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RESUMO DE DOIS CAPÍTULOS DO LIVRO “A SITUAÇÃO DA CLASSE

TRABALHADORA NA INGLATERRA” - FRIEDRICH ENGELS


O proletariado industrial
Londres, uma cidade com grande concentração de pessoas que se tornou a capital
comercial do mundo. Contudo, essa condição custou sacrifícios e muitos londrinos
tiveram que sacrificar a melhor parte da condição humana, para que poucos pudessem
se desenvolver. A indiferença ao próximo e o interesse pessoal são aspectos que
propiciaram uma guerra social, ou seja, uma guerra de todos contra todos. Nessa guerra,
as armas de combate são o capital, a propriedade direta ou indireta dos meios de
subsistência e dos meios de produção. O ônus de tal situação recai sobre os pobres, que
devido a extrema situação de fome e miséria acabavam morrendo. A isso chamavam os
operários de assassinato social.
Em primeiro lugar, é analisado as habitações. Todas as grandes cidades têm um
ou vários “bairros da má fama”, onde se concentra a classe trabalhadora. As construções
são as piores: sem esgotos ou canais de escoamento; sem ventilação; com poucos e
concentrados cômodos; com ruas sujas e irregulares. Habitações tão miseráveis que
nem sequer os ladrões esperam encontrar algo para roubar.
O bairro St. Giles tem ruas amplas e iluminadas com intensa agitação. Os mercados
são as próprias ruas. As casas são habitadas desde porões aos desvãos, sujas por
dentro e por fora. Em suas ruas há milhares de becos e vielas. Os proprietários desses
alojamentos exploram legalmente seus inquilinos, por meio de aluguéis exorbitantes. Os
desabrigados que conseguem pagar os albergues noturnos são afortunados. Esses
alojamentos são lotados por uma mistura de pessoas de diferentes sexos e idades.
Dublin, uma outra cidade do Reino Unido, possui dois extremos, a beleza e a
pobreza. Sua miséria é tão grande que a única instituição beneficente, atende ao dia um
por cento da população total. Seus bairros chegam a ter habitações com 151 pessoas e
apenas duas camas e dois cobertores.
Em Edimburgo, uma cidade escocesa, o cenário não é outro. A sordidez é evidente.
As pessoas dormem com animais e em consequência enfrentam insetos, sujeira e
miasmas. Em relação as cidades inglesas, a quantidade de pessoas que moram em um
mesmo espaço é aqui ainda maior. Palhas, fazem o papel da cama. Excrementos e
detritos são jogados em valetas, que representam perigo a saúde dos moradores.
Liverpool e Bristol, assim como as outras cidades portuárias, apesar de suas
riquezas, oferecem as mesmas barbáries. Birmingham, outra grande cidade industrial,
apresenta a mesma situação deplorável, no entanto possui construções mais modernas
e racionais, fator que contribuiu para a diminuição de aglomerações e consequentemente
para a redução nos casos de mortes durante pandemias.
Glasgow, outra grande cidade, assemelha-se a Edimburgo em suas construções.
Nela, cerca de 78 por cento da população é operária. Acredita-se que seus bairros
tenham sido o ponto de origem de terríveis epidemias e que são descritos com tanto
pauperismo, que nenhum outro ser merecia estar em tal situação. Além disso, o furto e
a prostituição eram os principais recursos dessa população. As casas catalogadas como
inabitáveis são as mais habitadas, isso porque a lei proíbe que sejam cobrados aluguéis.
As cidades pertencentes às grandes zonas industriais sofrem de grandes
inundações malcheirosas, espessas e negras, deixando imundícies imagináveis. Nesses
períodos de cheias, são relatadas duas mortes a cada três nascimentos.
South Lancashire, região onde a indústria inglesa realizou sua obra-prima e onde
parte os movimentos operários, é o tipo clássico da moderna cidade industrial.
Manchester é seu grande centro e em semelhança as regiões periféricas, apresenta
operários, industriais e pequenos negociantes, mas se difere por uma população
comercial muito importante. Nessas cidades, a fumaça toma conta do ar. Em seus
bairros, partes da cidade são separas e reservadas à classe média.
A distribuição geográfica é dada por uma espécie de anel, cuja porção externa é
ocupada pela burguesia e a região interna pela classe operária. Assim, os ricos podem
utilizar o caminho mais curto, sem se aperceber que estão cercados pela mais sórdida
miséria. A aparência das lojas descreve os seus fregueses. O urbanismo ampliou-se até
não restar um único centímetro livre. Pátios, são cercados por um charco de urina e
excrementos. Porcos, remexem os lixos das ruas nessa região. Irk, um estreito curso
d’água cheio de imundície e detritos, estagna-se embaixo de um lado do Long Millgate,
ainda em Manchester.
Tudo isso é obra exclusiva da indústria, que não poderia existir sem esses
operários, sem sua miséria e a sua escravidão. Ao contrário de ter uma iniciativa para
melhorar essa situação, o que ocorre é uma busca pelo maior lucro possível sem se
preocupar com o conforto e a saúde dos moradores.
Pátios, são os palmos de terras irregulares entre as casas dos operários. Essas
regiões são divididas em filas, sendo a primeira e a terceira as que recebem melhores
