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Protocolo de avaliação e manejo adaptativo para novos plantios com semeadura direta

Iniciativa Caminhos da Semente

OBJETIVO GERAL

Sendo o monitoramento parte fundamental do processo de restauração ecológica, a Iniciativa Caminhos


da Semente desenvolveu um modelo de protocolo de monitoramento ecológico para os novos plantios
com semeadura direta apoiados pela sua equipe técnica. Este documento é uma evolução do protocolo
inicial de observações. Ele é ideal para ser aplicado após findado o primeiro período de chuvas seguinte
a semeadura direta, ao final do primeiro ano e após o segundo período de chuvas.

Na maior parte do país isso se dá aos 6, 12 e 18 meses seguintes ao plantio. Nas regiões que o período
de chuvas é menor ou maior que seis meses, usar o limite de extensão do período para aplicar o
protocolo. O período de chuvas é equivalente à estação de crescimento vegetal. Nas regiões que chove
o ano todo, mas que tem alguns meses contíguos com precipitação baixa ou muito baixa, não
considera-se esse período como estação de crescimento real, e portanto nelas, deve-se considerar o
último mês de chuvas constantes e em maior volume como o limite da estação de crescimento, com
vistas a aplicar o presente protocolo.

A partir dos dados avaliados por neste protocolo (observações gerais, florística, número de indivíduos,
identidade das espécies, cobertura vegetal e altura da vegetação) é possível projetar a trajetória de
recuperação da vegetação e adotar estratégias de manejo para direcioná-la para posições desejáveis,
quando algum empecilho estiver impedindo o processo de ocorrer sozinho.

Importante lembrar que este protocolo foi criado para avaliar a trajetória de recuperação de
ecossistemas florestais. Para outros tipos vegetacionais, como savanas e campos, o presente protocolo
não deve ser aplicado antes de ser adaptado, considerando as formas de vida dominantes nestes
outros ecossistemas.

Desse modo, esse protocolo apresenta os seguintes indicadores a serem avaliados para levantamento
dos dados de plantios de semeadura direta:

- Observações gerais da área, seguindo a orientação da ficha de observações.

- Lista florística de espécies nativas plantadas, espontâneas, agrícolas e exóticas.

- Contagem e identificação de plantas semeadas e não semeadas em parcelas.

- Cobertura do solo por plantas e altura da vegetação formada.

- Vídeos e fotos apresentando a área de plantio, parcelas a serem monitoradas e espécies não
identificadas.

AVALIAÇÃO DA ÁREA

1. Para ter informações gerais da área, preencher a ficha de observações gerais e fazer uma
caminhada para anotar a lista florística.

1.1. Para preencher a ficha, fazer uma caminhada geral pela área, fazendo algumas pausas de
observação. Anotar as respostas dos 15 itens da ficha e tirar fotos ilustrativas.

1.2. Para fazer a florística, fazer uma caminhada pela área e anotar todas as espécies nativas plantadas
e não plantadas, agrícolas, espontâneas e exóticas avistadas (15 – 30 min). Isso possibilita criar uma
lista florística da área, uma vez que muitas plantas nasceram, mas não são capturadas pela
amostragem por parcela.

2. Para contar e identificar plantas estabelecidas usar parcela retangular.

2.1. Esticar uma trena de 20 m, amostrar seu lado direito e andar do lado esquerdo. Inserir uma estaca
de ferro ou madeira em cada extremidade da trena, para mantê-la bem esticada. Em plantios em linhas
ou covetas sistemáticas, estabelecer a parcela na diagonal para evitar amostrar apenas a linha ou a
entrelinha.

2.2. A parcela apresenta dimensões de 20 x 1 m, totalizando 20 m² (Figura 1). Estabelecer


aleatoriamente cinco parcelas por área semeada, totalizando 100 m² amostrados.

