Data do estudo
Texto base: 2 Pedro 3.8-18
Espiritualidade
Saudável
Por Hudson Galdino da Silva
Certo professor de música, que-
rendo ensinar a arte musical como
princípio para a vida, reuniu os seus
alunos iniciantes e num quadro bran-
co colocou vários pontos escuros e
dizia que cada um deles poderia re-
presentar em nossa vida a tristeza,
pandemias, dores, lágrimas, choros,
sofrimento, perdas, enfim. Depois,
então, começou a traçar algumas li-
nhas, como se elas representassem o
tempo de nossa vida. No final, então,
foi que colocou uma clave de sol para
mostrar que representava uma pauta
musical e começou a cantar: “Terás
vida em olhar para Jesus Salvador...”.
Dizia o professor, todo entusiasmado,
que as manchas escuras em nossas
vidas podem ser transformadas por
Deus e, assim, podemos em todo
tempo ter uma vida saudável, se em
nossas dores for colocada uma me-
lodia.
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Lição 8
Deus quer que tenhamos uma
vida saudável independente das cir-
cunstâncias. É o que nos propomos a
pensar no estudo desta lição. O que é
vida espiritual saudável?
1. É aquela que vive a
temporalidade, sem perder o
entendimento de que quem
nos dirige não é limitado pelo
tempo (v.8)
“Amados, não ignoreis uma coisa,
que um dia para o Senhor é como
mil anos, e mil anos como um dia.”
Quando Pedro escreveu a epístola,
os cristãos viviam a agonia que é lidar
com o tempo. Isto trazia ansiedade e
preocupações. O tema de Pedro era
quando Jesus voltaria. Pedro queria
que eles entendessem de forma es-
pecial como tratar e lidar com o tem-
po. Pedro faz uso do ensino do Salmo
90.4: “Porque mil anos são aos teus
olhos como o dia de ontem que pas-
sou, e como a vigília da noite”.
Quando lidamos com os propó-
sitos de Deus a questão de tempo é
indiferente. Era isto que Pedro estava
ensinando. Nossa vida precisa estar
bem sincronizada com o sentido de
tempo. O tempo incorpora valores
porque nos faz pensar, refletir e de-
cidir. As decisões são resultadas de
cada momento que vivemos. É preci-
so ter uma compreensão do que seja
o nosso tempo e o tempo de Deus.
Não há como viver de maneira
saudável nesta época que estamos
vivemos, cheio de desafios impostos
pela pandemia que assola o mundo,
sem a exata compreensão do que
seja e como viver cada tempo de nos-
sa vida.
Fomos surpreendidos pela pande-
mia. Mas Deus nunca é surpreendido.
Ele é o Senhor de tudo e de todos.
Tudo está sob seu domínio, força, au-
toridade e poder.
Especula-se sobre quanto tempo
vai durar a pandemia. Mas para Deus
não faz diferença se foi ontem, se é
hoje e ou se será amanhã. Deus é o
Senhor da história. Ele dirige a his-
tória, não determina a história, mas
pode e intervém na história e tem
uma teleologia para a história.
As situações e circunstâncias da
vida não devem nos fazer parar, es-
tacionar nas preocupações deste
tempo presente. Podemos até perder
o controle de algumas situações em
nossa vida, mas Deus nunca perde o
controle do tempo e de nossa vida,
por isto que compreender o tempo
de Deus, renova a nossa esperança.
2. Compreende que o
tempo do cumprimento
das promessas de Deus
tem como base a sua
longanimidade (v.9)
“O Senhor não retarda a sua
promessa, ainda que alguns a
têm por tardia; mas é longânimo
para conosco, não querendo que
alguns se percam, senão que todos
venham a arrepender-se.”
Pedro, então, trata do tema falan-
do sobre a longanimidade divina. A
promessa da volta de Jesus não era
uma promessa individual, nem para
um povo, nem para algumas pes-
soas. O que para alguns cristãos era
uma promessa demorada, para Pedro
era um tempo da longanimidade de
Deus. Deus é longânimo.
Pedro diz que Deus “não retarda”,
ou seja, Deus não trata a sua promes-
sa com indiferença. Não podemos
desprezar as riquezas da graça de
Deus, Efésios 1.7: “Em quem temos a
redenção pelo seu sangue, a remissão
das ofensas, segundo as riquezas da
sua graça.”
Lidar e se situar com as promes-
sas de Deus é um desafio para a
vida saudável. Às vezes, misturamos
as promessas. Não distinguimos as
promessas pessoais, individuais e
promessas gerais. Tem gente que
continua insistindo em promessas
que foram feitas especificamente a
pessoas, a famílias e que já se cum-
priram, deixando para nós o exemplo
de obediência, fé, renúncia e o ensino
da fidelidade de Deus.
Pedro fala então da volta de Jesus.
Uma promessa geral. Alguns murmu-
raram e mudavam de comportamen-
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to porque não viam o cumprimento
da volta de Jesus. Mas a história é
conduzida com longanimidade. Nos-
so Deus estende as oportunidades.
Estica o seu amor. Vida saudável
compreende que mesmo quando
queremos ver um resultado imediato,
não podemos esquecer que em todo
tempo Deus age com longanimidade.
O que pode ser para mim dor, lágri-
mas, choro, tristeza, sofrimento, in-
certeza, enfim, Deus usa sua longani-
midade em nosso favor para que tudo
em suas mãos venham contribuir jun-
tamente para nosso bem, conforme
Romanos 8.28: “E sabemos que todas
as coisas contribuem juntamente para
o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo
o seu propósito”. Deus transforma mi-
nhas ansiedades e lutas em melodia.
