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Igreja Evangélica Assembleia de Deus Missões de Santa Rita do Sapucaí – Minas Gerais
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SPROUL, R. C. O que é Teologia Reformada. Tradução de Helen Hope Gordon. São Paulo:
Cultura Cristã, 2009.
Robert Charles Sproul, nasceu no dia 13 de fevereiro de 1939, na cidade de Pittsburgh, estado
da Pensilvânia, nos Estados Unidos da América. Sproul, foi fundador do Ligonier Ministries e
autor de várias obras que são referência para a cristandade reformada em todo o mundo. De
todo riquíssimo material produzido por Sproul, podemos destacar, “A Santidade de Deus”
(1985), obra em que o autor aborda a santidade de Deus, sua grandeza, majestade e glória, a
obra “Eleitos de Deus” (1986), uma apologia à doutrina da predestinação e soberania de Deus,
e claro, um dos trabalhos mais relevantes do autor, a edição geral da Nova Bíblia de Estudos
de Genebra (1995), material que conta com um vasto arcabouço de notas teológicas, artigos e
comentários bíblicos na perspectiva do cristianismo reformado. Sproul faleceu aos 78 anos, no
dia 14 de dezembro de 2017.
Introdução
O objetivo do autor, é de, de maneira sucinta, responder à pergunta que dá nome à obra, “O
que é Teologia Reformada?”. Ele esclarece, que tal material “[...] não é uma exposição
compreensiva […]” (p.5), mas um resumo das principais matérias que compõem a teologia
reformada, ou seja, como ele mesmo diz, sua "essência".
Ainda na introdução, o autor faz uso de um recurso comparativo, fazendo distinção entre o
estudo da religião (antropocêntrico) e o estudo da teologia (teocêntrico). O primeiro,
relacionado ao “[...] comportamento humano, seja sobre a rubrica da antropologia, sociologia
ou psicologia.” (p.7), ao passo que, o segundo tem como objetivo o “[...] estudo de Deus.”
(Ibid.). Ele resume essa distinção entre uma coisa e a outra, da seguinte forma: “O assunto de
teologia em si é Deus; o assunto de religião é o homem.” (Ibid. grifo do autor). Para o autor
acreditar que religião e teologia são a mesma coisa é um erro.
Outrossim, o autor esclarece que o estudo da teologia, possui, como elemento essencial, ou
fonte primária de referência, o estudo da Bíblia. Sobre a Bíblia, ele afirma que:
Sendo a Bíblia, portanto, recebida como verdade revelada pelo Cristianismo, o estudo
teológico, se distingue em absoluto do estudo da religião, este último, sujeito ao método
empírico-científico. Obviamente, ele destaca que a igreja reconhece que as Escrituras foram
escritas e compostas por autores humanos, mas que ela é o livro do "[...] evangelho de Deus”,
como afirma o Apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos (1.1, grifo nosso), ou seja, Deus
como autor final da Bíblia, possibilita o “[...] falar tanto de revelação bíblica como de teologia
bíblica” (p.8, grifo do autor).
De acordo com Sproul, uma outra maneira de estudar teologia, é através do exame da História.
A “teologia histórica” é o exame das referências históricas de “[...] pessoas que não são agentes
inspirados de revelação[...].” (Ibid.) mas que em certo momento, produziram, uma vasta
documentação sobre Deus. Faz parte do arcabouço da teologia histórica o estudo dos elementos
indicados pelo autor, bem como o motivo para tal análise:
A motivação para o estudo da teologia histórica, de acordo com o autor, são basicamente dois.
O primeiro, entender a história do pensamento religioso, em que o foco é meramente a opinião
humana, e um outro mais adequado, que é “[...] estudar a teologia histórica para conhecer o
que os outros aprenderam sobre Deus.” (Ibid.).
Ainda na introdução, Sproul apresenta um terceiro modo de estudar teologia, chamado de
“teologia natural”. Esse campo de estudo “[...] se refere a informações sobre Deus colhidas da
natureza.” (p. 9) e pode ser analisado por duas perspectivas, a saber:
Nesse trecho da introdução, o autor ainda traça uma comparação entre a revelação geral, aquela
que “Toda pessoa é exposta em algum grau à revelação de Deus na criação.” (p.10) e a
revelação especial “[...] que fornece informações específicas sobre Deus que não podemos
encontrar na natureza.” (Ibid.).
O autor, baseado em Romanos 1.21, afirma que a “[...] revelação natural produz uma teologia
ou um conhecimento natural de Deus.” (Ibid.) e que a ira de Deus está presente, pois os seres
humanos deixaram de agir de maneira apropriada em relação a esta revelação, desprezando o
“... conhecimento de Deus.” (Idem. p. 11).
Por fim, o autor apresenta uma quarta maneira de se estudar teologia, do qual ele chama de
“teologia filosófica especulativa”. Segundo ele, essa abordagem de estudo, é dividida em dois
princípios, o primeiro, “uma razão legítima para o cristão”, que é o comprometimento com a
revelação natural. O segundo, uma “traição contra Deus”, que é a consciência de ir contra a
revelação natural.
