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Coleção Encontros
PRÓXIMOS LANÇAMENTOS
Ailton Krenak
Aloísio Magalhães
Flávio de Carvalho
Octavio Ianni
Waly Salomão
Gilberto Mendes
organização
Marcelo Ariel
Encontros
6 Apresentação por Marcelo Ariel
12 Manifesto Música Nova 1963
18 Música, não música, antimúsica 1967
36 Como vai nossa vanguarda? 1970
42 Este é Gilberto, um homem de vanguarda 1970
50 Gilberto Mendes explica a questão: o que é música nacionalista? 1974
56 A procura do humor além da música 1974
62 Música Nova: Pra quê fazer? 1977
68 “Não me interessam mais discussões estéticas” 1981
76 Da Ars Nova até a “Música Nova” 1981
82 Música Nova, um conflito entre criação e público 1981
94 “O meu ideal era ser compositor de um Brasil socialista” 1984
120 Conversa com Gilberto Mendes sobre música e política 1986
126 “Nós quisemos mudar tudo” 1988
132 Som santista alcança o mundo 1995
140 Música Nova aponta para o próximo milênio 1997
146 Em conversa 1997
154 Gilberto, o erudito 1998
162 Gilberto Mendes, a nota erudita 1999
172 Um grão de poesia nas dunas da MPB 2002
180 A música sempre nova de Gilberto 2003
190 “Fui um autodidata” 2007
204 Cronologia
Apresentação
por marcelo ariel
GILBERTO MENDES
Apresentação
por marcelo ariel
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ENCONTROS
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GILBERTO MENDES
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É fácil notar que em Gilberto
Mendes, a música é entendida
como “a substância mesma da
vida e das coisas”, existe ainda
uma insuspeitada cosmogonia
nas composições do Gilberto, que
inclui todas as formas da difícil
beleza do invisível dentro de sua
obra .O estudo dessa cosmogonia
ainda está para ser realizado, ouso
dizer que maior legado de sua obra
será esta abertura cosmogônica
para as harmonias sutis da própria
vida, vivida como uma misteriosa e
surpreendente aventura.
Manifesto Música Nova
damiano cozzella, rogério duprat, régis duprat,
sandido hohagen, júlio medaglia, gilberto mendes,
willy corrêa de oliveira, alexandre pascoal
GILBERTO MENDES
Publicado originalmente na
Revista Invenção, em Junho de 1963.
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ENCONTROS
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GILBERTO MENDES
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ENCONTROS
damiano cozzella
rogério duprat
régis duprat
sandido hohagen
júlio medaglia
gilberto mendes
willy corrêa de oliveira
alexandre pascoal
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Música, não música, antimúsica
damiano cozzella, rogério duprat, gilberto mendes
e willy corrêa de oliveira Por Júlio medaglia
GILBERTO MENDES
Originalmente publicado no
Suplemento Literário do Estado
de S. Paulo, em 22 de abril de 1967.
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A música erudita anda muito
mal colocada. É difícil interessar
um jovem pela chatice de um
concertão tradicional, desses
do Municipal, por exemplo,
quando eles têm a melhor
música popular que já se fez em
toda a história da música à sua
disposição. É preciso tornar a
música erudita também objeto
de comunicação de massa.
ENCONTROS
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ENCONTROS
[sem crédito]
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GILBERTO MENDES
Originalmente publicado no
Jornal da Tarde, em
29 de outubro de 1970.
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GILBERTO MENDES
Este é Gilberto,
um homem de vanguarda
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por sonia mateu
GILBERTO MENDES
Este é Gilberto,
um homem de vanguarda
por sonia mateu
Originalmente publicado no
jornal Cidade, em
16 de novembro de 1970.
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GILBERTO MENDES
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A música de vanguarda é
a música de nossos dias, a
única. É a música erudita de
sempre: nada mais simples
do que isso. Essa distância
com o público é facilmente
explicada. O artista inventa
um signo novo, e como
é novo, não tem ainda
significação. Só quando passa
a ser muito usado, é então
entendido.
GILBERTO MENDES
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ENCONTROS
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Gilberto Mendes explica a questão:
o que é música nacionalista?
Por Valeria Garcia
GILBERTO MENDES
Originalmente publicado no
jornal Última hora, em
17 de março de 1974.
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ENCONTROS
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Um modo de ser inventivo,
usando temas folclóricos, seria
partir de material folclórico
indígena e fazer com ele um
tipo de música eletrônica. E não
desenvolver o tema em forma
musical de sonata seguindo os
princípios da tonalidade.
No Brasil, a corrente nacionalista foi liderada por Camargo
Guarnieri e seus discípulos. E foi muito forte, coincidindo de
certa maneira, com o que Mário de Andrade escreveu no “Ensaio
sobre música brasileira”. Por ter morrido cedo, Mário de Andrade
– figura fabulosa – não pode corrigir os “foras” que deu a respeito
da música, o que faria, fatalmente, se tivesse vivido mais tempo.
