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FACULDADE NORTE PARANAENSE – UNINORTE

DIREITO

INEZ OLIVEIRA DO ESPÍRITO SANTO

RESENHA DO LIVRO

A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - KONRAD HESSE

LONDRINA
2012
INEZ OLIVEIRA DO ESPÍRITO SANTO

RESENHA DO LIVRO

A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - KONRAD HESSE

Trabalho apresentado ao curso de Direito,


da Faculdade Norte Paranaense -
UNINORTE, 8º Período, da disciplina de
Controle Judicial Da Administração
Pública.

Professor: Dr. Wesley Macedo De Sousa

LONDRINA

2012
A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - KONRAD HESSE (DIE NORMATIVE
KRAFT DER VERFASSUNG) - Professor da Universidade de Freiburg i. Br. Alemanha. Juiz Ex-Presidente
da corte constitucional alemã (Bundesverfassungsgericht)

Tradução de GILMAR FERREIRA MENDES – Procurador da República e


Doutorado pela Universidade de Munster, Alemanha

Editora Sérgio Antônio Fabris: Porto Alegre, 1991.

Nas 15 páginas da obra A Força Normativa da Constituição o Autor


Konrad Hesse (1919-2005), esforça-se em evidenciar que não há de se verificar
uma derrota da Constituição quando colocamos a mesma em oposição aos fatores
reais de poder. Há intenções que podem ser realizadas e que permitem assegurar a
força normativa da Constituição, mesmo quando a submetermos a confrontos com
os fatores reais de poder. A transformação das questões jurídicas em questões de
poder, somente poderá ser possível quando essas intenções não puderem atingir os
seus objetivos.

Enfatiza que a Lei fundamental de um Estado somente poderá ser vista


como uma força funcional, capaz de produzir uma autoridade ativa, eficiente e
participativa, quando nela for constatada uma tendência de orientar o próprio
comportamento humano de acordo com a ordem nela constituída. É preciso que se
tenha uma consciência geral de vontade de constituição e não somente de vontade
de poder, como sempre se verificou na maioria dos governantes responsáveis por
garantir a ordem constitucional.

A necessidade de constituição baseia-se na compreensão da dimensão e


do valor de uma ordem normativa resistente, que proteja o Estado contra os
desmando desenfreado. Demonstra que a ordem constitucional é mais do que uma
norma legitimada pelos fatos e que não se tornará eficaz sem a colaboração da
vontade humana, vontade essa que deve ser compartilhados por governo e
governados.

Sua abordagem dos pontos fundamentais que devem nortear uma


constituição, objetiva colaborar para que esse ponto de vista tenha força de provocar
uma discussão produtiva entre os componentes do Estado acerca do que significa e
o valor que tem uma constituição. Demonstra a necessidade de preservação da
essência da constituição, da sua força normativa.

Na visão do autor a história constitucional revela que o poder da força


aparece sempre superior à força das normas jurídicas. Os fatores reais de poder
formam a Constituição real do País e revelam que a mesma apenas manifesta as
relações de poder nele dominantes. As relações relativas a fatos jurídicos
resultantes da união dos fatores reais de poder constituem a força ativa
determinante das leis e das instituições da sociedade.
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Segundo o autor, existe a Constituição Jurídica e a Constituição Real. A


capacidade que tem aquela de regular e de motivar está limitada à sua adequação
com esta. Caso isso não ocorra, o conflito será inevitável, cujo desfecho se verificará
na Constituição escrita que segundo alguns autores são semelhantes a um “pedaço
de papel que perderá a força diante dos fatores reais de poder dominantes no país”.

Sopesando as consequências, a idéia de força determinante das relações


jurídicas significa que a justaposição de realidade e norma constitui apenas um limite
duvidoso, entre a norma escrita e a realidade existe um estado de rigidez necessário
e inseparável que não se deixa eliminar.

O fundamento da Constituição Jurídica não resistirá sempre em face da


Constituição Real. O Direito Constitucional estará em contradição com a própria
essência da Constituição.

Hesse declara que a Constituição contém uma força normativa que


estimula e coordena as relações entre os cidadãos e o Estado, e dentre eles. Por
conseguinte, rejeita o que preconiza seus opositores quando afirmam que o Direito
Constitucional teria apenas a função de justificar as relações de poder dominantes.

O autor esclarece que é preciso uma adaptação mútua entre a


constituição jurídica e a realidade político-social. De outra maneira ocasionaria uma
Norma carente de qualquer elemento da realidade ou de uma realidade sem
qualquer elemento normativo. A Norma Constitucional não tem existência autônoma
em face da realidade. A Constituição não forma apenas a expressão de um ser,
mas também de um dever ser. Graças ao objetivo de eficácia, a Constituição
procura colocar ordem e adaptação à realidade política e social.

É importante frisar que devem ser presumidos os limites e as


possibilidades de atuação da constituição jurídica: tanto a real quanto a jurídica se
coordenam harmoniosamente, mas independem uma da outra. Ainda que não de
forma definitiva, inabalável, a Constituição jurídica tem significado próprio. A
Constituição somente consegue força normativa quando, proporcionalmente, realiza
seu objetivo de eficácia.

A força que constitui a razão de ser e a eficácia de uma Constituição


manifesta-se na natureza das coisas, conduzindo-a e transformando-a, desta forma,
em força ativa. A Norma Constitucional somente poderá ser eficaz, dotada de poder
e de prestígio se for determinada pelo princípio da necessidade.

A força e a eficácia da Constituição abrigam-se na sua vinculação às


forças espontâneas e às tendências dominantes do seu tempo, o que acarreta o seu
desenvolvimento e a sua ordenação com propósitos definidos.

Nessa obra fica claro que o autor constata que o limite de uma
constituição jurídica termina quando a ordenação constitucional não mais se basear
na natureza específica de uma realidade presente. Quanto mais o conteúdo de uma
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Constituição corresponder à natureza peculiar de uma realidade atual, mais seguro


será o desenvolvimento de sua força normativa.

A hermenêutica jurídica do texto constitucional é fundamental. A


interpretação adequada é aquela que consegue concretizar o sentido do enunciado
normativo dentro das condições reais dominantes numa determinada situação.

Nos ensinamentos de Hesse, pode-se concluir que a Constituição jurídica


está condicionada pela realidade histórica. Não é formada apenas pela expressão
de uma determinada realidade. Graças ao elemento normativo, ela ordena e ajusta a
realidade política e social.

Como preconiza Hesse, deve haver um balanceamento harmônico entre a


realidade do poder e a força que a normatividade possui. Uma Constituição não
pode atender todos os casos especificamente o que originaria uma lei de proporções
inexeqüíveis.

Revisar uma constituição, na opinião do autor pode enfraquecê-la, se faz


necessária uma avaliação situacional pormenorizada. Diante da evolução histórica
do Estado, é imprescindível a tomada de medidas de equilíbrio nas ações da
sociedade, revogar paradigmas obsoletos e melhorar a avaliação dos planejamentos
internos, ou corre-se o risco de tornar as Leis excluídas da evolução e, portanto,
desnecessárias, antiquadas e condenadas pela sociedade, pelos governados.

Na opinião do autor, logicamente guardando determinados limites, se


torna imperioso uma revisão Constitucional.

Inez Oliveira do Espírito Santo – Tecnóloga em Processamento de dados; Técnica


Ambiental e acadêmica de Direito na UNINORTE

REFERENCIAL BIBIOGRÁFICO

HESSE, Conrad. A força normativa da constituição. Tradução de Gilmar Mendes.


Porto alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1991.

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