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Sobre a Prática Brasileira de Projeto Geotécnico de Aterros

Rodoviários em Terrenos com Solos Muito Moles


Sandro S. Sandroni, Ph.D
Diretor, Geoprojetos Engenharia Ltda, Rio de Janeiro

RESUMO: É apresentado um conjunto de observações práticas sobre o projeto geotécnico de


aterros rodoviários, construídos sobre solos muito moles. São abordados aspectos referentes a
prospecções geotécnicas e alternativas de projeto.

As questões de prospecções geotécnicas enfocadas são: sondagens com SPT e ensaios de


caracterização, qualidade de amostras indeformadas e ensaios de adensamento em laboratório e
ensaios de palheta e piezocone no campo.

São apresentadas alternativas de projeto e algumas de suas particularidades práticas e, discutidos


brevemente os procedimentos de cálculo e dimensionamento. As alternativas enfocadas são as
seguintes: aterros sobre o terreno (com e sem drenos verticais aceleradores, com e sem sobrecargas),
aterros leves (com isopor e outros materiais) e aterros estruturados sobre estacas (com plataforma
flexível e com plataforma rígida).

PALAVRAS-CHAVE: Aterros rodoviários, solos muito moles, prática de projeto geotécnico.

rodovias, as ferrovias, os oleodutos e as linhas


1 INTRODUÇÃO de transmissão, construídas em terrenos com
solos muito moles. Com a premência de tempo,
Este texto apresenta uma colagem de o foco foi orientado para os aterros rodoviários.
observações sobre o projeto geotécnico de Ainda em função da exigüidade de tempo, não
aterros rodoviários, construídos sobre solos foram abordados temas relativos ao
muito moles, tal como praticado no Brasil, por acompanhamento geotécnico das obras, tais
um determinado grupo de engenheiros. São como: técnicas de instrumentação e utilização,
abordados dois tópicos gerais: prospecções em benefício da obra, dos resultados obtidos.
geotécnicas e alternativas de projeto. Finalmente, sempre em presença da escassez de
tempo, este texto não faz a devida justiça
A expressão “solos muito moles” é aqui bibliográfica a inúmeros colegas lusófonos que
utilizada para indicar os depósitos de solos deram importantes contribuições.
argilosos, orgânicos, turfosos ou não, com
coloração escura, com umidade elevada (maior
do que 80% a 100% e chegando aos 1000%) e 2 PROSPEÇÕES GEOTÉCNICAS
SPT nulo (amostrador penetra sob o peso da
composição) ou muito baixo (SPT menor do Neste capítulo são apresentadas observações
que 2). Esses solos ocorrem extensamente nas sobre os ensaios de campo e laboratório mais
baixadas costeiras Brasileiras e se apresentam, freqüentemente utilizados em projetos de aterros
na maioria dos casos, em camadas superficiais rodoviários sobre solos muito moles.
cuja espessura pode ultrapassar os 20 metros.
A maioria dos ensaios mencionados é
A intenção original do Autor, em especificada em Normas Brasileiras, da ABNT,
atendimento aos termos estabelecidos pela a saber: granulometria (NBR7181), limite de
organização deste Congresso, era abarcar os liquidez (NBR6459), limite de plasticidade
diferentes tipos de obras lineares, tais como as (NBR7180), ensaio de adensamento
(NBR12007), amostragem indeformada As amostras SPT podem, ademais, ser
(NBR9820), sondagem à percussão com SPT utilizadas para determinações dos limites de
(NBR6484) e ensaio de palheta no campo consistência (LL e LP), da granulometria e da
(NBR10905). Há um Método Brasileiro para perda por ignição (PPI). Os ensaios de LL e LP
ensaio de cone no campo (MB3406) mas, ainda devem ser realizados sem secagem prévia das
não se dispõe de uma Norma Brasileira para o amostras (ao contrário do que rezam as Normas
ensaio de piezocone. Não há uma Norma Brasileiras respectivas). O valor PPI se
Brasileira específica para umidade natural, correlaciona satisfatoriamente com o teor de
embora o procedimento para obtê-la matéria orgânica dos solos muito moles escuros.
(aquecimento a 105oC) faça parte de diversas
Normas (como, por exemplo, as de LL e de 2.2 Amostras Indeformadas e Ensaios de
LP). Está em preparo, mas ainda não em vigor, Adensamento
que seja do conhecimento do Autor, uma
Norma para determinação da perda por ignição Os ensaios de laboratório são a maneira direta
(PPI = perda de peso por aquecimento entre de obter os parâmetros de compressibilidade dos
105oC e 440oC, divida pelo peso a 105oC). solos muito moles.

Os detalhes sobre as técnicas de execução e Os ensaios de adensamento são, comumente,


interpretação dos ensaios de campo acima realizados em estágios de carga, os quais são
mencionados (sondagens com SPT, piezocone e interrompidos ao final da compressão primária
palheta) estão apresentados em Schnaid (2000). (definido através do método de Taylor ou outro
procedimento adequado). Nas etapas iniciais do
2.1 Sondagens e Ensaios de Caracterização ensaio, a escolha dos estágios deve ser feita de
maneira a definir o melhor possível a pressão de
A primeira etapa de prospecção geotécnica sobreadensamento. Na fase de compressão
consiste na realização de furos de sondagem à virgem, os acréscimos de carga iguais ao valor
percussão com SPT a cada metro de da carga anterior, são adequados. Ensaios de
profundidade. As sondagens são realizadas a adensamento tipo CRS (velocidade de
cada 40 ou 50 metros, ao longo do eixo da deformação constante) são utilizados com
rodovia. Em etapas posteriores, novas menos frequência, porque há poucos
sondagens são realizadas nos trechos laboratórios equipados para realizá-los no
identificados como desfavoráveis. Brasil.

