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Modos de produção agrícola e agricultura sustentável

Objetivos:

 Identificar as principais técnicas de produção agrícola e o seu impacto ambiental;


 Caracterizar o Método de Proteção Integrada;
 Caracterizar o Modo de Produção Integrada;
 Caracterizar o Modo de Produção Biológico;
 Identificar o código de Boas Práticas Agrícolas;
 Identificar os processos de garantia de qualidade e de segurança alimentar dos
produtos agrícolas.

Manual da UFCD Nº 6278

Modos de produção e agricultura sustentável

Formadora: Ana Paula Cordeiro Gonçalves dos Santos

Data: Junho de 2019

RUI PENA & ASSOCIADOS, GABINETE DE CONSULTORIA, ESTUDOS E FORMAÇÃO, LDA


Instalações: Rua D. João I, 119-123, 4450-164
Matosinhos
eo

1 - Principais técnicas de produção agrícolas

1.1 Fertilização e Nutrição animal

Fertilização
A Fertilização é a prática agrícola que consiste no fornecimento ao solo de adubos e/ou
corretivos de modo a recuperar ou conservar a sua fertilidade, suprindo a carência de
nutrientes e criando condições solo – planta favoráveis ao desenvolvimento das culturas
vegetais.

Adubos
As plantas crescem de acordo com os elementos que encontram no solo onde crescem
e se desenvolvem.

A Lei de Liebig, também conhecida como a lei do mínimo, atribuída a Justus von Liebig,
considerado o pai da agricultura moderna, enuncia que o
crescimento das plantas é determinado pelo elemento presente no
solo na quantidade mínima adequada.

A partir deste enunciado, facilmente se chegou à conclusão de que a adição de


macronutrientes essenciais, azoto, fósforo e potássio, garantem o
melhor desenvolvimento das plantas. A partir desse momento, a fórmula NPK (azoto,
fósforo e potássio) passou a ser comercializada como adubo. A adubação é a prática
agrícola que consiste no fornecimento de adubos ou fertilizantes ao solo, com o
objetivo de recuperar ou conservar a sua fertilidade.

Através desta prática pretende-se compensar a carência de nutrientes e proporcionar


o desenvolvimento adequado das culturas vegetais. Adubar uma planta significa,
assim, fornecer-lhe todos os elementos indispensáveis para o crescimento saudável,
sendo para isso necessário conhecer as
necessidades gerais dos vegetais e as necessidades específicas
de cada espécie que se pretende cultivar.

GRUPOS DE FERTILIZANTES

A adubação pode ser feita de várias formas, nomeadamente adubação no


solo, adubação por rega e adubação foliar.

De uma forma geral, as plantas necessitam de um vasto conjunto de elementos para


um correto desenvolvimento. Enquanto as plantas retiram do ar o carbono, o oxigénio
hidrogénio, os restantes devem estar disponíveis para as plantas a partir do
solo, pelo que os adubos ou fertilizantes fornecem os restantes elementos
que se podem dividir em dois grupos.

O primeiro grupo é formado pelos chamados macronutrientes, que devem


ser disponibilizados com alguma frequência, englobando o azoto (N),
fósforo
(P) e potássio (K). No segundo grupo encontram-se os micronutrientes que,
embora não exijam aplicações tão frequentes, desempenham um papel
muito importante no crescimento das plantas. Cada um dos elementos de uma
a adubação NPK é de uma importância vital para as plantas.

AZOTO

É o principal agente do crescimento das plantas. A maior parte do azoto é


absorvido pela planta nas primeiras fases de vida, armazenando-o nos seus
tecidos. A falta deste elemento numa fase inicial pode retardar o
crescimento e consequentemente a produção.
A sua carência manifesta-se ao nível das folhas, que passam a apresentar
cor verde pálida ou verde amarelada enquanto o excesso produz
abundante folhagem descoloração verde escura.

FÓSFORO

A sua presença é indispensável para a planta, transformando os hidratos


de carbono em açúcares, participando no processo de divisão
celular, sendo também um dos agentes intervenientes da formação da
clorofila e ainda aumenta o desenvolvimento radicular, proporcionando à
planta maior capacidade de absorver os elementos férteis do solo. Age
diretamente na qualidade dos frutos e maturação das sementes e a
deficiência desse elemento pode ser percebida quando as folhas tomam
coloração arroxeada.

POTÁSSIO

Indispensável à produção dos amidos e açúcares, intervém ao nível da


floração e frutificação.
Sem este elemento a planta apresenta dificuldades ao nível do desenvolvimento.

Os Micronutrientes são utilizados pelas plantas em pequenas quantidades.


Sua falta, no entanto, pode acarretar grandes perdas na produtividade. O
zinco (Zn), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), boro
(B) e cloro (Cl) são os elementos considerados micronutrientes essenciais.
Outros elementos, como o sódio (Na), cobalto (Co), silício (Si) e níquel (Ni),
são considerados benéficos.
As substâncias designadas por fertilizantes podem atuar de duas formas

Podem agir através de ação direta, isto é, proporcionando às culturas uma maior
disponibilidade dos elementos nutritivos que lhes são mais necessários, recebendo a
designação de adubos, ou através de ações
predominantemente indiretas, ou seja, atuando ao nível da melhoria nas diferentes
características do solo, sendo neste caso apelidados de corretivos.

Embora os produtos utilizados como corretivos agrícolas, como por exemplo os


substratos, que se encontram facilmente à venda, possuam, quase sempre, elementos
nutritivos e, como tal, apresentam também algum efeito fertilizante direto, a sua
principal função é exercida indiretamente, através da melhoria das propriedades
físicas, químicas e biológicas dos solos.

ADUBOS QUÍMICOS E ORGÂNICOS

Os adubos podem ser divididos em dois tipos: os adubos químicos e os adubos


orgânicos, dependendo da sua composição, sendo que todos os elementos referidos
anteriormente são encontrados em ambos os tipos de adubo.

A adubação com produtos químicos é geralmente excessiva em relação à capacidade


de absorção das plantas, pelo que devem ser aplicados rigorosamente de acordo com
as instruções transmitidas.

