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passagens
dezembro 2009

apoio

Mishima no Brasil
Retrato do escritor quando Jovem
darci kusano
Uma tal passagem é uma cidade,
um mundo em miniatura.

walter benjamin, Passagens

Passagens é uma publicação destinada

passagens
a registrar e divulgar palestras,
intervenções ou conferências
que aconteceram no Fórum de Ciência
e Cultura da Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
Este texto é em grande parte um complemento ao capítulo
“Mishima e o Brasil” do meu livro Yukio Mishima: o homem
de teatro e de cinema. Agradecimentos a Hiroko Nishizawa,
Rimi H. de Oliveira, Susumu Miyao, Helena Mizumoto
e Marcos Reigota, pelo auxílio na coleta do material de
pesquisa e troca de idéias.

Mishima no Brasil
retrato do escritor quando Jovem
darci kusano

Darci Kusano é Livre–Docente pela Universidade de São


Paulo e autora de Os Teatros Bunraku e Kabuki: uma visada
Barroca; Mishima: Homem de Teatro e de Cinema, entre
outros.
Segue-se uma breve nota biográfica: “Kimitake Hiraoka (nome ver-
dadeiro) nasceu em 1925 em Tokyo e formou-se em direito pela Univer-
sidade de Tokyo. É autor do romance Confissões de Uma Máscara, entre
outros livros.” 1
Após deixar o Rio de Janeiro, onde se hospedara no Hotel Copaca-
bana Palace, Mishima transfere-se para o Hotel Claridge, em São Paulo,
onde permanece de 5 a 10 de fevereiro de 1952. Como o Claridge’s de
Londres, frequentado pela aristocracia britânica desde o século 19 e um
dos hotéis mais sofisticados do mundo, o de São Paulo era o melhor da
cidade na década de 1950. Situado na avenida 9 de Julho, 210, em estilo
americano e com dezessete andares, posteriormente, foi rebatizado como
Hotel Cambridge. Atualmente, funciona como um local para eventos,
com um charmoso bar que conserva o estilo da época. Todos os hotéis,
do Rio de Janeiro e de São Paulo em que se hospedou, aparecem nas suas
obras ficcionais e crônicas inspiradas no Brasil.
No Natal de 1951, Mishima conseguiu ser enviado como correspondente No dia 7 de fevereiro, o escritor é convidado para um almoço de
no exterior do periódico Asahi Shimbun. Nos cinco meses seguintes, vi- confraternização num restaurante turco de Santo André, na Grande São
sitou os Estados Unidos, Brasil, Suiça, França, Inglaterra, Grécia e Itália. Paulo. Logo seguiu-se um animado debate sobre a literatura brasileira
Dentre os vários escritores estrangeiros, talvez não houvesse alguém que (Monteiro Lobato, Érico Veríssimo), a literatura sensualista em voga no
tivesse amado tanto o Brasil como Mishima. Mas o que o teria levado a Japão, o julgamento da publicação nipônica de O Amante de Lady Chat-
desembarcar no Rio de Janeiro, na madrugada de 27 de janeiro de 1952? terley, de D. H. Lawrence, que provocou um grande rumor na época no
Em São Paulo, dias depois, um jornal em língua japonesa alardeou Japão, a natureza e as mulheres brasileiras, a moda e os biotipos dos dois
na manchete matutina: “Uma fragrância fresca à deriva: admiração pe- países.Participantes: Shirô Ishiguro(chefe da Associação dos Japoneses
las feições naturais do Brasil!” E o sub-título: “Yukio Mishima chega ao Residentes no Brasil), Masakatsu Nozaki (secretário da entidade), Shi-
Brasil à procura de um tema novo”. Assim, num dos seus primeiros de- zuo Hosoe (médico), Kô Kihara (médico), Shûho Nakanishi (secretário
poimentos em nossa terra, o escritor declarou: geral da Câmara de Comércio), Kikuo Furuno (poeta), Keishû Tokuo
(poeta), Fumiko Kitajima (escritora), Gorô Hashimoto (botânico), Yoshi-
No Japão, meus colegas discorrem muito sobre Paris. Eu senti uma espécie de kazu Morita (arquiteto), Takeo Chiba (editor do São Paulo Magazine) e
justa indignação contra isso e vim em busca de algo nas artes literárias e nas
o patrocinador, Mituto Mizumoto, proprietário do periódico São Paulo
características naturais da América do Sul. Mas a impressão que tive do Brasil
Shimbun.
é de que há algo, que combina perfeitamente comigo.

