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Dinâmica Do Manto e Deformação Continental
Dinâmica Do Manto e Deformação Continental
net/publication/273672510
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1 author:
Sérgio P. Neves
Federal University of Pernambuco
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Tying deformation phases to kinematics in the Alto Moxotó Domain (NE Brazil) View project
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Imagem da cobertura:
5-Minute Gridded Global Relief Data Collection (ETOPO5).
Globo terrestre mostrando o relevo continental e a batimetria do assoalho oceânico. As feições
fisiográficas mais marcantes são: o sistema de cadeias de montanhas Himalaia-Tibete (centro); o
rifte proto-oceânico entre a África e a Arábia (Golfo de Aden e Mar Vermelho; esquerda); os
traços de hotspots Reunião e Ninetyeast, no oceano Índico (abaixo); e os arcos de ilhas e fossas
oceânicas relacionados com subducção das placas do Pacífico e das Filipinas (direita). Este
material não é sujeito à proteção de direitos autorais e pode ser acessado através do site
www.ngdc.noaa.gov
Dedicado à
Jandira e Olga
ii
Sumário
Prefácio .........................................................................................................................................ix
2. Geocronologia
2.1. Introdução...........................................................................................................................................7
2.2. Conceitos básicos ...............................................................................................................................7
2.3. Método Rb-Sr .....................................................................................................................................8
2.4. Método Sm-Nd ...................................................................................................................................9
2.5. Método U-Pb ....................................................................................................................................11
2.5.1. Generalidades ............................................................................................................................11
2.5.2. Curva concórdia ........................................................................................................................11
2.5.3. Métodos .....................................................................................................................................12
2.5.4. Aplicações .................................................................................................................................13
2.6. Termocronologia ..............................................................................................................................14
2.6.1. Método 40Ar – 39Ar ....................................................................................................................14
2.6.2. Datação por traços de fissão ......................................................................................................15
2.6.3. Aplicações .................................................................................................................................15
2.7. A escala do tempo geológico............................................................................................................15
Referências Selecionadas ........................................................................................................................16
iii
3.4.2. Crosta oceânica..........................................................................................................................21
3.5. Tipos e províncias crustais ...............................................................................................................21
3.5.1. Tipos crustais.............................................................................................................................21
3.5.2. Províncias crustais .....................................................................................................................23
3.6. Composição do manto ......................................................................................................................24
3.6.1. Manto superior ..........................................................................................................................25
3.6.2. Zona de baixa velocidade ..........................................................................................................25
3.6.3. Zona de transição e manto inferior ............................................................................................26
3.6.4. Camada D’’ ...............................................................................................................................27
3.7. Composição do núcleo .....................................................................................................................27
Referências selecionadas .........................................................................................................................28
iv
5.3. Hotspots sem relação com plumas ...................................................................................................59
5.4. Traços de hotspots e velocidades absolutas de placas ......................................................................60
5.5. Plumas e tectônica de placas ............................................................................................................60
5.6. Uma visão global da dinâmica e evolução do manto .......................................................................62
Referências selecionadas .........................................................................................................................63
7. Orogênese
7.1. Introdução.........................................................................................................................................81
7.2. Tipos de orógenos ............................................................................................................................82
7.3. Ofiolitos ............................................................................................................................................83
7.4. Orógenos relacionados a zonas de subducção ..................................................................................84
7.4.1. Orógenos acrescionários............................................................................................................84
7.4.2. Orógenos do tipo Andino ..........................................................................................................85
7.4.3. Orógenos do tipo Laramide .......................................................................................................85
7.4.4. Orógenos extensionais-contracionais ........................................................................................86
7.4.5. Convergência oblíqua e transpressão ........................................................................................86
7.5. Orógenos colisionais ........................................................................................................................87
v
7.5.1. Fatores que tornam complexo o fenômeno da colisão continental ............................................87
7.5.2. Subducção continental, metamorfismo de pressão alta e ultra-alta e slab break-off .................88
7.5.3. Domínios em um orógeno colisional maduro ...........................................................................89
7.5.4. Platôs orogênicos, fluxo canalizado e extrusão .........................................................................90
7.5.5. Escape lateral .............................................................................................................................91
7.6. Orógenos intracontinentais ...............................................................................................................92
7.7. Extensão sin- a pós-orogênica ..........................................................................................................93
7.7.1. Colapso orogênico .....................................................................................................................93
7.7.2. Complexos de núcleo metamórfico ...........................................................................................94
7.7.3. Domos gnaissicos ......................................................................................................................95
7.7.4. Vulcanismo................................................................................................................................95
7.8. Plutonismo sinorogênico ..................................................................................................................96
7.9. Metamorfismo regional ....................................................................................................................97
7.9.1. Tipos de metamorfismo e ambientes tectônicos ........................................................................97
7.9.2. Trajetórias P-T-t ........................................................................................................................98
7.10. Distinção entre os diferentes tipos de orógenos: síntese ................................................................98
Referências selecionadas .........................................................................................................................99
vi
9.3.1. Terrenos de alto grau ...............................................................................................................117
9.3.2. Terrenos granito-greenstone ....................................................................................................118
9.4. Regimes tectônicos arqueanos........................................................................................................119
9.4.1. Evolução térmica do manto .....................................................................................................119
9.4.2. Tectônica de placas no Arqueano? ..........................................................................................119
9.4.3. Ausência de tectônica de placas no Arqueano? .......................................................................120
9.4.4. Regimes mistos, avalanches no manto, crescimento continental episódico ............................121
9.5. TTGs e greenstone belts: ambientes tectônicos..............................................................................122
9.5.1. TTGs........................................................................................................................................122
9.5.2. Greenstones .............................................................................................................................122
9.5.3. Associações TTG/greenstone ..................................................................................................123
9.6. Cratonização ...................................................................................................................................123
Referências selecionadas .......................................................................................................................124
vii
11.6. Cinturões orogênicos cenozóicos .................................................................................................147
11.6.1. Orógenos colisionais .............................................................................................................147
11.6.2. Orógenos relacionados a zonas de subducção .......................................................................150
11.6.3. Orógenos intracontinentais ....................................................................................................152
11.7. O futuro ........................................................................................................................................152
Referências selecionadas .......................................................................................................................153
viii
Prefácio
ix
milhões de anos da Terra e as incertezas quanto à interpretação de eventos
precambrianos. Estes fatores fazem com que modelos para a evolução dos continentes
ou de orógenos individuais contenham uma boa dose de especulação. Assim, modelos
consensuais ou quase consensuais no presente podem vir a ser descartados no futuro.
Finalmente, o Capítulo 11 apresenta e discute, com base em reconstituições
paleogeográficas, os eventos orogênicos paleozóicos que resultaram na formação do
supercontinente Pangéia, a fragmentação do supercontinente e a formação de cinturões
orogênicos meso/cenozóicos.
O autor é grato aos colegas Gorki Mariano, José Maurício Rangel da Silva, Otaciel de
Oliveira Melo, Ignez de Pinho Guimarães, Adejardo Francisco da Silva Filho e
Hermanilton Azevedo Gomes por sugestões ao manuscrito original, pela leitura critica
de partes do texto atual e/ou pelo constante encorajamento. Agradecimentos são
também devidos ao CNPq porque, ao rejeitar sistematicamente todos os projetos de
pesquisa submetidos nos últimos dez anos, permitiu que parte do tempo e energia
requerida para a execução dos mesmos fosse canalizada para esta obra.
x
1. Petrologia e Geoquímica: Revisão de Alguns Conceitos
3
em quartzo toleítos, olivina toleítos e álcali- de alto-K. Rochas básicas a intermediárias
olivina basaltos de acordo com seus minerais com valores elevados de K2O são incluídas
normativos. A composição normativa de uma na série shoshonítica. A suíte toleítica
rocha (ou norma CIPW, acrônimo formado geralmente apresenta uma variação
pelas iniciais do sobrenome dos petrólogos composicional mais restrita em comparação
que propuseram o procedimento de cálculo) é com a suíte cálcio-alcalina.
derivada a partir da composição química. Ela
fornece os minerais que a rocha teria caso (a)
tivesse sido completamente cristalizada sob
condições anidras. Quartzo toleítos, olivina
toleítos e álcali-olivina basaltos têm como
minerais normativos, respectivamente:
quartzo+hiperstênio; olivina+hiperstênio; e
nefelina.
Na maioria das rochas, o óxido mais
abundante, depois de SiO2, é Al2O3. Uma
classificação muito empregada,
principalmente para rochas graníticas, utiliza
as razões Al2O3/(Na2O+K2O+CaO), chamado
índice de saturação em alumina, e (b)
Al2O3/(Na2O+K2O):
Rochas peraluminosas
Al2O3/(Na2O+K2O+CaO)>1
Rochas metaluminosas
Al2O3/(Na2O+K2O+CaO)<1<Al2O3/(Na2O+
K2O)
Rochas peralcalinas
Al2O3/( Na2O+K2O)<1
Nestas razões, as percentagens em
peso de cada óxido são convertidas em massa
molecular dividindo-se pelo seu peso
molecular.
Outro modelo de classificação
considera os teores de Na2O+K2O em uma
suíte de rochas (Fig. 1.5a). Rochas ricas em
álcalis são chamadas de alcalinas e
caracterizadas petrograficamente pela Figura 1.5. (a) Diagrama (Na2O+K2O)-sílica
presença de feldspatóides, anfibólio sódico mostrando os campos das suítes alcalinas e
e/ou piroxênio sódico (p.ex., nefelinito, subalcalinas. (b) Diagrama K2O-sílica mostrando a
subdivisão da suite subalcalina. Triângulos e
fonolito, sodalita sienito, riebeckita granito). quadrados correspondem, respectivamente, a
Rochas subalcalinas são bem mais comuns amostras de rochas dioríticas e graníticas do
que rochas alcalinas e subdivididas nas suítes batólito Caruaru-Arcoverde, Pernambuco.
toleítica, cálcio-alcalina e shoshonítica (Fig.
1.5b). A suíte cálcio-alcalina para rochas
vulcânicas inclui basaltos, andesitos, dacitos 1.7. Rochas e fácies metamórficas
+/- riolitos, sendo andesito a rocha Fácies metamórficas são campos de
característica. A suíte cálcio-alcalina pode pressão e temperatura caracterizados por
ainda ser subdividida de acordo com o teor associações minerais típicas (Fig. 1.6). As
de K2O numa série de médio-K e numa série principais fácies do metamorfismo regional
4
para condições de temperatura e pressão de Rochas formadas a pressões ou
moderadas a altas (>300ºC e >200 MPa) são temperaturas extremamente elevadas têm
xisto-verde, anfibolito e granulito. As fácies sido descritas com cada vez mais freqüência
xisto-azul (ou glaucofana-lawsonita) e e estendem o campo do metamorfismo para
eclogito são típicas de pressão elevada (>1 pressões superiores a 2 GPa e temperaturas
GPa). Rochas máficas metamorfizadas sob de até 1150ºC. Rochas de pressão ultra-alta
condições das fácies anfibolito e eclogito são caracterizadas pela presença de coesita
consistem, dominantemente, de anfibólio e e/ou diamante. As associações minerais em
plagioclásio, no primeiro caso, e de granulitos de temperatura ultra-alta incluem
clinopiroxênio e granada, no segundo. Estas ortopiroxênio aluminoso-sillimanita-quartzo,
rochas recebem a mesma denominação das safirina-quartzo e espinélio-quartzo.
fácies que elas caracterizam, isto é, anfibolito
e eclogito, respectivamente. A rocha Referências selecionadas
metamórfica da fácies granulito também Best, M.G., 2003. Igneous and Metamorphic
recebe este nome, podendo ser paraderivada Petrology, Blackwell Publishing, 2ª Ed.
Philpotts, A.R., 1990. Principles of Igneus and
ou ortoderivada, máfica ou félsica. A Metamorphic Petrology, Prentice-Hall.
associação característica é ortopiroxênio, Winter, J.D., 2001. An Introduction to Igneus and
clinopiroxênio, plagioclásio ± granada. Metamorphic Petrology. Prentice-Hall.
(disponível gratuitamente on-line na página do
autor: http://people.whitman.edu/~winterj/).
5
6
2. Geocronologia
87
onde N é o número de átomos do elemento Sr ocorre naturalmente em rochas
radioativo no tempo t. Por integração, independentemente do Rb. Portanto, o
obtém-se: número de átomos de 87Sr inicialmente
presente [(87Sr)o] tem de ser adicionado ao
lnN = - λt + c número de isótopos produzidos por
decaimento radioativo. Assim, o número
Para t = 0, c = lnN0, onde N0 é o número de total de átomos de 87Sr é dado por:
átomos do isótopo radioativo originalmente
87
presente. Substituindo-se c por lnN0 na Sr = (87Sr)o + 87Rb (eλt – 1)
equação acima, tem-se:
Esta equação pode ser modificada
lnN-lnN0 = -λt → lnN/N0 = -λt → N0 = dividindo-se cada termo pelo número de
Neλt átomos de 86Sr, o qual é constante, uma vez
que este isótopo é estável e não resulta do
Se, depois de decorrido um tempo t, decaimento de isótopos de outros elementos.
o número de átomos do isótopo radiogênico A razão deste procedimento é que a
produzido é F, o número de átomos do determinação das razões isotópicas de
isótopo radioativo restante é N = N0 – F. elementos por espectrometria de massa é
Logo: mais precisa que suas concentrações
absolutas. Fazendo-se isto, obtém-se:
F = N0 – N → F = Neλt – N, ou
87
F = N (eλt – 1) Sr/ 86Sr = (87Sr/ 86Sr)o + 87Rb/ 86Sr (eλt – 1)
8
comportamento geoquímico entre o Rb e o 0,702-0,705, granitos crustais podem
Sr. Como o Rb é mais incompatível que o apresentar valores superiores a 0,710-0,720.
Sr, devido ao seu maior raio iônico,
amostras mais ácidas normalmente têm
valores mais elevados da razão 87Rb/86Sr.
Igualmente, a razão Rb/Sr é diferente em
diferentes minerais (por exemplo, é bem
mais baixa em plagioclásio que em
ortoclásio). Após a cristalização e
resfriamento do magma, a razão 87Rb/86Sr
nas amostras ou minerais começa a diminuir
enquanto a razão 87Sr/86Sr aumenta na
mesma proporção (Fig. 2.1). Assim, se as
razões 87Sr/86Sr e 87Rb/ 86Sr forem
projetadas umas contra as outras, o tempo t e
a razão inicial podem ser determinados pelo
declive da reta de melhor ajuste aos pontos e Figura 2.2. Isócrona Rb-Sr (rocha total) para o
plúton Queimadas (Estado da Paraíba). Notar que a
pela interseção com o eixo das ordenadas, escala vertical é expandida em relação à escala
respectivamente. Um exemplo de datação horizontal. Sem este exagero, a isócrona seria
por rocha total é mostrado na Figura 2.2. quase horizontal. MSWD (mean squared weighted
deviates) representa a dispersão dos pontos com
respeito à linha de regressão calculada pela técnica
dos mínimos quadrados. Em princípio, quanto
menor este valor mais confiável é a idade obtida.
9
A equação para o cálculo de idades pequena em rochas terrestres, o parâmetro
pelo método Sm-Nd é similar à empregada epsilon Nd (εNd) é mais utilizado para
para o método Rb-Sr, utilizando-se o isótopo comparar rochas com diferentes razões
estável 144Nd como isótopo de referência: iniciais. Esta notação é definida
matematicamente como:
143
Nd/144Nd =
(143Nd/144Nd)o + 147Sm/144Nd (eλt – 1) εNd = {[(143Nd/144Nd)0/(143Nd/144Nd)CHUR] -
1} x 104
Ao contrário do Rb e Sr, que exibem
comportamento geoquímico contrastantes, onde (143Nd/144Nd)CHUR corresponde ao
Sm e Nd têm propriedades químicas valor da razão 143Nd/144Nd em meteoritos
similares. Isto torna difícil a obtenção de condríticos para a idade considerada (CHUR
amostras de rocha total com variações = chondritic uniform reservoir).
significativas na razão Sm/Nd, Como se assume que a Terra foi
impossibilitando uma aplicação ampla do formada por material semelhante ao de
método. No entanto, ele é muito útil para meteoritos condríticos, rochas com valores
rochas que têm baixas concentrações de Rb εNd próximos a zero teriam sido derivadas do
e/ou não contêm zircão, não podendo ser manto primitivo. No entanto, como a crosta
datadas pelos métodos Rb-Sr ou U-Pb. Este continental cresceu à custa do manto (ver
é o caso de algumas classes de meteoritos e Cap. 8) e o Nd é mais incompatível que o
de rochas máficas. Além disso, Sm e Nd são Sm, por ter raio iônico um pouco maior,
imóveis durante eventos metamórficos que com o decorrer do tempo o manto adquire
podem perturbar mesmo o sistema U-Pb. razões Sm/Nd maiores que o CHUR (Fig.
Nesses casos, o método Sm-Nd pode ser o 2.4). Este manto é chamado empobrecido
único a fornecer a idade de cristalização de devido à perda de elementos litófilos.
rochas metamorfizadas em alto grau. Um Razões Sm/Nd (e, portanto, 143Nd/144Nd)
exemplo é mostrado na Figura 2.3. mais elevadas que o CHUR implicam
valores εNd positivos. Assim, rochas com εNd
143 144
positivo são interpretadas como derivadas
Nd/ Nd
0,5133
do manto empobrecido. A crosta
continental, por outro lado, tem valores
0,5131
Sm/Nd menores que o CHUR e, assim,
magmas formados por sua fusão parcial têm
0,5129
valores negativos de εNd.
A idade modelo de uma rocha (TDM,
0,5127
DM = depleted mantle) corresponde ao
Idade = 782 +/- 100 Ma tempo no qual seu εNd era igual ao do manto
MSWD = 5,2
0,5125
empobrecido. Por exemplo, a Fig. 2.4
mostra que as rochas do Complexo Itapetim
0,5123
0,10 0,14 0,18 0,22 0,24 e do Batólito Fazenda Nova têm idades-
147
Sm/ Nd
144
modelo, respectivamente, em torno de 1,4
Figura 2.3. Isócrona Sm-Nd (rocha total) para Ga e entre 1,8 e 2,0 Ga. Estas idades são
anfibolitos da seqüência metavulcanossedimentar consideravelmente mais velhas que as
Mara Rosa, Goiás. idades de cristalização dos plútons (em torno
de 0,6 Ga).
Como no caso do método Rb-Sr, a Apenas rochas crustais derivadas do
razão inicial 143Nd/144Nd também indica a manto (ou de protólitos derivados do manto)
origem crustal ou mantélica de uma rocha. têm idades-modelo idênticas à sua idade de
Porém, como a variação desta razão é muito cristalização (esta última normalmente
10
obtida pelo método U-Pb em zircão). Estas positivos e idades-modelo idênticas à idade
rochas são chamadas de juvenis e suas de cristalização. Como essas rochas têm
idades correspondem a eventos de formação razões Sm/Nd menores que o CHUR, com o
crustal. passar do tempo, elas adquirem εNd negativo.
Fusão parcial dessas rochas, num evento
posterior, vai gerar granitos com valores εNd
negativos e TDM arqueano ou proterozóico.
Se o magma gerado contiver um
componente juvenil por mistura com
magmas máficos (caso a), os valores εNd
podem ser positivos ou negativos e o TDM
será intermediário entre a idade de
cristalização da rocha e a idade do protólito
granítico. Se houver mistura com magmas
de origem crustal (caso b), o εNd será
negativo.
Figura 2.4. Diagrama de evolução isotópica de Nd
para amostras do Complexo Itapetim (IG) e do 2.5. Método U-Pb
Batólito Fazenda Nova (FN) (Província Borborema, 2.5.1. Generalidades
NE Brasil). Para o decaimento do 238U para 206Pb
235
e do U para 207Pb, tem-se as seguintes
equações:
206
Pb = 206Pb0 + 238U (eλt – 1)
207
Pb = 207Pb0 + 235U (eλt – 1)
11
A vantagem do método U-Pb sobre térmica em um espectrômetro de massa. O
os demais métodos de datação reside no fato acrônimo TIMS (das iniciais em inglês para
de o urânio possuir dois isótopos espectrometria de massa por ionização
radioativos, o que permite o cálculo de térmica) também é frequentemente
idades pelas duas expressões seguintes: empregado para descrever este método.
Atualmente, é possível obter idades pela
t = 1/λ238 ln (206Pb/238U + 1) dissolução de apenas um ou de uns poucos
t = 1/λ235 ln (207Pb/235U + 1) grãos de zircão.
Datação in situ de domínios no
Projetando-se as razões 206Pb/238U interior de grãos individuais de zircão pode
versus 207Pb/235U para diferentes valores de ser realizada com o uso de microssonda
t, obtém-se uma curva chamada concórdia iônica, cujo instrumento mais sensível é
(Fig. 2.6). Minerais que se comportam como denominado SHRIMP (de Sensitive High
um sistema fechado para U e Pb desde a sua Resolution Ion Microprobe), e por
formação devem fornecer idades 238U-206Pb espectrometria de massa com plasma
e 235U-207Pb idênticas e, portanto, cair sobre indutivamente acoplado com ablasão a laser
a concórdia. Estas idades são chamadas de (LA-ICP-MS, das iniciais de laser ablation
concordantes. inductively coupled plasma mass
spectrometry). Com estes dois
equipamentos, em combinação com imagens
obtidas por microscopia eletrônica de
varredura ou catoluminescência, é possível
determinar a idade de domínios no interior
de grãos complexos. Nestes casos, idades
diferentes podem estar presentes (Fig. 2.7) e
datação pelo método convencional
forneceria uma média das idades.
12
ser determinadas por microssonda eletrônica cristalinas, zonação oscilatória (Fig. 2.7) e
(em ppm) e utilizadas para a obtenção de razão Th/U > 0,1. Monazita é mais comum
uma idade aproximada pela equação: como mineral metamórfico que zircão e está
se tornando o mineral padrão para a
CPb ~ 0,897 CTh(eλ232t – 1) + determinação de idades de metamorfismo
0,006 CU(eλ235t – 1) + 0,589 CU(eλ238t – 1) pela técnica de datação química de Pb.
Idades discordantes, normalmente,
onde λ232, λ235 e λ238 são as taxas de resultam da perda de Pb durante eventos
decaimento radioativo de 232Th, 235U e 238U, metamórficos. Neste caso, análises de
respectivamente. zircões (ou outros minerais apropriados)
derivados de uma mesma amostra caem
2.5.4. Aplicações sobre a discórdia. Os interceptos superior e
Se um mineral é fechado com inferior da discórdia são interpretados como
respeito à perda ou ganho dos isótopos as idades de cristalização e do evento
radioativos e radiogênicos desde sua metamórfico, respectivamente (Fig. 2.9).
formação, as idades obtidas devem ser
concordantes e correspondem a idades de
cristalização. No caso de rochas ígneas, isto
permite a datação de eventos magmáticos
(Fig. 2.8).
13
detritos para a bacia sedimentar (Fig. 2.11). Os três isótopos naturais do argônio
Estes estudos também fornecem a idade são 36Ar, 38Ar e 40Ar. Este último é o mais
máxima de deposição, que deve ser mais abundante (99,6%) e resulta do decaimento
jovem que a do zircão mais novo analisado. do 40K:
40
Ar = 40K (eλt – 1)
O K também produz 40Ca por decaimento
40
14
Uma idade t pode ser obtida a partir da a granulação e a taxa do resfriamento. As
equação acima para diferentes temperaturas. temperaturas de fechamento para
Para datar uma rocha ou mineral pelo hornblenda, muscovita e biotita (minerais
método Ar-Ar, a amostra é aquecida passo a mais comumente utilizados para datação
passo a diferentes temperaturas. A razão pelo método Ar-Ar) são, respectivamente,
40
Ar/39Ar do gás liberado em cada etapa é da ordem de 530º, 380º e 300ºC.
medido em um espectrômetro de massa. Os
resultados são apresentados em um gráfico, 2.6.2. Datação por traços de fissão
onde as idades calculadas são projetadas A fissão espontânea do 238U produz
contra a percentagem de gás liberado (Fig. nuclídeos que se movimentam em direções
2.12). Idealmente, as idades determinadas a opostas. Isto causa um dano na estrutura
cada temperatura deveriam ser idênticas, cristalina do mineral, deixando um traço que
mas considera-se que o resultado é pode ser observado ao microscópio. Se a
satisfatório se as idades forem coincidentes temperatura é elevada, este traço é
para três ou mais passos correspondendo a rapidamente cicatrizado. No caso da apatita,
mais de 70% do gás liberado. Esta idade é os traços de fissão têm cerce de 14 µm e
chamada idade platô. Na técnica 40Ar/39Ar podem ser, em boa parte, preservados para
clássica é utilizada uma população de temperaturas abaixo de cerca de 100ºC.
numerosos grãos de um mineral, os quais Assim, a densidade de traços de fissão em
são aquecidos em um forno. O método um cristal é proporcional ao tempo
40
Ar/39Ar por sonda laser, introduzido mais decorrido após a rocha ter atingido essa
recentemente, permite a datação de grãos temperatura.
individuais (Fig. 2.12) e mesmo de zonas
locais no interior do grão. 2.6.3. Aplicações
O método Ar-Ar pode ser utilizado
para obter idades de cristalização de rochas
ígneas que tenham resfriado rapidamente ou
de rochas metamórficas de baixo grau. No
caso de rochas ígneas e metamórficas de alto
grau que sofreram resfriamento lento, a
idade (ou idades) 40Ar/39Ar não corresponde
à idade de cristalização, mas sim ao tempo
que a rocha foi resfriada abaixo da
temperatura de fechamento do mineral
analisado (note a diferença de idade entre
grãos de anfibólio e biotita na Fig. 2.12). Em
combinação com o método U-Pb e/ou de
traços de fissão em apatita, isto permite que
Figura 2.12. Espectro de idades aparentes
40
Ar/39Ar para grãos de anfibólio e biotita de um
estimativas de taxas de resfriamento crustal
ortognaisse diorítico na região de Taquaritinga do sejam feitas, o que é muito importante em
Norte, Estado de Pernambuco. P = idade platô. estudos metamórficos. O método de traços
de fissão é ainda empregado em estudos de
O argônio não pode ser retido no denudação e erosão.
interior de um mineral até que uma
temperatura suficientemente baixa, chamada 2.7. A escala do tempo geológico
temperatura de fechamento, tenha sido Para o Fanerozóico, as subdivisões
atingida. A temperatura de fechamento da escala do tempo geológico são baseadas
depende de vários fatores, dentre os quais os em critérios paleontológicos e
mais importantes são a estrutura do mineral, estratigráficos. Ela é numericamente
15
calibrada pela datação de rochas apropriadas (International Union of Geological
e tem sido continuamente refinada à medida Sciences; IUGS), mas não tem sido
que progressos nas técnicas geocronológicas amplamente empregada e não será utilizada
permitem a obtenção de idades com precisão neste livro. Quando necessário, termos
e exatidão cada vez maior. informais como Paleoproterozóico inferior e
Para o Precambriano, a subdivisão do Mesoproterozóico superior, por exemplo,
tempo geológico é puramente cronológica. serão utilizados e não os períodos
O limite entre os éons Arqueano e equivalentes propostos pela IUGS
Proterozóico é colocado a 2,5 Ga e eles (Sideriano, Esteniano). Uma escala do
correspondem, respectivamente, a mais de tempo geológico simplificada é mostrada na
um terço e à quase metade da história Figura 2.13.
geológica da Terra. O Arqueano é
subdividido em Paleoarqueano, Referências Selecionadas
Mesoarqueano e Neoarqueano, e o Dickin, A.P., 2005. Radiogenic Isotope Geology, 2ª
Proterozóico, em Paleoproterozóico, Ed., Cambridge University Press.
Faure, G., 1986. Principles of Isotope Geology, 2ª
Mesoproterozóico e Neoproterozóico. O éon Ed., Wiley.
pré-arqueano é conhecido como Hadeano. Foster, G., Parrish, R.R., Horstwood, M.S.A.,
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Geochemistry 3, 321-348, Elsevier.
