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Curso Técnico em Eletromecânica

Componentes Mecânicos
Armando de Queiroz Monteiro Neto
Presidente da Confederação Nacional da Indústria

José Manuel de Aguiar Martins


Diretor do Departamento Nacional do SENAI

Regina Maria de Fátima Torres


Diretora de Operações do Departamento Nacional do SENAI

Alcantaro Corrêa
Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

Sérgio Roberto Arruda


Diretor Regional do SENAI/SC

Antônio José Carradore


Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC

Marco Antônio Dociatti


Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC
Confederação Nacional das Indústrias
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Curso Técnico em Eletromecânica

Componentes Mecânicos

Fernando Carlos Dorte


Geovane Bitencourt
Jackson Fabiano Alexandre Wittaczik
Robson Albano Ferreira

Florianópolis/SC
2010
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio
consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa.

Equipe técnica que participou da elaboração desta obra

Coordenação de Educação a Distância Design educacional, Ilustração,


Beth Schirmer Projeto Gráfico Editorial, Diagramação
Equipe de Recursos Didáticos
Revisão Ortográfica e Normatização SENAI/SC em Florianópolis
FabriCO
Autores
Coordenação Projetos EaD Fernando Carlos Dorte
Maristela de Lourdes Alves Geovane Bitencourt
Jackson Fabiano Alexandre Wittaczik
Robson Albano Ferreira

Ficha catalográfica elaborada por Kátia Regina Bento dos Santos - CRB 14/693 - Biblioteca do SENAI/SC
Florianópolis.

C737
Componentes mecânicos / Fernando Carlos Dorte ... [et al.],
– Florianópolis : SENAI/SC, 2010.
100 p. : il. color ; 28 cm.

Inclui bibliografias.

1. Elementos de máquinas. 2. Resistência dos materiais. I. Dorte,


Fernando Carlos. II. Bitencourt, Geovane. III. Wittaczik, Jackson Fabiano
Alexandre. IV. Ferreira, Robson Albano. V. SENAI. Departamento Regional
de Santa Catarina.

CDU 621.7

SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC
CEP: 88034-001
Fone: (48) 0800 48 12 12
www.sc.senai.br
Prefácio
Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado.
Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta-
das e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina.

No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as


necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas
teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação
por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, de-
senvolver habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho.

Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe
de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu
futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em
oferecer um modelo de educação atual e de qualidade.

Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de


ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movi-
mento promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos
de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as neces-
sidades do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional,
oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Edu-
cação por Competências, em todos os seus cursos.

É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos.
Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções
colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam
com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima-
ções, tornando a aula mais interativa e atraente.

Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte


deste universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria
do Conhecimento.
Sumário
Conteúdo Formativo 9 72 Unidade de estudo 3
Dimensionamento
Apresentação 11 de Elementos de
Máquinas

12 Unidade de estudo 1
73 Seção 1 - Grandezas físicas e
Elementos de unidades de medida
Fixação 74 Seção 2 - Resistência dos
materiais em elementos de
máquinas
13 Seção 1 - Uniões e rebites
80 Seção 3 - Dimensionamento
17 Seção 2 - Parafusos, porcas e de parafusos
arruelas
83 Seção 4 - Dimensionamento
26 Seção 3 - Pinos e contrapinos de elementos de transmis-
30 Seção 4 - Anéis elásticos são

31 Seção 5 - Chavetas
34 Seção 6 - Cabos de aço
Finalizando 89
37 Seção 7 - Molas

Referências 91
42 Unidade de estudo 2
Elementos de
Transmissão e Anexos 93
Vedação

43 Seção 1 - Eixos e árvores


44 Seção 2 - Mancais
52 Seção 3 - Polias e correias
56 Seção 4 - Engrenagens
61 Seção 5 - Correntes
63 Seção 6 - Acoplamentos
67 Seção 7 - Vedação
8 CURSOS TÉCNICOS SENAI
Conteúdo Formativo
Carga horária

60 horas

Competências

Dimensionar e selecionar componentes mecânicos para a fabricação, montagem e


manutenção de máquinas e equipamentos eletromecânicos.

Conhecimentos

▪▪ Normas técnicas aplicáveis a componentes mecânicos;


▪▪ Dimensionamento e seleção de elementos de fixação, de transmissão, de vedação e
de apoio;
▪▪ Grandezas físicas, unidades de medida e solicitações mecânicas (tração, compressão,
cisalhamento, flexão, torção, flambagem e compostas);
▪▪ Catálogos técnicos.

Habilidades

▪▪ Interpretar e aplicar normas técnicas, regulamentadoras e preservação ambiental;


▪▪ Interpretar desenhos técnicos;
▪▪ Interpretar catálogos, manuais e tabelas técnicas;
▪▪ Identificar os elementos de máquinas;
▪▪ Utilizar técnicas da matemática aplicada;
▪▪ Aplicar técnicas de custo x benefício;
▪▪ Identificar, selecionar e aplicar critérios de controle de qualidade.

Atitudes

▪▪ Zelo no manuseio dos equipamentos e instrumentos de medição;


▪▪ Cuidados no manuseio de componentes e equipamentos eletromecânicos;
▪▪ Proatividade;
▪▪ Trabalho em equipe;
▪▪ Organização e conservação do laboratório e equipamentos.

Componentes Mecânicos 9
Apresentação
No mundo em que vivemos atual- Fernando Carlos Dorte, Geovane Bitencourt, Jackson Fabiano Alexan-
mente, sabemos que é fundamen- dre Wittaczik e Robson Albano Ferreira.
tal o desenvolvimento pessoal
e profissional. A sociedade e os Fernando Carlos Dorte
organismos de trabalho almejam Nascido em 29 de julho de 1965, Graduação em Tecnologia Mecânica;
não somente indivíduos capacita- CEFET/UNERJ – Jaraguá do Sul (1997) e Graduação Pedagógica para atu-
dos, mas profissionais, acima de ar em Cursos Técnicos; UNISUL – Palhoça/SC e Pós Graduado em Gestão
Industrial, UNERJ (2007).
tudo, éticos e com atitudes proati-
Desenvolvimento profissional nas Áreas de Engenharia Industrial de di-
vas, em busca de desenvolvimen-
versas empresas atuando como analista de processos e desenvolvendo
to e crescimentos contínuos. atividades que objetivam a redução dos custos industriais, a melhoria
Você está convidado a iniciar uma da qualidade do produto, os processos e também as condições de tra-
nova etapa no desenvolvimento balho (ergonomia).
de sua formação, por meio do Atualmente atua como Especialista de Ensino na instituição SENAI –
maior aprofundamento de seus Unidade de Jaraguá do Sul/SC, no núcleo Metal Mecânico, onde mi-
conhecimentos, utilizando-se de nistra, além de disciplinas nas áreas exatas, disciplinas relacionadas às
áreas de gestão e humanas.
uma abordagem integrada entre
assuntos tratados nessa disciplina Geovane Bitencourt
e suas aplicações práticas.
Nascido em 10 de junho de 1973, Graduado em Engenharia Mecânica;
Nesse livro, iremos conhecer e UDESC – Joinville/SC (2001). Cursando Pós-Graduação: Especialização
estudar os diversos componen- em Engenharia de Manutenção Industrial – SENAI – Jaraguá do Sul/SC
tes que, em conjunto, formam os (Conclusão: 2010).
equipamentos aplicados às indús- Desenvolvimento de ferramentas para o SolidWorks, para realização
trias modernas, desde os elemen- de tarefas específicas aos clientes, tais como: integração em sistemas
tos mais simples, bem como, os de gerenciamento e novas ferramentas para o software. Aulas de So-
elementos mais complexos. Ve- lidWorks abrangendo todo o software, curso básico, avançado e PDM
(gerenciamento de projetos). Atua nas disciplinas de SolidWorks, Infor-
remos que cada componente têm
mática Básica, Desenho Técnico, Tecnologia Mecânica; no SENAI/Jara-
suas funções fundamentais que, guá do Sul/SC.
aliado e conjugado a outro irá
compor e formar todos os equi- Jackson Fabiano Alexandre Wittaczik
pamentos e acessórios utilizados Nascido em 26 de novembro de 1971, Graduado em Engenharia Me-
nos processos produtivos. cânica pela UDESC – Joinville em 1995 e Mestrado em Engenharia de
Vamos aprofundar os conheci- Produção pela UFSC-UNERJ em 2004. Experiência Profissional na área
mentos técnicos desses elemen- Metal Mecânica, em Desenvolvimento de Produtos e Engenharia de
tos, desde suas funções básicas e processos, Projetos mecânicos, Controle de Qualidade e Sistema de
Gestão.
características, até as aplicações
Atualmente atua como Especialista de Ensino na instituição SENAI –
mais complexas, onde poderemos
Unidade de Jaraguá do Sul/SC, no núcleo Metal Mecânico, onde minis-
verificar suas medidas padroni- tra disciplinas nas áreas exatas.
zadas, até dimensioná-los para
aplicações específicas através de Robson Albano Ferreira
cálculos de resistência. Nascido em 25 de junho de 1971, Graduado em Bacharelado em Enge-
nharia mecânica pela UDESC – Joinville em 2000 e Pós Graduando em
Engenharia de Segurança do Trabalho, também pela UDESC em Joinville
em 2007. Experiência Profissional na área Metal Mecânica, em Enge-
nharia de Processos, Desenvolvimento de Produtos, Projetos Mecâni-
cos, Metrologia, Melhoria Contínua, Controle da Qualidade, Controle
Estatístico de Processo ( CEP ), Sistemas de Gestão e Ferramentas Es-
tatísticas.

Componentes Mecânicos 11
Unidade de
estudo 1
Seções de estudo

Seção 1 – Uniões e rebites


Seção 2 – Parafusos, porcas e arruelas
Seção 3 – Pinos e contrapinos
Seção 4 – Anéis elásticos
Seção 5 – Chavetas
Seção 6 – Cabos de aço
Seção 7 – Molas
Elementos de Fixação

Na primeira unidade deste livro, Permanente: é um tipo de união Ex.: Reservatórios, caldeiras, máqui-
você estudará os elementos de feita para que, uma vez montada a nas, navios, aviões, veículos e treliças.
fixação que possuem a função peça, não seja mais possível a sua
de unir peças para a formação de desmontagem, sem causar danos
uma máquina. Visando melhorar às partes unidas. Incluem nessa
sua compreensão, esta unidade união: rebites e partes unidas pelo
encontra-se dividida nas seguintes processo de soldagem.
seções de estudos:

Seção 1
Uniões e rebites
Figura 3: União rebitada.
Os elementos de fixação são des- Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 16).
tinados a unir peças que, em con-
junto com os elementos de trans- A fabricação de rebites é padro-
missão, formarão as máquinas e nizada, ou seja, segue normas téc-
equipamentos aplicados aos mais Figura 2: União por rebite e solda. nicas que indicam medidas da ca-
variados campos de nossa socie- Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 11). beça, do corpo e do comprimento
dade atual. Em nosso caso mais útil dos mesmos.
específico, aos envolvidos no Rebites: são peças fabricadas No quadro a seguir, apresentamos
ramo industrial. em aço, alumínio, cobre ou latão. as proporções padronizadas para
Unem rigidamente peças ou cha- os rebites. Os valores que apare-
pas, principalmente, em estrutu- cem nas ilustrações são constan-
Tipos de União
ras metálicas. tes, ou seja, nunca mudam.
Móvel: Os elementos permitem
a montagem e desmontagem da
peça, sem danos.
É o caso do parafuso e porca, pi- Cabeça redonda larga
nos, contrapinos, anéis elásticos
etc.
Cabeça redonda estreita

Cabeça escareada chata longa

Cabeça escareada chata estreita

Figura 1 - União por parafuso, porca e arruela.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 11).

Componentes Mecânicos 13
Os rebites de repuxo podem ser
fabricados com os seguintes ma-
Cabeça escareada com calota teriais metálicos: alumínio, aço-
carbono; aço inoxidável, cobre e
monel (liga de níquel e cobre).
Cabeça tipo panela
Rebites de alojamento
Cabeça cilíndrica Também chamados de porca rebi-
te ou rebite especial.
Quadro 1: Tipos de rebite.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 18).

Exemplo:
O que significa 2 x d para um re- O rebite de repuxo consis-
bite de cabeça redonda larga? te em um rebite de forma
tubular com cabeça, onde
Significa que o diâmetro da cabe- é inserido um arame com
ça desse rebite é duas vezes o di- cabeça metálica. O proces-
âmetro do seu corpo. Se o rebite so de rebitagem é realizado
tiver um corpo com diâmetro de puxando-se o arame me-
5 mm, o diâmetro de sua cabeça tálico com uma ferramen-
será igual a 10 mm, pois 2 x 5 mm ta tipo alicate especial. O
= 10 mm. rebite então é amassado,
formando a cabeça do lado
oposto, até que o arame se
Rebites Especiais rompe separando-se.

Existem também rebites com no-


mes especiais: explosivo, pop, de
tubo, de alojamento etc. Na “Figura 04” mostramos a
nomenclatura de um rebite de re-
puxo.
Rebite Explosivo
Contém uma pequena cavidade
cheia de carga explosiva. Ao se
aplicar um dispositivo elétrico na
cavidade, ela explode, formando
sua cabeça e fixando, assim, as
partes a serem unidas.

Rebite de repuxo
Conhecido por “rebite pop”. É
um elemento especial de união,
D = Aba abaulada
empregado para fixar peças com K = Aba escareada
rapidez, economia e simplicidade. Ø = Diâmetro do rebite
Muito utilizado em esquadrias de H = Diâmetro da aba
alumínio. H = Altura da aba
f = Altura da aba escareada
L = Comprimento do rebite

Figura 4: Rebite de repuxo.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20).

14 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 5: Rebite de alojamento.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20).

Figura 6: Rebites especiais.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20).

Especificação de rebites Exemplo: Especificação do rebite


Para determinar e adquirir os re- ▪▪ Material do rebite: aço ABNT O pedido é feito conforme o exemplo:
bites adequados ao seu trabalho é 1006 - 1010; ▪▪ Rebite de alumínio com cabeça
necessário que você conheça suas chata, 3/32” x 1/2”.
especificações, ou seja: ▪▪ Tipo de cabeça: redonda;
A “Figura 7” mostra o acréscimo
▪▪ De que material é feito; ▪▪ Diâmetro do corpo:6,35 mm(¼”); de material (z) necessário para se
▪▪ Comprimento útil: formar a segunda cabeça do rebite
▪▪ O tipo de sua cabeça; em função dos formatos da cabe-
19,05mm(¾”).
▪▪ O diâmetro do seu corpo (d); Obs.: Muitos rebites são especifi- ça, do comprimento útil (L) e do
cados em polegada fracionária. diâmetro do rebite (d).
▪▪ O seu comprimento útil(L).

Figura 7: Dimensão de um rebite (z).


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 21).

Componentes Mecânicos 15
Cálculos para o proces- Cálculo do comprimento útil Rebites de cabeça escareada:
so de rebitagem do rebite (L):
O comprimento útil do rebite de- L = d + St
Para rebitar, é preciso escolher Onde:
pende do formato de sua cabeça e
o rebite adequado em função da L = comprimento útil do rebite;
pode ser calculado pelas fórmulas
espessura das chapas a serem fi- d = diâmetro do rebite;
a seguir.
xadas, do diâmetro do furo, e do St = soma das espessuras das
comprimento excedente do rebi- chapas a serem unidas.
te, que vai formar a segunda ca- Rebites de cabeça redonda e
beça. cilíndrica:
Veja, a seguir, como fazer esses
cálculos. L = 1,5 x d + St
Onde:
L = comprimento útil do rebite;
Cálculo do diâmetro do d = diâmetro do rebite;
St = soma das espessuras das
rebite (d): chapas a serem unidas.
A escolha do rebite é feita de Figura 9: Cabeça escareada.
acordo com a espessura das cha- Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 32).
pas que se quer rebitar. A práti- A “Figura 8” ilustra cada uma
ca recomenda que se considere a dessas características.
chapa de menor espessura e mul- As juntas rebitadas podem ser
tiplique esse valor por 1,5; segun- feitas com sobreposição das
do a fórmula: duas chapas, ou através da uti-
lização de uma ou duas chapas
de recobrimento, chamados de
d = 1,5 x Sm
recobrimento simples e duplo,
respectivamente.
Onde:
d = diâmetro do rebite;
Sm = chapa com menor espes-
sura da união; As distâncias mínimas entre rebi-
1,5 = constante da fórmula ou Figura 8: Cabeça redonda e cilíndrica. tes podem ser feitas utilizando as
valor predeterminado. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 32). recomendações de projeto de jun-
tas, que também podem ser para-
fusadas. São elas:

Cálculo do diâmetro do furo


(df):
O diâmetro do furo pode ser cal-
culado multiplicando-se o diâme-
tro do rebite pela constante 1,06
(6% do diâmetro do rebite).
Matematicamente, pode-se escre-
ver:

df = d x 1,06

Onde:
df = diâmetro do furo; Figura 10: Distanciamento entre rebites (dimensões).
d = diâmetro do rebite;
1,06 = constante ou valor prede-
terminado.

16 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Exemplo:
Projetar uma junta rebitada tipo sobreposta para duas chapas de aço;
uma com espessura de 5mm e outra com espessura de 4mm, com 4
rebites de aço tipo cabeça redonda larga.

Figura 11: Junta rebitada (exemplo “1”).

Seção 2
Parafusos, porcas e arruelas
Para o diâmetro do rebite “d”, te- Parafusos, porcas e arruelas são peças metálicas de elevada aplicação na
mos: união e fixação dos mais diversos elementos de máquina.
Sua elevada importância exige uma especificação adequada e engloba
d = 1,5 · Sm os mesmos itens cobertos pelo projeto de um elemento de máquina, ou
d = 1,5 · 4 ∴ d = 6,0 mm seja, especificação do material, tratamento térmico, dimensionamento,
tolerâncias, afastamentos e acabamento.
Para o diâmetro do furo “df ”, te-
mos: Parafusos
Parafusos são elementos de fixação, empregados na união não perma-
df = d · 1,06
df = 6 · 1,06 ∴ df = 6,36 mm nente de peças, isto é, as peças podem ser montadas e desmontadas
facilmente, bastando apertar e desapertar os parafusos que as mantêm
unidas. Os parafusos se diferenciam pela forma da rosca, da cabeça, da
Para o comprimento do rebite L,
haste e do tipo de acionamento.
temos:
O parafuso é formado por um corpo cilíndrico roscado e por uma cabe-
ça que pode ser hexagonal, sextavada, quadrada ou redonda.
L= 1,5 . d + St
L= 1,5 . 6 + ( 5+4)
L = 18 mm

Especificação: 4 rebites de aço


ABNT 1008, cabeça redonda lar-
ga, 6 x 18mm.

Na próxima seção, você conhece-


rá o formato, aplicações e diver-
sos tipos de parafusos, porcas e
arruelas. Figura 12: Partes de um parafuso.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 51).

Componentes Mecânicos 17
Roscas
Rosca é um conjunto de filetes que se desenvolvem em torno de uma
superfície cilíndrica interna ou externa.

Figura 13: Filete de rosca.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 43).

As roscas permitem:
▪▪ A união e desmontagem de peças.
▪▪ O movimento de peças, transformando movimento rotativo em line-
ar e/ou associado com fixação.
Ex.: O parafuso que movimenta a mandíbula móvel da morsa.

Figura 14: Conjunto parafusado.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44).

Figura 15: Morsa (movimento por rosca).


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44).

18 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Os filetes das roscas apresentam vários perfis. Estes, sempre uniformes, Sentido de direção da rosca
dão nome às roscas e condicionam sua aplicação.
Dependendo da inclinação dos
Abaixo temos uma tabela citando os distintos tipos de roscas e suas filetes em relação ao eixo do para-
aplicações. fuso, as roscas ainda podem ser à
direita ou à esquerda.
Tipos de Roscas (Perfis)
Aplicação Na rosca direita, o filete sobe da
Tipos de Filete direita para a esquerda, enquanto
Parafusos e porcas de fixação na que, na rosca esquerda, o filete
união de peças. sobe da esquerda para a direita -
Ex: Fixação da roda do carro . “Figura 16”.
Parafusos que transmitem movi-
mento suave e uniforme.
Ex: Fusos de máquinas.
Parafusos de grandes diâmetros
sujeitos a grandes esforços.
Ex: Equipamentos ferroviários.
Parafusos que sofrem grandes
esforços e choques.
Figura 16: Rosca direita.
Ex: Prensas e morsas. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 45).
Parafusos que exercem grande
esforço num só sentido.
Ex: Macacos de catraca.
Nomenclatura da rosca
Independente da sua aplicação, as
Quadro 2 – Tipos de rosca.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44). roscas têm os mesmos elementos,
variando apenas os formatos e di-
mensões.

P = passo (mm) d1 = diâmetro interno a = ângulo do filete


i = ângulo da hélice D = diâmetro do fundo da porca h1 = altura do filete da porca
d = diâmetro externo d2 = diâmetro do flanco f = fundo do filete
c = crista D1 = diâmetro do furo da porca h = altura do filete do parafuso

Figura 17: Nomenclatura para rosca.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 45).

Componentes Mecânicos 19
Classificação das roscas ▪▪ Diâmetro menor da porca
(furo): D1 = d - 1,0825 . P;
As roscas triangulares classificam-se, segundo o seu perfil, em três tipos:
▪▪ Diâmetro efetivo da porca
▪▪ Rosca Métrica (médio): D2 = d2;
▪▪ Rosca Polegada Whitworth ▪▪ Altura do filete do parafuso: he
= 0,61343 . P;
▪▪ Rosca Polegada Unificada
▪▪ Raio de arredondamento da
raiz do filete do parafuso: rre =
Rosca métrica (tabela técnica 13 e 14, anexo) 0,14434 . P;
A rosca métrica ISO normal e fina são normatizadas pela norma NBR ▪▪ Raio de arredondamento da
9527 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). raiz do filete da porca: rri = 0,063
As roscas normais, também chamadas de série grossa, são as mais utili- .P;
zadas. A rosca métrica fina possui um passo da rosca menor e propor-
ciona uma melhor fixação, evitando que o parafuso se afrouxe com fa-
cilidade. Por isso, é muito utilizada em veículos (especialmente em casos Rosca Polegada Whitworth
onde há a incidência de vibração excessiva). No sistema whitworth, as medi-
das são dadas em polegadas. Nes-
se sistema, o filete tem a forma
triangular, ângulo de 55º, crista e
raiz arredondadas.
O passo é determinado pelo nú-
mero de filetes contidos em uma
polegada.
Ex: Passo =12 fios/ polegada
No sistema whitworth, a rosca
normal é caracterizada pela sigla
BSW (British Standard Whitwor-
th - padrão britânico para roscas
normais). Para a rosca fina, carac-
teriza-se pela sigla BSF (British
Standard Fine – padrão britânico
para roscas finas).
Figura 18: Rosca métrica.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 46).