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Uchiyama – Você tinha interesse pela literatura da América Latina? Mishima – Que interessante. Pretendia avistar o beija-flor. Mas achava que só
Mishima – Eu não conhecia muito a respeito, portanto, não me interessava. Ao poderia vê-lo na Argentina.
invés de algo artificial como a cultura da América do Sul em geral, eu sentia Desbravamento de um novo território, tendo como tema o Brasil
uma inquietação pela natureza e condições ambientais. Vim para cá para co- Uchiyama – Mishima, quando você retornar desta viagem, irá escrever muito
nhecer tais coisas. Enfim, pode-se dizer que vim mais pela curiosidade sobre a inspirado em temas locais, não é mesmo?
natureza selvagem do que pela civilização aqui formada. (...) Mishima – Pretendo escrever bastante.
Uchiyama – Mishima, os escritores e editores japoneses mostram algum inte- Uchiyama – Desde já, estou aguardando com prazer os seus romances, tendo
resse pela literatura brasileira? como cenário o Brasil. Pois você deve encontrar material em abundância por aqui.
Mishima – Parece que ninguém tem interesse pela literatura brasileira. Mishima – Romances como A Melancolia da Viagem, de Yokomitsu 2 (em que
Kitajima – Breve poderá haver a publicação da tradução de Presença de Anita um japonês e uma mulher se encontram nos Champs-Elysées , já são antiqua-
(de Érico Veríssimo). Porém, quando eu era estudante e retornara ao Japão do dos. A América também não serve. Creio que aqui é melhor. 3
Brasil, percorri muitas editoras de revistas e livros, com várias traduções que
eu fizera de obras brasileiras da Editora Garnier. Entretanto, ninguém me deu Na fazenda dos Tarama em Lins
atenção. Diziam: ‘Ah, são do Brasil?’
Mishima – Mesmo agora, parece que não demonstram muito interesse. É a
Mishima era amigo de Toshihiko Tarama, três anos mais novo e ex-
idade de ouro da França no mundo literário.
príncipe Wakanomiya Higashikuni, desde a época do colégio Gakushûin,
Beija-flores e a dança de sedução dos tangarás
em Tokyo. Como desejava muito ver o novo modo de vida como fazen-
Hashimoto – Mishima, há pouco, você disse que veio ao Brasil, fascinado pela
natureza e seu ambiente. Há um livro muito bom, que descreve literariamente
deiro do ex-aristocrata, no dia 11 de fevereiro, ele deixa São Paulo e chega
a Amazônia. O autor é um inglês, Walter Pace, da época de Hudson. Por acaso, à propriedade rural de Tarama, em Lins, noroeste do Estado de São Paulo.
eu adquiri o original no Japão. Há também uma versão em português no Brasil. Tarama ficou muito contente com a visita inesperada. Conversavam
É um entomologista, que residiu treze anos na Amazônia e creio que sua obra até o dia amanhecer e, à tarde, o anfitrião recepcionava o hóspede ilustre
também venderá bem no Japão. Já Hudson retornou à Inglaterra no final. Ele é com cavalgadas pelos arredores da fazenda ou conduzia-o de carro à ci-
famoso pela sua pesquisa sobre o beija-flor... dade de Lins e locais próximos. Nas horas de folga, o escritor colocava a
Mishima – Ah, não consigo me esquecer disso. Há beija-flores aqui? correspondência em dia.
Hashimoto – Sim.
Carta ao mentor e amigo Yasunari Kawabata, Nobel de Literatura
Mishima – Quero ver o local onde estão voando.
em 1968
Hashimoto – As cores das asas daquele pássaro parecem diferentes, quando
voando e quando parado. Empalhado, as suas cores mudam de novo.
Carta enviada por Yukio Mishima (a/c Tarama, Lins, Estado de São
Nakanishi – Hashimoto, fale sobre o tangará. É interessante. Paulo, Brasil) a Yasunari Kawabata (Hase 246, Kamakura, Japão):
Hashimoto – O tangará tem uma peculiaridade, pois o macho dança diante
13 de fevereiro de 1952
da fêmea.
Desculpe-me, pelo meu longo silêncio.
Mishima – Onde se encontra?
Agradeço-lhe, por tudo o que a sua mulher e você fizeram por mim no momen-
Hashimoto – Quando for a Lins, verá. (...)
to da minha partida. Escrevo-lhe esta carta da fazenda de Toshihiko Tarama,