Silva, L.C., 2006. Geocronologia aplicada ao
Figura 2.13. Esquema mostrando as principais mapeamento regional, com ênfase na técnica U-
subdivisões do tempo geológico. Pb SHRIMP e ilustrada com exemplos
brasileiros. Publicações Especiais do Serviço
Uma divisão das eras do Geológico do Brasil 1, 1-132.
Proterozóico em períodos foi proposta pela
União Internacional das Ciências Geológicas
16
3. Estrutura e Composição do Interior da Terra
3.1. Introdução
O principal método para determinar a
estrutura interna da Terra é o estudo da
propagação de ondas elásticas através do seu
interior. O ramo da geofísica que se ocupa
desse estudo é chamado de Sismologia. A
determinação da composição das diferentes
camadas da terra revelada pela sismologia é
feita por uma combinação de métodos.
Dentre estes, destacam-se estudos
geoquímicos e petrológicos de rochas
presentes na superfície ou transportadas para
a superfície durante eventos magmáticos ou Figura 3.1. Diagrama em duas dimensões
ilustrando a diferença entre ondas P e S.
tectônicos, e a determinação das
propriedades físicas dos minerais em
laboratório sob condições variáveis de As ondas P podem se propagar em
pressão e temperatura. meios sólidos, líquidos ou gasosos. As ondas
S só se propagam em meios sólidos porque
3.2. Ondas sísmicas líquidos não apresentam resistência se
Uma rocha submetida a um esforço submetidos a esforços cisalhantes. Quando
sofre, inicialmente, uma deformação elástica. uma onda em propagação passa de um meio
Terremotos são gerados quando o esforço para outro com propriedades físicas
aplicado supera a resistência da rocha, diferentes, ela pode sofrer refração e/ou
levando à sua ruptura. Quando isto ocorre, a reflexão e aumentar ou diminuir a
energia elástica armazenada é subitamente velocidade. São essas variações de direção e
liberada e se propaga em todas as direções de velocidade que permitem a determinação
por meio de ondas sísmicas. Existem vários da estrutura interna da Terra. Regiões
tipos de ondas sísmicas. As mais importantes caracterizadas por um aumento ou
para o estudo da estrutura do interior da diminuição brusca na velocidade de
Terra são as ondas P e S (Fig. 3.1). propagação das ondas sísmicas são chamadas
As ondas P são chamadas primárias, de descontinuidades sísmicas.
porque sua velocidade de propagação é maior Os estudos sismológicos podem
que a das ondas S (secundárias) e, assim, elas utilizar ondas sísmicas produzidas por fontes
chegam mais rapidamente a uma estação de passivas ou ativas. No primeiro caso, as
registro sismológico. A direção de ondas sísmicas são provenientes de
propagação das ondas P é paralela à direção terremotos naturais distantes e registradas em
de vibração, como no caso das ondas estações sismológicas. No segundo caso, as
sonoras. Por isso, elas são também fontes de energia são geradas artificialmente
conhecidas como ondas longitudinais ou e medidas em receptores espalhados ao longo
compressionais (Fig. 3.1). Nas ondas S, a de linhas sísmicas. Os tremores podem ser
direção de vibração é perpendicular à direção causados por explosões com tempo
de propagação, sendo elas, também, controlado ou por vibrações produzidas por
chamadas de transversais ou cisalhantes (Fig. caminhões especialmente equipados para este
3.1). fim.
17
3.3 Características sísmicas das camadas variando de 14 a 80 km e, a da segunda,
da Terra tipicamente de 6 a 8 km. Em algumas regiões
A Figura 3.2 mostra um modelo da continentais, é observado um contato
variação das velocidades sísmicas com o gradual, ocorrendo a profundidades entre 12
aumento da profundidade obtido a partir da e 20 km, dependendo do local, chamado
análise de um grande número de medidas. A “descontinuidade” de Conrad, que separa a
partir dela, infere-se que as principais crosta superior da crosta média/inferior. Na
divisões sismológicas da Terra são a crosta, o maioria das regiões, porém, a crosta
manto e o núcleo, sendo o manto subdividido continental é mais bem descrita como
em três camadas e o núcleo em duas (Fig. constituída por uma estrutura com três
3.3). A crosta é separada do manto pela camadas. Um exemplo é mostrado na Figura
descontinuidade de Mohorovicic (ou 3.4. Na crosta superior (<15 km),
simplesmente Moho), a qual se situa, velocidades de ondas P (VP ou α) entre 6,0 e
tipicamente, entre 30 e 50 km de 6,3 km/s são características; valores entre 6.8
profundidade, em regiões continentais, e a 10 e 7.2 km/s predominam na crosta inferior
km de profundidade, em regiões oceânicas. A (abaixo de 30 km). A crosta oceânica
espessura da crosta é tão pequena quando consiste de três camadas sísmicas: a camada
comparada com raio da Terra, que ela quase 1 tem baixos valores de VP (em torno de 2
não é visível na Figura 3.2. O manto é km/s), na camada 2 os valores de VP são
separado do núcleo por uma descontinuidade ainda baixos, mas atingem até 6 km/s, e a
que ocorre a 2890 km de profundidade, a camada 3 tem VP entre 6,8 e 7,3 km/s (Fig.
qual é, às vezes, chamada descontinuidade de 3.5).
Gutenberg. Ondas S não se propagam através
do núcleo externo, indicando que o mesmo é
líquido.
18
aumento de velocidade das ondas P de 7,2- no manto.
7,3 km/s na base da crosta para 8,0-8,1 km/s
Figura 3.4. Perfis de velocidades de ondas P e S (acima) e modelo 2D de velocidades de ondas P (abaixo) para a
Faixa Brasília e porção ocidental do cráton São Francisco ao longo da linha sísmica mostrada no mapa da
esquerda.
19
propagar. Uma descontinuidade a 5150 km Tabela 3.1. Estimativa para a composição química da
de profundidade separa o núcleo externo crosta continental (Rudnick e Gao, 2005). Óxidos em
%; elementos em ppm.
líquido do núcleo interno sólido. Alguns Óxido/ Crosta Crosta Crosta Crosta
autores intitulam esta descontinuidade de Elemento superior média inferior total
Lehmann, mas outros utilizam este termo SiO2 66,6 63,5 53,4 60,6
para a base da LVZ. TiO2 0,64 0,69 0,82 0,72
Al2O3 15,4 15,0 16,9 15,9
FeOT 5,04 6,02 8,57 6,71
3.4. Composição da crosta MnO 0,10 0,10 0,10 0,10
3.4.1. Crosta continental MgO 2,48 3,59 7,24 4,66
A composição da crosta continental CaO 3,59 5,25 9,59 6,41
superior é bem conhecida, porque seções Na2O 3,27 3,39 2,65 3,07
representando níveis crustais diferentes estão K 2O 2,80 2,30 0,61 1,81
P2O5 0,15 0,15 0,10 0,13
expostas na superfície, podendo ser
Sc 14,0 19 31 21,9
estudadas diretamente no campo. Galerias e V 97 107 196 138
furos de sonda estendem a observação direta Cr 92 76 215 135
das rochas até 13 km de profundidade. Estes Co 17,3 22 38 26,6
estudos mostram que a crosta continental Ni 47 33,5 88 59
Cu 28 26 26 27
superior é constituída predominantemente de
Zn 67 69,5 78 72
rochas ígneas e metamórficas capeadas por Ga 17,5 17,5 13 16
uma cobertura de rochas sedimentares que Rb 82 65 11 49
representam apenas uma pequena fração de Sr 320 282 348 320
seu volume. Os seguintes métodos são Y 21 20 16 19
Zr 193 149 68 132
empregados para estimar a composição
Nb 12 10 5 8
química da crosta continental superior: (a) Ag 53 48 65 56
determinação de médias ponderadas da Sn 2,1 1,30 1,7 1,7
composição de rochas expostas na superfície; Sb 0,4 0,28 0,10 0,2
(b) determinação das composições médias de Ba 628 532 259 456
La 31 24 8 20
elementos insolúveis em sedimentos clásticos
Ce 63 53 20 43
finos (argilitos); (c) determinação da Pr 7,1 5,8 2,4 4,9
composição química média de depósitos Nd 27 25 11 20
glaciais e loess. Diferentes estimativas Sm 4,7 4,6 2,8 3,9
mostram que a composição média aproxima- Eu 1,0 1,4 1,1 1,1
Gd 4,0 4,0 3,1 3,7
se da de um granodiorito (Tabela 3.1).
Tb 0,7 0,7 0,48 0,6
A composição da crosta continental Dy 3,9 3,8 3,1 3,6
mais profunda é inferida a partir de dados Ho 0,83 0,82 0,68 0,77
sísmicos e daqueles provenientes da Er 2,3 2,3 1,9 2,1
petrologia experimental e do estudo de Tm 0,30 0,32 0,24 0,28
Yb 2,0 2,2 1,5 1,9
xenólitos encontrados em algumas rochas Lu 0,31 0,4 0,25 0,30
vulcânicas. Embora existam discrepâncias Hf 5,3 4,4 1,9 3,7
entre diferentes estimativas, a combinação Ta 0,9 0,6 0,6 0,7
dos resultados provenientes desses diferentes W 1,9 0,60 0,60 1
campos mostra que, em geral, a crosta Re 0,198 0,18 0,188
Os 0,031 0,05 0,041
continental torna-se mais máfica com o Ir 0,022 0,05 0,037
aumento da profundidade. A crosta inferior Pt 0,5 0,85 2,7 1,5
consiste de rochas na fácies granulito e é Au 1,5 0,66 1,6 1,3
quimicamente equivalente a gabro, enquanto Hg 0,05 0,0079 0,014 0,03
a crosta média é composta de rochas na Pb 17 15,2 4 11
Th 10,5 6,5 1,2 5,6
fácies anfibolito e tem composição U 2,7 1,3 0,2 1,3
intermediária (Tabela 3.1).
20
As velocidades das ondas sísmicas em ultramáficos (Camada 3). Assim, a
rochas félsicas, intermediárias e máficas, composição química média da crosta
medidas em laboratório sob condições de oceânica é máfica, similar, portanto, à da
pressão e temperatura apropriadas para a crosta continental inferior.
crosta continental, coincidem,
respectivamente, com aquelas determinadas 3.5. Tipos e províncias crustais
pela sismologia para a crosta superior, média 3.5.1. Tipos crustais
e inferior. Assim, existe uma boa Um tipo crustal é um segmento
correspondência entre as estimativas da contínuo da crosta com características
composição da crosta, obtidas pela geológicas e geofísicas similares. Os
geoquímica, com os resultados experimentais principais parâmetros utilizados para
e sismológicos. Em vista disto, é amplamente diferenciar tipos crustais são a espessura e
aceito que a composição global da crosta estrutura sísmica (Fig. 3.7), mas tipos
continental é andesítica (diorítica). crustais geralmente coincidem com feições
Embora o volume da crosta fisiográficas maiores na superfície da Terra
continental corresponda a, apenas, cerca de (Fig. 3.6).
0,6 % do volume total da Terra, ela concentra O tipo crustal mais extenso é
uma proporção significativa dos elementos- representado pelas bacias oceânicas, cuja
traço incompatíveis (35-55% de Rb, Ba, K, estrutura é mostrada na Figura 3.5. Bacias
Th e U). oceânicas têm 6 a 8 km de espessura,
superfície aplainada, e uma cobertura de
3.4.2. Crosta oceânica lâmina d’água com 5 a 7 km (Fig. 3.6).
A composição da crosta oceânica é Cadeias ou dorsais oceânicas são cadeias de
estimada a partir de amostras dragadas do montanhas submarinas que se elevam 2 a 3
assoalho oceânico; de testemunhos colhidos km acima do fundo oceânico, podendo,
através de perfurações; de amostras obtidas eventualmente, emergir, a exemplo da
com o uso de submersíveis em zonas de Islândia. Seu comprimento total é superior a
fratura, onde porções mais profundas da 65.000 km (Fig. 3.6) e espessuras entre 3 e 6
crosta podem ser observadas; e por km. A Camada 1 é ausente ou muito delgada
comparação com a composição de ofiolitos. nas dorsais oceânicas e aumenta de espessura
Ofiolitos são seqüências interpretadas como em direção aos continentes. Também
fragmentos da crosta oceânica e da porção presentes em regiões oceânicas são os arcos
mais superior do manto, posicionadas nos de ilhas, cadeias de ilhas vulcânicas com
continentes como resultado de esforços formas arqueadas. A espessura da crosta em
tectônicos (ver Capítulo 7). arcos de ilhas varia de 10 a 40 km (Fig. 3.7).
A combinação desses métodos mostra Além da espessura maior, arcos de ilhas
que as três camadas definidas pelo estudo das podem ser distinguidos das dorsais oceânicas
ondas sísmicas consistem de (Fig. 3.5): (a) por serem margeados, de um lado, por fossas
sedimentos inconsolidados (chert, argila oceânicas, sulcos profundos no assoalho que
vermelha e calcáreo) ricos em podem atingir até 11 km de profundidade, e,
microorganismos planctônicos (Camada 1); do lado oposto, por bacias marginais ou
(b) derrames de basaltos toleíticos com retro-arco (Fig. 3.6). A crosta oceânica nas
estruturas em almofada (pillow lavas), na bacias retro-arco é mais espessa que nas
posição superior, e enxames de diques de bacias oceânicas (10 km, em média) devido a
diabásio verticais (interpretados como os uma maior espessura da camada sedimentar.
condutos para os basaltos sobrejacentes), na Em contraste com os arcos de ilhas, ilhas
porção inferior (Camada 2); (c) gabros e oceânicas marcam a terminação de cadeias
metagabros com intercalações de lineares de vulcões extintos. Finalmente, são,
plagiogranito, serpentinito e cumulados ainda, encontradas nos oceanos feições não
21
lineares representadas por platôs submarinos oceânicos é discutida com mais detalhes nos
(ou oceânicos). A estrutura, bem como a capítulos 5 e 6.
origem, desses diferentes tipos crustais
Figura 3.6. Topografia da Terra mostrando as feições principais abaixo dos oceanos e nos continentes.
Figura 3.7. Estrutura sísmica de diferentes tipos crustais continentais e de arcos de ilhas.
22
Quatro tipos crustais principais são riftes continentais são observadas ao longo
reconhecidos nos continentes. Escudos e de margens rifte ou margens continentais
plataformas são regiões estáveis compostas passivas. Apesar de situadas abaixo do nível
de rochas precambrianas. Escudos possuem do mar, a estrutura e composição das
pouca ou nenhuma cobertura sedimentar, margens rifte indicam que elas são formadas
enquanto as plataformas têm uma cobertura por crosta continental. A passagem de uma
de rochas supracrustais, tipicamente com 1 a margem passiva para a crosta oceânica típica
3 km de espessura. Escudos e plataformas pode ser gradual ou relativamente brusca.
têm relevo pouco acentuado e espessura
média de 42 km (Fig. 3.7). Uma plataforma 3.5.2. Províncias crustais
pode envolver vários escudos. Por exemplo, Províncias crustais são segmentos da
na plataforma Sul-Americana, ou seja, na crosta que possuem o mesmo intervalo de
região a leste dos Andes, são reconhecidos idades geocronológicas e histórias
os escudos Atlântico, Brasil Central e da geológicas similares. Os limites entre
Guiana. províncias podem ser marcados por falhas
Cinturões orogênicos paleozóicos ou zonas de cisalhamento, inconformidades,
são cinturões alongados e curvilineares rápidas mudanças no grau metamórfico ou
formados por deformação e metamorfismo por contatos intrusivos. Províncias crustais
durante o Paleozóco. Exemplos incluem os podem ser orogênicas ou anorogênicas.
Apalaches, no leste da América do Norte, e Estas últimas podem ser ígneas ou
os Pirineus, entre a Espanha e a França. A sedimentares, como exemplificados,
espessura desse tipo crustal é um pouco respectivamente, pelas bacias do Paraná e
menor que a de escudos e plataformas, Parnaíba e por grandes derrames basálticos.
variando de 30 a 40 km (Fig. 3.7), e sua Províncias orogênicas são resultantes de
expressão superficial é o de cadeias de deformação e metamorfismo. Exemplos,
montanhas erodidas, geralmente com 1 a 2 com idades variando do Arqueano até o
km de altitude. Cinturões orogênicos meso- presente, são discutidos nos capítulos 9 a 11.
cenozóicos, por outro lado, formam cadeias O termo cráton normalmente é empregado
de montanhas com relevo bastante para províncias orogênicas tectonicamente
acentuado e podem apresentar espessuras de estabilizadas pelo menos desde o início do
até 70-80 km (Fig. 3.7). Exemplos incluem Neoproterozóico, mas alguns autores
os Andes, no oeste da América do Sul; o preferem restringir o termo para escudos ou
Himalaia, na Índia e Paquistão; e os Alpes, plataformas de idade arqueana. Províncias
na Europa. orogênicas são, também, chamadas cinturões
Riftes continentais são regiões orogênicos ou faixas móveis.
caracterizadas pela presença de um vale Os termos tipo crustal e província
(tipicamente com 30-75 km de largura) crustal não são sinônimos, embora possam
limitado por falhas extensionais, comumente coincidir em algumas situações, como no
com 25 a 35 km de espessura (Fig. 3.7). caso de cinturões orogênicos fanerozóicos.
Embora presentes em regiões de crosta No entanto, uma província pode apresentar
continental atenuada, como resultado de variações de espessura e não
deformação extensional, as altitudes não são necessariamente consiste de um segmento
necessariamente baixas. Por exemplo, de crosta contínuo. Por exemplo, vulcões de
altitudes acima de 3 km são comuns ao mesma idade distribuídos em uma região
longo do sistema de riftes do leste da África, relativamente grande compõem uma
o mais extenso sistema de riftes província crustal, como é o caso da
continentais, com um comprimento de 6.500 província alcalina de Poços de Caldas. Por
km (Fig. 6.2). Espessuras similares à de outro lado, um tipo crustal pode englobar
23
vários segmentos de crosta com idades derivada por este procedimento é chamada
diferentes, isto é, várias províncias. Por de pirólito.
exemplo, um escudo pode englobar um ou A Tabela 3.2 mostra estimativas da
mais crátons e faixas móveis proterozóicas, composição química do manto, utilizando
como no caso do escudo canadense. diferentes metodologias. Os resultados são
similares e mostram que os óxidos SiO2,
3.6. Composição do manto MgO e FeO representam mais de 90% de
Várias linhas de evidência são seu peso.
utilizadas para a determinação da
composição química e mineralógica do Tabela 3.2. Estimativas para a composição química
manto. Evidências diretas provêem de do manto segundo diferentes metodologias (óxidos
exposições do manto superior no assoalho em %; elementos em ppm). (1) Pirólito
oceânico, de xenólitos em magmas (McDonough, 1995); (2) xenólitos em vulcões
continentais intraplaca (Pearson et al., 2005); (3)
kimberlíticos e basálticos, e da seção basal Manto empobrecido (Salters e Stracke, 2004); (4)
de seqüências ofiolíticas. A parte mais Manto primitivo (Palme e O’Neil, 2005).
superficial do manto pode aflorar no Óxido/ (1) (2) (3) (4)
assoalho oceânico como resultado de Elemento
exumação por falhas normais ou SiO2 45,0 44,33 44,87 45,4
TiO2 0,20 0,10 0,20 0,16
transformantes ou devido à ausência de Al2O3 4,45 2,41 4,33 4,49
crosta oceânica. Se as rochas se soerguem FeO 8,05 8,07 8,09 8,1
acima do nível do mar, como é o caso das MnO 0,13 0,13 0,15 0,14
ilhas de São Paulo e São Pedro, uma MgO 37,8 41,84 38,13 36,77
observação direta é possível. Caso contrário, CaO 3,55 4,85 3,52 3,65
Na2O 0,36 0,29 0,42
amostras podem ser obtidas por dragagem K2O 0,03 0,01 0,02
ou perfurações. Estudos termobarométricos P2O5 0,02 0,03 0,01
indicam a extração de xenólitos mantélicos Sc 16,2 12 16,3 16,5
de fontes situadas até cerca de 250 km, V 82 59 79 86
permitindo a caracterização das rochas Cr 2625 2819 2500 2520
Co 105 102 106 102
presentes até esta profundidade. Ni 1960 2147 1960 1860
A parte acessível do manto tem Cu 30 30 20
composição química comparável à de certos Zn 55 56 53,5
tipos de meteoritos. Assumindo-se que esses Ga 4 3,2 4,4
meteoritos são remanescentes do material a Rb 0,6 0,09 0,6
Sr 19,9 9,8 20,3
partir do qual a Terra foi formada, sua Y 4,3 4,1 4,37
composição química reflete a composição Zr 10,2 7,94 10,81
global da Terra. As composições do manto e Nb 0,66 0,21 0,59
do núcleo podem, então, ser calculadas a Sn 0,13 0,1 0,14
partir da composição global levando-se em Ba 6,6 1,2 6,75
La 0,65 0,23 0,69
consideração seus volumes relativos. A Nd 1,25 0,71 1,32
composição do manto derivada dessa forma Sm 0,41 0,27 0,43
corresponde à do manto primitivo, isto é, Eu 0,15 0,11 0,16
antes da formação da crosta continental (ver Gd 0,54 0,39 0,57
capítulos 2, 6 e 8). Dy 0,67 0,53 0,71
Ho 0,15 0,12 0,16
Finalmente, a composição química Er 0,44 0,37 0,46
das rochas requerida para fornecer os Yb 0,44 0,4 0,46
magmas basálticos erupcionados na Hf 0,28 0,2 0,04
superfície da Terra pode ser calculada por Pb 0,15 0,02 0,18
modelagem geoquímica. A rocha hipotética Th 0,08 0,01 0,08
U 0,02 0,005 0,02
24
As possíveis rochas presentes no
manto devem ter propriedades físicas
condizentes com aquelas obtidas a partir de
estudos sismológicos. Atualmente, já é
possível reproduzir em laboratório as
condições de pressão e temperatura
correspondentes até a base do manto.
Comparando-se os dados provenientes da
física dos minerais com os dados
sismológicos é possível predizer as fases
minerais presentes a diferentes
profundidades (Fig. 3.8).
onde An, Fo, Cpx, Opx, Sp e Py são, 3.6.2. Zona de baixa velocidade
respectivamente, anortita, forsterita, A existência da zona de baixa
clinopiroxênio, ortopiroxênio, espinélio e velocidade no manto superior pode resultar
piropo. da presença de água, de fusão parcial
25
incipiente, ou da orientação preferencial de existência de um alinhamento horizontal dos
cristais de olivina. As duas últimas cristais de olivina.
explicações são as mais aceitas e
possivelmente atuam em conjunto. 3.6.3. Zona de transição e manto inferior
Resultados experimentais mostram Estudos experimentais mostram que,
que água livre não pode coexistir com os com o aumento da profundidade, piroxênio
minerais anidros presentes no manto entra progressivamente em solução sólida na
superior. Para pressões correspondentes a estrutura da granada. Assim, a base do
profundidades inferiores a 100 km, água é manto superior consiste essencialmente de
incorporada na estrutura de minerais olivina e granada. O mineral resultante da
hidratados, como anfibólio ou flogopita. Em solução sólida completamente
profundidades maiores, a presença de água homogeneizada de granada+piroxênio é
rebaixa o solidus do peridotito e causa fusão denominado majorita e é uma fase estável na
parcial incipiente (Fig. 3.10). Mesmo se a zona de transição (Fig. 3.8). Sob as
percentagem de fusão é muito baixa condições de pressão e temperatura
(<0,1%), isto pode causar uma redução correspondentes à descontinuidade de 410
substancial na velocidade das ondas km, olivina sofre uma alteração na sua
sísmicas. estrutura e é convertida para um polimorfo
chamado de fase β ou wadsleyita (Fig. 3.8).
Esta transformação resulta em um aumento
de densidade de cerca de 8%, suficiente para
explicar o aparecimento da descontinuidade
sísmica. Assim, embora mudanças
composicionais possam contribuir para a
descontinuidade de 410 km, o principal fator
responsável pela mesma é uma transição de
fase.
A transição de olivina para a fase β é
causada pelo empacotamento mais denso
dos átomos de oxigênio com o aumento da
pressão. Isto faz com que o Si mude de uma
coordenação tetraédrica para octaédrica. Na
fase β, parte dos átomos de Si têm número
Figura 3.10. Presença de água no manto rebaixa de coordenação 4 e parte número de
o solidus do peridotito. A geoterma cruza o coordenação 6. A transformação completa
solidus hidratado (o que resulta em fusão da fase β para a fase γ (ou ringwoodita),
parcial) numa profundidade equivalente àquela onde todos os átomos de Si têm coordenação
detectada sismicamente para o topo da LVZ.
6, dá-se a profundidades entre 510 e 540 km.
A metade inferior da zona de transição
Além de composição, temperatura e
consiste, portanto, de majorita+ringwoodita
estado físico, a velocidade de propagação
(Fig. 3.8).
das ondas sísmicas é, ainda, influenciada
A descontinuidade de 660 km é
pela microestrutura das rochas presentes em
atribuída a outra mudança de fase, desta vez
profundidade. No caso da olivina, o mineral
envolvendo a transformação de ringwoodita
mais abundante no manto superior (Fig.
((Mg,Fe)2SiO4) para Mg-perovskita
3.8), a velocidade é máxima paralelamente
((Mg,Fe)SiO3) e magnesiowüstita (ou
ao comprimento maior do grão. Este efeito é
ferropericlásio) ((Mg,Fe)O) (Fig. 3.8):
chamado de anisotropia sísmica. Uma menor
velocidade de propagação das ondas
(Mg,Fe)2SiO4 = (Mg,Fe)SiO3 + (Mg,Fe)O
sísmicas na LVZ pode, portanto, refletir a
26
laboratório. Esta descoberta sugere que a
Embora seja consenso que a pós-perovskita é o mineral preponderante na
descontinuidade de 660 km resulta da camada D´´ (Fig. 3.11).
transição de fase acima, ainda é debatido se Na base da camada D´´, foi, também,
o manto inferior tem ou não a mesma recentemente detectada uma região
composição do manto superior. Em descontínua, com 7-8 km de espessura,
particular, tem sido sugerido que o manto apresentando uma redução de, pelo menos,
inferior é relativamente enriquecido em 10% na velocidade de propagação das ondas
ferro ou em sílica em comparação com o sísmicas. A presença desta região de ultra-
manto superior. No entanto, devido à baixa velocidade (ULVZ, das iniciais em
consistência entre observações sismológicas inglês para ultra-low velocity zone) indica a
e resultados experimentais, a opinião existência de mais de 15% de fusão parcial.
dominante é que o manto inferior tem uma Estas descobertas têm importantes
composição similar à do manto superior. implicações para a dinâmica do manto e
No manto inferior, a maior parte do serão abordadas nos próximos capítulos.
Al2O3 contido na majorita é acomodada na
estrutura da Mg-perovskita, enquanto CaO
forma outro silicato também com a estrutura
da perovskita (Ca-perovskita; CaSiO3).
Na2O, NiO e Cr2O3, os três outros óxidos
mais abundantes no manto, entram na
estrutura da magnesiowüstita.
