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1 SEMENTEIRA DIRECTA
1.5.2 TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO MÍNIMA
Lisboa 2001
Ficha Técnica
7 1. INTRODUÇÃO
ÍNDICE (cont.)
1. INTRODUÇÃO
Existe alguma confusão nos termos «sementeira directa» e «mobilização míni-
ma» que convém esclarecer.
GRÁFICO
Escorrimento superficial e perda de solo por erosão durante a cultura de trigo. Évora
(valores médios para 85/86 e 86/87). SD – Sementeira Directa; MM – Mobilização Mínima;
MT – Mobilização Tradicional.
Os solos de textura grosseira são solos nos quais é fácil iniciarem-se os sistemas
de sementeira directa e mobilização mínima, uma vez que apresentam normal-
mente elevada macroporosidade. No entanto, são solos que se deixam compac-
ADAPTAÇÃO DOS DIFERENTES SOLOS E CULTURAS À SEMENTEIRA DIRECTA E MOBILIZAÇÃO MÍNIMA 11
tar com alguma facilidade e, uma vez compactados, por não apresentarem fen-
dilhamento durante a sua secagem, dificilmente ultrapassam a situação. Assim,
para este tipo de solos a utilização da mobilização mínima, e especialmente da
sementeira directa, deve ser acompanhada de medidas que evitem a compac-
tação do solo. Estas medidas serão abordadas mais adiante, mas incluem evitar
o tráfego de máquinas pesadas em situação de solo húmido e a manutenção de
uma cobertura vegetal viva durante o Inverno no caso de sistemas de regadio.
Neste último caso o pastoreio com animais durante o Inverno também deve ser
evitado, a não ser que o terreno esteja semeado com pastagem.
Os solos mais difíceis para se iniciarem estes novos sistemas são os solos mal dre-
nados de textura mediana ou fina. Nestes solos é de todo desaconselhável fazer-
-se uma alteração imediata do sistema de mobilização tradicional para a semen-
teira directa. No entanto, são também os solos que, uma vez ultrapassadas as
dificuldades iniciais, mais podem beneficiar com a implementação destes novos
sistemas. Se a sua utilização estiver a ser feita com culturas de Primavera/Verão,
dever-se-á iniciar a alteração recorrendo primeiro a sistemas de mobilização
mínima, particularmente os designados por sistemas de mobilização na linha,
que mais à frente se explicarão. Neste caso, é também muito importante a
sementeira de uma cultura de cobertura durante o Inverno, cultura esta que
deve ser tolerante ao encharcamento, de forma a manter estáveis os canais dei-
xados pelas raízes da cultura de Verão (se possível até aumentá-los) e a permitir
um aumento mais rápido do teor do solo em matéria orgânica.
em crescimento. Numa fase inicial, tal rede não existe e tem de ser criada ao
longo de alguns anos. Durante a fase da sua criação, é importante que as raí-
zes encontrem o solo húmido, de forma a ser menor a sua resistência à pene-
tração e a não penalizar a cultura com eventuais deficiências hídricas. No caso
de culturas de Primavera de sequeiro com raízes aprumadas, o seu diâmetro é
maior, o solo encontra-se mais seco (com maior resistência à penetração) e
qualquer atraso no crescimento radicular em profundidade pode agravar a defi-
ciência hídrica da cultura.
que o crescimento das raízes da cultura anterior e/ou infestantes nos dizem. Se
nesta camada existir um crescimento radicular vigoroso, em que as raízes cres-
cem de forma mais ou menos rectilínea, então o solo está em condições de entrar
directamente em sementeira directa. Caso exista alguma zona em que o cresci-
mento das raízes é muito escasso ou ausente, ou se torna muito tortuoso, então
é de suspeitar da presença de uma camada compactada. Assim, é recomendável
que, num primeiro ano, se proceda à descompactação desta camada, por recur-
so a alfaias de mobilização vertical, antes de se entrar definitivamente em siste-
mas de mobilização mínima superficial ou em sementeira directa. Uma outra
recomendação importante é verificar se a limitação ao crescimento radicular é de
natureza física ou, eventualmente, de natureza química, como a toxicidade de
alumínio, necessitando-se para tal do recurso a análises químicas do solo. Para
culturas anuais é muito duvidoso que seja vantajoso ou economicamente viável
a eliminação, através da mobilização do solo, de camadas compactadas que se
encontrem abaixo dos 30-40 cm.