A amostras SPT são preservadas, Os solos muito moles em foco são bastante
imediatamente após serem obtidas, em sacos sensíveis às operações de amostragem, extração
plásticos duplos, hermeticamente fechados, de e moldagem dos corpos de provas. Sandroni
maneira a permitir a obtenção, em laboratório (2006) apresenta evidências de que, tomando-se
(algumas vezes no próprio local) da umidade alguns cuidados especiais (Ladd & DeGroot,
natural. É de rotina que sejam obtidos os valores 2003), não onerosos, a qualidade das amostras
de umidade de cada uma das amostras SPT de melhora a ponto dos ensaios de adensamento
solo muito mole, de todas as sondagens. Como oferecerem parâmetros confiáveis para as
o valor de SPT, nos solos muito moles, não tem estimativas de magnitude dos recalques. No
qualquer significado (por exemplo, não se pode caso dos solos muito moles em foco, os efeitos
inferir nenhuma informação da diferença entre de velocidade de carregamento e de temperatura
um registro P/45 e outro 1/60), o valor de (Leroueil, 1994), sobre os parâmetros de
umidade natural passa a ser, junto com a compressibilidade, não são muito relevantes. Já
descrição visual-táctil da amostra, uma a obtenção do coeficiente de adensamento,
informação básica para caracterizar o material. mesmo em ensaios de alta qualidade, costuma
contrastar bastante com o comportamento de
campo.
do piezocone podem ajudar a definir as
A qualidade dos ensaios de adensamento características de drenagem das camadas
pode ser avaliada com base no Índice de subjacentes ao solo mole, facilitando a decisão
Qualidade do Espécime (IQE), sugerido por sobre as condições de drenagem (se simples,
Lunne e outros (1997), utilizando os critérios dupla ou intermediária) durante o processo de
sugeridos por Coutinho e outros (2002) com adensamento. Através dos ensaios de dissipação
pequena modificação. A Tabela 1 apresenta os com piezocone podem ser obtidos bons valores
critérios e a definição de IQE. de coeficiente de adensamento, para o estado de
tensões in situ (os quais vão requerer correção
Tabela 1 – Critérios de qualidade para ensaios de empírica para níveis mais altos de tensão
adensamento efetiva).
QUALIDADE IQE, ADAPTADO DE COUTINHO ET
DA AL, 2000, PARA SOLOS COSTEIROS
AMOSTRA BRASILEIROS COM OCR<2 Já a obtenção quantitativa de parâmetros, tais
MUITO BOA < 0,03 como a resistência não drenada e a pressão de
BOA A sobreadensamento, nos solos muito moles em
0,03 a 0,05
REGULAR foco, a partir de resultados de piezocone,
RUIM 0,05 a 0,10 utilizando correlações empíricas (como, por
MUITO exemplo, as de Kulhavy & Mayne, 1990, entre
> 0,10
RUIM
muitas outras), pode estar sujeita a grandes
NOTA: IQE = de/eo, onde eo é o índice de
imprecisões. Ladd & DeGroot (2003)
vazios inicial no ensaio de adensamento e de é
encontraram valores de Nkt (relação entre qT
variação de índice de vazios entre o início do
corrigido e a resistência não drenada de palheta)
ensaio e o ponto em que a carga do ensaio fica
muito diferentes (12 em um local e 18 em outro)
igual à tensão efetiva vertical no campo.
no mesmo material (Boston Blue Clay),
ensaiado com o mesmo equipamento. Tendo
2.3 Ensaios de Piezocone
constatado que esta diferença não se devia a
contraste na plasticidade, os autores registraram
Os ensaios de piezocone já se firmaram como
que “a razão para esta discrepância é
ferramenta de rotina nos programas de
desconhecida e preocupante”. Na obra da Vila
prospecções em locais onde existem solos muito
do Panamericano de 2007, na Barra da Tijuca,
moles. Diversas empresas e centros de
Rio de Janeiro, foram encontrados valores de
tecnologia oferecem este tipo de ensaio em
Nkt muito contrastantes (em média, 6,5 e 10,2)
caráter rotineiro e com qualidade adequada. Os
utilizando diferentes equipamentos em furos
ensaios devem ser realizados seguindo
vizinhos (ambos os equipamentos considerados
procedimentos e utilizando equipamentos
confiáveis). Este contraste, provavelmente, se
padronizados (velocidade de cravação 20 mm/s,
deve a pequenas diferenças nos valores de
área da seção do cone 10 cm2, ângulo do cone
resistência de ponta e poropressão medidos
60o, ver Schnaid, 2000).
pelos dois equipamentos. Embora pequenas (10
a 15 kPa), essas diferenças representam uma
Em geral, a quantidade e a posição dos
porcentagem expressiva do valor total dos
ensaios de piezocone são escolhidas à luz dos
parâmetros, em particular do qT corrigido.
resultados de sondagens, levando em conta os
valores de umidade e de ensaios de
2.4 Ensaios de Palheta
caracterização nas amostras SPT.
Apesar de suas limitações e das restrições que
O piezocone é um bom instrumento para a
lhe possam ser feitas, os ensaios de palheta
definição de camadas e de variações em cada
seguem sendo a alternativa mais freqüente para
camada (tais como lentes arenosas e de conchas,
a determinação da resistência não drenada em
passagens de turfa com muito material fibroso,
solos muito moles. Para utilização em projetos,
etc). Os resultados de excesso de poropressão
a resistência não drenada obtida com o ensaio de
palheta deve ser corrigida da maneira proposta observando-se que os pontos das retroanálises
por Bjerrum (1973) ou pela variante sugerida das rupturas Brasileiras consideradas se
por Azzouz e outros (1983). A diferença entre distribuem na faixa delimitada pelas prescrições
essas duas curvas de correção é que Bjerrum empíricas de Bjerrum e de Azzouz.
não considerou efeitos tridimensionais nas Considerando a inerente imprecisão do
retroanálises que utilizou para constituir sua procedimento, pode-se dizer que, em primeira
prescrição empírica. Para os solos muito moles aproximação, se justifica usar de um valor de
da região costeira do Brasil, vão sendo correção igual a 0,65, para projeto de aterros
acumulados casos que validam o uso da sobre solos muito moles costeiros Brasileiros.
correção, como mostrado na Figura 1,

Figura 1. Fator de correção de Bjerrum

A obtenção da resistência não drenada de permite o trafego de nenhum equipamento, é


