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SÉRIE ELETROELETRÔNICA

COMUNICAÇÃO
ORAL E ESCRITA
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações

Regina Maria de Fátima Torres


Diretora Associada de Educação Profissional
SÉRIE ELETROELETRÔNICA

COMUNICAÇÃO
ORAL E ESCRITA
© 2013. SENAI – Departamento Nacional

© 2013. SENAI – Departamento Regional de São Paulo

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI - São
Paulo, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os
Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de São Paulo


Gerência de Educação – Núcleo de Educação a Distância

FICHA CATALOGRÁFICA

S491g

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Comunicação oral e escrita / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de São Paulo. Brasília : SENAI/DN, 2013.
48 p. il. (Série Eletroeletrônica).

ISBN 978-85-7519-723-3

1. Comunicação 2. Linguagem 3. Intelecção de texto 4. Documentação


técnica I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Regional de São Paulo II. Título III. Série

CDU: 005.95

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de figuras e quadros
Figura 1 -  Estrutura curricular do curso Montador de Equipamentos Eletrônicos......................................9
Figura 2 -  Esquema do processo de comunicação................................................................................................14
Figura 3 -  Comunicação do tipo unilateral..............................................................................................................16
Figura 4 -  Comunicação do tipo bilateral.................................................................................................................17
Figura 5 -  Professor em sala de aula...........................................................................................................................20
Figura 6 -  Amigos conversando em um bar............................................................................................................21
Figura 7 -  Análise textual é uma leitura preliminar do texto.............................................................................28
Figura 8 -  Análise temática procura identificar o significado da mensagem do texto............................29
Figura 9 -  Análise interpretativa expõe a sua opinião sobre o texto..............................................................30
Figura 10 -  Exemplo de checklist..................................................................................................................................39

Quadro 1 - Elementos do processo de comunicação............................................................................................14


Sumário
1 Introdução...........................................................................................................................................................................9

2 Comunicação...................................................................................................................................................................13

2.1 Processo de comunicação........................................................................................................................14


2.2 Ruídos..............................................................................................................................................................19
2.2.1 Redundância ...............................................................................................................................19
2.2.2 Realimentação ...........................................................................................................................19
2.3 Níveis de fala..................................................................................................................................................20
2.3.1 Linguagem culta........................................................................................................................20
2.2.2 Linguagem coloquial................................................................................................................21

3 Técnicas de intelecção de texto.................................................................................................................................25

3.1 Importância das regras de intelecção de textos...............................................................................26


3.2 Análise textual...............................................................................................................................................27
3.3 Análise temática...........................................................................................................................................29
3.4 Análise interpretativa.................................................................................................................................30

4 Documentação técnica.................................................................................................................................................35

4.1 Características do texto técnico.............................................................................................................36


4.2 Relatório técnico..........................................................................................................................................37
4.3 Checklist...........................................................................................................................................................38
4.4 Preenchimento de documentos.............................................................................................................40

Referências............................................................................................................................................................................43

Minicurrículo dos autores...............................................................................................................................................45


Introdução

A unidade curricular Comunicação Oral e Escrita visa desenvolver fundamentos técnicos


e científicos relativos à comunicação técnica do profissional por meio oral e escrito, bem como
trabalhar capacidades sociais, organizativas e metodológicas, tendo em vista a atuação do téc-
nico nas situações de trabalho.
Esta unidade compõe, juntamente com Fundamentos da Manufatura de Equipamentos Ele-
troeletrônicos e Técnicas de Manufatura de Equipamentos Eletroeletrônicos, o curso de qualifi-
cação profissional de Montador de Equipamentos Eletrônicos, como mostra a figura a seguir.

QUADRO DE ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

• Fundamentos da Manufatura de Equipamentos Eletroeletrônicos (80 h)

• Comunicação Oral e Escrita (20 h)

• Técnicas de Manufatura de Equipamentos Eletroeletrônicos (60 h)

Montador de Equipamentos Eletrônicos (160 h)

Figura 1 - Estrutura curricular do curso Montador de Equipamentos Eletrônicos


Fonte: SENAI-SP (2013)

Os fundamentos técnicos e científicos que você conhecerá nesta unidade curricular permi-
tirão que você possa:
a) comunicar-se com clareza, oralmente e por escrito;
b) interpretar a norma de gestão ambiental;
c) interpretar normas e procedimentos técnicos;
d) interpretar instruções de trabalho;
e) preencher relatórios e checklists manualmente e em sistemas informatizados;
f ) utilizar linguagem técnica.
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
10

As capacidades sociais, organizativas e metodológicas trabalhadas nesta uni-


dade farão com que você possa:
a) cumprir instruções de trabalho e prazos;
b) demonstrar consciência prevencionista em relação à saúde e à segurança
do trabalho;
c) demonstrar capacidade de organização, de concentração e de atenção a
detalhes;
d) manter-se atualizado quanto às modificações feitas nas instruções de tra-
balho;
e) demonstrar raciocínio lógico;
f ) zelar pela conservação dos equipamentos e componentes;
g) demonstrar habilidade manual;
h) trabalhar em equipe;
i) prever consequências das suas ações profissionais.
Para desenvolver tais fundamentos e capacidades, nosso livro didático está di-
vidido em quatro capítulos, incluindo este primeiro.
No segundo capítulo, abordaremos o processo de comunicação, que envolve
os elementos: emissor, receptor, mensagem, canal, código e referente. Também
estudaremos os níveis de fala, dando especial atenção às linguagens culta e co-
loquial.
No terceiro capítulo, que trata de técnicas de intelecção de textos, veremos
como realizar as análises textual, temática e interpretativa de textos.
Documentação técnica, o assunto do quarto capítulo, trabalha a elaboração
de relatórios e checklists, documentos técnicos que podem ser produzidos pelo
montador de equipamentos eletrônicos.
Bons estudos!
1 INTRODUÇÃO
11

