Beatificação de O Jubileu do

Paulina Jaricot COMINA

Serviço de Informação Missionária

Ano 49 - N°3 setembro a dezembro de 2021

Tempo de celebrar
Editorial

Índice
Editorial............................................. 2
Serviço de Informação Missionária

Rápidas.............................................. 4
Ano 49 - N°3 setembro a dezembro de 2021

Destaque........................................... 5
Ano Jubilar Missionário
Pe. Maurício da Silva Jardim

POM................................................... 8
A Celebração da Missão
Pe. Tadeusz Jan Nowak
O SIM é uma publicação quadrimestral das POM,
organismo oficial de animação, formação e coope
Nossos Missionários...................... 10 ração missionária universal da Igreja Católica, em
quatro ramos específicos:
O jubileu do COMINA
• Pontifícia Obra da Propagação da Fé
Pe. Daniel Luz Rocchetti
• Pontifícia Obra da Infância e
Adolescência Missionária
Testemunhos.................................. 12 • Pontifícia Obra de São Pedro Apóstolo
Jubileu do Projeto Igrejas Irmãs • Pontifícia União Missionária
Ir. Sandra Regina Amado
Expediente
Propagação da Fé........................... 14
Direção:
Pe. Maurício da Silva Jardim
Paulina Jaricot, jovem leiga missionária (diretor nacional das POM)
Pe. Genilson Sousa da Silva
Conselho Editorial:
Pe. Genilson Sousa (secretário nacional da Obra
Missão em Contexto...................... 16 da Propagação da Fé)

Conselho Indigenista Missionário................16 Ir. Antonia Vania Sousa (secretária nacional da

Obra da Infância e Adolescência Missionária)
Conselho Indigenista Missionário Pe. Antônio Niemiec (secretário nacional da
Pontifícia União Missionária)
Centro Cultural Missionário.........................17 Jornalista: Fabrício Preto (Mtb 15907)
Revisão: Cecília Soares de Paiva
Pe. Djalma Antonio da Silva (Jornalista DRT/MS 280)
Projeto Gráfico e diagramação: Wesley T. Gomes
IAM................................................... 18 Impressão: Cidade Gráfica e Editora Ltda.
Tiragem: 3.500 exemplares.
Missão que nos inspira
Ir. Antonia Vania Sousa SGAN 905 - Conjunto B
70790-050 Brasília - DF

Pontifícia União Misionária.......... 20 Caixa Postal: 3.670 - 70089-970 Brasília-DF

Tel.: (61) 3340-4494
Pe. Paolo Manna.............................................20 Fax: (61) 3340-8660
Pe. Antônio Niemiec CSsR Site: www.pom.org.br
E-mail: imprensa@pom.org.br

Santarém 1972-2022: Cristo aponta para a Para pedidos de material, entre em contato pelo
Amazônia........................................................22 e-mail: material@pom.org.br
Pe. Vanthuy Neto

2 setembro - dezembro 2021

 Editorial

Tempo de celebrar
e sonhar a missão
Esta última edição do ano de 2021, do Serviço de Informação Missionária
(SIM), tem forte significado de renovação, de ser instrumento de abertura a
uma nova página da história missionária na Igreja – É a edição mensageira e
de apresentação das celebrações do Ano Jubilar Missionário, que vai ganhar
corpo ao longo de 2022.
Recordemos a grande “explosão missio-

Arquivo POM
nária” que fez do ano de 1972 um marco,
dando um novo impulso para a missão da
Igreja, propensa a ter maior alcance de todas
as pessoas, em todas as nações. Resulta cele-
brarmos os 50 anos do Conselho Missionário
Nacional (COMINA), instituição estabelecida
pela Santa Sé e constituída pela Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para ar- ti-
cular os organismos e instituições missionárias.
No âmbito internacional, vamos celebrar
os 400 anos de criação da Congregação para
Evangelização dos Povos. O ano de 2022 será
marcado pelos 200 anos do nascimento da
Pontifícia Obra da Propagação da Fé (POPF)
e pela beatificação de sua fundadora, a leiga
Paulina Jaricot.
No rol das celebrações, esta edição traz
artigos que apresentam todos os motivos
Missão Sem Fronteiras 2020
jubilares: 150 anos do Beato Paolo Manna,
Pontifícia União Missionária; 100 anos do caráter pontifício das Obras
Missionárias; 70 anos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB);
60 anos do Centro Cultural Missionário (CCM); 50 anos da Campanha
Missionária; 50 anos do Projeto Igrejas Irmãs; 50 anos do Documento de
Santarém; e 50 anos do Conselho Missionário Indigenista (CIMI).
Queremos juntos viver este Ano Jubilar Missionário como um tempo de
agradecimento ao que o Senhor já realizou ao longo da história das Pontifícias
Obras Missionárias. Que o lema “A Igreja em estado permanente de missão”
seja assumido por nós no cotidiano de nossas vidas. Boa leitura!

2021 setembro - dezembro 3

Rápidas

Anunciada a
beatificação de
Paulina Jaricot
para maio de 2022
Paulina Jaricot será beatificada em 22 de maio de 2022, com
celebração em sua cidade natal, Lyon, na França. Também
será celebrado o bicentenário de fundação da Pontifícia
Obra da Propagação da Fé (POPF), com a celebração
eucarística presidida pelo prefeito da Congregação para
a Evangelização dos Povos, Cardeal Luis Antonio Tagle.

Pe. Maurício Jardim

é eleito coordenador
continental das POM
Os Diretores Nacionais das Pontifícias Obras Missionárias
do Continente Americano, em encontro online do dia
11 de novembro, escolheram padre Maurício Jardim,
Diretor Nacional das POM no Brasil, como o novo
coordenador da instituição para a América, por um
período de três anos. A instituição estava sob a co-
ordenação de padre Leonardo Rodriguez, que deixa
o posto após quatro anos a serviço da coordenação
continental e nove anos à frente das POM no Uruguai.

POM recebe prêmio

Imagens: arquivo POM

de Melhor Aplicativo
Em 20 de outubro, o Aplicativo Missionário Ad Gentes, das
Pontifícias Obras Missionárias, foi o escolhido da catego-
ria Melhor Aplicativo, recebendo o prêmio Dom Luciano
Mendes de Almeida, em cerimônia de entrega dos Prêmios
de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB). O aplicativo está disponível para download
no Google Play e App Store.

4 setembro - dezembro 2021


Missão sem fronteiras para alcançar todas as pessoas e todas as nações
C
om o tema “A Igreja em estado
permanente de missão” e o lema:
“Sereis minhas testemunhas”
(At 1,8), 2022 será um ano jubilar
missionário. Um tempo celebrativo
para fazermos memória da caminhada
missionária no âmbito internacional
e nacional, propício para projetar “a
ação missionária como paradigma
de toda obra da Igreja” (Evangelii
Gaudium, 15). No âmbito nacional,
os motivos jubilares são: 50 anos de
criação do Conselho Missionário
Nacional (COMINA); 50 anos das
Campanhas Missionárias; 50 anos
dos Projetos Igrejas Irmãs; 50 anos
do Conselho Missionário Indigenista
(CIMI); 50 anos do Documento de
Santarém; 60 anos do Centro Cultural
Missionário (CCM); 70 anos da criação
da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB).
Já no âmbito internacional, vamos
celebrar os 400 anos de criação da
Congregação para Evangelização dos
Destaque
Povos e três aniversários das quatro Obras
Missionárias: os 200 anos do nascimento
da Pontifícia Obra da Propagação da
Fé (POPF), fundada em 1822 pela
venerável Paulina Jaricot; o centenário
do motu próprio Romanorum Pontificum
do Papa Pio XI, pelo qual, em 1922, o
santo Padre designou três das quatro
Obras Missionárias como Pontifícias;
e os 150 anos do nascimento do beato
Paolo Manna, PIME, fundador da
Pontifícia União Missionária.
2021 setembro - dezembro 5
Destaque

"Ser missionário e missionária é compromisso de

cada cristão batizado, daqueles que são verdadeira-
mente discípulos e discípulas de Jesus Cristo. Quem
segue Jesus experimenta uma força interior que
conduz à missão. Sabe que não pode egoisticamente
guardar somente para si o dom da fé, mas deve parti-
lhá-lo para que outras pessoas também possam seguir
a Jesus e viver essa experiência do maior e mais
importante encontro da nossa vida. Assim, cada
missionário e missionária ajuda a mudar o mundo,
pois os discípulos de Cristo são convocados a viver
no horizonte do amor de Deus."

Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

O Ano Jubilar Missionário será
também um tempo oportuno para co-
nhecer iniciativas, projetos e instituições
que cooperam com a missão de Deus.
Favorável para conhecer melhor a
“Congregação para Evangelização dos
Povos, organismo central encarregado
de dirigir e coordenar a evangelização
e a cooperação missionária, atuando
por mandato do Romano Pontífice
e, num âmbito universal, favorece
a unidade entre os responsáveis da
cooperação missionária em diferentes
situações, e garante que suas atividades
se desenvolvam de forma ordenada,
a fim de que todos unanimemente
disponham suas forças a serviço
da edificação da Igreja” (Cooperatio
Missionalis,3).
Temos o jubileu do Conselho
Missionário Nacional (COMINA),
ocasião oportuna para reafirmar
a importância e a identidade dos
Conselhos Missionários em todos
os âmbitos. O COMINA é uma
instituição estabelecida pela Santa
Sé e constituída pela Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), para articular os organis-
mos e instituições missionárias da
Igreja no Brasil e, assim, alcançar
maior unidade e eficácia opera-
tiva na animação e cooperação
6 setembro - dezembro 2021
missionárias. Tem por finalidade
promover a articulação das insti-
tuições missionárias atuantes no
País, entre si, com as Pontifícias
Obras Missionárias (POM) e com a
CNBB, além de estudar e apresentar
soluções articuladas para as questões
missionárias de maior relevância por
todo o Brasil (conforme os artigos 1
e 2 do regulamento do COMINA).
Dois grandes projetos do Programa
Missionário Nacional vão nessa mesma
direção, de expandir a consciência
missionária orientada à universalidade.
Será um tempo oportuno para dar
continuidade e fortalecer o projeto
Ad Gentes e projeto Igrejas Irmãs
da CNBB. A temática “A Igreja em
estado permanente de missão” do Ano
Jubilar Missionário segue as intuições
do documento de Aparecida, que
compreende a missão com identidade
da Igreja, ou seja, não é algo optativo,
uma atividade da Igreja entre outras,
mas a sua própria natureza. A Igreja
é missão! O lema “Sereis minhas tes-
temunhas” (At 1,8) segue a escolha
do Papa Francisco para a mensagem
do Dia Mundial das Missões de 2022.
As datas comemorativas das
Pontifícias Obras Missionárias (POM)
são, ainda, oportunidades para torná-las
mais conhecidas. As POM têm sua
gênese fundacional no Pentecostes do
Espírito que, com os seus carismas,
faz-nos compreender e realizar as
Obras para a Missão Ad Gentes. A
fundação acontece a partir de duas
cristãs leigas (Paulina Marie Jaricot
e Jeanne Bigard), um Bispo (Charles
de Forbin-Janson) e um sacerdote (Pe.
Paolo Manna). A origem é de um
mesmo carisma, compondo uma rede
mundial de oração e solidariedade a
serviço do Papa e das Igrejas locais. De
acordo com o monsenhor Giampietro
Dal Toso, presidente internacional
das POM: “Duzentos anos de vida
e cem anos de qualificação pontifícia
significam, antes de tudo, uma enorme
contribuição para a missão da Igreja
e para a fundação de novas Igrejas”.
Que no Ano Jubilar Missionário
“a causa missionária seja a primeira
de todas as causas” (Redemptoris Missio,
86). Somos convidados a olhar para o
passado com gratidão, para o presente
com comprometimento à causa missio-
nária e, para o futuro, com a perspectiva
de uma Igreja em estado permanente
de missão. Feliz e abençoado Ano
Jubilar Missionário de 2022.
Pe. Maurício da Silva Jardim
Diretor Nacional das POM
 Destaque

O conceito do logotipo do Ano Jubilar Missionário

O logotipo que traz a identidade visual do
Ano Jubilar Missionário compõe alguns ele-
mentos que expressam a intencionalidade
dos jubileus celebrativos: o globo, o mapa
do Brasil, a cruz missionária, o ano 2022, as
cores dos cinco continentes e a cor dourada
que remete ao jubileu. O conjunto da arte
está em movimento, expressando o dina-
mismo missionário que brota da Trindade,
ou seja, a missão é uma só, ela é de Deus
(Missio Dei) e nasce do ‘amor fontal do Pai’
(AG 2), que se expande, se comunica, sai
de si e transborda sem f ronteiras. O amor
de Deus é um impulso gratuito, de dentro
para fora, e de um jeito de ser que tem
como origem e fim a vida divina (Cf. DAp
348). O logo expressa uma grande explosão
missionária que, em 1972, marcou um novo
impulso para a missão da Igreja do Brasil
e que, em 2022, abre-se em medida maior
para missão sem fronteiras para alcançar a
todas as pessoas, em todas as nações.

Brasil Globo
-Brasil
-ideia de Mundo
-Cruz Missionária
“Brasil para o Mundo”
-Brasil em Missão

Missão Jubileu
2022 An
o
J -Marcação do Ano
-cores missionárias
ub

-Nome abraça o mundo

ilar

-sentido de expansão
Missio

-Cores que remetem

ao dourado
ná
r

io

“Enfatizamos o jubileu de ouro do Conselho

Missionário Nacional, que é vinculado à Comissão
Episcopal Missionária e Cooperação Intereclesial da
CNBB. Trata-se de um tempo oportuno, um kairós,
para elevarmos o nosso coração ao Deus da vida e da
misericórdia pela trajetória missionária e profética,
percorrida por esses organismos e projetos ao longo da
nossa história no Brasil.”