As principais medidas da rosca do parafuso e da porca podem ser calcu-


ladas pelo seguinte formulário:

▪▪ Ângulo do perfil da rosca: α = 60º;


▪▪ Diâmetro menor do parafuso (núcleo): d1 = d - 1,2268 . P;
▪▪ Diâmetro efetivo do parafuso (médio): d2 = D2 = d - 0,6495 . P;
▪▪ Folga entre raiz do filete da porca e crista do filete do parafuso: f =
0,045 . P; Figura 19: Rosca Whitworth.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 67).
▪▪ Diâmetro maior da porca: D = d + 2 . f ;

20 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Rosca Polegada Padrão UNS Parafusos passantes
(Unified National Standard): Estes parafusos atravessam a peça de lado a lado e utilizam arruela e porca.
Este sistema padronizou e unifi-
cou as roscas na Inglaterra, Esta-
dos Unidos e Canadá. As medidas
são expressas em polegadas. O
filete tem a forma Triangular, ân-
gulo de 60°, crista plana e raiz ar-
redondada. Nesse sistema, como
no whitworth, o passo também é
determinado pelo número de file- Figura 21: Parafusos passantes.
tes por polegada. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 52).
A rosca normal é caracterizada
pela sigla UNC, e a rosca fina pela
sigla UNF. Parafusos não passantes
São parafusos que não utilizam porcas. O papel de porca é de-
sempenhado pelo furo roscado, feito numa das peças a ser unida.

Figura 20: Rosca UNS.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 45).

DICA Figura 22: Parafusos não passantes.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 53).
Ex: Rosca UNC 1 x 20 UNC
4 As dimensões dos furos broqueados e da rosca para parafusos não pas-
(rosca normal, com diâme- santes podem ser realizadas conforme a tabela a seguir:
"
tro 1 , e 20 fios por pole-
4
gada).

Classificação dos para-


fusos quanto à função
Os parafusos podem ser classi- Figura 23: Furação para parafusos não passantes.
ficados quanto a sua função em Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 56).
quatro grandes grupos:

Componentes Mecânicos 21
Para uma rosca de diâmetro igual a d:

Profundidade do Profundidade da Comprimento do Diâmetro do furo


Material
furo A rosca B parafusado passante sem rosca

Aço 2xd 1,5 x d 1xd


Ferro Fundido 2,5 x d 2xd 1,5 x d
1,06 x d
Alumínio 3xd 2,5 x d 2xd
Bronze, Latão 3xd 2xd 1,5 x d
Tabela 1: Formulário – furos roscados.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 56).

Parafusos de pressão:
Esses parafusos são fixados por
meio de pressão exercida pelas
pontas dos parafusos contra a
peça a ser fixada. Os parafusos de Figura 25: Parafuso prisioneiro – adaptado.
pressão podem apresentar cabeça Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 55).
ou não.

Figura 24: Parafusos de pressão.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 53). Figura 26: Desenho da fixação.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 53).

Parafusos prisioneiros Tipos de Parafusos


São parafusos sem cabeça com Os tipos de parafusos variam conforme as características da cabeça, do
rosca em ambas as extremida- corpo e do tipo de atarraxamento. Segue tabela com os principais tipos
des, sendo recomendados nas de parafusos.
situações que exigem montagens
e desmontagens frequentes. Em
tais situações, o uso de outros ti-
pos de parafusos acaba danifican-
do a rosca dos furos. As roscas
dos parafusos prisioneiros podem
ter passos diferentes ou sentidos
opostos, isto é, um horário e o ou-
tro anti-horário.

22 CURSOS TÉCNICOS SENAI


TIPOS DE PARAFUSOS

Cabeça cilíndrica com fenda. Cabeça redonda com fenda.

Cabeça cilíndrica abaulada com fenda. Cabeça escareda com fenda.

Parafuso sem cabeça com fenda.


Cabeça escareada abaulada com fenda.

Parafuso sem cabeça com rosca total e


Parafuso para madeira de cabeça escareada
fenda.
com fenda.

Parafuso sextavado. Parafuso sextavado com rosca total.

Parafuso autoatarraxante de cabeça sex-


Parafuso sextavado com porca tavada.

Parafuso tipo prego de cabeça escareada.


Parafuso de cabeça quadrada.

Prisioneiro
Parafuso de borboleta.

Parafuso de cabeça cilíndrica com sextavado


Parafuso de cabeça recartilhada
interno.
Tabela 2: Tipos de parafusos.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 55).

Componentes Mecânicos 23
Porca Rosca com perfil trapezoidal:
Usada nos órgãos de comandos
Porca é uma peça de forma prismática ou cilíndrica, geralmente metáli- de máquinas operatrizes para
ca, com um furo roscado, no qual se encaixa um parafuso, ou uma barra transmissão de movimento suave
roscada. Em conjunto com um parafuso, a porca é um acessório ampla- e uniforme, nos fusos e nas pren-
mente utilizado na união de peças. sas de estampar.
A parte externa tem vários formatos para atender a diversos tipos de
aplicação. Assim existem porcas que servem tanto como elementos de Rosca com perfil redondo:
fixação como de transmissão. Usada quando o diâmetro do pa-
rafuso é extenso e deve suportar
grandes esforços.

Rosca com perfil dente de ser-


ra:
Usada para transmitir esforço em
um único sentido, como no caso
dos macacos.

Tipos de porca
Para aperto manual, são mais usa-
dos os tipos de porca borboleta,
recartilhada alta e recartilhada bai-
xa.

Figura 27: Porca. Arruelas


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 75).
A maioria dos conjuntos mecâni-
cos apresenta elementos de fixa-
ção. Onde quer que se usem esses
Material de fabricação elementos, seja em máquinas ou
As porcas são fabricadas em diversos materiais: aço, bronze, latão, alu- em veículos automotivos, existe o
mínio e plástico. perigo de se produzir, em virtude
Há casos especiais em que as porcas recebem banhos de galvanização, das vibrações, um afrouxamento
zincagem e bicromatização para protegê-las contra oxidação (ferrugem). imprevisto no aperto do parafu-
so. Para evitar esse inconveniente,
utilizamos um elemento de má-
Tipos de rosca quina chamado arruela.
As arruelas também são aplicadas
O perfil da rosca varia de acordo com o tipo de aplicação que se deseja.
como elemento de proteção para
Porcas usadas para fixação geralmente têm roscas com perfil triangular. as partes a serem unidas.
Porcas para transmissão de movimentos têm roscas com perfis quadra-
dos, trapezoidais, redondos e dente de serra, cujas aplicações listamos a
seguir:

Rosca com perfil quadrado:


Atualmente em desuso, porém é recomendada para transmitir grandes
esforços e também onde há possibilidade de choques. Exemplo: morsas.

Figura 28: Fixação com arruela.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 81).

24 CURSOS TÉCNICOS SENAI


As arruelas têm a função de distri-
buir igualmente a força de aperto
entre a porca, o parafuso e as par-
tes montadas; também funcionam
como elementos de trava.
Os materiais mais utilizados na
fabricação das arruelas são: aço-
carbono, cobre e latão.
Figura 29: Arruela lisa.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 82).
Tipos de arruela
Existem vários tipos: lisa, de pres- Arruela de pressão:
são, dentada, serrilhada, ondula- A arruela de pressão é utilizada na montagem de conjuntos mecânicos,
da, de travamento com orelha e submetidos há grandes esforços e grandes vibrações. Ela também fun-
arruela para perfilados. Uma para ciona como elemento de trava, evitando o afrouxamento do parafuso
cada tipo de trabalho. e da porca. É, ainda, muito empregada em equipamentos que sofrem
variação de temperatura (automóveis, prensasetc.).
Arruela lisa:
Além de distribuir igualmente o
aperto, a arruela lisa também tem
a função de melhorar os aspectos
do conjunto. A arruela lisa, por
não ter elemento de trava, é utili-
zada em órgãos de máquinas que
sofrem pequenas vibrações.
Figura 30: Arruela de pressão.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 82).

Existem outros tipos de arruelas, menos utilizados:

Figura 31: Tipos de arruela.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 84).

Componentes Mecânicos 25
Seção 3
Pinos e contrapinos
Nesta seção, você verá o elemento
de fixação que permite uma união
mecânica: o pino e as vantagens
de sua aplicação. Também estu-
dará os contrapinos, cuja função
principal é travar outros elemen-
tos de máquinas, como porcas.
Figura 32 - Pino e Contrapino
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 82).
Os pinos e cavilhas têm a finali-
dade de alinhar ou fixar os ele-
mentos de máquinas, permitin-
A cavilha também é chamada: pino estriado, pino entalhado, pino ranhu-
do uniões mecânicas, ou seja, rado ou rebite entalhado.
uniões em que se juntam duas A diferenciação entre pinos e cavilhas leva em conta o formato dos ele-
ou mais peças, estabelecendo, mentos e suas aplicações.
assim, conexão entre elas.
Por exemplo, pinos são usados para junções de peças que se articulam
entre si e cavilhas são utilizadas em conjuntos sem articulações, indican-
do pinos com entalhes externos na sua superfície. Esses entalhes é que
fazem com que o conjunto não se movimente.
A forma e o comprimento dos entalhes determinam os tipos de cavilha.
Pinos e cavilhas se diferenciam pelos seguintes fatores:
▪▪ Utilização;
▪▪ Forma;
▪▪ Tolerâncias de medidas;
▪▪ Acabamento superficial;
▪▪ Material;
▪▪ Tratamento térmico.

Pinos
Os pinos são aplicados em junções resistentes a vibrações. Há vários
tipos de pino, segundo sua função.

26 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 33: Tipos de Pino.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 39).

O “Quadro 3” relaciona os tipos de pinos com suas respectivas funções:


Tipo Função
Pino cônico Serve para centragem.
A ação de retirada do pino de furos cegos é facilitada por um simples
Pino cônico com haste roscada
aperto da porca.
Requer um furo com tolerâncias rigorosas e é usado quando se aplica
Pino cilíndrico
esforço cortante.
Apresenta alta resistência ao corte e pode ser assentado em furos cuja
Pino elástico ou pino tubular partido
variação de diâmetros é considerável.
Serve para alinhar elementos de máquinas. A distância entre pinos re-
Pino de guia
quer cálculo preciso para evitar ruptura.
Quadro 3: Classificação de pinos e funções.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 40).

Exemplo de aplicação de pino:

Figura 34: Exemplo de aplicação de pino.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 40).

Componentes Mecânicos 27
Para especificar pinos e cavilhas deve-se levar em conta o diâmetro no-
minal, o comprimento e função (indicada pela respectiva norma):

DICA
Exemplo: Pino cônico 10 x 60 DIN 1.

Cavilha (pino ranhurado)


A cavilha é uma peça cilíndrica, fabricada em aço, cuja superfície externa
recebe três entalhes que formam ressaltos. A forma e o comprimento
dos entalhes determinam os tipos de cavilha.

Vantagem da cavilha: permite fixação diretamente no furo aberto por


broca, dispensando-se o acabamento e a precisão do furo alargado.

Figura 35: Exemplo de aplicação da cavilha.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 40).

Classificação das cavilhas:

Figura 36: Classificação das cavilhas.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41).

28 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Classificação segundo tipos, normas e utilização:
TIPO NORMA UTILIZAÇÃO
KS 1 DIN 1471 Fixação de junção.
KS 2 DIN 1472 Ajustagem e articulação.
Fixação e junção em casos de aplicação de forças variáveis e simétricas.
KS 3 DIN 1473
Bordas de peças de ferro fundido.
KS 4 DIN 1474 Encosto de ajustagem.
KS 6 e 7 - Ajustagem e fixação de molas e correntes.
KS 9 - Utilizado nos casos em que se tem necessidade de puxar a cavilha do furo.
KS 10 - Fixação bilateral de molas de tração ou de eixos de roletes.
KS 8 DIN 1475 Articulação de peças.
KS 11 e 12 - Fixação de eixos de roletes e manivelas.
KN 4 DIN 1476
Fixação de blindagens, chapas e dobradiças sobre metal.
KN 5 DIN 1477
KN 7 - Eixo de articulação de barras de estruturas, tramelas, ganchos, roletes e polias.
Tabela 3: Classificação de cavilhas e funções.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41).

Contrapino ou cupilha
Contrapino é um arame de secção semicircular, dobrado de modo a for- Nesta seção, como continuação
mar um corpo cilíndrico e uma cabeça. de seus estudos, você irá conhecer
algumas características dos anéis
elásticos.

Figura 37: Contrapino ou cupilha.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41).

Sua função principal é travar outros elementos de máquinas, como porcas.

Figura 38: Exemplo de aplicação do contrapino.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41).

Componentes Mecânicos 29
Seção 4 Alguns tipos de anéis
Anéis elásticos Anel elástico para eixos tipo “Dae” (tabela técnica 15, anexo): São
aplicados em eixos com diâmetro de 4mm a 1000mm e são padroniza-
O anel elástico, também conheci- dos pela norma DIN 471.
do como anel de retenção, é um
elemento utilizado em eixos e fu-
ros, tendo como principais fun-
ções:
▪▪ Evitar o deslocamento axial de
peças ou componentes;
▪▪ Posicionar ou limitar o curso
de uma peça ou conjunto desli-
zante sobre o eixo;
▪▪ Fixar engrenagens, rodas, po-
lias e rolamentos, evitando o des-
locamento axial sob o eixo.
Deslocamento axial é o desloca-
mento no sentido longitudinal (do
comprimento) do eixo.
Figura 40: Dimensionamento “n” (anel elástico tipo Dae).
Os anéis são fabricados em aço-
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 87).
mola e tem a forma de um anel
incompleto, que se aloja em um
canal circular construído confor- Anel elástico para furos tipo “Daí” (tabela técnica 16): São aplica-
me normalização. dos para furos com diâmetro entre 9,5 e 1000 mm, e são padronizados
pela norma DIN 472.
As grandes vantagens no uso dos
anéis são a simplicidade, o custo
reduzido, e a facilidade de monta-
gem e desmontagem.
Na “Figura 39”, apresentamos
alguns tipos de anéis e respectivas
aplicações.

Figura 39: Exemplo de aplicação de Figura 41: Dimensionamento “n” (anel elástico tipo Dai).
anel elástico. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 82).
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 86).
Anel elástico Tipo RS: Trabalham em eixos de diâmetro entre 8 a 24
mm, conforme norma DIN 6799.
O canal de alojamento do eixo e do furo deverá ser feito conforme me-
didas tabeladas (tabela técnica 13/14).

30 CURSOS TÉCNICOS SENAI


▪▪ Utilizar ferramentas adequadas
para evitar que o anel fique torto
ou receba esforços exagerados.
▪▪ Nunca substituir um anel nor-
malizado por um “equivalente”,
feito de chapa ou arame sem cri-
térios.
▪▪ Para que esses anéis não sejam
montados de forma incorreta, é
necessário o uso de ferramentas
adequadas, no caso, alicates.

Figura 42: Anel elástico tipo RS.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 87.)
Seção 5
O tipo de anel utilizado é definido ▪▪ A igualdade de pressão em vol- Chavetas
pelo diâmetro do eixo, ou do furo. ta da canaleta assegura aderência e
resistência. Ainda estudando os elementos de
Exemplos: fixação, você verá, nessa 5ª seção,
▪▪ O anel nunca deve estar solto, as chavetas, que têm por finalida-
mas alojado no fundo da canaleta, de ligar dois elementos mecâni-
1. Especificar um anel para ser
com certa pressão. cos.
utilizado em um eixo de diâ-
metro 30 mm. ▪▪ A superfície do anel deve estar A chaveta é um elemento de fixa-
livre de rebarbas, fissuras e oxida- ção mecânico fabricado em aço.
Resp.: O anel utilizado será o ções. Sua forma, em geral, é retangular
tipo DAe 30 (conforme tabe- ▪▪ Em aplicações sujeitas à corro- ou semicircular. Ela se interpõe
la técnica 13). são, os anéis devem receber trata- numa cavidade de um eixo e de
mento anticorrosivo adequado. uma peça e tem por finalidade li-
2. Especificar um anel para um gar dois elementos mecânicos.
furo de diâmetro 60 mm.
▪▪ Em casos de anéis de secção
circular, utilizá-los apenas uma
Resp.: O anel será o tipo DAi vez.
60 (tabela técnica 14).

Na utilização dos anéis, alguns


pontos importantes devem ser
observados:
▪▪ Cuidar do dimensionamento
correto do anel e do alojamento.
▪▪ As condições de operação são
caracterizadas por meio de vibra-
ções, impacto, flexão, alta tempe-
ratura ou atrito excessivo.
▪▪ Um projeto pode estar errado
quando prevê, por exemplo, es-
forços estáticos, mas as condições
de trabalho geraram esforços di-
nâmicos, fazendo com que o anel
apresente problemas que dificul-
tam seu alojamento.
Figura 43: Aplicação de chavetas.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 93).

Componentes Mecânicos 31
Classificação
As chavetas se classificam em:
chavetas de cunha, chavetas para-
lelas e chavetas de disco.

Chavetas de cunha: Têm esse


nome porque são parecidas com
Figura 45: Chavetas de cunha longitudinal.
uma cunha. Uma de suas faces é Fonte: Elementos... (2000, p. 94).
inclinada para facilitar a união de
peças. Essas chavetas classificam-
As chavetas longitudinais também podem ser do tipo tangencial, forma-
se em dois grupos: chavetas lon-
das por um par de cunhas posicionadas a 120°. Elas são utilizadas para
gitudinais e chavetas transversais.
transmitir altas cargas nos dois sentidos.

Figura 46: Aplicação de chavetas (tipo tangencial).


Figura 44: Chaveta de cunha sem
Fonte: Elementos. (2000, p. 95).
cabeça.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 94).
Chavetas transversais: São aplicadas em união de peças que transmi-
Chavetas longitudinais: São co- tem movimentos rotativos e retilíneos alternativos.
locadas na extensão do eixo para
unir roldanas, rodas, volantes etc.
Podem ser com ou sem cabeça e
têm montagem e desmontagem
fácil.

Figura 47: Chaveta transversal.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 95).

32 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Quando a chaveta transversal é empregada em uniões permanentes, sua Chaveta de disco ou meia-lua
inclinação varia entre 1:25 e 1:50. Se a união se submeter a montagens e (tipo woodruff): Variante da chave-
desmontagens frequentes, a inclinação pode ser de 1:6 a 1:15. ta paralela, recebe esse nome porque
sua forma corresponde a um seg-
mento circular.
É comumente empregada em ei-
xos cônicos, por facilitar a mon-
tagem e se adaptar à conicidade
do fundo do rasgo do elemento
externo.

Figura 48: Tipos de chaveta transversal.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 95).

Chavetas paralelas ou planas: É o tipo mais comum de chaveta, in-


dicado para cargas pequenas e médias. Essas chavetas têm as faces pa-
ralelas, portanto, sem inclinação. A transmissão do movimento é feita
pelo ajuste de suas faces laterais às laterais do rasgo da chaveta. Fica uma
Figura 50: Chaveta Woodruff.
pequena folga entre o ponto mais alto da chaveta e o fundo do rasgo do
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 96).
elemento conduzido. As chavetas paralelas não possuem cabeça. Suas
extremidades podem ser retas ou arredondadas, também podem ter pa-
rafusos para fixarem-na ao eixo.
Dimensionamento do
canal (alojamento) da
chaveta
O ajuste da chaveta no eixo e no
cubo deve ser feito de acordo
com as características do trabalho.

Os tipos de ajustes são:


▪▪ Ajuste forçado, com interfe-
rência no eixo e no cubo, com to-
lerância tipo P9. Utilizado onde
há cargas elevadas e inversão no
sentido de rotação. É um ajuste de
Figura 49: Chaveta paralela ou plana. difícil montagem e desmontagem.
Fonte: adaptado de ABNT (2009).
▪▪ Ajuste normal, tipo deslizan-
te justo. Utilizado na maioria das
aplicações, com tolerância N9 no
eixo e no cubo, J9.
▪▪ Ajuste com folga, tipo livre.
Utilizado onde há baixas cargas e
peças deslizantes.
A “Figura 51” mostra os tipos de
ajustes:

Componentes Mecânicos 33
Componentes
O cabo de aço se constitui de
alma e perna.
A perna se compõe de vários ara-
mes em torno de um arame cen-
tral, conforme a figura.

Figura 51: Tipos de ajustes para chavetas.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 97).

Tolerância para Largura da Chaveta – h9


Figura 52: Cabo de aço.
Acima 1 3 6 10 18 30 50 90
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 43).
Até 3 6 10 18 30 50 90 120
0 0 0 0 0 0 0 0
h9
- 25 - 30 -36 - 43 - 52 - 62 - 74 - 87 Construção de cabos
Tabela 4: Tolerância para chaveta. Um cabo pode ser construído em
Fonte: Adaptado de Acionac. (2010). uma ou mais operações, depen-
dendo da quantidade de fios e,
Para dimensionar o canal de alojamento do eixo e do cubo, deve-se utili- especificamente, do número de
zar a “Tabela técnica 13” deste livro e seguir os seguintes passos: fios da perna.
▪▪ Primeiro definir qual o tipo de ajuste a ser utilizado;
Exemplo:
▪▪ Da tabela de chaveta, para o diâmetro do eixo especificado, verificar Um cabo de aço 6x19 (Lê-se 6 por
qual a seção (base x altura) da chaveta; 19) significa que contém 6 pernas
▪▪ Especificar, pela tabela, as medidas e a tolerância da profundidade do com 19 fios cada.
canal do eixo e do cubo.
Na próxima seção, são mostradas as funções, os componentes e os ti-
pos de cabos de aço. Também será apresentado como calcular a força
máxima do cabo.

