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Quarto de manicómio.

Menina com aspecto de louca sentada numa


cadeira. Repete- 17 de outubro, 17 de outubro. Papai foi embora.,
enquanto isso rabisca papel, sobre uma mesa velha, com raiva. Diminui o
tom de voz. MÃE entra conversando com médico.

Mãe: Boa tarde doutor. Como ela está?

Médico: olha senhora. O caso da sua filha parece piorar a cada dia.

Mãe: mas eu não entendo. Vocês me disseram que era passageiro, que ela ia
superar o trauma em no máximo 1 ano. Já tá fazendo 2.

Médico- estamos fazendo o possível. É um caso complexo. Ela desenvolveu um quadro


bem profundo de depressão. e o dinheiro que a senhora nos paga, infelizmente não
cobre os gastos do tratamento adequado.

Mãe: eu entendo. Mas vou conseguir mais dinheiro assim que puder.

Médico- fique tranquila. Estamos cuidando bem dela.

Mãe- posso pelo menos ver ela? Ou será que meu dinheiro também não cobre a
visita?

Médico_ pode sim. Só tente não forçar nada. O quadro de humor dela continua
instável. Eu vou ver mais alguns pacientes. Qualquer coisa, pode me chamar.

Médico sai

Mãe- oi filha. Bom Dia meu amor. Como você está? Os médicos estão cuidando bem
de você? Você tá comendo direito? Desculpa meu amor. Desculpa a mamãe demorar
tanta para vir, é que tá bem difícil pra mim…Filha, fala comigo. Diz alguma coisa?

Filha- vai embora

Mãe -o que maria? O que foi?

FILHA: Vai embora, vai embora, vai embora.

Mãe: o amor, calma. Sou eu, a mamãe

Filha- (gritando) você não é minha mãe. Eu não quero falar com você. Não quero falar
com ninguém.

..............Pausa dramática 10 segundos.


Mãe: olha aqui Maria. Eu trouxe um presente.( Entrega caixa)

Menina bate no presente com desprezo.

Mãe - filha. Olha aqui pra mãe. Você tem que melhorar pra poder sair daqui. Pra
poder ir pra casa. ...(Silêncio)

Mãe continua - Hoje fui visitar seu pai. Tá fazendo 2 anos já. É, não tá sendo fácil pra
gente seguir sem ele .....( Pega o presente do chão) Olha filha. Olhá quem veio
visitar.(tira um ursinho da caixa). O senhor fofinho. Lembra dele. Você não soltava
quando era criança. Achei nas suas coisas.....( Totalmente ignorada) ....eu tenho que
ir filha. Eu tô quase conseguindo vender a casa. Vamos ter dinheiro meu amor. Você
vai poder ir pra mais perto da Mamãe. Vou poder te visitar toda semana.
(Acariciando a filha que repele). Tchau amor. Eu vou dar um jeito de arrumar tudo,
eu juro. ( coloca o urso sobre a mesa começa sair devagar).

Filha: (pega o urso) senhor fofinho, o senhor veio me ver…eu te perdoo senhor
fofinho. Te perdoo por não poder salvar o Papai. Mamãe, é você Mamãe?

Mãe - filha. O minha querida. Sou eu sim. Eu tô aqui. Que bom que você me
reconheceu.

(Abraço. Choro, emoção. Filha se fecha, deixa o urso cair e volta pra cadeira. Lápis,
papel...)

Filha- 17 de outubro , 17 de outubro, papai foi embora…

MÃE: Filha, o que houve meu amor? (filha a ignora). Fala comigo. (Musica triste
aumenta)

Mãe triste, sai lentamente, e a luz apaga lentamente.

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