RELIGIÃO E INTERVENÇÃO

ESTATAL NA FORMAÇÃO DA
IGREJA CATÓLICA
APOSTÓLICA BRASILEIRA

RAFAEL VILAÇA & ADRIANA FIGUEIRÊDO

 RAFAEL VILAÇA EPIFANI COSTA

Jurista, Bacharel em Direito pela Universidade Católica de

Pernambuco. Mestrando em Ciências da Religião pela
Universidade Católica de Pernambuco. Extensão em Docência
Online pela Universidade Católica de Pernambuco.
 ADRIANA GUILHERME DIAS DA SILVA FIGUEIRÊDO

Pedagoga, Especialista em Administração Escolar e Planejamento

Educacional e Docência na Educação Infantil pela UFPE. Mestranda
em Ciências da Religião pela Universidade Católica de
Pernambuco. Analista em Gestão Educacional/ SEDUC-PE e
Professor I na Rede Municipal de Educação em Recife.
 ANTECEDENTES DE
UMA IGREJA NACIONAL
 Durante a Confederação do Equador, foi
discutida a possibilidade de se criar uma
Igreja Nacional.
 Durante o Império, o Padre Antônio Feijó
defendeu a criação de uma Igreja brasileira,
desatrelada de Roma, sendo comandada
por um concílio nacional.

Padre Antônio Feijó

 Problemas discutidos: Celibato do clero e
extinção das ordens monásticas e
conventuais.
 ANTECEDENTES DA
FUNDAÇÃO DA ICAB
 Padre Manoel Carlos de Amorim Correa: Idealizador
e fundador da Igreja Católica Apostólica Brasileira
(1913).
 Disputa entre o Cônego Amorim e o Bispo de
Itapira/SP, João Correia Nery, pelas ideias sociais e
posteriores práticas do padre, que vivia com
Cantídia Sampaio, a governanta da Chácara onde
vivia.
 Fundação da ICAB em 30 de janeiro de 1913, e
redação do “Manifesto Pastoral”, onde esclarece a
doutrina, organização, e diferenças com a Igreja
Católica Romana.
 Com a morte de Amorim, em 30 de agosto de 1913,
em circunstâncias suspeitas, o projeto da ICAB é
interrompido pela falta de um bispo para continuar a
sucessão a apostólica.
 DOM CARLOS
DUARTE COSTA
 Em 01 de Abril de 1911, no Rio de Janeiro,
recebe a Sagrada Ordenação Presbiteral, das
mãos de seu tio, Dom Eduardo Duarte Silva. 

 Em 1923, morre o Bispo de Botucatu, Dom

Lúcio, permanecendo a diocese vacante até 1924,
altura em que o Papa Pio XI, nomeia em 04 de
Julho de 1924, Dom Carlos Duarte Costa, como o
02º Bispo de Botucatu.

 Recebe a Sagrada Ordenação Episcopal, como

Bispo da Igreja Católica Apostólica Romana, em
08 de Dezembro de 1924, na Catedral do Rio de
Janeiro, quando é Sagrado Bispo pelas mãos de
Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra,
Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro.
O EPISCOPADO DE DOM
CARLOS
 Em 1932, por ocasião da Revolução
Constitucionalista, forma um Batalhão de
Caçadores, que veio a ser conhecido como o
"Batalhão do Bispo", a fim de lutar ao lado das
Tropas Constitucionalistas.
 Ao fim de doze anos à frente da Diocese de
Botucatu, Dom Carlos foi obrigado a renunciar
devido ao seu envolvimento político e à considerada
má administração dos bens da Diocese, bens que
colocou à disposição dos pobres, tendo renunciado
em 06 de Outubro de 1937, sendo nomeado Bispo
Titular de Maura.
OPOSIÇÃO AO GOVERNO
VARGAS E PRISÃO
 Devido às suas posições de Esquerda, Dom Carlos,
cada vez mais criticava o regime de Getúlio Vargas,
devido às repressões.
 Em 06 de Julho de 1944, Dom Carlos foi preso na
sua residência particular, acusado de ser comunista.
Permaneceu preso até 06 de Setembro de 1944.
Pressões internacionais encabeçadas pelo presidente
norte-americano Franklin Delano Roosevelt e pelo
primeiro-ministro britânico Winston Churchill
fizeram que o governo federal o libertassem.
 OPOSIÇÃO À ROMA E A
FUNDAÇÃO DA ICAB
 Desde que saiu da Diocese de Botucatu, Dom Carlos passou a
pregar contra a doutrina da infalibilidade Papal e outros temas
polêmicos para a Igreja de então como o ecumenismo.
 Em 1945 Dom Carlos denunciou a Operação Odessa, que afirmou
ter sido organizada pelo Vaticano para permitir a fuga de oficiais
nazistas. Após este episódio, o Papa Pio XII decidiu que o Bispo
de Maura deveria ser excomungado.
 Dom Carlos ignorou a excomunhão, como consta da Ata de
Fundação, em 06 de julho, e fundou a Igreja Católica Apostólica
Brasileira, originada pelo Cônego Amorim. No dia 18 de agosto
do mesmo ano, num evento em São Paulo, redigiu e tornou
público o seu polêmico “Manifesto à Nação”, que teve enorme
repercussão na imprensa da época e se tornou o credo social e
político da ICAB.
 O PERFIL DA IGREJA
NACIONAL BRASILEIRA
 Extinção do Celibato: Padres podem ser casados.

