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ÍNDICE
INTRODUÇÃO...........................................................................................................4
I. TEXTO E TRADUÇÃO..........................................................................................5
II. CONTEXTO LITERÁRIO DO SALMO..............................................................6
III. PALAVRAS CHAVES.........................................................................................9
IV. ASPECTOS GRAMATICAIS...........................................................................15
V. GÊNERO LITERÁRIO.......................................................................................17
VI. ESTRUTURA DO TEXTO................................................................................19
VII. MENSAGEM PARA A ÉPOCA DA ESCRITA............................................20
VIII. TEOLOGIA DO TEXTO..................................................................................22
CONCLUSÃO...........................................................................................................26
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................28
4
INTRODUÇÃO
Há alguma diferença entre aqueles que fazem a vontade de Deus daqueles que
não? Como é o caminho do justo e do ímpio? Qual o destino de cada um? Por que os
justos são considerados assim? Por que os justos são considerados "bem-
aventurados?
Sendo assim, a exegese deste salmo servirá para mostrar a grande diferença
entre o justo e o ímpio, ou seja, quais as características do justo e quais as do ímpio,
de igual modo, qual o fim de cada um deles.
.
5
I. TEXTO E TRADUÇÃO
Salmo 1: 1-6
Tradução
v.1 Feliz é o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no
caminho dos pecadores, e não se assenta na roda dos escarnecedores.
v.2 Antes, o seu prazer está na Lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e
noite.
v.3 Ele será como uma árvore plantada sobre correntes de águas, que dá o seu
fruto no devido tempo, e cujas folhagens não caem, e tudo quanto ele fizer
prosperará.
v.4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento espalha.
6
Ainda que não saibamos quem escreveu este salmo e nem o seu contexto
histórico no qual estava inserido, percebemos que o autor procura fazer um contraste
entre o proceder dos justos e o proceder dos ímpios.
Calvino comentando este Salmo, nos diz que, “quem quer que tenha feito a
coletânea dos Salmos em um só volume, seja Esdras ou alguma pessoa, parece ter
colocado este Salmo no início à guisa de prefácio, no qual o autor inculca a todos os
piedosos o dever de se meditar na lei de Deus.” 1 Calvino ainda dirá que “a suma e
substância de todo o Salmo consistem em que são bem-aventurados os que aplicam
seus corações a buscar a sabedoria celestial; ao passo que, os profanos desprezadores
de Deus, ainda que por algum tempo se julguem felizes, por fim terão o mais
miserável fim.”2
1
,João Calvino. O Livro dos Salmos.( Trad.Valter Graciano Martins. São Paulo. Paracletos. Vol.I.
1999) p.49
2
Ibid. p.49
3
Derek Kidner. Salmos 1-72 Introdução e comentário.(trad.Gordon Chown. São Paulo. Vida Nova e
Mundo Cristão. 1992) p.62
7
Ele ainda dirá com respeito a esta questão que, “este salmo com que nossa
coleção se abre, não é, pois um salmo qualquer. Ao contrário, este salmo forma a
chave de todo o seguinte livro da Bíblia; é o guia por todos os salmos e a introdução,
o Prólogo. A essência deste salmo é ao mesmo tempo, a essência de todo o livro dos
Salmos.”5
precisa instruí-la; e com o juízo final (5,6) que se avulta além.” 11 Artur Weiser
também comenta em seu comentário que, “pela forma clara e incisiva com que
convida à obediência e à esperança confiante em Deus, o salmo é sem dúvida,
apropriado para servir de título para todo o Saltério.”12
Podemos também dizer com toda a certeza que este Salmo não se restringe
apenas ao seu contexto próximo assim como a todo o Saltério, mas de igual modo, a
toda Bíblia. Diante de tal afirmação a que temos proposto, Derek irá nos dizer em seu
comentário que “a tonalidade e os temas deste salmo fazem lembrar os escritos da
Sabedoria, especialmente Provérbios, que se preocupam com a convivência que
homem cultiva, com os dois caminhos que ficam diante dele (cf., e.g. Pv 2:12ss.,
20ss.), e com tipos morais, notavelmente os zombadores;...”13
Apesar deste salmo não ter sido composto com uma finalidade de se tornar
prefácio do Saltério, Weiser comenta que “o compilador certamente o colocou neste
lugar propositadamente para convidar o leitor a obedecer à vontade de Deus e confiar
na sua ação.”14 Ele ainda comenta que “na sua forma e no conteúdo é dominado por
um tom pedagógico urgindo uma tomada de decisão.”15Sendo assim, ele diz: “Esta
característica há de ser o ponto de partida para a sua compreensão.”16
11
Derek Kidner. Op.cit. p.62
12
Artur Weiser. O Salmo. (São Paulo. Paulus. 1994) p.73
13
Derek Kidner. Op.cit. p.62
14
Artur Weiser. Op.cit. p.69
15
Artur Weiser. Ibid. P.69
16
Artur Weiser. Ibid. p.69
9
palavra yrev]a' segundo Artur Weiser, está "sob uma forma de 'bem-
aventurança', que lembra as bem-aventuranças de Mt.5,3ss, o autor louva a conduta
correta do justo, destancando o seu lado negativo no v.1 e o lado positivo no v.2."17
Desta forma, podemos entender que o salmo trata da conduta do justo e este
se torna bem-aventurado quando trilha o verdadeiro caminho, ou melhor dizendo,
suas honradas ações.
