Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
r IART I N
GUERRE
"Crostr» dc hisrórins. De contur bre uma mulher entre dois homens:
histórias, dc resgatar as falas de um verdadeiro, um impostor? O
pessoas desconhecidas..." Fiel a verdadeiro Martin Guerre lhe fora
sua paixão, a historiadora Nataiic escolhido c a abandonara. O impos
Zemon Davis recuperou dos arqui- tor a escolhera e cia o recebera por
vos a aventura de Bcrtrandc dc Rols vários anos no leito conjugal De-
e Martin Gucrrc. fendeu-o com carinho e processou-o
Eram camponeses prósperos, vi conto esposa enganada até que o
viam num povoado na França do outro Martin Guerre fez tudo para
voltar ao seu lugar.
século 16, não longe da fronteira
espanhola, casaram muito jovens c As ambiguidades de Bertran-
tiveram um filho. Um dia Martin de de Rols, o mistério de Martin
Guerre partiu. Bcrtrandc, a bela es Guerre, a sedução do impostor,
posa, esperou. Sete anos depois emergem do olhar curioso dc um
Martin Gucrrc reapareceu no po magistrado francês em 1560 c de
voado dc Artigat. Foi recebido com uma historiadora norte-americana
festas c a alegria da esposa c por .3 em 1982 pura o deleite dc quem
anos foram muito felizes. Até o dia gosta de ler histórias dc homens e
mulheres que não foram iguais a
em que, como consequência dc uma
nós.
briga de família, um processo foi
instaurado. Aquele não era o verda Eltsabelb Souza Lobo
deiro Martin Guerre?
Quando leu pela primeira vez o
enredo fantástico redigido pelo ma
gistrado Jcan de Goras, em 1560,
cm Toulouse, Natalie Zemon Davis
percebeu que encontrara o argu
mento de um filme. E por coin
cidência encontrou também Jean
Claude Carrièrc um romancista, an
tigo cenarista dc Bunuel e Daniel
Vignc, cineasta, todos com a mes
ma idéia. Do encontro resultou um
filme- Das páginas e papéis que
narraram há 4 séculos o processo de
Martin Gucrrc, Nataiic Zemon Da
vis escreveu esta hcla história so
COLEÇÃO
OFICINAS DA HISTÓRIA
VOL. 4
Direção: Edgar Stlvadori dc Deveu
Natalie Zemon Davis
O Retomo
de
Martin Guerre
T radução
Denise Bottmann
©
Paz e Term
Oficinas âa História
Copyriiht by
Édition Robert Laffont, SA, Put», 1982
Tradoxido do original «ai inglfcc
The Rfturn of Martin Guerre
cotejado corn a w sio franot«
1label <?«rballo
Revtiïo técnica
Niaraareth Ri«o
Stella Bresdani
Rtvitio
Barbara E. Beneinde»
Anuido Rocha de Amida
Vera Lúcia F. P. Giio
Femando de B. Giio
Cely Nacrai Ueraatsu
C IP B iio li G ir.à)u*»>j m iu u ir
Sindícela N oüxal Ois Bajuna de Livrai XJ.
Dm » , Nstilie /error
D?Mr O «K TO àr Msrtm Gaetn I Nsatts Arman rim s;
tm hsJin Tlreear Bnttmsan- — X io ds Jtm ivx ? n s
Te e s. I M 3
iCcleçfc Oficinas ds HiwAse, * , 4>
Tisduoti lie: Tbe Xefuin at Mietia Guare Bi
MtagnAa
I. lik e M Áiis — llu t ú r , 1. T itu la It . S k i,
C onselho E ditorial
Antonio Cândido
Celso Furtado
Fernando Gaipunan
Fernando Henrique Cordoao
1987
Impresso no Unisil/Priis/ed m Brazll
Para Chandler Davis
I
Prefacio
N.2.D.