2.3. Se existir dentro do polígono semeado subdivisões do efeito da semeadura, em função de


diferenças no tipo de solo, preparo do solo, alagamento, por algum problema na implantação ou
distúrbio, subdividir a área em mais de um polígono para a amostragem. E estabelecer as cinco
parcelas (100 m²) em cada uma dessas subdivisões. Isso ocorre por exemplo, quando parte do terreno
recebeu maior número de gradagens que a outra, ou quando, parte do terreno teve forte escoamento
superficial de água que arrastou consigo as sementes para outra parte.

2.4. Contar e identificar (quando não for possível morfotipar e fotografar) todas as ​plantas agrícolas
plantadas​ apenas nos primeiros 5 m da trena - ​5 m² por parcela​ e 25 m² no total.

2.5. Contar e identificar (quando não for possível morfotipar e fotografar) nos 20 m² da parcela todas as
plantas lenhosas​, ​nativas​, ​naturalizadas ou ​exóticas estabelecidas​, ​semeadas ou que ​colonizaram
a área.

Figura 1.​ Vista aérea da parcela amostral com as dimensões e sugestões de montagem - 20 x 1 m = 20 m².

Fonte: Adaptado do Protocolo de Monitoramento da Recomposição da Vegetação Nativa em Mato Grosso.


Ilustração feita por Marina Guimarães Freitas.

Direcionamentos:

- Andar na margem esquerda e observar as plantas na margem direita. Os primeiros 5 m² são


para contagem de plantas agrícolas companheiras. As plantas lenhosas nativas semeadas ou
colonizadoras estabelecidas devem ser contadas ao longo dos 20 m².

3. Para avaliar a cobertura do solo por plantas e altura da vegetação usar pontos sistemáticos ao
longo de uma trena.

3.1. Amostrar 21 pontos de cobertura do solo por vegetação, ou seja, um a cada metro, usando o
método de interceptação em linha. Essa amostragem é feita na mesma trena que foi esticada para
formar a parcela retangular. ​Sempre fazer primeiro a amostragem de cobertura​, pois contar as
plantas primeiro pode ​amassar a vegetação​ e ​distorcer os dados de cobertura​.

3.2. Usar uma vareta com ​2 m de altura ​(sugerimos uma vara de bambu fina e reta), disposta
perpendicularmente ao solo, e os dados devem ser coletados a cada 1 m da trena, iniciando no metro 0,
finalizando no 20, totalizando 21 pontos.

3.3. Anotar todas as espécies que ​tocam a vareta​, ou as ​projetadas acima dela​. Sempre anotando de
cima para baixo​, pois é importante saber qual espécie está acima da outra em cada ponto. (Figura 2).
Quando não existir plantas, anotar se é solo exposto, ou coberto por palhada de capim ou serapilheira.

3.4. Amostrar ​5 pontos​ de ​altura sistemáticos por trena​, totalizando 25 pontos por área.

3.5. Na trena, mensurar a altura da ​maior planta que toque ou que esteja projetada acima da vareta
nos pontos 0, 5, 10, 15, 20 m (Figura 2).

4. Vídeos e fotos apresentando a área de plantio, parcelas a serem monitoradas e espécies não
identificadas.

4.1. Fazer fotos e vídeos da área em geral, mostrando como está a cobertura e altura da vegetação.

4.2. Percorrer ao longo de toda parcela realizando um vídeo e comentando (se tem capim indesejado,
herbivoria, se espécies nativas de árvores ou arbustos estão se estabelecendo, se tem plantas
ressecadas, se adubação verde se estabeleceu). Aproximar a imagem em alguns pontos para
visualização dos indivíduos lenhosos presentes no local. Sempre caminhar no lado direito e externo da
parcela.

4.3. Fotografar plantas amostradas e que não foram identificadas em campo. Anotar o código das fotos
na planilha de campo.

4.4. Opção de vídeo complementar com uso de Drone: realizar sobrevoo sobre a área do plantio com
visão ampla e sobrevoo com visão mais próxima das áreas onde foram instaladas as parcelas de
monitoramento.

Figura 2. Recorte de uma paisagem em processo de restauração por semeadura direta, tendo a cobertura do solo
por plantas e a altura da vegetação amostradas pelo método de interceptação em linha.

