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forma e vazia, e havia escuridão sobre a face do abismo, e o espírito ל־פ ֵנ֥י ַה ָּ ֽמיִ ם׃
ְ ּ ַל־פ ֵנ֣י ְת ֑הֹום ְו ֣רוּ ַח ֱאל ִֹ֔הים ְמ ַר ֶח ֶ֖פת עְ ּ ַהו וָ ֔בֹהוּ ְו ֖ח ֶׁש ְך ע ּ ֙ ֹ֨ת
de Deus pairava sobre a face das águas. 3 E Deus disse: “Haja luz!” י־טֹוב֑ ת־ה ֖אֹור ִּכ ָ י־אֹור׃ ד וַ ַ ּי ְ֧רא ֱאל ִ ֹ֛הים ֶא ֽ י־אֹור ַ ֽוי ְִה ֑ אמר ֱאל ִ ֹ֖הים יְ ִה ֶ ג וַ ֹ֥ ּי
e houve luz. 4 E Deus viu a luz que era boa, e Deus separou entre a
luz e a escuridão. 5 E Deus chamou à luz Dia e à escuridão chamou אֹור י֔ ֹום ֙ וַ ַ ּי ְבדֵּ ֣ל ֱאל ִֹ֔הים ֵ ּב֥ין ָה ֖אֹור ֵוּב֥ין ַה ֽחֹ ֶׁש ְך׃ ה וַ ִ ּי ְק ָ ֨רא ֱאל ִ ֹ֤הים ׀ ָל
Noite. E foi tarde e foi manhã, dia um. ֶ ְו ַל ֖חֹ ֶׁש ְך ָ ֣ק ָרא ָ ֑לי ְָלה ַ ֽוי ְִה
י־ע ֶ֥רב ַ ֽוי ְִהי־ ֖בֹ ֶקר י֥ ֹום ֶא ָחֽד׃
céus, com toda sua variedade de corpos e estado por um prisma objetivo. Em outras
ç luz e a escuridão, ao delimitar o raio de atua- tentor. Neste caso, o chamamento veio para
astros, e a Terra, com toda sua variedade de palavras, o estado em que a terra se encon-
ção da luz ante a escuridão que estava pos- indicar que a luz haveria de prevalecer sobre
criaturas, unem-se na unicidade de Deus, trava inicialmente era absolutamente oposto
ta inicialmente. Por melhor que ela fosse, a a terra durante o período do dia, enquanto
que os criou e lhes deu a primeira existência. à forma em que a terra é concebida hoje.
luz não poderia atuar de forma desmedida a escuridão teria a sua vigência durante a
e unilateral. O próprio uso do termo vaivdel noite. Portanto, “dia” e “noite” representam 2. E a terra. A terra tem a tendência de definir a face do abismo. A condição confusa em
(e distinguiu) neste versículo denota que a respectivamente os períodos de vigência da o direcionamento do que nasce a partir dela, que a terra se encontrava incluía a indefini-
separação entre luz e escuridão não se deu luz e da escuridão, bem como englobam os formando cada espécie conforme sua parti- ção entre os estados líquido e sólido. Neste
em razão de um viés negativo de um dos fa- fenômenos da natureza e da vida que se ma- cularidade e cada criatura conforme sua indi- cenário de escuridão e indefinição em que
tores, mas sim, foi uma atitude positiva para terializam em cada um de seus turnos. vidualidade. Entretanto, este versículo ensina a luz pairava apenas sobre a face das águas,
afirmar a existência de cada um deles den- que nem sempre esta terra procedeu conforme não havia uma luz que pudesse penetrar na
Acerca da nominação do dia e da noite, o
tro de seus limites. Enquanto a luz desperta a conhecemos hoje, já que no passado ela era matéria e despertar o desenvolvimento das
estudo das próprias palavras ensina bastante
e ativa as criaturas para uma existência in- “vã e vazia”, portanto, incapaz de oferecer qual- espécies. Então, Deus disse: “Haja luz!”
sobre suas naturezas. Por exemplo, a palavra
dividual, a escuridão propicia às forças um quer identidade às criaturas que habitam nela. 4. E Deus viu a luz que era boa. A cons-
hebraica iom (dia) é próxima da palavra com
repouso livre de estímulos para que possam (levantar), pois o período diurno é o tempo sem forma. A raiz da palavra hebraica trução sintática deste versículo – “E Deus viu
se recolher e se reagrupar, fortalecer-se e re- em que tudo se posta verticalmente e se le- tôhu (vã, desprovida) é encontrada apenas a luz ‘que’ era boa” e não “E Deus viu ‘que’ a
novar-se. Tal qual as árvores, cujas raízes que vanta à sua independência. Já laila (noite) na linguagem dos sábios e seus significados luz era boa” – expressa a objetividade e exter-
as alimentam e as fazem brotar habitam a vem da raiz de lul (gaiola), pois este é o tem- remetem ao espanto diante da incompreen- nalidade de Deus perante a sua Criação, ou
escuridão no seio do solo, enquanto os seus po em que os corpos não são devidamente são, ao segundo olhar rumo ao que não foi seja, Ele não Se encontra dentro da Criação
troncos, folhas e flores crescem e aparecem reconhecidos em suas formas específicas. entendido corretamente e à obscuridade de de modo a estar passível a reconhecer algo
à luz do dia, nenhum corpo orgânico pres- No mesmo sentido, a palavra erev (anoite- alguma situação. Daqui se entende que tôhu subjetivamente como sendo bom ou ruim.
cinde da dualidade proporcionada pelo dia e cer), que é a primeira parte da noite, reme- não indica a condição de uma circunstância Em outras palavras, a relação de Deus com
pela noite, pela luz e pela escuridão. te ao verbo learev (misturar, juntar), e não conforme ela é, mas sim, como esse condi- o mundo não é como a relação da alma com
5. E Deus chamou à luz Dia, e à escuri- só pela dificuldade de identificação, a noite cionamento influencia e dificulta a nossa o corpo ou de um organismo com a sua for-
dão chamou Noite. Em todo o relato da é propícia a várias expressões de aglomera- compreensão das coisas – neste caso, uma ça, mas sim, é a relação do Criador com Sua
Criação, não encontramos que Deus tenha ção e reunião. Além disso, erev contém em situação de completa desordem em que nada criatura – criatura esta que Ele pode voltar a
nominado as Suas criações, exceto o dia e a hebraico as mesmas letras de arêv (agradá- é reconhecido em sua individualidade. examinar após a sua criação e cuja existência
noite, a terra, os mares e os céus. É claro, no vel), uma vez que o anoitecer se dá através e vazia. O termo vôhu indica a insuportabi- apenas será continuada enquanto for consi-
entanto, que este chamamento não é uma de- de um fenômeno que costuma ser aprazível: lidade que o estado do tôhu acarreta com suas derada boa aos Seus olhos.
nominação, pois “luz” e “dia” não são idênti- a junção de dois opostos – no caso, o dia que contradições e disputas internas. Enquanto e Deus separou (vaiavdel) entre a luz e a
cos. Em todas as vezes que Deus nomeou al- se vai com a noite que se aproxima. Daqui tôhu indica essa condição pelo ponto de vista escuridão. A autoridade de Deus junto às
guma de Suas criaturas, o nome serviu para também o porquê de um fiador ser chamado de como ela influencia subjetivamente o nos- Suas criaturas foi deveras revelada no mo-
determinar o propósito e a missão de seu de- em hebraico de arêv, pois ele atua na inter- so discernimento, vôhu visa descrever este mento em que Deus fez a distinção entre a
ç
GÊNESIS 1 | 7 | PORÇÃO BERESHIT אׁשית
ִ ּ ָפ ָר ַׁשת ְ ּב ֵר | 6 | אׁשית א
ִ ְ ּב ֵר
6
E Deus disse: “Haja um firmamento no meio das águas, e haja יהי ַמ ְבדִּ ֔ יל ֵ ּב֥ין ַמ֖יִ ם ָל ָ ֽמיִ ם׃ ֣ ִ ֹוך ַה ָּ ֑מיִם ִוְ ֹ֣אמר ֱאל ִֹ֔הים יְ ִ ֥הי ָר ִ ֖קיעַ ְ ּב ֣ת ֶ ו וַ ּי
separação entre águas e águas!” 7 E Deus fez o firmamento e ת־ה ָֽר ִקיעַ ֒ וַ ַ ּי ְב ֵ ּ֗דל ֵ ּ ֤בין ַה ַּ֨מיִ ֙ם ֲא ֶׁש ֙ר ִמ ַ ּ ֣ת ַחת ָל ָֽר ִ֔קיעַ ֵוּב֣ין
ָ ים ֶא ֘ ז וַ ַ ּי֣עַ ׂש ֱאל ִֹה
separou entre as águas debaixo do firmamento e as águas de cima
do firmamento, e assim foi. 8 E Deus chamou ao firmamento Céus. י־כֽן׃ ח וַ ִ ּי ְק ָ ֧רא ֱאל ִ ֹ֛הים ָל ָֽר ִ ֖קיעַ ָׁש ָ ֑מיִם ַ ֽוי ְִהי־
ֵ ַה ַּ ֔מיִ ם ֲא ֶׁש֖ר ֵמ ַע֣ל ָל ָֽר ִ ֑קיעַ ַ ֽוי ְִה
E foi tarde e foi manhã, segundo dia. ֶע ֶ֥רב ַ ֽוי ְִהי־ ֖בֹ ֶקר י֥ ֹום ֵׁש ִנֽי׃
9
E Deus disse: “Juntem-se as águas debaixo dos céus em um lugar ל־מ ֣קֹום ֶא ָ֔חד ְו ֵ ֽת ָר ֶא֖ה ָ ֹ֣אמר ֱאל ִֹ֗הים יִ ָ ּק ֨ווּ ַה ַּ ֜מיִ ם ִמ ַ ּ ֤ת ַחת ַה ּ ָׁש ַ֨מיִ ֙ם ֶא ֶ ט וַ ּי
e se veja o leito seco!”, e assim foi. 10 E Deus chamou ao seco Terra,
e à reunião das águas chamou Mares, e Deus viu que era bom. י־כֽן׃ י וַ ִ ּי ְק ָ ֨רא ֱאל ִ ֹ֤הים ׀ ַל ַ ּי ָ ּב ָׁש ֙ה ֶ֔א ֶרץ וּ ְל ִמ ְק ֵו֥ה ַה ַּמ֖יִ ם ָק ָ ֣רא ֵ ַה ַ ּי ָ ּב ָ ׁ֑שה ַ ֽוי ְִה
ֹ֣אמר ֱאל ִֹ֗הים ַּת ְֽד ֵ ׁ֤שא ָה ָ֨א ֶר ֙ץ ֶ ּ֗ד ֶׁשא ֵ ֚ע ֶׂשב ֶ י־טֹוב׃ יא וַ ּי ֽ יַ ִ ּ ֑מים וַ ַ ּי ְ֥רא ֱאל ִ ֹ֖הים ִּכ
ç conotação abrangente, tudo que há além e à reunião das águas chamou Mares. A
da terra em todas as suas esferas, e em sua característica dos mares é enveredar pelos ca-
conotação mais excludente indica a esfera nais que adentram a terra seca. De tal modo, mediação de duas pontas de um negócio – o tre as águas inferiores e as águas superiores.
mais baixa dos céus, aquela que se volta em a terra foi dividida pelos oceanos em conti- credor e o devedor. E terminada a noite, o As águas inferiores banham os continentes
direção à terra e que intermedeia a conces- nentes, que por sua vez são divididos pelos primeiro período do dia é chamado de bóker e adentram às terras, envolvem-se ativa-
são de todas as afluências celestiais rumo ao rios, e assim se acrescentou a diversidade às (manhã), termo que remete à palavra bicó- mente na mutação da natureza, interligam
plano inferior. criaturas da terra, que são divididas em espé- ret (crítica), algo que se dá principalmente a e separam os povos e tomam parte nos des-
9. Juntem-se as águas debaixo dos cies e individualidades. Além disso, por uma partir da diferenciação e da comparação, que dobramentos da história. Correspondente
céus em um lugar, e se veja o leito perspectiva histórica, a divisão da terra em são permitidas pelo clarear do dia. a estas estão as águas superiores, ou seja,
seco. Assim, Deus incutiu na natureza da continentes e países é fundamental para que E foi tarde e foi manhã, dia um. Apesar as nuvens e os vapores que absorvem das
água a característica de estar sempre con- as nações se formem e se desenvolvam. de todas as suas imprescindíveis virtudes, a águas inferiores para depois retroalimentar
vergindo para um ponto. Com a instituição e Deus viu que era bom. No segundo dia, noite serve somente como uma preparação, a terra e os seus habitantes.