Porém – essas ideias vieram ao encontro de alguns importantes
manifestos da época, como o de Zhdanov (russo, que considerava
a arte de vanguarda como decadentista e pequeno-burguesa).
A reunião de todos esses fatores fortaleceu e liquidou com o
início da música de vanguarda no Brasil, muito distante do tipo
de preocupação dos nacionalistas que intertavam, consideran-
do importante tudo, o que tivesse raízes folclóricas. Ora, nessa
época, os compositores brasileiros de vanguarda (Guerra Peixe
e Claudio Santoro) estavam em pé de igualdade com os demais
compositores estrangeiros na retomada da linha evolutiva da mú-
sica ocidental, seriamente abalada pela Segunda Guerra Mundial.
No Brasil, na época, se refletiam princípios de uma música
puramente experimental o que ocasionou uma verdadeira guerra
contra os vanguardistas brasileiros. Foram teorizações errôneas
que afogaram o movimento. Até o momento em que Willy Corrêa
de Oliveira, Rogerio Duprat, Damiano Cozzella e eu retomamos,
muito tempo depois, aquela linha de pesquisa que tinha sido a
abandonada.
Hoje, é uma glória sentir a repercussão da música de van-
guarda no público jovem e universitário, quando me lembro das
15 ou 20 pessoas que eram as únicas habituées dos concertos de
música aleatória.
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A procura do humor
além da música
Por Enio Squeff
GILBERTO MENDES
A procura do humor
além da música
Por Enio Squeff
Originalmente publicada no
Estado de S. Paulo,
em 11 de janeiro de 1974.
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ENCONTROS
O começo
Neste começo difícil, várias barreiras desafiaram a constân-
cia do compositor. Totalmente ignorante do código do mundo
musical a que se propôs dominar, Gilberto Mendes sofreu todas
as dúvidas de uma iniciação tardia. Até os 18 anos não tocava
nenhum instrumento e desconhecia os mais rudimentares
elementos da técnica de composição. Era uma situação angus-
tiante a que logo se juntaria a pesquisa incansável na busca de
uma linguagem própria diante das várias alternativas da música
contemporânea. Já nessa época, atreladas ao sucesso mundial
de Villa Lobos e à identificação do nacionalismo com posições
ditas progressistas, aos compositores brasileiros propunham-
-se apenas duas opções absolutamente irreconciliáveis: ou o
nacionalismo ou a alienação da própria identidade nacional.
“Era tanta a força da onda – confessa Gilberto Mendes – que
não resisti por muito tempo. Preocupado, como sempre, em ser
coerente com minhas convicções, deixei-me levar pelo nacio-
nalismo e compus a partir do folclore.”
Não era, seguramente, um começo original para quem se
preocupava com a originalidade. Mas a persistência e a aceita-
ção de uma situação de fato, mostraram-se, no fim das contas,
um exercício útil. Quando, anos mais tarde, conheceu Olivier
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Toni, seu professor e intérprete, coordenador atual da I Bienal
Internacional de Música, já Gilberto Mendes arrolava em suas
experiências várias mazelas produzidas por um certo sectarismo
e alguns trabalhos que ainda hoje o compositor considera como
perfeitamente válidos.
Vanguarda
Então, quase de repente, emergiu em Santos o movimento da
vanguarda musical que reuniu em um só grupo músicos e poetas
concretistas da década de 1950. A esta altura, Gilberto Mendes
tinha já a seu lado todos os companheiros de quase 20 anos de
luta: Willy Corrêa de Oliveira, Olivier Toni e os que mais tarde
seguiram outros caminhos, Damiano Cozzella e Rogerio Duprat.
Para Gilberto Mendes, divisava-se a possibilidade de desen-
volver não apenas um trabalho ilimitado de pesquisa sonora,
mas também de ser um dos cabeças de festivais e concertos cujas
consequências iriam repercutir além do escândalo que provo-
caram certas apresentações em Santos ou mesmo no interior
convencional do Município de São Paulo. Datam desses anos
de profunda polarização para a música brasileira – vanguardis-
tas e nacionalistas só há pouco deixaram de se hostilizar – as
quatro viagens que Gilberto Mendes fez a Europa, divulgando e
acelerando os contatos dos brasileiros com os compositores do
exterior e a série de peças que foi compondo ao longo de vários
anos. Agora, porém, já dono de seu ofício, Gilberto Mendes tanto
preencheria pautas de partituras em peças dentro da mais estrita
técnica serial, ou dodecafônica, como projetava inesperados
acontecimentos claramente antimusicais – teatro musicado,
happenings e outros.
“Sou de um mundo em decadência” – explica – “mesmo
que quisesse, não poderia deixar de refletir alguns dos aspectos
desse mundo.”
