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CONVERSORES A

CAPACITOR
CHAVEADO
IVO BARBI

CONVERSORES A
CAPACITOR
CHAVEADO

FLORIANÓPOLIS
EDIÇÃO DO AUTOR
2019
B236c Barbi, Ivo
Conversores a capacitor chaveado / Ivo Barbi. – Florianópolis:
Ed. do autor, 2019.
498 p. : il., figs.

Inclui referências
ISBN: 978-85-XXXXX-XX-X

1. Eletrônica de potência. 2. Capacitor Chaveado. 3. Conversores


Híbridos. 4. Conversores CC-CC. 5. Conversores CA-CA.
6. Eletrônica de potência – Problemas, questões, exercícios. I. Título.

CDU: 621.314.22

Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071


v

PREFÁCIO

Usualmente entende-se como conversor estático a


capacitor chaveado, todo conversor que emprega apenas
capacitores e interruptores na constituição de sua topologia,
dispensando, portanto, o emprego de qualquer dispositivo
magnético, como indutor ou transformador.

Esses conversores, com a combinação adequada de


parâmetros, podem ser construídos com elevadas
densidades de potência e operar com significativa eficiência.
Além disso, podem submeter os diversos componentes,
particularmente os semicondutores, a tensões muito menores
que a tensão de alimentação ou da carga. Suas vantagens em
relação aos conversores convencionais então ficam evidentes:
ausência de dispositivos magnéticos e redução dos esforços
de tensão nos componentes do circuito.

Uma desvantagem desses conversores é a


impossibilidade de se controlar o fluxo de potência entre a
carga e a fonte, como é feito nos conversores convencionais,
através da razão cíclica.

Os esforços para a superação dessas deficiências dos


conversores a capacitor chaveado resultaram na invenção
dos conversores conhecidos como híbridos. Esses
conversores são gerados pela integração apropriada de
vi

conversores convencionais com conversores a capacitor


chaveado.

O resultado dessa integração são conversores que


preservam os melhores atributos de cada uma das soluções,
resultando em conversores que podem ser controlados,
proporcionam isolamento galvânico entre a fonte de
alimentação e a carga, e submetem os interruptores e
capacitores a tensões reduzidas.

Neste texto, um conversor será definido como


conversor a capacitor chaveado, sempre que houver
chaveamento de capacitores, independentemente da
presença de dispositivos magnéticos ou não. Então os
conversores conhecidos como híbridos serão considerados
também conversores a capacitor chaveado.

O presente texto, despretensioso, incompleto e


certamente imperfeito, é basicamente resultado de pesquisas
realizadas pelo autor ou em parceria com colegas e pós-
graduandos do Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica da UFSC ao longo dos últimos dez anos. Como é
inevitável, muitos conteúdos podem também ser facilmente
encontrados em publicações internacionais, apresentando
resultados de pesquisas realizadas em muitos laboratórios de
diferentes países.

O texto é destinado a toda a comunidade de eletrônica


de potência, que inclui engenheiros projetistas de
vii

equipamentos, estudantes de pós-graduação, pesquisadores


e professores. Pode também ser empregado livro texto ou
simplesmente como fonte de consulta.

Salvo erro ou desinformação deste autor, ele acredita


que este seja o primeiro livro dedicado ao tema de
conversores estáticos a capacitor chaveado.

Comentários, observações ou críticas que possam


contribuir para melhorar a qualidade do texto, serão bem-
vindos.

Florianópolis-SC, novembro de 2019.

Ivo Barbi
viii
ix

AGRADECIMENTOS

À engenheira ALEXSANDRA ROSPIRSKI e ao


engenheiro GUILHERME MARTINS LEANDRO pela
dedicação de ambos na preparação desta edição, que
envolveu enorme esforço de digitação, edição de figuras e
equações, formatação, diagramação, revisão técnica dos
conteúdos, solução dos exercícios, etc.

Ao Prof. TELLES BRUNELLI LAZZARIN pela


parceria construtiva e produtiva na área de conversores a
capacitor chaveado.

Ao BRUNO BARBI pela criação da capa.

À PATRICIA SCHMIIT pelo apoio administrativo na


preparação desta edição.
xi

SUMÁRIO
CAPÍTULO 1

CIRCUITOS PURAMENTE CAPACITIVOS

1.1) Estudo do Ponto de Equilíbrio .......................................... 1

1.2) Análise de Circuitos Puramente Capacitivos em


Equilíbrio ..................................................................................... 4

1.3) Perdas Entre Dois Pontos de Equilíbrio ........................ 15

1.4) Exercícios Resolvidos ....................................................... 28

1.5) Exercícios Propostos ......................................................... 32

CAPÍTULO 2

TRANSITÓRIOS EM CIRCUITOS RC

2.1) Circuito 01 .......................................................................... 37

2.2) Circuito 02 .......................................................................... 49

2.3) Circuito 03 .......................................................................... 56

2.4) Circuito 04 .......................................................................... 59

2.5) Exercícios Resolvidos ....................................................... 62

2.6) Exercícios Propostos ......................................................... 70


xii

CAPÍTULO 3

ANÁLISE DE CIRCUITOS RC PERIODICAMENTE


CHAVEADOS

3.1) Circuito 01 ...........................................................................76

3.2) Circuito 02 ...........................................................................80

3.3) Circuito 03 ...........................................................................80

3.4) Exemplo Numérico ...........................................................87

3.5) Exercícios Propostos ..........................................................93

CAPÍTULO 4

ESTUDO DA CÉLULA UNITÁRIA

4.1) Introdução ..........................................................................96

4.2) Operação e Formas de Onda ............................................97

4.3) Análise do Circuito ............................................................99

4.4) Exemplo Numérico .........................................................105

4.5) Valor Médio da Tensão Sobre o Capacitor .................108

4.6) Análise Empregando Valor Médio em Espaço de Estados


....................................................................................................110

4.7) Exercícios Propostos ........................................................114


xiii

CAPÍTULO 5

CONVERSORES CC-CC ABAIXADORES DE TENSÃO A


CAPACITOR CHAVEADO

5.1) Introdução ........................................................................ 117

5.2) Conversor Abaixador Série-Paralelo com Ganho Estático


M = 1/2 ...................................................................................... 117

5.3) Conversor Abaixador Série-Paralelo com Ganho Estático


M = 1/3 ...................................................................................... 134

5.4) Conversor Abaixador Série-Série com Ganho Estático M


= 1/2 .......................................................................................... 139

5.5) Conversor Abaixador Fibonacci com Ganho Estático M


= 1/3 .......................................................................................... 146

5.6) Conversor de Dickson .................................................... 149

5.7) Exercícios Resolvidos ..................................................... 153

5.8) Exercícios Propostos ....................................................... 171

CAPÍTULO 6

CÉLULA DE COMUTAÇÃO

6.1) Introdução ........................................................................ 174

6.2) Célula de Comutação Genérica .................................... 176


xiv

6.3) Exemplo de Procedimento para Geração de uma Família


de Conversores CC-CC Não Isolados ..................................179

6.4) Exemplo Numérico .........................................................185

6.5) Exercícios Propostos ........................................................187

CAPÍTULO 7

CONVERSORES CC-CC A CAPACITOR CHAVEADO,


EMPREGANDO A CÉLULA DE COMUTAÇÃO LADDER

7.1) Célula de Comutação Ladder ..........................................190

7.2) Conversor CC-CC Ladder ................................................191

7.3) Análise do Conversor Abaixador .................................193

7.4) Análise do Conversor Elevador ....................................199

7.5) Análise do Conversor Abaixador-Elevador ................204

7.6) Observação sobre o Valor de VC para D = 0,5 ..............209

7.7) Conversor Ladder de Três Estágios.................................212

7.8) Exemplo Numérico ..........................................................218

7.9) Exercícios Propostos.........................................................219


xv

CAPÍTULO 8

ESFORÇOS DE TENSÃO E CORRENTE NO


CONVERSOR LADDER ABAIXADOR

8.1) Funcionamento e Formas de Onda .............................. 224

8.2) Esforços de Tensão ......................................................... 227

8.3) Esforços de Corrente ...................................................... 227

8.4) Corrente no Capacitor de Filtragem Co ........................ 228

8.5) Exemplo Numérico ......................................................... 230

CAPÍTULO 9

ANÁLISE DO CONVERSOR LADDER ABAIXADOR


COM FILTRO CAPACITIVO NA SAÍDA

9.1) Introdução ........................................................................ 234

9.2) Circuitos Equivalentes para os Dois Estados Topológicos


.................................................................................................... 235

CAPÍTULO 10

DINÂMICA DE INICIALIZAÇÃO DOS CONVERSORES


CC-CC A CAPACITOR CHAVEADO

10.1) Dinâmica dos Conversores .......................................... 241


xvi

10.2) Formas de Onda Obtidas por Simulação ...................246

10.3) Exercícios Propostos ......................................................249

CAPÍTULO 11

INTRODUÇÃO AOS CONVERSORES CC-CC


HÍBRIDOS NÃO ISOLADOS

11.1) Introdução ......................................................................252

11.2) Família de Conversores CC-CC Híbridos Não Isolados


Tipo Ladder ...............................................................................254

11.3) Conversores Híbridos Kuwabara-Hiyachika ............257

11.4) Análise Simplificada do Conversor Boost Híbrido


Gerado pela Célula Ladder .....................................................264

11.5) Análise Simplificada do Conversor Boost Híbrido


Gerado pela Célula Kuwabara-Hiyachika ..........................267

CAPÍTULO 12

ANÁLISE DO CONVERSOR BOOST HÍBRIDO

12.1) Topologia e Estados Topológicos ................................272

12.2) Valor Médio da Tensão Sobre o Capacitor C1 ...........274

12.3) Análise da Corrente no Indutor ..................................275


xvii

12.4) Ganho Estático Idealizado ........................................... 275

12.5) Circuito Equivalente em Regime Permanente Visto pela


Carga ........................................................................................ 277

12.6) Emprego do Conversor Boost Híbrido em Correção do


Fator de Potência .................................................................... 285

12.7) Exemplo Numérico ....................................................... 288

CAPÍTULO 13

CONVERSORES CC-CC HÍBRIDOS BIDIRECIONAIS

13.1) Conversor Bidirecional Convencional ....................... 291

13.2) Conversores Bidirecionais Híbridos .......................... 296

13.3) Exemplo Numérico ....................................................... 300

CAPÍTULO 14

ANÁLISE DO CONVERSOR BOOST HÍBRIDO


KUWABARA-HIYACHIKA

14.1) Topologia ....................................................................... 303

14.2) Estados Topológicos e Formas de Onda .................... 304

14.3) Equacionamento ............................................................ 306

14.4) Exercícios Resolvidos .................................................... 310


xviii

CAPÍTULO 15

CONVERSOR FORWARD DE DOIS INTERRUPTORES


HÍBRIDO

15.1) Introdução ......................................................................323

15.2) Operação e Formas de Onda ........................................324

15.3) Integração da Célula a Capacitor Chaveado Ladder com


o Conversor Forward de Dois Interruptores ......................328

15.4) Funcionamento do Conversor Forward Híbrido


Proposto ...................................................................................330

15.5) Exemplo Numérico .......................................................334

CAPÍTULO 16

CONVERSOR CC-CC ISOLADO PONTE COMPLETA


HÍBRIDO

16.1) A Topologia do Conversor ...........................................337

16.2) Operação e Estados Topológicos .................................340

16.3) Ganho Estático ...............................................................344

16.4) Exercícios Resolvidos ....................................................347

16.5) Exercícios Propostos ......................................................354


xix

CAPÍTULO 17

CONVERSOR HÍBRIDO CC-CC ISOLADO MEIA


PONTE ASSIMÉTRICA

17.1) Introdução ...................................................................... 358

17.2) Estados Topológicos e Circuitos Equivalentes ......... 360

17.3) Formas de Onda e Ganho Estático ............................. 363

17.4) Exemplos Numéricos ................................................... 366

17.5) Exercícios Propostos ..................................................... 369

CAPÍTULO 18

CONVERSOR RESSONANTE SÉRIE HÍBRIDO COM A


CÉLULA LADDER

18.1) Introdução ...................................................................... 371

18.2) Estados Topológicos e Formas de Onda ................... 374

18.3) Ganho Estático e Característica Externa .................... 377

18.4) Exemplo Numérico ....................................................... 379


xx

CAPÍTULO 19

CONVERSOR CA-CA MONOFÁSICOS A CAPACITOR


CHAVEADO

19.1) Conversor CA-CA Monofásico a Capacitor Chaveado,


Abaixador, Tipo Ladder ..........................................................384

19.2) Conversor CA-CA Elevador a Capacitor Chaveado,


Tipo Ladder ...............................................................................394

19.3) Conversor CA-CA Inversor de Polaridade ................397

19.4) Variação Topológica do Conversor CA-CA Abaixador


....................................................................................................403

19.5) Conversor CA-CA Elevador de Tensão .....................405

19.6) Topologia para Outros Ganhos Estáticos ...................407

19.7) Exercício Resolvido .......................................................408

19.8) Exercícios Propostos ......................................................410

CAPÍTULO 20

CONVERSORES DIRETOS DE TENSÃO CA-CA

20.1) Introdução ......................................................................415

20.2) Conversor CA-CA Abaixador de Tensão ...................415

20.3) Conversor CA-CA Elevador de Tensão .....................421


xxi

20.4) Conversor CA-CA Abaixador-Elevador de Tensão


(Buck-Boost) ............................................................................. 426

20.5) Exemplo Numérico........................................................ 432

20.6) Exercícios Propostos...................................................... 434

CAPÍTULO 21

CONVERSORES DIRETOS CA-CA HÍBRIDOS

21.1) Conversor CA-CA Híbrido Abaixador de Tensão ... 438

21.2) Conversor Direto CA-CA Híbrido Elevador de Tensão


.................................................................................................... 445

21.3) Conversor Direto CA-CA Híbrido Abaixador-Elevador


de Tensão ................................................................................. 450

21.4) Exemplo Numérico ....................................................... 456

21.5) Exercícios Propostos ..................................................... 460

CAPÍTULO 22

RESULTADOS EXPERIMENTAIS

22.1) Introdução ...................................................................... 463

22.2) Conversor Ressonante LLC Híbrido a Capacitor


Chaveado ................................................................................. 463
xxii

22.3) Conversor Trifásico CA-CA a Capacitor Chaveado..467

22.4) Conversor CC-CC Híbrido Bidirecional ....................470

22.5) Conversor CA-CA Série Ressonante Híbrido ..........473


1

CAPÍTULO - 1

CIRCUITOS PURAMENTE
CAPACITIVOS

1.1) ESTUDO DO PONTO DE EQUILÍBRIO

DEFINIÇÕES

a) Tensão e Corrente em um Capacitor

Na Fig. 1.1 é representado o símbolo de um capacitor,


com indicação do sentido da corrente e da tensão, ambas
definidas como positivas.

Fig. 1.1 - Tensão e corrente em um capacitor.

A corrente que circula no capacitor é representada


pela expressão (1.1), enquanto que a tensão em seus
terminais é representada pela expressão (1.2).

dVC
iC = C (1.1)
dt
2

1
C
VC = iC dt (1.2)

b) Capacitores Associados em Paralelo

Na Fig. 1.2 é mostrada uma associação composta por


dois capacitores em paralelo, juntamente com a
representação do capacitor equivalente.

Fig. 1.2 - Associação de capacitores em paralelo.

A corrente no capacitor equivalente é dada pela


expressão (1.3).

iC = i1 + i2 (1.3)

Portanto,

dVC dV dV
Ceq = C1 C + C2 C (1.4)
dt dt dt

Assim, a capacitância do capacitor equivalente é igual


à soma das capacitâncias dos capacitores individuais, e é
representada pela expressão (1.5).
3

Ceq = C1 + C2 (1.5)

Para o caso de associação de n capacitores em paralelo,


a capacitância do capacitor equivalente é dada pela
expressão (1.6).

Ceq = C1 + C2 + + Cn (1.6)

c) Capacitores Associados em Série

Na Fig. 1.3 encontra-se representada uma associação


de capacitores em série.

Fig. 1.3 - Associação de capacitores em série.

A tensão sobre o capacitor equivalente é dada pela


expressão (1.7).

VC1 + VC2 = VC (1.7)

Portanto,

1 1 1
C1  iC dt +
C2  iC dt =
Ceq 
iC dt (1.8)
4

Desse modo, obtemos a expressão (1.9), que nos


permite calcular o valor da capacitância do capacitor
equivalente da associação, em função das capacitâncias dos
capacitores individuais da associação série.

1 1 1
= + (1.9)
Ceq C1 C2

Para uma associação de n capacitores em série,


podemos facilmente, ao estender o procedimento acima,
obter a expressão (1.10).

1 1 1 1
= + + + (1.10)
Ceq C1 C2 Cn

1.2 ) ANÁLISE DE CIRCUITOS PURAMENTE


CAPACITIVOS EM EQUILÍBRIO

a) Método Tradicional de Análise

Seja o circuito representado na Fig. 1.4.

Fig. 1.4 - Circuito puramente capacitivo.


5

A capacitância equivalente é representada pela


expressão (1.11).

C1C2
Ceq = (1.11)
C1 + C2

A carga acumulada em cada capacitor, bem como no


capacitor equivalente, é definida pela expressão (1.12).

Q1 = Q2 = Q = CeqV (1.12)

Desse modo,

C1VC1 = CeqV (1.13)

Portanto,

Ceq C1C2 V
VC1 = V= (1.14)
C1 C1 + C2 C1

Consequentemente,

 C2 
VC1 =  V (1.15)
 C1 + C2 

Com o mesmo procedimento, obtemos a expressão


(1.16).

 C1 
VC2 =  V (1.16)
 C1 + C2 
6

As expressões (1.15) e (1.16) nos permitem obter o


valor da tensão nos terminais dos capacitores individuais, em
função das capacitâncias individuais e do valor da tensão da
fonte de entrada. Evidentemente, toda a análise é válida
apenas para o circuito em equilíbrio estático.

b) Emprego do Método Variacional

b.1) Circuito com Dois Capacitores Associados em


Série

Nesta seção, vamos apresentar um método alternativo


para obtenção das tensões sobre os capacitores do circuito
mostrado na Fig. 1.5. Trata-se de um método conhecido como
variacional e é baseado no princípio de que no ponto de
equilíbrio a energia acumulada é mínima.

Fig. 1.5 - Circuito capacitivo com dois capacitores associados em série.


7

A energia acumulada nos capacitores é definida pela


expressão (1.17).

1 1
( )
2
E = C1VC1 2 + C2 V − VC1 (1.17)
2 2

Ao expandir a expressão (1.17), encontramos a


expressão (1.18).

1 1 1
E = C1VC1 2 + C2V 2 + C2VC1 2 − C2VVC1 (1.18)
2 2 2
Ao derivar a expressão (1.18) em relação a VC 1

encontramos a expressão (1.19).

E
= C1VC1 + C2VC1 − C2V (1.19)
VC1

Para que a energia acumulada no capacitor C1 seja


E
mínima, é necessário que = 0 . Ao se igualar a zero a
VC1
expressão (1.19), obtém-se a expressão (1.20).

(C1 + C2 )VC 1
= C2V (1.20)

Portanto,

C2
VC1 = V (1.21)
C1 + C2
8

Consequentemente,

C1
VC2 = V (1.22)
C1 + C2

Vamos estender o método apresentado, que faz o uso


do princípio que estabelece que no ponto de equilíbrio a
energia armazenada é mínima, para circuitos mais
complexos.

b.2) Circuito com Três Capacitores Associados em


Série

Seja o circuito representado na Fig. 1.6, constituído por


uma fonte de tensão continua alimentando três capacitores
associados em série.

Fig. 1.6 - Circuito capacitivo com três capacitores associados em série.

No ponto de equilíbrio, a energia total armazenada


nos capacitores é definida pela expressão (1.23). As tensões
9

V1 e V2 são medidas em relação ao potencial comum, com o


símbolo de aterramento.

1 1 1
E = C1V12 + C2 (V2 − V1 ) + C3 (V − V2 )
2 2
(1.23)
2 2 2
Ao se expandir a expressão (1.23) obtém-se a
expressão (1.24).

1 1 1
E = C1V12 + C2V2 2 − C2V1V2 + C2V12 +
2 2 2
(1.24)
1 1
+ C3V 2 − C3VV2 + C3V2 2
2 2

Derivando a expressão (1.24) em relação a V1 e V2 , e a


igualando a zero, encontramos as expressões (1.25) e (1.26),
respectivamente.

E
= C1V1 − C2V2 + C2V1 = 0 (1.25)
V1

E
= C2V2 − C2V1 − C3V + C3V2 = 0 (1.26)
V2

Manipulando-se algebricamente as expressões,


obtemos o sistema de equações algébricas representado pelas
expressões (1.27) e (1.28).

(C1 + C2 )V1 = C2V2 (1.27)

(C2 + C3 )V2 − C2V1 = C3V (1.28)


10

Vamos então resolver este sistema de equações, como


segue.

V1
V2 = ( C1 + C2 ) (1.29)
C2

( C2 + C3 )( C1 + C2 ) V − C2V1 = C3V
1 (1.30)
C2

V1 ( ( C2 + C3 )( C1 + C2 ) − C2 2 ) = C2C3V (1.31)

Portanto, a tensão sobre o capacitor C1 é representada


pela expressão (1.32).

 C2C3 
V1 =   (1.32)
 C1C2 + C1C3 + C2C3 

Ao se substituir a expressão (1.32) na expressão (1.29)


podemos encontrar a expressão que determina a tensão sobre
o capacitor C2 .

Conhecendo V, V1 e V2 , podemos obter a expressão da


tensão sobre o capacitor C3 .

b.3) Circuito com Três Capacitores Associados em


Paralelo

O próximo circuito a ser analisado encontra-se


representado na Fig. 1.7. O circuito encontra-se em equilíbrio
11

estático. São conhecidas as tensões V1 , V2 e V3 das fontes de


tensão continua e as capacitâncias C1 , C2 e C3 . Desejamos
encontrar a expressão que determina a tensão V indicada na
figura, em relação ao potencial de referência.

Fig. 1.7 - Circuito capacitivo.

A energia acumulada nos capacitores é definida pela


expressão (1.33).

1 1 1
E = C1 (V − V1 ) + C2 (V − V2 ) + C3 (V − V3 )
2 2 2
(1.33)
2 2 2
Após a devida manipulação algébrica, encontramos a
expressão (1.34).

1 1
E = C1V 2 − C1VV1 + C1V12 +
2 2
1 1
+ C2V 2 − C2VV2 + C2V2 2 + (1.34)
2 2
1 1
+ C3V 2 − C3VV3 + C3V32
2 2

Vamos derivar a expressão (1.34) em relação a V, o que


resulta na expressão (1.35).
12

E
= C1V − C1V1 + C2V − C2V2 + C3V − C3V3 (1.35)
V
Sabemos que no ponto de equilíbrio, a energia
E
acumulada no circuito é mínima, ou seja, = 0.
V
Impondo esta igualdade na expressão (1.35), obtemos
a expressão (1.36).

V ( C1 + C2 + C3 ) = C1V1 + C2V2 + C3V3 (1.36)

Consequentemente,

C1V1 + C2V2 + C2V3


V= (1.37)
C1 + C2 + C3

Com o emprego da expressão (1.37) podemos calcular


o valor da tensão V, em relação ao potencial de referência,
definido na Fig. 1.7.

Também podemos obter as equações que determinam


os valores das tensões sobre os capacitores.

b.4) Circuito com Vários Capacitores em Associação


Mista

Um circuito de maior complexidade que os


apresentados anteriormente está representado na Fig. 1.8.
Vamos empregar a abordagem variacional (minimização da
13

energia acumulada), para a obtenção das tensões sobre os


capacitores da associação.

Fig. 1.8 - Circuito capacitivo.

A energia total armazenada no circuito é definida pela


expressão (1.38). Os potenciais V1 , V2 e V são medidos em
relação ao referencial de referência comum, definido na Fig.
1.8.

1 1 1
E = C1V12 + C2 (V − V1 ) + C3V2 2 +
2

2 2 2
(1.38)
1 1
+ C4 (V − V2 ) + C5 (V1 − V2 )
2 2

2 2

Com a manipulação algébrica apropriada obtemos a


expressão (1.39).
1 1 1 1
E = C1V12 + C2V 2 − C2VV1 + C2V12 + C3V2 2 +
2 2 2 2
1 1
+ C4V 2 − C4VV2 + C4V2 2 + (1.39)
2 2
1 1
+ C5V12 − C5V1V2 + C5V2 2
2 2
14

Ao derivarmos a expressão (1.39), primeiramente em


relação a V1 e em seguida em relação a V2 , obtemos as
expressões (1.40) e (1.41), respectivamente.

E
= C1V1 − C2V + C2V1 + C5V1 − C5V2 (1.40)
V1

E
= C3V2 − C4V + C4V2 − C5V1 + C5V2 (1.41)
V2

No ponto de equilíbrio, a energia acumulada nos


capacitores do circuito é mínima. Portanto, a partir das
expressões (1.40) e (1.41) obtemos as expressões (1.42) e (1.43)
que é um sistema de equações algébricas.

V1 ( C1 + C2 + C5 ) − C5V2 − C2V = 0 (1.42)

−V1C5 + ( C3 + C4 + C5 )V2 − C4V = 0 (1.43)

Resolvendo-se o sistema de equações obtém-se:

V2 =
( C1C4 + C2C4 + C2C5 + C4C5 ) V
(1.44)
D

V1 =
( C2C3 + C2C4 + C2C5 + C4C5 ) V
(1.45)
D

D é definido pela expressão (1.46).

D = C1C3 + C1C4 + C2C3 + C1C5 + C2C4 +


(1.46)
+C2C5 + C3C5 + C4C5
15

A partir da Fig. 1.8, obtemos VC5 = V1 − V2 , definida pela


equação (1.47).

VC5 =
( C1C4 − C2C3 ) V
(1.47)
D

A análise da expressão (1.47) revela que VC5 = 0


quando a relação (1.48) é satisfeita.

C1C4 = C2C3 (1.48)

Portanto, quando

C2 C4
= (1.49)
C1 C3

1.3) PERDAS ENTRE DOIS PONTOS DE EQUILÍBRIO

Seja o circuito representado na Fig. 1.9. O interruptor


S encontra-se inicialmente aberto, VC1o  0 e VC2o = 0 . As
capacitâncias dos capacitores são idênticas, ou seja,
C1 = C2 = C .

Fig. 1.9 - Circuito RC antes do fechamento do interruptor S.


16

Durante o intervalo de tempo em que ocorre o


transitório, após o fechamento do interruptor S, corrente
circula no circuito e proporciona transferência de carga
elétrica e energia do capacitor C1 para o capacitor C2 .
Durante esse intervalo de tempo, o circuito é representado
pela Fig. 1.10.

Fig. 1.10 - Circuito RC durante o transitório.

Após o intervalo de tempo da fase transitória, as


tensões sobre os capacitores se igualam e a corrente se anula.
O circuito atinge o ponto de equilíbrio e encontra-se
representado na Fig. 1.11.

Fig. 1.11 - Circuito RC após o transitório.

Seja V f a tensão final de equilíbrio. Portanto:

VC1 = VC2 = V f (1.50)


17

A energia inicial armazenada no circuito é definida


pela expressão (1.51).

1
Ei = C1VC1o 2 (1.51)
2

Por sua vez, a energia final acumulada nos


capacitores, após a fase transitória, é dada pela expressão
(1.52).

1 1
E f = C1V f 2 + C2V f 2 (1.52)
2 2

A carga elétrica inicial é definida pela expressão (1.53)


enquanto que a carga elétrica final é dada pela expressão
(1.54).

Qi = C1VC1o (1.53)

Q f = C1V f + C2V f (1.54)

De acordo com o princípio da conservação de carga


elétrica, podemos escrever a expressão (1.55).

Q f = Qi (1.55)

Desse modo, obtemos a expressão (1.56).

C1V f + C2V f = C1VC1o (1.56)


18

Com a manipulação algébrica apropriada, obtemos a


expressão (1.57), que determina a tensão final nos capacitores
do circuito.

VC1o
Vf = (1.57)
2

Consequentemente,

VC1o
VC1 f = VC2 f = V f = (1.58)
2

Portanto, com as expressões (1.52) e (1.56) obtemos a


expressão (1.59).

CVC1o 2 11 
E f = CV f =
2
=  CVC1o 2  (1.59)
4 2 2 

Com as expressões (1.51) e (1.59), obtemos a expressão


(1.60), que demonstra que a energia final armazenada nos
capacitores é igual à metade do valor da energia inicial. Dito
de outro modo, durante a transferência de carga entre os
capacitores, metade da energia é perdida.

1
Ef = Ei (1.60)
2
Seja a energia dissipada no resistor R, definida pela
expressão (1.61).

ER = Ei − E f (1.61)
19

Desse modo,

11 
ER =  CVC1o 2  (1.62)
22 

A análise realizada nos permite concluir que:

• metade da energia inicial é perdida no resistor;


• essa energia não depende do valor de R, da constante
de tempo do circuito, ou da duração do transitório.

Podemos ainda concluir que mesmo para a situação


em que R = 0 , metade da energia é perdida. Esse resultado é
de difícil senão impossível interpretação física, pois não é
trivial justificar a perda da metade da energia num circuito
onde não há nenhum resistor. Esse paradoxo é conhecido na
física como o “Paradoxo dos dois capacitores”.

Há muita controvérsia sobre esse fenômeno, sendo


que duas interpretações são as mais usuais:

• o fenômeno não é fisicamente realizável, pois não


existe circuito totalmente ideal;
• a energia consumida é irradiada para o ambiente, na
forma de ondas eletromagnéticas.

Vamos em seguida analisar o que ocorre no mesmo


circuito, quando há energia inicialmente acumulada em
ambos os capacitores. Esse caso encontra-se representado na
20

Fig. 1.12. Portanto, estamos admitindo que VC1o  0 , VC2o  0


e VC1o  VC2o .

Fig. 1.12 – Circuito RC com ambos os capacitores inicialmente carregados.

A carga total e a energia total iniciais são definidas


pelas expressões (1.63) e (1.64), respectivamente.

Qi = CVC1o + CVC2o (1.63)

1 1
Ei = CVC1o 2 + CVC2o 2 (1.64)
2 2

Durante o transitório, no qual ocorre transferência de


energia e carga elétrica do capacitor C1 para C2 , o circuito é
representado pela Fig. 1.13.

Fig. 1.13 – Circuito equivalente durante o transitório.

Após o transitório, quando o circuito se encontra em


equilíbrio estático, as tensões dos dois capacitores se igualam
e seu valor é representado por V f .
21

Fig. 1.14 – Circuito em equilíbrio, após o transitório.

A carga final é representada pela expressão (1.65),


enquanto que a energia final é representada pela expressão
(1.66).

Q f = 2CV f (1.65)

1 
E f = 2  CV f 2  (1.66)
2 

Segundo o princípio da conservação da carga,


podemos escrever a expressão (1.67).

Qi = Q f (1.67)

Desse modo,

( )
C VC1o + VC2o = 2CV f (1.68)

Portanto, a tensão final é dada pela expressão (1.69).

VC1o + VC2o
Vf = (1.69)
2
22

A energia final, obtida pela substituição da expressão


(1.69) na expressão (1.66), é representada pela expressão
(1.70).

( )
2
1 VC o + VC2o
Ef = 2 C 1 (1.70)
2 4

A energia dissipada no resistor R durante o transitório


é a diferença entre a energia inicial e final acumuladas no
circuito, e é definida pela expressão (1.71).

ER = Ei − E f (1.71)

Ao se substituir as expressões (1.64) e (1.70) em (1.71),


obtém-se a expressão (1.72).

1
( )
1C
( )
2
ER = C VC1o 2 + VC2o 2 − VC o + VC2o (1.72)
2 22 1

Portanto,

11
( )
2
ER = C VC1o − VC2o (1.73)
22
Desse modo,

11 
ER =  C VC 2  (1.74)
22 

Podemos então concluir que a energia perdida no


resistor durante o transitório é função de VC , ou seja, da
diferença de potencial inicial entre os dois capacitores.
23

No caso particular anterior em que VC2o = 0 , a energia


dissipada é dada pela expressão (1.75), como foi
demonstrado anteriormente,

11 
ER =  CVC1o 2  (1.75)
22 

ou ainda pela expressão (1.76).

1
ER = Ei (1.76)
2

Na Fig. 1.15 é mostrado um circuito com três


capacitores idênticos. Antes do fechamento do interruptor S,
o primeiro capacitor encontra-se carregado e sua tensão é
igual a VCi . Os demais capacitores encontram-se inicialmente
descarregados.

Fig. 1.15 – Circuito RC com três capacitores em sua condição inicial.

Após o transitório, quando o circuito atinge o ponto


de equilíbrio, as tensões dos capacitores se igualam e seu
valor é simbolizado por V f .
24

Fig. 1.16 – Circuito RC com três capacitores, em equilíbrio, após a


redistribuição de carga entre eles.

As cargas inicial e final são definidas pelas expressões


(1.77) e (1.78). Além disso, de acordo com o princípio da
conservação da carga, elas são iguais entre si.

Qi = CVCi (1.77)

Q f = 3CV f (1.78)

Portanto, a tensão final V f é dada pela expressão (1.79)

VCi
Vf = (1.79)
3

As energias final e inicial são definidas pelas


expressões (1.80) e (1.81), respectivamente.

1
Ei = CVCi 2 (1.80)
2

1 1 V 2
E f = 3 CV f 2 = 3 C Ci (1.81)
2 2 9

Com a manipulação algébrica apropriada, obtemos a


expressão (1.82), que nos mostra que a energia final
25

armazenada nos capacitores é igual a um terço do valor da


energia inicial.

11
Ef = CVCi 2 (1.82)
32

Como a energia perdida nos resistores durante o


transitório é igual à diferença entre a energia inicial e a final,
podemos escrever a expressão (1.83).

1 11
ER = Ei − E f = CVCi 2 − CVCi 2 (1.83)
2 32

Prosseguindo, obtemos a expressão (1.84).

21
ER = CVCi 2 (1.84)
32
Portanto, obtemos a expressão (1.85), que nos mostra
que se perde dois terços da energia inicialmente acumulada
no circuito, durante o transitório. Observemos mais uma vez
que essa energia independe da constante de tempo do
circuito ou do valor do resistor R.

2
ER = Ei (1.85)
3

Podemos generalizar nossa conclusão, analisando o


circuito com n capacitores, mostrado na Fig. 1.17, no qual o
primeiro capacitor encontra-se carregado, antes do
fechamento do interruptor S.
26

Fig. 1.17 – Circuito RC com n capacitores.

As cargas totais antes e após o transitório são


definidas pelas expressões (1.86) e (1.87), respectivamente.

Qi = CVCi (1.86)

Q f = nCV f (1.87)

Igualando-se as duas expressões anteriores, obtém-se


a expressão (1.88).

CVCi = nCV f (1.88)

Desse modo, o valor da tensão final de equilíbrio é


dado pela expressão (1.89).

VCi
Vf = (1.89)
n

As energias inicial e final são definidas pelas


expressões (1.90) e (1.91), respectivamente.

1
Ei = CVCi 2 (1.90)
2
27

11
Ef = CVCi 2 (1.91)
n2
A partir dessas duas equações, obtemos a equação
(1.92), que relaciona a energia final com a energia inicial e o
número de capacitores.

1
Ef = Ei (1.92)
n

A energia dissipada nos resistores durante o


transitório é definida pela equação (1.93).

1
ER = Ei − E f = Ei − Ei (1.93)
n
Portanto,

 1
ER = Ei 1 −  (1.94)
 n

Ou ainda,

1  1
ER = CVCi 2 1 −  (1.95)
2  n

Se n →  , toda a energia inicial é dissipada durante o


transitório e a tensão final de equilíbrio é igual a zero.

1
ER → CVCi 2 (1.96)
2
28

ER → Ei (1.97)

Podemos então nos referir não apenas ao paradoxo


dos dois capacitores, mas sim genericamente ao “paradoxo
dos capacitores”.

1.4) EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1) Seja o circuito mostrado na Fig. 1.18, com os


parâmetros definidos abaixo.

Fig. 1.18 – Circuito puramente capacitivo

V f 1 = 100V C1 = 1F C4 = 4 F

V f 2 = 75V C2 = 2 F C5 = 5F C7 = 7 F

V f 3 = 35V C3 = 3F C6 = 6 F
29

Determinar os valores das tensões (analiticamente)


V1 , V2 , V3 e V4 , empregando o princípio da mínima energia
acumulada. Verificar os resultados por simulação.

Resolução

Com o circuito puramente capacitivo, é empregado a


análise pelo método de conservação de energia, sendo a
energia total acumulada nos capacitores representada por:

1 1 1
E = C1VC1 2 + C 2VC2 2 + C 3VC3 2
2 2 2 (1.98)
1 1 1 1
+ C 4 VC4 2 + C 5 VC5 2 + C6 VC6 2 + C7 VC7 2
2 2 2 2

Substituindo os valores das tensões nos capacitores


por:

VC1 = V1 − V f1 (1.99)

VC2 = V1 − V f2 (1.100)

VC3 = V1 − V2 (1.101)

VC4 = V2 − V3 (1.102)

VC5 = V3 = V f3 + V4 (1.103)

VC6 = V2 − V4 (1.104)

VC7 = V4 = V3 − V f3 (1.105)
30

V f 3 = V3 − V 4 (1.106)

Encontramos:
1 1 1
E = C1 (V1 − V f1 )2 + C 2 (V1 − V f2 )2 + C 3 (V1 − V2 )2
2 2 2
1 1 1 1
+ C 4 (V2 − V3 )2 + C 5 (V f3 + V4 )2 + C6 (V2 − V4 )2 + C7 (V3 − V f3 )2
2 2 2 2
(1.107)

Aplicando o método de mínima energia acumulada,


em que:

E E E E
= = = =0 (1.108)
V1 V2 V3 V4

e derivando a equação da energia em função de V1 ,


encontramos:

E
= C1 V1 − C1 V f1 + C 2 V1
V1 (1.109)
− C2 V f2 + C3 V1 − C3 V2 = 0

C1V f1 + C2V f2 + C3V2


V1 = (1.110)
C1 + C2 + C3

Para os cálculos das tensões V2 , V3 e V4 , deriva-se


(1.107) em função de V2 , V3 e V4 , respectivamente, de modo
que:
31

E
= C3 V2 − C3 V1 + C4 V2
V2 (1.111)
− C4 V3 + C6 V2 − C6 V4 = 0

C3V1 + C4 V3 + C6V4
V2 = (1.112)
C3 + C4 + C6

E
= C 4 V3 − C 4 V2
V3 (1.113)
+ C7 V 3 − C7 V f 3 = 0

C4 V2 + C7 V f3
V3 = (1.114)
C4 + C7

E
= C5 V4 − C5 V f3
V4 (1.115)
+ C6 V4 − C6 V2 = 0

C6V2 − C5 V f3
V4 = (1.116)
C5 + C6

Substituindo os valores dos parâmetros nas equações


(1.110), (1.112), (1.114) e (1.116), obtemos os valores das
tensões V1 , V2 , V3 e V4 , apresentadas em (1.117).
32

V1 = 50, 425 V
V2 = 17, 516 V
(1.117)
V3 = 28,644 V
V4 = −6, 356 V

1.5) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Determinar a capacitância equivalente do arranjo de


capacitores mostrado na Fig. 1.19.

Fig. 1.19 - Circuito do Exercício 1.

Resposta:

Ceq = 4, 714  F

2) Seja o circuito mostrado na Fig. 1.20.


33

Fig. 1.20 - Circuito do Exercício 2.

b) Determinar a carga elétrica em cada capacitor;


c) Determinar a tensão sobre cada capacitor.

Respostas:

a) QC1 = 20 F , QC2 = 40  F , QC3 = 60  F


b) VC1 = 20V , VC2 = 20V , VC3 = 80V

3) No instante inicial o interruptor S do circuito


mostrado na Fig. 1.21 é fechado. A energia total
dissipada no resistor é igual a 5 10−6 J . Calcular a
carga inicial existente no capacitor.
34

Fig. 1.21 - Circuito do Exercício 3.