Anotações:
Comunicação

Quase tudo o que você faz desde o momento em que acorda até quando vai dormir é comu-
nicação. Você se comunica ao ler um jornal, ouvir rádio, conversar com o vizinho, ver TV, partici-
par de uma reunião, dirigir seu carro, assistir a uma aula, fazer compras no supermercado, pagar
uma conta no banco ou trabalhar no escritório.
“Comunicar” significa participar alguma coisa, fazer alguém saber, tornar algo comum a vá-
rias pessoas. É um processo essencial para o homem e sem ele seria praticamente impossível
viver em sociedade. Você não acredita? Então tente comprar uma TV ou fazer uma consulta
médica sem se comunicar.
Utilizamos a linguagem para nos comunicar. Por meio dela nos fazemos entender e com-
preendemos a realidade que nos cerca. É principalmente por meio da palavra, escrita ou falada,
que formulamos nossos pensamentos, adquirimos conhecimento e transmitimos informação
a outras pessoas.
Mas, para que a comunicação aconteça de forma eficiente, alguns cuidados devem ser to-
mados.
Em uma conversa, por exemplo, devemos garantir que:
a) a mensagem esteja bem organizada e seja claramente entendida;
b) a palavra falada seja conhecida por quem participa da conversa;
c) o que foi falado seja ouvido com clareza;
d) a informação faça sentido para todos os envolvidos.
Deu para perceber que a comunicação envolve vários elementos, como: uma pessoa que
fala, outra que escuta, algo que é dito em determinada língua e um meio para que a mensagem
flua (por exemplo, o telefone). É importante também que faça sentido o que está sendo dito.
Quando dizemos que houve falha na comunicação, é porque um ou mais desses elementos
não cumpriram corretamente seu papel ao transmitir a informação.
Vamos agora conhecer mais profundamente como se dá a comunicação e qual o papel de
cada um dos seus elementos nesse processo, para que possamos nos comunicar de forma efetiva.
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
14

2.1 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

Os elementos necessários para que ocorra a comunicação estão representa-


dos no quadro a seguir.

Quadro 1 - Elementos do processo de comunicação

ELEMENTO O QUE É?

Emissor Quem emite a mensagem.

Receptor Quem recebe a mensagem.

Mensagem Conteúdo da informação transmitida.

Canal Meio usado para transmitir a mensagem.

Código Palavras, sinais ou gestos utilizados na mensagem.

Referente Contexto, situação e objetos aos quais a mensagem se refere.

Observe na figura a seguir como se dá o processo de comunicação.

MENSAGEM
R RE
O

CE
SS

PTO
EMI

R
REC

OR

PT
SS

I
E

OR
EM
M E N S AG E M
Figura 2 - Esquema do processo de comunicação
Fonte: SENAI-SP (2013)
2 COMUNICAÇÃO
15

Vamos conhecer cada um desses elementos?


O emissor tem a intenção de se comunicar e é ele quem elabora e envia a
mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo, uma empresa ou mesmo o governo
de um país.
O receptor é quem recebe a mensagem. Note que, quanto mais o emissor
conhecer o receptor, maiores as chances de a comunicação ser efetiva. Por isso,
é importante que o emissor tenha algumas informações a respeito do receptor:
a) quais os conhecimentos do receptor em relação ao assunto?
b) qual o nível de linguagem de quem receberá a mensagem?
c) qual o grau de interesse do receptor em relação ao assunto?
O receptor pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoas, ou ainda um animal
ou uma máquina.
É bom reforçar que, no processo de comunicação, receptores e emissores po-
dem inverter os papeis.

Para verificar se o receptor entendeu a sua mensagem,


VOCÊ veja se o comportamento observável dele sofreu algu-
ma mudança. Por exemplo: o motorista parou o carro
SABIA? quando o sinal vermelho acendeu. Isso demonstra que
ele recebeu a mensagem.

A mensagem é o objeto, o objetivo da comunicação. Ela é constituída do con-


teúdo da informação que se quer transmitir.
Outro elemento do processo de comunicação é o canal, que é a maneira utili-
zada pelo emissor para transmitir a mensagem ao receptor. Quando você conversa
com alguém pessoalmente, o canal de comunicação é o ar. Outros exemplos de
canais utilizados são o telefone, o rádio, a televisão, a internet, o telegrama, a carta.
O emissor deve escolher um código conhecido pelo receptor. Por exemplo,
podemos utilizar como código as palavras e regras de combinação entre elas para
falar a língua portuguesa. Veja bem: se o receptor não fala português, a escolha
do código não foi das melhores e a comunicação dificilmente se dará. Isso acon-
tece porque o emissor codificou (utilizou um código) uma mensagem em portu-
guês que o receptor dificilmente conseguirá decodificar (interpretar o código),
uma vez que ele não compreende esse idioma.
O referente é o contexto, isto é, a situação psicológica, social ou histórica em
que a informação é passada.
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
16

Vamos ver os elementos da comunicação contextualizados no exemplo a seguir.

“Bom dia, senhores ouvintes! Aqui é o locutor da sua Rádio Planeta. Infor-
mamos que dentro de mais alguns minutos vamos interromper nossa pro-
gramação para a transmissão do horário eleitoral gratuito.”

Os elementos da comunicação que aparecem nesse exemplo são:


a) emissor: locutor;
b) receptor: ouvintes;
c) mensagem: interrupção da programação para a transmissão do horário
eleitoral;
d) canal: rádio;
e) código: língua portuguesa falada;
f) referente: em época de eleições, o horário eleitoral interrompe a progra-
mação normal das rádios.

Figura 3 - Comunicação do tipo unilateral


Fonte: SENAI-SP (2013)

Leia, agora, este outro exemplo.