Correndo o risco de uma sobredosagem na aplicação destes produtos, os nutrientes


em excesso não absorvidos pelas plantas podem provocar efeitos indesejáveis, como
alterar a comunidade biótica do solo e serem lixiviados para os cursos de água
superficiais ou aquíferos. Por exemplo, o azoto é facilmente transportado pela água da
chuva, podendo provocar eutrofização, ou seja, crescimento excessivo de algas e
outros micro- organismos aquáticos, devido ao excesso de nutrientes, levando ao Corretivos
consumo excessivo de oxigénio, o que pode por em risco a vida em meios aquáticos.
Os corretivos alcalinizastes são produtos capazes de diminuir ou eliminar a acidez dos
No caso dos fertilizantes orgânicos, estes apresentam um nível de segurança maior em solos. Permitem ainda repor nutrientes vitais ao solo, principalmente cálcio e
relação a possíveis excessos, pois estes são absorvidos de forma gradual e controlada magnésio.
pelo solo e pela planta, consoante as suas necessidades. Os adubos orgânicos são
libertados lentamente, podendo a sua ação não ser tão imediata, mas em
FIG 1 – Carência de nutrientes
compensação têm ação prolongada, acompanhando as diferentes fases de
crescimento das plantas, fazendo com que estas tenham uma quantidade mínima de O calcário é um corretivo mineral natural, obtido pela moagem de rocha calcária. A
nutrientes constante, favorecendo também a formação e estruturação da microflora incorporação de calcário no solo é chamada de calagem. Além de corrigir o ph, fornece
do solo.
cálcio (CaO) e magnésio (MgO), neutraliza o efeito fitotóxico do alumínio e do
manganês e potencializa o efeito dos fertilizantes. A calagem é considerada como uma
das práticas que mais contribui para o aumento da eficiência dos adubos aumentando
a produtividade e a rentabilidade.

1.1.2 A nutrição animal A nutrição animal é definida pelo conjunto de processos em que um organismo vivo
digere ou assimila os nutrientes contidos nos alimentos, usando-os para seu
crescimento, reposição ou reparação dos tecidos corporais e também, para
elaboração de produtos (Ex: Produção de leite pela vaca).

Fig 3 Ripagem

Fig 2 Nutrição animal

1.2 Mobilização de solo


Trata-se de uma intervenção com o objetivo de descompactar o solo, promovendo a
permeabilidade e arejamento do mesmo, de modo a facilitar o desenvolvimento Fig 4 Riper
radicular das jovens plantas a serem introduzidas no terreno. Pode ser realizada
manualmente ou mecanizada.
A Subsolagem

São utilizados vários métodos distintos: Para realizar a subsolagem, utiliza-se os subsoladores, que são implementos de hastes,
aprofundando-se no solo a profundidades superiores a 40 cm. Durante o ciclo de uma
A Ripagem
cultura anual, como milho, entre outras, máquinas agrícolas trafegam várias vezes
Operação que se destina a provocar o rompimento dos horizontes do solo em sobre o solo, causando a sua compactação. Porém, na safra seguinte, quando for
profundidade de forma a facilitar o desenvolvimento radicular das plantas, sem
produzir alterações na respetiva disposição. O número de dentes a utilizar no ripper e realizado a preparação do solo, parte da camada compactada será revolvida e os
o seu comprimento devem ser função das características da estação. efeitos da compactação, nesta camada, serão reduzidos.
Como o processo se repete durante todo o ciclo da cultura, chega um momento em
A ripagem deve ser localizada e efetuada segundo a curva de nível, de forma a reduzir
o risco de erosão. que parte da camada compactada, que se situa abaixo da região de atuação dos
implementos de preparo do solo, fica tão compactada ao ponto de causar danos às
plantas. Esta camada compactada, portanto, passa a atuar como uma barreira para o
sistema radicular das plantas, bem como para a movimentação da água das chuvas e
da irrigação.
subsolador, em sentido cruzado, para aumentar a eficiência da operação e quebrar o máximo
Para quebrar esta camada compactada são utilizados os subsoladores, por meio das
possível a camada compactada.
hastes metálicas que se aprofundam no solo. Para obter melhor eficiência na
operação, recomenda-se fazer a subsolagem antes do período das chuvas, quando o
solo se encontrar mais seco. Além disso, pode ser necessário realizar duas passadas do
Comportamento dos implementos na lavouraprimária cem por cento dos restolhos em superfície, a charrua de discos cinquenta por cento e
a charrua-grade trinta por cento. Estes valores podem ser modificados segundo o tipo
As charruas invertem os pães de terra sobre os quais trabalham em maior
de restolho, velocidade de lavoura, inclinação dos discos…
ou menor grau, deixando a superfície exposta aos efeitos deteriorantes
Comportamento das diferentes ferramentasna lavoura secundária
das altas temperaturas e chuvas. A charrua de relhas e aiveca incorpora

Grade de discos, de uso frequente devido ao seu fácil manejo e versatilidade. A grade
é uma ferramenta que se emprega para nivelar o terreno, romper os torrões, remover
o solo e destruir ervas daninhas, gera um alto grau de erosão nos solos.
Grade de dentes, empregada para amolecer o terreno lavrado imediatamente antes
da sementeira, de menor agressividade do que a ferramenta anterior, resultar ser o
Fig 5 Subsolador complemento ideal da charrua-grade, o seu grado de agressividade aumenta ao ser
utilizada em tandem com a grada de discos.
Rolo desterroador, é utilizado com o fim de completar a fractura de torrões,
Lavoura
simultaneamente actua como compactador quando a quantidade de restolho foi grande
A lavoura é o conjunto de operações primárias e secundárias realizadas para preparar
e o tempo de decomposição curto, melhorando as condições de uso para a semeadora
uma cama de sementeira, para uma determinada cultura.
e o contacto solo-semente. Nos solos de estrutura fraca a pressão é habitualmente
Lavoura primária é a destinada a abrir pela primeira vez o solo, é realizada com as
excessiva, provocando a degradação da estrutura. Nos solos limosos e argilosos a sua
charruas de relha de aiveca, charrua-grade (múltipla ou de aivequilhos) ou
acção provoca a formação de crostas duras.
escarificador pesado. A lavoura secundária inclui as operações de refinamento e
Vibrocultor, cumpre a tarefa da grade de dentes. A sua diferença estrutural radica nos
nivelação na preparação da cama de sementeira, é desenvolvida com diferentes tipos
braços elásticos que o conformam. Este implemento produz com a sua vibração golpes
de grades de discos, gradas de dentes, rolos desterroadores, barras de mondas ou
secos sobre os torrões, partindo-os por impacto, e também descalça as ervas daninhas
cultivadores de cinzeles e vibrocultores.
expondo-as ao sol. É um implemento que normalmente é usado a alta velocidade (9-
O solo é um corpo natural complexo, as suas propriedades são mutantes e evolui
12 Km/h)
como tal.
A lavoura produz modificações geralmente desfavoráveis do ponto de vista da
Tende para um equilíbrio em que as mudanças são quase imperceptíveis em solos
conservação de algumas propriedades dos solos: Degradação integral do recurso solo
virgens; colocados sob cultura, procuram um novo equilíbrio com bruscas mudanças e
(propriedades físicas, químicas e biológicas), incremento de erosão hídrica e eólica das
alterações das suas propriedades físicas, químicas e biológicas e as operações de
superfícies agrícolas e paulatina perda de produtividade dos solos.
lavoura geram profundas modificações que alteram o seu equilíbrio.
Fig 6 charruas de relha de aiveca