da contraposição entre os elementos sólido quando foi implementada a divisão entre as e o primeiro dia apenas se completou quan- 8. E Deus chamou ao firmamento Céus.
e líquido, foi estabelecida também a inter- águas superiores e inferiores, não foi decla- do a luz surgiu na manhã seguinte – aquela O firmamento (rakía) que divide as águas,
-relação da vida orgânica: toda matéria em rado “e Deus viu que era bom”. O motivo sobre a qual foi dito “E Deus viu a luz que era conforme mencionado no versículo ante-
transformação se encontra em estado líqui- disso é que essa divisão não chegou a ser boa”, e que, conforme a promessa dos nossos rior, deve ser entendido como sendo a parte
do, e todas as formas em sedimentação ten- concluída no segundo dia; tratava-se ainda profetas (Isaías 30:26), terá a sua completa inferior dos céus – a parte que guarda liga-
dem a solidez. No líquido, brota a matéria; de uma divisão abstrata cujo objetivo ainda realização no fim dos tempos, quando não ção direta com o que se passa na terra. Tudo
no sólido, concretiza-se a forma. não fora alcançado. Não obstante, uma vez mais precisará conviver com a escuridão, que a terra recebe dos céus passa por este
10. E Deus chamou ao seco Terra. A que esta divisão foi feita com o objetivo de no momento em que o ser humano tiver al- firmamento, incluindo a luz, que não vem
denominação de Deus, conforme citado no promover o bem, foi dito em sua conclusão cançado a sua perfeição moral. Nas palavras de forma direta e límpida, e sim, por via de
versículo 5, serve para designar o propósito “e Deus viu que era bom”. Esta divisão acar- dos sábios (Chaguigá 12:1), “A luz que Deus uma intermediação do céu que está esten-
da criatura nominada. Neste caso, o objeti- retou uma segunda divisão, que ocorreu no criou no primeiro dia foi guardada para os dido sobre a terra. Os termos ‘dia’ e ‘terra’
vo traçado aos continentes é ser a terra so- terceiro dia, quando os elementos sólidos justos nos dias futuros.” possuem, cada um, um significado mais
bre qual e da qual os seres vivos poderão se foram separados dos elementos líquidos e 7. e separou entre as águas debaixo abrangente – o dia de 24 horas e o plane-
sustentar e se afirmar em sua singularidade pela qual foi dito “e Deus viu que era bom”, (...) e as águas de cima. Em sequência à ta Terra como um todo – e um significado
– e esta é a tendência da terra. A água, e os uma vez que sua benesse estava revelada apresentação das contraposições iniciais – mais excludente – apenas o período diurno
líquidos de modo geral, servem de preparo desde o princípio e por ela ter atingido seu os céus e a terra, a luz e a escuridão, o dia e e apenas o terreno seco do continente. Da
para esta condição. objetivo final no próprio dia. a noite – é apresentada a contraposição en- mesma forma, o termo ‘céus’ indica, em sua
ç
HAFTARÓT ַה ְפ ָטרֹות
BERESHIT 548 אׁשית
ִ ְ ּב ֵר
NÔACH 552 נ ַֹח
LECH-LECHÁ 555 ־ל ָךְ ֶל ְך
VAIERÁ 558 וַ ֵ ּי ָרא
CHAIÊ SARÁ 563 ַח ֵ ּיי ָׂש ָרה
TOLEDOT 567 ֹולדֹת
ְ ּת
VAIETSÊ 570 וַ ֵ ּי ֵצא
VAYISHLÁCH 575 וַ ִ ּי ְׁש ַלח
VAIÊSHEV 578 וַ ֵ ּי ֶׁשב
MIKÊTS 581 ִמ ֵ ּקץ
VAYIGÁSH 584 וַ ִ ּי ַ ּגׁש
VAICHÍ 587 וַ יְ ִחי
MAFTIR DE SHABAT ROSH CHÓDESH 590 ַמ ְפ ִטיר ְל ַׁש ָ ּבת רֹאׁש ח ֶֹדׁש
SHABAT ROSH CHÓDESH 591 ַׁש ָ ּבת רֹאׁש ח ֶֹדׁש
SHABAT MACHAR CHÓDESH 595 ַׁש ָ ּבת ָמ ָחר ח ֶֹדׁש
MAFTIR DE SHABAT CHANUCÁ 599 ַמ ְפ ִטיר ְל ַׁש ָ ּבת ֲחנֻ ַּכה
SHABAT CHANUCÁ 1 609 'ּ ַׁש ָ ּבת ֲחנֻ ַּכה א
SHABAT CHANUCÁ 2 613 'ּ ַׁש ָ ּבת ֲחנֻ ַּכה ב
GÊNESIS | 549 | HAFTARÁ DE BERESHIT אׁשית
ִ ַה ְפ ָט ָרת ְ ּב ֵר | 548 | אׁשית
ִ ְ ּב ֵר
42 5 Assim disse o Deus Eterno, que cria os ֹורא ֤ ֵ ּהֹוה ב ֗ ָ ְה־א ַ ֞מר ָה ֵא֣ל ׀ י ָ ֹמב ה ּֽכ HAFTARÁ DE BERESHIT
céus e os expande; que dá existência à terra e
ao seu produto; que proveu a alma de todos יהָ יהם ר ַ ֹ֥קע ָה ָ ֖א ֶרץ ְו ֶצ ֱא ָצ ֶ ֑א ֶ֔ ֹוט
ֵ ַ֣ה ּ ָׁש ַ֨מיִ ֙ם ְונ Isaías 42:5 – 43:10 מג׃י-ישעיה מב׃ה
que nela habitam, e o espírito dos que per-
יה ְו ֖רוּ ַח ַלה ְֹל ִ ֥כים ָ נ ֵ ֹ֤תן נְ ָׁש ָמ ֙ה ָל ָע֣ם עָ ֔ ֶל Isaías, filho de Amóts, nasceu em Jerusalém dia em que poderiam retornar à Terra San-
correm Seus caminhos: 6 Eu sou o Eterno, que
em integridade te escolheu; tua mão hei de יך ְב ֶצ ֶ֖דק ְו ַא ְח ֵז֣ק ָ את ֥ ִ הֹו֛ה ְק ָר ָ ְָ ּב ּֽה׃ ו ֲא ִ ֧ני י numa família ligada ao círculo da realeza. ta e à sagrada Jerusalém. Durante os tristes
Seu louvor desde os confins da terra, vós que tidade, onipotência e soberania do Eterno. também viriam a se concretizar.
pelo mar navegais e tudo que nele está con- ִמ ְק ֵצ֣ה ָה ָ ֑א ֶרץ יֽ ְֹור ֵ ֤די ַה ָ ּי ֙ם ְוּמל ֹ֔אֹו ִא ִ ּי֖ים Com apaixonado fervor, buscou instilar fé Ciro, o criador do Império Persa, foi um
tido – suas ilhas e todos os seus habitantes. no coração de seus irmãos e a interpretar as dos grandes vultos da História da humani-
11
Que em cânticos elevem sua voz, o deserto
יהֽם׃ יא יִ ְׂשא֤ וּ ִמ ְד ָ ּב ֙ר ְועָ ָ ֔ריו ֲח ֵצ ִ ֖רים ֶ ְו ֹֽי ְׁש ֵב crises da história sob a luz da Providência dade e, ao conquistar a Babilônia, se torna-
e suas cidades, as aldeias habitadas no deser- ֵּת ֵׁש֣ב ֵק ָ ֑דר יָ ֨ר ֹנּ ֙ ּו י ְׁ֣ש ֵבי ֶ ֔ס ַלע ֵמ ֥ר ֹאׁש Divina. Seus esforços o puseram em con- ria soberano sobre toda a Ásia Oriental. Ele
to de Kedar; entoem melodias os que habi- flito com aqueles que pugnavam a guerra, percebera o valor da lealdade e da gratidão
tam entre as rochas, e do cume dos montes ֽיהֹו֖ה ָּכ ֑בֹוד ָ ָה ִ ֖רים יִ ְצ ָוֽחוּ ׃ יב יָ ִ ׂ֥שימוּ ַל tornando-o inimigo implacável de políticos dos judeus, e um de seus primeiros atos se-
clamem com alegria em alta voz. 12 Que glori- ְוּת ִה ָּל ֖תֹו ָ ּב ִֽא ִ ּ֥יים יַ גִּ ֽידוּ ׃ יג יְ הֹוָ ֙ה ַּכ ִ ּג ּ֣בֹור oportunistas. ria uma proclamação aos judeus exilados
fiquem ao Eterno, e proclamem nas ilhas Seu A conexão entre esta Haftará e o texto da que lhes garantiria o direito de retornar à
louvor. 13 O Eterno avançará como um guer- ַ֙יֵ ֵ֔צא ְּכ ִ ֥איׁש ִמ ְל ָח ֖מֹות יָ ִ ֣עיר ִקנְ ָ ֑אה יָ ִ ֨ריע Torá está definida em seu início, ao falar sua terra e reconstruir o Templo sagrado.
reiro poderoso e exercerá vingança como um
ַאף־יַ ְצ ִ ֔ר ַיח עַ ל־ ֽאֹיְ ָב֖יו יִ ְת ַ ּג ָ ּבֽר׃ sobre Deus como o Criador dos céus e da Essa “Declaração” está preservada no últi-
homem em guerra. Triunfante, clamará em terra. Após descrever a Criação, a Torá nar- mo versículo do último livro da Bíblia He-
alta voz; sobrepujará Seus inimigos. ֽעֹולם ַ ֽא ֲח ִ ֖ריׁש ֶא ְת ַא ּ ָפ֑ק ָ ֔ יתי ֵמ ֙ ִ יד ֶה ֱח ֨ ֵׁש ra o crescimento do pecado e da violência braica (2 Crônicas 36:23).
14
Por muito tempo silenciei, Me mantive em ֹול ָ ֣דה ֶא ְפ ֔ ֶעה ֶא ּ ׁ֥ש ֹם ְו ֶא ְׁש ַ ֖אף ָי ַֽחד׃ ֵ ַּכ ֽ ּי entre os seres humanos. Numa trajetória O hino de louvor constante nesta Hafta-
paz e Me contive. Agora, porém, serei ruido- semelhante, o profeta proclama a onipotên- rá anuncia as boas novas da restauração
so como a parturiente ao dar à luz; destruirei טו ַ ֽא ֲח ִ ֤ריב ָה ִר ֙ים ְוּג ָב ֔עֹות ְו ָכל־עֶ ְׂש ָ ּב֖ם cia e a soberania do Criador do Universo de Israel e a missão entregue ao “servo de
e lembra a Israel sua missão de resgatar o Deus” de transmiti-las a todos os povos:
Meus inimigos e os farei fugir. 15 Montes (rei-
nados) e colinas (governos) devastarei, secarei
רֹות ָל ִֽא ִ֔ ּיים ַו ֲֽא ַג ִּ ֖מים ֙ אֹוביׁש ְו ַׂש ְמ ִ ּ ֤תי נְ ָה ִ֑ mundo da degeneração moral. Os capítulos “vós sois as Minhas testemunhas” e fareis
suas folhagens (dos que se juntam a eles); farei ֹול ְכ ִ ּ ֣תי עִ ְו ִ ֗רים ְ ּב ֶ ֨ד ֶר ֙ ְך ֣ל ֹא ַ אֹוביׁש׃ טז ְו ֽה ִֽ que contêm esta narrativa estão contidos na com que cada geração saiba, compreenda
os rios se transformarem em ilhas, e os lagos, segunda parte do Livro de Isaías, dirigida e acredite Nele como o único Criador do
em terra seca. 16 Aos cegos guiarei por sendas
יָ ָ ֔דעוּ ִ ּבנְ ִת ֥יבֹות ל ֹא־יָ ְד ֖עוּ ַא ְד ִר ֵיכ֑ם aos judeus da Babilônia que haviam sido Universo e o único Salvador do homem e
que lhes são desconhecidas; os farei trilhar ca- יהם ָל ֗אֹור ַוּמ ֲֽע ַק ּ ִׁש ֙ים ֶ֜ ֵים ַמ ְח ֨ ָׁש ְך ִל ְפנ ֩ ָא ִׂש deportados de Israel e que ansiavam pelo das nações!