Resposta:

Qo = 5, 477 C

4) No circuito mostrado na Fig. 1.22, determinar o valor


da tensão V .

Fig. 1.22 - Circuito do Exercício 4.

Dados: V1 = 100V ; V2 = 50V ; C1 = 2 F ; C2 = 4  F ;

C3 = 3 F

Resposta:

V = 44, 44V
35

5) No circuito mostrado na Fig. 1.23, determinar o valor


da tensão V1 para que V seja igual a 120V .

Fig. 1.23 - Circuito do Exercício 5.

Dados do problema: C1 = C2 = C3 = 10 F ; V2 = V3 = 100V ;

Resposta:

V1 = 160V

6) Seja o circuito mostrado na Fig. 1.24. Os dois


capacitores são previamente carregados. No instante
t = 0 o interruptor S é fechado.

Fig. 1.24 - Circuito do Exercício 6.

Determinar:

a) Tensões e cargas finais nos capacitores;


b) Energia inicial e final em cada capacitor;
36

c) Energia dissipada no resistor R .

Dados: C1 = 10 F ; C2 = 20 F ; VC1o = 100V ; VC2o = 40V ;


R = 2 .

Respostas:

a) VC1 f = 60V , QC1 f = 600  C , VC2 f = 60V , QC2 f = 1200  C


b) EC1i = 0, 05 J , EC1 f = 0, 018 J , EC2i = 0, 016 J ,
EC2 f = 0, 036 J
c) ER = 0, 012 J

7) No circuito mostrado na Fig. 1.25, os capacitores C2 e


C3 encontram-se inicialmente descarregados. No
instante inicial S é fechada. Determinar a energia
perdida nos resistores R1 e R2 durante o intervalo de
tempo entre os dois pontos de equilíbrio.

Fig. 1.25 - Circuito do Exercício 7.

Dados: R1 = R2 = 2 ; C1 = C2 = C3 = 10 F ; VC1o = 120V .

Resposta:

ER = 0, 048 J
37

CAPÍTULO - 2

TRANSITÓRIOS EM CIRCUITOS RC

2.1) CIRCUITO 01

a) Circuito RC com VCo = 0

Seja o circuito representado na Fig. 2.1. O interruptor


S encontra-se inicialmente aberto e a tensão inicial no
capacitor é nula.

Fig. 2.1 - Circuito RC.

O interruptor S é fechado no instante t = 0 . O circuito


equivalente correspondente encontra-se representado na Fig.
2.2.
38

Fig. 2.2 - Circuito equivalente após o fechamento do interruptor S.

A equação (2.1) representa as tensões do circuito.

V1 = VR + VC (2.1)

Portanto,

1
C
V1 = Ri + idt (2.2)

Aplicando Transformada de Laplace obtemos

V1 i(s)
= Ri(s) + (2.3)
s sC

Desse modo,

CV1 V 1
i(s) = = 1 (2.4)
 1  R  1 
RC  s +   s+
 RC   RC 

Aplicando a Transformada Inversa de Laplace


obtemos (2.5), que se encontra representada graficamente na
Fig. 2.3.

V1 − RCt
i(t) = e (2.5)
R
39

Fig. 2.3 - Corrente do circuito mostrado na Fig. 2.2.

A tensão sobre o capacitor C é definida pela expressão


(2.6).

VC (t) = V1 − Ri(t) (2.6)

Assim,

V1 − RCt
VC (t) = V1 − R e (2.7)
R
Ou ainda:

 −
RC 
t

VC (t) = V1  1 − e  (2.8)
 

A expressão (2.8) encontra-se representada


graficamente na Fig. 2.4.
40

Fig. 2.4 - Tensão sobre o capacitor, em função do tempo.

Seja a constante de tempo do circuito, definida por.


 = RC . Desse modo obtemos:

V1 − t
i(t) = e (2.9)
R
 −
 
t

VC (t) = V1  1 − e  (2.10)
 

A energia instantânea armazenada no capacitor C é


definida pela expressão (2.11).

1
EC (t) = CVC (t)2 (2.11)
2

Substituindo (2.10) em (2.11) obtemos (2.12).


2
1  − 
t
EC (t) = CV1  1 − e 
2 
(2.12)
2  

A potência instantânea dissipada pelo resistor R é


definida pela expressão (2.13).
41

PR (t) = Ri(t)2 (2.13)

Substituindo a expressão (2.9) em (2.13) obtemos (2.14)


.

V12 − 2t
PR (t) = R e (2.14)
R2

Assim,

V12 − 2t
PR (t) = e (2.15)
R

Segundo o princípio da conservação de energia,


podemos escrever:

PC (t) + PR (t) = PV1 (t) (2.16)

Então,

PC (t) = PV1 (t) − PR (t) (2.17)

Portanto,

V12 − t V12 − 2t


PC (t) = e − e (2.18)
R R

Desse modo,

V12  − t −
2t

PC (t) = e −e   (2.19)
R  

A energia dissipada no resistor R é dada por


42

t
ER (t) =  PR (t)dt (2.20)
0

Substituindo a expressão (2.15) em (2.20) obtemos


(2.21).
t
V12 − 2t
ER (t) =  e dt (2.21)
0
R

Assim,

V12   −
2t

ER (t) = 1− e   (2.22)
R 2 

Ou ainda:

1  −
2t

ER (t) = CV12  1 − e   (2.23)
2  

Para t →  obtemos

1
EC = CV12 (2.24)
2

1
ER = CV12 (2.25)
2

Portanto

EC = ER (2.26)

EV = 2 EC (2.27)
43

Podemos então concluir que:

• Metade da energia é transferida para o


capacitor;
• Metade da energia é dissipada no resistor;
• Este resultado não depende do valor de R .

b) Circuito RC com VCo  0

Vamos analisar o comportamento do mesmo circuito,


representado na Fig. 2.5, porém com tensão inicial no
capacitor diferente de zero.

Fig. 2.5 - Circuito RC antes do fechamento do interruptor S.

Para simplificar o esforço de análise, vamos empregar


princípio da superposição.

O circuito mostrado na Fig. 2.6 serve para


determinação do efeito da fonte de entrada, para o capacitor
inicialmente descarregado, enquanto que o circuito mostrado
na Fig. 2.7 é empregado para determinação do efeito da carga
inicial do capacitor, supondo que a tensão da fonte de
entrada seja nula.
44

Fig. 2.6 - Circuito para determinação do efeito da fonte de alimentação.

Para o primeiro caso, a tensão sobre o capacitor em


função do tempo é dada pela expressão (2.28), enquanto que
para o segundo caso, é representada pela expressão (2.29).

 − 
t
VC1 (t) = V1  1 − e 
 (2.28)
 

Fig. 2.7 - Circuito para determinação do efeito da carga inicial do capacitor.

t

VC2 (t) = VCo e  (2.29)

A superposição dos efeitos resulta na expressão (2.30)

VC (t) = VC1 (t) + VC2 (t) (2.30)

Portanto podemos escrever:

 − 
t

t
VC (t) = V1  1 − e   + VCo e  (2.31)
 
45

Podemos ainda empregar a Transformada de Laplace


para obtenção das expressões mencionadas, como é descrito
a seguir.

Com a Lei das malhas de Kirchhoff obtemos (2.32).

V1 = VR (t) + VC (t) (2.32)

Portanto,

V1 = Ri(t) + VC (t) (2.33)

A corrente no capacitor é representada pela expressão


(2.34).

dVC (t)
i(t) = C (2.34)
dt

Substituindo (2.34) em (2.33) obtemos:

dVC (t)
V1 = RC + VC (t) (2.35)
dt

Aplicando a Transformada de Laplace obtemos:

V1
= VC (s) + RC ( sVC (s) − VCo ) (2.36)
s

Portanto,

V1 RCVCo
VC (s) = + (2.37)
s (1 + RCs ) (1 + RCs )
46

Ou ainda:

V1 VCo
VC (s) = + (2.38)
  1   1 
RC  s  s +   s + RC 
  RC    

Aplicando a Transformada Inversa de Laplace


encontramos (2.39).

 − 
t

t
VC (t) = V1  1 − e  + VCo e
 
(2.39)
 

A energia instantânea acumulada no capacitor C é


dada pela expressão (2.40).

1
EC (t) = CVC (t)2 (2.40)
2

Substituindo (2.39) em (2.40), encontramos (2.41).


2 2
1  − 
t
1  −t 
EC (t) = CV12  1 − e   + CVCo  e   (2.41)
2   2  

Para t →  a expressão da energia torna-se

1
EC (  ) = CV12 (2.42)
2

Podemos então concluir que o valor de EC (  ) não


depende do valor da tensão inicial no capacitor VCo .
47

A energia instantânea dissipada no resistor é definida


pela expressão (2.43).

PR (t) = Ri(t)2 (2.43)

Ou ainda,

R ( V1 − VC (t) )
2
VR (t)2
PR (t) = = (2.44)
R2 R

Como

VR (t) = V1 − VC (t) (2.45)

Obtemos
t t
− −
VR (t) = V1 − V1 + V1e 
− VCo e 
(2.46)

Desse modo,
t
VR (t) = ( V1 − VCo ) e

 (2.47)

A corrente no resistor em função do tempo é então


representada pela expressão (2.48).

 V1 − VCo  − t
iR (t) =  e (2.48)
 R 

Então, a potência instantânea dissipada no resistor R é


dada pela expressão (2.49).
48

(V − VCo )
2
2t

P (t) =
R
1
e 
(2.49)
R
Pela definição de energia, obtemos a expressão (2.50).

(V − VCo )
2
t 2t

ER (t) =  1
e 
dt (2.50)
0
R

Realizando a integração obtemos:

2 
2t
C ( V1 − VCo )  1 − e  
1 −
ER (t) = (2.51)
2  

Para t →  a energia dissipada no resistor, como era


de se esperar, é representada pela expressão (2.52).

ER ( ) = C ( V1 − VCo )
1 2
(2.52)
2

A relação entre ER (  ) e EC (  ) é definida pela


expressão (2.53).

1
( )
2
ER (  ) 2 C V1
− VCo
= (2.53)
EC (  ) 1
CV12
2

Consequentemente,
49

2
ER (  )  V1 − VCo 
=  (2.54)
EC (  )  V1 

Para o caso particular em que VCo = 0 , obtemos


ER (  )
= 1.
EC (  )

Os resultados da análise nos permitem concluir que:

• Quanto maior o valor de VCo em relação a V1 ,


menor será a energia dissipada em R;
• Esta perda de energia não depende do valor da
resistência R.

2.2) CIRCUITO 02

Vamos analisar o comportamento do circuito


mostrado na Fig. 2.8, com as condições iniciais VC o  0 e
1

VC2 o = 0 . Durante o transitório, parte da energia e da carga do


capacitor C1 é transferida para o capacitor C 2 .

Fig. 2.8 - Circuito com dois capacitores e um resistor.


50

A Fig. 2.9 representa o circuito durante o transitório,


enquanto que a Fig. 2.10 o representa após o instante em que
as tensões dos dois capacitores se igualam e a corrente se
anula.

Fig. 2.9 - Circuito durante o transitório.

Fig. 2.10 - Circuito em equilíbrio, após o transitório.

Após o transitório VC = VC = V f .
1 2

Durante o intervalo de tempo do transitório, as


correntes nos capacitores são representadas pelas expressões
(2.55) e (2.56).

iC1 = −
(V C1
− VC2 ) = C dV C1
(2.55)
R dt

iC2 =
(VC1
− VC2 ) = C dV C2
(2.56)
R dt

Portanto, podemos escrever:


51

dVC1
RC = −VC1 + VC2 (2.57)
dt

dVC2
RC = VC1 − VC2 (2.58)
dt
Aplicando a Transformada de Laplace, obtemos:

( )
RC sVC1 (s) − VC1o = −VC1 (s) + VC2 (s) (2.59)

RCsVC2 (s) = VC1 (s) − VC2 (s) (2.60)

Com a manipulação algébrica apropriada


encontramos:

( )
RC sVC1 (s) − sVC2 (s) − VC1o = −2VC1 (s) + 2VC2 (s) (2.61)

( )
RCs VC1 (s) − VC2 (s) + 2VC1 (s) − 2VC2 (s) = RCVC1o (2.62)

VC1 (s) − VC2 (s) = VR (s) (2.63)

Portanto,

RCsVR (s) + 2VR (s) = RCVC1o (2.64)

Ou ainda:

C C
R sVR (s) + VR (s) = R VC1o (2.65)
2 2

Com mais manipulação algébrica obtemos:


52

 C  C
 R 2 s + 1  VR (s) = R 2 VC1o (2.66)
 

Desse modo:

RC
VC1o
VR (s) = 2 (2.67)
RC  2 
s+
2  RC 

Com o emprego da Transformada Inversa de Laplace


encontramos a expressão (2.68),
2
− t
VR (t) = VC1o e RC (2.68)

que representa o circuito equivalente mostrado na Fig. 2.11.

Fig. 2.11 - Circuito equivalente durante o transitório.

Consequentemente, a corrente no resistor é dada por


(2.69), e se encontra representada na Fig. 2.12.

VR (t) VC1o − RC
2
t
i(t) = = e (2.69)
R R
53

Fig. 2.12 - Corrente em função do tempo.

A tensão sobre o capacitor C 2 é definida pela


expressão (2.70).

1
C
VC2 (t) = i(t)dt (2.70)

Assim,

1 VC1o − RC
2
t
VC2 (t) =  e dt (2.71)
C R

Realizando a integração obtemos:

VC1o  RC − 2 t 
VC2 (t) = − e RC  + K (2.72)
RC  2 

Desse modo:

VC1o −
2t
VC2 (t) = − e RC
+K (2.73)
2

Para t → 0 , VC2 ( 0) = 0 . Assim,


54

−VC1o VC1o
0= +KK =
2 2

Portanto,

VC1o  −
2
t 
VC2 (t) = 1− e RC
 (2.74)
2  

VC1o
Para t →  , VC (  ) = .
2
2

A tensão sobre o capacitor C1 é definida pela


expressão (2.75).

VC1 (t) = VC2 (t) + VR (t) (2.75)

Substituindo (2.68) e (2.74) em (2.75) obtemos (2.76),


que representa a evolução da tensão sobre o capacitor C1
durante a fase transitória do circuito.

VC1o  −
2t
 −
2t
VC1 (t) = 1− e RC
 + VC1o e RC
(2.76)
2  

• Para t = 0  VC1 ( 0 ) = VC1o


VC1o
• Para t =   VC1 (  ) =
2

A evolução das tensões sobre os capacitores é


representada graficamente na Fig. 2.13.
55

Fig. 2.13 - Evolução da tensão sobre os capacitores do circuito.

Vamos determinar a energia dissipada no resistor


durante a fase transitória do circuito.

Sabemos que a corrente é dada pela expressão (2.77).

VC1o −
2t
i(t) = e RC
(2.77)
R

Portanto, a potência instantânea dissipada no resistor


é dada pela expressão (2.78).

VC1o 2 −
4t
PR (t) = Ri(t) = 2
e RC
(2.78)
R

A energia é definida pela expressão (2.79).


t
ER (t) =  PR (t)dt (2.79)
0

Substituindo (2.78) em (2.79) obtemos:


56

t VC1o 2 −
4t
ER (t) =  e RC
dt (2.80)
0
R

Realizando a integração, obtemos a expressão (2.81),


que representa a energia dissipada no resistor em função do
tempo.

1  −
4t

ER (t) = CVC1o 2  1 − e RC  (2.81)
4  

Para t →  , encontramos a expressão (2.82).

11 
ER (  ) =  CVC1o 2  (2.82)
22 

Concluímos então mais uma vez que metade da


energia inicialmente acumulada em C1 é dissipada no
resistor durante a fase transitória do circuito.

2.3) CIRCUITO 03

Vamos analisar o comportamento do circuito


mostrado na Fig. 2.14, com VCo = 0 .
57

Fig. 2.14 - Circuito RC.

No instante t = 0 o interruptor S é fechado.

As tensões são descritas pelas expressões (2.83), (2.84)


e (2.85).

V1 = R1 ( i1 + i2 ) + VC (2.83)

VC = R2 i1 (2.84)

V1 = R1i1 + R1i2 + VC (2.85)

A corrente no capacitor é definida pela expressão


(2.86).

dVC
i2 = C (2.86)
dt

Substituindo (2.84) e (2.86) em (2.85) encontramos


(2.87).

R1 dV
V1 = VC + R1C C + VC (2.87)
R2 dt

Portanto,
58

R  dV
V1 =  1 + 1  VC + R1C C (2.88)
 R2  dt

Aplicando a Transformada de Laplace obtemos

V1  R1 
=  + 1  VC (s) + R1CsVC (s) (2.89)
s  R2 
Seja,

R1
= +1 (2.90)
R2

Assim,

V1
=  VC (s) + R1CsVC (s) (2.91)
s

V1
= ( + R1Cs ) VC (s) (2.92)
s

V1
VC (s) = (2.93)
s ( sR1C +  )

Ou ainda

V1
VC (s) = (2.94)
  
R1Cs  s + 
 R1C 

Aplicando a Transformada Inversa de Laplace


obtemos,
59

V1 1  t 


VC (t) = 1− e R1C
 (2.95)
R1C   
 
R1C

Assim:

V  t


VC (t) = 1  1 − e R1C  (2.96)
  

Para t →  , a tensão sobre o capacitor C é dada pela


expressão (2.97).

V1 R2
VC ( ) = = V1 (2.97)
 R1 + R2

Portanto, podemos escrever:

 R2 
VC (  ) =   V1 (2.98)
 R1 + R2 

Desse modo, para o caso particular em que


R2 →   VC (  ) → V1 .

2.4) CIRCUITO 04

Seja o circuito representado na Fig. 2.15.


60

Fig. 2.15 - Circuito RC.

Vamos assumir que:

• O interruptor é fechado no instante t = 0 ;


• As cargas iniciais dos capacitores são nulas;
• Desejamos encontrar as expressões para VC (t)
1

e VC (t) .
2

Com o emprego da Primeira Lei de Kirchhoff obtemos


as expressões (2.99) e (2.100).

V1 − VC1 VC1 − VC2


iC1 = − (2.99)
R R

VC1 − VC2 VC2


iC2 = − (2.100)
R R

As correntes nos capacitores são definidas pelas


expressões (2.101) e (2.102).

dVC1
iC1 = C (2.101)
dt

dVC2
iC2 = C (2.102)
dt
61

Substituindo (2.101) e (2.102) em (2.99) e (2.100)


obtemos:

dVC1
RC = −2VC1 + VC2 + V1 (2.103)
dt

dVC1
RC = V1 − 2VC2 (2.104)
dt
Seja  = RC . Portanto, podemos escrever na forma
matricial,

 dVC1 
   −2 1   V   V 
  dt = C1
  + 1 (2.105)
 dVC   1 −2  VC   0 
 2
  2
 dt 

Aplicando a Transformada de Laplace, obtemos:

 VC1 (s)   −2 1   VC1 (s)   V1 


s  =  + s 
 VC (s)   1 −2   VC (s)  
(2.106)

 2   2   0 

Portanto

V1 ( s + 2 )
VC1 (s) =
( )
(2.107)
s ( s + 2 ) − 1
2

V1
VC2 (s) =
( )
(2.108)
s ( s + 2 ) − 1
2
62

Aplicando a transformada inversa de Laplace


encontramos:

V1  −t −3t

VC1 (t) =  4 − 3e  − e   (2.109)
6  
2
VC2 (t) =  e − 1   e  + 2 
V1  −t   −t
(2.110)
6    

 2
VC1 (  ) = 3 V1
Para t =   
V (  ) = 1 V
 C2 3 1

Pode-se demonstrar que as correntes são descritas


pelas expressões (2.111) e (2.112)

V1  − t  −3t

iC1 (t) = e + e   (2.111)
2R  

V1  −t  −3t

iC2 (t) = e −e   (2.112)
2R  

2.5) EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

a. Seja o circuito representado na Fig. 2.16. Todos os


capacitores encontram-se inicialmente descarregados. Em
t = 0 o interruptor S é fechado.
63

Fig. 2.16 - Circuito RC.

Determinar as expressões para:

vC1 (t ) ; vC2 (t ) ; iR1 (t ) e iR2 (t )

Resolução

a) De acordo com o princípio da conservação da


carga elétrica, podemos escrever as equações (2.113) e (2.114)

iR1 (t ) = iC3 (t ) + iC1 (t ) (2.113)

iC3 (t ) = iC2 (t ) + iR2 (t ) (2.114)

Podemos ainda escrever:

V1 − VC1 (t )
iR1 (t ) = (2.115)
R1

VC2 (t )
iR2 (t ) = (2.116)
R2

dVC3 (t )
iC3 (t ) = C3 (2.117)
dt
64

dVC1 (t )
iC1 (t ) = C1 (2.118)
dt

dVC2 (t )
iC2 (t ) = C2 (2.119)
dt
Substituindo (2.115), (2.116), (2.117), (2.118) e (2.119)
em (2.113) e (2.114) obtemos:

V1 − VC1 (t ) dVC3 (t ) dVC1 (t )


= C3 + C1 (2.120)
R1 dt dt

dVC3 (t ) dVC2 (t ) VC2 (t )


C3 = C2 + (2.121)
dt dt R2

Sabemos que:

VC3 (t ) = VC1 (t ) − VC2 (t ) (2.122)

Substituindo (2.122) em (2.120) e (2.121) obtemos:

V1 − VC1 (t )
( )
d dVC1 (t )
= C3 VC1 (t ) − VC2 (t ) + C1 (2.123)
R1 dt dt

( )
d dVC2 (t ) VC2 (t )
C3 VC1 (t ) − VC2 (t ) = C2 + (2.124)
dt dt R2

Aplicando a transformada de Laplace em (2.123) e


(2.124), fazendo R1 = R2 = R e C1 = C2 = C3 = C obtemos:
65

V1
− VC1 ( s)
s = sC VC1 ( s) − VC2 ( s)  + sCVC1 ( s) (2.125)
R1

VC2 ( s )
sC VC1 ( s ) − VC2 ( s )  = sCVC2 ( s ) + (2.126)
R2

Com a manipulação algébrica adequada das equações


(2.125) e (2.126) obtemos (2.127) e (2.128).

V1 (1 + 2CRS )
VC1 ( s ) = (2.127)
3C 2 R 2 S 3 + 4CRS 2 + S

CRV1
VC2 ( s) = (2.128)
3C R S 2 + 4CRS + 1
2 2

Aplicando a transformada inversa de Laplace


encontramos:

V1  −
t

t

VC1 (t ) =  2 − e 
− e 3
 (2.129)
2 

V1  − 3t − 
t
VC2 (t ) =  e − e  
(2.130)
2 

Sendo  = RC .
A corrente no resistor R1 é definida pela expressão
(2.131).

V1 − VC1 (t )
iR1 (t ) = (2.131)
R
66

Portanto

V1  
t t
− −
V1 −  2 − e − e 
 3
2 
iR1 (t ) = (2.132)
R

A corrente que circula no resistor R2 é definida pela


expressão (2.133).

VC2 (t )
iR2 (t ) = (2.133)
R

Portanto

V1  − 3t − 
t
iR2 (t ) =  e − e 
 (2.134)
2R  

A representação gráfica de VC1 (t ) , VC2 (t ) , iR1 (t ) e iR2 (t )


são mostradas nas figuras seguintes.

Fig. 2.17 - Tensão sobre o capacitor C 1.


67

Fig. 2.18 - Tensão sobre o capacitor C 2.

Fig. 2.19 - Corrente no resistor R 1.

Fig. 2.20 - Corrente no resistor R 2.


68

b. Seja o circuito representado na Fig. 2.21.

Fig. 2.21 - Circuito RC.

Determinar:

a) A expressão da potência dissipada no circuito;


b) A expressão da resistência equivalente vista pela
fonte V1 ;
c) O circuito equivalente para valores médios.

Resolução

a) Os valores das potências dissipadas nos resistores


são definidas por (2.135) e (2.136).

VR1ef 2
PR1 = (2.135)
R1

VR2ef 2
PR2 = (2.136)
R2
69

As tensões VR ef e VR ef são definidas por (2.137) e (2.138)


1 2

V1 dt = V12 ( D − 1)
1 Ts 2
VR1ef = 
Ts DTs
(2.137)

1 DTs
VR2ef =
Ts 0
V12dt = DV12 (2.138)

Portanto,

V12 ( D − 1)
PR1 = (2.139)
R1

DV12
PR2 = (2.140)
R2

Então, a potência total dissipada no circuito é:

 ( D − 1) D 
Ptot = V12  +  (2.141)
 R1 R2 

b) Para o cálculo da resistência equivalente visto pela


fonte de entrada, é utilizada a expressão (2.142):

V12  ( D − 1) D 
Ptot = = V12  +  (2.142)
Req  R R2 
 1

Portanto,
70

R1R2
Req = (2.143)
R1D + R2 (1 − D)

c) O circuito equivalente para valores médios é


mostrado na Fig. 2.22.

Fig. 2.22 - Circuito equivalente.

2.6) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) No circuito RC mostrado na Fig. 2.23, a carga


−6
inicial do capacitor é qo = 900 10 C , com a
polaridade indicada. Obter a expressão da
corrente, da tensão e da carga do capacitor em
função do tempo.
71

Fig. 2.23 - Circuito do Exercício 1.

Respostas:
t

a) i(t ) = −8e 5010−6
A
t

b) vC (t ) = 100 + 80e 5010−6

t

c) q(t ) = 500 + 400e 5010−6
C

2) No circuito mostrado na Fig. 2.24, o interruptor S


é fechado no instante t = 0 . Determinar o tempo
necessário para que a tensão nos terminais do
resistor torne-se igual a 50V .

Fig. 2.24 - Circuito do Exercício 2.

−6
A carga inicial no capacitor é qo = 500 10 C .
72

Resposta:

t = 2, 079 10−3 s

3) Seja o circuito mostrado na Fig. 2.25.

Fig. 2.25 - Circuito do Exercício 3.

O capacitor encontra-se inicialmente


descarregado. No instante t = 0 , o interruptor S é
fechado na posição 1. No instante t =  , o
interruptor é deslocado para a posição 2.
Determinar as expressões das correntes em função
do tempo para os intervalos 0  t   e t   .

Respostas:

i ( 0  t   ) = 2e−500t A

i ( t   ) = 0,736e−500t A

4) No circuito mostrado na Fig. 2.26, o interruptor S


é fechado no instante t = 0 . Determinar as
expressões da potência e da energia dissipadas no
73

resistor R em função do tempo. Calcular também


a energia total perdida no resistor R durante o
transitório e o valor final da energia armazenada
no capacitor C .

Fig. 2.26 - Circuito do Exercício 4.

Respostas:

PR (t ) = 720e −2000tW

ER (t ) = 0,36 (1 − e −2000t ) J

ER (t → ) = 0,36 J

EC (t → ) = 0,36 J

5) A carga inicial do capacitor C1 na Fig. 2.27, é


qo = 500 10−4 C . O interruptor S é fechado no
instante t = 0 . Determinar a energia dissipada no
resistor durante o transitório.
74

Fig. 2.27 - Circuito do Exercício 5.

Resposta:

ER = 41, 667 J

6) No circuito mostrado na Fig. 2.28, o interruptor S


é fechado no instante t = 0 . Determinar as
expressões das seguintes grandezas em função do
tempo:
a) Tensão no capacitor;
b) Correntes nos resistores R1 e R2 .

Fig. 2.28 - Circuito do Exercício 6.

Respostas:

 −
50000
t 
a) vC (t ) = 60 1 − e 3 V
 
50000
− t
b) iR1 (t ) = 4 + 6e 3
A
75

50000
− t
iR2 (t ) = 4(1 − e 3
)A

REFERÊNCIAS:

[1] Edminister, Joseph. Theory and problems of electric


circuits. Schaum, 1965.
76

CAPÍTULO - 3

ANÁLISE DE CIRCUITOS RC
PERIODICAMENTE CHAVEADOS

3.1) CIRCUITO 01

Seja o circuito elétrico mostrado na Fig. 3.1, formado


pela associação de um capacitor C , um interruptor ideal S e
um resistor R .

Fig. 3.1 – Circuito RC chaveado.

O interruptor é comandado com o sinal representado


na Fig. 3.2, com período TS constante e com duração ∆t1
variável.

Fig. 3.2 – Sinal de comando do interruptor S.


77

A grandeza representada por D , e definida pela


expressão (3.1), é denominada razão cíclica. Na figura
também é representado o intervalo de tempo complementar
∆t2 , que se encontra também definido pela expressão (3.2).

∆t1
D= (3.1)
TS

TS − ∆t1 ∆t2
(1 −=
D) = (3.2)
TS TS

Em um período de operação, o circuito possui dois


estados topológicos, mostradas na Fig. 3.3 e na Fig. 3.4, para
os intervalos de tempo ∆t1 e ∆t2 , respectivamente.

Fig. 3.3 – Circuito RC com chave fechada, durante o intervalo de tempo Δt1.

Fig. 3.4 – Circuito RC com chave aberta, durante o intervalo de tempo Δt2.

No primeiro intervalo ( 0 , ∆t1 ), o comportamento do


circuito é representado pela expressão (3.3).
78

V dV
iC =−i = C =−C C (3.3)
R dt
Desse modo, podemos escrever

dVC V
C = − C (3.4)
dt R
No segundo intervalo de tempo ( ∆t1 , Ts ), a corrente é
nula. Portanto:

dVC
C =0 (3.5)
dt
Vamos multiplicar (3.4) por D e (3.5) por (1 − D) .
Desse modo:

dVC
DRC = − DVC (3.6)
dt
dVC
(1 − D) RC 0
= (3.7)
dt
Adicionando (3.6) e (3.7) obtemos (3.8).

dVC
RC = − DVC (3.8)
dt
Portanto,

R dVC
C 0
+ VC = (3.9)
D dt
79

A equação (3.9) representa o circuito equivalente


mostrado na Fig. 3.5.

Fig. 3.5 – Circuito equivalente do circuito RC chaveado.

O efeito do chaveamento é a alteração do valor da


resistência equivalente

Para valores médios quase instantâneos obtém-se a


expressão da corrente do capacitor em função do tempo:

Dt
VCo −
iC (t ) = e RC
(3.10)
R
D

Desse modo, podemos escrever:


t
V −R C
iC (t ) = Co e eq (3.11)
Req

O valor da tensão quase instantânea sobre o capacitor


é representado pela expressão (3.12).
t

Req C
VC (t ) = VCo e (3.12)

Desse modo,
80

Dt

VC (t ) = VCo e RC (3.13)

Podemos então concluir que o efeito do chaveamento,


representado quantitativamente pela razão cíclica D, é a
modificação da constante de tempo do circuito. É importante
que seja lembrado que esse efeito é obtido sob a condição de
que o período de operação seja menor que a constante de
tempo natural do circuito, ou seja, RC < TS .

3.2) CIRCUITO 02

Vamos analisar o comportamento do circuito mostrado


na Fig. 3.6, cujo interruptor S é comandado a conduzir e
bloquear, de acordo com o sinal mostrado na Fig. 3.7.

Fig. 3.6 – Circuito RC chaveado com fonte de tensão.

Fig. 3.7 – Sinal de comando do interruptor S do circuito.

Vamos assumir que o período de chaveamento TS seja


menor que a constante de tempo do circuito.
81

O circuito possui dois estados topológicos, que serão


descritos a seguir.

a) Intervalo de tempo (0, DTS)

Neste intervalo de tempo o circuito é representado


pela Fig. 3.8.

Fig. 3.8 – Estado topológico para o intervalo de tempo (0, DTS).

A corrente do circuito é definida pela expressão (3.14)

V1 − VC dV
=i = C C (3.14)
R dt
Multiplicando (3.14) por D, obtemos (3.15).

dVC DV1 − DVC


DC = (3.15)
dt R

b) Intervalo de tempo (DTS, TS)

O estado topológico para este intervalo de tempo é


mostrado na Fig. 3.9.
82

Fig. 3.9 – Estado topológico para o intervalo de tempo (DTS, TS).

Como a corrente no circuito é nula, podemos escrever:

dVC
=i C= 0 (3.16)
dt
Multiplicando (3.16) por (1 − D) obtemos (3.17).

dVC
C (1 − D ) 0
= (3.17)
dt
Somando as expressões (3.15) e (3.17) obtemos a
expressão (3.18), que representa, para valores médios quase
instantâneos, o circuito equivalente mostrado na Fig. 3.10.

dVC D
C=
dt R
V1 − VC ( ) (3.18)

Fig. 3.10 – Circuito RC equivalente para valores médios quase instantâneos.


83

A corrente e a tensão média quase instantâneas são


então representadas pelas expressões (3.19) e (3.20)
respectivamente.
Dt
V1 −
i (t ) = e RC (3.19)
R
D

 −
Dt

(t ) V1 1 − e RC 
VC= (3.20)
 

Fica então mais uma vez demonstrado que o efeito


da razão cíclica é o de modificar o valor da resistência
aparente equivalente do circuito, definida pela expressão
(3.21). Podemos também interpretar o efeito do chaveamento
como uma modificação da constante de tempo do circuito.

R
Req = (3.21)
D

3.3) CIRCUITO 03

Vamos analisar o circuito RC com interruptores ideais,


representado na Fig. 3.11, cujos sinais de comando são
mostrados na Fig. 3.12. O período de chaveamento, e
consequentemente a frequência, é constante, enquanto que a
razão cíclica D é variável. É nossa hipótese de estudo que a
menor constante de tempo do circuito seja maior que o
período de chaveamento.
84

Desejamos encontrar um circuito equivalente que


represente o comportamento do circuito, do ponto de vista
de grandezas quase instantâneas.

Fig. 3.11 – Circuito RC com dois interruptores.

Fig. 3.12 – Sinais de comando dos interruptores S1 e S2.

Num período de operação, o circuito assume dois


estados topológicos distintos, descritos a seguir.

a) Primeiro estado topológico (0, DTS)

No primeiro estágio topológico, representado na Fig.


3.13, S1 encontra-se fechado e S2 aberto.
85

Fig. 3.13 – Circuito equivalente para o primeiro estágio topológico.

A corrente no capacitor C para o primeiro estado


topológico é definida pela expressão (3.22).

V1 − VC dV
=iC = C C (3.22)
R1 dt

Multiplicando ambos os lados da equação por D,


encontramos:

dVC D (V1 − VC )
DC = (3.23)
dt R1

b) Segundo estado topológico (DTS, TS).

No segundo estágio topológico, representado na Fig.


3.14, S2 encontra-se fechado e S1 aberto.

Fig. 3.14 – Circuito equivalente para o segundo estágio topológico.

A corrente no capacitor para o segundo estado


topológico é definida pela expressão (3.24).
86

dVC
iC =−iR2 =−C (3.24)
dt
Portanto, podemos escrever:

dVC V
C = − C (3.25)
dt R2

Multiplicando ambos os termos da equação (3.25) por


(1 − D) obtemos (3.26).

dVC (1 − D ) V
(1 − D ) C =
− C (3.26)
dt R2

Adicionando as expressões (3.23) e (3.26) obtemos


(3.27). Ao realizar essa operação, passamos a representar os
valores médios quase instantâneos das grandezas elétricas.

dVC D (1 − D ) V
C
dt
=
R1
(
V1 − VC − ) R2
C (3.27)

A equação (3.27) representa o circuito equivalente


mostrado na Fig. 3.15, para valores médios quase
instantâneos.

Fig. 3.15 – Circuito equivalente por valores médios quase instantâneos.


87

Para VCo = 0 , resolvendo-se a equação diferencial


(3.27) obtemos a expressão (3.28).

V1  −R Ct α

VC
= 1 − e 1  (3.28)
α  

R1  1 − D 
onde α
=   +1 .
R2  D 

Para t → ∞ , após o intervalo de tempo do transitório,


a tensão final sobre o capacitor é dada pela expressão (3.29).

R2 / (1 − D )
VC = V1 (3.29)
 R1 R2 
 + 
 D 1− D 

Para o caso particular em que R=


1 R=
2 R obtém-se

VC
=D (3.30)
V1

3.4) EXEMPLO NUMÉRICO

Seja o circuito mostrado na Fig. 3.16, com os sinais de


comando dos interruptores.
88

Fig. 3.16 - Circuito e sinais de comando do exemplo numérico.

A frequência de chaveamento é igual a 100kHz .

Determinar as expressões das tensões sobre os dois


capacitores, em função do tempo.

Resolução

O circuito possui duas etapas de operação, então serão


obtidas as equações de cada um inicialmente.

a) Primeira etapa de operação ( 0 , DTS )

V1 − VC1
iC= iR= (3.31)
1 1
R1

dVC1 V1 − VC1
C1 = (3.32)
dt R1
89

iC2 = 0 (3.33)

dVC2
C2 =0 (3.34)
dt
Multiplicando ambos os lados das equações por D,
encontramos:

dVC1 V1 − VC1
DC1 =D (3.35)
dt R1

dVC2
DC2 =0 (3.36)
dt

b) Segunda etapa de operação ( DTS , TS )

VC − VC2
iC1 =−iR2 =− 1 (3.37)
R2

dVC1 VC1 − VC2


C1 = − (3.38)
dt R2

VC1 − VC2
iC= iR= (3.39)
2 2
R2

dVC2 VC1 − VC2


C2 = (3.40)
dt R2

Multiplicando ambos os lados das equações por (1-D),


encontramos:
90

dVC1 VC1 − VC2


(1 − D ) C1 =− (1 − D ) (3.41)
dt R2

dVC2 V −V
(1 − D ) C2 (1 − D ) C1 C2
= (3.42)
dt R2

Adicionando as expressões (3.35) e (3.41) obtemos


(3.43). Adicionando as expressões (3.36) e (3.42) obtemos
(3.44). Ao realizar essas operações, passamos a representar os
valores médios quase instantâneos das grandezas elétricas.

dVC1 V1 − VC1 VC1 − VC2


C= − (3.43)
1
dt R1 R2
D (1 − D )
dVC2 VC1 − VC2
C2 = (3.44)
dt R2
(1 − D )
As equações (3.43) e (3.44) representam o circuito
equivalente mostrado na Fig. 3.17, para valores médios quase
instantâneos.

Fig. 3.17 - Circuito equivalente por valores médios quase instantâneos.


91

Ao aplicar a transformada de Laplace nas equações


(3.43) e (3.44), são obtidas as seguintes equações no domínio
da frequência.

250V1
( s + 500 )VC ( s) − 250VC (s) = (3.45)
1 2
s

250VC1 ( s ) − ( s + 250)VC2 ( s ) =
0 (3.46)

Na forma matricial obtemos:

 250V1 
 s + 500 −250  VC1 ( s )  
 250   = s  (3.47)
 −( s + 250)  VC ( s )   
 2   0 

Desse modo:

−1  250V1 
VC ( s )   s + 500 −250  
 =  (3.48)
  s 
1

VC2 ( s )   250 − ( s + 250) 


 0 

Com isso são obtidas as tensões nos capacitores no


domínio da frequência.

0,1s + 25
VC1 ( s ) = (3.49)
 1 
s s 2 + 0, 003s + 0, 25 
 250000 

25
VC2 ( s ) = (3.50)
 1 
s s 2 + 0, 003s + 0, 25 
 250000 
92

Ao aplicar a transformada inversa de Laplace em


(3.49) e (3.50) são obtidas as tensões médias quase
instantâneos nos capacitores, indicadas por (3.51) e (3.52).

100 − 72,36e −95,49t − 27, 64e −654,51t


VC1 (t ) = (3.51)

100 + 17, 08e −654,51t − 117, 08e −95,49t


VC2 (t ) = (3.52)

As equações (3.51) e (3.52) são representadas


graficamente na Fig. 3.18 e na Fig. 3.19, respectivamente.

Fig. 3.18 - Tensão sobre o capacitor C1.


93

Fig. 3.19 - Tensão sobre o capacitor C2.

3.5) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) No circuito mostrado na Fig. 3.18, a tensão inicial sobre


o capacitor é igual a 100V . O interruptor S opera com
frequência constante igual a 100kHz e com razão
cíclica D = 0,5 .
Determinar:

a) O valor da resistência equivalente;


b) A expressão da corrente média quase instantânea
no resistor;
c) A expressão da tensão média quase instantânea
sobre o capacitor;
d) O tempo necessário para que a tensão do capacitor
atinja 20V .
94

Fig. 3.20 - Circuito do exercício 1.

