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PRESENÇA NO PALCO DESDE O INICIO:

I. vendedor

II. filha do vendedor

III. mãe do vendedor

Personagens:

1. - Vendedor (quer vender a todo o custo, exalta-se facilmente);

2. - Ajudante (um ar de jovem, mostra repugnância quanto à filha 1);

3. - Mãe do vendedor (muito intrometida);

4. - A Mãe das filhas 1 e 2 (um pouco ingénua, “mãe-galinha”);

5. - Filha 1 (muito ingénua, “burra”, e um pouco atiradiça em relação ao ajudante);

6. - Filha 2 (também um ar jovem, um pouco gozona, odeia as ideias estúpidas da mãe e


da irmã);

7. - Reclamadora (mulher que vai reclamar de um carro comprado ali, mas é bastante
ignorante, ao mesmo tempo desconfiada);

8. - Vendedora de meias (feirante, fala bastante alto);

9. - Arrumadora de carros (abusadora, um pouco calma e gozona, ou brincalhona);

10. - Namorada do ajudante (é querida para o seu namorado).

11. Marido da reclamadora

Vendedor- Daqui a pouco vem aí uma senhora mais a filha. Pretendem comprar um carro para ela. Pelo
que ouvi, pelo telefone a mãe parecia uma “tapadinha”; vamos ver se ganhamos o dia com elas…

Ajudante- (Em tom de indireta) Vamos ver como é a filha!!! Pode ser que eu também ganhe o dia com
elas!

(Entre em cena a mulher a reclamar)

Reclamadora- Olá, muito boa tarde. Estou cá porque compre um carro neste stand e agora as portas não
abrem! (indignada).

Vendedor- E há quanto tempo é que o comprou? Ainda está dentro da garantia?

Reclamadora- Pois, realmente não sei, espere um pouco… vou chamar o meu marido. Óhh marido…

Marido –O que foi mulher??

TEATRO DE VENDAS Pá gina 1


Reclamadora- Há quanto tempo comprámos o carro??

Marido- Comprámos à 1 ano, mulher!!

Ajudante- Ainda está.

Vendedor- Então vamos lá ver isso, traga-o cá que nós vemos o que podemos fazer.

Reclamadora- Como é que eu o trago cá?? As portas mão abrem, não consigo entrar nele para poder
trazer, percebe???Daahh

Vendedor- Pois, tem razão, deixe-me o seu contacto e morada que nós resolvemos já o problema.

Reclamadora- Está bem, deixe-me só perguntar ao meu marido.

Olha Mário?!? Estás a ouvir-me, querido? Olha, dá-me o meu número por favor.

Marido- Toma lá mulher

Reclamadora- Obrigada!!

Ajudante- Tem boa memória!

Reclamadora- Porque diz isso, amigo?

Ajudante- Então…?? para ter decorado o número que o seu marido lhe deu.

Reclamadora- Ah… pois foi, esqueci-me de anotar… vou ter de lhe perguntar de novo…

Ajudante- Não é preciso, deixe ficar o contacto do seu marido.

Reclamadora- Porque o Sr. quer o número do meu marido?

Vendedora- Pronto, pronto, deixe estar… dê só a morada que nós vamos lá a casa.

(Em tom de segredo para o ajudante enquanto ela dá a morada num papel).

Vendedora- Quanto queres apostar que as portas não abrem porque ela não carrega no botão do
comando para abrir ?!?

Ajudante- Ela não chegaria a esse ponto… penso eu… (virou-se para a cliente e diz). Hoje posso passar
por lá, à tarde?

Reclamadora- Hoje, só se for à tarde, pode ser?

Vendedor- Pronto é isso tudo, vá… uma boa tarde e até logo.

Reclamadora- Bem, então até logo sim!!! (Ela sai e entra a mãe e a filha

Mãe e filha - Boa tarde (dirigem-se à reclamadora, cruzando-se na porta com ela). A reclamadora, de
repente, volta atrás, para perguntar).

Reclamadora- Desculpe, conheço-as? (A mãe olha com estranheza e acena com a cabeça).

Reclamadora- Ah, peço desculpa então! (sai)

Mãe- Olá! Então como está? É o Sr. António, não é verdade?

TEATRO DE VENDAS Pá gina 2


Vendedor- Ora muito boa tarde. Eu mesmo!! (virando-se para a filha 1). Então, é para essa cara bonita
que vai o carrinho?

Mãe- É para a minha filhota sim. É a prenda de Natal.

Vendedor- É uma boa prenda sem dúvida! Então já têm alguma ideia do carro que querem?