Ir. Maria Inês Ribeiro, presidente da Conferência dos

Religiosos do Brasil (CRB)
2021 setembro - dezembro 7
POM
A Celebração
da Missão
Jubileus de 400, 200 e 100 anos
A
Igreja celebra em 2022 ju-
bileus significativos do seu
apostolado missionário:
400º aniversário da Congregação
para a Evangelização dos Povos, criada
pelo Papa Gregório XV em 1622.
200º aniversário da Pontifícia Obra
Missionária para a Propagação da Fé,
inspirada por Paulina Marie Jaricot,
prestes a ser beatificada.
100º aniversário de designação
da Sociedade Pontifícia, por Motu
Proprio Romanorum Pontificium
(1922), do Papa Pio XI, que criou o
caráter pontifício das POM.
150º aniversário de nascimento do
Bem-aventurado Paolo Manna, funda-
dor da Pontifícia União Missionária
em 1916 e designada pontifícia em
1956 pelo Papa Pio XII.
Pe. Tadeusz Jan
Nowak, OMI
8 setembro - dezembro 2021
Quis a providência prever que o
próximo ano também ocorra a beati-
ficação da Venerável Paulina Jaricot,
fundadora da primeira obra entre as
quatro Pontifícias Obras Missionárias.
A celebração está marcada para ocorrer
no dia 22 de maio na cidade natal da
jovem, Lyon, França, local de origem
da Obra por ela inspirada. Certamente
será um ano de muita alegria, de cele-
bração da ação missionária, confiada
à Igreja pelo Senhor Ressuscitado! A
Igreja é missionária por sua natureza.
Na verdade, toda comunidade cristã,
grande ou pequena, dos lares à arqui-
diocese, deve ser missionária em sua
própria vida, olhando para além de
si para o resto do mundo, para ver
a necessidade esmagadora de “sair
para fazer discípulos” (cf. Mt 28,19).
A Igreja que permanece focada em si
mesma, em sua própria realidade sem
olhar para fora, percorre caminhos
traiçoeiros. É verdade que a vida cristã
deve começar pelo encontro pessoal
com o Senhor Ressuscitado, mas não
pode crescer agarrando-se a Ele, como
Maria Madalena no túmulo vazio.
O encontro com Cristo, a ser vivido
na comunidade, por toda a Igreja,
exorta o cristão batizado a ir adiante
“para que a fé nele se espalhe para
todos os cantos da terra” (Evangelii
Gaudium 19).
A alegria experimentada pelos
primeiros discípulos, ao encontrar
o Senhor Ressuscitado, é a mesma
alegria que envia os batizados a dar
testemunho do Senhor, com seu

amor fiel e esperança viva. É essa
alegria, o zelo e o desejo implacável
de compartilhar o amor de Cristo
com os outros que levou a jovem
Paulina Jaricot a cuidar, inicialmente,
dos pobres e necessitados de Lyon e,
em seguida, a olhar para além das
fronteiras de sua paróquia, cidade e
país, para responder à necessidade de
a Igreja compartilhar o Evangelho
com muitas pessoas que ainda não
experimentaram o amor salvador
de Cristo. A jovem Paulina também
apoiou o Bispo Charles Forbin
Janson na fundação da Sociedade
da Santa Infância, encorajando
as crianças a compartilhar sua fé
com outros crianças que ainda não
tinham vivenciado o encontro com
o Senhor. Igual zelo missionário que
inspirou Stephanie e Jeanne Bigard
a fundar a Sociedade de São Pedro
Apóstolo, para a formação do clero
local nos países de missão. Também
motivou o Bem-aventurado Paolo
Manna a organizar a Pontifícia
União Missionária para promover
e formar uma comunidade viva, de
espírito missionário, junto ao clero
e em seguida junto aos religiosos
consagrados e leigos.
As Pontifícias Obras Missionárias
servem à universalidade da Igreja
como uma rede global de apoio ao
Papa, em seu compromisso missio-
nário da oração, alma da missão, da
formação e da caridade por meio de
ofertas dos cristãos de todo o mundo.
Elas estão a serviço do sucessor de
Pedro em sua solicitude e esforços de
evangelização das Igrejas particulares,
na formação do clero local, em des-
pertar a consciência missionária nas
crianças e no incentivo e formação
de maior consciência da dimensão
missionária da fé cristã. Embora
encoraje o compartilhamento de
bens materiais para o apoio à ativi-
dade missionária, as Obras não são
agências de caridade. Elas fazem
parte do próprio tecido de cada Igreja
local, cujo objetivo é aumentar a
consciência missionária e encorajar
o zelo missionário e a caridade, na
partilha uns com os outros. É por
isso que a liturgia dominical no Dia
POM
Mundial das Missões, em outubro, é
dedicada a orar por missionários e
igrejas locais em terras de missão. A
oferta desse dia é reservada à Pontifícia
Sociedade para a Propagação da
Fé, unindo recursos materiais para
o Santo Padre direcionar seu apoio
às missões.
Os grandes jubileus, a serem
celebrados em 2022, ocasionam ser
um grandioso tempo de agradeci-
mento ao que o Senhor já realizou
ao longo da história das Pontifícias
Obras Missionárias. De celebrar as
realizações sem motivar a nostalgia
por um passado longínquo, mas de
alegria por sua existência, atuação
e presença na Igreja pelo mundo
todo, por todos os continentes, e
Ide, portanto,
em quase todos os países. E cele-
brar o presente inclui encorajar as e fazei que
comunidades locais, das capelas às
(arqui)dioceses, para além de suas todas as nações
próprias realidades na tarefa de
compartilhar a Fé “até os confins da se tornem
terra”. É uma ocasião para organizar
eventos que promovam o espírito discípulas,
missionário. Cada direção nacional
é incentivada a encontrar maneiras batizando-as,
criativas de celebrar a vida e o tra-
balho das POM hoje, aqui e agora. em nome do
A comemoração desses aniversários
também deve incluir um corajoso
olhar de esperança para o futuro. Há
Pai,
mais de trinta anos, o Papa São João
Paulo II escreveu que “A missão do
do Filho, e do
Cristo Redentor, que é confiada à
Igreja, ainda está muito longe de ser
Espírito Santo”
concluída” (Redemptoris Missio 1).
Na verdade, em muitos aspectos, a
(Mt 28,19)
missão ainda está em sua infância,
tanto em países que têm vivido a
Fé por séculos e milênios, quanto
aqueles que precisam ter o Evangelho
proclamado plena e adequadamen-
te. Não podemos desperdiçar esta
ocasião maravilhosa, mas celebrar
de maneiras novas e criativas, com
as diferentes formas de promover a
missão da Igreja por meio de nosso
testemunho do amor a Cristo.
Pe. Tadeusz Jan Nowak, OMI
Secretário-geral da Pontifícia
Obra da Propagação da Fé
2021 setembro - dezembro 9
Nossos Missionários
O Jubileu do COMINA
Conselho Missionário Nacional (COMINA) comemora 50 anos de uma
caminhada conjunta das instituições missionárias da Igreja no Brasil
N
o horizonte missionário, é
sempre muito claro e reco-
nhecido que a missão não
se faz sozinho. Nosso Senhor Jesus
Cristo, em determinado momento,
embora sendo o grande Missionário
do Pai (cf. Hb 3,1), chamou para mais
perto de si alguns homens e mulheres
que, da convivência com Ele, foram
aprendendo como ser e como viver, no
estilo que Ele propunha (cf. Mc 3, 13-
19). Em consequência do discipulado,
quais apóstolos e missionários foram
enviados para onde Ele mesmo deveria
ir. Mais adiante, ao olhar os desafios
do trabalho e da missão, Jesus pede ao
Pai que enviasse tantos mais operários
à Sua messe (cf. Mt 9, 37ss). Portanto,
a missão não é algo que se faz sozinho!
Saber como podemos colaborar
com a missão se expressa na própria
abertura de Nosso Senhor, ao contar
com nossas forças e ajuda, ainda mais
10 setembro - dezembro 2021
que Ele prometeu estar conosco até
o fim, confirmando o anúncio que
realizamos (cf. Mt 28,20). Também
somos convidados a refletir e reco-
nhecer que, juntar as mãos, caminhar
juntos, pé ante pé, com outras tantas
pessoas, torna-se um eficaz testemu-
nho bíblico-cristão. Com o mundo
dividido e competitivo, realizar algo
em conjunto é um desafio profético.
Ocasiona, mais uma vez, reconhe-
cermos que a missão, por ela mesma,
não se realiza solitariamente.
Nesse sentido, a Congregação para
Evangelização dos Povos, responsável
por toda a articulação missionária
da Igreja escreveu um importante
documento sobre esse tema. É o
documento Cooperatio Missionalis.
Nele, lemos que a “cooperação é o
primeiro fruto da animação, entendida
como um espírito e uma vitalidade
a encorajar os fiéis, as instituições e
as comunidades à responsabilidade
universal, à formação da consciên-
cia e mentalidade missionárias e de
orientação ad gentes. Por isso, toda
iniciativa de animação missionária
se dirige sempre para o seu objetivo:
formar o povo de Deus para a missão
“específica”, suscitar boas e numerosas
vocações missionárias, promovendo
toda forma de cooperação na evange-
lização” (Cooperatio Missionalis, n.2).
O documento trata ainda da im-
portância para que cada Conferência
Episcopal una forças e articule or-
ganismos eclesiais, em vista de uma
conscientização missionária e uma
missão mais incisiva e de largos ho-
rizontes ad gentes: “Para alcançar
maior unidade e eficácia operativa
na animação e cooperação, e para
evitar concorrências e paralelismos,
a Conferência Episcopal constitua
um Conselho Missionário Nacional