que se pode considerar muito baixo. As versões mais pesadas destes semeado-
res são capazes de semear em solos secos (é necessário peso para o semeador
não sair do solo), o que é uma vantagem para a sementeira de pastagens e
forragens e mesmo para aveias de aptidão dupla (pastoreio de Inverno e pro-
dução de grão). O desempenho destes semeadores em condições de solo húmi-
do é também boa, melhor que a maioria dos semeadores de disco, na condição
de estarem equipados com bicos estreitos (fotografia 3). Os bicos com asas apre-
sentam uma maior capacidade de fragmentação do solo ao nível do rego, o que
é uma vantagem em solos mal estruturados, mas apresentam uma pior capaci-
dade de penetração em solo seco e um pior desempenho em condições de humi-
dade elevada. Uma outra vantagem importante dos semeadores de bicos é
serem pouco afectados em solos pedregosos, sendo capazes de manter relativa-
mente constante a profundidade de trabalho, uma vez que afastam as pedras da
linha de sementeira.
Dado o grande peso deste tipo de semeadores, só se devem utilizar versões rebo-
cadas, pois nas versões montadas a potência do tractor necessária é muito maior.
teor de humidade do solo em que podem operar. O seu elevado peso aconselha
também a optar-se sempre por versões rebocadas.
3.1.1.4 Semeador de disco triplo: modelos destes semeadores podem ser encon-
trados para culturas em linhas e sementeiras de precisão. O órgão abridor destes
semeadores é composto por um disco frontal, no alinhamento do qual trabalha
um disco duplo em V (fotografia 7). Estes semeadores têm uma capacidade de
lidar com resíduos intermédia, entre o semeador monodisco e o de disco duplo
desfasado. Um bom desempenho destes semeadores em situações de grande
quantidade de resíduos, como por exemplo todas as palhas de uma cultura,
exige que estes sejam quebradiços e o solo se encontre firme. No entanto, a
inclusão de rodas dentadas frontais, de forma a retirar os resíduos da linha de
sementeira, melhoram muito o desempenho destes semeadores (fotografia 8).
Infelizmente, isto só é possível para culturas de grande entrelinha (beterraba,
milho, etc.). A capacidade de penetração do semeador de disco triplo é relativa-
mente fraca, inferior à do disco duplo desfasado, uma vez que por cada linha de
sementeira há três discos sobre os quais se distribui o peso do semeador. Assim,
são semeadores pesados, pelo que só se devem utilizar versões rebocadas. O tra-
balho destes semeadores é prejudicado em terreno declivoso, uma vez que há a
tendência para ocorrer um desalinhamento entre o disco frontal e o disco duplo,
dificultando o trabalho de enterramento da semente por parte deste. Em con-
dições de solo húmido há a dificuldade de se conseguir um bom encerramento
do rego e há a tendência para o espelhamento das paredes do rego pelo disco
duplo. Assim, este tipo de semeadores será melhor utilizado em solos de textu-
ra grosseira a mediana, em sistemas que não deixem quantidades muito eleva-
das de resíduos.
