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Introdução

O presente artigo busca fazer um balanço histórico das experiências reais da classe trabalhadora
no século XIX (1840-1870) principalmente na Inglaterra, berço da revolução industrial, do capitalismo
moderno e principal expoente das relações de produção e trabalho durante o período estudado.
Buscando analisar as obras de Friedrich Engels, E.P Thompson e Karl Marx, respectivamente, sobre a
situação e formação da classe trabalhadora inglesa e o desenvolvimento das relações capitalistas,
pretende-se compreender como o processo de industrialização e urbanização, as condições concretas e
particulares dos trabalhadores industriais e suas correspondentes contradições, possibilitaram Marx e
Engels compreender a exploração do trabalho e conceber conceitos como o da mais-valia.
O apogeu do capitalismo industrial no século XIX passou a evidenciar uma série de contrastes
na vida urbana, problemas referentes as condições de trabalho, à moradia e urbanização, alimentação e
outras coisas. É também nesse momento que as contradições de classe se apresentam com maior nitidez.
A exploração do trabalho, que não garantia – nem minimamente - condições de satisfazer as
necessidades básicas dos trabalhadores, além de manter-se vivo, torna-se incontestável. Destaca-se
nessa circunstância que o capitalismo impunha uma estrutura, nos termos de Engels, de “guerra social”
onde se acirrava o individualismo, a exploração do homem pelo homem.
Nesse sentido, busca-se evidenciar as bases materiais e históricas da produção marxiana e
engeliana – que chamarei apenas de marxiana -, investigando as condições concretas que conduziram
os autores a tais conclusões. Admite-se logo, que o reconhecimento destas condições visa superar
algumas das avaliações negativas direcionadas à produção marxiana, demonstrando que a crítica a
situação da classe trabalhadora na Inglaterra – parafraseando o título da obra de Engels – desenrola-se
para além das condições econômicas, a partir da compreensão da própria forma da organização social,
observando a centralidade da propriedade privada e a necessidade de sua superação. Sabe-se que durante
o período observado, Marx e Engels passaram por um grande processo de amadurecimento, mas
evidentemente, não nos cabe aqui avaliar cada obra dessa cronologia, uma vez que tudo que nos
interessa aqui são definitivamente a realidade concreta da classe trabalhadora e as contradições postas.
Assim, o trabalho pretende destacar que o processo de análise das condições materiais da classe
trabalhadora e de suas relações sociais é um dos pilares da produção e do método marxiano contrapondo
as reduções feitas por críticas como “economicismo”, “determinismo” e etc. Por fim, se trata senão de
uma análise da análise. Faz-se o esforço em demonstrar, como diria Lenin que “a análise concreta da
situação concreta é a alma viva, a essência do marxismo.”.

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