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José Maria
Língua Portuguesa para PC AM Aula 08
Aula 08 – Sintaxe de
Regência e Emprego da
Crase
Língua Portuguesa p/ PC AM
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Olá, moçada!
Firmes e fortes?
Queridos, nosso curso está na reta final! É com muita satisfação que cumprimento vocês por terem
chegado até aqui! Não fraquejem! Continuem firmes! Falta muito pouco!
Nesta aula, trouxe assuntos espinhosos: Regência e Crase. Por saber que são assuntos entediantes por
natureza, esforcei-me ao máximo para tornar a abordagem leve e descontraída. Espero que vocês gostem do
formato adotado e que, sobretudo, fiquem afiadíssimos nesses dois importantes assuntos!
Um grande abraço a todos!
@professorjosemaria
t.me/professorjosemaria
/professorjosemaria
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Sumário
SINTAXE DE REGÊNCIA – CONCEITOS GERAIS ....................................................................................... 4
CRASE .............................................................................................................................................. 31
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No caso da Sintaxe de Regência, não há acordo, moçada! Manda quem pode e obedece quem tem...
preposição! Como assim, professor? Moçada, verbo e nome vão requisitar algo para vocês. E vocês terão de
fornecer ao verbo ou ao nome exatamente o que eles querem, do jeito que eles querem. Vejam a tabela a seguir:
NECESSITAR DE AJUDA
CONFIAR EM VOCÊ
CONFIANTE EM VOCÊ
NECESSIDADE DE AJUDA
TERMO REGENTE é o que rege, ou seja, é aquele que comanda, que tem uma necessidade e precisa que
esta seja suprida. Os termos regentes, como podemos ver na tabela, são VERBOS – no caso, NECESSITAR,
CONFIAR, PREOCUPAR-SE e ELOGIAR - ou NOMES (substantivos, adjetivos ou advérbios) – no caso,
NECESSIDADE, CONFIANTE, PREOCUPADO e ELOGIO. O TERMO REGIDO é aquele que se subordina ao
regente, exercendo função de complemento – verbal ou nominal -, adjunto – adverbial ou adnominal -, ou
agente da passiva. A Sintaxe de Regência estuda, dessa forma, a relação existente entre os termos regentes e
regidos. Os primeiros mandam; os segundos obedecem.
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Notem que cada um desses termos regentes possui uma necessidade. Vocês devem se recordar da
famosa “conversa com o verbo”, que tivemos quando estudamos emprego dos pronomes pessoais e que nos
perseguiu por toda a análise sintática da oração e do período. É por meio dessa conversa que conseguimos
identificar a demanda específica do verbo ou nome. Vejam:
Como eu havia dito, manda quem pode e obedece quem tem... preposição! Cada termo regente irá
solicitar ou um complemento ou um adjunto introduzido ou não por preposição. E não há como negociar!
Uma vez que o verbo “necessitar” pede complemento regido pela preposição DE, não se pode a ele ofertar
outra preposição que não seja esta, sob pena de se contrariar a vontade do verbo; uma vez que o verbo “elogiar”
pode objeto direto como complemento, estamos desautorizados a empregar preposição sob pena de se
contrariar a vontade do verbo; e assim sucessivamente.
Da forma como descrevo, a Regência parece ser algo inflexível – é assim e acabou! No entanto, existem
alguns termos regentes que admitem mais de uma regência, mantendo seu sentido original. É, por exemplo, o
caso do verbo ATENDER, que tanto pode ser TRANSITIVO DIRETO ou TRANSITIVO INDIRETO com objeto
indireto introduzido pela preposição A. É correto escrever “Atendemos o paciente”. Também é correto escrever
“Atendemos ao paciente”. Além disso, há termos regentes que admitem regências distintas para sinalizar
significados distintos. É o caso do verbo ASPIRAR – no sentido de INALAR, ABSORVER, é um verbo
TRANSITIVO DIRETO (Nós aspiramos o perfume das flores); já no sentido de ALMEJAR, DESEJAR, é um verbo
TRANSITIVO INDIRETO com objeto indireto introduzido pela preposição A (Nós aspiramos ao cargo público).
Isso posto, notem que não é necessário decorar todas as regências. Primeiramente, porque não temos
vida suficiente para mapear todas as regências! Rsrsrs. Elas são infinitas! Segundo, porque a simples “conversa”
com o verbo ou nome, muitas vezes, será mais que suficiente para identificar a regência do verbo ou do nome.
Obviamente, nem só de “conversa” vive o homem. Vamos precisar sim não só decorar algumas regências, mas
sobretudo entender sua função e sentido no contexto em que se inserem. As principais regências, aquelas
sempre presentes em provas, são previsíveis e serão detalhadas nas seções seguintes, não se preocupem!
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Antes de avançar, quero relembrar uma aplicação da Morfologia que dialoga com Sintaxe de Regência.
Lembram-se do emprego de preposições antes de pronomes relativos? Você, quando esse assunto estudou,
estava dialogando com Regência sem saber. Relembremos!
Notem, no primeiro quadrinho da tirinha, o fragmento “... coisas na minha vida que eu me arrependo ...”.
Moçada, o “que” exerce a função de pronome relativo, retomando o termo anterior “coisas na minha vida”,
concordam? Na oração adjetiva "que eu me arrependo...”, o verbo ARREPENDER-SE requisita a preposição DE
para ligá-lo a COISAS DA MINHA VIDA, termo retomado pelo relativo QUE. No entanto, na tirinha, assim como
na nossa fala cotidiana, a preposição foi omitida. Queridos, omitir a preposição é como arrancar um pedaço do
verbo ou do nome que a solicitam. Não há negociação! Em situações como essa, é necessário posicionar a
preposição ANTES DO PRONOME RELATIVO sob pena de contrariar a regência do verbo ou nome.
Vamos simular diversas situações a seguir, trazendo para o palco o pronome relativo QUE:
Queridos, o primeiro passo é visualizar a presença do pronome relativo e identificar o termo antecedente
por ele retomado. Nas várias frases em questão, o QUE exerce a função de pronome relativo, o que fica evidente
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com a substituição do QUE pela forma O QUAL. Também em todas as frases, o QUE relativo retoma o termo
antecedente PROFESSOR.
Uma vez identificada a presença do pronome relativo, devemos analisar a oração adjetiva.
Na sequência, devemos checar se há verbo ou nome na oração adjetiva solicitando preposição para se
ligar ao termo antecedente retomado pelo QUE. Reconstruindo as orações adjetivas, é possível identificar qual
a preposição solicitada pelo verbo ou nome. Vejamos:
Gostamos DO professor.
Confiamos NO professor.
Admiramos o professor.
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Identificadas as preposições, elas devem ser posicionadas antes dos pronomes relativos. Observem:
Além disso, percebamos que o termo antecedente PROFESSOR pode ser retomado pelos relativos O
QUAL ou QUEM, resultando nas também corretas construções:
Minha namorada é a menina com quem eu saí ontem. (saí com a menina)
Os remédios dos quais temos necessidade foram entregues. (necessidade dos remédios)
O professor a cuja aula faltei esclareceu muitas dúvidas. (faltei à aula do professor)
O estagiário com cujo irmão falei acaba de chegar. (falei com o irmão do estagiário)
O presidente sobre cuja vida escrevi faleceu. (escrevi sobre a vida do presidente)
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Observação:
Exemplos:
...
Alguns verbos, usados sempre como pronominais, exigem em suas regências preposição.
Exemplos:
...
CUIDADO!
Alguns verbos são equivocadamente empregados no dia a dia como pronominais. É o caso dos verbos
SIMPATIZAR, ANTIPATIZAR, SILENCIAR, SOBRESSAIR, PROLIFERAR, ...
É bastante comum a exploração desse tipo de erro com os verbos acima listados, em especial SIMPATIZAR e
SOBRESSAIR. Tomem cuidado! Eles não são pronominais!
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Caiu em prova!
Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em desventuras as aventuras de
Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações.
A correção gramatical do texto seria prejudicada caso se substituísse “de que” por os quais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Analisemos o trecho:
A forma “de que” consiste na união da preposição “de” – requerida pela regência da forma verbal “dispomos”
(dispomos de algo) – com o pronome relativo “que” – que retoma o termo anterior “elementos”.
Até podemos substituir o relativo “que” pelo também relativo “os quais”, mas precisamos manter a
preposição “de” posicionada antes do pronome, pois é uma exigência da regência do verbo “dispor”.
Dessa forma, seria correta a seguinte redação: Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos dos quais
disponho...
Resposta: CERTO
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Principais Regências
Nosso próximo passo é identificar as principais regências verbo-nominais. Por que principais? Porque não
são tão intuitivas e, muitas vezes, divergem do uso adotado no dia a dia. Como havia dito, Regência é um
assunto nem fácil, nem difícil, mas previsível! Sabemos exatamente quais são as regências com que precisamos
nos familiarizar. Já antecipo aqui algumas: ASPIRAR, ASSISTIR, OBEDECER, VISAR, PREFERIR,
LEMBRAR/ESQUECER, PERDOAR/PAGAR, AGRADAR, QUERER, etc.
Detalhemos a seguir cada uma delas de forma bem esquemática, para facilitar a compreensão de vocês.
AGRADAR
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AGRADECER
Exemplos:
Exemplos:
O cliente agradeceu ao gerente pelo atendimento. (= O cliente lhe agradeceu... ou O cliente agradeceu
a ele...).
= TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO, sendo o OBJETO DIRETO nome de “COISA” e o INDIRETO nome
de “PESSOA”, introduzido pela preposição A.
Exemplos:
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ASPIRAR
Exemplo:
Exemplo:
Na primeira construção, devemos apenas utilizar o artigo O, haja vista que o verbo ASPIRAR foi
empregado no sentido de INALAR.
Na segunda construção, devemos apenas utilizar a combinação AO, que consiste na fusão da preposição
A – requerida pela regência do verbo ASPIRAR no sentido de DESEJAR – com o artigo O – solicitado pelo
substantivo CARGO.
Nela devemos apenas utilizar a contração À, que consiste na fusão da preposição A – requerida pela
regência do verbo ASPIRAR no sentido de DESEJAR – com o artigo A – solicitado pelo substantivo CARREIRA.
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Na primeira construção, devemos apenas utilizar os pronomes relativos QUE ou O QUAL, haja vista que
o verbo ASPIRAR foi empregado no sentido de INALAR. Tais pronomes relativos retomam o termo anterior
AR.
Na segunda construção, devemos apenas utilizar as combinações A QUE ou AO QUAL, compostas pela
preposição A – requerida pela regência do verbo ASPIRAR no sentido de DESEJAR – com os pronomes
relativos QUE ou O QUAL – que retomam o termo anterior CARGO.
Nela devemos apenas utilizar as construções A QUE ou À QUAL – com crase -, compostas pela preposição
A – requerida pela regência do verbo ASPIRAR no sentido de DESEJAR – com os pronomes relativos QUE ou
A QUAL – que retomam o termo anterior CARREIRA.
ATENÇÃO!!!
O verbo ASPIRAR não admite o emprego do pronome LHE para substituir seu OBJETO INDIRETO. Seremos
obrigados a empregar as formas oblíquas tônicas A ELE, A ELA.
Caiu em prova!
É de se supor que quem quer casar deseje que a sua futura mulher venha para o tálamo conjugal com a máxima
liberdade, com a melhor boa-vontade, sem coação de espécie alguma, com ardor até, com ânsia e grandes
desejos;...
Mantendo-se a correção gramatical e os sentidos originais do texto, a forma verbal “deseje” poderia ser
substituída por “aspire a”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O verbo “aspirar” pode ser usado no sentido de “desejar”. Nesse caso, ele rege a preposição “a”. Assim, na
questão, a forma verbal “deseje” pode ser corretamente substituída por “aspire a”, mantendo-se a correção
gramatical e o sentido original do texto.
Observação:
O verbo “aspirar” também pode significar “inalar”, “cheirar”. Nesse sentido, ele será transitivo direto.
Exemplo:
Nós aspiramos o doce perfume.
Resposta: CERTO
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ASSISTIR
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
Sem a menor dúvida, a regência mais importante do verbo ASSISTIR é a referente ao seu sentido
mais popular, de VER, PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE. É a mais importante, porque é a mais usada no
cotidiano, e de forma errada!
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Devido ao fato de pouco conhecermos os outros sentidos do verbo ASSISTIR, empregamos essa forma
verbal equivocadamente como transitiva direta. O certo seria:
Fica o questionamento: Professor, por que a Gramática implica conosco assim? Por que ela propõe uma
norma que contraria o uso do cotidiano?
Galera, na verdade, não é uma implicação! Acontece que existem outros sentidos para o verbo ASSISTIR
não usados por nós no cotidiano. Por exemplo, dificilmente uma pessoa emprega no cotidiano ASSISTIR com
a significação de AJUDAR, PRESTAR ASSISTÊNCIA. Mas a Gramática previu esse uso e, para distingui-lo de
outros sentidos, estabeleceu uma regência específica.
Queridos, notem que, na primeira frase, o verbo ASSISTIR está no sentido de AJUDAR. Já na segunda,
no sentido de VER. A presença ou a ausência da preposição faz uma tremenda diferença.
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Além desses dois clássicos sentidos, o verbo ASSISTIR também pode significar “MORAR”, situação em
que será INTRANSITIVO e terá a ele ligado um adjunto adverbial de lugar introduzido pela preposição EM –
Estamos assistindo atualmente em Brasília.
Por fim, podemos empregar o verbo assistir no sentido de CABER, SER OBRIGAÇÃO, situação em que
será transitivo indireto e solicitará preposição A – Assiste ao Executivo administrar; ao Legislativo assiste criar
as leis; ...
ATENÇÃO!!!
O verbo ASSISTIR, no sentido de VER, PRESENCIAR, não admite o emprego do pronome LHE para
substituir seu OBJETO INDIRETO. Seremos obrigados a empregar as formas oblíquas tônicas A ELE, A ELA.
Exemplo:
Professor, por que alguns verbos recusam o LHE como objeto indireto?
Meus amigos, aqui a Gramática nos impõe uma tradição, não havendo propriamente uma razão lógica.
No entanto, pode-se afirmar que o LHE é empregado GERALMENTE para substituir pessoas, não sendo
pertinente seu uso para substituir COISAS. Já as formas A ELE(S), A ELA(S), PARA ELE(S), PARA ELA(S) são
empregadas tanto para substituir PESSOAS como COISAS.
Tenham em mãos uma lista de verbos que recusam o emprego do LHE como objeto indireto: ASPIRAR (=
ALMEJAR), ASSISTIR (=VER), ALUDIR, PROCEDER, RECORRER, REFERIR-SE, VISAR (=ALMEJAR), etc.
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CHAMAR
= no sentido de INVOCAR, PEDIR AUXÍLIO, emprega-se como TRANSITIVO DIRETO ou como INDIRETO,
COM OBJETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO POR.
Exemplos:
O verbo CHAMAR é TRANSOBJETIVO nesse caso. Além disso, o PREDICATIVO DO OBJETO pode ou não
ser introduzido pela preposição DE.
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CUSTAR
Exemplos:
Alguns gramáticos, no entanto, consideram “10 mil reais” e “seu salário anual” como objetos diretos. Há
divergências, portanto!
Nessa acepção, o sujeito do verbo CUSTAR é a oração reduzida de infinitivo. Já o objeto indireto
introduzido pela preposição A é uma pessoa.
Embora aceita por algumas gramáticas mais modernas, sugere-se evitar construções do tipo "Custei a
acreditar", "Custou a crer". Nelas, toma-se a oração reduzida como o objeto indireto, o que não é muito
bem visto por gramáticos mais tradicionais. Para ficar bem claro, veja os exemplos a seguir:
Exemplos:
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HAVER
Exemplos:
Exemplos:
Exemplos:
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IMPLICAR
Exemplos:
Algumas gramáticas mais modernas até admitem a presença da preposição “em”, fazendo menção ao
uso coloquial. Porém, o que notamos nas bancas é o emprego tradicional do verbo implicar. Repetindo:
transitivo direto, no sentido de resultar, acarretar.
Exemplo:
LEMBRAR/ESQUECER
Exemplo:
Exemplo:
É ERRADO DIZER:
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Exemplo:
Nela, temos como sujeito a coisa lembrada ou esquecida. Já o verbo é acompanhado de objeto indireto
introduzido pela preposição A.
No caso da primeira frase, o sujeito é “a pauta da reunião” e o objeto indireto é representado pelo pronome
oblíquo ME (= A MIM).
No caso da segunda frase, o sujeito é “o nome dele” e o objeto indireto é representado pelo pronome oblíquo
VOCÊ (= A VOCÊ).
= no caso do verbo LEMBRAR, também é possível empregá-lo como TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO,
com OBJETO INDIRETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO A OU DE.
Exemplo:
Quando vocês estiverem cantarolando Roberto Carlos no banho, tomem cuidado com o verso destacado,
ok? Você pode usar o verbo “ESQUECER” como pronominal ou como não pronominal. Há duas construções
corretas, portanto!
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ATENÇÃO!!!
Diante de uma oração subordinada substantiva objetiva indireta, é possível omitir a preposição DE exigida pela
forma pronominal “ESQUECER-SE” ou “LEMBRAR-SE”.
Exemplo:
Nós nos esquecemos (de) que não haveria aula.
Caiu na prova!
No trecho “...devemos nos lembrar que a educação no trânsito é mais do que importante”, a ausência do pronome
oblíquo “nos” prejudicaria a correção gramatical.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O verbo lembrar admite duas regências: como não pronominal, deve ser empregado como transitivo direto;
já como pronominal, deve ser empregado como transitivo indireto e deve ser acompanhado da preposição
DE.
Na redação original, tem-se: ...devemos nos lembrar (de) que a educação no trânsito...
Nela, o verbo lembrar foi empregado como pronominal, acompanhado do oblíquo átono “nos”. A preposição
DE, requerida nesse formato, está subentendida, pois, diante de orações subordinadas substantivas objetivas
indiretas ou completivas nominais, é possível omitir a preposição, sem gerar prejuízos gramaticais.
Nela, o verbo lembrar foi empregado como não pronominal. Nesse formato, tem-se um verbo transitivo
direto.
Resposta: ERRADO
OBEDECER/DESOBEDECER
Exemplos:
Obedecia ao mestre.
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O certo seria:
Note que, no último caso, a crase é resultado da fusão da preposição A – requerida pela regência de
DESOBEDER – com a artigo A – requerido pelo substantivo SINALIZAÇÃO.
ATENÇÃO!!!
O verbo OBEDECER, embora seja TRANSITIVO INDIRETO, admite construção em voz passiva.
= A decisão da Justiça não foi obedecida pelo agente público. (VOZ PASSIVA)
Caiu em prova!
Obedecer às leis de trânsito somente por medo de multas é o símbolo do despreparo e a causa de tantas mortes.
A substituição de “Obedecer às leis de trânsito” por “Obediência a leis de trânsito” preservaria a correção
gramatical e não acarretaria mudança de sentido original.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
No trecho original, o substantivo “leis” está determinado por artigo definido feminino. Afirma-se isso, pois
a forma “às” consiste na fusão da preposição “a” – requerida pela regência do verbo “obedecer” – com o
artigo “as” – solicitado pelo substantivo “leis”. Com a determinação por artigo, dá-se a entender que se está
falando de todas as leis de trânsito. A obediência se faz necessária para todas as leis, portanto.
No trecho reescrito, o substantivo “leis” não está determinado por artigo. O “a” que antecede “leis” é apenas
preposição “a”, requerida pela regência do nome “Obediência”. Sem o artigo, dá-se a entender que se está
falando de apenas algumas leis, não de todas. A obediência se faz necessária para algumas leis, portanto.
Resposta: ERRADO
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PAGAR/PERDOAR
Exemplos:
Exemplos:
= TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO, com o OBJETO DIRETO “COISA” e o OBJETO INDIRETO “PESSOA”,
introduzido pela preposição A.
Exemplos:
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PREFERIR
Diferentemente da linguagem coloquial, este verbo não se constrói com a locução DO QUE, e sim com
a preposição A.
Exemplo:
Por questões de simetria (paralelismo), não devemos empregar o artigo A antes de MATEMÁTICA.
Cuidado, portanto, com as questões que envolvem uso da crase e simetria (paralelismo).
Vou estudar DE 2a A 6a. (sem artigo para 2a; sem artigo para 6a; somente há preposição A; não há crase)
Vou estudar DA 2a À 6a. (com artigo para 2a; com artigo para 6a; ocorre encontro da preposição A com
o artigo A; há crase)
Vou estudar DE 8h A 12h. (sem artigo para 8h; sem artigo para 12h; somente há preposição A; não há
crase)
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Vou estudar DAS 8h ÀS 12h. (com artigo para 8h; com artigo para 12h; ocorre encontro da preposição A
com o artigo AS; há crase)
PROCEDER
Exemplos:
Exemplos:
Exemplos:
ATENÇÃO!!!
O verbo “PROCEDER” é outro verbo que não admite o pronome LHE como objeto indireto. Deve-se empregar
no lugar a forma oblíqua tônica A ELE(S), A ELA(S).
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QUERER
Exemplo:
Exemplo:
Juro que quero muito a você. (= Juro que lhe quero muito)
VISAR
Exemplo:
Exemplo:
ATENÇÃO!
O pronome oblíquo LHE não é usado como objeto indireto do verbo VISAR. No lugar, deve-se empregar a
forma oblíqua tônica A ELE, A ELA.
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ABDICAR DESFRUTAR
ATENDER USUFRUIR
ATENTAR GOZAR
DEPARAR
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CRASE
Chegou a tão esperada hora de falar sobre um dos assuntos mais difíceis da humanidade! Estamos
falando da ... C R A S E.
Gente, muita calma nessa hora! Não há nada de sobrenatural nesse assunto! No entanto, a crase é um
fenômeno linguístico que pode ser facilmente identificado. Confiem em mim!
Primeiramente, vamos entender o CASO GERAL que rege o emprego do acento indicador de crase.
Queridos, o CASO GERAL abrange a maioria das questões relativas ao assunto. Se você o entender bem,
grande parte do trabalho estará feito!
Apresento, a seguir, um quadro resumo que consegue sintetizar muito bem esse raciocínio. Vejamos:
CASO GERAL
À = A (preposição) + A (artigo)
ÀS = A (preposição) + AS (artigo)
Vamos explicar um pouco esse quadro resumo?
Vejam bem, para se haver crase, é necessário se fazer uma soma: soma-se a preposição A - solicitada pela
regência de um verbo ou de um nome - com o artigo definido A ou AS - solicitado por uma palavra feminina.
Se um desses elementos estiver ausente, não faz sentido se falar em crase.
Observem a frase:
Fomos à piscina
A forma verbal “fomos” solicita a regência da preposição “a” – fomos a algum lugar. Além disso, o
substantivo feminino “piscina” solicita o artigo definido “a”. A soma da preposição A com o artigo A resulta na
forma À
A forma nominal “críticas” solicita a regência da preposição “a” – críticas a algo, a alguém. Além disso, o
substantivo feminino “instituições” solicita o artigo definido “as”. A soma da preposição A com o artigo AS
resulta na forma AS.
Para termos certeza de que ocorre a crase, podemos nos utilizar de algumas dicas, que nos possibilitam
um rápido diagnóstico. Elas estão sumarizadas no quadro abaixo:
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Exemplos:
Substituir a palavra
feminina por uma
masculina. Se NÃO aparecer a forma AO ou AOS antes
da palavra masculina, é sinal de que NÃO
haverá crase antes da feminina.
Exemplos:
Exemplos:
Exemplos:
Pedi A esta funcionária uma ajuda.
(= Pedi PARA esta funcionária uma ajuda.).
Contarei A você um segredo.
(= Contarei PARA você um segredo.)
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É muito importante que estejamos muito afiados na constatação do CASO GERAL. Devemos sempre ter
em mente que a preposição é uma requerida por um TERMO REGENTE ou SUBORDINANTE - verbo ou nome
- e que o artigo é solicitado por um TERMO REGIDO ou SUBORDINADO – substantivo feminino.
Toda vez que uma questão solicitar de você a justificativa para emprego do acento indicador de crase,
nosso discurso deve ser:
Muitas são as armadilhas aqui. Geralmente, as bancas tentam confundir o aluno, identificando
equivocadamente os termos regidos e os termos regidos. Fiquem espertos. Diagnostiquem quem solicita a
preposição – trata-se de um problema de regência – e quem está de fato solicitando o artigo – no caso, quem é
o substantivo feminino que está pedindo artigo.
Caiu em prova!
Em “A OMS atribui mais de 7 milhões de mortes por ano à poluição do ar [...]”, a crase é resultante da contração
da preposição “a”, exigida pelo termo subordinante “ano”, com o artigo feminino “a”, reclamado pelo termo
dependente “poluição”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Você percebeu a pegadinha? A preposição A foi requerida não pelo nome ANO, mas sim pelo verbo ATRIBUI.
Este é o termo subordinante, meus caros! Ele é que pede a preposição A (Quem atribui atribui algo A ALGO.).
Já o termo dependente (também chamado de regido ou subordinado) de fato é “poluição”, que solicita o artigo
A.
Resposta: ERRADO
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Caiu em prova!
Quando o leitor se depara com o assomo de grandeza do romance de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas,
é assaltado por enorme espanto e fascínio — intacto, há décadas — desde logo pelo idioma próprio em que foi
escrito, língua quase autárquica, alterada por construções sintáticas singulares e palavras novas. “Muita coisa
importante falta nome”, ensina o narrador do romance. Narrado em primeira pessoa, o personagem conta sua
história a um ouvinte silencioso, informando do seu saber e do não saber, na difícil tarefa de dar forma narrada
às coisas vividas.
O sinal indicativo de crase em “às coisas” justifica-se pela regência de “forma” e pela presença de artigo
feminino plural.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O item está ERRADO! Novamente, a questão tenta confundir vocês! O termo regente, subordinante, ou seja,
aquele que pede a preposição, não é FORMA. É sim o verbo DAR (Quem dá dá algo A ALGO).
Tanto é verdade que o verbo DAR solicita preposição que conseguimos inverter a ordem dos complementos.
Como assim? É possível reescrever “... na difícil tarefa de dar forma narrada às coisas vividas.” da seguinte
maneira: “... na difícil tarefa de dar às coisas vividas forma narrada.”
Resposta: ERRADO
Caiu em prova!
Com a crescente industrialização do país, tornava-se cada vez mais importante a formação de profissionais para
suprir as demandas do mercado e, doze anos depois, as escolas de aprendizes e artífices de nível primário
foram transformadas em escolas industriais e técnicas, equiparando-se às de ensino médio e secundário.
No texto, o sinal indicativo de crase no trecho “equiparando-se às de ensino médio e secundário” foi
empregado porque a regência do verbo equiparar exige preposição “a”, e “escolas”, palavra que está
subentendida antes de “de ensino médio”, exige o artigo definido feminino plural as.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Expliquemos agora a crase: ela é resultado da fusão da preposição A - requerida pela regência do verbo
“equiparar-se” (quem se equipara se equipara A algo/alguém) - com o artigo definido “as” - requerido pelo
substantivo subentendido “escolas”.
Resposta: CERTO
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Da análise do caso geral, podemos tirar algumas conclusões acerca da necessidade do acento indicador
de crase. Primeiramente mapeemos as situações em que não ocorrerá crase.
... antes de pronomes de tratamento, exceção feita a SENHORA, SENHORITA, DONA, MADAME, ...:
Exemplos:
Atenção!
Se substituirmos “senhora” por “senhor”, teremos “Entregaram o convite ao senhor”. Dessa forma, se
“senhor” solicita artigo definido, “senhora” também o deverá solicitar. O artigo solicitado por “senhora” se
contrai com a preposição solicitada pela forma verbal “Entregaram”, resultando, portanto, na forma “à”.
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Como dito, antes de grande parte dos pronomes, não se emprega acento indicador de crase. Por quê,
professor?
Isso ocorre porque grande parte dos pronomes não solicita artigo. Professor, mas quando o senhor fala
que grande parte dos pronomes não solicita artigo, dá a entender que alguns solicitam, certo? Como vamos saber
se o pronome pede ou não artigo?
Nessas frases, substituiremos, meus amigos, a forma feminina do pronome pela masculina. Ora, se
aparecer AO diante do masculino, é sinal de que haverá À – com crase – antes do feminino. Vejamos:
A este funcionário.
A algum indivíduo.
AO mesmo funcionário
AO próprio diretor.
Note que não apareceu artigo masculino antes de ELE, ESTE, ALGUM, provando que, de fato, grande
parte dos pronomes não pedirá artigo e, por essa razão, não haverá crase. Já os demonstrativos MESMA (S) e
PRÓPRIA(S) são antecedidos por artigo definido feminino, pois suas formas masculinas são também
antecedidas por artigo definido masculino.
Dessa forma, na frase “Fiz elogios à mesma funcionária”, tem-se a incidência de crase, haja vista que
ocorre a contração da preposição “a” – solicitada por “elogios” – com o artigo definido “a” – solicitado pelo
pronome “mesma”. Substituindo-se “mesma funcionária” por “mesmo funcionário”, resulta a frase “Fiz elogios
AO mesmo funcionário”. Dessa forma, se “mesmo” solicita o artigo “o”, a forma feminina “mesma” solicita o
artigo “a”. O mesmo raciocínio é válido para PRÓPRIA (S).
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Resumindo:
Grande parte dos pronomes NÃO solicita artigo, exceção feita a MESMA (S), PRÓPRIA (S), SENHORA (S),
SENHORITA (S), DONA (S), MADAME (S).
Isso não significa que haverá crase obrigatoriamente antes dessas formas!
CUIDADO! Além do artigo, moçada, é necessário que haja uma preposição, certo? Não havendo preposição,
sem chance de haver crase, gente!
Não vão me pôr crase em “Observei a mesma cena!”, pelo amor dos meus filhinhos! Rs.
Ora, o verbo OBSERVAR não está regendo preposição A, meus amigos! Trata-se de um verbo TRANSITIVO
DIRETO! O A que antecede MESMA é apenas artigo.
E como diz o ditado, um artigo só não faz crase (Nossa! Essa foi péssima! Desculpem-me!).
Ainda falaremos da crase nos relativos A QUAL, AQUELE(S), AQUELA(S) e AQUILO. Também falaremos do
emprego facultativo do artigo antes de pronomes possessivos. Aguardem!
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Observação:
Há divergências entre gramáticos acerca das locuções que expressam ideia de meio ou instrumento. Uns
apontam a necessidade do acento indicador de crase; outros já afirmam que não se deve empregar o acento.
Há, portanto, um impasse. O que se nota é que as bancas evitam dar destaque a essa polêmica em suas
questões.
Num caso raro de nos depararmos com essa polêmica, sugiro que façamos sempre uma análise comparativa
com as demais opções trazidas na questão. Antes de afirmar categoricamente que a crase em “Fiz a prova à
caneta.” – com a locução “à caneta” expressando a ideia de instrumento – está certa ou errada, compare-a com
as demais opções.
Atenção!!!
O que está errado nessa frase? Prestem atenção! Tem-se a preposição “a”, solicitada pela regência da forma
verbal “Referi-me” (Quem se refere se refere A ALGO).
Porém, não temos a presença do artigo “a”, uma vez que o substantivo feminino “cenas” é plural.
Imaginemos um enunciado assim redigido: “As duas frases acima estão corretas do ponto de vista gramatical
e possuem o mesmo sentido”. O que vocês marcariam? CERTO ou ERRADO?
Corretas do ponto de vista gramatical elas estão, mas não possuem o mesmo sentido.
Na construção “Referi-me a cenas de terror”, a ausência do artigo “as” (a forma “a” é apenas preposição) dá
entender que se trata de cenas de terror quaisquer. Já na construção “Referi-me às cenas de terror”, a presença
do artigo definido “as” especifica as cenas de terror, dando a entender que não se trata de quaisquer cenas.
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Caiu em prova!
Como educador, Teixeira viajou para a Europa e os Estados Unidos da América para observar os sistemas escolares.
No Brasil, defendeu o conceito de escola única, pública e gratuita como forma de garantir a democracia e foi o
primeiro a tratar a educação com base filosófica.
Instituiu na Bahia, em 1950, a primeira escola-parque, que procurava oferecer à criança uma escola integral, que
cuidasse da alimentação, da higiene, da socialização, além do preparo para o trabalho. Nas escolas-parques, os
alunos ainda tinham contato com as artes plásticas. Naquela época, essas aulas eram orientadas por profissionais
de renome, como Caribé e Mário Cravo.
Com base nas ideias e estruturas linguísticas do texto I, julgue o item subsecutivo.
Em “à criança”, caso o vocábulo “criança” fosse empregado no plural, o acento indicativo de crase deveria ser
mantido.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Fazendo-se a alteração sugerida, obteríamos: “... que procurava oferecer à crianças...”. Teríamos uma crase
singular antes de plural. Nem a pau!
Resposta: ERRADO
Galera, resumidamente...
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A crase é facultativa...
O consagrado gramático Bechara afirma categoricamente que HAVERÁ ARTIGO ANTES DE PRONOME
POSSESSIVO SUBSTANTIVO. Portanto, havendo preposição solicitada por verbo ou nome, a crase será
obrigatória antes de possessivos substantivos.
Exemplo:
Note que, antes do possessivo adjetivo "sua", a crase é facultativa. Já antes do possessivo substantivo
"minha", a crase é obrigatória.
Além dos dois casos anteriores, existe o caso da preposição “até”, que pode ou não ser acompanhada
de preposição A, o que também torna facultativo o emprego do acento indicador de crase.
Exemplo:
ATENÇÃO!!!
Há de se tomar cuidado também com a pegadinha da crase facultativa no “às”. Cuidado! Uma vez presente o
acento na forma plural “às”, não há como omitir esse acento sem que se façam outras alterações.