ENCONTROS
Humor
Magro, amargando uma asma que o persegue sempre, Gil-
berto Mendes, depois dos tempos inglórios de sua iniciação,
reservou para seu futuro um humor contagioso que ri de si, da
música e das próprias agruras de seu problema respiratório. Para
a asma que o condenou praticamente a viver em Santos – uma
fatalidade que absolutamente não o incomoda – o compositor
criou a música “Asmatur”, na qual, em meio a gargarejos e os
sons de um moteto medieval, promove uma agência imaginária
de turismo – através da qual chega-se ao país sem asma. É este,
também, o sentido de uma peça sem música “Pausa e menopau-
sa” executada este ano, no início da Bienal de Música e de seu
maior êxito em termos de público, o moteto “Beba Coca-Cola”,
um extra inevitável no repertório de vários corais paulistas.
“Com essa peça de Gilberto Mendes – comenta Olivier Toni –
ocorre o fenômeno dos números definitivamente incorporados
ao repertório musical, quase como uma abertura de Rosini. Não
é por nada que aqui em São Paulo, todas as apresentações bem-
-sucedidas de certos conjuntos corais, suponha, inevitavelmente,
um extra como o ‘Beba Coca-Cola’.”
Em “Santos Football Music”, as intenções humorísticas de
Gilberto Mendes não se esgotam no puro divertimento. São,
conforme ele mesmo afirma, uma homenagem à cidade que
o resguardou da asma do ar poluído de São Paulo e ao time de
futebol que projetou o nome de Santos no exterior. Mas, desta
vez, o aspecto musical no sentido estrito participa de modo nada
acidental. Junto com a intervenção do público, como torcida,
ou do regente, como árbitro, existem as partes da orquestra que
exigem uma interpretação segura e nada improvisada. Volta às
origens? Gilberto Mendes não sabe responder com segurança,
aos 50 anos, porém, não pretende se negar a um remoto senti-
mento romântico que de vez em quando ainda o atinge.
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Música Nova: Pra quê fazer?
Por João Marcos Coelho
GILBERTO MENDES
Originalmente publicada na
Folha Ilustrada, em
4 de novembro de 1977.
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ENCONTROS
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Vejo o compositor em duas
posições básicas. Fazendo
música funcional, está integrado
no sistema em que vive, o
capitalismo, e sua música é servil,
conformista, aceita passivamente
o sistema. Sempre houve e
sempre haverá artistas que
adotam este comportamento.
Agora, também sempre haverá
artistas que estarão em suas
casas, com toda liberdade,
escondidos, não tendo nada a ver
com isso aí, elaborando a forma
revolucionária, o signo novo.
E, nos anteriores foi o deslumbramento poder conhecer
compositores de outras partes do Brasil. Veja, fiquei amigão do
Waldemar Henrique. Neste, porém, já começaram a aparecer as
posições divergentes. O Guilherme Bauer, por exemplo, e o Paulo
Affonso, fizeram críticas à atuação de Marlos Nobre à frente do
Instituto Nacional de Música. E a represália quem sofreu foi o
Festival de Santos. Bauer traria o conjunto Ars Contemporânea,
do Rio de Janeiro, sob o patrocínio da Funarte. Uma semana
antes do concerto, recebi um telegrama do Bauer cancelando o
concerto; no dia seguinte, um da Funarte também comunicando
o cancelamento. Só pode ser por causa das críticas de Bauer feitas
em Brasília à política do órgão.
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“Não me interessam mais
discussões estéticas”
[sem crédito]
GILBERTO MENDES
Originalmente publicada no
Caderno de música, n. 4, em
janeiro/fevereiro de 1981.
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ENCONTROS
E o ensino no Brasil?
Acho que o ensino no Brasil vai como vai o Brasil. Há uma
generalizada falta de motivação. Então, o professor pode relaxar,
o aluno quer relaxar. Não há metas, funções nobres pela frente.
Uma estrutura mental se decompõe. Falta uma nova ideologia,
com base no homem, no esforço coletivo. Mas chegará o dia,
está pintando, sob muitos aspectos.
71
GILBERTO MENDES
Você teve uma fase nacionalista? Como rompeu com ela? Como
você vê esse problema de linha estética?
