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Notas de Aula - Estruturas de Madeira - 2014 (Revisado)
Notas de Aula - Estruturas de Madeira - 2014 (Revisado)
Notas de aula
Estruturas de Madeira
2014
Notas de aula - Estruturas de Madeira - UFMS Profa. Christiane Areias Trindade
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Notas de aula - Estruturas de Madeira - UFMS Profa. Christiane Areias Trindade
Unidade I
A madeira possui algumas virtudes que podem torná-la o material de primeira escolha em
várias ocasiões, tais como:
é o único material renovável cuja produção é não poluente e tem baixo consumo
energético;
O emprego racional da madeira exige que essas deficiências sejam levadas em conta
adequadamente, considerando as fibras, anéis de crescimento, enfim, toda sua estrutura
interna peculiar.
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O transporte das seivas bruta e elaborada pode ser esquematizado conforme mostra a
figura 1.2.
CÂMBIO
MEDULA CERNE ALBURNO
FLOEMA
CASCA
Seiva bruta
Seiva elaborada
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Assim, devido a sua estrutura interna, a madeira possui três planos de simetria: radial,
tangencial aos anéis e longitudinal, como mostra a figura 1.5. A madeira é, então, um
material ortótropo, ou seja, possui características distintas nas três direções de simetria,
tais como resistência e retração, entre outras. As resistências à tração e compressão, por
exemplo, são maiores na direção longitudinal, seguida pela direção radial, sendo menor na
direção tangencial.
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radial
longitudinal
tangencial
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1. Umidade
O teor de umidade na madeira é a razão entre a massa de água presente e a massa seca
de madeira. O valor do teor de umidade é determinado por meio de ensaio descrito no
Anexo B da NBR 7190/97, e dado pela expressão:
m m
U (%) i s 100
m
s
onde mi é a massa inicial da madeira e ms é a massa da madeira seca.
O teor de umidade tem grande importância para o projeto de estruturas, pois todas as
propriedades mecânicas variam com o teor de umidade. A madeira verde (saturada) possui:
água de constituição das células vivas;
água de adesão ou impregnação – água da parede celular;
água livre – enche os canais do tecido lenhoso
Quando inicia-se a secagem, a madeira perde primeiramente a água livre, não sofrendo
alterações volumétricas significativas ou nas suas propriedades mecânicas. Quando perde
toda água livre e as paredes estão saturadas, a madeira atinge o ponto de saturação das
fibras (TU 28%).
Em seguida, com a secagem por exposição ao ar, começa a evaporar a água de
impregnação ou adesão, até um ponto de equilíbrio entre a umidade do ar e a da madeira,
que é denominada umidade de equilíbrio.
O teor de umidade da madeira de equilíbrio varia, portanto, com a umidade ambiente do
local. Em Campo Grande a umidade de equilíbrio é de aproximadamente 14%.
A remoção da água de adesão é acompanhada de variações volumétricas e das
propriedades mecânicas. A resistência e o módulo de elasticidade diminuem com o
aumento do teor de umidade, como exemplifica o gráfico da figura1.7.
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Resistência
O gráfico apresenta um trecho linear entre 10% e 20%, para o qual é utilizada a expressão
da reta correspondente na determinação e correção das propriedades, no caso, da
resistência.
Para que se estabeleçam comparações entre espécies, ou para o projeto de estruturas é
necessário que se utilize um teor de umidade de referência. A NBR7190/97 estabelece o
teor de umidade de 12% como padrão de referência. Assim, todas as propriedades devem
ser corrigidas para o teor de 12% de umidade. A resistência pode ser corrigida pela
expressão:
3U %12
f 12f U 0 0 1
100
O projeto será então realizado considerando a madeira com teor de umidade de 12%.
Entretanto, o teor de umidade da madeira será variável de acordo com a umidade ambiente
do local da construção, e para que se possa ajustar as propriedades para as condições
ambientais, deve-se fazer o enquadramento da madeira e ambiente em uma das classes
de umidade, apresentadas na NBR 7190 e no quadro 1.1. Estas classes também podem
ser utilizadas para a escolha de métodos de tratamentos preservativos das madeiras.