TIPO DE ALFAIAS A UTILIZAR EM SISTEMAS DE SEMENTEIRA DIRECTA E MOBILIZAÇÃO MÍNIMA 19
SEMEADORES DE BICOS
1 - Semeador de sementeira
directa de bicos. O pequeno
desafogo entre os braços
limita a capacidade de lidar
com resíduos
2 - Semeador de sementeira
directa de bicos. O grande
desafogo entre os braços
permite semear em
condições de muitos
resíduos. No entanto, obriga
à condução pneumática da
semente
SEMEADORES DE DISCOS
6 - Exemplo da capacidade
de corte de um semeador
de disco duplo desfasado
a semear uma cultura de
milho (à esquerda) e a
mesma cultura já nascida
(à direita)
22 MANUAL DE DIVULGAÇÃO SEMENTEIRA DIRECTA E TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO MÍNIMA
8 - Inclusão de pequenas
rodas dentadas para afastar
os resíduos da zona da linha
de sementeira
9 - Semeador de fresas
TIPO DE ALFAIAS A UTILIZAR EM SISTEMAS DE SEMENTEIRA DIRECTA E MOBILIZAÇÃO MÍNIMA 23
10 - Semeador de discos
com órgão único de
compressão e regulação de
profundidade (à esquerda)
e pormenor do conjunto
disco e órgão compressor
(à direita)
12 - Semeador de disco
com roda lateral de controlo
da profundidade
13 - Semeador de disco
com roda lateral de controlo
da profundidade
14 - Semeador de disco
com aro lateral de controlo
da profundidade
26 MANUAL DE DIVULGAÇÃO SEMENTEIRA DIRECTA E TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO MÍNIMA
ÓRGÃOS DE COMPRESSÃO
15 - Órgãos de compressão
da semente que actuam
lateralmente à linha de
sementeira: duplos (em V)
do lado esquerdo e simples
do lado direito
desta. A velocidade de trabalho deve ser ajustada ao nível de resíduos, tendo pre-
sente que o aumento da velocidade de trabalho facilita o desempenho da alfaia
quando a sua quantidade é elevada. Assim, nestes casos deve trabalhar-se com
velocidades próximas dos 10 km/h. No entanto, caso a presença de resíduos à
superfície seja pequena, a velocidade de trabalho deve ser menor a fim de pro-
mover uma menor mistura com o solo (protecção contra a erosão).
Os aspectos da alfaia mais importantes são o tipo de braço, o seu perfil e o seu
ângulo de ataque, assim como o desafogo entre braços e ao solo.
A inclusão de discos frontais (fotografia 18) permite o corte dos resíduos no ali-
nhamento dos braços, facilitando o trabalho destes em casos de muitos resíduos,
particularmente se estes estiverem mal traçados.
A B C D E
18 - Escarificador pesado
com discos frontais para
auxiliar o corte dos resíduos
19 - Exemplos de trabalho
de escarificadores em
sistemas de mobilização
mínima etractores
equipados com pneus
de baixa pressão
TIPO DE ALFAIAS A UTILIZAR EM SISTEMAS DE SEMENTEIRA DIRECTA E MOBILIZAÇÃO MÍNIMA 31
20 - Sequência da
mobilização na linha:
A – subsolagem na linha
com alfaia especial;
B – pormenor da linha
depois da passagem do
subsolador;
C – sementeira em cima do
C trabalho do subsolador.
32 MANUAL DE DIVULGAÇÃO SEMENTEIRA DIRECTA E TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO MÍNIMA
Nas culturas de Outono/Inverno, esta monda deve ser realizada o mais próximo
possível da data de sementeira (um a dois dias), de forma a aumentar o núme-
ro de infestantes germinadas à data da sua aplicação. No entanto, nas culturas
de Primavera, caso a infestação seja muito elevada e, principalmente, com infes-
tantes em diferentes estratos, pode ser recomendável a antecipação da monda
(cerca de um mês) em relação à sementeira, de forma a permitir uma segunda
aplicação caso as infestantes dos estratos inferiores não tenham sido eficazmen-
te controladas.
São várias as infestantes perenes que podem aumentar a sua presença em siste-
mas de sementeira directa e mobilização mínima se não forem tomadas as neces-
sárias precauções. É então indispensável que o herbicida total utilizado seja sisté-
mico (Glifosato) e que as doses de aplicação sejam reforçadas, de acordo com a
espécie em causa e o seu estado de desenvolvimento. As infestantes perenes são
combatidas de forma mais eficaz quando são jovens e se encontram em cresci-
mento activo ou quando começam a acumular substâncias de reserva (à floração
ou no Outono, antes das primeiras geadas, quando a planta se começa a prepa-
rar para o repouso invernal), uma vez que a translocação de hidratos de carbono
para os órgãos de reserva arrasta consigo o herbicida, conseguindo-se uma boa
penetração no sistema radicular.