(COMINA), do qual se sirva para pro-
gramar, executar e rever as principais
atividades de cooperação em âmbito
nacional” (CMi, n. 12).
É interessante recordar que esse
documento é datado do ano de 1998,
já destinado para a Igreja no Brasil, no
alimento à intuição voltada à organiza-
ção e articulação do que se concretizou
em 1972! Sim, sim: no Brasil de 1972,
há 50 anos, viu-se a necessidade de
fortalecer a missão e as questões afins,
unindo as forças dos organismos ecle-
siais missionários: a CNBB, as POM, a
CRB, e o CIMI recém-nascido! Assim,
em novembro de 1972, conforme breve
informação nas Atas do Conselho
Permanente da CNBB daquele mês,
foi instituído o Conselho Missionário
Nacional – COMINA.
O atual Regulamento diz que
o COMINA: “é uma instituição
estabelecida pela Santa Sé e constituída
pela Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), para articular os
organismos e instituições missionárias
da Igreja no Brasil e, assim, alcançar
maior unidade e eficácia operativa na
animação e cooperação missionária”
(Art. 1), e que tem por finalidade:
a) Promover a articulação das
instituições missionárias atuantes no
País, entre si, com as Pontifícias Obras
Missionárias (POM) e com a CNBB.
b) Estudar e apresentar soluções
articuladas para as questões missio-
nárias de maior relevância, relativas
a todo o território nacional.
c) Promover, acompanhar e animar
os Conselhos Missionários Regionais
(COMIREs).
d) Cooperar com a CNBB e as
instituições missionárias na elaboração
e execução de projetos de atuação
missionária dentro e fora do País.
e) Fomentar iniciativas de anima-
ção, formação e cooperação missionária.
Após esses 50 anos de caminha-
da articulada como um Conselho
Missionário Nacional, continua em
sua composição os mesmos organismos
missionários iniciais, com a CNBB -
Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil; as POM - Pontifícias Obras
Missionárias; a CRB - Conferência
dos Religiosos do Brasil; o CIMI -
Conselho Indigenista Missionário;
e também a CNISB - Conferência
Nacional dos Institutos Seculares
Nossos Missionários
Arquivo POM
do Brasil; a CNLB - Conferência dos
Leigos do Brasil; a REPAM - Rede
Pan Amazônica; e alguns outros or-
ganismos. Por meio de uma secretaria
executiva, o COMINA articula a ani-
mação à vida missionária da Igreja,
alcançando todos os organismos do
Povo de Deus e grupos de fiéis.
De forma muito especial, o
COMINA busca mobilizar o Povo de
Deus a partir de importantes Conselhos
Missionários em todos os segmentos da
Igreja, com os COMIRE´s - Conselhos
Missionários Regionais; os COMIDI´s
– Conselhos Missionários Diocesanos; e
os COMIPA´s – Conselhos Missionários
Paroquiais. Cada um desses conselhos
tem grande valor, na preciosa tarefa
de a Igreja não ter como esquecer da
sua natureza missionária (cf. AG2),
porque é a ela (e por extensão, a cada
um de nós), que Jesus disse: “Como o
Pai me enviou, eu também vos envio”
(Jo 20, 21).
Pe. Daniel Luz Rocchetti, SAC
Assessor da Comissão Episcopal
para Ação Missionária e
Cooperação Intereclesial da CNBB
2021 setembro - dezembro 11
Testemunhos
Projeto na Prelazia de Lábrea (AM): Comunidade Epifania e Departamento de Pastoral AVES
Jubileu do Projeto
Igrejas Irmãs
Uma rede de colaboração de recursos humanos
e materiais entre as dioceses no Brasil
1972-2022: Um pouco de história
O ano de 2022 será um ano jubi-
lar para o Projeto Igrejas Irmãs. Em
1972 a Conferência dos Bispos do
Brasil, CNBB, aprovou essa inicia-
tiva missionária como expressão da
vitalidade e abertura missionária das
igrejas particulares no Brasil. O projeto
Igrejas Irmãs têm sido, nos últimos
anos, uma rede que compartilha dons
espirituais, humanos e materiais com
outra Igreja.
12 setembro - dezembro 2021
Na reunião dos Bispos referenciais
para a Missão, em 23 e 24 de março
de 2017, deram-se alguns passos
em busca de maior dinamização do
projeto Igrejas Irmãs. Para fortalecer
esse projeto, foi proposta a realização
de uma consulta entre os Bispos. No
mês seguinte à reunião, foi enviada
uma carta, assinada pelo presidente
da Comissão Episcopal Pastoral para
a Ação Missionária e Cooperação
Intereclesial, Dom Esmeraldo Barreto
de Farias, com pedido de informa-
ções acerca das Prelazias, Dioceses,
Arquidioceses e Regionais.
Conforme a pesquisa, entre as
277 Igrejas Particulares, 54 delas
abraçaram o projeto Igrejas Irmãs. O
desafio continua lançado para toda
a Igreja no Brasil. Há dioceses que
desejam continuar a fortalecer esse
modo de cooperação missionária.
Outras estão dispostas a enviar mis-
sionários e formalizar convênio com
uma Igreja irmã. E várias dioceses,