Seção 6
Cabos de aço
Cabos são elementos de transmissão que suportam cargas (força de tra-
ção), deslocando-as nas posições horizontal, vertical ou inclinada.
Os cabos são muito empregados em equipamentos de transporte e na Figura 53: Constituição de um cabo de aço.
elevação de cargas, como em elevadores, escavadeiras, guindastes e pon- Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44).
tes rolantes.

34 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Tipos de distribuição Alma de fibra Torção regular ou em cruz
dos fios nas pernas É o tipo mais utilizado para car- Os fios de cada perna são torci-
gas não muito pesadas. dos no sentido oposto ao das per-
Existem vários tipos de distribui-
nas ao redor da alma. As torções
ção de fios nas camadas de cada As fibras podem ser naturais (AF) podem ser à esquerda ou à direita.
perna do cabo. Os principais tipos ou artificiais (AFA). Esse tipo de torção confere mais
são: As fibras naturais utilizadas nor- estabilidade ao cabo.
▪▪ Distribuição normal: os fios malmente são o sisal ou o rami,
dos arames e das pernas são de já a fibra artificial mais usada é o
um só diâmetro. polipropileno (plástico).

▪▪ Distribuição seale: as camadas


são alternadas em fios grossos e
finos.
▪▪ Distribuição filler: as pernas
contêm fios de diâmetro pequeno
que são utilizados como enchi-
mento dos vãos dos fios grossos.
▪▪ Distribuição warrington: os
fios das pernas têm diâmetros di- Figura 56: Cabo de aço (torção regular).
ferentes numa mesma camada. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 46).

Tipos de alma de cabos Torção lang ou em paralelo


de aço Os fios de cada perna são torci-
As almas de cabos de aço podem dos no mesmo sentido das pernas
ser feitas de vários materiais, de que ficam ao redor da alma. As
acordo com a aplicação desejada. Figura 55: Alma de fibra. torções podem ser à esquerda ou
Existem, portanto, diversos tipos Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 45). à direita. Esse tipo de torção au-
de alma. Veremos os mais co- menta a resistência ao atrito (abra-
muns: alma de fibra e alma de aço. Alma de aço são) e dá mais flexibilidade.

A alma de aço pode ser formada


por uma perna de cabo (AA) ou
por um cabo de aço independen-
te (AACI), sendo que este último
oferece maior flexibilidade soma-
da à alta resistência à tração.

Tipos de torção
Os cabos de aço, quando tracio-
nados, apresentam torção das per-
Figura 54: Cabo de aço (alma). nas ao redor da alma. Nas pernas
Figura 57: Cabo de aço (torção lang).
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44). também há torção dos fios ao re-
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 47).
dor do fio central. O sentido des-
sas torções pode variar, obtendo-
se uma das situações a seguir:

Componentes Mecânicos 35
Pré-formação dos ca- O fator de segurança utilizado no cabo de aço depende do tipo de apli-
cação e do regime de trabalho. Os fatores normalmente utilizados são:
bos de aço
Os cabos de aço são fabricados Aplicações Fator de Segurança FS
por um processo especial, de Cabos e cordoalhas estáticas 3a4
modo que os arames e as pernas Cabo para tração horizontal 4a5
possam ser curvados de forma
Guinchos 5
helicoidal, sem formar tensões
internas. Pás, guindastes, escavadeiras 5

As principais vantagens dos cabos Pontes rolantes 6a8


pré-formados são: Talhas elétricas 7
Elevadores de obras 8 a 10
▪▪ Manuseio mais fácil e mais se-
guro; Tabela 5: Fator de segurança - cabo de aço.
Fonte: adaptado de Maxicabos (2010).
▪▪ No caso da quebra de um ara-
me, ele continuará curvado; A carga de trabalho é definida pela força máxima no cabo Fcabo, e calcu-
▪▪ Não há necessidade de amarrar lada pela fórmula:
as pontas.
Fcabo = Carga de ruptura
Cargas de Trabalho do F.S

cabo Fcabo = Força Máxima a ser aplicada no cabo com segurança [ N ].


Como regra geral, a carga de tra- Carga de ruptura = Carga mínima de ruptura do cabo, tabelada, confor-
me modelo e diâmetro do cabo [N].
balho não deverá ser maior do que
F.S. = Fator de segurança.
1/5 da carga de ruptura tabelada
do cabo (Tabela técnica 16). Po-
rém, o cálculo mais preciso é feito
através do fator de segurança. Escolha do tipo de cabo
Recomenda-se utilizar um cabo com arames externos finos quando es-
tiver submetido a muito esforço de fadiga de dobramento, e arames ex-
ternos grossos quando submetido a desgaste por abrasão.
Por exemplo, temos que o cabo tipo 6x 41 possui flexibilidade máxima e
resistência a abrasão mínima, ao passo que o cabo tipo 6x7 possui flexi-
bilidade mínima e resistência à abrasão máxima.

Aplicações Cabo ideal


6x41 Warrington Seale AF (cargas frias) ou AACI
Pontes rolantes (cargas quentes), torção regular, pré-formado, IPS,
polido.
Guincho de obra 6x25 Filler + AACI, torção regular, EIPS, polido.
Elevador de 8x19 Seale, AF, torção regular traction steel,
passageiros polido.
6x25 Filler, AACI ou 19x7, torção regular, EIPS,
Guindastes e gruas
polido.
Laços para uso 6x25 Filler, AF ou AACI, ou 6x41 Warrington Seale
geral AF ou AACi, polido.

Bate estaca 6x25 Filler, AACI, torção regular, EIPS, polido.


Figura 58: Cabo de aço (deterioração).
Tabela 6: Aplicação - cabo de aço.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 47).
Fonte: Adaptado de Liftec (2009).

36 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Diâmetros Indicados para polias e tambores Seção 7
Cada tipo de cabo possui uma flexibilidade própria e, consequentemen- Molas
te, um diâmetro mínimo que permite ser dobrado. Por esse motivo, exis-
te um diâmetro da polia e do tambor ideal para cada tipo de cabo (valo-
res mínimos que devem ser respeitados). Molas helicoidais
A “Tabela 7” mostra os diâmetros para alguns tipos de cabo: A mola helicoidal é a mais usada
em mecânica. Em geral, é feita de
barra de aço enrolada, em forma
Diâmetro da polia e tambor Diâmetro da polia e
Tipos de Cabo
recomendado tambor mínimo
de hélice cilíndrica ou cônica. A
barra de aço pode ter seção re-
6x7 72 x diam. cabo 42 x diam. cabo
tangular, circular, quadradaetc.
6x19 Seale 51 x diam. cabo 34 x diam. cabo Normalmente a mola helicoidal é
6x21 Filler 45 x diam. cabo 30 x diam. cabo enrolada à direita. Quando a mola
6x25 Filler 39 x diam. cabo 26 x diam. cabo helicoidal for enrolada à esquerda,
6x36 Filler 34 x diam. cabo 23 x diam. cabo o sentido da hélice deve ser indi-
cado no desenho.
6x41 Filler ou
21 x diam. cabo 21 x diam. cabo
Warrington

Tabela 7: Diâmetros - cabo de aço.


Fonte: adaptado de Liftec (2009).

Exemplo:
Calcular a força máxima que pode Assim: Fcabo = 24275 N (força
ser utilizado em um cabo tipo máxima de trabalho no cabo)
6x19 AF, com diâmetro de 1/2”.
O cabo será utilizado como cor-
Na seção 7, você estudará os Figura 59: Mola helicoidal.
doalha para içamento de carga.
diversos tipos de molas e suas Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 145).
De acordo com a tabela do fa- aplicações em objetos. Também
bricante (Tabela técnica 14), a aprenderá a calcular a constante A mola helicoidal de compressão
carga de ruptura para o cabo com da mola, a força aplicada na mola é formada por espiras. Quando
material tipo Improved Plow Stell e a deflexão causada na mola. essa mola é comprimida por al-
é de: guma força, o espaço entre as es-
Carga de ruptura = 97100 N piras diminui, tornando menor o
O fator de segurança de acordo comprimento da mola.
com a aplicação: F.S. = 4
Calculando a força no cabo:

Fcabo = Carga de ruptura


F.S
Fcabo = 97100 = 24275N
4

Figura 60: Mola helicoidal (exemplo de aplicação).


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 145).

Componentes Mecânicos 37
A mola helicoidal de tração pos- Algumas molas padronizadas são Molas planas
sui ganchos nas extremidades, produzidas por fabricantes espe-
além das espiras. Os ganchos cíficos e encontram-se nos almo- As molas planas são feitas de ma-
são também chamados de olhais. xarifados; outras são executadas terial plano ou em fita, podem ser
Para essa mola desempenhar sua de acordo com as especificações do tipo simples, prato, feixe de
função, deve ser esticada, au- do projeto, segundo medidas pro- molas e espiral.
mentando seu comprimento. Em porcionais padronizadas. A se-
estado de repouso, ela volta ao leção de uma mola depende das
seu comprimento normal. respectivas formas e solicitações Mola plana simples
mecânicas. Esse tipo de mola é empregado
somente para algumas cargas. Em
geral, essa mola é fixa numa extre-
Características das mo-
midade e livre na outra. Quando
las helicoidais sofre a ação de uma força, a mola
Figura 61: Mola helicoidal de tração. As principais dimensões da mola é flexionada em direção oposta.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 146). helicoidal de compressão cilíndri-
ca são:
A mola helicoidal de torção tem De: diâmetro externo;
dois braços de alavancas, além das Di: diâmetro interno;
espiras. A “Figura 62” mostra H: comprimento da mola;
um exemplo de mola de torção e
d: diâmetro da seção do arame;
a sua aplicação em um pregador
de roupas. p: passo da mola;
n: número de espiras da mola.

Figura 65: Mola plana simples.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 155).

Figura 62: Mola helicoidal de torção. Mola prato


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 147). Essa mola tema forma de um
tronco de cone com paredes de
As molas helicoidais também po- seção retangular. Em geral, as mo-
dem ser do tipo cônica. Veja suas las prato funcionam associadas
aplicações em utensílios diversos. entre si, empilhadas, formando
Figura 64: Características dimensionais
colunas.
(mola helicoidal).
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 149).

Figura 63: Mola helicoidal cônica.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 147).

38 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Características da mola espiral:
De: diâmetro externo da mola;
L: largura da seção da lâmina;
e: espessura da seção da lâmina;
n: número de espiras.

Figura 66: Mola prato.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 156).

As características das molas prato


são:
De: diâmetro externo da mola;
Di: diâmetro interno da mola;
H: comprimento da mola;
h: comprimento do tronco inter- Figura 69: Mola espiral.
no da mola; Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 157).
Figura 68: Feixe de molas.
e: espessura da mola. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 157).

Molas de borracha e
Mola espiral plastiprene
A mola espiral tem a forma de es- As molas de borracha são utili-
piral ou caracol. Em geral é feita zadas em amortecedores de vi-
de barra ou de lâmina, com seção brações, ruídos e suspensão de
retangular. veículos. A mola de plastiprene é
A mola espiral é enrolada de tal utilizada principalmente em ferra-
Figura 67: Características (mola prato).
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 156).
forma que todas as espiras ficam mentas de estampo.
concêntricas e coplanares. Esse
tipo de mola é muito usado em
Feixe de molas relógios e brinquedos.
Para interpretar a cotagem da
O feixe de molas é feito de diver-
mola espiral, você precisa conhe-
sas peças planas de comprimento
cer suas características.
variável, moldadas de maneira que
fiquem retas sob a ação de uma
força.
Esse tipo de mola é muito utili-
zado em suspensão de veículos,
principalmente veículos de carga.

Componentes Mecânicos 39
Figura 70: mola de borracha.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 145).

Material para Molas

Material Especificação Descrição


Material muito comum e muito utilizado em aplicações
gerais, com bom custo.
Aço ABNT 1065 Temperado em óleo
Não deve ser utilizado em aplicações severas (choque).
Não pode ser utilizado em temperaturas superiores a 180° C.
Melhor e mais comum material para pequenos diâmetros.
Aço ABNT 1085 Corda de piano Normalmente encontrado em diâmetros de 0,3 mm a 3
mm.
Utilizado onde requer condições de trabalho mais severas.
Possui boa resistência à fadiga e é recomendado para apli-
Aço ABNT 6150 Aço liga Cromo Vanádio cações com choques.
Utilizado em válvulas de motores e suporta até 220°C.
Quadro 3: Molas – material aplicado.

Dimensionamento de molas helicoidais

Constante k da mola
A constante k da mola é definida como a força necessária para produzir
uma deflexão (deformação) de 1mm na mola.

Figura 71: Deflexão.

40 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Então temos as seguintes equa- Exemplo:
ções:
Uma mola deverá deformar 25 mm quando for aplicada uma força de
500 N.
F
F = K × x Portanto K = a. Calcular a constante k da mola.
x

Onde: K = F ... K = 500 ... K = 20N/mm


k = Constante da mola [ Kgf/ x 25
mm] ou [N/mm];
F = Força aplicada na mola [Kgf]
ou [N];
x = Deflexão causada na mola
[mm]; b. Para a mola calculada, qual deverá ser a força aplicada para a mola
deformar 15 mm?

F = K x X ... F = 20 x 15 ... F = 300N

Dados o diâmetro médio da mola, o diâmetro do arame, o número de


espiras e o material da mola, é possível calcular a constante k pela se-
guinte fórmula:

K = da4 x G
8 x dm3 x na

G = módulo de elasticidade = 80000[N/mm2];


da= diâmetro do arame [mm];
dm = diâmetro médio da mola [mm];
na = número de espiras ativas.

Na unidade que se finda, você pôde estudar os elementos de fixação


usados para unir peças como: parafusos, porcas, arruelas, pinos, contra-
pinos, anéis elásticos, chavetas, cabo de aço e molas. Você aprendeu o
formato e a aplicação desses elementos.

Componentes Mecânicos 41
Unidade de
estudo 2
Seções de estudo

Seção 1 – Eixos e árvores


Seção 2 – Mancais
Seção 3 – Polias e correias
Seção 4 – Engrenagens
Seção 5 – Correntes
Seção 6 – Acoplamentos
Seção 7 – Vedação
Elementos de Transmissão e
Vedação

v Por Atrito:
Seção 1
Eixos e árvores Esse sistema a transmissão se dá
através do contato entre super-
Os São conjuntos de elementos fícies, que ocorre por pressão,
conhecidos como sistemas de permitindo transmitir potências
transmissão, têm, por objetivo, e rotações a níveis consideráveis.
transferir e transformar potência Porém, em alguns casos, poderá
e movimento em outro sistema, existir a redução de rendimentos,
isto é, os sistemas de transmissão devido ao desgaste dessas super-
podem variar as potências e rota- fícies ou mesmo pressão e ajustes
ções entre dois eixos. Nesse caso, inadequados.
o sistema é chamado variador. Exemplo: polias e correias, em-
As maneiras de variar a rotação breagens etc.
de um eixo podem ser: por engre- Os eixos são componentes impor-
nagens, por correntes, por cor- tantes em um equipamento já que
reias e por atrito. Seja qual for o permitem a fixação dos elementos
tipo de variador, sua função está de máquinas. Normalmente tem o
ligada aos eixos. Na “Figura 73” objetivo de transmitir movimento
Figura 72: Sistema de transmissão giratório a outros elementos fixa-
podemos verificar um sistema de
(exemplo)
transmissão aplicado em um tor- dos a ele, ou, podendo girar livre-
no convencional. mente.

Modos de transmissão
A transmissão de potência e mo- Tipos de Eixos
vimento pode ser realizada de di-
Os eixos e as árvores podem ser
versas maneiras.
fixos ou giratórios. No caso dos
eixos fixos, os elementos (engre-
Por Forma:
nagens com buchas, polias so-
A transmissão pela forma é as- bre rolamentos e volantes) é que
sim chamada porque a forma dos giram. Eixos fixos atuam como
elementos transmissores é ade- suporte para o elemento girató-
quada para encaixamento desses rio girar. Como exemplo, temos
elementos entre si. Nesse sistema, o eixo de bicicleta, que é fixo e a
podemos transmitir grandes po- roda gira. Na figura abaixo temos
tências e rotação, principalmente alguns exemplos de eixos fixos.
sem perda de rotação e velocida-
de. Ex.: Conjunto de engrenagens.

Componentes Mecânicos 43
Eixos vazados
Normalmente, as máquinas-fer-
ramentas possuem o eixo-árvore
vazado para facilitar a fixação de
peças mais longas para a usina-
gem.
Temos ainda os eixos vazados em-
Figura 73: Tipos de eixo – fixo.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 18).
pregados nos motores de avião,
por serem mais leves.
Quando se trata de eixo-árvore giratório, o eixo se movimenta junta-
mente com seus elementos ou independentemente deles como, por
exemplo, eixos de afiadores (esmeris), rodas de trole (trilhos), eixos de
máquinas-ferramenta, eixos sobre mancais etc.

Figura 76: Eixo vazado (exemplo).


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20).

Eixos Cônicos
Os eixos cônicos são utilizados
para fixar elementos que pos-
suam furação cônica. Geral-
mente são presos por parafuso
e possuem uma chaveta para
Figura 74: Tipos de eixos (giratório).
evitar a rotação do elemento
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 18). mecânico.

Quanto ao tipo, os eixos podem ser roscados, ranhurados, estriados, ma-


ciços, vazados, flexíveis e cônicos, cujas características estão descritas a
seguir.

Figura 77: Eixo cônico (exemplo).


Eixos maciços Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20).

A maioria dos eixos maciços tem seção transversal circular maciça, com
degraus ou apoios para ajuste das peças montadas sobre eles. A extre- Seção 2
midade do eixo é chanfrada para evitar rebarbas. As arestas são arre-
dondadas para aliviar a concentração de tensão. Também podem ser
Mancais
ranhurados, utlizados para fixar elementos de transmissão onde devem
ser empregadas grandes forças. Na seção 2, você estudará a
finalidade dos mancais, os ma-
teriais que são utilizados e os
tipos de mancais em relação à
aplicação e esforços.
O mancal pode ser definido
como suporte ou guia em que
se apóia o eixo, permitindo que
ele gire transmitindo torque.
Figura 75: Eixo (exemplo).
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20).

44 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Dependendo da aplicação e os
esforços, os mancais podem
ser de deslizamento ou de ro-
lamento.

Figura 79: Montagem (mancal de deslizamento).


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 119).
Figura 78: Mancal bipartido (exemplo).
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 119).

Materiais Utilizados
Mancais de desliza- Diversos materiais podem ser utilizados na bucha do mancal de
mento deslizamento. Muitos destes são ligas contendo chumbo e estanho.
Geralmente, os mancais de desli- Dentre os principais materiais utilizados, temos:
zamento são constituídos de uma
▪▪ Bronze ao chumbo: liga metálica contendo cobre, chumbo, níquel,
bucha fixada num suporte. Esses
e zinco.
mancais são usados em máquinas
pesadas ou em equipamentos de ▪▪ Bronze ao estanho: liga contendo cobre e estanho.
baixa rotação, porque a baixa ve-
locidade evita superaquecimento
▪▪ Bronze vermelho: liga de cobre e estanho com altos teores de esta-
nho.
dos componentes expostos ao
atrito, normalmente as buchas são ▪▪ Metal sinterizado: são metais fabricados através da metalurgia do
fabricadas de material com baixo pó, onde pó de metal é prensado em alta pressão, e recebe um aqueci-
coeficiente de atrito (bronzes, li- mento para aumentar sua resistência. Através desta técnica é possível
gas de metais leves etc) com apli- adicionar pó de grafite ao bronze e produzir o bronze grafitado.
cação de lubrificantes, permitindo
reduzir o atrito e a temperatura, ▪▪ Ligas de alumínio: utilizadas em mancais de motores a explosão,
além de melhorar a rotação do alguns compressores e equipamentos aeronáuticos.
eixo. ▪▪ Ferro Fundido: material de baixa capacidade que deve ser utilizado
O uso de mancais de deslizamen- para poucas cargas e baixas velocidades (rotações).
to tem algumas vantagens:
▪▪ Polímeros (plásticos): alguns polímeros, como o nylon, podem ser
▪▪ É fácil montar e desmontar o utilizados quando não se tem lubrificação e as cargas são baixas; são
mancal e o eixo; muito utilizados na indústria têxtil e alimentícia.
▪▪ Permite trabalhar com altas
cargas;
▪▪ É fácil adaptar ao projeto da Dimensionamento de Mancais de Deslizamento
máquina, ocupando pouco espa- O dimensionamento de mancais de deslizamento depende do tipo de
ço radial; lubrificação utilizado, que pode ser do tipo filme completo, ou lubrifi-
▪▪ Possui um custo acessível na cação limite.
maioria das aplicações.

