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Trocando o painel de instrumentos do Fiat Uno Fire

pelo do Fiat Palio

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todos que, de uma forma ou outra, colaboraram
para a montagem desse tutorial, em especial devo grande parte do trabalho ao meu pai, Amauri José
Colvero, a quem admiro muito e considero um dos maiores e mais competentes profissionais do
ramo da Eletrônica, que detém um profundo conhecimento da válvula ao circuito integrado, além de
atuar com genialidade em diversas áreas, a ele meu reconhecimento e eterna dívida no sucesso
dessa e de tantas outras empreitadas na vida! O fato de ser Eletrotécnico também me ajudou muito
com os levantamento dos esquemas e em algumas adaptações simples. Só para esclarecer: não
trabalho com auto-elétrica nem sou especialista no assunto como alguns acharam, sou apenas uma
pessoa que sofreu até encontrar informações simples para realizar um trabalho de certa forma
minucioso e agora estou divulgando o resultado para facilitar aos próximos. Aos amigos que me
auxiliaram muito seja por dicas e por envio de fotos, e também pelas dúvidas a mim trazidas via
email por diversas pessoas que entraram em contato desde o lançamento na rede da primeira versão
do mesmo. Destaco os colegas do Clube do Uno Alex Hastenreiter, a quem ajudei por email e
também se empenhou em descobrir e repassar o máximo de informações sobre a substituição do
seu painel antigo, destaco também o colega Anderson Moisés, que forneceu o esquema para ligar o
conta giros em duas bobinas, fundamental para a adaptação sem riscos e ainda o colega Ricardo
Trindade Brankowski que sugeriu a adaptação do sensor de temperatura na mangueira de água do
motor e tantos outros que ajudaram a conseguir êxito na adaptação. Todos foram fundamentais no
trabalho.
A idéia de trocar o painel do meu carro surgiu da necessidade que vi no monitoramento da
temperatura do motor, depois de descobrir um vazamento de água no sistema, notei que a ventoinha
do radiador ligava a toda hora e acabei descobrindo a tempo que a água já estava bem baixa... Após
isso, comecei a procurar um monitorador de temperatura, fui achando painéis mais antigos com
esse recurso e por fim os com conta giros; nesse meio tempo conheci o Clube do Uno onde alguns
colegas já usavam o painel completo e então me encorajei a tentar. Comprei um com o fundo preto e
comecei a luta, porém o nível de informação era muito pequeno e restrito à opiniões e experiências
pessoais com pouco recurso visível e algumas divergências. Tentei por oficinas mecânicas e auto-
elétricas onde a maioria dos profissionais foi evasivo condenando a adaptação com o tradicional
“não dá”, “'é complicado” mas se oferecendo para “tentar” por um valor salgado... Infelizmente as
pessoas de só pensam em si, mas perderam o freguês da mesma forma. Se fosse por eles eu já teria
desistido mas a visão daquele quadro de instrumentos completo funcionando me fascinava...
A partir daí começou a saga, que começou de uma necessidade, passou por uma brincadeira
e acabou virando coisa séria! Sou de certa forma “chato” com meu carro, não gosto de adaptações
que tirem a originalidade e por isso comecei da desmontar, tirar fotos, levantar esquema, catar dicas
e fotos de outros painéis para comparar e fui juntando todos os detalhes possíveis para compilar em
um só documento todo o processo. Não foi fácil nem barato, estraguei o conta giros e marcador de
combustível do painel novo e tive que comprar outro, gastei horas e mais horas de sono na internet
procurando, litros de gasolina em oficinas e lojas tentando obter mais certeza sobre os dados que ia
encontrando pelo caminho pois existe muito pouco sobre o assunto e o que se acha é bem
resumido. Eu acredito que não basta saber ligar, tem que entender como funciona.
Todos nós de certo forma buscamos resolver os nossos problemas procurando as soluções
diretamente na rede e é sempre muito agradável quando ela está pronta, ali, esperando executar. Por
outro lado, é angustiante e frustrante quando reviramos sites e mais sites e não achamos nada ou
muito pouco sobre o assunto, seja por ignorância ou por egoísmo das pessoas. Infelizmente grande
parte dos recursos bibliográficos é vendido a um preço abusivo também, quando a informação ali
contida não tem nada de mais além da oportunidade casual do conhecimento.