Muitas são as questões que vão afirmar ser facultativo o acento grave no “às” que antecede pronomes
possessivos plurais. Sem fazer quaisquer ajustes, não é possível omitir esse acento de forma alguma.
***
Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em desventuras as aventuras de
Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações.
É obrigatório o sinal indicativo de crase empregado em “às suas peregrinações”, de maneira que sua
supressão acarretaria incorreção gramatical no texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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RESOLUÇÃO:
Analisemos o trecho:
A crase é resultado da fusão da preposição “a” – requerida pela regência do verbo “dar” – dar algo a alguém –
com o artigo definido “as” – requerido pelo substantivo “peregrinações”.
Nessa construção, haveria apenas o artigo “as” e a preposição “a” - de que não se pode abrir mão, por se
tratar de uma necessidade de regência – estaria ausente, o que resultaria em erro gramatical.
Dessa forma, é correto concluir que existe a necessidade da crase, para que se mantenha a correção
gramatical.
Atenção!
A grande dúvida que poderia surgir está relacionada aos casos facultativos de crase antes de pronomes
possessivos femininos e antropônimos (nomes de pessoa) femininos.
No entanto, é necessário atestar que, mesmo em casos de crase facultativa, há a necessidade da preposição
“a”. Sem ela, não faz sentido se falar em crase. A preposição é inegociável.
O que ocorre é que a crase é facultativa porque é facultativa a presença de artigo antecedendo pronome
possessivo feminino e antropônimo feminino. Tanto faz anteceder artigo ou não.
(sem crase; tem-se apenas a preposição “a” e abriu-se mão do artigo, pois este é facultativo).
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Observe que, na primeira frase, “A NOITE” atua como OBJETO DIRETO do verbo ESTUDAR. Quer-se
dizer que a noite é o objeto de estudo. Já na segunda frase, “À NOITE” – com CRASE –, é uma locução
adverbial, sintaticamente um adjunto adverbial de tempo. Quer-se dizer que se vai estudar no turno da noite.
O que precisamos ter em mente é que, para que haja acento indicador de crase na locução, esta deve
ser introduzida por palavra feminina.
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Como se pode ver, trata-se de um caso bastante rico em detalhes. Estejamos atentos às seguintes
locuções específicas.
Quando a palavra “casa” é empregada no sentido de “lar” e não vem especificada, não pede artigo. Se,
por sua vez, houver especificação da casa, haverá artigo.
O mesmo ocorre com a palavra “terra”, no sentido de “terra firme”. Só haverá artigo, se vier especificada.
Já a palavra “distância” somente será antecedida de artigo se vier quantificada ou especificada (a
distância de 100m, a distância de um palmo, etc.)
Esse artigo, ao se unir à preposição A, resultará na crase. Observe:
Regressaram a casa para almoçar. (SEM crase, haja vista que CASA não foi especificada)
Regressaram à casa de seus pais. (COM crase, haja vista que CASA foi especificada)
Regressaram a terra depois de muitos dias. (SEM crase, haja vista que TERRA não foi especificada)
Regressaram à terra natal. (COM crase, haja vista que TERRA foi especificada)
Observamos o acidente a distância. (SEM crase, haja vista que DISTÂNCIA não foi especificada)
Observamos o acidente à distância de um quarteirão. (COM crase, haja vista que DISTÂNCIA foi
especificada)
Atenção!!!
Observe o comparativo!
Na segunda frase, não há crase, pois já ocorre a presença da preposição “após”, o que impede a presença de
uma outra preposição (no caso, a preposição “a”).
Marquei para as 13h a reunião. (SEM crase, pois já ocorre preposição PARA).
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Quando você vai a uma pizzaria (hum...) e pede no cardápio uma pizza à moda do chefe ou uma pizza à
moda da casa, trata-se da pizza que o chefe costuma fazer ou daquela que a casa costuma servir. É a pizza com
marca do chefe – em imitação ao jeito de fazer da pessoa - ou da casa – em imitação ao jeito de fazer de um lugar.
Entendem?
Exato! O ponto peculiar dessa locução é que ela muitas vezes está implícita nas frases. Vejam:
Notem a expressão “moda” subentendida antes de CR7. Quer-se dizer que o gol feito por mim foi em
imitação ao que o CR7 costuma fazer.
Notem a expressão “moda” subentendida antes de “paulista”. Quer-se dizer que o virado foi feito em
imitação ao que costuma ser servido em São Paulo.
Dessa forma, a locução À MODA DE somente pode ser subentendida quando estiver associada a uma
ideia de lugar ou pessoa.
Atenção!!!
Cuidado!
Não é possível subentender MODA, pois PASSARINHO e CAVALO nem são gente, nem lugar!
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Atenção!!!
Exemplos:
Exemplos:
Perguntaram, após a aula, ÀQUELE PROFESSOR
seu parecer sobre a polêmica questão. Homenagearam, ao final do cruso, AQUELE
(= Perguntaram, após a aula, A ESTE DEDICADO FUNCIONÁRIO.
PROFESSOR seu parecer sobre a polêmica (= Homenagearam, ao final do curso, ESTE
questão. DEDICADO FUNCIONÁRIO.)
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Não há crase antes do pronome relativo QUE, pois antes dele, há somente preposição A – requerida
pela forma verbal “me refiro”.
Para se certificar disso, substituam “nação” por “país”. Teremos a construção “Este é o país A QUE
me refiro”.
Vejam que não houve alteração na forma A QUE.
É sinal de que não há crase.
Há crase antes do pronome relativo, pois ocorre a fusão da preposição A – requerida pela forma verbal
“me refiro” – com o relativo A QUAL.
Para se certificar disso, substituam “nação” por “país”. Teremos a construção “Este é o país AO QUAL
me refiro”.
O fato de aparecer a forma AO QUAL é sinal de que ocorre crase, resultado da fusão da preposição A
com relativo A QUAL.
Substituindo “sugestão” por “palpite”, teremos: “Houve um palpite anterior AO QUAL você me deu”.
O fato de aparecer a forma AO QUE é sinal de que ocorre crase, resultado da fusão da preposição A
com o demonstrativo A (= aquela).
O que isso significa, professor? Significa que termos coordenados entre si (ligados por conjunção
coordenativa) devem ser construídos de forma similar.
Note que nem “localização”, nem “infraestrutura”, nem “atendimento” foram antecedidos de artigo.
O que ocorre é a presença da preposição “a”, requerida pela regência de “elogios” (elogios a algo/alguém).
Essa preposição está explícita antes de “localização” e implícita antes de “infraestrutura” e “atendimento”.
Uma alternativa de redação seria dar artigo para todos os elementos coordenados. Fazendo-se isso,
haveria contração ou combinação da preposição “a” – requerida por “elogios” – com cada um dos artigos
requeridos.
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Note, portanto, que, numa coordenação de termos, ou todos recebem artigo, ou ninguém recebe.
Caiu em prova!
Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção social, está a remição de pena por meio da
leitura. Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção social, está a remição de pena por
meio da leitura.
Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, o sinal indicativo de crase poderia ser eliminado em
ambas as ocorrências no trecho “voltados à recuperação e à reinserção social” (l. 3).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Note que os termos “recuperação” e “reinserção social” estão coordenados entre si pela conjunção “e”. Dessa
forma, é preciso atentar para o paralelismo sintático.
Temos no trecho a presença assegurada da preposição “a”, requerida pela regência de “voltados” – voltados A
ALGO.
A primeira é determinar cada termo por artigo, resultando na construção original “voltados à recuperação e à
reinserção social”.
Já a segunda opção é omitir o artigo antes de cada termo coordenado, permanecendo apenas a preposição.
Isso resulta na construção “voltados a recuperação e (a) reinserção social”.
Portanto, é possível omitir o sinal indicativo de crase, desde que isso se faça em ambos os termos coordenados.
Resposta: CERTO
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Policiamento comunitário
A polícia pode adotar diferentes formas de policiamento. Uma delas é o policiamento comunitário, um tipo de
policiamento que se expandiu durante as décadas de 1970 e 1980 quando as polícias de vários países
introduziram uma série de inovações em suas estruturas e estratégias para lidar com o problema da
criminalidade.
Apesar de essas experiências terem diferentes características, todas tiveram um aspecto comum: a introdução
ou o fortalecimento da participação da comunidade nas questões de segurança.
Isso significa que as pessoas de uma determinada área passaram não só a participar das discussões sobre
segurança e ajudar a estabelecer prioridades e estratégias de ação como também a compartilhar com a polícia
a responsabilidade pela segurança da sua região. Essas mudanças tiveram como objetivo melhorar as respostas
dadas aos problemas de segurança pública, tornando tanto a polícia mais eficaz e reconhecida como também
a população mais ativa e participativa nesse processo.
É interessante notar que a Constituição brasileira ratifica esse tipo de policiamento ao estabelecer, em seu
artigo 114, que a segurança pública não é apenas dever do Estado e direito dos cidadãos, mas responsabilidade
de todos.
Essa nova forma de “fazer a segurança pública” é também resultado do processo de democratização das
polícias. Em sociedades democráticas, as polícias desempenham várias outras funções além de lidar com o
crime. Exige- se que ela esteja constantemente atenta aos problemas que interferem na segurança e bem- estar
das pessoas e atenda às necessidades da população tanto de forma reativa (pronto- atendimento) como
também pró-ativa (prevenção).
Os cidadãos, por sua vez, têm o direito e a responsabilidade de participar no modo como esse policiamento é
realizado.
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RESOLUÇÃO
A presença da preposição “a” se deve à regência do verbo “atender” (atender A algo). Já a preposição “de”
é requisitada pela regência do nome “necessidade” (necessidade DE algo).
Resposta: A
Cláudia Colluci
A maior taxa de suicídios no Brasil se concentra entre idosos acima de 70 anos, segundo dados recentes
divulgados pelo Ministério da Saúde. São 8,9 mortes por 100 mil pessoas, contra 5,5 por 100 mil entre a
população em geral. Pesquisas anteriores já haviam apontado esse grupo etário como o de maior risco.
Abandono da família, maior grau de dependência e depressão são alguns dos fatores de risco.
Em se tratando de idosos, há outras mortes passíveis de prevenção se o país tivesse políticas públicas voltadas
para esse fim. Ano passado, uma em cada três pessoas mortas por atropelamento em São Paulo tinha 60 anos
ou mais. Pessoas mais velhas perdem reflexos e parte da visão (especialmente a lateral) e da audição por conta
da idade.
Levando em conta que o perfil da população brasileira mudará drasticamente nos próximos anos e que, a partir
de 2030, o país terá mais idosos do que crianças, já passou da hora de governos e sociedade em geral encararem
com seriedade os cuidados com os nossos velhos, que hoje somam 29,4 milhões (14,3% da população).
Com a mudança do perfil das famílias (poucos filhos, que trabalham fora e que moram longe dos seus velhos),
faltam cuidadores em casa. Também são poucos os que conseguem bancar cuidadores profissionais ou casas
de repouso de qualidade. As famílias que têm idosos acamados enfrentam desafios ainda maiores quando não
encontram suporte e orientação nos sistemas de saúde.
Recentemente, estive cuidando do meu pai de 87 anos, que se submeteu à implantação de um marca-passo.
Após a alta hospitalar, foi um susto atrás do outro. Primeiro, a pressão arterial disparou (ele já teve dois infartos
e carrega quatro stents no coração), depois um dos pontos do corte cirúrgico se rompeu (risco de infecção) e,
por último, o braço imobilizado começou a inchar muito (perigo de trombose venosa). Diante da recusa dele
em ir ao pronto atendimento, da demora de retorno do médico que o assistiu na cirurgia e sem um serviço de
retaguarda do plano de saúde ou do hospital, a sensação de desamparo foi desesperadora. Mas essas situações
também trazem lições. A principal é a de que o cuidado não se traduz apenas no cumprimento de tarefas, como
fazer o curativo, medir a pressão, ajudar no banho ou preparar a comida. Cuidado envolve, sobretudo, carinho
e escuta. É demonstrar que você está junto, que ele não está sozinho em suas dores.
Meu pai é um homem simples, do campo, que conheceu a enxada aos sete anos de idade. Aos oito, já ordenhava
vacas, mas ainda não conhecia um abraço. Foi da professora que ganhou o primeiro. Com o cultivo da terra,
formou uma família, educou duas filhas. Lidar com a terra continua sendo a sua terapia diária. É onde encontra
forças para enfrentar o luto pelas mortes da minha mãe, de parentes e de amigos. É onde descobre caminhos
para as limitações que a idade vai impondo ("não consigo mais cuidar da horta, então vou plantar mandioca").
Ouvir do médico que só estará liberado para suas atividades normais em três meses foi um baque para o meu
velho. Ficou amuado, triste. Em um primeiro momento, dei bronca ("pai, a cirurgia foi um sucesso, custa ter um
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pouco mais de paciência?"). Depois, ao me colocar no lugar desse octogenário hiperativo, que até dois meses
atrás estava trepado em um abacateiro, podando-o, mudei o meu discurso ("vai ser um saco mesmo, pai, mas
vamos encontrar coisas que você consiga fazer no dia a dia com o aval do médico").
Sim, envelhecer é um desafio sob vários pontos de vista. Mas pode ficar ainda pior quando os nossos velhos
não contam com uma rede de proteção, seja do Estado, da comunidade ou da própria família.
Os números de suicídio estão aí para ilustrar muito bem esse cenário de abandono, de solidão. Uma das
propostas do Ministério da Saúde para prevenir essas mortes é a ampliação dos Centros de Atenção
Psicossocial (Caps). A presença desses serviços está associada à diminuição de 14% do risco de suicídio. Essa
medida é prioritária, mas, em se tratando da prevenção de suicídio entre idosos, não é o bastante.
Mais do que diagnosticar e tratar a depressão, apontada como um dos mais importantes fatores
desencadeadores do suicídio, é preciso que políticas públicas e profissionais de saúde ajudem os idosos a
prevenir/diminuir dependências para que tenham condições de sair de casa com segurança, sem o risco de
morrerem atropelados ou de cair nas calçadas intransitáveis, que ações sociais os auxiliem a ter uma vida de
mais interação na comunidade. E, principalmente, que as famílias prestem mais atenção aos seus velhos. Eles
merecem chegar com mais dignidade ao final da vida.
a) No trecho “já passou da hora de governos e sociedade em geral encararem com seriedade os cuidados com
os nossos velhos [...]”, a expressão em destaque é um complemento verbal denominado objeto indireto.
b) No trecho “[...] estive cuidando do meu pai de 87 anos, que se submeteu à implantação de um marca-
passo.”, a expressão em destaque é um complemento verbal denominado objeto direto.
e) No trecho “A presença desses serviços está associada à diminuição de 14% do risco de suicídio.”, a
expressão destacada é um complemento verbal denominado objeto indireto.
RESOLUÇÃO
Letra A – ERRADA – O termo “com seriedade” atua como adjunto adverbial de modo.
Letra C – CERTA – De fato! Note que o verbo “assistir” foi empregado no sentido de “ajudar”, “dar
assistência”. Nesse caso, atua como transitivo direto. Este na frase é representado pelo oblíquo átono “o”
Letra D – ERRADA – Temos a presença do predicativo “trepado” e do adjunto adverbial de lugar “em um
abacateiro”.
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Letra E – ERRADA – Trata-se não de um objeto indireto, mas sim de um complemento nominal do
adjetivo “associada”.
Resposta: C
Zygmunt Bauman
O medo faz parte da condição humana. Poderíamos até conseguir eliminar uma por uma a maioria das ameaças
que geram medo (era justamente para isto que servia, segundo Freud, a civilização como uma organização das
coisas humanas: para limitar ou para eliminar totalmente as ameaças devidas à casualidade da Natureza, à
fraqueza física e à inimizade do próximo): mas, pelo menos até agora, as nossas capacidades estão bem longe
de apagar a “mãe de todos os medos”, o “medo dos medos”, aquele medo ancestral que decorre da consciência
da nossa mortalidade e da impossibilidade de fugir da morte.
Embora hoje vivamos imersos em uma “cultura do medo”, a nossa consciência de que a morte é inevitável é o
principal motivo pelo qual existe a cultura, primeira fonte e motor de cada e toda cultura. Pode-se até conceber
a cultura como esforço constante, perenemente incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivível
uma vida mortal. Ou pode-se dar mais um passo: é a nossa consciência de ser mortais e, portanto, o nosso
perene medo de morrer que nos tornam humanos e que tornam humano o nosso modo de ser-no-mundo.
A cultura é o sedimento da tentativa incessante de tornar possível viver com a consciência da mortalidade. E
se, por puro acaso, nos tornássemos imortais, como às vezes (estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de
repente [...].
Foi precisamente a consciência de ter que morrer, da inevitável brevidade do tempo, da possibilidade de que
os projetos fiquem incompletos que impulsionou os homens a agir e a imaginação humana a alçar voo. Foi essa
consciência que tornou necessária a criação cultural e que transformou os seres humanos em criaturas culturais.
Desde o seu início e ao longo de toda a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o
abismo que separa o transitório do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para construir
uma ponte para passar de um lado para outro do precipício; o instinto de permitir que nós, mortais, tenhamos
incidência sobre a eternidade, deixando nela um sinal imortal da nossa passagem, embora fugaz.
Tudo isso, naturalmente, não significa que as fontes do medo, o lugar que ele ocupa na existência e o ponto
focal das reações que ele evoca sejam imutáveis. Ao contrário, todo tipo de sociedade e toda época histórica
têm os seus próprios medos, específicos desse tempo e dessa sociedade. Se é incauto divertir-se com a
possibilidade de um mundo alternativo “sem medo”, em vez disso, descrever com precisão os traços distintivos
do medo na nossa época e na nossa sociedade é condição indispensável para a clareza dos fins e para o realismo
das propostas. [...]
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b) Em “Desde o seu início e ao longo de toda a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de
preencher o abismo que separa o transitório do eterno [...]” (4º parágrafo), o pronome em destaque faz
referência à “consciência de ter que morrer”.
c) Em “[...] para limitar ou para eliminar totalmente as ameaças devidas à casualidade da Natureza, à fraqueza
física e à inimizade do próximo [...]”, o uso da crase é facultativo antes de “fraqueza” e antes de “inimizade”,
tendo em vista que tais termos são regidos pela mesma palavra.
d) Em “[...] todo tipo de sociedade e toda época histórica têm os seus próprios medos [...]”, há um sujeito
composto que justifica o uso do acento circunflexo no verbo destacado, marcando a flexão de número.
e) Em “[...] as nossas capacidades estão bem longe de apagar a ‘mãe de todos os medos’ [...]”, o termo “mãe
de todos os medos” está entre aspas para destacar uma citação direta de outrem, trazendo ao texto outras
vozes para comprovar o ponto de vista do autor.
RESOLUÇÃO
Letra A – ERRADA – Não é verdade! Note que, em “brevidade do tempo”, a preposição “de” é requerida
pelo nome “brevidade”. Já em “possibilidade de que os projetos”, a preposição “de” é solicitada por
“possibilidade”.
Letra C – ERRADA – O uso da crase é obrigatório, pois os termos “casualidade”, “fraqueza” e “inimizade”
estão coordenados entre si. Dessa forma, se diante de “causalidade” há preposição e artigo, antes de “fraqueza”
e “inimizade” também deverá haver, o que resulta no emprego do acento indicador de crase.
Letra D – CERTA – De fato! A forma plural “têm” concorda em número e pessoa com os núcleos do sujeito
“tipo” e “época”.
Letra E – ERRADA – As aspas foram empregadas não para indicar uma citação, mas sim para expressar
um sentido figurado da expressão “maior de todos os medos”, que corresponde à morte.
Resposta: D
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Quem ama o tédio, divertido lhe parece. Apesar da diversão ser um conceito tão relativo quanto a beleza, a
paródia do ditado é tão verdadeira quanto a de que a necessidade é a mãe da invenção.
[…]
O escritor de ciência americano Steven Johnson acredita que o prazer é o motor da inovação. Em seu décimo
livro, O poder inovador da diversão: como o prazer e o entretenimento mudaram o mundo, lançado no Brasil
pela editora Zahar, ele mostra a importância da música, dos jogos, da mágica, da comida e de outras formas de
diversão para chegarmos onde estamos e para que tipo de futuro esses passatempos nos levarão.
[…]
Do jogo de dardos veio a estatística. A flauta de osso pode ser a ancestral do computador que você lê este
artigo. As caixas de música serviram de inspiração para os teares. Com uma prosa leve e bem-humorada (à
prova de hipocrisias), Johnson explica como tecnologias fundamentais para o nosso tempo nasceram e
evoluíram de objetos e engrenagens que não tinham outro objetivo senão entreter. [...]
Somos naturalmente hedonistas. E, como você diz, a diversão ajudou a moldar a humanidade. Você acha
que o prazer é a chave para a inteligência?
Eu não diria que o prazer é “a” chave para a inteligência, mas sim que é um elemento subestimado de
inteligência. Em outras palavras, tendemos a supor que pessoas inteligentes usam suas habilidades mentais
em busca de problemas sérios que tenham clara utilidade ou recompensa econômica por trás deles. Mas o
pensamento inteligente é muitas vezes desencadeado por experiências mais lúdicas, como os nossos ancestrais
do Paleolítico que, esculpindo as primeiras flautas de ossos de animais, descobriram como posicionar os
buracos para produzir os sons mais interessantes. Essas inovações exigiram uma grande dose de inteligência –
dado o estado do conhecimento humano sobre a música e o design de instrumentos há 50 mil anos – mas esse
tipo de coisa não era “útil” em nenhum sentido tradicional.
A história da diversão sempre esteve à margem dos registros históricos mais sérios e práticos, como
guerras, poder e igualdade, por exemplo. Você acha que a diversão estava implícita nesses eventos ou foi
ignorada pelos historiadores?
Acho que tem sido amplamente ignorada pelos historiadores. E quando foi observada e narrada, os relatos
históricos foram muito limitados: há histórias sobre moda, jogos ou temperos, mas como narrativas separadas.
Olhamos para a longa história da civilização de maneira diferente se contarmos a história do comportamento
“lúdico” como uma categoria mais abrangente – esse era meu objetivo ao escrever O poder inovador da
diversão. Essa história é muito mais importante que a maioria das pessoas imagina.
Nesse seu último livro, você diz que os prazeres inúteis da vida geralmente nos dão uma pista sobre futuras
mudanças na sociedade. O que podemos prever para o futuro a partir dos nossos prazeres mais comuns
agora?
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Provavelmente o melhor exemplo recente foi a mania de Pokémon Go. Eu posso imaginar-nos olhando para
trás em 2025, quando muitos de nós estarão usando regularmente dispositivos de realidade aumentada para
resolver “problemas sérios” no trabalho, e vamos perceber que a primeira adoção dominante dessa tecnologia
veio de pessoas correndo pelas cidades capturando monstros japoneses imaginários em seus telefones.
Esta é uma questão verdadeiramente profunda. Algumas coisas que consideramos divertidas (sexo, comida,
por exemplo) têm claras explicações evolutivas sobre por que nossos cérebros devem achá-las prazerosas. Mas
o tipo de diversão que descrevo em O Poder Inovador da Diversão – o prazer de ver uma boneca robô imitar um
humano, ou a diversão de jogar um jogo de tabuleiro – é mais difícil de explicar. Eu acho que tem a ver com a
experiência de novidade e surpresa; uma parte significativa de nossa inteligência vem do nosso interesse em
coisas que nos surpreendem desafiando nossas expectativas. Quando experimentamos essas coisas, temos um
pequeno estímulo que diz: “Preste atenção nisso, isso é novo”. E assim, ao longo do tempo, os sistemas
culturais se desenvolveram para criar experiências cada vez mais elaboradas para surpreender outros seres
humanos: desde as primeiras flautas de osso, até os novos e brilhantes padrões de tecido de chita, todas as
formas de Pokémon Go. É uma história antiga; temos muito mais oportunidades e tecnologias para nos
surpreender do que nossos ancestrais.
O texto de apoio pertence a um gênero textual que, por vezes, pode apresentar alguma marca de oralidade
quanto à regência.
Assinale a alternativa em que esse tipo de desrespeito à norma padrão da língua tenha ocorrido no texto.
e) “[…] uma parte significativa de nossa inteligência vem do nosso interesse em coisas que nos surpreendem
desafiando nossas expectativas.”
RESOLUÇÃO:
Na letra A, a forma verbal “lê” requer a preposição “em” para se ligar ao antecedente do relativo
“computador” (... você lê este artigo NO computador...). Dessa fora, o correto seria: ... o computador em que
você lê este artigo.
Resposta: A
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Considerando a regência dos verbos utilizados na seguinte frase, assinale a alternativa que a reescreve
corretamente.
RESOLUÇÃO:
O verbo “esquecer”, quando usado de forma não pronominal, isto é, não acompanhado de pronome oblíquo,
atua como transitivo direto.
Já como pronominal, atua como transitivo indireto e requer o emprego da preposição “de”.
As pessoas andam esquecendo as regras ... (verbo não pronominal > transitivo direto).
As pessoas andam se esquecendo das regras ... (verbo pronominal > transitivo indireto, introduzido pena preposição
DE)
Resposta: A
De acordo com a regência verbal e nominal na Língua Portuguesa, considere o trecho a seguir e assinale a
alternativa correta: “Um trabalho sensível, delicado, que exige tato do profissional. Uma experiência especial
para o retratado e para o fotógrafo. Trabalhar com público e padrões fica mais interessante quando a proposta
é ir além do senso comum. Tocar vidas e colaborar [...] é aquele bônus de fazer um bom trabalho [...], buscando
olhar além do que somos “treinados” a olhar”.
b) São exemplos de regência nominal o uso de preposições como “para”, “de” e “com” no trecho.
c) Há regência verbal na frase “Uma experiência especial para o retratado e para o fotógrafo.”
d) Em “Um trabalho sensível, delicado, que exige tato do profissional”, não há regência verbal, nem nominal.
e) É exemplo de uma frase com regência nominal e verbal “Trabalhar com público e padrões fica mais
interessante quando a proposta é ir além do senso comum.”
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RESOLUÇÃO
Letra A – ERRADA – Não é verdade! Apenas para ficar em um exemplo, no trecho “Trabalhar com
público...”, a preposição “com” é requerida pela forma verbal “Trabalhar”.
Letra B – ERRADA – A preposição “com”, no trecho “Trabalhar com público...”, é requerida pela forma
verbal “Trabalhar”.
Letra C – ERRADA – Trata-se de um caso de regência nominal, e não verbal. A preposição é exigida pelo
nome “especial”.
Letra D – ERRADA – Note que “tato” é objeto direto e “do profissional” é objeto indireto, ambos os
complementos são do verbo “exige”.
Letra E – CERTA – De fato, há regência verbal em “Trabalhar com público”; e regência nominal em “além
do senso comum”.
Resposta: E
Considerando a regência dos verbos utilizados no título da matéria, assinale a alternativa que o reescreve
corretamente.
a) Ela se lembra de tudo e sofre com isso, mostra ‘A Mulher que Não Consegue Esquecer’.
b) Ela lembra de tudo e sofre com isso, mostra ‘A Mulher que Não Consegue se Esquecer’.
c) Ela se lembra tudo e sofre com isso, mostra ‘A Mulher que Não Consegue se Esquecer’.
d) Ela lembra de tudo e sofre com isso, mostra ‘A Mulher que Não Consegue de Esquecer de Coisa Alguma’.
e) Ela lembra de tudo e sofre com isso, mostra ‘A Mulher que Não Consegue se Esquecer’.
RESOLUÇÃO:
O verbo “lembrar”, quando usado de forma não pronominal, isto é, não acompanhado de pronome oblíquo,
atua como transitivo direto.
Já como pronominal, atua como transitivo indireto e requer o emprego da preposição “de”.
Resposta: A
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Assinale a alternativa em que o termo em destaque apresenta uma inadequação em relação à regência verbal,
com base na norma padrão.
a) “Sei que deveria ir mais a Minas Gerais do que vou, umas duas, três vezes ao ano.”
d) “Sotaque que, acho eu, fui perdendo ao longo dos anos, desde aquele 1973, [...]”.
e) “[...] pousei no aeroporto de Uberlândia e fui direto na lanchonete comer um pão de queijo [...]”.
RESOLUÇÃO
Na letra E, temos a presença do verbo IR, na flexão de passado “fui”. Essa forma verbal exige regência da
preposição A para conectar o verbo ao adjunto adverbial de lugar.
No excerto “[…] jamais avise a estranhos que você não estará em casa.”, será obrigatório o uso do sinal
indicativo da crase, no caso de o termo em destaque ser substituído por
a) vizinhos da rua.
b) vizinhança toda.
c) entregadores.
d) cobradores.
RESOLUÇÃO
O verbo “avisar” requer a presença da preposição “a”. Para que haja crase, é necessário a presença do
artigo definido feminino “a”. Das opções apresentadas, apenas a letra B traz um substantivo feminino singular.
Resposta: B
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Em "[...] recebeu material educativo impresso, além de mensagens semanais de incentivo à prática regular de
atividades físicas e de vivências [...]" utiliza-se a crase porque “prática” se trata de uma palavra feminina
determinada pelo artigo feminino "a" e a regência nominal de “incentivo” exige o uso da preposição "a".
Assinale a alternativa que apresenta outro caso no qual se deve utilizar acento indicativo de crase.
d) Antes de verbos.
RESOLUÇÃO
Numerais indicadores de horas compõem locuções de base feminina, que irão requerer acento indicador
de crase.
Exemplos:
Cheguei às 22h.
Saí às 19h
Resposta: C
Assinale a alternativa correta quanto ao acento indicativo de crase presente nos fragmentos apresentados.
a) No primeiro fragmento, a crase se justifica tendo em vista a fusão da preposição “a”, exigida pelo
substantivo, com o artigo feminino “a” antes de “princesa do povo”. No segundo, a crase ocorre por tratar-se
de locução conjuntiva.
b) No primeiro fragmento, a crase se justifica tendo em vista a fusão da preposição “a”, exigida pelo verbo, com
o artigo feminino “a” antes de “princesa do povo”. No segundo, a crase ocorre para atender à regência do verbo
“aumentava”.
c) No primeiro fragmento, a crase ocorre para atender à regência do verbo “prestou”, já que quem presta algo
sempre presta a alguém. No segundo, a crase ocorre para atender à regência do verbo “aumentava”.
d) Nos dois fragmentos, a crase se justifica tendo em vista a fusão da preposição “a”, exigida pelos verbos, com
o artigo feminino “a” antes de “princesa do povo” e de “medida”.
e) No primeiro fragmento, a crase é facultativa. No segundo, a crase ocorre por se tratar de locução conjuntiva.
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RESOLUÇÃO
O primeiro emprego do sinal indicativo de crase se dá devido à fusão da preposição A, requerida pela
regência do nome “homenagem”, com o artigo A, solicitado pelo substantivo “princesa”.
12. Instituto AOCP - Perito (ITEP RN)/Médico Legista/Médico Psiquiatra/2018 (e mais 1 concurso)
Assinale a alternativa em que o “a” sublinhado poderia levar o acento grave indicativo de crase.
b) “[...] vem ganhando espaço na biologia e na medicina a ideia de que precisamos pensar [...]”.
d) “[...] nesses modelos é que a flora intestinal é, em princípio, algo fácil [...]”.
RESOLUÇÃO:
É possível o emprego da crase na letra A, antes de “sua interação”. Note que ocorre a presença da
preposição A - requerida pelo substantivo “relação” - com o artigo A - que pode ou não ser somado antes de
pronome possessivo.
No que se refere aos sentidos e às construções linguísticas do texto precedente, julgue o item a seguir
Sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos do texto, o primeiro período do terceiro parágrafo poderia
ser assim reescrito: Contudo, os cientistas avisam que ter tanta luz à nosso dispor custa muito caro ao meio
ambiente.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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RESOLUÇÃO:
É incorreto o emprego do acento grave antes da expressão masculina “nosso dispor”. O emprego da
crase no trecho reescrito implica explícito equívoco gramatical.
Resposta: ERRADO
Mantendo-se a correção gramatical e o sentido original do trecho “O direito tributário brasileiro depara-se com
grandes desafios” (R. 1 e 2), do texto 1A1-I, o segmento “depara-se com” poderia ser substituído por
a) depara-se a.
b) confronta com.
d) confronta-se a.
e) depara com.
RESOLUÇÃO:
De fato, as regências “depara com” e “depara-se com” estão corretas, pois são previstas na gramática
normativa (Cegalla, por exemplo). Trata-se de puro decoreba!
Resposta: E
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II. As formas pronominais presentes em “geri-la” (R.9) e “financiá-la” (R.10) possuem referentes distintos no
texto.
III. O referente da forma pronominal “ele” (R.18) é a expressão “o poder de tributar” (R.17).
IV. A inserção do sinal indicativo de crase em “a usurpação” (R.19) não prejudicaria a correção gramatical do
texto.
Estão certos apenas os itens
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) I, II e III.
RESOLUÇÃO:
I – O referente da forma verbal “passassem”…
A afirmação I está correta. Isso fica bem claro no trecho “… foi possível que as pessoas deixassem de
viver no que Hobbes definiu como estado natural … (as pessoas) passassem a viver…”
II – As formas pronominais em “geri-la” e “financiá-la”…
A afirmação II está incorreta. Trata-se do mesmo referente que, no caso, é “sociedade”.
III – O referente da forma pronominal “ele”…
A afirmação III está correta. Isso fica bem claro no trecho “… a condição necessária (mas não suficiente)
para que o poder de tributar seja legítimo é que ele (=o poder de tributar) emane do Estado…”.
