1) O texto discute o problema teológico do homem em relação a Deus como fundamento último da vida humana.
2) A religação é definida como uma dimensão constitutiva da pessoa humana através da qual o homem se apodera do poder do real que o transcende.
3) A religião surge como uma forma plasmada da religação no indivíduo, sociedade e história, enquanto o cristianismo é uma forma específica de religação através da qual o homem se torna real em Deus de forma deiforme
1) O texto discute o problema teológico do homem em relação a Deus como fundamento último da vida humana.
2) A religação é definida como uma dimensão constitutiva da pessoa humana através da qual o homem se apodera do poder do real que o transcende.
3) A religião surge como uma forma plasmada da religação no indivíduo, sociedade e história, enquanto o cristianismo é uma forma específica de religação através da qual o homem se torna real em Deus de forma deiforme
1) O texto discute o problema teológico do homem em relação a Deus como fundamento último da vida humana.
2) A religação é definida como uma dimensão constitutiva da pessoa humana através da qual o homem se apodera do poder do real que o transcende.
3) A religião surge como uma forma plasmada da religação no indivíduo, sociedade e história, enquanto o cristianismo é uma forma específica de religação através da qual o homem se torna real em Deus de forma deiforme
Em princípio, refletir acerca do problema teologal do homem quanto à
dimensão da vida humana como fundamento último que é Deus, nos remete a pensar não somente em Deus como mais um tema, mas pensar o problema de Deus para o homem da atualidade com suas diferenças e problematizações. “O homem atual, pois, seja ateu ou teísta, tem a pretensão de não ter em sua realidade de vida um problema de Deus” (p. 13). “Para o ateu não só não existe Deus como também nem sequer existe um problema de Deus” (p. 13). “O teísta acredita em Deus, mas não vivencia Deus como problema” (p. 13).
Por conseguinte, falar do problema de Deus em virtude do homem está
fortemente voltado para respostas que surjam da crença e/ou da razão que envolve a intelectualidade do homem. Em vista disso, “a raiz última desta justificação intelectiva do que seja ou não seja Deus se encontra forçosamente no descobrimento do problema de Deus no homem” (p. 14). Para tanto, “o problema de Deus, enquanto problema, é “ao mesmo tempo” um encontro mais ou menos preciso com a realidade ou com a irrealidade de Deus. Esta direção de pensamento é o que expressa o título “Problema teologal do homem” (p. 14).
“Dessa forma, o problema teologal do homem se divide em três partes:
religação, religião e “deiformação”, que constituem três problemas: Deus, religião, Cristianismo” (p. 20). De tal forma que, “o que aqui buscamos é uma análise dos fatos, uma análise da realidade humana enquanto tal, tomada em e por si mesma” (p. 14). Tendo em vista que, “a dimensão teologal é, assim, um momento constitutivo da realidade humana, um momento estrutural dela” (p. 14), pois “o homem é uma realidade não feita de uma vez por todas, mas uma realidade que tem que ir realizando-se em um sentido muito preciso” (p.15). Ao posso que, “em cada ação que o homem executa se configura uma forma de realidade. Realizar-se é adotar 1 Resumo. AP2. 15/11/2021. 2 Aluno do curso de Bacharelado em Filosofia FCF. Disciplina Introdução ao Pensamento Teológico, ministrada pelo Prof. Dr. Pe. Júnior Aquino. uma figura de realidade. E o homem se realiza vivendo com as coisas, com os demais homens e consigo mesmo” (p. 15).
Diante disso, “o homem só pode realizar-se possuído pelo poder do real. E a
esta tomada de posse é o que se tem chamado de religação” (p. 15), cujo aspecto característico constitutivo do homem, enquanto pessoa está voltado para realidade que não se realiza por si mesma, mas por suas peculiaridades mediante o homem que tem e é realidade, ou seja “a religação é uma dimensão constitutiva da pessoa humana. A religação não é uma teoria, mas sim um fato inegável. Portanto, como pessoa o homem está constitutivamente diante do poder do real, isto é, com a dimensão última do real” (p. 15).