Encerrando a introdução, o autor ainda realiza uma apologia do estudo da teologia, tratando a
mesma como a “rainha das ciências” e exemplifica o contraste entre teologia e religião
esclarecendo os acontecimentos de Êxodo 24 e 32. Em Êxodo 24, Moisés entrou no meio da
nuvem no Sinai como um ato teológico. Em Êxodo 32, a construção do bezerro de ouro, um
ato religioso.
No primeiro capítulo da Parte 1 do livro, Sproul inicia com o argumento de que a teologia
reformada é, antes de qualquer coisa, “sistemática”. Ela é sistemática, pois, busca “[...]
compreender a doutrina de maneira coerente e unificada.” (p. 18). Seu objetivo é inter-
relacionar os ensinos contidos na Escritura Sagrada, afirmando que ela não é “[...] cheia de
conflito e confusão interna.” (Ibid.), mas é a Palavra de Deus. Sendo, portanto, a Palavra de
Deus, ela é “coerente e consistente”. Em resumo, a teologia reformada é centrada em Deus.
Na sequência de sua argumentação, Sproul, realiza a defesa daquilo que ele chama de “teologia
reformada clássica” que é diametralmente oposta à ideia contemporânea que muitas igrejas
têm adotado. Segundo ele, a igreja moderna “[...] têm rejeitado a divina inspiração da Escritura
e com ela qualquer comprometimento com uma revelação unificada.” (p.19). A teologia
reformada, busca, entretanto, por uma teologia sistemática, coerente e unificada, que é de
acordo com Sproul “[...] um esforço para descobrir e definir o sistema de doutrina ensinado
internamente pelas próprias Escrituras” (Ibid. grifo nosso).
Na sequência ele afirma que o elemento doutrinário que concatena ou segundo ele, “tem maior”
relação com todas as outras doutrinas é a doutrina de Deus. Entender a doutrina de Deus
influencia, portanto, toda a maneira como entendemos as outras doutrinas reveladas na
Escritura, como, por exemplo, a imagem de Deus, a natureza de Cristo e a natureza da salvação.
Nesse aspecto, a teologia reformada, então é teocêntrica e não antropocêntrica.
Nesse ponto, é importante destacar, o argumento de Sproul, sobre o impacto dessa teologia
teocêntrica, em relação ao valor que a mesma oferece ao ser humano:
Ainda na construção de sua definição de teologia reformada, após afirmar que ela é sistemática,
e que o elemento doutrinário, que mais se comunica com as outras revelações é a doutrina de
Deus, Sproul afirma que a teologia reformada é “católica”.
Na construção dessa afirmação, o autor recorre ao fato histórico do Sínodo de Dort, ocorrido
no século 17. O Sínodo de Dort reafirmou os cinco pontos, ou artigos, da teologia reformada,
que mais tarde, viriam a ser chamados de os “Cinco pontos do Calvinismo”, o acróstico TULIP,
que significa: Total Depravity (Depravação Total), unconditional election (Eleição
Incondicional), limited atonement (Expiação Limitada), irresistible grace (Graça Irresistível)
e the perseverance of the saints (Perseverança dos Santos).
Essa memória ao fato histórico do Sínodo de Dort, se justifica, segundo argumentação do autor,
pelo fato de que na teologia reformada, existe “[...] muito mais [...] do que os cinco pontos.”
(p. 22), tendo ela, "muito em comum com outras comunhões que fazem parte do cristianismo
histórico.” (Ibid.). Sobre isso, Sproul, escreve:
Em relação ao fato de Deus ser incompreensível, de acordo com o autor, isso não está
relacionado ao fato Dele ser “inconhecível ou ininteligível”, tendo em vista, que a religião
cristã é uma religião revelada. Essa doutrina “[...] chama atenção para a distância entre o
criador transcendente e suas criaturas mortais.” (p. 26, grifo nosso).
Sob a afirmação de um Deus auto-suficiente, o autor, aponta uma relação com a característica
de asseidade de Deus, que é a “ideia que Deus e somente Deus é o fundamento e causa do seu
próprio ser. Ele não deriva seu ser de nada fora de si mesmo.” (p. 30). Sobre esse ponto, o autor
faz referência a Confissão de Fé de Westminster, que diz:
O autor, em relação ao atributo da santidade de Deus, nota, que a teologia reformada, “[...]
atribui grande importância ao Antigo Testamento.” (p. 31), pois ele oferece “[...] um retrato
vivo da majestade e santidade de Deus.” (Ibid. grifo nosso). Sobre a santidade de Deus, o autor
chama atenção para dois aspectos importantes. O primeiro deles é referente ao fato de que Deus
possui essa qualidade “diversa” de ser “[...] diferente de e mais alto que nós.” (Ibid.). O
segundo é referente ou “[...] tem a ver com a pureza de Deus.” (p. 32).
O autor abre o capítulo 2 com as “imortais” palavras de Martinho Lutero na Dieta de Worms,
período em que estava sendo julgado pela igreja e pelo Estado como herege. Lutero, convidado
a se retratar, disse:
“A não ser que eu seja convencido pela Escritura Sagrada ou por razão
evidente, não me retratarei. Minha consciência é cativa pela Palavra de
Deus e agir contra a consciência não é direito nem seguro.” (In. p.24).