Respostas:

R 100
a) Req= = = 200Ω
D 0,5
t

VCo DR C
b) i (t ) =
= e 0,5e −100t
R
D
t

R
C
c) =
VC (t ) V=
Co e 100e −100t
D

d) t = 16ms

2) No circuito mostrado na Fig. 3.19 a carga inicial do


capacitor é nula. Determinar a expressão do valor
médio quase instantâneo da tensão sobre o capacitor
em função do tempo.

Fig. 3.21 - Circuito do exercício 2.


95

Resposta:

 −
R
t

 D 
100 (1 − e −2500t )
C
VC (t ) =V1 1 − e =
 
 

3) Seja o circuito mostrado na Fig. 3.20, com os


respectivos sinais de comando.

Fig. 3.22 - Circuito e sinais de comando do exercício 3.

Seja os seguintes parâmetros:

V1 = 100V ; R=
1 58Ω ; R=
2 25Ω ; C = 100 µ F .

Determinar a expressão da tensão média quase


instantânea sobre o capacitor e verificar o resultado
empregando simulações.

Resposta:

DR2V1  −
(1− D ) R1 + DR2
t 
VC (t ) = 1 − e R1R2C  = 33,3 (1 − e −300t )

(1 − D) R1 + DR2  

96

CAPÍTULO - 4

ESTUDO DA CÉLULA UNITÁRIA

4.1) INTRODUÇÃO

O circuito mostrado na Fig. 4.1-(a), a partir de agora


denominado “célula unitária”, pode ser considerado o
conversor CC-CC a capacitor chaveado fundamental e é
muito útil para a descrição do princípio de funcionamento
desses conversores, bem como para a introdução das técnicas
de análise.

O objetivo do circuito é transferir energia elétrica da


fonte de tensão V1 para o resistor de carga Ro . O capacitor
C o atua como filtro, proporcionando na saída uma tensão
praticamente isenta de componentes alternadas. Os
interruptores S1 e S2 são comandados pelos sinais indicados
na Fig. 4.1-(c). Normalmente são MOSFETs, cuja resistência
dreno-fonte é representada pelo resistor R .

Para simplificar a análise, sem perda de generalidade,


a associação composta pelo capacitor de filtragem e a
resistência de carga é substituída pela fonte de tensão
97

contínua com valor Vo , como está representado na Fig. 4.1-


(b).

(a)

(b)

(c)

Fig. 4.1 – (a) Célula unitária original. (b) Circuito simplificado. (c) Sinais de
comandos dos interruptores.

4.2) OPERAÇÃO E FORMAS DE ONDA

Nesta seção vamos descrever o funcionamento da


célula unitária. Num período de funcionamento, ocorrem
dois estados topológicos, representados na Fig. 4.2-(a) e Fig.
98

4.2-(b), para os intervalos de tempo ( 0 , DTS ) e ( DTS , TS ),


respectivamente.

(a)

(b)

(c)

Fig. 4.2 – (a) Circuito durante a 1ª etapa de operação. (b) Circuito durante a 2ª
etapa de operação. (c) Forma de onda da tensão no capacitor.

No primeiro intervalo de tempo, no qual S1 encontra-


se conduzindo, energia é transferida da fonte V1 para o
capacitor C.
99

No segundo estado topológico, com S2 conduzindo,


energia é transferida do capacitor C para a fonte de tensão Vo
que representa a carga.

A forma aproximada da tensão sobre o capacitor C,


que é o capacitor chaveado, é mostrada na Fig. 4.2-(c).

4.3) ANÁLISE DO CIRCUITO

Seja VC definida pela expressão (4.1) e a constante de


tempo  definida pela expressão (4.2). Escrevendo e
resolvendo as equações diferenciais que representam as
correntes e tensões do circuito, encontramos as expressões
(4.3) e (4.4).

VC = Vb − Va (4.1)

 = RC (4.2)

 −
( 1− D)TS
 −
( 1− D)TS

Va = Vo  1 − e  +
 b V e 
(4.3)

 

 DT
− S  DT
− S
Vb = V1  1 − e   + Va e  (4.4)

 

Com a manipulação algébrica apropriada podemos


obter as expressões (4.5) e (4.6), que representam os valores
máximo e mínimo instantâneos da tensão sobre o capacitor.
100


( 1− D )TS
 DT
− S   −
( 1− D )TS

V1e 
 1 − e   + Vo  1 − e  
Va =     (4.5)
TS

1− e 

 DT
− S  DT
− S  −
( 1− D )TS

V1  1 − e   + V e 
 1 − e 

 o

Vb =  
TS
  (4.6)

1− e 

Portanto, a diferença entre essas tensões é dada pela


expressão (4.7).

 − S 
DT ( 1− D )TS

( 1 o ) 

V − V −1 + e 
  − 1 + e 

Vb − Va =    (4.7)
T
− S

1− e 

Seja a resistência equivalente do circuito, definida pela


expressão (4.8) e representada no circuito equivalente
exibido na Fig. 4.3.

V1 − Vo
Req = (4.8)
Io

Fig. 4.3 – Circuito equivalente da célula unitária operando em regime


permanente.
101

O valor médio da corrente que circula na fonte Vo é


definido pela expressão (4.9).

VC  V − Va 
Io = C =C b  (4.9)
t  TS 

Portanto, podemos escrever a expressão (4.10).

I o = CfS ( Vb − Va ) (4.10)

Substituindo a expressão (4.10) na expressão (4.8),


obtemos a expressão (4.11).

V1 − Vo
Req = (4.11)
CfS ( Vb − Va )

Substituindo (4.7) em (4.11), encontramos:

 −
1
fS 

1− e 
 
Req =   (4.12)
 −f 
D
 − ( 1f− D) 
CfS  e S
− 1  e S  − 1 
  
  

Como  = RC , temos:


C= (4.13)
R

Portanto,
102

1 R
= (4.14)
CfS fS 

Desse modo, podemos obter a expressão (4.15) que


representa o valor da resistência equivalente em função dos
parâmetros do circuito.

 −
1
fS 

1− e 
Req  
=   (4.15)
R  −f 
D
 − ( 1f− D) 
fS   e S
− 1  e S  − 1 
  
  

Seja a resistência equivalente parametrizada definida


por Req = Req R .

O valor de Req depende da razão cíclica D e do


produto fS  e sua representação gráfica para D = 0,5 é
mostrada na Fig. 4.4.

O gráfico mostra que para valores de fS   1 o valor


da resistência parametriza torna-se igual a quatro e
independente do valor da frequência de chaveamento.
Portanto, a operação com frequências maiores não é
indicada, pois não contribui para reduzir as perdas de
condução, mas podem aumentar muito as perdas de
comutação dos interruptores.
103

Observa-se também que para a região em que fS  é


menor que um, o valor da resistência aumenta,
consequentemente aumentando as perdas de condução do
conversor. A operação nessa região deve então ser evitada.

Na Fig. 4.5 são mostradas curvas representando a


resistência equivalente parametrizada, em função da razão
cíclica D, para vários valores do produto fS  . Pode-se
concluir que o valor mínimo da resistência equivalente
ocorre para D = 0,5 . Então sempre que for possível, deve-se
operar um conversor a capacitor chaveado com esse valor de
razão cíclica.

Fig. 4.4 – Resistência Req em função do produto fS  , para D = 0 , 5 .


104

Fig. 4.5 – Resistência Req em função de D , para diferentes valores do produto

fS  .

Vamos retomar a expressão (4.15), reapresentada


como (4.16).

 −
1
fS 

1− e 
 
Req =   (4.16)
 −f 
D
 − ( 1f− D) 
fS   e S
− 1  e S  − 1 
  
  

Ao se buscar o limite dessa expressão para o produto


fS  tendendo a infinito, obtemos a expressão (4.17).

1
lim Req = (4.17)
fS → D (1 − D )

Portanto, o valor mínimo da resistência equivalente


parametrizada é dado pela expressão (4.18).
105

1
Req = (4.18)
min D (1 − D )

Para D = 0 , 5 , obtemos

Req =4 (4.19)
min

Desse modo

Reqmin = 4 R (4.20)

4.4) EXEMPLO NUMÉRICO

Seja a célula unitária representada na Fig. 4.6, onde:

Fig. 4.6 – Célula unitária.

V1 = 100V ; Co = 1000  F ; Ro = 10 ;

fS = 100 KHz ; C = 20 F ; R = 100m ;

D = 0, 5 .

Determinar:

a) R equivalente;
106

b) Vo , I o e Po ;
c) VC e VC em regime permanente;
max min

d) O produto fS  ;
e) Eficiência do circuito,

Solução

a) R equivalente;

Utilizando a expressão (4.12) obtemos


1

fS 
1− e
Req = = 0 , 589
 − fD  − ( 1f− D) 
CfS  e S − 1  e S  − 1 
  
  

b) Vo , I o e Po ;

V1 Ro
Vo = = 94 , 434V
Req + Ro

V1 − Vo
Io = = 9 , 443 A
Req

Po = Vo I o = 891, 775W

c) VCmax e VCmin em regime permanente;

Utilizando as expressões (4.5) e (4.6) obtemos:


107


( 1− D )TS
 DT
− S   −
( 1− D )TS

V1e 
 1 − e   + Vo  1 − e  
Vc min =     = 94 , 856V
TS

1− e 

 DT
− S  DT
− S  −
( 1− D)TS

V1  1 − e   + V e 
 1 − e 

 o

Vc max =  
TS
  = 99 , 578V

1− e 

d) Produto fS 

 = RC = 2  10−6

fS  = 0 , 2

e) Eficiência do circuito;

Vo I o
= = 0 , 944
V1I o

A seguir serão apresentados alguns resultados de


simulação com os parâmetros indicados, para verificação dos
cálculos realizados.

A Fig. 4.7 ilustra algumas das principais formas de


ondas resultantes na simulação.
108

Fig. 4.7 – Resultados de simulação.

4.5) VALOR MÉDIO DA TENSÃO SOBRE O


CAPACITOR (D = 0,5)

Na Fig. 4.8 é mostrada mais uma vez a célula unitária,


cujo circuito equivalente para valores médios quase
instantâneos é representado na Fig. 4.9. Para razão cíclica
D = 0,5 , os valores dos dois resistores equivalentes são
iguais a 2R.
109

Fig. 4.8 – Célula unitária.

Fig. 4.9 – Circuito equivalente da célula unitária.

Portanto, o valor médio da tensão sobre o capacitor C


é dado pela expressão (4.21).

VC = Vo + 2 RI o (4.21)

Portanto, podemos escrever:

 V − Vo 
VC = Vo + 2 R  1  (4.22)
 4R 

Desse modo,

V1 Vo
VC = Vo + − (4.23)
2 2

Ou ainda,

Vo + V1
VC = (4.24)
2
110

4.6) ANÁLISE EMPREGANDO VALOR MÉDIO EM


ESPAÇO DE ESTADOS

Nesta seção, vamos mostrar como analisar a célula


unitária empregando a técnica do valor médio em espaço de

estados, que é adequada quando = fS   1 , para obtenção
TS
do circuito equivalente e da resistência equivalente.

a) Intervalo (0, DTS)

Neste intervalo de tempo, em que S1 encontra-se


fechado e S2 aberto, o circuito pelo qual circula a corrente do
capacitor é representado pela Fig. 4.10.

Fig. 4.10 – Primeiro estado topológico.

Como

V1 − VC
iR = (4.25)
R

iC = iR (4.26)

Podemos escrever a primeira equação diferencial:


111

dVC V1 − VC
C = (4.27)
dt R

b) Intervalo (DTS, TS)

Neste intervalo de tempo, em que S2 encontra-se


fechado e S1 aberto, o circuito pelo qual circula a corrente do
capacitor é representado pela Fig. 4.11.

Fig. 4.11 – Segundo estado topológico.

Como

VC − Vo
iR = (4.28)
R

iC = −iR (4.29)

Podemos escrever:

dVC
iC = C (4.30)
dt

Assim, a equação diferencial que representa o


comportamento do circuito para este intervalo de tempo é
112

dVC  V − Vo 
C = − C  (4.31)
dt  R 

Para a obtenção do valor médio de estado, vamos


multiplicar a expressão (4.27) por D e (4.31) por (1 − D) ,
resultando nas expressões (4.32) e (4.33), respectivamente.

dVC  V − VC 
DC = D 1  (4.32)
dt  R 

dVC  V − Vo 
(1 − D ) C = − (1 − D )  C  (4.33)
dt  R 

Adicionando-se (4.32) e (4.33), obtém-se

C =
(
dVC D V1 − VC )  V − Vo 
− (1 − D )  C  (4.34)
dt R  R 
 

Onde VC representa o valor médio quase instantâneo.


dVC
Em regime permanente C = 0 , logo
dt

DV1 − DVC − ( 1 − D ) VC + ( 1 − D ) Vo = 0 (4.35)

Assim,

DV1 + ( 1 − D ) Vo = VC (4.36)

Para D = 0 , 5 obtemos
113

V1 + Vo
VC = (4.37)
2

A partir do circuito equivalente mostrado na Fig. 4.12,


podemos obter aquele representado na Fig. 4.13.

Fig. 4.12 – Circuito equivalente da célula unitária.

Fig. 4.13 – Circuito equivalente da célula unitária.

Desse modo, a resistência equivalente que interliga as


duas fontes é dada pela expressão (4.38).

R R
Req = + (4.38)
D (1 − D )

Portanto,

R
Req = (4.39)
D (1 − D )

Então,
114

Req 1
= (4.40)
R D (1 − D )

Para D = 0 , 5 , obtemos

Req
=4 (4.41)
R

4.7) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Seja o circuito mostrado na Fig. 4.14, com os seguintes


parâmetros:
V1 = 100V ; Co = 1000 F ; Ro = 4 ; C = 25 F ;
R = 80m ; D = 0,5 .
Determinar a frequência de operação para que a
resistência equivalente do circuito equivalente seja
igual a 400m .

Fig. 4.14 - Circuito dos Exercícios Propostos 1 e 2.

Resposta:
f S = 140, 7kHz
115

2) No circuito representado na Fig. 4.14, considere os


seguintes parâmetros:
V1 = 100V ; C = 20 F ; Co = 1000 F ; Ro = 20 ;
R = 50m ; f S = 100kHz ; D = 0,5 .
Determinar:
a) O valor de pico da corrente em cada interruptor;
b) O valor eficaz da corrente no capacitor;
c) A resistência do circuito equivalente;
d) O valor médio da tensão sobre o resistor Ro ;
e) A potência dissipada no resistor Ro ;
f) O rendimento do circuito.

Respostas:

a) I S1 p = 49, 095 A , I S2 p = 49, 095 A


b) I Cef = 15, 473 A
c) R e q = 0,507
d) Vo = 97,529V
e) Po = 475,592W
f)  = 97,5%
116

3) Seja o circuito mostrado na Fig. 4.15.

Fig. 4.15 - Circuito do Exercícios Propostos 3 e 4.

A frequência de chaveamento é f S = 100kHz e a razão


cíclica é D = 0,5 .
Determinar o valor da potência entregue à fonte de
tensão V2 .
Resposta:
PV2 = 3188W

4) No exercício anterior determinar os valores de pico e


eficaz das correntes nos interruptores S1 e S 2 .
Resposta:
I S1 p = 499, 037 A , I S2 p = 499, 037 A
I S1ef = 99, 711A , I S2ef = 99, 711A
117

CAPÍTULO - 5

CONVERSORES CC-CC ABAIXADORES


DE TENSÃO A CAPACITOR CHAVEADO

5.1) INTRODUÇÃO

Neste capítulo serão estudados alguns conversores


CC-CC abaixadores de tensão a capacitor chaveado, que
foram selecionados para análise por serem os mais populares
e conhecidos.

Como será demonstrado, os conversores a capacitor


chaveado puros não podem ser controlados, ou seja, operam
com ganho estático praticamente fixo e independente da
razão cíclica.

5.2) CONVERSOR ABAIXADOR SÉRIE-PARALELO


COM GANHO ESTÁTICO M = 1/2

A topologia do conversor a capacitor chaveado em


questão encontra-se representada na Fig. 5.1. Vamos adotar
as seguintes hipóteses simplificativas:
118

Fig. 5.1 – Conversor abaixador a capacitor chaveado série-paralelo.

• Os capacitores e os diodos são considerados


ideais;
• S1 e S2 são ideais;
• Os resistores R representam as perdas dos
interruptores reais, normalmente MOSFETs.
• RS = RS = R .
1 2

Substituindo C o e Ro por Vo obtemos o circuito


mostrado na Fig. 5.2, cujos sinais de comando dos
interruptores são mostrados na Fig. 5.3.

Fig. 5.2 – Conversor abaixador a capacitor chaveado série-paralelo.


119

Fig. 5.3 – Sinais de comando dos interruptores.

Ao longo de um período de operação, o conversor


possui dois estados topológicos, representados na Fig. 5.4 e
na Fig. 5.5, respectivamente.

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

Fig. 5.4 – Primeiro estado topológico.

Neste estado topológico S1 conduz e S 2 encontra-se


bloqueado, enquanto os capacitores C1 e C 2 carregam-se em
série com V1 e R .
120

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

Fig. 5.5 – Segundo estado topológico.

Neste estado topológico, S1 encontra-se aberto e S 2


fechado. C1 e C 2 , associados em paralelo, descarregam-se e
transferem energia para a fonte Vo , através do resistor R do
interruptor S 2 . Portanto:

VC1 = VC2 = VC (5.1)

Os circuitos equivalentes para os dois estados


topológicos são mostrados na Fig. 5.6 e na Fig. 5.7,
respectivamente.

Fig. 5.6 – Circuito equivalente para o primeiro estado topológico.


121

Fig. 5.7 – Circuito simplificado para o segundo estado topológico.

As principais formas de ondas do conversor abaixador


série-paralelo, com razão cíclica D = 1/ 2 , são apresentadas
na Fig. 5.8.

As correntes nos capacitores, durante o primeiro


estágio de funcionamento do conversor, são definidas pelas
expressões (5.2) e (5.3). são obviamente iguais entre si.

Fig. 5.8 – Principais formas de onda do conversor abaixador série-paralelo.


122

V1 − VC1 − VC2 dVC1


iC1 = =C (5.2)
R dt
V1 − VC1 − VC2 dVC2
iC2 = =C (5.3)
R dt
onde VC = VC = VC .
1 2

As correntes nos capacitores, durante o segundo


estágio de funcionamento do conversor, são definidas pelas
expressões (5.4) e (5.5) e mais uma vez são iguais entre si.

−iR
iC1 = (5.4)
2

−iR
iC2 = (5.5)
2

Portanto, podemos escrever (5.6) e (5.7).

dVC1  VC − Vo 
iC1 = C = − 1  (5.6)
dt  2R 
 

dVC2  VC − Vo 
iC2 = C = − 2  (5.7)
dt  2R 
 

Multiplicando (5.2) e (5.3) por D e (5.6) e (5.7) por


(1 − D) , obtemos:
123

( )
dVC1 D
DC = V − VC1 − VC2 (5.8)
dt R 1

( )
dVC2 D
DC = V − VC1 − VC2 (5.9)
dt R 1
e

(1 − D )
(V )
dVC1
(1 − D ) C dt
=−
2R C1
− Vo (5.10)

(1 − D )
(V )
dVC2
(1 − D ) C dt
=−
2R C2
− Vo (5.11)

Somando (5.8) com (5.10) e (5.9) com (5.11) obtemos:

(1 − D ) V − V
( ) ( )
dVC1 D
C = V1 − VC1 − VC2 − C1 o
(5.12)
dt R 2R

(1 − D ) V − V
( ) ( )
dVC2 D
C = V1 − VC1 − VC2 − C2 o
(5.13)
dt R 2R

VC1 e VC2 são valores médios quase instantâneos.

Como VC1 = VC2 = VC , obtemos:


124

dVC1 (1 − D ) V − V
C
dt
=
D
R
( V1 − 2VC ) −
2R
( C o) (5.14)

dVC2 (1 − D ) V − V
C
dt
=
D
R
( V1 − 2VC ) −
2R
( C o) (5.15)

dVC1 dVC2
Em regime permanente C =C =0.
dt dt
Portanto,

D ( V1 − 2VC ) =
(1 − D )
2
(V
C
− Vo ) (5.16)

DV1 − 2 DVC =
(1 − D ) V − (1 − D ) V (5.17)
C o
2 2
Desse modo, o valor médio na tensão sobre o capacitor
é determinado pela expressão (5.18).

2 DV1 + ( 1 − D ) Vo
VC = (5.18)
(1 + 3D )
Para D = 0, 5 obtém-se:

2V1 + Vo
VC = (5.19)
5
125

c) Circuito e Resistência Equivalentes

Os circuitos equivalentes para valores médios para os


dois intervalos de tempo são mostrados na Fig. 5.9.

Fig. 5.9 – Circuito equivalente para os dois intervalos de funcionamento.

De acordo com o princípio da conservação de energia

I1 2VC = I 2 VC (5.20)

Portanto

I2
I1 = (5.21)
2

Para o intervalo (0, DTS ) obtém-se

R
V1 = I + 2VC (5.22)
D 1

V1 R
= VC + I (5.23)
2 2D 1
126

Substituindo (5.21) em (5.23) obtemos a equação


(5.24),

V1 R
= VC + I (5.24)
2 4D 2
que representa o circuito equivalente mostrado na Fig. 5.10.

Fig. 5.10 – Circuito equivalente para valores médios.

O circuito equivalente completo para valor médio é


mostrado na Fig. 5.11,

Fig. 5.11 – Circuito equivalente completo para valores médios.

cuja resistência equivalente é


R R
Req = + (5.25).
4D 1 − D

Seja a resistência equivalente parametrizada definida


pela expressão (5.26):
127

Req
Req = (5.26)
R
Portanto,

1 + 3D
Req = (5.27)
4 D (1 − D )

De acordo com a expressão (5.27), a resistência


parametrizada depende da razão cíclica. Para encontrarmos
a razão cíclica que minimiza essa resistência, vamos derivar
a expressão (5.27) em relação a D e igualar a zero, como
indicado a seguir.

 Req 3D + 1 3 3D + 1
= − + =0 (5.28)
D 4 D ( D − 1)
2
4 D ( D − 1) 4 D 2 ( D − 1)

Resolvendo a equação algébrica (5.28), obtemos


1
D= que é o valor da razão cíclica que minimiza o valor da
3
resistência equivalente. Portanto,

9
Req = R (5.29)
min 4

O circuito equivalente resultante encontra-se


representado na Fig. 5.12.
128

Fig. 5.12 – Circuito equivalente do conversor.

Para que este circuito seja válido é necessário que

• as perdas de comutação sejam nulas;


 min
• 1
TS

RC
 min = é a constante de tempo do circuito
2
equivalente do primeiro estado topológico.

d) Exemplo Numérico

O conversor CC-CC abaixador a capacitor chaveado


mostrado na Fig. 5.13 possui os parâmetros indicados a
seguir.

Fig. 5.13 – Conversor abaixador-exemplo numérico.

V1 = 100V ; R = 0,1 ; C1 = C2 = Co = 50 F ;


129

RC
D= 1 ; Ro = 5  ;  min = = 2,5 10−6 s ;
3 2
1
TS =  min = 2,5 10−6 s ; fS = = 400 kHz .
TS

Vamos determinar os parâmetros do circuito


equivalente, o valor da tensão na carga, o valor da tensão
sobre os capacitores, e o ganho estático.

A resistência equivalente é dada por:


9 9
Req = R = 0,1 = 0, 225 
4 4

Consequentemente, o circuito equivalente é o


mostrado na Fig. 5.14.

Fig. 5.14 – Circuito equivalente.

Por inspeção do circuito equivalente obtemos o valor


da tensão na carga:

V1 Ro
Vo = = 47,85V
2 Ro + Req

O valor médio da tensão sobre os dois capacitores


chaveados associados em série é dado por:
130

2 DV1 + (1 − D)Vo
VC medio = = 92, 282V
(1 + 3D)

O ganho estático M é então determinado como segue,


sendo numericamente igual à eficiência do circuito.

V 47,847
M =Vo = = 0,957
1
2 50

e) Operação em Interleaving

O conversor apresentado, assim como o conversor


abaixador convencional (buck), apresenta corrente na fonte
de entrada na forma de trem de pulsos, o que é indesejável e
usualmente exige a inclusão de filtros para sua atenuação.

É possível reduzir a valores aceitáveis as harmônicas


de alta frequência da corrente de entrada, conectando vários
conversores idênticos em paralelo e acionando os
interruptores com sinais defasados simetricamente.

A topologia com a associação de três conversores em


paralelo encontra-se representada na Fig. 5.15, e os sinais de
comando dos interruptores são mostrados na Fig. 5.16.

Foi demonstrado no início deste capitulo que a


resistência equivalente deste conversor é minimizada
quando D = 1 3 . Portanto, a associação de três conversores
131

em paralelo, com sinais de comando defasados de 120 graus


entre si é ideal para a minimização das perdas.

Fig. 5.15 – Associação em paralelo de três conversores abaixadores.

Fig. 5.16 – Sinais de comando dos interruptores.


132

O circuito equivalente encontra-se representado Fig.


5.17, para D = 1 3 . A resistência equivalente da associação é
3
Req = R . Portanto, além do efeito sobre as harmônicas da
4
corrente na fonte de entrada, a associação em paralelo com
defasagem dos sinais de comando (interleaving) proporciona
redução significativa das perdas de condução.

Fig. 5.17 – Circuito equivalente para três conversores associados em paralelo.

As principais formas de onda do conversor abaixador


operando em interleaving são mostradas na Fig. 5.18.
133

Fig. 5.18 – Principais formas de onda do conversor abaixador operando em


interleaving.
134

5.3) CONVERSOR ABAIXADOR SÉRIE-PARALELO


COM GANHO ESTÁTICO M = 1/3.

O conversor abaixador em questão encontra-se


representado na Fig. 5.19. Os sinais de comando dos
interruptores são idênticos àqueles do conversor com ganho
estático M = 1/2.

Fig. 5.19 – Circuito abaixador com ganho estático M=1/3.

Em um ciclo de operação o conversor possui dois


estados topológicos, que serão descritos a seguir.

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

No primeiro estado topológico, representado na Fig.


5.20, o interruptor S1 encontra-se conduzindo e S 2
bloqueado.
135

Fig. 5.20 – Representação do primeiro estado topológico.

Os três capacitores carregam-se em série com a fonte


V1 através do resistor R.

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

No segundo estado topológico, mostrado na Fig. 5.21,


o interruptor S1 encontra-se bloqueado e S 2 conduzindo.

Fig. 5.21 – Representação do segundo estado topológico.

Os três capacitores descarregam-se em paralelo.


Através do resistor R transferem energia para a fonte Vo .
Portanto, VC1 = VC2 = VC3 = VC .
136

Os valores médios de i1 e i2 são I1 e I2


respectivamente. Com o emprego do Princípio da
Conservação da Energia, podemos escrever:

3VC I1 = VC I 2 (5.30)

Portanto,

I 2 = 3 I1 (5.31)

Os circuitos equivalentes para valores médios, para


ambos os estados topológicos, são mostrados na Fig. 5.22.

Fig. 5.22 – Circuitos equivalentes para os dois estados topológicos.

As principais formas de onda do conversor abaixador


série-paralelo com o ganho estático M = 1/ 3 são mostradas
na Fig. 5.23.
137

Fig. 5.23 – Principais formas de onda do conversor abaixador M=1/3.

Para o primeiro estado topológico podemos escrever:


R
V1 = I + 3VC (5.32)
D 1

Ou então,

V1 R
= I +V (5.33)
3 3D 1 C
Substituindo (5.31) em (5.33) obtemos

V1 R
= I +V (5.34)
3 9D 2 C
138

Então o circuito equivalente em termos de I2 é o


mostrado na Fig. 5.24, para valores médios.

Fig. 5.24 – Circuito equivalente em termos de I2.

A resistência equivalente, obtida por inspeção do


circuito equivalente, é dada pela expressão (5.35).

R R
Req = + (5.35)
9D (1 − D )

Portanto,

Req 1 + 8D
= (5.36)
R 9D (1 − D )

Seja a resistência equivalente parametrizada definida


Req
por Req = . Podemos então escrever a expressão (5.37).
R
139

1 + 8D
Req = (5.37)
9D (1 − D )

 Req
Para obter Req mínimo fazemos =0 e
D
encontramos D = 0, 25 com Req  1,78 .

Pode-se demonstrar que para N estágios (ou N


capacitores), o ganho estático é M = 1 , com a resistência
N
equivalente parametrizada dada pela expressão (5.38).

Req =
( )
1 + N2 − 1 D
(5.38)
N D (1 − D )
2

5.4) CONVERSOR ABAIXADOR SÉRIE-SÉRIE COM


GANHO ESTÁTICO M=1/2.

Nesta seção iremos apresentar e analisar o conversor


representado na Fig. 5.25, cujos sinais de comando dos
interruptores são mostrados na Fig. 5.26. O resistor R
representa as perdas em condução de dois interruptores
associados em série.
140

Fig. 5.25 – Conversor série-série com ganho M=1/2.

Fig. 5.26 – Sinais de comando dos interruptores do conversor representado na


Fig. 5.25.

Em um ciclo de operação, a exemplo dos demais


conversores estudados, ocorrem dois estados topológicos,
que serão descritos a seguir.

a) Primeiro Estado Topológico - Intervalo (0, DTS)

O primeiro estado topológico encontra-se


representado na Fig. 5.27, no qual os interruptores S1a e S1b
encontram-se conduzindo e S2a e S2b bloqueados.
141

Fig. 5.27 – Primeiro estado topológico.

A corrente no capacitor é definida pela expressão


(5.39).

dVC V1 − VC − Vo
iC = C = (5.39)
dt R

b) Segundo Estado Topológico-Intervalo (DTS, TS)

O segundo estado topológico encontra-se


representado na Fig. 5.28, no qual os interruptores S2a e S2b
encontram-se conduzindo e S1a e S1b bloqueados.

Fig. 5.28 – Segundo estado topológico.

Na Fig. 5.29 são mostradas as principais formas de


onda do conversor abaixador série-série.
142

Fig. 5.29 – Principais formas de onda do conversor série-série.

Para o segundo estado topológico, a corrente no


capacitor é definida pela expressão (5.40).

 V − Vo 
iC = −iR = −  C  (5.40)
 R 

Multiplicando ambos os termos da equação (5.39) por


D, e ambos os termos da equação (5.40) por (1 − D) ,
encontramos as expressões (5.41) e (5.42) respectivamente.
dVC
DC
dt
=
D
( V − VC − Vo )
R 1
(5.41)
143

dVC (1 − D ) V − V
(1 − D ) C dt
=−
R
( C o) (5.42)

Combinando (5.41) com (5.42) obtemos a expressão


(5.43), em termos do valor médio em variáveis de estado.

= ( V1 − VC − Vo ) −
(1 − D ) V − V
( C o)
dVC D
C (5.43)
dt R R

dVC
Em regime permanente C = 0 . Podemos então
dt
escrever:

(1 − D ) V − V
D
R
( V1 − VC − Vo ) =
R
( C o) (5.44)

Portanto, o valor médio da tensão sobre o capacitor C


é dada por

VC = DV1 + Vo ( 1 − 2 D ) (5.45)

c) Circuito Equivalente

Para o circuito em questão, de acordo com o Princípio


da Conservação da Carga Elétrica, podemos escrever:

I1 = I 2 (5.46)

onde:
144

• I 1 → Valor médio da corrente na fonte V1 ;


• I 2 → Valor médio da corrente na fonte Vo .

Os circuitos equivalentes para obtenção de I1 e I 2 são


representados na Fig. 5.30.

Fig. 5.30 – Circuito equivalentes.

Portanto,

R
V1 = I + Vo + VC (5.47)
D 1

Substituindo (5.45) em (5.47), obtemos:

V1 ( 1 − D ) = I + 2 ( 1 − D ) Vo
R
(5.48)
D 1

Assim,
R
V1 = I + Vo + DV1 + Vo − 2 DVo (5.49)
D 1

Desse modo,

R
V1 = I + 2Vo (5.50)
D (1 − D ) 1
145

V1 R
= I + Vo (5.51)
2 2D (1 − D ) 1

Como I 1 = I 2 = I o , obtemos a expressão (5.52),


que representa o circuito equivalente mostrado na Fig. 5.31.

V1 R
= I + Vo (5.52)
2 2D (1 − D ) o

Fig. 5.31 – Circuito equivalente resultante.

A resistência equivalente do circuito equivalente é


determinada pela expressão (5.53).

R
Req = (5.53)
2D (1 − D )

De acordo com o circuito equivalente, o ganho estático


do conversor é dado pela expressão (5.54).

Vo Ro
=
( )
(5.54)
V1 2 Ro + Req

Na situação hipotética em que Req → 0 , o ganho


estático seria dado pela expressão (5.55).
146

Vo 1
G= = (5.55)
V1 2

5.5) CONVERSOR ABAIXADOR FIBONACCI COM


GANHO ESTÁTICO M = 1/3.

Nesta seção, vamos estudar o conversor mostrado na


Fig. 5.32, cujos sinais de comando dos interruptores são
mostrados na Fig. 5.33. Para simplificação da figura, as
resistências dos interruptores foram omitidas.

Fig. 5.32 – Conversor com ganho M=1/3 (Fibonacci).

Fig. 5.33 – Sinais de comando dos interruptores do conversor representado na


Fig. 5.32.
147

Em um ciclo de operação, a exemplo dos demais


conversores estudados, ocorrem dois estados topológicos,
que serão descritos a seguir.

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

O primeiro estado topológico encontra-se


representado na Fig. 5.34, no qual os três interruptores
identificados por S1 encontram-se conduzindo e os demais,
designados por S 2 encontram-se bloqueados.

Neste estado topológico os dois capacitores são


associados em série.

Fig. 5.34 – Primeiro estado topológico.

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

O segundo estado topológico encontra-se


representado na Fig. 5.35, no qual os três interruptores
identificados por S 2 encontram-se conduzindo e os demais,
designados por S1 , encontram-se bloqueados.
148

Neste estado topológico, os dois capacitores são


associados em paralelo e transferem energia para a carga,
representada pela fonte de tensão Vo .

Fig. 5.35 – Segundo estado topológico.

Na Fig. 5.36 são mostradas as principais formas de


onda do conversor abaixador Fibonacci em questão.

Fig. 5.36 – Principais formas de onda do conversor Fibonacci para M=1/3.


149

Se as resistências internas forem ignoradas, podemos


escrever:

VC = Vo (5.56)

V1 = 2VC + Vo = 3Vo (5.57)

Portanto, o ganho estático do conversor é dado pela


expressão (5.58).

Vo 1
= (5.58)
V1 3

O leitor é convidado a obter o circuito elétrico


equivalente do conversor em questão, empregando a técnica
de valores médios em espaço de estado, como foi
apresentado anteriormente neste capítulo.

5.6) CONVERSOR DE DICKSON

Nesta seção, iremos analisar o conversor de Dickson,


cuja topologia encontra-se representada na Fig. 5.37, e cujos
sinais de comando dos interruptores são mostrados na Fig.
5.38.

No primeiro estado topológico, mostrado na Fig. 5.39,


que corresponde ao intervalo de tempo (0, DTS ) , os
interruptores S1a , S1b , S1c e S1d encontram-se fechados e
150

conduzindo, enquanto que os demais interruptores


encontram-se abertos.

No segundo estado topológico, mostrado na Fig. 5.40,


que corresponde ao intervalo de tempo ( DTS , TS ) , os
interruptores S2a , S2b e S2c encontram-se fechados e
conduzindo, enquanto que os demais interruptores
encontram-se abertos.

Em ambos os casos, as resistências dos interruptores


foram ignoradas, para simplificação da descrição da
operação.

Fig. 5.37 – Conversor de Dickson.


151

Fig. 5.38 – Sinais de comando dos interruptores do conversor de Dickson.

Fig. 5.39 – Circuito equivalente para o primeiro estado topológico.

Fig. 5.40 – Circuito equivalente para o segundo estado topológico.

Por inspeção dos circuitos mostrados na Fig. 5.39 e na


Fig. 5.40, obtemos as expressões (5.59) e (5.60).

V1 = VC1 + Vo (5.59)

VC1 = Vo + VC2 (5.60)


152

Substituindo (5.60) em (5.59), obtemos a expressão


(5.61).

V1 = Vo + Vo + VC2 (5.61)

Como Vo = VC2 , obtemos a expressão (5.62).

V1 = 3Vo (5.62)

O ganho estático do conversor de Dickson idealizado


é então determinado pela expressão (5.63).

Vo 1
= (5.63)
V1 3

As principais formas de onda do conversor de


Dickson são mostradas na Fig. 5.41.
153

Fig. 5.41 – Principais formas de onda do conversor Dickson.

5.7) EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1) Seja o conversor mostrado no Fig. 5.42, com os sinais


de comando dos interruptores representados na Fig.
5.43.
154

Fig. 5.42 – Circuito do conversor do exercício 1.

Fig. 5.43 – Comando dos interruptores.

a) Descreva o funcionamento do conversor;


b) Determine as expressões de VC1 (V1 , Vo ) e
VC2 (V1 , Vo ) ;
c) Obtenha o ganho estático, a resistência
equivalente e o circuito equivalente;
d) Calcular os valores de Vo , Po ,  , VC1 , VC2 e Req ,
para o conversor operando com os seguintes
parâmetros: V1 = 50V , f S = 200kHz , D = 0,5 ,
R = 0,1 , C1 = C2 = 80 F , Co = 200 F , Ro = 30
155

Resolução

a) A Fig. 5.44 apresenta a primeira etapa de operação


do conversor mosstrado na Fig. 5.42, na qual os interruptores
S1 estão em condução, juntamente com os diodos D1 e D 3 . O
diodo D 2 encontra-se bloqueado.

Fig. 5.44 – Primeira etapa de operação.

No instante em que S1 é bloqueado e S 2 habilitado a


entrar em condução, inicia-se a segunda etapa de operação.
Os diodos D1 e D 3 são bloqueados e D 2 passa a conduzir,
resultando no circuito mostrado na Fig. 5.45.
156

Fig. 5.45 – Segunda etapa de operação.

b) Para determinar as expressões de VC1 (V1 , Vo ) e


VC2 (V1 , Vo ) , primeiramente é necessário equacionar as duas
etapas de operação já descritas. Assim, durante a primeira
etapa de operação, o funcionamento do circuito é descrito
pelas equações (5.64) e (5.65).

dVC1
RC1 = V1 − VC1 (5.64)
dt
dVC2
RC2 = Vo − V1 − VC1 (5.65)
dt
Durante a segunda etapa de operação, as grandezas
elétricas são descritas pelas equações (5.66) e (5.67).

dVC1
2RC1 = VC2 − V1 − VC1 (5.66)
dt
dVC2
2RC2 = V1 + VC1 − VC2 (5.67)
dt
157

Multiplicando (5.64) e (5.66) por D, e (5.65) e (5.67) por


(1 − D) , somando as devidas equações e fazendo-se
dVC1 / dt = dVC2 / dt = 0 , encontramos:

 VC2 − V1 − VC1 
( V − V ) D + 
1 C1
2
 (1 − D ) = 0

(5.68)
 

 V1 + VC1 − VC2 
( V − V − V ) D + 
o 1 C1
2
 (1 − D ) = 0

(5.69)
 

Realizando as adequadas manipulações algébricas,


encontramos as equações das tensões sobre C 1 e C 2 ,
representadas por (5.70) e (5.71).

Vo ( 1 − D ) + V1 ( 3D − 1)
VC1 = (5.70)
2

Vo ( 1 + D ) + V1 ( 1 − 3D )
VC2 = (5.71)
2

c) Para o cálculo do ganho estático foi realizada a


análise desconsiderando as resistências existentes no
circuito. Assim, para a primeira etapa de operação, encontra-
se:

VC1 = V1 (5.72)

Vo = V1 + VC2 (5.73)
158

Para a segunda etapa obtém-se:

V1 + VC1 = VC2 (5.74)

Substituindo-se (5.72) em (5.74), obtém-se:

VC2 = 2V1 (5.75)

Substituindo-se (5.75) em (5.73), obtém-se:

Vo = 3V1 (5.76)

Portanto, o ganho estático é dado pela expressão


(5.77).