Mãe- Não, nenhuma. Também não percebemos nada de carros.

Filha 1- O mais importante é que seja bonito. Eu quero um lindo, mãe. E já sabes que tem de ser um
caro… quanto mais caro melhor!! deve ser a qualidade, não?

Vendedor- Sim, sim com certeza. Temos ali uns bem caros, e lindíssimos, do mais bonito que há… o
Toni já te vai mostrar. (entra a mãe do vendedor e a filha 2).

Ajudante- (vira-se para a filha 2) Precisa de ajuda?

Filha 2- Não, estou só à espera (vai amostrar os carros à filha 1).

Mãe- Ela não gosta de mostrar que está connosco, é por isso que chega mais tarde ou vem afastada! É a
adolescência!

Mãe do vendedor- Eu chamava a isso vergonha da mãe, não adolescência!

Mãe- Diga?!

Mãe do vendedor- Nada, estava só a falar para os meus botões.

Filha 1- Olha mãe, não gostei de nenhum, exceto aquele (apontando para o ajudante).

Mãe do vendedor- Qual? (a mãe olha para ela por se estar a intrometer).

Filha 1- Aquele carrão ali!

Filha 2- Já se está a fazer ao rapaz! Porque é que não fiquei em casa!

Ajudante- Mas eu não estou há venda.

Vendedor- (Dá-lhe uma bofetada no braço). Não estás o quê, pahh? Claro que está! Mas ele é de alta
qualidade, por isso é muito caro.

Mãe- E tu queres isso?

Mãe do vendedor- Ele é bonito, temos de admitir.

Filha 1- Quero, quero, compra mãe, vá lá!

Mãe- Mas isso não dá para nada!

Vendedor- Não dá? Como tem coragem de dizer isso? (Agora ele começa a mostrar as qualidades do seu
suposto “ carro”, exemplificando. Transporta as pessoas. (Ele mete-se às costas do ajudante); Também
leva as malas (dá-lhe uma mola para as mãos); Dá música ao vivo e é da moda, começa a contar Tony!
(Ele canta). Tem tudo minha senhora, e um potente motor!

Filha 1- Ai mãe! Eu quero!

Mãe do vendedor- Desgraçada da rapariga se a mãe aceitar!

TEATRO DE VENDAS Pá gina 3


Vendedor- Oh mãe, você quer calar-se?

Mãe do vendedor- Mas tu estás a mandar calar a tua mãe seu bandido?

Filha 2- Ohh! Eu vou-me embora, não conheço esta gente! (vai saindo).

Ajudante- Oh, chefe já são horas de almoço, eu se calhar já ia andado, visto que estamos todos aqui numa
brincadeira…

Mãe do vendedor- Olha que ela não parece estar a brincar.

Filha 1- Não estou a brincar não, amor… Vou-te levar a passear, vou cuidar bem de ti! (faz-lhe uma
festinha). Depois de ela fazer a festa entra a namorada do ajudante, fica à porta.

Ajudante- Ohh pah, larga-me!

Vendedor- Então, mas tu estás a brincar? (Agora para a mãe e filha 1). Desculpem isto! (Para o
ajudante) Tens de ser simpático para a tua nova dona.

Mãe do vendedor- Olha, chegou a namorada do meu neto!

Filha 2- Esperemos que não seja ciumenta!

Mãe- Este carro está vendido, querida! Como vês!

Vendedor- Olhe que não, é a minha mãe que está sempre a brincar.

Mãe do vendedor- Eu a brincar? Eu ainda sei o que digo, é com esta menina, sim senhor, que ele sai
todos os dias! Pela minha salvação!

Vendedor- (finge riso) É mesmo brincalhona.

Mãe- A minha filha não quer carros em segunda mão, não estamos interessadas!

Namorada- Ai o caraças…Eu estou a começar a não perceber nada, estão a falar de mim, e do quê?

Vendedor- De nada. Olha, vai lá fora ver quem lá está, que acho que te chamaram, vai…!

Namorada- Chamaram? Tá bom! (e sai).

Vendedor- Como eu estava a dizer, minhas senhoras… (é interrompido de novo pela namorada).

Namorada- Não estava ninguém a não ser esta senhora! (entra a vendedora das meias).

Filha 2- Olha, aquela ali está interessada (apontando para a mãe), (a mãe e a filha 1, dirigem-se à
feirante).

Vendedor- Olha, agora vem para cá a mulher a roubar-me os clientes. Venham cá!