De acordo com Sproul, essa declaração foi definitiva na história protestante. As consciências
dos crentes deveriam estar cativas à autoridade bíblica. Sobre isso, ele escreve:
Outrossim, o autor apresenta uma apologia da Escritura Sagrada, defendendo sua inspiração,
sua infalibilidade, sua inerrância, sua autoridade e o modo como ela deve ser interpretada.
Começando por sua inspiração, os reformadores tinham um conceito elevado sobre o tema, o
autor chama isso de “...uma visão alta da inspiração da Bíblia.” (p. 36). A Escritura Sagrada é
o verbum Dei ou vox Dei.
Neste ponto, o autor recorre à Calvino, que fornece um argumento vívido sobre o tema,
indicando que “[...] as Escrituras são os únicos registros em que Deus se agradou consignar sua
verdade [...]” (In. Ibid.). Obviamente, existe o apontamento consistente da própria Escritura,
com a citação do texto de 2 Timóteo 3.16-17, em que o Apóstolo Paulo, escreve:
Sproul ainda escreve sobre o debate em relação a inspiração mecânica ou ditada, que se refere
aos autores bíblicos como “máquinas robóticas”, sendo estes, somente os “registradores” do
texto. Sproul, vai argumentar contra isso da seguinte forma:
A próxima defesa que o autor faz, referente a Escritura, é a sua infalibilidade. Historicamente,
os reformadores tinham plena convicção de que a Escritura “por ter sua origem em Deus”
(Ibid.) é infalível, ou seja, está livre de qualquer erro, indefectível, “incapaz de falir”. Após
essa afirmação, o autor aborda inúmeras controvérsias sobre a questão da infalibilidade.
Voltando ao texto de Romanos, em que Paulo diz: “[...] separado para o evangelho de Deus.”
(Rm 1.1, In. p. 39), Sproul afirma que, dizer que a Escritura é falível, é afirmar que o próprio
Deus é falho. Assim escreve:
Neste ponto, o autor trata da questão da autoridade da Escritura, que é o resumo das questões
da inspiração e infalibilidade. O conceito é que “[...] se Deus revela algo, essa revelação tem o
peso da autoridade dele.” (p. 43, grifo nosso). O autor argumenta sobre essa questão,
testemunhando sobre um amigo que afirmava que não acreditava na autoridade plena da Bíblia,
mas na autoridade da igreja. Ele utiliza esse testemunho para demonstrar a mesma percepção
da igreja romana.
Defendendo o argumento sobre a autoridade bíblica, Sproul recorre à Calvino, que diz: “Com
grande insulto para o Espírito Santo, pergunta-se: quem pode nos assegurar que as Escrituras
procedem de Deus?” (In. p. 44). Neste ponto, o autor faz uma ponte que o leva a argumentar
sobre o cânon da Escritura. Como a igreja romana acreditava que ela mesma é quem validava
ou dava autoridade para a coleção dos livros da Escritura, Sproul apresenta a posição de
Calvino, que informa, a existência de uma diferença entre reconhecer e criar autoridade. Os
protestantes reconheciam essa autoridade. Abaixo, Sproul declara:
Encerrando o capítulo, o autor abre espaço para o fato da interpretação bíblica. Segundo ele,
um dos grandes legados da Reforma foi justamente o fato de garantir uma interpretação
particular da Escritura. A Palavra de Deus chegou aos leigos. Inclusive, informa que, alguns
dos que realizaram o trabalho de tradução para línguas populares, pagaram com suas vidas.
Uma questão que o autor faz questão de identificar é o fato de que uma interpretação particular
não garante qualquer direito ao indivíduo de distorcer a Escritura. Sobre essa importante
questão, afirma:
Essa interpretação deve ser acompanhada de processos como hermenêutica, tendo como uma
de suas principais regras a “analogia de fé”, que basicamente é, interpretar a Escritura pela
própria Escritura. Outro ponto relevante é o reconhecimento das formas literárias, que são as
análises de gênero ou estilo. O princípio da interpretação literal, que se sobrepõem às análises
figurativas e alegóricas da Escritura. Por fim, o método gramático-histórico (sensus literalis)
que mantém na análise o contexto histórico da Escritura.
Na abertura do capítulo 3, Sproul afirma que a fé, é uma doutrina central do “evangelicalismo
histórico” (p. 49). Assim como a sola Scriptura, a sola fide é uma doutrina compartilhada com
inúmeras denominações cristãs, não sendo, exclusiva da teologia Reformada. Embora não seja
exclusiva da teologia Reformada, essa, não se sustenta sem ela. Essa ideia é corroborada pela
declaração de Lutero, que diz, que a fé é “[...] o artigo com o qual e pelo qual a igreja se firma,
sem o qual ela cai.” (In. Ibid.).
Sproul não se furta em utilizar Lutero na sua abordagem referente à relação da teologia
Reformada e o seu comprometimento com a fé. Novamente, ele cita o principal idealizador da
Reforma Protestante, sobre a fé e a doutrina da justificação pela fé, dizendo que:
“Esta doutrina é a cabeça e a pedra fundamental. Somente ela gera,
nutre, edifica, preserva e defende a igreja de Deus; e sem ela a igreja
de Deus não pode existir nem por uma hora [...]. O artigo da justificação
é o mestre e príncipe, o senhor, o governador e o juiz sobre todos os
tipos de doutrina; [...]. Nenhum erro é tão baixo, tão canhestro e tão
desgastado a ponto de não ser supremamente agradável à razão humana
e a nos seduzir se estamos sem o conhecimento e a contemplação deste
artigo.” (In. Ibid.).