Vo
G= =3 (5.77)
V1

A resistência equivalente é definida por:

2R
Req = (5.78)
D (1 − D )

O circuito equivalente é mostrado na Fig. 5.46.


159

Fig. 5.46 – Circuito equivalente do conversor de Dickson, para valores médios.

d) O valor da resistência equivalente é calculado a


seguir.

2R 2  30
Req = = (5.79)
D (1 − D ) 0,5  (1 − 0,5 )

Req = 0,8  (5.80)

O cálculo da tensão de saída, mostrado a seguir, é


realizado através da análise do circuito equivalente.

Ro 30
Vo = 3V1 = 150  (5.81)
Req + Ro 0,8 + 30

Desse modo,

Vo = 146,104 V (5.82)

A potência entregue ao resistor de carga é definida


pela expressão (5.83).

Vo 2
Po = (5.83)
Ro
160

Realizando-se os cálculos, obtém-se,

Po = 711, 545 W (5.84)

O cálculo do rendimento do conversor é apresentado


a seguir.

Po 711, 545
= = (5.85)
( 3V − Vo ) (150 − 146,104) 2
2

Po + 1 711, 545 +
Req 0,8

Desse modo,

 = 97,403% (5.86)

Com o emprego das expressões (5.70) e (5.71), calcula-


se as tensões sobre os capacitores C 1 e C 2 , cujos resultados
são:

VC1 = 49,026 V (5.87)

VC2 = 97 ,078 V (5.88)

2) Seja o conversor representado na Fig. 5.47, com os


sinais de comando dos interruptores mostrados na Fig. 5.48.
161

Fig. 5.47 – Conversor proposto no exercício 2.

Fig. 5.48 – Comando dos interruptores.

Realizar as seguintes atividades:

a) Descrever o funcionamento do circuito,


representado os estados topológicos;
b) Representar as formas de onda das grandezas

iC1 , iC2 , iCo , VS1 , VS2 a e VS2 b .

c) Considerando R=0, determinar as expressões das


tensões VC1 , VC2 e Vo ;
d) Considerando R  0 , determinar o circuito
equivalente para operação em regime
162

permanente, em termos de valores médios quase


instantâneos (circuito visto pela carga);

e) Considere os seguintes parâmetros:


V1 = 150V ,
R = 0,1
Ro = 10
C1 = C2 = 50 F
Co = 500 F
D = 0,5
f S = 200kHz

Calcular os valores de:

Vo , Po ,  , I C1 _ ef , I C2 _ ef , VC1 e VC2 .

Resolução

a) A Fig. 5.49 apresenta os estados topológicos para as


duas etapas de operação do conversor proposto.
163

Fig. 5.49 – Estado topológicos do conversor para um ciclo de operação.

Durante o primeiro estado topológico, o interruptor


S1 está em condução, bloqueando os diodos D 3 e D 4 e
polarizando os diodos D1 e D 2 . Nesta etapa os capacitores
são carregados em série pela fonte de entrada.

Quando o interruptor S1 recebe o comando de


bloqueio e os interruptores S2a e S2b recebem o comando de
condução, inicia-se a segunda etapa de operação.

Na segunda etapa a fonte de entrada é desconectada


do circuito, e os capacitores C 1 e C 2 são descarregados em
paralelo, alimento a carga e polarizando os diodos D 3 e D 4 .

b) As formas de onda de iC1 , iC 2 , iCo , VS1 , VS 2a e VS 2b


são mostradas na Fig. 5.50.
164

c) Por inspeção, a partir do circuito equivalente para


o primeiro estado topológico, podemos escrever:

V1 = VC1 + VC2 (5.89)

Fig. 5.50 – Formas de onda relevantes.

VC1 = VC2 (5.90)

Assim,
165

V1 = 2VC1 (5.91)

V1 = 2VC2 (5.92)

Portanto, as tensões nos capacitores são determinadas


pelas expressões (5.93) e (5.94).

V1
VC1 = (5.93)
2

V1
VC2 = (5.94)
2

Também por inspeção a partir do circuito equivalente


do segundo estado topológico, podemos escrever:

Vo = −VC1 (5.95)

Vo = −VC2 (5.96)

O valor da tensão na carga é então determinado pela


expressão (5.97).

V1
Vo = − (5.97)
2

d) Durante o primeiro estado topológico, a dinâmica


do conversor é descrita pelas equações (5.98) e (5.99).
166

dVC1 V1 − VC1 − VC2


C = (5.98)
dt 2R

dVC2 V1 − VC1 − VC2


C = (5.99)
dt 2R

Durante o segundo estado topológico, essa dinâmica é


descrita pelas equações (5.100) e (5.101).
dVC1 −VC1 − Vo
C = (5.100)
dt R
dVC 2 −VC 2 − Vo
C = (5.101)
dt R

Multiplicando (5.98) e (5.99) por D encontramos as


equações (5.102) e (5.103).
dVC1 V −V −V
DC = D 1 C1 C 2 (5.102)
dt 2R
dVC 2 V − VC1 − VC 2
DC =D 1 (5.103)
dt 2R

Multiplicando (5.100) e (5.101) por (1-D), encontramos


as equações (5.104) e (5.105).
dVC1 −V − V
(1 − D)C = (1 − D) C1 o (5.104)
dt R
dVC 2 −V − Vo
(1 − D)C = (1 − D) C 2 (5.105)
dt R

Somando apropriadamente as equações dos dois


estados topológicos, obtemos as equações (5.106) e (5.107).
167

V −V −V
= D 1 C1 C 2 + (1 − D) ( −VC1 − Vo ) (5.106)
dVC1
RC
dt 2

V −V −V
= D 1 C1 C 2 + (1 − D) ( −VC 2 − Vo ) (5.107)
dVC 2
RC
dt 2

dVC1 dVC 2
Em regime permanente =0 e =0.
dt dt
Portanto, obtemos para essas condições:

V1 − VC1 − VC 2
0=D + (1 − D) ( −VC1 − Vo ) (5.108)
2

V1 − VC1 − VC 2
0=D + (1 − D) ( −VC 2 − Vo ) (5.109)
2

Resolvendo o sistema de equações algébricas formado


pelas expressões (5.108) e (5.109), obtemos:
DV1
VC1 = − Vo (1 − D) (5.110)
2
DV1
VC 2 = − Vo (1 − D) (5.111)
2

A Lei do nós nos permite escrever:

I o = I C1 + I C 2 (5.112)

Como I C1 = I C 2 , obtemos:
168

I o = 2 I C1 = 2
( −VC1 − Vo )
(5.113)
R
1− D
Portanto,

R
Io = −VC1 − Vo (5.114)
2 (1 − D )

Substituindo a expressão de VC1 e manipulando


adequadamente, obtemos:

V1 R
V= − Io (5.115)
2 2 D (1 − D )

Podemos então concluir que a resistência equivalente


é determinada pela expressão (5.116).

R
Req = (5.116)
2 D (1 − D )

O circuito equivalente para valores médios é mostrado


na Fig. 5.51.
169

Fig. 5.51 – Circuito equivalente para valores médios.

e) O valor médio da tensão na carga é determinado


pela expressão (5.117).

DRoV1 ( D − 1)
Vo = = −73,53V (5.117)
2Ro D(1 − D) + R

As potências de saída e entrada são obtidas como


segue.

Vo 2
Po = = 540, 66 W (5.118)
Ro
2
P 
Pi =  o  (R
o + Req ) = 551, 47 W (5.119)
 Vo 

A eficiência do conversor é encontrada dividindo-se a


potência de saída pela potência de entrada. Portanto:

Po
= = 0,9804 (5.120)
Pi
170

O valor eficaz das correntes nos capacitores é definido


pela equação (5.121).

1   I1  
2
2
 Io 
I C1ef =   DT +  
 2 (1 − D )  (1 − D ) T  (5.121)
Ts   D  
s s
   

Substituindo os valores dos parâmetros obtemos:

I C2ef = I C1ef = 7,353 A

As tensões nos capacitores são definidas pela


expressão (5.123).

DRV1 + 2DRoV1 (1 − D)
VC1 = (5.122)
4Ro D(1 − D) + 2R

Substituindo os valores dos parâmetros encontramos:

VC1 = VC2 = 74, 26 V


171

5.8) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) O conversor mostrado na Fig. 5.52 tem seus


interruptores comandados de acordo com os sinais
indicados.

Fig. 5.52 - Circuito e sinais de comando dos interruptores.

São os seguintes parâmetros do circuito:


V1 = 40V ; C = 50 F ; Co = 500 F ; R = 100m ; Ro = 4
f S = 100kHz .
Determine a potência entregue ao resistor Ro e a
eficiência do circuito.

Resposta:
Po = 90, 703W
 = 95, 2%
172

2) O conversor mostrado na Fig. 5.53 tem seus


interruptores comandados pelos sinais de
comando indicados.

Fig. 5.53 - Circuito e sinais de comando do exercício proposto.

Os parâmetros do circuito são:


V1 = 100V ; V2 = 50V ; C = 50 F ; Co = 500 F ;
R = 100m ; Ro = 10 .
Realizar as seguintes atividades.
a) Descrever o funcionamento do circuito
representando os estados topológicos e as
formas de onda relevantes;
b) Empregando a técnica de valor médio em
espaço de estados obter o circuito equivalente
para valores médios quase instantâneos;
c) Para os parâmetros dados, determinar o valor
da tensão e da potência entregue na carga.
173

Respostas:.

Vo = 73,529V e Po = 540, 657W

REFERÊNCIAS:

[1] I.Harada, F.Ueno, T.Inoue and I.Oota,


“Characteristics Analysis of Fibonacci Type SC
Transformer,” IEICE Trans. Fundamentals, vol.E75- A, no.6,
pp.655-662, 1992.

[2] J. F. Dickson, "On-chip high-voltage generation in


MNOS integrated circuits using an improved voltage
multiplier technique," in IEEE Journal of Solid-State Circuits,
vol. 11, no. 3, pp. 374-378, June 1976.
174

CAPÍTULO - 6

CÉLULA DE COMUTAÇÃO

6.1) INTRODUÇÃO

A célula de comutação fundamental da eletrônica de


potência encontra-se representada na Fig. 6.1.

Fig. 6.1 – Célula de comutação fundamental.

Cada célula gera três conversores CC-CC não


isolados, e apenas três, quando são feitas adições
apropriadas de fontes e cargas.

O primeiro conversor gerado, abaixador de tensão ou


buck, encontra-se representado na Fig. 6.2, cujo ganho
estático G é dado pela expressão (6.1), sendo D a razão cíclica.

Vo
G= =D (6.1)
V1
175

Fig. 6.2 – Conversor buck gerado pela célula de comutação fundamental.

O segundo conversor gerado pela célula de comutação


fundamental é o conversor CC-CC boost ou elevador, que se
encontra representado na Fig. 6.3, cujo ganho estático G é
dado pela expressão (6.2).

Fig. 6.3 – Conversor boost gerado pela célula de comutação fundamental.

Vo 1
G= = (6.2)
V1 1 − D

O terceiro e último membro da família é o conversor


CC-CC abaixador-elevador ou conversor buck-boost, que se
encontra representado na Fig. 6.4. Seu ganho estático é dado
pela expressão (6.3).
176

Fig. 6.4 – Conversor buck-boost gerado pela célula de comutação fundamental.

Vo D
G= = (6.3)
V1 1 − D

Podemos reescrever a expressão (6.3) da forma


mostrada na expressão (6.4), ficando assim evidenciado que
o ganho estático do conversor buck-boost é igual ao produto
dos ganhos estáticos dos conversores buck e boost.

1
G=D (6.4)
1− D

6.2) CÉLULA DE COMUTAÇÃO GENÉRICA

Na seção anterior mostramos como, a partir da célula


de comutação fundamental, pode-se gerar uma família de
conversores CC-CC não isolados.

De fato, há várias células de comutação, não apenas a


fundamental, apesar dela ser a mais importante por gerar os
conversores CC-CC mais empregados.
177

Nesta seção, vamos apresentar o conceito de célula de


comutação genérica, simbolicamente representada na Fig.
6.5. A célula de comutação fundamental é um caso particular
dessa célula genérica.

Fig. 6.5 – Célula de comutação genérica.

A relação necessária e fundamental entre as tensões é


definida pela expressão (6.5).

Vab = F(D) Vac (6.5)

Podemos então escrever a relação (6.6).

Vab
F(D) = (6.6)
Vac

F(D) → é definida no presente texto como função de


comutação da célula de comutação.

Com a célula genérica são gerados três conversores


CC-CC não isolados, como é descrito a seguir.

O assim chamado conversor buck encontra-se


representado na Fig. 6.6 e seu ganho estático é definido pela
expressão (6.7).
178

Fig. 6.6 – Conversor buck gerado pela célula de comutação genérica.

Vo
G= = F(D) (6.7)
V1

O respectivo conversor boost é mostrado na Fig. 6.7, e


seu ganho estático é definido pela expressão (6.8).

Fig. 6.7 – Conversor boost gerado pela célula de comutação genérica.

Vo 1
G= = (6.8)
V1 1 − F(D)

O conversor buck-boost correspondente é mostrado


na Fig. 6.8, e seu ganho estático é representado pela
expressão (6.9).
179

Fig. 6.8 – Conversor buck-boost gerado pela célula de comutação genérica.

Vo F(D)
G= = (6.9)
V1 1 − F(D)

Para a situação particular da célula de comutação


fundamental, a função da comutação da célula é F(D) = D .

6.3) EXEMPLO DE PROCEDIMENTO PARA


GERAÇÃO DE UMA FAMÍLIA DE
CONVERSORES CC-CC NÃO ISOLADOS

Seja o conversor boost quadrático, mostrado na Fig.


6.9.

Fig. 6.9 – Conversor boost quadrático.


180

Como pode ser observado, é formado por dois


estágios, cada um deles sendo um conversor boost, cujos
ganhos estáticos são dados pela expressão (6.10).

Vo1 Vo 1
= = (6.10)
V1 Vo1 1 − D

Portanto, o ganho estático do conversor é definido


pela expressão (6.11), cuja representação gráfica é mostrada
na Fig. 6.10.

Vo 1
G= = (6.11)
V1 ( 1 − D ) 2

Fig. 6.10 – Curva do ganho estático do conversor boost quadrático.

Na Fig. 6.11 é apresentado o mesmo conversor, porém


com um único interruptor ativo S 2 , graças à adição do diodo
D3 .
181

Fig. 6.11 – Conversor boost quadrático com um único interruptor.

O ganho estático deste conversor, em função de F(D)


é dado pela expressão (6.12).

Vo 1 1
G= = = (6.12)
V1 (1 − D) 1 − F(D)
2

Portanto,

1 − F(D) = (1 − D ) = 1 − 2D + D2
2
(6.13)

Então a função de comutação é definida pela


expressão (6.14) e a célula de comutação correspondente é
representada na Fig. 6.12.

F(D) = 2D − D 2 (6.14)

Fig. 6.12 – Célula de comutação extraída do conversor boost quadrático com um


único interruptor.
182

Como foi demonstrado no início deste capítulo, com


uma célula de comutação pode-se gerar três conversores CC-
CC unidirecionais não isolados. Deste modo, com a célula de
comutação mostrada na Fig. 6.12, geramos o conversor buck,
mostrado na Fig. 6.13, o conversor boost (que gerou a célula
de comutação), mostrado na Fig. 6.11, e o conversor buck-
boost representado na Fig. 6.15.

Fig. 6.13 – Conversor buck gerado pela célula de comutação mostrada na Fig.
6.12.

O ganho estático de qualquer conversor buck é


definido pela expressão (6.15).

Vo
= G = F(D) (6.15)
V1

Substituindo (6.14) em (6.15) obtemos a expressão


(6.16), que é o ganho do conversor buck em função da razão
cíclica D .

Vo
= G = 2D − D 2 (6.16)
V1
183

A Fig. 6.14 apresenta a curva do ganho estático do


conversor buck gerado pela célula de comutação apresentada
na Fig. 6.12.

Fig. 6.14 – Curva do ganho estático do conversor buck.

O ganho estático do conversor buck-boost em função


de F(D) é definido pela expressão (6.17).

Fig. 6.15 – Conversor buck-boost gerado pela célula de comutação mostrada na


Fig. 6.12.
184

Vo F(D)
G= = (6.17)
V1 1 − F(D)

Substituindo (6.14) em (6.17), obtemos a expressão


(6.18), a qual, com a devida manipulação algébrica, resulta na
expressão (6.19).

2D − D 2
G= (6.18)
1 − 2D + D 2

D(2 − D)
G= (6.19)
(1 − D )
2

A partir de (6.19) é gerada a curva do ganho estático


do conversor buck-boost, mostrada na Fig. 6.16.

Fig. 6.16 – Curva do ganho estático do conversor buck-boost.

Esta técnica pode ser empregada para gerar uma


família de conversores CC-CC não isolados unidirecionais,
para qualquer célula de comutação.
185

6.4) EXEMPLO NUMÉRICO

Na Fig. 6.17 encontra-se representado o conversor


boost quadrático, com os seguintes parâmetros.

V1 = 20V ; f S = 40kHz ; L1 = L2 = 250 H ;


C1 = Co = 100 F ; Ro = 20 , D = 0,5 .

Fig. 6.17 - Circuito do exemplo numérico.

a) Descrever o funcionamento do circuito,


representando os estados topológicos e as formas
de onda relevantes;
b) Determinar o valor da tensão sobre o resistor de
carga Ro ;
c) Determinar a potência entregue ao resistor de
carga Ro .

Resolução

a) O circuito possui dois estados topológicos,


representados na Fig. 6.18 e na Fig. 6.19.
186

Fig. 6.18 - Primeiro estado topológico.

Fig. 6.19 - Segundo estado topológico.

b) O ganho estático deste conversor é dado pela


expressão (6.20).

1 1
G= = (6.20)
1 − F ( D) 1 − 2 D + D 2

Portanto a tensão de saída é calculada como segue.

V1
Vo = GV1 = = 80V (6.21)
1 − 2D + D2

c) A potência entregue ao resistor de saída é


calculada pela equação (6.22).

Vo2
Po = = 320W (6.22)
Ro
187

6.5) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Na Fig. 6.20 é mostrado o conversor buck-boost,


gerado pela célula de comutação mostrada na Fig.
6.12.

Fig. 6.20 - Circuito do exercício proposto número 1.

Sejam os seguintes parâmetros:


V1 = 20V ; L1 = L2 = 500 H ; C1 = Co = 500 F ; Ro = 5
D = 0,5 .
Determinar:
a) O valor da tensão Vo ;
b) O valor da potência dissipada no resistor Ro ;
c) O valor médio da corrente no indutor L1 ;
d) O valor médio da corrente no indutor L2 .

Respostas:

a) Vo = 60V
b) Po = 720W
c) I L1med = 48 A
188

d) I L2 med = 24 A

2) Seja o conversor abaixador mostrado na Fig. 6.21,


operando com os seguintes parâmetros:
V1 = 50V ; f S = 40kHz ; L1 = L2 = 500 H ;
C1 = Co = 100 F ; D = 0,5 ; Ro = 2,5 .

Fig. 6.21 - Circuito do exercício proposto número 2.

Realizar as seguintes atividades:


a) Descrever a operação do conversor representando
os estados topológicos e as principais formas de
onda;
b) Deduzir a expressão do ganho estático do
conversor;
c) Calcular a tensão e a potência no resistor de carga
Ro .

O conversor opera em regime permanente e no modo


de condução contínua.
189

Respostas:

a)

Fig. 6.22 - Primeiro estado topológico.

Fig. 6.23 - Segundo estado topológico.

b) G = D 2 = 0, 25
c) Vo = 12,5V e Po = 62,5W
190

CAPÍTULO - 7

CONVERSORES CC-CC A CAPACITOR


CHAVEADO, EMPREGANDO A CÉLULA
DE COMUTAÇÃO LADDER

7.1) CÉLULA DE COMUTAÇÃO LADDDER

A célula de comutação ladder encontra-se


representada na Fig. 7.1, e os sinais de comando dos
interruptores são mostrados na Fig. 7.2. É composta por dois
interruptores ativos (normalmente MOSFETs), dois diodos e
três capacitores. Para simplificação da análise, um único
resistor R é empregado para representar todas as perdas de
condução dos componentes da célula.

Fig. 7.1 – Célula de comutação ladder.


191

Fig. 7.2 – Sinais de comando da célula de comutação ladder.

De acordo com as leis que regem o comportamento


dos circuitos elétricos, é possível remover o capacitor C 1 (ou
C 2 ) sem que as propriedades fundamentais da célula sejam
alteradas.

7.2) CONVERSOR CC-CC LADDER

Com o emprego desta célula, como já foi mencionado,


podemos gerar três conversores CC-CC unidirecionais não
isolados, já denominados de buck, boost e buck-boost,
representados na Fig. 7.3, na Fig. 7.4 e na Fig. 7.5,
respectivamente.

O ganho estático do conversor buck, com todos os


componentes idealizados, é dado pela expressão (7.1), que
também define a função de comutação F(D) . O ganho do
conversor é portando constante e imune à razão cíclica. A
representação em função de D é mantida para preservar a
nomenclatura única para todas as células de comutação.

G = 1/ 2 = F(D) (7.1)
192

Fig. 7.3 – Conversor buck gerado pela célula ladder.

Fig. 7.4 – Conversor boost gerado pela célula ladder.

O ganho estático do conversor boost gerado pela


célula é dado pela expressão (7.2), sendo idealmente
constante e igual a dois.

1 1
G= = =2 (7.2)
1 − F(D) 1 − 0, 5

Vo
G= =2 (Ganho ideal)
V1
193

Fig. 7.5 – Conversor buck-boost gerado pela célula ladder.

O ganho estático idealizado do conversor buck-boost


desta mesma família é definido pela expressão (7.3), sendo
então igual à unidade.

Vo F(D) 0, 5
G= = = =1 (7.3)
V1 1 − F(D) 0, 5

Os conversores reais possuem perdas. Portanto, os


ganhos idealizados são válidos apenas para operação sem
carga. O efeito das perdas de condução é analisado na seção
apresentada a seguir.

7.3) ANÁLISE DO CONVERSOR ABAIXADOR (BUCK)

O conversor abaixador ou buck é reapresentado na


Fig. 7.6, e seus sinais de comando na Fig. 7.7. Possui dois
estados topológicos em um período de operação, cujos
194

circuitos equivalentes estão representados na Fig. 7.8 e na


Fig. 7.9, respectivamente.

Fig. 7.6 – Conversor abaixador.

Fig. 7.7 – Sinais de comando do conversor abaixador.

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

Fig. 7.8 – Primeiro estado topológico do conversor abaixador.


195

O circuito equivalente para o primeiro estado


topológico é mostrado na Fig. 7.8 e seu comportamento é
descrito pela equação diferencial (7.4).

dVC V1 − Vo − VC
iC = C = (7.4)
dt R

Multiplicando-se ambos os termos da equação pela


razão cíclica D obtém-se a expressão (7.5).

DC
dVC ( V − Vo − VC )
=D 1 (7.5)
dt R

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

Durante o segundo estado topológico, que se encontra


representado na Fig. 7.9, o comportamento do circuito é
regido pela equação diferencial (7.6).

Fig. 7.9 – Segundo estado topológico do conversor abaixador.

dVC − ( VC − Vo )
iC = −iR = C = (7.6)
dt R

Multiplicando ambos os termos por ( 1 − D ),


encontramos a expressão (7.7).
196

dVC ( V − Vo )
(1 − D ) C dt
= − (1 − D ) C
R
(7.7)

Somando (7.5) e (7.7) obtemos (7.8).

= D ( V1 − Vo − VC ) − (1 − D ) ( VC − Vo )
dVC
RC (7.8)
dt

dVC
Em regime permanente = 0 . Portanto:
dt

D ( V1 − Vo − VC ) − (1 − D ) ( VC − Vo ) = 0 (7.9)

Com a manipulação algébrica adequada obtemos a


expressão (7.10), que representa o valor médio quase
instantâneo da tensão sobre o capacitor flutuante C .

VC = DV1 + ( 1 − 2D ) Vo (7.10)

Para D = 0, 5 obtemos a expressão (7.11).

V1
VC = (7.11)
2

Vamos em seguida obter o circuito equivalente do


conversor operando em regime permanente, para valores
médios.

O circuito equivalente, para o primeiro intervalo de


operação, é matematicamente representado pela expressão
(7.5), fazendo dVC dt = 0 , e é mostrado na Fig. 7.10-a.
197

Do mesmo modo, circuito equivalente para o segundo


intervalo de operação é matematicamente representado pela
expressão (7.7), fazendo dVC dt = 0 , e é mostrado na Fig.
7.10-b.

(a) (0, DTs) (b) (DTs, Ts)


Fig. 7.10 – Circuitos equivalentes para valores médios, para os dois estados
topológicos do conversor abaixador.

Io
Como I1 = I 2 = , pois em regime permanente o valor
2
médio da corrente no capacitor IC = 0 , obtemos o circuito
final mostrado na Fig. 7.11.

Fig. 7.11 – Circuito equivalente para valores médios para operação em regime
permanente.

Portanto, a resistência do circuito equivalente é


definida pela expressão (7.12).
198

R R
Req = + (7.12)
D (1 − D )

Desse modo,

R
Req = (7.13)
D (1 − D )

A equação que determina a operação do circuito


equivalente em regime permanente é então:

R Io
V1 = + 2Vo (7.14)
D (1 − D ) 2

Desse modo, obtemos a expressão (7.15), que


representa o circuito equivalente mostrado na Fig. 7.12, onde
R
Req = . Portanto, o ganho estático do conversor é
4D (1 − D )
dado pela expressão (7.16).

V1 R
= I + Vo (7.15)
2 4D ( 1 − D ) o

Fig. 7.12 – Circuito equivalente do conversor abaixador para valores médios,


visto pelo lado da saída
199

Vo 1  Ro 
=G =   (7.16)
V1 2  Req + Ro 

Para o caso em que Req = 0 , situação em que as perdas


de condução seriam nulas, o ganho estático seria igual a 0,5,
de acordo com a expressão (7.17).

1
G= (7.17)
2

7.4) ANÁLISE DO CONVERSOR ELEVADOR (BOOST)

A topologia do conversor CC-CC elevador gerado


pela célula ladder é reapresentada na Fig. 7.13, e os sinais de
comando dos interruptores são mostrados na Fig. 7.14.

Fig. 7.13 – Conversor elevador (boost).


200

Fig. 7.14 – Sinais de comando do conversor elevador.

Em um período de funcionamento, o conversor possui


dois estados topológicos, representados na Fig. 7.15 e na Fig.
7.16, para os intervalos de tempo ( 0, DTs ) e ( DTs ,Ts )
respectivamente.

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

Fig. 7.15 – Primeiro estado topológico do conversor elevador.

Durante o primeiro estado topológico, o


comportamento do circuito é dado pela expressão (7.18).

dVC V1 − VC
iC = C = (7.18)
dt R

Multiplicando-se ambos os termos da expressão pela


razão cíclica D obtém-se a expressão (7.19).
201

DC
dVC ( V − VC )
=D 1 (7.19)
dt R

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

Fig. 7.16 – Segundo estado topológico do conversor elevador.

A equação diferencial (7.20) representa a corrente no


circuito equivalente mostrado na Fig. 7.16.

dVC − ( V1 + VC − Vo )
iC = −iR = C = (7.20)
dt R

Multiplicando ambos os termos da equação por 1 − D


obtemos a expressão (7.21).

dVC ( V + VC − Vo )
(1 − D ) C dt
= − (1 − D ) 1
R
(7.21)

Somando-se (7.19) e (7.21) obtém-se (7.22), para


valores médios quase instantâneos.

= D ( V1 − VC ) − ( 1 − D ) ( V1 + VC − Vo )
dVC
RC (7.22)
dt
202

dVC
Para operação em regime permanente, com =0,
dt
obtém-se (7.23).

D ( V1 − VC ) − ( 1 − D )( V1 + VC − Vo ) = 0 (7.23)

Com a manipulação algébrica adequada obtemos


(7.24)

DV1 − ( 1 − D ) V1 + ( 1 − D ) Vo = DVC + (1 − D ) VC (7.24)

e (7.25)

( 2D − 1) V + (1 − D ) V
1 o
= VC (7.25)

Portanto, o valor médio quase instantâneo da tensão


no capacitor flutuante é dado por (7.26).

VC = ( 2D − 1) V1 + ( 1 − D ) Vo (7.26)

Para D = 0, 5 encontramos:
Vo
VC = (7.27)
2

Com as equações (7.19) e (7.21) obtemos os circuitos


equivalentes para ambos os estágios topológicos, em termos
de valores médios, mostrados na Fig. 7.17.
203

(a) (0, DTS) (b) (DTS, TS)


Fig. 7.17 – Circuitos equivalentes para os dois estados topológicos.

Como em regime permanente IC = 0 , podemos


escrever I o = I1 = I 2 . Desse modo, o circuito equivalente
resultante encontra-se representado na Fig. 7.18.

Fig. 7.18 – Circuito equivalente para valores médios quando IC = 0 .

A resistência equivalente é definida pela expressão


(7.28).

R R
Req = + (7.28)
D 1− D

Portanto,

R
Req = (7.29)
D (1 − D )
204

O circuito equivalente final encontra-se representado


na Fig. 7.19.

Fig. 7.19 – Circuito equivalente resultante para o conversor boost operando em


regime permanente.

Desse modo,

2V1 = Vo + Req I o (7.30)

Para Req = 0 , obtém-se o ganho ideal, dado por (7.31).

Vo
G= =2 (7.31)
V1

7.5) ANÁLISE DO CONVERSOR COM


CONFIGURAÇÃO BUCK-BOOST

O conversor configurado como buck-boost, com o uso


da célula de comutação ladder, encontra-se representado na
Fig. 7.20. Um conversor buck-boost convencional, pode
elevar ou reduzir o valor da tensão de saída, em relação à
tensão de entrada, tendo ganho estático unitário para
D = 0, 5 . No caso do conversor a capacitor chaveado
205

configurado desta maneira, o ganho teórico, como será


demonstrado, é unitário. Portanto não eleva nem reduz a
tensão. Apesar disso, será neste texto denominado conversor
buck-boost, devido à sua configuração.

Fig. 7.20 – Conversor buck-boost gerado pela célula ladder.

Fig. 7.21 – Sinais de comando do conversor buck-boost.

Os dois estados topológicos encontram-se


representados na Fig. 7.22 e na Fig. 7.23.

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)


206

Fig. 7.22 – Primeiro estado topológico do conversor buck-boost.

A corrente no capacitor C, no primeiro estado


topológico, é representada pela equação diferencial (7.32).

dVC V1 − VC
iC = C = (7.32)
dt R

Ao multiplicar ambos os termos da equação pela razão


cíclica D , obtemos a expressão (7.33).

DC
dVC ( V − VC )
=D 1 (7.33)
dt R

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

Durante o segundo estado topológico, a corrente é


determinada pela equação diferencial (7.34), que ao ter
ambos os temos multiplicados por (1 − D) , resulta na
equação (7.35).
207

Fig. 7.23 – Segundo estado topológico do conversor buck-boost.

dVC − ( VC − Vo )
iC = −iR = C = (7.34)
dt R

dVC ( V − Vo )
(1 − D ) C dt
= − (1 − D ) C
R
(7.35)

Somando-se (7.33) e (7.35) obtém-se (7.36).

= D ( V1 − VC ) − (1 − D ) ( VC − Vo )
dVC
RC (7.36)
dt

dVC
Como em regime permanente = 0 , obtém-se:
dt

D ( V1 − VC ) − ( 1 − D ) ( VC − Vo ) = 0 (7.37)

Ou ainda:

DV1 + ( 1 − D ) Vo = DVC + ( 1 − D ) VC (7.38)

Portanto, o valor médio da tensão sobre o capacitor é


dado pela expressão (7.39).

VC = DV1 + ( 1 − D ) Vo (7.39)
208

Para D = 0, 5 encontramos:

V1 + Vo
VC = (7.40)
2

Os circuitos equivalentes, em regime permanente,


para os dois estados topológicos, são mostrados na Fig. 7.20-
a e na Fig. 7.20-b, enquanto que o circuito equivalente
resultante é representado na Fig. 7.20-d.

Fig. 7.24 – Circuitos equivalentes para valores médios para o conversor buck-
boost.
209

Portanto, a resistência equivalente é dada pela


expressão (7.41).

R
Req = (7.41)
D (1 − D )

O valor mínimo da resistência equivalente ocorre


para D = 0, 5 , e é dado pela expressão (7.42).

Req = 4R (7.42)

7.6) OBSERVAÇÃO SOBRE O VALOR DE VC PARA


D = 0,5

Para o conversor buck mostrado na Fig. 7.25, o valor


médio da tensão sobre o capacitor flutuante é igual à metade
do valor da tensão de entrada.

Fig. 7.25 – Conversor buck.


210

Portanto seu valor é igual à metade da tensão Vac ,


como indica a expressão (7.43).

V1 Vac
VC = = (7.43)
2 2

No caso do conversor boost, a tensão sobre o capacitor


é igual à metade do valor da tensão de carga Vo , que por sua
vez é igual a Vac .

Fig. 7.26 – Conversor boost.

Portanto, podemos escrever (7.44).

Vo Vac
VC = = (7.44)
2 2

No caso do conversor buck-boost mostrado na Fig.


7.27, a tensão sobre o capacitor C é igual à metade da soma
das tensões de entrada e saída.
211

Fig. 7.27 – Conversor buck-boost.

Podemos, portanto, escrever a expressão (7.45).

V1 + Vo Vac
VC = = (7.45)
2 2

Podemos então concluir que em todos os casos:

Vac
VC = (7.46)
2

Podemos também concluir que todos os interruptores


(ativos e passivos) são submetidos à metade do valor da
tensão Vac , que é igual à tensão de entrada para o conversor
buck e igual à tensão de saída para o conversor boost.

Esta é um dos principais atributos, senão o principal,


da célula de comutação ladder.
212

7.7) CONVERSOR LADDER DE TRÊS ESTÁGIOS

Como foi mencionado na seção anterior, os


conversores gerados pela célula ladder de dois estágios tem
como principal característica a redução dos esforços de
tensão sobre os interruptores e os capacitores, que são iguais
à metade da tensão entre os pontos extremos da célula, ou
seja, da tensão Vac .

Nesta seção vamos estudar os conversores gerados


pela célula ladder de três estágios, cujos esforços de tensão
sobre os componentes são reduzidos a um terço do valor da
tensão Vac .

Fig. 7.28 – Conversor abaixador gerado pela célula ladder de três estágios.
213

O conversor abaixador em questão encontra-se


representado na Fig. 7.28, a partir do qual podemos extrair a
célula de comutação correspondente. Os sinais de comando
dos interruptores são mostrados na Fig. 7.29.

Fig. 7.29 – Sinais de comando da célula ladder de três estágios.

Este conversor, a exemplo dos demais até agora


estudados, apresenta dois estados topológicos em cada
período de operação, que se encontram representados na Fig.
7.30 e na Fig. 7.31, para os intervalos de tempo (0, DTS ) e
(DTS ,TS ) , respectivamente.

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

No primeiro estado topológico, os interruptores S1 , S3


e S5 estão conduzindo. Energia é transferida do capacitor C 2
para a carga V o. Ao mesmo tempo, energia é transferida do
capacitor C3 para o capacitor C1 . As polaridades das tensões
e as respectivas correntes são mostradas na Fig. 7.30.
214

Fig. 7.30 – Primeiro estado topológico do conversor ladder abaixador de três


estágios.

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

No segundo estágio topológico, os interruptores S2, S4


e S6 estão conduzindo. Energia elétrica é transferida do
capacitor C1 para o capacitor C2, e da fonte V 1 para o capacitor
C3 . As polaridades das tensões e as correntes estão indicadas
na Fig. 7.31.

Fig. 7.31 –Segundo estágio topológico do conversor ladder abaixador de três


estágios.
215

Para o conversor sem perdas, ou seja, para a situação


em que R = 0 podemos escrever:

VC2 = Vo (7.47)

VC1 = VC3 (7.48)

VC2 = VC1 (7.49)

Portanto, o ganho estático do conversor é igual a um


terço, de acordo com a expressão (7.50).

Vo 1
G= = (7.50)
V1 3

Como se trata de um conversor abaixador, podemos


escrever a expressão (7.51), pois o ganho estático é igual à
função de comutação.

Vo 1
G= = = F(D) (7.51)
V1 3

Portanto:

1
F(D) = (7.52)
3

Consequentemente, o ganho do conversor elevador


gerado pela mesma célula é dado pela expressão (7.53).
216

Vo 1 3
G= = = (7.53)
V1 1 − F(D) 2

O ganho estático do conversor buck-boost


correspondente é definido pela expressão (7.54).

Vo F(D) 1
G= = = (7.54)
V1 1 − F(D) 2

Os três conversores encontram-se representados na


Fig. 7.32, na Fig. 7.33 e na Fig. 7.34, na forma canônica.

Fig. 7.32 – Conversor abaixador ladder de três estágios.


217

Fig. 7.33 – Conversor elevador ladder de três estágios.

Fig. 7.34 – Conversor buck-boost ladder de três estágios.


218

7.8) EXEMPLO NUMÉRICO

O conversor mostrado na Fig. 7.35 opera com os


seguintes parâmetros:

V1 = 40V ; C1 = 50 F ; Co = 1000 F ; D = 0,25 ;


f S = 100kHz ; Ro = 5 ; R = 100m .
Os interruptores são ideais.

Fig. 7.35 - Circuito do exemplo numérico.

Determinar:

a) Os parâmetros do circuito equivalente;


b) O valor do produto f S ;
c) O valor médio da tensão sobre o resistor de carga
Ro ;
d) A potência média entregue as resistor Ro ;
e) A eficiência do circuito;

Resolução
219

Trata-se do conversor abaixador, que foi estudado


na seção 7.3 deste capítulo.
Os cálculos são realizados como é descrito a seguir,
empregando as equações já deduzidas.

a) Resistência equivalente: Req = 0,533 ;


b) Produto f S = f S RC = 0,5 ;
Ro
c) Tensão média na carga: Vo = V1 = 18,987V
2 Ro + R e q
Vo 2
d) Potência entregue à carga: Po = = 72,104W
Ro
Po P
e) Eficiência do circuito:  = = o = 47,5%
P1 V Vo
1
Ro

7.9) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Seja o conversor CC-CC elevador de tensão gerado


pela célula ladder, mostrado na Fig. 7.36, com os
seguintes parâmetros:
Vo = 100V ; Ro = 20 ; Co = 1000 F ; C1 = 40 F ;
R = 100m ; f S = 150kHz ; D = 0,5 .
220

Fig. 7.36 - Circuito do exercício proposto número um.

Determinar o valor da tensão de alimentação V1 .


Resposta:
V1 = 51V
2) O conversor buck-boost mostrado na Fig. 7.37 opera
com os seguintes parâmetros:
V1 = 50V ; f S = 100kHz ; R = 100m ; C1 = 50 F ;
Co = 1000 F ; Ro = 5 .
Determinar o valor da razão cíclica D para que a
tensão na carga seja Vo = 45V .
221

Fig. 7.37 - Circuito do exercício proposto número dois.

Resposta:

D = 0,765

3) Na Fig. 7.38 é mostrado o conversor CC-CC elevador


de tensão a capacitor chaveado, gerado a partir da
célula de comutação ladder de três estágios. São
também mostrados os sinais de comando dos
interruptores.
222

Fig. 7.38 - Circuito e sinais de comando do exercício três.

Considere os seguintes parâmetros:


V1 = 100V ; R = 100m ; C = 50 F ; Co = 1000 F ;
Ro = 30 ; f S = 100kHz .
Considere, a título de simplificação, que o valor da
resistência do circuito equivalente seja zero.
Determine:
a) O valor da tensão Vo ;
b) A potência dissipada no resistor Ro ;
223

c) As tensões sobre os capacitores chaveados e sobre


os interruptores;
d) Determinar por simulação o valor da tensão Vo ;
e) Determinar por simulação o valor da resistência do
circuito equivalente:
Respostas:
a) Vo = 150V
b) Po = 750W
c) VC = 50V e VS = 50V
d) Vo = 146,8V
e) Req = 0, 654

REFERÊNCIAS:

[1] T. Umeno, K. Takahashi, I. Oota, F. Ueno and T.