GÊNESIS | 551 | HAFTARÁ DE BERESHIT אׁשית
ִ ַה ְפ ָט ָרת ְ ּב ֵר | 550 | אׁשית
ִ ְ ּב ֵר
sares pelas águas, estarei contigo; quando ־אנִ י ַוּב ְ ּנ ָה ֖רֹות ֣ל ֹא ָ֔ ַת ֲֽע ֹ֤בר ַ ּב ַּ֨מיִ ֙ם ִא ְּת ָך minhos por onde nunca passaram; para eles יתם ְו ֥ל ֹא ֖ ִ יׁשֹור ֵ ֚א ֶּלה ַהדְּ ָב ִ ֔רים ֲע ִׂש ֔ ְל ִמ
ֵ י־ת ֵל ְ֤ך ְ ּב ֵ יִ ְׁש ְט ֑פוּ ָך ִּ ֽכ
atravessares rios, eles não te submergirão; transformarei em luz as trevas e, em caminhos
quando pisares sobre fogo, não serás atin- מֹו־א ׁ֙ש ֣ל ֹא ִת ָּכ ֶ ֔וה retos, as trilhas tortuosas. Por eles farei tudo חֹור יֵ ֹ֣בׁשוּ ֔בֹ ֶׁשת ֙ ֲעזַ ְב ִּ ֽתים׃ יז נָ ֤סֹגוּ ָא
gido e nenhuma chama te consumirá. 3 Pois
הֹו֣ה ָ ְר־ב ְֽך׃ ג ִּ֗כי ֲאנִ ֙ י י ּ ָ ְַו ֶל ָה ָב֖ה ֥ל ֹא ִת ְבע isto e jamais os abandonarei. 17 Recuarão, en-
ַה ֽבּ ֹ ְט ִ ֖חים ַ ּב ּ ָפ ֶ֑סל ָה ֽאֹ ְמ ִ ֥רים ְל ַמ ֵּס ָכ֖ה ַא ֶּ ֥תם
Eu sou o Eterno, teu Deus, o Santíssimo de vergonhados, os que em imagens esculpidas
Israel, teu salvador; o Egito dei por teu res- יע ָ֑ך נָ ַ ֤ת ִּתי ֶ ֹוׁש
ִ יך ְק ֥דֹוׁש יִ ְׂש ָר ֵא֖ל ֽמ ָ ֱאל ֶֹ֔ה depositam sua confiança e às estátuas fundi- ֱאל ֵֹהֽינוּ ׃
gate; Cush [Etiópia] e Sevá [Sabá] a ti doei.
יך׃ ָ ָכ ְפ ְר ֙ ָך ִמ ְצ ַ ֔ריִ ם ּ֥כוּׁש וּ ְס ָב֖א ַּת ְח ֶּ ֽת das afirmam: ‘Vós sois nossos deuses.’
ּיח ַה ֵח ְֽר ִ ׁ֖שים ְׁש ָמ֑עוּ ְו ַהֽעִ ְו ִ ֖רים ַה ִ ּ ֥ביטו
4
Porque foste precioso aos Meus olhos e 18
Ouvi (Israel), ó vós que sois surdos; e olhai,
digno de honra, Eu te amei; farei (por isto) ד ֵמ ֲֽא ֨ ֶׁשר יָ ַ ֧ק ְר ָּת ְבעֵ ַינ֛י נִ ְכ ַ ּב ְ֖ד ָּת ַו ֲֽא ִ ֣ני ó vós que sois cegos, para que possais perce- ִל ְר ֽאֹות׃ יט ִ ֤מי עִ ֵ ּו ֙ר ִ ּ ֣כי ִאם־עַ ְבדִּ ֔ י ְו ֵח ֵ ֖רׁש
com que por outros sejas remido; sim, ou-
יך וּ ְל ֻא ִּ ֖מים ָ יך ְו ֶא ֵ ּ ֤תן ָא ָד ֙ם ַּת ְח ֶּ ֔ת ָ ֲא ַה ְב ִ ּ ֑ת ber. 19 Quem é cego como o meu servo (que
ְּכ ַמ ְל ָא ִ ֣כי ֶא ְׁש ָל֑ח ִ ֤מי עִ ֵ ּו ֙ר ִּכ ְמ ֻׁש ָּ֔לם ְועִ וֵּ ֖ר
tros povos darei, por tua vida. 5 Não temas, não quer ver), ou surdo como o mensageiro
porque Eu estou contigo; do oriente trarei ־אנִ י ֑ ָ י־א ְּת ָך
ִ ירא ִּ ֽכ ֖ ָ ל־ת ִּ ַּ ֥ת ַחת נַ ְפ ֶׁש ָֽך׃ ה ַא (que não quer escutar) que envio? Quem é הֹוֽה׃ כ ָ[ר ֥אֹית] ָר ֥אֹות ַר ּ֖בֹות ָ ְְּכ ֶע ֶ֥בד י
ֽ ִ ִמ ִּמזְ ָר ֙ח ָא ִ ֣ביא זַ ְר ֔ ֶע ָך
tua descendência, e do ocidente a buscarei.
וּמ ַּמ ֲֽע ָ ֖רב ֲא ַק ְ ּב ֶצ ָּֽך׃
cego, mesmo sendo sincero, como o servo
6
Direi ao norte: ‘Entrega os cativos’, e ao sul: do Eterno? 20 Vês muitas coisas, mas não as ְו ֣ל ֹא ִת ְׁש ֑מֹר ּ ָפ ֥ק ַֹוח ָאזְ ַנ֖יִ ם ְו ֥ל ֹא יִ ְׁש ָמֽע׃
‘Não os retenhas’; anda, traz de longe Meus
ל־ת ְכ ָל ִ֑אי ִּ ימ֖ן ַא ָ פֹון ֵּ ֔תנִ י וּ ְל ֵת ֙ ָּו א ַ ֹ֤מר ַלצ enxergas; tens os ouvidos abertos, porém não ֹורה ֖ ָ הֹו֥ה ָח ֵפ֖ץ ְל ַמ֣עַ ן ִצ ְד ֑קֹו יַ ְג ִ ֥דּ יל ּת ָ ְכא י
filhos e, das extremidades da terra, Minhas escutas. 21 O Eterno Se compraz, por amor à
filhas. 7 Todo aquele que é chamado pelo נֹותי ִמ ְק ֵצ֥ה ֖ ַ יאי ָבנַ ֙ י ֵמ ָר ֔חֹוק ְוּב ִ ָה ִ ֤ב Sua própria justiça, em engrandecer e glorifi- ְויַ ְאדִּ ֽ יר׃
Meu nome e que enaltece Minha glória, Eu
o formei e o criei. 8 Portanto, libertarei este
בֹודי ֖ ִ ָה ָ ֽא ֶרץ׃ ז ּ ֚כֹל ַה ִ ּנ ְק ָ ֣רא ִב ְׁש ִ ֔מי ְו ִל ְכ car Sua Torá. .הספרדים מסיימים כאן
povo que, embora tendo olhos, é cego, e הֹוציא ֥ ִ יתיו׃ ח ֽ ִ ף־ע ִׂש ֲ אתיו יְ ַצ ְר ִּ ֖תיו ַא ֑ ִ ְ ּב ָר
Os Sefaradim e a comunidade de Frankfurt
encerram aqui. Os demais prosseguem: ם־בז֣ וּ ז ְו ָׁשסוּ י֒ ָה ֵפ ַ֤ח ַ ּבֽחוּ ִר ֙ים ּ ָ ַכב ְוהוּ ֘א ע
ainda que tenha ouvidos, é surdo. 9 São con-
vocadas todas as nações e reunidos todos os יניִם ֵיׁ֑ש ְו ֵח ְֽר ִ ׁ֖שים ְו ָאזְ ַנ֥יִ ם ֣ ַ ֵעַ ם־עִ וֵּ ֖ר ְוע 22
Mas este é um povo espoliado e esmaga- ֻּכ ָּ֔לם ְוּב ָב ֵּ ֥תי ְכ ָל ִ ֖אים ָה ְח ָ ּ ֑באוּ ָה ֤יוּ ָל ַ ֙בז
povos. Quem, dentre eles poderia tais coisas פו
ּ ֙ ֽל־הגּ ִֹ֞וים נִ ְק ְ ּבצ֣ וּ יַ ְח ָ ֗דּ ו ְויֵ ָ ֽא ְס ַ ָלֽמֹו׃ ט ָּכ
do; todos foram aprisionados e mantidos
em cárceres. Foram escolhidos como presa
ְו ֵ ֣אין ַמ ִ֔צּ יל ְמ ִׁש ָּס֖ה ְו ֵאין־א ֵ ֹ֥מר ָה ַ ֽׁשב׃
anunciar, como se as tivessem previsto? Que
tragam suas testemunhas para que ouçam e ְל ֻא ִּ ֔מים ִ ֤מי ָב ֶה ֙ם יַ גִּ ֣ יד ֹ֔זאת ְו ִ ֽראׁש ֹנ֖ ֹות e ninguém os liberta; foram pilhados e nin- כג ִ ֥מי ָב ֶכ֖ם ַי ֲֽא ִז֣ין ֹ֑זאת יַ ְק ִ ׁ֥שב ְויִ ְׁש ַמ֖ע
guém exige: ‘Restituí.’ 23 Quem dentre vós,
proclamem: ‘Sim, é verdade!’ 10 Vós sois as
ּיה ֙ם ְויִ ְצ ָ ֔דּ קוּ ְויִ ְׁש ְמ ֖עו ֶ יע֑נוּ יִ ְּתנ֣ וּ ֵע ֵֽד ֻ יַ ְׁש ִמ escutando isto, não se perguntará: 24 Quem
ְל ָא ֽחֹור׃ כד ִ ֽמי־נָ ַ֨תן ִ[ל ְמ ִׁש ָּוס֧ה] ִל ְמ ִׁש ָּס֧ה
Minhas testemunhas – diz o Eterno – Meus
servos a quem escolhi, para que possais sa- הֹוה ֔ ָ ְאמ ֥רוּ ֱא ֶמֽת׃ י ַא ֶ ּ ֣תם עֵ ַ ֙די נְ ֻאם־י ְ ְו ֹֽי entregou Jacob para ser despojado e Israel הֹו֑ה ָ ְַי ֲֽע ֛קֹב ְויִ ְׂש ָר ֵ ֥אל ְל ֽבֹזְ זִ ֖ים ֲהל֣ ֹוא י
ber, acreditar e compreender que Eu sou o
para ser saqueado? Acaso não foi o Eterno,
ֹוך ְ א־אב֤ וּ ִב ְד ָר ָכיו֙ ָה ֔ל ָ ֹ ז֚וּ ָח ָט֣אנוּ ֔לֹו ְו ֽל
ְּועַ ְבדִּ ֖ י ֲא ֶ ׁ֣שר ָ ּב ָ ֑ח ְר ִּתי ְל ַמ֣עַ ן ֵּ֠ת ְדעו contra quem temos pecado, cujos caminhos
ְ֙ו ֥ל ֹא ָׁש ְמ ֖עוּ ְ ּב ֽת ָֹור ֽתֹו׃ כה וַ ִ ּי ְׁש ּ ֹ֤פ ְך עָ ָליו
Eterno. Nenhum deus havia antes de Mim e
não quisemos seguir e a cuja Torá não obe-
nenhum haverá depois. י־א ִ ֣ני ֔הוּ א ְל ָפנַ ֙ י ֲ ינו ִּ ֽכ ּ ֙ ְו ַ ֽת ֲא ִ֨מינוּ ִ ֤לי ְו ָת ִ֨ב decemos? 25 (Compreendei que) por isto der-
ֹוצר ֵ֔אל ְו ַ ֽא ֲח ַ ֖רי ֥ל ֹא ִי ְֽה ֶיֽה׃ ַ ֽ֣ל ֹא־נ ramou o Eterno sobre Israel o furor de Sua ֵּח ָמ֣ה ַא ּ ֔פֹו וֶ ֱעז֖ וּ ז ִמ ְל ָח ָמ֑ה וַ ְּת ַל ֲֽה ֵ ֤טהו
ira e a violência da guerra; fogo ateou a seu
redor sem que, contudo, ele se apercebesse
ר־בֹו ְו ֽל ֹא־יָ ִ ׂ֥שים ּ֖ ִַמ ָּס ִב ֙יב ְו ֣ל ֹא יָ ָ ֔דע וַ ִּת ְבע
(de Quem o fez); Ele o queimou, mas (ainda ל־לֽב׃ ֵ ַע
ה־א ַ ֤מר יְ הֹוָ ֙ה בּ ַ ֹֽר ֲא ָ֣ך ָ ֹמג א ְועַ ָּ ֞תה ּֽכ
assim) não compreenderam.