Princeton
Janeiro de 1983
Agradecimentos
Introduise 17
De HejiJitj'e a Artjgaî 25
O Caenponts Des«>n[jentc 57
A Hünra de Bertrande de Rols 45
Ai M iseras de Arnaud du Tilh 55
O Cawtmento Iiwçnrado 61
Querelü 71
O Procès«? de Riens SS
Û Praccsso de Toulouse 95
0 ilecorno de Marti n Guerre 105
O Contador da Estons 117
Histoire prodigieuse, Histoire tragique 129
Dos Craos 159
EpÜogo 149
A L Y O N ,
PAR. ANTOINE VINCENT,
uw. t> l x J.
*™* rwhf«,
vJ™ ^fiMVia* uma
rfCUlDJ âo6, nlckd
vm ? “ ° ®*(N,^ J o T.)
¿fc tipactú. fwrvadu
O Camponês Descontente 39
D Uguedoc,
TILH ERA um nome comum na Gasconha c Lan-
ouvido com muita frequência na diocese de
Lombez, onde nasceia Amaud. Seu pai, Amaud Guilhem du
Tilh, era originário da aldeia dc Sajas; sua mãe, em solteira
Barrau, vinha da aldeia vizinha dc Le Pin. Esses lugares sc
encontravam a noroeste da diocese de Rieux, hem adiante
de Garonnei uma boa ror nada a cavalo separava Saias dc
Artigar.
Os contemporâneos dc Arnaud chamavam essa região
de Comminges. “Fértil em trigo” , escreverá seu compatrio
ta François de Bclleforest, “ fértil cm vinho, frutas, feno.
óleo de noz, painço c outras coisas necessárias à vida huma
na. [A rtgiio dc Comminges] abunda cm homens e estes
valentes e guerreiros ao máximo, . . com uma infitudade de
grandes burgos e ricas aldeias c castelos antigos, ai havendo
tanto ou mais nobreza do que cm qualquer outro lugar da
França,"’ 1
Arnaud du Tilh provavelmente descreveria sua provín
cia em termos menos bucólicos. Sajas tinha seu senhor lçan
de Vize, ao qual se sucedeu o filho Scvcrie. A antiga casa
de Comminges-Pçguilhan possuía o senhorio de Lc Pin. Isso
significava, além dos pagamentos usuais, o direito de inter-
54 O RETORNO,DE MARTIN GUERRE
O Casamento Inventado
O Processo de Toulouse
O Contador da Estória
Mais ujna rvnva guinda ern sua abra, uma üOVt edição OU
francês. Mas, atíma <k tudo, esse livro pcrrmtiaJbe julgar
novamcute o Homem que acabara de executar: condeuá-lo
uma segunda vez, mas tamWm dar-lhe, ou pelo menos n sua
e&TPcia. Uiua BCJiLindíI oportunidade-
Histoire prodigieuse, Histoire tragique*
r UJ “?™ ““
^
« H Miitm Gume, nmli,, « j w tão« É e « h « »«.tença, 7, L ™
rinha doeursos de adTOíadM. j*n
HSniftHVtí que ¡¡jalqucr Lratamen:,} titeríikí |rateriw i, c p fíil(;rifl M (
eraiOT fcooiutrii(iü por Jwne aLltúr
Histoire prodigieuse, Histoire tragique m
Em Blarn et en Franca
Maivtes filia fay t-ett J'une mamt ¡amblante
TtlUmeni que chanter te porroint atiénten!
Dt torie que Tom meutt trompé fanlemente.
H ifto ir c première.
I
E n ’ig n o re point qu’entre les grand*
miracles delà nature on n’aie de tout
/idfcndci
In tro d u ção
1. De Hendayc a Artigat
1. Go«*, p. 40,
2. ADAr, 5E6654, 37r. Nos muñí» contratos que ertaminei,
desde Le Mui-d'Azil bo longo do vale do Lise, encontre! apenas um
Mai tin antes de 15 6 1, um mitigo arrtniatirio do senhor de Saint-
Marrin-d'Oydes (ADAr, E182, Reconnaissance de 1549, 501). Coffl-
parc-se coin 0$ muiros hometis chamados Martin, Martis^ntz e Mar-
tieot na area de Hendaye, ADPyA, ljl6 0 , fl-* 4, 14 de janesio de
15 3 0 /5 1, J de maf^n de 1354 /55; B-a 45, 18 de agosto de 159B
“ Proverbes fiancnya", in Tbresor de la tangue françoyse, p- 23;