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não longe de Lins, a cerca de uma hora e meia de avião de São Paulo. Toshihiko tempo a não fazer nada. Os hábitos das saúvas, entre outras, são bem interes-
adquiriu um perfeito comando da língua brasileira e, portanto, não há nada santes e parece que há também pássaros-moscas e tatus nesta região, todavia,
de surpreendente que ele tenha trocado tão facilmente o seu título de nobreza ainda não os vi.
pelo de proprietário rural. Eu voltarei a São Paulo, por volta do dia 16, e de lá partirei à descoberta das
Passin me prestou um grande favor em Nova York. Ele acabara de voltar aos regiões mais remotas do Brasil, em companhia de uma velha raposa, um tal
Estados Unidos, após perder a sua criança, que ainda era um bebê. Mas ele me de Nakanishi. Nós planejamos ir a Mato Grosso e até à fronteira boliviana. Os
ajudou muito, me servindo principalmente de intérprete nas minhas entrevistas. japoneses que foram lá até o presente contam à pena, me disseram, nos dedos
Se você o encontrar, transmita-lhe, por favor, as minhas melhores lembranças. das duas mãos.
Em Nova York, eu utilizei unicamente a carta de introdução de Pas- Retornarei para o carnaval do Rio, que começa no dia 23 (estou ansio-
sin. A sra. Williams também me dera uma carta de recomendação para so em poder assisti-lo), e uma vez terminado, tenho a intenção de partir
o Departamento de Estado. Porém, como me aborreceria se elas entras- para a Argentina. Entretanto, como estou com dificuldades em obter o vis-
sem em choque, aguardarei para me servir dela quando estiver na Grécia. to, se não o conseguir de modo algum, voltarei diretamente a Nova York.
Nos Estados Unidos, todo o mundo foi gentil e a srta. Kruger, amiga de Passin, O frio deve estar muito rigoroso no Japão neste momento, portanto, peço-lhe
se ocupou particularmente de mim. Fiquei surpreso ao ver o quanto os ameri- que se cuide.
canos que eu encontrava eram simpáticos, mas não é absolutamente a mesma Transmita os meus respeitos à sua esposa.
coisa ser simpático e ter personalidade. E quanto a isto, ninguém pode rivalizar Yukio Mishima 4
com os estrangeiros que, como Passin, residem há um longo tempo no nosso
país. Enfim, o Japão dá um ‘sabor’ às pessoas. A estadia em Lins lhe rendeu as crônicas “As Nuvens Brasileiras”,
Desde a minha chegada na América do Sul, fui completamente seduzido pela in- “A Aldeia Vila Sabino”, “Saúvas, Vagalumes, Beija-Flores, Ema” e “Caval-
dolência dos brasileiros. Nunca vi gente tão pouco complicada. Mesmo os imi- gando na Fazenda de Café”, mais tarde coligidas no diário de viagem O
grantes japoneses e são todos abertos e agradáveis – talvez porque a maioria deles
Cálice de Apolo (1955). O texto sobre “A Aldeia Vila Sabino”, que fica no
possua fortunas cifradas em milhões – e eles não têm nada de comparável com os
subúrbio de Lins, a dois ou três quilômetros da fazenda do Tarama, foi
japoneses servis fixados no Havaí ou na costa leste dos Estados Unidos, há uma
logo publicado no São Paulo Shimbun, em fevereiro de 1952, com o título
ou duas gerações. Em primeiro lugar, eles são cultos e conhecem bem mais sobre
o nosso país do que os que vivem em Honolulu, o lugar mais próximo do Japão. e nome do autor em caligrafia do próprio Mishima. Sua versão definitiva
A mesma coisa no que concerne à língua. O português, que comporta muitas em O Cálice de Apolo, traduzida abaixo, sofreu ligeiras modificações.
vogais, se pronuncia quase como o japonês e, mesmo falado por nossos compa-
triotas, soa bastante natural. Quando os imigrantes japoneses do Havaí ou seus Mishima cronista em A Aldeia Vila Sabino
filhos dizem, por exemplo: “Let’s go” ou “Hey, hey, come on, go ahead!”, essas Ontem nós visitamos uma típica aldeia brasileira. Seu nome é Vila Sabino.
formas de expressão de anglo-saxões corpulentos, que absolutamente não lhes A grande maioria das aldeias é de origem recente. As velhas e pequenas cidades,
caem bem, parecem de uma feiúra de fazer estremecer. Porém, nada de tal com que permanecem antiquadas, limitam-se apenas a Tietê e Itu. Vila Sabino tam-
o português, que convém bem mais aos japoneses. bém está rodeada por fazendas e, de fato, até há pouco tempo, a própria vila
Eu estava convencido de que deveria trabalhar com a enxada na fazenda de era um pedaço de terra de um grande proprietário. Mas para aliviar a inconve-
Tarama, mas não foi o caso, longe disso. Estou tão fatigado, que passo meu niência dos habitantes terem de fazer compras na cidade distante, a colônia de
poucas lojas e moradias, resultou do acréscimo de uma casa seguida de outra.

