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CATARINA
CAMPUS FLORIANÓPOLIS
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO
MALA-BANCADA DE TATUAGEM:
Solução inteligente para uma necessidade básica do tatuador
Instituição
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
Campus Florianópolis
Departamento Acadêmico de Metal Mecânica
Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto
Endereço: Av. Mauro Ramos, 950 - Centro - Florianópolis - SC, Brasil
CNPJ: 81.531.428/0001-62
Empresa Parceira
Pro Tattoo Brasil
Indumetal Indústria Metalúrgica LTDA EPP
CNPJ: 02.555.083/0001-00
Endereço: Av. Alexandre Kasper, 1320 - Maravilha - SC, Brasil
CEP: 89874-000
Responsável pelo contato: Michel Bernardi
E-mail: vendas@indumetalsc.com.br
Telefone: (49) 3664-1090 (WhatsApp)
1 INTRODUÇÃO
A idealização deste trabalho tem como foco criar soluções para problemáticas
identificadas durante a execução do trabalho do tatuador, mais precisamente o
mobiliário bancada de procedimentos. Particularmente, enquanto tatuador, este é
um dos problemas identificados no dia a dia da profissão. A tatuagem, em seu
procedimento, exige que se atenda a requisitos técnicos legais de biossegurança e
ergonomia. Portanto, é de extrema importância que os profissionais da área utilizem
mobiliários que em sua forma contemplem tais requisitos.
Conforme observado no videodocumentário Do Porto à Pele: a história da
tatuagem profissional no Brasil, desenvolvido pelo estudante Tiago Santiago Ghizoni
da Universidade Federal de Santa Catarina, no início da tatuagem profissional no
Brasil, praticamente todos os materiais utilizados eram improvisados. Desse modo,
não havia grande preocupação com as questões de biossegurança. Além disso, o
estigma enfrentado pela profissão perdurou até os anos 1990, ocasionando a
escassez de estudos e observações sobre a área. Deste modo, esse estigma
refletiu-se diretamente na falta de desenvolvimento de novas tecnologias para a
área.
Hoje, apesar do pensamento social acerca da tatuagem ter se alterado de
forma positiva para a área, é possível identificar que no procedimento da tatuagem,
ainda são incipientes as soluções de materiais com foco direto na área. É possível
observar que em muitos casos, os mobiliários utilizados são improvisados de outra
área, como exemplo as bancadas de procedimento, em que são utilizados carrinhos
de ferramentas para mecânicos. Este, criado para ser utilizado com outra finalidade,
acaba por não suprir os requisitos de ergonomia e biossegurança necessários para
o profissional.
O profissional tatuador precisa se locomover com seus materiais para viagens
e eventos. Uma prática que pode ser observada em grande parte dos eventos de
tatuagens é a utilização de bancadas de procedimento improvisadas, que acabam
sendo substituídas por mesas de plástico “de bar”, que são disponibilizadas pela
organização do evento. Isso se dá pelo fato de que as bancadas utilizadas nos
estúdios são pesadas e de difícil locomoção, gerando então a necessidade de uma
solução inteligente e focada nesta problemática.
Figura 1 - Mesa de plástico dividida por dois tatuadores na 2ª Expo Tattoo Maceió
Apesar de ser uma prática milenar, não é possível afirmar uma data inicial
para a prática da tatuagem. Há registros de seres humanos tatuados com mais de
5.000 anos. O mais antigo ser humano encontrado tatuado, Ötzi, é também
conhecido como Homem de Gelo. Seu corpo mumificado foi encontrado nos alpes
italianos em 1991, com mais de 50 desenhos espalhados pelo seu corpo. Segundo a
revista Mundo Estranho, publicada em 2014, página 31, os cientistas acreditam que
as tatuagens tinham efeito terapêutico, pois estavam localizadas em pontos de
acupuntura.
Depois de Ötzi, há relatos de outras múmias com tatuagens espalhadas na
região do ventre. Uma delas é a da princesa Amunet, que foi encontrada com
desenhos preservados em seu corpo. Estes traços, constituídos por linhas e pontos,
tinham formas elípticas, que estavam ligadas a ritos de fertilidade (LEITÃO &
ECKERT, 2004).