Componentes Mecânicos 45
Lubrificação completa Para dimensioná-los, utiliza-se o Pmax PV [N/
valor da pressão média admissí- Mate- V
ou forçada [N/ mm²]
vel, da seguinte forma: rial [m/s]
mm²] [m/s]
Neste caso temos duas situações: Bronze 31 7,65 1,75
Pm: Pressão Média no mancal Ferro
[N/mm2]; --- 4
Fundido 1,75
Mancal hidrodinâmico F: Força no Mancal[N];
Nylon 6,8 5 0,1
A: Área de Apoio [mm2];
Nesse tipo de lubrificação, o eixo Pm = F
flutua acima do óleo sob pressão, Tabela 8: Parâmetros de referência.
dxb Fonte: Adaptado de Melconian (2001,
mesmo sendo alimentado sim-
p. 309).
plesmente pelo efeito da gravida-
de, não entrando em contato com Assim:
a bucha durante o funcionamento.
A=d xb Mancais de rolamento
Exemplo: d: Diâmetro do Mancal [mm];
b: Largura do Mancal [mm].
Como já sabemos, os mancais
Eixo virabrequim e de comando
são elementos de máquinas
de válvulas de motores à combus-
tão. que têm sua aplicação em qua-
Outro parâmetro utilizado no
dimensionamento é a velocidade se todas as máquinas e meca-
periférica do eixo. nismos com partes giratórias.
Mancal hidrostático Um mancal de rolamento é
aquele em que a carga princi-
O óleo é bombeado sob pressão V= πxdxn
pal é transferida por meio de
para dentro do mancal, flutua e 1000 x 60
elementos de contato rolantes
não ocorre contato de metal com
metal.
V: Velocidade do eixo [m/s]; (normalmente esferas e rolos),
d: diâmetro do eixo [mm]; em vez de deslizamento.
n: rotação do eixo [RPMRPM].
O dimensionamento desses tipos Quando se necessita de mancal
de mancais é complexo e utiliza com maior velocidade e menor
Deve-se verificar:
cálculos de mecânica dos fluidos, atrito, o mancal de rolamento é
hidrostática e hidrodinâmica. ▪▪ Se a pressão calculada no man- o mais adequado.
cal “Pm” está abaixo do valor ta-
Os rolamentos oferecem algu-
belado “Pmax” do material.
mas vantagens. Uma delas é a
▪▪ O produto Pm . V (pressão padronização, ou seja, o rola-
Lubrificação limite x velocidade) calculado também mento possui um padrão inter-
Neste caso, devido à lubrificação deve estar abaixo do valor PV ta- nacional. É possível adquirir e
insuficiente, ou a altas cargas, belado do material.
substituir o mesmo rolamento
existe o contato do eixo com a ▪▪ Os valores “Pm”, “V” e “PV” independente do país em que
bucha, portanto gerando atrito de do material devem ser fornecidos ele foi produzido. Esta permu-
metal com metal. pelo fabricante. tabilidade facilita muito as ati-
Esses mancais são encontrados A seguir, apresentamos uma ta- vidades de manutenção.
em aplicações simples, buchas de bela para orientação de alguns
nylon, locais com lubrificação por Os mancais de rolamento, tam-
valores admissíveis normalmente
graxa com pouca ou nenhuma ve- bém conhecidos simplesmente
encontrados.
dação. por “rolamentos” são classi-
O dimensionamento desses man- ficação em função dos seus
cais depende das propriedades de elementos rolantes. Podem ser
desgaste dos metais utilizados, da do tipo esfera, rolo, ou agulha.
pressão e da velocidade de traba- Veja a “Figura 80”.
lho.

46 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Principais tipos de ro-
lamentos:

a. Rolamento fixo de uma carrei-


ra de esferas.
É o mais comum dos rola-
mentos. Suporta cargas ra-
diais, pequenas cargas axiais e é
apropriado para rotações mais
elevadas. Sua capacidade de
Figura 80: Rolamentos (tipos). ajuste angular é limitada.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 120). É necessário o perfeito alinha-
mento entre o eixo e os furos
da caixa, tornando-os ideais
Classificação de acordo com a força para serem montados em uma
peça única (caixa) usinada com
Os rolamentos podem ser classificados de acordo com as forças que eles precisão.
suportam.
Podem ser radiais, axiais e mistas ou combinadas.
Radiais: suportam somente forças radiais, que são aquelas apontadas
para o centro (raio) do rolamento.
Axiais: suportam somente forças axiais, que são aquelas apontadas no
sentido do eixo, não suportando cargas radiais. Impedem o deslocamen-
to no sentido axial, isto é, longitudinal ao eixo.
Exemplos de utilização: ganchos de talhas e guinchos.
Mistas ou combinadas: suportam tanto força radial como axial, im-
pedindo o deslocamento tanto no sentido transversal quanto no axial.
Exemplos de utilização: rodas de caminhões e automóveis, árvores de
tornos.

Figura 82: Rolamento fixo de esferas.


Figura 81: Classificação de cargas (mancal). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 122).
Fonte: adaptação de SKF (1982).

Componentes Mecânicos 47
b. Rolamento autocompensador de esferas. d. Rolamento axial de esfera.
É um rolamento de duas carreiras de esferas com pista esférica no anel Ambos os tipos de rolamento
externo, que lhe confere a propriedade de ajustagem angular, ou seja, axial de esfera (escora simples
de compensar possíveis desalinhamentos ou flexões do eixo. Ideal para e escora dupla) admitem eleva-
montagens em caixas separadas, onde o alinhamento é difícil. das cargas axiais, porém, não
podem ser submetidos a cargas
radiais.
Para que as esferas sejam guia-
das firmemente em suas pistas,
é necessária a atuação perma-
nente de uma carga axial.

escora dupla escora simples

Figura 83: Rolamento autocompensador de esferas.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 126).

c. Rolamento de esferas de contato angular.


Admite cargas axiais somente em um sentido e deve sempre ser
montado contra outro
rolamento que possa receber a carga axial no sentido contrário.
O formato da pista de rolamento inclinado possibilita que receba
cargas mistas, radial e axial.
É muito utilizado em máquinas-ferramentas e rodas de automó-
veis.
Na figura a seguir, temos um exemplo de montagem do rolamento
de esferas de contato angular. Observe que a montagem inverten-
do um em relação ao outro permite que o eixo receba cargas axiais
nos dois sentidos.

Figura 85: Rolamento axial de esferas.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 128).

Observe, na figura, que a mon-


tagem do rolamento axial junto
com rolamentos radiais per-
Figura 84: Rolamento de esferas/contato angular. mite que o eixo receba cargas
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 126).
mistas radiais e axiais.

48 CURSOS TÉCNICOS SENAI


e. Rolamento de rolo cilíndrico.
Apropriado para cargas radiais
elevadas, pois seus componentes
podem ser separáveis, facilitan-
do a montagem e desmontagem.
Normalmente este tipo de rola-
mento não suporta cargas axiais.
Figura 87: Rolamento autocompensador de duas carreiras de rolos.
Em função da existência de rebor- Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 127).
dos nos anéis, existem os tipos:
NU, NJ, NUP, N e NF, influen-
ciando na forma como eles são g. Rolamento de rolos cônicos.
montados e desmontados. Maio-
Além de cargas radiais, os rolamentos de rolos cônicos também supor-
res detalhes deverão ser observa-
tam cargas axiais em um sentido, sendo necessário montar os anéis aos
dos em catálogos de fabricantes.
pares, um contra o outro.
São indicados onde se tem uma combinação com grandes cargas ra-
diais e axiais, como eixo da roda de caminhões e eixos de árvores de
máquinas-ferramentas.
Os anéis são separáveis. O anel interno e o externo podem ser colocados
separadamente no eixo e no furo, facilitando a montagem.

Figura 86: Rolamento de rolo/tipos.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 120).

f. Rolamento autocompensador
de duas carreiras de rolos.
Adequado a serviços pesados, Figura 88: Rolamento de rolos cônicos.
onde há cargas com impactos. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 127).
Possui alta capacidade de carga ra-
dial e suporta cargas axiais médias
nos dois sentidos. h. Rolamento de agulha.
Devido à oscilação entre rolos e Possui uma seção transversal muito fina em comparação com os
pistas, permite um ajuste angular, rolamentos de rolos comuns.
ajustando os problemas de desali-
nhamento. É utilizado especialmente quando o espaço radial é limitado. Pode
ser fornecido com anel interno ou sem.
Pode ter o furo cônico ou cilín-
drico, permitindo ser instalado
em eixo cônico ou eixo cilíndrico,
com utilização de buchas de fixa-
ção e desmontagem.

Figura 89: Rolamento de agulha.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 129).

Componentes Mecânicos 49
Normalmente o eixo é montado com pequena interferência e o alo-
jamento (anel externo) pode ser montado com pequena folga (ajuste
incerto) ou com pequena interferência, dependendo do tipo de carga.
Um ajuste muito usado é o obtido com tolerância H7 para o furo e j6
ou m6 para o eixo. Maiores detalhes quanto a tolerâncias e ajustes para
Figura 90: Contra ponta. rolamentos devem ser verificados em catálogos de fabricantes.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 129). Caso o rolamento seja montado com interferência maior que o usual,
devem-se utilizar rolamentos com folga radial, para evitar o travamento.
Os rolamentos utilizados nesse caso são com folga do tipo C3 e C4.
Projeto de eixo e aloja-
mento Dimensões do eixo e do furo do alojamento
O projeto do eixo e do alojamen- As dimensões do eixo e do furo, encosto e raio devem obedecer os
to deve ter o ajuste e a tolerância padrões especificados pelos fabricantes e as alturas do encosto do rola-
correta para o perfeito funciona- mento no eixo e no furo devem ser suficientes para ter um correto apoio
mento do rolamento. O tipo de lateral do rolamento.
ajuste ideal depende do tipo de
esforço no rolamento, da tem- Em tabelas de catálogos, temos as dimensões do rolamento e do aloja-
peratura de trabalho e da forma mento do cubo e do eixo para cada rolamento, incluindo os encostos do
como o rolamento vai ser monta- eixo (da), da bucha (Da) e do raio de arredondamento do encosto (ra).
do e desmontado.

A seguir, temos um exemplo das principais medidas que deverão ser


observadas no catálogo de rolamentos para o correto dimensionamento.
Observe, na figura 118, as dimensões para rolamentos rígido de esferas
com diâmetro do eixo de 25mm.

Dimensões (mm) Dimensões de Encosto (mm)


da Da ra Dx Cy
r min.

d D B
máx.

máx.

máx.

máx.
min.

min.

37 7 0,3 27 27 35 0,3 40,5 1,8

25 42 9 0,3 27 28,5 40 0,3 45,5 2,3

47 8 0,3 27 - 45 0,3 - -
Tabela 9: Dimensão padrão (exemplo).
Fonte: Adaptado de NSK (2006, p. B10 e B11).

Vida Nominal do Rolamento


A vida do rolamento “L10h” é calculada de acordo com a carga de
trabalho, a rotação e a capacidade de carga do rolamento Cr, tabe-
lada da seguinte forma:

50 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Para Rolamentos de Esfera: Na “Tabela 6”, temos os valores para os coeficientes “X” , “Y” de ro-
lamentos fixos de esferas.

L10h = 1000000 x Cr 3
Fa ≤ e. Fa > e.
Cor
60 x n P e Fr . Fr .
Fa
X Y X Y
5 0.35 1 0 0.56 1.26
Para Rolamentos de Rolo: 10 0.29 1 0 0.56 1.49
15 0.27 1 0 0.56 1.64
20 0.25 1 0 0.56 1.76
L10h = 1000000 x Cr 3,33
25 0.24 1 0 0.56 1.85
60 x n P 30 0.23 1 0 0.56 1.92
50 0.20 1 0 0.56 2.13
70 0.19 1 0 0.56 2.28
Onde: Tabela 10: Coeficientes (rolamento).
L10h: Vida nominal do rolamento Fonte: NSK (2006, p. B11).
[h];
n: Rotação [RPMRPM]; Seguem orientações para a utilização da tabela:
Cr: Capacidade de Cargo do rola- ▪▪ Calcular o valor Cor e definir a linha na tabela;
mento (tabelada) [N]; Fa
P: Carga equivalente sobre o rola-
mento [N]. ▪▪ Fa Calcular e verificar se é menor ou maior que o valor tabelado de “e”.
Fr
Para calcular a carga equivalente ▪▪ Definir qual a coluna e o valor de “X”, “Y”.
“P” sobre o rolamento, faz-se:

Exemplo 1
Para carga radial: P = Fr
Dado o rolamento 6005, com uma força radial aplicada de 800N e uma
rotação de 1750 RPM. Determine a vida nominal do rolamento em ho-
ras de trabalho.
Para carga radial mais axial, faz-se:

P = Fr = 800 N
P = X.Fr + Y. Fa
Da tabela de rolamentos (Catálogo Fabricante de Rolamentos):

Onde: Cr = 10100N

Fr = Força radial no rolamento L10h = 19165 h


[N];
Fa = Força axial no rolamento L10h = 1000000 x Cr 3

[N]; 60 x n P
X = Coeficiente de carga radial
(tabela de dimensões);
L10h = 1000000 x 10100 3

Y = Coeficiente de carga axial (ta- 60 x 1750 800


bela de dimensões).

Componentes Mecânicos 51
Exemplo 2 A polia plana conserva melhor
Dado o rolamento 6209, com as correias, enquanto a polia
P = C0 com superfície abaulada guia
uma força radial aplicada de 3000
N e força axial de 1400N. Calcu- FS melhor as correias. As polias
lar a vida nominal do rolamento C0: Capacidade de carga estáti- apresentam braços a partir de
em horas de trabalho. A rotação é ca tabelada [N]; 200 mm de diâmetro. Abaixo
FS: Fator de segurança.
1100 RPM. desse valor, a coroa é ligada ao
Tabela de Rolamentos: cubo por meio de discos.

Cr = 31500 N Rolamento Rolamento


de esferas de rolos
Cor = 20400 = 14,75 X = 0,56 Operação
com baixo 2 3
1400 Y = 1,64
ruído
P = X.Fr + Y. Fa Vibração
1,5 2
e impacto
P = 0,56 . 3000 + 1,64 . 1400 Normal 1 1,5
Tabela 11: Fator segurança (rolamen-
P = 3976 N to).
Fonte: NSK (2006, p. A 32).
L10h = 7534,4 h

L10h = 1000000 x Cr 3 Na próxima seção, você visua-


60 x n P lizará os tipos, características e
aplicação das polias e correias.

L10h = 1000000 x 31500 3

60 x 1100 3976

Seção 3
Polias e correias
Figura 91: Tipo de polias.
Capacidade de carga Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 25).
Tipos e características
estática
das polias e correias
Muitas vezes, os rolamentos de-
vem trabalhar parados, com pou- Os tipos de polia são determi- Transmissão por cor-
ca rotação, ou apenas com giro de nados pela forma da superfície reia em V
180°. Por exemplo, em rodízios, na qual a correia se apresenta.
A polia trapezoidal, também cha-
roletes, articulações. Elas podem ser planas ou tra- mada de polia em V, recebe esse
Nesse caso, os rolamentos de- pezoidais. As polias planas po- nome porque a superfície na qual
vem ser dimensionados pela dem apresentar dois formatos a correia se assenta apresenta a
sua capacidade de carga es- na sua superfície de contato: forma de trapézio. As polias tra-
tática C0, da seguinte forma: plano ou abaulado. pezoidais devem ser providas de
canais e são dimensionadas de
acordo com o perfil padrão da
correia a ser utilizada.

52 CURSOS TÉCNICOS SENAI


A polia plana conserva melhor as correias, e a polia com superfície abau- As correias em V devem ser usa-
lada guia melhor as correias. das somente quando se tiver um
As polias apresentam braços a partir de 200 mm de diâmetro. Abaixo perfeito paralelismo entre os dois
desse valor, a coroa é ligada ao cubo por meio de discos. eixos, já as correias planas podem
ser utilizadas em árvores paralelas
ou reversas (inclinadas).
Normalmente as correias em V
são utilizadas na saída do motor,
onde a rotação é alta e o momen-
to torçor é baixo.
O rendimento de uma transmis-
são com correia tipo V é de 0,95
a 0,98 e a relação de transmissão
ideal é de até i = 8, podendo che-
gar até i = 15.
Os canais da polia são normaliza-
Figura 92: Tipo de polia. dos de acordo com o padrão da
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 25). correia trapezoidal, na tabela te-
mos as dimensões padronizadas de
perfis trapezoidais (A, B, C, D, E).

DIMENSOES NORMAIS DAS POLIAS DE MULTIPLOS CANAIS

Perfil pa- Medidas em mm


Diâmetro exter- Ângulo
drão da
no da polia do canal T S W Y Z H K U=R X
correia
75 a 170 34°
A 9,5 15 13 3 2 13 5 1,0 5
Acima de 170 38°
De 130 a 240 34°
B 11,5 19 17 3 2 17 6,5 1,0 6,25
Acima de 240 38°
De 200 a 350 34°
C 15,25 25,5 25,5 4 3 22 9,5 1,5 8,25
Acima de 350 38°
De 300 a 450 34°
D 22 36,5 32 6 4,5 28 12,5 1,5 11
Acima de 450 38°
De 485 a 630 34°
E 27,25 44,5 38,5 8 6 33 16 1,5 13
Acima de 630 38°
Tabela 12: Dimensões – polias.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 26).

Componentes Mecânicos 53
A seguir, as dimensões dos principais perfis padrões utilizados:

Figura 93: Canais padrões – polias.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 29).

Material das polias


Os materiais que se empregam As vantagens da correia em V em relação à correia plana são:
para a construção das polias são:
ferro fundido (o mais utilizado), ▪▪ Praticamente não apresenta deslizamento;
aços, alumínio, ligas leves e ma- ▪▪ Permite o uso de polias bem próximas;
teriais sintéticos. A superfície da
polia não deve apresentar porosi- ▪▪ Eliminam os ruídos e os choques (sem emendas).
dade, pois, do contrário, a correia
irá se desgastar rapidamente.
Correia Dentada
Outra correia utilizada é a correia dentada, para casos em que não
Correias
se pode ter nenhum deslizamento, como no comando de válvulas
As correias mais usadas são pla- do automóvel.
nas e trapezoidais. A correia tra-
A correia dentada também é muito utilizada em mecanismos ma-
pezoidal é inteiriça, fabricada com
nipuladores, onde os movimentos devem ser bem coordenados,
seção transversal em forma de
trapézio, de borracha revestida de com precisão e sem deslizamento. Na correia do tipo dentada,
lona e é formada no seu interior tem-se um perfeito sincronismo entre as duas polias.
por cordonéis vulcanizados para
suportar as forças de tração.

Figura 94: Correia.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 29). Figura 95: Correia dentada.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 30).

54 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Dimensionamento de Correias trapezoidais Arco de contato “α”
Na transmissão por polias e correias, para que o funcionamento O arco de contato interfere dire-
seja perfeito, é necessário obedecer alguns limites em relação ao tamente na capacidade de trans-
diâmetro das polias, ao número de voltas pela unidade de tempo e missão da correia. Quanto maior
a diferença entre o diâmetro das
à capacidade de transmissão da correia.
polias, menor será o arco de con-
tato, diminuindo a capacidade de
transmissão da correia. Outro fa-
tor que influencia o arco de con-
tato é a distância entre os centros
“I” das polias. Observe na figu-
ra, o ângulo “α” define a área de
contato da correia na polia; se for
muito pequeno a correia poderá
deslizar:

Figura 96: Dimensionamento.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 31).
Figura 97: Ângulo de contato – cor-
Costumamos usar a letra i para representar a relação de transmissão. reias.
Fonte: Adaptado de Gordo e Ferreira
Ela é a relação entre o número de voltas das polias (n) numa unidade de
(1996, p. 31)
tempo, e também a relação entre seus diâmetros.
A relação de transmissão “i” pode ser calculada por:
O arco de contato “α” é calculado
por:

i = d2 ou i = n1 ou i = Mt2
d1 n2 Mt1
α = 180o - 60 x (D2 - D1)
I
A velocidade tangencial (V) é a mesma para as duas polias, e para a cor-
reia, e é calculada pela fórmula:

V= πxdxn
1000
V: Velocidade [m/min];
d: Diâmetro da Polia [mm];
n: Rotação da Polia [RPM].

Componentes Mecânicos 55
Definição da quantida- HP correia:
de de correias
V= πxdxn
A quantidade de correias em uma
1000
transmissão é calculada por:

π × 85 × 3600 ...
V= V = 961m / min
Potmotor × F.S. 1000
Q tdeCorr =
HPCorr × F.C.arco contato

HP = 2 (tabela)
Potmotor = potência do motor em
[Cv]; [HP]; Potmotor × F.S.
Q tdeCorr =
F.S. = Fator de serviço (tabelado); HPCorr × F.C.arco contato
HPcorr = Capacidade de transmis-
são (tabelado);
3 × 1,1
F.C.arco contato = Fator de correção Q tdeCorr = Q tdeCorr = 2 correias
2 × 0,93
do arco de contato. (tabelado)

Exemplo: Um ventilador é Na próxima seção, serão apresentados tipos de engrenagens e suas apli-
acionado por polia e correia. cações, que possibilitam a redução ou aumento do momento torçor,
Calcule o número de correias tipo com mínimas perdas de energia, e aumento ou redução de velocidades,
A necessárias para o acionamento. sem perda nenhuma de energia, por não deslizarem.
Dados:
Correia tipo: A
Motor: 3 CV
Rotação: 3600 RPM Seção 4
Fator de Serviço FS: 1,1 Engrenagens
(ventilador)
Fator de Corr. Contato: 0,93 As engrenagens, também chamadas rodas dentadas, são elementos
(tabela) básicos na transmissão de potência entre árvores. Elas permitem a
redução ou o aumento do momento torçor, com mínimas perdas de
energia. Também possibilitam o aumento ou a redução de velocidades,
sem perda nenhuma de energia, por não deslizarem.
A mudança de velocidade e torção é feita na razão dos diâmetros
primitivos. Aumentando a rotação, o momento torçor diminui e vice-
versa. Assim, num par de engrenagens, a maior delas terá sempre em
rotação menor e transmitirá momento torçor maior. A engrenagem
menor tem sempre rotação mais alta e momento torçor menor.
O movimento dos dentes entre si processa-se de tal modo que no
Figura 98: Exercício 1 – Correias diâmetro primitivo não há deslizamento, havendo apenas aproximação e
Fonte: adaptado de Gordo e Ferreira afastamento. Na superfície restante do flanco, existe ação de deslizamento
(1996, p. 31)
e rolamento, daí conclui-se que as velocidades periféricas (tangenciais)
dos círculos primitivos de ambas as rodas são iguais (lei fundamental do
Fator de Corr. Arco dentado).

α = 180o - 60 x (D2 - D1)


I

56 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Engrenagens cilíndricas: Elas funcionam mais suavemente
Têm a forma de cilindro e podem do que as engrenagens cilíndricas
ter dentes retos ou helicoidais (in- com dentes retos e, por isso, o ru-
clinados). ído é menor.

Engrenagens cilíndricas com


dentes retos:
Possuem os dentes no sentido
longitudinal ao seu eixo, isto é,
perpendicular a sua face. Seu en-
Figura 99: Engrenagem.
grenamento não é suave, produ-
zindo assim, um som elevado.
Dentes: Os dentes são um dos Ex.: Marcha ré dos automóveis.
Figura 102: Engrenagem helicoidal/
elementos mais importantes das Eixos paralelos.
engrenagens. Na figura abaixo,
podemos observar as partes prin-
Também é possível, a sua monta-
cipais do dente de engrenagem. gem com eixos não paralelos.

