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Saúde: essencial, prioritária e desamparada

Os direitos sociais – elencados, primeiramente, pelas Constituições Mexicana e de


Weimar – adquiriram especial relevância após a elaboração da Declaração Universal dos
Direitos humanos. Nesse prisma, pode-se afirmar que o direito à saúde é peculiarmente
importante, pois é vinculado à vida, sem a qual não há outros direitos. Hoje contemplados pelo
capítulo destinado à ordem social em nosso Texto Magno, as garantias sanitárias encontram um
óbice natural para sua efetividade: a escassez de recursos. Destarte, é comum testemunhar o
descumprimento literal de artigos constitucionais, o que deveria dar lugar a maiores
intervenções das autoridades públicas e de nossos representantes eleitos.
Primeiramente, pode-se destacar, como causa direta do não oferecimento de remédios,
tratamentos e profilaxias, a restrição orçamentária do Estado. Apesar de ser um direito
fundamental, a saúde, como todas as outras garantias, encontra um erário limitado. Isso é
definido por doutrinadores como Princípio da Reserva do Possível. Com efeito, é realmente
difícil que o poder público consiga suprir a necessidade de todos integralmente. Mas por se
tratar de um bem basilar e inerente à condição humana, é unânime que o amálgama saúde-vida
deva ser priorizado.
Em segundo plano, há que considerar: a precariedade de serviços, como os da defensoria
pública, que não possui estrutura ou recursos humanos adequados. Essa condição decorre da
má distribuição do orçamento estatal e impede que as lides que tenham como objeto a garantia
do direito à saúde sejam devidamente solucionadas; e o excesso de burocracia envolvido nas
normas legais, o que propicia complicações na importação de compostos, nas licitações públicas
para compra de equipamentos, entre outras necessidades.
Neste contexto, a inércia política também circunda o problema sanitário. O exemplo da
inatividade do Governo Federal ao não responder às negociações da Pfizer constitui não só
absoluto descompromisso com a população, mas hipótese de crime de responsabilidade
tipificado na Lei 1079/50.
Pelas justificativas aqui expostas, é essencial que, em razão da limitação no orçamento,
sejam coordenados esforços entre as autoridades públicas – procuradorias, organizações e
outras entidades pertinentes - para que haja melhor distribuição dos recursos públicos,
priorizando-se o direito à saúde. Ademais, a atividade do poder público deve ser devidamente
fiscalizada, a fim de que sejam reduzidos substancialmente os entraves e as ilegalidades.
À vista disso, é fato incontroverso que a saúde não deve se limitar ao capital; mas é ele
quem deve, desde sempre, garanti-la.

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