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História de Rondônia

A Conquista e colonização da Amazônia e a submissão do indígena

A colonização da Amazônia - que hoje corresponde aos estados do Amazonas e do Pará - foi
estimulada pelas preocupações de garantir a posse e o acesso ao rio Amazonas e impedir a presença de
rivais de outros países. A base de ocupação se deu através do extrativismo vegetal e do apresamento
indígena.
O extrativismo vegetal consistiu na exploração das chamadas "drogas do sertão”: cacau, guaraná,
borracha, urucu, salsaparrilha, castanha-do-pará, gergelim, noz de pixurim, baunilha, coco, etc. Por
isso, a escravidão tinha ali um terreno desfavorável, pois a exploração da Amazônia dependia do bom
conhecimento da região. Daí a importância dos índios locais que serviam de guias. A forma
predominante que caracterizou a integração da Amazônia ao conjunto da economia colonial foi o
estabelecimento das missões jesuíticas, que chegaram a aldear perto de 50 mil índios.

HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO DA AMAZÔNIA

       (Lílian Maria Moser)

“... Do rio das Amazonas afirmam os que descobriram que seus     campos
parecem Paraísos e suas ilhas jardins, e que se a arte ajudar     a fecundidade
do solo serão paraísos e jardins bem tratados.” (Alonso de Rojas)

Introdução

A abordagem que iremos realizar sobre a Amazônia, no seu processo de colonização será na
perspectiva da História Social, em que os contextos sócio, político e econômico são responsáveis pela
forma de colonização, numa relação que se estabelece entre o paradigma  “Velho Mundo e o Novo
Mundo”. Falar da Amazônia significa realizar uma viagem no tempo e tentar entender que os europeus
imaginavam e pensavam a respeito dessa terra fantástica.  O fantástico fora construído pelas histórias
ainda durante a Idade Média, pois, segundo GONDIM,1994:16:

“...o imaginário do homem medieval estava povoado, por outro lado, pelas
lendas que descreviam o mundo fantástico oriental, retratado nas viagens de
Marco Polo (1251-1323), nas Maravilhas do mundo de Jehan de Mandeville
(1300-1372), na Imago Mundi (1410) do cardeal frncês Pierre d’ Ailly (1350-
1420), nas Etimologie (sec. VII) de Santo Isodoro de Sevilhe ou ainda na
Navigatio Sancti Brendani (séc.X)¨.

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Essas histórias fantásticas acompanharam a humanidade no decorrer dos séculos, em que homens
e mulheres procuravam viver uma outra realidade. É a procura do Paraíso, longe de vários problemas e
doenças, das pestes, da fome e da dor. É a representação de viver eternamente, feliz e próspero. É o

sonho daquelas pessoas (aventureiras) que queriam uma terra somente para si. Uma terra próspera sem
os problemas do ¨Velho Mundo¨. O ¨Velho Mundo¨ seria renovado através do além-mar, do ¨Novo
Mundo¨, onde havia terra para ¨descobrir¨, ocupar, apossar...É o Des-cobrimento! É a conquista! Como
afirma  Orlandi,1990:14: ¨Descobrir é dizer o conhecido.¨ É se apossar e dominar uma terra alheia.

 A Expansão Lusa.

No ano de 1415 – Portugal conquistou Ceuta. Esse ato significou a sua expansão para o litoral da
África e as Ilhas do Atlântico, pois vencia os limites da navegação, era o início de novas conquistas. No
séc. XV - com a descoberta do novo caminho para as Índias e a possibilidade de adquirir os produtos
orientais por preços mais baixos, transformaram-se no principal objetivo do Estado português. Nesse
processo de conquistas e expansão, Lisboa se transformou num centro comercial importantíssimo, pela
oferta de produtos concebidos como exóticos no mercado europeu. Anos depois, em 1500 - Cabral
oficializou a posse sobre o Brasil. Deu-se início a um grande empreendimento português, uma grande
colônia prometia prosperidade e muito lucro.