Figura 101: Engrenagem cilíndrica de


Figura 100: Dentes (engrenagem). dentes retos (torno)
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 57). Exemplo de aplicação em máquina-
ferramenta (torno convencional)

Engrenagem com dentes


Tipos de engrenagem helicoidais:
Existem vários tipos de engrena- Os dentes helicoidais são parale- Figura 103: Engrenagens cilíndricas de
gem, que são escolhidos de acor- los entre si, mas oblíquos em re- eixos reversos.
do com a sua função. lação ao eixo da engrenagem. As
engrenagens cilíndricas com den-
tes helicoidais transmitem tam-
bém rotação entre eixos reversos
(não paralelos).

Componentes Mecânicos 57
Entre o sem fim e a coroa pro-
duz-se um grande atrito de des-
lizamento, gerando forças axiais
que devem ser absorvidas pelos
mancais. A fim de manter o des-
gaste e a geração de calor dentro
dos limites, são adequados os
materiais do sem fim (aço) e da
coroa (ferro fundido ou bronze),
devendo o conjunto funcionar em
banho de óleo.

As vantagens da utilização de
Figura 105: Engrenagem Cônica engrenagens coroa sem fim
Fonte: adaptado de Gordo e Ferreira são: espaço útil reduzido, baixo
(1996, p. 30) custo e grande possibilidade de
Figura 104: Engrenagens de eixos orto-
redução, até 1:100 (cem vezes)
gonais cilíndrica.
Parafuso com rosca sem fim e em um só par.
engrenagem côncava (coroa): A principal desvantagem é o
baixo rendimento, variando de
Engrenagens cônicas: Essa engrenagem é normalmente
45% a 75%, dependendo prin-
aplicada quando se deseja uma
Engrenagens cônicas são aque- cipalmente da redução e do
grande redução de velocidade na número de entradas da rosca:
las que têm forma de tronco de transmissão do movimento, con-
cone, podem ter dentes retos ou uma, duas, ou três entradas.
seqüente, aumento de momento
helicoidais e transmitem rotação torçor entre dois eixos perpendi-
entre eixos concorrentes. Eixos culares e/ou em um espaço redu-
concorrentes são aqueles que ten- zido.
dem a se encontrar num ponto se
prolongados. Os dentes da coroa são côncavos,
ou seja, são menos elevados no
As engrenagens cônicas são em- meio do que nas bordas.
pregadas quando as árvores se
cruzam. O ângulo de interseção é O parafuso sem fim é uma engre-
geralmente 90°, podendo ser me- nagem helicoidal com pequeno
nor ou maior. Os dentes das rodas número de dentes (até 6 filetes).
cônicas têm um formato também Quando o ângulo de inclinação
cônico, o que dificulta sua fabri- dos filetes for menor que 5°, o
cação, diminui a precisão e requer engrenamento é chamado de au-
uma montagem precisa para o toretenção, isto significa que o
parafuso não pode ser acionado
funcionamento adequado. Figura 106: Eixo sem fim /coroa.
pela coroa.

58 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Engrenagem Cilíndrica com Engrenagem cilíndrica com Engrenagem cilíndrica com
Cremalheira: dentes internos dentes em V:
A cremalheira pode ser considera- É usada em transmissões plane- Conhecida também como engre-
da como uma coroa dentada com tárias e comandos finais de má- nagem espinha de peixe, possui
diâmetro primitivo infinitamente quinas pesadas, permitindo uma dentado helicoidal duplo com
grande, aplicada para transformar economia de espaço e distribui- uma hélice à direita e outra à es-
movimento giratório em longitu- ção uniforme da força. As duas querda, permitindo a compen-
dinal. rodas do mesmo conjunto giram sação da força axial na própria
no mesmo sentido. engrenagem e eliminando a ne-
cessidade de compensar esta força
nos mancais.
Para que cada parte receba meta-
de da carga, a engrenagem em es-
pinha de peixe deve ser montada
com precisão e uma das árvores
deve ser montada de modo que
flutue no sentido axial.
Usam-se grandes inclinações de
hélice, geralmente de 30° a 45°.
Pode ser fabricada em peça única
ou em duas metades unidas por
Figura 109: Engrenagem cilíndrica com parafusos ou solda, neste último
dentes internos caso só é admissível o sentido de
giro a qual as forças axiais são di-
Figura 107: Cremalheira
rigidas uma contra a outra.

Figura 108: Cremalheira – Exemplo

Figura 110: Engrenagem cilíndrica com dentes em V.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 69).

Componentes Mecânicos 59
Características Geométricas das Engrenagens
As engrenagens, sejam de perfis de dentes retos, helicoidais, coroa sem
fim, dentes cônicos, tem o seu perfil padronizado, o que facilita a sua
fabricação e também o intercambio de peças.
No “Quadro 4”, tem-se as características geométricas, com as dimen-
sões das engrenagens e o perfil do dente, que são utilizados para calcular
as engrenagens.
Descrição Engrenagem
Número de dentes z
Módulo m
Ângulo de pressão θ = 20o (mais comum)
Diâmetro primitivo Dp = m . z
Passo (circular frontal) P=m.π
Espessura circular e vão s = v = P/2
Diâmetro externo De = m ( z + 2 )
Diâmetro interno Di = m ( z – 2,334)
Diâmetro do circulo de base Db = Dp . cos θ
Altura da cabeça do dente (adendo) a=m
Altura do pé do dente (dedendo) b = 1,167 . m
Altura do dente h=a+b
Folga no pé do dente e = 0,167 . m
Comprimento do dente t (a ser dimensionado)
Quadro 4: Dimensões – Engrenagem.
Fonte: adaptado de Provenza (1960).

Ângulo de Pressão
O ângulo de pressão define o formato do dente. O ângulo recomendado
pela ABNT é o de 20°. As máquinas antigas normalmente possuem um
ângulo de 14,5°.
Observe que, quanto maior o ângulo de pressão, mais pontudo fica o
dente, evitando assim problemas de interferência no engrenamento.

Módulo
O módulo determina o tamanho padrão do dente, e é normalizado pela
DIN 780. A “Tabela 13” mostra os módulos padronizados.
Módulo Incremento (intervalo)
0,3 a 1 0,1
1a4 0,25
4a7 0,5
7 a 16 1
16 a 24 2
24 a 45 3
45 a 75 5
Tabela 13: Módulo (engrenagem).
Fonte: Adaptado; PROVENZA (p.4 - 173, 1960).

60 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Montagem Exemplo
Além do dimensionamento dos Dado uma engrenagem cilíndrica de dentes retos:
dentes de uma engrenagem, de Dados:
acordo com seu tipo, a distância ▪▪ Número de dentes (Z1 = 27) dentes;
entre o centro dos eixos das en-
grenagens de um conjunto é de ▪▪ Módulo (m = 1,5);
fundamental importância para seu
▪▪ Ângulo (θ = 20°).
perfeito funcionamento, engrena-
mento e rendimento. Calcular suas dimensões.
Esses dimensionamentos também
proporcionarão índices de ruídos O diâmetro primitivo:
e desgastes em níveis aceitáveis e dp = m . z dp = 1,5 x 27 dp = 40,5 mm
normais.
Diâmetro externo:
Para se obter a dimensão entre de = m. (z + 2) de = 1,5 . ( 27 +2) de = 43,5 mm
centros adequada de um conjun-
to de engrenagens cilíndricas de Diâmetro de base:
dentes retos, aplicamos a seguinte db = dp . cos θ db = 40,5 . cos 20° db = 38,05 mm
fórmula:
Passo:
P = m . π P = 1,5 . π P = 4,7 mm

Dp1 + Dp2 Espessura circular e o vão do dente:


C= S = V = P/2 S = V = 4,7/2 S=V=2,35 mm
2
Altura da cabeça do dente:
a = m = 1,5 mm
C: Distância entre eixos Altura do dente:
Dp1: Diâmetro da engrenagem h=a+b
motora b = 1,167 . m b = 1,167 . 1,5 b = 1,75 mm
Dp2: Diâmetro da engrenagem h = a + b h = 1,5 + 1,75 h = 3,25 mm
movida

Seção 5
Correntes
Depois de ter estudado sobre as engrenagens, nesta seção você aprende-
rá a respeito das correntes que unem as engrenagens, transmitindo força
e movimento. E visualizará diferentes tipos de correntes.
As correntes transmitem força e movimento, que fazem com que a ro-
tação do eixo ocorra nos sentidos: horário e anti-horário. Para isso, as
Figura 111: Engrenagem - Distância (C)
engrenagens devem estar num mesmo plano. Os eixos de sustentação
das engrenagens ficam perpendiculares ao plano.
O rendimento da transmissão de força e de movimento vai depender
diretamente da posição das engrenagens e do sentido da rotação.

Componentes Mecânicos 61
Algumas situações determinam
a utilização de dispositivos espe-
ciais para reduzir essa oscilação,
aumentando, consequentemente,
a velocidade de transmissão:
▪▪ Grandes choques periódicos
- devido à velocidade tangencial,
ocorre intensa oscilação que pode
ser reduzida por amortecedores
especiais.
▪▪ Grandes distâncias - quando
Figura 112: Sistema de transmissão – corrente. é grande a distância entre os eixos
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 34). de transmissão, a corrente fica
com barriga. Esse problema pode
ser reduzido por meio de apoios
ou guias.
Transmissão
▪▪ Grandes folgas - usa-se um
A transmissão ocorre por meio do acoplamento dos elos da corrente dispositivo chamado esticador ou
com os dentes da engrenagem. tensor quando existe uma folga
A junção desses elementos gera uma pequena oscilação durante o mo- excessiva na corrente. O estica-
vimento. dor ajuda a melhorar o contato
das engrenagens com a corren-
te.

Figura 113: Corrente (coroa).


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 35).

Figura 114: Corrente (conjunto).


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 36).

62 CURSOS TÉCNICOS SENAI


tipo de corrente do que à corren-
te de rolo. Entretanto, a corrente
de bucha se desgasta mais rapida-
mente e provoca mais ruído.

Figura 117: Corrente de Bucha


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 38)

Aplicação
Figura 115: Esticador hidráulico. A transmissão por corrente nor-
malmente é utilizada quando não
se podem usar correias por cau-
sa da umidade, vapores, óleosetc.
Tipos de corrente
Ainda é de muita utilidade para
transmissões entre eixos próxi-
Correntes de rolo simples, mos, substituindo trens de engre-
dupla e tripla: nagens intermediárias.
Fabricadas em aço temperado, as Continuando o estudo de elemen-
correntes de rolo são constituídas tos de transmissão, na próxima
de pinos, talas externa e interna, seção, você conhecerá o que são
bucha remachada na tala interna. acoplamentos, suas classificações
Os rolos ficam sobre as buchas. e aplicações.
O fechamento das correntes de
rolo pode ser feito por cupilhas
ou travas elásticas, conforme o Seção 6
caso. Acoplamentos
Essas correntes são utilizadas nos
casos em que é necessária a apli- Acoplamento é um conjunto me-
cação de grandes esforços para cânico, empregado na transmis-
baixa velocidade como, por exem- são de movimento de rotação en-
plo, na movimentação de rolos tre duas árvores ou eixos-árvore,
para esteiras transportadoras. normalmente entre eixos coaxiais.
Figura 116: Corrente (montagem)
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 38) Exemplo
Corrente de bucha: ▪▪ Entre o eixo de um motor e
um redutor.
Essa corrente não tem rolo. Por
isso, os pinos e as buchas são fei- ▪▪ Quanto a classificação,os aco-
tos com diâmetros maiores, o que plamentos podem ser fixos, elásti-
confere mais resistência a esse cos e móveis.

Componentes Mecânicos 63
Acoplamentos fixos
Os acoplamentos fixos servem
para unir árvores de tal maneira
que funcionem como se fossem
uma única peça, alinhando as ár-
vores de forma precisa.
Como são um tipo de junta rígida
não pode haver desalinhamento
entre os eixos, sob risco de ocor-
rer uma quebra dos eixos ou rola-
mentos. Por motivo de segurança,
os acoplamentos devem ser cons-
truídos de modo que não apre-
Figura 118: Acoplamento elástico de pinos.
sentem nenhuma saliência.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 120).

Acoplamentos elásticos
Esses elementos tornam mais su- Acoplamento perflex
ave a transmissão do movimento Os discos de acoplamento são unidos perifericamente por uma ligação
em árvores que tenham movi- de borracha apertada por anéis de pressão. Esse acoplamento permite o
mentos bruscos, e permitem o jogo longitudinal de eixos.
funcionamento do conjunto com
desalinhamento paralelo, angular
e axial entre as árvores.

Acoplamento elástico
de pinos
Os elementos transmissores são
pinos de aço com mangas de bor-
racha que proporcionam um ajus-
te, permitindo que ocorra peque-
nos desalinhamentos entre eixos.

Figura 119: Acoplamento elástico de pinos.


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 120).

Acoplamento elástico de garras


As garras, constituídas por tocos de borracha encaixam-se nas aberturas
do contradisco e transmitem o movimento de rotação.

64 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 120: Acoplamento elástico de garras.
Fonte: adaptado de Gordo e Ferreira (1996, p. 121).

Acoplamento elástico de fita de aço

Consiste de dois cubos providos de flanges ranhurados, nos quais DICA


está montada uma grade elástica que liga os cubos. O conjunto Apesar de esse acoplamento
está alojado em duas tampas providas de junta de encosto e de ser flexível, as árvores devem
retentor elástico junto ao cubo. Todo o espaço entre os cabos e as estar bem alinhadas no ato
de sua instalação para que
tampas é preenchido com graxa.
não provoquem vibrações
excessivas em serviço.

Acoplamento de den-
tes arqueados
Os dentes possuem a forma li-
geiramente curvada no sentido
axial, o que permite até 3 graus de
desalinhamento angular. O anel
dentado (peça transmissora do
movimento) possui duas carreiras
de dentes que são separadas por
uma saliência central.

Figura 121: Acoplamento elástico de fita


Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 121)

Componentes Mecânicos 65
▪▪ Evitar a colocação dos flanges por meio de golpes: usar prensas ou
dispositivos adequados;
▪▪ O alinhamento das árvores deve ser o melhor possível, mesmo que
sejam usados acoplamentos elásticos, pois durante o serviço ocorrerão
os desalinhamentos a serem compensados;
▪▪ Fazer a verificação da folga entre flanges e do alinhamento e concen-
Figura 122: Acoplamento de dentes tricidade do flange com a árvore;
arqueados
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 121) ▪▪ Certificar-se de que todos os elementos de ligação estejam bem insta-
lados antes de aplicar a carga.
Os acoplamentos são utilizados
para corrigir pequenas variações Junta universal homocinética
angulares entre eixos de até 6
graus, conforme o modelo. Esse tipo de junta é usado para transmitir movimento entre árvores que
precisam sofrer variação angular, durante sua atividade. Essa junta é
Para aplicações onde ocorre uma
constituída de esferas de aço que se alojam em calhas.
maior variação angular entre ei-
xos, podem ser utilizadas uma
junta homocinética ou cruzetas.

Acoplamentos móveis
São empregados para permitir o
jogo longitudinal das árvores. Es-
ses acoplamentos transmitem for-
ça e movimento somente quando
acionados, isto é, obedecem a um
comando.
Os acoplamentos móveis podem
ser: de garras ou dentes. A rota-
ção é transmitida por meio do en-
caixe das garras ou de dentes.
Geralmente, esses acoplamentos
são usados em aventais e caixas
de engrenagens de máquinas-fer-
Figura 123: Junta homocinética.
ramentas convencionais.
Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 122).

Montagem de acopla- Eixos Cardans / Cruzetas


mentos
Permitem trabalhar com eixos, transmitindo torque com um maior
Os principais cuidados a tomar grau de desalinhamento.
durante a montagem dos acopla-
mentos são:

66 CURSOS TÉCNICOS SENAI


A vantagem do anel padronizado é
que nele não existe a linha de cola-
gem que pode ocasionar vazamento.
Os anéis de borracha ou anéis da
linha ring são bastante utilizados
em vedações dinâmicas de cilin-
dros hidráulicos e pneumáticos
que operam à baixa velocidade.

Juntas de papelão:
São empregadas em partes estáti-
cas de máquinas ou equipamentos
como, por exemplo, nas tampas
de caixas de engrenagens. Esse
tipo de junta pode ser comprada
pronta ou confeccionada con-
forme o formato da peça que vai
utilizá-la.
Figura 124: Eixo Cardan (cruzeta).
Fonte: Adaptação de Antares. (2009). Juntas metálicas:
Tipos de Elementos de São destinadas à vedação de equi-
Para finalizar esta unidade, a 7ª vedação pamentos que operam com altas
seção de estudo mostrará a defi- pressões e altas temperaturas. Ge-
nição de vedação e diversos ele- Os materiais usados como ele-
ralmente, fabricadas em aço de bai-
mentos de vedação, os materiais mentos de vedação são: juntas
xo teor de carbono, em alumínio,
que os compõem e as vantagens e de borracha, papelão, velumóide,
cobre ou chumbo. São normalmen-
utilidade de suas aplicações. Tam- anéis de borracha ou metálicos,
te aplicadas em flanges de grande
bém apresentará as características juntas metálicas, retentores, gaxe-
aperto ou de aperto limitado.
tas, selos mecânicosetc.
de vedação por retentores.
Juntas de teflon:
Juntas de borracha:
Material empregado na vedação
Seção 7 São vedações empregadas em
de produtos como óleo, ar e água.
partes estáticas, muito usadas em
Vedação equipamentos, flanges etc. Podem
As juntas de teflon suportam tem-
peraturas de até 260°C.
ser fabricadas com materiais em
forma de manta e ter uma camada
Juntas de amianto:
Conceito de vedação interna de lona (borracha lonada)
ou materiais com outro formato. Material empregado na vedação
Vedação é o processo usado para de fornos e outros equipamentos.
impedir a passagem, de maneira O amianto suporta elevadas tem-
Anéis de borracha (ring):
estática ou dinâmica, de líquidos, peraturas e ataques químicos de
gases e sólidos particulados (pó) São vedadores usados em partes
muitos produtos corrosivos.
de um meio para outro. estáticas ou dinâmicas de máqui-
O material do vedador deve ser nas ou equipamentos. Estes veda-
Juntas de cortiça:
compatível com o produto a ser dores podem ser comprados nas
dimensões e perfis padronizados Material empregado em vedações
vedado para que não ocorra uma
ou confeccionados colando-se, estáticas de produtos como óleo,
reação química entre eles. Uma
com adesivo apropriado, as pon- ar e água, submetidos a baixas
reação poderá causar vazamentos
tas de um fio de borracha com pressões. As juntas de cortiça são
e contaminação do produto; em
secção redonda, quadrada ou re- muito utilizadas nas vedações de
termos industriais, poderá resultar
tangular. tampas de cárter, em caixas de en-
em prejuízos à empresa.
grenagensetc.

Componentes Mecânicos 67
Retentores:
O retentor é composto essencialmente por uma membrana elastomérica
em forma de lábio e uma parte estrutural metálica semelhante a uma
mola que permite sua fixação na posição correta de trabalho.
A função primordial de um retentor é reter óleo, graxa e outros produtos
que devem ser mantidos no interior de uma máquina ou equipamento.
O retentor é sempre aplicado entre duas peças que executam movimen-
tos relativos entre si, suportando variações de temperatura.
A figura a seguir mostra um retentor entre um mancal e um eixo.

1. Membrana elastomérica
ou lábio
a. Ângulo de ar.
b. Ângulo de vedação.
c. Ângulo de óleo.
d. Região cobertura da
mola.
e. Alojamento da mola.
f. Região interna do lábio.
g. Região do engaste do lá-
bio.

2. Mola de tração

Figura 125: Retentor. 3. Região interna do veda-


Fonte: SENAI/ES (1997, p. 08). dor, eventualmente reco-
berta por material elasto-
Elementos de um retentor básico mérico.

Os elementos de um retentor básico encontram-se a seguir. Acompanhe 4. Anel de reforço metálico


as legendas pela ilustração. ou carcaça.

5. Cobertura externa elasto-


mérica
a. Borda.
b. Chanfro da borda.
c. Superfície cilíndrica ex-
terna ou diâmetro exter-
no.
d. Chanfro das costas.
e. Costas.

Tabela 13: Retentor (elementos).


Fonte: SENAI (1997, p. 09).

68 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Tipos de perfis de re- que tende a causar a degeneração para o cumprimento da função do
do material do retentor, levando o vedador e para sua vida útil.
tentores lábio de vedação ao desgaste. A “Tabela 14” mostra quatro ti-
Como foi visto, a vedação por Em muitas ocasiões, provoca o pos de elastômeros e suas reco-
retentores se dá por meio da in- desgaste do eixo na região de mendações genéricas de aplicação
terferência do lábio sobre o eixo. contato com o retentor. diante de diferentes fluidos e gra-
Esta condição de trabalho provo- A escolha correta do material xas. Apresenta os limites de tem-
ca atrito e a consequência é a gera- elastomérico permite a redução peratura que podem suportar em
ção de calor na área de contato, o do atrito, condição fundamental trabalho.

ÓLEOS PARA TRANSMISSÃO AUTOMÁ-


CÓDIGO DO ELASTÔMERO DE ACORDO COM

LIMITES DE TEMPERATURA MÍNIMA DE TRA-

ÓLEOS PARA CAIXA DE MUDANÇAS

GASOLINA + ÓLEO MOTOR 2 T


AS NORMAS ISO 1629 E DIN 3761

ÓLEOS PARA MOTOR

ÁLCOOL + ADITIVOS
ÓLEOS HIPOIDES
TIPO DE BORRACHA

TICA (A.T.F)
GRAXA
BALHO (°c)

LIMITES DE TEMPERATIRA MÁXIMA DE TRA-


APLICAÇÕES GERAIS
BALHO (°c)

Material normalmente utilizado


para máquinas e equipamentos
NBR Nitrílica - 35 110 110 110 120 90 100 100 industriais. Muito utilizado na in-
dústria automotiva para aplicações
gerais.

Material largamente utilizado para


ACM Poliacrílica - 15 130 120 120 130 - - - motores e transmissões na indús-
tria automobilística.

Material usualmente empregado


MVQ Silicone - 50 150 - - 130 - - - em motores e transmissões na
indústria automobilística.