Vendedora das meias- Aiii, não pode ser egoísta! Compre você tamém umas meitas quentinhas!
(sotaque à cigano).

Mãe do vendedor- Não vês que não querem, Manel. Tu parece que és burro filho, então tu querias
vender o teu próprio filho?

Vendedor- Devia tê-la vendido era a si! Mas ninguém a quer!

TEATRO DE VENDAS Pá gina 4


Mãe do vendedor- Ingrato!

Filha 2- Anda uma pessoa a criar um filho para isto não é? (para meter-se com a senhora). Tinha-se feito
um queijo!!

Mãe do vendedor- Pois é minha querida, é uma desgraça, isto! Ai se eu soubesse que ele ia ser assim!

Namorada- Amor, vinha-te buscar para irmos almoçar, podemos ir ou não pah?

Filha 2- Ou, ou! Não me confundas. Eu adoro o natal e não quero ficar a odiá-lo, por receber uma prenda
como tu!

Mãe do vendedor- olha, eu bem gostava de te ter como netinha! Sempre eras melhor do que esta! Eu
nem gosto nada dela, mas pronto. ..( a referir-se à namorada).

Namorada- Eu também não quero que goste de mim. É o seu neto que tem de gastar! E para seu
desgosto, ele adora-me!

Ajudante- Não fales assim para a minha avó, fofinha. Vamos mas é almoçar, pombinha, vamos! (saem).

Vendedora de meias- (muito alto) São 5 euros minha senhora.!!

Vendedor- Então mas o meu estabelecimento é algum lugar para vender meias?

Irmã 2- Com a barracada que estava aqui, a mulher deve ter confundido com a feira!

Vendedora de meias- Nã fique chateado home, tamém tenhe aqui meitas para sii! Olhe aqui para o
homem.

Mãe- Ai para homem não compro, que a última vez que o fiz não valiam nada, rompias logo à frente e
depois andava com o dedo grande de fora. Depois lá lhe as cosi, claro!

Filha 1- E as minhas também já estão quase a romper, compra-me ai umas daquelas que diz nike.

Filha 2- Escolhe uma meia de cada par, que ela tem um pé maior do que o outro! Ai desculpa… não era
para dizer!

Filha 1- Oh mãe, olha ela… és mesmo estúpida!

Mãe do vendedor- Não há mal nenhum minha filha, o meu netinho também tem.

Vendedora de meias- Também tenho aqui adidas novinhas e na moda, ainda fui arranjá-las esta manha.

Mãe do vendedor- Olha esse para aí, tou a reconhecê-lo, é meu, pus-o hoje no estendal e desapareceu.

Filha 2- Definitivamente eu vou-me embora. (sai)

Vendedora de meias- Este par roubei-o doutro lado, não é teu! Bom, muito obrigada e até logo! (sai)

Mãe do vendedor- Anda cá Ladra!

Mãe- Bem e nós vamos indo também! (saem Mãe e filha 1).

(entra arrumadora de carros)

A. de carros- (faz gestos para um condutor que supostamente está lá fora para que ele entre, para
estacionar).

TEATRO DE VENDAS Pá gina 5


Vendedor- (Dá-lhe um impurrão e faz ele também sinal para que o condutor não estacione ali) Mas o
que você esta a fazer?

A. De carros- Então, estava a indicar ao condutor para estacionar aqui! Porquê!?

Vendedor- Então ainda pergunta, a mim, porquê? Isso pergunto eu! Porque estava a mandar estacionar
aqui?

A.de carros- Então porque ainda quero ganhar mais umas esmolinhas e lá fora não há estacionamento.

Vendedor- Este estacionamento é meu, e não autorizei.

A.de carros- E o que é que eu tenho a ver com isso? Eu também não lhe perguntei se autorizava.

Vendedor- Mas é a Sra que me está a ver com cara de parvo ou sou eu que sou mesmo parvo?

A.de carros- A 2º é evidente, você é mesmo parvo, o que me leva a 1º, sim estou a vê-lo com cara de
parvo.

Vendedor- Cara de parva tem a Sra. Ponha-se daqui para fora! (empurra-a até à porta).

A.de carro- Afugentou-me uma possível pessoa que me iria dar gorjeta, no seu lugar, havia de dar você.

Vendedor- Como? Não lhe dava nem o cêntimo mais preto que tenho na carteira! fora!

A.de carros- Calma, muita calma, eu sei sair! (sai)

Vendedor- Conclusão, voltei a não vender nada! (fecha a porta do stand e sai).

Guionista: Diana Silva

TEATRO DE VENDAS Pá gina 6

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