— Alô, Sr. Francisco? Aqui é o Jonas.
— Olá, Jonas, quais são as novidades?
— As novidades são boas! Aumente a produção. Fechei um grande contrato!
— Que beleza, Jonas. Você é demais! Vamos ao trabalho, então. Um abraço!
— Até logo, Sr. Francisco!
2 COMUNICAÇÃO
17

Veja, a seguir, quais elementos da comunicação foram usados no diálogo:


a) emissor: Jonas;
b) receptor: Sr. Francisco;
c) mensagem: fechamento de um grande contrato;
d) canal: telefone;
e) código: língua portuguesa falada;
f) referente: notícia dada pelo funcionário a seu superior gera expectativa de
aumento na produção da empresa.

Figura 4 -  Comunicação do tipo bilateral


Fonte: SENAI-SP (2013)

Basicamente, são dois os tipos de comunicação. Quando


você lê uma informação em um cartaz, essa comunica-
VOCÊ ção é chamada unilateral. Por outro lado, em uma con-
SABIA? versa entre amigos, existe uma alternância de papéis.
Ora você é o emissor da mensagem, ora é o receptor.
Esse tipo de comunicação é chamado bilateral.
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
18

CASOS E RELATOS

Primeiro dia de trabalho


Uma empresa fabricante de telefones celulares contratou dez novos mon-
tadores de equipamentos eletrônicos para atuarem na linha de produção.
Para melhor integrar os novos funcionários ao ambiente da fábrica, foi pro-
gramada uma visita em todas as dependências da empresa.
Antes de conhecer a fábrica, os novos colaboradores foram recebidos pelo
gerente, que explicou sobre os riscos e os aspectos relacionados à seguran-
ça em cada setor. Falou, ainda, que em todos os setores existem placas para
indicar a necessidade do uso de equipamentos de segurança, que pode va-
riar de um setor para outro. Assim, os funcionários deveriam estar atentos
às placas. Nesse momento, abriu espaço para que os funcionários fizessem
perguntas, as quais foram todas esclarecidas.
Ao iniciar a visita, quando os novos colaboradores estavam em um setor
onde era obrigatório o uso de óculos de segurança, um funcionário foi re-
preendido pelo agente de segurança: ele não estava utilizando o equipa-
mento obrigatório. O agente lhe mostrou a grande placa que estava afixada
na parede, logo na entrada. Embora a informação estivesse ali, o funcioná-
rio não prestou atenção e descumpriu uma norma importante, colocando
sua própria saúde em risco. Por sorte, não aconteceu um acidente, apenas
o constrangimento da bronca.
Esse relato nos mostra duas coisas: primeiro, a importância da comunicação
bilateral, quando o gerente explicou sobre a segurança e respondeu às per-
guntas dos funcionários. Depois, e não menos importante, a comunicação
unilateral, que, por meio de placas, alertava os funcionários quanto ao uso
de equipamentos de segurança.
2 COMUNICAÇÃO
19

2.2 RUÍDOS

Mesmo tomando todos os cuidados para que a comunicação aconteça, muitas


vezes não conseguimos ser entendidos ou compreender alguém, quando tenta-
mos nos comunicar. Isso acontece porque, durante o processo, podem ocorrer
ruídos que atrapalham a comunicação.
Ruído é qualquer fator que interfere na comunicação, impedindo que haja
transmissão de informação ou dificultando o entendimento da mensagem.
Por exemplo, a voz baixa do emissor em uma conversa muitas vezes é um ruído
na comunicação, porque o receptor pode não entender corretamente a mensagem.
O ruído pode vir:
a) do canal (telefone com chiado);
b) do emissor ou do receptor (falta de atenção dos interlocutores);
c) da mensagem (erros de digitação em um texto do jornal);
d) do código (conversa entre pessoas que não falam a mesma língua).
Podemos diminuir as chances de ocorrerem os ruídos utilizando a redundân-
cia e a realimentação.

2.2.1 REDUNDÂNCIA

A redundância é um recurso utilizado para reduzir o ruído na comunicação


e para dar maior clareza e entendimento à mensagem. Observe que muitas das
palavras utilizadas em um texto não trazem informações novas para o leitor, mas
servem, basicamente, para reforçar a mensagem e diminuir os ruídos.
Veja: eu posso escrever “vamos ao parque amanhã” ou “nós vamos ao parque”.
O emprego do pronome “nós” na segunda situação é uma redundância.
Outros exemplos de redundância são: levantar a voz em uma conversa, utilizar
gestos junto com palavras, usar entonação diferente e frases exageradas, repetir
palavras em um texto escrito.

2.2.2 REALIMENTAÇÃO

A realimentação, também conhecida por feedback, é um conjunto de sinais


que permite saber o resultado da transmissão da mensagem, indicando se foi re-
cebida e compreendida pelo receptor.
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
20

A resposta do receptor pode vir na forma verbal (quando diz “sim, eu entendi”)
ou não verbal (um sinal positivo com a cabeça). Dependendo da resposta do re-
ceptor, o emissor pode refazer a mensagem para melhorar a comunicação. Dessa
maneira, a pessoa interessada em se comunicar bem deve ficar atenta e procurar
obter do receptor o feedback da mensagem.

Para saber mais sobre as características dos elementos de


SAIBA comunicação, indicamos o livro Usos da Linguagem, escrito
por Francis Vanaye e publicado pela Martins Editora, em
MAIS 2007. Você também pode pesquisar outros autores em sites
das grandes livrarias.

2.3 NÍVEIS DE FALA

Quando você fala, deve observar quem é o receptor e as circunstâncias em que


a mensagem se dá. No dia a dia, convivemos com diferentes pessoas e grupos
e, em cada situação, é necessário que se comunique de uma maneira adequada
para ser compreendido.
Em uma conversa com os amigos, você emprega determinadas palavras e ex-
pressões que, provavelmente, não utilizaria falando com um juiz. Com os amigos,
seu nível de linguagem é diferente daquele que você usa quando está participan-
do de uma reunião com seu supervisor.
Você pode perceber claramente que o nível de fala varia de acordo com o con-
texto, o local, a situação e os personagens. Basicamente, a língua falada apresenta
dois níveis: a culta e a coloquial.