 A expansão espanhola

Em 1492 - a Espanha tendo superado a presença árabe e a divisão interna, reuniu forças para
participar das disputas comerciais e exploração do mundo colonial, pois também tinha necessidades
mercantis. Cristóvão Colombo, navegador genovês, partiu em agosto de 1492 - rumou alçando a ilha de
Guanabara (San Salvador), nas Bahamas, na América Central para descobrir novas terras, novos
horizontes que ampliasse a riqueza da Espanha.

Os Traçados Ultramarinos

No séc. XV - a corrida expansionista de Portugal e Espanha gerou controvérsias. Para definir


direitos e territórios formularam-se diversos tratados, dos quais o mais antigo é o Tratado de Toledo -
assinado em 1480. Esse tratado garantia as terras ao sul das Ilhas Canárias a Portugal, pois assegurava a
rota das Índias pelo sul da África. No ano de 1493 pela Bula Intercoetera, o papa Alexandre VI
determinou a partilha ultramarina entre espanhóis e portugueses. Os portugueses acharam que estavam
sendo prejudicados, propuseram o Tratado de Tordesilhas. Em 07 de junho de1494 foi decidido que a
Espanha ficaria com as terras descobertas ao ocidente de uma linha imaginária, tirada de pólo a pólo, e
a 70 léguas das ilhas do Cabo Verde, cabendo a Portugal a que se descobrisse ao oriente. Com esta
divisão, a Espanha ganhava quase toda a América, os estados do: Amazonas, Pará, Mato Grosso, quase
todo Goiás, 2/3 de S. Paulo, parte de Minas Gerais, todo Paraná, Sta. Catarina e Rio Grande do Sul.
Para Portugal cabia um pedaço de terra à foz do Rio-Madeira, na Amazônia. No ano de 1.500 – o
espanhol Vicente Yanez Pinzon atingiu o Brasil, na altura de Pernambuco, visitando Povo Dias o
estuário do Amazonas. Pelo Tratado de Tordesilhas, os Portugueses não deviam passar além do
estuário do Amazonas. Em 1532 - Francisco Pizarro, chegou ao Peru, encontrando o povo Inca. Os
espanhóis estabeleceram-se em seguida, organizando a administração pública nos moldes da Espanha.
Pizarro se tornou autoridade suprema do território. A Espanha tinha-se espalhado pelas terras da
América Central e Andina. E a Amazônia compreendia-se uma região sob seu governo. Até 1538

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devido a falta de recursos financeiros, muitas pessoas doentes e que também faleceram, a exploração
fora abandonada e fechada.

AS CONQUISTAS NA AMAZÔNIA

Espanholas

Em 1538 - Pedro de Anzurey reiniciou a abertura para Amazônia, com uma expedição com
muitos índios, espanhóis, através dos Andes, mas não obteve sucesso. As várias intempéries de fator
climático, temporal, geográfico e a falta de conhecimento da mata impossibilitaram o avanço da
expansão territorial. No mês de fevereiro de 1541 - Pizarro partiu de Quito (Peru) para encontrar o “El
Dorado”. Orellana que estava em Guaiaquil, chegou depois da expedição com fome e sem dinheiro,
mas mesmo assim partiu em busca de seu líder. Pois as maiores dificuldades a serem enfrentadas eram
os desafios da região tropical, desconhecida para o mundo europeu. Artur Reis, 1989:43, ao descrever
sobre a conquista do Amazonas, relata a entrada nas matas e rios afirma:

¨...Se impressionaram com a expansão do rio. A Amazônia


aparecia-lhes em seus aspectos selvagens, em toda sua grandeza
assombrosa.¨

Pizarro em sua expedição adoeceu de tal forma que foi acolhido por um cacique que lhe deu
assistência necessária, com medicação e alimentos. Ali, com o índio, Pizarro permaneceu dois meses.
Várias tentativas foram realizadas para continuar com a expansão espanhola, mas no séc.XVI os
espanhóis deixaram a Amazônia. Morreram muitos espanhóis de sua expedição, bem como muitos
índios que fizeram parte da mesma para auxiliarem no enfrentamento da mata com suas belezas
naturais, mas difícil de ser enfrentada, principalmente para quem não conhecia. Contam os relatos de
viagem, que a expedição, em certo momento não tinha mais nada a comer, pois os índios morreram de
fome e de doenças e os que sobraram se recusaram a continuar a trabalhar com os espanhóis. Neide
Gondim em sua obra Invenção da Amazônia, analisa a postura do europeu ao ter encontrado o ¨Paraíso
Perdido¨, o ¨Eldorado¨, a ¨Fonte de Juventude¨. E afirma que:
A viagem pelo Amazonas é dividida em três etapas: a reação, regressiva e a pretérita.  O conjunto
ora apresenta-se conforme suas características naturais específicas.
No período de 1580 - 1640 devido a todo um contexto histórico, social e político e a  morte de D.
Henrique, rei de Portugal, deu-se a anexação de Portugal a Espanha. Nessa época, isto é em 1595,
holandeses, ingleses, franceses, tentam a colonização da Amazônia. Foram realizadas inúmeras
tentativas de colonização. Entre 1530 e 1668 dezenas de expedições desceram dos Andes para a selva
tropical enfrentando também todos os desafios da mata e dos rios.

Novas Tentativas de Colonização.

No ano de 1538 - o imperador Carlos V, da Espanha, outorgou aos comerciantes da cidade de


Augsburg o direito de posse de uma parte da Venezuela, procurando assim uma tentativa estratégica
para entrar na Amazônia. Várias expedições tentaram ocupá-la. Pedro de Candia e Pedro Anzurey
tentaram explora-lá, em 1533 entrando pelo rio Madre de Dios e o Beni (Bolívia). George de Spires,
sucessor de Alfinger, em 1536, tentou uma outra expedição, porém não obteve lucros. Em abril de

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1539, Alonso de Alvarado fundou a cidade que hoje é Chahapoyos, no vale do Marañon. Em 1541 - o
alemão, Philip von Huten, viajou pelo rio Caquetá por quase 1 ano, sem sucesso. Ao voltar para o
litoral da Venezuela, encontrou a povoação alemã ocupada por piratas espanhóis, e foi decapitado.

Pizarro confiara o cargo a Francisco Orellana para continuar a obra de conquista. Sua expedição
detectou como se formava o rio Amazonas: ¨pela direita e pela esquerda¨: Rio Negro e Rio Madeira,
tentando desembarque nas aldeias indígenas em vários trechos do rio. Nessa mesma época de 1541,
Orellana encontrou as índias Amazonas, diferentes das outras índias. Um ano depois atingiu o
Antlântico. Orellana recebeu em 13 de fevereiro de 1544 o título de Adelantado, Governador e Capitão
General das terras que colonizou, a Nova Andaluzia – depois chamada de Amazônia.  Há controvérsias
quanto a viagem de Orellana. Historiadores afirmam que ele teria entrado pelo rio Pará, e outros pelo
Amazonas. Veio a falecer em 1546. Outros navegadores pretenderam chegar até a Amazônia, entrando
pelo Atlântico: Luiz de Melo da Silva e o piloto francês João Afonso, sem, porém, alcançar o objetivo.
Houve várias outras tentativas espanholas para ocupação da Amazônia em 1560: Pedro de Ursua,
Gusman e Lope de Aguirre. Muitas lendas e histórias eram tecidas a respeito do Dorado recolhido.
Entre muitas que eram contadas, se dizia que: havia tanta riqueza que era impossível medir; os templos,
os palácios, a pavimentação das ruas da cidade de Manao eram construídos com ouro puro; o rei ao
banhar-se, pelas manhãs, banhava-se num lago de águas perfumadas, sobre as quais lançavam ouro em
pó.