solos muito moles através de ensaios em necessário lançar um aterro de conquista ou de
laboratório (triaxiais, por exemplo), muito trabalho, executado segundo a seguinte
popular no passado, vem encontrando pouco seqüência:
uso na prática recente Brasileira. O custo e os  remover todos os troncos vegetais com
mencionados problemas de amostragem, diâmetro mais do que 5 cm e ceifar a
associados à popularidade do ensaio de palheta, vegetação rasteira. A vegetação ceifada
devem ser os responsáveis por esta situação. pode ser deixada no local ou removida,
dependendo de condições específicas da
obra;
3 ATÊRRO DE CONQUISTA  aplicar, e costurar cuidadosamente,
geotextil tecido, com resistência (em faixa
Em virtude da existência, à superfície, de solo larga, NBR 12824) mínima de 30 kN/m em
argiloso e turfoso extremamente mole, que não ambas as direções, sobre a superfície do
terreno. A utilização de geotexteis não se este escrito às seguintes observações gerais
tecidos para esta função não é favorecida sobre este tema:
em presença da deformabilidade excessiva  Estabilidade. Seguem em uso os métodos de
dos mesmos; equilíbrio limite bidimensional com
 lançar aterro de boa qualidade (saibro superfícies circulares (Bishop simplificado)
arenoso, por exemplo) com espessura da e poligonais (Janbu, para pesquisa da
ordem de 0,70 m a 1,00 m, sobre o superfície crítica e, Spencer para obtenção
geotextil. Este aterro deverá ser construído do coeficiente de segurança da superfície
tomando muito cuidado para não causar crítica obtida). Dependendo da importância
rupturas. da obra e da qualidade que se atribui aos
parâmetros utilizados, costuma-se exigir
Por estar apoiado sobre o terreno muito coeficientes de segurança da ordem de 1,4 a
mole e dele separado apenas pelo geotextil, não 1,5. Poucas vezes se lança mão de recursos
se costuma conseguir boa compactação na parte mais sofisticados, tais como elementos
inferior do aterro de conquista (digamos, nos 40 finitos, na prática de projetos de aterros
a 60 cm inferiores), aceitando-se apenas o que sobre solos muito moles, embora programas
resultar da passagem dos equipamentos de desse tipo (SAP, Plaxis, FLAC, Phase2,
terraplanagem. Sigma/W, etc) estejam disponíveis na
maioria dos escritórios de projeto.
Deve ser utilizado trator leve para  Magnitude do recalque primário. O recalque
espalhamento das primeiras camadas, até que o primário é estimado utilizando parâmetros
aterro de conquista apresente condição de obtidos dos resultados de (bons) ensaios de
suportar tráfego mais pesado, ou seja, até que adensamento ou, na falta dos mesmos e em
parem de ocorrer “ondeamentos” ou caráter precário, com base em correlações
“borrachudos”. entre os parâmetros de compressibilidade e
a umidade natural (ver Sandroni, 2006).
Não devem ser permitidas pilhas de material  Magnitude do recalque secundário. O
durante a construção do aterro de conquista, recalque secundário, considerado como
pois podem causar rupturas localizadas. O solo finito, pode ser estimado, no caso específico
de aterro deve ser espalhado tão logo seja dos solos muito moles em foco, com auxílio
descarregado dos caminhões, evitando a da seguinte expressão (Martins, 2005;
formação de linhas de pilhas posicionadas lado Sandroni, 2006):
a lado.
ra  0,15.Hsm.[Cc/(1+e)] (1)
Caso seja prevista a instalação de drenos
fibroquímicos, a cravação de estacas ou a onde, ra = recalque secundário, Hsm=
execução de colunas, o aterro de conquista não
espessura da camada de solo muito mole e
deve conter blocos e matacões, de maneira a
[Cc/(1+e)] = índice de compressão virgem da
evitar a necessidade de realizar pre-furos, que
camada de solo muito mole.
encarecem os serviços.
 Velocidade dos recalques. Estabelecer qual
será a evolução dos recalques com o tempo,
4 ATERROS DE SOLO APLICADOS
sejam eles primários ou secundários, é a
SOBRE O TERRENO
questão de cálculo de projeto que se tem
menos resolvida. É um assunto que
4.1 Estudos de Projeto
apresenta, há décadas, necessidade de
estudo e equacionamento prático. Ajustes
Foge ao objetivo entrar em detalhes de como
das curvas tempo-recalque, observadas em
são feitos os cálculos de projeto de aterros
aterros instrumentados, com espessura entre
rodoviários sobre solos muito moles, limitando-
2,3 e 4,2 metros, construídos sobre solos implicações ambientais, o resultado final obtido
muito moles em diversos pontos da costa com esses procedimentos em solos muito
Brasileira, utilizando ou não drenos moles, é duvidoso e de difícil controle de
aceleradores, resultaram em valores de qualidade.
coeficiente de adensamento, Cv, (nominais,
incluindo alguma compressão secundária) 4.3 Aterros Convencionais de Solo Sobre o
entre 1 e 3x10-3 cm2/s. Massad (1999) Terreno
encontrou valores de Cv (equivalentes,
obtidos pelo método de Asaoka a partir de A altura das camadas de aterro (exceto na base
dados de recalque observados em obras) do aterro de conquista, que pode ser construída
entre 11 e 33x10-3 cm2/s para locais da sem exigências de compactação, como
Baixada Santista, nos quais a camada muito mencionado acima) costuma ser da ordem de 50
mole apresenta “teores variáveis de areia” e cm, compreendendo, tipicamente, duas sub-
“finas lentes de areia”. Para aterros mais camadas compactadas com 25 cm de espessura.
espessos, verifica-se que o valor de Cv O recuo entre camadas de 50 cm deve ser de tal
diminui. que se obtenha o talude médio exigido. Por
exemplo: se o talude exigido for igual a 1:10
4.2 Substituição ou Deslocamento do Solo (V:H) o recuo entre camadas de 50 cm deve ser
Muito Mole de 5 metros. A inclinação estipulada deve ser
utilizada para avanço dos aterros, em todos os
A remoção do solo muito mole, seguida de sua pontos da obra e em todas as direções. Utilizar
substituição por solo de melhor qualidade, se taludes mais íngremes, mesmo longe da
apresenta como alternativa a considerar quando periferia de aterros em construção, pode causar
a espessura da camada não excede os 3 ou 4 rupturas.
metros. Esse partido de projeto praticamente
deixou de ser utilizado em larga escala por As camadas iniciais, até que o aterro tenha
acarretar problemas ambientais. O transporte da uma espessura máxima fixada em projeto,
lama em vias públicas e a disposição final do constituem uma primeira etapa. Caso esta
material escavado, costumam esbarrar em fortes espessura não seja suficiente, são lançadas
restrições. Quando se utiliza esta alternativa, é novas etapas de aterro procurando tirar
preciso que o material de substituição (em proveito do ganho de resistência na camada
geral, areia) não fique muito fofo. Caso muito mole (acelerado, caso julgado necessário,
contrário, poderão ocorrer recalques, causados por drenos verticais, adiante abordados). O
pelas vibrações do tráfego rodoviário, lançamento das etapas (e das camadas em cada
particularmente se material de substituição tiver etapa) pode ser acompanhado e liberado, com
sido lançado em condições submersas. Nos caso base em resultados de instrumentação
em que a cava é seca, o adensamento da areia geotécnica, utilizando o denominado “método
de substituição pode ser realizado por dos volumes” (Sandroni e outros, 2004).
compactação vibratória convencional. Sendo a
areia lançada submersa, podem ser usadas Na periferia, os aterros poderão ter reforço
ponteiras vibratórias (do tipo utilizado para com geossintéticos de maneira a viabilizar
adensar concreto) ou, em casos de maior taludes mais íngremes. Por exemplo: em um
dimensão, estacas de deslocamento ou local onde o solo muito mole, com resistência
compactação dinâmica. não drenada média (corrigida via Bjerrum) por
volta de 6 kPa, possuía espessura de 8 metros,
Outro partido de projeto, muito utilizado conseguiu-se desempenho aceitável (isto é,
antigamente e que também está caindo em aconteceram fissuras, mas não grandes trincas,
desuso, é o deslocamento da camada muito rejeitos verticais ou rupturas), na periferia de
mole por empurramento com aterros sucessivos um aterro com 4,5 metros de espessura,
ou por meio de detonações. Alem das lançado em duas etapas (a primeira com 2,5 m e
a segunda com 2,0 m de espessura). Foram espessura necessária, são eficazes para
utilizados drenos verticais (1 dreno a cada 2 m2) reduzir a compressão secundária.
e o talude externo tinha inclinação de 1:6
(V:H). Foram instaladas camadas de reforço A sobrecarga é um carregamento
(geotextil tecido com resistência em faixa larga temporário. Passado o tempo necessário de
igual a 30 kN/m) a cada 1 metro de espessura atuação, ela é retirada. Assim, em geral, não são
de aterro, se entendendo cerca de 15 metros feitas maiores exigências de qualidade e de
para dentro do aterro. Entre as duas etapas de compactação nos aterros de sobrecarga, exceto
carregamento, houve um período de espera de 3 no trecho inferior que poderá vir a fazer parte
meses. Se este aterro fosse construído sem as do aterro definitivo.
providências mencionadas, a inclinação do
talude teria que ser da ordem de 1:15 (V:H). Os benefícios obtidos são verificados no
campo, através de acompanhamento com
Quando se trata de aumentar a espessura de instrumentação geotécnica, ajustando, na
aterro, os benefícios dos reforços geossintéticos medida do possível, a espessura e a
podem ser modestos no caso de solos muito permanência da sobrecarga.
moles. A baixa resistência do terreno faz com
que se instale uma situação de “aterro rígido”, 4.5 Drenos Verticais
ou seja, a ruptura passa a ser como a de uma
sapata (Rowe, 2002), mesmo quando as A aceleração dos recalques é conseguida
inclinações dos taludes laterais dos aterros são introduzindo drenos verticais na camada muito
suaves. Em casos assim, ou se usam drenos e mole e, depois, carregando-a com aterro. Os
construção em etapas, ou se consideram drenos diminuem a distância que a água, nos
alternativas em aterro leve ou aterro vazios do solo muito mole, tem que percorrer
estruturado, adiante discutidas. para escapar. Os drenos podem reduzir muito
(de décadas para meses) o tempo necessário
4.4 Sobrecargas para que o processo de adensamento aconteça.