2.3.1 LINGUAGEM CULTA

A linguagem culta ou padrão faz uso de um conjunto de regras que regem a


língua e de uma seleção cuidadosa das palavras.
Esse tipo de linguagem segue as normas gramaticais e seu uso é recomendado
em situações formais, como entre profissionais em uma reunião de trabalho, um
professor na sala de aula ou em qualquer situação na qual não haja intimidade
com o receptor.
Observe na figura a seguir um exemplo da linguagem formal utilizada por um
professor em sala de aula.
2 COMUNICAÇÃO
21

hoje iniciaremos uma


nova etapa do curso de
comunicação oral
e escrita

esperamos que vocês


tenham um bom aproveitamento,
pois os conteúdos que abordaremos
serão muito úteis para
o seu desenvolvimento
profissional

Figura 5 - Professor em sala de aula


Fonte: SENAI-SP (2013)

2.2.2 LINGUAGEM COLOQUIAL

A linguagem coloquial, por sua vez, é espontânea e informal. Ela não obede-
ce, necessariamente, às regras da norma culta. É usada no ambiente familiar e
na comunicação entre amigos. Essa forma de linguagem, também chamada de
popular, é empregada ainda em propagandas e programas de TV e rádio, com a
intenção de aproximar-se do receptor.
Observe na figura a seguir um exemplo da linguagem coloquial utilizada por
um amigo conversando no bar.

SABE, MEU AMIGO,


A VIDA NÃO ESTÁ NADA FÁCIL.
AINDA ONTEM FUI AO
SUPERMERCADO COM A PATROA.
MENINO, OS PREÇOS ESTÃO
PELA HORA DA MORTE.
NÃO ENCHI O CARRINHO E O
SALÁRIO JÁ TINHA IDO
QUASE TODO. ASSIM NÃO DÁ!
VOU TER DE FAZER HORA
EXTRA OU ARRANJAR
OUTRO EMPREGO.
OU... COMER MENOS.

Figura 6 - Amigos conversando em um bar


Fonte: SENAI-SP (2013)
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
22

Agora pense: quais desses níveis de fala você mais utiliza no seu dia a dia? Como
montador de equipamentos eletrônicos, qual será a mais usada no seu trabalho?

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você viu que a comunicação ocorre a todo instante e, para
isso, alguns elementos são necessários: emissor, receptor, mensagem, ca-
nal, código e referente.
Vimos que, se não forem tomados alguns cuidados, o ruído na comunica-
ção pode fazer com que os interlocutores não se entendam.
Estudamos também as duas formas de expressão: a linguagem culta e a
linguagem coloquial.
No próximo capítulo, você terá a oportunidade de conhecer as técnicas de
intelecção de texto, pois elas auxiliarão você a ler e compreender textos
adequadamente.
2 COMUNICAÇÃO
23

Anotações:
Técnicas de intelecção de texto

Leia o trecho a seguir.

Os problemas de um país devem ser resolvidos pelo seu povo. O povo pre-
cisa de educação e trabalho. Esse tem de ser garantido pelo governo. O go-
verno precisa saber que, nas próximas eleições, será julgado pelos eleitores.
Um povo educado tem trabalho.

Foi difícil entender o texto acima? A grande maioria das pessoas teria dificuldade, pois o tex-
to foi construído de forma pouco adequada e, por isso, não conseguimos saber do que se trata.
Pois é justamente disso que vamos falar agora: de como ir além do entendimento das pa-
lavras e das frases, buscando saber qual o assunto do texto e qual a opinião do autor sobre o
assunto.
Para tanto, vamos utilizar as seguintes técnicas: a análise textual, a análise temática e a aná-
lise interpretativa.
A análise textual trata justamente da maneira como um texto é estruturado, de sua forma. Já
a análise temática está relacionada ao assunto, às ideias expressas no texto. Por último, temos a
análise interpretativa, que estuda a sua opinião a respeito das ideias do autor.
Não é necessário dizer quais podem ser as consequências se fizermos uma leitura equivoca-
da de, por exemplo, um contrato de compra e venda de uma casa, não é?
Então, vamos aprender a ler, observando algumas regras de intelecção de texto.
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
26

3.1 IMPORTÂNCIA DAS REGRAS DE INTELECÇÃO DE TEXTOS

A todo momento e nas mais diversas situações do nosso dia a dia, estamos
diante de palavras escritas que precisam ser corretamente interpretadas. Esses
textos podem ser veiculados nos mais diferentes canais de comunicação: livros,
jornais, revistas, leis, bulas de remédio, catálogos de produto, manuais de proce-
dimento, entre outros.
As técnicas de intelecção nos ajudam a interpretar corretamente o significado do
texto de outros autores. As análises textual, temática e interpretativa são, também,
de grande utilidade para nos ajudar a escrever nossos próprios textos, conseguindo
assim maior grau de clareza e objetividade naquilo que queremos transmitir.
Você, com certeza, deve conhecer algum caso no qual a falta de objetividade
tenha gerado grande confusão, não é? Veja a seguir um desses casos.

CASOS E RELATOS

Não entendeu? Então, pergunte!