Fonte: Ilustração de Marina Guimarães Freitas. Retirada e adaptada de sua dissertação de mestrado: Estrutura e
riqueza de florestas restauradas por semeadura direta ao longo de 10 anos. Departamento de Engenharia
Florestal, Universidade de Brasília, 2018.

Direcionamentos:

- Andar pelo lado esquerdo da trena, e a cada metro, dispor a vara de 2 m perpendicularmente ao
solo, no lado direito e rente a trena.
- Anotar todas as espécies que tocam a vara, ou as projetadas acima dela. Sempre anotando de
cima para baixo, pois é importante saber qual espécie está acima da outra em cada ponto.

Exemplo do ponto 9 metros da trena: De cima para baixo, Feijão guandu (​Cajanus cajan​), Crotalária
baixa (​Crotalaria spectabilis​), Feijão de porco (​Canavalia ensiformis)​ .

Exemplo do ponto 10 metros da trena: ​Altura máxima da vegetação no ponto 10 metros da trena é de
2,80 m. De cima para baixo, a planta projetada acima da vareta é a Mamoninha (​Mabea fistulifera)​ ,
depois Lobeira (​Solanum lycocarpum​), seguido de braquiarinha (​Urochloa decumbens​), por último
Feijão de porco (​Canavalia ensiformis​). Desta forma é possível a soma das coberturas alcançar mais
que 100%.

Ficha de observações gerais da área ​(Esta ficha ajuda a observar o sucesso da implantação, tomar
medidas corretivas nos primeiros meses após o plantio e aprender para os próximos plantios)

Data: Número de dias após a semeadura:

Local:

Técnico responsável:

Fazer uma caminhada geral pela área, fazendo algumas ​pausas de observação​. Anotar as ​respostas dos 15
itens ​desta ​Ficha e tirar fotos ilustrativas. ​* Casos mais comuns em observações feitas antes dos três meses
que seguem o plantio.

1)​ Escavar alguns pontos no solo e observar se as sementes ficaram*:


Muito enterradas ( ); Moderadamente enterradas ( ); Pouco enterradas ( ); Na superfície ( ).
2)​ Sementes estão sendo predadas ou removidas por formigas e/ou outros animais*:
Não ( ); Raramente ( ); Algumas vezes ( ); Muitas vezes ( ). Se sim, especificar o possível animal:
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3)​ Sementes foram arrastadas pela chuva*:
Não ( ); Raramente ( ); Algumas vezes ( ); Muitas vezes ( ).
4)​ Sementes começaram a germinar e abortaram*:
Não ( ); Raramente ( ); Algumas vezes ( ); Muitas vezes ( ).
5)​ Sementes começaram a germinar e ressecaram por conta de dias sem chuva ou veranicos*:
Não ( ); Raramente ( ); Algumas vezes ( ); Muitas vezes ( ). Se sim, quantos dias ficou sem chover:
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6) A germinação em geral na área está bem distribuída ou existem manchas com muita germinação e outras com
pouca ou nenhuma germinação:
Pouco distribuída ( ); Moderadamente distribuída ( ); Bem distribuída ( ).
7)​ A adubação verde nasceu e se estabeleceu:
Pouco ( ); Em manchas esparsas ( ); Razoavelmente bem ( ); Muito bem ( ).
8) Outras espécies herbáceo-arbustivas espontâneas (‘ruderais, daninhas, arvenses, inço agrícola’) nasceram e se
estabeleceram:
Não ( ); Pouco ( ); Em manchas esparsas ( ); Razoavelmente bem ( ); Muito bem ( ).
9) ​Outras espécies arbóreas não semeadas nasceram e se estabeleceram:
Não ( ); Raramente ( ); Algumas vezes ( ); Muitas vezes ( ).
10)​ Plantas recém nascidas foram cortadas ou comidas por animais:
Não ( ); Raramente ( ); Algumas vezes ( ); Muitas vezes ( ). Se ocorreu, especificar o possível animal e se
houve preferência por uma, ou mais espécies: ……………………………………………………………………………….
………………………………………………………………………….…………………………………………………………...
11)​ Plantas recém nascidas foram pisadas por animais:
Não ( ); Raramente ( ); Algumas vezes ( ); Muitas vezes ( ); Se ocorreu, especificar o possível animal:
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12)​ O capim indesejado (braquiária, andropogon, entre outros) está voltando? Sim ( ); Não ( ). Se sim:

Qual é o capim: ......................................................................