Reação Portuguesa.

  A obra dos portugueses, nesse período foi muito vagarosa, pois havia pouca gente no reino de
Portugal para vir ao Brasil, principalmente para trabalhar. Por volta de 1600, pelo lado do Atlântico
começou a ser ocupada a terra do Amazonas. Holandeses, ingleses e franceses disputaram as terras
invadindo a explorando o delta do rio comercializando com os nativos, como se fossem donos da
região. Os portugueses partiram de Pernambuco à caça dos franceses que estavam se fixando nas costas
brasileiras, no Maranhão, onde S. Luiz era o sítio mais importante da colônia francesa. Eles atingiram a
colônia em 1616. Nesse mesmo ano Francisco Caldeira Castelo Branco comandou uma expedição,
expulsou os franceses do Maranhão e avançou para o norte, fundando o Forte do Presépio que se tornou
o núcleo de origem da povoação de Belém e base de operações dos portugueses contra os estrangeiros.
  Em 1612 - os primeiros jesuítas entraram no Maranhão, onde se encarregaram da catequese dos
nativos, submetendo-os aos trabalhos aos colonizadores. Segundo o pensamento europeu: ¨...
mostravam necessidades de trazer as tribos ao convívio da civilização européia¨.
No ano de 1621 - sob o comando de Pedro Teixeira, os portugueses esmagaram os últimos postos
ingleses, irlandeses e holandeses. Além de Teixeira, sertanistas entraram no território amazonense.
Estes avançaram muito mais que Teixeira. Partiram de Belém, Gurupá e Cametá, passando por
Tapajós, pelo Ocidente, rumo aos limites com as colônias espanholas e adiantaram-se até o rio
Solimões, com o objetivo de buscar ouro e drogas do sertão. E ao adentrarem na mata caçavam os
índios. Porém, não foram bem sucedidos nas pesquisas para as descobertas das minas de ouro, colhiam
com dificuldades as drogas do sertão. A caça ao índio era mais lucrativa, porém mais trabalhosa. Em 10
anos os portugueses se tornaram ocupantes da Amazônia. Entre 1600 e 1630 - os portugueses
consolidaram o seu total domínio da boca do rio Amazonas. Em 28 de outubro de 1637 - sob o
comando de Pedro Teixeira, a expedição partiu do Porto de Belém com toda segurança, obtendo
sucessos. O Tratado de Tordesilhas foi violado em quase 1.500 milhas. Em 1669 - para impedir a
passagem de navios holandeses que desciam do Orenoco para comercializar com os índios Omágua, o
comandante Pedro da Costa Favela construiu a fortaleza da Barra de S. José do Rio Negro. Frei

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Teodoro (franciscano) foi responsável pelo aldeamento dos índios Tarumá, na boca do rio Negro,
dando a origem ao povoado que no futuro seria a cidade de Manaus.

A INTEGRAÇÃO DA AMAZÔNIA AO COLONIALISMO MERCANTIL

 A Amazônia constituiu-se um mundo diverso do restante do Brasil, pelos seus aspectos


