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Contextualização cultural da poesia trovadoresca

A par da cultura monástica, cresceu, nos finais do século XII até meados do século XIV,
uma cultura profana que evidenciava o espírito cavaleiresco sem abandonar os valores
religiosos.

Essa cultura, difundida em cantos ou em composições em verso de índole lírica ou


satírica, através do galego-português, pois o galego e o português ainda não eram línguas
distintas, passou a expressar-se através da chamada poesia trovadoresca.

Esta representa a primeira manifestação da nossa literatura, documentando a


realidade cultural e literária de Portugal desde a fundação da sua nacionalidade, em 1143.

Embora de inspiração clássica, os valores dominantes na Idade Média eram


cristianizados, ou seja, adaptados aos princípios morais e religiosos pelos quais que se rege a
mentalidade cristã.

O ideal de vida do homem era essencialmente teocêntrico. A Igreja Católica estava no


centro do mundo medieval. A religião cristã fazia parte da vida quotidiana e regulava a vida
prática e espiritual das populações, que assistiam às missas, faziam jejuns e abstinências e
participavam em peregrinações e romarias. Mas as igrejas medievais não se destinavam
apenas a lugares de culto, servindo também de espaços de reunião e até de recintos para
atividades de entretenimento. Os mosteiros, por sua vez, eram as escolas e os centros de
difusão da cultura medieval, cujo papel foi decisivo na formação da língua portuguesa, bem
como da sua prosa literária. As obras traduzidas ou redigidas nos conventos permitem-nos um
conhecimento mais profundo da mentalidade e dos interesses do homem da Idade Média.

As cantigas, primeiramente destinadas ao canto, foram depois manuscritas em


cadernos de apontamentos que mais tarde foram designados de Cancioneiros (livros que
reuniam grande número de trovas). São conhecidos três Cancioneiros galego-portugueses: o
"Cancioneiro da Ajuda", o "Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa" e o “Cancioneiro da
Vaticana” que dão-nos conta de poesias do século XII, mas acredita-se que, em Portugal, as
mais antigas composições escritas em verso tenham surgido muito antes, a partir de uma
tradição oral, através dos jograis, que as transmitiam de geração em geração.

Estrutura da cantiga
Relativamente à estrutura formal da cantiga, esta é constituída, por três estrofes de cinco
versos (quintilhas) predominantemente decassílabos e refrão monóstico octossílabos. Quanto
à rima, esta apresenta-se emparelhada em «queixar», «cantar» e «cantar» e cruzada em «via»
e «sandia», de acordo com o seguinte esquema rimático: aaabab, que se repete ao longo das
três estrofes. Em relação às classes de palavras, a rima é predominantemente pobre, como em
«coraçon» e «razon». Em relação, à acentuação é predominantemente aguda «loei», sendo
grave no refrão «sandia» e no que diz respeito à fonia é consoante na primeira estrofe
«cantar» e na segunda «razon» e toante na terceira «loei».

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