A idéia dessa expressão em relação ao homem justo, é que este não age
segundo o conselho dos ímpios. O sentido do verbo Jl'h aqui no texto, é de viver,
agir, comportar-se. Assim é o comentário do Theological Dictionary of the Old
Testament dizendo que "halak, tem um significado concreto espacial e também
17
Artur Weiser. Op.cit. p.70
18
R. Laird Harris; Gleason L. Archer, Jr; Bruce K. Waltke. Dicionário Internacional de Teologia do
Antigo Testamento. (São Paulo. Vida Nova. 1998) p.135
19
James Montgomery Boice. Psalms. (Michigan. Baker Books. Vol. I. 1994) p.15
10
Sendo assim, o homem justo não permanece, não fica estacionado no modo
de agir, na conduta e nos costumes dos pecadores.
20
G. Johanwes Botterwedk; Helmer Ringgren. Theological Dictionary of the Old Testament. (Grand
Rapids. William B. Eerdmans Publishing Company. Vol.I. 1979) p.388
21
R. Laird Harris; Gleason L. Archer, Jr; Bruce K. Waltke. Op.cit. p.128
22
G. Johanwes Botterwedk; Helmer Ringgren. Op.cit. p.270
11
Segundo Craigie,27 este verbo implica algo mais do que simples meditação,
implica em algum modo de falar, assim como "murmurar" ou "cochichar". Delitzsch
comenta que "o imperfeito hG²h]y< ele continuamente está ocupado com o
feito."28 Deursen também com respeito a este verbo, dirá que "o Salmo 1 pinta o
retrato de um israelita justo como alguém que 'medita dia e noite' a Palavra de Deus.
Pelo que podemos também traduzir: que 'lê sussurando suavemente', que 'diz para si
23
João Calvino. Op.cit. p.52
24
Larry A. Mitchel. Estudos do Vocabulário do Antigo Testamento. (São Paulo. Vida nova. 1996)
p.74
25
G. Johanwes Botterwedk; Helmer Ringgren. Op.cit. p.337
26
Larry A. Mitchel. Op.cit. p.84
27
Peter Cragie. Word Biblical Commentary. Psalms 1-50. (Waco Book Publisher. 1983) p.58
28
Franz Delitzsch. A Commentary on the Book of Psalms. (New York. Funk & Wagnalls vol. I. )
p.112
12
mesmo' a Palavra de Deus."29 Ele continua dizendo que "não é uma pessoa que 'se
apressa em ler um pouco'; não, ela quer reter a leitura e, para gravar bem em sua
memória, lê para si mesma murmurando em meia voz."30
Entendemos então, que a Lei do Senhor significa a Thorá que Deus deu ao
seu povo por intermédio de Moisés para ratificar a relação pactual entre Ele e o seu
povo escolhido. Esta Lei é vista pelo salmista como uma fonte de alegria e
esperança, e não como algo árido e duro, como vemos os fariseus apresentando nas
páginas no Novo Testamento.
µyqiyDix' – (justos)
Conforme Deursen, "os justos eram aqueles israelitas que não abandonaram o
fumdamento de vida do pacto de Deus em que havia colocado a Israel em Horeb.
Estes piedosos observaram o Pacto de Deus e suas ordenanças." 36Desta forma, justo
é aquele que pertence ao povo de Deus ligado pelo Aliança e que procura obeceder a
Lei do Senhor e toda a Sua vontade. Contudo, devemos entender que o homem não é
tornado justo ou justificado por suas obras, caso contrário, o salmista estaria
ensinando que os homens são justificados por suas obras, e assim contrariando a
doutrina da justiicação pela fé, mas, o homem justificado toma atitudes e percorre um
caminho inverso dos ímpios. Em Gn.15.6, as Escrituras nos relatam que Abraão creu
em Deus quando Este lhe prometeu sua posteridade, e isso lhe foi imputado para
justiça. Entretanto, a mesma Escritura que enobrece o justo, coloca-o numa situação
difícil, como vemos em Rm.3.10-18, em que Paulo citando o Salmo 14, irá dizer que
não há um justo sequer. É claro que neste caso, quando o texto se refere que não há
um justo sequer, o sentido é que não há ninguém que, com sua própria capacidade
física e mental, busque a Deus de forma viva e verdadeira. Devemos ainda entender
que, a doutrina da justificação pela fé no Velho Testamento é real e eficaz, contudo
não de forma completa, como vemos nas páginas do Novo Testamento, pois no
Velho Testamento, essa doutrina ainda não era vista de forma clara e transparente.