geográficos, naturais e culturais, distinto de várias outras naturezas. E como suas condições econômicas
eram diferentes do restante do país, a administração e legislação também eram especiais. Conforme
Érico Veríssimo: “Uma história, senão diversa, pelo independente da do Brasil”. Artur Reis,
denominava Portugal até o séc. XV de monarquia agrária. Afirma que deste século em diante alterou
sua fisionomia sócio-econômica, por força dos empreendimentos marítimos que lhes faltaram em
detrimento dos poucos rendimentos das especiarias do Oriente e da África, e depois a lavoura do Brasil,
com suas riquezas naturais, a matéria prima e os produtos do solo atenderam as necessidades mercantis
da Coroa Portuguesa.
A Amazônia, na verdade, se apresentava de forma peculiar. Portugal via como a grande empresa
onde dominaria, pois já trazia experiência de séculos. Não foi difícil colonizar mais uma parte do
¨Novo Mundo¨. A Amazônia era vista como o “El Dorado”, onde se encontrariam espécies variadas de
vegetais aproveitáveis, principalmente na alimentação e na farmacopéia. Na sua esplêndida mata, os
colonizadores encontraram uma variedade de plantas, que denominaram a chamada de drogas do
sertão, pela utilidade que as mesmas apresentaram para o mercado europeu. Produtos que no Oriente e
na Europa eram denominadas de especiarias.
Essas drogas (especiarias) da Amazônia eram: o cacau, a salsa, o urucum, as sementes
oleaginosas, o paturi, o cravo, a canela, a baunilha, as raízes aromáticas, e tantas outras.
A Europa procurava as “drogas” com mais intenso interesse, pois as dificuldades da colheita das
especiarias no Oriente, onde outros povos, bem mais armados e preparados tecnicamente, concorriam
com os portugueses.
O extremo-norte do Brasil se apresentava para Portugal, como um ponto estratégico,
geograficamente e também comercialmente, de início, sem concorrências, constituindo uma verdadeira
revelação ao Reino Português. Sérgio Buarque de Holanda, historiador brasileiro, em suas pesquisas
constata num documento, que:

¨Um português – comentava certo viajante em fins do século XVIII


– pode fretar um navio para o Brasil com menos dificuldade do
que lhe é preciso para ir a cavalo de Lisboa ao Porto¨.

  Buarque de Holanda, id ib, ainda questiona:


¨E  essa ânsia de prosperidade sem custo, de títulos honoríficos, de posições e riquezas fáceis, tão
notoriamente característica das gentes de nossa terra, não é bem uma das manifestações mais cruas do
espírito de aventura?¨
Portugal esperava encontrar um sucedâneo da Índia, que satisfizesse as necessidades mercantis
para a riqueza de sua Coroa. Nos relatos e documentos encontrados consta que : “As ordens e
instruções, para se incorporasse à riqueza da colônia, a grossa produção do sertão, durante os séc. XVII
e XVIII foram realizadas”. Ainda em 1797 - a Metrópole mandava que se buscasse encontrar algumas
drogas raras, mas necessárias, o quina, o paxuri, a árvore da casca preciosa e o salitre. Reis,1982:92

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afirma que: “Do Natal até S. João, fazia-se a colheita do cacau silvestre com cravo. Se penetravam
todos os cursos fluviais com os olhares voltados para a floresta amiga..... As drogas do sertão são para
o Estado do Pará o mesmo que as minas têm sido para Portugal”. Na verdade, a Amazônia constituía a

última fronteira de riquezas naturais para a Metrópole. Sua economia deveria suprir as necessidades e
os problemas de Portugal. A Amazônia era vista como o Eldorado não só pela imensidão de suas terras,
matas e rios, mas a promessa do empreendimento era voltuoso.
Ainda segundo Reis, id ib.:

¨A economia não deveria se apoiar só na colheita da produção


natural, deveria se apoiar também no “trato da Terra”, devido ao
novo clima e temperamento do céu, nela se podendo cultivar
espécies de toda a redondeza do mundo.¨

Os Holandeses e ingleses, ao ocuparem uma parte da Amazônia já cultivavam em suas feitorias a


