
Parte (c):
O volume molar de qualquer gás ou mistura gasosa a 60 oF e 14,7 psia é igual a 379 ft3. Es-
se valor pode ser obtido também a partir da lei dos gases, admitindo gás ideal:
RT R(60 + 460) 10,73 × 520
Vmolar = = = ≅ 379 ft 3 .
p 14,7 14,7
Parte (d):
Nas condições de 60 oF e 14,7 psia a mistura pode ser considerada como um gás ideal. As-
sim, a massa específica pode ser calculada por:
pM a Ma 44
ρg = = = = 0,116 lb / ft 3 .
RT Vmolar 379
Parte (e):
1-58 Propriedades dos Fluidos
A pressão parcial de um componente Ci em uma mistura gasosa ideal é dada pela lei de
Dalton: pi = y i p . Assim,
p3 = y 3 p = 0,30 × 500 = 150 psia .
Parte (f):
Pela lei de Amagat tem-se: Vi = y iV ⇒ V2 = y 2V . Para 1 mol-lb da mistura nas condições
de 60 oF e 14,7 psia tem-se, do item (c), V = 379 ft3. Portanto,
V2 = 0,2 × 379 = 75,8 ft 3 / mol − lb .
Parte (g):
As frações em massa de cada componente Ci são dadas por:
mi
( fração em massa ) i = nc
.
∑mj
j =1
Parte (i):
De modo similar ao item anterior:
4
p pc = ∑ y i p ci ≅ 614 psia .
i =1
Parte (j):
O fator de compressibilidade crítico pode ser estimado por:
4
Z c = ∑ y i Z ci ≅ 0,278 .
i =1
Parte (k):
p 500
p pr = = = 0,8
p pc 614 Figura 1.23
→ Z = 0,705 .
T 222,5 + 460
T pr = = = 1,05
T pc 650
Parte (l):
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-59
M a = 44 Figura 1.26
o → µ1 = 0,012 cp .
T = 222,5 F
Parte (m):
p pr = 0,8 Figura 1.27 µ
→ = 1,225 .
T pr = 1,05 µ1
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11)
Fração Tci yi Tci pci yi pci
Ci yi Mi y i Mi em massa (oR) (oR) (psia) (psia) Zci yi Zci
des dos fluidos. Esse ensaio PVT é na verdade um processo de liberação, ou seja, a pressão a que a
mistura está submetida vai sendo reduzida, resultando na liberação do gás natural que está dissolvi-
do no óleo.
Figura 1.29 − Propriedades pseudocríticas de um óleo subsaturado (Trube, 1957b). Extraída de Earlougher, R.
C., Jr., Advances in Well Test Analysis, 1977, com autorização de SPE-AIME.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-61
A Figura 1.30 fornece uma correlação para a estimativa das propriedades críticas (ou pseu-
docríticas) das frações C7+ de um óleo em função da massa molecular e da densidade 60oF/60oF do
C7+.
1-62 Propriedades dos Fluidos
Figura 1.30 − Propriedades pseudocríticas das frações C7+ (Katz, 1942a). Extraída de Theory and Practice of
the Testing of Gas Wells, 1978, com autorização de Energy Resources Conservation Board (Canadá).
Exemplo 1.13 − Determine a massa específica da mistura líquida cuja composição está mostrada na
Tabela 1.12, nas condições de 1 atm e 60 oF.
Total 1,00
Solução:
A Tabela 1.13 contém os valores numéricos das parcelas necessárias para o cálculo da
massa específica da mistura. As massas específicas dos componentes (líquidos) nas condições de 60
o
F e 1 atm (14,7 psia) são obtidas da tabela do Apêndice A.
Massa Massa
Fração Massa de Ci Volume de Ci
Componente molecular Fração-massa específica
molar em 1 mol-lb na mistura
padrão
( fm) i
xi M i Vi =
Ci xi Mi xi Mi (lb) ( fm) i = ρi (lb/ft3) ρi
∑x M
i i
Então:
1 1
v = 0,0269 ft 3 / lb ⇒ ρ = = = 37,17 lb / ft 3 .
v 0,0269
___________________________
Quando a mistura contém metano e/ou etano, deve-se calcular inicialmente a massa especí-
fica do sistema considerando somente os componentes C3+ , e em seguida estimar a massa específica
do sistema total através da Figura 1.31.
1-64 Propriedades dos Fluidos
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-65
Figura 1.31 – Pseudomassa específica de uma mistura líquida quando há presença de metano e/ou etano
(Standing, 1951). Extraída de Standing, M. B., Volumetric and Phase Behavior of Oil Field Hydrocarbon
Systems, 1951, com autorização de SPE-AIME.
1-66 Propriedades dos Fluidos
Figura 1.32 – Correção da massa específica de uma mistura líquida em função da pressão (Standing, 1951).
Extraída de Standing, M. B., Volumetric and Phase Behavior of Oil Field Hydrocarbon Systems, 1951, com
autorização de SPE-AIME.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-67
Figura 1.33 − Correção da massa específica de uma mistura líquida em função da temperatura (Standing,
1951). Extraída de Standing, M. B., Volumetric and Phase Behavior of Oil Field Hydrocarbon Systems, 1951,
com autorização de SPE-AIME.
