Dentre estas teses, além do principio fundamental de que a
salvação só pode ser obtida através da fé em Jesus Cristo, há o estimulo a virtude e a vivencia cristã, mas também o questionamento da salvação através da Virgem Maria e dos santos. Maria perde seu papel de intercessora e sua adoração, bem como adoração de santos e imagens é fortemente condenada.
Segundo o próprio Lutero:
“Assim vemos que a fé basta a um cristão. Ele não precisa de nenhuma obra para se justificar. Se ele não precisa de nenhuma obra, ele está certamente desobrigado de todos os mandamentos e de todas as leis; se está desobrigado deles é certamente livre. Esta liberdade é a liberdade cristã, é unicamente a fé que a cria, o que não quer dizer que possamos ficar ociosos ou fazer o mal, mas que não precisamos de nenhuma obra para nos justificar e alcançar a felicidade.” Fonte: LUTERO, Martinho. Obras. Citado por ARRUDA, José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a história. SP: Ática, 1999. P. 168
Cada individuo possui a capacidade de estar em contato
direto com Deus, sem que seja necessária a intermediação da igreja. O papel do sacerdote é conduzir e amparar seus fieis, não sendo, contudo, responsáveis pela salvação destes, que é única, pessoal e intransferível. Tampouco pode ser comprada ou vendida, acabando com o intenso comércio do perdão, característico da igreja católica.
Outro dogma a ser questionado foi o sacramento da
comunhão. Para os católicos, são sete: o batismo, a crisma, a eucaristia ou comunhão, a penitencia através da confissão dos pecados, o casamento, o ordenamento, pelo qual um indivíduo se consagra padre e a extrema unção. O Luteranismo mantem dois, batismo e comunhão. Mas para os católicos, ocorre a transubstanciação do pão e do vinho no corpo e na carne de cristo. Para os luteranos, Cristo está presente na comunhão, mas não ocorre a transubstanciação de seu corpo e sua carne. Dessa forma, os dogmas católicos são postos em xeque, o que leva a igreja a perseguir Martinho Lutero.
Em 1520, recusando-se a voltar atrás em suas ideias, ele é
excomungado pela igreja. O imperador do sacro império, Carlos V, também o condenada através da Dieta de Worms, uma assembleia que reunia os representantes dos estados imperiais. Mas o repúdio ao luteranismo não era uma unanimidade. Muitos príncipes do sacro império desejavam diminuiu e limitar o poder eclesiástico no estado. Esse desejo tinha dois objetivos: diminuir a influencia da igreja era, por extensão diminuir também a interferência do imperador nos reinos.