Após apresentar essa dinâmica, Sproul comenta o conceito de pecado e a distinção que Roma
estabelece entre pecado mortal, aquele que “mata” a graça e o pecado venial, mais leve e menos
sério. Sproul, apresenta ainda, as dinâmicas sacramentais da penitência, seguido da necessidade
da realização das obras de satisfação, essas necessárias para que o pecador alcance o mérito
congruente, sendo esse, “adequado” para Deus recompensá-lo.
Lutero, refuta essa dinâmica, com “veemência”, informa Sproul, afirmando que esse é o “[...]
pano de fundo da luta da reforma.” (p. 53). Sobre isso, Lutero afirma:
Sproul ainda, se atenta ao fato histórico da construção da Basílica de São Pedro. Esse projeto
impulsionou o conceito do catolicismo romano e promoveu ou disponibilizou uma série de
indulgências para todos aqueles que não tinham acumulado “méritos” suficientes. Somente o
papa tinha o “poder das chaves” e poderia gerenciar esses recursos, aplicando “[...] as
necessidades daqueles que estão no purgatório.” (Ibid.), através das “[...] obras de sub-rogação,
obras que estão acima e além do chamado de dever, como martírio.” (Ibid.). Além da questão
do mérito, outro fato apresentado pelo autor é em relação a venda de indulgências, trabalho
coordenado por Johann Tetzel.
Ainda na defesa doutrinária pela justificação somente pela fé, o autor apresenta a divergência
entre justificação por infusão ou imputação. De acordo com ele, essa não é uma questão trivial,
mas fundamentalmente relevante, pois trata-se do fato da salvação estar dentro de mim ou ser
realizada para mim. Sobre isso, esclarece:
Um ponto importante na justificação pela fé, é o fato ou elemento referente a uma fé salvadora.
Em oposição à doutrina reformada, Roma apela para Tiago 2.24 que diz: “Vejam que uma
pessoa é justificada por obras, e não apenas pela fé.” Lutero, por sua vez, aponta para as
palavras de Paulo em Romanos 3.28, que diz: “[...] pois, que o homem é justificado pela fé,
independentemente das obras da lei.”. Sproul, explica essa aparente contradição da seguinte
forma:
Sobre a fé salvadora, o autor argumenta sobre os aspectos principais desta doutrina, são eles
notitia, assensus e fiducia. De maneira breve, notitia sendo o conteúdo da fé salvadora ou seu
objetivo, que é a obra completa de Cristo. O segundo elemento, assensus que é o consentimento
intelectual referente à obra de Cristo e por fim, e mais relevante, à fidúcia, que é a certeza, a
confiança, a total dependência de Cristo.
Por fim, a questão da remissão de pecados é abordada, ou seja, à doutrina da justificação pela
fé declara, que somos redimidos, que Deus, por meio da obra de Cristo, removeu ou apagou
nossas transgressões.
No quarto século, surge uma nova heresia, um outro modo de monarquianismo, esse chamado
de dinâmico. Essa nova fórmula “[...] Jesus não era Deus eterno, e sim, ele “se tornou” Deus
via adoção.” (p. 68). Essa heresia foi formulada por Ário. O Concílio de Nicéia condenou Ário
e seus seguidores, e afirma o credo, confessando que Jesus foi “[...] gerado, não feito”. (Ibid.).
No quinto século, a grande heresia que se levantou, foi referente à deidade e a humanidade de
Cristo. Os grandes hereges desse período, duvidavam ou contestavam as duas naturezas
presentes em Cristo. O primeiro deles, Êutico, “[...] desenvolveu o que é chamado de a heresia
monofisita.” (p. 69), para ele, Cristo é uma pessoa, com uma natureza. Essa natureza única é
chamada teantrópica, ou seja, uma “[...] natureza divina humanizada ou uma natureza humana
deidificada.” (p. 70). A argumentação de Nestório era distinta. Sua heresia, tratava de duas
naturezas, tratava de duas pessoas. Ele “mantinha” a ideia de que Jesus era duas pessoas.
Somente na página 76, o autor aborda de fato a visão de Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei.
A Confissão de Westminster, no século 17, declara os ofícios mediatórios de Cristo, da seguinte
forma: “[...] agradou a Deus, em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, Seu
Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei [...]”
(p. 76). A dinâmica desse ofício tríplice, como anteriormente à Confissão de Westminster,
Calvino indicou, é resumida da seguinte forma:
No último capítulo da primeira parte do livro Sproul deixa claro à distinção entre a teologia da
aliança e a teologia do dispensacionalismo. Essa segunda, teve sua constituição, na Bíblia de
Referências Scofield e apresenta ou divide a Bíblia em sete partes ou sete dispensações. Essa
seria a “chave” para a “correta” interpretação bíblica.
A teologia reformada, por sua vez, utiliza uma descoberta arqueológica para afirmar que a “[...]
estrutura primária da revelação bíblica como sendo a do pacto [...] é a estrutura pela qual toda
a história da redenção é elaborada.” (p. 86). De maneira bem resumida, essa descoberta
arqueológica, mostrou uma série de documentos de uma antiga nação hitita, sobre os tratados
entre reis (suseranos) e seus súditos, indicando uma estrutura pactual clara, encontrada em “[...]
documentos de outras nações do oriente médio, incluindo as Escrituras de Israel.” (Ibid.).