43 1 ... Mas agora, assim diz o Eterno que
te criou, ó Jacob, e que te formou, ó Israel: ל־ת ָיר ֙א ִ ּ ֣כי ִּ ַי ֲֽע ֔קֹב ְו ֹֽי ֶצ ְר ָ֖ך יִ ְׂש ָר ֵ ֑אל ַא
Não temas, porque te redimi; por teu nome
י־א ָּתה׃ ב ִּכי־ ֽ ָ אתי ְב ִׁש ְמ ָ֖ך ִל ִ יך ָק ָ ֥ר ָ ְג ַא ְל ִּ ֔ת
te chamei, a ti que és Meu. 2 Quando pas-
ֵס ֶפר ְשׁמוֹת
ÊXODO
SHEMOT 2 ְשׁמוֹת
VAERÁ 62 וָ ֵא ָרא
BÓ 108 בֹּא
BESHALÁCH 176 ְבּ ַשׁ ַלּח
YITRÓ 240 יִ ְתרוֹ
MISHPATIM 290 ִמּ ְשׁ ָפּ ִטים
TERUMÁ 408 רוּמהָ ְתּ
TETSAVÊ 456 ְתּ ַצוֶּ ה
KI TISSÁ 508 ִכּי ִת ָשּׂא
VAIC’HEL 594 וַ יַּ ְק ֵהל
PECUDÊ 622 קוּדי
ֵ ּ ְפ
APÊNDICE 643 נִ ְס ּ ַפח
HAFTARÓT 687 ַה ְפ ָטרוֹת
ÊXODO 1 | 3 | PORÇÃO SHEMOT ּ ָפ ָר ַשׁת ְשׁמוֹת | 2 | ְשׁמוֹת א
Zevulun e Benjamim [Biniamin]; 4 Dan e Naftali, Gad e Asher. יוֹס֖ף ָה ָי֥ה ֶ גָּ ֥ד ְו ָא ֵשֽׁר׃ ה וַ יְ ִ֗הי ָּכ
5
E todas as almas que saíram da coxa de Jacob foram 70 almas. ּל־א ָ֔חיו ְו ֖כֹל ַהדּ֥ וֹר ַה ֽהוּ א׃ ז ְוּב ֵנ֣י יִ ְׂש ָר ֵ֗אל ּ ָפ ֧רו ֶ יוֹס ֙ף ְו ָכ ֵ ְב ִמ ְצ ָ ֽריִ ם׃ ו וַ ָ ּי ָ֤מת
E José [Iossef] estava no Egito. 6 E José morreu, assim como todos os
seus irmãos e toda aquela geração. 7 E os filhos de Israel frutificaram, Capítulo 1 le momento, Deus iniciará a reconstrução do
1. E estes são os nomes dos filhos de Seu povo, não a partir da elite e da liderança,
ç ligação geralmente também simbolizam char e Zevulun lhe foram dados em reconhe- Israel. O Livro do Êxodo é aquele que inicia mas das fundações da casa que estão esculpi-
separação, como patal (unir através de um cimento ao seu esforço e esmero, e Benjamim a história do povo judeu. Ao invés de des- das na rocha - “um cordeiro para cada clã pa-
selo) e badal (reclusão); et (com) e et (lâmina foi acrescido a esse grupo como representan- crever e relatar sobre a vida de indivíduos, triarcal, um cordeiro para cada casa” (adiante
da enxada). Não é possível existir uma liga- te dos filhos de Rachel. No grupo seguinte famílias e clãs, a narrativa passa a falar sobre 12:3) – ou seja, os laços familiares, as ligações
ção forte e duradoura sem que haja, antes, estão os filhos das escravas. Mesmo Jacob, ao a história da nação, e essa passagem é feita mútuas que unem pais e filhos.
distanciamento de todo o resto. “Com Jacob avaliar seus filhos, no final de sua vida, via através da menção dos nomes dos indiví- No momento da redenção e do renascimen-
– cada um veio com a sua família”: Todos Ruben, Simão, Levi, Judá, Issachar, Zevulun duos já conhecidos por nós como aqueles to do povo eterno de Deus, esse conceito bá-
eles fazem parte daquela mesma raiz antiga e Benjamim como os mais importantes (sem que representam as pedras fundamentais da sico de união estava em ruínas; não por von-
e, ainda assim, cada um se tornou um ramo contar José, que já estava no Egito). população nacional judaica. tade da nação, mas por causa de uma força
autônomo e o centro de sua própria família. 5. almas. Os nossos sábios apontam (Vayi- E estes. Destas pessoas e suas múltiplas maior imposta sobre ela. E a narrativa veio
Continuavam a ser filhos de Jacob, mas ago- crá Rabá 4:6) que o termo usado em hebraico características, o povo judeu agora se de- nos ensinar aqui que este conceito já fazia
ra também tinham seus próprios filhos. para se referir ao clã de Jacob é “alma”, no senvolve. Apesar das diferenças de perso- parte deles havia muito tempo, pois os filhos
Este é o coração e a alma da família: cada fi- singular, apesar de tratar-se de muitas pes- nalidade, uma característica básica estava de Israel trouxeram-no consigo na hora que
lho constrói sua própria casa como um ramo soas, ao passo que, para se referir ao clã de gravada em suas naturezas e era comparti- desceram ao Egito, ao ventre do qual, futu-
da casa dos seus pais, e cada pai, em contra- Esaú, o termo é usado no plural. A razão des- lhada por todos, e essa é, de fato, a base da ramente, através de dor e sofrimento, renas-
partida, dá continuidade à sua vida através sa diferença é que em todas as ramificações nacionalidade judaica: “com Jacob – cada ceriam como nação.
de seus filhos e netos. Pais com seus filhos, do clã de Jacob há um só espírito e um mes- um veio com a sua família”! com (et) Jacob – cada um veio com a
e filhos com seus pais, interligados e unidos mo princípio que guia a todos e os unifica. Virá um momento no qual a nação – afligida e sua família. Apesar de que cada um deles
para toda a eternidade – essa é a origem do 6. geração (dór). A palavra dór é seme- oprimida pelo Faraó – estará lançada ao chão, já possuía uma casa independente, todos
florescer eterno do povo de Israel. Aqui está lhante a tafar (costurar) ou davar (falar), que sem forças, como um cadáver despedaçado, ainda estavam conectados a Jacob de modo
o segredo da eternidade judaica. consistem em arranjar um elemento ao lado como presa fácil e à vista da grande águia que profundo. O termo et Iaacov (com Jacob) in-
2. Ruben, Simão. A divisão dos grupos fei- do outro numa fileira.* Assim, a palavra dór é a História, conforme o pai da nação vislum- dica uma ligação bem mais próxima do que
ta aqui é característica: os primeiros quatro indica todos os indivíduos que vivem numa brou em sua visão profética (Gênesis 15:9-21). o usual im Iaacov (junto de Jacob). Et tem
filhos mencionados são os primeiros de Lea, mesma época. Mas, então, “Eu disse a ti: pelo teu sangue semelhança com a palavra ot, que é derivada
aqueles destinados a ela inicialmente; uma sobreviverás!” (Ezequiel 16:6). Através do da raiz atat, que significa “sinalizar”, “des-
* O tecido é formado pelo alinhamento dos pontos da costura,
vez que, após o nascimento de Judá, foi dito: em fileiras. A fala é uma sequência de palavras colocadas em chamado Divino, a nação voltará a erguer-se tacar”. Um aspecto característico da língua
“e parou de dar à luz” (Gênesis 29:35). Issa- ordem, como numa fileira imaginária. (N. do T.) “pelo seu sangue” para a vida eterna. Naque- hebraica é que palavras que simbolizam
ç
ÊXODO 1 | 5 | PORÇÃO SHEMOT ּ ָפ ָר ַשׁת ְשׁמוֹת | 4 | ְשׁמוֹת א
aumentaram, multiplicaram-se e fizeram-se fortes, muitíssimo, e a ַ ֽו ִ ּי ְשׁ ְרצ֛ וּ וַ ִ ּי ְר ּ֥בוּ וַ ַ ּיֽעַ ְצ ֖מוּ ִ ּב ְמ ֣אֹד ְמ ֑אֹד וַ ִּת ָּמ ֵל֥א ָה ָ ֖א ֶרץ א ָ ֹֽתם׃
terra encheu-se deles. אמר ֶאל־ ֶ ת־יוֹסֽף׃ ט וַ ֹ֖ ּי
ֵ ל־מ ְצ ָ ֑ריִ ם ֲא ֶ ֥שׁר ֽל ֹא־יָ ַ ֖דע ֶא ִ ַ־ח ָ ֖דשׁ ע ָ ח וַ ָ ּי ָ֥קם ֶמ ֶֽל ְך
8
E levantou-se um novo rei sobre o Egito que não conhecera José.
9
E disse a seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais עַ ּ֑מוֹ ִה ֗ ֵ ּנה ַ ֚עם ְ ּב ֵנ֣י יִ ְׂש ָר ֵ֔אל ַ ֥רב ְועָ ֖צוּ ם ִמ ֶּמֽנּ וּ ׃ י ָה ָ֥בה ִ ּנ ְֽת ַח ְּכ ָמ֖ה ֑לוֹ ּ ֶפן־יִ ְר ֶּ֗בה
numeroso e mais forte que nós! 10 Vinde, usemos de astúcia para
7. E os filhos de Israel frutificaram, au- sonalidade e os assuntos dos hebreus eram
ç 9. Eis que o povo dos filhos de Israel. Os “povos”. E assim como Avimélech, o Faraó mentaram. Nada nos foi contado sobre essa repudiados pelos egípcios.
filhos de Israel tornaram-se um povo! pode ter dito ao seu povo: “Vejam como o geração, além de sua fertilidade incomum.
é mais numeroso e mais forte que nós povo dos filhos de Israel, unidos como uma 8. E levantou-se um novo rei sobre o
aumentaram (vaishretsú). Multiplicaram- Egito. Nos deparamos aqui com o exem-
(mimênu). Não é possível explicar o versícu- só alma, se tornou tão poderoso! Não há
-se como as criaturas menos desenvolvidas e plo mais antigo de perversidade e crueldade
lo como “mais numeroso e mais poderoso uma só casta em todo o Egito que possa
mais rebaixadas (vaishretsú vem da palavra contra o povo judeu. Porém, infelizmente,
que nós”, pois os Egípcios eram, sem dúvi- se comparar a eles em número ou em sua
shérets, que significa inseto ou pequeno ser esses versículos de abertura não nos dão in-
da, mais poderosos e numerosos do que os enorme vitalidade e energia.”
rastejante). Na natureza, quanto mais rebai- dícios claros das principais razões para tal
filhos de Israel que moravam em Góshen. Duas observações devem ser feitas aqui:
xada é a criatura, assim aumenta o número perversidade.
O versículo só pode ser interpretado da for- (1) Essa primeira perversidade contra os
de crias em cada gestação. De fato, nos se- A expressão “levantou-se um novo rei sobre
ma apresentada se assumirmos a seguinte judeus não foi causada por nada que eles
res humanos, gêmeos, trigêmeos, quadri- o Egito” não tem a conotação de uma transfe-
suposição: O governante estrangeiro trouxe tenham feito. O Faraó não tinha como cul-
gêmeos e assim por diante, costumam ser rência comum do poder de regência ao novo
consigo ao Egito pessoas de sua terra natal. pá-los por nenhum delito; caso contrário,
mais fracos ou mesmo natimortos. Assim, rei, segundo a lei. “Levantar-se sobre” sempre
Os egípcios, ora, já estavam subjugados, en- não precisaria subjugá-los através de “astú-
nascimentos como esses não contribuem indica o cessar daquilo que estava estabele-
tão o rei se dirigiu ao seu próprio povo, aos cia”, e poderia simplesmente sair contra eles
com o aumento da população e, no máximo, cido previamente. Podemos presumir que a
invasores, e a eles – não aos egípcios – disse: abertamente, pela sua má conduta; e (2) Essa
a tornam mais frágil. Porém, aqui, o versícu- linhagem real anterior caiu, e que a Terra do
“Dos egípcios já não precisamos temer, pois crueldade dirigida ao povo judeu, a primeira
lo acrescenta: “multiplicaram-se e fizeram- Egito e seu povo foram subjugados por uma
já estão sob o nosso comando. Contudo, na- do tipo, não partiu do povo, mas sim, dos
-se fortes”, ou seja, seus filhos sobreviviam e linhagem de reis estrangeira, que invadiu o
quele vilarejo distante, há um grupo que está escalões superiores, que se utilizaram de
eram sadios e fortes. país. Isso explicaria a continuação:
crescendo e ficando forte demais, de modo sua influência para atiçar as massas. Foi um
que nos será difícil subjugá-los.” instrumento político que o novo governante multiplicaram-se. Os pais se multiplica-
que não conhecera José. Se o novo rei
usou para fortalecer o seu domínio tirano. ram física e espiritualmente através de seus fizesse parte do povo egípcio, José não lhe
No entanto, a interpretação que parece ser a
filhos. seria estranho. É importante notar que a
mais correta é que, aqui, a palavra mimênu Não há novidades nesse mundo e, de modo
tem o mesmo sentido daquilo que Aviméle- geral, todos os acontecimentos históricos fizeram-se fortes (vaiaatsmú). A palavra razão dada para o ódio dirigido ao povo ju-
ch disse a Isaac – “Afasta-te de nós porque são tão antigos quanto a própria História. ótsem é similar a óssem, que significa depó- deu, ódio esse descrito a seguir, é que o rei
ficaste poderoso, muito mais do que nós Toda vez que um governante ditador ten- sito, ou seja, indica armazenamento de ener- não conhecia José. O povo, por outro lado,
(mimênu)” (Gênesis 26:16) – que só pode tou oprimir os seus governados, entregou gia. Os filhos de Israel carregavam consigo o conhecia muito bem e não olhava para o
ser interpretado como: “Para nós, tu és po- às suas mãos outro povo, para que eles tam- uma riqueza de força espiritual e material. O vilarejo judaico e o povo que nele se desen-
deroso demais! Não podemos assistir, sem bém pudessem oprimi-lo e assim obter um poder conjunto deste grupo de pessoas era, volvia com suspeitas. Os judeus, aos olhos
reação, enquanto tu, uma única pessoa, te pequeno “consolo” e uma falsa sensação de de fato, muito impressionante. do povo egípcio, eram pessoas de bem e
tornas mais poderoso do que qualquer ou- superioridade que compensaria a opressão e a terra encheu-se deles. Não se refere que contribuíam para o desenvolvimento
tro indivíduo do nosso meio.” De fato, a vinda de cima e que os afligia. Esse tipo de a toda a Terra do Egito, mas apenas à cidade da sociedade, e não hóspedes indesejados.