Quadro 1.1 - Classes de umidade
1 65 12
Fc 0,max
f
c0 A
tensão
f co
deformação
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A resistência ao cisalhamento paralelo às fibras da madeira, fv0, é dada pela máxima tensão
de cisalhamento que pode atuar na seção crítica de um corpo de prova prismático, sendo
dada por:
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Fv 0,max
fv 0
Av 0
O embutimento ocorre em peças de madeira nas regiões onde há ligações por pinos,
quando os pinos, então, comprimem a área de contorno do furo, como mostra a figura 1.10.
região comprimida
A resistência de embutimento, fe, é definida pela razão entre a força Fe que causa a
deformação específica residual de 2‰ e a área de embutimento do pino Ae=td , determinada
no ensaio do corpo-de-prova definido no Anexo B da NBR 7190/97.
Para esta finalidade, as resistências de embutimento nas direções paralela e normal às
fibras, fe0 e fe90 em MPa , são determinadas a partir do diagrama tensão deformação de
embutimento mostrado na figura 1.11 . Estas resistências são dadas pelas expressões:
Fe 0 Fe 90
fe 0 fe90
td td
onde Fe0 e Fe90 são as forças aplicadas respectivamente nas direções paralela e normal às
fibras, correspondentes às deformações residuais de =2‰;
t é a espessura do corpo-de-prova e d é o diâmetro do pino.
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8. Resistência característica
9. Classes de resistência
fcok,ef fc 0k ,esp
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O coeficiente parcial de modificação kmod,2 , que leva em conta a classe de umidade e o tipo
de material empregado, é dado pelo quadro 1.5.
1 2,00
2 1,70
3 1,55
4 1,40
5 1,30
7,5 1,15
10 1,10
15 1,00
Fonte: NBR 7190/97
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Exercícios Unidade I
1) Em uma obra será utilizada uma madeira que, segundo tabelas de ensaios do
IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo), tem resistência à compressão
paralela às fibras média, a um teor de umidade de 18%, f c0m,18, igual a 42 MPa. Determine
a resistência característica à compressão paralela às fibras dessa madeira, f c0,k, para a
umidade padrão de referência da NBR 7190/97.
3) Uma estrutura de cobertura foi projetada para ser construída em Campo Grande. Porém,
o proprietário resolveu construir uma estrutura idêntica em Manaus, que possui umidade
ambiente em torno de 85%, na maior parte do ano. Considerando os valores de resistências
utilizados, há necessidade de rever o projeto? Calcule a diferença percentual que haveria
entre as resistências à compressão de cálculo nos dois locais.
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Unidade II
Ações e segurança nas estruturas
A idéia de segurança está ligada à idéia de sobrevivência aos riscos de utilização normal.
Uma estrutura segura deve, então, cumprir primeiramente a exigência:
Durante o prazo de sua vida útil, a estrutura deve ter desempenho satisfatório às
finalidades para as quais foi construída, desde que utilizada de forma prevista.
Assim, o sistema estrutural é confiável.
Entretanto, o respeito à vida humana exige ainda que:
Se uma estrutura chegar à ruína, seu colapso deve ser avisado;
Se não houver risco de ruína, não devem existir falsos sinais de alarme (respeito ao
conforto psicológico dos usuários).
A verificação da segurança é feita por meio de condições analíticas, de comparação entre
valores atuantes e resistentes ou limites, e por meio de condições construtivas, em todos
os estados considerados como limites para a estrutura.
A NBR 8681 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8681: ações e
segurança nas estruturas. Rio de Janeiro, 1984) normatiza as ações e segurança nas
estruturas, independente do material que as constituem. A NBR 7190 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190: projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro,
1997) apresenta dois capítulos sobre o assunto, ratificando as especificações da
NBR 8681/84.
II.2 Ações
Segundo a NBR 7190/97, ações são as causas que provocam o aparecimento de esforços
ou deformações nas estruturas. As forças são ações diretas e os deslocamentos impostos
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são ações indiretas. As ações podem ainda ser permanentes, variáveis, especiais ou
excepcionais.
Os valores característicos das ações permanentes são determinados com as dimensões
nominais das peças e com o peso específico médio de cada material. Os valores das ações
variáveis são os especificados pelas diversas normas brasileiras referentes aos diferentes
tipos de construção.
Em princípio, no projeto das estruturas podem ser consideradas as seguintes situações de
projeto: situações duradouras, situações transitórias e situações excepcionais. Para cada
estrutura particular devem ser especificadas as situações de projeto a considerar, não
sendo necessário levar em conta as três possíveis situações de projeto em todos os tipos
de construção.