1-68 Propriedades dos Fluidos
Quando não se dispõe da composição da mistura líquida, mas somente da densidade do gás
liberado e da densidade (ou do grau API, a ser definido posteriormente) do óleo nas condições-
padrão, ou seja, do óleo morto, pode-se empregar a correlação da Figura 1.34 para se estimar a
massa específica aparente (a 60 oF e 14,7 psia) do gás quando liquefeito e dissolvido no óleo.
Figura 1.34 − Massa específica aparente do gás natural quando liquefeito e dissolvido no óleo (Katz, 1942b).
Reproduzida de McCain, W. D., Jr., The Properties of Petroleum Fluids, Copyright 1973, com permissão de
PennWell Publishing Company.
1.8.4. Densidade
A densidade de uma mistura líquida é definida como a razão entre a massa específica da
mistura e a massa específica da água, ambas medidas na mesma condição de pressão e em condições
de temperatura preestabelecidas. Por exemplo, a densidade do óleo é dada por:
ρo
do = , (1.111)
ρw
onde ρo e ρw são as massas específicas, respectivamente, do óleo e da água.
A temperatura escolhida para se medir a massa específica da água, usada na definição de
densidade como referência, constitui a chamada condição-padrão de temperatura. A escolha da
temperatura padrão de 4 oC, por exemplo, permite que a densidade de um líquido ou mistura líquida
seja numericamente igual à sua massa específica, já que a massa de 1 g de água ocupa 1 cm3 a 4 oC,
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-69
ou seja, nessa condição a massa específica da água é igual a 1. Por outro lado, a escolha da tempera-
tura na qual se mede a massa específica do líquido ou da mistura líquida (no exemplo anterior, o
óleo), define a chamada densidade legal. No Brasil a densidade legal é medida a 20 oC. Assim:
massa de um volume de líquido a 20 oC
d 420 = (1.112)
massa do mesmo volume d ' água a 4 oC
ou
ρlíquido a 20 oC
d 420 = . (1.113)
ρ w a 4 oC
20 ρlíquido a 20 oC
d 20 = . (1.114)
ρ w a 20 oC
ρ líquido a 60 oF
d 60 / 60 oF = . (1.115)
ρ w a 60 oF
A densidade de um líquido ou de uma mistura líquida pode também ser expressa em graus
API (oAPI), que é uma função hiperbólica da densidade, bastante usada na indústria do petróleo:
141,5
° API = − 131,5 . (1.116)
d 60 / 60 oF
De acordo com a definição de grau API (oAPI), mostrada na equação anterior, a água, cuja
densidade d é igual a 1, apresenta um grau API igual a 10. Os óleos presentes em reservató-
60 / 60 oF
rios de petróleo geralmente são menos densos que a água, com grau API variando entre 20 e 35, mas
podem ocorrer casos em que o óleo é mais denso que a água. Na Venezuela e no Canadá, por
exemplo, podem ser encontrados reservatórios de óleo com graus API tão baixos quanto 8.
___________________________
Exemplo 1.14 – Qual a densidade de um óleo de grau API igual a 34? Qual a sua massa específica
expressa em lb/ft3?
Solução:
Da Eq. (1.116):
141,5
34 = − 131,5 ⇒ d 60 / 60 oF = 0,85 .
d 60 / 60 oF
ρo ρo
do = ⇒ 0,85 = ⇒ ρ o ≅ 53 lb / ft 3 .
ρw 62,4 lb / ft 3
___________________________
Figura 1.35 – Compressibilidade de um óleo em função da densidade na pressão de bolha. Figura da página 35
de Calhoun, J. C., Jr., Fundamentals of Reservoir Engineering. Copyright 1953 por University of Okla-
homa Press. Extraída de Burcik, E. J., Properties of Petroleum Reservoir Fluids, Copyright 1979. Repro-
duzida com permissão de University of Oklahoma Press e de International Human Resources Development
Corporation – IHRDC.
A correlação de Trube (1957b), mostrada na Figura 1.36, também pode ser usada para a es-
timativa da compressibilidade de um óleo subsaturado. A partir dessa figura a compressibilidade do
óleo é estimada pela relação:
c pr
co = , (1.117)
p pc
Figura 1.36 − Compressibilidade pseudoreduzida de um óleo subsaturado, cpr (Trube, 1957b). Reproduzida de
McCain, W. D., Jr., The Properties of Petroleum Fluids, Copyright 1973, com permissão de PennWell
Publishing Company.
1-72 Propriedades dos Fluidos
onde p0 é uma pressão de referência qualquer e ρ0 a massa específica na pressão p0. Efetuando as
integrações indicadas na Eq. (1.122) obtém-se finalmente:
ρ = ρ 0 e c ( p − p0 ) . (1.123)
1.8.7. Viscosidade
A viscosidade de um líquido é afetada pelas variações de temperatura e de pressão. Ao
contrário do comportamento de um gás ideal, nos líquidos a viscosidade decresce com a temperatura
e cresce com a pressão. Além disso, no caso dos hidrocarbonetos líquidos a viscosidade decresce
com o aumento da quantidade de gás em solução.