não só da Amazônia, pedem com
insistência para a sua necessidade de
ajuda ser considerada.
Na 57º Assembleia Geral dos
Bispos do Brasil, CNBB, em 2019,
o Programa Missionário Nacional,
PMN, foi aprovado para revitalizar
as iniciativas missionárias e apontar
caminhos para uma Igreja em saída.
Dentre as principais prioridades de
ação do programa, destacam os de-
safios a concretizar: Cada regional
da CNBB um projeto missionário Ad
Missão Laranjal do Jari (AP)
Gentes além-fronteiras e cada Igreja
local uma Igreja Irmã.
O sonho de continuidade
do projeto
Abraçar uma Igreja Irmã é concre-
tizar um sonho. O sonho de partilhar
a fé entre irmãos e irmãs. Ser uma
Igreja em saída para o encontro, a
escuta, o diálogo e a partilha.
O PMN no grupo de trabalho Ad
Gentes aponta caminhos para continui-
dade e fortalecimento desse projeto,
Testemunhos
Fotos: arquivo POM
Projeto Diocese de Ponta
Grossa (PR) (acima)
Projeto na Prelazia de
Lábrea (AM): Comunidade
Epifania e Departamento
de Pastoral AVES
(esquerda)
com propostas para se apresentar
aos regionais e dioceses do Brasil,
no intuito de fomentar a realização
da interação entre as Igrejas Irmãs.
Celebrar a alegria do jubileu de
ouro do Projeto Igrejas Irmãs é reno-
var o ardor missionário das Igrejas
locais e relançar, com entusiasmo,
o atendimento ao clamor de uma
Igreja Irmã. A V Conferência de
Aparecida ressalta que se faz neces-
sário incentivar os muitos discípulos
de nossas Igrejas a serem enviados,
a sair e evangelizar até a “outra
margem” (DAp 379). “Finalmente
chegou a hora de intensificar os
serviços recíprocos entre as Igrejas
particulares, e de estas se projetarem
para além de suas próprias fronteiras”
(DAp 368).
A abertura para interagir, e par-
tilhar com a Igreja Irmã, atualiza a
vocação cristã e católica de a Igreja
enfrentar os desafios da sociedade
com coragem e fé. Como diz o Papa
Francisco: “A missão é uma paixão
por Jesus Cristo e simultaneamente
uma paixão pelo seu povo” (EG, 268).
Ir. Sandra Regina Amado
Assessora da Comissão da Ação
Missionária da CNBB
2021 setembro - dezembro 13
Propagação da Fé
Paulina Jaricot
jovem leiga missionária
Há 200 anos nascia a Pontifícia Obra da Propagação
da Fé como uma rede de colaboração à missão
S
ua fundadora, Paulina Maria
Jaricot, nasceu em Lyon, na
França, em 1799. Era a caçula
dos sete filhos de Antoine e Jeane
Jaricot, católicos e comerciantes de
seda. A cidade de Lyon remete aos
primeiros séculos da era cristã que
teve Santo Irineu como seu segundo
Bispo. Marcada por uma vida feliz
nos anos iniciais, a jovem Paulina
decidiu ser mais exigente consigo,
querendo lidar com situações concre-
tas acerca do que via e ouvia sobre a
necessidade das pessoas. Tinha um
apreço muito grande por seu irmão
Phileas, o qual buscou o caminho
do sacerdócio e a caminhada para
ser missionário na China.
Paulina era uma menina devota
na oração, na Adoração ao Santíssimo
Sacramento e à Virgem Santíssima.
Certa vez, com graves problemas de
saúde e em aflição pela morte de sua
Mãe, a jovem vai à Igreja de Notre-
Dame de Fourvère, em Lyon, para
rezar diante da Imagem de Nossa
Senhora, que apresenta o menino
Jesus ao mundo. Nesse período, ela
começa uma vida voltada à missão
junto aos mais necessitados. Essa
iniciativa evangelizadora a faz des-
pertar, com a ajuda de outras jovens
mulheres, a criar uma associação
de nome Reparadoras do Sagrado
Coração de Jesus.
Nessa época, seu irmão estava no
seminário e falou com ela a respeito
do envio de padres para a missão na
Ásia, e da necessidade de recursos da
sociedade responsável realizar esse
serviço missionário. A Associação das
14 setembro - dezembro 2021
Reparadoras lança, então, a proposta Outra salutar ideia de Paulina
de formar novos membros para anga- ocorreu em 1826, ao criar o caminho
riar fundos para as missões, com uma místico, a alma da Propagação da
ideia inicial muito simples: oração fé, com o Rosário vivo, meditado
pessoal e angariar fundos numa rede pelos mistérios da vida de Cristo
de relações interpessoais. A ideia foi na intercessão da Virgem Maria.
tão inovadora que se expandiu rapida- Com isso, a jovem une a Obra da
mente na França e em outros países. Propagação da fé à oração a Deus,
Da comunicação entre os irmãos e a transformando a oração do rosário
disposição pessoal de Paulina, nasce numa realidade viva de apoio à
a Sociedade para a Propagação da Fé, missão da Igreja. Nessa iniciativa,
em 3 de maio de 1822. seu sonho era que o Rosário vivo
aproximasse as pessoas espalhadas
pelo mundo, em união à missão da
Igreja. Unia-se, desse modo, cada
pessoa na oração, sacrifício e solida-
A semente, riedade à missão. Vê-se assim o que
movia Paulina nessa Obra: a mística
lançada da espiritualidade missionária.
modestamente A vida de Paulina não teve so-
ao chão por mente flores. Por ser mulher, leiga e
jovem, a atitude de tal Obra em seu
Paulina Jaricot, contexto, não foi fácil. Sua existência
tornou-se uma foi marcada por grandes sofrimentos
físicos, emocionais e espirituais, “as
grande árvore: cruzes que nos talham amigos de
a Obra da Deus”. Não seguiu o caminho da
vida religiosa. Seguiu sua vocação na
Propagação da consciência de ser uma leiga dedicada
Fé... seguindo as aos pobres e à missão. Na sua ousadia
profética, enfrentou dificuldades,
pegadas de Paulina indiferença, rejeição, ficou empo-
Maria Jaricot, brecida materialmente, mas cheia de
esperança, fé e caridade. Seu amor a
toda a Igreja Deus, à virgem Maria e às missões
está convidada nunca perdeu força, vindo a falecer
em 9 de janeiro de 1862.
a se engajar
O belo trabalho iniciado por
concretamente.” Paulina chegou a várias partes do
mundo e foi reconhecido, em 22 de
Paulo VI maio de 1922, pelo Papa Pio XI.
 Propagação da Fé

Declarou como Pontifícia Obra

Arquivo POM
da Propagação da Fé, tornando-se
Organismo oficial da Santa Sé para
cooperação missionária, que recolhe
ofertas no dia mundial das missões
em prol de 1050 dioceses carente no
mundo. Ela é a primeira das quatro
Obras Missionárias Pontifícias, as quais
todas têm o objetivo de promover o
espírito Missionário universal no seio
do povo de Deus. A propagação da
Fé no Brasil atua diretamente com a
Juventude Missionária, as Famílias
Missionárias e os Idosos e Enfermos
Missionários.
Nessa caminhada, a data de 3 de
maio de 2022 será a Celebração dos
200 anos dessa Obra Pontifícia, já a
celebração dos 100 anos das Pontifícias
Obras missionárias será alguns dias
depois, em 22 de maio, data marcada
para a beatificação de Paulina Maria
Jaricot, “uma benção para a Igreja”
(Papa Leão XIII) e para o mundo.