população egípcia era dividida em classes política foi a origem de muitos dos decretos de Góshen, onde José os fez habitar por ser Os egípcios não se sentiam ameaçados pelo
e castas, e composta por tipos diferentes de que visavam oprimir os judeus, e vemos aqui um local mais afastado, uma vez que a per- crescente sucesso dos judeus.
ç
ÊXODO 1 | 7 | PORÇÃO SHEMOT ּ ָפ ָר ַשׁת ְשׁמוֹת | 6 | ְשׁמוֹת א
com ele; quiçá se multiplique e aconteça que, havendo guerra, ele se ם־ב֖נוּ ְועָ ָל֥ה ּ ָ נוֹס֤ף ַ ּגם־הוּ ֙א עַ ל־ ׂ֣ש ֹנְ ֵ֔אינוּ ְונִ ְל ַח ַ י־ת ְק ֶ ֤ראנָ ה ִמ ְל ָח ָמ ֙ה ְו ִ ְו ָה ָ֞יה ִּ ֽכ
una também aos nossos inimigos, peleje contra nós e suba da terra. ן־ה ָ ֽא ֶרץ׃ יא וַ ָ ּי ִ ׂ֤שימוּ עָ ָליו֙ ָׂש ֵ ֣רי ִמ ִּ ֔סים ְל ַ ֥מעַ ן עַ נּ ֹ֖תוֹ ְ ּב ִס ְבל ָ ֹ֑תם וַ ִ֜ ּי ֶבן עָ ֵ ֤רי
ָ ִמ
11
E puseram sobre ele ministros de impostos para o afligirem com as
suas cargas. E edificou para o Faraó [Par’ó] as cidades-armazéns de ת־רעַ ְמ ֵסֽס׃ יב ְו ַכ ֲֽא ֶשׁ ֙ר יְ עַ ּ֣נוּ א ֹ֔תוֹ ֵּכ֥ן יִ ְר ֶ ּב֖ה ֽ ַ ת־פ ֖תֹם ְו ֶאִ ּ נוֹת ְל ַפ ְר ֔עֹה ֶא ֙ ִמ ְס ְּכ
ç Podemos, talvez, presumir que a presença dos Outra prova de que o rei teria expressado a primeira vez que essa técnica foi utilizada cas. Contudo, nos aspectos social e moral, os
judeus, naquele tempo, havia se tornado tão duas preocupações está no fato de o verbo com tal propósito. O Faraó buscava tranqui- judeus daquela época eram exemplares.
inestimável ao país, política ou economica- “acontecer” estar no plural. Se o único sujei- lizar o povo egípcio e indenizá-lo pela domi- 10. Vinde, usemos de astúcia para com
mente, de modo que, apesar de o rei egípcio to do final do versículo fosse a guerra, o ver- nação dura e tirana que exercia. Para isso, ele. O significado deste versículo não está
querer diminuir seu número, era impensável bo deveria estar no singular. Portanto, faz criou um grupo social de excluídos, para o claro. Caso o sinal de pausa etnachtá* esti-
vê-los deixar o Egito de todo. A presença da- sentido dizer que o verbo “acontecer” se re- qual todas as outras classes sociais poderiam vesse abaixo da expressão “quiça se multipli-
quele povo em números controlados era algo fere aos dois cenários possíveis: (1) guerra; e olhar com desprezo, criando a ilusão de que que”, ao invés da expressão “para com ele”,
não somente benéfico como necessário. (2) expansão dos judeus pelo resto do Egito. elas eram livres. poderíamos interpretar facilmente o final do
O que parece ser a interpretação mais cor- 11. ministros de impostos. Os judeus O simples fato de o Faraó não ter encontrado versículo – “e suba da terra” – como sendo o
reta é que a expressão “e suba da terra” não eram considerados uma fonte de entrada nada para culpar o povo judeu, além de sua objetivo desejado. Desse modo, o versículo
se refere ao medo de os judeus deixarem a financeira considerável e o Faraó visava grande fertilidade, e precisar adotar um dis- diria: “Devemos limitá-los a tal ponto que,
Terra do Egito, mas da sua expansão além da extrair deles quanto mais lucros possíveis. curso não muito crível de buscar o “bem da na primeira oportunidade que surgir, eles
cidade de Góshen, onde estavam concentra- Afinal, eram estrangeiros, vindos de outra nação” para justificar seus terríveis decretos saiam desta terra. Tal oportunidade apare-
dos. Ainda assim, isso não explica por que terra, e era possível cobrar qualquer quantia atesta sobre a retidão social e moral dos ju- cerá no momento que houver uma guerra,
haveria necessidade de uma guerra para que simplesmente pelo ar que eles respiravam na deus da época. Apesar disso, o profeta Eze- pois nossos inimigos lhes concederão direito
o povo judeu iniciasse tal expansão. Talvez Terra do Egito. Por isso, foram colocados so- quiel nos ensina que os nossos antepassados de moradia e cidadania, caso os judeus deci-
o rei expressasse aqui dois medos indepen- bre eles ministros tributários, responsáveis não se mantiveram fiéis aos ensinamentos dam juntar-se a eles.”
dentes. Todo aquele que odeia outra pessoa pelo tesouro real. de Abrahão e se afastaram do Criador. Ab- Contudo, a explicação apresentada não pode
projeta nela o seu próprio ódio e pensa que com as suas cargas (sêvel). A palavra sê- sorveram o espírito de impureza que per- estar correta, uma vez que o etnachtá está
ela também o odeia. É possível que o Faraó vel em si não tem a conotação de uma carga meava o Egito, assim como seus caminhos abaixo da expressão “para com eles”, o que faz
tenha pensado: “Os judeus são nossos inimi- imposta sobre o homem com o objetivo de idólatras: “nem descartaram cada uma das com que as palavras “e suba da terra” façam
gos e não se deve confiar neles. Eles estão es- fazê-lo sofrer, mas sim, de algo sobre o qual coisas detestáveis de diante dos seus olhos, parte da oração “para que não se multipli-
perando a primeira oportunidade de guerra ele se encarrega e supervisiona. Não há nada nem abandonaram os ídolos do Egito” (Eze- quem”. Assim, “e suba da terra” não faz parte
para se juntarem aos atacantes. Até lá, eles maléfico nessa palavra. Sêvel é semelhan- quiel 20:8). Mesmo que esse lado de deca- do objetivo do plano, mas é uma das coisas
também serão tão numerosos, que Góshen te a sêfel, que significa recipiente. Assim, o dência do povo judeu não seja mencionado que o plano visava evitar. Tal divisão da sen-
será pequena demais para eles e logo eles versículo conta sobre as responsabilidades aqui de modo explícito, ainda assim, por ou- tença é difícil de ser entendida. Por que havia
estarão espalhados por toda a terra, prontos impostas sobre os judeus que trariam bene- tro lado, também não há qualquer menção tanta preocupação que os judeus deixassem o
para nos atacar.” Em épocas posteriores, ou- fícios ao país. Porém, deixa claro, também, do espírito judaico original, que preenchia Egito? Afinal, eles ainda não eram escravos!
tros povos buscaram tranquilizar suas cons- que o verdadeiro objetivo de tais imposições o coração dos patriarcas. Não encontramos ç
ciências em relação às perseguições contra era “para o afligirem”. expressões como “invocou o nome do Eter- * No texto bíblico há símbolos especiais (massoréticos) acima
ou abaixo das palavras que, segundo a tradição (TB Megui-
os judeus que moravam em suas terras, ale- cidades-armazéns (arê miskenot). A pala- no” ou “e construiu ali um altar ao Eterno”. lá 3a), foram transmitidos oralmente de geração em geração
gando que eles estariam aliados aos inimi- vra miskenot vem da raiz sachan, ou seja, to- A falta de tais expressões características desde o monte Sinai. Eles indicam ao leitor a melodia das pa-
gos da pátria. Assim fizeram o povo islâmi- dos os preparativos feitos para suprir as ne- aponta, de fato, para um distanciamento da ֑
lavras, sua pronúncia correta e a divisão das sentenças. Um
deles é o “etnachtá” ( ) – os sefaradim pronunciam “atnach”
co, os turcos, os franceses e outros. cessidades em tempos de emergência. Seria espiritualidade e dos caminhos dos patriar- –, que simboliza uma pausa na sentença. (N. do T.)
ç
ֵס ֶפר וַ ִ ּי ְק ָרא
LEVÍTICO
VAYICRÁ 2 וַ ִ ּי ְק ָרא
TSAV 160 ַצו
SHEMINÍ 236 ּ ְׁש ִמינִ י
TAZRÍA 308 ַַתזְ ִריע
METSORÁ 348 ְּמצ ָֹרע
ACHARÊ 398 ַ ֽא ֲח ֵרי
KEDOSHIM 480 דׁשים ִ ְק
EMÓR 570 ֱאמֹר
BEHAR 690 ְ ּב ַהר
BECHUCOTAI 742 ְ ּב ֻח ּק ַֹתי
APÊNDICE 799 נִ ְס ּ ַפח
HAFTARÓT 879 ַה ְפ ָטרֹות
LEVÍTICO 1 | 3 | PORÇÃO VAYICRÁ ּ ָפ ָר ַׁשת וַ ִ ּי ְק ָרא | 2 | וַ ִ ּי ְק ָרא א
* “Torat Cohanim” ou “Sifrá” é uma obra de Midrash com da reunião, mas porque eles mesmos são que Deus falava a Moisés “como fala um * “Sifrí” (ou “Sifrê”) é uma obra de Midrash com ênfase em
ênfase em questões legais judaicas sobre o Levítico atribuída à questões legais judaicas, sendo que a parte referente ao Livro
academia do Rabi Iehudá Ilái, mas cuja metodologia é similar
as consequências lógicas que partem dela, homem com seu próximo” (Êxodo 33:11), de Números é atribuída à academia do Rabi Ishmael, e a refe-
à do Rabi Akiva. (N. do E.) que é a fonte espiritual deles. ou seja, da mesma maneira que um homem rente ao Deuteronômio, à academia do Rabi Akiva. (N. do E.)
ç
LEVÍTICO 1 | 5 | PORÇÃO VAYICRÁ ּ ָפ ָר ַׁשת וַ ִ ּי ְק ָרא | 4 | וַ ִ ּי ְק ָרא א
judaísmo e buscam relacioná-lo às ideias um “serviço de sacrifícios encharcado de exclusivamente na relação entre o homem * Não obstante, mediante ressalva e na falta de opção melhor,
essa obra fará uso dos termos “sacrifício” e “oferta”, na espe-
vãs presentes na idolatria (Torat Cohanim; sangue”, cuja intenção é desprezar e vitupe- e Deus, e somente pode ser compreendido rança de que os leitores os encarem com o sentido de “corbán”
ver também Gênesis 8:20). Por isso, no con- rar o judaísmo “mosaico” do cume de seu com base em sua raiz carev. e meio de aproximação ao Eterno. (N. do E.)