O comportamento da viscosidade das misturas líquidas depende, além da pressão e da tem-
peratura, da sua composição. Admitindo a regra válida para soluções ideais a viscosidade de uma
mistura líquida pode ser estimada pela expressão:
nc
µ = ∑ xi µ i , (1.128)
i =1
Figura 1.37 − Viscosidade do óleo saturado nas condições de reservatório (Chew & Connally, 1959). Repro-
duzida de McCain, W. D., Jr., The Properties of Petroleum Fluids, Copyright 1973, com permissão de
PennWell Publishing Company.
As curvas mostradas na correlação de Chew & Connally da Figura 1.37, para estimativa da
viscosidade de um óleo saturado (óleo na pressão de bolha), podem ser representadas por uma
função analítica (Standing, 1951):
µ ob (cp) = A(µ om ) b , (1.129)
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-75
[ (
A = anti log Rs 2,2 × 10 −7 Rs − 7,4 × 10 −4 )] , (1.130)
Figura 1.38 − Viscosidade do óleo morto (Beal, 1946). Reproduzida de McCain, W. D., Jr., The Properties of
Petroleum Fluids, Copyright 1973, com permissão de PennWell Publishing Company.
Figura 1.39 − Viscosidade do óleo nas condições de reservatório, acima da pressão de bolha (Beal, 1946).
Reproduzida de McCain, W. D., Jr., The Properties of Petroleum Fluids, Copyright 1973, com permissão de
PennWell Publishing Company.
Os valores da Figura 1.39 também podem ser obtidos através da seguinte correlação (Stan-
ding, 1951):
µ o − µ ob
= 0,024 (µ ob )1,6 + 0,038 (µ ob ) 0,56 , (1.134)
0,001( p − p b )
1-78 Propriedades dos Fluidos
onde pb é a pressão de bolha e p uma pressão qualquer, tal que p > pb.
gás gás
16,057
gás 19,144 m³
0,850 m³ m³ std
líquido líquido líquido
líquido óleo
1,30 m³ 1,33 m³ 1,20 m³ 1,04 m³ 1,00 m³ std
Inicialmente, à pressão de 246 atm a mistura está toda na fase líquida. A redução da pressão para
176 atm provoca apenas um pequeno aumento de volume devido à compressibilidade do líquido,
sem que ocorra vaporização de nenhum componente. A partir desse valor, chamado de pressão de
bolha ou de saturação, qualquer redução de pressão, por menor que seja, acarretará o início da
vaporização da mistura. A continuada queda de pressão vai causando o encolhimento progressivo do
líquido devido à transferência de massa, acentuadamente de frações leves, para a fase gasosa.
Para a pressão de 84 atm, o líquido ocupa um volume de 1,20 m3 e o gás 0,850 m3. Conti-
nuando o processo até as condições-padrão ou básicas, o líquido vai ocupar um volume de 1,00 m3.
A redução de volume de líquido está presente na forma de 16,057 m3 de gás. Normalmente se usa a
expressão m3 std para reforçar que os volumes estão expressos nas condições-standard ou padrão.
Por definição, fator volume-formação do óleo (Bo) é a razão entre o volume que a fase lí-
quida (óleo mais gás dissolvido) ocupa em condições de pressão e temperatura quaisquer e o volume
do que permanece como fase líquida quando a mistura alcança as condições-standard. Deve ser
lembrado que, por definição, essa parte que permanece líquida quando a mistura é levada para as
condições-standard ou padrão chama-se óleo. Portanto:
volume de óleo + gás dissolvido nas condições p, T
Bo = . (1.135)
volume de óleo no tanque (medido nas condições − padrão)
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-79
O fator volume-formação do óleo expressa na verdade que volume da mistura numa condi-
ção de pressão e temperatura qualquer deve ser retirado do reservatório para se obter uma unidade
de volume de óleo nas condições-padrão. No exemplo apresentado, é necessário um volume de 1,33
m3 de líquido nas condições de 176 atm e 71 °C para se obter 1 m3 std de óleo. Quando a pressão for
igual a 84 atm, bastarão 1,20 m3 de mistura líquida. Ou seja, no exemplo da Figura 1.40 o fator
volume-formação do óleo (Bo) vale 1,33 m3/m3std a 176 atm e 71 oC, e 1,20 m3/m3std a 84 atm e 71
o
C.
O fator volume-formação do óleo pode ser apresentado tanto na forma de tabela como na
forma gráfica, conforme se pode ver no exemplo da Figura 1.41, onde Boi representa o valor de Bo
na pressão inicial pi e Bob o valor na pressão de bolha pb.
Bo
Bob
Boi
1,0
patm pb pi Pressão
de onde se obtém:
Bo = Boi + c o Boi ( p i − p) . (1.137)
Para co constante, o valor de Bo na Eq. (1.137) é uma função linear da pressão. Assim, acima da
pressão de bolha o comportamento do fator volume-formação do óleo é regido pela sua compressibi-
lidade isotérmica.