3. Renova a esperança
transcendente sem perder
os valores de uma vida aqui
e agora (v.11, 14)
“Havendo, pois, de perecer
todas estas coisas, que pessoas
vos convém ser em santo trato,
e piedade, por isso, amados,
aguardando estas coisas, procurai
que dele sejais achados imaculados
e irrepreensíveis em paz.”
O apóstolo usa algumas palavras
para expressar nosso compromisso
de vida saudável: santo trato, pieda-
de, imaculados e irrepreensíveis. San-
to trato é o procedimento diferente,
com retidão e pureza. Piedade sig-
nifica que não pode haver apatia em
nossa vida. O Cristo imaculado que
voltaria deveria ser o alvo, o exemplo,
o estímulo, a motivação para que o
aguardo de sua vinda os cristãos pu-
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dessem representa-lo vivendo com
santidade, sem mácula. Isto repre-
sentava um contexto conflitante. Vi-
vemos o aqui e agora, mas com pers-
pectivas na eternidade. Vivemos num
contexto pátrio terreno, mas sabendo
que temos valores eternos.
Como os cristãos deveriam aguar-
dar o momento da volta de Jesus?
Murmurando, reclamando, debaten-
do tempos e estações? Não. Especu-
lando resultados? Não. Precisavam vi-
ver dignamente conforme o chamado
do Senhor, com compromisso aqui,
mas sabendo que a justiça verdadeira
e plena, absoluta, será na eternidade.
Mas viver os valores do Reino en-
quanto aqui é o meu compromisso de
viver de maneira saudável.
4. Tem compromisso integral,
íntegro e coerente para com
as Escrituras (v.16)
“Falando disto, como em todas as
suas epístolas, entre as quais há
pontos difíceis de entender, que os
indoutos e inconstantes torcem, e
igualmente as outras Escrituras,
para sua própria perdição.”
Assim como não existe vida sau-
dável sem uma boa alimentação,
equilibrada e rica em vitaminas e sais
minerais e tudo que o corpo precisa
para estar bem ajustado e funcio-
nando devidamente; também a vida
espiritual precisa do alimento que é
a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada.
O apego à Palavra, com reverência,
temor, leitura, meditação, estudo e
obediência fazem dela, por ser viva
e eficaz, nossa vida mais feliz. Ela nos
evita a pecar. É proteção da alma e do
coração. Faz-nos firmes em tempo de
lutas, provações e tentações. Dá-nos
robustez na fé, porque esta vem pelo
ouvir a Palavra. Nos faz alegres e fe-
lizes, mesmo quando tudo ao nosso
redor nos é contrário e perverso.
Pedro, em meio a crise que os cris-
tãos viviam sobre a volta de Jesus,
fala também do perigo como alguns
lidavam com a Palavra. É preciso ter
muito cuidado para que a Bíblia não
seja usada com exageros emocionais
e falácias hermenêuticos. Não é a
pandemia que vai interpretar as Es-
crituras, mas as Escrituras que inter-
pretam nossas experiências de vida,
sejam pessoais ou da humanidade.
Pedro adverte, portanto. É preciso ter
firmeza de fé não permitindo ser ar-
rastados pelo engano fraudulento.
5. Sempre redireciona seu
foco de vida e conhecimento
na pessoa de Jesus (v.18)
“Antes crescei na graça e
conhecimento de nosso Senhor e
Salvador, Jesus Cristo...”
O mundo é cheio de informações,
mas desprovido de conhecimento. Na
vida cristã também. Crentes “pregui-
çosos”, que não querem produzir suas
meditações e reflexões. Preferem os
chamados “enlatados”. Repassar e
compartilhar citações, mas sem uma
reflexão pessoal, tem sido a moda. É
a geração dos consumistas da fé. Só
querem consumir e nada produzir.
Pedro, diante de tantas incertezas
dos cristãos e diante do que diziam
ser demorado, apresenta a agenda da
vida cristã, a agenda do crescimento
na graça e conhecimento de nosso
Senhor Jesus Cristo. Pedro menciona
duas questões básicas: graça e Jesus.
Enquanto as coisas não se cumprem,
continuamos recebendo o cuidado
gracioso de Deus. Devemos crescer
na dependência de Deus. Depender
cada dia do Senhor, com ou sem pan-
demia. Com fartura ou escassez. Não
importa. O Senhor disse para Paulo: “A
minha graça te basta, porque o meu
poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2
Coríntios 12.9a).
Para pensar e agir
1. Compreenda e viva o tempo de
Deus com paciência e fé. Mantenha
a calma e a paz em sua casa, vida
profissional e pessoal. Deus está no
controle.
2. Nossa esperança na eternidade
não pode diminuir nosso compromis-
so com os valores do Reino de Deus.
Não murmure, mas compartilhe fé,
coragem, confiança, resignação, es-
perança.
3. Dedique mais de seu tempo à
oração e à leitura da Palavra de Deus,
assim fazendo, você vai viver o pós
pandemia como um crente mais for-
te, mais firme e cheio da graça e do
conhecimento de Jesus.
Leitura Diária
SEG Salmos 90.4
TER 2 Pedro 3.8-14
QUA Romanos 8.28
QUI 2 Pedro 3.15-17
SEX Efésios 1.7
SÁB 2 Pedro 3.18
DOM 2 Coríntios 12.9
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