Algumas inclusões encontradas em
diamantes e em xenólitos em rochas
vulcânicas foram interpretadas como
consistindo de majorita, Mg-perovskita, Ca-
perovskita e Fe-periclásio. Isto representaria
uma confirmação direta da mineralogia da
Figura 3.11. Proporções minerais relativas no
zona de transição e do manto inferior manto. Cpx+Opx – clino- e ortopiroxênio, Ol –
determinada em laboratório, mas estas olivina, Mj – majorita, CaPv – cálcio-perovskita,
observações ainda são disputadas. MgPv – magnésioperovskita, Mw – magnésio-
Em contraste com o manto superior e wüstita, Post-Pv – pós-perovskita.
o manto inferior, a solubilidade de H2O nos
minerais presentes na zona de transição é
elevada (1-3%). O manto superior é 3.7. Composição do núcleo
praticamente anidro (0,01% H2O) e a Uma série de evidências indica que
concentração de H2O no manto inferior é ferro metálico deve ser o principal
muito baixa (0,05% H2O), mas estimativas constituinte do núcleo: (a) analogias com
para a concentração de água na zona de meteoritos (ver Capítulo 8); (b)
transição variam de 0,1 a 2%. disponibilidade durante o crescimento da
Terra, já que ferro é o elemento pesado mais
3.6.4. Camada D’’ abundante no Sol e, portanto, existiria em
Mg-perovskita é estável até quantidades significativas no início de
profundidades de 2550-2750 km, formação do sistema solar; (c) similaridade
correspondentes ao topo da camada D´´, o entre a densidade do núcleo e a velocidade
que o torna o mineral mais abundante na de propagação das ondas P para o ferro
Terra (Fig. 3.11). Uma transição de determinadas experimentalmente em
perovskita para uma fase denominada pós- laboratório ou inferidas a partir de estudos
perovskita foi, recentemente, observada em teóricos; (d) o requerimento de um núcleo
27
líquido metálico para gerar o campo Earth’s core. Earth. Earth and Planetary Science
magnético da Terra. Devido à abundância de Letters 254, 233-238.
Bina, C.R., 2005. Seismological constraints upon
Ni e de seu caráter siderófilo, este elemento mantle composition. In: Carlson, R.W. (ed.) The
também deve ser um elemento maior no Mantle and Core. Treatise on Geochemistry 2,
núcleo (cerca de 5%). Pela mesma razão, 39-59.
quantidades substanciais de Cr, Co, Mn e Cu Bercovici, D., Karato, S.-I., 2003. Whole-mantle
também são prováveis (Tabela 3.3). convection and the transition-zone water filter.
Nature 425, 39-44.
Bodinier, J.L., Godard, M., 2005. Orogenic,
Tabela 3.3. Estimativas para a composição química ophiolitic, and abyssal peridotites. In: Carlson,
do núcleo externo. (1) Allègre et al. (1995); (2) R.W. (ed.) The Mantle and Core. Treatise on
McDonough (2005); (3) Badro et al. (2007). Geochemistry 2, 103-170.
Óxido/ (1) (2) (3) Christensen, N.I., Mooney, W.D., 1995. Seismic
Elemento velocity structure and composition of the
Fe (%) 79,4 85,5 continental crust: a global view. Journal of
Ni (%) 4,9 5,2 Geophysiacl Research 100, B7, 9761-9788.
Si (%) 7,3 6 2,8 Collerson, K.D., Hapugoda, S., Kamber, B.S.,
S (%) 2,3 1,9 0 Williams, Q., 2000. Rocks from the mantle
O (%) 4,1 0 5,3 transition zone: majorite-bearing xenoliths from
C (%) 0 0,2 Malaita, southwest Pacific. Science 288, 1215-
P (%) 0,11 0,2 1223.
Cr (%) 0,78 0,9 Drake, M.J., Righter, K., 2002. Determining the
Co (%) 0,28 0,25 composition of the Earth. Nature 416, 39-44.
Mn 5820 300 Hayman, C.P., Kopylova, M.G., Kaminsky, F.V.,
(ppm) 2005. Lower mantle diamonds from Rio Soriso
(Juina area, Mato Grosso, Brazil). Contributions
A densidade do núcleo externo é to Mineralogy and Petrology 149, 430-445.
Helffrich, G.R., Wood, B.J., 2001. The Earth’s
cerca de 10% inferior à do ferro nas
mantle. Nature 412, 501-507.
condições de pressão e temperatura Hirose, K., 2006. Postperovskite phase transition and
correspondentes. Isto requer a presença de its geophysical implications. Reviews of
elementos mais leves em quantidades Geophysics 44, doi: 2005RG000186.
razoáveis (10-15%). Os elementos leves Li, J., Fei, Y., 2005. Experimental constraints on core
composition. In: Carlson, R.W. (ed.) The Mantle
propostos como componentes principais são
and Core. Treatise on Geochemistry 2, 521-546.
O, Si, C, P e S (Tabela 3.3). Embora alguns McDonogh, W.F., 2005. Compositional model of the
resultados experimetnais recentes sugiram Earth’s core. In: Carlson, R.W. (ed.) The Mantle
que O e Si possam coexistir, a maioria dos and Core. Treatise on Geochemistry 2, 547-568.
estudos sugerem que eles são mutuamente McDonogh, W.F., Sun, S.S., 1995. The composition
of the Earth. Chemical Geology 120, 223-253.
excludentes. Dessa maneira, atualmente, Si é
McLennan, S.M., 2001. Relationships between the
favorecido como o principal elemento leve trace element composition of sedimentary rocks
no núcleo. Como o núcleo externo, o núcleo and upper continental crust. Geochemistry
interno também deve conter um elemento de Geophysics Geosystems 2, doi: 2000GC000109.
número atômico baixo para explicar suas Nguyen, J.H., Holmes, N.C., 2004. Melting of iron at
the physical conditions of the Earth's core.
propriedades físicas, porém a quantidade
Nature 427, 339-342.
requerida é menor (3-7%). Palme, H., O’Neill, H.St.C., 2005. Cosmochemical
estimates of mantle composition. In: Carlson,
Referências selecionadas R.W. (ed.) The Mantle and Core. Treatise on
Allègre, C.J., Poirier, J.P., Humler, E.,Hofmann, Geochemistry 2, 1-38.
A.W., 1995. The chemical composition of the Pearson, D.P., Canil, D., Shirey, S.B., 2005. Mantle
Earth. Earth and Planetary Science Letters 134, samples included in volcanic rocks: xenoliths
515-526. and diamonds. In: Carlson, R.W. (ed.) The
Badro, J., Fiquet, G., Guyot, F., Gregoryanz, E., Mantle and Core. Treatise on Geochemistry 2,
Occelli, F., Antonangeli, D., d’Astuto, M., 2007. 171-275.
Effect of light elements on the sound velocities
in solid iron: implications for the composition of
28
Romanowickz, B., 2008. Using seismic waves to Mantle: Structure, Composition, and Evolution.
image Earth’s internal structure. Nature 451, Geophysical Monograph Series 160, 261-280.
266-268. Taylor, S.R., McLennan, S.M., 1995. The
Rudnick, R.L., Fountain, D.M., 1995. Nature and geochemical evolution of the continental crust.
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crustal perspective. Reviews of Geophysics 33, Thybo, H., 2006. The heterogeneous upper mantle
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29
30
4. Convecção Mantélica e Tectônica de Placas
31
convecção, seu gradiente geotérmico é típicos são: 180 a 250 km para crátons
aproximadamente adiabático, isto é, a arqueanos, 180 a 140 km para terrenos
elevação de temperatura com a profundidade proterozóicos e 100 a 140 km para regiões
decorre, apenas, da diminuição de volume fanerozóicas (Fig. 4.4).
causada pelo aumento de pressão (Fig. 4.3).
Na litosfera, ao contrário, a transmissão de
calor se dá por condução. Assim, sua base é
marcada por um rápido decréscimo no
gradiente da temperatura com a
profundidade. A parte superior da litosfera,
mais fria e resistente, é chamada de litosfera
mecânica (Fig. 4.3).
Figura 4.4. Diagrama esquemático mostrando a
correlação entre espessura litosférica e idade de
regiões continentais. N.M.: nível do mar.
32
crosta oceânica e continental, como nos demais casos de placas maiores.
Figura 4.5. Mapa mostrando as cinqüenta e duas placas tectônicas. As áreas hachuradas correspondem a
regiões que estão sofrendo deformação e, nesse sentido, não podem ser consideradas parte de placas rígidas.
AF – Africana, AM – Amar, AN – Antarctica, AP – Altiplano, AR – Arábica, AS – Mar Egeu, AT – Anatólia,
AU – Australiana, BH – Birds Head, BR – Balmoral Reef, BS – Banda, BU – Burma, CA – Caribenha, CL –
Carolina, CO – Cocos, CR – Conway Reef, EA – Páscoa, EU – Eurasiática, FT – Futuna, GP – Galápagos, IN
– Índica, JF – Juan de Fuca, JZ – Juan Fernandez, MA – Mariana, MN – Manus, MO – Maoke, MS – Moluca,
NA – Norte-Americana, NB – Norte Bismarck, ND – Norte Andes, NH – Nova Hébridas, NI – Niuafo’ou, NZ
– Nazca, OK – Okhotsk, ON – Okinawa, PA – Pacífico, PM – Panamá, PS – Filipinas, RI – Rivera, AS – Sul-
Americana, SB – Sul Bismarck, SC – Escósia, SL – Shetland, SO – Somália, SS – Mar de Salomão, SU –
Sunda, SW – Sandwich, TI – Timor, TO – Tonga, WL – Woodlark, YA – Yangtze.
33
cadeias oceânicas, estão crescendo, continentes (proposta nas primeiras décadas
enquanto a placa do Pacífico é limitada em do século vinte) foi baseada no pressuposto de
toda sua extensão norte e oeste por zonas de que, antes do Mesozóico, todos os continentes
subducção e está diminuindo de tamanho. estavam reunidos em uma massa continental
única, chamada de Pangéia. Os principais
(a) argumentos utilizados em favor dessa
hipótese foram: (a) o ajuste geométrico dos
continentes, em particular das linhas de costa
da África e América do Sul; (b) a presença de
sedimentos, cuja deposição é sensível ao
clima, em latitudes inesperadas (por exemplo,
depósitos glaciais próximos ao equador ou
recifes de corais em latitudes superiores a
30º); (c) a presença de plantas e animais
fósseis de um mesmo gênero em continentes
(b) separados por grandes oceanos; (d) estruturas
e províncias orogênicas similares em
continente opostos que se ajustam, caso o
oceano entre eles seja fechado.
Um dos principais problemas
enfrentados pela hipótese da deriva
continental foi encontrar um mecanismo
Figura 4.6. (a) Bloco-diagrama ilustrando o plausível para explicar a migração dos
modelo da tectônica de placas. (b) Visão em continentes. Pensava-se que estes se moviam
planta dos três tipos possíveis de contato entre
duas placas litosféricas. sobre um substrato basáltico ou sobre a
descontinuidade de Mohorovicic. Os
principais empecilhos foram: (a) a
demonstração geofísica que os continentes
têm raízes no manto (Capítulo 3 e Fig. 4.4), e
(b) cálculos numéricos, mostrando a
impossibilidade de gerar os esforços
requeridos para mover os continentes sobre o
manto ou a crosta oceânica. Estas objeções
foram removidas quando se reconheceu que
são as placas litosféricas, e não os
continentes, que se deslocam.
O conceito da expansão do assoalho
Figura 4.7. Comparação entre falhas oceânico foi formulado no início dos anos
transformante (esquerda) e transcorrente (direita).
A separação entre dois segmentos de uma cadeia sessenta para explicar a fisiografia (Fig. 3.6) e
oceânica permanece constante no primeiro caso e as propriedades físicas recém-descobertas das
o rejeito é o oposto daquele observado ao longo bacias oceânicas e margens continentais. O
de uma falha transcorrente. alto fluxo térmico observado acima das
dorsais oceânicas, em combinação com o
ambiente tectônico extensional, foi
4.4. Evidências indicando atuação da interceptado como resultado de subida de
tectônica de placas material do manto para formar nova crosta
A teoria da tectônica de placas foi oceânica nestes locais.
precedida pelas hipóteses da deriva dos Um grande número de evidências tem
continentes e da expansão do assoalho sido acumulado desde a proposição da
oceânico. A idéia da migração dos
34
tectônica de placas, em meados da década de litosféricas. As mais decisivas são revistas nas
sessenta, confirmando a existência do próximas seções.
deslocamento relativo das placas
Figura 4.8. Mapa mostrando as placas tectônicas maiores, suas velocidades relativas e os tipos de contatos entre
elas.
35
volume resultante desse processo. Isto sugere mais rasos, são gerados no centro e não na
que esses terremotos, ao contrário daqueles porção superior da placa subduzida.
Figura 4.9. Distribuição de epicentros de terremotos com magnitude superior a 6 ocorridos entre 1990 e 2006.
As cores correspondem à profundidade do foco mostrado na escala do lado direito.
36
respectivamente, postulado pela tectônica de movimento ao longo do segmento ativo é
placas, para estas duas regiões. transcorrente. No entanto, o sentido é oposto
Os terremotos ao longo de falhas ao do predito analisando-se a separação entre
transformantes ocorrem quase que os segmentos de cadeia (Fig. 4.12). Esta
exclusivamente na porção da falha que observação é, portanto, consistente com o
conecta dois segmentos de cadeia, indicando modelo proposto para a formação das falhas
que apenas esta porção é sismicamente ativa. transformantes (Fig. 4.7).
Soluções de plano de falha mostram que o
Figura 4.10. Distribuição de hipocentros de terremotos abaixo de alguns sistemas de arcos modernos. T - fossa;
V - cadeia vulcânica recente.
37
produzidas a partir da análise de milhares de terremotos ou explosões artificiais, até sua
medidas do tempo decorrido entre a chegada às estações de registro sismológico
produção de ondas P ou S, causadas por mundiais.
(a) (b)
Figura 4.11. (a) Representação esquemática mostrando a divisão do espaço em regiões contracionais (em cinza)
e extensionais (em branco) produzidas durante um terremoto causado por uma falha sinistral. (b) Soluções de
mecanismos focais para os principais tipos de falhas. As setas indicam o sentido do movimento (do quadrante
extensional para o quadrante compressivo).
Figura 4.12. Exemplo de soluções de planos de falhas para terremotos ocorridos entre 1992 e 1998 nas falhas
transformantes Romanche e Chain (dorsal mesoatlântica). Notar que o rejeito aparente sinistral dos segmentos da
dorsal (realçados pelas linhas) é o oposto daquele determinado pelas soluções de mecanismos focais (dextral).
38
Figura 4.13. Modelo tomográfico mostrando variações laterais na velocidade de propagação de ondas S a
diferentes profundidades no manto. Azul e vermelho correspondem, respectivamente, a velocidades acima e
abaixo da média.
39
Figura 4.14. Perfis tomográficos verticais através de algumas zonas de subducção atuais. AA’ – arco helênico,
BB’ – arco Curila, CC’ – arco Izu Bonin, DD’ – arco de Sunda (Java) EE’ – Arco de Tonga, FF’ -– arco
centro-americano. CMB: contato manto/núcleo (core/mantle boundary).
Devido ao aumento da densidade e velocidade altas nos perfis DD’, EE’ e FF’
viscosidade que acompanha a transformação (Fig. 4.14), quando comparadas com a
de olivina para perovskita, é possível que espessura típica de 100 km para a litosfera
uma placa seja retida, em alguns casos, pela oceânica.
descontinuidade de 660 km antes de
mergulhar no manto inferior (perfis BB’ e 4.4.4. Reversões do campo magnético e
CC' na Fig. 4.14). Além disso, devido ao faixas de anomalias magnéticas no assoalho
aumento de viscosidade com a profundidade oceânico
e ao progressivo aquecimento, uma placa Historicamente, a descoberta das
pode se deformar antes de atingir a base do faixas de anomalias magnéticas e sua
manto. As placas podem, portanto, ser interpretação, em termos de expansão do
defletidas e dobradas. Isto é sugerido pela assoalho oceânico, foi o principal suporte que
grande largura (> 400 km) das anomalias de levou à aceitação da tectônica de placas. Esta
40
evidência é bastante forte. Seu entendimento temperaturas elevadas durante um evento
requer algumas considerações prévias sobre o metamórfico subseqüente.
campo magnético terrestre e o magnetismo
de rochas.
42
Figura 4.19. Campo magnético produzido pelas rochas do assoalho oceânico ao longo da dorsal meso-atlântica ao sul
da Islândia. (a) Faixas de anomalias magnéticas (polaridade normal em preto). Notar a simetria das faixas mais largas
(B e C) com respeito à faixa central A. (b) Perfis ao longo de diferentes linhas magnéticas (numeradas 7, 12, etc.).
Figura 4.20. Esquema ilustrando a formação de faixas de anomalias magnéticas no hemisfério norte. As setas
representam a inclinação magnética. A. Separação continental e formação de um segmento de crosta oceânica.
B. Reversão do campo magnético durante a continuação da expansão. Uma nova faixa com polarização inversa
se forma no meio da faixa antiga. C. Nova reversão e geração de uma faixa com polarização normal.
43
placas limitadas, de um lado, por um contato paleontológicos e estratigráficos, bem como
divergente e, do outro, por um contato a obtenção de idades absolutas em basaltos
convergente, esta simetria é perdida. Ao do fundo oceânico permitem determinar com
longo de contatos convergentes, a ausência relativa precisão a distribuição de idades no
de faixas de anomalias magnéticas que estão assoalho oceânico. Como previsto pela
presentes do outro lado da dorsal indica que tectônica de placas, as rochas mais jovens
parte da placa sofreu subducção abaixo da são encontradas próximas às dorsais
fossa. oceânicas e sua idade aumenta
progressivamente ao se afastar delas (Fig.
4.4.5. Idades do assoalho oceânico 4.21). As rochas mais antigas, com cerca de
A descoberta das faixas de anomalias 180 Ma, são encontradas ao longo das
magnéticas, a elaboração da escala do tempo margens passivas opostas do oeste da África
de polaridades geomagnéticas, a datação de e do leste da América do Norte, e na porção
sedimentos oceânicos por métodos noroeste da placa do Pacífico.
44
De acordo com a da tectônica de
placas, afastando-se das dorsais oceânicas, o
assoalho oceânico se torna mais antigo (Fig.
4.20). Isto é consistente com a inexistência
de sedimentos ao longo do eixo das dorsais,
com o aumento em sua espessura ao afastar-
se delas, e com a relação direta entre a idade
dos sedimentos imediatamente acima da
crosta basáltica e sua distância do eixo da
cadeia.
45
batimétricas ajustam-se razoavelmente bem à massa envolvidos na expansão do assoalho
curva predita teoricamente (Fig. 4.24a). oceânico (Figs. 4.6 e 4.20).
46
de uma cadeia oceânica, uma fossa e uma Nazca; FFR – Norte Americana, Sul
falha transformante é uma junção RTF, e Americana e Africana; FFT - Cocos, Nazca e
assim por diante. Existem dezesseis Caribe (Fig. 11.14); RTF – Juan de Fuca,
combinações possíveis de R, T e F, mas Norte Americana e Pacífico (Fig. 11.12). A
apenas seis são comuns: RRR, TTR, TTF, configuração das placas tectônicas muda
FFR, FFT e RTF. Alguns exemplos incluem continuamente e junções tríplices podem
o encontro das seguintes placas (ver Figs. 4.8 migrar geograficamente, passando de um tipo
e 4.25): RRR - Antártica, do Pacífico e de a outro (Fig. 4.26).
Nazca; TTR - Antártica, Sul Americana e de .
Figura 4.25. Velocidades relativas para as placas litosféricas determinadas por GPS para o período 1993-2000. A
sigla REVEL-2000 denota Recent velocities e a data do último ano incluído no modelo. A abreviatura das placas
é ligeiramente diferente da mostrada na Figura 4.28. A placa Africana é designada aqui de Núbica (Nu).
47
magnéticas do assoalho oceânico (Fig. 4.19 gradientes se desenvolvem em conseqüência
e 4.20) com a escala do tempo de de contrastes de densidade entre a litosfera e
polaridades geomagnéticas (Fig. 4.18). a astenosfera. A litosfera é mais fria e densa
Comparando-se a idade de uma anomalia longe das dorsais oceânicas do que nas suas
com sua distância da cadeia oceânica, é proximidades. Placas jovens e, portanto,
possível calcular a taxa de expansão do quentes têm densidade similar ou menor que
assoalho oceânico. Por exemplo, as a astenosfera, mas placas com idades
anomalias magnéticas de número 5 (≈ 10 superiores a 10-20 Ma são mais densas. O
Ma) de um lado e outro da dorsal contraste de densidade aumenta com a idade
mesoatlântica na Figura 4.19 estão separadas e, eventualmente, atinge um valor suficiente
por uma distância de cerca de 220 km. Isto para iniciar o processo de subducção. Esta
corresponde a uma velocidade média de 2,2 força é, freqüentemente, chamada em inglês
cm/ano para os últimos milhões de anos. de slab-pull (puxão da placa, em tradução
livre).
(a)
48
gabro para eclogito na crosta oceânica e de manto em zonas de subducção. Isto é
olivina para a fase-β na porção mantélica consistente com a observação de que a
contribuem para aumentar o efeito velocidade de placas que estão atualmente
gravitacional negativo. A conversão de sofrendo subducção é, aproximadamente,
olivina para wadsleyita na placa ocorre a quatro vezes maior que a de placas não
uma profundidade consideravelmente menor limitadas por contatos convergentes. Neste
que a descontinuidade de 410 km (Fig. cenário, a subida da astenosfera, ao longo
4.28). Isto acontece porque a reação olivina das dorsais oceânicas, é meramente passiva,
→ wadsleyita é exotérmica (libera calor), consistente com a observação que a
diminuindo a energia interna do sistema. anomalia térmica associada com elas não se
Assim, o declive da curva de reação em um estende a profundidades muito maiores que
diagrama pressão-temperatura, calculado 300 km (Fig. 4.13).
pela equação de Clausius-Clapeyron (dP/dT
= ∆S/∆V, onde ∆S é a variação de entropia e
∆V a variação de volume) é positivo, desde
que ∆S e ∆V são negativos (Fig. 4.29). A
natureza mais rasa da conversão aumenta a
densidade relativa da litosfera subduzida,
favorecendo seu contínuo afundamento. Esta
força é denominada em inglês de slab
suction (sucção da placa em tradução livre).
Figura 4.29. Diagrama P-T esquemático mostrando que
reações exotérmicas (abaixo) e endotérmicas (acima)
têm declives positivos e negativos, respectivamente. A
transição olivina → wadsleyita é exotérmica, enquanto
a transformação de ringwoodita para perovskita e
magnesiowüstita é endotérmica. Em uma placa
subduzida, a distribuição de temperatura situa-se à
esquerda da geoterma. Já materiais ascendendo
adiabaticamente do manto profundo têm temperaturas
mais elevadas que a da geoterma a uma dada
Figura 4.28. Esquema ilustrando como o profundidade.
movimento descendente da placa subduzida
dominantemente controla o deslocamento Placas que não são limitadas por
horizontal das placas e o fluxo do manto (linha
tracejada). O tamanho das setas corresponde à
zonas de subducção, como no caso da placa
contribuição relativa das forças de ridge push Sul Americana, aparentemente contradizem
(RP), slab pull (SP) e slab suction (SS). A figura a dedução que o excesso de densidade da
não está em escala. litosfera em zonas de subducção
proporciona a maior parte da força requerida
Outra força agindo sobre as placas para mover as placas. No entanto, a
resulta da subida de material abaixo das geometria atual das placas não reflete
dorsais oceânicas e da diferença de necessariamente sua configuração passada.
topografia entre a dorsal e o assoalho Uma possibilidade é que a fragmentação do
oceânico. Esta força, chamada em inglês de supercontinente Pangéia e a abertura do
ridge push (empurrão da dorsal, em tradução oceano Atlântico tenham sido causadas por
livre) contribui com menos de 10% para o esforços oriundos de zonas de subducção
balanço de forças que promovem o com mergulho para oeste no oceano que
movimento das placas (Fig. 4.28). Assim, as precedeu o oceano Pacífico.
forças mais importantes responsáveis pela
tectônica de placas são representadas pelas 4.7. Simulações numéricas
próprias placas, quando elas mergulham no
49
Modelos numéricos visando velocidade de 5 cm/ano, o tempo requerido
reproduzir o comportamento mecânico da seria de cerca de 60 Ma. Os resultados
Terra têm sido continuamente aperfeiçoados mostram ainda que a mudança de fase
nos últimos anos. Os resultados mostram correspondente à descontinuidade de 660
que, mesmo quando a densidade de uma km, não impede a penetração da placa para o
placa supera a da astenosfera, regiões de manto mais profundo, embora ela possa
baixa viscosidade (correspondentes a falhas, ficar temporariamente retida nessa
no mundo real) são necessárias para induzir descontinuidade.
o processo de subducção (Fig. 4.30). Embora muitos dos modelos
numéricos sejam bidimensionais, resultados
obtidos com modelos tridimensionais
revelam características semelhantes.
Modelos levando em conta a esfericidade da
Terra também têm sido produzidos, mas
argumentos teóricos demonstram que os
efeitos impostos pela esfericidade (por
exemplo, uma assimetria das células de
convecção, já que a largura da base será
menor que a do topo) são bem menos
importantes que aqueles resultantes do calor
interno da Terra e de variações de
viscosidade com a profundidade.
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num comportamento similar ao revelado por
edição eletrônica no site http:
tomografia sísmica para placas subduzidas //www.geo.arizona.edu/Paleomag/).
(Fig. 4.14). O tempo estimado, nos modelos Bunge, H.P., Grand, S.P., 2000. Mesozoic plate-
numéricos, para que uma placa atinja a base motion history below the northeast Pacific
do manto (várias dezenas até algumas Ocean from seismic images of the subducted
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centenas de milhões de anos; Fig. 4.30) é
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51
52
5. Convecção Mantélica, Plumas e Hotspots
(b)
(c)
Figura 5.2. Diferentes modelos de plumas
mantélicas.
53
Figura 5.3. Batimetria residual do assoalho oceânico (diferença entre a profundidade real e seu valor médio),
distribuição de hotspots (estrelas), e valores 87Sr/86Sr em basaltos (círculos). Notar a correlação entre hotspots e
locais com batimetria residual positiva. Abreviaturas: hotspots centrados em dorsais ou nas suas proximidades.
Af, Afar; As, Ascensão; Az, Açores; Ba, Balleny; Bo, Bowie; Bv, Bouvet; Co, Cobb; Cr, Crozet; ES, Páscoa;
Ga, Galápagos; Go, Gough; Gu, Guadalupe; Ic, Islândia; JM, Jan Mayen; Ke, Kerguelen; Lo, Louisville; Ma,
Marion; Re, Reunião; SA, São Paulo-Amsterdã; Sh, Shona; SH, Santa Helena; Tr, Tristão da Cunha.
55
km de diâmetro, elevadas cerca de 1 km em superfície e vulcanismo. Este efeito é,
relação a regiões vizinhas. Superdomos também, detectado por anomalias do geóide,
(superswells) com milhares de quilômetros a superfície equipotencial do campo
de diâmetro estão presentes no sul da África gravitacional terrestre coincidente com a
e no Pacífico, onde o maior número de superfície dos oceanos. Anomalias do
hotspots é encontrado (Fig. 5.3). A geóide resultam de variações de densidade
existência de plumas proporciona uma no interior da Terra. Anomalias positivas
explicação para estas feições. A chegada de coincidem com a localização de superdomos
material menos denso e aquecido na base da e com regiões de baixas velocidades
litosfera, ou nas proximidades de dorsais sísmicas em modelos tomográficos do
oceânicas, ocasiona soerguimento da manto.
56
elevam-se 2 a 4 km acima do assoalho de 150º a 400ºC. Isto é consistente com a
oceânico adjacente. A crosta oceânica nestes origem profunda assumida para plumas.
locais tem 20 a 40 km de espessura,
consideravelmente maior que a espessura
típica de 7 km. Os maiores platôs oceânicos
são os de Kerguelen, ao norte da Antártica, e
Ontong Java, no oeste do oceano Pacífico
(Fig. 5.6).
Estudos geocronológicos detalhados
mostram que, na maioria dos casos, o
vulcanismo associado a LIPs ocorreu em um
curto intervalo do tempo geológico (alguns
milhões a menos de um milhão de anos). A
taxa de produção de magmas, nestes casos,
é, assim, bem maior que em ambientes
relacionados a limites de placas (ver
Capítulo 6). Essas taxas elevadas e a
associação espacial entre LIPs e traços de
hotspots podem ser explicadas pela ascensão
e fusão parcial de plumas. Ao chegar à base
da litosfera, a cabeça de uma pluma sofre
fusão parcial por descompressão,
produzindo um volumoso vulcanismo
basáltico (Fig. 5.7a, b). Com o deslocamento
da placa, será agora a vez da cauda da pluma
sofrer fusão parcial, gerando um volume
bem menor de magma e um hotspot (Fig.