Pe. Genilson Souza

Secretário da Pontifícia
Obra da Propagação da Fé

2021 setembro - dezembro 15

Missão em Contexto
A caminho dos cinquenta anos, sempre em
defesa da vida dos povos indígenas do Brasil
A
sociedade brasileira nasceu
sob a égide da violência con-
tra os povos indígenas e da
superexploração dos trabalhadores e
trabalhadoras. As guerras de exter-
mínio, as bandeiras, a escravização
dos indígenas, a busca incessante por
subjugá-los e integrá-los constituíram
uma ideologia marcadamente colo-
nialista e etnocida. O trabalho escravo
imposto aos negros e negras, a tortura
imposta como método disciplinador,
a desvalorização do trabalho manual,
a ausência de direitos para daqueles
que realmente produzem a riqueza
constituíram relações de classe ex-
plicitamente brutais e excludentes.
Com essas características de uma
sociedade de classes e sem espaço
para a alteridade dos povos indígenas,
chegamos ao século XX e ao período
da ditadura militar, a qual silenciou as
organizações de classe dos trabalhadores
e previu a “solução final” da integração
assimilacionista para os povos indígenas.
Notícias sobre o genocídio de indígenas
no Brasil são divulgadas no exterior. A
construção de várias rodovias projeta
suas sombras sobre dezenas de povos
indígenas na Amazônia, envolvendo
inúmeros indígenas mortos por doenças
e assassinatos. A Fundação Nacional
do Índio (Funai), dirigida por coronéis e
generais, tem a incumbência de garantir
que os indígenas não materializem o
suposto obstáculo à política “desen-
volvimentista” (qualquer semelhança
com os tempos atuais não é mera
coincidência!).
16 setembro - dezembro 2021
Os missionários e as missioná-
rias, atentos à necessidade de uma
ação pastoral articulada e decidida
em defesa da vida física e cultural
dos povos indígenas, articularam o
“Encontro de Estudos sobre Pastoral
Indigenista”, ocorrido em abril de
1972 e convocado pela CNBB. Tinha
por objetivo analisar as denúncias de
genocídio e de dominação religiosas
dos indígenas, e elaborar um parecer
sobre o Estatuto do Índio em trami-
tação no Congresso Nacional. Nesse
ambiente nasce o Cimi.
A posição pastoral e política do
Cimi se define na medida em que se
toma consciência das verdadeiras
intenções da política indigenista do
governo, que era integrar os povos
indígenas à sociedade nacional e,
em consequência disso, destruir a
sua alteridade no “vale comum dos
pobres”, denunciadas no documento de
1973 “Y Juca Pirama: O índio, aquele
que deve morrer”. Ao se obter essa
integração, a demarcação das terras
indígenas e a sua proteção específica
não seriam mais necessárias (um
quadro sombrio descrito na década
de 70 revisitado nos tempos de hoje!).
É a partir da década de 70 que se
inicia, então, uma reação articulada
dos povos indígenas encorajada por
Assembleias Indígenas regionais e
nacionais apoiadas pelo Cimi, surgindo
novas formas de organização indígena,
de tom mais politizado. Com o apoio
da sociedade brasileira e da comunidade
internacional, apresentavam reivindi-
cações junto a órgãos governamentais,
tendo como eixo central a recuperação
e a garantia das suas terras. A luta pela
terra, eixo mobilizador, favoreceu a
unidade do movimento indígena, com
realce da vontade expressa dos povos
indígenas, no protagonismo de suas
histórias, confrontando um Estado
tutelar que os considerava “categorias
transitórias”. O movimento indígena,
com o apoio de entidades e setores
importantes da sociedade brasileira,
alcançou memoráveis conquistas
constitucionais em 1988, e as orga-
nizações indígenas multiplicaram-se
rapidamente. A Constituição de 1988,
portanto, marca a história indígena
recente no Brasil.
Segundo estimativas oficiais, a
população indígena no Brasil não
passava de cem mil pessoas há cin-
quenta anos. Mas a tendência do
extermínio total foi revertida e a
população indígena volta a crescer,
com os povos e comunidades em
luta por reassumir suas respectivas
identidades étnicas. De acordo com
o último Censo, realizado em 2010
pelo IBGE, população indígena era
de 896,9 mil, distribuída entre 305
etnias, falando 274 idiomas.
Atualmente, o Cimi conta com
onze regionais espalhados pelo país, o
secretariado nacional em Brasília e um
Centro de Formação, em Luziânia –
Goiás, e se mantém fiel à sua missão,
como apoiador e defensor da causa
indígena nacional e internacionalmente.
O momento conjuntural da atu-
alidade, infelizmente, assemelha-se,
em muito, à história de 50 anos atrás.
Violência, retrocesso, desrespeito,
morte, perda de direitos...
Entretanto, animados pela fé no
projeto divino de vida plena e abun-
dante para todos e todas, o Cimi e
os povos indígenas, como sementes
teimosas, seguem avançando no
caminho adiante!
Conselho Indigenista
Missionário, Cimi.

Celebração de 60 anos de formação missionária da
Igreja no Brasil e além-fronteiras
O
Centro Cultural Missionário
foi criado em 15 de janei-
ro de 1962 com o nome de
Centro de Formação Intercultural
(CENFI), com os objetivos iniciais
de: promover, coordenar e executar
medidas e providências destinadas a
incrementar a aproximação cultural e
a estreitar as relações humanas entre
os povos do continente americano;
proporcionar a estudantes missio-
nários o conhecimento a respeito da
língua, costumes e cultura do país. A
instituição funcionou em São Paulo,
Rio de Janeiro e, por último, Brasília,
onde se encontra até os dias de hoje.
Em 2019 o CCM passou a ser uma
filial da CNBB e continua com a sua
vocação de promover a formação
para missionários(as) de dentro e
fora do Brasil.
O Centro Cultural Missionário é
uma instituição que, há décadas, tem
formado missionários e missionárias
que chegam para trabalhar com a
missão no Brasil. O curso específico
chama-se CENFI. Há também o cur-
so Ad Gentes para missionários(as)
Missão em Contexto
Arquivo POM
Cursos CCM em 2022
FEVEREIRO
14 a 18: Formação para a Missão
MARÇO
07 a 11: “Missão nas Comunidades
Joaninas e Apocalipse”
ABRIL
04 a 08: “Liturgia e Missão”
brasileiros que partem para trabalhar
em outros países. Além disso, durante 04/04: Início do curso do CENFI
todos esses anos de existência, o CCM
tem oferecido formação missionária MAIO
para padres, diáconos, religiosos(as), 16 a 20: “Pastoral numa Igreja
em saída”
seminaristas e agentes de pastorais
que trabalham em todo território JUNHO
nacional. Centenas de missionários 06 a 10: “Justiça e paz ”
e missionários, que hoje realizam
trabalhos missionários pelo Brasil, JULHO
passaram por esta instituição. 04 a 08: “Catequese e Bíblia”
Durante o ano de 2020, devido 18 a 29: 1º modulo do curso de
à pandemia do novo coronavírus, o Pós-graduação em
Centro Cultual Missionário teve que Missiologia
se reinventar. Embora diante das difi-
AGOSTO
culdades, a instituição conseguiu dar 08 a 12: “Espiritualidade Missionária”
continuidade à missão que lhe é própria:
formar missionárias e missionárias. SETEMBRO
Todos os meses, cursos de formação 12 a 16: “Paróquia Missionária”
missionária com temas diversos são
oferecidos para agentes de pastoral, OUTUBRO
03 a 07: “Catecismo da Igreja
líderes de comunidades, religiosos(as),
Católica e a Missão”
ministros ordenados, seminaristas,
catequistas e novas comunidades. Para 03 a 22: Curso Ad Gentes
saber mais, entre em contato com o
Centro Cultural Missionário. NOVEMBRO
21 a 25: “Os Fundamentos
Pe. Djalma Antonio da Silva Bíblicos da Missão”
Diretor do CCM
2021 setembro - dezembro 17
IAM
Missão que
nos inspira
Um mergulho na mística de Dom Carlos de Forbin-Janson,
fundador da Infância e Adolescência Missionária (IAM)
A
Infância e Adolescência Missionária (IAM)
compõe o conjunto das quatro obras pontifícias
denominadas como Pontifícias Obras Missionárias
(POM). A Missão da Infância e Adolescência realiza-se
com pequenos gestos concretos de amor ao próximo,
por meio de atitudes fraternas, em todos os lugares, no
lazer, nos estudos, na oração, na contemplação do Rosto
de Deus refletido no rosto dos irmãos distantes. Crianças
e adolescentes ajudam e evangelizam crianças e adolescentes,
caminham com Jesus até o Pai.
E para conhecer um pouco dessa Obra Missionária,
precisamos mergulhar na mística do seu fundador, Dom
Carlos de Forbin-Janson, e assim, compreender o carisma
que impulsiona a IAM até os dias de hoje.
Um coração inflamado de amor
Nasce em Paris aos 3 de novembro de 1785, Carlos
Augusto Maria de Forbin-Janson, de uma nobre famí-
lia do sul da França. Traz consigo o título de conde
e, aos cinco anos de idade, prova do exílio, indo com
seus pais para a Alemanha em busca de asilo, devido
a perseguições sofridas por defenderem a monarquia.
Com primorosa educação cristã, sua maior felicidade
era ir à Missa, visitar Jesus no Santíssimo Sacramento
e ajudar os pobres.
Aos 23 anos largou tudo para ingressar no Seminário
de São Sulpício, em Paris. Viu-se chamado ao sacerdócio
numa época em que a situação da Igreja na França era,
particularmente, muito delicada. O imperador francês
estava numa luta aberta contra o Papa.
18 setembro - dezembro 2021
Em 1811, foi ordenado sacerdote. Tinha no apos-
tolado sua grande paixão e conseguia fazer ressoar, de
um extremo ao outro da França, a sua voz de grande
pregador, conquistando inumeráveis pessoas para Deus.
Seu coração e o seu bolso estavam abertos aos pobres,
aos quais ele dava até as suas roupas mais necessárias.
Em uma carta de sua mãe, escrita ao reitor do seminário,
ela dizia: “Envio-lhe, Padre, duas dezenas de camisas para o
meu filho; mas peço-lhe que não as entregue todas de uma vez,
porque ele não as guardaria senão uma ou duas, e, em seguida,
daria todas as restantes aos pobres”. Nota-se aí o grande amor
que habita num coração doado e totalmente desprendido.
Uma inspiração que vai além das fronteiras
“A solidariedade manifesta-se concretamente no ser-
viço, que pode assumir formas muito variadas de cuidar
dos outros” (FT 115).
Em 1817, Carlos de Fobin-Janson, foi enviado em
Missão à Síria. Esteve na Turquia, visitou Nazaré, e
chegou a Jerusalém. Em 1819, voltou à França, onde
continuou seu trabalho missionário.
Logo, Dom Carlos teve a ideia de iniciar uma ativi-
dade em que as crianças seriam as protagonistas. É nesse
período que demonstra sua preocupação com as milhares
de crianças chinesas que sofriam inocentemente, querendo
“salvar-lhes a vida do corpo e encaminhá-las para a glória do
céu”. Então, no ano de 1843, encontrou-se em Lyon com
Paulina Jaricot (fundadora da Obra de Propagação da
Fé), a qual o apoiou plenamente no projeto de ajuda às
crianças do mundo inteiro, com o lema: “criança ajuda e
evangeliza criança”.
 IAM