Fig 9 Rolo desterroador

Fig 7 Grade de discos

Fig 10 Vibrocultor

Abertura de covas

Fig 8 Grade de dentes

Fig 11 Maquina de abertura de covas


1.3 Sementeiras e plantações  Apresentam várias estratégias reprodutivas e de regeneração
(sementes ou propágulos) Finney e Creamer (2008); Vasconcelos et al.
As sementeiras e plantações é uma das etapas mais importantes no seguimento da
(2014)
preparação do terreno. A escolha estará sempre dependente de vários fatores:
 ; Ligenfelter (2016) Produzem um grande número de sementes Finney e
Variedades
Creamer (2008); Marques (2012); Ligenfelter (2016)
Clima  Algumas sementes apresentam dormência Finney e Creamer (2008);
Tipode solo Vasconcelos et al. (2014); Ligenfelter (2016)

Disponibilidade de água  Capacidade de ocupar locais perturbados pela atividade humana


Liebman et al. (2004); Madge (2007); Ligenfelter (2016)
Etc.
 Tendem a associar-se a culturas com ciclos semelhantes Blackshaw et al

Principais inconvenientes das infestantes Inconvenientes


1.4 Amanhos culturais
 Competem com a cultura por água, luz, nutrientes e espaço Madge (2007);
Amanhos culturais, são todos os trabalhos que se fazem depois da sementeira e antes
da colheita. Finney e Creamer (2008); Vasconcelos et al. (2014); Ligenfelter (2016)
 Servem de abrigo a pragas e doenças Liebman et al. (2004); Madge (2007);
Para o bom desenvolvimento das plantas é necessário a execução de algumas praticas
culturais, onde todas as operações devem ser executadas na época certa. Finney e Creamer (2008); Ligenfelter (2016)
 Aumentam os custos de produção Finney e Creamer (2008); Ligenfelter (2016)
Amanhos comuns, à maioria das culturas:
 Interferem com os operadores, animais e maquinaria Liebman et al. (2004);
 Sachas e mondas;
Finney (2008); Ligenfelter (2016)
 Fertilização;  Reduzem a quantidade e qualidade da colheita Finney e Creamer (2008);
 Tratamentos fitossanitários; Ligenfelter (2016)

 Rega.  Limitam a escolha das operações culturais


 Liebman et al. (2004); Ligenfelter (2016)

Principais vantagens das infestantes Vantagens


Sachas e mondas
 Aumentam o teor de matéria orgânica do solo, reciclam nutrientes e
Principais características das infestantes
estimulam a atividade biológica Madge (2007); Marques (2012); Ligenfelter
 Rápido crescimento e amadurecimento Finney e Creamer (2008); (2016)
Marques (2012); Vasconcelos et al. (2014); Ligenfelter (2016)  Ajudam a controlar a erosão e aumentam a capacidade de retenção de água
 Podem reproduzir-se na fase jovem Liebman et al. (2004); Finney (2008) no solo Madge (2007); Marques (2012); Ligenfelter (2016)
 Toleram uma vasta gama de condições edafoclimáticas Finney e  Algumas espécies podem servir de alimento para animais ou serem utilizadas
Creamer (2008); Vasconcelos et al. (2014) na extração de óleos e substâncias medicinais Madge (2007); Ligenfelter
(2016)
 Podem ser utilizadas como sebe, cobertura do solo ou enrelvamento e abrigar Métodos de controlo de infestantes
fauna auxiliar Liebman et al. (2004); Marques (2012)
 Servem de adubo verde e fornecem material para a compostagem Liebman et
al. (2004) As leguminosas têm capacidade em fixar azoto atmosférico Liebman
et al. (2004)
 Providenciam banco genético Ligenfelter (2016)
 Fornecem indicações sobre a natureza, estrutura e composição química do
solo Liebman et al. (2004);

A eliminação das plantas infestantes deve ser realizada enquanto estas são jovens,
preferencialmente com 1-2 cm de altura, devido à sua maior suscetibilidade e também
para evitar que contribuam para o aumento da humidade junto das culturas (Mourão
e Pinto, 2006). Atualmente ainda não existem herbicidas químicos homologados para
o MPB na Europa. No entanto, nos Estados Unidos, já são comercializados herbicidas
de contacto para AB que têm como substâncias ativas base o ácido cítrico e o ácido 1.5 Tratamentos fitossanitários, monda química e
acético (Finney e Creamer, 2008). Os métodos utilizados no controlo das infestantes utilização de produtos fitofarmacêuticos
podem ser enquadrados na categoria de preventivos ou de intervenção direta.
-Tratamentos fitossanitários:

Destinam-se a proteger as culturas de inimigos, como pragas, doenças, infestantes ou


à conservação dos produtos agrícolas, podendo ser constituído por uma substância
activa ou por mistura de substâncias activas.

- Monda química:

Processo de eliminação de ervas daninhas por ação de herbicidas.

Tratamentos fitossanitários, monda química e utilização de produtos


fitofarmacêuticos

-Utilização de produtos fitofarmacêuticos:


Os produtos fitofarmacêuticos dividem-se em 2 grupos: veículo aplicador dos produtos agroquímicos usados na agricultura de regadio,
nomeadamente fertilizantes, insecticidas, herbicidas, praguicidas e outros produtos
 Produtos fitofarmacêuticos de uso profissional, que são
usados no combate de doenças e pragas das culturas e de infestantes.
Todos aqueles que dispõem da frase: “Este produto destina- se a ser utilizado por
Surgiu assim, o conceito de – fertirrega (“Fertigation”) – quando se trata da aplicação
agricultores e outros aplicadores de produtos fitofarmacêuticos.” Todos aqueles que
de fertilizantes. Este conceito é, contudo, em alguns autores, substituído por outro
pretendam aplicar produtos fitofarmacêuticos de uso profissional, devem dispor de
mais geral e que é designado por – Quimirrega (“Chemigation”) – englobando-se não
certificado da ação de formação em Aplicação de produtos fitofarmacêuticos, até 26 de
só a fertirrega, como também a aplicação dos outros tipos de agroquímicos, através da
novembro de 2015.
água de rega, de acordo com as exigências das plantas, tanto mais que os
Utilização de produtos fitofarmacêuticos: equipamentos de injecção são os mesmos.

Produtos fitofarmacêuticos de uso não profissional – A utilização destes produtos Dependente do sistema de rega, os agroquímicos podem ser aplicados directamente

aplica-se em ambiente doméstico (plantas de interior, hortas e jardins familiares…) na zona radicular (rega subterrânea), junto da zona radicular (rega localizada, ou de

Neste caso a formação não é obrigatória. superfície), na parte aérea da planta (rega por aspersão), ou em ambas.