A espessura necessária de aterro, em um ponto Até cerca de 20 anos atrás, utilizavam-se


qualquer, é a soma do ganho de elevação drenos, com diâmetro entre 15 e 30 cm,
desejado (diferença entre a cota final e cota constituídos por areia. Este tipo de drenos está
inicial) com o recalque esperado. As praticamente abandonado. Atualmente são
sobrecargas são aterros adicionais, lançados utilizados os chamados drenos-fita, também
sobre a espessura necessária. As sobrecargas denominados drenos prefabricados ou drenos
podem ser utilizadas para: fibroquímicos, cravados hidraulicamente no
 Reduzir o tempo para que ocorra o recalque solo mole, por máquinas de torre, com auxílio
primário, correspondente à espessura de mandril de aço. Os drenos fibroquímicos
necessária do aterro. O recalque sob a carga foram dominando o mercado, principalmente,
do aterro mais sobrecarga é, obviamente, pela rapidez de execução (é comum instalar
maior do que o recalque apenas sob a 1.000 a 2.000 metros/dia, por máquina) mas,
espessura necessária do aterro. Se o tambem, por causa do preço. Uma seção típica
recalque (primário) que corresponde à de um arranjo de drenos-fita está apresentada
espessura necessária do aterro, for atingido na Figura 2. Os drenos prefabricados consistem
durante a atuação da sobrecarga, não de um núcleo (de plástico com ranhuras em
restará (praticamente) nenhum recalque forma de canaleta ou, de geo-rede, um aramado
(primário) do aterro, por ocorrer após a plástico não tecido) envolto em um filtro de
remoção da mesma. geossintético não tecido de baixa gramatura. A
 Reduzir a compressão secundária. seção reta desses drenos possui dimensões
Sobrecargas deixadas por tempo suficiente típicas de 0,5 cm x 10,0 cm. Os drenos de boa
para exceder o recalque primário da qualidade, disponíveis no mercado Brasileiro,
possuem capacidade de vazão adequada para o volume de solo amolgado durante a cravação
aceleração de recalques nos solos muito moles dos drenos. Quanto maior o volume de solo
costeiros Brasileiros. amolgado, menor é a eficiência do sistema de
drenos. Para espessuras de solo muito mole até
A cravação dos drenos-fita deve ser cerca de 15 metros, consegue-se instalar os
hidráulica, não sendo recomendáveis nem a drenos com mandril liso, com área externa da
cravação por impactos, nem a cravação por ordem de 70 cm2 (6cm x 12 cm). No entanto, se
vibração. As dimensões do mandril, utilizado camada de argila muito mole contiver passagens
para cravar os drenos fibroquímicos, e da peça compactas de areia ou conchas, ou se sua
que os fixa no terreno, quando da remoção do espessura for muito grande (maior do que cerca
mandril (a chamada “chapinha”), são de 15 metros) pode ser necessário utilizar
importantes aspectos da qualidade desses mandril com reforço externo, tendo-se que
produtos. Tanto o mandril como a chapinha conviver com uma maior área de amolgamento
devem ter a menor área possível para minimizar em torno dos drenos prefabricados.

Figura 2. Atêrro com drenos aceleradores

A água captada pelo sistema de aceleração foco, em presença dos acentuados recalques, o
com drenos verticais deve poder escapar tapete drenante acaba ficando em posição baixa
livremente, sem que se desenvolvam gradientes e, por consequência, a água que por ele percola,
hidráulicos significativos no tapete drenante. O vem a ser obrigada a subir em direção ao ponto
tapete drenante, posicionado em cima do aterro de escape. Em casos assim, a eficiência do
de conquista e constituído por areia limpa, pode sistema de drenos verticais pode ser aumentada
ter a sua permissividade hidráulica aumentada instalando, em pontos estratégicos, poços de
utilizando drenos de brita envolta em geotextil bombeamento para remover a água coletada no
drenante (“drenos franceses”). Como tapete drenante (há um poço indicado
alternativa, podem ser utilizados drenos esquematicamente na Figura 2).
geossintéticos compostos ou, combinações
destes com tiras dos próprios drenos-fita. Em Em estudos rotineiros de projeto obtem-se,
aterros de rodovias, cuja largura é limitada a através de fórmulas simples (tais como as de
uma ou duas dezenas de metros, pode-se Kellman descritas em Hansbo, 1981), o tempo
colocar um dreno ao longo do eixo (como está (t) necessário para que um certo grau de
indicado na Figura 2). Em aterros mais largos, adensamento (Uh) aconteça, em função do
devem ser implantados drenos franceses a cada afastamento entre os drenos (D) e do coeficiente
20 metros, de maneira que a distância máxima a de adensamento horizontal do solo (Ch),
ser percorrida pela água, no tapete de areia, não levando em conta um anel amolgado em volta
exceda cerca de 10 metros. do drenos. A relação completa entre tempo e
grau de adensamento, considerando
Igualmente importante, para garantir a carregamento instantâneo, pode ser obtida nos
eficiência do sistema de drenos, é que o escape termos propostos por Barron, relatados em
da água captada pelo tapete drenante seja em diversas publicações (ver, por exemplo, Scott,
direção a um ponto de saída com a menor carga 1963). As equações de Olson (1977) podem ser
hidráulica possível. Nos solos muito moles em utilizadas para considerar carregamento
aumentando linearmente com o tempo, uma adensamento (Saye, 2001). Ao que tudo indica,
situação comum, no caso de drenos verticais, a maior proximidade dos drenos é neutralizada
visto costumar ocorrer significativo pelo amolgamento devido à cravação que,
adensamento durante o lançamento do aterro. tipicamente, afeta um diâmetro entre 60% e
100% maior do que o do mandril.
Os resultados de alguns aterros
instrumentados, executados sobre os solos
muito moles costeiros Brasileiros (por exemplo, 5 ATERROS LEVES
ver Bedeschi, 2004), sugerem que o valor do
coeficiente de adensamento horizontal (nominal, 5.1 Aterros com Isopor
obtido por ajuste da curva tempo-recalque
observada) é cerca de 50% maior do que o valor Há cerca de 30 anos, na Noruega, foi iniciado
do coeficiente de adensamento vertical o uso de aterros muito leves com blocos de
(observado em aterros adjacentes sem drenos). isopor. Hoje em dia esta técnica está
Outras questões de projeto de drenos verticais, amplamente difundida em diversos países
tais como diâmetro equivalente do drenos (Alemanha, França, Japão, Coréia, Chile, EUA,
(diâmetro do círculo de mesmo perímetro que o etc). No Brasil, já foram feitas uma poucas
dreno), diâmetro de influência ou efetivo aplicações rodoviárias, incluindo encontros de
(diâmetro do círculo com área igual à que ponte na Linha Verde (Bahia), uma passagem
interessa ao dreno) e influência da resistência superior em Várzea Paulista (São Paulo) e um
hidráulica dos drenos, foram adequadamente trecho de 25 metros do acesso ao stand de
abordadas por Magnani & Almeida (2004). vendas da Vila do Panamericano, junto ao aterro
sobre plataforma rígida da Rótula da Barra (Rio
Independentemente dos cálculos, a de Janeiro). Uma seção típica de aterro com
experiência tem mostrado que espaçamentos, isopor e alguns detalhes, estão mostrados na
entre os drenos, menores do que cerca de 1,5 m, Figura 3.
não resultam em ganho de velocidade de

