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RELATÓRIO Nº1

DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE APARENTE DE UMA MADEIRA


Relatório Nº1 – Determinação da densidade aparente de uma madeira

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ÍNDICE

1. Objetivos........................................................................................................................................4

2. Introdução.....................................................................................................................................5

3. Material........................................................................................................................................10

4. Procedimento.................................................................................................................................11

5. Resultados e Cálculos.....................................................................................................................12

6. Discussão de Resultados e Conclusão ...........................................................................................13

7. Bibliografia......................................................................................................................................15

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1. OBJETIVOS

No decorrer deste trabalho temos como objetivo principal determinar experimentalmente a


densidade e humidade de dois tipos de madeira (pinho e carvalho) e para tal vamos proceder à
identificação dos planos de cada madeira e visualização das camadas de crescimento de folhosas e
resinosas.

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2. INTRODUÇÃO

As árvores madeireiras pertencem a famílias de duas principais classes: coníferas e


dicotiledóneas, respetivamente das subdivisões gimnospérmica e angiospérmica, denominadas
geralmente de resinosas e folhosas. Dois exemplos comuns na nossa flora lenhosa são os pinheiros e
os carvalhos.
O estudo da arquitetura anatómica destes dois grandes grupos (resinosas e folhosas) requer a
consideração de planos principais de observação, para revelação completa e espacial dos elementos
constitutivos e respetiva avaliação biométrica. Consideram-se, assim, três planos fundamentais de
observação: plano transversal, plano radial e plano tangencial. O primeiro define-se como
perpendicular ao eixo axial da árvore e os outros dois planos como paralelos a esse eixo. O plano radial
é perpendicular às camadas de crescimento e o plano tangencial é tangente ao contorno de uma
qualquer camada de crescimento.
No plano transversal, observa-se as formações cíclicas do lenho, denominadas como camadas
de crescimento, mas identificáveis nesse plano como anéis de crescimento, bem como, em muitas
espécies lenhosas, uma formação central de cor mais intensa do que a coroa circular periférica,
delimitada pela casca, que se denomina cerne ou duramen, madeira sem atividade fisiológica com
função de suporte e armazenamento de extrativos o que a torna mais escura e durável e contém
células mortas, enquanto que a parte restante se denomina borne ou alburno, madeira de cor mais
clara com funções de condução de seiva bruta e suporte e contém células vivas. No centro da secção
transversal do tronco, identifica-se a medula, agregado de células parenquimatosas remanescentes da
estrutura primária da planta, conhecida como o núcleo do lenho. Assim, os grandes aspetos mais
evidentes deste plano são as camadas de crescimento ou anéis anuais e a medula.
Nos planos longitudinais, paralelos ao eixo do tronco, o que contém a medula e que se
denomina plano radial e o outro tangente às camadas de crescimento que se denomina plano
tangencial, são distinguíveis, em primeiro lugar, os anéis anuais que contribuem para conferir o que
tecnicamente se denomina veio da madeira, ou seja, a sua singularidade técnica. Com maior relevância
no plano tangencial, são distinguíveis eventuais desvios do alinhamento axial dos elementos fibrosos,
isto é, a natureza do fio da madeira.

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As resinosas e folhosas apesentam variações na estrutura fibrosa do lenho. Enquanto as
folhosas são mais evoluídas e apresentam uma estrutura anatómica mais complexa e mais
heterogénea, as resinosas são menos evoluídas e apresentam uma estrutura anatómica mais simples e
mais homogénea com predominância de elementos mais longos e retos.

A anatomia do lenho das coníferas nos três planos fundamentais de observação arquitetural
permite identificar as camadas de crescimento, os raios lenhosos e, eventualmente, elementos
parenquimatosos no plano transversal. Como os canais de resina nesta classe quando presentes são
irrelevantes e os raios são sempre estreitos, a informação visual é relativamente pequena no plano
tangencial. No plano radial observa-se as camadas de crescimento.
Numa perspetiva microscópica, no que compete às camadas de crescimento é percetível a sua
nitidez e diferenciação dos lenhos inicial e final. Obviamente, tanto mais marcada quanto maior for a
heterogeneidade estrutural do lenho diferenciado ao longo de um ciclo de crescimento e,
naturalmente também, quanto mais vincadas forem as diferenças climáticas estacionais na região
geográfica em que a árvore cresce. A análise dos canais de resina, apenas presentes em certas
madeiras de coníferas, reveste-se de grande interesse diagnóstico. Os raios lenhosos apresentam nas
resinosas bastante discrição sendo não só pouco evidentes, mas de fraco valor na identificação a nível
do género botânico, já que inteiramente se articulam com aspetos estruturais patentes no plano
transversal. Menor valor diagnóstico e menor interesse caracterizativo tem o parênquima longitudinal,
só observável com ampliação, quer pela sua discreta presença, quer pelo seu disperso arranjo
arquitetural.