Tive uma em obediência aos resultados de discussões em
torno do Manifesto Zhdanov. Mas durou pouco, porque não
tenho formação “de ouvido”, nacionalista. O que eu sempre
gostei, desde criança, foi mesmo de Chopin, Beethoven, depois
Schumann, Stravinsky, Bartok, Debussy, Não ouvi folclore, nem
ciranda, pois sempre morei em Santos, onde não tem folclore. A
grande influência que sofri mesmo foi a música de rádio e cine-
ma, a música norte-americana, desde o jazz, negro ou branco,
72
Duke Ellington ou Benny Goodman, até os musicais da Broadway
e de Hollywood, Fred Astaire, Bing Crosby, Dorothy Lamour, Alice
Faye, James Cagney, por isto eu curti muito a velha Chicago e
Nova York, quando estive nos EUA. O meu grande mito musical do
passado é Fred Astaire. A música de Jerome Kern, Richard Rodgers
(que vi pessoalmente, velhinho, em um musical em Nova York
em que trabalhou a Liv Ullman, do Bergman, foi uma emoção),
Gerswhin, Cole Porter, Irving Berlin... É interessante verificar
como essas canções norte-americanas saíram diretamente do
lied alemão. Se a gente mudar o tipo de acompanhamento sin-
copado para um acompanhamento à maneira do romantismo
musical, elas viram algo muito aproximado de Schumann, Hugo
Wolf, Richard Strauss, Brahms. Tive muitas fases, e agora não
sinto que rompi com nenhuma delas. Todas contribuíram com
componentes para a minha linguagem musical. Não tenho esse
problema de linha estética a que você se refere. Toda vez que me
perguntaram isso, eu respondo, ultimamente, e volto a repetir
agora, que não me interessam mais discussões estéticas. Como
diria Gramsci, quero me reformar como homem. Uma vez refeito
o homem, uma vez surgida uma nova vida de afetos, surgirá uma
nova estética. Homem novo, música nova. Como homem ainda
velho que sou, ainda burguês (mas pelo menos progressista),
continuo compondo para mim mesmo, pela “alegria da criação”,
para usar uma expressão de Shostakovitch. E na esperança de que
Manuel de Falia estivesse certo, quando tranquilizava Joaquin
Turina com estas palavras: “quien se divierte ejerciendo su oficio
tiene muchas probabilidades de divertir también a los demás...”.
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ENCONTROS
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Originalmente publicada na
Folha de S. Paulo, em
26 de novembro de 1981.
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ENCONTROS
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O disco foi, e continua sendo de
certo modo, muito importante
para os meus estudos musicais,
que têm sido, em sua maior
parte, autodidatas. Nestas
circunstâncias, o disco com
partitura na mão previamente
estudada é um auxiliar precioso.
Mas confesso que prefiro a
audição ao vivo, o som acústico,
cada vez mais, ainda que o
intérprete seja um estudante. A
comunicação humana é maior.
ENCONTROS
Chopin pelo Alfred Cortot. Outra paixão minha, a seguir, foi Lily
Kraus tocando Bartok e Mozart, e o Gieseking tocando Debussy,
sobretudo a ‘Suite Bergamasque’.”
“Depois da Segunda Guerra Mundial, apareceu o LP e pela
primeira vez discos de música da Renascença e Idade Média.
E dois discos marcaram minha iniciação na música desses
períodos: Madrigais italianos, pelo Coral do Vassar College dos
Estados Unidos, verdadeira joia com músicas do período Ars
Nova e Renascença; e, cantando e tocando no alaúde músicas
renascentistas. Isto lá por 1952, 1953.”
“Mas esquecia de falar das gravações de Leopold Stokowsky,
como ‘Petruchka’ e ‘A sagração da primavera’, de Stravisky, e
‘Tarde de um fauno’, de Debussy, ainda nos anos de 1940. O ex-
traordinário filme da Disney, Fantasia, teve tudo isso. Todas essas
coisas foram muito importantes para mim. Lá por volta de 1955,
apareceram dois LPs com um panorama da música concreta, com
obras de Pierre Shaeffer, Pierre Henry, Michel Philippot e Artuys.
Estas músicas tiveram uma influência decisiva em meu gosto
abrindo os horizontes para um universo que eu já suspeitava
existir, mas que ainda não tinha ouvido nada.”
“De volta de uma viagem à Europa, em 1959, trago dois
discos com obras de Webern, Boulez, Nono, Stockhausen, que
trouxeram nova contribuição aos meus estudos (através dos
discos, com partitura na mão). Poderia falar de uma infinidade
de discos que, se comprei, foi pelo significado que tinham para
mim. Mas estes agora citados, que eu me lembre, foram aqueles
verdadeiramente marcantes. O disco foi, e continua sendo de
certo modo, muito importante para os meus estudos musicais,
que têm sido, em sua maior parte, autodidatas. Nestas circuns-
tâncias, o disco com partitura na mão previamente estudada é
um auxiliar precioso. Mas confesso que prefiro a audição ao vivo,
o som acústico, cada vez mais, ainda que o intérprete seja um
estudante. A comunicação humana é maior.”
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Música Nova, um conflito
entre criação e público?
Coordenação do debate por Cremilda Medina
GILBERTO MENDES
Originalmente publicado em
O Estado de S. Paulo,
em 27 de dezembro de 1981.
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ENCONTROS
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GILBERTO MENDES
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A música erudita
contemporânea, na medida em
que é realmente livre e criativa,
procura construir um signo
novo. Atua num campo de
vanguarda em que realmente
se afasta do grande auditório.
A diferença está nesse ponto:
para se fazer música popular,
realmente não é necessário
um domínio muito grande do
metiê musical. Já para a outra
é preciso um conhecimento
muito grande de música.