Dessa forma, aqui está o tutorial para uso e divulgação irrestritos, só não cedo o direito de
alteração de qualquer tipo sem prévio acordo comigo. Embora óbvio, devo ressaltar aqui que todo e
qualquer trabalho que resultar em dano é de responsabilidade do executante, pois esse guia é
cedido de forma gratuita para base e informação e não vendido como manual de oficina, portanto
não assumo o ônus por imperícia na montagem. Apenas demonstrei por fotos que o resultado foi
bem sucedido no meu caso e não trouxe qualquer anormalidade para o funcionamento do meu Uno.
Essa é terceira versão e possivelmente será a última sobre esse assunto pois procurei agora
colocar da maneira mais detalhada possível todos os passos para uma operação bem sucedida após
um ano de experiência. Esse tutorial vale para todos os carros da mesma linha que utiliza hodômetro
analógico (com cabo) em geral dos modelos 1994 a 2003 podendo variar um pouco, por isso
coloquei mais adiante fotos dos painéis para saber os modelos mais comuns compatíveis.
Grande parte dos carros de modelo abaixo de 1993 usam o painel alto (com satélites) e
podem também utilizar painéis completos, mas do modelo antigo que não é esse em questão. A
disposição dos conectores nas fotos exemplifica os dois layouts mais comuns desses modelos para
que devem valer esses diagramas que fiz, fora esses eu sei que existem pelo menos outro um pouco
diferente com check-control e conta giros (com iluminação superior) e o do Uno Turbo, também
diverso desses. Ambos usam os mesmos conectores e a princípio devem funcionar com as funções
básicas como alimentação e iluminação, mas especialmente as luzes de advertência podem variar e
há a necessidade de verificar o esquema com um multímetro, nada complicado. Infelizmente não
tenho à disposição tais painéis para analisar o tanto que gostaria, então deixo aqui aberta a
colaboração voluntária dos amigos que puderem ajudar.
Sobre o painel alto antigo tenho apenas o esquema parcial divulgado mais abaixo. Em geral
carros acima de 2004 já usam o painel com hodômetro digital que, em teoria, para adaptação
necessitaria da troca da central eletrônica do motor pelo do modelo novo pois toda a informação do
painel (inclusive hodômetro) vem dela. Os instrumentos são bem diferentes, com 4 pinos cada ao
invés de 3 e os conectores de entrada são um ou dois apenas. Até o presente momento não
encontrei absolutamente nada sobre a pinagem desses instrumentos.
Esse tutorial esteve focado na troca apenas do Uno Fire (mesmo do Smart), porém achei por
bem colocar agora os esquemas mais antigos do Uno EP/ELX/SX e outros similares, carburados ou
injetados. Serve também para toda a linha Pálio, Siena, Elba, Fiorino e Prêmio que utilizem
hodômetro mecânico (com cabo). Algumas fotos mostrarão detalhes do meu carro e outras podem
conter outros instrumentos, pois lidei com 4 painéis ao todo, sendo que um foi do Pálio Ed 98 a
diesel, argentino. Todos funcionaram da mesma forma, o que muda é apenas a escala de leitura.
Bem, quem tem ou usa um carro popular sabe o quanto as fábricas economizam em detalhes
de acabamento para supostamente vender um veículo mais barato, essa política não parece bem
verdadeira pois os preços são muito elevados e próximos aos modelos um pouco melhores. Eu sou
um apaixonado pelos carros FIAT, especialmente o Uno que consegue aliar simplicidade e economia
com um certo conforto, certas soluções feitas para ele são louváveis como o limpador dianteiro
único, que diminui o custo de reposição e o número de peças móveis do sistema agregando
durabilidade. Um amortecedor na tampa traseira que funciona melhor que muitos modelos duplos,
uma suspensão e carroceria forte e o melhor: dos primeiros modelos 1984 até 2003 existem muitas
unidades e muitas peças idênticas que podem ser aproveitadas e trocadas sem adaptações
complexas. Os pontos negativos são a lataria extremamente mal acabada e cheia de irregularidades,
parecendo um carro reformado, bem como acabamento de portas, porta-malas todo aberto
aparecendo o motor do limpador traseiro e lataria dentro do carro, muito barulho interno de peças
móveis (portas e tampa traseira e cabo do freio de mão) e dos pneus e finalmente o painel muito,
muito, muito pobre... Estou me referindo especialmente ao Smart/Fire 1.0.
Felizmente a maioria dos problemas tem solução, outros são crônicos mas não oferecem
risco ao proprietário e passageiros. Creio que a foto abaixo fala por si: dá gosto olhar para isso?

