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FUNDAÇÃO EDUARDO CARLOS PEREIRA

FRANCISCO DE ASSIS MONTEIRO DOS SANTOS FILHO

EXEGESE DE LUCAS 10.38-42

São Paulo
2021
FRANCISCO DE ASSIS MONTEIRO DOS SANTOS FILHO

EXEGESE DE LUCAS 10.38-42

Exegese Final apresentada como


cumprimento parcial das exigências
para conclusão do curso livre de
Teologia da Faculdade de Teologia
de São Paulo, sob orientação do
prof. Dr. Marcelo da Silva Carneiro.

São Paulo
2021
SUMÁRIO

PRIMEIRAAPROXIMAÇÃO............................................................................01

I. TRADUÇÃO DO TEXTO.......................................................................02
COMPARAÇÃO DE TRADUÇÃO.........................................................02
TRADUÇÃO PESSOAL DO TEXTO.....................................................02
II. ANÁLISE LITERÁRIA............................................................................06
III. ANÁLISE DE CONTEUDO.........................................................................21
IV. HEMENÊUTICA.........................................................................................21
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................21
1

PRIMEIRA APROXIMAÇÃO

O texto que foi proposto para a realização da exegese está no livro de Lucas
10.38-42. O referido texto apresenta a narrativa de um episódio em que Jesus
passando por uma determinada aldeia, hospedou-se em uma residência em que
havia duas irmãs uma chamada Marta e outra chamada Maria.
O V.38 faz um rompimento com a perícope anterior “indo eles de caminho
entrou num povoado”, podemos perceber que trata-se de uma narrativa separada
da narrativa anterior. Uma vez que a narrativa anterior trata-se de uma parábola.
Com relação ao fim do texto de Lucas 10.38-42 encerra-se da seguinte
forma:”Maria pois escolheu a boa parte que não lhe será tirada” desta forma a
pericope completa o assunto sem a necessidade de um complemento para a
compreensão do texto.
A perícope que se segue à nossa perícope, Lucas 10.38-42, inicia outra
narrativa que vai tratar do assunto sobre a oração, mudando completamente o
assunto e o contexto literário. Desse modo, podemos dizer que, a delimitação de
Lucas 10.38-42, é uma perícope própria, sem ligações com os textos anteriores e
posteriores.
Para nossa pesquisa exegética podemos perguntar: qual a relação de Jesus
com essa família em Betânia? Porque Marta deu tudo de si para servir a Jesus com
seus talentos culinários? Porque Maria se colocou aos pés de Jesus? Porque Jesus
repreendeu Marta por causa da sua inquietude? Porque Jesus disse que Maria
escolheu a boa parte e esta não lhe seria tirada?
Quais são os ensinamentos que podemos aprender com o comportamento de
Marta e de Maria? Como poderemos saber a hora do ativismo e a hora do descanso
aos pés de Jesus? Como podemos equilibrar o serviço com a adoração.
Vamos procurar em nossa pesquisa, algumas respostas para as questões
propostas, usados as ferramentas do método histórico-crítico e outros modos de
análise de exegese.
2

I – TRADUÇÃO

1. Texto Grego1

38 Ἐν δὲ τῷ πορεύεσθαι αὐτοὺς αὐτὸς εἰσῆλθεν εἰς κώμην τινά γυνὴ δέ τις ὀνόματι 
Μάρθα ὑπεδέξατο αὐτὸν 〈εἰς τὴν οἰκίαν〉

 39 καὶ τῇδε ἦν ἀδελφὴ καλουμένη Μαριάμ ἣ καὶ παρακαθεσθεῖσα πρὸς τοὺς πόδα
ς τοῦ Κυρίου ἤκουεν τὸν λόγον αὐτοῦ 

40 ἡ δὲ Μάρθα περιεσπᾶτο περὶ πολλὴν διακονίαν ἐπιστᾶσα δὲ εἶπεν Κύριε οὐ μέλ
ει σοι ὅτι ἡ ἀδελφή μου μόνην με κατέλειπεν διακονεῖν εἰπὲ* οὖν αὐτῇ ἵνα μοι συναν
τιλάβηται 

41 Ἀποκριθεὶς δὲ εἶπεν αὐτῇ ὁ Κύριος Μάρθα Μάρθα μεριμνᾷς καὶ θορυβάζῃ περὶ 
πολλά 

42 ὀλίγων δέ ἐστιν χρεία ἢ ἑνός Μαριὰμ γὰρ τὴν ἀγαθὴν μερίδα ἐξελέξατο ἥτις οὐκ 
ἀφαιρεθήσεται αὐτῆς

2. Tradução literal

38. Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia, e certa mulher por
nome Marta o recebeu em sua casa.

39. Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual sentando-se aos pés do Senhor
ouvia suas palavras.

40. Marta porém andava preocupada com muitos serviços; e aproximando-se, disse
Senhor, não se te dar que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe,
pois, que me ajude.

41. Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas
coisas.

1
TEXTO EM GREGO. Online. Disponível em <https://biblehub.com/whdc/luke/10.htm> arquivo
capturado em 23/04/2021
3

42. Entretanto, poucas são necessárias, ou mesmo uma só, e Maria escolheu a boa
parte, a qual não lhe será tirada.

3. Comparação de Traduções

Tradução Literal Almeida Revista e Bíblia de Jerusalém


Atualizada
38 38 38.
. Ora, quando iam de . Indo eles de caminho, Estando em viagem,
caminho, entrou Jesus entrou Jesus, num entrou numpovoado,e
numa aldeia, e certa povoado. E certa mulher, certa mulher chamada
mulher por nome Marta o chamada Marta, Marta, recebeu-oem sua
recebeu em sua casa. hospedou-o em sua casa. casa.