A anatomia do lenho das dicotiledóneas nos três planos fundamentais da arquitetura lenhosa
permite identificar as camadas de crescimento, no plano transversal, bem como os poros, e ainda o
parênquima e os raios, estes identificáveis no plano transversal e com especial relevo no plano
tangencial. A presença de depósitos gomosos característicos e inclusões de floema é também
observável.
No que concerne às camadas de crescimento, é possível discernir a sua nitidez e elementos de
distinção, bem como reconhecer a visibilidade das formações inicial e final. Os poros, resultantes do
seccionamento reto dos vasos lenhosos no plano transversal, devem ser analisados em termos do
denominado tipo de porosidade, forma dos poros, arranjo arquitetural, tamanho, proporção relativa e
obstrução ou oclusão.

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Nas madeiras de folhosas é notável madeira de porosidade em anel, difusa e semi-difusa,
distinguível pelo arranjo e diâmetro dos vasos. Madeiras com porosidade em anel apresentam vasos
com grandes diâmetros no lenho inicial e vasos com pequenos diâmetros no lenho tardio, após uma
mudança abrupta. O parênquima discreto na maior parte das folhosas temperadas de porosidade
difusa, assume evidente interesse em algumas semi-difusas, mas, sobretudo, nas de porosidade em
anel. As células de parênquima são curtas, compactas, com extremidades achatadas. O número destas
células nas folhosas é maior que em coníferas, apresentando mais parênquima axial. Já os raios
lenhosos são muito importantes quanto ao tamanho (largura e altura), distinção e quanto à densidade.
Na restante estrutura lenhosa, é de interesse a presença de depósitos gomosos e irrelevante a
inclusão de floema.

A densidade é um importante parâmetro para avaliação da qualidade da madeira, sendo uma


variável complexa, pois resulta da combinação de diversos fatores como dimensão das fibras,
espessura da parede celular, volume dos vasos e parênquimas, proporção entre a madeira do cerne e
borne e arranjo dos elementos anatómicos. Pode ser determinada pela razão entre a massa seca,
expressa em gramas, e o volume saturado do provete, expresso em centímetros cúbicos.
A densidade da madeira depende de diversos fatores como a espécie da madeira, das
condições de crescimento, teor de humidade, idade da árvore, estrutura anatómica, tratamento e
processamento. Madeiras de árvores de crescimento rápido tendem a ser menos densas do que as
árvores de crescimento mais lento. Madeira verde (recém-cortada) tende a ser mais densa que a
madeira seca, pois a humidade preenche os espaços vazios dentro da estrutura da madeira. A madeira
das árvores mais antigas tende a ser mais densa do que a de árvores mais jovens. Fatores como o
clima, solo, disponibilidade de água e exposição à luz solar podem afetar a densidade da madeira. A
estrutura celular da madeira, incluindo a quantidade e o tamanho dos vasos lenhosos, fibras e células
parenquimatosas pode influenciar também a sua densidade.

Toda e qualquer árvore e, consequentemente, a sua madeira, contém uma certa quantidade de
água, quantidade essa que depende da sua espécie, estrutura, localização geográfica, entre outros
fatores. Define-se “humidade da madeira” como o teor de água de um provete de madeira é o
quociente, expresso em percentagem, da massa da água que se evapora do material por secagem a
103 ± 2 ºC até valor constante, pela massa do provete depois de completamente seco.

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m ₁−m₂
Ou seja: H= ×100
m₂
m₁ = massa do provete húmido, expressa em gramas
m₂ = massa do provete completamente seco, expressa em gramas

Vários fatores influenciam a humidade da madeira sendo alguns deles: condições ambientais,
em ambientes húmidos, a madeira absorve humidade do ar, enquanto em ambientes secos, ela pode
perder humidade. Quanto mais tempo ela é exposta a condições húmidas ou secas, mais ela tende a se
ajustar à humidade do ambiente. O tipo de madeira também influencia a humidade na madeira sendo
que algumas espécies absorvem e liberam humidade mais rapidamente do que outras. O local onde a
madeira é armazenada pode influenciar a sua humidade, bem como processos de secagem.