A rotina de trabalho de um montador de equipamentos eletrônicos possui
documentos que descrevem, em detalhes, o procedimento de montagem
do equipamento que ele montará.
Quando um funcionário não entende o que está escrito nesse documento,
pode montar alguma coisa errada ou mesmo não saber como executar o
procedimento. Por isso, é muito importante compreender o que está escrito.
Certa vez, Wilson, lendo um trecho do documento de procedimento de
rotina de trabalho, teve dúvida sobre como realizar a montagem da placa
principal do televisor, já que se tratava de um modelo novo, que a fábrica
havia lançado recentemente. Sentindo-se constrangido por não compreen-
der o procedimento, montou a placa da forma que achava correta. No final
do turno, vários televisores precisaram retornar à linha de montagem, pois
a tampa não encaixava. Isso aconteceu devido ao erro de montagem da
placa principal.
Ao explicar o ocorrido ao encarregado da linha de montagem, recebeu a
seguinte orientação: é muito importante saber interpretar o manual que
descreve o procedimento de montagem, pois o seu trabalho depende dis-
so. Mas saiba que, às vezes, podemos ter algumas dúvidas.
3 TÉCNICAS DE INTELECÇÃO DE TEXTO
27

O que se espera, porém, é que sempre que tiver alguma dúvida, pergunte
a alguém mais experiente. Assim, você aprende como fazer e, ao mesmo
tempo, evita problemas na linha de montagem.

Para melhor compreender o conteúdo dos documentos utilizados no seu tra-


balho, você pode fazer uso das técnicas de intelecção de texto. O primeiro pro-
cedimento é delimitar a extensão do texto que vai ser analisado, ou seja, você
deve escolher uma unidade de leitura para trabalhar. Essa unidade pode ser um
capítulo, uma seção do livro ou qualquer trecho que tenha sentido, isto é, que
traga uma ideia completa.
Então, está preparado para iniciar as análises? Vamos lá!

Quem lê corretamente, escreve corretamente! De fato, o


bom leitor é aquele que sabe analisar o que está lendo,
VOCÊ buscando entender o motivo de o autor ter escrito da-
SABIA? quela maneira. Assim, o leitor utiliza esse conhecimento
quando for escrever e tem grande chance de produzir
bons textos.

3.2 ANÁLISE TEXTUAL

Definida a unidade de leitura a ser trabalhada, passamos à análise textual, que


é a leitura preliminar do texto para ter uma ideia de como o autor se expressa
na escrita para dizer o que pensa.
Durante a leitura, assinale todas as passagens que geraram alguma dúvida e
que você não compreendeu completamente. Nessa hora, você pode pesquisar
sobre o autor do texto para saber: quais livros escreveu, o que pensa sobre outros
assuntos, onde trabalha, qual a formação, onde nasceu, entre outras informações.
Outra questão tratada na análise textual está relacionada ao vocabulário em-
pregado. Normalmente, textos técnicos e científicos trazem relatos de fatos histó-
ricos, teorias, objetos e citações de autores nem sempre conhecidos por você. Por
isso, qualquer palavra, termo ou conceito desconhecido deve ser assinalado para,
posteriormente, ser pesquisado.
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
28

Figura 7 -  Análise textual é uma leitura preliminar do texto


Fonte: SENAI-SP (2013)

Citações são textos de outros autores usados para dar au-


toridade ao texto que está sendo produzido. Elas podem ser
diretas ou indiretas.

SAIBA Citação direta: transcrição ou cópia de um trecho que man-


tém exatamente as mesmas palavras do autor consultado.
MAIS Deve estar entre aspas duplas.
Citação indireta: reescritura das ideias de um autor com
suas próprias palavras, demonstrando que o texto foi lido e
compreendido.

Agora, é hora de buscar respostas às dúvidas que você teve ao ler a unidade
de leitura selecionada. Você pode encontrar esclarecimentos em dicionários, en-
ciclopédias, revistas técnicas, monografias, obras de referência, sites na internet,
obras do autor da unidade escolhida ou de outros autores.
Para completar a análise textual, faça um esquema da unidade de leitura que
indique o que foi abordado na introdução, no desenvolvimento e na conclusão.
Lembre-se de que toda unidade de leitura tem esses três tópicos.
Terminada a leitura preliminar, vamos iniciar a análise temática do texto.
3 TÉCNICAS DE INTELECÇÃO DE TEXTO
29

3.3 ANÁLISE TEMÁTICA

A análise temática do texto é realizada para descobrir o significado da men-


sagem que o autor quer transmitir. É nela que você vai buscar apreender a ideia
principal do texto e, também, descobrir o que motivou o autor a escrever e alcan-
çar a essência do texto. Mas, antes de iniciar essa análise, leia cada parágrafo sepa-
radamente e tente identificar a ideia central. A leitura realizada dessa forma é mais
lenta, mas permite organizar, aos poucos, os elementos mais importantes do texto.
Na análise temática, você faz algumas perguntas ao texto, buscando a com-
preensão global do conteúdo da mensagem na unidade de leitura.
Para tanto, você pode perguntar: o texto fala sobre o quê? A resposta vai
indicar qual é o assunto tratado na unidade. Lembre-se de que o título, se bem
elaborado, pode trazer uma pista sobre o assunto.

Figura 8 - Análise temática procura identificar o significado da mensagem do texto


Fonte: SENAI-SP (2013)

Outra questão que você deve levantar é: o que o autor está tentando res-
ponder? Toda mensagem traz, necessariamente, uma resposta do autor a um
problema colocado, que é o objetivo de ele ter escrito tal texto.
Respondida a essa questão, descobrimos qual o problema que o autor preten-
deu tratar. A forma adotada para responder indica o seu posicionamento perante
a situação problematizada, revelando a ideia central da unidade de leitura. Em um
texto técnico ou científico, a ideia central normalmente se encontra na introdução.
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
30

Uma última pergunta que se faz ao texto é se existem outros assuntos tra-
tados na unidade de leitura. Esses assuntos secundários complementam o racio-
cínio do autor, mas não são necessários à ideia central, podendo ser retirados do
texto sem prejuízo ao entendimento.
De posse de todas as respostas que a análise temática fez ao texto, você tem
condições de fazer um resumo da unidade de leitura, isto é, uma síntese das ideias
do autor.