 Sete sacramentos: Batismo, Eucaristia, Confirmação, Ordenação,

Penitência, Extrema Unção e Matrimônio.
 Aceitação do Divórcio.

 Extinção da Confissão Auricular, Indulgências e outras práticas

romanas.
 O Conselho de Bispos é a autoridade máxima, ao invés do Papa.

 Promoção do Ecumenismo pela relação com outras Igrejas.

 DOM CARLOS E A
SUCESSÃO APOSTÓLICA
 Alguns bispos sagrados por Dom Carlos:

- Salomão Barbosa Ferraz

- Jorge Alves de Sousa
- Antidio José Vargas
- Luis Fernando Castillo Mendez
- Diamantino Augusto Pereira da Costa
- Pedro Luiz Hernandez
- Orlando Arce Moia
- Pedro dos Santos Silva
• Consequência: Surgimento de outras Igrejas com
sucessão apostólica.
 O CASO SALOMÃO FERRAZ
 Foi pastor da Igreja Presbiteriana e ordenado reverendo
na Igreja Episcopal. Ao romper com esta última, fundou
a Igreja Católica Livre (adotando a noção do Vétero-
Catolicismo).
 Após fundar a ICAB, Dom Carlos Duarte Costa sagrou
Salomão Ferraz como bispo da ICL.
 Tentativa de união da ICAB com a ICL, porém, sem
sucesso. Divergências: Ferraz aceitava a sucessão e o
primado do Papa, enquanto Duarte não reconhecia a
jurisdição papal sobre a Igreja Nacional.
 Em 1959, Ferraz é recebido pela Igreja Católica Romana e
Dom Salomão Ferraz torna-se bispo da mesma, com uma diocese em São
Paulo.
 PROCESSO NO STF

 Devido às semelhanças da ICAB com a ICAR, o Arcebispo

do Rio de Janeiro entrou com um processo no STF contra
Dom Carlos, acusando o bispo de “confundir” os fiéis
católicos com uma Igreja que utilizava os mesmos ritos,
vestes, símbolos e atos religiosos da Igreja Romana.
 Em 17 de novembro de 1949, o STF julgou o Mandado de
Segurança nº 1.114 em prol da Igreja Católica Romana,
considerando que a ICAB não possuía culto próprio,
sendo uma mera “imitação” da Igreja Romana, o que
violava a liberdade de culto desta última, e como
consequência, colocava em perigo a ordem pública.
 MUDANÇAS NA ICAB
 Utilização do Rito
Brasileiro ao invés
do Rito Romano.

 Uso de símbolos
próprios, distintos
da Igreja Romana.

 Vestes próprias:
Batinas cor cinza ao
invés de preta, com
distintivos verde e
amarelo. Demais
paramentos devem
Bispo da ICAB Bispo da ICAR
ter símbolos que
remetam à ICAB.
 LEGADO DE DOM
CARLOS E DA ICAB
 Fundação de Igrejas Nacionais no
Brasil dissidentes da ICAB: Igreja
Católica Apostólica Nacional; Igreja
Católica Livre do Brasil;  Igreja
Católica Apostólica Ortodoxa
Americana; Igreja Episcopal Latina
do Brasil, etc.
 Após a sua morte, em 26 de março
de 1961, Dom Carlos Duarte Costa
foi canonizado pela ICAB, em 1970,
como São Carlos do Brasil, tornando-
Imagem de São Carlos do Brasil
se patriarca em algumas Igrejas
Nacionais, no Brasil e em Portugal.
 REFERÊNCIAS

 AZZI, Riolando; GRIJP, Klaus Van Der. História da

Igreja no Brasil – Terceira Época (1930-1964). Petrópolis:
Vozes, 2008.
 KICKHOFEL, Oswaldo. Notas para uma História da
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. Porto Alegre:
IEAB, 1995.
 MARTINI, Marcos. Igreja Católica Apostólica
Brasileira. Cascavel: Clube dos Autores, 2012.
 NETO, Jayme Weingartner Neto. Liberdade Religiosa na
Constituição. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.