Para cada situação deve ser estabelecido um carregamento que irá atuar na estrutura,
sendo carregamento definido como um conjunto de ações que têm alguma probabilidade
de ocorrer simultaneamente sobre a estrutura.
O carregamento pode ser:
normal – formado pelas ações decorrentes do uso previsto para construção, tais
como peso próprio, cargas acidentais e vento. O carregamento normal deve ser
considerado na verificação da segurança em relação a estados limites últimos e
estados limites de utilização. Nas estruturas de madeira esse carregamento
corresponde à classe de longa duração (quadro 2.1). Em um carregamento normal,
as eventuais ações de curta ou média duração terão seus valores atuantes
reduzidos a fim de que a resistência da madeira possa ser considerada como
correspondente apenas às ações de longa duração.
especial – inclui a ação de uma variável especial.
excepcional – inclui ações excepcionais que podem provocar efeitos catastróficos.
de construção – transitório, deve ser definido no caso em que haja risco de
ocorrência de ELU durante a construção.
F d
m
i 1
GiF Gi, k Q F Q1, k
n
j 2
0j F Qj, k
onde g é o coeficiente de ponderação das ações permanentes, dado pelo quadro 2.2
(tabelas 3, 4 e 5 da NBR 7190/97);
q é o coeficiente de ponderação das ações variáveis, dado pelo quadro 2.3 (tabela
6 da NBR 7190/97);
FGi,k representa o valor característico das ações permanentes;
FQ1,k é o valor característico da ação variável considerada como ação principal para
a combinação considerada; e
0j FQj,k é o valor reduzido de combinação da ação variável j, sendo 0 dado pelo
quadro 2.4 (tabela 2 da NBR 7190/97.)
i 1 j 2
onde FQ1,k representa o valor característico da ação variável considerada como principal
para a situação transitória
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m n
F d, uti F Gi, k
i 1
2 jF Qj, k
j 1
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Exercícios Unidade II
a) Calcule o peso próprio dessa viga, distribuído ao longo de seu comprimento (em
kN/m). (Lembre-se que para cálculo de peso da madeira deve-se utilizar a
densidade aparente obtida nas tabelas de classes de resistência).
Considere que também está atuando na viga, durante seu uso normal, uma carga
permanente de outros elementos de 0,5 kN/m e uma sobrecarga de utilização de piso de
residência de 2 kN/m.
Durante a construção deve-se considerar uma carga de construção de 1 kN, atuando na
posição que gerar o maior esforço em estudo.
d) Determine o máximo momento fletor de cálculo, Md, que irá atuar durante o uso
normal da estrutura (utilize a combinação última normal)
e) Determine o máximo momento fletor de cálculo, Md, que irá atuar durante a
construção da estrutura (utilize a combinação última de construção)
f) Determine o máximo esforço cortante de cálculo, Vd, que irá atuar durante o uso
normal da estrutura (utilize a combinação última normal)
g) Determine o máximo esforço cortante de cálculo, Vd, que irá atuar durante a
construção da estrutura (utilize a combinação última de construção)
Unidade III
Estruturas de cobertura
As coberturas destinam-se a proteger a edificação contra a ação das intempéries, tais como
chuva, vento, raios solares e também impedir a penetração de poeira ou ruído, devendo,
para tanto, resistir a essas ações.
As coberturas são compostas pelas telhas, que podem ser cerâmicas, de concreto, de
cimento-amianto, aço zincado, madeira aluminizada, PVC e fiber-glass, e pelos elementos
estruturais: ripas, caibros, terças, tesouras e contraventamento.
A superfície do telhado pode ser formada por um ou mais planos, denominados águas (uma
água, duas águas, quatro águas ou múltiplas águas) ou por uma ou mais superfícies curvas
(arco, cúpula ou arcos múltiplos).
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q 0,613 v k2
com vk dada em m/s e q em N/m2
pressão interna C i q
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Vento
Obtido por meio dos cálculos realizados na atividade anterior. Deve ser concentrado nos
elementos de maneira análoga ao peso das telhas, considerando-se que o vento incide
perpendicularmente ao plano da cobertura. Assim as distâncias a serem consideradas
devem ser as medidas na direção da cobertura.
Carga de construção
Considera-se o peso de uma pessoa, igual a 1kN, concentrado no ponto mais desfavorável
do elemento considerado. Faz parte de um carregamento transitório que irá atuar somente
durante a construção ou manutenção da estrutura.
