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Flambagem de Colunas

1. Introdução:

Ao sofrer a ação de uma carga axial de compressão, a peça pode perder a sua estabilidade,
sem que o material tenha atingido o seu limite de escoamento. Este colapso ocorrerá sempre na
direção do eixo de menor momento de inércia de sua secção transversal.

2. Conceito de Carga Crítica:

Ao ser projetado, um elemento deve satisfazer as condições de resistência, deslocamentos


limites e estabilidade. Alguns elementos podem estar submetidos a cargas compressivas, e se esses
elementos forem longos ou esbeltos, o carregamento pode ser suficientemente elevado para causar
uma instabilidade lateral. Especificamente, elementos longos e esbeltos sujeitos a cargas axiais
compressivas são chamados de colunas e seus deslocamentos laterais são caracterizados através do
fenômeno conhecido como flambagem.
A carga axial máxima que uma coluna pode suportar quando atinge a iminência de flambar,
demonstrada pelo seu encurvamento na direção do eixo longitudinal, é chamada de carga crítica,
Pcr.
A carga crítica é independente da resistência do material. Ela depende apenas das dimensões
da coluna (I e L) e da rigidez do material ou módulo
de elasticidade E. Por esta razão, considerando-se que
a flambagem ocorra no regime elástico do material, as
colunas feitas, por exemplo, de aço de alta resistência
não apresentam vantagem em relação àquelas feitas de
aço de baixa resistência, uma vez que o módulo de
elasticidade é aproximadamente o mesmo para
ambos os aços.
A capacidade de uma coluna suportar uma carga
aumenta com o aumento do momento de inércia da
seção transversal. Assim, as colunas eficientes são
projetadas de forma que a maior parte da área da seção
transversal seja afastada, tanto possível, de seus eixos
principais centroidais. Esta é a razão pela qual as
seções tubulares são mais econômicas que as seções
maciças. É também importante lembrarmos que uma
coluna flambará relativamente ao eixo principal da
seção transversal com o menor momento de inércia
(eixo mais fraco).
Por exemplo uma coluna com seção
transversal retangular, veja figura acima, flambará em
relação ao eixo a - a e não em relação ao eixo b - b. Consequentemente, os engenheiros aos
dimensionar as seções transversais dos elementos estruturais procuram atender à condição de
momentos de inércia idênticos em todas as direções. Assim, do ponto de vista geométrico, os tubos
circulares são excelentes colunas.

3. Carga Crítica de Euler:

A equação de flambagem para colunas apoiadas em rótulas ou pinos pode ser escrita sob a
forma:

P cr = π2.E.J
L2f
Fórmula de Euler

Onde:
Pcr = carga axial crítica ou máxima atuante sobre a coluna imediatamente antes de ocorrer o
fenômeno da flambagem [N; kN; ...];
E= módulo de elasticidade do material [Mpa; GPa; ...];
J= menor momento de inércia da área da seção transversal da coluna [m4; cm4;...] ;
Lf = comprimento livre de flambagem [m; mm;...].
π – constante trigonométrica 3,1415...

4. Comprimento Livre de Flambagem:


Em função do tipo de fixação das suas extremidades, a peça apresenta diferentes
comprimentos livres de flambagem.

5. Índice de Esbeltez (λ):

É definido através da relação entre o comprimento de flambagem eo raio de giração mínimo


da secção transversal da peça. Este índice representa uma medida da flexibilidade da coluna quanto à
flambagem e será utilizado posteriormente para classificá-la como longa, intermediária ou curta.

λ = Lf
rmin
Onde: λ – Índice de esbeltez (adimensional);
Lf – Comprimento de flambagem [m; mm; ...]
r min – Raio de giração mínimo [m,; ...].

6. Tensão Crítica ( σ cr ):

A tensão crítica deverá ser menor ou igual à tensão de proporcionalidade do material. Desta
forma, observa-se que o material deverá estar sempre na região de formação elástica, pois o limite de
proporcionalidade constitui-se no limite máximo para validade da lei de Hooke.
Define-se a tensão crítica através da relação entre a carga crítica e a área da secção transversal
da peça.
Tem-se, então, que:

σ cr = P cr = π2.E.J
A L2f .A

Como L2f = λ2.r2min escreve-se que σcr = π2.E.J mas, r2min = J


A.λ2.r2min A
Portanto:
σcr = π2 . E
λ2
Onde:

σcr - tensão crítica [Mpa; ...]


E – módulo de elasticidade do material [Mpa; GPa;...]
Λ – índice de esbeltez [adimensional]
π - constante trigonométrica

7. Flambagem nas Barras no Campo das Deformações Elastoplásticas:

Quando a tensão de flambagem ultrapassa a tensão de proporcionalidade do material, a


fórmula de Euler perde a sua validade.
Para estes casos, utiliza-se Tetmajer que indica:

8. Normas:

a) ABNT NB14 (Aço):

σfl = 240 – 0,0046.λ2 para λ ≤ 105

σfl = π2.E para λ > 105


λ2 _
Adotando-se um coeficiente de segurança k = 2, tem-se σ fl = (tensão admissível de
flambagem):
_
σfl = 120 – 0,0023.λ2 para λ ≤ 105
_
σfl = 1.036.300 para λ > 105
λ2

b) ABNT NB11 (Madeira):


