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Leitura
1. Lê este texto que ilustra um dos dez princípios (isto é, leis ou regras) da
Declaração dos Direitos da Criança, proclamada pela Organização das
Nações Unidas (ONU), em 1959.
No sítio onde eu moro, há uma escola. Há miúdos, para aí uns vinte, e uma
professora. Por sorte, a escola é pequena – só tem uma sala, com janelas para a rua.
É por uma das janelas que eu costumo espreitar e ouvir as lições. Aprendo coisas
incríveis! Números, letras, coisas sobre o mundo. […]
5 O meu sítio tem jornais, que eu apanhei no lixo da escola, e que me aquecem à
noite. Tem uma mesa de madeira, que já só tem três pés, mas serve muito bem para
mim – é onde eu faço os trabalhos de casa. Nunca são corrigidos, por isso não sei se
ficam bem feitos, mas esforço-me por fazer o melhor possível...
Hoje, como estava mais sol, a professora deixou a janela aberta. Eu estava a ouvir
10 um poema que o Luís escreveu quando o Miguel apontou para mim e disse:
– Está ali alguém!
Tentei fugir, mas vieram todos cá para fora atrás de mim. […]
Achei melhor contar tudo...
– Venho de um país que é muito longe daqui. Já atravessei vários países, e
15 cheguei aqui há alguns meses. Como não tenho casa, moro ali atrás, ao pé daquela
árvore.
– Mas como é que te chamas?
– Olha, Júlia, não sei. Acho que nunca tive nome... Não conheci os meus pais,
nunca tive bilhete de identidade nem cartão de cidadão... […] Só me lembro de viver
20 com outras pessoas que não tinham família nem casa. Andávamos em grupo. Mas um
dia decidi que queria procurar outras crianças. Depois de viajar às escondidas em
comboios e barcos, de atravessar várias fronteiras e de andar muito a pé, vim aqui
parar, e percebi que havia aqui uma escola onde eu podia aprender. […]
Levaram-me para a sala e disseram à professora:
25 – Professora, este é o Tomás! Ele não tem bilhete de identidade nem cartão de
cidadão... Mas assiste às nossas aulas desde o princípio do ano. Acha que ele pode
ter aulas connosco?
A professora ficou espantadíssima. E disse:
– Bom dia, Tomás. Tens nome de viajante! De que país é que tu vieste?
30 Com esta nenhum de nós tinha contado...
Os meus colegas olharam uns para os outros e o Miguel disse:
– Ó Professora, não vê que ele tem a pele queimada do sol, os olhos azuis da cor
do mar, e nome de viajante? Vê-se logo que é português!...
A professora piscou-me o olho, mandou-nos sentar e continuou a aula.
Inês Pupo, in Histórias com Direitos, IAC/Plátano Ed., 2010 (com supressões)
1
2. Completa as afirmações de 2.1. a 2.4., assinalando a opção correta.
2.1. “No sítio onde eu moro, há uma escola.” (linha 1)
Estas palavras são ditas por um menino que
a. frequenta essa escola.
b. deseja frequentar essa escola.
c. não tem idade para ir à escola.
2.2. Os trabalhos de casa que o menino faz “nunca são corrigidos” (linha 8),
porque ele
a. não é aluno daquela turma.
b. é um aluno muito aplicado.
c. não os entrega na data combinada.
Escrita
2
Um pouco envergonhado, Tomás olhou para a Júlia. Então, ela…
3
Gramática
4. Indica a classe a que pertence cada uma das palavras da frase seguinte:
O menino descobriu bons amigos.
6. Observa:
quando conseguiu frequentar aquela escola o menino exclamou que bom
finalmente vou poder aprender e fazer novos amigos
4
6.1. Acrescenta a pontuação que falta e escreve o texto que daí resulta. Não
te esqueças de usar as maiúsculas nem de assinalar claramente os
parágrafos.
5
Oralidade
A B C
a. “[…] ninguém tem o direito de nos meter na prisão sem ter uma boa razão.”
b. “Todos temos o direito de pertencer a um país.”
c. “Todos temos o direito de […] pensar o que quisermos, dizer o que pensamos
[…].”