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Nesta atividade você deverá conceber a estrutura, ou seja, determinar os elementos que
comporão a cobertura, como tesouras (com divisão em painéis, e espaçamentos entre
elas), vigas, caibros e ripas (no caso de cobertura em telha cerâmica).
Nesta atividade você deverá realizar a quantificação da ação do vento na cobertura que
você está projetando, ou seja, determinar os valores do esforço de vento atuantes nas
partes principais do telhado.
Nesta atividade você deverá realizar a quantificação das ações permanentes e acidentais
atuantes nas terças e nos nós da tesoura.
Terças
Barras da tesoura
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Unidade IV
Dimensionamento à tração
Nd
Nd
Disposições construtivas:
1) Dimensões mínimas da seção transversal
Peças principais – área mínima: 50 cm2
espessura mínima: 5 cm
Peças secundárias – área mínima: 18 cm2
espessura mínima: 2,5 cm
2) Esbeltez máxima
Para seções cheias retangulares o comprimento teórico de referência deverá ser
menor ou igual a 50 vezes a dimensão transversal correspondente (Lo ≤ 50 b).
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A NBR 7190/97 (ABNT. NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro,1997)
estabelece a segurança de uma peça de tracionada por meio da seguinte condição de
segurança:
d fto,d
A tensão atuante em uma barra submetida à tração é definida, pela resistência dos
materiais, como a razão entre a força aplicada e a área da seção transversal onde atua
essa força, o que pode ser expresso por:
Nd
d
A
d
onde Nd é a força normal de tração atuante,
de cálculo e Nd
A é a área da seção transversal
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A NBR 7190/97 estabelece que os furos podem ser desprezados desde que a redução da
área resistente não supere 10% da área da zona tracionada. Caso contrário deverá ser
considerada a área útil para efeito de cálculo das tensões atuantes.
A área útil, em região de furação, será dada, a partir da área bruta, Ag, da seção
transversal, pela subtração da área de furos, Afuros, como se segue:
Aútil = Ag - Afuros
No caso da figura, onde há três furos na seção
transversal, a área útil será dada por:
Aútil = b h – 3 b
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Exercícios Unidade IV
1 Você é o engenheiro responsável por uma obra residencial e precisa selecionar uma peça
de madeira capaz de suportar uma carga axial de tração de cálculo com valor de 90 kN,
obtida de carregamento de longa duração, para uma diagonal de treliça de telhado. Você
dispõe de peças de madeira C40 dicotiledônea de 2a. categoria, de 6 cm x 12 cm e de
5 cm x 15 cm, ambas com 3 m de comprimento. A estrutura será construída em uma região
com umidade relativa do ar em torno de 80%.
Calculando para o estado limite último, e verificando as limitações construtivas, de
acordo com a NBR 7190, verifique se as peças disponíveis podem ser utilizadas ou não.
Sugestão: Para resolver o exercício, você deverá fazer 3 verificações: verificação em
estado limite último (condição de segurança), verificação das dimensões mínimas, e
verificação da esbeltez. Inicie determinando a resistência à tração paralela às fibras da
madeira e a tensão atuante em cada peça, e verifique a condição de segurança para cada
uma. A seguir, verifique se as peças atendem às limitações construtivas.
2 A tesoura da figura abaixo compõe a cobertura de uma residência, com laje de forro, que
será construída em uma região com umidade relativa do ar em torno de 80%. Será utilizada
madeira classe C60 dicotiledôneas, de 2a. categoria, e telhas cerâmicas.
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3 A estrutura de cobertura da figura abaixo será construída com madeira classe C30,
dicotiledôneas, em uma região com umidade relativa do ar em torno de 78%.
Nó inferior central
diâmetro do parafuso: 12,5 mm
Verifique a segurança da barra 10, que tem seção transversal de 6 cm x 16 cm, e está
ligada ao tirante (barra 9) conforme o detalhe apresentado na figura. Após determinação
das cargas e esforços em combinação de longa duração uma força de cálculo de 10 kN,
atuando na barra.
Sugestão: Neste exercício, há, na barra 10, entalhes para ligação das barras inclinadas e
furos para a ligação com o tirante. Então deverão ser consideradas na verificação as duas
seções mais críticas: a seção de máxima redução do entalhe, onde há a retirada de 3,5 cm
de cada lado; e a seção onde há um furo.