Material empregado em motores


Fluorelas-
FPM - 30 150 150 150 150 - 125 125 e transmissões altamente solici-
tômero
tadas.

Tabela 14: Retentor (aplicação).


Fonte: SENAI (1997, p. 10).

Componentes Mecânicos 69
Recomendações para a Condições de armazenagem dos retentores
aplicação dos retentores Durante o período de armazenamento, os retentores deverão ser manti-
dos nas próprias embalagens. A temperatura ambiente deverá permane-
cer entre 10ºC e 40ºC. Manipulações desnecessárias deverão ser evitadas
Para que um retentor trabalhe de para preservar os retentores de danos e deformações acidentais. Cuida-
modo eficiente e tenha uma boa dos especiais precisam ser observados quanto aos lábios dos retentores,
durabilidade, a superfície do eixo especialmente quando eles tiverem que ser retirados das embalagens.
e o lábio dele deverão atender aos
seguintes parâmetros:
▪▪ O acabamento da superfície do
eixo deve ser obtido por retifica- Pré-lubrificação dos retentores
ção, seguindo os padrões de quali- Recomenda-se pré-lubrificar os retentores na hora da montagem.
dade exigidos pelo projeto;
A pré-lubrificação favorece uma instalação perfeita do retentor no aloja-
▪▪ A superfície de trabalho do lá- mento e mantém uma lubrificação inicial no lábio durante os primeiros
bio do retentor deverá ser isenta giros do eixo. O fluido a ser utilizado na pré-lubrificação deverá ser o
de sinais de batidas, sulcos, trin- mesmo fluido a ser utilizado no sistema, e é preciso que esteja isento de
cas, falhas de material, deforma- contaminações.
ção e oxidação;
▪▪ A dureza do eixo, no local de
trabalho do lábio, deverá estar Cuidados na montagem do retentor no alojamento
acima de 28 HRC.
▪▪ A montagem do retentor no alojamento deverá ser efetuada com o
auxílio de prensa mecânica, hidráulica e um dispositivo que garanta o
perfeito esquadrejamento do retentor dentro do alojamento;
▪▪ A superfície de apoio do dispositivo e o retentor deverão ter diâme-
tros próximos para que o retentor não venha a sofrer danos durante a
prensagem;
▪▪ O dispositivo não poderá, de forma alguma, danificar o lábio de ve-
dação do retentor.

Montagem do retentor no eixo


Os cantos do eixo devem ter chanfros entre 15° e 25° para facilitar a
entrada do retentor. Não sendo possível chanfrar ou arredondar os can-
tos, ou se o retentor tiver que passar obrigatoriamente por regiões com
roscas, ranhuras, entalhes ou outras irregularidades, recomenda-se o uso
de uma luva de proteção para o lábio. O diâmetro da luva deverá ser
compatível, tal que o lábio não venha sofrer deformações.

70 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Cuidados na substituição do retentor
▪▪ Sempre que houver desmontagem do conjunto que implique des-
montagem do retentor ou do seu eixo de trabalho, recomenda-se substi-
tuir o retentor por um novo;
▪▪ Quando um retentor for trocado mantendo-se o eixo, o lábio do
novo retentor não deverá trabalhar no sulco deixado pelo retentor velho;
▪▪ Riscos, sulcos, rebarbas, oxidação e elementos estranhos devem ser
evitados para não danificar o retentor ou acarretar vazamento;
▪▪ Muitas vezes, por imperfeições no alojamento, usam-se adesivos (co-
las) para garantir a estanqueidade entre o alojamento e o retentor. Nessa
situação, deve-se cuidar para que o adesivo não atinja o lábio do retentor,
pois isso comprometeria seu desempenho.
Na unidade 2, você pôde estudar o funcionamento dos elementos de
transmissão, como mancais, polias, correias, engrenagens, correntes e
acoplamentos, abordando a relação de suas características e suas aplica-
ções. Também conheceu diversos elementos usados para vedação e os
materiais utilizados em sua formação.

Na próxima, e última unidade você estudará o dimensionamento de ele-


mentos de máquinas. Para isso, serão apresentadas as grandezas e uni-
dades de medidas correspondentes, aplicação de força e resistência de
materiais e cálculos referentes ao dimensionamento de parafusos e dos
elementos de transmissão.

Componentes Mecânicos 71
Unidade de
estudo 3
Seções de estudo

Seção 1 – Grandezas físicas e unidades


de medida
Seção 2 – Resistência dos materiais em
elementos de máquinas
Seção 3 – Dimensionamento de parafusos
Seção 4 – Dimensionamento de elemen-
tos de transmissão
Dimensionamento de
elementos de máquinas

Seção 1
Grandezas físicas e
unidades de medida
Nesta seção, você verá as uni- Grandezas físicas pode ocorrer quando existe
dades de medidas e suas res- contato direto entre os corpos,
pectivas grandezas físicas, que As grandezas mais importantes e como o caso de uma pessoa
aplicadas para os estudos básicos
influenciam diretamente no di- empurrando um carrinho, ou
da mecânica, de Resistência dos quando existe uma distância
mensionamento dos elementos Materiais e, consequentemente,
mecânicos. entre os corpos. Em quaisquer
para o dimensionamento dos ele- dos exemplos, a força é com-
Na construção mecânica, as peças mentos mecânicos são: as distân- pletamente caracterizada pelo
e componentes de uma determi- cias (comprimento), tempo, mas- seu módulo, direção, sentido e
nada estrutura devem ter dimen- sa e força. ponto de aplicação.
sões e proporções adequadas para
suportarem os esforços impos-
tos sobre eles. Para compreender Distância (m, cm, mm, etc.): é
necessária para localizar a posição Unidades do Sistema
melhor os efeitos gerados pelas Internacional (SI)
forças externas aplicadas sobre de um ponto no espaço, descre-
os vários elementos mecânicos, vendo assim a dimensão do siste- O Sistema Internacional de uni-
foram realizados diversos estudos ma físico. Na mecânica, podemos dades, conhecido por “SI”, é
que datam de muito tempo atrás citar a distância de aplicação de um órgão internacional, que tem
forças em determinados elemen- como fundamental objetivo a pa-
(Galileu; 1564-1642).
tos até seu ponto de apoio. dronização das unidades de medi-
Desses estudos iniciais surgiu a
Tempo (s): embora os princípios da aplicadas no mundo, especial-
“ESTÁTICA” que considera os
da estática sejam independentes mente nas indústrias. As unidades
efeitos externos das forças que
do tempo, esta grandeza tem uma básicas padronizadas por este ór-
atuam num corpo e a “RESIS-
função muito importante no estu- gão são: o comprimento (m), o
TÊNCIA DOS MATERIAIS”
do da dinâmica. tempo (s) e a massa (kg).
que analisa o comportamento
desses corpos submetidos a esfor- Massa (Kg): a massa é uma pro- Há um conjunto de prefixos
ços externos, considerando o efei- priedade da matéria pela qual adotado para o uso das unidades
to interno, isto é, o efeito gerado podemos comparar a ação de do “SI”, a fim de exprimir os
sobre este elemento. um corpo com a de outro. Esta valores de grandezas que são muito
propriedade fornece desde uma maiores ou muito menores do
Essa análise e dimensionamentos
medida quantitativa da resistência que a unidade padrão estabelecida
exigem um conhecimento pro-
da matéria até mudanças de velo- pelo sistema internacional.
fundo das dimensões utilizadas
cidade. Na “Tabela 15” estão alguns
e suas respectivas unidades de
medida, para a relação de propor- Força (N): em geral, a força é exemplos de prefixos que podem
cionalidade dos elementos e espe- considerada como um empur- ser aplicados com qualquer
cialmente os dimensionamentos e rão ou um puxão de um corpo unidade base e com as unidades
padrões tabelados utilizados. sobre o outro. Esta interação derivadas com nomes especiais.

Componentes Mecânicos 73
Giga G 109 = 1 000 000 000
Mega M 106 = 1 000 000
Quilo K 10³ = 1 000
Hecto H 10² = 100
Deca da 10
Unidade --- ---
Deca D 10 = 0,1
-1

Centi C 10-2 = 0,01


Mili M 10-3 = 0,001 Figura 126: Estática.
Micro µ 10-6 = 0,000 001
Nano n 10-9 = 0,000 000 001 As leis da física (leis de Newton)
Tabela 15: Prefixo (múltiplos e submúltiplos). nos explicam esse fenômeno, es-
tática e dinâmica, onde nos diz
que existe uma força de resistên-
cia (força de reação) que é supera-
da pela energia transmitida para o
Nota: Para formar o múltiplo ou submúltiplo de uma unidade, basta motor, por isso gira e movimenta
colocar o símbolo do prefixo desejado na frente da unidade.
os demais elementos ligados a ele.
Essa energia (potência) ou forças
externas devem ter uma intensida-
A próxima seção apresentará o conceito de força, o princípio de ação e de superior às forças de resistên-
reação e o cálculo necessário para determinar os momentos atuantes em cia e estática dos elementos, para
qualquer ponto de aplicação de força. assim, entrarem em movimento e
cumprirem suas funções básicas.

Seção 2
Força
Resistência dos materiais em elementos de máquinas
A força representa a ação de um
Na construção mecânica, as peças componentes de uma determinada corpo sobre outro, o conceito
estrutura devem ter dimensões e proporções adequadas para suportarem de força é aplicado na mecânica
esforços impostos sobre elas. em geral. As forças podem ser
classificadas em concentradas e
Para entendermos melhor, todo elemento tende a ficar estático (parado)
distribuídas. Todas as forças são
enquanto não sofrer a ação de uma força externa. Quando submetido
distribuídas, ou seja, forças que
a esses esforços, tem a tendência de se deslocar ou se mover, porém,
atuam ao longo de um elemento.
tendo como premissa básica permanecer estático.
Quando uma carga distribuída
Exemplo: Os eixos de um redutor tendem a ficar parados enquanto atua numa superfície desprezível
não forem acionados pelo motor. E este, quando acionado através da (área reduzida), é chamada de
energia elétrica, de acordo com seu projeto, tende a girar e entrar em força concentrada. A força é
movimento. uma grandeza vetorial que, para
sua definição e análise, possui
características a serem observadas:
▪▪ Sua intensidade;
▪▪ Sua direção;
▪▪ Seu sentido;
▪▪ Ponto de aplicação (distância).

74 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Se você respondeu a primeira per-
y intensidade gunta positivamente, está certo!
F Porém, analisando a segunda per-
sentido gunta, isso não se confirma, pois
sabemos que quando há um golpe
quem o recebe normalmente rea-
linha de ação ge afastando-se, sentindo o golpe.
ou direção Assim concluímos que a capaci-
ponto de dade de resistência é inferior ao
aplicação golpe efetuado.
α
Suportando o golpe, significa que
o receptor tem uma capacidade
O x de reação superior ao golpe efe-
tuado, portanto, se manterá está-
Figura 127: Sistema de Forças tico, ou poderá até empurrar seu
agressor. Em ambos os casos,
A unidade de força, chamada Newton (N), é derivada da equação “F = portanto, não podemos afirmar
m . a”. Assim, 1 Newton é igual a força necessária para impor a 1 qui- que entre forças de ação e reação
lograma de massa uma aceleração de 1 m/s² (N = kg.m/s²). Se o peso exista equilíbrio, mesmo o sistema
de um corpo deve ser determinado em Newtons, para efeito de cálculos, mantendo-se estático.
podemos dizer que o valor de 1g equivale 9,81 m/s².

Momento (Torque)
Um corpo com massa de 1 kg tem um peso de 9,81N.
Observe a “Figura 129” e res-
ponda aos questionamentos:

Princípio da Ação e Reação


Quando temos várias forças atuantes numa estrutura, chamamos de sis-
tema de forças. Todas as forças num sistema tendem ao equilíbrio, isto
é, quando tratamos de um corpo rígido, este tende a se manter estático e,
para isso, todas essas forças devem ser consideradas, não omitindo nem
incluindo forças.
Figura 129: Gangorra.
Devemos nos lembrar que cada força de ação possui sua componente Fonte: Cima e Merizio (2004).
de reação, de mesma intensidade e direção, porém com sentido oposto e
também deve ser levada em consideração.
▪▪ A representação da “Figura
Exemplo: 129” é um sistema de forças? Em
caso afirmativo, quantas são as
Analisar a “Figura 128” e responder as seguintes questões: forças atuantes?
▪▪ As forças de ação e reação são equivalentes? ▪▪ Sendo um sistema de forças,
▪▪ A imagem determina uma condição de equilíbrio? este está em equilíbrio? Em caso
afirmativo, por quê?

Antes de responder as perguntas,


Fa Fr analise também a “Figura 130“

Figura 128: Ação e reação.


Fonte: Izac (2006).

Componentes Mecânicos 75
m=Fxd

Onde:
m: Momento ou torque (N.m, N.mm, N.cm, Kgf.mm);
Figura 130: Gangorra. F: Força (N; Kgf);
Fonte: Cima e Merizio (2004). d: Distância (m, mm, cm).

Perceba que a “Figura 129” e


“Figura 130” representam um
sistema de forças, pois os pesos Dessa forma, podemos realizar uma nova análise do sistema pela “Fi-
exercem uma força sobre seus as- gura 131”: Se, para obtermos a condição de equilíbrio devemos possuir
sentos e sobre o ponto de apoio. forças equivalentes, isso é, forças de ação iguais às forças de reação,
Este, exerce uma força de reação nesse sistema apresentado existe a componente momento que deve ser
de mesma direção e no sentido considerada. Portanto, também determina uma condição de equilíbrio.
contrário aos pesos. Temos então
três forças atuantes no sistema.
Também podemos observar na
primeira imagem que ocorre uma
condição de equilíbrio, pois as
pessoas representam ter o mesmo
peso, demonstrando estar na con-
dição estática.
Comparando a “Figura 129” com
a “Figura 130” percebemos uma
diferença entre os pesos, ocor-
rendo assim, um desequilíbrio no Figura 131: Gangorra.
sistema. Fonte: Wikipedia (2006).
Observe que há a ocorrência de
uma variável entre as forças: a dis-
tância destas ao ponto de apoio m1 = F1 x d1 m2 = F 2 x d 2
que as sustenta. Esta distância
tem influência direta no equilí-
brio, podendo compensar as dife- Portanto, para manter o equilíbrio:
renças entre as forças (pesos).
Essa relação entre a força e o seu
ponto de apoio gera uma segun-
da componente que determina a m1 = m2 Assim F1 x d1 = F2 x d2
condição de rotação ao sistema
em relação ao seu eixo de apoio,
enquanto as forças de um sistema,
Exemplo:
isoladamente, apenas tenderiam a
deslocar-lo. Determine a distância para mantermos a condição de equilíbrio no sis-
A essa nova componente, damos tema.
o nome de momento (torque).

Dados:
F1 = 300 kg F2 = 30 kg F1 x d1 = F 2 x d2
d1 = 20 cm d2 = ? 300 x 20 = 30 x d2

76 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Determine a força F3 para obter
equilíbrio.

∑Me = ∑Md
∴ M1 = M2 + M3
∴ F1. d1 = (F1. d1) + (F1. d1)
∴ F1 . 200 = (10. 1500) + (10. 2500)
∴ F1 = 15000 + 25000
200
∴ F1 = 200 kg

Figura 132: Gangorra.


Fonte: Cima e Merizio (2004).

Definição de momento Fle-


Momento Fletor tor
Podemos definir momento fletor
Analisar a “Figura 133”.
(Mf) de uma seção como:a soma
de todos os momentos atuantes
neste corpo (F.d), tendo como re-
ferência esta mesma seção.
Ao analisar um elemento subme-
tido aos esforços de flexão, po-
demos notar que este sofre ações
diferenciadas ao longo de sua se-
ção, o que influência diretamente
em suas tensões e capacidade de
resistência. Uma viga submetida
Figura 133: Momentos (equilíbrio) aos esforços de flexão tem suas
Fonte: Cima e Merizio (2004) fibras superiores comprimidas,
enquanto as fibras inferiores estão
Note que temos duas forças de um lado do sistema e apenas uma na sendo tracionadas.
outra extremidade. Responder:

▪▪ Podemos ter equilíbrio nesse sistema?


▪▪ Em caso positivo, como?
Analisando inicialmente o sistema e levando-se em consideração apenas
as forças, independentemente, sabemos que o somatório das forças de
ação deve ser igual ao somatório das forças de reação (∑∑Fa = ∑Fr).
Para os momentos, não é diferente. O somatório dos momentos de um
lado do sistema será igual ao somatório da outra extremidade, tendo
como referência o ponto de apoio. Portanto: (∑Me = ∑Md)
Entendendo melhor: o momento “M1” será igual a “M2” + “M3”.

Exemplo:

F1 = ? F2 = 10 kg F3 = 10 kg
d1 = 200 mm d2 = 1500 mm d3 = 2500 mm

Componentes Mecânicos 77
Observando a “Figura 137” de
um sistema de forças, podemos
realizar a seguinte análise:
▪▪ As forças atuam na vertical, no
sentido de cima para baixo. Por-
tanto, as convencionamos negati-
vas;

Figura 134: Momento Fletor ▪▪ Surgem as forças de reação


“RA” e “RB” que atuam na mes-
ma direção, porém, no sentido
Tendo a linha da seção como ponto de referência, as fibras superiores do
contrário às forças “F1” e “F2”;
corpo sofrem compressão enquanto as inferiores sofrem tração.
Desta forma, para dimensionarmos um elemento submetido à flexão, ▪▪ Fixando no ponto de apoio
tomamos um ponto de aplicação de força como referência (normalmen- “B”, os momentos gerados pelas
te um dos pontos de apoio) e convencionamos os seguintes critérios: forças “F1” e “F2” condicionam
a uma rotação anti-horária, por-
▪▪ O somatório das forças atuantes no sistema é igual a “0” (zero): “∑Fx tanto, convencionadas positivas.
= 0” e “∑Fy=0”; A força de reação “RA” também
▪▪ O somatório dos momentos a partir de um dos pontos de apoio é gera um momento em relação ao
igual a “0” (zero): “∑M = 0” ponto de apoio “B”, com sentido
de giro horário, portanto, conven-
Para desenvolvimento de cálculos devemos convencionar as direções e
cionado negativo.
os sentidos de rotação como apresentamos no “Quadro 5”:
Exemplo:
CONVENÇÕES Aplicar os esforços e distâncias
FORÇA (DIREÇÃO) MOMENTO (SENTIDO) determinados abaixo na e calcular
Vertical (Y) Horizontal (X) Horário Anti-horário as forças de reação e momentos
+ - em cada ponto de aplicação de
+ - força.
- +

Quadro 5: Convenções. Dados:


F1 = 100N F2 = 300N
d1 = 300 mm d2 = 500 mm
Elemento submetido à Flexão d3 = 400 mm
Ao analisar um sistema de forças, devemos considerar todas as forças
Determinar:
atuantes e seus respectivos momentos gerados a partir de um deter- RA = ? RB = ? M1 = ? M2 = ?
minado ponto de referência (um ponto de apoio, mancaletc.). E para M3 = ? M4 = ?
seu dimensionamento, devemos aplicar as condições de equilíbrio e as
convenções. 1ª Condição de equilíbrio:

∑F y =0

− F1 − F2 + R A + R B = 0

Calcular:

− 100 − 300 + R A + R B = 0 ∴ R A + R B = 400


− 100 − 300 + R A + R B = 0 ∴ R A + R B = 400
Figura 135: Aplicando as convenções.

78 CURSOS TÉCNICOS SENAI


“Obtemos duas variáveis” Calcular o Momento Fletor
atuante no ponto de atu-
ação da força “F1”.
2ª Condição de equilíbrio:

∑M = 0
− M1 + M2 + M3 + M4 = 0 F1
m = F×d
− (R A × d t ) + (F1 × di ) + (F2 × d3 ) + (RB × d0 ) = 0
Como:
A
− (R A × 1200) + (100 × 900) + (300 × 400) + (R B × 0 ) = 0
Calcular:
210000 d1
− 1200R A + 90000 + 120000 = 0 ∴ −R A = − R A = 175N
1200 RA

Considerando o lado esquerdo do


Com a força de reação “RA” determinada, podemos, através da equação ponto de aplicação da força “F1”,
de equilíbrio das forças, encontrar a força de reação no ponto de apoio temos:
“B”.
Como determinar os momentos atuantes em cada ponto de aplicação Mf2 = - (RA . d1) + F1 . 0 ∴ Mf2 = - (RA . d1)
de força?

R A + RB = 400 ∴ RB = 400 − 175 ∴ RB = 225N Nota: A força “RA” gera uma ro-
tação horária, portanto negativa
segundo as regras da convenção.
Para se determinar os momentos atuantes em qualquer ponto do ele-
Calcular o Momento Fletor atu-
mento submetido à flexão (normalmente nos pontos de aplicação de
ante no ponto de atuação da força
força), devemos considerar que nesse ponto tivéssemos o ponto de
“F2”.
apoio de uma alavanca (gangorra), baseado na condição de equilíbrio.
Os momentos são iguais em ambos os lados, assim, basta calcular os Considerando o lado esquerdo do
momentos atuantes localizados à esquerda deste ponto. ponto de aplicação da força “F2”,
temos:

RA
Mf3 = - [RA . (d1+ d2)] + (F1 . d2) + (F2 . 0)
∴ Mf3 = - (RA . di) + (F1 . d2)
Calcular o Momento Fletor atuante no ponto “A”.
Extremidade esquerda do ponto de apoio “A”.
Nesse ponto de apoio, atua a força de reação “RA”. Portanto, a distância
da força até o ponto de referência é “0”. Assim:

Mf1 = RA . 0 ∴ Mf1 = 0

Componentes Mecânicos 79
Calcular o Momento Fletor atuante no ponto de atuação da Exemplo:
força “B”. Uma barra de seção circular com
Considerando o lado esquerdo do ponto de apoio “B”, temos: 50 mm de diâmetro é tracionada
por uma carga normal de 36 KN.
Determine a tensão normal (σ)
atuante na barra.