cana de açúcar, obtendo resultados positivos, principalmente em Belém onde foi realizada primeira
tentativa do plantio da cana de açúcar. Os portugueses, em seguida, cultivaram as próprias drogas:
cacau, cravo, canela e baunilha. Para os colonos eram dados prêmios em dinheiro, em garantias,
concessões, facilidades que serviam de incentivos para continuarem a trabalhar na terra. Em 1731 o
lavrador solicitava as mercês (recompensas) prometidas pelas cartas régias, à Caravana de Belém e ao
governador do estado para implementar na sua obra. Constatou-se que nessa época esse mesmo
lavrador plantou 18.900 pés de cacau. (REIS,1993:93) Foram ainda plantadas outras espécies como: o
anil, o café, o algodão e o tabaco. Havia uma legislação que amparava e protegia a atividade do colono.
Ele era isento de impostos e tinha instruções de procedimentos da colheita. (id ib) Essa experiência de
cultivo durou até meados do séc. XVIII. De Pombal em diante, ao realizar a reforma na Metrópole
através da Amazônia, continuou-se tal cultivo e foram introduzidos outros tipos exóticos. (id.ib:94) Já
nesta época, segundo as afirmações de Mendonça Furtado, o objetivo era transformar o Estado num
grande campo onde o colono exercitasse a larga agricultura. As atividades agrícolas eram assim
distribuídas: o anil aconselhava pelo Reino, foi desenvolvido principalmente na capitania de S. José do
Rio Negro. O arroz,, o café, o cacau, o tabaco, continuaram a ser trabalhados. A maior lavoura era das
manibas, de que se fazia farinha, base da alimentação indígena, a que o colono foi se adaptando. Novos
gêneros eram o cânhamo, o linho, pimenta, nós moscada, frutos europeus. De Cayena chegavam várias,
espécies cobiçadas e imediatamente cultivadas. Para assistir os colonos com mudas e sementes, o
capitão-general Souza Coutinho estabeleceu em Belém, um grande horto, que recebeu o título de
Jardim Botânico, sendo louvada por Lisboa a iniciativa.Por parte da coroa eram emitidos elogios e
aplausos pelo sucesso da agricultura e pelos seus novos empreendimentos.
O progresso da agricultura encontrava entrave forte na concorrência das “drogas”, sempre
lembradas de Portugal, na pobreza dos colonos, forçados a empresas de vulto, na resistência do índio
que não se substitua pelo africano pela falta de conhecimentos técnicos dos povoadores,
improdutividade dos diretores de povoados, mais interessados em operações imediatas de comércio. A
política protecionista, em consequência, não podia surtir efeitos sensíveis. Os empreendedores na
Amazônia, como por exemplo, D. Francisco de Souza Coutinho, comunicava à Metrópole a série de
esforços que vinha desempenhando para tirar o Estado da condição de produtor, unicamente em
especiarias, pois o medo de Portugal era perder essa terra. Outra tentação do colono na Amazônia
(como em todas as partes do mundo), era explorar a riqueza do sub-solo, principalmente na Amazônia,
pelo fato de ter-se criado o mito do ouro. Tendo em vista tal objetivo, várias expedições, com o povo
oficial, foram realizadas, procurando os POTOSIS.

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Em 1640 - Bartolomeu Barreiro de Athayde, saiu de Belém em busca de um Rio do Ouro, que
nunca foi identificado. Anos após, em 1647 – partiu outra expedição com a mesma finalidade e sem

resultados. Para a exploração do subsolo com a pretensão de encontrar ouro, tantas outras  expedições
foram realizadas:

 Paulistas descendo o Mato Grosso, de Goiás, pelo Rio Madeira, pelo Rio Tapajós e pelo Rio
Tocantins.
 Em 1673 - na Corte correu a notícia de que no Rio Tocantins os bandeirantes da Paulicéia
tinham afinal encontrada usinas. O Pe.Antônio Raposo verificou, onde D. Pedro sulcou o rio, e
nada encontrou.
 Várias tentativas foram realizadas, mas todos foram falsos descobrimentos, de forma que o
governo português proibiu qualquer aventura para descobrir minas de ouro.

Outra fonte de riqueza foi encontrada pelos portugueses – a pesca. Foram encontrados os rios
com peixes de vários tamanhos e cores, para todas as utilidades, inclusive para o comércio. Os campos
de Marajó (localizados no norte de Belém) - ofereciam boa pastagem, clima ameno, propício para
fundação de fazendas para criação de gado.