ç
ֵס ֶפר ַ ּב ִמ ְד ַ ּבר
NÚMEROS
BAMIDBAR 2 ַ ּב ִמ ְד ַ ּבר
NASSÓ 46 נָ ׂש ֹא
BEHAALOTECHÁ 130 ְ ּב ַה ֲעל ְֹת ָך
SHELÁCH-LECHÁ 204 ח־ל ָך
ְ ְׁש ַל
CÔRACH 284 ק ַֹרח
CHUCAT 344 ֻח ַ ּקת
BALAC 394 ָ ּב ָלק
PINCHÁS 436 ּ ִ ֽפינְ ָחס
MATOT 510 ַּמ ּטֹות
MAS'Ê 544 ַמ ְסעֵ י
APÊNDICE 590 נִ ְס ּ ַפח
HAFTARÓT 607 ַה ְפ ָטרֹות
NÚMEROS 1 | 3 | PORÇÃO BAMIDBAR ּ ָפ ָר ַׁשת ַ ּב ִמ ְד ַ ּבר | 2 | ַ ּב ִמ ְד ַ ּבר א
por cabeça, 3 de 20 anos de idade em diante, todos aqueles aptos ג ִמ ֶּ֨בן עֶ ְׂש ִ ֤רים ָׁשנָ ֙ה וָ ַ ֔מעְ ָלה ָּכל־י ֵֹצ֥א ָצ ָב֖א ְ ּביִ ְׂש ָר ֵ ֑אל ִּת ְפ ְק ֥דוּ א ָ ֹ֛תם ְל ִצ ְבא ָ ֹ֖תם
a sair para o exército, em Israel, a esses contareis por suas turmas – ית־אב ָ ֹ֖תיו
ֲ ַא ָּ ֥תה ְו ַ ֽא ֲה ֽר ֹן׃ ד ְו ִא ְּת ֶכ֣ם ִי ְֽהי֔ וּ ִ ֥איׁש ִ ֖איׁש ַל ַּמ ֶ ּט֑ה ִ ֛איׁש ֥ר ֹאׁש ְל ֵב
ç comum, e cada um é parte concreta e inse- dos nomes", ou seja, cada indivíduo é no- cional amplo e abrangente inclui dois círcu- (casas patriarcais) por causa das muitas
parável dessa unidade. Nosso pai Israel era meado. Verifica-se que cada um se junta à los internos, já que a população é formada famílias que são originadas em cada tribo.
um único homem; porém, mesmo depois de coletividade enquanto reconhece a impor- por tribos, e cada tribo é composta de fa- A “Casa de Israel”, portanto, consiste em
seus descendentes terem se multiplicado e tância de sua personalidade. mílias. Assim, os homens devem ser con- doze casas patriarcais; cada casa patriarcal é
se transformado em seiscentos mil homens, todo homem, cabeça por cabeça. Cada tados segundo suas famílias, e as famílias composta de famílias diferentes; e as famí-
todos eles ainda eram integrantes de “uma pessoa tinha de entregar sua metade de si- segundo suas tribos, e as tribos se juntam lias são a primeira unidade a reunir indiví-
casa”, filhos de “um homem”, e carregavam o clo pessoalmente e anunciar que era fula- para formar a soma total da “congregação duos em grupos.
legado de seu único propósito e destino ao no, filho de beltrano, da família sicrana, da de Israel”. Este método de agrupamento também é en-
longo de todas as gerações. tribo tal e tal. A atribuição – tanto familiar A palavra mishpachá (família) deriva da raiz contrado na tribo de Levi, distinguida do
No entanto, dentro dessa unidade funda- quanto tribal – já havia sido expressa pela shapach, que é próxima de sapach (juntar), resto da nação para ser tratada como uma
mental, e sob sua influência, eles mantêm e divisão anterior em grupos. De qualquer bem como de shéfa (abundância). Shéfa – unidade independente. Levi é como um
cultivam uma infinidade de diferentes carac- forma, todo aquele que passava pela con- como em “a tropa (shifat) de Iehú” (2 Reis povo de Israel em miniatura. Os filhos de
terísticas, exclusivas a cada uma das tribos e tagem se tornava consciente de seu status 9:17), “Uma multidão (shifat) de camelos” Levi – Guershon, Kehat e Merarí – formam
famílias. Deste modo, poderá ser alcançado pessoal, familiar e tribal, e “como tal” ele (Isaías 60:6), “de sua multidão (shifat) de casas patriarcais, e seus filhos – Livní e Shi-
o propósito de que a tarefa única comparti- era contado dentro da coletividade. cavalos” (Ezequiel 26:10) – indica a reunião mí; Amram, Its’har, Chevron e Uziel; Machlí
lhada por todos será realizada e completada Além disso, a expressão “de acordo com suas de uma multidão num só lugar. Com a adi- e Mushí – formam as famílias de Levi segun-
por cada indivíduo – apesar de suas singu- tribos, segundo os seus pais” sugere que a ção da letra mem, a palavra mishpachá passa do suas casas patriarcais (adiante 3:18-20).
laridades, e ela será alcançada por meio da atribuição tribal de alguém (Ruben, Cohen, a indicar o elemento que reúne indivíduos Esta é a singularidade do nacionalismo ju-
multiplicidade de diferentes atributos e ca- Levi, Judá, Simão etc.), bem como sua atri- em grupos naturais. O que cria a família é a daico: a nação inteira é sempre considerada
racterísticas especiais. E essa conquista será buição familiar em relação às leis de herança, origem comum de seus integrantes, assim uma única casa – a Casa de Israel; e os mem-
um exemplo para toda a raça humana. são determinadas pelo pai, e não pela mãe, como o casamento, que transfere a mulher bros da nação são sempre chamados “filhos
Cada tribo com sua exclusividade e cada fa- pois “a família do pai é considerada família, para a casa do marido. de um único homem” – os filhos de Israel.
mília com seus traços especiais atuarão em mas a família da mãe não é considerada fa- segundo as tribos de seus pais (lebêt No entanto, simultaneamente, existem tam-
prol do objetivo comum da Casa de Israel, mília” (TB Babá Batrá 109b-110b). avotam). Fica claro a partir de vários lu- bém unidades separadas, que estão subme-
e elas darão forma a esse objetivo, educarão cabeça. Em um censo, a cabeça representa gares na Escritura (como adiante 2:2 e 34; tidas à coletividade maior e que são abran-
seus filhos para buscá-lo e o passarão para a pessoa real que está em pé, com seu cor- 7:2; 17:17-18 e outros) que bêt av indica a gidas por ela – casas patriarcais e famílias.
a próxima geração. Portanto, as centenas de po, diante de nós. Quando um grande nú- unidade da tribo. Os indivíduos se juntam A percepção da nação como “Casa de Israel”
milhares de pessoas da Casa de Israel são mero de pessoas está reunido, as cabeças para formar famílias; as famílias, que vêm e de todos os seus integrantes como “filhos
vistas pela nação como uma multidão de nos fornecem o melhor meio de contá-las. de uma casa em comum, juntam-se para de Israel” assegura que o conceito da nação
pessoas misturadas, mas “de acordo com No judaísmo, no entanto, não contamos as formar tribos; e as tribos, que também se judaica não se torne uma mera ideia abstra-
suas tribos, segundo os seus pais” – isto é, cabeças, mas “uma béca por cabeça” (Êxodo relacionam a uma casa patriarcal comum, ta, desprovida de união real; ou que exista
como grupos familiares que se agrupam de 38:26), metade de um siclo para cada cabeça. juntam-se para formar a “Casa de Israel”. apenas como uma ilusão, como uma união
acordo com as tribos às quais pertencem. 3. aptos a sair para o exército (tsavá). Essas tribos são chamadas de matot (“ra- imaginária de representantes do alto escalão.
Os homens de cada tribo são contados e as A palavra tsavá, na Escritura, não indica ne- mos” – comparar com Ezequiel 19:11-14), A nação judaica é sempre percebida na cole-
famílias de cada tribo vêm separadamente. cessariamente, nem mesmo como sentido devido ao único tronco genético comparti- tividade unificada e real de seus membros.
E cada família é contada com "o número principal, um exército de guerra ou o serviço lhado por elas, e são chamadas de batê avot Eles são unidos por um elemento íntimo em
ç
NÚMEROS 1 | 7 | PORÇÃO BAMIDBAR ּ ָפ ָר ַׁשת ַ ּב ִמ ְד ַ ּבר | 6 | ַ ּב ִמ ְד ַ ּבר א
tu e Aarão. 4 E convosco estará um homem de cada tribo, que seja יצוּ ר ֶּבן־ ֵ֕ ֽהוּ א׃ ה ְו ֵ֨א ֶּל ֙ה ְׁשמ֣ ֹות ָה ֲֽאנָ ֔ ִׁשים ֲא ֶ ׁ֥שר ַיֽעַ ְמ ֖דוּ ִא ְּת ֶכ֑ם ִל ְר
֖ אוּבן ֱא ִל
cabeça da tribo de seus pais. 5 E estes são os nomes dos homens יׁשדָּ ֽ י׃ ז ִ ֽליהוּ ָ ֕דה נַ ְח ׁ֖שֹון ֶּבן־עַ ִּ ֽמינָ ָ ֽדב׃ ַ יאוּ ר׃ ו ְל ִׁש ְמ ֕עֹון ְׁש ֻל ִֽמ ֵיא֖ל ֶּבן־צוּ ִ ֽר ֽ ְׁש ֵד
que estarão convosco: de Ruben – Elitsur ben [filho de] Shedeúr;
6
de Simão – Shelumiel ben Tsurishadái; 7 de Judá – Nach’shón ben יֹוסף֔ ֵ ן־ח ֽל ֹן׃ י ִל ְב ֵנ֣י ֵ יאב ֶּב ֖ ָ ן־צוּעֽר׃ ט ִלזְ בוּ ֕ ֻלן ֱא ִל ָ שכר נְ ַתנְ ֵא֖ל ֶּב ָ֔ ח ְל ֨ ִי ּ ָׂש
Aminadav; 8 de Issachar – Netanel ben Tsuar; 9 de Zevulun – Eliav הצוּ ר׃ יא ְל ִ֨בנְ יָ ִ ֔מןֽ ן־פ ָד ְ ּ יהוּ ד ִל ְמנַ ּ ֕ ֶׁשה ַ ּג ְמ ִל ֵיא֖ל ֶּב ֑ יׁש ָמ֖ע ֶּבן־עַ ִּמ ָ ְל ֶא ְפ ַ ֕ריִ ם ֱא ִ ֽל
ben Chelón; 10 dos filhos de José: de Efráim – Elishamá ben Amiúd; יׁשדָּ ֽ י׃ יג ְל ָא ֕ ֵׁשר ּ ַפ ְגעִ ֵיא֖ל ֶּבן־ ַ יע֖זֶ ר ֶּבן־עַ ִּ ֽמ ֶ ן־ג ְדע ִֹנֽי׃ יב ְל ָ ֕דן ֲא ִח ּ ִ ידן ֶּב ֖ ָ ֲא ִב
de Menashê – Gamliel ben Pedatsur; 11 de Benjamim – Avidán ben
Guidoni; 12 de Dan – Achiézer ben Amishadai; 13 de Asher – Paguiel ירע ֶּבן־עֵ ָינֽן׃ טז ֵ ֚א ֶּלה ֖ ַ עָ ְכ ָ ֽרן׃ יד ְל ָ֕גד ֶא ְליָ ָס֖ף ֶּבן־דְּ עוּ ֵאֽל׃ טו ְל ֨ ַנ ְפ ָּת ֔ ִלי ֲא ִח
ben Ochran; 14 de Gad – Eliassaf ben Deuel; 15 de Naftali – Achirá אׁשי ַא ְל ֵפ֥י יִ ְׂש ָר ֵא֖ל ֵהֽם׃ ֛ ֵ בֹותם ָר ֑ ָ ְקר ּי ֵ ֣אי ְקרוּ ֵ ֣אי ָהֽעֵ ָ ֔דה נְ ִׂש ֵיא֖י ַמ ּ ֣טֹות ֲא
ben Enán.” 16 Estes são os que foram chamados da congregação, יז וַ ִ ּי ַּ ֥קח מ ֶֹׁש֖ה ְו ַ ֽא ֲה ֑ר ֹן ֵ ֚את ָה ֲֽאנָ ִ ׁ֣שים ָה ֵ֔א ֶּלה ֲא ֶ ׁ֥שר נִ ְּק ֖בוּ ְ ּב ֵׁש ֽמֹות׃ יח ְו ֵ֨את ָּכל־
príncipes das tribos de seus pais; eles eram cabeças dos milhares
de Israel. 17 E Moisés e Aarão tomaram a estes homens que foram ל־מ ְׁש ּ ְפח ָ ֹ֖תם ְל ֵב֣ית ֲאב ָ ֹ֑תם ִ ַָהֽעֵ ָ ֜דה ִה ְק ִ֗הילוּ ְ ּב ֶא ָח ֙ד ַל ֣חֹ ֶדׁש ַה ּ ֵׁש ֔ ִני וַ ִ ּי ְת ַי ְֽל ֥דוּ ע
declarados nominalmente, 18 e fizeram juntar a toda a congregação הֹו֖ה ָ ְְ ּב ִמ ְס ּ ַפ֣ר ֵׁש ֗מֹות ִמ ֶּ֨בן עֶ ְׂש ִ ֥רים ָׁש ָנ֛ה וָ ַמ֖עְ ָלה ְל ֻג ְל ְ ּגל ָ ֹֽתם׃ יט ַּכ ֲֽא ֶׁש֛ר ִצוָּ ֥ה י
no primeiro dia do segundo mês, designando-os pelas suas famílias, ינֽי׃ שני ָ ֶאת־מ ֶֹׁש֑ה ַ ֽו ִ ּי ְפ ְק ֵ ֖דם ְ ּב ִמ ְד ַ ּ ֥בר ִס
pelas tribos de seus pais e pelo número dos nomes, desde os 20
anos de idade em diante, cabeça por cabeça. 19 Como o Eterno militar (ver comentário sobre Gênesis 2:1). – isto é, “todos os homens (..). de 20 anos de
Eis os seguintes exemplos: “todo aquele que idade ou mais”. Portanto, na porção que fala
ordenara a Moisés, contou-os no deserto de Sinai. SEGUNDO
entrar no serviço (tsavá), para servir na ten- sobre os levitas (adiante, capítulo 4), não é
da da reunião” (adiante 4:3); “todo aquele dito “sair para a tsavá”, mas “entrar na tsavá
ç haedá.* Carí (chamado) é uma forma adje- mente para este censo. que vem para servir no exército (tsavá), para (no serviço)”, já que todas as suas vidas são
tiva, como as construções nadiv (generoso) Eles também eram príncipes (nessiê) das fazer o serviço na tenda da reunião” (ibid. dedicadas ao serviço público.