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Unidade V
Dimensionamento à compressão simples
As tensões de compressão podem atuar em uma peça na direção paralela às fibras (figura
5.1), na direção normal às fibras, como ocorrem em regiões de apoio de vigas (figura 5.2),
ou em direções inclinadas às fibras, como no caso de ligações (figura 5.3), sendo as
condições de segurança dadas pelas expressões.
cd f cd
c90,df c90,d
c 0d f c 0d (barras curtas)
Figura 5.2. Compressão
Figura 5.3. Compressão
inclinada de
Figura 5.1. Compressão normal às fibras
paralela às fibras
f c 0 f c 90
f c
sen f c 90 cos2
2
f c0
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o
λ
i
o= o= 0,5 o= 0,7 o= 2
o=
I
i , onde I é o momento de inércia e;
A
A é a área da seção transversal
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Disposições construtivas:
Dimensões mínimas da seção transversal
Peças principais – área mínima: 50 cm2
espessura mínima: 5 cm
Peças secundárias – área mínima: 18 cm2
espessura mínima: 2,5 cm
Esbeltez máxima
Para seções cheias retangulares o comprimento teórico de referência deverá ser
menor ou igual a 40 vezes a dimensão transversal correspondente (ℓo ≤ 40.b ou
≤ 140).
A tensão de cálculo atuante na barra, c0d, não pode ultrapassar a resistência à compressão
paralela às fibras, de cálculo, da madeira, o que para barras curtas pode ser expresso pela
condição de segurança:
c0d f c 0d
onde c0d é dada pela razão entre a força aplicada, Nd, e a área da seção transversal, A,
onde atua essa força:
Nd
c 0d
A
fco,d é a resistência à compressão paralela às fibras de cálculo, já apresentada na
unidade 1.
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Uma peça medianamente esbelta, quando submetida a esforço de compressão axial tem
tendência a deslocar-se lateralmente, podendo tornar-se instável. Esse fenômeno é
denominado flambagem.
Uma barra retilínea, com carga centrada e de material elástico muda sua configuração de
equilíbrio a partir da carga crítica determinada por Euler:
2 EI
FE
2o
FE
ed e1
FE Nd
A NBR 7190/97 considera que sempre haverá imperfeições nas barras comprimidas e
estabelece uma excentricidade acidental, ea, dada por:
o
ea
300
Na compressão simples de peças medianamente esbeltas: e1 = ea .
O momento fletor máximo atuante na barra pode ser escrito, então, como se segue:
Md Nd ed
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Nd Md
Nd
onde Nd , sendo A a área da seção transversal; e
A
Md
Md , sendo W o módulo de resistência da seção transversal
W
A tensão máxima atuante deve ser menor que a resistência à compressão paralela às fibras
da madeira fco,d, obtendo-se a condição de segurança:
Nd Md fco, d
Nd Md
1
f co, d f co, d
As peças esbeltas são dimensionadas tal como as peças medianamente esbeltas, porém
há a inclusão do efeito de fluência na barra, acrescentando uma excentricidade, ec, causada
por esse efeito, dada por:
N gk 1 2 Nqk
F N N
ec ea e E gk 1 2 qk 1
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Classes de umidade
Classes de carregamento
(1) e (2) (3) e (4)
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Exercícios Unidade V
Resolva os exercícios apresentados a seguir. Para tanto inicie sempre pela determinação
do índice de esbeltez da barra, considerando flambagem nas duas direções (x e y). O índice
de esbeltez será sempre o maior entre eles, e toda a verificação deverá ser realizada
considerando aquela direção com maior .
O módulo de elasticidade considerado será o módulo efetivo E co, ef kmod E co, m , obtido
em função do módulo de elasticidade médio, obtido, por sua vez, das tabelas de classe de
resistência da NBR 7190/97
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Notas de aula - Estruturas de Madeira - UFMS Profa. Christiane Areias Trindade
4 A tesoura da figura abaixo compõe a cobertura de uma residência que será construída
em uma região com umidade relativa do ar em torno de 70%. Após o cálculo das cargas,
considerando carregamento de longa duração, chegou-se a um esforço de compressão Nd
= 40 kN. Dimensione a barra 1 da tesoura utilizando peça com dimensões comerciais de
madeira C40 dicotiledônea.