Sinceramente, será que custaria tanto assim para a fábrica colocar um marcador de
temperatura??? O benefício seria muito maior que o custo com certeza.
Bueno, mãos à obra! É importante que todo o tutorial seja lido atentamente antes de começar
o trabalho em si, pois existem detalhes importantíssimos que podem fazer a diferença. Abaixo estão
o layout e diagrama do painel do Pálio Geração 1, que é idêntico eletricamente ao painel acima e os
outros, com instrumentos a menos obviamente.
Me desculpem pela qualidade dos esquemas, alguns deles usam fotos reais tiradas dos
painéis que eu trabalhei, recortadas, reduzidas (aliado ao meu pouco talento em desenho, porém
melhorou muito do primeiro tutorial...) e editadas no MsPaint que é o único editor que me entendo,
mas acho que dá para entender bem. Alguns nomes também podem variar de uma região pra outra
do país pois usei o meu entendimento e algumas informações dos manuais do meu Uno e outros.
Como pode-se ver, adaptei a luz do Stop para usar como luz de ré; usualmente ela é usada
para a advertência de defeito na luz de freio, e usa um circuito eletrônico de check-control mas achei
mais útil para esse fim e ficou mais interessante visualmente, além de servir para testar o sensor da
luz de ré... Algumas luzes para funcionar necessitam de serem inseridas as lâmpadas destacando o
local marcado para isso, uma delas pode ser aquela para testar as pastilhas de freio em alguns
painéis que tem tal indicador (terá que usar pastilhas com sensor). Abaixo está a legenda de
equivalência que fiz para facilitar. Eu usei a máscara do painel do Fire para manter a originalidade,
pois o completo não possui por exemplo a luz que indica que o motor está derretendo, tem o
marcador de ponteiro, no meu caso ficou com os dois recursos ativos, se falhar um tem o outro.

Imprimindo somente os esquemas acima, já dá pra fazer 95% de todo o serviço, o que segue
abaixo serve para ajudar a entender os demais procedimentos especialmente para pessoas que tem
menos experiência no assunto.
Bom, vamos começar retirando os dois parafusos frontais usando uma do tipo hexagonal
(hallen) de 3 mm que se compra barato o jogo em qualquer loja de variedades ou ferragem. Ao
remover os parafusos, enfie a mão por baixo do painel (lá pelos pedais) e puxe pra trás a capa do
cabo do velocímetro que é só encaixado, e empurre com cuidado o painel inclinando ele para frente.
Quando for encaixar o painel no lugar depois, é bom puxar a ponta do cabo um pouco para
fora para que ele encaixe bem no velocímetro para que o ponteiro não fique oscilando, utilize uma
toalha macia sobre o cubo e volante para não arranhar as peças nesse processo.
Aqui é um pouco chato no início mas bem fácil, não é necessário remover o volante para
retirar os instrumentos, apenas ir com jeito desencaixando os cinco conectores traseiros que ficam
na posição conforme o desenho acima (se for o mesmo modelo), para soltar cada um existe uma
trava que é pressionada para baixo no meio do conector e é só ir colocando o painel hora para um
lado hora para outro para enfiar a mão e soltá-los (ou por trás). Ao conseguir soltar o quadro de
instrumentos é só retirá-lo por um dos lados. A posição dos conectores não precisa marcar a não
ser para encaixar os contatos que faltam no chicote (que irão levar aos sensores que faltam), esses
contatos fêmea são adquiridos em oficinas ou em ferro-velho, os conectores não encaixam no lugar
errado portanto não se preocupe com isso.
Este é o painel original do Mille Fire 2002 assim como o Mille Smart e alguns modelos Pálio
como o Young, eu removi as lâmpadas para iluminar e mostrar que todos os pontos extras de
sinalização já existem, em alguns só falta puxar os fios e instalar os sensores como da abertura de
portas por exemplo, e colocar a lâmpada, claro.

Aqui está a foto da parte traseira do painel original, a única diferença do painel completo na
na malha elétrica é ausência do jumper leva o sinal ao sensor de temperatura, portanto soldando
esse jumper, caso o seu painel completo esteja com a malha muito oxidada ou rompida pode ser
aproveitada a do original sem problema algum bastando trocar as peças que faltam de um para o
outro.

