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LÍTIASE URINÁRIA, HEMATÚRIA

by António Magarreiro Silva e Bruno Morgado


A

FISIOPATOLOGIA

● Precipitação de solutos urinários, formando um cálculo (“pedra”). [D]

● Fatores de risco gerais: idade (> 40 anos), sexo masculino, caucasianos, baixos volumes urinários.

● 80% são formados por oxalato de cálcio:


→ Fatores de risco: hipercalciúria, hiperoxalúria, doença de Crohn , sarcoidose, bypass gástrico;
→ Cálculos opacos no RX.

● Outras etiologias:
→ Fosfato de cálcio:
• Fatores de risco: hiperparatiroidismo, acidose renal tubular tipo 1/distal.

→ Estruvite (magnésio, amónia, sulfato):

CIRURGIA – UROLÓGICA
• Cálculos de grandes dimensões, coraliformes, opacos no RX;
• Fatores de risco: urina alcalina, ITU a Proteus, Klebsiella e outras bactérias urease positivo.

→ Ácido úrico:
• Cálculos transparentes no RX;
• Fatores de risco: gota, síndrome de lise tumoral.

→ Cistina:
• Cálculos com cristais hexagonais, transparentes no RX;
• Causados por patologia hereditária da metabolização de aminoácidos.

→ Indinavir (e outros antivirais):


• Cálculos não visíveis no RX ou na TC.

APRESENTAÇÃO
● Dor tipo cólica muito intensa, no flanco, com radiação para a região inguinal (“ loin to the groin ”): [D]
→ Doente agitado, sem posição confortável.

● ± hematúria, ± náuseas e vómitos;

● Geralmente sem febre ou massas palpáveis;

● Complicações obstrutivas: pielonefrite/sépsis, hidronefrose com insuficiência renal.


D, T

DIAGNÓSTICO
● Urinálise: [D]
→ Hematúria sem outras alterações de relevo é típico.

● TC abdominal sem contraste:


→ Gold standard para diagnóstico;

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LÍTIASE URINÁRIA, HEMATÚRIA
by António Magarreiro Silva e Bruno Morgado
A

→ Alternativas: ecografia (grávidas, crianças), RX abdominal.

● Se recorrente, realizar colheita de urina 24h para determinar etiologia dos cálculos.
[D]
● Na grávida:
→ Se ecografia renal/pélvica não diagnóstica → ecografia transvaginal
→ Se ecografia transvaginal não diagnóstica, ponderar:
• Tratamento empírico expulsivo
• Ou uro-Ressonância magnética
• Ou uro-TC de baixa dosagem (2º e 3º trimestre apenas)

TRATAMENTO
● Analgesia (AINE parentérico); [T]

CIRURGIA – UROLÓGICA
● Se cálculo <10 mm – passagem espontânea é provável:
→ Terapêutica expulsiva: fluidoterapia + AINE + tansulosina (ou nifedipina);
→ … se não resolver → intervenção cirúrgica.

● Se cálculo >10mm – necessária intervenção cirúrgica:


→ Técnicas cirúrgicas: ureteroscopia, nefrolitotomia percutânea, ondas de choque extracorpóreas
(litotripsia).

● Outras indicações para intervenção cirúrgica: obstrução bilateral, rim único ou insuficiência renal
aguda.

● Se infeção/sépsis → nefrostomia percutânea (preferível) ou stenting ureteral → remoção cirúrgica do


cálculo em segundo tempo, após estabilização clínica.

● Doença recorrente:
→ Hidratação vigorosa, alcalinização da urina com citrato (exceto se estruvite ou fosfato de
cálcio).
→ Oxalato de cálcio:
• Diuréticos tiazídicos, restrição de Na + , manter ingestão de Ca 2+ normal.
→ Estruvite:
• Tratamento de ITU, acidificação da urina, remoção cirúrgica dos cálculos.
→ Ácido úrico:
• Alopurinol e modificação do estilo de vida/dieta.

NOTA: a vertente de hematúria foi abordada no ebook de Medicina – Renal – Abordagem ao doente com alterações
urinárias (oligúria, poliúria, proteinúria e hematúria), para evitar a repetição de conceitos.

REFERÊNCIAS
Brunicardi, F. Charles, Andersen, Dana K., Billiar, Timothy R.,Dunn, David L., Hunter, John G., Matthews, Jeffrey B. &
Pollock, Raphael E., “Schwartz´s Principles of Surgery”, McGraw Hill Education;
D, T

LEGENDA DE SÍMBOLOS

Ideia-chave ou nota importante a reter.

Mnemónica ou nota que ajuda a memorizar o conteúdo.


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