Abaixo da pressão de bolha, ou seja, quando a pressão é menor que pb, o valor do fator vo-
lume-formação do óleo (Bo) decresce continuamente com o decréscimo da pressão, conforme ilustra
a Figura 1.41. Isso se deve ao fato de que, à medida que a pressão é reduzida, a partir do ponto de
bolha, quantidades adicionais de gás são liberadas de solução, resultando então em menores volumes
remanescentes de óleo no interior do reservatório, o que, de acordo com a definição de Bo dada pela
Eq. (1.135), implica em valores decrescentes para essa propriedade.
1-80 Propriedades dos Fluidos
Condições p = 1 atm
“Básicas” T = 20 ºC
gás
p = 84 atm
T = 71 ºC 6,512 m³
p = 246 atm p = 176 atm
T = 71 ºC T = 71 ºC gás
gás
0,850 m³ 9,545 m³
líquido líquido líquido
1,30 m³ 1,33 m³ 1,20 m³
óleo
1,00 m³
A partir da pressão de bolha vai ocorrendo a vaporização do gás dissolvido. Tomando-se, por
exemplo, a pressão de 84 atm, observa-se que uma parte dos hidrocarbonetos se vaporizou, porém
uma parte continua ainda dissolvida no óleo. Isso significa que se um certo volume dessa mistura for
levado para a superfície, ainda se vai observar uma certa quantidade de gás saindo de solução até
restar’ apenas óleo.
Por definição, razão de solubilidade (Rs) de uma mistura líquida de hidrocarbonetos, a uma
certa condição de pressão e temperatura, é a relação entre o volume de gás que está dissolvido,
expresso em condições-standard, e o volume de óleo que será obtido da mistura, também expresso
em condições-standard. Portanto, a razão de solubilidade pode ser representada pela seguinte ex-
pressão:
volume de gás dissolvido (condições − padrão)
Rs = . (1.138)
volume de óleo no tanque (condições − padrão)
Retornando à Figura 1.42, do volume líquido nas condições iniciais vão resultar na superfí-
cie 16,057 m3std de gás e 1,00 m3std de óleo. Portanto, a razão de solubilidade nas condições
iniciais é de 16,057 m3std / m3std. Para a pressão de 176 atm, a mistura continua ainda toda líquida
apesar de ter havido um aumento de volume. Dessa mistura líquida vão resultar nas condições-
standard o mesmo volume de óleo e o mesmo volume de gás da situação inicial. Portanto, a razão de
solubilidade é a mesma das condições iniciais.
Quando o líquido que está a 84 atm for levado para as condições-standard vão resultar 1,00
m3std de óleo e 9,545 m3std de gás. A razão de solubilidade para a pressão de 84 atm é igual a 9,545
m3std de gás divididos por 1 m3std de óleo, ou seja, 9,545 m3std / m3std.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-81
Verifica-se que para qualquer pressão a quantidade de gás que está dissolvido é igual ao
gás que estava dissolvido nas condições iniciais menos o gás que já saiu de solução devido à queda
na pressão.
Assim como o fator volume-formação do óleo, a razão de solubilidade pode ser mostrada
na forma de tabela ou na forma de gráfico, como está ilustrado na Figura 1.43. Observa-se que
acima da pressão de bolha (entre pi e pb) a razão de solubilidade é constante e igual à inicial, já que
durante a fase em que o reservatório permanece subsaturado nenhum gás sai de solução.
Rs
Rsi = Rsb
0
patm pb pi
Pressão
Figura 1.43 – Exemplo de gráfico da razão de solubilidade de uma mistura líquida de hidrocarbonetos.
___________________________
Exemplo 1.15 (Santos, J. A.) – Determine o fator volume-formação do óleo (Bo) de um reservatório
cujas características são:
o
API do óleo................................................................................ 40
Razão de solubilidade................................................................. 448 SCF/STB
Temperatura do reservatório....................................................... 145 oF
Pressão do reservatório............................................................... 1.920 psia
Composição do gás liberado........................................................ Tabela 1.14
Solução:
Considere como base de cálculo o volume de 1 STB de óleo, equivalente a 5,615 SCF.
a) Cálculo da densidade do óleo (do)
o 141,5
API = − 131,5 = 40 ⇒ d o = 0,825 .
do
b) Cálculo da massa de 1 STB de óleo (mo)
lb
mo = d o ρ wVo = 0,825 × 62,4× 5,615 SCF = 289 lb .
SCF
c) Cálculo do número de mol-lb de gás (ng) dissolvido no óleo
SCF 1 R mol − lb
n g = Rs = s ,
STB Vm ( SCF / mol − lb) Vm STB
onde Vm é o volume molar do gás, cujo valor nas condições-standard é de 379 SCF/mol-lb. Então:
448
= 1,18 mol − lb / STB .
ng =
379
d) Determinação dos volumes dos componentes do gás quando liqüefeitos e dissolvidos no líquido
nas condições de reservatório, considerando somente os componentes C3+ .
Os cálculos intermediários estão mostrados na Tabela 1.15.