Figura 3. Atêrro com isopor

Os aterros ultra-leves, construídos com industrialmente, com peso específico muito


blocos de isopor, são utilizados para aliviar a baixo (típico: 10 kg/m3 a 25 kg/m3) e com
carga vertical e, por conseqüência, minimizar resistência e compressibilidade semelhantes às
recalques e empuxos. O nome técnico do isopor dos aterros compactados. A dimensão dos
é poliestireno expandido, sendo comum utilizar blocos produzidos é uma função do tamanho da
as inicais EPS (do Inglês: Expanded máquina de moldagem da fábrica (típico: 4,00 x
PolyStyrene). Trata-se de material produzido 1,25 x 1,00 m). Os blocos podem ser cortados
na fábrica, com fio quente, em peças menores em aterros convencionais, os seguintes aspectos
com formas diversas. Os blocos podem ser ( ver Fig. 3):
também cortados manualmente na obra,  Evitar continuidade vertical entre as junções
utilizando fio de aço. Durante a fabricação de blocos;
podem ser introduzidos produtos químicos que  Em trechos curvos pode-se: (a) cortar os
minimizam o risco de combustão do EPS (o blocos com os ângulos necessários. (na
chamado EPS-F). fábrica, segundo projeto, ou na obra), ou,
(b) preencher os pequenos espaços, que
As principais propriedades mecânicas do EPS ficam entre blocos, com nata de areia e
se relacionam diretamente com o peso específico cimento;
do material. Na Tabela 2 estão valores médios  Proteger, com geomembrana fina (PEAD,
típicos, obtidos em diversos países, inclusive um polipropileno) contra a infiltração de
pioneiro programa de ensaios recentemente gasolina e diesel, produtos que podem
realizado no Brasil. atacar o ESP. A proteção com
geomembrana e a laje de concreto, a seguir
Tabela2. Rigidez e resistência de EPS em função do pêso mencionada, são suficientes para garantir a
específico
durabilidade;
PESO ESPECÍFICO
(kg/m3)
10 15 20 25  Proteger o topo com laje de concreto
MÓDULO INICIAL levemente armada. Esta laje tem diversas
1.500 3.750 6.000 8.250
(kPa) funções: (a) junto com o pavimento e sua
RESISTÊNCIA (kPa) 26 70 115 160 base, distribuir as cargas concentradas
induzidas pelo tráfego, (b) proteger, junto
No caso de rodovias deve ser utilizado o EPS com a manta de polipropileno, o EPS de
com peso específico na faixa de 20 a 25 kg/m3. ataque químico por combustíveis, (c)
EPS com peso específico mais baixo pode ser proteger o EPS contra puncionamento. A
utilizado na porção inferior dos aterros estradais espessura típica dessa laje é de 8 a 10 cm;
e em casos de redução de empuxos, áreas de  Nos trechos rodoviários, a espessura de
lazer e paisagismo, onde não ocorram aterro acima da laje não deve ser menor do
solicitações concentradas elevadas, como o que 60 a 80 cm, incluindo o pavimento;
tráfego de veículos. Quando submersos, os  Detalhamento dos taludes laterais. Em geral
blocos de EPS podem ter o seu peso específico fazem-se degraus de EPS (cobertos com a
aumentado para valores de até 100 kg/m3. manta de polipropileno) sobre os quais
lança-se uma espessura de aterro ou brita ou
Estudos recentes (Aaboe, 2000), que outro material aceitável;
incluíram exumação de aterros estradais com até  Estudar subpressões e garantir equilíbrio à
20 anos de operação, comprovaram que o EPS flutuação.
mantem suas características mecânicas em prazo
longo. Estudos diversos indicam que o EPS não Os aterros com EPS apresentam recalques
é alimento para nenhum tipo de inseto ou pequenos, devidos ao peso do aterro de
animal. Em alguns ambientes o EPS pode estar conquista, da laje de proteção, do
sujeito à infestação por insetos (cupins, aterro/pavimento acima da laje e da carga
formigas), embora não se tenha notícia deste móvel. Pode-se construir aterros com EPS de
tipo de evento em aterros estradais. Os blocos maneira a apresentarem recalques praticamente
de EPS podem ser tratados, durante sua nulos, adotando as seguintes providências:
moldagem, para inibir a ação de insetos, sem  executado o aterro de conquista, instalam-se
grande acréscimo de custo nem prejuízo nas drenos verticais;
características mecânicas (Horvath, 1995).  coloca-se aterro de sobrecarga, cujo peso
deve ser maior do que a soma dos pesos do
No projeto de aterros com EPS devem ser aterro de conquista, da laje de proteção, do
considerados, além dos normalmente estudados
aterro acima da laje, do pavimento e da
carga móvel; Aterros podem ser executados com materiais
 espera-se (alguns meses) até que a maior mais leves do que o solo compactado, embora
parte dos recalques aconteçam sob o peso não tão leves como o EPS. A Tabela 3
da sobrecarga. Esse tempo de espera será apresenta densidades médias típicas e custos
uma função tanto do coeficiente de relativos (valores coletados em janeiro de 2006,
adensamento da camada muito mole, como no Rio de Janeiro) de dois dentre os materiais
da espessura da sobrecarga utilizada; leves que podem ser cogitados para a
 remove-se a sobrecarga até o nível mais construção de aterros rodoviários, os quais
baixo possível, deixando uma superfície estão brevemente discutidos a seguir. Essas
plana, sobre a qual se constrói o aterro com posturas de projeto não estão inseridas na
EPS. prática corrente, sendo aqui apresentadas como
especulação.
5.2 Aterros leves com outros materiais

Tabela 3 - Características médias de aterros leves


PESO ESPECÍFICO CUSTO RELATIVO
MATERIAL
(kg/m3) POR m3
Solo compactado 1800 1,0
Pneus picados 400 a 600 4,5
Tubos de concreto (diâmetro=1,0 a 1,5 m; espessura da
200 a 400 4a6
parede 6 a 10 cm)
3
Isopor 20 kg/m 20 12,5

Aterro constituído por pneus picados Estados Unidos (TFHRC, 2006). Trata-se de
(APP) – Esta alternativa, ainda não utilizada no usar fragmentos de pneus para construir aterros,
Brasil (que o Autor saiba), vem encontrando utilizando os equipamentos convencionais de
aplicação crescente em aterros estradais em terraplanagem. A Figura 4 apresenta um
diversos locais do mundo, em particular, nos esquema desta alternativa.