36
Frans Van Deursen. Op.cit. p.110
14
['de/y- (Conhece)
Mitchael37 diz que esta palavra aparece 924 vezes no Antigo Testamento e ele
traduz por: conhecer, saber, perceber.
37
Larry ª Mitchael. Op.cit. p.42
38
Derek Kidner. Op.cit. p.64
39
Frans Van Deursen. Op.cit. p.124
40
Frans Van Deursen. Ibid. Pp.124-125
15
Estes verbos estão no Qal perfeito e dão uma idéia de forma concreta e
definida, mas ao mesmo tempo, refletem uma ação de continuidade, visto que, eles
podem ser traduzidos no presente, e este é o melhor modo de traduzi-los.
Estes verbos estão no Qal imperfeito e dão uma idéia de conseqüência futura
em relação ao sujeito. De igual forma, eles também dão uma idéia de uma ação
contínua e podem ser traduzidos no presente, como no caso do verbo meditar, ser,
dar, cair, fazer, espalhar. Já os verbos prevalecer e perecer são traduzidos no futuro.
Estas conjunções no texto trazem uma idéia de contraste entre os versos. Elas
procuram enfatizar o contraste que há entre o proceder do justo nos vs.1 e 2 e
também nos vs.3 e 4, em relação ao modo de vida dos justos e de ímpios.
w- (e)
16
YKi- (Pois)
V. GÊNERO LITERÁRIO
O Salmo 1 é classificado como uma poesia, visto que ele está inserido no
livro dos Salmos, ou Saltério, que juntamente com Jó, Provérbios, Eclesiastes e
Cânticos dos cânticos, formam os livros poéticos do Velho Testamento.
Paralelismo Sinonímico
Paralelismo Antitético
41
Derek Kidner. Op.cit. p.12
42
Donald M. Williams. The Communicator’s Commentary Psalms. (Waco. Publisher. 1992) pp.20-21
18
Paralelismo Sintético
44
João Calvino. Op.cit. p.51
23
Calvino comenta que o salmista “nos ensina quão impossível é para alguém aplicar
sua mente à meditação na lei de Deus, se antes não recuar e afastar-se da sociedade
dos ímpios.”45 Ele ainda irá nos dizer que “o salmista não declara simplesmente ser
bem-aventurado aquele que teme a Deus, como faz em outros passos, senão que
designa o estudo da lei como sendo a marca da piedade, nos ensinando que Deus só é
corretamente servido quando sua lei for obedecida.”46
O salmista também mostra como é o caminho dos ímpios. Ele irá dizer que os
ímpios não são como os justos em seus procedimentos, mas, usando uma figura de
linguagem, dirá que são como a palha que o vento espalha. Em outras palavras, são
inconstantes, instáveis na maneira como agem. Weiser comenta que “tão vazia, sem
conteúdo e sem valor como a palha é aos olhos do salmista a vida sem Deus vivida
pelos ímpios.”49 O ímpio não tem a firmeza do justo, não tem a vida e não dá frutos a
exemplo do justo.
45
João Calvino. Ibid. p.50
46
João Calvino. Ibid. p.53
47
Artur Weiser. Op.cit. p.72
48
João Calvino. Op. Cit. P.54
49
Artur Weiser. Op.cit. p.72
24
CONCLUSÃO
Aprendemos também que Deus é o grande Juiz, e Ele, somente Ele tem o
poder de julgar os homens e suas ações, abençoando-os ou condenando-os. E Sua
justiça será feita, executando Sua sentença sem piedade e misericórdia.
Somos ensinados ainda que Deus participa da vida dos justos, guiando-os e
protegendo-os. Ele cuida dos seus, convive com eles em uma relação pessoal e
íntima, manifestando o seu amor e misericórdia.
Podemos dizer então, que somos como aquela árvore descrita pelo salmita?
Ou nossos caminhos não estão muito diferentes dos caminhos dos ímpios? Sentimos
prazer na Lei de Yahweh?
Uma análise pessoal, nos levará a uma resposta à estas perguntas, e assim,
seremos desafiados a uma tomada de decisão, ou seja, se podemos ser considerados
como árvores plantadas junto a um ribeiro de águas ou como a palha que o vento
espalha. O juízo é inevitável, e quando ele vier, a palha será dispersa, perecerá,
enquanto os justos serão reunidos e estarão para sempre com o Senhor.
28
BIBLIOGRAFIA
Calvino, João. O Livro dos Salmos.( Trad.Valter Graciano Martins. São Paulo.
Paracletos. Vol.I. 1999)
Phillips, John. Exploring the Psalms. Vol.I. (Nem Jersey. Neptune. 1988)
Cragie, Peter. Word Biblical Commentary. Psalms 1-50. (Waco Book Publisher.
1983)
Delitzsch, Franz. A Commentary on the Book of Psalms. (New York. Funk &
Wagnalls vol. I. )