39 39. 39.
Tinha estauma irmã Tinha ela uma irmã, Sua irmã, chamada
chamada Maria, a qual chamada Maria, e está Maria, ficou aos pés do
sentando-se aos pés do quedava-se assentada Senhor, escutando-lhe a
Senhor ouvia suas aos pés do Senhor a palavra.
palavras. ouvir-lhe os
ensinamentos.
40 40. 40
. Marta porém andava Marta agitava-se de um . Marta estava ocupada
preocupada com muitos lado para o outro, pelo muito serviço.
serviços; e aproximando- ocupada em muitos Parando, por fim, disse:
se, disse: Senhor, não se serviços. Então, se “Senhor a ti não importa
te dar que minha irmã me aproximou de Jesus é que minha irmã me deixe
tenha deixado a servir disse: Senhor, não te assim sozinha a fazer o
sozinha? Dize-lhe, pois, importas de que minha serviço? Dize-lhe, pois,
que me ajude. irmã tenha deixado que que me ajude"
fique a servir sozinha?
Ordena-lhe, pois, que
venha ajudar-me
41
Respondeu-lhe o 41. respondeu o Senhor: 41
. O Senhor, porém,
Senhor: Marta, Marta, Marta! Marta! Andas respondeu:“Marta, Marta,
estás ansiosa e inquieta e te preocupas tu te inquietas e te agitas
perturbada com muitas com muitas coisas por muitas coisas;
coisas.

42. 42. 42
Entretanto, poucas são entretanto, pouco é . No entanto, pouca
necessárias, ou mesmo necessário ou mesmo coisa é necessária, até
uma só, e Maria escolheu uma só coisa; Maria, pois, mesmo uma só. Maria,
a boa parte, a qual não escolheu a boa parte, e com efeito, escolheu a
lhe será tirada. está não lhe será tirada. melhor parte, que não lhe
será tirada”.
.
4

Ao compararmos as traduções, percebemos as seguintes diferenciações:

- No verso 38: “iam eles” (VL); “Indo eles” (ARA),trás os textos no plural em
quanto que “ estando em viagem entrou num povoado" (BJ), trás a ideia que Jesus
estava sozinho.

- No verso 39: “Quedava-se” (ARA) efeito de se jogar, prostar ao chão ou a


algo2, Maria não estava apenas ouvindo estava também adorando, está expressão é
omitida pela (TL) e pela ( BJ).

- No verso 40: “ agitava-se” (ARA). Agitação expressa inquietude da alma, o


verbo agitar também aparece no endemoniado gadareno em Marcos 9.20 e as
versões (TL) e( BJ) amenizam a agitação de Marta.

“ Ordena-lhe” (ARA) trás com sigo todo contexto social da época onde as
mulheres eram providas com relação aos homens. “Dize-lhe” (TL e BJ)expressa um
termo mas ameno.

- No verso 41: “perturbada” (TL)“te agitas” (BJ) traz praticamente o mesmo


sentido de agitação de Marta no verso 40 na versão ( ARA).

- No verso 42: “pouco énecessário” (PL; ARA e BJ) estão em concordância


entre si.

4. Tradução pessoal do texto


38.
Indo eles de caminho com Jesus, chegaram a um povoado, e
certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. 39. Maria
sua irmã quedava-se assentada aos pés do Senhor,
40.
escutando-lhe a palavra. Marta agitava-se de um lado para o
outro, ocupada em muitos serviços. Aproximando-se disse:
2
QUEDAVA. Online. Disponível em:<dicionarioformal.com.br/quedava>arquivo capturado em
25/04/2021
5

Senhor a ti não importa que minha irmã me deixe assim


sozinha a fazer o serviço? Ordena-lhe que me ajude! 41.
Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Tu te inquietas e te
agitar por muitas coisas.42. Entretanto pouca coisa é
necessária, até mesmo uma só, Maria escolheu a melhor parte,
e está não lhe será tirada.

II – ANÁLISE LITERÁRIA

1. Análise do Gênero Literário

Gênero:O gênero literário em que está inserido o texto de Lucas 10.38-42, é


o Evangelho, faz parte dos Evangelhos sinóticos, seu gênero menor está entre a
narrativa, momento em que o autor narra um fato, com o objetivo de repassar
ensinamentos. Esse gênero descritivo traz consigo uma finalidade religiosa, porém
seus personagens são reais, e os fatos ocorreram.

Muitos têm observado que o evangelho de Lucas, demonstra um marcante


interesse pelo papel das mulheres e a importância delas na tradição do evangelho. 3
É a partir da narrativa de um evento envolvendo duas mulheres que o autor deseja
nos trazer verdades religiosas, que sirvam para nossa observação e crescimento
espiritual.

Contexto Vital: O contexto vivencia que o nosso texto se encontra, e uma


Parênese, pois podermos perceber Jesus exortando a Marta para o perigo que se
corre em escolher o ativismo irrefletido e apresenta Maria como alguém que naquele
momento escolheu o oposto. Jesus nos ensina que é vital importância que haja um
equilíbrio entre serviço, adoração e aprendizagem.