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As duas ou três lojas isoladas nos arredores das fazendas, num estágio anterior Mesmo assim, a sua grandeza não chega nem à de um pardal. Inicialmente, ele
a uma vila, são chamadas de vendas. se aproximou das flores de trepadeira, as alamandas, que se enroscam na ba-
Há uma pequena igreja, um bar com janela e porta estreitas em estilo por- laustrada da varanda. Suas folhas brilhantes se parecem com as do jasmim, mas
tuguês, uma loja de tecidos e um posto de gasolina. Há casas de vendedores as grandes flores amarelas se assemelham às centáureas azuis. E desfraldando
ambulantes e percebe-se que aqui é a base deles. Janelas de vidro são extrema- as suas asas tremulantes como um arco-íris, ainda parado no ar, enfiou o bico
mente raras e nas partes internas das janelas deixadas abertas ao calor tórrido comprido na flor. O significado em português deste pássaro, beija-flor, é que
lá fora, há pranchas de madeira. beija é seppun (beijo) e flor é hana (flor).
Nas ruas de terra vermelha, há dois ou três carros e quatro ou cinco cavalos Pode-se dizer que o beija-flor sugou o mel da flor de alamanda, por cerca de
amarrados, que são híbridos e de estatura baixa. Peles ruivas de carneiros co- um ou dois segundos. (...)
brem as suas selas. Elas servem de colchão aos boiadeiros, quando eles dor- De repente, ele virou o corpo e se mudou para as flores carmesins no gradea-
mem ao relento. do de primavera. Depois de visitar duas ou três flores, esse visitante inquieto,
Assim que saímos do carro, as crianças descalças nos olham fixamente. esse mensageiro expresso, que se anunciava e se despedia, se anunciava e se
Como nas vilas japonesas, nesta não há o que impeça o cacarejar das galinhas despedia, não sei se com notícias boas ou atrozes, se esgueirou como uma bala
e o latido dos cães. A terra cor de ocre, as paredes cor de ocre, o telhado cor para o canteiro de flores no jardim dos fundos. E voou para a mata, ignorando
de ocre, as peles de carneiro cor de ocre sobre as selas, os tijolos cor de ocre completamente as florações das conteiras em pleno esplendor.
que espreitam através da parede desmoronada... Eles evocam o colorido de As cores das asas quando estão batendo, que Hudson descreveu tão minuciosamente,
camuflagem dos animais. não tive tempo de discerni-las, refreado pela surpresa deste primeiro encontro. 6
A vila silenciosa banha-se nos raios solares do intenso verão sub-tropical. E
mais, as imponentes nuvens de verão elevam-se solitariamente no céu. Mishima dramaturgo em A Toca de Cupins
Se por acaso assolar uma calamidade inesperada e a Vila Sabino desaparecer da Para escrever sobre os beija-flores, as saúvas e os cupins, como um estudioso
face da terra, os jornais estrangeiros não informarão sobre isso e, provavelmen- aplicado, Mishima cita William Henry Hudson (1841–1922), escritor inglês e
te, os deste país também se limitarão a conceder-lhe algumas poucas linhas. ornitólogo amador, e consulta as obras do biólogo inglês Julien Sorell Huxley
Ninguém notará o seu desaparecimento. Ou então, talvez mesmo os habitantes (1887–1975).
da vila vizinha acabem por não se aperceberem disso. Porque, mesmo se esta Quando vim aqui, senti renascer o meu sonho da época de menino, quando
vila modesta retornar à terra exatamente da mesma cor, após a desgraça ela se pensava em me tornar um entomologista. Por exemplo, passei a achar que o
levantará de novo dessa terra, fingindo-se de ignorante. E é certo que ressurgi- azul e o alaranjado do céu poente só se referiam às cores das asas das borboletas.
rão o cacarejar das galinhas e o latido dos cães, e os boiadeiros viajantes, que de Num canto da mata no quintal da residência do Tarama, vi uma toca de cupins
nada sabem, amarrarão os seus cavalos nos cantos silenciosos das ruas 5 já desabitada. É uma toca de pouco menos de um metro de altura e rija como
uma rocha. No topo da torre elevada, pode-se ver um buraco, de onde já não
Mishima prosador poeta ao ver um beija-flor entra nem sai mais um único cupim. Essa torre é musgosa, como se fosse um
Hoje eu vi o beija-flor da minha devoção, pela primeira vez. Foi um único velho castelo, após a fuga da família real. 7
espécime e, além disso, uma visita momentânea. Uma reverberação, como a
hélice de um leve avião em miniatura, se propagou na tarde abrasadora e sem Esta toca de cupins inspira-o a criar o drama A Toca de Cupins
vento. Dentre as dezenas de espécies, a que veio foi o beija-flor do tipo maior. (1955), ambientado numa fazenda de café em Lins. A metáfora da toca