Vindo de rebrota ou germinação: ........................................
Quanto está infestando: Poucas manchas ( ); brotando em até 50% da área ( ); brotando em mais de 50% da
área ( ).
Qual tamanho e número de folhas: ..............................................................................................................................
13) Foi feito algum manejo para controlar, reduzir ou eliminar os capins após a semeadura? Sim ( ); Não ( ). Se
sim, foi usado:
Herbicida de amplo espectro ( ); Herbicida seletivo ( ); Capina ( ); Roçada ( ); Arranque manual ( );
Outros ( ). Se for outros especificar: …………………………………………………………………………………………..
Especificar o número de vezes que houve manejo, tipo de herbicida e dose por área aplicada quando for o caso, e
número de pessoas envolvida por atividade de manejo por área por dia:
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(o momento ideal para fazer o controle químico do capim é quando ele está com 5 a 10 cm e três folhas)
14) Houve outras intervenções de manejo na área como controle de formigas, contenção de erosão, construção de
cercas, etc. Discorrer sobre: …………………………………………………………………………………………………….
........................................................................................................................................................................................
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15)​ Observação extras (ravinas, deriva de herbicida de lavoura, germinação em geral está excelente, etc.):
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Lista florística geral da área

Data: Número de dias após a semeadura:

Local:

Técnico responsável:

Fazer uma caminhada pela área e anotar todas as espécies nativas plantadas e não plantadas, agrícolas,
espontâneas e exóticas avistadas (15 – 30 min). Isso possibilita criar uma lista florística da área, uma vez que
muitas plantas nasceram, mas não são capturadas pela amostragem.)
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Planilha de amostragem de plantas estabelecidas por parcela


Esta planilha ajuda a avaliar emergência e estabelecimento de plantas das espécies agrícolas e nativas semeadas, bem como
de lenhosas nativas e exóticas colonizadoras. ​Contar e identificar (quando não for possível morfotipar e fotografar) todas as
plantas agrícolas plantadas apenas nos primeiros ​5 m² da parcela​. ​Contar e identificar (quando não for possível morfotipar e
fotografar) ​nos 20 m², todas as plantas lenhosas nativas​, naturalizadas ou exóticas estabelecidas, semeadas ou que
colonizaram a área. Fazer 5 parcelas de 20 m² cada por área - 100 m² amostrados no total.
Data: Número de dias após a semeadura:

Local:

Técnico responsável:

Parcela Espécies/grupo ecológico Contagem Observações*

*Anotar herbivoria por formiga, gado, capivara, veado, anta etc... Ou pisoteio e qual animal responsável. Anotar planta ressecada, quebrada etc...
Anotar número da foto da planta morfotipada e não identificada, para posterior identificação.

Planilha de amostragem da cobertura do solo por plantas e altura da vegetação

Usar uma vareta com 2 m de altura (sugerimos uma vara de bambu fina e reta), disposta perpendicularmente ao solo, e os
dados devem ser coletados a cada 1 m da trena, iniciando no metro 0, finalizando no 20. Anotar todas as espécies que tocam a
vareta, ou as projetadas acima dela. Sempre anotando de cima para baixo, pois é importante saber qual espécie está acima da
outra em cada ponto. Quando não existir plantas, anotar se é solo exposto, ou coberto por palhada de capim ou serapilheira. Na
trena, mensurar a altura da maior planta que toque ou que esteja projetada acima da vareta nos pontos 0, 5, 10, 15, 20 m da
trena.
Data: Número de dias após a semeadura:

Local:

Técnico responsável:

Ponto Altura (m) Espécies/grupo ecológico


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