Trocando um pelo outro:

Simplesmente trocando um pelo outro no carro já dá pra usar o painel novo para um passeio
e diversão com outra aparência! No caso desse, tudo vai funcionar (inclusive o hodômetro parcial)
menos o conta giros e marcador de temperatura. Para adequação das luzes de advertência será
preciso trocar a máscara dos indicadores conforme a foto abaixo:
Essa máscara sai fácil, basta puxar para frente com cuidado para não quebrar, se estiver com
os encaixes muito firmes enfie uma espátula plástica por baixo e force levemente.
Eu nem ia comentar pois parece óbvio mas em todo o caso antes de fazer esse processo
retire a máscara transparente externa da foto abaixo, pressionando os dois engates superiores para
cima e puxando ela para frente. Note que peça da foto tem o furo do botão zerador do hodômetro
parcial, antes de tudo arranque o botão puxando-o em sua direção, ele sai bem fácil.

Encaixe a máscara do seu painel original no completo e monte a capa transparente de volta
com o botão zerador. Se a intenção é fazer o básico funcionar já está pronto! É de bom tom testar as
lâmpadas e trocar alguma queimada ou enegrecida se necessário, antes da montagem no veículo, Se
o local do soquete no painel está fechado com a tampa plástica original basta destacar ela e colocar
o soquete com a lâmpada ali. O soquete sai girando ele para a esquerda e puxando pra cima, e
monta-se de forma inversa. Alguns utilizam soquetes brancos sem contatos para tapar o furo, nesse
caso basta retirar esse e colocar o novo.

Desmontando o painel:

A desmontagem do quadro de instrumentos não é necessária e é arriscada, portanto se a


intenção não for a de trocar o acetato (aquele fundo com a serigrafia), mudar a cor da iluminação,
pintar os ponteiros ou trocar instrumentos, não faça!
Infelizmente eu estraguei o marcador de combustível e o conta giros do primeiro painel que
mexi, de forma irreparável, ao puxar o ponteiro, pois o mesmo arrancou o pino destruindo os
instrumentos... Prejuízo, tive que comprar outro quadro completo (investimento dobrado) pois não
existem peças avulsas, portanto, se a sua grana for limitada e não puder comprar outro, eu avisei!
A caixa do fundo do pode ser removido do quadro sem problemas e não estraga nada, por
curiosidade ou na intenção de trocar a peça pode-se fazer isso sem riscos, basta tirar os dois
parafusos grandes que prendem o velocímetro por trás e as porcas dos pinos dos instrumentos, 3
em cada um, aí o fundo sai diretamente. O conta giros é preso por um conector especial azul que
também fica encaixado, tome o cuidado de encaixar bem ele nos pinos da placa eletrônica interna.
As fotos abaixo ilustram os detalhes internos do mesmo caso alguém fique curioso, dessa
forma não é preciso desmontar para conhecê-lo.
Creio que podemos abrir um parênteses aqui baseado na minha experiência e buscas pelos
fóruns na rede, em relação à troca da cor de iluminação de fundo:
Eu fiz testes com película de vidro de carro azul atrás do acetato original e não ficou bom,
bem como coloquei lâmpadas azuis e também não vingou, em ambos os casos ficou um azul-
esverdeado fraco, feio mesmo. Pelo que vi do pessoal que conseguiu efeito melhor foi lixando atrás
do acetato até tirar a tinta verde, dessa forma o número fica transparente e pode-se colar um filtro
azul atrás ou usar leds azuis. Apenas a colocação dos leds azuis sem lixar aparece o fundo verde
atrapalhando. O único detalhe da lixa é que seja bem fina de preferência 1200 e lixado com água com
cuidado, sem pressionar muito. Eu vi um relato de que dá para usar solvente de tinta para isso
também mas não pude confirmar até o momento. Fica por conta e risco de quem quiser
experimentar... Aqui está o painel com lâmpadas azuis, note como ficou escuro e ainda meio verde:
Muita gente prefere colar em cima do acetato um adesivo impresso com tinta reagente e usar
leds ultra violeta por fora, eu particularmente não gosto muito do efeito, mas gosto não se discute...
O único “tunning” leve que fiz no final de tudo foi colocar os ponteiros pintados de amarelo,
o que deu um ar mais esportivo ao painel como nos antigos Unos 1.6R. Para pintar os ponteiros tem
que ser por baixo deles, lixando, isolando e pintando com spray ou um cotonete. Além de esportivo
notei que fica bem mais fácil de ver os ponteiros no sol, melhor que o vermelho original.
Em todos os casos acima, existe sempre o risco iminente de arrancar o ponteiro e destruir o
instrumento, como foi advertido anteriormente.