Marta e Maria são exemplos que sevem para qualquer comunidade Cristã, e
servem para mostrar que, o serviço a Deus passa pela ação mais também pela
adoração, assim o texto busca uma correção do ativismo para adoração, como nos
diz Marcelo Carneiro em nosso guia de estudos: “mostram a necessidade de

3
CHAMPLIM. R.N. O Novo Testamento Interpretado: versículo por versíclo. Livro 02. São Paulo.
Hagnos. 2002. P.2
6

correção de atitudes ou mostram qual a melhor maneira de se comportar como


comunidade”4

2. Analise

2.1. Estruturas formais

a) Subdivisão do texto
38.
Indo com Jesus, chegaram a um povoado, Marta o recebeu em sua casa.
39
. Maria sua irmã, aos pés do Senhor, escutando-lhe a palavra.
40.
Marta agitava-se ocupada em muitos serviços.
41
. Marta! Marta! Tu te inquietas e te agitar por muitas coisas.
42
. pouca coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte,

B). Subdivisão do textoem tópicos

1. Jesus chega à aldeia com seus discípulos.

1.1. Jesus hospeda-se na Casa de Marta. v.38

2. Postura de Marta.

2.1. Agitava-se ocupada com o servir. V. 40

2.2. Estava perturbada e inquieta por vários motivos. V. 41

3. Postura de Maria.

3.1. Quedava-se aos pés de Jesus, expressando adoração e recebimento de


alimento espiritual. V.39.

3.2. Fez a escolha correta, por isso sua paz não será abalada. V.41.

C) Diagramação
38.
Indo eles de caminho com Jesus, chegaram a um povoado, e certa mulher
chamada Marta o recebeu em sua casa.

4
CARNEIRO, Marcelo Silva. Exegese do Novo Testamento. São Paulo. Potyguara. 2017. P. 31
7

39
. Maria sua irmã quedava-se assentada aos pés do Senhor, escutando-lhe a
palavra.40. Marta agitava-se de um lado para o outro, ocupada em muitos serviços.
Aproximando-se disse: Senhor a ti não importa que minha irmã me deixe assim
sozinha a fazer o serviço? Ordena-lhe que me ajude!
41
. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Tu te inquietas e te agitar por muitas
coisas.42. Entretanto pouca coisa é necessária, até mesmo uma só, Maria escolheu a
melhor parte, e está não lhe será tirada.

2.2. Paralelismo e recursos estilísticos.

O texto não expõe paralelismos, ele converge para o ensino de Jesus a respeito da
necessidade do ser humano, parar para adorar e alimentar-se da Palavra de Deus.
“Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (V.41)

Em nosso texto podemos perceber que. Marta e Maria realizaram escolhas


opostas, ao estarem na presença do Criador.

A. V.39 - Maria ouvia-lhes os ensinamentos.

B. V.40 - Marta agitava-se

C V.41- Marta perturbada e inquieta

D. V.41- Maria escolheu a boa parte

2.3. Relações Internas do Texto

Em nosso texto podemos perceber uma relação entre o relato de escolha de


postura da personagem Maria e Marta. Bem como a reação de Jesus ante as
escolhas. Marta agitava-se... ocupada em muitos serviços (V.40) Sua escolha
recebe uma censura por parte de Jesus “Marta andas inquieta e preocupada” (V.41)

Maria “ouvia-lhe os ensinamentos” (V.39) Jesus elogia sua escolha “Maria


pois, escolheu a boa parte” V.41
8

3. Analise Extra Textual

A) Análise de contexto redacional

Contexto Menor

A pericope anterior (Lc. 10.25-37) citada do contexto de uma espiritualidade


realizada pela metade representada pelo interprete da lei o sacerdote e o levita. Que
conhecia a palavra, mas não era capaz de viver a palavra. “se alguém julgar ter
entendido as escrituras divinas ou parte delas, mas se com esse entendimento não
edifica a dupla caridade a Deus e a do próximo e preciso reconhecer que nada
5
entendeu”

Os judeus não gostavam dos samaritanos, para eles, eles não amavam a
Deus sobre todas as coisas. Jesus usa a figura do samaritano amando ao próximo
como a si mesmo, algo que os judeus não eram capazes de fazer. Quando Jesus
diz: “vai e procede tu de igual modo” (Lc 11.1-4). Está dizendo que a espiritualidade
não pode ser incompleta.

Na pericope posterior (Lc 11.1-4) Jesus vai ensinar que, nossa vida deve ser
crente que o pai nosso não é uma maneira, mas sim um estilo de vida a ser adotado
pelo discípulo, que se torna um verdadeiro adorador por já ter o reino de Deus
instaurado dentro de si, e por isso confia na providência divina e adotou um estilo
um estilo de vida perdoador.

Contexto Maior

A pericope de (Lc 10.39-41), está inserida na terceira parte da estrutura do


evangelho de Lucas, que numa viagem de Jesus a caminho de Jerusalém, onde
Jesus faz advertências, censuras, questionamentos e controvérsias, 6 ao parar para
ensinar no decorrer da viagem.

Neste contexto Jesus adverte Marta sobre o perigo do ativismo religioso (Lc
10:41) e ensina que o ativismo religioso sem uma comunhão com Deus, só causa
inquietude e perturbação da alma; por isso ele censura Marta e aprova o
comportamento de Maria.

5
AGOSTINHO, SANTO. A doutrina crista. São Paulo: Paulus. 2002.P.77
6
CARNEIRO, Marcelo. Estrutura do evangelho de Lucas. Modulo 2. Material complementar.P.2
9

Contexto Integral

Nossa perícope de (Lc 10.38-41), esta inserida no contexto central do


evangelho, uma vez que, Jesus anunciou em atos, palavras, ações, a misericórdia e
o perdão a todos. “no evangelho de Lucas, o lugar das mulheres também e digno de
nota e respeito. No mundo daquele tempo as mulheres eram cidadãs de segunda
classe, muitas vezes mal tratadas, Jesus agia como amigo das mulheres (Lc 8.1-3) e
elas não perderam a fé por ocasião de sua paixão e morte. 7

A) Fontes e Intertextualidade

Nosso texto apesar de ser extraído de um dos evangelhos sinóticos, não está
citado em Mateus e Marcos, porem o evangelho de João esta um texto similar em
(João 12.1-8).

