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A herança medieval do Brasil":

mentalidades, usos e costumes feudais


Pedro Paulo A. Furralfl'"'

Fleaenha: WECKMANN, Luis. La Herencia Medieval del Brasil.


Méxiìco: Fondo de Cultura Economica, 1.993.

Luis Weoltmann, historiador mexicano autor de renomado


La Herencia Medieval de Mexico, publicado em 1984 no original
e, em ingles. em 1992, aluno do grande medievalista belga Charles
Verlinden. publica. agora. um volumoso estudo a respeito da he-
rança medieval no Brasil (4ülIl paginasl. .Ja no prefácio. de Eulalia
Maria Lahmeyer Lobo {UFFlJj, informa-se que o Iivro centra-se
na Historia das ldeias. oaraoterizando-se por grande erudição.
principalmente no que se refere a docurnentaçao presorutada.
em particular as pouco exploradas lentes latinas (eg. Opusculum
de Miraoilibus, de Albertina) e ieonografioas. Logo de inloio, dez
grandes frutos tardios de espírito medieval são detectados na
colonia portuguesa: as cámaras munioipais; a devoção a Virgern;
as bases medie-vais da estrutura social (propriedade senhoria|_
nobre.-za. Clrdem de Cristo. morgados: eneomiendasl; autos sa-
oramentais. música, danças e jogos: a arte da navegação; regi-
mes administrativo e comercial; tecnologias e prooedimentos pro-
dutivos; artesanato; eseolastioismo no ensino e debates teológi-
oo-pelltioos: formas populares de devoçäo oristã (p.113).
Não seria o caso. aqui, de reproduzir a seqüenoia das ideies e
argumentos do autor, oujas qualidades devem ser saboreadas com
a Ieitura integral da obra. Nesta resenha. parece-me mais oportuno
tratar de alg uns tópicos especificos que aparecem. as vezes em for-
ma de obsenraçöes embrionarias e espeoulativas. em oulros estudi-
-_..¬..ií?
' F'ru-l`i:ssor do TJi:|1ar'l;u||v:n1o de História. ÍFCH. i_='N[C.-än'l›IF'.
l-H Pi¬s--el-mi ri-un

osos e que Wecicmann esmiuca, aprofundandose no es-tudo dos


textos da epoca. Stuart Schwarla. cpondo-se a noção de feudalismo
politico ou economico na colonia. concedia que “urna ideologia
mamida pelos senhcres de engenho...ess-enclalmente hierarquica,
iundarnentada na dominaçãc e graduaçàc. movida ao menos teori-
camente pela patronagem e leaidade...nåo tiveram origem ne coló-
nia. mas urna solida base de tradiçoes portuguesas". Frederic Mauro.
na mesa linha. iembra o caráter. a seu ver. simpiorlo da
Weltanscheuungde ricos e pobres. no periodo* e Fiuggierc Flomano
não hesitou em extender o leudaiismo americano para a própria ecc-
nomia. com insuficiente base monetaria e sem um mercado de tra-
haiho livre”. Fieia-çöes pro-capitalistas. portanto".
Fiaimundo Faoro. opcndo-se explícitamente a lesa do leu-
dalismo brasileiro. propos em seu lugar o tipo-ideal do sistema
patrimonial. cujos traços não capitalistas. por sua parte. são cla-
rost. Francisco Iglesias lol mais explicito. ao constatar que 'a
administraçao do Brasil portugues a caso de transplante de insti-
tuiçoes que se criaram e se desenvolveram na Europa durante
se-culcs"*. Wecltrnann dedica capitulos para dissecar. justamen-
te. cs regimes júrido e administrativo (pp-2SE-249) e a organiza-
ção eclesiástica lpp.1BE-221). de caracteristicas nitidamente
medievais. Talvez quem melhor tenha descrito o etnos desea so-
ciedede, entre nos. tenha sido um historiador que, embora cc-
nhecedor de nossa Historia. tivesse sido criado fora desee siste-
ma e pudesse emterga-lo com distanciamentc: Peter Eisenberg.
' 'l-'ide Stuart Schwans. Srgrsdus rirnmrnr. Engnioru ir I-.'.sc'rm'n.s nu Sociedade Cuirrnƒul, LUG-
.lã'.ï.'ï. Sao Paulo: Contpmtiuu the Letras. IPB-B. 9.213 Com csccçtluo deste titulo. lodmi as
I'I!I`!:r-l!nI.1as. no ncslmtlc ikstl I'ci±tt.†Il¬ cilam obras que nlio estilo |'lft5-entes rte. bibliografia dc
Wcclrnlann. de |'orma que es autores rmdo|11ns usados pelo autor forum. proposrcumma
cvitudos [c.g. Laura de Melo 1.- Souza). Dura tol-ma. pc-de obsmw-'ar-se que ourma :unen:-4.
olém iloqui.-los utilimdos por Wociznnann. produsirsm nrflcmlles sept-.stivas 1 mspcito de tc-
mas tratados. mais dcluihndamenlrr. nesla monogzrnfin sobre os 'craços ntetlic-ar.s no Brasil.
-` Vid: Frederic Molins. i',f Xi-".|'¢'. .5`rè-rie Eumpeìm. .-h1u~r-ri: Ét'-ein-.|nl`.i,urn. Puri.-: Frenos
Lïnivcrsitnilcs dc Francs. I'!ï.l'iU¬ p. 3-SL'
". Vi-il: Ruflficro Romano. "Arncrii:fln'l Fcutl-llism". In: H'i.t,r›ur1r¢-flmerinun Hutnrírui .Rel-¡n¡'.
H- I. I'J'B-Il¬ p HZ' li irrlp-nin.irvc`m -:Io capilal nlercanlil. no cnt1|no.lr:mir|du..tido. ha al-gw
mna docadasjil. muilos hiflonadolrs a subcsnimar a llnpcflilncia du cstudo do pauiarsalismo
de ongcm feudal no Brasil Por último. vid: Lui: F. de Alem.-asL|¬:i. '“5l;li2l- mas de Historia".
In: .l'nmn|' de Ranchos. Frlilm de São Pacto. 9.I'lli".ì\l5, p. J.
' Vldc Ronald H. C`I1|I|:otc. Trnllsipdrr Cu,pr'rul`i.m-.i f -rr Clr.|s.r-e Domillaare .rm Nrrrdrxrr. Sio-
Paulo: TA QLIBiro1'J'Ei.lusp. l'ì'9I. p. ?iEI: Regina Maria IJ`.liquino Funsccn Gldclha. "A le-i the
t|¦|1¦|si_IE50] c uabcliçio 11:11:;-cr-n-1däo.C¡piIn1iS|'ruo c força de In'ibc.|bu no Email du sotulo
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São P-tII.I|0. Hill. I??-1-¬ pr. 1511

