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Variação Linguística E Ensino de Língua Materna: Algumas Considerações
Variação Linguística E Ensino de Língua Materna: Algumas Considerações
INTRODUÇÃO
Uma variedade linguística é, portanto, uma das muitas formas de falar uma língua e
essas formas se correlacionam com fatores sociais como idade, sexo, grau de instrução,
lugar de origem, dentre outros.
Outra questão fundamental postulada pela teoria da variação é que a
variação linguística não ocorre de forma aleatória, mas de forma ordenada. Se um
falante quisesse, por exemplo, perguntar ao seu interlocutor: Você sabe onde fica a
prefeitura? teria como opções de escolha para se dirigir ao interlocutor os pronomes
tu, senhor(a), e a forma reduzida de você: cê . Podemos perceber então que há certa
regularidade entre as formas, segundo uma lógica linguística. Se fizéssemos uma
correlação entre os fatores extralinguísticos – sociais, poderíamos dizer ainda que a
forma a ser utilizada poderia variar de acordo com o grau de intimidade entre eles, de
acordo com o gênero e com idade do interlocutor, por exemplo.
Em textos especializados, a variação linguística é classificada da seguinte
forma: variação diatópica – ou variação regional, verificada através da comparação
entre os modos de falar de lugares diferentes, variação diastrática – a que se verifica
através da comparação entre os modos de falar de diferentes classes sociais, variação
diafásica – a que se verifica entre os modos de falar de um indivíduo de acordo com o
grau de monitoramento mediante a interação verbal, variação diagenérica – a que se
verifica entre os gêneros diferentes, variação diacrônica – a que se investiga ao se
comparar uma língua em diferentes etapas da história. Através do entrecruzamento
desses diversos fatores sociais, podemos compreender o que afirma Callou & Leite
(2003, p. 07):
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em tempos em que tanto se fala em inclusão social, entre tantas outras, está
mais do que na hora de os educadores repensarem suas práticas acerca do ensino de
língua materna. Cabe ao professor utilizar as bases teóricas da Sociolinguística para o
tratamento da questão da variação linguística com os alunos a fim de conscientizá-los
acerca dessa temática. É muito clara a noção de heterogeneidade linguística, mas ainda
há muito que se refletir acerca das atitudes que os falantes têm em relação às formas
variantes que não são imbuídas de prestígio social, pois quem as utiliza continua a
padecer estigmatização.
Acreditamos que o professor tem um papel fundamental na formação do
aluno, sendo capaz de fornecer subsídios para que este possa pesquisar e pensar
criticamente sobre sua própria língua. Fundamental quando tem o compromisso com
uma educação transformadora, quando compreende e faz compreender que não há
hierarquia entre os usos variados da língua, assim como não há uso linguisticamente
melhor que outro. Em uma mesma comunidade linguística coexistem usos diferentes,
não existindo um padrão de linguagem que possa ser considerado superior. O que deve
determinar a escolha de uma variedade em detrimento de outra é a situação concreta
de comunicação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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