Com esta acção, possibilita-se, por um lado, fazer a aplicação de uma forma mais
eficiente e uniforme, mais facilmente assimilável, e simultaneamente, evitar as
1.6 Rega e drenagem. operações que, de outra forma, teriam que ser realizadas por métodos clássicos.

O principal objectivo da rega, é fornecer às plantas a quantidade de água necessária,


para compensar aquela que é perdida por evaporação directa do solo e por A dotação, será função das características do solo, das condições climáticas e da
transpiração das plantas. cultura, nomeadamente do seu estádio de desenvolvimento.

A rega, é, como foi definida, a aplicação artificial de água ao solo, de uma forma A drenagem do solo consiste num processo de remoção natural ou artificial, do
eficiente e uniforme, com o objectivo de fornecer humidade às plantas cultivadas e excesso de água que se encontra no/ou sobre o solo. Os drenos colocados no solo
melhorar as condições em que as mesmas se desenvolvem, sempre que o solo não consistem em tubos especializados, valas ou fossos especializados para drenar.
tiver a humidade suficiente. Esta distribuição deverá efectuar-se tendo em atenção a O processo de drenagem consiste no processo de escoar e “enxugar” a água de
qualidade da água, a cultura e fase de desenvolvimento, a época do ano, o tipo de terrenos agrícolas encharcados ou alagados bem como outro tipo de terrenos que
solo, as condições culturais, etc. tenham excesso de água. A drenagem do solo pode ser feita através de tubos, canais,

Com a pressão ambiental sobre a agricultura, e com a escassez e o custo da água para valas e túneis podendo também serem utilizados motores para auxiliar o escoamento,

rega, os sistemas de rega tem tido um desenvolvimento no sentido da aplicação da o que pode tornar todo o processo mais dispendioso.

água de uma forma cada vez mais uniforme e eficiente, o que associado à aplicação O processo de drenagem começa primeiramente com a verificação da origem do

localizada e a uma gestão com automatismos crescentes, possibilitou a que a rega, excesso de água no local que será drenado e logo após esse procedimento é feito

para além de cumprir o seu objectivo primeiro, pudesse ser aproveitada,

simultaneamente, como
um levantamento topográfico do local para elaborar um projeto mais efetivo de 1.7 Maneio e reprodução animal.
escoamento da água.
Todos os tipos de solo estão sujeitos à drenagem natural cuja intensidade depende das É um termo amplo que diz respeito a todas as actividades diariamente desenvolvidas

suas características edáficas. No entanto, apenas os solos que apresentem uma com o rebanho.

capacidade de drenagem insuficiente para a tolerância hídrica da cultura é que


É o conjunto de práticas relacionadas com a reprodução animal, visando aperfeiçoar a
devem ser submetidos a drenagem artificial, desde que os custos justifiquem (na
reprodução do rebanho. Tem como base a alimentação/nutrição e sanidade que
maioria dos casos, os custos associados a este processo são elevados,pelo que deve
sustentam a actividade como um todo.
ponderar bem e avaliar todas as condicionantes).

1.8 Sanidade animal

Entende-se por sanidade animal, o conjunto das condições fornecidas ao animal que
podem aumentar o bem-estar de um modo geral e incrementar consequentemente a
eficiência da produção e a qualidade e segurança dos produtos animais.

Implica um conceito de prevenção de doença.

A sanidade animal deve basear-se num programa que contemple:

• Escolha do tipo de animal, raça ou cruzamento conforme a adaptação, rusticidade e


resistência às doenças;

• Aplicação de práticas zootécnicas adequadas;

• Adequação da carga animal;

• Alimentação adequada tanto em características nutricionais como sanitárias.

 As práticas zootécnicas e de manejo não devem criar situações de stress e


contribuir para patologias da produção.
 A exploração pecuária deve ter um Plano de Profilaxia Médico-Sanitária
Fig 12 Drenagem do solo
contemplando as doenças infecto-contagiosas, não sujeitas a controlo oficial, e
o controlo de parasitoses.
 A exploração pecuária deve ainda possuir um plano escrito de boas práticas de
higiene, o qual contemple práticas de limpeza, desinfecção, desinsectização e
desratização das instalações de armazenamento de alimentos ou de alojamento
dos animais.

1.9 Colheita e conservação.

Dá-se o nome de colheita ao acto de colher/apanhas os frutos geralmente obtidos


através de cultivos. O termo também faz referência à época em que é realizada essa
apanha, aos produtos apanhados e ao conjunto dos frutos.

A conservação é a acção e o efeito de conservar (manter, cuidar ou preservar algo).

Consiste em diversas técnicas para prolongar a vida e a disponibilidade da comida para


humanos ou animais. Fig 14 Enfardadeiras

A desidratação, a pasteurização, a adição de sal, a defumação e a congelação, são


alguns dos procedimentos mais frequentes.

1.10 Mecanização e automatização das operações –


Principais máquinas e equipamentos utilizados.
Fig 15 Charrua de aivecas
Máquinas

Fig 13 Tratores agrícolas


Fig 19 Grade de dentes

Fig 16 Charrua de discos

Fresas

Fig 20 Fresas

Fig 17 Subsolador

Fig 21 Espalhador de estrume


Fig 18 Escarificador
Fig 22 Espalhador de chorume

Fig 25 Pulverizadores de barras

Fig 23 Distribuidor de adubo e/ou sementes

Fig 27 Pulverizador atomizador

Fig 23 Semeadores

Fig 28 Podadores

Fig 24 Plantadores
2 – Impacto da produção no ambiente • Toxicidade crónica: possibilidade de provocar cancro, efeitos na reprodução e
desenvolvimento de fetos, alterações genéticas e efeitos no sistema nervoso.
2.1 Agricultura intensiva e biodiversidade
Resíduos:
A agricultura intensiva é um sistema de produção agrícola que faz uso intensivo dos As embalagens vazias de produtos fitofarmacêuticos são resíduos
meios de produção e na qual se produzem grandes quantidades de um único tipo de perigosos, quer para o Homem, quer para o meio ambiente. Por isso:
fruta ou hortícola. • Não reutilize;
• Não coloque no lixo doméstico;
Requer grande uso de combustível e insumos, e pode acarretar alto impacto
• Não coloque no ecoponto;
ambiental, pois não é utilizada a rotação de terra.
• Não enterre ou queime;
Biodiversidade é a grande variedade de formas de vida (animais e vegetais, • Não as deixe abandonadas;
microrganismos) que são encontradas nos mais diferentes ambientes. • Não deite nas ribeiras;
• Não deite no mar.
2.2 Produtos fitofarmacêuticos, toxicidade e resíduos
Objectivos dos produtos fitofarmacêuticos:
Resíduos:
• Proteger os vegetais ou os produtos vegetais, de todos os organismos A VALORFITO é a entidade gestora das embalagens de produtos
prejudiciais; fitofarmacêuticos.

• Assegurar a conservação de produtos vegetais;

• Destruir plantas indesejáveis.