Wesley Gomes
“A solidariedade manifesta-se
concretamente no serviço, que
pode assumir formas muito
variadas de cuidar dos outros”
(FT 115)

O projeto cresceu e, aos 19 de maio de

1843, a primeira Direção da Obra fixou os seguintes
objetivos: salvar as crianças da morte e da miséria;
batizá-las e dar-lhes educação cristã; prepará-las
para serem apóstolas das crianças: criança ajuda
e evangeliza criança. As crianças, pela oração de
uma Ave Maria por dia e uma moedinha ao mês,
auxiliavam e sustentavam as missões na China, e
assim colaboravam com a missão que é de Deus.
Esse mesmo amor que inflamou um dia o
coração de Dom Carlos segue a inspirar. De um
coração cheio de amor por Jesus que nasceu a
Obra da Infância e Adolescência Missionária, um
fundamento que continua a tornar Jesus Cristo
conhecido e amado, com a ajuda de crianças e
adolescentes espalhados por todo o país.

Ir. Antonia Vania Alves de Sousa

Secretária Nacional da IAM
2021 setembro - dezembro 19
Pontifícia União Misionária
Pe. Paolo
Manna
O bem-aventurado precursor do Vaticano II
e a celebração de 150 anos de nascimento
do fundador da Pontifícia União Missionária
A
o declarar o padre Paolo Manna
beato, João Paulo II disse:
“O Beato Paolo Manna foi
um autêntico precursor das intuições
e indicações do Concílio Vaticano
II”. João XXIII o chamou de: “O
Cristóvão Colombo da nova cooperação
missionária”. Paulo VI considerou ser
“um dos mais eficazes promotores do
universalismo missionário do século
XX”. O estudioso da história missio-
nária, padre Drehmanns, registrou:
“O padre Manna está na origem e no
desenvolvimento de todo o movimento
missionário do século XX”. O teólogo
Henri de Lubac escreveu: “O Padre
Manna é a expressão mais completa de
uma missão compartilhada”. O Cardeal
Celso Costantini, Prefeito de Propaganda
20 setembro - dezembro 2021
Fide, definiu-o: “Homem perigoso -
como se dizia de alguns seminários,
depois da difusão do escrito Operarii
autem pauci! – um intrometido! Santo,
mas intrometido; um temerário. Um
missionário incômodo”. Isso porque
suas intuições sobre a missão universal
da Igreja incomodavam muitas pessoas.
Paolo Manna nasceu em 1872 e
ingressou no PIME em 1891, sendo
ordenado sacerdote em 1895. Logo
partiu para a Birmânia, onde teve
tuberculose e precisou voltar para a
Itália. Ao peregrinar pelo Santuário de
Lourdes, não pede a Nossa Senhora
que o cure, mas que se apaixone por
Jesus e possa dar sua vida pela difusão
do Reino de Deus.
Wesley Gomes
A sua paixão missionária o faz
promover, nas dioceses e paróquias
da Itália, as Obras de Propagação
da Fé e da Santa Infância. Padre
Mannna provoca uma verdadeira
“revolução profética” ao insistir que
o problema missionário não diz res-
peito apenas aos missionários, mas a
toda a Igreja, e requer uma solução
global e o envolvimento de todos os
batizados – bispos, sacerdotes e fiéis
– dioceses e paróquias, congregações
religiosas e associações leigas. Era
uma novidade profética na vida da
Igreja. “A conversão dos infiéis é o
problema dos problemas”, afirmava
padre Manna que também exortava:
“Todos os fiéis por todos os infiéis”.