Sob o mesmo ponto de vista, “o homem encontra Deus ao realizar-se
religadamente como pessoa. [...]. Por isso, dizer que Deus é transcendente não significa dizer que Deus é transcendente “às” coisas, mas sim que Deus é transcendente “nas” coisas. [...]” (p. 17). Assim, o apoderar-se do homem através do real que traz em si o poder, torna-se uma conquista da pessoa humana enquanto apoderada por Deus. Logo, “o apoderar-se pelo poder do real acontece na forma experiencial. A religação é, pois, uma marcha experiencial para o fundamento do poder do real” (p. 17-18). Tendo em vista que, “a marcha real e física para Deus não é somente uma intelecção verdadeira, mas é uma realização experiencial da própria realidade humana em Deus” (p. 18), pois “a intelecção é o momento de esclarecimento da marcha real e física na qual o homem está marchando pelo poder do real” (p. 16).
Nesse sentido, “a experiência do fundamento do poder do real é uma
averiguação individual, mas também e “no mesmo sentido” uma averiguação social e histórica. Daí que o próprio fundamento do poder do real pertence, de uma ou de outra forma, à pessoa mesma: ser pessoa é ser “figura” desse fundamento, e sê-lo experiencialmente” (p. 18). Com isso, essa forma plasmada de religação que surge do individual, do social e do histórico resulta concretamente “do apoderar-se do poder do real na religação” (p. 19), que podemos associar a religião sob o ponto de vista mais amplo de seu significado e sentido, cuja perspectiva parte da concretude de ver Deus, o homem e o mundo a partir da experiência inserida na religião no que tange à sua história. “Portanto, penso que a história das religiões é a experiência teologal da humanidade tanto individual como social e histórica, acerca da verdade última do poder do real, de Deus” (p. 19).
Dessa maneira, “o Cristianismo é religião e, portanto, uma plasmação da
religação, uma forma como o poder do real e, portanto, seu fundamento, Deus, se apodera (no indivíduo, na sociedade e na história) experiencialmente do homem” (p. 19). A partir disso, podemos perceber sob a perspectiva do cristianismo nesse ser, que se torna real em Deus várias formas de apoderar-se, no que concerne à perspectiva que a religação nos aponta sob modos e dimensões. Visto que, “a forma de ser humanamente Deus é sê-lo “deiformemente”. O homem é uma projeção formal da própria realidade divina; é uma maneira finita de ser Deus. [...] Deus é transcendência “na” pessoa humana, sendo esta “deiformemente” Deus. Portanto, realizar-se como pessoa é realizar-se pelo modo de se apoderar-se “deiformemente” do real. O apoderar-se mesmo é o acontecer da “deiformação” (p. 19).
Assim, fica perceptível que o cristianismo é por essência um ato de
deiformidade sob o aspecto de uma experiência teologal que nos aponta o caminho de uma religião que prega a verdade em sua radicalidade, a partir de seu próprio testemunho com abrangência às outras religiões dentro de uma formalidade fundamentada no fim último que é Deus.
Portanto, o problema teologal do homem não se reduz somente ao aspecto
de fé, mas a uma justificativa racional com o intuito de obter respostas acerca do problema último em seu fundamento, problema esse, de nossos tempos envoltos na dimensionalidade da vida humana como fundamento último que é Deus, pois Deus não é opção, mas a fé é opcional. Por isso, “o problema de Deus, enquanto problema, não é um problema qualquer, arbitrariamente colocado pela curiosidade humana, mas é a realidade humana mesma em sua problematicidade constitutiva” (p. 15). Enfim, o homem faz a vida com as coisas fundamentadas na possibilidade e impelidos pela realidade, sendo des-ligado de tudo e re-ligado á realidade.