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cada uma das ações previstas nestes programas, permite-nos identificar os principais avanços e
dificuldades enfrentados para a implementação das políticas públicas em consonância com as
diretrizes da Constituição de 1988 que reconhece e orienta o respeito à diversidade étnica do
Estado brasileiro.
O Programa Território e Cultura desenvolvido, integralmente pela Funai, é responsável por
questões ditas estratégicas para o País e de responsabilidade exclusiva a do Estado. Nela estão as
política fundiária e a proteção ao patrimônio cultural das comunidades indígenas. No Programa
Etnodesenvolvimento encontram-se as ações que, segundo o Plano de reforma do Estado, não são
exclusivas do Estado: saúde, educação e a questão da autosustentação das comunidades
indígenas. Na sua grande maioria, as ações destes programas foram orçamentaria e politicamente
retiradas da responsabilidade da Funai e transferidas para a esfera de outros ministérios. Enquanto
o primeiro Programa sofre com a indefinição institucional da Funai dentro da Reforma do Estado, o
segundo é dinamizado, inovando em processos institucionais e ações.
O Programa Território e Cultura, apesar de mais estratégico para o Estado brasileiro, é o que
possui o menor orçamento e a mais baixa execução orçamentária no orçamento de 2000. Dentre
as ações com pior execução, por exemplo, temos as relativas à demarcação de terras com apenas
8,3% de gastos.
Ainda dentro do Programa Território e Cultura encontramos ações referentes a vigilância e
fiscalização das terras indígenas. Para 2000, o seu orçamento é de apenas R$ 4,0 milhões. Além
de reduzido, não vem sendo executado – até 15/09 haviam sido gastos apenas 13,5% dos recursos
previstos. A situação se agrava com a proposta do governo para 2001 onde está previsto uma
redução de 50%. A situação da vigilância e proteção das áreas indígenas é especialmente crítica
se considerarmos o incremento das ameaças socioambientais sobre estes territórios, com os
avanços das frentes de desenvolvimento , e também, pelo fato de maior parte das terras
indígena concentrar-se em áreas de fronteira na Amazônia — estão altamente vulneráveis aos
conflitos potenciais advindos do Plano Colombia6, tornando totalmente injustificáveis uma redução
do orçamento para área tão sensível dentro do atual contexto geopolítico onde as áreas de fonteira
sâo hegemonicamente indígenas
No Programa Etnodesenvolvimento, onde estão 80% dos recursos para atividades
finalísticas, estão os projetos, que por suas naturezas, foram mais efetivos no tocante aos
processos de descentralização e terceirização da ação do Estado. Dele constam as ações de
saúde, que passam, a partir do orçamento de 2000, a ser atividade inteiramente coordenadas pelo
Ministério da Saúde com execução descentralizada através de Distritos Especiais Indígenas de
Saúde — sendo a coordenação dos principais Distritos realizadas por organizações indígenas,
ONGs indigenistas e municipios —, e que vêm apresentando performance orçamentária positiva e
crescente. Temos também as ações de educação, sob coordenação do MEC, que também foram
descentralizadas. Isso ocorre, no entanto, a partir de outro modelo: a estadualização e
municipalização, apresentando índices orçamentários e monitoramento aquém da demanda e do
potencial. E por fim, os projetos de autosustentação econômica, que em iniciativa recente, mas
bastante relevante, passam a tomar a forma de fundos de projetos abertos: as organizações
indígenas e ONGs indigenistas.
Convidamos o leitor a seguir adiante onde pretendemos detalhar a situação orçamentária
de cada um dos projetos dos Programas Território e Cultura e Programa Etnodesenvolvimento. Um
de nossos intuitos com esta análise é oferecer subsídios para o entendimento das alterações
recentes na relação entre o Estado e os povos indígenas e para o monitoramento e intervenção dos
povos indígenas e a sociedade civil no aprimoramento dos instrumentos públicos de assistência às
populações indígenas.
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megaoperação de combate a guerrilha e o narcotráfico na regia~de selva da Colombia, com macissi injeção de recuros americanos
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31700 32287
30000
20000
9769 11204
8500 7711 7265
10000 4463 4570 6000
3351 2227 3500 2786 3140 3300
2639 3215
792 561 439172 550 27 34 527 456
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orçamento medio anual1995-1999 orçamento 2000 gastos até 15/09/2000 Colunas 4 proposta de orçamento 2001
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proposta do Governo para 2001 onde está prevista uma redução de 50% do orçamento para
fiscalização e vigilância.
Para as ações de gerenciamento e recuperação ambiental em terras indígenas, a
situação é ainda mais grave: a média de orçamentos entre 1995/1999 é de R$ 1,0 milhões/ano.
Em 2000 temos pela primeira vez uma rúbrica específica dentro do Ministério do Meio Ambiente
para a proteção ambiental em terras indígenas, R$ 845 mil para gestão ambiental a ser executado
pela Secretária da Amazônia, que soma-se a R$ 475 mil na FUNAI. No entanto, até 15 de
setembro haviam sido gastos apenas 10% destes recursos. Para 2001 o recurso para gestão
ambiental dentro do MMA foram aumentados em 100%.