O autor então traça um paralelo entre essa estrutura pactual e a Bíblia. Preâmbulo: relacionado
ao nome Yahweh, ao “EU SOU”, ao nome de Deus (p. 85). Prólogo histórico: é relacionado as
ações em de Deus em benefício seu povo (p. 86). Estipulações e sanções: acordos estabelecidos
entre suserania, entre reis e vassalos, aqui em relação as leis dados por Deus (p.87). Juramentos
e votos: relacionados ao compromisso público, aos votos realizados tendo Deus como
testemunha (p. 89) e por último ratificação e depósito: que após realizados os votos, um corte
ratificava esse voto, circuncisão no Antigo Testamento é um exemplo. No novo Testamento, o
sangue de Cristo (p. 90-91).
O próximo argumento, sobre o pacto de obras, foi o pacto inicial que “[...] Deus fez com a
humanidade [...]” (p. 93). Em relação a este pacto de obras, a Confissão de Westminster afirma
a necessidade ou a exigência de uma obediência pura e irrestrita. Sproul argumenta que “[...]
criado na imagem de Deus (o homem) [...] é lhe dada a capacidade e dever de espelhar e refletir
o caráter santo de Deus. Não há espaço para a menor transgressão.” (Ibid.). Por coerência,
então, esse pacto foi violado no Éden. O preço dessa violação foi a morte, física e espiritual.
O pacto da graça, então é estabelecido por Deus. O autor vai referenciar a Confissão de
Westminster, que lindamente afirma:
“Tendo-se tornado o homem, pela sua queda, incapaz de vida por esse
pacto (de obras), aprouve ao Senhor fazer um segundo pacto, [...] nesse
pacto ele oferece livremente aos pecadores a vida e salvação por Jesus
Cristo, exigindo deles fé nele para que sejam salvos, e prometendo dar
o Seu Santo Espírito a todos os que estão ordenados para a vid, para
dispô-los e capacita-los a crer.” (p. 95).
O autor encerra o capítulo argumentando que a redenção “[...] é sempre mediante a graça pela
fé [...]” (p. 97), tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento.
1 Para adequação do acrônico em língua portuguesa a edição utilizou-se de termos que se distinguem do usual no meio evangélico reformado
em língua portuguesa. Manterei os termos utilizados pela tradução nesta edição que são: Total depravação, uma eleição incondicional,
limitada expiação, irresistível graça e perseverança dos santos.
capítulo primeiro desta obra. O primeiro desses cinco pontos ou como o autor escreve “a
primeira pétala desta tulipa” é a total depravação. Já no princípio de sua apresentação o autor
alega que o termo pode causar um certo engano nas pessoas de um modo geral. Ele propõe a
utilização do termo corrupção radical. Essa proposição se dá ao fato de que o termo total “[...]
sugere uma condição moral de completa depravação.” (p. 100, grifo do autor), o que não é o
que a teologia reformada ensina. Uma pessoa não é “[...] tão mal quanto seria possível.” (Ibid.).
A doutrina da total depravação ou corrupção radical, tem forte amparo bíblico. Sproul cita o
apóstolo Paulo escrevendo aos romanos, citando o Antigo Testamento a condição do ser. Pode-
se dizer que este é um pequeno resumo da natureza “universal” do pecado. Escreve o apóstolo:
O autor explica os conceitos de estar “sob pecado”, de estar “debaixo do pecado”, como sendo
uma condição ou como ele diz “[...] uma carga que pressiona [...]” (p. 102) o ser humano. A
única exceção é Cristo.
Na continuação do capítulo, o autor apresenta o conceito de “virtude civil”, que se “[...] refere
a atos que se conformam de modo exterior a lei de Deus [...]” (Ibid.), ou seja, quando
praticamos atos como não roubar ou de caridade, isso não pode ser considerado bom em um
“sentido fundamental”, mas o motivo supremo do amor de Deus. O autor apresenta ainda sobre
o conceito de virtude cívica na visão do celebre teólogo e pregador Jonathan Edwards, que
basicamente vai dizer, que somos contidos no pecar pleno por “interesse próprio esclarecido”,
medo da lei, da cultura e do conflito. Quando fazemos o bem, os motivos são os aplausos e o
reconhecimento.
Ainda nesse capítulo temas como idolatria, capacidade moral, livre escolha e capacidade
natural são abordados. No tocante a idolatria, o texto bíblico referente é o primeiro capítulo de
Romanos, que descreve o exercício da idolatria. Alienação e desafeição à Deus é o que está no
cerne de nossa natureza corrupta. Sproul vai dizer que o “Amor de Deus não é natural para
nós.” (p. 109). Em relação à capacidade moral, a mesma, é resumida por Sproul da seguinte
forma:
Adiante o autor afirma que a queda não cessou a vontade humana. O grande problema é que
essa vontade ou capacidade é sempre para o que é pecaminoso. Aqui cria-se a ponte para a
abordagem em relação ao livre-arbítrio.