A afirmação IV está incorreta, pois o trecho resultante “seria comparável à usurpação ou roubo” quebraria
o paralelismo sintático, haja vista que ocorre artigo antes de “usurpação” e não o ocorre antes de “roubo”. Para
que fosse possível a crase, o trecho deveria ser grafado assim: “seria comparável à usurpação ou ao roubo”.
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Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência
com os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de
meu relato, já que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas:
infelizmente se perderam e de nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços
em rebuscar coleções, arquivos e alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de
que disponho, encerrando em desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas
peregrinações.
Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
É obrigatório o sinal indicativo de crase empregado em “às suas peregrinações”, de maneira que sua
supressão acarretaria incorreção gramatical no texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Analisemos o trecho:
A crase é resultado da fusão da preposição “a” – requerida pela regência do verbo “dar” – dar algo a alguém
– com o artigo definido “as” – requerido pelo substantivo “peregrinações”.
Nessa construção, haveria apenas o artigo “as” e a preposição “a” - de que não se pode abrir mão, por se
tratar de uma necessidade de regência – estaria ausente, o que resultaria em erro gramatical.
Dessa forma, é correto concluir que existe a necessidade da crase, para que se mantenha a correção
gramatical.
Atenção!
A grande dúvida que poderia surgir está relacionada aos casos facultativos de crase antes de pronomes
possessivos femininos e antropônimos (nomes de pessoa) femininos.
O que ocorre é que a crase é facultativa porque é facultativa a presença de artigo antecedendo pronome
possessivo feminino e antropônimo feminino. Tanto faz anteceder artigo ou não.
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— Tinha vinte e cinco anos, era pobre, e acabava de ser nomeado alferes da Guarda Nacional. Não imaginam o
acontecimento que isto foi em nossa casa. Minha mãe ficou tão orgulhosa! Vai então uma das minhas tias, D.
Marcolina, que morava a muitas léguas da vila, num sítio escuso e solitário, desejou ver-me, e pediu que fosse
ter com ela e levasse a farda. Chamava-me também o seu alferes. E sempre alferes; era alferes para cá, alferes
para lá, alferes a toda a hora. Na mesa tinha eu o melhor lugar, e era o primeiro servido. Não imaginam. Se lhes
disser que o entusiasmo da tia Marcolina chegou ao ponto de mandar pôr no meu quarto um grande espelho,
naturalmente muito velho; mas via-se-lhe ainda o ouro.
— Espelho grande?
— Grande. E foi, como digo, uma enorme fineza, porque o espelho estava na sala; era a melhor peça da casa.
Mas não houve forças que a demovessem do propósito; respondia que não fazia falta, que era só por algumas
semanas, e finalmente que o “senhor alferes” merecia muito mais. O certo é que todas essas coisas, carinhos,
atenções, obséquios, fizeram em mim uma transformação, que o natural sentimento da mocidade ajudou e
completou. Imaginam, creio eu?
— Não.
— O alferes eliminou o homem. Durante alguns dias as duas naturezas equilibraram-se; mas não tardou que a
primitiva cedesse à outra; ficou-me uma parte mínima de humanidade. Aconteceu então que a alma exterior,
que era dantes o sol, o ar, o campo, os olhos das moças, mudou de natureza, e passou a ser a cortesia e os
rapapés da casa, tudo o que me falava do posto, nada do que me falava do homem. A única parte do cidadão
que ficou comigo foi aquela que entendia com o exercício da patente; a outra dispersou-se no ar e no passado.
Vamos aos fatos. Vamos ver como, ao tempo em que a consciência do homem se obliterava, a do alferes
tornava-se viva e intensa. No fim de três semanas, era outro, totalmente outro.
(...)
— Convém dizer-lhes que, desde que ficara só, não olhara uma só vez para o espelho. Não era abstenção
deliberada, não tinha motivo; era um impulso inconsciente, um receio de achar-me um e dois, ao mesmo
tempo, naquela casa solitária; e se tal explicação é verdadeira, nada prova melhor a contradição humana,
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porque no fim de oito dias, deu-me na veneta olhar para o espelho com o fim justamente de achar-me dois.
Olhei e recuei.
(...)
— De quando em quando, olhava furtivamente para o espelho; a imagem era a mesma difusão de linhas, a
mesma decomposição de contornos ... Subitamente, por uma inspiração inexplicável, por um impulso sem
cálculo, lembrou-me... vestir a farda de alferes. Vesti-a, aprontei-me de todo; e, como estava defronte do
espelho, levantei os olhos, e... não lhes digo nada; o vidro reproduziu então a figura integral; nenhuma linha de
menos, nenhum contorno diverso; era eu mesmo, o alferes, que achava, enfim, a alma exterior. Daí em diante,
fui outro. Cada dia, a uma certa hora, vestia-me de alferes, e sentava-me diante do espelho, lendo, olhando,
meditando; no fim de duas, três horas, despia-me outra vez. Com este regime pude atravessar mais seis dias
de solidão, sem os sentir...
Machado de Assis. O espelho. In: John Gladson (Org.). 50 contos de Machado de Assis. Cia. das Letras. Edição
eletrônica. Internet: (com adaptações).
É facultativo o emprego do acento indicativo de crase em “à outra” (R.26), de modo que sua supressão não
comprometeria a correção gramatical e os sentidos originais do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O alferes eliminou o homem. Durante alguns dias as duas naturezas equilibraram-se; mas não tardou que a
primitiva cedesse à outra; ...
É inquestionável a presença da preposição “a”, requerida pela regência do verbo “ceder” (ceder a algo ou
a alguém).
Note que temos a elipse de “natureza” em “...tardou que a (natureza) primitiva cedesse à outra
(natureza); ...”.
Dessa forma, “outra natureza” não é uma natureza qualquer, mas sim uma natureza bem definida no
texto, que é a do alferes. Como se trata de algo especificado, e não genérico, é necessário o emprego do artigo
definido “a” antes de “outra”.
Portanto, o emprego do acento indicador de crase se faz necessário, pois ocorre a fusão da preposição
“a” com o artigo “a”.
Resposta: ERRADO
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A polícia parisiense — disse ele — é extremamente hábil à sua maneira. Seus agentes são perseverantes,
engenhosos, astutos e perfeitamente versados nos conhecimentos que seus deveres parecem exigir de modo
especial. Assim, quando o delegado G... nos contou, pormenorizadamente, a maneira pela qual realizou suas
pesquisas no Hotel D..., não tive dúvida de que efetuara uma investigação satisfatória (...) até o ponto a que
chegou o seu trabalho.
A supressão do sinal indicativo de crase em “à sua maneira” (R.2) manteria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
É facultativa a presença de artigo definido feminino antes de pronome possessivo feminino e de nome
próprio feminino.
Dessa forma, a crase na locução de base feminina “à sua maneira” é facultativa.
A ausência do sinal indicativo de crase preserva sim a correção gramatical.
Resposta: CERTO
Texto CG1A1BBB
Quando dizemos que uma pessoa é doce, fica bem claro que se trata de um elogio, e de um elogio emocionado,
porque parte de remotas e ternas lembranças: o primeiro sabor que nos recebe no mundo é o gosto adocicado
do leite materno, e dele nos lembraremos pelo resto de nossas vidas. A paixão pelo açúcar é uma constante em
nossa cultura. O açúcar é fonte de energia, uma substância capaz de proporcionar um instantâneo “barato” que
reconforta nervos abalados. É paradoxal, portanto, a existência de uma doença em que o açúcar está ali, em
nossa corrente sanguínea, mas não pode ser utilizado pelo organismo por falta de insulina. As células imploram
pelo açúcar que não conseguem receber, e que sai, literalmente, na urina. O diabetes é conhecido desde a
Antiguidade, sobretudo porque é uma doença de fácil diagnóstico: as formigas se encarregam disso. Há
séculos, sabe-se que a urina do diabético é uma festa para o formigueiro. Também não escapou aos médicos
de outrora o fato de que a pessoa diabética urina muito e emagrece. “As carnes se dissolvem na urina”, diziam
os gregos.
Moacyr Scliar. Doce problema. In: A face oculta — inusitadas e reveladoras histórias da medicina. Porto Alegre:
Artes e Ofícios, 2001 (com adaptações).
No que concerne às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CG1A1BBB, julgue o item.
Seriam mantidos a correção gramatical e os sentidos do texto caso o trecho “aos médicos” fosse reescrito
como “dos médicos”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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RESOLUÇÃO:
Seria mantida a correção gramatical, mas o sentido da frase seria alterado, caso o trecho “aos médicos”
fosse reescrito como “dos médicos”. A questão envolve a regência do verbo “escapar”. Como se observa no
texto, a ideia presente em “escapou aos médicos” sugere que determinado fato não passou despercebido a
eles. Com o uso da forma “escapou dos médicos”, a substituição da preposição “a” pela preposição “de” implica
que algo fugiu, retirou-se ou esquivou-se deles. Assim, percebe-se que a correção gramatical permanece com
essa substituição, no entanto o sentido do trecho não se mantém.
Resposta: ERRADO
Texto CG2A1BBB
A correção gramatical do texto seria mantida com a substituição da preposição para pela preposição a, em para
participar da solenidade de lançamento do Projeto Parceiros da Paz e da Campanha Maranhão na
Prevenção às Drogas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O verbo “convidar” pode reger tanto a preposição “a” quanto a preposição “para”. Assim, alguém pode
ser convidado “a participar de uma campanha” ou “para participar de uma campanha”. Portanto, a correção
gramatical do texto seria mantida com a substituição da preposição para pela preposição a, em para participar
da solenidade de lançamento do Projeto Parceiros da Paz e da Campanha Maranhão na Prevenção às Drogas. Vale
destacar que, geralmente, o verbo “convidar”, quando rege a preposição “para”, costuma ser empregado no
sentido de solicitar a presença ou chamar. Com a preposição “a”, costuma dar ideia de pedir, requerer. De
qualquer forma, a correção gramatical do texto se mantém.
Resposta: CERTO
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Texto CB1A1BBB
Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida é um sintoma da revivescência de
um sentimento que parecia ter morrido no coração dos homens: o domínio sobre a mulher. Há outros casos.
(...) Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros. Eles se julgam com o direito de
impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer. Não sei se se julgam muito diferentes dos ladrões à mão
armada; mas o certo é que estes não nos arrebatam senão o dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos
querem tudo que há de mais sagrado em outro ente, de pistola na mão. O ladrão ainda nos deixa com vida, se
lhe passamos o dinheiro; os tais passionais, porém, nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida. Eles, não;
matam logo.
Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos que matam as ex-noivas.
De resto, semelhantes cidadãos são idiotas. É de se supor que quem quer casar deseje que a sua futura mulher
venha para o tálamo conjugal com a máxima liberdade, com a melhor boa- vontade, sem coação de espécie
alguma, com ardor até, com ânsia e grandes desejos; como é então que se castigam as moças que confessam
não sentir mais pelos namorados amor ou coisa equivalente?
Todas as considerações que se possam fazer tendentes a convencer os homens de que eles não têm sobre as
mulheres domínio outro que não aquele que venha da afeição não devem ser desprezadas. Esse obsoleto
domínio à valentona, do homem sobre a mulher, é coisa tão horrorosa que enche de indignação.
Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais têm mostrado a insanidade de generalizar a
eternidade do amor. Pode existir, existe, mas excepcionalmente; e exigi-la nas leis ou a cano de revólver é um
absurdo tão grande como querer impedir que o Sol varie a hora do seu nascimento. Deixem as mulheres amar
à vontade.
Lima Barreto. Não as matem. In: Vida urbana. São Paulo: Brasiliense, 1963, p. 83-5 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB1A1BBB, julgue o item que se segue.
Mantendo-se a correção gramatical e os sentidos originais do texto, a forma verbal “deseje” (l.8) poderia ser
substituída por aspire a.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O verbo “aspirar” pode ser usado no sentido de “desejar”. Nesse caso, ele rege a preposição “a”. Assim,
na questão, a forma verbal “deseje” (l.8) pode ser corretamente substituída por “aspire a”, mantendo-se a
correção gramatical e o sentido original do texto.
Resposta: CERTO
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Texto 6A1BBB
A humanidade não aceitará uma língua não natural para a comunicação natural. Isso é contra a tendência dos
seus instintos. Nenhum homem, “que seja homem”, achará natural conversar, aceitando ou recusando uma
bebida, em Volapuque, ou Esperanto, ou Ido ou em qualquer outra fantochada do gênero. Preferirá falar,
gaguejando, uma língua estranha, mas natural, do que falar, com relutante perfeição, uma língua
artificialmente construída. O homem é um animal apesar de muitos o esquecerem, ele ainda é um animal
irracional, como todos o são.
Fernando Pessoa. A Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
Com relação à variação linguística, aos fatores de textualidade e aos aspectos linguísticos do texto 6A1BBB,
julgue o item a seguir.
A regência do verbo preferir observada no quarto período do texto é típica da variedade culta do português
europeu, sendo pouco frequente na variedade brasileira do português, principalmente em textos informais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O trecho “Preferirá falar, gaguejando, uma língua estranha, mas natural, do que falar” fez uso de uma
regência muito típica no cotidiano dos usuários da língua portuguesa no Brasil. É fato que não existe uma única
forma de falar, visto que as variações linguísticas são uma realidade incontestável. No entanto, na sua regência
de acordo com o que se observa na gramática normativa, o verbo “preferir” não aceita as formas “que” ou “do
que”. Quando é transitivo direto e indireto, no objeto indireto, a preposição “a” introduz esse complemento
verbal. Portanto, é incorreto afirmar que o uso de “preferir”, conforme ocorreu no texto, é pouco frequente na
variedade brasileira do português. Sobretudo na informalidade, assim tem sido a norma por aqui.
Resposta: ERRADO
23.CESPE - AI (ABIN)/ABIN/2018
A atividade de inteligência é o exercício de ações especializadas para a obtenção e análise de dados, produção
de conhecimentos e proteção de conhecimentos para o país. Inteligência e contrainteligência são os dois ramos
dessa atividade. A inteligência compreende ações de obtenção de dados associadas à análise para a
compreensão desses dados. A análise transforma os dados em cenário compreensível para o entendimento do
passado, do presente e para a perspectiva de como tende a se configurar o futuro. Cabe à inteligência tratar
fundamentalmente da produção de conhecimentos com o objetivo específico de auxiliar o usuário a tomar
decisões de maneira mais fundamentada. A contrainteligência tem como atribuições a produção de
conhecimentos e a realização de ações voltadas à proteção de dados, conhecimentos, infraestruturas críticas
— comunicações, transportes, tecnologias de informação — e outros ativos sensíveis e sigilosos de interesse do
Estado e da sociedade. O trabalho desenvolvido pela contrainteligência tem foco na defesa contra ameaças
como a espionagem, a sabotagem, o vazamento de informações e o terrorismo, patrocinadas por instituições,
grupos ou governos estrangeiros.
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O sentido do texto seria prejudicado, embora sua correção gramatical fosse preservada, caso a preposição
presente na expressão “contra ameaças” fosse substituída pela preposição de.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Sem dúvida alguma, o sentido do texto seria prejudicado, embora sua correção gramatical fosse
preservada, caso a preposição presente na expressão “contra ameaças” fosse substituída pela preposição “de”.
Com a preposição “contra”, há a ideia de oposição, de contrariedade. Nesse caso, as ameaças precisam ser
combatidas, por isso a necessidade de defesa contra elas. Coma preposição “de”, a ideia é o posto do que
afirmamos anteriormente, pois, agora, as ameaças estariam sob defesa, protegidas. Com essa alteração, a
defesa das ameaças é o que passa a ocorrer.
Resposta: CERTO
O VTS é um sistema eletrônico de auxílio à navegação, com capacidade de monitorar ativamente o tráfego
aquaviário, melhorando a segurança e eficiência desse tráfego, nas áreas em que haja intensa movimentação
de embarcações ou risco de acidente de grandes proporções.
Internacionalmente, os sistemas de VTS são regulamentados pela International Maritime Organization, sendo
seus aspectos técnicos detalhados em recomendações da International Association of Maritime Aids to
Navigation and Lighthouse Authorities. No Brasil, cabe à Marinha do Brasil, autoridade marítima do país,
definir as normas de execução de VTS e autorizar a sua implantação e operação.
Uma estrutura de VTS é composta minimamente de um radar com capacidade de acompanhar o tráfego nas
imediações do porto, um sistema de identificação de embarcações denominado automatic identification
system, um sistema de comunicação em VHF, um circuito fechado de TV, sensores ambientais (meteorológicos
e hidrológicos) e um sistema de gerenciamento e apresentação de dados. Todos esses sensores operam
integrados em um centro de controle, ao qual cabe, na sua área de responsabilidade, identificar e monitorar o
tráfego marítimo, adotar ações de combate à poluição, planejar a movimentação de embarcações e divulgar
informações ao navegante. Adicionalmente, o Centro VTS pode fornecer informações que contribuam para o
aumento da eficiência das operações portuárias, como a atualização de horários de chegada e partida de
embarcações.
Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto apresentado, julgue o item que se segue.
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Seria preservada a correção gramatical do texto se, no trecho “composta minimamente de um radar”, fosse
empregada a preposição por, em vez da preposição “de”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
No trecho em análise, a substituição da preposição “de” pela preposição “por” preserva a correção
gramatical do texto. Observe que a frase está na voz passiva analítica (verbo SER + PARTICÍPIO). Nesse trecho,
o termo “de um radar”, que é agente da passiva, pode ser escrito “por um radar”, sem incorreção gramatical. É
importante lembrar que, na voz passiva, o agente da passiva pode ser iniciado por ambas as preposições (de ou
por).
Resposta: CERTO
A abordagem desse tipo de comércio, inevitavelmente, passa pela concorrência, visto que é por meio da
garantia e da possibilidade de entrar no mercado internacional, de estabelecer permanência ou de engendrar
saída, que se consubstancia a plena expansão das atividades comerciais e se alcança o resultado último dessa
interatuação: o preço eficiente dos bens e serviços.
Defesa da concorrência e defesa comercial são instrumentos à disposição dos Estados para lidar com distintos
cenários que afetem a economia. Destaca-se como a principal diferença o efeito que cada instrumento busca
neutralizar.
A política de defesa da concorrência busca preservar o ambiente competitivo e coibir condutas desleais
advindas do exercício de poder de mercado. A política de defesa comercial busca proteger a indústria nacional
de práticas desleais de comércio internacional.
Elaine Maria Octaviano Martins Curso de direito marítimo Barueri: Manoele, v 1, 2013, p 65 (com adaptações)
Acerca de aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue o item a seguir.
O emprego da preposição de introduzindo “das inovações” é exigido pela presença de “decorrente”, sendo as
inovações uma das quatro causas da crescente internacionalização mencionadas no texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
1º) O emprego da preposição “de” introduzindo “das inovações” é exigido pela presença da palavra
“velocidade” (velocidade das inovações), e não pela presença de “decorrente”.
2º) O enunciado apresenta três causas, e não quatro, da crescente internacionalização mencionada no
texto, a saber:
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No trecho “Diga não às ‘corrupções’ do dia a dia”, seria correto o emprego do sinal indicativo de crase no
vocábulo “a” em “dia a dia”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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RESOLUÇÃO:
Não há crase entre palavras repetidas. Grave bem essa informação. É importante lembrar que crase é a
fusão da preposição a com o artigo a(s) e com o a dos pronomes demonstrativos aquela(s), aquele(s), aquilo.
Para indicar essa fusão, usa-se o acento grave ( ` ) - indicador de crase. Assim, como não há artigo entre palavras
repetidas, a fusão de A + A, portanto, não pode acontecer. Portanto, o acento grave ( ` ), indicador de crase,
não ocorre em “dia a dia”.
Resposta: ERRADO
Encontradas principalmente nos embriões, mas também em alguns tecidos adultos como o adiposo, as células-
tronco têm a capacidade de se transformar em células de diversos tipos. Embora a chamada plasticidade das
embrionárias seja maior, os desafios éticos de pesquisas com esse tipo de células levaram a atenção de muitos
cientistas às células-tronco adultas. Na virada do milênio, publicações científicas em periódicos importantes
sugeriam que ambas teriam propriedades equivalentes.
Esperava-se que, ao serem injetadas em órgãos danificados, como um coração infartado, as células-tronco
adultas pudessem originar vasos sanguíneos e células cardíacas. Teve início, então, uma série de ensaios
clínicos — testes em pessoas —, que foram amplamente noticiados.
Hoje, sabe-se que as células-tronco adultas não são tão versáteis quanto prometiam. Os resultados dos ensaios
não foram animadores. Mas isso não significa que tenham sido descartadas como possível tratamento ou que
os esforços tenham sido desperdiçados. Na ciência, o negativo também é um resultado; mesmo que não renda
prêmios ou resulte em publicações, contribui para o avanço do conhecimento.
Alexandra Ozorio de Almeida.D ois passos para trás, um para frente. In: Revista Pesquisa Fapesp 2,60.ª ed.,
out./2017, p. 7 (com adaptações).
Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do texto CG1A1AAA, julgue o item que se segue.
O emprego do acento indicativo de crase em “às células-tronco adultas” é facultativo, dada a presença de termo
masculino na palavra composta “células-tronco”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
No trecho “os desafios éticos de pesquisas com esse tipo de células levaram a atenção de muitos cientistas
às células-tronco adultas”, o acento indicador de crase é obrigatório. Observe que existe a regência da
preposição A, que se soma ao artigo definido feminino AS. Assim, tem-se:
“...levaram a atenção de muitos cientistas às (A + AS) células tronco.” O primeiro A da fusão é uma
preposição regida pela forma verbal levaram; o segundo, um artigo feminino no plural que acompanha a palavra
células-tronco.
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Como crase significa fusão, soma de A+A(s), o que resultaria na forma À(s), nesse caso, a crase é
obrigatória, e não facultativa.
Resolução: ERRADO
Texto CB4A1BBB
O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de Sol, Alemão
conseguiu abrir o cadeado de sua jaula e escapou. O largo horizonte do mundo estava à sua espera. As árvores
do bosque estavam ao alcance de seus dedos. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando
conseguiu, em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o
restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no balcão.
Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente,
para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do outro, certificar-se de sua liberdade e da superioridade
de sua espécie. Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida.
Pode abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV; acordar
na segunda-feira feliz para o batente.
Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ou sem inocência. A primeira é a mais fácil e a única com
satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria para dentro do espelho, sem glamour e também
sem volta.
Os tigres-de-bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas, nascidos em
cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo que nunca se tornará realidade. Adivinham as
selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o Sol escorrega sobre a região
metropolitana, são trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores
que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a quem dorme enrodilhado, exilado
não do que foi, mas do que poderia ter sido.
Eliane Brum. O cativeiro. In: A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006, p. 53-4 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB4A1BBB, julgue o item que se segue.
Sem prejudicar a correção gramatical tampouco alterar o sentido do trecho, a expressão “serve para” poderia
ser substituída por convém à.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A expressão “serve para” não poderia ser substituída por “convém à”. Na frase em análise “Um zoológico
serve para muitas coisas”, após a preposição “para”, há um pronome indefinido (muitas). Nesse caso, a reescrita
do trecho (Um zoológico convém a muitas coisas) deveria ser sem o acento grave, indicador de crase, visto que
não há crase se existe um A no singular seguido de nome no plural. Nesse caso, faltou o artigo definido,
necessário para a ocorrência da crase. Assim, o sentido do texto seria mantido com a alteração, mas não a
correção gramatical.
Resposta: ERRADO
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Texto CG2A1AAA
A vida de Florence Nightingale, a criadora da moderna enfermagem, daria um romance. Florence estava
destinada a receber uma boa educação, a casar-se com um cavalheiro de fina estirpe, a ter filhos, a cuidar da
casa e da família. Mas logo ficou claro que a menina não se conformaria a esse modelo. Era diferente; gostava
de matemática, e era o que queria estudar (os pais não deixaram). Aos dezesseis anos, algo aconteceu: Deus
falou-me — escreveu depois — e convocou-me para servi-lo.
Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos enfermos, e especialmente dos enfermos hospitalizados. Naquela
época, os hospitais curavam tão pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do risco de infecção) que os
ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados eram só os pobres, e Florence preparou-se para cuidar deles,
praticando com os indigentes que viviam próximos à sua casa. Viajou por toda a Europa, visitando hospitais.
Coisa que os pais não viam com bons olhos: enfermeiras eram consideradas pessoas de categoria inferior, de
vida desregrada. Mas Florence foi em frente e logo surgiu a oportunidade para colocar em prática o que
aprendera. Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que chefiasse um grupo de
enfermeiras enviadas para o front turco, uma tarefa a que Florence entregou-se de corpo e alma; providenciava
comida, remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das enfermeiras. Mais que isso, fez estudos
estatísticos (sua vocação matemática enfim triunfou) mostrando que a alta mortalidade dos soldados resultava
das péssimas condições de saneamento.
Isso tudo não quer dizer que Florence fosse, pelos padrões habituais, uma mulher feliz. Para começar, não
havia, em sua vida, lugar para ligações amorosas. Cortejou-a o político e poeta Richard Milnes, Barão
Houghton, mas ela rejeitou-o. Ao voltar da guerra, algo estranho lhe aconteceu: recolheu-se ao leito e nunca
mais deixou o quarto.
É possível, e até provável, que isso tenha resultado de brucelose, uma infecção crônica contraída durante a
guerra; mas havia aí um óbvio componente emocional, uma forma de fuga da realidade. Contudo — Florence
era Florence —, mesmo acamada, continuou trabalhando intensamente. Colaborou com a comissão
governamental sobre saúde dos militares, fundou uma escola para treinamento de enfermeiras, escreveu um
livro sobre esse treinamento.
Estranha, a Florence Nightingale? Talvez. Mas estranheza pode estar associada a qualidades admiráveis.
Grande e estranho é o mundo; grandes, ainda que estranhas, são muitas pessoas. E se elas têm grandeza, ao
mundo pouco deve importar que sejam estranhas.
A correção gramatical do texto seria mantida se fosse inserido o acento indicativo de crase no vocábulo “a” no
trecho “destinada a”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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RESOLUÇÃO:
A correção gramatical do texto não seria mantida se fosse inserido o acento indicativo de crase no
vocábulo “a” no trecho “destinada a”. É importante destacar que crase é a fusão da preposição a com o artigo
a(s) e com o a dos pronomes demonstrativos aquela(s), aquele(s), aquilo. Para indicar essa fusão, usa-se o
acento grave ( ` ) - indicador de crase. Nesse caso, como verbos não são precedidos de artigo, não há como
correr crase.
Resposta: ERRADO
Com a crescente industrialização do país, tornava-se cada vez mais importante a formação de profissionais para
suprir as demandas do mercado e, doze anos depois, as escolas de aprendizes e artífices de nível primário
foram transformadas em escolas industriais e técnicas, equiparando-se às de ensino médio e secundário.
No texto, o sinal indicativo de crase no trecho “equiparando-se às de ensino médio e secundário” foi
empregado porque a regência do verbo equiparar exige preposição “a”, e “escolas”, palavra que está
subentendida antes de “de ensino médio”, exige o artigo definido feminino plural as.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
De fato, é possível subentender o substantivo “escolas” antes de “de ensino médio”. Observe:
Expliquemos agora a crase: ela é resultado da fusão da preposição A - requerida pela regência do verbo
“equiparar-se” (quem se equipara se equipara A algo/alguém) - com o artigo definido “as” - requerido pelo
substantivo subentendido “escolas”.
31.CESPE - TJ STJ/STJ/Administrativa/2018
Texto CB4A1AAA
As discussões em torno de questões como “o que é justiça?” ou “quais são os mecanismos disponíveis para
produzir situações cada vez mais justas ao conjunto da sociedade?” não são novidade. Autores do século XIX já
procuravam construir análises para identificar qual o sentido exato do termo justiça e quais formas de promovê-
la eram possíveis e desejáveis ao conjunto da sociedade à época. O debate se enquadra em torno de três
principais ideias: bem-estar; liberdade e desenvolvimento; e promoção de formas democráticas de
participação. Autores importantes do campo da ciência política e da filosofia política e moral se debruçaram
intensamente em torno dessa questão ao longo do século XX, e chegaram a conclusões diversas uns dos outros.
Embora a perspectiva analítica de cada um desses autores divirja entre si, eles estão preocupados em
desenvolver formas de promoção de situações de justiça social e têm hipóteses concretas para se chegar a esse
estado de coisas.
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Para Amartya Sen, por exemplo, a injustiça é percebida e mensurada por meio da distribuição e do alcance
social das liberdades. Para Rawls, ela se manifesta principalmente nas estruturas básicas da sociedade e sua
solução depende de uma nova forma de contrato social e de uma definição de princípios básicos que criem
condições de promoção de justiça. Já para Habermas, a questão gira em torno da manifestação no campo da
ação comunicativa, na qual a fragilidade de uma ação coletiva que tenha pouco debate ou pouca representação
pode enfraquecer a qualidade da democracia e, portanto, interferir no seu pleno funcionamento, tendo, por
consequência, desdobramentos sociais injustos. Em síntese, os autores argumentam a favor de instrumentos
variados para a solução da injustiça, os quais dependem da interpretação de cada um deles acerca do conceito
de justiça.
Augusto Leal Rinaldi. Justiça, liberdade e democracia. In: Pensamento Plural. Pelotas [12]: 57-74, jan.-jun./2013
(com adaptações).
A correção gramatical do texto seria mantida caso se empregasse o acento indicativo de crase no vocábulo
“a” em “a esse estado de coisas”
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A correção gramatical do texto não seria mantida caso se empregasse o acento indicativo de crase no
vocábulo “a” em “a esse estado de coisas”. Considerando que crase é a fusão da preposição a com o artigo a(s)
e com o a dos pronomes demonstrativos aquela(s), aquele(s), aquilo, no caso em análise, não ocorre crase pela
ausência do artigo antes de “esse”. Observe que a maioria dos pronomes não vem precedida de artigo, e o
pronome demonstrativo “esse” é um deles. Por essa razão, não ocorre crase em “a esse estado de coisas”.
Resposta: ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Observemos o seguinte trecho: ... dão lugar à flexibilidade, ... dão lugar à flexibilidade, À ANÁLISE DE
CENÁRIOS... E À INCLUSÃO DA SOCIEDADE...
Note que o trecho em destaque faz parte de uma enumeração. Isso posto, é necessário manter o
paralelismo sintático entre termos que compõem essa enumeração. O que isso significa? Significa que os
termos em enumeração devem ser construídos de forma similar. No caso, temos duas redações possíveis:
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ou
Note que, na primeira construção, todos os termos são introduzidos por artigo, daí a necessidade da
crase.
Já na segunda construção, nenhum dos termos que compõem a enumeração estão introduzidos por
artigo.
Ambas estão corretas e atendem ao paralelismo sintático. Observe que ou todos os termos são
introduzidos por artigo ou nenhum deles é.
Voltemos ao item: ele diz que a crase em À ANÁLISE DE CENÁRIOS... E À INCLUSÃO DA SOCIEDADE...
é obrigatória.
Ora, sem mexer no primeiro termo “À FLEXIBILIDADE”, que é introduzido por artigo, o artigo deve
introduzir ANÁLISE e INCLUSÃO, resultando, obrigatoriamente no emprego da crase antes dessas duas
ultimas palavras.
Para que a crase fosse facultativa, deveria o item ter proposto alteração no primeiro termo da
enumeração, construindo-o sem artigo.
Resposta: CERTO
Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, o sinal indicativo de crase poderia ser eliminado em
ambas as ocorrências no trecho “voltados à recuperação e à reinserção social”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Significa que a maneira como os termos coordenados estão construídos precisa ser similar.
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Note que “recuperação” e “reinserção” estão coordenados entre si, ligados pela conjunção E. Note que,
antes de cada um, há preposição A - requerida pela regência de “voltados” - com o artigo A.
A preposição é sagrada, não há como abrir mão dela, pois se trata de uma necessidade de regência. Mas
do artigo é possível sim abrir mão.
Como assim?
Uma outra redação possível seria omitir o artigo antes de cada termo, resultando na construção “...
voltados A recuperação e A reinserção social.” A palavrinha A destacada seria apenas uma preposição.
Dessa forma, visando à manutenção do paralelismo sintático, ou se dá artigo para todos os termos
coordenados, ou não se dá artigo para nenhum.
Outro exemplo:
Fiz elogios À LOCALIZAÇÃO, À INFRAESTRUTURA e AO ATENDIMENTO. >>> Note que todos os termos
coordenados estão introduzidos por preposição e artigo.
ou
Fiz elogios A LOCALIZAÇÃO, (A) INFRAESTRUTURA e (A) ATENDIMENTO. >>> Note que todos os
termos coordenados estão introduzidos apenas por preposição, não havendo artigo para ninguém.
O Decreto n.o 1 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, primeiro Código Eleitoral pátrio, instituiu a justiça eleitoral
no Brasil, com funções contenciosas e administrativas. Eram seus órgãos: um Tribunal Superior (de justiça
eleitoral — o decreto não menciona justiça eleitoral), na capital da República; um tribunal regional, na capital
de cada estado, no DF e na sede do governo do território do Acre, além de juízes eleitorais nas comarcas e nos
distritos. O Tribunal Superior — de justiça eleitoral — com jurisdição em todo o território nacional, compunha-
se de oito membros efetivos e oito substitutos, e era presidido pelo vice-presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF). A ele se somavam dois membros efetivos e dois substitutos, sorteados dentre os ministros do
STF, além de dois efetivos e dois substitutos, sorteados dentre os desembargadores da Corte de Apelação do
DF. Por fim, integravam a Corte três membros efetivos e quatro substitutos, escolhidos pelo chefe do governo
provisório dentre quinze cidadãos, indicados pelo STF, desde que atendessem aos requisitos de notável saber
jurídico e idoneidade moral. Dentre seus membros, elegia o Tribunal Superior, em escrutínio secreto, por meio
de cédulas com o nome do juiz e a designação do cargo, um vice-presidente e um procurador para exercer as
funções do Ministério Público, tendo este último a denominação de procurador-geral da justiça eleitoral. Em
relação a esse cargo, nota-se uma peculiaridade, à época da criação do Tribunal Superior: o procurador-geral
da justiça eleitoral não era o procurador-geral da República, mas sim um membro do próprio tribunal.