PROGRAMA ETNODESENVOLVIMENTO
Este Programa recebeu dotação de 82% de recursos do orçamento federal para projetos
com povos indígenas em 2000, assim distribuído: 67% para saúde indígena; 3% para educação e
9% para auto-sustentação econômica. O gráfico, a seguir, apresenta sucintamente informações
sobre os valores orçados e gastos até 15/09 , comparando-os com os valores propostos pelo
Governo federal para o orçamento de 2000.
Saúde Indígena
Em 2000, temos o primeiro ano em que o atendimento da saúde indígena é
responsabilidade integral do Ministério da Saúde. Isto é resultado da consolidação de mudanças
que vinham sendo gestadas a anos e que culminarão na regulamentação e criação do sub-
sistema diferenciado de saúde do índio11.
Com base nestas mudanças, houve a transferência das ações de atenção à saúde
indígena, pessoal, patrimônio e orçamento da FUNAI para a FUNASA12, que assumiu a
responsabilidade de estruturar o Subsistema de atenção à Saúde Indígena, organizado na forma
de 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI)13 , articulado com o Sistema Único de Saúde
– SUS. A execução das Ações das Atenções Básicas estão sendo feitas em parceira, via
convênios, com as organizações indígenas, organizações não-governamentais e prefeituras
O orçamento para saúde indígena apresenta uma significativa elevação em 2000 se
comparado com média dos últimos cinco anos (R$ 31,7 milhões/ano) , passando para um valor de
R$ 60,4 milhões no orçamento atual. O índice de efetividade dos gastos, de 62% em 15/09, é o
melhor de todos os projetos feitos para povos indígenas elaborados até aquela data.
11 o
Além das disposições constitucionais e das Leis 8.080 e 8.142, se pautou na Medida Provisória N 1911-08, de 29/07/99 e na Lei
9836, de 23/09/99, que estabeleceram a responsabilidade do Ministério da Saúde/Fundação Nacional de Saúde e a definição do
Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.
12
A MP transferiu cerca de 150 postos de saúde, 30 casas do índio, móveis, imóveis, acervos, documentais e equipamentos, inclusive
veículos, embarcações, e aeronaves. Também forma transferidos cerca de 700 servidores que exercem atividades de assistência a
saúde do índio fonte: Notícias da FNS em 03/12/99
13
DSEI de Alagoas e Sergipe - Sede: Maceió - AL, DSEI do Amapá e Norte do Pará - Sede: Macapá - AP,DSEI de Altamira - Sede:
Altamira - PA;DSEI do Alto Rio Juruá - Sede: Cruzeiro do Sul - AC;DSEI do Alto Rio Purus - Sede: Rio Branco - AC, DSEI do Alto Rio
Negro - Sede: São Gabriel da Cachoeira - AM, DSEI do Alto Rio Solimões - Sede: Tabatinga - AM , DSEI do Araguaia - Sede: São
Félix do Araguaia - MT ; DSEI da Bahia - Sede: Salvador - BA; DSEI do Ceará - Sede: Fortaleza - E;DSEI de Minas Gerais e Espírito
Santo - Sede: Governador Valadares - MG;DSEI do Interior Sul - Sede: Chapecó - SC;DSEI do Vale do Javari - Sede: Atalaia do Norte
- AM;DSEI de Kayapó - PA - Sede: Redenção - PA,DSEI de Kayapó - MT - Sede: Colider - MT, DSEI do Leste de Roraima - Sede: Boa
Vista - RR; DSEI do Litoral Sul - Sede: Curitiba - PR; DSEI de Manaus - Sede: Manaus - AM;; DSEI de Guamá-Tocantins - Sede:
Belém - PA;DSEI do Maranhão - Sede: São Luiz - MA; DSEI do Mato Grosso do Sul - Sede: Campo Grande - MS;DSEI do Médio Rio
Purús - Sede: Lábrea - AM; DSEI de Parintins - Sede: Parintins - AM; ; DSEI de Pernambuco - Sede: Recife - PE;DSEI de Porto Velho -
Sede: Porto Velho - RO;DSEI Potiguara - Sede: João Pessoa - PB;DSEI de Cuiabá - Sede: Cuiabá - MT;DSEI do Rio Tapajós - Sede:
Itaituba - PA;DSEI do Médio Rio Solimões e Afluentes - Sede: Tefé - AM; DSEI do Tocantins - Sede: Palmas - TO;DSEI de Vilhena -
Sede: Vilhena - MT,DSEI Xavante - Sede: Barra do Garça - MT;DSEI do Parque Indígena do Xingú - Sede: Canarana - MT;DSEI
Yanomami - Sede: Boa Vista - RR
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Informações do Ministério da Saúde dão conta que, desde a vigência do Decreto que
transferiu integralmente a saúde indígena para FUNASA, houve um significativo incremento na
contratação dos profissionais14 e de investimentos15 para o atendimento e assistência à saúde.