circulações de ar e são cobradas a preços maiores. Esse é um novo sistema de
organização, melhor que o antigo, mas que não durou muito. A avareza que preside a
construção, a frequência que permanecem desabitadas, a ausência de reparos, fazem
com que essas casas fiquem em ruínas. E mesmo sendo moradias ruins, ainda existem
empregos que exigem que os trabalhadores residem nesses locais.
Pequena Irlanda, situa-se ao lado de Manchester e fica abaixo do nível do rio. Essa
região, é circundada por fábricas e aterros e compõe o mais baixo escalão da
humanidade. Hulme, também ao lado de Manchester, tem mesmo suas áreas com
baixas densidades habitacionais, não se livram da lama.
Os operários de Manchester e os arredores vivem, quase todos em habitações
miseráveis: sem ventilação, sem limpeza, sem conforto. A única coisa que importa é o
máximo lucro do construtor. Albergues são inúmeros. Os operários vivem em condições
desumanas, mal alimentados e esfarrapados.
Os trajes dos operários são calças ou casacos de fustão ou qualquer outro tecido
grosso, que são pouco adequados ao clima. Eles usam tecidos que “são só para serem
vendidos, não para serem usados”. Constantes são as roupas rasgadas, remendadas e
sujas.
Semelhante aos trajes é a alimentação dos operários, que se deparam as sobras
de alimentos de má qualidade. Relatos contam que lojas vendem carnes impróprias ao
consumo e mesmo assim, saem impunes. Varejistas e fabricantes adulteram todos os
gêneros de produtos. Açúcares são misturados com farinha de arroz e até sabão. Cacau
são misturados com terra. Farinha é misturada com gesso ou argila. Contudo, o rico não
é enganado.
Além disso, os operários são enganados em relação a quantidade, que tem os
pesos e as medidas dos alimentos adulterados. A alimentação habitual de cada operário
varia conforme o seu salário e o tamanho da família. Já os desempregados, recolhe-se
tudo que pode conter um só átomo de substância comestível.
A concorrência
Uma das causas da miséria é a concorrência, que deu origem ao proletariado por
meio de alguns fatores: concentração do capital, aglutinação da população nas cidades;
trabalho em apenas uma tarefa; instauração de uma guerra de todos contra todos. No
entanto, a pior consequência disso é a concorrência entre os trabalhadores: o irlandês
concorre com o inglês e reduz gradativamente seu salário e assim, seu grau de civilidade.
O proletariado, de direito e de fato é escravo da burguesia. Se a procura por
operários cresce, seu preço sobe; se diminui, seu preço cai, se manter certo número de
operários não é vendável, então eles ficam em estoques, e se não houver meios para os
subsistir, eles morrem. Contudo, diferentemente da escravidão, os capitalistas podem
dispensar os operários sem perder nada. Mas, se todos afirmassem sua decisão de
morrer de fome a trabalhar para a burguesia, esta seria obrigada a renunciar seu
monopólio. Contudo essa possibilidade é praticamente irrealizável e, por isso, a
burguesia prospera.
O limite mínimo do salário é dado ao operário fabril que precisa garantir um dinheiro
que lhe permita educar seus filhos para um trabalho regular. A quantidade de
empregados e de membros trabalhando em uma família, contribuem para uma melhor
condição de vida. Ao pior dos casos, os operários preferem renunciar seu grau de
civilidade a deixar de existir.
O limite máximo do salário é estabelecido pela concorrência entre os burgueses,
que fazem com que o dinheiro renda juros. O salário médio, ou seja, um pouco superior
ao mínimo, é aquele estabelecido quando nem os operários nem os capitalistas têm
motivos para empreender a concorrência.
Os trabalhadores vivem uma melhor vida, até que produzam um número suficiente
de operários. Quando se atinge um auge, a “população supérflua é varrida”. Nessa
medida a teoria da população de Malthus está perfeitamente justificada. Além disso, os
burgueses fazem “cortes de gastos” à medida que diminuem a quantidade de operários
e aumentam o horário de trabalho dos que permaneceram, sem aumentar o salário deles.
Uma série de pequenas crises se repetem periodicamente. Depois de um breve
período de prosperidade; os mercados internos e externos se veem inundados de
produtos e a atividade industrial estagna-se. Após um período de notícias favoráveis
voltam a estimular as atividades. A sociedade permanece nesse ciclo.
Os “supérfluos” são trabalhadores desempregados que são colocados sob reserva
durante os períodos de grande prosperidade. Eles se mantêm vivos graças a pequenos
ganhos ocasionais, ora varrendo ruas, ora mendigando, ora praticando comércio
ambulante. Contudo, com o surgimento de máquinas que limpam ruas, esses
trabalhadores perderam um de seus meios de sobrevivência. Aqueles que tem paixão
suficiente para rebelar-se contra a burguesia, atiram-se ao roubo, à pilhagem e ao
assassinato.
Os impostos para os pobres são absolutamente insuficientes; a beneficência dos
ricos é uma gota de água no mar, cujo efeito desaparece num instante; a mendicância,
quando muitos a exercem, serve a poucos.

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