GILBERTO MENDES
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ENCONTROS
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GILBERTO MENDES
que estão sendo criadas entre nós. Mas, como observou Roberto
Schnorremberg, seria bom discutir quem é esse público que vai
aos concertos. O que ele procura? Por que o grande público quer
ouvir determinados tipos de música? Esse também é um proble-
ma. O outro só diz respeito a nós: é o de criar a linguagem mais
ou menos acessível ao público. Assunto igualmente importante
é determinar o valor da obra de arte. Ver em que consiste real-
mente esse valor, o que é uma obra boa e o que é uma obra ruim,
por exemplo. O pluralismo estético, entre nós, tornou-se muito
evidente nas ideias aqui emitidas. Quer dizer, cada um defende
mais ou menos uma estética pessoal e diferente dos outros. O
problema que acabo de acentuar não é, a meu ver, um problema
musical, mas um problema mais abrangente. Nós vivemos em
um mundo de integração. Integração quer dizer aqui que as
ideias se tornem realmente integráveis ao todo. Isso parte do
problema da imagem do mundo em geral. Para mim essa é uma
das grandes questões da atualidade: é justamente a realidade
que se apresenta nas ciências, por exemplo, depois da Segunda
Guerra Mundial, exige de nós uma modificação completa do
modo de pensar e também de sentir. Não é só na música, mas
em todos os campos das nossas atividades.
[John Boudler] De minha parte, sou obrigado a falar de um
ramo em que me aprofundei – a percussão. Minhas atividades
na orquestra incluem algumas obras de música contemporânea,
mas são de modo que realmente não posso sentir muito, porque
são peças encomendadas pelas Secretarias e órgãos públicos
por várias razões. A mais pura delas, justamente para ajudar a
causa da música contemporânea e, as menos puras, talvez, para
movimentar a ambição das direções das nossas orquestras. Na
universidade, a situação, a meu ver, é muito mais triste. Sou
norte-americano, radicado no Brasil há quatro anos. Nos Esta-
dos Unidos, a universidade realmente é o lugar onde a música
contemporânea respira um clima um pouco mais saudável. Pelo
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ENCONTROS
Para você que veio dos EUA, como se situa essa multiplicidade
de tendências musicais no Brasil de hoje?
[John Boudler] Todas essas tendências que tento realizar como
instrumentista, os festivais – tudo isso não me importa. Desculpe.
Eu sou um instrumentista e gosto de música contemporânea. Eu
trabalho muito nessa área com o objetivo de executar o máximo
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“O meu ideal era ser compositor
de um Brasil socialista”
Por Eugênio Rondini Trivinho, Gil Nuno Vaz, Maria
de Lourdes Brandão Ribas e Mário Sérgio Soares
GILBERTO MENDES
Originalmente publicado no
jornal Enfoco, no
outono de 1984.
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Eu sigo nada mais nada menos
do que o socialismo. Uma coisa
velha que vem de Cristo. Cristo
pregou o socialismo. Nunca leu
a Bíblia? O socialismo, eu vejo
como algo que só foi possível
dentro do que aconteceu no
mundo ocidental. Não aconteceu
na Índia, na Japão, aconteceu
no mundo ocidental, como
coroamento do pensamento
cristão. Tem um frase do Murilo
Mendes que diz: “O comunismo
é revolucionário frente ao
capitalismo e conservador frente
ao cristianismo”.
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Há uma contradição dentro de
mim. Eu tenho um ideal político,
mas a formação do meu gosto
é profundamente burguesa. Os
compositores que ainda gosto
são compositores de uma linha
que vocês poderiam dizer que
está em contradição com aquilo
que eu venho falando. Eu gosto
do Luciano Berio, as primeiras
obras do Stockhausen, Boulez, as
primeiras obras do John Cage, no
campo internacional.
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Por que sua opção para o Governo de São Paulo foi para o
PMDB?
O medo da divisão. Os peemedebistas não queriam uma
divisão muito grande, que felizmente não houve, rara marretar
o PDS. Essa foi minha opinião. Na verdade não tem nenhum
partido registrado que me agrade inteiramente. O PT quase que
poderia ser, mas o PT é minado, de certo modo, pelo trotskismo e
pelo anarquismo, enfim, uma série de coisas que me desagradam.
Mas tem o seu peso positivo.
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sor. Aqui, não saberia responder o porquê, não sou sociólogo, mas
aqui meus alunos não me puxam, eles ficam quietinhos, e se eles
não me puxam eu vou na onda. Mesmo porque se você puxar, é
mal-olhado, é professor antigo, chato, que quer fazer chamada,
dar nota baixa. É um círculo vicioso. Se a aula começa às duas,
quinze para às três você tem quórum na tua aula. Se a aula é das
duas às cinco horas, às quatro ele diz que tem que ir embora
porque tem compromisso, porque trabalha. Voltando ao modelo
americano, eu me lembro de alunos que eu tinha, individuais.