Tabela 1.15 − Cálculos intermediários para a determinação da massa específica do gás liqüefeito −
Exemplo 1.15
(ρ m ) C 3+ = 50,52 lb / SCF
Figura 1.31
massa em % de C 2 em C 2+ = 1,15% →(ρ m ) standard = 47,5 lb / SCF .
massa em % de C1 em C1+ = 4,12%
i) Estimativa da massa específica da mistura nas condições de reservatório
(ρ m ) standard = 47,5 lb / SCF Figura 1.32
→ ∆ρ = 0,6
p = 1.920 psia
Bt
Bob=Btb
Boi=Bti
Bo
1,0
patm pb pi Pressão
Figura 1.44 – Comparação entre os comportamentos dos fatores volume-formação do óleo (Bo) e total (Bt).
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-85
Figura 1.45 − Fator volume-formação do óleo na pressão de bolha, Bob (Standing, 1951). Extraída de Standing,
M. B., Volumetric and Phase Behavior of Oil Field Hydrocarbon Systems, 1951, com autorização de SPE-
AIME.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-87
___________________________
Exemplo 1.16 – Usando a correlação da Figura 1.45, estimar o fator volume-formação do óleo na
pressão de bolha, para um reservatório cuja razão gás/óleo de solução é de 350 SCF/STB e cuja
temperatura é de 200 oF. A densidade do gás produzido é de 0,75 e o oAPI do óleo produzido é de
30.
Solução:
Iniciando no lado esquerdo da carta da Figura 1.45, prossegue-se horizontalmente ao longo
da linha correspondente a 350 SCF/STB até a densidade do gás igual a 0,75. A partir desse ponto se
desce verticalmente até a linha correspondente ao oAPI do óleo igual a 30. Em seguida prossegue-se
horizontalmente até a temperatura de 200 oF . Finalmente, a partir desse ponto continua-se vertical-
mente, obtendo-se então o fator volume-formação do óleo como sendo igual a 1,22 bbl/STB.
___________________________
e
0, 5
dg
A = 5,615 Rs (m 3 std / m 3 std )
[
+ 1,25 1,8 T ( o C ) + 32 , ] (1.144)
do
ou ainda:
0, 5
dg
A = 5,615 Rs (m std / m std )
3 3
+ 2,25T ( o C ) + 40 . (1.145)
do
A Figura 1.46 permite a estimativa do fator volume-formação duas fases do óleo (Bt), em
função da razão gás/óleo, da densidade do gás produzido, do grau API do óleo, da temperatura e da
pressão do reservatório.
1-88 Propriedades dos Fluidos
Figura 1.46 − Fator volume-formação duas fases ou total do óleo, Bt (Standing, 1951). Extraída de Standing,
M. B., Volumetric and Phase Behavior of Oil Field Hydrocarbon Systems, 1951, com autorização de SPE-
AIME.
___________________________
Exemplo 1.17 – Usando a correlação da Figura 1.46, estimar o fator volume-formação duas fases do
óleo de um reservatório cuja razão gás/óleo é de 1.500 SCF/STB, temperatura é de 200 oF e pressão
é de 1.000 psia. A densidade do gás produzido é de 0,80 e o oAPI do óleo produzido é de 40.
Solução:
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-89
b) Pressão de bolha
A pressão de bolha do fluido de um reservatório também pode ser estimada através de uma
correlação, usando-se por exemplo a Figura 1.47, em função da razão gás/óleo (nesse caso igual à
razão de solubilidade), da densidade do gás produzido, do grau API do óleo e da temperatura do
reservatório.
‘
1-90 Propriedades dos Fluidos
Figura 1.47 − Pressão de bolha do óleo, pb (Standing, 1951). Extraída de Standing, M. B., Volumetric and
Phase Behavior of Oil Field Hydrocarbon Systems, 1951, com autorização de SPE-AIME.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-91
___________________________
Exemplo 1.18 – Usando a correlação da Figura 1.47, estimar a pressão de bolha de um reservatório
cuja razão gás/óleo é de 350 SCF/STB e cuja temperatura é de 200 oF . A densidade do gás produzi-
do é de 0,75 e o oAPI do óleo produzido é de 30.
Solução:
Iniciando no lado esquerdo da carta da Figura 1.47, prossegue-se horizontalmente ao longo
da linha correspondente a 350 SCF/STB até a densidade do gás igual a 0,75. A partir desse ponto se
desce verticalmente até a linha correspondente ao oAPI do óleo igual a 30. Em seguida prossegue-se
horizontalmente até a temperatura de 200 oF e depois verticalmente até a pressão de bolha de apro-
ximadamente 1.930 psia.
___________________________
O ábaco da Figura 1.47 pode ser representado analiticamente pela expressão (Standing,
1981):
pb ( psia) = 18,2( B − 1,4) , (1.146)
e
0,83
5,615 Rs (m 3 std / m 3 std ) o
C ) + 32 ]− 0, 0125 oAPI }
B= × 10{0,00091[1,8 T ( . (1.149)
dg
c) Razão de solubilidade
Nessa correlação, proposta por Standing (1981), a razão de solubilidade é calculada a par-
tir da densidade do gás, do grau API do óleo, da pressão e da temperatura. No sistema americano de
unidades é expressa por:
1, 205
p( psia ) 10 0,0125 ° API
Rs ( SCF / STB ) = d g , (1.150)
18 10 0,00091T (oF )
e no sistema Petrobrás é dada pela equação:
1, 205
10 0,0125 ° API
3 3
Rs (m std / m std ) = 0,1341 d g p(kgf / cm 2 ) . (1.151)
0,00091[1,8T (oC )+32 ]
10
___________________________
1-92 Propriedades dos Fluidos
Exemplo 1.19 – Determinar a razão de solubilidade de um gás natural de densidade igual a 0,8 em
um óleo de 30 oAPI, nas condições de pressão igual a 2.000 psia e temperatura igual a 200 oF.