As formas de composição do TSE: de 1932 aos dias atuais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, Secretaria de
Gestão da Informação, 2008, p. 11. Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).
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Se a preposição a presente na contração “aos” fosse suprimida, a função sintática da expressão “requisitos de
notável saber jurídico e idoneidade moral” seria alterada, mas a correção gramatical do texto seria mantida.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
No trecho original “que atendessem aos requisitos de notável saber jurídico e idoneidade moral.”, o termo
“aos requisitos de notável saber jurídico e idoneidade moral” funciona sintaticamente como objeto indireto.
Já na proposta de reescrita “que atendessem os requisitos de notável saber jurídico e idoneidade moral.”,
o termo “os requisitos de notável saber jurídico e idoneidade moral” funciona sintaticamente como objeto
direto.
Ambas as construções estão corretas, haja vista que o verbo “atender” admite duas regências.
Resposta: CERTO
Também em 1922 foram instituídas no Brasil as convenções coletivas de trabalho como forma de composição
de interesses entre trabalhadores e empregadores, reflexo da forte influência italiana entre nós, estimulada
pela grande imigração de europeus — daí derivando a necessidade de um órgão com competência para
conhecer e dirimir eventuais conflitos decorrentes dessa prática coletiva. Com isso, surgiram então as
comissões mistas de conciliação, cuja função era conciliar os dissídios coletivos, e, no mesmo momento,
criaram-se as juntas de conciliação e julgamento, que conciliavam e julgavam os dissídios individuais do
trabalho.
Seguiram-se outras instituições extrajudiciais com funções semelhantes em setores localizados, como as juntas
de trabalho marítimo e o Conselho Nacional do Trabalho, ambos de 1933. Somente com o advento do Decreto-
lei n.º 9.797 é que foi organizada a justiça do trabalho como hoje ela funciona, integrada ao Poder Judiciário.
O emprego do sinal indicativo de crase em “ligado à Secretaria de Agricultura” justifica-se porque o verbo ligar
exige complemento regido pela preposição a, e a palavra “Secretaria” é antecedida pelo artigo definido
feminino singular a.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
De fato, a regência do verbo “ligar” solicita a preposição “a” (ligado A algo). Ademais, o nome “Secretaria
da Agricultura” solicita o artigo “a”. Para atestar este último, podemos constatar na frase “Voltei da Secretaria
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de Agricultura” a presença da contração “da”, o que comprova a necessidade do artigo por parte do nome. Isso
posto, resulta daí o emprego do acento indicador de crase.
Resposta: CERTO
Diversas são as naturezas dos instrumentos de que dispõe o povo para participar efetivamente da sociedade
em que vive. Políticos, sociais ou jurisdicionais, todos eles destinam-se à mesma finalidade: submeter o
administrador ao controle e à aprovação do administrado(b). O sufrágio universal, por exemplo, é um
mecanismo de controle de índole(c) eminentemente política — no Brasil, está previsto no art. 14 da Constituição
Federal de 1988, que assegura ainda o voto direto e secreto e de igual valor para todos —, que garante o direito
do cidadão(d) de escolher seus representantes e de ser escolhido pelos seus pares.
Costuma-se dizer que a forma de sufrágio denuncia, em princípio, o regime político de uma sociedade. Assim,
quanto mais democrática a sociedade, maior a amplitude do sufrágio. Essa não é, entretanto, uma verdade
absoluta. Um sistema eleitoral pode prever condições legítimas a serem preenchidas pelo cidadão para se
tornar eleitor, desde que não sejam discriminatórias ou levem em consideração valores pessoais. Segundo José
Afonso da Silva, considera-se, pois, universal o sufrágio quando se outorga o direito de votar a todos os
nacionais de um país(e), sem restrições derivadas de condições de nascimento, de fortuna ou de capacidade
especial. No Brasil, só é considerado eleitor quem preencher os requisitos da nacionalidade, idade e capacidade,
além do requisito formal do alistamento eleitoral(a). Todos requisitos legítimos e que não tornam inapropriado
o uso do adjetivo universal.
Internet: <http://jus.com.br> (com adaptações).
Assinale a opção correta em relação à regência e ao emprego do sinal indicativo de crase no texto apresentado.
a) A correção gramatical do texto seria mantida, apesar de haver alteração de seu sentido, caso o trecho “do
alistamento eleitoral” fosse substituído por para o alistamento eleitoral.
b) Sem prejuízo para a correção gramatical ou para o sentido original do texto, o trecho “submeter o
administrador ao controle e à aprovação do administrado” poderia ser reescrito da seguinte forma: submeter
ao administrador o controle e a aprovação do administrado.
c) A expressão “de índole” exerce a função de complemento de “controle” e, por isso, o emprego da preposição
“de” é exigido pela presença desse substantivo na oração.
d) Prejudicaria a correção gramatical do texto, assim como sua coerência, a substituição do trecho “que garante
o direito do cidadão” por que garante ao cidadão o direito.
e) Caso o trecho “todos os nacionais de um país” fosse substituído por todas as pessoas de um país, a partícula
“a” empregada imediatamente após “votar” deveria receber acento indicativo de crase.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A - CERTO - De fato, é prevista a regência da preposição "para" diante do nome
"requisito" ("requisito para algo").
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ALTERNATIVA C - ERRADO - O termo “de índole” compõe o termo "de índole eminentemente política",
que desempenha função sintática de adjunto adnominal, caracterizando o tipo de controle.
ALTERNATIVA D - ERRADO - Não prejudicaria nem a coerência nem a correção do texto a alteração
proposta, haja vista que o verbo "garantir" admite as duas regências: "garantir algo" ou "garantir algo a
alguém".
O povo a que remete a ideia de soberania popular constitui uma unidade, e não, a soma de indivíduos. Jurídica
e constitucionalmente, a representação "representa" o povo (e não, todos os indivíduos). Além disso, não há
propriamente mandato, pois a função do representante se dá nos limites constitucionais e não se determina
por instruções ou cláusulas estabelecidas entre ele (ou o conjunto de representantes) e o eleitorado. As
condições para o exercício do mandato e, no limite, seu conteúdo estão predeterminados na Constituição e
apenas nela. Estritamente, nem sequer é possível falar em representação, pois não há uma vontade pré-
formada. Há a construção de uma vontade, limitada apenas aos contornos constitucionais.
Eneida Desiree Salgado. Princípios constitucionais estruturantes do direito eleitoral. Tese de doutoramento.
Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2010. Internet: <http://dspace.c3sl.ufpr.br> (com adaptações).
A correção gramatical do texto seria mantida caso a expressão "aos contornos constitucionais" fosse
substituída por à legislação constitucional.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A correção gramatical é plenamente atendida com a alteração proposta. Vale ressaltar o emprego da
crase: ela é justificada pela contração da preposição "a" - requerida pelo nome "limitada" (limitada a algo) - com
o artigo definido "a" - solicitado pelo substantivo feminino "legislação".
Resposta: CERTO
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Narrado em primeira pessoa, o personagem conta sua história a um ouvinte silencioso, informando do seu
saber e do não saber, na difícil tarefa de dar forma narrada às coisas vividas.
O sinal indicativo de crase em “às coisas” justifica-se pela regência de “forma” e pela presença de artigo
feminino plural.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A crase é resultado da fusão da preposição A - requerida pela regência não de FORMA, mas sim do verbo
DAR - com o artigo AS - solicitado pelo substantivo feminino COISAS.
Cuidado!
Muitas são as questões que confundem o aluno, indicando-lhe erradamente os termos regentes e os
termos regidos!
Tanto é verdade que DAR solicita a preposição A, que conseguimos reescrever o trecho destacado da
seguinte maneira:
Resposta: ERRADO
Terminou o prazo para eleitores que sabem de fatos que apontem para a inelegibilidade de algum candidato às
eleições de prefeito, vice-prefeito e vereadores informarem a irregularidade ao juiz eleitoral de sua cidade. Para
isso, quem usou desse direito precisou apresentar a informação com provas e estar em gozo dos direitos
políticos. São considerados inelegíveis os enquadrados nas restrições impostas pelas Leis Complementares
n.o64/1990 (Lei das Inelegibilidades) e n.o 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), que consideram inaptos a exercer
cargo público os candidatos condenados em decisão transitada em julgado (sem possibilidade de recurso) pelos
crimes contra a economia popular, a fé e a administração pública; de lavagem de dinheiro e ocultação de bens;
de tráfico de entorpecentes, racismo, tortura e terrorismo; além de compra de votos e abuso do poder
econômico, entre outros. Esta é a primeira eleição em que prevalecerá a Lei da Ficha Limpa.
O emprego do sinal indicativo de crase em "candidato às eleições" justifica-se porque a palavra "candidato"
exige complemento regido pela preposição "a", e a palavra "eleições" é antecedida por artigo definido feminino.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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RESOLUÇÃO:
A contração "às", em candidato às eleiçöes, resulta da fusão da preposição "a" com o artigo "as". A
preposição é requerida pela regência do nome "candidato" (candidato a algo), enquanto que o artigo definido
plural "as" antecede o substantivo "eleições", determinando-o.
Resposta: CERTO
Considerando que o item seguinte, na ordem em que esta apresentado, é parte sucessiva de um texto adaptado
do jornal Estado de Minas de 29/11/2010, julgue-o com referência à correção gramatical.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Há dois equívocos: o primeiro está relacionado ao emprego do acento grave antes de "Corrupção",
resultado da contração da preposição "a" - exigida pela regência de "Combate" (Combate a algo) - com o artigo
definido "a" - solicitado pelo substantivo "Corrupção". Além disso, a forma verbal "forçou" deveria estar
conjugada no plural - "forçaram" -, para que houvesse a concordância com o sujeito composto de
núcleos "empenho" e "acompanhamento".
Resposta: ERRADO
Considerando que o item seguinte, na ordem em que esta apresentado, é parte sucessiva de um texto adaptado
do jornal Estado de Minas de 29/11/2010, julgue-o com referência à correção gramatical.
A lei impede a justiça eleitoral de conceder registro a candidatura à cargos eletivos dos condenados em decisão
colegiada por crimes contra a vida, o patrimônio e a administração pública, a economia popular, o meio
ambiente, a saúde pública e o sistema financeiro, assim como por abuso de autoridade, lavagem de dinheiro e
atentado à dignidade sexual, entre outros.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Há dois equívocos observados: é necessário haver crase antes de "candidatura", uma vez que ocorre a
fusão da preposição "a" - exigida pela regência de "conceder"(conceder algo a alguém) - com o artigo
definido "a" - solicitado pelo nome "candidatura"; é incorreto o emprego da crase antes de "cargos", haja vista
que este é substantivo masculino, não exigindo, portanto, o artigo "a".
Resposta: ERRADO
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Convocada por D. Pedro em junho de 1822, a constituinte só seria instalada um ano mais tarde, no dia 3 de maio
de 1823, mas acabaria dissolvida seis meses depois, em 12 de novembro.
Os membros da constituinte eram escolhidos por meio dos mesmos critérios estabelecidos para a eleição dos
deputados às cortes de Lisboa. Os eleitores eram apenas os homens livres, com mais de vinte anos e que
residissem por, pelo menos, um ano na localidade em que viviam, e proprietários de terra. Cabia a eles escolher
um colégio eleitoral, que, por sua vez, indicava os deputados de cada região. Estes tinham de saber ler e
escrever, possuir bens e virtudes. Em uma época em que a taxa de analfabetismo alcançava 99% da população,
só um entre cem brasileiros era elegível. Os nascidos em Portugal tinham de estar residindo por, pelo menos,
doze anos no Brasil. Do total de cem deputados eleitos, só 89 tomaram posse. Era a elite intelectual e política
do Brasil, composta de magistrados, membros do clero, fazendeiros, senhores de engenho, altos funcionários,
militares e professores. Desse grupo, sairiam mais tarde 33 senadores, 28 ministros de Estado, dezoito
presidentes de província, sete membros do primeiro conselho de Estado e quatro regentes do Império.
O local das reuniões era a antiga cadeia pública, que, em 1808, havia sido remodelada pelo vice-rei conde dos
Arcos para abrigar parte da corte portuguesa de D. João. No dia da abertura dos trabalhos, D. Pedro chegou ao
prédio em uma carruagem puxada por oito mulas. Discursou de cabeça descoberta, o que, por si só, sinalizava
alguma concessão ao novo poder constituído nas urnas. A coroa e o cetro, símbolos do seu poder, também
foram deixados sobre uma mesa.
Laurentino Gomes. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010, p. 213-16 (com adaptações).
Com base nas estruturas linguísticas e semânticas do texto acima, julgue o item.
A mesma norma gramatical que estabelece a ocorrência do sinal indicativo de crase em "eleição dos deputados
às cortes de Lisboa" prescreve o emprego desse sinal em eleição dos deputados à todas as cortes de Lisboa.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
É equivocado o emprego do sinal indicativo de crase antes do pronome indefinido "todas", uma vez que
esse tipo de pronome repele o artigo definido "a". Sendo assim, o "a" antes de "todas as cortes" é somente
preposição e nele não incide acento grave.
Resposta: ERRADO
43. INÉDITA
Assinale a opção inteiramente de acordo com a norma culta no que se refere à regência e ao emprego do acento
indicador de crase.
c) As mais monstruosas feras se iguala a mulher, ao saber que está sendo enganada pelas melhores amigas.
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d) Todas as decisões de investimento tomadas pela diretoria do fundo de pensão implicaram em enormes
perdas para os seus segurados.
e) Os direitos que todos nós, durante tanto tempo, lutamos e conquistamos para as gerações atuais não
podem ser abolidos.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – CERTA - Observe que foi atendido na frase o critério do paralelismo sintático. O que
isso significa? Significa que termos coordenados entre si (ligados por conjunção coordenativa) devem ser
construídos de forma similar.
Note que nem “localização”, nem “infraestrutura”, nem “atendimento” foram antecedidos de artigo.
O que ocorre é a presença da preposição “a”, requerida pela regência de “elogios” (elogios a algo/alguém).
Essa preposição está explícita antes de “localização” e implícita antes de “infraestrutura” e “atendimento”.
Uma alternativa de redação seria dar artigo para todos os elementos coordenados. Fazendo-se isso,
haveria contração ou combinação da preposição “a” – requerida por “elogios” – com cada um dos artigos
requeridos.
Note, portanto, que, numa coordenação de termos, ou todos recebem artigo, ou ninguém recebe.
ALTERNATIVA B – ERRADA – O verbo “pagar” pode pedir, em sua regência, tanto objeto direto como
indireto.
No entanto, impõe o verbo que seu objeto direto seja a “coisa” e o indireto, a pessoa. Além disso, o objeto
indireto deve ser introduzido pela preposição “a”.
Dessa forma, está errada a construção “Pagamos os funcionários...”. Deve-se corrigir para “Pagamos aos
funcionários...”.
ALTERNATIVA C – ERRADA – A primeira oração está fora de ordem. Colocando-a em ordem, temos que
o sujeito é “a mulher”; a forma verbal é “se iguala”; o objeto indireto é “às mais monstruosas feras”.
Sendo assim, é necessário o emprego do acento indicador de crase, resultado da fusão da preposição “a”
– requerido pela regência do verbo “igualar-se”(igualar-se a algo/alguém) – com o artigo definido “as” –
requerido pelo substantivo “feras”.
A frase corrigida seria: “Às mais monstruosas feras se iguala a mulher, ao saber que está sendo enganada
pelas melhores amigas.”
Todas as decisões de investimento tomadas pela diretoria do fundo de pensão implicaram enormes perdas
para os seus segurados.
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ALTERNATIVA E – ERRADA – O verbo “lutar” pede preposição “por”; já o verbo “conquistar” não pede
preposição. Fica errado assim coordenar dois verbos de diferentes regências.
“Os direitos que todos nós conquistamos para as gerações atuais e por que, durante tanto tempo, lutamos
não podem ser abolidos.”
Resposta: A
44. INÉDITA
a) Posso dizer que aquela equipe confiei esta missão e, por isso, sinto-me responsável pela decisão tomada.
b) Preferimos carro a moto, devido aos perigos a que estão expostos os motociclistas.
c) Pedimos ajuda a sua família, por acreditar que a amizade de nossos pais superaria nossas desavenças.
d) Não acreditamos que, daqui a décadas, estejamos aptos a clonar todo e qualquer ser humano, tendo como
objetivo a perpetuidade da existência humana.
e) Costumo dizer que é você quem faz o seu caminho. Não a droga.
RESOLUÇÃO:
Uma dificuldade de empregar esse acento se dá devido ao fato de a ordem dos termos estar invertida.
Observemos:
= Posso dizer que (eu) confiei esta missão àquela equipe ...
Observemos:
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>> o “à” é a fusão de preposição, exigida pela regência de “preferir”, com o artigo “a”, solicitado por “moto”.
Também é proibido o emprego do acento indicador de crase em “perigos a que estão expostos”. Na
verdade, tem-se apenas a preposição “a”, requerida pela regência da forma verbal “estar exposto” (quem está
exposto está exposto a algo). Não ocorre artigo.
Já no trecho “... por acreditar que a amizade...”, a crase não é permitida, haja vista que, antes do
substantivo “amizade”, temos penas artigo definido feminino “a”. Não há preposição.
ALTERNATIVA D – ERRADO – No trecho “... daqui a décadas...”, não ocorre crase, pois “décadas” está
no plural, sendo incabível o emprego de crase singular antes de palavra plural. Também não é possível o
emprego da crase em “...aptos a clonar...”, pois não ocorre crase antes de verbo. Por fim, no trecho “... tendo
como objetivo a perpetuidade da existência humana.”, também não ocorre crase, haja vista que o “a” antes de
“perpetuidade” é apenas artigo. Não há preposição.
ALTERNATIVA E – ERRADO – Interessante essa redação. Dá-se margem a uma redação com emprego
da crase e outra sem emprego.
Como assim?
Observemos:
Costumo dizer que é você quem faz o seu caminho. (Diga) Não à droga.
>> Aqui a crase se faz presente, pois é possível, segundo essa interpretação, subentender a forma verbal
“Diga” antes de “Não à droga”.
Costumo dizer que é você quem faz o seu caminho. Não (é) a droga.
>> Aqui não é possível o emprego da crase, pois é possível, segundo essa interpretação, subentender a
forma verbal “é” antes de “a droga”.
Não podemos, assim, dizer que se trata de um emprego obrigatório da crase, haja vista que tanto existe
uma interpretação com acento grave, como existe uma interpretação sem.
Resposta: A
45. INÉDITA
Assinale a opção cuja redação obedece às regras previstas na gramática normativa quanto à concordância,
regência, colocação pronominal e ao emprego do acento indicador de crase.
a) As cenas de corrupção as quais assistimos nos motivaram a tomar uma drástica atitude, hajam vistas as
consequências adversas a que se submetem parcela expressiva da população.
b) Repercutiu muito negativamente no mercado, o que foi agravado pela cobertura sensacionalista da mídia,
todas as declarações dos ministros que contrapunham-se a assinatura do acordo de negociação da dívida
pública.
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c) Sabe-se que é necessário, dentro obviamente de certos limites morais, a negociação com partidos da base
aliada no Congresso, visando o estabelecimento de uma governabilidade razoável.
d) Não se cogita, nem mesmo diante da mais urgente situação fiscal, alterações que impliquem aumentos
substanciais de impostos.
e) Quando se analisa, de forma imparcial, a crise pela qual o país passa, constata-se que grande parte dos
problemas serão solucionados com a participação conjunta do empresariado e da massa operária
brasileiros.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A – ERRADA – É preciso empregar a forma “às quais”, com acento indicador de crase,
tendo em vista que ocorre a fusão da preposição “a” – requerida pela regência do verbo “assistir”, no sentido
de “ver”, “presenciar” – com o pronome relativo “as quais”.
Além disso, está equivocado o emprego de “hajam vistas”. A expressão “haja vista” é invariável.
As cenas de corrupção às quais assistimos nos motivaram a tomar uma drástica atitude, haja vista as
consequências adversas a que se submetem parcela expressiva da população.
ALTERNATIVA B – ERRADA – Deve-se empregar a forma plural “Repercutiram”, para que haja
concordância com o sujeito “todas as declarações dos ministros”. Além disso, deve-se empregar o pronome
“se” antes da forma verbal “contrapunham”, pois o pronome relativo “que” atua como fator de próclise
(pronome antes do verbo). Por fim, deve-se empregar o acento indicador de crase antes de “assinatura”, haja
vista que ocorre a fusão da preposição “a” – requerida pela regência do verbo “contrapor-se” (quem se
contrapõe se contrapõe a algo) – com o artigo feminino singular “a” – solicitado pelo substantivo “assinatura”.
Repercutiram muito negativamente no mercado, o que foi agravado pela cobertura sensacionalista da mídia,
todas as declarações dos ministros que se contrapunham à assinatura do acordo de negociação da dívida pública.
Sabe-se que as expressões é bom, é necessário, é proibido, é permitido são invariáveis, exceto se o sujeito
dessas expressões for determinado por artigos, pronomes, numerais, etc.
Além disso, está errado o emprego do verbo “visar”, pois este, no sentido de “ter como objetivo”, solicita
preposição “a”.
Sabe-se que é necessária, dentro obviamente de certos limites morais, a negociação com partidos da base
aliada no Congresso, visando ao estabelecimento de uma governabilidade razoável.
ou
Sabe-se que é necessário, dentro obviamente de certos limites morais, negociação com partidos da base
aliada no Congresso, visando ao estabelecimento de uma governabilidade razoável.
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ALTERNATIVA D – ERRADA – Deve-se empregar a forma plural “Não se cogitam”, para que haja
concordância com o sujeito paciente “alterações”.
Não se cogitam ... alterações ... = Não são cogitadas ... alterações.
Observe que o “se” é uma partícula apassivadora, ladeada de um verbo que solicita objeto direto (quem
cogita cogita algo).
Dessa forma, a frase correta ficaria:
Não se cogitam, nem mesmo diante da mais urgente situação fiscal, alterações que impliquem aumentos
substanciais de impostos.
ALTERNATIVA E – CERTA – Está correto o emprego da forma verbal “se analisa”, concordando com o
sujeito paciente “a crise” (Quando se analisa... a crise = Quando é analisada ... a crise). Também é correto o
emprego da forma “pela qual”, resultado da fusão da preposição “por” – requerida pela regência do verbo
“passar” (quem passa passa por algo) – com o pronome relativo “a qual” – que substitui o termo antecedente
“crise”.
Por fim, nota-se a concordância com sujeito formado por expressões partitivas, admitindo-se duas
construções igualmente corretas: “grande parte dos problemas serão solucionados...” ou “grande parte dos
problemas será solucionada...”.
Resposta: E
46. INÉDITA
Assinale a alternativa em que a regência do verbo NÃO esteja de acordo com o padrão culto.
c) O combate à corrupção implica em medidas drásticas a serem tomadas pelo Poder Judiciário.
e) Não raro a população esquece o nome dos políticos por ela eleitos.
RESOLUÇÃO:
Essa preposição “a” deverá ser posicionada antes do pronome relativo “a qual”, que, por sua vez, substitui
o termo antecedente “função”.
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ALTERNATIVA D - CERTO - O verbo "pagar" é bitransitivo e solicita como objeto direto um nome de
coisa e como objeto indireto um nome de pessoa (pagar algo a alguém).
ALTERNATIVA E - CERTO - O verbo esquecer, quando não pronominal, é transitivo direto (Esquecer
algo). Quando pronominal, é transitivo indireto e é regido pela preposição "de" (Esquecer-se de algo).
Resposta: C
47. INÉDITA
....... inovadoras teorias, durante todo seu ano sabático, Stephen Hawking dedicou horas de estudo e reflexão
equivalentes .... que Einstein despendeu na época em que formulou a famosa Teoria da Relatividade sob ....
desconfiança da comunidade científica mundial.
a) Àquelas - à – a
b) Aquelas - as – à
c) Aquelas - às – à
d) Àquelas - às – a
e) Aquelas - às – a
RESPOSTA:
A primeira lacuna deve ser preenchida com a forma "Àquelas" - com crase -, haja vista que ocorre a
contração da preposição "a" - solicitada pela regência do verbo "dedicou” (dedicou algo a alguém/algo)" - com o
pronome demonstrativo "aquelas", modificador do substantivo “teorias”.
Observação:
Uma maneira prática de descobrir se ocorre a crase nas formas pronominais “àquele(s)”, “àquela(a)” e
“àquilo” é substituir os demonstrativos “aquele(s)”, “aquela(s)” e “aquilo” pelos também demonstrativos
“este(s)”, “esta(s)” e “isto”.
Se, nessa alteração proposta, aparecerem as formas “a este(s)”, “a esta(s)” e “a isto”, está provado que
ocorre a fusão da preposição “a” com o demonstrativo.
Veja um exemplo:
Viu? Como apareceu na troca a forma “a este”, é sinal de que ocorre a fusão da preposição “a” com o
demonstrativo “aquele”, resultando em “àquele”.
Stephen Hawking dedicou horas de estudo e reflexão ... àquelas inovadoras teorias...
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= Stephen Hawking dedicou horas de estudo e reflexão ... a estas inovadoras teorias...
A segunda lacuna deve ser preenchida com a forma "à" - com crase -, haja vista que ocorre a contração da
preposição "a" - solicitada pela regência do nome "equivalentes" (equivalentes a algo) - com o pronome
demonstrativo "as" – que pode ser substituído por “aquelas".
Observação:
Fique atento à parceria do “o(s)”, “a(s)” com o “que”. Trata-se corriqueiramente do encontro de um
pronome demonstrativo – o(s) = aquele(s), aquilo; a(s) = aquela(s) – com o pronome relativo “que”.
Por fim, a terceira lacuna deve ser preenchida com o artigo definido "a", solicitado pelo substantivo
feminino "desconfiança". Fica bem evidente a necessidade do artigo, se fizermos uma substituição por um
substantivo masculino: se empregarmos "descrédito" em vez de "desconfiança", teremos a
construção "sob o descrédito", o que prova a necessidade de um artigo após a preposição "sob".
Resposta: A
48. INÉDITA
a) Os motivos nos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação em cuja pretendia
iludir seus fiéis eleitores.
b) As profissões para cujo desempenho são exigidas muita concentração e paciência não são indicadas a
quem não dispõe de equilíbrio emocional.
c) Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis do que uma apoiada em
verdades desagradáveis onde nem todos querem acreditar.
d) O mau juízo de que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele em que se atribui aos partidos políticos.
e) A confiança de cuja não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser exercida
segundo à natureza do interesse público.
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RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A - ERRADO - Em lugar de "nos quais", deve-se empregar "dos quais", uma vez que a
forma verbal "se valer" solicita a regência da preposição "de" (quem se vale, se vale de algo). Além disso, não faz
sentido o emprego do pronome relativo "cuja", uma vez que não temos uma relação de posse.
O correto, então, seria: "Os motivos dos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada
comparação que pretendia iludir seus fiéis eleitores.".
ALTERNATIVA B - CERTO - O uso da preposição "para", antes do pronome relativo "cujo", é necessidade
requerida pela forma verbal "são exigidas" (são exigidas para algo). Além disso, a preposição "a" antes
de "quem" é necessidade da regência da forma verbal "são indicadas"(são indicadas a alguém).
ALTERNATIVA C - ERRADO - O uso de "do que" está equivocado, uma vez que a regência do verbo
"preferir" é dada pela preposição "a". É equivocado também o uso do pronome relativo "onde", uma vez que
este não indica lugar.
Assim, o correto seria: "Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis a uma
apoiada em verdades desagradáveis em que nem todos querem acreditar.".
ALTERNATIVA D - ERRADO - O uso da preposição "de", entes do primeiro pronome relativo "que", é
equivocado, uma vez que a forma verbal "se imputa" não a solicita (se imputa algo a alguém = se imputa mau
juízo aos sindicatos).
Da mesma forma, o uso da preposição "em", antes do segundo pronome relativo "que", é equivocado,
uma vez que a forma verbal "se atribui" não a solicita (se atribui algo a alguém = se atribui juízo aos partidos
políticos).
Assim, o correto seria: "O mau juízo que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele que se atribui aos
partidos políticos.”.
ALTERNATIVA E - ERRADO - O uso do pronome relativo "cujo" é inadequado, uma vez que não existe
uma relação de posse. É equivocado também o emprego da crase em "à", uma vez que é solicitado apenas o
artigo definido "a".
Assim, o correto seria: “A confiança de que não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa
ser exercida segundo a natureza do interesse público.”
Resposta: B
49. INÉDITA
O sinal indicativo de crase pode ser corretamente suprimido, sem prejuízo para a correção e o sentido
original do texto, em:
b) Seus escritos e ensinamentos foram, sem sombra de dúvida, o mais belo legado do velho filósofo à
atualidade.
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c) Suas ações governamentais não só não geraram uma justa distribuição de riqueza, como deram continuidade
à miséria galopante.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA B – ERRADA - É obrigatório o emprego da crase, haja vista que ocorre a fusão da
preposição “a” – requerida pela regência do substantivo “legado” (legado a algo) – com o artigo “a” – solicitado
pelo substantivo “atualidade”.
ALTERNATIVA C – ERRADA - É obrigatório o emprego da crase, haja vista que ocorre a fusão da
preposição “a” – requerida pela regência do substantivo “continuidade” (continuidade a algo) – com o artigo
“a” – solicitado pelo substantivo “miséria”.
ALTERNATIVA E – ERRADA - É obrigatório o emprego da crase, haja vista que ocorre a fusão da
preposição “a” – requerida pela regência do “impor” (impor algo a alguém) – com o artigo “a” – solicitado pelo
substantivo “sociedade”.
Resposta: D
50. INÉDITA
O resultado prático das ações voltadas ...... um desenvolvimento sustentável depende, em larga escala, da
atuação firme e forte da comunidade internacional. São várias as ações que devem ser tratadas com prioridade,
entre as quais estão o estímulo ...... novas fontes de energia menos poluentes e o respeito ...... causas
ambientais.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:
a) a − à – as
b) a − a – às
c) à − a – as
d) a − à – às
e) à − à – as
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RESOLUÇÃO
A primeira lacuna deve ser preenchida com a preposição "a", solicitada pela regência do nome "voltadas"
(voltadas a algo). Não é possível a crase, haja vista que estamos diante de palavra masculina - no caso,
"desenvolvimento". E já há um artigo posto, que é o indefinido "um".
A segunda lacuna deve ser preenchida com a forma "a" ou "às". No primeiro caso, trata-se da preposição
"a", exigida pela regência do nome "estímulo" (estímulo a algo). Já no segundo caso, trata-se da contração da
preposição "a" com o artigo "as", que pode ser solicitado pelo substantivo feminino "fontes".
Portanto, as duas redações atenderiam as prescrições da norma culta: "... estímulo a novas fontes de
energia ..." ou "... estímulo às novas fontes de energia...".
Por fim, a terceira lacuna deve ser preenchida com a forma "a" ou "às". No primeiro caso, trata-se da
preposição "a", exigida pela regência do nome "respeito" (respeito a algo). Já no segundo caso, trata-se da
contração da preposição "a" com o artigo "as", que pode ser solicitado pelo substantivo feminino "causas".
Portanto, as duas redações atenderiam as prescrições da norma culta: "... respeito a causas ambientais
..." ou "... respeito às causas ambientais...".
Quando a maioria da população, com razão, está escandalizada com a violência que impera nas cidades
do País, um outro número não recebe tanta atenção quanto os cerca de 60 mil assassinatos registrados
anualmente no Brasil. No trânsito, morrerão, neste ano de 2018, segundo estimativas oficiais, 80 mil pessoas.
A projeção está baseada no fato de que, nos primeiros meses do ano, os acidentes de trânsito já provocaram
19.398 mil mortes e 20 mil casos de invalidez permanente no País. Os dados são do Centro de Pesquisa e
Economia do Seguro, órgão da Escola Nacional de Seguros. As principais vítimas são homens de 18 a 65 anos e
motociclistas.
Além das mortes e sequelas as mais diversas, muitas deixando inválidos pelo resto da vida homens,
mulheres e crianças, pessoas jovens, ainda há um brutal prejuízo, calculado em torno dos R$ 96 bilhões pelas
faltas ao trabalho dos acidentados.
Ora, tantas vítimas mostram um quadro de insegurança que está presente e que vem ceifando, dia após
dia, vidas nas ruas, avenidas e, muito mais, nas rodovias da nação. Pois, da mesma forma que todos condenam
o grande número de mortes violentas por conta do tráfico de drogas, da disputa entre gangues, de desavenças
familiares, pouca atenção é dada para o massacre que ocorre no trânsito. Da mesma forma que se pede mais
educação, devemos nos lembrar que a educação no trânsito é mais do que importante.
Jornal do Comércio
(https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/opiniao/2018/09/648589-transito-mata-mais-
do-que-assassinatos-no-brasil.html)
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51.INÉDITA
No trecho “...devemos nos lembrar que a educação no trânsito é mais do que importante”, a ausência do
pronome oblíquo “nos” prejudicaria a correção gramatical.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O verbo lembrar admite duas regências: como não pronominal, deve ser empregado como transitivo
direto; já como pronominal, deve ser empregado como transitivo indireto e deve ser acompanhado da
preposição DE.