Durante meados do século XVIII, por meio do navegador James Cook,
houveram os primeiros relatos sobre a tatuagem. Em 1769, ao desembarcar no Taiti,
se deparou com polinésios e seus corpos tatuados chamaram sua atenção. Foi por
meio desse encontro que a palavra tattoo entrou para a língua inglesa. A construção
dessa palavra se deu através de uma modificação dos termos usados pelos
polinésios para se referir a esta arte. Os termos “tau” ou “tatau” significam “golpear,
bater” e representam o som emitido pelos instrumentos utilizados durante o processo
de tatuagem. Os instrumentos eram produzidos com ossos serrilhados para que
ficassem pontudos e penetrassem na pele, e neste material eram feitas batidas com
um pedaço de madeira (MARQUES, 1997).
Em 1775, ao voltar para a Europa, Cook traz consigo um homem polinésio
chamado Omai, que tinha o corpo coberto por tatuagens. Este fato marcou o
primeiro contato da tatuagem com o mundo ocidental na modernidade. A prática, até
então exótica para os europeus, se tornou um acessório para os aristocratas da
época, que marcavam seus corpos com figuras de dragões e brasões da nobreza
(LEITÃO & ECKERT, 2004).
A partir da revolução industrial, no fim do século XIX, a prática da tatuagem
tornou-se menos rústica. Quando antes eram feitas com ferramentas manuais, agora
o processo se tornava mais mecanizado, com a invenção da primeira máquina de
tatuagem, feita em 1981 por O’Reilly. Essa invenção tornou o processo da tatuagem
muito mais ágil e fez com que a prática se popularizasse muito rapidamente. Essas
mudanças, ao mesmo tempo que tornam a tatuagem mais acessível, também
“fornece material para a criação de uma onda da atração pelo exotismo exagerado”
(LEITÃO & ECKERT, 2004, p. 4).
Transformada em espetáculo, a tatuagem era exibida à população que via
nos corpos explorados figuras tidas como selvagens no imaginário ocidental. Ainda,
conforme apontado por Débora Leitão e Cornelia Eckert (2004, p. 5) eram atrações
em circos, parques de diversão e feiras. O tempo pode ter passado, entretanto os
reflexos de uma visão colonizadora continuam se perpetuando. Segundo as autoras,
“Nos 50 anos seguintes a tatuagem continuou a ser símbolo das classes marginais.
Marinheiros, prisioneiros e soldados de guerra voltavam para casa tatuados”
(LEITÃO & ECKERT, 2004, p. 5).
Já nos anos 60 e 70, a tatuagem estava inserida no mundo pop, hippie e na
cultura Rock’n’Roll. Porém continuava sendo marginalizada e de certa maneira
representava uma forma de protesto social (SCHIFFMACHER, 1996). A partir da
aparição de tatuagens em famosos da época, como músicos, atores e artistas,
passou a ter mais aceitação.
Atualmente, não é incomum ver tatuagens em pessoas de diferentes idades e
classes sociais. Isso demonstra uma possível mudança de pensamento e maior
aceitação. A profissão tatuador é reconhecida socialmente e esses profissionais
costumam trabalhar em estúdios de forma autônoma. Existem eventos e convenções
onde os tatuadores participam expondo seus trabalhos e competindo entre si. Outro
ponto interessante são os programas de TV e reality shows, que mostram o
cotidiano dos estúdios de tatuagem e promovem concursos entre os profissionais.
Além disso, esses programas também apresentam o lado da pessoa que será
tatuada, tendo em vista que muitas vezes a tatuagem não possui somente valor
estético, mas sim uma história a ser contada. As pessoas costumam obter tatuagens
com a finalidade de prestar homenagens ou marcarem eternamente suas memórias
na pele. Entretanto, nas últimas décadas a busca por tatuagens com motivação
estética tem ganhado espaço. Com isso é possível observar que a prática da
tatuagem vem passando por ressignificações importantes, que demonstram um novo
olhar sobre o ato de tatuar e ser tatuado.
4.1.1 TATUAGEM NO BRASIL
Uma abrangente e por isto mesmo muito útil descrição foi elaborada
pelo Internacional Design Center de Berlim em 1979 por ocasião de
uma de suas exposições:
- Bom design não se limita a uma técnica de empacotamento.
Ele precisa expressar as particularidades de cada produto por meio
de uma configuração própria.
- Ele deve tornar visível a função do produto, seu manejo, para
ensejar uma clara leitura do usuário.
- Bom design deve tornar transparente o estado mais atual do
desenvolvimento da técnica
- Ele não deve se ater apenas ao produto em si, mas deve
responder a questões do meio ambiente, da economia de energia, da
reutilização, de duração e de ergonomia.