Pinus pinaster conhecido como o pinheiro-bravo é uma árvore do tipo conífera considerado a
espécie mais abundante na floresta nacional correspondendo a 29% da área florestal de Portugal
continental. Apresenta grandes aspetos estruturais como: madeira com cerne distinto, vermelho-claro,
de contorno regular e definido, borne esbranquiçado ou branco-amarelado e largo. Medula
sensivelmente circular, mais ou menos volumosa. Camadas de crescimento muito distintas,
particularmente pela espessa zona de outono, de contorno regular e definido, medianamente finas a
largas ou mesmo muito largas. Grão grosseiro e textura desigual. Fio, em geral direito,
frequentemente espiralado.
Macroscopicamente, apresenta parênquima e raios indistintos. Canais de resina de dois tipos:
longitudinais, muito grandes e numerosos e transversais, menos notáveis e menos volumosos.
Microscopicamente, apresenta traqueídos verticais, sem espaçamento espiralado, com grandes
pontuações areoladas unisseriadas. Raios lenhosos heterogéneos unisseriados e fusiformes e
parênquima vertical ausente.
Devido à taxa de crescimento e textura, componentes de homogeneidade da madeira e do tipo
de veio, densidade e resistência mecânica do material, configuram dois paradigmas do pinho bravo
português: pinho de Viana e pinho de Leiria. O pinho de Leiria apresenta uma densidade (H=12%) de
640 kg/m³ (pesada), enquanto o pinho de Viana tem uma densidade (H=12%) de 565 kg/m³
(moderadamente pesada). Para referência estes valores de densidade foram retirados do livro
“Madeiras Portuguesas – Estrutura Anatómica, Propriedades, Utilizações” de Albino de Carvalho.

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Quercus faginea conhecido como carvalho português ou carvalho cerquinho é uma árvore
folhosa, cuja distribuição natural se restringe à Península Ibérica e à parte ocidental do Norte de
África. Estes carvalhos não ultrapassam, normalmente, os 20 metros de altura e atingem idades
avançadas, pois adequam-se muito bem às adversidades climáticas.
Apresenta grandes aspetos estruturais como: madeira com cerne distinto, castanho-
amarelado, de contorno mais ou menos regular e definido. Medula estrelada e pouco volumosa.
Camadas de crescimento bem visíveis, tanto no borne como no cerne. Fio, em geral reto. Grão
grosseiro e desigual. Textura desigual e forte.
Macroscopicamente, esta espécie apresenta porosidade em anel, parênquima abundante
especialmente metatraqueal, em bandas concêntricas, sinuosas e quase contínuas. Raios de dois tipos:
largos e estreitos, muito evidentes nas secções tangencial e radial.
Microscopicamente, apresenta em maioria vasos solitários e em grupos de dois, sem arranjo
distinto. Raios unisseriados simples e multisseriados e fibras liberiformes.
Em termos de propriedades físicas, esta espécie de carvalho possui uma densidade (H=12%) de
890 kg/cm³ (pesado). Para referência este valor de densidade foi retirado do livro “Madeiras
Portuguesas – Estrutura Anatómica, Propriedades, Utilizações” de Albino de Carvalho.

Neste trabalho prático será inicialmente realizada medições de massa e efetuadas dimensões
das amostras para calcular a densidade aparente, permitindo a comparação dos resultados com
valores padrões disponíveis na literatura. Posteriormente, será realizada a determinação da humidade
das amostras de madeira, depois que foram retiradas da estufa. Serão também discutidos os possíveis
erros cometidos durante o procedimento e outras considerações relevantes para a interpretação dos
resultados obtidos.

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3. MATERIAL E REAGENTES

o Estufa
o Paquímetro digital
o Balança laboratorial
o Exsicador
o Amostras de madeira

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4. PROCEDIMENTO

Determinação da humidade da madeira


A determinação da humidade da madeira é geralmente efetuada pela norma NP-614. Neste trabalho,
por razões operacionais, iremos fazer algumas alterações a este método.
o Pese duas amostras de madeira.
o Coloque-as na estufa a 100 ºC de uma semana para a outra.
o Retire as amostras da estufa para um exsicador.
o Deixe arrefecer durante 30 minutos e pese novamente.

Determinação da densidade aparente


A determinação da massa volúmica da madeira é geralmente efetuada pela norma NP-616. Uma vez
mais por razões operacionais, iremos fazer algumas alterações a este método.
o Numere as amostras.
o Pese as duas amostras numa balança laboratorial.
o Meça as dimensões das peças nos três eixos.
o A dimensão de cada eixo deve ser a média de três medidas. Uma em cada ponta e uma no
meio do provete.