5 A estrutura de madeira da figura servirá como base elevatória de uma caixa d’água. Os
pilares estão travados à meia altura e recebem os seguintes esforços de longa duração:
Ngk = 4 kN Nqk = 20 kN ,
que combinados geram um esforço de compressão de cálculo Nd = 33,6 kN. A estrutura
será construída em uma região com umidade relativa do ar em torno de 80%. Dimensione
os pilares utilizando peças comerciais de seção quadrada de madeira classe C20
dicotiledôneas.
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Notas de aula - Estruturas de Madeira - UFMS Profa. Christiane Areias Trindade
6 Dimensione os pilares do galpão da figura abaixo utilizando seção retangular (não utilize
seção quadrada). O pilar é de madeira C30 dicotiledônea de 2a categoria e será construído
em uma região com umidade relativa do ar em torno de 75%. A carga de compressão de
cálculo no pilar é de 150 kN e foi obtida a partir de carregamentos de longa duração.
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Notas de aula - Estruturas de Madeira - UFMS Profa. Christiane Areias Trindade
No projeto você obteve valores de diferentes magnitudes para as barras comprimidas. Para
fins de facilidade de execução da estrutura deve-se uniformizar barras com finalidades
semelhantes. Sendo assim, utilize uma seção transversal para a asna e outra para as
demais barras comprimidas da treliça.
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Unidade VI
Ligações
m
.38
x5
.30
5 x0
0.2
NA
AS
.60
BRAÇADEIRA EM "U" Ø 1"
.20
.05
.90
.66
.66
x
x
SUB VIGA 0.25 x 0.30 x 3.50m
1"
1"
1"
.05
TRAVESSEIRO SUPERIOR
0.25 x 0.25 x 5.20m
.15 .075 .15 .075 .15
.30
ESTEIO
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Sd Rd
Em princípio, o estado limite último da ligação pode ser atingido por deficiência de
resistência da madeira da peça estrutural ou do elemento de ligação.
Nd
90°
t
h
a b
Na ligação por entalhe o esforço é transmitido por apoio nas faces do entalhe. Assim, há
compressão na face frontal e cisalhamento na seção longitudinal da base do dente. Deve-
se então verificar as tensões atuantes nas áreas correspondentes:
Área da face frontal: A = b t / cos
Nd N cos
tensão na face: cd d
A bt
A resistência à compressão na face é a resistência inclinada de em relação às
fibras, fcd dada pela fórmula de Hankinson, apresentada na unidade 5.
Como cd fcd , pode-se obter a profundidade t do dente necessária:
Nd cos
t
b fcd
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Notas de aula - Estruturas de Madeira - UFMS Profa. Christiane Areias Trindade
ligações rígidas:
Resistência da ligação
A resistência de 1 pino, correspondente a uma dada seção de corte entre duas peças de
madeira, é determinada em função das resistências de embutimento f wed das duas
madeiras interligadas, da resistência de escoamento fyd do pino metálico, do diâmetro d do
pino e de uma espessura convencional t, tomada com a menor das espessuras t1 e t2 de
penetração do pino em cada um dos elementos ligados, como mostrado na figura 6.1.
O diâmetro dos pinos nas ligações parafusadas deve ser d t/2 , e nas ligações pregadas
deve ser d t/5 . Permite-se d t/4 nas ligações pregadas desde que d0 = def
Nas ligações pregadas, a penetração em qualquer uma das peças ligadas não deve ser
menor que a espessura da peça mais delgada. Caso contrário, o prego será considerado
não resistente.
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Notas de aula - Estruturas de Madeira - UFMS Profa. Christiane Areias Trindade
dt
onde t é a espessura convencional da madeira e d o diâmetro do pino, estabelecendo-se
como valor limite
fyd
lim 1,25
fed
I - Embutimento na madeira
lim
2
t
Rvd ,10,40 f ed
II -Flexão do pino
> lim
Rvd,10,625
d
f yd com lim
lim
f yk
tomando-se f yd s 1,1
s
sendo
50
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Exercícios Unidade VI
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Unidade VII
Dimensionamento de vigas
Para as peças fletidas, considera-se o vão teórico com o menor dos seguintes valores:
b) o vão livre acrescido da altura da seção transversal da peça no meio do vão, não se
considerando acréscimo maior que 10 cm.
Flexão
Cisalhamento
Estabilidade lateral
Deslocamentos
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Nas barras submetidas a momento fletor cujo plano de ação contém um eixo central de
inércia da seção transversal resistente, a segurança fica garantida pela observância
simultânea das seguintes condições.