Lá o horário era às 2 horas e você podia olhar no relógio que às 2
horas eles “toc, toc, toc” batiam na porta. E1es não querem perder
tempo, e se o professor relaxa um pouco dedam o professor e ele
é demitido. Então o aluno quer saber, porque saindo dali ele vai
concorrer e depois vai ser cobrado dele, e ele cobra do professor
também. Isso é uma mecânica de país desenvolvido à base da
concorrência, de país muito rico e, por ser rico, permite que se
tenham ótimos professores, ótimos instrumentistas, excelentes
músicos. Às vezes está nevando, está 20 graus negativos, o cara
levanta às cinco e meia e vai ensaiar. Seis e meia chega lá e vai
até às onze horas da noite.
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[sem crédito]
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GILBERTO MENDES
Originalmente publicado no
jornal Voz cultura, em
17 de julho de1986.
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Por falar em Hanns Eisler, o que você acha da obra musical dele?
Independentemente de qualquer outra consideração, é um
grande compositor. Ele é o maior representante da estética do re-
alismo socialista, algo para mim valioso. Aliás, gostaria de acres-
centar que nada me irrita mais do que ver um artista do mundo
socialista voltar-se para a estética do nosso mundo burguês.
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“Nós quisemos mudar tudo”
Por Regina Porto
GILBERTO MENDES
Originalmente publicado na
Folha de S. Paulo, em
26 de junho de 1988.
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Será por isso que a sua obra seja tão marcada pelo humor e
pela comunicação?
Não me considero humorista. Também quando componho,
não viso a comunicação. Componho para mim. Mas sinto que
minha música comunica. Isso porque eu gosto de música de
toda espécie – incluindo as populares, folclóricas, o jazz dos anos
30/40. Então ela comunica naturalmente, não porque eu queira.
Se ouço muita música popular, minha música, por mais erudita
e construtivista, vai refletir isso.
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Som santista alcança o mundo
Por Luciana Schneider
GILBERTO MENDES
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Apesar da minha área ser
erudita, eu acompanho as
tendências atuais. Mas eu gosto
cada vez menos, porque a
música popular que eu gostava
praticamente não existe mais.
Em outra época, a música era
muito boa e era realmente
popular. Ela tinha origem na
música folclórica, que passava de
uma geração para outra e, foi a
partir dela, que nasceu a música
popular da cidade, a chamada
música urbana. Infelizmente,
esse folclore está morrendo, está
deixando de existir.
GILBERTO MENDES
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Música Nova aponta
para o próximo milênio
Por Ivani Cardoso
GILBERTO MENDES
Originalmente publicada
no jornal A Tribuna,
em 1997.
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1970, que é uma música para orquestra e que foi tocada no Ou-
tono de Varsóvia, com regência do maestro Eleazar de Carvalho.
A gravação do Estúdio Eldorado é WDR, de Colônia, Alemanha.
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Em conversa
[Sem crédito]
GILBERTO MENDES
Em conversa
[Sem crédito]
Originalmente publicada na
revista Concerto, em
junho de 1997.
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Sinto que sou no mínimo dois
compositores: tenho uma índole
tonal de origem clássica muito
forte e tenho também uma
índole de pesquisa. Acho que foi
o jornalista J.J. de Moraes que
escreveu uma matéria sobre mim
e disse uma coisa que eu gostei:
que eu transito entre a vanguarda
e a tradição. Até me chamou de
pacificador da vanguarda.
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ENCONTROS
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Gilberto, o erudito
Por Marco Santana
GILBERTO MENDES
Gilberto, o erudito
Por Marco Santana
Originalmente publicada
no Jornal da Orla, em
13 de dezembro de 1998.
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ENCONTROS
Não tem por que ela se popularizar, o povo tem a sua música,
que é a música popular. Se o povo se educa, se eruditiza, ele passa
a gostar da outra. A existência da música popular é resultado da
divisão de classes sociais. Os pobres fazem suas músicas, os ricos
fazem outra, que tem mais base científica. Mas isso é a história
da música, assunto para um curso.
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Por exemplo?
Algumas marchinhas de Carnaval, eu vi dois filmes na época
que gostei multo Alô, alô, Brasil e Alô, alô, Carnaval com Carmen
Miranda. Alguma coisa de Noel Rosa e Lamartine Babo, Orlando
Silva, a maneira de ele cantar e o repertório, foi uma espécie de
João Gilberto da época. Também gostava da bossa nova, porque
era parecida com a música americana. Em 1958 ouvi “Chega de
saudade” no rádio e gostei muito, acabei comprando o disco do
João Gilberto, em 78 rotações. Depois veio o tropicalismo, mas
o pseudovanguardismo deles não me interessa. O melhor do
tropicalismo é quando o Caetano é mais bossa nova. O Chico
Buarque, apesar de ter feito críticas à bossa nova, foi o real her-
deiro da bossa nova.
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ENCONTROS
Djavan?
É, Djavan, ele tem umas três ou quatro canções muito bo-
nitas. Mas quando esta gente morrer, acabou! Acabou a música
brasileira, são os últimos melodistas brasileiros.
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E o É o Tchan?
Hein?! Tchan?
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Gilberto Mendes,
a nota erudita
Por André Rosemberg
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Gilberto Mendes,
a nota erudita
Por André Rosemberg
Originalmente publicada
na revista Página Central, n. 14,
em fevereiro de 1999.