e sachir (assalariado). Essa forma significa tribos de seus pais: dentro de suas próprias 4:23), assim como outros no capítulo 4, onde 4. E convosco estará. Aparentemente, os
que a pessoa é frequentemente chamada e tribos, eles eram “elevados” (nessuím) e co- tsavá denota o serviço dos levitas na tenda líderes de cada uma das tribos auxiliaram
que, para ela, o “chamado” é algo recorren- locados acima do povo em virtude de seu da reunião. O mesmo pode ser visto mais a Moisés e Aarão durante todo o censo, ao
te. Em contraste, carú (convocado) é uma status social. De acordo com isso, eles eram adiante (8:24-25). De todos esses exemplos, invés de cada líder prestar ajuda apenas du-
forma verbal (particípio). Essa forma indica cabeças dos milhares de Israel, e o povo in- parece claro que tsavá indica uma multidão rante o censo de sua própria tribo.
que a pessoa foi chamada casualmente, por teiro os via como seus líderes, por causa de reunida para desempenhar um serviço pú-
5. de Ruben (li-Reuven). A letra lámed em
um motivo pontual, a fim de lidar com um seu caráter e status. blico sob uma autoridade superior, ou o pró-
li-Reuven, le-Shimon etc. provavelmente sig-
assunto em questão. prio serviço prestado por tal multidão.
18. designando-os pelas suas famílias. nifica “por Ruben” e “em seu lugar” – ou seja,
As pessoas nomeadas aqui eram aquelas Eles se apresentaram dando seus nomes e Mesmo no nosso versículo, tsavá não indi- cada tribo foi representada por seu líder.
que o público geralmente chamava para declarando suas atribuições, tanto familia- ca necessariamente o serviço militar, e sim,
16. os que foram chamados da congre-
administrar as necessidades coletivas; elas res quanto tribais. toda pessoa obrigada, quando necessário,
gação (keruê haedá). A ortografia é keriê
eram keriê haedá (os “chamados” da con- e fizeram juntar a toda a congregação. a abandonar sua vida privada e entrar sob ç
gregação), as pessoas que o público conhe- Toda a congregação estava reunida ali, visto o peso do serviço público; em outras pa-
* No texto bíblico, a palavra é escrita “keriê” ()קר ּי ֵאי,
ְ mas segun-
cia e confiava. Além disso, eram também que a congregação incluía todos os homens lavras, qualquer um com quem o público do a tradição oral, ela deve ser “lida “keruê” (רוּאי ְ O Rabino
ֵ )ק.
keruê haedá: foram convocadas especifica- com mais de 20 anos de idade. pudesse contar para cumprir seus objetivos Hirsch comentará a diferença entre os dois modos. (N. do T.)
ç
ֵס ֶפר דְּ ָב ִרים
DEUTERONÔMIO
DEVARIM 2 דְּ ָב ִרים
VAETCHANAN 38 ָו ֶֽא ְת ַח ַ ּנן
ÉKEV 126 עֵ ֶקב
REÊ 184 ְר ֵאה
SHOFETIM 300 ׁש ְֹפ ִטים
KI TETSÊ 388 י־ת ֵצא ֵ ִּכ
KI TAVÔ 500 י־תבֹוא ָ ִּכ
NITSAVIM 558 נִ צָּ ִבים
VAIÊLECH 578 וַ ֵ ּי ֶל ְך
HAAZÍNU 600 ַּה ֲאזִ ינו
VEZOT HABERACHÁ 638 ְוזֹאת ַה ְ ּב ָר ָכה
APÊNDICE 665 נִ ְס ּ ַפח
HAFTARÓT 687 ַה ְפ ָטרֹות
DEUTERONÔMIO 1 | 3 | PORÇÃO DEVARIM ּ ָפ ָר ַׁשת דְּ ָב ִרים | 2 | דְּ ָב ִרים א
e a Og, rei de Bashán, que habitava em Ashtarot, em Edrêi. ר־יֹוׁש֥ב ְ ּבעַ ְׁש ָּת ֖ר ֹת ְ ּב ֶא ְד ֶ ֽרעִ י׃ ֵ ֵ
ç Suf. Não parece que Suf seja uma referência 3. conforme tudo que o Eterno ordena- Capítulo 1 que a vida e a obra de Moisés não estão rela-
ao mar Vermelho, pois em nenhum outro ra para eles. Não está escrito que Moisés 1. Estas são as palavras. A menção às cionadas a um lugar específico, que o local
lugar este mar foi chamado simplesmente transmitiu “tudo que o Eterno ordenara”, “palavras” que foram proferidas por Moisés de seu sepultamento não é conhecido e que
de Suf, mas sempre de iam Suf (mar Verme- mas sim, “conforme tudo que o Eterno orde- “de além do Jordão” não se refere apenas ao nenhum monumento foi erigido a fim de
lho). Portanto, o termo Suf indica um local, nara”. Ou seja, nas semanas que antecederam que foi dito diretamente na sequência, nem celebrar fisicamente a sua memória, o único
e não um rio ou um mar de mesmo nome. E a sua despedida, Moisés não só repetiu tudo tampouco ao que foi relatado nesta porção lugar que pode ser relacionado a Moisés é o
o mesmo se aplica a Tófel e Lavan que tam- que o Eterno havia ordenado até então como Devarim, mas concerne a tudo que será fa- local em que proferiu seu último discurso,
bém não foram citados nenhuma outra vez também explicou “como” esses preceitos de- lado nesse quinto e último livro da Torá, o onde foi visto pela última vez por seu povo
na Escritura. viam ser cumpridos. Com sentenças preci- Deuteronômio. Na sequência dos últimos e onde concluiu sua vida.
De acordo com uma opinião dos nossos sá- sas, ele repetiu as leis essenciais da Torá e as capítulos de Números, que abordaram os Nesse sentido, o discurso de despedida de
bios (Sifrí), os nomes das localidades cita- explicou novamente em detalhes, bem como mandamentos relacionados à conquista da Moisés tem a maior importância. Cada uma
das aqui aludem a pecados cometidos pelo os diferentes aspectos relativos ao cumpri- Terra de Israel, o Deuteronômio (DT) se de suas palavras expressa sua profunda co-
povo no decorrer de sua jornada pelo de- mento das mesmas. E é isso que foi sintetiza- configura como um longo discurso de des- nexão sentimental com o povo e demonstra
serto. Eventualmente, esses lugares nas cer- do adiante (versículo 5) quando foi dito que pedida por parte de Moisés, uma vez que dali toda sua preocupação quanto ao futuro de
canias do vale em que o Moisés passou as “Moisés começou a explicar esta Torá”. em diante o povo deveria seguir o seu cami- seus irmãos, como se ele estivesse compar-
últimas semanas de sua vida admoestando Entretanto, o principal propósito deste livro nho e herdar a Terra Prometida sem contar tilhando seu espírito com todos a fim de
o povo eram conhecidos anteriormente por não é revisar ou explicar os preceitos que já com a presença e as orientações do seu líder. oferecer as condições necessárias para a
outros nomes, sendo renomeadas por Moi- haviam sido escritos nos livros anteriores. defronte de Suf. Dada a importância his- superação das dificuldades e provações que
sés e pelo povo com nomes que aludissem Afinal, dos mais de 100 preceitos trazidos tórica do derradeiro discurso de Moisés, viriam adiante. Portanto, a Torá trata de
aos fracassos nacionais ocorridos no passa- nele, mais de 70 são preceitos novos que a Escritura se empenhou em situar neste nos informar o local em que este discurso
do como uma forma de recordar os pecados não foram incluídos nos livros anteriores, e e no próximo versículo o local exato em foi proferido para que, caso no futuro um
do passado e fomentar o aprimoramento portanto não podem ser considerados repe- que Moisés o proferiu, indicando diferen- dos descendentes do povo de Moisés che-
dos seus atos no futuro. tições ou explicações. tes referências geográficas que pudessem gue a esse lugar, seus ouvidos hão de ouvir
2. onze dias. Este local se encontrava a A relação completa desses nos ajudar a precisar aquele ponto que não uma voz celestial com estas palavras, e isso
uma distância de onze dias de Horeb, pelo 73 PRECEITOS NOVOS era demarcado e tampouco conhecido por o despertará a segui-las fielmente, para o
caminho das montanhas de Seír. encontra-se no Apêndice, página 666. alguma característica particular. Haja vista seu bem pessoal e para o bem do seu povo.
ç
DEUTERONÔMIO 1 | 5 | PORÇÃO DEVARIM ּ ָפ ָר ַׁשת דְּ ָב ִרים | 4 | דְּ ָב ִרים א
ç ção de tirar proveito da idolatria, a regula- foi registrada aqui em sua integralidade. Para entendermos o motivo de a Escritu- rael. A festa de Sucót, por exemplo, que re-
mentação das diferentes formas de práticas Dessa forma, os primeiros 11 capítulos des- ra ter trazido somente aqui alguns novos memora a estadia do povo no deserto, não
proibidas, e assim por diante. te livro trataram de recapitular a trajetória preceitos e recordado alguns que já haviam faria sentido se fosse celebrada antes de o
Seguindo a lógica do atendimento à realida- do nosso povo em seus pontos mais impor- sido ordenados anteriormente é importan- povo ter deixado a sua condição nômade e
de histórica de então, o povo foi ordenado tantes, marcando assim os acontecimentos te lembrarmos que todo o DT foi proferido antes de passar a habitar em casas. Da mes-
a acatar a liderança de um novo líder após a e ensinamentos que deveriam ser retidos durante o período de algumas semanas que ma forma, o mandamento do lulav (palma
morte de Moisés, bem como foi instruído a na memória daquela e de todas as próximas precederam o falecimento de Moisés ao fi- de palmeira) só poderia ser praticado com
implementar um sistema judicial dentre ou- gerações do nosso povo. E visto que este é nal dos 40 anos em que o nosso povo este- a entrada na Terra de Israel, pois sua reali-
tros mandamentos na mesma direção. Do um discurso que também contém as bases ve condenado a vagar pelo deserto. Assim, zação seria completamente inviável na con-
mesmo modo, foram dadas as leis relacio- conceituais do amor e do temor a Deus à luz todo o livro está voltado à instituição das dição de escassez do deserto.