5.7c). Com a continuação do movimento, o
vulcanismo cessa neste hotspot e um novo
centro vulcânico se forma. Eventualmente,
um traço de vulcões extintos, ligando um
hotspot ativo a um LIP, é formado (Fig.
5.7d). Figura 5.7. Estágios sucessivos da interação entre
Os magmas dominantes, tanto nos uma pluma gerada na base do manto, o
deslocamento da litosfera (seta) e convecção
LIPs, quanto em ilhas oceânicas, são mantélica (elipses com setas).
basaltos toleíticos. Álcali-basaltos e rochas
alcalinas (nefelinitos, fonolitos, etc.) podem
A formação de kimberlitos,
estar presentes em CFBs e em ilhas
carbonatitos e rochas relacionadas é
oceânicas e são atribuídos a uma menor
atribuída, também, à fusão parcial de plumas
porcentagem de fusão parcial, em
mantélicas. Inclusões encontradas em alguns
combinação, ou não, com cristalização
diamantes de kimberlitos (majorita,
fracionada. Basaltos picríticos (basaltos
magnesiowüstita) indicam uma origem no
ricos em MgO) presentes em alguns CFBs
manto inferior. A composição peculiar de
são interpretados como fusão parcial da
magmas kimberlíticos e carbonatíticos
porção central, e, portanto, mais quente, da
(teores elevados de MgO e de elementos
cabeça de plumas. Estimativas da diferença
incompatíveis, como K, elementos terras
de temperatura de basaltos em LIPs e
raras, Nb e Ti) parece ser adquirida pela
hotspots oceânicos e de basaltos
assimilação de porções metassomatizadas da
erupcionados nas dorsais oceânicas variam
litosfera por magmas ultramáficos.
57
Kimberlitos ocorrem apenas em regiões concentrações mais baixas de elementos
continentais estáveis antigas (> 1,7 Ga), incompatíveis (Fig. 5.8), refletindo a maior
onde a litosfera é bastante espessa (200-250 percentagem de fusão parcial em cabeças de
km), mas carbonatitos estão também plumas que em suas caudas. Variações
presentes em riftes continentais. composicionais mais acentuadas também
são esperadas em basaltos continentais,
5.2.5. Argumentos geoquímicos devido à maior espessura da litosfera
Devido ao crescimento da crosta continental, o que dificulta a ascensão dos
continental, o manto tem sido magmas. Isto favorece a atuação de
progressivamente empobrecido em processos de cristalização fracionada e uma
elementos incompatíveis com o decorrer do maior interação dos magmas com a litosfera,
tempo geológico (Capítulo 8). Magmas o que pode resultar em sua contaminação,
derivados por fusão parcial do manto seja por assimilação de material crustal, seja
superior, como aqueles extravasados nas por mistura com magmas derivados de fusão
dorsais oceânicas, têm concentrações parcial do manto litosférico e/ou da crosta.
extremamente baixas desses elementos (Fig.
5.8 e Capítulo 6). Em contraste, basaltos de 5.2.6. Argumentos isotópicos
ilhas oceânicas (OIBs, de ocean island Estudos isotópicos corroboram a
basalts) e de derrames continentais de platô distinção entre OIBs e basaltos de dorsais
têm concentrações bem mais elevadas, oceânicas. Lavas de hotspots tendem a ser
particularmente dos elementos mais enriquecidas nos isótopos radiogênicos de Sr
incompatíveis (Rb, Ba, Th, Nd, La; Fig. e Pb e empobrecidas no isótopos
5.8). Isto indica derivação de uma fonte que radiogênico de Nd. Por exemplo, a variação
foi menos afetada pela formação da crosta da razão 87Sr/86Sr em basaltos de dorsais
continental e reteve, assim, uma maior oceânicas é, tipicamente, 0,702-0,703,
proporção de seus elementos incompatíveis. enquanto em hotspots é 0,703-0,705 (Fig.
Esta fonte, presumivelmente, deve ser mais 5.3).
profunda, consistente com a derivação de As variações isotópicas observadas
plumas a partir do manto inferior. em diferentes hotspots requerem a existência
de, pelo menos, três reservatórios com
características isotópicas distintas (Fig. 5.9):
(1) HIMU (de high µ; onde µ é a razão
238
U/204Pb) caracterizado por altas razões
206
Pb/204Pb; (2) EM1 (de enriched mantle,
tipo 1), com razões relativamente baixas de
206
Pb/204Pb e moderadas de 87Sr/86Sr; (3)
EM2 (de enriched mantle, tipo 2), com
razões 206Pb/204Pb moderadas e 87Sr/86Sr
elevadas. Algumas ilhas têm composições
próximas da composição de um desses
componentes extremos, mas a maioria
Figura 5.8. Diagrama de elementos traço mostra uma dispersão de valores, sugerindo
(normalizados em relação ao manto) comparando mistura de dois ou mais componentes e/ou
composições médias de basaltos de cadeias com o manto fonte dos MORBs (Fig. 5.9).
oceânicas (MORB), de hotspots (OIB) e de Geograficamente, as composições EM1 e
derrames continentais de platô (Paraná, Decão e
EM2 estão concentradas em hotspots
Rio Columbia).
localizados ao sul do equador. Esta feição é
Comparado com OIBs, basaltos freqüentemente referida como anomalia
continentais de platô tendem a ter DUPAL.
58
resultado da introdução de sedimentos
continentais, via subducção, na região fonte
dos OIBs.
Muitos hotspots são, ainda,
caracterizados isotopicamente por razões
3
He/4He mais elevadas que em MORBs.
Uma vez que 4He é produzido pelo
decaimento radioativo de U e Th, razões
3
He/4He elevadas podem ser interpretadas
pela proveniência de plumas de uma fonte
profunda, menos afetada pela perda de
voláteis durante a evolução da Terra.
Em síntese, os dados sugerem que a
diversidade isotópica observada em hotspots
resulta da derivação de plumas de porções
Figura 5.9. Razões isotópicas de Sr e Nd em
basaltos de dorsais oceânicas (MORB) e de do manto afetadas pelo crescimento da
hotspots (OIB). Amostras dominadas pelos crosta continental, como no caso de
componentes HIMU, EM1 e EM2 são mostradas MORBs, mas que foram variavelmente
em vermelho, laranja e amarelo, respectivamente. reenriquecidas por subducção de
PRIMA é a composição inferida para o manto
componentes litosféricos, tanto continentais
primitivo. Em diagramas isotópicos ternários Sr-
Nd-Pb as composições de ilhas individuais podem quanto oceânicos. Em vista da evidência
convergir para um ponto. FOZO (abreviatura de geofísica indicando a descida de placas até a
focal zone, zona focal) e C (abreviatura de base do manto, isto suporta a origem
common, comum) são as projeções de dois desses profunda das plumas.
pontos neste diagrama binário.
5.3. Hotspots sem relação com plumas
Uma possível explicação para o valor Nem todos hotspots estão
elevado da razão 238U/204Pb no componente relacionados a plumas provenientes do
HIMU é sua proveniência de porções do manto inferior. Isto é o caso do vulcanismo
manto que não foram afetadas pela extração no Maciço Central (França) e do hotspot
de U para a crosta continental, isto é, manto Eifel (Alemanha), os quais resultam de
primitivo. No entanto, a razão 87Sr/86Sr plumas relativamente pequenas no manto
desse componente é semelhante à de superior. Outros hotspots, aparentemente,
basaltos em dorsais oceânicas (Fig. 5.9), não têm relação com plumas, como no caso
sugerindo, ao contrário, fonte similar à dos de pequenos vulcões submarinos isolados e
MORBs, isto é, manto empobrecido. Por do vulcanismo associado com alguns riftes
isso, a explicação mais aceita é a presença continentais. Nestas situações, o mecanismo
de crosta oceânica subduzida na região fonte mais comumente invocado para a produção
dos hotspots dominados pelo componente do magmatismo intraplaca é a concentração
HIMU. Nesta interpretação, a alta razão de esforços extensionais na litosfera,
238
U/204Pb é atribuída à perda preferencial de ocasionando seu fraturamento e fusão
Pb nos fluidos liberados durante a parcial por descompressão da astenosfera.
subducção da placa oceânica (Capítulo 6). Concentrações de esforços podem ocorrer,
A origem do componente EM1 é por exemplo, pelo encurvamento da litosfera
atribuída à introdução na região fonte dos na proximidade de uma zona de subducção.
OIBs de sedimentos pelágicos subduzidos Outros mecanismos, comumente
ou de porções da litosfera continental invocando para a formação de hotspots, são
delaminadas durante eventos orogênicos o aquecimento espontâneo do manto abaixo
(Capítulo 7). A elevada razão 87Sr/86Sr no de grandes continentes/supercontinentes e
componente EM2 é interpretada como
59
convecção em pequena escala. Neste cadeia do Havaí têm idades aumentando
segundo caso, variações de espessura progressivamente para noroeste de zero até
litosférica, como observada entre um cráton 43 Ma (Fig. 5.11). Como o comprimento da
arqueano e litosfera mais jovem (Fig. 4.4), trilha é cerca de 3600 km, isto indica que a
produzem diferenças laterais de temperatura placa do Pacífico tem se movido para
na astenosfera. A instabilidade gravitacional noroeste a uma velocidade média de
resultante pode fazer com que a astenosfera aproximadamente 80 km/Ma (= 8 cm/ano)
mais fria, próxima ao cráton, desça e induza durante este intervalo de tempo. O ângulo de
um fluxo contrário da astenosfera mais 120º entre as cadeias do Havaí e Imperador
profunda e quente, a qual pode sofrer fusão (Fig. 5.11), por sua vez, indica uma
por descompressão ao se aproximar da mudança na direção do movimento da placa
superfície. do Pacífico, a qual seria quase N-S entre 43
Finalmente, a formação de algumas e 80 Ma.
LIPs tem sido atribuída ao alívio de pressão Estudos paleomagnéticos mostram
subseqüente ao impacto de meteoritos. que alguns hotspots não são fixos. No
entanto, o movimento relativo entre hotspots
localizados numa mesma placa é
insignificante. Numa escala global, a
magnitude do movimento entre hotspots
localizados nos oceanos Atlântico e Índico e
aqueles localizados no oceano Pacífico tem
sido estimada em uns poucos milímetros por
ano até cerca de 1 cm/ano.
60
independentes. No entanto, interações entre extensionais na porção superior da litosfera,
plumas e placas podem acontecer em várias os quais podem provocar o desenvolvimento
situações. As mais comuns são descritas de falhas normais. Finalmente, o
abaixo: amolecimento (softening) reológico, causado
1. Numa escala global, modelos pela elevação da temperatura, facilita a
tomográficos mostram que plumas formam- deformação extensional da litosfera.
se preferencialmente afastadas de locais 5. Erosão térmica por plumas pode
onde ocorre subducção profunda (Fig. 4.13). produzir uma redução na espessura da
Este efeito é esperado, porque a descida de litosfera continental, facilitando o
placas litosféricas para a base do manto deslocamento da placa na qual ela está
provoca um resfriamento da camada situada. A rápida migração da Índia para o
termicamente limitada inferior, diminuindo norte, a velocidades de até 20 cm/ano,
o contraste de viscosidade e densidade subseqüente à sua separação do
requerido para o desenvolvimento de supercontinente Gondwana (Capítulo 11) é
plumas. atribuída a este fator.
2. Plumas podem ser afetadas pela
convecção em larga escala do manto
resultante do movimento das placas
tectônicas, causando uma curvatura do
conduto para a direção do deslocamento da
litosfera (Fig. 5.7d-e). Uma deflexão mais
acentuada é esperada na porção mais
superior do manto (onde o fluxo cisalhante
resultante do deslocamento horizontal das
placas é maior) e abaixo de placas rápidas.
3. Plumas podem coincidir Figura 5.12. Esquema ilustrando a interação de
espacialmente com dorsais oceânicas, como uma pluma com a litosfera continental. Em
no caso da Islândia. Isto afeta a morfologia regiões onde a litosfera é espessa, fusão parcial
da dorsal, que tende a apresentar uma ocorre apenas imediatamente acima do conduto,
onde a temperatura é mais elevada.
batimetria positiva (Fig. 5.3), bem como o
volume e a composição dos magmas
6. No caso de plumas chegando
produzidos nestes locais. A chegada de uma
abaixo de regiões continentais, fusão parcial
pluma nas proximidades de uma dorsal
e formação de basaltos continentais de platô
pode, ainda, provocar mudanças na sua
é condicionada pela espessura da litosfera.
geometria, induzindo uma relocalização do
No modelo de impacto, fusão parcial da
eixo para a proximidade do hotspot, onde as
cabeça da pluma se dá concomitantemente
temperaturas são mais elevadas.
com sua chegada na base da litosfera. O
4. A coincidência temporal, em
resultado é a produção de um grande volume
alguns casos, entre o quebramento de
de magma em curto intervalo de tempo (< 1
continentes e a atividade de plumas sugere
Ma) e uma influência limitada da litosfera
que elas podem influenciar a localização do
na sua composição. No modelo de
rompimento e, talvez, causar a separação de
incubação, a presença de uma litosfera
pequenos blocos. Três causas, atuando em
espessa, abaixo dos continentes, inibe fusão
conjunto, podem ser responsáveis por isto.
por descompressão. Nestes casos, a litosfera
Primeiro, ao chegar à base da litosfera, uma
deve ser adelgaçada e removida por
pluma exerce um esforço normal, forçando a
condução antes que fusão parcial ocorra, o
mesma a se deslocar horizontalmente.
que requer certo tempo, resultando em
Segundo, o soerguimento da superfície
magmatismo mais prolongado (≥10 Ma).
causado pela pluma gera esforços
Neste último caso, a própria litosfera pode
61
sofrer fusão parcial, especialmente se fluidos A defesa de um manto estratificado é
e elementos incompatíveis foram baseada em cálculos de balanço de massa
adicionados a ela durante eventos que permitem estimar a fração do manto
geológicos pretéritos. Assim, os magmas afetada pelo crescimento da crosta
extravasados podem conter uma mistura de continental. Isto pode ser feito, em tese,
componentes da pluma e da litosfera conhecendo-se a concentração de um
continental. Finalmente, interação de plumas elemento incompatível no manto primitivo
com heterogeneidades da litosfera, em (normalmente obtida a partir de estudos de
particular variações de espessura, pode meteoritos; ver Capítulo 8) e suas
provocar uma dispersão do magmatismo na concentrações atuais na crosta e no manto.
superfície (Fig. 5.12). Alternativamente, razões elementais ou
isotópicas também podem ser empregadas.
5.6. Uma visão global da dinâmica e Os resultados obtidos variam de 40% a 94%.
evolução do manto Os valores mais baixos requerem, apenas, a
Existe, agora, ampla evidência participação da porção do manto acima da
geofísica de que a descontinuidade de 660 descontinuidade de 660 km no processo de
km não constitui uma barreira intransponível criação da crosta continental. Isto apoiaria o
para a descida de placas em direção ao modelo de convecção em duas camadas
manto inferior. Embora com menos porque, se a convecção fosse global, o
segurança, os dados geofísicos também contraste composicional entre o manto
sugerem que muitas plumas são geradas na superior e o manto inferior revelado pelas
base do manto. Estas informações implicam diferenças entre MORBs e OIBs tenderia a
que convecção envolve todo o manto (Fig. desaparecer com o passar do tempo. As
5.13). Em contraste, argumentos estimativas mais recentes favorecem, no
geoquímicos favorecem um manto entanto, os valores mais elevados, indicando
estratificado, com ocorrência de convecção que uma fração significativa do manto não
em duas camadas isoladas, uma acima e possui mais uma composição primitiva (Fig.
outra abaixo da descontinuidade de 660 km. 5.13).
Figura 5.13. Modelo esquemático ilustrando um possível cenário para a estrutura e dinâmica do manto onde
fragmentos de placas subduzidas antigas e porções remanescentes do manto primitivo persistem em uma matriz
empobrecida em elementos incompatíveis.
62
numéricos recentes sugerem que até 50% de Davies, G.F., 1999. Dynamic Earth: Plates, Plumes
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manto inferior. Plumas profundas podem, motions. Geophysical Monograph Series 121,
assim, conter proporções variáveis de manto 309-326.
primitivo, de manto empobrecido e de Ernst, R.E., Buchan, K.L., Campbell, I.H., 2005.
diversos componentes litosféricos. É, Frontiers in Large Igneous Province research.
portanto, de se esperar que os produtos de Lithos 79, 271-297.
Farnetani, C.G., Samuel, H., 2005. Beyond the
sua fusão parcial apresentem uma grande thermal plume paradigm. Geophysical Research
variabilidade geoquímica e isotópica, como Letters 32, doi: 10.1029/2005GL022360.
observado em basaltos de ilhas oceânicas e Helmberger, D.V., Wen, L.X., 1998. Seismic
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64
6. Ambientes Tectônicos: Estrutura e Associações
Petrotectônicas Características
Dependendo do mecanismo de
6.2. Riftes continentais formação, riftes continentais podem ser
65
classificados como ativos ou passivos (Fig. diques radiais com raio superior a 1000 km
6.3). (Fig. 6.4).
Riftes passivos são produzidos por
fraturamento da litosfera, em resposta a
esforços resultantes do movimento das placas
tectônicas. Neste caso, extensão significativa
é necessária antes que fusão por
descompressão da astenosfera seja possível
(Fig. 6.3). Um exemplo é o Rifte Baikal, na
parte central da Eurásia, o qual,
provavelmente, formou-se como uma
resposta distal da colisão Índia-Ásia. Entre as
zonas ativas no presente, este rifte é o que
está associado com o menor volume de
rochas vulcânicas na superfície.
66
rifteamento. Durante esta fase, a maior sujeita a ruptura e desenvolvimento de falhas
proximidade da astenosfera da superfície lístricas ou em dominó de uma placa inferior
causa uma elevação regional da temperatura. deformada ductilmente.
Uma vez cessada a extensão, a contração
térmica subseqüente pode desenvolver
depressões amplas. O efeito será tanto maior
quanto maior o volume de magma
acompanhando a extensão. Se a atividade
magmática for intensa, a intrusão de magmas
máficos na crosta inferior (Fig. 6.3C) pode
manter a espessura da crosta mais ou menos
constante. Com o preenchimento das
depressões com sedimentos, o processo de
subsidência é acentuado, devido ao peso da
coluna sedimentar, até que uma situação de
equilíbrio é atingida.
Figura 6.5. Modelos simplificados de extensão da
litosfera continental por (a) cisalhamento puro e
(b) cisalhamento simples.
67
falhas de rejeito direcional. Estas são derivadas de plumas mantélicas, do manto
chamadas de falhas de transferência e podem litosférico, ou da astenosfera (Fig. 6.3) e
evoluir para falhas transformantes, se o rifte exibem graus variados de contaminação pela
chegar ao estágio oceânico. crosta continental. Os membros félsicos são,
comumente, menos abundantes que os
máficos e incluem fonolitos, nefelinitos e
riolitos. Embora essas rochas possam, em
alguns casos, ser produzidas por cristalização
fracionada dos membros máficos, dados
geoquímicos e isotópicos indicam que a
maioria é de origem crustal, sendo gerados
por fusão parcial da crosta inferior,
promovida pelos magmas basálticos.
Com o decorrer da abertura de um
rifte continental, rochas máficas derivadas da
astenosfera mudam de dominantemente
alcalinas a dominantemente toleíticas, até
que, com a formação de assoalho oceânico,
sua composição começa a se aproximar da
dos basaltos de dorsais oceânicas (seção 6.4).
A sigla BVAC (da abreviação em
inglês para bimodal volcanics, arkose,
conglomerate) é comumente usada para se
Figura 6.6. Esquema mostrando que a referir à associação petrotectõnica
deformação em zonas de divergência oblíqua
pode ser acomodada por falhas de rejeito oblíquo
característica de riftes continentais.
(A) ou por uma partição da deformação (B).
6.3. Margens passivas e assoalho oceânico
Margens continentais passivas são
6.2.3. Associações petrotectônicas formadas com a separação completa de dois
Riftes continentais são caracterizados continentes. A largura e estrutura de margens
por sedimentos clásticos terrígenos imaturos continentais dependem de vários fatores. Elas
(arcósios, quartzitos feldspáticos e podem conter uma grande abundância ou
conglomerados) derivados da erosão de serem carentes em rochas vulcânicas (Fig.
blocos falhados soerguidos. Sedimentos 6.7). No último caso, seções do manto
lacustres finos também podem ser superior podem aflorar no assoalho oceânico.
encontrados. Quando a subsidência é Devido à reação com a água do mar, os
suficiente para trazer o assoalho do rifte peridoditos mantélicos mostram,
abaixo do nível do mar, evaporitos são freqüentemente, um grau avançado de
depositados. Com a continuação da extensão, serpentinização. Um exemplo de tal situação
o rifte é progressivamente inundado por água é a margem continental da Ibéria. Quando o
do mar, e arenitos, argilitos e carbonatos rifteamento é assimétrico (Fig. 6.5b), a
marinhos são depositados. margem que se desenvolve na placa inferior é
Rochas ígneas em riftes continentais bem mais larga e apresenta uma seqüência
são caracterizadas por suítes vulcânicas sedimentar mais espessa que a margem da
bimodais, com rochas de composição placa superior. Margens evoluídas de regiões
intermediária (andesitos, por exemplo) sendo transtrativas tendem a ser mais estreitas que
raras. Os membros máficos consistem margens formadas por extensão ortogonal.
dominantemente de basaltos toleíticos e Três regiões são reconhecidas em
basaltos alcalinos. Estas rochas podem ser margens continentais da linha de costa para o
68
oceano: a plataforma continental, o talude que acompanha o movimento nas falhas
continental e a elevação continental. As extensionais.
rochas sedimentares típicas da plataforma Sedimentos depositados em bacias
continental são sedimentos clásticos maturos oceânicas afastadas de regiões continentais
de águas rasas (arenitos, siltitos e argilitos) e são chamados de sedimentos pelágicos. Eles
carbonatos. Estas rochas também incluem sedimentos abissais (siltitos e
predominam em bacias intracratônicas, com argilitos) de origem terrígena, que são, em
os carbonatos sendo depositados durante parte, eólicos, bem como calcários
ciclos transgressivos, que resultam na fossilíferos e cherts. Estes dois últimos
formação de mares rasos extensos. A sigla resultam, respectivamente, do acúmulo de
QPC (da abreviação em inglês para quartzite, microorganismos com carapaças carbonáticas
pelite, carbonate) é comumente usada para se (predominantemente foraminíferos) e
referir a esta associação. Espessas silicosas (diatomáceas e radiolários).
acumulações de turbiditos ocorrem no talude
e na elevação continental. Turdiditos 6.4. Dorsais oceânicas
caracteristicamente apresentam estratificação 6.4.1. Classificação e morfologia
gradacional, com camadas de granulação A taxa de expansão é a principal
mais grossa na base e mais fina no topo. Este variável observada ao longo do sistema de
ordenamento interno é chamado seqüência de dorsais oceânicas. De acordo com este
Bouma. critério, elas são classificadas em rápidas (>
7 cm/ano), intermediárias (5-7 cm/ano),
lentas (2-5 cm/ano) e ultralentas (< 2
cm/ano). Dados geofísicos mostram que a
espessura da crosta oceânica é mais ou
menos constante para taxas de expansão
iguais ou superiores a 2 cm/ano. Para valores
inferiores a este, ela decresce rapidamente
com a diminuição da taxa de expansão.
Ainda se discute se a taxa de expansão global
média permaneceu relativamente constante
nos últimos 180 Ma de anos ou se ocorreram
Figura 6.7. Esquema ilustrando diferenças na variações significativas. Por exemplo, alguns
estrutura de margens continentais amagmáticas estudos sugerem que a taxa de expansão
(acima) e magmáticas (abaixo). durante o Cretáceo foi maior que durante o
Cenozóico (Fig. 6.8).
O estiramento da crosta continental Dorsais rápidas, como no caso da
cessa quando o assoalho oceânico é formado. cadeia do leste do Pacífico, elevam-se
No entanto, falhas extensionais continuam a suavemente a partir do assoalho oceânico e
se desenvolver na seqüência sedimentar da podem atingir larguras de até 1500 km (Fig.
plataforma continental. Estes falhamentos 6.9a, b), enquanto cadeias lentas, como a
resultam apenas de forças gravitacionais e dorsal meso-Atlântica, são, relativamente,
ocorrem devido ao declive da margem estreitas (algumas centenas de quilômetros de
passiva. Tipicamente, os níveis evaporíticos largura; Fig. 6.9a, c). Estas diferenças
na base da seqüência servem como morfológicas acontecem porque, para uma
descolamentos basais para as falhas normais mesma distância do eixo da dorsal, a litosfera
(geralmente com geometria lístrica) que se oceânica em uma dorsal lenta é mais velha e,
desenvolvem durante o deslizamento dos portanto, mais densa que em uma dorsal
sedimentos para o lado oceânico. Diápiros de rápida. Dorsais lentas apresentam uma
sal podem ascender devido ao alívio de carga topografia bastante acidentada e são
69
caracterizadas por um vale axial com 20 a 40 exposições do manto, ocorram por distâncias
km de largura e 1 a 2 km de profundidade de até 50 km.
(Fig. 6.9c). No entanto, esta morfologia pode
ser modificada nas proximidades de hotspots,
como no caso da Islândia, o que,
freqüentemente, resulta em dorsais com
forma em V, onde o vale axial torna-se mais
aberto e elevado em direção ao centro do
hotspot.
70
6.10b). Esta câmara superpõe uma zona consistir de uma zona mush tabular abaixo do
mush, onde magma e cristais coexistem, vale axial, circundada por uma zona de
estendendo-se até a base da crosta. transição bem mais estreita que em dorsais
Lateralmente a esta região, ocorre uma zona rápidas (Fig. 6.10c), com bolsões discretos de
de transição, separando rochas parcialmente magma se formando episodicamente. Falhas
e totalmente solidificadas (Fig. 6.10b). penetram profundamente na crosta oceânica e
(a) podem ser enraizadas na zona parcialmente
fundida.
72
e nos enxames de diques, os minerais continente ou sob outra placa oceânica. Um
primários são, tipicamente, substituídos por perfil ao longo de um arco de ilha ativo típico
associações minerais da fácies xisto-verde é mostrado na Figura 6.14. Do oceano para o
(clorita, epidoto, albita). Basaltos e diabásios, continente tem-se: a elevação externa; a
onde quase todo o cálcio foi substituído por fossa; o complexo da zona de subducção
sódio, são convertidos em rochas ricas em (também chamado prisma de acresção), com
albita chamadas de espilitos. Na porção bacias ante-arco (forearc) sobrejacentes; o
plutônica, gabros são convertidos para arco magmático; e a bacia retro-arco (back-
anfibolitos. Fusão parcial desses anfibolitos arc).
gera tonalitos extremamente empobrecidos A formação da fossa e da elevação
em elementos incompatíveis, denominados externa é uma resposta à flexão da litosfera,
plagiogranitos. Isto pode ocorrer devido à quando a placa inferior se encurva para
chegada de magmas primários na base da mergulhar no manto. Para um referencial fixo
crosta oceânica ou num evento bem no manto, o local onde isto ocorre migra em
posterior, associado ao alojamento de direção ao oceano com o decorrer do tempo
ofiolitos (Capítulo 7). Em dorsais lentas, (Fig. 6.1e, f). Este processo é chamado de
água do mar pode atingir o manto, recuo (roll-back). Quando o recuo da fossa é
promovendo a substituição de olivina e mais rápido que o deslocamento da placa
piroxênio por serpentina e/ou talco. superior, a região atrás do arco entra em
extensão, ocasionando a formação de uma
bacia retro-arco. Estas zonas de subducção
extensionais são denominadas de tipo
Mariana. Se o recuo da fossa é mais lento
que o avanço da placa superior, esforços
compressivos se desenvolvem, provocando
contração na região atrás do arco e a
formação de um cinturão de empurrões e
dobramentos. Zonas de subducção, nas quais
o arco está sob compressão, são chamadas de
tipo Chileno (ou Andino).