Figura 4 – Atêrro com pneus picados

O peso específico dos APP varia entre 400 e deformações visíveis (“borrachudos”,
600 kg/m3, dependendo do tamanho dos literalmente) quando da passagem do trator.
fragmentos e da compatação que se consiga. A Quando os pneus estão picados em fragmentos
compactação pode ser feita pela passagem de pequenos (digamos, até 5 cm), quatro ou cinco
tratores de esteira. Não existem procedimentos passagens de trator pesado costumam bastar.
consagrados para controle de qualidade dos Para fragmentos maiores podem ser necessárias
aterros de pneu picado, sendo usual aceitar que mais do que dez passadas de trator.
a compactação está adequada quando cessam as
É recomendado que o maciço de pneus ambiental de grande escala. O uso de pneus em
picados seja inteiramente envolvido com aterros rodoviários é um grande consumidor
geotextil não tecido. A experiência tem indicado potencial e, por conseqüência, recebe (ou
que é preciso cobrir o maciço compactado de deveria receber) incentivo e apoio de governos e
pneus picados com pelo menos 90 cm de aterro de organizações ambientais em diversas partes
compactado sob as pistas de rolamento, sendo do mundo.
virtualmente obrigatória a utilização de
pavimentos flexíveis. Nas laterais da rodovia é As características físicas dos APP são, em
recomendado um recobrimento mínimo de 60 geral, favoráveis para uso em rodovias. A
cm. permeabilidade e a resistência ao cisalhamento
dos APP são altas. Os APP apresentam, porem,
O preço relativo apresentado na Tabela 3 alguns inconvenientes. Há relatos de três casos
refere-se à compra dos pneus já picados em (dentre centenas de APP nos EUA) de
companhias de reciclagem estabelecidas no combustão expontânea. Mesmo quando bem
mercado Brasileiro. Pode-se imaginar que o compactados, os APP apresentam recalques em
preço caia muito se os pneus forem picados na prazo longo. Algumas experiências indicam que
obra, o que seria viável para grandes volumes. O o uso de sobrecargas pode diminuir bastante a
custo dos pneus usados resume-se ao preço do compressão secundária.
transporte. Pneus usados podem, em princípio,
ser utilizados como combustível em industrias e, Aterro constituído por tubos de concreto
quando finamente picados, como agregados em (ATC) – Esta alternativa não costuma ser
asfalto e concreto. Essas aplicações (e outras de considerada em projetos, nem no Brasil nem em
menor volume), no entanto, consomem apenas outros lugares (que o Autor saiba). Trata-se de
uma parte dos pneus usados, de maneira que o empilhar tubos de concreto, com um certo
estoque segue aumentando. Esta situação existe diâmetro externo, segundo arranjo de menor
em todo o mundo, caracterizando a disposição volume, como mostrado no detalhe da Figura 5.
final de pneus usados como um problema

Figura 5. Atêrro com tubos de concreto

A altura efetiva do ATC (He) se relaciona = (n.As.gm)/(He.D), onde As = (3,14.E/2).(D-


com o diâmetro dos tubos (D) segundo: He = E/2), é a área sólida do tubo e gm é o peso
[1+(n-1) 3 /2]D, onde “n” é o numero de níveis específico do material do tubo (cerca de 2.400
de tubos utilizado. O peso específico equivalente kg/m3, no caso de concreto).
(gATC) do aterro de tubos, para tubos com
espessura de parede igual a E, é dado por: gATC
Considerando, como exemplo, tubos de Outros materiais leves já foram cogitados
concreto com diâmetro externo 1,35 m e em diversas situações de projeto mas se
espessura da parede de 8 cm, o peso específico revelaram inadequados. Um exemplo é a argila
equivalente do ATC seria da ordem de 250 expandida, um material de peso intermediário
kg/m3, ou seja, seria obtido um “aterro” cerca (algo como 550 kg/m3 no aterro) e custo alto
de sete vezes mais leve do que o solo (custo relativo algo como 20 a 25 vezes maior
compactado. O custo relativo seria, no caso em do que o do aterro convencional). Mostram-se,
exemplo, algo como cinco vezes maior do que o tambem, muito caras, embora muito leves, as
de um aterro convencional. Diminuindo-se o tubulações de materiais que não concreto
diâmetro dos tubos e/ou aumentando-se a (plásticos, aço).
espessura da parede, aumentam tanto o peso
específico equivalente, como o custo.
6 ATERROS SOBRE PLATAFORMAS
O projeto de ATCs traria diversos desafios FLEXÍVEIS
que precisariam ser equacionados, tais como:
 A espessura da parede dos tubos, a Os problemas de recalque e instabilidade,
resistência do concreto e a armadura a associados com o peso do aterro, podem ser
utilizar devem ser objeto de estudo contornados utilizando aterros apoiados em
específico em cada caso, levando em conta o plataformas flexíveis ou deformáveis, cujas
peso dos tubos, do aterro acima deles e da cargas são transferidas, para as camadas
carga móvel. subjacentes ao solo muito mole, através de
 A deformação do pacote de tubos em elementos profundos. A plataforma pode ser de
presença de recalques se apresenta como brita (com ou sem reforços geossintéticos) ou
uma questão complexa, que afetaria a de geogrelha. Como a plataforma é flexível, os
estabilidade do conjunto de tubos e teria que elementos profundos de transferência podem ser
ser considerada no projeto estrutural dos rígidos (estacas levadas até à nega) ou semi-
tubos; rígidos, como as colunas de brita, as colunas de
 Para evitar o aparecimento de cavidades solo cimento (jet-grout), as colunas de solo
causadas por erosão interna, associada ao granular envoltas por geossintético (tipo ring-
fluxo de água (de chuva, principalmente) track) ou estacas flutuantes com nega aberta.
entre os tubos, seria necessário envolver o
pacote com um geossintético filtrante; As plataformas de brita vem sendo utilizadas
 Seria necessário garantir que os vazios da há muitos anos no Brasil (ver, por exemplo,
linha superior de tubos não resultassem em Bock, 1980; Souto e outros, 1983).
trincas e ondulações do pavimento, mesmo
se os tubos se deslocassem em presença de No caso da plataforma de geossintético, são
eventuais recalques. Isto poderia ser utilizadas geogrelhas, soldadas ou tecidas, de
conseguido utilizando geogrelhas de alta alta tenacidade e durabilidade, constituídas por
tenacidade e durabilidade no topo do pacote fios de poliester (PET) protegidos por camada
de tubos. de polímero adequado (PVC ou polietileno). As
 Trechos da rodovia com curvas ou em geogrelhas podem ser apoiadas: (a) em capitéis
declive requereriam geometrias especiais. de concreto armado fundados em estacas
premoldadas de concreto armado ou protendido
Na fase de execução, o ATC requeria uma com diâmetro pequeno (digamos, 20 a 26 cm),
superfície de base plana e exigiria controle e como mostrado na figura 6 ou, (b) em colunas
cuidados especiais. de maior diâmetro (digamos 60 cm a 1,20 m),
como mostrado na figura 7.
Figura 6. Atêrro sobre plataforma flexível apoiada em capiteis e estacas

Figura 7. Aterro sobre plataforma flexível apoiada em colunas

Por se tratar de alternativa recente, ainda em caso de apoios rígidos (capitéis com estacas
processo de aceitação prática generalizada em cravadas até à nega), há três procedimentos
nosso País, não se dispõe de procedimentos mais comuns para efetuar este cálculo:
consagrados de projeto. Em termos gerais, o seguindo o código de prática Inglês BS8006
projeto da plataforma de geogrelha é (BSI, 1995), segundo Terzaghi (1943) ou
desenvolvido seguindo as seguintes etapas: nas linhas traçadas por Hewlet & Randolph
(1988). Russell & Pierpoint (1997)
 Estimativa do arqueamento. Trata-se de compararam os diversos métodos com
definir a parcela do peso do aterro que vai resultados de análises numéricas, e
para os capitéis ou colunas e, a parcela que concluíram que os métodos de Terzaghi e de
vai atuar sobre a geogrelha, no vão entre Hewlet resultam, em geral, em valores
capitéis. A relação entre o peso que vai para semelhantes de cargas sobre o vão (e
o capitel e o peso total na área de influência consistentes para um amplo espectro de
do capitel é denominada eficiência (E). No geometrias), ao passo que o procedimento
do BS8006 resulta em esforços estacas com nega aberta), a quantificação do
significativamente maiores ou menores do arqueamento é um problema complexo. Na
que os previstos pelos estudos numéricos, prática de projeto, costuma-se considerar
podendo ser bastante conservador. O que, em prazo longo, as colunas se
procedimento da BS8006 oferece comportarão como rígidas (relativamente ao
alternativas para os casos de apoio rígido solo muito mole). Valores de eficiência para
(estacas de ponta) e de apoio com uma certa o intervalo relevante de espessuras de
complacência (estacas flutuantes). Nas aterros e largura de vãos estão mostrados na
situações em que os apoios são deformáveis Figura 8.
(colunas de brita, jet grout, ring track e
0,90