- O bom design deve fazer da relação do homem e do objeto o
ponto de partida da configuração, especialmente nos aspectos da
medicina do trabalho e da percepção.
4.4 ERGONOMIA
Logo, tendo em vista a flexibilidade na definição das etapas, será utilizado o método
de Bruno Munari como base, adaptando suas etapas conforme surjam novas
necessidades no projeto. Desse modo, a metodologia servirá como diretriz para o
desenvolvimento do produto e se cumpram os objetivos propostos.
5 PLANEJAMENTO OPERACIONAL
1 1 Definir os limites x
Definição do em que o designer
Problema irá trabalhar.
(Briefing)
2 Decompor o x
Componentes do problema em
Problema partes e identificar
subproblemas.
2 3 Coletar dados do x
Coleta de dados público-alvo,
através de
pesquisa
qualitativa, para
entender outras
possíveis
demandas.
Realizar pesquisa
de produtos
similares.
4 Analisar os dados x
Análise dos dados obtidos do
público-alvo para
compreender as
demandas ao
enfrentarem o
problema.
Analisar as
qualidades e
defeitos dos
produtos
similares,
compreendendo o
que não se deve
fazer no projeto.
3 5 Interpretar os x
Criatividade dados analisados
em alternativas
para o produto.
Pretende-se
utilizar o
brainstorming,
para eliminação
dos bloqueios
mentais e a matriz
morfológica para a
geração de
diferentes
soluções para
cada requisito do
projeto.
Analisar e definir
as melhores
alternativas
através de uma
matriz de seleção.
4 6 Coletar x
Materiais e informações sobre
Tecnologias materiais e
tecnologias
disponíveis com a
empresa parceira.
7 Explorar e analisar x
Experimentação os materiais
disponíveis
aplicados nas
alternativas.
5 8 Apresentar o x
Modelo modelo através de
sketches e
desenvolver um
modelo físico em
escala reduzida.
9 Avaliar os x
Verificação modelos,
verificando
possíveis falhas
existentes no
projeto.
6 10 Criar um desenho x
Desenho de técnico,
construção apresentando
todas as medidas
e dimensões do
produto, para
possível
fabricação de um
modelo em
tamanho real.
11 Apresentação do x
Solução projeto de
pesquisa e
também do
modelo final 3D
renderizado e
ambientado.
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Bruno Munari, 1998
7 RESULTADOS ESPERADOS
O desenvolvimento deste produto visa contribuir para a área da tatuagem,
trazendo melhorias para os profissionais do ramo, através da criação de um produto
que armazene de forma segura os materiais utilizados pelo tatuador. Que seja
portátil e que ao mesmo tempo sirva como bancada de procedimento, suprindo a
necessidade da utilização de bancadas improvisadas durante viagens e
participações em convenções.
Este produto será concebido na forma de uma mala, a qual terá multifunções,
diferentes compartimentos e mecanismos. Através dos métodos absorvidos durante
o Curso de Design de Produto, espera-se gerar diferentes alternativas para o objeto,
apresentadas através de sketches, mostrando todas as funções do produto. Após
selecionada a melhor alternativa, o modelo final será produzido por meio de software
3D, com as medidas finais, aplicação dos materiais utilizados e vista de todas as
faces. Além disso, será apresentada uma renderização final do produto, com
ambientação para melhor compreensão do mesmo. Desse modo, em caso do
produto estiver em conformidade com os processos de fabricação da empresa e
estiver dentro dos custos, a empresa parceira se prontifica à fabricação de um
modelo físico do produto.
REFERÊNCIAS
ABRAHÃO, Júlia; SZNELWAR, Laerte; SILVINO, Alexandre; SARMET, Maurício;
PINHO, Diana. Introdução à ergonomia: da prática à teoria. São Paulo: Blucher,
2009. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=9xugDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA1&dq=ergonomia&ots=55128mICQh&si
g=Q_p6Tm_0LhFAe4V1gK1mn3O-nR4#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 14 jul.
2021.
MARQUES, Toni. O Brasil tatuado e outros mundos. Rio de Janeiro. Rocco. 1997.
MUNARI, Bruno. Das Coisas Nascem Coisas. 1ª ed. São Paulo: Martins Fontes,
1998.
Pabst, M. A., Letofsky-Papst, I., Bock, E., Moser,M., Dorfer, L.,. Egarter-Vigl, E., &
Hofer, F.(2009). The Tattoos of the Tyrolean Iceman: a light microscopical,
ultrastructural and element analytical study. Journal of Archaeological Science,
36(10), 2335-2341.