• Potenciais riscos que se lhes associam:


• riscos para a saúde humana e animal (doenças agudas e crónicas, a nível
hormonal e reprodutivo);
• provocação de resíduos nos produtos e géneros agrícolas tratados;
• provocação de resíduos no solo e na água e causa de intoxicação nos
organismos do solo e nos organismos aquáticos;
• poluição do ar;
• persistência e acumulação na cadeia alimentar em resultado da sua difícil
degradação;
• riscos para a biodiversidade;
• provocação de resistências nalguns organismos.

Toxicidade:
Fig 29 Gestora de embalagens de produtos fitofarmacêuticos
o Os P.F.F, são produtos mais ou menos tóxicos para o homem e animais,
o e essa perigosidade mede-se através da sua:
• Toxicidade aguda: por ingestão, contacto com a pele, por via
o respiratória, irritação da pele e olhos e sensibilização da pele.
ONDE ENTREGAR OS RESÍDUOS DE EMBALAGENS FITOFARMACÊUTICAS?
2.4 Poluição atmosférica - Metano, óxidos de azoto e
No local onde comprou o produto ou num ponto de retoma.
volatilização da amónia.
Para saber o ponto de retoma mais próximo, consulte a página na internet da
VALORFITO: O metano forma-se a partir da fermentação de resíduos orgânicos pela ação de
bactérias, como a decomposição do lixo orgânico nos aterros sanitários, digestão de
www.valorfito.com
herbívoros, extração de combustível mineral, entre outros processos.

A mistura do metano com o ar, provoca explosão

violenta quando em contacto com chama ou

faísca.

Os óxidos de azoto (NOx), onde se incluem o dióxido de azoto (NO2) e o monóxido de


azoto (NO) têm origem principalmente ao nível da combustão de combustíveis fósseis
e em fontes naturais tais como as descargas eléctricas na atmosfera ou certas
transformações microbianas.

As perdas de azoto (N) por volatilização de

2.3 Poluição das águas - Fertilizantes, produtos amônia (N-NH3) são influenciadas principalmente por condições climáticas, tais como
vento e temperatura do ar, e condições do solo, tais como classe de solo, humidade no
fitofarmacêuticos e dejeções animais.
solo e presença de restos culturais.
A poluição da água é resultado das alterações de sua qualidade e que a tornam
imprópria para o consumo e prejudicial aos organismos vivos que nela habitam. 2.5 Degradação do solo - Erosão e resíduos,
A actividade agrícola é potencialmente poluidora porque o uso de pesticidas e
desertificação e salinização.
fertilizantes químicos, pode infiltrar no solo e atingir o lençol freático.

Erosão:

É o processo de desgaste, transporte e sedimentação do solo, dos subsolos e das


rochas como efeito da ação dos agentes erosivos, tais como a água, os ventos e os
seres vivos.

Desertificação:
A desertificação é um processo que intensifica a aridez. Este processo natural – como as mudanças
ocorre em razão das actividades humanas ou de factores de ordem

climáticas. Em diferentes graus de intensidade, há o comprometimento da fertilidade e


uso dos solos.
3.3 Enquadramento legal
Salinização:
O Regime Jurídico da Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) sofreu uma nova alteração
Entende-se por salinização do solo o processo de excessivo acúmulo de sais minerais,
que o torna mais abrangente.
estes geralmente provenientes das águas utilizadas pela irrigação na agricultura.
Com a alteração introduzida através do mais recente Decreto-Lei nº 152-B/2017, de
A utilização de métodos incorrectos nas práticas agrícolas é a principal causa para a
11 de Dezembro, em questões como:
salinização dos solos.
• A eficiência e a sustentabilidade na utilização dos recursos;
3 - Proteção e melhoria do ambiente • A proteção da biodiversidade;
• As alterações climáticas;
3.1 Noção de ambiente • O território;
• O solo;
Conjunto de condições que envolvem e sustentam os seres vivos, abrangendo
• Os riscos de acidentes e catástrofes.
elementos do clima, solo, água e de organismos.
3.4 Medidas de proteção da água e do solo
3.2 Poluição e saúde ambiental
Para haver qualidade de vida e não colocar a saúde em risco, é necessário
Poluição é qualquer alteração provocada no meio ambiente, que pode ser um
que o ambiente esteja protegido das agressões constantes do homem. É preciso,
ecossistema natural, agrário, ou urbano.
entre outras medidas:
Pode ser causada pela introdução de substâncias artificiais e, portanto, estranhas a
• Diminuir a quantidade de gases que se enviam para a atmosfera;
qualquer ecossistema.
• Diminuir a quantidade de adubos, pesticidas e herbicidas que se usam na
A poluição e a contaminação do solo, podem tornar a terra improductiva para plantio agricultura, que poluem os solos e contaminam os lençóis de água;
e também podem gerar riscos para a saúde das pessoas. • Proteger as águas, procurando tratar e despoluir os esgotos e as águas que
vêm das fábricas;
A Saúde Ambiental compreende os aspectos da saúde humana (incluindo a qualidade
• Evitar o desperdício de água
de vida), que são determinados por factores físicos, químicos, biológicos, sociais e
psicológicos do ambiente
4 – Código de Boas Prácticas

Regras e Legislação
O artigo 6º do Decreto-lei n.º 235/97, de 3 de setembro , refere a
obrigação, pelos Estados Membros, da elaboração de um Código ou
Códigos de Boas Práticas Agrícolas
(CBPA), a aplicar pelos agricultores, tendo em vista eliminar ou minimizar os riscos da
poluição causada por nitratos de origem agrícola.

5 – Qualidade dos produtos e processos de produção


agrícola O Instituto Português da Qualidade (IPQ) é o Organismo Nacional
de Normalização (ONN).

5.1 Normas de qualidade


Uma norma é um documento de referência aprovado por uma entidade competente
para o efeito, como é o caso da International Organization for Standardization (ISO). As
normas definem requisitos, especificações, diretrizes ou características que podem ser
usadas de forma consistente para garantir que materiais, produtos, processos e serviços
sejam adequados para seu propósito.
5.2 Certificação dos produtos e dos processos de
produção agrícola e parâmetros da qualidade dos 5.3 Qualidade e segurança alimentar
produtos agrícolas.
A certificação é o processo através do qual uma entidade independente atesta que um Qualidade alimentar é definido como o "conjunto de propriedades e características de
produto cumpre determinadas normas ou especificações
um produto alimentar ou alimento relativas a matérias primas ou ingredientes
utilizados na sua elaboração, natureza, composição, pureza, identificação, origem e
rastreabilidade, assim como os processos de elaboração, armazenamento, embalagem
e comercialização utilizados na apresentação do produto final, especialmente no
rotulado".