Md Md
c1,d t 2,d
Wc Wt
onde W c e Wt são os respectivos módulos de resistência, que podem ser calculados pelas
expressões usuais
I I
Wc e Wt
y c1 y t2
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b h2
Wc Wt
6
Md
c1, d t 2, d
Wc
Assim, como fco,d = fto,d , no caso de seções retangulares, basta verificar a condição:
c1d f c 0, d
Nas vigas submetidas à flexão com força cortante, a condição de segurança em relação às
tensões tangenciais é expressa por
d
fv 0,d
3V d
d
2 bh
Nas vigas de altura h que recebem cargas concentradas, que produzem tensões de
compressão nos planos longitudinais, a uma distância a 2h do eixo do apoio, o cálculo
das tensões de cisalhamento pode ser feito com uma força cortante reduzida de valor
a
V red V 2h
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L1 Eco,ef
b f
M co,d
h M
b
1 6,0
2 8,8
3 12,3
4 15,9
5 19,5
6 23,1
7 26,7
8 30,3
9 34,0
10 37,6
11 41,2
12 44,8
13 48,5
14 52,1
15 55,8
16 59,4
17 63,0
18 66,7
19 70,3
20 74,0
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VII.1.4. Deslocamentos
elasticidade médio, obtido, por sua vez, das tabelas de classe de resistência da
NBR 7190/97.
A flecha efetiva uef, determinada pela soma das parcelas devidas à carga permanente uG e
à carga acidental uQ , não pode superar 1/200 dos vãos, nem 1/100 do comprimento dos
balanços correspondentes.
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Cisalhamento
x
Estabilidade lateral
Deslocamentos
Nas seções submetidas a momento fletor cujo plano de ação não contém um de seus eixos
centrais de inércia, a condição de segurança é expressa pela mais rigorosa das duas
condições seguintes, tanto em relação às tensões de tração quanto às de compressão:
Mx,d My,d
k 1
M
f wd f wd
Mx,d My,d
kM 1
f wd f wd
onde Mx ,d
e My ,d
são as tensões máximas devidas às componentes de flexão atuantes
b h2 h b2
Wx e Wy
6 6
Nas vigas submetidas à flexão oblíqua com força cortante, a condição de segurança em
relação às tensões tangenciais é expressa por
d
fv 0,d
onde d é a máxima tensão de cisalhamento atuando no ponto mais solicitado da peça, que
d xd yd
3 V xd 3 V yd
xd
2 bh
e yd
2 bh
VII.2.4. Deslocamentos
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2 A viga da figura abaixo foi construída com madeira de 2a categoria, classe C60
dicotiledôneas, em uma região com umidade ambiente de 85%. Esta viga está submetida
a uma carga permanente de 0,8 kN/m. Considerando estado limite último de flexão, qual a
máxima carga acidental que pode atuar na viga?
3 A tesoura da figura abaixo compõe a cobertura de uma residência que será construída
em uma região com umidade relativa do ar em torno de 70%. Após o cálculo das cargas,
considerando carregamento de longa duração, chegou-se aos esforços apresentados no
quadro abaixo. Verifique a terça 2 quanto aos estados limites últimos (flexão e
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Terça 2 - 6 cm x 16 cm
Madeira C40 dicotiledôneas
Esforços atuantes em uma viga:
Carga permanente g = 2,06 kN/m
Absorção de água das telhas q = 0,3kN/m
Vento sobrepressão: 0,95 kN/m
sucção: - 0,95 kN/m
Carga de construção Q = 1 kN
Md = 3,15 kN.m
Vd = 5,04 kN
No projeto você obteve os valores dos esforços nas terças. Dimensione a terça com maiores
esforços e adote as mesmas dimensões para as demais, uma vez que não há como
executar a cobertura utilizando dimensões diferentes.
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COMPLEMENTAR:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: cargas para o cálculo
de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1980.
______. NBR 6123: forças devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988.
______. NBR 7190: projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro, 1997.
______. NBR 8681: ações e segurança nas estruturas. Rio de Janeiro, 1984.
CALIL JUNIOR, C.; MOLINA, J. C. (Ed.). Coberturas em estruturas de madeira: exemplos
de cálculo. 1. ed. São Paulo : PINI, 2010.
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