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5. RESULTADOS E CÁLCULOS

Amostra Massa Inicial (g) Massa final (g)

Pinho 5,2804 4,6948

Carvalho 4,5471 3,8540


Tabela I - Massa das amostras para determinação da humidade

Dimensões do provete (cm)


Amostr Tangencial Radial Longitudinal
a X1 X2 X3 MÉDI Y1 Y2 Y3 MÉDI Z1 Z2 Z3 MÉDI
A A A
Pinho 2,00 2,00 2,00 2,006 2,20 2,20 2,20 2,204 2,20 2,20 2,20 2,204
5 6 6 5 5 1 6 5 1
Carvalh 2,00 2,00 2,00 2,002 2,16 2,17 2,17 2,171 2,17 2,17 2,17 2,173
o 2 0 5 9 2 3 0 4 4
Tabela II - Massa e dimensões das amostras para determinação da densidade aparente

o Determinação do volume
Pinho → Volume = 2,006 × 2,204 × 2,204 = 9,744 cm³
Carvalho → Volume = 2,002 × 2,171 × 2,173 = 9,445 cm³

o Determinação da densidade
Fórmula para o cálculo da densidade: ρ = massa / volume1

Pinho → ρ = 5,2804 / 9,744 = 0,542 g/cm³ = 542 kg/m³


Carvalho → ρ = 4,5471 / 9,445 = 0,481 g/cm³ = 481 kg/m³

o Determinação da humidade
Fórmula para o cálculo da humidade: H% = [(massa húmida - massa seca) / massa seca] × 100

Pinho → [(5,2804 – 4,6948) / 4,6948] × 100 = (0,5856 / 4,6948) × 100 ≈ 13%

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Carvalho → [(4,5471 – 3,8540) / 3,8540] × 100 = (0,6931 / 3,8540) × 100 ≈ 18%

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6. DISCUSSÃO DE RESULTADOS E CONCLUSÕES

Após a realização da experiência, e depois de feitos os cálculos e comparados com os valores


padrões da literatura chegámos a conclusões.
Analisando em primeiro lugar o pinho, que possui uma densidade aparente de 542 kg/m³ e o
valor padrão ronda entre os 565-640 kg/m³, e em segundo lugar temos o carvalho com uma
densidade obtida de 481 kg/m³ sendo que o valor padrão é de 890 kg/m³.
Os valores da densidade (542 kg/m³) e humidade (13%) do pinho estão parcialmente
compreendidos entre os valores pretendidos, sendo apenas o carvalho que não satisfez por
completo o almejado.
Deduzimos que, sobretudo no carvalho, a discrepância de valores pode ser justificada pela
medição pouco exata da amostra nos três eixos ou até mesmo pelo teor de água contido na amostra
húmida. Se a madeira da amostra contiver uma quantidade significativa de água, a sua densidade
tende a ser maior. Essa justificação coincide com os valores apresentados da densidade do carvalho
sendo que o valor da literatura (890 kg/m³) corresponde a um teor de água de 12%, o que defende a
proposição anterior, pois à medida que a madeira é seca, a quantidade de água diminui e os espaços
vazios entre as fibras são preenchidos com ar, diminuindo assim a densidade da madeira. A
percentagem de humidade da amostra do carvalho depois de seca em estufa corresponde a 18%.
Este valor é relativamente elevado já que o teor de humidade mais comum ronda entre os 10%-12%.
Portanto, podemos inferir que a humidade desta amostra antes de ser colocada na estufa era
superior, daí a sua densidade, que foi calculada antes da secagem, ser bem inferior á literatura.
Outro possível erro cometido durante o procedimento, foi durante a etapa de colocar as
amostras no exsicador. Nesta etapa utilizou-se diretamente as mãos sem nenhuma proteção para
colocar e retirar as amostras. Esta pequena diferença pode também ter sido um motivo para não
termos atingido valores mais próximos do suposto. O processo incorreto de pesagem das amostras
com a utilização da balança laboratorial pode ter sido também causa para a diferença entre valores.
Vale referir que madeiras mais densas tendem a secar mais lentamente do que madeiras
menos densas, sob condições idênticas de temperatura e humidade relativa do ar. Sendo essa uma
outra possível razão para que o valor de humidade do carvalho ser ligeiramente superior ao intervalo
de valores de humidade considerados comuns (10%-12%).

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Concluímos que o tempo que as amostras tiveram na estufa, que foi mais ou menos durante
uma semana, pode ser considerado insuficiente já que os valores da humidade são relativamente
superiores ao dito comum. Caso tivessem permanecido por mais tempo o valor da humidade podia
ter sido mais próximo do esperado.
Em resumo, o trabalho proporcionou uma experiência prática significativa, desenvolvendo
habilidades de medição e análise laboratorial, e destacando a relevância da densidade da madeira
em diversas aplicações. Os possíveis erros foram discutidos, contribuindo para o aprimoramento das
técnicas utilizadas.

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