2
π.d π × 502
A= A= A = 1963,5mm2
4 4

F 36000
σ = σ= σ = 18,33Mpa
A 1963,5

Mf4 = - [RA . (d1 + d2 + d3)] + [F1 . (d2 + d3)] + (F2 . d3) + (RB . 0) ∴
Mf3 = - (RA . dt) + (F1 . di2) + (F2 . d3)

Classificação das Solicitações (Forças)


Tração, compressão, flexão, torção, cisalhamento.
Também podemos ter solicitações compostas (Ex.: flexotorção - eixo
submetido à flexão e torção simultaneamente).
Tensão: é ao resultado da ação de cargas externas sobre uma unidade Figura 137: Exemplo (tensão).
de área da seção analisada na peça, componente mecânico ou estrutural
submetido a esforços mecânicos. A direção da tensão depende do tipo
de solicitação, ou seja, da direção das cargas atuantes. Nesse caso calculamos a tensão a
qual o elemento está submetido.
As tensões provocadas por tração, compressão e flexão ocorrem na dire- Porém, quando estamos dimen-
ção perpendicular à área da seção transversal, por isso são chamadas de sionando determinado elemento
tensões normais, representadas pela letra grega “sigma” (σ). mecânico, aplicamos as tensões
As tensões provocadas por torção e cisalhamento atuam na direção tan- (σ) tabeladas, específicas para
gencial à área da seção transversal, assim chamadas de tensões tangen- cada tipo de material. Também
ciais ou cisalhantes e representadas pela letra grega “tau” (τ). é importante salientar que, para
o cálculo desses componentes,
deve-se aplicar um coeficiente de
segurança, levando-se em consi-
deração as condições de esforços
e aplicação do componente.

Seção 3
Dimensionamento de
parafusos
Nesta seção, para estudar dimensio-
namento de parafuso, você apren-
derá a calcular a força de aperto
Figura 136: Forças (tensões) do parafuso, tensão admissível de
cisalhamento simples e duplo, força
σ = Tensão admissível de tração em (N/mm2)
F = Força aplicada (N)
aplicada ao parafuso, área de seção
A = Área da seção transversal (mm2) transversal menor do parafuso e
comprimento da chaveta.

80 CURSOS TÉCNICOS SENAI


As classes de resistência dos parafusos estão normalmente impressas Parafusos submetidos à tração
na cabeça do parafuso, são definidas e normalizadas de acordo com a (Figura 138 - Tração):
norma NBR 8855 – Propriedades Mecânicas de Elementos de Fixação
– Parafusos.
F
Diâmetro Resistência óσ adm =
CLASSE A
Nominal Mínima Material
“ABNT” πð.d1 2
(mm) σ (N/mm2)
A=
4.6 5 a 36 225 Aço Baixo Carbono 4
4.8 1,6 a 16 310 Aço Baixo Carbono d1 = d − 1,2268 × p
5.8 5 a 24 380 Aço Médio Carbono
Aço Médio Carbono com Trat.
8.8 1,6 a 36 600
Térmico
Aço Médio Carbono com Trat.
9.8 1,6 a 16 650
Térmico
Aço Médio Carbono com Trat.
10.9 5 a 36 830
Térmico
12.9 1,6 a 36 970 Aço Liga com Trat. Térmico
Tabela 16: Classe de Resistência para parafusos. Figura 138: Tração.
Fonte: Liber... (2009). Fonte: adaptado de Gordo e Ferreira
(1996, p. 52).

A resistência de prova é a resistência máxima do parafuso, sem receber


deformação permanente, ou seja, sem sofrer escoamento. Esta resistên- Onde:
cia é obtida com testes reais em parafusos. Em uma união parafusada, a σadm = Tensão admissível de tra-
porca deve ter a mesma classe do parafuso. ção em (N/mm2);
F = Força aplicada (N);
Parafusos submetidos à tração A = Área da seção transversal me-
nor do parafuso (mm2);
Tensão Admissível (σadm): para o dimensionamento do parafuso é ne-
d1 = diâmetro interno da rosca do
cessário utilizar um fator de segurança. Isto é feito calculando a tensão
parafuso (mm);
admissível, que é o valor limite de resistência do parafuso com seguran-
ça. Para um parafuso submetido à tração: d = diâmetro nominal do parafu-
so (mm);
P = Passo da rosca (mm).
σ prova
σ adm =
F.S.
Parafusos submetidos ao cisa-
σprova = Resistência de prova do parafuso. lhamento simples (Figura 141):
F.S. = Fator de segurança.

DICA
“O fator de segurança depende do tipo de produto, tipo de carga, os
riscos e, muitas vezes, é definido pela norma técnica da ABNT refe-
rente ao produto.”

Figura 139: Cisalhamento.


Fonte: Adaptado de Gordo e Ferreira
(1996, p. 52).

Componentes Mecânicos 81
Tensão admissível de cisalha- Nesse caso temos: sidera-se que, se o parafuso não
mento σadm_cis : romper durante o aperto, dificil-
De acordo com a teoria da máxi- σadm_cis = ___
F mente irá romper em trabalho. A
ma energia de distorção, a tensão 2.A força de aperto máxima “Fi” é
admissível de cisalhamento é cal- calculada por:
culada a partir da tensão admissí-
vel de tração por: Fi = 0,75 x σprova x A

σó adm
σó adm _ cis =
3 Onde:
σprova = resistência/tensão de
que pode ser arredondado para a prova do parafuso, tabelado (N/
Figura 140: Cisalhamento Duplo
seguinte fórmula: mm2);
Fonte: SENAI/PR (2001, p.88)
A = Área menor da seção do pa-
rafuso. (mm2).
σ adm _ cis = 0,6 × σ adm Onde:
σadm_cis = Tensão admissível de ci-
F salhamento (N/mm2); Cálculo do comprimento da
σ adm _ cis = chaveta “L”:
A F = Força aplicada (N);
A chaveta sofre um esforço de
A = Área da seção transversal me-
π.d2 cisalhamento, quando transmite
A= nor do parafuso (mm2);
4 movimento de rotação. O esfor-
d = diâmetro do parafuso (mm). ço na chaveta, quando excessivo,
faz com que ela sofra ruptura e
Onde: Torque de aperto de parafusos cujo plano de corte encontra-se
σadm_cis = Tensão admissível de ci- localizado ao longo do seu com-
Muitas vezes, uma máquina tem
salhamento em (N/mm2); primento L.
os parafusos apertados com o
F = Força aplicada (N); torque controlado (torquíme- Calculando o cisalhamento pode-
A = Área da seção transversal me- tro), como motores a combustão, mos determinar o comprimento
nor do parafuso (mm2); estruturas, flanges. Nesse caso, a da chaveta.
relação entre o torque e a força Nesse caso, deve-se calcular de
d = diâmetro do parafuso (mm).
de aperto do parafuso, segundo acordo com os seguintes passos:
Shigley é:
Parafusos submetidos ao cisa-
lhamento duplo (Figura 142):
MT = 0,2 x Fi x d σadm = ___
σesc
Neste caso, têm-se duas áreas si-
multâneas de cisalhamento do pa- F.S.
rafuso (seção AA e BB), portanto, σadm_cis = 0,6 x σadm
faz-se a área do parafuso vezes Onde:
dois, da seguinte forma: MT = Torque em (N.m);
d = diâmetro nominal do parafu- Mt
F=
so (m); r
Fi = Força de aperto do parafuso
(N).
A força na chaveta (Figura 82)
pode ser calculada através do mo-
A força de aperto “Fi” recomen- mento torçor (torque) Mt no eixo
dada para parafusos que podem e pelo raio do eixo “r” , da seguin-
ser desmontados pode atingir te forma:
75% da resistência de prova sem
o coeficiente de segurança. Con-

82 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Em alguns casos, pode ser neces-
Seção 4 sário calcular também o cisalha-
F Dimensionamento mento do eixo, especialmente em
de elementos de eixos curtos, ou com força aplica-
da próxima à fixação do eixo.
transmissão
O cálculo do cisalhamento é feito
com a seguinte fórmula:

Dimensionamento de
eixos fixos
τ =___
F
Figura 141: Distribuição da força. Todo elemento de máquina está A
submetido a diversas forças que
E o comprimento “L” necessário atuam sobre este, exigindo que te- τ: Tensão devido ao cisalhamento
da chaveta pode ser calculado pe- nha capacidade de absorver esses [N/mm2];
las seguintes fórmulas: esforços sem sofrer deformações,
F: Força aplicada no local, (gráfi-
assim, estes devem ser dimensio-
co de esforço cortante) [N];
nados, levando-se em considera-
ção vários aspectos e característi- A: Área da seção transversal.
A=bxL cas importantes. [mm2].

σ =___
F
Dentre as características a serem Para maiores detalhes sobre cál-
A
consideradas ,as principais são: culo de flexão e cisalhamento em
A matéria-prima aplicada na fa- eixos fixos, deve-se realizar pes-
bricação desse eixo, os esforços quisa em materiais, livros e aposti-
aos quais esse eixo é submeti- las sobre resistência dos materiais.
do, os detalhes, o perfil desse
h eixo etc.
Dimensionamento de
L eixos giratórios
b Vimos que os eixos podem ser fi-
xos, ou giratórios, o que influencia Eixos giratórios são comumente
diretamente em seu dimensiona- submetidos ao efeito da torção,
Figura 142: Chaveta mento. No caso do eixo fixo (es- ou torção + flexão, com exceção
tático), ele está submetido ao efei- de eixos que girem livremente,
Para finalizar seu estudo de com- to da flexão, sendo dimensionado como por exemplo, um carrinho
ponentes mecânicos, você estuda- de acordo com o tipo de material, transportador manual. Neste
rá nessa próxima seção, os cálcu- carregamento, quantidade de for- caso, tem-se flexão.
los referentes às forças aplicadas ças aplicadas e vínculos, isto é, se-
nos eixos fixos, giratórios e sub- melhante a uma viga. Eixo submetido à torção:
metidos à torção. Também serão
apresentadas fórmulas usadas σadm =___
Mt
para calcular.
σf =___
Mf Wp
Wf
σf: Tensão devido à torção [N/
σf : Tensão devido à flexão [ N/mm ]; 2 mm2];
Mf: Momento fletor máximo (ob- Mf: Momento torçor máximo
tido geralmente do gráfico de [N.mm];
momento fletor e esforço cortan- Wp: Módulo de resistência à tor-
te) [ N.mm]; ção (ou polar) [ mm3].
Wf: Módulo de resistência à flexão
[ mm3].

Componentes Mecânicos 83
E para eixos redondos maciços, o Exemplo: serviço de acordo com a aplicação
módulo de resistência polar é: do equipamento. (tabela técnica
Um eixo redondo maciço, fabrica-
14)
do em aço ABNT 1040 laminado
deverá transmitir um torque de Cálculo do momento torçor (Mt)
Wp = _____
π x d3 Mt = 300 N x m. Calcular o di- do acoplamento:
16 âmetro do eixo, considerando o
efeito da torção. Mtacoplamento = Mt x F.S.
Dado:
Substituindo a fórmula “Wp “ pela σadmt = 45 N/mm2
fórmula de “σadm”; temos: Mtacoplamento: Momento torçor do
acoplamento (seleção do acopla-
σ = _____
Mt mento) [N.m];
16 × Mt
π x d3
_____ d= 3 F.S.: Fator de serviço. (tabela
π × σ adm
16 técnica 15)
Calculado o “Mtacoplamento”, deve-
Isolando “d”, temos a fórmula se selecionar um acoplamento
Substituindo temos:
para o cálculo do diâmetro de no catálogo com capacidade de
eixos maciços circulares, sub- momento torçor igual ou superior
metidos à torção. 16 × 3000 à calculada.
d= 3
π × 45 Deverão ser verificadas, no ca-
tálogo, as dimensões do acopla-
mento selecionado, principalmen-
16 × Mt
d=3 Assim: te quanto às dimensões do eixo
π × σ adm utilizado. (tabela técnica 16)
d = 32,4mm
d: Diâmetro do eixo [mm]; Dimensionamentos de
σadm: Tensão admissível à torção sistemas de transmissão
[N/mm2]; Obs: Os cálculos de eixos apre-
sentados não consideram o efeito Um exemplo de um sistema
Mt: Momento torçor [N.mm]. composto de um motor, é o que
da fadiga, nem da concentração
Para eixos submetidos ao efeito de tensões devido à arestas e ca- transmite o movimento rotativo
da torção e flexão, temos: nais no eixo. Portanto, para um através de um acoplamento a
cálculo mais preciso, estes efeitos uma caixa contendo dois pares de
deverão ser levados em conside- engrenagens apoiadas em eixos
ração. com rolamentos.
16 × M2t + M2f Conjuntos como estes, são
d= 3 Para compensar esta simplifica-
π × σ admt ção, foram utilizados valores de chamados de redutores e são
coeficiente de segurança elevados. muito utilizados em acionamentos
Estes coeficientes estão “embu- de máquinas para transmitir o
d: Diâmetro do eixo [mm];
tidos” no valor da tensão admis- movimento do motor, reduzir a
σadmt: Tensão admissível à torção rotação e aumentar o momento
sível para um carregamento tipo
[Kgf/mm2] [N/mm2]; torçor (torque).
III, apresentado na tabela de re-
Mt: Momento torçor [Kgf.mm] sistência dos materiais em anexo. É possível adquirir um redutor
[N.mm]; ou motorredutor pronto. Para
Mf: Momento fletor máximo, ob- isso, é necessário especificar a
tido geralmente do gráfico de mo- Dimensionamento de redução total i, o momento torçor
mento fletor e esforço cortante. Acoplamentos na entrada e na saída, bem como
[Kgf.mm] [N.mm]. informações quanto a fixação na
Para dimensionar o acoplamento,
máquina, como flange e pés.
deve-se calcular o momento tor-
çor no eixo e aplicar um fator de

84 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Relação de Transmissão “i” b. Portanto
i = ___
d2 4= d2 ... 340mm
Dado um conjunto composto por um par de polias ou engrenagens: ___
d1 85

n2 n1 n2
n1 Mt2 Mt1 Mt2
Mt1 Momento Torçor Mt
O momento torçor (Mt), também
chamado de torque, ou conjugado
de uma força, é definido como o
D1 Z1 produto entre a força e a distância
D2 Z2 até o ponto de giro da peça.
Figura 143: Sistema de transmissão.

A relação de transmissão “i” pode ser calculada com as seguintes


fórmulas:

i =___
d2 ou i = ___
n1 ou i =____
Mt2 ou i =___
z2
d1 n2 Mt1 z1

Onde:
d2: Diâmetro da polia ou engrenagem movida;
d1: Diâmetro da polia ou engrenagem motora;
n1: Rotação do pinhão;
Figura 144: Momento torçor.
n2: Rotação da coroa;
Z1: Engrenagem motora; Portanto, podemos calcular o
Z2: Engrenagem movida. momento torçor com as seguintes
Como pode ser observado, existe uma relação direta entre a dimensão fórmulas:
das polias e as engrenagens, a rotação e o momento torçor.
Exemplo: Dado um sistema de polia e correia, calcular: Mt = F x d

a. O diâmetro da polia maior Mt =_________


9550 x N
n
b. A relação de transmissão “i”
Dados: Onde:
Rotação do motor = 1800 RPM Mt: Momento Torçor (eixo) [N.m];
Rotação saída = 450 RPM F: Carga aplicada (Força) [N];
Diâmetro polia menor (motora) = 85 mm d: Diâmetro; [mm];
a. Portanto N: Potência; [KW];
n: Rotação do Motor; [RPM].
i =___
n1 1800 ... i = 4
i = _____ A relação entre potência em CV
e Kw é:
n2 450

1 CV = 0,736 KW

Componentes Mecânicos 85
Uma vez calculado o momento torçor de um eixo acionado por motor,
é possível determinar a força aplicada através da fórmula:

F =____
Mt
d

Portanto:

Mt = F x d

Figura 145: Sistema de transmissão - exemplo.

Exemplo:
Um sistema de transmissão é constituído por um motor e dois pares de
engrenagens.

Dados:
Pot.motor (N) = 5,5 KW
n : 1740 RPM
Z1 : 21 dentes
Z2 : 60 dentes
Z3 : 15 dentes
Z4 : 60 dentes

a. Calcular para cada eixo:

▪▪ A rotação;
▪▪ O momento torçor;
▪▪ A redução “i”.

86 CURSOS TÉCNICOS SENAI


b. Calcular a redução “itotal”.

a) Eixo “I”: n1 : 1740 RPM

9550 × N 9550 × 5,5


Mt1 = Mt1 = Mt1 = 30,19N.m
n 1740
Z2 60
i1 = i1 = i1 = 2,86
Z1 21

Eixo“II”: Sabendo:
n 1740
n2 = 1 n2 = n2 = 609rpm
i 2,86

9550 × N 9550 × 5,5


M t2 = Mt2 = Mt2 = 86 ,25N.m
n 609

Z4 60
i2 = i2 = i2 = 4
Z3 15

Eixo“III”: Sabendo:
n2 609
n3 = n3 = n3 = 152,25rpm
i2 4

9550 × N 9550 × 5,5


M t3 = M t3 = Mt3 = 345N.m
n 152,25

b) itotal = ?
nentrada 1740
i total = i total = i2 = 11,428
nsaída 152,25

Também é possível calcular “itotal“ fazendo:

itotal = i1 × i2 itotal = 2,86 × 4 i total = 11,428

Componentes Mecânicos 87
Finalizando
Esse material foi elaborado de forma a relacionar todos os assuntos abordados à vivência
prática necessária para o desenvolvimento das atividades profissionais inerentes ao curso
desenvolvido.
Todos os temas abordados são de fundamental importância para o crescimento profissional e
humano dentro do mundo do trabalho, bem como, social do aluno, procurando oportunizar
a este a capacitação para que se torne autodidata, buscando aprofundar-se cada vez mais nos
assuntos e assim, crescer e destacar-se nesse mundo globalizado, exigente e competitivo.
Esperamos que os objetivos propostos nesse livro tenham sido alcançados e que todos aque-
les que utilizarem esse material possam aprofundar seus conhecimentos e desenvolver suas
habilidades e atitudes.

Componentes Mecânicos 89
Referências
▪▪ ACIONAC INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Tabela de furo e rasgo de chaveta
conforme Norma DIN 6885/1. Disponível em: <http://www.acionac.com.br/down-
loads/normas/Norma_DIN.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2010.

▪▪ ANTARES ACOPLAMENTOS MECÂNICOS. Acoplamentos flexíveis. Caxias do


Sul, RS: [s.n.], 2000.

▪▪ ANTUNES, Izildo,; FREIRE, Marcos A. C.. Elementos de máquinas. São Paulo:


Érica, 1998. 296 p.

▪▪ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6327 - Cabo de aço


para usos gerais: especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1983. 24 p.

▪▪ CIMA, Vanderlei André; MERIZIO, Anaximandro. A física vai ao parque de diver-


sões. 2004. Florianópolis, SC: Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento
de Física. Disponível em: <http://www.ced.ufsc.br/men5185/trabalhos/A2005_ou-
tros/36_parque/gangorra.html>. Acesso em: 25 mar. 2010.

▪▪ ELEMENTOS de máquinas. São Paulo, SP: Globo, 2000. 7 DVDs (aulas de 50): NTSC;
(Telecurso 2000. Profissionalizante)

▪▪ GORDO, Nívia; FERREIRA, Joel. Mecânica, 1: elementos de máquina. São Paulo, SP:
Globo, c1996. 206 p. (Telecurso 2000.Profissionalizante)

▪▪ GORDO, Nívia; FERREIRA, Joel. Mecânica, 2: elementos de máquina. São Paulo, SP:
Globo, c1996. 256 p. (Telecurso 2000.Profissionalizante)

▪▪ IZAC, Jussara Dutra. A agressividade e a saúde do coração... Jornal Conversa Pessoal,


Brasília – DF, ano VI, n. 70, revista 02, ed. 02, set. 2006. Seção Saúde. Disponível em:
<http://www.senado.gov.br/sf/senado/portaldoservidor/jornal/jornal70/saude_co-
racao.aspx>. Acesso em: 30 mar. 2010.

▪▪ LIBER INDUSTRIAL. Índice de tabelas. Disponível em: <http://www.liberindus-


trial.com.br/pages/tabela2.html>. Acesso em: 17 nov. 2009.

▪▪ LIFTEC CABOS. Cabos de aço. Disponível em: <http://www.lifteccabos.com.br/


prod_cabos.html#>. Acesso em: 16 nov. 2009.

▪▪ MAXICABOS Comércio e Representações Ltda. Cargas de Trabalho e Fatores de


Segurança. [S.l.], 2006. Disponível em: <http://maxicabos.com.br/cargas.htm>. Aces-
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▪▪ MELCONIAN, Sarkis. Elementos de máquinas. 2. Ed. São Paulo: Érica, 2001. 342 p.

▪▪ NIEMANN, Gustav. Elementos de máquinas. São Paulo: Edgard Blücher, 1971. v.2

Componentes Mecânicos 91
▪▪ NSK. NSK rolamentos. São Paulo, SP: NSK, 2006.

▪▪ PROVENZA, Francesco. Mecânica aplicada. São Paulo, SP: Escola Pro-Tec, 1993. 3 v.

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▪▪ ROLAMENTOS FAG. Catálogo de aplicações 2005/2006. 3. Ed. Sorocaba-SP: Ro-


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▪▪ SENAI. Noções Básicas de Elementos de máquinas. Vitória, ES: SENAI/ES -


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▪▪ SENAI. Elementos de máquinas. Rio de Janeiro: SENAI, 1981. 48 p. (Eletricidade.


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▪▪ SENAI. SC. Resistência dos Materiais. Florianópolis: SENAI/SC, 2004.

▪▪ SENAI. Resistência dos Materiais. Curitiba, PR: SENAI/PR - DET, 2001.

▪▪ SHIGLEY, Joseph Edward. Projeto de engenharia mecânica. 7. ed. São Paulo, SP:
Bookman, 2005. 960 p.

▪▪ SKF Ferramentas. CATÁLOGO geral SKF. Torino, IT: SKF Ferramentas, c1982.

▪▪ WIKIPEDIA. LeverPrincleple.svg. 2006. Altura: 300 pixels. Largura: 500 pixels. 96


dpi. CMYK. 8 Kb. Formato PNG. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:LeverPrincleple.svg>. Acesso em: 20 mar. 2010.