Nela, o verbo lembrar foi empregado como pronominal, acompanhado do oblíquo átono “nos”. A
preposição DE, requerida nesse formato, está subentendida, pois, diante de orações subordinadas substantivas
objetivas indiretas ou completivas nominais, é possível omitir a preposição, sem gerar prejuízos gramaticais.
Nela, o verbo lembrar foi empregado como não pronominal. Nesse formato, tem-se um verbo transitivo
direto.
Resposta: CERTO
52.INÉDITA
A substituição de “Obedecer às leis de trânsito” por “Obediência a leis de trânsito” preservaria
a correção gramatical e não acarretaria mudança de sentido original.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
No trecho original, o substantivo “leis” está determinado por artigo definido feminino. Afirma-se isso,
pois a forma “às” consiste na fusão da preposição “a” – requerida pela regência do verbo “obedecer” – com o
artigo “as” – solicitado pelo substantivo “leis”.
Com a determinação por artigo, dá-se a entender que se está falando de todas as leis de trânsito. A
obediência se faz necessária para todas as leis, portanto.
No trecho reescrito, o substantivo “leis” não está determinado por artigo. O “a” que antecede “leis” é
apenas preposição “a”, requerida pela regência do nome “Obediência”.
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Sem o artigo, dá-se a entender que se está falando de apenas algumas leis, não de todas. A obediência se
faz necessária para algumas leis, portanto.
Resposta: ERRADO
A pesquisa, ____ que o jornal teve acesso, foi realizada por um grupo de pesquisadores do CINTESIS – Centro
de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e da Escola Superior de Enfermagem do Porto e publicada
no Journal of Advanced Nursing.
De acordo com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
a) a ... a ... de
b) a ... em ... em
d) à ... à ... à
e) à ... de ... à
RESOLUÇÃO:
A primeira lacuna deve ser preenchida com À – com crase -, resultado da fusão da preposição A –
requerida pela regência de ALIADA (ALIADA A ALGO/ALGUÉM) – com o artigo A – solicitado pelo substantivo
feminino singular MEDICAÇÃO.
A segunda lacuna pode ser preenchida com as preposições EM ou PARA, requeridas pela regência de
“eficaz”.
Já a última lacuna deve ser preenchida com a preposição A, requerida pela regência do nome ACESSO.
Resposta: C
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No passado, a mão de obra oriunda do campo era absorvida _______ indústria. Em um passado mais recente,
o setor de serviços encarregou-se _______ ocupar boa parte dos trabalhadores que perderam espaço na
indústria, que tem investido sistematicamente _________ automatização e outras tecnologias. Atualmente,
dispersos _________ diferentes campos de atuação, o desafio dos trabalhadores consiste ______ se adaptar à
era da internet e da informática.
Considerando as regras de regência verbal e nominal, conforme a norma-padrão da língua, as lacunas do texto
devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com
a) na … de … de … com … de
b) pela … de … em … por … em
d) da … de … em … com … em
RESOLUÇÃO
Questão que envolve regência verbal e nominal, ou seja, as lacunas devem ser completadas com
preposições ou contrações respectivas, conforme o verbo ou o nome exijam: ... a mão de obra oriunda do campo
era absorvida (por) PELA indústria; o setor de serviços encarregou-se DE ocupar boa parte; tem investido
sistematicamente EM automatização; Atualmente, dispersos EM diferentes campos de atuação; o desafio dos
trabalhadores consiste EM se adaptar.
Resposta: B
O sociólogo Pierre Bourdieu foi meu grande guru. Ele mostrou como a linguagem é usada como instrumento
de poder na sociedade. Portanto, é importante dar às pessoas esse instrumento. As camadas populares têm
que lutar muito contra a discriminação e a injustiça, e a linguagem é um instrumento fundamental.
Alfabetização e letramento têm esse objetivo: dar às pessoas o domínio da língua como instrumento de
inserção na sociedade e de luta por direitos fundamentais. Em relação à língua escrita, a criança tem que
aprender duas coisas. Uma é o sistema de representação, que é o sistema alfabético. Esse é um processo que
trabalha determinadas operações cognitivas e tem que levar em conta as características do sistema alfabético,
é saber decodificar o que está escrito, ou codificar o que deseja escrever. Mas isso deve ser feito em contexto
de letramento, com textos reais, não com o clássico exemplo "Eva viu a uva". Que Eva? Que uva?
Tradicionalmente a alfabetização se resumia a codificar e decodificar, porque o foco era a criança aprender
apenas o código. Mas a questão é que a criança precisa aprender o código sabendo para o que ele serve.
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A escrita é uma tecnologia como outras. É importante aprender a escrever, conhecer a relação fonema-letra,
saber que se escreve de cima para baixo, da esquerda para a direita, aprender as convenções da escrita. Mas
essa tecnologia, como toda tecnologia, só tem sentido para ser usada: para saber interpretar textos, fazer
inferências, ler diferentes gêneros, o que significa outra coisa e exige outras habilidades e competências.
Aprender o sistema de escrita é alfabetização. Aprender os usos sociais do sistema de escrita é letramento.
(http://revistapesquisa.fapesp.br. Adaptado)
a) Quando se trata de escrita em contexto de letramento, pretende-se levar a criança aos usos sociais da
linguagem.
b) Tradicionalmente, a alfabetização visava no foco, apenas naquilo que a criança deveria aprender.
c) Pierre Bourdieu defende de que a linguagem tem sido usada como instrumento de poder na sociedade.
d) A criança está apta em usar a tecnologia da escrita quando ela descobre para que esta serve.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A: OPÇÃO CORRETA. Verbo “tratar”, nesse sentido, é transitivo indireto e rege a
preposição DE (“Quando se trata DE escrita...); verbos “pretender” (transitivo direto = pretende-se algo – levar
a criança ...); verbo “levar”, sentido de ‘incentivar’, (transitivo direto e indireto = levar algo/alguém, OD, a
algo/alguém, OI: ...levar a criança aos usos sociais...)
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. ERRO: verbo “defender” é transitivo direto, não rege
preposição, exclua-se o DE: CORRETO, “Pierre Bourdieu defende que a linguagem tem sido...”
No pouco ortodoxo modelo de ensino que levou a Finlândia ao topo dos rankings globais de educação, uma
inovadora inversão de papéis começa a tomar corpo: alunos estão dando aulas aos professores, para ensinar os
mestres a otimizar o uso de tecnologias de informação e comunicação nas escolas.
O projeto OppilasAgentti (“Agentes Escolares”, em tradução livre) está sendo conduzido em cerca de cem
escolas finlandesas, e a ideia é levar a nova experiência a um número cada vez maior do universo de 3.450
instituições de ensino do país.
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Trata-se de um modelo para desenvolver as competências tecnológicas não apenas dos professores, mas de
toda a comunidade escolar — e também do seu entorno: os alunos da escola Hämeenkylä, por exemplo,
também estão dando aulas aos idosos de um asilo local sobre como usar redes sociais, iPads e outros
dispositivos eletrônicos.
“Acreditamos que é importante ensinar nossas crianças a descobrir seus potenciais e a desenvolver seus
valores, e mostrar a elas o impacto positivo que cada indivíduo pode exercer na sociedade”, observa Pasi
Majasaari, diretor da escola Hämeenkylä, na cidade de Vantaa, próxima à capital Helsinki.
Os alunos do projeto têm entre 10 e 16 anos de idade. Pelo sistema, os estudantes interessados em participar
se apresentam como voluntários e relatam suas competências e habilidades em determinadas áreas. As escolas
também oferecem treinamento aos alunos, em aulas ministradas por especialistas de diferentes empresas
finlandesas que revendem soluções tecnológicas para o sistema de ensino do país.
A partir daí, os estudantes produzem um mapeamento das necessidades digitais da escola, sob a orientação de
um professor. Eles fazem então um planejamento das atividades necessárias e passam a atuar em três frentes.
Na sala dos professores, os alunos dão aulas ocasionais sobre como usar diferentes dispositivos e aplicativos.
Professores também podem contatar os estudantes para pedir assistência individual, a fim de solucionar
pequenos problemas. E os alunos-mestres também atuam como professores assistentes nas salas de aula, para
prestar ajuda tanto aos professores quanto a outros colegas de classe quando determinada lição envolve o uso
de tecnologia.
Inverter o papel tradicional dos alunos nas escolas é mais um pensamento fora da caixa do celebrado sistema
finlandês, que conquistou resultados invejáveis nos rankings mundiais de educação com um receituário que
inclui menos horas de aulas, poucas lições de casa, férias mais longas e uma baixa frequência de provas.
O pronome que substitui a expressão destacada em conformidade com a regência padrão da língua está
indicado entre colchetes em:
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. O verbo “descobrir” é transitivo direto, não aceitando, pois, o
pronome LHE como complemento verbal, já que tal pronome NUNCA funciona como objeto direto. CORRETO:
... descobrir seus potenciais = descobri-LOS.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO CORRETA. O verbo “mostrar”, transitivo direto e indireto (mostrar ALGO A
ALGUÉM), “mostrar o impacto positivo a elas (=lhes), ou seja, mostrar-LHES o impacto positivo.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. ERRO: o verbo “contatar” é transitivo direto, não aceitando,
pois, o pronome LHE como complemento verbal, já que tal pronome NUNCA funciona como objeto direto.
CORRETO: ... podem contatá-LOS.
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. ERRO: o verbo “envolver” é transitivo direto, não aceitando,
pois, o pronome LHE como complemento verbal, já que tal pronome NUNCA funciona como objeto direto.
CORRETO: ... quando determinada lição O (uso da tecnologia) envolve.
Resposta: B
Apesar dos bons resultados, o Estado avançou menos nos anos finais do ensino fundamental. Quais as
barreiras?
De fato, isso é um fenômeno nacional. Do 1º ao 5º ano, há uma melhoria mais acelerada, e do 6º ao 9º, com
menos potência.
Há dois fenômenos. Um é interno: do 6º ao 9º ano muita coisa muda para a criança. Está passando para a
adolescência e deixa de ter uma professora para ter dez. E a escola não tem uma metodologia bem articulada
para que todos os conhecimentos ali passados façam sentido.
Há também uma questão externa. Adultos e crianças hoje são muito afetados por tecnologia, redes sociais,
trocas de informação. O mundo está muito dispersivo, e a aprendizagem exige foco e concentração.
É um desafio adicional para a escola. Além do desenvolvimento acadêmico e cognitivo – ler, escrever, fazer
contas, interpretar história –, a escola terá que se preocupar com o desenvolvimento de competências
socioemocionais: metodologia para que as crianças aprendam a administrar suas emoções, trabalhar em
equipe, ter foco, persistência, resiliência.
O governo capixaba coordenou pesquisa para descobrir por que jovens de 14 a 29 anos deixaram a escola. Que
política esse diagnóstico inspirou?
Esses jovens foram alunos de nossas escolas públicas e as abandonaram porque precisavam trabalhar,
engravidaram, não gostavam de estudar ou achavam a escola chata.
O que mais temos discutido é como envolver o jovem com a escola. Recentemente introduzimos o líder de
turma, escolhido pelos colegas para discutir soluções pela ótica dos alunos.
Por que projetos-piloto nem sempre dão os mesmos resultados na sala de aula?
O trabalho do professor hoje é totalmente diferente, e as instituições formadoras ainda trabalham de forma
tradicional. Fazemos pesquisa e estamos gastando muita energia para definir a formação do professor do
século 21.
Não nos cabe achar que hoje está pior ou melhor que no passado, mas nos programarmos para atender a
criança no mundo de hoje, diverso, em que tudo é muito rápido, em que nada se sustenta, com profissões que
nem existem mais e outras que a gente nem imagina.
Como motivar se falamos de coisas de antigamente? É um desafio diferente. Os professores precisam ser
capazes de ler o mundo desses alunos.
(Ana Estela de Sousa Pinto e Érica Fraga. Folha de S.Paulo, 09.12.2017. Adaptado)
No mundo atual, há profissões de que não ___________ mais, e há outras com que nem ________ .
Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas da frase devem ser preenchidas,
respectivamente, por:
a) necessitamos … sonhamos
b) praticamos … acreditamos
c) valorizamos … supomos
d) dependemos … pensamos
e) aceitamos … conjeturamos
RESOLUÇÃO
Questão que envolve regência verbal, ou seja, as lacunas devem ser completadas com verbos que regem
as preposições DE (necessitar DE) e COM (sonhar COM), daí a alternativa apontada.
ALTERNATIVA A: OPÇÃO CORRETA. ... profissões DE que não NECESSITAMOS...; e há outras COM
que nem SONHAMOS.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. O verbo “praticar”, transitivo direto não rege preposição
(CORRETO: há profissões QUE não praticamos); “acreditar” é transitivo indireto e rege a preposição EM
(CORRETO: ... outras EM que nem acreditamos)
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. O verbo “valorizar” é transitivo direto não rege preposição
(CORRETO: há profissões QUE não valorizamos); “supor” é transitivo direto e não rege preposição (CORRETO:
... outras que nem supomos)
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. O verbo “aceitar” é transitivo direto, não aceitando, pois,
preposição (CORRETO: ... há profissões QUE não aceitamos...); O verbo “conjeturar” é transitivo direto, não
aceitando, pois, preposição (CORRETO: ... e há QUE não conjeturamos)
Resposta: A
a) O jornal, ao referir-se o cárcere, acha que ele deve ser destinado aos autores de crimes violentos, mas há
quem discorde com essa ideia.
b) Aspira-se a uma maior integração entre as polícias e as demais instituições, a qual será garantida com canais
instantâneos de comunicação.
c) Muitos encarcerados encontram-se presos devido o fato de cometerem delitos menores, dos quais havia o
pequeno tráfico de drogas.
d) Muitos especialistas comentam de que é a certeza da punição, mais do que o rigor ou o tamanho da pena, o
principal fator de dissuasão.
e) Nos últimos anos, o Brasil chegou na posição de terceira maior população carcerária do mundo, a qual não
tem do que se orgulhar.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: 1. REFERIR-SE A (transitivo indireto regente da
preposição A), CORRETO: “ao referir-se Ao cárcere”; 2. DISCORDAR DE, regente da preposição DE, CORRETO:
“há quem discorde Dessa ideia”.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. O verbo “comentar” é transitivo direto e não rege preposição,
CORRETO: “Muitos especialistas COMENTAM QUE é a certeza...”
Está quase pronto o documento que definirá o padrão nacional para o que crianças e jovens devem aprender
até o 9° ano do ensino fundamental. Trata-se da quarta versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Caso aprovada até janeiro, a diretriz deve começar a ser implementada nos próximos dois anos.
A BNCC define conteúdos a serem estudados e competências e habilidades que os alunos devem demonstrar
a cada passo da vida escolar. Soa como obviedade, mas não existe norma válida em todo o país que estabeleça
de modo preciso a progressão do ensino e o que se deve esperar como resultado.
Note-se ainda que a base curricular não especifica como alcançar seus objetivos – isso será papel dos currículos
a serem elaborados por estados e municípios, que podem fazer acréscimos conforme necessidades regionais.
O programa ainda se mostra extenso em demasia, não muito diferente do que se viu nas escolas das últimas
décadas, quando raramente foi cumprido. O excesso de assuntos dificulta abordagens mais aprofundadas e
criativas.
A BNCC lembra a Constituição de 1988. Detalhista, arrojada e generosa, mas de difícil aplicação imediata e
integral. É indiscutível, de todo modo, a urgência de pôr em prática esse plano que pode oferecer educação
decente e igualitária às crianças.
Leia as frases:
De acordo com a norma-padrão, as lacunas devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
RESOLUÇÃO
Com a BNCC, busca-se chegar A (chegar a – preposição apenas, pois “modo” é palavra masculina) um
modo preciso de progressão do ensino.
• Desigualdades do aprendizado podem ser corrigidas A (apenas preposição, não se usa artigo antes de
verbo, daí não haver crase antes de verbo) partir da existência de um padrão.
Meses atrás, quando falei aqui do livro de Zinsser, um leitor deixou o seguinte comentário: “É de uma pretensão
sem tamanho, a vaidade elevada ao maior grau, o sujeito se meter a querer ensinar os outros a escrever”.
Pois é. Muita gente acredita que, ao contrário de todas as demais atividades humanas, da música à mecânica
de automóveis, do macramê à bocha, a escrita não pode ser ensinada.
Por quê? Porque é especial demais, elevada demais, dizem alguns. É o caso do leitor citado, que completou seu
comentário com esta pérola: “Saber escrever é uma questão de talento, quem não tem, não vai nunca
aprender…”
Há os que chegam à mesma conclusão pelo lado oposto, a ilusão de que toda pessoa alfabetizada domina a
escrita, e o resto é joguinho de poder espúrio.
Talento literário é raro mesmo, mas não se trata disso. Também não estamos falando só de correção gramatical
e ortográfica, aspecto que será cada vez mais delegado à inteligência artificial.
Estamos falando de pensamento. Escrever com clareza e precisão, sem matar o leitor de confusão ou tédio, é
uma riqueza que deve ser distribuída de forma igualitária por qualquer sociedade que se pretenda civilizada e
justa.
De acordo com a norma-padrão, o acento indicativo da crase está corretamente empregado em:
a) O leitor aludiu à escrita como se ela fosse questão de talento: quem não tem, não vai nunca aprender.
b) A escrita deve levar o texto à uma riqueza, marcada pela clareza e precisão, afastando o leitor da confusão
ou tédio.
c) De parte à parte, o texto precisa organizar-se como um tecido coeso e claro, instigando, assim, o leitor.
d) Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões semelhantes, no entanto elas seguem pelo lado oposto.
e) Também não estamos falando só de correção gramatical e ortográfica. Estamos nos referindo à pensamento.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A: OPÇÃO CORRETA. Quem alude alude A (verbo transitivo indireto que rege a
preposição): O leitor aludiu À (PREPOSIÇÃO + ARTIGO de escrita) escrita. Por analogia: ... aludiu AO texto.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes de artigo indefinido (UMA), pois o artigo
que se junta à preposição é o definido A(S): A escrita deve levar o texto A (CORRETO) uma riqueza...
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase entre palavras repetidas, pois o artigo definido
é incabível nesse caso: “De parte A parte...”. Por analogia: de lado A lado, e não “de lado AO (ERRO) lado”.
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes de palavra masculina, já que esta não
aceita o artigo feminino A: “Estamos nos referindo A (CORRETO) pensamento”.
Resposta: A
b) Há lembranças tão vivas que nos fazem voltar à episódios de nosso passado.
c) Lembrar-se do passado pode ser uma tarefa muito difícil à determinadas pessoas.
e) Ao nos atermos à uma experiência ruim, desconsideramos o que ela traz de bom.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes de verbo (sofrer), pois este não aceita
artigo a antecedê-lo. CORRETO “A chegam A “sofrer “.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes de palavra masculina, pois esta não
aceita o artigo A. CORRETO: “nos fazem voltar A episódios”.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO CORRETA. Quem se refere se refere A, e a palavra “vontade” requer o artigo
A, daí: “Ela referiu-se à (A prep. + A artigo) vontade de esquecer”.
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes de artigo indefinido (UMA), pois o artigo
que se junta à preposição é o definido A(S). CORRETO: “Ao nos atermos A (preposição) uma experiência...”.
Resposta: D
Destruindo Riqueza
A economia cresce encontrando soluções, em geral tecnológicas, para reduzir ineficiências e, nesse processo,
libera mão de obra.
Um exemplo esclarecedor é o do emprego agrícola nos EUA. Até 1800, a produção de alimentos exigia o
trabalho de 95% da população do país. Em 1900, a geração de comida para uma população já bem maior
mobilizava 40% da força de trabalho e, hoje, essa proporção mal chega a 3%. Quem abandonou a roça foi para
cidades, integrando a força de trabalho da indústria e dos serviços.
Esse processo pode ser cruel para com indivíduos que ficam sem emprego e não conseguem se reciclar, mas é
dele que a sociedade extrai sua prosperidade. É o velho fazer mais com menos.
A internet, com sua incrível capacidade de conectar pessoas, abriu novos veios de ineficiências a eliminar. Se
você tem um carro e não é chofer de praça nem caixeiro viajante, ele passa a maior parte do dia parado, o que
é uma ineficiência. Se você tem um imóvel vago ou mesmo um dormitório que ninguém usa, está sendo
improdutivo. O mesmo vale para outros apetrechos que você possa ter, mas são subutilizados. Os aplicativos
de compartilhamento, ao ligar de forma instantânea demandantes a ofertantes, permitem à sociedade fazer
muito mais com aquilo que já foi produzido (carros, prédios, tempo disponível etc.), que é outro jeito de dizer
que ela fica mais rica.
É claro que isso só dá certo se não forem criadas regulações desnecessárias que embaracem os acertos
voluntários entre as partes. A burocratização da oferta de serviços de aplicativos torna-os indistinguíveis. Dá
para descrever isso como a destruição de riqueza.
Assinale a alternativa em que, no trecho que completa a frase a seguir, o acento indicativo da crase está
empregado corretamente, de acordo com a norma-padrão da língua.
A internet tem se consolidado como uma ferramenta indispensável na sociedade atual, especialmente no que
diz respeito
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes de pronome indefinido, uma vez que
este não aceita o artigo definido A(S) antes de si. “CORRETO “diz respeito A (preposição) quem pretende
ingressar”.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO CORRETA. O que diz respeito diz respeito A (preposição), então, “no que diz
respeito À (A preposição + A artigo) capacidade da rede”.
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes de verbo, pois este não aceita artigo a
antecedê-lo. CORRETO: no que diz respeito A eliminar ineficiências
Resposta: D
Ei-lo agora, adolescente recluso em seu quarto, diante de um livro que não lê. Todos os seus desejos de estar
longe erguem, entre ele e as páginas abertas, uma tela esverdeada que perturba ______ linhas. Ele está sentado
diante da janela, a porta fechada ______ costas. Página 48. Ele não tem coragem de contar as horas passadas
para chegar ______ essa quadragésima oitava página. O livro tem exatamente quatrocentas e quarenta e seis.
Pode-se dizer 500 páginas! Se ao menos tivesse uns diálogos, vai. Mas não! Páginas completamente cheias de
linhas apertadas entre margens minúsculas, negros parágrafos comprimidos uns sobre os outros e, aqui e acolá,
a caridade de um diálogo – um travessão, como um oásis, que indica que um personagem fala ______ outro
personagem. Mas o outro não responde. E segue-se um bloco de doze páginas! Doze páginas de tinta preta!
Falta de ar! Ufa, que falta de ar! Ele xinga. Muitas desculpas, mas ele xinga. Página quarenta e oito... Se ao
menos conseguisse lembrar do conteúdo dessas primeiras quarenta e oito páginas!
Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
RESOLUÇÃO
• Observe o trecho: “... uma tela esverdeada que perturba AS linhas.” O verbo “perturbar” é transitivo
direto e não rege preposição, daí não haver crase. Por analogia: perturba OS traços.
• Observe o trecho: “Ele está sentado diante da janela, a porta fechada ÀS costas.” Locução adverbial
feminina deve ser obrigatoriamente acompanhada de crase. Por analogia: fechada AO lado.
• Observe o trecho: “contar as horas passadas para chegar A essa quadragésima oitava página.” O
pronome demonstrativo essa repele o artigo definido A, daí termos, nesse caso, apenas a preposição A.
• Observe o trecho: “um personagem fala A outro personagem.” O pronome indefinido masculino “outro”
repele o artigo A, daí termos, nesse caso, apenas a preposição A.
Resposta: D
Novo Analfabetismo
O Instituto de Estatísticas da Unesco alerta, em informe recente, que grande parte dos jovens da América
Latina não alcança níveis apropriados de proficiência em leitura.
São 19 milhões de adolescentes que concluem o ensino fundamental sem conseguir ler parágrafos simples e
deles extrair informações, num fenômeno que Silvia Montoya, dirigente do instituto, chama de “nova definição
do analfabetismo”.
A preocupação da diretora procede, pois a falta de competência leitora fragiliza a cidadania. Afinal, quem não
consegue ler jornais ou livros depende do que a televisão lhe recomenda como condutas corretas e não
consegue formular seus próprios juízos.
Além disso, em tempos em que o mundo do trabalho extermina postos baseados em tarefas rotineiras, que não
demandam capacidade de concepção, as chances de sucesso profissional e de realização pessoal de quem tem
letramento insuficiente se tornam muito limitadas.
Aqui, só 30% dos alunos saem do 9o ano com aprendizado adequado em leitura e interpretação, de acordo com
dados do Inep. É menos que a média da América Latina, que tanto chocara Silvia Montoya.
Ora, num país de elites não leitoras, o fato de tantos jovens não estarem aptos a ler livros talvez não choque.
Não é mais suficiente ter um nível mínimo de alfabetização. Não ter competência leitora traz obstáculos para
a vida em sociedade, especialmente no tocante à dificuldade em compreender os próprios direitos e deveres
como cidadão, ainda mais num mundo em turbulência como o que vivemos.
Assinale a alternativa em que, no trecho reescrito a partir do texto que completa a frase a seguir, o acento
indicativo da crase está empregado corretamente, de acordo com a norma-padrão da língua.
Uma competência leitora insuficiente acaba criando obstáculos para a vida em sociedade, especialmente
quanto
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes verbo: “à ser capaz de praticar a leitura
eficiente de livros e de jornais.
ALTERNATIVA C: OPÇÃO CORRETA. Uso correto da crase, pois o termo “quanto exige a preposição A
e o substantivo “compreensão” vem antecedido do artigo “a”: “quanto à compreensão eficiente de
responsabilidades e de direitos sociais.” Por analogia, “quanto AO entendimento”.
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes de artigo indefinido (UMA), pois esse
artigo repele, obviamente, o artigo definido A(S).
Resposta: C
Para os autores do documento, ___ primeira Era Dourada aconteceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a atual
começou em 1980 e deve se estender pelos próximos 10 ___ 20 anos, prolongada pelo desempenho econômico
da Ásia e de negócios ligados ___ tecnologia.
a) a … a … a
b) à … à … à
c) a … à … à
d) à … à … a
e) a … a … à
RESOLUÇÃO
Na primeira lacuna, “a primeira Era Dourada” é sujeito de “aconteceu”, o que impede uso de preposição
e, por consequência, uso de crase; na segunda, o “a” antecede o numeral seguido do substantivo masculino (20
anos), o que impede o uso de artigo definido feminino; na terceira, tem-se o nome “ligados” – que rege a
preposição A – (ligados A) e o substantivo feminino “tecnologia” – que é antecedido do artigo definido A –, daí
o uso da crase, nesse caso, por analogia: ligados AO progresso.
Resposta: E
Leia o trecho da entrevista da professora Magda Soares à Pesquisa Fapesp para responder à questão.
O sociólogo Pierre Bourdieu foi meu grande guru. Ele mostrou como a linguagem é usada como instrumento
de poder na sociedade. Portanto, é importante dar às pessoas esse instrumento. As camadas populares têm
que lutar muito contra a discriminação e a injustiça, e a linguagem é um instrumento fundamental.
Alfabetização e letramento têm esse objetivo: dar às pessoas o domínio da língua como instrumento de
inserção na sociedade e de luta por direitos fundamentais. Em relação à língua escrita, a criança tem que
aprender duas coisas. Uma é o sistema de representação, que é o sistema alfabético. Esse é um processo que
trabalha determinadas operações cognitivas e tem que levar em conta as características do sistema alfabético,
é saber decodificar o que está escrito, ou codificar o que deseja escrever. Mas isso deve ser feito em contexto
de letramento, com textos reais, não com o clássico exemplo "Eva viu a uva". Que Eva? Que uva?
Tradicionalmente a alfabetização se resumia a codificar e decodificar, porque o foco era a criança aprender
apenas o código. Mas a questão é que a criança precisa aprender o código sabendo para o que ele serve.
A escrita é uma tecnologia como outras. É importante aprender a escrever, conhecer a relação fonema-letra,
saber que se escreve de cima para baixo, da esquerda para a direita, aprender as convenções da escrita. Mas
essa tecnologia, como toda tecnologia, só tem sentido para ser usada: para saber interpretar textos, fazer
inferências, ler diferentes gêneros, o que significa outra coisa e exige outras habilidades e competências.
Aprender o sistema de escrita é alfabetização. Aprender os usos sociais do sistema de escrita é letramento.
(http://revistapesquisa.fapesp.br. Adaptado)
Leia as frases:
• Não basta que a criança obedeça ____ tecnologia da escrita: ela só tem sentido para ser usada.
• Magda Soares refere-se ____ Pierre Bourdieu como seu grande guru.
a) a ... à ... à
b) à ... a ... à
c) a ... à ... a
d) à ... à ... a
e) a ... a ... à
RESOLUÇÃO
• “A criança precisa aprender o código sabendo A que ele se destina.” Sem crase, pois o pronome relativo,
QUE (A QUE), referindo-se a “código”, repele o artigo definido A antes de si. Nesse caso, tem-se apenas a
preposição que o verbo “destina-se” rege.
• “Não basta que a criança obedeça À tecnologia da escrita: ela só tem sentido para ser usada.” Com crase,
pois o verbo “obedecer rege a preposição A (obedecer A), e o substantivo feminino “tecnologia está antecedido
do artigo definido feminino A. Por analogia: ... a criança obedeça AO progresso...
• “Magda Soares refere-se A Pierre Bourdieu como seu grande guru.” Sem crase, pois o nome masculino
(Pierre Bourdieu) repele o artigo definido feminino A.
Resposta: C
c) Predomina entre as pessoas a suposição que a lei deve ser aplicada à todos os cidadãos.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes verbo: Os cidadãos obrigam-se à seguir
(VERBO).
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes do pronome indefinido TODOS, pois
esse repele, obviamente, o artigo definido A(S): “a lei deve ser aplicada à todos os cidadãos”. Ressalte-se que
não ocorre crase em um A no singular antes de palavras pluralizadas
ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes de palavra masculina, pois esta não
aceita o artigo A: “opondo-se à padrões estabelecidos”. Ressalte-se que não ocorre crase em um A no singular
antes de palavras pluralizadas opondo-se à padrões estabelecidos.
A última crônica
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade, estou
adiando o momento de escrever.
A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do
pitoresco no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo
humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Nesta perseguição do acidental, quer num
flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples
espectador. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso de um poeta se
repete na lembrança: “assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço
então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim, um casal acaba de sentar-se numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede
de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela
presença de uma menininha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se
instalou também à mesa. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da
família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom e
aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se
afasta para atendê-lo. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha
a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena
fatia triangular.
A menininha olha a garrafa de refrigerante e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Vejo que os três, pai,
mãe e filha, obedecem em torno à mesa a um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e
brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também,
atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve o
refrigerante, o pai risca o fósforo e acende as velas. A menininha sopra com força, apagando as chamas.
Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam,
discretos: “parabéns pra você, parabéns pra você...”. A menininha agarra finalmente o bolo com as duas mãos
sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura – ajeita-lhe a fitinha no cabelo, limpa
o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer
intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se
perturba, constrangido – vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num
sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.
Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, assinale a alternativa correta quanto à ocorrência
ou não da crase.
d) O pai pediu ao garçom a fatia de bolo e ficou a espera para dar início a comemoração.
e) A luz das velinhas, ela canta “parabéns pra você” e se junta à eles, discretamente.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: 1. “A menina lança o olhar A fatia de bolo...”, “lançar o
olhar A (preposição)” + A (artigo) fatia, por analogia: lança o olhar AO pedaço de bolo...; 2. “A família obedece
A (apenas a preposição) um ritual”, pois não ocorre crase antes do artigo indefinido UM.
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: 1. “O pai pôs-se à contar...”, não ocorre crase antes de
verbo, já que verbo não aceita o artigo definido A(S) como termo de relação; 2. “à fim de”, não ocorre crase
antes de palavra masculina (FIM), já que essa palavra repele, obviamente, o artigo feminino.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: 1. “ficou a espera”, usa-se a crase com locuções
adverbiais femininas; 2. “dar início a comemoração”, o nome “início” rege a preposição A (início A algo), e o
substantivo “comemoração” aceita o artigo A;
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: 1. “A luz das velinhas, ela canta”, usa-se crase na
locuções prepositivas femininas (À LUZ DE); 2. “e se junta À eles”, não se usa crase antes de pronomes pessoais
retos (ELES).
Resposta: A
A alternativa em cuja frase o acento indicativo da crase está de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa é:
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA C: OPÇÃO CORRETA. Usa-se crase com as expressões femininas indicativas de horas:
“As aulas se iniciam às oito horas”.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. Não se usa crase antes de pronomes pessoais retos (ELA)
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. Não ocorre crase antes de palavra masculina (FIM), já que essa
palavra repele, obviamente, o artigo feminino: “estuda muito à fim de”
Resposta: C
Nas minhas pesquisas, tenho constatado que muitas mulheres brasileiras reproduzem e fortalecem, consciente
ou inconscientemente, a lógica da dominação masculina. É verdade que o discurso hegemônico atual é o de
libertação dos papéis que aprisionam a maioria das mulheres. No entanto, os comportamentos femininos não
são tão livres assim; muitos valores mais tradicionais permanecem internalizados. Existe uma enorme distância
entre o discurso libertário das brasileiras e seu comportamento e valores conservadores.
Não pretendo alimentar a ideia de que as mulheres são as piores inimigas das mulheres, mas provocar uma
reflexão sobre os mecanismos que fazem com que a lógica da dominação masculina seja reproduzida também
pelas mulheres. Nessa lógica, como argumentou Pierre Bordieu, os homens devem ser sempre superiores: mais
velhos, mais altos, mais fortes, mais poderosos, mais ricos, mais escolarizados. Essa lógica constitui as
mulheres como objetos, e tem como efeito colocá-las em um permanente estado de insegurança e
dependência. Delas se espera que sejam submissas, contidas, discretas, apagadas, inferiores, invisíveis.