Ainda na esfera da celeuma entre Agostinho e Pelágio, o primeiro, afirma que após a queda, o
ser ainda possui uma “vontade livre”. Embora esse ser tenha essa vontade, ele perdeu a
liberdade. Sproul, explica:
Esse bloco se encerra com a contribuição de Jonathan Edwards sobre a questão da vontade e
com a citação de Paulo no capítulo 7 de Romanos sobre o conflito que existe no ser regenerado,
quando diz: “[...] pois não falo o que prefiro, e sim o que detesto [...]” (In. p. 115). Sproul vai
dizer que essa vontade ou inclinação, acompanhado de conflito é uma característica da pessoa
regenerada, já que na vida do não-regenerado, “[...] não tem tal luta.” (Ibid.).
Outrossim, o autor vai mostrar que a ideia de predestinação, além de ser um assunto abordado
por “quase toda igreja”, é uma doutrina bíblica. A Bíblia, ensina sobre predestinação, como
diz o apóstolo Paulo:
“[...] Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem
abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais
em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do
mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos
predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo,
segundo o beneplácito da sua vontade [...]” (Efésios 3.3-5. In. p. 120.).
Acrescentando o prefixo “pre” a palavra destino, ele explica, “[...] falamos de algo que ocorre
antes do destino.” (Ibid.). Na sequência de sua introdução, ele trata das questões de
“conotação” positiva e negativa aplicadas à doutrina da eleição. A conotação positiva, é
relacionada a afeição de Deus para com os eleitos. O aspecto negativo, é referente a
“reprovação” por Deus, daqueles que não foram eleitos.
Deste ponto, o autor vai explicar elementos dessa dinâmica da eleição. Ele começa fazendo a
seguinte pergunta: “condicional ou incondicional?”. Na argumentação para sua resposta
reformada ele vai apresentar os conceitos de “ordem de salvação”, “eleição e justiça de Deus”,
“eleição e incapacidade moral” e finaliza, ainda, com um outro, questionamento “eleição
dupla?”. Em relação à primeira pergunta, o autor vai dizer, que a palavra incondicional “[...]
distingue a doutrina reformada de predestinação daquela de outras teologias.” (p. 121).
O texto bíblico utilizado para responder a essa controvérsia é o de Romanos 8.28-29. Sproul,
vai dizer que aqueles que defendem a eleição condicional, entendem as palavras de Paulo, “[...]
aos que de ante mão conheceu [...]” (Romanos 8.28. In. p. 122), como “[...] presciência de
ações e reações (ou respostas) humanas.” (Ibid.). Essa interpretação é conhecida como “visão
presciente”. Deus olhou no túnel do tempo quem iria responder “positivamente” ou não ao
evangelho e baseado nessa visão escolhe quem será salvo. Sproul afirma que essa interpretação
está equivocada, dizendo:
Na sequência da explicação, ele vai dizer que Paulo “[...] começa pela presciência e então vai
passando pela “corrente dourada” da salvação.” (Ibid.), indicando que a questão crucial na
análise deste texto é em relação a chamada e justificação. Em relação aos “chamados”, a
teologia vai fazer uma distinção entre os conceitos de externo e interno. O chamado externo
referente a pregação do evangelho e o interno referente ao “chamado eficaz”.
Neste ponto, o autor estabelece a grande diferença entre teologia reformada e as outras, neste
aspecto, que basicamente, é o fato da fé como resultado da eleição e não o contrário. Além
disso, a dinâmica que a teologia reformada chama de “a ordem da salvação” ou a “corrente
dourada da salvação”, baseada no texto de Romanos, que constitui o pré-conhecimento,
predestinação, chamado, justificação e glorificação, “[...] significando que Deus predestina
algumas pessoas para receberam um chamado divino que outros não recebem.” (p.124).
Para aclarar essa questão, a abordagem do autor é referente a justiça de Deus. Ele começa com
a pergunta retórica de Paulo em Romanos 9.14: “Que diremos pois? Há injustiça com [em]
Deus?” (grifo do autor) e explica:
“A objeção que Paulo chega a antecipar é uma que calvinistas ouvem
constantemente: a doutrina calvinista de eleição lança uma sombra
sobre a justiça de Deus. [...] Quando nossa doutrina de eleição é
atacada, eu me consolo que estamos em boa companhia [...].” (p.129).
Ele vai lembrar que a Bíblia, indica que Deus não trata as pessoas de um mesmo modo,
lembrando o chamado de Abraão, sua revelação à Moisés e a Saulo de Tarso. Esses chamados,
são pura e simplesmente vontade de Deus, não tendo qualquer virtude nos mesmos para receber
tal presente. Encerrando esse bloco, Sproul declara: “Eu não posso explicar adequadamente
por que cheguei à fé em Cristo [...].” (p. 130).
Sobre a questão da eleição e incapacidade moral, o autor argumenta que é absoluta “presunção”
a ideia “semipelagiana” de que o pecado original atenua à vontade, mas ainda permite que o
homem seja moralmente capaz de se inclinar as coisas de Deus. Ao contrário desse argumento,
a teologia reformada argumenta que se de fato existe uma depravação total, “[...] Deus não
veria nenhuma criatura caída escolher Cristo no futuro.” (p, 131).