0,85
EFICIÊNCIA = carga no capitel / carga total

0,80 S - B = 1,5 m

0,75

0,70 S - B = 2,0 m

0,65 S - B = 2,5 m

0,60

EFICIÊNCIA CALCULADA CONFORME TERZAGHI


0,55 (1943), PARA ATERRO COM ÂNGULO DE ATRITO =
35 graus

0,50
2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
ESPESSURA DO ATERRO (m)

Figura 8. Valores de eficiência

 Estimativa da tração na geogrelha. Trata-se De posse da tensão sobre a geogrelha,


de determinar a carga de tração na geogrelha imagina-se que a geogrelha se deforme segundo
e sua deformação específica, considerando o uma catenária e, calcula-se a carga de tração,
peso que atua sobre o vão como FG, por metro de largura, com a seguinte
uniformemente distribuído, ou seja, como fórmula:
uma tensão uniforme, qG, dada por (ver, por
exemplo, Kempfert e outros, 1997): 1
FG = qG.[(S-B)/2B]. 1  (3)
6.FG .J k
qG = (γh+p).(S /(S -B ).(1-E) 2 2 2
(2)

Onde, γ é o peso específico do aterro, h é a Onde, FG.Jk é a deformação específica da


espessura de aterro, p é a sobrecarga, S é o geogrelha e os demais termos são como
espaçamento entre estacas, B é a largura do definidos acima. Esta fórmula tem que ser
capitel e E é a eficiência. resolvida por tentativas já que a tração, FG,
aparece dos dois lados. O valor Jk é o módulo
de deformação da geogrelha a curto prazo. Para
as geogrelhas de poliester usuais o módulo Fk é seu bom senso, de suas expectativas sobre a
igual a cerca de 8,5 vezes a resistência à tração qualidade de execução da obra, bem como do
em faixa larga, Fk. A geogrelha é selecionada apoio dos fabricantes das geogrelhas. Este é,
por tentativas, dentro do leque de produtos sem dúvida, um tema em aberto.
disponíveis, fixando-se uma deformação
específica máxima da ordem de 5% (ou seja A espessura de aterro acima da geogrelha
FG.Jk < 0,05) não deve ser menor do que um certo valor, sob
pena de aparecerem, em prazo médio a longo,
A carga admissível de tração na geogrelha é ondulações no pavimento associadas às
obtida dividindo a carga de ruptura em faixa continuadas deformações da geogrelha.
larga (Fk, obtida conforme NBR 12824) por um Empiricamnte, costuma-se considerar que esta
coeficiente de segurança global, obtido pela espessura deva ser igual ou maior do que 70%
multiplicação de valores parciais, os quais do vão entre capitéis.
procuram levar em conta os diversos aspectos
que ameaçam a integridade ou reduzem a Não há, em princípio, limite para a altura
capacidade da geogrelha. A natureza e alguns máxima de atêrro, exceto pela disponibilidade de
valores típicos desses coeficientes de segurança geogrelhas com resistência suficiente. O que
parciais estão apresentados na Tabela 4, acontece é que, para espessuras grandes, a carga
notando-se que se leva em conta a fluência em cada apoio (estaca, coluna, etc) fica muito
(creep) da geogrelha, os danos durante a alta e a alternativa estrutural (viaduto de
execução (que dependem do material de aterro concreto) tende a ficar mais barata.
utilizado junto à geogrelha), a agressão
ambiental, os defeitos de fabricação, os efeitos Uma questão que tem que ser abordada com
dinâmicos e o coeficiente de segurança atenção é o trecho periférico do aterro
geotécnico (associado às incertezas quanto à estruturado, em presença da baixa rigidez,
altura e peso específico do aterro, à resistência perante cargas laterais, das plataformas flexíveis,
do solo, às sobrecargas, à posição das estacas, já que todas as estacas são isoladas e as trações
às imprecisões executivas, etc). horizontais são consideráveis. Uma postura,
aplicável no caso de apoios sobre estacas
Tabela 4. Coeficientes de segurança parciais para rígidas, consiste em solidarizar duas (ou mais, se
geogrelhas
necessário) fileiras periféricas de estacas com
ASPECTO VALOR
Fluência (creep) da geogrelha laje de concreto. Alternativamente, pode-se
1,5 utilizar arremate lateral em balanço, para
em prazo longo
Pedra: 1,60; Brita: equilibrar os momentos. Ambas essas
Danos durante a execução
(depende do material junto à
1,40; alternativas estão ilustradas na Figura 6.
Areia: 1,20; Solo fino:
geogrelha)
1,10
Outra questão que costuma vir à baila em
Agressão ambiental 1,10
Defeitos de fabricação 1,05
projetos é o risco de flambagem das estacas em
Efeitos dinâmicos (depende da solos muito moles. Segundo Veloso & Lopes
H > 3 m: 1,0 (2002) o assunto deve ser considerado nos
altura, H, de aterro acima da
H < 1,5 m: 1,5
geogrelha) termos propostos por Bergfelt (1957). Em geral,
Imponderáveis geotécnicos e a carga crítica para a flambagem é maior do que
1,5
executivos a resistência estrutural da estaca à compressão,
de maneira que a flambagem não é determinante.
Se forem utilizados todos os coeficientes Para garantir que assim seja, é indispensável
parciais com seus valores plenos, o coeficiente exercer rigoroso controle de qualidade durante a
de segurança global fica na faixa de 3 a 5. A execução das estacas, quanto ao alinhamento e à
fixação do valor das parcelas e do valor global excentricidade.
do coeficiente de segurança fica a cargo do
projetista, o qual se vale de sua experiência, de
Deve ser também verificado o risco de desse tipo, já concluídas, no Brasil, que não
puncionamento do aterro pelos capitéis. No chegaram à atenção do Autor.
caso de plataformas granulares sem geogrelha
esse risco pode ser abordado considerando o
peso e o atrito do prisma de aterro situado 7 ATERROS SOBRE PLATAFORMAS
acima do capitel, nos termos indicados por RÍGIDAS DE CONCRETO
Folque (1990). Havendo geogrelha, o cálculo se
apresenta mais complexo, requerendo o uso de Quando se deseja ou necessita evitar totalmente
técnicas de simulação numérica. Pode-se dizer os recalques e os problemas de estabilidade,
que, em geral, a geogrelha é suficiente para podem ser utilizados aterros apoiados em
afastar o risco de puncionamento. plataformas rígidas, de concreto armado, cuja
carga é transferida, para os estratos inferiores
È necessário colocar, sobre a geogrelha, uma mais competentes, por estacas.
camada contínua de geotextil filtrante. Assim, se
evita que ocorra entubamento do aterro para os As plataformas de concreto armado
vazios que aparecerão sob a geogrelha, na consistem, em geral, de uma laje plana com
medida em prosseguirem os recalques abaixo capitéis a intervalos regulares (laje cogumelo).
dela. Em geral utiliza-se camada de geotextil Como a tolerância da plataforma de concreto a
não tecido, como indicado na Figura 8. recalques diferenciais é pequena, os elementos
profundos têm, necessariamente, que ser rígidos.
Alem das acima, há outras questões de Considerando a resistência baixíssima dos solos
projeto e construção de plataformas flexíveis muito moles, costuma-se evitar os elementos
com geogrelhas que estão a requerer mais profundos moldados no local, optando-se, em
estudos, tais como: o procedimento de ensaio geral, por estacas premoldadas de concreto
adequado para as costuras entre panos (armado ou protendido) ou estacas de aço,
adjacentes de geogrelhas bidimensionais e o cravadas até à nega.
risco de ocorrerem trincamentos no aterro
perante as deformaçoes requeridas para que a Os aterros sobre plataformas de concreto já
geogrelha desenvolva sua resistência à tração. foram utilizados em diversos trechos rodoviários
Brasileiros, incluindo a Linha Vermelha, a
O Autor tem conhecimento de apenas cinco Rótula da Barra e as Vias Públicas da Vila do
aterros apoiados em plataformas com Panamericano de 2007, para citar apenas obras
geogrelhas, construídos no Brasil. Há um trecho no Rio de Janeiro. As dimensões típicas são as
da ferrovia Ferronorte, em Chapadão do Sul, seguintes: estacas de 20 a 26 cm (circulares e
MS (Huesker, sem data), construído em 1999 e quadradas), espaçadas entre 2,2 e 3,2 m, capitéis
com desempenho satisfatório, conforme quadrados com aresta 0,80 a 1,20 m e lajes com
inspeção recente (JCV, 2005). Há o aterro do espessura entre 16 e 22 cm, para aterros com
sistema viário urbano Reginaldo/Salgadinho, em espessuras (acima da laje) entre 1,50 e 3,00 m.
Maceió (Maccaferri, sem data). Alzamora e
outros (2000) descrevem aterros da Rodovia Esta alternativa se presta para aterros com
Rio-São Paulo, apoiados em plataformas de solo espessura até cerca de 3,5 metros. Para
granular, com 1 m de espessura, reforçada por espessuras maiores, o peso do aterro fica muito
geogrelhas. Aterros sobre geogrelhas foram grande (de modo que a carga nas estacas fica
utilizados nos estacionamentos e nas vias excessiva, encarecendo-as) e, ao mesmo tempo,
internas de duas obras no Rio de Janeiro: a sede passa a existir espaço para formas entre o aterro
do SENAC (Almeida e outros, 2006) e a escola de conquista e o pavimento, viabilizando o uso,
do SESC (obra atualmente em fase final de com vantagem econômica, de uma alternativa
construção). As características básicas dessas estrutural (viaduto de concreto armado).
obras, pioneiras no Brasil, estão indicadas na
Tabela 5. É provável que existam outras obras
O projeto das plataformas de concreto vantagem de não apresentarem risco de
costuma seguir as Normas de cálculo de deformações e trincamentos do aterro a médio e
estruturas de concreto armado. A aplicação longo prazo. Outra vantagem das plataformas de
rigorosa das posturas padronizadas de cálculo concreto é o enrijecimento (engastamento) que
estrutural não é, no entender do Autor, exigível, propiciam ao nível da cabeça das estacas,
posto se tratar de um elemento de reforço do favorecendo o equilíbrio de cargas horizontais
aterro e não de uma estrutura de concreto na periferia e afastando, em definitivo, o risco de
armado corrente, que vem a ser o objeto das flambagem das estacas (desde que executadas
Normas Estruturais. com atenção quanto ao alinhamento e às
excentricidades). A desvantagem comparativa
Comparadas com as plataformas flexíveis, as está no custo que, normalmente, é mais alto do
plataformas de concreto armado trazem a que o das plataformas flexíveis.