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de cupins, um castelo vazio e abandonado e, num contexto mais amplo, o Momoshima perdoa a traição de Keiko.
Japão do pós-guerra, com a fadiga e exaustão do homem contemporâneo, No final, ao ouvir o barulho do carro de volta, horrorizada, Keiko
é o grande tema que perpassa os três atos desta peça. percebe que Taeko e Momoshima fracassaram na sua segunda tentativa de
Neste ano do centenário da imigração japonesa no Brasil (1908– duplo suicídio. Agacha-se no centro do palco e diz: “ – Que medo! Os mor-
2008), nada mais oportuno do que esta obra. No conto Mulheres Insa- tos levantam as pedras das tumbas e ressuscitam. Os cupins regressarão.”
tisfeitas, Mishima trata do estranhamento de um artista japonês com os E Kariya balbucia: “– Não pode ser ...” 9
japoneses residentes no Brasil e na opereta Bom Dia, Senhora! os perso- Criada a pedido da Companhia Seinen-za (Teatro dos Jovens), A
nagens são todos brasileiros. Já em A Toca de Cupins, este importante Toca de Cupins foi montada pelo Seinen-za no Haiyû-za, de Tokyo, em
fenômeno intercultural (Japão-Brasil) é abordado através de um qua- 1955. A peça foi agraciada com o Prêmio Kishida de Dramaturgia, em
drilátero amoroso: o casal japonês de meia-idade da nobreza decadente, dezembro de 1955.
Yoshirô e Taeko Kariya, e o jovem casal nipo-brasileiro de empregados, o Ao deixar Lins e regressar à São Paulo, o escritor hospeda-se na
motorista Kenji Momoshima e sua esposa Keiko. residência de Mituto Mizumoto, do São Paulo Shimbun. Muito aberto e
O grande impacto dramático deriva de uma relação que, ao extre- simpático, ele inclusive iniciou os filhos pequenos do empresário jorna-
mo, pode ser lida como vampiresca. O “sangue velho”, dos valores aristo- lista no aprendizado da caligrafia cursiva katakana.
cráticos debilitados do Japão pré-II Guerra, vem se abastecer do “sangue
novo”, a vitalidade, paixão e esperança do gigante adormecido, o Brasil. Mishima contista em Mulheres Insatisfeitas
O embate entre o “Brasil jovem e vital” versus o “Japão velho e morto”, o
“mundo novo” e o “velho mundo”, delineia um dos motivos principais da A primeira obra ficcional com tema brasileiro, que Mishima criou
peça: as forças da vida e as forças da morte. ao regressar ao Japão,foi o conto Mulheres Insatisfeitas. Publicado na re-
Com a fortuna familiar dilapidada, o casal da nobreza nipônica de- vista Bunguei Shunshu em julho de 1953,ele trata basicamente de suas
cadente aceitara a oferta da viúva de um fazendeiro japonês radicado no vivências nas capitais paulista e carioca.
Brasil e se tornara seus herdeiros. Mas no Brasil, logo se dá o inevitável. Amigos se reúnem numa festa noturna em Tokyo, para recepcionar
Assim como no Japão, Taeko continua infiel. Ela seduz o motorista Mo- o pintor Jun Kuwabara (alter ego do autor), que retornara há pouco do
moshima e o induz a um pacto de duplo suicídio amoroso. Fracassam no Brasil. Como queriam ouvir estórias sobre mulheres, propositalmente
intento e seis meses depois, Momoshima desposa a jovem nissei Keiko. não convidaram a esposa do artista.
Kariya critica Taeko por seduzir Momoshima, quando ele próprio O pintor apresenta São Paulo como a capital que prosperara com
também seduz Keiko. o café. E onde se destrói o antigo, para se construir arranha-céus, sendo
Como afirma Valdo H. Viglielmo, no ensaio Mishima y Brasil: Um chamada de “irmã mais nova de Nova York”. O encontro de conterrâneos
estudio de Shiroari no su: “o segundo tema é marcado pelo efeito corrup- no exterior é normalmente motivo de alegria. Mas no texto isso é apre-
tor do perdão constante unido a uma ausência de castigo”. 8 Pois assim sentado de forma inusitada.
como Kariya perdoa todas as infidelidades de sua mulher Taeko, o nissei

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Nesta cidade deparo-me com muitos japoneses. Se ando cem metros, é certo horas para chegar. Mas Graça o procura no Hotel Serrador no Rio.
que dou de cara com um. Dá uma estranha impressão encontrar japoneses O autor insere a arguta observação sobre o hábito brasileiro das
numa cidade estrangeira. É exatamente como se um espelho viesse caminhan- “mulheres nas janelas”. Mas ao contrário das mulatas exuberantes e sen-
do do outro lado. Enfim, é como se em cada esquina de São Paulo houvesse
suais no quadro de Di Cavalcanti, Mishima as descreve como sinônimo
um espelho.
de insatisfação.

Logo o pintor aborda a questão da derrota do Japão na II Guerra e Uma visão curiosa – isto sim é uma coisa rara nos Estados Unidos – em algu-
sua repercussão na colônia nipônica do Brasil: a ferrenha oposição entre mas das várias janelas, há necessariamente figuras matando o tempo, com os
o partido dos vitoristas (kachigumi), que sustentava que o Japão havia cotovelos fincados no parapeito das janelas, olhando a rua abaixo ou contem-
ganho a guerra, e o partido dos derrotistas ou esclarecidos (makegumi), plando distraidamente as nuvens.
que alegavam que havia perdido, e a sua posição nesse quesito. (...) a maioria é de mulheres. Não tricotam nem leem. A janela é o tricô e o livro
delas. Nessa paisagem de ‘mulheres nas janelas’, que certamente não combina
O patrocinador da exposição individual, que apresentei em São Paulo, era o com os edifícios modernos, há um gosto poético. É um costume colonial natu-
presidente de um jornal japonês. Dentre os inúmeros jornais em língua ja- ral, que elas têm. Nos colégios femininos do Brasil, deve-se ensinar que o há-
ponesa que há em São Paulo, este era do partido dos vitoristas. Vocês devem bito de ficar o dia inteiro olhando lá fora pela janela é maL educado, portanto,
saber que pós-guerra, o antagonismo ao partido dos vitoristas está firmemente é preciso parar com isso. Nesse ínterim, empenhe-se em limpar a casa ou leia.
enraizado entre os imigrantes japoneses no Brasil. O partido dos derrotistas não Entretanto, depois da formatura e passados alguns anos após o casamento, elas
é necessariamente de esquerda, mas o partido dos vitoristas é categoricamente se tornam estereotipadamente em ‘mulheres nas janelas’. (...)
ultranacionalista e, uma vez que se diz de direita, dedica-se exclusivamente, Provavelmente, a Graça Hosokawa também seja uma das mulheres nas janelas.
desde a manhã, a conversas sobre mulheres e bebidas. (...) A sua insatisfação também... Sim, não sei bem o quê, mas talvez seja a insatis-
Além disso, o pessoal deste jornal do partido dos vitoristas – não é que ainda fação que a janela lhe ensinou, que a vida ao redor da janela lhe ensinou. Para
pensem que o Japão venceu, mas é apenas uma designação que indica a dife- uma japonesa, é uma insatisfação um pouco de classe superior, por isso, talvez
rença de posição – me agradou um pouco. ela fique com vontade de alardeá-la.”