3.4 ANÁLISE INTERPRETATIVA

A análise interpretativa é a última fase da intelecção de textos e também é a


mais complexa.
É nessa fase que você apresenta a sua posição a respeito das ideias do texto.
Para tanto, é necessário analisar os argumentos do autor, confrontando-os com
os seus conhecimentos prévios e com o que outros autores escreveram sobre o
mesmo tema.

Você sabe
o que penso sobre
este texto?

Figura 9 - Análise interpretativa expõe a sua opinião sobre o texto


Fonte: SENAI-SP (2013)
3 TÉCNICAS DE INTELECÇÃO DE TEXTO
31

Um cuidado deve ser tomado para que sua análise seja realmente uma refle-
xão crítica das ideias apresentadas no texto: é importante situá-lo no contexto da
vida e da obra do autor, no período em que foi escrito, bem como no contexto
de outros textos. Um texto escrito no final do século passado deve ser analisado
observando-se a cultura e os valores daquela época.
Para fazer a análise interpretativa, é necessário ainda identificar as teorias de
que o autor se valeu para embasar seus argumentos. Outro ponto importante é se
ele foi original e profundo no tratamento do tema.
A análise interpretativa se encerra com um texto crítico, quando você faz um
juízo pessoal das ideias defendidas pelo autor.

SAIBA O livro Metodologia do Trabalho Científico, de Antônio Joa-


quim Severino, traz informações mais aprofundadas sobre as
MAIS técnicas de intelecção de texto. Não deixe de consultá-lo.
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
32

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você viu para que serve e qual é a importância da intelecção
de texto.
Vimos também que são três as etapas de intelecção de texto: análise tex-
tual, análise temática e análise interpretativa.
Veja a seguir um resumo para relembrar os pontos mais importantes a se-
rem considerados em cada tipo de análise.
Análise textual
• Faça uma leitura rápida para ter uma ideia geral do texto.
• Anote os pontos que necessitam de esclarecimento.
• Se encontrar palavras desconhecidas, busque o significado.
• Procure informações sobre autor, fatos históricos e autores citados no texto.
• Para facilitar a análise, tenha acesso a dicionários e enciclopédias.
• Leia cada parágrafo separadamente e identifique a ideia central.
• Faça uma esquematização da unidade de leitura.
Análise temática
• Identifique a ideia central de cada parágrafo.
• Identifique o tema do texto.
• Analise a que pergunta o autor está procurando responder.
• Verifique qual é a ideia principal do texto.
• Analise se existem ideias secundárias, que complementam a ideia principal.
• Avalie se os argumentos do autor são convincentes.
• Faça um resumo da unidade de leitura.
Análise interpretativa
• Veja se o texto tem coerência interna.
• Analise a profundidade no tratamento do tema, e também a validade e
a relevância da argumentação.
• Elabore um texto crítico a respeito do que você leu.
3 TÉCNICAS DE INTELECÇÃO DE TEXTO
33

Anotações:
Documentação técnica

Clareza, coerência, objetividade, ordenação lógica, correção gramatical. Essas são algumas
características de todo bom texto.
Com a documentação técnica, não é diferente. Se você precisar escrever um relatório, por
exemplo, vai ter de levar essas características em consideração. É por isso que vamos estudar
cada uma delas em detalhe. Antes, vamos explicar o que é documentação técnica. Acompanhe!
A documentação técnica é um texto preparado para tratar de assuntos ou fatos técnicos ou
científicos. Podemos citar como tipos de documentação técnica: relatórios, normas, instruções,
checklists, pareceres técnicos.
Neste capítulo, vamos nos ater ao relatório técnico e ao checklist, pois, como montador de
equipamentos eletrônicos, você pode vir a utilizar esses dois documentos na sua rotina profis-
sional. Por isso, estude bem o conteúdo deste capítulo.
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
36

4.1 CARACTERÍSTICAS DO TEXTO TÉCNICO

Os documentos técnicos possuem algumas características comuns. Veja a se-


guir quais são elas.

Clareza

A falta de clareza é o que impede o entendimento do texto em uma primei-


ra leitura. É necessário ler o texto várias vezes para entender o que o autor está
propondo. Podemos garantir a clareza do texto com alguns recursos bem simples.
Observe.
a) Construa fases na ordem direta (A solda (sujeito) está (verbo) em boas con-
dições (complemento).
b) Apresente as informações em uma sequência lógica.
c) Indique cada procedimento em um parágrafo distinto.

Foco no leitor

Saber quem vai ler o relatório é importante para que possamos definir os ter-
mos empregados. Antes de iniciar a redação do seu texto, procure responder às
questões seguintes.
a) O leitor conhece o assunto?
b) O documento será lido pelos funcionários ou pelos diretores da empresa?
c) O documento é para o público externo pertencente a uma categoria pro-
fissional específica?
Após responder a essas questões, você pode selecionar as informações e iden-
tificar a melhor maneira de transmiti-las.

Formalidade

Para escrever um texto técnico, não utilizamos linguagem coloquial e, muito


menos, gíria. Ao contrário, esse tipo de texto é elaborado de acordo com norma
culta da língua, que você já estudou no capítulo 2. É claro que isso não quer dizer
escrever de maneira complicada. Apesar de exigir formalidade, você deve expres-
sar suas ideias com palavras conhecidas do público leitor.
4 DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA
37

Impessoalidade

O texto técnico tem como característica certo distanciamento entre o autor e


o leitor, não admitindo subjetividade. Portanto, evite utilizar expressões como “eu
acredito que o processo...” e adote expressões como “entende-se que o pro-
cesso...”.

Objetividade

O texto técnico deve transmitir, sem rodeios, de uma forma direta e clara, os
fatos e os dados que o leitor precisa saber para chegar a uma conclusão. Utilizar
fotos, gráficos e tabelas é também uma forma de ser objetivo. A organização des-
sas informações de maneira lógica e ordenada é importante para o entendimento
do conteúdo.
Veremos a seguir algumas características mais específicas dos relatórios técni-
cos e dos checklists.