Solução:
1, 205
2.000 10 0,0125 ×30
Rs = 0,8 × × 0,00091×200 = 398,8 SCF / STB .
18 10
___________________________
a) Liberação “flash”
Nesse tipo de liberação o gás que vai saindo de solução à medida que a pressão vai sendo
reduzida é mantido em contato com o líquido do qual saiu, conforme está ilustrado na Figura 1.48,
onde podem ser visualizados vários estágios de um experimento com uma célula PVT. Basicamente,
a célula PVT consiste de um cilindro contendo mercúrio (Hg), onde é colocado o líquido a ser
analisado. A pressão no interior da célula, ou seja, a pressão a que é submetido o fluido durante os
vários estágios do experimento, é reduzida retirando-se parte do Hg existente na célula.
pb p1 p2 p3
gás
líquido gás
saturado gás
líquido
líquido
líquido
Hg
Hg
Hg Hg
___________________________
Exemplo 1.20 (Santos, J. A.) – Considere o esquema de separação “flash” mostrado na Figura 1.49,
representando o processo que ocorre em um reservatório de óleo, onde pb é a pressão de bolha, pi é a
pressão inicial e as condições-standard são de 60 oF e 14,7 psia. Calcule, para as pressões de 2.500,
2.000, 1.000 e 500 psia:
(a) O fator volume-formação do óleo (Bo)
(b) O fator volume-formação total do óleo (Bt)
(c) A razão de solubilidade (Rs)
(d) O fator volume-formação do gás (Bg)
1
Vide Seção 1.8.5.
2
Vide Seção 1.8.8.
1-94 Propriedades dos Fluidos
2.000
SCF
Total
de
3.000 Gás
Gás SCF Libe-
3 rado
T = 150 ºF 140 ft
Gás Gás
3 3
80 ft 200 ft
Gás 9.000
95 bbl 100 bbl 4.000 SCF
Líq. 90 bbl
Líq.
Líq. 80 bbl SCF
Líq.
Tanque
(60ºF e 14,7 psia)
Solução:
A Tabela 1.16 apresenta os cálculos e os resultados das propriedades dos fluidos.
95 95 9.000
2.500 = 1,58 = 1,58 = 150
60 60 60
2.000 100 100 9.000
= 1,67 = 1,67 = 150
60 60 60
1.000 90 104,25 7.000 80
= 1,50 = 1,74 = 117 = 0,040
60 60 60 2.000
500 80 140,55 4.000 200
= 1,33 = 2,34 = 67 = 0,067
60 60 60 3.000
___________________________
Deve-se observar que o esquema de separação “flash” do Exemplo 1.20 é apenas hipotéti-
co, já que, conforme mencionado anteriormente, esse tipo de liberação normalmente não permite a
determinação de Bo, Bt, Rs e Bg. Isso ocorre porque, diferentemente da ilustração mostrada na Figura
1.49, na liberação “flash” os volumes de líquido e de gás, isoladamente, não são medidos nos vários
estágios do processo, conforme indica a Figura 1.48. Em outras palavras, em cada estágio de pressão
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-95
da liberação “flash” é conhecido somente o volume total de hidrocarbonetos (óleo + gás), que é
igual à diferença entre o volume da célula PVT e o volume de Hg que permanece na célula.
b) Liberação diferencial
Nesse tipo de liberação, à medida que o gás vai sendo liberado de solução é retirado do
contato com o líquido do qual saiu, conforme mostra a Figura 1.50.
gás liberado
pb p1 p1 p2
líquido
líquido
Hg Hg
Hg
Hg
p2 < p1 < pb
Tabela 1.17 – Exemplo de relatório contendo dados PVT de uma liberação diferencial3
3
Reproduzida de Dake, L. P., Fundamentals of Reservoir Engineering, 1978, page 65, Copyright 1978, com permissão de
Elsevier Scientific Publishing Company.
1-96 Propriedades dos Fluidos
Exemplo 1.21 (Santos, J. A.) – Considere que a Figura 1.51 ilustre, de modo aproximado, um
esquema de separação diferencial, representado pela produção de um poço através de uma bateria de
separação, composta por dois separadores e um tanque de armazenamento. As condições-standard
são de 60 oF e 14,7 psia. O reservatório encontra-se na pressão de bolha de 2.000 psia. Calcule o
fator volume-formação do óleo e a razão de solubilidade na pressão de bolha.
Gás liberado
2.000 Total
SCF de
gás
libe-
rado
Gás liberado
3.000
SCF
Gás
Gás
6.000
3
30 ft 50 ft
3 SCF
1.000
SCF
90 bbl
Líq. 85 bbl 70 STB
Líq.