Em seguida, o contista introduz as personagens do título. Duas mu- A mulher o assedia tanto, que acabam tendo um caso no carnaval
lheres japonesas visitam a galeria e veem a exposição com óculos de sol. do Rio. E ele, por sua vez, termina incorporando o hábito das “mulheres
Uma é a Setsuko Tottori, cujo marido trabalha no Banco do Brasil e a nas janelas”.
outra, Graça Hosokawa, apelido da locutora. Mas na realidade, o marido
Na manhã seguinte, eu e a mulher, ainda de pijamas, nos debruçamos na janela
de Setsuko trabalhava no Banco América do Sul e a modelo real veio a fa-
e contemplamos o pavimento de manhã, deserto por um momento. De fato, a
lecer em julho de 2005. Certa noite, o casal Tottori e Graça o levam para
cidade dorme por um breve instante. (...)
sambar na boate Bambu, no subúrbio de São Paulo. O pintor esbalda-se e
Ao longe, a Baía de Guanabara brilhava.
ao sair, vê a constelação do Cruzeiro do Sul na noite estrelada. Ao receber Eu perdi o ânimo de até ontem e com os olhos um pouco abaixados, estendi o
um telegrama do Rio, decide partir de avião, que na época levava duas meu braço aos ombros da mulher, só de camisa, que parece melancólica mes-

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mo. E como se a sacudisse, perguntei-lhe assim: mais tarde ao Brasil, que as mulheres que serviram de modelo estão fumegan-
– O que aconteceu? do de raiva, abaixei a cabeça.
A mulher estava penteando nervosamente as têmporas, com um pequeno pen- A profissão de romancista é profundamente ofensiva. Mas quem leu aquele
te de bolso. conto, creio que deu para compreender o quanto eu sinto saudades da vida em
– Eu ..., estou insatisfeita. 10 São Paulo. Recordo-me vivamente do Hotel Claridge, do restaurante italiano,
do Butantã, como se tivesse sido ontem. Disse também ao meu irmão mais
Na história do Japão, Graça Hosokawa (1562–1600) é famosa como novo, que ‘não há no mundo um país tão bom quanto o Brasil’. 11
uma cristã, modelo de coragem e sacrifício. Filha de Mitsuhide Akechi,
muito bela e inteligente, casou-se com Tadaoki Hosokawa. Chamava-se
A opereta Bom Dia, Senhora!
Tamako, mas ao tornar-se cristã é batizada de Graça. Mas seu infortúnio
começa quando seu pai mata Nobunaga Oda, que promovia campanha
Após a estadia em São Paulo, Mishima retorna ao Rio de Janeiro a
para unificar o país. No final, ela morre dentro do castelo incendiado,
20 de fevereiro e hospeda-se no Hotel Serrador, na avenida Rio Branco
recusando-se a tornar-se refém de Mitsunari Ishida, servo de Hideyoshi
16, onde permanece até 1 de março de 1952. Inaugurado em 1944, o ho-
Toyotomi, que ascendera ao poder. Num mundo onde imperava o budis-
tel funcionou até 2003 e aparece em Mulheres Insatisfeitas. No carnaval,
mo, ela foi livre para optar pelo catolicismo e se martirizou pela defesa
o escritor assiste ao desfile das escolas de samba, da avenida Presidente
do seu clã.
Vargas à avenida Rio Branco. E diverte-se, brincando duas noites no clu-
Ao colocar esse apelido de Graça Hosokawa justamente na perso-
be High Life e a última no Iate Clube. Ele confessa que se extasiara.
nagem mais arrojada do conto, Mishima se revela sem dúvida sarcástico.
Ao presenciar uma briga entre uma loira e uma ruiva por um Pier-
Pois a sua Graça Hosokawa, que se diz locutora, é uma japonesa muito
rot barbudo no Iate Clube, essa cena lhe evocara uma comédia italiana.
orgulhosa, mas de classe média baixa, separada do marido brasileiro e
Assim, com várias peripécias e casais trocados, os personagens da opereta
que o assedia abertamente. Portanto, totalmente oposta ao protótipo ori-
Bom Dia, Senhora! de Mishima assemelham-se aos tipos da Commedia
ginal. Todo o conto é narrado de maneira realista e bastante irônico. Ao
dell’Arte. O boiadeiro Pedro lembra o Pierrô/Arlequim; a cigana Noite,
lerem a obra, as mulheres reais que o inspiraram ficaram furiosas.
a Colombina; a senhorita, a jovem enamorada; o duque Clementino, o
Posteriormente, quando o irmão de Mishima, o diplomata Chiyuki
Pantaleão; o rico Adolfo, o jovem enamorado; e a duquesa Clementino,
Hiraoka passou a trabalhar por três anos na Embaixada Japonesa no Rio
uma enamorada.
de Janeiro, ele escreveu na correspondência a Mituto Mizumoto, do São
Cena I – Hotel Copacabana Palace
Paulo Shimbun:
Cena II – Cinelândia
Não sei por que conexão, o meu irmão mais novo foi designado para servir no
Cena III – No interior do Estado de Mato Grosso
Brasil. Creio que doravante, ele precisará ser auxiliado em várias questões. Cena IV – O jacaré e a moça negra
Mas por favor, gostaria de recomendá-lo. Cena V – A Casa Grande na fazenda de café
Quanto a Mulheres Insatisfeitas, ao ouvir do escritor Norio Taoka, que fora Cena VI – Prólogo de Carnaval