4.2 RELATÓRIO TÉCNICO

O relatório técnico é um tipo de documentação que serve, principalmente,


para informar, ensinar, orientar, relatar (daí o seu nome). Um relatório é a descri-
ção feita a partir de um fato, um acontecimento ou um fenômeno. Redigir esse
tipo de documento é uma atividade que deve ser feita com muita atenção.
O quê? Por quê? Quem? Onde? Quando? Como? Quanto? Quais as consequên-
cias? Algumas ou todas essas perguntas devem ser respondidas por um relatório
técnico bem elaborado. Mas, o mais importante é que um relatório deve, obriga-
toriamente, fazer com que o leitor chegue a uma conclusão.
Para elaborar um relatório, é muito importante que as informações sejam bem
preparadas: desde o planejamento do texto à escolha de gráficos e tabelas. Em
alguns casos, também é necessário indicar a bibliografia utilizada.
O relatório é um documento utilizado pela administração de uma indústria
para acompanhar atividades desenvolvidas nos diversos setores, por exemplo. Ele
serve ainda para relatar a sequência de fatos relacionados a um evento específico,
como a inspeção de uma caldeira em uma fábrica de eletrodomésticos, ou ainda
para relatar o resultado de uma pesquisa de satisfação feita entre os funcionários
de uma empresa. O relatório ainda pode ser utilizado para detalhar as etapas de
um procedimento ou o funcionamento de um experimento ou de uma máquina.
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
38

É muito importante que o relatório traga a exposição de fatos em ordem


cronológica, bem como o detalhamento das atividades verificadas. Sempre que
possível, deve ser breve.

CASOS E RELATOS

Informações preciosas
Sílvia era responsável pela última parte do processo de montagem de uma li-
nha de produção de centrais de alarme. Seu trabalho era realizar os testes de
funcionamento e preencher a documentação para registrar os resultados do
teste: no caso, ela devia indicar se o equipamento estava ou não aprovado.
Certo dia, algumas centrais começaram a apresentar problemas. Além de
indicar nos documentos de teste que o equipamento estava reprovado,
Sílvia elaborava um descritivo detalhado sobre os problemas que tinha ob-
servado e os motivos que levaram à rejeição. A maioria dos montadores
se limitava a indicar o problema, sem escrever os detalhes. Sílvia ia muito
além, já que seus relatos eram detalhados, claros e objetivos.
Graças ao trabalho de Sílvia, a empresa pode identificar a causa do pro-
blema, que estava relacionado com um lote de componentes defeituosos.
Sem as descrições precisas sobre os problemas encontrados nos testes, a
empresa levaria muito mais tempo para descobrir as causas. Pelo empenho,
Silvia foi eleita funcionária do mês e recebeu um prêmio em reconhecimen-
to ao seu trabalho.
Esse breve relato nos mostra uma situação na qual as boas práticas de escri-
ta podem ajudar a solucionar grandes problemas. 

4.3 CHECKLIST

O checklist, também denominado folha de verificação, é um documento muito


utilizado em linhas de produção – no nosso caso, em linhas de montagem de
equipamentos eletrônicos.
Trata-se de um formulário que contém itens que devem ser verificados para
que se avalie a conformidade de um processo ou um produto. Os aspectos a se-
rem verificados devem ser fundamentados em critérios que atestem que o produ-
to foi fabricado de acordo com o projeto estabelecido.
4 DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA
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Muitas vezes, o checklist também tem um campo no qual se indica se o produ-


to ou processo está aprovado ou não.
Apresentamos a seguir um exemplo de checklist utilizado para verificação da
montagem de um semáforo. Este não é um documento-padrão; cada empresa
define o modelo mais adequado às suas necessidades.

CHECK LIST DE TESTES E AJUSTES DE VALIDAÇÃO – SEMÁFORO S3250


Número de série:___________________________________ Versão do programa:_____________
Responsável pelo teste:_____________________________ Data:___________________________

☐ APROVADO ☐ REPROVADO

AP RP
☐ ☐ Polaridade dos capacitores
Inspeção visual

☐ ☐ Posição dos LEDs de acordo com as cores e polaridade


☐ ☐ Montagem dos circuitos integrados
☐ ☐ Qualidade das soldas
☐ ☐ Contraste LCD
☐ ☐ Chave menu – CH2
☐ ☐ Chave menu – CH3
☐ ☐ Chave menu valores – CH4
☐ ☐ Chave menu valores – CH5
☐ ☐ Chave reset – CH1
☐ ☐ Acendimento de todas as luzes do semáforo
☐ ☐ Modo piscante – 2 fases
☐ ☐ Modo piscante – 3 fases
Testes funcionais

☐ ☐ Semáforo 2 fases:
☐ ☐ Fase1 - Tempo verde programado______ Tempo verde aferido______
☐ ☐ Fase1 - Atraso programado______ Atraso aferido______
☐ ☐ Fase2 - Tempo verde programado______ Tempo verde aferido______
☐ ☐ Fase2 - Atraso programado______ Atraso aferido______
☐ ☐ Semáforo 3 fases:
☐ ☐ Fase1 - Tempo verde programado______ Tempo verde aferido______
☐ ☐ Fase1 - Atraso programado______ Atraso aferido______
☐ ☐ Fase2 - Tempo verde programado______ Tempo verde aferido______
☐ ☐ Fase2 - Atraso programado______ Atraso aferido______
☐ ☐ Fase3 - Tempo verde programado______ Tempo verde aferido______
☐ ☐ Fase3 - Atraso programado______ Atraso aferido______
☐ ☐ Ajuste resistência VL/VW - 2,5kΩ +/- 5% Valor ajustado______
Ajustes