A segurança alimentar garante que os alimentos não vão ser prejudiciais para o
consumidor no momento de consumo, quando são preparado e/ou consumidos de
acordo com o uso pretendido.

5.4 Organismos/entidades relevantes ao controle

e à garantia de qualidade dos produtos agrícolas las.


A qualidade abrange todos os aspectos físicos do produto que contribuem para a sua
definição precisa (ex: percentagem de gordura, grau de acidez, teor alcoólico), mas
também aspectos relacionados com o processo de produção (ex: em modo de produção
biológico, em produção e proteção integrada), respeitando as regras de bem-estar
animal e aspectos relacionados com o controlo de qualidade, nomeadamente a
adequação do produto ou do processo de produção a determinadas normas.

5.5 Legislação
Decreto-Lei n.º 256/2009

Estabelece os princípios e orientações para a prática da protecção integrada e produção


integrada, bem como o regime das normas técnicas aplicáveis à protecção integrada,
produção integrada e modo de produção biológico.

6 - Método de Proteção Integrada

6.1 Princípios básico da proteção integrada


A Proteção Integrada pode ser definida como a estratégia que utiliza diferentes técnicas
de controlo (biológicas, culturais, físicas e químicas), complementares entre si e cuja
prioridade é evitar ou reduzir os danos causados por uma ou mais pragas numa cultura
particular.

6.2 Componentes da proteção integrada


O conceito de Proteção Integrada foi desenvolvido por entomologistas nos anos 50,
como um sistema que aplicava princípios ecológicos no uso de métodos de controle
biológico e químico contra insetos nocivos. Posteriormente ampliou-se para incluir
todos os métodos de controlo e ultimamente ampliou-se ainda mais, incluindo todos
os tipos de pragas - patógeneos, insetos, nemátodos, infestantes e vertebrados.

Assim, a Proteção Integrada pode ser definida como a estratégia que utiliza diferentes e cuja prioridade é evitar ou reduzir os danos causados por uma ou mais pragas numa cultura
técnicas de controlo (biológicas, culturais, físicas e químicas), complementares entre si particular. É dada prioridade aos métodos que são mais seguros para a saúde humana e para o
ambiente, que permitem a produção económica de produtos de qualidade para o
económico é definido como a densidade à qual se devem iniciar medidas de controlo a
mercado ou, mais ainda, conceitos tais como a Produção Integrada, que têm como fim de evitar o aumento da população da praga que atinja o NEA.
base a Proteção Integrada.
O limiar económico deve ser determinado antes do nível de dano económico, a fim de
Desenvolvimento de um programa de Proteção Integrada
ter tempo suficiente para o início das medidas de controlo e para que essas medidas
entrem em vigor antes da população atingir o NEA. Por conseguinte, o NEA é definido
Os elementos a tomar em consideração para desenvolver um programa de Proteção
como a densidade da população de uma praga que provoca uma redução no valor da
Integrada são:
colheita, seja em rendimento ou qualidade, e que é maior do que o custo do
1. Identificar corretamente o problema; por exemplo, pragas ou doenças e os tratamento de controlo.
seus inimigos naturais.
Assim, o NEA varia com o tempo e local durante uma temporada e é sensível às
2. Monitorizar a praga, temperatura e humidade, o que permite determinar com
condições ambientais e práticas agronómicas, aos custos de produção e às condições
precisão os níveis de infestação da praga, a presença de inimigos naturais e o
de preço do produto no mercado.
efeito das condições ambientais sobre eles.
3. Determinar níveis de prejuízo económico a partir dos quais é necessário
acompanhamento.
4. Tomar decisões de gestão de acordo com as informações obtidas através da Prevenção, observação e intervenção
monitorização.
Existem três passos que devem ser levados em conta: prevenção, observação e
5. Fazer uso do controlo natural, cultural e biológico em conjunto com a utilização
intervenção.
de produtos seletivos, se necessário.
6. Avaliar decisões ao nível de pequenos, médios e grandes agricultores.
7. Transferir os resultados ao nível dos agricultores e consultores técnicos.
1. PREVENÇÃO

Limitar ou prevenir pragas, através da gestão das culturas, de forma a aumentar as


Limiar e Nível Económico de Ataque (NEA) populações de auxiliares, reduzindo os locais das diferentes pragas e/ou diminuindo o
alimento para as pragas.
O limiar de prejuízo económico, uma ferramenta crítica na Proteção Integrada, indica-
nos o tempo oportuno para decidir uma ação preventiva. Assim, o limiar de prejuízo Para quebrar o ciclo da praga, algumas ferramentas a usar são: rotação de culturas,
variedades resistentes a pragas, boa sanidade, remoção de pragas e hospedeiros,
gestão de resíduos de colheita, restolhos e sementes. Existem também métodos
espaciais e sequenciais e de controlo de material de plantação ou sementeira.

Métodos espaciais: como, por exemplo, usar vários padrões de cultivo, espaçamento as pragas ou intercaladas com outras, gestão do habitat.
entre plantas, cultivos intercalados, plantações em fileiras, uso de culturas que atraem
Métodos sequenciais: como por exemplo, rotação de culturas, culturas múltiplas, etc.,.
na cultura, pode ser recomendável o tratamento com um inseticida. Essa
Controle da plantação/sementeira: como por exemplo, a resistência da planta
recomendação faz-se de acordo com a fase de crescimento da cultura e da presença
hospedeira, o uso de sementes e plantas livres de doenças, diversidade genética da
de insetos benéficos.
cultura, fertilização e irrigação adequada, etc.
Também é possível que assessores de organismos públicos, ou outros, tenham
programas de previsão para aconselhar os agricultores sobre quando realizar
atividades de controle de pragas.
2. OBSERVAÇÃO

Gestão regional:
O objetivo deste aspeto da proteção das culturas é determinar quais as medidas a
tomar e quando as tomar.
Para permitir um controlo eficaz de certas pragas, é possível que se tenham que tomar
medidas de controlo de grande envergadura, especialmente quando se trata de pragas
Acompanhamento das culturas:
altamente móveis. Nestes casos, provavelmente todos os agricultores de uma dada
A inspeção à cultura em intervalos regulares é uma questão fundamental. Há que localidade devem tomar medidas adequadas. Normalmente essa ação coordenada
averiguar como crescem as plantas, as infestantes, os insetos e doenças que estão a seria organizada por organismos públicos. Por exemplo, a gestão da mosca da fruta.
aparecer, para chegar a uma decisão sobre o uso de fertilizantes, controle de
infestantes, insetos e doenças e, finalmente, a data em que a época de colheita deve
começar.
3. INTERVENÇÃO

Também se devem avaliar os inimigos naturais, já que a sua presença pode permitir
O objetivo das medidas de intervenção direta é reduzir populações de pragas a níveis
que se minimize o uso de produtos fitofarmacêuticos. Deve-se contar o número de economicamente aceitáveis. Os tipos de controlo são:
pragas presentes e o número de inimigos naturais presentes na cultura, para se chegar
a uma decisão sobre as ações apropriadas. Químico: com substâncias orgânicas e inorgânicas. Podem ser sintéticas, organismos
ou derivados de organismos (biopesticidas, feromonas, aleloquímicos, reguladores de
Sistemas de suporte das decisões: crescimento de insetos) ou provenientes de recursos naturais (inorgânicos) .