Em O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir escreveu que não definiria as mulheres em termos de felicidade, e
sim de liberdade. Ela acreditava que, para muitas, seria mais confortável suportar uma escravidão cega do que
trabalhar para se libertar. A filósofa francesa afirmou que a liberdade é assustadora, e que, por isso, muitas
mulheres preferem a prisão à sua possível libertação. No entanto, ela acreditava que só existiria uma saída para
as mulheres: recusar os limites que lhes são impostos e procurar abrir para si e para todas as outras o caminho
da libertação.
Assinale a alternativa em que a passagem – Ela acreditava que, para muitas, seria mais confortável suportar
uma escravidão cega do que trabalhar para se libertar. – está reescrita de acordo com a norma-padrão de
regência e de emprego do sinal de crase.
a) Ela desconfiava de que, para muitas, suportar uma escravidão cega valeria mais à pena do que optar por
trabalho que às levasse a libertação.
b) Ela desconfiava em que, para muitas, suportar uma escravidão cega valeria mais à pena do que optar por
trabalho que as levasse a libertação.
c) Ela confiava de que, para muitas, suportar uma escravidão cega valeria mais a pena do que optar por trabalho
que às levasse à libertação.
d) Ela confiava em que, para muitas, suportar uma escravidão cega valeria mais a pena do que optar por
trabalho que as levasse à libertação.
e) Ela confiava em que, para muitas, suportar uma escravidão cega valeria mais à pena do que optar por
trabalho que as levasse a libertação.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: 1. Crase em “valeria mais à pena”, o verbo “valer” não
rege a preposição A; 2. Não ocorre crase com pronome pessoal oblíquo: “por trabalho que às levasse”.
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: 1. O verbo “desconfiar” rege a preposição DE, e não
EM: “Ela desconfiava em que”; 2. “valeria mais à pena”, já explicado na opção anterior; 3. “ que as levasse A
libertação”, ausência da crase, “que as levasse A + A (À) libertação.
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: 1. O verbo “confiar” rege a preposição EM, e não DE;
2. Não ocorre crase com pronome pessoal oblíquo: “por trabalho que às levasse”.
ALTERNATIVA D: OPÇÃO CORRETA. CONFIAR EM – verbo que rege a preposição EM; VALERIA MAIS
A PENA – “suportar uma escravidão cega” vale mais a pena (o sacrifício) (vale ALGO, sem preposição); QUE AS
LEVASSE À LIBERTAÇÃO.
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: 1. Crase em “valeria mais à pena”, o verbo “valer” não
rege a preposição A; 2. “ que as levasse A libertação”, ausência da crase, “que as levasse A + A (À) libertação.
Resposta: D
a) Se constatou que, no mundo corporativo, em que se aplaudem às companhias de boa prática ética, os desvios
decepcionam à todas as pessoas.
b) Não ignora-se que, em algumas empresas, há práticas que levam às equipes de trabalho a comportar-se de
modo eticamente condenável.
d) Ainda encontram-se nas empresas funcionários que acham-se bem à vontade para aderir à algumas práticas
ilegais.
e) Pode-se dizer que a “licença moral” é o consentimento tácito que permite às pessoas praticantes de boas
ações chegar à prática de delitos.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: 1. Não se inicia oração com pronome oblíquo (SE
constatou...); 2. “aplaudir” é transitivo direto e não rege preposição, não havendo, pois, a crase em “... se
aplaudem ÀS companhias...”; 3. Não há crase antes do pronome indefinido TODAS, já que esse pronome repele
o artigo definido AS: “à todas as pessoas.”
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: 1. “reproduzir” é verbo transitivo direto, não regendo,
então, preposição, o que impede seu complemento de vir acompanhado de crase: “crimes reproduziram às
práticas recrimináveis”; 2. Nunca se usa pronome oblíquo depois de particípio verbal: “tendo tornado-se
corruptos”.
Assinale a alternativa em que na frase elaborada a partir dos quadrinhos ocorre o emprego correto do sinal
indicativo de crase.
a) Calvin dirige-se à seu amigo Haroldo para comentar como está o dia.
c) Para o garoto, seria melhor uma brisa fresca à passar um dia sem um ventinho.
d) Ao descrever o dia, Calvin faz alusão à grande quantidade de insetos que circulam pelo ar.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A: OPÇÃO INCORRETA. ERRO: não ocorre crase de nome ou pronome masculinos:
“Calvin dirige-se à seu amigo Haroldo...”
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. ERROS: não ocorre crase em um A no singular antes de palavras
pluralizadas, pois teríamos um artigo no singular relacionando-se com um nome no plural (a – ARTIGO –
aventuras): “...ambos se entregam à aventuras de verão”
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. ERRO: não ocorre crase antes de verbo: “ seria melhor uma
brisa fresca à passar um dia...”
ALTERNATIVA D: OPÇÃO CORRETA. Quem faz alusão faz alusão A (alusão rege a preposição A):
“Calvin faz alusão à grande quantidade de insetos...”
ALTERNATIVA E: OPÇÃO INCORRETA. O verbo o verão “proporcionar” é verbo transitivo direto, não
regendo, então, preposição, o que impede seu complemento de vir acompanhado de crase: “proporciona à
oportunidade...”
Resposta: D
Assinale a alternativa em que o sinal indicativo de crase está empregado corretamente, conforme a norma-
padrão.
RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA B: OPÇÃO INCORRETA. ERRO: não ocorre crase antes de artigo indefinido (UMA), pois
o artigo que se junta à preposição é o definido A(S): “Muita gente relaciona timidez à uma certa atitude...”
ALTERNATIVA C: OPÇÃO INCORRETA. ERRO: não ocorre crase antes do pronome indefinido
“alguma”, já que esse pronome repele o artigo definido A: “...pedir aumento assemelha-se à alguma tortura.”
ALTERNATIVA D: OPÇÃO INCORRETA. O sujeito não pode ser acompanhado de crase, já que não pode
ser preposicionado: “Vincula-se erroneamente aos tímidos à falta de coragem”, o que se vincula? “a falta de
coragem”, sujeito.
Nos EUA, a psicanálise lembra um pouco certas seitas – as ideias do fundador são institucionalizadas e
defendidas por discípulos ferrenhos, mas suas instituições parecem não responder às necessidades atuais da
sociedade. Talvez porque o autor das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las.
Freud era um neurologista, e queria encontrar na Biologia as bases do comportamento. Como a tecnologia de
então não lhe permitia avançar, passou a elaborar uma teoria, criando a psicanálise. Cientista que era, contudo,
nunca se apaixonou por suas ideias, revisando sua obra ao longo da vida. Ele chegou a afirmar: “A Biologia é
realmente um campo de possibilidades ilimitadas do qual podemos esperar as elucidações mais
surpreendentes. Portanto, não podemos imaginar que respostas ela dará, em poucos decêndios, aos problemas
que formulamos. Talvez essas respostas venham a ser tais que farão o edifício de nossas hipóteses colapsar”.
Provavelmente, é sua frase menos citada. Por razões óbvias.
Embora Freud tenha saído ____ campo para testar suas ideias, seu método não tinha o mesmo rigor científico
atual, em que não basta confirmar _____ hipóteses – é preciso tentar negá-las. Se elas resistirem ____ tentativa
de refutação, provisoriamente mantemos nossa crença.
De acordo com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
a) à … às … a
b) a … as … a
c) à … as … à
d) a … às … à
e) a … as … à
RESOLUÇÃO
Embora Freud tenha saído A (não há crase antes de nome masculino) campo para testar suas ideias, seu
método não tinha o mesmo rigor científico atual, em que não basta confirmar (verbo transitivo direto, que não
rege preposição) AS hipóteses – é preciso tentar negá-las. Se elas resistirem (verbo transitivo indireto, que rege
preposição A) À tentativa de refutação (quem resiste resiste A, e “tentativa” aceita o artigo A).
Resposta: E
Lista de Questões
1. Instituto AOCP - Auxiliar de Perícia Médico-Legal (PC ES)/2019
Policiamento comunitário
A polícia pode adotar diferentes formas de policiamento. Uma delas é o policiamento comunitário, um tipo de
policiamento que se expandiu durante as décadas de 1970 e 1980 quando as polícias de vários países
introduziram uma série de inovações em suas estruturas e estratégias para lidar com o problema da
criminalidade.
Apesar de essas experiências terem diferentes características, todas tiveram um aspecto comum: a introdução
ou o fortalecimento da participação da comunidade nas questões de segurança.
Isso significa que as pessoas de uma determinada área passaram não só a participar das discussões sobre
segurança e ajudar a estabelecer prioridades e estratégias de ação como também a compartilhar com a polícia
a responsabilidade pela segurança da sua região. Essas mudanças tiveram como objetivo melhorar as respostas
dadas aos problemas de segurança pública, tornando tanto a polícia mais eficaz e reconhecida como também
a população mais ativa e participativa nesse processo.
É interessante notar que a Constituição brasileira ratifica esse tipo de policiamento ao estabelecer, em seu
artigo 114, que a segurança pública não é apenas dever do Estado e direito dos cidadãos, mas responsabilidade
de todos.
Essa nova forma de “fazer a segurança pública” é também resultado do processo de democratização das
polícias. Em sociedades democráticas, as polícias desempenham várias outras funções além de lidar com o
crime. Exige- se que ela esteja constantemente atenta aos problemas que interferem na segurança e bem- estar
das pessoas e atenda às necessidades da população tanto de forma reativa (pronto- atendimento) como
também pró-ativa (prevenção).
Os cidadãos, por sua vez, têm o direito e a responsabilidade de participar no modo como esse policiamento é
realizado.
Cláudia Colluci
A maior taxa de suicídios no Brasil se concentra entre idosos acima de 70 anos, segundo dados recentes
divulgados pelo Ministério da Saúde. São 8,9 mortes por 100 mil pessoas, contra 5,5 por 100 mil entre a
população em geral. Pesquisas anteriores já haviam apontado esse grupo etário como o de maior risco.
Abandono da família, maior grau de dependência e depressão são alguns dos fatores de risco.
Em se tratando de idosos, há outras mortes passíveis de prevenção se o país tivesse políticas públicas voltadas
para esse fim. Ano passado, uma em cada três pessoas mortas por atropelamento em São Paulo tinha 60 anos
ou mais. Pessoas mais velhas perdem reflexos e parte da visão (especialmente a lateral) e da audição por conta
da idade.
Levando em conta que o perfil da população brasileira mudará drasticamente nos próximos anos e que, a partir
de 2030, o país terá mais idosos do que crianças, já passou da hora de governos e sociedade em geral encararem
com seriedade os cuidados com os nossos velhos, que hoje somam 29,4 milhões (14,3% da população).
Com a mudança do perfil das famílias (poucos filhos, que trabalham fora e que moram longe dos seus velhos),
faltam cuidadores em casa. Também são poucos os que conseguem bancar cuidadores profissionais ou casas
de repouso de qualidade. As famílias que têm idosos acamados enfrentam desafios ainda maiores quando não
encontram suporte e orientação nos sistemas de saúde.
Recentemente, estive cuidando do meu pai de 87 anos, que se submeteu à implantação de um marca-passo.
Após a alta hospitalar, foi um susto atrás do outro. Primeiro, a pressão arterial disparou (ele já teve dois infartos
e carrega quatro stents no coração), depois um dos pontos do corte cirúrgico se rompeu (risco de infecção) e,
por último, o braço imobilizado começou a inchar muito (perigo de trombose venosa). Diante da recusa dele
em ir ao pronto atendimento, da demora de retorno do médico que o assistiu na cirurgia e sem um serviço de
retaguarda do plano de saúde ou do hospital, a sensação de desamparo foi desesperadora. Mas essas situações
também trazem lições. A principal é a de que o cuidado não se traduz apenas no cumprimento de tarefas, como
fazer o curativo, medir a pressão, ajudar no banho ou preparar a comida. Cuidado envolve, sobretudo, carinho
e escuta. É demonstrar que você está junto, que ele não está sozinho em suas dores.
Meu pai é um homem simples, do campo, que conheceu a enxada aos sete anos de idade. Aos oito, já ordenhava
vacas, mas ainda não conhecia um abraço. Foi da professora que ganhou o primeiro. Com o cultivo da terra,
formou uma família, educou duas filhas. Lidar com a terra continua sendo a sua terapia diária. É onde encontra
forças para enfrentar o luto pelas mortes da minha mãe, de parentes e de amigos. É onde descobre caminhos
para as limitações que a idade vai impondo ("não consigo mais cuidar da horta, então vou plantar mandioca").
Ouvir do médico que só estará liberado para suas atividades normais em três meses foi um baque para o meu
velho. Ficou amuado, triste. Em um primeiro momento, dei bronca ("pai, a cirurgia foi um sucesso, custa ter um
pouco mais de paciência?"). Depois, ao me colocar no lugar desse octogenário hiperativo, que até dois meses
atrás estava trepado em um abacateiro, podando-o, mudei o meu discurso ("vai ser um saco mesmo, pai, mas
vamos encontrar coisas que você consiga fazer no dia a dia com o aval do médico").
Sim, envelhecer é um desafio sob vários pontos de vista. Mas pode ficar ainda pior quando os nossos velhos
não contam com uma rede de proteção, seja do Estado, da comunidade ou da própria família.
Os números de suicídio estão aí para ilustrar muito bem esse cenário de abandono, de solidão. Uma das
propostas do Ministério da Saúde para prevenir essas mortes é a ampliação dos Centros de Atenção
Psicossocial (Caps). A presença desses serviços está associada à diminuição de 14% do risco de suicídio. Essa
medida é prioritária, mas, em se tratando da prevenção de suicídio entre idosos, não é o bastante.
Mais do que diagnosticar e tratar a depressão, apontada como um dos mais importantes fatores
desencadeadores do suicídio, é preciso que políticas públicas e profissionais de saúde ajudem os idosos a
prevenir/diminuir dependências para que tenham condições de sair de casa com segurança, sem o risco de
morrerem atropelados ou de cair nas calçadas intransitáveis, que ações sociais os auxiliem a ter uma vida de
mais interação na comunidade. E, principalmente, que as famílias prestem mais atenção aos seus velhos. Eles
merecem chegar com mais dignidade ao final da vida.
a) No trecho “já passou da hora de governos e sociedade em geral encararem com seriedade os cuidados com
os nossos velhos [...]”, a expressão em destaque é um complemento verbal denominado objeto indireto.
b) No trecho “[...] estive cuidando do meu pai de 87 anos, que se submeteu à implantação de um marca-
passo.”, a expressão em destaque é um complemento verbal denominado objeto direto.
e) No trecho “A presença desses serviços está associada à diminuição de 14% do risco de suicídio.”, a
expressão destacada é um complemento verbal denominado objeto indireto.
Zygmunt Bauman
O medo faz parte da condição humana. Poderíamos até conseguir eliminar uma por uma a maioria das ameaças
que geram medo (era justamente para isto que servia, segundo Freud, a civilização como uma organização das
coisas humanas: para limitar ou para eliminar totalmente as ameaças devidas à casualidade da Natureza, à
fraqueza física e à inimizade do próximo): mas, pelo menos até agora, as nossas capacidades estão bem longe
de apagar a “mãe de todos os medos”, o “medo dos medos”, aquele medo ancestral que decorre da consciência
da nossa mortalidade e da impossibilidade de fugir da morte.
Embora hoje vivamos imersos em uma “cultura do medo”, a nossa consciência de que a morte é inevitável é o
principal motivo pelo qual existe a cultura, primeira fonte e motor de cada e toda cultura. Pode-se até conceber
a cultura como esforço constante, perenemente incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivível
uma vida mortal. Ou pode-se dar mais um passo: é a nossa consciência de ser mortais e, portanto, o nosso
perene medo de morrer que nos tornam humanos e que tornam humano o nosso modo de ser-no-mundo.
A cultura é o sedimento da tentativa incessante de tornar possível viver com a consciência da mortalidade. E
se, por puro acaso, nos tornássemos imortais, como às vezes (estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de
repente [...].
Foi precisamente a consciência de ter que morrer, da inevitável brevidade do tempo, da possibilidade de que
os projetos fiquem incompletos que impulsionou os homens a agir e a imaginação humana a alçar voo. Foi essa
consciência que tornou necessária a criação cultural e que transformou os seres humanos em criaturas culturais.
Desde o seu início e ao longo de toda a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o
abismo que separa o transitório do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para construir
uma ponte para passar de um lado para outro do precipício; o instinto de permitir que nós, mortais, tenhamos
incidência sobre a eternidade, deixando nela um sinal imortal da nossa passagem, embora fugaz.
Tudo isso, naturalmente, não significa que as fontes do medo, o lugar que ele ocupa na existência e o ponto
focal das reações que ele evoca sejam imutáveis. Ao contrário, todo tipo de sociedade e toda época histórica
têm os seus próprios medos, específicos desse tempo e dessa sociedade. Se é incauto divertir-se com a
possibilidade de um mundo alternativo “sem medo”, em vez disso, descrever com precisão os traços distintivos
do medo na nossa época e na nossa sociedade é condição indispensável para a clareza dos fins e para o realismo
das propostas. [...]
b) Em “Desde o seu início e ao longo de toda a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de
preencher o abismo que separa o transitório do eterno [...]” (4º parágrafo), o pronome em destaque faz
referência à “consciência de ter que morrer”.
c) Em “[...] para limitar ou para eliminar totalmente as ameaças devidas à casualidade da Natureza, à fraqueza
física e à inimizade do próximo [...]”, o uso da crase é facultativo antes de “fraqueza” e antes de “inimizade”,
tendo em vista que tais termos são regidos pela mesma palavra.
d) Em “[...] todo tipo de sociedade e toda época histórica têm os seus próprios medos [...]”, há um sujeito
composto que justifica o uso do acento circunflexo no verbo destacado, marcando a flexão de número.
e) Em “[...] as nossas capacidades estão bem longe de apagar a ‘mãe de todos os medos’ [...]”, o termo “mãe
de todos os medos” está entre aspas para destacar uma citação direta de outrem, trazendo ao texto outras
vozes para comprovar o ponto de vista do autor.
Quem ama o tédio, divertido lhe parece. Apesar da diversão ser um conceito tão relativo quanto a beleza, a
paródia do ditado é tão verdadeira quanto a de que a necessidade é a mãe da invenção.
[…]
O escritor de ciência americano Steven Johnson acredita que o prazer é o motor da inovação. Em seu décimo
livro, O poder inovador da diversão: como o prazer e o entretenimento mudaram o mundo, lançado no Brasil
pela editora Zahar, ele mostra a importância da música, dos jogos, da mágica, da comida e de outras formas de
diversão para chegarmos onde estamos e para que tipo de futuro esses passatempos nos levarão.
[…]
Do jogo de dardos veio a estatística. A flauta de osso pode ser a ancestral do computador que você lê este
artigo. As caixas de música serviram de inspiração para os teares. Com uma prosa leve e bem-humorada (à
prova de hipocrisias), Johnson explica como tecnologias fundamentais para o nosso tempo nasceram e
evoluíram de objetos e engrenagens que não tinham outro objetivo senão entreter. [...]
Somos naturalmente hedonistas. E, como você diz, a diversão ajudou a moldar a humanidade. Você acha
que o prazer é a chave para a inteligência?
Eu não diria que o prazer é “a” chave para a inteligência, mas sim que é um elemento subestimado de
inteligência. Em outras palavras, tendemos a supor que pessoas inteligentes usam suas habilidades mentais
em busca de problemas sérios que tenham clara utilidade ou recompensa econômica por trás deles. Mas o
pensamento inteligente é muitas vezes desencadeado por experiências mais lúdicas, como os nossos ancestrais
do Paleolítico que, esculpindo as primeiras flautas de ossos de animais, descobriram como posicionar os
buracos para produzir os sons mais interessantes. Essas inovações exigiram uma grande dose de inteligência –
dado o estado do conhecimento humano sobre a música e o design de instrumentos há 50 mil anos – mas esse
tipo de coisa não era “útil” em nenhum sentido tradicional.
A história da diversão sempre esteve à margem dos registros históricos mais sérios e práticos, como
guerras, poder e igualdade, por exemplo. Você acha que a diversão estava implícita nesses eventos ou foi
ignorada pelos historiadores?
Acho que tem sido amplamente ignorada pelos historiadores. E quando foi observada e narrada, os relatos
históricos foram muito limitados: há histórias sobre moda, jogos ou temperos, mas como narrativas separadas.
Olhamos para a longa história da civilização de maneira diferente se contarmos a história do comportamento
“lúdico” como uma categoria mais abrangente – esse era meu objetivo ao escrever O poder inovador da
diversão. Essa história é muito mais importante que a maioria das pessoas imagina.
Nesse seu último livro, você diz que os prazeres inúteis da vida geralmente nos dão uma pista sobre futuras
mudanças na sociedade. O que podemos prever para o futuro a partir dos nossos prazeres mais comuns
agora?
Provavelmente o melhor exemplo recente foi a mania de Pokémon Go. Eu posso imaginar-nos olhando para
trás em 2025, quando muitos de nós estarão usando regularmente dispositivos de realidade aumentada para
resolver “problemas sérios” no trabalho, e vamos perceber que a primeira adoção dominante dessa tecnologia
veio de pessoas correndo pelas cidades capturando monstros japoneses imaginários em seus telefones.
Esta é uma questão verdadeiramente profunda. Algumas coisas que consideramos divertidas (sexo, comida,
por exemplo) têm claras explicações evolutivas sobre por que nossos cérebros devem achá-las prazerosas. Mas
o tipo de diversão que descrevo em O Poder Inovador da Diversão – o prazer de ver uma boneca robô imitar um
humano, ou a diversão de jogar um jogo de tabuleiro – é mais difícil de explicar. Eu acho que tem a ver com a
experiência de novidade e surpresa; uma parte significativa de nossa inteligência vem do nosso interesse em
coisas que nos surpreendem desafiando nossas expectativas. Quando experimentamos essas coisas, temos um
pequeno estímulo que diz: “Preste atenção nisso, isso é novo”. E assim, ao longo do tempo, os sistemas
culturais se desenvolveram para criar experiências cada vez mais elaboradas para surpreender outros seres
humanos: desde as primeiras flautas de osso, até os novos e brilhantes padrões de tecido de chita, todas as
formas de Pokémon Go. É uma história antiga; temos muito mais oportunidades e tecnologias para nos
surpreender do que nossos ancestrais.
O texto de apoio pertence a um gênero textual que, por vezes, pode apresentar alguma marca de oralidade
quanto à regência.
Assinale a alternativa em que esse tipo de desrespeito à norma padrão da língua tenha ocorrido no texto.
e) “[…] uma parte significativa de nossa inteligência vem do nosso interesse em coisas que nos surpreendem
desafiando nossas expectativas.”
Considerando a regência dos verbos utilizados na seguinte frase, assinale a alternativa que a reescreve
corretamente.
De acordo com a regência verbal e nominal na Língua Portuguesa, considere o trecho a seguir e assinale a
alternativa correta: “Um trabalho sensível, delicado, que exige tato do profissional. Uma experiência especial
para o retratado e para o fotógrafo. Trabalhar com público e padrões fica mais interessante quando a proposta
é ir além do senso comum. Tocar vidas e colaborar [...] é aquele bônus de fazer um bom trabalho [...], buscando
olhar além do que somos “treinados” a olhar”.
a) Todas as preposições no trecho indicam regências nominais.
b) São exemplos de regência nominal o uso de preposições como “para”, “de” e “com” no trecho.
c) Há regência verbal na frase “Uma experiência especial para o retratado e para o fotógrafo.”
d) Em “Um trabalho sensível, delicado, que exige tato do profissional”, não há regência verbal, nem nominal.
e) É exemplo de uma frase com regência nominal e verbal “Trabalhar com público e padrões fica mais
interessante quando a proposta é ir além do senso comum.”
Considerando a regência dos verbos utilizados no título da matéria, assinale a alternativa que o reescreve
corretamente.
a) Ela se lembra de tudo e sofre com isso, mostra ‘A Mulher que Não Consegue Esquecer’.
b) Ela lembra de tudo e sofre com isso, mostra ‘A Mulher que Não Consegue se Esquecer’.
c) Ela se lembra tudo e sofre com isso, mostra ‘A Mulher que Não Consegue se Esquecer’.
d) Ela lembra de tudo e sofre com isso, mostra ‘A Mulher que Não Consegue de Esquecer de Coisa Alguma’.
e) Ela lembra de tudo e sofre com isso, mostra ‘A Mulher que Não Consegue se Esquecer’.
Assinale a alternativa em que o termo em destaque apresenta uma inadequação em relação à regência verbal,
com base na norma padrão.
a) “Sei que deveria ir mais a Minas Gerais do que vou, umas duas, três vezes ao ano.”
d) “Sotaque que, acho eu, fui perdendo ao longo dos anos, desde aquele 1973, [...]”.
e) “[...] pousei no aeroporto de Uberlândia e fui direto na lanchonete comer um pão de queijo [...]”.
No excerto “[…] jamais avise a estranhos que você não estará em casa.”, será obrigatório o uso do sinal
indicativo da crase, no caso de o termo em destaque ser substituído por
a) vizinhos da rua.
b) vizinhança toda.
c) entregadores.
d) cobradores.
Em "[...] recebeu material educativo impresso, além de mensagens semanais de incentivo à prática regular de
atividades físicas e de vivências [...]" utiliza-se a crase porque “prática” se trata de uma palavra feminina
determinada pelo artigo feminino "a" e a regência nominal de “incentivo” exige o uso da preposição "a".
Assinale a alternativa que apresenta outro caso no qual se deve utilizar acento indicativo de crase.
d) Antes de verbos.
Assinale a alternativa correta quanto ao acento indicativo de crase presente nos fragmentos apresentados.
a) No primeiro fragmento, a crase se justifica tendo em vista a fusão da preposição “a”, exigida pelo
substantivo, com o artigo feminino “a” antes de “princesa do povo”. No segundo, a crase ocorre por tratar-se
de locução conjuntiva.
b) No primeiro fragmento, a crase se justifica tendo em vista a fusão da preposição “a”, exigida pelo verbo, com
o artigo feminino “a” antes de “princesa do povo”. No segundo, a crase ocorre para atender à regência do verbo
“aumentava”.
c) No primeiro fragmento, a crase ocorre para atender à regência do verbo “prestou”, já que quem presta algo
sempre presta a alguém. No segundo, a crase ocorre para atender à regência do verbo “aumentava”.
d) Nos dois fragmentos, a crase se justifica tendo em vista a fusão da preposição “a”, exigida pelos verbos, com
o artigo feminino “a” antes de “princesa do povo” e de “medida”.
e) No primeiro fragmento, a crase é facultativa. No segundo, a crase ocorre por se tratar de locução conjuntiva.
12. Instituto AOCP - Perito (ITEP RN)/Médico Legista/Médico Psiquiatra/2018 (e mais 1 concurso)
Assinale a alternativa em que o “a” sublinhado poderia levar o acento grave indicativo de crase.
b) “[...] vem ganhando espaço na biologia e na medicina a ideia de que precisamos pensar [...]”.
d) “[...] nesses modelos é que a flora intestinal é, em princípio, algo fácil [...]”.
No que se refere aos sentidos e às construções linguísticas do texto precedente, julgue o item a seguir
Sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos do texto, o primeiro período do terceiro parágrafo poderia
ser assim reescrito: Contudo, os cientistas avisam que ter tanta luz à nosso dispor custa muito caro ao meio
ambiente.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Mantendo-se a correção gramatical e o sentido original do trecho “O direito tributário brasileiro depara-se com
grandes desafios” (R. 1 e 2), do texto 1A1-I, o segmento “depara-se com” poderia ser substituído por
a) depara-se a.
b) confronta com.
d) confronta-se a.
e) depara com.
II. As formas pronominais presentes em “geri-la” (R.9) e “financiá-la” (R.10) possuem referentes distintos no
texto.
III. O referente da forma pronominal “ele” (R.18) é a expressão “o poder de tributar” (R.17).
IV. A inserção do sinal indicativo de crase em “a usurpação” (R.19) não prejudicaria a correção gramatical do
texto.
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) I, II e III.
Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência
com os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de
meu relato, já que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas:
infelizmente se perderam e de nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços
em rebuscar coleções, arquivos e alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de
que disponho, encerrando em desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas
peregrinações.
Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
É obrigatório o sinal indicativo de crase empregado em “às suas peregrinações”, de maneira que sua
supressão acarretaria incorreção gramatical no texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
— Tinha vinte e cinco anos, era pobre, e acabava de ser nomeado alferes da Guarda Nacional. Não imaginam o
acontecimento que isto foi em nossa casa. Minha mãe ficou tão orgulhosa! Vai então uma das minhas tias, D.
Marcolina, que morava a muitas léguas da vila, num sítio escuso e solitário, desejou ver-me, e pediu que fosse
ter com ela e levasse a farda. Chamava-me também o seu alferes. E sempre alferes; era alferes para cá, alferes
para lá, alferes a toda a hora. Na mesa tinha eu o melhor lugar, e era o primeiro servido. Não imaginam. Se lhes
disser que o entusiasmo da tia Marcolina chegou ao ponto de mandar pôr no meu quarto um grande espelho,
naturalmente muito velho; mas via-se-lhe ainda o ouro.
— Espelho grande?
— Grande. E foi, como digo, uma enorme fineza, porque o espelho estava na sala; era a melhor peça da casa.
Mas não houve forças que a demovessem do propósito; respondia que não fazia falta, que era só por algumas
semanas, e finalmente que o “senhor alferes” merecia muito mais. O certo é que todas essas coisas, carinhos,
atenções, obséquios, fizeram em mim uma transformação, que o natural sentimento da mocidade ajudou e
completou. Imaginam, creio eu?
— Não.
— O alferes eliminou o homem. Durante alguns dias as duas naturezas equilibraram-se; mas não tardou que a
primitiva cedesse à outra; ficou-me uma parte mínima de humanidade. Aconteceu então que a alma exterior,
que era dantes o sol, o ar, o campo, os olhos das moças, mudou de natureza, e passou a ser a cortesia e os
rapapés da casa, tudo o que me falava do posto, nada do que me falava do homem. A única parte do cidadão
que ficou comigo foi aquela que entendia com o exercício da patente; a outra dispersou-se no ar e no passado.
Vamos aos fatos. Vamos ver como, ao tempo em que a consciência do homem se obliterava, a do alferes
tornava-se viva e intensa. No fim de três semanas, era outro, totalmente outro.
(...)
— Convém dizer-lhes que, desde que ficara só, não olhara uma só vez para o espelho. Não era abstenção
deliberada, não tinha motivo; era um impulso inconsciente, um receio de achar-me um e dois, ao mesmo
tempo, naquela casa solitária; e se tal explicação é verdadeira, nada prova melhor a contradição humana,
porque no fim de oito dias, deu-me na veneta olhar para o espelho com o fim justamente de achar-me dois.
Olhei e recuei.
(...)
— De quando em quando, olhava furtivamente para o espelho; a imagem era a mesma difusão de linhas, a
mesma decomposição de contornos ... Subitamente, por uma inspiração inexplicável, por um impulso sem
cálculo, lembrou-me... vestir a farda de alferes. Vesti-a, aprontei-me de todo; e, como estava defronte do
espelho, levantei os olhos, e... não lhes digo nada; o vidro reproduziu então a figura integral; nenhuma linha de
menos, nenhum contorno diverso; era eu mesmo, o alferes, que achava, enfim, a alma exterior. Daí em diante,
fui outro. Cada dia, a uma certa hora, vestia-me de alferes, e sentava-me diante do espelho, lendo, olhando,
meditando; no fim de duas, três horas, despia-me outra vez. Com este regime pude atravessar mais seis dias
de solidão, sem os sentir...
Machado de Assis. O espelho. In: John Gladson (Org.). 50 contos de Machado de Assis. Cia. das Letras. Edição
eletrônica. Internet: (com adaptações).
É facultativo o emprego do acento indicativo de crase em “à outra” (R.26), de modo que sua supressão não
comprometeria a correção gramatical e os sentidos originais do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
A polícia parisiense — disse ele — é extremamente hábil à sua maneira. Seus agentes são perseverantes,
engenhosos, astutos e perfeitamente versados nos conhecimentos que seus deveres parecem exigir de modo
especial. Assim, quando o delegado G... nos contou, pormenorizadamente, a maneira pela qual realizou suas
pesquisas no Hotel D..., não tive dúvida de que efetuara uma investigação satisfatória (...) até o ponto a que
chegou o seu trabalho.
A supressão do sinal indicativo de crase em “à sua maneira” (R.2) manteria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CG1A1BBB
Quando dizemos que uma pessoa é doce, fica bem claro que se trata de um elogio, e de um elogio emocionado,
porque parte de remotas e ternas lembranças: o primeiro sabor que nos recebe no mundo é o gosto adocicado
do leite materno, e dele nos lembraremos pelo resto de nossas vidas. A paixão pelo açúcar é uma constante em
nossa cultura. O açúcar é fonte de energia, uma substância capaz de proporcionar um instantâneo “barato” que
reconforta nervos abalados. É paradoxal, portanto, a existência de uma doença em que o açúcar está ali, em
nossa corrente sanguínea, mas não pode ser utilizado pelo organismo por falta de insulina. As células imploram
pelo açúcar que não conseguem receber, e que sai, literalmente, na urina. O diabetes é conhecido desde a
Antiguidade, sobretudo porque é uma doença de fácil diagnóstico: as formigas se encarregam disso. Há
séculos, sabe-se que a urina do diabético é uma festa para o formigueiro. Também não escapou aos médicos
de outrora o fato de que a pessoa diabética urina muito e emagrece. “As carnes se dissolvem na urina”, diziam
os gregos.
Moacyr Scliar. Doce problema. In: A face oculta — inusitadas e reveladoras histórias da medicina. Porto Alegre:
Artes e Ofícios, 2001 (com adaptações).