A formação de zonas de subducção
do tipo Mariana é favorecida quando a placa
subduzida é antiga e fria. Zonas de
subducção do tipo Chileno resultam da
subducção de litosfera oceânica jovem e
Figura 6.13. Etapas esquemáticas envolvidas na
quente, de segmentos de dorsais ou, ainda, de
atividade hidrotermal associada com dorsais
oceânicas. (1) Água fria penetra na crosta através segmentos litosféricos com crosta oceânica
de fraturas. (2, 3) Remoção de oxigênio e potássio anomalamente espessa, como platôs
(2) e de cálcio, sulfato e magnésio (3) da água do oceânicos, ilhas vulcânicas e arcos de ilhas.
mar. (4) O fluido aquecido remove sódio, cálcio e Em todos estes casos, a densidade média da
potássio da crosta oceânica. (5, 6) Metais (Cu, Zn,
litosfera é diminuída, dificultando a
Fe) e enxofre entram no fluido e este começa a
subir. (7) Black smoker. subducção e reduzindo o ângulo de mergulho
da placa. Em conseqüência, zonas de
subducção rasas, com mergulhos inferiores a
6.5. Margens ativas e arcos de ilhas 10-20º, são formadas.
6.5.1. Características gerais O nome arco de ilha resulta do fato de
Margens continentais ativas e arcos que vulcões ativos na superfície se dispõem
de ilhas resultam, respectivamente, da em forma arqueada. A curvatura de arcos de
subducção de uma placa oceânica sob um ilhas pode ter várias causas. Ela pode ser uma
73
feição formada desde o começo da recuo da fossa na sua proximidade; a
subducção, devido à própria esfericidade da presença de heterogeneidades dentro da
Terra, ou resultar do encurvamento de um litosfera resultantes de diferenças de idade,
arco originalmente retilíneo. Situações onde novamente causando variações na velocidade
este último caso pode ocorrer incluem a do recuo; e deslocamentos causados por
chegada de traços de hotspots a uma zona de falhas transformantes.
subducção, o que reduz a velocidade de
Figura 6.14. Seção esquemática de um arco de ilha do tipo Mariana mostrando suas principais divisões
tectônicas.
74
pela chegada na fossa de material de baixa mergulho, na idade da placa subduzida, na
densidade (continentes, microcontinentes, velocidade de convergência e na estrutura
platôs oceânicos). A Figura 6.15 mostra térmica da placa superior, embora a
duas situações possíveis. No caso de contribuição relativa de cada um desses
transferência, a continuação da convergência fatores ainda seja debatida. A largura do
faz com que uma nova zona de subducção se arco magmático apresenta uma correlação
forme no lado oceânico do bloco colidente. positiva com o ângulo de mergulho e o
No outro caso, um arco oceânico colide com volume de magma erupcionado decresce,
uma margem passiva. Como a litosfera do afastando-se da frente vulcânica.
arco é quente e, portanto, menos resistente,
uma zona de subducção com sentido de
mergulho oposto ao da zona de subducção
precedente pode ser nucleada.
76
fluidos liberados durante a subducção da do Ti, pela presença de ilmenita e, no caso
placa oceânica e adquirem composições do Nb, pelo aumento da compatibilidade
semelhantes à de MORBs com a progressão deste elemento quando uma fase fluida está
da extensão. presente, fazendo com que ele seja, também,
preferencialmente retido na placa subduzida.
(a)
(b)
(c)
Em comparação com MORBs,
rochas de arcos de ilhas são enriquecidas e
empobrecidas, respectivamente, nos
isótopos radiogênicos de Sr e Nd. Isto indica
que, como regra geral, elas não são
derivadas de fusão parcial de crosta
oceânica. Os valores mais elevados de Sr em
relação aos basaltos de ilhas oceânicas
refletem interação com água do mar e
Figura 6.19. (a, b) Comparação entre lavas cálcio-
envolvimento de um componente
alcalinas e adakíticas em termos de elementos continental na gênese dessas rochas.
terras raras (a) e da razão Sr/Y (b). (c)
Aranhagrama comparando composições de 6.5.5. Deformação e metamorfismo
basaltos em arcos de ilhas oceânicos (OAB; Durante o processo de subducção, a
oceanic arc basalt) e continentais (CAB;
continental arc basalt) e em dorsais oceânicas (N-
superfície da placa inferior é cisalhada
MORB). contra a borda da placa superior. Em
conseqüência, os sedimentos adicionados ao
Basaltos de arco exibem anomalias prisma de acresção são deformados por
de Ti, Zr, Hf, Ta e Nb em diagramas de falhas reversas, cujo mergulho aumenta em
elementos traço normalizados, com a direção ao continente (Fig. 6.14). O material
anomalia negativa de Nb sendo, acrescido consiste de sedimentos pelágicos,
particularmente, bem marcada (Fig. 6.19c). de sedimentos derivados da erosão do arco
Os processos responsáveis pelo magmático e de depósitos piroclásticos,
desenvolvimento dessas anomalias ainda são podendo, também, conter fragmentos da
debatidos. A opinião dominante é que elas litosfera oceânica. O material intensamente
resultam da retenção desses elementos na cisalhado, contendo fragmentos de rochas de
placa subduzida. Isto seria causado, no caso tamanho e origens diversas, é chamado de
77
mélange. Além da adição lateral de material, de cerca de 100 km. A partir daí, anfibólio
em algumas zonas de subducção ocorre, começa a sofrer desidratação e eclogitos são
ainda, acresção basal, com adição de formados. Como a temperatura da placa
material para a base do arco. Em alguns permanece relativamente fria até
casos, quando o prisma torna-se bastante profundidades significativas (Fig. 6.16), o
espesso, a energia gravitacional pode metamorfismo é do tipo alta P/baixa T.
superar a resistência do material, A adição contínua de magmas ao
provocando a formação de falhas normais na arco vulcânico resulta em seu crescimento
porção mais superficial do prisma. vertical, fazendo com que as rochas
Em alguns arcos, pouco ou nenhum vulcânicas e plutônicas alojadas inicialmente
crescimento ocorre. Isto pode ser causado sejam progressivamente soterradas. Com o
seja por sedimentação insuficiente na fossa aumento da pressão, associações minerais
seja porque houve erosão causada por típicas das fácies xisto-verde, anfibolito e,
subducção. Este último caso, normalmente, dependendo do caso, granulito ou eclogito
ocorre quando anomalias batimétricas (ilhas são formadas. Devido ao elevado gradiente
e platôs oceânicos, dorsais oceânicas, etc.) geotérmico, o metamorfismo é do tipo baixa
provocam abrasão mecânica da porção basal P/alta T. O termo metamorfismo
da placa superior. O material erodido pode emparelhado é empregado para as
ser transportado, juntamente com associações minerais contrastantes
sedimentos pelágicos, para o manto mais encontradas na fossa e no arco magmático.
profundo em grábens presentes na placa
subduzida. 6.5.6. Associações petrotectônicas em
O aumento de temperatura e pressão, arcos: síntese
à medida que uma placa mergulha para o Várias associações litológicas são
interior da Terra, provoca metamorfismo da características de arcos de ilhas e margens
própria placa e do manto sobrejacente. O ativas, embora não exclusivamente limitadas
manto litosférico da placa superior pode ser a estes ambientes. As rochas vulcânicas
extensivamente serpentinizado em típicas pertencem à associação cálcio-
profundidades rasas pela liberação da água alcalina, com andesitos dominantes em
contida em poros ou em minerais hidratadas margens continentais ativas. Boninitos
de baixa estabilidade, como zeólitas, [andesitos ricos em magnésio e pobre em
presentes em sedimentos e na porção titânio (<0,5% TiO2)], shoshonitos (basaltos
superior da placa oceânica subduzida (Fig. e andesitos ricos em potássio) e adakitos são
6.14). Na placa inferior, basaltos hidratados também distintivos. Dentre as rochas
formados em conseqüência de circulação sedimentares, um componente significativo
hidrotermal nas dorsais oceânicas (seção consiste de grauvacas e sedimentos
6.4.4) são convertidos para xistos azuis em vulcanoclásticos de composição andesítica a
profundidades relativamente baixas (<30 dacítica. Em mélanges, estas rochas ocorrem
km) e, em seguida, para eclogitos. Os imbricadas com sedimentos pelágicos e
minerais hidratados presentes em abissais e fragmentos de litosfera oceânica
metapelitos (principalmente biotita, fengita, (basaltos, gabros e peridotitos variavelmente
talco, cloritóide e clorita) podem persistir até serpentinizados). Finalmente, rochas
pressões iguais ou superiores a 2,5-3,0 GPa. supracrustais máficas metamorfizadas nas
No entanto, devido à sua baixa densidade, fácies xisto azul e eclogito são diagnósticas
apenas uma pequena fração de sedimentos de ambientes de zonas de subducção.
pode ser subduzida a grandes profundidades.
Anfibolitos resultantes da alteração de Referências selecionadas
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79
80
7. Orogênese
Figura 7.2. Mapas mostrando o relevo de exemplos atuais de cinturões orogênicos. (a) Orógeno relacionado
com subducção de placa oceânica (Andes). (b) Orógeno colisional (Himalaia) e orógenos intracontinentais (Tien
Shan, Altai, Gobi-Altai).
82
Orógenos colisionais são aqueles cobertura de sedimentos oceânicos pelágicos
formados pelo choque entre dois continentes (Fig. 3.5). O processo de alojamento de
anteriormente separados por um oceano (Fig. ofiolitos é chamado de obducção, em
6.1) ou, em menor escala, pela colisão entre oposição à situação mais comum
um arco de ilha e um continente. Estes representada por zonas de subducção, onde a
orógenos, portanto, são subseqüentes ao litosfera oceânica mergulha sob a litosfera
consumo de litosfera oceânica em uma zona continental.
de subducção.
Em contraste com orógenos
colisionais, orógenos intracontinentais são
formados na ausência de consumo
significativo de litosfera oceânica. Eles
podem se desenvolver quando a
convergência entre dois blocos continentais
começa antes da formação expressiva de
crosta oceânica, ou seja, sem que haja uma
separação completa entre as placas antes da
orogênese. Deformação intracontinental
pode, ainda, resultar da transmissão de
esforços para o interior de um continente,
causada por um contato convergente de
placas situado a centenas ou mesmo milhares
de quilômetros de distância. Este é o caso dos
orógenos Tien Shan e Altai (Fig. 7.2b).
Cinturões orogênicos raramente são
retilíneos. Os termos encurvamento oroclinal
(oroclinal bending) ou oroclíneo (orocline)
são empregados para se referir a uma
mudança na direção do orógeno ao longo de
seu comprimento. Se o encurvamento é
superior a 90º, o termo sintaxe (syntaxis) é
empregado. Por exemplo, o encurvamento do
Andes em torno da latitude 20ºS (Fig. 7.2a) e
do noroeste do Himalaia (Fig. 7.2b) são Figura 7.3. Mecanismos de alojamento de
conhecidos, respectivamente, como oroclíneo ofiolitos. (a) Ofiolito do tipo MOR transportado a
boliviano e sintaxe de Nanga-Parbat. uma margem continental passiva por um empurrão
originalmente intraoceânico. (b) Ofiolito de
suprasubducção formado pelo transporte de
7.3. Ofiolitos litosfera de arco sobre uma margem passiva. (c)
Uma característica distintiva de Ofiolito do tipo MOR alojado sobre uma margem
orógenos relacionados tanto com subducção ativa.
como com colisão é a ocorrência de ofiolitos,
fragmentos de litosfera oceânica colocados Ofiolitos são colocados, mais
sobre rochas continentais. Uma seqüência freqüentemente, sobre margens continentais
ofiolítica completa consiste de (da base para passivas (Fig. 7.3a, b) que sobre margens
o topo): rochas ultramáficas (lherzolitos, ativas (Fig. 7.3c). No primeiro caso, uma
harzburgitos, dunitos, comumente zona de cisalhamento basal, apresentando
serpentinizados), gabros, enxames de diques metamorfismo inverso (ver seção 7.9), separa
básicos, rochas basálticas extrusivas a base do ofiolito dos sedimentos
(comumente derrames em almofada), e uma plataformais subjacentes. Rochas de origem
83
oceânica metamorfizadas na fácies anfibolito
ou mesmo granulito passam, estruturalmente, 7.4.1. Orógenos acrescionários
para baixo, para rochas sedimentares Orógenos acrescionários são
metamorizadas na facies xisto-verde. Alguns formados pela adição (colagem) de
ofiolitos são alojados em margens ativas, fragmentos oceânicos (platôs oceânicos,
particularmente, durante o início de colisão segmentos de dorsais oceânicas, arcos de
continental (Fig. 7.3c). Neste caso, uma falha ilhas) ou continentais (microcontinentes)
de empurrão antitética desenvolve-se na para uma margem continental ativa. Estes
placa oceânica e transporta uma lasca da segmentos litosféricos, de origem diversa,
litosfera oceânica sobre a margem são chamados de terrenos
continental. tectonoestratigráficos, exóticos ou alóctones.
Ofiolitos são classificados, quanto ao O termo terreno suspeito é empregado
local de geração, em dois tipos. Ofiolitos do quando sua origem não pode ou ainda não foi
tipo MOR (de mid-ocean ridge) são gerados estabelecida com segurança.
em dorsais oceânicas. Durante uma fase de
convergência, empurrões intraoceânicos se
desenvolvem e a placa superior é
transportada até uma margem passiva (Fig.
7.3a). Obducção pode estar relacionada a um
aumento na velocidade de convergência das
placas durante períodos de atividade de
plumas. Isto colocaria as margens em
compressão e induziria a flambagem e
ruptura da placa oceânica, produzindo um
empurrão intraoceânico.
Figura 7.4. Bloco diagrama esquemático
Ofiolitos gerados acima de zonas de mostrando a estrutura de um orógeno
subducção intraoceãnicas são referidos como acrescionário hipotético formado pela colagem de
do tipo SSZ (de supra-subduction zone; Fig. um ofiolito, um arco de ilhas e um platô oceânico
7.3b). Estes ofiolitos são bem mais comuns e a uma margem continental ativa.
melhor preservados que aqueles do tipo
MOR. Eles apresentam características A acresção de platôs oceânicos, de
geoquímicas de arcos de ilhas juntamente arcos de ilhas e de ofiolitos é resultado seja
com uma estrutura típica de crosta oceânica. da maior espessura da crosta oceânica nestes
Isto é interpretado como resultado de locais (platôs e arcos), seja porque a litosfera
expansão oceânica na região ante-arco no oceânica é jovem e, portanto, quente
início de formação de uma zona de (ofiolitos do tipo MOR), o que dificulta a
subducção. Em alguns casos, obducção pode subducção. Se a acresção é frontal, os
ocorrer antes que a placa subduzida atinja diferentes terrenos são separados por falhas
uma profundidade suficiente para formar um inversas (Fig. 7.4), mas quando a
arco magmático maduro e um ofiolito do tipo convergência é oblíqua eles são separados
SSZ pode passar gradualmente a um ofiolito por falhas transcorrentes, cujo rejeito pode
do tipo MOR (Fig. 7.3b3). superar várias centenas de quilômetros ou
mesmo atingir alguns milhares de
7.4. Orógenos relacionados a zonas de quilômetros. As feições fundamentais de
subducção terrenos são, portanto, que seus limites são
Orógenos relacionados com definidos por falhas maiores e que eles
subducção podem ser subdivididos nos tipos possuem histórias geológicas distintas
acrescionário (ou Cordilheirano), Andino, daquelas de terrenos adjacentes. Terrenos
Laramide e extensional-contracional. são, comumente, também separados por
84
faixas estreitas de rochas ofiolíticas ou de Em contraste com orógenos
alta pressão, chamadas de suturas. colisionais (seção 7.5), grandes
Orógenos acrescionários podem deslocamentos horizontais ao longo de
terminar sua história pelo fechamento de um cavalgamentos não estão presentes na região
oceano entre dois continentes. Neste caso, o interna da montanha (chamada de
termo orógeno do tipo túrquico é, às vezes, hinterlândia ou além-país). No entanto,
empregado. No entanto, outros orógenos cinturões de empurrões e dobramentos
acrescionários não apresentam evidências ocorrem entre a hinterlândia e a região
para uma colisão continente-continente continental estável (chamada de antepaís). Os
terminal. empurrões afetam essencialmente a porção
sedimentar, com pouco ou nenhum
7.4.2. Orógenos do tipo Andino envolvimento do embasamento. Este tipo de
Em contraste com orógenos do tipo deformação é denominado de tectônica
Cordilheirano, pouca ou nenhuma adição pelicular delgada (thin-skinned tectonics).
lateral de material ocorre durante a formação Grandes volumes de ignimbritos
de orógenos do tipo Andino. Inclusive, um podem estar presentes na hinterlândia. Este
prisma de acresção pode ser inexistente. A magmatismo félsico pode estar relacionado
carência de sedimentos na fossa pode ser com processos de fusão parcial em
causada por falta de sedimentação, devido a profundidade. De fato, regiões de baixas
fatores climáticos, ou pela subducção do velocidades sísmicas abaixo dos Andes são
prisma de acresção. Espessamento crustal observadas a profundidades entre 15 e 25 km
não é restrito ao arco magmático (Fig. 7.5), e interpretadas como resultado de fusão
indicando que o encurtamento horizontal parcial, indicando metamorfismo de alta
responsável pela formação de platôs elevados temperatura e baixa pressão na crosta média.
é de origem tectônica e não magmática. No A origem do elevado gradiente geotérmico
entanto, em alguns casos, adição de magmas na hinterlândia pode ser devido a processos
pode contribuir significativamente para o de delaminação litosférica (ver seção 7.7).
espessamento.
Figura 7.5. Bloco diagrama esquemático mostrando a estrutura de um orógeno do tipo Andino.
85
conseqüência, a litosfera na região do antigo superior, juntamente com a transmissão de
arco aumenta de resistência devido ao esforços para o interior do continente,
resfriamento resultante de sua justaposição induzem compressão e espessamento crustal
com a litosfera oceânica mais fria. Ao na região atrás do arco. A deformação, nesse
mesmo tempo, o magmatismo se propaga na caso, envolve tanto o embasamento quanto a
mesma direção da cunha da astenosfera (Fig. cobertura e é referida como tectônica
6.17), aumentando a temperatura e pelicular espessa (thick-skinned tectonics).
diminuindo a resistência do antepaís. Os Falhas reversas têm mergulhos variáveis (5º-
esforços cisalhantes na base da placa 80º) e podem cruzar toda a crosta.
Figura 7.6. Perfis esquemáticos mostrando o início do desenvolvimento de um orógeno do tipo Laramide. (a)
Subducção rasa causa a extinção do magmatismo de arco e compressão na região do antepaís. (b) Detalhe
mostrando o término da deformação na região do arco e retro-arco e o desenvolvimento de falhas reversas
afetando o embasamento no antepaís.
87
Se as margens continentais dos início da colisão, a litosfera continental da
continentes colidentes não forem retilíneas, placa inferior ainda está acoplada com a
como normalmente é o caso, as litosfera oceânica.
irregularidades presentes (reentrâncias e A ocorrência, em zonas de sutura, de
saliências) podem ocasionar variações coesita e diamante em gnaisses demonstram
laterais no estilo estrutural e/ou na que materiais continentais podem ser
intensidade de deformação. Sintaxes, como subduzidos até profundidades superiores a
aquele observado no caso do Himalaia (Fig. 120 km, atingindo, talvez, até 200-300 km.
7.2b), ocorrem quando as dimensões laterais Com o aumento da profundidade, no entanto,
das placas são diferentes. o esforço requerido para continuar a afundar
o material crustal pouco denso é maior que
sua resistência. Assim, ele se destaca do
manto litosférico e começa a retornar
rapidamente em direção à superfície,
incorporando fragmentos da crosta oceânica
e da cunha do manto sobrejacente (Fig.
7.10b).
88
(Fig. 7.10c). Subducção continental pode dobras isoclinais recumbentes, ou como uma
continuar, mas ao longo de uma superfície de falha de empurrão. Um caso particular é o
mergulho baixo separando a placa superior das nappes ofiolíticas (Fig. 7.3).
da placa inferior. O processo de separação A bacia de antepaís contém
das litosferas continental e oceânica é sedimentos clásticos derivados da erosão da
chamado de slab break-off (ruptura da placa cadeia de montanhas em soerguimento. Estes
ou ruptura litosférica). A ascensão da sedimentos sinorogênicos, às vezes
astenosfera para preencher o vazio decorrente denominados de molassa, podem ser
da separação pode resultar em fusão parcial. subseqüentemente deformados pela
progressão da deformação no cinturão de
7.5.3. Domínios em um orógeno colisional dobras e empurrões adjacente. Este consiste,
maduro predominantemente, de sedimentos da
Nos estágios avançados de uma margem continental passiva, podendo conter,
colisão frontal, os seguintes componentes ainda, sedimentos continentais mais antigos.
tectônicos podem ser reconhecidos (da placa Estas rochas preorogênicas apresentam um
inferior para a placa superior; Fig. 7.11): uma aumento no grau metamórfico em direção ao
bacia de antepaís (foredeep ou foreland núcleo da cadeia de montanhas
basin); um cinturão de cavalgamentos e (hinterlândia), onde a temperatura pode ser
dobras de antepaís (foreland fold-and-thrust suficiente para provocar fusão parcial. A
belt); nappes e empurrões, imbricando sutura é uma zona de cisalhamento dúctil
sedimentos plataformais metamorfizados; separando rochas da margem continental
uma zona de sutura; e nappes e empurrões, passiva daquelas derivadas do arco
envolvendo sedimentos pelágicos e magmático. Ela contém fragmentos de rochas
seqüências de arco metamorfizadas. O termo das duas placas continentais, restos da bacia
nappe é empregado para se referir a corpos oceânica (ofiolitos) e rochas continentais de
rochosos tabulares transportados de seu local pressão alta e ultra-alta.
de origem. Eles podem ser originados como
Cinturões orogênicos podem ter uma bilateral, com empurrões dirigidos para lados
vergência única, como no caso ilustrado na opostos da sutura (Fig. 7.12a). Mesmo
Figura 7.11, ou apresentar uma simetria orógenos originalmente monovergentes
89
podem ter sua geometria modificada pelo resistência da placa superior; (c) subducção
desenvolvimento de retro-empurrões (back- intracontinental de porções mais resistentes
thrusts) e retrodobras (back-folds) nos da placa superior. Em qualquer caso, uma
estágios mais avançados da colisão. Em crosta com cerca do dobro da espessura
alguns casos, fatias podem ser cisalhadas do normal (60-80 km) é produzida, com o
topo da placa inferior e empurradas sobre a equilíbrio isostático subseqüente causando o
placa superior (Fig. 7.12b). Essas fatias são soerguimento da superfície. Também tem
chamadas flacas (flakes) ou alóctones e sido sugerido que o soerguimento pode ser
podem se deslocar por centenas de resultante, em parte, da conversão de eclogito
quilômetros. Perfis sísmicos mostram que para granulito na raiz da crosta espessada,
estruturas semelhantes podem estar presentes uma vez que granulitos têm densidade menor
em níveis profundos, indicando o que eclogitos.
imbricamento da litosfera continental por
empurrões com vergências opostas (Fig.
7.12c).
90
causar fusão parcial de litologias férteis, relativa entre a crosta superior e o material
como metapelitos. extrudido.
91
inferiores a umas poucas centenas de metassomatismo e enriquecimento em
quilômetros. elementos radioativos em um evento prévio.
92
estruturação controlada por empurrões com (Figs. 7.19a, b). Remoção convectiva da
vergência para sul, os orógenos Altai e Gobi- litosfera (lithospheric convective removal),
Altai (Fig. 7.2b) são transpressivos. por sua vez, envolve a erosão térmica da raiz
litosférica pela astenosfera adjacente (Fig.
7.7. Extensão sin- a pós-orogênica 7.19c). Em ambos os casos, a substituição da
7.7.1. Colapso orogênico litosfera fria e densa pela astenosfera quente
Quando as forças tectônicas são pode promover um soerguimento da
removidas ao término de uma orogênese, a superfície antes que o orógeno seja rebaixado
topografia associada é reduzida, ao longo do devido à extensão resultante do aumento na
tempo, por erosão e/ou colapso extensional. elevação e no potencial gravitacional do
No entanto, extensão pode ter início mesmo orógeno.
quando o regime ainda é dominantemente
contracional. Nesse caso, empurrões e zonas
de cisalhamento extensionais podem atuar
sincronicamente. O termo colapso orogênico
é empregado para se referir ao conjunto de
processos que levam a redução na elevação
do orógeno.
Na maioria dos casos, extensão ocorre
numa direção paralela à da convergência,
mas, também, pode dar-se numa direção
perpendicular. Por exemplo, falhas normais
norte-sul indicam que o Platô Tibetano está
atualmente sofrendo extensão leste-oeste, isto
é, ortogonal à direção de convergência Índia-
Ásia (Fig. 7.2b).
Existem várias hipóteses para explicar Figura 7.18. (a) Perfil esquemático mostrando os
a formação de estruturas extensionais em estágios iniciais de colapso orogênico por uma
orógenos. No modelo de colapso combinação de fluxo dúctil na crosta inferior e
falhamentos normais na crosta superior. (b) Bloco
gravitacional, espessamento crustal por diagrama esquemático ilustrando um estágio mais
contração progride até que a diferença de avançado, resultando na exumação de rochas de
topografia entre o orógeno e as regiões alta temperatura. Note que falhas de empurrão
adjacentes gere esforços que não podem mais podem se desenvolver na periferia do orógeno.
ser suportados pela resistência das rochas na
crosta superior. A partir deste ponto, ela entra Quando a crosta inferior espessada é
em extensão, decrescendo a topografia e a removida juntamente com o manto
espessura. Outro modelo sugere que extensão litosférico, o processo é chamado de
na crosta superior é resultante de fluxo afundamento (foundering; Fig. 7.20). Esta
canalizado na crosta média ou inferior. Estes situação é esperada em orógenos do tipo
dois processos podem atuar em conjunto andino nos quais uma proporção significativa
(Fig. 7.18). do espessamento é devido à adição de
Nos dois casos acima, as forças magmas máficos à crosta inferior. Com a
responsáveis pela extensão estão localizadas cristalização dos magmas e subseqüente
na crosta continental. Outros modelos conversão para eclogito, ocorre um aumento
atribuem extensão a processos no manto expressivo da densidade da raiz crustal,
subcontinental. Pelo mecanismo de tornando-a gravitacionalmente instável.
delaminação (delamination), parte ou a Embora colapso extensional seja
totalidade do manto litosférico espessado é comum, sua ocorrência não é universal.
removido e substituído pela astenosfera Observações geológicas indicam que apenas
93
cinturões orogênicos largos sofrem espessura crítica, necessária para causar
afinamento pós-colisional. Isto é, remoção da litosfera continental, seja
provavelmente, devido ao fato de orógenos atingida. Outra possibilidade é a conversão
estreitos (< 300 km de largura) serem mais incompleta de rochas máficas para eclogito
eficientemente resfriados. Assim, eles têm na crosta inferior porque eclogitização da
uma resistência maior e não sofrem base da crosta tem um papel importante no
delaminação (ou outro processo de remoção processo de delaminação. Como presença de
da litosfera). fluidos é requerida para que as reações
metamórficas que levam à produção de
eclogitos prossigam, sua disponibilidade
pode determinar se um orógeno irá ou não
sofrer colapso extensional.
94
profundidade menos densas que rochas mais normalmente, muito baixos, a origem dessas
superficiais. rochas está relacionada com fusão parcial de
porções do manto que foram sujeitas a
processos metassomáticos, levando a seu
enriquecimento em elementos incompatíveis.