Para confirmar essa ideia, o autor, recorre ao trecho do Evangelho de João 6. 64-68, em que o
escritor relata: “[...] Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o
havia de trair [...] ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido [...].” (In.
Ibid.). O autor ainda, utiliza um outro trecho do mesmo capítulo do Evangelho de João, mas
agora o versículo 43 que corrobora essa incapacidade moral do indivíduo, quando Jesus diz:
“Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer (atrair) [...]” (In. p. 132).
Sproul encerra essa questão, utilizando o argumento do apostolo Paulo na carta aos Efésios,
em que diz: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de
Deus [...]” (In. Efésios 2.8, p.134). A teologia reformada entende que a fé é um dom doado aos
agraciados pela eleição.
Sendo, portanto, um processo duplo, a predestinação possui duas visões sobre isso. A primeira
delas é a “ultimação igual” ou “hipercalvinsimo”. Essa é uma visão “simétrica” da
predestinação, que argumenta, que Deus infunde fé nos eleitos e descrença nos réprobos. Sproul
não concorda com essa argumentação. Ele prefere tratar a questão como decretos “positivo” e
“negativo”. Ele defende sua posição argumentando que é “[...] à maneira pela qual Deus faz
acontecer seus decretos na História.” (p. 136).
Sproul inicia o capítulo afirmando que salvação é uma obra divina e que esse é o axioma de
toda a teologia reformada. Ele admite que a doutrina da expiação limitada é aquela que
apresenta maior controvérsia entre os cinco pontos da TULIP. A questão respondida com a
doutrina da expiação limitada é o fato de Cristo ser um salvador “real” ou um salvador
“potencial”. A grande controversa é o fato de Cristo ter morrido por todos ou somente
eficazmente pelos eleitos. Sua expiação é limitada ou ilimitada. Sproul, é enfático em sua
argumentação:
Sua argumentação começa apresentando com a apreciação das questões da vontade e redenção
de Deus. Ele inicia na análise do texto de 2 Pedro 3.9, em que o apostolo diz que Deus tinha
propósito “[...] não querendo que nenhum pereça [...]” (In. Ibid.). De acordo com Sproul
existem várias maneiras distintas de interpretação deste trecho em relação a palavra querendo
(desejo, vontade), não sendo possível que todas estejam corretas.
Ele apresenta os conceitos para a interpretação deste trecho da Escritura. Ele começa com a
“vontade decretiva” que é pertinente a vontade ou anseio soberano de Deus. O conceito de
“vontade preceptiva” que está relacionada aos preceitos, normas, cláusulas impostas sobre toda
a sua criação. E por fim, a “vontade de disposição” que é aquilo que alegra, regozija ou agrada
ao Senhor.
“Um juiz humano que condena uma pessoa culpada à prisão não gosta
de sua tarefa. Ele não tem deleite risonho em distribuir castigo, com
tudo ele executa a tarefa a fim de manter a justiça. Nós sabemos que
Deus não está cheio de alegria quando uma pessoa má morre, porém
ele ainda determina aquela morte em algum sentido. Nem isso significa
que Deus faz algo que realmente não quer fazer. Deus queria que seu
Filho morresse na cruz. Ele ordenou, determinou e mandou isso. Em
um sentido agradou a Deus machucar seu filho. Seu prazer divino veio,
não de infligir sua ira sobre seu filho amado, mas de fazer acontecer
redenção. Dessas três opções, essa é a que corresponde melhor a todo
contexto da Escritura.” (p. 145).
Não somente a concepção de vontade de Deus é importante nessa análise, assume Sproul. A
palavra nenhum ou como ele aponta “qualquer” deve ser analisada. Essa análise é baseada no
contexto restritivo, ou seja, o apostolo Pedro, sendo crente, escreveu para crentes. Sproul,
recorre a análise de John Owen, que escreve:
“[...] quem são esses de quem o apóstolo fala, a quem ele escreve:
Aqueles tais que tinham recebido “mui grandes promessas” (2Pe 1.4),
que ele chama de “amados” (2Pe 3.1); que ele contrasta com os
“escarnecedores” dos últimos dias (2Pe 3.3) [...].” (In. Ibid.).
Na continuação do capítulo, Sproul trata da onisciência de Deus e ao fato dele conhecer “[...]
não só todas as opções disponíveis, como também qual opção será praticada.” (p. 146). Ainda
nesse bloco fala do “perigo” em separar os conceitos de vontade decretiva e permissiva de
Deus.
Ele encerra o capítulo abordando a intercessão de Cristo. Sproul lembra que embora a expiação
seja a principal obra de Cristo como nosso sumo sacerdote “[...] não é sua única tarefa
sacerdotal.” (p. 149). O autor cita o texto do Evangelho de João no capítulo 17 em que Cristo
intercede pelas suas ovelhas. Sproul, analisa que o “[...] Pai deu a Cristo um número limitado
de pessoas. São aquelas por quem Cristo ora. [...] por quem Cristo morreu.” (p. 150).
A quarta pétala da TULIP, apresenta o conceito da irresistível graça e está concatenada com
duas doutrinas. A doutrina da regeneração e da doutrina da chamada efetiva. Sproul inicia este
capítulo indicando que a igreja americana, é exposta em “larga escala”, desde o século 16, ao
arminianismo, principalmente, pela influência de Charles Finney. Ele ainda cita, uma
declaração de Roger Nicole, que diz: “Todos somos nascidos pelagianos”. Essa influência,
obscurece nosso entendimento em relação à justificação e a obra de regeneração que opera em
nós.