Os conectores – nada de cortar fios...


É um procedimento comum inclusive com “profissionais” do ramo, cortar os fios e emendar
no lugar correspondente quando há a necessidade de trocar algum fio de lugar por diferença de
esquema elétrico. É aparentemente mais fácil e rápido mas isso é um engano, pois além de feio, o
chicote fica cheio de emendas que são pontos fracos da instalação, se não for soldado mais adiante
gera mau contatos com a oxidação, se for soldado fica duro e o fio quebra mais fácil, então vamos
deixar o chicote original? As fotos abaixo ilustram a maneira fácil de desmontar cada um deles, tira-
se a presilha vermelha, depois com uma ponta de faca ou qualquer outro instrumento força-se
levemente a trava e pode-se puxar pelo fio que o contato fêmea sai fora. Para montar é o processo
inverso. Essa dica vale ouro e nenhum livro ensina, só a prática...

O Conta-giros
Agora que já conhecemos bem o quadro de instrumentos e sabemos montar e desmontar o
mesmo, trocar fios, etc, passemos à parte mais interessante, creio eu, do serviço: a ligação elétrica
do circuito do conta giros! Eu sei que todo mundo assim como eu fica ansioso para ver aquele
ponteiro se mexer... Vamos abordar aqui especificamente os motores de 4 cilindros.
Não importa se o carro é carburado ou injetado, quando o mesmo utiliza apenas uma bobina
de ignição basta puxar o fio do conta giros até o negativo da bobina e estará funcionando, a coisa
complica-se quando temos o carro com bobina dupla como no caso do Mille Fire.
Em carros com injeção eletrônica, pode-se ligar no pino de saída para esse fim, no caso
específico do Fire no modelos IAW 59FB e IAW 4AFb é sugerido o pino 4. O referido pino fica depois
de dois pinos maiores do conector e um menor, conforme as fotos:
Uma empresa que indicaria para obter o pino certo de cada centralina e também comprar
instrumentos é a Cronomac (http://www.cronomac.com.br) pois fornecem o esquema completo,
demonstrando respeito ao cliente.
Caso esteja disposto a arriscar ligar na central sob o risco de queimar a mesma, o circuito
abaixo não é necessário. Como a central do carro é uma peça bem cara, pode-se utilizar esse
circuito adicional conforme o diagrama abaixo, muito simples e funcional, o qual eu utilizo no meu
carro a mais de ano sem qualquer problema, funciona bem para carburados e injetados.
Os componentes são de fácil obtenção no comércio, mas deve-se dar especial atenção aos
valores dos capacitores (180 nf) pois do contrário não funciona. Recomenda-se que os fios que vão
para os negativos das bobinas sejam bem isolados e sejam passados junto com o chicote do carro
para evitar um curto-circuito por derretimento da capa dos mesmos, o que pode fazer o carro falhar
e até apagar
Abaixo está indicado o local onde fica o sinal da bobina, lembrando que vai um fio para cada
uma, e o sinal do rpm do esquema vai ser ligado ao pino D6 do quadro de instrumentos.