Líq.
Solução:
“Flash”
Bo
Diferencial
patm Pressão
Rs
“Flash”
Diferencial
0
patm Pressão
1-98 Propriedades dos Fluidos
Tabela 1.18 – Exemplo de resultados de uma série de testes com um separador operando em diferentes condi-
ções de pressão4
4
Reproduzida de Dake, L. P., Fundamentals of Reservoir Engineering, 1978, page 63, Copyright 1978, com permissão de
Elsevier Scientific Publishing Company.
1-100 Propriedades dos Fluidos
onde o índice d refere-se aos dados da liberação diferencial, conforme mostrados no exemplo da
Tabela 1.17. O fator volume-formação no ponto de bolha, obtido na liberação “flash”, é calculado
por Bob f = 1 / cb f .
Dodson et alii (1953) descrevem uma maneira mais precisa de se realizar a análise PVT de
modo a simular as condições de campo. Nesse método, uma liberação diferencial é realizada e após
cada estágio de pressão o volume de óleo remanescente na célula é expandido para as condições de
tanque através de uma bateria de separadores que representa as condições de separação de campo.
Assim, a razão entre o volume de óleo nas condições de tanque e o volume de óleo inicial na célula
fornece diretamente o valor do fator volume-formação do óleo Bo. Semelhantemente, o volume de
gás liberado na expansão através dos separadores pode ser usado diretamente para se calcular a
razão de solubilidade Rs naquele estágio de pressão. O processo é repetido tomando-se uma nova
amostra de óleo para cada estágio de pressão, pois em cada estágio todo o óleo é expandido para o
tanque. Esse tipo de experimento, embora represente mais apropriadamente a situação real, é mais
demorado e mais caro que a técnica apresentada anteriormente.
pb Pressão de bolha
pb Pressão
Rigorosamente, as curvas mostradas na Figura 1.54 não são linhas retas, nem acima nem
abaixo da pressão de bolha. Para pressões maiores que a pressão de bolha, a linha é quase linear, já
que a compressibilidade de um óleo subsaturado é aproximadamente constante. Abaixo da pressão
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-101
Bo
Bo1
Bo4
Bo2
Bo3
psep1 psep2 (psep)ótima psep3 psep4 psep
1-102 Propriedades dos Fluidos
Existem situações nas quais o melhor resultado se obtém com o uso de dois ou mais sepa-
radores colocados em série, praticando-se a chamada separação por estágios. Nessa situação o
cálculo das condições ótimas de separação, isto é, da pressão e se for o caso, da temperatura de cada
separador, é bem mais complexo. Poderia ser dito, entretanto, que toda separação é feita por está-
gios, uma vez que no tanque ainda vai haver alguma liberação de gás, sendo, portanto, o último
estágio da separação.
a) Compressibilidade
A compressibilidade da água pode ser estimada através das correlações mostradas na
Figura 1.56.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-103
Figura 1.56 − Compressibilidade da água, cw (Dodson & Standing, 1944). Extraída de Earlougher, R. C., Jr.,
Advances in Well Test Analysis, 1977, com autorização de SPE-AIME.
b) Fator volume-formação
O fator volume-formação da água (Bw) pode ser estimado usando-se as correlações da
Figura 1.57, onde as curvas cheias aplicam-se aos casos de água pura e as tracejadas quando a água
contém gás natural em solução.
1-104 Propriedades dos Fluidos
Figura 1.57 − Fator volume-formação da água, Bw (Dodson & Standing, 1944). Extraída de Earlougher, R. C.,
Jr., Advances in Well Test Analysis, 1977, com autorização de SPE-AIME.
Figura 1.58 − Razão de solubilidade do gás natural em água salgada, Rsw (Dodson & Standing, 1944). Extraída
de Earlougher, R. C., Jr., Advances in Well Test Analysis, 1977, com autorização de SPE-AIME.
d) Viscosidade
A viscosidade da água pode ser estimada usando-se a Figura 1.59. Da ordenada do gráfico
obtém-se a viscosidade da água na temperatura do reservatório e na pressão de 1 atm, denominada
µ * . Para outras pressões o valor da viscosidade deve ser corrigido através da expressão:
µ p ,T = µ * f ( p, T ) , (1.154)
onde f(p,T) é um fator de correção, obtido do gráfico localizado no canto superior direito da figura.
1-106 Propriedades dos Fluidos
Figura 1.59 − Viscosidade da água salgada (Matthews & Russel, 1967). Extraída de Earlougher, R. C., Jr.,
Advances in Well Test Analysis, 1977, com autorização de SPE-AIME.
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-107
1.9. Problemas
Problema 1.1 – Uma mistura gasosa de hidrocarbonetos tem a seguinte composição (porcentagem
em mol): metano 68%, etano 22% e propano 10%. Calcular a porcentagem em massa de cada
componente.
Resposta: metano = 49,73%; etano = 30,16%; propano = 20,11%
Problema 1.2 – Estimar o fator de compressibilidade do metano utilizando o gráfico desse compos-
to, nas condições de 1.200 psia e 32 oF.