Inoue, "New switched-capacitor DC-DC converter with low
input current ripple and its hybridization," Proceedings of the
33rd Midwest Symposium on Circuits and Systems, Calgary,
Alberta, Canada, 1990, pp. 1091-1094 vol.2.
224

CAPÍTULO - 8

ESFORÇOS DE TENSÃO E CORRENTE


NO CONVERSOR CC-CC LADDER
ABAIXADOR

8.1) FUNCIONAMENTO E FORMAS DE ONDA

O conversor CC-CC abaixador empregando a célula


de comutação ladder, estudado no Capítulo 7, é
reapresentado na Fig. 8.1. Todas as perdas de condução são
representadas pelo resistor R associado em série com o
capacitor flutuante C 1 . O capacitor de filtragem de saída é
representado por C o .

Fig. 8.1 – Conversor ladder abaixador.


225

O objetivo deste capitulo é a obtenção dos esforços de


corrente e tensão nos componentes do circuito, de tal modo
que possam ser empregadas no dimensionamento do
mesmo.

Como também já foi apresentado, em um período de


operação há dois estados topológicos, para os intervalos de
tempo (0, DTS ) e (DTS ,TS ) , mostrados na Fig. 8.2 e na Fig. 8.3
respectivamente.

Fig. 8.2 – Primeiro estado topológico do conversor ladder abaixador.

Fig. 8.3 – Segundo estado topológico do conversor ladder abaixador.


226

As formas de onda relevantes são mostradas na Fig.


8.4.

Fig. 8.4 – Formas de onda relevantes para f Sτ > 1.


227

8.2) ESFORÇOS DE TENSÃO

As tensões sobre todos os componentes são idênticas


e iguais à metade do valor da tensão da fonte de alimentação
V1 , de acordo com a expressão (8.1).

V1
VS1 = VS2 = VC1 = VD1 = VD2  Vo = (8.1)
2

8.3) ESFORÇOS DE CORRENTE

As formas de onda das correntes nos componentes do


conversor encontram-se representadas na Fig. 8.4, para
f s   1 , condição que torna a resistência equivalente do
circuito equivalente praticamente independente da
frequência de comutação do conversor.

O valor eficaz da corrente no capacitor flutuante C 1 ,


com erro insignificante, é dado pela expressão (8.2).

IC1ef  I o (8.2)

O valor eficaz da corrente no interruptor S1 é


determinado pela expressão (8.3).

IS1ef  I o D (8.3)
228

Os valores médios das correntes nos diodos D 1 e D 2


são determinados pela expressão (8.4).

Io
I D1 med = I D2 med  (8.4)
2

O valor eficaz da corrente no interruptor S 2 é


determinado pela expressão (8.5).

IS2ef  Io 1 − D (8.5)

8.4) CORRENTE NO CAPACITOR DE FILTRAGEM CO

Seja o circuito equivalente representado na Fig. 8.5-a e


as formas de onda da corrente e tensão sobre o capacitor C 1 ,
mostradas na Fig. 8.5-b.

a)

b)
229

Fig. 8.5 – a) Circuito equivalente. b) Formas de onda.

O valor entre picos da tensão sobre o capacitor é


representado com erro insignificante pela expressão (8.6),
deste que a restrição f s   1 seja respeitada.

I o Ts I
VC1 =  o (8.6)
C1 2 2C1 fs

Para a análise da componente alternada da corrente


que circula no capacitor C o , empregamos o circuito
equivalente mostra na Fig. 8.6.

a)

b)
Fig. 8.6 – a) Circuito equivalente. b) Formas de onda.
230

8.5) EXEMPLO NUMÉRICO

Vamos apresentar um exemplo numérico para um


conversor com os seguintes parâmetros:

V1 = 100V ; D = 0, 5 ; fS = 400KHz ;

R = 100m ; C1 = 50  F ;

Ro = 10 ; C o = 500  F .

Desejamos determinar:

a) Req ;
b) Vo ;
c) I o ;
d) IC ef ;
1

e) I S ef , IS ef ;
1 2

f) VS1 , VS2 , V D1 e VD2 ;


g) VC ;
1

h) I C .
o

Os cálculos, passo a passo, são mostrados a seguir.

a) Determinação de Req

Utilizando a expressão (7.15) obtemos:

R 0,1
Req = = = 0 , 1
4D (1 − D ) 2 (1 − 0 , 5 )
231

b) Valor médio da tensão de carta Vo

Utilizando a expressão (7.16) obtemos:

V1 Ro
Vo = = 49 , 5V
2 Req + Ro

c) Valor médio da tensão de carga I o

A corrente média na carga é obtida dividindo-se a


tensão pela corrente, como mostrado a seguir.

Vo
Io = = 4 , 95 A
Ro

d) Valor eficaz da corrente no capacitor flutuante IC ef


1

Com o emprego da equação (8.2) obtemos

IC1ef  I o = 4 , 95 A

e) Valores eficazes das correntes nos interruptores I S ef


1

e IS ef
2

Com o emprego das expressões (8.3) e (8.4)


obtemos

IS1ef  Io D = 3, 5A

IS2ef  Io 1 − D = 3, 5 A
232

f) Tensões sobre os interruptores VS , VS , V D e VD


1 2 1 2

Segundo a Equação (8.1) obtemos

VS1 = VS2 = VC1 = VD1 = VD2 = Vo = 49, 5V

g) Ondulação da tensão sobre o capacitor flutuante,


VC1

Com o emprego da expressão (8.6) obtemos

Io
VC1 = = 0,124V
2C1 fs

h) Ondulação da corrente no capacitor de saída.

Encontra-se essa corrente com o emprego da


equação seguinte:

VC1
ICo = = 1, 238A
Ro

A Tabela 8.1 apresenta os resultados obtidos por simulação, e a

Fig. 8.7 mostra as formas de onda da ondulação da


tensão sobre o capacitor flutuante e da corrente no capacitor
de saída.
233

Tabela 8.1 – Resultados encontrados por simulação.

Vo 49,49 V
Io 4,949 A
I C1ef 4,985 A
I S1ef 3,525 A
I S2 ef 3,525 A
VS1 50,5 V
VS 2 50,5 V
VD1 49,5 V
VD2 49,5 V

Fig. 8.7 – Formas de onda da tensão no capacitor flutuante e corrente no


capacitor da saída.
234

CAPÍTULO - 9

ANÁLISE DO CONVERSOR LADDER


ABAIXADOR COM FILTRO
CAPACITIVO NA SAÍDA

9.1) INTRODUÇÃO

Quando estudamos o conversor abaixador ladder no


Capitulo 7, substituímos o capacitor de filtragem C o da
tensão de saída associado em paralelo com o resistor de carga
Ro , por uma fonte de tensão equivalente Vo , com o objetivo
de simplificar a análise, em sua primeira abordagem.

Neste capitulo vamos empregar a técnica de valor


médio em espaço de estados para analisar esse mesmo
conversor, mantendo o capacitor de filtragem C o da tensão
de saída associado em paralelo com o resistor de carga Ro ,
tal como se encontra representado na Fig. 9.1-a. Os quatro
interruptores são considerados ideais e todas as perdas de
condução são representadas pelo resistor R associado em
série com o capacitor flutuante C 1 .
235

(a)

(b)
Fig. 9.1 – (a) Estágio de potência do conversor e (b) Sinais de comando dos
interruptores do conversor abaixador ladder.

Os sinais de comando dos interruptores são


mostrados na Fig. 9.1-b.

9.2) CIRCUITOS EQUIVALENTES PARA OS DOIS


ESTADOS TOPOLÓGICOS

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)


236

O circuito equivalente que representa o primeiro


estado topológico, para o intervalo (0, DTS ) é mostrado na
Fig. 9.2.

Fig. 9.2 – Primeiro estado topológico do conversor ladder abaixador.

As equações diferenciais (9.1) e (9.2) descrevem a


evolução em função do tempo, das tensões nos capacitores,
que são as variáveis de estado do circuito.

dVC1 V1 − VC1 − VC2


iC1 = C1 = (9.1)
dt R1

dVC1 VC2 V1 − VC1 − VC2


iC2 = C2 =− + (9.2)
dt Ro R1

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

O circuito equivalente que representa o segundo


estado topológico, para o intervalo (DTS ,TS ) , é mostrado na
Fig. 9.3.
237

Fig. 9.3 – Segundo estado topológico do conversor ladder abaixador.

O segundo estado topológico é descrito pelas


equações diferenciais (9.3) e (9.4).

dVC1  VC − VC2 
iC1 = C1 = − 1  (9.3)
dt  R1 
 

dVC2 VC1 − VC2 VC2


iC2 = C 2 = − (9.4)
dt R1 Ro

Multiplicando-se (9.1) e (9.2) por D obtém-se (9.5) e


(9.6), respectivamente.

( )
dVC1 D
DC1 = V − VC1 − VC2 (9.5)
dt R1 1

( )
dVC1 DVC2 D
DC2 =− + V − VC1 − VC2 (9.6)
dt Ro R1 1

Multiplicando-se (9.3) e (9.4) por (1 − D) obtém-se (9.7)


e (9.8), respectivamente.
238

(1 − D )
(V )
dVC2
(1 − D ) C 1
dt
=−
R1 C1
− VC2 (9.7)

(1 − D )
) ( R )V
1− D
(V
dVC2
(1 − D ) C 2
dt
=
R1 C1
− VC2 − C2
(9.8)
o

Somando-se (9.5) com (9.7) e (9.6) com (9.8), obtém-se


(9.9) e (9.10), respectivamente.

(1 − D ) V − V
( ) ( )
dVC1 D
C1 = V1 − VC1 − VC2 − C1 C2
(9.9)
dt R1 R1

( )
dVC2 D DVC2
C2 = V1 − VC1 − VC2 −
dt R1 Ro
(9.10)
(1 − D ) (1 − D ) V
+
R1
(VC1
− VC2 ) −
Ro C2

Quando o circuito opera em regime permanente, os


valores médios quase instantâneos das tensões sobre os
capacitores são nulos. Portanto:

dVC1 dVC2
= =0 (9.11)
dt dt

Com (9.9), (9.10) e (9.11) encontramos, após as devidas


manipulações algébricas, as expressões algébricas (9.12) e
(9.13).
239

−VC1 + ( 1 − 2D ) VC2 + DV1 = 0 (9.12)

(R + Ro )
(1 − 2D ) V
C1
− 1

Ro
VC2 + DV1 = 0 (9.13)

Resolvendo o sistema de equações algébricas (9.12) e


(9.13), encontramos a expressão (9.14).

V1 2D ( 1 − D ) Ro
VC2 = (9.14)
R1 + 4Ro D ( 1 − D )

Portanto:

VC2 2D ( 1 − D ) Ro
= (9.15)
V1 R1 + 4Ro D ( 1 − D )

Então podemos escrever:

VC2 1 Ro
= (9.16)
V1 2 R1 
 + Ro 
 4D ( 1 − D ) 
 

A resistência equivalente do circuito equivalente é


definida pela expressão (9.17).

R1
Req = (9.17)
4D ( 1 − D )
240

De acordo com as definições adotadas, VC2 = Vo .


Podemos então escrever a expressão (9.18), que representa o
circuito equivalente mostrado na Fig. 9.4.

Vo 1 Ro
=G = (9.18)
V1 2 Ro + Req

Fig. 9.4 – Circuito equivalente para valores médios, do conversor ladder


abaixador.

Com o emprego das equações (9.12) e (9.13) podemos


também encontrar o valor médio de VC 1 , descrito pela
expressão (9.19).

VC1 DR1 + 2Ro D ( 1 − D )


= (9.19)
V1 R1 + 4Ro D ( 1 − D )

Para a condição em que R1 = 0 obtém-se:

V1
VC1 = VC2 = (9.20)
2
241

CAPÍTULO - 10

DINÂMICA DE INICIALIZAÇÃO DOS


CONVERSORES CC-CC A CAPACITOR
CHAVEADO

10.1) DINÂMICA DOS CONVERSORES

Nos capítulos anteriores, estudamos o


comportamento dos conversores a capacitor chaveado
operando em regime permanente.

Neste capítulo estudaremos o comportamento


dinâmico do conversor CC-CC abaixador tipo ladder, cuja
topologia se encontra representada na Fig. 10.1, durante a
pré-carga dos capacitores.

Fig. 10.1 – Conversor CC-CC ladder abaixador.


242

No instante t = 0 , os interruptores S1 e S 2 são


comandados a conduzir. Inicialmente, VC (0) = VC (0) = 0 .
2 1

Desejamos obter as expressões para os valores médios


quase instantâneos das tensões Vo (t) e VC (t) .
'1

No capítulo anterior, foram obtidas as equações


diferenciais (10.1) e (10.2), que representam a dinâmica do
conversor.

(1 − D ) V − V
( ) ( )
dVC1 D
C1 = V1 − VC1 − VC2 − C1 C2
(10.1)
dt R1 R1

( )
dVC2 D DVC2
C2 = V1 − VC1 − VC2 −
dt R1 Ro
(10.2)
(1 − D ) (1 − D ) V
+
R1
(V
C1
− VC2 ) −
Ro C2

Vamos particularizar a análise para o caso em que


D = 0, 5 , por ser a condição que minimiza as perdas de
condução do conversor. A partir das expressões (10.1) e (10.2)
obtemos então as equações (10.3) e (10.4).

dVC1 1  V1 
C1 =  − VC1  (10.3)
dt R1  2 

dVC2 1  V1  VC2
C2 =  − VC2  − (10.4)
dt R1  2  Ro
243

A Equação (10.3) representa o circuito mostrado na


Fig. 10.2, enquanto que a Equação (10.4) representa o circuito
mostrado na Fig. 10.3.

Fig. 10.2 – Circuito equivalente da equação (10.3).

Fig. 10.3 – Circuito equivalente da equação (10.4).

É possível integrar os dois circuitos, resultando no


circuito equivalente mostrado na Fig. 10.4.

Fig. 10.4 – Circuito equivalente completo do conversor.


244

Como sabemos, este circuito equivalente representa a


dinâmica do conversor para valores médios quase
instantâneos.

Resolvendo as equações diferenciais (10.3) e (10.4)


obtemos as expressões (10.5) e (10.6), respectivamente,

V1  − 
t
1
VC1 (t) =  1 − e  (10.5)
2 
 

 Ro  V1  − 
t
2
VC2 (t) =     1 − e  (10.6)
R
 1 + Ro 
2 
 

R1Ro
onde 1 = R1C1 e 2 = C .
R1 + Ro 2

Para t →  , obtém-se

V1
VC1 (  ) = (10.7)
2

V1 Ro
VC1 ( ) = (10.8)
2 R1 + Ro

que são resultados já obtidos quando foi realizada a análise


estática nos capítulos anteriores.

Com o conhecimento das expressões das tensões sobre


os capacitores, utilizando técnicas usuais de análise,
podemos obter as expressões das correntes médias quase
245

instantâneas em ambos os capacitores, representadas pelas


expressões (10.9) e (10.10).
t
V −
iC1 (t) = 1 e 1 (10.9)
2R1

V1 − t 2
iC2 (t) = e (10.10)
2R1

O valor médio quase instantâneo da corrente i x é


definida pela expressão (10.11)

ix (t) = iC1 (t) + iC2 (t) + iRo (t) (10.11)

Ao substituir as expressões (10.9) e (10.10) em (10.11),


obtemos a expressão (10.12).

1  − 
t t t
V1 − 1 V1 − 2 V1 2
ix (t) = e + e +  1 − e  (10.12)
2R1 2R1 2 R1 + Ro  
 

O valor médio quase instantâneo da corrente na fonte


V1 é definido pela expressão (10.13),

ix (t)
i1 (t) = (10.13)
2

cujo valor de pico é dado pela expressão (10.14).

V1
i1p = (10.14)
R1
246

As equações indicam que as correntes necessárias para


a realização da pré-carga dos capacitores podem ser muito
elevadas, comprometendo a integridade dos interruptores.
Por isso, técnicas apropriadas de limitação dessas correntes
iniciais devem ser empregadas, sobretudo se a impedância
interna da fonte de entrada V1 for muito baixa, como é caso
das baterias.

Em um projeto é necessário empregar técnicas


apropriadas para limitar essas correntes de pré-carga dos
capacitores.

10.2) FORMAS DE ONDA OBTIDAS POR SIMULAÇÃO

Seja o conversor representado na Fig. 10.5, com os


sinais de comando mostrados na Fig. 10.6.

Fig. 10.5 – Conversor CC-CC ladder abaixador.


247

Fig. 10.6 – Sinais de comando do conversor CC-CC ladder abaixador.

Vamos considerar os seguintes parâmetros:

V1 = 100 V , D = 1/ 3 , f S = 400kHz , R = 0,1

Ro = 10  e C1 = C2 = 100 F .

Segundo (10.5) e (10.6), os valores médios quase


instantâneos das tensões nos capacitores são representadas
por

V1  −   
t t

1 10 
VC1 (t) =  1 − e  = 50  1 − e V
2   
   

 Ro  V1  −   
t t

2 9,9 
VC2 (t) =   
  1 − e  = 49,505  1 − e V .

 R1 + Ro  2    

Em regime permanente,

VC1 = 50 V

VC2 = 49, 505V


248

A corrente ix (t ) , representada em (10.12), é


apresentada a seguir:

1  − 
t t t
V1 − 1 V1 − 2 V1 2
ix (t) = e + e +  1− e 
2R1 2R1 2 R1 + Ro  
 


t
10 

t
9,9 
 −
t
9,9 

ix (t) = 500e + 500e + 4,9505  1 − e A
 
 

Em regime permanente seu o valor igual a

ix = 4,9505A .

As principais formas de onda do conversor CC-CC


ladder abaixador são apresentadas na Fig. 10.7.

Fig. 10.7 – Formas de onda do conversor CC-CC ladder abaixador.


249

10.3) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Na Fig. 10.8 encontra-se representado o conversor CC-


CC elevador de tensão gerado pela célula ladder.

Fig. 10.8 - Circuito dos exercícios um e dois.

Com o emprego da técnica do valor médio em espaço


de estados obter o circuito equivalente que representa
o comportamento dinâmico do conversor durante o
intervalo de tempo em que ocorre a pré-carga dos
capacitores C1 e C2 .
Resposta:

Fig. 10.9 - Circuito equivalente.


250

2) No circuito da Fig. 10.8 considere os seguintes


parâmetros:
V1 = 40V ; D = 0,5 ; C1 = 100 F ; R = 100m ;
Co = 500 F ; Ro = 20 ; f S = 100kHz .
a) Determinar as expressões que representam VC1 (t ) e
VC2 (t ) ;
b) Determinar a expressão da corrente i1 (t ) , durante
o transitório de pré-carga dos capacitores;
c) Verificar os resultados por simulação.

Respostas:

a) VC1 (t ) = 39, 22 + 1,89e−105254,61t − 41,11e−4845,39tV


VC2 (t ) = 78, 43 − 0, 2e−105254,61t − 78, 23e−4845,39tV

b) i (t ) = 19,92 ( e −4845,39t − e −105254,61t ) A

3) Repetir o exercício 2 empregando D = 0,25 . Comparar,


interpretar e discutir os resultados.

Respostas:

VC1 (t ) = 38, 42 − 120,55e −3389,93t + 3,84e −111512,88t +


a)
+16,12e −111627,46t + 62,56e −3514,97 tV

b) VC2 (t ) = 77,92 − 3,06e−111651,78t − 74,86e−3448,22tV


251

i(t ) = 40,87e−3389,93t − 42,85e−111512,88t − 179,96e−111627,46 t −


c)
−21,99e−3514,97 t A

O leitor é convidado a verificar a validade dos


resultados obtidos, com o emprego de simulação
numérica.
252

CAPÍTULO - 11

INTRODUÇÃO AOS CONVERSORES


CC-CC HÍBRIDOS NÃO ISOLADOS

11.1) INTRODUÇÃO

Os conversores híbridos são gerados pela integração


de conversores convencionais com conversores a capacitor
chaveado.

Na Fig. 11.1 encontra-se representada a célula de


comutação convencional e na Fig. 11.2 é mostrada a célula de
comutação que gera os conversores CC-CC a capacitor
chaveado do tipo ladder.

Fig. 11.1 – Célula de comutação convencional.


253

Fig. 11.2 – Célula de comutação a capacitor chaveado tipo ladder.

A célula de comutação híbrida, resultado da


integração da célula convencional com a célula ladder, é
mostrada na Fig. 11.3.

Fig. 11.3 – Célula de comutação híbrida, resultante da integração da célula


convencional com a célula ladder.
254

Como será demonstrado neste texto, os conversores


híbridos, gerados pela célula de comutação híbrida, podem
ser controlados através da razão cíclica, porém submetem os
componentes do circuito à metade do valor da tensão Vac .
Portanto a principal característica de cada célula de
comutação original é preservada na célula híbrida resultante.

11.2) FAMÍLIA DE CONVERSORES CC-CC HÍBRIDOS


NÃO ISOLADOS TIPO LADDER

a) Conversor boost

O conversor boost hibrido [1], gerado pela célula de


comutação representada na Fig. 11.3, encontra-se
representado na Fig. 11.4. Demonstraremos mais adiante que
o ganho estático deste conversor é determinado pela
expressão (11.1). O resistor R representa as perdas de
condução dos interruptores.

2
G= (11.1)
1− D
255

Fig. 11.4 – Conversor boost híbrido tipo ladder.

Este mesmo conversor boost, redesenhado, encontra-


se representado na Fig. 11.5.

Fig. 11.5 – Conversor boost hibrido tipo ladder.

b) Conversor buck

O conversor buck hibrido, gerado pela mesma célula


de comutação, é mostrado na Fig. 11.6, cujo ganho estático é
representado pela expressão (11.2).
256

1+ D
G= (11.2)
2

Fig. 11.6 – Conversor buck híbrido.

Na Fig. 11.7 é mostrado este mesmo conversor buck


hibrido, desenhado da forma mais usual.

Fig. 11.7 – Conversor buck híbrido.

c) Conversor buck-boost

O conversor buck-boost desta família é mostrado na


Fig. 11.8. Seu ganho estático é determinado pela expressão
257

(11.3) e sua forma usual de representação é mostrada na Fig.


11.9.

1+ D
G= (11.3)
1− D

Fig. 11.8 – Conversor buck-boost híbrido.

Fig. 11.9 – Conversor buck-boost hibrido.

11.3) CONVERSORES HÍBRIDOS KUWABARA-


HIYACHIKA (1988) [2]
258

a) Conversor Elevador de Tensão

No ano de 1988 foi publicado o artigo citado na


referência [2], que apresentou uma família de conversores cc-
cc não isolados híbridos. O conversor elevador (boost) dessa
família é mostrado na Fig. 11.10 e seu ganho estático é dado
pela expressão (11.4).

Vo 2 − D
G= = (11.4)
V1 1 − D

Fig. 11.10 – Conversor híbrido elevador Kuwabara-Hiyachica.

A representação gráfica do ganho estático deste


conversor é mostrada na Fig. 11.11.
259

Fig. 11.11 – Ganho em relação a razão cíclica do conversor elevador híbrido


Kuwabara-Hiyachica.

A célula de comutação correspondente encontra-se


representada na Fig. 11.12.

Fig. 11.12 – Célula de comutação Kuwabara-Hiyachica.

A representação alternativa e mais usual do conversor


elevador de tensão é mostrada na Fig. 11.13.
260

Fig. 11.13 – Conversor híbrido elevador Kuwabara-Hiyachica.

b) Conversor Abaixador de Tensão

O conversor abaixador de tensão ou buck, gerado pela


célula híbrida Kuwabara-Hiyachica, é mostrado na Fig.
11.14, cuja representação alternativa encontra-se
representada na Fig. 11.15.

Fig. 11.14 – Conversor híbrido abaixador Kuwabara-Hiyachica.


261

Fig. 11.15 – Conversor abaixador híbrido Kuwabara-Hiyachica.

Pode-se demonstrar que o conversor abaixador tem


seu ganho estático representado pela expressão (11.5).

Vo 1
G= = (11.5)
V1 2 − D

Portanto, a função de comutação é dada pela


expressão (11.6).

1
F(D) = (11.6)
2− D

O ganho estático do conversor buck é representado


graficamente na Fig. 11.16. Pode-se observar que seu valor
encontra-se no intervalo 0, 5  G  1 .
262

Fig. 11.16 – Ganho em função da razão cíclica do conversor abaixador híbrido


Kuwabara-Hiyachica.

c) Conversor Inversor de Polaridade

O terceiro e último conversor gerado pela célula de


comutação Kuwabara-Hiyachica é mostrado na Fig. 11.17.
Sua configuração é a de um conversor buck-boost. Porém,
devido à natureza dessa célula e de suas propriedades, o
valor absoluto da tensão de carga é dado pela expressão
(11.7), portanto sempre maior que a unidade.

Vo 1
G= =− (11.7)
V1 1− D

Obviamente, como os demais conversores do tipo


buck-boost, a tensão na carga tem polaridade negativa em
relação ao potencial negativo da tensão de entrada.
263

Fig. 11.17 – Conversor buck-boost hibrido Kuwabara-Hiyachica.

A representação alternativa deste conversor é


mostrada na Fig. 11.18.

Fig. 11.18 – Conversor híbrido inversor de polaridade Kuwabara-Hiyachica.

A representação gráfica do ganho estático em função


da razão cíclica para este conversor é mostrada na Fig. 11.19.
264

Fig. 11.19 – Ganho em relação a razão cíclica do conversor abaixador híbrido


Kuwabara-Hiyachica.

11.4) ANÁLISE SIMPLIFICADA DO CONVERSOR


BOOST HÍBRIDO GERADO PELA CÉLULA
LADDER

Nesta seção vamos apresentar uma análise


simplificada do conversor boost híbrido, gerado pela
integração da célula de comutação convencional com a célula
ladder a capacitor chaveado.

O estágio de potência deste conversor é mostrado na


Fig. 11.20 e os sinais de comando dos interruptores são
apresentados na Fig. 11.21.
265

Fig. 11.20 – Conversor boost híbrido baseado na célula ladder.

Fig. 11.21 – Sinais de comando dos interruptores do conversor boost híbrido.

Todos os componentes são submetidos à metade do


valor da tensão Vo da carga. Portanto,

Vo
VS = VD1 = VD2 = VD3 = VC1 = VC2 = (11.8)
2

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

O primeiro estado topológico deste conversor, para o


intervalo (0,DTS) é mostrado na Fig. 11.22. As relações entre
as tensões são definidas pelas expressões (11.9) e (11.10).
266

Fig. 11.22 – Primeiro estado topológico do conversor boost híbrido.

VL = V1 (11.9)

VC2 = VC1 (11.10)

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

O segundo estado topológico deste conversor, para o


intervalo (DTS,TS) é mostrado na Fig. 11.23. As relações entre
as tensões são definidas pelas expressões (11.11) e (11.12).

Fig. 11.23 – Segundo estado topológico do conversor boost híbrido.

VL = VC1 − V1 (11.11)

Vo = VC1 + VC2 (11.12)


267

Portanto,

Vo = 2VC1 (11.13)

Com as equações (11.8) e (11.10) obtém-se:

V 
DV1 = (1 − D )  o − V1  (11.14)
 2 

Portanto, o ganho do conversor é:

Vo 2
G= = (11.15)
V1 1 − D

Como

Vo 1
= (11.16)
V1 1 − F(D)

Obtemos a função de comutação, definida pela


expressão (11.17).

1+ D
F(D) = (11.17)
2

11.5) ANÁLISE SIMPLIFICADA DO CONVERSOR


BOOST HÍBRIDO GERADO PELA CÉLULA
KUWABARA-HIYACHIKA

Nesta seção iremos descrever o funcionamento e


deduzir a expressão do ganho estático do conversor boost
268

hibrido baseado na célula Fujitsu, que se encontra


representado na Fig. 11.24, com os sinais de comando
mostrados na Fig. 11.25.

Fig. 11.24 – Conversor boost híbrido baseado na célula Kuwabara-Hiyachica.

Fig. 11.25 – Sinal de comando do interruptor do conversor representado na Fig.


11.24.

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

No primeiro estado topológico, que ocorre no


intervalo de tempo (0, DTs ) , o interruptor S encontra-se
habilitado e conduzindo. O diodo D 1 encontra-se
conduzindo e o diodo D 2 bloqueado. Nesta descrição da
operação do conversor, estamos considerando os
componentes ideais ou sem perdas.
269

Sob a hipótese de que a resistência do resistor R seja


nula, o circuito equivalente para este estado topológico
encontra-se representado na Fig. 11.26.

Estamos considerando apenas o caso mais genérico


em que a condução seja contínua, ou seja, a corrente no
indutor L nunca se anula.

Fig. 11.26 – Circuito equivalente para o primeiro estado topológico do


conversor boost híbrido.

As tensões sobre o indutor L e sobre o capacitor C são


iguais à tensão de entrada V1 e representadas pelas
expressões (11.18) e (11.19), respectivamente.

VL = V1 (11.18)

VC = V1 (11.19)

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

Durante o segundo estado topológico, que ocorre no


intervalo de tempo (DTs ,Ts ) o interruptor S e o diodo D 1
encontram-se bloqueados e o diodo D 2 conduzindo. Sob as
hipóteses simplificativas já descritas, este estado topológico
é representado pelo circuito equivalente mostrado na Fig.
11.27.
270

Fig. 11.27 – Circuito equivalente para o segundo estado topológico do conversor


boost híbrido.

A equação das tensões de malha nos permite escrever


a expressão (11.20).

VL = Vo − V1 − VC (11.20)

Como o conversor encontra-se operando em regime


permanente, o valor médio da tensão sobre o indutor é nulo,
ou seja, V L = 0 . Portanto, igualando-se a expressão (11.18)
multiplicada por D com a expressão (11.20) multiplicada por
( 1 − D ) obtém-se a expressão (11.21).
DV1 = ( 1 − D )( −V1 − VC + Vo ) (11.21)

Desse modo,

DV1 = ( 1 − D )( −2V1 + Vo ) (11.22)

Portanto, o ganho estático do conversor é definido


pela expressão (11.23).

2− D
G= (11.23)
1− D
271

1
Como, para qualquer conversor boost, G = ,
1 − F(D)
com a manipulação algébrica apropriada obtemos a função
de comutação desta célula de comutação, representada pela
expressão (11.24).

1
F(D) = (11.24)
2− D

REFERÊNCIAS:

[1] J. C. Rosas-Caro, J. M. Ramirez and P. M. Garcia-


Vite, "Novel DC-DC Multilevel Boost Converter," 2008 IEEE
Power Electronics Specialists Conference, Rhodes, 2008, pp.
2146-2151.

[2] K. Kuwabara and E. Hiyachika, "Switched-


capacitor DC-DC converters," 10th International
Telecommunications Energy Conference, San Diego, California,
USA, 1988, pp. 213-218.
272

CAPÍTULO - 12

ANÁLISE DO CONVERSOR BOOST


HÍBRIDO

12.1) TOPOLOGIA E ESTADOS TOPOLÓGICOS

O estágio de potência do conversor boost híbrido


gerado pela célula ladder, apresentado no Capitulo 11,
encontra-se representada na Fig. 12.1.

Fig. 12.1 – Estágio de potência do conversor boost hibrido gerado pela célula
ladder.

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

O primeiro estado topológico, com o respectivo


circuito equivalente, é mostrado na Fig. 12.2. Neste estado
273

topológico, o interruptor S e o diodo D 2 encontram-se


conduzindo corrente, enquanto os demais diodos
encontram-se bloqueados.

Fig. 12.2 – Primeiro estado topológico do conversor boost hibrido.

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

O segundo estado topológico, com o respectivo


circuito equivalente, é mostrado na Fig. 12.3. Neste estado
topológico, o interruptor S e o diodo D 2 encontram-se
bloqueados, enquanto os demais diodos encontram-se
conduzindo corrente.

Fig. 12.3 – Segundo estado topológico do conversor boost hibrido.


274

12.2) VALOR MÉDIO DA TENSÃO SOBRE O CAPACITOR


C1

Para determinação da tensão sobre o capacitor C 1 ,


vamos recorrer às formas de onda representadas na Fig. 12.4.

Fig. 12.4 – Formas de onda do conversor boost hibrido.

Sabemos quem quando o conversor opera em regime


permanente, o valor médio da tensão sobre o indutor L é
nulo. O valor da área A1 , mostrada na Fig. 12.4 é definido
pela expressão (12.1), enquanto que o valor da área A 2 é
definido pela expressão (12.2).

A1 = V1 DTS (12.1)

(
A2 = (1 − D ) TS VC1 − V1 ) (12.2)

Para que o valor médio da tensão seja nulo, é


necessário que as duas áreas sejam iguais, de acordo com a
expressão (12.3).

A1 = A2 (12.3)
275

Substituindo (12.1) e (12.2) em (12.3), obtemos a


expressão teórica (12.4), que determina o valor da tensão
sobre o capacitor C 1 ,

VC1 1
= (12.4)
V1 1− D

que é o próprio ganho estático do conversor boost


convencional.

12.3) ANÁLISE DA CORRENTE NO INDUTOR

Durante o intervalo ( 0 , DTS ), a corrente no indutor


em função do tempo é representada pela expressão (12.5).

V1 V
i L = t = 1 DTS (12.5)
L L

Portanto o valor pico-a-pico da corrente no indutor é


determinado pela expressão (12.6).

DV1
iL = (12.6)
fS L

12.4) GANHO ESTÁTICO IDEALIZADO

De acordo com o primeiro estado topológico para o


intervalo ( 0 , DTS ), se o resistor R for ignorado, podemos
escrever a expressão (12.7).
276

VC1 = VC2 (12.7)

De acordo com o segundo estado topológico, obtemos


a expressão (12.8).

Vo = VC1 + VC2 (12.8)

Substituindo (12.7) em (12.8) obtemos (12.9), que


determina o valor da tensão na carga ou na saída do
conversor.

Vo = 2VC1 (12.9)

Portanto, após substituir (12.4) em (12.9), obtemos


(12.10).

2V1
Vo = (12.10)
1− D

Então o ganho estático do conversor é definido


pela expressão (12.11).

Vo 2
= (12.11)
V1 1 − D

Como,

Vo 1
= (12.12)
V1 1 − F(D)

podemos obter
277

1 2
= (12.13)
1 − F(D) 1 − D

ou

1− D
1 − F(D) = (12.14)
2

Portanto,

1 D
F(D) = 1 − + (12.15)
2 2

Assim, a função de comutação é definida pela


expressão (12.16), se o efeito do resistor R puder ser
ignorado, como normalmente ocorre.

1+ D
F(D) = (12.16)
2

12.5) CIRCUITO EQUIVALENTE EM REGIME


PERMANENTE VISTO PELA CARGA

Na análise apresentada nas seções anteriores deste


capítulo, o efeito do resistor R foi ignorado. Nesta seção
vamos obter o circuito equivalente do conversor sendo
analisado, com a inclusão do resistor R .

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)


278

O circuito equivalente para o primeiro estado


topológico, com a inclusão de R , é mostrado na Fig. 12.5.

Fig. 12.5 – Primeiro estado topológico do conversor boost hibrido.

O comportamento do circuito para este estado


topológico é descrito pelas equações diferenciais (12.17) e
(12.18).

di
VL = L = V1 (12.17)
dt

VC1 − VC2
iR = (12.18)
R

Podemos então escrever as expressões (12.19) e


(12.20).

dVC1  VC − VC2 
iC1 = C1 = −i R = −  1  (12.19)
dt  R 
 

dVC2  VC − VC2 
iC2 = C2 = iR =  1  (12.20)
dt  R 
 

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)


279

O circuito equivalente para o segundo estado


topológico é mostrado na Fig. 12.6, cujo comportamento é
representado pelas equações (12.21) e (12.22).

Fig. 12.6 – Segundo estado topológico do conversor boost híbrido.

di
VL = L = V1 − VC1 (12.21)
dt

VC1 + VC2 − Vo
iR = (12.22)
R

Podemos então escrever as equações (12.23) e


(12.24).

dVC1  VC + VC2 − Vo 
iC1 = C1 = i L − iR = i L −  1  (12.23)
dt  R 
 

dVC2  VC + VC2 − Vo 
iC2 = C2 = −i R = −  1  (12.24)
dt  R 
 

Os valores médios quase instantâneos das variáveis de


estado para o primeiro estado topológico são representados
pelas expressões (12.25), (12.26) e (12.27).
280

di
DL = DV1 (12.25)
dt

dVC1  VC − VC 
DC1 = −D  1 2
 (12.26)
dt  R 
 

dVC2  VC − VC 
DC2 = D 1 2
 (12.27)
dt  R 
 

Do mesmo modo, os valores médios das variáveis de


estado para o segundo estado topológico são definidos pelas
expressões (12.28), (12.29) e (12.30).

(1 − D ) L di = (1 − D ) ( V 1
− VC1 ) (12.28)
dt

dVC1   VC + VC − Vo  
(1 − D ) C1 dt
= (1 − D )  iL −  1
  R
2
  (12.29)

  

dVC2  VC + VC − Vo 
(1 − D ) C 2
dt
= − (1 − D )  1
 R
2


(12.30)
 

Somando-se (12.25) com (12.28) obtém-se (12.31).

L
diL
dt
(
= DV1 + ( 1 − D ) V1 − VC1 ) (12.31)

diL
Em regime permanente L = 0 . Portanto,
dt
281

VC1 1
= (12.32)
V1 1− D

Somando-se (12.26) com (12.29) obtém-se (12.33).

( )
dVC1
V − VC2 + (1 − D ) iL
D
C1 =−
dt R C1 (12.33)
(1 − D ) V + V − V

R C1 C2 o ( )
dVC1
Como em regime permanente C1 = 0 , obtém-se:
dt
(1 − D )
R
(V C1
+ VC2 − Vo )
(12.34)
+
D
R C1
(
V − VC2 = ( 1 − D ) iL )
Assim,

(1 − D ) ( V C1
+ VC2 − Vo ) (12.35)
( )
+ D VC1 − VC2 = (1 − D ) RiL

V1
Mas VC = . Portanto,
1
1− D

DVC1 − DVC2 + ( 1 − D ) VC1 + (1 − D ) VC2


(12.36)
− ( 1 − D ) Vo = ( 1 − D ) RiL

Desse modo, obtemos a expressão (12.37).


282

DV1 (1 − D ) VC1
− DVC2 + + ( 1 − D ) VC2
(1 − D ) (1 − D ) (12.37)
− ( 1 − D ) Vo = ( 1 − D ) RiL

Com a manipulação algébrica adequada obtemos


(12.38).

V1
+ (1 − 2D ) VC2 − (1 − D ) Vo = (1 − D ) RiL (12.38)
1− D

Combinando (12.27) e (12.30) encontramos (12.39).

(1 − D ) V + V − V
( ) ( ) (12.39)
dVC2 D
C2 = VC1 − VC2 − C1 C2 o
dt R R
Como o conversor encontra-se operando em regime
dVC2
permanente, = 0 . Portanto:
dt

DVC1 − DVC2 − (1 − D ) VC1


(12.40)
− ( 1 − D ) VC2 + (1 − D ) Vo = 0

Ou ainda:

VC1 ( D − 1 + D ) + VC2 ( − D − 1 + D ) + Vo (1 − D ) = 0 (12.41)

Assim,

VC1 ( 2D − 1) − VC2 + Vo (1 − D ) = 0 (12.42)

Portanto:
283

VC2 = ( 1 − D ) Vo − VC1 (1 − 2D ) (12.43)

V1
Como VC1 = obtemos (12.44).
1− D

VC2 = ( 1 − D ) Vo − V1
(1 − 2D ) (12.44)
(1 − D )
Encontramos então o sistema de equações algébricas,
representado pelas equações (12.45) e (12.46).

V1
+ ( 1 − 2D ) VC2 − ( 1 − D ) Vo = ( 1 − D ) RiL (12.45)
1− D

VC2 = ( 1 − D ) Vo − V1
(1 − 2D ) (12.46)
(1 − D )
De acordo com o princípio da conservação de carga,
podemos escrever:

Io
I1 = (12.47)
1− D

onde I1 = iL é o valor médio da corrente na fonte V1 , e I o é o


valor médio da corrente na fonte Vo .