A fim de ajudar os agricultores a tomar decisões sobre a incidência de pragas nas suas Biológico: a intervenção biológica utiliza organismos predadores, parasitóides e
culturas, fazem-se investigações para determinar em que ponto devem ser agentes patogénicos de pragas. Estes podem ser introduzidos diretamente.
executadas. Por exemplo, quando a população de um inseto prejudicial atinge um
determinado nível Cultural: são medidas de gestão, tradicionais ou não, que podem ser preventivas ou
intervencionistas. A maneira de agir é fazer com que a planta seja inaceitável para a
praga, devido à dimensão das populações de pragas de inimigos naturais. Nesta
categoria estão, por exemplo, rotação de culturas, culturas intercaladas, culturas que
atraem as pragas, o uso de plantas e/ou de sementes certificadas, plantação e cultivo 7.1 Princípios básicos do modo de produção
no momento apropriado, gestão adequada da irrigação e adubação, etc.
A proteção integrada consiste na avaliação ponderada de todos os métodos de proteção
Físico: a manipulação física pode alterar as características físicas do ambiente para das culturas disponíveis e a integração de medidas adequadas para diminuir o
gerir as populações de pragas. Estas incluem, por exemplo, a destruição de resíduos de desenvolvimento de populações de organismos nocivos e manter a utilização dos
culturas, mobilização apropriada do solo, barreiras físicas, tais como produtos fitofarmacêuticos e outras formas de intervenção a níveis económica e
estufas, solarização, gestão do nível de humidade do solo para lidar com algumas ecologicamente justificáveis, reduzindo ou minimizando os riscos para a saúde
pragas, etc. humana e o ambiente.

Genético: controlo através da gestão de genes, cromossomas e sistemas reprodutivos 7.2 Plano de exploração
das culturas, pragas e populações benéficas. Exemplos: resistência de plantas
hospedeiras, esterilização de insetos machos, melhora genética de inimigos naturais, O exercício da produção integrada inicia-se com a elaboração de um plano de

etc. exploração, que descreve o sistema agrícola e a estratégia de produção, de forma a


permitir a execução de decisões fundamentadas e assentes nos princípios da produção

6.3 Legislação integrada.

Este plano de exploração deve encontrar-se na posse do agricultor e deve apresentar os


Decreto-Lei n.º 85/2015 de 21 de Maio
elementos referentes ao sistema agrícola e à estratégia de produção

O Programa do XIX Governo Constitucional define, de entre os objetivos estratégicos


7.3 Conservação do solo e melhoria do estado de
para a agricultura, por um lado, a garantia de transparência nas relações produção-
transformação- distribuição da cadeia alimentar e, por outro lado, a promoção da fertilidade
criação e dinamização de mercados de proximidade.
No que respeita à componente vegetal deve obedecer-se aos seguintes critérios:

7 – Modo de Produção Integrada • O material destinado à plantação ou sementeira deve ser certificado de acordo
com as normas oficiais em vigor, garantindo nomeadamente a sua
homogeneidade e estado sanitário;

• A densidade de plantação ou sementeira deve ser adequada às características


edafo-climáticas da região;

• As culturas permanentes devem ser podadas de modo a obter-se um


desenvolvimento uniforme e equilibrado.

, o feijão, fava e outras.


Além de aumentar o porta-enxertos, que devem condições favoráveis para o
A avaliação da
nível de azoto no solo, ser adquiridos em viveiristas início dos ataques de pragas,
qualidade da água de
a adubação verde licenciados. doenças e infestantes.
rega nas explorações
potencializa a
agrícolas é muito
produção de húmus. 7.5 Escolha dos 7.7 Gestão da água
importante, dado que
meios de de rega e da
o excesso de sais ou o
7.4 Selecção de proteção sua qualidade
seu desequilíbrio além
variedades
Na escolha dos meios de O objectivo principal da de causar danos às
e de
proteção existentes contra Gestão de Água, ou gestão culturas, pode
material
vegetal os inimigos das culturas, de rega, é aplicar apenas e acelerar processos de
deve ser efectuada uma estritamente o volume de degradação física e
As sementes utilizadas estimativa do custo da água necessário às plantas, química do solo e,
para as sementeiras proteção fitossanitária, a no momento exacto e de um consequentemente,
devem ser certificadas qual abrange as despesas modo adequado ao tipo de diminuir a sua
e face à legislação relativas ao preço dos solo existente. fertilidade.
portuguesa e tratamentos e a ponderação
comunitária, só se dos efeitos secundários
7.8 Condução e
encontra autorizada a desses tratamentos.
amanhos culturais
venda de sementes
Para um bom
certificadas e inscritas 7.6 Proteção
desenvolvimento das
no Catálogo Nacional fitossanitária
plantas, é necessária a
de Variedades (CNV)
A luta contra os inimigos das execução de diversas
ou no Catálogo
culturas, deve ter início práticas culturais,
Comum de Variedades
antes da instalação da independentemente
de Espécies Agrícolas
cultura no terreno, tendo de qual seja a cultura.
(CCVEA).
em consideração o tipo de Deve ser observada a
O mesmo sucede com solo, as condições época adequada de
a utilização de meteorológicas, a época cada trato cultural do
propágulos e materiais mais aconselhável da plantio até a colheita,
de multiplicação plantação, adoptando desbaste de plantas,
vegetativa, variedades medidas preventivas que controle de plantas
frutícolas, castas e impeçam o invasoras, adubações,
desenvolvimento de
podas, que oferece a O acesso a forma adequada e
desbaste terra, infra-estruturas que um produto
de frutos geralmente de apresente o perigo de
e rotação obtidos através armazenament deterioração antes de
de de cultivos. O o elimina a ser consumido,
cultura. termo também necessidade de normalmente a
faz referência à comercializar os melhor solução é
7.9 C época em que produtos conservá-lo.
é realizada
olheit imediatamente
A conservação implica
essa apanha, depois da
que o produto será
a, aos produtos colheita.
modificado de modo a
apanhados e
acondi No caso de não que as suas
ao conjunto
ser possível propriedades mudem
ciona dos frutos
armazenar os e esse possa ser
mento O acondicionamento deve produtos de mantido durante mais
satisfazer os seguintes
tempo.
, requisitos:

armaz Deve proteger


de bem estar animal foi dado
os alimentos
enam pelo inglês Barry Hughes, que
contra uma
o define como «um estado de
entoe série de riscos
completa saúde física e
conser
e perigos 7.10 Bem estar
mental, em que o animal está
durante a animal
em harmonia com o ambiente
vação distribuição e o
O conceito de bem estar que o rodeia».
armazenament
Dá-se o animal refere-se a uma boa
o. Esta função
nome de ou satisfatória qualidade
7.11 Maneio e
inclui a de
colheita alimentação
funcionar como de vida que envolve
ao acto animal
barreira contra determinados aspectos
de referentes ao animal, tal
a sujidade, Maneio, diz respeito a todas
colher/ap como saúde, felicidade e as actividades diariamente
microrganismo
anhar os desenvolvidas com os animais.
s e outros longevidade. Um dos
frutos conceitos mais populares Uma alimentação adequada é
contaminantes;
fundamental para o prejudiciais à
o Substâncias tóxicas; fertilidade do solo;
saúde animal:
bem- estar, saúde e
o Perturbações
o Traumati o Melhora a estabilidade
productividade dos fisiológicas
smos; do solo;
animais.
o Doenças
Infeccios
7.13 Gestão de o Fornecimento de água
A composição em as; efluentes de às culturas.
nutrientes da dieta o Doenças origem Se manuseado de
(isto é, da mistura parasitári animal forma imprópria:
as,
dos alimentos que o
o Deficiênc Efluentes Pecuários o Causar a poluição dos
animal ingere), deve ias são um recurso recursos hídricos;
também respeitar Nutricion valorizável, se bem
ais; gerido. o Fonte de odores /
determinadas
Gazes Efeitos Estufa;
proporções.
o Fonte de nutrientes
minerais das o De moscas e outros
7.12 Profilaxia plantas; insectos;

e saúde o A matéria orgânica o Disseminar infestantes;


animal melhora a parasitas; doenças

Profilaxia: conjunto
de procedimentos
visando a prevenção
da doença em nível
populacional.

Objectivos:

• Evitar a
introdução de
doenças;
• Controlar
e/ou evitar o
aparecimento
de novos
casos de
doenças;
• Diminuir os
efeitos da
doença.
• Principais
factores,
7.14 Legislação
Decreto-Lei n.º 37/2013, de 13 de março

Estabelece o regime das normas técnicas aplicáveis à proteção integrada, à produção


integrada e ao modo de produção biológico.

8 - Modo de Produção Biológico

8.1 Objectivos e princípios


O Modo de Produção Biológico é um sistema global de gestão das explorações
agrícolas e de produção de géneros alimentícios que combina as melhores práticas
ambientais, um elevado nível de biodiversidade, a preservação dos recursos naturais, a
aplicação de normas exigentes em matéria de bem-estar dos animais e método de
produção em sintonia com a preferência de certos consumidores por produtos obtidos
utilizando substâncias e processos naturais.

8.2 Fertilidade do solo e fertilização Utiliza como meio de diagnóstico:

A Fertilidade de um solo, depende sempre das suas características físicas, o Análise de terra;
químicas e biológicas. o Análise foliar.
Um complexo de insectos, ácaros, fungos, aves, bactérias e outros organismos
auxiliares, que podem contribuir para a diminuição considerável da população das
pragas das culturas. Constituem, assim, um recurso natural gratuito e renovável,
presente em todos os ecossistemas agrários.

- Proteção fitossanitária em Modo de Produção Biológico

O primeiro passo para uma boa proteção fitossanitária é criar condições para um
desenvolvimento vegetativo equilibrado da planta, para que esta seja mais resistente.

Garantir que o solo, donde a planta extrai os elementos necessários ao seu


crescimento, seja um solo fértil, rico em matéria orgânica e com teores de ph
A fertilidade e a actividade biológica dos solos devem ser mantidas ou adequados.
melhoradas através de:
Uma nutrição equilibrada constitui assim um garante de plantas com boas resistências
o culturas apropriadas e sistemas de rotação adequados;
o incorporação nos solos de matérias orgânicas adequadas; a ataques de doenças e pragas.

Para fertilização ou correção dos solos estão claramente referenciados, na - Gestão de adventícias
regulamentação europeia, quais os produtos que, a título excepcional, podem ser
utilizados; Quando se está perante uma situação de infestação de espécies adventícias podem
ocorrer consequências benéficas ou prejudiciais para os agrossistemas.
8.3 Correção do solo e conservação
- Acções benéficas:
- Proteção das plantas
• redução da erosão dos solos, sobretudo em solos mais declivosos e mal
A proteção de plantas, que inclui o controlo de doenças, pragas e infestantes, é
estruturados;
realizada com o objetivo de reduzir os danos causados por esses problemas
• aumento da fertilidade dos solos, sobretudo quando a flora é constituída por
fitossanitários às culturas.
leguminosas e são incorporadas no solo;
- Fauna auxiliar • são hospedeiros alternativos e preferenciais de pragas, evitando que
ataquem a cultura;

8.4 Produção biológica de animais e de produtos de inerente o conceito de uma produção animal ética.

origem animal. Em Portugal as primeiras regras para este modo de produção de animais e produtos animais apenas
surgiram com o Regulamento CE 1804/99
Os princípios da produção animal biológica baseiam-se em providenciar condições que
promovam a saúde e que vão de encontro às necessidades físicas, fisiológicas e
comportamentais dos animais, tendo em conta o bem-estar animal, pelo que está
8.5 Produção biológica de plantas e de produtos de - Conservação:

origem vegetal Conjunto de normas ou processos com vista a prolongar a durabilidade dos produtos e
manter as suas características.
A produção vegetal biológica contribui para a manutenção e aumento da fertilidade dos
solos e a sua proteção contra a erosão, enquanto a produção animal fornece as
matérias orgânicas e os nutrientes necessários às culturas.

É obrigatório que a cada produto biológico corresponda um Certificado do Modo de


Produção Biológico e que todos os operadores intervenientes no processo de
certificação de um produto tenham contrato com um Organismo de Controlo.

8.6 Acondicionamento e conservação

- Acondicionamento:

O acondicionamento previne a danificação de produtos alimentares causada por


choques e compressão, previne a contaminação, por exemplo de insectos e
8.7 Controlo e certificação
microrganismos, protege contra a humidade, o ar e os odores.
Certificação da Produção Biológica

As regras europeias relativas ao modo de produção biológico estabelecem os objetivos


e princípios comuns destinados a aplicar relativamente a todas as fases da produção,
preparação e distribuição dos produtos biológicos e ao seu controlo.

8.8 Conversão para o modo de produção biológico


Período de conversão de 2 anos antes da sementeira das culturas anuais ou de 3 anos
antes da colheita de frutos e outras culturas perenes;

8.9 Legislação
Regulamento (CE) nº 834/2007 do Conselho de 28 de Junho de 2007 relativo à
produção biológica e à rotulagem dos produtos biológicos.

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