Na proposta de orçamento para 2001, o orçamento para a saúde indígena apresenta um
crescimento de 33% quando comparado ao orçamento de 2000, reforçando a tendência de
prioridade com a questão da saúde indígena, já presente no orçamento de 2000.
Educação Indígena
A área de educação indígena é a que possui um dos menores volumes de recursos dentro
do orçamento federal para povos indígenas: apenas 3% do total para projetos em 2000 são
destinados à educação. O orçamento 2000 é de R$ 2,6 milhões (inferior à média orçamentária
1995/1999 que é de R$ 3,3 milhões/ano), sendo que até 15/09 haviam sido gastos apenas 17%
deste montante.
Apesar de o Ministério da Educação ser o responsável pela educação indígena deste
1991, quando o Decreto 26/91 do então presidente Collor de Melo retirou a incumbência
exclusiva da FUNAI em conduzir processos de educação escolar e atribuiu ao Ministério da
Educação – (MEC) a coordenação das ações16, e aos estados e municípios a sua execução
apenas em 2000, em termos orçamentários, o MEC passa a ter uma rubrica específica para a
educação indígena e que apresenta previsão de gastos de apenas R$ 0,4 milhões. Outros R$
2,2 milhões para educação indígena estão previstos no orçamento da FUNAI.
No entanto, os baixos valores são ínfimos se comparados com à demanda existente:
são 1591 escolas indígenas e 76.293 alunos matriculados no ensino de 1.ª a 4.ª séries. Em
tese, outros recursos para escolas indígenas estão diluídos dentro do orçamento global do
sistema de ensino do MEC, sendo função de Estados e municípios repassá-los às escolas
Indígenas. Na prática, no entanto, existem pouquíssimas condições para o monitoramento desses
recursos de forma a assegurar que eles efetivamente chequem às escolas indígenas.
Entre as principais ações desenvolvidas pelo MEC em apoio a educação indígena estão: a
formação de professores índios17; a produção de materiais didáticos específicos para as escolas
indígenas18 e a divulgação da temática indígena para as escolas não índias.
O próprio MEC reconhece que “as normas adotadas pelo sistema de ensino contradizem
os princípios da educação diferenciada quando tomam como referência para a criação de escolas
critérios que não se adaptam à realidade indígena “
Entre os principais problemas da inclusão da educação indígena dentro dos sistemas
oficiais de ensino estaduais e locais, em detrimento de uma autonomia curricular e administrativa
reivindicada pelas organizações dos professores índios, podemos citar a tradição de uma política
pública homogeinizadora e a resistência das secretarias de educação locais em promover uma
educação diferenciada. Também podemos ressaltar a falta de abertura à participação indígena
autônoma nas esferas descentralizadas de poder, o que tende a impor e submeter os professores
índios a hábitos clientelistas típicos das administrações municipais e estaduais.
14
– situação em 25/02Contratados: total 3437 / 74%( médicos 138, enfermeiros 252, auxiliar de enfermagem 704, dentistas 104, ag.
Indi de saúde 1545 outros 735)
15
Adquiridos 191 veículos, 138 barcos, rádios 269,
16
A educação indígena dentro do MEC é atribuição da Secretária de Ensino Fundamental dentro do qual foi criado a Coordenação
Geral de Apoio a Educação Indígena (CGAEI) com a função de coordenar as ações para a educação escolar indígena e de
estabelecer diretrizes específicas para as escolas.
17
os projetos de formação, apoiados pelo MEC, e desenvolvidos por ONGs, atingem cerca de 500 professores e os das secretarias
de educação atingem cerca de 1600 professores
18
Informações da CGAEI tão conta que até 1999 o MEC havia apoiado a produção 40 cartilhas indígenas
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ANEXOS:
outros
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autosustenta economica
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AUTOSUSTENTAÇÃO 7.264.672,00
2178 ASSISTÊNCIA TÉCNICA EM ÁREAS INDÍGENAS(Minist. Agric.) 240.000,00
1712 CAPACITAÇÃO DE INDÍGENAS E TÉCNICOS DE CAMPO PARA O DESENVOLVIMENTO DE 460.000,00
ATIVIDADES AUTO-SUSTENTÁVEIS EM TERRAS INDÍGENAS(Funai)
2711 FOMENTO ÀS ATIVIDADES PRODUTIVAS EM ÁREAS INDÍGENAS(Funai) 6.564.672,00
OUTROS 3.860.547,00
2967 GESTÃO AMBIENTAL EM TERRAS INDÍGENAS NA AMAZÔNIA(MMA) 1.832.550,00
3630 DEMARCAÇÃO DE ÁREAS INDÍGENAS EM MATO GROSSO 591.500,00
3634 FISCALIZAÇÃO DE ÁREAS INDÍGENAS DE RONDÔNIA 451.304,00
3020 AÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS EM TERRAS INDÍGENAS NA BACIA DO ALTO RIO PARAGUAI - 985.193,00
PANTANAL(MMA)
TOTAL 234.628.493,00
FONTE: SIAFI/STN/COFF-CD
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Fonte: SIAFI/STN/COFF-CD
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