 Em 1680 - Francisco Rodrigues Pereira - fundou a primeira fazenda.


 1696 - Os religiosos das Mercês também instalaram fazendas.
 Em 1759 - só os Jesuítas possuíam 136.000 cabeças de gado.
 Em 1793 - na ilha, haviam 153 fazendas de gado
 O aproveitamento fabril da flora e da fauna regionais consistiu objeto de ocupação do colono.O
gentio trabalhava, em moldes ainda rudes, no preparo da manteiga de tartaruga, farinhas e
artefatos de borracha.
 Em 1751 - contavam-se 42 engenhocas no Pará.
 No fabrico do anil - eram sistemas muito primitivas, montados sob o aplauso do Estado que
ajudou com a isenção de taxas e outros favores.
 No Solimões - manufatura-se a manteiga de tartaruga.
 Em Salinas, na beira do mar, aproveitava-se o sal.
 No final do século, a atividade industrial cresceu.
 1784 - Belém - 07 engenhos de descascadores de arroz, fiadores de algodão.
 O leite da seringueira começou a ser aproveitado em pequenos artefatos.
 O cacau para o fabrico de chocolate. Na capitania de S. José do Rio Negro o governador
montou estabelecimentos de fiação de algodão e outras fibras.

A Amazônia foi ocupada em todos os aspectos, principalmente foi constituída em função da água
e da floresta e esta ocupada apenas nas margens dos rios, igarapés, lagos, onde o colono e o nativo
fizeram a clareia necessária à pousada que levantaram.  Mendonça Furtado dizia: “A Amazonas era a
estrada real”. O governo lusitano não permitiu o estrangeiro ao acesso à região. A navegação do
Madeira por onde podia passar o contrabando do ouro do Mato Grosso, o espanhol descer de Santa
Cruz, foi fechada pelo Alvará de 27/10/1733. . A do Tocantins, foi decretado em 10/01/1730. O alvará
de 14/11/1752 - abrira o Rio Madeira, abrindo relações comerciais com as outras capitanias. Em 1761
foi inaugurado o estaleiro em Belém, que substituiu a velha Casa das Canoas, onde a Cia. Do Comércio

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do Grão-Pará construiu três grandes navios para viagens à Europa. Durante um século e meio se
praticava o escambo.

No interior do Estado os produtos eram trocados porque não circulava dinheiro. Tudo se pagava
em gêneros: rolos de pano, novelos de fino, cacau e cravo, inclusive o vencimento (salário) do
funcionalismo.
Em 1726 - circulava algum dinheiro, vindo do interior do Maranhão, que receberam nas
comunicações com Pernambuco.   Em 1743 - foi oficializado o salário dos oficiais em moeda. A
circulação oficial iniciou em 1749 - remetidos de Lisboa para o estado do Maranhão e Grão -Pará. O
comércio não tinha nenhum incentivo judiciário, continuando nas mãos de regatões, “traficantes”,
mantendo na canoa tripulada de índios para irem aos sítios dos lavradores, estabelecidos em diversos
rios, lagos, fazendo permuta de gêneros. Era todo um processo primitivo.
As relações com o exterior se faziam apenas com Lisboa, em charruas que tocavam o porto de
Belém em épocas determinadas. Em 1759 - a Câmara de Belém requereu a vinda de navios para buscar
a produção da Capitania.
No fim do séc. XVIII em diante, no início da Revolução Industrial, de Belém foram embarcados
arrobas de cacau, algodão, café, arroz, o que se juntava em grande escala, a madeira, para a construção
de edifícios reais e de embarcações no Arsenal de Lisboa. Entre 1773 e 1802 foram exportados
milhares de toneladas de produtos: cacau, milho, arroz, café. No ano de 1809 - iniciou-se a exportação
da seringa, para a Inglaterra. A abertura dos portos brasileiros ao comércio das nações amigas, abriu
novos horizontes. Belém começou a comercializar com a Inglaterra, América do Norte, Antilhas e
Holanda.