Uma fonte no manto litosférico continental é,
geralmente, assumida, porque estudos
isotópicos mostram que muitas vezes o
enriquecimento é antigo, e não relacionado
com processos em zonas de subducção
contemporâneas.
95
gerando magmas alcalinos ricos em Na (Fig. magmático. Estes granitóides são, às vezes,
7.19c). referidos como granitos cordilheiranos.
Adakitos também podem ser Granitos cuja gênese inferida é fusão parcial
encontrados em associação com rochas de rochas metaigneas são ditos do tipo I, em
potássicas/ultrapotássicas (Fig. 7.23). Sua oposição aos granitos do tipo S (Fig. 7.24),
formação é atribuída à fusão parcial da crosta cujo protólito é metassedimentar.
inferior máfica espessada, a qual, por sua
vez, pode ser devida ao aquecimento causado
pela passagem dos magmas potássicos
através da crosta continental.
Figura 7.23. Diagrama K2O versus SiO2 Figura 7.24. Diagrama mostrando a variação
mostrando a variação composicional de adakitos e composicional de alguns grupos de granitos.
rochas vulcânicas potássicas/ultrapotássicas
formadas durante extensão do platô tibetano.
Em orógenos colisionais, os batólitos
cálcio-alcalinos do estágio andino precursor
7.8. Plutonismo sinorogênico podem ser deformados, metamorfizados e
Rochas plutônicas são comuns em convertidos para ortognaisses, constituindo
cinturões orogênicos nos quais níveis mais intrusões pré-tectônicas. Normalmente, toda
profundos foram expostos por erosão ou atividade ígnea cessa nos estágios iniciais de
colapso orogênico. Em margens continentais uma colisão devido à perda do magmatismo
ativas, este magmatismo é caracterizado por associado com a zona de subducção. Com a
grandes batólitos cálcio-alcalinos, continuação da convergência entre os
constituídos por proporções variáveis de continentes e o conseqüente aumento na
rochas máficas (gabros), intermediárias espessura crustal, o orógeno começa a se
(dioritos) e félsicas (dominantemente aquecer espontaneamente pelo aumento na
tonalitos e granodioritos). Os membros radioatividade interna e pela condução de
félsicos são metaluminosos (Fig. 7.24) e calor do manto adjacente. Assim,
interpretados como derivados, temperaturas suficientemente elevadas para
dominantemente, da fusão parcial de rochas ocasionar fusão parcial de metapelitos com
máficas na crosta inferior. muscovita podem ser atingidas. Embora o
Granitos peraluminosos (Fig. 7.24) tempo requerido normalmente seja da ordem
também são encontrados em orógenos do de 20 a 30 Ma, os granitos produzidos neste
tipo Andino. Sua origem pode estar estágio são chamados de sincolisionais.
relacionada com fusão parcial de protólitos Tipicamente, são leucogranitos a duas micas,
metassedimentares e/ou metaigneos, podendo conter também granada e/ou
formados num estágio anterior, ou do turmalina, e fortemente peraluminosos, como
embasamento continental antigo do arco exemplificado pelos leucogranitos
himalaianos (Fig. 7.24). Estes granitos são
96
geoquimicamente distintos dos granitos tipo Metamorfismo de alta pressão a
S (Fig. 7.24), que incluem dominantemente temperaturas relativamente baixas é típico de
biotita cordierita granitos. A gênese destes zonas de subducção (seção 6.5.5). Xistos
últimos ainda é debatida, embora, azuis e eclogitos são as rochas diagnósticas
provavelmente, envolva fusão parcial de deste ambiente, sendo caracterizadas,
fontes contendo uma proporção significativa respectivamente, pelas associações
de metagrauvaca. glaucofana+lawsonita e granada+onfacita.
O maior volume de rochas plutônicas Este tipo de metamorfismo é, portanto,
em muitos cinturões orogênicos colisionais ausente ou limitado em orógenos
pertence às associações cálcio-alcalinas de intracontinentais.
alto potássio e shoshonítica. Em contraste Em orógenos colisionais, o
com os batólitos cálcio-alcalinos de margens metamorfismo de alta pressão precede a fase
ativas, os membros félsicos dominantes são de metamorfismo de pressão ultra-alta e a
monzogranitos e sienogranitos. Estas rochas fase principal de metamorfismo regional. Um
são intrudidas em um ambiente claramente cinturão metamórfico de pressão ultra-alta
intraplaca e, por isso, são chamadas de pós- consiste tipicamente de lentes de eclogito
colisionais, estando, freqüentemente, envoltos por gnaisses quartzo-feldspáticos.
associadas com zonas de cisalhamento Embora os gnaisses apresentem associações
transcorrentes. No entanto, pode haver uma minerais da fácies anfibolito, inclusões de
superposição no tempo com a intrusão de coesita e diamante em zircões indicam
granitos peraluminosos sincolisionais. subducção da crosta continental para
O magmatismo peraluminoso pode profundidades superiores a 100 km. Dessa
ser retomado durante a fase de colapso forma, a associação de pressão mais baixa
orogênico, enquanto granitos relativamente reflete reequilíbrio durante o retorno do
alcalinos e de alta temperatura podem ser material para a superfície.
intrudidos num estágio pós-orogênico O metamorfismo regional relacionado
avançado. A proximidade da astenosfera a espessamento crustal dá-se, tipicamente,
(Fig. 7.19c) da base da crosta explica a sob condições de média pressão e
ocorrência de fusão parcial de uma crosta temperatura (metamorfismo barroviano).
previamente submetida à extração de Uma vez que, caminhando-se na direção da
magmas e, portanto, menos fértil. hinterlândia, rochas de temperatura mais
No caso de orógenos intracontinentais elevada são encontradas acima de rochas de
formados por inversão de riftes, intrusões temperatura mais baixa (Fig. 7.11), o
pré-tectônicas são caracterizadas por granitos metamorfismo é dito inverso.
peraluminosos ou alcalinos formados durante Metamorfismo de baixa pressão-alta
o estágio rifte. Plútons sin- a pós-orogênicos temperatura pode ocorrer nos estágios mais
podem ter características bastante variáveis, avançados de uma colisão em associação
mas os membros máficos, quando presentes, com colapso orogênico. Este tipo de
normalmente refletem derivação litosférica, metamorfismo também acontece em
enquanto os membros félsicos têm fontes orógenos intracontinentais, quando a fase
metassedimentares ou são derivados de rifte é seguida imediatamente por
metagranitóides antigos ou de protólitos convergência de blocos ou pelo fechamento
ígneos do tipo cálcio-alcalino de alto de bacias retro-arco em ambientes de
potássio. subducção.
Metamorfismo de temperatura ultra-
7.9. Metamorfismo regional alta (> 900ºC) tem sido documentado em um
7.9.1. Tipos de metamorfismo e ambientes número cada vez maior de cinturões
tectônicos orogênicos. Paragêneses minerais
diagnósticas incluem safirina+quartzo,
97
ortopiroxênio+sillimanita+quartzo, espinélio trajetórias associadas com metamorfismo de
+quartzo e osumilita+granada. Embora ainda pressão ultra-alta (curva 4) e de temperatura
seja debatido como temperaturas ultra-alta (curva 5).
extremamente elevadas podem ser atingidas a Gradientes geotérmicos inferidos para
pressões relativamente baixas, isto a porção das curvas correspondentes ao
provavelmente requer uma grande aumento progressivo de pressão e
proximidade da crosta continental e da temperatura variam de 4-10ºC/km para o
astenosfera. Circunstâncias que podem levar metamorfismo de pressão alta/ultra-alta a
a esta situação incluem a remoção da >30ºC/km para o metamorfismo de
litosfera, durante colapso orogênico, e a temperatura ultra-alta.
formação e rápido fechamento de bacias
retro-arco.
98
complicada em cinturões mais antigos, onde trigger? Earth and Planetary Science Letters 258,
apenas a infra-estrutura do sistema pode ser 428-441.
Beccaluva, L., Coltorti, M., Giunta, G., Siena, F.,
analisada. Neste último caso, estudos mais 2004. Tethyan vs. Cordilleran ophiolites: a
aprofundados, envolvendo métodos reappraisal of distinctive tectono-magmatic
geocronológicos, isotópicos, sísmicos e features of supra-subduction complexes in
paleomagnéticos, são requeridos e, nem relation to the subduction mode. Tectonophysics
sempre, são conclusivos. 393, 165-174.
Bellot, J.P., 2007. Pre- to syn-extension melt-assisted
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intracontinentais é caracterizada por domes: the western French Massif Central
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quartzitos, paragnaisses arcosianos, Bonin, B., 2004. Do coeval mafic and felsic magmas
in post-collisional to within-plate regimes
metabasaltos e metariolitos), apresentando necessarily imply two contrasting, mantle and
volumes significativos, mas variáveis, de crustal, sources? Lithos 78, 1-24.
rochas crustais mais antigas retrabalhadas e Burg, J.-P., Sokoutis, D., Bonini, M., 2002. Model-
de metassedimentos derivados de associações inspired interpretation of seismic structures in the
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preexistente, acumulam-se na fossa e são and creation of continental crust. Geology 30,
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progressivamente incorporados ao complexo Cunningham, D., 2005. Active intracontinental
da zona de subducção. As rochas vulcânicas transpressional mountain building in the
e plutônicas típicas deste ambiente pertencem Mongolian Altai: defining a new class of orogen.
à associação cálcio-alcalina. Um orógeno Earth and Planetary Science Letters 240, 436-
pode ser caracterizado como de acresção se 444.
Darby, B.J., Ritts, B.D., Yue, Y., Meng, Q., 2005. Did
falhas separam terrenos com histórias the Altyn Tagh fault extend beyond the Tibetan
geológicas contrastantes. Isto é o caso, por Plateau? Earth and Planetary Science Letters
exemplo, de seqüências supracrustais de um 240, 425-435.
lado e outro de uma falha que apresentam Dickerson, P.W., 2003. Intraplate mountain building
conteúdos fossilíferos diferentes e in response to continent-continent colision - the
Ancestral Rocky Mountains (North America)
incompatíveis com as latitudes atuais, ou de and inferences from the Tien Shan (Central
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Orógenos relacionados com subducção Dilek, Y., Furnes, H., Shallo, M., 2007. Supra-
continuada, que passaram por estágios subduction zone ophiolite formation along the
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bacias retro-arco, podem ser confundidos English, J.M., Johnston, S.T., 2004. The Laramide
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regions for post-collisional, potassic magmatism
101
102
8. Origem e Diferenciação da Terra
103
alteração por fluidos ricos em água. Apesar decaimento de 26A durante 1-4 Ma, sendo,
da alteração, eles têm concentrações de posteriormente, incorporados aos corpos
elementos não-voláteis similares às parentais dos meteoritos carbonosos. A onda
estimativas feitas para o Sol. Isto indica sua de choque resultante da explosão teria
natureza primitiva, já que o Sol contém a forçado a nuvem de gás e poeira primitiva a
quase totalidade da matéria do sistema solar. entrar em colapso gravitacional (Fig. 8.2a).
Assim, a alteração é atribuída à fusão de gelo
pelo calor produzido por desintegração de
elementos radioativos de meia-vida curta no
corpo parental, e não por interação com a
atmosfera ou com a hidrosfera terrestre.
105
apenas 9 Ma. Uma vez que Hf é um elemento Gigante, é que ela se formou quando um
litófilo enquanto W é um elemento siderófilo, corpo aproximadamente com o tamanho de
a remoção de W para o núcleo aumenta a Marte (chamado, por alguns, de Teia) atingiu
razão Hf/W. O manto apresenta um excesso a Terra cerca de 60 Ma de anos após o
de 182W em comparação com condritos, colapso da nebulosa solar (Fig. 8.5). Um
indicando que a separação do núcleo ocorreu impacto de tal ordem inevitavelmente levaria
quando ainda havia 182Hf em quantidade à fusão de grande parte do manto e à
suficiente no manto, caso contrário, a amálgama do núcleo do corpo impactante
composição isotópica do manto e de com o núcleo da Terra. A Lua seria formada
condritos seria similar. subseqüentemente pela condensação dos
A formação do núcleo resultou no silicatos vaporizados, em grande parte
empobrecimento de elementos siderófilos derivados do impactante (~80%), que
(cobalto, níquel, ouro, platina, irídio, cósmio, ficaram circundando a órbita da Terra. A
paládio, etc.) no manto da Terra. No entanto, estimativa de que o impacto ocorreu nos
apesar da baixa abundância desses estágios finais de diferenciação da Terra é
elementos, ela ainda é maior que a esperada. consistente com a pequena dimensão do
Isto é atribuído à adição de 0,4 a 1% de núcleo lunar (340 km de raio).
material condrítico (cuja abundância em A Lua tem uma crosta
elementos siderófilos é 150 a 300 vezes dominantemente anortosítica, cuja existência
superior àquela presente no manto atual) só pode ser explicada pela flotação de
após a formação do núcleo. plagioclásio sobre um magma de extensão
global. Uma vez que esta crosta tem 30 a 60
8.4. Formação do Sistema Terra-Lua km de espessura, isto indica que a Lua
A hipótese mais popular para a também passou por um estágio de fusão total,
origem da Lua, o Modelo do Impacto com um oceano magmático profundo.
Figura 8.5. Simulação numérica do impacto que deu origem à Lua. Cores correspondem à energia interna do
sistema.
106
uma perda gradual para o espaço. Logo, a significativas de 40Ar, indicando rápida
atmosfera atual não pode ter sido formada liberação de voláteis pelo manto nas
pela retenção de elementos voláteis da primeiras dezenas de milhões de anos
nebulosa solar nos estágios finais de acresção subseqüentes ao impacto gigante. A liberação
da Terra. Embora uma atmosfera primordial de gases pelo manto continua até o presente,
deva ter existido, a energia liberada pelo porém a uma taxa bem menor. A idade média
impacto que formou a Lua deve ter causado da atmosfera estimada pela sistemática dos
não só a perda dessa atmosfera primordial, gases raros é de 4,4 Ga.
mas também da quase totalidade dos
elementos voláteis no manto. Uma pequena
fração dos gases primitivos pode ter ficado
retida no manto mais profundo e ser
responsável pelas razões elevadas 3He/4He
em magmas relacionados com plumas.
O modelo preferido para a formação
da atmosfera envolve o transporte de gases
para a superfície por magmas de derivação
mantélica. Isto implica que o manto foi
reenriquecido pela adição tardia de material
dominantemente condrítico (0,4-1% da
massa da Terra, como estimada a partir da
concentração de elementos siderófilos no
manto; seção 8.3). A quantidade de Figura 8.6. Modelos para a liberação de Ar do
nitrogênio e água suprida por esta manto para a atmosfera. As curvas superiores são
contribuição tardia é consistente com as as mais condizentes com os dados atuais. O tempo
concentrações estimadas para a Terra. Outro é contado a partir da formação da Terra.
modelo, menos aceito, advoga que a
atmosfera foi formada diretamente pela Por comparação com a composição
vaporização do material tardio antes de seu do manto em elementos voláteis, a atmosfera
impacto com a superfície. primitiva deveria ser composta
A taxa com que elementos voláteis predominantemente de H2O, CO2, N2 e CO.
são liberados do manto para a atmosfera pode NH3 e CH4 também deviam estar presentes,
ser estimada com base em medidas da mas estes gases são prontamente destruídos
composição isotópica atual dos gases nobres por radiação ultravioleta e sua concentração
nos diferentes reservatórios terrestres. Isto não deveria ser grande. No entanto,
será exemplificado pelo caso do argônio. O concentrações de metano de até 1000 ppm
argônio representa cerca de 1% do volume da podem ter persistido até a formação de uma
atmosfera, sendo que a maior parte dele atmosfera rica em oxigênio. Uma atmosfera
(99,6%) consiste do isótopo 40Ar, produzido rica em CO2 é atestada pelos enormes
pela desintegração radioativa de 40K volumes de carbonatos, depositados desde o
(Capítulo 2). Como a meia-vida do 40K é Arqueano, e de carvão e petróleo produzidos
muito longa, a concentração de 40Ar deveria durante o Fanerozóico. Se todo o carvão
ser muito baixa logo após a formação da contido nestes depósitos fosse convertido
Terra. A razão 40Ar/36Ar nos MORBs pode para CO2, a concentração desse gás na
chegar a 44000, indicando valores também atmosfera aumentaria várias centenas de
elevados no manto, enquanto na atmosfera vezes (Figura 8.7).
atual ela é relativamente baixa (295,5). Isto Uma elevada concentração de CO2 na
implica que a formação da atmosfera ocorreu atmosfera primitiva explica o ‘paradoxo do
antes da produção de quantidades Sol fraco’. Modelos para a evolução do Sol
107
indicam que durante o Arqueano sua consideravelmente superiores a 100ºC. Ainda
luminosidade correspondia apenas a 75-80% se discute quando a temperatura declinou
do valor atual e, assim, a temperatura média para valores similares às atuais. Este ponto
da superfície da Terra deveria ser bem menor está intimamente relacionado com modelos
que no presente. O paradoxo consiste no fato de formação da crosta continental e será
de que registros de glaciação no arqueano são abordado na seção 8.6.1.
esparsos, indicando que o efeito estufa A química do oceano primitivo não
provocado pelo CO2 contrabalançou a menor deveria diferir muito daquela do oceano
luminosidade solar. atual. Tanto Cl como Na são voláteis em
magmas de alta temperatura e devem ter sido
incorporados ao oceano quando o manto
ainda estava total ou parcialmente fundido.
NaCl é a espécie estável de cloreto porque
HCl é extremamente reativo. Assim, NaCl,
na fase sólida ou em solução, devia estar
presente no oceano primitivo. Por reação
com rochas aquecidas próximas da
superfície, Na e Cl são incorporados na
estrutura de minerais hidratados, como
anfibólio, o que deve ter contribuído para
rebaixar a salinidade do oceano no decorrer
do Hadeano.
Atualmente, a maior parte das
Figura 8.7. Estimativa para a variação da
substâncias dissolvidas na água do mar é
concentração de CO2 na atmosfera (relativa ao resultante do intemperismo nos continentes e
valor atual) com o decorrer do tempo. deve ter sido assim desde que continentes
tornaram-se emersos. O balanço entre a
adição de NaCl por intemperismo e sua
8.5.2. Origem da hidrosfera remoção em sistemas hidrotermais em
Por comparação com a evolução da dorsais oceânicas (Fig. 6.13) ou sistemas
atmosfera, é provável que uma grande fração equivalentes são os principais mecanismos
dos oceanos também tenha sido formada nos reguladores para manter a salinidade do mar
100 Ma seguintes à acresção da Terra. O aproximadamente constante. Isto explica
efeito estufa, resultante das elevadas porque seqüências minerais e estratigráficas
concentrações de CO2 na atmosfera e o alto são similares em evaporitos de todas as
fluxo térmico interno logo após a formação idades, sugerindo que a salinidade do mar
da Lua, contribuíram para manter a superfície não variou por fatores superiores a dois ou
da Terra aquecida. No entanto, convecção três com o decorrer do tempo geológico.
intensa no manto e reação de CO2 com
basalto para formar carbonatos rapidamente 8.5.3. Atmosfera rica em oxigênio
reduziram a importância desses dois fatores. A atmosfera primitiva deve ter
Estimativas para o tempo requerido a fim de contido pouco ou nenhum oxigênio, porque,
manter a superfície aquecida acima do ponto na ausência de fotossíntese, a única maneira
de ebulição da água variam de menos de 1 de produzir este gás é por fotodissociação:
Ma de anos até no máximo 20 Ma. Assim, a 2H2O + radiação ultravioleta = 2H2 +O2.
Terra já deveria estar coberta por oceanos Como hidrogênio é um gás leve, pode se
logo após sua formação. Devido à maior difundir para o espaço, deixando uma
pressão atmosférica, água na forma líquida atmosfera enriquecida em oxigênio. Este
pode ter existido a temperaturas processo é, no entanto, autolimitado porque
108
parte do O2 produzido combina-se para similares aos atuais foram atingidos no
formar ozônio (O3), o que protege contra a Cretáceo/Terciário Inferior.
radiação ultravioleta. Dessa forma, a
produção de oxigênio em grande escala só 8.6. Formação e crescimento da crosta
começou com o surgimento de organismos continental
capazes de realizar fotossíntese. 8.6.1. A crosta e o manto primitivos
É amplamente aceito que oxigênio só A crosta é definida como a porção
começou a se acumular na atmosfera entre mais externa dos corpos planetários, podendo
2,45 e 2,2 Ga atrás (Fig. 8.8). Antes disso, ser classificada como primária, secundária, e
grande parte do oxigênio disponível deve ter terciária. Uma crosta primária é aquela
sido utilizada para oxidar o Fe+2 presente nos formada pela cristalização de um oceano
oceanos para Fe+3. Isto explica os enormes magmático, como no caso da crosta
volumes de formações de ferro bandadas anortosítica da Lua. Crostas secundárias
(BIFs) depositados durante o Arqueano e o resultam de fusão parcial nos mantos
Paleoproterozóico e seu desaparecimento, planetários e têm, tipicamente, composição
juntamente com o de depósitos de pirita e basáltica, como a crosta oceânica terrestre, os
uraninita (cuja formação requer um ambiente basaltos lunares e grande parte da crosta de
redutor), após 1,9 Ga. Por outro lado, isto Marte e de Vênus. Uma crosta terciária é
coincide com o aparecimento de sedimentos aquela que não resulta diretamente de fusão
formados como resultado de oxidação parcial do manto, seu crescimento
subaérea, como redbeds, e sulfatos. envolvendo o retrabalhamento e
diferenciação de crostas primárias e/ou
secundárias. A crosta continental terrestre é o
exemplo típico (e provavelmente único no
nosso Sistema Solar) deste tipo de crosta.
Alguns autores sugerem que uma
crosta primária de composição anortosítica
ou andesítica pode ter se formado na Terra.
No entanto, a opinião dominante é de que
isto não foi possível. O manto lunar é
praticamente anidro, enquanto o oceano
magmático terrestre devia conter uma
proporção significativa de água. Estudos
Fig. 8.9. Concentração de oxigênio na atmosfera experimentais mostram que a densidade de
com o decorrer do tempo relativamente ao valor magmas ultramáficos hidratados é inferior à
atual (PAL = present atmospheric level). Notar a densidade do plagioclásio, o que impediria o
escala logarítmica.
acúmulo desse mineral na superfície. Uma
A partir de 2,0 Ga, a concentração de crosta primária de composição máfica pode,
oxigênio na atmosfera começou a aumentar no entanto, ter sido produzida pela
gradativamente, mas uma rápida elevação, segregação do magma residual resultante da
provavelmente, ocorreu apenas no cristalização do oceano magmático.
Neoproterozóico, atingindo 10% a 20% do Metassedimentos paleoarqueanos
valor atual no inicio do Fanerozóico (Fig. derivados do intemperismo e erosão de
8.8). A expansão das plantas terrestres e a protólitos mantélicos exibem razões
142
formação de grandes depósitos de carvão, Nd/144Nd elevadas. Isto indica um episódio
durante o Paleozóico Superior, provocaram de fracionamento Sm/Nd logo após a
um rápido aumento de O2 e uma diminuição formação da Terra, uma vez que 142Nd é
de CO2 na atmosfera. Valores de oxigênio produzido pelo decaimento radioativo do
146
Sm, cuja meia-vida é de apenas 103 Ma.
109
No entanto, este dado não pode distinguir basálticos. Zircões derivados do manto têm
entre crostas derivadas da cristalização de um valores δO18 em torno de 5,3‰ (por mil).
oceano magmático, de fusão parcial do Rochas sedimentares que reagiram com água
manto ou geração de crosta continental. à baixa temperatura, por sua vez, são
O tempo necessário para a enriquecidas em O18.
cristalização do oceano magmático lunar é
estimado em 45 Ma, a partir da idade das
rochas lunares mais antigas e de estudos
isotópicos. Estimativas para a duração desse
processo na Terra variam de menos de 1 Ma
até 100 Ma. As discrepâncias resultam de
considerações térmicas. Se, por um lado, a
Terra é bem maior que a Lua, implicando que
o tempo de cristalização também deveria ser
maior, a possível ausência de uma crosta
primária facilita a perda de calor para a
superfície, levando a uma cristalização mais
rápida. No entanto, a radiação para o espaço
é drasticamente reduzida pela formação de
serpentina e anfibólio por reações entre o
manto e a hidrosfera. Assim, um oceano
magmático pode ter persistido por várias
dezenas de milhões de anos, mesmo na
ausência de uma crosta primária.
Existem três modelos antagônicos
sobre qual seria a feição da Terra durante o Figura 8.9. Modelos para a Terra após a
Hadeano. No primeiro (Fig. 8.9a), o exterior cristalização do oceano magmático (4,4-4,3 Ga
do planeta estaria coberto por uma crosta atrás). (a) Inexistência de crosta estável. (b) Crosta
máfica/ultramáfica fina e instável, contendo máfica espessa. (c) Proto-tectônica de placas.
minerais hidratados. O manto estaria
sofrendo forte convecção, talvez mesmo Valores de δO18 acima de 5,3‰
turbulenta. No segundo (Fig. 8.9b), a Terra foram encontrados em zircões com idades
seria coberta por uma crosta máfica espessa superiores a 4 Ga (Fig. 8.10). Estes dados
separada de um manto estável e inativo. No foram interpretados como resultado da
terceiro (Fig. 8.9c), a temperatura da Terra cristalização dos zircões em magmas gerados
teria caído suficientemente 4,4 Ga atrás para por fusão parcial de rochas
permitir a atuação de processos similares aos metassedimentares ou contaminados por
atuais (proto-tectônica de placas), levando à rochas supracrustais. De acordo com esta
produção de uma crosta siálica. Convecção interpretação, a Terra teria oceanos com
no manto seria intensa, mas não a ponto de temperaturas não muito diferentes das atuais
reciclar totalmente a crosta recém-formada. há 4,3-4,4 Ga. Em adição, estudos
Este último modelo se baseia em geotermométricos nesses zircões antigos
estudos detalhados de zircões hadeanos e sugerem cristalização em torno de 700ºC,
paleoarqueanos, em particular na composição condizentes com as temperaturas esperadas
isotópica de oxigênio. Embora zircão seja um em magmas graníticos hidratados.
mineral tipicamente crustal, ele também pode Finalmente, a descoberta de inclusões de
ser formado por cristalização de baixas diamante em zircões com até 4,25 Ga, e sua
percentagens de fusão no manto ou nos semelhança mineralógica com diamantes
estágios finais de cristalização de magmas resultantes de metamorfismo de pressão
110
ultra-alta, implicaria a existência de uma pelo impacto de grandes planetesimais entre
litosfera continental espessa. 4,0 e 3,8 Ga. Este evento, conhecido como o
Intenso Bombardeio Tardio (Late Heavy
Bombardment), formou a maior parte das
crateras observadas na Lua. A causa desse
evento, mais de 600 Ma após a formação do
Sistema Solar, ainda é debatida, mas pode
estar ligada a uma rápida migração dos
planetas gigantes, o que teria desestabilizado
a órbita do cinturão de asteróides.
111
(curva 1). Taxas equivalentes de criação de onde as taxas de criação de crosta continental
nova crosta e reciclagem de crosta antiga são bem mais rápidas.
teriam contribuído para que esta proporção Curvas cumulativas de crescimento
permanecesse mais ou menos constante com crustal são construídas considerando-se a
o decorrer do tempo. Curvas de crescimento distribuição areal de províncias juvenis (Fig.
aproximadamente linear (curva 3) ou 8.12). Numa escala global, tem sido sugerido
inversamente proporcional ao decaimento do que períodos maiores de crescimento crustal
fluxo térmico da Terra (curva 2), também ocorreram há 2,7, 1,9 e 1,2 Ga atrás. No
foram propostas, porém os modelos mais entanto, com respeito ao pico de 1,9 Ga, a
aceitos atualmente são os de crescimento contribuição da América do Sul e do centro e
episódico (curva 4). oeste da África pode ter sido subestimada, já
que resultados recentes indicam que o
período principal de crescimento ocorreu
entre 2,2 e 2,0 Ga (Capítulo 10).