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Cena VII – Parque do Bosque de Figueiras da Bengala O escritor confessa estar francamente decepcionado com a reno-
Esta opereta em sete cenas, uma estória de amor no carnaval do vação do Tratado de Segurança Mútua Japão-Estados Unidos. Conse-
Rio, foi encenada pela Companhia de Opereta Feminina da Shôchiku, no quentemente, a tão esperada manifestação anti-americana, “a crise tão
Minami-za de Kyoto, em 1954. esperada”, não dera em nada. Daí os membros do seu exército particular,
Após sua breve estadia de pouco mais de um mês no Brasil, Mishi- a Sociedade do Escudo, realizarem treinamentos paramilitares.
ma deixa o Rio com destino a Paris, em 2 de março de 1952. Mas o legado, “Talvez o próximo verão se passe sem grandes acontecimentos”, re-
variado e vivo de obras inspiradas no Brasil, mostra o quanto o jovem gistra o remetente na carta. E exatamente no verão seguinte, Mishima
Mishima se impressionara e amara a nossa terra. publica o artigo Os 25 Anos dentro de mim: o compromisso que deixei de
realizar 13, num tom pessimista sobre o pós-guerra.
ÚLTIMA MISSIVA AO BRASIL
Quando reflito sobre esses 25 anos dentro de mim, fico espantado com o seu
8 de dezembro de 1969 vazio. Quase não posso dizer que ‘vivi’. Passei pela existência suportando com
Caro Sr. Mituto Mizumoto, paciência o seu fedor. As coisas que eu odiava há 25 anos mudaram um pouco
Muitíssimo obrigado, por ter-me enviado desta vez, palmito e pau-santo, mi- a sua forma, porém, mesmo agora, sobrevivem teimosamente como sempre.
nhas iguarias favoritas. Especialmente o palmito, só de ver o recipiente, o seu
gosto delicado e saboroso me dá água na boca. Como é impossível obtê-lo no E no final profetiza: “Se continuar assim, o Japão se extinguirá
Japão, delicio-o pouco a pouco, como um tesouro. Não sei como lhe agradecer,
e no seu lugar restará uma grande potência econômica, inorgânica,
por sempre se preocupar comigo. A ágata com água está todos os dias sobre a
vazia, neutra, rica e astuta num canto do Extremo Oriente.”
minha escrivaninha, anichada sobre o bloco de papel. Vou frequentemente a
Izui e, toda vez que me encontro com a proprietária, falamos sobre o sr. Mizu-
Na era da globalização, o século 21, tudo parece tender à unifor-
moto, e ela também estava orgulhosa com o quadro de borboletas, pendurado midade. Portanto, doravante, cada nação não mais se sobressairá pelo
no seu altar artístico. seu valor econômico, mas por um valor mais alto, pelo qual Mishima se
Este ano também está para acabar e, passar os últimos dias do ano sem a crise imolou: a necessidade de preservação da identidade cultural do país.
tão esperada, me dá a sensação de ter sido ludibriado. Se continuar assim, tal-
vez o próximo verão se passe sem grandes acontecimentos. Para que os seus Patriotismo
espíritos não fiquem lassos, os estudantes da Sociedade do Escudo estão se
esforçando nos treinamentos.
O escritor costumava asseverar que se alguém quisesse ler uma úni-
Lembranças a todos da sua família.
ca obra sua, ele recomendaria o conto Patriotismo (1960). E na adapta-
Feliz Ano Novo!
ção cinematográfica da obra homônima, acabou acumulando as cinco
Sinceramente,
Yukio Mishima 12 funções: original, roteiro, produção e atuação principal. O Rito de Amor
e Morte, título estrangeiro que ele próprio atribuiu ao filme, estreou na
Cinemateca de Paris, em outubro de 1965 e a 12 de abril de 1966, em
Tokyo.

