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ECOLOGIA E SAÚDE HUMANA

A Pandemia de Covid-19 persiste em ondas e no Brasil, agora em outubro, já ultrapassamos a triste


marca de mais de 600 mil vidas perdidas! Agregamos um imenso valor à nossa visão de tal ameaça
planetária à medida que usamos a métrica científica conforme apresentada no recente Relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (AR6-IPCC, 2021). A conclusão principal deste
Relatório, segundo a síntese elaborada pelo acadêmico Clóvis Cavalcanti, é de que nós humanos
aquecemos o Planeta, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, determinando o caráter
antropogênico do aquecimento global. As consequências disto podem ser sentidas em todo o mundo:
ondas de calor devastadoras, acompanhadas de incêndios selvagens violentos na América do Norte;
inundações na Alemanha e China; incêndios florestais na Sibéria, Turquia e Grécia. No Brasil as
repetidas secas nas regiões Sul e Sudeste, ameaçando crescentemente a produção nacional de
hidroeletricidade.

Em síntese, a equipe de cientistas do IPCC é contundente ao afirmar que a saúde humana é sensível à
mudança nos padrões climáticos. Por isto, estamos alertas ao que acontecerá no próximo domingo, 31
de outubro, em Glasgow, Escócia, quando vários líderes mundiais estarão reunidos para a Conferência
das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021, a COP-26. Ao contrário do governo federal do
Brasil, grupos de empresários brasileiros ecologicamente conscientes e organizados em coletivos como
a Concertação pela Amazônia, a Coalizão Brasil e o Conselho Empresarial Brasileiro para o
Desenvolvimento Sustentável, defendem propostas para fazer avançar as metas de redução das emissões
de gases de efeito estufa estabelecidas pelo Brasil.

A Comunidade Científica internacional, reiteradamente, é cada vez mais enfática em reconhecer a


interdependência sistêmica entre a emergência climática e a crescente vulnerabilidade das populações
às zoonoses. É fato que ambas as emergências têm fonte comum na ação antropogênica como fator
determinante, aí incluídas as intensificações do agronegócio, do comércio internacional de animais
silvestres e da urbanização. Com a pandemia de Covid-19 se considera que as interações entre animais
e humanos podem estar na sua origem e é provável que o atual Coronavírus tenha passado de morcegos
para seres humanos. Afinal, não seria o primeiro vírus a ser transmitido de um animal para humanos,
fenômeno que já ocorreu com o HIV, vírus da Aids encontrado em chipanzés antes de causar uma
pandemia em humanos. Face à tal situação, a APC faz eco à voz da Comunidade Científica Internacional,
dando conta de que a pandemia de Covid-19 é uma dolorosa e triste comprovação da relação simbiótica
entre Mudanças Climáticas e Saúde Humana que está a exigir repensarmos o mundo que estamos
desenvolvendo!

É necessário portanto chamarmos atenção para o que acontecerá em Glasgow e pressionarmos o


Ministério do Meio Ambiente para atender ao contundente alerta do IPCC deixando claro que é
imprescindível administrarmos nossos sistemas ecológicos de acordo com uso sustentável dos recursos
naturais. Sob o crivo de uma “Ciência com Consciência”, portanto, como bem advertiu Morin, fica claro
que a Saúde Humana e o Bem-estar das populações são questões civilizatórias vitais que estão em
absoluta interação com a dinâmica ecológica global.

Enfim, é fundamental discernir que o retorno pós pandêmico não deve ser ao “normal” à medida que a
compreensão da interdependência entre as crises da emergência climática e da Saúde Humana abre a
possibilidade de repensarmos o que realmente queremos deixar como herança para as futuras gerações!

NOTA DA ACADEMIA PERNAMBUCANA DE CIÊNCIAS (APC), 27 outubro 2021


Elaborada pelos Grupos Temáticos Vacinas e Saúde / Ecologia Integral da APC.

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