113
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114
9. O Arqueano: Geologia e Regimes Tectônicos
Figura 9.1. Mapa mostrando a distribuição de idades nos continentes, a localização das rochas mais antigas
(estrelas) e o contorno aproximado de alguns dos principais crátons arqueanos/paleoproterozóicos.
115
neoarqueanas são bem mais comuns e, em
9.2. Distribuição dos terrenos arqueanos geral, maiores que esses crátons mais
Rochas arqueanas ocorrem em antigos. O maior de todos eles é a Província
crátons pouco afetados por eventos Superior, no Canadá (Fig. 9.4). Embora os
orogênicos posteriores ou formando o crátons Slave e Wyoming (Fig. 9.1)
embasamento de cinturões orogênicos mais contenham rochas paleo- a mesoarqueanas,
jovens (Fig. 9.1). Embora a área total das sua consolidação ocorreu apenas no
províncias arqueanas preservadas represente Neoarqueano. Na Austrália, além de Pilbara,
apenas 16% das áreas continentais emersas, a ocorrem ainda os crátons Yilgarn (Fig. 9.2) e
maioria das estimativas aponta para um Gawler (Fig. 9.1). Os zircões mais antigos
volume de produção de crosta continental são provenientes do Complexo Gnáissico
durante este éon próximo ou superior a 50% Narryer (localidades Mount Narryer e Jack
(Fig. 8.11). Hills), no Cráton Yilgarn (Fig. 9.2). Na placa
Eurasiática, tem-se os crátons Karelia/Kola
(Finlândia e Rússia), Siberiano e Dharwar
(sul da Índia); na África, o Cráton da
Tanzânia e o bloco Angola-Kasai (parte sul
do Cráton do Congo).
117
parcial de metabasaltos no campo de obscurecer todas as características primárias
estabilidade da granada, indicando pressões das rochas.
elevadas. Granada anfibolito é considerada a Greenstone belts ocorrem como
principal rocha fonte, mas eclogito também é faixas alongadas ou irregulares, bordejadas
uma possibilidade. O padrão extremamente ou intrudidas por granitóides variavelmente
fracionado de terras raras nos TTGs pode ser gnaissificados. Uma estrutura em domos e
explicado pela fusão parcial de eclogito ou quilhas é típica em muitos terrenos granito-
granada anfibolito, já que os elementos terras greenstone, com os greenstones formando
raras pesados são retidos na estrutura da sinformes envoltos por domos batolíticos.
granada Este é o caso do greenstone belt Barberton,
Uma grande variedade de rochas na África do Sul (Fig. 9.3). No entanto,
supracrustais e de rochas metabásicas e outros terrenos apresentam estruturação com
metaultrabásicas pode ser encontrada como faixas lineares alternadas de rochas
intercalações nos ortognaisses da associação metassedimentares, rochas metavulcânicas e
TTG. A maioria dessas rochas não apresenta ortognaisses, como é o caso da Província
grandes disparidades quando comparadas Superior (Fig. 9.4).
com aquelas encontradas em terrenos mais Greenstone belts são caracterizados
jovens. Dois casos, no entanto, merecem pela presença de derrames de rochas
menção: (1) grafita é bem mais comum em vulcânicas máficas (toleítos) e ultramáficas
micaxistos arqueanos, refletindo o ambiente (komatiitos). Komatiitos são lavas ricas em
redutor resultante da ausência de oxigênio na magnésio, típicas do Arqueano, sendo
atmosfera (seção 8.5); (2) anortositos incomuns em seqüências vulcânicas
arqueanos são associados com rochas proterozóicas e muito raras no Fanerozóico.
máficas e ultramáficas e têm plagioclásio Os elevados teores de MgO (>18%) nessas
com teores elevados de anortita (80-100%), rochas requerem, pelo menos, 30-40% de
enquanto anortositos pós-arqueanos são mais fusão parcial do manto. Petrograficamente,
comumente associados com granitos komatiitos são caracterizados pela textura
anorogênicos e seu plagioclásio é andesina spinifex, um arranjo paralelo ou radial de
ou labradorita. cristais extremamente alongados de olivina
O metamorfismo nos terrenos de alto ou piroxênio, com até alguns decímetros de
grau varia de anfibolito alto a granulito e comprimento. O crescimento exagerado
corresponde ao tipo de baixa/média pressão desses cristais é atribuído ao grande intervalo
do metamorfismo regional. Pressões e de temperatura (> 500ºC) entre o solidus e o
temperaturas da ordem de 800 a 1200 MPa e liquidus de magmas ultramáficos.
700 a 900ºC são típicas. Komatiitos e toleítos arqueanos são
enriquecidos em elementos incompatíveis,
9.3.2. Terrenos granito-greenstone quando comparados com N-MORBs, tendo
Greenstone belts (cinturões de rochas uma composição mais próxima às de E-
verdes) são sucessões de rochas supracrustais MORBS (Fig. 9.7), sugerindo derivação de
dominadas por rochas vulcânicas, um manto menos diferenciado.
deformadas e metamorfizadas, Os greenstone belts mais antigos (>3
dominantemente, sob condições da fácies Ga) contêm, em geral, um volume maior de
xisto-verde. Como resultado do komatiitos e uma dominância de sedimentos
metamorfismo, rochas máficas são de águas rasas na seqüência sedimentar,
convertidas para xistos-verdes caracterizados quando comparados com greenstone belts
pela associação mineral clorita-epidoto- neoarqueanos. Nestes últimos, normalmente,
actinolita-albita. No entanto, o grau de basaltos toleíticos a cálcio-alcalinos e dacitos
alteração raramente é tão elevado a ponto de dominam na seqüência vulcânica, enquanto
118
grauvacas são dominantes na seqüência de calor. De fato, estudos petrológicos de
sedimentar. toleítos arqueanos sugerem que a temperatura
do manto foi apenas 50º-100ºC mais elevada
no Arqueano que no presente (e não centenas
de graus Celsius, como predito teoricamente;
Fig. 9.8).
119
penetração das placas para o manto mais zonas de subducção rasas até que a
profundo. Neste cenário, a evolução para um temperatura das placas foi suficientemente
regime tectônico similar ao atual poderia ter rebaixada para permitir a formação de zonas
sido gradual, com uma dominância inicial de de subducção de alto ângulo (Fig. 9.9a).
Figura 9.9. Cenários para o regime tectônico no Arqueano. (a) Tectônica de placas, com geração de magmas
félsicos por fusão parcial de crosta oceânica normal ou espessada. (b) Tectônica vertical, com geração de
magmas félsicos pela fusão parcial da base de platôs acima de plumas do manto ou de regiões espessadas acima
de células de convecção descendentes na astenosfera
120
Figura 9.10. (a) Perfil sísmico de reflexão entre o greenstone belt Abitibi e o terreno de alto grau Opatica,
sudeste da Província Superior (Fig. 9.4). (b) Interpretação sugerindo existência de dobras normais, empurrões e a
possível subducção da subprovíncia Abitibi sob a subprovíncia Opatica.
121
dificuldade nas condições do manto 9.5.2. Greenstones
arqueano. Greenstone belts dominados por
basaltos e komatiitos são convencionalmente
interpretados como produtos de fusão
parcial, a pressões e temperaturas elevadas,
de plumas do manto (Fig. 9.9b). Este parece
ser o caso de komatiitos extravasados em
crosta siálica mais antiga. No entanto,
estimativas para o teor de H2O em alguns
komatiitos são bem mais elevadas (>2-3%)
que em basaltos relacionados com plumas
(CFBs, OIBs; Capítulo 6), os quais contêm
menos de 0,5% H2O. Para explicar estes
casos, uma interpretação proposta é a fusão
parcial do manto nos estágios iniciais de
formação de zonas de subducção (Fig.
Figura 9.11. Modelo esquemático do processo de 9.12a). Nesta situação, o rápido mergulho da
avalanche mantélica. A descida catastrófica de placa causaria a subida da astenosfera e
litosfera oceânica acumulada na descontinuidade introduziria um grande volume de água na
de 660 km (a) induz o influxo de material do
região ante-arco, induzindo elevadas
manto inferior para o manto superior (b),
resultando numa intensa atividade de plumas. percentagens de fusão parcial sob condições
hidratadas.
122
Greenstone belts consistindo, pela fusão parcial de plumas (Fig. 9.13a).
dominantemente, de basaltos toleíticos a Esta inversão de densidade e o
cálcio-alcalinos e de dacitos são amolecimento térmico da crosta subjacente
caracterizados por anomalias negativas de permitiriam o afundamento de parte da
Ta, Nb, Ti e P. Eles são, portanto, seqüência vulcânica (este processo é
correlacionados, por muitos, com zonas de denominado ‘sagducção’) e a conseqüente
subducção intraoceânicas (Fig. 9.12b). subida diapírica de domos gnássicos
Bacias retro-arco constituem outro ambiente produzidos por fusão parcial da crosta (Fig.
possível para a geração de greenstone belts 9.13b).
dominados por rochas vulcânicas cálcio-
alcalinas. Porém, se zonas de subducção rasa
dominaram a tectônica no Arqueano,
extensão na região retro-arco é inibida,
tornando este ambiente desfavorável, como
caso geral, para a produção de magmas.
A ocorrência conjunta das
associações basalto-komatiito e basalto-
dacito é observada em vários greenstone
belts. Isto poderia resultar da maturação de
zonas de subducção (Figs. 9.12a e 9.12b).
Outra possibilidade para explicar esta
coexistência é a interação de plumas e zonas
de subducção (Fig. 9.12c). Esta influência
mútua deve ter sido mais freqüente no Figura 9.13. Modelo de inversão parcial da crosta,
resultando na formação de terrenos granito-
Arqueano, devido a uma atividade de greenstone com estrutura em domos e quilhas. (a)
plumas mais intensa e/ou ao maior número Derrames basáltico-komatiíticos espessos são
de placas que no presente. Ainda, outra extravasados sobre crosta continental ou platôs
possibilidade é a acresção de platôs oceânicos. (b) A elevação de temperatura da crosta,
oceânicos gerados sobre plumas do manto a por aquecimento provocado pela pluma e por
radioatividade interna, resulta em amolecimento
um arco magmático. térmico, fusão parcial, afundamento da cobertura
vulcânica e ascensão de domos gnaíssicos.
9.5.3. Associações TTG/greenstone
A associação de greenstone belts e Os diferentes modelos propostos para
terrenos de alto grau lineares (Fig. 9.4) é a geração de TTGs e greenstone belts não
interpretada, pela maioria dos autores, como são todos mutuamente excludentes. Na
resultante da colisão de arcos, platôs realidade, o mais provável é que vários dos
oceânicos e microcontinentes durante processos discutidos tenham estado
tectônica de acresção. No entanto, alguns envolvidos na consolidação de crátons
greenstone belts, particularmente os mais arqueanos, seja ao mesmo tempo ou em
antigos, como aqueles presentes nos crátons diferentes épocas. Isto é exemplificado, na
Pilbara, Kaapvaal e Dharwar, apresentam Fig. 9.14, com o caso do cráton Pilbara.
uma estrutura em domos e quilhas (Fig. 9.3)
e a atuação de uma tectônica compressiva 9.6. Cratonização
horizontal não é documentada neles. Um O processo responsável pela
modelo popular para a formação destes estabilização de vastos segmentos crustais é
últimos envolve a inversão convectiva chamado de cratonização. A cratonização
parcial de crosta continental ou crosta dos continentes arqueanos envolveu a
oceânica espessada, devido à sobreposição formação de uma litosfera bastante espessa
de basaltos e komatiitos densos produzidos (> 200 km) abaixo deles (Fig. 4.4). Existem
123
três modelos concorrentes, mas não pode tornar-se mais denso que a astenosfera
necessariamente mutuamente excludentes, (Capítulo 7). O manto litosférico arqueano é,
para explicar como isto ocorreu. No no entanto, mais empobrecido em Ca, Al e
primeiro, o manto litosférico constituiria o Fe (devido às percentagens mais elevadas de
resíduo da fusão parcial de grandes plumas fusão parcial), fazendo com que ele seja
(Fig. 9.14; meio). No segundo, a formação menos denso que a astenosfera (Fig. 9.15),
de uma litosfera espessa envolveria a independentemente de sua espessura. Dessa
acresção e imbricamento de litosfera maneira, o desenvolvimento de raízes
oceânica. Finalmente, no terceiro, o litosféricas profundas deve ter protegido a
espessamento resultaria da colisão de arcos e crosta continental arqueana sobrejacente,
continentes (Fig. 9.14; topo). De acordo com dificultando seu envolvimento em eventos
o primeiro modelo, peridotitos cratônicos orogênicos subseqüentes, o que explica sua
seriam o resíduo sólido deixado pela persistência até os dias atuais.
extração de magmas formados por elevadas
percentagens de fusão parcial a altas
temperaturas e pressões. Nos dois últimos
cenários, fusão parcial ocorreria a
temperaturas e pressões mais baixas, seguida
pelo transporte dos peridotitos residuais para
profundidades maiores.
124
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126
10. Cinturões Orogênicos Proterozóicos, Supercontinentes e
Superplumas
127
de rochas supracrustais. Grandes bacias cerca de 66 000 km2, é o maior corpo ígneo
sedimentares remanescentes desse período do mundo, sendo também o maior depósito
incluem aquelas de Witwatersrand e Pongola, de mineralizações magmáticas (associação
no Cráton Kaapvaal, Hamersley, no Cráton Cr-Ni-Pt-Cu). Da mesma maneira, granitos
Pilbara, e Carajás, no Cráton Amazônico. potássicos (monzogranitos e sienogranitos),
Coberturas sedimentares do embora também ocorram no Arqueano, só se
Paleoproterozóico inferior são comuns em tornam abundantes no Proterozóico.
todos os demais crátons arqueanos.
As seqüências supracrustais 10.3. Distribuição e geologia de províncias
neoarqueanas e paleoproterozóicas orogênicas proterozóicas
consistem, caracteristicamente, de Províncias orogênicas proterozóicas
sedimentos maturos, como quartzitos e ocorrem, caracteristicamente, circundando
pelitos, indicando um ambiente tectônico crátons arqueanos, ou como faixas,
estável, presumivelmente representado por separando terrenos arqueanos (Figs. 9.1, 9.2,
bacias intracratônicas e plataformas 9.5, 10.2-10.5). O primeiro caso é bem
continentais. Quartzitos são comumente ilustrado pelo Cráton Amazônico, onde a
intercalados com formações de ferro Província Amazônia Central, arqueana, é
bandadas. A ausência de depósitos de pirita e circundada, no norte, pela Província Maroni-
uraninita, após 2,4 Ga, coincide com o Itacaiunas (2,2-2,0 Ga) e, no sul e sudoeste,
declínio na deposição de BIFs, indicando o por províncias que se tornam
início do acúmulo de oxigênio na atmosfera. progressivamente mais jovens para o sul
Embora enxames de diques máficos (Fig. 9.5). Na América do Norte, igualmente,
ocorram no Arqueano (como é o caso do províncias progressivamente mais jovens são
Grande Dique do Zimbábue, com idade de observadas ao sul da Província Superior (Fig.
2575 Ma, o maior dique máfico conhecido, 10.2). Províncias mais jovens podem manter
com 480 km de comprimento), eles são bem o mesmo trend ou truncar aqueles de
mais freqüentes no Proterozóico. O grande províncias mais antigas, como no caso do
volume de diques máficos intrudidos entre cinturão Grenville (Fig. 10.2).
2,4 e 2,0 Ga, indicativos de tentativas de A geologia das províncias crustais
fragmentação continental, argumentam a proterozóicas é bastante variada. Algumas
favor da existência de grandes continentes consistem dominantemente de rochas
estáveis no final do Arqueano/início do juvenis, enquanto outras resultam quase
Proterozóico. Tem sido sugerido, ainda, que exclusivamente de retrabalhamento de rochas
o período 2,5-2,45 Ga foi marcado por uma mais antigas. Em geral, as rochas presentes
intensa atividade de plumas. Derrames podem ser grupadas nos seguintes tipos, com
basálticos com estas idades, encontrados em sua proporção variando de um orógeno para
vários crátons, seriam remanescentes de outro:
CFBs. (a) Complexos arqueanos reativados
Intrusões ígneas estratiformes são (ortognaisses e rochas associadas dos
típicas do Proterozóico, embora meta- terrenos de alto grau e greenstone belts
anortositos e rochas metabásicas e desmembrados e deformados).
mataultrabásicas arqueanas possam ser (b) Ortognaisses juvenis da associação TTG.
fragmentos de corpos ígneos maiores Estas rochas são mais comuns nos
deformados e metamorfizados. O Complexo orógenos proterozóicos mais antigos e
Stillwater (Montana), com idade de 2,7 Ga, é refletem uma continuação de processos
o único exemplo arqueano bem preservado. associados com colisão de platôs
O Complexo Bushveld, na África do Sul, oceânicos e/ou subducção rasa no
com 2,05 Ga, aflorando em uma área com Paleoproterozóico.
128
Figura 10.2. Províncias crustais arqueanas e proterozóicas na América do Norte e sua extensão para a
Groenlândia e Escandinávia.
129
responsáveis por substancial crescimento África também consiste de rochas de idade
continental pós-arqueano (Fig. 10.1). paleoproterozóica.
130
fechamento da pequena bacia oceânica sistema Himalaia-Tibete, seja o cinturão
formada. Nesta interpretação, o orógeno Trans-Hudsoniano (Figs. 10.3, 10.8), onde
Usagarano seria essencialmente acresção pré-colisional de blocos crustais foi
intracontinental. seguida pelo desenvolvimento de uma
margem do tipo andino e, finalmente, pela
colisão entre a Província Superior (placa
inferior) e as províncias Wyoming e Rae-
Hearne (placa superior).
132
continental por acresção de arcos juvenis (ou descartar) a existência do supercontinente
variou de importante, como nas províncias Colúmbia.
Tocantins, no Brasil central, e Hoggar, no (a)
norte da África, a dominante, como no
escudo Arábico, representando uma
contribuição significativa para o crescimento
da crosta continental.
As ocorrências mais antigas de xistos
azuis datam do Neoproterozóico e ofiolitos
também só se tornam abundantes a partir
dessa Era. A ausência de xistos azuis em
cinturões orogênicos paleo- a
mesoproterozóicos reflete, provavelmente, o
resfriamento secular da Terra. Antes de 1 Ga,
os gradientes geotérmicos em zonas de
subducção seriam ainda muito elevados para
estabilizar glaucofana. No entanto, é
possível, também, que a ausência de xistos
azuis e rochas de pressão ultra-alta reflitam,
em parte, problemas de preservação,
retrogressão durante exumação, ou alteração (b)
durante eventos metamórficos posteriores.
133
10.10c). Na primeira, seria a Austrália Neoproterozóico, completamente distinta de
(AUS), e não a Antártica, que estaria ligada à Rodínia, é conhecida como Paleopangéia
margem oeste dos Estados Unidos (WUS). (Fig. 10.11). Nela, Laurentia e Báltica são
Na segunda, a Austrália estaria conectada à separados da Austrália-Antártica pelo
porção sudoeste de Laurentia, correspondente continente Atlântica.
ao México (MEX) atual.
134
Amazônia Central e os crátons São retrabalhada durante o Brasiliano/Pan-
Francisco, Gongo e Oeste Africano uniram- Africano. Assim, por exemplo, o oceano
se, no Paleoproterozóico, para formar uma entre os crátons São Francisco/Congo e
massa continental única, (Fig. 10.9). Muitas Amazônia/Oeste África mostrado na Figura
reconstruções do supercontinente Rodínia 10.8 deixaria de existir, ou seria bem menor,
mostram, no entanto, os crátons Congo/São caso o embasamento das províncias
Francisco, Amazônico e Oeste Africano Borborema, da Nigéria e da República dos
separados por grandes oceanos há 1 Ga (p. Camarões fosse incluído na reconstituição.
ex., Fig. 10.12). Se esta dedução estiver
correta, isto significa que eles se separaram
no decorrer do Proterozóico e convergiram,
no final do Neoproterozóico, para se juntar
com a mesma configuração que tinham no
Paleoproterozóico, o que parece bastante
improvável. Igualmente controverso, é se o
cráton São Francisco/Congo fez (Fig. 10.8),
ou não (Fig. 10.12), parte de Rodínia.
136
fragmentação. Finalmente, para outros, Ernst, R.E., Buchan, K.L., 2003. Recognizing mantle
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138
11. Cinturões Orogênicos Fanerozóicos e o Supercontinente
Pangéia
Figura 11.2. Reconstruções paleozóicas mostrando a separação das microplacas Armorica (laranja), Avalonia
(roxo) e norte e sul da China do supercontinente Gondwana e a posterior incorporação de Armorica e Avalonia à
Europa e América do Norte, respectivamente. Notar que a Ibéria (IB.), França (Fr), Turquia (TURK), Irã
(IRAN) e Tibete (LHASA, QIANTANG) eram também parte de Gondwana. Azul escuro: arcos de ilhas.
140
11.3. Cinturões orogênicos paleozóicos Apalaches continuou até o fechamento da
11.3.1. Orógenos colisionais bacia oceânica entre Laurência e Gondwana,
Durante todo Paleozóico, o produzindo a Orogênese Alleghaniana do
supercontinente Gondwana permaneceu Carbonífero Superior/Permiano (Fig. 11.2).
praticamente intacto (Figs. 11.1 e 11.2). O final dessa orogênese foi caracterizado
Assim, os principais cinturões orogênicos pelo desenvolvimento de grandes zonas de
colisionais desta era estão presentes nos cisalhamento transcorrentes dextrais
continentes norte-americano e euro-asiático. paralelas à direção do cinturão.
Os principais são o cinturão Caledoniano-
Apalachiano, que se estende da Escandinávia
até o México (Fig. 11.3); o cinturão
Herciniano (ou Variscano), no sudeste da
Europa e noroeste da África (Fig. 11.3); e o
cinturão Uraliano, entre a Europa e a Ásia.
Figura 11.5. (a) Mapa esquemático mostrando, em cinza, o embasamento herciniano na Península Ibérica e
França. (b, c) Perfis esquemáticos através da Ibéria (b) e França (c). Nappes ofiolíticas e suturas são mostradas
em negro; abreviações correspondem às principais zonas de cisalhamento transcorrentes, com o sentido de
movimento indicado com os símbolos convencionais.
142
ilhas. Ao contrário do cinturão herciniano, definidos). Embora rochas de alta pressão e
colapso extensional é restrito, de tal maneira ofiolitos sejam encontradas localmente, este
que raízes crustais com até 60 km de orógeno é distinto dos orógenos
profundidade são localmente preservadas. acrescionários clássicos, onde terrenos
alóctones são claramente delimitados por
11.3.2. Orógenos relacionados a zonas de suturas. As principais feições do orógeno são
subducção a predominância de turbiditos e
Com exceção do norte da África, metavulcânicas máficas, típicas de sucessões
Gondwana não foi afetado pelas colisões oceânicas, e o grande volume de granitos,
continentais que levaram à formação do sem uma distribuição de idades uniforme. Os
Pangéia. Dessa forma, orogêneses modelos mais recentes propõem um ambiente
paleozóicas não apresentam um estágio associado com uma grande bacia oceânica
colisional final. O termo Australides (ou marginal, desenvolvida em crosta continental
Terra Australis) é usado para se referir atenuada (tipo Mar do Japão) ou em crosta
coletivamente à região afetada por eventos oceânica (tipo Mar das Filipinas). Neste
orogênicos paleozóicos na periferia do último caso, talvez com múltiplas zonas de
Gondwana (Fig. 11.6). Embora claramente subducção menores internas (Fig. 11.7).
relacionados com subducção, ainda existem
muitas controvérsias sobre como estes
orógenos se formaram.
143
antigo, a orogênese Petermann, ocorreu entre último e a abertura do oceano Tethys (Fig.
o final do Neoproterozóico (~560 Ma) e o 11.9).
início do Paleozóico (~520 Ma), e o mais A história subseqüente à formação do
jovem, a orogênese Alice Springs, no supercontinente Pangéia é marcada pela sua
Carbonífero (~360-300 Ma). Na América do progressiva desintegração, a partir do início
Norte, as Montanhas Rochosas Ancestrais do Jurássico, e a colisão dos fragmentos
foram formadas em resposta à colisão resultantes para gerar cinturões orogênicos
Laurentia-Gondwana. colisionais cenozóicos. No Cretáceo, o
oceano Atlântico já estava formado e a Índia
tinha se separado de Madagascar, mas a
América do Norte e a Eurásia, bem como a
Austrália e a Antártica, ainda estavam unidas
(Fig. 11.10). Há cerca de 55 Ma a Índia
colidiu com a Ásia para formar o Himalaia, a
Austrália se separou da Antártica, e a
América do Norte e a Groenlândia se
separaram da Europa (Fig. 11.10). Os
eventos de rifteamento mais recentes
ocorreram nos últimos 20 Ma: a abertura do
Mar Vermelho, do Golfo de Aden e o
desenvolvimento do sistema de riftes do leste
da África (Fig. 6.2); a abertura do Mar do
Japão; e a formação do Golfo da Califórnia.
144
maioria dos terrenos foi adicionada à oceânica obduzida, arcos de ilhas, platôs
margem oeste da América do Norte entre o oceânicos, plataformas carbonáticas
Jurássico e o Cretáceo Médio. A geologia oceânicas, prisma de acresção e fragmentos
dos terrenos é muito variada, incluindo crosta continentais (Fig. 11.12).
Figura 11.9. Reconstruções paleogeográficas para o supercontinente Pangéia no Triássico (237 Ma) e início do
Jurássico (195 Ma). Notar a separação dos continentes cimerianos (Cimeria: Turquia, Irã e Tibete) e sua
incorporação à Laurásia, com o conseqüente fechamento do oceano Paleo-Tethys.
145
longo da costa, da Califórnia até ao Canadá. Peninsular Ranges (Fig. 11.12). Granitos
Eles são agrupados em quatro grandes peraluminosos formados por fusão parcial do
cinturões batolíticos, denominados, de norte embasamento são também abundantes mais
para sul: Costeiro, Idaho, Sierra Nevada e para o interior do continente.
Figura 11.10. Reconstruções paleogeográficas para o Cretáceo superior e Cenozóico inferior, mostrando a
fragmentação do supercontinente Pangéia, o fechamento do Mar de Tethys e a abertura do Atlântico.
Figura 11.11. (a, b) Mapas esquemáticos mostrando: (a) as principais unidades geológicas no leste da Ásia
(OCA – Orógeno Centro-Asiático, OCC – Orógeno Central da China; CCN e CCS – Crátons Norte e Sul da
China; TIB – Tibete, HIM – Himalaia); (b) os terrenos maiores no Tibete e as suturas entre eles. (c) Evolução
proposta para os terrenos tibetanos durante o Mesozóico inferior.
147
se que estes orógenos estão no estágio final leste do Himalaia, e de um arco insular
de sua evolução. (Kohistan-Ladakh), no oeste, e foi marcado
pela intrusão de batólitos cálcio-alcalinos
cretácicos e paleocênicos.
148
é a ausência de gradientes topográficos para as falhas seria insuficiente para explicar
internos, a despeito de sua elevada altitude o escape dos blocos.
(em torno de 5000 m). Isto tem sido atribuído As falhas normais de direção N-S
a vários mecanismos, alguns dos quais são (Fig. 11.14a), indicativas de extensão leste-
excludentes (ver Figs. 7.13 e 7.14): oeste, que caracterizam o regime tectônico
espessamento crustal homogêneo resultante atual no Platô Tibetano, começaram a se
de encurtamento norte-sul; mergulho desenvolver apenas nos últimos 2 Ma.
suborizontal da crosta inferior da Índia sob a
Ásia; fluxo dúctil da crosta inferior; remoção 11.6.1.2. O Cinturão Alpino
convectiva da litosfera. No sentido restrito, os Alpes são uma
cadeia de montanhas que se estende da
Áustria até o leste da França. No entanto, a
orogênese Alpina compreende uma área que
se estende da Espanha e noroeste da África
até o Oriente Médio (isto é, dos Pirineus até
as montanhas Zagros; Fig. 11.16). Embora os
Alpes sejam a cadeia de montanhas melhor
conhecida do mundo, aspectos de sua
evolução tectônica ainda são debatidos
devido à grande complexidade geológica.