A pressão da bomba deve ser baixa (1,5 a 2 bares), por dois motivos. Em pri-
meiro lugar, pretendendo-se aplicar um volume de calda baixo, torna-se
necessário reduzir o débito dos bicos. Em segundo lugar, menores pressões de
aplicação dão origem a gotas de maior dimensão e, assim, menos sujeitas ao
arrastamento provocado pelo vento. Este arrastamento, para além de prejudi-
car a eficácia da monda, é muito perigoso para culturas vizinhas, uma vez que
se está a aplicar um herbicida total.
1. Em sistemas de rega por aspersão, quando é possível regar logo após a sua
aplicação.
2. Em culturas em que a disponibilidade de herbicidas de pós-emergência é redu-
zida, particularmente para o controlo de infestantes do mesmo grupo (infes-
tantes de folha larga em culturas de folha larga ou infestantes de folha estrei-
ta em culturas de folha estreita).
3. Quando a quantidade de resíduos sobre o terreno é baixa (restolhos pastorea-
dos).
O COMBATE DE INFESTANTES EM SISTEMAS DE SEMENTEIRA DIRECTA E MOBILIZAÇÃO MÍNIMA 37
1. Só fazer a sua aplicação depois das folhas das infestantes terem rompido atra-
vés da camada de resíduos.
2. Utilizar herbicidas de absorção foliar.
Em primeiro lugar, a rotação de culturas deve permitir uma boa rotação de her-
bicidas, ou seja, deve alternar culturas de folha estreita (monocotiledóneas) e
culturas de folha larga (dicotiledóneas).
Para o combate de infestantes perenes, a rotação de culturas deve ser tal que
permita a aplicação do herbicida total, numa época em que estas sejam mais sen-
síveis (muito jovens, à floração ou antes do repouso invernal quando começam
a acumular substâncias de reserva nos órgãos subterrâneos).
da água. Mas, para além destas vantagens, elas podem desempenhar um papel
importante no combate das infestantes, sempre que o solo se encontrar sem cul-
tura durante o período de Outono/Inverno. As infestantes tendem então a proli-
ferar, agravando o problema para a cultura seguinte. A presença de uma cultura
de cobertura servirá, através da competição que impõe, como forma de combate
das infestantes. Os princípios que devem nortear a escolha da cultura de cober-
tura e a sua técnica cultural serão, então, os seguintes:
Caso exista alguma infestante cujo combate seja prioritário, escolher uma cultu-
ra que permita a aplicação de um herbicida selectivo, eficaz em relação a essa
infestante.
A B
A B
23 - Marcador de espuma na
ponta da barra (A) e resultado de
uma falha na sobreposição de
passagens consecutivas durante a
monda de pré-sementeira (B)
24 - Aplicador de contacto
de herbicidas sistémicos
totais de absorção foliar.
O herbicida concentrado é
pulverizado sobre um rolo
absorvente de altura
regulável
O COMBATE DE INFESTANTES EM SISTEMAS DE SEMENTEIRA DIRECTA E MOBILIZAÇÃO MÍNIMA/ 41
/O COMBATE DEPRAGAS E DOENÇAS
25 - Controlo de estevas
em pastagens de trevo
subterrâneo 26 dias após
a aplicação de Glifosato
(concentração de 30%)
através de um aplicador
de contacto
26 - Pulverizador para
aplicação de herbicidas não
selectivos na entrelinha
encontram são muito díspares. Contudo, pode dizer-se que, de uma forma geral,
quando se verifica um aumento da incidência de pragas e doenças em sistemas
de sementeira directa e mobilização mínima, o problema tende a atenuar-se ao
longo do tempo à medida que a biodiversidade que estes sistemas favorecem se
vai instalando.
Há dois aspectos que merecem atenção especial no que respeita à fertilização das
culturas nestes novos sistemas de mobilização do solo, particularmente na
sementeira directa. Por um lado, a menor taxa de mineralização da matéria orgâ-
nica e, por outro, o facto de os adubos serem aplicados na camada superficial do
solo, sem nunca se verificar a sua incorporação no solo por alfaias de mobili-
zação.