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Brasileiro?
Brasileiro no sentido de ser diferente do que se produzia fora.
Música pesquisada, trabalhada, mas que não imitasse a produção
externa. Brasileira nesse sentido. O movimento evoluiu para o
lançamento de nosso manifesto de “música nova”, a criação, em
1962, do Festival de Música Nova de Santos, o mais antigo de
toda a América. Santos, estranhamente, produziu dois dos cinco
compositores brasileiros que têm maior trânsito internacional:
eu e o Almeida Prado.
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ENCONTROS
Existe uma rixa atual com MPB, porque ela vem tomando
muito espaço. Mas é uma luta entre categorias, luta de classes.
Hoje em dia, o compositor erudito não tem vez. Se alguém vai
fazer um filme, convida-se o Caetano Veloso ou o Chico Buarque
para compor a trilha sonora. Antigamente pediam para nós. Nos
filmes da Vera Cruz dos anos de 1950, os compositores são Claudio
Santoro, Guerra Peixe, Camargo Guarnieri, Francisco Mignoni. Há
uma luta de espaços. O músico popular entra em áreas que eram
só nossa e abocanham o quinhão maior. Quando o Tetro Municipal
de São Paulo completou 75 anos me encomendaram um concerto
para piano e orquestra. É uma obra em que o compositor leva dois,
três anos para realizá-la. Eu fiz em pouco mais de três meses. Um
trabalho imenso. Hoje em dia eu não sei como fiz aquilo. Para a
mesma ocasião convidaram o Egberto Gismonti. Ele ganhou cinco
vezes mais do que eu para fazer uma música que ele deve ter levado
três dias para compor, porque ele fez por computador. E eu ainda
paguei os copistas do meu bolso. É sempre assim, pagam muito
menos para os músicos eruditos. Para fazer o Festival de Música
Nova do ano passado, pagaram-me 25 mil reais com quatro meses
de atraso. Em um festival de música popular na praia, a banda que
ganhou menos, levou 23 mil reais. Chitãozinho e Xororó, a paixão
do prefeito atual de Santos (Beto Mansur, do PPB) recebeu cem
mil reais. Eu não tenho nada contra a música popular, mas ela está
acabando. Já foi muito boa, mas está em processo de extinção.
Nunca a música popular foi tão ruim, tão feia como agora. E esse
é um fenômeno mundial. Atualmente, um violonista aprende três
posições e forma uma banda. O que importa é aquilo ser reprodu-
zido em um volume extravagante. A melodia também não existe
mais, recita-se a letra. Para quem ouviu Led Zeppelin e Beatles...
Hoje, há uma precariedade sensacional. Um grupo como Sepul-
tura ter fama internacional é absurdo: o rock brasileiro está em
um nível inqualificável. O rock, atualmente, tornou-se, inclusive,
a bandeira dos neonazistas.
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Paga-se bem?
No Brasil é muito raro ser pago pela peça. Depende do tama-
nho dela. De quem encomenda. Na Europa paga-se mais. Mas
é muito instável.
Um romance?
Quando eu completei 70 anos e fui aposentado compulso-
riamente da USP, para seguir lecionando para a pós-graduação,
tinha que me doutorar. Eu não estava interessado, então disse que
só faria se fosse uma tese sobre mim mesmo. O pessoal aceitou e
então escrevi uma tese sobre meu trabalho, mas em um formato
que lembrava um script cinematográfico. Essa tese virou livro e
saiu publicada pela Edusp. A partir dessa primeira experiência,
por causa de elogios sobre meu trabalho, comecei a escrever um
livro ambientado em Santos, durante a Segunda Guerra, sobre o
compositor que eu não fui, ou seja, um personagem que se dedica
à música desde criança, de família rica e tempo para se dedicar
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Um grão de poesia
nas dunas da MPB
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Um grão de poesia
nas dunas da MPB
Por Irineu Franco Perpetuo
Originalmente publicada
na revista Concerto,
em agosto 2002.
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Existe essa espécie de luta entre
duas categorias, falando em termos
de luta de classes: a música popular
e a música erudita. A música
erudita vai ficando cada vez mais
por baixo, desprestigiada, e a
popular entrando no lugar, e sendo
até aceita pela intelectualidade
como a música “erudita” do
momento. Se você perguntar para
qualquer intelectual brasileiro
quais são os músicos de que ele
gosta, ele vai falar de Caetano
Veloso e Chico Buarque, que são os
“eruditos” para ele.
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A música
sempre nova de Gilberto
[sem crédito]
GILBERTO MENDES
Originalmente publicada
na Revista E, n.72,
em maio de 2003.
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É preciso que se compreenda
que esse nacionalismo foi um
movimento de vanguarda em sua
época. Ele surge no século XIX,
em pleno romantismo, como uma
bandeira de modernidade em
países como a Rússia e a Polônia,
que não tinham a mesma tradição
da Alemanha e da França e viram no
nacionalismo uma maneira de ter
uma presença na música. E isso se
projeta no século XX, nas primeiras
décadas. Se pegar o Stravinsky, por
exemplo, você vê que, como o Villa-
Lobos, ele tem um resíduo forte de
nacionalismo em sua música.
