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ATIVIDADE AVALIATIVA - AULA 3 UNIDADE II

DISCENTE: TALITA SOARES SAMPAIO

Para a realização da ATIVIDADE AVALIATIVA - AULA 3 UNIDADE II, deverá ser


elaborado um texto dissertativo e argumentativo no qual você
deverá identificar e indicar se o acórdão analisado utiliza a teoria do monismo
ou do pluralismo jurídico como fundamento para a sua decisão e justificar sua
escolha descrevendo quais são os motivos que o levaram a entender dessa
maneira.
Com o fim de auxiliar na realização da atividade, estão sendo disponibilizados
o ACÓRDÃO - CASO DENILSON.

CASO DENILSON

No dia 18 de dezembro de 2015, foi julgado no Tribunal de Justiça do Estado de


Roraima um processo que ficou conhecido como “caso Denilson”. O fato ocorreu no dia
20/06/2009 na comunidade indígena de Manoá (terra indígena, região Serra da Lua), onde
o acusado Denilson, indígena, após ingerir bebida alcoólica desferiu facadas em
Alanderson, seu irmão, também indígena, levando a morte dele, ressalta-se que o ocorrido
foi todo em área indígena. Diante desse fato o acusado foi julgado e condenado pelos seus
líderes de comunidade e posteriormente perante juízo. No caso Denilson, pela primeira
vez no Brasil um tribunal reconheceu que um julgamento efetuado pela comunidade
indígena é válido, desta forma a decisão do caso promove o reconhecimento do sistema
punitivo indígena e das suas especificidades, colocando em prática o pluralismo jurídico
previsto no ordenamento brasileiro.
Sabe-se que o monismo é a formulação teórica e doutrinária que concebe o
Direito a partir de uma concepção unitária, esta teoria monista parte da premissa de que
há um único centro de poder e uma única fonte válida para a criação das normas jurídicas,
desta forma o Estado passa a ser a única fonte de normas jurídicas e o ordenamento
jurídico, por sua vez, deve ser uno, nesse caso, o Estado ignora os sistemas normativos
dos povos culturalmente diferenciados, negando-lhes sua auto-organização. No
pluralismo entende-se, que, cada sociedade possui uma pluralidade de ordenações sociais
e jurídicas que formam uma complexa rede de relações e estas devem ser observadas nos
aspectos jurídicos, mas o pluralismo não inviabiliza o Estado, mas amplia a participação
dos diferentes grupos e etnias levando em conta a pluralidade de um país. Dessa forma,
observa-se que para a construção de um Estado democrático e pluralista é necessário que
haja o respeito aos diferentes grupos sociais que compõem a população.
Visto isso, a Constituição Federal buscou promover proteção específica aos
diversos grupos sociais existentes, em especial dos povos indígenas. Por meio do art. 231
da Constituição garante-se “aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças
e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”.
No caso Denilson, mediante o ocorrido a própria comunidade Manoá impôs ao
réu as medidas punitivas adequadas, foram estabelecidas penas de acordo com a norma
interna do grupo, com base nos valores, tradições e crenças da comunidade. Vale destacar
que tais penalidades não foram de caráter cruel ou que ferir-se os direitos humanos. As
penalidades impostas, dentre as principais, a construção de uma casa para a esposa da
vítima e o cumprimento de pena em comunidade de outra etnia. Mas desconsiderando-se
a aplicação de sanção pela própria tribo, a questão foi levada ao Judiciário local na
Comarca de Bonfim-RR. Diante da acusação, a defesa alegou o julgamento de fato e a
condenação de Denilson pela comunidade indígena do qual era membro, afirmando que,
inclusive, já cumpria pena, invocando o princípio do non bis in idem, segundo o qual
ninguém poderá ser julgado duas vezes pelo mesmo fato.
Em seu pronunciamento, o magistrado sentenciante entendeu pela
impossibilidade processamento do feito pelo Estado, legitimando o julgamento do fato e
punição pela comunidade indígena a que pertence o acusado. O reconhecimento da
juridicidade da sanção aplicada pela comunidade indígena em detrimento do Direito
Penal estatal contempla a existência do pluralismo jurídico, isto é, firma a existência de
sistemas jurídicos igualmente legítimos, porém diversos ao direito oficial estabelecido
pelo Estado.
Mediante isto, observa-se como é necessário que processos envolvendo
indígenas sejam observados de forma mais delicada, utilizando conceitos como do
pluralismo para que haja um olhar mais apurado nesses casos, tendo em vista que existem
diversas culturas e etnias existentes no nosso país cujo os costumes e tradições também
devem ser respeitados, com tanto que não fira direitos humanos e a integridade humana.

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