O texto de João nos da algumas evidencias que nos ajudam a compreender o


texto de Lucas. Em (João 12.1) ele nos diz o nome da aldeia “Betânia” que foi
omitido no texto de Lucas. (Lucas 10.38).

O texto de João apresenta Marta a servir sozinha assim como no texto de


Lucas 10.40-4. Ao passo que Maria “quedava-se” aos pés de Jesus. O evangelista
João diz que Maria ungiu os pés de Jesus com um perfume de alto valor e enxugou
com os cabelos. (João 12.3).

Maria... ama sua palavra” V.39. Está relacionada ao valor da palavra de


Cristo, que imperecível. “Passara o céu e terra, mas as minhas palavras não
passaram. (Mc 13.31).

As palavras de Cristo são chaves de graça “e se maravilharam das palavras


de graça que saiam da sua boca” (Lc 4.22).

As palavras de Cristo são espírito de vida (Jo 6.36). Elas são transformadoras
de vidas eterna. “Tu tens as palavras de vida eterna” (Jo 6.68).

7
BERGANI, Diana e KARRIS, Robert. Comentário bíblico. III: Evangelho e atos, cartas e apocalipse.
São Paulo: Loyola. 2001.P.74
10

As palavras de Cristo são incomparáveis. “Jamais alguém falou como este


homem” (Jo 7.46). Elas são incomparáveis porque são divinas, “Esta palavra que
ouvis não e minha, mas do pai que me enviou”. (Jo 14.24).

III – ANÁLISE DE CONTEÚDO

1. Análise Histórico-Social

1.1.Contexto Geral

1.1.1. Dimensão Social

Na sociedade do tempo de Jesus havia grupos políticos e religiosos; havia


trabalhadores nas mais diversas áreas da vida humana: servidores públicos,
agricultores, pedreiros, carpinteiros, comerciantes; religiosos; havia também a
família, o rico e o pobre, o doente, o leproso, a prostituta, o mendigo, as viúvas, as
mulheres e crianças e os pecadores.8
Como se não bastasse toda a opressão promovida pelas classes sociais,
havia uma imensa cobrança de impostos, que praticamente estacava qualquer
mobilidade social. “Os agricultores deveriam pagar 25% da colheita como impostos
para o templo em Jerusalém; havia taxas de circulação de mercadorias; havia
impostos para o sustento das tropas de soldados romanos; havia o pagamento de
75% do imposto de renda anual etc. O povo era muito sacrificado.” 9
Além de todo este sistema social opressivo, a religião contribuía para o
aumento do sofrimento do povo. “o povo era marginalizado e condicionado a se
sentir, enquanto povo de Deus, pecador. Pecador por não cumprir a Lei tintim por
tintim ao pé da letra; pecador por praticar “atos ou ter uma vida impura” que
basicamente era ter profissões consideradas “impuras” sobretudo se essa obrigava
a manter relações interpessoais e comerciais com estrangeiros, ou lhe dar com
“coisas impuras” conforme descrita nos livros da lei”.10

8
A Sociedade da Época de Jesus. Online. Disponível em <https://bibliaecatequese.com/a-
sociedade-da-epoca-de-jesus/>arquivo capturado em 07/07/2021
9
ibid
10
ibid
11

1.1.2. A mulher na cultura judaica do tempo de Jesus

A mulher, entre os judeus, era não mais que um objeto pertencente ao


marido, como seus servidores, suas edificações e demais posses legais. Ela devia
ao esposo total lealdade. Embora ela fosse obrigada a ser fiel ao matrimônio, o
marido não tinha os mesmos deveres matrimoniais. Além de tudo, ele podia rejeitá-
la por qualquer motivo, mesmo que, legalmente, não pudesse negociá-la como
qualquer outra propriedade. Dificilmente a esposa poderia, por iniciativa própria, se
desligar do casamento.11
As mulheres eram de certa forma desprezadas, elas tinham a função de
realizar os afazeres do lar, e pertenciam literalmente aos maridos, elas tinham uma
vida semelhantes as dos escravos, embora tivessem alguns direitos estabelecidos
pela Lei Mosaica. Sobre este assunto Cristiane Saulnier e Rolland Bernard nos
dizem o seguinte:
Compra-se a mulher por dinheiro, contrato e relações sexuais,
constata um rabino. Compra-se um escravo pagão por
dinheiro, contrato e tomada de posse. Há então diferença entre
a aquisição duma mulher e a dum escravo? — Não!" Essa
definição apresenta bem a condição feminina: como o escravo,
a mulher depende de seu senhor-marido e tem que assumir
todas as tarefas; [...] O lugar da mulher é em casa, ocupando-
se dos filhos e da casa e fiando a lã, na Judéia, ou o linho, na
Galiléia. Ela nada tem a fazer fora de casa e se for obrigada a
sair, deve guardar o anonimato mais completo, por isso se usa
o véu. [...] Mas a mulher é também filha de Israel, o que lhe
confere direitos. Tem direito a um mínimo vital: seu marido é
obrigado a lhe dar o necessário em alimento, vestes e dinheiro
para uso próprio. Ela também tem direito à dignidade: se ela
cai na escravidão, o marido deve fazer tudo para resgatá-la; se
ela está doente, ele deve conseguir-lhe os medicamentos
necessários.12

A vida das mulheres não era nada fácil nas comunidades judaicas, Jesus traz
a mulher para o centro de suas reflexões sobre o Reino de Deus, retoma o valor do
ser humano independente de sua sexualidade e mostra que, para Deus, todos