Substituindo (12.47) e (12.46) em (12.45) e resolvendo


o sistema de equações, encontramos o valor da tensão na
carga, representado pela expressão (12.48).
284

2V1 R
Vo = − I (12.48)
(1 − D ) 2D (1 − D ) o
Esta expressão representa o circuito equivalente do
conversor visto pela carga, mostrado na Fig. 12.7, cuja
resistência equivalente é definida pela expressão (12.49).

R
Req = (12.49)
D (1 − D )

Fig. 12.7 – Circuito equivalente do conversor boost hibrido.

A equação (12.49) indica que as perdas de condução


dependem da razão cíclica D e que são mínimas quando
D = 0, 5 .

A solução do sistema de equações algébricas também


nos permite obter a expressão (12.50), que representa o valor
médio da tensão VC2 , sobre o capacitor C 2 .

V1 R
VC2 = − I (12.50)
1 − D 2D o
285

12.6) EMPREGO DO CONVERSOR BOOST HÍBRIDO EM


CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA

Uma das mais populares aplicações do conversor


boost convencional é o retificador com fator de potência
unitário (PFC), que se encontra representado na Fig. 12.8,
com a inclusão da malha de controle da corrente.

Fig. 12.8 – Retificador monofásico com correção do fator de potência,


empregando o conversor boost convencional.

A tensão alternada de entrada, em função do ângulo


teta, é representada pela expressão V1 ( ) = Vp sen( ) . Para o
funcionamento correto deste conversor, é necessário que
Vo   Vp , sendo em geral escolhido dentro do intervalo
1,2    1,4 . Para V1ef = 220 V e Vp = 311V é comum adotar
Vo = 400 V . A Fig. 12.9 mostra as formas das tensões de
entrada e saída.
286

Fig. 12.9 – Formas de onda do retificador monofásico com correção do fator de


potência, empregando o conversor boost convencional.

Numa aplicação onde se deseja um valor de Vo mais


elevado, deve-se utilizar um estágio de processamento
adicional, normalmente outro conversor boost.

Porém, com o emprego do conversor boost híbrido


estudado neste capítulo, obtém-se tensão de saída mais
elevada, sem a necessidade do emprego de um segundo
estágio de conversão estática de energia.

Na Fig. 12.10 é mostrada a representação esquemática


de um retificador monofásico empregando o conversor boost
híbrido baseado na célula ladder.

Fig. 12.10 – Retificador monofásico empregando o conversor boost híbrido


gerado pela célula ladder.
287

Seja Vo = 400 V . Portanto VC = 200 V . Desse modo,


1

para o correto funcionamento,

VC1 Vo
Vp = = (12.51)
 2

Assim, para   1,286 obtém-se Vp = 155, 5 V e


V1ef = 110 V . Então, com o emprego desta topologia, obtém-
se Vo = 400 V , com uma tensão de entrada de V1ef = 110 V ,
enquanto que com o emprego do conversor boost
convencional, para essa tensão de entrada a tensão de saída
seria Vo = 200 V . Além dessa propriedade, todos os
componentes do estágio de potência são submetidos a uma
tensão igual à metade do valor da tensão de saída Vo .

A Fig. 12.11 apresenta as principais formas de onda do


retificador monofásico empregando o conversor boost
híbrido gerado pela célula ladder.

Fig. 12.11 – Formas de onda do retificador monofásico com correção do fator de


potência, empregando o conversor boost convencional.
288

12.7) EXEMPLO NUMÉRICO

Seja um conversor CC-CC boost híbrido com célula


ladder, com os seguintes parâmetros:

V1 = 100V ; fS = 200KHz; D = 0, 5; C o = 500  F ;

L = 500H; C1 = 50  F ; C 2 = 50  F ; R = 0,1 ;

Ro = 50 .

Determinar os valores das seguintes grandezas:

(a) Resistência equivalente Req ;

(b) Tensão de saída Vo ;

(c) Corrente de carga I o ;

(d) Tensões nos capacitores, Vc1 e Vc 2 ;

(e) Potências de entrada e saída P1 e P2 ;

(f) Rendimento  ;

(g) Corrente de entrada I 1 .

Resolução

(a) Resistência equivalente


R
Req = = 0,4
D (1 − D )
289

(b) Valor médio da tensão na carga


 2V1   Ro 
Vo =    = 396,825V
 1 − D   Ro + Req 

(c) Valor médio da corrente na carga


Vo
Io = = 7,937A
Ro

(d) Valores médios das tensões sobre os


capacitores C 1 e C 2 .

V1
VC1 = = 200V
1− D

V1 R
VC2 = − I = 199, 20V
1 − D 2D o

(e) Potência dissipada no resistor de carga Ro .

Po = Vo I o = 3,149  10 3 W

(f) Potência entregue pela fonte V1 ao circuito

( )
P1 = Req + Ro I o 2 = 3,175  10 3 W

(g) Eficiência do conversor

Po
= = 0,992
P1
290

(h) Valor médio da corrente na fonte V1


P1
I1 = = 31,746A
V1
291

CAPÍTULO - 13

CONVERSORES CC-CC HÍBRIDOS


BIDIRECIONAIS

13.1) CONVERSOR BIDIRECIONAL CONVENCIONAL

Os conversores bidirecionais, isolados ou não, são


muito importantes nas mais diversas aplicações, dentre as
quais podemos destacar carregadores de baterias,
microrredes de corrente continua, aplicações automotivas,
aplicações aeronáuticas e espaciais, etc.

Na Fig. 13.1 é mostrado o conversor bidirecional não


isolado mais conhecido, capaz de controlar o fluxo de
potência entre as duas fontes de tensão contínua, V1 e V2 .

Fig. 13.1 – Conversor CC-CC bidirecional convencional.


292

O correto funcionamento deste conversor exige que o


valor da tensão da fonte V2 seja maior que a tensão da fonte
V1 .

Os sentidos do fluxo de potência são definidos assim:

• Para IL  0 , P1  0 , ou seja, potência é


transferida da fonte V1 para a fonte V2 ;
• Para I L  0 , P1  0 , ou seja, a potência é
transferida da fonte V2 para a fonte V1 ;

Para encontrar um circuito equivalente simplificado


do conversor, para valores médios, e assim obter o valor da
corrente I L em função da razão cíclica D, é necessário
analisar as etapas de operação do conversor, apresentadas na
Fig. 13.2, em que o resistor R representa as perdas de
condução.

Para as etapas de operação apresentadas, foi


considerado o conversor operando em regime permanente,
onde I L  0 , sendo então a potência transferida da fonte V1
para a fonte V2 .

A Figura Fig. 13.3 apresenta os sinais de comando dos


interruptores do conversor CC-CC bidirecional, e as formas
de onda no indutor do conversor CC-CC bidirecional
convencional.
293

a) (0, DTs) b) (DTs, Ts)

Fig. 13.2 – Etapas de operação do conversor CC-CC bidirecional convencional.

Fig. 13.3 – Sinais de comando do conversor CC-CC bidirecional convencional.

Analisando-se as formas de onda e as etapas de


operação, obtém-se as equações (13.1) e (13.2) que descrevem
o comportamento das grandezas elétricas do circuito.

diL
L = V1 − iL R (13.1)
dt
diL
L = V1 − V2 − iL R (13.2)
dt
294

Multiplicando-se (13.1) por D e (13.2) por (1-D) obtém-


se (13.3) e (13.4).

diL
DL = DV1 − DiL R (13.3)
dt

= (1 − D ) (V1 − V2 − iL R )
diL
(1 − D ) L (13.4)
dt

Como o circuito opera em regime permanente,

diL
=0 (13.5)
dt

Portanto,

0 = DV1 − DiL R (13.6)

0 = (1 − D ) (V1 − V2 − iL R ) (13.7)

Somando-se as equações (13.6) com (13.7) obtêm-se a


equação (13.8).

0 = V1 − V2 (1 − D ) − iL R (13.8)

A equação (13.8) representa o circuito equivalente


simplificado do conversor, mostrado na Fig. 13.4, para
valores médios.
295

Fig. 13.4 – Circuito equivalente simplificado do conversor bidirecional


convencional para valores médios.

Por inspeção do circuito, podemos escreve a expressão


(13.9).

V1 − V2 ( 1 − D )
I1 = (13.9)
R

A potência fornecida pela fonte V1 é definida pela


expressão (13.10).

P1 = V1 I 1 (13.10)

Substituindo-se (13.9) em (13.10), obtém-se a


expressão (13.11).

V12 − V1V2 (1 − D )
P1 = (13.11)
R

Para I1 = 0 , obtemos:

V2 − V1
Do = (13.12)
V2

Portanto, para D  Do , I1  0 , e para D  Do , I1  0 .


Assim, através de D pode-se controlar o valor e o sinal da
296

potência transferida entre as fontes. Lembremos que o valor


de R pode ser muito pequeno, sobretudo se a eficiência do
conversor for elevada.

Portanto, tanto o valor da potência quantos os valores


das correntes são muito sensíveis ao valor da razão cíclica D

Normalmente este tipo de conversor não pode operar


sem controle da corrente de uma das fontes de tensão.

13.2) CONVERSOR BIDIRECIONAL HÍBRIDO

Na Fig. 13.5(a) é mostrado o estágio de potência do


conversor CC-CC bidirecional híbrido, resultado da
integração do conversor representado na Fig. 13.1, com a
célula ladder a conversor chaveado [1]. Os sinais de comando
dos interruptores são representados na Fig. 13.5(b).
297

a)

b)
Fig. 13.5 – Conversor CC-CC bidirecional híbrido: (a) topologia e (b) sinais de
comando dos interruptores.

A Fig. 13.6 mostra as etapas de operação do conversor


CC-CC bidirecional híbrido. A Fig. 13.6(a) e a Fig. 13.6(b)
apresentam o conversor operando no modo buck, onde a
energia da fonte V2 é transferida para a fonte V1 . Já a Fig.
13.6(c) e a Fig. 13.6(d) mostram o conversor operando no
modo boost, realizando a transferência de energia da fonte V1
para V2 .
298

a) b)

c) d)
Fig. 13.6 – Etapas de operação do conversor CC-CC bidirecional híbrido.
Estágios do modo buck: (a) armazenamento e (b) transferência. Estágios do
modo boost: (a) armazenamento e b) transferência.

A direção do fluxo de energia, para determinadas


tensões das fontes de alimentação CC, é determinada apenas
pela razão cíclica D , como no caso do conversor CC-CC
bidirecional convencional apresentado anteriormente.

As principais formas de onda para o modo de


operação boost são apresentadas na Fig. 13.7.
299

Fig. 13.7 – Principais formas de onda para o modo de operação boost.

Com o emprego da modelagem por valores médios


em espaço de estados, pode-se obter circuito equivalente
simplificado, mostrado na Fig. 13.8.

Fig. 13.8 – Circuito equivalente do conversor bidirecional híbrido.


300

Por inspeção pode-se escrever as expressões (13.13) e


(13.14), que representam a corrente na fonte V1 e a potência
processada pelo circuito.

V2
V1 −
2
(1 − D )
I1 = (13.13)
R

V12 V1V2
P1 =
R

2R
(1 − D ) (13.14)

Então, atuando-se sobre o valor da razão cíclica D ,


pode-se, a exemplo do conversor anterior, controlar o valor e
o sinal da potência P1 .

Uma característica muito desejável deste conversor é


a redução dos esforços de tensão nos interruptores e
capacitores do conversor, que são iguais à metade do valor
da tensão da fonte de maior valor V2 , fato esse traduzido pela
expressão (13.15).

Vo
VS1 = VS2 = ... = VSN = (13.15)
2

13.3) EXEMPLO NUMÉRICO

Seja um conversor CC-CC bidirecional híbrido com


célula ladder, apresentado na Fig. 13.9, com os seguintes
parâmetros:
301

V1 = 100 V ; V2 = 400 V ; R = 0,1; P1 = 500 W.

Fig. 13.9 – Conversor CC-CC bidirecional híbrido.

Determine a razão cíclica com a qual o circuito opera.

Resolução:

A corrente média na fonte V1 é calculada da maneira


indicada a seguir.
P1 500W
I1 = = =5A
V1 100V

Segundo (13.13),

V2
V1 −
2
(1 − D )
I1 =
R
302

Logo,

V2
I1R = V1 −
2
(1 − D )
Portanto, a razão cíclica é determinada pela expressão
seguinte.

D = 1−
2
(V − I R)
V2 1 1

Substituindo-se os valores numéricos obtém-se:

D = 1−
2
400
(100 − 0, 5 ) = 0, 5025

REFERÊNCIAS:

[1] D. Flores Cortez, G. Waltrich, J. Fraigneaud, H.


Miranda and I. Barbi, "DC–DC Converter for Dual-Voltage
Automotive Systems Based on Bidirectional Hybrid
Switched-Capacitor Architectures," in IEEE Transactions on
Industrial Electronics, vol. 62, no. 5, pp. 3296-3304, May 2015.
303

CAPÍTULO - 14

ANÁLISE DO CONVERSOR BOOST


HÍBRIDO KUWABARA-HIYACHIKA

14.1) TOPOLOGIA

A topologia do conversor boost híbrido Kuwabara-


Hiyachica encontra-se representado na Fig. 14.1, juntamente
com o sinal de comando do interruptor S .

a)

b)

Fig. 14.1 – Conversor boost híbrido Kuwabara-Hiyachica.


304

Com o intuito de simplificar a análise, todas as perdas


de condução são representadas pelo resistor R .

14.2) ESTADOS TOPOLÓGICOS E FORMAS DE ONDA

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

O primeiro estado topológico, que ocorre no intervalo


(0, DTs ) , quando o interruptor S encontra-se fechado, é
mostrado na Fig. 14.2.

Fig. 14.2 – Primeiro estado topológico do conversor boost hibrido Kuwabara-


Hiyachica.

As equações de estado correspondentes são


representadas pelas expressões (14.1) e (14.2).

diL
VL = V1 = L (14.1)
dt

dVC V1 − VC
iC = iR = C = (14.2)
dt R
305

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

O segundo estado topológico, que ocorre no intervalo


(DTs ,Ts ) , quando o interruptor S encontra-se bloqueado, é
mostrado na Fig. 14.3.

Fig. 14.3 – Segundo estado topológico do conversor boost hibrido Kuwabara-


Hiyachica.

A corrente no circuito é definida pela expressão (14.3)

V1 + VC − VL − Vo
i L = iR = (14.3)
R

As equações de estado que descrevem o


comportamento das variáveis do circuito para este estado
topológico são:

diL
VL = V1 + VC − Vo − Ri L = L (14.4)
dt

dVC
iC = −iR = −iL = C (14.5)
dt

As principais formas de onda para um período de


operação são mostradas na Fig. 14.4.
306

Fig. 14.4 – Principais formas de onda do conversor boost hibrido Kuwabara-


Hiyachica.

14.3) EQUACIONAMENTO

As equações de estado para os dois sub-intervalos,


são:

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

dVC V1 − VC
C = (14.6)
dt R

di L
L = V1 (14.7)
dt
307

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

dVC
C = −i L (14.8)
dt

diL
L = V1 + VC − Vo − RiL (14.9)
dt

Multiplicando-se (14.6) e (14.7) por D , obtém-se


(14.10) e (14.11), respectivamente.

= ( V1 − VC )
dVC D
DC (14.10)
dt R

diL
DL = DV1 (14.11)
dt

Multiplicando-se (14.8) e (14.9) por ( 1 − D ) , obtém-se


(14.12) e (14.13), respectivamente.

dVC
(1 − D ) C dt
= − ( 1 − D ) iL (14.12)

(1 − D ) L dt = (1 − D ) ( V + VC − Vo − RiL )
diL
1 (14.13)

Combinando (14.10) com (14.12), e (14.11) com (14.13)


, obtém-se as expressões (14.14) e (14.15), respectivamente.
308

= ( V1 − VC ) − (1 − D ) iL
dVC D
C (14.14)
dt R

= DV1 + ( 1 − D ) ( V1 + VC − Vo − RiL )
diL
L (14.15)
dt

As grandezas Vc e iL representam valores médios


quase instantâneos.

dVC diL
Em regime permanente = = 0 . Portanto,
dt dt

D ( V1 − VC ) − ( 1 − D ) iL R = 0 (14.16)

DV1 + ( 1 − D ) ( V1 + VC − Vo − RiL ) = 0 (14.17)

Resolvendo o sistema de equações algébricas (14.16) e


(14.17), encontramos as expressões (14.18) e (14.19).

 1− D 
VC = V1 −   iL R (14.18)
 D 

 2− D  R
Vo = V1   − iL (14.19)
 1− D  D

Para o caso particular em que R = 0 , encontramos:

VC = V1 (14.20)

Vo 2 − D
= (14.21)
V1 1 − D
309

De acordo com o princípio de conservação da carga


elétrica, podemos escrever a expressão (14.22).

Io
iL = (14.22)
1− D

Substituindo-se (14.22) em (14.19), obtém-se a expressão


(14.23),

 2− D  R
Vo =   V1 − I (14.23)
 1− D  D (1 − D ) o

que representa o circuito equivalente mostrado na Fig. 14.5.

Fig. 14.5 – Circuito equivalente para o conversor boost hibrido Kuwabara-


Hiyachica.

A resistência equivalente é definida pela expressão


(14.24).

R
Req = (14.24)
D (1 − D )
310

14.4) EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1) Seja um conversor CC-CC boost híbrido da família


Kuwabara-Hiyachica, com os seguintes parâmetros:

V1 = 100V ; L = 50  H; C = 100F; R = 0,1 ;


fS = 200KHz; D = 0, 5; C o = 500  F ; Ro = 30 .
.

Determinar:

Req ; Vo ; I o ; Po ; iL ;Vc ; P1 ;  ; I1 ; iL .

Resolução

(a)Resistência equivalente

R
Req = = 0,4
D (1 − D )

(b)Valor médio da tensão na carga

 2 − D   Ro 
Vo =    V1 = 296,05V
 1 − D   Ro + Req 

(c)Valor médio da corrente na carga

Vo
Io = = 9,86A
Ro

(d)Potência entregue à carga

Po = Vo I o = 2,922  10 3 W
311

(e) Valor médio da corrente no indutor

Io
iL = = 19,73A
1− D

(f)Valor médio da tensão sobre o capacitor

 1− D 
VC = V1 −   RiL = 98,02V
 D 

(g)Potência entregue pela fonte V1 ao circuito

( )
P1 = Req + Ro I o 2 = 2,961 10 3 W

(h)Eficiência do conversor

Po
= = 0,987
P1

(i)Valor médio da corrente na entrada do circuito

P1
I1 = = 29,60A
V1

(j)Valor pico a pico da ondulação da corrente no


indutor

DV1
iL = = 5A
fS L

A Tabela a seguir apresenta os resultados obtidos por


simulação e a Fig. 14.6 mostra as formas de onda relevantes.
312

Tabela 14.1 – Resultados encontrados em simulação

Vo 296,03 V
Io 9,89 A
Po 2928,52 W
IL 19,73 A
VC 98,01 V
P1 2962,76 W
 0,988
I1 29,63 A
iL 5A

Fig. 14.6 – Formas de onda obtidas por simulação simulação.

2) Seja o conversor CC-CC mostrado na Fig. 14.7. Trata-se


de um conversor elevador híbrido, também publicado em
1988 pelos autores Kuwabara e Hiyachica.
313

Fig. 14.7 – Conversor elevador híbrido Kuwabara-Hiyachica.

Todos os componentes são considerados ideais, exceto


o capacitor C, que possui uma resistência representada por
R.

O interruptor S é comandado pelo sinal representado


na Fig. 14.8.

Fig. 14.8 – Sinais de comando do conversor.

Realizar as seguintes atividades:


a) Descrever a operação do conversor,
representando os estados topológicos e as
formas de onda das correntes i1 , i2 , iL e iC ;
b) Obter a expressão da tensão VC em função de
V1 , D , R e Io ;
314

c) Obter a expressão de Vo em função de V1 , D ,


R e Io ;
d) Obter a expressão da resistência do circuito
equivalente visto pela carga e representar o
circuito equivalente.
e) Considere os seguintes parâmetros:
V1 = 100V ; D = 0,65; R = 0,15 ; Ro = 35 ;
f S = 200kHz ; C = 50  F; Co = 500  F ; L = 50  H .

Calcular os valores das seguintes grandezas:

VC , Vo , Req , Po , P1 ,  , I S _ ef , I C _ ef , I Co _ ef , I L , I o , I1 .

Resolução

a) Durante a primeira etapa de operação o interruptor


S é comandado conduzir, polarizando o diodo D2 e
bloqueando o diodo D1 , resultando no circuito mostrado na
Fig. 14.9.
315

Fig. 14.9 – Primeiro estado topológico do conversor proposto.

Quando o interruptor S recebe o comando de


bloqueio, inicia-se a segunda etapa de operação, mostrada na
Fig. 14.10. Nesta etapa o diodo D2 é bloqueado e o diodo D1
encontra-se em condução.

Fig. 14.10 – Segundo estado topológico do conversor proposto.

A Fig. 14.11 apresenta as formas de onda das correntes


i1 , i2 , iL e iC , respectivamente.
316

Fig. 14.11 – Forma de onda das correntes.

b) Para obter a expressão da tensão VC em função de


V1 , D, R e I o , primeiramente é analisado o
equacionamento dos estados topológicos, conforme
apresentado a seguir,

Durante o primeiro estado topológico o conversor é


descrito pelas equações (14.25) e (14.26).

diL
L = V1 (14.25)
dt
317

dVC Vo − V1 − VC
C = (14.26)
dt R
Durante o segundo estado topológico é descrito pelas
equações (14.27) e (14.28).

diL
L = V1 − VC − RiL (14.27)
dt
dVC
C = iL (14.28)
dt

Multiplicando-se (14.25) e (14.26) por D obtém-se


(14.29) e (14.30).

diL
DL = DV1 (14.29)
dt
dVC V −V −V
DC =D o 1 C (14.30)
dt R

Multiplicando-se (14.27) e (14.28) por (1-D), obtém-se


(14.31) e (14.32).

diL
(1 − D) L = (1 − D) (V1 − VC − RiL ) (14.31)
dt
dVC
(1 − D)C = (1 − D)iL (14.32)
dt
Somando-se (14.29) com (14.31) e (14.30) com (14.32),
obtém-se (14.33) e (14.34), respectivamente.
318

= DV1 + (1 − D) (V1 − VC − RiL )


diL
L (14.33)
dt

dVC V −V −V
C = D o 1 C + (1 − D) iL (14.34)
dt R

diL dVC
Em regime permanente =0 e = 0 . Logo:
dt dt
0 = DV1 + (1 − D) (V1 − VC − RI L ) (14.35)

Vo − V1 − VC
0=D + (1 − D) I L (14.36)
R
Para R= 0 obtém-se

0 = DV1 + (1 − D) (V1 − VC ) (14.37)

0 = DV1 + V1 − VC − DV1 + DVC (14.38)

Resolvendo-se o sistema de equações algébricas


formado pelas equações (14.37) e (14.38), obtemos a
expressão (14.39).

VC 1
= (14.39)
V1 1 − D

A resolução do sistema de equações formado por


(14.40) e (14.41) resulta na expressão (14.42).

(1 − D) I L R
− = Vo − V1 − VC (14.40)
D
319

1 2− D
Vo = V1 + V1 = V1 (14.41)
1− D 1− D

Vo 2 − D
= (14.42)
V1 1 − D

Para R  0 , com o emprego das equações (14.35) e


(14.36) obtém-se (14.43) e (14.44).

V1
VC = − − ILR (14.43)
D −1
2− D R
Vo = V1 − IL (14.44)
1− D D

Como

Io
IL = (14.45)
1− D
Obtém-se

V1 R
VC = − − Io (14.46)
D −1 1− D

c) Para se obter a expressão de Vo em função de


V1 , D , R e I o , é realizada a manipulação das equações
(14.44) e (14.45), resultando na equação (14.47).

2−D R
Vo = V1 − Io (14.47)
1 − D D (1 − D )
320

d) Com o emprego da equação (14.47) obtém-se a


equação (14.48).

2−D R
V1 = Vo + Io (14.48)
1− D D (1 − D )

Portanto a resistência equivalente é determinada pela


equação (14.49).

R
Req = (14.49)
D (1 − D )

O circuito equivalente é representado na Fig. 14.12.

Fig. 14.12 – Circuito equivalente visto da carga.

d) Substituindo-se os valores dos parâmetros


especificados, nas equações obtidas, calcula-se o
que foi solicitado, de acordo com o procedimento
descrito a seguir.

RV1 (1 − D) + DRoV1
VC = = 281,078V (14.50)
Ro D(1 − D) + R
321

RoV1D( D − 2)
Vo = = 378,582V (14.51)
Ro D(1 − D) + R

R
Req = = 0, 659  (14.52)
D (1 − D )

Vo 2
Po = = 4094,99W (14.53)
Ro
2
P 
P1 =  o  ( Req + Ro ) = 4172,133W (14.54)
 Vo 

Po
= = 0,981 (14.55)
P1

V1 + VC − Vo 
2
1 
I Sef =  IL +  DTs = 38,332 A (14.56)
TS  R 

1   V1 + VC − Vo 2 
I Cef =    D + I L (1 − D)  Ts
2
(14.57)
TS  R  

ICef = 22,678 A (14.58)

1   V1 + VC − Vo 
2

I Coef =   − I o  D + I o (1 − D )  Ts = 7,937 A
2

TS  R  
(14.59)

DV1 ( D − 2)
IL = = 30,905 A (14.60)
R(1 − D) + Ro D(1 − D)2
322

Vo
Io = =10,816 A (14.61)
Ro

P1
I1 = = 41,721 A (14.62)
V1
323

CAPÍTULO - 15

CONVERSOR FORWARD DE DOIS


INTERRUPTORES HÍBRIDO
Equation Chapter 15 Section 1
15.1) INTRODUÇÃO

O estágio de potência do conversor forward


convencional de dois interruptores é mostrado na Fig. 15.1,
juntamente com os sinais de comando dos interruptores.

Fig. 15.1 – Conversor forward de dois interruptores.

Este conversor apresenta as seguintes vantagens em


relação ao conversor forward convencional de um único
interruptor:
324

a) Não necessita enrolamento auxiliar de


desmagnetização;
b) Não necessita circuito grampeador;
c) Todos os semicondutores do lado primário do
transformador são submetidos ao valor da
tensão de alimentação, ou seja,
VS1 = VS2 = VD1 = VD2 = V1 .

Por estes motivos, este conversor é mais robusto e


opera com maior eficiência que o conversor forward de um
único interruptor.

15.2) OPERAÇÃO E FORMAS DE ONDA

Na Fig. 15.2 é mostrado o estágio de potência do


conversor, refletido para o lado primário do transformador (
N P = N S por hipótese).

Fig. 15.2 – Conversor forward de dois interruptores com todos os parâmetros


refletidos para o lado primário do transformador.
325

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

O primeiro estado topológico, que ocorre no intervalo


de tempo (0, DTs ) , quando os interruptores S1 e Ss
encontram-se conduzindo, é mostrado na Fig. 15.3. São
assumidas as seguintes hipóteses simplificadas:

• Componentes ideais;
• D  0, 5 ,
• A condução é contínua, ou seja, a corrente no
indutor Lo não se anula.

Fig. 15.3 – Primeiro estado topológico do conversor forward de dois


interruptores.

b) Estados Topológicos Para o Intervalo de Tempo


(DTS, TS)

O estado topológico, que ocorre no intervalo de


tempo (DTs ,Ts ) , encontra-se representado na Fig. 15.4, sob a
condição de que iLm  0 , ou seja, durante a desmagnetização
da indutância de magnetização Lm
326

Fig. 15.4 – Segundo estado topológico do conversor forward de dois


interruptores.

O terceiro estado topológico, mostrado na Fig. 15.5,


ocorre após a desmagnetização completa da indutância
magnetizante e antes do início do período de operação
seguinte.

Fig. 15.5 – Terceiro estado topológico do conversor forward de dois


interruptores.

As formas de onda de tensão e corrente, relevantes


para a compreensão do funcionamento do conversor, são
mostradas na Fig. 15.6.
327

Fig. 15.6 – Principais formas de onda do conversor forward de dois


interruptores.

O valor médio da tensão na carga é igual ao valor


médio da tensão o diodo D 4 , portanto determinado pela
expressão (15.1) .

Vo = VDd (15.1)

Desse modo,
328

Vo = DV1 (15.2)

Para NS  N p obtemos a expressão (15.3).

N 
Vo = DV1  S  (15.3)
 NP 

A indutância Lm deve desmagnetizar-se


completamente durante cada ciclo de operação. Para que isso
ocorra é necessário que a razão cíclica D seja sempre menor
que 0,5 , ou seja:

D  0, 5 (15.4)

15.3) INTEGRAÇÃO DA CÉLULA A CAPACITOR


CHAVEADO LADDER COM O CONVERSOR
FORWARD DE DOIS INTERRUPTORES

O conversor forward de dois interruptores, hibrido,


obtido pela integração do conversor forward de dois
interruptores mostrado na Fig. 15.1 com a célula de
comutação a capacitor chaveado tipo ladder, é representado
na Fig. 15.7, juntamente com os sinais de comando dos
interruptores.
329

Fig. 15.7 – Conversor forward de dois interruptores hibrido: (a) estágio de


potência e (b) sinais de comando dos interruptores.

Fig. 15.8 – Conversor forward hibrido com os parâmetros refletidos ao lado


primário do transformador.
330

Na Fig. 15.8 é representado o mesmo conversor, com


todos os parâmetros refletidos para ao lado primário do
transformador.

15.4) FUNCIONAMENTO DO CONVERSOR


FORWARD HÍBRIDO PROPOSTO

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

Durante este intervalo de tempo, os interruptores S1 ,


S 2 e S4 encontram-se conduzindo, como mostrado na Fig.
15.9.

Fig. 15.9 – Representação do primeiro estado topológico do conversor foward de


dois interruptores hibrido.

b) Estados Topológicos Para o Intervalo de Tempo


(DTS, TS)
331

Neste estado topológico, os interruptores S1 , S 2 e S4


encontram-se bloqueados, enquanto o interruptor S3
encontra-se habilitado e conduzindo. A indutância Lm se
desmagnetiza pelos diodos D 2 e D 1 . O diodo D 3 mantém-se
bloqueado e D 4 conduzindo.

Fig. 15.10 – Representação do segundo estado topológico do conversor forward


de dois interruptores hibrido.

O terceiro estado topológico, ainda dentro do


intervalo de tempo (DTs ,Ts ) ocorre após o instante em que a
indutância Lm é totalmente desmagnetizada, como está
representado na Fig. 15.11.
332

Fig. 15.11 – Representação do segundo estado topológico do conversor forward


de dois interruptores hibrido.

Se as resistências R1 e R2 forem ignoradas, podemos


escrever as expressões (15.5) e (15.6).

VC1 = VC2 (15.5)

VC1 + VC2 = V1 (15.6)

Portanto,

V1
VC1 = VC2 = (15.7)
2

Portanto, os valores de VC1 e VC2 são praticamente


independentes da razão cíclica D e da potência processada
pelo conversor. Desse modo, todos os interruptores e
capacitores chaveados são submetidos naturalmente a
tensões iguais à metade do valor da tensão de alimentação
V1 .
333

O valor médio Vo da tensão na carga é dado pela


expressão (15.8), quando N P = N S .

V1
Vo = D (15.8)
2

Para NS  N p , que é caso mais comum, a tensão na


carga é definida idealmente pela expressão (15.9).

NS V1
Vo = D (15.9)
NP 2

Portanto, pode-se controlar o valor de tensão Vo


atuando-se sobre a razão cíclica D .

O mais importante atributo deste conversor é a


redução das tensões sobre os componentes, cujo valor é igual
à metade da tensão de entrada V1 , como já foi mencionado,
adicionando-se a isso o fato que as tensões VC1 e VC2 são
naturalmente balanceadas.

Nesta análise simplificada foram ignorados os efeitos


das perdas nos semicondutores, representadas pelos
resistores R1 e R2 .
334

15.5) EXEMPLO NUMÉRICO

Seja um conversor forward de dois interruptores, híbrido,


com os seguintes parâmetros:

V1 = 200V ; fs = 200kHz; D = 0, 25; a = 1; Lo = 100  H ;


C o = 100  F ; Ro = 2, 5  ; C1 = C 2 = 100  F ; Rc1 = 0,01 ;
Lm = 50  H.

Determinar:

a) O valor médio da tensão na carga ( Vo );


b) A potência entregue ao resistor de carga ( Ro );
c) O valor médio e de pico da corrente magnetizante do
transformador;
d) Esforços de tensão sobre os interruptores e
capacitores.

Resolução

a) Valor médio de tensão na carga

Vo = D (V1 − VC1 ) (15.10)

VC1 = 100V (15.11)

Vo = 0, 25(200 − 100) = 25V (15.12)

b) Potência entregue ao resistor de carga


335

Vo 2 252
Po = = = 250W (15.13)
Ro 2,5

c) O período de operação é determinado com o


emprego da expressão (15.14).

1 1
T= = = 5 10−6 s (15.14)
f 200 10 3

O valor de pico da corrente magnetizante é


determinado pela expressão (15.15), quando D = 0, 25 .

VLm T
I Lm _ p = (15.15)
Lm 4

Substituindo-se os valores dos parâmetros na equação


obtém-se:

100 5 10−6
I Lm _ p = = 2,5 A (15.16)
50  10−6 4

O valor médio da corrente na indutância


magnetizante, quando D = 0, 25 , é determinado pela
expressão (15.17).

I Lm _ p
I Lm = (15.17)
4

Portanto,

I Lm = 0, 625 A (15.18)
336

d) As tensões sobre os capacitores e interruptores,


como já foi estabelecido, são iguais à metade do
valor da tensão de alimentação. Portanto, são
calculadas com o emprego da expressão (15.19).

200
VC1 = VC2 = VS1 = VS2 = VS3 = VS4 = = 100V (15.19)
2
337

CAPÍTULO - 16

CONVERSOR CC-CC ISOLADO PONTE


COMPLETA HÍBRIDO
Equation Chapter 16 Section 1
16.1) A TOPOLOGIA DO CONVERSOR

O conversor em ponte completa com modulação


PWM por defasagem e saída em corrente é um dos mais
empregados em projetos de fontes de alimentação
chaveadas, sobretudo em telecomunicações e aplicações
automotivas. Pode operar com eficiências elevadas e pode
ser construído com elevada densidade de potência, graças à
comutação suave dos interruptores. Contribuem também
para a elevada eficiência, as baixas perdas proporcionadas
pela reduzida circulação de potência reativa interna do
conversor.

Neste capítulo vamos estudar o conversor citado,


integrado com célula de comutação a capacitor chaveado.

O conversor em ponte completa é mostrado na Fig.


16.1(a). A célula de comutação ladder é mostrada na Fig.
16.1(b). O conversor resultado da integração de ambos é
mostrado na Fig. 16.1(c).
338

Neste capitulo será feita uma análise simplificada e


introdutória do conversor proposto.

As principais características deste novo conversor são:

a) Operações com frequência constante;


b) Modulação por largura de pulso (PWM) por
defasagem entre os sinais de comandos dos
interruptores dos braços;
c) Operação simétrica do transformador de
isolamento;
d) Possibilidade de operação com comutação
suave;
e) Tensões sobre os componentes iguais à
metade da tensão de entrada V1 .

Os sinais de comando dos interruptores são


mostrados na Fig. 16.2, juntamente com a forma de onda da
tensão Vab gerada pela ponte completa formada pelos
interruptores S1 , S 2 , S 3 e S4 .

O controle da potência processada pelo conversor é


realizado por meio da razão cíclica D , definida pela
expressão (16.1).

 t1
D= (16.1)
Ts
2
339

Fig. 16.1 - (a) Conversor ponte completa convencional, (b) Célula ladder, e (c)
Conversor CC-CC ponte completa híbrido.
340

Fig. 16.2 - Formas de onda relevantes do conversor ponte completa híbrido.

16.2) OPERAÇÃO E ESTADOS TOPOLÓGICOS

a) Primeiro Estado Topológico


341

Para simplificar a análise do conversor, todos os


parâmetros do lado secundário do transformador são
refletidos para o lado primário, resultando no circuito
mostrado na Fig. 16.3.

Antes do instante t1 , os interruptores S1 , S4 e S5


encontram-se habilitados e conduzindo, enquanto os demais
interruptores encontram-se bloqueados.

O circuito equivalente correspondente é mostrado na


Fig. 16.3.

Fig. 16.3 - Primeiro estado topológico do conversor ponte completa híbrido.

A soma das correntes nos dois capacitores é igual à


corrente no indutor Lr , que por sua vez é igual à corrente I o
no indutor do filtro de saída, de acordo com a expressão
(16.2).

iC1 + iC2 = iLr = I o (16.2)

A queda de tensão sobre o indutor Lr é igual a zero,


por ser constante a corrente através dele. Portanto, tanto a
342

tensão Vab quanto a tensão retificada V ret são iguais à metade


do valor da tensão de entrada V1 . Desse modo podemos
escrever as expressões (16.3) e (16.4).

V1
Vret = (16.3)
2

V1
Vab = (16.4)
2

b) Segundo Estado Topológico (t1 , t2 )

Durante este intervalo, cujo estado topológico é


mostrado na Fig. 16.4, os interruptores S 2 , S6 e S4 encontram-
se habilitados e conduzindo, enquanto os demais
interruptores são mantidos bloqueados.

Fig. 16.4 - Segundo estado topológico do conversor ponte completa híbrido.

A tensão na entrada do retificador é nula e a corrente


no indutor Lr é igual à corrente no indutor Lo . Podemos
então escrever as expressões (16.5) e (16.6).
343

iLr = I o (16.5)

Vret = Vab = 0 (16.6)

c) Terceiro Estado Topológico (t2 , t3 )

Fig. 16.5 - Terceiro estado topológico do conversor ponte completa híbrido.

Este estado topológico inicia no instante t 2 , quando o


interruptor S4 é bloqueado e o interruptor S 3 é habilitado.
Durante este intervalo de tempo, cujo estado topológico é
mostrado na Fig. 16.5, encontram-se habilitados os
interruptores S 2 , S 3 e S6 e bloqueados os demais
interruptores. Neste estado topológico o valor absoluto da
corrente no indutor Lr é menor que o valor da corrente no
indutor Lo . Por esse motivo, os quatro diodos do retificador
encontram-se em condução e a tensão retificada é nula.
Podemos então escrever as expressões (16.7) e (16.8).

iLr  I o (16.7)

Vret = 0 (16.8)
344

Em um período de funcionamento ocorrem seis


estados topológicos principais. Foram descritos apenas três,
pois os demais são idênticos, porém com as tensão e
correntes com sinais contrários.

16.3) GANHO ESTÁTICO

Para a obtenção da expressão do ganho estático,


vamos utilizar as formas de onda mostradas na Fig. 16.2.

O valor médio da tensão na carga é determinado pela


expressão (16.9).

 DTs 
 − t1 
Vo =   V1 NS
2
(16.9)
Ts 2 NP
2

Durante o intervalo de tempo t1 , a tensão sobre o


indutor Lr é definida pela expressão (16.10).

i
VLr = Lr (16.10)
dt

Portanto, podemos escrever a expressão (16.11).

V1 2I
= Lr o (16.11)
2 t1

Consequentemente,
345

4Lr I o
t1 = (16.12)
V1

Ou ainda,

 DTS 
 − t1 
 2  = D − 2t1 (16.13)
Ts TS
2

Manipulando-se algebricamente obtém-se:

2 4Lr I o 8f L I
D− = D− S r o (16.14)
TS V1 V1

Portanto, o valor médio da tensão na carga é


determinado pela expressão (16.15)

 8f L I V N
Vo =  D − s r o  1 S (16.15)
 V1  2 N P

O ganho estático definido pela expressão (16.16).

Vo
G= (16.16)
V1

Portanto:

 8f L I  N
G = D− s r o  S (16.17)
 V1  2N P

Para N S = N P obtém-se:
346

D 4 fs Lr I o
G= − (16.18)
2 V1

Desse modo, para o caso em que Lr = 0 , obtém-se o


ganho estático dado pela expressão (16.19).