O marcador de temperatura

O marcador de temperatura tem 3 casos diferentes, e para variar o Fire é o pior deles... No
caso do Fire a única solução viável é a instalação de um sensor adicional conforme veremos abaixo
pois a central usa o sensor de temperatura original do motor para regular-se e qualquer mudança
nesse pino faz o motor funcionar de maneira aleatória, seja falhando, seja consumindo demais, pois
a temperatura é um dos principais fatores de regulagem de mistura de combustível.
Para quem usa o motor mais antigo é bem mais fácil, se o painel original já marcava
temperatura basta colocar o novo, acertar o contato para o conector D5 e ligar, e se apenas usava
somente a luz de alerta, basta trocar o sensor do motor pelo que regula o ponteiro, verificar se está
no contato D5 e ligar, está pronto.
Mas como o meu é o Fire e sempre o mais complicado, vamos ao contorno do problema:
A solução nesse caso, é comprar o “T” usado no Fiat Tempra, o sensor da temperatura do
painel do Pálio 16v (mesmo da Fiorino, etc. É vermelho com um contato apenas igual ao da foto) e
mandar fazer por um torneiro mecânico um adaptador (1/2” x 3/8”) para as duas peças conforme as
fotos abaixo. O detalhe é avisar o torneiro que rosca do sensor é cônica, já mande ele colocar um
parafuso na lateral para que posso ser ligado o terra ali, uma vez que a mangueira de água do motor
é isolada. Existem adaptadores para conexão de água prontos mas tendem a vazar se não forem
bem vedados.
Em relação aos medidores de temperatura e de combustível, no tutorial anterior eu havia
sugerido colocar um trimpot de 100 ohms para regular possíveis diferenças de escala como parecia
haver no meu painel, porém depois de vários testes e pesquisa descobri que toda a linha Uno e Pálio
usa a mesma resistência para cada medidor e na verdade somente o ponteiro estava fora do lugar.
Como eu havia alertado anteriormente é arriscado arrancar o ponteiro, todavia se for
necessário no caso do combustível é bem fácil acertar o ponteiro, basta encher bem o tanque, tirar o
ponteiro, ligar o painel e encaixar ele no final da escala, está pronto. No cado do de temperatura é
mais complexo, tem que colocar um trimpot de 470 ohms e regular ele com um multímetro para 250
ohms, feito isso, tire o ponteiro e ligue o trimpot em série com o medidor, colocando uma ponta no
contato D5 e outra ponta no negativo (deixe fora o contado quem vem do motor), a escala do
ponteiro deve ficar no meio, que representa 90 graus. Encaixe o ponteiro nessa posição e está
pronto.
Para quem tiver curiosidade de ver um instrumento por dentro, aí está a foto do medidor de
combustível desmontado, é igual ao da temperatura mas com escala diferente:
Abaixo está uma ilustração que fiz de como funcionam esses marcadores no carro:

Sensor de luz de portas com alarme e luz de teto (luz de cortesia)

Esse foi um impasse que enfrentei pois o alarme original já usava um sensor na porta do
motorista, como não achei interessante furar a lata e colocar outro, então bolei esse simples
esquema que isola os sensores dos destinos fazendo que o retorno de qualquer um deles não
atrapalhe o outro, o mais sensível é o alarme. No caso da luz de cortesia, verifique a corrente da
lâmpada para colocar um diodo compatível, nunca use diodo menor que 1A.
A quilometragem
Alguém pode perguntar: mas e a quilometragem, dá para mudar? Sim, pode-se recorrer a um
profissional do ramo ou fazer em casa, nada que um pouco de paciência não resolva. Mas antes de
tudo gostaria de salientar que rebaixar a quilometragem com o objetivo de enganar o próximo pode
parecer uma atitude esperta mas na verdade é uma completa ignorância e falta de caráter. O seu
carro deve ser valorizado pelo estado de conservação e ele mostra os sinais de uso, portanto só
faça esse procedimento para adequar a quilometragem original do veículo.
O mecanismo abaixo conta com um eixo superior de seis engrenagens com dentes maiores e
menores intercalados, destravando e levantando esse eixo o tambor de contagem fica livre e é
possível girar os números até chegar ao resultado desejado. Feito isso segure todos os discos do
tambor e encaixe o eixo novamente, deixando parelhos todos os dentes maiores para cima.

O acabamento da máscara transparente


Um detalhe que tem que ser feito é o acabamento da borda da moldura transparente, uma vez
que o painel do Pálio utiliza uma moldura de painel que fica sobre o quadro de instrumentos, já o
Uno aparece direto a borda e é pintado de preto fosco. Se tiver prática em pintura pode-se pintar em
casa ou recorrer a um pintor profissional. Outra opção que utilizei foi usar a moldura do painel
original do carro que já vem pintada, o único problema é que falta o furo zerador do hodômetro
parcial. Esse furo requer habilidade para fazer e marcar o local certo. Para não lascar o acrílico, eu
usei uma micro retífica Dremel por ser bem leve, primeiro furei com uma broca de 1 mm, depois 3
mm e finalmente 5 mm.
A montagem