U'.'I\L'U.'Í' rfl1I|Iu|¦'r|'t|l|||.r|\1 ,I'|||;flø.f|lr|1_ L|11_ -Í. H' I. 1 JJÉ'-.|'IH'. .ÍHWH


Äl\rntb.,=mi'1hr'~:|lil|.›B1a.'›i|' mt:|i¡l|tlath¦.u.1.us¢ ttarumos ir-lau 139

Sua resenha de uma tradução brasiieira de Gencvese apresenta


as seguintes observaçoes. extraídas do autor resenhado:
“No senhoralismo. uma fase transitoria entre o escravismo e c
capitalismo, a classe dominante realiza uma acumulação economi-
ca. mas sem converter esta riqueza em capital. Nestas sociedades,
a politica autoritaria e ocatolicismo romano prevaleceram. e retorça-
ram a ideia de que o homem e traoo e dependente da eociedade, a
qual ele sacrifica a sua liberdade individual e oterece a sua capaci-
dade para o trabatho, em troca de proteção e defesa. No
senhoriatismo. o escravocrata residia na tazenda a sua vida toda. e
eaeroia o controle social atraves do patemalismo. comportando-se
como c chele de uma tamilia extensa na qual cada mernoro tinha a
suas cbrigaçöes. 0 senhor protegía e delendla os seus dependen-
tes. enquante estes torneciam-Ihes rendas de trabalho, de produtos.
ou até de dinheiro, e obedeciam à sua orientação na Vida social e
politica”.
Wecitmann demonstra como os documentos descrevem a
vida senhorial, muito proxima a esse imagem apresentada por
Genovese e retomada por Eisenb-erg. com expressoes típicamente
teudais; não era a toa que um donatario. Pereira Goutinho. des-
crevesse sua oapitania da Bahia como 'meu propric feudo' lp.
98)”. Na verdade, a mentaiida-de senhoriai nao tinha como objeti-
vo, essenciaimente, o lucro ou a raoionalidade empresarial. mas
a satistaçao de necessidades subietivas de honra e prestigio”. Cl
anseio de investir os eventuaís lucros comerciais em compra de
fazendas e a tranaformaçâo de negociantes em senhoree remon-
ta as mais lidimas tradiooes alto-medievaisw: "as vezes. uma
geração hasta para que um homem de negocio se torne senhor
de engenho"". üutra oonseqoencia desse sistema social sera a
aversäo do brasileiro as regras impessoais. outra caracteristica
anti-capitalista e de origem teudai cuja persistencia continua a
mí-1-1-ey

' Vid: Peter L. Elscnbtrrg. "A cscmvldãu nas Alrtoncasi Gcnovcsc om portugués". In1R¢'|.'t`m.|
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[G-Í__U§' r|I¡1I|.l:||.|.I¦|I f||:||'fiIr|'rr, Jill; ¡lr FJ.unl.1flf -Í AI' l'.|I1 tlf?-I4-Â. ilffll'
140 Pt-maracas. la-.in

admirar os observadores da sociedade brasileirali.