D
G= (16.19)
2

O valor médio da tensão de carga é então determinado


pela expressão (16.20).

V1
Vo = D (16.20)
2

A característica de carga do conversor, que representa


o ganho estático em função da corrente de carga
parametrizada, tomando a razão cíclica D como parâmetro,
é mostrada na Fig. 16.6.

Fig. 16.6 - Característica de carga do conversor ponte completa híbrido.


347

16.4) EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1) Seja o conversor CC-CC isolado, representado na Fig.


16.7, com os sinais de comando dos interruptores
mostrados na Fig. 16.8.

Fig. 16.7 - Conversor CC-CC isolado.

Fig. 16.8 - Sinais de comando do conversor.

Sejam os seguintes parâmetros:


348

D = 0,5 ; V1 = 600V ; C1 = C2 = C3 = 50 F ;


R1 = R2 = 0,1 ; f S = 200kHz ; Lr = 5 H ; Lo = 250 H ;
Co = 100 F ; Ro = 10 ; N P = N S .

Realizar as seguintes atividades:

a) Descrever a operação do conversor, apresentando


etapas de operação, estados topológicos, circuitos
equivalentes e formas de onda ( vC1 , vC 2 , vC 3 , vab ,
vret , vo , iLr e iLo ).
b) Considerando todos os componentes ideais, obter
a expressão da tensão Vo em função de V1 , D , f s e
Lr .
c) Calcular os valores de Vo , Po e I o .

Resolução

a) Durante a primeira etapa de operação os


interruptores S1 , S3 , S 4 , e S 7 são comandados a
conduzir, resultando no circuito apresentado na
Fig. 16.9.
349

(a)

(b)
Fig. 16.9 - (a) Primeiro estado topológico e (b) circuito equivalente.

No segundo estado topológico os interruptores S1 ,


S3 , S 4 , e S 7 recebem o comando de bloqueio e os
interruptores S 2 , S5 e S 6 o comando para entrarem
em condução, resultando nos circuitos mostrado
na Fig. 16.10.
350

(a)

(b)
Fig. 16.10 - (a) Segundo estado topológico e (b) circuito equivalente.

A figura a seguir apresenta as formas de ondas das


correntes vC1 , vC 2 , vC 3 , vab , vret , vo , iLr e iLo
respectivamente.
351

Fig. 16.11 - Formas de onda relevantes.

b) Considerando todos os componentes ideais, para


obter a expressão da tensão Vo em função de V1 ,
D , f s e Lr primeiramente é analisada a tensão
sobre o indutor, definida pela expressão (16.21).
352

diLr
VLr = Lr (16.21)
dt
Como a corrente varia linearmente no intervalo de
tempo considerado, podemos escrever:

iLr
VLr = Lr (16.22)
t
Assim o intervalo de tempo da transição da corrente é
determinado pela expressão (16.23).

iLr
t = Lr (16.23)
VLr

Nesse intervalo de tempo a tensão sobre o indutor é


constante e é igual à do capacitor C3 . Portanto:

iLr
t = Lr (16.24)
VC 3

No intervalo de tempo, a corrente varia de Io a -Io e a


tensão no capacitor C3 é um terço da tensão de entrada,
considerando os componentes ideais. Desse modo,

2Io
t = Lr (16.25)
V1 3

Como a corrente de saída dada por Io = Vo/Ro, o


intervalo de tempo determinado pela expressão (16.26).
353

6Vo
t = Lr (16.26)
RoV1

Analisando a forma de onda da tensão retificada, a


equação do valor médio da tensão de saída determinada pela
expressão (16.27).

Vo =
( DTS − t )VC 3 + (TS − DTS − t )VC 3
(16.27)
TS

Com a manipulação algébrica apropriada obtemos:

Vo =
(TS − 2t )VC 3
(16.28)
TS

Substituindo-se os valores da tensão sobre o capacitor


C3 e do intervalo de tempo, obtém-se a equação (16.29).

 6Vo  V1
 TS − 2 Lr 
Vo =  RoV1  3
(16.29)
TS

Desenvolvendo a equação e isolando a tensão de


saída, obtém-se a expressão da tensão de saída:

V1 1
Vo = (16.30)
3 1 + L 4 fS
r
Ro
354

c) Calculo de Vo , Po e I o .
A tensão de saída é calculada com o emprego da
equação (16.31) obtida anteriormente,
substituindo-se os parâmetros pelos seus valores
numéricos.

V1 1
Vo = = 142,857 V (16.31)
3 1 + L 4 fS
r
Ro

A potência entregue à carga é calculada com o


emprego da equação (16.32), enquanto que o valor médio da
corrente de carga é determinado pela expressão (16.33).

Vo 2
Po = = 2040,816W (16.32)
Ro

Vo
Io = = 14, 286 A (16.33)
Ro

16.5) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Na Fig. 16.12 é mostrado o conversor híbrido, em


ponte completa, com modulação PWM por
defasagem, com os seguintes parâmetros:
V1 = 800V ; Lo = 2mH ; Co = 100 F ; N S = N P ;
Ro = 20 ; f S = 40kHz ; LC = 40 H ; D = 0,75 ;
R1 = 100m ; C1 = 50 F ; C2 = 50 F .
355

Determinar o valor médio da tensão Vo , sobre o


resistor de carga Ro .

Fig. 16.12 - Conversor para os exercícios 1, 2 e 3.

Resposta: Vo  227V

2) No conversor representado na Fig. 16.12, um


capacitor C com capacitância igual a 10 F , é
associado em série com o indutor LC . Sua função é
bloquear eventuais componentes de corrente
contínua no enrolamento primário do
transformador. Calcular o valor de pico da tensão
sobre o capacitor C .

Resposta:

VCp = 6,53V
356

3) O conversor representado na Fig. 16.12 deve


operar com as seguintes especificações:
V1 = 800V ; Vo = 50V ; I o = 10 A ; Po = 500W ;
f S = 40kHz ; Vo ' = 160V (tensão de carga Vo
refletida para o lado do enrolamento primário do
transformador).

Calcular:
a) Relação de espiras do transformador;
b) Indutância de comutação LC ;
c) Razão cíclica D .

OBS.: considerar uma perda de razão cíclica


causada por LC igual a D = 0,15

Respostas:

NP
a)  = = 3, 2
NS
b) LC = 120 H
c) D = 0,55

4) Na Fig. 16.13 é mostrada uma variação topológica


do conversor mostrado na Fig. 16.12.
357

Fig. 16.13 - Conversor para o exercício 4.

O leitor é convidado a realizar as seguintes


atividades:
a) Fazer a análise do conversor descrevendo seu
funcionamento e obtendo a expressão do ganho
estático;
b) Verificar a validade da análise empregando
simulações.
358

CAPÍTULO - 17

CONVERSOR HÍBRIDO CC-CC


ISOLADO MEIA PONTE ASSIMÉTRICA

17.1) INTRODUÇÃO

O conversor CC-CC isolado meia ponte com


modulação PWM assimétrica encontra-se representado na
Fig. 17.1. Sua principal característica, que o diferencia do
conversor meia ponte convencional com comando simétrico,
é a comutação suave, que proporciona operação com
frequências mais elevadas e com menos perdas de
comutação. Consequentemente, com maior eficiência [1].

Neste capítulo apresentaremos e descreveremos


brevemente um novo conversor CC-CC isolado, originado da
integração do conversor meia ponte assimétrica, com a célula
de comutação a capacitor chaveado tipo ladder já estudada
em capítulos anteriores, e mostrada na Fig. 17.2.

Fig. 17.1 – Conversor CC-CC meia ponte assimétrica.


359

Fig. 17.2 – Célula de comutação ladder a capacitor chaveado.

O resultado da integração dos dois conversores é


mostrado na Fig. 17.3 e os sinais de comando dos
interruptores são mostrados na Fig. 17.4.

Fig. 17.3 – Conversor CC-CC híbrido meia ponte assimétrica.

Fig. 17.4 – Sinais de comando dos interruptores do conversor representado na


Fig. 17.3.
360

O novo conversor submete os interruptores e os


capacitores a uma tensão igual à metade da tensão de
alimentação V1 , mas preserva as características essenciais do
conversor meia ponte assimétrica, que são [1]:

• operação com frequência constante;

• modulação PWM assimétrica;

• saída em corrente;

• comutação suave do tipo ZVS nos interruptores.

17.2) ESTADOS TOPOLÓGICOS E CIRCUITOS


EQUIVALENTES

a) Primeiro Estado Topológico (0, DTS)

No primeiro estado topológico, que ocorre no


intervalo (0, DTs ) , os interruptores S1 e S 3 encontram-se
conduzindo e os interruptores S 2 e S4 bloqueados. Este
estado topológico é representado na Fig. 17.5 e seu circuito
equivalente é mostrado na Fig. 17.6.
361

Fig. 17.5 – Primeiro estado topológico do conversor meia ponte assimétrico


hibrido.

Fig. 17.6 – Circuito equivalente do primeiro estado topológico.

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

No segundo estado topológico, que ocorre no


intervalo de tempo (DTs ,Ts ) , os interruptores S 2 e S4
encontram-se conduzindo, enquanto que os interruptores S1
e S 3 encontram-se bloqueados. O estado topológico em
questão é representado na Fig. 17.7 e seu circuito equivalente
é mostrado na Fig. 17.8.
362

Fig. 17.7 – Segundo estado topológico do conversor meia ponte assimétrica.

Fig. 17.8 – Circuito equivalente do segundo estado topológico.

17.3) FORMAS DE ONDA E GANHO ESTÁTICO

Na Fig. 17.9 são mostradas as formas de onda das


tensões e correntes relevantes, para o conversor operando em
regime permanente.
363

Fig. 17.9 – Formas de onda relevantes do conversor híbrido meia ponte


assimétrica.

O valor médio da tensão sobre o interruptor S 2 e


definido pela expressão (17.1).

V1
VS2 = DVC2 = D (17.1)
2

A tensão média sobre o interruptor S 2 é igual à soma


dos valores médios das tensões sobre o capacitor C e sobre a
indutância magnetizante Lm , como representa a expressão
(17.2).
364

VS2 = VC + VLm (17.2)

Em regime permanente, o valor médio da tensão sobre


Lm é nulo, ou seja, VLm = 0 . Portanto, a partir da expressão
(17.2) obtém-se a expressão (17.3).

V1
VC = VS2 = D (17.3)
2

O valor da tensão Vo é igual ao valor médio da tensão


retificada. Portanto, podemos escrever a expressão (17.4).

V 
Vo = D  1 − VC  + (1 − D ) VC (17.4)
 2 

Substituindo-se (17.3) em (17.4) obtém-se (17.5).

V1
Vo = D − DVC + VC − DVC (17.5)
2

Portanto

V1
Vo = D + VC ( 1 − 2D ) (17.6)
2

V1 V
Vo = D + ( 1 − 2D ) D 1 (17.7)
2 2

Desse modo, a tensão de saída é dada pela expressão


(17.8).

Vo = V1D ( 1 − D ) (17.8)
365

O ganho estático, então, é determinado pela expressão


(17.9). Devemos lembrar que o valor de Vo , nesta expressão,
é referido ao lado primário do transformador.

Vo
G= = D (1 − D ) (17.9)
V1

Para NS  N P , o ganho é determinado pela expressão


(17.10).

NS
G= D (1 − D ) (17.10)
NP

A representação gráfica do ganho estático é mostrada


na Fig. 17.10. Seu valor máximo ocorre para D = 0, 5 . O
correto funcionamento do conversor exige que a razão cíclica
seja teoricamente mantida no intervalo 0  D  0, 5 .

Fig. 17.10 – Ganho estático do conversor meia ponte híbrido assimétrica.


366

É importante enfatizar que a análise apresentada é


muito simplificada, e serve apenas para introduzir a
topologia e seu princípio de funcionamento.

Para o dimensionamento dos componentes do


conversor, é necessário realizar análise detalhada de todos os
fenômenos e representá-los adequadamente por equações ou
curvas.

17.4) EXEMPLOS NUMÉRICOS

1) Na Fig. 17.11 é mostrado o conversor CC-CC isolado,


meia ponte assimétrica, ideal, com os seguintes
parâmetros:
NP
V1 = 400V ; D = 0, 4 ; C = 10 F ; Lm = 1mH ; =4
NS
Lo = 500 H ; Co = 1000 F ; Ro = 5 ; f S = 60kHz .

Fig. 17.11 - Circuito do Exemplo Numérico 1.

Calcular:

a) Tensão e potência no resistor de carga Ro ;


367

b) Ondulação da corrente (pico a pico) no indutor de


filtragem Lo ;
c) Valor médio da tensão sobre o capacitor C .

Solução:

a) O valor da tensão média na carga é calculado com


o emprego da equação (17.11), enquanto que a
potência dissipada no resistor de carga é calculada
empregando a expressão (17.12).

NS
Vo = V1G = V1 2D (1 − D ) = 48V (17.11)
NP

Vo 2
Po = = 460,8W (17.12)
Ro

b) A ondulação da corrente no indutor Lo é


determinada com o emprego da equação (17.13).
V1 − VC − Vo
I Lo = DTS = 2,56 10−3 (17.13)
Lo

c) O valor médio da tensão sobre o capacitor C é


calculado com o emprego da expressão (17.14).

VC = DV1 = 160V (17.14)


368

2) Na Fig. 17.12 é mostrado o conversor CC-CC isolado,


hibrido, meia ponte assimétrica, com os seguintes
parâmetros:
NP
V1 = 800V ; D = 0,35 ; C = 10 F ; Lm = 1mH ; =3
NS
Lo = 500 H ; Co = 1000 F ; Ro = 10 ; f S = 100kHz .

Fig. 17.12 - Circuito para o exemplo numérico 2.

Calcular:

a) Tensão e potência no resistor Ro ;


b) Tensões sobre os interruptores;
c) Valor médio da tensão sobre o capacitor C .

Solução:

a) O valor médio tensão e a potência no resistor de


carga são calculados com o emprego das equações
(17.15) e (17.16), respectivamente.
369

NS
Vo = V1G = V1 D (1 − D ) = 60, 667V (17.15)
NP

Vo 2
Po = = 368, 04W (17.16)
Ro

b) As tensões sobre os interruptores são


determinadas pela equação (17.17).
V1
VS1 = VS2 = VS3 = VS4 = = 400V (17.17)
2

c) O valor médio da tensão sobre o capacitor C é


calculado com o emprego da equação (17.18).

V1
VC = D = 140V (17.18)
2

17.5) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Na Fig. 17.13 encontra-se representado o conversor


meia ponte assimétrica, com a inclusão da indutância
de dispersão LC do transformador refletida para o
lado do enrolamento secundário. Considerar N P = N S
370

Fig. 17.13 – Estágio de potência e sinais de comando para exercício 1.

Obter a expressão do ganho estático do conversor.

Resposta:
Vo 2L f
= D(1 − D) − C S I o
V1 V1
371

CAPÍTULO - 18

CONVERSOR RESSONANTE SÉRIE


HÍBRIDO COM A CÉLULA LADDER

18.1) INTRODUÇÃO

O estágio de potência do conversor ressonante série


[1] é representado na Fig. 18.1.

Fig. 18.1 – Conversor série ressonante.

• Cr e Lr formam um circuito ressonante série,


cuja frequência de ressonância é:

1
fo = (18.1)
2 LrCr

• O conversor é modulado em frequência, opera


com razão cíclica constante D = 0, 5 e com
frequência de comutação fS variável.
372

A indutância magnetizante normalmente é


suficientemente grande em relação à indutância ressonante
Lr e é ignorada, para simplificar a análise teórica.

O conversor com todos os componentes idealizados e


com os parâmetros do lado secundário refletidos para o lado
primário do transformador é mostrado na Fig. 18.2.

Fig. 18.2 – Conversor série ressonante com os parâmetros refletidos para o lado
primário do transformador.

O conversor pode operar com fS  f o (com comutação


suave do tipo ZVS) ou fS  f o (com comutação suave do tipo
ZCS).

Neste breve estudo, trataremos apenas da operação


para operação com frequência de chaveamento inferior à
frequência de ressonância, ou seja, para fS  f o .

Além disso, o conversor pode operar no modo de


condução contínua ou descontínua. Iremos descrever a
operação apenas para o modo de condução contínua, por ser
o mais usual e o que proporciona melhor eficiência.
373

O estágio de potência do conversor série ressonante


híbrido, com a célula de comutação ladder, é mostrado na Fig.
18.3, no qual a carga é representada pela fonte de tensão Vo .
As perdas de condução são representadas pelo resistor R1
associado em série com o capacitor de comutação C 1 .

Fig. 18.3 – Conversor série ressonante híbrido.

Os sinais de comando dos interruptores são


mostrados na Fig. 18.4.

Fig. 18.4 – Sinais de comando dos interruptores do conversor ressonante série


hibrido.
374

18.2) ESTADOS TOPOLÓGICOS E FORMAS DE ONDA

a) Primeiro Estado Topológico (0, TS/2)

O primeiro estado topológico do conversor, que


ocorre durante o primeiro semiciclo do período de
funcionamento, é mostrado na Fig. 18.5. O circuito
equivalente correspondente é mostrado na Fig. 18.6.

A tensão na entrada do estágio ressonante é igual à


metade do valor da tensão de alimentação, e é representada
pela expressão (18.2).

V1
Vab = (18.2)
2

Fig. 18.5 – Estado topológico para o primeiro semiciclo de operação.


375

Fig. 18.6 – Circuito equivalente para o primeiro semiciclo de operação.

b) Segundo Estado Topológico (DTS, TS)

O segundo estado topológico ocorre durante a


segundo semiciclo do período de operação do conversor. Ele
é representado na Fig. 18.7 e seu circuito equivalente é
mostrado na Fig. 18.8.

Fig. 18.7 – Estado topológico para o segundo semiciclo de operação.

Durante este semiciclo a tensão na entrada do estágio


ressonante é negativa e igual à metade do valor da tensão de
alimentação, sendo representada pela expressão (18.3).
376

V1
Vab = − (18.3)
2

Fig. 18.8 – Circuito equivalente para o segundo semiciclo de operação.

As formas de onda relevantes de tensão e corrente


encontram-se representadas na Fig. 18.9.
377

Fig. 18.9 – Formas de onda relevantes para o conversor serie ressoante hibrido
com f S < f o .

18.3) GANHO ESTÁTICO E CARACTERÍSTICA


EXTERNA
O ganho estático do conversor série ressonante
híbrido, mostrado na Fig. 18.4, é definido pela expressão
(18.4).

Vo 2 NP
q = = V (18.4)
V1 2 V1 NS o
378

A corrente média na carga, parametrizada, é definida


pela expressão (18.5).

 2 Lr  2 Lr NS
Io = I = I (18.5)
V1 Cr o V1 Cr N P o

A frequência de chaveamento parametrizada em


relação à frequência de ressonância é definida pela expressão
(18.6).

fs
o = (18.6)
fo

Pode-se demonstrar [1] que o ganho estático teórico


do conversor ressonante série hibrido é determinado pela
expressão (18.7), que gera as curvas representadas na Fig.
18.10. Essas curvas mostram o ganho estático parametrizado,
em função da corrente média de carga parametrizada, tendo
a frequência de chaveamento relativa  o como parâmetro.

2
  
 Io    
1− − 1  cos 2  
 2o   2o 
q =   (18.7)
  
sen2  
 2o 
379

Fig. 18.10 – Características de carga do conversor ressonante série híbrido.

A exemplo do que ocorre com os demais conversores


híbridos, todos os componentes são submetidos à metade do
valor da tensão de alimentação V1 .

18.4) EXEMPLO NUMÉRICO

1) Na Fig. 18.11 é mostrado o conversor série


ressonante híbrido, operando abaixo da frequência
de ressonância.
380

Fig. 18.11 - Circuito do exemplo numérico.

Considere os seguintes parâmetros:

NP
V1 = 800V ; f S = 30kHz ; Vo = 120V ; = 1 ; Ro = 20 ;
NS
Cr = 52,08mF ; Lr = 48, 63mH ; Lm =  .
Calcular:
a) A frequência de ressonância e a frequência
parametrizada;
b) O valor da tensão na carga;
c) A potência e a corrente no resistor Ro de carga;
d) As tensões sobre os interruptores.

Solução:

a) A frequência de ressonância é definida pela expressão


1
fo =
2 Lr Cr
381

Substituindo-se os valores de Cr = 52,08mF ;


Lr = 48, 63mH na equação obtém-se f o = 100kHz .
A frequência de chaveamento parametrizada é
definida pela expressão
fs
o =
fo
Substituindo-se os valores de f o = 100kHz e
f S = 30kHz obtém-se o = 0,3 .

b) Com as expressões (17.4) e (17.7), obtém-se a


expressão que determina o valor da tensão Vo ,
mostrada a seguir

2
  
 Io    
1− − 1  cos 2  
 2o   2o 
Vo = (
N s V1
)  
Np 2   
sen2  
 2o 

Substituindo-se os valores dos parâmetros


encontrados anteriormente, obtém-se Vo = 100V .

c) A potência dissipada no resistor de carga é definida


pela expressão
382

Vo 2
Po =
Ro
Substituindo-se os valores de Vo = 100V e Ro = 20 ,
obtém-se Po = 500W .
A corrente no resistor de carga Ro é definida pela
expressão
V
Io = o
Ro
Substituindo-se os valores de Vo = 100V e Ro = 20
obtém-se I o = 5 A .
d) Como foi mostrado anteriormente, os esforços de
tensão sobre os interruptores e os capacitores são
iguais à metade do valor da tensão de alimentação
V1 = 800V .
V1
Portanto, VS1 = VS2 = VS3 = VS4 = VS5 = VS6 = = 400V
2

REFERÊNCIAS:

[1] F. C. Schwarz, "An Improved Method of Resonant


Current Pulse Modulation for Power Converters," in IEEE
Transactions on Industrial Electronics and Control
Instrumentation, vol. IECI-23, no. 2, pp. 133-141, May 1976.
383

[2] F. C. Schwarz and J. B. Klaassens, "A 95-Percent


Efficient 1-kW DC Converter with an Internal Frequency of
50 kHz," in IEEE Transactions on Industrial Electronics and
Control Instrumentation, vol. IECI-25, no. 4, pp. 326-333, Nov.
1978.

[3] I. Barbi and F. Pöttker, “Soft Commutation Isolated


DC-DC Converters,”. [S.1.]: Springer, 2019.
384

CAPÍTULO - 19

CONVERSORES CA-CA MONOFÁSICOS


A CAPACITOR CHAVEADO

19.1) CONVERSOR CA-CA MONOFÁSICO A CAPACITOR


CHAVEADO, ABAIXADOR, TIPO LADDER

a) Topologia

A topologia do conversor CA-CA monofásico abaixador,


baseado na célula de comutação tipo ladder, encontra-se
representada na Fig. 19.1, juntamente com os sinais de comando
dos interruptores.

Como se trata de conversor CA-CA, é necessário o emprego


de interruptores bidirecionais em tensão e corrente. Há várias
combinações possíveis de interruptores simples, que permitem a
implementação dos interruptores adequados para esse conversor.
Contudo, a versão mais utilizada, pelas vantagens que oferece,
emprega dois MOSFETs associados em antissérie, como é
mostrado na Fig. 19.2(a).
385

Fig. 19.1 – (a) Conversor CA-CA abaixador utilizando a célula de comutação a


capacitor chaveado tipo ladder. (b) Sinais de comando dos interruptores.

R1 representa as perdas de condução nos interruptores. A


tensão de entrada é definida pela expressão (19.1).

Vi (t) = Vp sen(t) (19.1)

b) Estados topológicos e circuitos equivalentes


i) Primeiro Estado Topológico (0, TS/2)

O primeiro estado topológico ocorre no intervalo (0,TS / 2)


, quando os interruptores S1 e S 3 encontram-se conduzindo e os
demais interruptores bloqueados. Este estado topológico
encontra-se representado na Fig. 19.2(a) e seu circuito equivalente
é mostrado na Fig. 19.2(b).
386

Fig. 19.2 – (a) Primeiro estado topológico e (b) Circuito equivalente.

ii) Segundo Estado Topológico (TS /2, TS )

O segundo estado topológico ocorre no intervalo


(TS / 2,TS ) , quando os interruptores S 2 e S4 encontram-se
conduzindo e os demais interruptores bloqueados. Este estado
topológico encontra-se representado na Fig. 19.3(a) e seu circuito
equivalente é mostrado na Fig. 19.3(b).
387

Fig. 19.3 – (a) Segundo estado topológico e (b) Circuito equivalente.

c) Modelagem por valor médio em espaço de estados

i) Primeiro Estado Topológico (0, TS/2)

Durante este intervalo de tempo, a dinâmica do conversor


é representada pelas equações diferenciais (19.2) e (19.3).

( )
dVC1 1
C1 = V − VC1 − VCo (19.2)
dt R1 1

Co
dVCo 1
dt
=
R1
( V
V1 − VC1 − VCo − Co
Ro
) (19.3)

ii) Segundo Estado Topológico (0, TS/2)

Durante este intervalo de tempo, a dinâmica do conversor


é representada pelas equações diferenciais (19.4) e (19.5).
388

( )
dVC1 1
C1 =− V − VCo (19.4)
dt R1 C1

Co
dVCo 1
dt
=
R1
( V
VC1 − VCo − Co
Ro
) (19.5)

Multiplicando-se (19.2) e (19.4) por D e (1 − D)


respectivamente, e somando-se os resultados, obtém-se a
expressão (19.6).

(1 − D ) V − V
( ) ( )
dVC1 D
C1 = V1 − VC1 − VCo − C1 Co
(19.6)
dt R1 R1

Multiplicando-se (19.3) e (19.5) por D e (1 − D)


respectivamente, e somando-se os resultados, obtém-se a
expressão (19.7).

(1 − D ) V (19.7)
Co
dVCo D
dt
=
R1
( D
V1 − VC1 − VCo − VCo −
Ro Ro
) Co

Para D = 0, 5 , razão cíclica que minimiza as perdas de


condução, obtém-se as expressões (19.8) e (19.9).

dVC1 1  V1 
C1 =  − VC1  (19.8)
dt R1  2 

dVCo 1 V  V
Co =  1 − VCo  − Co (19.9)
dt R1  2  Ro

A equação (19.8) representa o circuito equivalente


mostrado na Fig. 19.4.
389

Fig. 19.4 – Circuito equivalente da equação (19.8).

A equação (19.9) representa o circuito equivalente


mostrado na Fig. 19.5.

Fig. 19.5 – Circuito equivalente da Equação (19.9).

Combinando os dois circuitos, encontramos o circuito


equivalente do conversor com todos os parâmetros refletidos para
o lado da carga, mostrado na Fig. 19.6.

Fig. 19.6 – Circuito equivalente do conversor CA-CA abaixador, com os


parâmetros vistos pelo lado da baixa tensão.

Para valores usuais de R1 , que são desprezíveis, obtém-se


a expressão (19.10) que determina o valor da tensão de carga.
390

V1 (t)
Vo (t) = (19.10)
2
Portanto, o ganho estático é determinado pela expressão
(19.11).

Vo (t) 1 Vp sen(t)
G= = (19.11)
V1 (t) 2 V p sen(t)

Desse modo, após a simplificação encontramos a expressão


(19.12).

1
G= (19.12)
2

Outro circuito equivalente que pode ser conveniente em algumas


análises é mostrado na Fig. 19.7, onde NS = N P / 2 . T é um
transformador ideal com relação de transformação N P / NS = 2 .

Fig. 19.7 – Forma alternativa do circuito equivalente.

Com todos os parâmetros refletidos para o lado primário


do transformador, encontramos o circuito equivalente mostrado
na Fig. 19.8.
391

Fig. 19.8 – Circuito equivalente refletido para o lado primário do


transformador.

d) Potência Reativa e Fator de Potência

Para valores desprezíveis ou nulos de R1 , que é situação


usual, o circuito equivalente refletido para o lado de alta tensão
encontra-se representado na Fig. 19.9.

Fig. 19.9 – Circuito equivalente refletido para o lado primário do transformador


de alta tensão, para o conversor ideal.

A potência processada e entregue à carga é definida pela


expressão (19.13), enquanto que a potência reativa capacitiva
absorvida da fonte de alimentação V1 é definida pela expressão
(19.14).

V1ef 2
P= (19.13)
4Ro
392

V1ef 2
Q= = V1ef 2C eq (19.14)
XC

Substituindo-se a expressão do capacitor equivalente


na expressão (19.14), obtém-se a expressão (19.15).

 C + Co 
Q = V1ef 2  1  (19.15)
 4 
O fator de potência do conjunto é definido pela
expressão (19.16).

P
FP = (19.16)
P 2 + Q2

Portanto:

1
FP = (19.17)
2
Q
1+  
P
A representação gráfica do fator de potência definido pela
expressão (19.17) é mostrada na Fig. 19.10.
393

Fig. 19.10 – Fator de Potência versus P/Q.

Quando a relação P / Q torna-se menor que 2, o fator de


potência aproxima-se rapidamente de zero, devido à potência
reativa que circula no capacitor. Contudo, por se tratar de potência
reativa gerada, e não consumida, ela não é necessária indesejável.
De fato, pode contribuir para compensar potências reativas das
cargas usuais que são indutivas.

Na Fig. 19.11 são mostradas as principais formas de onda


do conversor.
394

Fig. 19.11 - Principais formas de onda do conversor CA-CA abaixador a


capacitor chaveado.

19.2) CONVERSOR CA-CA ELEVADOR A CAPACITOR


CHAVEADO, TIPO LADDER

O estágio de potência do conversor CA-CA elevador de


tensão, gerado pela célula ladder, encontra-se representado na Fig.
19.12, juntamente com os sinais de comando dos interruptores.
395

Fig. 19.12 – (a) Conversor CA-CA elevador de tensão, e (b) Sinais de comando
dos interruptores.

Os estados topológicos e os respectivos circuitos


equivalentes são os mesmos do circuito abaixador, pois o
conversor é reversível. Por esse motivo não serão reapresentados
aqui. O circuito equivalente, com transformador ideal com relação
de transformação igual a dois, é mostrado na Fig. 19.13.
396

Fig. 19.13 – Circuito equivalente do conversor CA-CA elevador de tensão.

O circuito equivalente com todos os parâmetros refletidos


para o lado da carga é mostrado na Fig. 19.14, e o mesmo circuito
visto pelo lado da fonte V1 , é mostrado na Fig. 19.16.

Fig. 19.14 – Circuito equivalente com os parâmetros refletidos para o lado da


carga.

Figura 19.1 – Circuito equivalente com os parâmetros refletidos para o lado da


entrada.
397

Observando os circuitos equivalentes, podemos


facilmente concluir que para R1  0 , situação em que as perdas
de condução são nulas, o ganho estático é igual a dois, como
representa a equação (19.18).

Vo
G= =2 (19.18)
V1

Na Fig. 19.15 são mostradas as principais formas de onda


do conversor.

Fig. 19.15 - Principais formas de onda do conversor CA-CA elevador de tensão


a capacitor chaveado.

19.3) CONVERSOR CA-CA INVERSOR DE POLARIDADE

O conversor CA-CA inversor de polaridade (buck-boost)


encontra-se representado na Fig. 19.17.
398

Fig. 19.16 – Conversor CA-CA inversor de polaridade (buck-boost).

O circuito equivalente, contendo o transformador ideal,


encontra-se representado na Fig. 19.18.

Fig. 19.17 – Circuito equivalente.

Como NS / N P = 1 / 2 , o circuito equivalente sem o


transformador ideal torna-se aquele mostrado na Fig. 19.18.
399

Fig. 19.18 – Circuito equivalente sem o transformador.

A partir da inspeção do circuito mostrado na Fig. 19.18


podemos escrever a equação (19.19).

V1 + Vo
− VC1
i1 = 2 (19.19)
R1

Portanto,

 V1 − VC1   VC1 − Vo 
i1 =  −  (19.20)
 2R   2R 
 1   1 
A corrente i 2 é representada matematicamente pela
expressão (19.21).

V1 + Vo
− Vo
i2 = 2 (19.21)
R1

Assim:

V1 − Vo
i2 = (19.22)
2R1

Com as expressões (19.20) e (19.22) obtém-se o circuito


equivalente representado na Fig. 19.19.
400

Fig. 19.19 – Circuito equivalente do conversor CA-CA buck boost ladder.

Para o conversor ideal, portanto sem perdas de condução,


situação em que R1 = 0 , o ganho estático é unitário, como mostra
a expressão (19.23).

Vo
G= =1 (19.23)
V1

Vamos em seguida obter o circuito equivalente deste


conversor empregando a técnica do valor médio em espaço de
estados.

i) Primeiro Estado Topológico (0, TS/2)

Durante este intervalo de tempo, o circuito equivalente é o


mostrado na Fig. 19.20.

Fig. 19.20 – Circuito equivalente pra o primeiro estado topológico.


401

O comportamento do conversor neste intervalo de tempo é


representado pelas equações (19.24) e (19.25).

( )
dVC1 1
C1 = V − VC1 (19.24)
dt R1 1

dVo V
Co = − o (19.25)
dt Ro

ii) Segundo Estado Topológico (TS/2, TS)

O circuito equivalente do conversor para este intervalo de


tempo é mostrado na Fig. 19.21.

Fig. 19.21 – Circuito equivalente pra o segundo estado topológico.

As equações diferenciais correspondentes são


representadas pelas expressões (19.26) e (19.27).

( )
dVC1 1
C1 =− V − Vo (19.26)
dt R1 C1

Co
dVo 1
=
dt R1
( V
VC1 − Vo − o
Ro
) (19.27)
402

Multiplicando-se a expressão (19.24) por D e a expressão


(19.26) por 1 − D , e somando-as, para D = 0, 5 obtém-se a
expressão (19.28).

dVC1 V1 − 2VC1 + Vo
C1 = (19.28)
dt R1

Realizando-se o mesmo procedimento para as expressões


(19.25) e (19.27), obtém-se a expressão (19.29).

dVo VC1 − Vo Vo
Co = − (19.29)
dt 2R1 Ro

A expressão (19.28) pode ser assim reescrita de acordo com


a expressão (19.30).

dVC1  V1 − VC   VC − Vo 
C1 = 1
− 1  (19.30)
dt  2R1   2R1 
   
As equações (19.29) e (19.30) representam o circuito
equivalente mostrado na Fig. 19.22.

Fig. 19.22 – Circuito equivalente do conversor CA-CA buck boost gerado pela
célula de comutação ladder.

Portanto, encontramos por outro caminho o circuito


equivalente mostrado na Fig. 19.19.
403

Na Fig. 19.23 são mostradas as principais formas de onda


do conversor.

Fig. 19.23 - Principais formas de onda do conversor CA-CA inversor de


polaridade a capacitor chaveado.

19.4) VARIAÇÃO TOPOLÓGICA DO CONVERSOR CA-CA


ABAIXADOR

Nesta seção apresentaremos outra topologia de conversor


CA-CA abaixador [2] a capacitor chaveado, a qual se encontra
representada na Fig. 19.24. Como pode ser observado, nesta
topologia não há ponto de conexão comum entre a fonte de tensão
de alimentação e a carga, como ocorre nos conversores gerados
pela célula ladder.
404

Fig. 19.24 – Conversor CA-CA abaixador a capacitor chaveado.

Fig. 19.25 – Circuito equivalente visto pela carga.

O circuito deste conversor, como é demonstrado na


referência [2], encontra-se representado na Fig. 19.25. Na
referência citada é também demonstrado que o ganho estático
deste conversor é aquele dado pela expressão (19.31), com os
parâmetros definidos pelas expressões (19.32) e (19.33).

1
G= (19.31)
2

3
C eq = C (19.32)
2
405

Req = 2R1 (19.33)

O circuito equivalente com os parâmetros refletidos para o


lado de alta tensão é mostrado na Fig. 19.26. Os parâmetros deste
circuito equivalente são definidos pelas expressões (19.34) e (19.35)
.

Fig. 19.26 – Circuito equivalente com os parâmetros refletidos para o lado da


tensão de alimentação.

Ceq 3
Ceq = = (19.34)
4 8

Req = 4Req = 8R1 (19.35)

19.5) CONVERSOR CA-CA ELEVADOR DE TENSÃO

Na Fig. 19.27 encontra-se representado o conversor CA-CA


elevador de tensão, gerado pela inversão das posições da fonte de
alimentação e da carga, no conversor abaixador mostrado na Fig.
19.24. Na Fig. 19.28 encontra-se representado o circuito
equivalente deste mesmo conversor.

Pode-se demonstrar, embora isso seja evidente por si só,


que o ganho estático desse conversor é teoricamente igual a dois,
ou seja:
406

G=2 (19.36)

Os parâmetros do circuito equivalente são definidos pelas


equações (19.37) e (19.38).

3
C eq = C (19.37)
2

Req = 2R1 (19.38)

Fig. 19.27 – Conversor CA-CA elevador de tensão.

Fig. 19.28 – Circuito equivalente do conversor CA-CA elevador de tensão


representado na Fig. 19.27.
407

19.6) TOPOLOGIA PARA OUTROS GANHOS ESTÁTICOS

Na Fig. 19.29 é mostrado um exemplo de conversor CA-CA


abaixador a capacitor chaveado, com maior quantidade de células
de comutação, o que proporciona ganhos estáticos diferentes,
como mostram as equações (19.39) e (19.40). Estes ganhos
dependem dos pontos de conexão dos resistores de carga.

Fig. 19.29 – Conversor CA-CA para ganho G=2/3 e G=1/3

Vo1 2
G1 =  (19.39)
V1 3

Vo2 1
G2 =  (19.40)
V1 3
408

19.7) EXERCÍCIO RESOLVIDO

1) Na Fig. 19.30 é representado o conversor CA-CA abaixador


de tensão, gerado pela célula ladder de comutação.
Os parâmetros do circuito são:
V1 p = 311V ; R1 = 100m ; C1 = 50 F ; Co = 50 F ;
Ro = 10 ; f S = 100kHz ; f r = 60 Hz .

Fig. 19.30 - Circuito do Exercício Resolvido.

Calcular:

a) Tensão e potência sobre o resistor de carga Ro ;


b) Fator de potência visto pela fonte V1 , ignorando as
componentes da corrente i1 de alta frequência;
c) O valor de pico da tensão em cada interruptor do
circuito.

Resolução:
409

a) O valor de pico da tensão sobre o resistor de carga é


definido pela expressão Vop = GV1 p
1
Substituindo-se os valores de G2 = e V1 p = 311V
2
obtemos Vop = 155,5V .
A potência dissipada no resistor de carga Ro é definida
pela expressão
Vop 2
Po =
2Ro
Substituindo-se os valores de Vop = 155,5V e Ro = 10
obtemos Po = 1209W

b) A potência reativa consumida pelo conversor é


definida por
C1 + Co
Q = V1ef 2
2
Substituindo-se os valores de V1ef = 220V , C1 = 50 F ,
rd
Co = 50 F e  = 377 , obtém-se
s

Q = 911,6VAr
O fator de potência é definido por
Po
FP =
Po + Q2
2

Substituindo-se os valores de Q = 911,6VAr e


Po = 1209W , obtém-se
FP = 0,798
410

c) Os esforços de tensão nos interruptores e capacitores


são iguais à metade do valor de pico da tensão de
entrada do conversor. Portanto:
V1 p
VS 1 p = = 155,5V
2
V1 p
VS 2 p = = 155,5V
2
V1 p
VS 3 p = = 155,5V
2
V1 p
VS 4 p = = 155,5V
2

19.8) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Na Fig. 19.31 é mostrado o conversor CA-CA elevador


de tensão, gerado pela célula de comutação ladder. Estes
são os parâmetros do circuito:

V1 p = 100V ; f r = 60 Hz ; C1 = 50 F ; Co = 50 F ;


R1 = 100m ; f S = 100kHz ; Ro = 10 ; D = 0,5 .
411

Fig. 19.31 – Estágio de potência e sinais de comando do conversor CA-CA


elevador a capacitor chaveado.

a) Obter o circuito equivalente do conversor visto pela


fonte de tensão de entrada e pela carga;
b) Calcular:
• Valor eficaz da tensão no resistor de carga;
• Potência entregue à carga;
• Eficiência do conversor;
• Potências reativa e aparente consumidas da
fonte de entrada.
412

Respostas:

a)

Fig. 19.32 – Circuito equivalente do conversor visto pela fonte de entrada.