Ele avança nas controvérsias pelagianas ou semipelagianas até apresentar o conceito reformado
de regeneração monergística. O aspecto fundamental do conceito pode ser melhor entendido
pela raiz do termo monergismo. Monergismo, significa, basicamente “[...] algo que opera ou
funciona sozinho como a única parte ativa.” (p. 156). A teologia reformada crê na dinâmica da
regeneração monergística, pois é uma ação, obra ou ato exclusivo de Deus.
Sproul, cita o texto do Evangelho de João 11. 38-46, que trata do levantamento de Lázaro dentre
os mortos. De acordo com o autor essa é uma boa “ilustração” da regeneração monergística,
conforme aponta:
Nesse ponto, ele concatena a questão do chamamento eficaz. Essa questão é tão importante
para a teologia reformada que a Confissão de Fé de Westminster consagra um capítulo inteiro
sobre o tema. Assim diz o catecismo:
Basicamente, a atração eficaz, de acordo com o Catecismo, explica Sproul, “[...] o atrais do
Espírito Santo é eficaz; realiza seu propósito.” (p. 163).
Por fim, o dispensacionalismo é o tema abordado. Essencialmente, o dispensacionalismo
possui uma ideia de que “[...] quando o Espírito Santo regenera uma pessoa, nada realmente
acontece para efetuar a mudança na natureza constituinte da pessoa.” (p.164). Essa doutrina,
“[...] torna possível o crente estar num estado de graça e permanecer um “cristão carnal”, [...]
recebem Jesus como Salvador, mas não como Senhor.” (Ibid.). O autor ainda refuta as ideias
de Hodges, sobre o tema. Sproul encerra o capítulo reafirmando que a regeneração é uma “[...]
obra que efetua o que Deus pretende.
Parte 2 – Os cinco pontos da soteriologia reformada
Capítulo 10 – Deus e sua preservação dos Santos
A última pétala da TULIP protestante é a perseverança dos santos. O conceito básico dessa
doutrina, segundo Sproul, é que o próprio Deus, é quem preserva os seus santos. Essa doutrina
conservar-se na questão da salvação. Explica Sproul, que “[...] o crente persevera em fé e
piedade, sim, mas isto se deve à graciosa obra de Deus em seu favor.” (p. 169).
O semipelagianismo acredita que a pessoa pode ter uma fé genuína e verdadeira, e ainda sim
perde-la, culminando em sua condenação. Essa ideia é plenamente aceita pelo Catolicismo
Romano, sendo somente superada, pela penitência. O impacto disso, é claramente a ideia de
que não existe segurança na salvação. Sproul, então, aborda a questão da segurança da
salvação, elemento da teologia reformada.
Ele associa essa segurança da salvação ao processo de santificação. Ele conclama os crentes a
serem “[...] certos de sua salvação pessoal.” (p. 171). Ele apresenta aquilo que a Confissão de
Fé de Westminster diz sobre o tema:
Relacionado ao aspecto da segurança, Sproul ensina que não é algo “[...] automático na
conversão, nem necessariamente um fruto imediato.” (p. 173). É, segundo sua argumentação,
possível ser um crente na graça, e ainda não “obter” segurança. Essa é uma questão de obtenção
de certeza. Segurança é um fruto, que promove “[...] coisas como amor e gratidão a Deus.” (p.
174), elementos que nos motivam para uma vida obediente.
Sproul não omite o fato de que enfrentamos todos os dias “[...] múltiplas tentações, algumas
delas graves em sua natureza e intensidade, e vezes demais sucumbimos a elas. O pecado é o
maior inimigo da segurança.” (p. 175). Ele escreve sobre isso da seguinte forma:
Essa questão é abordada por Paulo em 2 Coríntios nas declarações do capítulo 7, como por
exemplo, nas expressões: vasos de barro, atribulados, perplexos, desanimados, destruídos e
corrompidos externamente. É muito significativo entender que a doutrina da perseverança dos
santos, não omite que o salvo pode estar enfraquecido, mas “[...] não perde a coragem
completamente.” (p. 176). Sproul, recorre ainda aos escritos de Joel R. Beeke, sobre o tema,
que diz: “[...] Deus não quer uma fé plena e perfeita, mais sim fé sincera e “não fingida” [...]”.
(In. Ibid.).
O texto de Hebreus que levanta objeções ou disputa com a doutrina da perseverança dos santos
é aquele que está no capítulo 6, que diz:
Após apresentar teorias sobre para quem e qual seria o contexto daqueles que receberam a
carta, Sproul indica que a controvérsia pode ser respondida pela própria Escritura. Ele informa
que Lutero, chamou isso de “uso evangélico da lei”. A doutrina da perseverança está por toda
a Escritura, logo, “[...] devemos interpretar o que é ambíguo aqui de acordo com o que é
ambíguo em outra parte.” (p. 184). Na sequência do texto em Hebreus, no versículo 9, o escritor
utiliza o termo “todavia”, que Sproul utiliza como um sustentador da ideia que verdadeiros
crentes, serão abençoados com a boa obra que Deus começou e a completará até o fim.