11
SANTANA, Ana Lúcia. A mulher em Israel na Época de Jesus. Online. Disponível
em.<https://www.infoescola.com/sociedade/a-mulher-em-israel-na-epoca-de-jesus/> Arquivo
capturado em 07/07/2021
12
SAULNIER, Cristiane e ROLLAND, Bernard. A Palestina no tempo de Jesus. São Paulo. Paulus.
1983 p. 46-47.
12

somos igualmente importantes.  Jesus restaura a dignidade da mulher, conduz ao


centro os excluídos e desarma os costumes que produzem morte ao invés de vida. 13

1.1.3. Dimensão religiosa

É difícil apresentar, em si mesmas, as instituições religiosas de Israel, pois é


toda a existência judaica, econômica, social, política, que é marcada pela religião. O
templo é sob todos os pontos de vista o centro de Israel. Todo dia imolam-se como
"sacrifício perpétuo" de Israel a seu Deus dois cordeiros de um ano: um de manhã e
um à tarde.14
A religião judaica funcionava como, um código penal para o povo judeu, ela
estabelecia regras para todas as questões da vida, e tudo estava voltado para o
templo, que é o lugar da adoração, e da oferenda de sacrifícios, porém não era
apenas isso que se praticava no templo, havia um comércio tão efervescente que
Jesus chegou a revoltar-se contra o comércio estabelecido no templo. Sobre este
assunto Cristiane Saulnier nos diz o seguinte:
O israelita que quer oferecer um sacrifício começa, entrando no Templo, por
comprar o animal ou os animais que quer oferecer, bem como a farinha e o óleo
necessários para praticamente todas as ofertas. Apresenta-se a um sacerdote,
reconhecível por seu traje especial (vestes de linho branco) 15.

1.2.Contexto Específico

1.2.1. Autoria e Datação

São Lucas nasceu na Antioquia, na Síria, situada próxima à costa do


Mediterrâneo, hoje o sudeste da Turquia, no século I da Era Cristã. Por seus escritos
acredita-se que pertencia a uma família culta e abastada. De acordo com a tradição,
Lucas tinha talento para a pintura e exercia a profissão de médico. São Lucas foi

13
SOUZA, Evaldo Cesar. Qual era a relação de jesus com as mulheres de seu tempo. Online.
Disponível em<https://www.a12.com/jornalsantuario/artigos/qual-era-a-relacao-de-jesus-com-as-
mulheres-de-seu-tempo arquivo capturado em 07/07/2021
14
SAULNIER, Cristiane e ROLLAND, Bernard. A Palestina no tempo de Jesus. São Paulo: Paulus,
1983. P.28-30
15
ibid
13

introduzido na fé por volta de 40 anos. As primeiras referências a São Lucas


constam das epístolas de São Paulo, nas quais ele é chamado de “colaborador” e de
“o médico amado” (Cl 4.14).16  
Lucas, que talvez seja um apelido carinhoso para o nome Lúcio, foi um dos
líderes da Igreja primitiva e acompanhou Paulo em várias viagens missionárias.
Ambos eram amigos, e o apoio de Lucas foi um encorajamento para o apóstolo.
Tradicionalmente, Lucas é considerado o “médico amado”.E algumas faculdades
católicas de medicina o homenageiam nas comemorações do dia de São Lucas. 17
O mérito particular do terceiro evangelho, e dado pela personalidade cativante
de seu autor, que nele transparece sem cessar. São Lucas é escritor de grande
talento e alma delicada. Realizou sua obra de formas original, com preocupação
pela forma e pela ordem.18
O Prólogo Antimarcionita declarava que Lucas era nativo de Antioquia da
Síria, que jamais se casou e morreu em Boeotia (um distrito da Grécia antiga), com
84 anos de idade. Alguns reforçam esta hipótese, ao mencionar suas referências
detalhadas sobre Antioquia em Atos 6.5; 11.19-27; 13.1; 14.26; 15.22-35. Qualquer
que seja o caso, Lucas era um discípulo dedicado e demonstrou grande interesse
pela formação e pelo desenvolvimento da Igreja.19
Alguns creem que há evidência que indiquem, que este evangelho foi escrito
após a destruição de Jerusalém. Todavia pode ter precedido a este acontecimento,
e neste caso poderia ser situado entre 60 e 70 d.C., como data de sua autoria. 20

1.2.2. Destinatário
O livro foi escrito para um homem chamado Teófilo. É chamado
excelentíssimo Teófilo, tratamento que geralmente se dava aos altos funcionários do
governo romano. Sem dúvida Lucas o escreveu para contar mais a respeito de
Jesus a uma pessoa muito interessada; e teve êxito em dar a Teófilo um quadro que
deve ter aproximado seu coração ainda mais ao Jesus do qual tinha ouvido. 21
16
FRAZÃO, Dilva. Biografia de São Lucas. Online. Disponível em
<https://www.ebiografia.com/sao_lucas/> arquivo capturado em 27/07/2021
17
GARDNER, Paul. Quem é Quem na Bíblia. São Paulo. Editora Vida. 1999. P.413
18
BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo. Paulus. 2002. P. 1699
19
GARDNER, Op.Cit
20
CHAMPLIM, R.N. Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Livro 02. Lucas e João.
São Paulo. Hagnos. 2002. P.1
21
BARCLAY, Willian. Comentário do Novo Testamento. Lucas. (arquivo PDF) p. 04
14

Gaedner em sua obra quem é quem na Bíblia fala o seguinte sobre o


destinatário do evangelho de Lucas:
Lucas dedicou seus dois livros a Teófilo (Lc 1.3; At 1.1).
Sabemos pouco sobre ele. E possível, dado o respeito com
que Lucas se refere a ele, que pertencesse a uma alta classe
social, e talvez fosse o mantenedor financeiro do ministério do
médico amado. Também é discutível se era grego ou judeu,
prosélito ou cristão. Os temas desenvolvidos nos livros
sugerem que se tratava de uma pessoa temente a Deus e
muito provavelmente um crente. O fato de que se menciona no
livro que Teófilo necessitava “de plena certeza” (Lc 1.4) mostra
o compromisso de Lucas com ele como pessoa e sugere que
estava sob pressão para renunciar à sua crença. 22

1.2.3. A aldeia de Betânia

A enciclopédia digital wikpedia nos da as seguintes informações sobre a


Aldeia onde Jesus por várias vezes esteve, quando do seu ministério sobre a terra.