Fig. 19.33 – Circuito equivalente do conversor visto pela carga.

b)
• VRo ef = 135,98V
• Po = 1849W
•  = 96,15%
• Q = 471, 2VAr e S = 1979,97VA

2) Na Fig. 19.34 é mostrado o conversor CA-CA a


capacitor chaveado inversor de polaridade, gerado
pela célula ladder.
413

Fig. 19.34 – Conversor CA-CA inversor de polaridade a capacitor chaveado.

Os parâmetros são os mesmos do exercício anterior.


Realizar os mesmos cálculos e verificar os resultados
por simulação.

Respostas:

a)

Fig. 19.35 - Circuito equivalente do conversor visto pela carga e pela fonte de
entrada.

b)
• VRo ef = 67,99V
• Po = 462,3W
•  = 96,15%
• Q = 188, 49VAr e S = 516, 4VA
414

REFERÊNCIAS:

[1] R. L. Andersen, T. B. Lazzarin and I. Barbi, "A 1-


kW Step-Up/Step-Down Switched-Capacitor AC–AC
Converter," in IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 28,
no. 7, pp. 3329-3340, July 2013.
415

CAPÍTULO - 20

CONVERSORES DIRETOS DE TENSÃO


CA-CA

20.1) INTRODUÇÃO

Neste capítulo apresentaremos as topologias dos


conversores CA-CA, diretos, sem passagem por estágios
intermediários de tensão contínua. Apresentaremos também
os respectivos circuitos equivalentes e as características
estáticas relevantes.

No capítulo seguinte faremos a integração desses


conversores com os conversores a capacitores chaveados,
gerando assim uma família de conversores CA-CA híbridos.

20.2) CONVERSOR CA-CA ABAIXADOR DE TENSÃO

O estágio de potência do conversor CA-CA abaixador


de tensão (buck) é mostrado na Fig. 20.1, juntamente com os
sinais de comando dos interruptores. Os interruptores
operam com frequências elevadas, da ordem de várias
dezenas de quilohertz, portanto muito superiores à
frequência da fonte de alimentação V1 .
416

Os parâmetros L e C o são empregados para filtrar as


componentes de alta frequência das tensões e correntes,
fazendo com que elas sejam minimizadas na carga
representada pelo resistor Ro .

Cada interruptor equivalente é bidirecional, sendo


capaz de conduzir corrente elétrica ou de bloquear tensão
nos dois sentidos. Usualmente é formado por dois IGBT’s ou
dois MOSFET’s associados em anti-série.

Em um período de operação, o conversor apresenta


dois estados topológicos, mostrados na Fig. 20.2.

Fig. 20.1 – Conversor CA-CA abaixador ideal: (a) estágio de potência e (b)
sinais de comando dos interruptores.
417

Fig. 20.2 - Estados topológicos do conversor ca-ca abaixador tensão.

Pode-se demonstrar que o funcionamento do


conversor em questão é representado pelos circuitos
equivalentes, para valores médios quase instantâneos,
mostrados na Fig. 20.3.
418

Fig. 20.3 – Circuitos equivalente para valores médios quase instantâneos: (a)
com transformador ideal; (b) com parâmetros refletidos para o lado da carga; (c)
com parâmetros refletidos para o lado da fonte de alimentação de entrada.

A tensão de entrada é por hipótese puramente


senoidal e representada pela expressão (20.1).

v1 ( t) = VP sen(wt) (20.1)

O ganho estático do conversor é definido pela


expressão (20.2), sendo Vo e V1 são os valores eficazes ou de
pico das tensões de saída e entrada.
419

V0
G= (20.2)
V1

Realizando-se a análise do circuito equivalente


mostrado na Fig. 20.3(c), obtém-se a expressão (20.3), que
representa o ganho estático, que além de depender da razão
cíclica D , depende também dos parâmetros internos do
circuito.

D
G= 1/2
(20.3)
  L 
2

( ) 
2
  +  LCo − 1
2

 Ro 
 
A grandeza  é a pulsação da tensão de entrada,
definida pela expressão (20.4).

 = 2 f (20.4)

Nas situações em que o produto  L possa ser


desprezado, em face dos valores das demais impedâncias, o
ganho estático teórico é determinado pela expressão (20.5).

G=D (20.5)

O fator de potência visto pela fonte V1 é representado


pela expressão (20.6).
420

1
FP = (20.6)
 2  
1/ 2

   
 
R C
1 + 1 + ( RoC o )  
2
 L o o

  Ro 1 + ( R C  )  
2

  o o  

Nas Fig. 20.4 e Fig. 20.5 são representadas as curvas de


ganho e fator de potência, respectivamente, em função de D,
para diferentes valores de L, para um conversor com os
seguintes parâmetros: f = 60 Hz , fS = 100 kHz , Co = 20  F e
Ro = 20  .

Fig. 20.4 – Ganho estático do conversor CA-CA abaixador para diferentes


valores de L.
421

Fig. 20.5 – Fator de potência do conversor CA-CA abaixador para diferentes


valores de L.

20.3) CONVERSOR CA-CA ELEVADOR DE TENSÃO


(BOOST)

O estágio de potência do conversor CA-CA elevador


idealizado, empregando a mesma célula de comutação,
encontra-se representado na Fig. 20.6, juntamente com os
sinais de comando dos interruptores.

Os dois principais estados topológicos encontram-se


representados na Fig. 20.7.
422

Fig. 20.6 – (a) Estágio de potência e (b) e sinais de comando do conversor CA-
CA elevador de tensão.

Fig. 20.7 – Estados topológicos do conversor CA-CA elevador de tensão.


423

O circuito equivalente genérico, empregando um


transformador ideal, é mostrado na Fig. 20.8.

Fig. 20.8 – Circuito equivalente genérico.

Os circuitos equivalentes com os parâmetros


refletidos para o lado da carga e para o lado da fonte são
mostrados nas Fig. 20.9(a) e Fig. 20.9(b), respectivamente.

Fig. 20.9 – Circuitos equivalentes do conversor CA-CA elevador: (a)


parâmetros refletidos para o lado da carga e (b) parâmetros refletidos para o lado
da fonte de alimentação.

A tensão de entrada é definida pela expressão (20.7).


424

V1 (t) = VP sen(t) (20.7)

Pode-se demonstrar que o ganho estático do


conversor é determinado pela expressão (20.8).

 1 
 1− D 
G=
Vo
=   (20.8)
1/ 2
V1  2 2

 L  
1    LCo 
 
2

 + − 1 
 ( 1 − D ) Ro   ( 1 − D )  
2 2

  

Podemos observar que o ganho depende da razão


cíclica D e dos parâmetros internos do circuito.

Na Fig. 20.10 está representado o ganho estático deste


conversor, em função de D , para diferentes valores de L ,
com os seguintes parâmetros: f = 60 Hz , fS = 100 kHz ,
C o = 20  F e Ro = 20  .

Fig. 20.10 – Ganho estático do conversor CA-CA elevador, para diferentes


valores de L.
425

Podemos concluir que para D  0,8 o ganho estático é


praticamente independente do valor L e é representado pela
expressão (20.9), que é idêntica àquela do conversor elevador
CC-CC.

V0 1
= (20.9)
V1 1 − D

O fator de potência é determinado pela expressão


(20.10).

1
FP = 1
(20.10)
 2  
RoCo  
2
  L
  ( o o )    
2
1 + 1 + R C  
  ( 1 − D )2 R 1 + ( R C  )2  
  o o o 

A representação gráfica do fator de potência visto da


entrada do conversor é mostrada na Fig. 20.11 para os
mesmos parâmetros.

Fig. 20.11 – Representação gráfica do fator de potência do conversor CA-CA


elevador, para diferentes valores de L.
426

Podemos concluir que para valores de D  0,8 , para


os parâmetros em questão, o fator de potência é praticamente
unitário.

20.4) CONVERSOR CA-CA ABAIXADOR-ELEVADOR


DE TENSÃO (BUCK-BOOST)

O conversor CA-CA abaixador-elevador de tensão,


pertencente à mesma família dos conversores anteriores,
encontra-se representado na Fig. 20.12, juntamente com os
sinais de comando dos interruptores.

Fig. 20.12 – Conversor CA-CA abaixador-elevador: (a) estágio de potência e (b)


sinais de comando dos interruptores.

Os dois estados topológicos encontram-se


representados na Fig. 20.13.
427

Fig. 20.13 – Estados topológicos para os intervalos de tempo (a) (0, DTS) e (b)
(DTS, TS), respectivamente.

Durante o intervalo (0, DTS) o comportamento do


conversor é descrito pelas equações (20.11) e (20.12).

diL
L = VL (20.11)
dt

dVo V
Co =− o (20.12)
dt Ro

Durante o intervalo de tempo (DTS, TS) o seu


comportamento é representado pelas equações (20.13) e
(20.14).

di L
L = Vo (20.13)
dt

dVo V
Co = iL − o (20.14)
dt Ro
428

Multiplicando (20.11) e (20.12) por D obtermos as


expressões (20.15) e (20.16).

diL
DL = DV1 (20.15)
dt

dVo V
DCo = −D o (20.16)
dt Ro

Multiplicando-se (20.13) e (20.14) por (1 − D) obtém-se


as expressões (20.17) e (20.18), respectivamente.

diL
(1 − D ) L dt = (1 − D ) V o
(20.17)

dVo V
(1 − D ) C o
dt
= −D o
Ro
(20.18)

Somando (20.15) com (20.17) e (20.16) com (20.18),


obtemos (20.19) e (20.20).

diL
L = DV1 + (1 − D ) Vo (20.19)
dt

dVo V  V 
C = − D o + ( 1 − D )  iL − o  (20.20)
dt Ro  Ro 

Dividindo todos os termos da equação (20.19) por


(1 − D) obtemos a equação (20.21).
429

 D 
L d
( )
iL (1 − D ) =   V1 + Vo (20.21)
(1 − D )  1− D 
2
dt

Manipulando algebricamente a equação (20.20),


obtemos a equações (20.22).

dVo V
C = ( 1 − D ) iL − o (20.22)
dt Ro

As equações (20.21) e (20.22) representam o circuito


equivalente representado na Fig. 20.15, no qual todos os
parâmetros são refletidos para o lado da carga Ro .

Nas equações acima apresentadas, as grandezas iL e


Vo representam valores médios quase instantâneos. Para
simplicidade de representação, a partir de agora
utilizaremos, para representar essas variáveis, os símbolos
Vo e i L .

Fig. 20.14 – Circuito equivalente do conversor abaixador-elevador.

O ganho estático do conversor é determinado pela


expressão (20.23).
430

 D 
Vo  1− D 
G= =   (20.23)
1
V1
 2
   2 LC  
2 2
 L  + 

o
− 1 
 ( 1 − D ) Ro   ( 1 − D )  
2 2

  

A expressão (20.23) encontra-se representada


graficamente na Fig. 20.15, em função de D , para diferentes
valores de L , para os parâmetros fs = 60 Hz , Ro = 20  e
C o = 20  F.

Fig. 20.15 – Ganho estático do conversor CA-CA abaixador-elevador para


diferentes valores de L.

Concluímos que para D  0,8 o efeito do indutor L no


ganho estático pode ser ignorado e o ganho passa a ser
descrito pela expressão (20.24), a mesma do conversor
abaixador-elevador CC-CC.
431

V0 D
G= = (20.24)
V1 1 − D

Pode-se demonstrar que fator de potência FP visto


pela fonte de alimentação da entrada do conversor é
determinado pela expressão (20.25).

1
FP = (20.25)
2  R C 
(
1 + 1 + ( RoCo )
2
)  L  o o 
 ( 1 − D )2 R  1 + ( R C )2 
 o  o o 

A representação gráfica da equação (20.25) é mostrada


na Fig. 20.16, para diferentes valores da indutância L e os
mesmos parâmetros mencionados anteriormente.

Fig. 20.16 – Representação gráfica do fator de potência do conversor CA-CA


abaixador-elevador, para diferentes valores de L.
432

Para D  0,8 , FP = 1 e praticamente


independentemente do valor de L , para os parâmetros acima
citados.

20.5) EXEMPLO NUMÉRICO

Na Fig. 20.17 é mostrado o conversor direto CA-CA


elevador de tensão, operando com os seguintes
parâmetros:

V1ef = 220V ; f = 60Hz ; L = 1mH ; Co = 10 F ; Ro = 20


f S = 40kHz ; D = 0,5 .

Fig. 20.17 - Circuito do Exemplo Numérico.

Calcular:

a) O valor eficaz da tensão Vo sobre o resistor de


carga Ro ;
433

b) O fator de potência medido na entrada do


conversor (fonte V1 );
c) A potência aparente fornecida pela fonte V1 .

Resolução:
a) A partir da equação (20.8) obtém-se a equação
(20.26), que determina o valor eficaz da tensão na
saída do conversor.

1 V1ef
Voef = (20.26)

2
  L 1    2 LC
 + o

−1
2
(1 − D )
 (1− D )2 Ro   (1− D )2 
   

Substituindo-se os valores de V1ef = 220V , D = 0,5 ,


rd
L = 1mH , Co = 10 F e  = 377 , obtém-se Voef = 441, 25V .
s
b) O fator de potência é determinado pela expressão
(20.27)

1
FP = 1
 2  2
   

R C
1 + 1 + ( RoCo )  
2 L
2 
o o

  (1 − D ) R 1 + ( R C  )  
2

  o o o 
(20.27)

Substituindo-se os valores dos parâmetros, obtém-se


FP = 0,997 .
434

c) A potência aparente é definida pela expressão


(20.28).

Po
S= (20.28)
FP

A potência dissipada no resistor de carga é definida


pela expressão (20.29).

Voef 2
Po = (20.29)
Ro

Substituindo-se os valores de Voef = 441, 25V e


Ro = 20 na equação (20.29) obtém-se Po = 9735W

Substituindo-se os valores de FP = 0,997 e


Po = 9735W na equação (20.28) obtém-se S = 9764.7W.

20.6) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Na Fig. 20.18 encontra-se representado o estágio


de potência do conversor CA-CA elevador-abaixador,
isolado (Flyback).
435

Fig. 20.18 – Conversor CA-CA flyback.

a) Descreva as etapas de operação;


b) Obtenha a expressão do ganho estático;
c) Verifique os resultados por simulação.

Respostas:

a) O conversor possui duas etapas de operação.


Na primeira, compreendida de (0, DTS ) a fonte de
alimentação magnetiza o transformador.
Na segunda, de ( DTS , TS ) , o transformador
desmagnetiza na carga.

b)

 D 
Vo  1− D 
G= =   (20.30)
1
V1
 2
   2 LC  
2 2
 L  + 

o
− 1 
 ( 1 − D ) Ro   ( 1 − D )  
2 2

  
436

2) Na Fig. 20.19 encontra-se representado o


conversor CA-CA elevador-abaixador sem inversão da
polaridade da tensão de saída em relação à tensão de entrada.

Fig. 20.19 – Conversor CA-CA abaixador-elevador sem inversão da tensão na


carga.

a) Descreva a operação do circuito, representando


os estados topológicos e as principais formas de
onda;
b) Obtenha a expressão do ganho estático;
c) Verifique os resultados por simulação.

Respostas:

a) No primeiro estado topológico o indutor armazena


energia da fonte de alimentação. No segundo ele
transfere a energia armazenada para a carga. Os
estados topológicos estão representados na Fig.
20.20.
437

Fig. 20.20 - Estados topológicos do conversor, (a) primeiro estágio, (b) segundo
estágio.

b) O ganho estático é determinado pela expressão


(20.31).

Vo 1
G= = 1
(20.31)
V1
    2 LCo
2
 
2 2

 L
+
  − 1  
 Ro (1 − D) 2   (1 − D )2  
 

REFERÊNCIAS:

[1] I. Barbi, J. C. Fagundes and E. V. Kassick, "A


compact AC/AC voltage regulator based on an AC/AC high
frequency flyback converter," PESC '91 Record 22nd Annual
IEEE Power Electronics Specialists Conference, Cambridge, MA,
USA, 1991, pp. 846-852.
438

CAPÍTULO - 21

CONVERSORES DIRETOS CA-CA


HÍBRIDOS

21.1) CONVERSOR CA-CA HÍBRIDO ABAIXADOR DE


TENSÃO

A topologia do conversor CA-CA híbrido abaixador


de tensão, juntamente com os sinais de comando dos
interruptores, é mostrada na Fig. 21.1.

Fig. 21.1 – (a) Conversor CA-CA abaixador híbrido, (b) Sinais de comando.
439

Os interruptores são bidirecionais em tensão e


corrente, usualmente formados pela associação de dois
MOSFETs conectados em antissérie.

Os dois estados topológicos para um período de


operação encontram-se representados na Fig. 21.2.

Fig. 21.2 – Estados topológicos do conversor CA-CA híbrido abaixador: (a)


intervalo de tempo (0,DTS) e (b) intervalo de tempo (DTS,TS).

O resistor R1 responde por todas as perdas de


condução. Por ser de valor normalmente insignificante,
usualmente pode ser ignorado no circuito equivalente que se
encontra representado na Fig. 21.3.
440

Fig. 21.3 – Circuito equivalente para regime permanente senoidal.

O circuito equivalente com todos os parâmetros


referidos para o lado da carga é mostrado na Fig. 21.4.

Fig. 21.4 – Circuito equivalente visto pelo lado da carga.

A capacitância do capacitor equivalente do circuito


mostrado na Fig. 21.4 é definida pela expressão (21.1).

C1 + C 2
Ceq = (21.1)
D2

O circuito equivalente com os parâmetros refletidos


para o lado da fonte de alimentação V1 é mostrado na Fig.
21.5.

Fig. 21.5 – Circuito equivalente visto pela fonte de alimentação.


441

Pode-se demonstrar que os diversos parâmetros do


circuito equivalente visto pela fonte de alimentação são
representados pelas expressões (21.2), (21.3), (21.4), (21.5) e
(21.6).

4
Rap = Ro (21.2)
D2
4
Lp = L (21.3)
D2

D2
Cap = C (21.4)
4 o

C1 + C 2
Cp = (21.5)
D2

2Vo
Vap = (21.6)
D

O ganho do conversor é dado pela expressão (21.7), e


se encontra representado graficamente na Fig. 21.6, para
diferentes valores da razão cíclica D e da indutância L .

D
G(D, L) = 2 (21.7)
2
 L 
( )
2
 +  LC o − 1
2

 Ro 

Para valores usuais de L , podemos adotar:


442

Vo D
G= = (21.8)
V1 2

Portanto, a tensão de carga Vo , sob a ação da razão


cíclica, pode variar de acordo com a expressão (21.9).

0  Vo  V1 / 2 (21.9)

Como os demais conversores híbridos, os


semicondutores e capacitores do circuito são submetidos à
metade do valor da tensão de alimentação V1 .

Para geração da curva mostrada na Fig. 21.6 foram


empregados os seguintes parâmetros: f = 60 Hz , Co = 20  F
, C1 = 50  F e C 2 = 50  F .

Fig. 21.6 – Ganho estático em funções de D, tornando L como parâmetro.

Para a obtenção do fator de potência, vamos analisar


o circuito equivalente mostrado na Fig. 21.5, representado na
443

Fig. 21.7, sem a presença de L, cujo valor da indutância


normalmente é muito pequeno.

Fig. 21.7 – Circuitos equivalente para L≈0.

O fator de potência é definido pela expressão (21.10).

1
FP = (21.10)
2
Q
1+  
P

P representa a potência ativa entregue à carga e Q a


potência reativa capacitiva produzida pelo conversor. São
definidas pelas expressões (21.11) e (21.12), respectivamente.

O comportamento do fator de potência em função da


razão cíclica D , para diferentes valores de L , é mostrado na
Fig. 21.8.

V1ef 2
P= (21.11)
 4Ro 
 2 
 D 

 D 2C o C1 + C 2 
Q = V1ef  
2
+  (21.12)
 4 4 
444

Fig. 21.8 – Fator de potência em função de Ro , tornando D como parâmetro.

Outra topologia abaixadora de tensão encontra-se


representada na Fig. 21.9.

Fig. 21.9 – Conversor CA-CA abaixador, híbrido com ganho G=(1+D)/2

O circuito equivalente, para as perdas ignoradas,


encontra-se representado na Fig. 21.10.

Fig. 21.10 – Circuito equivalente.


445

Demonstra-se facilmente que o ganho estático deste


(1 + D)
conversor é G = .
2

21.2) CONVERSOR DIRETO CA-CA HÍBRIDO


ELEVADOR DE TENSÃO

O estágio de potência do conversor CA-CA elevador


híbrido encontra-se representado na Fig. 21.11, juntamente
com os sinais de comando dos interruptores.

Fig. 21.11 – Conversor CA-CA elevador híbrido: (a) Estágio de potência e (b)
Sinais de comando dos interruptores.

Os dois estados topológicos para um período de


funcionamento encontram-se representados na Fig. 21.12.
446

Fig. 21.12 – Estados topológicos do conversor direto CA-CA híbrido.

Os circuitos equivalentes correspondentes são


mostrados na Fig. 21.13.
447

Fig. 21.13 – Circuito equivalente para os dois estados topológicos.

O circuito equivalente global, obtido com o emprego


da técnica de valores médios em espaço de estados, encontra-
se representado na Fig. 21.14.

Fig. 21.14 – Circuitos equivalentes do conversor CA-CA elevador híbrido.

O circuito equivalente com os parâmetros refletidos


para o lado da carga é mostrado na Fig. 21.15.
448

Fig. 21.15 – Circuito equivalente visto pelo lado da carga.

O circuito equivalente com os parâmetros refletidos


para o lado da tensão de entrada encontra-se representado
na Fig. 21.16.

Fig. 21.16 – Circuito equivalente com os parâmetros refletidos para o lado da


fonte de alimentação.

Para valores usuais de L, o ganho estático é


determinado pela expressão (21.13).

Vo 2V1
G= = (21.13)
V1 1 − D

Analisando-se o circuito equivalente mostrado na Fig.


21.15, pode-se obter a expressão do ganho estático com a
inclusão do indutor L , representado matematicamente pela
expressão (21.14).
449

 2 
 1− D 
G=
Vo
=   (21.14)
V1 
2

 4 L    2 4L 
 C1 + C 2  
+  C +  −1
 (1 − D )2 R   (1 − D )2  o 4  
 o   

A representação gráfica da expressão (21.14) é


mostrada na Fig. 21.17, para os seguintes parâmetros:
Ro = 50  ; Co = 20  F ; C1 = 50  F ; C 2 = 50  F e f = 60 Hz .

São traçadas curvas do ganho G em função da razão


cíclica D , tornando L como parâmetro.

Fig. 21.17 – Ganho estático do conversor CA-CA elevador híbrido em função de


D para diferentes valores de L.

Podemos concluir que para valores da razão cíclica


D  0,6 , para os parâmetros mencionados, o ganho é
praticamente independente da indutância L e pode ser
representado pela expressão (21.15).
450

2
G= (21.15)
1− D

Outra topologia possível para o conversor CA-CA


híbrido elevador de tensão, encontra-se representada na Fig.
21.18.

Fig. 21.18 – Conversor CA-CA elevador híbrido para 1 ≤ 𝐺 ≤ 2.

Para valores usuais de L , normalmente com efeito


desprezível, o ganho estático do conversor é representado
pela expressão (21.16).

Vo 2
G= = (21.16)
V1 2 − D

21.3) CONVERSOR DIRETO CA-CA HÍBRIDO


ABAIXADOR-ELEVADOR DE TENSÃO

O estágio de potência do conversor direto CA-CA


abaixador-elevador de tensão em questão encontra-se
451

representado na Fig. 21.19, juntamente com os sinais de


comando dos interruptores.

Fig. 21.19 – Conversores CA-CA abaixador-elevador: (a) Estágio de potência e


(b) Sinais de comando dos interruptores.

Os dois principais estados topológicos são mostrados


na Fig. 21.20.
452

Fig. 21.20 – Estados topológicos do conversor CA-CA abaixador-elevador


híbrido.

Vamos obter a expressão do ganho estático, sob a


hipótese de que todos os componentes sejam ideias.

Na Fig. 21.21 é mostrada, para o intervalo de um


período de chaveamento, a tensão sobre o indutor L .

Fig. 21.21 – Tensão instantânea sobre o indutor L.

Como em um período de chaveamento o valor médio


dessa tensão é nulo, podemos escrever a expressão (21.17).

  V + Vo  
DV1 = ( 1 − D )  1  − V1  (21.17)
 2  
453

Com a manipulação algébrica apropriada obtemos:

Vo 1 + D
G= = (21.18)
V1 1 − D

A expressão (21.18), a rigor, só seria válida para L = 0


. Contudo, podemos demonstrar que para valores usuais de
L , a exemplo dos conversores anteriores, seu efeito sobre o
ganho estático é desprezível.

O circuito equivalente do conversor é mostrado na


Fig. 21.22.

Fig. 21.22 – Circuito equivalente do conversor CA-CA hibrido abaixador-


elevador de tensão.

Outra topologia possível, para o conversor CA-CA


tipo abaixador-elevador de tensão utilizando a mesma célula
de comutação é mostrada na Fig. 21.23.
454

Fig. 21.23 – Variação topológica do conversor CA-CA híbrido abaixador-


elevador de tensão.

Para componentes ideais, podemos escrever a


expressão (21.19).

V1 + Vo
VC2  VC1  (21.19)
2

A forma de onda da tensão sobre o indutor L , para


um período de chaveamento, com as polaridades
instantâneas das tensões indicadas na Fig. 21.23, é mostrada
na Fig. 21.24.

Fig. 21.24 – Tensões sobre o indutor L.

A partir da Fig. 21.24 pode-se escrever a expressão


(21.20).
455

( )
D V1 − VC1 = (1 − D ) Vo (21.20)

Portanto,

DV1 − VC1 = ( 1 − D ) Vo (21.21)

Substituindo-se (21.19) em (21.21) obtém-se a


expressão (21.22).

 V + Vo 
DV1 − D  1  = ( 1 − D ) Vo (21.22)
 2 

Com a manipulação algébrica apropriada obtém-se a


expressão (21.23) que define o ganho estático do conversor.

Vo D
G= = (21.23)
V1 2 − D

Vo e V1 podem ser valores eficazes ou valores de pico


das tensões de saída e de entrada, respectivamente.

A representação gráfica do ganho estático definido


pela expressão (21.23) é mostrada na Fig. 21.25.
456

Fig. 21.25 – Ganho estático do conversor elevador-abaixador mostrado na Fig.


21.23, em função da razão cíclica.

21.4) EXEMPLO NUMÉRICO


Na Fig. 21.26 é mostrado o conversor CA-CA
abaixador de tensão híbrido, com os seguintes
parâmetros:

V1ef = 220V ; f r = 60 Hz ; D = 0,5 ; f S = 200kHz ; L = 1mH


; Co = 20 F ; Ro = 5 ; C1 = C2 = 30 F ; R1 = 100m .
457

Fig. 21.26 – Estágio de potência e sinais de comando para o exemplo numérico.

Calcular:

a) Valor eficaz da tensão Vo na carga;


b) Potência entregue ao resistor Ro ;
c) Valor eficaz da corrente i1 na fonte V1 ;
d) Fator de potência na entrada (visto pela fonte V1 );
e) Eficiência do circuito;
f) Valores de pico das tensões sobre os interruptores.

Resolução:

a) O ganho do conversor é dado por


458

D
G= 2 (21.24)
2
 L 
( )
2
 +  LCo − 1
2

R
 o 

Assim o valor eficaz da tensão de saída é dado por

Voef = GV1ef = 55V (21.25)

b) A potência na carga é

Voef 2
Po = = 605W (21.26)
Ro

c) Para calcular o valor eficaz da corrente de entrada,


primeiramente é calculada a impedância
equivalente do conversor, conforme (21.27).

 1 
 Rap jC 
 1
ap
+ j L p 
R + 1  jC p
 ap jC 
Z eq =  
ap
(21.27)
1
Rap
jCap 1
+ j Lp +
Rap +
1 jC p
jCap

Assim o valor eficaz é calculado por (21.28).


459

V1ef
i1ef = = 2,977 (21.28)
Z eq

d) Para se calcular o fator de potência, obtém-se


primeiramente os valores das potências ativa e
reativa fornecidas pela fonte, de acordo com o
procedimento descrito a seguir (21.29) e (21.30).

V1ef 2
P= = 605W (21.29)
4 Ro
D2

Q = V1ef i1ef sen ( Z eq ) = 250,5VAr (21.30)

O fator de potência é calculado com o emprego da


equação (21.31).

1
FP = = 0,924 (21.31)
2
Q
1+  
P

e) A eficiência do circuito é relação entre a potência


entregue à carga e a potência de entrada, de acordo
com a equação (21.32).

Vap 2
Rap
= = 92,38% (21.32)
V1ef i1ef
460

f) Todos os interruptores são submetidos à metade


da tensão de entrada, assim suas tensões de pico
são:

V1 p
VS1 p = = 155, 6V (21.33)
2
V1 p
VS2 p = = 155, 6V (21.34)
2

V1 p
VS3 p = = 155, 6V (21.35)
2
V1 p
VS4 p = = 155, 6V (21.36)
2

21.5) EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Na Fig. 21.27 é mostrado um conversor CA-CA


abaixador híbrido, com os seguintes parâmetros:
V1ef = 220V ; f r = 60 Hz ; R1 = 100m ; C1 = C2 = 30 F ;
Co = 30 F ; Ro = 10 ; f S = 200kHz ; D = 0,5 ;
Lo = 200 H .
461

Fig. 21.27 - Circuito para o exercício proposto 1.

Determinar:

a) O ganho estático do conversor;


b) O valor eficaz da tensão de carga;
c) A potência dissipada no resistor de carga Ro .

Respostas:
1+ D
a) G = = 0, 75
2
b) Voef = GV1ef = 165V
Voef 2
c) Po = = 2725W
Ro
462

2) Na Fig. 21.28 é mostrado um conversor CA-CA


híbrido, elevador de tensão, com os seguintes
parâmetros:
V1 p = 100V ; f r = 60 Hz ; f S = 200kHz ; C1 = C2 = 30 F ;
L1 = 200 H ; Co = 30 F ; Ro = 10 ; R1 = 100m ;
Vop = 180V .

Fig. 21.28 - Circuito e sinais de comando do exercício 2.

Determinar o valor da razão cíclica D .

Resposta:

 V 
D = 2 1 − 1 p  = 0,889
 V
 op 
463

CAPÍTULO - 22

RESULTADOS EXPERIMENTAIS

22.1) INTRODUÇÃO

Neste capítulo, vamos apresentar resultados


experimentais de diferentes topologias de conversores a
capacitor chaveado e híbridos.

Esses conversores, frutos de estudos e pesquisas


pioneiras, foram analisados, dimensionados, construídos e
testados em laboratório.

Os resultados desses estudos demonstram a


potencialidade e a adequação desta tecnologia no
processamento da energia elétrica.

22.2) CONVERSOR RESSONANTE LLC HÍBRIDO A


CAPACITOR CHAVEADO [1]

O estágio de potência do conversor ressonante LLC


híbrido encontra-se representado na Fig. 22.1.
464

Fig. 22.1 - Estágio de potência do conversor LLC ressonante híbrido.

As especificações do conversor analisado, projetado e


construído são apresentadas na Tabela 22.1.
Tabela 22.1 - Especificações do protótipo.

Potência nominal (Po ) 2 kW


Tensão de entrada (V i) 1000 V
Tensão de saída (V o ) 48 V
Frequência de comutação (f s) 90 kHz
Frequência de ressonância (f o ) 100 kHz
Relação de transformação (a) 11

Os parâmetros e os componentes empregados na


construção do protótipo são mostrados na Tabela 22.2.
465

Tabela 22.2 - Parâmetros e componentes do protótipo.

Componente Tipo Valor/Modelo


S1, S2, S3, 650 V / 21 A / 120 mΩ @100˚C
MOSFET SiC
S4, S5, S6 SCT3120AL
C1a,b, C2a,b, Capacitor de 15 µF / 650 V / 10,5 A / 5,3 mΩ
Cfa,b filme C4AQCBU5150A12J
Cr1, Cr2, Cr3, Capacitor de 4,7 nF / 2 Kv
Cr4, Cr5 filme R76UI14704040J
Capacitor de 2,2 nF / 2 Kv
Cr6, Cr7
filme R76UI12204030J
Lr 57,328 µH / N = 18
Ferrite N97
90 x AWG38 / E 42/21/20
Np = 22 / 150 x AWG38
Ns = 2 / 1600 x AWG38
T
Ferrite N87 Lm = 459,72 H
Ld = 33,785 H
E 70/33/32
D1, D2, 100 V / 40 A / 0,375 V @175˚C
FERD
D3, D4 FERD40H100STS
Capacitor de 55 µF / 800 V / 16,5 A / 4,1 mΩ
Co1, Co2, Co3
filme C4AQIBW5550A3NJ

Na Fig. 22.2 é mostrada fotografia do protótipo


construído.
466

Fig. 22.2 - Fotografia do protótipo construído e testado.

A curva do rendimento em função da potência


processada é mostrada na Fig. 22.3.

Fig. 22.3 - Curva de rendimento do conversor ressonante LLC híbrido.


467

Neste conversor, os componentes do estágio de


potência, que formam a célula de comutação, são submetidos
a uma tensão igual à metade da tensão do barramento de
tensão contínua, sendo este seu principal atributo.

22.3) CONVERSOR TRIFÁSICO CA-CA A CAPACITOR


CHAVEADO [2]

O estágio de potência do conversor estudado,


juntamente com os sinais de comando, é mostrado na Fig.
22.4.

Fig. 22.4 - Estágio de potência e sinais de comando do conversor CA-CA a


capacitor chaveado.
468

As especificações do protótipo construído e testado


em laboratório são apresentadas na Tabela 22.3, juntamente
com os parâmetros e os componentes.
Tabela 22.3 - Especificações e componentes do protótipo.

Descrição Quantidade Valores


Potência de saída (Po ) - 6 kW
Tensão de linha de entrada
- 380 V
(V A, V B, V C)
Tensão de fase de saída (V R,
- 110 V
V S, V T)
Frequência da tensão de
- 16,66-400 Hz
entrada (f)
Frequência de comutação
- 100 kHz
(fs)
9µF/350V/ESR=1,9mΩ
Capacitores (C1 ao C9) 9
C4ATHBW4900A3LJ
MOSFETSs dos
IXKH 70N60C5
interruptores bidirecionais 24
(Ron=81 mΩ/ 100˚C)
(S1 ao S12)
Gate Driver (opto
6 DRO100D25A
acoplador)
Fontes de alimentação
isoladas para os Gate 6 S320-08ª
Drivers
Circuito Integrado
Dedicado para Geração dos 1 UC3525
Sinais de comando

Na Fig. 22.5 são mostradas as curvas de rendimento,


teórica e experimental, em função da potência.
469

Fig. 22.5 - Curva de rendimento em função da potência entregue à carga.

Na Fig. 22.6 são mostradas formas de onda


experimentais das tensões de entrada e de saída do
conversor.

Fig. 22.6 - Formas de onda experimentais para conexão Y-Δ; V AB – tensão de


linha de entrada, V RN, V SN, V TN – tensões fase-neutro na saída.
470

A fotografia do protótipo construído e testado é


mostrada na Fig. 22.7.

Fig. 22.7 - Fotografia do conversor CA-CA trifásico a capacitor chaveado de


6kW, testado em laboratório.

22.4) CONVERSOR CC-CC HÍBRIDO BIDIRECIONAL


[3]

Na Fig. 22.8 é mostrado o estágio de potência do


conversor CC-CC bidirecional, híbrido, estudado e testado
em laboratório.
471

Fig. 22.8 - Conversor CC-CC híbrido bidirecional.

As especificações e os parâmetros do protótipo são


mostrados na Tabela 22.4.
Tabela 22.4 - Especificações empregadas nas simulações e experimentações.

Parâmetro Valor
Potência 10 – 140 W
Frequência de comutação 20 – 70 kHz
Baixa tensão (V L) 14 V
Alta tensão (V H) 42 V
Capacitores C1, C2, C3 4,7 mF, 4,7 mF, 6,6 mF
Resistência dos capacitores (rC) 20 mΩ
Resistência de
Mosfet IRF4104
condução 5,5 mΩ
472

Fig. 22.9 - Corrente no indutor L, para potência positiva e negativa (resultado


experimental).

Na Fig. 22.9 é mostrada a corrente no indutor L , tanto


para potência positiva com iL  0 , quanto negativa, para
iL  0 . Este resultado é obtido com controle em malha
fechada da corrente iL .

Fig. 22.10 - Rendimento em função da potência, para o conversor operando nos


modos buck ou boost, com diferentes frequências de chaveamento.
473

As curvas experimentais de rendimento são


mostradas na Fig. 22.10.

O que distingue este conversor do conversor


bidirecional convencional é a redução da tensão sobre os
interruptores, cujo valor é igual à metade da tensão do
barramento de tensão contínua de saída.

22.5) CONVERSOR CA-CA SÉRIE RESSONANTE


HÍBRIDO [4]

O conversor CA-CA série ressonante estudado e


construído encontra-se representado na Fig. 22.11.

Fig. 22.11 - Estágio de potência do conversor CA-CA série ressonante híbrido.

As especificações e os parâmetros do protótipo de


laboratório são apresentados na Tabela 22.5.
474

Tabela 22.5 - Especificações do projeto.

Potência nominal (Po ) 1,6 kW


Tensão de entrada rms (V i_rms) 1150 V
Tensão de saída rms (V o_rms) 220 V
Frequência da rede (fg) 60 Hz
Frequência de comutação (fs) 75 kHz
Frequência de ressonância (fo ) 81 kHz
Relação de transformação (a) 0,3584
Indutância ressonante (Lr1) 124,15 µH
Indutância magnetizante (Lm1) 919,87 µH

Os componentes empregados na construção do


protótipo são apresentados na Tabela 22.6.
Tabela 22.6 - Lista de componentes.

Componente Tipo Valor/Modelo


Sf1, Sf2, 3000 V /
IGBT Si
Sf3, Sf4 IXBH12N300
S1, S2, S3, 1200 V / 75 mΩ
MOSFET SiC
S4, S5, S6 C3M0075120K
So1, So2, 600 V / 60 mΩ
CoolMOS Si
So3, So4 IPZA60R060P7
Cd1, Cd2, Capacitor de 1200 V / 1 µF
Csc, Co filme C4ASPBW4100A3FJ
Capacitor de 2000 V / 2 x 10 nF
Cr
filme R76UI21004040J

As formas de onda das tensões de entrada e de saída


são apresentadas na Fig. 22.12.
475

Fig. 22.12 - Formas de onda da tensão de entrada e saída do conversor.

A curva experimental do rendimento, em função da


potência processada, é mostrada na Fig. 22.13.

Fig. 22.13 - Rendimento do protótipo testado, em função da potência.


476

REFERÊNCIAS:

[1] G. M. Leandro and I. Barbi, "DC-DC Hybrid


Switched-Capacitor LLC Resonant Converter: All Switches
with VDS = VIN/2," 2019 5th IEEE PES Innovative Smart Grid
Technologies Latin America (ISGT), Gramado, Brazil, 2019.

[2] T. B. Lazzarin, R. L. Andersen and I. Barbi, "A


Switched-Capacitor Three-Phase AC–AC Converter,"
in IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. 62, no. 2, pp.
735-745, Feb. 2015.

[3] D. Flores Cortez, G. Waltrich, J. Fraigneaud, H.


Miranda and I. Barbi, "DC–DC Converter for Dual-Voltage
Automotive Systems Based on Bidirectional Hybrid
Switched-Capacitor Architectures," in IEEE Transactions on
Industrial Electronics, vol. 62, no. 5, pp. 3296-3304, May 2015.

[4] V. L. F. Borges, R. L. da Silva, C. E. Possamai, A. L.


Bettiol and I. Barbi, "A ISOP AC-AC Hybrid Switched-
Capacitor SRC for Solid State Transformer
Applications," 15th Brazilian Power Electronics Conference
(COBEP), Santos, Brazil, 2019

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