☐ ☐ Ajuste tensão PT11 – 1,5VDC +/- 10% Valor ajustado______


☐ ☐ Ajuste frequência PT6 – 1kHz +/- 5% Valor ajustado______

AP = APROVADO RP = REPROVADO

OBSERVAÇÕES

Figura 10 -  Exemplo de checklist


Fonte: SENAI-SP (2013)
COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
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Nesse exemplo, cabe ao montador que está realizando a validação da mon-


tagem do semáforo ler atentamente cada item e assinalar com X se o item está
aprovado ou reprovado, especificando valores, quando necessário. Há também
um campo para observações, no qual o avaliador deve informar, com objetivi-
dade e clareza, possíveis ocorrências relevantes que não constem dos itens, por
exemplo, a presença de ruído estranho durante o funcionamento do semáforo.
Você, como montador de equipamentos eletrônicos, certamente irá se depa-
rar com documentos como o relatório técnico e o checklist. Por isso, é importante
saber como preenchê-los corretamente. Acompanhe.

4.4 PREENCHIMENTO DE DOCUMENTOS

Os documentos técnicos podem ser preenchidos manual ou eletronicamente.


O preenchimento eletrônico é feito por intermédio do computador, com uso
de aplicativos ou sistemas informatizados.
Os relatórios técnicos são normalmente redigidos utilizando-se um programa
chamado de editor de texto. Entre os disponíveis no mercado, o mais conheci-
do é o Word, da Microsoft. A apresentação de relatórios em arquivos digitais é
preferida atualmente, pois os recursos existentes nos aplicativos permitem uma
apresentação mais adequada tanto pela formatação quanto pela legibilidade (fa-
cilidade na leitura).
No caso do checklist, normalmente o preenchimento é feito à mão quando
realizado na linha de montagem. Porém, esse tipo de documento também pode
ser preenchido eletronicamente, por meio de aplicativos (Word ou Excel, ambos
da Microsoft) ou de sistemas informatizados.
4 DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA
41

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu que existem diversos tipos de documentos


técnicos e que o tipo de texto desses documentos deve ter as característi-
cas seguintes.
• Ser impessoal nas informações.
• Ser objetivo.
• Usar vocabulário técnico e linguagem-padrão.
• Fornecer informações exatas.
• Ilustrar dados, quando necessário, com gráficos, mapas, fotos, dese-
nhos ou tabelas.
• Levar o leitor a uma conclusão.
Vimos também algumas características do relatório e do checklist. Estes são
documentos técnicos que você pode utilizar no seu dia a dia como monta-
dor de equipamentos eletrônicos.
Concluímos aqui este livro. Esperamos que os conteúdos abordados sejam
úteis no exercício de suas atividades profissionais, pois, como você já deve
ter ouvido falar, no atual mundo do trabalho comunicar-se bem pode ser
um diferencial no momento da contratação ou de uma promoção.
REFERÊNCIAS

CAMPEDELLI, Samira Yousseff; SOUZA, Jésus Barbosa de. Produção de textos e usos da
linguagem. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. 288 p.
GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. 3. ed. São Paulo: Scipione, 1996. 173 p.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2009. 1.986 p.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL DE SÃO PAULO. Comunicação oral e escrita.
São Paulo: SENAI SP, 2007. 93 p.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. 7. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1987. 243 p.
VIANA, Antonio Carlos (Org.) et al. Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo:
Scipione, 1998. 151 p.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES

Carlos José Pereira Ferreira é técnico em Eletrônica e tecnólogo em Elétrica, com pós-graduação
em Administração de Marketing e em Educação a Distância. Atuou como técnico em Eletrônica
na Xerox durante seis anos e também foi supervisor técnico interino durante um ano na mesma
empresa. Na Kria Tecnologia, desenvolveu integração de equipamentos eletroeletrônicos e
softwares de gestão e controle, visando à comunicação da área de automação comercial com a
área de automação industrial e também à comunicação de equipamentos de inteligência para
rodovias (ITS) com softwares de operação e gestão das informações disponibilizadas por esses
equipamentos. Desde 2011, atua como docente na área de Eletrônica no SENAI SP. Atualmente
integra a equipe de Eletroeletrônica no desenvolvimento de cursos do Programa Nacional de
Oferta de Educação Profissional a Distância (PN- EAD) do SENAI DN.

Silvio Geraldo Furlani Audi é jornalista. Trabalhou em emissoras de rádio e em editoras de livros
e revistas. Desde 1990, atua como especialista em Educação Profissional no SENAI SP, elaborando
materiais didáticos para cursos presenciais e a distância. Ministra treinamento de produção de
recursos didáticos para docentes dessa rede em São Paulo e nos departamentos regionais. Foi tutor
no Programa SENAI de Capacitação nas Metodologias de Formação com Base em Competências.
Faz parte da Comissão Especial de Propriedade Intelectual do DR-SP.
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SÃO PAULO

Walter Vicioni Gonçalves


Diretor Regional

Ricardo Figueiredo Terra


Diretor Técnico

João Ricardo Santa Rosa


Gerente de Educação

Airton Almeida de Moraes


Supervisão de Educação a Distância

Cláudia Benages Alcântara


Henrique Tavares de Oliveira Filho
Márcia Sarraf Mercadante
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros

Silvio Geraldo Furlani Audi


Carlos José Pereira Ferreira (Exemplos técnicos e Casos e relatos)
Elaboração

Kelly Cristina Marques


Revisão Técnica

Rosângela de Abreu Amadei Duarte


Design Educacional

Alexandre Suga Benites


Juliana Rumi Fujishima
Ilustrações e Tratamento de imagens
Delinea Tecnologia Educacional
Editoração

Fabrícia Eugênia de Souza


Laís Gonçalves Natalino
Tiago Costa Pereira
Revisão Ortográfica e Gramatical

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Laura Martins Rodrigues
Cassiana Mendonça Pottmaier
Diagramação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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