Betânia foi originalmente uma aldeia da antiga Judeia,


tradicionalmente identificada com a cidade de al-Eizariya,
também chamada de "lugar de Lázaro", na
atual Cisjordânia ocupada, onde se encontra a tumba
de Lázaro. Fica a cerca de 3 km a leste da Cidade Velha de
Jerusalém e do Monte das Oliveiras.Betânia é mencionada
diversas vezes (doze, mais exatamente) na Bíblia, como um
local visitado por Jesus Cristo. Seu nome foi dado a diversas
outras localidades em todo o mundo, de acordo com as
variantes em cada idioma.23

2. Análise narrativa

2.1. Elementos da narrativa:


Narrador – O Evangelista, onisciente e onipresente.
Tempo – Indefinido, podendo ser considerado psicológico.
Cenário – na casa de uma mulher chamada Marta, que tinha uma irmã chamada
Maria, residência esta que ficava localizada na aldeia de Betânia
Personagens – Jesus (protagonista), as irmãs Marta e Maria (antagonistas).

22
GARDNER, Paul. Quem é Quem na Bíblia. São Paulo. Editora Vida. 1999. P.646
23
BETÂNEA. Online. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Bet%C3%A2nia>arquivo capturado
em 07/07/2021
15

2.2. Enredo
2.2.1. Exposição:
O narrador nos informa que, Jesus juntamente com seus discípulos estavam
“de caminho” não nos diz de onde viam ou para onde iriam, que nesta caminhada
ele para em uma aldeia, e é recebido por certa mulher de nome Marta.
Que esta mulher tinha uma irmã chamada Maria, está ao ver Jesus colocou-se
aos seus pés ouvindo-lhes os ensinamentos, ao passo que, Marta passou a realizar
os afazeres próprios das mulheres judias, que eram servir a mesa.

2.2.2. Tensão:
Ao ver sua irmã quebrando as regras, e os costumes sociais, Marta faz uma
reclamação a Jesus, fazendo-lhe uma pergunta, “Senhor a ti não importa que minha
irmã me deixe assim sozinha a fazer o serviço”? em seguida dar-lhe uma sugestão
“Ordena-lhe que me ajude!”

2.2.3. Resolução:
Jesus acolhe a reclamação de Marta, mas não agiu da maneira que ela
esperava, ele quebra a convenção social que estava na mente de Marta. Dizendo
que a aflição de marta não era por causa de Maria, mas sim por outros motivos.
“Marta, Marta! Andas inquieta e perturbada com muitas coisas”

2.2.4. Desfecho:
Diante da postura de Marta, que usa seu ativismo como forma de servir, que se
apresenta como uma boa judia, mostrando seus talentos e dotes culinários, Jesus
acolhe sua reclamação, porém faz uma exortação, dizendo-lhe que, “pouca coisa é
necessária, ou mesmo uma só”.
Jesus diz que Maria escolheu a boa parte, e não lhe seria retirada, porque
Maria naquele momento escolheu aprender aos pés do próprio Deus. Jesus nos
16

mostra que o serviço a Deus não se dá apenas nas realizações visíveis, o serviço a
Deus passa pelo aprendizado, passa pela oração, passa pela adoração.

IV – HERMENÊUTICA
1.Análise Teológica
Betânia era uma cidadezinha, ou melhor, um povoado, bem perto de
Jerusalém. O Senhor ia sempre lá porque havia uma casa aberta para Ele. Ali Jesus
passou os últimos momentos de tranquilidade e paz de Sua vida, ao lado de Seus
grandes amigos: Marta, Maria e Lázaro.24

O texto de Lucas 10.38-42 não apresenta o nome de Lázaro, porém é sitado


em João 12.1-8. Onde há o relato de uma das visitas de Jesus a esta família. É bem
possível que, seja o memso episódio.

Marta fez tudo para oferecer uma boa acolhida ao seu hóspede. Era uma
visita muito importante e merecia o melhor. Assim, ela se esmerou para apresentar-
lhe uma calorosa recepção. Enquanto realizava um serviço, pensava em mais outro
… mais outro … e foi ficando desanimada, inquieta, irritada, e começou a murmurar.
O seu trabalho de amor estava se tornando uma tarefa pesada demais! 25

Marta estava misturando o prioritário com o secundário; estava perdendo


tempo com coisas de pouca importância; não compreendia que Cristo veio para
servir e não para ser servido; não percebia que Jesus tinha mais interesse na sua
pessoa do que no seu serviço. Essas advertências são dirigidas a nós, hoje. 26

Maria aparece três vezes nas Sagradas Escrituras. E nas três aparições ela
está quedada aos pés de Jesus. A primeira ela aparece sentada aos pés do Senhor
Jesus para aprender (Lucas 10), depois ela está aos pés do Senhor para chorar a
perda de seu amado irmão Lázaro (João 11) e, por fim, ela aparece aos pés de
Jesus para agradecer (João 12). Nessa ocasião, Maria, prostrada em gratidão pela
ressurreição de seu irmão, quebra um vaso de alabastro com cerca de uma libra,