ASPECTOS PARTICULARES DA FERTILIZAÇÃO EM SEMENTEIRA DIRECTA E MOBILIZAÇÃO MÍNIMA/DIFICULDADES E 43
VANTAGENS DOS DIFERENTES SISTEMAS DE CULTURAS EM RELAÇÃO À SEMENTEIRA DIRECTA
Uma outra causa de compactação do solo nestes sistemas pode resultar do pas-
toreio dos animais durante Invernos chuvosos. No entanto, se esta situação
ocorrer em folhas semeadas de pastagem, particularmente após o primeiro ano
da sua implementação, o pisoteio dos animais não provoca compactação que
preocupe, uma vez que a densidade de raízes é muito elevada, o que confere
grande resistência ao solo. A compactação pelo pisoteio dos animais apenas se
torna um problema quando estes pastoreiam resíduos da cultura anterior,
durante o Inverno. Nesta situação, a densidade de plantas é normalmente baixa
(apenas as infestantes que entretanto surgiram), não existindo assim um siste-
ma radicular denso que confira resistência ao solo. É, assim, recomendável que
se evite esta situação. O restolho das culturas deve ser pastoreado apenas
durante o Verão e o início do Outono mas, assim que chover o suficiente para
o pisoteio dos animais causar dano à estrutura do solo, o pastoreio deve ser
interrompido.
lho fique curto, a fim de evitar que seja ele a causa de empapamento do se-
meador.
O risco de compactação durante a colheita será tanto maior quanto mais tarde
esta se realizar. Dada a rapidez com que se pode instalar a cultura em sistemas
de sementeira directa, a primeira recomendação será a de semear cedo, sem ser
demasiado ambicioso na duração do ciclo da variedade, de forma a antecipar a
data de colheita. Este procedimento, para além de permitir uma menor compac-
tação do solo durante a colheita, garante um menor teor de humidade do grão,
evitando custos com a sua secagem. A data da última rega deve também evitar
humidade excessiva do solo à colheita. A segunda recomendação diz respeito à
organização do trabalho, de forma a evitar o trânsito desnecessário do equipa-
mento de transporte (tractores, reboques, camiões) sobre o terreno. Também
aqui o rodado assume particular importância, assim como a pressão de enchi-
mento dos pneus.
Quando após a cultura de Verão não está prevista uma cultura de Outo-
no/Inverno, a realização de uma cultura de cobertura é um auxiliar precioso no
combate da compactação do solo. O crescimento activo de raízes no solo,
durante uma época em que o seu teor de humidade é elevado e, assim, a sua
resistência à penetração das raízes é baixa, é uma forma de garantir elevados
níveis de porosidade para a cultura de Verão seguinte. A realização desta cultu-
ra de cobertura tem ainda vantagens complementares como a protecção do
solo contra a erosão, a recuperação de nutrientes que normalmente são perdi-
dos por lavagem, um aumento de fornecimento de matéria orgânica ao solo e
um aumento da cobertura do solo durante a cultura de Verão, o que contribui
para a redução das perdas de água por evaporação e escorrimento superficial.
Há assim muitas razões para se recomendar a instalação de culturas de cober-
tura, sendo a sua realização muito importante sempre que a colheita da cultu-
ra de Verão tenha provocado compactação do solo. A cultura de Outo-
no/Inverno a utilizar dependerá da drenagem do solo. No caso de solos mal
52 MANUAL DE DIVULGAÇÃO SEMENTEIRA DIRECTA E TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO MÍNIMA
Resíduos não flexíveis de culturas, mas sem elevada resistência ao corte, como é
o caso da palha de girassol, só precisam de ser traçados se o semeador disponí-
vel for de bicos.
Em resumo, o maneio adequado dos resíduos, que devem ser sempre mantidos
na superfície do terreno, exige:
– O espalhamento uniforme de palhas e moinhas, em todas as situações.
– A necessidade de traçar a palha vai depender do tipo de cultura e do semea-
dor disponível. No caso da sementeira directa com semeador de bicos e no
caso de sistemas de mobilização mínima, a palha deve ser sempre traçada.