GILBERTO MENDES
E como te soaram?
Pós-modernas. Curiosamente, essa produção minha dessa
época está agradando muito como algo com um certo ar de
pós-modernismo, que parece ter voltado. Um interesse por coi-
sas étnicas que ela tem. Mês de março, foi editada na Bélgica a
minha “Sonatinha mozartiana”, uma paródia que fiz de Mozart
com ritmos brasileiros. Há um pianista norte-americano que
a toca nos EUA, no Caribe, já gravou e tudo o mais. E veja você
que eu as compus em 1953. Dia desses recebi um telefonema de
uma professora da Universidade do Texas que tinha ouvido esse
pianista e tinha ficado muito intrigada com a peça. Ela queria
saber como obter a partitura. Eu acabei mandando uma cópia
do manuscrito para ela. E há outras. Tem um ponteio – essa já de
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“Fui um autodidata”
Por Gustavo Klein
GILBERTO MENDES
“Fui um autodidata”
Por Gustavo Klein
Originalmente publicada
na At revista,
em 14 de janeiro de 2007.
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Por quê?
Ah, eu morava na ponta da praia, que era um Havaí. Ima-
gine Santos sem nenhum prédio alto. Era um paraíso. Eu tinha
duas canoas em casa, e na rua não faltavam vagabundos para
me ajudar a levá-las para o mar. Aquele mar era meu. As praias,
a Ilha das Palmas, o mar, o mato. Andávamos por tudo aquilo.
E, nos fins de semana, o negócio era dançar. Festas, bailinhos,
namoro... O Roberto Mário Santini era meu colega de dança no
antigo Clube XV. Minha mãe, claro, se preocupava, queria que
eu entrasse para o Banco do Brasil.
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Cronologia do autor
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1980 1994
Atua como professor do departamento de Gilberto Mendes realiza a composição “Uma
música da Escola de Comunicações e Artes da foz, uma fala” sobre o poema concreto de
Universidade de São Paulo (ECA-USP). Augusto de Campos.
Cria a obra “Saudades do Parque Balneário 1995
Hotel” para piano e saxofone alto e “Qualquer Compõe “Tvgrama”.
Música” para pequena orquestra. 1997
1981 É indicado ao prêmio de Cultura do Estadão.
Gilberto Mendes realiza a composição de 1999
“Concerto para Piano e Orquestra”. Recebe o prêmio Carlos Gomes, do Governo
1983 do estado de São Paulo.
Toma posse da cátedra de Tinker Visiting Pro- 2001
fessor, da University of Texas at Austin, respei- Torna-se membro honorário da Academia
tável distinção universitária norte-americana. Brasileira de Música.
1984 2003
Gilberto Mendes compõe “Mamãe eu quero Recebe o prêmio Sergio Mota hors concours
votar”, música que denota os momentos 2003
político-sociais do Brasil, fazendo menção ao Recebe o título de cidadão emérito da cidade
movimento Diretas Já. de Santos, concedido pela Câmara Municipal
1988 de Vereadores.
Gilberto Mendes compõe “Ulisses em Copa- 2004
cabana surfando com James Joyce e Dorothy Gilberto Mendes recebe a insígnia e diploma
Lamour” para orquestra, entre outras peças de admissão na Ordem do Mérito Cultural,
musicais. na categoria de comendador, do Ministério
1990 da Cultura, das mãos do presidente da Repú-
Cria a obra “Pente de Istanbul” para marim- blica, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Ministro
ba, vibrafone e percussões, e dedica ao Duo da Cultura, Gilberto Gil.
Diálogos. 2006
1992 Gilberto Mendes compõe “Alegres trópicos –
Aposenta-se compulsoriamente do Depar- Um baile na Mata Atlântica”.
tamento de Música da Universidade de São
Paulo.
1993
Realiza a obra “Finismundo”.
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Coleção Encontros:
a arte da entrevista
Projeto gráfico
Elisa Cardoso
Capa
Equipe Azougue
Foto do autor
Revisão
2% da tiragem desse livro será doada para o Iepé – Instituto de Formação e Pesquisa em Educação
Indígena. O Iepé é uma entidade sem fins lucrativos criada para prestar assessoria direta a demandas
de formação e capacitação apresentadas pelas comunidades indígenas do Amapá e do Norte do Pará,
visando o fortalecimento de suas formas de gestão comunitária e coletiva. Mais informações na página
www.institutoiepe.org.br.
[ 2014 ]
Beco do Azougue Editorial Ltda.
Rua Jardim Botânico, 674 sala 605
CEP 22461-000 - Rio de Janeiro - RJ
Tel/fax 55_21_2259-7712
www.azougue.com.br
azougue - mais que uma editora, um pacto com a cultura
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