No que concerne às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CG1A1BBB, julgue o item.
Seriam mantidos a correção gramatical e os sentidos do texto caso o trecho “aos médicos” fosse reescrito
como “dos médicos”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CG2A1BBB
A correção gramatical do texto seria mantida com a substituição da preposição para pela preposição a, em para
participar da solenidade de lançamento do Projeto Parceiros da Paz e da Campanha Maranhão na
Prevenção às Drogas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB1A1BBB
Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida é um sintoma da revivescência de
um sentimento que parecia ter morrido no coração dos homens: o domínio sobre a mulher. Há outros casos.
(...) Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros. Eles se julgam com o direito de
impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer. Não sei se se julgam muito diferentes dos ladrões à mão
armada; mas o certo é que estes não nos arrebatam senão o dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos
querem tudo que há de mais sagrado em outro ente, de pistola na mão. O ladrão ainda nos deixa com vida, se
lhe passamos o dinheiro; os tais passionais, porém, nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida. Eles, não;
matam logo.
Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos que matam as ex-noivas.
De resto, semelhantes cidadãos são idiotas. É de se supor que quem quer casar deseje que a sua futura mulher
venha para o tálamo conjugal com a máxima liberdade, com a melhor boa- vontade, sem coação de espécie
alguma, com ardor até, com ânsia e grandes desejos; como é então que se castigam as moças que confessam
não sentir mais pelos namorados amor ou coisa equivalente?
Todas as considerações que se possam fazer tendentes a convencer os homens de que eles não têm sobre as
mulheres domínio outro que não aquele que venha da afeição não devem ser desprezadas. Esse obsoleto
domínio à valentona, do homem sobre a mulher, é coisa tão horrorosa que enche de indignação.
Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais têm mostrado a insanidade de generalizar a
eternidade do amor. Pode existir, existe, mas excepcionalmente; e exigi-la nas leis ou a cano de revólver é um
absurdo tão grande como querer impedir que o Sol varie a hora do seu nascimento. Deixem as mulheres amar
à vontade.
Lima Barreto. Não as matem. In: Vida urbana. São Paulo: Brasiliense, 1963, p. 83-5 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB1A1BBB, julgue o item que se segue.
Mantendo-se a correção gramatical e os sentidos originais do texto, a forma verbal “deseje” (l.8) poderia ser
substituída por aspire a.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto 6A1BBB
A humanidade não aceitará uma língua não natural para a comunicação natural. Isso é contra a tendência dos
seus instintos. Nenhum homem, “que seja homem”, achará natural conversar, aceitando ou recusando uma
bebida, em Volapuque, ou Esperanto, ou Ido ou em qualquer outra fantochada do gênero. Preferirá falar,
gaguejando, uma língua estranha, mas natural, do que falar, com relutante perfeição, uma língua
artificialmente construída. O homem é um animal apesar de muitos o esquecerem, ele ainda é um animal
irracional, como todos o são.
Fernando Pessoa. A Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
Com relação à variação linguística, aos fatores de textualidade e aos aspectos linguísticos do texto 6A1BBB,
julgue o item a seguir.
A regência do verbo preferir observada no quarto período do texto é típica da variedade culta do português
europeu, sendo pouco frequente na variedade brasileira do português, principalmente em textos informais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
23.CESPE - AI (ABIN)/ABIN/2018
A atividade de inteligência é o exercício de ações especializadas para a obtenção e análise de dados, produção
de conhecimentos e proteção de conhecimentos para o país. Inteligência e contrainteligência são os dois ramos
dessa atividade. A inteligência compreende ações de obtenção de dados associadas à análise para a
compreensão desses dados. A análise transforma os dados em cenário compreensível para o entendimento do
passado, do presente e para a perspectiva de como tende a se configurar o futuro. Cabe à inteligência tratar
fundamentalmente da produção de conhecimentos com o objetivo específico de auxiliar o usuário a tomar
decisões de maneira mais fundamentada. A contrainteligência tem como atribuições a produção de
conhecimentos e a realização de ações voltadas à proteção de dados, conhecimentos, infraestruturas críticas
— comunicações, transportes, tecnologias de informação — e outros ativos sensíveis e sigilosos de interesse do
Estado e da sociedade. O trabalho desenvolvido pela contrainteligência tem foco na defesa contra ameaças
como a espionagem, a sabotagem, o vazamento de informações e o terrorismo, patrocinadas por instituições,
grupos ou governos estrangeiros.
O sentido do texto seria prejudicado, embora sua correção gramatical fosse preservada, caso a preposição
presente na expressão “contra ameaças” fosse substituída pela preposição de.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O VTS é um sistema eletrônico de auxílio à navegação, com capacidade de monitorar ativamente o tráfego
aquaviário, melhorando a segurança e eficiência desse tráfego, nas áreas em que haja intensa movimentação
de embarcações ou risco de acidente de grandes proporções.
Internacionalmente, os sistemas de VTS são regulamentados pela International Maritime Organization, sendo
seus aspectos técnicos detalhados em recomendações da International Association of Maritime Aids to
Navigation and Lighthouse Authorities. No Brasil, cabe à Marinha do Brasil, autoridade marítima do país,
definir as normas de execução de VTS e autorizar a sua implantação e operação.
Uma estrutura de VTS é composta minimamente de um radar com capacidade de acompanhar o tráfego nas
imediações do porto, um sistema de identificação de embarcações denominado automatic identification
system, um sistema de comunicação em VHF, um circuito fechado de TV, sensores ambientais (meteorológicos
e hidrológicos) e um sistema de gerenciamento e apresentação de dados. Todos esses sensores operam
integrados em um centro de controle, ao qual cabe, na sua área de responsabilidade, identificar e monitorar o
tráfego marítimo, adotar ações de combate à poluição, planejar a movimentação de embarcações e divulgar
informações ao navegante. Adicionalmente, o Centro VTS pode fornecer informações que contribuam para o
aumento da eficiência das operações portuárias, como a atualização de horários de chegada e partida de
embarcações.
Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto apresentado, julgue o item que se segue.
Seria preservada a correção gramatical do texto se, no trecho “composta minimamente de um radar”, fosse
empregada a preposição por, em vez da preposição “de”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
A abordagem desse tipo de comércio, inevitavelmente, passa pela concorrência, visto que é por meio da
garantia e da possibilidade de entrar no mercado internacional, de estabelecer permanência ou de engendrar
saída, que se consubstancia a plena expansão das atividades comerciais e se alcança o resultado último dessa
interatuação: o preço eficiente dos bens e serviços.
Defesa da concorrência e defesa comercial são instrumentos à disposição dos Estados para lidar com distintos
cenários que afetem a economia. Destaca-se como a principal diferença o efeito que cada instrumento busca
neutralizar.
A política de defesa da concorrência busca preservar o ambiente competitivo e coibir condutas desleais
advindas do exercício de poder de mercado. A política de defesa comercial busca proteger a indústria nacional
de práticas desleais de comércio internacional.
Elaine Maria Octaviano Martins Curso de direito marítimo Barueri: Manoele, v 1, 2013, p 65 (com adaptações)
Acerca de aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue o item a seguir.
O emprego da preposição de introduzindo “das inovações” é exigido pela presença de “decorrente”, sendo as
inovações uma das quatro causas da crescente internacionalização mencionadas no texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
No trecho “Diga não às ‘corrupções’ do dia a dia”, seria correto o emprego do sinal indicativo de crase no
vocábulo “a” em “dia a dia”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Encontradas principalmente nos embriões, mas também em alguns tecidos adultos como o adiposo, as células-
tronco têm a capacidade de se transformar em células de diversos tipos. Embora a chamada plasticidade das
embrionárias seja maior, os desafios éticos de pesquisas com esse tipo de células levaram a atenção de muitos
cientistas às células-tronco adultas. Na virada do milênio, publicações científicas em periódicos importantes
sugeriam que ambas teriam propriedades equivalentes.
Esperava-se que, ao serem injetadas em órgãos danificados, como um coração infartado, as células-tronco
adultas pudessem originar vasos sanguíneos e células cardíacas. Teve início, então, uma série de ensaios
clínicos — testes em pessoas —, que foram amplamente noticiados.
Hoje, sabe-se que as células-tronco adultas não são tão versáteis quanto prometiam. Os resultados dos ensaios
não foram animadores. Mas isso não significa que tenham sido descartadas como possível tratamento ou que
os esforços tenham sido desperdiçados. Na ciência, o negativo também é um resultado; mesmo que não renda
prêmios ou resulte em publicações, contribui para o avanço do conhecimento.
Alexandra Ozorio de Almeida.D ois passos para trás, um para frente. In: Revista Pesquisa Fapesp 2,60.ª ed.,
out./2017, p. 7 (com adaptações).
Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do texto CG1A1AAA, julgue o item que se segue.
O emprego do acento indicativo de crase em “às células-tronco adultas” é facultativo, dada a presença de termo
masculino na palavra composta “células-tronco”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB4A1BBB
O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de Sol, Alemão
conseguiu abrir o cadeado de sua jaula e escapou. O largo horizonte do mundo estava à sua espera. As árvores
do bosque estavam ao alcance de seus dedos. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando
conseguiu, em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o
restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no balcão.
Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente,
para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do outro, certificar-se de sua liberdade e da superioridade
de sua espécie. Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida.
Pode abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV; acordar
na segunda-feira feliz para o batente.
Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ou sem inocência. A primeira é a mais fácil e a única com
satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria para dentro do espelho, sem glamour e também
sem volta.
Os tigres-de-bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas, nascidos em
cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo que nunca se tornará realidade. Adivinham as
selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o Sol escorrega sobre a região
metropolitana, são trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores
que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a quem dorme enrodilhado, exilado
não do que foi, mas do que poderia ter sido.
Eliane Brum. O cativeiro. In: A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006, p. 53-4 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB4A1BBB, julgue o item que se segue.
Sem prejudicar a correção gramatical tampouco alterar o sentido do trecho, a expressão “serve para” poderia
ser substituída por convém à.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CG2A1AAA
A vida de Florence Nightingale, a criadora da moderna enfermagem, daria um romance. Florence estava
destinada a receber uma boa educação, a casar-se com um cavalheiro de fina estirpe, a ter filhos, a cuidar da
casa e da família. Mas logo ficou claro que a menina não se conformaria a esse modelo. Era diferente; gostava
de matemática, e era o que queria estudar (os pais não deixaram). Aos dezesseis anos, algo aconteceu: Deus
falou-me — escreveu depois — e convocou-me para servi-lo.
Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos enfermos, e especialmente dos enfermos hospitalizados. Naquela
época, os hospitais curavam tão pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do risco de infecção) que os
ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados eram só os pobres, e Florence preparou-se para cuidar deles,
praticando com os indigentes que viviam próximos à sua casa. Viajou por toda a Europa, visitando hospitais.
Coisa que os pais não viam com bons olhos: enfermeiras eram consideradas pessoas de categoria inferior, de
vida desregrada. Mas Florence foi em frente e logo surgiu a oportunidade para colocar em prática o que
aprendera. Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que chefiasse um grupo de
enfermeiras enviadas para o front turco, uma tarefa a que Florence entregou-se de corpo e alma; providenciava
comida, remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das enfermeiras. Mais que isso, fez estudos
estatísticos (sua vocação matemática enfim triunfou) mostrando que a alta mortalidade dos soldados resultava
das péssimas condições de saneamento.
Isso tudo não quer dizer que Florence fosse, pelos padrões habituais, uma mulher feliz. Para começar, não
havia, em sua vida, lugar para ligações amorosas. Cortejou-a o político e poeta Richard Milnes, Barão
Houghton, mas ela rejeitou-o. Ao voltar da guerra, algo estranho lhe aconteceu: recolheu-se ao leito e nunca
mais deixou o quarto.
É possível, e até provável, que isso tenha resultado de brucelose, uma infecção crônica contraída durante a
guerra; mas havia aí um óbvio componente emocional, uma forma de fuga da realidade. Contudo — Florence
era Florence —, mesmo acamada, continuou trabalhando intensamente. Colaborou com a comissão
governamental sobre saúde dos militares, fundou uma escola para treinamento de enfermeiras, escreveu um
livro sobre esse treinamento.
Estranha, a Florence Nightingale? Talvez. Mas estranheza pode estar associada a qualidades admiráveis.
Grande e estranho é o mundo; grandes, ainda que estranhas, são muitas pessoas. E se elas têm grandeza, ao
mundo pouco deve importar que sejam estranhas.
A correção gramatical do texto seria mantida se fosse inserido o acento indicativo de crase no vocábulo “a” no
trecho “destinada a”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Com a crescente industrialização do país, tornava-se cada vez mais importante a formação de profissionais para
suprir as demandas do mercado e, doze anos depois, as escolas de aprendizes e artífices de nível primário
foram transformadas em escolas industriais e técnicas, equiparando-se às de ensino médio e secundário.
No texto, o sinal indicativo de crase no trecho “equiparando-se às de ensino médio e secundário” foi
empregado porque a regência do verbo equiparar exige preposição “a”, e “escolas”, palavra que está
subentendida antes de “de ensino médio”, exige o artigo definido feminino plural as.
( ) CERTO ( ) ERRADO
31.CESPE - TJ STJ/STJ/Administrativa/2018
Texto CB4A1AAA
As discussões em torno de questões como “o que é justiça?” ou “quais são os mecanismos disponíveis para
produzir situações cada vez mais justas ao conjunto da sociedade?” não são novidade. Autores do século XIX já
procuravam construir análises para identificar qual o sentido exato do termo justiça e quais formas de promovê-
la eram possíveis e desejáveis ao conjunto da sociedade à época. O debate se enquadra em torno de três
principais ideias: bem-estar; liberdade e desenvolvimento; e promoção de formas democráticas de
participação. Autores importantes do campo da ciência política e da filosofia política e moral se debruçaram
intensamente em torno dessa questão ao longo do século XX, e chegaram a conclusões diversas uns dos outros.
Embora a perspectiva analítica de cada um desses autores divirja entre si, eles estão preocupados em
desenvolver formas de promoção de situações de justiça social e têm hipóteses concretas para se chegar a esse
estado de coisas.
Para Amartya Sen, por exemplo, a injustiça é percebida e mensurada por meio da distribuição e do alcance
social das liberdades. Para Rawls, ela se manifesta principalmente nas estruturas básicas da sociedade e sua
solução depende de uma nova forma de contrato social e de uma definição de princípios básicos que criem
condições de promoção de justiça. Já para Habermas, a questão gira em torno da manifestação no campo da
ação comunicativa, na qual a fragilidade de uma ação coletiva que tenha pouco debate ou pouca representação
pode enfraquecer a qualidade da democracia e, portanto, interferir no seu pleno funcionamento, tendo, por
consequência, desdobramentos sociais injustos. Em síntese, os autores argumentam a favor de instrumentos
variados para a solução da injustiça, os quais dependem da interpretação de cada um deles acerca do conceito
de justiça.
Augusto Leal Rinaldi. Justiça, liberdade e democracia. In: Pensamento Plural. Pelotas [12]: 57-74, jan.-jun./2013
(com adaptações).
A correção gramatical do texto seria mantida caso se empregasse o acento indicativo de crase no vocábulo
“a” em “a esse estado de coisas”
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, o sinal indicativo de crase poderia ser eliminado em
ambas as ocorrências no trecho “voltados à recuperação e à reinserção social”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O Decreto n.o 1 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, primeiro Código Eleitoral pátrio, instituiu a justiça eleitoral
no Brasil, com funções contenciosas e administrativas. Eram seus órgãos: um Tribunal Superior (de justiça
eleitoral — o decreto não menciona justiça eleitoral), na capital da República; um tribunal regional, na capital
de cada estado, no DF e na sede do governo do território do Acre, além de juízes eleitorais nas comarcas e nos
distritos. O Tribunal Superior — de justiça eleitoral — com jurisdição em todo o território nacional, compunha-
se de oito membros efetivos e oito substitutos, e era presidido pelo vice-presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF). A ele se somavam dois membros efetivos e dois substitutos, sorteados dentre os ministros do
STF, além de dois efetivos e dois substitutos, sorteados dentre os desembargadores da Corte de Apelação do
DF. Por fim, integravam a Corte três membros efetivos e quatro substitutos, escolhidos pelo chefe do governo
provisório dentre quinze cidadãos, indicados pelo STF, desde que atendessem aos requisitos de notável saber
jurídico e idoneidade moral. Dentre seus membros, elegia o Tribunal Superior, em escrutínio secreto, por meio
de cédulas com o nome do juiz e a designação do cargo, um vice-presidente e um procurador para exercer as
funções do Ministério Público, tendo este último a denominação de procurador-geral da justiça eleitoral. Em
relação a esse cargo, nota-se uma peculiaridade, à época da criação do Tribunal Superior: o procurador-geral
da justiça eleitoral não era o procurador-geral da República, mas sim um membro do próprio tribunal.
As formas de composição do TSE: de 1932 aos dias atuais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, Secretaria de
Gestão da Informação, 2008, p. 11. Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).
Se a preposição a presente na contração “aos” fosse suprimida, a função sintática da expressão “requisitos de
notável saber jurídico e idoneidade moral” seria alterada, mas a correção gramatical do texto seria mantida.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Também em 1922 foram instituídas no Brasil as convenções coletivas de trabalho como forma de composição
de interesses entre trabalhadores e empregadores, reflexo da forte influência italiana entre nós, estimulada
pela grande imigração de europeus — daí derivando a necessidade de um órgão com competência para
conhecer e dirimir eventuais conflitos decorrentes dessa prática coletiva. Com isso, surgiram então as
comissões mistas de conciliação, cuja função era conciliar os dissídios coletivos, e, no mesmo momento,
criaram-se as juntas de conciliação e julgamento, que conciliavam e julgavam os dissídios individuais do
trabalho.
Seguiram-se outras instituições extrajudiciais com funções semelhantes em setores localizados, como as juntas
de trabalho marítimo e o Conselho Nacional do Trabalho, ambos de 1933. Somente com o advento do Decreto-
lei n.º 9.797 é que foi organizada a justiça do trabalho como hoje ela funciona, integrada ao Poder Judiciário.
O emprego do sinal indicativo de crase em “ligado à Secretaria de Agricultura” justifica-se porque o verbo ligar
exige complemento regido pela preposição a, e a palavra “Secretaria” é antecedida pelo artigo definido
feminino singular a.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Diversas são as naturezas dos instrumentos de que dispõe o povo para participar efetivamente da sociedade
em que vive. Políticos, sociais ou jurisdicionais, todos eles destinam-se à mesma finalidade: submeter o
administrador ao controle e à aprovação do administrado(b). O sufrágio universal, por exemplo, é um
mecanismo de controle de índole(c) eminentemente política — no Brasil, está previsto no art. 14 da Constituição
Federal de 1988, que assegura ainda o voto direto e secreto e de igual valor para todos —, que garante o direito
do cidadão(d) de escolher seus representantes e de ser escolhido pelos seus pares.
Costuma-se dizer que a forma de sufrágio denuncia, em princípio, o regime político de uma sociedade. Assim,
quanto mais democrática a sociedade, maior a amplitude do sufrágio. Essa não é, entretanto, uma verdade
absoluta. Um sistema eleitoral pode prever condições legítimas a serem preenchidas pelo cidadão para se
tornar eleitor, desde que não sejam discriminatórias ou levem em consideração valores pessoais. Segundo José
Afonso da Silva, considera-se, pois, universal o sufrágio quando se outorga o direito de votar a todos os
nacionais de um país(e), sem restrições derivadas de condições de nascimento, de fortuna ou de capacidade
especial. No Brasil, só é considerado eleitor quem preencher os requisitos da nacionalidade, idade e capacidade,
além do requisito formal do alistamento eleitoral(a). Todos requisitos legítimos e que não tornam inapropriado
o uso do adjetivo universal.
Internet: <http://jus.com.br> (com adaptações).
Assinale a opção correta em relação à regência e ao emprego do sinal indicativo de crase no texto apresentado.
a) A correção gramatical do texto seria mantida, apesar de haver alteração de seu sentido, caso o trecho “do
alistamento eleitoral” fosse substituído por para o alistamento eleitoral.
b) Sem prejuízo para a correção gramatical ou para o sentido original do texto, o trecho “submeter o
administrador ao controle e à aprovação do administrado” poderia ser reescrito da seguinte forma: submeter
ao administrador o controle e a aprovação do administrado.
c) A expressão “de índole” exerce a função de complemento de “controle” e, por isso, o emprego da preposição
“de” é exigido pela presença desse substantivo na oração.
d) Prejudicaria a correção gramatical do texto, assim como sua coerência, a substituição do trecho “que garante
o direito do cidadão” por que garante ao cidadão o direito.
e) Caso o trecho “todos os nacionais de um país” fosse substituído por todas as pessoas de um país, a partícula
“a” empregada imediatamente após “votar” deveria receber acento indicativo de crase.
O povo a que remete a ideia de soberania popular constitui uma unidade, e não, a soma de indivíduos. Jurídica
e constitucionalmente, a representação "representa" o povo (e não, todos os indivíduos). Além disso, não há
propriamente mandato, pois a função do representante se dá nos limites constitucionais e não se determina
por instruções ou cláusulas estabelecidas entre ele (ou o conjunto de representantes) e o eleitorado. As
condições para o exercício do mandato e, no limite, seu conteúdo estão predeterminados na Constituição e
apenas nela. Estritamente, nem sequer é possível falar em representação, pois não há uma vontade pré-
formada. Há a construção de uma vontade, limitada apenas aos contornos constitucionais.
Eneida Desiree Salgado. Princípios constitucionais estruturantes do direito eleitoral. Tese de doutoramento.
Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2010. Internet: <http://dspace.c3sl.ufpr.br> (com adaptações).
A correção gramatical do texto seria mantida caso a expressão "aos contornos constitucionais" fosse
substituída por à legislação constitucional.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Narrado em primeira pessoa, o personagem conta sua história a um ouvinte silencioso, informando do seu
saber e do não saber, na difícil tarefa de dar forma narrada às coisas vividas.
O sinal indicativo de crase em “às coisas” justifica-se pela regência de “forma” e pela presença de artigo
feminino plural.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Terminou o prazo para eleitores que sabem de fatos que apontem para a inelegibilidade de algum candidato às
eleições de prefeito, vice-prefeito e vereadores informarem a irregularidade ao juiz eleitoral de sua cidade. Para
isso, quem usou desse direito precisou apresentar a informação com provas e estar em gozo dos direitos
políticos. São considerados inelegíveis os enquadrados nas restrições impostas pelas Leis Complementares
n.o64/1990 (Lei das Inelegibilidades) e n.o 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), que consideram inaptos a exercer
cargo público os candidatos condenados em decisão transitada em julgado (sem possibilidade de recurso) pelos
crimes contra a economia popular, a fé e a administração pública; de lavagem de dinheiro e ocultação de bens;
de tráfico de entorpecentes, racismo, tortura e terrorismo; além de compra de votos e abuso do poder
econômico, entre outros. Esta é a primeira eleição em que prevalecerá a Lei da Ficha Limpa.
Com base nas ideias e estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item a seguir.
O emprego do sinal indicativo de crase em "candidato às eleições" justifica-se porque a palavra "candidato"
exige complemento regido pela preposição "a", e a palavra "eleições" é antecedida por artigo definido feminino.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Considerando que o item seguinte, na ordem em que esta apresentado, é parte sucessiva de um texto adaptado
do jornal Estado de Minas de 29/11/2010, julgue-o com referência à correção gramatical.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Considerando que o item seguinte, na ordem em que esta apresentado, é parte sucessiva de um texto adaptado
do jornal Estado de Minas de 29/11/2010, julgue-o com referência à correção gramatical.
A lei impede a justiça eleitoral de conceder registro a candidatura à cargos eletivos dos condenados em decisão
colegiada por crimes contra a vida, o patrimônio e a administração pública, a economia popular, o meio
ambiente, a saúde pública e o sistema financeiro, assim como por abuso de autoridade, lavagem de dinheiro e
atentado à dignidade sexual, entre outros.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Convocada por D. Pedro em junho de 1822, a constituinte só seria instalada um ano mais tarde, no dia 3 de maio
de 1823, mas acabaria dissolvida seis meses depois, em 12 de novembro.
Os membros da constituinte eram escolhidos por meio dos mesmos critérios estabelecidos para a eleição dos
deputados às cortes de Lisboa. Os eleitores eram apenas os homens livres, com mais de vinte anos e que
residissem por, pelo menos, um ano na localidade em que viviam, e proprietários de terra. Cabia a eles escolher
um colégio eleitoral, que, por sua vez, indicava os deputados de cada região. Estes tinham de saber ler e
escrever, possuir bens e virtudes. Em uma época em que a taxa de analfabetismo alcançava 99% da população,
só um entre cem brasileiros era elegível. Os nascidos em Portugal tinham de estar residindo por, pelo menos,
doze anos no Brasil. Do total de cem deputados eleitos, só 89 tomaram posse. Era a elite intelectual e política
do Brasil, composta de magistrados, membros do clero, fazendeiros, senhores de engenho, altos funcionários,
militares e professores. Desse grupo, sairiam mais tarde 33 senadores, 28 ministros de Estado, dezoito
presidentes de província, sete membros do primeiro conselho de Estado e quatro regentes do Império.
O local das reuniões era a antiga cadeia pública, que, em 1808, havia sido remodelada pelo vice-rei conde dos
Arcos para abrigar parte da corte portuguesa de D. João. No dia da abertura dos trabalhos, D. Pedro chegou ao
prédio em uma carruagem puxada por oito mulas. Discursou de cabeça descoberta, o que, por si só, sinalizava
alguma concessão ao novo poder constituído nas urnas. A coroa e o cetro, símbolos do seu poder, também
foram deixados sobre uma mesa.
Laurentino Gomes. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010, p. 213-16 (com adaptações).
Com base nas estruturas linguísticas e semânticas do texto acima, julgue o item.
A mesma norma gramatical que estabelece a ocorrência do sinal indicativo de crase em "eleição dos deputados
às cortes de Lisboa" prescreve o emprego desse sinal em eleição dos deputados à todas as cortes de Lisboa.
( ) CERTO ( ) ERRADO
43. INÉDITA
Assinale a opção inteiramente de acordo com a norma culta no que se refere à regência e ao emprego do acento
indicador de crase.
c) As mais monstruosas feras se iguala a mulher, ao saber que está sendo enganada pelas melhores amigas.
d) Todas as decisões de investimento tomadas pela diretoria do fundo de pensão implicaram em enormes
perdas para os seus segurados.
e) Os direitos que todos nós, durante tanto tempo, lutamos e conquistamos para as gerações atuais não podem
ser abolidos.
44. INÉDITA
a) Posso dizer que aquela equipe confiei esta missão e, por isso, sinto-me responsável pela decisão tomada.
b) Preferimos carro a moto, devido aos perigos a que estão expostos os motociclistas.
c) Pedimos ajuda a sua família, por acreditar que a amizade de nossos pais superaria nossas desavenças.
d) Não acreditamos que, daqui a décadas, estejamos aptos a clonar todo e qualquer ser humano, tendo como
objetivo a perpetuidade da existência humana.
e) Costumo dizer que é você quem faz o seu caminho. Não a droga.
45. INÉDITA
Assinale a opção cuja redação obedece às regras previstas na gramática normativa quanto à concordância,
regência, colocação pronominal e ao emprego do acento indicador de crase.
a) As cenas de corrupção as quais assistimos nos motivaram a tomar uma drástica atitude, hajam vistas as
consequências adversas a que se submetem parcela expressiva da população.
b) Repercutiu muito negativamente no mercado, o que foi agravado pela cobertura sensacionalista da mídia,
todas as declarações dos ministros que contrapunham-se a assinatura do acordo de negociação da dívida
pública.
c) Sabe-se que é necessário, dentro obviamente de certos limites morais, a negociação com partidos da base
aliada no Congresso, visando o estabelecimento de uma governabilidade razoável.
d) Não se cogita, nem mesmo diante da mais urgente situação fiscal, alterações que impliquem aumentos
substanciais de impostos.
e) Quando se analisa, de forma imparcial, a crise pela qual o país passa, constata-se que grande parte dos
problemas serão solucionados com a participação conjunta do empresariado e da massa operária brasileiros.
46. INÉDITA
Assinale a alternativa em que a regência do verbo NÃO esteja de acordo com o padrão culto.
c) O combate à corrupção implica em medidas drásticas a serem tomadas pelo Poder Judiciário.
e) Não raro a população esquece o nome dos políticos por ela eleitos.
47. INÉDITA
....... inovadoras teorias, durante todo seu ano sabático, Stephen Hawking dedicou horas de estudo e reflexão
equivalentes .... que Einstein despendeu na época em que formulou a famosa Teoria da Relatividade sob ....
desconfiança da comunidade científica mundial.
a) Àquelas - à – a
b) Aquelas - as – à
c) Aquelas - às – à
d) Àquelas - às – a
e) Aquelas - às – a
48. INÉDITA
a) Os motivos nos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação em cuja pretendia
iludir seus fiéis eleitores.
b) As profissões para cujo desempenho são exigidas muita concentração e paciência não são indicadas a
quem não dispõe de equilíbrio emocional.
c) Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis do que uma apoiada em
verdades desagradáveis onde nem todos querem acreditar.
d) O mau juízo de que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele em que se atribui aos partidos políticos.
e) A confiança de cuja não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser exercida
segundo à natureza do interesse público.
49. INÉDITA
O sinal indicativo de crase pode ser corretamente suprimido, sem prejuízo para a correção e o sentido
original do texto, em:
b) Seus escritos e ensinamentos foram, sem sombra de dúvida, o mais belo legado do velho filósofo à
atualidade.
c) Suas ações governamentais não só não geraram uma justa distribuição de riqueza, como deram continuidade
à miséria galopante.
50. INÉDITA
O resultado prático das ações voltadas ...... um desenvolvimento sustentável depende, em larga escala, da
atuação firme e forte da comunidade internacional. São várias as ações que devem ser tratadas com prioridade,
entre as quais estão o estímulo ...... novas fontes de energia menos poluentes e o respeito ...... causas
ambientais.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:
a) a − à – as
b) a − a – às
c) à − a – as
d) a − à – às
e) à − à – as
Quando a maioria da população, com razão, está escandalizada com a violência que impera nas cidades
do País, um outro número não recebe tanta atenção quanto os cerca de 60 mil assassinatos registrados
anualmente no Brasil. No trânsito, morrerão, neste ano de 2018, segundo estimativas oficiais, 80 mil pessoas.
A projeção está baseada no fato de que, nos primeiros meses do ano, os acidentes de trânsito já provocaram
19.398 mil mortes e 20 mil casos de invalidez permanente no País. Os dados são do Centro de Pesquisa e
Economia do Seguro, órgão da Escola Nacional de Seguros. As principais vítimas são homens de 18 a 65 anos e
motociclistas.
Além das mortes e sequelas as mais diversas, muitas deixando inválidos pelo resto da vida homens,
mulheres e crianças, pessoas jovens, ainda há um brutal prejuízo, calculado em torno dos R$ 96 bilhões pelas
faltas ao trabalho dos acidentados.
Ora, tantas vítimas mostram um quadro de insegurança que está presente e que vem ceifando, dia após
dia, vidas nas ruas, avenidas e, muito mais, nas rodovias da nação. Pois, da mesma forma que todos condenam
o grande número de mortes violentas por conta do tráfico de drogas, da disputa entre gangues, de desavenças
familiares, pouca atenção é dada para o massacre que ocorre no trânsito. Da mesma forma que se pede mais
educação, devemos nos lembrar que a educação no trânsito é mais do que importante.
Jornal do Comércio
(https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/opiniao/2018/09/648589-transito-mata-mais-do-
que-assassinatos-no-brasil.html)
51.INÉDITA
No trecho “...devemos nos lembrar que a educação no trânsito é mais do que importante”, a ausência do
pronome oblíquo “nos” prejudicaria a correção gramatical.
( ) CERTO ( ) ERRADO
52.INÉDITA
A substituição de “Obedecer às leis de trânsito” por “Obediência a leis de trânsito” preservaria a
correção gramatical e não acarretaria mudança de sentido original.
( ) CERTO ( ) ERRADO
A pesquisa, ____ que o jornal teve acesso, foi realizada por um grupo de pesquisadores do CINTESIS – Centro
de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e da Escola Superior de Enfermagem do Porto e publicada
no Journal of Advanced Nursing.
De acordo com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
a) a ... a ... de
b) a ... em ... em
d) à ... à ... à
e) à ... de ... à
No passado, a mão de obra oriunda do campo era absorvida _______ indústria. Em um passado mais recente,
o setor de serviços encarregou-se _______ ocupar boa parte dos trabalhadores que perderam espaço na
indústria, que tem investido sistematicamente _________ automatização e outras tecnologias. Atualmente,
dispersos _________ diferentes campos de atuação, o desafio dos trabalhadores consiste ______ se adaptar à
era da internet e da informática.
Considerando as regras de regência verbal e nominal, conforme a norma-padrão da língua, as lacunas do texto
devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com
a) na … de … de … com … de
b) pela … de … em … por … em
d) da … de … em … com … em
O sociólogo Pierre Bourdieu foi meu grande guru. Ele mostrou como a linguagem é usada como instrumento
de poder na sociedade. Portanto, é importante dar às pessoas esse instrumento. As camadas populares têm
que lutar muito contra a discriminação e a injustiça, e a linguagem é um instrumento fundamental.
