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-Elementos disciplinadores e relações de poder

A manipulação das redes como elemento disciplinador:

No âmbito econômico: as propagandas nas redes sociais influenciam o


consumismo e geram, consequentemente, uma produtividade na economia.

No âmbito político: os dados obtidos nas redes sociais são utilizados com o
objetivo de controlar a opinião dos usuários, como, por exemplo, em relação às
escolhas na votação de algum candidato, plebiscito ou até mesmo reprimindo
manifestações.

-Reflexão

A sociedade contemporânea está passando por diversas transformações


graças ao surgimento da internet. Entre essas mudanças, destaca-se a manipulação
dos dados feita por empresas, instituições e governos que têm, em comum, o
objetivo de tornar o corpo manipulado mais produtivo, útil e dócil. Sob esse viés, é
possível relacionar os conceitos de instrumentos disciplinadores e de relação de
poder, do sociólogo Michel Foucault, com o uso da internet, sobretudo nas redes
sociais, a qual pode se apresentar tanto no âmbito econômico, quanto no âmbito
político.

Em primeiro lugar, cabe analisar como o uso de celulares e de outros


aparelhos eletrônicos influenciam as escolhas de consumo dos usuários. No
Instagram, a cada três “stories” um anúncio; no Youtube a cada vídeo uma
propaganda. Esse bombardeamento de marketing é selecionado e escolhido
propositalmente de acordo com as pesquisas e com a frequência dos usuários
nesses meios. Dessa forma, as empresas usam os dados obtidos a partir das
informações selecionadas, para influenciar e disciplinar os indivíduos na compra de
algum produto. Assim, os internautas, ao fazerem o papel de corpos dóceis, são
monitorados e controlados com o objetivo de torná-los seres cada vez mais úteis
para o sistema econômico vigente.

No âmbito político, podemos explicar o exercimento do poder e suas


relações, a partir do caso da empresa de análise de dados “Cambridge Analytica”,
que em 2016 trabalhou na campanha eleitoral do atual presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump. Primeiramente, a Cambridge Analytica analisou os dados
de todos eleitores estadunidenses e catalogou eles por personalidade e viés
político, com isso a empresa conseguiu traçar os perfis de votantes que estavam
indecisos, as mesmas sendo seu principal alvo. Uma vez possuindo esses dados,
essa empresa conseguiu “encher” a página desse perfis com notícias que os
condicionou a votarem em um certo candidato, no caso o Trump. Esses dados
coletados de diversas redes sociais, em principal do Facebook, foram usados sem o
consentimento dos usuários, que estavam vulneráveis a esse poder das redes
sociais, de tal forma que eles foram manipulados e levados a seguirem suas
"vontades", no caso eleger Trump.

-Conclusão

Foucault diz que poder não se tem, se exerce. Então com a internet e
principalmente com as redes sociais, cada vez mais presentes no nosso cotidiano,
as relações de poder entre os usuários e as formas de disciplinar aplicadas pelas
plataformas, estão tornando-se progressivamente mais complexas e influentes nas
nossa vidas, de modo que somos moldados de acordo com o que consumimos, ao
mesmo tempo em que moldamos quem nos consome. Assim, nossas ações,
pensamentos, necessidades e gostos são produtos de uma ação disciplinar, que
ocorre todas as vezes em que nos tornamos “usuários”.
Portanto, de acordo com o sistema de ideias que foi definido, a partir de um
discurso propagado nas redes, mudamos e vigiamos nossas atitudes para que elas
estejam dentro do padrão estabelecido como “correto”, isto é comprar as coisas “da
moda”, votar nos candidatos “certos”, defender as causas “válidas”, enfim, agir
conforme os preceitos daquele que exerce poder.

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