nadas à guerra, as leis que regem o consumo do princípio da unicidade Divina, cada in- leis e dos mandamentos relacionados à ver- Além disso, um dos pontos mais centrais
de carne animal que apenas então passou a divíduo tem a obrigação de apreendê-lo em dadeira mudança de paradigma que estava das festas de Pêssach, Shavuót e Sucót era a
ser permitido, a proibição de se oferecer sa- seu espírito e em sua alma. prestes a ocorrer – o fim do período no de- obrigação de peregrinar a Jerusalém e se re-
crifícios fora do Templo, o conjunto das leis No intuito de promover a aplicação prática serto e a iminente entrada na Terra de Israel. unir no Templo, o local de concentração na-
que normatizam o convívio social e as rela- dos valores espirituais transmitidos neste li- Como amostra de como o DT foi todo pau- cional, o que só poderia vir a ser realizado
ções empregatícias, as leis que abordam o vro, o povo judeu recebeu então os manda- tado à luz do momento histórico em que foi depois que os judeus tivessem conquistado
aspecto jurídico do casamento, entre várias mentos de estudar a Torá e de transmiti-la a proferido, convém examinarmos os man- a sua soberania em Israel. Por isso, quando
outras leis que passariam a incidir depois da seus filhos, os mandamentos da recitação do damentos sobre as festas judaicas mencio- as leis de Pêssach, Shavuót e Sucót foram re-
entrada na Terra de Israel e que, por isso, Shemá (a prece “Ouve, Israel!”), da coloca- nados apenas parcialmente nele. Ou seja, visadas no DT, os aspectos mais realçados
encontraram o seu lugar neste quinto livro ção dos tefilin, da fixação da mezuzá, da reci- de todas as festas ordenadas no Levítico 23, foram aqueles relacionados à Terra de Israel,
da Torá – tanto de forma inédita quanto de tação do bênção de graças (bircat hamazon) as festas de Pêssach, Shavuót e Sucót foram como as datas em que tais festas deveriam
forma repetida. e de lembrar diariamente o Êxodo do Egito. reiteradas aqui (16:1-17), ao passo que as acontecer, visto que estavam ligadas às es-
Na nossa opinião, tais explanações são ób- E uma vez que o povo estava prestes a per- leis referentes ao Shabat e às festas de Rosh tações climáticas e às fases do plantio e da
vias e não artificiais, e podem explicar por der uma referência tão central como Moisés, Hashaná, Iom Kipúr e Sheminí Atséret, não. colheita, bem como ao lugar central “que es-
que esses grupos de preceitos foram escritos passando a viver na Terra de Israel de forma Quando analisamos o que há em comum colher o Eterno” (adiante 16:6-7) no qual elas
no quinto livro da Torá. E uma vez que os independente e individual, tais mandamen- entre as quatro festas não lembradas nesse deveriam acontecer – no Templo Sagrado de
preceitos trazidos aqui para a nossa delibe- tos passariam a funcionar como gatilhos a livro, encontramos que todas elas possuem Jerusalém. Entende-se, assim, por que algu-
ração geral representam a maioria absoluta serem disparados diariamente no coração de um caráter que realça a ligação individual mas festas foram repetidas aqui e outras não.
do livro, podemos afirmar que uma hipó- cada judeu com o intuito de despertá-lo às de cada pessoa com Deus, de modo que sua Esse mesmo ponto de vista também nos
tese semelhante leva à inclusão de todos os suas obrigações e à busca da moral e da no- celebração poderia ser cumprida no deserto ajuda a entender em linhas gerais qual foi
demais preceitos que surgem no DT. breza próprias de sua vida e de sua história. sem o menor prejuízo. Sendo assim, a imi- o motivo que levou a Escritura a mencionar
Além dos mandamentos práticos que pre- Em suma, o DT é um resumo dos preceitos nente entrada na Terra de Israel não acar- os demais preceitos deste livro: uma vez que
cisavam ser ensinados ou revisados no DT, em relação aos quais havia uma necessidade retava a necessidade de se revisitar tais leis, a entrada na terra acarretaria o contato dos
Moisés também apresentou aqui um discur- especial de recordá-los – seja para os líde- como de fato não aconteceu. judeus com os povos idólatras que habita-
so especial sobre a missão, valores e princí- res, seja para cada indivíduo – na transição Por sua vez, as festas de Pêssach, Shavuót vam a região, a proibição da idolatria e suas
pios do judaísmo. E diferentemente do dis- da vida no deserto para a vida assentada na e Sucót – que possuíam um caráter direta- diferentes implicações tiveram de ser reite-
curso oral acerca dos mandamentos práticos terra. Parte desses preceitos deliberadamente mente relacionado à terra e ao ciclo das es- radas e detalhadas repetidas vezes no DT,
cuja reprodução por escrito foi apenas par- não havia sido colocada por escrito até ago- tações – não tinham como ser vivenciadas como o estabelecimento das leis que con-
cial, conforme mencionamos, a dissertação ra; outros, que já haviam sido lembrados no devidamente pelos judeus que estavam no denam a cidade pervertida pela idolatria,
acerca dos valores e princípios do judaísmo passado, retornaram e foram reescritos pelo deserto antes da conquista da Terra de Is- os castigos ao incitador à idolatria, a proibi-
ç
DEUTERONÔMIO 1 | 7 | PORÇÃO DEVARIM ּ ָפ ָר ַׁשת דְּ ָב ִרים | 6 | דְּ ָב ִרים א
5
Além do Jordão, na terra de Moav, Moisés começou a explicar esta ֹורה ַה ֹ֖ ּזאת ֵלא ֽמֹר׃ ֥ ָ ת־ה ּת
ַ הֹואיל מ ֔ ֶֹׁשה ֵּב ֵ ֛אר ֶא ֣ ִ מֹואב ֑ ָ ה ְ ּב ֵע ֶ֥בר ַה ַ ּי ְרדֵּ ֖ ן ְ ּב ֶ ֣א ֶרץ
Torá, dizendo: 6 O Eterno, nosso Deus, nos falou em Horeb, dizendo: ּב־ל ֶכ֥ם ֶׁש ֶ֖בת ָ ּב ָה֥ר ַה ֶּזֽה׃ ז ּ ְפנ֣ ו ָ הֹו֧ה ֱאל ֵֹה֛ינוּ דִּ ֶ ּב֥ר ֵא ֵל֖ינוּ ְ ּבח ֵֹר֣ב ֵלא ֑מֹר ַר ָ ְו י
“Haveis estado bastante tempo neste monte. 7 Voltai-vos, parti e ide
ao monte do Emoreu e a todos os seus lugares vizinhos, da ל־ׁש ֵכנָ יו֒ ָ ּב ֲֽע ָר ָ ֥בה ָב ָה֛ר ַוּב ּ ְׁש ֵפ ָל֥ה
ְ ל־כ
ָּ ׀ ְוּסע֣ וּ ָל ֶ֗כם וּ ֨בֹאוּ ַה֥ר ָה ֱֽאמ ִֹרי֘ ְו ֶא
planície, do monte, do vale, do Néguev e da costa do mar, à ר־פ ָ ֽרת׃ ַ ַַוּבנֶּ ֖גֶ ב ְוּבח֣ ֹוף ַה ָ ּי֑ם ֶ ֤א ֶרץ ַה ְּֽכ ַנ ֲֽענִ ֙ י ְו ַה ְּל ָב ֔נֹון ע
ְ ּ ד־ה ָ ּנ ָה֥ר ַה ָ ּג ֖דֹל נְ ַה
terra do Cananeu e ao Líbano, até o grande rio, o rio Eufrates.
fato de seu conteúdo ser considerado neces- luz das provações enfrentadas pelo povo até
ç único monte; ele pode servir também para taxe que essas referências vieram descrever sário para o objetivo requerido. então, tais objetivos haveriam de ser alcan-
apontar uma cadeia de montanhas em cujo o “monte do Emoreu e a todos os seus lu- Para concluir, o DT é comumente chama- çados por meio da dedicação a Deus e do
cume se encontra um monte específico. Daí o gares vizinhos” mencionados no início do do de Mishnê Torá (Revisão da Torá), sendo cumprimento da Sua vontade.
significado de har como “planalto”, em oposi- versículo. Consequentemente, podemos corrente a concepção de que se trata de uma Segundo os ensinamentos de Moisés, da
ção à palavra “planície”, que denota uma faixa concluir que a Terra de Israel foi chamada mera releitura da Torá. Contudo, devemos mesma forma que basta a Israel obedecer à
de terra plana e baixa. Portanto, as palavras aqui tanto de “monte do Emoreu e todos os nos lembrar que este é um entendimento voz do Eterno nos tempos de paz para trilhar
“neste monte” não vieram nos informar que o seus lugares vizinhos” quanto de “Terra do incorreto, como fica patente pela grande o seu caminho com tranquilidade, a obe-
nosso povo havia ficado “tempo bastante” na Cananeu”. Nesse sentido, devemos enten- quantidade de mandamentos e ensinamen- diência à voz de Deus também é o melhor
montanha do Sinai, mas sim, que esteve por der que a menção ao “monte do Emoreu” se tos inéditos contidos nele. Por conseguinte, a meio de o povo conseguir superar as dificul-
um longo período nas cercanias deste monte deu como uma metonímia de toda Terra de melhor forma de o entendermos como uma dades nos tempos de guerra e aos inimigos
ou nessa cadeia de montanhas. Israel, dado que o Emoreu era apenas um “Revisão da Torá” é esta: o DT conta sobre a que porventura se levantem contra ele. Em
Em suas palavras, Moisés diz o seguinte ao dos sete povos que a habitava – tal qual a revisão e a explanação verbal de toda a Torá outras palavras, tudo pode ser alcançado
povo: “Depois da nossa saída do Egito rumo Escritura chamou toda a Terra Prometida com as quais Moisés encerrou seu trabalho com a obediência ao Eterno, e nada é atin-
à Terra Prometida, Deus nos guiou até aque- de “Terra de Canaã” por diversas vezes em neste mundo em prol do seu povo. Dessa re- gido sem a obediência aos ditames Divinos.
le monte para ali permanecermos por certo nome de um dos povos que a habitava. visão oral foram escolhidos os preceitos con- Portanto, era importante lembrar que recaía
tempo. Então recebemos a Torá e adentra- De certa forma, o motivo que levou esse tidos neste livro dos quais uma parte aparece sobre Israel a responsabilidade de marcar o
mos ao “serviço de Deus”, ocupamo-nos com versículo a se referir à Terra de Israel como aqui pela primeira vez e outra já havia sido seu lugar na história dos povos justamente
o estudo da Torá, aprendemos seus preceitos “monte do Emoreu” foi o fato de que o escrita nos livros anteriores. como o povo detentor da Torá ética de Deus,
e edificamos um santuário. Assim, o obje- primeiro povo a se postar diante de Israel 5. Moisés começou a explicar. Confor- e não como a nação mais forte e a mais es-
tivo daquela estadia foi alcançado, e não há quando este rumava à Terra Prometida foi me mencionamos acima, os primeiros 11 pecializada na arte da guerra. As vitórias de
nada que nos impeça de seguir adiante para precisamente o povo Emoreu. Portanto, capítulos deste livro incluem os discursos Israel e suas derrotas no decorrer da história
herdar aquela terra cujo maior propósito é dado o contexto em que Moisés rememo- de “introdução” com os quais o Moisés ini- hão de testemunhar o fato de que o desen-
servir de solo para o cumprimento da Torá.” rava a ordem Divina para que os judeus se- ciou o seu projeto de revisar a Torá e expli- volvimento do povo de Israel se distinguiu
7. Voltai-vos. Não há dúvida de que esse guissem adiante rumo à conquista da terra, car os seus preceitos. A primeira parte des- dos caminhos trilhados pelas outras nações.
versículo descreve a Terra de Canaã confor- não é de se espantar que toda aquela terra tes discursos que se inicia neste versículo e 6. em Horeb. Toda a região ao redor do
me as variações topográficas de suas dife- fora chamada então de “monte do Emoreu” segue até o final dessa porção (3:22) tem o monte Sinai é chamada de Horeb, como en-
rentes regiões – “da planície, do monte, do em nome do primeiro povo que se opôs à objetivo de cultivar no povo a crença de que contramos no Êxodo 3:1: “E veio ao monte
vale, do Néguev e da costa do mar” – con- conquista da terra por parte de Israel. a conquista da Terra de Israel e a subjuga- de Deus, a Horeb”.
forme fica evidente pela conclusão “Terra e a todos os seus lugares vizinhos. Em- ção dos povos que se encontravam ali não Haveis estado bastante tempo neste
do Cananeu”, de que certamente se refere a bora o significado mais amplo de “todos os viriam apenas por meio de sua capacidade monte. É preciso observar que o termo har
toda a terra. Igualmente, fica claro pela sin- seus lugares vizinhos” inclua toda a exten- militar e de seu arsenal de armas, mas sim, à (monte) não se refere necessariamente a um
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