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A estória de Patriotismo é inspirada num fato real, o incidente de O conto Patriotismo e o filme homônimo já prefiguram o ato derra-
26 de fevereiro de 1936. 22 jovens oficiais do exército lideraram 1400 deiro de Mishima: o suicídio ritual do seppuku, cortando-se o abdômen,
soldados num golpe de estado, para restituir ao imperador e ao povo os no Quartel General das Forças de Audodefesa do Japão, no distrito de
poderes políticos e econômicos, a tão sonhada Restauração Shôwa. Mas Ichigaya, em Tokyo, em 25 de novembro de 1970.
fracassaram e foram condenados. Dois dias depois, ocorre o duplo suicí-
dio do tenente Kenkichi Aoshima e sua jovem esposa.
No filme Patriotismo, o tenente Shinji Takeyama (protagonizado
por Mishima), de 31 anos, que não participara do levante por ser recém-
casado, decide suicidar-se com sua mulher Reiko (a atriz Yoshiko Tsu-
ruoka), de 23 anos. Porque ele se viu diante do dilema de ter que fuzilar
os seus colegas ou manter a sua amizade aos companheiros.
Os ensaios foram feitos num palco de nô. Portanto, na filmagem,
cenário e direção adotaram o formalismo ritual de um nô clássico. Nas
cenas de amor e morte, dois tatames simulavam o palco de nô e um enor-
me rolo de papel pendente (kakemono), com os ideogramas Sinceridade
Absoluta, numa caligrafia do próprio Mishima, substitui o cenário imu-
tável de nô. No final, para expressar a purificação, os cadáveres do casal
são dispostos sobre ondas de areia branca, semelhantes ao do jardim zen
Ryôanji, de Kyoto.
A máscara do shite (protagonista) foi substituída pelo chapéu mili-
tar, que cobre metade da face, semelhante a uma máscara. E ao maquiar-
se para a morte, a mulher também se prepara para a possessão divina.
O tripé essencial na estética de Mishima, juventude, beleza e morte,
se apresenta aqui como um espetáculo de amor e morte, eros e obrigação
moral. E como na convenção das peças de duplo suicídio do bunraku e
kabuki, as cenas sexuais no filme são extremamente estilizadas, simbóli-
cas, em contraponto com as cenas de morte, realistas, fisiológicas, diretas.
Com a completa ausência de fala, a película é narrada através de
letreiros. A embriaguez rítmica da música “A Morte de Amor”, da cena
final de Tristão e Isolda de Wagner, sobre o êxtase amoroso que se consu-
ma com a morte, acaba purificando ao máximo a cena amorosa.

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Bibliografia Notas

DEBATE .Mishima Yukioshi kakonde: kiitari, kikasetari (Em torno do sr. Yukio Mishima: 1 Yukio Mishima. Cópia obtida nos arquivos do Museu da Imigração Japonesa em São
perguntando e ouvindo). São Paulo Shimbun, São Paulo, 9 de fevereiro de 1952 (parte I) e 12 de Paulo, sem procedência e sem data. Em 1952 na capital paulista, já existiam os jornais
fevereiro de 1952 (parte II). em japonês: São Paulo Shimbun, Brasil-Japão, Nambei Jiji, Notícias do Brasil e Jornal
Paulista.
KUSANO, Darci. Yukio Mishima: o homem de teatro e de cinema. São Paulo: Perspectiva, 2006.
2 Romancista Riichi Yokomitsu (1898–1947), pertencente ao movimento literário
MISHIMA, Yukio e KAWABATA, Yasunari. Correspondance (1945–1970). Paris: Albin Michel, neo-sensualista. Na época, ele era mais famoso do que Yasunari Kawabata, também
2000. Traduzido por Dominique Palmé. dessa escola.
MISHIMA, Yukio. Aporo no sakazuki (O Cálice de Apolo).In: Mishima Yukio zenshû (Obras 3 Debate “Mishima Yukioshi kakonde: kiitari, kikasetari” (Em torno do sr. Yukio
Completas de Yukio Mishima). Tokyo: Shinchôsha, 1975,vol. 26. Mishima: perguntando e ouvindo), em São Paulo Shimbun, parte I (9 de fevereiro de
− Bom deia seniora! (Bom Dia, Senhora!) e Shiroari no su (A Toca de Cupins). In:Mishima Yukio 1952) e parte II (12 de fevereiro de 1952).
guikyoku zenshû (Teatro Completo de Yukio Mishima). Tokyo: Shinchôsha, 1990, vol. 1. 4 MISHIMA, Yukio e KAWABATA Yasunari. Correspondance (1945–1970), p. 86–88
− Fumanna onnatachi (Mulheres Insatisfeitas). In: Mishima Yukio zenshû. Tokyo: Shinchôsha, 5 MISHIMA, Yukio. “Koyû uira Sabino”. Aporo no sakazuki, p.63–65
1988, p. 585–610.
6 MISHIMA, Yukio “Hakiri ari, hotaru, hachisuzume, dachô”. Aporo no sakazuki,
− Correspondência. Mishima Yukio zenshû. Tokyo: Shinchôsha, 1988. p.66–67
VIGLIELMO, Valdo H.. Mishima y Brasil: Un estudio de Shiroari no su. In:Estudios Orientales. 7 Idem, Aporo no sakazuki, p. 65
Mexico: El Colegio de Mexico, 1973, vol. VIII, n. 1.
8 VIGLIELMO, Valdo H. “Mishima y Brasil: Un estudio de Shiroari no su”, p. 10
9 MISHIMA,Yukio. Shiroari no su (A Toca de Cupins) ,em Mishima Yukio guikyoku
zesnhû, vol. I
10 MISHIMA, Yukio. Fumanna onnatachi (Mulheres Insatisfeitas),em Mishima Yukio
zenshû, p. 585–610
11 Carta a Mituto Mizumoto em Correspondência, Mishima Yukio zenshû, p. 896
12 Idem, ibidem, p. 897–898
13 Idem, “Watashi no naka no 25nen” (Os 25 anos dentro de mim), em Sankei Shim-
bun, 7 de julho de 1970

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