Tensão admissível na madeira
Compressão axial de peças curtas.
λ ≤ 40
σfl = 0,20σc
Compressão axial de peças esbeltas

λ > 40
40 < λ ≤ λo
_
σfl = σc . [ 1 - 1 . λ – 40 ]
3 λo – 40

λ ≥ λo
_ _
σfl = 1 . π2.Em = 2 . σc . ( λo )
4 λ2 3 λ

λo = [ π2. Em ] ½
(8/3).σc

Onde: λo – Índice de esbeltez acima do qual é aplicável a fórmula de Euler (adimensional);


Em – Módulo de elasticidade da madeira verde [Pa; ...].

c) Concreto NB1

Taxa mecânica de armadura

W = 100 λ ≤ 100
(150-λ)

W = 2λ3 λ > 100


106
Tensão de Flambagem

σ= W.P
A
Onde: λ – Índice de esbeltez
P – Carga aplicada [N; ...]
A – área da secção transversal [m2; ...]
W – taxa mecânica de armadura [adimensional]

9. Exercícios:

1) Determinar λ para o aço de baixo carbono, visando ao domínio da fórmula de Euler. (Considerar
σ = 190 Mpa e Eaço = 210 GPa)

Solução:
Para determinar o domínio, a tensão de proporcionalidade torna-se a tensão crítica.
Tem-se, então, que:

σp = σcr = π2.E
λ2
_____ ___________ _________
Então: λ = √ π2.E  λ = √ π2.210x109  λ = √ π2.21x104
σp 190x106 190
______
λ = 102.√ π2.21  λ≡ 105
190

Portanto, para aço de baixo carbono a fórmula de Euler é válida para λ > 105.

2) Determine o índice de esbeltez (λ), visando ao domínio da equação de Euler para os seguintes
materiais:

a) Ferro Fundido Cinzento (σp = 150 Mpa e Efofo= 100 GPa)


b) Duralumínio (σp= 200 Mpa e E= 70 GPa)
c) Pinho (σp= 10 Mpa e E= 10 GPa)

Solução:

a) _____ _______
Então: λ = √ π2.E  λ = √ π2.109  λ ≡ 80
6
σp 150x10
Utiliza-se a fórmula de Euler para Fofo, quando o índice λ > 80.

b) _____ __________
2
Então: λ = √ π .E  λ = √ π2.70x109  λ ≡ 59
σp 200x106
Utiliza-se a fórmula de Euler para duralumínio, quando o índice λ > 59.

c) _____ _______
Então: λ = √ π2.E  λ = √ π2.1010  λ ≡ 100
σp 107
Utiliza-se a fórmula de Euler para pinho, quando o índice λ > 100.

3) A figura dada representa uma barra de aço ABNT 1020 que possui d = 50 mm.
Determinar o comprimento mínimo para que possa ser aplicada a equação de Euler.

Solução:
Para que possa ser aplicada a equação de Euler, λ > 105 (aço doce).
Como a peça está duplamente engastada Lf = 0,5L e rmin= d
4
Tem-se que: λ = Lf = 0,5.L x 4
rmin d
Conclui-se dessa forma que: L = λ x d = 105 x 50  L = 2625mm
2 2

4) Duas barras de mesmo comprimento e de mesmo material serão submetidas à ação de uma carga
axial P de compressão. Uma das barras possui secção transversal circular com diâmetro a, e a outra
possui secção transversal quadrada de lado a. Verificar qual das barras é a mais resistente, sob o
regime de Euler. Considere que as barras possuem o mesmo tipo de fixação nas extremidades,

Solução:

Como as cargas são de mesma intensidade (P), escreve-se que: Pfl C = Pfl Q
Então: π2.E.JC = π2.E.JQ
Lf2 Lf2
Através da relação entre os momentos de Inércia, tem-se que:

JC = (π.a4/64)  JC = JQ. π.a4.12  JC = 0,58.JQ  JQ = 1 . JC  JQ = 1,7JC


JQ (a4/12) 64.a4 0,58

Portanto, a barra de secção transversal quadrada é a mais resistente.

5) Uma barra biarticulada de material ABNT 1020, possui comprimento L= 1,2m e diâmetro
d= 34mm.
Determinar a carga axial de compressão máxima que poderá ser aplicada na barra, admitindo-se
um coeficiente de segurança k=2. (Considere Eaço= 210GPa)

Solução:

A barra sendo biarticulada, o seu comprimento de flambagem é o comprimento da própria


barra, ou seja, Lf = L = 1,2m.

a) Índice de Esbeltez
O raio de giração da secção transversal Circular é d/4. Dessa forma, tem-se:
λ = 4.Lf = 4 x 1200 λ = 141
d 34

Como λ= 141, portanto maior que 105, conclui-se que a barra encontra-se no domínio da
equação de Euler.

b) Carga Crítica
O momento de inércia de secção circular é: Jx = π.d4
64
Portanto: Pcr = π2 .E.J = π2.E.π.d4
Lf2 (1,2)2x64
Pcr = π .210x10 x34 x10-12  Pcr = π3.210x344x10-3  Pcr= = 94400N
3 9 4

(1,2)2x 64 (1,2)2 x 64

Como o coeficiente de segurança é k= 2, a carga máxima que se admite que seja aplicada na
barra é:

Pad = Pcr = 94400 N = 47200 N


k 2

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