"L'Chirs ‘Martin’ d'Ariége", Bulletin annuel de la société ari¿¿dise
des sciences, lettres et arts, 22 (1966), pp, 137-9, 170-2,
3. C oibs , pp, 2-4, 40-3, 53. 76. A D H G , B , La Tournelle, vol.
74, 20 de malo de 1560. Ilierosme de Monteo*, Commentaire de
la conservation de la santé (Lyon, .1559), pp- 202-î. De Lancte,
Tableau de l'inconstance, p, 38, 41, 47; Soukrt, Vie quotidienne,
pp. 228-32, 279. A. Eamein, Le Mariait en droit canonique 1P» hs ,
1891), pp. 239-47.
4. G . Doublet, “Un Diocèse pyrénéen sous Louis X IV : La Vie
populaire dinl U vallée de l'Artère sous (épiscopat de F. E- de
Cadet (1643-16B0>", Rcuwe des Pyrénées, 7 (1895), pp. 379-80;
Xavier Ravier, "‘Le Chaxivaii en Urtsucdoc occidental”, in Le Geif
e Schmitt (oigt.), Le Charivari, pp. 411-28.
3, Le Sueur, Historia, p- 12. Coias, pp. 40, 44.
6, Le Sueur, Historia, p, 17- Coras, pp, )45-6.
7. Le ftoy Ladurie, Afonra-jííoti.. cap, 7,
8. ADAr, 5E6220, capa, corn figuras irmqtinirias de soldados;
5E6653, 1% 95T-9 6 \ 3E6656, 1 1 T, 50F i 5E6847, 12 de dewmbro de
1562; 5E6860, 11Q M 1 V . Roger Doucet, L d Institutions de U Fran
ce au X V I ' siècle (Paris, 1948), pp, 632-41. Vcyiin, Les Basques, p.
138, J, Nadid e E. Gírale, La Population catalane de 1553 à 17l7i
L'Immigration française (Paris, i960), pp- 67-74, 3 l3 ,
9, Coras, p. 5, Le Sueur, p. 4, De Lancre, p. 4 L
Í66 Notas das páginas 42-50
5, O Casamento Inventadn
6 . Querelas
7. ü Plwesso de Rieux
S. O Processo de Toulouse
pp. 163-9. ¡¡oman, ''Criminal Juiiaprudence ", pp. 55-6, u ''J uícím
etinmdle", a uLt.
10. C o m í , pp. 34.5, 47, 59, ÈB-70, 85.
1 1 - C o m í , pp. 33-6, 62, 69.79. Le Sutut, Historia, p. 14.
12. C gm s , pp. 39-66, 71-2, 73-9-
13. C o m , p 87.
1, Coras, p, 78.
2, Le Sueur., Histofin, pagina de rosto c p. 21. Louct-Eugène
de ¡a Goigue-Rosny, Rechcribes généalogiques sur ier comtés de
Ponthiru, de Boulogne, ¡¡e Guides et pays csrcorsvoisins (Paris. 1874-
1877), vol. 3, pp, 1399400. ADPC, 9B24, 120r-1 2 1 T. A. D ’Haute-
ÉeuïLIe e L . Bénard, Histoire de Boulogne-sur-Mer (Boulogne-sur-
Mci, 1806), vol. 1, pp. 314-5, 377. Dictionnaire historique et ar
chéologique du département du Pui dcGalaii. Arrondissement de
Boulogne (Arras, 1862), vol- 1, pp- 267-9. Les Bibliothèques fran-
(oisrs de Lu Croix du Mp w et Du Verdier (Parti, 1772), vol. L, p.