149
A orogênese Alpina resultou da a província Basin-and-Range e o Rifte Rio
colisão de microplacas derivadas da África Grande, uma região elevada, o Plateau do
(Apulia ou Adriática, Turquia, Irã) com Colorado (Fig. 11.12), exibe rochas
Eurásia. Os Alpes propriamente ditos foram precambrianas, capeadas por rochas
formados pelo fechamento do oceano vulcânicas, sem deformação interna
piemontês (nome local do Mar de Tethys) cenozóica significativa.
entre Apulia (placa superior) e Europa (placa
inferior), 45 Ma atrás. O soerguimento da
cadeia começou há cerca de 30 Ma e o
movimento da placa Adriática para o norte
ainda continua no presente. Empurrões e
nappes dirigidos para o norte foram
sucedidos por retro-empurrões nos estágios
avançados da colisão, dando origem à
simetria bilateral do orógeno (Fig. 11.17).
À medida que o oceano piemontês era
fechado, o mar Mediterrâneo era aberto. No
presente, a litosfera oceânica formada faz
parte da placa Africana e está sendo
subduzida abaixo dos arcos calabrês,
helênico e cipriota (Fig. 11.16).
150
passagem da placa Norte Americana sobre da placa Caribenha da placa de Farallon.
um hotspot (Fig. 11.18). Atualmente, o norte dos
Andes está acomodando deformação
11.6.2.2. Os Andes associada com subducção para SE da placa
O soerguimento da Cordilheira Caribenha abaixo do noroeste da Colômbia e
Andina acima do nível do mar começou a a subducção para leste da placa Nazca na
menos de 30 Ma. Ele resultou, margem oeste.
dominantemente, do espessamento crustal
produzido pelo encurtamento horizontal da
litosfera da placa Sul Americana, estimando-
se que a adição de magmas contribuiu com
menos de 10%. O espessamento crustal é,
geralmente, atribuído ao aumento na
velocidade de convergência entre as placas
Nazca e Sul Americana, mas pode resultar,
também, de uma diminuição no aporte de
sedimentos para a fossa, resultando em um
aumento dos esforços cisalhantes entre as
placas superior e inferior.
As maiores elevações são encontradas
nos Andes Centrais e correlacionam-se com
o local onde o segmento da placa de Nazca
tem um mergulho de cerca de 30º (Fig.
11.19). O platô Altiplano/Puna, com altitude
média de 4 km e 350-400 km de largura, é o
segundo maior platô orogênico do mundo.
Ao norte e ao sul desse platô, os Andes
estreitam-se consideravelmente e a placa
subductante torna-se quase horizontal. Nestes
locais de subducção rasa, vulcanismo está
ausente e uma tectônica pelicular espessa
(estilo Laramide) é observada nos pampas
argentinos entre as latitudes de 28º e 33ºS. O
encurvamento oroclinal dos Andes Centrais,
conhecido como Oroclínio Boliviano, pode
refletir o formato original da margem
continental, encurtamento longitudinal
variável (sendo maior na região dos platôs Figura 11.19. Mapa esquemático mostrando o
Altiplano e Puna), ou ambas as vulcanismo nos Andes e a forma da placa
possibilidades. subductante abaixo da América do Sul.
O norte dos Andes é uma região
complexa, refletindo interações entre as Os Andes ao sul da junção tríplice
placas Farallon/Cocos, Nazca, Caribenha e entre as placas Nazca, Sul-Americana e
Sul Americana. A formação da placa Antártica (Fig. 11.19) desenvolveram-se
Caribenha é atribuída à passagem da placa como resultado do soerguimento associado
Farallon sobre o hotspot Galápagos. O início com a colisão entre a dorsal oceânica e a
de subducção da crosta oceânica antiga do fossa. A zona vulcânica é caracterizada pela
oceano Atlântico, abaixo do espesso platô presença de magmas adakíticos, interpretados
oceânico produzido, levou à individualização
151
como fusão parcial de crosta oceânica originalmente, da margem norte do
subduzida. continente Australiano, começou a colidir
com um arco de ilhas há cerca de 20 Ma e a
convergência continua no presente (Fig.
11.20). Eventualmente, os arcos de ilhas e
bacias marginais presentes entre a Austrália e
a Ásia serão consumidos e/ou incorporados a
um cinturão orogênico comparável em
dimensão ao orógeno centro-asiático.
11.7. O futuro
Mantidas as atuais direções e
velocidades relativas entre as diferentes
placas tectônicas, é relativamente simples
prever a configuração dos continentes nos
Figura 11.20. Mapa esquemático ilustrando o
deslocamento da Austrália para o norte nos últimos próximos 10-20 Ma. Algumas deduções em
25 Ma. Em cinza escuro é mostrada a plataforma ambientes divergentes, convergentes e
continental. PPG - Papua/Nova Guiné. transformantes, respectivamente, incluem:
(1) a continuação da expansão do oceano
Atlântico e a individualização da placa
11.6.2.3. SE Asiático e Austrália Somaliana, com a formação de assoalho
O cinturão acrescionário/colisional oceânico ao longo do sistema de riftes do
mais jovem de todos está sendo formado pela leste da África (Figs 4.5 e 6.2); (2) a
convergência entre a Austrália, as Filiianas e continuação do movimento para o norte das
o arquipélago Indonésio (Fig. 11.20). A placas Índica e Australiana; (3) a separação
Austrália tem se movido para o norte da Baixa Califórnia do continente Norte
continuamente nos últimos 45 Ma, embora a Americano, resultante do deslocamento ao
uma velocidade bem menor que a da Índia, longo da Falha San Andreas (Fig. 11.12), e
talvez por ter uma litosfera mais espessa. A sua eventual colisão com o arco das Aleutas.
Papua/Nova Guiné, que fazia parte,
152
Cenários plausíveis ainda podem ser os lados), eventualmente levando ao seu
projetados 50 Ma no futuro. Assim, é fechamento. No primeiro caso, as Américas
provável que o oceano Atlântico ainda esteja acabarião colidindo com o leste da Ásia (Fig.
em expansão nesta época e que os mares 11.21a). O possível supercontinente formado
Vermelho e Mediterrâneo tenham sido pela amálgama das placas Eurasiática,
fechados pela colisão da África com a Arábia Australiana e Norte e Sul Americanas é
e a Europa, respectivamente. Para períodos denominado Amásia (América+Ásia). Na
de tempo mais longos, as incertezas segunda situação, a América do Norte
aumentam consideravelmente. Especulações colidiria com a África, enquanto o sul da
sobre a geometria futura dos continentes América do Sul (Patagônia) entraria em
divergem, principalmente, sobre o destino do contato com a Indonésia, envolvendo o
oceano Atlântico, isto é, se as atuais margens oceano remanescente do oceano Índico (Fig.
passivas persistirão como tal ou se zonas de 11.21b). O supercontinente assim formado é
subducção irão se formar (de um ou ambos chamado Pangea Ultima.
Figura 11.21. Configurações hipotéticas propostas para as massas continentais 250 Ma no futuro. (a) Amásia. (b)
Pangea Ultima.
153
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Figura 10.7: St-Onge, M.R., Searle, M.P., Wodicka, N., 2006. Trans-Hudson Orogen of North America and
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Capítulo 11
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model for the evolution of the Scandinavian Caledonides. Tectonics 23, doi: 10.1029/2003TC001502.
Figura 11.6: Vaughan, A.P.M., Leat, P., Pankhurst, R.J., 2005. Terrane processes at the margins of Gondwana:
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continent with a built-in thickness change: experiment and nature Tectonophysics 320, 243-270. Reproduzida com
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Figura 11.19: Lamb, S., Davis, P., 2003. Cenozoic climate change as a possible cause for the rise of the Andes.
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Observação: 1. Figuras não listadas foram confeccionadas pelo autor ou são de domínio público. 2. Permissão
escrita não é requerida para a reprodução de figuras de livros e periódicos publicados pela American
Geophysical Union (editora dos periódicos Eos, Geochemistry, Geophysics, Geosystems; Geophysical
Research Letters; Journal of Geophysical Research; Reviews of Geophysics; Tectonics) e Geological Society
of America (editora dos periódicos Geology, GSA Today, GSA Bulletin, Geosphere). 3. Mapas e figuras em
sites institucionais (NASA, NOAA, USGS, etc.) também não precisam de autorização prévia para sua
utilização.
161
162
Acasta, 115, 125 boninitos, 78 terciária, 109
acondritos, 103 Brasiliano/Pan-Africano, 133 curva de deriva polar aparente, 44
adakitos, 76, 78 Bushveld, 128, 138
Alice Springs, 144 BVAC, 68 Dabie, 144
alóctones, 84, 90, 120, 143 declinação magnética, 41, 44
Alpes, 23, 88, 147, 149, 150 CAI, 104 delaminação, 85, 93, 94, 95, 121,
Altai, 83, 93, 99, 147, 152, 155 Caledoniano-Apalachiano, 141 124
Altaides, 143 camada D´´, 19, 27 deriva dos continentes, 34
Amásia, 153 campo magnético, 28, 40, 41, 42, descontinuidades sísmicas, 17
Amîtsok, 115 43, 44 410 km, 19, 26, 49, 54
Andes, 23, 81, 83, 85, 100, 151, 154 reversão, 43 660 km, 19, 26, 27, 40, 50, 53,
andesito, 3, 4 Capricórnio, 132 54, 62, 121, 137
andesitos, 4, 68, 76, 78, 95 Carajás, 128, 137 Conrad, 18, 51, 79
anfibólio, 3, 4, 5, 15, 26, 76, 78, 98, carbonatitos, 3, 57 Gutenberg, 18
108, 110 Cenozóico, 42, 69, 144, 145, 147 Lehmann, 20
anfibolitos, 73 CFB, 56 Mohorovicic, 18, 25, 31, 34
anisotropia sísmica, 26 channel flow, 90 Dharwar, 116, 123, 125
anomalia negativa de Nb, 77 chert, 21 diagramas de Harker, 1
anortositos, 3, 118, 128, 136 chron, 42 diamante, 5, 88, 97, 110
antepaís, 85, 86, 89 CHUR, 10, 11 diapirismo, 95
Apalaches, 23, 141 ciclo de Wilson, 65 discórdia, 12, 13
arco magmático, 73, 75, 77, 78, 84, ciclo Transamazônico/Eburneano, domos gnaissicos, 95
85, 86, 89, 96, 123 130 dorsais oceânicas, 21, 33, 34, 36,
arcos de ilhas, 21, 35, 73, 76, 77, cinturões orogênicos, 23, 81, 82, 83, 39, 42, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 53,
78, 81, 84, 120, 129, 131, 140, 89, 90, 93, 96, 97, 98, 116, 133, 56, 57, 58, 59, 61, 68, 69, 70, 71,
143, 145, 152 135, 139, 141, 144, 147 72, 74, 76, 78, 84, 108
arqueano, 11, 16, 23, 60, 107, 108, CIPW, 4 intermediárias, 70
109, 111, 115, 116, 117, 118, clinopiroxênio, 5, 25, 32, 71 lentas, 69
119, 120, 121, 122, 123, 127, coesita, 5, 88, 97 rápidas, 69
128, 130, 133 colagem, 84, 131, 144 ultralentas, 70
Ártica. Consulte supercontinente colapso gravitacional, 93, 104 DUPAL, 58
associação cálcio-alcalina, 78, 99 colapso orogênico, 93, 96, 97, 98,
associações petrotectônicas, 65, 131 150 elemento
astenosfera, 31, 32, 33, 37, 48, 49, Colúmbia. Consulte supercontinente compatível, 2, 135
50, 55, 59, 60, 66, 67, 68, 72, 74, complexo da zona de subducção, incompatível, 2, 3, 7, 8, 9, 10,
75, 76, 85, 87, 89, 93, 95, 97, 98, 73, 99 62, 20, 21, 24, 28, 31, 46, 57,
119, 122, 124 complexos de núcleo metamórfico, 58, 62, 71, 72, 73, 76, 77, 92,
Atlântica. Consulte supercontinente 95 95, 104, 106, 107, 117, 118
atmosfera concórdia, 11, 12 litófilo, 2, 10
primitiva, 107, 108 condrito, 2, 103, 104, 105, 106 maior, 1, 3, 71, 72
primordial, 107 côndrulos, 103, 104, 105 siderófilo, 2, 106, 107
rica em oxigênio, 108 contatos de placas, 33, 35, 92 terras raras, 2, 57, 72, 76, 117,
aulacógeno, 66 Cordilheirano, 84, 85, 144, 145, 118
AUSMEX, 134 146, 150 traço, 1, 2, 15, 21, 57, 72, 77
Australides, 143 cráton, 23, 60, 67, 116, 123, 127, elevação externa, 73
AUSWUS, 134, 138 131, 132, 135, 143 EM1, 58, 59
avalanche mantélica, 121 Cráton Amazônico, 116, 128, 130 EM2, 58, 59
Avalonia, 141 Cráton do São Francisco, 115, 116 encurvamento oroclinal, 83, 151
cratonização, 123, 127 enxames de diques radiais, 66
bacias Cretáceo, 42, 69, 109, 144 escudos, 23, 39
ante-arco, 73 crosta espilitos, 73
intracontinentais, 66, 142 continental, 2, 10, 18, 20, 21, 23, espinélio, 5, 25, 97
oceânicas, 21 24, 33, 46, 58, 59, 62, 68, 69, estrutura em domos e quilhas, 118,
retro-arco, 21, 73, 74, 76, 86, 97, 74, 76, 81, 86, 88, 93, 96, 120, 123
98, 99, 123 97, 98, 103, 108, 109, 110, expansão do assoalho oceânico, 34,
back-arc, 73 111, 112, 113, 115, 116, 121, 40, 43, 46, 48, 65
Báltica, 132, 134, 135, 139, 140, 122, 123, 124, 127, 133 taxa, 48
141, 142 oceânica, 18, 21, 23, 24, 32, 33, extrusão, 90, 91
Barberton, 117, 118 34, 39, 42, 43, 46, 49, 57, 59, extrusion, 91, 100
basalto, 3, 108, 121, 123 65, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75,
basaltos continentais de platô, 56 76, 77, 78, 83, 84, 86, 88, fácies metamórfica, 4
Basin and Range, 65, 154 109, 111, 119, 120, 121, 122, anfibolito, 5, 20, 78, 84, 97, 118
Basin-and-Range, 150 123, 139, 143, 145, 151 eclogito, 5, 49, 78, 90, 93, 94,
BIF, 109, 128 primária, 109, 110 97, 118, 121
black smokers, 72 secundária, 109 glaucofana-lawsonita, 5
163
granulito, 5, 20, 78, 84, 90, 118 Herciniano, 141 LVZ, 19, 20, 26
xisto-azul, 5 hidrosfera, 103, 104, 106, 108, 110
xisto-verde, 5, 73, 78, 84, 118 Himalaia, 23, 81, 83, 88, 132, 144, magmatismo anorogênico, 136
faixas de anomalias magnéticas, 40, 147, 148 magnesiowüstita, 26, 27, 57
43, 44, 48 HIMU, 58, 59 magnetita, 41, 42
faixas móveis, 23, 24, 81 hinterlândia, 85, 89, 91, 97 magnetização
falhas transformantes, 33, 37, 47, Hoggar, 133 polaridade inversa, 41, 42
68, 70, 74 hornblenda, 15, 75 polaridade normal, 41
Fanerozóico, 15, 107, 109, 118, hotspot, 53, 54, 57, 59, 60, 61, 63, termoremanescente, 41
127, 136, 139 70, 151 majorita, 26, 27, 57
Farallon, 50, 146, 150, 151 traços de, 56, 57, 74 manto
fase β, 26 empobrecido, 10, 59, 63
fase γ, 26 Iapetus, 139, 141 inferior, 19, 26, 27, 39, 40, 53,
feldspato, 3 idade modelo, 10 54, 55, 57, 58, 59, 62, 63,
feldspatóides, 4 idade platô, 15 121, 136, 137
ferropericlásio, 26 idades concordantes, 12, 13 primitivo, 2, 10, 24, 59, 62, 63
flacas, 90 idades discordantes, 12, 13 superior, 2, 19, 24, 25, 26, 27,
flakes, 90 idades-modelo, 10 31, 53, 55, 58, 59, 62, 68,
flogopita, 26, 95 ilhas oceânicas, 21, 57, 58, 63, 71, 137
fluidos hidrotermais, 72 76, 77, 143 margens continentais passivas, 23,
fluxo canalizado, 90, 91, 93 Impacto Gigante, 106 65, 74, 83
fluxo em condutos, 90 inclinação magnética, 41 margens rifte, 23
fluxo térmico, 32, 34, 45, 46, 108, Intenso Bombardeio Tardio, 111, mélange, 78
112, 136 113 Mesoproterozóico, 16, 130, 132,
forearc, 73 isócrona, 8, 9 134, 135
foredeep, 89 isostasia, 81 Mesozóico, 34, 42, 135, 144, 145
foreland basin, 89, 154 Airy, 81 metamorfismo
foreland fold-and-thrust belt, 89 Vening-Meinesz, 81 barroviano, 97
formações de ferro bandadas, 109, isótopos, 7, 8, 12, 13, 14, 58, 77, emparelhado, 78
115, 128 119 metamorphic core complexes, 94
fossas, 21, 33, 35 cosmogênicos, 7 metapelito, 3
foundering, 93 radioativos, 7, 8, 12, 13, 31, 46, métodos geocronológicos, 1, 7, 99
40
frente vulcânica, 75 92, 104, 119 Ar-39Ar, 14
fusão parcial, 1, 2, 3, 9, 10, 25, 26, radiogênicos, 7, 13, 58, 77 K-Ar, 14, 111
27, 32, 57, 58, 59, 61, 63, 68, 70, Isua, 113, 115, 120 Rb-Sr, 7, 8, 9, 10, 11, 111, 138
72, 75, 76, 77, 85, 86, 89, 91, 94, Sm-Nd, 7, 9, 10, 11, 112, 138
95, 96, 97, 109, 110, 117, 118, Jack Hills, 113, 114, 116 U-Pb, 7, 10, 11, 12, 15, 16, 98,
119, 122, 123, 124, 136, 146, junção tríplice, 46, 151 112, 113, 115, 125, 138
151 minerais
Kaapvaal, 116, 120, 123, 127, 128 ferromagnesianos, 3
gabro, 20, 49 Kalahari, 127, 137 máficos, 3, 11, 67, 68, 93, 97,
gabros, 3, 21, 73, 78, 83, 96, 120 Kenorlândia, 127, 133 127, 128, 136
geóide, 55, 56 Ketilidiano, 131 modelos numéricos, 31, 50, 53
Gondwana, 51, 61, 64, 99, 100, 125, kimberlitos, 57 Moho. Consulte descontinuidades
135, 137, 138, 139, 140, 141, komatiito, 3, 12, 118, 120, 122, 123 sísmicas
142, 143, 144, 154 Montanhas Rochosas, 85, 146, 150
GPS, 46 Lachlan, 143, 154, 160 MORB, 3, 58, 59, 62, 71, 72, 76,
granada, 5, 25, 26, 32, 76, 96, 97, LA-ICP-MS, 12, 13 77, 79, 107, 118, 119, 120
117 Laramide, 84, 85, 99, 146, 147, 150,
Grande Dique do Zimbábue, 128 151, 154 nappes, 89, 150
granitos, 3, 9, 11, 96, 97, 117, 118, Laurásia, 142, 144 nebulosa solar, 104, 106, 107
128, 136, 142, 143 Laurência, 132, 139, 140, 141 Neoproterozóico, 16, 23, 67, 109,
peraluminosos, 96, 97, 146 Laurentia, 132, 134, 135, 137, 138, 130, 133, 134, 135, 144
pós-colisionais, 97 139, 141, 154 núcleo, 18, 20, 27, 28, 31, 41, 103,
rapakivi, 136, 137 Laurússia, 140, 142 105, 106, 119
sincolisionais, 96, 97 leucogranitos himalaianos, 96 externo, 18, 20, 28, 41
tipos I e S, 96, 143 LILE, 2 interno, 20, 28
granodiorito, 20, 117 LIP, 56, 57, 60, 63, 71
granodioritos, 3, 96 liquidus, 1, 103, 118 obducção, 83, 84
greenstone belt, 117, 118 litosfera, 31, 32, 33, 37, 40, 45, 46, oceano magmático, 105, 106, 109,
Grenville, 129, 132, 134 48, 49, 53, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 110, 113
63, 65, 66, 67, 69, 73, 74, 75, 76, ofiolitos, 21, 83, 84
Hadeano, 16, 108, 110, 111, 113, 77, 78, 81, 83, 84, 86, 87, 88, 90, OIB, 58, 59, 62, 122
115 92, 93, 94, 95, 98, 111, 119, 120, olivina, 3, 4, 25, 26, 31, 35, 40, 49,
Hamersley, 128 121, 123, 124, 131, 137, 139, 71, 73, 103, 118
harzburgito, 32, 83 142, 148, 149, 150, 151, 152
164
ondas sísmicas, 17, 19, 21, 26, 27, Precambriano, 16, 115, 127, 133, shoshonitos, 78, 95
36, 37, 55 139 SHRIMP, 12, 13, 16, 125, 138
P, 17, 18, 19, 27, 28, 38 prisma de acresção, 73, 77, 81, 85, sintaxe, 83
S, 17, 18, 19, 28, 29, 31, 32, 38 86, 145 slab break-off, 88, 89, 95
oroclíneo, 83 proterozóico, 11, 16, 127, 128, 130, slab suction, 49, 51
orogênese, 67, 81, 82, 83, 85, 93, 131, 132, 133, 135, 136 slab-pull, 48
130, 132, 133, 134, 141, 142, Província Amazônia Central, 116, Slave, 115, 116, 124, 127
144, 146, 147, 149, 150, 152 128, 130, 136 solidus, 1, 26, 75, 118
Pan-Africana, 67 Província Borborema, 115, 133 spinifex, 118, 125
orogenia, 81 Província Maroni-Itacaiunas, 130 SRL, 46
orógenos, 81, 82, 83, 85, 86, 89, 91, Província Sunsás, 132 suíte cálcio-alcalina, 4, 76
92, 93, 94, 96, 97, 98, 99, 120, Província Superior, 116, 117, 118, suíte toleítica, 4, 76
124, 129, 131, 132, 133, 143, 128, 132 Sulu, 144
144, 148, 152 Província Ventuari-Tapajós, 131 supercontinentes, 59, 133, 136, 137
acrescionários, 84, 85 províncias crustais, 23 superdomos, 56
colisionais, 83, 87, 141, 144, superplumas, 54, 136, 137
147 Qinling, 144 suturas, 85, 120, 143, 144
do tipo Andino, 85 QPC, 69 SWEAT, 134, 138
do tipo Laramide, 85 quartzo, 3, 4, 5, 76, 97 syntaxis, 83
do tipo túrquico, 85
intracontinentais, 83, 98 razão inicial, 8, 9, 10, 11 Tasmanides, 143
ortopiroxênio, 5, 25, 97, 103 recuo da fossa, 73, 74 TDM, 10, 11
Rheic, 142, 154 tectônica de escape, 91
Paleopangéia. Consulte ridge push, 49 tectônica de placas, 31, 32, 34, 35,
supercontinente rifte abortado, 66 37, 40, 44, 45, 48, 49, 53, 60, 92,
Paleoproterozóico, 16, 109, 116, riftes continentais, 23, 65, 68 110, 119, 120, 121, 131
127, 128, 129, 130, 131, 132, ativos, 66 tectônica pelicular delgada, 85, 147
133, 135 passivos, 66 tectônica pelicular espessa, 86, 146,
Paleo-Tethys., 140, 144 ringwoodita, 26 151
Paleozóico, 109, 139, 141, 143, 144 riolito, 3 temperatura de fechamento, 15
Pangea Ultima, 153 rochas termocronologia, 14
Pangéia, 34, 49, 139, 140, 142, 143, ácidas, 3, 9 terrenos gnáissicos de alto grau, 117
144 alcalinas, 4, 57, 68, 97, 120, 123 terrenos granito-greenstone, 117,
paradoxo do Sol fraco, 108 básicas, 3, 4 118
Paterson, 132 félsicas, 3, 21, 76, 96 terrenos tectonoestratigráficos, 84
pelitos, 3, 128 ígneas, 3, 8, 13, 15, 20, 23, 56, Tethys, 140, 142, 144, 150
peridotito, 3, 25, 26 68, 103, 128 Thelon, 132
perovskita, 26, 27, 40 intermediárias, 3, 4, 21, 69, 70, Tian Shan, 93, 147
Petermann, 144 72, 76, 96 Tibete, 132, 144, 148, 149
Pilbara, 116, 120, 123, 125, 127, juvenis, 11, 112, 127, 129, 131, TIMS, 12
128, 132 133, 143 tipo crustal, 21, 23
Pirineus, 23, 149, 152 máficas, 3, 5, 10, 21, 25, 68, 78, toleítos, 4, 118, 119
pirólito, 24 94, 96, 103, 118, 143 tomografia sísmica, 37, 39, 50, 55
piroxênio, 3 metaluminosas, 4 topografia dinâmica, 81
placas litosféricas, 32, 34, 35, 46, metamórficas, 4, 13, 15, 20, 65, traços de fissão, 7, 15
53, 61, 65, 70, 119, 120 91, 94, 142, 148 Trans-Hudsoniano, 132
placas tectônicas, 31, 33, 46, 48, 50, ortoderivadas, 3, 13 trondhjemitos, 117
53, 60, 61, 66, 119, 152 paraderivadas, 3, 13 TTG, 117, 118, 122, 127, 129
plagiogranito, 21 peralcalinas, 4 tunelamento, 90, 91
plagiogranitos, 73 peraluminosas, 4 tunneling, 90
planetesimais, 104, 105, 111 sedimentares, 20, 78 turbiditos, 69, 99, 143
plataformas, 23, 39, 128, 129, 145 subalcalinas, 4 underthrusting, 90, 91
Platô Tibetano, 65, 90, 93, 149 supracrustais, 3, 13, 23, 65, 78,
platôs orogênicos, 90 99, 110, 115, 118, 120, 128, Ur. Consulte supercontinente
plumas, 31, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 129 Urais, 142
59, 60, 61, 62, 66, 68, 72, 81, 84, ultrabásicas, 3, 95 Uraliano, 141
107, 119, 120, 121, 122, 123, ultramáficas, 3, 25, 83, 103, 118, Usagarano, 131
128, 136, 137 120, 142
polaridades geomagnéticas, 42, 44, vulcânicas, 3, 4, 20, 21, 27, 32, Variscano. Consulte Herciniano
48 42, 65, 66, 68, 73, 76, 78, 99, VLBI, 46
pólo magnético, 44 117, 118, 123, 150
pólos paleomagnéticos, 44 Rodínia. Consulte supercontinente wadsleyita, 26, 49
Pongola, 128 roll-back, 73 white smoker, 72
ponto de Curie, 41 Witwatersrand, 128, 138
pós-perovskita, 27 seqüência de Bouma, 69 Wopmay, 131
serpentinito, 21
165
Yilgarn, 116, 132 zonas de subducção, 33, 34, 36, 39, tipo Mariana, 73
49, 65, 73, 74, 75, 76, 78, 82, 83, εNd, 10, 11
zona de baixa velocidade, 19, 25, 32 84, 95, 97, 98, 99, 120, 121, 122,
zona de transição, 19, 26, 27, 53, 54 123, 133, 143, 144, 150, 153
zona de Wadati-Benioff, 35 tipo Chileno, 73
166