O Povoamento e a Mão de Obra utilizada na Economia

 Os elementos humanos que contribuíram para o povoamento foram os mesmos que encontramos
no restante do Brasil:

 O índio – uma população numerosa, porém não era considerado fonte suficientemente para o
duro trabalho, por isso era caçado violentamente pelo sertanista, reunido em aldeamento pelos
Missionários e descido pelas autoridades civis e militares. O aldeamento foi o núcleo humano
com maior número de membros e era utilizado para todo tipo de tarefas.
 O negro africano – não foi tão representativo, mas era escravizado. Como a agricultura era
incipiente não se fazia tão necessária sua mão de obra. A falta de fundos financeiros não
permitia o comércio negreiro dos colonos, mesmo com a insistência das representações do
governo para que se facilitasse o mercado negreiro. Os primeiros negros foram introduzidos
pelos holandeses.

A Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará trouxe 12.587 pessoas para a região, sendo 7.606
escravos. No início da colonização da Amazônia, a força de trabalho do negro era desprezada, devido
às facilidades do aprisionamento dos índios. A Lei de 06 de junho de 1755 aboliu a escravização do
índio, daí a procura do negro foi se intensificando. Ainda em 1616, com a fundação do Presépio os
portugueses já cogitavam em trazer os açorianos. Entre 1620 e 1921 chegaram mais de 200 pessoas que
se distribuíam pelas capitanias. Anos depois, em 1667, foram distribuídos nos distritos políticos – um
pouco mais de 700 pessoas. Cada capitão mor ou governador que chegava de Portugal a Belém trazia
consigo novos povoadores. As primeiras décadas de colonização da Amazônia as expedições coletoras

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eram baseadas na base da produção. A atividade era organizada com os índios, espalhados em diversas
áreas para extraírem substâncias naturais: óleo de tartaruga, especiarias, madeiras de lei, óleos vegetais

e sementes de cacau. Em troca recebiam dos missionários e comerciantes portugueses, ferramentas,


bugigangas e ocasionalmente salário.
A Coroa Portuguesa, oficialmente estimulava empreendimentos agrícolas, com o objetivo de
constituir uma base mais estável para a efetivação da colonização da região. Porém, para o
desenvolvimento agrícolas as condições ainda eram enviáveis, porque:

 Era muito distante o acesso aos escravos negros


 O transporte muito caro
 A Amazônia não ostentava recursos agrícolas excepcionais e nem metais preciosos.
 Baixa produção nas colheitas.
 A maioria dos colonos da Amazônia eram pobres para comprar escravos.

A solução encontrada pelos colonos portugueses era escravizar os índios para utiliza-los como
mão-de-obra. Devido aos maus tratos aos índios, os missionários impediam o acesso aos índios das
missões. Esta política hostilizava ainda mais os colonos, cujos investimentos econômicos regrediram
por falta de mão-obra, enquanto florescia a agricultura e a pecuária dos jesuítas. A atividade coletora
tornou-se atraente para a população ¨cabocla¨ devido às exigências mínimas de capital. Devido a falta
de material e de contatos externos, o coletor geralmente tinha que fazer um tipo de acerto com um
comerciante local, a fim de adquirir os bens de que necessitava. No período de 1760 a 1822, mais da
metade das exportações do Pará, provinha principalmente mais de fontes silvestres do que de
plantações (agricultura). Muitos elementos teríamos para discursar sobre a Amazônia, porém finalizo
aqui com um pensamento de Neide Gondim,(op.cit):

“Para o estrangeiro, a Amazônia é a metade do início e do fim, é o


encontro dos opostos. Vem a ser igualmente, o refúgio da
insatisfação do homem diante de seus iguais”.

Fontes

http://www.culturabrasil.org/contestacoes.htm

http://www.amazonia2002.de/Porto_Velho/Moser/Moser_Portugues/body_moser_portugues.html

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