92 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Anexos
Tabelas Técnicas
TABELA DE ROSCAS
ROSCA MÉTRICA DE PERFIL TRIANGULAR SÉRIE NORMAL
EXTERNA E INTERNA (PARA-
EXTERNA (PARAFUSO) INTERNA (PORCA)
FUSO E PORCA)
(nominal)

Altura do

da rosca

da rosca
interna.
externa
Raio da

Raio da
Menor

Menor

Efetivo
Maior

Maior
filete

Passo
raiz

raiz
D d1 he rre D D1 rri P d2D2
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
1 0,693 0,153 0,036 1,011 0,729 0,018 0,250 0,838
1,2 0,893 0,153 0,036 1,211 0,929 0,018 0,250 1,038
1,4 1,032 0,184 0,043 1,413 1,075 0,022 0,300 1,205
1,6 1,171 0,215 0,051 1,616 1,221 0,022 0,350 1,373
1,8 1,371 0,215 0,051 1,816 1,421 0,022 0,350 1,573
2 1,509 0,245 0,058 2,018 1,567 0,025 0,400 1,740
2,2 1,648 0,276 0,065 2,220 1,713 0,028 0,450 1,908
2,5 1,948 0,276 0,065 2,520 2,013 0,028 0,450 2,208
3 2,387 0,307 0,072 3,022 2,459 0,031 0,500 2,675
3,5 2,764 0,368 0,087 3,527 2,850 0,038 0,600 3,110
4 3,141 0,429 0,101 4,031 3,242 0,044 0,700 3,545
4,5 3,580 0,460 0,108 4,534 3,690 0,047 0,750 4,013
5 4,019 0,491 0,115 5,036 4,134 0,051 0,800 4,480
6 4,773 0,613 0,144 6,045 4,917 0,06 1,000 5,351
7 5,773 0,613 0,144 7,045 5,917 0,06 1,000 6,351
8 6,467 0,767 0,180 8,056 6,647 0,08 1,250 7,188
9 7,467 0,767 0,180 9,056 7,647 0,08 1,250 8,188
10 8,160 0,920 0,217 10,067 8,376 0,09 1,500 9,026
11 9,160 0,920 0,217 11,067 9,376 0,09 1,500 10,026
12 9,853 1,074 0,253 12,079 10,106 0,11 1,750 10,863
14 11,546 1,227 0,289 14,090 11,835 0,13 2,000 12,701
16 13,546 1,227 0,289 16,090 13,835 0,13 2,000 14,701
18 14,933 1,534 0,361 18,112 15,294 0,16 2,500 16,376
20 16,933 1,534 0,361 20,112 17,294 0,16 2,500 18,376
22 18,933 1,534 0,361 22,112 19,294 0,16 2,500 20,376
24 20,320 1,840 0,433 24,135 20,752 0,19 3,000 22,052
27 23,320 1,840 0,433 27,135 23,752 0,19 3,000 25,052
30 25,706 2,147 0,505 30,157 26,211 0,22 3,500 27,727
33 28,706 2,147 0,505 33,157 29,211 0,22 3,500 30,727
36 31,093 2,454 0,577 36,180 31,670 0,25 4,000 33,402
39 34,093 2,454 0,577 39,180 34,670 0,25 4,000 36,402
42 36,479 2,760 0,650 42,102 37,129 0,28 4,500 39,077
Tabela 13: Rosca métrica normal.
Fonte: Adaptado de Provenza (1960, p. 4 - 10).

Componentes Mecânicos 93
TABELA DE ROSCAS
ROSCA MÉTRICA DE PERFIL TRIANGULAR SÉRIE FINA
EXTERNA INTERNA EXTERNA E INTERNA
(PARAFUSO) (PORCA) (PARAFUSO E PORCA)

da rosca

da rosca
interna.
externa
Raio da

Raio da
Menor

Menor

Efetivo
(nomi-

Altura
Maior

Maior
filete

Passo
nal)

raiz

raiz
do

d d1 he rre D D1 rri P d2D2


(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
1,6 1,354 0,123 0,029 1,618 1,384 0,013 0,200 1,470
1,8 1,554 0,123 0,029 1,809 1,584 0,013 0,200 1,670
2 1,693 0,153 0,036 2,012 1,730 0,157 0,250 1,837
2,2 1,893 0,153 0,036 2,212 1,930 0,157 0,250 2,038
2,5 2,070 0,215 0,051 2,516 2,121 0,022 0,350 2,273
3 2,570 0,215 0,051 3,016 2,621 0,022 0,350 2,773
3,5 3,070 0,215 0,051 3,516 3,121 0,022 0,350 3,273
4 3,386 0,307 0,072 4,027 3,459 0,031 0,500 3,673
4,5 3,886 0,307 0,072 5,527 3,959 0,031 0,500 4,175
5 4,386 0,307 0,072 5,027 4,459 0,031 0,500 4,675
5,5 4,886 0,307 0,072 5,527 4,959 0,031 0,500 5,175
6 5,180 0,460 0,108 6,034 5,188 0,047 0,750 5,513
7 6,180 0,460 0,108 7,034 6,188 0,047 0,750 6,513
8 7,180 0,460 0,108 8,034 7,188 0,047 0,750 7,513
8 6,773 0,613 0,144 8,045 6,917 0,060 1,000 7,350
9 8,180 0,460 0,108 9,034 8,188 0,047 0,750 8,513
9 7,773 0,613 0,144 9,045 7,917 0,060 1,000 8,350
10 9,180 0,460 0,108 10,034 9,188 0,047 0,750 9,513
10 8,773 0,613 0,144 10,045 8,917 0,060 1,000 9,350
10 8,446 0,767 0,180 10,056 8,647 0,080 1,250 8,625
11 10,180 0,460 0,108 11,034 10,188 0,047 0,750 10,513
11 9,773 0,613 0,144 11,045 9,917 0,060 1,000 10,350
12 10,773 0,613 0,144 12,045 10,917 0,060 1,000 11,350
12 10,466 0,767 0,180 12,056 10,647 0,080 1,250 11,187
12 10,160 0,920 0,217 12,067 10,376 0,090 1,500 11,026
14 12,773 0,613 0,144 14,045 12,917 0,063 1,000 13,350
14 12,466 0,767 0,180 14,056 12,647 0,080 1,250 13,187
14 12,160 0,920 0,217 14,067 12,376 0,090 1,500 13,026
15 13,773 0,613 0,144 15,045 13,917 0,060 1,000 14,350
15 13,160 0,920 0,217 15,067 13,376 0,090 1,500 14,026
16 14,773 0,613 0,144 16,045 14,917 0,060 1,000 15,350
16 14,160 0,920 0,217 16,067 14,376 0,090 1,500 15,026
17 15,773 0,613 0,144 17,045 15,918 0,060 1,000 16,350
17 15,160 0,920 0,217 17,067 15,376 0,090 1,500 16,026
18 16,773 0,613 0,144 18,045 16,917 0,060 1,000 17,350
Tabela 14: Rosca métrica fina.
Fonte: Adaptado de Provenza (1960, p. 4 - 10).

94 CURSOS TÉCNICOS SENAI


ANEL ELÁSTICO PARA EIXOS TIPO DAe
Anel sem pressão m

d
para d1 = 4:9
d3
Φ

d1
d2
D
D
d5

d5
s n
d1 d2 3
n =
Medidas em mm 2
s m s m
d1 d3 ~a ~b d5 d2 d1 d3 ~a ~b d5 d2
hll min hll min
4 0,4 3,7 1,8 0,7 1 3,3 0,5 34 1,5 32 5,3 4 2,5 32 1,6
5 0,6 4,7 2,2 1,1 1 4,3 0,7 35 1,5 32 5,4 4 2,5 33 1,8
6 0,7 5,6 2,6 1,3 1,2 5,7 0,8 36 1,8 33 5,4 4 2,5 34 1,9
7 0,8 6,5 2,8 1,3 1,2 6,7 0,9 37 1,8 34 5,5 4 2,5 35 1,9
8 0,8 7,4 2,8 1,5 1,2 7,8 0,9 38 1,8 35 5,6 4,5 2,5 36 1,9
9 1 8,4 3 1,7 1,3 8,6 1,1 39 1,8 36 5,7 4,5 2,5 37 1,9
10 1 9,3 3 1,8 1,3 9,6 1,1 40 1,8 37 5,8 4,5 2,5 38 1,9
11 1 10 3,1 1,9 1,5 11 1,1 42 1,8 39 6,2 4,5 2,5 40 1,9
12 1 11 3,2 2,2 1,7 12 1,1 44 1,8 41 6,3 4,5 2,5 42 1,9
13 1 12 3,3 2,2 1,7 12 1,1 45 1,8 42 6,3 4,8 2,5 43 1,9
14 1 13 3,4 2,2 1,7 13 1,1 46 1,8 43 6,3 4,8 2,5 44 1,9
15 1 13 3,5 2,2 1,7 14 1,1 47 1,8 44 6,4 4,8 2,5 45 1,9
16 1 15 3,6 2,2 1,7 15 1,1 48 1,8 45 6,5 4,8 2,5 46 1,9
17 1 16 3,7 2,2 1,7 16 1,1 50 2 46 6,7 5 2,5 47 1,9
18 1,2 17 3,8 2,7 1,7 17 1,3 52 2 48 6,8 5 2,5 49 2,2
19 1,2 18 3,8 2,7 1,7 18 1,3 54 2 50 6,9 5 2,5 51 2,2
20 1,2 19 3,9 2,7 2 19 1,3 55 2 51 7 5 2,5 52 2,2
21 1,2 20 4 2,7 2 20 1,3 56 2 52 7 5 2,5 53 2,2
22 1,2 21 4,1 2,7 2 21 1,3 57 2 53 7,1 5,5 2,5 54 2,2
23 1,2 22 4,2 2,7 2 22 1,3 58 2 54 7,1 5,5 2,5 55 2,2
24 1,2 22 4,2 3,1 2 23 1,3 60 2 56 7,2 5,5 2,5 57 2,2
25 1,2 23 4,3 3,1 2 24 1,3 62 2 58 7,2 5,5 2,5 59 2,2
26 1,2 25 4,4 3,1 2 25 1,3 63 2 59 7,3 5,5 2,5 60 2,2
27 1,2 25 4,5 3,1 2 26 1,3 68 2,5 61 7,4 6,4 2,5 62 2,7
28 1,5 26 4,6 3,1 2 27 1,6 67 2,5 63 7,8 6,4 2,5 64 2,7
29 1,5 27 4,7 3,5 2 28 1,6 68 2,5 64 7,8 6,4 2,5 65 2,7
30 1,5 28 4,8 3,5 2 29 1,6 70 2,5 66 7,8 6,4 2,5 67 2,7
31 1,5 29 4,9 3,5 2,5 29 1,6 72 2,5 68 7,9 7 2,5 69 2,7
32 1,5 30 5 3,9 2,5 30 1,6 75 2,5 71 7,9 7 2,5 72 2,7
33 1,5 31 5,1 3,9 2,9 31 1,6 77 2,5 73 8 7 2,5 74 2,7
Tabela 15: Anel elástico – DAe.
Fonte: Provenza (1960, p. 4 - 211).

Componentes Mecânicos 95
ANEL ELÁSTICO PARA FUROS TIPO DAI
m
Anel sem pressão

d
d5
Φ

d1
d2
d5 s
α

n
d1 d2 3
Medidas em mm
n =
2
s m s m
d1 d3 ~a ~b d5 d2 d1 d3 ~a ~b d5 d2
hll min hll min
9,5 1 10 3 1,6 1,5 9,9 1,1 38 1,5 41 5,3 4 2,5 40 1,6
1w0 1 11 3,1 1,6 1,5 10 1,1 39 1,5 42 5,5 4 2,5 41 1,6
11 1 11 3,1 1,6 1,5 11 1,1 40 1,8 44 5,7 4 2,5 43 1,9
11 1 12 3,2 1,6 1,5 11 1,1 41 1,8 45 5,7 4 2,5 44 1,9
12 1 13 3,3 2 1,7 13 1,1 42 1,8 46 5,8 4 2,5 45 1,9
13 1 14 3,5 2 1,7 14 1,1 43 1,8 47 5,8 4,5 2,5 46 1,9
14 1 15 3,6 2 1,7 15 1,1 44 1,8 48 5,9 4,5 2,5 47 1,9
15 1 16 3,6 2 1,7 16 1,1 45 1,8 49 5,9 4,5 2,5 48 1,9
16 1 17 3,7 2 1,7 17 1,1 46 1,8 50 6 4,5 2,5 49 1,9
17 1 18 3,8 2 1,7 18 1,1 47 1,8 51 6,1 4,5 2,5 50 1,9
18 1 20 4 2,5 1,7 19 1,1 48 1,8 52 6,2 4,5 2,5 51 1,9
19 1 21 4 2,5 2 20 1,1 50 2 54 6,5 4,5 2,5 53 2,2
20 1 22 4 2,5 2 21 1,1 51 2 55 6,5 5,1 2,5 54 2,2
21 1 23 4,1 2,5 2 22 1,1 52 2 56 6,5 5,1 2,5 55 2,2
22 1 24 4,1 2,5 2 23 1,1 53 2 57 6,5 5,1 2,5 56 2,2
23 1,2 25 4,2 2,5 2 24 1,3 54 2 58 6,5 5,1 2,5 57 2,2
24 1,2 26 4,3 2,5 2 25 1,3 55 2 59 6,5 5,1 2,5 58 2,2
25 1,2 27 4,4 3 2 26 1,3 56 2 60 6,5 5,1 2,5 59 2,2
26 1,2 28 4,6 3 2 27 1,3 57 2 61 6,8 5,1 2,5 60 2,2
27 1,2 29 4,6 3 2 28 1,3 58 2 62 6,8 5,1 2,5 61 2,2
28 1,2 30 4,7 3 2 29 1,3 60 2 64 6,8 5,5 2,5 63 2,2
29 1,2 31 4,7 3 2 30 1,3 62 2 66 6,9 5,5 2,5 65 2,2
30 1,2 32 4,7 3 2 31 1,3 63 2 67 6,9 5,5 2,5 66 2,2
31 1,2 33 5,2 3,5 2,5 33 1,3 65 2,5 69 7 5,5 2,5 68 2,2
32 1,2 34 5,2 3,5 2,5 34 1,3 67 2,5 72 7 6 2,5 70 2,7
33 1,5 36 5,2 3,5 2,5 35 1,3 68 2,5 73 7,4 6 2,5 71 2,7
34 1,5 37 5,2 3,5 2,5 36 1,6 70 2,5 75 7,4 6 2,5 73 2,7
35 1,5 38 5,2 3,5 2,5 37 1,6 72 2,5 77 7,8 6,6 2,5 75 2,7
36 1,5 39 5,2 3,5 2,5 38 1,6 75 2,5 80 7,8 6,6 2,5 78 2,7
37 1,5 40 5,2 3,5 2,5 39 1,6 77 2,5 82 7,8 6,6 2,5 80 2,7
Tabela 16: Anel elástico – DAi.
Fonte: Provenza (1960, p. 4 - 211).

96 CURSOS TÉCNICOS SENAI


w
x
t2

t1

d+t1
d-t1
d

Chave-
Eixo Canaletas
ta
Largura
Profundidade
Afastamentos
Raio r
Diâmetro d

Seção ajuste c/ folga


ajuste c/ interfe-
ajuste c/ folga no Eixo t1 Cubo t2

rencia no cubo
bxh no
Nomi-
P9
Cubo D10

Cubo JS 9

Nominal

Nominal

Máximo

Mínimo
nal

mentos

mentos
Eixo N9
Eixo H9

Afasta-

Afasta-
de até
6 8 2x2 2 + 0,025 + 0,060 - 0,004 + 0,012 - 0,006 1,2 1,0 0,2 0,1
8 10 3x3 3 0 + 0,020 - 0,029 - 0,013 - 0,031 1,8 1,4 0,2 0,1
+ 0,1 + 0,1
10 12 4x4 4 2,5 1,8 0,2 0,1
+ 0,030 + 0,078 0 + 0,015 - 0,012 0 0
12 17 5x5 5 3,0 2,3 0,3 0,2
0 + 0,030 -0,030 - 0,015 - 0,042
17 22 6x6 6 3,5 2,8 0,3 0,2
22 30 8x7 8 + 0,036 + 0,098 0 + 0,018 - 0,015 4,0 3,3 0,3 0,2
30 38 10x8 10 0 + 0,040 - 0,036 - 0,018 - 0,051 5,0 3,3 0,4 0,3
38 44 12x8 5,0 3,3 0,4 0,3
12
44 50 14x9 14 + 0,043 + 0,120 0 + 0,021 - 0,018 5,5 3,8 0,4 0,3
50 58 16x10 16 0 + 0,050 - 0,043 - 0,022 - 0,061 6,0 4,3 0,4 0,3
18 + 0,2 + 0,2
58 65 18x11 7,0 4,4 0,4 0,3
0 0
65 75 20x12 7,5 4,9 0,6 0,4
20
75 85 22x14 22 + 0,052 + 0,149 0 + 0,026 - 0,022 9,0 5,4 0,6 0,4
85 95 25x14 25 0 + 0,065 - 0,052 - 0,026 - 0,074 9,0 5,4 0,6 0,4
28
95 110 28x16 10,0 6,4 0,6 0,4
110 130 32x18 11,0 7,4 0,6 0,4
32
130 150 36x20 36 12,0 8,4 1,0 0,7
+ 0,062 + 0,180 0 + 0,031 - 0,026
150 170 40x22 40 13,0 9,4 1,0 0,7
0 + 0,080 - 0,062 - 0,031 - 0,088
170 200 45x25 45 15,0 10,5 1,0 0,7
50
200 230 50x28 17,0 11,4 1,0 0,7
230 260 56x32 20,0 + 0,3 12,4 + 0,3 1,6 1,2
56
260 290 63x32 63 + 0,074 + 0,220 0 + 0,037 - 0,032 20,0 0 12,4 0 1,6 1,2
290 330 70x36 70 0 + 0,100 - 0,074 - 0,037 - 0,106 22,0 14,4 1,6 1,2
80
330 380 80x40 25,0 15,4 2,5 2,0
380 440 90x45 90 + 0,087 + 0,260 0 + 0,043 - 0,037 28,0 17,4 2,5 2,0
440 500 100x50 100 0 + 0,120 - 0,087 - 0,044 - 0,124 31,0 19,5 2,5 2,0
Tabela 17: Chavetas.
Fonte: Provenza (1960, p. 4 - 43).

Componentes Mecânicos 97
6 x 19 6 x 19
1 + 6/12 Warrington
2 operações 1 + 6 + (6 + 6)

6 x 19 6 x 21 6 x 25
Seale Filler Filler
1+9+9 1 + 5 + 5 + 10 1 + 6 + 6 + 12
Carga de ruptura mínima efetiva em N
Diâmetro em Peso Aproximado Mild Plow Stell Improved Plow Stell CIMAX
Polegadas em N/m 1400 - 1600 N/mm2 1800 - 2000 N/ mm2 1900 - 2100 N/ mm2
1/8” 0,39 - 6200 6600
3/16” 0,88 - 14000 14800
1/4” 1,56 - 24800 26300
5/16” 2,44 - 38600 40900
3/8” 3,51 - 55300 58600
7/16” 4,76 - 75000 79500
1/2” 6,25 - 97100 102900
9/16” 7,88 - 122000 129900
5/8” 9,82 114000 151000 160000
3/4” 14,13 163000 216000 229000
7/8” 19,19 220000 292000 309500
1” 25 - 379000 401700
1.1/8” 31,69 - 477000 506000
1.1/4” 39,13 - 586000 621100
1.3/8” 47,32 - 705000 749000
1.1/2” 56,25 - 835000 885000
1.5/8” 66,07 - 971000 -
1.3/4” 76,64 - 1120000 -
1.7/8” 87,95 - 1280000 -
2” 100 - 1450000 -
2.1/8” 112,95 - 1620000 -
2.1/4” 126,64 - 1810000 -
2.3/8” 141,07 - 1950000 -
Tabela 18: Cabos de aço – 6 x 19.
Fonte: Melconian (2001, p. 258).

98 CURSOS TÉCNICOS SENAI


TENSÕES
Material Tensão de escoamento [Mpa] Tensão de ruptura (Mpa]
Aço Carbono
ABNT 1010 - L 220 320
ABNT 1010 - T 380 420
ABNT 1020 - L 280 360
ABNT 1020 - T 480 500
ABNT 1030 - L 300 480
ABNT 1030 - T 500 550
ABNT 1040 - L 360 600
ABNT 1040 - T 600 700
ABNT 1050 - L 400 650
Aço Liga
ABNT 4140 - L 650 780
ABNT 4140 - T 700 1000
ABNT 8620 - L 440 700
ABNT 8620 - T 700 780
Ferro Fundido
Cinzento ----- 200
Branco ----- 450
Preto - F ----- 350
Preto - P ----- 550
Modular ----- 670
Materiais não ferrosos
Alumínio 30 - 120 70 - 230
Duralumínio 14 100 - 420 200 - 500
Cobre telúrio 60 - 320 230 - 350
Bronze de níquel 120 - 650 300 - 750
Magnésio 140 - 200 210 - 300
Titânio 520 600
Zinco ----- 290
Materiais não metálicos
Borracha ----- 20 - 80
Concreto ----- 0,8 - 7
Madeiras
Peroba ----- 100 - 200
Pinho ----- 100 - 120
Eucalipto ----- 100 - 150
Plásticos
Nylon ----- 80
Vidro
Vidro Plano ----- 5 - 10
L - laminado F - ferrítico T - trefilado P - perilítico
Esta tabela foi adaptada através das normas:
ABNT NB - 82; EB - 126; EB - 127; PEB - 128; NB – 11
As tensões de ruptura das madeiras deverão ser consideradas paralelas às fibras.
Tabela 19: Tensões dos materiais.
Fonte: SENAI (2004, p. 106).

Componentes Mecânicos 99
MÓDULO DE ELASTICIDADE TRANSVERSAL
Módulo de elasticidade
Material
transversal G [Gpa]
Aço 80
Alumínio 26
Bronze 50
cobre 45
duralumínio 28
fofo 88
magnésio 17
nylon 10
titânio 45
zinco 32
Tabela 20: Módulo de elasticidade transversal.
Fonte: SENAI (2004, p. 106).

100 CURSOS TÉCNICOS SENAI

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