349. Liber qui vuigo Ter Lus Mecç&baeontm inscrthiiur, Latin i-ersi-
hut à Graeca oraiion e ex prèssus, A Gultelmo Sttdono, Caentsum
uptfd Bolouiens, Belg. putronc (Paria: Robert I I Esticnnc, 1366),
dédirait!*i a a Michel de L'Hôpital- Antiquité? de Boulogne-sur-mer
pur Guillaume Le Sueur, l i % , ed- E . Desçitlc, in Mémoires de la
société académique de ¡'arrondissement de Boulogne'sur-Mer (197S-
9), 1-312.
3, IMunit Coreiyi TalosatL, lurisconsulti Clarissimi, in Nobdis-
simunt Tifidum Puudectarutn, De vttbor. obligeUionibus, Scbvlia
(Lyon; Guillaume Rouilla, 15.50). loannis Corasii . . . vite: per An-
tonium Utffhtrr - ■ ■ in seboli Monspcliensï iuris civilis professorem,
édita. 1559, in Jean de Coras, De iutis Atie libellus (Lyon: Antoine
Vincent, 1560). O prLifirio Coras relarou suas façanhas académicas
de juventode nun» curtp de Pudua, de 22 de maio de 1535, a Jac
ques de Minut, priroeiro présidente do Tribunal de Toulouse; foi
edrtada com as cem senten;« no final do scu Miscellaneorum Iuris
Civilis, Libri Sex (Lyon. G . Rouillé, 1332). Coras, p. 36, Henri de
Mes me, Mémoires inédites, ed. E. Frétny (Paris, */d>, pp, 139-40,
178 Notas das páginas 119-121
12 . D o s C oîcqs
Epílogo
1. ADA*, 5E6653, 63r, 97r-9Br. Coras, pp. 23-4.
2. F. Pasquier, "Coutumea du Possai", pp. 278-320. Philippe
Wolffr Rcsprái íitf lc Midi m$diífnt fTculouse, 1978), pp. 412-4.
3. Frarsçois Rabelais, flnítw í, cd. J. Boulangcr (BibJiothcquc
de la. PlíLade, Parts, 1933), PtHtògtwef, prílogO, p. 169. Esse pro
vérbio í aiuubnente corrente no I-anguedc* ■ F- Mistral, JU>rr Trejor
dóst Filibyivt oti Dictítjtrjciire ProveTiçal■ FVii.Tyirif (Aixen-Pruvence,
1979), I I , 302.
4. A D H G , B, Jnsinuatíons, vol, 6, ?3v-97r. Apenas Pietre, o jv-
é descrito como o filho ca viúva de Martin Guerrt, Jebanne
CaioJIe. Ainda é menor, com dois n/ratears, o que sugere que tem
eutte 15 c 25 anos de idade e vive com a mãe. A família Lí .rol
(também Garrei, Gatolz) era de Artigat, embora dc menor staius do
que oi Rols (ADAr, 3E6Ó36, ? ) .
3. ACArt, registro de casamentos e batismos da patbquLí de
Àrtigac, 1632-1642. Tcirier de 16 5 1; Dominitrue Guerre; Gaspard
Guerra, aliás Bcuinellc: Ramond Gueiiei Jean Gueiret Jamiiies
Guerrc, François Gocrre e Martin Guerrc, irmãos; ca herdeiros de
Mark Cncrrc. Pierte RoLr Kiunicin vários campeã em comum com
os herdei™ dc Maria- Guerie. Us Guerra du Arügp-t sobreviveram
áC-i .acua p roccaacn co m m u n ir faL-JIüJiidt: (]n c u e <j i D-j|(ufctT-t: d c
Hendaye i i perse^plições à fdtlçsria no I^tbutLtd, «n 1609- Mbtíê
e Johaniwa Daguerra estavam entre testemunhas, e Fem Dajptírre,
cum 73 anos de idade, foi descrito pelo ¡ui* de Bordem* <0m0 "o mft-
tre-tfc-cerimfinitts c governador do h W", e íul ctecutado. Em 1620
ainda havia Baguerre em HaudayÉ, um bastante importante embota
Noim das páginas 150-151 185
f
©
fA ZETEIIA
U«.| K.«nr»
a wv*v
VV JJ