24
OLIVEIRA, Odilha Braga. Marta e Maria: duas irmãs, duas atitudes. Online.
Disponível emhttps://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/marta-e-maria-
duas-irmas-duas-atitudes acesso em 24 de agosto de 2021
25
ibid
26
ibid
17

aproximadamente 450 ml de um perfume de Nardo puro (verso 3), tal perfume era
valiosíssimo, avaliado pelo próprio texto bíblico (verso 5) por 300 denários. 27
“Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada” (Lc 10.42).
Maria escolheu estar aos pés de Jesus, numa atitude de adoração e como discípula.
Ela não precisava ser repreendida, mas sim elogiada, pois havia feito a melhor
escolha. O
O tempo que passamos com Jesus é sempre muito bem empregado. Precisamos
organizar a vida de tal forma aprender de Cristo seja o mais importante para nós. 28

1 . Atualização Pastoral
Atualmente vivemos em uma sociedade completamente frenética,
inevitavelmente este modelo de vida afetam a vida cristã, por isso às práticas
religiosas, acompanham este rítimo, daí vem a supervalorização da performance
humana, podemos perceber que a maioria dos cristão estão preocupados somente
com o que é aparente, desprezando as demandas que angustiam a alma.

O relato bíblico de Lucas 10.38-42 trata a respeito de um episódio de uma


família muito querida pelo Senhor Jesus. Marta, Maria e Lázaro eram três irmãos
com os quais podemos aprender grandes lições por meio de suas diferentes
personalidades. Quando lemos esta passagem, automaticamente elegemos uma vilã
para a história e, na verdade, o correto é fazermos uma análise do perfil de ambas
as irmãs, examinando todo o contexto da época, e assim tirarmos ensinamentos
valiosos para os nossos dias.
Marta, dona de casa dedicada, pessoa que gosta de servir e oferecer o melhor
para as pessoas (no caso, seus convidados), mulher de atitude, agitada,
trabalhadora, irmã mais velha, que sempre toma a frente nas questões familiares.
Maria, irmã mais nova, que sempre se apoiava, mulher calma, serena, carinhosa,
sem pressa, interessada em aprender.29
27
BERNARDINO, Patrícia. Tendo o coração de Maria nos tempos de Marta. Online.
Disponível em:< https://ib7.org/departamentos/mulheres/1043-tendo-o-coracao-de-
maria-nos-tempos-de-marta> acesso em 20/08/2021
28
OLIVEIRA, Odilha Braga. Marta e Maria: duas irmãs, duas atitudes. Online.
Disponível emhttps://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/marta-e-maria-
duas-irmas-duas-atitudes acesso em 24 de agosto de 2021
29
BERNARDINO, Patrícia. Tendo o coração de Maria nos tempos de Marta. Online.
Disponível em:< https://ib7.org/departamentos/mulheres/1043-tendo-o-coracao-de-
18

Neste relato bíblico, vemos duas irmãs, que, se amam , que amam a o senhor,
mas que apresentam duas maneiras de se apresentarem a Deus em sua
espiritualidade. Marta ao receber um sua casa pelo menos treze pessoas, que
seriam Jesus com seus discípulos, passa a realizar as tarefas próprias das mulheres
judias, que era a função de servir, Enquento que maria aproveita a aportunidade
para aprender aos pés do salvador.
Tanto Marta, quanto Maria eram amadas por Jesus da mesma formas, porém
quando Marte vê Maria aos pés do criador, faz-lhe um questinamento. “não te
importas”.
Este questionamento tem sido uma prática usual nos dias de hoje, uma vez
que a nossa geração de crentes, entende que Deus lhes é devedor de alguma coisa.
Portanto estão sempre questinando. “ não te importas Deus com o meu
desenprego”, “ não te importas Deus com a minha angustia”, “não te importas Deus
com a minha enfermidade”; “ não te importas Deus com meus infortuneis”, e assim
sucessivamente transporta-se para Deus todos os desgostos da vida.
O ativismo tornou-se uma espécie de barganha com Deus, as comunidades
crsitãs estão buscando o que dar certo e não o que é certo. Parce-nos que a lógica
do cristianismo, passou a ser influenciada pela lógica maquiavélica do vale tudo para
se conseguir membros para Igreja: “A frase "Os fins justificam os meios" sugere que,
com o intuito de se alcançar determinado objetivo, seria aceitável tomar qualquer
atitude”30.
O ativismo evangélico da atualidade, gira em torno do sucesso ministerial, o
discurso não gira em torno da qualidade e sim da quantida, por este motivo
podemos perceber que há uma liderança evangélica muito semelhantes à Marta,
como nos diz Vincent Cheung:
Marta está “preocupada e inquieta”. Seu estado agitado de
mente a impede de manter julgamentos e prioridades corretas,
e assumir a posição de uma discípula de Cristo. Ela está
preocupada e inquieta “com muitas coisas”. Assim, ela erra
tanto qualitativamente quanto quantitativamente. A condição de

maria-nos-tempos-de-marta> acesso em 19 de Agosto de 2021


30
FUNKS, Rebeca. Os fins justificam os meios. Online. Disponívem em:
https://www.culturagenial.com/os-fins-justificam-os-meios acesso em 19 de Agosto de
2021
19