tacos de dependencia, termos usuais do feudalismo europea.
de uso corrente entre os estudiosos de nossa sooiedadeli.
D catolicismo de tones oonotaooes e caracteristicas
vais. tanto olioial quanto popular, talvez seja o aspecto mais
vamente tratado por Weokmann. a ooniaoar pela consideraçao
propria empresa colonial como mero proiongamento do esplrito
cruzadas". 0 misticismo de padres e de teigos e estudado em
the. culo mundo dominado por santos. na melhortradição
pelo Diabo e por seres fantasticos - como indigenas com rabo
nada lembraria o racionalismo”. t'-las palavras de Wecirmann. “o
deste brasileiro ccnstitui um grande repositorio de feudalismo'
ainda hoja. Esta sua observa-cåo conduz à sua noção de
pois embora o Ilvro trate. principalmente. do periodo colonial
(1500-lïüfll. multas vezes ultrapassa esse ouadro para buscar
epocas posteriores. ou na atualidade, argumentos que podem son
ligados a idade Media. Exemplar, a esse respeito. são suas conside-
raçoes sobre o portugues brasileiro e sua imagetica: “o
das cartçoes populares brasiieiras e passadista. com sua mençao aj.
camragens, espadas, princesas encantados ou adormecidas. iob-oa*
em fiorestas. oragoes e príncipes corajosos" lp. 2211). Lembra que:

” Vido FJH'-¡both .innc K.uznosoI`. "A farttilia na sn-cicdurle litusilcira: parentesco. clicrdrjlr-Ill:
c cstrtllrtra. social lfiüru Paulo. I'?|I¦l-IQSD-l". In: R-rvi.rl'r.r .Brtr.rr`l'c.r`rd de Himlniu. 9'. I'.|'. llilfl.
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t'-Dlf'l-'-'i`.'fi'I1=Prrn'r¡rI¦r!rrrIfr.kr°.:r1'r Fflrn r1Il'd.rr*I.|o.ƒ.iI-'-t'-Id. ¡WA _


A herançzt medieval do Brasil: nternulidadc; st., _ costumes fcudais 141

nossa lingua, tão distante da prosódia lusitana moderna, fixada no


século passado, está muito próxima da lingua falada no Portugal
medieval; assim, explica que, no Brasil, “constrói-se procliticamente
frases com pronomes átonos” (p.234), tal como encontramos em
documentos medievaisz “Bon Deus me fez veer, por gran pesar pra-
zer”16.
O autor não define o que entende por “herança”, mas o senti-
do clássico do termo fornece-nos uma pista: hereditas a patribus
trad/'tur(Cícero, Off. 1,353,121 fin.), “aquilo que provém dos antepas-
sados”, “tradlção”. Embora Weckmann não cite Braudel, cujo con-
ceito de “longa duração” poderia sen/ir para entender as permanên-
cias medievais, pode afirmar-se que todo o Iivro parte do pressupos-
to de que as mentalldades são muito mais perenes do que se sói
admitir e que o historiador que ignora as especificidades das cultu-
ras do passado pode cair em anacronismo. Talvez o ponto alto do
Iivro de Weckmann, além da erudição que só pode agradar ao ieitor,
ieigo ou estudioso, seja que se apresente como uma /eitura da soci-
edade brasileira. Não pretende, de maneira holística, tudo explicar,
nem, conseqüentemente, propor um modelo de seu funcionamento
e transformaçäo. Procura, de maneira muito elegante e erudita, com
ênfase na compulsão dos documentos, apresentar facetas do Brasil,
pouco conhecidas e estudadas, de origem medieval. Recomenda-
se, portanto, sua leitura por parte de todos aqueles que se interes-
sam pela cultura nacional, cujos horizontes ampliados induzìräo, se-
guramente, a reflexöes críticas sobre nossas História e cultura.

1'” O exemplo medieval citado provém de José Joaquim Nunes. Cresta/nacía Arcaíca. Lisboa:
Clássicu. 1970. p. 326. Note-sc. no cntanto. que é o acento do pronome. que no Brasil, como
no português medieval. pronuncia-se mais pausada e claramente. que explica a colocação
pronominal corrente entre nós: vide Manuel Said Ali. Dtƒictzlrlrtdes (la Língua Portrrguesa.6a.
cd., Rio de Janeiro: Livraria Académica. l966, pp. 56-59; vidc Gladstonc Chaves de Melo.
Ittíciuçüo ir Filologizr Porrugr/e.tzr. 2a. ed.. Rio de Janeiro: Livraria Académica, 1957. pp.
219-225.

LOCUS: t'er'isrrr de hisnírin, Ju¡: dr* Fam, ml. 4, tr” 1. ¡1. 137-144, 1998
I-12

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