Com a ajuda de São Guido Maria
Conforti, funda a União Missionária
do Clero em 1916. Estabelece também
os “círculos missionários” nos seminá-
rios diocesanos. O objetivo da União
é inflamar os sacerdotes no amor de
Cristo, e depois “acender em todo o
povo cristão uma forte chama de zelo
apostólico pela conversão do mundo”.
Em 1923, a União é estendida também
aos religiosos e mulheres.
Em 1950, padre Manna lança o
livro: “Nossas Igrejas e a propagação
do Evangelho - Para a solução do
problema missionário”. Esse livro
está na origem da encíclica do Papa
Pio XII, “Fidei Donum” (1957), que
abre o caminho das missões ao clero
diocesano. Afirma que todos os bispos
e padres são responsáveis pela
​​ missão
entre os não cristãos, e que o anúncio
de Cristo não pode ser confiado apenas
às ordens religiosas e aos institutos
missionários. Ele escreve: “Mobilizemo-
nos, organizemos toda a Igreja para
as missões; façamos da difusão do
Evangelho o dever de todos os que
crêem em Cristo”. A obra propõe
A vocação
universal à
santidade está
intimamente
ligada ao apelo
universal à
missão: todo
crente é chamado
à santidade
e à missão
(RMi, 90)
Pontifícia União Misionária
que “sejam instituídos seminários
missionários em todas as Províncias
Eclesiásticas”, para enviar sacerdotes
diocesanos e leigos em missão.
Padre Manna estava convencido
de que tudo na Igreja depende do
clero: “A solução do problema mis- A palavra de
sionário está no clero: se os padres
são missionários, o povo cristão o
ordem deve ser
será igualmente; se os sacerdotes não
viverem a paixão de levar Cristo a
esta: todas as
todos os homens, também o mundo Igrejas para a
cristão não poderá fazer milagres. O
espírito missionário é, antes de tudo, conversão de
uma grande paixão por Jesus Cristo
e pela sua Igreja”, afirma. todo o mundo
Nos anos 1924-1934, padre Manna
exerce a função de superior geral do (RMi, 84)
PIME e depois, seu superior regional.
Sua morte se dá em 15 de setembro
de 1952.
Em sua vida, fez o melhor pela
animação missionária: insistiu nas
vocações missionárias, na oração pelas
missões, no compromisso pessoal grar os melhores catequistas onde
de cada cristão. Sua obra “Virtudes não existem sacerdotes; eliminar
Apostólicas” é “um verdadeiro tratado qualquer compromisso com dinheiro.
sobre a espiritualidade da missão, Sua paixão pela conversão do mundo
um clássico da literatura missionária infiel e pela salvação das pessoas não
lhe permitiu calar-se: “A salvação das
dos tempos modernos”. A encíclica
pessoas é a lei suprema!”.
Redemptoris Misssio, de João Paulo II,
retoma o que padre Manna escreveu: A preocupação pela missão uni-
“A vocação universal à santidade está versal, presente no Vaticano II, foi
intimamente ligada ao apelo universal preparada pelo grande crescimento
à missão: todo crente é chamado à das missões católicas, durante os
santidade e à missão” (RMi, 90). “A anos 1920-1960, e pelo nascimento
palavra de ordem deve ser esta: todas de centenas de novas Igrejas. Padre
as Igrejas para a conversão de todo o
mundo” (RMi, 84).
Manna foi o profeta e o precursor de
todo esse processo.
Após uma visita a diversos pa- Como um verdadeiro missionário
íses da Ásia, Oceania e América de sabedoria apostólica, pouco antes de
do Norte, padre Manna escreveu sua morte, publicou a segunda edição
um memorando para a Propaganda de “Nossas Igrejas e a Propagação
Fide, “Observações sobre o método do Evangelho”. Na capa da obra,
moderno de evangelização”. Nele, destacou-se a síntese do seu projeto
apela para se proceder mudanças no missionário: “A Igreja inteira para o
mundo inteiro”.
“método de evangelização”: rejeitar o
ocidentalismo, libertar-se da proteção
das potências ocidentais, educar os
padres locais com programas dife- Pe. Antônio Niemiec CSsR
rentes dos usados no​​ Ocidente; nas Secretário nacional da
missões, abolir o latim e o celibato Pontifícia União Missionária
para favorecer a maior participação
dos indígenas no sacerdócio; consa- (Resumo do artigo do Pe. Piero Gheddo)
2021 setembro - dezembro 21
Pontifícia União Misionária
Santarém
1972-2022
Os 50 anos do Encontro Pastoral dos Bispos Prelados da Amazônia
O
Concílio Vaticano II soprou
seus ventos para a Amazônia,
chegando primeiro ao coração
dos bispos prelados – “participar da
aula conciliar foi uma grande escola.”
A visibilidade da mudança acontece
primeiro nas celebrações, depois nos
encontros, planejamentos... mas a
novidade foi o movimento missionário
acerca de como formar comunidades e
do trabalho junto aos padres, religiosas
e povo de Deus.
Em 1968 o Concílio Vaticano II
era atualizado na América Latina na
Conferência de Medellín - A Igreja povo
de Deus em Comunidades, aberta ao
diálogo com o mundo e no serviço op-
cional dos e com os pobres, na luta pela
dignidade humana, no protagonismo
dos leigos e leigas, numa Igreja toda
ministerial. O espírito conciliar redes-
cobria as Prelazias como Igrejas locais
e indicava o caminho da Evangelização
que liberta: “Ajudar os homens e mul-
heres a passarem de condições menos
humanas para condições mais humanas”
(Populorum Progressio). 
Em 1971 o Papa Paulo VI escrevia:
“Cristo aponta para a Amazônia!...
sensíveis aos imperativos da caridade...
fiéis ao dever missionário... temos
de ouvir um clamor que sobe das
plagas amazônicas: Vem em nosso
auxílio...” (Sedoc 1972). Numa res-
posta efetiva e afetiva, em janeiro de
1972, a presidência da CNBB visita
a Amazônia e lança o programa
‘Igrejas Irmãs.’
22 setembro - dezembro 2021
Com esse impulso missionário,
os bispos prelados se encontraram
em Santarém, a mais antiga prelazia
da região e atualizaram o Concílio de
Medellín para a Amazônia.
As Linhas Prioritárias da Pastoral
da Amazônia tornaram-se projeto
pastoral evangelizador que realçou o
anúncio de Jesus Cristo e o ser Igreja
na região. “A Igreja da Amazônia
(…) manifesta sua crença e esperança
no futuro da região, hoje em trepi-
dante processo de transformação...”
As linhas pastorais passam por duas
diretrizes: Encarnação na realidade e
Evangelização Libertadora, com  qua-
tro prioridades: Formação de agentes
de pastoral; Comunidades Cristãs de
Base; Pastoral Indígena; Estradas e
outras frentes pioneiras. Em 1974
em Manaus veio a 5a prioridade: A
Juventude.
O trabalho feito em conjunto
entre os dois regionais da CNBB,
Norte 1 e 2, apontava serviços, como
(...)Colocar a
Amazônia no
coração do Papa
Francisco e na pauta
da Igreja Católica”
Wesley Gomes
exemplo, nos institutos de pastorais: O
Cenesch - Manaus e o Ipar – Belém,
com indicativos sobre a necessidade
de se ter uma assessoria técnica e
jurídica para as Prelazias.
Muitos dizem que o encontro de
Santarém foi como fazer o “registro de
Nascimento” de um novo Ser Igreja
na Amazônia, porque moldou a co-
munhão e a unidade entre as prelazias
e gestou o modus pastoral e evange-
lizador de toda a Igreja Amazônica.
Querer “andar junto” apontou para a
experiência ímpar na recente história
da Igreja, a de colocar a Amazônia
no coração do Papa Francisco e na
pauta da Igreja Católica.
O Sínodo para Amazônia nasceu
desse querer andar junto como irmãs e
irmãos, leigos e religiosos, presbíteros
e bispos que se embrenharam pelas
matas, navegaram rio abaixo, rio acima,
viajaram pelas estradas desse mundo
desigual para levar a Palavra de Deus,
fundar e organizar comunidades eclesiais,
numa grande rede de solidariedade
que as fez enfrentar as precariedades
existenciais, e manter viva a chama da
fé e da esperança. Nessa caminhada
de 50 anos de Santarém, lançamo-nos
novamente, embalados pelos sonhos
da Querida Amazônia, em busca de
novos caminhos de conversão e vida
para a Igreja sinodal da região.
Pe. Vanthuy Neto
Diocese de Roraima
Campanha Missionária

ANOS
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