Essa é a melhor parte, montar e se divertir! Eu mesmo tenho que cuidar muitas vezes para
não dar mais atenção ao painel funcionando do que ao trânsito.
Encaixe todos os 5 conectores, o cabo do velocímetro e ligue o motor, valeu a pena, não?
Aqui está a primeira impressão de um painel montado no Uno:
E aqui o outro: Por ser o painel do Pálio ED movido à diesel, argentino, a escala do conta
giros só vai até 6000 rpm, o que faz ele rotacionar bem mais que o quadro de instrumentos para
gasolina/álcool/gnv, mas funciona da mesma forma. Aqui está ele com iluminação à noite, note que
os ponteiros amarelos ficaram da cor laranja quando iluminados, um efeito interessante:

Painéis mais antigos

Depois de diversos problemas e dúvidas de pessoas que me escreveram para adaptar o


carro que usava um painel mais antigo decidi colocar mais esse adendo no tutorial com o antigo
painel da marca Jaeger que equipava os Uno um pouco mais antigos. Esse painel infelizmente não é
o único, existe alguns outros modelos mas não tenho em mãos para testar.
O principal problema dele é que não pode-se utilizar a máscara de sinalização como no caso
do Fire que usa a mesma estrutura, e alguns pontos de ligação também são diferentes havendo a
necessidade de trocar fios de posição, porém nada difícil, tanto que muitas pessoas hoje andam
com o painel do Pálio em Unos EP, S, CS, SX, ELX, etc.
Abaixo segue o layout dos conectores e esquema elétrico:
Tendo em mãos esse diagrama e o do Pálio fica fácil achar a equivalência dos fios, portanto
imprima essas páginas e bom trabalho, as dicas anteriores se aplicam aqui perfeitamente. Um
detalhe sobre esse modelo é que geralmente no conector “C” não precisa mudar nada.
Como eu comentei, existem ainda outros painéis que não tenho como testar, por isso se o
layout dos conectores atrás for diferente procure ver se o esquema acima é válido, medindo cada
ponto com o multímetro. Esse esquema abaixo mostra outro diagrama que não testei:

Note como tem diferenças (existem Unos 94 a 03 rodando com algum desses):
Uno Turbo... (o circuito impresso é dupla face) E é o sonho de consumo...

Tem ainda esse que equipou alguns Unos 1.6R mpi, Prêmio CSL e 1.6 i.e. e Elba Top
Uno IE

E tem esse digital do Uno italiano SX 1987 que nem veio para o Brasil, infelizmente...:

Painéis antigos, abaixo de 1993:

Também existem variações, eu consegui o esquema básico deste abaixo e completei com os
indicadores pois não havia nada na rede além do diagrama puro, e era em espanhol:
Diagrama elétrico:
Sempre lembrando que não servem nos carros de 1994 para cima e vice-versa, salvo que seja
trocado todo o painel do carro. Esse diagrama deve servir de base para outros da mesma linha.

Outros modelos:

Uno 1.6R, note os ponteiros amarelos. E o 1.5R, praticamente igual.

Prêmio CS E o Uno de 1984 a ...


Aqui, as vistas traseiras de alguns deles para ilustrar:

Como dá para perceber são bem maiores e portanto não servem no modelo mais novo...

Abaixo, os painéis novos, ainda sem idéia de como adaptar... Fica o desafio!

Mille Fire (2004 para cima) Siena Fire ELX (2001)

Atrás. Apenas dois conectores

Que tal? Algum investimento e trabalho mas na minha sincera opinião melhorou muito o
visual do carro! No meu caso foi investimento dobrado pois estraguei o equipamento tentando
descobrir os detalhes; mas quem ler esse tutorial com certeza será bem mais feliz na empreitada.
Então... Boa sorte e se precisar de mais alguma dica ou tiver sugestões, correções ou
críticas sobre o assunto pode escrever para mangrulho@via-rs.net ou anderson@colvero.com.

Agradecimento especial: Clube do Uno, Clube do Uno Brasil, Uno Club, Fiat Clube, Clube Palio
Tuning e Club del Palio (Argentina).

Totalmente elaborado e editado por Anderson Pereira Colvero, Santa Maria – RS. Esse
tutorial pode ser distribuído, copiado e impresso sem limites, apenas preservando os créditos do
autor. Todas as imagens foram obtidas de forma experimental por câmera pessoal ou obtidas em
sites de livre acesso na internet sem a violação de qualquer direito autoral. Todas as dicas obtidas
em fóruns aqui comentadas constituem base de conhecimento aberto e divulgado sem restrições.

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