Marta a impede de obter os benefícios espirituais que estão


prontamente disponíveis por causa da presença de Cristo. 31

Muitas pessoas da Igreja não conseguem obter mudanças espirituais, por


conta de estarem sempre atuando no nível do ativismo, elas encontram tempo para
realizar todos os serviços necessários à Igreja, mas não reservam tempo para
estarem a sós com Deus em oração, não reservam tempo para lerem e meditare
sobre a Palavra de Deus.
Devemos nos envolver com as atividades do reino de Deus, devemos nos
envolver com as atividades da Igreja, a missão de servir requer de cada Cristão
muito tempo, mas não poodemos ser apenas como Marta, focados apenas nas
atividades, precisamo ser como Marta e também como Maria, porque cada discípulo
deve encontrar tempo para aprender, para poder servir com alegria e eficiencia.
Torna-se discípulo de Cristo, é dar proridade ao seus ensinamentos como nos
diz Vincent Ceung:
Cristo chama Seus eleitos para se tornarem Seus
discípulos, e isso significa a mesma coisa em nossos dias
como nos dias de Maria — devemos ouvir e obedecer aos
ensinos de Cristo, e edificar nossas vidas sobre a Sua
palavra. Tornar-se um discípulo significa dar ao nosso
Mestre e Senhor a prioridade em nossas vidas. Para nós,
tornar-se atencioso aos ensinos de Cristo implica que não
podemos ser igualmente atenciosos a outras coisas ao
mesmo tempo. Em outras palavras, se nossas agendas e
atividades permanecem as mesmas de antes, então não
há sinal de que somos Seus discípulos de forma
alguma.32

Marta e Maria tem sido pautadas como simbolos dos sois lados da vida
religiosa: a parte ativa e a parte contemplativa. A busca espiritual é aqui encarada
como algo importantíssimo, ou mesmo como a aparte mais importante da existência
humana.33

31
CHEUNG, Vincent. A única coisa é necessária. Online. Disponível em:
http://www.monergismo.com/textos/comentarios/a_unica_coisa_necessaria_cheung.pdf.
acesso em 19 de agosto de 2021.
32
ibid
33
CHAMPLIN, Russel Norman. Novo Testamento intepretado versículo por
versículo: volume 2: lucas e João. São Paulo. Hagnos, 202. P 112.
20

As atividades religiosas tem que ser encaradas como sendo parte da


atividade espiritual, pois se dissociarmos uma coisa da outra, corremos o grande
risco de enfretarmos um esfriamento espiritual, por conta das atividades, que são
inúmeras.
É preciso que se realize um equilibrio, entre a atividade prática e a atividade
contemplativa, sabendo que as duas são importantes, e que uma complementa a
outra, por isso o apóstolo paulo nos diz que tudo quanto formos fazer devemos fazer
para a glória de Deus.
A casa de Marta e Maria pode ser metafóricamente comparada à Igreja, uma
vez que Jesus é o Senhor da Igreja, e ali devemos serví-lo, porém o serviço à Igreja
paça inevitavelmente pela postura de Maria, mas também passa pela postura de
Marta, uma vez que o servir à casa de Deus não é só contemplativo, é também
ativo, em seu processo lítugico, e em seu processo de manutenção da Igreja.
Além do que, a Igreja é uma comunidade, onde há o serviço mutuo, e este
serviço dar-se na dimensão da contemplação, que dar-se na confissão, na oração.
“Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que
sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” (Tiago 5:16).
Essas práticas nos remete a postura de Maria.
Como comunidade a Igreja realiza suas atividades que, se estabelecem pelo
ativismo, é a parte do ensino, da beneficência, das visitas domiciliares, das visitas
hospitalares, dos encontros de jovesn, encontro de homens, encontro de mulheres e
as demais atividades da Igreja. Essas práticas nos remete a postura de Marta.
Marta e Maria não são duas epiritualidades distintas, mas sim dois modelos
de espiritualidade que se complementam, onde cada uma deve ter o seu momento,
nosso serviço a Deus deve ser contemplativo, mais também deve ser ativo, porque a
fé deve ser expressadas em obras ativas.
Porém a Igreja não esta isolada da sociedade, ela só poderá ser serva de
Deus, quando ela estiver servindo a sociedade, pois a única maneire de se servir a
Deus é na face do outro, como nos diz o Apóstolo João: Se alguém diz: Eu amo a
Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual
viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento:
que quem ama a Deus, ame também a seu irmão.(1 João 4:20,21)
21

Se alguém compartilha da natureza moraal de Deus, mediasnte o novo


nascimento, não pode odiar a criação de Deus, aqueles que odeiam não podem
gozar da acessão mistica, uma vez que, o amor é a condição que possibilita a
fruição do amor de Deus sobre a Igraja. 34
A Igreja esta iserida na sociedade para expressar em atos palavras e ações, o
amor de Deus, daí a necessidade de expressarmos o nosso amor de forma ativa e
contemplativa. O amor de Deus não pode ser apresentado apenas de forma
contemplativa, faz-se necessário que seja apresentado de forma ativa na sociedade
em que ela esta inserida.
E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento
quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e
nào lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? (Tiago
2:15,16)
Esta é sem dúvida a postura de Marta, gera a provisão, seu ativismo estva
centrado em prover o necessário, para aquelas pessoas que chegaram à sua casa,
da mesma forma a Igreja, deve prover o necessário para o máximo de pessoas
possíveis na sociedade em que esta inserida. “As mãos que fazem valem mais que
os lábios que rezam”. (Madre Teresa de Calcutá)35
Portanto, Marta e Maria nos ensinam que, as duas posturas devem andar
juntas e bem equlibrdas, quando isso ocorrer, nosso serviço a Deus, e ao próximo
alcançará a excelencia.

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vesrsículo. Volume 6. São Paulo. Hagnos. 2002. P. 356
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