Resposta: 0,82
Problema 1.4 – Um certo hidrocarboneto gasoso tem uma massa específica igual a 2,55 g/l a 100 oC
e 1 atm. Uma análise química mostrou que na molécula há um átomo de hidrogênio para cada átomo
de carbono. Qual é a fórmula do hidrocarboneto?
Resposta: C6H6 (benzeno)
Problema 1.5 – Um gás natural tem uma massa molecular aparente igual a 21,5. Calcular a massa
específica desse gás a uma pressão de 1.560 psia e a uma temperatura de 80 °F.
Resposta: 8,39 lb/ft3
Problema 1.6 – A mistura gasosa de hidrocarbonetos, cuja composição está indicada na Tabela
1.20, está sujeita à pressão de 1.338 psia e à temperatura de 180 °F.
Calcular o fator de compressibilidade a uma pressão de 1.200 psia e uma temperatura de 120 °F
utilizando as correlações de:
(a) Wichert-Aziz.
(b) Carr-Kobayashi-Burrows.
Respostas:
(a) 0,825 (b) 0,805
Problema 1.8 – Um gás natural com uma densidade igual a 0,68 (ar = 1,0) está submetido às se-
guintes condições: T = 72 °F e p = 1.072 psia. Calcular a compressibilidade do gás nessas condi-
ções.
Resposta: 11,57×10−4 psi−1
Respostas:
(a) 0,0123 cp (b) 0,0163 cp
Problema 1.10 – Uma mistura gasosa de densidade 0,862 está sujeita a uma temperatura de 200 °F
e a uma pressão de 2.000 psia, e apresenta em sua composição 10% de gás sulfídrico e 5% de
dióxido de carbono. Calcular a viscosidade do gás nas condições citadas.
Resposta: 0,01845 cp
Adalberto J. Rosa, Renato de S. Carvalho e José A. Daniel Xavier 1-109
Problema 1.11 – Calcular a massa específica nas condições-standard da mistura líquida cuja com-
posição está detalhada na Tabela 1.23:
Problema 1.12 – Uma mistura líquida com a composição apresentada na Tabela 1.24 está submeti-
da no reservatório a uma temperatura de 200 oF e tem pressão de bolha igual a 4.000 psia. Calcular
a massa específica da mistura nessas condições.
Dado: O hexano+ tem massa molecular igual a 160 e densidade igual a 0,85.
Resposta: 42,2 lb/ft3
Problema 1.13 – Uma massa de 100 lb de uma certa substância está contida em um recipiente de 10
ft3 a uma certa temperatura. A massa específica da fase líquida é ρL = 25 lb/ft3 e a massa específica
da fase vapor é ρV = 0,05 lb/ft3. Calcular os volumes e as massas de cada fase.
Respostas: VL = 4 ft3; VV = 6 ft3; mL = 99,70 lb; mV = 0,30 lb
Problema 1.14 – Um reservatório de petróleo tem uma pressão de bolha de 3.000 psia e uma
temperatura de 130 oF. Estimar a viscosidade do líquido existente nesse reservatório a uma pressão
de 4.000 psia, sabendo-se que a sua razão de solubilidade nessas condições é igual a 120 SCF/STB e
na superfície ele resulta em um óleo de 24 oAPI.
Resposta: 9 cp
Problema 1.15 (Santos, J. A.) − Uma amostra de fluido em uma célula PVT passou pelos estágios
representados na Figura 1.60.
1-110 Propriedades dos Fluidos
2
1
Gás
3
Vg = 1.069 cm
Gás
Gás
3
Líquido Líquido Óleo Vo = 10 cm
3 3
V1 = 15 cm V2 = 16,03 cm p0 = 14,7 psia
p1 = 1.800 psig p2 = 1.400 psig T0 = 60 ºF
Z1 = 0,773 Z2 = 0,7695
Rs1 = 413,3 SCF/STB Rs2 = 385,9 SCF/STB
T1 = 230 ºF T2 = 230 ºF
Figura 1.60 – Evolução de uma amostra de fluido em uma célula PVT - Problema 1.15 (Santos, J. A.).
Calcule:
(a) Os fatores volume-formação duas fases do óleo Bt1 e Bt2.
(b) Os fatores volume-formação do gás Bg1 e Bg2.
(c) A razão de solubilidade na pressão de bolha Rsb.
(d) Os fatores volume-formação do óleo Bo1 e Bo2.
(e) Os volumes de gás livre nas condições 1 e 2 (Vg1 e Vg2).
Respostas:
(a) Bt1 = 1,5 cm3/cm3 std Bt2 = 1,6 cm3/cm3 std
3 3
(b) Bg1 = 0,0083 cm /cm std Bg2 = 0,0106 cm3/cm3 std
(c) Rsb = 106,9 cm3 std /cm3 std
(d) Bo1 = 1,224 cm3/cm3 std Bo2 = 1,195 cm3/cm3 std
(e) Vg1 = 2,76 cm3 Vg2 = 4 cm3
Problema 1.18 – Os resultados de uma liberação “flash” estão mostrados na Tabela 1.26:
163 270
130 271,5
124 272
110 278
96 284
75 310
49 347
31 390
15 445
8 485
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