Alfabetização e letramento têm esse objetivo: dar às pessoas o domínio da língua como instrumento de
inserção na sociedade e de luta por direitos fundamentais. Em relação à língua escrita, a criança tem que
aprender duas coisas. Uma é o sistema de representação, que é o sistema alfabético. Esse é um processo que
trabalha determinadas operações cognitivas e tem que levar em conta as características do sistema alfabético,
é saber decodificar o que está escrito, ou codificar o que deseja escrever. Mas isso deve ser feito em contexto
de letramento, com textos reais, não com o clássico exemplo "Eva viu a uva". Que Eva? Que uva?
Tradicionalmente a alfabetização se resumia a codificar e decodificar, porque o foco era a criança aprender
apenas o código. Mas a questão é que a criança precisa aprender o código sabendo para o que ele serve.
A escrita é uma tecnologia como outras. É importante aprender a escrever, conhecer a relação fonema-letra,
saber que se escreve de cima para baixo, da esquerda para a direita, aprender as convenções da escrita. Mas
essa tecnologia, como toda tecnologia, só tem sentido para ser usada: para saber interpretar textos, fazer
inferências, ler diferentes gêneros, o que significa outra coisa e exige outras habilidades e competências.
Aprender o sistema de escrita é alfabetização. Aprender os usos sociais do sistema de escrita é letramento.
(http://revistapesquisa.fapesp.br. Adaptado)
a) Quando se trata de escrita em contexto de letramento, pretende-se levar a criança aos usos sociais da
linguagem.
b) Tradicionalmente, a alfabetização visava no foco, apenas naquilo que a criança deveria aprender.
c) Pierre Bourdieu defende de que a linguagem tem sido usada como instrumento de poder na sociedade.
d) A criança está apta em usar a tecnologia da escrita quando ela descobre para que esta serve.
No pouco ortodoxo modelo de ensino que levou a Finlândia ao topo dos rankings globais de educação, uma
inovadora inversão de papéis começa a tomar corpo: alunos estão dando aulas aos professores, para ensinar os
mestres a otimizar o uso de tecnologias de informação e comunicação nas escolas.
O projeto OppilasAgentti (“Agentes Escolares”, em tradução livre) está sendo conduzido em cerca de cem
escolas finlandesas, e a ideia é levar a nova experiência a um número cada vez maior do universo de 3.450
instituições de ensino do país.
Trata-se de um modelo para desenvolver as competências tecnológicas não apenas dos professores, mas de
toda a comunidade escolar — e também do seu entorno: os alunos da escola Hämeenkylä, por exemplo,
também estão dando aulas aos idosos de um asilo local sobre como usar redes sociais, iPads e outros
dispositivos eletrônicos.
“Acreditamos que é importante ensinar nossas crianças a descobrir seus potenciais e a desenvolver seus
valores, e mostrar a elas o impacto positivo que cada indivíduo pode exercer na sociedade”, observa Pasi
Majasaari, diretor da escola Hämeenkylä, na cidade de Vantaa, próxima à capital Helsinki.
Os alunos do projeto têm entre 10 e 16 anos de idade. Pelo sistema, os estudantes interessados em participar
se apresentam como voluntários e relatam suas competências e habilidades em determinadas áreas. As escolas
também oferecem treinamento aos alunos, em aulas ministradas por especialistas de diferentes empresas
finlandesas que revendem soluções tecnológicas para o sistema de ensino do país.
A partir daí, os estudantes produzem um mapeamento das necessidades digitais da escola, sob a orientação de
um professor. Eles fazem então um planejamento das atividades necessárias e passam a atuar em três frentes.
Na sala dos professores, os alunos dão aulas ocasionais sobre como usar diferentes dispositivos e aplicativos.
Professores também podem contatar os estudantes para pedir assistência individual, a fim de solucionar
pequenos problemas. E os alunos-mestres também atuam como professores assistentes nas salas de aula, para
prestar ajuda tanto aos professores quanto a outros colegas de classe quando determinada lição envolve o uso
de tecnologia.
Inverter o papel tradicional dos alunos nas escolas é mais um pensamento fora da caixa do celebrado sistema
finlandês, que conquistou resultados invejáveis nos rankings mundiais de educação com um receituário que
inclui menos horas de aulas, poucas lições de casa, férias mais longas e uma baixa frequência de provas.
O pronome que substitui a expressão destacada em conformidade com a regência padrão da língua está
indicado entre colchetes em:
Apesar dos bons resultados, o Estado avançou menos nos anos finais do ensino fundamental. Quais as
barreiras?
De fato, isso é um fenômeno nacional. Do 1º ao 5º ano, há uma melhoria mais acelerada, e do 6º ao 9º, com
menos potência.
Há dois fenômenos. Um é interno: do 6º ao 9º ano muita coisa muda para a criança. Está passando para a
adolescência e deixa de ter uma professora para ter dez. E a escola não tem uma metodologia bem articulada
para que todos os conhecimentos ali passados façam sentido.
Há também uma questão externa. Adultos e crianças hoje são muito afetados por tecnologia, redes sociais,
trocas de informação. O mundo está muito dispersivo, e a aprendizagem exige foco e concentração.
É um desafio adicional para a escola. Além do desenvolvimento acadêmico e cognitivo – ler, escrever, fazer
contas, interpretar história –, a escola terá que se preocupar com o desenvolvimento de competências
socioemocionais: metodologia para que as crianças aprendam a administrar suas emoções, trabalhar em
equipe, ter foco, persistência, resiliência.
O governo capixaba coordenou pesquisa para descobrir por que jovens de 14 a 29 anos deixaram a escola. Que
política esse diagnóstico inspirou?
Esses jovens foram alunos de nossas escolas públicas e as abandonaram porque precisavam trabalhar,
engravidaram, não gostavam de estudar ou achavam a escola chata.
O que mais temos discutido é como envolver o jovem com a escola. Recentemente introduzimos o líder de
turma, escolhido pelos colegas para discutir soluções pela ótica dos alunos.
Por que projetos-piloto nem sempre dão os mesmos resultados na sala de aula?
O trabalho do professor hoje é totalmente diferente, e as instituições formadoras ainda trabalham de forma
tradicional. Fazemos pesquisa e estamos gastando muita energia para definir a formação do professor do
século 21.
Não nos cabe achar que hoje está pior ou melhor que no passado, mas nos programarmos para atender a
criança no mundo de hoje, diverso, em que tudo é muito rápido, em que nada se sustenta, com profissões que
nem existem mais e outras que a gente nem imagina.
Como motivar se falamos de coisas de antigamente? É um desafio diferente. Os professores precisam ser
capazes de ler o mundo desses alunos.
(Ana Estela de Sousa Pinto e Érica Fraga. Folha de S.Paulo, 09.12.2017. Adaptado)
No mundo atual, há profissões de que não ___________ mais, e há outras com que nem ________ .
Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas da frase devem ser preenchidas,
respectivamente, por:
a) necessitamos … sonhamos
b) praticamos … acreditamos
c) valorizamos … supomos
d) dependemos … pensamos
e) aceitamos … conjeturamos
a) O jornal, ao referir-se o cárcere, acha que ele deve ser destinado aos autores de crimes violentos, mas há
quem discorde com essa ideia.
b) Aspira-se a uma maior integração entre as polícias e as demais instituições, a qual será garantida com canais
instantâneos de comunicação.
c) Muitos encarcerados encontram-se presos devido o fato de cometerem delitos menores, dos quais havia o
pequeno tráfico de drogas.
d) Muitos especialistas comentam de que é a certeza da punição, mais do que o rigor ou o tamanho da pena, o
principal fator de dissuasão.
e) Nos últimos anos, o Brasil chegou na posição de terceira maior população carcerária do mundo, a qual não
tem do que se orgulhar.
Está quase pronto o documento que definirá o padrão nacional para o que crianças e jovens devem aprender
até o 9° ano do ensino fundamental. Trata-se da quarta versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Caso aprovada até janeiro, a diretriz deve começar a ser implementada nos próximos dois anos.
A BNCC define conteúdos a serem estudados e competências e habilidades que os alunos devem demonstrar
a cada passo da vida escolar. Soa como obviedade, mas não existe norma válida em todo o país que estabeleça
de modo preciso a progressão do ensino e o que se deve esperar como resultado.
Note-se ainda que a base curricular não especifica como alcançar seus objetivos – isso será papel dos currículos
a serem elaborados por estados e municípios, que podem fazer acréscimos conforme necessidades regionais.
O programa ainda se mostra extenso em demasia, não muito diferente do que se viu nas escolas das últimas
décadas, quando raramente foi cumprido. O excesso de assuntos dificulta abordagens mais aprofundadas e
criativas.
A BNCC lembra a Constituição de 1988. Detalhista, arrojada e generosa, mas de difícil aplicação imediata e
integral. É indiscutível, de todo modo, a urgência de pôr em prática esse plano que pode oferecer educação
decente e igualitária às crianças.
Leia as frases:
De acordo com a norma-padrão, as lacunas devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
Meses atrás, quando falei aqui do livro de Zinsser, um leitor deixou o seguinte comentário: “É de uma pretensão
sem tamanho, a vaidade elevada ao maior grau, o sujeito se meter a querer ensinar os outros a escrever”.
Pois é. Muita gente acredita que, ao contrário de todas as demais atividades humanas, da música à mecânica
de automóveis, do macramê à bocha, a escrita não pode ser ensinada.
Por quê? Porque é especial demais, elevada demais, dizem alguns. É o caso do leitor citado, que completou seu
comentário com esta pérola: “Saber escrever é uma questão de talento, quem não tem, não vai nunca
aprender…”
Há os que chegam à mesma conclusão pelo lado oposto, a ilusão de que toda pessoa alfabetizada domina a
escrita, e o resto é joguinho de poder espúrio.
Talento literário é raro mesmo, mas não se trata disso. Também não estamos falando só de correção gramatical
e ortográfica, aspecto que será cada vez mais delegado à inteligência artificial.
Estamos falando de pensamento. Escrever com clareza e precisão, sem matar o leitor de confusão ou tédio, é
uma riqueza que deve ser distribuída de forma igualitária por qualquer sociedade que se pretenda civilizada e
justa.
De acordo com a norma-padrão, o acento indicativo da crase está corretamente empregado em:
a) O leitor aludiu à escrita como se ela fosse questão de talento: quem não tem, não vai nunca aprender.
b) A escrita deve levar o texto à uma riqueza, marcada pela clareza e precisão, afastando o leitor da confusão
ou tédio.
c) De parte à parte, o texto precisa organizar-se como um tecido coeso e claro, instigando, assim, o leitor.
d) Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões semelhantes, no entanto elas seguem pelo lado oposto.
e) Também não estamos falando só de correção gramatical e ortográfica. Estamos nos referindo à pensamento.
b) Há lembranças tão vivas que nos fazem voltar à episódios de nosso passado.
c) Lembrar-se do passado pode ser uma tarefa muito difícil à determinadas pessoas.
e) Ao nos atermos à uma experiência ruim, desconsideramos o que ela traz de bom.
Destruindo Riqueza
A economia cresce encontrando soluções, em geral tecnológicas, para reduzir ineficiências e, nesse processo,
libera mão de obra.
Um exemplo esclarecedor é o do emprego agrícola nos EUA. Até 1800, a produção de alimentos exigia o
trabalho de 95% da população do país. Em 1900, a geração de comida para uma população já bem maior
mobilizava 40% da força de trabalho e, hoje, essa proporção mal chega a 3%. Quem abandonou a roça foi para
cidades, integrando a força de trabalho da indústria e dos serviços.
Esse processo pode ser cruel para com indivíduos que ficam sem emprego e não conseguem se reciclar, mas é
dele que a sociedade extrai sua prosperidade. É o velho fazer mais com menos.
A internet, com sua incrível capacidade de conectar pessoas, abriu novos veios de ineficiências a eliminar. Se
você tem um carro e não é chofer de praça nem caixeiro viajante, ele passa a maior parte do dia parado, o que
é uma ineficiência. Se você tem um imóvel vago ou mesmo um dormitório que ninguém usa, está sendo
improdutivo. O mesmo vale para outros apetrechos que você possa ter, mas são subutilizados. Os aplicativos
de compartilhamento, ao ligar de forma instantânea demandantes a ofertantes, permitem à sociedade fazer
muito mais com aquilo que já foi produzido (carros, prédios, tempo disponível etc.), que é outro jeito de dizer
que ela fica mais rica.
É claro que isso só dá certo se não forem criadas regulações desnecessárias que embaracem os acertos
voluntários entre as partes. A burocratização da oferta de serviços de aplicativos torna-os indistinguíveis. Dá
para descrever isso como a destruição de riqueza.
Assinale a alternativa em que, no trecho que completa a frase a seguir, o acento indicativo da crase está
empregado corretamente, de acordo com a norma-padrão da língua.
A internet tem se consolidado como uma ferramenta indispensável na sociedade atual, especialmente no que
diz respeito
Ei-lo agora, adolescente recluso em seu quarto, diante de um livro que não lê. Todos os seus desejos de estar
longe erguem, entre ele e as páginas abertas, uma tela esverdeada que perturba ______ linhas. Ele está sentado
diante da janela, a porta fechada ______ costas. Página 48. Ele não tem coragem de contar as horas passadas
para chegar ______ essa quadragésima oitava página. O livro tem exatamente quatrocentas e quarenta e seis.
Pode-se dizer 500 páginas! Se ao menos tivesse uns diálogos, vai. Mas não! Páginas completamente cheias de
linhas apertadas entre margens minúsculas, negros parágrafos comprimidos uns sobre os outros e, aqui e acolá,
a caridade de um diálogo – um travessão, como um oásis, que indica que um personagem fala ______ outro
personagem. Mas o outro não responde. E segue-se um bloco de doze páginas! Doze páginas de tinta preta!
Falta de ar! Ufa, que falta de ar! Ele xinga. Muitas desculpas, mas ele xinga. Página quarenta e oito... Se ao
menos conseguisse lembrar do conteúdo dessas primeiras quarenta e oito páginas!
Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
Novo Analfabetismo
O Instituto de Estatísticas da Unesco alerta, em informe recente, que grande parte dos jovens da América
Latina não alcança níveis apropriados de proficiência em leitura.
São 19 milhões de adolescentes que concluem o ensino fundamental sem conseguir ler parágrafos simples e
deles extrair informações, num fenômeno que Silvia Montoya, dirigente do instituto, chama de “nova definição
do analfabetismo”.
A preocupação da diretora procede, pois a falta de competência leitora fragiliza a cidadania. Afinal, quem não
consegue ler jornais ou livros depende do que a televisão lhe recomenda como condutas corretas e não
consegue formular seus próprios juízos.
Além disso, em tempos em que o mundo do trabalho extermina postos baseados em tarefas rotineiras, que não
demandam capacidade de concepção, as chances de sucesso profissional e de realização pessoal de quem tem
letramento insuficiente se tornam muito limitadas.
Aqui, só 30% dos alunos saem do 9o ano com aprendizado adequado em leitura e interpretação, de acordo com
dados do Inep. É menos que a média da América Latina, que tanto chocara Silvia Montoya.
Ora, num país de elites não leitoras, o fato de tantos jovens não estarem aptos a ler livros talvez não choque.
Não é mais suficiente ter um nível mínimo de alfabetização. Não ter competência leitora traz obstáculos para
a vida em sociedade, especialmente no tocante à dificuldade em compreender os próprios direitos e deveres
como cidadão, ainda mais num mundo em turbulência como o que vivemos.
Assinale a alternativa em que, no trecho reescrito a partir do texto que completa a frase a seguir, o acento
indicativo da crase está empregado corretamente, de acordo com a norma-padrão da língua.
Uma competência leitora insuficiente acaba criando obstáculos para a vida em sociedade, especialmente
quanto
Para os autores do documento, ___ primeira Era Dourada aconteceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a atual
começou em 1980 e deve se estender pelos próximos 10 ___ 20 anos, prolongada pelo desempenho econômico
da Ásia e de negócios ligados ____ tecnologia.
Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
a) a … a … a
b) à … à … à
c) a … à … à
d) à … à … a
e) a … a … à
Leia o trecho da entrevista da professora Magda Soares à Pesquisa Fapesp para responder à questão.
O sociólogo Pierre Bourdieu foi meu grande guru. Ele mostrou como a linguagem é usada como instrumento
de poder na sociedade. Portanto, é importante dar às pessoas esse instrumento. As camadas populares têm
que lutar muito contra a discriminação e a injustiça, e a linguagem é um instrumento fundamental.
Alfabetização e letramento têm esse objetivo: dar às pessoas o domínio da língua como instrumento de
inserção na sociedade e de luta por direitos fundamentais. Em relação à língua escrita, a criança tem que
aprender duas coisas. Uma é o sistema de representação, que é o sistema alfabético. Esse é um processo que
trabalha determinadas operações cognitivas e tem que levar em conta as características do sistema alfabético,
é saber decodificar o que está escrito, ou codificar o que deseja escrever. Mas isso deve ser feito em contexto
de letramento, com textos reais, não com o clássico exemplo "Eva viu a uva". Que Eva? Que uva?
Tradicionalmente a alfabetização se resumia a codificar e decodificar, porque o foco era a criança aprender
apenas o código. Mas a questão é que a criança precisa aprender o código sabendo para o que ele serve.
A escrita é uma tecnologia como outras. É importante aprender a escrever, conhecer a relação fonema-letra,
saber que se escreve de cima para baixo, da esquerda para a direita, aprender as convenções da escrita. Mas
essa tecnologia, como toda tecnologia, só tem sentido para ser usada: para saber interpretar textos, fazer
inferências, ler diferentes gêneros, o que significa outra coisa e exige outras habilidades e competências.
Aprender o sistema de escrita é alfabetização. Aprender os usos sociais do sistema de escrita é letramento.
(http://revistapesquisa.fapesp.br. Adaptado)
Leia as frases:
• Não basta que a criança obedeça ____ tecnologia da escrita: ela só tem sentido para ser usada.
• Magda Soares refere-se ____ Pierre Bourdieu como seu grande guru.
a) a ... à ... à
b) à ... a ... à
c) a ... à ... a
d) à ... à ... a
e) a ... a ... à
c) Predomina entre as pessoas a suposição que a lei deve ser aplicada à todos os cidadãos.
A última crônica
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade, estou
adiando o momento de escrever.
A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do
pitoresco no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo
humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Nesta perseguição do acidental, quer num
flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples
espectador. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso de um poeta se
repete na lembrança: “assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço
então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim, um casal acaba de sentar-se numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede
de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela
presença de uma menininha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se
instalou também à mesa. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da
família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom e
aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se
afasta para atendê-lo. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha
a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena
fatia triangular.
A menininha olha a garrafa de refrigerante e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Vejo que os três, pai,
mãe e filha, obedecem em torno à mesa a um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e
brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também,
atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve o
refrigerante, o pai risca o fósforo e acende as velas. A menininha sopra com força, apagando as chamas.
Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam,
discretos: “parabéns pra você, parabéns pra você...”. A menininha agarra finalmente o bolo com as duas mãos
sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura – ajeita-lhe a fitinha no cabelo, limpa
o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer
intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se
perturba, constrangido – vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num
sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.
Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, assinale a alternativa correta quanto à ocorrência
ou não da crase.
d) O pai pediu ao garçom a fatia de bolo e ficou a espera para dar início a comemoração.
e) A luz das velinhas, ela canta “parabéns pra você” e se junta à eles, discretamente.
A alternativa em cuja frase o acento indicativo da crase está de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa é:
Nas minhas pesquisas, tenho constatado que muitas mulheres brasileiras reproduzem e fortalecem, consciente
ou inconscientemente, a lógica da dominação masculina. É verdade que o discurso hegemônico atual é o de
libertação dos papéis que aprisionam a maioria das mulheres. No entanto, os comportamentos femininos não
são tão livres assim; muitos valores mais tradicionais permanecem internalizados. Existe uma enorme distância
entre o discurso libertário das brasileiras e seu comportamento e valores conservadores.
Não pretendo alimentar a ideia de que as mulheres são as piores inimigas das mulheres, mas provocar uma
reflexão sobre os mecanismos que fazem com que a lógica da dominação masculina seja reproduzida também
pelas mulheres. Nessa lógica, como argumentou Pierre Bordieu, os homens devem ser sempre superiores: mais
velhos, mais altos, mais fortes, mais poderosos, mais ricos, mais escolarizados. Essa lógica constitui as
mulheres como objetos, e tem como efeito colocá-las em um permanente estado de insegurança e
dependência. Delas se espera que sejam submissas, contidas, discretas, apagadas, inferiores, invisíveis.
Em O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir escreveu que não definiria as mulheres em termos de felicidade, e
sim de liberdade. Ela acreditava que, para muitas, seria mais confortável suportar uma escravidão cega do que
trabalhar para se libertar. A filósofa francesa afirmou que a liberdade é assustadora, e que, por isso, muitas
mulheres preferem a prisão à sua possível libertação. No entanto, ela acreditava que só existiria uma saída para
as mulheres: recusar os limites que lhes são impostos e procurar abrir para si e para todas as outras o caminho
da libertação.
Assinale a alternativa em que a passagem – Ela acreditava que, para muitas, seria mais confortável suportar
uma escravidão cega do que trabalhar para se libertar. – está reescrita de acordo com a norma-padrão de
regência e de emprego do sinal de crase.
a) Ela desconfiava de que, para muitas, suportar uma escravidão cega valeria mais à pena do que optar por
trabalho que às levasse a libertação.
b) Ela desconfiava em que, para muitas, suportar uma escravidão cega valeria mais à pena do que optar por
trabalho que as levasse a libertação.
c) Ela confiava de que, para muitas, suportar uma escravidão cega valeria mais a pena do que optar por trabalho
que às levasse à libertação.
d) Ela confiava em que, para muitas, suportar uma escravidão cega valeria mais a pena do que optar por
trabalho que as levasse à libertação.
e) Ela confiava em que, para muitas, suportar uma escravidão cega valeria mais à pena do que optar por
trabalho que as levasse a libertação.
a) Se constatou que, no mundo corporativo, em que se aplaudem às companhias de boa prática ética, os desvios
decepcionam à todas as pessoas.
b) Não ignora-se que, em algumas empresas, há práticas que levam às equipes de trabalho a comportar-se de
modo eticamente condenável.
d) Ainda encontram-se nas empresas funcionários que acham-se bem à vontade para aderir à algumas práticas
ilegais.
e) Pode-se dizer que a “licença moral” é o consentimento tácito que permite às pessoas praticantes de boas
ações chegar à prática de delitos.
Assinale a alternativa em que na frase elaborada a partir dos quadrinhos ocorre o emprego correto do sinal
indicativo de crase.
a) Calvin dirige-se à seu amigo Haroldo para comentar como está o dia.
c) Para o garoto, seria melhor uma brisa fresca à passar um dia sem um ventinho.
d) Ao descrever o dia, Calvin faz alusão à grande quantidade de insetos que circulam pelo ar.
Assinale a alternativa em que o sinal indicativo de crase está empregado corretamente, conforme a norma-
padrão.
Nos EUA, a psicanálise lembra um pouco certas seitas – as ideias do fundador são institucionalizadas e
defendidas por discípulos ferrenhos, mas suas instituições parecem não responder às necessidades atuais da
sociedade. Talvez porque o autor das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las.
Freud era um neurologista, e queria encontrar na Biologia as bases do comportamento. Como a tecnologia de
então não lhe permitia avançar, passou a elaborar uma teoria, criando a psicanálise. Cientista que era, contudo,
nunca se apaixonou por suas ideias, revisando sua obra ao longo da vida. Ele chegou a afirmar: “A Biologia é
realmente um campo de possibilidades ilimitadas do qual podemos esperar as elucidações mais
surpreendentes. Portanto, não podemos imaginar que respostas ela dará, em poucos decêndios, aos problemas
que formulamos. Talvez essas respostas venham a ser tais que farão o edifício de nossas hipóteses colapsar”.
Provavelmente, é sua frase menos citada. Por razões óbvias.
Embora Freud tenha saído ____ campo para testar suas ideias, seu método não tinha o mesmo rigor científico
atual, em que não basta confirmar _____ hipóteses – é preciso tentar negá-las. Se elas resistirem ____ tentativa
de refutação, provisoriamente mantemos nossa crença.
De acordo com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
a) à … às … a
b) a … as … a
c) à … as … à
d) a … às … à
e) a … as … à
Gabarito
01 A 02 C 03 D 04 A 05 A
06 E 07 A 08 E 09 B 10 C
11 A 12 A 13 E 14 E 15 A
16 C 17 E 18 C 19 E 20 C
21 C 22 E 23 C 24 C 25 E
26 E 27 E 28 E 29 E 30 C
31 E 32 C 33 C 34 C 35 C
36 A 37 C 38 E 39 C 40 E
41 E 42 E 43 A 44 A 45 E
46 C 47 A 48 B 49 D 50 B
51 C 52 E 53 C 54 B 55 A
56 B 57 A 58 B 59 C 60 A
61 D 62 D 63 D 64 C 65 E
66 C 67 A 68 A 69 C 70 D
71 E 72 D 73 A 74 E
Resumo Direcionado
AGRADAR
AGRADECER
Exemplos:
Exemplos:
O cliente agradeceu ao gerente pelo atendimento. (= O cliente lhe agradeceu... ou O cliente agradeceu
a ele...).
= TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO, sendo o OBJETO DIRETO nome de “COISA” e o INDIRETO nome
de “PESSOA”, introduzido pela preposição A.
Exemplos:
ASPIRAR
Exemplo:
Exemplo:
ASSISTIR
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
CHAMAR
= no sentido de INVOCAR, PEDIR AUXÍLIO, emprega-se como TRANSITIVO DIRETO ou como INDIRETO,
COM OBJETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO POR.
Exemplos:
O verbo CHAMAR é TRANSOBJETIVO nesse caso. Além disso, o PREDICATIVO DO OBJETO pode ou não
ser introduzido pela preposição DE.
CUSTAR
Exemplos:
Alguns gramáticos, no entanto, consideram “10 mil reais” e “seu salário anual” como objetos diretos. Há
divergências, portanto!
Nessa acepção, o sujeito do verbo CUSTAR é a oração reduzida de infinitivo. Já o objeto indireto
introduzido pela preposição A é uma pessoa.
Embora aceita por algumas gramáticas mais modernas, sugere-se evitar construções do tipo "Custei a
acreditar", "Custou a crer". Nelas, toma-se a oração reduzida como o objeto indireto, o que não é muito
bem visto por gramáticos mais tradicionais. Para ficar bem claro, veja os exemplos a seguir:
Exemplos:
HAVER
Exemplos:
Exemplos:
Exemplos:
IMPLICAR
Exemplos:
Algumas gramáticas mais modernas até admitem a presença da preposição “em”, fazendo menção ao
uso coloquial. Porém, o que notamos nas bancas é o emprego tradicional do verbo implicar. Repetindo:
transitivo direto, no sentido de resultar, acarretar.
Exemplo:
LEMBRAR/ESQUECER
Exemplo:
Exemplo:
É ERRADO DIZER:
Exemplo:
Nela, temos como sujeito a coisa lembrada ou esquecida. Já o verbo é acompanhado de objeto indireto
introduzido pela preposição A.
No caso da primeira frase, o sujeito é “a pauta da reunião” e o objeto indireto é representado pelo pronome
oblíquo ME (= A MIM).
No caso da segunda frase, o sujeito é “o nome dele” e o objeto indireto é representado pelo pronome oblíquo
VOCÊ (= A VOCÊ).
= no caso do verbo LEMBRAR, também é possível empregá-lo como TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO,
com OBJETO INDIRETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO A OU DE.
Exemplo:
OBEDECER/DESOBEDECER
Exemplos:
Obedecia ao mestre.
O certo seria:
Note que, no último caso, a crase é resultado da fusão da preposição A – requerida pela regência de
DESOBEDER – com a artigo A – requerido pelo substantivo SINALIZAÇÃO.
PAGAR/PERDOAR
Exemplos:
Exemplos:
= TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO, com o OBJETO DIRETO “COISA” e o OBJETO INDIRETO “PESSOA”,
introduzido pela preposição A.
Exemplos:
PREFERIR
Diferentemente da linguagem coloquial, este verbo não se constrói com a locução DO QUE, e sim com
a preposição A.
Exemplo:
PROCEDER
Exemplos:
Exemplos:
Exemplos:
QUERER
Exemplo:
Exemplo:
Juro que quero muito a você. (= Juro que lhe quero muito)
VISAR
Exemplo:
Exemplo:
ABDICAR DESFRUTAR
ATENDER USUFRUIR
ATENTAR GOZAR
DEPARAR
Exemplos:
Substituir a palavra
feminina por uma
masculina. Se NÃO aparecer a forma AO ou AOS antes
da palavra masculina, é sinal de que NÃO
haverá crase antes da feminina.
Exemplos:
Exemplos:
Exemplos:
Pedi A esta funcionária uma ajuda.
(= Pedi PARA esta funcionária uma ajuda.).
Contarei A você um segredo.
(= Contarei PARA você um segredo.)
CASO GERAL
À = A (preposição) + A (artigo)
ÀS = A (preposição) + AS (artigo)
... antes de pronomes de tratamento, exceção feita a SENHORA, SENHORITA, DONA, MADAME, ...:
Exemplos:
Atenção!
Se substituirmos “senhora” por “senhor”, teremos “Entregaram o convite ao senhor”. Dessa forma, se
“senhor” solicita artigo definido, “senhora” também o deverá solicitar. O artigo solicitado por “senhora” se
contrai com a preposição solicitada pela forma verbal “Entregaram”, resultando, portanto, na forma “à”.
Resumindo:
Grande parte dos pronomes NÃO solicita artigo, exceção feita a MESMA (S), PRÓPRIA (S), SENHORA (S),
SENHORITA (S), DONA (S), MADAME (S).
Isso não significa que haverá crase obrigatoriamente antes dessas formas!
CUIDADO! Além do artigo, moçada, é necessário que haja uma preposição, certo? Não havendo preposição,
sem chance de haver crase, gente!
Não vão me pôr crase em “Observei a mesma cena!”, pelo amor dos meus filhinhos! Rs.
Ora, o verbo OBSERVAR não está regendo preposição A, meus amigos! Trata-se de um verbo TRANSITIVO
DIRETO! O A que antecede MESMA é apenas artigo.
E como diz o ditado, um artigo só não faz crase (Nossa! Essa foi péssima! Desculpem-me!).
O que está errado nessa frase? Prestem atenção! Tem-se a preposição “a”, solicitada pela regência da forma
verbal “Referi-me” (Quem se refere se refere A ALGO).
Porém, não temos a presença do artigo “a”, uma vez que o substantivo feminino “cenas” é plural.
Imaginemos um enunciado assim redigido: “As duas frases acima estão corretas do ponto de vista gramatical
e possuem o mesmo sentido”. O que vocês marcariam? CERTO ou ERRADO?
Corretas do ponto de vista gramatical elas estão, mas não possuem o mesmo sentido.
Na construção “Referi-me a cenas de terror”, a ausência do artigo “as” (a forma “a” é apenas preposição) dá
entender que se trata de cenas de terror quaisquer. Já na construção “Referi-me às cenas de terror”, a presença
do artigo definido “as” especifica as cenas de terror, dando a entender que não se trata de quaisquer cenas.
Além dos dois casos anteriores, existe o caso da preposição “até”, que pode ou não ser acompanhada
de preposição A, o que também torna facultativo o emprego do acento indicador de crase.
Exemplo:
Quando a palavra “casa” é empregada no sentido de “lar” e não vem especificada, não pede artigo. Se,
por sua vez, houver especificação da casa, haverá artigo.
O mesmo ocorre com a palavra “terra”, no sentido de “terra firme”. Só haverá artigo, se vier especificada.
Já a palavra “distância” somente será antecedida de artigo se vier quantificada ou especificada (a
distância de 100m, a distância de um palmo, etc.)
Esse artigo, ao se unir à preposição A, resultará na crase. Observe:
Regressaram a casa para almoçar. (SEM crase, haja vista que CASA não foi especificada)
Regressaram à casa de seus pais. (COM crase, haja vista que CASA foi especificada)
Regressaram a terra depois de muitos dias. (SEM crase, haja vista que TERRA não foi especificada)
Regressaram à terra natal. (COM crase, haja vista que CASA não foi especificada)
Observamos o acidente a distância. (SEM crase, haja vista que DISTÂNCIA não foi especificada)
Observamos o acidente à distância de um quarteirão. (COM crase, haja vista que DISTÂNCIA foi
especificada)
Quando você a uma pizzaria (hum...) e pede no cardápio uma pizza à moda do chefe ou uma pizza à
moda da casa, trata-se da pizza que o chefe costuma fazer ou daquela que a casa costuma servir. É a pizza com
marca do chefe – em imitação ao jeito de fazer da pessoa - ou da casa – em imitação ao jeito de fazer de um lugar.
Entendem?
Exato! O ponto peculiar dessa locução é que ela muitas vezes está implícita nas frases. Vejam:
Notem a expressão “moda” subentendida antes de CR7. Quer-se dizer que o gol feito por mim foi em
imitação ao que o CR7 costuma fazer.
Notem a expressão “moda” subentendida antes de “paulista”. Quer-se dizer que o virado foi feito em
imitação ao que costuma ser servido em São Paulo.
Dessa forma, a locução À MODA DE somente pode ser subentendida quando estiver associada a uma
ideia de lugar ou pessoa.
Atenção!!!
Exemplos:
Exemplos:
Perguntaram, após a aula, ÀQUELE PROFESSOR
seu parecer sobre a polêmica questão. Homenagearam, ao final do cruso, AQUELE
(= Perguntaram, após a aula, A ESTE DEDICADO FUNCIONÁRIO.
PROFESSOR seu parecer sobre a polêmica (= Homenagearam, ao final do curso, ESTE
questão. DEDICADO FUNCIONÁRIO.)
FIM
NÃO DESISTA!
CONTINUE NA DIREÇÃO CERTA!