Tabela 5. Plataformas com geogrelha em aterros sobre solos muito moles


GEOGRELHA
OBRA ESPESSURAS APOIOS PROFUNDOS CAPITÉIS
(resistência)
Argila = 7m; Estacas tubulares de aço Quadrados de concreto Fortrac
FERRONORTE Aterro = 9 m diâmetro = 6,4 cm, com premoldado, 50x50x20 400/150-20
1999 (máximo) bainha injetada, diâmetro cm, malha quadrada, Biaxial
externo nominal 15 cm 1,35x1,35 m anisotrópica
(400 e 150
kN/m)
Colunas jet-grout, Plataforma contínua de Tensar
NOVADUTRA Argila 9 m; Diâmetro = 1,2 m, solo granular, com 1 m Tipo 2:
~1999 Aterro = 8,2 m espaçadas de 3 m, malha de espessura, apoiada Uniaxial,
(máximo) quadrada nas colunas, com duas (130 kN/m)
geogrelhas em cada
direção
Argila = 6 m; Estacas premoldadas de Quadrados de concreto Paralink 400M
MACEIÓ Aterro = 8,5 m concreto, quadradas, premoldado, e Paragrid
2001 (máximo) 30 cm 1,10x1,10x0,30 m, 200/15
malha quadrada (200 kN/m)
2,00x2,00 m (médio)
Argila = 10 m; Estacas premoldadas de Quadrados, lado = 80 Fortrac
SENAC Aterro =1,90 m concreto, quadradas cm, moldados em cavas 200x200-30
2003 (máximo) 18 cm no aterro, malha biaxial
quadrada 2,50x2,50m (200 kN/m)
Argila = 12 m Estacas premoldadas de Quadrados de concreto Fortrac
SESC (máximo); concreto quadradas moldado no, local com J3600 e J4000
2005 Aterro =2,60 m 20 cm formas metálicas, biaxiais
1,00x1,00x40 cm, (200 kN/m)
malha quadrada
2,80x2,80 m

por um grupo de Engenheiros. O Autor espera


que disso resultem profícuas trocas de idéias.
8 CONCLUSÃO
A principal conclusão é que ainda há muita
Foram apresentados tópicos de projeto de estrada para percorrer.
aterros rodoviários sobre solos muito moles,
segundo práticas e pontos de vista esposados
AGRADECIMENTOS Bock, E.I. (1980), “Base de fundação de
lastro sobre capitéis”, O Empreiteiro, No. 154,
Aos sócios da Geoprojetos, Engs. Willy São Paulo.
Lacerda, Sidney Reis Barbosa da Silva e José BSI (1995), “BS8006 – Code of practice for
Roberto Thedim Brandt, pelas trocas de idéias strengthened/reinforced soils and other fills”,
sobre os temas desta palestra ao longo dos BSI, Inglaterra.
últimos 20 anos. Coutinho, R.Q., Oliveira, T.R.O. & Oliveira,
A.T.J. (2002), “Estudo quantitativo da
Às equipes técnicas da Huesker e da Maccaferri qualidade de amostras de argilas moles
(geogrelhas), da Tecnocel e da Trimak (isopor), Brasileiras – Recife e Rio de Janeiro”, 12o
por informações e apoio técnico sobre os Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos,
produtos que trabalham no mercado Brasileiro. ABMS, Brasília.
Folque, J.R.B. (1990), “Aterros fundados em
estacas”, Geotecnia, No. 58, Lisboa.
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grained soils by prefabricated drains”, 10o
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Almeida, M.S.S, Ehrlich, M., Spotti, A.P. & Engineering, Abril 1988, Inglaterra.
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